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Revista dos antigos alunos do Santo Inácio, edição de maio de 2012
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Qualidade, preço e solidariedade
Por valores populares, ASIA oferece saúde e atendimento de excelência para a população carente
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N°2 | maio | 2012
Conheça a história do projeto Imagem Solidária, que oferece exames a preços populares, e entenda a relação dele com o ambulatório mantido pela ASIApágina 12
O antigo aluno Raphael Gomide (94), jornalista do site IG, nos conta sua experiência na cobertura da revolução no Egitopágina 16
Fique por dentro, através de fotografias, das principais mudanças físicas pelas quais vem passando o Colégio Santo Ináciopágina 8
Menos conhecidas que as do Sul do Brasil, as Missões Jesuítas na Bolívia foram responsáveis por igrejas que são patrimônio da humanidadepágina 6
Os inacianos lançaram campanha mundial de ajuda ao Haiti. Um casal de chilenos – antigos alunos jesuítas – viajam divulgando o projetopágina 22
Conselho Editorial Pe. Luiz Antonio de Araújo Monnerat,
SJ; Vera Porto; Izabela Fischer; e Maria José Bezerra
Jornalista Responsável Pedro Motta Lima (JP21570RJ)
Projeto Gráfico Ana Mansur ([email protected])
Diagramação Daniel Tiriba ([email protected])
Fotografia Rafael Wallace ([email protected])
Revisão André Motta Lima
Contato Publicitário 21 2421 0123
Produção ML+ (Motta Lima Produções e Comunicação)
Tiragem 6 mil exemplares
Gráfica Walprint
Fale Conosco [email protected]
www.revistasino.com.br
Fale com professores e alunos do Colégio Santo Inácio, seus familiares e mais de 2 mil antigos alunos que
recebem a revista em casa, pelo correio
Anuncie na Sino | (21) 2421-0123
Revista dos antigos alunos do Santo Inácio
Índice
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Chegamos ao segundo número
da SINO certos de que estamos no
caminho correto. Não foram poucas as
manifestações, tanto por e-mail quanto
pessoalmente, parabenizando pelo
lançamento da revista. Além disso, o
aumento no número de anunciantes
também é um reflexo positivo.
Esperamos crescer ainda mais, para
continuarmos apresentando um produto
de qualidade, além de direcionar verbas
para as obras sociais da ASIA.
Nesta edição trazemos duas matérias com
a intenção de instigar a participação dos
leitores. A primeira mostra as missões
jesuítas na Bolívia, responsável pela
construção de igrejas belíssimas, todas
feitas em madeira trabalhada a mão, e
que foram consideradas pela Unesco
Patrimônio da Humanidade. Na outra o
jornalista e antigo aluno Raphael Gomide
(94) conta um pouco de sua experiência
na cobertura da revolução no Egito. O
recado é o seguinte: mandem material,
pois temos todo o interesse em publicar
– se não for na revista será na internet,
como fizemos com um conto e uma carta.
Também demos destaque para o
Imagem Solidária, talvez o mais
conhecido projeto social da ASIA, que
muitas pessoas, inclusive, sequer o
vinculam à associação. Esperamos que,
ao contar esta história, não sobrem mais
dúvidas. E, finalmente, aproveitamos
para reforçar o convite para que os
leitores se tornem sócios da ASIA e
ajudem nos projetos sociais que temos
mostrado na revista. É bom lembrar que
não é necessário ser antigo aluno para
se associar. Espero que gostem do nosso
segundo número.
Pedro Motta Lima (94)[email protected]
Venho felicitá-los pela publicação da ótima revista SINO e agradecer o exemplar recebido.
Quero crer que a oportuna publicação transformar-se-á em um totem em torno do qual a Comunidade Inaciana se organizará e produzirá, de forma criativa e profícua. Muito obrigado.Nilson Calasans (77)
Escrevo para expressar a enorme alegria que estou tendo ao ler a revista SINO. A alegria teve início quando abri a caixa do correio e a vi, depois no deleite da leitura. É muito bom saber um pouco da vida daquele que está dirigindo nosso querido colégio, melhor ainda é ver nele, pela leitura da matéria, uma pessoa com capacidade de manter vivas as tradições de nossa escola.
Muito obrigado por me enviar a revista e por me oferecer momentos de muito prazer com a sua leitura.Ricardo Cidade (92)
Agradeço o envio da SINO, cujo formato e informações achei ótimos. Tenho especial carinho pelo nome que escolheram, por ter perdido um bom tempo com colegas de turma bolando um meio de roubar esse sino do pátio interno, sem sucesso como podem ver.
Envio, em anexo, um texto que escrevi há cerca de 2 anos, por ocasião da morte de um de nossos colegas da turma de 71, o Luciano Henrique Mariani, que foi muito meu amigo.
Como acabei escrevendo um pouco sobre nossas memórias de escola, e no dia 21/4 passaram-se 2 anos de seu falecimento, passo-lhes esse texto. Parabéns e sucesso.Carlos Henrique Reis Malburg (71)
Nota do editor: Para ler o texto, acesse http://bit.ly/sinomalburg
Queremos a participação dos leitores
Espaço do leitor
A Sino é sua: participeEnvie histórias, fotos e informações e ajude a manter viva a memória dos antigos alunos
[email protected] | facebook.com/RevistaSino
ou aponte o leitor de QR Code de seu celular
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Confraternizações em CorrêasA tradicional casa que o CSI mantém em
Corrêas, distrito de Petrópolis, está aberta
para confraternizações. Antigos alunos
podem matar a saudade dos amigos e
do espaço, que passou por reformas e
funciona como uma pousada, com 20
suítes (as disposições de quartos estão
em www.revistasino.com.br). Podem
ser fechados grupos de até 75 pessoas.
O local, cujos passeios geravam tanta
expectativa entre os alunos, tem piscina,
sauna, quadra poliesportiva, campo de
futebol e churrasqueira.
Os grupos interessados devem ter um
representante, que será responsável
pelo contato com o colégio, assim como
pelo depósito de 20% do valor total
do evento para garantir a reserva. A
diária com pernoite é de R$ 106 e inclui
café da manhã, almoço e jantar. Sem
pernoite, o valor é de R$ 56 e o jantar
é substituído por um lanche no fim da
tarde, antes da saída. Crianças com até
5 anos não pagam. As que tiverem entre
5 e 14 anos pagam meia. Refeições
poderão ser substituídas por churrasco
com o acréscimo de R$ 20 na diárias, e
todas as bebidas são pagas por fora. Os
interessados em agendar uma data devem
mandar e-mail para antigosalunos@
santoinacio-rio.com.br ou ligar para
3184-6207 e falar com Izabela Fischer,
que fará uma consulta à agenda do local.
