68
 Os diferentes tipos e as classi cações dos  sintetizadores  X W-P1 O TECLADO MAIS QUE COMPLETO DA  CASIO Henrique Portugal O tecladista do Skank fala sobre timbres, tecnologia e produção musical Richard Galliano O acordeonista multifacetado George Gruntz World Music e o dever de casa    &     A    F    I    N    S Ano 2 - Número 10 - Fevereiro 2015 www.teclaseans.com.br 

Revista Teclas afins 10

  • Upload
    fbshow

  • View
    118

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista de distribuição gratuíta na internet para tecladistas com ideias e lições interessantes para aperfeiçoamento do talento musical.

Citation preview

Henrique Portugal O tecladista
dever de casa
www.teclaseafins.com.br 
PELA CURA
S É R I E T U C C A
20/5 | Madeleine Peyroux
Concerto de Aranjuez
 Duo de piano
100% do valor dos ingressos será revertido para a TUCCA - Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer
informações e vendas: (11) 2344.1051 | [email protected] | www.tucca.org.br
 
desempenhado um papel vital
especialista de produtos da empresa
em 1988. Tive a sorte de estar
envolvido com o desenvolvimento
eu sinto que foi o início de uma nova
geração de instrumentos. O modo
de tocar teclado mudou para sempre
quando o M1 passou a combinar formas
de onda sampleadas com formas de
ondas sintetizadas.
pudesse me dar todos os sons e
controle para minhas performances
oferecesse toda a potência sonora
que preciso nos meus shows.
Agora essa visão se concretizou
plenamente com o novo Korg Kronos. 
O novo Korg Kronos é o ponto
alto de uma incrível história da Korg na
fabricação de instrumentos musicais 
A capacidade sonora do Kronos é
de enlouquecer (veja a foto abaixo)! 
O mais recente modelo tem um
novo módulo de piano expandido,
navegação do painel Touch View
melhorada, além do exterior
redesenhado como um bônus
de três horas com o Dream Theater
explorando uma densa camada
loucos e um momento depois estar de
volta a um som de órgão totalmente
orgânico. Depois de tudo, viajar
confortavelmente para onde tudo
inspirador som de piano e tudo isso
a partir de um único instrumento.
A minha última turnê mundial com
o Kronos foi a mais feliz que eu tive
como tecladista. Com o Novo Korg
Kronos, minha próxima rodada de
gravações e turnês certamente irá
levar-me para o nirvana musical.
Convido qualquer tecladista a
Você não vai se decepcionar. 
WWW.KORG.COM.BR
 Tradicionalmente, fevereiro
festa popular brasileira e,
com cinco ou seis dias de
folia transforma-se em
que se estende até o fim do
ano. Mas o carnaval, na verdade, é uma das épocas de
maior atividade no meio musical, seja por conta dos trios
elétricos no Nordeste ou de blocos no Sudeste. E quem
acha que tecladistas estão fora da batucada, precisa
prestar mais atenção.
Prestar atenção, por sinal, é dever de todo aquele que se
dedica ao negócio da música, como nosso entrevistado
deste mês, o músico mineiro Henrique Portugal, que
dá uma aula sobre mercado e relações entre artista e
público. Esta edição traz também um dos maiores nomes
do acordeon da atualidade - e já há algum tempo -, o
francês Richard Galliano. E, para falar de equipamentos,
trazemos uma surpreendente análise do sintetizador
XW-P1 da Casio e uma proposta de classificação de
sintetizadores.
efervescência da Winter NAMM, feira que apresenta
alguns dos principais lançamentos em instrumentos
musicais e equipamentos de áudio durante o ano.
Nas próximas edições, você vai conhecer aqueles que
chegarão ao Brasil nos próximos meses, depois de uma
pequena amostra em nossa seção Vitrine deste mês.
Leia a edição, veja os vídeos, visite as páginas e aproveite!
 Nilton Corazza Publisher   
Publisher
Colaboraram nesta edição:
Alexandre Porto, Alex Saba, Cristiano Ribeiro, Eloy Fritsch, Jackson Jofre, José Osório de Souza,
Rosana Giosa, Turi Collura
Blue Note Consultoria e Comunicação www.bluenotecomunicacao.com.br 
Os artigos e materiais assinados são de responsabilidade de seus autores. É permitida a reproduação dos conteúdos
publicados aqui desde que fonte e autores sejam citados e o material seja enviado para nossos arquivos. A revista não se
responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios publicados.
   &     A
   F    I   N    S
Rua Nossa Senhora da S aúde, 287/34 Jardim Previdência - São Paulo - SP
CEP 04159-000 Telefone: +55 (11) 3807-0626
 
O espaço exclusivo dos leitores
INTERFACE 8
universo das teclas
Vitrine 22
materia de capa 34
44 livre pensar
46 sintese
56 cultura hammond
59 harmonia e improvisacao
64 arranjo comentado
NESTA EDIÇÃO
vOCE em teclas & afins
Vamos nos conectar? Muito obrigada pela matéria linda que fizeram. Fiquei
muito feliz mesmo! A revista é de qualidade. Superbeijo!
(Juliana D’Agostini, por e-mail)
R.: Quando a matéria-prima é de qualidade, nosso trabalho fica fácil. A equipe de Teclas & Afins agradece à
 pianista pelas palavras e pela entrevista.
Excelente publicação! (Evando Costa, no Facebook)
Estou lendo e curtindo Teclas & Afins. Obrigado por
essa oportunidade! Desejo a toda equipe saúde e
muito sucesso! (Zaqueu Banks De Lima, por e-mail)
Parabéns pelo material de qualidade. (Rodrigo Lopes, por
e-mail)
R.: A equipe de Teclas & Afins agradece a todos pelos elogios. Isso nos serve como incentivo para, cada vez mais, buscarmos o máximo em qualidade.
Muito bom seu artigo sobre os Hammonds, meu amigo Zé Osório! (Erlon Anjos, no
Facebook)
Muito legal a matéria do Eloy F. Fritsch na edição 9! (André Mello, no Facebook)
Adoro os arranjos de Rosana Giosa em Teclas & Afins. Além de aprender como fazer,
aumento meu repertório. E é muito bom que a maioria das música seja nacional.
parabéns! (José Fernando, por e-mail)
R.: Os elogios a nossos colunistas reforçam nossa convicção de que Teclas & Afins tem a melhor equipe de colaboradores do mercado editorial musical.
Recebi meu CD, muito obrigado a vocês. Adorei! (Sonia Soares Martins, ganhadora de nossa
promoção pelo Facebook)
 
bandas que apresentem qualidade e sejam diferenciados.
Não importa o instrumento: piano, órgão, teclado,
sintetizadores, acordeon, cravo e todos os outros têm espaço
garantido em nossa revista. Mas tem que ser de teclas!
Veja abaixo como participar:
1. Grave um vídeo de sua performance. A qualidade não
importa. Pode ser até mesmo de celular, mas o som precisa
estar audível.
2. Faça o upload desse vídeo para um canal no Youtube ou para
um servidor de transferência de arquivos como Sendspace.com,
WeTransfer.com ou WeSend.pt.
3. Envie o link, acompanhado de um release e uma foto para o
endereço [email protected] 
4. A cada edição, escolheremos um ou dois artistas para
figurarem nas páginas de Teclas & Afins, com direito a entrevista
e publicação de release e contato.
Não fique fora dessa!
Mostre todo seu talento!
 
INTERFACE
ADEUS AO MAGO O tecladista, maestro, arranjador e produtor Lincoln Olivetti morreu no dia 13 de janeiro, aos 60 anos, depois de sofrer um infarto fulminante. Pioneiro no uso de sintetizadores, Olivetti foi um dos grandes responsáveis por modernizar a MPB na virada dos anos 70 e início dos 80. Olivetti nasceu em Nilópolis, no Rio de Janeiro, em 1954. Iniciou seus estudos de piano ainda menino e, aos 13 anos, formou um conjunto, com o qual se apresentava em bailes do subúrbio. Tendo cursado engenharia eletrônica e música, apesar de nunca ter se formado, trabalhou com os cantores Antônio Marcos e Vanusa. Em 1982, lançou, com Robson Jorge, o LP Robson Jorge e Lincoln Olivetti , considerado uma aula de black music
 
INTERFACE
Mudança de endereço Quem também faleceu, no ultimo dia 20 de  janeiro, foi o músico e produtor e alemão Edgar Froese, aos 70 anos, em Viena na Áustria. A causa da morte foi embolia pulmonar. O músico foi o fundador e único remanescente da banda prog-eletrônica alemã Tangerine Dream. Froese nasceu em  junho de 1944 na cidade russa de Sovetsk, e estudou em Berlim ocidental, em um ambiente cultural alemão cosmopolita de pós-guerra. Formado em escultura, acabou por entrar na área da música e chocou o mundo por usar sintetizadores para criar um tipo de música minimalista que nada tinha a ver com a atmosfera musical dominada, na época, pelo rock. Formado em 1967, o
 
interface
 
os 3 Métodos e os 3 Repertórios
SOM & ARTE E D I T O R A
INICIAÇÃO AO PIANO POPULAR Volumes 1 e 2 
Inéditos na
Volumes 1, 2 e 3
Ensinam o aluno
a criar seus
 
