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1 revista UCS JULHO.2014 . ANO 2 . Nº 13 AMBIENTE SAÚDE FARMÁCIA ESCOLA ATENDE COMUNIDADE 100 ANOS DA PRIMEIRA GRANDE GUERRA PROJETO AJUDA PRESERVAR LAGOAS AVIÕES, TANQUES E GÁS CLORÍDRICO FORAM ALGUMAS DAS ARMAS USADAS NO CONFLITO QUE INICIOU EM JULHO DE 1914 E MUDOU O MUNDO

revista UCS - JULHO

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Edição número 13 da revista da Universidade de Caxias do Sul

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revistaUCSJulho.2014 . Ano 2 . nº 13

AMBIENTE

SAÚDEFARMÁCIA ESCOLA

ATENDE COMUNIDADE

100 ANOSDA PRIMEIRA

GRANDE GUERRA

PROJETO AJUDA

PRESERVAR LAGOAS

AVIÕES, TANQUES E GÁS CLORÍDRICO

FORAM ALGUMAS DAS ARMAS USADAS

NO CONFLITO QUE INICIOU EM JULHO

DE 1914 E MUDOU O MUNDO

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A GUERRA QUE MUDOU O MUNDO, 100 ANOS DEPOIS4

ALUNOS E PROFESSORES

DA UCS ENGAJADOS

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Universidade de Caxias do SulReitor: Evaldo Antonio KuiavaVice-Reitor: Odacir Deonisio GraciolliPró-Reitor Acadêmico: Marcelo RossatoPró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: José Carlos KöchePró-Reitor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico: Odacir Deonisio GraciolliChefe de Gabinete: Gelson Leonardo RechDiretor Administrativo: Cesar Augusto Bernardi

Expediente: Assessoria de Comunicação da UCS/Área de Mídias Digitais (Edição: Paula Sperb; Redação: Ana Carolina Vivan, Vagner Espeiorin, Wagner Júnior de Oliveira, Fotos: Claudia Velho) | Tiragem: 5.000 exemplaresContato: (54) 3218.2116, @ucs_oficial, www.facebook.com/ucsoficialLeia também no site www.ucs.brFoto de Capa: Batalha de Ypers, Frank Hurley

REFLEXÕES SOBRE OS 50 ANOS DO GOLPE MILITAR

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OSUCS TOCA MOZART, MAS TAMBÉM AC/DC

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ESPAÇO DA UCS MANIPULA

MEDICAMENTOS14

SOPA QUENTE, MESA FARTA E TRAÇOS CULTURAIS9

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PRESERVAÇÃO DE LAGOAS BENEFICIARÁ COMUNIDADE LITORÂNEA9

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As férias de Julho estão chegando e convidam para colocar a leitura em dia. Abaixo, obras publicadas pela EDUCS para esquentar o cérebro nos dias frios.

“Moda e os paradigmas culturais contemporâneos” é o tema da palestra que o estilista

brasileiro Oskar Metsavaht - proprietário da Osklen - profere,

no dia 31 de agosto, na abertura do 10º Colóquio de Moda,

que a UCS sedia até o dia 3 de setembro, no Campus 8.

Considerado o maior congresso científico de moda no Brasil, é um espaço de intercâmbio acadêmico entre estudantes,

pesquisadores e professores de vários cursos de graduação e

programas de pós-graduação. A palestra de encerramento fica por conta da professora Christine Tsui, da Faculdade

de Ciências Sociais de Hong Kong. Ela discorre sobre “Moda, Cultura, Educação e Negócios”.

Os interessados em participar podem se inscrever até o dia 20

de agosto em www.coloquiomoda.com.br.

LEITURAS DE INVERNO

INVENÇÕES NO RALLY CIENTÍFICO

METSAVAHT E TSUI

THE ARCHITECTURA Um aqueduto é um canal

ou galeria, subterrâneo ou à superfície, que tem como finalidade conduzir a água. No Rally, os participantes deveriam criar um projeto feito de jornal e fita crepe que transportasse água de uma extremidade à outra.

BARCO VIKING Os navios dos vikings

viajavam do oriente ao ocidente. Os barcos podiam realizar manobras de ataque e fuga, além de atacar rápida e inesperadamente. No Rally, as equipes deveriam construir um barco com palitos de churrasco e barbante nas medidas determinadas.

CATAPULTA As catapultas são

mecanismos de cerco que utilizam uma espécie de braço para lançar um objeto a uma grande distância. No Rally, os participantes precisavam construir um experimento que lançasse o objeto mais longe ganhava.

Alunos de 24 escolas de Ensino Médio da região participaram do V Rally Científico “Despertar para a Ciência e Tecnologia”, promovido pela UCS, no final de maio. O coordenador da atividade, professor José Arthur Martins, avalia os grupos como competentes e maduros. “O resultado foi muito positivo. Eles se comportaram e se mostraram responsáveis”, comemora Martins. Ao lado, uma amostra das provas do Rally:

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Tropicália - gêneros, identidades, repertórios e linguagensR$ 38Ana Mery Sehbe De Carli e Flávia Ramos (org.)O espírito de rebeldia do final dos anos 60 e 70 e suas diferentes influências.

Histórias de um bruxo velho - ensaios sobre Simões Lopes NetoR$ 28João Claudio Arendt Biografia do célebre autor de Contos Gauchescos e Lendas do Sul a partir da recepção de seus livros.

Das ruas às urnas: partidos e eleições no Brasil contemporâneoR$ 30Helcimara de Souza Telles e João Ignacio Lucas (org.)Coletânea para aguçar o senso crítico para as eleições de outubro.

O mistério do malR$ 50Everaldo CesconPor que existe o mal? Pergunta difícil, reflexões instigantes de diversas áreas do conhecimento.

Na edição passada, na página 18, grafamos como Agave attenuata Salm-Dyck o nome da planta que fica na entrada do UCS Aquário. O correto é Agave attenuata Salm Dyck. O nome genérico e epíteto são em itálico ou sublinhado, seguido pelo nome da autoridade que descobriu a espécie.

FOI MAL

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Apesar do nome, Gavrilo Princip não teve uma vida nobre. Pelo contrário. A infância pobre precedeu a adolescência de ativismo em uma facção terrorista da Sérvia conhecida como Mão Negra. Como uma ironia fonética, Princip tor-nou-se um personagem histórico por assassinar o príncipe do Império Aus-tro-húngaro, em 28 de junho de 1914. O arquiduque Franz Ferdinand e sua es-posa, a duquesa Sofia de Hohenberg, morreram atingidos pelos disparos en-quanto andavam de carro aberto pelas ruas de Sarajevo, na Bósnia.

Princip possivelmente não planejava que aqueles dois tiros resultariam em

uma disputa bélica sem precedentes até então. O assassinato foi o estopim para a Primeira Guerra Mundial, que completa em julho 100 anos. De 1914 a 1918, o confronto tomou proporções gigantescas e colocou em disputa os interesses das maiores potências euro-peias da época. A morte de Ferdinand, na prática, se transformou em uma grande desculpa dos países para guer-rear e conquistar novos territórios.

