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Alto Paraopeba, um dos maiores polos de desenvolvimento do país Cenário de uma revolução C ODAP REVISTA MAIO 2010 VEÍCULO O DO CONSÓRCIO PÚBLICO PARA DESENVOLVIMENTO DO ALTO PARAOPEBA Integração cidades e crescimento Primeiro Consórcio Público Brasileiro Agenda 21 Sustentabilidade INFORMATIV

REVISTA odAp - fazitocomunicacao.com.br · Veículo Informativo do Codap Diretoria Presidente Anderson Cabido Vice-presidente José Milton de Carvalho Rocha Secretário executivo

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REVISTA codAp 1

Alto paraopeba, um dos maiores polos de desenvolvimento do país

cenário de uma revolução

codApREVISTA

mAIo 2010 VEículo o do conSóRcIo públIco pARA dESEnVolVImEnTo do AlTo pARAopEbA

Integraçãocidades e

crescimento

primeiro consórcio público

brasileiroAgenda 21

Sustentabilidade

InfoRmATIV

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Veículo Informativo do Codap

DiretoriaPresidente

Anderson CabidoVice-presidente

José Milton de Carvalho RochaSecretário executivo

Luís Antônio Landini

MunicíPioS e PrefeitoS

Belo ValeWanderlei de Castro

congonhaSAnderson Cabido

conSelheiro lafaieteJosé Milton de Carvalho Rocha

entre rioS De MinaSMário Augusto Alves Andrade

JeceaBaJúlio César Reis

ouro BrancoPe. Rogério de Oliveira Pereira

São BráS Do Suaçuí Luiz Carlos Fernandes

enDereçoav. Prof. Manoel Martins, 636

Bairro campo alegrecep 36400-000

conselheiro lafaiete, Mgtel: 31 3721-3451

[email protected]

exPeDienteredação/edição: Vfazitto

comunicação e consultoria ltda.Jornalista responsável:

Vilma fazitto – 1.988/Mg/JPreportagens:

alessandra costa – 9.126/Mg/JPlorena carazza – 13.518/Mg/JP

regiane lucas – 9.815/Mg/JPestagiária: Vanessa Zilio

foto de capa: Wilson avelar Projeto e edição gráfica:

grupo de Design gráficotiragem: 4.000 exemplares

impressão: rona editora

SumÁRIo

3 EDITORIAL

4 INTEGRAÇÃO E AÇÃO o codap campus alto Paraopeba Defesa civil regional fiscalização tributária Diagnóstico rural georreferenciado conferências regionais Parceria Banco do Brasil

18 DEPOIMENTOS

20 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL agenda 21 Plano de Desenvolvimento regional fundo de Desenvolvimento regional retrato do alto Paraopeba Meio ambiente

32 CIDADES Belo Vale

congonhas conselheiro lafaiete entre rios de Minas Jeceaba ouro Branco

São Brás do Suaçuí

46 MINERAÇÃO, SIDERURGIA E CRESCIMENTO cSn e namisa ferrous do Brasil gerdau açominas Vale Vallourec & Sumitomo tubos do Brasil

51 FOTO QUE É FATO

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Alto Paraopeba vive outro momento de grande efervescência, reproduzindo, com distância histórica, processos que tiveram significação de grande monta para nossas comunidades. Há pouco mais de seis décadas a Companhia Siderúrgica Nacio-nal (CSN) se implantou em Congonhas. Junto com a empresa, resultado da ambição do Estado Novo de dotar o Brasil de uma grande siderúrgica, chegaram pessoas e equipamentos, empregos, serviços e o início de políticas públicas em áreas sociais.

Décadas mais tarde, a Açominas se instala nos municípios de Congonhas e Ouro Branco, provocando mudanças urba-nas, notadamente nesta última, e na economia da região, que já assinalava modificações em sua trajetória histórica e ante-cipava um porvir de desenvolvimento. Nossa região foi trans-formada em uma das mais promissoras de todo o estado.

Agora, novo desafio, outra empreitada. Ocorre aqui o maior volume de investimentos privados em curso no país, fruto da articulação dos governos municipais na busca de no-vos instrumentos para as cidades, visando a combater o alto índice de desemprego existente no ano de 2005. Com incen-tivos oferecidos pelas prefeituras e pelo governo do estado, foram viabilizados grandes empreendimentos, tais como a im-plantação de distritos industriais (inclusive um deles, o maior do estado), duas grandes siderúrgicas, duas pelotizadoras, duas novas mineradoras e mais a ampliação de outras indús-trias. Empregos, serviços, novas atividades, desafios urbanos, demandas públicas por saúde, educação e assistência social, transporte, logística, desafios tecnológicos, inovação e conhe-cimento, tudo por vir.

É com esse cenário atual e futuro que o Codap e as prefei-turas da região terão de se haver. Saber traduzir em ação po-lítica as urgências que a realidade impõe é tarefa inadiável. O Codap é um mecanismo com grande potencial e usá-lo é sinal de bom senso. Ele pode ser o instrumental que vai orientar a adoção das medidas que assegurem o desenvolvimento sus-tentável, em defesa da vida plena e de um futuro promissor. É o que as diferentes comunidades do Alto Paraopeba esperam de seus governantes.

EdIToRIAl

Desenvolvimento consciente

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Anderson CabidoPresidente do codap e

prefeito de congonhas

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4 REVISTA codAp

imagine viver em um condomínio onde os problemas comuns não fossem tratados coletivamente. cada morador, preocupado apenas em garantir seu bem-estar, não se daria conta dos ganhos que teria se as dificuldades e soluções fossem compartilhadas entre os vizinhos. Quando se trata de municípios limítrofes, a lógica é semelhante. a solidariedade, o intercâmbio e a convergência levam a um caminho certo: a construção de uma aliança que garante benefícios a todos. Dessa constatação, surgiu a experiência pioneira e exitosa do consórcio Público para Desevolvimento do alto Paraopeba (codap), o primeiro consórcio público do Brasil e um dos únicos no país com atuação regional e multisetorial.

parceria envolve os municípios de Belo Vale, Con-gonhas, Conselheiro Lafaiete, Entre Rios de Minas, Jeceaba, Ouro Branco e São Brás do Suaçuí, todos localizados na região do Alto Paraopeba, em Minas Gerais. Por meio do Codap são desenvolvidos proje-tos direcionados ao desenvolvimento regional sus-tentável, ao aperfeiçoamento das gestões adminis-trativas dos consorciados, além de políticas públicas que beneficiam a região.

A iniciativa já rendeu bons frutos. Exemplos dis-so são a instalação do Campus Alto Paraopeba da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), localizado entre Congonhas e Ouro Branco; a De-fesa Civil do Alto Paraopeba, primeira do Brasil; o Diagnóstico Rural Georeferenciado, que identificou a situação da zona rural dos municípios da região e gerou banco de dados com as principais informa-ções socioeconômicas; o trabalho de identificação, mapeamento e nomenclatura das estradas rurais,

também georreferenciado, assinalando as estradas da zona rural e identificando seus principais pontos, atrativos e, principalmente, as moradias e constru-ções para que os moradores tenham seu endereço reconhecido e oficializado; a Agenda 21 Minero- Siderúrgica do Alto Paraopeba que está mobilizando a sociedade, trabalhadores e empresas para, junto com os governos municipais, discutir o futuro da região e o Plano de Desenvolvimento Regional, res-ponsável por identificar políticas e projetos que fa-voreçam os municípios a partir de um prognóstico dessas cidades.

“Não conhecemos outras iniciativas no Brasil para alguns dos nossos principais projetos, como a Defesa Civil Regional, a Fiscalização Tributária con-junta e unificada e o primeiro projeto de financia-mento consorciado junto ao BNDES. Somos ‘pilotos’ em várias iniciativas que estão servindo de modelo para o Brasil e isto é somente o começo”, avisa o presidente do Codap, Anderson Cabido, que tam-bém é o prefeito de Congonhas.

Na opinião do deputado estadual Padre João Carlos Siqueira (PT-MG), um dos mentores do Con-sórcio, entre todas essas iniciativas, uma chama a atenção. “A maior conquista é o jeito novo de fazer política, com comprometimento com o desenvolvi-mento regional e não um isolamento em nível mu-nicipal. Na década de 1990, o clima na região era de disputa política; com o Codap, inaugurou-se uma nova cultura”, avalia.

O foco da iniciativa é exatamente essa interação entre os municípios da região, de forma a viabilizar a gestão pública por meio de políticas e ações con-juntas. “Para uma região promissora, com grandes empresas, todas praticamente em fase de expansão de investimentos, um consórcio público pode repre-sentar a oportunidade de gerar desenvolvimento, com distribuição de renda e benefícios para toda

InTEGRAÇÃo E AÇÃo

codAp, pIonEIRISmo nA buScA dE SoluÇõES colETIVAS

A

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a população”, explica o jornalista Geraldo Melo (chefe de gabinete do ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luís Dulci), que parti-cipou da concepção e da criação do Codap.

Segundo Geraldo Melo, um dos desafios implíci-tos a esse crescimento é amenizar os impactos gera-dos pelos investimentos das empresas dos ramos de mineração e siderurgia na região. A previsão é que, até 2015, sejam produzidos 12 milhões de toneladas de aço e 130 milhões de toneladas de minério de ferro. A terceira onda de transformações que chegou às cidades do Alto Paraopeba pode ser considerada uma revolução industrial -– que vai gerar empregos e divisas, mas também problemas sociais e ambien-tais em um futuro não muito distante se esse desen-volvimento não for acompanhado de planejamento. A primeira onda ocorreu há sessenta anos, com a instalação da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), a se-gunda, há 34, com a chegada da Açominas; agora mais uma revolução se dá na região.

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Barragem Soledade e Ferrovia do Aço, em Ouro Branco

Vista parcial de Congonhas

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O embrião do Codap foi a consciência de que a região precisa ser preparada para receber esse cres-cimento econômico e os grandes investimentos. “Os prefeitos estavam interessados em trabalhar de forma integrada. Eles perceberam que poderiam planejar com maior eficácia o desenvolvimento re-gional se estivessem unidos em uma entidade com personalidade jurídica”, comenta Geraldo Melo. “O Codap é resultado da ousadia, olhar visionário e vontade política”, acrescenta.

olhar atento em direção ao futuro

O Codap foi constituído oficialmente em 2006, com base na legislação federal que regulamen-tou a formação de parcerias dessa natureza (Lei 11.107/05). Mas a história da entidade não pode ser contada a partir desse momento. Com os olhos atentos para o futuro, os municípios iniciaram os entendimentos e firmaram a parceria antes da re-gulamentação da lei dos consórcios públicos, que se deu em 2007.

O ponto de partida foi em 2003, quando o depu-tado estadual Padre João, em conjunto com o atual presidente do Codap, Anderson Cabido, começou a articular juntamente com outros companheiros de partido e, igualmente, futuros prefeitos na região, um projeto inovador para as cidades do Alto Para-opeba. “Buscávamos uma solução para a integração regional de municípios que tinham muito em co-mum, mas se distanciavam em termos de adminis-tração pública e, muitas vezes, até se chocavam”, relembra Geraldo Melo.

A proposta de criação de um consórcio público foi apresentada em 2004, ano de eleições munici-pais, quando esse tipo de associação ainda era um projeto de lei que dependia de votação na Câmara dos Deputados. “Trabalhamos uma campanha com os candidatos a prefeito na linha do desenvolvimen-to regional, reforçando as vantagens da integração”, recorda o deputado Padre João. O compromisso foi assumido e, após o pleito, levado a cabo pelos che-fes dos executivos municipais.

Em agosto de 2005, foi realizado o I Encontro Regional de Gestores do Alto Paraopeba. “Solicita-mos que eles definissem, em suas respectivas áreas de atuação, tudo o que considerassem regional, que extrapolasse os limites do município”, conta Geral-do Melo. As propostas apresentadas versavam sobre

6 REVISTA codAp

“Eu quero fazer o mestrado aqui no Campus Alto Paraopeba”

os planos de cursar engenharia de telecomunica-

ções já estavam engavetados quando uma nova opor-

tunidade surgiu na vida da estudante Pollyana Mayrink,

moradora da cidade de ouro Branco. a criação do

campus alto Paraopeba da universidade federal de

São João del-rei (ufSJ), que se deu por intermédio do

codap, foi o incentivo que faltava. “eu já estava fazen-

do outro curso em São João del-rei, porque o que eu

queria não era oferecido nessa região. Para fazer enge-

nharia de telecomunicações, a cidade mais próxima era

Belo horizonte, em uma universidade particular, mas

minhas condições financeiras não possibilitaram que eu

o fizesse”, conta.

Quando o campus alto Paraopeba realizou o pri-

meiro vestibular, em dezembro de 2007, a estudante

não perdeu tempo. “fiz o concurso de novo e fui apro-

vada, agora no curso de minha preferência”, comemo-

ra. Projetos para o futuro não faltam. a estudante pre-

tende fazer o mestrado, “de preferência nesse campus.

Por isso, torço pelo crescimento e pela implantação da

pós-graduação”, cogita.

o desejo de Pollyana pode se concretizar mais uma

vez. Segundo o diretor do campus alto Paraopeba,

professor Paulo césar de abreu, a criação de cursos

de pós-graduação já está em fase de estudos. “esta-

mos inseridos em uma região onde a atividade minero-

metalúrgica tem uma presença muito forte e é motor

para o desenvolvimento regional. a procura por pro-

fissionais qualificados é alta e se tornará ainda maior, e

o campus será capaz de suprir parte dessa demanda”,

avalia o diretor. São esses fatores que determinam a

escolha de Pollyana em permanecer na região após se

formar. “o alto Paraopeba está se desenvolvendo ra-

pidamente. com isso, a oferta de empregos tende a

crescer bastante”, projeta.

Para o deputado federal reginaldo lopes (Pt-Mg),

além de formar mão-de-obra qualificada e permitir o

acesso ao ensino superior na região, o campus alto

Paraopeba tem um futuro promissor. “a tendência é

ser criado um Parque tecnológico, de forma a agregar

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conhecimento ao processo de produção nas grandes indús-

trias. É um processo natural, porque há campo fértil para

isso”, argumenta.

conquista pela integração

a implantação de uma universidade já era uma deman-

da da região, que foi encampada pelo codap. as prefeituras

consorciadas se organizaram para sensibilizar o governo fe-

deral e mobilizar a população. foram realizadas discussões

com lideranças políticas, empresariais e educadores. em

2005, começaram os estudos para a criação da unidade.

o consórcio articulou, ainda, o apoio da gerdau açominas

que cedeu, em comodato à ufSJ, o prédio onde anterior-

mente funcionou o escritório central da açominas.

“a contribuição do codap foi imprescindível para via-

bilizar a implantação do campus na região. certamente, a

manutenção dessa conquista, bem como o incremento da

participação da universidade no desenvolvimento regional,

dependerá fortemente da atuação do consórcio”, avalia o

diretor. apoio decisivo também partiu do deputado federal

reginaldo lopes, que participou das etapas de mobilização

política para a implantação do campus, articulando impor-

tantes decisões junto ao governo federal.

Preocupados com a excessiva dependência econômica

da região em relação à mineração e à siderurgia, os prefei-

tos dos municípios do codap propuseram cursos de enge-

nharia em outras áreas, a fim de estimular o surgimento de

uma nova vocação econômica, ligada ao desenvolvimento

tecnológico.

Para os prefeitos da região, o campus alto Paraopeba

da ufSJ é a maior conquista do codap ao longo dos seus

poucos anos de história. Porém, uma outra conquista nes-

ta área também trouxe para a região uma nova oferta de

cursos superiores federais. trata-se do campus da uaB

– universidade aberta do Brasil, em conselheiro lafaiete.

Parceria do município com as universidades federal de

Minas gerais (ufMg) e federal de ouro Preto (ufoP).

São diversos cursos de qualidade que atendem à grande

demanda das empresas da região por mão-de-obra qua-

lificada.

Raio X do campus

• Primeiras turmas: março de 2008

• Evento de inauguração: novembro de 2007

• Investimentos: cerca de r$10 milhões, distribuídos em obras de reforma do prédio, mobiliário, equipamentos, laboratórios, computadores e periféricos. há previsão de novos investimentos, uma vez que o campus está em fase de implantação

• Cursos de graduação oferecidos: engenharia de Bioprocessos, engenharia civil (Ênfase em estruturas Metálicas), engenharia Mecatrônica, engenharia Química e engenharia de telecomunicações

• Estudantes: Mil alunos, sendo 750 no turno da noite e 250 durante o dia. Previsão de ampliação para 2.500 discentes até 2012. cerca de 50% oriundos de localidades que distam no máximo 100 km do campus

• Docentes: 86 professores, a maioria com título de doutorado; até o próximo ano, serão 125

• Infraestrutura: 12 laboratórios de práticas de ensino; 2 laboratórios de pesquisa com equipamentos de última geração; 26 salas de aulas com projetores multimídia; 60 gabinetes informatizados com espaço para dois docentes em cada um; biblioteca com um acervo de

2.721 títulos e 4.055 exemplares

Um sonho antigo, hoje realidade

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obras públicas, transporte, meio ambiente, educa-ção, saúde, cultura, desenvolvimento rural, defesa social e gestão administrativa. Nascia aí o primeiro Protocolo de Intenções do Consórcio Público da en-tidade que àquela época ainda não tinha um nome definido. “Foi o primeiro consórcio que, como um grande guarda-chuva, constou em seu protocolo de intenções praticamente todas as áreas afeitas à ad-ministração municipal”, avalia o jornalista.

No dia 4 de dezembro de 2006, após a aprovação do Consórcio pelas Câmaras Municipais de todas as cidades, realizou-se a assembléia de constituição do Codap, que elegeu a diretoria. A parceria foi oficiali-zada mais de um mês antes que a lei dos consórcios públicos fosse regulamentada. Inicialmente, o Co-dap foi formado por cinco municípios: Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Jeceaba, Ouro Branco e São Brás do Suaçuí. Mais tarde, em abril de 2009, as cidades de Belo Vale e Entre Rios de Minas se incor-poraram à entidade.

De acordo com o deputado Padre João, os resulta-dos da parceria apareceram rapidamente. “Tivemos muitos avanços nas reuniões. O Governo do Estado

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A primeira Defesa Civil Regional do Brasilaumentar a eficiência do serviço prestado à população

e, ao mesmo tempo, reduzir os gastos. É exatamente esse

o resultado de outra iniciativa pioneira implementada pelo

codap: a Defesa civil do alto Paraopeba, criada em agosto

de 2009. “a proximidade geográfica dos municípios e a se-

melhança dos desafios e problemas foram pontos comuns

que levaram à criação do órgão”, explica ademir inácio

da Silva, coordenador da Defesa civil regional. o objetivo

principal é apoiar os municípios, de forma a proporcionar

uma melhoria dos serviços prestados e diminuir os custos

para cada cidade.

