24
Olhar ? Reserva particular do patrimônio natural ? Micheline Drumond, consultora socioambiental, fala sobre sustentabilidade Vestindo o verde nas empresas ? Cozinhas mais eficientes com conceito sustentável Sustentavel Nº 0 Saiba o que fazer para a sua empresa obter um certificado Tecnologia e Sustentabilidade Parceria que traz resultdos Energia Nuclear Uma alternativa realista

Revista Olhar Sustentavel

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Trabalho desenvolvido para a faculdade.

Citation preview

Page 1: Revista Olhar Sustentavel

Olhar

?Reserva particular do patrimônio natural

?Micheline Drumond, consultora socioambiental, fala sobre sustentabilidade

Vestindo o verde nas empresas

?Cozinhas mais eficientes com conceito sustentável

SustentavelNº 0

Saiba o que fazer para a sua empresaobter um

certificado

Tecnologia e SustentabilidadeParceria que traz resultdos

Energia NuclearUma alternativa realista

Page 2: Revista Olhar Sustentavel

�  ●  Olhar Sustentável

De 16 a 20 de agostoCentro de Convenções do Ceará

Fortaleza - CEwww.icid18.org

Segunda Conferência Internacional - Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas - ICID 2010

Page 3: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  �

É  muito  comum  pensar  na  natureza  apenas  em termos de quantidade. Quantos milhões de litros de água doce ainda nos restam, quantas árvores faltam cair, quantos minerais podemos extrair. Esquecemos que o meio ambiente funciona como um filtro; os recursos que a Terra possui  são possíveis porque há um ciclo constante de transformação. A  degradação  ambiental  se  assemelha  a  uma intoxicação  alimentar.  Quando  comemos  algo estragado  não  conseguimos  fazer  a  absorção  de determinados elementos. O mesmo ocorre com a natureza. Ela  consegue  “digerir”  grande parte  da poluição  que  causamos  e  renovar  seus  recursos, porém  esse  processo  leva  tempo.  Dependendo da  quantidade  e  da  gravidade  da  destruição,  são necessárias décadas eoucentenas de anos. No ritmo em que estamos entupindo o funil ambiental o ciclo de recomposição não consegue sequer começar. A nossa economia não dá  importância a variável “natureza”, tratando-a como uma fonte inesgotável de  matéria-prima  e  comportadora  de  quantidade infinita  de  bens.  “Um  mito  fez  os  demógrafos darem  ênfase  aos  números  relativos  e  não  aos absolutos.  Esses  mitos  fizeram  os  economistas olharem  também para o crescimento  relativo dos fluxos  e  não  os  absolutos.  Ninguém  se  importa com  o  aumento  gigantesco  de  casas  e  veículos em  termos  absolutos,  apenas  com  a  taxa  de crescimento. Focamos em fluxos e em crescimento relativo,  as  variáveis  econômicas  principais  são fluxos. Isso é fruto do mito que está colocando a humanidade numa rota suicida, tanto do ponto de 

vista  ecológico  quanto  econômico.”  Disse  Hugo Penteado, economista-chefe do Banco Real e autor do  livro  Ecoeconomia:  Uma  nova  abordagem. Os  lixões  das  cidades  representam  muito  bem esta  visão.  Estão  lotados  e  as  iniciativas  para ordená-los  são  apenas  paliativas.  Tecnologias como  o  fosfogesso,  que  aceleram  o  processo  de decomposição  de  produtos  orgânicos  através  de sulfetos, não vão conseguir eliminar o problema, pois a demanda do  lixo é grande e cresce a cada dia. O problema do lixo é análogo a todos as questões da  poluição  como  emissão  de  gases  tóxicos  e contaminação  dos  rios.  Os  produtos  da  nossa sociedade  não  desaparecem  instantaneamente, ignoramos seus destinos. “Em um ano somos capazes de produzir mais bens e serviços que desde o início da humanidade até a Segunda Guerra Mundial.” (idem) É preciso mudar a concepção de sustentabilidade dentro das empresas, estudando a questão para visualizar sua importância imediata.  Tratar  a  questão  do  desenvolvimento sustentável apenas como estratégia organizacional e imagem não vem funcionando mais, pois líderes mundiais, cientistas e economistas estão levando à sociedade o problema para ser pensado. Os efeitos da poluição são cada vez mais constatados por nós através das mudanças climáticas e doenças causadas pelos gases da frota de carros das grandes cidades, indústrias e pecuária, além do desaparecimento de espécies de peixe dos rios.

EditorialO reverso da mesma moeda Marcel T. Otsuka

De 16 a 20 de agosto

Segunda Conferência Internacional - Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas - ICID 2010

Laíze RopelatoÉrick Cirqueira Marcos Antônio Teixeira

Fernando Lima Marcel Otsuka

Page 4: Revista Olhar Sustentavel

�  ●  Olhar Sustentável

Index

EntrevistaMicheline Drumond 5

TendênciaCamisas EcológicasSustentabilidade à La Carte

9

10

EcologiaUma floresta no meu quintal 12

PolêmicaSr. Burns, o vilão que pode salvar o mundo

TecnologiaAperto de mãos: tecnologia e sustentabilidade 16

CapaComo obter o selo verde 18

Artigo: Marcos Antônio TeixeiraLiderança Situacional 21

14

ExpedienteDiretoria Geral e Conselho editorialLaíze Ropelato

Gestor Administrativo e FinanceiroLaíze Ropelato

Editor ChefeMarcos Antônio Teixeira

Especialista em SustentabilidadeJosé da Silva

Gestão de Distribuição, prospecção de anunciantes e Assisnaturas Fernando Lima

Repórter/FotógrafoÉrick Cirqueira

Repórter/DiagramadorMarcel Otsuka

Olhar Sustentavel

ImpressãoGráfica EtcOlhar Sustentável é uma publicação da Editora Atena Ltda.Caixa Postal 72650São Paulo/SPCEP 01429-230E-Mail: [email protected]

www.olharsustentavel.com.br

Conselheiro EditorialHugo Penteado

Page 5: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  �

Micheline DrumondMicheline é engenheira de minas formada pela UFMG, Universi-dade Federal de Minas Gerais, em �000. Em �00�, se tornou espe-cialista em Gestão Ambiental também pela UFMG. Tem mestrado em Geotecnia Ambiental aplicado à Mineração pela UFOP, Uni-versidade Federal de Ouro Preto, em �006, além de ter cursado o programa de gestão responsável para sustentabilidade pela Funda-ção Dom Cabral,  em �009. Trabalha há 10  anos  em projetos  de mineração e meio ambiente, com grande experiência em licencia-mento ambiental em empreendimentos de mineração, siderurgia e indústria.Atualmente  está  coordenando  projetos  socioambientais  e  de  de-senvolvimento sustentável dentro dos projetos da empresa Hatch Consultoria, em São Paulo, principalmente em plantas siderúrgicas e  complexos minerários, dando  suporte  as Unidades de Negócio do Brasil. Atua diretamente nos aspectos e impactos ambientais e sociais, gerenciando riscos e oportunidades, propondo tecnologias limpas e visando o desenvolvimento de procedimentos sustentáveis dentro dos projetos. Alguns projetos que Micheline já participou: Vale – Projeto Alpa em Marabá-Pa, due diligence Anglo América – Projeto Minas Rio, Nucor - Planta Integrada Minero Siderúrgica - Corumbá/MS, Vo-torantim- Projeto Cobra-Planta Siderúrgica na Colômbia.

