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1 revista UCS MARÇO/ABRIL.2015 . ANO 3 . Nº 16 SAÚDE NA MESA PROJETO RONDON PESQUISAS REALIZADAS NA UCS PRIMAM PELO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS AGROECOLÓGICOS TROCA DE EXPERIÊNCIAS COM A COMUNIDADE MARCA PASSAGEM DE ACADÊMICOS POR MONÇÃO, NO MARANHÃO VIAGEM GELADA GRUPO VAI À ANTÁRTICA ESTUDAR COMPORTAMENTO DE ESPÉCIES DE AVES A ARTE DA CONVIVÊNCIA ENTRE OS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A HARMONIA EM UM AMBIENTE DE TRABALHO E DE APRENDIZAGEM ESTÃO O RESPEITO, O DIÁLOGO E A EMPATIA

revista UCS | março e abril de 2015

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Publicação da Universidade de Caxias do Sul.

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revistaUCSMARÇO/ABRIL.2015 . ANO 3 . Nº 16

saÚde na mesa

prOJetO rOndOn

pesquisAs reAlizAdAs

nA ucs primAm pelo

desenvolvimento de

produtos Agroecológicos

trocA de experiênciAs com

A comunidAde mArcA

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A hArmoniA em um Ambiente de

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o respeito, o diálogo e A empAtiA

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saiba como conviver bem e promover o crescimento Dos sUJeitos em seUs ambientes De inserção social e profissional12

o Desafio Da convivênciano ambiente Universitário19

Universidade de caxias do sulreitor: evaldo antonio Kuiavavice-reitor: odacir Deonisio Graciollipró-reitor acadêmico: marcelo rossatopró-reitor de pesquisa e pós-Graduação: José carlos Köchepró-reitor de inovação e Desenvolvimento tecnológico: odacir Deonisio Graciollichefe de Gabinete: Gelson leonardo rechDiretor administrativo e financeiro: cesar augusto bernardi

expediente: assessoria de comunicação da Ucs/núcleo de produção de conteúdo (edição: ana laura paraginski; redação: cristina beatriz boff, Josmari pavan e vagner espeiorin. fotos: claudia velho)tiragem: 5.000 exemplarescontato: (54) 3218.2116, @ucs_oficial, www.facebook.com/ucsoficialleia também no site www.ucs.brfoto de capa: claudia velho

eQUipe Do Do cUrso De bioloGia realiZaviaGem À antártica para coleta De materiais em aves16

alUnos Da Ucs participam Do proJeto ronDon no maranHão

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OperaçãO JenipapOpesquisadOres da universidade de aveirO atuam nO institutO de materiais CerâmiCOs

uCs assOCia-se aO institutO Cervantes

A Revista Amanhã divulgou um ranking com as companhias mais inovadoras da região sul do Brasil. Entre elas, em 14º lugar geral, está a Fundação Universidade de Caxias do Sul. No setor da Educação, a FUCS figura em 2º lugar. Com o respaldo técnico do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral, a pesquisa é realizada há 14 anos pela Revista Amanhã e pela Edusys, e os resultados são divulgados em uma edição especial intitulada “Campeãs da Inovação”. Participaram da pesquisa as 500 maiores empresas dos estados da região sul, listadas no ranking Grandes & Líderes, elaborado por AMANHÃ e PwC. O vice-reitor e pró-reitor de Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, Odacir Deonisio Graciolli, explica que “a UCS foi a primeira universidade do estado a criar, ainda em 2010, uma pró-reitoria que considerava a Inovação ao lado da Pesquisa, com os setores focados em inovação subordinados a este órgão superior. As definições de políticas internas e o alinhamento de setores com este fim foram medidas importantes para alcançarmos esse resultado”, acrescenta.

Em março, a UCS – através do Programa de Línguas Estrangeiras (PLE) – passou a ser o 1º centro do Brasil associado ao Instituto Cervantes, uma instituição pública fundada em 1991 na Espanha com a finalidade de promover o ensino da língua e da cultura espanhola. A coordenadora do Programa de Línguas Estrangeiras, Magda Monica Cauduro Custódio, explica que “além de podermos compartilhar as exposições, palestras, ciclos de cinema e uma variada programação cultural que chega ao Instituto Cervantes de Porto Alegre, nossos cursos passam a constar do Guia que reúne os institutos Cervantes de 43 países, assegurando que a qualidade do ensino de espanhol oferecido pela UCS equipara-se ao ensino oferecido nos demais centros associados do Instituto Cervantes espalhados pelo mundo”.

Claudia Velho

uCs tem nOvOs CursOs de dOutOradO

Em janeiro, dois pesquisadores da Universidade de Aveiro participaram de atividades no Instituto de Materiais Cerâmicos (IMC-UCS) e no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais. Ana Maria Segadães, que também é docente visitante do PPGMAT/UCS, e Pedro Mantas são pesquisadores renomados na área de Processamento, Caracterização e Síntese de Materiais Cerâmicos. As atividades fazem parte do processo de internacionalização da Universidade, mediante a interação - na pesquisa e no ensino - com instituições estrangeiras de excelência em áreas

destaque em inOvaçãO

A Universidade de Caxias do Sul vai iniciou 2015 com dois novos cursos de Doutorado. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) aprovou as duas propostas de cursos novos de pós-graduação stricto sensu protocolados pela UCS em 2014: o Doutorado em Administração, que passa a integrar o Programa de Pós-Graduação em Administração e o Doutorado em Turismo, que integra o Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade. Com isso, a UCS totaliza uma oferta de 14 cursos de Mestrado e 6 de Doutorado.

do conhecimento onde a UCS também se destaca. No período em que ficaram no Brasil, os pesquisadores realizaram atividades de orientação e co-orientação em projetos de pesquisa na área de Materiais, participaram de seminários de capacitação e contribuiram para a implementação de técnicas de medição de propriedades de materiais, discutindo os resultados de trabalhos científicos e tecnológicos, visando à elaboração de Plano de Trabalho específico para a área de Materiais no âmbito do protocolo de cooperação, em outubro de 2014, entre a UCS e a Universidade de Aveiro.