L  A N Ç  A M E N T O 
     @      B      l    u     e      N     o      t    e      C     o     m     u     n      i    c     a     ç      ã     o
INTERFACE
O inglês Nicholas McCarthy entrou para a história como o primeiro e - até onde se sabe,o único - pianista de uma mão apenas a se formar no Royal College of Music, em mais de 130 anos. Nascido sem a mão direita, McCarthy, a princípio, queria ser chef de cozinha. Mas, aos 14 anos, mudou de ideia quando viu uma amiga tocando piano. Ao comunicar aos pais sua decisão de tornar- se pianista, ganhou um teclado, como incentivo. Mas, ao tentar ingressar em uma das melhores escolas de música da Inglaterra, a diretora perguntou “como ele queria tocar escalas com apenas uma mão?” e negou a matrícula do rapaz. Em vez de desistir, McCarthy procurou o Royal College of Music, em Londres, onde foi aceito e se formou. Hoje, aos 25 anos, constrói sua carreira inspirado pelo também britânico pianista Paul Vichenstein, que, após perder a mão direita na primeira guerra mundial, resolveu encomendar peças a grandes compositores como Maurice Ravel, Richard Strauss, Benjamin Britten e Sergei Prokofiev.
SUPERAÇÃO
INTERFACE
O músico americano Jack White já encontrou um substituto para seu tecladista, Ikey Owens, morto em novembro vítima de um infarto. No lugar dele, ingressou no grupo o roqueiro Dean Fertita, guitarrista e tecladista do Queens of the Stone Age. Os dois já tocaram juntos na banda The Dead Weather. Após a morte de Owens, Jack White teve de cancelar shows no México. A entrada de Fertita, entretanto, possibilitou que o músico seguisse tocando nos shows marcados nos Estados Unidos e na Europa.
Várias vertentes com qualidade! Programas ao vivo - Humor - Esportes - Entrevistas - Entretenimento - Participação do ouvint e
24 horas no ar 
Uma das mais ouvidas no Mundo!
O grupo de synth-pop e rock inglês New Order confirmou que lançará um álbum de inéditas ainda este ano, após um hiato de uma década. Depois de mais de 35 anos de atividade, esse será o primeiro trabalho sem o baixista Peter Hook, que deixou o grupo em 2007, mas traz a volta de Gillian Gilbert, tecladista original do grupo.
 
Richard Galliano:
 
Multifacetado Dono de técnica ímpar e um dos mais cultuados
músicos de jazz de todos os tempos, Richard Galliano
transita com naturalidade entre muitos estilos, do
forró ao erudito
A carreira dedicada ao jazz não impediu o acordeonista Richard Galliano de buscar outras formas de se expressar e levar música de qualidade a seu público. Visitando e revisitando os mais diversos estilos em que o acordeon é protagonista, o músico extrapolou os limites do popular e do folclórico, das tradições nacionais e da música de improviso e embarcou em uma viagem, aparentemente sem volta, pelo mundo erudito. Richard é filho de Lucien Gall iano, professor de acordeão de origem italiana, e começou a tocar o instrumento com a idade de quatro anos. Ao mesmo tempo, estudava harmonia, contraponto e trombone no Conservatório de Nice. Quando tinha 14, a música de Clifford Brown o levou ao jazz e, daí, a uma exploração pelos grandes nomes do instrumento, como Sivuca e Dominguinhos e os “experts” norte-americanos Tommy Gumina, Ernie Felice e Art Van Damme, além de alguns dos melhores músicos italianos como Felice Fugazza, Volpi e Fancelli. Isso o fez abandonar completamente o estilo tradicional francês de tocar o instrumento. Em 1973, mudou-se para Paris, passando
três anos como arranjador, maestro e compositor em um verdadeiro grupo de  jazz. Participou de inúmeras gravações de artistas franceses populares como Barbara, Serge Reggiani, Charles Aznavour e Juliette Gréco, e de trilhas sonoras de filmes. A partir da década de 1980, Galliano teve a oportunidade de tocar com diversos músicos de jazz de todos os estilos, como Chet Baker (no repertório brasileiro), Steve Potts, Jimmy Gourley, Toots Thielemanns, o violoncelista Jean-Charles Capon (com quem gravou seu primeiro disco), e Ron Carter, com quem dividiu um disco, em
RETRATO
 
RETRATO
1990. Em 1991, seguindo o conselho de Astor Piazzolla (a quem conheceu em 1983, enquanto trabalhava com música incidental para a Comédie Française), voltou às suas raízes e ao repertório tradicional das valsas-musette, javas, complaintes e tangos, que há muito havia abandonado. Essa abordagem foi apresentada no CD New Musette, gravado com Aldo Romano, Pierre Michelot e Philip Catherine, com o qual conquistou o Prêmio Reinhardt Django da Académie du Jazz como Músico Francês do Ano, em 1993. Três anos mais tarde, cruzou o Atlântico para gravar seu New York Tango com George Mraz, Al Foster e Biréli Lagrène, disco que lhe rendeu o prêmio Victoire de la Musique. Começou a ganhar uma reputação internacional, passando a colaborar com artistas como Enrico Rava, Charlie Haden e Michel Portal. Com este
último, em 1997, gravou Blow Up, enorme sucesso comercial que vendeu mais de 100 mil cópias. Em 1999, apresentou suas próprias composições, com acompanhamento de orquestra de câmara, juntamente com peças de Astor Piazzolla, o que o levou à gravar a homenagem Piazzolla Forever, de 2003. Durante anos tocou em trio com Daniel Humair e Jean-François Jenny-Clarke e voltou a esse formato em 2004, com Clarence Penn e Larry Grenadier, além de realizar colaborações pontuais com Jan Garbarek, Martial Solal, Hermeto Pascoal, Anouar Brahem, Paolo Fresu e Jan Lundgren, e Gary Burton, entre outros. Com o intuito de repassar sua vasta experiência, criou, junto com seu pai Lucien, um método de acordeão que ganhou o prêmio SACEM de Melhor Trabalho Pedagógico em 2009.
Pianismo: popular com refinamento
 Música erudita: nova paixão
     t      C     a
RETRATO
Entre seus trabalhos mais significativos está o álbum Richard Galliano au Bresil, em que visitou nosso País para gravar com ícones do acordeon como Dominguinhos, Aleijadinho de Pombal, os Três Do Nordeste e Pinto Do Acordeon, além do músico e compositor Chico César. Em uma nova guinada na carreira, tem se dedicado à gravação de música erudita. Em 2010, seu álbum dedicado a Johann Sebastian Bach foi o mais vendido do ano, com a marca de 40 mil cópias. O encontro de “As Quatros Estações”, de Vivaldi, e do acordeão de Galliano une uma das maiores e mais reproduzidas peças da música clássica com um dos instrumentistas mais populares da história. Esse repertório foi apresentado na mais recente visita do músico ao Brasil, no fim do ano passado, em concertos patrocinados pelo TUCCA. Na ocasião, Teclas
& Afins conversou com o acordeonista, que falou sobre esses projetos e deixou um conselho às novas gerações.
O jazz consolidou sua carreira, mas
você tem se dedicado à música erudita,
como em Bach e Vivaldi. Foram projetos
isolados ou uma tendência que pretende
seguir?
Nunca é tarde demais para mudar de direcionamento musical. Estou começando a explorar como interpretar os mestres clássicos no acordeon quase aos 60 anos, após 40 de gravações de  jazz e música popular. Mas também foi um caminho natural: para tocar Astor Piazzolla, eu estava acompanhado por músicos clássicos que tocaram Vivaldi ou Bach mais de cem vezes. E a tentação também foi grande para confrontar as
Companheiro: instrumento sempre na mesma sala
     ©      V      i    n     c    e     n
     t      C     a
RETRATO
Como Galliano encara seu instrumento?
É como um bicho de estimação, um melhor amigo. Está sempre na mesma sala que eu. Eu também preciso me preocupar com o meu acordeão, tratar dele. Uma vez por mês, o desmonto totalmente para fazer alguns pequenos reparos. E, então, eu coloco todas as peças juntas novamente. É como um grande quebra-cabeça.
Como surgiu o projeto Richard Galliano
au Bresil?
Esse projeto foi iniciado pelo cineasta Bernard Robert-Charrue. Ele queria ter um acordeonista europeu de reputação internacional em um encontro com todos esses grandes heróis locais da Paraíba. E o meu sonho era encontrar meu acordeonista brasileiro favorito, Dominguinhos, sonho que foi realizado.
Como foi feita a escolha do repertório?
No disco há parcerias com Dominguinhos
(que já nos deixou), Aleijadinho de
Pombal, os Três Do Nordeste, Pinto Do
Acordeon ...como foram esses encontros
e a escolha desses parceiros? Qual e o que
mais lhe impressionaram?
A escolha das músicas, a ordem, as combinações, foi tudo iniciado por Bernard Robert-Charrue. Os músicos interferiram também, obviamente. Chico Cesar teve o papel de principal líder. Adorei tocar com todos os músicos, mas uma colaboração de que me lembro particularmente - ao lado, é claro, do show com Dominguinhos em Campina Grande – foi com Alejadinho de Pombal. Ele é tão talentoso e tão sensível!
Há muitas diferenças técnicas entre os
acordeonistas brasileiros que conheceu e
os europeus, por exemplo?
Europeus e brasileiros têm técnicas diferentes. Mas isso ocorre, principalmente, porque existem diferentes estilos. O forró tem uma abordagem diferente da valsa ou do tango.
Qual sua rotina de estudos atualmente?
Rotina não é uma boa palavra, porque tem
 