O cenário da sustentabilidade

Entrevista

Olhar Sustentável  ●  �

Page 6: Revista Olhar Sustentavel

6  ●  Olhar Sustentável

Qual a importância, para as empresas, da inserção dos conceitos da sustentabilidade em suas atividades? Historicamente  focado  na  obtenção  de  resultados financeiros,  o mundo  empresarial  começa  agora  a  se ver  às  voltas  com  cobranças  da  sociedade  quanto  ao impacto de suas atividades  tanto na sociedade quanto no meio  ambiente.  Esta mudança  de  atitude  reflete  a tendência do impacto dos consumidores nas empresas, no sentido de questioná-las sobre seu desempenho para a  sustentabilidade  e  tomar  decisões  de  compra  que refletem seus valores pessoais. Não só os consumidores mas os investidores no mundo inteiro se preocupam cada vez mais com as ações sociais praticadas pelas empresas nas  quais  pretendem  investir.  Segundo  Christopher Wells, ex-analista do antigo Banco ABN Amro Real, “a prática vem provando que a preocupação com a ética não é mais uma questão apenas de consciência, mas de lucro maior ou menor para o investidor”.Você poderia citar algumas dicas para as empresas que querem aplicar estes conceitos em sua corporação?As dicas mais significativas proporcionadas pela busca efetiva por negócios mais sustentáveis são:Economizar custos, reduzindo os impactos ambientais e  tratando  bem  os  empregados;  aumentar  a  receita, promovendo  melhorias  ambientais  e  beneficiando  a economia local;  reduzir riscos, por meio do engajamento dos stakeholders; melhorar a reputação, incrementando a eficiência ambiental; desenvolver o capital humano, com uma gestão de  recursos humanos mais  eficiente; facilitar  o  acesso  ao  capital,  com  uma  melhor governança; criar outras oportunidades, promovendo o desenvolvimento da comunidade e  lançando produtos que não prejudiquem o meio ambiente.Este é, sem dúvida, o assunto do momento. Como está o Brasil neste cenário? Você acredita que nosso país ainda está atrasado com relação a outros países?As  economias  emergentes  tornam-se  cada  vez  mais importantes  nos  negócios.  A  rápida  industrialização levou  ao  crescimento  de mercados  consumidores  em países como Brasil, China e Índia. Mão de obra barata, progresso  nos  transportes  de  carga  internacionais, facilidade de extração de minerais do subsolo são alguns dos  fatores  que  atraem  as  empresas multinacionais  a 

atuarem nesses paísesComparando-se a situação das empresas em mercados emergentes,  como  o  Brasil,  com  as  dos  países desenvolvidos, observa-se que,  enquanto as  empresas de mercados emergentes estão ainda bastante  focadas em redução de custos e em aumento de receitas no curto prazo, as de países desenvolvidos têm grande foco em interesses mais  intangíveis,  como o valor da marca  e questões  relativas  à  reputação  da  organização.  Em países desenvolvidos, o investimento na comunidade e seu desenvolvimento são encarados como projetos com custo fixo. Já nos mercados emergentes esses fatores se mostram importantes para a redução de riscos e para a própria continuidade das atividades da empresa. Você acha que as Instituições de Ensino do Brasil deveriam conscientizar os jovens com relação a preservação do meio ambiente?Sim. O Brasil, no contexto internacional, mesmo com os  avanços  observados  nas  últimas  décadas,  não  se encontra  em  posição  social  favorável,  destacando-se  por  ser  muito  desigual  e  estar  principalmente  em posição de atraso educacional que pode exigir anos para ser superada. Nós atualmente nos encontramos abaixo das médias de analfabetismo e longevidade mundiais. Todo  esforço  do  governo  e  de  instituições  relativos a  educação,  principalmente  com  conscientização socioambiental, é fundamental. Você acredita que os empresários estão mais cientes de seu papel e de suas responsabilidades com a sociedade e o meio ambiente e estão levando isso em consideração nos seus empreendimentos? Diversas  iniciativas  de  empresas  brasileiras são  realizadas  buscando  o  desenvolvimento  de comunidades  vizinhas.  As  empresas  percebem  que não  há  como  se  expandir  em  um  ambiente  limitado por  problemas  relacionados  à  saúde,  educação,  água, saneamento. Em muitos casos, as empresas consideram o desenvolvimento da comunidade local como um fator indispensável para o sucesso de seus negócios, pois a escassez  de  infra-estrutura  e  capital  humano  se  torna um problema insuperável.Para tornar uma empresa sustentável são necessários grandes investimentos? É possível obter retorno financeiro ainda maior sendo uma companhia preocupada com a sustentabilidade?

6  ●  Olhar Sustentável

Page 7: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  �

Como  em  qualquer  atividade  comercial,  melhorar  o desempenho  ambiental,  social  ou  administrativo  da empresa  não  dá  nenhuma  garantia  de  sucesso.  Seu investimento  vai  depender  de  vários  fatores,  como por  exemplo  o  ramo  empresarial.  A  capacidade  de identificar os riscos e capitalizar as oportunidades torna-se cada vez mais importante à medida que o conceito de sustentabilidade se intensifica.A busca da sustentabilidade criará novas oportunidades de  negócio  e,  conseqüentemente,  novos  mercados. Explorar  tais  mercados  significa  direcionar  nesse sentido a inovação. Os investidores e financistas esperam aumentar ganhos e reduzir riscos em seus negócios. As empresas com ações na  bolsa  de  valores  têm  obtido  constantes  benefícios advindos da responsabilidade corporativa. Uma prova disso é o DJSI – Dow Jones Sustainability Index, que mede o desempenho das ações das empresas socialmente responsáveis,  superando  desde sua  existência  o  DJGI  –  Dow Jones  Global  Index,  que  mede o  desempenho  das  empresas  em geral.  Os  fundos  éticos,  aqueles que  compreendem  investimentos em  empresas  socialmente responsáveis,  movimentam  cerca de US$ �,9 trilhões por ano, e estão em  franca  expansão  no  mercado mundial. No Brasil, destaca-se a iniciativa do ISE, Índice de  Sustentabilidade  da  Empresarial,  que  tem  como objetivo refletir o retorno de uma carteira composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com  a  responsabilidade  social  e  a  sustentabilidade empresarial, e também atuar como promotor das boas práticas no meio empresarial brasileiro.As empresas que utilizam práticas ambientais eficientes possuem  uma  vantagem  competitiva,  uma  vez  que consigam  sensibilizar  o  consumidor  e  usufruir  o consumo consciente. Você acha que falta iniciativa do Governo para motivar as empresas?Sim,  pois  atitudes  dos  governos,  como  a  adesão  aos acordos internacionais, introduzem novos compromissos para as empresas de seu país. Os governos atuam como órgão  regulador  da  legislação  ambiental  e  têm  poder 

de  divulgação  das  irregularidades  praticadas  pelas empresas,  podendo  provocar  uma  má  relação  dessas com  os  consumidores  em  geral  e  portanto  incentivar práticas sustentáveis. Os governos possuem influência política  para  indicar  os  rumos  do  desenvolvimento em  suas  nações,  estabelecendo  políticas  públicas  de interesse da sociedade como um todo.Porém,  em alguns países  emergentes,  assim como no Brasil, do ponto de vista do desenvolvimento dos países, os governos encontram-se hoje face a face com desafios ainda  sem  solução,  alguns  dos  principais:  políticas econômicas  não  apropriadas,  corrupção,  instabilidade política e regulamentações inconsistentes. Algumas empresas, esporadicamente, investem em conscientização de seus funcionários através de palestras sobre sustentabilidade em parceria com ONGs, entre outras. O que acha dessa atitude?Os  trabalhadores  esperam  das  empresas  melhores 

