Revista Toc 142 Jan2012

Embed Size (px)

Citation preview

72 781 membros

EDITORIAL

Tempos difceis, exigncia acrescida

Armando P. Marques Vice-presidente do Conselho Diretivo

C

oube-me a mim a tarefa de, em breves linhas, tentar transmitir aos colegas algo de positivo para 2012 o que, convenhamos, no fcil. Obviamente que mais um de tantos outros anos que alguns de ns, felizmente, j vivemos calcorreando os longos e penosos caminhos que a vida nos ofereceu, ou no. Porventura, muitos foram aqueles a quem a vida pouco ou nada propiciou e s fruto de muito querer e esforo alcanaram lugares confortveis na sociedade e, em especial, na nossa profisso. A esses, merecidamente, devemos prestar homenagem, pois foram os patronos de muitos jovens a quem transmitiram saber, exemplos de profissionalismo, lealdade entre colegas, uma cultura acrescida no cumprimento das obrigaes estatutrias e deontolgicas. Enfim, toda uma maneira de estar na profisso que, certamente, marcou a qualidade do desempenho destes tcnicos oficiais de contas. Mas - h sempre um mas - nem todos soubemos/ sabemos ser patronos e, frequentemente, esquecemos que a sociedade tem os olhos postos na nossa profisso dada a sua natureza de interesse pblico, reconhecendo que so os tcnicos oficiais de contas os especialistas que lidam diariamente com as contas das empresas auxiliando em muito a sua gesto, dando um enorme contributo para a transparncia das demonstraes financeiras, documentos agora mais do que nunca decisivos para uma leitura rigorosa da situao empresarial. Sabemos quo difcil para as empresas obter crdito para solver compromissos, conhecemos as exigncias acrescidas do setor financeiro no que concerne interpretao dos documentos de prestao de contas e, por vezes, esquecemos a responsabilidade, assobiamos para o lado e seja o que Deus quiser, pois a verdadeira situao da empresa no

compatvel com os documentos produzidos, onde o tcnico oficial de contas colocou a sua assinatura, validando os mesmos. a que, por vezes, nos interrogamos quando a imprensa noticia certas fragilidades das profisses todas includas, sem exceo e ficamos incomodados por haver poucos patronos que saibam dar exemplos dignos de uma prestigiante classe de profissionais. esta profisso a que nos orgulhamos de pertencer, que muito tem dado e continuar a dar sociedade em geral, ao Estado e aos empresrios, mas preciso ter sempre presente que temos de oferecer ainda mais neste momento difcil, obviamente com reflexos em ns prprios. No devemos mendigar honorrios a preos de saldo, mas oferecer mais servios e maior qualidade, mostrando ao empresrio a mais-valia que pode obter daquilo que produzimos sria e responsavelmente. Neste iniciar de ano, que gostaramos que fosse o ltimo de tremendas dificuldades, temos obrigao de fazer passar uma mensagem de energia e esperana a todos os que connosco se relacionam, empresrios em especial, pois se esse otimismo for multiplicado em cadeia, obviamente que minimizar o pessimismo e propiciar, porventura, um olhar mais tranquilo sobre o que temos que enfrentar. Vamos dar as mos nesta corrente, convencidos que no existem anos bons nem maus, simplesmente existem anos diferentes que exigem de ns um olhar tambm diferente, mas atento e vigilante para no escorregarmos ribanceira abaixo, criando mazelas de irreversvel recuperao. Um 2012 cheio de esperana e um horizonte mais solarengo so os nossos desejos. z

JANEIRO 2012

3

FICHA TCNICA

SUMRIO

ANO XII REVISTA N. 142 JANEIRO 2012

06

Propriedade Ordem dos Tcnicos Oficiais de Contas Avenida Barbosa du Bocage, 45 1049-013 Lisboa Contribuinte n. 503 692 310 Telefone: 217 999 700 Diretor A. Domingues de Azevedo Diretores adjuntos Armando Marques Jaime dos Santos Filomena Moreira Manuel Vieira de Sousa Ezequiel Fernandes Rita Cordeiro Editor-geral Roberto Ferreira Redao Jorge Magalhes Nuno Dias da Silva Design e paginao Duarte Camacho Telma Ferreira Fotografia Joo Miguel Rodrigues Secretariado Raquel Carvalho Colaboram nesta edio Antnio Carlos dos Santos A. Domingues de Azevedo A. J. Alves da Silva Guilherme W. dOliveira Martins Jesuno Alcntara Martins Mrio Portugal Rui Laires

Publicidade Departamento de Comunicao e Imagem da OTOC Produo editorial e reviso Departamento de Comunicao e Imagem da OTOC Telefone: 217 999 715/17/18/19 Fax: 217 957 332 [email protected] www.otoc.pt Impresso Sogapal Expedio Luter - Publicidade e Servios Tiragem 65 451 exemplares Depsito legal N. 150317/00 ISSN 1645-9237 Os artigos publicados so da exclusiva responsabilidade dos seus autores. Formao 2012 em brochura

Domingues de Azevedo em entrevista

27

30

Artigos de acordo com a nova grafia da lngua portuguesa

Lugar ao TOC com Jos Antnio Viegas

4

TOC 142

SUMRIO

16Na sombra da grande metrpole: A Soma das Partes passou por Setbal

NOTCIAS18 A Soma das Partes em Santarm | Sorteio do controlo de qualidade 20 Imperfeies de um imposto omnipresente: VI Conferncia GEOTOC 24 Iniciativa legislativa da Ordem | Apresentada candidatura ao CES | Presena semanal na Praa da Alegria 25 Novo stio da Ordem | Observatrio Dirio Econmico, OTOC e AFP 26 SNC e os juzos de valor em Coimbra | IV Congresso dos TOC | Conferncia A importncia do anexo no SNC 27 XXV Seminrio do CILEA, em Braga | Formao 2012 em brochura 28 Provas pblicas dos colgios de especialidade | Inqurito sobre as reunies livres

LIVROS34 IRS 2011 | Contabilidade financeira | A jurisprudncia e os tribunais

ORDEM NOS MEDIA35 Imprensa e redes sociais

GABINETE DE ESTUDOS36 A nova parafiscalidade: a tributao por via de cortes na despesa com remuneraes de funcionrios e pensionistas 43 Cdigo de contas, declaraes eletrnicas e informtica

A CONTABILIDADE E O FISCO49 As faturas, os documentos equivalentes e os problemas legais e fiscais

COLABORAO IDEFF53 Responsabilidade financeira em tempos de crise

COLABORAO ISCAL56 A prestao de garantia no processo de execuo fiscal

FISCALIDADE60 Tributao em IVA de trabalhos de tipografia, repografia e restauro de livros

CONSULTRIO TCNICO65 Perguntas e respostas

LISTA DE ARTIGOS 201169 Lista de artigos publicados na Revista TOC 73 Consultrio tcnico - textos publicados em 2011JANEIRO 2012 5

ENTREVISTA

6

TOC 142

ENTREVISTA

Qualidade e preparao profissional tm que ser as grandes apostas dos TOCA mudana de atitude inevitvel e no depende dos empresrios, antes dos prprios contabilistas. com estas coordenadas que os profissionais tero que movimentar-se. O lema do IV Congresso tambm disso sintoma.Por Jorge Magalhes

D

a realidade concreta da profisso para a aldeia global. Da inevitabilidade de o contabilista olhar a sua atividade sob um novo ngulo at necessidade de se clarificarem regras para o acesso ao desempenho de alguns cargos polticos. Dos planos da Ordem para o novo ano que agora se inicia, e que passam por uma ateno redobrada sobre as questes de mbito social, at conjuntura econmica internacional e necessidade de a Europa, por exemplo, caminhar no sentido de uma harmonizao fiscal como forma de reforar o verdadeiro esprito de comunidade. Da defesa de uma profisso viva e ativa at chegada da troika e ao que isso representa para o povo portugus: uma espcie de atestado de menoridade e de incompetncia. Do desejo de que Portugal no caminhe para uma taxa nica de IVA, porque potenciaria situaes incompreensveis de injustia fiscal at ao perigo iminente de desumanizao do sistema fiscal, onde a real capacidade financeira dos cidados

deixa de ser relevante. Antnio Domingues de Azevedo, Bastonrio da Ordem dos Tcnicos Oficiais de Contas, na primeira pessoa. TOC - O Plano de Atividades e Oramento para 2012 aprovado recentemente em assembleia geral prev uma diminuio de cerca de 3,8 por cento nos rendimentos e 2,7 por cento nos gastos. So nmeros que refletem a atual conjuntura do Pas? Domingues de Azevedo Evidentemente a crise tambm nos afeta e, em consequncia, devemos antever os efeitos que ela ter na atividade da Ordem. Na previso que fazemos, procuramos manter um ritmo elevado de atividade e, acima de tudo, salvaguardar as questes relacionadas com os apoios sociais aos membros. TOC - Apesar dos nmeros, as apostas nucleares da Ordem mantm-se. Que vertente assumir maior relevncia em 2012? D. A. natural que tenhamos que reajustar algumas iniciativas, mas

entendemos que as questes de mbito social devero merecer uma ateno redobrada. TOC - A ideia do TOC criador de valor e a inevitvel proatividade que tal implica exigir, em concreto, que medidas da Ordem? D. A. Os tcnicos oficiais de contas tm uma especificidade muito peculiar. A crise que a economia portuguesa atravessa, no obstante os afetar, constituir para eles tambm uma excelente oportunidade de repensar muitas coisas que at hoje eram vistas como adquiridas na profisso e que as circunstncias obrigaro, indubitavelmente, a reequacionar. Constituir um momento alto para repensar muitos comportamentos e sobressairo os que se encontrarem melhor preparados para responder ao importante papel que a profisso tem que desempenhar. Pensar o papel do contabilista nas empresas apenas numa tica de responder s obrigaes declarativas fiscais um pensamento redutor e

JANEIRO 2012

7

ENTREVISTA

inadequado nossa realidade empresarial. Os profissionais tm que compreender que necessrio uma nova atitude que passa por um romper de amarras, conceitos e valores que no se coadunam com as potencialidades dos TOC nem com as necessidades das empresas. A este novo profissional so-lhe exigidos conhecimentos e sensibilidades muito profundas, o que s pode ser conseguido com exigncias de rigor e sensibilidades que se adquirem ao longo da vida com formao contnua. Sei que isso no fcil de obter, sobretudo em perodos de crise, mas essa tem que ser a grande aposta: a qualidade e a preparao profissional. TOC O contabilista tem que ser um elemento incontornvel D. A. O TOC tem que estar para as empresas e empresrios como o ar que respiramos est para a vida. Uma empresa ou empresrio no conseguem sobreviver sem a informao contabilstica inerente sua atividade, pois ela o sustento e o guia que ilumina o caminho que deve ser percorrido. Esta realidade tem que ser vivida e alimentada pelos profissionais, pelo que a Ordem, em 2012, pensa percorrer o Pas explicando aos membros a sua viso sobre a forma como se materializa junto das empresas o tcnico oficial de contas criador de valor. TOC No final do ano, a Ordem apresentou formalmente a sua candidatura para integrar o Conselho Econmico e Social. Que papel poder a Instituio desempenhar nesse rgo constitucional? D. A. A Ordem dos Tcnicos Oficiais de Contas , em todos os domnios, a maior organizao de regulao pro-

fissional existente em Portugal e, pela sua conceo de interesse pblico, tem vindo, nas reas da sua competncia, a provocar um conjunto de discusses que tm construdo uma imagem destas instituies bem diferente daquela a que estvamos habituados. Por estas razes, mas tambm pelo muito que a Ordem ainda tem para dar ao Pas e sociedade, penso que merecida a sua aceitao na concertao social. Como sabido, existem dois lugares para as profisses liberais e aquilo que a Ordem reclama, pelas razes apontadas, um desses lugares. No faz sentido que ambos os lugares sejam preenchidos por uma estrutura particular, como o caso do Conselho Nacional das Ordens Profissionais (CNOP), deixando de fora a maior organizao portuguesa de regulao profissional que a OTOC. No se pense que desmedida a pretenso da OTOC. Em termos globais, devem estar representados no CNOP cerca de 140 mil profissionais. A Ordem tem cerca de 76 mil membros... TOC - A OTOC poder desaparecer em breve para dar lugar Ordem dos Contabilistas. Que razes sustentam esta mudana? D. A. Essa uma alterao que pensamos introduzir na prxima alterao ao Estatuto. Todos quantos fazem desta a sua profisso sentem-se, julgo eu, um pouco deslocados em relao designao atribuda. Ns executamos e interpretamos a contabilidade pelo que penso fazer mais sentido que sejamos chamados de contabilistas e no de tcnicos. Existe, no entanto, um pormenor que teremos que resolver, relacionado com o nome. Contabilista todo aquele que tem uma licenciatura em Contabilidade mas, no obstante ter

aquela licenciatura, pode no estar habilitado para assumir a responsabilidade por contabilidades como, por exemplo, um licenciado em Direito pode no ser advogado. Se esta diferenciao no for feita gerar-se- inevitvel confuso que urge evitar. inteno da Ordem usar uma designao que poder estar prxima das seguintes: Contabilista Certificado, Perito Contabilista, Contabilista Pblico, Contabilista Oficial ou qualquer outra que ao tempo se mostre mais adequada s funes que os profissionais desempenham.

