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passear Nº. 35 . Ano III . 2014 . PVP: 2 € (IVA incluído) Um dia em Ponte de Lima CRÓNICA Campos do Mondego sente a natureza Onde Dormir Quinta de Cartemil ENTREVISTA Paulo Sousa EQUIPAMENTO App Rewind Cities Lisbon Baterias portáteis Garmin fénix™ 2 DESTINO Jardim Público em Évora

Revista Passear Versão Gratuita Nº35

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Revista Digital Passear Versão Gratuita Nº35

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passearNº. 35 . Ano III . 2014 . PVP: 2 € (IVA incluído)

Um dia em Ponte de Lima

CRÓNICA

Campos do Mondego

sente a natureza

Onde DormirQuinta de Cartemil

ENTREVISTAPaulo Sousa

EQUIPAMENTOApp Rewind Cities LisbonBaterias portáteisGarmin fénix™ 2

DESTINOJardim Público em Évora

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Registada na Entidade Reguladorapara a Comunicação Socialsob o nº. 125 987

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Capa Fotografia

Um dia em Ponte de Lima

(pág. 16)

Correspondência - P. O. Box 242656-909 Ericeira - PortugalTel. +351 261 867 063www.lobodomar.net

Director Vasco Melo GonçalvesEditor Lobo do MarResponsável editorial Vasco Melo GonçalvesColaboradores Catarina Gonçalves, Luisa Gonçalves....

Grafismo

Direitos Reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países

Publicidade Lobo do MarContactos +351 261 867 063 + 351 965 510 041e-mail [email protected]

Contacto +351 965 510 041emal: [email protected]/lobodomardesign/comunicar

www.passear.com

Alto Minho, uma região de excelênciaDurante o mês de Junho tivemos a oportunidade de efetuar alguns trabalhos na região do Alto Minho tendo sido a nossa base a vila de Ponte de Lima. É, sem dúvida, uma região de excelência para o turismo de Natureza e Cultural fruto da existência do Parque do Gerês e do magnífico rio Lima bem como do vasto património edificado repleto de história e tradição. Para além dos valores que referi temos ainda uma gastronomia de qualidade e, o mais importante de tudo, pessoas hospitaleiras com grande capacidade de comunicação e uma cultura fora do comum. Foi interessante verificar que já existem algumas empresas de animação turística a operarem na região mas, como referiu o Dr. Paulo Sousa da C.M. de Ponte de Lima, faltam projetos estruturantes e com dimensão que envolvam os diferentes concelhos num desígnio comum de desenvolvimento da região.Nas vossas férias não se esqueçam de fazer fotografias e escrever apontamentos sobre os passeios que efetuarem. Em breve vamos desafia-los a mostrar as vossas “reportagens”.

Bons passeios e boas férias.

[email protected]

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Sumário

04 ASSINATURA Passear

06 Atualidades

16 Um dia em Ponte de Lima

30 Entrevista: C.M. Ponte de Lima

38 Onde Dormir

40 Crónica: Coimbra e região

46 Passear

No jardim Público em Évora

54 Castelo de Portugal

Évora- Monte

64 Equipamentos

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Edição Nº.35

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passearsente a natureza

byNº.10 . Ano I . 2012

Ericeira – S. Lourenço – EriceiraUma CAMINHADA de contrastes

Destino

Cidades e vilas medievais Crónicas do Gerês

Leitura deturpada da Portaria

Ecovia Lisboa a BadajozAS VIVÊNCIAS DE FRANCISCO MORAIS

Ligação Angola a MoçambiqueA aventura em BTT de PEDRO FONTES

edição digital

passearsente a natureza

byNº.11 . Ano I . 2012

Castelos de Portugal

Alcácer e Viana do Alentejo

CaminhadaTrilho da Mesa

dos 4 Abades

Passeio Parque da Espanha Industrial

KayakVolta Ibérica

Ecovia 2Reconhecimento na Serra de Sintra

edição digital

passearsente a natureza

byNº.17 . Ano II . 2012 . PVP: 2 € (IVA incluído)

Rota dos Moinhos

CrónicaRuta de los Túneles

EquipamentoMochila Deuter Futura 28

Washington SummitBobble, a garrafa

edição digital

DestinosParque das NecessidadesMata Bom Jesus do Monte

Nº. 5 Nº. 6 Nº. 7 Nº. 8 Nº. 9

Nº. 10 Nº. 11 Nº. 17 Nº. 18 Nº. 19

Nº. 20 Nº. 21 Nº. 22 Nº. 23

passearsente a natureza

byNº. 24 . Ano III . 2013 . PVP: 2 € (IVA incluído)

CaminhadaPiódão - Foz d´Égua - Piódão

De Óbidos a Torres Vedras

EQUIPAMENTOS• BINÓCULOSSTEINER• NOVOSMODELOSGARMIN

• MOBIKYYOURI16

Caminho Português Interior de Santiago

(1ª Parte)PR6 VLR Rota das Conheiras

outlet

Nº. 24

Nº. 26 Nº. 27 Nº. 28 Nº. 29

Nº. 30 Nº. 31 Nº. 32 Nº. 33

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1€por

revista

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es 7º Santiago - Lagoa Santo André

Uma maratona e um passeio guiado no próximo dia 29 de Junho numa or-ganização dos Chaparros BTT Team As-sociação.No dia do evento os participantes têm a oportunidade de fazer um percurso de verdadeiro BTT com lindas zonas ver-dejantes e paisagens magníficas, tam-bém poderão contar com algumas di-ficuldades ao longo do percurso tanto a descer como a subir, isto para a Mara-tona de 50 km. Para os participantes no Passeio Guiado de 20 km, estes tem a oportunidade de percorrer uma zona mais acessível mas com muita beleza.

Caminho do Tejo revela trilhos para Fátima “Caminho do Tejo” é o nome do novo guia Lifecooler que desafia a descobrir o percurso pedestre (com o mesmo nome) que liga Lisboa a Fátima. Quase 15 anos depois do lançamento pelo Centro Nacional de Cultura (CNC) do guia “Caminho do Tejo” o Lifecooler edita um novo e atualizado guia de con-sulta fácil, com fotos, mapas pormenori-zados e textos de quem conhece o itinerário passo-a-passo. Henrique dos Santos Pereira e Ana Luísa Ferro são os autores. São quase 150 quilómetros para fazer em cinco dias de caminhada, cada um com um ambiente próprio: Tejo, Caminho de ferro, Lezíria, Olhos de Água e Serra. A grande maioria atravessa trilhos ru-rais, desconhecidos e despoluídos onde o automóvel nunca entrou. No final inclui o dossiê Sugestões Úteis com dicas para fazer a mochila, locais para visitar, fazer refeições e dormir, a preços para todos os gostos e carteiras. Eventuais cuidados médicos e contactos de emergência também não foram es-quecidos. À venda na loja Lifecooler (http://www.lifecooler-travel.com/descon-tosdodia.aspx?id=8676) e nas livrarias e hipermercados.Características: PVP: 11 €; Formato: 14,5 x 19,5 cm; Páginas – 96; Abril 2014.