condições  de  trabalho  e oportunidades de desenvolvimento. Através  de  motivação  oferecidos pelas empresas e valores pessoais, eles  podem  contribuir  de  forma significativa para a sustentabilidade da  empresa.  Uma  boa  reputação da  companhia  é  um  dos  critérios de  escolha  daqueles  que  buscam empregos  e  de  investidores  do 

mundo  inteiro  que  se  preocupam  cada  vez mais  com as  ações  sociais  praticadas  pelas  empresas  nas  quais pretendem investir.Algumas empresas estão aderindo a digitalização para reduzir a quantidade de papel impresso. Outras estão preocupadas em reciclar lixo, além de buscar o descarte correto de seu lixo eletrônico. Você acha que essas atitudes bastam para uma empresa se considerar sustentável?Não. A  sustentabilidade  tem seu  conceito baseado no “Triple Bottom Line”, numa tradução forçada, tríplice linha  de  fundo.  Este  conceito  extrapola  a  prática de  balanços  econômico-financeiros,  que  lançam  o resultado  do  lucro  na  última  linha  do  demonstrativo (daí  o  bottom  line).  Partindo-se  do  principio  de  que a  sustentabilidade  é  alcançada  com  o  equilíbrio  de resultados  econômicos,  sociais  e  ambientais,  este 

Olhar Sustentável  ●  �

Page 8: Revista Olhar Sustentavel

�  ●  Olhar Sustentável

conceito define  três orientações básicas dos objetivos empresariais:  econômico  (crescimento,  eficiência, inovação e valor para acionistas); sociais (mobilidade social, gestão social e identidade cultural) e ambientais (integridade  de  ecossistemas,  preservação  do  meio ambiente,  biodiversidade).  Este  conceito  tem  servido para  orientar  a  gestão  empresarial  das  empresas  que pretendem inserir  nas práticas sustentáveis.Vivemos a geração saúde, que faz dietas e vai a academia todos os dias, mas não percebe que o meio ambiente tem influencia direta em suas vidas. O que você acha de pessoas que prezam pela saúde e negligenciam, ironicamente, o lugar onde vivem? Na realidade elas são pessoas egoístas e que não prezam pela  sua  saúde.  Os  recursos  naturais,  utilizados  por toda  sociedade,  têm  sido  devastados  pelo modelo  de desenvolvimento vigente  e vários não  são  renováveis a preço algum. Por exemplo: a escassez de água é uma ameaça; se não soubermos utilizá-la de maneira eficiente esta ameaça se concretizará. A emissão de poluentes e a  exploração  irracional  da  agricultura  causam  danos irreversíveis  ao  ecossistema  e  a  toda  população  do planeta.O Brasil é um país com um potencial energético gigantesco. Por que dependemos tanto das hidrelétricas?O  problema  da  geração  de  eletricidade  no  Brasil realmente existe. Desde do apagão de �001, os riscos de um novo “apagão” - reais ou imaginários - rondam  o país. A produção de energia elétrica na quantidade necessária para  atender  às  necessidades  do  País  é  um  problema relativamente  simples.  Afortunadamente,  temos  um imenso  potencial  hidrelétrico  e  a  construção  de mais usinas - a tempo e hora - evitaria quaisquer sobressaltos. Apenas  ��%  do  potencial  hidrelétrico  do  País  foi utilizado até agora. Não dependemos, nessa área, nem de combustível nem de tecnologia importada. A energia hidrelétrica é renovável e limpa e, uma vez construídas, as usinas custam pouco para operar, em contraste com as  termoelétricas,  que  necessitam  de  combustíveis como  gás,  carvão  ou  urânio  enriquecido  (para  usinas nucleares). Hidreletricidade não necessita de subsídios e  compete  com  vantagens  com  a  eletricidade  que  é produzida de combustíveis fósseis. As outras energias 

renováveis,  como  a  eólica  (do  vento),  a  solar,  a geotérmica e outras (denominadas “novas renováveis”) ainda necessitam de subsídios.Qual e a maior dificuldade encontrada para incutir na população, de um modo geral, que é importante “poupar” o planeta?A situação social do nosso país é um grande dificultador. As  condições  gerais  de  saúde,  dadas    pelo  seu  nível relativamente  baixo  de  esperança  de  vida  ao  nascer, assim como a desigualdade social e atraso educacional, são problemáticas e podem exigir um tempo longo para alcançar os padrões de excelência internacionais.Mesmo  dentro  deste  quadro  algumas  comunidades estão  se  redefinindo,  tornando-se  mais  organizadas, com mais voz ativa e poder de influenciar a atividade empresarial.Os  efeitos  da  evolução  das  comunidades  sobre  as atividades empresariais  se dão desde a dificuldade de implantar fábricas em locais de preservação ambiental ou  de  interesse  social,  até  a  defesa  de  populações afetadas pela desativação de fábricas. Ou seja, repete-se  nas  comunidades  o  fenômeno  da  estruturação  da utilização dos direitos individuais.Na Islândia 80% da energia é renovável, graças, em grande parte, às usinas geotérmicas. Não temos vulcões em atividade, mas temos água, sol e vento em abundância. Qual a probabilidade de termos algo parecido por aqui?O  Brasil  é  maior  mercado  mundial  de  energias renováveis, de acordo com um relatório divulgado pelo Programa  das Nações Unidas  para  o Meio Ambiente (Pnuma).  Cerca  de  �6%  da  energia  utilizada  no  país vem de fontes renováveis, segundo a ONU. Além disso, “��% do poder de geração de energia do Brasil se deve às enormes usinas hidrelétricas do país e à indústria dos biocombustíveis, que já está há muito tempo instalada no território brasileiro”, diz o texto.De  acordo  com  o  relatório  “Tendências  Globais  de Investimentos em Energia Sustentável”, cerca de 90% dos automóveis novos no Brasil funcionam tanto com álcool  quanto  com  gasolina  (misturada  com  ��%  de etanol). No final  de  �00�,  diz  o  documento,  o  etanol representava mais de ��% do combustível consumido por veículos leves. D

�  ●  Olhar Sustentável

Page 9: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  9

EcologicasCamisas

Saiba por que elas vieram para ficar

A destinação correta dos  resíduos é um assunto bastante difundido. A adoção do conceito dos � Rs (redução, reutilização e reciclagem) é muito útil para as empresas que visam otimizar seus processos.     Um  seguimento  que  tem  buscado  soluções  in-teressantes  é  o  têxtil. A  úl-tima  novidade  é  a  camisa de  PET  reciclado.  Algumas empresas,  dentre  as  quais  a Nike,  têm  investido  em  tec-nologias para aproveitamen-to  deste material. Durante  a Copa do Mundo as seleções patrocinadas  pela  gigante estadunidense,  como  Bra-sil  e  Portugal,  envergarão uniformes  feitos  de  PET.  O início deste procedimento começa desde quando a gar-rafas são segregadas do lixo comum. Depois de recolhidas, passam por um pro-cesso de lavagem e separação por cores. Os rótulos, feitos de PS, e as tampas, de PP, não são utilizados no processo, por serem outros materiais. Passada essa  etapa,  as  garrafas  são  levadas  para  a  seca-gem, a etapa que antecede a trituração em moinho.   Após a  trituração, a matéria prima é  submetida a  uma  temperatura  de  �00  graus,  filtragem e  eliminação  de  impurezas.  Para  garantir  a 

qualidade e a pureza, o processo após a moagem é  repetido.  Por  fim,  a  resina  triturada  é  levada  à máquina  extrusora,  onde  serão  produzidos  os filamentos de poliéster. A fibra obtida  é  cerca de �0  %  mais  fina,  se  comparada  com  o  algodão. 

