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revista portuguesa de arqueologia vol. 16 2013

revista portuguesa de arqueologia - DGPC · estudo da arqueologia da arquitectura. Procurando atingir aquele intento, tem-se pri- ... Relatório de Progresso. Câmara Municipal de

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revista portuguesa de arqueologiavol. 16

2013

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Índice 05–26 Teorías y métodos de la arqueología cognitiva Ángel Rivera Arrizabalaga 27–61 O sítio do Neolítico Antigo de Cortiçóis (Almeirim, Santarém) João Luís Cardoso, António Faustino Carvalho & Juan Francisco Gibaja Bao 63–79 Perscrutando espólios antigos: a anta de Sobreira 1 (Elvas) Rui Boaventura, Maria Teresa Ferreira & Ana Maria Silva 81–101 Entre mortos e vivos: nótulas acerca da cronologia absoluta do Megalitismo do Sul de Portugal Rui Boaventura & Rui Mataloto103–131 Zambujal (Torres Vedras, Lisboa): relatório sobre as escavações de 2002 Michael Kunst, Elena Morán & Rui Parreira133–135 Magnetic prospecting at Zambujal in 2001: a test for archaeological prospection Helmut Becker137–141 Some notes on a small collection of faunal remains from Zambujal Simon Davis143–147 Datações 14C do Casal do Zambujal Jochen Görsdorf149–165 A Idade do Ferro no concelho da Amadora Elisa de Sousa167–185 Ocupação sidérica na área envolvente do teatro romano de Lisboa: o Pátio do Aljube Lídia Fernandes, João Pimenta, Marco Calado & Victor Filipe187–212 Crónica de onomástica paleo-hispânica (20) António Marques de Faria213–226 A fauna da Idade do Ferro e da Época Romana de Monte Molião (Lagos, Algarve): continuidades e rupturas na dieta alimentar Cleia Detry & Ana Margarida Arruda227–242 La emisión RRC 469 de Cneo Pompeyo hijo Luis Amela Valverde243–275 Uma necrópole na praia: o cemitério romano do Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (Lisboa) Jacinta Bugalhão, Ana Margarida Arruda, Elisa de Sousa & Cidália Duarte277–292 As lucernas do Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros, Lisboa Carolina Grilo293–302 Apostilas epigráficas – 3 José d’Encarnação303–321 Os mausoléus da villa romana de Pisões: a morte no mundo rural romano Carlos Pereira, António M. Monge Soares & Rui Monge Soares323–350 A diarquia sueva: sociedade e poder no regnum dos Quados ocidentais e no Regnum Suevorum (358–585 d.C.) José Galazak351–367 Faiança portuguesa: datação e evolução crono-estilística Tânia Manuel Casimiro369–381 Fortificação, espaço conventual, saneamento e circulação na Idade Moderna em Almeida (Guarda): resultados de intervenções arqueológicas André Teixeira, Teresa Costa & Luís Serrão Gil383–392 Os cachimbos cerâmicos do Palácio Marialva Marco Calado, João Pimenta, Lídia Fernandes & António Marques

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Ocupação sidérica na área envolvente do

teatro romano de Lisboa: o Pátio do Aljube

O presente trabalho diz respeito ao estudo de um conjunto cerâmico encontrado no decurso de uma intervenção arqueológica que teve lugar no Pátio do Aljube em 2009.O local onde foi realizada a sondagem arqueológica situa-se num pequeno pátio por onde anteriormente se acedia ao Museu do Teatro Romano.No decurso da intervenção foi possível a identificação de inúmeros elementos e múltipla informação referente à ocupação deste local durante a Idade Moderna e, inclusivamente, durante épocas anteriores. No entanto, os elementos mais importantes que agora se apresentam dizem respeito ao aparecimento de estruturas e espólio cerâmico enquadráveis cronologicamente na Idade do Ferro.Este local, assim como a área envolvente ao teatro romano inclui-se num projecto de investigação vasto, que decorre desde 2001 e que procura um conhecimento aprofundado não apenas sobre aquele edifício cénico mas, de igual modo, sobre a evolução da ocupação humana ao longo dos séculos nesta área da cidade.

This paper aims to study some Iron Age artifacts found during an archaeological excavation that took place at Pátio do Aljube in 2009.The site is located in a very small alley where lays the main entrance to the Roman Theatre Museum of Lisbon.The human occupation during Modern Age, as a result of the works carried out, offered a large variety of information about the people who lived there. However, the most relevant for the aim of this paper was the appearance of some structures and ceramic sherds that we assume and are sure that they belong to the Iron Age.The involvement of this area is included within the project of the Roman Theater Investigation (since 2001) that has as main goal not only the study of the Roman monument, but all human occupation along the centuries.

Resumo

Lídia Fernandes*João Pimenta**Marco Calado***Victor Filipe****

* Coordenadora do Museu do Teatro Roma-no (Direcção Municipal de Cultura, Câmara Municipal de Lisboa). Arqueóloga, Mestre em História de Arte.** Mestre em Pré--História e Arqueologia - Investigador Museu Municipal Vila Franca de Xira*** Técnico de arque-ologia. Colaborador do Museu do Teatro Romano.**** Arqueólogo. Bol-seiro de Doutoramento (FCT), UNIARQ.