     t      C     a
20 / fevereiro 2015 teclas & afins
o signif icado de “maçante”. Minha prática é mais clássica no momento: Mozart, Bartok, Satie, Ravel etc. Mas, em paralelo, tenho uma carreira no jazz, que é alimentado pela improvisação. Uma vez gravados, não há realmente necessidade de praticar os temas que compus. As improvisações assumem lugar mais tarde.
Como é a vida de um ar tista de acordeon-
solo na Europa?
Qual sua opinião sobre as tendências
atuais do acordeon? Como vê o futuro
do instrumento?
Respeito todos os estilos de exploração musical do acordeon até que não se congele seu uso em bailes populares. Há um grande futuro para o acordeon ao redor do mundo mas em um mosaico de estilos. Nenhum deles vai acabar com os
outros. Não à globalização no acordeon!
E os concursos de acordeon?
Eles são necessários, mas, às vezes, se transformam em competição de virtuosismo. Então, é menos possível detectar a sensibilidade...
Com qual tipo de grupo você prefere
tocar?
Impossível dizer. Mas meu próprio sexteto é um verdadeiro prazer no palco.
Você trabalhou com diferentes artistas
durante sua carreira, de Juliette Greco a
Wynton Marsalis, e de Charles Aznavour
a Jan Gabarek. Qual é seu conselho para
os jovens músicos sobre isso?
Pergunta difícil! É claro que os jovens músicos devem ser encorajados a tocar todos os estilos de música. Mas, ao mesmo tempo, como Astor Piazzolla me aconselhou, eles devem cultivar suas raízes!
     (    c     )      R      G
_      B     r    a     u     n     s    c     h     w     e
     i    g
22 / fevereiro 2015 teclas & afins
VITRINE Toque nos produtos para acessar vídeos, informações e muito mais!
KORG KROSS PLATINUM Pride Music - www.korg.com.br 
VOLCA SAMPLE Pride Music - www.korg.com.br 
A versão de 88 teclas da workstation Korg Kross acaba de ganhar um novo acabamento em edição limitada: a versão PLATINUM! Com 88 teclas pesadas com mecanismo NH (Natural Weighted Hammer Action) e um conjunto de timbras derivados do TRITON, o equipamento traz uma conveniente entrada para sinal externo e um gravador integrado. Além disso, pode ser alimentado por seis pilhas AA, o que, aliado ao peso de apenas 12,4 kg, garante a portabilidade. O mecanismo de som EDS-i, com um total de sete efeitos disponíveis para uso simultâneo, oferece aproximadamente 112 MB de memória preset PCM, em 421 multisamples (incluindo 6 multisamples em estéreo) e 890 drumsamples (incluindo 49 samples em estéreo). A polifonia máxima de 80 notas em Modo Single e 40 em Modo Double asseguram fidelidade às interpretações. Para acesso aos timbres, novas funções como Sound Selector e Favorite facilitam a vida do músico em performances ao vivo, assim como a função Quick Layer/Split. O teclado conta ainda com Step sequencer derivado da série Electribe, sequencer de 16 pistas, drum track, e arpeggiator, e conecta-se ao computador via USB para integração como plug-in em DAW.
O sequenciador de samples digital VOLCA SAMPLE, da Korg, permite modificar samples, tocar e construir sequências facilmente. O equipamento permite editar até 100 sons amostrados em tempo real e inseridos através de um aplicativo especial para iOS. O sequencer de movimento grava e reproduz até 11 parâmetros e as funções Active Step e Step Jump permitem inserir ou remover passos. O volca sample ainda com os recursos Swing - para geração de grooves - e Reverse - para reproduzir samples de trás para frente – além de efeito de Reverb. Conexão MIDI IN para disparar samples, operação por meio de pilhas e falante interno complementam o modelo.
fevereiro 2015 / 23teclas & afins
BAGS NEWKEEPERS NewKeepers - www.newkeepers.com.br 
A NewKeepers apresenta ao mercado sua linha de bags para instrumentos musicais propondo novos cuidados ao equipamento e ao meio ambiente. Os modelos contam com diferenciais que tornam o transporte mais fácil e seguro, como a utilização de espuma de alta absorção de impacto e a altura planejada para que, quando usados nas costas como mochila, não ultrapassem o nível da cabeça, evitando os rotineiros choques ao atravessar obstáculos. Os cuidados com o meio ambiente referem-se à matéria-prima utilizada na confecção das bags: o couro reconstituído, tecnologia única e exclusiva que reaproveita resíduos industriais de couro bovino processando-os quimicamente, desconstituindo-os e, em seguida reconstituindo o material, processo que mantém suas características originais como impermeabilidade, resistência e pouca absorção de calor, além de ser ininflamável. Estão disponíveis modelos nas cores preto e marrom para teclados de 5, 6 e 7 oitavas, compactos ou não.
VITRINEVITRINE
24 / fevereiro 2015 teclas & afins
O piano digital Coda Pro, da Alesis, traz 88 teclas pesadas e 20 sons provenientes dos desenvolvedores de instrumentos virtuais AIR e Sonivox. O instrumento pode ser utilizado
em split ou layer e o Modo Lesson permite que o teclado seja dividido em duas áreas
com mesmo pitch e timbre, para aulas. Além de 50 estilos de acompanhamento,
60 músicas pré-gravadas estão disponíveis. DSP embutido com ajuste de EQ, Reverb e
Chorus, controle de Transpose e metrônomo estão entre os recursos à disposição do
usuário. Conexões USB-MIDI e MIDI DIN, além de saídas auxiliar e de fones de ouvido
e entrada auxiliar estéreo complementam o equipamento, que traz, também, pedal
de Sustain. A estante opcional adiciona ao Coda Pro a funcionalidade de três pedais:
Soft, Sostenuto e Sustain.
VITRINE
A série Advance Keyboard, de teclados controladores da AKAI, traz os modelos Advance 25, Advance 49 e Advance 61, que oferecem manipulação avançada de qualquer instrumento virtual por meio de um display colorido integrado de alta resolução com 4,3 polegadas e tela que adapta-se instantaneamente aos controles. Pads retroiluminados sensíveis a velocidade e pressão, rodas de Pitch e modulação emborrachadas, knobs de giro contínuo, teclado com teclas semipesadas sensíveis à velocidade e aftertouch, e entradas para pedal de expressão e footswitch oferecem ao usuário todas as ferramentas de execução necessárias. Os equipamentos incluem o software Virtual Instrument Player para gerenciamento de presets em instrumentos virtuais, mapeamento de controle e criação de multipatch, e o download de 16GB com mais de 10.000 sons de desenvolvedores líderes da indústria em tecnologia como AIR Music, Sonivox e Toolroom Records. Conexão USB e entrada e saída MIDI completam os equipamentos.
AKAI ADVANCE InMusic Brands –www.akaiprofessionaldobrasil.c 
 
VITRINE
Com tamanho compacto e peso leve, o teclado arranjador PSR-F50, da Yamaha, possui teclas regulares de alta qualidade, 120 sons e 114 ritmos incluindo bossa nova, samba, sertanejo e demais sonoridades de todo o mundo. Além disso, o produto vem com o recurso duo mode, onde duas pessoas podem tocar juntas. O PSR-F50 chega ao mercado com a proposta de ser o mais intuitivo e funcional existente. Sua facilidade de operar resultou em um produto que não necessita do manual de instruções. Usando o painel intuitivo, basta selecionar um som depois selecionar um ritmo para se divertir.
Yamaha PSR-F50 Yamaha Musical do Brasil – www.yamaha.com.br 
WALDMAN SYG88 Waldman - http://www.waldman-music.com/ 
 
VITRINE
O vocalista e compositor carioca Allex Guedes traz neste Bossa ‘n Soul uma mistura de várias vertentes da Black Music e da MPB, com influências claras de R&B, samba-funk e bossa nova e outras não tão explícitas, como o pagode, percebível em duas ou três fa ixas. De estilo peculiar, a voz poderosa de Guedes é acompanhada por um instrumental bem-feito e competente, que, por não se destacar, cumpre bem seu papel. A produção musical é caprichada, mas um pouco mais de cuidado com as letras, que por vezes soam clichê, poderia elevar o patamar do CD. Exemplos disso são “Só O Que Eu Ostento É O Amor ” e “O Que Te Faz Feliz”. Bons momentos do álbum são a faixa-título, “Hey Berreldi” e “Sine Qua Non”. Acima da média, vale conhecer. (NC)
Bossa ‘n Soul  Allex Guedes
Independente
O som dos acordes, do pianista carioca Lulu Martin, oferece subsídios a todos os músicos para o estudo das diferentes formações de acordes e suas inversões, com todas as “variações de qualidade de som que as tonalidades oferecem”. Foi feito com a intenção de “organizar e facilitar o estudo das diferentes tonalidades musicais e para a melhor compreensão das relações entre escalas e acordes”. O trabalho do aluno ao usar o livro é transpor os exercícios de acordes para todos os outros tons musicais. Segundo o autor, “aos poucos, conhecendo os acordes nas outras tonalidades, o gosto musical tenderá a memorizar alguns com mais facilidade do que outros e, assim, um gosto e um estilo musical se firmarão, ampliando o repertório de possibilidades de tocar acordes no piano ou fazer arranjos de música”. (NC)
O som dos acordes Exercícios de acordes para piano de jazz  Lulu Martin
Editora Gryphus Preço de capa: R$ 39,90
 