Para todos a chegada é a mesma e será perto da Praia da costa de S. André, junto à lagoa, onde podem passar um bom resto de tarde com a família após o almoço. Mais informações: [email protected]

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DECO considera Açude Pinto a melhor praia fluvial do distrito

Segundo o estudo da DECO “Refrescar em Segurança”, publicado na revista de junho de 2014 da Proteste, referente às praias de águas fluviais e lacustres de todo o país, Açude Pinto (Oleiros) é considerada uma das três melhores de toda a região, a par de Louçainha (Pe-nela) e Palheiros e Zorro (Coimbra). No estudo, a praia fluvial de Oleiros obtém a classificação de Muito Bom, o que se deve em grande parte à qualidade da água e à segurança da praia, mas tam-bém à limpeza (estado dos sanitários e dos contentores para deposição de re-síduos) e à informação disponibilizada aos utilizadores.

No que se refere ao distrito de Caste-lo Branco, foram ainda analisadas as praias fluviais de Taberna Seca (Castelo Branco), Unhais da Serra (Covilhã), Al-bufeira de Meimoa (Penamacor), Fróia (Proença-a-Nova), Troviscal (Sertã) e Bostelim (Vila de Rei), sendo que de to-das as do distrito, apenas Açude Pinto obteve a apreciação global de Muito Bom. Já a nível nacional, a contrastar com o destaque de Açude Pinto, da to-talidade das praias analisadas, um terço tem água sem qualidade, 10 não têm nadador salvador e os banhistas estão pouco informados.

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es FIA Lisboa – Um mundo de Culturas

Entre 28 de Junho e 6 de Julho a FIL, no Parque das Nações, volta a ser palco da maior Festa intercultural da Península Ibérica, voltando a receber FIA Lisboa – Um mundo de culturas na sua 27ª edição.Organizada pela Fundação AIP, através da AIP – Feiras, Congressos e Eventos, com a colaboração do IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional e contando com o apoio das Comuni-dades Intermunicipais e das Entidades Regionais de Turismo, a FIA Lisboa traz à capital durante 9 dias um verdadeiro mundo de culturas, tradições e artes. Nos mais de 30 mil m2 de área interior e exterior, o evento permite que o público visitante viaje pelos melhores sabores e saberes de Portugal e de dezenas de países, dos cinco continentes. Nesta edição, a Argélia é o País Convidado da FIA Lisboa e Moçambique confirma também a sua presença no salão com uma representação oficial.Ao longo dos seus 26 anos de história, a FIA Lisboa tem vindo a alcançar uma simbiose perfeita entre os territórios, tradições e produtos endógenos, tor-nando-se num veículo ímpar e privile-giado para a divulgação do Artesanato e Gastronomia Regionais e da Cultura dos Povos presentes no salão. Na edição de 2014 o certame, que todos os anos recebe milhares de visi-tantes de todo o país, assume-se como uma plataforma de excelência para a promoção do desenvolvimento region-al e das culturas locais, que formam a identidade etnológica nacional, por via do artesanato, da gastronomia, das actividades culturais e turísticas, do

património e recursos naturais e fontes de sustentabilidade da economia local.Dirigido a profissionais e apreciadores dos ofícios artesanais, artes e design, assim como aos interessados no arte-sanato enquanto manifestação cultural, na FIA Lisboa 2014 os visitantes poderão conhecer e adquirir desde das mais tradicionais às mais originais e contem-porâneas peças de artesanato nacional e internacional, podendo inclusive assis-tir a artesãos a trabalhar ao vivo.

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es Gerês sensibiliza para a redução do consumo energético

Seguindo uma das suas premissas, a associação Gerês Viver Turismo levou a efeito a campanha denominada Eco-Cliente junto dos seus associa-dos, nomeadamente empresas com serviços de alojamento, restauração e animação turística, que visa a redução do consumo energético.Em termos práticos, foram criados e distribuídos gratuitamente sinais au-tocolantes com mensagens de vários tipos que têm como objetivo informar e sensibilizar os clientes de cada uma das empresas aderentes a esta cam-panha, no sentido da poupança de energia elétrica e do recurso funda-mental à vida humana, como é o caso da água. A informação é transmitida em português e inglês, por forma a abranger o maior número de clientes possível, dado ser o Gerês um destino turístico procurado tanto pelo merca-do nacional, como pelo mercado in-ternacional.

Direção-Geral do Património Cultural tem um novo site

Está disponível em www.patrimonio-cultural.pt o novo site da Direção-Ge-ral do Património Cultural, reunindo todas as funcionalidades dos antigos sites do ex-IGESPAR e do ex-IMC, pos-sibilitando o acesso a um conjunto de informações alargado sobre as dife-rentes áreas de actuação da responsa-bilidade directa desta Direção-Geral e também sobre conteúdos relacionados com o universo de trabalho no âmbito do Património Cultural, designada-mente do património edificado urba-no, arquitectónico e arqueológico, do património móvel, do património ima-terial e dos museus e monumentos. O novo site dá também acesso a uma Agenda alargada, composta por even-tos realizados nos Museus e Monu-mentos, por todo o país e às Notícias mais recentes referentes ao universo do Património Cultural.

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Turismo de Portugal aposta no Turismo Cultural ReligiosoCaminhos Marianos e Caminhos de Santiago são os temas dos dois rotei-ros turísticos apresentados, no dia 26 de maio, pelo Turismo de Portugal e pelo Secretariado dos Bens Culturais da I-greja, no Porto. O objetivo é disponi-bilizar informação sobre mais de 150 recursos turísticos do País com relevân-cia devocional, cultural e artística, para que os visitantes descubram itinerários constituídos por experiências culturais e religiosas devidamente contextua-lizadas.Foi também apresentado o Guia de Boas Práticas de Interpretação do Património Religioso, dirigido a profissionais do tu-rismo e gestores do património religio-so, que promove a interpretação destes recursos patrimoniais únicos, ajudando a compreender o significado de cada elemento e ritual, de modo a que a experiência espiritual e cultural do visi-tante possa ser enriquecida.O Turismo Religioso foi identificado

como um dos produtos que podem con-tribuir para aumentar os fluxos turísticos em períodos que não coincidem com a época alta, atraindo visitantes de mer-cados não tradicionais. Prevê-se que este produto contribua para a quebra da sazonalidade e para o aumento de visitantes ao longo de todo o ano, bem como para a diversificação dos merca-dos emissores, tendo especial importân-cia para mercados como a Polónia, Ir-landa, Brasil, Itália, França, Espanha, Israel, EUA, Canadá e Rússia.As manifestações culturais de cariz re-ligioso e as diversas festas e romarias movem milhares de pessoas de norte a sul do País e funcionam também como um fator na dinamização do mercado interno, que representa um terço da procura total, fundamental na utilização de recursos locais como a hotelaria e restauração, entre outras atividades turísticas.

