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Revista EDUCACIONAL A Escola Tradicional vs. a Escola Humanista: Algumas características ABRIL 2012 Educação e intervenção no mundo: 44 anos da Pedagogia do Oprimido O ENEM e os novos rumos da educação e do vestibular no Brasil Edição 1 Os atuais professores de sua escola estão plenamente inseridos na Era do Conhecimento?

Revista Novos Rumos - Edicao 01

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A Revista Novos Rumos Educacionais é uma publicação trimestral, que tem seu início com essa edição. Objetivamos colher informações, análises e reflexões de educadores, de estudantes, de gestores e de pais. Visamos possibilitar o contato de todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizado com novas possibilidades, novos procedimentos e ações, utilizando múltiplas linguagens.

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Page 1: Revista Novos Rumos - Edicao 01

Revista EDUCACIONAL

A Escola Tradicional vs. a Escola Humanista:Algumas características

ABRIL 2012

Educação e intervenção no mundo: 44 anos da Pedagogia do Oprimido

O ENEM e os novos rumos da educação e do vestibular no Brasil

Edição 1

Os atuais professores de sua escola estão plenamente inseridos na Era do

Conhecimento?

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ETERNAS MUDANÇASSão muitos os desafios que enfrentamos, ao longo dos anos para possibilitar aos estudantes uma

educação com valores que consideramos fundamentais para a formação de pessoas felizes,

integras e bem- sucedidas. São muitas as mudanças: na tecnologia, nas relações sociais, nos

valores, nos contextos familiares, no mundo do trabalho, ou seja, a sociedade respira a cada

instante novidades que nem sempre são entendidas por todos. No processo educacional

descobrimos habilidades que desconhecíamos, aprendemos com erros, conquistamos vitórias

invisíveis e continuamos a sonhar. Sonhar é imprescindível

Hoje já temos escolas que possibilitam o aprender a aprender, mas elas não são a grande maioria

das unidades educacionais e, além disso, existem dificuldades reais no cotidiano da vida

educacional, como por exemplo, a ausência do trabalho em equipe e a falta de equilíbrio

emocional dos envolvidos nesse processo. No entanto, nunca desanimamos. Porque, crianças e

jovens sempre precisam de cuidados, orientação e atenção. E nós precisamos sempre estar

atentos à atenção que damos a eles. Boa parte do legado que lhes deixamos diz respeito à escola

que oferecemos. Tal qual a nossa casa, a escola também dá a eles referenciais, indica caminhos,

ajuda a fazer escolhas e possibilita a construção de novos valores conceitos e atitudes. Por isso, é

determinante no preparo da vida em sociedade.

A Revista Novos Rumos Educacionais é uma publicação trimestral, que tem seu início com essa

edição. Objetivamos colher informações, análises e reflexões de educadores, de estudantes, de

gestores e de pais. Visamos possibilitar o contato de todos os envolvidos no processo de ensino-

aprendizado com novas possibilidades, novos procedimentos e ações, utilizando múltiplas

linguagens. Nesta primeira edição, apresentamos um texto sobre as diferenças entre as escolas

tecnicistas e as humanistas, um texto sobre a escola do século XXI, uma entrevista com o Prof.

Valther Maestro sobre o ENEM, um texto sobre a Era do Conhecimento. Na seção Livros, confira

um comentário sobre o livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire, que comemora em 2012

quarenta e quatro anos. E na seção Tecnologia algumas informações sobre Objetos de

Aprendizagem que ajudarão no planejamento de suas aulas na sala de informática. Acreditamos

que tais leituras possibilitarão o diálogo e a reflexão, procedimentos que são tão importantes para

fortalecer os vínculos entre educadores e educandos.

Boa Leitura!

Novos Rumos - Revista Educacional

Maestro Assessoria Educacional

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Valther Maestro

Quando falamos contexto de mudança no paradigma educacional, temos que ter clareza que estamos buscando materializar um novo modelo para colocar ao lado do modelo tradicional, modelo este que nesse momento vou chamar de Pedagogia Humanista. Não tenho dúvida de que ela surgiu na História da Educação como reação à Pedagogia Tradicional.

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A Escola Tradicional vs. a Escola Humanista: Algumas características

O início do século vem sendo marcado por mudanças rápidas em todos os níveis – social, político, econômico, tecnológico – trazendo a necessidade de uma nova escola. A velocidade espantosa das conquistas tecnológicas exige maleabilidade e adaptabilidade, portanto, aprender a aprender deverá ser o objetivo de toda a educação. Página 6

ARTIGOS SEÇÕES

ENEMNovos objetivos e contexto da educação

Uma escola para o século XXIValther Maestro

O ENEM e os novos rumos da educação e do vestibular no BrasilEquipe Novos Rumos Educacionais

Os atuais professores de sua escola estão plenamente inseridos na Era do Conhecimento?Douglas Dantas

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18

24

Editorial01

Livros

22

Tecnologia29

Eternas Mudanças

Educação e intervenção no mundo: 44 anos de Pedagogia do Oprimido

Objetos de Aprendizagem

Novos Rumos - Revista Educacional

Page 4: Revista Novos Rumos - Edicao 01

A nossa concepção de Escola esta respaldada nas idéias de que devemos pensar o Ser do Educando e a sua Ação na sociedade, proporcionando ao educando o maravilhamento e o espanto na relação com o conhecimento, a transformação da informação em conhecimento, sem perder de vista que a sua ação deve contribuir para a compreensão das contradições da realidade concreta. Uma escola que estimule a busca do belo e do bom para que a humanidade não se perca na errância do mundo.

A escola que desejamos possibilita a todo instante ampliar a compreensão que temos de nós mesmos e do mundo; proporciona situações para a formação de todos, e produz um estado de reflexão constante para construir o saber, em vez apenas de transmitir informações. Uma escola que reformula e aperfeiçoa constantemente seus métodos e processos, num trabalho contínuo de re-definição dos conceitos, atualizando projetos reais e consistentes que possibilitem experiências significativas de aprendizagem, de argumentações, de auto-conhecimento e ação na sociedade.

Uma escola que desenvolve a consciência crítica, que conduza à transformação do mundo, à integração dos chamados excluídos e que possibilite o exercício da cidadania, garantindo ao estudante contato com a realidade polít ica e social, posicionando-se frente aos problemas do mundo.

Sabemos que a escola é um espaço de convivência, de ação política e social, e por isso deve estar atenta para os problemas que afligem a comunidade educativa que atende, possibilitando uma intervenção ativa nas questões sociais.

Uma escola para o século XXI

Na escola que sonhamos, autonomia para os jovens e adolescentes é fato, as decisões são tomadas em conjunto, os erros transformam-se em indicadores, a comunicação entre todos é constante. O objetivo é construído coletivamente e, portanto, é comum, há cumplicidade, convívio fraterno. Todos estão trabalhando em prol de um ideal comum. O estudante faz parte do processo, portanto faz parte da tomada de decisões.

Assim, a nossa concepção de currículo parte dos princípios de uma educação libertadora, tendo como perspectiva a transformação da sociedade em que vivemos, buscando nos p r inc íp ios da esco la renovada a correspondência de nosso desejo de uma educação em que o estudante sinta-se responsável e sujeito de sua aprendizagem, rompendo com as concepções da escola tradicional, onde o aluno (ser sem luz) deve adequar-se a escola, onde o ensinar é mais importante que o aprender.

Nesse sentido o currículo significa toda a ação educativa da escola que envolve decisões e ações voltadas para a concretização de objetos educacionais. Currículo que coloca no centro de toda e qualquer ação, a aprendizagem do estudante, bem como o compromisso de promover a apropriação do conhecimento acumulado historicamente pela humanidade.

Esse compromisso envolve decisões relativas não apenas à seleção dos conteúdos (o que deve ser ensinado), mas também ao como, quando, quanto, por que e para que se ensina-aprende.

Entende-se por conteúdo o conjunto de formas culturais e de saberes selecionados para integrar as diferentes áreas curriculares em função dos objetivos gerais das áreas do conhecimento.

Novos Rumos - Revista Educacional 3

Autor: Valther Maestro

‘’Na escola que sonhamos, autonomia para os jovens e adolescentes é fato, as decisões

são tomadas em conjunto, os erros transformam-se em indicadores, a

comunicação entre todos é constante.’’

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Para César Coll os conteúdos apresentam-se da seguinte forma: fatos, conceitos, princípios, atitudes, normas, valores e procedimentos.

Ÿ F a t o s , c o n c e i t o s , p r i n c í p i o s : correspondem ao compromisso científico da escola: transmitir o conhecimento socialmente produzido e que atualmente, melhor responde a nossa necessidade de explicar a natureza ou a vida social, bem como, por extensão, resolver pela tecnologia, questões de sobrevivência;

Ÿ Atitudes, normas e valores: correspondem ao compromisso filosófico, promover aspectos que nos completam como seres humanos, que dão uma dimensão maior, que dão razão e sentido para o conhecimento científico.

A partir dessa visão, a seleção dos conteúdos terá como critério

Ÿ O perfil de ser humano condizente com a educação l ibertadora, fazendo o estudante ser o sujei to de seu desenvolvimento;

Ÿ Os parâmetros curriculares nacionais;

Ÿ A identificação de temas transversais ao currículo.

Acreditamos que a fonte do conhecimento não está só na ação do estudante, e que também não ocorre só no contexto da escola-sala de aula, bem como não está também restrita ao objeto do conhecimento, mas sim na interação do estudante com o seu espaço, ou seja, com seu meio físico e social.

Isso implica em utilizar-se de uma metodologia onde a ação, a reflexão, a compreensão e a cons t rução do conhecimento sejam constituídas numa reflexão dialógica e dialética.

Supõe a aplicação de procedimentos de ensino onde cabe ao Educador organizar e implementar situações de aprendizagem nas quais:

Ÿ Os estudantes colocam em jogo tudo o que sabem e pensam sobre o assunto – conteúdo que o educador organiza a tarefa;

Ÿ Os estudantes têm problemas a resolver e decisões a tomar em função do que se propõem a produzir;

Ÿ Os conteúdos trabalhados mantém suas características de objeto sócio-cultural real, sem transformar-se em objeto vazio de significado social;

Ÿ A organização das tarefas, ações, pesquisas, trabalhos propostas pelo educador garantem a máxima circulação de informações possíveis.