O Privia PX Pro-5S é ideal tanto para o palco
quanto para estúdios. Com timbres Morphing AiR,
sintetizador, teclado de quatro zonas, arpejador e
Phrase Sequencer, o PX-5S reúne piano digital
de sonoridade incomparável, poderoso teclado
controlador e sintetizador em um só equipamento.
    @     B     l   u    e     N    o     t   e     C    o    m    u    n     i   c    a    ç    ã    o
www.casio.com.br
REVIEW Por cristiano ribeiro
FEVEREIRO 2015 / 29teclas & afins
O sintetizador XW-P1, da Casio, vem recheado de recursos que a
empresa ainda não havia explorado nos instrumentos anteriores.
Por exemplo, a marca ainda não havia lançado um modelo que
oferecesse tantas ferramentas e controles de ajuste em tempo real
como knobs e sliders, bem como Step Sequencer, Phrase Sequencer,
Tap Tempo, Arpegiador, modos Solo Synth, Hex Layer e Drawbar
Organ em um único instrumento. Isso é um enorme salto. E o mais
interessante é a relação custo-benefício. Pelo preço, não há no
mercado concorrente que ofereça tanto
REVIEW
REVIEW
Fazia tempo a Casio não lançava um bom sintetizador. Para ser mais exato, por volta de 26 anos, desde o lançamento dos modelos VZ-1 e VZ-10M, belos sintetizadores com síntese muito parecida à FM. Reza a lenda que a tal síntese acabou em uma longa disputa judicial entre Casio e outra empresa. Não sei se é verdade ou coincidência, mas, depois do VZ, a Casio abandonou essa fatia do mercado de sintetizadores - mesmo este lançamento, o XW-P1, apresenta um esquema bem diferente do encontrado nos famosos synths da marca (os CZs e HZs). Nos anos seguintes, investiram nos segmentos entry level (teclados para iniciantes), arranjadores e em pianos digitais (veja a matéria na edição nº 8 de Teclas & Afins sobre o PX-5S). Também são boas fatias de mercado, que vendem bastante. E talvez seja apenas uma divagação essa história de
disputa judicial: simplesmente escolheram outro rumo e ponto final.
Primeiras impressões
O XW-P1 tem um painel bem completo e intuitivo. Com pouco tempo de prática, se domina o instrumento. Os quatro knobs endereçáveis e os nove sliders oferecem um esquema fácil de acessar várias funções, além de Drawbars do modo Organ. Muitos botões proporcionam atalho rápido a tudo que é preciso na hora de tocar, acessar timbres e bancos, gravar, editar etc. Por ser de material plástico, o instrumento é bem leve. As 61teclas são fechadas e de bom tamanho. Dão aparência de serem Hammer Action, mas na verdade são leves. Transmitem boa sensação de toque e ótima dinâmica depois de alguns minutos tocando. O equipamento oferece dois
Casio XW-P1: sintetizador completo com adicionais
 
REVIEW
níveis de Touch Response. Os knobs são leves ao toque e os sliders de curso curto, fato com que também se acostuma em pouco tempo. Os botões emborrachados respondem muito bem ao toque.
Sons
O XW-P1 traz o mecanismo de geração de som Hybrid Processing, recém- desenvolvido pela CASIO, que se alia à fonte de som LSI com CPU e DSP de alta performance. Uma coleção de 2.158 formas de onda foi reproduzida a partir das tradicionais, incluindo 311 formas de onda de sintetizador da série CZ e dos principais instrumentos clássicos. Os timbres do WX- P1 são divididos em quatro seções: Solo Synth (100 presets e 100 users), Hex Layer (50 presets e 50 users), Drawbar Organ (50 presets e 50 users) e PCM (420 presets e 110 users). A polifonia máxima é de 64 notas. A primeira seção, Solo Synth, traz uma coleção de timbres muito boa. São sons leads encorpados, timbres quentes, pesados e cortantes. Foi bom encontrar amostras da linha CZ no ROM. Brincando com os sliders e os knobs, se chega a resultados muito interessantes. Os filtros atuam bem e, alterando valores de Cutoff e Ressonance, por exemplo, é possível explorar sonoridades diversas. O XW-P1 trabalha com PCM e WAVETABLE, porém o Oscilador 1 atua de forma subtrativa, moldando os harmônicos gerados pelos timbres. Seis unidades de osciladores que compreendem o núcleo do sintetizador apresentam dois blocos Synth OSC e dois
blocos PCM OSC, assim como um gerador de ruído e um bloco para entrada para obtenção de fontes (em que ele atua com Pitch Shifter, Filter e AMP), como equipamentos de áudio digitais. E os recursos não param por aí. O gerador de envoltória trabalha com oito níveis, como os clássicos CZ. Um synth mais que completo. Além do Solo Synth, há a seção Hex Layer, o modo multitimbral da Casio. Nela, é possível combinar até seis timbres PCM em layers e splits para criar pads, sons orquestrais, naipes de sopros, timbres cheios de texturas, pianos em split com contrabaixos, leads em split com pads etc. É um recurso bem interessante. E, novamente, é possível endereçar ajustes aos knobs e layers, tornando todas essas combinações ainda mais interativas e flexíveis, com inúmeras possibilidades de ajustes em tempo real. A terceira seção é a Drawbar Organ, na qual os nove sliders simulam os Drawbars de um
 
32 / FEVEREIRO 2015 teclas & afins
órgão eletromecânico tipo Hammond e que ainda oferece botões para controlar o Rotary e o Perc. É possível ajustar o efeito simulador de Leslie para que se adeque ao gosto e às referências do músico. A geração do timbre é algorítmica, portanto soa mais natural que um Rompler. Nota-se que não é uma wave em looping. A seção oferece muitas configurações de órgão legais, das mais limpas e suaves até as mais full e distorcidas. Diversão garantida, e muito útil na vida de um tecladista. A quarta seção é a PCM que vem com cinco bancos variados. É onde se encontram os acústicos e demais timbres. Foram utilizados vários pianos – acústicos e
elétricos -, cordas e sopros solo e em naipe, contrabaixos - elétricos, acústicos e eletrônicos -, guitarras etc. Enfim, o XW- P1 tem tudo de que um tecladista pode precisar. Em um contexto geral, nota-se que o equipamento apresenta forte vocação a timbres mais eletrônicos. Apesar de ter um bom banco PCM com amostras de timbres acústicos, ele se sai melhor como synth. Fica a impressão de que o WX-P1 e o piano digital Privia Pro PX-5S foram projetados para um completar o outro. De fato, os dois formam um belo set: o Privia também tem seus timbres eletrônicos, mas, pelo projeto em si, o WX-P1 se apresenta melhor nesse quesito, ao passo que a parte Stage do PX é mais que recomendável. O Phrase Seq é divertido e fácil de usar para gravar frases ou levadas com baterias ou percussões. O Step Sequencer também é de uso intuitivo. O Arpegio vem com 100 padrões, e é possível criar outros 100. O XW-P1 possui entrada para cartão SD para armazenamento dos timbres criados na seção Synthesizer, além de reprodução de arquivos de áudio ou SMF. No painel traseiro, estão presentes entrada para microfone com ajuste de volume, entrada P2 de áudio para conexão de um equipamento de áudio, como um CD player, por exemplo, e entrada de instrumento. O pedal Sustain é endereçável a outras funções como, Wah-wah, Rotary etc. E o teclado funciona também com pilhas.
REVIEW
Diagrama de síntese: seis blocos de geração sonora
 
Conclusão
A Casio acerta bem investindo em um instrumento com tantas possibilidades, em uma faixa de preço que o coloca acima da média da concorrência na relação custo- benefício. E este teclado pode frequentar grandes palcos, haja vista os endorsers de renome que vem representando a marca. O que falta é vencer a barreira criada pelos anos em que a marca ficou afastada das linhas profissionais. Infelizmente a Casio foi rotulada como fabricante de
CASIO XW-P1 Preço sugerido: R$ 2.200,00
Importador: Casio Brasil
informações
PRÓS • Versatilidade • Painel completo e de fácil operação • Controles em tempo real com knobs
e sliders • Excelente seção Synth Solo • Excelente relação custo-benefício
REVIEW
instrumentos entry level, mas a empresa tem capacidade e tecnologia para fabricar equipamentos de nível profissional, e de qualidade, como o XW-P1 comprova. Isso favorece os músicos pela simples lei de oferta e procura: temos um mercado mais estimulado a lançamentos de bom conteúdo a preços mais competitivos. Só por esse fator já devemos olhar com bons olhos os últimos lançamentos Casio. E o XW-P1 vai te surpreender.
Informações técnicas
 
