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SUPLEMENTO DISTRIBUÍDO EM CONJUNTO COM O JORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL JULHO 2013 / EDIÇÃO Nº 27 - Periodicidade Mensal Venda por Assinatura - 4 Euros INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO AS POTENCIALIDADES DA INDÚSTRIA DE MOLDES CONSERVAÇÃO DAS CÉLULAS ESTAMINAIS – MODELO PÚBLICO OU PRIVADO? OUWEIZ USMANMIÁ A EDUCAÇÃO É O DIAMANTE DA NOSSA CIVILIZAÇÃO. É ALGO BASTANTE VALIOSO E QUE DEVEMOS POLIR CONSTANTEMENTE E PRESERVAR. DEVEMOS, POR ISSO, INVESTIR MUITO NA EDUCAÇÃO, SEM DISCRIMINAR NINGUÉM, INDEPENDENTEMENTE DA RAÇA OU DO ESTRATO SOCIAL Diretor Pedagógico do Colégio Internacional de Palmela, relembra a importância da Educação: Fotografia: Diana Quintela ANO INTERNACIONAL DA ESTATÍSTICA Mais-valias do SETOR MINERAL 1º CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIOENERGIA RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL NORUEGA

Revista Pontos de Vista Edição 27

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Page 1: Revista Pontos de Vista Edição 27

SUPLEMENTO diSTribUídO EM cONjUNTO cOM OJORNAL PÚBLICO / DISTRIBUIÇÃO NACIONAL

jULHO 2013 / EdiÇÃO Nº 27 - Periodicidade MensalVenda por Assinatura - 4 Euros

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Ouweiz usmanmiá

A educAção é o diAmAnte dA nossA civilizAção. é Algo bAstAnte vAlioso e que devemos polir constAntemente e preservAr. devemos, por isso, investir muito nA educAção, sem discriminAr ninguém, independentemente dA rAçA ou do estrAto sociAl

Diretor Pedagógico do Colégio Internacional de Palmela, relembra a importância da Educação:

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FicHA técnicA

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do edi-tor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabi-lidade do editor.

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*O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

em destaque

4 Jorge Cruz, Agente Oficial da Propriedade Industrial, e o «Uso da Marca»

40 Ano internAcionAl dA estAtÍsticA

2013 está a ser mundialmente celebra-do como Ano Internacional da Estatísti-ca. Conheças as razões porque deve a Estatística ser celebrada

62 conservAção dAs célulAs estAminAis – bAnco pÚblico ou privAdoVários intervenientes deram a sua opinião relativamente a esta matéria. Ouvimos o lado público e a vertente privada. Conheça e tire as suas conclusões

14 relAçÕes bilAterAis portugAl/noruegA

Christian Nordahl, Representante do Conselho Norueguês das Pescas em Portugal, em grande entrevista. Saiba mais das relações bilaterais entre Portugal e a Noruega

30 empresAs FAmiliAres

Paulo Jorge Silva, Sócio-gerente da Planosegur Unipessoal Lda, fala da importância das Empresas Familiares

54 destinos de sonHo

Já marcou férias? Ainda não? Fique com uma excelente opção. Monte da Quinta Resort é a excelência a

pensar em si

18inovAção e

internAcionAlizAção

A importância da Internaciona-lização e da Inovação para as

marcas. Estratégias e formas de atuação perante novas realidades

34Promover as oportunidades de negócio a nível de mercado nacional e internacional em matéria de bioenergia foi o grande objetivo do 1º Congresso Internacional de Bioenergia, que se realizou nos passados dias 23, 24 e 25 de maio

35Teresa Ponce de Leão, Presidente do Conselho Diretivo do LNEG, e a importância do setor mineral para Portugal

38Estruturas Metálicas – Tintas Cin faz aposta forte na certificação de produtos e esquemas de pintura

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1 - De harmonia com o disposto no artigo 224º, nº 1, do Código da Propriedade Industrial

“O registo confere ao seu titular o direito de propriedade e do exclusivo da marca para os

produtos e serviços a que esta se destina.”

Em todo o caso, o registo, ao conferir direitos, também impõe obrigações ao respetivo titular, das quais devem destacar-se

a) O pagamento das taxas periódicas; eb) O uso sério da marca.

O pagamento das taxas periódicas – em Portu-gal foram sempre por 10 anos – é uma forma-lidade simples que exige, apenas, cuidado com os prazos, que são inflexíveis.

Mas o uso da marca tem aspetos delicados, que requerem o respeito pelas exigências legais aplicáveis.

2 - Antes de mais, a lei portuguesa, em obedi-ência á Diretiva de 21 de dezembro de 1988, exige que esse uso seja sério, quer dizer, efeti-vo e não fictício ou simulado.

Por outro lado, se a marca não estiver a ser usada por períodos superiores a 5 anos, o re-gisto pode caducar, conforme estabelece o ar-tigo 269º do Código da Propriedade Industrial, cujo nº 1 é o seguinte:

“Para além do que se dispõe no artigo 37.º, a caducidade do registo

deve ser declarada se a marca não tiversido objeto de uso sério durante cinco anos

consecutivos, salvo justo motivoe sem prejuízo do disposto no n.º 4

e no artigo 268.º.”

3 - Portanto, o uso deve ser sério – e, para isso, é indispensável que seja em quantidades que comprovem a normal venda do produto ou

O USO DA MARCA

prestação do serviço a que a marca se destina.Assim, é necessário saber o que é o uso sério ou efetivo da marca.

4 - No projeto do Manual recentemente divul-gado pelo INPI, diz-se que

“por uso sério entende-se a utilização comercial efetiva da marca, através de atos

concretos, reiterados e públicos”,

o que está inteiramente correto: isto significa que não é suficiente o uso privado, sem fina-lidade comercial, em reduzidas quantidades e sem que o consumidor possa adquirir o res-petivo produto nos locais normais de venda ao publico – e que vão desde o majestoso su-permercado ao modesto estabelecimento de bairro.

Mas esse projeto do Manual acrescenta ainda que

JorgE Cruz, AgEntE ofICIAl DA ProPrIEDADE InDustrIAl

propriEdAdE indUsTriAL a OPiniÃO de...

4

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“Quando o titular de uma marca a apõe

em objetos que oferece gratuitamente aoscompradores dos seus produtos,

entende-se que não faz uso sério dessa marca relativamente à classe a que pertencem

os referidos objetos.”

5 - Durante os primeiros cinco anos, não há perigo para o registo: mas antes deste período terminar, a marca deve já estar a ser usada.

De outra maneira, o registo fica passível de ca-ducidade.

6 - O INPI não faz – nem poderia fazer – o con-trole das marcas que são ou não usadas.

Por conseguinte, se ninguém requerer a cadu-cidade do registo, este continuará válido, mes-mo que a marca não esteja a ser usada.

7 - O perigo surge quando há qualquer interes-sado na marca e requer ao INPI que declare a caducidade do registo por falta de uso.

Neste caso, o titular do registo é notificado para provar o uso da marca, pelo menos no pe-ríodo de 5 anos que antecede a apresentação do pedido de declaração de caducidade.

E se não responder a essa notificação ou não for capaz de provar o uso da marca no referi-do período, o INPI declarará a caducidade do registo.

8 - O estudo do processo é delicado e exige, pelo menos,

a ) A análise do registo; eb) O exame cuidadoso das provas de uso, eventualmente apresentadas pelo respe-tivo titular.

9 - Verificado que o registo está em vigor – o que será elementar, pois, de outro modo, nem valeria a pena examinar o processo – interes-sa analisar se o registo é nominativo, figurativo ou misto e se há reivindicação de cores – aspe-tos fundamentais para considerar a validade das provas de uso apresentadas pelo titular.

É que se o registo não for de uma marca nomi-nativa, qualquer uma das restantes hipóteses exige o uso da marca rigorosamente como está registada – pois, de outro modo, a prova não é válida e será declarada a caducidade do registo.

10 - É frequente o registo de marcas mistas, em especial para produtos em que pode ser maior a fantasia, como a perfumaria, vestuá-rio, tecidos, brinquedos, etc.

E, neste caso, a marca em uso deverá ser igual à que foi registada, conforme exige o nº 1 do ar-tigo 261º do Código da Propriedade Industrial:

“A marca deve conservar-se inalterada,ficando qualquer mudança nos seus elementos

sujeita a novo registo.”

É que a lei portuguesa é muito rígida em ma-téria de alteração das marcas registadas, só permitindo as que são indicadas nos nºs 2 a 4 do mesmo artigo – o que é, na verdade, muito pouco.

Em todo o caso, para outras alterações que não afetem os elementos essenciais e característi-cas das marcas, o artigo 25º do mesmo Código prevê a possibilidade de o INPI as autorizar.

Mas essa alteração deverá ser feita atempada-mente, pois, se for depois do pedido de decla-ração de caducidade ter sido apresentado no INPI, já não será aceite.

portanto, o uso deve ser sério – e, para isso, é indispensável que seja em quantidades que comprovem a normal venda do produto ou prestação do serviço a que a marca se destina“

Verificado que o registo está em vigor – o que será elementar, pois, de outro modo, nem valeria a pena examinar o processo – interessa analisar se o registo é nominativo, figurativo ou misto e se há reivin-dicação de cores – aspe-tos fundamentais para considerar a validade das provas de uso apre-sentadas pelo titular

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Pontos de Vista Julho 2013

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Honestos, Respeitadores, Disciplinados, Úteis, Honrados, Honrosos, Responsáveis, Curio-sos, Conhecedores, Investigadores, Comu-nicadores, Carinhosos, Equilibrados, Empreen-

dedores, Inovadores, Globais, Refletivos, Pensadores, Limpos, Unidos, Pruden-tes, Sãos, Puros, Espirituais. A missão do Colégio Internacional de Palmela é disponibilizar a mais alta qualidade de educação, ao nível religioso, formativo e pessoal. Mais do que excelentes profis-sionais na sua área de formação, daqui

pretende-se que saiam seres humanos, como definiu, de uma forma transpa-rente, o guia desta pequena viagem, Ouweiz Usmanmiá, Diretor Pedagógico do Colégio Internacional de Palmela: “o nosso objetivo é preparar alunos com competências técnicas e científicas em todas as áreas. Mas, acima de tudo, que-remos formar seres humanos e jovens que serão, no futuro, líderes e que ama-nhã irão segurar o planeta. Queremos que eles se sintam úteis para a socieda-de. Queremos erradicar o egoísmo e o egocentrismo”. Numa sociedade onde estas caraterísticas tendem a tornar-se cada vez mais intrínsecas, sobretudo

Um sentimento de medo. Hoje, quando se fala em Islão surge esse mesmo sentimento de temor, de dúvida, uma reticência que leva grande parte da sociedade a opinar acerca do que não se conhece. Aqui está o poder da comunicação social. A comunidade islâmica não se resume às correntes radicais do Islão que são, frequentemente, acusadas de atos terroristas, como os atentados às Torres Gémeas. A sociedade tende a ser intolerante e a tomar “a parte pelo todo”. No CIP - Colégio Internacional de Palmela, uma escola diferente por ex-celência, pretende-se mudar essa imagem. A escola abre, constantemente, as suas portas à comunidade e foi lá que a Revista Pontos de Vista conheceu este pequeno mundo, onde os jovens são o centro de tudo, são os líderes do amanhã.

“A EDUCAÇÃO É O DIAMANTE DA NOSSA CIVILIzAÇÃO”

quando olhamos para jovens rebeldes e que querem, a todo o custo, mostrar que são adultos, esta tarefa nem sempre se afigura fácil. Mas, transpondo os muros do colégio (que até poderão causar algu-ma curiosidade por serem altos), tudo muda. As qualidades de cada um são re-alçadas, os pontos fracos transformam--se em pontos fortes. No fundo, tornam--se jovens responsáveis e aptos para encarar o mundo exterior com filosofias diferentes. “Uma pedra no caminho” passa a ser “um caminho com uma pe-dra”. No CIP, ministra-se um ensino dife-rente, que respeita os alicerces da tutela, mas que vão mais além, formando mais

ouwEIz usmAnmIÁ – DIrEtor PEDAgógICo Do ColégIo IntErnACIonAl DE PAlmElA Em grAnDE PlAnoEDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

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ProgramaCurricular CambridgeNo Colégio Internacional de Pal-mela, o programa curricular de Cambridge consiste em:Cambridge Primary Programme – 5 aos 11 anosCambridge Secondary 1 – 11 aos 14 anosCambridge IGCSE – 14 aos 16 anos (Obtenção do Diploma ICE)Cambridge A Levels – 16 aos 19 anos (Obtenção do Diploma AICE – Equivalência ao 12º Ano)

Abrimos as nossas portas a toda a comunidade e a alunos de diferentes credos porque o islão sempre foi transmitido para a opinião pública com uma conotação que provoca medo. queremos mostrar que somos uma escola normal e queremos dar a oportunidade aos alunos de testemunharem o quotidiano de uma criança que professa a religião islâmica”

ouweiz usmanmiá

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Pontos de Vista Julho 2013

do que profissionais do mais alto gabari-to. Aqui, educam-se seres humanos!O crescimento do Colégio Internacional de Palmela tem sido mais do que evi-dente, tendo, desde sempre, sustentado a sua dinâmica em pilares de qualidade e excelência que têm levado a instituição a alcançar o reconhecimento de todos. No Ministério da Educação, entre pais, na comunidade local ou em entidades internacionais, este ensino de qualidade a nível espiritual e escolar tem feito ecos um pouco por todo o lado. Mas, afinal, quando é que o projeto começou? A pre-ocupação da comunidade muçulmana em Portugal surgiu, sensivelmente, em 1995. “Queríamos preservar a identi-dade cultural porque, cada vez mais, foram sentidas dificuldades, por parte das famílias, em garantir uma boa edu-cação religiosa aos seus filhos”, relem-brou Ouweiz Usmanmiá. Assim, nasceu esta ideia que começou apenas com oito alunos. Foi então que, em 1998, alcança-ram a primeira conquista: obtiveram a licença do Ministério da Educação para ministrarem o 1º ciclo. “Não nos interes-sava mais naquela altura porque íamos mesmo começar com poucos alunos e era apenas um primeiro passo”, afirmou. Essa foi, de facto, a filosofia a partir da qual se regeu. Cada passo deve ser dado com ponderação. “Não devemos ser precipitados para podermos criar bases sólidas para um futuro melhor”, defen-deu o diretor pedagógico. Estávamos em 2007 e a escola já tinha licença para mi-nistrar do 1º ciclo ao Ensino Secundário. Mas, foram muitos os outros momentos que marcaram o crescimento deste edi-fício que é hoje uma referência. Neste

percurso construído passo a passo, a equipa foi colhendo frutos que, hoje, en-chem todos de muito orgulho. Em 2006, viram a consagração, a nível regional, de uma aluna como a melhor a matemática. Foi um orgulho sim, sobretudo porque “sendo uma aluna vinda das ex-colónias, existia um receio de ela não se conse-guir adaptar, mas com o seu esforço e a contribuição dos pais conseguiu su-perar todas as dificuldades”, partilhou Ouweiz Usmanmiá. Outro motivo de orgulho chegou em 2009, de uma for-ma algo inesperada. A instituição ficou classificada no ranking nacional de es-colas no segundo lugar, logo a seguir à Gulbenkian, e em primeiro lugar ao ní-vel das escolas privadas. Estes galardões abriram as portas ao lançamento do colégio além-fronteiras, sendo 2010 um ano marcado pela internacionalização.

EsCoLa InTErnaCIonaL dE rEfErênCIa

O grande objetivo desta instituição nunca foi ingressar num ranking de es-colas. É óbvio que foi motivo de grande regozijo e motivação mas esse não era o foco do trabalho. “Estávamos só a tra-

çar o nosso caminho com o objetivo de garantir a qualidade no ensino e ter a satisfação de ver os nossos alunos saí-rem daqui bem preparados para o mun-do académico e profissional”, explicou. Contudo, ao longo do percurso, houve sempre a preocupação e a curiosidade de perceber o que se passa fora do país e conseguir acompanhar essas constantes evoluções. Daí até à internacionalização do currículo foi um pequeno passo. Esta decisão, contudo, nada teve a ver com al-

7guma insatisfação que possa existir re-lativamente ao programa nacional. Pelo contrário. Ouweiz Usmanmiá considera--o “sólido” e com melhorias contínuas. Antes disso, o objetivo era facilitar os fluxos migratórios, atualmente, o obje-tivo consiste em preparar a juventude para as tendências profissionais cada vez mais exigentes a nível internacional. A internacionalização do colégio tem sido, de igual modo, uma forma de exal-tar a imagem de Portugal no exterior. A comunidade islâmica tem uma relação de proximidade com Portugal e tem ten-tado responder ao carinho e ao modo afetivo como o país soube recebê-los. “Portugal é um paraíso. Com a nossa internacionalização, o país tem sido valorizado”, defendeu o responsável. Com uma relação de grande proximida-de com universidades de todo o mun-do, sobretudo com a Universidade de Cambridge, no Reino Unido, o Colégio Internacional de Palmela tem enalteci-

Breve Cronologia1996 – Fundação da Comunidade Islâmica em Palmela1998 – Licença para o primeiro ciclo2003 – Iniciou o 2º Ciclo do Ensino Básico2005 – Os primeiros alunos chegaram ao 3º ciclo2006 – Prémio para a melhor aluna de Matemática a nível regional2007 – Recebeu a autorização para o secundário2009 – Ocupou o ranking nacional de escola com um segundo lugar a nível nacional e o primeiro lugar nas escolas privadas2010 – Começou a implementar o Currículo Internacional de Cambridge no 3º Ciclo e no Ensino Secundário2011 – Juntou-se à ECIS (European Coucil of International Schools), tornan-do-se, assim, numa escola internacional

A educação é o diamante da nossa civilização. é algo bastante valioso e que devemos polir cons-tantemente e preservar. é a base de tudo o que vem depois. devemos, por isso, investir muito na educação, sem discri-minar ninguém, indepen-dentemente da raça ou do estrato social”

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do a imagem que se tem do ensino em Portugal.Este foi, também, o primeiro ano em que os alunos do colégio realizaram exames a nível internacional para o 5º e 8º Ano. Estes exames denominados por Cam-bridge Checkpoints, embora facultati-vos, permitem aferir o progresso dos alunos nas disciplinas de English, Maths e Science. Os exames são corrigidos pelo Cambridge Examination Board.Os resultados, esses, foram mais um motivo de honra. Do Reino Unido, che-garam classificações que variaram entre o “bom” e o “muito bom”, resultados que motivam os alunos e professores a con-tinuarem a trabalhar, num esforço conti-nuado que tem sido reconhecido.Incutir este espírito de empenho e tra-balho é o objetivo, mesmo em período de férias. “Para quebrar um pouco com este absentismo que se instala nas fé-rias, lançamos um desafio. Como os alu-nos são adeptos das novas tecnologias, preparamos uma revisão da matéria onde eles desenvolveram conteúdos di-

gitais que ficam disponibilizados para gerações futuras”, explicou. Mais moti-vados ficaram quando souberam que es-ses trabalhos iriam ser, posteriormente, apresentados num congresso em Ames-terdão, na Holanda.

LIgaçõEs quE PErduramNo Colégio Internacional de Palmela existem duas preocupações constantes. Além das competências técnicas e cien-tíficas que os pedagogos querem que os alunos adquiram, existe ainda a compo-nente do currículo religioso que não se limita à transmissão de dogmas e ensi-namentos. “O mais importante é conse-guir integrar a formação moral e cívica do aluno porque, para nós, importa que ele se respeite a si próprio e se conheça. É importante que tenham sensibilidade para viver e conviver com o próximo, que tenham sensibilidade para saberem viver em sociedade, independentemente da religião, credo, cultura, raça”, salien-tou Ouweiz Usmanmiá. Assim, através da oferta escolar e da forma que os profes-

sores conduzem as suas aulas pretende--se incutir esses valores que devem ser reforçados em casa, no seio da família, para que todo este trabalho não se perca. Assim, é importante manter uma relação de colaboração e constante atualização com os pais que “são sempre recetivos e fazem críticas construtivas”. O contributo da comunidade local tem sido também uma das pedras basilares deste crescimento. O impacto é de tal forma positivo que, nos últimos tempos, a correria para alcançar uma vaga no co-légio tem sido frenética. Ocupar um dos cerca de 210 lugares tem sido algo ex-petável mas difícil. Custa dizer não, mas a direção tem de respeitar as prorroga-tivas do Ministério da Educação. Depois de se alcançar este almejado lugar, há uma marca que fica, quer nos alunos, quer nos colaboradores. “Independen-temente de terem ficado cá um ano ou dez, a saída é sempre um motivo de ale-gria e de tristeza. Quando procuramos nos registos, pensamos sempre onde é que eles estarão agora. Tentamos man-ter uma relação tão forte ao ponto deles terem a preocupação de nos visitarem e manterem-nos a par das suas vidas”, partilhou Ouweiz Usmanmiá.

“É ImPorTanTE havEr PonTEs dE dIáLogo EnTrE

as dIfErEnTEs CuLTuras”Se, inicialmente, o colégio foi criado no pressuposto de acolher crianças muçul-manas, hoje, acolhem jovens de qual-quer credo. Para Ouweiz Usmanmiá, esta facilidade ou dificuldade de agregar diferentes religiões “depende da forma como agimos”. Além de disponibilizarem

ouwEIz usmAnmIA – DIrEtor PEDAgógICo Do ColégIo IntErnACIonAl DE PAlmElA Em grAnDE PlAnoEDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

“É uma escola diferente da maior parte das escolas do nosso país. Os alunos frequentam regras naturalmente culturais, tradições, princípios religiosos próprios mas o facto de interagirem com a nossa comunidade no seu todo, o facto de hoje o colégio acolher crianças do nosso concelho e de toda a região da Área Metropolitana de Lisboa, faz com que os nossos meninos cresçam nesta dimensão de um maior conhecimento do outro, de uma maior tole-rância e, portanto, penso que crescem cidadãos mais solidários e com isso contribuem para um mundo melhor”

Declarações de Ana Teresa Vicente, Presidente da Câmara Municipalde Palmela, aquando da visita da Secretária de Estado

do ensino básico e secundário, Isabel Leite, ao CIP

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A comunicação social deve trabalhar connos-co e a informação deve ser transparente, real e não deve ser escamote-ada. A forma como uma mensagem é escrita ou como algumas imagens são transmitidas podem trocar as voltas e provo-car uma imagem errada. é importante acabar com a ignorância

mesmo que os nossos professores tenham de se sacrificar, não querem fazer nada que prejudique o progresso do aluno. Os colegas que fizeram as greves podem ter a razão do seu lado e têm o direito de se mani-festarem. mas os alunos têm alguma culpa?”, questionou. o diretor pedagógico aproveitou para lançar um apelo: pensem no benefício dos alunos, pensem que eles serão o futuro

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um acesso ao ensino igual para todos, a opção de abrirem as portas a todas as crianças teve como principal objetivo quebrar, definitivamente, com a imagem negativa que se tem da religião islâmica. Hoje, ainda permanecem opiniões con-trárias aos valores positivos e tolerantes desta religião. “Abrimos as nossas por-tas a toda a comunidade e a alunos de diferentes credos porque o Islão sempre foi transmitido para a opinião pública com uma conotação que provoca medo. Queremos mostrar que somos uma es-cola normal e queremos dar a oportu-nidade aos alunos de testemunharem o quotidiano de uma criança que professa a religião islâmica”, evidenciou Ouweiz Usmanmiá. As crianças são, assim, um “veículo” indispensável à transmissão dessa mensagem. Mas importa fazer mais. “A comunicação social deve traba-lhar connosco e a informação deve ser transparente, real e não deve ser esca-moteada. A forma como uma mensagem é escrita ou como algumas imagens são transmitidas podem trocar as voltas e provocar uma imagem errada. É impor-tante acabar com a ignorância”, ressal-

vou. Recordando a máxima do último profeta do Islão, “a diversidade é uma misericórdia divina”, Ouweiz Usmanmiá apelou à união entre todas as culturas, à partilha do conhecimento e ao esta-belecimento de pontes de diálogo entre todas as religiões, raças e culturas.

manIfEsTaçõEsdos ProfEssorEs

Completamente solidário com as re-centes manifestações da classe de pro-fessores, que levou ao adiamento e an-tecipação de vários exames nacionais e que atrasou a afixação das notas dos

Revista Pontos de Vista - de que forma conseguem «ocu-par» as crianças que não são muçulmanas aquando das horas reservadas para os es-tudantes muçulmanos apren-derem o alcorão?Ouweiz Usmanmia - O ensino religioso é facultativo. Eles têm liberdade para optar. Os que não escolhem esta vertente têm ati-vidades extra curriculares, salas de estudo onde podem rever ma-térias. Temos duas alunas que, por opção, assistem às aulas de religião porque têm curiosidade e também queremos mostrar que não é nenhum “bicho de sete cabeças”.

“Este colégio é a minha casa. Vivo isto dia e noite. Desde a direção aos auxiliares, são cola-boradores que nos fazem sentir em casa. Sinto autonomia e toda a liberdade para desenvolver os projetos. É um prazer enorme es-tar cá. É o local ideal.”

(Ouweiz Usmanmia)

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“Independentemente de terem ficado cá um ano ou dez, a saída é sempre um motivo de alegria e de tristeza. quando procuramos nos registos, pensamos sempre onde é que eles estarão agora. tentamos manter uma relação tão forte ao ponto deles terem a preocupação de nos visitarem e manterem--nos a par das suas vidas”

Pontos de Vista Julho 2013

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eXCeLÊnCia esPiRituaL- selection Year: é o ano de transição entre o programa de primário e o programa secundário de estudos islâmicos. Neste momento, são testadas as competências dos alunos e, posteriormente, são aconselhados a seguir o programa de Hifz ou o programa de Estudos Islâmicos.

- hifz: consiste na memorização do Sagrado Alcorão com a correta entoação (Tajwid). O objetivo é estimular a memória, a pureza espiritual e a dicção árabe.

- Islamic Primary Program: desenvolvido pelos pedagogos da Comunidade Islâmica de Palmela e adaptado para as diferentes faixas etárias, o progra-ma visa dotar os jovens dos conhecimentos mínimos para que possam viver como bons muçulmanos.

- secondary Islamic studies: trata-se do programa de Estudos Islâmicos secundários. O objetivo é preparar os jovens a compreender a filosofia das diferentes religiões, desenvolvendo, a par disso, um conhecimento aprofun-dado sobre a história e a cultura islâmica. Tem como base diferentes livros sagrados, sendo o principal o Sagrado Al-Corão.

ouwEIz usmAnmIA – DIrEtor PEDAgógICo Do ColégIo IntErnACIonAl DE PAlmElA Em grAnDE PlAnoEDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

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alunos, Ouweiz Usmanmiá não deixa de pensar nas consequências destes even-tos. “Mesmo que os nossos professores tenham de se sacrificar, não querem fa-zer nada que prejudique o progresso do aluno. Os colegas que fizeram as greves podem ter a razão do seu lado e têm o direito de se manifestarem. Mas os alu-nos têm alguma culpa?”, questionou. O diretor pedagógico aproveitou para lan-çar um apelo: pensem no benefício dos alunos, pensem que eles serão o futuro”.Hoje, são constantes as notícias que relatam casos de agressões em esco-las nacionais ou situações de desres-peito entre alunos e professores. São notícias alarmantes, que deixam no ar a pergunta: “que tipo de jovens o país está a educar?” Como pai e como filho, Ouweiz Usmanmiá acredita que a ori-gem do problema está na falta de di-álogo e de compreensão, entre pais e filhos, entre alunos e professores. Com as constantes revoluções, a nível com-portamental e tecnológico, “os pais não têm conseguido acompanhar. Fazem o esforço mas nem todos conseguem. Os jovens sentem-se abandonados e não têm a quem recorrer, não têm ajuda e criam mecanismos de autodefesa que são uma forma de extravasarem o seu descontentamento”, defendeu. Por ou-tro lado, a classe docente tem cada vez mais dificuldade em conseguir esconder a instabilidade que vive. “Por mais que se queiram alhear e ajudar os jovens, os problemas estão na cara deles”, realçou. Mesmo que, por vezes, seja árduo con-seguir vislumbrar uma luz ao fundo do túnel, Ouweiz Usmanmiá acredita que é importante parar para pensar e para conversar, para que todos consigam ar-ranjar uma alternativa, que respeite a essência da educação.

“a EduCaçãoÉ a BasE dE Tudo”

De tão valiosa que é, Ouweiz Usmanmiá comparou a educação a uma pedra pre-ciosa. “A educação é o diamante da nossa civilização. É algo bastante valioso e que devemos polir constantemente e pre-servar. É a base de tudo o que vem de-pois. Devemos, por isso, investir muito na educação, sem discriminar ninguém, independentemente da raça ou do estra-to social”, defendeu. Aos professores, colegas de profissão, Ouweiz Usmanmiá deixa uma mensa-gem: “valorizem-se, olhem para o ensino com paixão, valorizem a profissão”. Uma profissão que, para Ouweiz Usmanmiá, é mais do que isso: é uma missão. Cada dia fica marcado por ser diferente, não há uma rotina e é desafiante saber en-contrar um meio de cativar a atenção de um aluno, um espírito livre por nature-za. E é, aqui, no Colégio Internacional de Palmela, o local onde Ouweiz Usmanmiá se sente em casa, que os jovens têm li-berdade para construir os alicerces dos seus futuros, com valores sólidos que os ajudem a ser grandes líderes.

o mais importante é conseguir integrar a formação moral e cívica do aluno porque, para nós, importa que ele se respeite a si próprio e se conheça. é importante que tenham sensibilida-de para viver e conviver com o próximo, que tenham sensibilidade para saberem viver em sociedade, indepen-dentemente da religião, credo, cultura, raça

““Para quebrar um

pouco com este ab-sentismo que se ins-

tala nas férias, lan-çamos um desafio.

Como os alunos são adeptos das novas tecnologias, prepa-ramos uma revisão

da matéria onde eles desenvolveram con-teúdos digitais que ficam disponibiliza-dos para gerações

futuras”

[email protected]

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2013 é o Ano da Arquitectura Portu-guesa. Num momento difícil para estes profissionais, é fundamental esta con-certação de organismos públicos e pri-vados em prol de um mesmo objetivo? Felizmente a arquitetura Portuguesa tem grande visibilidade internacional, a qual tem várias origens. Não nos podemos es-quecer que existe arquitetura de matriz portuguesa nos cinco continentes devido à expansão que se seguiu aos descobri-mentos. Depois, deve-se aos prémios in-ternacionais atribuídos a arquitetos por-tugueses nas últimas décadas, dos quais se destacam os prémios Pritzker de Siza (1992) e Souto Moura (2011), dois arqui-tetos da escola do Porto, e aos prémios Alvar Aalto de Siza (1988) e Paulo David (2012), um arquiteto da escola de Lisboa. Esta visibilidade inicial atraiu muitos alu-nos estrangeiros às escolas de arquitetura portuguesas, primeiro, como alunos de intercâmbio no âmbito do programa Eras-mus e, depois, como alunos matriculados. Na Faculdade de Arquitetura (FA) esta re-alidade é particularmente visível o que lhe confere um ambiente muito internacional. Finalmente, os arquitetos portugueses que depois de terem tido uma experiência internacional enquanto alunos optaram por trabalhar no estrangeiro, têm consti-tuído verdadeiros embaixadores da nossa cultura arquitetónica; porque veiculam a nossa maneira de projetar e porque têm um bom desempenho enquanto profissio-nais. Por tudo isto acho que a arquitetura portuguesa é bem comunicada.

A FAUTL tem estado na linha da frente no panorama do ensino superior em Portugal, sendo pioneira na criação de novas licenciaturas ligadas ao “tra-dicional ofício do Arquiteto”. São estes aspetos que vos diferenciam?Este é, na verdade, um aspeto distintivo da FA. A FA é não só a escola de arquitetura com raízes mais profundas que vão até ao século XVI como é também a maior e mais diversificada. A FA tem cerca de 3000 alu-nos, mais de 10% dos quais estrangeiros. Oferece cursos conducentes a grau ao nível da licenciatura, mestrado e doutoramento em três áreas científicas interrelacionadas, nomeadamente, arquitetura, urbanismo e design. Oferece ainda cursos não condu-centes a grau que permitem aos profissio-nais especializarem-se e atualizarem-se permanentemente. O facto de incluir sob o mesmo teto o ensino daquelas três áre-as permite criar sinergias particularmente interessantes, conferindo-lhe um carácter interdisciplinar. Este carácter é acentua-do pela existência de disciplinas optativas transversais frequentadas por alunos dos diferentes cursos, mas também por pon-tes com a engenharia e as artes ao nível do

ensino e da investigação. Por isso dizemos que na FA o ensino do projeto vai desde a escala da mão à escala da cidade e do ter-ritório. Outra característica distintiva é a pluralidade de abordagens. Os alunos são incentivados a desenvolver a sua própria maneira de projetar e a sua própria lingua-gem. Finalmente, existe uma aposta forte na investigação e na sua ligação ao ensino, que se reflete por exemplo nos conteúdos das disciplinas optativas, garantindo um ensino na vanguarda do conhecimento.

O abandono escolar é uma realida-de cada vez mais presente no Ensino Superior. Sentem que vão ficando de “mãos e pés atados”?Na FA, apesar de todas as dificuldades, ainda não sentimos o peso do abandono escolar. O número de alunos da escola tem-se mantido estável, mesmo com as regras muito apertadas para o pagamento de propinas que fomos obrigados a esta-belecer. Sem os alunos pagarem as propi-nas, a escola não pode funcionar. O facto de termos criado um plano alternativo de pagamento de propinas, mais flexível, para os alunos carenciados tem ajudado. Por outro lado, a exigência no pagamento das propinas tem aspetos positivos. Os alunos tornam-se mais exigentes relativamente à qualidade dos serviços e os professores e funcionários são obrigados a correspon-der a este aumento de exigência.

Entre 2005 e 2012, o financiamento público das universidades diminuiu em

A comunicação não é parca. Hoje, a arquitetura portuguesa trespassa fronteiras e tem grande visibilidade internacional. A conquista de prémios, os programas de intercâmbio de alunos e a experiência profissional internacional de muitos deles ajudam a levar o nome dos ar-quitetos nacionais bem longe. Muitos destes profissionais começam aqui, na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.

2013: O ANO DA ARQUITETURA PORTUgUESA

cerca de 144 milhões de euros. Estas medidas poderão comprometer a esta-bilidade do ensino?Acho que estamos no limite dos cortes que é possível fazer nesta fase. Mais cortes implicam ou uma acentuada degradação da qualidade do ensino ou mesmo o en-cerramento de cursos e escolas. Com mais cortes vamos assistir à fuga dos professo-res mais qualificados para o estrangeiro, a turmas sobrelotadas, a edifícios degrada-dos, etc. Não digo que não seja possível a algumas escolas aumentarem progressi-vamente o volume de receitas próprias, mas este potencial não é igual para todas as áreas e leva anos a explorar, não sendo possível fazê-lo de um dia para o outro. Por outro lado, o investimento no ensino e na investigação é fundamental para o desenvolvimento económico e a compe-titividade do país. Sem este investimento a alternativa é baixar os salários, que é o que tem estado a acontecer.

De acordo com um estudo encomen-dado pelo Conselho dos Arquitectos da Europa (CAE), Portugal apresenta a taxa de desemprego de arquitetos mais elevada da Europa. Qual é, atual-mente, a taxa de empregabilidade dos cursos da FAUTL? É preciso olhar para os dados sob um prisma correto. A taxa de desemprego dos arquitetos em Portugal é a mais elevada na Europa como são as da maioria das de-mais profissões nesta altura. Isto não quer dizer que a situação seja confortável, é cla-

ro, mas os arquitetos têm vantagens que outros profissionais não têm. A formação em arquitetura confere aos graduados um leque alargado de competências, algumas delas específicas, o que lhes dá vantagens competitivas. Depois, apesar da formação em torno do projeto ser a referência na FA, temos procurado cada vez mais formar profissionais para ocupar cargos variados, desde o tradicional projetista a quadros dirigentes nas áreas ligadas ao ambiente construído, à cultura e à indústria. Final-mente, o reconhecimento da qualidade dos arquitetos portugueses também per-mite obter com facilidade colocação no estrangeiro. Talvez pela combinação de todos estes fatores a taxa de empregabili-dade dos nossos cursos tem sido elevada; um ano após terminarem o curso, 95% dos graduados já arranjou colocação.

José mAnuEl PInto DuArtE, PrEsIDEntE DA fACulDADE DE ArquItECturA DA unIvErsIDADE téCnICA DE lIsboA Pontos de Vista Julho 2013EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO

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LER NA INTEGRA EMWWW.PonTosdEvIsTa.PT

José manuel pinto duarte

Page 12: Revista Pontos de Vista Edição 27

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A China, pela importância dos investimentos que tem vindo a realizar no nosso país – sejam investimentos de raiz, como a Huawey, seja no processo de privatizações, como a entrada da China Three Gorges e da State Grid, respetivamente, no capital da EDP e da REN, seja também nas parcerias efetuadas com empresas nacionais em terceiros mercados, como é o caso do investimento da Sinopec com a Galp no mercado brasileiro, ou ainda, a recente abertura de uma sucursal do Bank of China – demonstra bem a confiança que tem na economia portuguesa, na sua capacidade de voltar a crescer, no caminho da sua internacionalização e da expansão além- fronteiras das suas em-presas e na sua aptidão em ser uma ponte de acesso a mercados como o europeu ou os dos países de língua portuguesa.

A INCONTORNáVEL CHINAPEDro rEIs, PrEsIDEntE DA AICEP PortugAlINTERNACIONALIZAÇÃO

pedro reis

E 2012, a China assumiu a posição de maior player do comércio internacional, ascendendo ao 1º lugar mundial quando somadas as suas exportações e im-portações. Maior exporta-dor desde 2010, a China

deverá tornar-se o maior importador em 2014 e o maior mercado de consu-mo em 2020.Os dividendos desta ascensão económi-ca criaram uma classe média emergente que abrange já mais de 250 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 20% da popu-lação. Os salários chineses apreciaram em média 13,6% ao ano desde 1995. A importação de bens de consumo cres-ce a taxas ainda superiores quer às da economia, quer às das importações em geral.Esta é, pois, um grande oportunidade para as nossas empresas. Oportunida-de cujo acesso é potenciado pelas ex-celentes e intensas relações bilaterais entre os Governos Português e Chinês, criando espaço para as nossas empresas apostarem na China como um destino sustentado da sua internacionalização.Portugal oferece bens de consumo com uma boa relação preço-qualidade, sur-gindo adequadamente posicionado face ao crescente número de famílias chi-nesas com rendimentos médios-altos, orientando-se por isso conveniente-mente quanto aos 5 grupos de consumo mais dinâmicos no seu contexto atual: alimentação; vestuário e calçado; bens para o lar; transportes e saúde. Nestes, há a considerar não só a di-mensão que resulta do multiplicar da população pelo novo poder aquisitivo, mas também a perspetiva de progres-são. É essa dinâmica que criará novos mercados. O desafio de internacionali-zação que hoje a todos convoca é o de exportar para os mercados emergentes, isto é, para economias marcadas pelo crescimento, pelo alargamento das res-petivas classes médias e que, seja pela dimensão do mercado interno, seja pela dinâmica de consumo, oferecem oportu-nidades concretas para a expansão das empresas portuguesas, quer numa ótica de exportações, quer de internacionali-zação.Embora os processos de exportação para cada um dos mercados extracomu-nitários sejam, regra geral, complexos burocraticamente e mais onerosos do que os de exportação para o mais próxi-mo e, desde logo, “interno” mercado da União Europeia, será sem dúvida nesses mercados terceiros que mais provavel-

mente as nossas empresas vão encon-trar novos clientes para as suas expor-tações a um ritmo acelerado.Daí a aposta estratégica que a AICEP tem vindo a desenvolver de forma pró-xima com a economia real no sentido da diversificação de mercados. Não obstante o seu ainda enorme potencial de crescimento, o comércio bilateral de mercadorias com a China Continental ultrapassou já os dois mil milhões de euros em 2012.Neste intercâmbio, a nossa taxa de co-bertura das importações pelas exporta-ções progrediu de apenas 17% em 2008 para 25% em 2009, 30% em 2010, 42% em 2011 e finalmente 61% em 2012. Com crescimentos anuais em torno dos 45% ao longo destes últimos 5 anos, as nossas exportações para este mercado têm ainda margem para crescer a um ritmo interessante ao longo dos pró-

ximos anos, abrindo no médio e longo prazo um espaço próprio para aumen-tar também o número respeitante à in-ternacionalização de empresas.O esforço de entrada na China desen-volvido pelos produtores e fabricantes nacionais, com as suas associações sec-toriais, é este ano evidente no indicador do cofinanciamento europeu (QREN) de que a AICEP é organismo intermédio de gestão, com mais de 50 ações nesse mercado, com destaque para o multipli-car das suas participações no eficiente circuito das feiras comerciais chinesas, cada vez mais relevantes no conjunto do Leste e Sudeste asiáticos. Uma dinâmica que terá que ser insistente e consequen-te para ter sucesso. Para ambicionar exportar para a China é preciso desde logo estar disponível para investir no cumprimento dos normati-vos chineses. No adequar dos produtos

não só às suas exigências legais pró-prias, mas também, muitas vezes, aos consumidores chineses. É necessário persistência na identificação in loco das oportunidades e na busca do parceiro certo.Poderá ainda vir a ser exigido investir em presença própria no mercado, parti-lhando as responsabilidades de comer-cialização com os importadores e distri-buidores chineses. Acompanhando-os e aos produtos exportados com o estabe-lecimento de um escritório de represen-tação. Evoluindo se possível para uma empresa própria de importação e distri-buição na China, ou mesmo uma rede de retalho, seja por via de uma empresa de capital integralmente português ou em joint-venture com um parceiro de capi-tal local.Avançando para uma aposta na qualida-de de vida das cidades de média dimen-são no que toca a temáticas como a mo-bilidade, a sustentabilidade e eficiência energética, para além de toda a fileira das engenharias, da construção ou da arquitetura. Às empresas que abracem o desafio de desenvolver uma sustentada estratégia de exportação para a China, colocar-se-á inevitavelmente a questão de investir numa presença própria que lhes permita ter sucesso hoje e crescer em paralelo com o aumento, sofisticação e dispersão territorial do consumo chi-nês amanhã.