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Às 6ºas, Peniche guia-nos pelo seu património concelhio

Nos meses de junho e julho, o Municí-pio de Peniche promove visitas guiadas gratuitas pelo Património Histórico-Cultural concelhio. Propõem-se dois percursos pedestres alternativos, um em Peniche e outro em Atouguia da Ba-leia com início no Posto de Turismo de Peniche e no Centro Interpretativo de Atouguia da Baleia, respetivamente:1. Núcleo Histórico de Peniche de Baixo e Fortaleza de Peniche - 6 e 20 de Ju-nho, 4 e 18 de julhoEscola Municipal de Renda de Bilros de Peniche;Largo 5 de Outubro;Avenida do Mar / Ribeira Velha / Forte das Cabanas (Séc. XVII);Fortaleza de Peniche (Séc. XVI/XVII);Museu Municipal de Peniche** a visita ao Museu Municipal é livre, implicando o pagamento de ingresso respetivo.2. Centro Interpretativo de Atouguia da

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Baleia e o Centro Histórico da Vila - 13 e 27 de junho, 11 e 25 de julhoCentro Interpretativo de Atouguia da Baleia e Igreja de S. José (séc. XVIII);Igreja da Misericórdia de Atouguia da Baleia (Séc. XVII);Largo de S. Leonardo / Muralhas do Castelo de Atouguia da Baleia (Séc. XII) / Pelourinho (Séc. XVI);Igreja de S. Leonardo (Séc. XIV);Largo de Nossa Senhora da Conceição / Cruzeiro / Touril (Séc. XVIII);Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Séc. XVII);Fonte Gótica (Séc. XIV).Com uma duração prevista de 2 horas, as visitas terão lugar nas tardes de sex-ta-feira, com início pelas 15h00.Esta atividade é gratuita e aberta a to-dos os interessados.As visitas têm lugar com o mínimo de cinco participantes, sendo aconselhável inscrição prévia.

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Samsung anuncia bicicleta inteligente com câmara, Wi-Fi e GPS integradoA Samsung é conhecida pelos tablets, smartphones e televisores que a empre-sa fabrica – e mais recentemente pelos relógios inteligentes da linha Galaxy. Mas a gigante sul-coreana não quer ser apenas lembrada pelos dispositivos que equipam a sua casa ou o seu bolso e, em breve, a marca estará também nas ruas das grandes cidades. Trata-se da Samsung Smart Bike, uma bicicleta in-teligente que oferece recursos como ve-locímetro, geolocalização e até câmara. Obviamente, a bike é integrada aos smartphones da marca. No que diz res-peito à parte física, a bicicleta foi cons-truída em um quadro de alumínio feito em tubos curvilíneos que, segundo a fabricante, neutralizam a vibração de buracos, desníveis e outros elementos de risco no asfalto. Na parte de trás, logo abaixo do banco, uma câmara digital funciona como uma espécie de retrovisor, enviando imagens em tempo real para o smartphone que fica preso à base do guiador.Quanto ao software, a smart bike pos-sui em sua parte interna uma bateria e módulos de conexão Wi-Fi e Bluetooth responsáveis pela transmissão de infor-mação do smartphone pareado para o hardware. Através de um aplicativo no próprio celular, o usuário realiza os

comandos que ativam a câmara, a rede sem fio e o GPS.É por esse app que o ciclista também controla um sistema de quatro feixes de laser embutidos no quadro que projetam no asfalto ou na estrada para guiá-lo em ambientes com pouca iluminação – o mecanismo possui um sensor que liga as luzes automatica-mente toda as vez que detectar baixa luminosidade. Além disso, a função de GPS identifica as rotas mais utilizadas pelo ciclista e informa autoridades mu-nicipais sobre o tráfego de bicicletas nessas regiões, sugerindo a criação de ciclovias.O primeiro protótipo foi exibido no último dia 12 de junho durante a Se-mana de Design de Milão, na Itália, e ainda não há previsão de lançamen-to no mercado ou preço definidos. O projeto foi criado pela Samsung Maes-tro Academy, programa que incentiva artistas a criarem designs diferentes usando a tecnologia da fabricante, em parceria com o designer italiano Gio-vanni Pelizzoli.Fonte: http://canaltech.com.br/noti-cia/samsung/Samsung-anuncia-bici-cleta-inteligente-com-camera-Wi-Fi-e-GPS-integrado/#ixzz35LhR0XXm

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es Seia celebra a Festa da Transumância e dos Pastores

No início do Verão, por altura do São João, inicia-se a transumância, o pastor junta o gado das zonas baixas de Seia e encaminha-o para locais mais frescos e a maior altitude na alta Montanha. Esta forma de transumância continua a realizar-se todos os anos pelos pastores do nosso concelho.Pelo segundo ano consecutivo, o Mu-nicípio de Seia, em articulação com os pastores que ainda mantêm esta práti-ca, celebra a Festa da Transumância, com o objetivo preservar e dignificar este ofício, ainda tão enraizado na co-munidade pastoril do nosso território.As Festa dos Pastores tiveram início a 22 de junho, com a romaria das ove-lhas à Festa de S. João, na aldeia da Folgosa da Madalena, onde os pastores acompanhados dos rebanhos, vindos das várias aldeias, cumprem a tradição, desfilando, à vez, em volta da capela de São João Batista. Os pastores vêm à romaria pedir ao padroeiro um bom ano de pasto e proteção para o gado, para depois os rebanhos subirem à ser-ra. Para o efeito, as ovelhas ostentam os maiores e melhores chocalhos e são enfeitadas com “peras e cabeçadas”.Depois da romaria e cumprindo a tradição, no fim-de-semana seguinte, neste caso no dia 28 de junho, junta-se o gado em rebanhos e sobe-se para a montanha em busca de melhores pas-tos. Acompanhar os pastores na viagem à serra e descobrir uma das mais sim-bólicas atividades do pastoreio, a tran-sumância, é a proposta para este sába-do. O gado (aproximadamente 800 a 1000 cabeças), proveniente das terras chãs (Santa Comba, Folgosa, Maceira),

concentrar-se-á no largo da câmara, às 07:30h, e atravessará a cidade em di-reção à Montanha, prosseguindo a sua viagem pelos seculares caminhos da transumância, em direção, àquela que é a aldeia dos pastores, o Sabugueiro.

PROGRAMA Dia 28 de junho 07:30h- A saída dos rebanhos da ci-dade (largo da Câmara) 10:00h- A merenda do Alforge 13:00h- Almoço: A Montanha, os Pas-tores e os Chefs 16:00h- Continuação da subida dos re-banhos 18:30h- Chegada dos rebanhos ao Sabugueiro e Animação na aldeia

Mata Nacional de Vale de Canas Torres do Mondego

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Mata Nacional de Vale de Canas Torres do Mondego

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Edição nº28

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UM DIA EM PONTE DE LIMA

Texto e fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

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18A ROTA DOS GIGANTES E O FESTI-VAL INTERNACIONAL DE JARDINS DE PONTE DE LIMA FORAM OS MO-TIVOS QUE NOS LEVARAM A VISITAR A MAIS ANTIGA VILA DE PORTUGAL.PONTE DE LIMA NÃO É UM LOCAL QUE SE VISITE APENAS EM UM DIA! O SEU PATRIMÓNIO EDIFICADO, A SUA RIQUEZA CULTURAL E O SEU ELEVADO PATRIMÓNIO NATURAL OBRIGAM-NOS A UMA ESTADA MAIS ALARGADA NA VILA MAS, A PROPOS-TA DE UM DIA É UM DESAFIO!