 
novo formato do mercado musical,
Henrique Portugal divide as atividades
de tecladista da banda mineira Skank
com as de produtor e empresário da
 plataforma de divulgação Pleimo
     F     r    e
     i    r    e
materia de capa
Nos shows e no novo disco, Velocia
O novo formato do negócio da música exige artistas mais bem preparados em diversas disciplinas além das relacionadas à composição e interpretação. E não estamos falando de arranjo e harmonia. Entender como viver de sua arte e como oferecer o melhor produto aos consumidores – no caso, o público – é o grande diferencial que pode aproximar ou distanciar o artista do sucesso. Henrique Portugal rapidamente aprendeu isso. Trabalhando na área de informática e atento ao funcionamento das startups – empresas embrionárias, baseadas em ideias criativas e negócios diferenciados – absorveu muito da visão empreendedora até se juntar ao Skank e viver de música. Nesta entrevista a Teclas & Afins, o músico mineiro fala sobre o mercado e, obviamente, sobre timbres e produção.
Além da música, você tem uma gama
bem variada de atividades, entre estúdio,
 jornal, rádio, futebol, livros, produção,
empresas de tecnologia...
Gosto muito de tecnologia. E sempre tive muita ligação com os artistas
independentes. Durante muito tempo fiz um programa de rádio chamado Frente. Há uns dois anos, cheguei à conclusão de que isso era muito legal, muito bacana, mas eu estava apenas dando visibilidade aos artistas. Então, me tornei sócio de uma plataforma de música, o Pleimo, que é uma das formas, daqui para frente, de os artistas poderem viver da própria arte. A história do  jornal é que recebi um convite, como sou cruzeirense, do Estado de Minas, o principal  jornal do Estado, para escrever uma coluna como torcedor, não com análise “4-3-3”, “o Cruzeiro jogou 3-5-2-“, nada disso. É a visão do torcedor. Escrevo lá uma vez por semana. Como no ano passado o Cruzeiro foi campeão, fui convidado a escrever um livro sobre o campeonato brasileiro com o jornalista Bruno Mateus. Podem parecer coisas, às vezes, muito antagônicas, mas na verdade não são. A plataforma tem a ver com o que faço. No estúdio, já produzi alguns artistas. A música está sempre interligada a uma coisa ou outra.
Quando e como o músico Henrique
 
atividades?
Música é algo que gira em torno de minha vida 24 horas por dia, quer seja trabalhando com o Skank, ou na plataforma, ou conversando com os artistas. Eu trabalhava com informática e larguei por causa da banda. Mas a música hoje é algo muito tecnológico e acabei preservando esse lado. Há uma coisa bacana no músico independente. Geralmente ele tem recursos mais limitados. Então, se você não tem grana, você é obrigado a ser criativo. Aprendi muito com isso no mercado independente, para trazer para banda.
O Velocia parece ser um resumo de toda
a produção e de todas as influências da
banda. A ideia foi essa?
Todo mundo pergunta por que ficamos 6 anos sem lançar um disco. A verdade não é essa. Lançamos dois álbuns nesse período: o Multishow Ao Vivo - Skank no Mineirão,
que trazia duas músicas inéditas, e o Skank
91 , que era de fitas-demo de quando a gente nem tinha lançado o primeiro álbum. Então, na verdade, lançamos dois trabalhos. Em relação ao Velocia, a gente já experimentou algumas misturas musicais. Tem gente que até fala que os discos do Skank são muito diferentes uns dos outros. O que a gente acha é o seguinte: o Skank é o que está no Velocia. O que a gente fez foi, para cada mistura dessas, caminhar um pouco em relação aos trabalhos anteriores. Esse primeiro single, “Ela me Deixou”, é quase que um ska, que é algo que a gente nunca tinha
     (    c     )      V     a     n     e    s    s    a
     F    r    e     i    r    e
 
materia de capa
Tecnologia: paixão levada para a banda
feito lá atrás. “Multidão” é uma coisa meio dub e tem letra do Nando (Reis), que é um cara extremamente sofisticado na escrita, e vocais de BNegão, que tem uma cara mais “rua”... São características diferentes. E adoro essas misturas. E tem caras novas, Lucas, do Fresno, Lia Paris, Emicida como letrista e não como rapper... Acho que a história desse álbum é que a gente caminhou um pouco mais em cada mistura.
Como foi a produção desse álbum?
Foi um período longo e a gente estava intercalando a produção com os shows. Inicialmente, a ideia do álbum era que ele saísse no fim de 2013. Como para nós não há aquela pressa, “tem que lançar, tem que lançar”, porque temos uma carreira sólida, consolidada, decidimos que a gente tinha
que lançar o álbum quando ele estivesse legal. Aí demorou um pouco mais. A gente gravou algumas coisas no Abbey Road, para ficar bacana. A música de trabalho de agora, chamada ”Esquecimento”, tem cordas gravadas lá. Eu fui ver. Os músicos são maravilhosos. O próprio Rob Mathes, que é o arranjador, falou pra gente: “esses caras são os que gravam Star Wars”... Entendeu? Eu é que tinha que pedir autógrafo para eles. Por mais que às vezes as pessoas não saibam, essas coisas ficam impressas ali no disco. São as cicatrizes ou os arranhões ou as marcas de expressão da vida.
Como é o processo de composição, arranjo
e produção de um álbum do Skank?
Quem produziu esse álbum foi o Dudu Marote junto com o Renato Cipriano. Os caras são demais. A gente sabe que pode fazer um disco sozinho, pela nossa experiência. Mas gostamos de ter um produtor por perto, que seja para agregar, para trazer informações novas, ou que seja para falar “galera, estão viajando na maionese...”. É importante isso. Na verdade, a gente tem essa noção de que uma pessoa de fora pode agregar muito. Dudu sempre foi um parceiro. Fez álbuns com a gente lá atrás, depois voltou a fazer. Sempre funcionou muito bem. Eu sou uma pessoa que gosta muito de sonoridades. Gasto muito tempo com timbres. Tenho vários teclados, de características e épocas diferentes. A gente sabe que certas sonoridades entram na moda, depois saem de moda... Gosto de entender. Falo “acho que a próxima moda que vai virar será essa aqui, por que faz muito tempo que não se utiliza isso”... Até usei algumas coisas nesse álbum que há muito tempo eu não escutava em álbum nenhum.
     (    c     )      V     a     n     e    s    s    a
     F    r    e     i    r    e
 
fevereiro 2015 / 39teclas & afins
 Ska nk: a ban da que o f ez aba ndona r a inform áti ca
A própria “Ela Me Deixou” tem uns timbres
mais vintage, meio “retrô-futuristas”. Você
acha que essa é a tendência?
Acho que o velho mesmo, o retrô vintage, até já passou um pouco. Podemos ter uma volta das coisas anos 80 em termos de sonoridade. Já usei coisas bem antigas, Moogs e outros, com características bem específicas. Mas, no Velocia, usei um teclado como base de tudo: o CP5 da Yamaha. Tenho vários pianos elétricos, CP70, Rhodes, Wurlitzer... Mas falei: “bicho, preciso mudar esse timbres de pianos eletroacústicos”. E o CP5 tem timbres muito, muito bons. É um teclado excepcional. E usei alguns outros teclados dos anos 80 também.
Você gosta de mexer nos timbres?
Não abro muito os timbres, mas sempre
usei muitos pedais. Tenho aqueles Moogerfooger todos, originais. E não falo em plug-in, não. Uso pedais. Estou em uma fase de amar delay. Sempre achei muito legal aquela história dos guitarristas que vão fazendo aquela “maçaroca”, aquela base densa e pulsante. Usei muito isso no Estandarte e agora no Velocia. E também no show. Uso um pedal oitavador e dois delays. Um da Boss, o RE-20, que simula o RE-201, é insertado na mesa, porque está ligado em praticamente todos os teclados. No disco, usei um pedal chamado Rainbow Machine. Na música “Esquecimento”, usei um simulador de delay de fita, o Danelectro Reel Echo. Confesso que devo ter, sem exagerar, uns oito pedais de delay diferentes, porque cada um tem sua característica. Uns são mais digitais. De
     (    c     )      W     e
     b     e    r
 
materia de capa
NA REDE
antigo, tenho aquele DM-2, da Boss, que é analógico. Cada um tem um jeito diferente de atuar. Gostei muito de desenvolver essa característica de utilizar pedais.
Qual foi seu primeiro teclado?
Estudo piano desde os 5 anos de idade. Fiz aquele curso de órgão Electone, da Yamaha. Toco órgão de pedaleira. Meu pai também toca piano, órgão, sanfona, gaita. Meu primeiro teclado foi um órgão Saema, que tinha um teclado só, com uma oitava com teclas vermelhas e outra com teclas pretas e depois o teclado (o modelo Saema S-200). O primeiro sintetizador foi o CS-5, da Yamaha.
Qual tecladsita te influenciou em sua
maneira de tocar?
O tecladista de que mais gosto é Jon Lord. Ele tocava órgão de um jeito diferente. Usava caixa Leslie, mas não ligava muito. O som dele era mais distorcido. Até gosto de usar também um pedal Fuzz no som de órgão, o Voodoo Lab Superfuzz, bem levinho. E uso aquela caixa Leslie da Meteoro.
Você acredita que a facilidade de gravar é
benéfica para a música?
 