Nesse sentido, a relação pedagógica será orientada pelo processo de:

Ÿ Levantamento de conhecimento prévio que o estudante traz, necessitando que o Educador sistematize-os e provoque a ampliação, o levantamento de hipóteses;

Ÿ Intervenção do educador para acelerar o processo de construção do conhecimento do estudante, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente, g a r a n t i n d o n o v a s a b o r d a g e n s , demonstração de outras relações sistêmicas e complexas que estão postas, fornecendo pistas e instruções para iniciar o processo de reconstrução de conceitos;

Ÿ Garantia da verificação das hipóteses, amarando explicações e exposições pautadas em conhecimentos científicos;

Ÿ Organizar projetos dentro de uma abordagem disciplinar, interdisciplinar, transdisciplinar e multidisciplinar, assegurando uma articulação entre a parte e o todo, construindo relações sistêmicas;

Ÿ Significar o apreendido, garantindo a funcionalidade no espaço do cotidiano.

Novos Rumos - Revista Educacional 4

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Para tanto, o educador necessita: planejar o curso facilitando a aprendizagem, definir os conteúdos facilitando a aprendizagem; criar e s t r a t é g i a s f a c i l i t a d o r a s p a r a a aprendizagem e re-significar o contexto da sala de aula.

Nos atuais documentos curriculares, os procedimentos constituem um conjunto de ações ordenadas, orientandas para a realização de um objetivo.

Nesse sentido, a aplicação de diferentes linguagens presentes nas atividades tem a intenção de promover a construção das noções fundamentais que encaminham à compreensão do conhecimento. Além disso, elas contribuem para o desenvolvimento das operações mentais, como o raciocínio, ou as condições para se desenvolverem as formas de pensar.

Devemos optar em usar diferentes textos, literários ou não, musicas, imagens, mapas e por um conjunto de atividades, que são sugestões para sistematizar o conhecimento que esta sendo construído, transformando assim informação e conhecimento, buscando achar soluções para problemas, desenvolvendo as habilidades operatórias e as competências dos educandos e dos educadores.

Acreditamos que a construção do conhecimento se dá a partir de experiências, problemas a serem solucionados, troca de informações e partilha, bem como, com a ampliação dos laços de afetividade, sensibilidade, observação e sensibilidade sobre o espaço vivido, ou seja, uma busca para o entendimento das relações, entre os personagens e o espaço que se vive.

Novos Rumos - Revista Educacional 5

Maestro Assessoria Educacional

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Page 7: Revista Novos Rumos - Edicao 01

Novos Rumos - Revista Educacional 6

A escola tradicional vs. a escola humanista: algumas características

Os educadores, os estudantes e a sociedade estão preocupados em como preparar a geração,

que neste momento se constrói, para assumir realmente o contexto século 21. Algumas questões

nos fazem refletir sobre como educar as crianças e os jovens nesse contesto de mudanças que

estamos vivenciando, eis algumas delas:

O início do século vem sendo marcado por mudanças rápidas em todos os níveis – social, político,

econômico, tecnológico – trazendo a necessidade de uma nova escola. A velocidade espantosa

das conquistas tecnológicas exige maleabilidade e adaptabilidade, portanto, aprender a aprender

deverá ser o objetivo de toda a educação.

De uma maneira geral podemos dividir as escolas em dois grandes grupos:

Quais serão as características do mercado de trabalho a ser enfrentados por nossos filhos e

netos? Qual o perfil de uma pessoa bem-

sucedida?

Estarão as escolas preparadas para atender a estes novos objetivos?

Como garantir a sobrevivência ambiental da atual e das futuras gerações?

Como lhes proporcionar felicidade?

As TRADICIONAISque têm no ensinar o centro de seu

processo, portanto o aluno deve adequar-se à escola;

As HUMANISTASque têm no aprender o seu maior objetivo e, portanto a escola deve adequar-se ao

aluno.

Autores: Valther Maestro Valter Martins Giovedi

Como garantir o equilíbrio emocional e afetivo?

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Novos Rumos - Revista Educacional 7

As escolas humanistas, podem ser divididas em várias correntes, mas todas elas possuem

algumas características comuns:

ŸO aluno é o centro do processo pedagógico;

ŸA função do professor é de mediar e facilitar a aprendizagem;

ŸOs conteúdos são meios para se desenvolver o conhecimento e a habilidade de aprender;

ŸDescartam a “escolarização” do conhecimento ou a falsa erudição;

ŸO “compreender” é mais valorizado do que o “memorizar”;

ŸA leitura compreensiva, crítica e a autoria de textos são objetivos primordiais;

ŸA Família é parceira ativa e imprescindível do processo educacional;

ŸA valorização da qualidade e não da quantidade, da vida e não apenas do homem; os

processos e não as prescrições (receitas e fórmulas) e a cooperação ao invés da competição.

Quando falamos de escolas humanistas existem alguns teóricos que fundamentam suas

concepções pedagógicas, são eles:

Celestin Freinet

A leitura, a escrita, a realidade do meio em que a escola está inserida, jogos, desenhos livres, aulas-passeio e a correspondência interescolarsão os instrumentos desta metodologia francesa que através da elaboração de jornais, diários e relatórios promove a cultura do conhecimento. Freinet lutou por conteúdos vinculados à vida, pelo trabalho gerador de prazer e pela valoração igualitária entre atividades manuais e intelectuais.

Maria Montessori

Tinha na visão sistêmica, naauto-educação e na ciência as bases de seu pensamento; a heterogeneidade das suas classes e o uso exaustivo de materialconcreto são suascaracterísticas pedagógicas mais fortes aliadas à promoção da autonomia e a construção da Paz Universal, objetivos maiores da casa-escola sonhada pela educadora italiana que se declarou “cidadã-universal” e recebeu três indicações ao Nobel da Paz.

Jean Piaget

Pesquisou a aquisição do conhecimento pela criança e de seu trabalho nasceu o Construtivismo, processo pedagógico elaborado por seus seguidores. A escola construtivista possui ambiente que propicia a observação e a manipulação de objetos e situações. A mediação do professor e grupos de aprendizagens interativas são características desta escola.

Rudolf Steiner

A Antroposofia foi o alicerce do seu pensamento pedagógico tendo no currículo voltado às necessidades evolutivas do homem através do cultivo das atividades físicas,artísticas e artesanais, em todas as suas faces, a marca maior das Escolas Waldorf. O professor, orientador que acompanha seus alunos por todo o percurso da Educação Fundamental permite uma relação mais profunda e profícua, pois possui uma visão abrangente deste período.

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Lev Vigotsky

É o pai do sócio-interacionismo; sua teoria privilegia a interação social como o grande instrumento pedagógico. A escola vigotskiana tem na linguagem o seu maior objeto de desenvolvimento, pois esta permite a experiência compartilhada que promove o amadurecimento das funções da inteligência, a compreensão e o desenvolvimento dos papéis e funções sociais. Partir do social para o individual é o percurso das atividades escolares preconizado pelo educador bielo-russo.

Paulo Freire

Os aspectos políticos-sociais são a base do seu pensamento pedagógico; para este educador brasileiro o homem necessita viver a democracia desde os bancos escolares e é na troca, no diálogo professor-aluno, que o conhecimento é desenvolvido. A realidade que cerca a comunidade-escola deve fornecer os elementos de análise e pesquisa para educadores e educandos. A “Leitura do Mundo” é o meio e fim da educação freiriana.Algumas Características

do Modelo Pedagógico TradicionalPodemos dizer que a estrutura da escola tradicional/tecnicista se sustenta em 6 pilares

fundamentais:

1º. Conteúdos distantes da realidade, dos anseios e das demandas dos educandos:

Isso significa que o critério utilizado para a seleção dos conteúdos nessas escolas, bem como de

sua sequência, não se baseia num estudo sobre o universo dos estudantes, e sim em tópicos

prescritos por materiais didáticos elaborados por alguém que pretende atender a uma demanda de

mercado. No caso, o mercado do Vestibular/ Enem. Tendo em vista que Vestibular e Enem são

desafios com os quais os educandos terão que se preocupar a partir de um certo momento de suas

vidas futuras, a escola acaba se afastando da vida presente dos alunos, de seus problemas vividos

no momento, de suas necessidades atuais. Isso faz com que os estudantes não tenham motivação

para estudar os conteúdos propostos pela escola. A tal ponto que, para motivá-los, muitos

professores são obrigados a recorrer a aulas shows, a táticas motivacionais e à pedagogia

carismática. Quando essas estratégias dão certo, confundimos as coisas: achamos que eles se

envolveram com os conteúdos, porém o que aconteceu é que eles se envolveram com o nosso

“showzinho”. A matéria de vestibular só faz sentido para os estudantes que assumem esse

compromisso para a sua vida. Os que não estão pensando nisso não internalizam tais conteúdos.

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Novos Rumos - Revista Educacional 9

2º. Métodos passivos

Como decorrência dos conteúdos distantes da realidade, a escola tradicional/tecnicista é obrigada

a recorrer aos métodos passivos, já que os estudantes não conseguem interagir de maneira

espontânea com conhecimentos que não têm conexão com o seu mundo imediato. Os métodos

passivos podem ser claramente percebidos pela cena constante em que vemos os estudantes da

nossa escola na situação de meros receptores indiferentes de informações transmitidas pelos

professores. Na hora em que fazem exercícios, raramente há uma produção criadora. Geralmente

há reprodução de conteúdos dados pelo professor. Os métodos passivos são também

conseqüências das programações rígidas de conteúdos, já que na passividade não existe perda

de tempo com formas diferenciadas do educando ver o mesmo conteúdo por diversos pontos de

vista. Não dá tempo de deixá-los construir conhecimento, já que isso atrasa o cumprimento do

programa. Portanto, o professor com conteúdos rígidos é induzido a utilizar métodos

apassivadores.