O despertar na Quinta de Cartemil foi cedo e com um sol radioso tendo, o pequeno-almoço, sido tomado no al-pendre da casa com uma vista fabu-losa. Apesar da aragem que se fazia

sentir, o sol estava forte e a perspetiva de um dia quente era uma realidade. Ponte de Lima fica a cerca de 7 km da Quinta, esta situada na povoação da Gemieira e, no trajeto, passamos por algumas po-voações com ligação à Ecovia do Lima.A preparação da jornada foi efetuada numa esplanada no Largo de Camões, um local de referência da vila e com uma posição estratégica. Devido à posição do Sol decidimos começar o nosso dia na margem direita do rio Lima onde se encontra a Capela do Anjo da Guarda, o Parque Temático do Arnado e o Parque do Festival de Jardins.A Capela do Anjo da Guarda (*) é uma edificação simples situada junto à ex-tremidade da famosa ponte medieval.O Parque Temático do Arnado insere-se

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Avenida dos Plátanos Capela do Anjo da Guarda

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19no Projeto Global de Valorização das Margens do Rio Lima e é composto por diversos jardins: Romano, Labirinto, Renascença, Barroco e a Estufa. A sua visita foi um dos pontos altos do nosso dia. No final da visita espreitámos ain-da, o Museu do Brinquedo Nacional e o Albergue de Peregrinos (abre às 16 horas).Caminhando sempre junto ao rio Lima dirigimo-nos ao recinto do Festival de Jardins, uma zona de lazer composta por piscina, bar e jardim de conceção de Francisco Caldeira Cabral. O Fes-tival de Jardins vai já na sua décima edição e, em 2014, o tema é “Jardins em Festa”. Temos acompanhado pra-ticamente todas as edições e, este ano, pareceu-nos que os jardins estão cada

vez melhores… Trata-se de proposta de jardins experimentais onde a criatividade dos seus autores é posta em destaque e que, por vezes, surpreendem o visitante. A mostra vai estar patente ao público até ao dia 31 de Outubro de 2014.Nem demos pelo tempo passar e já es-távamos na hora do almoço. Regressá-mos à Vila com a intenção de comer algo num estabelecimento reconvertido, a Mercearia da Vila. Trata-se de um edi-fício onde antigamente funcionava uma mercearia mas que atualmente acolhe um turismo de habitação e um restau-rante/café no seu piso térreo. A sua lo-calização é excecional, a qualidade dos produtos muito boa, o serviço é bom e os preços praticados não são especula-tivos.

Capela do Anjo da Guarda

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20A tarde foi passada na margem es-querda do rio Lima e dedicada ao património edificado. O simples andar pelas ruas estreitas de Ponte de Lima, só por si, é gratificante. Nota-se um cuidado na preservação da vila, não se vê lixo pelo chão e temos a oportuni-dade de encontrar lojas que já não se veem noutros locais. Marcámos sítios a visitar, designadamente a Igreja Matriz (**) e o Convento de Terceiros (***). São dois exemplos de preservação e espaços muito agradáveis para estar, na igreja podemos observar o túmulo do Beato Francisco Pacheco (um dos quatro Gigantes) e, no convento o jar-dim de aromáticas. Merece também uma visita a antiga Torre da Cadeia que hoje funciona como posto turístico.

Ao final do dia voltámos ao Largo de Camões para retemperar as forças e preparar para o jantar. Nunca tínhamos reparado mas existe na calçada desta praça uma representação da antiga mu-ralha da vila…O jantar foi na companhia de um amigo de Braga que se deslocou de propósito a Ponte de Lima para saborear a gastro-nomia local. Na esplanada da Taverna da Vaca das Cordas deliciamo-nos com entradinhas e costeletas acompanhados por um verde branco de grande quali-dade. Afinal podemos conhecer um pouco de Ponte de Lima em apenas um dia! Mas, pelo sim pelo não, em 2015 vamos re-gressar a Ponte de Lima para a conhecer um pouco melhor.

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Convento dos Terceiros

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21Ponte de Lima em poucas palavrasNão será por acaso que a Vila mais an-tiga de Portugal é reconhecida como um património universal, um território sem fronteiras mediador de um movimento que entende o nosso planeta como um lugar sagrado.Soube astuciosamente gerir um distan-ciamento sadio dos valores que regem a nossa cultura atual e orientar o culto à ciência e ao racionalismo para as áreas do Património, Ambiente e Ruralidade. O culto da terra e da tradição são os pi-lares basilares de desenvolvimento, ins-crito nas mais profundas raízes limianas e que traça o perfil marcadamente rural. Esta matriz genuína evidencia a nobre herança de outrora, gravada nas facha-das imponentes que sobressaem da

paisagem natural e revelada, de forma sublime, nas relações de proximidade e na arte do bem receber.Ponte de Lima é berço do Turismo de Habitação, da casta Loureiro que dis-tingue o Vinho Verde e do Arroz de Sar-rabulho apreciado nos mais recônditos lugares do mundo. É a Vila mais florida e mais antiga de Portugal.Dignos de registo são a Área de Paisa-gem Protegida, o Festival Internacional de Jardins, a Feira do Cavalo ou mes-mo o Caminho Português de Santiago, como polos de atração turística cada vez mais internacional. Fonte: C.M. de Ponte de Lima

PATRIMÓNIO EDIFICADO EM DESTAQUECapela do Anjo da Guarda (*)

Convento dos Terceiros

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Como foi comum na Baixa Idade Mé-dia, a mobilidade dos homens e a consequente travessia de pontes impôs devoções populares de grande impac-to junto a essas estruturas. Rezava-se à partida, na perspetiva de um boa viagem, e em agradecimento pela chegada sã e salva. Não espanta, por isso, que numerosas capelas e ermidas devocionais tenham pontuado a pais-agem ribeirinha da nossa Idade Média, junto dos principais pontos de travessia dos rios.A pequena capela do Anjo da Guarda não escapa a estas condicionantes e, apesar de não se conhecer exatamente a sua origem (nem a época específica em que foi levantada), não restam dúvi-das sobre a relação com a antiga ponte romana, e depois medieval, de Ponte de Lima. Ela era o primeiro ponto de passagem para quem se dirigia a Norte e o último para quem regressava. Pela dinâmica da vila na época medieval, é provável que tenha também partici-pado do “trânsito fluvial, servindo para abrigo circunstancial para pessoas e bens” (Almeida, 1987, p.103).Variam muito as opiniões acerca da cronologia da obra. Em 1926, Manuel de Aguiar Barreiros propôs tratar-se de uma construção a rondar o último quartel do século XIII, se não mesmo uma época mais recente (Barreiros, 1926, p.33; Alves, 1982, p.113). Car-los Alberto Ferreira de Almeida, por seu lado, sugeriu uma datação já em pleno século XIV, “talvez algo anterior à ponte medieval” (Almeida, 1987, p.103), esta