Abstract

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Introdução

A intervenção arqueológica realizada desde 2001 no Museu do Teatro Romano integra-se num projecto mais vasto que tem cumprido o objectivo do estudo daquele espaço cénico, mas também o da sua envolvente.A criação do Museu do Teatro Romano em 2001 deu início a um conjunto de investigações que, não se circunscrevendo à pesquisa documental e cartográfica, abarcou uma sistemática e in-tensa pesquisa arqueológica (campanhas ar-queológicas realizadas em 2001, 2004–2006, 2009 e 2010–2011), assim como um laborioso estudo da arqueologia da arquitectura. Procurando atingir aquele intento, tem-se pri-vilegiado o estudo do espaço cénico romano mas também do edifício onde hoje se instala o museu e das restantes construções que o in-tegram. As múltiplas intervenções arqueológicas reali-zadas confirmam que a construção deste impo-nente monumento constituiu uma alteração defi-nitiva no tipo de ocupação humana desta coli-na, destruindo a anterior ocupação que existiu neste local. Construído nos inícios do século I d.C., a norte dos edifícios onde hoje se instala o museu, o teatro romano condicionou, em grande medida, a instalação de novas construções a sul, quer as atribuíveis aos séculos XVII e XVIII, quer as edificadas durante a reconstrução da cidade após o terramoto de 1755 e que hoje se mantêm.O estudo que agora se apresenta procura ca-racterizar uma parte da ocupação sidérica que terá ocorrido na área envolvente do monumen-to romano e que foi possível compreender pela intervenção arqueológica realizada em 2009, no Pátio do Aljube, local por onde então se acedia ao Museu do Teatro Romano.

1. Áreas arqueológicas intervencionadas

Desde 20011 foram seis as campanhas arque-ológicas realizadas na parte sul do monumento romano, em áreas e edifícios que integram ac-tualmente o Museu do Teatro Romano (Fernan-des, 2006, pp. 181–204).

Outra intervenção foi efectuada no interior do teatro em 2004, concretamente nas banca-das, ao nível superior da imma cavea, ainda que neste local os vestígios arqueológicos se reportem exclusivamente a diacronias referen-tes a vestígios do teatro ou a épocas poste-riores2. Não podemos deixar de mencionar o facto de, em escavações antigas realizadas no interior do teatro romano, terem surgido ma-teriais atribuíveis à Idade do Ferro, ainda que sem contexto definido, indicando uma diacronia ocupacional muito próxima, por exemplo, do que acontece na zona sul, no claustro da Sé de Lisboa. Também aqui materiais cerâmicos atribuíveis aos séculos VIII–VII a.C. e de época posterior, sucedem-se estratigraficamente sob enchimentos de época republicana e romana (Matos, 1994, pp. 32–33).O pátio do edifício pombalino que integra o museu, uma área com cerca de 120 m², foi in-tervencionado arqueologicamente em múltiplas campanhas, levadas a cabo, concretamente, em 2005, 2006 e 2010, durante um período de tempo que abarcou cerca de seis meses3 (Fernandes, 2007, pp. 27–39; Fernandes & Pinto, 2009, pp. 169–188). O projecto de investigação do teatro romano, como referido anteriormente, previa, desde o início, a intervenção de alguns locais, nas ime-diações do monumento, de forma a melhor perceber a sua implantação, assim como a ocu-pação diacrónica desta área da cidade. Neste sentido, foram realizadas em 2009 duas son-dagens arqueológicas, uma no Pátio do Aljube e outra na Rua Augusto Rosa (frente ao n.º 40) em área imediatamente contígua à fachada do museu. O espólio cerâmico que agora se apre-senta foi exumado na campanha arqueológica realizada no primeiro local, que corresponde a um pequeno beco.

2. Intervenção arqueológica no Pátio do Aljube

A intervenção arqueológica realizada em 2009 (21 de Setembro–12 de Outubro 2009) no Pá-tio do Aljube4, trouxe novas informações sobre a ocupação deste local quer durante o período

1 FERNANDES, Lídia - Teatro romano: intervenção arqueológica no teatro romano de Lisboa – campanha de 2001. Relatório preliminar. Câmara Municipal de Lisboa, Museu da Cidade, Lisboa, 2009 (texto policopiado) (relatório entregue ao IGESPAR, aprovado).2 FERNANDES, Lídia - Teatro romano de Lisboa: intervenção de 2004. Desmontagem de muro sobreposto às bancadas. Relatório final de escavação. Câmara Municipal de Lisboa, Museu da Cidade, Lisboa, Fevereiro 2005 (texto policopiado) (relatório entregue ao IGESPAR, aprovado).3 FERNANDES, Lídia - Teatro romano núcleo do Pátio. Intervenção arqueológica no Teatro Romano de Lisboa – campanhas arqueológicas de 2005 e 2006. Relatório de Progresso. Câmara Municipal de Lisboa, Museu da Cidade, Lisboa, 2009 (texto policopiado) (relatório entregue ao IGESPAR, aprovado).4 FERNANDES, Lídia - Relatório final da intervenção arqueológica no Pátio do Aljube (Lisboa, 2009.) Câmara Municipal de Lisboa, Museu da Cidade, Lisboa, Novembro 2010 (texto policopiado) (relatório entregue ao IGESPAR, aprovado).5 Alguns destes resultados foram apresentados na comunicação proferida no Museu do Aljube no dia 15 de Dezembro de 2011 e intitulada: “Do Teatro ao Aljube”.

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moderno quer em época romana e anterior. A intervenção foi realizada por Lídia Fernandes e por Márcio Antunes (Fernandes, Sepúlveda & Antunes, 2012, pp. 44–55), com a participação da empresa de engenharia Loviril.O objectivo desta intervenção era o de con-firmar o urbanismo pré-pombalino, uma vez que a cartografia tradicional indicava o actual Pátio do Aljube como sucessor, após a recons-trução pombalina, do antigo “Beco do Aljube Com Saída”. O troço superior norte desta arté-ria, teria sido desactivada após 1755, apenas se mantendo, em termos de implantação, a sua parte sul, ainda que refeita e com alteração de cota.O facto de termos identificado na interven-ção realizada em 2001 no Museu do Teatro Romano, o antigo “Beco do Aljube por Detrás do Celeiro da Mitra” que se encontra próximo do actual Pátio do Aljube mas localizado cla-ramente a norte, levou a que optássemos pela confirmação arqueológica quanto à correcta implantação do “Beco do Aljube Com Saída” anterior a 1755.Estes dados deparam-se importantes pois pos-sibilitam confirmar a cartografia existente e perceber qual a relação entre as estruturas pré-pombalinas encontradas em 2001 e o ac-tual Pátio do Aljube. Convém referir que aque-las estruturas arqueológicas se localizam na parte sul do edifício pombalino (com entrada

pela Rua de S. Mamede), a uma profundidade superior a 9 m, o que significa que a respectiva implantação se encontra muito próxima do ac-tual Pátio do Aljube5.As condicionantes desta pequena intervenção eram múltiplas, uma vez que o espaço disponí-vel era muito reduzido. O facto de vários edifí-cios terem entrada/saída por este local, levou a que se reservasse uma área de passagem, sendo que a presença de várias infra-estru-turas (canos de esgoto com caixas de visita), constituía outro factor de constrangimento na selecção do local a intervencionar. O Pátio do Aljube localiza-se a norte da Rua Augusto Rosa e a ele se tem acesso por uma escadaria que, daquela rua, permite o acesso ao pátio que agora tratamos (Fig. 1).

