52
www.telaviva.com.br PROGRAMAÇÃO VISUAL CRIA IDENTIDADE NO TELEJORNALISMO CONTRA-REGRA ORGANIZADO MINIMIZA CUSTO DE PRODUÇÃO Nº81 MAIO 99

Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Citation preview

Page 1: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

www.telaviva.com.br

PROGRAMAÇÃO VISUAL CRIA

IDENTIDADE NO TELEJORNALISMO

CONTRA-REGRA ORGANIZADO

MINIMIZA CUSTO DE PRODUÇÃO

Nº81MAIO 99

Page 2: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

@Í N D I C E

Page 3: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Este s ímbolo l iga você aos serv iços TELA VIVA na Internet .

Ô Guia TELA VIVA

Ô Fichas técnicas de comercia is

Ô Edições anter iores da TELA VIVA

Ô Legis lação do audiovisual@h t t p : / / w w w . t e l a v i v a . c o m . b r

Í N D I C E

SCANNER 4

CAPA 16

TELEJORNALISMO 22

AUDIOVISUAL 28

MAKINGOF 30

PRODUÇÃO 32

REDES 36

PROFISSÃO 40

TVACABO 44

FIQUEPORDENTRO 46

AGENDA 50

Maio está sendo um mês agitado para os broadcasters. Enquanto assimilam a enxurrada de informações obtidas durante a NAB, realizada em Las Vegas (EUA), em abril, sobre problemas e soluções da DTV, empresários e técnicos começam a discutir a nova Lei de Comunicação Eletrônica de Massa, em seminários promovidos pelo Ministério das Comunicações. O ministro Pimenta da Veiga começa a mexer numa caixa de marimbondos ao tentar, finalmente, apresentar o projeto ao Congresso. Interesses em jogo é o que não faltam. Infelizmente, mais uma vez, a radiodifusão brasileira continua a ser usada como moeda política. Nada impede (a não ser o bom senso) que o Minicom continue responsável único pelo setor. Inclusive há respaldo constitucional para isso. Não há contudo no mundo país relevante que tenha um ministério só para radiodifusão. A encarquilhada TV aberta e também o rádio precisam de muita atenção e reformulação antes de poderem dizer, de cabeça erguida, que estão realmente em condições de cumprir sua função no novo milênio. O setor vive ancorado a uma legislação totalmente defasada da realidade. Adaptada, é verdade, para contemplar interesses pessoais e políticos. Como a Anatel já tem diversas responsabilidades, a sensível questão do conteúdo do broadcasting poderia ser acompanhada pelo Ministério da Justiça ou até por uma secretaria ligada à Presidência da República. Quem andou pelos corredores da NAB’99 pode antever as possibilidades de negócios oferecidas pela DTV. Mesmo nos Estados Unidos, a FCC - Federal Communications Commission - ainda estuda como regulamentar tais empreendimentos. O futuro, muito próximo, da implantação da DTV no Brasil muda totalmente o cenário atual. Mas, para manter privilégios, muitos fingem que não sabem e que não vêem a multiplicidade de oportunidades para novos empreendimentos, para na base do “fizemos” e “já que está deixa ficar”, criar precedentes legais idênticos a tudo que foi feito no meio TV aberta (e também no rádio) durante todos esses anos, ou seja, adaptações. Há muito que as TVs educativas, geradoras e retransmissoras, praticam desobediência legal. Elas fingem que não veiculam publicidade, muitas se prestam à picaretagem política e o Minicom finge que não vê. Como Pimenta da Veiga conseguirá moralizar o setor, se explicitamente precisa de apoio político para exercer sua função de coordenador político de FHC? Como mexer no vespeiro das RTVEs sem mexer com políticos que hoje estão ocupando algumas cadeiras do Congresso, justamente por terem usado suas emissoras com fins eleitoreiros? Qual é seu cacife para poder enfrentá-los? Sérgio Motta, talvez conseguisse passar seu trator, embora também fosse tucano. E, mesmo assim pretendia pendurar a radiodifusão na Anatel. Os lobistas de plantão (que palpitaram, inclusive, nos anteprojetos da lei) já estão a postos para que interesseiros não percam as rédeas do negócio, contando com a barganha política proposta, não nos mesmos moldes do governo Sarney, mas com o mesmo objetivo. É como fazer cirurgia plástica: a aparência do rosto pode até melhorar, mas a idade continua a mesma. Plus ça change, plus c’est la même chose.

Edylita Falgetano

E D I T O R I A L

NAb 99

editoriais de arte

associação brasileira de

cinematografia

contra-regras

intercon

trabalho com animais

tV alfhaVille

Page 4: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

TELESPECTADOR INSATISFEITO O publicitário Wagner Bezerra, autor da tese “Manual do telespectador insatisfeito” que brevemente deverá virar livro, também desenvolveu o “Viver Brasil”, um projeto de programa para a TV, cuja discussão central será a influência dos meios de comunicação na educação do povo. “A idéia é montar um programa de auditório, que seria um anti-Ratinho (referência ao programa exibido no SBT em horário nobre). Teríamos dois debatedores, um mediador e dois links: o primeiro com uma equipe de reportagem colhendo opiniões das pessoas numa praça e outro com especialistas que estariam debatendo o tema da semana. Este programa teria meia hora de

duração e o ideal seria veiculá-lo numa TV educativa.” Enquanto o programa não sai do papel, Bezerra espera sensibilizar a iniciativa privada para apressar sua viabilização. O “Viver Brasil” foi proposto a todas as emissoras comerciais e educativas do País. Tem respaldo da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e, de acordo com Bezerra, está sendo visto com muitos bons olhos pelo Ministério das Comunicações.

NY EM SÃO PAULOApós cinco anos finalizando o Telecurso 2000, os sócios Fernando Waisberg e Mônica Varella, da finalizadora Time Line, resolveram partir para a área comercial. Para finalizar os novos trabalhos, como o projeto da DM9DDB com o Ministério da Saúde “O que eu faço doutor?”, a “TV Bradesco” e a “TV BCN”, a dupla, que também gosta de pintar quadros, comprou um equipamento baseado no software DS, da Softimage. Waisberg conta que a diferença da Time Line para as outras finalizadoras é cobrar por job e não por hora, além do escritório com decoração “novaiorquina dos anos 50”.

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9�

S C A N N E R

ELO DE LIGAÇÃOLuís Fernando Fabichak foi contratado para ser o responsável pelo gerenciamento e planejamento administrativo da área técnica da Divisão Broadcast e Institucional da Sony do Brasil. Além de melhorar o pós-venda dando maior suporte aos clientes, a intenção é que Fabichak seja uma pessoa de fácil acesso, agilizando contatos dentro da estrutura da empresa.

ANOS DE JANELACom passagens por diversas empresas da área de broadcast, o consultor Arlindo Partiti completou 30 anos de visitas à NAB. Mesmo antes do evento ancorar em Las Vegas, ano após ano, Partiti percorre toda a feira atrás de novidades para a Video Systems e outras empresas para quem faz consultoria. Com certeza já gastou muitas solas de sapato!

mônica Varella e fernando Waisberg

PROPOSTAS E OPORTUNIDADES

O novo site da Internet “Negócios de mídia” (www.negociosdemidia.com.br) chegou com a intenção de tornar mais produtiva a relação entre veículos de comunicação, agências de propaganda e anunciantes. Coordenado por Vágner Gimenes, ex-diretor de mídia da Standard Ogilvy & Mather, o site oferece um banco de dados reunindo propostas dos veículos de comunicação, condições de pagamento, pesquisas e agenda de eventos relacionados à mídia. Com ícones para vários meios como jornal, revista, televisão, cinema, outdoor e rádio, o site foi idealizado por Gimenes que percebeu a dificuldade do mercado em administrar o tempo diante da necessidade de atender clientes e veículos.

NO PÁREOAnualmente, a publicação Advertising Age, dos Estados Unidos, elege as 50 maiores agências de propaganda do mundo. No último ranking divulgado, duas brasileiras integraram a lista.

Em 44º lugar, a DPZ e, em 47º, a holding Grupo Total, que integra

diversas agências encabeçadas pela Fischer América.

foto

: and

ré J

ung

Page 5: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 6: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 7: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 8: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

ANTENADAQuando implantou o projeto do novo “SPTV”, a TV Globo de São Paulo conseguiu atender à demanda do jornalismo comunitário na capital e Grande São Paulo. Faltou, no entanto, um espaço para falar do Estado de São Paulo. Para preencher a lacuna, foi lançada a revista semanal “Antena paulista”, que vai ao ar nas manhãs de domingo em todo o estado. O novo programa, apresentado pelo âncora Carlos Nascimento e por Luciana Lancellotti, com comentários de Joelmir Beting, leva ao ar pautas que “resgatam a identidade paulista”, segundo Nascimento.

Gravado nos novos estúdios da Berrini, em São Paulo, o “Antena paulista” é feito em conjunto com todas as afiliadas do estado. O investimento e custos são divididos entre elas, que antes produziam seus próprios “Globo comunidade”, que eram veiculados

no mesmo horário em que agora vai ao ar a revista paulista.

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9�

S C A N N E RNA FILA

Quem já precisou enfrentar a fila para se credenciar na NAB sabe que não é nada fácil ser atendido e sair de lá com o crachá pronto. Há anos a Sony oferece aos participantes do seminário dominical, realizado no Hotel Bally’s, em Las Vegas, a “passagem” para a feira. Erika Kato tenta resolver todo o problema antes de pousar no deserto. Mas não há um ano sequer que não tenha de enfrentar o mau humor das senhoras norte-americanas quando chega no Registration pedindo a emissão (simultânea) de mais de 150 badges para os brasileiros que não receberam ou esqueceram de colocar o passe na mala. Além do credenciamento Erika coordena a realização do seminário, do tradicional jantar da terça-feira e ainda fica no estande para agilizar o atendimento. Paciência e bom humor é o que não lhe faltam!

erika Kato

DESIGN 3DLuiz Villasbôas Arruda Neto é o mais novo membro da equipe da Intervalo Produções. Artista digital e animador em 3D, o designer vem da TV Globo, onde trabalhava na área de multimídia. Entre suas especialidades, estão o uso das ferramentas da Alias|Wavefront.

REPRESENTAÇÃOA Video Systems é o novo representante da Chyron no Brasil para linha de geradores de caracteres e gráficos. O acordo foi fechado durante a última NAB. Na bagagem de volta foram incluídos, além do contrato, os últimos lançamentos da Hitachi, Àccom, Barco, Miranda e Artel, também representadas pela empresa aqui no Brasil, como o Abekas 6000, um servidor de vídeo para jornalismo e esportes e o cenário virtual ELSET em plataforma SGI Onyx, O2, Octane ou Impact, em Irix ou Windows NT.

CASO DE AMOR Os quatro comerciais anunciando as ações comunitárias que a Rede Globo promove foram criados pela W/Brasil e dirigidos por João Moreira Salles. Apresentando casos e pessoas reais a campanha tem linguagem de documentário fazendo um verdadeiro balanço social da emissora. Os filmes foram produzidos pela Videofilmes para provar que a Rede Globo é um caso único no mundo. É um caso de TV privada que investe no social em proporções surpreendentes até mesmo para uma TV estatal. De acordo com Marcelo Pires, um dos criadores da

campanha, “o Brasil que assiste à Globo vai descobrir que a Globo também assiste o Brasil. E o verbo assistir aqui nunca fui tão bem utilizado, já que no caso entre a Globo e Brasil o ‘assistir’ contempla todos os seus significados”.

NO CINEMAA rede de fast-food paulista Bom Grillê escolheu a mídia cinema para lançar sua nova campanha, criada por Maurício Liba, da Liba Propaganda. O filme foi produzido pela Sétima Arte Cine-VT, com direção de Olindo Estevam. Seu roteiro brinca com a nova moda no Brasil - os blecautes - mostrando um cliente que fica sem seu prato de comida depois que a luz se apaga no restaurante.

SEGREDOS ANCESTRAIS

A produtora Dialeto, com o apoio da Rainforest Foundation do Japão, lançou no último dia 19 de abril - Dia do Índio - o documentário “Mehinaku”, projeto que contou com a participação dos índios documentados na concepção e elaboração do filme. O projeto procurou desvendar os segredos dos índios Mehinaku, que vivem no Alto Xingu e praticamente nada alteraram em seu modo de viver a despeito do contato com os brancos. Durante três anos, a equipe fez visitas breves à aldeia, procurando não interferir em seu cotidiano. A edição e a finalização do vídeo foram feitas pela Casa das Máquinas, de Campinas, o que resultou em um documentário de 19 minutos.

foto

: and

ré J

ung

Page 9: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 10: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 91 0

S C A N N E RCARTÃO POSTAL

A jornada de Pedro Buarque de Hollanda, um dos sócios da Conspiração Filmes, pode ser árdua: fazer orçamentos, visitar agências, participar de reuniões de produção e inspecionar os sets de filmagens. Porém tem sua compensação. Quando consegue sentar em sua cadeira fica diante de uma das paisagens mais bonitas (e conhecidas) do Rio de Janeiro. Mas além de vislumbrar o Pão de Açúcar, os olhos de Pedro também estão voltados para a realização de documentários, longas e comerciais.

Entre os novos projetos que a Conspiração está produzindo ele destaca os documentários sobre Chico Buarque, filmado em São Paulo e Portugal; os 50 anos dos Filhos de Gandhi (com cenas que serão captadas na Índia, este mês); e outro sobre percussão na América Latina, com Carlinhos Brown e que terá tomadas feitas em Cuba e Nova York. Este último Pedro co-dirigirá com Andrucha Waddington. Comerciais para a Seven Up (cliente de Portugal) e Rider também já estão na pauta da casa.

ESTÁGIOA Fábrica de Idéias, produtora de trilhas, jingles, spots, pós-produção de áudio e gravação de disco está mandando o produtor Maurício S. Mudrik para a Califórnia onde estagiará numa produtora de DVD. Na volta Maurício incorporará a nova mídia à casa que passará a contar também com produção de multimídia, animação digital e pós-produção em vídeo.

MAKING OF NO AR

A Alterosa Cinevídeo, produtora ligada à TV Alterosa, afiliada do SBT em Belo Horizonte, está levando ao ar os melhores comerciais produzidos na casa, em programetes de três minutos. Mensalmente, a produtora já elegia os melhores filmes do mês, homenageando agências e profissionais. Agora, os melhores filmes são exibidos na TV Alterosa juntamente com um making of e depoimentos da equipe envolvida na sua realização.

COMISSÃOA Comissão de Cinema de São Paulo - órgão formado por representantes da Associação Paulista de Cineastas (Apaci), Associação Brasileira de Documentaristas (ABD), Sindcine, Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo (Sicesp), Cinemateca Brasileira, USP e Secretaria de Estado da Cultura - que tem entre suas atribuições coordenar a realização do Prêmio Estímulo de Curtas-metragens, divulgou uma série de propostas para a formação de bases para uma política cinematográfica no estado.