última executada, presumivelmente, pe-los meados da centúria.As características estilísticas do monu-mento inviabilizam uma aproximação cronológica mais rigorosa. De facto, estamos perante uma obra modesta e de recursos artísticos limitados, por mui-tos considerada tardo-românica, numa altura em que o Gótico já se havia afir-mado nos mais dinâmicos centros do país. De planta quadrangular, é uma estrutura de tramo único assente sobre colunas e coberta por abóbada de cru-zaria de ogivas. Três faces são abertas ao exterior, por arcadas de arco apon-tado, sendo a quarta, a virada a Sul, fechada e servindo de parede fundeira (certamente já não a parede original), onde se adossa, pelo lado interior e ao centro, um altar sobre duas mísulas. A decoração escultórica original resume-se aos capitéis, ornados com motivos vegetalistas sumariamente tratados, sem volume nem individualização das folha-gens, a lembrar realizações anteriores igualmente modestas.A proximidade do rio determinou que, ao longo dos tempos, muitas tivessem sido as cheias que afetaram a capela. Uma das mais importantes ocorreu já no século XVIII, altura em que se pensa que o templo foi parcialmente destruído e re-construído (Alves, 1982, p.114). Datará de finais dessa centúria, ou já do século XIX, o sistema de reforço estrutural atu-almente visível. Junto aos ângulos ex-teriores, adoçaram-se pilares quadran-gulares, encimados uniformemente por volumosos pináculos que, contudo, não

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ino contrariam a sensação de horizontali-

dade do edifício. E sobre a pedra de fecho da abóbada cravou-se um coru-chéu.Datará igualmente desta época a ima-gem de São Miguel. Inserida numa moldura delimitada inferiormente por volutas, é uma escultura pouco rel-evada e fruste de dinamismo, repre-sentando o arcanjo no ato de luta con-tra Satanás, com a espada e a balança nas mãos (IDEM, p.114).Construção de cariz popular e notoria-mente arcaizante, a pequena capela do Anjo da Guarda é, ainda assim, uma das poucas construções religio-sas góticas do Alto Minho, o que prova como esta região, nos séculos finais da Idade Média, era um território periféri-co. Se excetuarmos as igrejas matrizes de Ponte de Lima, Viana do Castelo e de Caminha (a primeira, a capital re-gional medieval e, as segundas, em grande desenvolvimento urbanístico e populacional ao longo do século XV), o panorama gótico da província é res-trito e até desolador. O Anjo da Guar-da é, para todos os efeitos, uma das marcas mais genuínas dos caminhos da arte do Alto Minho nessa altura. Fonte: PAF / IGESPAR

IGREJA MATRIZ (**)Antes do atual edifício paroquial de Ponte Lima, outro existiu, de prováveis raízes românicas (edificado pelos séculos XII-XIII) e de estrutura modesta, com apenas uma nave, a que Carlos Alberto Ferreira de Almeida atribuiu o

registo inferior da fachada principal, in-cluindo o portal (Almeida, 1978, vol. 2, p.253 e 1987, p.102). É um facto que existem grandes diferenças estéticas entre os elementos que compõem a fachada principal, mas não estamos ainda em condições de atribuir o portal a essa época tão recuada, para mais sabendo-se como o Gótico foi destituído de rasgos monumentais no Norte do país, fazendo da sobriedade e do arcaísmo estilístico um valor artístico de primeira importân-cia.A igreja que hoje conhecemos data de meados do século XV. Em 1444, nas Cor-tes de Évora, os procuradores de Ponte de Lima declararam que a “Igreja uelha era tam pequena em que nom podiamos caber “(Andrade, 1990, p.59, nota 67). O facto de, aqui, se utilizar uma forma verbal do passado, faz supor que a con-strução do novo templo se havia já inicia-do. Os recursos financeiros foram propor-cionados por D. João I e pelo regente D. Pedro e a empreitada prolongou-se até à década de 50.Desconhecemos ainda como teria sido o projeto quatrocentista do conjunto, uma vez que foram muitos os acrescentos pos-teriores verificados. Uma interpretação veiculada nos anos 70 do século XX dá conta da possibilidade de ter existido uma reformulação do projeto, sensivelmente um século depois de concluído. Segundo essa perspetiva, a campanha quatrocen-tista havia edificado uma igreja de nave única - a que corresponde o portal -, e só a partir de meados do século XVI se deu corpo à estrutura tripartida que ainda

Igreja Matriz

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ino hoje existe (Inventário, 1974, p.2).

Fosse como fosse, o certo é que a reno-vada Matriz de Ponte de Lima ocupa um lugar relativamente marginal na evolução do estilo Gótico em Portu-gal. O portal é de quatro arquivoltas reentrantes, uma delas decorada com semiesferas (um motivo que pode bem corresponder ao século XV). Os capité-is, por seu turno, são maioritariamente vegetalistas, de folhagem muito presa ao campo escultórico e elementos trata-dos sumariamente. A rosácea radiante é, como se verá, um produto do res-tauro.Cedo a igreja despertou as atenções das classes elevadas da sociedade lo-cal, que aqui procuraram estabelecer a sua última morada. De c. 1540 é a capela de Nossa Senhora da Con-ceição, no extremo Sudoeste do con-junto, espaço de planta quadrangular, coberto por abóbada polinervada, de volumosos bocetes, que alberga os túmulos da instituidora, D. Inês Pinto, e de seu marido, ambos em campa rasa.A grande transformação do interior teve lugar a partir de 1567, ano em que está documentado um tal mestre Luís, oriundo da cidade do Porto, à frente da campanha maneirista (Ibidem, pp.3-4). Os trabalhos iniciaram-se com a inte-gral substituição da capela-mor, que fi-cou de planta retangular, com cobertu-ra de abóbada de berço em caixotões. No transepto, as duas capelas extremas foram também construídas e mantém-se a dúvida sobre se, só então, se terá alargado o corpo para as atuais três

naves. A atual estrutura é plenamente maneirista, com arcos formeiros mol-durados e de volta perfeita, não res-tando quaisquer vestígios da presumí-vel organização tardo-gótica anterior. As obras continuaram nessa segunda metade do século XVI, com o pórtico erudito que enquadra o arco triunfal, a estrutura que ladeia o arco do absidíolo Sul (datado de 1589) e a reformulação das naves (até c. 1590).O século XVIII trouxe grande parte das obras de talha que ornamentam o inte-rior. A principal localiza-se na extremi-dade Sul do transepto e é um amplo retábulo de estilo nacional, datado de 1729, dedicado a Nossa Senhora das Dores. O coroamento da torre sineira foi intervencionado na segunda metade do século XIX e, mais recentemente (1932) realizou-se a rosácea neogótica, a partir do modelo da igreja de São Francisco do Porto. Fonte: PAF / IGESPAR