Quatro municípios que formam o codap fazem atual-

mente parte do projeto: congonhas, entre rios de Minas,

Jeceaba e ouro Branco. São Brás do Suaçuí está aguardan-

do a aprovação do projeto que criará a sua própria Defe-

sa civil, para então fazer a unificação com a das demais

cidades.

Segundo o secretário executivo do codap, luís antô-

nio landini, há possibilidade de que os outros municípios

formadores do consórcio venham no futuro a fazer parte

da iniciativa.

a Defesa civil é uma atribuição das prefeituras prevista

na legislação federal, e a criação do órgão regional não

exime a responsabilidade dos municípios, ou seja, para

integrá-lo é necessário ter uma Defesa civil Municipal. “a

cidade deve comprovar a existência do órgão para rece-

ber recursos em caso de acidente, por exemplo”, explica

o diretor de comunicação da coordenadoria estadual de

Defesa civil, Major edylan arruda de abreu.

Segundo o Major, a iniciativa da Defesa civil regional

é fundamental para dar suporte aos municípios. “isso aju-

da muito, é um projeto excelente, pois são mais pessoas

trabalhando em prol da população”, opina. a proposta é

criar parcerias, inclusive com o corpo de Bombeiros, para

Praça Tiradentes, em Conselheiro Lafaite

Museu do Escravo, em Belo Vale

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foi simpático à ideia e a tendência do governo fe-deral era transformar os consórcios tradicionais em públicos”, comenta. As dificuldades, entretanto, não deixaram de existir. “Algumas lideranças regionais e vereadores achavam que era coisa do PT, mas per-ceberam depois que não há um caráter partidário. A proposta era promover o desenvolvimento regional integrado, na linha de políticas públicas, para anga-riar recursos”, argumenta.

legislação

A Constituição Federal de 1988 foi o marco regu-latório dos consórcios públicos. O artigo 241 prevê essa modalidade de convênio entre os entes federa-dos (União, estados e municípios), “autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos servi-ços transferidos” (CF 1988). O reconhecimento das cidades como entes federados favoreceu a descen-tralização de políticas públicas e o fortalecimento do poder local. Mas durante 16 anos, o artigo per-

maneceu na longa lista dos dispositivos da Carta Magna aprovados, mas não regulamentados.

Somente em 2003, a lei dos consórcios começou a ser discutida pelo governo federal, com o objetivo de regulamentar o artigo e oferecer mais segurança jurídica e administrativa às parcerias entre os entes consorciados. Em junho de 2004, o projeto de lei foi encaminhado ao Congresso Nacional e, no dia 6 de abril de 2005, a lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O decreto que a regula-mentou foi publicado em 17 de janeiro de 2007.

De acordo com Anderson Cabido, trata-se de uma das legislações mais avançadas sobre coopera-ção federativa do mundo. “Poucos ainda são os mu-nicípios que descobriram isso, o mesmo vale para os estados e para os diversos órgãos da administra-ção federal”, avalia. O presidente do Codap acredita que os consórcios públicos são uma forma de im-plantar políticas que serão bem sucedidas apenas se elaboradas em perspectiva regional, como questões ligadas a recursos hídricos, mobilidade urbana, se-gurança pública, sustentabilidade social, econômica e ambiental entre outras.

prevenir enchentes e incentivar a população a preservar o

patrimônio das cidades.

entre as atribuições da Defesa civil do alto Paraopeba

estão a realização de estudos de ameaças (levantamento

de áreas e situações de risco); conscientização da popula-

ção sobre a gravidade dos desastres e procedimentos pre-

ventivos; apontamento de vulnerabilidades; mobilização e

treinamento de voluntários; estabelecimento e divulgação

de alertas e alarmes; socorro, assistência e apoio à recons-

trução; análise de danos e confecção de documentações

relacionadas à situação de emergência e estado de calami-

dade pública.

os coordenadores da Defesa civil dos municípios for-

mam um colegiado presidido por um coordenador regional.

eles também integram o conselho regional de Defesa civil

que tem poderes normativos e deliberativos. tomam par-

te nesse conselho, além dos coordenadores, representantes

das grandes empresas da região, como a cSn, Vale, ferrous,

VSB, cemig e outras, e de órgãos responsáveis pela segu-

rança pública, incluindo a Polícia Mili-

tar, Polícia civil e corpo de Bombeiros.

os recursos destinados à Defesa

civil regional, além daqueles investi-

dos pelo codap, podem ter origem em

verbas dos governos federal e esta-

dual, e no apoio da iniciativa privada,

que colabora ainda com apoio logístico

e cessão de equipamentos e pessoal,

quando necessário.

a Defesa civil do alto Paraopeba

funciona provisoriamente no codap,

em conselheiro lafaiete, e deverá em

breve ser transferida em definitivo para

sua sede própria. o prédio, cedido pela

prefeitura de congonhas, será situado

em local estratégico, em Joaquim Mur-

tinho, na confluência da Br 040 com a

Br 383.

Ademir Inácio da Silva, coordenador da Defesa Civil Regional

DiVulgação - coDaP

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Até a sanção da Lei 11.107, essas parcerias eram firmadas para atender a demandas específicas e, muitas vezes, eventuais, sem maiores garantias de sua efetivação devido a não existência de obriga-toriedades contratuais formais. A partir da criação dos consórcios públicos, os municípios puderam exercer o direito de associação com mais autonomia e condições estruturais para enfrentar os desafios intermunicipais. “Essa nova modalidade de consór-cio (público) inova nas possibilidades de integração regional e resolve pendências ou limitações dos con-sórcios de natureza privada, como são os existentes até então. Estes, na verdade, reuniam os municípios para solução de algum problema comum, mas eram limitados em relação à sua autonomia e eficiência”, esclarece Geraldo Melo.

Os consórcios públicos têm regime jurídico pró-prio, regimento interno, contrato de adesão dos municípios e uma diretoria eleita. A adesão de cada cidade passa pela aprovação da respectiva Câmara Municipal. As contribuições financeiras dos consor-ciados são estabelecidas por meio de pré-acordos denominados contratos de rateio e contratos de pro-grama, podendo o consórcio contrair empréstimos, firmar cooperações e assinar convênios. Quanto à fiscalização, essas parcerias também estão subordi-

Jeceaba, bucólica e tranquila

Paróquia de São Brás do Suaçuí

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“apenas arrecadar não é o bastante; temos a obrigação de gerir as informações e ações que estão sendo desenvolvidas em nossos municípios, pois disso depende um planejamento tributário eficiente”. a afirmação é da consultora rosiane aparecida Seabra, que coordena o projeto de fiscalização tributária desenvolvido pelo codap, outra iniciativa pioneira no Brasil.

a ideia é implantar um novo sistema de gestão tributária, de forma a inibir a evasão de impos-tos dos municípios consorciados pela unificação de procedimen-tos na arrecadação, fiscalização e processos de recursos. o tra-balho conjunto poderá aumentar a arrecadação municipal e gerar aos contribuintes segurança fis-cal. isso significa aperfeiçoar a gestão pública e a aplicação do aumento da arrecadação, pro-movida pelo desenvolvimento da região.

Definir normas claras para facilitar o pagamento dos tributos e evitar conflitos entre os municípios limítrofes são objetivos do projeto, que podem ser traduzidos como uma reformulação em eficiência tributária compartilhada dos municípios pertencentes ao codap. o primeiro passo é a realização de um diagnóstico das cidades, por meio do levantamento sobre o número de estabele-cimentos comerciais, industriais, mineradores, prestadores de ser-viços e autônomos na região. também será feita uma verificação da funcionalidade do sistema utilizado para a fiscalização e dos relatórios de controle.

De acordo com a consultora, essa é uma tendência de fiscali-zação eficiente, que busca a identificação rápida da evasão fiscal. isso ocorreu recentemente com a unificação da receita federal e do instituto nacional da Seguridade Social (inSS). “com informa-ções compartilhadas por esses dois órgãos federais, a fiscalização ficou mais rica em dados e as possibilidades de minimizar a evasão fiscal aumentaram”, explica.

no caso dos municípios do codap, o trabalho resultará em um conhecimento mais amplo das atividades desenvolvidas na re-gião. “hoje não sabemos ao certo quais as empresas atuam em algumas cidades, pois apenas é depositado na conta corrente da prefeitura o valor do iSS (imposto sobre Serviços) retido, sem ne-nhuma identificação de quais são os prestadores de serviços. a boa gestão pública pressupõe esse conhecimento amplo”, finaliza

a consultora.

Eficiência tributária compartilhada

nadas aos tribunais de conta. Segundo o governo fe-deral, a formação de consórcios públicos propicia aos municípios mais oportunidades de recursos e condi-ções para investimentos da União e dos estados.

“Esta nova formatação possibilita aos municípios buscar o planejamento regional como instrumento de desenvolvimento. Permite que se pensem solu-ções criativas para os problemas regionais, que mi-nimizem custos e explorem as potencialidades de cada município participante”, argumenta Geraldo Melo. Avaliação semelhante é feita pelo deputado estadual Padre João. “A integração é o principal fa-tor. O município que tem mais pode contribuir com o que tem menos. Programas que não fariam sentido em um município tornam-se significativos para um conjunto com mais de 300 mil habitantes”, explica.

A legislação federal estabelece que os consórcios públicos podem ser firmados entre todas as esferas de governo, mas a União participa somente quando a parceria incluir os estados cujos territórios este-jam situados os municípios consorciados. As coope-rações são de natureza voluntária e envolvem todos os tipos de iniciativas que possam beneficiar mais de uma cidade.

pioneirismo

O pioneirismo do Codap tem a marca da compe-tência aliada ao compromisso. O desejo dos prefei-tos em trabalhar de forma integrada desde o início de seus mandatos, a percepção de que planejamento e solidariedade são alicerces para o desenvolvimen-to regional sustentável e a noção de que a associa-ção por meio de uma entidade com personalidade jurídica torna-se mais forte formam um conjunto de fatores definidores da condição de referência que o Consórcio adquiriu.

“Hoje, há uma demanda significativa dos muni-cípios por assessoramento na formação de consór-cios. Muitos, conhecendo a experiência do Codap, tomam a decisão de se consorciar”, comenta Sandro Veríssimo, superintendente de Desenvolvimento Re-gional da Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana de Minas Gerais (Sedru). Para ele, o caráter precursor do Codap “é importante para que, com os erros e acertos, sejam acumuladas experi-ências bem-sucedidas que futuramente podem ser replicadas em outras regiões, servindo-lhes de refe-rência”, avalia.

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os investimentos nas atividades mineradora e siderúr-

gica transformam o alto Paraopeba em um dos principais

polos industriais do estado, com posição de destaque na

economia mineira. Mas planejar o desenvolvimento da re-

gião inclui também voltar os olhos para outros setores da

economia, como o turismo, o desenvolvimento tecnológico

e a agropecuária. Para identificar as demandas e ações ne-

cessárias à zona rural, o codap colocou em prática o Diag-

nóstico rural georreferenciado, desenvolvido nas cidades

que pertencem ao consórcio.

o trabalho, contratado junto à fundação arthur Ber-

nardes (funarbe), entidade vinculada à universidade fe-

deral de Viçosa (ufV), foi realizado em duas etapas. a pri-

meira com a identificação da situação da zona rural, a partir

de informações prestadas pelos moradores e proprietários

da região. esses dados revelam as potencialidades e dificul-

dades existentes, com detalhamento sobre as necessidades

da população e as principais criações e cultivos em cada

área. concluída essa fase, o passo seguinte foi a definição

das ações necessárias para melhorar a qualidade de vida no

campo, além de apoiar e fomentar a produção.

o georreferenciamento é uma das ferramentas de

análise agregada ao diagnóstico. Pela tecnologia Sistema

de informação georreferenciada (Sig), é possível localizar

propriedades, estradas, igrejas, postos de saúde, associa-

ções comunitárias e outros elementos da zona rural, por

meio de suas coordenadas geográficas. isso permite a

identificação correta desses locais em um mapa e facilita

a localização no campo. “essa tecnologia é utilizada para

dar suporte às decisões, uma vez que, aliando um banco

de dados convencional à analise espacial da informação, se

obtém maior riqueza e qualidade do produto final”, explica

cássio Pinto, um dos coordenadores do trabalho.

Segundo o coordenador, somente por meio desse diag-

nóstico seria possível um levantamento sistematizado da

região. “a identificação de fatores críticos, ameaças e ris-

cos, vantagens e oportunidades, que envolvem a dinâmica

e a sustentabilidade das atividades do agronegócio mais

relevantes (efetivas e/ou potenciais) da região irá prover as

bases de um comportamento pró-ativo de maior coopera-

ção e integração dos interesses locais”, argumenta.

Ritmo acelerado

a primeira fase do diagnóstico está concluída e traz

um levantamento dos municípios de conselheiro lafaiete,

congonhas, ouro Branco, Jeceaba e São Brás do Suaçuí. o

Diagnóstico Rural Georreferenciado é realidade na regiãoOs consórcios públicos têm papel funda-mental no desenvolvimento de uma região, na opinião de Veríssimo, pois viabilizam a pres-tação de serviços que o município não con-seguiria prover individualmente e torna mais eficientes algumas políticas públicas, seja pelos ganhos de escala, seja pela divisão dos custos fixos. Segundo o presidente Anderson Cabi-do, as possibilidades proporcionadas por essa nova modalidade precisam, entretanto, ser mais exploradas. “Tomo como base o exemplo do Codap. Na medida em que nossas discus-sões avançam, vamos descobrindo a cada reu-nião uma nova possibilidade. O curioso é que cada nova proposta parece ser uma iniciativa pioneira no Brasil, pois poucos estão tendo a oportunidade de viver uma experiência tão di-ferenciada como a nossa”, analisa.

O futuro aponta um caminho com perspec-tivas e desafios. “Espero que possamos avançar ainda mais em todas as áreas, a partir do Plano de Desenvolvimento Re-gional. Precisamos tra-balhar uma integração mais palpável nas áreas de agricultura, saúde e transportes, além de criar um espaço de re-ferência para esportes olímpicos do conjunto dos municípios”, projeta o deputado Padre João.

Serra do Gambá vista de Entre Rios de Minas

Deputado Padre João: “a maior conquista é o jeito novo de fazer política

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Diagnóstico Rural Georreferenciado é realidade na regiãosobre a localização de estabelecimentos e estradas rurais

como uma das principais dificuldades das áreas rurais,

como ocorre também na imensa maioria dos municípios

brasileiros.

como o próprio nome indica, a ideia é conhecer e dar

nome às estradas rurais da região e um endereço aos seus

moradores. “É um projeto inovador, que possibilita ao

produtor rural ter um endereço, facilitando a entrega de

correspondências e mercadorias pela disponibilização das

rotas das estradas e das coordenadas geográficas que cada

produtor rural passou a ter”, detalha cássio Pinto. o traba-

lho identificou e mapeou também todos os detalhes mais

importantes e pontos críticos, além de atrativos turísticos

existentes.

o alto Paraopeba será a primeira região do Brasil a

implantar esse projeto, que ainda contribui para o forta-

lecimento e desenvolvimento do turismo na região, espe-

cialmente o turismo ecológico, o agroturismo e o turismo

rural. as estradas e estabelecimentos são identificados em

formato digital (por meio de gPS de navegação e internet)

e impressos em forma de mapas. eles já estão à disposi-

ção da população no codap e nas respectivas prefeituras

municipais.

trabalho incluiu a coleta de dados, relatório final e implan-

tação do Sistema de informação georreferenciada. com

base na análise dos dados, foram elaborados 14 projetos

com enfoque no empreendedorismo rural. alguns deles

serão desenvolvidos ainda neste ano e são relativos a cinco

áreas: cultura de cana-de-açúcar e seus diversos fins; bo-

vinocultura de leite; desenvolvimento de projetos na área

florestal; projetos ambientais, focando no tratamento de

resíduos; e projetos em horticultura.

a previsão é de que o mesmo trabalho seja finalizado

em Belo Vale ainda no primeiro semestre deste ano. o le-

vantamento é amplo e abrange as atividades agropecuá-

rias, agroturismo e turismo rural, meio ambiente, qualidade

de vida, infraestrutura, aspectos socioeconômicos e tecno-

logia da produção.

dar endereço a quem não tem

Qual o seu endereço? essa pergunta está deixando de

ser um problema para os moradores e proprietários rurais

da região. o projeto identificação e nomenclaturas das

estradas rurais foi uma das necessidades apontadas pelo

diagnóstico, que identificou a ausência de informações

As fazendas agora terão endereço certo

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Mais de 180 delegados na I Conferência Regional de Defesa Civil do Alto Paraopeba

Luís Antônio Landini, secretário executivo do Codap

A voz do povo por meio das conferências regionais

“É muito mais provável que um governo acerte quando ele ouve o povo do que ficar contratando especialista para fazer um programa”. As palavras foram ditas pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva no último dia 15 de março, referindo-se ao papel das conferências nacionais, estaduais e municipais para a democracia brasileira. Na região do Alto Paraopeba, esses espaços de participação popular não acontecem isoladamente em cada município – eles seguem a lógica da integração proposta pelo Codap.

O Consórcio realizou cinco conferências regio-nais em 2009 e uma em março de 2010. “Esse mo-delo permite que assuntos importantes sejam discu-tidos em dois níveis: cidade e região. Isso fortalece a identidade regional, a integração intermunicipal e a adoção de políticas e ações comuns”, avalia o secretário executivo do Codap, Luís Antônio Lan-dini. Outra vantagem das conferências regionais é possibilitar a participação de municípios que dificil-mente teriam condições de organizar os encontros isoladamente.

Os encaminhamentos das conferências regionais seguem o mesmo trâmite previsto para os encon-

tros municipais. É adotado o princípio de realizar as conferências alternando-se o município sede e as propostas votadas são enviadas em forma de relató-rio para as conferências estaduais; os delegados que representam a região nos debates em nível estadual são eleitos nas conferências regionais.

Para a direção do Codap, outro efeito positivo das conferências regionais foi a maior aproximação entre as entidades, órgãos e lideranças, fazendo com que a integração não se desse apenas entre as pre-feituras, mas também, e principalmente, no nível da sociedade civil. Isso fez com que as cidades deixas-sem de lado o bairrismo e a disputa entre elas. Hoje prevalece um clima de cooperação e de colaboração na região.