LinKedin passa inteGrar as mÍdias diGitais da uCs

O Linkedin já conta com mais de 20 milhões de usuários no Brasil. Trata-se de uma rede social estritamente profissional, no estilo de um currículo online aberto para o mundo todo. A UCS passou a atualizar diariamente sua Company Page em março. Além desta página, alunos, ex-alunos, funcionários e docentes podem seguir a University Page da Instituição. O processo de cadastramento é muito fácil. O importante é buscar pelas duas páginas da Instituição. Com isso, o usuário poderá receber conteúdos e ampliar o relacionamento com profissionais da sua área.

Pesquisadores de Portugal com o bolsista do curso de Engenharia Química Giovani Rech

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Alimentos cultivAdos segundo os princípios dA AgriculturA orgânicA nÃo sÃo ApenAs sinônimo de sAúde. mAis do que isso, representAm umA AlternAtivA pArA inibir A contAminAçÃo dAs lAvourAs por Agrotóxicos. porém, viAbilizAr esse tipo de AgriculturA em lArgA escAlA AindA é um desAfio

JosmAri pAvAn | [email protected]

estÍmuLO aO COntrOLe biOLóGiCO

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Alimentos orgânicos, produzidos sem o uso de defensivos químicos agrí-colas, têm conseguido cada vez mais espaço na mesa das pessoas pela ga-rantia de que não agridem a saúde hu-mana e o meio ambiente.

Levantamento realizado em 2012 pela Federação Internacional dos Mo-vimentos de Agricultura Orgânica (IFO-AM) indica que mais de 37,5 milhões de hectares são ocupados pela agricultura orgânica em todo o mundo. Desde o ano de 1999, essa área triplicou, levan-do-se em conta o cultivo em todos os continentes. Ainda segundo a IFOAM, a Oceania possui a maior área dedicada à agricultura orgânica, representando 12,2 milhões de hectares. Em seguida estão, respectivamente, Europa (11,2 milhões), América Latina (6,8 milhões), Ásia (3,2 milhões), América do Norte (3 milhões) e o continente Africano (1,1 milhões).

A América Latina, com seus quase 7 milhões de hectares, abriga 18% de toda área agrícola orgânica do planeta. O Brasil ocupa a quinta posição entre os países com a maior área de cultivo orgânico. Segundo dados do Ministério da Agricultura, o ano de 2013 fechou com 6.719 produtores e 10.064 unida-des de produção orgânica em todo o Brasil, comparado a 2012. Um aumento de 22%.

Apesar da expansão percebida nos últimos anos, a agricultura orgãnica en-contra na logística de produção um dos principais entraves para o seu desenvol-vimento.

Em culturas orgânicas, o combate de pragas e de doenças é realizado por meio do controle biológico. O método consiste em utilizar um organismo vivo para atacar outro que seja prejudicial à lavoura. Esse controle natural é uma al-ternativa ao uso de agrotóxicos.

A PESQUISA NA UCSCom o objetivo de identificar e de-

senvolver formas eficazes de controle biológico, a Universidade de Caxias do Sul mantém pesquisas abrigadas no Instituto de Biotecnologia e no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.

Um dos estudos em controle bioló-gico na UCS foca em combater lagar-tas que se tornaram pragas em culturas agrícolas de importância econômica.

Um dos principais exemplos é a Anticar-sia gemmatalis, conhecida como lagar-ta-da-soja, espécie que mais preocupa produtores de soja no país inteiro.

A professora Neiva Monteiro de Barros, coordenadora do Laboratório de Controle de Pragas do Instituto de Biotecnologia da UCS, e a professora Lúcia Bertholdo Vargas, pesquisado-ra do laboratório, conduzem estudos que provam a eficácia de um fungo, o Nomuraea rileyi, no controle da lagarta-da-soja. Conforme as pesquisadoras, testes mostram que o fungo é capaz de matar a lagarta agindo de forma seletiva (ou seja, sem prejudicar todos os orga-nismos vivos do ambiente – incluindo os seres humanos). Por isso, o manuseio é mais seguro do que com os agrotó-xicos. No entanto, além do tempo de resposta ser mais lento, a aplicação de defensivos alternativos está condiciona-da a condições climáticas favoráveis.

“O produto químico tem efeito qua-se imediato no controle da praga, mas em contrapartida tem ação sobre todos os seres vivos que estão na lavoura. Já o produto biológico tem um efeito mais lento, mas age apenas sobre a praga da lavoura”, explica Neiva.

INtEgrAr é A SAídAAs pesquisadoras são unânimes

em afirmar que, para amenizar a con-taminação química causada pelos agrotóxicos, a solução seria empregar o chamado controle integrado de pra-gas. Basicamente, trata da diminuição do uso de defensivos químicos com a inclusão de insumos orgânicos.

Aplicados em períodos diferentes, os produtos complementam-se na ma-nutenção da lavoura. As pesquisas do laboratório avançam nesse sentido. Po-rém, a parceria com empresas poderia acelerar o oferecimento de produtos al-ternativos no mercado.

“Precisamos investir na transfe-rência do conhecimento ao agricultor quanto aos efeitos dos agrotóxicos e à importância da introdução de produtos biológicos para o controle de pragas. É preciso o entendimento geral de que os venenos, que estão nos alimentos, no solo e na água, acumulam-se no or-ganismo ao longo dos anos, podendo causar doenças”, destaca Lúcia.

A AgriculturA

orgânicA encontrA

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entrAves pArA o seu

desenvolvimento

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CoNtrolE Com ólEoS dE PlANtAS

Colocar um defensivo agroecológico no mercado é um processo burocrático, que esbarra na legislação e nos altos custos para liberação de patentes.