CONVENTO DOS TERCEIROS (***)O Museu dos Terceiros surgiu na década de setenta do século passado após a re-alização de obras de restauro na Matriz de Ponte de Lima e da consequente falta de espaço para colocação do valioso espólio de arte sacra. Foi então criado o Instituto Limiano, associação cultural sem fins lucrativos, em Janeiro de 1975, que viria a ter a sua sede no conjunto arquitetónico constituído pelo extinto convento de Santo António dos Frades e pela igreja e instalações anexas da Ordem Terceira de S. Francisco e desig-

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Torre da Cadeia

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nado por Museu dos Terceiros.O valioso conjunto arquitetónico, constituído por duas igrejas, alas de apoio (Ante Sacristias, Sacristias, Salas de Lavabo), claustro, quintal e jardim, foi alvo de várias intervenções desde a fundação do convento, no século XV, até ao século XX. Nos edifícios con-trasta a arte medieval e a sobriedade monacal com o barroco da Ordem Terceira de S. Francisco.O acervo é constituído maioritari-amente por escultura, grande parte do século XVIII, embora possam ser

apreciadas peças do período medievo. Destacamos igualmente as coleções de pintura e de ourivesaria que decoram a exposição permanente.Em 2002, o Instituto Limiano e a Câ-mara Municipal decidiram celebrar um protocolo de gestão conjunta do espaço, visando a sua recuperação e reabertura com as valências inicialmente previstas. Após 5 anos de restauro o Museu dos Terceiros reabriu ao público totalmente restaurado e com um programa muse-ológico que convida à visita. Fonte: PAF / IGESPAR

Mercearia da Vila

Jardim Romano

Largo de Camões

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INFORMAÇÕES ÚTEISLocalização de Ponte de Lima: Minho, Por-tugal / 41.765341, -8.582744

Onde DormirQuinta de CartemilLocalização Gemieira | 4990 Ponte de LimaCoordenadas: 41°46’28.89”N 08°30’49.01”W

Reservas e informações: CENTERTel.: +351 258931750 e [email protected] / www.casasnocampo.net

Onde ComerPonte de Lima dispõe de um conjunto de restaurantes de grande qualidade onde poderá experimentar as iguarias da região. Os diferentes restaurantes que visitámos são bons por isso, não referimos nenhum em es-pecial. Mais informações: http://www.cm-ponte-delima.pt/restaurantes.php?pageNum_res tauran tes=0&to ta lRows_res tau-rantes=98

Próximos eventos18.7.2014 / VI Feira da Caça, Pesca e Lazer de Ponte de Lima05 a 14.7.2014 / IV Festival ‘Percursos da Música’ em Ponte de Lima24 a 27.7.2014 / Feira do Livro de Ponte de Lima 201411 a 15.9.2014 / Feiras Novas

Na nossa deslocação a Ponte de Lima contámos com a colaboração da HONDA

Largo de Camões

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ENTREVISTA | C.M. DE PONTE DE LIMA UM DESTINO PARA

TODO ANO!Texto e Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

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NA NOSSA DESLOCAÇÃO A PONTE DE LIMA TIVEMOS A OPORTUNIDADE DE CONVERSAR COM O DR. PAULO SOUSA, RESPONSÁVEL AUTÁRQUICO DO TURISMO E DA CULTURA, SOBRE O ATUAL PANORAMA TURÍSTICO DA REGIÃO E SOBRE PROJETOS FUTUROS.

Passear (PAS) – O que representa o Turismo de Natureza e Cultural para Ponte de Lima?Ponte de Lima (P.L.) – Ponte de Lima foi abençoada pelas suas caracterís-ticas morfológicas do seu terreno e o vale do Lima agrega grande potenciali-dade para o desenvolvimento deste ter-ritório. Por outro lado, o turismo de Na-tureza tem vindo a ser trabalhado ao longo dos últimos anos de uma forma contínua. Hoje em dia é possível ter-mos acesso a um conjunto de serviços

associados a esse segmento de turismo. Nós temos o Bike Park, temos o projeto das Lagoas com a área protegida e a Quinta de Pentieiros (apresenta um con-junto alargado de serviços pedagógicos e alojamento local), constituem um seg-mento de turismo diferenciado e com qualidade de vida. Por outro lado, também temos tido um papel importante ao longo da nossa história porque, em Ponte de Lima, é que existia a ponte medieval que permitia a passagem do rio em direção ao Norte.

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33Devido a esta localização estratégica foi-se agregando um centro histórico constituído por um conjunto de edifi-cações de grande relevo e que permite ao turista ter acesso a um património cultural vasto quer do ponto de vista material como imaterial. Ao observar a nossa região deparamos com um grande número de solares que têm uma dupla funcionalidade por um lado, funcionam como alojamento para quem nos visita mas, por outro lado, representam famílias muito antigas que estão ligadas à história de Portugal e que possibilitam a consulta das bibli-otecas e documentos antigos (turismo cultural e de investigação). Estou a lembrar-me da Casa Norton de Ma-tos, da Casa de Calheiros que podem,

num futuro, proporcionar aos visitantes um turismo com uma vertente cultural e de investigação, ajudando a perce-ber o contexto de vivência dessas figu-ras históricas. A observação do próprio recheio das casas proporcionará uma experiência turística diferente e única…

PAS – Noto que a autarquia tem uma grande preocupação com o mercado interno. Como se processa a conquista do mercado externo?P.L. – Para ter uma noção, o posto de turismo de Ponte de Lima em termos de Turismo Porto e Norte é o segundo mais visitado da região. Em 2013 tive-mos 78 124 pessoas a aceder ao nosso posto de turismo. Em 2010 o número de pessoas situava-se nos 52 000! Em

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três anos tivemos um crescimento ex-ponencial e isto significa que somos cada vez mais atrativos em termos de visitação. Por outro lado temos tam-bém o Caminho Português de San-tiago que tem trazido muita gente a Ponte de Lima. Em 2013, pernoitaram no nosso albergue, 8 000 peregrinos oriundos de todos os cantos do Mun-do. Não estamos a contabilizar todos aqueles peregrinos que ficam alojados em Alojamentos Locais!

…TEMOS UMA OFERTA PERMA-NENTE E ALARGADA AO LONGO DE TODO O ANO…

PAS – Na promoção que fazem o en-foque é na Natureza e na componente cultural?P.L. – Temos duas bases de trabalho. Por um lado estamos muito orientados para os eventos. Temos dois progra-mas anuais, na época baixa temos um programa denominado: Em época baixa, Ponte de Lima em alta. De Ja-neiro a finais de Março temos um conjunto de eventos em que tentamos promover recursos endógenos quer de setores económicos em franca expan-são, nomeadamente a feira das ener-gias, a feira do sarrabulho, a feira da lampreia e a feira do bacalhau. Estas últimas, representam pratos que nós queremos potenciar e atrair visitantes durante o Inverno. Mas ao longo do ano, os visitantes podem usufruir das riquezas gastronómicas que temos em Ponte de Lima. Temos uma oferta per-

manente e alargada ao longo de todo o ano!No Verão temos o programa Ponte de Lima ConVida. É um programa que se desenvolve de Maio a Setembro e que abraça um conjunto de eventos, quase semanal, já com dimensão internacional: a Feira do Cavalo, a Vaca das Cordas, as Feiras Novas, os Percursos da Música, o Festival Internacional de Jardins. Ou seja, são eventos que internacionalmente e dentro dos seus setores são referências e que atraem muitos visitantes. Estes tu-ristas que visitam Ponte de Lima vão tam-bém usufruir das outras valências que temos.