Aponte o leitor de QR Code de seu
celular e acesse o conteúdo de onde
você estiver
Conheça todas as regras de utilização de Corrêas visitando nosso site ou pelo QR Code abaixowww.revistasino.com.br
Maria Auxiliadora / Núcleo de M
ídia CSI
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Não são poucas as pessoas que
logo após a compra de suas
passagens já começam a pre-
parar a lista de igrejas que vão
visitar. Geralmente o destino do viajante
é a Europa, berço do cristianismo. Mas
aqui bem perto existem belas constru-
ções que merecem a mesma, ou mais,
atenção. É o caso das missões jesuítas da
Bolívia, cujas seis igrejas são considera-
das Patrimônio Mundial da Humanidade
pela Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco), desde 1990. Os templos ficam
nas Chiquitanias, uma região próxima
de Santa Cruz de la Sierra, que teve suas
cidades fundadas por missionários jesuí-
tas, nas terras dos índios chiquitos, entre
os anos de 1690 e 1760.
Os jesuítas na BolíviaAs missões bolivianas foram responsáveis por igrejas que se tornaram patrimônio da humanidade
Se a beleza exterior já impressiona, a parte de dentro merece uma atenção especial por conta dos detalhes – do teto ao altar
Desenhos e pilastras são fruto de trabalho manual na madeira
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Após se estabelecerem no local, os
padres iniciaram o processo de catequiza-
ção dos indígenas. A construção das igre-
jas veio naturalmente. Todas feitas em
madeira elas geram um grande impacto
nos visitantes, em sua maioria acostu-
mados às catedrais ao estilo europeu. O
estilo jesuíta é facilmente percebido, com
grandes pátios internos e locais de desta-
que para os sinos, responsáveis pela con-
vocação da população para as missas.
Construção das igrejas
O trabalho manual, feito pelos habi-
tantes locais com a orientações de arqui-
tetos trazidos da Europa, é o destaque. As
vigas de sustentação são cuidadosamen-
te adornadas artesanalmente e em peças
únicas de madeira. Ao lado das igrejas
há exposições fotográficas sobre as suas
construções, inclusive com detalhes sobre
a técnica desenvolvida entre os morado-
res de San Francisco Javier, Concepción,
Santa Ana, San Miguel e San Rafael. A
igreja de San José é a única feita em pe-
dra, com estilo semelhante ao usado nas
missões brasileiras e paraguaias.
As igrejas passaram por uma grande
restauração a partir de 1972, quando
foi comemorado o bicentenário do nas-
cimento do jesuíta Martin Schmid, autor
das igrejas de San Rafael, San Javier e
Concepción. O arquiteto suíço Hans
Roth esteve à frente do projeto, que du-
rou aproximadamente 20 anos.
AcomodaçãoA região das Chiquitanias fica a cinco
horas, de van, do centro de Santa Cruz de
la Sierra, a segunda cidade mais importan-
te da Bolívia, atrás de La Paz (a mais indus-
trializada, no entanto). Durante o trajeto
podem ser vistas criações de búfalos - in-
clusive com lojas que vendem produtos
como muzzarella de búfala. O passeio
pode ser adquirido nos hotéis da cidade.
Uma boa opção é o Los Tajibos (www.los-
tajiboshotel.com), que tem excelente es-
trutura e fica bem localizado. Outras boas
dicas são os restaurantes da cidade, que
são bons e têm bom preço.
Uma tradição jesuíta, os sinos têm local de destaque nas construções, pois fazem a comunicação entre a igreja e os moradores da região
O altar, com o símbolo da Companhia de Jesus no alto, impressiona pelos detalhes e pela aparência de riqueza numa igreja feita com madeira talhada
Várias passagens bíblicas foram usadas como inspiração pelos artesãos. As peças ficam nas laterais dos bancos dentro das naves das igrejas
Veja mais fotos em www.revistasino.com.br Você fez uma viagem e gostaria de dividir suas dicas e fotos conosco?
Envie para [email protected] e facebook.com/revistaSino
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Após o lançamento da pri-
meira edição da SINO, não
foram poucas as manifesta-
ções de antigos alunos sau-
dosos de seus tempos de estudante.
Pensando neles, resolvemos apresen-
tar este “Antes e Depois” com espa-
ços do colégio, que vem passando por
grandes modificações – para melhor,
como as fotos poderão comprovar.
Aproveitamos para convidar todos que
tenham registros antigos do CSI a nos
enviarem fotos, pois assim podemos
montar galerias e mostrar para as no-
vas gerações de inacianos como era o
colégio no passado.
E se depois desta matéria der aquela
vontade de visitar pessoalmente o colégio,
não pensem duas vezes. Basta entrar em
contato com Izabela Fischer pelo email an-
pelo telefone 3184-6207 e partir rumo à
Rua São Clemente, 226. Aproveitem para
se associarem à ASIA e ajudar nos projetos
sociais da associação.
transformaçãoSer tradicional não é sinônimo de parar no tempo. O CSI sabe disso e muda sempre pensando em melhorar suas instalações
Um colégio em eterna
A antiga piscina, que durante anos recebeu as aulas de educação física e escolinhas de natação, foi substituída por um pátio, trazendo mais silêncio para os “estudões”. Só faltou o sino.
Fotos: Amarildo Lopes/divulgação CSI
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O que era apenas um ginásio simples e algumas quadras poliesportivas se transformou num amplo complexo esportivo, com salas para aulas de dança, tatame, várias quadras e até piscina coberta e aquecida. Além de banheiros, vestiários e bebedouros
(1) No segundo andar, além de quadras, há salas refrigeradas para aulas de dança (ao fundo em amarelo) e tatames; (2) No primeiro estão as maiores quadras, com arquibancadas e placar eletrônico (3) A piscina coberta e aquecida e os vestiários estão em uma construção anexa (ainda no ferro da foto do alto), mas fazem parte do interligado Cesi, que é equipado com elevador. (4) O parquinho infantil, que também tem casa de boneca, fica atrás do “campão”, que perdeu um pouco no comprimento para a criação de um corredor
Durante a realização das obras, o canteiro foi
aberto para a visitação dos alunos, que tiveram a
oportunidade de ter “aulas práticas” de engenharia civil.
Acompanhadas por monitores e devidamente protegidas
com capacetes, as crianças podiam fazer perguntas para
os responsáveis pela construção e ver de perto toda a
transformação pela qual seu colégio estava passando.
Muitos tiveram a chance de ver o antes, durante e
depois. Provavelmente o índice de interessados em fazer
engenharia aumentou consideravelmente.
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Aprendendo na práticadivulgação
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AJornada Inaciana para Pais é
um projeto de integração e
parceria colégio-família, com
a finalidade de estreitar esses
laços a partir do aprofundamento e da ex-
periência do modo de educar inaciano.
Seu nascedouro contou com a inte-
gração da área de Formação Cristã do CSI
com a Equipe de Pais de alunos e antigos
alunos que trabalhavam em movimentos
existentes no colégio. Isso foi em 2005.