materia de capa
da programação cria isso. Essa coisa de Gate e Side Chain controlando o bumbo, que existe tanto na música eletrônica, é a assinatura dessa geração. Volto àquilo que falei sobre música independente: quando você não tem recursos, você tem que ser criativo. No caso da música eletrônica, creio que aconteceu isso. Muita gente, que não teve uma base musical muito grande, acabou se desenvolvendo usando os recursos dos teclados e acabou criando uma característica diferente na música. Não estou falando se isso é bom ou ruim. Eles criaram uma assinatura, e isso é legal.
O grande problema dos novos músicos é
a falta de saber o que fazer depois de a
música ser lançada?  O que notei é que, com a facilidade de acesso à tecnológica, o pessoal compra
um notebook baratinho com uma placa de áudio e começa a gravar em casa. Só que o cara registra uma ideia e acha que aquilo está pronto. Os artistas começaram a gastar pouco tempo para produzir e compor e muito tempo divulgando uma coisa que não estava pronta. Sou de uma geração mais antiga, quando gravar era caro, praticamente um evento, e era preciso chegar ao estúdio com a coisa pronta. Então se gastava muito tempo compondo, arranjando, produzindo, para gastar pouco tempo no estúdio. Essa grande diferença praticamente gerou uma enxurrada de coisas semiprontas na internet. A internet é um buraco negro e, com as facilidades tecnológicas, muita coisa meia-boca começou a aparecer no caminho. Talvez esse tenha sido o grande erro das bandas como criadoras de novos conteúdos,
     (    c     )      V     a     n     e    s    s    a
     F    r    e     i    r    e
 
materia de capa
novas ideias, novas canções. O que acho mais importante é que, mesmo com a mudança da música para o formato digital e a mudança de entretenimento de forma geral – porque antes as pessoas tinham menos alternativas de entretenimento e, hoje, tem internet, games, redes sociais, TV a cabo –, em todos os lugares há música. Mas, anteriormente, quando os artistas assinavam contrato com uma gravadora e lançavam um álbum, a gravadora trabalhava uma música e vendia dez. Hoje, a gravadora trabalha uma música e vende uma música. A tecnologia, na verdade, elimina intermediários. O artista fala diretamente com o fã. E o futuro diz que o fã vai dar dinheiro diretamente para o artista de que ele gosta, seja por merchandising, por encontros, ingressos, crowdfunding... A música não está sendo questionada. O
que está sendo questionado é o modelo de negócios que existe há mais de 40 anos. Por isso acredito muito no Pleimo. O músico tem que pensar como se fosse um startup: qual o alcance do seu produto, quem é seu mercado, qual seu target, qual o posicionamento, com o dinheiro que ele tem onde ele pode chegar... Costumo dizer o seguinte: se você é dono de uma grande empresa, e seu filho gosta de música, o incentive a montar uma banda. Aí você vai testar se ele é um bom empreendedor e um bom empresário tentando fazer que a banda dele tenha sucesso, seja no bairro ou na cidade. Aí ele vai aprender como se divulgar, como falar, como se representar, como criar alguma coisa, como conviver em grupo. São muitos valores e, às vezes, as pessoas não fazem essa correlação com uma banda.
     (    c     )      V     a     n     e    s    s    a
     F    r    e     i    r    e
 
 
44 / fevereiro 2015 teclas & afins
livre pensar POR ALEX SABA
World Music e dever de casa Com o álbum Monster Jazz - Monster Sticksland Meeting Two, o pianista de jazz, organista, cravista, tecladista e compositor
suíço George Gruntz ensinou, já na década de 1970, o que é
fazer World Music de verdade
Minha curiosidade por discos estranhos é bem antiga. Remonta aos anos 70. Bem no meio da década, me caiu nas mãos um álbum do pianista George Gruntz intitulado Monster Jazz , com o sugestivo subtítulo de Monster Sticksland Meeting Two. Pelos instrumentos, é possível ter uma ideia do que está lá. Vejamos: tambores escoceses,
baterias (com “s” mesmo, são duas) de jazz, gaitas de fole, saxofones e pífanos. Sentiu? O que me levou a comprar esse disco, na época, foi a presença do saxofonista Charlie Mariano, que já conhecia por ser parceiro do guitarrista belga Philip Catherine. Esse disco foi gravado em 31 de março de 1974, na Suíça.
George Gruntz: pesquisa e prática
 
fevereiro 2015 / 45teclas & afins
 Alex Saba Tecladista, guitarrista, percussionista, compositor, arranjador e produtor com quatro discos instrumentais solo e um disco ao vivo com sua banda Hora do Rush, lançados no exterior pelo selo Brancaleone Records. Produziu e dirigiu programas para o canal TVU no Rio de Janeiro e compôs trilhas para esses programas com o grupo Poly6, formado por 6 tecladistas/compositores. Foi colunista do site Baguete Diário e da revista Teclado e Áudio. w ww.alexsaba.com.br 
Em 1975, quem ouvia isso era, no mínimo, chamado de maluco. Eu adorava e meu pai idem, só que ele nunca acertava a rotação do toca-discos na hora de ouvir os solos dos tambores e eu sempre “caía na pele dele”. Maldade minha, porque o disco é realmente difícil, mas bonito. Hoje em dia, nem se daria atenção a um lançamento desses, passando por mais um disco de World Music, termo ainda nem criado na época. O problema com essa “definição” é que os americanos, que não são lá muito vastos em termos culturais, chamam tudo o que eles não entendem ou acham que é exótico de World Music. É só ver a premiação do Grammy: dois anos seguidos com brasileiros ganhando nessa “categoria”.
World Music
A “boa” World Music, é aquele em que há “dever de casa”. Não basta fazer como Paul Simon que enviou uma fita para o Olodum e só apareceu na hora de gravar o videoclipe. O baixinho é esperto, consegue estar (mais ou menos) à frente desses movimentos, mas não quer dizer que tenha feito (ou mesmo faça) o dever de casa. George Gruntz é outro caso. Maestro, pesquisador e estudioso, com livros publicados na Europa, não é citado nos livros americanos, a não ser quando acompanhando algum americano. Ele possui outros discos similares, infelizmente todos fora de catálogo. Nesse álbum, a ideia foi a de integrar a percussão - militar e civil - escocesa a uma típica bateria jazzística e outra eletrificada. Foi mais além, integrando a banda de pífanos civil com a banda de gaita de foles militar e o quarteto de jazz. O Monster Sticksland Meeting  pioneiro era com percussionistas africanos, atualíssimo por sinal. Sua principal característica é a de fazer arranjos de peças tradicionais
livre pensar
 
SINTESE POR ELOY FRITSCH
O músico deve ter em mente certas distinções entre as
diversas marcas e modelos de sintetizadores e suas principais
características. Isso irá ajudar muito na escolha do som mais
apropriado para determinada música
A síntese sonora tem sido utilizada por músicos, compositores e projetistas de instrumentos musicais para produzir e alterar sons. Novos timbres podem ser obtidos por meio de técnicas como síntese subtrativa, aditiva, FM e modelagem física. Atualmente, o músico dispõe de uma grande quantidade de marcas e modelos de sintetizadores. No século XX a grande maioria dos sintetizadores era baseada em hardware. Com o desenvolvimento da computação musical, os sintetizadores virtuais começaram a ser cada vez mais utilizados. Isso ocorreu, em parte, porque os músicos também se tornaram usuários de computadores - e esse conhecimento na utilização da informática auxiliou a pilotar os sistemas musicais - e, em parte, porque quanto mais fácil e amigável é o
sistema musical no computador mais ele será desejado pelo músico. Instrumentos que anteriormente apenas podiam ser construídos com placas soldadas e circuitos eletrônicos agora podem ser programados no computador por meio de ambientes próprios para síntese e sound design como o Reaktor. Os sintetizadores também estão disponíveis na forma de plug-ins que podem ser usados junto à estação de áudio digital (DAW). A diversidade e a quantidade de sintetizadores disponíveis no mercado dos instrumentos musicais proporcionam muitas opções ao usuário. Este, por sua vez, necessita pesquisar e estudar as características dos instrumentos para descobrir suas particularidades e funcionalidades e a real aplicação na música.
KORG M1: telas do M1 Software Syntheziser 
 
KORG M1: teclado sintetizador e módulo rack 
Existe um caminho que o músico precisa percorrer no aprendizado da síntese sonora e na utilização dos instrumentos eletrônicos. Não basta apenas praticar a programação de timbres, é necessário ouvir o repertório para sintetizadores para conhecer como e onde os sons podem ser utilizados. É usual o músico familiarizar-se com o vasto universo dos sintetizadores. Entretanto, cada vez mais, isso não é uma tarefa fácil. Passaram-se mais de quarenta anos desde a criação dos primeiros sintetizadores comerciais Buchla e Moog, e, de lá para cá, muitos sintetizadores foram sendo aprimorados e comercializados. A diversidade de marcas e modelos pode deixar o iniciante perdido em um mar de opções, incluindo aqueles plug-ins VST de síntese gratuitos e os sintetizadores físicos que foram muito procurados na época do lançamento, mas que, agora - com o passar dos anos, já na categoria dos seminovos - podem ser adquiridos por valor mais acessível.
As diferentes classificações
Os sintetizadores podem ser agrupados em várias categorias. Alguns foram projetados
para aplicações específicas no campo da música. Outros, fabricados em diferentes épocas e, por isso, apresentam tecnologias, interfaces e funcionalidades diversas. Certos sintetizadores incorporam vários recursos enquanto outros apresentam painéis repletos de botões que podem desempenhar diferentes funções. Alguns são interativos, outros de difícil programação e configuração. As categorias comentadas a seguir comparam sintetizadores de diferentes épocas, modelos, qualidades e apresentam algumas das diferenças entre eles.
Interface de uso
 