    Para  cada  camisa fabricada  pela  Nike  para os  selecionados  nacionais que  estarão  na  África  são utilizadas  oito  garrafas de  dois  litros.  No  Brasil existem  empresas  têxteis que  fabricam  a  camiseta ecológica, mas, ao contrário da  Nike,  combinam  o poliéster de PET com algodão.   As vantagens são inúmeras. Além  de  ser  um  produto ecologicamente  correto, gera  empregos  diretos  e 

indiretos,  desde  os  catadores  das  cooperativas até  os  funcionários  das  empresas  de  confecção. Estas  camisas  têm  uma  durabilidade  maior  com relação aos outros tecidos. Trata-se de uma malha de  secagem  rápida  e  confortável.  No  caso  das camisas  da Nike,  se moldam  ao  corpo  do  atleta, são 1�% mais leves e a circulação de ar é �% mais eficiente. Por fim, a economia de energia é de �0%.

Érick Cirqueira

D

Tendencia

Page 10: Revista Olhar Sustentavel

10  ●  Olhar Sustentável10  ●  Olhar Sustentável

Muitos  se  perguntam  como  é  possível  agir de  forma  sustentável  num  ramo  como  o 

alimentício. A resposta está nas decisões tomadas desde o  início do empreendimento. A arquitetura do  restaurante,  a  escolha  dos  fornecedores, a  compra  de  utensílios  e  o  descarte  final  de resíduos,  tudo  isso  contribui  –  e  muito  –  para criar  um  ambiente  agradável,  no  qual  é  possível ter  bons  momentos  sem  destruir  o  planeta.  Donos de restaurantes estão se adaptando a essa nova  realidade. Muitos  deles  já  incorporaram  os conceitos da sustentabilidade em seus negócios e perceberam que é possível suprir suas necessidades, 

desenvolver  a  reflexão  sobre  a  responsabilidade social  e  ainda  aumentar  seus  lucros. A  iniciativa deu origem a uma nova categoria de restaurantes ecológicos,  os  também  conhecidos  como “Restaurantes Verdes”, que incorporam a filosofia de  construção  ambientalmente  responsável, baseada em tecnologias que minimizam impactos durante  a  implantação  e  operação  das  unidades. Construídos  com  as  práticas  mais  avançadas  no campo  da  sustentabilidade  ambiental,  os  novos restaurantes  privilegiarão  o  emprego  de  energia limpa,  fontes  de  grande  eficiência  energética, reutilização  e  consumo  consciente  de  água, 

Combate ao desperdício de alimentos Laíze Ropelato

Sustentabilidade

à la carte

Page 11: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  11Olhar Sutentável  ●  11

além  do  uso  de  materiais  naturais,  renováveis, reciclados  e  de  produção  regionalizada.   O  funcionamento de um restaurante  tradicional implica em muitos gastos e desperdício de recursos naturais  e  algumas  atitudes  pensadas  durante  o projeto podem mudar esse quadro. As instalações da  cozinha,  onde  há  um  grande  consumo  de energia  e  água,  poderiam  ter  parte  dessa  energia elétrica  substituída  pelo  fornecimento  alternativo de  energia  solar.  Muitos  estabelecimentos, inclusive,  dependendo  de  sua  estrutura,  criam estufas  nos  telhados  destinadas  a  plantação  de “tomatinhos” e temperos. Tudo é colhido na hora da preparação das refeições. Além disso, os filtros convencionais,  de  água  encanada,  deverão  ser usados no preparo dos pratos. As minerais  engarrafadas  são destinadas apenas aos clientes.    O processo de preparação da  comida  até  seu  produto  final, um  delicioso  prato,  exige consciência  na  escolha  dos fornecedores  e  ingredientes, capacitação  da  equipe  e comprometimento  com  os custos.  Nesta  fase  é  muito comum  o  desperdício  de  alimentos,  geração  de resíduos  sólidos  e  efluentes  líquidos.  É  preciso levar em conta, na contratação dos  fornecedores, a  responsabilidade  social  do  restaurante.  A princípio,  comprar  de  um  grande  fornecedor pode  ser  até  mais  cômodo,  porém,  comprar  de pequenos  produtores  ou  cooperativas  locais, que  apresentem  a  mesma  qualidade,  tem  várias vantagens:  negociação  dos  preços  diretamente com quem produz; alimentos mais frescos – se a encomenda  vem  de  um  produtor  ou  cooperativa próxima ao restaurante é evitado o grande percurso que o alimento  faz, o que acaba comprometendo a  qualidade;  além  de  subsidiar  várias  famílias. Roberta  Sudbrack,  chef  e  dona  do  restaurante carioca  RS,  afirma  que  ser  sustentável  significa ter  responsabilidade  e  fazer  “uma  gastronomia que não  trabalha só em cima de receitas, mas de pensamento,  reflexão  e  responsabilidade  social”. 

    Para  aproveitar  as  frutas  e  verduras  da  época, o  ideal  é  trocar  o menu  a  cada  quatro meses. A preparação de molhos, pães e temperos poderá ser feita no próprio estabelecimento.  Isso diminui os impactos ambientais e ainda acrescenta muito mais sabor  ao  prato. Outra  boa  alternativa  é  associar-se  aos  restaurantes  vizinhos  e  compartilhar  o mesmo  serviço  de  entregas,  pois  os  custos  são divididos  e  ainda  contribui  para  diminuir  as emissões  atmosféricas  causadas  pelo  transporte na  cidade.  Com  relação  ao  lixo  produzido,  é importante incorporar o conceito da coleta seletiva de resíduos, com separação e aproveitamento dos recicláveis.  As  sobras  de  comida  podem  virar adubo, garrafas plásticas podem ser substituídas por 

garrafas  de  vidro  retornáveis e  o  papel  reciclável  passa por  um  reprocessamento com  a  finalidade  de  gerar novos  produtos.  Uma cooperativa  poderia  ficar responsável  por  recolher todo  o  material  reciclável produzido  pelo  restaurante.       Até mesmo na decoração do  ambiente  é  possível  ter 

uma  atitude  sustentável.  Os  móveis  podem  ser feitos  a  partir  de  madeira  de  reflorestamento, certificada ou de demolição, o que contribui para que  haja  menos  desmatamento.  Bambu,  vime, taboa  são materiais  alternativos que  servem para fazer mesas,  cadeiras  e  decorações  em geral. Os pisos  também  podem  ser  de  material  reciclado, feitos  com  compostos  de  concreto  e  borracha, e até de vidro de  lâmpadas fluorescentes. A  tinta ecológica,  de  base  mineral,  dispensa  o  emprego de  massa  corrida.  O  cimento  utilizado  na  obra pode  ser  do  tipo CP  III,  que  emprega  de  ��%  a �0% da escória resultante da fundição de minério.  Um  restaurante  que  cria  o  hábito  do  “ser sustentável”  pode  levantar  essa  discussão entre  seus  funcionários,  fornecedores  e  até mesmo  seus  frequentadores.  Além  das  delícias gastronômicas, o meio ambiente também agradece. 