Em 2010, sob a inspiração do Plano
Apostólico da Província do Brasil Centro-
Leste, passa a ocorrer um múltiplo prota-
gonismo na concepção e realização da JIP.
Foi então criada uma Coordenação Interá-
reas, que faz a mediação e integra Asses-
sores de Formação Cristã, Coordenadores
Pedagógicos, Coordenadores de Série,
Orientadores Educacionais e Professores.
O projeto então ganha forma e todos os
esforços se somam. A JIP torna-se um pro-
jeto institucional, formando pessoas com-
prometidas com a transformação social e
com o crescimento humano e cristão.
Cada temática é contextualizada à
realidade da série. Para que a experiên-
cia dos pais seja significativa é oferecida
uma palestra que remeta a uma refle-
xão. Em seguida, através de diversas ex-
periências e oficinas, os pais, os alunos
e os pais com os filhos, são convidados
a interagir, inspirados em traços do
modo de educar inaciano.
No final de 2011, com as equipes das
três áreas envolvidas – formação cristã,
pedagógica e administrativa – que atuam
diretamente nas JIPs, recolhemos que a
experiência vivida pelos pais e nossa com
eles é a confirmação de uma caminhada
integradora, necessária e promissora.
É importantíssimo o diálogo com as
famílias, promovendo uma relação de
transparência.
Internamente, ao sentarmos para
pensar o projeto de cada série, vigora
o espírito de comunhão, de equipe, de
solidariedade, próprio de quem deseja o
melhor para o outro.
A educação inaciana se fundamenta
numa pedagogia humanística e cristã,
onde a afetividade, os sentimentos têm
significado profundo. Um afeto bem cul-
tivado constitui um patrimônio que leva
ao amor recíproco, verdadeiro. E surge
a vontade de construir estruturas huma-
nas mais justas, mais solidárias.
Em 2011, cerca de 1300 pais parti-
ciparam da JIP, atingindo Pré-Escola, 1F,
2F, 3F, 4F, 6F e 7F.
E em 2012 cerca de 600 pais da Pré-
Escola, 1F, 3F e 6F também estiveram
presentes até o momento. Mais cinco jor-
nadas ainda serão oferecidas para outras
séries este ano.
Os professores e diretores num centro educativo da Companhia colaboram estreitamente com os pais dos alunos, que são também membros da comunidade educativa. Existe comunicação frequente e um diálogo permanente entre a família e o colégio (...)
Dentro do possível, os pais entendem, valorizam e aceitam a visão inaciana do mundo que caracteriza os colégios da Companhia (...)
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li
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JIP - Jornada Inaciana para Pais
Características da Educação da Companhia de Jesus, nº 131 e nº 132
Vera PortoDiretora de Formação CristãColégio Santo Inácio – [email protected]
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A experiência da JIP proporciona
múltiplas possibilidades de continui-
dade, vinculando a participação dos
pais em diversos momentos da vida
institucional, especialmente naqueles
ligados à formação de seus filhos. Ao
mesmo tempo, vemos que os pais po-
dem ser protagonistas de determina-
dos projetos para outros pais dentro
do próprio colégio.
A frutuosidade dessa experiência
da JIP nos aponta para a constituição
de um Centro de Famílias Inacianas que
revele, cada vez mais, essa parceria e
integração colégio-família. Por isso, de-
sejamos também oferecer para os pais
oportunidades de inserção voluntária
nas instituições parceiras do colégio,
onde nossos alunos já desenvolvem sua
formação social, capacitando-se para
serem jovens transformadores dentro
da realidade em que vivemos.
Atualmente, a CVX (Comunidade de
Vida Cristã) oferece a orientação espiritu-
al para grupos de pais que desejam apro-
fundar a sua experiência de fé. Através
dos Grupos Inacianos de Famílias (GIFs),
os pais têm a oportunidade de mergulhar
no mistério da vida divina. Atualmente
há três grupos em funcionamento.
A JIP deseja que os pais reconhe-
çam a espessura de sua humanidade,
sendo capazes de sentir, vibrar e discer-
nir em suas relações familiares e sociais
e, sobretudo, tecendo uma profunda
relação com Deus, Senhor da Vida.
Depoimentos de pais que participaram das JIPs em 2012
São realizadas atividades apenas com os pais, quando há debates sobre temas propostos por monitores, e uma série de dinâmicas envolvendo as crianças
Que bom que o colégio tem iniciativas para aproximar a família. Acreditamos na parceria família-escola. A JIP foi uma oportunidade para interagirmos com outras famílias e para conhecermos um pouco mais a visão da escola. Sentimo-nos ainda mais seguros e confiantes na escolha que fizemos para a educação de nossa filha.
Yonara e Reinaldo – pais de Letícia – Pré-Escola II – T. 1
Parabéns a toda equipe da escola pela excelente proposta e organização cuidadosa na JIP. Para nós foi muito importante participar, ouvir as exposições e interagir com nossos filhos no ambiente escola.
Luciana – mãe de Letícia - 1F – T. 12
Gostaríamos de dizer que adoramos passar o sábado de manhã na JIP! Foi muito engrandecedor e gratificante! Podemos dizer que fizemos uma ótima escolha ao colocarmos nosso filho no Santo Inácio! Obrigada pela iniciativa de vocês!
Cris e Alexandre – pais de Breno - 1F – T. 15
Os temas escolhidos continuam interessantes e instigantes! O tratamento dado aos temas (no auditório, na sala de aula, no pátio...) é tão profundo, mas ao mesmo tempo tão leve e gostoso de saborear! Pe. Klein continua nos oferecendo maravilhosas reflexões! Continuamos vendo o cuidado e o carinho na organização e condução da JIP! Temos a oportunidade de conviver com nossos filhos no ambiente onde passam boa parte de seus dias! Que tal termos uma JIP sobre os Exercícios Espirituais? Seria uma manhã de “Introdução aos Exercícios Espirituais”, de forma a que as famílias interessadas continuassem o aprendizado após a JIP.
Cecília e Luiz Paulo – pais de Mariana – 3F – T. 32
Fico orgulhosa e feliz em saber que minha filha faz parte da família Inaciana. Vejo o Colégio Santo Inácio não apenas como uma instituição escolar, mas um complemento do meu lar pela seriedade, responsabilidade e dedicação desenvolvidos durante a sua existência. Que tal proporcionar esses encontros de integração entre pais e escola mais vezes? Afinal, são momentos únicos que tocam os corações dos nossos filhos e principalmente os nossos nessa correria diária.
Andréa e Ubirajara – pais de Luiza, Vitor e Pedro – Pré-Escola II – T. 8, 7 e 3
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Uma imagem vale mais do que mil
palavras. Para quem está precisando
de um exame de imagem para ter
um diagnóstico mais preciso – e
não tem como pagar os preços de mercado
ou como encarar as filas e demoras do serviço
público – a máxima se aplica perfeitamente.