Entre as reivindicações do grupo, estão o incremento do Programa de Integração Cinema-TV Cultura, que passa por um momento de diminuição de verbas; a publicação de editais para Concursos de Roteiros de Longa e de Realização de Documentários para TV; a realização de Mostras Itinerantes de Filmes pelo interior do estado e a criação de um programa de resgate da memória cinematográfica paulista. O Prêmio Estímulo, outra das reivindicações da Comissão, voltará a ocorrer após uma parada de dois anos e meio, embora não atinja ainda o número de filmes necessário para recuperar o que deixou de ser realizado nesse período. Por enquanto, estão previstos incentivos de R$ 30 mil a dez projetos, mas a Comissão sugere que sejam premiados 15 projetos, com R$ 56 mil cada. A discussão está aberta.

SOTAQUES DIVERSOSMaior rede de agências de publicidade do Brasil, a Salles/DMB&B reuniu em abril representantes de todas as 31 coligadas em sua sede em São Paulo. Os dias 22 e 23 foram preenchidos com seminários e palestras, onde clientes importantes também tiveram vez, e uma das manhãs foi dedicada à apresentação de cases. O diretor de marketing do Carrefour foi um dos palestrantes, já que a rede de agências atende a rede de supermercados em todo o Brasil.

Pedro buarque de hollanda

COMIDA FARTAA megaprodução da AF Filmes para o “Castelo Rá-Tim-Bum” de Cao Hamburger levou em conta um item que nem sempre está no topo da lista das grandes prioridades. É certo que saco vazio não pára em pé, mas desta vez a equipe do filme realmente não tem do que reclamar. Para alimentar toda a galera que está trabalhando no filme, foi contratada uma nutricionista, que orientou até a plantação de uma horta na locação principal, em Cajamar (Grande São Paulo). Entre os hits do cardápio estão os sucos desintoxicantes preparados diariamente.

foto

: cam

ilo t

avar

es e

ana

cos

ta

Page 11: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 12: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 91 2

S C A N N E ROCUPADO

O consultor e pesquisador de novelas da Rede Globo e mestre em telenovelas pela USP Mauro Alencar acumulou mais know-how ao seu curriculum. Entre conhecer a produção de novelas na Argentina e no Uruguai encontrou-se com Alberto Migré, autor da “0597 da ocupado”, novela argentina que serviu de base para a primeira novela diária brasileira “2-5499 ocupado”, adaptada por Dulce Santucci em julho de 1963 e veiculada pela TV Excelsior. Atualmente a Rede Record está exibindo um remake com o título “Louca paixão”. Migré é vice-presidente da Argentores, entidade que reúne escritores argentinos. Mauro Alencar pretende comprar um imóvel para criar um centro de estudos sobre sua paixão (as telenovelas) onde reunirá todo o acervo que dispõe para pesquisas, independentemente das leis de incentivo. A dúvida ainda é a cidade: Rio ou São Paulo?

alberto migré e mauro alencar

RAPIDEZPós-graduada em logística e com dez anos de experiência nas áreas comercial e administrativa, Lúcia Galletti está levando seu know-how para as áreas de vendas, distribuição e representação da Mattedi, fabricante de equipamentos de cinema e vídeo. Após dois anos e meio dedicados à Anixter do Brasil, Lucia foi para a Mattedi no início de março. Apesar de ser nova no mercado de cinema e vídeo, ela conta que já está inteirada do assunto.

DUPLA DE PESODepois de dois anos de atividade da Carpintaria do Software, os sócios Oswaldo Bueno (Tecnologia) e Jean Boëchat (Criação) partiram para uma nova empreitada. Desde início de maio, a dupla faz parte da equipe da Nomedia, o braço interativo da Almap/BBDO, onde os “carpinteiros” continuam a desenvolver os CD-ROMs e sites com os quais já ficaram conhecidos no mercado de multimídia.

CARAS NOVAS Uma nova finalizadora está sendo implantada em São Paulo, pelos sócios Renato França, Celso Costa e Leonardo Badra Eid. Renato e Leonardo vêm da Eletromídia, especializada em painéis digitais, onde Renato era diretor de arte e Leonardo, sócio. Celso Costa, que assumiu a área comercial, vem da Arthur Andersen Consultores. Instalados entre o Brooklin e a Vila Olímpia - nova região de concentração de agências e produtoras - a finalizadora conta com a consultoria de Otávio Clemente, filho de Joaquim Clemente, do ex-Estúdio Abertura.Os três sócios começaram há cerca de um ano com uma estação Softimage|DS e agora incorporaram também três Avid e um Fire. Para o futuro, a expectativa é a de enveredar pela computação gráfica 3D. Na equipe da empresa, estão Marisa Toledo Guardia - no atendimento; Clayton Viana - operador de Avid e Rogério dos Santos e Ricardo Braga - operadores de ilha e DS.

BICANDO PRêMIOS

A produtora Casa das Máquinas, de Campinas, voltou do 5º FestVídeo com vários prêmios. O festival, promovido pela Associação Paulista de Propaganda (APP), aconteceu em Ribeirão Preto, reunindo agências e clientes do interior do estado. A produtora da terra de Carlos Gomes levou o Galo de Melhor Campanha, para Lojas Cem - Natal, criada pela Cem Publicidade (Making of de janeiro de 99, edição nº 77). A produtora também recebeu três prêmios na categoria Varejo, para o Shopping Piracicaba (Galo de Prata e Melhor Fotografia) e novamente as Lojas Cem (Galo de Bronze).

FUSÕESIzael Sinem Júnior, sócio da agência Heads São Paulo, passa a ser o novo diretor-geral da D+, terceira agência do Grupo Total. A troca de posições vem com a incorporação da Heads São Paulo pela D+, que também está inaugurando um novo escritório em Porto Alegre. Com a incorporação, o Grupo Total, que é liderado pela Fischer América, consolida sua posição de segundo grupo de agências brasileiro.

foto

: div

ulga

ção

Page 13: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 14: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 91 �

S C A N N E RCONFORME A

MÚSICA O ritmo da embolada parece ter contagiado o diretor Roberto Berliner a tal ponto que ele criou filmes sobre o mesmo tema em vários tamanhos, que foram crescendo como a própria música. A partir da história de três irmãs cegas que cantam embolada em uma feira em Campina Grande (PB), Berliner desenvolveu roteiros para um vídeo de um minuto, um curta de seis minutos e um longa. Com o título “A pessoa é para o que nasce”, criado pelas próprias personagens, o vídeo ganhou o prêmio máximo do Festival do Minuto de 98 e o curta acaba de receber o prêmio de Melhor Documentário da Competição Brasileira do Festival É Tudo Verdade, realizado em abril em São Paulo e Rio. O curta foi feito com o material de pesquisa do longa, que está em

RETORNOA figurinista Marília Carneiro, ausente das novelas desde “Pátria minha” (1993/94), está de volta à produção televisiva em “Andando nas nuvens”. Novamente dirigida por Denis Carvalho, Marília busca uma linguagem realista, mais próxima do cinema, mostrando personagens de cara lavada na hora de dormir, com roupas usadas em casa e sem maiores espalhafatos. Cristina Médicis e Keller Veiga, responsáveis pela produção de arte e pelos cenários da novela, também têm o cinema como fonte de inspiração: a redação do jornal Correio Carioca (primeiro cenário em novela que tem dois andares utilizados como set de gravação) foi inspirada no longa “O jornal”, produção recente com Michael Keaton e Marisa Tomei, e no escritório do personagem principal do filme “A lista de Schindler”, de Spielberg. Já os cenários das casas remetem às comédias de Frank Capra, mostrando ambientes leves.

VÁRIAS FRENTES A união da experiência de produção e trabalho em agência de publicidade de Sergio Di Giulio com os anos de direção de Toni Nogueira resultou na produtora DGT Filmes, inaugurada em São Paulo recentemente. Publicitário de formação, Di Giulio já trabalhou na Saldiva e na Rede Globo. Nogueira passou 11 anos em Nova York, onde atuou nas áreas de música e vídeo. Com a nova empresa, os sócios já estão atuando em programas de TV, com a captação de reportagens internacionais para o programa do Ratinho, do SBT, e trabalhos de captação e edição para a Rádio e Televisão Portuguesa (RTP).

Para atender os clientes, a dupla contratou Thais Cristina França Pinheiro Machado para o atendimento. A equipe é pequena, mas a empresa investiu em equipamentos, adquirindo um sistema DVCAM, que inclui câmera e ilha, uma estação de edição não-linear Edit, da Discreet Logic e uma estação de computação gráfica 3D com o software SoftImage Extreme 3D, além de uma mesa digital para captação e edição de áudio.

ERRATAO filme “Um copo de cólera”, do diretor Aluísio Abranches, custou R$ 800 mil e não R$ 80 mil como publicado na nota “Coincidência” na coluna Gente na Tela da edição de abril (nº 80) de Tela Viva.

MUDANÇA DE IDENTIDADE

A Silicon Graphics anunciou em meados de abril que o nome da empresa passa a ser SGI. Segundo o diretor de canais e marketing da SGI, Reinaldo de Oliveira Opice, o nome Silicon Graphics estava vinculado ao mercado de computação gráfica e entretenimento, o que corresponde a menos de um terço do faturamento da empresa. A mudança aconteceu para promover a linha de servidores, que são os principais produtos fabricados pela empresa. Agora SGI será o nome da empresa e da linha de servidores. Silicon Graphics continuará sendo usado para os produtos de entretenimento e computação gráfica e a linha de supercomputadores continuará com a marca Cray.

thais, sergio e toni

foto

: div

ulga

ção

Page 15: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 16: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Edylita FalgEtano*

A NAB DAS PARCERIAS

A NAB DAS PARCERIAS

roteiros totalmente inovados.A NAB’99 conseguiu atrair mais de 105 mil visitantes. Novo recorde de participação. Mesmo num ano em que diversos países vivem suas crises financeiras, como o Brasil, cujo número de participantes, este ano, foi reduzido quase à metade em relação a 98.Mesmo antes da abertura oficial da exposição (na segunda-feira, 19/04), os maiores fabricantes convocaram os jornalistas de todo o mundo para apresentar suas conquistas e nortear a visita aos centros de exposição instalados no Las Vegas Convention Center (LVCC) e no Sands Expo Center. No supershow da Sony ficou claro que parceria era a palavra que predominaria durante todo o evento. A empresa mostrou em Las Vegas números relativos às vendas de seus produtos digitais no mundo todo: 75 mil unidades do sistema DVCAM, mais de 50 mil do Betacam SX, 2,5 mil servidores de vídeo e mil máquinas do sistema HDCAM, para mostrar a velocidade da transição digital. Usuários dos sistemas da Sony - como a CBS (cujo valor das negociações atingiram um montante de US$ 20 milhões em equipamentos Betacam SX); a CBC, do Canadá; a RAI, italiana;

A re cen t e onda de f u sõe s e

a l i an ça s en t r e o s f o r ne cedo re s

de ha rdwa re e so f twa re

muda ram o cená r i o da

p rodução de b roadca s t . os

r e s u l t ado s f i c a ram ev i den t e s

no s co r r edo re s , s em i ná r i o s e

ap re sen t a çõe s do s expo s i t o r e s

du ran t e a NAB ’99 .

e a inglesa Channel Four - foram chamados para atestar a eficiência dos produtos. Mas notícia importante foi o anúncio de parcerias, principalmente com a Avid para co-desenvolver um sistema de edição não-linear em MPEG para aplicações em jornalismo e pós-produção, isto é, colocar os produtos DVCAM e Betacam SX em ritmo de compatibilidade com os sistemas da Avid.Outro foco da Sony é o sistema de asset management, e novamente um grande parceiro está envolvido: a IBM. As duas empresas anunciaram que vão trabalhar juntas para criar uma solução customizada para as mais de 100 mil horas de arquivo da CNN, em MPEG. Na área de news, além da IBM, Quantel e Pluto também são parceiras para o desenvolvimento de soluções. A Sony e a Discreet Logic anunciaram um acordo para trazer ao mercado um software baseado nas câmeras HDCAM. A colaboração tecnológica entre as empresas resultará em um software que permite troca de dados entre uma interface SDI convencional e o formato HDTV da família HDCAM, facilitando a manipulação de imagens sem a necessidade de equipamentos de conversão adicionais.Leitch (para os padrões MPEG), Fast (para tornar compatível o DNW-A75 com o editor não-linear blue), Sun e Vibrint também participaram da festa como aliados da Sony.

i n t e rope rab i l i dade

Na outra frente, a Panasonic lidera um grupo de interoperabilidade que tinha estande próprio na NAB deste ano. Segundo Johann Safar, diretor de parcerias tecnológicas estratégicas da empresa, não se trata de uma organização formal nem de um pacto comercial, mas de um entendimento de várias empresas de que deveria haver um padrão comum de comunicação. Assim, os equipamentos de fabricantes como Quantel, Tektronix ou C-Cube poderão “conversar” entre si usando a mesma interface e os mesmos parâmetros de

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 91 6

c a P a

O visual da cidade de Las Vegas (EUA) nunca é o mesmo em relação ao ano anterior. O desaparecimento de antigos hotéis/cassinos e a velocidade de construção de novos, com as mais diversas temáticas, alteram a paisagem para atrair visitantes. Assim é a NAB (National Association of Broadcasters) - o maior evento do broadcast mundial -, o lugar é sempre o mesmo, mas a cada ano o show apresenta seus atores atuando em

Page 17: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

HIGHLIGHTS

A diminuta quantidade de brasileiros circulando pelos centros de exposição não esfriou o interesse de empresas de todos os portes em aumentar sua presença no nosso mercado.

Na Quantel, Bob Pank, gerente de comunicações técnicas; Roger Thornton, chefe de comunicações de marketing; Peter Jones, gerente regional de vendas; e Rob Ettridge gerente de relações com a imprensa, quase em uníssono afirmavam que a estratégia da empresa é a migração passo-a-passo para a produção em HDTV. Todo o empenho era para apresentar o Monty, a nova plataforma sobre a qual serão construídas as versões para HDTV do Henry, Hal, Editbox e Paintbox. A empresa apresentou no estande a versão do Editbox em 24 fps, cuja principal vantagem é não haver a necessidade de conversão de padrão evitando, assim, a degradação das cópias de distribuição.

A Avid mostrou workstations de áudio digital para Macintosh e Windows da Digidesing (previamente comprada). A plataforma Intergraph StudioZ GT, 500 MHz, dual Pentium III, teve aumento significativo de performance. O kit para fazer o upgrade dos sistemas dual stream atuais (400 MHz, Pentium II) custam (por tempo limitado) US$ 4,8 mil (FOB Miami), com entrega imediata. O Softimage DS passou a ser compatível com os drives Fiber Channel (mediaArray) e esses drives poderão ser utilizados, via upgrade, com o novo sistema de compartilhamento de mídia, lançado nesta NAB, o Unity. A EVS já tem um cliente de porte em solo brasileiro: a Rede Globo. O slow motion da empresa foi usado na Copa do Mundo e permite que, em um jogo de futebol, por exemplo, o operador marque um clip e o reproduza instantaneamente, enquanto o servidor continua a gravar a partida. O modelo para duas câmeras permite ainda a acoplagem de uma mesa digitalizadora para desenhos de análise de jogadas on screen.