D

Sustentabilidade

Page 12: Revista Olhar Sustentavel

1�  ●  Olhar Sustentável

Uma floresta no meu quintal

Oasis na cidade grande

Em  uma  propriedade  localizada na  Grande  São  Paulo,  mais 

precisamente na cidade de Mairiporã, existe  aquilo  que  parecia  não  existir mais:  uma  casa  com  uma  floresta, ou  melhor,  um  quintal  com  �0 hectares.  Os  donos  desse  paraíso são  Eugenio  Victor  Follmann,  um engenheiro  austríaco  e  sua  esposa Kirsten,  que  ajuda  na  preservação dessa  parte  tão  especial  da  casa.     O  engenheiro  possui  uma Reserva Particular  do  Patrimônio  Natural 

(RPPN),  que  ocupa  cinco  dos vinte  hectares  de  sua  propriedade, carinhosamente  batizada  de  Sitío Capuavinha. Como a área é protegida, não se pode nem mesmo derrubar uma árvore. Nem seus filhos poderão fazê-lo,  pois  o  registro  de  uma  RPPN  é perpétuo e irrevogável. É comum o casal se deparar com animais silvestres, tais como macacos, teiús e porcosespinhos. Não  podemos  deixar  de  citar  as cachoeiras e mananciais existentes na área,  que  são  um  espetáculo  à  parte.

Erick Cirqueira

1�  ●  Olhar Sustentável

Ecologia

Page 13: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  1�

Uma floresta no meu quintal

Oasis na cidade grande

    Para  transformar  uma  propriedade  em  reserva particular o interessado deve atender os seguintes pré-requisitos:  nessa  área  deve  haver  animais ameaçados  de  extinção,  nascentes,  afluentes  de rios ou mananciais  e vales de  formação  rochosa. Superada esta  fase o  responsável deverá  solicitar o  trabalho  de  um  topógrafo  –  profissional  que cuida  da  parte  de  descrição  ou  delineação minunciosa  de  uma  localidade  –.  Após  serem feitas  as  medições  do  terreno,  vem  a  parte mais  burocrática,  a  homologação.  Após  esse procedimento essa área de deve ser usada apenas para fins de pesquisas educacionais ou para turismo.   No Mato Grosso do Sul também é possível encontrar uma área preservada, existente há �0 anos, e fica localizada no município de Dois Irmãos de Buriti. A RPPN da Fazenda Lageado tem 1�,�� mil hectares e  foi  criada  no  mesmo  ano  do  Decreto  Federal 9�.91�, que regulamenta as RPPNs, publicado em �1 de  Janeiro de 1990. Somente nessa  região do Cerrado, onde fica a Lageado, já é possível localizar 1�� áreas protegidas Após o Decreto  totalizamos mais  de  900  reservas  particulares  implantadas.    Quem  confere  o  registro  de  RPPN  em  nível nacional é o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade). No entanto, muitos Estados e municípios  têm sua própria  legislação. Quando o gestor João Rizzieri resolveu transformar 

em reserva a área de �� hectares que herdou do pai, teve que esperar cerca de dois anos para conseguir o  registro.  ”Era  uma  burocracia  muito  grande”, afirma João, que também que é engajado em projetos ambientais. Se o ICMBio demora, em média, um ano para conceder o  registro,  em São Paulo, que tem legislação própria, o prazo dura até 1�0 dias.    Um dos poucos incentivos fiscais para quem tem uma  RPPN  é  que  a  parte  do  terreno  dedicada  à reserva é isenta do ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial  Rural).  Outra  vantagem  é  que,  caso precise de financiamento agrícola, o dono de uma fazenda  em  que  haja  uma  reserva  particular  tem prioridade ao crédito em relação a outros agricultores.    Uma  iniciativa  foi  criada  para  incentivar,  em �00�,  atitudes  sustentáveis  nestas  áreas.  Foi implantado  o  Programa  de  Incentivo  às  RPPNs da Mata Atlântica,  já que, do que restou dela, �0 %  são  de  áreas  particulares.  Na  Caatinga  e  no Pantanal  existem  iniciativas  semelhantes,  que impulsionam quem, como o engenheiro Follmann, quer cuidar da sua própria floresta. Follmann, aliás, tem enfrentado problemas desde a criação da sua RPPN, que enfrenta pelo menos um incêndio por ano. “As pessoas que põem fogo aqui não percebem que não estão destruindo algo meu, e sim, delas”, lamenta o austríaco, que não desiste: “Quando está na medula,  não  tem  como  voltar  atrás”,  conclui.

Eugenio Victor Follmann e Kirsten em sua reserva

“As pessoas que põem fogo aqui não percebem que não estão destruindo algo meu, e sim, delas”

Eugenio

Olhar Sustentável  ●  1�

D

Page 14: Revista Olhar Sustentavel

1�  ●  Olhar Sustentável

Energia Nuclear: uma medida para conseguirmos mais tempo

Fernando Lima

1�  ●  Olhar Sustentável

Em �001, a ameaça do apagão elétrico, durante o governo FHC, só não foi uma catástrofe porque 

o  Brasil  cresceu  pouca  coisa  graças  à  conjuntura econômica mundial. Sem energia os preços sobem, os investimentos descem e os pobres continuam pobres.  Para que não existam cenários similares em várias partes do mundo, o ser humano já criou diversas fontes de energia. A energia nuclear é, de longe, o meio mais polêmico de todos. Afinal, seu passado lhe condena: a  fissão  dessa  energia  é  a  tecnologia  que  gerou  a conhecida  bomba,  usada  em Hiroshima  e Nagasaki (pelo menos 1�0 mil mortos em menos de 10 segundos no ano de 19��) e que deixou um ar bem quente durante a Guerra Fria e que, nos anos �0, matou �� operários no acidente da usina de Chernobyl, na Ucrânia. A ONU estima que pelo menos � mil pessoas foram vítimas de doenças causadas por conta dessas reações químicas.    Mesmo  comprovado  que  o  acidente  foi  por  erro 

Polemica

Sr. Burns, o vilão que pode salvar o mundo

Page 15: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  1�

humano, Chernobyl fez com que a energia nuclear se tornasse sinônimo de desgraça e destruição. Ambientalistas fizeram dela sua principal inimiga. Tanto que o desenhista Matt Groening criou  o  Sr.Burns,  um  empresário  louco  por  dinheiro  e  sem coração,  considerado por muitos o vilão de  “Os Simpsons”. Então,  energia nuclear não  seria mais uma opção. Enquanto usinas nucleares fechavam, plataformas de extração de petróleo e usinas termoelétricas de carvão foram crescendo. Cresceram tanto que, hoje, fizeram a raça humana de refém, num mundo onde o aquecimento global é o grande problema. Fizemos um gigante  adormecer  e  acabamos  acordando  um  ainda  maior.    James  Lovelock,  90  anos,  ambientalista  inglês  criador  da Hipótese  Gaia,  na  década  de  �0,  defende  a  idéia  de  que  a Terra seja um organismo vivo. Em seu último livro, defende abertamente a expansão da energia nuclear para evitar danos ainda  maiores  na  natureza.  Segundo  ele,  tratados  como  o  Protocolo  de  Kyoto  –  compromisso  dos países de diminuírem suas emissões de gás carbônico na atmosfera – são nada mais que uma maneira política para os governantes ganharem tempo enquanto não sentem na pele a dimensão do problema.  Lovelock não foi o único a caminhar para o outro lado da força, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) em Cambridge, EUA, passou a apoiar e acreditar na nova fonte de energia. “Atualizem sua visão sobre o tema”, alerta Patrick Moore, um dos fundadores de Greenpeace ao jornal americano Washington Post.   Por  isso,  vale  lembrar  que  os  ambientalistas,  políticos,  economistas,  executivos,  civis  de  todo planeta  estão  juntos  na  causa,  até  mesmo  porque,  se  a  Terra  continuar  a  aquecer,  destruindo calotas  polares,  subindo  o  nível  do  mar,  superaquecendo  cidades  inteiras  e  devastando  a  natureza, a  fisionomia  do  planeta  pode  se  tornar  bem  mais  feia  do  que  o  rosto  enrugado  do  Sr.  Burns.