E foi pensando nessas pessoas que, há
cinco anos, foi criado o Imagem Solidária,
a ação de maior visibilidade da Associação
de Antigos Alunos do Colégio Santo Inácio
(ASIA). Mas ele nasceu de um projeto mais
antigo da ASIA, que existe desde 1960, e
que é igualmente importante: o Ambulatório
São Luiz Gonzaga, que oferece atendimento
médico a preços populares – e até mesmo
gratuitos, nos casos determinados pelo setor
de serviço social da associação.
Imagem Solidária
Este é o nome do projeto de maior visibilidade da ASIA, que recebe elogio de médicos e pacientes. Seria impossível criar um título melhor
aç
ão
so
ci
al
AÇÃO SOCIAL DA ASIA
Por dia são realizados entre 42 e 45 exames de ressonância – média bem maior que a praticada por clínicas privadas
Fotos: Rafael Wallace
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O espaço, que foi aberto no alto da
comunidade do Santa Marta com ape-
nas um clínico geral e voltado para os
moradores do local, começou a passar
por uma transformação em 1998, com
a entrada de Maria José Bezerra como
voluntária. Mãe de alunos do colégio e
casada com o neurologista Marcelo Be-
zerra, Maria José, que tem formação em
Gestão Empresarial, era responsável pela
organização do consultório do marido e
tinha muitos amigos médicos. Ela conse-
guiu ampliar o número de voluntários e
a gama de especialidades oferecidas no
posto e, ao assumir a vice-presideência
da ASIA, no ano seguinte, as instalações
começaram a ser modernizadas.
O aumento no número de atendi-
mentos fez com que fosse percebida uma
carência: exames de imagem. “Os médi-
cos pediam os exames e as pessoas, por
conta das dificuldades em conseguí-los,
acabavam não se tratando e, quando vol-
tavam, já era para ver um outro proble-
ma”, conta Maria José. “Foi quando, du-
rante um jantar, encontrei o antigo aluno
Romeu Côrtes Domingues e conversamos
sobre esta situação. Ele era dono da CDPI
e da Multi-Imagem, empresas da área de
exames médicos, e já tinha tentado mon-
tar um projeto social de acesso à exames
de imagem, mas que não conseguiu se
manter por variadas razões. Foi quando
resolvemos montar o Imagem Solidária
pela ASIA”, contou.
A primeira máquina de ressonância
magnética foi, então, doada pelas em-
presas de Romeu, que também doaram
um mamógrafo. A ASIA, então, conse-
guiu ampliar o espaço, ao lado do CSI,
onde já funcionava o ambulatório. “A
Amil também foi parceira de primeira
hora e custeou a reforma física do es-
paço. Conseguimos parcerias com a Ko-
dak, que nos cedeu filmes durante três
anos – os equipamentos ainda não eram
digitais –, a ArSul nos deu um grande
desconto para instalarmos o sistema de
refrigeração, a Mopri fez o transporte
gratuito das máquinas e a Guerbet, nos-
sa única parceira que vem do início até
hoje, entrou com os contrastes”, enu-
merou Maria José, destacando o apoio
constante de Romeu em todo o pro-
cesso, principalmente no contato com
as empresas parceiras. O projeto ainda
contou com a participação da GE, que
montou a ressonância e doou a primeira
máquina de ultrassom. O projeto come-
çou, então, com três máquinas: resso-
nância, mamografia e o ultrassom.
A inauguração foi em 14 de fevereiro
de 2007, após um ano de muito trabalho
para viabilizar tudo. Mas desde então o
projeto é autossustentável, fazendo com
que a ASIA possa direcionar a maior par-
te de sua verba para a área educacional,
com a creche e a educação infantil na Co-
munidade Santa Marta. “Não foi simples
organizar tudo. Durante um ano tivemos
reuniões semanais com as empresas par-
ceiras, além das obras. O reitor do colégio
à época e, consequentemente, presiden-
te da ASIA, padre Paulo D’Elboux, foi um
grande entusiasta do projeto e nos aju-
dou demais durante o processo”, lembra
Maria José, que desde então dirige o Ima-
gem Solidária.
Exames sempre foram cobrados
Desde o início, foram cobrados os
valores mínimos necessários para que
o serviço pudesse ser prestado - e isso
representava 10% do preço de merca-
do. A ressonância começou custando R$
130 e teve o preço mantido por quatro
anos. Agora custa R$ 150. “É claro que
há casos em que fazemos gratuitamen-
“Os médicos pediam os exames e as pessoas, por conta das dificuldades em conseguí-los, acabavam não se tratando”Maria José Bezerra
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te, mas é tudo muito organizado e há
entrevistas criteriosas feitas por assisten-
tes sociais. É inviável manter o projeto
sem a cobrança”, garante Maria José.
Mas os pacientes não reclamam. A au-
xiliar de perfumaria Elezangela Leitão do
Carmo já frenquenta o espaço há três
anos. “Vim por indicação de uma ami-
ga para uma consulta no ambulatório
e fiquei. Apesar de estar sempre cheio,
somos bem atendidos e é tudo muito
organizado. Tem vezes que agendo por
telefones e outras vezes venho marcar
pessoalmente”, contou a moradora do
Centro da cidade, que estava fazendo
um exame de ultrasonografia de abdô-
mem total solicitada por um dos médi-
cos do ambulatório.
Ela estava sendo atendida por Maria
Cecília Saba, antiga aluna da turma de
74 - “fui da segunda turma que aceitou
mulheres”, contou. Após 21 anos tra-
balhando em uma clínica particular e na
Santa Casa, a médica está preferindo de-
dicar mais tempo ao Imagem Solidária,
onde trabalha como autônoma. “Aqui
é o melhor padrão. Os equipamentos
são sempre de ponta e o atendimento é
ótimo, além de ser tudo extremamente
limpo e organizado”, testemunha. Se-
gundo Maria José, o Imagem Solidária
conta com 33 médicos autônomos en-
quanto o ambulatório tem 37. “Estes
dois projetos ainda compartilham ou-
tros 42 funcionários, como telefonistas,
porteiro, faxineiro, atendente, digitador,
técnicos de radiologia, de mamografia e
enfermagem”, revela.
Mas há também médicos voluntá-
rios, como o cardiologista Alexandre
Cosenza, que se divide entre o ambula-
tório São Luiz Gonzaga, seu consultório
e o Hospital Samaritano – no Imagem
Solidária não há voluntários. Segundo
ele, a diferença é grande, mas apenas
no público atendido. “Aqui atende-
mos pessoas que realmente precisam.
É muito motivante, pois até mesmo as
pequenas coisas fazem muita diferença.