3º. Tempo homogêneo e homogeneizador

Em escolas tradicionais/tecnicistas, os tempos individuais e os tempos de aprendizagem não são

considerados, já que todos os estudantes de uma mesma sala precisam estar no mesmo lugar, na

mesma hora, fazendo a mesma coisa. Todos fazem a mesma prova no mesmo dia. Todos precisam

seguir uma mesma rotina escolar. Nessa perspectiva, existe todo um esforço que nossa escola faz

de homogeneizar os sujeitos de tal modo que eles não podem desenvolver o conhecimento de si e

de seus ritmos. Para mostrar resultado dentro do tempo homogêneo pré-estabelecido, os alunos

recorrem a cópias de lições de outros colegas, à leitura de resumos de livros, ao cumprimento de

tarefas de maneira mecânica. Diante disso, todo o nosso discurso de respeito pelas diversidades

vai por água abaixo, já que nossa prática sistemática é de enquadrar alunos num mesmo padrão,

sendo que as diferenças se tornam um problema para a nossa rotina e não uma oportunidade de

re-criação de vivências. Alunos mais lentos, chamamos de “fraquinhos”, alunos que não

atrapalham chamamos de “bons alunos” etc.

4º. Espaço restrito de atuação

Num contexto como esse, o papel do aluno é ficar sentado numa carteira escolar por horas

seguidas, sendo submetido aos comandos do professor. Levantar-se, só com autorização, ir ao

banheiro idem, ficar se mexendo atrapalha etc. Os corpos dos estudantes são controlados e

vigiados de tal modo que não podem transitar de forma mais livre e autêntica. Existe nesse modelo

de escola a prática sistemática da repressão dos corpos para que eles sejam dóceis e previsíveis e

não realizem nada que saia do rol de comportamentos permitidos. Além disso, o aluno fica a maior

parte do tempo num único espaço físico (sua sala de aula) com uma turma que está tendo que

conviver junto simplesmente porque possui a mesma idade. Portanto, os alunos são agrupados

por um critério que não passa pelas suas escolhas e interesses. Supostamente, ele só pode

aprender junto com os colegas da mesma série.

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Novos Rumos - Revista Educacional 10

5º. Avaliação como instrumento de controle e classificação

Num contexto tão sem sentido como esse, só existe uma forma de obrigar os estudantes a

apresentarem os resultados que desejamos: com as provas, as notas, as recuperações e as

reprovações. Ou seja, ninguém se submeteria voluntariamente a isso tudo caso não houvesse um

mecanismo poderoso de ameaça. Quando o professor pede algo que não vale nota, os educandos

normalmente não fazem o que foi solicitado. Só fazem o que traz algum rendimento. Ensina-se

assim, via currículo oculto, que o único valor existente na sociedade é o ganho de prêmios. Não

fazemos coisas por amizade, solidariedade, por importância social, por compromisso com o outro

etc. Só faço porque isso vai me dar nota, renda, dinheiro, poder, prestígio etc. Com essa prática as

escolas tradicionais/tecnicistas ensinam a perversa lição do individualismo exacerbado e da

barganha pela ameaça. Contra isso, não adianta dizer que a nota não tem importância. Ela, na

escola tradicional/tecnicista, é o único instrumento do qual professores dispõem para controlar

alunos e obrigá-los a estudar.

6º. Gestão centralizadora e vertical

É fundamental para a escola tradicional/tecnicista não dar voz aos sujeitos que nela atuam.

Assembléias e Conselhos de Escola são muito perigosos, pois neles é possível que alguém fale

algo indesejado e proponha coisas com as quais não saberíamos lidar. Nesses órgãos, estaríamos

dando espaço para críticas. Alunos, professores, funcionários, direção, pais, coordenação etc

teriam o mesmo poder e o mesmo direito à voz. As hierarquias seriam subvertidas. A assembléia

daria a palavra final. Escolas tradicionais/tecnicistas não colocam em pauta os seus problemas

para que eles sejam discutidos coletivamente. Ficamos nos corredores criticando uns aos outros,

porém não aprendemos a ser cidadãos críticos e participativos, já que o espaço apropriado do

exercício da cidadania não existe. Temos medo de dividir o poder e de deslocá-lo para além de

poucos indivíduos que “dão as cartas”. Ensina-se aos alunos a não resolverem as suas diferenças

por meio do debate, do diálogo, do voto. Pelo contrário, ensinamos a eles a resolverem os

problemas pela força, pelo arbítrio, pelo grito. Por mais doce e suave que a autoridade seja, nada

substitui a democracia.

Sala de aula de uma Escola Tradicional

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Novos Rumos - Revista Educacional 11

Algumas Características do Modelo Pedagógico Humanista

Quando falamos de Pedagogia Humanista, temos que ter clareza de que ela surgiu na História da

Educação como reação à Pedagogia Tradicional.

O principal elemento que diferencia as duas concerne justamente nos objetivos que cada uma

delas atribui à educação escolar. Se por um lado a Pedagogia Tradicional/Tecnicista visa formar

pessoas para trabalhar de maneira produtiva, eficiente e submissa no mercado de trabalho para

que desempenhem bem a sua função no processo de acumulação do capital, por outro lado, a

Pedagogia Humanista visa formar pessoas para que se realizem como seres humanos integrais e

autônomos.

Ou seja, na primeira, o ser humano é concebido como instrumento, como meio, para reprodução

do capital, sendo que, portanto, a finalidade última é promover riqueza, fazendo dos indivíduos

meros fatores de produção, meros capitais humanos.

Na segunda, o ser humano é visto como finalidade última da ação educativa. Não é ele quem deve

servir ao acúmulo de capital e sim o contrário. Além disso, caso haja um conflito entre capital e

humano, não se pensa duas vezes em colocar o ser humano como valor maior a ser preservado.

Portanto, uma pedagogia humanista não serve primordialmente ao capital e aos seus acessórios.

Ela serve acima de tudo à causa da liberdade, permitindo aos indivíduos exercê-la durante o seu

processo de formação.

Isto posto, passamos a ter 6 novos pilares estruturantes:

1. Conteúdos significativos e/ou que partem dos interesses dos educandos

Os conteúdos são definidos de acordo com os interesses dos estudantes que fazem o seu próprio

itinerário de estudos, ou então, são definidos de acordo com uma pesquisa que a escola faz do

universo sócio-cultural dos alunos para descobrir quais os seus anseios e demandas. Portanto,

não são os alunos que atendem aos programas e sim os programas que atendem aos alunos.

2. Métodos ativos e dialógicos

Como conseqüência dos conteúdos pertinentes, os métodos passam a ser planejados de modo a

possibilitar o protagonismo dos alunos com relação ao seu processo de conhecimento. O indivíduo

vai ao conhecimento na medida em que suas necessidades vão surgindo, respeitando-se assim a

sua autonomia intelectual.

3. Convivência de múltiplas temporalidades

Estudantes fazem o seu itinerário e estabelecem as suas próprias metas. Também é possível

trabalhar na perspectiva dos ciclos de aprendizagem, que consistem numa forma de compreender

que os indivíduos podem desenvolver suas habilidades em ritmos diferentes, sendo que para isso,

a escola deve lhes possibilitar momentos específicos para recuperar, por meio de re-

agrupamentos, conhecimentos não adquiridos num primeiro momento.

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Novos Rumos - Revista Educacional 12

4. Espaços diversificados

Apostando-se na autonomia dos estudantes, propõe-se que eles possam decidir o que pretendem

fazer e em que lugares pretendem estar. Claro que formas diferentes de se lidar com essa

liberdade precisam ser propostas para as diferentes faixas etárias ou para os diferentes momentos

do desenvolvimento das crianças e dos jovens.

5. Avaliação das potencialidades

Avaliação deixa de ser mecanismo de controle e passa a ser momento de reflexão individual ou

coletiva sobre metas e objetivos atingidos. Como ambos são construções do indivíduo e de sua

coletividade, cabe ao professor acompanhar para ajudar o estudante na busca pelo seu

conhecimento.

6. Gestão democrática participativa

TODOS (mantenedora, direção, coordenação, pais, professores, alunos, funcionários) os

segmentos da escola discutem, propõem e votam os rumos da escola. Todos passam a ser

responsáveis pelos sucessos e insucessos, procurando decidir conflitos a partir de comissões

constituídas por membros de todos os segmentos.

Assim, uma Pedagogia Humanista requer um conjunto de mudanças que não podem ser restritas

à mentalidade dos professores. Professores humanistas, dentro de uma estrutura

tradicional/tecnicista sofrem muito com o menosprezo dos alunos para com as suas aulas, já que

estes passam a vê-las mais como um momento de descontração do que propriamente como um

compromisso com os estudos e com a concentração. Ou seja, podemos apostar que muitos

professores já tentaram implantar novidades em suas aulas, porém, diante das primeiras reações

dos alunos, foram obrigados a voltar atrás por medo de perder o controle.

O que acabamos vendo são estratégias de aulas que tentam dulcificar o conhecimento,

transformando-o sempre em algo ameno, que não exige concentração, que não exige reflexão.

Acabamos fazendo gincanas, caças ao tesouro, teatro, acerto de questões em troca de um prêmio,

ou seja, estamos nos submetendo às idiossincrasias dos estudantes e achando que assim

estamos sendo mais humanistas. Resultado: estamos formando uma geração que não sabe o que

é estudar, pesquisar, ler de verdade, criar hipóteses científicas, criar arte como expressão de seus

sentimentos e anseios etc.

Enfim, é importante que fique claro para nós que o que determina a linha pedagógica de uma

escola não é a ação individual de cada um de seus sujeitos. Ao invés disso, o que determina é a

ação coletiva fundada em estruturas novas que subvertam o autoritarismo intrínseco ao modelo

tradicional/tecnicista.

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Novos Rumos - Revista Educacional 13

Proposta de encaminhamento para superar dificuldades

- Diante do que foi exposto, não é possível a implantação do modelo humanista

sem uma adesão significativa de boa parte de todos os segmentos (principalmente dos pais) a

essa proposta. Quanto aos professores, acredito que novas lógicas de funcionamento do cotidiano

dialéticamente provocariam novas reações e ações, já que novas predisposições passariam a

existir e novas variáveis estariam atuando no cotidiano.