8

TOC 142

ENTREVISTA

PERFILAntnio Domingues de Azevedo nasceu em 1950, em Vila Nova de Famalico. Tcnico oficial de contas h mais de trs dcadas, foi deputado Assembleia da Repblica durante trs mandatos, integrando sempre a Comisso Parlamentar de Economia e Finanas. Lidera, desde o incio, os destinos da entidade reguladora da profisso, primeiro como presidente da ATOC, depois da CTOC e, finalmente, como primeiro Bastonrio da OTOC, culminando assim um percurso fulgurante em apenas 14 anos (1995-2009). Em novembro de 2011, por proposta do Instituto Superior de Contabilidade e Administrao de Lisboa (ISCAL), recebeu o grau de Professor Especialista Honoris Causa. Foi a primeira vez que em Portugal se atribuiu tal distino.

TOC - Para este ano est prevista a realizao do IV Congresso dos Tcnicos Oficiais de Contas. Que novidades se podem esperar para este grande encontro de profissionais? D. A. Esperamos que o IV Congresso dos Tcnicos Oficiais de Contas seja um dos momentos mais altos da profisso e que, de algum modo, constitua a consagrao internacional da Instituio. Esperamos realizar nos dias 14 e 15 de setembro o maior congresso alguma vez feito em Portugal por uma profisso.

Para alm das representaes que esperamos receber de diversos pases europeus, da Amrica Latina e de todos os pases de lngua oficial portuguesa, pensamos lanar um verdadeiro repto aos profissionais para uma viragem na maneira de estar e viver a profisso. O prprio tema do Congresso, TOC Uma nova atitude, no deixa de ser um forte apelo a uma mudana na maneira de estar e exercer a profisso. O evento ter a durao de um dia e meio, contar com sesses paralelas

e os que assim o pretendam podero apresentar trabalhos que sero discutidos naquelas sesses. Esperamos que aquele evento seja mais um dos muitos momentos altos que a Ordem tem propiciado profisso e que todos ns, no final, nos sintamos mais orgulhosos. TOC A internacionalizao da OTOC poder conhecer impulsos significativos em 2012. O que que justifica esta abertura? D. A. H uma verdade incontestvel. O mundo mudou, o desenvolvi-

JANEIRO 2012

9

ENTREVISTA

mento das tecnologias encurtou as diferenas fsicas e culturais. Hoje, o planeta uma espcie de aldeia global onde tudo se comunica e partilha. No h mais protecionismo e muito dificilmente se guardam segredos. Essa a nossa realidade e perante ela temos dois comportamentos possveis: ou participamos dessa realidade vivendo a vida na forma e dimenso em que ela se nos oferece, procurando na medida das nossas possibilidades participar nas tomadas de deciso, ou ento fechamo-nos no nosso canto, numa atitude eremita, deixando que a realidade nos passe ao lado. Uma profisso que se quer viva e ativa, que tem conscincia da sua importncia no desenvolvimento social, no pode ficar margem do processo evolutivo e ser mera espetadora dessa realidade. Tem que intervir e influenciar e, atravs da sua participao, verter as suas ideias sobre a estrutura das decises que as organizaes tomam. Hoje, essas decises no so desta ou daquela organizao, mas sim das que tm uma estrutura global representativa. Nos dias que correm, as organizaes j no sobrevivem sozinhas, tm que se interligar sob a forma de federaes e, nos rgos prprios, manifestar as suas opinies. A Ordem tem compreendido esta realidade procurando participar nas organizaes internacionais e manifestando as suas opinies sob as mais diversas questes. Neste momento, a Ordem est nas organizaes europeias e mundiais mais representativas da profisso. Integra a EFAA (Federao Europeia dos Contabilistas e Auditores para as Pequenas e Mdias Empresas) como membro de pleno direito, participando em dois grupos especializados de

A mudana de atitude na profisso no depende dos empresrios. Esses querem um servio de qualidade e, quando o tm, sabem dar-lhe valor. esta nova atitude que far do TOC um parceiro das decises.

trabalho que tratam de questes tcnicas e de questes da educao. Integra o CILEA (Comit de Integrao Latino Europa-Amrica), onde, atravs da minha pessoa, ocupa uma vice-presidncia. Em colaborao com este organismo, realizaremos no prximo dia 9 de maro, em Braga, uma conferncia internacional subordinada ao tema Sustentabilidade Empresarial. Esperamos, ainda no decurso deste ano, uma vez que o dossi j foi entregue e aceite, proceder inscrio no IFAC (Federao Internacional da Contabilidade), que a maior organizao mundial que trata dos assuntos relacionados com a Contabilidade. TOC - Mas h profissionais que se interrogam sobre a real utilidade dessas opes D. A. No sei se sero muitos os profissionais que se interrogam sobre a validade da participao da Ordem naquelas organizaes. Sei, e disso no tenho dvidas, que se a Ordem no participar na formao das decises, no as poder influenciar, passando a ser mero espetador das decises que afetam o universo contabilista portugus. Mas o fato de haver pessoas que pensam de forma diferente no deve restringir as nossas decises. Sempre disse que no me condiciono ao que diz o membro A ou B, mas sim por aquilo que entendo ser mais importante para a profisso.

Se os membros estiverem em desacordo com as minhas ideias, de trs em trs anos tm oportunidade de, atravs do voto, manifestar essa discordncia. A realidade, porm, tem sido cristalina e incitam-me, cada vez mais, a continuar o caminho que temos vindo a seguir. TOC O que falta para o TOC se assumir, definitivamente, como um parceiro do empresrio na tomada de decises? D. A. O ponto de partida foi muito difcil, mas hoje estou convencido que os prprios profissionais compreenderam que o nico caminho a seguir o da qualidade, da exigncia, do rigor e da responsabilidade. Dizia-me ainda h bem pouco tempo um diretor de Finanas que se notava uma alterao de qualidade muito significativa nos profissionais, no s na capacidade de argumentar, mas tambm, e particularmente, na forma como apresentavam as suas ideias e opinies nos requerimentos enviados para os servios de Finanas. Os empresrios, pelo menos aqueles que minimamente o so, no querem um contabilista apenas para que, no final do ms, lhe venha pedir dinheiro para a Segurana Social, o IVA e a avena. Querem um contabilista que lhe organize minimamente uma estrutura de custos de uma forma simples, percetvel e manusevel, sabendo qual o seu

10

TOC 142

ENTREVISTA

limite de preo e tendo conscincia que, ultrapassando aquele ponto crtico, perde dinheiro. Um empresrio digno desse nome no quer um contabilista que lhe aparea no final do ano com relatrios muito bem elaborados, com palavras muito bonitas mas que ele no entende. Quer um contabilista que, com regularidade, analise a evoluo dos seus negcios, a viabilidade dos seus custos e a possibilidade de reajustar, se necessrio, essa estrutura em funo dos seus proveitos. A informao contabilstica elaborada por contabilistas, mas no se destina maioritariamente a eles, mas sim ao pblico em geral. Por isso, tem que ser percetvel e til. O descrdito da Contabilidade no est em si mesma como cincia, mas sim na forma como ns a usamos. Por isso, a mudana de atitude na profisso no depende dos empresrios. Esses querem um servio de qualidade e, quando o tm, sabem dar-lhe valor. esta nova atitude que far do TOC um parceiro das decises, o companheiro no percurso empresarial, em substncia, o que aceita a cumplicidade de construir a aventura. Esse profissional no trocado por avenas de misria, mas pago condignamente, pois acaba por se constituir como pea imprescindvel na dinmica global da empresa. Por outras palavras, um criador de valor e no um custo de contexto que tem que ser suportado. TOC O plano de combate fraude e evaso apresentado pelo Governo vai, em seu entender, no sentido correto? D. A. A fraude e evaso fiscal tm contornos que so, por vezes, muito complexos. O combate exige meios

JANEIRO 2012

11

ENTREVISTA

humanos e tcnicos comparveis, no mnimo, aos que so usados por quem provoca aqueles fenmenos. No obstante questionar alguma da orientao seguida, meu entendimento que Portugal estar hoje no peloto da frente com meios humanos e tcnicos capazes de responder positivamente a esse desafio. Houve uma enorme evoluo no funcionamento da administrao fiscal que lhe conferiu um nvel de percetibilidade muito elevado para lidar com este tipo de fenmenos. Penso que, em paralelo, se deveria fazer um esforo de trazer para dentro do sistema situaes que dele andam arredadas. Quem paga impostos so apenas os que se encontram a funcionar legalmente. , pois, urgente encetar uma ao pedaggica de forma a criar a apetncia de cumprimento, como ali-

s j existiu com resultados muito bons a nvel nacional. TOC - Os arranjos nos escales do IVA so o prenncio para uma taxa nica? Foram corrigidas algumas distores ou apenas existiu a preocupao de maximizar a receita? D. A. A fiscalidade e os impostos advm e aplicam-se s pessoas, mesmo aqueles que so pagos de forma indireta. As pessoas no so iguais, pelo que tambm no o podem ser no pagamento de impostos. por isso que temo muito a denominada simplificao, o que para mim sinnimo de injustia fiscal. Neste contexto, o IVA tem um papel importante a desempenhar, no porque eu possa individualizar o seu pagador, mas sim pelo tratamento diferenciado dos produtos de primeira necessidade. O que assistimos no foi uma alterao da incidncia

do IVA com essas preocupaes, mas to s e apenas no domnio da sua rendibilidade econmica. Penso, e espero, que no caminhemos para uma taxa nica, pois essa gerar situaes incompreensveis de injustia fiscal. TOC - dos que considera que a troika foi uma bno e veio disciplinar o sistema fiscal portugus? D. A. Com o devido respeito por quem pensa de forma diferente, a troika foi a pior coisa que aconteceu a Portugal nos ltimos tempos. Desde logo porque limita de forma ntida o espao decisrio dos nossos governantes, deixando os destinos de Portugal na mo de estrangeiros, o que, em boa verdade, constitui uma espcie de atestado de menoridade e de incompetncia aos portugueses para governar o seu prprio Pas.