Esta é, pois, um grande oportunidade para as nossas empresas. oportunidade cujo acesso é potenciado pelas excelentes e intensas relações bilaterais entre os gover-nos Português e Chinês, criando espaço para as nossas empresas apostarem na china como um destino susten-tado da sua internacionalização

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Como carateriza o percurso que a Vi-zelpas tem vindo a percorrer ao lon-go dos anos?A Vizelpas surgiu em 1996 direcionada para o setor têxtil. A crise no Vale do Ave estimulou a mudança de investimentos e hoje, com 115 trabalhadores, a Vizel-pas desenvolve soluções de embalagem e produz em Portugal embalagens ou-trora importadas para vários setores, sendo o mais relevante o alimentar.Hoje, a Vizelpas é provavelmente uma das empresas na Europa com mais po-tencial de crescimento no seu segmento de mercado. Dispõe de uma equipa jo-vem, multidisciplinar, competente e com uma dinâmica de trabalho reconhecida pelos nossos clientes. Além disso, apre-senta uma estratégia de negócio muito bem definida a longo prazo, tendo a ino-vação e a modernização como pilares de suporte a uma melhoria contínua e sem-pre a pensar nos seus clientes. Nas rela-ções do quotidiano, apostamos no acom-panhamento presencial e permanente nos diferentes processos de embalagem que os nossos clientes requisitam.

A inovação e a persistência têm sido os motores que permitem consolidar a marca? Sim. Portugal, neste momento, ainda está a importar a maior parte das suas emba-lagens flexíveis mais técnicas e durante muitos anos, houve escassez de produto-res nacionais neste tipo de artigos. Neste momento, a Vizelpas está a responder a uma grande parte dos desafios. Mas o maior desafio não é produzir bem, é con-seguir sensibilizar os empresários portu-gueses de que devem testar as soluções, as quais estamos disponíveis a desenvolver.

Quais as principais áreas de atuação da Vizelpas? A nossa principal área é a da alimenta-

ção, mas também temos produtos e ser-viços para indústrias de produtos hospi-talares, entre outros.

De que forma conseguem adaptar a procura às exigências do mercado, tendo como prioridade a qualidade e inovação? Neste ponto apostamos na formação contínua de toda a equipa, sem exceção: do departamento de vendas à secção de desenvolvimento, a formação sobre packaging e embalamento são vitais. A troca de experiências é também essen-cial na aprendizagem. É extremamente importante, também, que a equipa do desenvolvimento esteja muito próxima dos nossos clientes, num processo de interação permanente com o nosso pú-blico-alvo em busca da melhor solução.Na incessante missão de encontrar os

A Vizelpas é uma empresa produtora de embalagens flexíveis que trabalha essencialmente para os setores alimentar e médico-cirúrgico. Aliando a competência e know how a um processo produtivo controlado, desde a extrusão à expedição do material, a Vizelpas procura cons-tantemente disponibilizar soluções eficientes através da inovação e aposta em produtos de elevada performance. Uma vez que, Portugal ainda importa a maior parte das suas embalagens flexíveis com caraterísticas mais técnicas, o grande objetivo da Vizelpas é colmatar essa falha do mercado nacional e combater as importações. Mais do que isso, aumentar as exportações das embalagens fabricadas no nosso país e mostrar que temos boas soluções nesta área. Trabalhar lado a lado com o cliente é outra das grandes preocupações da empresa dirigida por Modesto Araújo que, nesta entrevista à Revista Pontos de Vista, afirmou: “só sentindo intensamente as dificuldades dos nossos clientes poderemos procurar as melhores soluções”.

“O ObjETIVO É INTERNACIONALIzAR A EMPRESA”

melhores fornecedores de materiais, as parcerias com pólos tecnológicos e com universidades, tanto nacionais como in-ternacionais, têm sido também fatores importantes no desenvolvimento e ex-pansão da Vizelpas.De forma a poder oferecer o produto certo a cada mercado, os nossos profis-sionais têm que analisar o binómio mer-cado/produto, de forma a ir ao encontro das necessidades dos clientes para apre-sentar a solução mais eficiente.

A Vizelpas tem vindo a percorrer um percurso de excelência em prol de produtos de qualidade ímpar. De que forma se realiza esse percurso tendo como desiderato a preferência dos consumidores? O estabelecimento de uma parceria im-portante com os nossos fornecedores e com os nossos clientes tem ajudado a Vizelpas a crescer, numa linha ascensio-nal que é também acompanhada pelos nossos clientes.Além de oferecermos as soluções que os clientes estão a usar, procuramos al-ternativas que signifiquem um ganho ao cliente, quer no aumento da longevida-de do produto, quer no melhoramento de alguma propriedade que elimine ou reduza quebras no processo produtivo. Só sentindo intensamente as dificulda-des dos nossos clientes poderemos pro-curar as melhores soluções.

De que forma os produtos da Vizelpas assumem caraterísticas diferencia-doras de outros produtos existentes no mercado? Comprar as embalagens em Portugal significa encurtar tempos de entrega, oferecer preços mais competitivos e, acima de tudo, fomentar uma proximi-dade com o fornecedor que se torna uma mais valia. A proximidade permite-

-nos conhecer bem o cliente e apoiá-lo na procura das melhores decisões para o produto a embalar.Tendo em conta que é de extrema im-portância alargar o portfólio de negó-cios e expandir a atividade a outros mer-cados, o esforço tem que se refletir nas vendas e compreender que tão ou mais importante do que produzir com quali-dade é vender! Este é um fator essencial para o sucesso de qualquer empresa.Para a Vizelpas, o mais importante é acrescentar à sua rede, todos os dias, novos parceiros que permitam que as suas vendas incluam o packaging e um serviço de consultoria. É esse serviço que vai fazer a diferença quando os nos-sos clientes avaliarem os fornecedores.

Quais são os objetivos para 2013/2014? Para 2013 e 2014 temos que combater as importações e já temos alguns casos de sucesso importantes. Mas queremos mais. No mundo do marketing, a solu-ção de embalagem Doypack surge como uma alternativa eficiente e de baixo in-vestimento de equipamentos no proces-so produtivo.Na Europa estas soluções surgem de for-ma mais lenta e em Portugal mais lenta ainda. Temos que assumir a tarefa de alertar os clientes para as novas solu-ções que surgem.Sem dúvida que o objetivo é internacio-nalizar a empresa e mostrar que existem já soluções de embalagem fabricadas em Portugal.

moDEsto ArAúJo, DIrEtor gErAl DA vIzElPAs, Em EntrEvIstA Pontos de Vista Julho 2013INTERNACIONALIZAÇÃO

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“Para 2013 e 2014 temos que combater as importações e já temos alguns casos de sucesso importantes. mas queremos mais”

Comprar as embalagens em Portugal significa en-curtar tempos de entrega, oferecer preços mais com-petitivos e, acima de tudo, fomentar uma proximidade com o fornecedor que se torna uma mais valia. A proximidade permite-nos conhecer bem o cliente e apoiá-lo na procura das melhores decisões para o produto a embalar

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Há muito tempo que o consumo de bacalhau está intrinsecamente en-raizado na cultura e nos hábitos da sociedade portuguesa. Cerca de um quarto do bacalhau que se pesca em todo o mundo, come-se cá e só o melhor atravessa as fronteiras na-cionais. Apesar de muitas famílias cortarem em bens essenciais, como a alimentação, o Bacalhau continua a ser o “fiel amigo” dos portugueses?Efetivamente o bacalhau continua a ser o fiel amigo dos portugueses e a prova disso está no crescimento do consumo que se registou no bacalhau em cerca de três por cento, o que mostra que não é só o fiel amigo, mas que é um peixe em que os portugueses confiam.

Ainda permanece a ideia de que o bacalhau é dos peixes mais caros dis-poníveis no mercado. Qual tem sido o papel da NORGE no sentido de des-mistificar esta ideia?O bacalhau salgado seco é e facto um peixe acessível, apesar de existir o mito de que é um peixe caro. Suponha-se, por exemplo, que o preço por kg do baca-lhau crescido ronda os 6 euros. O baca-lhau salgado seco é um peixe limpo, já sem cabeça e sem tripas e será demolha-do. Na demolha, o peixe recupera a água perdida durante o processo de secagem, ou seja recupera 30 por cento do seu peso. Assim um bacalhau de 2 kg passou a pesar 2,7 kg. Ora o preço real por kg do bacalhau passou a ser realmente de 4,5 euros. Se se olhar para as bancas de peixe poder-se-á perceber que o baca-lhau é efetivamente um peixe acessível às bolsas dos consumidores.

Uma das grandes missões da Norge passa pelo reforço da presença do salmão nos lares portugueses. O que tem sido feito nesse sentido? O facto de ser um produto que, tal como o ba-calhau, é bastante versátil, continua a ser do desconhecimento geral?Nos últimos anos têm sido realizadas ações de esclarecimento para os vários setores de atividade sobre a versati-lidade do salmão. Em resultado disto o consumo também tem crescido. Por exemplo no ano de 2012, em Portugal, consumiram-se cerca de 12 mil tonela-das de salmão. No ano anterior, 2011, o consumo registado tinha sido de 9,5 mil toneladas. Ou seja o consumo de salmão

tem crescido muito positivamente em Portugal, devido a vários fatores, como seja a sua versatilidade, ser preferido por grande parte das crianças, ser re-ferência no sushi e estar sempre pre-sente nas bancas de peixe. Os números de consumo dizem que os portugueses apreciam bastante o salmão e que o têm incluído na sua alimentação.

Em Portugal, tem sido feito o sufi-ciente para promover a qualidade do bacalhau? Desde as suas origens à sua frescura, este produto tem sido valorizado?Penso que da parte da Norge tem sido realizados os esforços para demonstrar a qualidade do bacalhau da Noruega. Temos convidados regularmente várias pessoas para visitarem as zonas pes-queiras norueguesas, desde jornalistas, a chefes de cozinha, de modo a mostrar como é todo o procedimento desde a pesca até à preparação do bacalhau. E penso que temos conseguido mostrar que na Noruega existe uma preocupação de sustentabilidade na gestão dos sto-cks marinhos, que as águas do Mar da Noruega são das mais puras do planeta,

Portugal e Noruega. Duas nações que têm criado uma relação de parceria com ganhos evidentes para ambos. Assim se continue a promo-ver e a fomentar esta ligação. Atenta à relevância deste cenário, a Revista Pontos de Vista conversou com Christian Nordahl, Representante do Conselho Norueguês das Pescas em Portugal e uma personalidade conhecedora destes dois países, que revelou como tem sido criada essa dinâmica, onde a NORGE tem tido um papel fundamental, lembrando ainda que o bacalhau, entre outros, tem sido um «veículo» pro-motor dessa ligação entre Portugal e Noruega.

“O bACALHAU É DA NORUEgA, A TRADIÇÃO É PORTUgUESA!”

e que os métodos de pesca utilizados são os mais adequados para conseguir que o bacalhau chegue nas melhores condições à mesa dos portugueses.

Nem todos os portugueses podem ser especialistas em gastronomia ou es-tarem aptos para saber distinguir o Bacalhau proveniente da Noruega de outros que circulam no mercado. Que conselhos transmitiria no sentido de ajudar o consumidor a saber fazer esta distinção?Essa tem sido uma preocupação para a qual conseguimos uma solução. Todo o bacalhau cujo processamento é total-mente efetuado na Noruega é etiqueta-do, indicando a sua origem. Sobre esse bacalhau não há dúvidas, uma vez que ele é certificado na origem. Mas também há que dizer que uma parte do bacalhau exportado pela Noruega para Portugal é acabado de secar em Portugal. Apesar de ser bacalhau da Noruega, só não tem a etiqueta de origem uma vez que é tratado por diferentes operadores. Não deixa de ser um produto fiável, apenas não pode exibir a etiqueta de origem dado este sis-tema repartido na processo de cura.

Tem sido uma das grandes lutas da Noruega unir esforços para que a tradição associada ao bacalhau seja sempre preservada. Na prática, em que tem consistido este trabalho?Existe uma frase que usamos e que, pen-so, traduz de forma clara o que temos feito: O bacalhau é da Noruega, a tra-dição é Portuguesa! Efetivamente é em Portugal que se encontra a maior varie-

ChrIstIAn norDAhl, rEPrEsEntAntE Do ConsElho noruEguês DAs PEsCAs Em PortugAl, Em grAnDE EntrEvIstARELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL/NORUEGA

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“a indústria de peixe seco norueguesa tem mantido as suas expectativas e a sua capacidade. este ano, porque o preço do bacalhau desceu nos mercados inter-nacionais, perspetivam-se menos lucros, mas o volu-me de bacalhau exportado deverá crescer em relação ao ano anterior, uma vez que a quota de pesca para 2013 também cresceu”

christian nordahl

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Pontos de Vista Julho 2013

dade de receitas de bacalhau do Mundo. E digo sem veleidade que é em Portugal que se come o melhor bacalhau do Mun-do. A tradição culinária do bacalhau está aqui em Portugal. E é essa tradição que nós queremos ajudar a preservar.

Num período de crise, a indústria de peixe seco, apesar de alguns índices mais baixos, tem sido capaz de re-forçar a sua posição em termos de exportações. A que se deve este fenó-meno?A indústria de peixe seco norueguesa tem mantido as suas expectativas e a sua capacidade. Este ano, porque o preço do bacalhau desceu nos mercados interna-cionais, perspetivam-se menos lucros, mas o volume de bacalhau exportado deverá crescer em relação ao ano ante-rior, uma vez que a quota de pesca para 2013 também cresceu.

Em Portugal, o valor do mar assume potencialidades que são determinan-tes para o relançamento da economia portuguesa e para a preservação dos recursos naturais. As gerações atuais têm consciência da importância da nossa cultura marítima?Espero que, a exemplo do que na No-ruega se tem feito, em Portugal se siga exemplo semelhante. Para que seja mantida a relação com o mar, na Norue-ga, existem várias escolas de pesca que tem uma ação próxima dos jovens das escolas primárias, de modo a que eles percebam desde novos como é o mar, como se pesca, como se pode ter uma profissão na pesca.

No seu entender, é necessário esti-mular as relações comerciais e pro-dutivas entre estes dois mercados no sentido de reforçar igualmente o pro-gresso económico e social de ambos? O que é que ainda falta fazer?Isso é resposta que só pode ser dada pela dinâmica dos mercados. Existem exem-plos de instalação na Noruega de por-tugueses que passaram a operar como exportadores para as suas empresas em território português. E existe também o exemplo da aprendizagem do processo de secagem do bacalhau em túneis de vento, que foi ensinada pelos industriais portugueses aos noruegueses.

Em 2012, a exportação de bacalhau da Noruega para Portugal foi de 42 mil toneladas, uma redução de 15 por cento comparativamente com 2011. O impacto da atual conjuntura

económica preocupa os pescadores noruegueses?O ano de 2012 pode ser considerado um ano anormal em termos de importações, porque havia stock suficiente nas lojas. Há que recordar que no início de 2011 não havia bacalhau nas lojas nem em stock em Portugal, logo a importação foi bastante superior de forma a criar um stock de reserva. No ano seguinte, 2012, as importações foram, logicamente, menores, e refletem o regresso à estabi-lidade de stocks realizada pelos impor-tadores portugueses. Logicamente que os pescadores e os exportadores norue-gueses vivem sempre preocupados com uma possível redução das exportações. Mas a Noruega não exporta apenas para Portugal e, refira-se, a procura por baca-lhau continua forte por parte de outros mercados. Tenho que reconhecer que, por tradição, os exportadores norue-

que linha estratégica tem sido utilizada pela nORGe para reforçar os laços entre Portugal e a noruega, tendo como pano de fundo o papel que o bacalhau assume nestas ligações?Há que reconhecer que a Norge também contribui para que o consumo de peixe em Portugal se mantenha nos níveis habituais. É claro que para nós o bacalhau e o salmão são os peixes primordiais, mas sabemos que todos os que estão relacionados com peixe acabam por beneficiar deste facto.A Norge, uma vez que representa os exportadores noruegueses de pescado, não pode alargar o seu papel para muito além do âmbito das pescas. Mas dou como exemplo algumas ações de promoção gastronómica que temos apoiado em Portugal, desde o concurso culinário Revolta do Bacalhau, a ações de di-vulgação de sushi, como ações de formação para trabalhadores dos balcões de peixarias. Pensamos que esse é o nosso contributo para apoiar quem pre-fere o sabor dos peixes criados em águas frias, puras e cristalinas como são as do Mar da Noruega.

15gueses têm sempre em conta o mercado português como preferencial e reser-vam sempre o melhor bacalhau para exportar para Portugal. Caso a redução de exportações acontecesse (e pelo de-correr deste ano de 2013 as exportações de bacalhau para Portugal voltaram ao seu padrão) isso não os impediria de procurar outras soluções para pode-rem exportar o peixe. Mas há que refe-rir também que em 2012 o consumo de bacalhau cresceu em Portugal quase 10 por cento.

As relações entre Portugal e a Norue-ga vão muito além da exportação de bacalhau. Nos últimos tempos, mão de obra qualificada portuguesa tem sido acolhida por entidades norue-guesas que ajudam os nossos jovens a singrar em termos profissionais. De que forma a Noruega pode ajudar Portugal a reerguer-se desta crise económica?A Noruega é um país que acolhe com simpatia quem respeita os nossos va-lores de trabalho e de empenho. Muitos portugueses, jovens ou menos jovens, têm encontrado uma vida profissio-nal na Noruega. E têm descoberto que os noruegueses são pessoas francas e solidárias. Por isso têm ficado, apesar do clima frio, apesar de outros hábitos alimentares. A Noruega como país, tem apoiado Portugal, seja participando nos leilões de dívida que o estado português tem feito, seja apoiando alguma investi-gação científica portuguesa, dado o pa-pel que a educação e a investigação têm no futuro dos povos.

Há que reconhecer que a Norge também contribui para que o consumo de peixe em Portugal se mantenha nos níveis habitu-ais. É claro que para nós o bacalhau e o salmão são os peixes primordiais, mas sabemos que todos os que estão relacionados com peixe acabam por beneficiar deste facto

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É o mar quE nos unE

Portugal e a Noruega têm as maiores plataformas continentais da Europa e esta é uma das principais razões que nos tem levado a reforçar a nossa coo-peração na área do mar. Portugal tem um grande saber sobre o mar e muita experiência nas ativi-dades marítimas, como por exemplo estaleiros marítimos, portos profundos, projetos de energia renovável offshore, centros de excelência de in-vestigação no campo da biotecnologia marinha, e aquacultura. A Noruega tem uma indústria marítima especiali-zada, uma frota naval que opera em todo o mun-do, intensa atividade de produção e exportação de frutos do mar, investigação em biotecnologia marinha, conhecimentos sobre o Ártico e uma in-dústria petrolífera sólida. As atividades marítimas destes setores são áreas de grande valore econó-mico. Os clusters do mar são exemplos de grande desenvolvimento, eficiência e inovação.É neste contexto que iniciámos uma cooperação específica nas áreas da biotecnologia marinha e energias renováveis em offshore. Através de vá-rias conferências, foram estabelecidos contatos e

projetos de cooperação entre especialistas e co-merciantes dos dois países. Além disso temos ati-vidades bilaterais na área da indústria marítima, portos e aquacultura. A competência de Portugal é também reconhecia pela Noruega que na atua-lidade recorreu à contratação cerca de mil enge-nheiros portugueses recrutados por empresas norueguesas para trabalhar na área dos serviços offshore. As empresas norueguesas reconhecem as compe-tências dos portugueses, não só as técnicas mas também as linguísticas. Algumas dessas empresas optaram por se estabelecer em Portugal, ficando assim mais perto das atividades no Atlântico sul e com uma posição estratégica entre a Noruega, no norte, e as atividades petrolíferas e marítimas no Brasil e Angola, no sul.

uma CooPEração aTIva Portugal e a Noruega são membros do Espaço Eco-nómico Europeu. Ambos os estados beneficiam de uma Europa estável e próspera, com um mercado interno competitivo e em pleno funcionamento. Esta é uma das razões que leva a Noruega a apos-tar na redução dos desequilíbrios económicos e

Portugal e a Noruega têm muitas qualidades e interesses comuns, sendo que um dos mais importantes é o mar, pois são ambos países costeiros. A história, economia e a cultura dos dois países testemunham uma forte ligação ao mar. A relação entre Portu-gal, um país do sudoeste da Europa, e a Noruega, um país do norte da Europa, é caraterizada pelos recursos do mar e, especial-mente, pela longa tradição de comércio de frutos do mar. O bacalhau é o “nosso amigo fiel”.

PORTUgAL E NORUEgA UNIDOS PELO MAR

sociais na Europa, contribuindo com 1,8 mil mi-lhões de euros através dos EEA Grants no período 2009-14. A Noruega é um parceiro sólido, confiá-vel e de longo prazo para a Europa. Assim contri-buímos também com fundos para o FMI durante da crise financeira na Europa.Os EEA Grants estimulam oportunidades de co-operação entre os nossos países, com Portugal a beneficiar de 58 milhões de euros para aplicar em áreas estratégicas. (www.eeagrants.gov.pt). Os maiores programas são na área do mar, saúde e sociedade civil e há várias entidades noruegue-ses envolvidas como parceiros. Os EEA Grants também disponibilizam fundos para atividades bilaterais, tanto dentro dos oito programas como ao nível nacional em áreas como inclusão social, antidiscriminação, e viagens e participação em reuniões. A cooperação cultural também é também uma prioridade, no quadro dos EEA Grants, bem como entre instituições portuguesas e norueguesas. Com base nas nossas identidades, valores e inte-resses comuns, queremos reforçar a nossa coope-ração bilateral, tanto no domínio político e comer-cial como científico e cultural.

ovE thorshEIm, EmbAIxADor DA noruEgA Em PortugAl

RELAÇÕES BILATERAIS PORTUGAL/NORUEGA a OPiniÃO de...

As empresas norueguesas reconhecem as competências dos portugueses, não só as técnicas mas também as linguísticas. Algumas dessas empresas optaram por se estabelecer em Portugal, ficando assim mais perto das atividades no Atlântico sul e com uma posição estratégi-ca entre a Noruega, no norte, e as atividades petrolíferas e marítimas no Brasil e Angola, no sul.

“a cooperação cultural também é também uma priorida-de, no quadro dos eea Grants, bem como entre institui-ções portuguesas e norueguesas. Com base nas nossas identidades, valores e interesses comuns, queremos reforçar a nossa cooperação bilateral, tanto no domínio político e comercial como científico e cultural”

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Eventos, Educação, Cultura e Tecnolo-gia. O Grupo Exinov centra a sua atu-ação nestas quatro principais áreas, sempre com o lema “o seu sucesso é a nossa ambição”. O que é que tem mo-tivado o crescimento deste grupo e a afirmação do mesmo a nível nacional e internacional?A EXINOV surge em 2009 como resulta-do de uma análise de mercado em que se verificou a existência de oportunida-des de negócio nas vertentes da Cultura, Eventos, Educação e Tecnologia. Atua-mos no mercado nacional e internacional com diferentes marcas registadas, pois acreditamos que uma marca, sob um gru-po sólido, pode tornar-se uma mais-valia. Somos hoje um grupo que trabalha em prol do sucesso de clientes e parceiros nacionais e internacionais, sendo que é com estes que também evoluímos e cres-cemos de um modo sustentável.

O Grupo Exinov tem sido um parceiro no momento em que uma empresa opta por reforçar a sua comunicação com o exterior. Hoje em dia, é cada vez mais importante que uma organi-zação não se feche “a sete chaves” e que reforce a imagem que passa para o exterior?Sempre que uma empresa contacta a EXINOV no sentido de realizar uma campanha de comunicação interna-cional, ou porque já está estabelecida e pretende novas formas de “atacar” o mercado, ou porque pretende avançar um processo de internacionalização de raiz e não sabe a forma de comunicar corretamente no novo mercado, temos sempre o cuidado de analisar vários pontos em conjunto com o cliente, antes de efetivamente avançar para qualquer campanha. Faz parte do nosso “modo de estar” precaver eventuais problemas que possam advir para os nossos clien-

tes de uma comunicação mal realizada no exterior. De facto, não acreditamos que “o segredo é a alma do negócio”, até porque, na grande maioria das vezes, a troca de conhecimentos e ideias entre os nossos clientes e os nossos colabora-dores durante a fase de pré-campanha, propiciam novas formas e estratégias de expansão personalizadas e adaptadas à realidade de cada empresa.

Dentro do vasto leque de serviços disponibilizados pelo Grupo Exinov, qual é o que tem tido maior procura? Que explicação daria para esse facto?Em relação aos serviços que prestamos, existem três setores que têm tido uma procura cada vez mais elevada. São eles o da Cultura, Formação e o de desenvol-vimento de campanhas de comunicação. No entanto, é dentro do setor cultural que temos tido maior procura dos nos-sos serviços. Através de uma das nos-sas estruturas, a “Compª. Profissional de Teatro EDUCA” temos organizado e apresentado diversos eventos e anima-ções para milhares de pessoas de norte a sul do país de uma forma descentra-lizada. No entanto, também temos tido bastante procura no que concerne à re-alização de campanhas de comunicação para o exterior, especialmente por parte de clientes nacionais que pretendem expandir para Angola e Espanha, e das nossas formações empresariais.

A formação é outro dos vossos alicer-ces de trabalho, e como tal, organi-zam, de uma forma continuada, uma série de workshops direcionados para temas específicos. Quais são, hoje, as principais necessidades formativas que chegam ao Grupo Exinov?Atualmente, a maior parte dos parcei-ros e empresas que procuram os nossos serviços de formação, procuram essen-

“Faz parte do nosso “modo de estar” precaver eventuais problemas que possam advir para os nossos clientes de uma comunicação mal realizada no exterior”, afirma, João Bessa Gomes, Diretor Geral do Grupo Exinov, em entrevista à Revista Pontos de Vista tendo abordado, de uma forma direta e distinta, entre outras coisas, a relevância da comunicação, onde o Grupo Exinov é sem dúvida um excelente parceiro, principalmente num período onde a comunicação é propiciadora de novas formas e estratégias de expansão que devem ser personalizadas e adaptadas à realidade de cada empresa.

COMUNICAR COM ESTRATÉgIA

cialmente temas relacionados com a gestão de recursos, gestão de projetos e comunicação/marketing. Apesar de co-meçar a existir no mercado uma gestão de empresas cada vez mais capaz e aten-ta, a verdade é que os “decisores”, espe-cialmente das PME’s, procuram cada vez mais formações que os preparem para situações concretas dentro da sua reali-zada empresarial, de modo a colmatar e prevenir situações complicadas para as suas empresas.

Num momento em que o mercado nacional se encontra saturado, que caminhos encontram no mercado externo? É importante, no seu pare-cer, estimular as relações comerciais transfronteiriças?É um facto que o nosso pequeno mer-cado nacional está muito competitivo e que os clientes são cada vez mais exi-gentes. No entanto, quando se fundou a EXINOV, começámos pequeno, mas com grande ambição. Tivemos o primeiro objetivo de crescer no mercado nacio-nal e apenas quando este começasse a ficar estável, crescer para o mercado in-ternacional. O facto de “não darmos um passo maior que a perna” tem evitado imensos dissabores. Soubemos que se tivéssemos sucesso no nosso mercado poderíamos, com as ferramentas certas, transpor fronteiras e abranger outros mercados, partindo em busca de outros parceiros. Mais simples e eficiente que exportar produtos físicos, é “exportar” conhecimento e cultura. Por isso, temos trabalhado de um modo intensivo no sentido de contactar e elaborar proto-colos com entidades estrangeiras. Tal como nós, várias empresas têm ten-tado o mesmo caminho sendo esta, na nossa opinião, uma das formas que irá permitir alguma recuperação da nossa economia.

João bEssA gomEs, DIrEtor gErAl Do gruPo ExInov, Em EntrEvIstA Pontos de Vista Julho 2013INTERNACIONALIZAÇÃO

17CV João Bessa GomesLicenciado em Marketing, Pós Graduado em Comunicação Em-presarial e Marketing, Mestre em Gestão, tem estado à frente de vários projetos ligados à or-ganização de eventos, formação e realização de campanhas de comunicação internacionais. Com várias formações paralelas, destacam-se as relacionadas com as áreas da técnica vocal, falar para audiências, gestão e organização de eventos, gestão de projetos, protocolo, entre ou-tras, lecionadas para empresas, escolas e associações. Ainda, complementa a sua atividade através de formações a empre-sas, nomeadamente no âmbito da Motivação, Liderança, Empre-endedorismo, Marketing e Ges-tão de Projetos.

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A LRB é consultora especializada em diversas áreas de apoio à ação empre-sarial. Quais são essas áreas e quais aquelas que assumem uma relevância acrescida nos dias que correm?Somos uma empresa que surge no âm-bito de uma experiência retirada da ação empresarial, nacional e internacional, de outras empresas que atuam na área das tecnologias da informação e que têm em comum com a LRB o fato de terem sócios comuns, como é o caso da INTSIS E INTSIS ÁFRICA, das quais sou também Diretor. O apoio á ação empresarial surge precisa-mente pelo know how adquirido ao longo dos anos e que pode ser uma ajuda estru-tural nos dias de hoje. Desde a estratégia de abordagem a mercados emergentes como os de Angola, Cabo Verde e Moçam-bique onde já temos trabalho desenvolvi-do em todas os nossos campos de ação, passando pelo apoio efetivo ao estabeleci-mento de contatos e potenciação de nego-cio, estamos habilitados para prestar todo o apoio necessário à internacionalização, bem como à ação empresarial de raiz e de continuidade de negocio.

Num mundo cada vez mais marcado pela globalização, que importância têm os sistemas de comunicação na gestão das empresas e de que forma os mesmos são capazes de aumentar a competitividade e rentabilidade das organizações?Essa é uma preocupação constante e cada vez mais oportuna das empresas e enti-dades e daí a nossa aposta em sistemas inovadores e que representem não só um importante instrumento de gestão, mas configurem também uma ferramenta ex-tremamente útil no apoio à decisão. Neste

contexto, temos um sistema de monotori-zação que é tão eclético como adaptado às necessidades de cada organização. Este sistema permite monitorizar em contínuo tudo o que possa ser mensurável. A sua versatilidade é tão ampla que é aplicado em monotorização de pipelines em esta-leiro, ao nível da sua localização geográ-fica, como a monitorização de qualidade da água e respetivos caudais, passando pela otimização de rotas de recolha de resíduos diferenciados, através da moni-torização dos ecopontos ao nível da sua capacidade, otimizando rotas, aumentan-do a eficiência e reduzindo custos. O sis-tema funciona numa plataforma adaptada a cada necessidade e de utilização extre-mamente intuitiva. Esta é uma ferramenta útil, transversal e com um número de apli-cações imenso. Neste campo costumamos dizer para que nos seja colocado o desafio que desenvolveremos a solução à medida.

De que forma a LRB consegue ser um parceiro importante na internacionali-zação das empresas e produtos? Quais os principais mercados em que estão habilitados a dar este apoio?Desde logo estamos naturalmente vo-cacionados para os mercados Africanos, nomeadamente Angola, Moçambique e Cabo Verde. No entanto a visão que tenho de uma empresa é de um processo perma-nentemente evolutivo e por isso mesmo estamos sempre abertos a novos desafios e estamos atentos à evolução dos merca-dos internacionais. O mercado Africano é um mercado que conhecemos bem e onde temos excelentes relações com clientes e entidades de renome e com grande credi-bilidade. Podemos ser um parceiro impor-tante no processo de internacionalização

“Não aponte defeitos. Aponte soluções, qualquer um se sabe queixar”. Esta frase de Henry Ford sintetiza o espírito com que agimos em termos empresariais”, afirma Ramiro Brito, Administrador da LRB, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Basta ler esta frase para per-ceber o espírito distinto sentido na LRB, marca que é hoje um player de relevo no setor de mercado em que atua. Mas conheça mais da LRB, uma marca com atitude positiva.

“OTIMIzAR PARA MELHOR gERIR É O ObjETIVO”

de empresas e produtos pelas relações de confiança que construímos ao longo dos anos nesses mercados além de, obvia-mente, termos como já referi um conheci-mento efetivo dos mesmos. Mais do que entrar nesses mercados, importa criar condições para que a ação empresarial aí seja sustentável e duradoura.

Como caracteriza a ação que a LRB tem vindo a desenvolver na área do Am-biente?A área do ambiente é uma aposta inequí-voca da nossa companhia. Prestamos os serviços ditos convencionais, como estu-dos de impacte ambiental, implementação e manutenção de Sistemas de Informação Geográfica, delimitação de perímetros de proteção, entre outros e tentamos aliar as novas tecnologias aplicadas a soluções ambientais, como seja o caso da monito-rização como alavancagem daquilo que poderá ser a otimização da intervenção ao nível do ambiente fazendo uma aliança ló-gica com a evolução tecnológica. Otimizar para melhor gerir é o objetivo.

Com uma presença muito forte no ter-ritório africano, os serviços que desen-volvem nestes mercados são apenas relacionados com o investimento e o apoio às empresas na internacionali-zação ou, na área de ambiente, já têm vindo também a desenvolver alguma atividade? Qualidade e ambiente são duas questões que têm vindo a ganhar importância nas economias emergen-tes ou continuam a ser deixadas para segundo plano?A nossa intervenção no território africano tem várias frentes de ação. A mediação de negócios ou aquilo a que se chama trading tem um peso importante naquilo que são os resultados financeiros da companhia, bem como as perspetivas de crescimen-to para o futuro, mas estamos também a

desenvolver projetos na área do ambiente sobretudo através de parcerias com em-presas locais ou empresas portuguesas com presença nesses mesmos países. A questões ambientais ainda estão a dar os primeiros passos em Angola, Cabo Verde e Moçambique, cada um com a sua dimen-são e realidade que são bastante distintas. Desde logo há que ter noção que nestes países ainda se tenta evoluir em questões para nós tão essenciais como o abasteci-mento de água ou saneamento pelo que as coisas irão acontecer a seu tempo nesta matéria. A questão da monitorização e das soluções de sustentabilidade energética tem tido uma recetividade muito grande nestes mercados que nos colocam per-manentemente desafios novos que enca-ramos com profissionalismo e otimismo. Estamos aqui a realizar projetos impor-tantes e cujos resultados terão grande im-pacto económico e social.

O que é que podemos esperar da LRB para os próximos tempos?“Não aponte defeitos. Aponte soluções, qualquer um se sabe queixar”. Esta frase de Henry Ford sintetiza o espírito com que agimos em termos empresariais. Pode esperar-se uma postura ativa, empreen-dedora, recetiva a novos desafios e com uma enorme energia e vontade de vencer. Ambiente, tecnologia, trading e consultoria são as áreas de ação mais imediatas...para um futuro próximo agricultura poderá ser a aposta seguinte. Uma equipe simbiótica que congrega a juventude com a experiên-cia de um grupo discreto mas com resul-tados firmados que falam por si promete crescer sempre com segurança e firmeza. A continuidade de estabelecimento de parce-rias com entidades ligadas ao conhecimen-to como Universidades e Institutos serão também um vetor essencial de atuação.

rAmIro brIto, ADmInIstrADor DA lrb, Em EntrEvIstAINTERNACIONALIZAÇÃO

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LER NA INTEGRA EMWWW.PonTosdEvIsTa.PT

ramiro brito

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Cada vez mais, e num mercado onde a concorrência é atroz, a aposta na comunicação e no marketing é fun-damental para que uma empresa se afirme com solidez e faça chegar a sua mensagem. A INTSIS tem assumi-do essa orientação? Qual é a mensa-gem que a empresa tem transmitido para o exterior?A INTSIS é uma companhia com valores bem afirmados aquém e além-frontei-ras. A nossa ação empresarial passa por três vetores fundamentais e dos quais não nos desviamos, a saber, profissiona-lismo, responsabilidade e visão empre-endedora. O tipo de serviços que pres-tamos e a natureza dos mesmos, bem como a natureza dos nossos clientes exigem que sejamos bem mais do que meros fornecedores, mas sim parceiros de negócio que projetam para cada ne-cessidade uma solução adaptada.

A INTSIS disponibiliza um serviço completo de Outsourcing de sistemas que é, de certa forma, um meio de ajudar os parceiros a concentrarem--se no seu core business. Hoje, esta opção de subcontratação de serviços é cada vez mais um recurso escolhido pelas empresas? Quais são as princi-pais mais-valias?A globalização traz vantagens mas de-sencadeia novas necessidades. No mun-do em que vivemos não é sério nem re-alista da parte de qualquer companhia idêntica à INTSIS querer saber fazer tudo de forma cem por cento profissio-nal. Não é viável do ponto de vista da sustentabilidade económica das com-panhias, bem como do ponto de vista da seriedade e profissionalismo como encaram os negócios ter a pretensão de deter, “dentro de portas”, todo o know how e valia técnica para apresentar soluções eficazes e à medida das ne-cessidades dos clientes. O sistema de outsourcing permite dar profundidade e dimensão às soluções que criamos para os negócios e para os nossos clientes. O trabalho em parceria, juntando conhe-cimentos, experiências e áreas de ação diferentes ainda que interligadas é uma opção estratégica que nos parece óbvia e necessária. O “orgulhosamente sós” não entra no nosso léxico de gestão.

Dentro do vasto leque de serviços disponibilizados pela INTSIS, qual é o que tem tido maior procura? Que ex-plicação daria para esse facto?Sem dúvida que o BANK SERVICE tem

sido o nosso campo de ação mais volu-moso e efetivo. A segurança, simplici-dade e a operacionalidade intuitiva das nossas soluções têm tido enorme receti-vidade junto de clientes importantes em Portugal e no estrangeiro. Hoje a INTSIS opera em todos os Bancos Angolanos, em Cabo Verde, Moçambique, bem como em empresas importantes da área da in-dústria automóvel, comunicações e ban-cos, naturalmente em Portugal. Somos parceiros IBM, HP, Metalogix, Huawei, Interforms, entre outras representações e parcerias de reconhecida credibilida-de nacional e internacional. Somos tam-bém certificados pelo Uptime Institute. Dispomos de Know How, de soluções e parcerias que nos permitem agir no mundo das tecnologias de informação com produtos e soluções competitivas. Não nos limitamos a vender máquinas, aliás esse nem é tão pouco o nosso core business, somos arquitetos de soluções integradas que possa de fato ser úteis e representar um fator de crescimento e otimização produtiva dos nossos clien-tes. Criamos a solução, pomos a mesma funcionar e tratamos de todos os ser-viços de manutenção necessários para garantir o seu correto funcionamento ao longo do tempo.