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Raio X das conferências Regionais• I Conferência Regional de Promoção da Igualdade Racialcongonhas – abril de 2009Tema: Os avanços, os desafios e as perspectivas da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial165 delegadosPropostas aprovadas dentro de cinco eixos: 1. educação2. Saúde3. trabalho e renda4. terra, quilombolas e povos indígenas5. Segurança

• I Conferência Regional de Políticas Públicas sobre Drogas do Alto Paraopebacongonhas – agosto de 2009Tema: Violência, drogas e cidadania157 delegadosPropostas aprovadas dentro de quatro eixos:1. Violência2. tratamento3. Prevenção4. reinserção social e cidadania

• I Conferência Regional de Comunicação do Alto Paraopebaconselheiro lafaiete – outubro de 2009Tema: Comunicação: meios para construção de direitos e de cidadania na era digital60 delegadosPropostas aprovadas dentro de três eixos:1. Produção de conteúdos2. Meios de distribuição3. cidadania: direitos e deveres

• I Conferência Regional de Cultura do Alto Paraopebaentre rios de Minas – outubro de 2009Tema: Cultura, diversidade, cidadania e desenvolvimento120 delegadosPropostas aprovadas dentro de cinco eixos:1. Produção simbólica e diversidade cultural 2. cultura, cidade e cidadania3. cultura e desenvolvimento sustentável4. cultura e economia criativa5. gestão e institucionalidade da cultura

• I Conferência Regional de Defesa Civil do Alto ParaopebaJeceaba – dezembro de 2009Tema: Prevenção e assistência humanitária: fundamentos para a organização da Defesa Civil Brasileira182 delegadosPropostas aprovadas dentro de três eixos: 1. Desafios para efetivação da Defesa civil no século xxi:

estado, sociedade, clima, desigualdade e desenvolvimento;2. Políticas públicas de atenção integral ao cidadão: o

paradigma da assistência humanitária3. a mobilização e participação da sociedade na prevenção e no

controle social sobre a efetivação da política de Defesa civil

• I Conferência Regional do Esporte do Alto Paraopebaouro Branco – março de 2010Tema: Plano decenal de esporte e lazer (Dez pontos em dez anos para projetar o Brasil entre os dez mais)109 delegadosPropostas aprovadas dentro de dez eixos subdivididos em cinco grupos:1. Sistema nacional de esporte e lazer e ciência; tecnologia e

inovação2. formação e valorização profissional; infraestrutura esportiva3. esporte, lazer e educação; esporte, saúde e qualidade de vida4. esporte de alto rendimento; futebol5. financiamento do esporte; esporte e economia

Parceria, aliança e o crescimento sustentável da região

Sustentar o título de primeiro consórcio público do Brasil não é tarefa simples. Afinal, inovar signi-fica também enfrentar desafios, descobrir como se faz, já que não há um modelo anterior para se ins-pirar. Mas o trabalho conjunto do Codap faz crescer, dia a dia, a semente de um jeito novo de promover o desenvolvimento. Com espírito empreendedor, pioneirismo, responsabilidade social e ambiental e preocupação com a sustentabilidade, o Consórcio Público do Alto Paraopeba atraiu parceiros impor-tantes e comprometidos com a proposta. São coope-rações que fortalecem a ação do Codap.

desenvolvimento rima com planejamento

O projeto de desenvolvimento sustentável con-duzido pelo Codap ganhou um forte aliado: o Banco do Brasil. Em outubro de 2009, o Consórcio firmou Termo de Cooperação Técnica com a instituição que prevê a colaboração para a implantação da Agen-da 21 Minero-Siderúrgica do Alto Paraopeba, com apoio do programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS) do banco.

A Estratégia de Desenvolvimento Regional Sus-tentável (DRS) Cidades Sustentáveis do Banco do Brasil é fundamentada em metodologia de atuação que visa a contribuir com a construção de cidades sustentáveis. Esse trabalho é feito a partir de formu-lação, articulação, integração e implementação de propostas que contemplem diretrizes de sustentabi-lidade, especialmente nas questões ambientais, eco-nômicas, culturais e sociais. Para isso, é elaborado um diagnóstico voltado à identificação das cadeias produtivas mais importantes da região, um levanta-mento que identifica as vocações e potencialidades principais e, ao final, a indicação das atividades eco-nômicas a serem apoiadas pela instituição.

O diagnóstico serve de referência para o Plano de Negócios DRS, no qual são definidos os objetivos, as metas e as ações do projeto. Para o DRS no Alto Paraopeba, foram estabelecidas três áreas de atua-ção: minero-siderúrgica, agricultura e turismo.

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Aproveitar potencialidades para crescer

“O Alto Paraope-ba tem um Consórcio eficaz como agência de desenvolvimento econômico e susten-tável, modelo no Brasil. O Polo de Excelência Mine-ral e Metalúrgico atrairá para a região seu network de inteligência internacional”. Essa é a avaliação do gerente executivo do Polo de Excelência Mineral e Metalúrgico da Secretaria de Estado de Ciência, Tec-nologia e Ensino Superior de Minas Gerais (Sectes), Renato Ciminelli, sobre a parceria com o Codap. O objetivo é proporcionar maior aproveitamento social, ambiental e econômico das cidades consor-ciadas.

A cooperação busca explorar e desenvolver opor-tunidades ainda não conhecidas ou ausentes na ca-deia produtiva minero-metalúrgica da região, com foco em toda a cadeia de suprimentos para a me-talurgia e a mineração. Até agora, foram realizados diagnósticos, análises e estudos estratégicos. O pró-ximo passo será implementar ações voltadas para a atração de negócios e geração de emprego e renda.

Segundo Ciminelli, pretende-se implantar redes de pesquisa, extensão tecnológica e capacitação, an-coradas nas grandes instituições mineiras de ensino e voltadas inteiramente para o Alto Paraopeba. A expectativa é que em cinco anos sejam capacitados mil especialistas na região. “Isso irá consolidar o Alto Paraopeba como um Polo de Suprimentos para a Mineração e a Siderurgia”, explica Ciminelli. De acordo com ele, a força da mineração e metalurgia, a potencialidade de novos negócios a serem explo-rados e desenvolvidos na cadeia produtiva, além da cooperação com o Codap demarcam um futuro pro-missor. “Essa é a região onde acreditamos que sere-mos mais eficazes e produtivos em nossas iniciativas de fomento”, conclui.

parceria em favor do meio ambiente

Buscar soluções conjuntas para o tratamento de lixo nas cidades vizinhas. Essa é a proposta de outro consórcio público da região, batizado de Ecotres, e que conta com o apoio do Codap. A finalidade do consórcio, de atuação setorial, é construir um ater-ro sanitário para tratamento de resíduos sólidos. Três municípios do Alto Paraopeba são parceiros na iniciativa: Congonhas, Ouro Branco e Conselheiro Lafaiete.

De acordo com o presidente do Ecotres e prefeito de Ouro Branco, Padre Rogério de Oliveira Pereira, o desenvolvimento das cidades intensificou a geração de lixo. “A parceria entre os municípios é importante para equacionar o problema. É uma solução viável quando eles se unem, além de ser economicamente interessante, pois evita que cada um necessite fazer um alto investimento”, detalha.

O terreno para a construção do aterro sanitário está localizado em Conselheiro Lafaiete. Os recur-sos para a obra, que ultrapassam R$ 4 milhões, são oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por meio da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco – Codevasf, uma vez que os municípios consorciados integram a Bacia Hidro-gráfica do São Francisco. A previsão de implantação do aterro é para esse ano.

O Ecotres funciona na sede do Codap, localizada em Conselheiro Lafaiete. A divisão do mesmo espa-ço objetiva também alcançar uma maior sinergia en-tre os dois consórcios, além de facilitar para as três cidades, que também participam do Codap.

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Renato Ciminelli, gerente executivo do Polo de Excelência Mineral e Metalúrgico da Sectes

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REVISTA codAp 17 REVISTA codAp 17

QuEm fAzPresidente: Anderson Cabido

Vice-presidente: José Milton de Carvalho Rocha

Municípios consorciados e prefeitos:

Belo Vale: Wanderlei de Castro – PMDB

Congonhas: Anderson Cabido – PT

Conselheiro Lafaiete: José Milton de Carvalho Rocha – PSDB

Entre Rios de Minas: Mário Augusto Alves Andrade – PTB

Jeceaba: Júlio César Reis – PT

Ouro Branco: Pe. Rogério de Oliveira Pereira – PT

São Brás do Suaçuí: Luiz Carlos Fernandes – PT

como SE mAnTém• Despesas correntes e ações de interesse comum: recursos

das prefeituras consorciadas, por meio do contrato anual de rateio.

• Programas específicos, para os quais existe livre adesão pelos municípios consorciados (por exemplo Defesa civil, fiscalização tributária): recursos dos municípios com contratos de Programas, podendo também existir participação externa de governos e empresas.

objETIVoS• Gestão associada de serviços públicos.• Prestação de serviços (inclusive de assistência técnica),

execução de obras e fornecimento de bens à administração direta ou indireta dos entes consorciados.

• Compartilhamento ou o uso em comum de instrumentos e equipamentos, inclusive de gestão, de manutenção, de informática, de máquinas, de pessoal técnico, de procedi-mentos de licitação e de admissão de pessoal.

• Produção de informações, projetos e estudos técnicos.• Instituição e funcionamento de escolas de governo ou de

estabelecimentos congêneres.• Promoção do uso racional dos recursos naturais e a proteção,

preservação e recuperação do meio ambiente.• Exercício de funções no sistema de gerenciamento de recursos

hídricos.• Apoio e fomento do intercâmbio de experiências e de

informações entre os entes consorciados.• Gestão e proteção de patrimônio urbanístico, ecológico,

paisagístico, cultural e turístico.• Planejamento, gestão e administração dos serviços e recursos

da previdência social dos servidores de qualquer dos entes consorciados (os recursos arrecadados em um ente federativo não podem ser utilizados no pagamento de benefícios de segurados de outro ente).

• Fornecimento de assistência técnica, extensão, treinamento, pesquisa e desenvolvimento urbano e rural.

• Ações e políticas de desenvolvimento administrativo, social e econômico da região.

• Exercício de competência pertencente aos entes consorciados nos termos de contrato de programa.

• Implantação de um sistema de compras e licitação unificado.• Promoção de cursos de treinamento e capacitação, fóruns,

seminários e eventos correlatos.

• Divulgação de informações de interesse regional, e a realização de pesquisas de opinião e campanhas de educação e divulgação.

• Promoção e apoio à formação e ao desenvolvimento cultural.• Apoio à organização social e comunitária.

pRIncIpAIS REAlIzAÇõES• Agenda 21 Minero-Siderúrgica do Alto Paraopeba.• Plano de Desenvolvimento Regional.• Instalação do Campus de Engenharia do Alto Paraopeba,

ligado à universidade federal de São João del-rei (ufSJ).• Criação da primeira Defesa Civil Regional do Brasil. • Diagnóstico socioeconômico georeferenciado da zona rural.• Mapeamento e nomenclatura das estradas rurais. • Programa de Gestão Estratégica do Território Regional.• Articulação para a construção do novo viaduto Vila Rica, na

Br 040.• Criação da UAB – Universidade Aberta do Brasil. • Criação da fiscalização tributária conjunta das sete cidades.• Criação de postos regionais do Sine nas sedes das grandes

empresas.• Articulação para a priorização da contratação de trabalhadores

da região.• Parcerias na qualificação da mão-de-obra regional.• Elaboração, juntamente com o BNDES, do primeiro Programa

de Modernização da administração tributária e gestão dos Setores Sociais Básicos (PMat) regional do Brasil.

• Criação de Farmácias Populares. • Realização de diversas conferências em caráter regional.• Parcerias: Consórcio Intermunicipal de Tratamento de

resíduos Sólidos (ecotres), consórcio intermunicipal da Bacia hidrográfica do rio Paraopeba (cibapar), consórcio Minero-Metalúrgico para formação e Qualificação Profissional (cMM), Projeto de Desenvolvimento regional Sustentável (DrS) do Banco do Brasil, dentre outras, para o desenvolvimento de ações ligadas ao desenvolvimento sustentável da região.

• Criação da Escola Família Agrícola do Alto Paraopeba(EFA).• Criação do Escritório de Engenharia e de Projetos para o

municípios do alto Paraopeba.• Realização de diversos eventos e seminários sobre o

desenvolvimento da região.• Termo de cooperação assinado com o Banco do Brasil/Unesco.

pRIncIpAIS pRojEToS pARA o fuTuRo• Compras coletivas de produtos de uso comum pelas cidades.• Parceria com o Ministério da Justiça para a implantação

do Programa nacional de Segurança Pública e cidadania (Pronasci) no alto Paraopeba.

• Implantação do Sistema Unificado de Fiscalização Ambiental.• Criação da primeira Região Digital do Brasil.• Implantação do Sistema de Gestão Estratégica e Georreferen-

ciamento do território regional.• Criação, em parceria com o BNDES e grandes empresas, do

fundo de Desenvolvimento regional.• Realização de eventos culturais e esportivos conjuntos.• Elaboração do calendário de eventos regional.• Criação do viveiro de mudas de espécies nativas da região.• Plano Diretor Regional.

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18 REVISTA codAp

dEpoImEnToS

AnSEIoS E EXpEcTATIVAS com A ATuAÇÃo do codAp

“o trabalho do codap é funda-

mental para tratar dos interesses

da região, agilizando e amplian-

do as formas de interação en-

tre os municípios e atuando em

ações diretas de interesse geral

dos consorciados e nos assuntos

específicos das cidades. como

representante dos mineiros na câmara dos Deputados,

estarei sempre junto ao codap na busca de soluções e

melhorias para toda a região do alto Paraopeba.”

Virgílio Guimarães, Deputado federal

“os consórcios de de-

senvolvimento valorizam

estratégias de crescimen-

to regional, que é uma

dimensão importante no

trabalho em defesa da

justiça social. esses con-

sórcios fortalecem as re-

lações do pacto federativo, agregando à relação vertical

entre união, estados e municípios uma relação horizontal

de cooperação entre prefeituras. Parabenizo a iniciativa

das cidades do alto Paraopeba de aderir a essa organiza-

ção e faço votos de que ela ajude a potencializar e ampliar

as vocações da região, conduzindo a um desenvolvimen-

to integral e integrado, com distribuição de renda. estou

certo de que o investimento em justiça social e nas redes

de parcerias fortalece a nação e o alto Paraopeba tem no

seu consórcio um grande aliado nessa empreitada.”

Patrus Ananias, ex-ministro do Desenvolvimento Social

e combate à fome

“a iniciativa das cidades da

região do alto do Paraopeba,

em Minas gerais, de se uni-

rem em um consórcio públi-

co de caráter regional é mui-

to bem-vinda sob o ponto de

vista do Ministério da integração nacional e de sua Secre-

taria de Políticas de Desenvolvimento regional. a criação

e o fortalecimento do consórcio Público para Desenvol-

vimento do alto Paraopeba (codap) vem ao encontro do

que estabelece a Política nacional de Desenvolvimento

regional – PnDr, quando valoriza o papel das novas

institucionalidades para a superação dos desafios da co-

operação federativa. o sucesso do codap certamente

irá influenciar uma nova cultura político-administrativa

de cooperação e negociação intergovernamental, con-

tribuindo, de forma decisiva, para a construção de novo

modelo de gestão pública no âmbito do espaço territorial

e regional.”

Ricardo Dias Ramagem, coordenador geral de Planos

e ações regionais da Secretaria de Políticas de Desenvol-

vimento regional / Ministério da integração nacional

“o coDaP é uma iniciativa

importante de desenvolvi-

mento regional e que tem

proporcionado, efetivamen-

te, um maior aproveitamento

econômico da região, diag-

nosticando as necessidades

locais e buscando soluções

que realmente melhoram a

vida da população, gerando emprego e renda.”

Reginaldo Lopes, Deputado federal

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REVISTA codAp 19

“Parabenizo as lideranças e a

população do alto Paraope-

ba pela sabedoria e ousadia

de buscarem no modelo do

consórcio público o instru-

mento de fortalecimento das

políticas públicas, proporcio-

nando o desenvolvimento re-

gional de forma sustentável,

equilibrada e integrada.”

Ivo José, ex-deputado

“Quero parabenizar os pre-

feitos das cidades que com-

põem o consórcio Público

para Desenvolvimento do

alto Paraopeba (codap) pela

iniciativa que vai proporcio-

nar maior aproveitamento

social, ambiental e econô-

mico da região promovendo

ações de desenvolvimento.”

Carlos Gomes, Deputado estadual

AnSEIoS E EXpEcTATIVAS com A ATuAÇÃo do codAp

“o codap é um exemplo pio-

neiro de cooperação volun-

tária entre entes federados.

Sua formação partiu dos mu-

nicípios – sem que houvesse

nenhum tipo de indução ou

incentivo do estado ou da

união – com a finalidade de trazer desenvolvimento para

a região a partir de ações pactuadas entre as administra-

ções municipais. o codap, em parceria com o estado e a

união, está elaborando o Plano regional estratégico do

alto Paraopeba, que se tornará seu principal instrumento

de planejamento, e poderá consolidar o consórcio como

protagonista do desenvolvimento da região.”

Sandro Veríssimo, Diretor da Superintendência de

Desenvolvimento regional / Secretaria de estado de

Desenvolvimento regional e Política urbana

“o codap tem uma impor-

tância muito grande para as

comunidades, pois unifica os

interesses da região, constrói

sinergias, potencializando as

iniciativas de apoio e de inves-

timentos em desenvolvimento

sustentável no alto Paraopeba. a integração do Banco do

Brasil com o codap, por meio de sua estratégia de Desen-

volvimento regional Sustentável (DrS), fortalece, qualifica

e oferece a oportunidade de uma atuação regional efetiva

e comprometida com a questão ambiental.”

Robson Rocha, Vice-presidente do Setor de gestão de

Pessoas e Desenvolvimento Sustentável / Banco do Brasil

“o codap tem um papel im-

portante na integração das

cidades do alto Paraopeba

em busca de um desenvolvi-

mento regional sustentável.

Parabenizo os prefeitos que

tiveram a ousadia e a sabe-

doria de se organizarem em

um consórcio público, ação

pioneira no estado, que co-

loca as cidades do alto Paraopeba numa perspectiva de

futuro, modernizando a gestão pública e rompendo as

barreiras em busca do crescimento.”