12

TOC 142

ENTREVISTA

Estamos a regredir a passos largos para o sistema de 1963, onde a real capacidade financeira dos cidados no era relevante, mas sim as fontes de rendimento.

Depois, porque tem sido uma excelente cobertura para implementar medidas e decises, marcadamente para a beneficiar o capital, alheando-se, e muitas vezes contradizendo, os valores humanistas que sempre caracterizaram as sociedades democrticas. Quem precisa de ser disciplinado no o sistema fiscal. Esse tem cumprido de forma exemplar os seus desgnios, muitas vezes at ultrapassando-os. Os polticos, os decisores, esses sim, precisam de disciplina, porque alimentaram e permitiram que chegssemos ao ponto em que nos encontramos. Qualquer pessoa minimamente sensata, sabe e sabia, que era impossvel manter as coisas no ponto em que elas se encontravam e, por isso, um reajustamento das contas pblicas era inevitvel. O que penso que nada justifica o curto espao de tempo dado para esse reajustamento. insensato no prever as consequncias do que est a acontecer e essas s podem conduzir a uma recesso econmica ainda mais acentuada, com aumento de desemprego e das dificuldades para as pessoas. TOC - A famlia constituda com base no casamento discriminada nas dedues do IRS. Esta uma das bizarrias do nosso sistema fiscal. Que outras gostaria de ver corrigidas? D. A. A perfeio um mito, uma meta pela qual lutamos todos os dias.

Esse desiderato no um ponto esttico, mas sim evolutivo que se faz por etapas sucessivas. S que, medida que as vamos alcanando, a meta parece estar cada vez mais distante. Portugal tem, provavelmente, um dos melhores sistemas fiscais da Europa, se tivermos em considerao a realidade cultural portuguesa quanto a este aspeto. A humanizao da tributao verificada com a reforma de 1989, veio introduzir-lhe fatores que o diferenciam na busca de uma maior justia fiscal. Quem paga impostos so as pessoas. O esforo que cada um faz, atravs dos impostos, na comparticipao das despesas da sociedade, tem que ser balizado em funo da sua real e efetiva capacidade financeira, avaliada esta em funo de dados genricos das necessidades para se ter uma vida com um mnimo de dignidade. Esse objetivo consegue-se atravs de dedues ao rendimento ou coleta, de valores que se aproximem da realidade vivida pelos elementos do agregado familiar. TOC A realidade dos ltimos meses no tem percorrido essa via D. A. Assistimos desde h algum tempo a uma tentativa de abandonar o esforo para encontrar a realidade financeira dos componentes do agregado familiar, no por razes doutrinais, mas por razes de mera rendibilidade econmica do sistema. Isso perigoso, pois ao desenraizar-se o

pagamento de impostos da realidade objetiva de quem os paga, est-se a afastar do sistema a sua humanizao, passando a relevar para efeitos da determinao dos quantitativos que cada um entrega, no a efetiva capacidade, mas sim fatores determinados em funo de elementos que inquinam de injustia o ato de pagamento de impostos. Estamos a regredir a passos largos para o sistema de 1963, onde a real capacidade financeira dos cidados no era relevante, mas sim as fontes de rendimento. Voltando questo, desde sempre o sistema tratou de forma diferente a famlia e os contribuintes considerados isoladamente, o que, em termos genricos, definidos os limites da diferenciao, no julgo consubstanciar injustia, pois no mbito do agregado familiar podem gerar-se sinergias e poupanas atendendo ao seu nmero que no ser possvel quando se trata de um nico contribuinte, dado o seu isolamento. TOC Ficamos a saber, recentemente, que um dos maiores grupos econmicos portugueses transferiu a sua sede para a Holanda. Outros grandes grupos portugueses tinham-no j feito. Quer isto dizer que a carga fiscal atingiu o limite do suportvel e quem pode procura paragens mais amigas? D. A. Nos impostos no h sistemas mais ou menos amigos. Os sistemas fiscais so um conjunto de normas onde se definem os princpios, mtodos e condies da sociedade organizada angariar os meios necessrios ao seu financiamento. As necessidades financeiras dos Estados so diretamente proporcionais ao esforo que eles faam para a resoluo dos problemas dos seus cidados. A diferena pode apenas residir na

JANEIRO 2012

13

ENTREVISTA

classificao dessas necessidades e na forma de obter os correspondentes meios financeiros. A Holanda um pas com uma cultura muito influenciada pelos seus vizinhos e onde os cidados tm um nvel de vida muito superior ao que existe em Portugal. Desconhecendo as razes em que assenta a deciso da mudana da sede de uma empresa, penso que o problema no pode ser visto apenas pelo prisma da legalidade, mas sim pelo prisma do patriotismo e da moralidade. Os fenmenos que nesse domnio ocorreram recentemente em Portugal so bem o rosto do capitalismo sem ptria, sem nao e sem moralidade. Uma espcie do bem prega o Frei Toms... Num momento em que Portugal precisa do concurso de todos para dobrar as dificuldades em que vive, alguns tm a faculdade de fugir a esse aperto, deixando os sacrifcios para os outros. Independentemente de quem o faz, injusto, imoral e antipatritico. TOC Nesta questo, a Europa no est a ser inimiga de si prpria, ao permitir que dentro do seu espao comunitrio existam tais desigualdades promovendo, de certa forma, a lei da selva? D. A. De certo modo sim. A Europa ainda no foi capaz de criar, para alm dos aspetos financeiros, um verdadeiro esprito de comunidade. A harmonizao fiscal, embora ela venha diminuir a soberania dos Estados membros, uma realidade importante para a criao daquele esprito. TOC Plato escreveu: O castigo por no participares na poltica acabares governado por algum que te inferior. A conscincia cvica dos portugueses, ou a falta dela, tambm responsvel pelo estado a que o Pas chegou? D. A. Portugal teve um percurso

A Europa ainda no foi capaz de criar, para alm dos aspetos financeiros, um verdadeiro esprito de comunidade. A harmonizao fiscal (...) uma realidade importante para a criao daquele esprito.democrtico em que se revelaram algumas especificidades que um dia a histria julgar. Enredamo-nos em questes de somenos valor, menosprezando muitas vezes os efeitos secundrios que isso tem no coletivo. verdade que os atores, por vezes, do demasiado o flanco, mas hoje ser poltico, dedicar-se a encontrar a melhor forma de conduo de um povo, quase uma atitude de marginal. Porque muitas vezes isso interessa a inconfessveis intentos. Tem-se denegrido de forma inusitada o desempenho da funo poltica, sendo ela das mais nobres que se podem desempenhar. um sinal de grande nobreza dar o nosso melhor para encontrar as solues mais justas e adequadas para os problemas de uma sociedade. E isso deveria ser respeitado e elevado. As lutas sem sentido e, muitas vezes, a dificuldade de conviver com a prpria democracia, onde a coberto da liberdade de cada um se desrespeita a liberdade dos outros, tem vindo a criar dificuldades em separar o trigo do joio, correndo o risco de deixar de haver trigo e passar a existir apenas o joio. Seria interessante clarificarmos regras para o acesso ao desempenho de alguns cargos polticos, constituindo-se como garantia bsica que as pessoas que ocupam esses lugares teriam um mnimo de conhecimentos sobre a vida, o povo e, acima de tudo, sobre as suas necessidades. Garantido aquele cenrio, os escolhidos deveriam ser respeitados pelo povo que representam e ter condies mnimas para o desempenho, com dignidade, daquelas funes. A no ser assim, conforme j afirmava Plato, no sero os mais competentes a definir o rumo de Portugal, mas sim os que, no singrando noutros domnios, encontram na poltica campo frtil para as suas ideias. TOC Foi distinguido recentemente com o grau de Professor Especialista Honoris Causa pelo IPL. Ficou surpreendido com a distino? um triunfo pessoal, dos tcnicos oficiais de contas como classe ou de ambos? D. A. O grau acadmico Professor Especialista Honoris Causa que me foi atribudo pelo Instituo Politcnico de Lisboa (IPL) sob proposta do Instituto de Contabilidade e Administrao de Lisboa (ISCAL), no s pelo ttulo em si, que equiparado a doutoramento, mas tambm pelo facto de ser atribudo pela primeira vez em Portugal, foi uma grande honra, no s para mim, cidado que tem conduzido a profisso, mas particularmente para todos os tcnicos oficiais de contas. Evidentemente que fiquei muito surpreendido, pois no estava espera de to grande honra. A profisso, e no eu, pelo enorme esforo que tem vindo a fazer de aperfeioamento, no obstante os sacrifcios inerentes, merecia e merece esta distino. z

14

TOC 142

NOTCIAS

Na sombra da grande metrpoleA Soma das Partes passou por Setbal

S

etbal foi, durante muito tempo, um distrito associado a realidades sombrias: crime, desemprego, fome e contestao social. Se hoje a regio continua a no se livrar do rtulo de problemtica, a verdade que outros fatores positivos emergiram, tornando Setbal um local que marca pontos e ganha notoriedade. Sabia, por exemplo, que foi na cidade do Sado que nasceu o treinador mais aclamado do Planeta, Jos Mourinho? Muitos portugueses certamente desconhecem, mas meio mundo tem a resposta (Setbal) na ponta da lngua. A panormica deslumbrante para o porto de Setbal foi o tnico matinal para o incio da conferncia A Soma das Partes, no passado dia 9 de janeiro, no Hotel do Sado. Cerca de uma centena de profissionais participaram na organizao conjunta da Ordem, TSF e Dirio de Notcias, com o intuito de saber quanto vale, para a soma das partes, o terceiro distrito mais populoso do pas, com cerca de 1 milho de habitantes. O Bastonrio da Ordem deu as boas-vindas aos membros e afirmou que a mobilizao

da capacidade criativa deve acontecer nos momentos difceis. Domingues de Azevedo enalteceu o prestgio associado a esta conferncia, que classificou como um veculo extraordinrio para a promoo da profisso, permitindo, igualmente, manter os tcnicos oficiais de contas em relao direta com os agentes e as realidades empresariais concretas de cada regio. A primeira interveno de fundo pertenceu a Maria Lus Albuquerque, secretria de Estado do Tesouro e Finanas, eleita deputada pelo crculo de Setbal. No abdicando do fato de governante, declarou que vivemos sob a ditadura da dvida e de um oramento muito exigente para as famlias, o Estado e as empresas. No podemos falhar. Na apreciao no distrito que a elegeu, referiu que este j conheceu fases de prosperidade e recesso, mas que uma coisa certa: Quando Setbal cresce, o pas cresce. Armando Pires sublinhou o papel da educao e do ensino no desenvolvimento das populaes. O presidente do Instituto Poli-

Fotos: Rui Minderico / Controlinveste

tcnico de Setbal defendeu o reforo do investimento neste tipo de variante universitrio, ou seja, o ensino de curta durao e com especializao profissional. Aos formados no politcnico est vedada a atribuio do ttulo de doutor. H que corrigir esta lacuna, referiu, em jeito de recado. Leonor Freitas o rosto de uma das jias da coroa sadina. Ela a atual proprietria e gerente da Casa Ermelinda Freitas, em Fernando P, na Marateca, que leva cunhado o nome da me. Trata-se de um florescente negcio vitivincola, que se pode gabar de ostentar o melhor vinho tinto do mundo, o Syrah 2005. Leonor Freitas defendeu que a vinha, s por isso, um produto turstico. A empresria teme, contudo, que o eventual avano de projetos como o TGV ou o aeroporto obriguem a retalhar os nossos jardins de vinha, tornando a atividade econmica insustentvel. Defendendo com unhas e dentes o mundo rural, que sonha ver ativo, moderno, empreendedor e empregador, Leonor Freitas mostrou-se partidria de uma inverso de paradigma, valorizando e prestigiando o meio rural, em detrimento do hipervalorizado meio industrial. S atravs desta assuno de novos valores se obtm a mudana de mentalidades. A soluo est na escola, diz. Apesar de j existirem vinhos com a designao Pennsula de Setbal, Leonor Freitas entende que h um imenso caminho para desbravar. O moscatel tem um potencial tremendo e creio que pode tornar-se uma assinatura da regio.