Julho foi o mês da crise. O Império Austro-húngaro decretou guerra à Sér-via exatamente trinta dias após o aten-tado contra o arquiduque. Depois disso, o que se viu foi um efeito dominó. No

dia 30 de julho, a Alemanha resolveu in-vadir a Bélgica para atacar a França e de lá partir para conquistar o território russo. Quando os alemães começaram a entrar em território belga acabaram mexendo com os interesses ingleses. O Reino Unido decretou guerra à Alema-nha em 4 de agosto.

“A guerra foi um enfrentamento bé-lico entre as potências industrializadas em busca de novos mercados. Pratica-mente todos os países foram direta ou indiretamente afetados pelo conflito”, explica o coordenador do Mestrado Profissional em História da UCS, pro-fessor Roberto Radünz.

100 ANOS APÓS O PRIMEIRO

GRANDE CONFLITO

EM 1914, A GUERRA COLOCOU FRENTE A FRENTE POTÊNCIAS

ECONÔMICAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX E MODIFICOU PARA SEMPRE OS

ENFRENTAMENTOS BÉLICOS

VAGNER ESPEIORIN | [email protected]

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Pegar em armas, seguir para o fronte de batalha e lidar com a morte de mi-lhões de pessoas não passava pela ca-beça de um cidadão europeu, no início do século XX. Por volta de 1900, Paris, por exemplo, era uma espécie de epi-centro do mundo. Cafés, livrarias, ópe-ras, alta costura movimentavam as elites do planeta em direção à cidade. Novas invenções, como telefone, automóvel e cinema, convergiam para que os euro-peus, e não somente os franceses, se sentissem modernos e civilizados.

Essa modernidade toda exigia eco-nomias dinâmicas, capazes de vender para o maior número de pessoas e extrair grandes quantidades de maté-ria-prima. Acontece que longe desse “glamour”, as nações disputavam terri-tórios na África e na Ásia. A Alemanha e a Itália, porém, se unificaram tarde e entraram no seleto grupo de países de-senvolvidos muito depois de potências como Inglaterra e França. Resultado: passaram a cobiçar os territórios dos “irmãos” mais velhos.

“A Grande Guerra foi fruto do desen-volvimento do capitalismo e da sua face imperialista. O capitalismo necessita de fontes de matéria-prima e de mercado consumidor. Não existe maneira mais fácil de garantir isso do que dominar outros países e explorá-los, forçando--os a comprar seus produtos”, explica a professora do curso de História da UCS, Eliane Cardoso.

Se o assassinato de Ferdinand foi o estopim, a disputa por mercados foi a principal culpada por dar origem à Pri-meira Guerra Mundial. Depois disso, a Europa, antes conhecida por ser territó-rio atraente às elites, mudou seu status: passou a ser região de peregrinação de tropas militares. O conflito mostrou, po-rém, que se as invenções surgem para facilitar a vida, elas podem servir a inte-resses bélicos devastadores.

ENTRE A TECNOLOGIA E A LAMA

A partir do segundo semestre de 1914, a música dos cabarés cedeu lu-gar ao som dos canhões. Os automó-veis foram substituídos pelo transporte militar. A sensação de efervescência cultural foi consumida pelo sentimento que só uma guerra pode causar: uma espécie de depressão social.

Os conflitos ocorreram em duas frentes. No lado ocidental, forças ale-mãs avançavam sobre a Bélgica e en-frentavam a resistência da França. Do lado oriental, o Império Austro-húngaro tentava dominar a Sérvia e a Rússia. O continente tinha se transformado numa bomba relógio. Territorialmente peque-na, mas com grande população, a Euro-pa viu sua vida transformada em lama, literalmente.

A Primeira Guerra Mundial foi um conflito nas trincheiras. A maior delas chegou a ultrapassar os 700 quilôme-tros e seguia da Suíça ao Canal da Mancha, nas proximidades do Oceano Atlântico. As fossas na terra tinham a al-tura de um homem. Serviam como uma espécie de proteção aos soldados, para evitar que fossem atingidos pelos dispa-ros dos inimigos.

Para Radünz, porém, as trincheiras evidenciavam o lado mais tenso do combate. Largamente utilizadas pelos franceses, essas escavações eram pro-tegidas por sacos de areia e por arames farpados, para tentar manter a distância dos ataques externos. Com o uso da metralhadora, os soldados das trinchei-ras poderiam, além de se defender, atin-gir as forças adversárias. Aparentemen-te bem planejada, a tática passou a ser a vilã dos exércitos que a utilizavam.

Com a modernização, a Primeira Guerra Mundial passou a contar com canhões mais eficientes em combate. A munição da artilharia pesada atingia as trincheiras dizimando os combatentes. Não raro, os projéteis vinham acompa-nhados de armas químicas, tática muito utilizada pelos alemães. O gás clorídrico matava em massa a população alojada nas escavações.

Quando chovia, a terra se mistura-va à água gerando lama – muita lama. Ao cenário inóspito, se unia o cheiro de morte. Soldados em combate pre-cisavam dividir espaços com os cadá-veres de combatentes. As condições de guerra decretavam lutas mortíferas. Além disso, a necessidade de rastejar acabava cansando os próprios homens na zona de confronto. Se o terreno da Europa se transformou em lama, as nações em estado bélico acabaram se aproveitando de uma outra estratégia: o avião.

“Sem dúvida, a introdução do avião

“A GUERRA FOI UM

ENFRENTAMENTO BÉLICO

ENTRE AS POTÊNCIAS

INDUSTRIALIZADAS

EM BUSCA DE

NOVOS MERCADOS.

PRATICAMENTE TODOS

OS PAÍSES FORAM DIRETA

OU INDIRETAMENTE

AFETADOS PELO

CONFLITO”, DIZ O

COORDENADOR DO

MESTRADO PROFISSIONAL

EM HISTÓRIA DA UCS,

PROFESSOR ROBERTO

RADÜNZ

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NO FUNDO DA

LAMA

BONITOS, MASPERIGOSOS

MÁSCARAS CONTRA O GÁS

NA MIRADO INIMIGO

As escavações feitas pelos soldados podiam chegar a 2,5 metros de profundidade e alcan-çavam até 2 metros de largura. Eram nessas trincheiras que muitos dos combatentes se alimentavam e viviam. Funcionava como defesa do ataque adversário, mas podia ser bem perigoso. O ataque com bombas era desastroso para os entrincheirados. Ficava ainda pior com a chuva: a terra se transformava em lama. O espaço precisava ser compartilhado com os ratos e algumas fontes mencionam que nem todos os cadáveres po-diam ser retirados do fosso. Sol-dados vivos precisavam dividir o local com os corpos dos cole-gas mortos.