César Medeiros, ex-deputado

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20 REVISTA codAp

um desenvolvimento que busca suprir

as demandas da geração atual, sem

comprometer a capacidade de atender as

necessidades das futuras gerações. um

processo que não esgota os recursos para

o futuro. essa é uma das definições de

desenvolvimento sustentável, elaborada pela

organização das nações unidas (onu).

om o objetivo de seguir essa filosofia, as cidades do Codap estão trabalham para criar uma Agenda 21 Regional. O documento vai propor ações para o desenvolvimento sustentável da região de maneira integrada entre os municípios. As prefeituras abra-çaram a ideia e, atualmente, trabalham para a mo-bilização da sociedade civil e das empresas locais juntamente com o Codap, que é o grande mediador da Agenda 21 Regional.

Já está em processo de criação um Fórum Re-gional, que vai contar com a participação de re-presentantes de vários setores da sociedade civil e das empresas da região. O fórum será um espaço de discussão democrático que pretende dar voz às diferentes opiniões sobre o desenvolvimento, além de buscar soluções para problemas futuros. Segun-do o secretário de Desenvolvimento Sustentável de Congonhas, Lourival Araújo Andrade, ainda neste semestre devem começar as discussões mais efetivas do fórum. A escolha dos representantes da socieda-de civil já está em andamento. Dessas discussões re-sultarão a Agenda 21 Regional, além de ações para a captação de recursos.

A Agenda 21 Regional tem como ponto de par-tida um documento já elaborado pela cidade de Congonhas, intitulado Plano de Desenvolvimento de Congonhas(PDC), e lançado em 2009, no Fórum

de Desenvolvimento Sustentável do município. O documento, síntese de duas dezenas de conferên-cias municipais acontecidas nos anos 2005 e 2006, é resultado da mobilização dos órgãos públicos e da cadeia produtiva da mineração e da siderurgia da cidade, que se reuniram para elaborar uma lista com 18 objetivos, prévia da Agenda 21 Mineral de Congonhas. A partir de projeções de um cenário de futuro foram traçadas metas que refletem o com-promisso com as questões socioambientais e com as especificidades locais.

Durante três anos o poder público e os empre-endedores da mineração e da siderurgia se reuni-ram em um grupo de trabalho que discutiu os in-vestimentos atuais e traçou os objetivos baseados em um cenário de futuro. Participaram a Prefeitura Municipal de Congonhas, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Gerdau – Açominas, a Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), a Vale S/A e o governo federal, por meio do Ministério de Minas e Energia.

Segundo Lourival Araújo Andrade, “as empresas instaladas em Congonhas reconheceram na inicia-tiva um projeto de futuro, que vai ao encontro das perspectivas mundiais da cadeia produtiva do miné-rio”. Ele explica que o documento municipal reflete a realidade dos empreendimentos e traça diretrizes para o trabalho cotidiano no setor da mineração. A partir de agora, Congonhas se junta aos outros mu-nicípios do Codap para elaborar um compromisso conjunto.

Além disso, Andrade esclarece que muitos dos aspectos já apontados pelo relatório de Congonhas deverão ser levados em conta na Agenda 21 Re-gional. “O documento de Congonhas foi pensado, considerando não só a cidade, mas também a dinâ-mica da região. Isso faz com que muitas discussões sejam semelhantes, principalmente aquelas que são

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AGEndA 21, SuSTEnTAbIlIdAdE

dESEnVolVImEnTo SuSTEnTÁVEl

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regionais, como os temas relacionados a logística, agricultura, meio ambiente, saneamento, saúde e educação, entre outros”, aponta o secretário.

A adoção do documento de Congonhas foi um consenso entre os prefeitos das cidades do Codap, já que há vários pontos em comum entre os municípios. Para os próximos anos, a previsão é de grande entra-da de recursos no setor minero-siderúrgico, fato que trará impactos para toda a região. A Agenda 21 Re-gional tem como base esse cenário comum às cidades e deve trazer propostas para que o desenvolvimento seja sustentável, com reflexos positivos duradouros para além do período de altos investimentos.

Histórico

A Agenda 21 é um documento mundial, criado em 1992 na Conferência Eco-92, que contou com a par-ticipação de cerca de 180 países. É uma carta de in-tenções que visa, por meio da participação dos vários setores da sociedade, a conciliar métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica.

AGEndA 21, SuSTEnTAbIlIdAdEAGEndA

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plAno dEdESEnVolVImEnTo

REGIonAl

fundo dE AGÊncIA dE dESEnVolVImEnTo

REGIonAl

plAno dIREToR REGIonAl

AÇõES InduToRAS do dESEnVolVImEnTo SuSTEnTÁVEl

MME, MMA, Sect, Unesco, BB, UFSJ, UFMG, grandes empresas, sindicatos, sociedade civil

Sedru, Seplag, MI, Cedeplar

BNDES, grandes empresas

Sedru, Seplag, Cedeplar

Lourival Araújo Andrade enfatiza que o documento municipal reflete a realidade local

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Plano de Desenvolvimento Regionalos altos investimentos em mineração e siderurgia nos próximos cinco anos no alto Paraopeba resultarão em grande crescimento econômico e prosperidade para a região. entretanto, a boa notícia pode se tornar um problema se as cidades não se prepararem para crescer. um estudo feito pela universidade federal de Minas gerais (ufMg), contratado pelo codap e pelo governo do estado, propõe diretrizes que antecipam soluções e buscam o desenvolvimento sustentável da região. o Plano de Desenvolvimento regional tem o objetivo de evitar o crescimento desordenado típico das áreas metropolitanas e das regiões que concentram grandes investimentos econômicos.

planejar para crescer

Realizado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), o pla-no definiu os principais pontos que devem estar na pauta das atuais e futuras administrações munici-pais. Ele conclui que o desenvolvimento deve ser planejado de forma integrada e indica uma lista de políticas públicas regionais, obras, programas e projetos a serem realizados e implementados. Segundo o professor Ricardo Machado Ruiz, pes-quisador do Cedeplar, com os novos investimentos, os municípios do Codap formarão em breve uma única malha urbana, gerada pela expansão da ocu-pação que deve ocorrer ao longo dos principais ei-xos rodoviários existentes. Os habitantes circularão por toda a região seja para trabalhar, usufruir de serviços públicos ou participar de atividades de la-

cREScImEnTo E InTEGRAÇÃo

objetivos da Agenda 21 Regional*

1. adequar a infraestrutura urbana de acordo com a demanda de crescimento da região

2. agregar valor e adensar a cadeia produtiva do ferro e do aço

3. alavancar benefícios para a comunidade decorrentes da localização estratégica e da biodiversidade existente na região

4. alavancar novos negócios fomentados pelo potencial de compras das grandes empresas

5. ampliar e divulgar a política de incentivo às micro e pequenas empresas

6. aprimorar a gestão pública na região

7. atrair e apoiar novos investimentos utilizando os recursos logísticos, hídricos, energéticos e de telecomunicações

8. articular esforços para otimizar a malha rodoviária e ferroviária

9. atrair mão-de-obra de acordo com as demandas evitando os impactos sociais negativos da migração

10. Maximizar o aproveitamento econômico dos resíduos sólidos urbanos e industriais

11. fomentar as boas práticas empresariais na região

12. fortalecer as estruturas econômica e social das famílias locais

13. fortalecer a infraestrutura turística e divulgar os atrativos da região

14. fortalecer o tecido social elevando o nível de organização da sociedade

15. utilizar de forma ambientalmente sustentável os recursos naturais da região

16. intensificar o relacionamento com todos os grupos de interesse

17. elevar o nível de escolaridade e qualificação profissional da população

18. Valorizar o patrimônio artístico, histórico e cultural, material e imaterial das cidades

(*) Objetivos da Agenda 21 de Congonhas que serão validados regionalmente.

Propostas de vários setores foram criadas a partir da Eco-92. A Agenda 21 Mineral, por exemplo, foi proposta pelo Ministério de Minas e Energia a 85 cidades cuja atividade econômica é predominantemente voltada para a mineração. O documento prevê a intervenção nas con-dições de trabalho, a mudança da relação da mineração com as sociedades locais e a reformulação do conceito e da prática de desenvolvimento nas regiões. É um ins-trumento de participação social, que propõe alternativas econômicas que possam garantir a manutenção dos pa-tamares socioeconômicos dos municípios para o período pós-desativação das atividades minerais.

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Plano de Desenvolvimento Regional

zer. “As mudanças em uma cidade influenciarão a dinâmica das outras como uma reação em cadeia. Por isso, propomos diretrizes para pensar tudo em escala regional”, explica o professor.

Transporte intrarregional, monitoramento con-junto do Rio Paraopeba e afluentes e redimensio-namento da habitação, do sistema de saúde e do saneamento básico são alguns dos grandes projetos indicados no plano. Cada um deles deverá ser de-talhado pelas administrações municipais conjunta-mente. A conclusão é de que o Codap é o instru-mento mais indicado para atuar como condutor e mediador desse processo para garantir a integração Professor Ricardo Ruiz, do Cedeplar

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municípios pertencentesao codap – minas gerais

Região de Referência do CODAP

Municípios pertencentes à região denominada Entorno do CODAP

Fonte: CODAP – Consórcio Público para Desenvolvimento do Alto Paraopeba, 2009; IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2007; IGA – Instituto de Geociências Aplicadas do Estado de Minas Gerais, 1996

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e o desenvolvimento sustentado da região. Para o professor Ricardo Ruiz, um dos pontos mais críti-cos é o sistema de transporte. Atualmente, a maior parte do acesso ao Alto Paraopeba é feita por meio da BR 040, rodovia interestadual que liga Brasília ao Rio de Janeiro. O fluxo é intenso e os carros de passeio competem com os veículos pesados que cru-zam o país. Para garantir a integração da região, ele propõe que novas vias intrarregionais sejam criadas, interligando os municípios sem passar pela BR.

Para chegar a esses resultados, o trabalho foi desenvolvido em três grandes etapas. Primeiro, os pesquisadores do Cedeplar realizaram um amplo resgate histórico e um levantamento socioeconômi-co e demográfico da região e do seu entorno. Infor-mações tais como crescimento do PIB, grau de urba-nização, abastecimento, renda da população, dentre outras, foram elencadas para caracterizar a região. Em seguida, foi feita a identificação dos principais investimentos estruturantes previstos pelas grandes empresas de mineração e siderurgia nos próximos cinco anos. Entrevistas com os prefeitos, represen-tantes da sociedade civil e das empresas foram fei-tas com o objetivo de traçar possíveis cenários de crescimento.

Uma das simulações indica que o PIB da região tende a duplicar até 2020, modificando radicalmen-te a estrutura atual da região. Caso não haja plane-jamento, a tendência é de que algumas cidades con-centrem os impactos do desenvolvimento, gerando um crescimento desequilibrado e polarizado, o que pode ocorrer principalmente na cidade de Congo-nhas. Conforme revela o plano, os municípios de Jeceaba, Entre Rios, São Brás do Suaçuí e Belo Vale, por exemplo, serão incapazes de usufruir dos efeitos positivos proporcionados pelas empresas instaladas na região se medidas concretas não forem tomadas para integrar as cidades.

A terceira e última etapa do Plano de Desenvol-vimento Regional consistiu em analisar todo o ma-terial anteriormente coletado, incluindo os Planos Diretores Municipais. A partir daí, foi indicada uma lista de políticas públicas, por ordem de prioridade, a serem adotadas a curto, médio e longo prazo. Segun-do a direção do Codap, após esse plano será elabo-rada uma carteira de investimentos prioritários para a região. Ocorre, em paralelo, uma negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a criação de um Fundo Regional

Alto paraopeba, mudanças e melhorias futuras

1. hospital regional

2. rede viária de transporte intrarregional superposta aos eixos de transporte inter-regional

3. Sistema de transporte público intermunicipal

4. redefinição dos Planos Diretores Municipais, compatibilizados por um Plano Diretor urbano regional e de gerenciamento estratégico de todo o território da região

5. Dimensionamento de demanda habitacional regional

6. Dimensionamento da infraestrutura urbana (água, luz e saneamento)

7. Dimensionamento do número de unidades de ensino de primeiro e segundo graus

8. Sistema regional de monitoramento do ar da Bacia do Paraopeba e do reflorestamento compensatório das empresas

9. ampliação das funções do codap como forma de minimizar a assimétrica carga fiscal per capita nos municípios da região

10. Shopping center regional

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visando à captação de recursos públicos e privados que financiem essa carteira de investimentos.

Segundo o professor Ricardo Ruiz, este é o mo-mento para evitar que os problemas típicos do cres-cimento desordenado ocorram no Alto Paraopeba. Não é possível esperar a instalação e funcionamento dos empreendimentos, como em geral se observa. “Os prefeitos deverão pensar além do município, de maneira integrada. É preciso tomar decisões políti-cas com perspectivas de futuro. A janela de oportu-nidades para se ter uma região integrada e organi-zada, que tenha qualidade de vida, se fecha em três anos”, afirma o pesquisador.

A pesquisa foi realizada com recursos da Secreta-ria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru) e contou com o apoio das Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) e de Planejamento e Gestão (Seplag). Os Ministé-rios da Integração Nacional e do Desenvolvimento Social também são parceiros na iniciativa.

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Planejar o crescimento do alto Paraopeba foi a primeira etapa do trabalho realizado por meio do codap. a tarefa seguinte seria colocar em prática os projetos de desenvolvimento previstos para a região. Para isso, o consórcio negocia a criação de um fundo que destinará recursos públicos e privados para a execução das ações definidas pelo Plano de Desenvolvimento regional e pela agenda 21 regional.

Segundo o presidente do Codap e prefeito de Congonhas, Anderson Cabido, estão previstos inves-timentos em infraestrutura, desenvolvimento huma-no e capital social. “A ideia é conceber um Fundo

de Desenvolvimento Regional como fonte de finan-ciamento para ações estruturadoras, que ofereçam à região condições de receber bem esse crescimento; e integradoras, na medida em que seja capaz de apro-ximar as cidades para diluir os impactos negativos desse processo e distribuir os impactos positivos”, explica.

O Fundo está em fase de criação e, de acordo com Cabido, o principal parceiro deverá ser o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Estamos em ajustes com a instituição”, informa o presidente do Codap. A proposta é que empresas instaladas na região também sejam par-ceiras, já que os recursos podem ser de origem pú-blica ou privada.

Financiamento para ações estruturadoras e integradoras

fundo dE dESEnVolVImEnTo REGIonAl

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O fundo tem como uma de suas ações de integração diluir os impactos negativos e distribuir os positivos

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Gestão estratégica do território

O Fundo de Desenvolvimento Regional será inte-grado, ainda, por recursos do Programa de Moder-nização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT). Trata-se de um pro-grama de modernização administrativa criado pelo governo federal com o intuito de designar recursos para a finalidade que o nome do programa indica. O financiamento é solicitado pelos municípios sob a forma de empréstimo.

“O PMAT não é uma condição para a criação do Fundo, mas foi proposto pelo BNDES com o objetivo de realizar também um trabalho de modernização das gestões de cada município do Codap”, explica Cabido. O projeto reforça a trajetória de pioneirismo do Consórcio, uma vez que será o primeiro PMAT regional do Brasil. Até o momento, o banco tem apoiado os municípios individualmente no que se refere à melhoria da qualidade e redução de custos na prestação de serviços como saúde, educação, ge-ração de trabalho e renda, além da gestão eficiente de recursos. “O BNDES desenvolveu um formulário especificamente para o Codap, que deve ser apre-sentado para outros consórcios em outras regiões do país”, detalha Cabido.

O foco do PMAT para os municípios consorciados do Alto Paraopeba é na Gestão Estratégica do Terri-tório (GET), voltada para o controle da expansão ur-bana. “O objetivo é estruturar a região com projetos básicos destinados a equipar e, sempre que possível,

26 REVISTA codAp

uniformizar as ações administrativas”, comenta o secretário executivo do Codap, Luís Antônio Lan-dini. A proposta prevê ações de interesse regional, cuja realização será de responsabilidade de todos os municípios consorciados; projetos coletivos de inte-resse municipal, que serão desenvolvidos individu-almente em cada cidade; e programas específicos, que serão destinados a cada município, mas com objetivos comuns.

Na primeira fase, o GET prevê a modernização e o aprimoramento da estrutura administrativa dos municípios, incluindo o sistema integrado de fisca-lização tributária. Há ainda o projeto da Rede de Informações Georeferenciadas, que deverá acompa-nhar a expansão urbana, de forma a evitar ocupações irregulares e gerir o crescimento da região como um todo e de cada município em particular. “As duas ações, já iniciadas pelo Codap, são de fundamental importância. Ambas oferecerão um controle maior do que acontece em matéria de utilização do territó-rio”, analisa Cabido.

Também estão previstos o Plano Diretor Regional e a criação da Região Digital, cuja proposta é in-formatizar as prefeituras dos municípios consorcia-dos e produzir um banco de dados compartilhado, com informações de interesse das cidades do Codap. Com isso, será possível o acesso direto a serviços e informações da administração pública dessas cida-des, facilitando a vida dos contribuintes e gerando maior transparência às ações de governo.

fundo dedesenvolvimento

RegionalcodAp

Agenda 21

planeja financia Executa

funcIonAmEnTo do fundo

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REVISTA codAp 27 REVISTA codAp 27

executar as ações que visam ao desenvolvimento

da região exige mais que fontes de financiamento. É

preciso, também, oferecer capacitação para as pessoas

envolvidas no processo. essa é a proposta do curso

internacional de gestão estratégica de Desenvolvi-

mento regional e local, promovido pelo Ministério da

integração nacional. em 2008, na terceira edição do

evento, o alto Paraopeba foi escolhido como área de

estudos.

entre as conclusões apresenta-

das no curso, destaca-se o papel

exercido pelo codap no planeja-

mento e na articulação das ações

que visam à redução das desigual-

dades da região. o coordenador

geral de Planos e ações regionais

da Secretaria de Políticas de Desenvolvimento regio-

nal, do Ministério da integração nacional, ricardo Dias

ramagem, falou à revista codap.

RC: Qual a importância da realização desses cur-

sos no contexto da Política Nacional de Desenvolvi-

mento Regional?

rr: o objetivo principal é propiciar melhor capaci-

tação dos agentes envolvidos com o processo de de-

senvolvimento regional e territorial nas diversas esca-

las espalhadas pelo país e disponibilizar conhecimento

técnico-científico para subsidiar a tomada de decisão

para a redução das desigualdades regionais que ainda

persistem no Brasil.