A Tektronix demonstrou através de uma simulação um sistema de transporte de vídeo sem compressão via rede pública. O sistema, que ainda não está sendo produzido comercialmente, vai permitir transferências pela rede já existente nas cidades em tempo real, a velocidades de até 2,5 Gbps. De olho na transição, >

compressão DV. Mas o sistema não será ilhado e nem obrigará o produtor a comprar somente equipamentos dos mesmos fabricantes. “O padrão é compatível com outros sistemas, e a própria C-Cube está produzindo um conversor, através do qual mesmo clips produzidos em Betacam poderão transitar pela rede”, conta Safar.Yasunobu Yagyu, gerente de sistemas broadcast da Panasonic Latin America alfineta: “A Sony põe tudo sob seu guarda-chuva. A Matsushita (Panasonic) tem uma filosofia diferente, de ter sistemas abertos ao público”.A guerra dos formatos - DVCPRO x Betacam SX - ainda deverá ter muitos rounds. Profissionais e empresários brasileiros ainda não têm certeza absoluta em quem apostar. “Não podemos tomar a decisão apenas pelo ponto de vista técnico”, comenta João Braz Borges, diretor geral de operações, da TV Anhangüera, afiliada da Globo em Goiânia. O aumento da área de exposição do LVCC acrescentou 30 mil m2 à NAB’99. Vinte e seis mil metros quadrados foram utilizados para aumentar o número de empresas expositoras e os restantes 4 mil m2 serviram para ampliar os espaços de seminários e salas de demonstração, onde os visitantes puderam experimentar os equipamentos sem o atropelo dos estandes. Os ambientes de exposição se dividiam entre os monitores de plasma para diversas aplicações e imagens de cinema e de HDTV podiam ser comparadas. Em alguns casos, como nos documentários, o novo formato apresentava mais definição que os rodados em película, mesmo nos altos contrastes. No estande da Sony, um exemplo do que poderá ser uma sala de exibição, sem aquele ruído característico dos projetores de cinema.

l ado a l ado

A JVC anunciava a compra, pela Fox News e Fox Sports News, de US$ 33 milhões em máquinas digitais D9, que utilizam fitas de 1/2 polegada a 50 Mbps. Para soluções de

armazenamento foi desenvolvido, em parceria com a Sonic, o DVD Creator, destinado a arquivo, library e vídeo/áudio enconding. Entre os parceiros da Alias|Wavefront estão as empresas Media 100, Genetic Arts e Motion Analysis. As apresentações, destacaram o Maya Unlimited Overview, Character Construction & Animation e Lighting Textures. Mas o que chamou mais a atenção, foi o lançamento do Maya Paint Effects, para o ambiente 3D com criação de objetos orgânicos como plantas, cabelo, luz e fogo.Com um saldo de US$ 33,9 bilhões em vendas no ano passado, a Philips demonstrou o que será a TV do futuro e suas aplicações, ou seja, o datacasting e o data services em HDTV. Na área de webcasting, um dos sistemas mais interessantes apresentados foi o da empresa holandesa. Toda a interface, tanto para o operador quanto para o usuário, é feita no formato da web. Segundo o diretor de desenvolvimento de data broadcasting da empresa, Jacco van der Kooij, o CleverCastPC tem um sistema avançado de acesso condicional que pode liberar um vídeo para um único usuário ou para grupos determinados, bem como montar os playlists e determinar os horários em que cada clip pode ser reproduzido. Anunciando uma parceria com a Toshiba, a Philips apresentou o Voodoo Media Recorder, que é um videotape sem compressão para pós-produção em HDTV, baseado no formato D6. Mais parceria à vista. Desta vez o Media 100 uniu-se ao Nothing Real Team, para lançar o Shake, uma solução de efeitos mistura de video effects e video composer para Windows NT. Pela agitação do estande, a novidade agradou, já que custa a partir de US$ 1,195 mil. O sistema é aberto, com uma interface gráfica em estrutura de árvore, que também integra animação. Nesta NAB, a SGI mostrou o projeto de instalação de uma rede de áudio e vídeo para atender 300 jornalistas na sede da CNN, onde as informações serão compartilhadas por mais

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9 1 7

Page 18: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

de quatro bureaus majoritários da com-panhia, que inclui mais 36 bureaus de notícias ao redor do mundo. Mesmo no ambiente SGI, a CNN optou pelo Windows NT, que se torna mais

amigável em diversos ambientes do broadcast. No desktop, os jornalistas poderão monitorar imagens em baixa resolução com compressão MPEG-1,

incluindo as imagens de satélite com um delay menor que quatro segun-dos. E mais uma parceria, desta vez com a Sony, no desenvolvimento de uma estação Octane com telecine,

resultando no Vialta, com duas interfaces em tempo real para HD, enquanto na Califórnia, a SGI anuncia o lançamento dos boards para HD baseados no Origin 2000 Server, nos formatos 1080 I e 720 P, que segun-do a empresa, pretende reduzir custos e agilizar o processo de produção.Diversas fusões, aquisições e parcerias entre empresas vêm acontecendo desde o final da NAB’98 e foram os destaques da feira deste ano. Na maioria dos casos, estas novas alianças exprimem a ampliação das linhas de produtos e a aber-tura de novos mercados. Os principais fabricantes de equipamentos alardearam os valores dos contratos conseguidos durante o ano passado. Mas a impressão, ainda, é a de que muito esforço vai ser despendido para a consolidação da TV digi-tal. Para os engenheiros e empresários brasileiros envolvidos no processo da transição digital, neste ano já foi possível con-hecer os problemas e soluções das emissoras em relação à DTV (leia box). A produção, seja ela em HDTV ou SDTV tem seu caminho traçado. Os servi-dores de vídeo são a base de todo o processo e os diversos fabricantes dispu-tam acirradamente o merca-do. Quanto à transmissão, ainda restam algumas dúvi-

das que esperamos ver esclarecidas na NAB 2000.

* colaboraram andré mermelstein

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 91 �

C A P A

a empresa se concentrou na série de geradores de sync e teste TSG170A, no Cable TV Spectrum Analyser 2715 e no PQA200, uma ferramenta para controle de qualidade para imagens digitais. Mas o destaque foi a ampliação da família Profile, com o PRC 100, um controle remoto com jog/shuttle e capacidade para controlar até quatro servidores, ideal para o play-to-air. Para transmissões de eventos ao vivo, está disponível o Tektronix Live System, que suporta de dois a quatro canais com o Profile PDR200. Projetado para esportes e jornalismo, com captura, organização e replay. Pode enviar os arquivos de vídeo em alta velocidade utilizando fibra óptica.

A Ultimatte, empresa criada por Petro Vlahos em 1976, tornou-se referência na área de composição de imagens. A versão KnockOut, apresentada este ano, é o que existe de mais avançado na criação de canais alpha, recortando água, fios de cabelo, mesmo em plano geral, além de transparências sobre fundos diversos, sem a necessidade do fundo azul ou verde.

No estande da inglesa Pixel Power, baseada em Cambridge, Richard Asthon demonstrava a vontade de ampliar sua participação nas vendas para o Brasil apresentando o Clarity, sistema gráfico e gerador de caracteres para todos os formatos de HD, rodando em Windows NT e o Graphite e Graphite Playout, sistemas que oferecem ferramentas para a criação gráfica e capacidade de reprodução instantânea dos clips.

Boris FX - Cada vez mais ganhando adeptos na área de efeitos no Brasil, foram apresentadas as versões Boris RED e Boris AE, que são compatíveis com o Adobe After Effects, além de implementos como de textos 3D, filtros com formas orgânicas e canal alpha para formas de nuvens. Na versão RED, para funções de edição não-linear, realiza efeitos de explosão de partículas e animação de títulos em 3D, com True Type e Postscript.

A Cintel definiu a linha C-Reality como o estado da arte em telecine. Com recursos de pan, zoom e rotação, entre outros, conta com um alinhamento cromático a partir de seis vetores em 14 bits. Com uma resolução de dois milhões de pixels, transfere imagens de filmes 35 mm, Super-35, 16 mm e Super-16 para o ambiente 1080/60Hz ou 1080/24P.

Com apresentações mais dinâmicas e objetivas, a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) programou para o tradicional SET e Trinta um encontro onde se falou menos de equipamentos e mais sobre tecnologia. Durante os três dias do evento foram apresentados relatos importantes, como a primeira fase de implantação do DVB na Inglaterra, através da exposição de Edgar Nilson, da EBU/DigiTag, que salientou que a transição da BBC 1 e 2 para o digital estará 90% concluída até o final de 1999. Em outras emissoras, como a ITV e ITV2, os trabalhos estarão na mesma época com 88% de sua capacidade adaptada para a DTT, como é designada a TV digital no sistema DVB. Nilson também contou que ao todo já há 30 programadores no sistema terrestre aptos também para o aspecto 16 x 9, principalmente para a TV móvel, projeto que teve início em novembro de 98 e que pretende colocar a qualidade digital nos trens que cortam a Alemanha. Quanto à expectativa para o usuário, o mercado como um todo deverá adotar um set-top box de cerca de US$ 300 para a conversão digital/analógico, e um display de 32 polegadas, ainda sem preço definido. Nas outras localidades, estão, segundo Edgar Nilson, sendo coordenados serviços de canais multiplex até o próximo ano, como no norte da Europa e na Espanha. Bob Seidel, da CBS, apresentou em primeira mão para os brasileiros os resultados de mais uma bateria de testes de campo de DTV nos Estados Unidos. Segundo Seidel, nesta fase foram utilizados dois transmissores Harris Sigma, em 6 MHz, distantes 4,7 km um do outro, sendo o principal colocado na torre norte do World Trade Center e um auxiliar no Empire State Building, ambos em Nova York, cidade escolhida pelo alto adensamento populacional. O objetivo dos testes, realizados desde novembro de 98, foi verificar a qualidade da recepção do ATSC na área central da cidade, avaliando o range da recepção, efeitos de “fantasmas” originados da reflexão da grande quantidade de edifícios e em particular das torres gêmeas do World Trade Center. Outro objetivo do teste foi medir a interferência causada pelo canal adjacente (canal 55) em relação ao canal principal (canal 56). O plano de teste foi idêntico ao utilizado em outras cidades como Chicago, San Jose e Seattle entre 1994 e 1995. Os resultados, apresentados ao SMPTE em 10 de março deste ano, demonstraram que em grandes áreas, mesmo com o alto número de barreiras (prédios), o ATSC teve um desempenho de 100%, ao passo que a leste do Empire State Building, a taxa de acerto dos padrões de teste foi de 96%. Na cobertura do sinal, a DTV atingiu a marca de 90 km, com perdas de sinal próximos a montanhas. No teste de reflexão, em particular do World Trade Center, não foram diagnosticados problemas significantes de sinal.

SET E TRINTA DINÂMICO

Page 19: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 20: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

André MerMelstein

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 92 0

sua força não está só nas grandes corporações do mundo da informática e das telecomunicações, todas presentes, como Microsoft, Alcatel, Nortel, Philips, GE etc. Dezenas de start-ups, pequenas companhias com boas idéias, mostravam sistemas eficientes de ad insertion, webcasting, data storage e DVD authoring (traduzindo: sistemas de inserção de programas e comerciais automatizados

baseados em servidores de vídeo, transmissão de vídeo via Internet, arquivo digital de imagens e elaboração de DVDs).Convergência foi uma das palavras mais citadas na exposição. E os aparelhos multiuso proliferavam. A Sigma Designs apresentou

o Real Magic, um set-top box que além de ter embutido um sistema semelhante ao WebTV, que permite navegar na Internet a partir do aparelho de TV, funciona como um decodificador de TV a cabo com capacidade para VOD (video-on-demand) e tem ainda um DVD player incorporado. Outra empresa pequena, a PixStream, trouxe um set-top feito especialmente para as operadoras de telecomunicações, que podem transmitir vídeo usando ADSL, sistema que permite o transporte de dados em alta velocidade sobre as redes telefônicas existentes atualmente.

C A P A

Os organizadores da NAB já perceberam há algum tempo que nem só de câmeras e luzes vive o broadcast. E quem vai ao pavilhão do Sands durante a feira em Las Vegas pode achar que está na verdade em uma convenção de bancos de dados, redes, computação gráfica ou Internet.Quem poderia prever que uma das apresentações mais concorridas da NAB um dia seria a do presidente da Oracle, Larry Ellison? Pois foi. O rei do database montou seu show (com as câmeras e luzes, é claro) e, sob o slogan “the Internet changes everything” (a Internet muda tudo), mostrou que serviços como o BIB (British Interactive Broadcast), da Inglaterra, são mesmo o futuro. No BIB os assinantes podem usar a TV para consultar o saldo, fazer compras e até, acredite, ver TV. Não é só. Ellison crê que a TV interativa poderá “conhecer” seu espectador, nos moldes do que faz a livraria online Amazon.com (o site “aprende” os gostos do usuário conforme ele vai utilizando o serviço e passa a oferecer produtos adequados a esse consumidor). Tudo rodando em cima dos bancos de dados Oracle, entendido. Demonstrando a TV interativa estavam empresas como a NDS, com os sistemas Value@TV e iADs, que permitem que se obtenha mais informação sobre um produto apresentado em um comercial e até se faça a compra instantaneamente.No pavilhão, a tecnologia mostra que

Algumas start-ups de NABs anteriores cresceram e viraram referência em determinadas áreas. A Orad é uma delas. A empresa desenvolve tecnologias de cenário e propaganda virtual e tem a Globo como um de seus grandes clientes. Dentre os brinquedinhos que apresentou na feira estava a propaganda virtual 3D animada em tempo real e os videowalls virtuais que podem ser aplicados, por exemplo, em estádios de futebol durante as partidas.No quesito inovação o destaque ficou com a ZCam, da 3DV Systems, uma câmera 3D. Na verdade é um módulo no qual se acopla uma câmera convencional. O sistema capta, além da imagem, informações sobre todo o ambiente, medindo o tempo que a luz leva para refletir em cada ponto do plano. Assim, a câmera pode reconhecer cada parte da imagem como um objeto. Pode-se, por exemplo, isolar uma pessoa em uma cena e aplicar um recorte sobre ela (depth keying), trocando todo o background, como se fosse um chroma-key, mas sem a necessidade de fundo azul. Ou pode-se aplicar efeitos 3D sobre a imagem praticamente em tempo real. A câmera não foi lançada ainda comercialmente, é só um protótipo.As maiores empresas de telecomunicações apresentavam na

feira suas soluções para transporte de sinais, de todas a formas imagináveis. Via IP, ATM, IP sobre ATM, por fibra óptica, satélite etc. A MCI/WorldComm oferecia seu serviço de transporte de vídeo global sobre ATM a 22 Mbps em compressão MPEG 4:2:2, através de sua rede própria mais as da BBC e EBU. Sinais ao vivo eram transmitidos de Londres a Las Vegas pela rede. A GE oferecia sua rede via satélite para transmissão de vídeo entre dois ou mais pontos quaisquer dentro dos EUA.