16

TOC 142

NOTCIAS

O TOC da regio de Setbal escolhido para a interveno habitual em A Soma das Partes foi Rui Lima. O tambm formador da Ordem debruou-se sobre os instrumentos fiscais das autarquias da regio sadina, exemplificando com diapositivos e tabelas alusivas aos concelhos em causa. Lima defendeu a tese que a estabilidade tributria pode provocar um desagravamento fiscal. Contudo, um grande ponto de interrogao pode acontecer no prximo ano quando, se estima, estiver concludo o processo de reavaliao urbanstica. Diminuir e no somar Depois da pausa para um retemperador caf, regresso sala para o debate com os deputados eleitos. Para lanar pistas e moderar a conversa esteve o jornalista do DN, Antnio Perez Metelo, que nas breves palavras introdutrias considerou que devido ao facto de Setbal ser normalmente arrastado pela situao nacional personificar, na perfeio, o duche escocs. O deputado do PSD, Pedro Ramos, lembrou que o seu partido fez promessas ferrovirias e rodovirias, mas o atual contexto impe cautela e ponderao. Contudo, disse, ligar o Porto de Sines com o transporte de mercadorias fulcral. Bruno Dias, deputado do PCP, comeou por declarar que Setbal , semelhana do resto do pas, vtima do pacto de agresso economia portuguesa. O caminho para muitos procurar emprego no exterior, sendo frequentes os tentadores convites emigrao para paragens longnquas. Por seu turno, Eduardo Cabrita do PS, aludiu a vocao do distrito enquanto fachada atlntica e grande mercado europeu.

Rui Lima

Maria das Dores Meira

O ex-governante sustentou, com desgosto, que olha-se para Setbal como uma periferia desqualificada do Terreiro do Pao. A meio da primeira ronda, Antnio Perez Metelo intrometeu-se e oportunamente lembrou que parques industriais com o prestgio da CUF, Lisnave e Siderurgia deixaram de existir no distrito. Pegando na deixa, o deputado do CDS referiu que a diversidade do distrito tem sido prejudicada pela falta de rumo e uma estratgia comum e agregadora. Nuno Magalhes salientou que Setbal deve influenciar, em vez de ser influenciado, invertendo a lgica vigente das grandes para as pequenas obras. Mariana Aiveca, em representao do Bloco de Esquerda, referiu que uma regio que padece de fraturas profundas, precisa de respostas imediatas. O desemprego de longa durao numa gerao sem margem para se reconverter e a degradao urbana do parque habitacional foram dois dramas apontados pela deputada. Aiveca defendeu que Setbal sofre muito com o estigma de ser o subrbio da cidade grande. Maria das Dores Meira pautou a sua interveno por no se escudar em meias palavras. Disse ao que vinha e foi suficientemen-

te clara na abordagem da sua interveno. A autarca setubalense classificou os tempos atuais de maior regresso poltica e civilizacional de 37 anos de democracia. A edil prosseguiu no tom crtico, referindo que os tempos so exigentes, mas sempre para os que mais foram sacrificados. contra isto que me manifesto, sublinhou. Portugal no tem sido a soma das partes. Tem sido antes um pas de diminuir e no de somar. Antes de terminar, Maria das Dores Meira tocou num tema muito caro maior parte dos autarcas, a regionalizao, considerando que com este modelo seria possvel aproximar os decisores das populaes afetadas. As despedidas pertenceram ao Bastonrio da Ordem que se congratulou pela vivacidade do debate durante toda a manh. Os deputados presentes demonstraram um profundo conhecimento do distrito pelo qual foram eleitos. Nesta conferncia sommos as partes. Acreditar no futuro ter a capacidade de criar em vez de destruir, rematou. zVdeos e fotos disponveis em: www.youtube.com/user/OrdemTOC www.flickr.com/photos/ordemtoc/

JANEIRO 2012

17

NOTCIAS

A Soma das Partes, em SantarmA 13 de fevereiro, no Santarm HotelA Ordem, em parceria com a TSF e o Dirio de Notcias, realiza a 13 de fevereiro, no Santarm Hotel, a conferncia Portugal - A soma das partes: As economias como fator de desenvolvimento. Durante uma manh, tcnicos oficiais de contas, empresrios, autarcas e "foras vivas" da capital ribatejana vo debater questes prementes no mbito da fiscalidade, do empreendedorismo e do investimento. As nove primeiras iniciativas desde ciclo de conferncias tiveram lugar em Faro, Aveiro, Ponta Delgada, Funchal, Viana do Castelo, Portalegre, Bragana, Setbal e Guarda. Os TOC e o pblico em geral podem aceder ao evento mediante o pagamento de 20 euros. Para efeito do controlo de qualidade, sero atribudos aos profissionais seis crditos. Francisco Moita Flores, presidente da Cmara, j confirmou a sua presena.

Sorteio do controlo de qualidade800 membros sero visitadosO terceiro sorteio pblico, eletrnico e aleatrio, com o objetivo de selecionar os tcnicos oficiais de contas que sero objeto de controlo de qualidade em 2012, realizou-se em 29 de dezembro, no auditrio da sede da Ordem, em Lisboa, nos termos do artigo 12. do Regulamento do Controlo de Qualidade (RCQ). O universo selecionado aleatrio e abrangeu os TOC a exercer a profisso, ativos e reinscritos, oriundos de todos os distritos do Pas e Regies Autnomas, em obedincia aos seguintes critrios propostos pela CCQ e sancionados pelo Conselho Diretivo: - Que seja fixado o nmero de novos controlos a efetuar em 800 membros; do nmero fixado, dever-se- ter em conta o seguinte; - 90 por cento dos controlos devem ser efetuados a TOC cujo modo do exerccio da sua atividade se enquadre nas alneas a), c) e d) do nmero 1 do art.7. do EOTOC; - Os restantes 10 por cento devem ser efetuados s sociedades de profissionais inscritas na OTOC; - O sorteio deve ser em todos os casos por distrito, cabendo a cada disalguns profissionais e presidida pelo diretor Jaime dos Santos, e pelos vogais da Comisso de Controlo de Qualidade, Pedro Caeiro e Veiga Pereira. Pedro Caeiro, vogal da comisso de controlo de qualidade, fez um breve balano da ao desenvolvida pela Ordem: Em trs anos controlaram-se 1 500 profissionais e a taxa de reclamao baixssima, tendo elogiado o sentido de colaborao demonstrado pelos profissionais. Caeiro realou que o controlo de qualidade, pese embora a resistncia inicial de alguns profissionais, tem-se assumido como um instrumento de carter pedaggico, tendo sublinhado a tarefa difcil e exigente que compete aos controladores. O controlo um dos parmetros de defesa da profisso e se abdicarmos da qualidade estamos a praticar concorrncia desleal, concluiu.

trito uma percentagem que tenha em conta o peso percentual dos TOC e sociedades de profissionais no todo nacional, semelhana da metodologia utilizada nos sorteios anteriores. A cerimnia foi testemunhada por

18

TOC 142

NOTCIAS

13 de fevereiro SantarmSantarm Hotel

Inscries em otoc.pt

JANEIRO 2012

19

NOTCIAS

Eduardo Paz Ferreira, Domingues de Azevedo e Daniel Bessa

Cidlia Lana

Mrio Portugal

Rui Laires

Imperfeies de um imposto omnipresenteVI Conferncia internacional GEOTOC, Portono novo, velho IVA. Aproveitando os 25 anos da introduo do imposto em Portugal, o Gabinete de Estudos da Ordem dos Tcnicos Oficiais de Contas e o Instituto de Direito Econmico, Financeiro e Fiscal (IDEFF) da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa promoveram a sua VI Conferncia Internacional, desta feita subordinada ao tema A tributao das atividades econmicas em IVA, que decorreu em Lisboa, a 21 de outubro e que foi replicada, a 7 de janeiro, no Porto. A mudana de ano em nada alterou a problemtica, dvidas e imperfeies de um imposto omnipresente. Diante de cerca de 350 profissionais, os temas em debate foram os mesmos de outubro e os protagonistas pouco diferiram. A comear pela sesso de abertura. Domingues de Azevedo afirmou tratar-se de um dos impostos mais aliciantes e complexos do universo tributrio. O Bastonrio acrescentou que esperava uma discusso rica contribuiria para estruturar o conhecimento e a prtica profissional. Eduardo Paz Ferreira, presidente do IDEFF, salientou a relao salutar entre a instituio que lidera e a entidade reguladora da profisso de contabilista. Sou apologista da expanso das universidades para alm das suas fronteiras. algo enriquecedor que permite conhecer em toda a sua dimenso as classes profissio-

A

nais e, no caso concreto, a dos tcnicos oficiais de contas so uma classe com grande apetncia pelo saber. Uma semana depois do dealbar do novo ano e com um horizonte de nuvens negras, Paz Ferreira deu a receita: essencial que cada um faa o seu trabalho bem feito, de forma a superar a crise e ultrapassar a onda das Cassandras. Coube a Daniel Bessa, presidente do GEOTOC, dar por concluda a sesso de abertura, salientando que a ao do Gabinete de Estudos da Ordem tem privilegiado a relao natural entre a contabilidade e o direito, o que explica que a composio desta comisso da Ordem seja constituda por juristas e TOC. Moderado por Mrio Portugal, o primeiro painel da manh teve como oradora, Cidlia Lana, inspetora tributria, colocada no Centro de Estudos Fiscais. A especialista debruou-se ainda sobre a declarao recapitulativa, a faturao e as regras de exigibilidade. No mbito da legislao comunitria, Cidlia Lana alertou para alteraes previstas para breve no domnio das declaraes recapitulativas, com algumas delas, nomeadamente as cujo limiar supera os 50 mil euros, em vigor desde 1 de janeiro passado. O seu colega na Autoridade Tributria e Aduaneira, Rui Laires, comentou o alcance da interveno, realando que algumas das alteraes que vo entrar em vigor, especificamente a referente

diretiva 2010/45 da UE, agendada para 1 de janeiro de 2013, no so relevantes e notrias do ponto de vista substancial. Restries no regime de renncia iseno No segundo painel, moderado por Rodrigues de Jesus, dedicado aos Regimes de tributao por opo A sade e o imobilirio, um dos grandes arquitetos do IVA portugus, Xavier de Basto, voltou a centrar atenes sobre As renncias iseno em IVA, reafirmando a ideia do aparente paradoxo do tema em anlise: H algum que seja to distrado e que renuncie iseno de um imposto? H e no anda distrado. Os comentrios/apresentao estiveram a cargo de Angelina Tibrcio, tendo acentuado que as isenes em IVA contribuem para acentuar a sua no neutralidade econmica e financeira e que, em casos concretos e condies apertadas o legislador permite a renncia iseno. Para esta subdirectora-geral da Autoridade Tributria e Aduaneira, reconhecido o carter excessivamente restritivo do regime da renncia iseno do IVA no setor do imobilirio, o que pode ser explicado pela necessidade de combate fraude e evaso fiscais para pr cobro aos casos de abuso. So essas as razes do novo regime de renncia iseno do IVA no setor imobilirio (Decreto-Lei 21/2007).