RC: Quais os resultados observados até agora?

rr: aglutinação dos atores locais para constituição

de uma rede nacional de agentes de desenvolvimento

regional, capacitação para que os participantes pos-

sam ser efetivos protagonistas do processo de desen-

volvimento sustentável e includente de seus territórios;

aumento do intercâmbio e difusão de conhecimentos

e ferramentas de planejamento e gestão estratégica

na busca da integração e da convergência de políticas

públicas de desenvolvimento regional e local.

RC: Por que a escolha do Alto Paraopeba como

região para estudos?

rr: Por ser uma região objeto de investimentos

de grande monta, mas que também podem gerar im-

pactos negativos significativos. Sua importância eco-

nômica no plano de Minas gerais encontra-se atual

e estruturalmente relacionada à atividade mineradora

e ao segmento siderúrgico. a existência da parceria

entre a união, estados e municípios, aqui muito bem

representados por um consórcio intermunicipal, se

constitui em fator fundamental para a escolha da área

em questão.

Capacitar para crescer

Disponibilizar conhecimentos para qualificar os atores do desenvolvimento

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conhecida por sediar atividades de mineração e siderurgia, a região do alto Paraopeba guarda muito mais do que as riquezas geradas pela produção do minério de ferro. as características naturais e o patrimônio histórico e cultural também se revelam uma riqueza de valor inestimável para o estado e para o país.

Casas coloniais, igrejas barrocas e trechos da es-trada Real são alguns dos vestígios do passado colo-nial, marcado pela corrida do ouro do século XVIII. Povoada nessa época, a região do Alto Paraopeba era um dos centros da extração do minério, além de servir como rota de passagem para Vila Rica, atual Ouro Preto, antiga capital das Minas Gerais. Várias cidades da região pertenciam a Ouro Preto antes de se emanciparem. O território hoje compreendido por Ouro Branco, Congonhas e Conselheiro Lafaiete fazia parte das Minas Centrais, região que mais pro-duziu riquezas em toda a capitania. Uma das ver-sões da história conta que o município de Belo Vale teria sido o primeiro arraial do estado, fundado pelo bandeirante Matias Cardoso.

Colonizadores portugueses e bandeirantes deixa-ram como herança na região um vasto patrimônio histórico, bem representado pela Basílica do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, considerada patrimônio mundial, além de uma lista extensa de outras igrejas barrocas. As construções rurais tam-bém têm lugar de destaque. Dentre as principais estão a bela casa de Tiradentes, em Ouro Branco, a fazenda dos Macacos, onde nasceu Conselheiro La-faiete, e a Estrada Real. Segundo o professor do De-partamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Allaoua Saadi, o turismo cultural na região está bem consolidado em algumas cidades, como Congonhas e Ouro Branco. “Há um

RETRATo do AlTo pARAopEbA

Do minério de ferro ao patrimônio cultural

conjunto de investimentos na área da preservação patrimonial, com a criação de inventários e ações de manutenção do acervo artístico e arquitetônico”, explica o professor.

A atividade agropecuária se desenvolveu parale-lamente à exploração do ouro, na primeira metade do século XVIII. Como as riquezas das minas logo se esgotaram no Alto Paraopeba, a região passou a se dedicar à produção agropastoril voltada para a subsistência e para o abastecimento dos povoados vizinhos e da capital da colônia, o Rio de Janeiro.

A ruralização decorrente da decadência do ouro deixou suas marcas na região e pode ser um impor-tante atrativo do turismo local, explica o professor Allaoua. “São lugares que possuem paisagens e es-tabelecimentos fazendeiros marcados por uma rica história de ruralidade, de mineiridade e com pro-dutos locais ainda genuínos, que podem servir de insumos a um desenvolvimento relativo de produtos de turismo rural”, explica o professor.

Além disso, alguns municípios da região, que funcionam como paragens, estão localizados na rota que leva a outros importantes destinos turís-ticos do Brasil. São Brás do Suaçuí e Entre Rios de Minas, por exemplo, estão localizados no caminho que conduz a São João del-Rei e Tiradentes. Assim como Jeceaba e Belo Vale, essas cidades aproveitam, paulatinamente, esse potencial turístico. Vale desta-car também o turismo ecológico que ganha cada vez mais força na região, representado principalmente pelas belezas da Serra de Ouro Branco.

Outra herança histórica típica da região são as ferrovias, com suas antigas estações e vilas ferroviá-rias, ainda hoje existentes e bem preservadas. Desde o século XIX elas são responsáveis por transportar o minério e as manufaturas até os portos. No início do século XX já funcionava o que é hoje um dos maio-res entroncamentos ferroviários do país: a Estrada

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Parque Estadual do Vale do Paraopeba.

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de Ferro Central do Brasil e suas duas linhas, a Linha Central e o Ramal do Paraopeba. As rodovias tam-bém incrementaram o transporte na região, princi-palmente com a construção da BR 040. A estrada real deu lugar a uma ampla malha viária, que funcionou como atrativo para as siderúrgicas estatais. A Com-panhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi a primeira, fundada em 1946 em Congonhas. Em seguida, em 1976, a Açominas se instalou em Ouro Branco e em Congonhas. A essa altura, uma outra empresa priva-da já atuava na região, a Ferteco Mineração S/A que foi incorporada em 2002 pela Vale S/A.

Alto paraopeba em números

Com área física de cerca de 2 mil km², o Alto Pa-raopeba ocupa 0,36% do território de Minas Gerais. Ao todo, a região abrange 13 municípios, dentre os quais estão Belo Vale, Congonhas, Conselheiro La-faiete, Entre Rios de Minas, Jeceaba, Ouro Branco e São Brás do Suaçuí. É batizada com o nome de um dos principais afluentes do Rio São Francisco, o Pa-raopeba, que na língua Tupi significa “rio de águas rasas e de pouca profundidade”.

Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2007 a popula-ção chegou a 222.797 habitantes, que corresponde a cerca de 1,14% do total da população de Minas Gerais. A região está cada vez mais urbanizada. O último censo demográfico do IBGE revelou que das cidades do Codap, apenas Jeceaba e Belo Vale pos-suíam, em 2000, mais da metade da população re-sidente na zona rural. As outras cinco eram quase totalmente urbanizadas. No mesmo ano, cerca de 98% das casas possuíam água canalizada e luz elé-trica e 78% contavam com rede de esgoto.

Em geral, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região, que leva em conta a média edu-

cacional, a renda e a expectativa de vida da popu-lação, é considerado médio e fica na casa dos 0,7, acompanhando a média geral do estado.

melhorias nas vias de acesso à região

A principal via de acesso à região do Alto Parao-peba é a BR 040, que liga o Rio de Janeiro à Brasília, passando por Belo Horizonte, Conselheiro Lafaiete e Congonhas. Um dos pontos mais perigosos da rodo-via, que fica próximo a Congonhas, será desativado em breve, com a inauguração do Viaduto Márcio Ro-cha Martins, uma das mais importantes conquistas do Codap junto ao governo federal. O novo viaduto substituirá o Viaduto Vila Rica, também conhecido como Viaduto das Almas, palco de dezenas de tragé-dias desde que foi inaugurado, em 1957. Conforme dados do Departamento Nacional de Infraestrutura do Transporte (Dnit), cerca de 15 mil carros, motos, ônibus e caminhões passam todos os dias pelo local.

Segundo o deputado federal Virgílio Guimarães, autor da emenda parlamentar de 2005 que solici-tou, a pedido dos prefeitos do Codap, a construção do novo pontilhão, o Viaduto das Almas já deveria ter saído de cena há muito tempo. Para ele, a obra só se concretizou depois de uma forte pressão de prefeitos e deputados representantes da região. “A obra do novo viaduto significa uma preocupação vi-tal com a segurança dos milhares de usuários que passam por lá diariamente, mas significa também mais desenvolvimento para a região. O acesso segu-ro pode aumentar o interesse econômico e turístico pelo Alto Paraopeba”, explica o deputado.

Outra melhoria prevista para breve é a duplica-ção de parte da BR 383, no trecho que vai da BR 040 até Entre Rios de Minas e Jeceaba, com novo acesso a partir da localidade de Joaquim Murtinho. A pre-visão é de início das obras ainda no ano de 2010.

Casa de Tiradentes com o marco da Estrada Real

Viaduto Márcio Rocha Martins, uma das mais importantes conquistas do Codap

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um rio de águas rasas e de pouca profundidade. na

língua tupi, essa frase se resume a uma só palavra:

paraopeba. assim foi definido o rio que nasce na

cidade de cristiano otoni, deságua na represa

de três Marias e é um dos principais afluentes do

São francisco. a bacia hidrográfica abrange uma

área de 13.643 km², 2,5% da área total de Minas

gerais e é responsável pelo abastecimento de

aproximadamente 53% da população da região

metropolitana de Belo horizonte. nessa região

também está localizado um dos mais importantes

centros econômicos do estado, com indústrias

metalúrgicas, químicas e automobilísticas.

O Rio Paraopeba é uma das principais riquezas naturais da região. A fauna e a flora são bastante diversificadas e representam cerca de 50% do total de espécies encontradas no Rio São Francisco. Con-siderado de alta prioridade para a conservação da biodiversidade no estado, segundo o Atlas da Biodi-versidade de Minas Gerais (2005), o Rio Paraopeba possui uma rica ictiofauna - conjunto de espécies de peixes, o que confere à região um grande potencial de manejo e conservação.

A presença do cerrado e de Mata Atlântica na região também é responsável pela variedade da bio-diversidade. A vegetação nativa remanescente é re-lativamente alta, se comparada às outras regiões do estado. O relevo entrecortado pela Serra da Moeda tem seus destaques com a Serra de Ouro Branco e a Serra do Gambá , que chama a atenção graças aos seus 1.274 metros de altitude e ao verde de suas matas. É localizada na porção sudeste do Município de Jeceaba, próximo às localidades dos Machados e do Sapé. Seu relevo é compartimentado por montes arredondados que formam uma alongada serra, com-pondo um belo cenário emerso na paisagem regional.

mEIo AmbIEnTE

No curso do Rio Paraopeba: polêmica e preservação

Ameaças ambientais

Com os investimentos em mineração e siderur-gia anunciados para os próximos anos, tamanho pa-trimônio natural pode estar ameaçado. Na lista de impactos ambientais previstos pode ser destacada a poluição dos rios e da atmosfera, com aumento dos níveis de sedimentos e poeira, resultado direto da ati-vidade mineradora e siderúrgica. Também previsíveis são os impactos relacionados com a expansão urbana e crescimento populacional, principalmente sobre os recursos hídricos e áreas naturais ainda preservadas.

Mesmo com as medidas mitigadoras e compen-satórias impostas pelos órgãos ambientais às empre-sas, a diretora de Meio Ambiente da prefeitura de Congonhas Diana Aparecida acredita que as cidades estarão sujeitas a impactos que afetam diretamente a qualidade de vida das comunidades no entorno.

Segundo o engenheiro sanitarista e secretário do Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar), Mauro da Costa Val, a região não pode deixar o histórico de poluição se repetir. Ele explica que a mineração já deixou grandes prejuízos para o Rio Maranhão, afluente do Paraopeba, que se tornou repositório de resíduos das indústrias.

O problema, para o engenheiro, está nas regras definidas pelos licenciamentos ambientais, que não levam em conta a realidade da região. “Todos os em-preendimentos estão legalmente licenciados. A ques-tão é que as regras estão voltadas para o investidor e não para a população. Não há fiscalização e nem acompanhamento. A falha vem de quem determina as regras. Não adianta um estado ser rico e não ter justiça e políticas sociais”, defende o engenheiro.

A saída, acredita Costa Val, é discutir as políticas ambientais com a sociedade civil. A diretora de Meio Ambiente de Congonhas, Diana Sena, explica que, na cidade, assim como nos demais municípios da

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região, todos os licenciamentos estão sendo acom-panhados e fiscalizados. Além disso, a sociedade ci-vil está representada nos Conselhos Municipais de Meio Ambiente – Codema’s, que são órgãos consul-tivos e deliberativos sobre as questões ambientais. “Levamos ao conhecimento da população todas as ações, informações e até mesmo procedimentos ad-ministrativos para deliberação do Conselho, princi-palmente sobre os empreendimentos com potencial poluidor”, explica a diretora.

parque Estadual da Serra de ouro branco

Como um museu natural a céu aberto, a Serra de Ouro Branco abriga não só riquezas naturais como também um patrimônio histórico herdado do perí-odo colonial. São vestígios de uma época em que pessoas e cargas passavam pela região que funcio-nava como ligação entre a capital do estado, Vila Rica (atual Ouro Preto) e Rio de Janeiro. Em se-tembro de 2009, a serra foi transformada em uni-dade de conservação pelo governo de Minas Gerais, ganhando o título de Parque Estadual da Serra de Ouro Branco. A serra, marco zero da cadeia da Serra do Espinhaço, já era reconhecida como importante reserva da biosfera pela Unesco. Na mesma data foi também criado o Monumento Natural Estadual de Itatiaia. Os próximos passos serão a desapropriação das áreas privadas, indenização e nomeação de um Conselho que ficará responsável por gerir as reservas.

As duas unidades estão localizadas nos municí-pios de Ouro Preto e Ouro Branco e, juntas, protegem cerca de 11 mil hectares. A vegetação predominante na região é composta por campos rupestres, carac-terísticos das partes mais altas. Fragmentos de Mata Atlântica e de cerrado também são encontrados nas serras. Com a criação do parque estadual, essas áreas estarão mais protegidas, assim como os animais e as

espécies vegetais características desses biomas.Em seus 7,8 mil hectares, o Parque da Serra do Ouro

Branco abriga inúmeras nascentes e cursos d´água que contribuem para a formação das bacias dos rios Doce e São Francisco, além de rica flora endêmica.

o codap e o meio Ambiente

Várias ações de preservação ambiental estão sen-do discutidas e empreendidas pelo Codap desde que foi criado. Mais recentemente, com a elaboração do Plano de Desenvolvimento Regional para a região do Alto Paraopeba, está em andamento um conjunto de ações voltadas para o meio ambiente.

Uma das primeiras iniciativas foi a parceria com o Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar), que visa à recuperação da bacia e das sub-bacias do rio. Além disso, foram estabelecidas parcerias para projetos de refloresta-mento, em especial nas margens dos rios e para a criação de um viveiro de mudas para atender às pre-feituras. Uma das ações permanentes consiste na ar-ticulação com os órgãos ambientais do estado para direcionar compensações ambientais para a própria região. O Codap trabalha também pela unificação e estruturação de uma fiscalização ambiental conjun-ta, além de uma legislação ambiental unificada. A região contará em breve com um observatório so-cioambiental, importante parceria entre o Codap, a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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O Vale do Rio Paraopeba pela manhã, e o rio, à tarde

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cIdAdES

Municípios reagem bem aos impactos da “revolução” do ferro e do aço Belo Vale, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Entre Rios de Minas, Jeceaba, Ouro Branco e São Brás do Suaçuí

bElo VAlE• População: 7.470 habitantes

• Densidade demográfica: 20,5 hab/km²

• Distância de Belo Horizonte: 82 km

• Prefeito: Wanderlei de Castro (PMDB)

• Localização: central

• Extensão territorial: 365 km²

• Economia: agropecuária

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e Prefeitura de Belo Vale.

ontem, pacatas cidades, amanhã grandes centros industriais e comerciais. a frase resume o futuro das cidades do alto Paraopeba que fazem parte do codap e que se preparam para enfrentar os impactos dessa nova onda de desenvolvimento na região. história, população, economia, turismo, reação dos prefeitos, expectativas dos moradores são temas que compõem um cenário preocupante, mas, ao mesmo tempo, instigante e promissor.

Pouco mais de 20 quilômetros de uma estrada estreita e sinuosa separam a BR 040 da pequena e pacata Belo Vale. Localizada na região Central de Minas Gerais, a cidade parece ainda não ter so-frido os impactos da aceleração que rodeiam esse novo espaço que poderá surgir oficialmente nos mapas do estado: o Alto Paraopeba. Nem mesmo o comércio sofreu o aquecimento comum a quase todos os outros municípios da região. “O movimen-to aumenta um pouco em época de feriado, com alguns turistas, mas não acho que tem um cresci-mento constante”, conclui Lourdes Madalena Egg Maia, dona de um restaurante e pousada na cidade há cerca de 30 anos.

“Embora estejamos bem perto de todos esses acontecimentos e do chamado desenvolvimento, es-tamos um pouco isolados por causa de uma barreira física (serra de Belo Vale). Não é tão bom, mas não é tão ruim. Nosso vale continua aquele lugar sosse-gado, nós ainda podemos dormir de portas e janelas abertas”, relata o prefeito da cidade, Wanderlei de Castro.

Trata-se de um município com um potencial tu-rístico extenso e pouco explorado. De várias cacho-eiras ao inédito Museu do Escravo, único especifica-mente do gênero do País e localizado atrás da igreja Matriz da cidade, Belo Vale é uma cidade cultural e historicamente rica.

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Municípios reagem bem aos impactos da “revolução” do ferro e do aço Belo Vale, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Entre Rios de Minas, Jeceaba, Ouro Branco e São Brás do Suaçuí

De qualquer forma, a estrutura para receber o turista ainda é frágil. “Até alguns anos, não havia investimento na área turística da cidade. Nem a consciência de preservação e manutenção de mo-numentos históricos. Muitas casas e igrejas foram reformadas e descaracterizadas. Perdemos o casario quase todo, igrejas foram modificadas, não havia políticas públicas de preservação do patrimônio e nem política de conscientização da população, uma vez que nem secretaria de cultura ou turismo exis-tia. Ficamos anos-luz atrasados em relação a outros municípios” explica Wander Monteiro, secretário de administração e ex-secretário de cultura da cidade, para quem o município ainda “engatinha” quando o assunto é turismo.

como começou belo Vale

Muitos são os registros que parecem marcar o verdadeiro início desta cidade. Porém, resumida-mente, sabe-se que Fernão Dias Paes Leme recebeu, em 21/09/1664, uma carta régia da coroa portu-guesa na qual é relatada a existência de riquezas em solo mineiro e abre-se, a partir de então, o pro-cesso de exploração oficial dessas terras. Em 1681, duas caravanas de bandeirantes se encontraram. Uma vinda de São Paulo, chefiada por Rodrigo de Castel Branco e pelo mestre de campo Cardoso de

o codap

“Eu vejo o Codap como uma oportunidade ímpar de nos desenvolvermos juntos. Antigamente, havia uma disputa invisível e até mesmo inconsciente entre os mu-nicípios da região, de prefeito com prefeito, um que-rendo mostrar que era melhor e mais competente que o outro. E diferente disso, hoje nos unimos no Codap para fazer o máximo pelo desenvolvimento da região. Ferramenta essencial para buscar meios de receber, ab-sorver, suportar e tirar proveito desse desenvolvimento.” Wanderlei de Castro, prefeito de Belo Vale.