O legado da Revolução Indus-trial – além das invenções, é claro – foi a divisão de trabalho. Durante as linhas de batalha, o canhão exi-gia uma sintonia entre os soldados. Carregar a munição, fechar o equi-pamento e incinerar o estopim eram ações que precisavam ser feitas quase com a marcação do tempo. O “Grande Bertha” foi o canhão mais potente da época. Sob o po-der dos alemães, o equipamento de 70 toneladas era capaz de projetar munição de até 830 quilos. Pior para os franceses que viram os alemães usarem o aparelho para bombarde-ar Paris. E os atiradores nem pre-cisaram ficar perto. O “Grande Bertha” era capaz de atingir alvos a 120 quilômetros.

Apesar de ser um símbolo de horror, a guerra foi respon-sável por vários avanços. O tanque de guerra foi um de-les e o financiamento de sua criação parte de um político que anos depois controlaria a Inglaterra na Segunda Guerra Mundial: Winston Churchill. Os carros de combate costuma-vam aniquilar os adversários e vieram no final do conflito para mostrar que as batalhas nas trincheiras estavam obsoletas.

Em janeiro de 1915, os céus de Londres foram invadidos por dirigíveis que bombardearam a capital ingle-sa e mostraram que todos – civis ou militares – podiam ser alvos. Criação do conde Ferdinand von Zeppelin – que inspiraria o nome da banda Led Zeppelin – o dirigível foi largamente usado no início do conflito. Apesar de grandes, somente depois de um tempo de guerra, os países desenvol-veram munição capaz de alcançá-los no céu.

Gás de efeito lacrimogênio não chegava a ser novidade entre os euro-peus. Armas químicas já tinham sido utilizadas anteriormente, mas nunca o gás clorídrico. A primeira vez foi em 22 de abril de 1915 contra as tropas francesas, na batalha de Ypres, na Bélgica. Os alemães usaram 150 to-neladas do produto contra as trinchei-ras inimigas. O efeito foi devastador: duas divisões de combatentes foram mortas. Foi tão assustador que os alemães sequer avançaram sobre o espaço adversário. Depois disso, os franceses desenvolveram máscaras para não morrerem em confronto com a poeira venenosa. Os alemães volta-ram a usar armas químicas, mas fica-ram apenas no gás de mostarda – que também matava, mas tinha um efeito menos devastador. Anos depois, os alemães utilizariam novamente os quí-micos nos campos de concentração nazistas.

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DESENVOLVENDO A

INDÚSTRIA

No oceano, a luta em torno do poderio do Mar do Norte foi feita entre os britânicos e os alemães e ficou conheci-da como batalha da Jutlância. Começou no dia 31 de maio de 1916 e se estendeu até o dia seguinte. Dizem que foi a maior Batalha Naval que se tem notícia. As perdas tam-bém não foram pequenas. A esquadra inglesa perdeu 14 navios enquanto a alemã 11. Apesar das baixas mais acen-tuadas, o britânicos se sagra-ram vencedores, porque man-tiveram o controle as águas.

Com a Europa em guerra, o mundo ficou órfão de pro-dutos industrializados. O Bra-sil se virou como pode e até ensaiou a criação de algumas empresas de tecelagem. O objetivo era amenizar a carên-cia de tecidos, já que a impor-tação dos produtos tinha fica-do comprometida.

O Tratado de Versalhes foi um acordo entre os países participantes da guerra e que fez com que a Alemanha aca-basse bancando os prejuízos pelo conflito, entregasse parte de seus territórios e ainda in-denizasse as “vencedoras”. Essa “humilhação” foi um dos motivadores do revanchismo alemão na Segunda Guerra Mundial e ajudou a impulsio-nar o nazismo no país.

No início da guerra, o exército francês estava despreparado para o combate. A começar pela roupa (sim, os franceses não estão livres de errar o look). Os solda-dos vestiam calças vermelhas e ficavam extremamente vulneráveis aos olhares do inimigo. Com o tempo, as vestes foram substituídas ou adotaram a cor da lama nas trincheiras: marrom.

Em setembro de 1914, as tropas alemãs batiam à porta de Paris. A apenas 60 quilômetros da capital, o exército clamou por reforços e os combatentes pe-

diram um táxi, literalmente. No final da noite, centenas de soldados usaram os

carros de aluguel de Paris para seguir em direção ao fronte. Deu certo. Com o reforço, os franceses puderam controlar os inimigos e impediram os alemães de prosseguirem

para conquistar a cidade.

Grande sensação da Primeira Guerra Mundial, os aviões foram ini-cialmente utilizados para observar os territórios inimigos. Não demorou muito para se tornarem aparelhos de combate, lançando bombas para destruir as cidades. À época, os avi-ões ainda eram pouco desenvolvidos e a guerra serviu como um grande la-boratório para aperfeiçoar a invenção. Os pilotos se transformaram em ído-

los das nações. Esse louvor aumen-tava na medida em que eles abatiam os aviões inimigos. O mais popular foi o alemão Manfred von Richthofen que derrubou 80 aeronaves.

Experimentou o próprio veneno ao ser capturado em abril de 1918. Barão Vermelho era um dos apelidos do pi-loto. Não por acaso, foi o nome dado à banda brasileira que tinha Frejat como vocalista.

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de guerra foi a grande novidade”, afir-ma Eliane. Inicialmente, o transporte aéreo era utilizado para observar o inimigo. Ao lado do dirigível, era muito útil para saber detalhes do território ad-versário. Com o tempo, eles ganharam características mais mortais. Foram adaptados para os combates e passa-ram a ser utilizados para bombardear cidades. Londres foi uma das mais atingidas.

Em terra, artilharia pesada, como canhões e armas químicas, dizimava soldados. Nos céus, os aviões e dirigí-veis mostravam uma faceta devastado-ra. No mar, a tecnologia de guerra tam-bém avançava. Os navios que foram responsáveis por batalhas memoráveis na história bélica pareciam dar pouca resistência aos modernos submarinos.

Se no lado dos avanços da indús-tria armamentista, a Primeira Grande Guerra mostrou que a capacidade tec-nológica do homem poderia ser devas-tadora. Ela alertou à humanidade sobre os riscos do poder. O confronto não se conteve apenas ao campo de batalha.

“A Primeira Guerra Mundial trouxe como componente novo o envolvimen-to das pessoas que não eram comba-tentes e soldados. O conflito foi travado também na retaguarda com bombar-deios generalizados de cidades”, expli-ca Radünz.

BRASIL NÃO VAI, MAS PARTICIPA

Além do aspecto militar, os embates movimentaram estruturas econômicas e políticas. No Brasil, também foram sentidos os reflexos do conflito. Com os olhos voltados para a Europa, todo o planeta sofria com a situação bélica do continente. A economia mundial também sentiu os estilhaços. O café, à época, era o principal produto das ex-portações brasileiras. Por não ser uma especiaria de primeira necessidade, a queda na comercialização foi intensa-mente sentida.