A dificuldade em atrair a confiança do produtor, bastante acostumado ao funcionamento dos produtos químicos, completa a lista de dificuldades para tornar o defensivo alternativo menos po-pular nas lavouras. “Infelizmente, o agro-tóxico é sinônimo de lucro garantido, enquanto o biológico ainda depende de uma série de pesquisas, já que a legis-lação brasileira coloca no mesmo nível produtos químicos e biológicos”, explica Joséli Schwambach, coordenadora do Laboratório de Biotecnologia Vegetal, que faz parte do Instituto de Biotecnolo-gia e Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UCS.

Joséli conduz estudos com óleos es-senciais, substâncias extraídas das plan-tas, no controle de patologias em varie-dades locais, como hortifrutis em geral e videiras. Já foram testados óleos essen-ciais de 18 espécies de plantas. Tanto a análise química (realizada no Laboratório de Análises Químicas) quanto a extração

são feitas no próprio laboratório.Os fungos agressores são coletados

em campo e, em seguida, iniciam-se os testes para ver quais óleos atacam os fungos identificados. Esta etapa pode levar semanas, já que também é preci-so descobrir as quantidades corretas e condições ideais de aplicação. Tudo para tornar o produto viável comercial-mente, sem prejuízos ao meio ambiente.

“Nossas pesquisas precisam desen-volver produtos que tragam mais resulta-dos com a menor concentração de ma-téria-prima possível. O custo-benefício do processo precisa ser considerado”, destaca.

CoNSCIENtIzAção NA lAvoUrA

Com o objetivo de ampliar a agricul-tura orgânica e sua eficácia produtiva, o Laboratório de Agricultura Orgânica, que integra o Núcleo de Inovação e Desen-volvimento da Agricultura Sustentável, valida insumos alternativos usados em áreas agrícolas da região.

A equipe do laboratório se dedica a testar e aprimorar insumos orgânicos. Compostagem, extratos e fermentados vegetais são analisados e testados pela

equipe do laboratório, que confirma se os produtos estão dentro das normas necessárias para a agricultura orgânica. A professora Valdirene Camatti Sartori, que está à frente do trabalho, explica que a validação dos insumos auxilia os produtores a alcançar maior produtivi-dade em suas plantações. Muitas falhas em adubação de culturas regionais já fo-ram sanadas graças aos resultados das pesquisas.

Além das pesquisas com insumos, o laboratório também se dedica a conscien-tizar sobre o uso de agrotóxicos. A equipe da professora Valdirene está à frente da or-ganização do único evento da região ser-rana com o objetivo de discutir alternativas de desenvolvimento para a agroecologia. Trata-se do 5º Encontro Caxiense para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica e Sustentável, realizado de 2014 juntamen-te com e 3ª Reunião Sul Brasileira sobre Agricultura Sustentável.

“Por que hoje há mais incidência de câncer e de intolerâncias alimentares nas pessoas? Isso não acontece do nada. O trabalho tenta mostrar para os agriculto-res que há alternativas mais saudáveis. Eles são receptivos às ideias, mas ainda têm medo de perder a produção por des-conhecerem os métodos alternativos utili-zados na produção de alimentos orgâni-cos”, destaca a pesquisadora.

o trAbAlho ApresentA Aos

Agricultores AlternAtivAs mAis

sAudáveis. eles sÃo receptivos

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Claudia Velho

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Equipe de laboratório desenvolve pesquisas para o controle de pragas em culturas agrícolas. Uma das etapas consiste na criação de condições ideais para o desenvolvimento em laboratório, e posterior teste para combate, da Anticarsia gemmatalis, conhecida como como lagarta-da-soja. A espécie ataca culturas de soja no país inteiro, prejudicando a produtividade das lavouras

Controle de patologias a partir de substâncias

extraídas das plantas, os chamados óleos essenciais

Equipe do laboratório de Agricultura Orgânica ouve relatos de agricultores sobre os

resultados dos métodos de adubagem orgânica empregados nas culturas de tomate e de caqui. Após a troca de experiências, os pesquisadores

ensinam uma fórmula de biofertilizante ideal para variedades como couve-flor e brócolis

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vAgner espeiorin | [email protected]

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Onde a amazônia COmeça e O nOrdeste termina

locAlizAdA nA bAixAdA mArAnhense, numA regiÃo de trAnsiçÃo entre biomAs, monçÃo tem mAis de dois séculos de históriA, um povo Acolhedor e muitAs cArênciAs A serem sAnAdAs

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Não passava das 16h, quando os raios do sol batiam pela janela da Es-cola Rural Familiar de Monção. Na sala escura, a luz ia direto aos rostos atentos dos estudantes que acompanhavam a oficina. Além da movimentação atípica no colégio, chamava a atenção a es-trutura defasada. Nas paredes, a tinta desbotada, associada à penumbra, in-tensificava a impressão de abandono. Não era apenas aparente. Mantida pelo governo do Estado, a Escola Rural Fa-miliar carece de recursos. Os próprios alunos sofriam com a falta de alimentos, antes repassados pelo município, mas que, por motivos financeiros, deixou de fazer a remessa.

O local de ensino é apenas um dos indícios das dificuldades de Monção. No município, oito alunos e duas profes-soras da UCS se inseriram em janeiro. As férias foram deixadas de lado para que ações voluntárias do Projeto Ron-don pudessem transformar a realidade da cidade que tem pouco mais de 30 mil habitantes – 12 deles no meio urba-no. Durante 15 dias, eles se ambienta-ram com temperaturas de 40°C, com ritmos como o tecnobrega e reggae, e com uma umidade alta, típica para uma cidade encravada entre a Caatinga e a Amazônia, numa região chamada de Floresta de Babaçu.

O nome se deve à oferta intensa do coco que já foi o principal produto ex-traído ali. Da casca do babaçu, fazia-se o carvão; da amêndoa, um óleo que é utilizado na indústria cosmética. A extra-ção caiu em desuso, ainda na década de 1980. Muito tempo antes, a cana-de-açúcar já havia deixado suas marcas.