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Almeida. A outra voltando de Vupabussu, que tra-zia o corpo de Fernão Dias Paes Leme (fato sobre o qual os historiadores não têm informações pre-cisas). Desse encontro, teria nascido Belo Vale, um dos primeiros arraiais de Minas Gerais, fundado pelos bandeirantes. O nome inicial da cidade era São Gonçalo da Ponte. Em 1914, o professor Mário França Pinto, deslumbrado com a beleza da região, falou: “Que belo vale!” A partir daí, foi proposta ao Congresso Mineiro a mudança do nome do distrito. Em 18/09/1914 a Lei Estadual 622 alterou o nome de São Gonçalo da Ponte para Bello Valle.

museu do Escravo

Fundado em 13 de maio de 1988, o museu possui cerca de 4 mil peças (5% catalogadas) que trazem o período da escravidão para bem próximo do presen-te. Podem ser encontradas peças como instrumentos de tortura, certidões de nascimento e livro de re-gistro de escravos, louças e objetos sofisticados dos “senhores”, artefatos de povos indígenas que viviam antigamente na região, jornais originais (há, inclu-sive, o Liberal Mineiro, que publicou a abolição da escravatura) e até classificados da época, nos quais os senhores anunciavam fuga de seus escravos. Em um deles, pode-se ler: “Quem os capturar, e levar à casa do anunciante receberá do mesmo cem mil réis. Há lugar a crer que elles tomão a direcção do Rio de Janeiro.” Tudo isso abrigado por uma cons-trução moderna, mas que remete às antigas fazen-das e senzalas.

A mexerica pocan

A atividade mineradora representa uma parte significante para os cofres públicos da cidade, que possui 5% de lavra da Namisa e da Vale dentro de seu território, além de outras mineradoras menores, como Pollaris e Nogueira Duarte. No entanto, o que garante, de acordo com o prefeito, a qualidade de vida e o aumento da renda do morador da cidade é a mexerica pocan, já que Belo Vale é a maior pro-dutora da fruta em Minas Gerais. “A mexerica po-can veio para de fato melhorar a qualidade de vida do cidadão. Ela mexe diretamente no bolso. Não há um produtor que não tenha aí mil pés de mexerica e que não tenha um carrinho novo e uma casinha boa” conta Wanderlei.

curiosidade

A 17 quilômetros do centro da cidade localiza-se uma comunidade denominada Noiva do Cordeiro, onde cerca de 300 pessoas vivem isoladamente, com uma maneira de agir diferente do que se vê hoje: tudo é feito em comunidade. As famílias preparam o solo, plantam, capinam e colhem o que é produzido para o consumo de todos. “Essa união desperta in-veja”, afirma Nelma Fernandes, que como exemplo da força das mulheres de Noiva do Cordeiro, ocupa hoje o cargo de secretária de cultura de Belo Vale. A localidade tornou-se amplamente conhecida em 2006, depois que a mídia descobriu a intrigante história que marca esse povo. Depois disso, o canal GNT fez um documentário no local.

A história começou na década de 20, época dos casamentos arranjados, quando uma mulher aban-donou seu marido para viver um outro grande amor. Instalaram-se então na região de Belo Vale, onde hoje se localiza a comunidade, tiveram 12 filhos e a partir daí surgiu esse povoado, onde todo mun-do se diz parente. Durante décadas, as mulheres da Noiva do Cordeiro foram discriminadas. Hoje, elas lutam ainda para vencer resquícios de preconceito, trabalham na lavoura e no artesanato; os homens trabalham fora.

Matriz de São Gonçalo, em Belo Vale

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conGonHAS• População: 48.723 habitantes

• Densidade demográfica: 159,7 hab/km²

• Distância de Belo Horizonte: 78 km

• Prefeito: Anderson Cabido (PT)

• Localização: central

• Extensão territorial: 305,1 km²

• Economia: minério de ferro e produção de aço

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e Atlas Escolar Histórico e Geográfico de Congonhas

Estacionamento rotativo no centro da cidade, muita dificuldade para estacionar, ruas extrema-mente movimentadas, um comércio central com grande variedade e circulação de cerca de 60 mil veículos/dia pelo território municipal. Estamos fa-lando de Belo Horizonte? Não, de Congonhas. A cidade dos profetas de Aleijadinho, patrimônio cul-tural da humanidade, de belas paisagens e povo que mantém aquela “mineirisse”, em meio à expan-são e modernização do município. Esse é o perfil de uma cidade do interior que recebeu, desde a década de 30, quando chegou a Ferteco (atualmen-te Vale), instituições de grande porte, como a Aço-minas (atual Gerdal-Açominas), a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), a Nacional Minérios S/A (Nami-sa) e agora a Ferrous do Brasil.

Tamanha movimentação é resultado de uma ex-plosão demográfica considerável. É que em 1950, havia pouco mais de 9 mil pessoas na cidade, con-tra quase 50 mil de hoje, considerando a popula-ção flutuante gerada pela implantação das grandes mineradoras e siderúrgicas no município e em sua região; atividades que hoje, de acordo com o presi-dente do Codap e prefeito de Congonhas, Anderson Cabido, emprega cerca de 50% da população eco-nomicamente ativa, considerando empregos diretos e indiretos.

A situação não chegou a seu ápice: a implantação da VSB no Distrito Industrial de Jeceaba e o projeto do novo distrito minero-metalúrgico em Congonhas, que deve abrigar ampliações consideráveis da Namisa e CSN e deve gerar, em média, mais 40 mil empregos diretos e indiretos na região, ainda estão em processo de instalação. A previsão é que a população poderá chegar a 98 mil habitantes em 2020.

“Todas as cidades da região que sofrerão im-pactos diretos e indiretos desses R$ 20 bilhões em investimentos querem se desenvolver e não apenas crescer”, explica Cabido. Por isso, Congonhas fez, em 2006, o plano diretor municipal, que define li-nhas de organização para o crescimento sustentável e organizado da cidade, criando, inclusive, barreiras para esse crescimento populacional com medidas como a restrição a novos loteamentos. “O problema é que segurar demais tende a fomentar ocupações irregulares e invasões. Estamos investindo forte na fiscalização”, explica o prefeito.

Além disso, a prefeitura ataca, hoje, três pon-tos essenciais, segundo Anderson: qualificação da população, objetivando uma maior contratação da mão-de-obra local por parte das grandes empresas; compreensão de que a questão é regional e que a

O movimento do comércio dá uma ideia do crescimento da cidade

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solução dos problemas de Congonhas passa pelas outras cidades e, por fim, mobilidade urbana, para permitir que os trabalhadores possam residir em toda a região e sem maiores problemas ir e voltar ao trabalho, evitando a aglomeração em algumas espe-cíficas regiões mais próximas às empresas.

como começou congonhas

A data de criação da freguesia de Congonhas é incerta. Há registros de que foi em 03 de abril de 1745, de acordo com Xavier da Veiga. Já o Cônego Trindade menciona 1734 e, ainda segundo ele, em 06 de novembro de 1749 foi elevada à condição de Colativa por alvará. Sabe-se, no entanto, que o po-voamento da região da Vila Real de Queluz (hoje Conselheiro Lafaiete), começou em 1700, quando os portugueses expandiam a população às margens do Rio Maranhão em busca do ouro. Devido à gran-de quantidade de riquezas encontradas no municí-pio, principalmente no que diz respeito às pepitas de ouro, que eram abundantes e volumosas, o dis-trito se desenvolveu rapidamente e passou logo à condição de município, sem antes ter sido conside-rada uma vila.

Até o final de década de 1930, Congonhas do Campo (chamada assim até 1948, quando a Lei Es-tadual 336 simplificou a denominação do município, passando a chamar somente Congonhas) era dividi-da pelo Rio Maranhão. A direita pertencia a Ouro Preto e a margem esquerda a Queluz de Minas. Em 1923, a população conseguiu a unificação dos dois distritos. Esse foi, segundo historiadores, o primeiro passo para a emancipação do município, estabeleci-da pelo decreto de 17 de dezembro de 1938.

um pouco sobre o mestre Aleijadinho

Falar de Congonhas é imediatamente remeter à arte e à riqueza histórica e cultural de Minas Gerais e do Brasil. Congonhas é uma das nove cidades do Brasil que receberam o título de Patrimônio Cultural da Humanidade e reúne o maior conjunto de arte barroca do mundo. Revela o apogeu da criatividade de Antônio Francisco Lisboa: o Aleijadinho. Os 12 profetas esculpidos em pedra sabão atraem milhares de pessoas anualmente à Basílica do Bom Jesus de Matosinhos. Há divergência sobre a data de nasci-mento do artista: 29 de agosto de 1730, de acordo com sua certidão de batismo, e 1738, segundo o re-gistro de óbito. Mulato, era filho do arquiteto por-tuguês Manoel Lisboa com uma de suas escravas. A sua deformidade manual e facial e a mutilação que sofreu ao longo dos anos (perda dos dedos dos pés e alguns das mãos) é explicada hoje como uma lepra nervosa. Seu ofício era herança de quatro grandes mestres: seu pai, seu tio e outros dois profissionais portugueses bastante experientes. O entalhador e escultor morreu em 18 de novembro de 1814.

curiosidade

O Rio Maranhão, que passa por toda a região ur-bana da cidade até se encontrar com o Rio Paraope-ba, recebeu esse nome por causa do primeiro bispo da Diocese de Mariana, à qual Congonhas pertence. O bispo, nascido no Maranhão, veio a cavalo de lá até Mariana, em 1870, e levou, para isso, um ano e oito meses de viagem. Quando pela primeira vez visitou Congonhas, homenagearam-no colocando o nome do rio de “Maranhão”.

o codap

“O Codap é fundamental, pois está preparando a região para esse crescimento e os impactos que poderá causar. O mais importante e o que mais preocupa governo e população é: o que será de nossa cidade se nada for feito? Então, o Codap tem proporcionado coisas interessantes, pensando no futuro da região. O campus da UFSJ eu considero uma das maiores conquistas. Isso porque ele é o futuro: são cinco cursos de engenharia, nenhum ligado à mineração ou siderurgia, porque quando a onda da mineração e o ciclo da siderurgia passarem, nós já teremos plantado ali o futuro, uma nova vocação.” Anderson Costa Cabido, prefeito de Congonhas.

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conSElHEIRo lAfAIETE• População: 114.579 habitantes

• Densidade demográfica: 309,7 hab/km²

• Distância de Belo Horizonte: 96 km

• Prefeito: José Milton de Carvalho Rocha (PSDB)

• Localização: central

• Extensão territorial: 370 km²

• Economia: exploração de minério de ferro e manganês,

metalurgia e siderurgia

Fontes: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, Censo 2000 e Portal da Câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete

Atualmente, Conselheiro Lafaiete é a cidade mais populosa da região do Alto Paraopeba, possuindo cerca de 115 mil habitantes. Seu comércio também desponta como o mais significativo, reunindo mais de 3 mil pontos comerciais de bens variados. Por es-ses motivos, é considerada a cidade polo da região.

Segundo a comerciante Joana Darque Martins de Paula, proprietária há dez anos de uma loja de móveis próxima à prefeitura, abrir um comércio em Conselheiro Lafaiete ainda é vantagem, mesmo que a concorrência seja muito forte, haja vista o grande número de estabelecimentos comerciais que nascem a cada dia no município. “Além disso, a concorrência faz com que a gente tenha cuidado com o preço que

põe nas mercadorias. Alguns anos atrás, cheguei a vender um sofá aqui de R$ 12 mil. Hoje, se eu co-locar um preço desses num produto, a clientela vai embora”, observa.

Com dois distritos – Buarque de Macedo e Gagé, Conselheiro Lafaiete está próxima às grandes em-presas que protagonizam o montante de investi-mentos da região, embora nenhuma delas esteja propriamente dentro dos limites do município. De qualquer forma, a cidade possui um distrito indus-trial de 462.640 m².

O turista que visita a cidade encontra uma rede ampla de hotéis, restaurantes e opções de lazer, o que fez com que Conselheiro Lafaiete fosse incluída na lis-ta de cidades com potencial turístico pela Embratur.

Alguns pontos turísticos

• Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1733, em estilo barroco. Estão enter-rados no local os corpos do Barão de Pouso Alegre e o da Baronesa, além das cinzas do patrono da cida-de, o Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira

• Igreja de Santo Antônio, datada de 1751, pos-sui o estilo barroco/rococó. Nela, está sepultado o corpo do Padre Américo Taitson, benfeitor do Colé-gio Nossa Senhora de Nazaré

• Biblioteca Antônio Perdigão – Museu e arquivo da cidade com milhares de peças, fotos e documen-tos que fazem parte da história do município

Centro comercial de Conselheiro Lafaiete com movimento de cidade grande

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• Teatro Municipal “Placidina de Queiróz”• Santuário Arquidiocesano do Sagrado Coração

de Jesus, transformado em basílica em 2003• Estátua do Cristo Redentor, de cujo pedestal

pode se ter uma vista ampla da cidade

como começou

Os exploradores de ouro e pedras preciosas che-garam ao Arraial dos Carijós (hoje Conselheiro La-faiete) na segunda metade do século XVII. Em 1694, aportou naquelas terras a primeira Bandeira paulista que oficializou a existência do arraial, composta por Manoel de Camargo, Bartolomeu Bueno de Siqueira e Miguel Garcia de Almeida. Mesmo não possuindo minas auríferas, o Arraial dos Carijós logo se tornou um local de entreposto. Sua colonização aconteceu antes que a de Mariana e de Ouro Preto. Em 1790, foi elevado à Villa Real de Queluz, se emancipando da Villa de São José Del’Rei (atual Tiradentes). Foi a décima a ser criada na província de Minas Gerais.

Lafaiete recebeu seu nome atual em 1934, em homenagem a Lafayette Rodrigues Pereira, nascido na Fazenda dos Macacos, em Queluz. Ele chegou a ser ministro, além de governador do Ceará e do Maranhão. Era também um dos mais importantes conselheiros do imperador D. Pedro II.

curiosidade

Conselheiro Lafaiete possui uma das maiores ja-zidas de manganês de Minas Gerais.

EnTRE RIoS dE mInAS• População: 14.548 habitantes

• Densidade demográfica: 31,4 hab/km2

• Distância de Belo Horizonte: 110 km

• Prefeito: Mário Augusto Alves Andrade (PTB)

• Localização: central

• Extensão territorial: 463 km2

• Economia: pecuária leiteira

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA, Funda-ção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e Prefeitura de Entre Rios de Minas.

Uma igreja matriz no centro da praça. Cenário comum a quase todas as cidades do interior. Porém, em Entre Rios de Minas, município localizado na re-gião central mineira, a cena tem um diferencial. A igreja Matriz de Nossa Senhora das Brotas, com sua construção de influência neogótica, datada de 1928, é virada um pouco para a esquerda, para quem a olha de frente para a praça. Alguns dizem que isso se deve ao fato de o fazendeiro que a mandou cons-truir tê-la “virado” para sua fazenda, com vista pos-sível a partir da igreja.

Essa cidade de clima ameno e tranquilo, que preserva ainda grandes fazendas coloniais e abriga belas cachoeiras, vem sendo, assim como os outros municípios que fazem parte do Codap, movimen-tada de forma diferente, principalmente no último ano. A instalação do Distrito Industrial de Jeceaba faz com que a cidade tenha, hoje, uma população flutuante que ainda não é possível calcular, mas é facilmente sentida pelos moradores da cidade.

Para a administração pública, esse boom da po-pulação representa preocupações, mas trará benefí-cios. “Entre Rios de Minas é uma cidade agradável que tem um bom serviço de saúde e de educação, que oferece boa qualidade de vida às pessoas. Isso tem feito com que a demanda pelos nossos serviços públicos esteja tomando proporções que, em breve, poderá afetar o atendimento, se não pensarmos em um desenvolvimento com sustentabilidade”, observa Mário Augusto Alves Andrade, prefeito municipal. Segundo ele, a economia da cidade, por enquanto, encontra-se equilibrada, mas os recursos ainda são insuficientes para investimentos que a prefeitura ne-cessite fazer.

Além disso, as questões de segurança pública e saúde parecem ser as mais inquietantes. De acordo

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José Milton de Carvalho

Rocha – prefeito de

ConselheiroLafaiete.

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com Silvério de Oliveira Resende, provedor do Hos-pital Cassiano Campolina, que neste ano completa 100 anos, hoje, o número de atendimentos diários no pronto-atendimento é de 80 pessoas. “Pouco tempo atrás, a média era de 40 pessoas por dia”, explica.

Para o comércio, que passa por um período de aquecimento, o crescimento e o aumento da popu-lação são vistos com bons olhos. Silvana Maia Galdi-no, proprietária de um bar e restaurante localizado na Praça da Matriz, é otimista quanto ao crescimen-to. “Minha clientela aumenta a cada dia e acho que isso vem acontecendo de forma geral na cidade. A geração de empregos também é positiva e quem precisa está trabalhando. Acho que o crescimento tem mais pontos positivos que negativos”, observa a comerciante.

como nasceu

A origem da cidade data do século XVIII, mais especificamente de 1713, quando chegaram à re-gião os portugueses Bartolomeu Machado e Pedro Domingues; este último recebeu do governador D. Brás Baltazar uma carta de sesmaria (pedaço de ter-ra que os reis de Portugal cediam àqueles interessa-dos em cultivá-lo). Bartolomeu Machado ergueu a sua casa no lugar onde hoje se encontra a Fazenda do Engenho. A terra ficou conhecida como Bromado por causa de dois rios que o banham: o Brumado e o Camapuã. O distrito foi criado pelo Decreto-Lei de 14 de julho de 1832 e o município pela Lei Provin-cial n° 2109, de 7 de Janeiro de 1878, tendo a sede no povoado de Brumado de Suaçuí. Finalmente, em

19 de outubro de 1878, o município foi denominado Entre Rios. O povoamento de Brumado do Suaçuí foi praticamente o início da colonização do Campo das Vertentes. O arraial, que começou com a atividade mineradora, rapidamente se associou à agricultura de subsistência.

curiosidade

Entre Rios de Minas é conhecida como o berço da raça de cavalos Campolina Marchador. O início dos cruzamentos, na tentativa de se apurar uma raça, foi por volta de 1870 na Fazenda do Tanque, a 15 quilômetros do centro da cidade. No local ainda se encontra um belo casarão construído em fins do século XIX. A iniciativa foi do fazendeiro Cassiano Antônio da Silva Campolina que, antes de morrer, em 1904, doou tudo o que tinha para a construção do hospital da cidade, que recebeu seu nome em agradecimento.

o codap

“O Codap veio numa hora em que as cidades estão precisando de união e organização para su-portar esses grandes impactos dos investimentos. Acredito que o consórcio vai nos ajudar a enfren-tar esse momento histórico da região, possibili-tando que todos possam dividir ônus e bônus, sem peso para nenhum município. Ferramenta impor-tante para proporcionar o crescimento regional.” Mário Augusto Alves Andrade – prefeito de En-tre Rios de Minas.