Atualmente, a INTSIS está presente em Portugal e em alguns mercados africanos, como Angola, Cabo Verde e Moçambique. São mercados que di-ferem em vários aspetos mas muito similares noutros. De um modo geral, quais são as principais exigências dos vossos parceiros?Cada mercado tem especificidades próprias. Cada mercado tem as suas necessidades e a virtuosidade empre-sarial está em saber tomar o pulso aos mercados, perceber as suas fragilidades e apresentar soluções para as colmatar. As exigências dos nossos clientes pas-sam precisamente por aí, por necessita-rem de soluções adaptadas às suas es-pecificidades e que sejam acima de tudo eficazes. Eficácia, profissionalismo e seriedade são as chaves de ouro para la-borar nos mercados dos nossos tempos.

Recentemente, como resultado de uma parceria entre a INTSIS e a Fas-tPassCorp, ficaram responsáveis pela venda e implementação da solução Fastpass em Portugal, Angola, Mo-çambique e Cabo Verde. O que signi-fica representar a prestigiada e expe-riente FastPassCorp?

A inovação e a tecnologia são hoje vetores essenciais no sucesso das organizações e marcas. Neste sentido, é fundamental que existam parceiros de excelência e qualidade neste domínio. A INTSIS é disso exemplo, pois aposta na comercialização, integração e suporte de soluções informáticas e de comunicações, junto do ramo empresarial e profissional, prestando serviços no país continental e ilhas, bem como em alguns países lusófonos como Angola, Cabo Verde e Moçambique. Mas quisemos saber mais e conversamos com Luís Brito, Administrador da INTSIS, que nos deu a conhecer um pouco mais de uma marca que mais do que um mero fornecedor de serviços, é hoje um parceiro de negócio que projeta para cada necessidade dos seus clientes uma solução adaptada.

PARCEIRO COM SOLUÇõES DE ExCELêNCIA

A FastPassCorp é um sistema que vem simplificar bastante a integração dos acessos aos vários programas e plata-formas num só gestor central. Isto per-mite que com uma só password possa aceder a todos os seus programas e pla-taformas. É uma forma de agilizar o fun-cionamento, muitas vezes complexo, de plataformas quer do ponto de vista pes-soal, mas essencialmente ao nível em-presarial. A implantação deste sistema em Portugal, Angola, Cabo Verde e Mo-çambique ser confiado à INTSIS é mais um fator de reconhecimento da credibi-lidade do nosso trabalho, à semelhança do que já aconteceu com outras marcas de prestígio internacional. Isto é o refle-xo do trabalho que temos desenvolvido.

Num momento em que o mercado nacional se encontra saturado, que caminhos encontram no mercado externo? É importante, no seu pare-cer, estimular as relações comerciais transfronteiriças?A crise é, por princípio, um fator trans-versal à sociedade. Não entendemos que o mercado esteja necessariamente saturado, até porque na nossa área de ação as necessidades são crescentes e cada vez mais evidentes. Entendemos que se os passos forem seguros e bem dimensionados, Portugal é também um país com oportunidades, pelo menos na nossa área de negócio. As relações trans-fronteiriças são importantes na medida

em que potenciam o negócio da compa-nhia para dimensões que não teria se fosse apenas centrado no nosso país, no entanto, não encaramos a internaciona-lização como um processo de salvação nacional. Hoje não podemos ter empre-sas em Portugal que vão para África com o espírito de que lá se vão salvar. África também exige investimento, também encerra risco e também timing de efeti-vação de negócio muito próprios e por-tanto não pode ser vista como uma tábua de salvação, mas antes como um meio de crescimento e até de fortalecimento financeiro das empresas. Uma coisa é fortalecer outra é salvar.

IntsIs - PArCEIro DE PrEstígIo Pontos de Vista Julho 2013INTERNACIONALIZAÇÃO

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luís brito

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Quais os principais desafios que se impõem como resultados dos fenó-menos de crescimento urbano?O ritmo do crescimento dos fenómenos urbanos, económicos e sociais impõe desafios a todas as entidades públicas ou privadas e obriga-nos a pensar o ur-banismo de forma integrada.Recentemente a população mundial ul-trapassou a barreira dos 50% a viver em cidades; isto é significativo: se em África, na Ásia e na América do Sul se pode falar em crescimento urbano, no chamado mundo ocidental verifica-se um decréscimo das metrópoles, pelo que se tem de pensar em reabilitação, reestruturação ou renovação urbanas. É claro que o crescimento impõe que se planeiem e projetem cidades com infra estruturas e equipamentos adequados aos fenómenos da sua ocupação tenden-cial. Porém, em ambas as realidades – bairros que surgem do zero, no caso dos países emergentes, ou tecidos urbanos pré existentes, como no caso europeu

– é preciso, em prol de uma qualidade de vida de acordo com os padrões atu-ais, pensar antes de ocupar, antes de construir. Daí colocar-se, antes de mais, a necessidade de planeamento urbano. Importa considerar a demografia, a rea-lidade social: se na Europa não interessa urbanizar tanto em África, por exemplo, são necessários fogos e logo, todos os equipamentos e infra estruturas que os suportam.

De que modo a S&F, através dos seus serviços de assessoria, consegue aju-dar os seus clientes a enfrentar estes desafios?Através da nossa experiência no terre-no, nomeadamente na área do planea-mento territorial (que não se esgota na elaboração dos planos, mas deve con-templar a sua execução) conhecemos bem os desafios com que muitas vezes os decisores são confrontados. De facto, em alguns cenários ou países dão-se os primeiros passos, necessariamente in-

A cadência do desenvolvimento dos fenómenos urbanos, económicos e sociais determina reptos a todas as entidades públicas ou priva-das, a que estas, frequentemente, se encontram impossibilitadas de retorquir de forma cabal. Desta forma, é importante que as empresas se dotem de meios tecnológicos e humanos no sentido de dar resposta às necessidades de quem os procura. A S&F – Sítios e Formas faz bem o entrelaçar dessas essências, ou seja, inventa e reinventa ecossistemas, trabalhando as dinâmicas do espaço urbano, num diálogo permanente entre o território e as pessoas. Estivemos à conversa com José Fernando Oliveira, Arquiteto e Sócio-gerente da S&F – Sítios e Formas, onde ficamos a conhecer um pouco mais de uma marca que faz da distinção e da excelência o principal cartão de visita da sua forma de estar e atuar no mercado.

PROMOVER O DIáLOgO ENTRE O TERRITóRIO E AS PESSOAS

cipientes, em matéria de planeamento. Estas dificuldades específicas inspira-ram-nos a desenvolver novos serviços para além da elaboração de estudos e projetos – fatia em que a S&F tradicio-nalmente concentrou a sua atividade – e a colocar a nossa experiência à dis-posição dos decisores e outros agentes das dinâmicas urbanas. Como a nossa atuação engloba um conjunto alargado de serviços, estamos aptos a apresentar aos nossos clientes soluções integradas e totais, que cobrem um leque alargado de aspetos, contribuindo para a resolu-ção de problemas, em tempo útil e com elevado rigor técnico. Podemos então oferecer a organismos governamentais consultoria estratégica no domínio da criação e reabilitação de cidades, equi-pamentos e habitação, bem como apoio à operacionalização de políticas de de-senvolvimento económico, social e am-biental. Este serviço poderá também suprir necessidades técnicas, humanas ou operacionais em empresas privadas

atuando na formulação de programas, análise de viabilidade e supervisão da execução de empreendimentos.

Os estudos e projetos sectoriais têm vindo a ganhar uma relevância acres-cida na concretização das políticas de organização do território? A que áre-as os mesmos podem ser aplicados?Sim, cada vez mais todas as temáticas que estão diretamente relacionadas com a vivência do espaço urbano e com a ges-tão do território estão a ser consideradas nos instrumentos de planeamento. Os Estudos e Projetos Setoriais estão rela-cionados com áreas tão diversas como os transportes, o urbanismo comercial, a indústria ou o ambiente. A S&F aposta numa estrutura profissional eclética e altamente qualificada, enriquecida com o contributo de investigadores universi-tários e de outros consultores especiali-zados em temáticas diversificadas – das avaliações de viabilidade técnico-econó-mica aos estudos de impacte ambiental.

s&f – sítIos E formAsINTERNACIONALIZAÇÃO

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“a sítios e Formas cresceu à luz de uma cidade matizada por mais de dois milénios de coexistência de povos e culturas. É em Coimbra, com uma herança que a unesCO justa-mente acaba de reconhecer como património da humanidade que encontramos inspiração para trans-cender contextos”

José Fernando oliveira

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A nossa abordagem é interdisciplinar, e as propostas são holísticas. Acreditamos que este é o caminho para gerir o espaço físico num diálogo com as pessoas que dele usufruem, de forma adaptada às ne-cessidades, estilo de vida e cultura local.

De que forma a crise que se instalou no setor da construção civil afetou a atua-ção da S&F? Os planos de reabilitação urbana têm vindo a crescer dentro da dinâmica da empresa como resultado das atuais exigências do setor?A crise no setor afetou toda a gente: mo-tivou primeiro a procura de outros mer-cados, e depois uma atuação diferente no que se refere a Portugal. A Interna-cionalização é então para nós a primeira resposta. Já a reabilitação urbana deve-ria ser também uma resposta óbvia, mas poderá não ter encontrado ainda uma engenharia financeira que a suporte. A realidade profissional mudou radical-mente nos últimos anos e é fundamental que nos adaptemos aos desafios globais.

Como perspetiva a evolução deste se-tor nos próximos anos?A génese da S&F está intimamente rela-cionada com projetos de grande abran-gência, assentes na articulação e con-jugação harmoniosa de aspetos como a realidade biofísica, as condições socio-económicas e a ocupação do território, incluindo a construção. Por um lado, o setor tem de dar resposta ao crescimen-to global das cidades e à ainda tenden-cial deslocação das atividades humanas do mundo rural para o mundo urbano; por outro lado, em Portugal, sobretudo por razões demográficas, as cidades não têm, em geral, crescido. A reabilitação urbana nas suas diversas modalidades, desde que concertada e suportada por mecanismos convenien-tes, poderá proporcionar a interligação natural das formas de vida com o seu meio social através do desafio da susten-tabilidade. E poderá também oferecer a necessária reinvenção de ambientes por via da inovação e das novas tecnologias.

A S&F tenta refletir nos seus projetos a harmonia entre a magnitude das in-tervenções e o cunho quase artesanal do vosso trabalho. É esta dualidade o principal bilhete de identidade da empresa? Como caracteriza o traba-lho desenvolvido pela Sítios e Formas?Creio que a nossa diferenciação assenta numa abordagem simultaneamente ho-lística e para a sustentabilidade. Apos-tamos, desde logo, no capital humano – temos uma visão centrada nas pesso-as e pomos o coração no que fazemos. Criamos e requalificamos espaços por via da sustentabilidade social, cultural e ambiental, com recurso à inovação e tecnologia. A filosofia de trabalho que daqui resultou permite diversas conver-gências: a dimensão técnica, a dimensão funcional, a dimensão estética.

A empresa já desenvolveu alguns projetos de criação ou remodelação de infraestruturas em cenários muito específicos ou particularmente exi-gentes a nível de recursos técnicos, criativos e operacionais. Que espaços foram estes? Na S&F o céu é o limite?As infraestruturas são redes onde se de-senrola grande parte das atividades hu-manas: a economia, a habitação, o lazer, a mobilidade. Por exemplo, há três anos, a S&F desenvolveu em Angola projetos de requalificação urbana envolvendo espaços exteriores, áreas verdes e infra-estruturas com dimensão significativa. Mas antes, em Portugal, Cabo Verde e Moçambique já tinham sido elaborados estudos e projetos muito gratificantes. Temos no nosso currículo também mui-tos projetos de equipamentos coletivos tais como escolas, bibliotecas, hospitais ou edifícios residenciais e de serviços. Durante este mês, apresentaremos uma proposta de projeto para o Arquivo Na-cional do Sudão do Sul ao Conselho de Ministros deste jovem país. Além da África Subsariana as nossas par-cerias passam também pelo Norte de Áfri-ca, o Médio Oriente e a América do Sul. A Sítios e Formas cresceu à luz de uma

cidade matizada por mais de dois milé-nios de coexistência de povos e culturas. É em Coimbra, com uma herança que a UNESCO justamente acaba de reconhe-cer como património da humanidade que encontramos inspiração para trans-cender contextos.

A S&F já arrecadou o primeiro lugar em mais do que um concurso. Quais os fatores que pautam este sucesso? Do portfólio da S&F, quais são os pro-jetos desenvolvidos que considera mais ambiciosos e aliciantes e que, por isso, lhe deram um gosto particu-lar executar? Os concursos são uma oportunidade de debater e explorar os conceitos e ten-dências que devem dar forma às opções que importa propor. Como em todo o trabalho profissional, entre os fatores de sucesso estão o prazer e o empenho na sua realização. No âmbito do Programa Polis a S&F ganhou diversos concursos públicos que nos permitiram conceber projetos marcantes. Se bem que outros possam ser mencionados, estes em con-creto potenciaram o desenvolvimento de metodologias, consolidando conhe-

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cimentos e rotinas de abordagem dos projetos de espaços públicos – espaços estes que são domínio privilegiado da nossa vida coletiva.

Fundada em 2000, a S&F detém hoje um considerável capital de experi-ência, acumulado ao longo de cente-nas de projetos, em diversas escalas, ambientes e cenários de intervenção. Que balanço faz deste caminho que têm vindo a percorrer ao longo dos anos e quais os objetivos da empresa para os próximo tempos?O balanço resulta necessariamente num conjunto de competências – nas áreas do Urbanismo, Ambiente, Arquitetura e Engenharia – e de experiências em pro-jetos nacionais e internacionais. Mas o caminho faz-se andando… a S&F está a apostar em projetos que lhe permitirão criar e assimilar know-how que propor-cione novas oportunidades económicas, aumentando a nossa competitividade. Somos uma empresa com o mundo por vocação, e esperamos intervir cada vez mais em cenários desafiantes, em que seja necessário criar espaços de harmo-nia e sustentabilidade.

“Creio que a nossa diferenciação assenta numa abordagem simultaneamente holís-tica e para a sustentabilidade. apostamos, desde logo, no capital humano – temos uma visão centrada nas pessoas e pomos o cora-ção no que fazemos”

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É nas alturas difíceis que se separam os diferentes grãos e apenas os mais fortes e capazes se conse-guem desenvolver. Assim se encontra o mercado na-cional nos dias de hoje, um mercado que não pára de

contrair e em que poucas são as agên-cias de publicidade que conseguem re-sistir e manter as portas abertas. Todos os dias, pequenas empresas de comuni-cação têm fechado em Portugal. A pouca procura por parte das marcas é o prin-cipal motivo.“Aquilo que é feito atualmente, a nível nacional, na área da comunicação, é muito reduzido e praticamente recicla-gem de coisas que já foram feitas em anos anteriores. Grandes campanhas simplesmente não existem!”, afirma Maria de Fátima Bacelos. As razões, são óbvias: “com a contração do consumo e a crise que se instalou, que já não é ape-nas de cariz económico, mas também social e de valores, as marcas deixam de ter interesse em investir cá. Para isso contribui ainda a falta de apoios. A ban-ca não empresta dinheiro e sem dinhei-ro não há iniciativa privada. Por sua vez, aqueles que têm dinheiro não investem num país instável”.Quando a crise bate à porta das empre-sas o primeiro passo é sempre cortar naquilo que não é vital para o funciona-mento das mesmas, como o marketing ou a formação, e, por isso, as empresas que atuam nestas áreas têm que rein-ventar-se e encontrar alternativas para que consigam-se manter em funciona-mento e ultrapassar a tempestade. Até porque depois da tempestade vem a bonança, disso Maria de Fátima Bacelos não duvida. “Nós não perdemos clientes, simples-mente os nossos clientes não investem como antigamente, esse é o grande re-flexo da contração do mercado. Se an-tes o mercado nacional era uma grande bola onde ia havendo espaço para todos, desde os mais pequeninos, aos maiores, neste momento é uma bola muito me-

nor, da qual todos os dias desaparecem empresas, principalmente as mais pe-quenas. No entanto, na minha perspe-tiva, as empresas estão a desaparecer a uma velocidade maior do que aquela a que o mercado está a encolher e isso poderá criar oportunidades para aque-les que se conseguirem manter. Vamos continuar a atravessar o deserto e se conseguirmos ultrapassar esta fase, quando as coisas melhorarem, vamos ter primazia. Naturalmente nessa altura irão surgir novas empresas mas aquelas que conseguirem manter-se vão ter com certeza essa primazia”, afirma.

TErradEsIgn Em Luanda E maPuTo

Enquanto isso não acontece, a grande al-ternativa na Terradesign foi partir para a internacionalização. Tudo começou há oito anos, quando o mercado luso já dava sinais de que poderia regredir e ha-via muita concorrência a nível nacional.

“Lance as sementes do sucesso, junte muito trabalho e deixe o resto com a maior especialista em crescimento de marcas…”, é assim que a Terradesign se apresenta - empresa que trabalha há 13 anos nas várias vertentes da comunicação, oferecendo uma solução de A a Z aos seus clientes. Porque acredita que a melhor forma de trabalhar é semear ideias partilhadas e cultivar relações fortes e duradouras, tem no seu portfólio grandes marcas nacionais e internacionais, muitas das quais se mantêm desde que a agência abriu portas. É a qualidade dos serviços disponibilizados que permitem esta fidelização e permanência num mercado que tem vindo a ultrapassar fases complicadas. Primeiro, como resultado da proliferação de inúmeras pequenas agências de comunicação, com lutas concorrências diárias, e hoje com a contração do mercado nacional, o que obrigou a Terradesign a procurar novos horizontes. Uma das sócias da empresa, Maria de Fátima Bacelos, abriu-nos as portas de sua casa e numa conversa com a Revista Pontos de Vistas mostrou como é possível ser uma referência na área da comunicação, mesmo numa altura marcada por tantas dificuldades.

TERRADESIgN:A AgêNCIA QUE SEMEIA O SUCESSO

“Sentimos que estávamos a concorrer com coisas que não eram comparáveis. O mercado estava pulverizado porque como este tipo de atividade não exige capital intensivo, qualquer designer ou publicitário criava a sua própria empre-sa e ainda que não tivessem grande ca-pacidade para dar resposta a uma cam-panha propriamente dita, porque isso exige uma equipa pluridisciplinar – as campanhas que vemos na rua resultam do trabalho de muita gente, de diferen-tes disciplinas – iam dando resposta a algumas atividades de comunicação. Neste contexto, decidimos procurar no-vas oportunidades e ponderamos várias hipóteses. Uma dessas hipóteses foi o Brasil, que há oito anos ainda não tinha o nível de desenvolvimento atual mas que já era muito bom na área da publici-dade e tinha algumas carências ao nível do design. Não se concretizou, viramo--nos para África e surgiu um cliente em Angola que trabalhamos de cá, para lá”,

mArIA DE fÁtImA bACElos, CEo DA tErrADEsIgn, fAlA sobrE o munDo Do DEsIgn E DA ComunICAçãoINTERNACIONALIZAÇÃO

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“Aquilo que é feito atualmente, a nível nacional, na área da comunicação, é muito reduzido e pratica-mente reciclagem de coisas que já foram feitas em anos ante-riores. grandes cam-panhas simplesmente não existem!

“maria de Fátima bacelos

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explica Maria de Fátima Bacelos.Desde então não pararam de surgir no-vos clientes neste mercado e, mais re-centemente, há dois anos, a Terradesign começou a desenvolver a sua atividade também em Moçambique. Ambos paí-ses africanos, no entanto, com níveis de desenvolvimento diferentes no que diz respeito à comunicação.Em Angola, como resultado do rápido crescimento económico que o país expe-rimenta, a comunicação e o marketing são já consideradas importantes ferra-mentas, imprescindíveis às organiza-ções modernas. Maria de Fátima Bacelos simplifica, “em Angola há petróleo e dia-mantes, a partir daí vem tudo o resto”. O ambiente de negócios em Luanda tem permitido também o aparecimento de novas realidades, a quebra de paradig-mas e a redefinição de padrões de com-portamento organizacionais.Pelo contrário, em Moçambique, só ago-ra se começa a dar os primeiros passos nestas áreas e, como tal, o pouco que já vai sendo desenvolvido é ainda ele-mentar. Maria de Fátima Bacelos faz um paralelismo, “é quase como recuar ao Portugal dos anos 60 ou 70. A comu-nicação é ainda muito ingénua, é tudo muito simples e transparente. Claro que já há algumas empresas que são grandes apostadores e grandes contas ao nível da publicidade mas, de um modo geral, é como se recuássemos no tempo. Para além de que quando falo em Moçambi-que, estou a falar em Maputo, porque fora de Maputo, a comunicação e a pu-blicidade simplesmente não existem”.Na área do design, por sua vez, não há esta divisão entre os dois países porque em qualquer um deles “o design é ainda embrionário e tudo aquilo que é feito nesta área é muito incipiente”, afirma.

CrIaTIvIdadE vIvE daaBsorção dE CuLTuras

Pelo contrário, em Portugal, Maria de Fá-tima Bacelos não hesita em afirmar que há muito bons publicitários e designers de imensa qualidade, aquilo que falta são as oportunidades para mostrar essa capacidade de trabalho e esse talento. “Temos a nível nacional empresas com muito boa qualidade, muita criatividade e grandes designers. Os brasileiros, por exemplo, são muito reconhecidos na área da publicidade, mas os portugueses não ficam em nada atrás. Acontece que somos um país mais pequeno e, por isso, não temos o impacto, nem as oportuni-dades que existem nos países maiores. É isso que nos falta, oportunidade para mostrar o que somos capazes de fazer e, a partir daí, poder assumir diferentes estágios de crescimento profissional”, lamenta.

Resta-nos viajar e beber outras culturas, apreender aquilo que se faz nas diferen-tes partes do mundo, mostrar o nosso trabalho além-fronteiras e trazer o que há de melhor por esse mundo fora para Portugal. É isso que Maria de Fátima Ba-celos e a sua sócia, Maria do Céu Vascon-celos, tentam através das inúmeras via-gens que fazem, é isso que Luis Kapinha, o diretor criativo da Terradesign tem feito desde o inicio, em que viajar era a sua forma de evoluir na carreira, de desenvolver a criatividade que é a base do seu trabalho e é tudo isso, mistura-do com esforço, dedicação, e a certeza de que cada profissional é único e que é essa autenticidade que traz qualidade ao seu trabalho, que fez esta empresa criar raízes para crescer e florescer.Um crescimento que não ficará por aqui e, como tal, novos mercados estão já a

ser equacionados. “Temos no nosso pla-no enveredar por mais países em África e partir igualmente para a Ásia. O Brasil também continua nos nossos objetivos, no entanto, não podemos ir em simultâ-neo para todo o lado e, por isso, temos metas a curto, médio e longo prazo. Ago-ra já não o será apenas pelas razões com que fomos para Angola, em que a nossa perspetiva era a de expandir a empresa, internacionalizá-la, adquirir novos con-ceitos e novas culturas que enriqueces-sem o nosso conhecimento e nos dife-renciassem na qualidade do dia a dia… no fundo, ao âmbito de desenvolvimen-to, acresce agora a preocupação de ma-nutenção da empresa porque o mercado nacional, por si só, já não é suficiente”, afirma Maria de Fátima Bacelos.É também essa necessidade de abrir horizontes por falta de segurança a ní-vel interno, aquilo que de positivo pode

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resultar da crise que hoje vivemos. “Não havendo oportunidades em Portugal, as pessoas vão procurar lá fora e ao irem para fora, o universo torna-se maior para essas pessoas. Se tudo estivesse a funcionar bem a nível interno, as pesso-as ficavam por cá, e perdiam esta abran-gência, fechavam-se mais ao mundo, não

sentiam outras coisas e não bebiam ou-tras culturas, algo que é tão importante principalmente nestas áreas criativas”, refere.

novo EIxo dE aTuação:rEsPosTa dE a a Z

Mais do que encontrar novos mercados, é necessário também encontrar novas formas de responder às necessidades desses mercados e é isso que a Terrade-sign está neste momento a fazer. Nesta conversa com a Revista Pontos de Vista, foi levantado o véu da mais recente abor-dagem da empresa, que foi desenvolvida para o mercado africano mas poderá re-sultar bem também para Portugal.“As empresas que conseguem ter algum arcaboiço financeiro estão praticamente todas em África neste momento. Como tal, temos que criar algum fator de dife-renciação. Se aquilo que nós fazemos é

comunicação aos mais diferentes níveis, temos tantos anos de experiência e know how neste âmbito, para além de que sabe-mos fazer comunicação para os diferentes setores, porque temos vindo a trabalhar com empresas de diferentes áreas, desde o setor imobiliário, à banca ou à área da saúde, porque não oferecer uma solução de A a Z aos nossos clientes?”. Foi desta premissa e da análise feita às necessidades dos clientes que surgiu a ideia de partir para este novo eixo de atuação no mercado. Assim, a Terrade-sign associou-se com mais duas empre-sas - umas delas expert em formação de vendas e com mais de 15 anos de lide-rança no mercado nacional, a outra com muita experiência em gestão de equipas de vendas - para apresentar uma solu-ção que se inicia com aquilo que a Ter-radesign melhor sabe fazer – ativação de marca, mas que não se limita ao seu lançamento, continuando a cargo destas três empresas parceiras na fase de afir-mação e de vendas. Um pacote completo ao serviço dos clientes.“Esta é uma necessidade grande no mer-cado moçambicano, em que a falta de formação na área de vendas é pertinen-te e as empresas que estão a abrir neste mercado não têm vendedores. Nós, atra-vés dos nossos sócios, temos esse know how, e podemos ser a solução para esse problema. No fundo, concebemos uma ação, formamos as pessoas para fazer essa ação, implementamos a ação por-que temos pessoas para o fazer e ainda gerimos essas pessoas se o cliente assim o entender”, explica.Em Portugal, este novo formato poderá ser também uma boa opção porque o downsizing das empresas e o receio que a maior parte dos empresários evidencia no aumento dos custos fixos tem como uma alternativa eficaz a contratação de serviços em forma de outsourcing. “Os empresários ficam de certa forma alivia-dos por ter alguém externo que lhes dê resposta às necessidades que se colocam. Ainda para mais uma resposta através da qual poderão ter níveis de performance superiores porque estão a recrutar equi-pas altamente qualificadas”, conclui Ma-ria de Fátima Bacelos.

Se aquilo que nós fazemos é comunicação aos mais diferentes níveis, temos tantos anos de experiência e know how neste âmbito, para além de que sabemos fazer comunica-ção para os diferentes setores, porque temos vindo a trabalhar com empresas de diferen-tes áreas, desde o setor imobiliário, à banca ou à área da saúde, porque não oferecer uma solução de A a Z aos nossos clientes?”

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A Polarising é bastante transversal no que diz respeito às áreas indus-triais perante as quais tem capacida-de de prestar serviços de consultoria de negócios. Quais são essas áreas e quais aquelas que têm um maior peso na dinâmica da empresa? De que forma a Polarising é capaz de agregar valor aos seus clientes?A Polarising é uma empresa focada na Integração de Sistemas e que nasce à volta do paradigma SOA (Service Orien-ted Architectures). Acreditamos que estas arquiteturas, quando bem implementadas, permitem ajudar as empresas a:

• Melhorar o controlo dos seus processos, • Agilizar a constante mutação dos mesmos, • Otimizar as suas operações,• Reutilizar os seus ativos• Reduzir os custos dos Sistemas de informação

Acreditamos na Engenharia Portuguesa, nas suas capacidades de adaptação, e por isso desenvolvemos competências tecnológicas que nos permitem garantir aos nossos clientes, independentemente do seu setor de atividade, a obtenção de resultados diretos nas suas operações.Nesse sentido desenvolvemos serviços de Assessment, Arquitetura/Desenho, Desenvolvimento, Suporte e Monitoriza-ção, sobre tecnologias que se desenvol-vem à volta da arquitetura de referência (SOA): EAI, BPM, CEP, MDM, ETL, B2B, Portais e Custom Solutions.

Quais os principais desafios que se colocam atualmente à empresa? Na atual conjuntura nacional, o grande foco da Polarising são os mercados externos?A Polarising foi criada em 2006 logo com uma clara visão de desenvolvimento de serviços e competências nacionais nos mercados externos, quero com isto dizer que já antes da conjuntura atual acreditá-vamos que as empresas portuguesas não devem estar limitadas à sua área geográ-fica, mas sim a apostar de forma susten-tada nos mercados externos.A Polarising sempre se posicionou como uma empresa low-profile, reconhecida por aqueles que connosco trabalham ou que têm verdadeiros desafios nas tecnologias que endereçamos. O facto de termos optado por alargar o leque de produtos com que trabalhamos, requer um esforço de investimento da empresa no desenvolver dessas novas compe-tências, que nem sempre é reconhecido

no mercado nacional (Cada vez mais se procura comprar o mais barato e não a melhor relação qualidade / preço). Finalmente, o acelerado crescimento que temos apresentado nos últimos anos, é por si só um desafio de gestão de recur-sos humanos na contínua angariação de colaboradores, mas mais ainda na manu-tenção, formação e valorização daqueles que hoje são a base da empresa.

Quais os mercados nos quais a Po-larising marca presença? Esta forte presença internacional é fundamen-tal no apoio dado aos vossos clientes, nomeadamente através do apoio à internacionalização e ao firmamento de negócios noutros pontos do globo?A Polarising ao longo dos últimos 4 anos têm prestado serviços para clien-tes finais em Portugal, Espanha, França, Alemanha, BENELUX, Reino Unido, Bra-sil, entre outros. Dito isto o nosso foco comercial direto passa, claramente, pe-los países do Norte da Europa (embora estejamos a avaliar o desenvolvimento de atividades mais fortes no Brasil). A nossa visão passa por estabelecermos fortes parcerias com os nossos clientes e parceiros tecnológicos que idealmente permitam desenvolver serviços, não só nas localizações onde estes se encon-tram, mas também através da prestação de serviços NearShore.

As tecnologias da informação evo-luem a um ritmo muito acelerado e aquilo que hoje está na vanguarda, amanhã está obsoleto. De que forma a Polarising consegue estar sempre na linha da frente e evoluir ao mesmo ritmo?Acreditamos na especialização. Não so-mos, nem queremos ser bons em todas as tecnologias que os nossos clientes utilizam. Para manter a especialização é preciso Foco. Investimos na formação e certificação dos nossos colaboradores, não só nas tecnologias com que traba-

“Acreditamos na especialização. Não somos, nem queremos ser bons em todas as tecnologias que os nossos clientes utilizam. Para manter a especialização é preciso Foco. Investimos na formação e certificação dos nossos colaboradores, não só nas tecnologias com que tra-balhamos mas também ao nível dos nossos processos”, afirma Luís Grincho, Diretor de Operações da Polarising, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Venha conhecer uma marca que é hoje um player de enorme relevo no mercado em que atua. Conheça uma empresa que acredita na especialização e nas pessoas.

ACREDITAR NA ESPECIALIzAÇÃO E NAS PESSOAS

lhamos mas também ao nível dos nos-sos processos. Investimos bastante tem-po na descoberta das novas tendências nos vários mercados que trabalhamos, procurando sempre estudar as mesmas e avaliar a possibilidade de utilizar esse conhecimento noutras localizações.Um facto interessante na empresa é o hábito da realização regular, não só de eventos de confraternização entre todos os colaboradores da empresa, mas tam-bém de eventos regulares de partilha do conhecimento das tecnologias trabalha-das, dos projetos efetuados, das experi-ências obtidas, ou pura e simplesmente das dificuldades encontradas. Mas ambi-cionamos ir mais longe e um dia poder-mos transformar estes eventos em algo aberto aos nossos clientes e parceiros.Finalmente procuramos efetuar parce-rias com as universidades de forma a passar este conhecimento e experiência nos cursos que lecionam, mas também na expectativa de recolher feedback, de potenciar a inovação universitária, e tam-bém porque não dizer aproximarmo-nos dos futuros Engenheiros do país.

Quais os problemas mais comuns na gestão das empresas para os quais a Polarising se propõe a encontrar uma solução?Acreditamos que cada empresa se deve focar nos serviços/produtos que presta aos seus clientes e ser muito boa naqui-lo que é essencial para o seu negócio. A especialização e a competência técnica nos domínios onde intervimos visa fa-cilitar as organizações a focarem-se no seu negócio e confiarem os seus desa-fios tecnológicos a quem vive para isso.Dito isto sabemos que as empresas en-frentam desafios de:

• Reduzir os custos operacionais (também ao nível dos SI)• Reutilizar e rentabilizar os seus ativos• Melhorar o controlo dos seus processos, facilitando a sua constante evolução e otimização

E acreditamos que a tecnologia, e a sua boa utilização, pode ajudar neste caminho.

Quais os programas capazes de dete-tar essas ineficiências? A utilização dos mesmos tem vindo a crescer no tecido empresarial nacional?Não queria referenciar nenhum pro-grama em particular, mas como referi acreditamos que a boa utilização dos princípios de uma arquitetura orientada a serviços permitem ajudar as organiza-ções a atingir as melhorias já referidas.

Pelo mundo fora existem empresas que referem já ter introduzido estes princí-pios, por vezes até tendo despendido vá-rios milhares de Euros no licenciamento de produtos de software, mas que na realidade não estão a trabalhar da me-lhor forma tendo em vista a reutilização, rentabilização e otimização dos seus processos e sistemas.

O que é que diferencia a Polarising das demais empresas a operar na área? O facto de terem soluções que cobrem o ciclo de vida completo dos projetos, desde a conceção à manutenção, é a grande mais-valia da empresa e o que faz da Polarising um verdadeiro par-ceiro à altura das diferentes necessi-dades dos seus clientes?Claramente a especialização e as compe-tências dos seus colaboradores nos domí-nios em que operamos, bem como a flexi-bilidade e agilidade para com os clientes.

A Polarising orgulha-se de ter funcio-nários que são reconhecidos líderes nos seus campos de atuação. Uma boa equipa é meio caminho andado para o sucesso?Enganam-se as empresas que não valo-rizam os seus profissionais. Por muitos automatismos que elas consigam im-plementar são eles que diferenciam as organizações.No mercado de serviços e particular-mente no mercado de serviços de con-sultoria informática, os colaboradores são a ferramenta e a capacidade de exe-cução, pelo que são eles o maior bem da empresa. As suas competências in-dividuais, mas ainda mais a forma como elas se somam ou multiplicam quando trabalham em conjunto é o segredo do sucesso. Dito isto, é verdade que procu-ramos sempre ter grandes profissionais nas áreas que trabalhamos, mas nin-guém é reconhecido na sua profissão de um dia para o outro, pelo que também é essencial para as organizações criarem um ambiente que permitam a evolução dos seus colaboradores e obviamente a potenciação das suas capacidades. Para isso também é necessário saber ouvir os colaboradores, as suas expectativas, os seus desejos, as suas ideias e procurar conjugar os mesmos com o rumo que se pretende dar à empresa. Este sempre foi o nosso princípio e o nosso foco na cons-trução e desenvolvimento da equipa que hoje somos.

PolArIsIng – mArCAr A DIfErEnçAINTERNACIONALIZAÇÃO

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luís grincho

LER NA INTEGRA EMWWW.PonTosdEvIsTa.PT

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Pontos de Vista Julho 2013

25A INTERGAUP acredita que a arquite-tura deve ser o reflexo da sua época. Sabendo que a exigência no que se refere à qualidade e à diferenciação, são caraterísticas próprias da atual realidade, como descreveria a arqui-tetura do presente?Tal como na grande maioria das ati-vidades profissionais, a globalização também alterou profundamente a ar-quitetura e o seu mercado. A informação e o conhecimento generalizaram-se, as fronteiras diluíram-se e a concorrência tornou-se global.Isto conduziu naturalmente a uma maior necessidade de diferenciação em relação à concorrência. A arquitectura deixou de ser caraterizada por géneros, ou “corren-tes” de estilo ou conceitos generalizados, que marcaram uma determinada época, muitas vezes confinados a uma determi-nada área geográfica, e passou a ter um caráter mais individualizado, de maior afirmação pessoal, projetando uma espé-cie de imagem de marca capaz de eviden-ciar essa diferenciação.

2013 é o Ano da Arquitectura Portu-guesa. Para promover esta área, está a ser levado a cabo um plano de ação internacional. Num momento particu-larmente difícil para estes profissio-nais, é fundamental esta concertação de organismos públicos e privados em prol de um mesmo objetivo? Na sua opinião, é necessário comunicar me-lhor a arquitectura portuguesa?Penso que sim. A arquitectura portugue-sa é de elevada qualidade, com muitíssi-

mos exemplos, e largamente reconhecida a nível internacional. Mas nunca é demais estabelecer ações que ampliem a proje-ção da arquitectura portuguesa. Agora, para haver um efeito concreto ao nível do incremento do mercado de trabalho da arquitectura portuguesa, era importante haver uma estratégia concertada entre os organismos públicos, as associações de empresas, e as ordens profissionais, de modo a estabelecer parcerias conjuntas de internacionalização.

Nesse sentido, qual o papel que a IN-TERGAUP tem desempenhado neste processo de levar o nome da arquite-tura portuguesa além fronteiras? No atual contexto económico, torna-se obrigatório procurar outros mercados. A Intergaup tem uma vasta experiência internacional de há muitos anos, e já deixámos a nossa marca em cerca de 15 países, no continente americano, em África, na Europa, e também em Macau.Atualmente, temos uma delegação em Moçambique, e estamos também pre-sentes em Espanha, e Angola, para além de estarmos a trabalhar noutros merca-dos, como por exemplo, no México e na África do Sul. A aposta é claramente na internacionalização da nossa atividade, a qual representa agora cerca de 70 por cento do nosso volume de negócios.

Sempre atenta aos pormenores, des-de o momento da conceção do de-senho até ao final do processo, que caraterísticas existem na equipa da INTERGAUP que vos distingue de ou-tras empresas com a mesma atuação? A Intergaup tem cerca de 30 profissio-nais que integram diversas valências e que conjuga juventude e irreverência com um grande sentido de organização e uma forte experiência.Temos uma dimensão que resulta num equilíbrio, que nos permite abordar qualquer escala de projeto, e ao mesmo tempo manter um serviço personaliza-do ao cliente, mais característico de pe-quenos escritórios.A qualidade da arquitectura, sustentada na criatividade, na capacidade técnica, e

Com uma equipa “jovem” e “irreverente”, a INTERGAUP tem sabido impor-se no mercado pela exigência que coloca a si própria em termos de qualidade, rapidez e diferenciação. Não descurando os pormenores desde o momento da conceção até ao resultado final, este gabinete de arquitetura, urbanização e planeamento tem levado o bom nome da arquitetura portuguesa bem longe, tendo já deixado a sua marca em cerca de 15 países.

“TEMOS UMA DIMENSÃOQUE RESULTA NUM EQUILíbRIO”

na resposta ao cliente, enquadradas numa gestão profissional e numa longa experi-ência, são a marca que nos identifica.

A arquitetura atual deve ser, igual-mente, um reflexo do poder das no-vas tecnologias na sociedade. De que modo, este boom tecnológico veio aperfeiçoar o vosso trabalho?A Intergaup sempre tentou tirar o má-ximo partido dos instrumentos disponí-veis, tendo em vista a melhoria do seu trabalho e do seu serviço.Sem dúvida que a grande evolução na in-formática e nas comunicações vieram fa-

cilitar imenso a nossa atividade, mas por outro lado também aumentaram muitís-simo os níveis de exigência, sobretudo em termos de rapidez de resposta.Procuramos responder a esse desafio sem esquecer o essencial, que quanto a mim, consiste em não comprometer a qualida-de da arquitectura. É fundamental conju-gar os dois aspetos, e essa tem sido uma preocupação constante da Intergaup.