O fato é que não é possível almejarmos um modelo alternativo se não unirmos pessoas que se

dispõem a pensá-lo minuciosamente para mapear as suas diferentes características e modos de

funcionamento. Sendo assim, propomos que na escola exista um grupo de pessoas, de todos os

segmentos da escola, que fariam reuniões periódicas para pensar no processo de mudança.

Enquanto ocorre esse trabalho, obviamente que o Colégio continuará as suas

atividades. Nesse sentido, acreditamos ser importante que o Colégio assuma em caráter

transitório uma posição mais condizente com aquilo que ele é neste momento, ou seja, uma escola

tradicional/tecnicista. Portanto, temos que determinados aspectos do funcionamento da escola

precisam ser definidos e amplamente divulgados como forma de evitar que os problemas de

indisciplina e desrespeito por parte dos alunos sejam intensificados. Determinadas posturas que

nossos alunos têm tido em sala de aula e fora dela são inadmissíveis numa escola

tradicional/tecnicista. Se nos omitirmos com relação a estas condutas os alunos vão cada vez mais

dificultar o trabalho dos professores nas salas de aula. Essa dificuldade de trabalho vai sem dúvida

resultar em piores aulas e em um desempenho pior dos estudantes em avaliações externas da

escola, tal como o ENEM.

Por isso, acreditamos que o Colégio precisa lançar mão de algumas práticas que vão ter como

efeito imediato uma diminuição dos conflitos na escola, tais como: divulgação de normas de

convivência em cada uma das salas e que tais normas sejam afixadas em vários lugares da escola;

punir sempre, de acordo com o regimento interno, alunos que tiverem atitudes inconvenientes com

ambiente escolar.

O importante não é que tudo passe a ser proibido e sim que as proibições estejam objetivamente

explicitadas, claras e que o descumprimento das regras não passe desapercebido pela escola

sem que esta demonstre uma atitude diante de todos.

É importante também que fique claro para todos, os professores e demais funcionários, os seus

limites de atuação. Pois uma estrutura tradicional/tecnicista assumida oferece a estes um conjunto

de poderes que podem levar a diversas formas de abuso.

Ainda que escolas tradicionais/tecnicistas tendam sempre a ver o aluno como culpado de não ter

estudado, de não entrado na aula na hora certa, de ter tirado nota baixa, de ter dormido na aula, de

ter xingado o professor etc, não podemos esquecer que nem sempre isso é verdade. Tem vezes

que passamos dos limites. Nesses casos, os estudantes precisam ter o direito de se defender. Que

as assembléias possam existir e que os estudantes possam apresentar propostas de mudanças

para a Escola.

– Que na escola exista a possibilidade de experimentarmos a representação de

classe, estudantes escolhidos pelos estudantes que levarão propostas para a coordenação. Além

disso, tais propostas, após uma reflexão entre a coordenação/direção/estudantes representantes,

serão apresentadas em Assembléia para votação.

Procedimento 1

Procedimento 2 -

Procedimento 3

Page 15: Revista Novos Rumos - Edicao 01

Novos Rumos - Revista Educacional 14

ENTR

EVIS

TAENEM: novos objetivos e contexto da educação

Valther Maestro é Educador há 26 anos. Atua como: Palestrante da Editora FTD, Diretor de Criação e Desenvolvimento de Projetos da MAE - Assessoria Educacional e Assessor Pedagógico do Magic City e do Mundo da Xuxa. Autor de livros didáticos de Geografia para o ensino fundamental, para educação de Jovens e Adultos (EJA) e paradidáticos, pelas Editoras FTD e Pueri Domuns Escolas Associadas. Coordena o Projeto Conexões na Escola Estadual de Ensino Médio Açorianos – Viamão/RS; EEEFM José do Patrocínio – Porto Alegre/RS; Colégio Salvador Jesus Cristo – Alvorada/RS; Colégio Imaculada Conceição – Pelotas/RS, Colégio Imaculada Conceição - Cachoeira do Sul/RS, Colégio Santa Catarina – Novo Hamburgo/RS; EMF Cléo dos Santos – Alvorada/RS, Colégio Memorial – Jundiaí/SP e

Colégio Islâmico Brasileiro – São Paulo/SP. Assessorou: o Projeto Contextura do Instituto Marista Graças a Província Marista do Rio Grande do Sul para a produção de material didático para as questões do Enem de 2009 a 2011. Nos últimos anos palestra sobre: Os Novos Paradigmas Educacionais, Avaliação na Escola Renovada, Bullying e Violência no Ambiente Escolar, O Novo ENEM, Na Prática como Aprender e Como Educar os Filhos no Mundo Atual, Na Escola do Século XXI, como ensinar e aprender. Especialista em Questões Ambientais e Mestre em Geografia Humana, com o tema: Modernização, Reestruturação e Qualidade de Vida. O Trabalho de Doutorado reflete sobre os Novos Paradigmas Educacionais.

1. É inegável que o contexto no qual vivemos exige uma mudança de paradigmas no que diz respeito ao processo de Educação Básica de nossos estudantes. Quais são estas mudanças?

Quando falamos contexto de mudança no paradigma educacional, temos que ter clareza que estamos buscando materializar um novo modelo para colocar ao lado do modelo tradicional, modelo este que nesse momento vou chamar de Pedagogia Humanista. Não tenho dúvida de que ela surgiu na História da Educação como reação à Pedagogia Tradicional. O principal elemento que diferencia as duas concerne justamente nos objetivos que cada uma delas atribui ao processo de construção do conhecimento no âmbito escolar. Se por um lado a Pedagogia Tradicional/Tecnicista visa formar pessoas para trabalhar de maneira produtiva, eficiente e submissa no

me rcado de t r aba lho pa ra que desempenhem bem a sua função no processo de acumulação do capital, por outro lado, a Pedagogia Humanista visa formar pessoas para que se realizem como seres humanos integrais e autônomos.Ou seja, na primeira, o ser humano é concebido como instrumento, como meio, para reprodução do capital, sendo que, portanto, a finalidade última é promover riqueza, fazendo dos indivíduos meros fatores de produção, meros capitais humanos.Na segunda, o ser humano é visto como finalidade última da ação educativa. Não é ele quem deve servir ao acúmulo de capital e sim o contrário. Além disso, caso haja um conflito entre capital e humano, não se pensa duas vezes em colocar o ser humano como valor maior a ser preservado. Portanto, uma pedagogia humanista não serve

primordialmente ao capital e aos seus acessórios.

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Novos Rumos - Revista Educacional 15

Ela serve acima de tudo à causa da liberdade, permitindo aos indivíduos exercê-la durante o seu processo de formação.Isto posto, passamos a ter 6 novos pilares estruturantes:

1. Conteúdos significativos e/ou que partem dos interesses dos educandos2. Métodos ativos e dialógicos3. Convivência de múltiplas temporalidades4. Espaços diversificados5. Avaliação das potencialidades6. Gestão democrática participativa

2. O ENEM se propõe a ser um instrumento de avaliação do processo educativo em todo o país. Mas, por outro lado, é motivador, até certo ponto, destas mudanças. Em que proporção isto acontece?

Acredito que o ENEM possibilitou que as escolas de todo o país tivessem outro olhar para a dinâmica da sala de aula, para as relações entre educadores e educandos e no processo de avaliação. É inegável que em todo o país existe hoje uma ampla reflexão sobre as novas possibilidades de ensinar e aprender. Além disso, acredito com o ENEM ocorreu uma mudança significativa na produção de materiais didáticos, nos procedimentos que se materializam na escola e nos resultados que esperamos obter no desenvolvimento do estudante, bem como na busca de procedimentos para que os conteúdos sejam significativos.

Nota-se também uma ampla reflexão nas unidades escolares sobre as Habilidades e Competências, antes de 2009 tais reflexões já existiam, mas com a ampliação do ENEM e com a nova matriz (com as 120 habilidades e as 30 competências) a dimensão dessa reflexão também foi ampliada. Em varias escolas que visitei nos últimos anos, a grande maioria dos educadores estavam refletindo as habilidades e as competências, várias palestras e cursos de formação trabalham com essa abordagem. Também não podemos esquecer que o ENEM possibilita aos estudantes concorrer a uma vaga em mais de 70 instituições de ensino superior.

3. Muito se fala hoje em habilidades e c o m p e t ê n c i a s q u e d e v e m s e r desenvolvidas ao longo da educação básica. O que as distingue e quais são suas intersecções?

As hab i l i dades /compe tênc ias são inseparáveis da ação, por isso exigem o domínio de uma série de conhecimentos e uma série de vivências. As habilidades se ligam a atributos relacionados não apenas ao saber-conhecer, mas ao saber-fazer, ao saber-conviver e ao saber-ser. As competências pressupõem operações mentais e capacidades para usar as hab i l idades , empregando a t i tudes adequadas à realização de tarefas, na busca de soluções de problemas, bem como na elaboração de projetos para modificar a rea l i dade v i v ida . A lém d isso , as competências se constituem num conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões que devem estar corporificadas no estudante, garantindo sua inserção na vida em sociedade.

4 . C o n s i d e r a n d o e s t a s n o v a s necessidades e consequentemente novos objetivos da educação que atendam a este contexto, quais as mudanças que a escola e os professores devem realizar em seu fazer pedagógico?

Acredito que esse é o grande desafio, conseguir materializar no cotidiano da escola e na ação do docente novos procedimentos para que as habilidades e as competências que são inseparáveis da ação ganhem forma. Não é possível construir isso sem uma mudança na dinâmica da sala de aula, sem mudar os procedimentos no contexto da escola e sem uma nova forma de avaliar os estudantes. Ouvir, propor, fazer, vivenciar e criar... Acredito que essas ações no cotidiano da sala de aula/escola podem ser caminhos para as novas realizações no fazer pedagógico, mas tudo isso com rigorosidade metódica e unidade no plano de ensino das áreas do conhecimento e das disciplinas ministradas pelos educadores, objetiva-se que os projetos possam romper com as fragmentações. Busca-se também novos conhecimentos e vivências.

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Novos Rumos - Revista Educacional 16

Quando eu penso em rigorosidade metódica e p l a n e j a m e n t o n ã o p e n s o e m procedimentos engessados, que dificultem o fazer da equipe. Penso e diretriz, em caminhos traçados e seguidos por todos, fruto de uma reflexão coletiva na escola.