Foi a cana que fez de Monção uma cidade próspera, ainda no século XIX. Foi o fim do ciclo produtivo da cana no século XX que estagnou a circulação de capital na localidade. A economia fraca gerou índices de desenvolvimento hu-mano extremamente baixos. O IDH em Monção é de 0,546; inferior a 0,600 – número considerado razoável. Ao dado preocupante se somam a inexistência de saneamento básico, a vulnerabilida-de de jovens em relação às drogas e as precárias condições de saúde.

Estímulo ambientalEra para auxiliar na rotina de traba-

lho no meio rural que as acadêmicas de Engenharia Ambiental Carolina Solda-

telli Zardo e Geovana Zandoná Sartori explicavam aos alunos da Escola Rural Familiar como se faz uma compostei-ra. A compostagem era desconhecida pelos estudantes do colégio agrícola. Pela técnica, o material orgânico, antes descartado, passa a ser um aliado na adubação dos terrenos. Da Biologia, Michel Mendes e William Lando davam um apoio na tarefa. Durante a primeira semana do projeto, os dois desenvolve-ram junto à escola ações de educação ambiental.

“A adequação das atividades para o contexto local foi um desafio. A ausên-cia de condições básicas dificultava as abordagens”, explica Michel.

Apesar dos imprevistos, era impos-sível não notar os olhares atentos de quem acompanhava as oficinas. O pú-blico absorvia com afeto os conteúdos trabalhados pelos acadêmicos. Se falta-va infraestrutura, sobrava acolhimento. Se os serviços públicos eram ineficazes, o carinho com que os rondonistas eram recebidos compensava.

A estudante de Engenharia Civil Geise Macedo dos Santos que o diga. No Maranhão, ela deixou de lado os cálculos matemáticos e fez uso de ha-bilidades manuais. A oficina de Corte e Costura foi uma das mais disputadas. Chegava a ter fila de espera. A jovem precisou abrir uma turma noturna para dar conta da demanda. Geise recebeu o carinho das alunas que por mais de 10 encontros a acompanharam diaria-mente.

“Durante as aulas, elas demonstra-ram o interesse de criar uma coopera-tiva de costura e artesanato para que pudessem obter mais renda”, frisa.

As alunas de Geise evidenciavam uma tentativa da população em melho-rar de vida, em buscar uma forma de empreender e de movimentar a econo-mia local.

“Trata-se de um município carente. Às vezes, dava a impressão de estar mesmo esquecido, principalmente as comunidades rurais. São pessoas sim-ples, hospitaleiras e que têm sede de informação, querem melhorar de vida, apenas não encontram oportunidades”, analisa a professora Aline Maria Trinda-de Ramos, do curso de Direito, do Cam-pus Universitário de Vacaria. Ao lado da professora Gisele Cemin, elas coor-denaram as ações do grupo. Além da orientação, elas ficavam responsáveis

“A AdequAçÃo dAs

AtividAdes pArA o

contexto locAl

foi um desAfio.

A AusênciA de

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dificultAvA As

AbordAgens”

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por incentivar os rondonistas diante das dificuldades.

“O papel do professor é de coorde-nar mesmo. As oficinas e as atividades, na prática, são elaboradas e desenvol-vidas pelos acadêmicos e isso é impor-tante para eles. A autonomia é parte essencial na operação”, contextualiza Gisele.

vila EsperançaA localidade no interior de Monção

não poderia ter nome mais apropriado. Era com esperança que Fernanda Car-doso Setti, da Engenharia de Controle e Automação, acolhia nos braços uma menina que não aparentava mais que seis anos. A pequena lhe pedira se não havia um espaço na mala da estudan-te caxiense. O objetivo era seguir via-gem com a estudante; o de Fernanda – e de cada uma dos rondonistas – era melhorar a vida coletiva da população e semear alternativas para que aquela criança pudesse seguir por um cami-nho melhor.

Ex-presidente da UCS Empresa Jú-nior, Fernanda não teria problema em acolher a criança em sua casa. Possi-velmente, o faria com todos os mon-çonenses. Mas seu trabalho ali tinha como objetivo garantir sustentabilidade à comunidade. Ela levou para Monção o ímpeto de desenvolver o empreen-dedorismo social e promoveu oficinas para quem pretendia criar ou manter um negócio. Deparou-se com uma dura realidade, mas se surpreendeu com o empenho dos moradores.

“As pessoas têm uma capacidade de mostrar criatividade, pensar em ne-gócios e de propor melhorias, mesmo em ambientes carentes. Eles buscam alternativas para melhorar a comunida-de”, constata.

Foi o foco em otimizar as condições da saúde pública que levou a estudante de Enfermagem Adriane Kappes a Mon-ção. Da unidade básica de saúde aos hospitais, ela seguia pela cidade com o objetivo de ensinar sobre os cuidados necessários em ambientes de saúde. Destinação de resíduos, higienização, cuidados ao lidar com materiais hospi-talares eram mais que uma preocupa-ção da estudante, eram uma situação preocupante em Monção.

Além das oficinas para servidores e gestores municipais, Adriane fez aten-dimentos de saúde à população. Na

tarefa, ela ganhou a companhia de oito rondonistas da Universidade Federal da Grande Dourados, do Mato Grosso do Sul. Estudantes de Medicina, eles de-senvolveram um eixo temático paralelo ao da equipe da UCS. Durante os 15 dias, os dois grupos dividiram o mesmo alojamento e também realizaram todas as atividades em parceria. Uma dessas ações ocorreu na comunidade quilom-bola do Jutaí.

Na localidade, os acadêmicos William Lando, da UCS, Camila Koike e Luis Edu-ardo Silva Ormonde, da UFGD, vestiram-se de palhaços e animaram as crianças. Além das atividades culturais, o grupo de rondonistas fez rodas de conversa sobre meio ambiente, prestou atendimento em saúde e ensinou os membros da comu-nidade a produzir sabão.