Barco - Este ano foi apresentada a série de monitores ADVM, disponíveis em 14, 20 e 28 polegadas, que permite trabalhar sinais adicionais analógicos, tendo como aplicação o videowall. A idéia é tornar mais atraente em termos de custo a transição para o digital, já que este monitor também oferece esta possibilidade. A empresa aproveitou para divulgar a escolha de seus codecs pela European Broadcast Union (EBU), mais precisamente os modelos para MPEG-2 Polaris, enviando um sinal para os Estados Unidos em 21,5 Mbps, sem apresentar falhas nos 17 dias de transmissão.

No estande da israelense RT SET foram apresentadas as versões para HDTV dos cenários virtuais. A novidade é a possibilidade de utilizar câmeras na mão, com todo o registro de movimento em perspectiva e em tempo real através do recurso Portable Camera Tracking Systems.

FEIRA DE INFORMÁTICA

Page 21: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 22: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Murilo ohl

Na manhã em que o avião da TAM caiu logo após decolar do aeroporto de Congonhas e fazer dezenas de vítimas, o gerente de Ilustração e Arte da TV Globo, Alexandre Arrabal, não sabia qual idéia iria apresentar na reunião de pauta à uma hora da tarde. Ele não imaginava como criar um selo - aquela ilustração que fica atrás do apresentador do jornal

Logo t ipos , se los , t ipo log ia ,

ta r jas e v inhe tas são

e lemen tos u t i l i zados para

dar uma iden t idade aos

te le jo rna i s . P rogramadores

v i sua i s t raba lham desde a

e laboração das cores e do

pro je to dos cenár ios a té

as i l u s t rações e s imu lações

que fac i l i tam tan to a

iden t i f i cação do cana l quan to

o en tend imen to da no t í c ia .

as matérias que não têm imagens. E vai dizer para quem está assistindo qual o tom da matéria que vai ser exibida a seguir. “O ‘Globo repórter’ é mais sério e o ‘Fantástico’ mais descontraído”, diz Arrabal. A programação visual é que vai ajudar o telespectador a entender a notícia, a sentir-se confortável na poltrona de casa e, principalmente, a prender sua atenção de tal forma que ele não mude de canal. Enfim, são as vinhetas, legendas, selos, reconstituições, que dão a cara do telejornal. O trabalho do programador visual começa durante a concepção do telejornal. Nessa etapa o diretor de criação se reúne com os editores e diretores para conhecer a linha editorial que está sendo proposta. “Nossa função é encontrar soluções gráficas que combinem com o produto”, diz Luciano Cury, atualmente diretor de criação do Canal 21 de São Paulo e que também é responsável pela renovação visual dos telejornais da TV Cultura. Para que as soluções sejam adequadas

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 92 2

t e l e J o r n a l i s m o

- que chamasse a matéria da queda do avião sem cair no óbvio e nem apelar para o sangrento. Foi então que alguém apareceu na redação com um cartão de embarque da TAM daquele mesmo dia. “Em um instante, a arte apareceu na minha cabeça”, lembra. Arrabal pegou a imagem do avião caído e fundiu com o cartão de embarque. “Criei uma imagem que puxava para o lado pessoal - um cartão com data e nome - para prender a atenção do telespectador e não precisei colocar apenas um avião e uma explosão, que foi o que as outras emissoras fizeram.”O trabalho dos programadores visuais e designers gráficos dos telejornais é abrangente. São eles os responsáveis por fazer com que o noticiário seja mais agradável e atrativo. Afinal, imagine se todos os telejornais tivessem um fundo azul infinito e uma bancada cinza. Ou então como seria incompreensível uma notícia econômica sem gráficos nem tabelas. E como explicar a guerra nos Balcãs sem um belo mapa? A programação visual está presente o tempo todo. É ela que vai salvar

Page 23: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

é necessário ter muita intimidade com o projeto. “E isso só se adquire com muita conversa”, afirma Cury. Quando o programador visual conhece bem o produto, as boas idéias começam a aparecer. Para Cury, os jornais sugerem imagens. “O ‘Roda viva’ tem um movimento circular e o ‘60 minutos’ dá a idéia de relógios, números e ponteiros.” Segundo Arrabal, da Globo, um programa que tem uma boa linguagem visual é aquele que pode ser identificado rapidamente. “No momento em que ligar a TV, a pessoa precisa saber em qual emissora está, que está assistindo a um programa de jornalismo e de qual jornal se trata”, afirma. Para facilitar a identificação a Globo tem padrões bem definidos. A letra de qualquer programa - jornalístico ou não - é sempre a mesma, a Globo Face, que é uma das maiores marcas da Globo. Nos telejornais, os nomes de apresentadores, repórteres e entrevistados vêm escritos sempre em caixa alta. Para os créditos abaixo do nome, utiliza-se caixas alta e baixa. Todos os créditos são escritos em cima de tarjas, nas cores e com o logo dos jornais, que reforçam a identificação e facilitam a leitura dos caracteres. Depois de definida a linha editorial é hora de achar os elementos que vão compor a linguagem visual do jornal. Na Globo, Arrabal mostra que a cor é um dos principais meios de diferenciação entre um telejornal e outro. “O jornal ‘Hoje’ é mais colorido, o ‘Jornal Nacional’ puxa para o azul que é a cor da Globo.” No canal 21, Cury utilizou uma linguagem mais ágil e direta, porque “a proposta é ser um canal interativo com a população”. Para criar a programação visual de todos os jornalísticos da Cultura, Cury seguiu uma linha diferente para cada programa. As vinhetas do jornal de variedades “Metrópolis”, por exemplo, vieram do cinema. “Eu quis mostrar uma cabeça de mulher que fizesse o telespectador lembrar do

rosto que aparece no filme “Metropolis” de Fritz Lang.”

i n sp i r a ção

Para fazer o logotipo do “Metrópolis”, Cury foi buscar inspiração nas viagens que fez: o logo é composto de uma imitação da programação visual do metrô de Londres, somado à letra M que é utilizada nos buttons do museu Metropolitan de Nova York. Para Cury, viajar é muito importante para o artista gráfico pois ele trava contato com um número infinito de novas idéias. “Ser um programador de TV exige atenção 24 horas por dia, tudo pode virar uma idéia”, brinca. A inspiração só vem se o programador visual conseguir construir um acervo pessoal rico. Cury exibe em cima de sua mesa uma imensa quantidade de revistas nacionais e estrangeiras. “Eu leio várias revistas de design, de esporte, de moda, jornais, tudo que possa ser graficamente inovador.” Ir muito ao cinema e ver o que está sendo feito nos filmes também é importante. “É uma fonte de idéias permanente”, diz Arrabal. A formação do profissional que trabalha com programação visual em telejornais é bastante variada. A maioria são designers gráficos, mas existem arquitetos, artistas plásticos e até engenheiros. Luciano Cury, formou-se em Rádio e Televisão na USP para estudar teoria da comunicação. “Como eu já sabia trabalhar com computação gráfica, preferi aprender alguns conceitos que desenvolvessem mais o meu trabalho.” Atualmente, a computação gráfica é a base do trabalho dos programadores. A editoria de arte tem sempre os computadores mais avançados e potentes da emissora. Os programas mais utilizados para a confecção de vinhetas, logos e selos são o PhotoShop e o After Effects da Adobe para PC e o Alias 8.5, um software da SGI. “Mas o

que mais se usa é o PhotoShop”, afirma Julio Balasso, programador visual da TV Bandeirantes. “Mesmo porque na loucura do dia-a-dia não dá para ficar inventando muito”, confessa. Entre os entrevistados uma impressão é definitiva: é preciso saber desenhar bem, à mão e no computador. “O sujeito que não sabe desenhar vai acabar falhando”, diz Balasso.

co t i d i ano

Todo dia, Balasso e mais dois programadores visuais cuidam exclusivamente das artes que vão entrar no “Jornal da Band” no horário nobre. O trabalho é estafante. Todo dia é preciso achar criatividade para produzir pelo menos oito selos, além de mapas, destacar trechos de jornais, documentos e fotos e ilustrar reconstituições de crimes e acidentes. Todo esse trabalho resulta, a cada quatro meses, em um acúmulo de mais de 600 ilustrações. O “Jornal Nacional” arquiva 200 selos que são chamados de genéricos e que podem ser utilizados a qualquer momento: saúde, vacinação, CPMF, são alguns tipos de selo genérico, que serão aplicados toda vez que o noticiário tocar nesses assuntos. A criação de cada um deles exigiu raciocínio e muitas simulações. “No de vacinação por exemplo, nós decidimos usar um conta-gotas ao invés de mostrar uma seringa, pois poderia gerar

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9 2 3

Page 24: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

uma associação com drogas”, explica Arrabal. Para ele, o selo de greve é o mais difícil de criar. “Como ilustrar uma greve? Antigamente a imagem mais forte era o cartaz, mas hoje não se faz mais greve com cartazes.” A solução adotada então é fazer um selo novo para cada categoria que entra em greve.Existem os selos para identificar grandes temas como carnaval, Copa do Mundo e eleições. E por último, os selos que exigem mais criatividade são aqueles sobre acontecimentos imprevistos do cotidiano. Estes precisam passar informação e dar emoção à apresentação da matéria. “Nós sempre pegamos a imagem mais dramática”, analisa Balasso, da Band. Arrabal lembra da matéria do assassinato do antiquário brasileiro no Hotel Waldorf Astoria, em Nova York, em março deste ano. “Nossa primeira idéia foi usar uma imagem do prédio do hotel”, recorda. “Mas desistimos porque não é um prédio

que todo mundo conhece e as pessoas poderiam achar que é um prédio em São Paulo ou no Rio”. A solução, então, foi usar uma imagem do skyline de Nova York. “A identificação pela cidade é mais fácil”, afirma.

t e ndênc i a s

A programação visual está sempre atrás de inovações gráficas e tecnológicas que tornem mais confortável o ato de assistir à televisão. Em geral, os programadores seguem as tendências das artes gráficas. “Hoje em dia estamos usando muito uma linguagem bidimensional”, afirma Balasso. “Ela tem a vantagem de ser mais simples e dinâmica, o que facilita a compreensão.” Segundo ele, as vinhetas tridimensionais estão ficando fora de moda depois de um longo reinado na TV. Outra coisa que está acontecendo é uma utilização maior de imagens do que de ilustrações.

“É melhor fazer composições com imagens, que dão mais vida à arte do que desenhos”, afirma.Em breve, as emissoras estarão usando com bastante freqüência o cenário virtual. Na Globo por enquanto só o “Globo repórter” tem. “O cenário virtual permite uma interação muito maior do apresentador com a matéria”, diz Arrabal. Segundo ele, o cenário virtual vai ser muito útil para as matérias que não têm imagens só números. “O apresentador vai poder ficar ao lado dos números, o que torna o assunto mais próximo do público.” A computação gráfica está gerando possibilidades infinitas para o programador visual que trabalha em telejornais. É uma estrada onde todos querem viajar e ninguém sabe onde vai chegar. Como diz Luciano Cury: “Sempre podemos inventar alguma coisa que as nossas máquinas não conseguem executar”.

T E L E j o r n A L I s m o

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 92 �

Não disponivel

Page 25: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 26: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 27: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 28: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

PAulo BoccAto

a U d i o V i s U a l

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 92 �

O setor audiovisual brasileiro ganha uma entidade formada por profissionais da área e voltada para a discussão de procedimentos técnicos. A Associação Brasileira de Cinematografia está em discussão na Internet e já tem seus estatutos elaborados. Formada a partir da iniciativa de diretores de fotografia que participavam de um workshop realizado no final de 98, a ABC

já conta com quase uma centena de associados. “Por enquanto, a entidade ainda é um fórum virtual de discussões, sem sede própria, de onde estão sendo tiradas algumas pautas para a condução dos trabalhos”, afirma o diretor de fotografia Carlos Ebert, um dos idealizadores da ABC. “A idéia de uma associação como essa não é funcionar como entidade sindical ou algo parecido, mas juntar profissionais, trocar informações e investir no aprimoramento técnico de toda a classe, além de buscar algumas normas para a produção, especialmente nas áreas de fotografia, som e finalização”, ressalta Ebert. A iniciativa de formação da entidade não é nova, mas seus membros acreditam que a chegada da Internet pode facilitar as discussões. “O Affonso Beato havia tentado algo parecido quando era diretor da área técnica da Embrafilme, depois houve novas tentativas e sempre havia dificuldade de reunir as pessoas”, conta Ebert. Entre os projetos

existentes, figuram a elaboração de cursos para profissionais e iniciantes (o primeiro deles deve acontecer ainda neste semestre) e a divulgação de textos. O primeiro grupo de discussão conduz um debate sobre a qualidade dos serviços prestados pelos laboratórios cinematográficos do País, devendo estabelecer normas e padrões para esse tipo de trabalho.Diferente das entidades estrangeiras, que congregam apenas diretores de fotografia, operadores e assistentes de câmera, a ABC está aberta também a profissionais de engenharia, coloristas, técnicos de som, laboratoristas, editores e finalizadores, nesses casos, como afiliados, sem direito a voto. Para se tornar associado, com direito a voto, são aceitos diretores de fotografia e operadores de câmera com pelo menos três anos de experiência profissional.Os pedidos de ingresso na associação são analisados por um comitê que julga o mérito profissional do pretendente. Atualmente, a ABC já conta com um elenco de respeito, que inclui nomes como Ebert, Beato, Lauro Escorel (ASC), Edgar Moura, Hugo Kovensky, Lúcio Kodato, Luiz Saldanha, Pedro Farkas, Renato Padovani, Ricardo Aronovich, Toninho Mendes, Waldemar Lima e Zé Pinto.As primeiras associações do gênero surgiram em 1913, em Nova York e Los Angeles, o que dá bem a medida de como os americanos já encaravam o cinema como indústria quase desde sua gênese. Essas duas entidades se uniram para formar a American Society of Cinematography (ASC) em 1918. De lá para cá, surgiram sociedades semelhantes em vários países, que se tornaram um certificado de qualidade para os filmes cuja fotografia é assinada por seus membros e um importante fórum de discussões, com edição de publicações técnicas respeitadas em todo o mundo.A formação da ABC virtual é um importante passo para que a cinematografia brasileira caminhe para uma profissionalização cada vez maior.