5. E os estudantes, em que devem focar em suas ações e estudos a fim de preparar para a vida e para o ENEM?

Acredito que tudo que foi exposto até agora revela que a participação do estudante é de extrema importância. Os estudantes não podem ser meros espectadores ou meros executores de processos definidos por outras pessoas. Não é possível imaginar um estudante na era do conhecimento que não seja protagonista de projetos. Um estudante que possa construir propostas e aplicá-las no mundo em que vive, utilizando-se dos conhecimentos que foram construídos no contexto escolar. Para tanto, uma nova relação entre educador-educando deve se materializar, na escola que vivenciamos hoje, onde as pessoas são separadas por idade, ou onde através de um mapa de sala separamos as pessoas que se gostam, para supostamente não “atrapalharem” a aula não será possível. Precisamos de novos procedimentos, de novas estratégias e de despertar um novo interesse em aprender.

6. Como as famílias podem auxiliar neste desafio que se apresenta para as crianças e adolescentes?

A família deve garantir que seus filhos sejam educados e que acreditem que no contexto escolar uma criança aprende de forma coletiva, ou seja, os seus interesses individuais não são mais importantes que o coletivo. Famíl ia deve apoiar os procedimentos utilizados nas escolas, para tanto deve conhecê-la, nunca desautorizar um educador, ou romper os laços de confiança com a escola, nunca mentir em benefício de seus filhos, possibilitar que os conflitos do contexto escolar fiquem no contexto escolar. Cabe as famílias trabalhar com a auto-estima da criança, valorizando suas conquistas e buscando construir novos caminhos para os possíveis erros. Não ficar preocupado apenas com as notas (resultados finais) mas com os processos,

analisando o que foi atingido e não atingido pelo educando. Elaborar um portfólio das conquistas e dos avanços da criança, comparando-a com ele mesma, nunca com outra criança. Cabe a família participar da vida escolar, respeitando os seus limites e a sua atuação, nunca imaginar que a o que a escola possibilita para a criança e para o jovem é algo comprado, como se fosse uma geladeira ou fogão, ou seja, assumir que na relação escolar existem outros processos que não devem ser regidos pelo código de defesa do consumidor.

7. E a escola, quais são os seus principais desafios daqui para frente?Acredito que cabe a escola grandes desafios, eles são muitos é poderiam ultrapassar mais de 100 itens, nesse momento farei uma e s c o l h a , m o s t r a n d o a p e n a s 1 0 procedimentos que acredito serem imprescindíveis, são eles:

1. Definir seu projeto pedagógico, construir projetos para cada ano/série, construir planos por objetivos e mudar o processo de avaliação;2. Definir estratégias para garantir unidade ao corpo docente, buscando materializar metodologias comuns;3. Garantir uma formação continuada para todos os seus educadores;4. Possibilitar que a sala de aula seja um espaço agradável e que dialogue com as novas competências;5.Possibilitar as famílias encontros de formação, não apenas momentos de entrega de resultados e festas;6. Assumir que a escola necessita de ser um espaço democrático e de reflexão de idéias, para tanto é necessário a realização de assembléias;7. Mapear os sonhos dos estudantes e possibilitar a sua ampliação, desenvolvendo projetos de protagonismo juvenil e não assistencialista 8. Construir espaços onde o fazer seja realmente possível, ou seja, um espaço oficina;9. Não ter medo de construir um novo currículo, que valorize o fazer integral da escola, rompendo com a antiga reflexão de grade curricular, que infelizmente valoriza algumas disciplinas em detrimento de outras;

10. Não ter medo da mudança...

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Novos Rumos - Revista Educacional 17

8. Quais são os principais elementos que os estudantes devem considerar em sua preparação para a realização do ENEM?

Os estudantes devem levar em consideração que na era do conhecimento o que importa é a inovação, o que importa é a capacidade de inovar, de ser criativo e conseguir transformar informação em conhecimento. Preciso perceber a importância das experiências, buscando desenvolver a competência pessoal, social, produtiva e cognitiva, ou seja, o saber ser, conviver, fazer e aprender. Além disso, precisam envolver-se em projetos de protagonismo juvenil, onde poderão colocar em prática uma série de conhecimentos construídos durante a sua formação escolar, bem como desenvolver ações de voluntariado e de ação solidária.No contexto de sala de aula, os estudantes devem romper com a lógica da espera, podem tomar iniciativas para transformar a aula, buscar novas dinâmicas e novos procedimentos na relação educador-educando.

9. O senhor já atuou nos diferentes níveis da Educação, acompanha algumas propostas. Acredita que as mudanças propostas pelo MEC conduzirão ao salto de qualidade do qual necessitamos para atingir um padrão de desenvolvimento condizente com a realidade econômica do Brasil?

Sim, sem dúvida.Necessitamos de um salto de qualidade na educação, sabemos que isso é indiscutível. Precisamos mudar o nosso sistema de ensino para um sistema educacional, onde as reflexões deixem de ser feitas exclusivamente pela lógica dos conteúdos.

As mudanças provocadas pelo MEC fazem as escolas repensar seu currículo, elas buscam promover um processo de ensino-aprendizagem contextualizado, onde a compreensão é mais importante com que a memorização. Sabemos que a maior parte das escolas ainda estão preparadas para o mundo industrial fordista/taylorista do século passado. Na era do conhecimento, na era da informação, no Mundo Pós-Industrial o modelo anterior garante poucos resultados significativos.

MAE - Maestro Assessoria Educacional

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Imersão ENEMImersão ENEM

Page 19: Revista Novos Rumos - Edicao 01

Novos Rumos - Revista Educacional 18

O ENEM e os novos rumos da educação e do vestibular no Brasil

Por Equipe Novos Rumos Educacionais

O ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio –, foi instituído no governo Fernando Henrique

Cardoso, em 1998, com o objetivo fundamental de avaliar o desempenho dos alunos, ao término

da escolaridade básica. Tornou-se, a partir de 2004, em carro-chefe de algumas das mais

importantes reformas do ensino básico e de acesso às instituições ao ensino superior, promovidas

no âmbito do governo Lula. Por suas características, o exame retoma certa crítica com relação à escola atual, que obriga os

alunos à memorização de informações inúteis como "a dos afluentes do rio Amazonas" e outros

conteúdos equivalentes, que não se articulam, necessariamente, às demandas de sua vida

cotidiana – apontando, deste modo, a um movimento que reconheça “conhecimento” num sentido

muito mais amplo do que o acúmulo de informações e sua reprodução automática. Sua

importância, portanto, não reside apenas em suas características como um “exame-diagnóstico”,

mas em modelo de renovação do ensino médio, da própria escola como um todo. Ao demonstrar e propor como se desenvolvem a construção de competências e habilidades no

âmbito do ensino-aprendizado, e de trabalho contextualizado e interdisciplinar, o Enem interpreta e

aplica os novos parâmetros curriculares nacionais (PCNs) e outras diretrizes de reforma do ensino

médio.Há quem defenda que por conta de sua avaliação individual – e não coletiva, como no caso do

provão, que avalia o sistema de ensino –, o exame possa ser utilizado também para a inserção do

jovem no mercado de trabalho; por exemplo, no encaminhamento, a partir de suas habilidades e

competências, para postos de trabalho que ele esteja mais apto e propenso a desenvolver. Para

além dos questionamentos éticos que este tipo de proposta possa levantar, este é mais um

exemplo do potencial de avaliação do exame. Habilidades e competências, tanto quanto no

ensino, são os eixos basilares que fundamentam a atuação dos jovens em sua comunidade e

postos de trabalho – conhecê-los, portanto, é de fundamental interesse do Estado e do mercado.

Características do ENEM

O Exame está estruturado em 5 (cinco) grandes matrizes de referência didáticas, subdividas em 4

(quatro) competências, cada uma referente a uma área do conhecimento específica, a saber:

Linguagens, Códigos e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciência da Natureza e

suas tecnologias e, por fim, Ciências Humanas e suas tecnologias. A competências, por sua vez,

também encontram-se subdividas, desta vez em habilidades – conforme mostra a figura abaixo.

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Novos Rumos - Revista Educacional 19

C1

C2C3

C4

C5

C6C7

C8

C9Linguagens

H01

H02

H03

H04H05

H06 H07

H08H09

H10

H11

H12

H13

H14

H15

H16

H17

H18

H19H20H21

H22

H23

H24H25

H26

H27

H28

H29

H30

C1

C2

C3

C4

C5C6

C7

Matemática

H01

H02

H03

H04

H05

H06 H07H08

H09

H10H11

H12

H13

H14

H15

H16

H17

H18

H19

H20

H21

H22H23

H24

H25H26

H27

H28

H29

H30

C1

C2

C4

C5

C6

C7

Ciências daNatureza

H01

H02

H03

H04

H05 H06H07

H13

H14

H15

H16

H17

H18H19

H20

H21H22H23

H24

H25H26

H27

H28

H29

H30 C8

C3

H08H09

H10

H11

H12

C1

C2

C4

C5

C6

Ciências Humanas

H01

H02

H03

H04

H05

H06

H07

H13

H14

H15

H16

H17

H18

H19H20

H21

H22

H23

C3

H08H09

H10

H11

H12

H24

H25

H26

H27

H28

H29

H30

As habilidades ligam-se a atributos relacionados não apenas ao

conhecer, mas ao “saber-fazer” e a vivência.

As competências pressupõem operações cognitivas (“conhecer”) e a capacidades para usar as habilidades em situações problemas, isto é, na realização de tarefas e busca de soluções em situações propostas, bem como na elaboração de projetos de intervenção na realidade vivida. Além disso, as competências se constituem num conjunto de conhecimentos e aptidões que devem estar corporificadas no estudante, naquilo definido como “cidadão” ou cidadania.

Page 21: Revista Novos Rumos - Edicao 01

Novos Rumos - Revista Educacional 20

Deste modo, as 5 (cinco) “grandes” matrizes didáticas, abaixo apresentadas, revelam aquilo que

se espera do estudante ao término do ensino médio, ou seja, um conjunto de conhecimentos

aplicáveis a sua vida e um conjunto de saberes que o transforme em cidadão.