Num futuro, de certo modo, imprevi-sível, que desafios acredita que este setor terá de enfrentar? Qual será o posicionamento da INTERGAUP nes-sa realidade que se avizinha?O futuro é, de facto, imprevisível, e a melhor forma de nos prepararmos para ele, é manter uma estrutura muito ver-sátil, flexível e com capacidade de rege-neração, para continuarmos a respon-der da melhor forma aos mais diversos desafios.

roDrIgo vIEIrA DA fonsECA, ArquItEto E sEnIor-PArtnEr DA IntErgAuPINTERNACIONALIZAÇÃO

“A arquitetura (…) passou a ter um caráter mais individualizado, de maior afirmação pessoal, proje-tando uma espécie de imagem de marca capaz de evidenciar essa diferenciação”

Rodrigo Vieira da Fonseca

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De facto, quem responde não é a Revista Pontos de Vista. O mérito é de Rui Alves, CTO da XLM, uma empresa que está no mercado desde 1995 e que ele, melhor do que ninguém, nos

deu a conhecer. “A criar soluções para o seu negócio desde 1995”. Poderia ser apenas mais um chavão, uma “frase feita”, como se diz popularmente. Mas, efetivamente, as soluções são pensadas ao pormenor, respondendo a necessi-dades distintas dentro de quatro prin-cipais áreas de atuação: outsourcing, desenvolvimento de soluções, helpdesk e hardware. Dando os primeiros passos como uma startup que ambicionava sin-grar no mercado, a XLM cresceu e é hoje um exemplo para outras empresas que estão a fazer as suas primeiras movi-mentações. A XLM e a sua equipa de 70 colaborado-res são, hoje, duas partes mais do que integrantes de um vasto conceito de empreendedorismo. “O balanço deste desenvolvimento é francamente positi-vo. Temos vindo a crescer quase todos os anos com dois dígitos, o que é uma situação que acaba por estar desfasada da atual situação económica do país. Estamos claramente em contraciclo”, defendeu Rui Alves. Ainda é cedo para previsões, mas o CTO da XLM levanta já um pouco do véu quanto ao volume de negócios para 2013: “Em 2012, fatura-mos 2,5 milhões de euros. O crescimen-to para este ano poderá não ser assim tão forte mas será muito bom. Temos crescido muito, tanto a nível de volume de negócios como de número de colabo-radores”, adiantou.

Quando falamos na equipa de colabo-radores, as expetativas continuam no auge. São profissionais altamente quali-ficados, a quem se exige sempre o me-lhor e a mais contundente dedicação. Grande parte desta equipa tem, aliás, formação a nível superior. Nesta empre-sa existe, por isso, uma especial preocu-pação pelo reforço dos conhecimentos dos colaboradores.Para acompanhar as constantes exigên-cias que surgem no mercado, sobretudo quando falamos do meio informático, de outra forma não seria possível. Até por-que “a gestão de inovação sem uma for-te gestão de competências rapidamente desapareceria”, salientou Rui Alves. Nes-ta área, a atualização é permanente. “To-dos os dias surgem novas tecnologias, novos paradigmas, novas arquiteturas e faz parte do nosso processo de inovação ter um interface de vigilância tecnológi-ca”, defendeu. A recolha de informação acaba depois por materializar-se em conhecimento que não pode ficar “armazenado” na mente de uma só pessoa. “As informa-ções que nos interessam e que são úteis ao trabalho que desenvolvemos são con-vertidas em workshops internos, ses-sões de brainstorming, entre outros”, ex-plicou Rui Alves. Só assim fará sentido. Na XLM, o lema “duas cabeças pensam

“Conhecer os clientes e ir ao encontro das suas necessidades é intrínseco na cultura da XLM”. Este é um dos passaportes de uma empresa que se apresentou no mercado há quase duas décadas e nele tem permanecido de uma forma consolidada. Atuando na integração de sistemas, com uma especialização no desenvolvimento de software e na disponibilização de soluções à medida, a XLM conquistou clientes e uma vasta equipa de colaboradores. Como fazem? A Revista Pontos de Vista dá-lhe as respostas.

SOLUÇõES à MEDIDA DE CADA NEgóCIO

sempre melhor do que uma” é colocado, todos os dias, na prática.

a CamInho da InTErnaCIonaLIZação

Portugal tem sabido dar resposta às soluções apresentadas pela XLM. Mas as ambições são sempre altas. Com o mercado nacional saturado e a viver um período expectante, as empresas op-tam por se concentrarem em mercados externos ditos estratégicos. A XLM não é exceção. Até ao momento a empresa ainda não tem qualquer negócio direto “fora de portas”. Mas, em 2013, a equi-pa quer mudar este cenário, de uma

forma firme e consolidada até porque, como disse Rui Alves, “estar num país só por estar não faz qualquer sentido”. Assim, é o mercado moçambicano que está a ser apreciado por esta empresa sedeada em Aveiro. Em breve, serão da-dos os primeiros passos nesse sentido e espera-se que, ainda em 2013, a XLM chegue a Moçambique. Apesar do suces-so atual, a empresa não adota a cultura de ficar à sombra dos louros obtidos e sabe que, embora o setor esteja a pas-sar por um bom momento, os negócios são muito voláteis. “As exportações são o caminho e no contexto atual penso que não haverá outro. Estas decisões devem

À ConvErsA Com ruI AlvEs, Cto DA xlmINTERNACIONALIZAÇÃO

aLGuns dOs PROdutOs da XLmEm que consiste o LAGOON IDEAS?Trata-se de uma “plataforma colaborativa que permite a gestão de todo o processo de gestão de ideias previsto na norma NP 4457:2007 (requisitos do sistema de gestão de investigação, desenvolvimento e inovação – IDI) de modo fácil e intuitivo”.

O que é o LAGOON® SECURITY?É visto como um “sistema de segurança único para todas as aplicações”. Foi desenvolvido para responder às necessidades de empresas e profissionais que queiram reduzir o tempo de desenvolvimento com o intuito de se torna-rem mais competitivos. Podendo ser integrado em qualquer aplicação capaz de produzir pedidos REST, este produto é de fácil compreensão e uso.

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Cabe-nos a nós, com alguma inteligência, diversificar os mercados, os clientes, serviços e produtos para que fique-mos imunes às dificulda-des económicas

rui Alves

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Pontos de Vista Julho 2013

ser tomadas no momento em que as em-presas estão saudáveis e não quando já estão com muitas dificuldades. Estão a fazer uma jogada de grande risco que pode colocar tudo a perder”, asseverou. É no processo de internacionalização que toda a equipa está empenhada. É o desafio que se segue. Moçambique não será nunca uma tábua de salvação. É, por outro lado, a expansão de um ne-gócio que tem dado bons resultados em Portugal. É um risco calculado e um desafio agarrado de forma afincada de modo a afirmar a XLM em mercados externos. Ao longo deste processo, a preocupação com a inovação não será descurada. “A capacidade de gerar no-vos produtos e novas ideias é essencial a médio e longo prazo. Podemos chegar a um novo mercado mas pode ser tarde e os nossos produtos estarem desatuali-zados”, disse Rui Alves. Esta será também uma forma de respon-der às exigências de um cliente padroni-zado que tem consciência do estado de

saúde do mercado. Hoje, as solicitações são bem diferentes das que eram aco-lhidas pela empresa no passado. Mais qualidade, mais rápido, menos preço. “Mais por menos”, como descreveu Rui Alves. A XLM quer estar sempre à altura. “Cabe-nos a nós, com alguma inteligên-cia, diversificar os mercados, os clientes, serviços e produtos para que fiquemos imunes às dificuldades económicas”, afirmou.

sEr EmPrEEndEdorA XLM tem sido um paradigma de em-preendedorismo. Soube arriscar no tempo certo e numa área que, apesar de exigente, traz retorno. Hoje, muito se fala no conceito de empreendedorismo. Os jovens têm de arriscar. A crise gera oportunidades. São ecos que se fazem ouvir num país que vive um período de asfixia económica sem precedentes. Empreender é, segundo o dicionário de língua portuguesa, dar princípio a qualquer coisa. Na XLM, empreender é

arriscar, é saber calcular os prós e con-tras, é derrubar barreiras. “Arriscar do zero, empreender criando um produto ou uma empresa de raiz é um trabalho muito meritório. É preciso que existam novas empresas que substituam as que vão desaparecendo”, apelou Rui Alves. Mas, não basta ter alma de empreende-dor. É importante que o sistema facilite estes novos negócios. A enorme carga fiscal é um dos enormes muros que o empresário deve ultrapassar. Todavia, nesta primeira fase, a questão do finan-ciamento é, também ela, muito compli-cada. “Continuam a existir restrições de financiamento para alguém que está a começar e não tem um histórico para apresentar ou que não tem ainda um

Principais serviços- Outsourcing;- Desenvolvimento de soluções;- Helpdesk (especialistas em su-porte técnico telefónico 24x7);- Hardware 27

grande contrato para dar como garan-tia”, salientou. Empreender é, por isso, um misto de várias capacidades. Arriscar, ponderar, calcular, decidir. São alguns dos passos que devem ser seguidos com conta, peso e medida. A XLM tem caminhado nesse sentido, desde 1995.

temos vindo a crescer quase todos os anos com dois dígitos, o que é uma situação que acaba por estar desfasada da atual situação económica do país

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Hoje, o ISQ é a maior infraestrutu-ra tecnológica nacional privada. O seu contributo foca-se na manu-tenção da qualidade, da seguran-ça e do ambiente dos inúmeros empreendimentos em que se en-volve, através da prestação de ser-viços de inspeção, ensaio, forma-

ção e consultoria técnica. Mais de metade da sua atividade, nacional e internacional, consiste em serviços especializados com forte incorporação tecnológica, como é o caso de ensaios complexos, engenharia no domínio da integridade estrutural, controlo de qualidade das mais diversas constru-ções industriais, conceção e gestão de infraestru-turas tecnológicas e laboratórios, formação e In-vestigação & Desenvolvimento.

mErCado ExTErno rEPrEsEnTa hoJE maIs dE mETadE

do nEgóCIoTendo surgido num país pequeno como Portugal, desde o início da década de 80 que o Grupo ISQ se viu confrontado com o desafio de se interna-cionalizar, para poder crescer. O seu desenvolvi-mento no estrangeiro começou em Angola, onde se implantou em 1981, dando início a um processo de internacionalização ambicioso. Hoje, o Grupo conta com mais de 1300colaboradores em todo o mundo, dos quais mais de 50% têm formação su-perior. Do seu volume de negócios de cerca de 100 milhões de euros, mais de 60% é gerado fora de Portugal- exportando serviços tecnológicos muito variados, em que se destacam os serviços dos seus 16 laboratórios acreditados. O Grupo atua numa vasta gama de setores, com destaque para a ener-gia, incluindo as indústrias de petróleo e gás, de produção de energia de origem fóssil, de renová-veis e nuclear, mas também os setores da pasta e papel, gás natural, obras públicas, químico e far-macêutico.Na última década, o Grupo alargou a sua atividade também ao setor Espacial e Aeronáutico, tendo em curso importantes investimentos de mais de cinco milhões de euros, tanto em Castelo Branco, como na sua sede, em Oeiras.Na Península Ibérica, o ISQ é líder em ensaios me-trológicos. Na área das calibrações de equipamen-tos industriais, hospitalares, da indústria automó-vel, etc., em 2011 alargou a sua atuação a Espanha, onde tem obtido crescimentos anuais de dois dígi-tos e onde tem também vários investimentos em curso, através da sua participada ISQ Espanha. Particularmente nos últimos 10 anos, o ISQ re-alizou investimentos estratégicos de mais de 10

milhões de euros no crescimento da sua atividade internacional, tendo hoje projetos a decorrer em mais de 20 países espalhados por 4 continentes. Inicialmente, focou-se nos países da CPLP - An-gola, Brasil, Cabo Verde e, há cerca de cinco anos, em Moçambique. Em seguida, o Grupo procurou oportunidades em mercados ricos em energia, investindo na Noruega (onde está há mais de 10 anos, com a ISQ Norway), no Golfo Pérsico (Emi-rados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita), em Angola e na Turquia. A estratégia de entrada nos mercados externos tem estado assente na criação de sub-holdings, nomeadamente para a América do Sul, Magrebe, Médio Oriente e Europa.

PErsPETIvas dE CrEsCImEnTo no fuTuro

Hoje, os principais investimentos em curso no ISQ visam alargar e consolidar a presença nos merca-dos onde já está, nomeadamente através da cria-ção de laboratórios locais, à semelhança do que já se passa em Portugal, Angola, Brasil e Espanha.

O grupo tecnológico ISQ foi fundado há 48 anos. Desde 1965 que presta serviços tecnológicos em Portugal, tendo contribuído para a esmagadora maioria dos investimentos industriais realizados no país nas últimas cinco décadas, em áreas tão variadas como a construção de centrais de energia térmica ou eólica, refinarias, petroquímicas, papeleiras, etc. As unidades industriais e infraestruturas da EDP, Portucel, Galp Energia, Celbi e REN são apenas alguns dos exemplos dos projetos onde o ISQ esteve envolvido. Também nas grandes obras públicas de referência teve um contributo importante, como por exemplo no alargamento da ponte 25 de Abril.

gRUPO ISQ: UMA HISTóRIA DE fORTE INTERNACIONALIzAÇÃO

Mas as perspetivas de crescimento do Grupo ISQ não se limitam a estes mercados. Atualmente, pro-curamos novas oportunidades em África, Timor, EUA e na Ásia. Firmámos este ano uma parceria na Coreia do Sul e, em 2012, criámos uma sucursal nos EUA com o objetivo de acompanhar os nossos projetos na área da Energia, que estão, na maioria dos casos, na fase inicial - tanto a nível de project financing, como de engenharia.Temos a ambição de continuar a crescer, sobretu-do no estrangeiro. Mas esperamos também vol-tar a crescer em Portugal, pois existem inúmeras oportunidades que resultam da necessidade de transformação de diretivas comunitárias e de le-gislação e regulamentação nacional, relativas a inspeções técnicas nas áreas industrial, elétrica ou alimentar, para que se possa salvaguardar a quali-dade dos bens e serviços e, sobretudo, a seguran-ça das pessoas. No ISQ estaremos atentos a todas estas oportunidades, esperando poder continuar a contribuir para que, no dia a dia das pessoas e das organizações, nada seja deixado ao acaso.

José olIvEIrA sAntos, ADmInIstrADor Do Isq

INTERNACIONALIZAÇÃO a OPiniÃO de...

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Ética, Lealdade e Determinação têm sido três dos principais pilares que regem o trabalho da equipa que cons-titui a Tree Solution. De que forma, a Tree tem sido a solução à medida de cada negócio?A Tree Solution nasceu de uma JV, cujo objetivo principal era o desenvolvimento de uma nova solução de câmbio para o mercado brasileiro. Neste momento esta-mos a assumir todas as linhas de negócio das empresas fundadoras, e a expandir o portfólio de oferta, para melhor cumprir-mos com a nossa Missão, que é de fato ser “A Solução á medida de cada negócio”

A Tree está em contínua procura de “verdadeiros parceiros de negócio”. De um modo geral e tendo em conta a complexidade do mercado brasileiro, que mais-valias uma empresa poderá ter ao estabelecer este trabalho de coo-peração com a Tree Solution? Qual tem sido o vosso principal cartão de visita?A nossa base de clientes, com forte ex-posição á área financeira (fornecedores de soluções para os principais bancos Brasileiros) e á área de Governo, permi-tem-nos ter uma leitura clara das neces-sidades em termos de oferta. E é esta in-teligência de mercado e networking que oferecemos, como principal diferencial, aos nossos parceiros.

Respondendo aos interesses e às ne-cessidades de clientes provenientes dos quatro cantos do Mundo, quais são, atualmente, as principais solu-ções que disponibilizam? Pretendem alargar o vosso leque de serviços?Para o setor financeiro, temos soluções transversais para todo o ecossistema de câmbio do Brasil, SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro), concessão e recuperação de crédito, AML (antimo-

ney laundry). Com oferta global, temos soluções de ECM (Enterprise Content Management), workflow, BPM (Business Process Management), gestão energética e sustentabilidade.

Recentemente, a Tree participou no CIAB 2013, considerado o maior even-to da América Latina, direcionado tan-to para o setor financeiro como para as tecnologias. Aqui, apresentaram as parcerias que estabeleceram com as empresas lusas GSOFT e CREDIRISK, para a representação dos produtos no Brasil e na América Latina. Como nasceu este modelo de parceria? Que resultados esperam obter desta coo-peração?Após definirmos quais as áreas em que pretendíamos atuar com parceiros in-ternacionais, recorremos às nossas re-des de contacto para chegarmos a PME’s com o perfil e a oferta requerida, que se mostraram potencialmente interessados em avançar para modelos de cooperação de envolvimento crescente, chegando a parcerias mais formais e profundas, em

A Tree Solution nasceu da JointVenture entre a Mintter Banking & Enterprise Solutions e a Heimdall Tecnology, capitalizando uma experiên-cia superior a 30 anos em desenvolvimento de soluções bancarias e consultoria especializada no Brasil e na América Latina. Recentemen-te presente no CIAB, maior evento da América Latina para o setor financeiro e área de tecnologia, a Tree teve a possibilidade de apresentar ao público as parcerias com a GSOFT para a área de ECM, Workflow e BPM, e com a CREDIRISK no âmbito de soluções de concessão e recuperação de crédito, e AML. A Revista Pontos de Vista conversou com Ricardo Nuno Pinheiro, Partner da Tree Solution, que nos deu a conhecer um pouco desta marca que tem alcançado os seus desideratos.

UM ELEMENTO fACILITADOR NA ENTRADADE PME PORTUgUESAS NO bRASIL

função dos objetivos alcançados. Com um dos parceiros Portugueses, estamos já em fase de constituição de uma nova empresa, com o objetivo de trabalhar em conjunto um novo segmento de merca-do. Os nossos objetivos são, sobretudo, a criação de valor, quer para a Tree, quer para o parceiro.

Qual a importância de marcar pre-sença em eventos de grande chamariz internacional, como é o caso do CIAB?Os ganhos obtidos são em termos de vi-sibilidade e de networking, traduzidos em oportunidades comerciais que, fora deste ambiente, demorariam mais tem-po a ser alcançadas. Por outro lado per-mite também acompanhar as tendên-cias de mercado, quer do lado da oferta, mas sobretudo do lado da procura, pela presença dos principais executivos do setor financeiro em diversas palestras onde se debatia o futuro do setor.

Atualmente, existem cerca de 650 em-presas portuguesas a operar no Brasil, um número bastante superior quando

a situação se inverte. Como justifica estes dados? A elevada taxa tributária não tem afastado estes empresários?Não só a questão tributária, mas todo o protecionismo praticado pelo Brasil em determinados setores privados e no setor publico (pauta aduaneira, quesitos admi-nistrativos, experiencia previa no mer-cado, entre outros) certamente que con-tribuem em grande parte para explicar esses números. No entanto, temos ainda de acrescentar a forte concorrência e as especificidades locais (muito presentes no setor financeiro), a dimensão do mercado, a burocracia e também algum amadoris-mo na forma como algumas empresas Portuguesas abordam os mercados exter-nos, como explicação para as dificuldades das PME portuguesas no Brasil.

Atualmente quais são as principais dificuldades e obstáculos que sentem na prossecução dos vossos objetivos no mercado brasileiro? Acredita que muitas das barreiras que existem po-deriam ser definitivamente elimina-das com um acordo de entendimento entre o Mercosul e a União Europeia?Um acordo comercial entre a UE e o Mercosul seria sem dúvida um instru-mento importante, que neste momento é reclamado não só pelos países Euro-peus como pelo setor privado Brasilei-ro, que vê o acordo como um facilitador para a expansão da indústria Brasileira. O problema, do nosso ponto de vista, é que as discussões têm ficado restritas ao comércio em termos de troca de pro-dutos, sem a amplitude e a abrangência de um acordo que inclua comércio de serviços, serviços financeiros, compras governamentais, entre outros.

trEE solutIon – PArCEIro DE ConfIAnçA Pontos de Vista Julho 2013RELAÇÕES BILATERAIS

PORTUGAL/BRASIL

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LER NA INTEGRA EMWWW.PonTosdEvIsTa.PT

stand da tree solution

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A Planosegur diz-se capaz de salva-guardar o Bem-estar, o Património e a Família dos seus clientes. Quais são as ferramentas que a empresa dispo-nibiliza para esse fim? A gestão de risco é essencial à proteção e manu-tenção do património?A Planosegur tem como missão a cons-trução de relacionamentos de longo prazo, excedendo as expectativas dos nossos clientes, com um serviço perma-nente de excelência e total isenção com o mercado segurador.Temos uma equipa especializada, com mais de 20 anos de experiência no mer-cado nacional e internacional na presta-ção de serviços de consultoria. Através de planeamento, identificamos as ne-cessidades dos nossos clientes, avalia-mos os seus riscos e desenvolvemos soluções para os proteger de eventuais ameaças que colocam em perigo a sua sobrevivência ou da sua empresa. Esta-belecemos uma estratégia conjunta com níveis de serviço. A gestão do risco deve ser uma prioridade nas empresas e par-ticulares.

Quais as grandes vantagens trazidas pela gestão de riscos?Os riscos têm de ser acompanhados, vigiados e avaliados periodicamente de forma a minimizar o impacto que uma eventual ocorrência possa originar na organização. O risco nas empresas, não se restringe apenas ao seu equipamen-to ou instalações, os colaboradores

também fazem parte da organização. É fundamental encontrar soluções para garantir a sua proteção e satisfação.

Os empresários portugueses têm boas capacidades no que diz respei-to à gestão de risco ou é uma área em que, de um modo geral, falham, não sendo capazes de identificar esses mesmos riscos e minimizá-los quan-do ainda vão a tempo?Nas grandes empresas, os empresários

Segundo a Associação de Empresas Familiares, as empresas familiares assumem-se como o «motor» de relançamento económico em Por-tugal, representando cerca de 66 por cento do PIB Nacional, assumindo portanto uma enorme relevância na promoção da economia lusa. A Revista Pontos de Vista conversou com uma empresa de cariz familiar, mais concretamente com Paulo Jorge Silva, Sócio-gerente da Pla-nosegur Unipessoal Lda, que nos deu a conhecer um pouco mais da realidade destas entidades que diariamente ultrapassam obstáculos e lutam para crescer e consequentemente melhorar a economia portuguesa.

“A gESTÃO DO RISCO DEVE SERUMA PRIORIDADE NAS EMPRESAS E PARTICULARES”

estão conscientes dos riscos e preocu-pam-se com as medidas de prevenção e proteção. Nas PME’s, que representam mais de 90 por cento do nosso tecido empresarial, não existe um conheci-mento aprofundado dos riscos que têm. Ainda há um longo caminho a percorrer para se modificarem mentalidades. Os empresários precisam impreterivel-mente de ajuda de especialistas para a identificação dos riscos e do impacto potencial na sua atividade. Só assim,

conseguem melhorar a qualidade do seu programa de seguros e transferir o risco para a entidade seguradora.

Os riscos, através da gestão dos mes-mos, podem deixar de ser encarados como uma ameaça para serem a ser vistos como oportunidades?Precisamente. Com a elaboração de aná-lises de risco, acompanhamento perió-dico e sugestão de medidas de proteção a empresa ganha consistência, confiança e credibilidade tornando-se mais com-petitiva na sua área de atuação.Poderá ser desenhada uma estratégia de benefícios sociais para os colabora-dores, com benefícios fiscais atrativos para a empresa. Aumenta a motivação e satisfação dos colaboradores, estimula o desempenho e a rentabilidade da em-presa. Se a organização estiver bem pre-parada, tem oportunidade de se focar no que é essencial: o seu negócio.

Os seguros são a melhor forma de ge-rir riscos e otimizar resultados numa altura em que a falta de cumprimen-to das obrigações é cada vez mais co-mum e tem vindo a levar à decadên-cia de muitos negócios?Sim. As empresas não devem assumir o risco na sua totalidade, porque existem entidades que garantem essa proteção, as seguradoras. Os seguros são a melhor forma, benefí-cio vs custo, que as empresas têm para transferir os riscos para as entidades

PlAnosEgur unIPEssoAl lDA – muIto mAIs quE umA mArCAEmprEsAs FAmiLiArEs

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Os seguros são a melhor forma, benefício vs custo, que as empresas têm para transferir os riscos para as entidades seguradoras. Em caso de sinistro a ativi-dade não deve cessar. com a proteção mais adequada, encontram-se alternati-vas para contornar a adversidade, continuarem a produzir, faturar e garantir a sustentabilidade da empresa

trabalhar ou não com a família pode ser compli-cado se não houver uma cultura organizacional. todos têm a sua função e responsabilidades definidas. Se não existi-rem regras, facilmente podem surgir conflitos

“Paulo Jorge Silva

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Pontos de Vista Julho 2013

seguradoras. Em caso de sinistro a ati-vidade não deve cessar. Com a proteção mais adequada, encontram-se alternati-vas para contornar a adversidade, conti-nuarem a produzir, faturar e garantir a sustentabilidade da empresa.

Numa altura em que muitas empre-sas se deparam com problemas de te-souraria, os seguros de risco são visto como um bom suporte para enfrentar tempos de incertezas ou, pelo contrá-rio, este é ainda um dos primeiros gastos a cortar nas financiadas da empresa? Infelizmente a maioria dos empresários ainda olha para os seguros como um custo e não como um potencial investi-mento ou proteção. O desafio passa pela necessidade de recorrerem a serviços profissionais. Procurar ajuda no dese-

nho, análise e implementação de um programa de seguros de acordo com as suas necessidades.

A Planosegur é uma empresa fami-liar. De acordo com a Associação de Empresas Familiares, estas empresas são o motor de relançamento eco-nómico em Portugal e representam cerca de 66 por cento do PIB Nacio-nal. Da sua experiência, o Estado tem estes valores em consideração e dá o apoio necessário às mesmas ou, apesar da importância que têm na economia nacional, estas ainda são descuradas no que toca a apoios?O Estado não diferencia as empresas fa-miliares das restantes…

Trabalhar com a família é compli-cado? É comum surgirem conflitos

de interesses e discussões que num âmbito não familiar possivelmente não ocorreriam porque não haveria espaço para tal?Trabalhar ou não com a família pode ser complicado se não houver uma cultura organizacional. Todos têm a sua função e responsabilidades definidas. Se não existirem regras, facilmente podem sur-gir conflitos.

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Infelizmente a maioria dos empresários ainda olha para os seguros como um custo e não como um potencial investimento ou proteção. O desafio passa pela necessidade de recorrerem a serviços profis-sionais. procurar ajuda no desenho, análise e implementação de um programa de seguros de acordo com as suas necessidades

Nas grandes empresas, os empresários estão conscientes dos riscos e preocupam-se com as medidas de prevenção e proteção. nas Pme’s, que representam mais de 90 por cento do nosso tecido empresarial, não existe um conhecimento aprofundado dos riscos que têm

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Apesar dos 450 hectares que constituem a Her-dade da Aberta Nova, o complexo que está a ser desenvolvido nes-te espaço sempre teve como objetivo ultra-passar essa dimensão

física, alargando-o aos diferentes espa-ços onde serão desenvolvidas as relações económicas e sociais do projeto, através de um conjunto de intervenções de de-senvolvimento local. Para Pedro Caels, é principalmente essa dimensão social que diferencia a Aberta Nova de outros proje-tos florestais e agrícolas a serem desen-volvidos no nosso país. É isso que torna esta herdade única em Portugal!Mais do que um território, este é um es-paço relacional sem limites definidos à partida, que tem como núcleo a aldeia de Melides. No fundo, o fim último é contribuir para o desenvolvimento local e valorização do concelho através do fo-mento do trabalho e de trocas aos mais diferentes níveis.“Em Melides há uma elevada taxa de de-semprego, trata-se de uma zona de tra-balho precário, as únicas atividades da região são sazonais e incidem na cultura do arroz, cortiça e turismo. Depois, há um polo de trabalho na zona industrial de Sines, principalmente através das refina-rias que empregam muita gente. Tendo isso em conta, tivemos sempre o cuidado de, pelo menos ao nível do trabalho flo-restal e da mão-de-obra propriamente dita, contratar pessoas de Melides, va-lorizando desta forma também o conce-lho. Para além disso, procurámos criar uma cooperativa de solidariedade social, sem fins lucrativos, onde pretendemos estimular a relação entre produtores e consumidores locais. Assim, nós, que nos localizamos em determinados solos e, como tal, não estamos aptos a produzir alguns tipos de culturas, aproveitamos a cooperativa para trocar os nossos produ-tos com os produtos dos associados, que se encontrem, por exemplo, em outros solos e que, portanto, se dediquem a cul-turas diferentes”, explica Pedro Caels.

InTErvEnção humana,TÉCnICa E CIEnTIfICamEnTE

aPoIadaO conceito estratégico subjacente ao complexo da Aberta Nova está alicerça-do em três eixos. Um deles é certamente

este cariz social, de interação com a co-munidade local e assente na preocupa-ção com a qualidade de vida dos traba-lhadores e investigadores residentes na herdade. Os outros dois pilares dizem respeito à conservação ativa da nature-za e biodiversidade e à produção agríco-la sustentável. O primeiro exige uma intervenção hu-mana, técnica e cientificamente apoiada, com vista a inverter alguns processos de degradação que a evolução natural do ecossistema, por si só, não é capaz de assegurar. Para o efeito tem sido feita uma grande aposta na investigação e, por isso mesmo, a Aberta Nova tem-se mostrado sempre recetiva em receber estudantes e investigadores que quei-

Com o objetivo de instalar e desenvolver na Herdade da Aberta Nova um conjunto de infraestruturas para a produção, transformação e valorização das matérias-primas, promovendo também, deste modo, o desenvolvimento e a sustentabilidade local, foi criada, em 2000, a Aberta Nova – Sociedade Agro-Florestal S.A.. Trata-se de um modelo de exploração florestal e agrícola multifuncional e inovador no nosso país, que pretende não só gerar um retorno económico sustentável, como promover o bem-estar social. A par disso, tem vindo a funcionar também como cluster de investigação e ensino na área das tecnologias sustentáveis, através das parcerias que têm vindo a ser esta-belecidas com universidades e institutos. Presente no 1º Congresso Bioenergia Portugal com um dos seus projetos – A Gaseificação de Biomassa, a Revista Pontos de Vista esteve à conversa com o responsável por este setor na Aberta Nova S.A., Pedro Caels, que explicou de que forma este recente projeto tem funcionado e o que podemos esperar do mesmo nos próximos tempos.

ECO-CRIATIVIDADE NO LITORAL ALENTEjANO

ram desenvolver o seu trabalho neste espaço - nomeadamente estudantes que estejam a desenvolver tese de mestre ou doutoramento, como já tem vindo a su-ceder-se ao longo dos dois últimos anos, através de parcerias estabelecidas com algumas Universidades.A Herdade da Aberta Nova pretende as-sim ser um laboratório vivo, onde a in-vestigação científica é desenvolvida em rede com um conjunto de Universidades e Institutos e cuja atividade de investi-gação pretende ser reconhecida pelas mesmas, acolhendo investigadores na-cionais e internacionais que promovam a incorporação de conhecimento nas atividades do meio rural. Conhecimen-to este que, à posteriori, pretende ser transmitido a outros agricultores, o que deverá impulsionar a inovação no setor e a sustentabilidade das explorações agrícolas da região.A presença no 1º Congresso de Bioe-nergia Portugal de várias instituições de ensino que mostraram interesse em colaborar com a Aberta Nova foi, para Pedro Caels, aquilo que de mais positi-vo marcou o certame. “Não estávamos à espera que o evento decorresse como está a correr. Temos notado um grande interesse, não tanto da parte dos pri-vados, que necessitam de capital para

investir, mas dos institutos e universi-dades que nos procuraram de modo a colaborar com a nossa tecnologia. Ainda há pouco falei com um dos responsáveis da Universidade de Portalegre e discu-timos a possibilidade de fazer ensaios nas nossas instalações. Isto é, para nós, a melhor gratificação que conseguimos tirar daqui”.É de referir ainda que, desde o início, a Aberta Nova é reconhecida como um projeto pioneiro na região e que o mesmo oferece oportunidades não só ao nível da investigação, mas também um ambiente propício à incubação e desenvolvimento de iniciativas empresariais, cooperativas e associativas, bem como à fixação de empreendedores independentes.

PráTICas agríCoLasE sILvíCoLas

Ainda no que diz respeito ao conceito estratégico da Herdade da Aberta Nova, o último eixo, mas não menos impor-tante, entende-se como um conjunto de práticas agrícolas e silvícolas que tiram partido das características bioclimáticas do local, explorando espécies adaptadas a um sistema de produção assente na aplicação eficiente dos recursos natu-rais e na sua melhoria a longo prazo.O projeto tem na sua base uma constan-

AbErtA novA – soCIEDADE Agro florEstAl s.A. Em DEstAquE1º CONGRESSO

BIOENERGIA PORTUGAL

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“O facto de até há pou-co tempo atrás a pro-priedade estar situada em reserva ecológica nacional, rede natura e na orla costeira foi para nós um grande desafio, que nos obrigou a de-senvolver instrumentos de trabalho”

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Pontos de Vista Julho 2013

te preocupação com a conservação da natureza e biodiversidade e, por isso, a ocupação do solo foi delineada de forma a compor um mosaico de áreas flores-tais, agrícolas e de habitats naturais, be-neficiando mutuamente a conservação e a produção agrícola.A cultura intensiva de eucaliptos na Her-dade, que se encontrava em estado avan-çado de degradação, vem sendo substitu-ída gradualmente por pinheiros mansos e sobreiros. Pedro Caels explica, “aquilo que pretendemos é reconverter esta flo-resta em espécies autóctones e valorizar a extensa cultura de eucaliptos da Her-dade, tirando partido dessa biomassa e produzindo energia elétrica através dela, para além de encaminhar os resíduos flo-restais para o processo de compostagem, produção de cogumelos e outros fins”.De referir ainda, que há na Herdade fatores de agricultura biológica total-mente inovadores, que produzirão bens alimentares (cerealicultura e horto-fru-ticultura) de alta qualidade. A apicultura terá igualmente um espaço de relevo na dinâmica comercial da empresa, sendo talvez o mel o primeiro produto a ser ex-portado, graças ao colaborador respon-sável que encontrou um possível mer-cado internacional de escoamento para o mesmo. A perspetiva é, no entanto,

exportar, no mais curto prazo possível, outros produtos agrícolas.Das restantes atividades a implemen-tar destacam-se as seguintes: horto--fruticultura, produção de aromáticas, compostagem, pecuária, turismo, fito turismo, viveiro de plantas, aquaponia e gaseificação.“O facto de até há pouco tempo atrás a propriedade estar situada em reserva ecológica nacional, rede natura e na orla costeira foi para nós um grande desafio, que nos obrigou a desenvolver instrumentos de trabalho. Respeitando os valores naturais, foram assim cria-dos diversos planos de trabalho: plano de gestão de habitats em parceria com a Universidade de Évora, plano de ges-tão dunar com a APENA e um plano de gestão florestal. Mais recentemente, iniciámos também a elaboração da fer-ramenta base de todos os projetos, um Plano de Intervenção em Espaço Rural (PIER) em conjunto com a divisão de planeamento da Câmara Municipal de Grândola, que pretende fundamentar o desenvolvimento e implementação de todo o conjunto alargado de projectos”, explica Pedro Caels. Por fim, o objetivo é chegar ao quinto ano de atividade e ter uma exploração sustentável a nível ener-gético e alimentar.

espaços (futuros) da Herdade aberta novaCentro Científico: suporte às atividades de investigação e formação. viveiro de espécies autóctones: reprodução e propagação de espécies du-nares, florestais, agrícolas e aquáticas para.Estufa de aquaponia: desenvolvimento experimental e demonstração do modo de produção aquapónico.Central de biomassa: produção de energia elétrica e de energia.Unidade de tratamento e processamento de madeiras: tratamento e valoriza-ção de material lenhoso.Unidade de processamento de produtos agrícolas: valorização e embalamen-to de produtos agrícolas.habitação para os trabalhadores da herdade: dotar a Herdade da Aberta Nova de habitação para os trabalhadores permanentes da exploração.Turismo: Pequenas unidades de turismo, apoio ao turismo da natureza, fito turismo e turismo científico.Espaço restauração: restaurante e receção 33

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O 1º Congresso Interna-cional de Bioenergia foi palco privilegiado para a discussão de todas as temáticas relacionadas com a Bioenergia, desde o seu fornecimento, pas-

sando pelas novas tecnologias desenvol-vidas na área, as políticas de apoio ao setor, até à sua comercialização. Esta primeira edição esteve integrada nos objetivos da Plataforma Alto Alen-tejo XXI, em implementação pela Comu-nidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMMA) e pelo Instituto Politécnico de Portalegre (IPP). Para além disso, surge em articulação com o Sistema Regional de Transferência de Tecnologia (SRTT) e com o Parque de Ciência e Tecnologia do Alentejo (PCTA), no qual será instalado brevemente, em Portalegre, o Centro de Bioenergia.O congresso abriu igualmente espaço a comunicações relativas ao proces-samento de biomassa, sobre o forne-cimento global de matérias primas, a produção de energia através de biocom-bustíveis, entre muitas outras.

120 CongrEssIsTasmarCaram PrEsEnça

Ao todo estiveram presentes, em Por-talegre, cerca de 120 congressistas, em representação de dez países.A iniciativa serviu para potenciar opor-tunidades de negócio a nível nacional e internacional, em matéria de bioener-gia, com o intuito de atrair a Portalegre e ao Alto Alentejo os principais players de mercado, na promoção de parcerias e sinergias, capitalização de negócios e na partilha de conhecimentos e know how inovadores na matéria.De acordo com Tiago Gaio, Diretor Exe-cutivo da Bioenergia Portugal, a inexis-tência de um evento do género no nosso país permite que este se constitua como uma janela aberta para afirmar o Alto Alentejo no panorama nacional na área da biomassa, em geral, e da bioenergia, em particular.A Bioenergia Portugal constitui um mundo de oportunidades. Desde a in-dústria, à agricultura e sem descurar a

importância da componente turística, nomeadamente no que aos produtos gastronómicos diz respeito, tais como, o azeite, o queijo, o vinho e os enchi-dos, em que há um enorme potencial de aproveitamento e valorização energéti-ca por explorar.Para além do Congresso Internacional e da Mostra Tecnológica, o evento con-tou com todo um conjunto de atividades paralelas, nomeadamente workshops (“Bioenergia em Movimento” e “Negó-cios em Bioenergia”); visitas técnicas (gaseificação térmica a biomassa, pro-dução de pellets, produção de biodiesel, digestão anaeróbica com produção de biogás); um Business Networking e tam-bém um espaço de promoção e divulga-ção dos produtos gastronómicos locais e regionais, nomeadamente por via da realização da FERPOR 2013 – Feira Re-gional de Atividades Económicas.Com a realização da FERPOR em simul-tâneo com o 1º Congresso Internacional de Bioenergia pretendeu-se potenciar as sinergias entre os dois eventos e enri-quecer as vivências de ambos.

Promover as oportunidades de negócio a nível de mercado nacional e internacional em matéria de bioenergia foi o grande objetivo do 1º Congresso Internacional de Bioenergia, que se realizou nos passados dias 23, 24 e 25 de maio, nas instalações da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Portalegre. Foram várias as pessoas que por lá passaram, desde especialistas na matéria, docentes e alunos de várias universidades e politécnicos do país, até simples curiosos. O congresso decorreu em simultâneo com a primei-ra mostra tecnológica Bioenergia Portugal.