SINTESE
Tecnologia
Os sintetizadores podem ser classificados também quanto à sua tecnologia. Podemos encontrar sintetizadores analógicos que funcionam por meio de controles de voltagem como o Minimoog. Os sintetizadores híbridos podem apresentar unidades analógicas e digitais - como DCO (oscilador controlado digitalente), VCF (filtro controlado por voltagem) e VCA (amplificador controlado por voltagem), memória e controles digitais no painel - como é o caso de modelos da década de 1980, entre eles o Roland Juno-106. Sintetizadores digitais são mais atuais e
podem apresentar uma ou mais técnicas de síntese sonora que só podem ser realizadas por meio de processamento de sinais, como é o caso do Roland V-Synth.
 Minimoog: clássico an alógico
Roland Juno-106: sintetizador híbrido
Yamaha V-Synth: geração digital 
Roland Jd-800: arquitetura fixa com módulos interligados Clavia Nord Modular: cabos de conexão virtuais
Flexibilidade
É possível classificar o sintetizador quanto à forma de ligação e a flexibilidade na programação dos patchs. O sintetizador Clavia Nord Modular oferece a possibilidade de o músico utilizar um editor gráfico no computador para selecionar módulos virtuais que podem ser conectados pelo usuário, de maneira flexível e prática, para configurar seu próprio instrumento eletrônico. Assim, podem ser agrupados
vários módulos através de cabos virtuais que irão formar a configuração desejada pelo usuário. Por outro lado, o sintetizador Roland JD-800 possui arquitetura fixa com módulos de síntese já interligados. O usuário pode sintetizar sons e editar parâmetros de síntese, mas não pode expandir o sistema e nem interligar novos módulos do próprio instrumento para produzir outros sons.
 Moog IIIc: sin tetizador de grande porte Roland JP-8080: modelo po rtátil 
Tamanho
Sintetizadores modulares de grande porte como o Moog IIIc costumam ser usados, preferencialmente, em estúdios. Para serem montados e calibrados, é necessário investimento de tempo e conhecimento em síntese sonora. Logo não são os instrumentos mais práticos de serem utilizados no palco. Por outro lado, a maioria dos sintetizadores
 
Síntese
Existem sintetizadores que utilizam diferentes técnicas de síntese sonora. Por exemplo, grande parte dos sintetizadores comerciais filtram sons complexos para obtenção de novos timbres. Os sintetizadores mais modernos podem oferecer bancos de sons com amostras digitais para serem filtradas e modificadas pelo usuário. Os sintetizadores subtrativos sample-playback, como o Roland XP-30, são os mais co- muns e fáceis de serem utilizados por músicos.
SINTESE
Sintetizadores aditivos são providos de vários osciladores produzindo ondas senóides que, agrupadas, resultam em timbres complexos. O sintetizador Kawai K5000, por exemplo, dispo nibiliza esse tipo de síntese. Os sintetizadores FM são programados por meio da seleção de algoritmos que representam a conexão entre operadores FM. São sintetizadores digitais que proporcionam um método de programação de tim- bres diferente dos subtra- tivos. Sintetizadores FM como o Yamaha DX-7 pro- duzem sons de pianos elé- tricos e sinos com grande eficiência, mas seu funcio- namento é menos intuitivo que os sintetizadores sam- ple-playback subtrativos comerciais. Sintetizadores de modelagem física como o Yamaha VL-7 possibilitam que o som dos instrumentos acústicos sejam reproduzidos por meio do processamento de fórmulas matemáticas que modelam as características sonoras dos instrumentos reais.
Roland XP-30: sample-playback com síntese subtrativa
Kawai K5000: síntese aditiva
Yamaha DX-7: síntese FM
Yamaha VL-7: modelagem física
sintese
Público
Outra classificação possível para os sintetizadores é entre comerciais e não comerciais. Os sintetizadores não comerciais são criados para produzir sons não convencionais. São utilizados por compositores eletroacústicos, acadêmicos, experimentalistas e pesquisadores. Em geral, existe apenas um exemplar, e este, por sua vez, não é produzido em série. Alguns protótipos como o Minimoog Model A também podem constar nessa categoria. Os compositores eletroacústicos, geralmente, desenvolvem seus próprios instrumentos e sistemas, que são utilizados na criação de suas composições. E esses sintetizadores virtuais criados por compositores constituem a maior parte dos modelos não comerciais. Essa categoria emprega técnicas de síntese sonora não convencionais, como a granular. Já os sintetizadores comerciais são fabricados em série e vendidos em lojas de instrumentos musicais. Muitos deles são sample-playback e possuem presets padrões como o banco General MIDI. O Alesis QS7 é o típico sintetizador comercial que dispõe de bons timbres para produções musicais.
Softsynths
Os programas sintetizadores (softsynths) po- dem ser classificados em recriações e novos instrumentos. As recriações são simulações de sintetizadores clássicos bem conhecidos dos músicos. Emulam, em todos os detalhes, seus antecessores e ainda oferecem mais re- cursos por conta dos avanços da Computer Music. Por exemplo, o Arturia Moog Modu- lar V é uma recriação, em software, do Moog Modular. Nele, é possível simular até mesmo as ligações entre os módulos através de cabos virtuais. Por outro lado, novos instrumentos,
como o Absynth, da Native Instruments, são projetos originais e possibilitam ampli- ar, ainda mais, os re- cursos de síntese no computador.
 Alesis QS7: típico sintetizador comercial 
 Minimoog Model A: protótipo
 
Polifonia
podem ser monofônicos ou polifônicos.
O Korg Prophecy é um exemplo de
sintetizador monofônico ao passo que
o Virus é um exemplo de sintetizador
polifônico. Em geral, sintetizadores
“solo” ou “mono” para sons que necessitam
ser monofônicos, como Synth Leads.
SINTESE
Arquitetura
à arquitetura aberta - que possibilita
a utilização de plug-ins em teclados
sintetizadores - como o Neko 64, da Open
Labs, ou fechada, como o Yamaha CS6X.
As tarefas e os recursos disponibilizados
no Neko 64 podem ser realizadas por meio
de um sistema composto por notebook,
software sintetizador, placa de áudio e
controlador MIDI, porém essas funções
estão integradas em um único instrumento,
facilitando a utilização simultânea de tarefas
destinadas à produção musical.
Virus: típico sintetizador polifônico
Korg Prophecy: sintetizador monofônico
Dentro da categoria dos sintetizadores digitais podemos encontrar os sintetizadores de modelagem analógica como o Korg MS2000B e os sintetizadores sample-playback como o Korg Triton LE. Sintetizadores de modelagem analógica simulam os sintetizadores analógicos vintage da década de 1970 possibilitando uma recriação dos sons de época por meio de recursos modernos e apresentam
Korg MS2000B: modelagem analógica
KORG Triton Le: sintetizador sample-playback 
 
SINTESE
Eloy F. Fritsch
Tecladista do grupo de rock progressivo Apocalypse, compositor e professor de música do Instituto de Artes
da UFRGS onde coordena o Centro de Música Eletrônica. Lançou 10 álbuns de música instrumental tocando
 sintetizadores, realizou trilhas sonoras para cinema, teatro e televisão.
Mercado
É possível classificar sintetizadores também, em pelo menos três níveis, de acordo com valor de mercado e suas características. Considerando-se um fabricante como a Korg, por exemplo: os sintetizadores com menos recursos, painéis e funcionalidade mais simples, como o Korg Kross, possuem preço
acessível; sintetizadores de um nível intermediário, como o Korg Krome, atendem a usuários que necessitam de recursos mais avançados; no topo estão supersintetizadores como o Korg Kronos-X, que incorporam tecnologias de ponta e recursos não disponíveis nos modelos mais baratos.
Korg Kross: preço acessível 
 
diversos cursos no exterior
• Jazz e ImProvIsação • • PercePção musIcal e harmonIa •
Para todos os Instrumentos e voz
CLASSIFICADOS
pianos
www.afinadordepiano.com.br
 sua emoção aforarem.
cultura hammond
O novo Hammond por Jose Osorio de Souza
Esquecido nos anos 1980 e ressuscitado nos anos 1990 pela Suzuki, ressurgindo em grande estilo nos anos 2000, o “New B-3” trouxe uma versão moderna do Hammond, decretando
vida eterna ao rei dos órgãos eletrônicos
Após a morte de Laurens Hammond, em 1973, a empresa fundada por ele se esforçou para sobreviver. Um ano antes, Ikutaro Kakehashi, então presidente da Roland Corporation, não aceitou a proposta de compra da Hammond, alegando falta de praticidade na mudança da fábrica de Chicago para o Japão e vislumbrando como um sério problema
a diminuição das vendas dos órgãos na época. Em 1985, a empresa cessou as vendas, ficando disponível apenas como serviço de manutenção com o nome de “The Organ Service Company”. Em 1986, a marca Hammond e seus direitos foram adquiridos pela Hammond Organ Australia. Três anos mais tarde, a Suzuki Musical
Hammond B3mk2: fidelidade ao original 
 