“O Brasil teve dificuldades de ex-portar café para a Europa e em contra-partida comprar manufaturas do Velho Mundo”, contextualiza Radünz.

Na tentativa de manter uma boa re-lação internacional, a neutralidade bra-sileira havia sido decretada ainda em agosto de 1914. Nos últimos anos da

guerra, porém, o país largou o silêncio e se colocou contrário à Tríplice Alian-ça (Alemanha, Itália e o Império Aus-tro-húngaro). Em 5 de abril de 1917, o navio Paraná – que era um dos maiores da Marinha do Brasil – foi bombardea-do por um submarino alemão próximo ao Canal da Mancha. Três brasileiros morreram.

“O ataque às embarcações brasilei-ras na Europa gerou um clamor da opi-nião pública nacional para que o Brasil reagisse e quebrasse sua neutralida-de”, destaca Eliane.

Seis dias após ter a embarcação alvejada, o Brasil cortou relações di-plomáticas com a Alemanha e abriu os portos para as nações da Tríplice En-tente (França, Estados Unidos e Reino Unido).

“O Brasil enviou na parte final da guerra em torno de dois mil profissio-nais entre médicos e enfermeiros”, esti-ma Radünz. Mas não parou por aí, cou-be ao Brasil proteger e dar assistência na região oceânica do Atlântico Sul.

QUATRO ANOS DE HORROR

Com a entrada dos Estados Unidos no confronto em 1917, os franceses e ingleses ganharam fôlego e consegui-ram derrotar as forças alemãs. Apesar disso, não se pode dizer que eles ga-nharam. Não. Todos perderam. No en-cerrar da guerra, em 11 de novembro de 1918, a Europa estava destruída e pelo menos dez milhões de pessoas perderam a vida vítimas dos combates. O número de mortes chegou a 65 mi-lhões se contabilizadas as baixas cau-sadas pela gripe espanhola, doença que se disseminou e atingiu também os campos de concentração de solda-dos.

Em 1919, a Alemanha teve que as-sinar o Tratado de Versalhes, assumiu uma dívida monstruosa e perdeu ter-ritórios. Os Estados Unidos se trans-formariam numa potência mundial. O mundo tinha levado uma lição. Não foi suficiente.

Para Eric Hobsbawm, um dos maio-res historiadores do século XX, o con-fronto de 1914 era apenas a primeira etapa de um conflito que só acabaria em 1945, com o encerramento da Se-gunda Guerra Mundial.

“O ATAQUE ÀS

EMBARCAÇÕES

BRASILEIRAS NA

EUROPA GEROU UM

CLAMOR DA OPINIÃO

PÚBLICA NACIONAL

PARA QUE O BRASIL

REAGISSE E QUEBRASSE

SUA NEUTRALIDADE”,

DESTACA ELIANE.

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Com o frio intenso que predomina na Serra Gaúcha nesta época do ano, a mesa farta é o tempero principal dos encontros familiares. O cardápio popular nos dias frios é típico: sopa de agnolini, macarrão ao molho de frango, polenta brustolada e carne assada. Dessas op-ções, o agnolini é normalmente o primei-ro prato a ser consumido. Diferentemente de como era feito quando os imigrantes italianos chegaram ao Nordeste gaú-cho, a massa do agnolini já não é mais feita à mão. Hoje, as máquinas realizam a mistura do ovo e da farinha de trigo, dois ingredientes básicos que resultarão em um produto de qualidade. “Tem que desmanchar a farinha só no ovo. Tam-bém coloco um fio de azeite para a mis-tura”, explica Ramonita Menegotto, de 53 anos, que não usa água na receita. Ramonita é proprietária de uma fábrica de biscoitos e massas no Distrito de Vila Oliva. Há sete anos, ela produz semanal-mente mais de 100kg do alimento, num processo que envolve cerca de 20 pes-soas, entre família e funcionários contra-tados para fechar cada “chapeuzinho”. São 50 dúzias de ovos só para a massa

do agnolini e mais 20 dúzias para o re-cheio. Ramonita aprendeu a receita com a sua mãe. “Quando criança, eu e meus dois irmãos sentávamos à mesa, na sex-ta ou no sábado, para fechar a massa com o recheio. Essa era a preparação para o almoço de domingo ou para algu-ma festa da família.”

Segundo a mestre em Turismo pela UCS, Franciele Bandeira, adaptações e mudanças na receita ocorreram com o tempo. Para o trabalho “Patrimônio ima-terial e turismo: a cultura gastronômica do agnolini”, Franciele utilizou o método de pesquisa proposto pelo IPHAN (Ins-tituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para investigar o agnolini como patrimônio imaterial. Segundo Franciele, “o prato era uma sopa religiosa, a qual os italianos a saboreavam em momentos especiais como Páscoa e Natal - esse foi um ponto frisado pelos entrevistados -, e hoje tornou-se uma sopa normal, que saboreamos conforme nossa vontade”. A pesquisa de Franciele reitera o pensa-mento do antropólogo Roberto Da Mat-ta. Para o estudioso brasileiro, a comida é o alimento transformado pela cultura.

Transformação que ocorre na região de colonização intaliana. É fato, o sabor é inigualável, mas o nome é dúvida: ag-nolini ou capelletti? Segundo Franciele, não existe diferença. Ela explica que as duas nomenclaturas são utilizadas pe-los descendentes de imigrantes italianos vindos, especificamente de Bolonha, onde é chamada de tortelloni. O nome também tem relação com a variação do formato do corte da massa.

O professor da Escola de Gastro-nomia UCS-ICIF, o chef italiano Franco Gioelli, conta que a junção da pequena quantidade de água ou azeite é normal na Itália. “(A adição) não é vista como uma maneira de poupar, mas de dar le-veza e elasticidade à massa. Para um paladar comum, não é perceptível”, ex-plica. Segundo a professora do curso de Tecnologia em Gastronomia, da UCS, Sarah de Almeida, o ovo é o ingrediente responsável pela umidade que o amido e o glúten da farinha necessitam para se desenvolver. “Além disso, na etapa do amassamento, as proteínas presentes no ovo coagulam e auxiliam na formação da estrutura da massa”, detalha.