Mas as condições de trabalho que tenho
aqui são as mesmas no Samaritano, por
exemplo. Pudemos montar um espaço
para fazer ecocardiogramas e testes er-
gométricos exatamente com os mesmo
equipamentos que existem no hospital”,
contou ele, que se ofereceu para traba-
lhar no local. “No meio médico as pesso-
as conhecem o projeto do Santo Inácio.
Era voluntário esporadicamente e resolvi
dar um pouco do meu tempo aqui, de
forma sistemática”, disse Cosenza, que
não é antigo aluno, mas tem uma filha
estudando no colégio.
Quando a reportagem da SINO foi
conversar com o médico, ele estava
atendendo a aposentada Judith Barreto,
de 79 anos, que tem problemas cardí-
acos e estava pela primeira vez no am-
bulatório. “Como sou uma pessoa que
conversa muito, fiquei sabendo daqui
por alguns amigos, que falaram muito
bem do serviço e me aconselharam. Eles
estavam certos. Gostei do atendimen-
to”, disse ela, que teve os medicamen-
tos alterados por Cosenza. O cardiolo-
gista ainda pediu exames de sangue e
um ecocardiograma. Ou seja, Judith fará
o caminho de muitas outras pessoas,
que foram buscar atendimento médico
no ambulatório e acabam clientes do
Imagem Solidária.
A antiga aluna Maria Cecília Saba (74) faz exame de ultrassom na paciente Elezangela do Carmo: “sou cliente”
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Novos equipamentos
A ressonância é o carro-chefe do
projeto. Geralmente há uma fila de um
a dois meses para se conseguir fazer os
exames, mas os pedidos de urgência
médica são levados em consideração.
Segundo a técnica de radiologia com
especialidade em ressonância, Cristiana
Peçanha, a média de exames realizados
no Imagem Solidária é bem mais alta
do que os feitos em clínicas particulares
onde também trabalha. “A média diária
daqui é de 42 a 45 exames, de segunda
a sábado. Os outros locais fazem de 30
a 35. Está sempre lotado e é tudo bem
corrido. Fora isso não há muitas diferen-
ças. As pessoas são mais carentes, você
percebe, mas a reação ao aparelho e,
eventualmente, o medo de fazer o exa-
me, acontece na mesma proporção”,
contou ela, enquanto operava a máqui-
na, de frente para um computador.
A ressonância, evidentemente, não
é mais aquela, de filme. “Aquela anti-
ga começou a apresentar defeitos e era
muito difícil encontrar as peças, pois a
máquina era antiga. Foi quando, em
2008, a Petrobras começou a patrocinar
o nosso projeto e conseguimos comprar
uma nova máquina. Foi o primeiro pro-
jeto da Petrobras na área de saúde e eles
continuam parceiros da ASIA”, contou
Maria José. O mamógrafo continua sen-
do o mesmo, mas já passou por trocas
de tubos de imagem – “gastamos R$ 58
mil só com isso”, lembra Maria José –,
enquanto o primeiro ultrassom não exis-
te mais. Mas a associação comprou ou-
tros dois equipamentos de ponta.
No ano passado, foram realizados
129 mil atendimentos. E um projeto di-
vulga o outro. “Quem vem para o am-
bulatório vê que há exames de imagem
e vice versa, pois a entrada é a mesma.
Além disso, temos muitas especialidades
aqui, diferentemente do que acontece
em muitos postos de saúde pública”,
conta Maria José.
A parceria entre a ASIA e a Petro-
bras deu origem ao projeto Imagem
Solidária 2, que apesar do nome não
tem seu foco nos exames médicos.
Desta vez, a maior empresa do Brasil
está ao lado da associação na missão
de complementar a formação educa-
cional de 120 crianças da comunida-
de Santa Marta, de 6 a 12 anos, que
estejam matriculadas na rede pública
ou privada de ensino – no último caso
como bolsistas. O projeto inclui o ofere-
cimento de refeições, acompanhamen-
to pedagógico, psicológico e social e
monitoramento de rendimento escolar
realizado em parceria com as escolas.
Além disso, as crianças e seus familiares
(pais e irmãos) terão atendimento gra-
tuito no Ambulatório São Luiz Gonzaga
e acesso, quando necessário, aos equi-
pamentos do Imagem Solidária.
O cardiologista voluntário Alexandre Cosenza examina a aposentada Judith Barreto: “mesmas condições do Samaritano”
O Imagem Solidária e o Ambulatório São Luiz Gonzaga ficam em uma casa ao lado da Igreja de Santo Inácio
Imagem Solidária 2
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Se milhões de eleitores egípcios votaram para presidente no fim de maio, após 29 anos de
ditadura de Hosni Mubarak e um mandato-tampão de militares, devem isso a dias de intensos protestos em janeiro e fevereiro de 2011, cujo símbolo foi um lugar com nome de liberdade, a Praça Tahrir (liberdade, em árabe). Foi um momento especial, em que os egípcios se deram conta de sua força e derrubaram o ditador.
O movimento começou com uma improvável manifestação combinada pelas redes sociais por jovens de classe média-alta em Zamalek, bairro da elite do Cairo, e ganhou a adesão das mais diversas camadas da fragmentada sociedade egípcia. Até a violenta polícia, acostumada a dissolver pela força a presença da massa – para cada 100 ousados cidadãos, eram 500 agentes – hesitou, a princípio, antes de reagir com força.
liberdadeA Primavera Egípcia, no relato de um repórter inaciano enviado ao Cairo
Textos e FotosRaphael Gomide (94)[email protected]
Grito dear
tig
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A Praça Tahrir era frequentada por crianças, jovens, adultos e idosos, todos na mesma luta
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Quando cheguei ao Cairo, em 1º de
fevereiro, a cidade fervia. A polícia aban-
donara as ruas por ordem do ditador –
com o aparente objetivo de provocar o
caos – e cada quarteirão formava milí-
cias para defender os moradores diante
da ausência de proteção estatal. O to-
que de recolher decretado pelo governo
e o medo transformaram a normalmen-
te vibrante e frenética capital egípcia
em uma cidade fantasma. Do avião, às
21h, via do alto uma cidade sem os car-
ros que fazem o Cairo ter um dos piores
trânsitos no mundo. Era estranho ver as
ruas desertas, quando, exatos dois anos
antes, eu levara duas horas até o aero-
porto em uma noite de sexta-feira, a ca-
minho de Israel para entrar na Faixa de
Gaza, após a ofensiva de 2009.
Como da outra vez, minha viagem
foi programada com a mesma antece-
dência: nenhuma. Nos dois casos, fiquei
sabendo que iria a uma zona de conflito
no mesmo dia. A adrenalina misturada
ao medo do desconhecido dá dor de
barriga. Não é um sentimento reconfor-
tante e nos faz amaldiçoar os editores
pela imprevidência e falta de planeja-
mento com nossa vida.