2.1. Memória histórica

As alterações urbanísticas introduzidas na re-construção da cidade após o grande terramoto de 1755 procuraram alterar o emaranhado de ruas, vielas e becos que proliferavam em prati-camente toda a zona oriental de Lisboa. A so-lução encontrada, foi-o de forma engenhosa e planificada, criando patamares que detinham uma dupla funcionalidade: por um lado ven-ciam o desnível acentuado da colina, por outro, constituíam uma pragmática solução para dar um destino às largas toneladas de escombros que, volvidos muito tempo à data do cataclismo de 1755, ainda recobriam a cidade. Em muitos locais, no entanto, consegue-se vislumbrar al-guns condicionalismos pré-existentes, os quais, no entanto, só muito raramente são substancia-dos por edificações seiscentistas ou anteriores. Com efeito, tal situação pode verificar-se neste local com a manutenção de alguns eixos de-finidos pela antiga edificação monumental do teatro romano.Considerado como sucedâneo do antigo Beco do Aljube Com Saída, o actual Pátio do Alju-be dá acesso a três edifícios: n.os 2, 3, 4, os quais possuem, simultaneamente, entrada pela Rua de S. Mamede. Estas entradas abrem-se no lado norte do pátio, uma vez que o limite sul é delimitado pela fachada tardoz do edifício do

Fig. 1 – Mapa actual com a localização do Pátio do Aljube.

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Aljube. Um outro edifício delimita, a nascente, este pequeno pátio: trata-se do edifício com o n.º 5 onde hoje se instala o Museu do Teatro Romano e que, pelos estudos desenvolvidos até ao momento, interpretamos como sendo o antigo Celeiro da Mitra (Fernandes & Almeida, 2010, no prelo).Curiosamente, a largura que o actual Pátio do Aljube possui é praticamente coincidente com as dimensões que são indicadas no Tombo de 1755 …6. Se, em época anterior ao terramoto, este pátio se desenvolvia para poente, entron-cando na Calçada do Quebra Costas (Fig. 2), após a reconstrução pombalina, este pátio dei-xa de ter continuação para poente e transfor-ma-se, verdadeiramente, num beco.A intervenção arqueológica que nos propúnha-mos realizar pretendia confirmar esta identifica-ção entre o antigo “Beco do Aljube Com Saída” e o actual “Pátio do Aljube”, uma vez que todas as indicações documentais e cartográficas indi-cavam uma justaposição, com a sobreposição do actual Pátio do Aljube ao antigo beco.

2.2. Estratigrafia e estruturas arqueológicas

A sondagem no Pátio do Aljube foi implantada na parte oeste do pátio e no limite sul, encos-tando à actual fachada tardoz do edifício do

Aljube (Fig. 3). Foram identificados 14 estratos, caracterizados por especificidades distintas, sobretudo ao nível da composição. Salienta--se a criação de “subcamadas” nos estratos 9 e 13 os quais, apesar de se terem distinguido por uma questão de segurança estratigráfica, possuíam características similares aos estratos inicialmente encontrados o que faz com que se tenha optado por esta designação de “a” e “b”. As estruturas identificadas na sondagem arqueológica foram numeradas sequencial-mente de 1 a x, num total de onze.

Fig. 2 – Cópia feita por José Bárcia do desenho

de José Valentim de Freitas, com o título

Planta da Baixa de Lisboa antes do

terramoto, na zona das actuais freguesias da

Sé, S. Tiago, S. Miguel, Castelo e S. Cristóvão e S. Lourenço. Desenho

a tinta-da-china sobre tela. Contém

a inscrição “Copiado de um Borrão de José

Valentim de Freitas. O original existe na Bibliotheca Nacional de Lisboa. J. Barcia copiou” (integra a

colecção do Museu da Cidade, com o n.º Inv.:

MC.DES.4295).

Fig. 3 – Perspectiva de nascente para

poente do Pátio do Aljube antes do

início da intervenção arqueológica e com a marcação no solo, da sondagem a realizar.

6 Com efeito, aos 3,38 m que são indicados no levantamento de Valentim de Freitas,

temos agora 3,62 m, a nascente; a poente, a largura do pátio é de 3,66 m. A parede que o delimita deste lado

tem duas portas. A do lado sul dá serventia

a um dos pátios traseiros dos edifícios

com entrada pela Rua Augusto Rosa, a do lado Norte permite aceder, através de

uma escada, ao pátio tardoz do edifício n.º 9 da Rua de S. Mamede.

No que respeita ao comprimento as dimensões são mais

díspares, uma vez que os actuais 21,63 m são

nitidamente inferiores à dimensão total do beco original, o qual

teria cerca de 33,53 m. A parte restante para

poente corresponde, na actualidade, ao pátio

do edifício n.º 9 da Rua de S. Mamede.