AGNOLINI PARA TODOS OS GOSTOS

TRADIÇÃO CULINÁRIA TRAZIDA DA ITÁLIA PELOS

IMIGRANTES PERMANECE NA CULTURA DA REGIÃO

WAGNER JÚNIOR DE OLIVIERA | [email protected]

Claudia Velho

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Lagoa do Peixoto, em Osório

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LAGOASDE COSTAA COSTA

DO SUL AO NORTE DO ESTADO, PROJETO

DA UCS ENTRA NA TERCEIRA FASE PARA

BENEFICIAR 41 MIL MORADORES DO LITORAL

CRISTINA BEATRIZ BOFF | [email protected]

Fotos: CLAUDIA VELHO

“A Terra é azul”, definiu Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço que completou uma órbita terrestre, em 1961. A Terra é o “Planeta Água”, cantou Guilherme Arantes, em canção finalista do Festival MPB Shell, em 1981. Alfonso Cuarón, diretor do filme de ficção científica “Gravidade”, em 2013, evidenciou na sua produção imagens que demonstrassem a Terra azul na imensidão do cosmos. Azul é como retratamos a cor da água, que, no Planeta Terra, está distribuída em diferentes reservatórios: 97,25% nos oceanos, 2,1% na forma de calotas polares, 0,61% compõe as águas subterrâneas, 0,001% está na atmosfera. O restante está distri-buído nas águas superficiais, isto é, os rios, os lagos e as lagoas.

E são as lagoas o objeto de estudo de uma pesquisa desenvolvida pela UCS. Denominada “Lagoas Costeiras – LaCos”, o projeto é reali-zado no Litoral do Rio Grande do Sul, desde 2007, com apoio da Pe-trobras. A primeira edição foi realizada no Litoral Sul (em Mostardas, Tavares, São José do Norte e Santa Vitória do Palmar); e a segunda fase, no Litoral Médio (em Cidreira, Balneário Pinhal e Palmares do Sul). Nas duas primeiras fases do projeto LaCos, foram estudadas 32 lagoas. Agora, o ciclo desenvolvido por pesquisadores da Serra irá fechar com o LaCos 3, em Osório, com o estudo de 10 lagoas.

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As ações do LaCos 3 buscam diagnosticar a situação dos recur-sos hídricos daquela microrregião. Segundo o coordenador da pesqui-sa, professor Alois Eduard Schäfer, “esse material irá servir de base para a criação e socialização de fer-ramentas voltadas para promover a sensibilização e valorização dos ecossistemas costeiros, dissemi-nando o conhecimento sobre suas características e fragilidades. Os estudos incluem a caracterização ecológica de lagoas e de seu uso, a qualidade da água subterrânea e de poços domiciliares, o mapeamento do uso e ocupação do solo e a ca-racterização do uso turístico real e potencial”.

Além do professor Schäfer, La-Cos 3 conta com a coordenação da professora Rosane Lanzer, do Centro de Ciências Agrárias e Bio-lógicas da UCS e com uma equipe de dez pessoas, entre professores, técnicos e estudantes de gradua-ção e de pós-graduação. A terceira etapa do LaCos será desenvolvida com os recursos aportados pela Pe-trobras. São cerca de R$ 2 milhões que viabilizarão, inclusive, os produ-tos finais do projeto: um Atlas Socio-ambiental; um caderno de Ativida-des ambientais; materiais didáticos como pôsteres, cartilhas e material audiovisual de cunho didático sobre os ecossistemas do Litoral Norte para serem utilizados nas salas de aula e nos meios de comunicação do município.

COMUNIDADE LITORÂNEA

Alunos de três escolas munici-pais de Ensino Fundamental em

Osório – Osvaldo Amaral, José Pau-lo da Silva e Osmany Martins Véras – participam desta edição do pro-jeto. No município, o LaCos é reali-zado em parceria com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Traman-daí, do COREDE Litoral Norte e da prefeitura de Osório. Durante dois anos, as atividades beneficiarão 4,1 mil habitantes e indiretamente os 41 mil moradores da região. O objeti-vo, segundo o professor Schäfer, “é criar e socializar conhecimentos so-cioambientais para a gestão susten-tável dos recursos hídricos de Osó-rio”. Das 23 lagoas da área, 10 serão estudadas. A conscientização para preservação se dará pelo programa de educação ambiental. Quatrocen-tos professores receberão forma-ção para multiplicar o conhecimento junto a seus alunos, e esses às suas famílias. O Projeto LaCos 3 também irá diagnosticar a água subterrânea de poços artesianos, irá caracterizar o uso real e o potencial turístico das lagoas costeiras, além de elaborar e divulgar as bases para a gestão dos recursos hídricos.

Para o gestor de projetos da Pe-trobras, Marcos Vinícius Almeida, que acompanha o Projeto desde a sua primeira fase, os resultados obtidos na pesquisa em relação à educação de base e educação ambiental levaram à renovação do patrocínio. “Agora fechamos um ciclo de lagoas no litoral do Rio Grande do Sul e o importante é o envolvimento da academia com a comunidade.” Ele lembrou que os resultados desta parceria fez com que o Projeto LaCos II vencesse, em 2012, o prêmio ANA – Agência Nacional das Águas, na categoria Ensino.

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“OS ESTUDOS INCLUEM

A CARACTERIZAÇÃO

ECOLÓGICA DE LAGOAS

E DE SEU USO E A

CARACTERIZAÇÃO DO

USO TURÍSTICO REAL E

POTENCIAL”, EXPLICA

SCHÄFER, PROFESSOR

DA UCS

Do Morro da Borússia é possível visualizar algumas das lagoas do projeto

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A aparência lembra uma farmácia co-mum, daquelas que existem aos montes no centro da cidade. Mas não é apenas isso. Localizada no bloco S, na Cidade Universitária, a Farmácia Escola vai além da comercialização de medicamentos a qualquer um que necessite, não apenas à comunidade acadêmica. Atrás das gôndolas e das paredes, o espaço de 300m² abriga laboratórios responsáveis por produzir remédios e cosméticos ma-nipulados. A infraestrutura, que comple-ta 10 anos em novembro, tem a missão de auxiliar os alunos durante a realização dos estágios curriculares e de outras ações de ensino.

“Aqui, adquiri experiência na manipu-lação de medicamentos”, afirma a estu-dante do curso de Farmácia Fernanda Grandi, de 29 anos. Em estágio curri-cular, Fernanda iniciou as atividades em outubro do ano passado. Gostou e per-manece até hoje. No final do ano, deve concluir o curso e além da teoria levará

para o mercado os conhecimentos prá-ticos.

Apesar das ações de ensino, a Far-mácia Escola tem ainda outros objetivos, como o de desenvolver parcerias com instituições públicas no cuidado à saú-de. É assim com o Hospital Geral, por exemplo. “Temos nossa própria formula-ção e fornecemos alguns medicamentos para o Hospital Geral, principalmente, soluções orais para o setor neonatal”, explica Camila Romana Dalpiccoli, que é a farmacêutica responsável pela uni-dade. Cabe à Camila auxiliar os alunos que passam pela Farmácia Escola. E com ela, os jovens aprendem que todo cuidado é precioso na hora de dar vida a um produto. A começar pela entrada.

Há uma preparação para quem pre-tende seguir pelos corredores que levam aos laboratórios de manipulação. Touca, avental, calça, máscara e propé (tecido que envolve os calçados) são alguns dos aparatos exigidos para a entrada.