Para chegar à comunidade, o grupo embarcou de conoas para percorrer o rio Pindaré. O percurso de 30 minutos teve um sabor especial para o estudan-te de Direito Vagner Espeiorin. Na co-munidade, ele entrevistou José Ribamar Pinheiro, de 73 anos. Descendente de escravos, o quilombola guardava na memória as narrativas deixadas pela bisavó.

Histórias de fuga de escravos, de confusão envolvendo os donos de en-genho e o terror com que os negros eram tratados marcavam as memórias do pescador. Apesar de não ter vivido a época do engenho, ele era capaz de senti-lá.

“Sempre tive amor pelo cheiro da cana. Não cheguei a trabalhar com a cana. Mas, de qualquer maneira, o chei-ro da cana ficou sobre o pó da terra, eu senti e criei esse amor”, diz Ribamar, ao demonstrar apego à comunidade em que nasceu.

“Narrar a sua história é falar da sua identidade, é valorizar a sua cultura, é ter orgulho de quem se é. Contem a sua história. Esse foi o pedido que fiz à população, quando encerramos a ope-ração no município”, frisa o acadêmico que com os depoimentos de morado-res históricos de Monção editou, em parceria com a alunos da UFGD, um minidocumentário. A peça foi exibida ao público na última atividade com os habitantes do município. Associada à apresentação do coral de crianças da oficina de musicalização, o evento de encerramento levou ao choro a comu-nidade e os rondonistas. Choro de final feliz.

“As pessoAs têm

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de mostrAr

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em negócios e de

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comunidAde”

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Na foto acima, integrantes do grupo da UCS com moradores da comunidade de Vila Esperança. Na canoa, um grupo se desloca até a localidade Quilombola do Jutaí, onde prestou serviços de

saúde. Ao lado, alunas de Engenharia Ambiental conversam com os habitantes sobre os cuidados com o meio ambiente.

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A acadêmica de Engenharia Civil

Geise Macedo dos Santos em sua oficina de

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A estudante de Enfermagem

Adriane Kappes realizou

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A rondonista Fernanda Setti ministra oficina de empreendedorismo

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Fernanda Settti

Ao lado, rondonistas que participaram do Projeto

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AnA lAurA pArAginsKi | [email protected]

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aCOLHimentO, empatia, diáLOGO e transparênCia

A Arte dA convivênciA envolve interAçÃo empáticA com o outro mesmo em momentos de conflito, levAndo em contA umA fórmulA complexA AtrAvés dA quAl o resultAdo será A potenciAlizAçÃo dA cApAcidAde de AprendizAdo e o crescimento pessoAl e profissionAl

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diferenças que multiplicamImagine um mundo onde todos fos-

sem iguais, onde todos pensassem da mesma forma, onde não houvesse dis-cordância de opiniões? Você conseguiria viver nesse mundo? Ou você é daquelas pessoas que precisam instigar os diálo-gos provocando questionamentos?

Costuma-se dizer que a diferença entre perfis de pessoas só vem a somar, mas pode-se pensar que, no caso de uma instituição de ensino, a diferença vem a multiplicar. Para o professor de Filosofia da UCS Paulo César Nodari, “nos identi-ficamos com o que é semelhante, mas o crescimento está na diferença, a diferença é que vai trazer criatividade e crescimento”.

Muitas vezes, no ambiente de trabalho ou em sala de aula, costumamos ‘deixar de lado’ aquela pessoa com a qual não nos identificamos, fazemos de conta que a pessoa não está ali ou não vai enten-der o que estamos falando. Dessa forma, estamos bloqueando o potencial de aco-lhimento, de compartilhamento e de har-monização com o outro que, por vezes, nem conhecemos direito. No entanto, também é na diferença entre um e outro que se encontram algumas das maiores virtudes da relação: a de respeitar a opi-nião, tolerar alguns defeitos (já que todos os temos) e fazer das diferenças que nos caracterizam a completude que sintetiza uma verdadeira convivência harmoniosa. Afinal, o que seria de nós se fôssemos to-dos iguais?

Para a psicóloga, psicanlista e pro-fessora da UCS, Rosita Esteves, para conviver melhor com o que é diferente a nós, é necessário abrir mão da ideia de onipotência e sapiência inquestionável. “Para isso, é necessário reconhecer que somos seres incompletos, no sentido de que sempre nos falta algo, que sempre temos algo a aprender. A partir desse po-sicionamento interior, o sujeito valoriza o outro, o seu semelhante, como um outro sujeito que tem seus próprios posiciona-mentos com igualdade de valor”, ressalta.

Escolha e acolhimentoSentir-se acolhido no ambiente onde

está chegando, seja um novo aluno, fun-cionário ou professor, é algo que pode mudar a maneira com a qual vemos a organização e, em consequência, como desenvolveremos o sentimento de perten-cimento ao novo local.

A professora do Programa de Pós-Graduação em Hospitalidade e Turismo

da UCS, Marcia Capellano dos Santos, falou aos professores, no início do atual período letivo, sobre o sentido da palavra “acolhimento”. Entre muitas outras colo-cações importantes, Marcia ressaltou que o acolhimento é essencial na construção de um novo paradigma orquestrador das relações humano-sociais. “Em tempos de relações líquidas, marcados pela fragili-dade, pela fugacidade dos laços sociais, é necessário haver a disposição interna para o acolhimento recíproco”, ressal-tou. Para a professora, seja na relação aluno-professor ou professor-professor, a aprendizagem é o produto mais nobre do convívio alicerçado no acolhimento.

A psicóloga organizacional da UCS Elizandra Dors ressalta que deve haver um momento de escolha. “Assim como uma organização escolhe os profissionais que irão investir seus esforços diários, que passarão a maior parte do dia se doando para a mesma, há que acontecer o inver-so: as pessoas escolherem a organização como seu ambiente de convívio harmo-nioso e desenvolvimento de um trabalho digno e reconhecido”, comenta.