ASSOCIAÇÃONACIONAL

A Assoc iação Bras i l e i ra de

C inematogra f ia - ABC - já es tá

em operação v ia In te rne t . Quase

uma cen tena de as soc iados

d i scu tem normas e proced imen tos

para a c las se dos pro f i s s iona i s

do aud iov i sua l b ras i l e i ro .

Page 29: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 30: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

M A L A B A R I S M O S

Cliente:Refinações de Milho BrasilProduto:Caldos KnorrAgência:Almap/BBDOCriação:José Carlos Lollo e Cássio ZanattaProdutora:Trattoria di FrameDireção:Guilherme RamalhoFotografia:Adriano GoldmanDir.arte:ClôEfeitosespeciais:Irmãos FratelliTelecine:Mega FilmesTrilha:SupersonicFinalização:Trattoria di Frame

F I C H A T É C n I C A

escalada na panela. take filmado em chroma-key... ... e o pack shot onde tudo se encaixa.

Quem assiste aos filmes da nova campanha de Caldos Knorr pensa imediatamente em efeitos de pós-produção. Na verdade, porém, muitos malabarismos são coisa de circo mesmo. Pensando em dar mais veracidade aos movimentos, criando um clima de onipotência dos perso-nagens, o diretor Guilherme Ramalho convidou seis membros da trupe dos Irmãos Fratelli para compor as fig-urinhas divertidas dessa campanha. Os seis atores filmados foram multi-plicados em pós-produção.Ao todo, são três filmes que mostram pequenos cozinheiros saindo das embalagens dos caldos para dar mais sabor à comida. O primeiro filme mostra os cozinheiros saindo, sub-indo pelo braço e cochichando com a dona-de-casa. No segundo, eles deixam a embalagem empunhando toalhas para escalar uma panela de pressão e cair na “sauna”. No último, pulam da embalagem de pára-quedas e caem na panela.O principal segredo dos três filmes foi o registro do ângulo da câmera em cada cena. A captação foi feita em dois estúdios: em um foram montadas as três cozinhas e filmadas as donas-de-casa em tamanho real. No outro, com fundo de recorte, foram filmados os seis atores cir-censes e suas piruetas. Para poder

encaixar uma imagem na outra, o diretor manteve a câmera sempre no mesmo ângulo, calculando sua posição com um teodolito digital. Mesmo quando as medições acusavam que a câmera deveria estar a 80 metros de distância, por exemplo, foi mantido o ângulo e a distância compensada na pós-produção.Para garantir a interação entre os personagens, foram criadas marcas em cada seqüência. No primeiro filme, um cozinheirinho sobe pelo braço da dona-de-casa e chega perto de seu ouvido para cochichar. A atriz foi filmada com um alfinete de cabeça plástica colorida no ombro, no local onde deveria ser aplicado o personagem. Assim, o alfinete fun-cionou como uma marca de motion tracking, permitindo a combinação posterior de cenas.O mesmo sistema foi usado no pack shot, quando a caixinha de caldo se movimenta, assim como os cozinheirinhos, que andam por cima dela e a empurram. A caixinha, na verdade uma réplica aumentada proporcionalmente, era pintada para recorte e tinha cru-zes nas extremidades. No computa-dor, as cruzes serviram para guiar o movimento do rótulo, aplicado por cima.

Ainda no filme “Cochicho”, os perso-nagens pulam para a panela, dando um impulso enorme. Para fazer essa cena, os artistas bolaram um tram-polim, caindo em um colchão de ar. Toda a movimentação representou a idéia do salto, que teve de ser ajuda-do na pós-produção para dar a altura exata da panela.O segundo filme mostra os coz-inheirinhos subindo em uma panela de pressão. Sempre que saem da embalagem, os personagens fazem coreografias que têm a ver com o estilo da trilha, que varia do mambo ao lounge. Nesse caso, saem dan-çando da caixinha sobre a pia e vão caminhando até a extremidade da panela. Não param: sobem direto, sem corte. Ramalho explica que pensou em emendar as cenas com um corte, invertendo a imagem. Mas

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 93 0

lizAndrA de AlMeidA

m a K i n g o f

Page 31: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9 3 1

f ichas técn icas de c o m e r c i a i s http://www.telaviva.com.br

Cliente:CorreiosProduto:Institucional Agência:Standard, Ogilvy & MatterProdutora:Cinema CentroCriação:Camila Franco e Renato KonrathDireção:Sergio CuevasFotografia:Ricardo Della RosaProdução:Ricardo Ferrer e equipeTelecine:CasablancaMontagem:CármineTrilha:MCRFinalização:Casablanca

F I C H A T É C n I C A

D E C A R T A E M C A R T A

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos decidiu investir em um filme esteticamente diferente. “Estávamos buscando uma forma de propaganda institucional e consideramos que os 500 anos do descobrimento do Brasil seria um bom gancho”, comenta Renato Konrath, um dos criadores do filme. Responsável pela locução, Antônio Abujamra fala trechos da carta de Pero Vaz de Caminha que contam o que os portugueses viram ao chegar aqui, enquanto são mostradas imagens que desmentem o conteúdo da fala.Aliando a idéia da carta - primeira forma de comunicação entre a matriz e sua colônia - e os próprios progressos que vêm sendo implantados na empresa, foi criado um filme marcante. O que mais chama a atenção dos espectadores são as belíssimas imagens litorâneas, vistas aéreas filmadas com lentes que permitem obter ângulos de 180o. Com isso, as imagens são completamente redondas, remetendo à circunferência da Terra e à visão que os navegadores tinham a partir do mar.O locutor vai falando de tudo o que não se vê no Brasil, do primitivismo do povo à falta de recursos minerais e naturais explicitamente exploráveis, enquanto as imagens mostram o crescimento do País, com cenas de hidrelétricas, mineração, exploração de

petróleo, cidades movimentadas, além de belezas naturais. As imagens foram distorcidas pelas lentes na filmagem e as cores trabalhadas na revelação e no telecine. Na pós-produção, as cores foram apenas equalizadas. Mais difícil do que a própria filmagem, a pesquisa demandou um mês, com muitas viagens pelo País. “Queríamos resgatar o lado não folclórico, sem os chavões de praia e carnaval. Conseguimos imagens inusitadas do Cristo Redentor, que até emocionaram o fotógrafo”, diz o diretor Sergio Cuevas, chileno de nascimento e brasileiro de coração. Algumas poucas imagens eram de stock shot, nas cenas de mineração. E essa necessidade surgiu, justamente, pelo excesso de chuvas nos meses de fevereiro e março, que também dificultaram as demais filmagens. A equipe percorreu vários estados, em todas as regiões, num total de 12 dias de filmagem, fora os dez dias parados por causa da chuva.As cenas aéreas foram captadas em câmeras instaladas em helicópteros ou avião. Nas vistas arredondadas de uma plantação foi preciso ganhar distância, em avião, para conseguir a imagem completa. Na cena do Cristo, por sua vez, o helicóptero estava a menos de um metro da cabeça da estátua.

cristo sob lentes que permitem ângulos de 180o.

os próprios artistas sugeriram fazer a cena real, sem cortes. Para isso, criaram uma traquitana com uma roldana, de onde saía um cabo, no qual eles se amarravam em ambas as extremidades. De um lado, estava o cozinheiro que escalava a pan-ela, devidamente vestido. Do outro, estavam os companheiros, sobre uma plataforma. Assim que o per-sonagem em quadro começava a subir, outro se jogava da plataforma, criando um contrapeso. A terceira peça mostra os cozinhei-rinhos se jogando de pára-quedas de uma caixinha colocada no alto. A caixinha era uma réplica enorme, construída em estúdio, de onde saíam os homenzinhos. Eles se jogavam de uma altura pequena, simulando o salto. Na imagem final, porém, o que se via eram bonecos de pano, vestidos como os personagens reais. Os bone-quinhos foram filmados em estúdio, com máquinas de vento e presos por fios de náilon, o que fazia com que os pára-quedinhas se mantivessem abertos e as pernas balançassem. Para garantir que os personagens dos pla-nos mais próximos não pareceriam bonecos, alguns atores foram filmados em um trapézio, simulando os movi-mentos dos bonecos. Segundo o diretor de arte José Carlos Lollo, a produção foi resultado de uma ótima interação entre agência e produtora. “Tudo o que foi pensado pela criação está no filme”, diz Lollo. “Foi uma grande sacada trabalhar com acrobatas e, no fim, a computa-ção praticamente só foi usada para acertar o tamanho dos personagens”, completa. Os personagens já estão fazendo parte dos anúncios de mídia impressa e, apesar de Lollo fazer algum suspense, ainda devem con-tinuar em evidência.

Page 32: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

BEto Costa

P r o d U ç ã o

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 93 2

AGORACONTRA-REGRATEMCONTROLEPORCOMPUTADOR

Nas gravações de programas de TV e filmes publicitários, um grande número de objetos que ajudam a compor a cena, muitas vezes, nem são notados pelos telespectadores. Por isso mesmo, são usados repetidamente. Só o olhar mais arguto é capaz de identificar a fruteira de um quadro de culinária de uma revista feminina vespertina, sendo usado novamente na cozinha de uma personagem da novela das oito. Esta vasta quantidade de objetos, que jamais esteve em primeiro plano, acaba formando acervos enormes. E o entra e sai de objetos acaba virando um problema para os departamentos de contra-regra. Só agora a informatização começou a

os depa r tamen to s de con t ra -

r eg ra de em i s so ra s e p rodu to ra s

são pouco o rgan i zados . mu i t o s

s eque r u sam o compu tado r

pa ra f a c i l i t a r a l o ca l i zação de

ob j e to s de cena . Um de sp rezo

que pode sa i r ca ro .

chegar no setor, e muita gente percebeu como a vida pode ser bem mais fácil.O SBT tem um dos maiores acervos da TV brasileira. Num galpão de 2,5 mil m2 no Complexo Anhangüera, estão espalhados por dois mezaninos nada menos do que 70 mil itens. “Tem tudo que você imaginar. Pneu velho, carteira de identidade, lustres, aparelho de jantar de porcelana chinesa, cadeiras de estilos mais variados (de Bauhaus a Luís XV) etc”, conta Pedro Roberto Boaventura, gerente de contra-regra e cenografia, que ainda se surpreende com as descobertas que faz no acervo da emissora. E em época de gravação de novelas a loucura é grande. Foi depois que a emissora colocou em ação sua produtora de teledramaturgia que o acervo teve um incremento significativo. Só que os ventos da organização só chegaram à casa há um ano, quando os objetos começaram a ser catalogados. Hoje, o departamento está informatizado, mas localizar os objetos de cena para atender à produção de 20 programas ainda depende bastante da experiência do pessoal do almoxarifado e contra-regra. O SBT ainda não dispõe de um software de busca, não dá para fornecer um item e pedir a localização. “Esta é uma segunda parte do projeto de estruturação do departamento que não deve demorar muito”, afirma Boaventura. Quando isto acontecer, é bem provável que a emissora ganhe em economia e tempo de trabalho, já que a grande maioria dos cenários são compostos graças ao acervo da casa, sem a necessidade de novas compras.

o rgan i zação

Os investimentos na organização dos acervos de contra-regra parecem estar diretamente ligados ao volume de produção. No Projac, centro de produção da Rede Globo, parece inverossímil atender às novelas, humorísticos e todos os outros programas da grade de programação sem que tudo possa ser localizado com facilidade. Os sete funcionários

Page 33: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

do Departamento de Materiais de Acervo armazenam, conservam e movimentam 25 mil peças. O acervo está dividido em contra-regra leve (objetos de pequeno porte: luminárias, quadros, vasos decorativos etc.) e contra-regra pesada (basicamente formado pelo mobiliário que compõe os diferentes cenários) e está alojado numa área de 14 mil m2. Seguindo o preceito de que a melhor forma de escolher os objetos é visualmente, os materiais são armazenadas de acordo com a tipologia num mesmo ambiente. As peças que compõem um quarto, por exemplo, estão expostas no mesmo espaço. Já o chamado acervo cativo, que alimenta cenários de produtos gravados continuamente (novelas, seriados, minisséries etc.), não é exposto. Tudo é armazenado de maneira compacta e para não cometer erros de continuidade, num guia padrão todas as peças pertencentes a determinado cenário estão relacionadas. Um álbum de fotografias orienta as montagens. O que chama atenção mesmo é a organização do cadastro, totalmente informatizado. Cada item do acervo é registrado pelo que representa e pela aplicação. São nada menos do que 14 tópicos de informação: descrição básica, características complementares, constituição, estilo, época, cor, cubagem, condição (pode ou não ser transformado), código, família do material (por exemplo, contra-regra pesada), grupo - cadeira, subgrupo - balanço, seqüencial - com braço de vime e dígito verificador. Informação e planejamento suficiente para que o improviso e a criatividade sejam apenas atributos e não uma necessidade constante que faz o departamento de contra-regra funcionar.

boa memór i a

Existe entre as emissoras a tendência de informatizar todos os departamentos. Mas o processo de implementação no contra-regra onde tudo sempre funcionou na base do

improviso, nem sempre é rápido. Na Record, a tendência também é informatizar para organizar. Só que por enquanto, tudo ainda funciona na base da ficha de papel. Sem informação organizada e de fácil acesso, o atendimento aos dez programas da casa depende da boa memória, não do computador, mas do pessoal do contra-regra. A agilidade no atendimento está assegurada graças aos 15 anos de experiência dos profissionais que trabalham na casa. “Até o final do ano devemos concluir a reestruturação”, afirma Henrique Inácio, gerente de produção da Record. O problema poderia ser ainda maior se a emissora tivesse um acervo proporcional aos seus 45 anos de vida. Mas muita coisa se perdeu entre incêndios e mudanças de sede da emissora. Atualmente, o estoque de objetos de cena bate na casa dos cinco mil itens (não estão incluídos o contra-regra das novelas e outros projetos de teledramaturgia, cuja produção é terceirizada). De qualquer forma, o acervo do contra-regra constantemente faz novas aquisições, o que significa maior necessidade de um cadastro informatizado. “Nós não jogamos nada fora. Não existe um orçamento específico para contra-regra, mas tudo que é comprado, depois que o programa usa é incorporado ao acervo. A permuta em troca de créditos (agradecimentos em GC) também alimenta o acervo. Depois de um período os objetos são incorporados. Com o figurino acontece muito isto. Até o final ano devemos concluir a estruturação”, explica Inácio.Na Bandeirantes, o contra-regra também aguarda investimentos. O espaço para estocagem de objetos

de cena foi reduzido. O acervo, que já foi bem maior, hoje tem por volta de 1,5 mil itens e está exposto em grandes estantes. Tudo é localizado na base da familiaridade. Nada está catalogado. Além do mais há uma divisão na atuação do contra-regra. O departamento que funciona na cabeça-de-rede da emissora no Morumbi atende a dez produções. A contra-regragem das novelas fica junto aos estúdios de gravação em Cotia. O contra-regra troca peças, mas nem sempre é fácil e ágil. O encarregado geral do contra-regra da

teledramaturgia da Band, César Iastemski, chegou há quatro meses no cargo e tem uma grande missão pela frente. A emissora encerrou recentemente as gravações do remake de “Meu pé de laranja lima”, vai fazer um pit stop de pelo menos dois meses antes de iniciar novo folhetim. Tempo que ele vai

usar para levantar e organizar um acervo cujo tamanho exato ainda não conhece, mas sabe dimensionar bem a necessidade da informação disponível no clique do mouse. “Faz muita falta um cadastro”, afirma Iastremski.

d i ve rgênc i a

Se há uma tendência dos contra-regras das emissoras se organizarem é através da informática. Entre as produtoras a história é bem diferente. Duvida-se até da necessidade de manter um acervo. A Miksom manteve um estoque de objetos de cena por cinco anos, mas resolveu enxugar substancialmente a estrutura. “No nosso caso não vale a pena ter mão-de-obra especializada para contra-regra. Além do que, ocupa muito espaço manter o acervo”, acredita Ivenise Angelini, diretora de produção da Miksom. Para eventos é mantido um estoque de itens básicos - cinzeiros, cestos, praticáveis... O

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9 3 3

Emalgumasemissoras

oatendimentoà

produçãoaindadepende

daboamemóriadopes-

soaldocontra-regra.