O local segue uma legislação rigorosa estabelecida por órgãos reguladores, além de se manter fiel às Boas Práticas de Manipulação em Farmácias. A caute-la se estende além dos procedimentos. Os produtos utilizados para a criação de medicação passam por exames de con-trole de qualidade, em que são avaliados as propriedades dos princípios ativos e dos demais compostos. “Tratamos de medicação. Todo cuidado é necessário”, afirma Camila.

“A farmácia manipula medicamentos, cria homeopáticos e ainda comercializa industrializados”, ressalta o coordenador do curso de Farmácia, professor Diego Gnatta. Ao lado das atividades de ensino e das parcerias públicas, a Farmácia Es-cola também presta serviços externos à comunidade, mas o público universitário é o maior beneficiado. Alunos, docentes e funcionários ganham descontos na compra de medicamentos industrializa-dos e até mesmo nos manipulados.

UMA FARMÁCIA QUE CURA, MAS TAMBÉM ENSINA VAGNER ESPEIORIN | [email protected]

MANIPULAÇÃO DE REMÉDIOS,

FORMULAÇÃO DE HOMEOPÁTICOS E

COMERCIALIZAÇÃO DE INDUSTRIALIZADOS

SÃO ALGUNS DOS SERVIÇOS À DISPOSIÇÃO

DA COMUNIDADE

Claudia Velho

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Instrumentos de cordas, madeiras, metais e percussão embalam as apre-sentações da Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul (Osucs). Atualmente com 40 músicos efetivos, a Osucs carrega uma bagagem de mais de 800 espetáculos. E a especialidade do grupo não é apenas música clássi-ca. Da bossa nova ao rock, da música tradicionalista aos clássicos do cinema, a Orquestra adapta-se para formar um público fiel. “Um dos maiores públi-cos é do espetáculo Rock in Concert. A aceitação do repertório é grande. Também pensamos em músicas novas para atualizar os repertó-rios, como nos temas de filmes”, explica Moacir Lazzari, coorde-nador do setor de Desenvolvi-mento Cultural da UCS. Confira algumas curiosidades das apre-sentações da Orquestra:

VIOLINO E BOMBACHA

UCS Teatro, dia 22 de novembro de 2001. Ocorria a primeira apresen-tação da Orquestra. Em um primeiro momento, o público ouviu a Sinfo-

nia número 40, de Mozart. A segunda parte foi um pouco mais descontraída, ao som da gaita de Renato Borghetti. A mistura da música erudita com o ritmo gaúcho tinha como objetivo principal formar um público fiel para a Osucs. Deu certo.

BEM BRASILEIROTropicália foi o tema da primeira

edição do Concerto da Primavera, em 2007. A proposta surgiu no Centro de Artes e Arquitetura (Campus 8), junto com a segunda edição do projeto Bra-sil Pop – a primeira foi em 2004, com o tema Chico Buarque. Depois de pesqui-sa na área, mais de 80 músicas foram selecionadas. A versão final do repertó-rio foi baseada na questão histórica e o espetáculo tentou privilegiar o maior número possível de artistas.

DIA DE ROCK, BEBÊBento Gonçalves, Caxias do Sul,

Nova Prata, Paraí, São Sebastião do Caí, Vacaria e Veranópolis já sediaram o espetáculo Rock in Concert, parceria da Orquestra com a banda HardRockers. Clássicos da história do rock nacional e internacional, como AC/DC, Metallica, Guns n’ Roses, Aerosmith, Legião Urba-na e Skank, embalaram mais de 25 mil pessoas em 17 apresentações. Atrair o público apaixonado pelo som da gui-tarra para a linguagem clássica da or-

questra é um dos maiores de-safios do espetáculo. Para

escolher o repertório, é preciso pensar na qualidade da música e se ela é adequada para a orquestra.

MORCEGO, ARANHA E CRIANÇAS

Os super-heróis entraram em ação na Quinta Sinfôni-ca de outubro de 2004. Em comemoração ao Dia das

Crianças, naquela noite, os pequenos espectadores viram o Batman sobre-voar os músicos e o Homem-Aranha escalar uma parede do UCS Teatro. O tema da apresentação era os clássicos desenhos animados. E, é claro, que os heróis das telas do cinema não pode-riam ficar de fora. Esta não foi a primeira vez que a Orquestra apresentou temas de filmes. A apresentação mais recente foi em outubro de 2013, no 7º Concerto da Primavera. Superman, Jurassic Park, Indiana Jones, O Gladiador, Star Wars e O Senhor dos Anéis foram alguns dos filmes lembrados.

DANÇA E FIGURINO

Os quatro elementos (fogo, ar, água e terra) foram representados no espetá-culo Quadressencias, apresentado em junho, em parceria com a Cia. Municipal de Dança. Mais de 2 mil pessoas assis-tiram à peça em quatro dias de exibi-ção. A construção do espetáculo durou cerca de 10 meses e a apresentação envolveu mais de 100 pessoas – entre produção, bailarinos e músicos. Para ilustrar os quatro elementos, mais de 30 diferentes figurinos foram produzidos pelos alunos do curso de Design de Moda. Os músicos, por sua vez, foram discretos e usaram roupas pretas.

LEÕES E CULTURA

O Lions Clube Caxias do Sul Edu-cação e Cultura (LionsEduC) surgiu em 2010 para dar suporte a atividades do setor cultural. Ações da Orquestra Sin-fônica da UCS, como os Concertos ao Entardecer, emergiram da iniciativa do Lions. As arrecadações de livros reali-zadas durante alguns espetáculos tam-bém estão vinculadas ao grupo, que promove o Encontro dos Contos. A ati-vidade é feita em escolas municipais de Educação Infantil. Além da entrega de livros doados, a ação também promove contação de histórias e distribuição de brinquedos.

DA BOSSA NOVA AO ROCKEM MAIS DE UMA

DÉCADA DE HISTÓRIA,

ORQUESTRA DA UCS

AMPLIA PÚBLICO

COM REPERTÓRIO

DIVERSIFICADO

ANA CAROLINA VIVAN, especial | [email protected]

VAGNER ESPEIORIN | [email protected]

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Março de 1964 se tornou o destino final de um caminho que come-çou a ser trilhado ainda em 1889, com a Procla-mação da República. Em entrevista, a profes-sora de História do Bra-sil na UCS, Eliana Gas-parini Xerri, afirma que o desejo de tomar o poder pelos militares já havia despontado durante o governo de Getúlio Var-gas e que esse objetivo só se concretizou com a deposição de João Goulart, o Jango. De-pois de uma sequência de governos democrá-ticos, o país passava a viver uma ditadura que, no período mais duro, chegou a ser chamado de “Anos de Chumbo”.

Golpe Militar ou Golpe Civil--Militar: qual o correto?