Igreja Nossa Senhora das Brotas, em Entre Rios de Minas

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jEcEAbA• População: 6.036 habitantes

• Densidade demográfica: 25,57 hab/km²

• Distância de Belo Horizonte: 124 km

• Prefeito: Júlio César Reis (PT)

• Localização: central

• Extensão territorial: 236 km²

• Economia: agricultura de subsistência e siderurgia/VSB

Fontes: Atlas de Desenvolvimento Humano/PNUD (2000), Instituto de Geociências Aplicadas – IGA, Funda-ção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e Prefeitura de Jeceaba.

“Cheguei a receber de uma vez só o valor refe-rente à metade de um ano. Em um mês, entraram nos cofres públicos R$ 350 mil; no outro, entraram R$ 2 milhões. Em outubro do ano passado, chegamos a receber cinco vezes o que recebemos em setem-bro. Ficamos angustiados no final de 2009, fazendo malabarismos com o planejamento, a cada 15 dias, para cumprir a lei de responsabilidade fiscal. Tudo está acontecendo de uma forma assustadoramente rápida”. Essas são as palavras de preocupação de Jú-lio César Reis, prefeito de Jeceaba, pequena cidade da região central mineira.

De fato, a entrada de dinheiro não parece se ca-racterizar como um problema em si. No entanto, Je-ceaba terá, nos próximos anos, uma movimentação financeira municipal extremamente irregular, con-forme explica o mandatário municipal. O incrível salto na arrecadação se deve à implantação da usi-na da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB) no distrito industrial da cidade. A siderúrgica, com capacidade para produzir aço bruto e tubos de aço sem costura em grande escala, foi “disputada” por cidades de sete países diferentes.

Porém, essa arrecadação de Imposto sobre Ser-viços (ISS), e não de ICMS (Imposto sobre Cir-culação de Mercadorias e Prestação de Serviços), deve acabar já em julho de 2010, visto que a VSB, por meio do incentivo do governo estadual, está isenta de impostos até 2013. Além disso, o mu-nicípio ofereceu isenção de IPTU para a empre-sa num período de dez anos. É uma overdose de investimentos que tem data para acabar ou, pelo menos, para diminuir drasticamente. “Quando a arrecadação do ICMS começar de fato, teremos

parâmetros e, consequentemente, condição de planejar com mais tranquilidade, sem sobressal-tos”, assevera o prefeito.

Por isso, é necessário criar na cidade uma es-trutura que suporte os impactos desses investimen-tos na região e que, ao mesmo tempo, se sustente quando a arrecadação municipal diminuir. “Minha situação é delicada. Uma cidade que será habita-da inclusive por estrangeiros e tudo o que for feito tem que ter outra dimensão, jamais vista por nós até hoje.”

Os impactos no momento em que há ainda ape-nas a implantação da siderúrgica são diretos. Quase 8 mil pessoas trabalham hoje na instalação da VSB, o que tem gerado problemas no trânsito, especula-ção imobiliária e aumento das demandas pelos ser-viços públicos. “Monitoramos uma média de 1.500 a 1.800 veículos por dia transitando em determinados pontos da cidade. Aqui, temos praticamente apenas três ruas, o impacto foi catastrófico”, diz resignado o chefe do Executivo jeceabense.

Quase mil novos habitantes, que fazem parte desse grupo de trabalhadores da implantação da VSB, estão morando em Jeceaba, e esse número tende a crescer consideravelmente nos próximos anos, embora o impacto maior deva ser em São Brás do Suaçuí, cujo centro está, na prática, mais próximo do DI do que propriamente a área central de Jeceaba.

No entanto, a situação é vista com bons olhos pelo governo municipal de Jeceaba. “A administra-ção de toda essa mudança é um grande desafio que temos pela frente, mas não vejo nada de negativo nisso, é uma dinâmica bem interessante”, observa Júlio César Reis.

Estruturação em prática

Jeceaba hoje já põe em prática alguns projetos para suportar essa explosão demográfica futura. “Esperamos que a cidade cresça mais em qualidade que em tamanho”, observa o prefeito. O primeiro plano é a construção de uma escola capaz de aten-der a demanda de dois mil alunos, permitindo sus-tentar a necessidade da educação, levando em conta o crescimento populacional previsto nos próximos 20 anos. Atualmente, a rede municipal tem pouco mais de 500 alunos matriculados.

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Em segundo lugar, as condições topográficas do município não permitem a expansão significativa do centro da cidade. Por isso, o projeto do novo centro administrativo, que está em fase de concepção, deve deslocar boa parte do movimento que atualmente se concentra na área central da cidade. “Esse novo espaço significa planejar a direção em que vamos crescer, direcionando os prédios públicos a pontos mais adequados para desafogar o centro.”

O projeto do novo centro administrativo está sendo feito pelo grupo do arquiteto Gustavo Penna, profissional experiente e respeitado pelos trabalhos de grande amplitude que executou por Minas Ge-rais, como a Academia Mineira de Letras, o Conse-lho Regional de Medicina de MG, o prédio da Rede Globo Minas, o Boulevard Arrudas etc.

As origens jeceabenses

O primeiro nome da localidade foi Camapuã. Sua origem é de 1910, quando chegaram à região portu-gueses, espanhóis e italianos para a construção, com técnicas rudimentares e vagarosas, do Ramal Parao-peba da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB). Ali se formou um vilarejo com 30 casas, pertencente ao município de João Ribeiro, hoje Entre Rios de Minas. Anos de trabalho na região resultaram na fixação de raízes desse povo, os camapuenses, ex-tremamente diversificado, que permaneceram ali mesmo após o encerramento das obras. O Decre-to-Lei Estadual nº 148, de 17/12/1938, elevou os povoados de Camapuã e Lagoinha (hoje Jeceaba e Bituri) à categoria de distritos pertencentes ao mu-nicípio de João Ribeiro. O Decreto Estadual nº 058, de 31/12/1943, determinou a mudança do nome do Distrito de Camapuã para Jeceaba. Resolução nº 21 do município de João Ribeiro, de 31/08/1953, aprovou a emancipação do distrito de Jeceaba. En-fim, em 12/12/1953, a Lei Estadual nº 1039 criou o município de Jeceaba, que se desmembrou de Entre Rios de Minas e determinou Bituri como seu distri-to. Em 06/07/1964, a Lei Municipal nº 160 delineia o distrito de Caetano Lopes.

curiosidade

O nome da cidade vem de Yi-ecê-aba, nome indí-gena que significa a confluência de rios ou a junção de rios: a reunião das águas.

o codap

“O Codap é um sucesso em si desde o nascedouro, pois é uma instituição de visão ricamente abran-gente no que concerne ao atendimento às de-mandas publicas. Pensa regional e coletivamente, portanto maior. E assim,

além de oferecer mais transparência na gestão pública, di-minui custos. É uma experiência inédita no país cujos cami-nhos estamos construindo. Administradores públicos tendem ao imediatismo e essa não é a proposta do Codap; ele nasceu como um novo, abrangente e muito eficaz instrumento para elaboração e execução de políticas públicas regionais. O Co-dap determina mudanças do pensar e fazer gestão pública, aplicando princípios da solidariedade, trabalho em equipe e visão regional: práticas que reforçam a socialização e cida-dania, além de diminuir custos operacionais.” Júlio César Reis – prefeito de Jeceaba.

Ferrovia do Aço

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ouRo bRAnco• População: 35.475 habitantes

• Densidade demográfica: 135,9 hab/km²

• Distância de Belo Horizonte: 96 km

• Prefeito: Padre Rogério de Oliveira Pereira (PT)

• Localização: central

• Extensão territorial: 261 km²

• Economia: indústria (73,18%)

Fontes: Prefeitura de Ouro Branco e IBGE.

Ouro Branco está localizada aos pés de uma bela serra com 20 quilômetros de paredão, marco inicial sul da cadeia do Espinhaço, cartão-postal da cidade e uma das vistas mais bonitas de Minas Gerais, complementada pela represa do Rio So-ledade. Considerada hoje a terceira melhor cida-de mineira em qualidade de vida, possui um dos maiores centros industriais da região do Alto Pa-raopeba, além de 1.161 empresas de prestação de serviço, 812 empresas comerciais e 10 indústrias em atividade. Atualmente, Ouro Branco se encon-tra em pleno quarto ciclo econômico e histórico de sua história.

O primeiro, chamado “Ciclo do Ouro”, deu início ao povoamento da cidade e de seu entorno. Com a diminuição da mineração do metal precioso, ini-ciada no final do século XVII, outro acontecimento econômico mudou o rumo da região: a vinicultura. Devido ao seu solo de terras arroxeadas, o municí-pio chegou a sediar a Companhia de Vinhos Nacio-nais, iniciando-se assim, no século XIX, o “Ciclo do Vinho”. No início do século XX, o solo fértil propi-ciou a cultura de batata, com sementes importadas de Portugal, dando origem ao “Ciclo da Batata”. Na época, Ouro Branco chegou a se destacar como a maior produtora de Minas. Em 1976, o município entrou no “Ciclo do Aço”, com a implantação da Açominas (hoje Gerdau-Açominas).

Esse quarto ciclo é o principal responsável por uma população flutuante de quase 4 mil pessoas, resultando no boom populacional e econômico que pode ser percebido nos últimos anos na cidade. E a previsão é de que Ouro Branco deva ter um au-mento ainda significativo da população num futuro próximo em função dos novos investimentos que a região do Alto Paraopeba receberá nos próximos anos. “Essa população flutuante tem desencadeado um aumento considerável da demanda de prestação

A cidade aos pés da Serra do Espinhaço

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de serviços públicos, em especial nas áreas de as-sistência social, saúde, segurança e coleta de lixo”, explica Padre Rogério de Oliveira Pereira, prefeito de Ouro Branco.

Atualmente, Ouro Branco enfrenta tais proble-mas com alguns projetos e programas que preten-dem sanar, na medida do possível, os impactos ne-gativos dessa movimentação oriunda da mineração e da siderurgia. Um deles é o projeto Ouro Park, ainda em fase de implantação, que prevê no muni-cípio a construção de um condomínio empresarial de 32.500 km², que vai contribuir com a expansão econômica, gerando mais emprego e renda para a população. No mais, estão sendo realizadas obras tais como a edificação de três postos de saúde e a ampliação do Hospital Raimundo Campos. Além disso, o município terá um SAMU.

Qualificação em foco

A possibilidade de capacitação da mão-de-obra é algo que merece destaque em Ouro Branco. O desen-volvimento da cidade passa pela condição de ofere-cer às grandes empresas instaladas às que ainda se instalarão, profissionais qualificados, o que aumen-ta a condição financeira das famílias, movimenta o comércio e contribui para a chamada “qualidade de vida” da população. São diversas escolas profissio-nalizantes, como Senac, Senai, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG) e mais de 50 cursos superiores e de pós-graduação, dividi-dos entre universidades federais e particulares da região. O IFMG ainda oferecerá, em breve, três tipos de formação com ênfase em Soldagem. Este será o primeiro núcleo do Brasil direcionado à formação de soldadores. Em 2010, serão 120 alunos beneficiados e, até 2011, o campus pretende também implantar cursos em Licenciatura.

A origem de ouro branco

A história da cidade começa no século XVI, mais especificamente em 1554, quando as bandeiras pau-listas e portuguesas começaram a percorrer e explo-rar locais desconhecidos, até entrarem em territó-rios mineiros, em busca de ouro e pedras preciosas. Acredita-se, no entanto, que os primeiros habitan-tes (primitivos) da região foram os índios Carijós, embora não tenham deixado vestígios materiais.

A primeira Bandeira que chegou à região foi paulis-ta, comandada por Miguel Garcia de Almeida Cunha, em 1694. Após a divisão da Bandeira, por motivo de desentendimentos, Miguel Garcia rumou para oeste, descendo o vale do chamado Rio da Serra, e fun-dou um povoado nessa região, após descobrir ouro de cor amarela, produzida pelo mineral paládio a ele associado, ficando assim conhecido como “ouro branco”, contrastando com o “ouro preto” achado próximo à região pela Bandeira de Manoel Garcia, que constituiu o povoamento da região. Em 12 de dezembro de 1953, o então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitscheck, sancionou a Lei nº 1.039, transformando o distrito de Santo Antônio de Ouro Branco em município, desmembrando-o de Ouro Preto.

curiosidade

Uma das marcas registradas de Ouro Branco é a cerâmica Saramenha, que surgiu no estado por volta de 1805, na Chácara Saramenha, a três quilômetros de Ouro Preto. A técnica foi trazida pelos portugue-ses e seu resultado final era considerado grosseiro, se comparado às louças européias. No Brasil, os pio-neiros da Saramenha foram padre Viegas de Mene-zes e o cirurgião-mor Vieira de Carvalho, de 1802 a 1816. Depois de considerada extinta em Minas, descobriu-se em Ouro Branco o artesão-louceiro Sil-vestre Guardiano Salgueiro, o mestre Bitinho. Nas-cido em 1918, ele aprendeu a técnica com seu pai, Antônio Guardiano Salgueiro.

o codap

“O Codap é um instrumento im-portante, inovador, que possibilita ações conjuntas entre os municí-pios consorciados. E essa interação é de fundamental importância por que, juntos, buscamos com equi-líbrio o mesmo desenvolvimento regional sustentável. Esse desen-

volvimento é muito importante para a comunidade, pois as ações são percebidas e a população é beneficiada.” Padre Rogério de Oliveira Pereira – prefeito de Ouro Branco.

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SÃo bRÁS do SuAÇuí• População: 3.657 habitantes

• Densidade demográfica: 33,24 hab/km2

• Distância de Belo Horizonte: 109 km

• Prefeito: Luiz Carlos Fernandes (PT)

• Localização: central

• Extensão territorial: 110 km2

• Economia: agropecuária e serviços

Fontes: Instituto de Geociências Aplicadas – IGA, Funda-ção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e Prefeitura de São Brás do Suaçuí.

Angélica Amâncio, jovem moradora da pequena cidade de São Brás do Suaçuí, localizada na margem esquerda do alto do Rio Paraopeba, afirma já não ter mais coragem de ir embora sozinha para casa à noi-te, depois do encontro com os amigos. Dona Cecília Maria de Oliveira, com seus 81 anos, foi à missa e teve dificuldade para atravessar a BR 383, que liga Murtinho a São João del-Rei e “corta” ao meio o mu-nicípio de quase 3.500 habitantes. “Imagine que um carro quase me pegou. O motorista me perguntou: a senhora tá querendo morrer? Eu respondi: não, tanto que lá estou indo rezar!”.

Esse é o retrato atual da antes pacata cidadezi-nha de São Brás do Suaçuí que, assim como toda a região do Alto Paraopeba, hoje passa por um mo-mento de profundas transformações. Quem para por cinco minutos na Praça da Igreja Matriz pode observar caminhões e máquinas trafegando, motivo pelo qual, segundo o prefeito da cidade, Luiz Carlos Fernandes, a estrutura de um importante patrimô-nio histórico do município, a Igreja Matriz, está com sua estrutura abalada.

O aumento da população flutuante, que hoje quase faz dobrar o total de habitantes da cidade e lota hotéis, pousadas, alojamentos e casas antes vazias, aliado ao crescimento do movimento no co-mércio, especulação imobiliária, diminuição drásti-ca do índice de desemprego, entre outros aspectos, é consequência, principalmente, da proximidade do centro da cidade com o distrito industrial de Jecea-ba, cidade vizinha, onde acontece atualmente a im-plantação da usina da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB). E como o centro de São Brás do Suaçuí, na prática, se localiza bem mais próximo da instalação da usina do que propriamente o centro de

Jeceaba, os impactos diretos em São Brás do Suaçuí são claramente maiores.

De acordo com Luiz Carlos, o grande desafio é suportar a crescente demanda pelos serviços públi-cos da cidade (escolas, hospitais etc) com uma infra-estrutura ainda preparada para aquela São Brás do Suaçuí com pouco mais de 3 mil habitantes. Além disso, por enquanto, há bairros sem asfalto e escoa-mento sanitário.

Tudo isso, com uma arrecadação que não au-mentou significativamente nos últimos meses, já que Jeceaba arrecada os impostos da VSB e das terceirizadas que lhe prestam serviços, mesmo que algumas delas estejam situadas nos limites de São Brás do Suaçuí (aproximadamente dez empresas). “A população daqui tem outra qualidade de vida, com uma condição financeira melhor, todo mundo está empregado, mas o caixa da administração con-tinua o mesmo de outros tempos, com necessidades maiores”, completa Luiz Carlos.

como começou São brás

A criação da cidade foi em 22/12/1713, quando D. Brás Baltazar da Silveira doou a sesmaria a João Machado Castanho. Na época, uma quadra de légua de terras. A partir daí formava-se, ao redor do sítio de João Machado, um pequeno arraial que levava o nome de Suassuhy. Escolheram São Brás como padroeiro (talvez por causa de D. Brás Baltazar) e então surgia “São Brás do Suassuhy”. Até 1832, a vila era subordinada à freguesia de Congonhas do Campo; logo depois passou a pertencer à jurisdição de Brumado (atual Entre Rios de Minas) e, enfim,

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Paróquia de São Brás

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por meio da Lei Estadual nº 1039, de 12/12/53, tornou-se independente.

música, marca mais que registrada

Uma das marcas da cidade é a forte influência da música. Desde 01/05/1957, quando foi fundada a Banda União Musical Santa Cecília, a cidade se en-canta com suas apresentações. Sua participação nas festas religiosas e cívicas é uma tradição, além de presença marcante em retretas e festivais em várias cidades mineiras. O repertório musical é diversifi-cado, incluindo dobrados, marchas, hinos, música popular brasileira, internacional e sertaneja, além de valsa e bolero. “Nas apresentações, procuramos levar ao público cultura, beleza, arte e talento”, afir-ma o atual presidente da banda, Tarcísio Amâncio. A União Musical Santa Cecília tem um trabalho inin-terrupto desde sua fundação e, atualmente, conta com 25 integrantes, além de aprendizes que têm au-las com o maestro Tiago Henrique de Souza, forma-do em música pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

De acordo com o presidente, que integra a cor-poração desde 1974, alguns músicos que passaram pela banda conseguiram emprego como músicos ou por serem músicos. “O músico toca gratuitamente e a sua dedicação é imprescindível na continuação desta tradição de nosso povo”, concluiu Tarcísio. A banda tem o apoio financeiro da prefeitura para cobrir suas despesas, incluindo a contratação do maestro.