20

TOC 142

NOTCIAS

Rodrigues de Jesus

Xavier de Basto

Angelina Tibrcio

Miguel Silva Pinto

Clotilde Celorico Palma

Apesar de os abusos no serem um exclusivo lusitano, a Diretiva (2006/69/CE, de 24 de junho) contm a indicao de que as medidas deveriam ser proporcionadas e limitadas resoluo do problema de forma a evitar as prticas do aproveitamento ilegtimo do direito deduo do IVA, na renncia iseno do IVA nas operaes imobilirias. Perante este cenrio, Angelina Tibrcio no tem dvidas que a conteno da Diretiva contrasta com o carter excessivo e restritivo do Decreto-Lei 21/2007, principalmente com o elevado nmero de excluses para efeitos da renncia. O que, no entender da oradora, deixa uma questo: Ser que Portugal observou a regra comunitria da proporcionalidade? Angelina Tibrcio passou ainda em revista as operaes financeiras, lembrando que esto isentas mas que na Diretiva do IVA (artigo 137.), os Estados membros tm a faculdade de conceder aos sujeitos passivos o direito de optar pela tributao. Todavia, h alteraes em curso, tendo a oradora dado conhecimento do ponto da situao das propostas de Diretiva e de Regulamento, apesar de o caminho prometer muitos ziguezagues. Porque, como fez questo de enfatizar, no domnio fiscal, a coeso europeia fraqueja quando os Estados membros consideram que determinadas regras podem lesar os seus interesses financeiros, agravar os custos ou complicar os procedimentos administrativos. Pelas razes expostas e muitos mais, Angelina Tibrcio clara: O IVA no

o imposto neutral que pretende ser, mas um imposto beligerante. Tecnologia e educao fiscal Miguel Silva Pinto trouxe at unidade hoteleira do Porto um tema muito em voga e com reflexos tanto nas pginas dos jornais, como no bolso dos portugueses: a economia paralela. O jurista e fiscalista procurou suavizar um tema pesado e, pelo interesse da plateia, parece ter cumprido a misso. Silva Pinto deu uma pequena volta ao mundo sobre a forma como diversos pases combatem a fraude e evaso fiscais. Na Irlanda monitoriza-se os setores onde predomina o pagamento em dinheiro, na Escandinvia exerce-se um controlo sobre o comrcio eletrnico, enquanto na Espanha aposta-se no reforo da conscincia fiscal. Enquanto em Portugal ainda persiste uma falta de cultura cvica e fiscal, Silva Pinto referiu que no nosso pas a fiscalizao centra-se na ateno ao regime de IVA no setor das sucatas e a tributao de mtodos de avaliao indireta na matria coletvel. Como as solues tecnolgicas no so suficientes para apanhar todos os infratores, este conselheiro fiscal em Bruxelas props tornar o sistema de IVA mais eficaz e promover a educao fiscal. Falta de vontade poltica A tributao dos pequenos contribuintes foi o mote para o quarto painel e, tal como em Lisboa, coube a Nunes dos Reis, ex-diretor-geral dos Impostos, debruar-se sobre o assunto, assentando a sua apre-

sentao nos resultados produzidos pelo Grupo para o Estudo da Reforma Fiscal, cujo relatrio final foi conhecido no ltimo trimestre de 2009, e onde se propunha, neste captulo, a criao do regime dos pequenos sujeitos passivos. Numa mesa moderada por Avelino Anto, membro do GEOTOC e professor universitrio, coube a Antnio Carlos dos Santos, ex-secretrio de Estado dos Assuntos Fiscais e tambm ele membro do GEOTOC, comentar o tema. Depois de ter feito uma resenha histrica sobre as tentativas de implementar regimes simplificados, Carlos dos Santos lembrou que at hoje nenhum destes regimes foi implantado e que se tal no sucedeu no se ficou a dever, certamente, a dificuldades tcnicas: O problema no ser tanto, por exemplo, algum problema informtico, mas , sobretudo, uma questo de vontade poltica. Antnio Carlos dos Santos lembrou ainda que o pas teria a ganhar em termos de combate ao mercado paralelo, por exemplo, se optasse por um regime simplificado e deixou no ar uma crtica contundente atuao das trs entidades que assinaram com o governo portugus o programa de apoio financeiro: A troika no colocou nada disto no programa, o que no deixa de ser preocupante. H coisas evidentes que no aparecem e esta uma delas. Complexidade e falta de harmonizao O quinto e ltimo painel do dia foi subordinado ao tema, A tributao do setor pblico e a relevncia dos subsdios. Clotilde Celorico Palma, uma das mentoras desta

JANEIRO 2012

21

NOTCIAS

Avelino Anto

Nunes dos Reis

Antnio Carlos dos Santos

Manuel Faustino

Isabel Vega Mocoroa

conferncia, comeou por afirmar que a fraude e a evaso fiscais so o custo que estamos a pagar pela globalizao. Em 1993, o custo da no existncia de fronteiras foi, para bem e para mal, uma grande transformao, nomeadamente no que diz respeito circulao de mercadorias e posteriormente fraude em carrossel. Clotilde Palma advertiu a existncia para os esforos redobrados que tm de ser envidados se entrar em vigor a proposta da Comisso Europeia, em dezembro de 2011, que pe fim tributao na origem. Para finalizar, identificou problemas no tratamento em IVA das entidades pblicas, devido falta de harmonizao e neutralidade e excessiva complexidade. O que complexo gera incerteza, rematou. Depois de passar o simblico e tradicional dia de Reis com a famlia, Isabel Vega Mocoroa viajou de Espanha at cidade do Porto. A docente universitria no departamento de Economia Aplicada na Universidade de Valladolid abordou o IVA nos subsdios em 27 pases da Unio Europeia. Porqu reabrir o debate sobre este imposto?, foi a pergunta de partida. A questo tinha vrias respostas, mas Mocoroa enfatizou a complexidade do sistema atual, o relatrio Monti, a necessidade de aumentar a receita arrecadada e o livro verde sobre o futuro do IVA. Um dado h a reter: dos 27 pases da UE, 14 subiram a taxa de IVA. Acontece que os subsdios a nvel continental se confrontam com falta de harmonizao e o risco de provocar distores de competncia. Dois problemas que tm como solues, na opinio da oradora, a jurisprudncia

e uma nova diretiva de IVA em matria de subsdios. No espao dedicado ao comentrio, Antnio Carlos dos Santos observou que o Estado-empresrio tem vindo a dar lugar a um Estado regulador e o IVA no est imune ao contexto poltico-econmico. Crtico da falta de articulao, o ex-secretrio de Estado dos Assuntos Fiscais referiu que a nica harmonizao fiscal que existe semntica, tendo defendido uma harmonizao efetiva. Antes da concluso, o moderador Manuel Faustino deitou uma pitada de boa disposio, numa tarde onde se falou de temas graves e srios, tendo repescado um sermo do sculo XVII do Padre Antnio Vieira, que j na altura advertia que as classes mais desafogadas, a nobreza e o clero, escapavam ao pagamento de impostos. Na sesso de encerramento, o presidente do Gabinete de Estudos recordou uma das grandes orientaes que tem norteado o organismo: Os TOC so capazes de fazer ainda muito mais. Acredito que, paulatinamente, a profisso pode ganhar mais

atributos, mais competncias e ser melhor remunerada, sustentou Daniel Bessa, que confessou ainda que a sua grande preocupao a gesto. Um empresrio uma coisa, um gestor outra. Para muitos empresrios, o nico elemento de gesto disponvel o TOC. As palavras finais ficaram reservadas para Domingues de Azevedo, que classificou a conferncia de muito alta qualidade mas que de pouco servir se os profissionais no tiverem a capacidade de assimilar e desenvolver o que aqui foi dito. O Bastonrio reforou a ideia de que necessrio dominar de forma profunda as matrias com que trabalhamos e incentivou, uma vez mais, os TOC, a darem novos saltos. Para tal, os contabilistas podem contar, desde logo, com o novo Estatuto, um normativo que nos abriu diversas portas. zVdeos, fotos e apresentaes disponveis em: www.youtube.com/user/OrdemTOC www.flickr.com/photos/ordemtoc/ Pasta TOC

22

TOC 142

NOTCIAS

Iniciativa legislativa da OrdemDisponibilizao atempada de meios para envio de declaraes fiscaisJ se encontra disponvel no stio da Ordem a iniciativa legislativa no sentido de estabelecer um espao de tempo mnimo entre a disponibilidade de meios por parte da tutela e o prazo limite para o envio das declaraes ficais. A Ordem ir seguir o princpio da iniciativa legislativa popular, nos termos do que dispe a Lei n. 17/2003, de 4 de junho Lei da Iniciativa Legislativa dos Cidados, pelo que o projeto de lei que altera o Cdigo de Procedimento e de Processo Tributrio dever ser subscrito (assinado) por todos os que manifestarem vontade para o efeito. Solicita-se a todos os profissionais a sua participao nesta iniciativa da Instituio, dando assim fora a uma vontade legtima e adequada para os profissionais da Contabilidade e da Fiscalidade. A forma como o processo vai decorrer pode ser consultada no stio da Ordem.

Apresentada candidatura ao CESBastonrio salienta papel fundamental no tecido econmico e socialEm carta remetida a 28 dezembro ao presidente do Conselho Econmico e Social (CES), Silva Peneda, a Ordem apresentou formalmente a sua candidatura para integrar este rgo constitucional de consulta e concertao social, na qualidade de associao pblica representativa dos tcnicos oficiais de contas. Na missiva enviada ao CES, o Bastonrio da Ordem explana os motivos pelos quais entende que a classe deve estar representada neste rgo, salientando o papel fundamental no nosso tecido econmico e social enquanto parceiros dos empresrios na criao de valor para as suas empresas no domnio da contabilidade, assessoria fiscal e apoio gesto. Todo o processo, incluindo a carta e o memorando da candidatura, est disponvel no stio da Ordem.

Presena semanal na Praa da AlegriaColaborao no programa mais antigo das manhs da TVA Ordem mantm com periodicidade semanal uma colaborao no programa Praa da Alegria, da RTP-1. Sempre depois do meio dia, a altura de maior audincia dos programas da manh, o Bastonrio Domingues de Azevedo ou a consultora, Paula Franco, prestam esclarecimentos e do conselhos teis sobre temas relacionados com a atualidade fiscal. A Praa da Alegria o programa matutino de maior longevidade da televiso portuguesa, no ar h 16 anos, mantendo um pblico fiel. Os vdeos podem ser vistos no Canal OTOC.

24

TOC 142

NOTCIAS

Novo stio entra em funcionamentoGuia do utilizador disponvel para consultaJ se encontra disponvel o novo stio da Ordem na internet (http:// novosite.otoc.pt/pt/). Mais funcional, mais intuitivo e de fcil navegao, foram as principais caractersticas incorporadas no novo rosto da pgina da Ordem. Mais acessvel a quem ele acede, de pesquisa mais simples e exaustiva, com a unificao de informao que se encontrava dispersa. De entre as novidades introduzidas, destaque para novas funcionalidades tecnolgicas, nomeadamente a que permite localizar atravs do Google Maps as instalaes da Ordem em todo o pas e a que possibilita partilhar notcias atravs de mltiplas plataformas como o Facebook, Twitter, Flickr e Blogger. Para familiarizar os membros com este novo espao fundamental para o seu dia a dia,

o novo stio encontra-se a funcionar em paralelo com o outro stio existente. Oportunamente informaremos os membros da data a partir da qual o novo stio passar a funcionar de forma autnoma.

cheFaa-nos che gar as suas sugestes/cosugestes/co mentrios ao departamento de Comunicao e Imagem da Ordem atravs do endereo: [email protected] Entretanto, encontra-se disponvel no stio da Ordem o guia do utilizador da nova pgina.