I. Dominar linguagens (DL): Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das

linguagens matemática, artística e científica.

II. Compreender fenômenos (CF): Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento

para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção

tecnológica e das manifestações artísticas.

III. Enfrentar situações-problema (SP): Selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e

informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-

problema.

IV. Construir argumentação (CA): Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e

conhecimentos, disponíveis em situações concretas, para construir uma argumentação

consistente.

V. Elaborar propostas (EP): Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para

elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e

considerando a diversidade sociocultural.

As matrizes didáticas, subdividas em Competências e Habilidades definidas por áreas, muito mais

do que servirem de parâmetros para a realização da prova exigem dos estudantes e dos

educadores uma série de novos procedimentos escolares, adaptados às novas exigências do

exame. É uma avaliação que exige uma articulação entre os conhecimentos, os procedimentos, os

valores e as atitudes do estudante – o que aponta para uma ruptura com as ações e os

comportamentos respaldados em repetições e padronizações, ou seja, ele revela uma ação

educativa que rompe com os conhecimentos sem significância.

Para obter um bom resultado no ENEM, o estudante deve demonstrar clareza sobre a importância

da ciência como um dos caminhos para a busca de soluções para os problemas sociais – sejam

eles de ordem sócio-ambiental, políticos ou econômicos. Além disso, deve valorizar as múltiplas

linguagens, enfatizando a importância da cultura e da arte para o bem-estar e desenvolvimento

social.

Para tanto, mais do que estudar para elaborar uma boa “prova”, o estudante deve entender e

demonstrar que suas respostas fazem parte da busca de soluções para uma série de desafios da

vida, comuns àqueles egressos na universidade, comprometidos com a ciência, política e bem-

estar de suas comunidades e nações. Através de suas escolhas (questões) e de suas propostas

(redação), o estudante revelará a compreensão destes fatores.

Page 22: Revista Novos Rumos - Edicao 01

Novos Rumos - Revista Educacional 21

ENEM e os novos rumos do vestibular no BrasilUm dos pontos que o ENEM causou maior impacto foi no processo seletivo para os Institutos

Federais de Ensino Superior (Ifes) – e não apenas por conta do método de aplicação dos testes e

da estrutura das provas, mas por conta de uma suposta democratização das oportunidades de

acesso ao ensino superior. Isto porque, conforme defende o MEC, ainda que o vestibular

tradicional cumpra a função de selecionar os melhores candidatos para cada um dos cursos, este

sistema traz conseqüências perversas, como, por exemplo, o beneficiamento de candidatos com

maior poder aquisitivo – já que estes dispõem de recursos para realização da prova, que muitas

vezes incluem pesados gastos com viagens, hospedagem, alimentação e inscrição – e a

“periferização” dos Ifes localizados em centros urbanos menores, incapazes de atrair candidatos

da mesma maneira que os demais institutos, localizados em grandes centros urbanos e capitais.

Deste modo, um processo unificado de seleção às vagas nos Ifes por meio de uma única prova é a

principal solução apontada pelo MEC, que vê nesta proposta um meio de racionalização e

democratização do processo seletivo, já que se trata de um otimizador e poupador de recursos,

tempo e oportunidades – tornado-o mais igualitário, já que reforça o fator “mérito” dos

participantes.

O ministério defende ainda que isso não fere a autonomia universitária, já que as universidades

possuem liberdade para aplicar o exame como fase única de ingresso na instituição – como

sistema de seleção unificado, informatizado e on-line – ou como uma das fases do processo, isto é,

combinado a nota do ENEM com o vestibular da instituição.

Para as instituições públicas que utilizam o ENEM como único meio de acesso às graduações, o

Sistema de Seleção Unificado (Sisu) é o mecanismo de acesso. Criado e administrado pelo

Ministério da Educação, o sistema seleciona candidatos às vagas oferecidas por estas instituições

– em sua maioria, os Institutos Federais de Ensino Superior – com base nos resultados obtidos no

teste. O número de instituições que aderem ao sistema tem aumentado. Para se ter um número

preciso, no primeiro semestre de 2010 – primeiro processo seletivo do Sisu – contou com 47 mil

vagas em 51 instituições, passando para 83 instituições públicas, num total de 83 mil vagas, já no

primeiro semestre de 2011.

O Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento ao Estudante do

Ensino Superior (Fies) dirigem-se aos interessados em institutos particulares de ensino superior.

Para concorrer a bolsas parciais ou totais (ProUni) ou financiamento de seus estudos (Fies), o

aluno deve fazer o ENEM. A exigência do ENEM para estes casos é mais uma ação promovida

pelo MEC no intuito de ter o exame como principal instrumento de referência e avaliação do ensino

médio e dos candidatos, bem como dos próprios institutos particulares de ensino superior que nem

sempre disponibilizam testes adequados ou confiáveis de seleção.

Para este caso, também registra-se um generalizado interesse de institutos de ensino particular no

ProUni/Fies. Nos últimos processos seletivos, segundo alguns dados coletados na imprensa,

participaram cerca de 1.400 instituições de ensino privadas no ProUni, número que deve crescer

com a regulamentação de novos cursos e institutos.

Page 23: Revista Novos Rumos - Edicao 01

Novos Rumos - Revista Educacional 22

LIVR

OS Educação e intervenção no mundo: 44 anos da Pedagogia

do Oprimido

Escrito em 1968, em seu exílio no Chile, o livro Pedagogia do Oprimido é considerado a obra mais

importante de Paulo Freire e, consenquentemente, dada a enorme importância do autor, uma das

mais importantes obras de Educação latino-americana, traduzida para mais de 20 idiomas. Figura

emblemática no cenário educacional brasileiro, Paulo Freire transmite à posterioridade uma

produção intelectual densa e relevante, cuja obra já ultrapassa da 38ª edição.

Nesta obra estão os temas e conceitos centrais de seu pensamento, articulados sob o ponto de

vista do oprimido e perspectiva de classe do autor, isto é, da luta de libertação do homem em

contexto de opressão social. Deste modo, ao referir-se a “pedagogia”, Paulo Freire não está

apenas falando das relações tipicamente escolares ou vinculadas ao processo de ensino-

aprendizagem das teorias da educação, mas, antes, referindo-se a ordem socioeconômica e

política estabelecidas e a consciência de mundo delas derivada – seus valores, suas categorias de

entendimento, seus interesses e objetivos. Neste sentido, educação e política não se separam,

vinculam-se e interpenetram-se como ideologia e métodos de ensino.

No livro o autor argumenta que dentro de uma ótica opressiva a consciência do oprimido não está

apenas submetida à ótica do opressor, mas identificada a ela – e isso é que a caracteriza como

ótica oprimida e dual; ao mesmo tempo que não lhe pertence (consciência do opressor), ele

(oprimido) a toma que se fosse sua, não apenas submetendo-se mas tornando-se ela, porque só

pensa através desta. Por outro lado, o desejo e sobretudo a necessidade de libertar-se não

desaparecem com a hospedagem e identificação desta visão de mundo pelo oprimido – esta que

lhe é estranha, e pouco vantajosa. Trava-se assim, no oprimido, uma contradição que lhe é

inerente; esta ao tornar-se consciente ou visível, no âmbito do indivíduo, se torna luta (que precisa

deixar de ser individual, para tornar-se força coletiva).

A originalidade deste livro ainda pode ser encontrada na ideia de trabalho educativo defendida

pelo autor: um trabalho que não conceba o homem como um “ser vazio”, ou seja, destituído de

conteúdos e, por isto mesmo, sujeito a transformar-se em “depósito” de conhecimentos, nem um

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Novos Rumos - Revista Educacional 23

trabalho que desassocie ação e reflexão – ação sem reflexão (ativismo) ou reflexão sem ação

(sloganização). Será justamente a concepção de homem como “ser vazio” que a pedagogia de

perspectiva opressora tem produzido.

No conceito de pedagogia para a libertação, Paulo Freire opõem duas concepções distintas de

educação: a pedagogia de concepção “bancária” – onde o educador é depositário único do saber e

que, portanto, despejará ou depositará o conhecimento sobre o educando, desprovido de

conhecimento – e a pedagogia de concepção “problematizadora” – onde educador e educando

são polos de um mesmo processo, estabelecendo uma relação “dialógico-dialética” prevalecendo,

portanto, o diálogo e a troca de experiências. O autor estabelece uma oposição entre teoria

antidialógica (monólogo, deposição de ideias e do saber) à teoria dialógica (diálogo, troca,

interconexão), para destacar como as concepções tradicionais, opressoras operam e concebem o

processo de ensino-aprendizagem.

Deste modo, e por seu turno, será em contraposição a pedagogia tradicional, opressora que Paulo

Freire desenvolverá como mecanismo de educação a pedagogia de concepção problematizadora,

de metodologia dialógico-dialética como práxis de uma prática educacional marcadamente

reflexiva e revolucionária, capaz de superar a contradição educador-educandos num movimento

que construa uma situação de educador-educando e educando-educador, isto é que se eduquem

ao mesmo tempo no diálogo com o outro.

Em oposição à educação bancária – onde o “educador bancário” professa e tenta “depositar”

conteúdos, geralmente que não se relacionam com as vidas dos educandos, já que não partem

minimamente de sua realidade e experiências –, o educador-educando não se compromete com

um conteúdo escolar pautado na imposição ou no monólogo (“dissertação”), mas se compromete

com “(...) a devolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo daqueles elementos

que este lhe entregou de forma desestruturada” (FREIRE, 2004. p. 83-84). Compromete-se com

conteúdos que advêm das experiências e realidades dos educandos, desafiando-o não a busca de

respostas (“mensagens salvadoras”), mas de propostas, de trabalho articulado entre os níveis

articulados da reflexão e ação.

“(...) o acercamento às massas populares se faça, não para levar-lhes

uma mensagem 'salvadora', em forma de conteúdo a ser depositado, mas,

para em diálogo com elas, conhecer, não só a objetividade em que

estão, mas a consciência que tenham dessa objetividade; (...) de si

mesmos e do mundo” (FREIRE, 2004, p.86).

Page 25: Revista Novos Rumos - Edicao 01

Novos Rumos - Revista Educacional 24

Os atuais professores de sua escola estão plenamente inseridos na Era do Conhecimento?