Uma outra entidade musical foi criada em 2001. Trata-se da Escola de Música de São Brás do Suaçuí,

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“O Consórcio é uma entidade que, congregan-do as sete cidades, pode favorecer e fortalecer nos-sa região. E São Brás, sendo o menor município que integra o Codap, junto com os médios e grandes municípios, pode ganhar força. Melhor do que se estivés-semos tentando seguir o caminho sozinhos.” Luiz Carlos Fernandes – prefeito de São Brás do Suaçuí.

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A União Musical Santa Cecília existe há 53 anos

que se mantém por meio da Lei de Incentivo. Ainda sem sede própria e com quase 120 alunos de seis a 60 anos de idade, a escola vem com um propó-sito muito maior que somente profissionalizar seus alunos para a música. “A gente cuida da formação musical e humana, conhecimentos gerais, sensibili-dade para arte, autoconhecimento e tenta resgatar aquela cultura tradicional do interior de Minas”, ex-plica Maria Christina de Souza Amâncio, presidente da escola. Os alunos não pagam nada para estudar, mas em contrapartida devem ter 75% de frequência e muita dedicação.

curiosidade

Na igreja matriz de São Brás, construída no Bra-sil Colônia, se encontra a única imagem (painel) de Cristo sorrindo, que existe no mundo.

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mInERAÇÃo, SIdERuRGIA E cREScImEnTo

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nem a crise econômica mundial desencadeada em 2008 foi suficiente para abalar o crescimento previsto para a região do alto Paraopeba nos próximos anos. os investimentos em mineração e siderurgia continuam alavancando o desenvolvimento da região e a perspectiva é de que cerca de r$ 20 bilhões sejam injetados na economia local até 2015. a produção anual de aço deve alcançar a casa das 10 milhões de toneladas. com a conclusão dos investimentos, a expectativa é de que a região possua a maior mina de minério de ferro em operação no país. Somando toda a produção, cerca de 100 milhões de toneladas de ferro devem ser extraídas e beneficiadas por ano na região.

a contramão da crise, o boom de investimentos é resultado de dois cenários anteriores ao abalo finan-ceiro que estremeceu o mundo. Em primeiro lugar, o extraordinário crescimento da China, previsto para 9% em 2010, manteve a crescente demanda por ma-téria-prima, principalmente por bens minerais que abastecem as suas indústrias. Isso significa que as empresas do Brasil que exportam minério de ferro ou aço, por exemplo, continuaram a ter mercado e a prosperar, na esteira do crescimento do país asiá-tico.

Além do cenário econômico mundial favorável, amplos investimentos em pesquisas geológicas fo-ram responsáveis por identificar novos recursos mi-nerais em solos brasileiros. Tanto o governo federal, por meio do Serviço Geológico do Brasil - empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, quanto as empresas privadas se dedicaram a inves-tigações de alto nível tecnológico. O resultado foi a ampliação e a modernização de todo o comple-xo minero-siderúrgico no Brasil, com destaque para

o AlTo pARAopEbA nA RoTA do cREScImEnTo dA EconomIA mundIAl

o Quadrilátero Ferrífero, que volta a ser palco de grandes investimentos. A descoberta do maior maci-ço de hematita do Brasil em 2005, em Congonhas, é um dos exemplos bem sucedidos das pesquisas.

As boas perspectivas logo atraíram investimentos de grandes empresas que já estavam na região, tais como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Gerdau Açominas e Vale. Outros dois grandes em-preendimentos chegaram em 2007, com a criação da Ferrous do Brasil, do ramo de mineração, e da Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), com atividades siderúrgicas.

O subsecretário de Desenvolvimento Minerome-talúrgico e Política Energética do governo do esta-do de Minas Gerais, Paulo Sérgio Ribeiro, acredita que a infraestrutura adequada já existente na região também foi um dos atrativos. “A disponibilidade de energia e a existência de fornecedores de insumos e de um sistema de transporte, além da credibilidade proporcionada pelas prefeituras e pelo governo es-tadual, contribuíram para o interesse das empresas na região”, comenta o secretário.

Segundo estudo realizado pelo Centro de Desen-volvimento e Planejamento Regional da Universi-dade Federal de Minas Gerais (Cedeplar/UFMG), a previsão de crescimento do PIB nos próximos anos das cidades que compõe o CODAP é de 85%, con-siderando os empreendimentos que já estão sendo implantados (usina da VSB, CSN e Ferrous). Soman-do os outros investimentos, a estimativa é de um crescimento de 106%.

Atualmente, o Produto Interno Bruto gerado na região pelas atividades mineradoras, siderúrgicas e mecânicas representa cerca de 50% do PIB do es-tado gerado por esses setores econômicos. Com o novo cenário, o subsecretário Paulo Sérgio Ribeiro explica que a arrecadação deve aumentar bastan-te, além de tornar os negócios mais competitivos.

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o AlTo pARAopEbA nA RoTA do cREScImEnTo dA EconomIA mundIAl

“A concentração de atividades complementares em locais próximos agrega valor ao produto. Há a extra-ção de minério de ferro de baixo teor de concentra-ção, atividades industriais que o concentram e, no mesmo espaço, empresas siderúrgicas que utilizam essa matéria-prima. Na cadeia produtiva isso gera mais empregos, serviços e demandas por fornecedo-res“, comenta o subsecretário.

Impactos

Apenas nas obras de infraestrutura e de im-plantação das plantas siderúrgicas e mineradoras, estima-se a geração de 35 mil empregos diretos nos próximos cinco anos. Depois que entrarem em ope-ração, calcula-se a criação de 18 mil postos de traba-lho, aproximadamente. Estima-se que o surgimento dos empregos indiretos deve chegar à casa dos 50 mil em toda a região. Já é possível perceber que ou-tras empresas, menores, chegam à região em função dos grandes negócios que estão se instalando.

Os impactos não se restringem às cidades sede dos empreendimentos. A expectativa dos prefeitos

do Codap é de que todos os municípios próximos às empresas deverão receber os benefícios e os pro-blemas trazidos pelos investimentos. A arrecadação vai aumentar para todas as cidades. Mesmo que os empreendimentos estejam localizados em determi-nados municípios, surgirão redes de fornecedores espalhadas pela região. Os trabalhadores que resi-dem nas cidades próximas terão novas oportunida-des de trabalho e isso movimentará o comércio e a prestação de serviços regionalmente.

O Plano de Desenvolvimento Regional feito pelo Cedeplar/UFMG aponta que os municípios devem trabalhar para aproveitar esse cenário (matéria na página 22). Na maioria dos casos, as empresas já possuem fornecedores cativos, em geral localizados na região metropolitana de Belo Horizonte. Trazer esse mercado para o Alto Paraopeba seria tirar pro-veito do bom momento econômico que a região vive. Uma das orientações do plano é estabelecer uma política de regionalização de fornecedores, com a atração e desenvolvimento de produtores de bens de consumo básicos e de outros produtos utilizados pelas empresas.

Vallourec: complexo em Jeceaba, boa localização geográfica

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Os impactos não se restringem apenas às benes-ses trazidas pelo desenvolvimento. Segundo o presi-dente do Codap e prefeito de Congonhas, Anderson Cabido, a região pode sofrer profundos impactos ne-gativos se não houver um planejamento integrado entre os municípios para receber esses investimen-tos. Em primeiro lugar, haverá grande crescimen-to demográfico, previsto com a chegada de novos moradores para trabalharem nos empreendimentos. Além disso, como os negócios principais são side-rurgia e mineração, é preciso estar atento também à preservação ambiental. Uma das iniciativas que buscam inibir futuros problemas dessa ordem é a elaboração da Agenda 21 Regional (reportagem nesta edição). Sociedade civil, trabalhadores, poder público e empresas estão envolvidos em discussões e mobilizações para criar metas que evitem o caos urbano e a degradação ambiental.

Cabido explica que a complexidade do cenário observado na região do Alto Paraopeba é única no país. Investimentos dessa ordem estão sendo reali-zados em outras três regiões do Brasil, como o com-plexo petroquímico do Rio de Janeiro, a construção de usinas hidrelétricas no Rio Madeira e o complexo portuário de Suape. Entretanto, ele esclarece que todos eles são iniciativas ligadas ao governo federal e utilizam recursos públicos. “O que torna a nossa si-tuação mais complexa é o fato de recebermos inves-timentos privados de cinco grandes empresas, que não têm, necessariamente, uma colaboração direta entre si. Além disso, há recursos dos governos esta-dual e federal envolvidos e ainda estamos em uma área de patrimônio cultural e ambiental. São mui-tas variáveis que só podem ser conciliadas se hou-ver a integração regional”, defende o presidente do Codap.

cSn e namisa

Cerca de R$ 12 bilhões estão sendo investidos no Alto Paraopeba pela Companhia Siderúrgica Nacio-

nal (CSN) e por sua subsidiária, a Nacional Minérios S/A (Namisa), cujo capital é 60% de propriedade da CSN. Com os investimentos, a empresa tende a ser a maior siderúrgica e a segunda maior mineradora do país.

Dentre os investimentos da CSN está a expansão da Mina Casa de Pedra, incorporada à empresa em 1946 e localizada em Congonhas. Estima-se que a produção da mina deve aumentar de 16 para 70 mi-lhões de toneladas de ferro por ano. No novo distrito industrial de Congonhas, o maior de Minas Gerais, serão construídas uma siderúrgica com capacidade de 4,5 milhões de toneladas de aço por ano e duas pelotizadoras, com capacidade para concentrar 12 milhões de toneladas de pelotas por ano.

A Namisa prevê dois novos investimentos para a região. A expansão nas atividades já realizadas na Mina do Engenho, em Congonhas, deve ampliar a quantidade de minério de ferro produzido de 6,6 para 13 milhões de toneladas/ano. Já a construção de uma nova planta terá capacidade para gerar, anu-almente, 20 milhões de toneladas da matéria prima. Cerca de 600 empregos diretos e 1.800 indiretos de-vem ser gerados.

Segundo a assessoria de comunicação da CSN, os projetos são orientados por uma concepção de sustentabilidade. A presença de siderúrgicas próxi-mas à mineração seria uma forma de perpetuar os investimentos na região, já que a extração mineral é finita, mas a produção de aço é permanente. Além disso, ações de qualificação de mão de obra da re-gião têm sido realizadas em parceria com a prefeitu-ra, universidades e escolas técnicas. Desde 1961, a CSN possui uma escola técnica que prepara cerca de 500 profissionais por ano em Congonhas. Em 2008, a empresa, em parceria com a prefeitura, lançou o Programa Capacitar, que qualifica jovens para a ati-vidade de mineração. Hoje, 85% das 337 pessoas que passaram pelo programa já foram contratadas pela empresa. Para 2010, a previsão é qualificar 280 profissionais na CSN e na Namisa.

Gerdau Açominas: capacidade produtiva deve crescer de 540 para 700 mil toneladas de aço em 2011

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ferrous do brasil

A Ferrous do Brasil é uma empresa recém-criada em 2007 para a pesquisa, prospecção, exploração, beneficiamento e comercialização de minério de ferro, nos mercados interno e externo. Os ativos minerais da Ferrous estão localizados no chamado Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, na região do Alto Paraopeba e são compostos pelas minas de Ser-rinha e Esperança, no município de Brumadinho; e pela mina de Viga, em Congonhas. Os investimentos ainda estão em fase de estudo e a previsão é de que sejam injetados em cada um dos empreendimentos cerca de US$1,8 e US$2,7 milhões, respectivamente.

O plano de negócios da empresa prevê o desen-volvimento das áreas de mineração, implantação de projetos, recuperação ambiental, pesquisa, compra de equipamentos e infraestrutura. Um dos diferen-ciais é o projeto de construção de um porto na cida-de de Presidente Kennedy, no sul do Espírito Santo, que será conectado à Mina de Viga por um minero-duto com extensão de 400 quilômetros. A iniciativa prevê uma redução de gastos com o transporte do minério, tornando o produto da empresa mais com-petitivo comercialmente.

A previsão é de que a empresa lance no mercado cerca de 25 milhões de toneladas de minério de fer-ro por ano, a partir de 2014, aumentando a produ-ção para 50 milhões, a partir de 2017. A Assessoria de Comunicação informa que a política de recursos humanos prevê a qualificação e a contratação de mão-de-obra local, com previsão de criação de 600 empregos diretos em Congonhas.Até agora, as ações da empresa se resumem na recuperação ambiental das minas e a preparação para a instalação do empreendimento. Como medida compensatória definida pelo Ministério Público, a Ferrous passou a ser responsável por uma reserva de 31 hectares localizada no Sítio da Conceição, na Serra da Moeda, além de promover o monitoramento das águas e a revitalização do espaço.

Gerdau Açominas

A Gerdau Açominas, localizada entre Ouro Branco e Congonhas e inaugurada em 1986, foi a primeira a realizar grandes investimentos na região (a indústria, somente como Açominas, iniciou suas atividades em 1976). Em outubro de 2007, a empresa completou a principal etapa de um programa de investimentos de US$ 1,5 bilhão e aumentou sua capacidade produtiva anual em 50%, atingindo 4,5 milhões de toneladas anuais. Agora, a Gerdau Açominas planeja dois tipos de novos investimentos: no primeiro deles, a empresa vai expandir o laminador de perfis estruturais já exis-tente, com recursos da ordem de R$ 100 milhões. A capacidade produtiva deve crescer de 540 para 700 mil toneladas de aço em 2011. Obras para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e para as Olimpíadas de 2016, assim como as demandas geradas pela explo-ração do pré-sal, são os grandes impulsionadores da produção.

A instalação de um laminador de chapas grossas é o segundo investimento da empresa na região. Estimada em R$ 1,75 bilhão, a obra deve começar ainda neste ano, com previsão de término para 2012. No pico dos trabalhos, a expectativa é de que sejam gerados 4 mil empregos temporários. Além disso, 420 novas vagas permanentes devem ser criadas para a operação do novo equipamento.

Vale

A Vale vai investir cerca de R$ 200 milhões na expansão das suas atividades de mineração em uma mina na região do Alto Paraopeba. Serão criados cerca de mil empregos temporários e 200 perma-nentes.

Além disso, a empresa criou recentemente o pro-jeto Itabiritos. É uma nova planta de concentração de minério de ferro com capacidade de produção de 10 milhões de toneladas por ano. Instalado na Mina do Pico, em Itabirito, o projeto engloba ainda

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uma usina de pelotização na cidade de Nova Lima. As unidades são interligadas por um mineroduto de cerca de cinco quilômetros e durante as obras foram gerados 20 mil empregos. Para a operação, serão mais mil postos de trabalho entre próprios e con-tratados, sendo 340 na pelotizadora e 660 na usina de concentração. Ao todo, foram investidos R$ 2,3 bilhões no projeto.

A Vale é atualmente a maior produtora de miné-rio de ferro do mundo e a segunda maior de níquel. A empresa destaca-se ainda na produção de manga-nês, cobre, alumínio, dentre outros.

Vallourec & Sumitomo Tubos do brasil

Em 2008, a Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil (VSB) iniciou a construção de um complexo siderúr-gico na cidade de Jeceaba. A empresa surgiu de uma aliança entre o grupo francês Vallourec e o japonês Sumitomo Metals. Para a construção da planta indus-trial, a VSB investiu cerca de US$ 1,6 bilhão.

Segundo a empresa, a escolha da região foi mo-tivada pela boa localização geográfica, que facilita a exportação para mercados como a América do Norte, África e Oriente Médio. Outro fator decisivo foi a existência de um conhecimento previamente acumulado sobre as especificidades brasileiras, pro-

piciado pela presença da Vallourec & Mannesman Tubes do Brasil (V&M) em Belo Horizonte. Além de uma localização estratégica, com fácil acesso ro-doviário e ferroviário aos portos do Rio de Janeiro, Santos e Vitória, a região onde a usina será instala-da é próxima da Mina Pau Branco, jazida de minério de ferro que já pertence ao grupo Vallourec.

Atualmente, a VSB conta com 7 mil empregados prestadores de serviço. Desse total, 50% são mora-dores da região onde o distrito industrial está sendo instalado. Hoje, cerca de 400 funcionários são trei-nados na usina da V & M do Brasil, em Belo Hori-zonte. O início da produção de tubos está previsto para o segundo semestre de 2010. Quando entrar em funcionamento, o complexo irá gerar aproxi-madamente 1.500 empregos diretos. Projetos de educação ambiental já começaram a funcionar, bem como o reflorestamento de algumas áreas.

O empreendimento da VSB está associado a um outro grande projeto brasileiro, o do pré-sal. A fábri-ca em Jeceaba será a fornecedora dos tubos de aço sem costura utilizados na exploração do petróleo em grandes profundidades. Isso fez com que a empre-sa anunciasse, antes mesmo do início das operações da usina, um plano de expansão visando atender às demandas surgidas com o plano de exploração do pré-sal.

Vale: vista geral da Instalação Tratamento de Minério Itabirítico (ITM-I), em Itabirito

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foTo QuE é fATo

“Tomando cuidado com as questões ambientais, acho que esse desenvolvimento só veio melhorar nossa região, nossa cidade. Hoje tem muito mais emprego e oportunidade para nossos jovens, eles não precisam tanto sair daqui para trabalhar. E as pessoas que estão aqui na cidade são pessoas boas, trabalhadoras.”

Dona Cecília Maria de Oliveira, moradora de São Brás do Suaçuí.

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Prefeito, mire-se no exemplo dos municípios do Codap, informe-se sobre a organização de consórcios públicos e

participe do crescimento sustentado de sua região.

bElo VAlE

jEcEAbA

EnTRE RIoS dE mInASSÃo bRÁSdo SuAÇuI

conGonHAS

ouRo bRAnco

conSElHEIRo lAfAIETE

Rio Paraopeba

conSÓrcio PúBlico

coDaP – consórcio Público para Desenvolvimento do alto Paraopebaav. Professor Manoel Martins, 636, Bairro campo alegreconselheiro lafaiete, Mg, cep 36400-000telefone: 31 3721-3451email: [email protected]