Page 34: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

é tudo personalizado. Para vídeo dispõe de alguns poucos objetos de cena. Principalmente para produções em série, onde há uma previsibilidade cenográfica. “Para os comercias da ‘TV Tigre’, por exemplo, nós mantivemos um contra-regra básico”, afirma.Diametralmente contrário ao que pensa a coordenadora de produção da O2 Filmes, Célia Ferreira. Ela defende com unhas e dentes a criação e manutenção de um acervo volumoso, maior que de muitas das redes brasileiras. São exatos 1.704 itens de contra-regra e 4,6 mil itens de figurino. Muita coisa que é mantida desde o tempo da Olhar Eletrônico. E há de se considerar que cada item não corresponde ao número de peças, isto é, um item catalogado pode ser um conjunto composto por várias peças, como uniformes de futebol, por exemplo. Vão ser listados todos os uniformes disponíveis, a cor, a marca, o tamanho, o filme em que foi usado, em que data e o lugar na prateleira”, explica Célia. Para poder sobreviver em meio a tanta coisa, há quatro anos tudo foi informatizado.

“Nada é comprado especificamente para o acervo. Quando as produtoras de figurino e objeto vão prestar contas no final do job, tudo é catalogado. Tudo funciona como numa biblioteca. Na hora de localizar é muito fácil. A tese dela é de que existe uma série de situações básicas que se repetem. Estar preparado para elas acarreta economia e ganho de tempo. Mesmo considerando os custos de manutenção do acervo. Na O2, duas pessoas cuidam de todo o acervo. “Eu tenho figurino para cinco padres prontinhos. Para Papai Noel, vários. Se eu preciso fazer um teste de vídeo com um grupo de freirinhas caminhando na rua é fácil. É só mandar buscar no acervo. Como estamos começando a produzir para o cinema, também facilita muito”, explica Célia. E embora muita gente imagine o

contrário, não é tão difícil ganhar a adesão dos frilas que chegam para trabalhar na casa. “Quando o pessoal vê que está bem cuidado, ajuda a tutelar o acervo”, conclui.A Júlio Xavier Filmes faz eco. A produtora está pensando em ampliar

consideravelmente o estoque de objetos de cena. Para isto vai ampliar o espaço físico, catalogar tudo e até colocar código de barras para controlar entrada e saída. A crença é de que em época de orçamentos enxutos, vale a pena fazer a lição de casa. “Outro dia eu tive de compor um cantinho com mesa e carpete para fazer um teste de VT. Gastei R$ 400. Dá para economizar neste tipo de coisa. Dispor de um bom contra-regra pode gerar uma economia de até 20% na verba de objeto de cada orçamento”, acredita Ingrid Rasl, coordenadora de produção da JX.

P r o D U ç ã o

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 93 �

“Dispordeumbom

contra-regrapodegerar

umaeconomiadeaté

20%naverbadeobjeto

decadaorçamento.”

Não disponivel

Page 35: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 36: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

É ironia do trabalho em TV, mas um dos maiores problemas das empresas de comunicação é justamente a comunicação entre seus profissionais. Com as redes de televisão envolvidas em coberturas de eventos, telejornalismo com entradas ao vivo de diversos pontos, estúdio ao vivo operando simultaneamente com estúdios em gravação etc., este problema pode ser elevado a níveis preocupantes. Se a comunicação interna não está bem azeitada, o que dizer de quem está fora da emissora, aguardando instruções para entrar ao vivo, por exemplo? Muitas vezes o telespectador nem desconfia, mas o repórter entrou sem ter o retorno da programação. O problema consiste em criar interfaces de comunicação para setores e profissionais envolvidos em processos de produção. Todo mundo tem de falar

com todo mundo, muitas vezes, ao mesmo tempo.As redes que buscam agilidade operacional estão investindo pesado em sistemas de comunicação. Bandeirantes, Globo e Record são as redes que mais investem em eventos e telejornalismo. Coincidentemente todas meteram a mão no bolso em busca do diálogo mais fácil e coordenado entre seus profissionais. A única diferença é o fornecedor.

bande i r an t e s

A Bandeirantes foi a primeira rede brasileira a usar um sistema de comunicação digital. Desde o final de 97 a cabeça-de-rede conta com uma matriz RTS/Telex Adam 136 X 136. “Nós já gastamos US$ 300 mil e expandimos até o limite de 136 pontos de comunicação,

precisamos ampliar, mas ainda dá para suportar um bom tempo”, avalia Newton Caggiano, assessor da Superintendência de Engenharia da Band. Antes a emissora funcionava com vários sistemas de comunicação independentes. “Era um verdadeiro circo dos horrores. Eu não sei nem como conseguíamos operar. Quando cobríamos eleições, por exemplo, era terrível! Éramos obrigados a implantar sistemas à parte. Eu cheguei a ver switcher com quatro sistemas diferentes. Um avisava que o governador estava chegando para votar. Outro gritava que já estava com o VT do voto do prefeito. Todo mundo ao mesmo tempo. Agora você olha para o painel e sabe que é o ponto A ou ponto B que quer falar”, lembra Caggiano sem demonstrar ter boas recordações do período de comunicação à base da

As r ede s de TV i n ve s t em

m i l hõe s em s i s t emas

d i g i t a i s de comun i ca ção

e t o r nam - s e ma i s áge i s e

e f i c i e n t e s na coo rdenação

de e ven to s e j o r na l i smo .

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 93 6

r e d e s

SISTEMAS DECOMUNICAÇÃO

Page 37: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

caixa de sapato ponto a ponto. O experiente engenheiro conta que nem sempre é fácil convencer os dirigentes de uma emissora da necessidade de investir em sistemas de comunicação. Tudo porque parece não influir diretamente na qualidade da imagem e do áudio que chegam à casa do telespectador. Mas quem está enfiado na adrenalina do dia-a-dia sabe bem mensurar. “Você torna sua equipe extremamente mais eficiente porque aumenta a inteligibilidade, não tem mais aquela história de não entendi, e com isso o stress cai para um nível aceitável.” As matrizes digitais também permitem uma autonomia muito maior. “Se houver uma pane eu posso mexer remotamente no software da matriz. Da mesma forma é possível falar com facilidade com a torre transmissora”, explica Caggiano. Além da RTS Adam a Band também tem duas matrizes Zeus de até 24 portas (veja box) que são usadas em grandes eventos que funcionam como um sistema à parte, mas pode ser interfaceado à RTS. Na Copa de 98 uma foi usada e outra ficou de stand by, mas nem precisou ser acionada. No Carnaval deste ano a Zeus entrou novamente em ação, mas somente para comunicação entre as centrais Rio-São Paulo. “Não dá para usar cabo entre o repórter e a câmera em plena avenida. Arrebenta em um minuto.”

r e co rd

A Record investiu pesado em intercom para resolver graves problemas do gênero. Desde que o bispo Edir Macedo comprou a emissora e arrematou as instalações da extinta TV Jovem Pan, no bairro da Barra Funda, em São Paulo, em março de 95, a cabeça-de-rede não parou de expandir suas instalações. No início era apenas um prédio. Hoje, são cinco edifícios que até pouco tempo não se falavam muito bem. No início de fevereiro a Record/São Paulo terminou a implantação

de três matrizes digitais RTS/Telex Adam interligadas. Agora, os oito estúdios, swtichers, unidades móveis de jornalismo (unidades de link) e respectivas produções podem “conversar” melhor. “Todas as salas operacionais têm comunicação”, afirma Luís Ricardo Bernardoni, gerente de implantação e projetos, da Record. O novo sistema de comunicação substituiu uma matriz analógica alemã Wardback (48 x 48) e não-expansível pela RTS/Telex Adam que permite um crescimento até o limite de mil usuários. E mais: saem as indefectíveis caixas de sapato e entram os key panel. “Como não tem muito ruído a melhoria na intelegibilidade é de 70%”, avalia Bernardoni. Os painéis de teclas interligam radiotransmissores, LPs, linhas telefônicas e pontos eletrônicos. “Uma caixa de sapato só enxergava outra caixa. Um key panel pode enxergar todas as portas de comunicação configuradas”, diferencia Antonio Pereira Neto, diretor técnico da Teleponto, empresa responsável pela instalação, assessoria e manutenção do sistema de intercom da Record. No projeto inicial da Record foram implantados 160 painéis. Cada unidade é composta de um microfone pescoço de ganso, teclas para abrir ou fechar o áudio e um visor que avisa quantos canais estão querendo falar. Um repórter está no helicóptero e se prepara para entrada ao vivo. Ele liga para a emissora e a matriz atende. Endereça uma senha e tem acesso ao key panel do editor executivo, por exemplo. “A emissora que demorava 15 minutos para colocar um repórter no ar, agora gasta apenas um minuto”, revela Pereira Neto. Uma prova

de que investimentos em intercom beneficiam diretamente a agilidade de operacionalização e coordenação dos telejornais.As matrizes digitais são comandadas pelos softwares Adan Edit, responsável pela configuração e Adan Trunck, que cuida do tráfego. Cada programa pode ter uma configuração diferente gravada em disquete. “Você pode restringir o número de painéis que estão interligados durante um programa ao grupo que está diretamente envolvido com aquele programa. E também não existe o ocupado. Através das senhas de entrada a matriz hierarquiza a comunicação. A configuração do programa determina quem é

prioridade naquele momento”, explica Bernardoni. Na Intranet da emissora também é possível que quatro painéis virtuais estejam em conferência simultânea. Neste caso, também valem

as senhas de prioridade.E a implatanção de sistemas digitais de comunicação não se resume a São Paulo. Já foram implantadas matrizes RTS/Telex no Rio de Janeiro (56 x 56), Brasília (48 x 48) e Belo Horizonte (56 x 56). Os investimentos nas praças e na cabeça-de-rede chegam a R$ 1 milhão. A comunicação entre praças é ponto-a-ponto e todas as matrizes enxergam as portas das outras.

g lobo

Diferentemente das duas primeiras, a Globo há dez anos trabalha com a Clear Com. Na nova sede da emissora, na zona sul da capital paulista, foi dado um grande salto. Nas extintas instalações da Marechal Deodoro, a emissora patinava com

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9 3 7

INVESTIMENTOS EM

INTERCOM AGILIZAM A

OPERACIONALIZAÇÃO

E COORDENAÇÃO DAS

EQUIPES TéCNICAS E

DE TELEJORNALISMO.

Page 38: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

um sistema de comunicação de no máximo 50 pontos. “Nós estamos com duas matrizes Matrix Plus 3 de 200 pontos de comunicação cada, interligadas e com capacidade para 400 portas de comunicação”, explica o engenheiro Raymundo Barros, diretor da Central Globo de Engenharia/SP. A expansão considerável do suporte de comunicação, que consumiu investimentos de US$ 300 mil, justifica-se. Além da demanda reprimida para atender aos três telejornais (sendo o “SPTV” em duas edições diárias), mais o “Globo esporte” e eventos esportivos, agora o “Hoje” também é apresentado e transmitido a partir de São Paulo. “Estamos aptos a suportar mais três ou quatro anos sem grandes reviravoltas. A não ser que ocorra alguma grande mudança na produção da programação.A ampliação das possibilidades de comunicação não é a única vantagem do novo sistema de

intercom adotado pela Globo. Um repórter que vai entrar ao vivo liga para matriz e endereça um retorno de programação, mas sem aquele delay de 1,5 segundo, que “ao vivo” acaba travando muita gente. O

planejamento dos eventos também ficou muito mais fácil. “Antes nós perdíamos alguns dias nesta tarefa. Agora você tem um disquete para cada uma das configurações: Fórmula 1, futebol, boxe, precisou, está pronto”, exemplifica Barros. As mudanças também atingem os rádios em VHF, UHF e trunking. Eles também pode ser acessados pela

matriz e agora é usado apenas um rádio na área de RF. “De qualquer uma das 80 caixas de sapato digitais é possível acessar o rádio. Ficou muito mais fácil operacionalizar. E com o próprio rádio do carro é

possível acessar a matriz”. A Globo também já está fazendo simulações com o ImmarSat, um sistema de comunicação de cobertura global que dá suporte para as entradas do uplink. Acondicionado numa maleta tipo 007, o repórter no meio da selva Amazônica, por exemplo, aponta a antena para o satélite, faz a ligação que é atendida pela matriz. Ele imediatamente repassa para o coordenador do evento que conversa e dá as diretrizes. Há dois anos a Globo tem uma unidade de uplink, mas a aplicação era até limitada pelas dificuldades de coordenação.

A cada dia que passa o filósofo da comunicação tupiniquim, Abelardo Barbosa, o Chacrinha, parece mais atual. Um de seus mais famosos chavões: “quem não se comunica, se trumbica” vem sendo aplicado com extremo empenho pelas redes de TV.

beto costa

r E D E s

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 93 �

N A M E D I D A P A R A O S P E Q U E N O S

a indústria de sistemas de comunicação não trabalha apenas para as cabeças-de-rede. existem matrizes digitais que se encaixam no orçamento de emissoras de pequeno e médio porte. a matriz Zeus da telex, suporta até 24 pontos de comunicação, é um destes modelos. “com Us$ 23 mil é possível implantar uma matriz com seis lPs, seis key panel grandes e 12 key panel pequenos. Uma matriz analógica custa pouco menos que a metade”, exemplifica o engenheiro geraldo ribeiro, da t-com, representante exclusivo da telex no brasil. a Zeus tem o mesmo funcionamento da rts adam, só que não é expansível. o investimento também pode ser escalonado. É possível usar a matriz digital com caixas de sapato analógicas usando um conversor “dois fios/quatro fios” e vice-versa. “mas isto pode causar uma degeneração do sinal. trabalhando digital ponta a ponta é possível garantir qualidade de cd. sendo viável a colocação no ar, sem perdas, sinais que trafegam pela matriz”, completa ribeiro.