Quando se fala em Golpe Civil-Militar dá uma conotação. Se falar Golpe Militar traz outra. Como historiadora, eu prefiro dar caminhos para que os alunos leiam e optem pela de-nominação que será dada. Alguém que foi favorável aos 21 anos de Ditadura vai chamar de Revolução, “a glorio-sa Revolução de 1964”. Para essas pessoas, é gloriosa e vitoriosa porque evitou o comu-nismo no Brasil. Eles defendem que pairava uma ameaça comunista no país e que era necessário evitar que isso se proliferasse na sociedade brasi-leira. Para outros, que viveram as amar-guras do perigo e que chegaram a ser torturadas, elas vão chamar de Golpe.

E havia uma ameça comunista no Brasil de 1964?

Havia partidos comunistas e pesso-as que simpatizavam com a ideologia. Mas não tinha ameaça de uma Revo-lução Comunista ao modelo da China,

ao modelo de Cuba. É importante frisar que o presidente João Goulart (Jango), que foi deposto, era um estancieiro, um latifundiário. Estava num partido traba-lhista, mas dizer que ele era um comu-nista é um pouco de exagero.

Então, por que os militares acabaram dando o Golpe?

Se buscarmos mais de 30 anos an-tes, em 1930, quando Getúlio Vargas chega ao poder, já havia o interesse muito forte de setores militares de as-

sumirem a presidên-cia. E isso vai remeter à proclamação que, em 1889, deu poder a um grupo de milita-res. Logo na terceira gestão republicana, porém, esse grupo é substituído por latifun-diários. Entre 1910 a 1930, vamos ter uma série de revoltas, inclu-sive patrocinadas por membros das Forças Armadas, e que prega-vam que era necessá-rio a República voltar aos militares para ser ética e para acabar com a corrupção. Há referências históricas que afirmam que Ge-túlio Vargas acabou afastando essa possi-bilidade.

Mas o próprio Vargas não tinha um pé no militaris-mo?

Vargas estudou na escola militar, mas era um latifundiário que se formou em Direito. Ele tinha uma visão de mundo diferenciada numa época em que poucos eram alfabeti-zados.

E quando os membros das Forças Armadas pas-saram a querer voltar ao poder?

Entre 1946 a 1964, há a primeira experi-ência de eleições no Brasil. E vamos ter uma sequência de

presidentes com Eurico Gaspar Dutra, o retorno de Getúlio Vargas, Café Fi-lho, Juscelino Kubitschek, Jânio Qua-dros. Todos eles escolhidos de forma democrática. Em 1961, Jânio Quadros, mesmo tendo ficado apenas sete me-ses como presidente, desenvolveu uma política antagônica. Ele acabou toman-do medidas moralizantes, como o de proibir as corridas de cavalo em dias de semana e o biquíni de duas peças. Em nível político, ele tomou medidas con-

SE A DITADURA DUROU 21 ANOS, FOI PORQUE TEVE O APOIO DA POPULAÇÃO

“CINCO DÉCADAS DEPOIS, O BRASIL

RECORDA UM DOS MOMENTOS MAIS

TENSOS DE SUA HISTÓRIA: A TOMADA DO

PODER PELOS MILITARES

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traditórias. Homenageou Che Guevara, convidou o líder revolucionário cubano para vir ao Brasil e o condecorou com a Ordem do Cruzeiro do Sul. Só que para chegar ao poder, Jânio foi apoiado pela direita.

Por que o Jânio renuncia?Ele deu dez razões em sua biogra-

fia e algumas bem esdrúxulas, como por exemplo, a de que ele não gostava da comida do Palácio do Planalto. Na verdade, ele teve uma carreira política muito rápida e assumiu posições con-traditórias. Ele disse anos depois que o objetivo principal não era renunciar, mas ameaçar uma renúncia para que a população pedisse que ele permane-cesse. Com as medidas antipopulares e com a condecoração do Che, ele ti-nha perdido o apoio do povo e da UDN, que era o partido conservador de sus-tentação. Jânio estava sem base e nin-guém pediu para ele ficar. O João Gou-lart, o Jango, era seu vice-presidente. Como um estancieiro, trazia a memória do Getúlio Vargas, de quem tinha sido ministro do Trabalho. Ele assume a pre-sidência, mas com poderes limitados. De 1961 a 1963, há o parlamentarismo. Quem governa é o parlamento sob as ordens do militares. Em setembro de 1963, ocorre um plebiscito e a popula-ção acaba optando pelo presidencialis-mo.

Mas como era possível os militares atuarem no Conselho Parlamentar se os deputados fo-ram eleitos pelo voto popular?

Os militares não eram parlamen-tares, mas agiam junto à Câmara. Na época, o plebiscito foi tão marcante que nas cédulas as pessoas, além de marcarem a opção presidencialismo, escreviam “com Jango”. Isso deu um poder muito grande ao estancieiro. Em 1963, Jango assume e chama muitos dos intelectuais da época para compor seu governo. Esse grupo de pessoas elabora um plano de reforma de bases, que é divulgado à população em 13 de março de 1964, num comício na Central do Brasil. Era um plano audacioso para a época. Previa a reforma cambial, a reforma administrativa, reforma urbana e a mais contundente delas: a reforma agrária. As terras que seriam utilizadas deveriam ter mais de 180 hectares, improdutivas, e que poderiam ser de particulares, da Igreja e das Forças Ar-madas.

Por que um estancieiro como Jango acabou propondo uma reforma agrária tão forte?

Na prática, foi o conjunto de inte-lectuais que propôs. Mas uma reforma agrária séria era um desejo antigo da população. Jango tinha um visão mais social. Ele fez o anúncio num comício que durou horas e para cerca de 200 mil pessoas. Há interpretações de que ele foi ingênuo. Outros afirmaram que ele foi contestador e até inconsequen-te, mesmo sabendo de toda a vigilância sobre o seu governo e da tentativa dos militares em retornar ao poder.

Mas o Jango se tivesse utilizado a base mili-tar que ele tinha, poderia ter evitado?

Depende. Ele afirmou que não re-sistiu para evitar o derramamento de sangue. Tem algo que ainda precisa ser investigado, que é porque a resistên-cia interna na sociedade brasileira não ocorreu de imediato. Quando acontece o golpe no Chile, o presidente Salvador Allende cai durante o embate e a popu-lação resiste imediatamente ao general Augusto Pinochet. No Brasil, há uma demora para isso acontecer. Foram se-manas. As pessoas não se articularam de imediato. Hoje, se tem notícias de mais de cinquenta grupos de resistên-cia. Mas veio depois. Ainda nos faltam elementos que possibilitem compreen-der por que não houve resistência. Por muito anos, a gente falou em golpe mi-litar. Atualmente, o mais correto é dizer o Golpe Civil-Militar, porque foi apoiado

por setores da população. Se durou 21 anos, não foi apenas pela força das armas, pela tortura, pela violação dos direitos humanos, foi por que teve im-portância para a sociedade civil, seja por ignorância ou por acreditar mesmo que aquele governo era bom.