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Quadro 1 – Estratigrafia do Pátio do Aljube.

n.º estrato

c

c

a-

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A E.3 e E.4, correspondem a infra-estruturas recentes e abrangeram uma extensão consi-derável, obrigando a reduzir, a oeste, a área de intervenção. A camada 6 encontra-se asso-ciada à edificação da E.5, sendo que o estra-to 2, que originalmente deveria recobrir toda a área da sondagem (antes da sua violação pela camada 3) se posiciona na metade sul, avançando até à actual fachada tardoz do edifício do Aljube. Sobrepõe-se igualmente às estruturas 5 e 6 (E.5 e E.6) que se dispõem em sentido este/oeste. No limite norte da son-dagem registou-se a presença da estrutura 9 (E.9) a cerca de 1,70 m de profundidade e que alterou a estratigrafia pré-existente (associada aos estratos 7 e 8). Deste modo, apenas uma pequena área sul da sondagem permitiu a detecção de estratos preservados de época mais antiga.Sem nos alongarmos muito nas estruturas da Época Moderna e Contemporânea (Fig. 4), gostaríamos de frisar que a E.6 corresponde à original fachada do edifício do Aljube, ainda que com uma implantação um pouco distinta. Esta estrutura, com reboco branco no seu lado interior (face sul) implantava-se em posição NE/SW, sendo que o limite poente que ob-servámos desta estrutura se encontrava em-bebido na própria edificação actual, isto é, o realinhamento da fachada norte do Aljube em época pombalina, aproveitou, o quanto possí-vel, a antiga fachada do edifício, tendo sido

reerguida seguindo um novo traçado urbanísti-co que obrigou a uma correcção do alinhamen-to das fachadas.O alicerce desta estrutura era de dimensões consideráveis, atingindo uma profundidade superior a 3,60 m ainda que não tenha sido possível atingir o seu limite inferior (Fig. 5). Com efeito, à medida que a escavação progredia, o aparecimento de novas estruturas reduziam, progressivamente, a área disponível para a in-tervenção arqueológica. O nível mais profundo

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Quadro 2 ‐ Estruturas Pátio do Aljube   nº estrutura 

componentes características /descrição 

localização

1  cimento  recobre o pavimento actual. Abrange a totalidade da sondagem

2  pedras em seixo rolado, essencialmente basálticas calçada. Abrange a maior parte da sondagem3  cimento e tijolo  possível caixa de esgoto. Integrada na Camada 4; 

adossada a sul ao edifício do Aljube (fachada norte) e sensivelmente a meio da sondagem 

4  cabos de descarga terra  na parte norte da sondagem; integrada na camada 35  muro em alvenaria   com disposição sensivelmente este/oeste6  muro em alvenaria  com disposição sensivelmente este/oeste, a sul da E.5 

e encostado à fachada norte do Aljube 7  pavimento? localizado na parte SW da sondagem e está em ligação 

à actual fachada norte do edifício do Aljube8  patamar argamassado: alicerce da Estrutura 6 alvenaria grosseira; alicerce com a mesma orientação 

da E.6 mas a uma maior profundidade; avança para norte, alargando inferiormente  

9  Alicerce da E.6  paralelo à E.6; sapata que avança para norte; corresponde à mesma estrutura da E.6 

10  estrutura em pedra vã  no canto SE ao lado da E.6 e sendo envolvida por ela11  estrutura em pedra vã  junto ao perfil norte e nascente 

A E.3 e E.4, correspondem a infra-estruturas recentes e abrangeram uma

extensão considerável, obrigando a reduzir, a oeste, a área de intervenção. A camada 6

encontra-se associada à edificação da E.5, sendo que o estrato 2, que originalmente

deveria recobrir toda a área da sondagem (antes da sua violação pela camada 3) se

posiciona na metade sul, avançando até à actual fachada tardoz do edifício do Aljube.

Sobrepõe-se igualmente às estruturas 5 e 6 (E.5 e E.6) que se dispõem em sentido

este/oeste. No limite norte da sondagem registou-se a presença da estrutura 9 (E.9) a

cerca de 1,70 m de profundidade e que alterou a estratigrafia pré-existente (associada

aos estratos 7 e 8). Deste modo, apenas uma pequena área sul da sondagem permitiu a

detecção de estratos preservados de época mais antiga.

Sem nos alongarmos muito nas estruturas de época moderna (Fig. 4),

gostaríamos de frisar que a E.6 corresponde à original fachada do edifício do Aljube,

ainda que com uma implantação um pouco distinta. Esta estrutura, com reboco branco

no seu lado interior (face sul) implantava-se em posição NE/SW, sendo que o limite

poente que observámos desta estrutura se encontrava embebido na própria edificação

actual, isto é, o realinhamento da fachada norte do Aljube, aproveitou, o quanto

possível, a antiga fachada do edifício, tendo sido reerguida seguindo um novo traçado

urbanístico que obrigou a uma correcção do alinhamento das fachadas.

FIGURA 4

Fig. 4 – Perspectiva de este para oeste

da sondagem, observando-se as várias estruturas

exumadas.

Quadro 2 – Estruturas do Pátio do Aljube.

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foi atingido no limite NW, com uma profundi-dade pouco superior a 4 m (Fig. 5). Neste local atingiram-se margas, de consistências e colora-ções distintas, que correspondem a sedimentos que aparentam ser de deposição secundária, existindo no seu interior fragmentos de dimen-sões variável de calcário margoso amarelado, calcarenito esbranquiçado e nódulos de mar-gas amareladas.O estrato 8 é de composição argilosa, encer-rando materiais cerâmicos de época romana e fragmentos com pinturas em bandas no exte-rior, evidenciando um cariz orientalizante. No entanto, estes materiais surgem em associação com outros de cronologia medieval e moder-na, nomeadamente algumas faianças decora-das a azul e branco. Esta camada encontra-se relacionada com a introdução da E. 8, que é, claramente, uma construção de cronologia mo-derna apesar de desconhecermos a sua funcio-nalidade. O estrato 9, subjacente às camadas 6, 7 e 8, é bastante uniforme, com componente argilo-sa, sendo bastante evidente no perfil poente e apresentando uma coloração avermelhada. Proliferam os materiais cerâmicos da Idade do Ferro, ainda que subsistam alguns da Época Romana. Destacam-se sobretudo bojos, asas