Observatrio Dirio Econmico, OTOC e AFPObjetivo avaliar participao cvica dos portuguesesA Ordem, o Dirio Econmico e a Associao Fiscal Portuguesa reuniram no incio de janeiro para definir os termos de funcionamento do Observatrio da Fiscalidade Portuguesa. Trata-se de uma iniciativa que visa avaliar a participao cvica dos portugueses no debate sobre a fiscalidade, procurando explicar ao grande pblico, de forma simples, as mudanas nesta rea no atual contexto de crise. Foram constitudos cinco grupos temticos para analisar as polticas fiscais em vigor e apontar novos caminhos: Rendimento, Consumo, Fiscalidade, Fiscalidade Comparada e Justia Tributria. Os melhores especialistas da fiscalidade nacional vo integrar esses grupos de trabalho. Manuel Porto, Xavier de Basto, Casalta Nabais, Vasco Valdez, Antnio Carlos dos Santos, Carlos Lobo, Amaral Tomaz, Clotilde Celorico Palma e Vieira dos Reis so alguns dos intervenientes confirmados. Da reunio tripartida realizada na sede da Ordem ficou definido a realizao de duas grandes conferncias este ano, a 27 de maro e a 27 de novembro, com cobertura meditica assegurada no Dirio Econmico e no Econmico TV.

JANEIRO 2012

25

NOTCIAS

SNC e os juzos de valor em debateNo ISCAC de Coimbra, a 16 de maroO SNC e os juzos de valor uma perspetiva crtica e multidisciplinar o tema genrico de uma conferncia organizada em conjunto pela Ordem, a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) e o Instituto Superior de Contabilidade e Administrao de Coimbra (ISCAC), no prximo dia 16 de maro, no auditrio do ISCAC, na Quinta da Bencanta. Especialistas na rea da fiscalidade, contabilidade e auditoria vo debater, em quatro painis, as implicaes do novo sistema normalizador atravs de diversos ngulos. Os membros interessados podem participar mediante o pagamento de 50 euros. Para efeitos do controlo de qualidade, sero atribudos 12 crditos. O programa e as inscries, disponveis para membros e pblico em geral, esto disponveis no stio da Ordem (www. otoc.pt). Os alunos da FEUC e do ISCAC que pretendam assistir aos trabalhos devem inscrever-se atravs do seguinte contacto: Amlia Paulos [email protected] ou pelo telefone 239 802 187.

Integram a comisso cientfica Ana Maria Rodrigues, Cidlia Mota Lopes e Toms Cantista Tavares.

IV Congresso dos TOC14 e 15 de setembro, em LisboaA maior sala de espetculos do pas receber a 14 e 15 de setembro, o IV Congresso dos TOC. O Conselho Diretivo da Ordem promete organizar o maior evento alguma vez realizado por uma entidade profissional no nosso pas, estimando a presena de mais de sete mil tcnicos oficiais de contas no Pavilho Atlntico, em Lisboa. TOC - Uma nova atitude o tema a que o evento estar subordinado. Tal como aconteceu na edio passada, em 2009, passaro pelo pavilho que outrora foi denominado de Utopia diversos painis de interesse, diretamente relacionados com a profisso ou com ela interligados. Est garantida a presena de representantes da CPLP.

Conferncia A importncia do anexo no SNCCentro de Congressos de Lisboa, a 23 de maroA Ordem dos Tcnicos Oficiais de Contas organiza a 23 de maro, no Centro de Congressos de Lisboa, uma conferncia subordinada ao tema A importncia do anexo no Sistema de Normalizao Contabilstica. Durante um dia, banqueiros, empresrios e tcnicos oficiais de contas vo dar a sua perspetiva sobre a importncia da informao financeira e do anexo no sistema normalizador. Este evento contar ainda com a presena do diretor-geral da Autoridade Tributria e Aduaneira. Est tambm prevista a entrega do Prmio Professor Doutor Antnio de Sousa Franco. A sesso de abertura e de encerramento ser assegurada pelo Bastonrio da Ordem, Domingues de Azevedo e pelo presidente do Gabinete de Estudos, Daniel Bessa. Os profissionais e o pblico em geral podem aceder ao Centro de Congressos de Lisboa mediante o pagamento de 35 euros. Para efeitos do controlo de qualidade sero atribudos 12 crditos.

O programa e as inscries encontram-se disponveis, para membros e pblico em geral, no stio da Ordem.

26

TOC 142

NOTCIAS

XXV Seminrio do CILEA, em BragaTheatro Circo, a 9 de maroSustentabilidade empresarial o tema do XXV Seminrio do CILEA (Comit de Integrao Latino Europa-Amrica) que se realiza no prximo dia 9 de maro, em Braga. Um ano depois do evento realizado no Funchal, este seminrio regressa a Portugal e volta a reunir os melhores especialistas de contabilidade do mundo latino, desta feita tendo como palco o carismtico Theatro Circo da cidade dos arcebispos. A organizao est a cargo da Ordem, em parceria com o CILEA, entidade a que est associada, ocupando o Bastonrio um lugar de vice-presidente, e o social, so alguns dos temas que sero debatidos por profissionais de Portugal, Espanha, Frana, Itlia, Romnia, Brasil, Bolvia, Chile, Argentina, Venezuela e Colmbia. As inscries esto abertas para tcnicos oficiais de contas e pblico em geral, mediante o pagamento de 50 euros. Para efeitos do regulamento de controlo de qualidade, sero atribudos 12 crditos. O programa e as inscries encontram-se disponveis, para membros e pblico em geral, no stio da Ordem.

Colgio dos Economistas de Espanha. A contabilidade, a crise econmica e a sustentabilidade da Europa, a tica profissional e a responsabilidade

Formao 2012 em brochuraContedos programticos de todas as aes j calendarizadasJuntamente com o nmero deste ms da Revista TOC segue uma brochura com o plano global de formao e contedos programticos para o corrente ano. Esta edio totaliza 48 pginas, onde exaustivamente se descreve os vrios tipos de aes que a Ordem agendou para 2012. A estratgia global de ao da Ordem tem, uma vez mais, como pedra angular a formao e os dois primeiros meses so reflexo disso mesmo. A primeira grande formao a eventual sobre o Oramento do Estado para 2012 e o encerramento de contas de 2011. Decorrer a nvel nacional entre os dias 23 de janeiro e 4 de fevereiro. No que diz respeito formao de carter permanente est prevista uma ao sobre SNC Microentidades, a 13, 14, 15 e 16 de fevereiro, e outra sobre entidades do setor no lucrativo (NCRF-ESNL e fiscalidade), a 16, 27 e 28 fevereiro. Com o novo ano regressa tambm a formao distncia para os membros que preferirem esta via. A 25 de janeiro arrancam dois cursos, SNC Ativos no correntes e SNC Ativos correntes. A 16 de fevereiro principiam outros trs cursos: SNC Microentidades; Entidades do setor no lucrativo (NCRF-ESNL e fiscalidade) e NCRF 21 Provises, ativos e passivos contingentes). O cardpio de formaes fica completo com a realizao das tradicionais reunies livres das quartas-feiras, com uma periodicidade quinzenal. O calendrio devidamente atualizado pode ser encontrado no stio da Ordem.

JANEIRO 2012

27

NOTCIAS

Provas pblicas em janeiro e fevereiroColgios de especialidadeDepois da primeira fase de discusses pblicas dos trabalhos no mbito dos colgios de especialidade da Ordem, realizada em dezembro, outros candidatos a especialistas vo ser chamados em janeiro e fevereiro, desta feita apenas no mbito do Colgio de Impostos sobre o Rendimento. As provas decorrero a 19 e 27 de janeiro, e a 6 de fevereiro e sero repartidas pela sede da Ordem, em Lisboa (Av. Barbosa du Bocage) e pela representao permanente, no

Porto (Rua da Boavista). Recorde-se que a primeira especialista da OTOC foi Olga Silveira, que apresentou no Colgio de Contabilidade Pblica uma investigao sobre as contas consolidadas da Universidade de Lisboa.

semelhana das discusses pblicas anteriores, considerando o simbolismo destes atos, convida-se os membros interessados a assistir aos eventos. O calendrio est disponvel no stio da Ordem.

Inqurito sobre as reunies livresPreencha o questionrio disponvel no stioNo sentido de rever o contedo estratgico e o modo de funcionamento das reunies livres das quarta-feiras, a Ordem est a levar a efeito no seu stio um inqurito junto dos membros para aferir da sua opinio sobre o atual modelo. Convidam-se, por isso, todos os profissionais a preencherem o questionrio, contribuindo para conferir mais solidez s decises que forem tomadas para as aes de formao desta natureza.

28

TOC 142

NOTCIAS

JANEIRO 2012

29

LUGAR AO TOC

A construir valor com a solidez do betoPor Nuno Dias da Silva

Nome TOC n. Distrito/Cidade Entidade empregadora Clientes

Jos Antnio Viegas 6 598 Setbal/Seixal Munditubo 10 (por conta prpria)

or todo o lado respira-se um ambiente de obras, sem haver trabalhos em curso. Contraditrio? Nem por isso. Andaimes, betoneiras e outras mquinas para a construo civil esto vista de todos os que entram no show room da Munditubo, uma empresa que comercializa materiais para construo. Jos Antnio Viegas quase que j faz parte da moblia. o tcnico oficial de contas residente, desde 1988. Praticamente um quarto de sculo. em Casal do Marco, Seixal, que se localiza a sede desta bem sucedida empresa do ramo da construo, que entretanto se expandiu para o Algarve, capitalizou

P

interesses em Angola e adquiriu novas instalaes em Lisboa. Todo este processo de crescimento teve Jos Antnio Viegas como testemunha privilegiada. Duas centenas de crditos Aos 57 anos, o profissional define o seu percurso na empresa com uma atitude que qualquer TOC deve ter, o comandante do navio que nunca abandona o barco. O processo de convivncia e aprofundamento da amizade entre TOC e empresrio fez o resto. A empresa, rudimentar no ano da fundao, 1980, deu lugar, quebrando resistncias e medos, a uma maior abertura tecnologia,

inovao, at recente gesto de stocks. S com uma relao de cumplicidade foi possvel elevar esta empresa a um patamar PME Lder e, mais tarde, enveredar pelo caminho da certificao. Sem falsas modstias, Viegas afirma que sem o seu impulso estes dois objetivos no teriam sido viveis. Cumprir determinados rcios financeiros e trabalhar de forma organizada, disciplinada e referenciada, foram batalhas ganhas arduamente, aps um grande trabalho de sensibilizao dos donos do negcio, e que exemplificam na perfeio como que o profissional pode criar valor acrescentado, refere.