ALTO ALENTEjO: UMA REgIÃODE OPORTUNIDADES

Em DEstAquE o 1º CongrEsso IntErnACIonAl DE bIoEnErgIA

As áreas científicas e temas de discussão do Congresso:• Comercialização da matéria-prima• Tecnologias de produção de pellets• Tecnologias de processamento de biomassa• Produção de combustíveis refinados: pirolise, gasificação, torrefação...• Abastecimento sustentável de resíduos florestais e outras matérias-primas• Fornecimentos globais de matérias-primas e estudos de mercado em países emergentes e em desenvolvimento• Transporte e armazenamento de biomassa• Demanda e fornecimento globais de bioenergia• Desenvolvimento dos mercados internacional, nacional e local e estruturas de apoio à inovação de políticas• Tecnologias de produção de bioeletricidade• Produção de etanol celulósico• Políticas e critérios sustentáveis• Bioenergia e desenvolvimento de redes de transporte sustentáveis• Modelos de comercialização para diferentes dimensões de produção de bioenergia• Tecnologias bioquímicas e de desenvolvimento de produtos• Tecnologias de combustão e de coincineração• Waste-to-Energy (W2E): biogás, combustíveis e eletricidade• CHP com biomassa• Produção de energia através de biocombustíveis• Otimização de operações de bio refinarias• Outros temas relacionados com energia (outras fontes de energia, meio ambiente, materiais, economia, educação)

1º CONGRESSOBIOENERGIA PORTUGAL

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A nível nacional, o setor dos recur-sos minerais continua a ter grandes potencialidades. As minas da Panas-queira ou Neves Corvo são dois dig-nos exemplos. Portugal tem sabido tirar proveito das suas promissoras caraterísticas geológicas?Diria que sim apesar de termos passado por uma fase em que o licenciamento das explorações mineiras era bastante dificultado. De facto a análise de susten-tabilidade, nas suas vertentes, ambien-te, economia e sociedade, há cerca de 5 anos atrás era bastante desequilibrada a favor do ambiente e portanto bastan-te restritiva na atribuição dos licencia-mentos. O LNEG, sendo um instituto de investigação em energia e geologia com uma componente metodológica forte na análise dos critérios de sustentabilidade sempre lutou pela necessidade de uma abordagem responsável e sempre co-laborou com o ambiente no sentido de encontrar uma plataforma em que os recursos naturais são salvaguardados.Também do lado do setor mineiro há mais consciência da necessidade de preservar o ambiente e em particular, neste caso, o equilíbrio natural com menos poluição. A indústria mineira modernizou-se, asso-ciou-se com o setor da investigação e pas-sou a seguir as melhores práticas ambien-tais quer na exploração quer na mitigação dos impactos a posteriori. Mas não é só o ambiente que favorece ou prejudica a exploração mineira que está muito dependente, como qualquer outra atividade, da viabilidade económica das explorações que depende de vários fato-res, das reservas disponíveis na jazida, dos custos de exploração onde é muito relevante o tipo de concentração e a acessibilidade do reservatório e não me-nos importante das cotações mundiais.

De que forma, o setor mineral pode ser estratégico para o desenvolvi-mento económico de Portugal, para a geração de riqueza e para a criação de emprego?O setor mineral e em particular a indús-tria extrativa cria riqueza associada ao próprio negócio, transação comercial do minério que deixa impostos e tam-bém royalties para o estado português. Acresce que há um valor acrescentado ao longo da respetiva cadeia de valor, tanto maior quanto mais degraus dessa cadeia se concretizarem no âmbito da economia nacional e para além dos pos-

tos de trabalho diretos e indiretos que cria à sua volta, a indústria extrativa é logo na sua origem uma fonte de criação de nova riqueza, que é extraída da natu-reza e acrescentada ao património co-letivo. Por outro lado há outros setores associados que se têm vindo a desenvol-ver em torno das minas como o turismo, o património cultural ou a investigação e desenvolvimento. Por último contribui para a qualificação das pessoas aumen-tando o índice nacional de competências especializadas.Há vários exemplos de nichos de de-senvolvimento devido à mina como os concelhos de Torre de Moncorvo ou Cas-tro Verde mas gostaria de salientar um exemplo interessante do significado da indústria extrativa no desenvolvimento integrado, criação de postos de trabalho e dinamização da economia em geral como a atual situação vivida no Concelho de Aljustrel em que o emprego direto nas minas representa cerca de 720 postos de trabalho sendo que esse valor sobe subs-tancialmente se considerarmos o empre-go indireto sendo um dos concelhos com menor taxa de desemprego, cerca de 7%, por via da mina. Por esta mesma via tem vindo a ser um polo de atração turística e de investigação estando neste momento a acolher o novo Centro de Estudos Geo-lógicos e Mineiros de Aljustrel, do LNEG. Ainda pela qualificação do pessoal é nes-te momento um exportador de mão de obra qualificada para outros centros de desenvolvimento. Trata-se de um bom exemplo de exploração de sinergias em torno de uma aposta integrada.

Hoje, há quem olhe para o setor mi-neral europeu como uma indústria inovadora e crucial em toda a cadeia de valor. Na sua opinião, é importante apostar na consciencialização da po-pulação para a relevância deste setor

“O setor mineral está muito dependente da oferta e da procura a nível mundial que ditam as regras portanto temos que ser cautelosos nas afirmações demasiado generalistas. O futuro de Portugal está na nossa capacidade de inovação do conhecimento, científico e tecnológico para a descoberta e valorização desses recursos”, assume Teresa Ponce de Leão, Presidente do Conselho Diretivo do LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia, I.P, em entrevista à Revista Pontos de Vista. Quais as potencialidades do setor mineral? De que forma esta-mos a aproveitar essas mais-valias? Qual o papel do LNEG nesse desenvolvimento? A estas questões a nossa interlocutora deu resposta.

A IMPORTâNCIA DO SETOR MINERALPARA PORTUgAL

no quotidiano? Por outro lado, acre-dita que as próprias empresas têm sabido retirar os devidos benefícios de um setor que é cada vez mais im-portante para a economia portugue-sa e europeia?As populações têm que estar informadas e os investidores comprometidos com a comunidade onde vivem. Para isso é ne-cessário que seja disponibilizada infor-mação cautelosa mas verdadeira e clara sobre riscos associados mas também sobre a forma como esses riscos podem ser mitigados e quais as oportunidades e benefícios que resultam da exploração desses recursos para si próprias. Os go-vernos têm que criar condições de faci-litação para o desenvolvimento empre-sarial mas também assumir o seu papel de regulador consciente e responsável.Acrescentar novos degraus na cadeia de valor dos recursos minerais é, sem dúvida, um elemento crucial para ga-rantir a sustentabilidade, minorando as incertezas que derivam das vicissitudes dos mercados globais. Aqui a questão da dependência tecnológica e a escala do investimento são fatores decisivos que podem prejudicar o aumento da dimensão dessa cadeia de valor. Aqui o conhecimento agregado é um fator de discriminação positiva.

Uma das funções do LNEG consiste em divulgar junto do setor empresa-rial áreas com potencial mineiro. De um modo geral, o tecido empresarial português está recetivo a esses novos investimentos?O investimento no setor mineiro é ca-pital intensivo. O setor empresarial português tem dificuldade no acesso ao crédito. Penso que a recetividade a estes investimentos depende das condições de acesso ao dinheiro que seja possí-vel oferecer. As medidas recentes como a redução do IRC são ajudas positivas para esta sensibilização.

Portugal tem tido uma atuação efi-ciente na utilização de recursos mi-nerais, desde a fase da extração até à sua recuperação? Na sua opinião, o que ainda pode ser feito? Qual o pa-pel que o LNEG tem desempenhado?O LNEG tem como missão conhecer o ter-ritório nacional e seus recursos naturais. No caso concreto o LNEG desenvolve car-tografia geológica e investiga o potencial dos recursos minerais associado a esse

conhecimento do território, estudos que permitem identificar a ordem de gran-deza do potencial mineral em Portugal e que deu origem ao famoso indicador de um produto interno bruto… Trata--se de um valor simbólico, naturalmente carregado de grande incerteza porque é afetado por muitas variáveis não contro-ladas, mas que indica que o contributo da Indústria Mineral para esse PIB pode crescer, em particular na atual conjun-tura, porventura a taxas não alcançáveis por outros setores. O LNEG disponibiliza toda esta informação na sua base de da-dos assente no GeoPortal cujo formato está a ser melhorado para consulta mais direta e generalizada. Posteriormente o LNEG tem competências para oferecer análises mais finas de apoio à identifi-cação do potencial da jazida, métodos de exploração e estratégia de exploração através da disponibilização de metodolo-gias de geoquímica e geofísica avançadas e ainda no domínio do processamento dos minérios até à obtenção dos concen-trados. Neste âmbito pode dizer-se que o LNEG apoia os empresários no desenvol-vimento dos seus planos de lavra e mitiga o risco associado às decisões.

No futuro, que desafios e oportuni-dades acredita que este setor terá de enfrentar em Portugal? Acredita que, cada vez mais, os portugueses terão consciência de que a riqueza poderá estar em baixo dos nossos pés? Nes-se sentido, qual será a estratégia do LNEG?O setor mineral está muito dependente da oferta e da procura a nível mundial que ditam as regras portanto temos que ser cautelosos nas afirmações demasia-do generalistas. O futuro de Portugal está na nossa capacidade de inovação do conhecimento, científico e tecnológi-co para a descoberta e valorização des-ses recursos. Seguramente os recursos são uma fonte importante de produção de riqueza que importa explorar de for-ma inteligente e responsável como mais um contributo para o aumento do nosso produto interno bruto. O LNEG investiga e desenvolve conhecimento para poder oferecer a máxima informação, traba-lhada e relacionada com vista a otimizar as iniciativas empresariais com vista à exploração dos recursos.

lnEg - lAborAtórIo nACIonAl DE EnErgIA E gEologIA, I.P Pontos de Vista Julho 2013SETOR MINERAL EM DESTAQUE

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teresa ponce de leão

LER NA INTEGRA EMWWW.PonTosdEvIsTa.PT

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A estratégia nacional de aproveitamento dos re-cursos geológicos e mi-neiros pretende dina-mizar o setor e triplicar o atual contributo para o PIB, hoje na ordem dos 600 milhões de

euros. Desta forma, Portugal será capaz de enquadrar um setor, que representa atualmente 1,4 por cento das exporta-ções portuguesas, à nova realidade que se vive em termos globais, marcada pela subida na cotação dos minérios, a escas-sez de recursos e a procura crescente a nível global.Para isso, é necessário aumentar o es-petro das concessões de prospeção e exploração, o que já vem acontecendo com o elevado número de contratos que têm sido assinados nos últimos tempos. De referir que, para os minérios metáli-cos, o risco de insucesso da prospeção e pesquisa é da ordem dos 95 por cento, e é por isso que este setor é olhado com alguma receio pelo empresários portu-gueses, que ainda não se estruturaram para se financiarem através dos merca-dos bolsistas, em especial do Canadá, que é a principal fonte de financiamento das empresas mineiras estrangeiras ju-niores que estão a operar em Portugal. Isto para os minérios metálicos, mas não para os minérios não-metálicos, que na sua grande maioria é operado por em-presas portuguesas que, grosso modo, trabalham para a garantia do abasteci-mento da indústria transformadora na-cional (mercado interno) - pese embora nos últimos anos se tenham expandido para o mercado externo. “Espera-se que este subsetor já no pró-ximo ano venha a registar um saldo po-sitivo na nossa balança comercial. Este potencial de crescimento do setor tem sido reconhecido por este Governo que lhe deu uma grande visibilidade a ní-vel público e que neste momento está a preparar medidas e incentivos que ajudem a reduzir algumas situações de maior risco de investimento, para além de estarem a ser estudados programas específicos para apoiar o conhecimento, a prospeção e a promoção”, afirma Car-los Caxaria.

rECuPEração do sETor a nívEL EuroPEu

Muito do reconhecimento que tem sido dado ao setor surge das próprias ne-cessidades, nacionais e comunitárias, em especial de uma Europa que tem um grande défice de matérias-primas e que está muito dependente de mercados produtores que não controla. Para Car-los Caxaria é simples, a União Europeia foi obrigada a olhar de novo para o setor depois de vários anos em que se andou “a fechar minas em toda a Europa”. Foi a isso que se assistiu desde o início dos anos 90 até à eclosão da crise, em 2008. Com a crise das matérias-primas a Eu-ropa apercebeu-se que não tinha quais-quer garantias de abastecimento inter-no, o que levou a que algumas indústrias

Em Portugal, o setor mineiro é conhecido essencialmente pelas suas minas de volfrâmio (Panasqueira) e de cobre (Somincor), conside-radas das maiores da Europa e reconhecidas internacionalmente pela qualidade dos concentrados obtidos. A consciência de que o setor pode contribuir para o crescimento económico do país, não só pela diminuição do défice externo e balança comercial, mas também pela criação de emprego e desenvolvimento regional pois a maior parte dos recursos situam-se em zonas pobres e rurais, é consensual. Esta realidade foi reconhecida pelo atual governo que tem apostado nesta área de um modo sem paralelo nos últimos anos - a prova-lo está a assinatura pelo governo de um elevado número de contratos de prospeção e pesquisa e de exploração. Em conversa com Carlos Caxaria, Presidente do Colégio de Geológica e Minas da Ordem dos Engenheiros, a Revista Pontos de Vista abordou estas e outras questões ligadas a um setor cuja importância muitas vezes não é percetível, por falta de conhecimento comum, mas cujo contributo para o país é, sem dú-vida, imenso, esperando-se mesmo que nos próximos anos venha a ser mais um dos setores dinâmicos da nossa economia.

“A gRANDE VISIbILIDADE DO SETOR A NíVEL PÚbLICO PASSOU POR ESTE gOVERNO”

europeias parassem ou reduzissem a atividade por força do preço ou da falta dessas matérias-primas. Nos últimos 20 anos, houve demasiada resistência ao setor por razões ambien-tais, isto é, para que se fechassem ou não se abrissem mais minas na Europa. Na verdade, “esta prática tem vindo a ser alterada pois o ambiente tem que ser pensado à escala global, isto é, uma atuação ambientalmente sustentável à escala local (Europa), contribuirá para um melhor ambiente à escala global. Resumindo, não há qualquer vantagem ambiental em proibir projetos na Eu-ropa que depois se implantam noutros continentes onde não se cumprem as melhores práticas ambientais”.O próximo quadro comunitário para o

setor está hoje a ser estudado e encon-tra-se já em marcha um processo a nível europeu que contemplará a problemáti-ca das matérias-primas. Trata-se de um passo importante, disso não há dúvidas, no entanto o nosso entrevistado gosta-va que o mesmo fosse mais ambicioso. “Nos próximos dez anos prevê-se que irão abrir na Europa 10 ou 11 grandes minas metálicas, o que é um passo po-sitivo. No entanto, admito que se os tra-balhos a decorrer em Portugal se reve-larem positivos, metade desse número poderá acontecer só em Portugal, ainda que de uma dimensão menor. Apesar disso, é indiscutível que a Europa está hoje a olhar com muita atenção para o setor, até porque este é um setor perfei-tamente conciliável com as exigências ambientais. O que vier a ser feito na UE nesta matéria será feito de forma sus-tentada para que o impacte ambiental seja sempre o menor possível”, afirma Carlos Caxaria.

BIodIvErsIdadE nas mInasAs preocupações de preservação am-biental, a par da conservação do patri-mónio histórico, diminuíram a acessibi-lidade aos recursos minerais e são, para o nosso entrevistado, a maior dificulda-de que se apresenta ao setor. “É óbvio que as questões ambientais têm que estar presentes mas não podem consti-tuir sempre um travão à decisão. Os pro-cedimentos administrativos instalados na vertente da avaliação ambiental são muito morosos, ficando muitas vezes os projetos prejudicados nas condições da decisão final por falta de expertise das equipes de avaliação. Muitas vezes colocam-se dúvidas para as quais esses técnicos, por força da especificidade do setor, não têm resposta, o que faz com que os processos se atrasem”, refere o nosso entrevistado.Carlos Caxaria aproveita ainda para es-clarecer que o impacto visual é o prin-cipal impacte negativo da indústria extrativa, o que não é o mesmo que um grande de impacte ambiental, uma con-fusão que se instalou nos últimos anos como resultado do abandono de minas que ocorreu no passado, o que levou à degradação das mesmas com tempo, e

CArlos CAxArIA, PrEsIDEntE Do ColégIo DE gEológICA E mInAs DA orDEm Dos EngEnhEIros, fAlA sobrE o sEtorSETOR MINERAL EM DESTAQUE

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carlos caxaria

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Pontos de Vista Junho 2013

pelo facto de algumas infraestruturas mineiras poderem constituir fatores de insegurança. Contudo, muitos dos locais abandonados, tais como poços e gale-rias, tornaram-se também importantes polos de biodiversidade, constituindo novos ecossistemas específicos adapta-dos ao meio mineiro. “Ainda que algumas pessoas pensem que o setor mineiro contribui para acabar com a biodiversidade, isso não corresponde à verdade! Muitas das ga-lerias de minas que foram abandonadas no passado são hoje habitats únicos, constituindo mesmo um dos principais habitats de morcegos nacionais. Outro exemplo é o da zona dos mármores, no Alentejo, onde as escombreiras se tor-naram “viveiros” de coelhos, atrás dos quais vêm hoje muitas aves de rapina, onde também nidificam. Muitos outros exemplos podem ser dados. Há impacto, é certo, mas a palavra impacto não tem que ter sempre uma conotação negativa porque se criam condições diferencia-das, onde novas espécies se instalam e as que existem têm a maior parte das vezes capacidade de se adaptar. Lembro também que os locais onde no passado houve intervenção humana são os locais hoje estudados pelos arqueólogos, e que os projetos de hoje não fazem mais do que criar novas paisagens humanizadas que no futuro não deixarão também de ser estudadas. É esta a história do ho-mem ”, refere.

dEsCoBErTa dE PETróLEoPodErá EsTar Para BrEvE

Na ótica de Carlos Caxaria, o que hoje é presente amanhã será história e objeto de estudo, bem como o que hoje é resí-duo, amanhã será recurso. Porém, ainda que cada vez mais se tenha de caminhar para o desperdício zero e para o reapro-veitamento dos recursos, a reutilização será sempre insuficiente enquanto res-posta a um mercado global, cada vez mais exigente e com maiores necessidades de consumo. Assim, o “re-use” é incapaz de responder isoladamente aos problemas do mercado, o que faz da prospeção e da descoberta de novos recursos geológicos uma necessidade que tem que se manter presente quer a nível global, quer a nível nacional, principalmente sendo este um dos setores com maiores potencialidades de crescimento em Portugal.Carlos Caxaria afirma, “este é um dos setores com maiores potencialidades de crescimento a nível interno. Temos po-tencial em volfrâmio, no Norte e Centro, de que durante vários anos fomos mes-mo o principal produtor europeu e o ter-ceiro à escala mundial deste minério, te-mos potencial ao nível do cobre, do zinco e do ouro, no Alentejo. Ainda que não fale

em jazigos de grande dimensão, acredito que a descoberta de petróleo é inevitável, é só uma questão de tempo e há já estu-dos que dão indicações nesse sentido”.A descoberta de petróleo seria, sem dúvida, um enorme fator de atração para o investimento em Portugal e das formas mais eficazes de tirar o país da crise. Atualmente, existem quatro áreas de prospeção e pesquisa de petróleo no mar e na terra, são elas, a Bacia Lusitâni-ca em Cabo Mondego, S. Pedro de Muel,

Aljubarrota, Rio Maior e Torres Vedras; Bacia de Peniche, Bacia do Alentejo e Bacia do Algarve.Carlos Caxaria acredita ainda que den-tro de uma década poderemos ter a funcionar mais meia dúzia de minas metálicas o que seria importante para o crescimento económico do país, e em especial para o desenvolvimento das regiões onde as mesmas se estabelece-rem. Em relação a este contributo não sobram dúvidas, a abertura de minas

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reflete-se imediatamente no crescimen-to do emprego nas zonas circundantes e no desenvolvimento regional. O nosso entrevistado conclui esta con-versa com um exemplo que evidencia este facto. “Antes das minas da Somincor abrirem em Castro Verde e Almodôvar, estes eram dois dos concelhos mais pobres do Alentejo. Neste momento, passa-se precisamente o contrário e têm dos níveis de vida mais aproximados ao da Grande Lisboa”.

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A inovadora tecnologia usada na formulação destas tintas faz da CIN um grupo extremamente competitivo, que se revela nas reconhecidas características dos produtos que comercializa.Os revestimentos de alto desem-penho CIN são hoje utilizados em

todo o mundo para proteger estruturas e equipa-mentos em aço quando expostos às mais severas condições ambientais, que vão desde o ambiente marítimo e químico, até aos ambientes urbano e rural. CIN Protective Coatings tem vindo a de-senvolver as melhores soluções tecnológicas na elaboração de esquemas de pintura eficazes, de forma a combinar proteção anticorrosiva, durabi-lidade e acabamento estético. Esta unidade de negócio tem investido fortemente na Certificação de Produtos e Esquemas segundo as mais recentes normas de ensaio europeias e internacionais. Estas certificações assentam em várias normas das quais se destacam algumas con-sideravelmente relevantes:

ProTEção anTICorrosIva dE EsTruTuras mETáLICas

A norma EN ISO 12944 é hoje uma referência mundial na definição de esquemas de pintura para proteção anticorrosiva de estruturas de aço, razão pela qual a CIN a usa na investigação e elaboração dos seus esquemas de proteção anticorrosiva e destina-se a orientar engenheiros, prescritores, empreiteiros e todos os especialistas nesta área, na especificação de esquemas de proteção anti-corrosiva para estruturas de aço.Esta norma é composta por várias partes:EN ISO 12944-1: Introdução geralEN ISO 12944-2: Classificação de ambientesEN ISO 12944-3: Considerações sobre desenhoEN ISO 12944-4: Tipos de superfície e sua prepa-raçãoEN ISO 12944-5: Sistemas de pinturaEN ISO 12944-6: Métodos de ensaio laboratoriaisEN ISO 12944-7: Execução e supervisão dos traba-lhos de pinturaEN ISO 12944-8: Especificações para manutenção e nova construçãoA EN ISO 12944-6 avalia o desempenho de esque-mas de pintura para proteção anticorrosiva do aço para várias durabilidades e ambientes de agressi-vidade, sendo que a CIN dispõe de vários esque-mas certificados para durabilidade alta.Como complemento a esta norma, existem ou-

tras mais específicas para proteção anticorrosiva, como é o caso da norma EN 10289, que avalia os revestimentos epoxi na proteção de tubagens e equipamentos enterrados e a norma EN 12285-1, que define os requisitos dos revestimentos na pro-teção de tanques de aço enterrados.

ProTEção PassIva ao fogo dEEsTruTuras mETáLICas E madEIra

A norma ENV 13381-8 avalia a resistência ao fogo de estruturas metálicas protegidas com tinta in-tumescente e a norma EN 13501-1 classifica os revestimentos usados na construção quanto à re-ação ao fogo.

ProTEção dE EsTruTurasdE BETão armado

A norma EN 1504-2 avalia a performance dos pro-dutos e sistemas na proteção e reparação de estru-turas de betão.

rEvEsTImEnTo dE InTErIorEsdE TanquEs dE aço E BETão

A CIN dispõe de vários produtos certificados para revestimento de interior de tanques, seja para armazenamento de produtos petrolíferos e quí-micos, seja para o armazenamento de produtos alimentares. Os revestimentos de interiores de tanques para armazenamento de produtos alimentares têm que passar nos exigentes ensaios de migrações globais e específicas e nos ensaios organoléticos, exigidos segundo o mais recente Regulamento Europeu (EU)* nº. 10/2011 de 14 de janeiro, que estabe-lece normas específicas a aplicar na utilização em segurança de materiais e objetos que estarão em contacto com os géneros alimentícios.

A gama Protective Coatings é aplicada nas mais variadas áreas de mercado, como é o caso das energias renováveis, das indústrias petrolífe-ras e petroquímicas ou da indústria alimentar, entre outras.

EnErgIa

TérmicaNas tradicionais centrais a carvão e fuel/gasóleo ou nas tecnologicamente mais evoluídas centrais a gás natural de ciclo combinado, o ambiente é natu-ralmente muito agressivo, exigindo a aplicação de esquemas de pintura com uma proteção corrosiva muito eficiente. A CIN tem participado em muitos

A divisão Protective Coatings é uma das principais áreas de negócio do grupo CIN. A atuar principalmente nos setores da petro-química, infraestruturas, energia e construção metálica; está presente em algumas das mais prestigiadas e emblemáticas obras realizadas na Península Ibérica, Europa, África e América Latina.

CIN - PROTECTIVE COATINgS fAz fORTE INVESTIMENTO NA CERTIfICAÇÃO DE PRODUTOS E ESQUEMAS DE PINTURA

dos principais projetos deste segmento, disponibi-lizando produtos que se têm revelado eficazes ao longo do tempo.

hídricaA gama CIN Protective Coatings é especialmente indicada para a proteção de pavimentos, paredes ou equipamentos (comportas, tubagens ou grupos geradores) de centrais hidroelétricas, em situa-ções de obra nova ou de manutenção.

EólicaDevido à dificuldade de manutenção dos equipa-mentos eólicos, os esquemas de pintura devem conferir-lhes uma durabilidade elevada, mesmo quando expostos a climas agressivos ou à erosão. A CIN é fornecedora habitual de alguns dos maio-res fabricantes mundiais de energia eólica.

novas energiasAtenta à crescente procura de energias alternati-vas, a CIN está na primeira linha de resposta a esta tendência. Ainda que muitas destas novas ener-gias estejam ainda em fase embrionária, a CIN já disponibiliza produtos com grande durabilidade que lhes são especificamente adequados.

fErnAnDo rAmos, ProtECtIvE CoAtIngs mArkEtIng mAnAgEr DA CIn

ESTRUTURAS METÁLICAS a OPiniÃO de...

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um dos fundamentos para o sucesso da gama Protec-tive Coatings prende-se com a contínua política de liderança e inovação. neste sentido, apostamos na investigação e desenvol-vimento de novos produtos, prevendo as necessidades futuras dos nossos clientes e procurando estar sempre um passo à frente

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EdIfíCIosA construção e manutenção de grandes edifícios requer especiais cuidados no que diz respeito à proteção anticorrosiva, proteção passiva contra o fogo ou proteção de betão. A gama CIN Protective Coatings responde a todas estas situações, tendo sempre como objetivo a salvaguarda da estética dos edifícios, sejam eles aeroportos, estações de comboio, museus, hotéis, centros comerciais, pis-cinas, estádios ou armazéns.

PonTEs E TÚnEIsPor questões de segurança, as pontes e túneis são infraestruturas com necessidades especiais de proteção e pintura. A CIN tem tido o privilégio de ser o fornecedor escolhido para inúmeros projetos deste tipo, uma opção que se deve à qualidade e evolução técnica das suas soluções e ao acompa-nhamento das obras que efetua.

águasO mercado das águas de consumo ou residuais (provenientes de ETAs e ETARs) encontra na gama CIN Protective Coatings um conjunto de produtos devidamente aprovados e indicados para as suas exigências.

IndÚsTrIasO ambiente industrial, especialmente agressivo, constitui um dos maiores desafios em termos de proteção anticorrosiva de estruturas metálicas ou de betão. Os produtos CIN Protective Coatings são

uma excelente proteção para ataques químicos, al-tas temperaturas e abrasão, entre outros.

fogoAs tintas de proteção passiva contra o fogo têm como função vital garantir a segurança de vidas humanas e evitar potenciais consequências desas-trosas no decurso de incêndios. A CIN Protective Coatings dispõe de uma gama completa de produ-tos com este fim, permitindo a proteção de estru-turas metálicas, madeiras e pavimentos.

TanK LInIngA CIN tem uma larga experiência no fornecimento de revestimentos para armazenamento e trans-

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porte da indústria petroquímica, energética e alimentar. Na sua gama de produtos, encontram--se soluções adequadas para tanques petrolíferos (crude, gasolinas, gasóleo, biodiesel, solventes) e depósitos de produtos alimentares (vinhos, óleos, azeites e cereais).

PavImEnTosPara locais nos quais são exigidos pavimentos com acabamento lavável e de elevada resistência mecânica ao desgaste e tráfego intenso, tais como laboratórios, hospitais, armazéns, garagens e esta-belecimentos comerciais, a CIN desenvolveu uma linha própria de produtos adequados para estas condições.

PROdutOsUm dos fundamentos para o sucesso da gama Protective Coatings prende-se com a contínua política de liderança e inovação. Neste sentido, apostamos na investigação e desenvolvimento de novos produtos, prevendo as necessidades futuras dos nossos clientes e procurando estar sempre um passo à frente.

A nossa gama de produtos é composta por diferentes soluções: C-Floor, C-Therm; produtos hea-vy-duty para a proteção de estruturas na indústria química e petroquímica, pontes, túneis, tan-ques e tubagens, barragens e estruturas de edifícios - C-Cryl, C-Pox, C-Pox TL, Cincoat, C-Thane, Silicofer, Cingard - e outros produtos para situações específicas.

“Os revestimentos de alto desempenho Cin são hoje utilizados em todo o mundo para proteger estruturas e equipamentos em aço quan-do expostos às mais seve-ras condições ambientais, que vão desde o ambiente marítimo e químico, até aos ambientes urbano e rural. Cin Protective Coatings tem vindo a desenvolver as me-lhores soluções tecnológicas na elaboração de esquemas de pintura eficazes, de forma a combinar proteção anticor-rosiva, durabilidade e acaba-mento estético. esta unidade de negócio tem investido fortemente na Certificação de Produtos e esquemas segundo as mais recentes normas de ensaio europeias e internacionais”

Pontos de Vista Julho 2013

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Primeiro estranha--se, depois entra-nha-se”. Alda Car-valho, Presidente do Instituto Nacio-nal de Estatística (INE) recorreu à expressão celebri-

zada por Fernando Pessoa para “pintar” a atual realidade da estatística, mas com um significado inverso. Hoje, as estatís-ticas estão “entranhadas” no dia-a-dia da sociedade e ninguém se apercebe disso. Só quando elas faltam, surge a “estranheza”, descreveu Alda Carvalho. É exatamente isso que se passa em Por-tugal. A estatística é assumida como um dado adquirido, não se sabe de onde veio, como foi feita, e, muitas vezes, o que significa; ou seja, uma parte da so-ciedade sofre do que os especialistas chamaram de “iliteracia estatística”. Por isso, importa “abrir” mentalidades rela-tivamente às estatísticas. A consagração de 2013 como o Ano Internacional da Estatística (AIE) poderá ser mais uma porta que se abre nesse sentido. Numa sociedade em que o fluxo de informação é abismal, as estatísticas assumem-se como um tipo de informação importan-te e, cada vez mais, “entranhado” na nos-sa rotina diária. “As estatísticas são rele-vantes para conhecer a realidade, para tomar decisões e avaliar essas mesmas decisões”, referiu Alda Carvalho. É, por isso, importante que todas as entidades que se revejam nos objetivos do AIE se comprometam a contribuir para uma maior valorização deste ramo do saber.No final de 2013 espera-se que, entre outras grandes conquistas, a estatística saia fortalecida como carreira profis-sional. De facto, em Portugal, os dados mostram que o número de licenciados na área estatística não é o satisfatório. O interesse por esta área ou a aversão aos números até podem ser factos incontes-táveis, mas a experiência de Alda Carva-lho com os jovens que passam pelo INE mostram o contrário. “Temos tido es-tagiários e bolseiros que se apaixonam por este trabalho de produzir estatísti-cas oficiais. Existem umas tarefas mais entediantes claro, como em qualquer trabalho, mas, no final, é gratificante

ver o resultado a que se chega e conhe-cer tão objetivamente quanto possível a realidade que está ao nosso lado. É ver-dadeiramente estimulante para quem gosta de “números”, partilhou.

“o InE PrECIsa dE maIsrECursos humanos”

O Instituto Nacional de Estatística é o órgão central de produção e difusão de estatísticas oficiais em Portugal. Pro-duz informação relevante para a socie-dade mas mais poderia produzir. Por insuficiência de recursos, nem todas as necessidades estatísticas, sobretudo na esfera social, são satisfeitas. Com a im-plementação de processos de produção estatística cada vez mais sofisticados e dominados pelas tecnologias mais re-centes, é indispensável dispor de recur-sos humanos muito qualificados. Afinal, um técnico vocacionado para a produ-ção estatística não se faz de um dia para o outro. É preciso aliar experiência a formação académica adequada, o que nem sempre se encontra disponível no mercado de trabalho. O INE tem senti-

Abraçando a missão de produzir e divulgar informação estatística oficial de qualidade, com relevância para a sociedade e de uma forma efi-caz e inteiramente isenta, o Instituto Nacional de Estatística é, hoje, uma entidade de referência a nível nacional e internacional. Num meio social em constante mutação, a informação surge, diariamente, em catadupa, entrando na tabela dos bens essenciais. O INE assume, por isso, o compromisso de fazer com que essa mesma informação chegue a cada um de nós, de uma forma percetível e simples.

“ESTE TRAbALHO É VERDADEIRAMENTEESTIMULANTE PARA QUEM gOSTA DE NÚMEROS”

do dificuldades em recrutar e o futuro não se afigura risonho. “Fizemos um le-vantamento das saídas das pessoas por aposentação nos próximos dez anos e as conclusões são assustadoras. Temos de estabelecer um plano de recrutamentos para evitar uma rotura”, alertou Alda Carvalho. Apesar do excesso de traba-lho, a equipa do INE veste diariamente a camisola. “Com os cortes salariais que têm sofrido, os trabalhadores não estão motivadas financeiramente. Mas sei que se sentem honradas por pertencerem ao INE”, garantiu a Presidente.

ToTaL ConfIança no InEQuem presta informação ao INE (cida-dãos ou empresas) deve ter a garantia de que essa informação individual é utilizada apenas para fins estatísticos. “Essa confiança é um dos patrimónios mais valiosos de qualquer entidade que produz estatísticas oficiais”, adiantou Alda Carvalho. O INE salvaguarda essa confiança, respeitando a sua Carta de Confidencialidade, que estabelece as re-gras que todos os envolvidos na produ-ção e divulgação de estatísticas oficiais devem cumprir meticulosamente. Nin-guém, nenhuma entidade, pode exigir ao INE a divulgação de dados individu-ais, exceto quando está presente uma situação grave de saúde pública. Apesar de não ser tão elevada como se-ria gostaríamos, as taxas de resposta aos inquéritos, até ao momento, têm atingi-do o nível necessário em termos esta-tísticos, para assegurar a qualidade da informação que publicamos. Quando al-guma vez (ainda não sucedeu) a taxa de resposta não for estatisticamente ade-quada, a informação não será publica-da. Mas, numa sociedade marcada pela insegurança, é necessário implementar metodologias que permitam “quebrar o gelo” na abordagem pessoal e minimizar o receio que existe, instituído por pes-soas de má índole que se fazem passar por técnicos do INE. Essas metodolo-gias passam pelo envio prévio de cartas de sensibilização, da apresentação de cartões comprovativos da identificação do entrevistador, do fornecimentos de palavras-chave. A internet, uma via con-siderada por Alda Carvalho segura, será cada vez mais utilizada pelo INE para a realização dos seus inquéritos. O INE tem um papel de particular importância ao contribuir para um melhor conhe-cimento da sociedade em que estamos inseridos.

AlDA CArvAlho, PrEsIDEntE Do InstItuto nACIonAl DE EstAtístICA (InE)2013 – ANO INTERNACIONAL

dA EsTATÍsTiCA

uma questão de cidadania“Responder aos inquéritos é um dever cívico e uma ques-tão de cidadania. Quero esta-tísticas em que me reveja e é meu dever cívico exigir que essas mesmas estatísticas me representem. Reconheço que, muitas vezes, os inquéritos são fastidiosos. A maior parte dos questionários decorre de regu-lamentos comunitários — que estabelecem as matérias que devem ser inquiridas de um modo uniforme em todos os pa-íses, para garantir a comparabi-lidade dos seus resultados — a que, por vezes acrescem. mó-dulos de interesse nacional.” De qualquer modo, devemos ter sempre presente o interesse das estatísticas para a socieda-de, para a tomada de decisão, a nível individual e coletivo.(Alda Carvalho)

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Alda carvalho

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Pontos de Vista Julho 20132013 – ANO INTERNACIONAL

dA EsTATÍsTiCA

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Mesmo conside-rando que a ideia poderia lançar al-guma inquietação, Maria João Valen-te Rosa, Diretora da PORDATA, não hesitou em defen-

der que as estatísticas, hoje, mais do que nunca, têm um papel preponderante na liberdade. “Só na posse dos verdadeiros factos e no seu entendimento é que so-mos verdadeiramente livres em termos de opinião. De outra forma, estaremos a pensar pela cabeça dos outros e, em alguns casos, a ser manipulados”, defen-deu em conversa com a Revista Pontos de Vista. A palavra estatística deriva do latim “status”, que significa estado. É, de facto, isso que as estatísticas nos dão a conhe-cer: o estado da saúde, da economia, da educação, das finanças das famílias por-tuguesas, …; o estado de uma sociedade em geral. E é esse panorama global do que se passa em Portugal, em cada mu-nicípio, na Europa e ao longo dos anos, que a PORDATA mostra a quem visita o portal. Constituída em 2010, pela Fun-dação Francisco Manuel dos Santos, a PORDATA é o “primeiro contributo da FFMS para o debate público”, como descreveu António Barreto, Presidente do Conselho de Administração da Fun-dação. Publicada num formato de sé-ries cronológicas, a informação incide, normalmente, num período que vai de 1960 até à atualidade. Todos os dados aqui disponibilizados são da autoria de entidades oficiais. No fundo, e tal como afirmou Maria João Valente Rosa, “a PORDATA é um contributo para aproxi-mar as estatísticas dos cidadãos e refor-çar a utilização desses dados por todos”. Não é, por isso, uma concorrente de outras organizações, mas antes um par-ceiro neste trabalho nem sempre fácil de promover uma maior valorização desta área do saber.

soCIEdadE domInada Por uma ILITEraCIa EsTaTísTICa

A estatística tem um papel fundamen-tal na vida de uma sociedade. Qualquer cidadão precisará sempre de uma infor-mação estatística que o ajude a tomar decisões. É, por isso, preponderante possuir um conhecimento, por mais ele-mentar que seja, sobre esta área. Mas, a verdade é que num mundo caraterizado por ser uma gigantesca sociedade de

Quando se fala em estatísticas, surge associado, de imediato, um “bicho-de-sete-cabeças” conhecido por matemática. Mas não há nada de mais erróneo. Compreender um número, saber o significado de uma estatística, assemelha-se a saber ler ou escrever; são competências básicas do mundo moderno. Se uma pessoa não tiver esta competência, estará sempre dependente de outros. Aliás, Maria João Valente Rosa, Diretora da PORDATA, estabeleceu mesmo uma ponte entre a estatística e a liberdade de cada um para formar a sua própria opinião.