“No que tange à UCS, se o profissio-nal pretende crescer na carreira dentro da própria Instituição, se ele vê que pode mais e que isso lhe deixará mais satisfeito, existe a opção de participar de um recru-tamento interno para outra vaga”, salienta a psicóloga organizacional Patrícia Bonat-to Tisato. “O importante é que o tempo o profissional passa dentro da Instituição seja um tempo de harmonia e de satisfa-ção”, esclarece.

liberte-se das ideias preconcebidas

Para a professora de Psicologia da UCS e membro da equipe do Programa de Integração e Mediação do Acadêmi-co (PIMA), Cláudia Bisol, para conviver com a diferença é necessário uma aber-tura para o outro. “Isso passa por várias dimensões, entre elas, uma atenção para com as ideias preconcebidas, prontas, que carregamos conosco. Essas ideias nos impedem de olhar para o outro em seu modo de ser, de estar no mundo, em seu modo de viver. Uma maior abertura para o outro também só é possível se nos dispomos a ouvir mais e a julgar menos, e se nos dispomos a construir juntos es-tratégias para vencer os desafios que o cotidiano nos apresenta”, enfatiza.

Sabemos que interagem, dentro de um ambiente universitário, pessoas das mais

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diversas origens, hábitos, costumes, coti-dianos e ideias. A relação de convivência entre esses distintos modos de viver deve ser apaziguada com muito entendimento de que o espaço aqui, dentro da Univer-sidade, é de democratização dos aces-sos à educação, de diálogo e construção do conhecimento. “São muitos os que se sentem diferentes dentro de um ambien-te universitário, não somente as pessoas com deficiências. O ambiente universitá-rio carrega ainda determinantes históricos muito fortes - trata-se de um ambiente com fortes tendências elitistas e meritocráticas. Portanto, todos os que de algum modo não se adéquam (estudantes pobres, estu-dantes trabalhadores, estudantes negros, estudantes mais velhos, estudantes com dificuldades de aprendizagem, estudantes de religiões minoritárias, entre outros) po-dem enfrentar algum nível de preconceito e pouca valorização. Essas pessoas aca-bam precisando fazer um esforço muito maior para estar nos espaços acadêmicos, pois além dos desafios que uma formação superior coloca em termos de construção do conhecimento, precisam fazer frente a situações nem sempre acolhedoras”, expli-ca Cláudia.

Associada à empatia e à escuta ver-dadeira da fala do outro, a capacidade de aceitar e conviver com as diferenças de pensamentos, escolhas e decisões favore-ce a boa convivência e reduz os conflitos, pois elimina os esforços para que todos se enquadrem num mesmo modo de pensar e viver.

Essa ideia vem ao encontro do que pensa Rosita Esteves: “a boa convivên-cia envolve o compartilhar pensamentos, opiniões e experiências. Para ser efetiva, é imprescindível a empatia, que significa a capacidade de colocar-se no lugar do outro para compreender o significado do que está sendo comunicado. Além da em-patia, é de grande relevância que a escuta do que está sendo dito seja neutra, isto é, desprovida de preconceitos e crenças es-teriotipadas. Desse modo, pode-se escu-tar o outro realmente a partir da sua fala e dos significados que tem para o sujeito. O sentimento de menos valia no grupo pode interferir na autoimagem e na autoestima do sujeito, gerando inibição e retraimento e, consequentemente, prejuízos na convi-vência”.

A sala de aulaSe existe um local que podemos cha-

mar de ideal para a evolução do conhe-

cimento individual e coletivo, esse local é a sala de aula. Aproveitar esse ambiente para tirar o máximo de aprendizado deve ser o objetivo de qualquer aluno, seja de ensino fundamental, médio, técnico ou na graduação. Para Cláudia, é importan-te lembrar que a sala de aula é um lugar de conflito, de diferentes visões de mun-do, de embate de ideias e de opiniões. “Isto não é algo negativo. Ao contrário, se os conflitos e diferenças puderem ser enunciados, puderem vir à tona, em um ambiente de respeito e valorização do outro, isto poderá ser a porta de acesso ao crescimento de todos. O diálogo, a escuta atenta e a construção conjunta de soluções para as dificuldades pode ser o melhor caminho”, finaliza.

“O bom convívio em sala de aula é fundamental para facilitar o processo en-sino-aprendizagem, pois a relação que se estabelece entre os sujeitos é deter-minante para a eficácia das propostas e desafios da aprendizagem. Assim, sentir-se bem em sala de aula por ter uma boa convivência com o professor e com os colegas é essencial”, afirma Rosita.

Para tanto, o professor deve desen-volver um olhar atento ao seu grupo de alunos investindo no diálogo em sala de aula. Ainda, acrescenta Rosita, “faz-se importante que o professor os auxilie a refletir sobre sua vida acadêmica dentro do seu projeto de vida, para que o aluno perceba que estar cursando uma discipli-na é muito mais que aprender os conteú-dos nela propostos, é fazer parte de um objetivo maior que vai culminar na for-mação de um profissional que dará sua contribuição para a sociedade através de sua atividade profissional futura. Assim, o professor promoverá uma aprendizagem cooperativa, com a participação ativa dos alunos, elementos essenciais para uma boa convivência em sala de aula”.

Como dar e receber feedbacksA hora do feedback é de bastante

ansiedade para a maioria das pessoas. Sentar-se à frente do líder e escutar o que ele tem a dizer sobre o andamen-to do seu trabalho e sua produtividade pode figurar entre os piores dramas dos profissionais. Não que isso represente uma tarefa fácil para todo líder. Diante de uma crítica, cada um reage de uma for-ma. Para as psicólogas organizacionais da UCS, lidar com as frustrações fazem parte do dia a dia de uma organização. “Muitas vezes, é importante que a pes-

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Todo início de semestre, a Assessoria de Relações Interinstitucionais e Internacionais da UCS realiza um encontro de recepção dos novos alunos intercambistas. Neste momento, os estrangeiros aproveitam para se integrar e conhecer um pouco da cultura brasileira

Fotos Claudia Velho

Programa UCS Sênior, que trabalha com a proposta de oportunizar aprendizado e

convívio, inicia atividades de 2015 com 1,1 mil alunos matriculados

soa repense seu papel dentro da orga-nização e busque não se acomodar. O recrutamento interno está aí para isso e o gestor deve, também, perceber que talvez o profissional possa crescer, mu-dar, conquistar outro espaço dentro da Instituição”, comentam.