30

TOC 142

LUGAR AO TOC

Contudo, at chegar Munditubo, Jos Antnio Viegas conheceu um percurso de vida atribulado. Nasceu no Barreiro, onde estudou at aos 14 anos, altura em que foi expulso do ensino por se ter recusado a vestir a farda da Mocidade Portuguesa. Em 1969, inicia o Curso Geral do Comrcio na qualidade de trabalhador estudante. Acumulou experincia basta em diversos empregos nos domnios da administrao e gesto. Foram 18 anos preenchidos em empresas comerciais, nomeadamente em laboratrios de produtos farmacuticos. Foi posto prova em mltiplas situaes. No tenho uma carreira universitria, mas o saber de experincia feito, alicerado em formao contnua, sempre me foi muito til, diz. Para Jos Antnio Viegas frequentar aes de formao no uma obsesso, trata-se de uma necessidade estar up to date com as mais recentes novidades. Se no o profissional recordista em crditos acumulados, deve andar a morder os calcanhares aos mais assduos. Para mim a formao no para cumprir calendrio. Prova disso que entre 2006 e 2011 o meu volume de crditos situa-se nas duas centenas, revela. Este profissional defende que o modelo atual de TOC assenta numa nova atitude profissional. J pertence ao passado a preocupao exclusiva com os documentos. Os TOC concentram as suas atenes no controlo de gesto. Perante um o novo paradigma, sustenta Viegas, a Ordem tem de dar o contributo para que os profissionais sejam mais do que os meros responsveis perante a administrao fiscal. Apesar de elogiar o carter interventivo do Bastonrio, diz que preciso dar mais visibilidade aos profissionais e fazer com que a nova Autoridade Tributria e Aduaneira respeite todos os que

exercem esta atividade. preciso no esquecer que somos funcionrios pblicos sem remunerao e regalias. Por exemplo, o justo impedimento tem de ser uma realidade. Temos de ser capazes de impor ao Ministrio das Finanas o reconhecimento deste direito nuclear, disse. Preconceitos empresariais As queixas sobre a tutela vo-se acumulando. Na sua memria est bem fresca a cronologia dos acontecimentos. Tenho pena que o processo do SNC, que nos aproximou dos empresrios e prestigiou a nossa classe, tenha sido conduzido de forma lamentvel. Os prazos para assi-

milar a mudana de mentalidades e hbitos foram demasiado apertados e sem uma plataforma informtica altura, o que tornou tudo ainda mais difcil, lamenta. Se o cumprimento dos deveres foi complexo, o governo tambm no ajudou. Quase no final de 2011, alteraram o plano de contas para as pequenas empresas, dificultando a reclassificao de tudo o que estava a ser feito em ambiente SNC, refere. A meio do dilogo com o interlocutor, a conversa deriva para o nome de Rui Rio, um dos TOC mais notveis do Pas. Jos Antnio Viegas subscreve as declaraes do presidente da Cmara

JANEIRO 2012

31

LUGAR AO TOC

Municipal do Porto sobre a conotao negativa atribuda aos polticos com avisadas preocupaes pelas contas pblicas e aponta o dedo aos empresrios: Existe uma corrente empresarial que resiste em assumir, sem preconceito, o papel da contabilidade. Penso que alguns empresrios, antes de o serem, deviam ser obrigados a frequentar um curso de empreendedorismo. Enveredam nos negcios sem qualquer ideia da importncia da contabilidade e querem a ajuda dos contabilistas para pagar menos impostos. Se os empresrios nem sempre so sensveis dimenso do trabalho do TOC, o que dizer dos polticos? Viegas no alimenta iluses, at porque j foi membro da Assembleia Municipal do Seixal: Se endireitar as contas numa empresa difcil, o que ser numa autarquia ou num pas Os TOC teriam um papel a desempenhar na administrao local, o que acontece que os poderes poltico e econmico teimam em prevalecer sobre o interesse nacional, afiana. E exemplifica com a realidade que melhor conhece, a do Seixal. A Cmara tem um economista, que obrigatrio, mas insuficiente. Este tcnico controla apenas o oramento camarrio e pouco mais. Quando a contabilidade deixar de ser secundarizada, o TOC pode ser de relevante utilidade nas autarquias. Mo de obra qualificada existe, mas profissionais motivados e bem remunerados tambm so condies essenciais, defende. Viegas reconhece no ter razes de queixa dos seus patres. E trabalho tambm no lhe falta, inclusive fora da Munditubo, onde aos seres e ao fim de semana ainda lhe sobra tempo para debruar-se sobre uma dezena de contabilidades a nvel particular.

Os TOC so funcionrios pblicos sem remunerao e regalias, defende o TOC da margem sulO justo preo das contabilidades A crise veio para ficar e no poupa setores. A construo civil um dos mais afetados. A aquisio das novas instalaes em Lisboa apertou o cerco financeiro, mas se no fosse a tbua de salvao chamada Angola e a estrutura financeira da Munditubo, reconhece Viegas, podia ter cedido. Setbal um barmetro determinante a nvel nacional. Nos ltimos meses as centrais de beto estiveram quase paralisadas. Nos tempos mais recentes forneceram "apenas" quatro metros cbicos de beto. Com a crise no seu expoente mximo, a tendncia natural passa pela diminuio da carteira de clientes. Jos Antnio Viegas observa, apreensivo, a quantidade enorme de TOC disponveis no mercado devido quase total absoro da capacidade interventiva dos profissionais E, no seu entender, h certas prticas responsveis por isto. Um escritrio com cerca de uma centena de clientes um manifesto exagero. No coloco em causa a qualidade do trabalho, mas d que pensar. Conheo um escritrio no Montijo que trabalha 24 horas por dia. Sobre o discutvel e polmico tema das avenas ao desbarato, o TOC da margem sul defende uma anlise casustica: Para produzir informao, inclusive o modelo 22, para um pequeno estabelecimento de um empresrio que tenha 10 documentos mensalmente, provavelmente os 50 euros ser um preo justo. Depender da estrutura administrativa de custos do prprio profissional. Os empresrios por vezes querem bom e barato e no evitam regatear preos junto dos TOC, acabando alguns por ceder. Viegas avana com uma sugesto: A Ordem devia controlar de forma mais apertada os empresrios que mudam de contabilista, como se fossem saltimbancos. A resciso dos contratos por parte dos empresrios s podia ser aceite se fosse invocada justa causa. z

32

TOC 142

PLANO GLOBAL DE FORMAO segmentada, eventual, permanente, distncia e reunies livres 2012JANEIRONCRF 21 - Provises, ativos e passivos contingentes Seg0112 | 16 horas | 24 crditos SNC - Ativos no correntes Dis0112 | 16 horas | 24 crditos SNC - Ativos correntes Dis0212 | 16 horas | 24 crditos Tema livre RL0112 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL0212 | 2 horas | 3 crditos

ABRILIRC (reviso ao Cdigo) Seg0712 | 16 horas | 24 crditos Apuramento do lucro tributvel (Preenchimento da declarao modelo 22 - quadro07 ) Seg0812 | 16 horas | 24 crditos Preenchimento do mapa de fluxos de caixa Seg0912 | 8 horas | 12 crditos Regime contabilstico e fiscal das depreciaes e amortizaes Dis1012 | 8 horas | 12 crditos Apuramento do lucro tributvel (Preenchimento da declarao modelo 22 - quadro 07 ) Dis1112 | 16 horas | 24 crditos IRC (reviso ao Cdigo) Dis1212 | 16 horas | 24 crditos Preenchimento do mapa fluxos de caixa Dis1312 | 8 horas | 12 crditos Tema livre RL0712 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL0812 | 2 horas | 3 crditos

JUNHOClculo financeiro Seg1212 | 8 horas | 12 crditos Cdigo Contributivo Seg1312 | 16 horas | 24 crditos O TOC - Procedimento tributrio gracioso Dis1712 | 16 horas | 24 crditos POCAL - Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais Dis1812 | 24 horas | 36 crditos NCRF 17 - Ativos biolgicos - aspetos contabilsticos e fiscais Dis1912 | 16 horas | 24 crditos Cdigo Contributivo Dis2012 | 16 horas | 24 crditos tica e deontologia Dis2112 | 8 horas | 12 crditos Tema livre RL1112 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL1212 | 2 horas | 3 crditos

OUTUBRONCRF 17 - Ativos biolgicos - aspetos contabilisticos e fiscais Seg1812 | 16 horas | 24 crditos Contabilidade oramental na administrao pblica Seg1912 | 16 horas | 24 crditos Mais e menos-valias em IRC e IRS Seg2012 | 8 horas | 12 crditos Reviso das normas contabilsticas Dis2812 | 32 horas | 48 crditos Contabilidade oramental na administrao pblica Dis2912 | 16 horas | 24 crditos Dissoluo, liquidao, fuso e cises de sociedades (aspetos contabilsticos e fiscais) Dis3012 | 16 horas | 24 crditos Contencioso tributrio Dis3112 | 24 horas | 36 crditos Tema livre RL1712 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL1812 | 2 horas | 3 crditos

FEVEREIROSNC - Microentidades Seg0212 | 16 horas | 24 crditos Entidades do setor no lucrativo (NCRF-ESNL e fiscalidade) Seg0312 | 16 horas | 24 crditos Entidades do setor no lucrativo (NCRF-ESNL e fiscalidade) Dis0312 | 16 horas | 24 crditos NCRF 21 - Provises, ativos e passivos contingentes Dis0412 | 16 horas | 24 crditos SNC - Microentidades Dis0512 | 16 horas | 24 crditos Tema livre RL0312 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL0412 | 2 horas | 3 crditos

JULHOInfraes fiscais Seg1412 | 8 horas | 12 crditos IVA (Reviso ao Cdigo) Seg1512 | 16 horas | 24 crditos Estruturao de um quadro de bordo de apoio gesto (balanced scorecard) Dis2212 | 12 horas | 18 crditos Cdigo dos contratos pblicos Dis2312 | 12 horas | 18 crditos Tema livre RL1312 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL1412 | 2 horas | 3 crditos

NOVEMBROReviso das normas contabilsticas Per0212 | 32 horas | 48 crditos Avaliao de empresas Seg2112 | 16 horas | 24 crditos Dissoluo, liquidao, fuso e cises de sociedades (aspetos contabilsticos e fiscais) Seg2212 | 16 horas | 24 crditos Avaliao de empresas Dis3212 | 16 horas | 24 crditos NCRF 27 - Instrumentos financeiros Dis3312 | 8 horas | 12 crditos Tema livre RL1912 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL2012 | 2 horas | 3 crditos

MAIOPOCAL - Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais Per0112 | 24 horas | 36 crditos tica e Deontologia Seg1012 | 8 horas | 12 crditos O TOC - Procedimento tributrio gracioso Seg1112 | 16 horas | 24 crditos Mais e menos-valias em IRC e IRS Dis1412 | 8 horas | 12 crditos NCRF 12 - Imparidades de ativos Dis1512 | 8 horas | 12 crditos Dossi fiscal - Organizao e preparao das notas anexas s demonstraes financeiras Dis1612 | 16 horas | 24 crditos Tema livre RL0912 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL1012 | 2 horas | 3 crditos

MAROIRS e benefcios fiscais (reviso ao Cdigo) Seg0412 | 16 horas | 24 crditos Norma contabilstica para pequenas entidades Seg0512 | 16 horas | 24 crditos Dossi fiscal - Organizao e preparao das notas anexas s demonstraes financeiras Seg0612 | 16 horas | 24 crditos SNC - Passivos correntes e no correntes Dis0612 | 16 horas | 24 crditos Impostos diferidos Dis0712 | 8 horas | 12 crditos Norma contabilstica para pequenas entidades Dis0812 | 16 horas | 24 crditos IRS e benefcios fiscais (reviso ao Cdigo) Dis0912 | 16 horas | 24 crditos Tema livre RL0512 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL0612 | 2 horas | 3 crditos

SETEMBRONCRF 27 - Instrumentos financeiros Seg1612 | 8 horas | 12 crditos Relatrios de sustentabilidade e contas Seg1712 | 8 horas | 12 crditos Infraes fiscais Dis2412 | 8 horas | 12 crditos Anlise de balanos e estudo de indicadores econmico e financeiros Dis2512 | 16 horas | 24 crditos Cdigo Fiscal de Investimento Dis2612 | 16 horas | 24 crditos IVA (reviso ao Cdigo) Dis2712 | 16 horas | 24 crditos Tema livre RL1512 | 2 horas | 3 crditos Tema livre RL1612 | 2 horas | 3 crditos

DEZEMBROTema livre RL2112 | 2 horas | 3 crditos

Consulte os contedos programticos no stio da Ordem ou na brochura distribuda com esta revista.