PORDATA: AS ESTATíSTICASà DISTâNCIA DE UM CLIQUE

informação, ainda persistem algumas resistências à utilização de tais núme-ros. Porquê? Maria João Valente Rosa respondeu. “Pode ter a ver com alguma “aversão” à matemática. Contudo, a es-tatística não é uma subárea da matemá-tica; os números das estatísticas sobre a sociedade não são números abstractos; são as pessoas, as sociedades que estão na sua origem. Por outro lado, ainda há quem defenda que os números mentem, o que é, de todo, errado. Os números não mentem. As pessoas é que podem mentir com os números, principalmente quando o destinatário não está prepara-do para compreender esse mesmo nú-mero”, defendeu a responsável. Neste sentido, cabe a entidades como a PORDATA, entre outras, contribuírem para o reforço da literacia estatística. A consagração de 2013 como o Ano In-ternacional da Estatística é um passo

importante, mas há ainda muito a fazer. “É preciso aumentar a visibilidade desta iniciativa e dar continuidade. Um ano não basta para sensibilizar sobre a im-portância de se entrar neste mundo dos factos, o qual, apesar dos avanços, ainda exclui muitas pessoas”, salientou. Pelos quatro cantos do mundo, o Ano In-ternacional da Estatística tem colocado entidades a falar de estatística e a levá--la ao debate público. Embora o reco-nhecimento ainda não seja o desejado, há motivos para comemorar. “As esta-tísticas dizem-nos o que somos, para onde estamos a ir, que caraterísticas a sociedade tem e, por isso, são essenciais para nos compreendermos enquanto ci-dadãos”. Viver sem estatísticas começa a ser cada vez mais difícil. “Atualmente, a propósito de tudo e de nada, somos confrontados com dados estatísticos, a informação estatística não falta; no en-tanto, tal não significa necessariamen-te mais conhecimento”, salientou. Para Maria João Valente Rosa, “é preciso ter capacidade de compreender os dados, o seu significado, e de distinguir o acessó-rio do fundamental”. A PORDATA tem trabalhado, em parce-ria com outras entidades, para mudar este cenário. O objetivo passa por apro-ximar a estatística de todas as pessoas, através da plataforma informática de acesso simples a milhares de dados es-tatísticos, através do telemóvel numa aplicação própria, ou ainda através de formações que a Fundação assegura, de norte a sul do país, de uma forma gra-tuita. A informação não pode ficar guar-dada num cofre, “fechado a sete chaves”. Deve ser partilhada e compreendida. Assente em princípios de confiança dos dados estatísticos, de abrangência de temas, de simplicidade de acesso e de rigor na apresentação da informação, a PORDATA é, em suma, um fidedigno espelho do que somos; e o facto de ser única a nível mundial é fonte de uma saudável inveja.

mArIA João vAlEntE rosA, DIrEtorA DA PorDAtA

“As estatísticas são o bê-á-bá do futuro”“As estatísticas - acesso, utilização e compreensão - são um elemento vital para as sociedades modernas progredirem. Encontro no projeto PORDATA um serviço público, um meio de contribuir para que os cidadãos acedam aos factos estatísticos e façam bom uso desta ferramenta crucial para as suas vidas, para a sua liberdade.”(Maria João Valente Rosa)

“Os números não men-tem. as pessoas é que podem mentir com os números, principalmen-te quando o destinatá-rio não está preparado para compreender esse mesmo número”

maria João valente rosa

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Nos últimos 20 anos, tem-se assistido a uma aplicação cres-cente dos méto-dos estatísticos e matemáticos ao nível do ne-

gócio, apoiando a avaliação do mesmo e os processos de tomada de decisão”. Quem o diz é João Pequito, Diretor-Geral da empresa.Na PSE, tudo começou há sensivelmente doze anos, quando a SPSS entrou numa nova área de negócio - o data mining. No fundo, através da utilização de técnicas estatísticas, de associação, de classifi-cação, de segmentação e de reconheci-mento de padrões, o data mining mais não é do que um processo de explorar grandes quantidades de dados, em bus-ca de padrões consistentes, que permi-tam detetar relacionamentos sistemáti-cos entre variáveis, para a partir daí se evidenciar conhecimento muito útil em qualquer processo de decisão.Deste modo, a PSE, através das soluções que integram o software SPSS com fun-ções específicas e cada vez mais interli-gadas entre si, é capaz de transformar os processos de negócio dos seus clientes, imbuindo-os de inteligência, em áreas como a gestão de clientes, a gestão de feedback, a otimização da procura e do consumo e o combate à fraude e gestão do risco.

gEsTão dE CLIEnTEsE dETEção dE

ComPorTamEnTos dE rIsCoNa área de clientes, a solução PSE Custo-mer Management baseia-se no princípio de que quando uma empresa conhece os seus clientes consegue potenciar a sua competitividade, com base num novo processo de comunicação personalizada e centrada nos mesmos. Esta solução, muito utilizada em setores como as te-lecomunicações, o retalho ou a banca, apoia os seus utilizadores na retenção dos clientes e no aumento das vendas para os mesmos, através do estudo dos seus comportamentos e, por isso, tem vindo a ganhar adeptos na área do ma-rketing. “Hoje em dia, o cliente é muito valioso e fica mais barato reter um clien-te do que conquistar novos”, explica João Pequito.

Por sua vez, a PSE Fraud Management é uma solução preditiva que identifica padrões de fraude e comportamentos de risco, disponibilizando também in-formação e relatórios para apoiar o pro-cesso de tomada de decisão no combate a esses comportamentos fraudulentos. Deste modo, é capaz de detetar fenóme-nos de evasão fiscal, fraudes na presta-ção de cuidados de saúde, suspeitos de atividade de lavagem de dinheiro ou a utilização fraudulenta de cartões de crédito, entre muitos outros. A aplicação desta solução a este tipo de processos de negócios faz por isso com que, “mes-mo numa altura em que é evidente um decréscimo da atividade, seja por dimi-nuição das oportunidades de negócio, seja pela quebra nos preços, a procura

A PSE é uma das primeiras empresas nacionais a dedicar-se em exclusivo à oferta de soluções de análise estatística de dados. Come-çou em 1994, desafiada pela SPSS internacional a ser representante oficial em Portugal deste software e, numa fase inicial, dedicou-se exclusivamente à distribuição do mesmo, na qualidade de único parceiro de negócio SPSS em território luso. Nessa altura, a empresa preocupou-se em divulgar juntos das universidades e institutos politécnicos as potencialidades do software estatístico e, em apenas dois anos, conseguiu que praticamente todas estas instituições o utilizassem, fosse no apoio às aulas, fosse no apoio à investigação. Pouco depois - e porque o mercado evoluiu muito rápido - a PSE alargou a sua atuação ao tecido empresarial. Hoje, trabalha lado a lado com as empresas, não só enquanto fornecedor de software estatístico, mas também na área da consultoria especializada e na disponibilização de soluções específicas em análise preditiva.

PREVER AINDA É A MELHOR SOLUÇÃOPsE – ProDutos E sErvIços DE EstAtístICAs, Em DEstAquE

iBm sPss statisticsO SPSS é o software de análise estatística mais utilizado porque, de uma for-ma simples, disponibiliza múltiplas técnicas e métodos estatísticos de modo a que facilmente aceda aos seus dados, os transforme de acordo com os pres-supostos analíticos da técnica que pretende utilizar, selecione e aplique um procedimento estatístico para obter um resultado.Hoje, à medida que a análise de dados ganha importância, é comum encon-trar na mesma organização múltiplos instrumentos de análise (por exemplo: folhas de cálculo) para utilização no processo de análise de dados, desde a fase de planeamento até à distribuição dos resultados apurados. Se estas ferramentas não se integram entre si, partilhando dados e procedimentos, o processo de análise é ineficiente, moroso e requer grandes necessidades de formação. O IBM SPSS Statistics é uma ferramenta modular e integrada que cobre todo o processo analítico, ajudando o analista a mais rapidamente validar as suas hipóteses e a escolher a técnica mais adequada para responder ao problema colocado.

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João pequito

2013 – ANO INTERNACIONAL dA EsTATÍsTiCA

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ano internacional da estatística“O mais importante desta data é mostrar as utilizações práticas da estatística no terreno, para que as pessoas deixem de vê-la como uma disciplina universitá-ria, fechada no ensino. É perti-nente que o mercado perceba que, cada vez mais, a estatística nos dá instrumentos para apoiar decisões e gerir o dia a dia”.

Pontos de Vista Julho 2013

por parte de alguns setores de atividade se mantenha em crescendo. Falo essen-cialmente em todos aqueles que estão relacionados com o combate à fraude e aos departamentos governamentais em que é necessário otimizar processos de coleta e reembolso, como as finanças, a segurança social ou o serviço nacional de saúde”, refere.Desta forma, apesar do contexto eco-nómico adverso, a PSE tem conseguido manter o seu volume de negócios na or-dem dos dois milhões de euros.

anáLIsE PrEdITIvaOutra solução que é importante referir é, sem dúvida, a PSE Demand Forecas-ting que se destina, de forma abrangen-te, a cobrir as necessidades de previsão nos diferentes setores de atividade. A previsão é, inevitavelmente, uma tare-fa prioritária em qualquer organização e constitui uma vantagem competitiva, até porque os processos de negócio relacionados com aprovisionamento, produção, orçamentação e distribuição são aqueles em que maiores benefícios se podem obter caso se seja assertivo nas estimativas futuras da procura e do consumo. Como tal, no actual ce-nário macroeconómico, dispor de um processo de previsão, que incorpore o conhecimento do negócio, componen-tes a prever e outros fatores externos influenciadores do acontecimento a es-timar, permite otimizar os processos e, desta forma, obter o máximo de receita.Neste âmbito, João Pequito faz questão de esclarecer que análise preditiva não é o mesmo que business inteligence. A segunda existe, atualmente, em pratica-mente todas as empresas. No entanto, resume-se ao cruzamento e represen-tação de informação, que por si só per-

mite entender melhor o negócio e tomar decisões mais ponderadas, no entanto, é óbviamente diferente de uma solução analítica como as que a PSE tem ao dis-por. Noutras palavras, “eu posso combater a fraude sem ter um modelo explicati-vo de qual o comportamento e de que aquele comportamento pode gerar de-terminada ocorrência, basta-me cruzar informação e dessa forma detetar anor-malidades. Este tipo de informação hoje já existe em praticamente todas as em-presas porque a tecnologia é mais bara-ta nessa área. A simples folha de cálculo faz isso. Quando falamos em modelos preditivos as questões são outras e, nor-malmente, para as pequenas e médias empresas, ainda que estejamos cada vez mais a trabalhar com elas, é mais difícil aceder-lhes. Porquê? Porque é necessá-ria histórico de informação. Só é possí-vel montar boas soluções e mostrar que existe um retorno nas soluções que im-plementamos se tivermos um histórico com informação de qualidade, que per-mita classificar essa mesma informação, criar modelos, estimar… nas empresas mais pequenas, muitas vezes, não existe esse histórico”, explica.Por esse motivo, a PSE tem em cartei-ra de clientes essencialmente grandes empresas, de áreas como a banca ou as telecomunicações. No entanto, mesmo nessas, coloca-se cada vez mais o desa-fio de “ter que provar, a qualquer cliente, que se fizer aquele investimento vai ter retorno. Por esse motivo, temos vindo a alterar a nossa estratégia de vendas de modo a adaptarmo-nos às alterações que sentimos no mercado”.Reestruturar é palavra-chave nesta altu-ra e essa visão fez com que a PSE fosse considerada PME Excelência em 2012. “Em termos de estrutura financeira estamos bem, para além disso, temos clientes fiéis e uma base de clientes alargada, o que nos dá garantia de, pelo menos, termos um patamar de cobertu-ra dos custos da empresa. Obviamente, o esforço hoje tem que ser maior, temos que ter uma melhor organização interna e, para isso, temos vindo a apurar meto-dologias próprias de trabalho, estreita-do relações com os clientes e apostado na formação dos recursos humanos”, refere João Pequito.

ProCurar nIChos dE mErCado

Outra das formas de enfrentar a con-juntura económica encontrada pela PSE foi o aumento da aposta nos mercados externos. Estes representam atualmen-te cerca de dez por cento do negócio da empresa, através do apoio à implemen-tação de projetos de serviços técnicos e de consultoria relacionados com o auxí-lio à implementação de projetos de aná-lise preditiva.

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“Trabalhamos lá fora não diretamente mas em regime de parceria. Cada país europeu tem pelo menos um fornecedor SPSS, mas cada um tem também algu-mas especializações que dependem das características do mercado. Um parceiro local SPSS que não tenha know how em determinada área em que nós detemos, pede-nos ajuda e, desta forma, conse-guimos levar os nossos recursos para lá e trabalhar em projetos locais”, explica João Pequito.No fundo, trata-se de criar nichos em que a PSE seja reconhecida com um know how muito especifico. O principal nicho da empresa, neste momento, está na área da manutenção, através da sua solução PSE Maintenance Analytical Template.Porque qualquer negócio cuja atividade se exerça com base em equipamentos e linhas de produção precisa assegurar o

mesmo numa altura em que é evidente um decréscimo da actividade, seja por diminuição das oportunidades de negócio, seja pela quebra nos preços, a procura por parte de alguns sectores de actividade se mantenha em cres-cendo. Falo essencialmente em todos aqueles que estão relacionados com o combate à fraude e aos departamentos governamentais em que é necessário optimizar processos de colecta e reembolso, como as finanças, a segurança social ou o serviço nacional de saúde

equilíbrio entre a diminuição dos cus-tos e a disponibilidade dos seus ativos, esta solução preditiva PSE disponibiliza um conjunto de materiais que descreve a aproximação analítica para explorar, identificar e sugerir respostas a proble-mas e a processos de manutenção. O que é que se consegue desta forma? Mitigar intervenções de manutenção não pro-gramadas e, por conseguinte, minimi-zar os custos que lhe estão associados; adotar uma atitude proativa para evitar paragens não previstas e identificar e

atuar imediatamente sobre as causa que provocam uma falha.João Pequito conclui, “toda esta solução foi desenhada para podermos ir lá para fora, dar o salto e ir como empresa es-pecializada nesta área específica para outros mercados”.

“Hoje em dia, o cliente é muito valioso e fica mais barato reter um cliente do que conquistar novos”

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2013 está a ser mundialmente cele-brado como Ano Internacional da Es-tatística, a que a Sociedade Portugue-sa de Estatística (SPE) se associou. Na sua perspetiva, por que é que a Esta-tística deve ser “celebrada”?O Ano Internacional da Estatística (AIE) é efetivamente um evento para 2013 à escala mundial desencadeado por decisão acordada entre prestigiadas instituições internacionais da área da

Estatística. Tal decisão visa projetar na sociedade global a importância da Esta-tística através dos esforços combinados das mais diversas instituições que em todo o mundo estão ligadas ao desen-volvimento, aplicação e disseminação da Estatística e que entendam associar--se a esta campanha. Neste momento são já mais de 2000 as organizações que, localizadas em mais de 120 países, aderiram a este formidável movimento

Desde a sua constituição, em 1980, a Sociedade Portuguesa de Estatística tem contribuído para a promoção da importância desta área do saber e o seu impacto no quotidiano. Numa sociedade ainda fortemente marcada por uma iliteracia estatística, a SPE associou-se às comemorações do Ano Internacional da Estatística como mais um impulso para mudar esta realidade. No final, se os cidadãos souberem retirar os devidos benefícios, “todos ganham”, defendeu Carlos Daniel Paulino, Presidente da SPE. A própria sociedade nunca será moder-na e desenvolvida se não souber usar e compreender a Estatística.

SPE E O DESAfIO DO ANO INTERNACIONAL DA ESTATíSTICA

em prol da projeção social da Estatísti-ca, ciência esta que, em muitos países e vários domínios de atividade, ainda não conseguiu a difusão e a visibilidade que uma sociedade moderna e desenvolvida requer. Por isso, os principais objetivos traçados para essa celebração mundial são aumentar a tomada de consciência pública sobre o poder e o impacte da Estatística sobre todos os aspetos da so-ciedade; fortalecer o domínio da Estatís-

tica como uma carreira profissional, es-pecialmente entre os jovens; promover a criatividade e o desenvolvimento nas ciências da Probabilidade e Estatística.

Nesse sentido, qual é o papel que a SPE tem desempenhado na promo-ção de uma maior consciencializa-ção/valorização da Estatística como uma ciência que tem um forte impac-to na sociedade?

CArlos DAnIEl PAulIno, PrEsIDEntE DA soCIEDADE PortuguEsA DE EstAtístICA (sPE)2013 – ANO INTERNACIONAL

dA EsTATÍsTiCA

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carlos daniel paulino

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Pontos de Vista Julho 2013

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Em consonância com os objetivos pri-mários do AIE, a SPE tem diversificado a sua atividade na cooperação com outras entidades a nível científico, pedagógico ou técnico, promoção de múltiplas ini-ciativas e edição de publicações, visando atingir públicos heterogéneos. Exemplos resumidos dessa atividade multifacetada incluem colaboração na emissão de selos alusivos ao AIE (com os CTT), edição de documentos sobre História da Estatísti-ca, atribuição de prémios a estudantes (do ensino básico, secundário e supe-rior), montagem e circulação de uma itinerante exposição interativa (Explorís-tica) sobre conceitos básicos do seu cam-po científico, organização de ações de aprendizagem viva e de formação para estudantes e professores do ensino se-cundário (Radical Estatística), bem como de palestras de divulgação em escolas, elaboração de pareceres sobre assuntos educativos e de glossários estatísticos para o mundo lusófono e realização de encontros científicos de âmbito mais ou menos abrangente.

Na prática, de que forma a Estatísti-ca pode contribuir para melhorar a qualidade de vida de um cidadão, en-quanto indivíduo e enquanto mem-bro de uma sociedade em geral?A Estatística tem um papel decisivo no planeamento da recolha e na devida organização, tratamento e análise da informação proveniente de censos, in-quéritos amostrais e outras fontes, o que se revela indispensável à tomada consistente de decisões sobre a estraté-gia e políticas de governação dos países e das suas instituições e empresas e à assunção de uma cidadania plena e res-ponsável por parte dos seus membros.

Em particular, a Estatística dispõe de métodos para averiguar se na informa-ção recolhida há suspeita de erros ou de dados forjados que, a existirem, deve obrigar a uma investigação adicional. Isto é particularmente relevante em ati-vidades de contabilidade e auditoria vi-sando a deteção de eventuais anomalias e fraudes em documentos comerciais e financeiros.Certamente difícil é encontrar domínios do conhecimento que possam satisfa-toriamente prescindir da Estatística.

Desde as Ciências da Vida, da Saúde, do Ambiente e do Desporto, passando pelas Ciências Físico-Químicas, até às várias Engenharias, desde as Ciências Económico-Financeiras e Sociais até a especialidades do Direito e da Literatura e Linguística Quantitativas, são incomen-suráveis os exemplos de utilidade da Es-tatística nos múltiplos aspetos da socie-dade, visando a melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos. Veja-se para o efeito o texto de divulgação Estatística na Sociedade e o interessante vídeo Why Statistics is important to you, com legen-das em português, na página web da SPE (http://www.spestatistica.pt).

Acredita que, no final de 2013, a ci-ência estatística terá uma imagem renovada? Em Portugal, que caminho

A estatística dispõe de métodos para averi-guar se na informação recolhida há suspeita de erros ou de dados forjados que, a existirem, deve obrigar a uma investigação adicional

se deve seguir no sentido de acabar, definitivamente, com a ideia de que a Estatística é uma “ciência invisível”?

Sim, até certo ponto, já que a visibili-zação da Estatística, em países com as vicissitudes do nosso nesse campo e na atual conjuntura, não pode deixar de ser um processo aturado. O reforço da ação das associações com interesse nes-te campo, dirigida no sentido em que a SPE tem vindo a intervir, não deixará de surtir os seus efeitos se, paralelamente, o mercado de trabalho se for renovan-

do à imagem do que se passa nos países em que a Estatística encontra o devido reconhecimento social. As entidades privadas e públicas têm um enorme papel a desempenhar no fomento da carreira profissional de estatístico, re-crutando jovens com graduação ou pós--graduação em Estatística, incentivando a reciclagem nesta área de quadros seus, ampliando e autonomizando os cursos de Estatística no ensino superior e va-lorizando o currículo deste domínio em outros cursos. Não duvido que, com esta prática, ganham as empresas, ganham os jovens, que fustigados estão com os adversos efeitos da obstinada política austeritária em vigor, ganha a sociedade que moderna e desenvolvida nunca será sem o uso correto da correta Estatística, ganha enfim o país.

Em consonância com os objetivos primários do Aie, a SPE tem diversifi-cado a sua ativida-de na cooperação com outras entida-des a nível científi-co, pedagógico ou técnico, promoção de múltiplas inicia-tivas e edição de publicações, visan-do atingir públicos heterogéneos

“a estatística tem um papel decisivo no planeamento da recolha e na devida organização, tratamento e análise da informação proveniente de censos, inquéritos amostrais e outras fontes, o que se revela indispensável à tomada consistente de decisões sobre a estratégia e políticas de governação dos países e das suas instituições e empresas e à assunção de uma cidadania plena e responsável por parte dos seus membros”

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O software Primavera tem facilitado a ges-tão das empresas que recorrem aos serviços da Anphis. O trabalho desenvolvido junto dos clientes é pautado pela relação de pro-

ximidade e continuidade. O objetivo é, sem dúvida, prestar um serviço de qua-lidade diferenciada, que dê resposta às inúmeras necessidades do cliente, auto-matizando as suas tarefas diárias. Outro grande desafio que tem vindo a ser colocado, são as constantes altera-ções fiscais. “Em vez de nos centralizar-mos no desenvolvimento de novas ferra-mentas de trabalho, para automatização das tarefas diárias dos nossos clientes, ultimamente temos que dedicar quase todo o nosso tempo a efetuar actuali-zações, para que estes possam respon-der às exigências impostas pelo Estado, dentro das datas estabelecidas”, explica Gonçalo Rita.Foi com esse intuito que, no passado dia 4 de junho, no Centro Empresarial da Marinha Grande, a Anphis realizou o evento dedicado ao tema “Novidades Legais e Fiscais”, no qual participaram mais de 100 pessoas, em representação de cerca de 75 empresas.

ÚLTIma vErsão do sofTWarE dE gEsTão

PrImavEra v08.10Na iniciativa foi apresentada a nova ver-são do software Primavera. Em conversa com a Revista Pontos de Vista, Gonçalo Rita destacou as principais novidades do sistema onde foram implementadas mais de 200 novas funcionalidades, das quais lhe damos agora a conhecer as principais.Assim, em termos de logística e tesoura-ria, destaca-se a possibilidade de anular documentos nos editores de vendas e compras. Operação que o nosso entre-vistado considera “de elevado impacto e há muito ambicionado, destinando-se aos casos em que um erro na emissão do documento é detetado antes do en-vio do mesmo para o respetivo cliente”. Para além disso, na contabilidade, o edi-tor de movimentos passa a beneficiar de novidades como: a cópia de documentos e o anexo de múltiplos ficheiros ao mo-vimento contabilístico, bem como uma

nova área designada de Controlling que é, nada mais, nada menos, que o resulta-do da separação da contabilidade geral da contabilidade de gestão.Ao nível dos recursos humanos, é intro-duzido o conceito do período de referên-cia, que enriquece o reporting e permite uma análise mais exata da informação. “Desta forma, está sempre presente o período a que cada remuneração ou desconto diz respeito e o período em que foi, efetivamente, processado”, ex-plica Gonçalo Rita. De assinalar ainda a total reestruturação, efetuada na Gestão de Pagamentos, e as melhorias de usabi-

A trabalhar em parceria com a Primavera Business Software Solutions, a Anphis nasceu em 2002, como evolução natural da AJS Informá-tica, empresa fundada em 1996 por Artur Jorge Silva. Atualmente, com Gonçalo Rita na administração, a empresa é um marco na área das novas tecnologias da Marinha Grande e um parceiro à altura das necessidades tecnológicas das empresas da indústria de moldes e setores complementares tão importante para a economia local em que se estabelece. Gonçalo Rita não tem dúvidas, “o sucesso das em-presas constrói-se com base nos recursos humanos e parcerias certas. A Primavera Software foi uma aposta mais do que acertada, pois está sempre na vanguarda da tecnologia”

ANPHIS – Há 17 ANOS A APOIAR O IMPULSIONAMENTO DE NEgóCIOS

lidade no registo de Alterações Mensais.Ainda ao nível dos recursos humanos destaca-se o novo utilitário que permite a criação do magnético, para entregar no banco, relativo ao pagamento do car-tão de refeição.Por fim, mas não menos importante, destaca-se a solução vertical para o setor da indústria que apresenta uma relevante evolução nesta versão. Exem-plo disso é o Cálculo de Necessidade de Fabrico e Compra, cujo trabalho desen-volvido nesta funcionalidade permite agora, não só realizar cálculos de neces-sidades de fabrico e compra em simultâ-

neo, mas também ajudar os gestores no processo de decisão, uma vez que passa a realizar previsões destes vetores a mé-dio e longo prazo.

novas oBrIgaçõEs LEgaIs E fIsCaIs

Apresentadas as grandes alterações na última versão deste software de gestão, foram esclarecidas também quais as obrigações legais e fiscais que entraram em vigor a 1 de julho, no que concerne ao regime de bens em circulação e, na-turalmente, as atualizações que o Pri-mavera sofreu de forma a responder a estas novas exigências.De um modo geral, o Decreto-Lei n.º 198/2012 introduz a obrigação de co-municação de faturas e documentos de transporte à Autoridade Tributária (AT), como forma de combate à econo-mia informal e à evasão fiscal. Assim, o Regime de Bens em Circulação (RBC) estabelece que todos os bens em circu-lação no território nacional, indepen-dentemente da espécie ou natureza, que sejam alvo de operações realizadas por sujeitos passivos de imposto sobre o va-lor acrescentado, sejam acompanhados de documentos de transporte.Consideram-se documentos de trans-porte: faturas, guias de remessa, guias de transporte, notas de devolução e docu-mentos equivalentes que devem conter locais de carga e descarga, a data e hora em que se inicia o transporte e, no que diz respeito ao remetente, o nome, firma ou denominação social, domicilio ou sede e o número de identificação fiscal. O mesmo se exige em relação ao adquirente.Com esta nova obrigatoriedade, nos do-

AnPhIs - novAs tECnologIAs Em InformÁtICA E tElEComunICAçõEspoTEnCiALidAdEs

do sETor dE moLdEs

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“em vez de nos centralizar-mos no desenvolvimento de novas ferramentas de trabalho, para auto-matização das tarefas diárias dos nossos clien-tes, ultimamente temos que dedicar quase todo o nosso tempo a efetuar actualizações, para que estes possam responder às exigências impostas pelo estado”

gonçalo rita

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cumentos de transporte cuja comunica-ção seja efetuada através de Webservice, caberá ao utilizador definir o método de comunicação, ou seja, se pretende a co-municação no momento de gravação do documento de transporte ou em momen-to posterior à gravação do documento de transporte, através do módulo de Tecno-logias de Transações Eletrónicas. Através da submissão do ficheiro SAF-T, além de serem comunicadas a faturas, é permiti-da também a comunicação de documen-tos de transporte á AT e a visualização do retorno das mensagens.

ProxImIdadE Com o CLIEnTEAinda que o core business da Anphis seja o software de gestão, as exigências dos clientes não passam só pela imple-mentação e formação de um software de gestão. “Quando um cliente nos con-tacta porque precisa de um software de gestão, é comum necessitar de material informático, material de apoio às teleco-municações, uma página de internet ou até mesmo um software desenvolvido à medida das suas necessidades. Con-sidero que a Anphis não é uma loja de

informática mas sim uma empresa que tem vindo a especializar-se em várias vertentes na área das novas tecnologias. Uma das apostas é a formação constante dos nossos colaboradores pois só assim considero que estes estão à altura dos desafios que nos são propostos diaria-mente”, afirma Gonçalo Rita.As newsletters enviadas regularmente, as formações ministradas, bem como os workshops, que se vão realizando fora do espaço físico da empresa, são outras formas de complementar o serviço de excelência dado por esta empresa.Como resultado destas características diferenciadoras e ajustadas às diferen-tes necessidades, a Anphis orgulha-se em ser líder na sua área de atuação e por isso nunca ter sentido necessidade de ter comerciais na rua. “Nunca tivemos essa necessidade, pois a forma de estarmos no mercado, a relação que temos com os clientes e dedicação a que nos propomos diariamente nos nos-sos projectos, acabam por ser a nossa melhor publicidade. Tudo isto nos tem ajudado a ser aquilo que somos hoje”, conclui o nosso entrevistado.

Yet também marcou presença no eventoNo evento realizado pela Anphis a 4 de junho esteve presente também a YET, no âmbito das mais-valias de implementação de soluções sustentadas em tecnologias de informação. Esta apresentou uma solução que potencia a oti-mização da relação com fornecedores e que se designa YET Quick DocXchan-ge. Esta visa desmaterializar o processo de receção de documentos com valor contabilístico (faturas e notas de crédito), permitindo a sua integração e lan-çamento no ERP de forma automática. Desta forma, é possível não só diminuir os tempos de tratamento de documentos recebidos por fornecedores, como também eliminar os erros de introdução. Uma vez que a solução tem um baixo custo de implementação e operação, sem dúvida, permitirá aumentar a renta-bilidade e competitividade das empresas do setor dos moldes.

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“A Anphis não é uma loja de informática mas sim uma empresa que tem vindo a especializar-se em várias vertentes na área das novas tecnologias. Uma das apos-tas é a formação constante dos nossos colaboradores pois só assim considero que estes estão à altura dos desafios que nos são propostos diariamente”

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Pela qualidade, pelo pre-ço e pelo escrupuloso cumprimento dos prazos de entrega, a Indústria Portuguesa de Moldes tem tido um reconheci-mento ímpar além fron-teiras. Acompanhando o

desenvolvimento das tecnologias e das exigências dos clientes, as empresas do setor exportam, atualmente, cerca de 90 por cento da produção. Por todo o mun-do, são muitas as marcas de renome que entregam aos fabricantes portugueses a responsabilidade de produzirem os seus moldes. Portugal tem respondido à altu-ra das solicitações. Estimulada por esta crescente procura externa, as cerca de 532 empresas que constituem esta in-dústria têm sabido honrar as sete déca-das de existência, com rigor e qualidade extrema. Foi na Marinha Grande, cidade que acolheu a primeira empresa de mol-des para plástico em 1943 e, atualmen-te, um dos principais epicentros desta atividade, que a Revista Pontos de Vista conversou com João Faustino, Presiden-te da Associação Nacional da Indústria de Moldes, a CEFAMOL.Flexibilidade, capacidade de inovar e qualidade. Estas são, para João Faustino, as competências dominantes no setor mais apreciadas pelos clientes. Mas, mais do que isso, tem sido a dinâmica destes profissionais a caraterística que lhes tem permitido estar à frente do seu tempo, definindo estratégias que permitem fa-zer sempre mais e desenvolver novos produtos. De facto, num período econó-mico conturbado, a indústria de moldes tem conseguido mostrar valores sólidos. Não esquecendo que a palavra crise faz, hoje, parte do quotidiano de muitas em-presas, “em 2012, a indústria dos moldes exportou mais de 500 milhões de euros e conseguiu subir cerca de 35 por cento do volume de vendas, comparativamente com o ano anterior”, explicou João Faus-tino. Quando se analisa a balança comer-cial, neste setor, o peso das exportações é abismal, sendo um facto que remonta às origens. Até à década de 80, o mercado de exportação de excelência era os EUA, que representava cerca de 80 por cento do volume de encomendas. Hoje, a rea-lidade é bem diferente, sendo que este país representa apenas dois por cento. “Houve uma dinâmica no sentido de nos posicionarmos noutros mercados. Hoje exportamos para 80 países e a grande força das nossas exportações está em

Espanha, França e Alemanha. A nível glo-bal, com as crises sucessivas, muitas das empresas que constituíam a indústria de moldes acabaram por fechar, mas Portu-gal manteve-se como um dos principais players mundiais”, afirmou João Faustino.

dEPEndênCIa do sETor auTomóvEL

“Se houver uma constipação no setor automóvel, a indústria dos moldes terá uma pneumonia”. João Faustino pintou um quadro pouco positivo mas realista do cenário atual. Com o abrandamento no setor automóvel, a indústria nacional de moldes vive uma fase de redefinição de estratégias e de procura de novos nichos de mercado. A aeronáutica tem sido uma alternativa mas não tem capa-cidade para absorver toda a capacidade produtiva desta indústria. João Faustino tem perfeita consciência da forte depen-dência que existe hoje mas, por outro lado, observando outras atividades, não encontra grandes meios de “fugir” ao se-tor automóvel. Por isso, a área médica, a embalagem ou o setor dos eletrodomés-ticos têm ajudado estes profissionais a adquirir competências e aprofundar as exportações nesses domínios mas a in-dústria estará ao sabor do vento que irá

Hoje, Portugal está entre os principais fabricantes mundiais de moldes, sobretudo quando falamos em moldes para injeção de plásticos. É cada vez mais significativo o número de grandes multinacionais que escolhem as empresas lusas para a produção dos seus moldes. A perícia, a experiência, a qualidade e a dedicação destes profissionais captam a atenção dos clientes e é, neste posicionamento nacional e internacional, que as empresas encontram um suporte indispensável: a CEFAMOL, a associação representante do setor.

O ELO DE COMUNICAÇÃO ENTRETODA A INDÚSTRIA DE MOLDES

atingir o ramo automóvel.Por outro lado, outro dos desafios pas-sa por estimular a presença em outros mercados e regiões, como por exemplo o mercado brasileiro. Mas, apesar de “apetecível”, as elevadas taxas de im-portação são, desde logo, um entrave. “Já tentamos sensibilizar o nosso po-der central mas o que nos dizem é que se trata de uma questão comunitária e não nacional”, explicou João Faustino. Todavia, para o presidente da CEFA-MOL era importante que as entidades competentes olhassem para a indústria dos moldes com a mesma abertura que têm olhado para o setor dos vinhos ou do azeite.

maIor EsPECIaLIZaçãoAcompanhando este crescimento, as empresas portuguesas de moldes têm apostado na especialização, ou seja, umas trabalham apenas com polimen-tos, outras com moldes de grande por-te ou de maior precisão. A CEFAMOL é, também, um meio de todas estas em-presas, cada uma dentro das suas es-pecialidades, trabalharem em conjunto, de forma complementar, dando, assim, força ao nome do setor. Neste sentido e no caminho da promoção internacio-nal, a indústria portuguesa dos moldes desenvolve uma série de ações pouco comuns, com o apoio da associação. Em conjunto, marcam presença junto de po-tenciais clientes, promovendo, muitas vezes, o mesmo produto, para o mesmo leque de consumidores. Com que objeti-vo? “Mostrar a nossa imagem coletiva e a capacidade inovadora instalada no se-tor”, respondeu João Faustino. No final, clientes e concorrentes ficam agrada-velmente surpreendidos. O setor, esse, e apesar das vicissitudes atuais, continua a ganhar terreno.

João fAustIno, PrEsIDEntE DA AssoCIAção nACIonAl DA InDústrIA DE molDEs (CEfAmol)

Principais indústrias clientes em 2010:Automóvel – 72%Outros – 8%Eletrodomésticos – 6%Utilidades Domésticas – 5%Embalagem – 5%Eletrónica/Telecomunicações – 3%Saúde – 1%FONTE: CEFAMOL

Principais mercados para o setor em 2012:Espanha – 21%Alemanha – 20%Outros – 20%França – 18%Brasil, República Checa e Reino Unido – 4%Polónia – 3%EUA, México e Rússia – 2%FONTE: CEFAMOL

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Houve uma dinâmica no sentido de nos posicionar-mos noutros mercados. Hoje exportamos para 80 países e a grande força das nossas exportações está em espanha, França e Alemanha

João Faustino

poTEnCiALidAdEsdo sETor dE moLdEs

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Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo”. O pensamento eter-nizado por Fer-nando Pessoa faz, hoje, eco no quoti-

diano de Acácio Sousa Filipe. De famílias humildes, herdou do pai uma filosofia que carrega diariamente: “nunca deve-mos dar um passo maior do que a perna”. Deste modo, foi com a determinação de orgulhar a sua família e dar uma lição de moral a todas as pessoas que não acredi-taram nele, que Acácio Sousa Filipe deu os primeiros passos para a criação da sua própria empresa, em 1991. O GRUPO ASF é, no fundo, o resultado da experiência do seu fundador, especialista em operações com máquinas de retifica-ção de precisão. O crescimento foi gradual, respondendo às exigências cada vez mais crescentes do mercado. Foi então que, em 1999, houve a necessidade de ampliar o negócio, sendo, para tal, criada a ASF (Acá-cio Sousa Filipe Lda.) e a SFR (Sousa Filipe Representações Lda.). Composta por uma equipa de técnicos especializados, com mais de duas décadas de experiência. A SFR é, atualmente, a única distribuidora oficial, a nível nacional, das marcas Norton (abrasivos) e Prazi (barras de aço retifica-das). A par disso, a empresa, que se dedica ao comércio de abrasivos e acessórios em Portugal, comercializa ainda outras mar-cas, tais como: Winter e Strauss (diaman-tados), Kemmler (ferramentas) ou a Tesa Technology (equipamentos de medição). Trata-se de duas empresas que trabalham em complementaridade: se a SFR comer-cializa, a ASF executa. Nesta última, são executados trabalhos de fresagem CNC e convencional, retificações de precisão e execução de roscas por retificação. Em suma, este é o Grupo ASF, o tal “castelo” que foi sendo construído por Acácio Sou-sa Filipe.Assumindo-se como um “empreendedor por conta própria”, a vida de Acácio Sou-sa Filipe não foi, de todo, fácil. Habituado a enfrentar o lado mais amargo da vida, o fundador do Grupo ASF soube como vencer os obstáculos, dando sentido ao conceito de empreendedorismo que hoje tanto se apregoa. Não basta ter uma ideia de negócio. Importa sustentá-la, alimentá--la e conseguir que essa ideia se torne num negócio de sucesso. “Conheço pou-cas pessoas que tenham conseguido o que consegui, sem nunca estar dependente

de terceiros. Foi tudo feito a pulso, a tra-balhar de dia e de noite. Nunca comprei nada sem ter a garantia de que poderia cumprir com o meu fornecedor, que não tem de ser vítima do insucesso do cliente”, confessou Acácio Sousa Filipe. No fundo, o especialista em retificação de precisão é um empreendedor à sua medida, de uma forma muito pessoal que não está expressa em livros teóricos. “Foi um cami-nho que segui, mesmo quando as pessoas não acreditavam em mim. Tinha um bom salário e abandonei tudo para arriscar. Mas sempre tive a confiança de que iria conseguir”, relembrou. Hoje, quando olha para essas pessoas, que um dia não acre-ditaram na sua visão de negócio, Acácio Sousa Filipe sabe. “Sinto que se orgulham de mim”, afirmou.

dIsTrIBuIdora ofICIaLda norTon E PraZI

Mais do que um fornecedor de serviços, o Grupo ASF assume-se como um parceiro. A par da dedicação e experiência de uma equipa composta por 14 profissionais, este reconhecimento foi conquistado graças ao trabalho de parceria que foi estabelecido com marcas de renome nacional e interna-cional. Falamos da Norton ou da Prazi, por exemplo, sendo a SFR a única distribuido-ra oficial em Portugal destas marcas, nos abrasivos e nas barras de aços retificadas, respetivamente. Este “casamento” foi um passo vital na história do grupo. Todas as marcas com as quais trabalha são insígnias de topo, de outra forma, aliás, não seria possível. “Era incompatível que uma em-presa como a ASF, que presta um serviço de topo, a nível de qualidade de retificação, trabalhasse com produtos de segunda”,

Foi em 1991 que o percurso deste Grupo empresarial começou a ser trilhado, em nome individual. Pelas mãos do seu gerente, a ASF Lda., empresa que homenageia o seu fundador, Acácio Sousa Filipe, começou a dar passos solidificados na sua área de atuação (retificação de precisão), sendo, hoje, pioneira no fabrico de acessórios de precisão, com 18 máquinas (CNC e convencionais). Juntamente com a SFR Lda., que está dedicada ao comércio de abrasivos e acessórios em Portugal, ambas fazem parte do Grupo ASF.

“APOSTAR NA QUALIDADEÉ UMA fORMA DE fAzER bEM à PRIMEIRA”

afiançou Acácio Sousa Filipe. A qualidade marca, de facto, toda a diferença. Aqui, não é exceção. Aliás, “apostar na qualida-de é uma forma de fazer bem à primeira” foi o lema adotado pela equipa e é este o paradigma de trabalho que entra nas instalações da empresa. Com os serviços que presta, a empresa pretende aumentar a eficácia, diminuindo o prazo de fabrico de um molde, máquina, avião, etc. Todas as peças são feitas de forma a assegurar o aumento do seu ciclo de vida.Outro dos aspetos que, para Acácio Sou-sa Filipe, destaca a atividade deste grupo prende-se com o apoio prestado antes e pós-venda. “As duas empresas podem afir-mar-se e confirmar nos clientes o que pre-tendem transmitir. Antes de vendermos qualquer produto ou serviço, pegamos numa mala e numa bata e dirigimo-nos às empresas de forma a respondermos a todas as dúvidas”, descreveu o responsá-

vel. É este tacto que, para Acácio Sousa Filipe, ainda falta a grande parte dos seus concorrentes.

oBJETIvo É manTErnívEL dE CrEsCImEnTo

“Quero que, no mercado e nas empresas, a retificação seja vista como uma saída sempre que possível para ter melhor qualidade e obter peças com uma maior durabilidade/ longevidade”. Este era o ce-nário que Acácio Sousa Filipe gostaria de ver implementado no mercado, a médio e longo prazo. No seio do grupo que fundou, destaca-se um dos objetivos: “devemos ser mais rigorosos, mais exigentes entre colegas, mais polícias uns dos outros”. Hoje, Acácio Sousa Filipe delega grande parte das suas funções, para que todos as-sumam um mesmo compromisso e para que, um dia mais tarde, o seu castelo con-tinue firme.