No atual contexto da educação, as escolas buscam se informatizar para se aproximarem do cotidiano dos estudantes, que já tem a computação presente em seu dia a dia, para se comunicarem, fazerem pesquisas, redigir textos, criar desenhos, efetuar cálculos e simular fenômenos, tornando o computador um imortante recurso pedagógico. Sabendo desta influência da informática na sociedade moderna, as escolas visam tornar o processo de ensino e aprendizagem mais inovador, dinâmico, participativo e interativo, introduzindo tal recurso no ambiente escolar. Porém, não basta apenas adquirir novos computadores e recursos multimidia, é preciso mais para conseguir alcançar os objetivos desta visão.

O mundo encontra-se em um processo de mudança, que acontece de forma hiperconectada, onde as inúmeras informações disponíveis a cada minuto possibilitam conexões e trocas entre indivíduos, acelerando a criação de novos conhecimentos, práticas, produtos, serviços, ambientes e contextos sociais, o que nos possibilita refletir sobre o tradicional modo de ensino e questionar o papel e os modelos da educação na sociedade em que vivemos. Diante deste mundo dinâmico, não faz mais

sentido que as escolas utilizem o modelo tradicional, colocando o professor como o principal ator do processo de ensino e estabelecendo a reprodução de conteúdos informacionais como o principal objetivo a ser alcançado pelos estudantes.Neste novo contexto se faz necessário aproveitar os recursos disponíveis para incorporar novos paradigmas educacionais como parte do cotidiano do ambiente escolar. Tais paradigmas devem ser centrados no aprendiz e no processo de conhecimento, no conhecimento e na interação e colaboração social.Os novos paradigmas educacionais devem se centrar:

“O sucesso e a eficácia de um projeto educacional que utiliza a informática como mais um recurso, no processo pedagógico, exige capacitação e novas atitudes dos profissionais da educação diante da realidade e do contexto educacional. Conhecimento, visão crítica e consciência do educador em relação ao seu papel são fundamentais.” [NASCIMENTO, 2007 p.62]

No Aprendiz e no processo de aprendizagem

Por me io de p rog ramas educacionais cujos objetivos se d i r e c i o n e m p a r a o desenvolvimento da capacidade de aprendizado nos aprendizes, sejam eles crianças ou adultos, inclusive por meio dos métodos de avaliação. Programas que respondam de forma mais personalizada às necessidades e estruturas cognitivas de cada um dos aprendizes envolvidos, a s s i m c o m o d o professor/instrutor, da instituição a que se vinculem e, em última instância, da própria sociedade;

No ConhecimentoP r o p o r c i o n a n d o oportunidades para que a p r e n d i z e s p o s s a m processar informações dos diversos domínios de conhecimento e se sintam seguros para refletir sobre o próprio pensamento, desenvolvendo novas c o m p r e e n s õ e s e conhec imen tos , que possam inclusive ser transferidos para outros contextos;

Na Interação e Colaboração Social

Direcionando a utilização dos que permitem o e s t a b e l e c i m e n t o d e relações de suporte m ú t u o , d i s c u s s ã o , validação de impressões, compart i lhamento de i n f o r m a ç õ e s e consequente construção de novos conhecimentos, n u m a p e r s p e c t i v a coletiva.

FONTE: Consultores Terra Forum

Autor: Douglas Dantas

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Novos Rumos - Revista Educacional 25

Os atuais professores de sua escola estão plenamente inseridos na Era do Conhecimento?

A criação e aplicação destes novos paradigmas na Era do Conhecimento a qual estamos vivendo, faz com que a educação deixe de ser unidirecional e passe a ser multidirecional, estimulando a interação, motivação, curiosidade, autonomia, criação e inovação, mobilizando toda a comunidade possibilitando um futuro próspero para os envolvidos no processo.

Os atuais professores de sua escola estão plenamente inseridos na Era do Conhecimento?Neste atual cenário da educação, dominar o uso das novas tecnologias de informação e comunicação baseadas na Internet passa a ser essencial para mestres e estudantes, que deverão não apenas conhecer as tecnologias, mas também desenvolver habilidades que possibilitam um uso efetivo da internet e outros meios de informação, com o intuíto de se manter informado e atualizado diante de tantas informações.Muitos professores atualmente sentem que sua zona de conforto vem diminuindo a cada dia, e que estão constantemente atrasados diante de seus estudantes que nasceram em um mundo informatizado e acelerado. Porém,

não se pode deixar abalar por tal verdade, e sim deve-se repensar e romper com paradigmas de modelos educacionais lineares e buscar uma constante formação.Diante desta dificuldade por parte do corpo docente, a escola deve incentivar a capacitação de seus professores para fazer a integração da informática com sua proposta de ensino, devendo os professores estarem abertos a mudanças e disposto a assumir um novo papel: o de facilitador(a) e coordenador(a) do processo de ensino-aprendizagem.O professor deve assessorar o aluno diante de uma situação-problema para que, juntos, possam encontrar a melhor solução, podendo testar e utilizar diferentes recursos.

Esse novo papel exige maior empenho do professor, algo que não é adquirido em treinamentos técnicos ou em cursos em que os conceitos educacionais e o domínio do computador são trabalhados separadamente, esperando que os participantes façam a integração entre ambos.É preciso um processo de formação continuada do professor, que se realiza na articulação entre a exploração da tecnologia computacional, a ação pedagógica com o uso do computador e as teorias educacionais. O professor deve ter a oportunidade de discutir como se aprende e como se ensina. Deve também ter a chance de poder compreender a própria prática e de transformá-la. [ALMEIDA, 1998]

Os educadores necessitam desta formação para que se sintam mais confiantes e seguros em criar um ambiente de aprendizagem com movimento, construindo e reconstruindo conhecimentos, sendo dinâmicos lidando com rápidas mudanças e flexíveis, tendo a noção de que não é mais o único detentor do conhecimento, devendo estar preparado para a possibilidade de encontrar alunos que saibam até mais que ele sobre determinado assunto. Assim, para Nascimento (2007), os professores e funcionários da educação devem ser preparados para desenvolver competências tais como:

Para os consultores Terra Forum, os indivíduos plenamente inseridos na Era do Conhecimento trafegam em espaços e redes de conhecimento que extrapolam suas organizações, sua localização e mesmo seu tempo. Em boa medida, ser inteligente neste novo mundo é estar significativamente conectado em várias redes de aprendizado, compartilhamento e criação, que se unem e se desfazem não por normas, regras, decretos ou fronteiras organizacionais, mas pelo combustível do interesse em aprender, trocar experiências, desenvolver projetos e mesmo criar algum tipo de sentimento de identidade a partir da base de conhecimento individual e coletiva.

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ŸEstar aberto a aprender a aprender;ŸAtuar a partir de temas emergentes no contexto de interesse dos alunos;ŸPromover o desenvolvimento de projetos cooperativos;ŸAssumir atitude de investigador do conhecimento e da aprendizagem do aluno;ŸPropiciar a reflexão, a depuração e o pensar sobre o pensar;ŸDominar recursos computacionais;ŸIdentificar as potencialidades de aplicação desses recursos na prática pedagógica;ŸDesenvolver um processo de reflexão na prática e sobre a prática, reelaborando continuamente teorias que orientem sua atitude de mediação.

Assim, capacitar os profissionais de educação é desenvolver conhecimentos básicos de informática, conhecimentos pedagógicos, integração das tecnologias com as propostas pedagógicas, formas de gerenciamento da sala de aula com os novos recursos tecnológicos, revisão das teorias de aprendizagem, didática, projetos multi, inter e transdisciplinares, possibilitando a segurança que tais profissionais necessitam para atuar e formar estudantes com uma visão mais global da realidade, vincular a aprendizagem a situações e problemas reais, preparar o aluno para aprender durante toda a vida.

Metodologia de Projetos

As metodologias tradicionais têm sido pouco eficientes para ajudar o aluno a aprender a pensar, refletir e criar com autonomia soluções para os problemas que enfrenta. Os alunos acumulam saberes, mas não conseguem aplicar seus conhecimentos em situações reais do dia-a-dia.Na Era do Conhecimento, diante de tantas informações produzidas e da facilidade de obter informações, o professor que se sente seguro, capacitado e incluso plenamente neste novo contexto educacional, opta por metodologias mais dinâmicas, ousadas e desafiadoras, buscando evoluir no sentido de fortalecer as descobertas e aprendizados individuais a partir do uso constante de projetos de “descobertas” e “criação”. Nesse sentido, uma das maneiras de se utilizar o computador no contexto educacional atual é elaborando uma proposta pedagógica com foco em projetos.Nesse enfoque, a utilização da informática no desenvolvimento de propostas de projetos, acontece de forma integrada entre as várias disciplinas, buscando a participação ativa dos estudantes, possibilitando a formação de competências e deixando de ser uma aprendizagem passiva, verbal e teórica. Ou seja, quando falamos de projetos, não significa apenas realizar pesquisas na internet sobre determinado assunto e entregar a informação para o professor, vai mais além. Moura & Barbosa (2006), defendem que um projeto exige planejamento, gestão, controle, acompanhamento e avaliação.Esses autores adotam o seguinte conceito para projeto de trabalho.

[...] formar para a vida significa mais do que reproduzir dados, denominar classificações ou identificar símbolos. Significa: saber se informar, comunicar-se, argumentar, compreender e agir; enfrentar problemas de diferentes naturezas; participar socialmente, de forma prática e solidária; ser capaz de elaborar críticas ou propostas; e, especialmente, adquir i r uma at itude de p e r m a n e n t e a p r e n d i z a d o [PCNEM, 2002, p.9].

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Em um projeto de trabalho, a escolha do tema é a partir das experiências anteriores dos alunos. Esse tema pode fazer parte do “currículo oficial”, de uma experiência comum, de um fato da atualidade, de um problema proposto pelo professor. O trabalho com a Metodologia de Projetos é baseado na problematização. O aluno deve ser envolvido no problema, ele tem que investigar, registrar dados, formular hipóteses, tomar decisões, resolver o problema, tornando-se sujeito de seu próprio conhecimento. O professor deixa de ser o único responsável pela aprendizagem do aluno e torna-se um pesquisador, o orientador do interesse de seus alunos. Levanta questões e se torna um parceiro na procura de soluções dos problemas, gerencia todo o processo de desenvolvimento do projeto, coordena os conhecimentos específicos de sua área de formação com as necessidades dos alunos de construir conhecimentos específicos.