LIVROS LIVROS

IRS 2011Da autoria do tcnico oficial de contas, Pedro Cruz, o Guia de Poupana Fiscal um manual til e pedaggico, especialmente para os contribuintes menos familiarizados com as questes tributrias. Este guia j reflete algumas das alteraes propostas pela troika, nomeadamente o fim ou reduo de certas dedues, antecipando outras que s tero reflexo na declarao do prximo ano. que determinado investimento ou despesa certa no momento adequado podero fazer a diferena entre pagar imposto ou receber um reembolso. Pedro Cruz explica como conseguir uma poupana fiscal no seu IRS, recorrendo a uma linguagem simples e direta. Para facilitar a compreenso so disponibilizados 140 exemplos e clculos de situaes que se aplicam ao seu caso concreto. Na publicao pode ainda encontrar-se um captulo exaustivo sobre as dedues coleta, sem esquecer uma tabela resumo onde esto sistematizadas as dedues no IRS.

Contabilidade financeiraSo ao todo seis os autores deste livro, j na sua segunda edio, melhorada e aumentada. Tm em comum a paixo pela contabilidade financeira e o exerccio da docncia no ISCTE. Com fortes ligaes ao ensino superior da contabilidade e dos sistemas de informao contabilsticos das entidades a que se aplicam estes normativos, e cientes da inevitabilidade da adoo de novas solues, conceberam um conjunto de 96 casos prticos sobre o novo SNC, cada um deles, com trs partes. Apesar de iminentemente prtico, a resoluo de cada caso est baseada, sempre que se justifica, com o necessrio e adequado suporte terico e remisses para o respetivo normativo contabilstico. Os membros interessados podem encontrar mais informao sobre este livro no seguinte endereo: http://snc-casospraticos.webnode. com.pt.

A jurisprudncia e os tribunaisUma obra de grande envergadura e indispensvel na biblioteca de quem estuda ou exerce a sua atividade profissional na rea do Direito Tributrio. A riqueza das anotaes e comentrios projeta esta obra para alm do tempo e faz dela uma referncia no Direito Tributrio. Desde a publicao da anterior edio ocorreram inmeras alteraes da legislao aplicvel ao procedimento e processo tributrio. Neste IV volume, na sua sexta edio, atualizaram-se anotaes e comentrios, com ateno especial jurisprudncia do Supremo Tribunal Administrativo e s necessidades quotidianas dos tribunais tributrios. O autor, Jorge Lopes de Sousa, juiz conselheiro na seco do contencioso administrativo e na seco do contencioso tributrio do Supremo Tribunal Administrativo, para alm de presidir ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga.

Ttulo: Guia de poupana fiscal Autor: Pedro Cruz Editora: Vida Econmica, 102 pginas

Ttulo: SNC Casos prticos (Contabilidade Financeira) Autor: Antnio Borges, Pedro Antnio Ferreira, Jos Pinho Rodrigues, Manuela Martins, Nuno Magro e Emanuel Gamelas Editora: reas Editora, 642 pginas

Ttulo: Cdigo de procedimento e de processo tributrio IV Volume Autor: Jorge Lopes de Sousa Editora: reas Editora, 680 pginas

34

TOC 142

ORDEM NOS MEDIA ORDEM NOS MEDIA

A ORDEM NAS REDES SOCIAIS

102 495

OPINIO QUINZENAL DO BASTONRIOvisualizaes

UMA NOVA ATITUDE NA CAUSA PBLICA (CONCLUSO) n 21 de dezembro

www.youtube.com/user/OrdemTOC

Uma maior transparncia na gesto da causa pblica requer valores e conceitos distintos daqueles a que temos assistido. Para comear uma muito maior exposio dos decisores e, consequentemente, a necessidade de fundamentar o motivo de determinadas medidas, bem como os critrios que estiveram na base das decisesCERCADOS POR UM MURO FISCAL n 4 janeiro

preciso interiorizar que no dependemos s de ns, mas tambm h que admitir que Portugal est a dar para o exterior o sinal de que quer mudar de vida. E esta a questo: e se no for suficiente?

Poucas semanas aps ter atingido os dois anos de vida, o Canal da OTOC no YouTube superou as 100 mil visualizaes e conta j com 177 inscritos. A aceitao crescente desta ferramenta de comunicao por parte dos membros tem correspondncia no facto de no top seis dos vdeos mais vistos figurarem cinco relativos ao ano transato. Destacada surge a reportagem com declaraes do Bastonrio para a prorrogao dos prazos das declara-

es fiscais, com 3 341 visualizaes; segue-se uma entrevista de Domingues de Azevedo RTP-1, com 2 894; a reportagem da entrega do ttulo de especialista ao Bastonrio, com 2 319; o prolongamento do prazo de entrega da IES, com 2 135, e a Ordem na Praa da Alegria da RTP-1, com 1 808 visitas. A fechar, surge o vdeo institucional da OTOC, com 1 175 visualizaes, alojado na plataforma desde 2010.

ANLISE DA OTOCAgncias de viagens - Localizao e taxas de IVAAna Cristina Silva

A tributao das gorjetasElsa Marvanejo da Costa

CONTAS & IMPOSTOSRevogao do Regime Especial dos Combustveis GasososElisabete Cardoso

REDES SOCIAISfacebook.com/OrdemTOC twitter.com/ordemdostoc flickr.com/photos/ordemtoc

4 104

aderentes

230

seguidores

15 305

Reforo das medidas de combate fraude e evaso fiscaisSoraia Sabino

visualizaes

JANEIRO 2012

35

GABINETE DE ESTUDOS

A nova parafiscalidade: a tributao por via de cortes na despesa com remuneraes de funcionrios e pensionistas juridicamente incompreensvel que a simples invocao de um estado de emergncia e de um acordo com uma entidade no representativa (a troika) seja um argumento poltico to poderoso que sirva para restringir, a qualquer preo, direitos fundamentais.Por Antnio Carlos dos Santos* | Artigo recebido em janeiro de 2012

Julgo-me obrigado a fazer agora, solenemente, a declarao de que nem no presente nem para o futuro permitirei que entre Deus do cu e o meu pas se interponha uma folha de papel escrita como se fosse uma segunda Providncia.Frederico Guilherme IV da Prssia

Hoje, onde se l Deus do cu deve ler-se mercados. A assinatura de Frederico Guilherme IV da Prssia pode ser substituda por (os candidatos nacionais e estrangeiros so muitos) e um ponto de vista jurdico, o imposto normalmente configurado como uma prestao pecuniria, coativa, unilateral, sem carter de sano exigida a cidados e a entes coletivos pelos poderes pblicos fundamentalmente com objetivos financeiros, em nome de um princpio de solidariedade.1 Na sua essncia, uma forma liberal que se traduz na extrao monetria dos setores no pblicos para o setor pblico, caracterstica que no posta em causa pelo facto de a tcnica fiscal

D

poder ser utilizada em relao ao prprio setor pblico empresarial (sempre que este funciona em regime de mercado e de clculo econmico) ou funo pblica. No entanto, muitas vezes, a literatura econmica considera como impostos fenmenos que, no o sendo no plano jurdico, produzem efeitos econmicos similares aos de um imposto. o caso da inflao, um fenmeno econmico a quem, no entanto, a doutrina jurdica e fiscal reconhece a produo de certos efeitos jurdicos.2

, quanto a ns, tambm o caso dos cortes dos subsdios de Natal e de frias de funcionrios pblicos e pensionistas introduzidos pelos artigos 21. e 25. da Lei do Oramento do Estado para 2012 (LOE 2012). 3 De facto, tais cortes tm, para os dois grupos sociais que os sofrem, efeitos similares aos de um aumento do IRS sobre vencimentos da funo pblica (categoria A) e sobre as penses (categoria H). Deste ponto de vista, indiferente que o poder poltico atue do lado da despesa ou do

36

TOC 142

GABINETE DE ESTUDOS

lado da receita: estamos perante medidas de efeito equivalente. uma questo de forma, no de substncia, e as modificaes introduzidas por iniciativa do PS, mitigando embora a violncia das medidas propostas, no alteram a sua natureza.4 No sendo impostos no sentido clssico do termo, so figuras hbridas e atpicas que, a meu ver, integram um novo tipo de parafiscalidade, a operar por via da despesa. 5 essa a razo pela qual muitos censurem tais cortes, invocando, ainda que impropriamente, a violao de um princpio de equidade fiscal.6 O poder poltico dir, porm, que a forma escolhida no indiferente, pretendendo justificar os cortes nos subsdios de frias e de Natal previstos na LOE/2012 pela necessidade de a consolidao oramental dever ser feita em 2/3 pelo lado da despesa e apenas em 1/3 pelo lado da receita7. Da a rejeio da via fiscal. Subliminarmente, o decisor poltico deixa passar a seguinte mensagem: embora, no plano poltico, a medida possa ser acusada de violao de um princpio de equidade fiscal por no tratar todos os cidados e rendimentos no mesmo plano, no plano jurdico no pode ser acusada de violao do princpio da igualdade sob a forma de princpio da capacidade contributiva, pois este princpio s se aplicaria aos impostos e no aos cortes na despesa, mesmo que estes incidam sobre remuneraes. A anlise desta questo ocuparia mais espao do que aquele de que dispomos. No entanto, vamos tentar, de forma sinttica, concentrarmo-nos no essencial. Comecemos ento pelo passado prximo para aprofundarmos as diferenas

entre as medidas aprovadas no OE/2012 e as que foram postas em vigor quer pela LOE/2011 (Lei n. 55-A/2010, de 31 de dezembro) quer pela Lei n. 49/2011, de 7 de setembro, relativa sobretaxa extraordinria no mbito do IRS. A reduo remuneratria de 2011 Recorde-se que, no caso do universo da funo pblica, em nome da necessidade de maior consolidao oramental, todas as remuneraes (totais ilquidas mensais) superiores a 1 500 euros auferidas durante o ano de 2011 haviam sido j objeto de uma reduo remuneratria calculada por aplicao de uma taxa fixada entre 3,5 e 10 por cento (art. 19./1 da LOE/2011.)8 Esta reduo era aplicada a todas as pessoas que, em termos gerais, desempenhassem cargos polticos, exercessem funes pblicas ou estivessem vinculadas a empresas e institutos pblicos e efetuada em funo do nvel de remuneraes recebidas. De fora desta reduo remuneratria ficaram as penses, os rendimentos do trabalho dependente auferidos no setor privado e mesmo alguns rendimentos pagos com dinheiros pblicos. As outras categorias de rendimentos no foram afetadas. A pedido de um grupo de deputados, esta medida, entre outras, foi objeto de apreciao por parte do Tribunal Constitucional (TC) de eventual inconstitucionalidade material. Em causa estaria, sobretudo, o facto de essa reduo ser definitiva e violar o princpio do Estado de Direito (e o seu corolrio, o princpio da confiana legtima), o princpio da igualdade (por discriminao negativa dos trabalhadores da administrao

pblica) e o direito fundamental no reduo do salrio. No seu Acrdo n. 396/2011, de 21 de setembro de 2011, o TC decidiu, por maioria, no declarar a inconstitucionalidade, com fora obrigatria geral, das redues remuneratrias constantes do OE/2011. Para o efeito socorreu-se, fundamentalmente, da seguinte argumentao: - Quanto questo central (na sua prpria tica), a de saber se a medida operava a ttulo transitr