Não acreditem que a vida de repór-
ter é uma montanha-russa diária, com
aventuras de Tintin e reportagens que
tiram o fôlego e mudam o mundo. É
uma mitificação dos jornalistas para dar
ao menos um pouco de glamour à nossa
profissão de tediosos plantões em feria-
dos e fins de semana. Esses momentos
são eventuais, até raros – nenhum cora-
ção ou família os aguentaria se frequen-
tes –, e nem todos jornalistas os têm,
mesmo em uma carreira inteira.
Eis que às 11h daquela segunda-
feira soube que iria ao Egito. Corri para
o Consulado em Botafogo para tentar
o visto para embarcar naquele dia, e fui
recebido com surpreendente boa-von-
tade, tratando-se de um jornalista. Ouvi
que o cônsul-geral me concederia o visto
se tivesse a documentação completa até
as 13h. Tomei um táxi para casa e voltei
tão rápido quanto pude, preocupado de
o diplomata mudar de ideia, afinal ele
era representante do regime cujo fim
era pregado pela Praça Tahrir.
Passei na redação para pegar o com-
putador, gravador e blocos e comprei
dólares. Atrás de um colete à prova de
balas – aprendera em 2009 que no Egito
não se vende o equipamento a civis –,
liguei para contatos do Exército, da Se-
cretaria de Segurança e o comandante
do Bope. Foi ele quem me telefonou, no
fim da tarde, com a boa notícia. “Você
não deixará de ir ao Egito por isso!”
Embarquei com o coração na boca e
passei o voo pensando nas matérias pos-
síveis, que seriam, claro, superadas pelo
turbilhão de acontecimentos que viria
nos dias seguintes. No voo da Itália para
o Cairo, eu era o único não-egípcio.
Desembarquei à noite, preocupado
se seria admitido no país com o colete
na mala e as credenciais de repórter.
Passei pelo controle sem problemas,
mas o funcionário de aeroporto riu de
mim quando eu lhe perguntei se con-
seguiria um táxi até o centro. “Impossí-
vel. Está tudo bloqueado, com toque de
recolher.” Caminhei 500 metros pelo
estacionamento em obras do aeropor-
to, meio-fios e calçadas até chegar ao
hotel para me lembrar do estilo egípcio
de negociar. “Senhor, como o sr. vê, o
hotel está lotado e só temos a suíte es-
pecial: 700 euros.”
Eu tinha um cartão de crédito e
cerca de US$ 2.500 para passar uma
semana. Não podia gastar tanto na pri-
meira noite. Desconsolado, perguntei se
não havia nada mais barato. Voltou ao
computador, e, após algum “esforço”,
achou uma suíte mais “modesta”, a 300
euros. “Tem algum outro hotel aqui
perto?” Ele se deu conta de que eu era
apenas um jornalista brasileiro. “Um mi-
nuto, senhor”, e encontrou um quarto
por 200 euros, sem internet e com forte
cheiro de cigarro.
Assisti até tarde ao esperado discurso
de Mubarak na CNN, quando prometeu
não concorrer nas eleições presidenciais se-
guintes, previstas para setembro. Mas, ele
já perdera em silêncio o momento em que
suas pequenas concessões acalmariam a
nação. Como o governo cortara a internet,
em um esforço para evitar as comunica-
ções entre os opositores, precisei ditar por
telefone a matéria da primeira noite.
Na manhã seguinte, tomei um táxi
e cheguei ao Hotel Intercontinental Se-
Este era o jornal da praça: uma forma encontrada para divulgação de informações entre as pessoas que lá estavam
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miramis, à beira do Nilo, onde estava
concentrada a imprensa internacional.
Fui, então, à Praça Tahrir. Embora uma
das vias de acesso fosse a apenas 200
metros do hotel, estava bloqueada
pelo Exército. Dei uma volta e cami-
nhei pelas ruas vazias e à primeira vista
tranquilas, apesar do evidente rescaldo
de confusão: o prédio de um ministé-
rio destruído pelo fogo, carros e ôni-
bus virados e carbonizados.
A praça ainda estava vazia às 10h.
Do lado de fora, ouvi um pequeno gru-
po de defensores de Mubarak. Entrei,
após três revistas pessoais, para evitar
armas. Entrevistei manifestantes tran-
quilamente. Havia muitos jovens, mas
também muitas mulheres, idosos e
crianças no protesto por democracia e
pela queda do ditador.
Dali a duas horas, o clima come-
ça a ficar tenso. Vejo um rapaz com a
cabeça sangrando ser empurrado com
brutalidade para fora da praça. Minutos
depois, mais um. Seriam defensores do
presidente. Vou ao hotel e logo retor-
no, por volta das 13h. A atmosfera no
percurso é outra, tensa. Já há muitos
grupos pró-Mubarak, com cartazes e
bandeiras. Entro na praça com alguma
dificuldade, depois de ser praticamente
forçado a ouvir alguns manifestantes
da situação, exasperados.
Na praça, a apreensão é geral. Há o
temor de que o grupo de Mubarak inva-
da a Tahrir pela entrada do Museu Egíp-
cio, próxima do meu hotel. Vi 11 pessoas
serem expulsas da praça, cada vez com
mais violência e sangue. “Lá fora são
policiais, com armas”, dizem. Os jovens
passam a quebrar as calçadas para pegar
suas armas, as pedras. Outros arrancam
barras de ferro das grades da praça.
Numa saga solitária e inglória, uma estu-
dante canadense da Universidade Ameri-
cana do Cairo, tenta demover, aos gritos,
manifestantes de transformar em arma a
pilha de pedras aos seus pés. “Eles vão
nos matar, temos de nos defender!”, ar-
gumentou um rapaz. Em 15 minutos, já
não tinha controle de “suas” pedras.
As pedras voavam de lado a lado,
em uma impressionante chuva. Eram
centenas no ar ao mesmo tempo. Peda-
ços de calçada passavam por cima das
barricadas. Numa cena antológica, uma
“cavalaria” medieval improvisada com
camelos e cavalos irrompe as colunas,
mas é repelida a golpes de porrete, bar-
ras de ferro e pedras. Alguns cavaleiros
são derrubados e espancados.
O Exército olhava impassível. Já pas-
sava das 17h e logo escureceria. Comecei
a me preocupar seriamente com minha
segurança, temendo a invasão iminente
e o possível massacre dos ocupantes da
praça. Se eram policiais e tinham armas
de fogo, seria uma carnificina contra os
manifestantes desarmados da Tahrir.
Ao tentar sair, percebi que estáva-
mos presos, cercados por todos os lados
por opositores e bloqueados pelo Exér-
cito. Tento várias saídas, sem sucesso.