O líder deve ter a preparação neces-sária para dar o feedback aos membros de sua equipe. “A UCS planeja executar um treinamento especial para os gesto-res a fim de que sejam preparados para lidar com suas equipes de forma madu-ra e responsável, possibilitando espa-ços de desenvolvimento pessoal dentro de seus setores”, comenta Elizandra. Ações como esta visam, entre outras coisas, não desmotivar o profissional.

transparência“O pecado, muitas vezes, está no modo

com que se fala e não na ideia central da fala”, comenta Nodari. Diariamente, vemos profissionais criticando colegas ou sendo criticados. A crítica pode surtir efeitos bons ou ruins, depende do teor do conteúdo e da forma com a qual nos expressamos

para realizá-la ou aceitá-la. Para Nodari, a forma com que nos

expressamos é que vai gerar o resultado positivo ou negativo sobre o que estamos querendo dizer. Para ele, três princípios norteiam a boa convivência entre as pes-soas, seja ela no trabalho ou no âmbito social: o respeito, o diálogo e a alterida-de. Como já falamos, os diferentes perfis trazem multiplas formas de colaboração, enriquecendo o resultado do trabalho da equipe, mas é preciso libertar-se de inte-resses e críticas que venham a prejudicar a equipe e, consequentemente, o trabalho do setor.

Evitar a agressividade e o confronto direto é sempre a melhor alternativa. Ser transparente, falando a verdade de um jei-to que não fira ninguém é um exercício di-ário para chegar ao estado de convivência harmoniosa que toda organização almeja. O líder que pode contar com a transparên-cia de sua equipe, a qual não precisa ficar somente dizendo ‘sim’ a tudo, é um gestor privilegiado. Com isso, o indivíduo cres-ce, a equipe se fortalece e o trabalho é reconhecido.

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Encontro entre a Reitoria, gestores e funcionários administrativos, ocorrido

no dia 31 de março, possibilitou a reflexão sobre responsabilidades na

busca da excelência institucional

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vAgner espeiorin | [email protected]

pesquisa abaiXO de zerO

Natal e neve formam uma combina-ção típica do cinema americano e, de-finitivamente, não fazem parte da reali-dade brasileira. Para um aluno da UCS, porém, os cenários brancos domina-ram a passagem das festas de final de ano. Estudante de Ciências Biológicas, Rafael Redaelli seguiu em dezembro do ano passado com destino à Antártica.

No polo sul do planeta, o acadêmico ficou por 35 dias na Ilha Elefante, pes-quisando sobre diferentes espécies de animais que habitam o continente ge-lado. Na companhia de mais três pes-quisadores – entre eles o egresso de Biologia Gustavo Aver, uma participante da Unisinos e um alpinista – Rafael ana-lisou o comportamento de diferentes espécies de aves, coletou materiais de indivíduos e ainda fez a contagem das populações que vivem em colônias na região.

“Todo dia com tempo bom era dia de trabalho. No Natal, passamos traba-lhando”, recorda o estudante, ao falar de como a estadia sequer poupou os dias comemorativos.

Não seria para menos. Chegar até a Antártica não é tarefa fácil, permane-cer por lá, menos ainda. Não passava de 18m² o espaço do alojamento em que o grupo ficou. O refúgio – como era chamado o local em que eles dor-miam – era na prática um contêiner, que abrigava os quatro pesquisadores. Nos

dias em que o sol não aparecia e a ins-tabilidade dominava a região, era para lá que a equipe se estabelecia. Apesar de ser verão, as temperaturas eram bastante baixas. Chegaram a -8°C. As-sociada ao vento forte, a sensação tér-mica alcançava -20°C.

As formas de contato também eram escassas. Internet não existia e apenas um celular por satélite possibilitava a comunicação dos acadêmicos. Navios do Programa Antártico Brasileiro faziam a logística da operação e, diariamente, a tripulação entrava em contato com o pessoal da Ilha.

Preparando o terrenoAntes de Rafael e Gustavo analisa-

rem o ciclo reprodutivo de diferentes espécies – que ia do acasalamento ao nascimento – no período de novembro, o professor Matheus Parmegiani Jahn e a professora Renata De Boni Dal Corno participaram de um operação na An-tártica. Eles seguiram com o navio Ary Rongel por ilhas do continente também com o interesse de estudar o comporta-mento das aves.

Os pesquisadores se deslocavam do navio até a praia por meio de botes e trabalhavam em locais onde havia colô-nias de reprodução de aves marinhas. Assim como foi feito na Ilha Elefante dias depois, os professores realizaram a contagem de animais (censo) e dos

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Abaixo, o Pinguim Antártico (Pygoscelis

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Acima, coleta de sangue do Petrel-gigante

Acima, o professor Matheus processando as amostras de sangue coletado dos pinguins

Ao lado, o estudante

de Ciências Biológicas

da UCS Rafael

Radaelli na Ilha Elefante

pares reprodutivos. Durante as saídas, ocorriam ainda as medições de áreas ocupadas pelas colônias de reprodu-ção e a coleta de materiais biológicos. A pesquisa analisava especialmente o Pinguim Antártico (Pygoscelis antarc-ticus) e o Petrel-gigante (Macronectes giganteus), espécies recorrentes na re-gião antártica.