e alguns bordos de ânfora, cerâmica comum, paredes com pintura de bandas na superfície exterior e um grande número de pratos de en-gobe vermelho, assim como fragmentos, essen-cialmente de taças, em cerâmica cinzenta fina com polimento exterior.No interior desta camada surgiu, no canto nor-deste e a cerca de 2,63 m de profundidade (a partir do pavimento actual), uma bolsa de argila queimada, de coloração negra e, simul-taneamente, amarelo/vermelho vivo (Fig. 6) que se sobrepunha a um conjunto de fragmen-tos cerâmicos totalmente rolados. A esta bolsa deu-se a designação de 9-a) uma vez que a camada 9 continuava subjacente. Este depó-sito prolonga-se para poente, numa extensão de quase 1 m de comprimento ainda que, em termos de largura, apenas tenha sido possível observá-la em cerca de 20 cm, dada a exi-guidade do espaço disponível. No canto NE surge, igualmente, um fino estrato de brita de coloração amarelo-torrado, mas sem materiais associados (bolsa 9-b).O estrato 11 localiza-se inferiormente ao 6 e ao lado da camada 9. Apresenta uma potência estratigráfica bastante acentuada a poente. A nascente, posiciona-se por cima da E.10, possi-velmente em conexão, ainda que os materiais

Fig. 5 – Pormenor da bolsa 9-a, sobreposta à estrutura 11 (E.11), localizada no ângulo nordeste da sondagem.

Fig. 6 – Vista superior da sondagem arqueológica (parte nascente) e das estruturas aí detectadas: estruturas 9, 10 e 11 (E.9, E.10, E.11).

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evidenciados não permitam inferir qualquer cronologia uma vez que o estrato 12, associa-do, não forneceu espólio relevante.Os estratos 13, 14, 14-a) e 15 registam-se exclusivamente na parte poente da sondagem uma vez que foi o único local onde se atingiu uma maior profundidade sendo, sintomati-camente, o único espaço em que não se veri-ficaram estruturas. Todos estes estratos são compostos por margas, ainda que apenas o último corresponda, em nossa opinião, ao nível geológico, uma vez que os restantes fornecem material cerâmico ainda que em reduzidíssimo número, correspondendo a sedimentos de de-posição secundária.De assinalar, na C.13, a presença de material de cronologia recuada atribuível generica-mente à II Idade do Ferro, em associação com peças de época posterior, do período romano. Assinala-se a presença de um fragmento de cerâmica do tipo Kuass datável de entre os finais do século IV ao século III a.C.As estruturas que se encontram em associação com os níveis arqueológicos que contêm mate-riais enquadráveis na Idade do Ferro, são duas e de difícil interpretação dado o reduzido es-paço disponível para intervir. De realçar igual-mente, que estas estruturas surgiram a uma pro-fundidade acentuada, entre os 3 e os 4 m de profundidade, pelo que qualquer alargamento da área de sondagem se tornava impossível. A E.10, foi identificada no limite sudeste da son-dagem, a uma cota superior de 38,58 m (c.a.), tendo sido exumada até aos 37,78 m (c.a.). É claramente anterior à E.9 — sapata saliente do alicerce da fachada do edifício do Aljube, atribuível ao século XVI/XVII — tendo sido aproveitada quando este alicerce foi constru-ído. É composta por pedras em biocalcarenito, informes, em pedra vã, não argamassadas. Imediatamente ao lado da estrutura anterior, para norte, foi detectada uma outra: E. 11. Prolonga-se para nascente e para norte, não tendo sido intervencionada para além dos li-mites da sondagem. Esta estrutura encosta à anterior (E. 10) e foi detectada a uma cota de 38,28 m (c.a.) estando subjacente ao estrato 9 e às subcamadas (ou bolsas) 9-a e 9-b. As-senta na camada 13, tendo sido cortada pela

E. 9 (que corresponde, como referido, ao ali-cerce da E. 6) (Fig. 7).Não conseguimos detectar qualquer vala de construção de ambas as estruturas. O facto de se conservar a E.11 imediatamente ao lado da E.9, não se identificando qualquer estrato distinto entre as duas edificações leva a supor que a técnica construtiva empregue na E.9 não tenha recorrido à realização prévia de uma vala7. Esta estrutura, da qual desconhecemos a sua total dimensão, é composta por pedras informes em biocalcarenito. Não atinge o final da sondagem do seu lado poente (Fig. 7) e desconhecemos qual terá sido a sua extensão para sul, uma vez que a E.9, desse lado, a terá cortado. Aquando do seu aparecimento, as bolsas 9-a e 9-b foram individualizadas. Estes dois sedimentos podem corresponder a uma estrutura de combustão pois a coloração referida revela uma acção provocada por al-tas temperaturas (Fig. 6). Localizados na parte mais elevada da E.11, e no limite nordeste da sondagem (prolongam-se nesses dois sentidos para lá dos limites da escavação) foram re-gistados numa área extremamente reduzida o que nos impede a apresentação de qualquer interpretação mais clara sobre a sua presença e função (Figs. 8, 9 e 10).

7 Assim, nesta acentuada pendente do terreno, o subsolo terá sido talhado e as estruturas (E.6 e E.9) terão sido edificadas de sul para norte. Pode-se, no entanto, ainda colocar uma outra hipótese que é a de ter existido efectivamente uma vala de construção, de grandes dimensões, como o que parece exigir a estrutura em questão (tendo sido observada numa profundidade que ultrapassa os 3 m) e de o espaço existente para a intervenção não a ter reconhecido, sobretudo se tivermos em conta que vários estratos se imbricaram naquele, cortando-o e impedindo uma leitura lógica da estratigrafia.

Fig. 7 – Perspectiva final da sondagem

arqueológica, de nascente para poente.