Após uma hora, já às 19h, encontro uma
rota de escape. Sob iluminação feérica,
percorro ruas estreitas e desertas. Vejo
dezenas de carros queimados e virados
de cabeça para baixo, barricadas e sou
revistado em checkpoints de homens
armados de pedaços de pau e pés-de-
cabra, milícias de moradores em defesa
de saques. Faço uma enorme volta ca-
minhando rápido até chegar ao Nilo, em
direção ao hotel, cumprindo em mais de
uma hora um caminho alternativo que
normalmente levaria dez minutos. Res-
piro aliviado ao entrar no hotel.
Não houve massacre. Os manifestan-
tes, contra todos os prognósticos, resis-
tiram e reverteram a situação, repelindo
os rivais, em longa batalha de pedras e
paus, quase medievais, que durariam a
madrugada e o outro dia. O saldo inicial
do caos absoluto, diante dos braços cru-
zados dos militares nos tanques, foi de
três mortos e 639 feridos.
O problema foi que o grupo pró-
Mubarak ficou concentrado na área do
meu hotel. Assim, no dia seguinte, com
Christine Henri, que faz parte da minoria católica no Egito, trabalha como voluntária para manter a limpeza da Praça Tahrir
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os ânimos exaltados pelos intensos con-
frontos da véspera e revoltados com a
cobertura mundial pró-Tahrir, passaram
a atacar jornalistas. Os poucos repórte-
res que saíram foram agredidos ou gra-
vemente ameaçados, retirados à força
do carro e salvos pelo Exército. O hotel
proibiu filmagens ou fotos e entraram
em quartos com cinegrafistas e fotógra-
fos para pedir as imagens, sob a alega-
ção de que incitavam os manifestantes
contra o Intercontinental.
Ficamos sitiados no hotel até a ma-
nhã seguinte, sob a ameaça de invasão
e com um blindado militar na porta. Re-
pórteres passaram a ser evacuados em
carros diplomáticos ou pelo Exército. O
diplomata brasileiro para quem liguei fez
pouco caso e pediu para eu retornar na
manhã seguinte, às 10h, porque estavam
todos “muito cansados”. Sob minha ar-
gumentação, sugeriu que telefonasse
então às 9h... Deixei o lugar às 7h, logo
após o fim do toque de recolher, orien-
tado por um ex-Forças Especiais austra-
liano segurança da emissora CNBC, dos
EUA – passei por diversos checkpoints
até chegar ao novo hotel, em zona mais
segura. Ele retiraria os seus com um gru-
po de comandos fortemente armados,
em um ônibus, pouco depois.
Nos dias seguintes, o clima amainou
e os manifestantes pró-regime sumiram.
Voltei à praça, epicentro e símbolo da der-
rocada de Mubarak todos os dias e senti
a força da História à minha frente. Escrevi
sobre voluntários médicos que se arrisca-
vam para tratar feridos numa mesquita
improvisada; sobre a cidade autônoma em
que a Tahrir se transformou, com serviços
de segurança, coleta de lixo, alimentação
e informações; encontrei um dos “cava-
leiros” da Tahrir que mais aparecem nas
fotos e vídeos e descubro que é um pobre
jovem apolítico que depende do turismo
nas pirâmides para sobreviver.
compro livros
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Crianças no chão, observadas e fotografadas por adultos, fazem homenagens aos mártires da revolução
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Entrevisto uma intérprete de Mubarak,
que pede sua renúncia; mostro como os
mortos nos protestos ganham o tratamen-
to de mártires; como o governo manipula
as informações até na TV estatal, na guer-
ra psicológica e de informações, mostran-
do a praça vazia em imagens de arquivo
enquanto a Al-Jazeera a exibe lotada ao
vivo; escrevo como a falta de uma lideran-
ça política entre os manifestantes diante
da recusa do presidente em sair frustra o
“Dia da Partida” e parece dificultar um
desfecho – a força do movimento, a mas-
sa, também era sua fraqueza. Procurei
desmistificar o papel da Irmandade Muçul-
mana, tão temida no Ocidente, a partir da
opinião de muitos egípcios que defendiam
sua legitimidade no processo político, do
qual estavam alijados pelo ditador.
Acuado, o governo busca sem êxito
esvaziar a Praça Tahrir com a reabertura
do comércio e dos bancos, povoando a
cidade vazia. Mas uma entrevista em que
o executivo do Google Wael Ghoneim
contou ter ficado 12 dias preso e ven-
dado – por ter promovido o movimento
“Somos todos Khalid Said” (jovem mor-
to após ter sido espancado por policiais)
– exorta milhares às ruas novamente.
Relato em minha reportagem favo-
rita um dos pontos mais belos, embora
pouco visíveis da revolução. Em uma
sociedade claramente estratificada – ou
mesmo segregada por classes e religiões,
para alguns –, as manifestações uniram
os egípcios em torno de um novo proje-
to de país. O movimento contra o regi-
me autoritário operou naquele dias de
fevereiro uma “revolução de costumes”.
As enormes disparidades econômicas,
o discurso desagregador do regime e a
falta de liberdade tinham levado a po-
pulação à apatia, à frustração e à raiva
e incentivavam o ressentimento entre di-
ferentes grupos sociais e religiosos, para
dividir e imperar.
A “revolução” trouxe de volta a au-
toestima, o orgulho nacional e o senti-
mento de pertencimento do país. “É a
primeira vez que me sinto pisando em
meu solo. Renasci, agora sou dona das
ruas. A única coisa boa que Mubarak fez
foi unir todos contra ele. Sinto-me como
se tivesse 18 anos”, disse-me Nema Kha-
lija, que vive de US$ 45 de pensão.
Mulheres pararam de ser assediadas
nas ruas, podiam fumar publicamente
sem repreensões, jovens ricas catavam
lixo na praça; muçulmanos e cristãos
sentavam-se lado a lado; religiosos e
jovens muçulmanos seculares conversa-
vam amigavelmente. O movimento foi
algo mágico, inimaginável para a maioria
dos egípcios apenas três semanas antes.
A marcha que começou com jovens de
classe média em um bairro rico do Cairo,
porém, espalhou-se e juntou milhões.
“Roubaram nossos sonhos e nos de-
ram raiva, frustração. Como fomos tão
idiotas de parar a vida, de viver assim
(sem liberdade)? Espero isso desde meus
20 anos. Jovens, vocês nos orgulham
tanto! Esta é uma verdadeira revolu-
ção”, afirmou Wahba Said, 40.
Para a estudante de Ciência de Com-
putação Habiba Mahmoud, 19 anos, o
movimento abriu todas as possibilidades
para a afirmação de uma nova geração.
“É a minha revolução, agora sabemos
que podemos fazer qualquer coisa. Es-
tamos exigindo os nossos direitos. Esta-
mos nos explorando. Não temos medo
de nada”, disse Habiba.
Era emocionante estar ali, vendo
tudo aquilo, assistindo ao desenrolar
da História.