A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio (HERNANDEZ & VENTURA, 1998, p.61).

Ao se trabalhar com projetos, o foco passa a ser o estudante, o conhecimento e a aprendizagem, misturando prática e teoria, dividindo responsabilidades e tarefas, analisando e avaliando os resultados de modo conjunto. Docentes e discentes são conjuntamente pesquisadores e co-responsáveis pelo processo de aprendizagem. Para Oliveira (2003), “situações problemas são levantadas para aproximar a aprendizagem de situações reais vividas pelos alunos. Hipóteses são discutidas e testadas para se chegar a soluções possíveis à compreensão dos alunos. O trabalho com pesquisa, que perpassa todas as etapas de um projeto, favorece que a informação se transforme em conhecimento e aprendizagem. Ao fazer, ao testar, ao pesquisar, teoria e prática se conjugam.”Diante deste contexto de ensino, a informática pode ser um excelente recurso pedagógico a ser explorado por professores e estudantes quando utilizada de forma adequada e planejada. A definição dos objetivos do projeto é de extrema importância para que a integração do computador no processo possa ser efetivada de forma positiva e eficaz.Para auxiliar no desenvolvimento do projeto, existem diversos softwares que podem ser úteis nos diversos procedimentos a serem realizados durante a busca de informações, aálise de resultados e execução de cada fase do projeto. Tais softwares podem ser tutoriais, exercitação, investigação, simulação e jogos.Dentre os mais utilizados na elaboração de projetos, destacam-se:

Editores de texto: apresentam vários recursos para elaboração de texto no computador. Com eles, é possível criar redações, relatórios, cartas, poesias, entrevistas, cartazes, cartões e vários outros tipos de texto de forma personalizada.Os editores de texto podem ser utilizados em qualquer disciplina escolar e a partir de níveis escolares básicos.

‘’São projetos desenvolvidos por alunos em uma (ou mais) disciplina(s), no contexto escolar, sob a orientação do professor, e têm por objetivo a aprendizagem de conceitos e desenvolvimento de competências e habilidades específicas. Esses projetos são conduzidos de acordo com uma metodologia denominada Metodologia de Projetos, ou Pedagogia de Projetos. [...] os projetos de trabalho são executados pelos alunos sob a orientação do professor visando a aquisição de determinados conhecimentos, habilidades e valores’’ [MOURA & BARBOSA, 2006, p.12].

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Planilhas eletrônicas: Realiza cálculos de forma rápida, a partir dos dados informados, e, posteriormente, a elaboração de gráficos de diversos formatos.Os estudantes podem, por exemplo, controlar os gastos do projeto desenvolvido, para ensinar controle e análises de finanças.

Softwares de apresentação: são programas muito utilizados para elaborar apresentações de palestras e aulas (O Power Point da Microsoft é o exemplo mais comum). Possuem recursos de visualização de telas e permitem produções de slides e transparências. Com a utilização dessa ferramenta de apresentação, tanto alunos quanto professores podem exibir seus trabalhos para a turma no próprio computador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de. Da atuação à formação de professores. In: Salto para o futuro: TV e informática na educação. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, 1998. 112 p. Série de Estudos Educação a Distância.HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.MOURA, Dácio Guimarães; BARBOSA, Eduardo F. Trabalhando com Projetos – Planejamento e Gestão de Projetos Educacionais. Editora Vozes, Petrópolis-RJ, 2006.NASCIMENTO, João Kerginaldo Firmino do. Informática aplicada à educação. – Brasília : Universidade deBrasília, 2007.OLIVEIRA, Cacilda Lages - Significado e contribuições da afetividade, no contexto da Metodologia de Projetos, na Educação Básica, dissertação de mestrado – Capítulo 2, CEFET-MG, Belo Horizonte-MG, 2006.

Roteiro 3

SéCatedralPalácio da JustiçaPateo do ColégioBolsa de ValoresVale do Anhangabaú

Av. Paulista - Casa das RosasItaú Cultural - Fnac - Masp - Parque Trianon - Cemitério da Consolação

Roteiro 2

MAE - Maestro Assessoria Educacional

www.maestroassessoria.com.br

Complexo da Luz - Pinacoteca - Parque da Luz - Estação da Luz - Museu da

Língua Portuguesa - Sala São Paulo - Estação Julio Prestes

Roteiro 1 Estudo Vivencial no Centro Histórico de São Paulo

O Estudo Vivencial no Centro Histórico de São Paulo proporciona a vivência de experiências de

aprendizagem que envolve a resolução de problemas, a construção de argumentos e a

tomada de decisões. Ações positivas para a vida de cada um dentro e fora da escola.

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Novos Rumos - Revista Educacional 29

TECNO

LOGI

A Objetos de AprendizagemOs objetos de aprendizagem são animações interativas criadas para servir como ferramenta pedagógica para o professor. O uso dos objetos em sala de aula permite instigar a curiosidade dos estudantes e lançar desafios que estimulem o raciocínio. Partindo de exemplos práticos para despertar a curiosidade dos estudantes, os objetos de aprendizagem têm se tornado uma importante ferramenta para aprimorar o ensino interativo de temas didáticos das mais diversas disciplinas.Na matemática, os objetos de aprendizagem ganham uma grande importância, aproximando cada vez mais esta disciplina dos estudantes, de forma menos abstrata, o que facilita sua aprendizagem e rompe o medo que estes possuem devido à complexidade dos conteúdos abordados e a dificuldade de visualização dos mesmos. Podemos encontrar na internet, diversos sites que oferecem gratuitamente para download, objetos de aprendizagem direta ou indiretamente ligados a conteúdos matemáticos e podemos citar como exemplos: Laboratório Didático Virtual – FE/USP ( ) : Laboratórios com simulações de física e química que utilizam situações do nosso cotidiano para exemplificar e explicar conteúdos abordados nestas disciplinas. Muitas destas simulações utilizam conteúdos matemáticos, como por exemplo, regra de três, fração e operações básicas.

B a n c o I n t e r n a c i o n a l d e O b j e t o s E d u c a c i o n a i s – M E C ( ) e Rede Interativa Virtual de Educação - RIVED/MEC ( ): Sites que disponibilizam gratuitamente, para download, objetos de aprendizagem como imagens, vídeos, simuladores, sons, softwares etc., de todas as áreas, separados por nível de ensino. Em ambos os sites a matemática tem um amplo destaque com inúmeros objetos, dos mais diversificados conteúdos. Vale destacar que o RIVED é um é um programa da Secretaria de Educação a Distância – SEED.

http://www.labvirt.fe.usp.br/

http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/http://rived.mec.gov.br/

CARACTERÍSTICAS DE QUALIDADENa internet, encontramos inúmeros objetos de aprendizagem em diversos sites, mas apesar disto, temos que ter alguns cuidados para identificar características de qualidade nestes objetos, para que estes possam nos auxiliar da melhor forma, contribuindo para a aprendizagem dos estudantes. Podemos utilizar como exemplo a matemática, para estabelecermos alguns critérios de qualidade que os objetos de aprendizagem que abordam conteúdos matemáticos devam ter para auxiliar e ajudar professores e estudantes, contribuindo de forma positiva para a educação.Podemos citar como características de qualidade para objetos de aprendizagem de matemática:Ÿ

Ÿ Instigar a curiosidade dos estudantes e lançar desafios que estimulem o raciocínio; Ÿ Observar fenômenos, tradicionalmente ensinados por meio de fórmulas e teorias escritas

no quadro-negro. Ÿ Contextualizar o tema curricular por meio de uma situação-problema; Ÿ Interagir com a situação-problema, podendo o usuário interferir nos resultados

observados;

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Novos Rumos - Revista Educacional 30

Ÿ Facilitar o estudo individual e em grupo (sala de aula);

Ÿ ·Explorar figuras geométricas e as relações entre as suas partes;

Ÿ ·Possibilitar a autonomia dos estudantes em suas tarefas e estimular sua capacidade deaprendizagem em Matemática;

Ÿ ·Visualizar conceitos abstratos a partir da resolução de problemas;

Ÿ ·Estimular o raciocínio e o pensamento crítico dos estudantes, associando o potencial dainformática às novas abordagens pedagógicas.

Ÿ ·Possibilitar um ensino mais eficiente juntamente com um aprendizado dinâmico e divertido.

Cabe ressaltar que os objetos de aprendizagem não substituem o professor. Ao contrário, como protagonista do processo de ensino e aprendizagem, cabe ao professor eleger quais objetos serãoutilizados, em quais contextos e com quais objetivos pedagógicos.

Tendo em vista as qualidades dita acima, podemos destacar o objeto de aprendizagem Microsoft Math para auxiliar professores e estudantes no processo de ensino e aprendizagem em matemática. Este objeto de aprendizagem interage com o estudante, podendo ser utilizado em diversos conteúdos matemáticos, como por exemplo, estudo de funções, trigonometria, probabilidade, elaboração de gráficos etc. Este OA pode ser encontrado para download, entre outros sites, no site ULTRA DOWNLOADS, disponível no endereço:

R E F E R Ê N C I A B I B L I O G R Á T I C AB a n c o I n t e r n a c i o n a l d e O b j e t o s Educacionais. Disponível em . Acesso: 05 de outubro de 2009Laboratório Didático Virtual – FE/USP . Disponível em . Acesso: 05 de outubro de 2009Mic roso f t Educação – Conteúdos Educacionais. Disponível em . Acesso: 05 de outubro de 2009.Rede Internacional Virtual de Educação (RIVED – SEED/MEC). Disponível em . Acesso: 06 de outubro de 2009.

ultradownloads.com.br/download/Microsoft-Math/

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Ensino Fundamental I

Ensino Fundamental II

Ensino Médio

VídeosDisponibilizamos uma série de vídeos, propagandas e recortes de filmes para que os educadores possam utilizar em suas aulas, sempre visando ampliar as informações dos estudantes e/ou aprofundar um assunto.

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