PAS – Em termos de alojamento têm carências?P.L. – Eu penso que sim. Temos ainda de trabalhar em uma ou duas unidades ho-teleiras. Cada tipo de alojamento foca-se em determinado segmento de mercado e nós temos falta de oferta no segmento intermédio. Temos que criar condições para que o turista pernoite no território por mais de um dia e, desta forma, deixe mais dinheiro na economia local.Mas voltemos um pouco atrás. Os even-tos são momentos mas, perante a publi-cidade que temos nos meios de comu-nicação tradicionais (digital e impresso), nas revistas da especialidade, na TV Galiza temos que ter um plano turístico anual.Esse plano é concertado com os agen-tes económicos que operam no território ao longo de todo o ano. Por exemplo, anualmente as empresas de animação

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36 turística organizam caminhadas de muito interesse no concelho mas, des-integradas não conseguem promover com eficácia esses serviços. Mas se conseguirmos concertar todos esses operadores através da criação de uma agenda anual com todas as caminha-das, o setor ganha dimensão e pode ser mais facilmente promovido. Vamos também trabalhar em outras áreas, no-meadamente na Náutica de Recreio, com o Clube Náutico e com outros o-peradores que trabalham no rio.

…PENSO QUE A NÍVEL REGIONAL FALTA UM PROJETO ESTRUTURANTE…

PAS – Notámos que Ponte de Lima tem uma atividade muito superior com-parativamente com outras autarquias

vizinhas. A autarquia tenta desenvolver projetos conjuntos?P.L. – Há projetos em que concertamos algumas iniciativas, a Rota dos Gigantes é um deles. Pensamos que ao promover Ponte de Lima estamos também a pro-mover as outras regiões vizinhas. Quem vem ao Alto Minho por estadas de dois ou três dias, de certeza que não fica só em Ponte de Lima. Visita Viana do Castelo, Ponte da Barca e Arcos de Val-devez… Penso que a nível regional falta um projeto estruturante e que terá de ser trabalhado no futuro para que haja um conjunto de 8 a 10 projetos de ex-celência, com dimensão territorial e in-ternacional para serem articulados entre os municípios. Serão esses projetos que nos irão permitir trazer pessoas do es-trangeiro, fixarem-se no nosso território

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durante uma semana e assim Viverem uma grande emoção!

PAS – A Rota dos Gigantes cumpre es-ses requisitos?P.L. – Completamente. Temos uma di-mensão cultural aliada ao território e com uma mensagem global. Cada individualidade foi precursora e teve impacto mundial. Levaram Portugal além-fronteiras. Temos que explorar a dimensão cultural de Portugal pois, é essa dimensão que nos diferencia de outros países e que é única.

PAS – Para finalizar a nossa conversa. O que pensa que tem sido o impacto do Festival Internacional de Jardins no tu-rismo e na economia de Ponte de Lima?P.L. – O impacto é tremendo! Se repara-

mos bem, a média de visitantes anual é de cerca de 100 000 pessoas. É um projeto de dimensão global pois temos visitantes de todo o Mundo e temos projetos oriundos de muitos países. Este Festival tem uma dimensão cultural pois, quem nos visita, quer conhecer mais sobre a região, quer saber mais sobre a origem do festival e sobre os temas de cada jardim. É um mundo de descobertas num ambiente natural e único que é valorizado por toda a família. É um produto de grande po-tencialidade fruto de um trabalho de persistência e de grande envolvimento humano. É um projeto importante com-plementar a outros projetos importantes desenvolvido por Ponte de Lima.

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Quinta de Cartemil

O PARAÍSO NO CORAÇÃO DO VALE DO LIMA!Ao chegarmos à Quinta de Cartemil verificámos que o paraíso existe na Ter-ra. Um lugar de exceção com uma vista indescritível, uma casa admirável e uns anfitriões duma simpatia extrema!Foram cinco dias bem passados a descobrir, a pé e de bicicleta, algumas das maravilhas do Minho nomeada-mente, a Rota dos Gigantes, o Festi-val Internacional de Jardins de Ponte

de Lima e a Ecovia do Lima. Mas, o que mais nos marcou foram as conversas de fim de dia, no alpendre, com os propri-etários e acompanhadas pelo magnífico vinho verde (branco e tinto) produzido na Quinta. Ficámos a conhecer um pouco melhor as gentes do Minho, a sua forte personalidade, apego às tradições e um caráter vincado.

A QUINTA DE CARTEMILNo coração do vale do Lima, na locali-dade da Gemieira, entre Ponte de Lima e Ponte da Barca, encontramos a meia encosta a Quinta de Cartemil. A Quinta de Cartemil desfruta de uma privilegiada localização pela proximidade das montanhas, do rio Lima e do mar. A casa da quinta é referenciada pelo seu

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invejável enquadramento na paisagem e exposição solar. Aqui o céu é mais azul e as noites são plenas de luar e ou de estrelas.Com as terras da Ribeira Lima a seus pés, a Quinta de Cartemil, com 12 hectares, usufruiu de uma vista pano-râmica sem fim, que se prolonga pelas perfumadas matas, vinhas, pomares e pela água pura, que brota das nas-centes naturais. A casa está ligada à família Souza e Menezes, de acordo com documentos antigos, desde a sua instituição como morgadio em 1632. No séc. XIX foi posse de D.ª Maria Ana de Calheiros de Menezes – Viscondes-sa de Maiorca- que a deixou mais tar-de por testamento a um familiar. Ainda hoje, a casa é apelidada pelos mais velhos como “Quinta da Viscondessa”. Os seus familiares e atuais proprietári-os Maria Clara e António Carlos de Vasconcelos Sousa e Menezes, reno-varam completamente a casa assim como as suas vinhas que produzem um Vinho Verde de excelência.

Com 5 quartos, todos com casa de ban-ho privativa, a Quinta de Cartemil é o refúgio ideal para umas férias em família. A decoração combina a beleza do clás-sico aliado ao moderno conforto. No ex-terior, poderá usufruir dos jardins, piscina e toda uma área envolvente ideal para realizar passeios pedestres pela zona do pomar, vinha e mata. Numa terra rica em tradição e humani-dade, a Quinta de Cartemil é um con-vite para descobrir o Parque Nacional da Peneda Gerês e Ponte de Lima ter-ra conhecida pela beleza do rio, pela riqueza gastronómica minhota, pelo seu património arquitetónico e cultural.

LOCALIZAÇÃOGemieira | 4990 Ponte de LimaCoordenadas: 41°46’28.89”N 08°30’49.01”W

RESERVAS E INFORMAÇÕES: CENTERTel.: +351 258931750 [email protected]

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ica Crónica

COIMBRA E REGIÃOTexto e fotografia: António José Soares

CAMPOS DO MONDEGO - PARTE I

Na presente edição optámos por ir à descoberta de percursos cicláveis pe-los campos do Mondego, intercalando natureza e história, numa viagem entre Coimbra e a Figueira da Foz, optando no regresso por recorrer aos comboios da CP.