ACÁCIo sousA fIlIPE, ADmInIstrADor Do gruPo Asf

Acácio sousa Filipe

poTEnCiALidAdEsdo sETor dE moLdEs

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Ao longo dos últimos cinquenta anos, esta in-dústria tem sido porta de entrada de muitas tecnologias avançadas de utilização industrial, ao mesmo tempo que se desenvolveu uma

lógica de cluster de base territorial. Du-rante este tempo o setor conheceu gran-des alterações mas pautou sempre pelo sucesso sustentável, que é testemunho da sua capacidade inovadora.O CENTIMFE, desde 1991, tem sido um importante apoio ao desenvolvimento de uma indústria que é responsável por um volume de negócios ao nível das ex-portações na ordem das centenas de mi-lhões de euros e que exporta atualmente 90 por cento dos seus produtos. Para o diretor do centro, o sucesso desta indústria é antes de mais fruto dos pró-prios empresários que “são uma nata diferente. Os empresários conseguiram saltar algumas barreiras culturais que existem em Portugal e a questão da coo-peração entre os mesmos não é conver-sa fiada. É óbvio que há competição mas com uma separação entre aquilo que é estratégico e o que é complementar”.A provar essa união entre os diferentes players do setor está a marca coletiva “Engineering & Tooling”, orientada para a promoção da indústria portuguesa nestas áreas, a nível nacional e interna-cional. Assim, as empresas apresentam--se lá fora sob a mesma “bandeira”, uma marca que no fundo pretende reforçar a competitividade da Indústria Portugue-sa de Engineering and Tooling como um todo, promovendo a cooperação e traba-lho em rede e parcerias como forma de reforçar o posicionamento competitivo das empresas nacionais no mercado global.

dEPEndênCIa auTomóvEL E faLTa dE fInanCIamEnTo

Através do Polo de Competitividade e Tecnologia Engineering and Tooling, mais do que promover o cluster e a marca, é dado apoio aos empresários da área para que estes consigam responder aos crescentes desafios impostos pela globalização e por um mercado europeu em recessão. Para Rui Tocha, estes são vários, mas destacam-se inevitavelmen-te dois: a dependência do setor automó-vel durante vários anos, que exige agora

a procura de novos mercados estratégi-co, e a falta de financiamento, uma vez que falamos de uma área que exige avul-tados e contantes investimentos em tec-nologia de ponta e que suporta longos ciclos de desenvolvimento de produto para clientes globais.Desde que a crise se abateu fortemente sobre o setor automóvel, em 2008, que foi criado um plano estratégico com vista à redução da dependência da in-dústria de moldes a este setor. Promo-ver as competências desta indústria em novos mercados estratégicos é, por isso, uma dos grandes objetivos do polo. Os setores para onde se tem direciona-do esse fim são a aeronáutica, a saúde, a energia e ambiente, a eletrónica e as embalagens. Em 2008, mais de 70 por cento da produção do setor dos moldes era absorvido pela indústria automó-vel, uma dependência que tem vindo a reduzir-se. O objetivo é, sem dúvida, re-duzir ainda mais. “Não podemos colocar os ovos todos na mesma cesta e por isso procuramos minimizar o risco de colap-so da indústria automóvel através da prospeção de novas áreas e promoção da nossa indústria junto das mesmas”, afirma Rui Tocha.No que concerne ao financiamento, o setor pretende também que o Governo preste um maior auxilio, nomeadamen-te em termos de acesso ao mesmo e na

A indústria de moldes em Portugal é um caso singular de sucesso, numa área de tecnologia avançada, marcada pelo pioneirismo, quer na introdução dessas tecnologias, quer na introdução de novos processos e formas de atuar nos mercados e na produção industrial. O CENTIMFE surge, deste modo, como Provedor de Soluções e Parceiro Tecnológico do setor, assumindo-se como agente na dinamização de desenvolvimento de processos de Inovação Empresarial, parceiro-chave no desenvolvimento de projetos estruturantes e estratégicos para a indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos, três áreas que se interligam e complementam, e um importante elo na transfe-rência tecnológica entre os sistemas científico e tecnológico e as empresas industriais. A Revista Pontos de Vista foi conhecer este Centro e conversou com Rui Tocha, Diretor do mesmo, sobre os grandes desafios que se colocam no momento atual a um dos grandes setores nacionais.

“ENgINEERINg & TOOLINg”

concessão de garantias. “O problema do financiamento é transversal em Portu-gal mas, nesta área, tem impactos muito fortes, até porque esta indústria está na base do desenvolvimento da generali-dade dos produtos. Para as empresas se conseguirem manter em linha de topo têm que despender muito em tecnologias de ponta, que por sua vez são extrema-mente caras. Uma empresa de moldes, se não investir todos os anos cerca de dez por cento do seu turnover, em três anos pode ficar desatualizada”, afirma.

InCEnTIvo à Inovação E ao EmPrEEndEdorIsmo

Investir em tecnologia de vanguarda exige também adaptação à mesma mas, muitas vezes, não existe sequer alguém que tenha capacidade para dar essa for-mação. Por esse motivo, muito do co-nhecimento nesta área surge do saber da experiência e dos departamentos de inovação em que várias das empresas de moldes têm investido para dar resposta a este desafio estrutural. No CEMTIMFE são lecionados também alguns cursos todos os anos que, Rui Tocha faz ques-tão de referir, “não são cursos feitos a metro”. A qualidade da formação é in-questionável.Os Polos de Competitividade e Tecno-logia são também importantes instru-mentos de incentivo à criação de redes

de inovação e traduzem-se em parcerias integradas por empresas e instituições de suporte relevantes, nomeadamente instituições de I&DT, de ensino superior e de formação profissional, que parti-lhem uma visão estratégica baseada em atividades inovadoras, orientadas para o desenvolvimento de projetos de eleva-da intensidade tecnológica e com forte orientação e visibilidade internacional.Como tal, o Polo Engineering & Tooling está inclusivamente a liderar a Europe-an Tooling Platform, ao nível da União Europeia, o que permite articular com os principais centros de investigação europeus as áreas de aposta no futuro. “Isto é importante para que possamos definir políticas de apoio ao empreen-dedorismo em Portugal. Por exemplo, se sabemos que os países europeus estão a investir na área do micro fabricação de-veria haver medidas de apoio à criação de empresas neste domínio. O que nós fazemos é dar orientações aos jovens que estão a sair das universidades para que conheçam as oportunidades, no entanto, depois faltam os instrumentos necessários”, lamenta.Para Rui Tocha o empreendedorismo tem sido pouco acarinhado em Portugal e, como tal, critica o facto de “se ter apos-tado na elevação dos níveis educacio-nais mas depois não se dar saídas. Hoje vemos pessoas a fazer doutoramentos completamente arredados da indústria e jovens que decidiram ser conquista-dores de mestrados e que andam a sal-titar porque estão a ser financiados por alguém. No meu ver, não houve alinha-mento das políticas de apoio à formação com as práticas de empreendedorismo. As incubadoras de empresas têm feito um papel fundamental na sensibilização dos jovens, no entanto, estão subapro-veitadas e há mais incubadoras do que empresas incubadas. Poderiam por isso, ter outros papéis, como por exemplo, o de ancorar investimento direto estran-geiro, numa articulação direta com as políticas nacionais desta natureza.”.Rui Tocha lamenta ainda que a questão da crise nacional esteja a afetar os pró-prios recursos humanos da área porque, uma vez que esta é uma indústria de capital e conhecimento intensivo, que exige recursos humanos qualificados, a sua escassez pela via da emigração para mercados mais atrativos, condiciona cla-ramente o futuro desta indústria.

CEntImfE – PArCEIro tECnológICo

rui tocha

poTEnCiALidAdEsdo sETor dE moLdEs

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Polialfaia é uma aliança entre a arte e o mestre. José Alfaia é o Gerente desta empresa, especia-lizada em polimento de moldes. Mas em que é que esta estrutura difere de outras que atuam no

mesmo ramo de atividade? Aqui, a espe-cialização é, de facto, a alma do negócio. A Polialfaia desde cedo soube marcar o seu cunho, caraterizando-se, hoje, pelo trabalho com moldes que exigem extre-ma perícia devido ao seu alto nível de polimento. Depois de ter percebido que não tinha o “bichinho” dos estudos, José Alfaia trocou os livros pelas ferramen-tas, começando por consertar chaves e fechaduras. Este gosto pelo trabalho manual começou a ser descoberto, ape-sar de José Alfaia acreditar que esta é uma paixão de nascença. Mas mais do que gostar, é preciso saber e José Alfaia sabe. Em 1988, criou uma empresa em nome individual e só em 1991 é que o mercado começou a ouvir falar da Po-lialfaia, hoje uma empresa experiente no setor do polimento de moldes. Para chegar a este patamar de exigên-cia, José Alfaia já trabalhou com muitos colaboradores, deu formação a alguns e teve de vê-los, mais tarde, “abandonar o ninho” e criar o seu próprio negócio. Isso é motivo de orgulho, dá gozo. No total, José Alfaia formou mais de 20 pessoas e é fundamental que esse tra-balho continue. “Ao longo dos anos, se não houver alguém a ensinar, esta ac-tividade acabará por se perder”, defen-deu o responsável. Mas, formar jovens nem sempre é simples. Para quem tem muito para ensinar, formar pode ser fá-cil. Todavia, hoje, são poucos os jovens que têm verdadeira paixão por esta arte. “É uma mão de obra muito cansativa e

saturante. A adaptação durante o pri-meiro ano é a pior fase e é complicado aguentar as dores nos braços. Acabam por desistir”, descreveu José Alfaia. Para vingar, é, de facto, vital gostar do que se faz. “Trabalhar nesta área exige um gosto muito próprio”, defendeu. O mes-mo gosto que José Alfaia conheceu com apenas 14 anos de idade. Depois disso, cada pessoa tem de criar o seu próprio método de trabalho. No fundo, existem muitas formas de produzir uma peça. Cada pessoa terá de saber qual é a que melhor se adapta a si mesmo e, por con-seguinte, quase que se molda ao molde que está a polir. Apesar de ter havido um esforço considerável em termos de for-mação, com o aparecimento de escolas e centros de formação profissional liga-dos às empresas de moldes, José Alfaia acredita que ainda existe uma forte ca-rência neste domínio. Daí que, na maior parte dos casos, é da responsabilidade do patrão a tarefa de formar os seus co-laboradores. Até porque, como adiantou José Alfaia, esta arte não se aprende em 40 horas de curso. A par de tudo isto, a dedicação deve ser total. “Não podemos estar limitados a oito horas diárias de trabalho. Temos de entregar as encomendas sempre a tem-po e horas. Esse é, aliás, o segredo do sucesso da nossa empresa”, garantiu. E é isso que o cliente pode esperar da Po-lialfaia. “Um trabalho difícil e o assunto resolvido o mais rápido possível, com a garantia de que fica satisfeito”, afirmou José Alfaia.

novos rumosOs últimos três anos têm sido os melho-res, em termos de faturação e de contra-tação de recursos humanos. Além disso, a Polialfaia conseguiu chegar a novos mercados, saindo da área de conforto

José Alfaia descobriu cedo que o seu futuro profissional não dependia da escola. “Não gostava de estudar”, confessou logo no início da conversa com a Revista Pontos de Vista. Por isso, aos 14 anos de idade, “arregaçou as mangas” e começou a trilhar o caminho daquela que seria a sua paixão. O trabalho manual era, para ele, fascinante. Consertava chaves e fechaduras e, isso, acabou por abrir as portas para o negócio que, em 1991, criou: a Polialfaia.

“TRAbALHAR NESTA áREAExIgE UM gOSTO MUITO PRóPRIO”

que é a Marinha Grande, um dos núcle-os, juntamente com Oliveira de Azeméis, no panorama da indústria de moldes na-cional. Este crescimento foi conseguido sozinho, sem ajudas financeiras, o que, para José Alfaia, é mais do que um moti-vo de grande contentamento. Hoje, 90 por cento do negócio destina-se ao setor automóvel, sendo os restantes 10 por cento para o mercado dos eletro-domésticos. A Polialfaia orgulha-se de poder trabalhar com marcas de renome internacional, respondendo às exigên-cias e solicitações de todos os clientes. O mais ínfimo pormenor pode fazer a dife-rença. Uma pequena falha pode arruinar a encomenda. É, por isso, um trabalho moroso mas, como se pode perceber pelas palavras de José Alfaia, apaixonan-te. Quando se fala nos planos para um futuro próximo, o brilho no olhar conti-nua. “Vamos para novas instalações, bem maiores. Pretendemos ainda aumentar os postos de trabalho e ter maior capa-

cidade de tonelagem, o que iria reduzir o tempo de produção”, concluiu José Alfaia. São desafios que irão permitir que a Po-lialfaia continue a afirmar-se no setor dos moldes, uma área que tem tido um peso crucial na economia portuguesa.

José AlfAIA, gErEntE DA PolIAlfAIA, loCAlIzADA nA mArInhA grAnDE Pontos de Vista Julho 2013

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não podemos estar limitados a oito horas di-árias de trabalho. temos de entregar as encomen-das sempre a tempo e horas. esse é, aliás, o segredo do sucesso da nossa empresa

José Alfaia

poTEnCiALidAdEsdo sETor dE moLdEs

Page 52: Revista Pontos de Vista Edição 27

O IPN está entre as melhores incuba-doras do Mundo, com uma elevada taxa de sobrevivência das empresas incubadas. Quais as razões de tama-nho sucesso? Quais os aspetos dife-renciadores do Instituto?Os resultados alcançados pela Incu-badora do IPN traduzem não só o de-sempenho da própria Instituição mas sobretudo o das empresas que apoia. O impacto da sua atividade na cidade que a acolhe, quer pela criação de postos de trabalho altamente qualificados (de for-ma direta e indireta) quer pelas dinâmi-cas de inovação induzidas é deveras no-tável e reconhecido internacionalmente. Para esta dinâmica de sucesso que se tem vindo a desenvolver contribuem vá-rios fatores, nomeadamente:- A grande qualidade da “matéria-prima” - investigadores, estudantes e empreen-dedores em geral - que são sobretudo oriundos da Universidade de Coimbra e do Instituto Politécnico e que na maioria das vezes vêm de excelentes ambientes de Investigação e Desenvolvimento onde são geradas ideias com potencial de negócio.- Um modelo integrado de interven-ção (muito singular a nível nacional e

mesmo internacional) que vai muito para além das atividades de incubação e abrange 6 laboratórios de investiga-ção aplicada em diversos domínios do conhecimento e um departamento de formação muito focado em áreas tecno-lógicas e de gestão e em intervenções de formação-ação para as empresas da incubadora, mas não só.- Uma equipa de recursos humanos mui-to qualificada e motivada.- Uma liderança estável e fortemente com-prometida com a missão da Instituição.

Particularmente na Indústria de Mol-des em Portugal, de que forma o IPN tem ajudado empresas neste setor de atividade a desenvolver-se no nosso país? Há muito projetos relacionados com este setor de atividade a ser in-cubados e projetados no Instituto?O IPN, em particular através do Labora-tório de Ensaios, Desgaste e Materiais, tem vindo ao longo dos anos a manter uma relação bastante próxima com as indústrias do setor de Moldes em Portu-gal, quer através de ações de desenvol-vimento de IDT em projetos em parceria com outras entidades Nacionais e Inter-

Ana Manaia e Paulo Santos, respetivamente, Gestora de Projetos de IDT e Diretor Executivo IPN Incubadora, deram-nos a conhecer as mais-valias do IPN que é hoje o paradigma da ligação entre o

saber e o fazer.

COMO APOIAR IDEIAS INOVADORAS

nacionais, quer através do fornecimento de serviços de consultoria especializa-da. Ao funcionar como charneira entre as instituições de ensino superior e a indústria, o IPN permite uma articula-ção concertada que transporta o conhe-cimento científico para o setor dos Mol-des contribuindo decisivamente para a internacionalização das empresas do setor. A crescente atividade no mercado externo é potenciada por uma aposta na inovação de produtos e no desenvolvi-mento de processos produtivos cada vez mais competitivos. Existe um elevado número de projetos em conjunto com este setor, e embora não existam empre-sas deste tipo de indústria incubadas no IPN, este tem contribuído para o cresci-mento empresarial neste setor.

Qual a importância da ligação do IPN à Universidade de Coimbra? É este con-tacto privilegiado que permite man-ter o IPN na vanguarda da inovação tecnológica e transformar tudo aquilo que advém da investigação desenvol-vida na UC em negócios reais? Servir de interface para os jovens empreen-dedores que saiam da UC é também um dos grandes objetivos do IPN?A estreita relação entre os laboratórios de IDT do IPN e as Faculdades da Universi-dade de Coimbra, em particular no setor dos moldes, com a Faculdade de Ciências e Tecnologia através do Centro de Enge-nharia Mecânica (CEMUC), permite uma excelente articulação entre, investigação fundamental, investigação aplicada e a sua transferência tecnológica. Este “cor-dão umbilical” permite por um lado a con-cretização de resultados de investigação fundamental em ideias de negócio e negó-cios reais, e por outro, orientar os investi-gadores para desenvolvimentos em áreas estratégicas e orientadas para o mercado. Claro que sim, essa tem vindo a ser uma política da incubadora do IPN e que conta com inúmeros casos de sucesso.

De que forma o IPN continua a ser um apoio para as empresas nas suas fa-ses de crescimento e internacionali-zação? Na atual conjuntura económi-co-financeira, os mercados externos são a grande botija de ar da Indústria de Moldes Nacional?No que diz respeito às atividades de incu-badora, o IPN promove esse apoio quer na fase em que as empresas se encon-tram incubadas quer após o seu estabe-

lecimento no mercado, isto através de projetos de inovação e desenvolvimento mas também no apoio ao desenvolvi-mento de ferramentas de gestão mais eficazes promovendo assim esse cres-cimento e inovação. Por outro lado, a constante interação dos laboratórios de IDT com empresas Internacionais per-mite a criação de sinergias entre estas e o tecido empresarial Nacional apostando na inovação e desenvolvimento, o que as permite “marcar” posição em merca-dos internacionais. Sem dúvida, eu diria que os mercados externos têm que ser o “pulmão” da Indústria Portuguesa. Como referi anteriormente, a indústria portu-guesa de moldes exporta cerca de 90% da sua produção, neste momento a apos-ta é aumentar a produção, apostando na qualidade, inovação e diferenciação para entrar em mercados estratégicos até hoje pouco explorados pelo setor: aeronáuti-ca, saúde e eletrónica.

O IPN apoia cerca de 180 empresas, com volume de faturação anual su-perior a 75 milhões e mais de 1700 postos de trabalho diretos altamente qualificados. O que é que estes valo-res significam para o tecido empresa-rial de Coimbra? Qual a importância do Instituto para o desenvolvimento da região?Estes números (de facto, desde 1995, já superámos as 200 empresas apoiadas só pela Incubadora das quais cerca de 80% estão em atividade) significam, em nosso entender, um contributo muito impor-tante para a redefinição do modelo de desenvolvimento económico e especiali-zação produtiva de Coimbra e para o po-sicionamento da Cidade na economia da inovação e conhecimento. Hoje em dia, fruto do ecossistema que se tem vindo a construir, temos várias empresas com origem na cidade que empregam cen-tenas de engenheiros e vendem os seus produtos e serviços à escala global crian-do riqueza e fixando e atraindo quadros qualificados para a região.

InstItuto PEDro nunEs – IPn – AssoCIAção PArA A InovAção E DEsEnvolvImEnto Em CIênCIA E tECnologIA

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LER NA INTEGRA EMWWW.PonTosdEvIsTa.PT

Ana manaia

paulo santos

poTEnCiALidAdEsdo sETor dE moLdEs

Page 53: Revista Pontos de Vista Edição 27

Este sistema é, antes de mais, uma comunicação de simples compreensão, capaz de dar um importan-te suporte às decisões de compra, uma vez que faci-lita a comparação e a esco-lha de produtos eficientes

no campo energético. Como tal, Diogo Pereira acredita que a adoção do mesmo cumpre dois propósitos. “Primeiro vem a questão do marketing. É importante para nós ter algo que identifique a efi-ciência ou a classificação energética de uma janela de modo a que os consumi-dores, por mais que não conheçam os sistemas ou marcas existentes no mer-cado, possam fazer a sua escolha tendo em conta a classificação energética. Ou seja, se nos pedirem uma janela de clas-se A, nós teremos todo o gosto em fazer um orçamento que tenha por base essa característica. Em segundo, ainda que o sistema não substitua a marcação CE, obrigatória desde 2007, vem permitir fazer um melhor controlo de fabrico e do mercado em si”.

rEaBILITação urBanaCom o setor da construção civil severa-mente afetado pela crise económica, a janela eficiente vem permitir inverter as condições de degradação da atividade, entrando, desta forma, em grande no mercado da reabilitação urbana, cujo po-tencial de crescimento em Portugal é evi-dente. “O mercado da construção e das ditas grandes obras está completamente estagnado, enquanto o da renovação tem vindo a crescer e vai continuar. O que é que se espera atualmente? Que as pesso-as invistam mais nas casas onde estão e

A CAAP – Carlos Alberto Alves Pereira – é uma empresa quase centenar. O nome remonta ao seu fundador, desde então a mesma já passou por três gerações da família e começa agora a entrar na quarta, com Diogo Pereira em sua representação. Criada, em 1920, para operar na área da metalomecânica e, portanto, sempre lado a lado com o mercado da construção civil, a CAAP manteve-se constantemente na van-guarda do setor pela inovação tecnológica. O seu slogan, “Inovar com Valor”, não deixa margem para dúvidas! Por esse motivo, a empresa adotou recentemente o Sistema de Etiquetagem Energética de Janelas, um sistema voluntário de marcação e classificação de produtos, concebido para permitir ao consumidor final uma comparação facilitada, tomando uma decisão coerente e informada no que diz respeito às janelas de sua casa, que resulte em desempenhos e consumos energéticos à medida das suas exigências e necessidades.

INOVAR COM VALORCAAP – CArlos AlbErto AlvEs PErEIrA Pontos de Vista Julho 2013INOVAÇÃO EM JANELAS

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melhorem aquilo que têm. Como tal, há aqui uma clara oportunidade para as ja-nelas eficientes. Houve muitos prédios a ser construídos sem ter em conta a efi-ciência energética, com janelas de vidro simples e que, portanto, estão a precisar de investimento ao nível do isolamento térmico e acústico”, explica Vítor Pereira, Administrador da empresa.De facto, estima-se que entre 25 a 40 por cento das necessidades de aquecimento e arrefecimento derivem das perdas de calor pelos vãos envidraçados, energia que só será compensada pelo aumento do consumo energético o que, natural-mente, se traduz também num peso acrescido na carteira do consumidor.

LInha dE aPoIoA diminuição da fatura energética é pos-sível através da substituição das janelas antigas por janelas eficientes e o Estado tem-se mostrado consciente dessa rea-lidade. Como tal, já foi lançada uma me-dida de apoio à substituição de janelas antigas com vidro simples por janelas eficientes com vidro duplo. “Normalmen-te, a construção portuguesa, ao nível do betão não é má, mas no que toca às jane-las, a maior parte das construções falha e o Estado está sensível a isso tendo, neste momento, uma linha de apoio, cujo valor, ainda que não seja suficiente para co-brir o país, já é um simbolismo. Acredito que esta linha será capaz de sensibilizar também as pessoas para a aplicação de janelas eficientes que melhorem os con-sumos das suas casas”, afirma Vítor Pe-reira. Linha essa que constitui também um impulso para o setor.A este incentivo podem concorrer os proprietários de edifícios unifamiliares ou de frações autónomas de edifícios multifamiliares. As candidaturas devem ser apresentadas pelas empresas fabri-cantes de janelas, desde que aderente ao SEEP e apenas nos casos em que as janelas a instalar sejam de classe A ou B. A linha está ativa desde 30 de novembro de 2012 e poderão ser submetidas atra-vés do site do FEE (fee.adene.pt).

frança:o mErCado a aPosTar

Se, no mercado interno, a CAAP ambi-ciona ser líder em sistemas de caixilha-ria em PVC e alumínio, assim como no fornecimento das mais diversas serra-lharias e conceção de estruturas metáli-cas; no mercado externo começa agora a dar os primeiros passos.

É apenas em França que marcam pre-sença atualmente, ainda que outros mercados não estejam fora dos objeti-vos. A escolha foi estratégica! “França é um mercado enorme, com uma diáspora portuguesa fantástica e em que os tra-balhadores portugueses são muito bem conceituados, encontrando-se já em inúmeras empresas, nomeadamente em áreas de chefia. O português em Fran-ça é conhecido como alguém em que se pode confiar e, de facto, em termos de qualidade de trabalho, na área da construção, não ficamos em nada atrás dos franceses. Para além disso, temos uma vantagem: o preço, porque a nossa mão de obra é mais barata e isso torna--nos competitivos ao nível dos valores praticados. Por outro lado, em França há muitas empresas da nossa área mas vocacionadas para as medidas standard. Tudo o que é por medida fica complica-

do e os preços sobem bastante. Nós con-seguimos dar uma solução à medida”, afirma o nosso entrevistado.O importante é criar alternativas ao mercado nacional, mercados que te-nham crescimento, que não estejam saturados e, a partir dos quais, consiga-mos tirar algumas mais-valias”.De referir também que estes mercados europeus estão também muito à frente de Portugal na área da reabilitação ur-bana e já há largos anos que a princi-pal aposta ao nível da construção vem sendo essa. Vítor Pereira conclui esta entrevista com a afirmação convicta de que “hoje os empresários têm que ser homens cheios de coragem porque há dificuldades em toda a linha e mais obri-gações do que benefícios”.

LER NA INTEGRA EMWWW.PonTosdEvIsTa.PT

Vítor Pereira e Diogo Pereira

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Privilegiadas pelas suas áreas e por uma excelen-te luz natural, as Suites e Moradias do Monte da Quinta Resort estão mo-biladas com estilo, uma decoração sóbria e de tons claros que apazi-

guam o olhar e os sentidos. O segredo existente no coração da Quin-ta do Lago, no Algarve, só pode ser des-coberto por quem por aqui passa, sendo um segredo partilhado por poucos, pois

reúne o que de melhor o Algarve tem para oferecer. Românticos, luxuosos ou exóticos, as oportunidades de se instalar num es-paço absolutamente portentoso e admi-rável são extraordinários quando a sua escolha recair sobre o Monte da Quinta Resort. A elegância, beleza e distinção apresentam-se como o principal cartão--de-visita do Suite Hotel e do Monte da Quinta Club, um aldeamento turístico de luxo, com villas e moradias geminadas de grande qualidade, onde a decoração

Com caraterísticas únicas, o Monte da Quinta Resort representa a excelência, a elegância e o bem-estar em pleno, estando localizado num espaço amplo e verdejante, proporcionando privacidade e tranquilidade com os serviços exclusivos de um hotel de elevada qualidade.

UM SEgREDO NO CORAÇÃO DO ALgARVE

perpetua as delícias do mais exigente visitante, proporcionando uma férias de sonho, onde podemos alcançar a qui-mera interiorizada por cada um de nós. Um espaço a não perder, uma visita para recordar. Segurança, exclusividade e conforto são três das principais características que aqui vivemos, onde, a cada instante e cada detalhe foi tido em conta, criando uma atmosfera única e mágica para a sua estada e que se enche de brilho com os elevados padrões de decoração. Ide-

alizado para se evidenciar entres os de-mais, retratando a harmonia e a elegân-cia que farão as delícias de qualquer um. Com 132 suites de um, dois e de três quartos, o Monte da Quinta Suites foi edificado numa envolvente de tranquili-dade e bem-estar, onde poderá usufruir da familiaridade e conforto do seu lar, tendo como complemento os serviços de renome e prestígio qualitativo, reco-nhecidos por todos, do Monte da Quinta.Mas as escolhas não se ficam por aqui. Se prefere mais espaço, pode ainda op-

montE DA quIntA rEsortdEsTinos dE sonHo

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Pontos de Vista Julho 2013

tar pelas luxuosas moradias de traça tradicional do Monte da Quinta Club, onde cada casa foi decorada ao porme-nor, garantido exclusividade e conforto para as suas férias de sonho. O Monte da Quinta Club providencia moradias geminadas de dois ou de três quartos e villas de três a cinco quartos, todas elas climatizadas e com piscina e jardins privados.Abrangendo diversos e distintos concei-tos, o Monte da Quinta Resort oferece--lhe ainda um luxuoso spa e um health

club, sendo outra das magnificências e sumptuosidades que podem experi-mentar e saborear, em que o seu corpo com certeza irá agradecer. Congregando conhecimentos e terapêuticas milena-res, com técnicas e terapias actuais, o spa representa de uma forma profunda a harmonia do ambiente aqui sentido, que através da delicadeza e amabili-dade dos colaboradores deste espaço, retrata a energia positiva e equilibrada que lhe permitirá a busca e o encontro com o el dorado do ser humano, esta-belecendo um equilíbrio do seu corpo, mente e espírito.

momEnTos quE PErdurarão na mEmórIa

Aqui pode ainda encontrar um espaço para os petizes, denominado por Kids Club, O Mundo da Criança, a poucos me-tros da piscina, onde envolvidos num ambiente paradisíaco e convidativo, os mais novos podem entrar no mundo da diversão e entretenimento, alimentando a sua imaginação, correrias e tropelias características dos mais novos. Quando falamos de crianças, as diabruras e tra-quinices emergem imediatamente como o sol resplandecente surge no maravi-lhoso Algarve, e por isso a segurança no

Kids Club não é descurada, existindo a garantia que os seus filhos ficarão bem entregues, pois todos os monitores do espaço fazem do profissionalismo e qua-lificação a sua forma de estar. As activi-dades são inúmeras, para crianças dos seis meses aos 12 anos, onde pode dei-xar as crianças e aproveitar as regalias colocadas à sua disposição, usufruindo dos programas que o Monte da Quinta Resort lhe proporciona. Sim. Aqui há um vasto leque de activida-des para desfrutar no seio da atmosfera familiar do Resort. Passeios de bicicleta, jogging, ténis, desportos aquáticos, pas-seios a cavalo, entre outros são apenas al-gumas das actividades que poderá fazer, tudo com segurança, tudo ao seu ritmo. Se preferir olhe à sua volta e verá que está rodeado dos melhores campos de golfe da Europa onde poderá jo-gar e praticar o seu swing. A escolha é diversa, Quinta do Lago Norte, Sul e novo Laranjal e, ainda Pinheiros Altos e Vale do Lobo Royal e Ocean com tarifas preferenciais. Assim terminamos esta «viagem» pelo Monte da Quinta, que só será realmente finalizada quando vier conhecer in loco este espaço maravilho-so e que lhe proporcionará momentos inesquecíveis.

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“Como a visão se desenvolve até aos cinco anos de idade, momento em que as crianças estão a iniciar a sua vida escolar, os pais devem estar atentos a pos-síveis problemas. Pelo menos 10% dos estudantes apresentam os chamados erros de refração – miopia, astigmatismo e hipermetropia”

saIBa um PouCo soBrE as doEnças maIs Comuns

Miopia – Um dos chamados erros de re-fração. O diâmetro ântero-posterior do olho é maior que o normal e a imagem forma-se antes da retina. A visão é boa para os objetos que estão próximos, mas torna-se insuficiente para ver nitida-mente aqueles que estão a uma distân-cia maior. A correção da miopia pode ser feita com uso de óculos, lentes de con-tacto e também cirurgias, dependendo de cada caso.

Hipermetropia – Quem tem hiperme-tropia tem a sensação visual contrária de quem tem miopia. O olho é geralmen-te menor que o normal e a imagem for-ma-se depois da retina. O paciente usa lentes convergentes, também conheci-das como positivas, através de óculos ou lentes de contacto.

Astigmatismo – É um erro refracional provocado por uma irregularidade da córnea que causa distorção da imagem. A depender do tipo de astigmatismo, ele pode causar cansaço visual, fotofobia, além de impedir a visão nítida para lon-ge e para perto.

Glaucoma - É a denominação geral de um grupo de doenças que causam a

atrofia do nervo ótico. A principal causa é o aumento da pressão ocular. Também está relacionado com a idade avançada, história familiar e etnia. Causa perda vi-sual progressiva e irreversível se o caso não for controlado. Daí a importância do diagnóstico precoce. O tratamento é feito com medicamentos (colírios para diminuir a pressão ocular) e através de laser ou cirurgias, dependendo de cada caso.

Catarata - Consiste na opacidade par-cial ou total do cristalino ou da sua cápsula. Traumatismo, idade avançada, diabetes e uso de medicamentos estão entre os fatores que podem desencade-ar a doença. Os sintomas são descritos

SAÚDE OCULAR

como um embaçamento progressivo da visão. A catarata congénita é uma importante causa de cegueira infantil e pode ter caráter hereditário ou estar ligada a infeções adquiridas pela mãe durante a gestação. O exame pré-natal, neste segundo caso, é a maneira de se prevenir a doença nos filhos.

Estrabismo - É uma alteração ocular em que os olhos estão desalinhados. É mais

CuIDE Dos sEus olhossAÚdE oCULAr

dia mundial da saúde Ocular 10 de julho é Dia Mundial da Saúde Ocular, data estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), para que as pessoas reflitam um pouco sobre a importância da boa visão e sobre como manter saudável esse que é um dos sentidos mais importantes desde o início da vida. A OMS estima que, em todo mundo, cerca de oito milhões de crianças em idade escolar tenham algum tipo de deficiência visual, sendo que somente 25% delas apresentam sintomas. Como a visão se desenvolve até aos cinco anos de idade, momento em que as crianças estão a iniciar a sua vida escolar, os pais devem estar atentos a possíveis problemas. Pelo menos 10% dos estudantes apresentam os chamados erros de refração – miopia, astigmatismo e hipermetropia.O hábito de consultar um oftalmologista deve iniciar-se o mais cedo possível. Muitos problemas oftalmológicos não apre-sentam qualquer sintoma ou só apresentam em fases mais tardias, quando os danos visuais são irreversíveis. Cerca de 80% dos casos de perda de visão poderiam ser evitados se fossem diagnosticados precocemente.

O teste do olhinho é a primeira avaliação que deve ser realizada ainda nos recém-nascidos. Ele diagnostica, entre outras doenças, a catarata e o glaucoma congénitos. A criança deve também realizar rotineiramente uma consulta oftalmo-lógica em idade pré-escolar. A frequência de novas consultas é orientada pelo médico de acordo com o caso. Os pais também devem estar atentos a mudanças na coloração dos olhos, lacrimejamento excessivo, secreção ocular, desvios na posição dos olhos e deficiências na aprendizagem escolar, que podem ser os primeiros sinais de problemas sérios. Em relação aos adultos, o recomendável é que visitem o oftalmologista uma vez por ano. O exame clínico e outros testes podem diagnosticar precocemente várias doenças que se não tratadas adequadamente podem levar à cegueira.

Além das consultas oftalmológicas regulares, cuidados simples podem ajudar a manter sua visão saudável. Usar bonés, chapéus e óculos escuros com proteção ultra violeta para proteger os olhos, especialmente no verão, período em que a luz solar é refletida intensamente; Nunca usar lentes de contato sem prescrição e acompanhamento médico; Intercalar o uso do computador com pausas para evitar ressecamento da superfície ocular. Estas são medidas simples que ajudam a preservar a sua visão.

Presbiopia, popularmente co-nhecida como “vista cansada”, é a anomalia da visão que ocorre com o envelhecimento da pes-soa, ocasionando o enrijecimento dos músculos ciliares, ocorrendo por volta dos 40 anos de idade. Pessoas com Hipermetropia ou Diabetes Mellitus tendem a apre-sentar a presbiopia mais precoce-mente, por volta dos 35 anos.A presbiopia é causada por vá-rios fatores, entre eles o aumen-to contínuo do cristalino e perda de elasticidade de sua cápsula, o que leva a que os músculos cilia-res não consigam mais modificar o seu formato, causando falta de focalização para as imagens de perto. Este processo é progressi-vo, e piora com o aumento da ida-de, mas normalmente estabiliza--se por volta dos 60 anos.A correção deste processo é rea-lizada com o uso de lentes corre-toras multifocais, bifocais ou pelo uso de óculos para leitura. Exis-tem cirurgias experimentais, que visam aumentar o espaço onde o cristalino se encontra, fazendo com que este volte a ter capaci-dade de acomodação, mas isso só faz adiar o aparecimento da presbiopia.

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consiste na opacidade parcial ou total do cristalino ou da sua cápsula. traumatismo, idade avançada, diabetes e uso de medicamentos estão entre os fato-res que podem desencadear a doença. os sintomas são descritos como um embaçamento progressivo da visão. A catarata congénita é uma importante causa de cegueira infantil e pode ter caráter hereditário ou estar ligada a infeções adquiridas pela mãe durante a gestação. O exame pré-natal, neste segundo caso, é a maneira de se prevenir a doença nos filhos

comum entre as crianças, mas pode ocorrer também nos adultos. Quando o desvio ocorre nos primeiros cinco anos de vida e não é tratado adequadamen-te pode comprometer de maneira irre-versível o desenvolvimento da visão no olho afetado. Devem ser estudadas as causas, que podem incluir doenças neu-rológicas, tumores cerebrais, traumas, problemas na tiroide, entre outras. A ci-rurgia é indicada em alguns casos.

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A Sociedade Portuguesa de Oftalmolo-gia deixa 10 conselhos para uma visão mais saudável:1 – Alimentação equilibrada e exercí-cio físicoUma alimentação equilibrada aliada à prática de exercício físico contribuem para a saúde dos olhos. Isto porque do-enças relacionadas com a alimentação e o estilo de vida, como a hipertensão e a diabetes tipo II, podem comprometer seriamente a saúde dos nossos olhos. A retinopatia diabética, por exemplo, continua a ser uma importante causa de cegueira em Portugal.2 – Repouso ocularQuando realizamos tarefas que exigem esforço visual ao perto, como a leitu-ra ou a utilização de computadores e monitores, deveremos fazer intervalos regulares para que possa de novo ha-ver um normal reflexo do pestanejo. Este está diminuído durante o estado de concentração aplicado à realização de tarefas de perto. A posição dos ecrãs do computador e da televisão deve ser corrigida de forma a evitar os reflexos. Os olhos devem estar num plano ligei-ramente acima do centro do monitor do computador e a uma distância da televi-são equivalente a cinco vezes a largura do ecrã.3 - Óculos de SolOs olhos devem ser protegidos com ócu-los de sol durante todo o ano. As lentes não precisam de ser escuras, mas devem conter filtros para os raios UV. Quem usa óculos escuros mas sem filtros para raios UV está tão exposto aos efeitos nocivos da luz solar como quem não os usa. É importante lembrar que a luz so-lar está na origem de patologias graves como sejam a catarata e degenerescên-cia macular ligada à idade.

4 – Cuidados na infânciaCerca de 20% das crianças em idade es-colar têm algum défice da função visual capaz de interferir com o rendimento escolar. A deteção precoce dos proble-mas visuais das crianças através de ras-

treios deverá começar a partir dos 2/4 anos. Dores de cabeça, olhos vermelhos, inchados ou lacrimejantes, estrabismo e fotofobia (dificuldade em suportar a luz) são sintomas que não podem ser ignorados e devem levar os pais a pro-curar um oftalmologista.

5 – AlergiasA conjuntivite alérgica, que atinge uma percentagem significativa da popula-ção portuguesa, em especial a camada mais jovem, é uma doença inflamatória da superfície ocular externa que se ma-nifesta através de prurido, sensação de ardor nos olhos, lacrimejo, olhos ver-melhos, fotofobia e edema (inchaço) da conjuntiva e das pálpebras. Para tratar a conjuntivite alérgica são utilizados anti-histamínicos e ou corticosteroides tópicos (sempre recomendados pelo oftalmologista). Mas, tal como aconte-ce com outras manifestações alérgicas, deve prevenir-se o desencadear ou o agravamento evitando a exposição aos alergénios.

6 – Hidratação ocularA síndrome vulgarmente chamada de “olho seco”, é uma patologia inflama-tória que atinge 10-20% da população adulta. Desconforto ocular, ardor, sensa-ção de corpo estranho e olho vermelho são alguns dos sintomas de alerta para

10 MANDAMENTOS DA SAÚDE OCULAR

esta e outras formas de inflamação ocu-lar. O tratamento é sintomático, devendo ser utilizadas substâncias lubrificantes denominadas lágrimas artificiais.

7 – Proteção ocular na prática des-portiva As lesões oculares que ocorrem duran-te alguns tipos de desporto podem ser graves e comprometer a qualidade da visão. Tem sido demonstrado que o uso de protetores oculares atualmente dis-poníveis reduz o risco de lesão ocular em, pelo menos, 90 por cento.