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3. O estudo dos materiais

A leitura estratigráfica efectuada no Pátio do Aljube (Figs. 8 e 9) permitiu vislumbrar a densa e contínua ocupação da colina do castelo ao longo de cerca de três mil anos. Os dados correlacionados com a ocupação sidérica são assaz importantes vindo abrir novas perspectivas sobre a dinâmica interna e organização espacial do antigo povoado que antecedeu a Olisipo romana. Apesar da exiguidade da área intervenciona-da, foi possível escavar e registar níveis pre-servados que cobriam e estavam associados

a duas estruturas em pedra seca (Fig. 10). O estudo do espólio essencialmente cerâmico detectado nas unidades estratigráficas pre-servadas, permite propor uma cronologia re-lativa de finais do século VII a.C. para o aban-dono das estruturas pétreas n.os 10 e 11.Contudo, face à exiguidade da área inter-vencionada pouco se pode aferir quer so-bre a funcionalidade destas estruturas quer sobre a sua cronologia. Entenda-se que, se podemos supor que em meados do século VII a.C. se encontravam abandonadas, não é claro de todo, quando as mesmas foram edificadas.

Fig. 8 – Perfil Este da sondagem.

Fig. 9 – Perfil Oeste da sondagem.

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3.1. A cerâmica manual

Entre o conjunto cerâmico recolhido nos estra-tos pré-romanos, as produções manuais cozi-das em ambientes redutores encontram-se bem atestadas, com formas e acabamentos que nos remetem para o mundo das sociedades indíge-nas da Idade do Bronze Final (Cardoso, 2004). Contudo, como recentemente foi sublinhado, es-tas morfologias cerâmicas tendem a perdurar convivendo com as primeiras fases da Idade do Ferro (Pimenta & Mendes, 2010–2011).São, essencialmente, formas de armazenamen-to, correlacionadas com actividades do quoti-diano, não evidenciando qualquer acabamento cuidado sendo as duas superfícies apenas ali-sadas ou com acabamento a “cepillo”.Os fragmentos que podemos observar são es-sencialmente bojos, à excepção de quatro bo-cais (Fig. 11, n.os 1 a 4), correspondendo a vasos fechados de perfil em “S”, de dimensão vari-ável. Este tipo de recipientes encontra-se bem representado em níveis já da Idade do Ferro na Alcáçova de Santarém (Arruda, 1999–2000, p. 174, fig. 110), em Lisboa no Claustro da Sé (Arruda, 1999–2000, p. 116) e nos Moinhos da Atalaia (Pinto & Parreira, 1977, fig. 2).

Fig. 10 – Planta final da sondagem.

Fig. 11 – Produções de cerâmica manual

(n.os 1–5).

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Paralelamente, entre a cerâmica manual des-taca-se um fragmento de uma pequena taça carenada (Fig. 11, n.º 5). Esta evidencia uma pasta bem depurada, apresentando escassos elementos não plásticos de dimensões reduzi-das e bem distribuídos. As suas superfícies são cuidadosamente polidas. Esta morfologia encontra paralelos muito pró-ximos em Santarém, em níveis de inícios da Ida-de do Ferro (Arruda, 2002, pp. 177, 180).

3.2. As ânforas

Atestando a relevância da actividade portuá-ria do povoado, o início da importação de pro-dutos alimentares em ânforas encontra-se bem representado na presente estratigrafia, com a presença dos mais antigos modelos de produção

fenícia ocidental (Fig. 12).Recolheram-se dois exemplares de bocais de ânfora do T. 10.1.1.1. (Ramon, 1995) (Fig. 12, n.os 6 e 7). A análise macroscópica das pastas revelou um fabrico muito carac-terístico, que nos permite propor uma prove-niência do Sul peninsular, possivelmente do grupo “Málaga” (Ramon, 1995, p. 256).Esta forma já tinha sido identificada em Lis-boa na escavação do Claustro da Sé (Ar-ruda, 2005a, p. 289) e na intervenção da Rua de São Mamede, n.º 15 (Pimenta, Silva & Calado, no prelo). Trata-se dos primeiros modelos produzidos na área do estreito de Gibraltar, sendo-lhes atribuível uma crono-logia relativa entre o segundo quarto do século VIII a.C. e o primeiro terço do século VII a.C. (Arruda, 1999–2000, p. 205). A forma de ânfora do Tipo 10.1.2.1. de Ramon (1995) é a mais bem representada, estando presentes dois bocais (Fig. 12, n.os 8 e 10) e três carenas (Fig. 12, n.os 9, 11 e 13). Ramon engloba sob esta denominação um dos primeiros contentores destinados a co-mercializar produtos alimentares, difundidos em larga escala no ocidente peninsular. Este tipo resulta da evolução e diversificação do T. 10.1.1.1. a partir de meados do século VII a.C. estando a sua produção atestada em diversos centros fenícios do Sul de Espanha e possivelmente do Norte de África.

A análise da dispersão destas ânforas permite verificar uma ampla expansão comercial que abrange o mediterrâneo central até ao atlânti-co, onde se encontra bem documentado desde Mogador até Conimbriga. No actual território português encontra-se atestado nas suas diversas variantes praticamente em todas as estações pré--romanas em que as influências orientalizantes se fizeram sentir (Pimenta, Calado & Leitão, 2005). Os exemplares que identificámos como perten-cendo a esta forma, foram exumados nas mes-mas unidades que os modelos que os antecede-ram. Porém a análise macroscópica das pastas permite reconhecer distintos fabricos entre am-bos. A sua comparação com os grupos definidos por Ramon (1995, pp. 256–261) permite, como hipótese de trabalho, identificar, ainda que com prudência, o exemplar n.º 9 como pertencente

Fig. 12 – Ânforas (n.os 6–13).

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Fig. 13 – Cerâmica pintada de bandas

(n.os 35–53).

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ao grupo “Málaga” e os exem-plares n.os 8 e 10 a 13, como do grupo “Extremo Ocidente Inde-terminado”.Por último, recolheu-se um frag-mento que pode ser interpre-tado, ainda que com cautelas, como ombro de ânfora, pos-sivelmente Tipo 10.1.2.1. de Ramon (1995), evidenciando pintura a vermelho e negro (Fig. 13, n.º 37).