“A única forma de energia imediatamente acessível que não causa aumento de temperatura é a nuclear. Não temos tempo para experimentar” - James Lovelock, médico, biólogo, pesquisador e ambientalista inglês.

Nuclear Ponto  forte  -  Não emite  gases  que causam  o  efeito estufa,  por  isso  não contribui  com  o aquecimento global.Ponto fraco - Requer uma  solução  de milhares de anos para o armazenamento do lixo  nuclear  e  pode facilitar  a  produção de bombas.

BiomassaPonto  forte  -  É uma  energia renovável, que pode ser  consumida  e replantada, liberando menos  carbono  que o petróleo.Ponto  fraco  -  Não é  eficiente  para  a produção de energia elétrica: exige muita cana-de-açúcar  para poucos  watts  de potência.

HidrelétricaPonto forte - Energia barata  e  limpa:  a manutenção  custa pouco  e  a  represa emite pouco carbono na atmosfera.Ponto  fraco  - Fonte  limitada pela  natureza:  seu potencial  tende  a diminuir  com  o tempo  –  e  pode ser  afetado  pelo aquecimento global.

Eólica Ponto  forte  -  Não polui  e  causa pouco impacto  ambiental (não  exige  grandes espaços alagados ou com plantações).Ponto  fraco  - Como o vento não pode ser represado, é uma en-ergia  imprevisível, vulnerável       a   oscilações  climáti-cas.

SolarPonto forte - A luz é gratuita  e não emite gases  do  efeito estufa.Ponto  fraco  - Necessita de grandes extensões  para  a produção  de  pouca energia,  e  só  faz sentido  em  locais com forte incidência de luz solar.

Olhar Sustentável  ●  1�

Os pontos fortes e fracos de cada tipo de energia

D

Page 16: Revista Olhar Sustentavel

16  ●  Olhar Sustentável16  ●  Olhar Sustentável

Tecnologia

Aperto de maos: tecnologia e sustentabilidade.

Diferente do que pregam os filmes, é impossível prever as últimas horas da Terra, mas dá para 

acreditar que estamos cada vez mais próximos do fim. Talvez a  raça humana consiga se adaptar; a Terra, por sua vez, não. Reciclar, economizar e não desperdiçar são práticas que ajudam, mas o que vai salvar o planeta do super aquecimento é a tecnologia.  As  eras  da  humanidade  foram  bastante abrangentes:  tempos  das  caças,  tempos  das plantações,  tempos  de  religiosidade,  tempos  das comunicações  e  estamos  claramente  vivendo os  tempos  das  tecnologias.  Se  você  já  ouviu que o  aquecimento global  é um problema, pode acreditar que é. O mundo está mais quente e isso é incontestável. Apesar disso, nós não paramos de comer carne, continuamos demorando no banho, não plantamos árvores ou começamos a criar gado.   Acontece  que,  ainda  assim,  o  mundo  tem salvação. A  teoria é de Ted Nordhaus e Michael Schellenberger, autores do  livro Break Through: From the Death of Environmentalism to the Poli

Fernando Lima

Ecossistema artificial 

Page 17: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  1�Olhar Sustentável  ●  1�

de arquitetura James Law, responsável pelo projeto.   Várias  empresas  já  adotam o  conceito,  não  só por  publicidade  ante  a  sociedade,  mas  também por causas financeiras e, principalmente, redução de custos. Um gigante no ramo de higiene pessoal mudou o formato das embalagens de um xampu, economizando  o  equivalente  a  1�  milhões  de recipientes por ano; shoppings estão trocando seus vasos sanitários por novos modelos que consomem 6 litros de água por descarga (os modelos domésticos consomem  perto  de  �0  litros  por  descarga).   O autor do livro Present at the Future, Reggie Mc  Neil,  é  ainda  mais  ambicioso.  Segundo  ele “as  oportunidades  econômicas  nas  tecnologias limpas e a ‘energia verde’ prosperarão e gerarão dinheiro  de  uma  maneira  tão  extrema  que fará  com  que  a  ascensão  tecnológica  do  Vale do  Silício  nos  anos  90  pareça  brincadeira  de criança”.  Parece  que  Sergey  Brin  e  Larry  Page concordam. Afinal,  a  dupla  criadora  da  gigante Google  já  investe  bilhões  em  ‘energia  limpa’. 

tics  of  Possibility  (sem  versões  em  português). Em  outras  palavras:  você  não  precisará  deixar o  carro  em  casa  e  andar  só  de  bicicleta  mas, dentro de alguns anos, os carros serão movidos a álcool produzido a partir de uma planta qualquer ou  pela  eletricidade.  Os  combustíveis  fósseis, responsáveis  por  ��%  dos  gases  emitidos  na atmosfera,  darão  lugar  aos  vindos  de  fontes  de energia  renováveis.  A  energia  elétrica  que  hoje vem  em  grande  parte  das  usinas  hidrelétricas, virá também de outras fontes, como energia solar, eólica,  de  hidrogênio  ou,  até  mesmo,  nuclear.     Ou seja, a  receita é simples: basta  investir em novas  tecnologias  e  logo  teremos  um  mundo tecnologicamente sustentável como, por exemplo, o projeto do edifício “Estrela da Morte” (nome dado a partir do seu  formato arredondado, que  lembra a  Death  Star  da  saga  Star  Wars)  construído  na cidade de Dubai, nos Emirados Árabes, e leva uma arquitetura ecologicamente correta. “O prédio em forma de globo tem painéis solares, reaproveitamento de  água  e  até  do  vento”,  garante  o  escritório 

Aperto de maos: tecnologia e sustentabilidade.

D

Page 18: Revista Olhar Sustentavel

1�  ●  Olhar Sustentável

Como obter o

Selo VerdeNum mundo onde a imagem positiva é importante na hora de angariar consumidores, ter um “selo verde” pode fazer a diferença. Saiba o que fazer para a sua empresa obter um Certificado ISO 14000

Para  uma  empresa  obter  um  certificado ISO  1�000  deverá  possuir  um  Sistema  de 

Gerenciamento Ambiental (SGA)A  ISO  1�000  é  uma  norma  elaborada  pela International  Organization  for  Standardization, com sede em Genebra, na Suíça, que  reúne mais de  100  países  com  a  finalidade  de  criar  normas internacionais.  Cada  país  possui  um  órgão responsável  por  elaborar  suas  normas. No Brasil temos  a  ABNT,  na  Alemanha  a  DIN,  no  Japão o  JIS,  só  para  citar  alguns  exemplos.  A  ISO  é internacional  e,  por  essa  razão,  o  processo  de elaboração das normas é muito lento, pois leva em consideração  as  características  e  as  opiniões  de vários países membros.Todo o processo de elaboração da ISO 1�000 foi semelhante  ao  que  aconteceu  com  a  ISO  9000  - Normas para o Sistema de Gestão da Qualidade. Na  verdade,  é  um  erro  dizer  que  uma  empresa recebeu  o  certificado  ISO  9000,  pois  não  existe certificação baseada nesta norma, mas sim na 9001, 900� ou 900�. A ISO 9000 estabelece as diretrizes para  selecionar  qual  norma  deve  ser  usada  em determinada  empresa,  enquanto que  a  ISO 9001, 900� e 900� são as normas que determinam quais 

são  as  especificações/requisitos  que  as  empresas deverão  seguir  e  atender  para  que  possam  obter a  certificação  através  de  auditoria  realizada  por um  organismo  certificador,  preferencialmente  de idoneidade reconhecida.A ISO 1�000 segue a mesma sistemática, ou seja, não haverá certificação ISO 1�000, mas sim uma certificação  baseada  na  1�001,  norma  esta  que  é a  única  da  família  ISO  1�000  que  permitirá  ter um  certificado  de  Sistema  de  Gerenciamento Ambiental (SGA).A  ISO  1�000  -  Sistema  de  Gestão  Ambiental -  Especificações  com  Guia  para  uso,  estabelece requisitos  para  as  empresas  gerenciarem  seus produtos e processos para que eles não agridam o meio ambiente, que a comunidade não sofra com os  resíduos  gerados  e  que  seja  beneficiada  num aspecto amplo.Então,  para  a  empresa  obter  um  certificado  ISO 1�000,  ou  melhor,  certificado  ISO  1�001,  é necessário que atenda as seguintes exigências:

Política ambientalA direção da empresa deve elaborar uma política ambiental  que  demonstre  comprometimento  com 

Marcos Antônio Teixeira

Page 19: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  19Olhar Sustentável  ●  19

o meio ambiente, com os requisitos legais e outros itens por ela subscritos, com a comunicação entre as  partes  interessadas,  entre  outros,  represente seus produtos e serviços, que seja divulgada entre os  funcionários e a comunidade. Neste aspecto a direção  deve  demonstrar  que  está  comprometida com o cumprimento legal dessa política, além de buscar o melhoramento contínuo do desempenho ambiental da empresa.

Aspectos ambientaisA  organização  precisa  ter  procedimentos  que permitam  identificar,  conhecer,  administrar  e controlar os aspectos e impactos ambientais, sejam eles positivos ou negativos, diretos e indiretos.

Exigências legaisDeve desenvolver uma sistemática para obter e ter acesso  a  todas  as  exigências  legais  pertinentes  à sua atividade. Essas exigências devem ficar claras à  direção  da  empresa  e  devem  ser  cumpridas. Os  funcionários  devem  conhecê-las,  e  também a  documentação  necessária  para  o  seu  pleno cumprimento.

Objetivos e metasÉ de sua responsabilidade criar objetivos e metas que  estejam  alinhados  com  o  cumprimento  da política  ambiental  que  foi  definida. Esses  devem refletir os aspectos ambientais, os resíduos gerados e seus impactos no meio ambiente. Também deve considerar  exigências  legais  e  outros  aspectos inerentes ao próprio negócio. 

Programa de gestão ambientalA organização deve  ter um programa estruturado com  responsáveis  pela  coordenação  e implementação de  ações que  cumpram o que  foi estabelecido na política ambiental e as exigências legais,  que  atinjam  os  objetivos  e  metas  e  que contemplem o desenvolvimento de novos produtos e novos processos. Este programa deve, inclusive, prever ações contingenciais, associadas aos riscos envolvidos e aos respectivos planos emergenciais.

Estrutura organizacional e responsabilidadeO Programa de Gestão Ambiental deve integrar as funções  dos  funcionários  da  empresa,  através  da descrição de cargos e funções relativas à questão ambiental. A empresa deve possuir um organograma que demonstre que  suas  inter-relações estão bem definidas  e  comunicadas  em  toda  a  empresa. A  direção  da  empresa  deve  definir  um  ou  mais profissionais para que sejam os representantes dos assuntos específicos da Gestão Ambiental.

Conscientização e treinamentoO  Programa  de  Gestão  Ambiental  deve  prover treinamento  aos  funcionários  com  atribuições  na área  ambiental,  para  que  estejam  conscientes  da importância do cumprimento da política ambiental, das  exigências  legais  e  de  outras  definidas  pela empresa.  O  treinamento  também  deve  levar  em consideração  todos  os  impactos  ambientais  reais ou  potenciais  associados  as  suas  atividades  de trabalho.

Parceiros comprometidos e responsáveisÉ  de  extrema  importância  que  a  empresa  conte com parceiros prestadores de  serviços que  sejam ambientalmente  responsáveis.  De  nada  adiantará ter um controle  interno rigoroso e eficiente sobre seus resíduos se a empresa contratada para removê-los não destiná-los corretamente.

ComunicaçãoA  empresa  deve  possuir  uma  sistemática  para enviar  e  receber  comunicados  relativos  às questões  ambientais  para  seus  funcionários  e  a comunidade.

Documentação do Sistema de Gestão AmbientalÉ  necessário  elaborar  um  Manual  do  Sistema de  Gerenciamento  Ambiental  que  contenha  as suas  exigências  ambientais,que  contemple  seu escopo, dentro das especificações do seu ramo de atividade.

Page 20: Revista Olhar Sustentavel

�0  ●  Olhar Sustentável�0  ●  Olhar Sustentável

Controle de documentosA empresa deve manter um sistema bem parecido com o  controle  de  documentos  da  ISO 9000,  ou seja, procedimentos para que todos os documentos sejam controlados e assinados pelos responsáveis, com acesso fácil aos interessados, para mantê-los atualizados, identificados, legíveis e armazenados adequadamente. Os documentos obsoletos também devem ser retirados do local para que seja evitado seu uso indevido.

Controle operacionalA organização precisa ter procedimentos para fazer inspeções  e  o  controle  dos  aspectos  e  impactos ambientais  significativos,  quando  pertinente  para cumprir as exigências legais, e suas emergências, inclusive  procedimentos  para  a  manutenção  e calibração  dos  equipamentos  que  fazem  esse controle.

Situações de emergênciaA  empresa  deve  possuir  procedimentos  para prevenir,  investigar  e  responder  em  caso  de situações de emergência. Também deve ter planos e funcionários treinados para atuar nestas situações.

Monitoramento e avaliaçãoA organização deve  ter um programa para medir o desempenho ambiental através da  inspeção das características de controle ambiental e calibração dos  instrumentos  de  medição  para  que  atendam aos objetivos e metas estabelecidos.

Não conformidade, ações corretivas e ações preventivasA empresa deve definir responsáveis com autoridade para  investigar  as  causas  das  não-conformidades ambientais e tomar as devidas ações corretivas e/ou preventivas.

RegistrosA organização precisa arquivar todos os resultados de auditorias, análises críticas relativas às questões ambientais.  O  objetivo  de  ter  esses  registros é mostrar  e  provar,  a  quem quer  que  seja,  que  a 

empresa  possui  um  sistema  conforme  o  que  é exigido pela norma.

Auditoria do Sistema da Gestão AmbientalÉ preciso ter um programa de auditoria ambiental periódica e os resultados das auditorias devem ser documentados e apresentados à alta administração da empresa.

Análise crítica do Sistema de Gestão Ambiental (SGA)Baseado nos  resultados da auditoria do SGA,nos resultados  do  monitoramento  e  medição,  nas planilhas de objetivos e metas, a organização deve analisá-lo de maneira crítica, a fim de promover, se for o caso, as devidas alterações, para que atenda as exigências do mercado, clientes, fornecedores e aspectos legais, na busca da melhoria contínua.

Vá além:Você pode obter a norma no site da ABNT (www.abnt.org.br)

*Colaborou para esta matéria Deivid da Conceição, Gestor Ambiental da Vedatec – Vedações Técnicas Ltda.