“Acabamos coletando diversos ma-teriais biológicos, como sangue, penas, mucosa traqueal e cloacal. Nossas amostras foram reunidas com o mate-rial coletado pelo Rafael e pelo Gustavo. Elas serão trabalhadas aqui na UCS e em outros centros de pesquisa das uni-versidades parceiras no projeto, como Unisinos, UFRGS e UFRJ. Essas aná-lises envolvem dosagens hormonais e

metabólicas, presença de poluentes, presença de contaminações virais, aná-lise da cadeia trófica e análises genéti-cas”, explica o professor Matheus, que coordena o curso de Ciências Biológi-cas na UCS.

Conforme ele, as análises dos gru-pos de aves marinhas que habitam ou transitam pela Antártica vão deixar informações sobre as condições de saúde dos animais, as variações po-pulacionais, a dispersão de poluentes, dispersão de viroses, as influências hu-manas no comportamento e na repro-dução. Assim, os pesquisadores terão um entendimento da cadeia trófica das espécies antárticas e das influências das variações climáticas sobre esses parâmetros.

viabilização e parcerias para a realização da pesquisa na Antártica

A viagem de estudos dos pesquisadores da UCS foi realizada por meio de uma parceria com a Unisinos e contou com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para o projeto, eles tiveram a parceria do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA), órgão criado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).

Pinguim Rei (Aptenodytes patagonicus) Pinguim Macaroni

(Macaroni eudyptes chrysolophus)

Ao lado, Renata e Matheus em uma colônia de reprodução de Pinguim Antártico, na Ilhota Chabrier

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Pousa e espera.A lua é a única que consegue desentristecer o anoitecer.

Adriana AntunesDiretora de Programação da UCS TV e Escritora

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No encontro com os professores da Instituição, no início das atividades letivas de 2015, tratei de vários temas: o sentido da universidade comunitária; a excelência acadêmica como horizonte; a importância de estabelecer parcerias em um mundo de muitas conexões e na certeza da impossi-bilidade de darmos conta de tudo sozinhos; a inovação enquanto cultura organizacional que, aliás, não é modismo de ocasião, mas necessidade imperativa de construção de novos caminhos nas esferas mental e es-trutural. Abordei, ainda, a importância de mudarmos alguns paradigmas da gestão, sob pena de não cumprirmos nosso papel de vanguarda, próprio das universidades de destaque nacional e internacional. Ace-nei também para a possibilidade de de-senvolvermos, cada um de nós, de forma saudável, nosso projeto de vida dentro da Universidade e de fazermos de nosso local de trabalho um espaço de convivência, de trocas enriquecedoras e de realização de projetos de vida pessoal e profissional.

Na sequência de minha fala, fomos brindados com a exposição, de clareza meridiana, da professora Márcia Capellano que, com o sugestivo título Conversando sobre Hospitalidade e Convivência, pren-deu a atenção dos cerca de 750 professo-res reunidos no UCS Teatro.

O tema abordado pela professora não foi escolhido ao acaso, nem mesmo foi acaso a escolha da professora Márcia para falar no encontro. Não. Tenho refleti-do muito sobre o papel da Universidade e, nos encontros que venho realizando com professores, funcionários e gestores, tenho provocando a todos para pensarem comi-go. Em meio às muitas ideias que tradu-zem modelos que transitam entre o antigo, o moderno e o pós-moderno; entre ideias que indicam que devemos estar alinhados ao mercado e ideias que salientam a ne-cessidade de estarmos à sua frente, sem a subserviência ou até a ditadura do pragma-tismo mercadológico; em meio a tudo isso, uma coisa é certa e clara: a Universidade deve ser o local da promoção da convivên-cia das pessoas e das ideias. Explico-me: as relações de ensino e aprendizagem são, na verdade, momentos de convivência.

Aprendemos na relação com os outros. Ou ainda, não aprendemos se não formos atravessados pela significação que o ou-tro me ajuda a apreender. Em síntese, o aprendizado é favorecido pela convivência entre os atores desse processo. Mas, não só saliento a sala de aula como espaço de convivência e aprendizado, como destaco também o espaço fora da sala, nos mais diversos ambientes.

A propósito, temos um plano de amplia-ção de espaços de convivência dos estu-dantes e professores nas áreas externas às salas. Em muitas universidades mundo afo-ra observo que a efervescência da reflexão acadêmica pode ser identificada através dos grupos que se reúnem para estudos, se reúnem para seminários livres, se reú-nem pelo campus... A ocupação dos es-paços e sua adequação para a promoção da discussão acadêmica e para o convívio com o diferente vai ao encontro da ideia de que a sala de aula é um bom começo, mas deve ser ampliado pelo grupo que se reúne para além dela, nas comunidades de estudos, nas rodas de conversa, nos espa-ços de leitura ou nos laboratórios, onde a convivência impulsiona novas descobertas e aprendizagens.

Em largas passadas, aludimos ao por-quê do tema do encontro dos professores. Quanto ao fato de ter sido a professora Márcia, deve-se à expertise dela e do gru-po de estudos do Programa de Hospitali-dade, que agora tem, além de um mes-trado, um doutorado na área. Isso torna robusta nossa reflexão sobre o humano e amplia as nossas áreas de investigação. Ou seja, temos elementos internos, aportes teóricos, que nos ajudam a pensar nossa tarefa e nossas relações neste vasto uni-verso da formação superior, investigação e aplicação da ciência.

No contexto atual onde o real, o tecno-lógico e o virtual se entrelaçam, o humano deve ter a supremacia. O cuidado com o humano não pode ser secundarizado, sob pena de fazermos uma inversão de valores. Ciência e convivência não se opõem, salvo nas mentes que dicotomizam vida e edu-cação. E a educação é, em última análise, o processo de humanização.

Professor Doutor

evaldo antonio KuiavaReitor

O desafiO da COnvivênCia nO ambiente universitáriO

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Universidade de Caxias do SulCaixa Postal 131395020-972 - Caxias do Sul - RS

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