3.3. As cerâmicas de engobe vermelho

Entre a cerâmica a torno so-bressai a cerâmica de engo-be vermelho. A análise ma-croscópica das suas pastas e engobe permitiu definir um único grupo de fabrico. Este caracteriza-se por uma pasta compacta e bem depurada, de tom castanho (Mun. 2,5 YR 5/6), apresentando escassos elementos não plásticos bem distribuídos, de dimensões re-duzidas. Estes são constituídos por quartzos, micas douradas e alguns vacúolos alongados. O engobe que cobre as super-fícies destes recipientes é de boa qualidade, espesso e mui-to aderente, variando a sua tonalidade entre o vermelho (Mun. 10 R 5/6) e o castanho avermelhado (Mun. 10 R 5/4), sendo o resto da peça alvo de uma aguada do tom da pasta ou simplesmente alisada.Os pratos constituem o gru-po mais significativo (Fig. 14, n.os 14 a 23). Infelizmente, da totalidade dos fragmentos re-colhidos, poucos conservam a totalidade do bordo, dificul-tando qualquer tentativa de

Fig. 14 – Cerâmicas de engobe vermelho

(n.os 14–23).

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classificação a partir deste elemento morfo-lógico. Um dos exemplares sobressai no presente con-junto; trata-se de um bordo que possui na sua extremidade uma canelura bem marcada de tendência esvasada (Fig. 14, n.º 19). Esta for-ma encontra bons paralelos entre o conjunto de cerâmicas de engobe vermelho de Castro Marim onde foi individualizado na proposta de tipologia no grupo II.B3 (Freitas, 2005, p. 32). Esta forma surge aí em estratigrafia bem definida desde os momentos iniciais da fase III deste arqueossítio (entre os meados e o final do século VII a.C.), encontrando-se igualmente bem atestada em diversos sítios arqueológicos bem datados de meados do século VII a.C. (Freitas, 2005, p. 53).As taças carenadas, revestidas a engobe ver-melho no interior e no exterior até à zona da carena, de engobe vermelho encontram-se re-presentadas por três exemplares (Fig. 15, n.os

25 a 27). Esta forma encontra-se particular-mente bem atestada no Povoado de Almaraz (Barros, Cardoso & Sabrosa, 1993) e em Lis-boa, no Claustro da Sé (Arruda, 1999–2000, pp. 116–117) e na Rua de São Mamede n.º 15 (Pimenta, Silva & Calado, no prelo).Estas taças encontram-se bem documentadas em níveis de meados do século VII em Huelva, onde Rufete os engloba no seu tipo C3b (Ru-fete, 1988–1989). Identificou-se ainda, um invulgar fragmento de uma peça revestida a engobe vermelho (Fig. 15, n.º 24), para o qual não temos bons paralelos. Poderá tratar-se de uma taça de pé alto similar às do povoado pré-romano de Almaraz (Barros, Cardoso & Sabrosa, 1993), contudo, o pé no caso da peça do Pátio do Aljube apresenta-se mais cilíndrico. Elisa de Sousa (2011, p. 166) engloba na sua proposta de tipologia cerâmica a partir da escavação do Núcleo Arqueológico da Rua

Fig. 15 – Cerâmicas de engobe vermelho

(n.os 24–27).

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dos Correeiros uma série de peças moldura-das e revestidas a engobe vermelho que fa-zem lembrar a peça aqui em questão (série 4 – Páteras) porém, face ao estado de conser-vação dos materiais que apresenta não é cla-

ra qual a sua forma, sendo evidente que es-taríamos perante cronologias mais recentes.

3.4. Os pithoi e urnas do tipo Cruz del Negro

Os grandes recipientes de armazenamento de tipo phitoi, encontram-se bem representa-dos (Fig. 16, n.os 28 a 31 e 34). Trata-se de um contentor muito característico do mundo orientalizante sem quaisquer paralelos en-tre o mundo indígena. Caracteriza-se por um corpo ovóide, colo diferenciado e um bordo esvasado de onde arrancam duas ou quatro asas bífidas. Uma das características que in-dividualizam esta forma é a sua decoração pintada em bandas bicromas (vermelhas e negras) ou policromas (vermelhas, negras e brancas), incidindo estas sobre o corpo, colo, bordo e asas (Fig. 16).A análise macroscópica das suas pastas e engobe permitem definir um único grupo de fabrico. Este caracteriza-se por uma pasta compacta e bem depurada, de tom casta-nho-avermelhado (Mun. 2,5 YR 5/6), apre-sentando escassos elementos não plásticos bem distribuídos, de dimensões reduzidas. Estes são constituídos por quartzos, micas douradas, fragmentos de cerâmica moída e alguns elementos calcários. Parece corres-ponder, ao contrário do verificado para as ânforas e engobe vermelho, a uma produção regional ou local. Com o mesmo fabrico individualizamos três peças que, pelas suas dimensões e morfolo-gia podem ser classificados como pertencen-tes a urnas do tipo Cruz del Negro (Fig. 16, n.os 32 e 33 e Fig. 13, n.º 37). Ainda que estas urnas estejam normalmente co-notadas com o mundo funerário, a sua presença em áreas de habitat tem vindo a ser uma cons-tante. No território português, além de estarem bem documentadas na necrópole de Alcácer do Sal, foram recolhidos fragmentos em con-texto habitacional no povoado de Santa Olaia na foz do Mondego, em Lisboa, na alcáçova de Santarém e no vale do Sado em Abul (Arruda, 1999–2000). Esta evidência leva a supor uma utilização destes recipientes globulares de pe-

Fig. 16 – Pithoi e urna do tipo Cruz del Negro (n.os 28–34).

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quena e média dimensão, como contentores de armazenamento de líquidos.