D

Page 21: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  �1

LideranCa Situacional

O que é e como você pode utlizá-la

Artigo: Marcos Antonio Teixeira

Enchentes  em Santa Catarina;  tempestades  no Rio  de  Janeiro;  ondas  de  calor  ou  nevascas 

torrenciais  no  hemisfério  Norte. As  recentes  ca-tástrofes naturais não ocorreram por acaso, foram a natureza vociferando por causa do descaso acumu-lado por décadas. A temperatura média dos oceanos sobe a cada ano, gradual e perigosamente, pela ação do que se convencionou chamar de efeito estufa.   É consenso, entre os cientistas de  todas as par-tes  do  globo,  que  esses  fatos  estão  diretamente relacionados  ao  aquecimento  global. Consequên-cia,  sobretudo,  da  queima  de  combustíveis  fós-seis,  que  são os derivados do petróleo. Esse  tipo de  queima  gera  gases  como  o  ozônio,  dióxido de  carbono,  metano,  óxido  nitroso  e    monóxido de  carbono,  que  são  de  difícil  dispersão.  Eles formam  uma  barreira  que  dificulta  a  dissipa-ção  do  calor,  gerando  o  já  citado  efeito  estufa.  A relação “causa e efeito” é implacável. Uma vez que  a  temperatura  dos  oceanos  sobe,  as  calotas polares  derretem. Além  do mais,  calor  causa  di-

latação e com a água não é diferente, seu volume aumenta. Esta é a causa. O efeito é o avanço dos oceanos na direção das cidades litorâneas, além da maior  evaporação das  suas  águas,  que  aquece  as correntes de ar. Ao entrarem em contanto com as correntes de ar frio que vêm dos pólos, tornados e furações são formados, causando cada vez mais es-tragos. Isso explica o porquê de o Brasil, até pouco tempo incólume, ter entrado na rota dos furacões.    O mundo  já  abriu os olhos para o que  já deix-ou  de  ser  ameaça.  Ações  visando  a  diminuição da emissão dos gases que causam o efeito estufa, seja pela ação das queimadas, seja pela queima de combustíveis  fósseis,  estão  sendo discutidas. Em 199�  teve  lugar  no  Japão  uma  conferência mun-dial  que  reuniu  líderes  de  mais  de  1�0  países. Eles  assinaram  o  Protocolo  de  Kyoto,  conjunto de  ações  legais  que  estipulou  a  diminuição  em �,�%  da  emissão  de  gases  estufa,  em  relação aos  níveis  de  1990,  entre  �00�  e  �01�.  No  en-tanto  os  Estados  Unidos,  maiores  responsáveis 

Olhar Sustentável  ●  �1

Page 22: Revista Olhar Sustentavel

��  ●  Olhar Sustentável

D

pela  emissão  desses  gases,  se  negaram  a  assiná-lo  pelo  impacto  que  causaria  na  sua  economia.    Em  dezembro  do  ano  passado,  em  Copenh-ague, ocorreu a 1�ª Conferência das Nações Uni-das  sobre Mudança  do Clima. Embora  tenha  en-contrado  os  mesmos  entraves  vistos  no  Japão (com o reforço da União Europeia), o que se viu na  capital  dinamarquesa  foi  o  levante  dos  países emergentes,  entre  os  quais  o Brasil,  pela  adoção de  medidas  emergências. Além  disso,  nomes  de peso,  como  o  ex-Vice-Presidente  estadunidense e Prêmio Nobel da Paz Al Gore  e o  cineasta  ca-nadense  James Cameroon,  estão  engajados  nesta luta, o que confere um peso ainda maior à questão.    Novas fontes de energia são buscadas incessante-mente. Em Portugal,  o  governo de  José Sócrates determinou,  em  �006,  que  se  busque  um  cresci-mento  econômico  mais  eficiente  a  partir  do  uso de  fontes  de  energia  renováveis  e  da  diminuição da emissão dos gases causadores do efeito estufa. Na  Islândia,  do  impronunciável  vulcão  Eyjafjal-lajökull, �0% da energia do país é renovável, sendo �0% desse  total gerado por usinas geotérmicas e �0% das usinas hidrelétricas, e o intuito é que, num futuro bem próximo, se alcance a totalidade do que é consumido no país. No Brasil, o nosso Etanol já abastece  100%  dos  carros  fabricados  a  partir  de �00� e o Biodiesel brasileiro é a alternativa mais eficiente ao óleo diesel extraído do petróleo, pois é  renovável  e  biodegradável. Ainda  assim,  a  ex-ploração de energias renováveis, como a eólica e a  solar  ainda  está muito  aquém do  seu  potencial   Outra forma que poderia – e deveria – ser bem mais difundida pelas terras tupiniquins é a recicla-gem do lixo. A coleta seletiva, que é a forma mais eficaz  e  o  pontapé  inicial  para  que  se  aproveite melhor  o  que  se  joga  fora,  é  pouco  incentivada pelas prefeituras, salvas raríssimas exceções, e está presente em menos de 10% dos  lares brasileiros.    Como  se  pode  ver,  não  dá  mais  para  esperar que as autoridades decidam pelo nosso futuro. As ações devem partir de dentro para fora. Um grande passo já foi dado: cada vez mais as empresas estão buscando as chamadas soluções verdes para seus processos  produtivos,  uma  vez  que  os  consumi-

dores  estão  preferindo  os  produtos  e  serviços  de empresas que, de alguma forma, compensem o im-pacto  que  suas  ações  causam  ao meio  ambiente. É uma postura recente, já que os antigos gestores foram educados  sob  a  premissa  de que  sua prin-cipal  atribuição  era  garantir  o  lucro  aos  acioni-stas.  Como  o  tema  nunca  esteve  tão  em  voga, uma  nova  geração  de  líderes  e  empreendedores tem  os  olhos  voltados  para  a  sustentabilidade.   Assim, cabe ao  líder o papel de conduzir  todos os envolvidos neste tipo de processo, que envolve desde a quebra de antigos paradigmas até a con-scientização dos moradores da região. É um pro-cesso complicado, já que envolve, sobretudo, pes-soas. Pessoas não são como máquinas, que agem de acordo com a sua programação. Agem de forma diferente,  pensam  de  maneiras  distintas,  trazem junto de si  toda uma carga emocional e bagagem sócio-cultural  peculiar.  E  ainda  possuem  mais um  complicador:  mesmo  em  situações  iguais,  o mesmo  indivíduo  pode  agir  de  forma  diferente, dada  a  oscilação  de  humor,  inerente  a  todos.   Isso posto, entra em cena o líder situacional. Este perfil de liderança exige ações condizentes ao pan-orama apresentado. Ele pode ser mais cordial com seus comandados se o andamento do processo esti-ver dentro de um cronograma previamente estabe-lecido e se não houver ruídos potencialmente perigo-sos para o êxito da tarefa. Caso contrário, poderá exercê-la de forma mais dura, hostil, centralizado-ra. Para que seja bem-sucedido, o líder situacional deve passar segurança aos seus comandados, que o verão como um exemplo a ser seguido e nele confi-arão. Como nem sempre as ações são iguais, a res-posta do líder, obviamente, também tende a mudar.    Não  é  necessário,  tampouco  cabível,  esperar que as mudanças partam do governo, na forma de leis,  ou  das  empresas,  como  ferramenta  para  an-gariar  mais  consumidores.  Deve  pois,  partir  de cada  um,  a  partir  da  própria  casa,  do  bairro,  da comunidade.  Exemplos  existem  e  estão  aí  para serem vistos e seguidos. Basta-nos boa vontade e a  consciência  de  que  o  planeta  clama  por  ajuda. Pode  demorar,  mas  já  dizia  Mao  Tse-tung,  uma grande  caminhada  começa  no  primeiro  passo. 

��  ●  Olhar Sustentável

Page 23: Revista Olhar Sustentavel

Olhar Sutentável  ●  ��

Page 24: Revista Olhar Sustentavel