cultura hammond
Instrument Corporation comprou o direito do nome (a marca Leslie também foi adquirida por ela) e a empresa passou a chamar Hammond-Suzuki, produzindo seus próprios modelos de órgãos portáteis, como o XB-2, o XB-3 e o XB-5.
New B-3
O “New B-3” foi lançado pela Hammond- Suzuki em 2002. A proposta de recriar o som do instrumento eletromecânico clássico, usando os recursos eletrônicos atuais e um simulador digital de tonewheel, foi levada a sério em seus mínimos detalhes. No design e no layout, o novo instrumento é uma réplica do antigo, e os críticos dizem que é difícil distinguir entre a sonoridade do B-3 mk2 e a do B-3 original. O XK-3, por sua vez, é uma versão portátil, com um só teclado, do “New B-3”. É parte de um sistema modular que permite acoplar um teclado inferior e uma pedaleira. A linha SK inclui alguns outros timbres, além do clonewheel, como Grand Piano, Rhodes, Wurlitzer, Hohner Clavinet e samples de sopros e metais. O modelo XK- 1C, lançado em 2014, é uma versão do SK1, mas somente com a emulação de órgão, um Hammond com preço mais acessível.
Pureza do som original O “New B-3” possui um novo gerador digital de tonewheel que gera tons puros, sem harmônicos. Essa pureza é essencial para alcançar uma coesão tonal entre a fundamental e seus harmônicos quando eles são misturados por meio dos drawbars. Quando uma tecla é pressionada, ela fecha dez pequenos contatos elétricos, conectados ao gerador digital de tonewheel assim como aos drawbars. As posições dos drawbars determinam as intensidades das correntes elétricas individuais correspondentes
à fundamental e seus harmônicos. A mixagem dessas nove correntes elétricas é enviada para a caixa Leslie, onde é amplificada. O pedal de volume varia a intensidade dessa mixagem antes de chegar aos falantes.
Ruídos do som original Uma das marcas do timbre do órgão Hammond é o ruído mecânico das nove agulhas dos tonewheels que surge quando as teclas são pressionadas. O “New B-3” faz isso disparando cada tonewheel com uma diferença de tempo bem sutil, criando um key-click natural. Foram gastos sete anos para desenvolver o sistema de teclado multicontato que existia no B-3 original.
Tabela comparativa entre o B3 original e o B3mk2
Layout clássico: manuais e controles idênticos ao original 
 
58 / FEVEREIRO 2015 teclas & afins
 Jose Osorio de Souza Pianista de formação erudita, analista de sistemas de formação acadêmica, foi proprietário de estúdio e escola de música e Suporte Técnico da Roland Brasil. É tecladista da noite, compositor e escritor. Ama história e tecnologia dos sintetizadores e samplers, mas é apaixonado por teclados vintages, blues, rock progressivo e música de cinema. Atualmente toca piano no Grande Hotel Senac em Águas de S ão Pedro (SP) e atua como músico  gospel na cidade de Itu (SP).
cultura hammond
Além disso, o modelo faz a emulação do leakage (vazamento do som de um tonewheel para outro que está próximo, algo que também foi considerado um erro por Laures Hammond, mas que, junto do key-click, se tornou marca do timbre do órgão) e do ruído do motor interno que existia no B-3 original.
Percussivos sensíveis à velocidade de
toque no teclado Uma variedade de sons percussivos, como harpa, carrilhão, sinos, celesta, xilofone, marimba e outros, podem ser usados na melodia, variando seu volume de acordo com a força que se toca as teclas.
Acesso a mais ajustes e recursos Funções avançadas do órgão, como “drawbar voice mode”, “pedal sustain length”, são acessadas usando o “Information Center”, localizado no lado direito, embaixo do teclado inferior. Outros
A Hammond, atualmente, tem seu centro de desenvolvimento e tecnologia em Hamamatsu no Japão, mas o centro de montagem e distribuição continua em Chicago, nos Estados Unidos. A Hosmil é importadora e distribuidora exclusiva da marca no Brasil desde 1999.
ajustes, como volume geral, equalizador, efeitos etc, podem ser controlados pelo “Rotary Control Panel” localizado no lado esquerdo, embaixo dos teclados.
MIDI  O “New B-3” vem com protocolo MIDI para ser usado através de sua conexão MIDI OUT (ele não tem MIDI IN e MIDI THRU, mas tem MIDI Pedal IN).
Hammond XK-3: versão portátil 
 A bossa nova é conhecida por suas harmonias rebuscadas,
 por seu refinamento melódico e pelo seu “balanço”. Aprender a
tocar nesse estilo musical requer um estudo específico de suas
características estético-musicais, a começar por sua harmonia
por turi collura
Uma olhada nas partituras dos grandes compositores da bossa nova permite observar que raramente utilizam-se simples tríades, preferindo acordes que ofereçam sonoridades mais “ricas”. A harmonia resultante é obtida por meio do emprego de notas que enriquecem os acordes, como, nonas, sextas, décimas-terceiras etc. Além do emprego raro de formações triádicas, os encadeamentos de acordes privilegiam o movimento das tensões melódicas de maneira característica, ao passar de um acorde para outro. Todavia, falar do uso de notas que enriquecem os acordes de base é apenas uma das características harmônicas. Ao observarmos mais de perto, podemos colher uma quantidade maior de elementos
Figura 1
 No que diz respeito às tipologias de acordes, observamos, por exemplo, a prática da alternância entre 7ª e 6ª nos acordes maiores e menores, veja a Figura 2:
característicos, tão interessantes que vale a pena um estudo aprofundado. No livro Piano Bossa Nova: método
 
60 / FEVEREIRO 2015 teclas & afins
Figura 2 A alternância entre 7ª e 6ª permite criar uma maior riqueza sonora, por exemplo quando a harmonia da música permanece por mais tempo em um único acorde. Além da alternância entre 7ª e 6ª, observamos que todos os acordes da Figura 2  são caracterizados pela presença de um cluster. Com esse termo – sua pronúncia é “clãster” – indicamos, normalmente, um conjunto de intervalos de segunda maior ou menor. Repare que, na Figura 2, o cluster se encontra entre as notas 9 e 3 de cada acorde. O cluster confere uma sonoridade muito interessante, parece “engrossar” a harmonia.
Observe a Figura 3: a categoria de acordes maiores, enriquecida de sextas e nonas, em posições que permitem clusters, gera voicings muito interessantes. O primeiro pentagrama apresenta acordes “tradicionais” com sextas e sétimas, ao passo que os acordes do segundo pentagrama apresentam voicings muito significativas:
Figura 3
HARMONIA E IMPROVISACAO
É interessante estudar cada voicing da Figura 3 em todos os tons. Uma primeira maneira pode ser a de estudar cromaticamente. Por exemplo, o estudo do voicing 2-3-5-7 (primeiro acorde do segundo pentagrama da Figura 3) pode ser realizado como segue:
Figura 4
 
62 / FEVEREIRO 2015 teclas & afins
Espero que se divirtam bastante ao tocar essa música, junto à base disponibilizada com exclusividade para a revista Teclas e Afins. Afinal, o gênero musical brasileiro mais famoso do mundo – a bossa nova – merece sem dúvida nossa atenção! Até a próxima.
Para finalizarmos os estudos desta edição, apresento uma bossa nova de minha autoria (também contida no livro Piano Bossa Nova: método progressivo) e, em seguida, os voicings para o seu acompanhamento.
“A Influência da Bossa”
FEVEREIRO 2015 / 63teclas & afins
Turi Collura Pianista, compositor, atua como educador musical e palestrante em instituições e festivais de música pelo Brasil.  Autor dos métodos “Rítmica e Levadas Brasileiras Para o Piano” e “Piano Bossa Nova”, tem se dedicado ao estudo do piano brasileiro. É autor, também, do método “Improvisação: práticas criativas para a composição melódica”,  publicado pela Irmãos Vitale. Em 2012, seu CD autoral “Interferências” foi publicado no Japão. Seu segundo CD faz uma releitura moderna de algumas composições do sambista Noel Rosa. Entre outras atividades, em 2014 Turi está ministrando cursos online em grupo, entre os quais os de “Piano Blues & Boogie”, o de “Improvisação e Composição Melódica” e o de “Bossa Nova”. [email protected] - w ww.turicollura.com - ww w.pianobossanova.com
Voicings para acompanhamento utilizados no vídeo
HARMONIA E IMPROVISACAO
64 / FEVEREIRO 2015 teclas & afins
arranjo comentado por rosana giosa
Canções e seus arpejos  As canções são músicas de andamento médio a lento. Podem
ser ternárias ou quaternárias, com caráter bastante melódico
e harmônico, menos rítmico do que outros gêneros. Por isso,
seu acompanhamento é basicamente feito por arpejos, que
são acordes em que se toca uma nota de cada vez 
Há canções e há momentos Eu não sei como explicar
Em que a voz é um instrumento Que eu não posso controlar
  Ela vai ao infinito
Ela amarra a todos nós E é um só sentimento
Na plateia e na voz  
Há canções e há momentos Em que a voz vem da raiz
Eu não sei se quando triste Ou se quando estou feliz
  Eu só sei que há momentos
Que se casa com can&cc