Em 11 de fevereiro, Mubarak renun-
ciou. Poucas horas antes, eu desembarca-
ra no Rio. Assisti a tudo pela TV, frustrado,
de não estar na Tahrir para ver a festa de
comemoração. Mas com a certeza de ter
vivido momentos históricos no Cairo.
Raphael Gomide, da turma de 1994,
é jornalista do Portal iG, onde é possível
ler sua cobertura no Egito (digite Raphael
Gomide Egito 2011). Trabalhou na Folha
de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, O Dia
e Jornal do Brasil. Gomide é vencedor
do Grande Prêmio Lorenzo Natali 2008
(União Europeia) e Lorenzo Natali 2008
(América Latina), Prêmio Mundial de Di-
reitos Humanos em Jornalismo da Anistia
Internacional (2004) e finalista do Prêmio
Anistia Internacional UK (2010). Recebeu
seis prêmios nacionais de jornalismo.
Como repórter, esteve na Faixa de Gaza,
Haiti, Colômbia, Catar e EUA. Publica este
ano o livro “Infiltrado, a PM por dentro”,
sobre período que passou como recruta
na PM do Rio. As experiências no Egito e
em Gaza também vão virar livro.
Homem ferido, que seria simpatizante de Mubarak, é expulso da praça violentamente pelos manifestantes
Compartilhe conosco suas históriasEnvie para [email protected] e facebook.com/revistaSino
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Arsoi precisa de voluntáriosOs interessados em participar como
voluntários do Arraial da Solidariedade
Inaciana (Arsoi) devem procurar
Izabela Fischer no Núcleo dos Antigos
Alunos do CSI, nos seguintes contatos:
e 3184-6207. O arraial será realizado
no dia 7 de julho, das 11h às 20h, com
fechamento dos portões às 18h. Como
sempre, o evento contará com barracas
de comidas típicas e brincadeiras, além
das quadrilhas apresentadas pelos
alunos do colégio.
Jesuítas da américa latina têm novo presidenteO novo presidente da Conferência dos
Provinciais Jesuítas da América Latina
(Cpal) é o padre Jorge Cela, que assumirá
as funções do jesuíta Ernesto Cavassa,
designado para Cuba e Haiti. Cubano,
padre Jorge era superior regional
jesuíta de seu país. A Cpal foi criada em
1999 para promover a coordenação
e a colaboração entre províncias,
provincialatos e regiões da Companhia de
Jesus na América Latina. A sede fica na
Casa Anchieta, ao lado do CSI.
Você sabia que: o nome ASIA vem do latim Antiqui
Societatis Iesu Alumni, que numa livre
tradução quer dizer Associação dos
Antigos Alunos dos Padres Jesuítas?
Conto de antigo alunoO antigo aluno Dalmo Cordeiro (81), ao
receber a revista SINO, nos enviou um
conto inspirado em sua passagem pelo
colégio. Publicamos o texto na íntegra
no site www.revistasino.com.br.
Quem quiser ler
também pode encontrar
o material usando um
leitor de QR Code.
Antigo aluno lança livroO antigo aluno Jorge Claudio N. Ribeiro Jr. (66) acaba de lançar o livro “Coração
DoCente”, com 29 crônicas escritas ao longo das últimas décadas sobre as
descobertas e surpresas experimentadas em sala de aula. Publicado pela editora
Olho D’água, pode ser adquirido pela internet em http://bit.ly/coracaodocente.
Nova responsável pelo núcleo de antigos alunosA nova responsável por intermediar
o contato entre os antigos alunos e
o CSI é Izabela Fischer, formanda da
turma de 1977. Desde o dia 1º de
maio, ela responde pelo Núcleo dos
Antigos Alunos do CSI, no lugar de
Teresa Tang. A relação de Izabela
com a Companhia de Jesus vai
além da sala de aula. Formada em
psicologia e com grande experiência
em Recursos Humanos, ela trabalhou
no Centro Pedagógico Padre Arrupe,
de 91 a 96, e no Colégio São Luís,
em São Paulo, entre os anos
de 1996 e 99. Os contatos do
núcleo continuam os mesmos:
antigosalunos@santoinacio-rio.
com.br e 3184-6207.
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O terremoto que devastou o
Haiti, em 2010, tem unido
jesuítas do mundo inteiro em
torno de uma campanha para
a construção de escolas populares no país
caribenho. A campanha “Inacianos por
Haiti” (www.ignacianosporhaiti.org),
que começou no ano passado e vai até
2013, foi apresentada, no fim de março,
para os alunos do Colégio Santo Inácio.
Os responsáveis por isso foram os chi-
lenos Carolina Labbe e Christian Feher-
mann, antigos alunos de instituições
jesuítas em seu país. Recém casados,
ambos com 27 anos, estes jovens resol-
veram viajar por toda a América (saindo
do Chile no dia 16 de janeiro de 2012
e tendo o Alasca como meta) em uma
Kombi, divulgando a cultura do Chile
e a campanha pelo Haiti. “Este já era
um sonho do casal, mas o convite para
divulgarmos a campanha pelo Haiti foi
um presente que nos permitiu dar um
sentido mais profundo a esta viagem”,
explicam os recém-casados, que, duran-
te seu percurso, têm se hospedado em
instituições da Companhia de Jesus.
O casal já passou por colégio jesuítas
em Florianópolis, Curitiba, São Paulo,
Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza. A
Kombi Westfalia T3 de 1980 é uma atra-
ção a parte entre os alunos, que foram
estimulados a organizar uma campanha
interna para divulgar o projeto pelo Hai-
ti. A viagem dos dois pode ser acom-
panhada por um blog, cujo endereço é
http://idamerica.wordpress.com.
Além disso, sempre que possível, os
chilenos postam fotos na Internet -
www.flickr.com/photos/idamerica.
No ano passado, através do site da
campanha, foram arrecadados mais de
100 mil dólares.
Campanha
A intenção dos inacianos é construir
no Haiti escolas do projeto “Fé e Ale-
gria”, que, além de gratuitas, buscam
o envolvimento da comunidade e ofere-
cem oportunidades para crianças, jovens
e adultos - www.fealegria.org.br. Exis-
tem escolas nestes moldes em 20 países
e 14 estados brasileiros. No Rio de Janei-
ro há um Centro Social de Educação e
Cultura, localizado no bairro Cidade Jar-
dim Parque Estoril (Marambaia) em Nova
Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Inacianos pelo HaitiCasal de chilenos viaja pelo continente para divulgar a campanha, que é mundial
so
li
da
ri
ed
ad
e
No CSI, o casal - ambos antigos alunos jesuítas - é entrevistado por membros do grêmio
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Seja sócio Não é preciso ser ex-aluno
do Santo Inácio para ajudar a manter projetos como o
Imagem Solidária
Associação dos Antigos Alunos dos Padres Jesuítas - RJRua São Clemente, 216 - BotafogoRio de Janeiro - RJTel: (21) [email protected] w w . a s i a r j . o r g . b r