Não disponivel

Page 39: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 40: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

EMErson CalvEntE

SEDUÇÃO DOS ANIMAIS

A televisão, assim como o cinema publicitário e o de entretenimento, sempre fizeram uso de animais para cativar a audiência ou vender produtos. Atrás das cenas protagonizadas por esses atores tão simpáticos, estão treinadores, artistas de pós-produção ou até mesmo técnicos especializados em animatrônica (leia box na pág. 43). É fundamental que o diretor ou produtor conheça as capacidades e limitações do animal.

É ne ce s sá r i o mu i t o ma i s que

pac i ên c i a em p roduçõe s que

envo l vam an ima i s , s e j am e l e s

r ea i s ou v i r t ua i s . o s eg redo

pa ra o s u ce s so da r ea l i za ção

e s t á na hab i l i dade de

t r e i nado re s , a r t i s t a s e t é cn i co s

que t r aba l ham no ade s t r amen to

ou na con f e c ção de s impá t i co s

b i c h i nho s ou a t é me smo

t e r r í v e i s mon s t r i n ho s .

Há quase 12 anos no mercado, Gilberto Miranda, treinador e proprietário da Animais, Cinema e Companhia, faz reuniões com o cliente para saber o que se pretende do animal. “Muitas vezes o diretor ouviu alguém falar ou ele viu alguma ação de um animal em um filme e acha que aquilo é possível. Na verdade foram utilizados recursos e o animal às vezes nem existe ou não realiza aquela ação”, explica Miranda. Um dos diferenciais da Animais, Cinema e Companhia é o fato de manter uma centena de animais preparados para serem filmados a qualquer momento. Gatos, tigres, leões, chimpanzés, galinhas ou coelhos já estão condicionados para realizarem muitas ações: 90% dos animais já estão preparados para o trabalho. A empresa também atende aos pedidos de animais que não “mantém em estoque”. Normalmente são animais raros, o que exige um prazo extra para o treinamento, variável em função da ação que se pretende. A fim de diminuir o prazo de treinamento, as ações poderão ser divididas entre vários “atores”, de maneira que o espectador não perceba os “dublês” no trabalho final. “De micróbio a elefante o Prof. Jayro garante.” Assim é conhecido há 18 anos o professor Jayro Motta, que já precisou

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9� 0

P r o f i s s ã o

gilberto miranda e o leão de sua animais, cinema e companhia

que foi treinado desde bebê e pode até andar solto pelo set.

Page 41: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

fazer desde um cachorro bocejar até pombos se beijarem. Apesar disso, o Prof. Jayro lamenta a limitação de seu trabalho: “Não dá para ter um plantel de animais que façam coisas incríveis porque não existe uma indústria cinematográfica no Brasil e os pedidos são poucos”. Há trabalhos quase “à queima roupa”. Para uma cena memorável da novela “Pedra sobre pedra”, exibida pela Rede Globo, o Prof. Jayro recebeu um telefonema da produção num sábado à noite e na terça-feira seguinte estava no Rio de Janeiro com 134 borboletas para a gravação.

s egu rança

No Brasil, principalmente em publicidade, os prazos para a preparação do animal são muito curtos, de uma a três semanas no máximo. Em alguns casos, seria necessário mais tempo de treinamento para as ações serem executadas com perfeição. “Não existe, por parte das agências de propaganda, preocupação com o planejamento. Em outros países, se haverá um filme com um gato, o animal deverá morar um mês na casa onde será a filmagem, porque é sabido que o gato estranha novos ambientes. Aqui, planeja-se hoje e se quer executado amanhã”, reclama o Prof. Jayro, contando vários casos

que julga serem falta de seriedade e respeito ao seu trabalho. Normalmente os cães são os mais requisitados nas produções. Os fiéis amigos do homem têm de dar a entender quem é seu dono, obedecer, latir etc. Para ensinar um cachorro a latir no momento certo é necessário aproximadamente um mês, segundo Miranda, que compara o comportamento de um animal ao de uma criança: “Os parentes acham que a criança pode fazer um comercial, mas quando colocada em frente às câmeras não consegue fazer nada. Assim são os animais em ambientes que não são o seu”. E conclui: “Ao fazer um orçamento, às vezes, o cliente

diz: ah, é uma coisinha simples... Mas não existem cenas simples em filmes com animais”. Gilberto Miranda é pedagogo, seguidor do educador Paulo Freire, e utiliza métodos lúdicos no treinamento de seus animais, através da brincadeira e da diversão. O treinador precisa gostar muito de animais para obter a confiança dele. Alguns animais são mais estimulados por carinho, outros por alimento, mas nunca por violência ou agressividade. “Eu trabalhei durante algum tempo na Universal Studios como aprendiz, limpando a sujeira dos animais para aprender como eles trabalham.” Gilberto Miranda lamenta a ação de aventureiros no mercado. Em um comercial realizado em Curitiba, os produtores decidiram utilizar um leão de circo para economizarem no custo. O trabalho foi grande para conter o leão que ameaçava a equipe e que inclusive estava todo machucado. Em uma outra situação, o leão já não tinha juba e foi necessário colocar sisal em seu lugar. É muito mais barato utilizar um animal de circo, mas o risco à integridade física da equipe de produção, do cenário e dos equipamentos é muito grande. Em um circo o animal

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9 � 1

o prof. Jayro motta é mestre e doutor em psicologia pela UsP e um especialista em

observação de comportamento tanto de animais quanto de humanos.

guilherme ramalho “dirigiu” os porquinhos usados no comercial da bombril e guto

carvalho recriou os personagens Piu-piu e frajola para comercial do jornal o globo.

Page 42: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

vive preso e é muito perigoso soltá-lo num set de filmagem. Além disso, é fundamental que o treinador tenha experiência no set. O leão da Animais, Cinema e Companhia anda solto no set. Ele foi treinado desde criança para trabalhar em um estúdio contracenando com atores ou modelos que podem

inclusive acariciar o animal. “Isso é muito importante, pois dificilmente um leão terá um papel agressivo num filme”, explica Miranda. O investimento foi alto: com três anos de idade o leão ainda não ganhou o que foi gasto com ele. Só em instalações, em sua própria casa na Granja Viana, Miranda já gastou quase R$ 50 mil. É necessário um pequeno lago, grades de proteção, um freezer para conservar os alimentos, entre outras coisas. Para o dia da captação, segundo Miranda, “todo procedimento de segurança é planejado anteriormente, envolvendo pessoas treinadas e capacitadas a tomarem conta da situação”.

ps i co l og i a

A Animais, Cinema e Companhia está desenvolvendo um folheto para orientar o diretor ou produtor que desejam trabalhar com animais. Planejar o horário com o treinador

é fundamental. Alguns animais têm hábitos diurnos e outros noturnos. Os produtores costumam pensar que a equipe inteira deve estar no local de filmagem no início do dia. Miranda alerta: “Eu chego no set uma hora antes de rodar, para não estressar o animal”. É importante ensaiar sem o animal,

principalmente se o ator for uma criança ou se haverá movimentos de câmera, pois o animal não poderá repetir muitas vezes a mesma cena. Apesar disso, “houve um caso em que foram feitas mais de 50 tomadas de um cachorro comendo com um gato em virtude dos atores errarem suas falas”, revela Miranda.Comentando seu trabalho em “Os 101 dálmatas”, filme de 1996 dos Estúdios Disney, Jeff Daniels diz

que é muito difícil contracenar com animais, pois o ator tem de fazer o melhor naquele momento, porque o animal não vai ficar repetindo a cena. Muitas vezes, após a reunião de planejamento, o diretor escolhe um ator que não sabe se relacionar bem e, às vezes, não gosta de animais. É aconselhável um teste com o ator, principalmente se este for uma criança. “A mãe diz que o filho adora cachorro. Chega no set o filho diz (choramingando): ‘Manhê, ele está me lambendo...’. Já aconteceu de terem de adiar uma filmagem para encontrar uma criança que gostasse de cachorro e num filme para a Cultura Inglesa eu tive de ser o ator”, revela Miranda. O diretor pode desejar que o cachorro feche a boca, mas o animal transpira pela língua e pelos vãos das patas. Logo, é mais eficiente utilizar pouca luz, evitar a aproximação dos refletores e trabalhar com fontes de luz fria.O Prof. Jayro Motta é mestre e doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo e um especialista em observação de comportamento. Seu trabalho não é exclusivamente com os animais: “Eu trabalho com os bichos, com o ator e com a equipe”, explica. No filme “Brincando nos campos do Senhor”, de Hector Babenco, o Prof. Jayro teve de orientar o ator Tom

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9� 2

P r o F I s s ã õ

LEGISLAÇÃO

infelizmente, no brasil, a legislação limita-se a determinar a proibição do uso de animais nacionais (araras, tucanos etc.) em produções para a televisão ou cinema, considerando que a utilização incentiva o cativeiro desses animais. gilberto miranda acredita que o aparecimento de animais da fauna brasileira na televisão pode estimular um instinto de preservação e incentivar as pessoas a cuidarem melhor da nossa fauna. “acho que um percentual do orçamento do filme poderia ser destinado a alguma instituição de proteção aos animais”, conclui. nos estados Unidos, algumas empresas trabalham em conjunto com a american human society. Um representante da instituição acompanha a filmagem a fim de identificar se o animal está sendo explorado ou maltratado.

os chimpanzés de gilberto miranda conseguem escolher seu

refrigerante favorito, depois de treinados com métodos lúdicos.

Page 43: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Berenger que se recusava a fazer uma cena com moscas domésticas por medo de contrair malária. Em “No país dos tenentes”, filme de João Batista de Andrade, houve um trabalho de desensibilização com o ator Paulo Autran, para que fossem colocadas 200 pequenas aranhas em seu rosto. Em uma cena mais dramática, num filme de média-metragem que não foi lançado, o desafio do Prof. Jayro foi preparar a atriz, também através de desensibilização, e convencê-la que o escorpião que estava sendo utilizado não faria mal a ela. “Não é no diretor que ela vai acreditar”, explica o professor. Em uma cena explícita, a atriz “deu à luz” ao escorpião.

pós - p rodução

Em filmes com animais é comum que ele seja retratado realizando coisas que não faz normalmente. Algumas vezes é até impossível concluir um filme sem a ajuda de recursos de pós-produção. Para o diretor de comerciais Guto Carvalho, da Trattoria di Frame, é fundamental que haja um trabalho em equipe que envolva principalmente o treinador, o diretor e a pós-produção na construção de uma estratégia de realização. Num filme realizado por Carvalho para o jornal O Globo, o roteiro lembrava o desenho animado

“Piu-piu e Frajola”. “Eu tive de recriar aquela situação clássica em que o chão acaba, o bicho estica e a cabeça fica. Depois o gato atravessa vários níveis do piso. Foi uma combinação de pós-produção e cenografia”, explica Carvalho, que apesar do adestramento do animal, optou por resolver com efeitos especiais as principais cenas. Em uma delas, na que o gato dá uma patada no

passarinho, a ação foi recriada pela composição de várias cenas em computador, pois na captação a patada não foi suficientemente realista. Também o passarinho teve de cantar a música do anunciante e os movimentos foram modificados posteriormente para dar mais realismo. “Filmes com animais são sempre interessantes porque você tem de encontrar novas soluções para filmar”, conclui Carvalho.

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9 � 3

ALMA ELETRôNICAo cinema hollywoodiano há muito tempo eliminou o fator perigo das produções que envolvem animais, tanto para a equipe de produção quanto para o animal. tubarões, baleias, cobras, leões e cães são substituídos por robôs idênticos construídos por especialistas em animatrônica. a palavra anima significa alma em latim e trônica é derivada de eletrônica: alma eletrônica. no brasil, o diretor guilherme ramalho, da trattoria di frame, utilizou a técnica para animar as lagartixas cantoras num filme das tintas suvinil (making of - dezembro de 98 - edição no 76).Um dos mais competentes e requisitados técnicos da atualidade é Walt conti, da edge innovations. seus precursores criaram hipopótamos movidos por cavalos para “tarzan, o homem macaco” e o inesquecível tubarão do filme homônimo de steven spielberg, que usava um trilho submerso de 18 metros de comprimento com um guindaste numa ponta para mover o tubarão. hoje, controles remotos acionam as peças mecânicas. Walt conti graduou-se em engenharia e desenho na Universidade de stanford, califórnia. sua empresa emprega desde recém-graduados até Phds em engenharia elétrica, mecânica, artistas e escultores. “free Willy 2”, um filme sobre orcas que foi produzido quase totalmente sem baleias e as cobras robôs de “maverick” e “anaconda” são exemplos da mais avançada tecnologia que a edge usa em efeitos especiais.

lagartixas animadas.

Não disponivel

Page 44: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

congestionamentos. A programação se resume às imagens captadas por uma câmera Diamond que faz uma varredura de até 180o no seu próprio eixo, instalada no alto de um edifício no km 17 da estrada, em Osasco. Controlada remotamente, a câmera também pode ter movimentos programados ou ser operada por telemetria. A trilha sonora do canal é a programação da rádio Eldorado, adquirida através de um acordo operacional sem envolver valores. A rádio divulga a TV e a recíproca também é verdadeira. O espaço comercial do canal da Castelo é ocupado por mensagens fixas disparadas de oito em oito segundos. A própria TV Alphaville produz as logomarcas e o custo de 10 mil inserções por mês é de R$ 2,3 mil. Os assinantes também têm à disposição uma espécie de espião eletrônico. Câmeras instaladas nas portarias dos residenciais funcionam com um circuito fechado de TV que informa quem está chegando. E os cantores de plantão podem soltar a voz quando sintonizam o canal Karaokê. Videokê em loopping o dia inteiro, sem intervalo comercial. Agora, o grande diferencial da operadora é o Canal Comunitário. “Programação daqui para aqui”, define Guilherme Stoliar, ex-vice-presidente do SBT e um dos sócios e criadores

Pa ra conqu i s t a r ma i s e spaço

no me r cado , a ope rado ra

p i one i r a de TV a cabo do Pa í s

va l o r i za a p r e s t a ção de s e r v i ço

e i n f o rmação r eg i ona l i zada

a t r a vé s da p rodução de um

cana l comun i t á r i o .

da TV Alphaville. Dentre os programas, nenhum importado. Nada de filme ou futebol. “É um canal broadcasting com aproach de TV por assinatura”, afirma o diretor geral do Canal Comunitário, Roberto Stoliar.

g rade enxu ta

O cardápio é variado. O “ABC society” faz o colunismo social eletrônico de Alphaville. O “Camaleão” faz pegadinhas entre um residencial e outro, sem pegar pesado. No “Linha direta”, uma dupla de vereadores da região entrevista empresários, políticos e a comunidade pode participar fazendo perguntas. O “TJ Alpha” é o telejornal da região. Três exibições diárias ao longo da semana da mesma edição de 25 minutos. “Nós não fazemos o registro. O assalto do Mackenzie/Tamboré, por exemplo, nós nem noticiamos, porque extrapola o interesse dos condomínios. O jornalismo das redes faz isto melhor. Nós fizemos a repercussão. Eu pego como exemplo, uma casa de um residencial que foi assaltada para fazer uma matéria de serviço mostrando que a responsabilidade não é da vigilância dos condomínios, portanto não cabe ressarcimento”, explica Regina Abravanel, diretora de jornalismo do Canal Comunitário (leia box). No “Planeta esportivo” o papo gira em torno dos esportes radicais, e a ex-repórter da Rede Globo, Even Sacchi, entrevista personalidades da região no “Osasco Plaza entrevista”. Não faltam as novidades de Miami no “Conexão Flórida” e tem até quatro programas religiosos, com predominância dos evangélicos, sendo dois produzidos pela Igreja Renascer, a mesma que recentemente tentou alugar a programação da moribunda TV Manchete.Para manter maior controle sob a grade de programação, a maioria dos programas é produzida usando a estrutura do canal - um estúdio de 100 m2 equipado com três câmeras Betacam SP, duas câmeras para externas (jornalismo e produção) e duas ilhas de edição (uma corte seco e outra de pós-produção).