Da grande zona ribeirinha que é a grande planície aluvial, de grande riqueza agrícola, vulgarmente designa-da por Campo ou Campos de Coim-bra e que compreende parte das sub-

regiões de Soure e Montemor-o-Velho, até ao Mondego encontrar a foz, onde, para norte e para sul, nasce o pinhal que se desenvolve pelas frondosas ma-tas de Quiaios, de Lavos e do Urso, e as praias da Figueira e da Tocha, a nossa viagem de hoje irá terminar na vila de Pereira.Com o Mondego por referência, o percurso iniciou-se no Choupal, mata plantada no século XIX para impedir o contínuo amontoar de areias nos ter-renos de cultivo, e estendeu-se na visita

Coimbra vaidosa a mirar-se no rio

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Coimbra vaidosa a mirar-se no rio

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ao Palácio de São Marcos, nas imedi-ações de São Silvestre, bem como pela passagem pelas vilas de Ançã, Tentúgal e Pereira.Até chegar a Coimbra o rio corre ladea-do por encostas escarpadas até à Por-tela, onde se encontra com o Ceira, seu afluente. Na velha Aeminium a corrente das águas é sustida pelo açude, dando origem à formação de um belo e espe-lhado lençol de água que reflete as nu-vens, o casario e as pontes.A Barragem da Aguieira e o Açude-Pon-

te de Coimbra, construídos nas décadas de setenta e oitenta do século passado, retiraram um pouco o sentido ao epíteto de Basófias, por nele correr pouca água no Verão e transbordar das margens no Inverno. Na baixa coimbrã, quando o Mondego galgava as margens, o aces-so a algumas ruas apenas era possível de barco.Voltando ao Choupal, mata de poetas e doutores, também de amores e desa-mores, perdido um pouco a sua áurea romântica do passado, é hoje local pre-

Choupal de São João do Campo

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“O Pequenito”

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dileto dos conimbricenses para a práti-ca de desporto, seja a correr, caminhar ou a andar de bicicleta.Deixando para trás a mata com os seus trilhos e recantos infindáveis, seguimos beira-rio, após poucos quilómetros percorridos derivamos para o interior dos campos agrícolas até ao Rio Velho ladeado por novo choupal, entre São João do Campo e São Silvestre, por onde se circula agradavelmente.Para chegar ao antigo Convento de São Marcos, passamos obrigatoria-mente na vila de São Silvestre, de ori-gens ancestrais, que iniciou contudo o seu desenvolvimento apenas nos finais do século XV, por influência da proximi-

dade do Convento.Ao cimo da povoação encontramos um solar brasonado, de construção setecen-tista. Remodelações efetuadas no edifício, no decorrer do século XX, tornaram-no numa sombra do passado, claramente distorcido, relativamente ao seu carácter original. Mantém-se apenas a porta da entrada, rasgada por vão de verga curva, com cornija.Distando umas centenas de metros da povoação, o Mosteiro de São Marcos é obra de vulto na região, não encontran-do paralelo.Tendo começado a ser construída no século XV, da igreja inicial quase nada ficou. As obras iniciaram-se cerca de

Palácio de São Marcos, sobranceiro aos campos

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1452, acabando por volta do decénio de 80, sabe-se que foi seu arquiteto Gil de Sousa, que já construíra o convento de Penha Longa.A igreja conserva ainda um singular e magnífico conjunto de arte tumular exis-tente em Portugal, documentando a sua evolução nos séculos XV e XVI.A fachada atual é da época rococó e apresenta linhas elegantes de referente clássico, na frente desta estende-se para poente o largo e comprido terreiro de plátanos, em cuja entrada se levanta o alto cruzeiro de 1783.

O Mosteiro de São Marcos é, sem dú-vida, a obra de arquitetura com linhas

mais elegantes e de erudição que en-contramos nos campos do Mondego.De São Marcos, é possível apreciar a deslumbrante paisagem dos campos agrícolas, bordejados por pequenas colinas, que raramente ultrapassam os 100 metros acima do nível do mar e se estendem no horizonte.Prosseguindo em direção ao campo, optámos por seguir por uma pequena estrada asfaltada, contígua aos cam-pos agrícolas, passamos primeiro por São Martinho de Árvore, mas o destino é Tentúgal, onde nos esperam pastéis e queijadas, e o famoso arroz de pato que por estas bandas é muito apreciado.Mas Tentúgal tem mais que pastéis e

Os Campos de Coimbra, vista de São Marcos

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queijadas. O seu conjunto de casario, com sardinheiras encostadas às pare-des e um notável conjunto de edifíci-os dos séculos XVI a XVIII, dão à po-voação um carácter de nobreza que se percebe, muito porque as construções modernas pouco desvirtuaram a he-rança do passado.As referências mais antigas à vila de Tentúgal datam da primeira recon-quista cristã, nos anos de 954 e 980. O facto de aqui ter nascido o conde D. Sesnando, primeiro governador de Coimbra depois da reconquista de 1064, confere-lhe notoriedade. D. Sesnando era, ao mesmo tempo,

senhor de metade da vila, por herança de seus pais, e desempenhou papel bastante importante na reconquista.Mas não podíamos deixar Tentúgal resistindo aos deliciosos pastéis, até porque é importante a reposição de açúcar, assim a combinação de um pas-tel com o café foi inevitável.Novamente a pedalar, atravessámos o campo em direção ao rio, com destino à vila de Pereira, a que D. Dinis deu foral em 1282, tendo posteriormente obtido o foral manuelino a l de Dezembro de 1513.Encontramos na vila de Pereira um con-junto de edificações civis e religiosas

Tentúgal, casa setecentista

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de assinalável interesse das quais se destaca a igreja da Misericórdia e a casa do celeiro dos Duques de Aveiro, mas mais do que casas brasonadas, a gentes da vila orgulham-se de osten-tar como verdadeiro brasão o título de “lavradores” que davam a si próprios em virtude do seu labor pelo trabalho agrícola e de pastorícia.Em Pereira é obrigatório provar as ve-tustas queijadas, com elevada percen-tagem de queijo, ou as “barrigas-de-freira” oriundas do Real Colégio das Ursulinas, transferido para Coimbra em meados do século XIX.Terminamos com uma incursão pelo

Paul de Arzila, irrigado pela Ribeira de Cernache. O Paul está classificado como Reserva Natural. São muitas as espécies raras, em vias de extinção, que encon-tram abrigo neste habitat húmido. Lá se podemos encontrar aves como a garça vermelha, a garça-real, a cegonha bran-ca, entre outras.O regresso fez-se de comboio, de Arzila até à estação de Coimbra B, com as bici-cletas estacionadas no compartimento que lhes está adstrito, uma viagem calma, rápida e confortável nos comboios da CP, facto que deve ser elogiado, lamentan-do-se apenas que tal não se verifique nas linhas do Douro e Minho.

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Pereira, igreja da Misericórdia