8 - Cuidados depois dos 40Depois dos 40 anos os cuidados com a visão devem redobrar-se e a visita ao oftalmologista deve ser feita pelo menos de dois em dois anos, numa consulta que deve incluir observação do cristali-no e da retina, medição da tensão ocular (caso seja elevada podemos estar peran-te um caso de glaucoma), e verificar se há necessidade de correção de ametro-pias (uso de óculos com graduação).

9 – Cuidados redobrados com as len-tes de contactoA SPO recomenda a quem usa lentes de contacto que cumpra de uma forma sis-temática os cuidados de higiene aconse-lhados na manipulação e manutenção das mesmas. A SPO recomenda ainda evitar dormir com as lentes de contacto colocadas, evitar exposições ambientais agressivas e, caso surjam fenómenos de olho vermelho com desconforto associa-do, a sua imediata remoção.

10 – Em caso de dúvida consulte o seu oftalmologistaOs oftalmologistas são os especialistas médicos mais habilitados para diag-nosticar e tratar as doenças dos olhos. Se notar alguma alteração na sua visão, procure um oftalmologista.

PrEvEnção é EssEnCIAlsAÚdE oCULAr

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a importância de uma boa alimentaçãoUma dieta equilibrada composta por um leque alargado de vitaminas e mi-nerais é essencial para uma boa visão, ajudando assim a manter os olhos saudáveis em crianças e adultos. Os fatores nutricionais podem colaborar na saúde ocular, pois protegem os olhos de danos oxidativos, mantêm a função no nervo ótico e reduzem o risco de cegueira noturna.Estudos dizem que vitaminas, carotenoides e minerais podem ter um impor-tante papel na saúde ocular. Esses nutrientes devem ser obtidos através dos alimentos, pois não são fabricados pelo corpo humano. Vitaminas e minerais são, portanto, essenciais para manter os olhos saudáveis e uma boa visão.

saúde dos olhosÉ muito importante cuidar bem da saúde dos olhos. Há vários fatores que influenciam e aju-dam a manter os olhos sempre saudáveis. Seguem-se algumas dicas: - Durma bem;- Tenha uma boa alimenta-ção;- Não fume;- Diminua o stress;- Proteja os olhos do sol;- Evite comprar óculos por conta própria em lugares não confiá-veis. Prefira as óticas especiali-zadas e compre de acordo com a prescrição médica;- Óculos e lentes de contacto são objetos pessoais e nunca devem ser emprestados;- Lave e seque bem as mãos quando for colocar as lentes de contato. E não se esqueça de lavá-las com a solução específi-ca;- Não durma com lentes de con-tato, em circunstância alguma. Não é recomendado dormir sem tirá-las;- Submeta-se ao exame de acui-dade visual pelo menos uma vez por ano. Com ele, é possível diagnosticar a necessidade ou não do uso dos óculos e o grau correto das lentes;- O uso dos óculos escuros ajuda a proteger o envelhecimento dos olhos e também da pele. Além disso, use filtro solar específico para a área dos olhos, pois ele evita rugas e manchas que apa-recem com o tempo.

Os oftalmologistas são os especialistas médicos mais habilitados para diagnosticar e tratar as doenças dos olhos. se notar alguma alteração na sua visão, procure um oftalmologista

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TEr um anImaLdE ComPanhIa ExIgE…

• Ter disponibilidade de tempo para in-teragir com ele; • Garantir e salvaguardar os cuidados (alimentação, higiene, saúde, etc.) que ele precisa; • Criar regras através de treino; • Socialização e integração do animal no espaço público; • Exige, acima de tudo, que você seja res-ponsável e consciente, uma vez que um animal depende de si para ter uma vida saudável e feliz. Seja fiel ao seu animal como ele lhe é a si.

ZooTEraPIa,uma PoTEnCIaL TEraPêuTICa

Desde a antiguidade que é praticada a zooterapia, uma terapia baseada entre a relação de humanos com animais. De acordo com estudos científicos divulga-dos, as terapias assistidas com animais, dirigidas a todos os tipos de pacientes, desde crianças com problemas psico-motores até idosos ou doentes mentais, têm inúmeros benefícios.

BEnEfíCIos da ZooTEraPIa• Apesar de não curarem, estas práti-cas ajudam os pacientes a recuperar a autoestima, a fomentar a interação e as relações sociais, a adquirir uma maior autonomia e a desenvolverem melhores capacidades de linguagem e movimento;• Promovem o desenvolvimento emo-cional através do vínculo criado entre o paciente e o animal;• No caso das crianças, motiva-as a pen-

sar e a aprender, proporciona atividades interessantes e estimula a participação de crianças mais tímidas nas atividades em grupo;• No caso dos idosos, afasta sentimen-tos de frustração, solidão, ansiedade e tristeza.

quE vaCInas são nECEssárIas nos CãEs E nos gaTos?

Dependendo da localidade onde mora, algumas infeções podem ser mais ou menos frequentes. O seu veterinário pode analisar os riscos nas suas circuns-tâncias e aconselhá-lo sobre o programa de vacinação. O leque de vacinas dispo-nível para cães inclui Esgana, Parvovi-rose, Hepatite Infeciosa, Leptospirose, Laringotraqueíte, Raiva e Piroplasmose. Os cachorros e gatos precisam de to-mar várias doses de vacinas. A primeira dose é a dose de preparação e a segunda dose, o chamado reforço faz com que a resposta seja maior e a imunidade se torne mais longa.

dEsParasITação Existem vários tipos de parasitas:

• Ectoparasitas:Vivem na pele e pelo do animal;• Endoparasitas:Alojam-se nos intestinos.

Os parasitas são prejudiciais à saúde do animal e em alguns casos às pesso-as porque podem transmitir doenças. A transmissão pode ser por contacto dire-

SAÚDE ANIMAL

to ou indireto, com resíduos do animal (urina e fezes), com saliva, pele ou pelos, por arranhão, mordedura ou picada de pulgas ou carraças. Crianças, idosos, grávidas e imunode-primidos são particularmente vulnerá-veis a este contágio, devendo ter mais cuidado. Muitos dos animais jovens já nascem com parasitas transmitidos pela mãe ou adquirem através do leite, por isso, de-vem ser desparasitados a partir das seis semanas de vida, de 15 em 15 dias, até aos três meses. Na idade adulta a desparasitação pode ser feita anualmente, cada seis meses ou de 4 em 4 meses, dependendo de vários fatores: • Idade e estado fisiológico (gestação/amamentação); • Alimentação (Ração ou restos de comi-da e vísceras); • Ambiente em que vive (Exterior ou in-terior); • Contacto com outros animais.

Para desparasitação intestinal existem vários produtos disponíveis: • Comprimidos, xaropes ou pastas, depen-dendo da facilidade de administração.

A infestação por parasitas externos (pulgas, carraças, etc.) deve ser preveni-da com recurso a: - coleiras inseticidas, soluções para unção, sprays, pós pipetas de aplica-ção na pele com durações de proteção variáveis.

PorquE os AnImAIs são nossos AmIgossAÚdE AnimAL

Higiene é saúde... O primeiro dos cuidados pas-sa pela higiene, essencial quer quando o animal está só em casa, quer quando vai à rua: - Reserve-lhe um espaço próprio, mas separe a zona de alimenta-ção da zona destinada às “ne-cessidades” fisiológicas;- Use utensílios próprios para os alimentos e a água, nunca a lou-ça da família;- Mantenha limpo o caixote de areia do gato, substituindo-o pelo menos uma vez por semana e colocando-o num chão lavável (um tapete é um alvo fácil da urina);- Na rua, eduque o seu cão para fazer as “necessidades” em lo-cais próprios e de forma a que não ponha em risco a saúde das pessoas.

Proteger toda a famíliaDesparasitar os animais é o pri-meiro passo para os proteger e, com eles, toda a família. Mas há mais cuidados: - Levar ao veterinário com regu-laridade para cumprir os esque-mas de desparasitação e vaci-nação; - Alimentar com alimentos cozi-nhados ou ração e nunca carne crua; - Limpar o local reservado ao animal; - Evitar o contacto com crianças, grávidas, idosos e imunodepri-midos; - Lavar as mãos depois de con-tactar com animal; - Manter uma boa higiene do animal.

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dependendo da localidade onde mora, algumas infeções podem ser mais ou menos frequentes. o seu veterinário pode analisar os riscos nas suas circunstâncias e aconselhá-lo sobre o programa de vacinação. o leque de vacinas dis-ponível para cães inclui Esgana, parvovirose, Hepatite infeciosa, Leptospirose, Laringotraqueíte, raiva e piroplasmose

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Revista Pontos de Vista (RPV) Um pa-recer do CNECV, do qual foi relatora, no final do ano passado, criticou as campanhas de marketing realizadas por empresas privadas que fazem a criopreservação das células do sangue do cordão umbilical. De que forma podem coincidir no mesmo mercado o setor privado e o público? Estarão os privados somente apos-tados em estratégias de marketing agressivas e pouco transparentes, di-rigidas a um público numa fase par-ticularmente vulnerável da sua vida?Maria do Céu Patrão Neves (MCPN) A reflexão ética desenvolvida no Relató-rio que fundamenta o Parecer sobre os Bancos de Sangue do Cordão Umbilical, Tecido do Cordão Umbilical e Placenta destaca a informação como um requisi-to essencial para a legitimação ética de um qualquer procedimento no domínio da assistência clínica. O Relatório aponta especificamente para a exigência de qualidade da infor-mação prestada, problematizando-a no plano quer pessoal, quer coletivo. No plano pessoal, a informação dirige-se aos potenciais dadores (bancos públi-cos) / clientes (bancos privados) e deve ser: objetiva, rigorosa e atualizada no que se refere às capacidades efetivas e às potencialidades terapêuticas das cé-lulas do sangue do cordão; prestada por um profissional de saúde com formação neste domínio particular e atempada-mente para que a grávida possa decidir tranquilamente, contemplando as dife-rentes finalidades possíveis a atribuir ao sangue do cordão e mantendo sempre a prerrogativa de recusa. Nenhum destes requisitos é hoje prática comum.No plano coletivo, a informação dirige--se à sociedade em geral e fundamenta--se no direito à informação que assiste a todos os cidadãos. A sua transmissão faz-se através quer de notícias, quer de publicidade, sendo que, por ambas as vias, conta sempre com uma influência preponderante dos promotores. Estes tendem a hiperbolizar as possibilidades terapêuticas e a esquecer as dificulda-des técnico-científicas. Uma informação coartada, enviesada, hiperbolizada, tan-to no plano pessoal como no coletivo, torna-se instrumentalizadora do pro-cesso de tomada de decisão.

É, pois, sempre a qualidade da informa-ção que importa garantir no processo de recolha do sangue do cordão, quer para bancos privados, quer públicos.

RPV Na opinião de especialistas não há utilidade na criopreservação das células do cordão umbilical e a rela-ção custo/beneficio não compensa a probabilidade de virem a ser utiliza-das algum dia. Partilha desta opinião? Jorge Sequeiros (JS) Sim, a conserva-ção em bancos privados têm preço mui-to elevado, inacessível a muitos casais, e pago com sacrifício por outros que acreditam comprar um “seguro de vida” para os filhos. Na verdade, a probabili-dade de serem usadas é de 5 em 100 mil (citada pelas empresas) até 4 por mi-lhão (na literatura científica e mais pró-xima da real). Se uma criança nasce com doença hereditária que possa beneficiar de transplante, terá de recorrer ao ban-co público, pois as suas próprias células têm o defeito genético que se pretende curar. O mesmo acontece em muitas leu-cemias, em que o sangue do cordão já tem células malignas à nascença.

RPV Enquanto Professora Catedrá-tica de Ética, até que ponto acredita que a atuação dos bancos privados, nas promessas que fazem, vão contra a Ética Profissional?

Criopreservação das células do sangue do cordão umbilical. Este tem sido um tema que tem dado que falar na praça pública, pois existe aqui uma espécie de «conflito» entre a atuação dos bancos privados e a própria posição do banco público. O CNECV tem vindo a trabalhar nesta problemática em prol dos pais e famílias portuguesas. A Revista Pontos de Vista conversou com Jorge Sequeiros e Maria do Céu Patrão Neves, ambos Membros do CNECV - Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, que nos deram a conhecer a realidade atual, lembrando que é fundamental que em cada país exista pelo menos um banco público para garantir a equidade na acessibilidade. É ainda de salientar que esta dinâmica surge depois de um parecer emitido conjuntamente pelo CNECV e pelo Comité de Bioética de Espa-nha (CBE) no final do ano passado. Saiba mais de uma entrevista bastante reveladora e esclarecedora.

“DISCUTE-SE A COOPERAÇÃO ENTRE bANCOSPÚbLICOS E PRIVADOS DO SANgUE DO CORDÃO”

MCPN Toda a transmissão de informa-ção deliberadamente coartada, envie-sada, hiperbolizada, ou ainda deficiente por negligência profissional constitui uma violação da deontologia profissio-nal e uma ofensa grave à ética pessoal.

RPV Acredita que, quando os proge-nitores decidem pagar para congelar as células dos seus filhos, o fazem de forma esclarecida ou essencial-mente pressionados por estratégias de marketing agressivas feitas pelos laboratórios privados? Estas empre-sas privadas não informam correta-mente os pais do verdadeiro custo/ benefício da criopreservação e criam ilusões nos pais que nem sempre cor-respondem à realidade?MCPN Não disponho de dados objetivos oficiais, estatísticos, para lhe apresentar. Não obstante, não há qualquer dúvida entre os profissionais que diferente-mente se relacionam com esta realida-de, que a esmagadora maioria dos futu-ros pais que pagam a criopreservação das células do cordão estão insuficiente e deficientemente informados, por dife-rentes ordens de razões.Praticamente a única vantagem que um banco privado oferece em relação a um banco público, é o de assegurar a pos-sibilidade de um transplante autólogo, do acesso exclusivo do próprio às suas

células - uma vantagem, afinal, negligen-ciável quando a hipótese que tal venha a ser necessário e eficaz e que as amostras estejam em condições para transplante são muitíssimo remotas. Por outro lado, um banco público que esteja a funcio-nar plenamente, terá muitíssimo mais hipóteses de ser útil a alguém, dador ou não-dador, pelo maior número de amos-tras disponíveis num regime de acesso universal. Hoje não encontro qualquer justificação para uma grávida preferir um banco privado a um público.

RPV Recorrer à criopreservação das células através dos bancos públicos, por sua vez, é algo que aconselha aos pais que têm esta decisão em mãos?JS É essa a posição dos Conselhos de Bio-ética português e espanhol num Parecer conjunto. O sangue do cordão é cada vez mais usado como alternativa a transplan-tes de medula óssea, mais limitados e com mais complicações. Ao fazer a doa-ção a um banco público, os pais aumen-tam a probabilidade de crianças e adul-tos com doenças do sangue, em qualquer parte do mundo, encontrarem um dador. O sangue de cordão, o cordão e a placenta são habitualmente descartados. Se forem devidamente colhidos e guardados, po-derão vir a ajudar quem deles precisar. Ainda hoje, há doentes que não encon-tram dador compatível. Por isso, é uma questão de justiça e de direitos humanos.

RPV Para controlar esta publicidade enganosa é pedida “particular aten-ção das autoridades reguladoras da publicidade” às ações realizadas em maternidades, serviços de obstetrí-cia e centros de saúde. Tem havido este controlo? De que forma o mesmo deve ser feito?MCPN A situação pode ser diferente em diferentes unidades de prestação de cuidados de saúde obstétrica. Porém, o que tem prevalecido é a abundante disponibilização de prospetos publici-tários de bancos privados, quando não a referência aos mesmos por parte de profissionais de saúde e até a recolha de sangue do cordão umbilical, em unida-des de saúde públicas, por profissionais de saúde integrados no serviço nacional de saúde a procederem a recolhas para bancos privados. O CNECV, através do

CnECv - ConsElho nACIonAl DE étICA PArA As CIênCIAs DA vIDACONSERVAÇÃO DAS CÉLULAS

EsTAminAis

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maria do céu patrão neves Jorge Sequeiros

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Pontos de Vista Julho 2013

seu Parecer, espera contribuir decisiva-mente para a alteração desta situação.

RPV Bancos públicos e privados são al-ternativas ou serviços diferentes. E po-dem coexistir, cooperando até entre si?JS São modelos económicos distintos, mas também serviços diversos. E assen-tam em valores e princípios éticos muito diferentes. Os bancos privados são proi-bidos em países como França ou Itália e têm merecido fortes reservas de todos os comités de ética nos países que se pronunciaram. Os conselhos português e espanhol decidiram que se deveria “pro-mover a doação altruísta e gratuita” e “desincentivar fortemente” a criopreser-vação comercial feita para uso exclusivo do próprio, pela falta de utilidade clínica, mas também porque compete com os pú-blicos para as amostras disponíveis, “com consequente prejuízo do bem comum”. Na minha opinião, será muito difícil ha-ver cooperação entre bancos públicos e privados, pois estes têm padrões de qualidade na colheita muito menores (é seu interesse aproveitar o maior número possível de amostras), inaceitáveis para as redes de bancos públicos.

RPV Quais são os principais fatores diferenciadores do banco público em relação aos bancos privados? Será possível, num futuro próximo, aliar

esforços entre o setor público e o privado nesta área? Que mais-valias poderiam ser retiradas?MCPN Muito brevemente, bancos priva-dos e públicos são de natureza diferente, na medida em que os primeiros se cons-tituem como empresas comerciais que prestam um serviço a quem o possa pa-gar e os segundos se constituem como or-ganismos de prestação de serviços dispo-nibilizados gratuitamente aos cidadãos que deles careçam. Por isso, os privados procuram angariar clientes e os públicos esforçam-se por sensibilizar potenciais dadores. No que se refere aos princípios éticos orientadores, podemos igual-mente apontar diferenças fundamentais entre bancos privados e públicos: estes invocam os princípios do altruísmo, da gratuitidade, da confidencialidade (ético--jurídica) e da máxima qualidade; os pri-vados reclamam também os princípios da confidencialidade (jurídica) e da qua-lidade, sem que possam reivindicar o do altruísmo e o da gratuitidade.

RPV Os bancos privados são proibi-dos em alguns países. Na sua opinião, deveria adotar-se o mesmo modelo em Portugal?MCPN Nos países em que o primeiro banco de sangue do cordão umbilical instituído foi público, não há qualquer justificação para que os bancos privados

sejam autorizados. Bem pelo contrário, não só a função que viriam desempe-nhar já está coberta como viriam com-petir com os bancos públicos afetando negativamente os seus serviços, ao tra-varem o potencial aumento do número de amostras depositadas, sem trazerem qualquer mais-valia para a sociedade. Porém, no contexto mundial, a iniciati-va de criação de bancos de sangue do cordão foi do setor privado pelo que, em muitos países, os primeiros bancos ins-tituídos foram privados não existindo, na minha perspetiva, qualquer justifica-ção para serem coercitivamente encer-rados, exceto por falta de cumprimento das exigências técnico-científicas ou dos requisitos ético e legais.Um sistema misto, em que bancos públi-cos e privados coexistam numa relação de complementaridade e não de com-petição é possível, e pode trazer benefí-cios, desde que se proceda a um rigorosa uniformização dos sistemas de colheita, manuseamento e conservação, segundo padrões internacionais. Em todo o caso, o fundamental é que, em cada país, exis-ta pelo menos um banco público para garantir a equidade na acessibilidade.

RPV Portugal tem apenas um banco público de sangue do cordão umbili-cal. É suficiente?JS Penso que sim. Não só é suficiente,

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como deve mesmo ser único. O Pare-cer português e espanhol não se refe-re a isso, pois em Espanha (país muito maior) algumas Regiões Autónomas já têm ou querem ter o seu banco próprio. De qualquer modo, os bancos públicos tendem a articular-se em redes a nível mundial e isso é que é importante, pois aumenta muitíssimo a probabilidade de se encontrar um dador compatível, quando necessário.

RPV Acredita que estas células pode-rão ter potencial na medicina regene-rativa? Quais as áreas que têm, na sua ótica, maiores potencialidades para a utilização das mesmas? Como vê a evolução desta área da medicina nos próximos anos?JS Há já inúmeros trabalhos científicos que mostram que não só o sangue do cordão umbilical, mas também célu-las estaminais derivadas do cordão e placenta poderão vir a ser usados no tratamento de lesões neurológicas (aci-dentes vasculares cerebrais), da pele (queimaduras), enfartes do miocárdio ou de outros órgãos, e até em doenças degenerativas. No entanto, isso perma-nece ainda como investigação e não sa-bemos ainda quando poderá ser aplica-do à clínica. Qualquer promessa dessas aplicações, a curto-médio prazo, é mera especulação.

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A Crioestaminal foi a primeira empre-sa portuguesa a fazer, em território nacional, a criopreservação das célu-las estaminais do cordão umbilical. Desde essa altura, de que forma tem evoluído esta área? A utilidade das mesmas é crescente e tem-se alargado ao tratamento de novas doenças?A evolução tem sido extremamente po-sitiva. A nível internacional verificaram--se fortes progressos nos últimos 10 anos, desde logo o número de transplan-tes realizados com sangue do cordão umbilical guardado em bancos públicos e familiares em 2003 era cerca de 2.500 transplantes hoje já são mais de 30.000 – o crescimento foi exponencial. Em Portugal, a evolução tem sido igual-mente positiva. Quando a Crioestami-nal nasceu há 10 anos como pioneira na área da criopreservação de células estaminais assumiu desde o primeiro momento a missão de contribuir para esta evolução, nomeadamente para o aumento das oportunidades de trata-mento existentes e futuras com células estaminais. Para atingir esse fim, a Crio-estaminal atua com 2 objetivos: primei-ro, guardar as células estaminais do san-gue e do tecido do cordão umbilical para disponibilizá-las aos doentes em caso de necessidade; segundo, a Crioesta-minal investe em investigação e desen-volvimento promovendo o alargamento de aplicações de vanguarda com células estaminais.Estes objetivos demoram tempo a atin-gir, mas julgo que, ao longo destes 10 anos demos passos importantes: Por um lado, foi feito um grande esforço para divulgar a existência da possibili-dade de guardar um bem que pode ser utilizado para o tratamento de mais 80 doenças. Em segundo lugar, as células estaminais do sangue do cordão criopreservadas em bancos familiares já ajudaram várias crianças no tratamento de doenças gra-ves, por exemplo casos de imunodefici-ência severa combinada e de paralisia cerebral. No total, as amostras guarda-das na Crioestaminal já contribuíram para 12 transplantes em 7 crianças.O caso da paralisia cerebral é um bom exemplo do potencial de utilização das células estaminais. A utilização aconte-ceu no âmbito de um ensaio clínico na

Universidade de Duke no Estados Uni-dos. Existem cerca 400 ensaios clínicos com células estaminais do sangue do cordão umbilical e 40 com as células mesenquimais do tecido do cordão umbilical. É expectável que ao longo do tempo, a utilidade destas células vá para além das 80 doenças já mencionadas. Agora, há que ter em atenção que esta área de investigação é, para standards da medicina, muito recente. Mesmo em áreas maduras, o processo de I&D de uma nova terapia demora 5-10 anos, pois têm de passar por várias fases de ensaios clínicos, começando na inves-tigação base in vitro até ser testado em humanos. É natural que numa área

Segundo alguns, a conservação do sangue e tecido do cordão umbilical e placenta em bancos privados assenta num modelo comercial, por oposição aos princípios do altruísmo subjacentes aos bancos públicos. Têm também critérios de seleção e qualidade menos estritos e fazem promessas de aplicações irrazoáveis. Estas são algumas das críticas feitas aos bancos privados de conservação do sangue e tecido do cordão umbilical e placenta. Quisemos compreender este setor e saber se, de facto, os privados estão somente apostados em estra-tégias de marketing agressivas e pouco transparentes, dirigidas a um público numa fase particularmente difícil. Quisemos saber mais e conversámos com André Gomes, Administrador Executivo da Crioestaminal, que abordou esta temática, bem como o desenvolvimento pela qual se tem pautado a primeira empresa portuguesa, em território nacional, a fazer a criopreservação das células estaminais do cordão umbilical. Saiba mais.

“A CRIOESTAMINAL DEfENDE A COExISTêNCIADE bANCOS fAMILIARES E bANCOS PÚbLICOS”

nova como a das células estaminais, os progressos sejam mais demorados. Em 2012 tivemos um sinal claro que os tratamentos estão a chegar à utilização clínica quando foi aprovado um pri-meiro medicamento à base de células estaminais (para além dos transplantes utilizados para o tratamento da 80 do-enças referidas) indicado contra a doen-ça do enxerto contra hospedeiro aguda. Estamos convictos que é o primeiro de muitos tratamentos que vão contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos doentes.

Quais são para si as áreas da medicina em que as células estaminais poderão

ter maior potencial de utilização num futuro próximo? Esta expectativa de que as mesmas poderão ser utilizadas para outros fins, para além daqueles que atualmente já são viáveis, é aquilo que mais motiva os pais na altura de investir na criopreservação?

Existem várias áreas em que as células estaminais podem contribuir imenso para o avanço da medicina e a atribuição do Prémio Nobel da medicina em 2012 a dois investigadores da área das células estami-nais é uma prova clara disso. No que diz respeito às células estaminais do sangue do cordão umbilical estão a decorrer en-saios clínicas em áreas como a diabetes tipo 1, lesões da espinal medula, doença vascular periférica, doenças neurologicas, como paralisia cerebral e autismo. As células mesenquimais do tecido do cordão umbilical estão a ser investi-gadas no contexto de doenças como a esclerose múltipla, doença vascular pe-riférica, entre outras. A Crioestaminal também está a contri-buir fortemente para I&D com células estaminais. No total, investimos 2 mi-lhões de Euros num conjunto de proje-tos dos quais resultou a primeira paten-te portuguesa para um tratamento com células estaminais do sangue do cordão umbilical. É um tratamento para feridas crónicas em diabéticos.

Alguns críticos dos bancos privados, acusam-nos de se aproveitar de uma

AnDré gomEs, ADmInIstrADor ExECutIvo DA CrIoEstAmInAl, Em EntrEvIstACONSERVAÇÃO DAS CÉLULAS

EsTAminAis

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Fomos também o primeiro banco familiar a criar um departamento de comuni-cação Científica que visa transmitir os avanços desta área aos profissionais de saúde, pois sabemos que estes são muitas vezes con-frontados com perguntas por parte dos pais acerca da criopreservação

“André gomes

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fase particularmente vulnerável do público a que se dirige, através de estratégias de marketing agressivas e promessas de aplicações irrazoáveis. Que comentários esta acusação lhe merece?Entendemos que o objetivo destas crí-ticas é de ajudar os pais. Dito isto, é importante focar nos factos. Desde a sua fundação, a comunicação da Crio-estaminal sempre se pautou por valores claros e indiscutíveis. Consideramos que é a nossa obrigação informar os pais sobre a existência da possibilidade de criopreservar as células estaminais do cordão umbilical e de explicar quais as suas vantagens e limitações. Toda a informação que transmitimos aos pais é fundamentada por estudos científicos e espelha a realidade dos tratamentos atuais e do potencial futuro das células estaminais do cordão umbilical. Fomos também o primeiro banco familiar a criar um Departamento de Comunicação Científica que visa transmitir os avanços desta área aos profissionais de saúde, pois sabemos que estes são muitas vezes con-frontados com perguntas por parte dos pais acerca da criopreservação.Ainda recentemente lançamos um novo site cujo objetivo principal é permitir aos pais obter os conhecimentos neces-sários para tomar uma decisão infor-mada, e aumentamos o investimento na melhoria de outros canais que permi-tem um diálogo alargado com os pais, como o nosso departamento de atendi-mento e o Facebook.Podem ter existido alguns momentos em que a comunicação foi menos cla-ra, mas este tema é complexo e nem sempre fácil de comunicar. Alias, tendo como base uma experiência de 10 anos a trabalhar com os pais tenho uma certe-za – os pais refletem muito e bem sobre a criopreservação, obtêm informação de várias fontes e não se deixam influenciar por promessas. Têm toda a capacidade para tomar as decisões certas.

Em que medida os bancos privados poderão oferecer um serviço com uma qualidade superior à dos bancos públicos? Em que é que ambos dife-rem e que falhas apontaria ao Banco

Público Nacional, recentemente rea-berto depois de ter estado encerrado durante alguns meses?A Crioestaminal defende a coexistência de bancos familiares e bancos públicos, pois ambos complementam-se na sua função base de alargar as possibilidades terapêuticas aos doentes. Nos bancos familiares são armazenadas amostras para uso no próprio (utiliza-ção autóloga) ou em familiares compa-tíveis (utilização alogénica relacionada), enquanto nos bancos públicos são guar-dadas amostras doadas, para serem uti-lizadas em transplantes alogénicos não relacionados. A opção entre um transplante autólogo ou alogénico depende da doença. Em casos como deficiências medulares e tu-mores sólidos, faz-se recurso às células estaminais do próprio paciente, sempre que possível, porque as amostras são 100% compatíveis e não existe risco de rejeição. Em situações de leucemias ou doenças metabólicas opta-se pela uti-lização de células de um dador, prefe-rivelmente de um dador compatível no seio familiar, pois aumenta as probabi-lidades de sucesso do transplante. Hoje, nos bancos familiares grande parte das amostras libertadas é para utilização entre irmãos, pois é entre irmãos que é mais fácil encontrar um dador com a compatibilidade necessária para um transplante devido à probabilidade de compatibilidade ser de 25%. Caso o do-ente não tenha acesso a uma amostra de um familiar, este poderá recorrer a um banco público, seja este de sangue do cordão ou de medula óssea em Portugal ou no estrageiro.Relativamente ao banco público portu-guês, as falhas em termos de qualidade são conhecidas e lamentavelmente le-varam à perda de milhares de amostras. Creio no entanto que o Ministério da Saúde teve a coragem de tomar a atitude correta ao suspender o banco e agora estar a recomeçar a sua atividade com um modelo diferente.

A Crioestaminal é a única empresa portuguesa com uma patente para tratamento baseado nas células es-taminais. Que tratamento é esse que

está a ser desenvolvido? De que forma a empresa se tem mantido sempre na linha da frente no que diz respeito à investigação dentro desta área?A invenção patenteada, a primeira para um tratamento com células estaminais em Portugal, é um gel, constituído por uma cocultura de células estaminais do cordão umbilical humano com célu-las endoteliais derivadas das mesmas células estaminais. Este gel tem como grande vantagem que promove a cica-trização de feridas que normalmente não fecham ou demoram muito tempo a fazê-lo. Estima-se que 10-15% dos pa-cientes diabéticos venham a sofrer des-te tipo de feridas crónicas ao longo da sua vida que hoje não tem solução eficaz e leva em muitos casos à amputação. O sucesso no desenvolvimento desta tec-nologia prende-se com uma aposta con-tinua que a Crioestaminal tem feito ao longo dos anos. Temos hoje uma rede de parceiros nacionais de vanguarda com qual desenvolvemos projetos de I&D. A conjugação do know-how dos investi-gadores e da Crioestaminal na área das células estaminais tem-nos permitido avanços como o da patente.

Hoje, a Crioestaminal é a quarta em-presa europeia do setor, tanto em nú-mero de transplantes como de amos-tras armazenadas. Quais as metas delineadas pela empresa para os pró-ximos anos? Marcar presença nos cin-co continentes é o grande objetivo?Os nossos objetivos estão intimamente li-gados à nossa missão: possibilitar o acesso a terapêuticas avançadas através de pre-servação das células estaminais do cordão umbilical e promover o alargamento das aplicações com células estaminais. Como banco familiar demos um passo com a presença em Espanha para esten-dermos a nossa missão a pais noutros países, e continuamos a estudar a pos-sibilidade de entrar em novos países. A par disso, as terapias que estamos a de-senvolver com o nosso investimento em I&D vão ajudar doentes em todo mun-do. Assim, de forma natural iremos estar presentes nos cinco continentes. No entanto, a internacionalização não é uma obsessão nossa. Em primeiro lugar,

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queremos servir bem os nossos clientes atuais em Portugal e garantir que esta-mos presentes sempre que precisarem.A nível interno, está confiante de que opiniões sobre o setor irão afetar a cre-dibilidades dos bancos privados e que os portugueses, principalmente aque-les que já experimentaram, confiam no serviço que a Crioestaminal tem vindo a prestar ao longo destes dez anos ou os últimos meses foram marcados por al-guma quebra na procura nacional?É natural que criticas sobre a utilidade de serviços inovadores e problemas com o banco público tenha suscitado algumas questões aos pais. Apesar de já existir há 10 anos, a criopreservação é uma tecno-logia relativamente recente na medicina que é uma área de grande responsabili-dade, pois lida com a vida das pessoas. É normal que novas terapias demorem tempo a afirmar-se. Quando Pasteur in-ventou a vacina contra a raiva ou Fleming descobriu a penicilina, estas não foram logo adotadas. Houve muita resistência para a sua adoção. O caso das células estaminais é semelhante. À medida que a utilização das células aumenta na prá-tica clínica, vão surgir novas opiniões a apoiar a criopreservação das células es-taminais. Até lá, vamos continuar a inves-tir em esclarecer os pais e profissionais de saúde sobre as vantagens e limitações das células estaminais do cordão umbili-cal. Até agora temos tido sucesso e temos conseguido em grande parte sustentar o número de amostras que criopreserva-mos. Não estamos totalmente imunes a um decréscimo normal relacionado com o ambiente económico do país e à queda da natalidade, no entanto acreditamos no longo prazo e estamos convictos que o país recuperará a médio prazo.

Que mensagem gostaria de deixar aos pais que carregam neste momen-to a difícil tarefa de decidir aquilo que farão às células estaminais do cordão umbilical do seu filho?Uma mensagem simples, mas impor-tante: é fundamental tomar uma deci-são bem formada. Os pais devem obter informação junto dos profissionais de saúde, amigos, os bancos familiares e outras fontes existentes.

“É natural que críticas sobre a utilidade de serviços inovadores e problemas com o ban-co público tenha suscitado algumas questões aos pais. Apesar de já existir há 10 anos, a criopreservação é uma tecnologia relativamente recente na medicina que é uma área de grande responsabilidade, pois lida com a vida das pessoas. É normal que novas terapias demorem tempo a afirmar-se”

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A importância que a comunidade científica dá ao estudo das célu-las estaminais é tão grande que existem mais de 3.000 grupos de investigação em todo o mundo. Em 2012, os médicos John Gur-don e Shinya Yamanaka recebe-ram o Prémio Nobel da Medicina

precisamente pelos estudos efetuados com células estaminais.O futuro da Medicina passará muito pela utilização das células estaminais. Não apenas no tratamen-to de patologias do foro hemato-oncológico, mas acima de tudo pelas potencialidades que estas po-dem ter na Medicina Regenerativa. As células es-taminais mesenquimatosas recolhidas do cordão umbilical têm um papel relevante pela sua enorme capacidade em se diferenciarem em vários tipos de linhas celulares.Admito que possam existir algumas vozes discor-dantes do que escrevo no parágrafo anterior, mas para esses, já Luís Vaz de Camões respondeu no can-to IV dos Lusíadas, descrevendo o Velho do Restelo. Muito embora saibamos que existem células esta-minais adultas no corpo humano, sendo as células hematopiéticas da medula as mais utilizadas, ape-nas no parto poderemos colher estas células de uma forma indolor e livre de qualquer risco para o dador (neste caso, a mãe).

Importa desde já esclarecer que as células estaminais hematopiéticas, recolhidas do sangue do cordão umbilical, utilizadas para tratamentos de doenças hematológicas, são utilizadas desde 1988. Contam-se já mais de 20.000 transplantes efetuados com estas células, tendo este número aumentado todos os anos. Trata-se pois de uma técnica perfeitamente validada.

“A CRIObAby DEfENDE O SERVIÇOPRIVADO DE CRIOPRESERVAÇÃO”

nuno ArAúJo, DIrEtor gErAl DA CrIobAby hEAlthCArE

CONSERVAÇÃO DAS CÉLULAS ESTAMINAIS a OPiniÃO de...

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Olhando agora para a polémica dos bancos públicos vs privadosPonto prévio: A Criobaby sempre defendeu o Banco Público de Sangue do Cordão Umbilical.

a polémica é absurda e não tem razão para existir. se não vejamos: 1. Um Banco Público não é um Banco Privado gratuito.2. Nos Bancos Públicos as amostras são doadas para a comunidade não tendo a família qualquer direito sobre a amostra.3. Nos Bancos Privados, as amostras ficam guardadas para a família, não podendo ser utilizadas, sem consentimento expresso dos tutores legais.4. A decisão de guardar a amostra num Banco Privado, de forma alguma impede a criança de poder recorrer, se necessário, aos Bancos Públicos.5. Em nenhum país do mundo se idealiza um Banco Público de Sangue do Cordão Umbilical que guarde as amostras de toda a população. Seria economicamente insustentável. A solu-ção passa por criar pequenos Bancos Públicos, pelos diversos países europeus e ligá-los em rede, de forma que um português possa recorrer, por exemplo ao Banco espanhol. 6. No nosso país, estima-se que o Banco Público Português (Lusocord) deverá guardar apro-ximadamente 5.000 amostras, no total. A partir desse número as amostras são descarta-das, como acontece em todos os bancos públicos mundiais.7. Assumindo que a Lusocord conseguiria guardar 1.000 amostras/ano (cenário otimista), temos então 5 anos para que o nosso banco público fique completo.8. Fazendo fé nas previsões que este ano nasçam 90.000 crianças, chegamos à conclusão que todos os anos 89.000 amostras de sangue do cordão umbilical seriam descartadas, caso não existisse uma alternativa privada para as guardar. 9. No melhor ano para os laboratórios privados, 15% da população recorreu aos nossos serviços. Ou seja, dos 100.000 partos da altura, 15.000 amostras foram guardadas nos laboratórios privados. Sobraram 85.000 amostras para serem guardadas no Banco Público.

Ou seja, em momento algum se poderá dizer que existe falta de sangue do cordão umbilical para abastecer o banco público. Muito pelo contrário! Defendo que a Criobaby está a dar uma resposta à população que o Banco público não pode dar.

Por outro lado, existem as questões relacionadas com a compatibilidade:1. A probabilidade de, por exemplo 2 irmão serem histocompatíveis é superior a 25%2. A probabilidade de encontrarmos um dador compatível fora da família é inferior a 0,01%3. Por este motivo é que, em 100% das vezes, procuramos dadores compatíveis dentro da família e só depois tentamos nos bancos públicos.

Reforço que a Criobaby defende a recuperação do Banco Público Português, por termos a cons-ciência que, infelizmente, nem todas as pessoas têm capacidade financeira para recorrer aos serviços dos Laboratórios Privados e porque, mesmo sendo mais provável encontrar um dador compatível dentro da família, muitas vezes não existem familiares histocompatíveis.A Criobaby defende o serviço de privado de criopreservação. Esforçamo-nos diariamente por escla-recer os casais sobre as mais-valias do nosso serviço, para que a escolha seja feita como resultado de uma boa informação, e não pelo aproveitamento do estado de alguma fragilidade emocional que os futuros papás possam estar a viver. Reconheço que muita da animosidade que alguns clínicos demonstram perante os laboratórios privados de criopreservação se deve, em parte, a más práticas comerciais e de informação que alguns laboratórios realizaram no passado (e infelizmente alguns ainda realizam).Felizmente os profissionais de saúde reconhecem a Criobaby como um laboratório sério e credível. A nossa mensagem é verdadeira e é por isso que a Criobaby tem cada vez mais pessoas a recorrer aos nossos serviços, tanto em Portugal como nos restantes países onde estamos presentes.

reforço que a criobaby defende a recuperação do banco público Português, por termos a cons-ciência que, infelizmente, nem todas as pessoas têm capacida-de financeira para recorrer aos serviços dos Laboratórios Priva-dos e porque, mesmo sendo mais provável encontrar um dador compatível dentro da família, muitas vezes não existem familia-res histocompatíveis

“Reconheço que muita da animosidade que alguns clínicos demonstram pe-rante os laboratórios privados de criopreservação se deve, em parte, a más práticas comerciais e de informação que alguns laboratórios realizaram no passado (e infelizmente alguns ainda realizam)”

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