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9� �

t V a c a b o

A TV Alphaville foi criada com a idéia básica de resolver problemas na recepção de sinal na região. Mas para se aproximar da comunidade, que concentra 50 mil moradores de alto poder aquisitivo na Grande São Paulo, foi agregando valores, entenda-se canais, que oferecem serviços e informação comunitária. Entre as primeiras operadoras de TV a cabo do Brasil, ela começou a funcionar há sete anos, quando não existia legislação específica para regulamentar o setor. Com uma rede de 200 km de fibra óptica e cabo coaxial, atinge 75% dos domicílios de Alphaville, Aldeia da Serra e Barueri. Além de um mix de canais da TVA e da Globosat, a operadora oferece um canal que dá informações do trânsito da rodovia Castelo Branco 24 horas por dia. Artigo de primeira necessidade para os moradores da região, escaldados por constantes

PRODUÇÃO LOCAL

Page 45: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

O Canal Comunitário também faz permuta com outra TV a cabo. Cede o “Astrologia” para o Canal de São Paulo (TVA) e recebe o “Conexão Flórida”, o “Tvlândia”- entrevistas com gente de TV, teatro, cinema e publicidade e o “Aventura”. “Não existe uma tabela para cessão de espaços para programas. Cada caso é um caso”, explica Roberto Stoliar.

d i nhe i r o

A faixa comercial é preenchida por um misto de grandes anunciantes que mandam o comercial pronto para veiculação (Bradesco, Blue Life, Amil, Banco Panamericano etc.) e anunciantes pequenos, principalmente os lojistas da região. Neste caso, as peças são produzidas pelo próprio canal. E para fazer tudo isto, uma estrutura para lá de enxuta. Treze profissionais atendem o jornalismo, técnica e departamento comercial.

As pautas que chegam ao jornalismo e a aferição de audiência do canal são feitas da mesma forma. Na base das conversas com os moradores dos condomínios. Estima-se empiricamente que o “TJ Alpha” e o “ABC society” são os programas mais vistos. Mas a idéia é ter um feedback ainda maior. Em breve, o Canal Comunitário vai medir a audiência por meio de uma amostragem de 20 domicílios, que mudará periodicamente. “Não é nada extremamente exato. Mas como o universo é pequeno dá para ter um bom referencial”, afirma Roberto Stoliar.A TV Alphaville pagou caro pelo pioneirismo. Teve de trazer engenheiros do exterior para iniciar as obras de cabeamento. O custo total para colocar a operadora e os canais próprios em funcionamento chegou a US$ 7 milhões. Um investimento e tanto que ainda aguarda retorno. O Canal Comunitário é considerado um

plus. Fatura anualmente R$ 600 mil, o suficiente para não ser deficitário. “Muitos negócios dão muito mais com um investimento deste porte”, avalia Guilherme Stoliar, executivo que durante muitos anos foi o braço direito de Sílvio Santos no SBT. Qual seria então a justificativa? Uma boa pista: o maior patrimônio da TV Alphaville são seus assinantes altamente qualificados, formadores de opinião, consumidores sedentos por novidades. Logo, quando for possível agregar valor, será possível cobrar mais dos assinantes. O caminho é a convergência. “Vai levar muito tempo para que a TV Alphaville dê retorno, mesmo. O sucesso econômico do empreendimento virá com os serviços de telecomunicações”, acredita Guilherme Stoliar. Já foram feitos, inclusive, testes para implantação do cable modem, o que permitiria o acesso à Internet para os assinantes da TV. Só que ainda falta legislação a respeito. A maior parte da receita da TV Alphaville vem da operadora. Guilherme Stoliar não revela quanto rende o hobby/negócio das famílias Abravanel/Stoliar, mas brinca que “é muito mais do que a TV precisa, muito menos do que merece”. De qualquer forma, não descarta que para explorar ainda mais o potencial de consumo da região de Alphaville vai ter de buscar parceiros. A sorte está lançada.

beto costa

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9 � 5

O DESAFIO DO JORNALISMO COMUNITÁRIO

imagine que um serial killer está à solta no lugar onde você mora. só que você está assistindo ao noticiário sobre o trem que descarrilou na china. É justamente isto que não quer o jornalismo comunitário. só que não é todo dia que surge um serial killer. no caso do jornalismo do canal comunitário da tV alphaville, o mesmo programa é repetido 18 vezes por semana. não dá para se pautar pelo dia-a-dia. Quando houve a explosão no osasco Plaza shopping, o jeito encontrado para se aproximar da notícia foi entrevistar moradores de alphaville que estavam no local na hora da explosão. outra maneira que o canal criou para se aproximar da comunidade foi a adoção de colunistas. a diretora do Procon de santana do Parnaíba fala de direitos do consumidor, o gerente de um banco de alphaville torna-se o comentarista econômico. “no começo eles achavam até que era frescura usar pancake. hoje, eles até já dominam o uso do teleprompter”, diverte-se a diretora de jornalismo, regina abravanel, que conta atualmente com uma equipe de 20 colunistas. no começo eram só dois. Uma prova de que na base do “eu vi meu vizinho na tV, também quero participar”, cresce o casting de colaboradores e a identidade da comunidade na tV.

Não disponivel

Page 46: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 9� 6

f i Q U e P o r d e n t r o

F E S T I V A L D E M A K I N G O F

A segunda edição do Festimof-FestivalInternacionaldeMakingOf- acontecerá em São Paulo entre os dias 29 de setembro e 3 de outubro. A pré-seleção dos trabalhos inscritos será executada pela comissão organizadora formada por Helder Alves, Isa Castro e Eduardo Quintino e a premiação será dividida nas categorias making of de cinema, vídeo, produtos não-audiovisuais e universitário (para estudantes de 3º grau). O prazo final para inscrição é no dia 19 de junho e a ficha de inscrição pode ser retirada na Casa dos Independentes, rua 13 de maio, 489 - Bela Vista - São Paulo - SP. Fone: (011) 288-4694. E-mail:[email protected].

C O N V O C A Ç Ã O G E R A LO programa juvenil “Convocaçãogeral”, da Rede Vida, está exibindo curtas-metragens com até cinco minutos de duração. O programa é exibido aos sábados às 19 horas e reprisado às segundas-feiras às 16 horas. Quem tiver interesse em exibir o seu filme ou vídeo no programa deve entrar contato pelo telefone (011) 549-4233 ramais 1002 e 1007.

C E A R E N S ECom a proposta de divulgar a produção audiovisual de curtas-metragens do País e os novos talentos da cinematografia nacional, o CineCeará, agendado para o período de 11 a 17 de junho, chega a sua nona edição. O festival, que conquistou lugar de destaque junto aos grandes eventos voltados à área, é palco de debates das novas linguagem de cinema, promovendo um intercâmbio de informações entre calouros e veteranos da produção audiovisual. O IX Cine Ceará exibirá a Mostra Competitiva de Cinema e Vídeo, com prêmio de R$ 3 mil para a melhor produção em cinema e vídeo além de troféus para a melhor direção, edição, fotografia, roteiro, animação, vídeo experimental, trilha sonora original, direção de arte, ator e atriz. A IV Mostra Internacional de Novos Talentos dará o Troféu Eusélio Oliveira para o melhor filme. As inscrições para o festival estão abertas até o dia 15 de maio e podem ser feitas na Casa Amarela Eusélio Oliveira (Av. da Universidade, 2591 - Fortaleza/CE - CEP 60020-180). Mais informações pelo telefone (085) 231-9291.

F E S T I V A L D E C I N E M A U N I V E R S I T Á R I OO maior festival de filmes de estudantes no País, realizado por alunos da UniversidadeFederalFluminense, tem sua quarta edição entre os próximos dias 23 de maio e 6 de junho, no Rio de Janeiro. O festival terá mostra competitiva de curtas 16 mm e 35 mm, vídeos de universidades brasileiras, curtas de escolas de cinema estrangeiras, pré-estréias de longas brasileiros, uma mostra em homenagem ao cineasta Carlos Reichenbach, além de workshops e uma exposição de CD-ROMs. O evento distribui prêmios originais, como Retrato da Realidade Nacional, Expressão Cultural, Pesquisa de Linguagem, Expressão Poética, Contribuição Artística e Contribuição Técnica. Maiores informações no Departamento de Cinema e Vídeo da UFF, pelos telefones (021) 620-6377 e (021) 620-8080 (ramais 264 ou 265).

Não disponivel

Page 47: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 48: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 49: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 50: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

T E L A V I V A m A I o D E 1 9 9 95 0

a g e n d a

j U n H o

m A I o

15a5/6- Curso: “Edição não-linear”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-2909. E-mail: [email protected] Cursos: “Edição - corte seco”, “Edição não-linear” e “GC e efeitos”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-2909. E-mail: [email protected]/6- Oficina de animação. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-2909. E-mail: [email protected]/6- Oficina de animação. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-2909. E-mail: [email protected] Workshop: produção executiva e direção de produção. Quanta, São Paulo, SP. Fones: (011) 283-4380 e 6981-4260.24- Curso: “Treinamento não-linear básico media 100”. ProTV, São Paulo, SP. Fone: (011) 829-2332. Fax: (011) 829-0366.24a28- Curso básico de iluminação e curso de edição não-linear. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-2909. E-mail: [email protected] Curso: “3D Studio Max”. Espaço Cultural AD Videotech, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-2909. E-mail: [email protected] Curso: “Treinamento não-linear avançado media 100”. ProTV, São Paulo, SP. Fone: (011) 829-2332. Fax: (011) 829-0366.28- Curso: “Treinamento não-linear complementar media 100”. ProTV, São Paulo, SP. Fone: (011) 829-2332. Fax: (011) 829-0366.31- Curso: “Treinamento não-linear básico media 100”. ProTV, São Paulo, SP. Fone: (011) 829-2332. Fax: (011) 829-0366.

6e7- Workshop: “Produção executiva - direção de produção”.

CIMC, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-6279. Fax: (011) 517-0854. E-mail: [email protected]. Internet: www.cimc.art.br.8a25- Curso: “Direção, roteiro e produções (básico)”. CIMC, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-6279. Fax: (011) 517-0854. E-mail: [email protected]. Internet: www.cimc.art.br.10a15- TV Montreux 1999. International Television Symposium and Technical Exhibition. Montreux, Suíça. Fone: (41-21) 963-3220. Fax: (41-21) 963-8851. E-mail: [email protected]. Internet: www.montreux.ch/symposia.13a19- BTVF - Banff Television Festival. Banff, Canadá. Fone: (1-403) 678-9260. Fax: (1-403) 678-9269. E-mail: [email protected]. Internet: www.banfftvfest.com.14- Curso: “Treinamento não-linear básico media 100”. ProTV, São Paulo, SP. Fone: (011) 829-2332. Fax: (011) 829-0366.14- Curso: “Técnicas para sonorização profissional”. SPX, São Paulo, SP. Início da turma de segunda a quinta. Fone: (011) 3666-6950.16- Curso: “Treinamento não-linear avançado media 100”. ProTV, São Paulo, SP. Fone: (011) 829-2332. Fax: (011) 829-0366.18- Curso: “Treinamento não-linear complementar media 100”. ProTV, São Paulo, SP. Fone: (011) 829-2332. Fax: (011) 829-0366.19e20- Workshop: produção executiva e direção de produção. Quanta, São Paulo, SP. Fones: (011) 283-4380 e 6981-4260.21- Curso: “Treinamento não-linear básico media 100”. ProTV, São Paulo, SP. Fone: (011) 829-2332. Fax: (011) 829-0366.22e23- Curso: “Direção, roteiro e produções (básico)”. CIMC, São Paulo, SP. Fone: (011) 575-6279. Fax: (011) 517-0854. E-mail: [email protected]. Internet: www.cimc.art.br.

Diretor e Editorrubens glasberg

Editora Geraledylita falgetano

Editor de Internetsamuel Possebon

Editor de Projetos Especiais andré mermelstein

Coordenador do Site fernando lauterjung

Colaboradoresbeto costa, emerson calvente, hamilton rosa

Jr., lizandra de almeida, mario buonfiglio, murilo ohl, Paulo boccato.

Sucursal de brasíliacarlos eduardo Zanatta

Arteclaudia intatilo (edição de arte),

rubens Jardim (Produção gráfica),geraldo José nogueira (editoração eletrônica)

Ilustração de Capamarcelo laruccia

Diretor Comercialmanoel fernandez

Vendasalmir b. lopes (gerente),

alexandre gerdelmann e Patrícia m. Patah (contatos), ivaneti longo (assistente)

Coordenação de Circulação e Assinaturasgislaine gaspar

Coordenação de Marketingmariane ewbank

AdministraçãoVilma Pereira (gerente); gilberto taques

(assistente financeiro)

Serviço de Atendimento ao Leitor0800-145022

Internethttp://www.telaviva.com.br

[email protected]

Tela Viva é uma publicação mensal da editora glasberg - rua sergipe, 401,

conj. 605, ceP 01243-001 telefone (011) 257-5022 e fax (011) 257-5910

são Paulo, sP.sucursal: scn - Quadra 02, sala 424 -

bloco b - centro empresarial encol ceP 70710-500

fone/fax (061) 327-3755 brasília, df

Jornalista Responsávelrubens glasberg (mt 8.965)

Fotolito/Impressãoipsis gráfica e editora s.a

não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem

autorização da glasberg a.c.r. ltda.

Page 51: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel

Page 52: Revista Tela Viva 81 - Maio 1999

Não disponivel