3.5. A cerâmica cinzenta

A cerâmica cinzenta fina é sempre muito abun-dante nos níveis proto-históricos da cidade de Lisboa evidenciando uma ampla variabilidade formal. Trata-se de uma característica produção cerâmica produzida a torno rápido, revelando um acabamento cuidado — superfícies polidas, brunidas ou espatuladas — e um tom generi-camente acinzentado resultante de cozeduras redutoras. A forma mais abundante corresponde às taças de bordo convexo engrossado internamente (Fig. 17, n.os 63 a 65). No estudo das cerâmi-cas cinzentas da Sé de Lisboa (Arruda, Freitas & Vallejo, 2000), estas taças foram inseridas na forma 1, sendo uma das formas mais caracterís-ticas dos contextos orientalizantes peninsulares.Ainda que apenas documentado por um exem-plar, identificou-se, tal como na Sé de Lisboa e na Rua de São João da Praça (Pimenta, Calado & Leitão, no prelo), um prato de bor-do horizontal aplanado, que parece reproduzir o modelo dos pratos de engobe vermelho (Arruda, 1999–2000, p. 199) (Fig. 17, n.º 62). Corresponde ao tipo 2 da tipologia da Sé de Lisboa (Arruda, Freitas & Vallejo, 2000), en-contrando paralelos na alcáçova de Santarém e no povoado de Santa Sofia, em Vila Franca de Xira (Pimenta & Mendes, 2010–2011).As pequenas taças ou potinhos definidos como tipo 3, pelos investigadores que estudaram os níveis orientalizantes do Claustro da Sé (Arruda, Freitas & Vallejo, 2000), encontram-se bem re-presentados (Fig. 17, n.os 67 a 69). Por último o nosso exemplar n.º 66, poderia eventualmente corresponder a um potinho do tipo 4 de Arruda, Freitas & Vallejo (2000).

3.6. Cerâmica com aguada do tom da pasta ou de tom branco

A par da cerâmica cinzenta e reproduzindo formas em tudo similares a estas, identificou-

-se um conjunto coerente de materiais que a nosso ver merece individualização como tipo autónomo dentro do presente conjunto (Fig. 18, n.os 54 a 59). Trata-se de uma produção cuidada elaborada a torno e com as super-fícies cuidadosamente brunidas e revestidas com uma aguada da cor da própria pasta ou de tom branco.Uma produção em tudo similar foi detecta-da entre o conjunto cerâmico da Sé Cate-dral (Arruda, 1999–2000, p. 126), pare-cendo corresponder a um tipo cerâmico de cariz regional ou local.

Fig. 17 – Cerâmica cinzenta.

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3.7. A cerâmica comum

Por último, recolheram-se diversos fragmentos denotando um acabamento pouco cuidado e pastas grosseiras com abundantes elementos não plásticos. Entre estes foi apenas possível in-dividualizar um fragmento de fundo e um bocal correspondendo a contentores fechados de uti-lização culinária — certamente para ir ao lume —, como se encontra atestado pela evidência de exposição ao fogo no fragmento de fundo n.º 61 (Fig. 19, n.os 60 e 61).

4. Considerações finais

Apesar do aumento exponencial de interven-ções arqueológicas em meio urbano no casco

antigo de Lisboa, o conhecimento sobre as suas ocupações mais antigas, continua a ser muito parcelar (Calado, 2008).Muitas questões se mantêm ainda em aberto. Entre estas, não podemos deixar de referir, mais que não seja para o estabelecer de um quadro de prévias indagações em futuras lei-turas, algumas interrogações. Quando terá surgido o povoado permanen-te que esteve na génese da urbe? Já existia um povoado da Idade do Bronze no morro do Castelo? Qual a cronologia dos primeiros con-tactos com os navegadores fenícios? Como se articula o seu urbanismo proto-histórico na sua já vasta área ocupada? Apesar da escassez aparente de informações, o recente estudo, verdadeiramente exemplar e evidenciando cariz monográfico, da antiga

escavação do Núcleo Arqueológico da Rua dos Correeiros (Sousa, 2011) vem comprovar e consubstanciar a importância da publicação sistemática das intervenções já realizadas. O presente projecto, em que este trabalho se insere, de estudo e publicação sistemática dos contextos e ocupações mais antigos detectados na área de intervenção do Museu do Teatro Romano, situa-se dentro desta filosofia e tem como intuito trazer a público os recentes dados destas intervenções. As crescentes evidências, proporcionadas por diversos estudos efectuados no centro histórico da cidade nos últimos anos permitem vislum-brar a presença de preexistências aquando da implantação do novo urbanismo da cidade romana de Olisipo.

Fig. 19 – Cerâmica comum.

Fig. 18 – Cerâmica comum com aguada (n.os 54–59).

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Os dados proporcionados pela escavação do teatro romano são assaz relevantes da descon-tinuidade existente entre o urbanismo proto--histórico e o novo desenho da cidade clássica, assistindo-se a profundos desaterros e elimina-ção de preexistências.Contudo, esta leitura não se aplica a toda a ci-dade, como podemos ver mesmo ao lado do tea-tro, na pequena intervenção do pátio do Aljube. Aqui por motivos que, de momento, nos escapam, preservaram-se estruturas de pedra seca, possi-velmente socos de muros em adobe de cariz habi-tacional, deixando antever fases mais antigas do povoado pré-romano aberto ao Mediterrâneo. Seja qual for a cronologia da sua génese, esta deriva sem dúvida da implantação estratégica do morro onde se vem a desenvolver o castelo

medieval, e que levou a que desde inícios do primeiro milénio a.C. aqui se estabelecesse um importante povoado. É este aglomerado habitacional que, a partir de meados do século VIII a.C., irá interagir como interlocutor privilegiado na foz do Tejo, com os mercadores fenícios que, estabelecidos numa primeira fase na área de Cádis e Mála-ga, aportam a estas costas em busca de novas oportunidades comerciais e de expansão da sua política colonial. O resultado dessa interacção, de contornos ain-da pouco claros, é a franca expansão e dina-mismo comercial do seu porto a partir do século VII a.C., perceptível através dos produtos im-portados das mais diversas áreas do mediter-râneo, que chegam a Olisipo.

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