As pessoas tinham noção que estavam pas-sando por uma ditadura?

Talvez, muitos não soubessem e ou-tros não quisessem saber. Mas os que sabiam tinham medo do que poderia acontecer. Acredito que foi por falta de comunicação, pela surpresa dos acon-tecimentos e por medo também. É im-portante lembrar que de 1968 a 1978, a gente teve o AI5 (Ato Institucional nº 5), que é o período duro da ditadura. Durante a vigência dele, as pessoas até sabiam o que estava acontecendo, mas não se manifestavam, porque se você estivesse em três pessoas na rua já era considerado um grupo suspeito. Esse medo fez com que a população se calasse. De outro lado, a gente tem uma produção de mídia em que o país parecia maravilhoso, com novela, fute-bol, Copa de 1970.

Do ponto de vista do poder, como foram os governos militares?

O governo Castelo Branco, que é o primeiro deles, foi arrumando o cami-nho com os Atos Institucionais. Inicial-mente, se acreditava que três ou qua-tro atos seriam suficientes. Não foram. Quando Artur Costa e Silva o substitui, a resistência é grande e é preciso cen-surar. Ele extingue o direito de defesa aos presos políticos e acaba com o Ha-beas Corpus. O Emílio Garrastazu Mé-dici instaura o período mais linha dura. E só não foi mais difícil porque, em 1973, tem a crise do petróleo e os mi-litares perdem o apoio econômico dos Estados Unidos. Depois, com o Ernesto Geisel, há muita pressão interna e ex-terna motivada pelos exilados políticos que denunciam junto à imprensa inter-nacional o que está acontecendo no Brasil. Há aí o relaxamento da Ditadura. Não foi menos cruel. Ele apenas come-çou a relaxar. O Geisel proíbe a tortura, mas é desobedecido pelos militares. Esse momento de descumprimento de ordens mostra bem a desconexão e as rachaduras dos militares. Vai se enca-minhar para o Governo Figueredo que vai dar início ao período de distensão: lenta, gradual e segura.

“AS PESSOAS NÃO

SE ARTICULARAM DE

IMEDIATO. HOJE, SE TEM

NOTÍCIAS DE MAIS DE

CINQUENTA GRUPOS DE

RESISTÊNCIA. MAS VEIO

DEPOIS. AINDA NOS

FALTAM ELEMENTOS

QUE POSSIBILITEM

COMPREENDER POR

QUE NÃO HOUVE

RESISTÊNCIA”

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PAISAGEM EXÓTICA É comum passarmos pelas proximidades da Biblioteca Central, na Cidade Universitária, e nos ad-

mirarmos com a quantidade de árvores ao seu redor. Ali a espécie predominante é a Castanea sativa, popularmente conhecida como castanheira, árvore nativa da região do Cáucaso, da Península Balcâni-ca e da Ásia Menor. Ao longo do tempo, essa castanheira foi amplamente cultivada na região do Medi-terrâneo, da Europa, das Ilhas Canárias, da Ilha da Madeira e dos Açores. Aqui no Brasil é uma planta exótica, introduzida há mais de 100 anos para cultivo. Nesta época do ano, as paisagens destacam-se com a grande quantidade de folhas caídas no chão, aspecto natural, já que a árvore floresce na pri-mavera, dá frutos no verão e perde as folhas no inverno. =De acordo com o biológo Felipe Gonzatti, curador do Herbário UCS, a castanheira pode viver muito tempo e alcançar até 30m de altura.

Fotos: Claudia Velho

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A Universidade de Caxias do Sul está próxima de comemorar meio século de existência. Os desafios propostos pela insti-tuição mudam constantemente, acompanhando as atualizações que ocorrem no país e no mun-do. Neste contexto, a Pró-Reitoria Acadêmica (PRAC) está se estru-turando para poder atender às demandas atuais e para os próxi-mos 50 anos da UCS.

Não se discute a importância da Universidade na região de atu-ação, mas discute-se, sim, como a Universidade vai auxiliar e in-fluenciar o desempenho regional nos próximos anos. Com certeza, esse processo de planejamento é fundamental para uma organiza-ção articulada entre a comunida-de, meio político, meio acadêmi-co e o meio empresarial.

Uma região que cresce cons-tantemente exige uma mão de obra qualificada, com acesso à cultura e incorporação tecnoló-gica na vida diária. Como a UCS pode promover novas metodolo-gias de ensino que possibilitem formar o profissional do futuro?

Talvez este seja o maior desa-fio no atual momento. Repensar a Universidade para os próximos anos. Isso só é possível através de um grande projeto, onde o aluno deve compreender que tem papel fundamental neste proces-so, e que o professor deve inovar. É um momento em que a socie-dade deve ser chamada para dis-cutir que tipo de cidadãos quer no mundo. A Universidade não prepara apenas profissionais, a Universidade tem por missão for-mar uma pessoa com princípios culturais, humanos, técnicos e

científicos. Só mudamos o mun-do para melhor com pessoas qualificadas.

A Pró-Reitoria Acadêmica arti-culada com a Reitoria e as demais Pró-Reitorias está se estruturan-do dentro de uma metodologia de gestão altamente profissional, competitiva e integrada. Para po-der assessorar as unidades frente aos desafios, a PRAC organizou--se em quatro coordenadorias: Extensão, com o professor Mar-celo Faoro; Programação, com o professor Roberto Mandelli; Lato Sensu, com a professora Juliana Luchese; e a Pedagógica, com a professora Flávia Costa. Cada coordenadoria tem uma série de objetivos a serem realizados, mas todos em função de um objetivo maior: “Qualidade e Excelência”.

Como Pró-reitor acadêmico, aceito o desafio de termos pro-jetos pedagógicos e curriculares contemporâneos para o ensino superior em sintonia com o mer-cado e, portanto, resolutivos, mas que ao mesmo tempo não descui-dam da formação humana. Aliás, insistimos nesse ponto em meio a um mar de pragmatismo e ime-diatismo. Aceito também o desa-fio de, junto com os professores e coordenadores de cursos, focar-mos na aprendizagem dos alunos e criarmos processos inovadores para tal. Nesse sentido, entendo que a sala de aula é onde ocorre o “momento da verdade” e é aí que devemos investir, qualificar, acompanhar com indicadores e com metodologia. Saibamos nos reinventar na sala de aula! Temos todas as condições para continu-armos sendo uma universidade de referência.

Professor

Marcelo RossatoPró-Reitor Acadêmico

FOCO NA QUALIDADE E EXCELÊNCIA

ARTIGO

SAIBAMOS NOS REINVENTAR NA SALA

DE AULA! TEMOS TODAS AS CONDIÇÕES PARA

CONTINUARMOS SENDO UMA UNIVERSIDADE DE

REFERÊNCIA.

Clau

dia

Velh

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Universidade de Caxias do SulCaixa Postal 131395020-972 - Caxias do Sul - RS