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A África de Mia Couto RESPONSABILIDADE AMBIENTAL LITERATURA R AÇÃO V i R AÇÃO V i Ano 6 · n o 42 Maio/2008 · R$ 5,00 www.revistaviracao.org.br atitude e ousadia jovem atitude e ousadia jovem Mudança, Mudança, Levante a sua Levante a sua Saiba o que rolou na 1 a Conferência Nacional da Juventude Saiba o que rolou na 1 a Conferência Nacional da Juventude bandeira! bandeira! Dicas para salvar nosso planeta A África de Mia Couto RESPONSABILIDADE AMBIENTAL LITERATURA Dicas para salvar nosso planeta

Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

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Levante a sua bandeira! Saiba o que rolou na 1ª Conferência Nacional da Juventude

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Page 1: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

A África de Mia Couto

RESPONSABILIDADEAMBIENTAL

LITERATURA

RAÇÃOVi RAÇÃOViAno 6 · no 42Maio/2008 · R$ 5,00www.revistaviracao.org.br

atitude e ousadia jovematitude e ousadia jovemMudança,Mudança,

Levante a suaLevante a suaSaiba o que rolou na

1a Conferência Nacionalda Juventude

Saiba o que rolou na1a Conferência Nacional

da Juventude bandeira!bandeira!

Dicas para salvarnosso planeta

A África de Mia Couto

RESPONSABILIDADEAMBIENTAL

LITERATURA

Dicas para salvarnosso planeta

Page 2: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

pelo Brasil

Rede Sou de Atitude Maranhão

São Luís (MA) – www.soudeatitude.org.br

Associação Imagem Comunitária

Belo Horizonte (MG) – www.aic.org.br

Universidade Popular – Belém (PA)

www.unipop.org.br

Centro Cultural Bájò Ayò

João Pessoa (PB)

Ciranda

Curitiba (PR) – www.ciranda.org.br

Catavento – Fortaleza (CE)

www.catavento.org.br

Casa da Juventude Pe. Burnier

Goiânia (GO)

www.casadajuventude.org.br

Companhia Terra-Mar

Natal (RN) – www.ciaterramar.org.br

Centro de Referência Integral de

Adolescentes

Salvador (BA) – www.criando.org.br

Diretório Acadêmico Freitas Neto

Maceió (AL)

Fundação Athos Bulcão

Brasília (DF) – www.fundathos.org.br

Girassolidário – Campo Grande (MS)

www.girassolidario.org.br

Jornal O Cidadão

Rio de Janeiro (RJ)

Secretaria de Cidadania e Direitos

Humanos – Vitória (ES)

Agência Uga-Uga – Manaus (AM)

www.agenciaugauga.org.br

Grupo Atitude – Porto Alegre (RS)

Veja quem faz a Virapelo Brasil

Page 3: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

QUEM SOMOS

Viração é um projeto social de educomunicação,

sem fins lucrativos, criado em março de 2003 e filiado

à Associação de Apoio a Meninos e Meninas da Região Sé.

Recebe apoio institucional da Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco),

do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da

Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi). Além de

produzir a revista, oferece cursos e oficinas de capacitação

em comunicação popular feita para jovens, por jovens e com

jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil.

Para a produção da revista impressa e eletrônica

(www.revistaviracao.org.br), contamos com a participação

dos conselhos editoriais jovens de 21 capitais, que reúnem

representantes de escolas públicas e particulares, projetos e

movimentos sociais. Entre os prêmios conquistados nesses

quatro anos estão o Prêmio Don Mario Pasini Comunicatore,

em Roma (Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedido

pela Comunidade Bahá’í. E mais: no ranking da Andi, a

Viração é a primeira entre as revistas voltadas para jovens.

Participe você também desse projeto.

Veja, abaixo, nossos contatos nos Estados.

Paulo Pereira Lima

Diretor da Revista Viração – MTB 27.300

CONHEÇA OS 21 VIRAJOVENS

EM CAPITAIS BRASILEIRAS

• Belém (PA) – [email protected]

• Belo Horizonte (MG) – [email protected]

• Brasília (DF) – [email protected]

• Campo Grande (MS) – [email protected]

• Cuiabá (MT) – [email protected]

• Curitiba (PR) – [email protected]

• Florianópolis (SC) – [email protected]

• Fortaleza (CE) – [email protected]

• Goiânia (GO) – [email protected]

• João Pessoa (PB) – [email protected]

• Maceió (AL) – [email protected]

• Manaus (AM) – [email protected]

• Natal (RN) – [email protected]

• Porto Alegre (RS) – [email protected]

• Recife (PE) – [email protected]

• Rio de Janeiro (RJ) – [email protected]

• Salvador (BA) – [email protected]

• São Luís (MA) – [email protected]

• São Paulo (SP) – [email protected]

• Teresina (PI) – [email protected]

• Vitória (ES) – [email protected]

Apoio Institucional

ará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia,

Espírito Santo, Brasília... Jovens indígenas,

quilombolas, ciganos, de partidos, organiza-

ções, grupos culturais. Esse foi o maior encontro da

juventude brasileira. O palco de tanta diversidade?

Só podia ter sido na 1a Conferência Nacional de

Juventude, que aconteceu em Brasília em abril e

reuniu 2,5 mil jovens de todos os cantos do Brasil.

A Vira, é claro, participou de todas as etapas

preparatórias fazendo a cobertura das conferên-

cias estaduais e municipais com “as galeras” da

Agência Jovem de Notícias espalhadas por todos

os cantos do nosso imenso país e que não

deixaram passar um lance sequer.

Para a Conferência Nacional, um batalhão

de 50 jovens produtores de comunicação de vários

estados do Brasil (teve gente que chegou a Brasília

de avião, outros de ônibus e até quem viajou mais

de 48 horas), foi convocado para a super cobertura,

mais conhecida pelos corredores da Conferência

como “Galera da Mídia Jovem”.

Tinha informação de todos os jeitos e para todos

os gostos: jornal mural, a moçada do vídeo, da rádio,

da web. Na ocasião, a galera formou a Rede Nacional

de Jovens/Adolescentes Comunicadores e Comuni-

cadoras. O presidente Lula não deu as caras como

estava previsto e deixou todo mundo na expectativa.

Confira nesta edição especial tudo o que rolou nas

plenárias, nos grupos de trabalho, nos momentos de

integração e nos shows. E claro, confira as prioridades

de políticas públicas escolhidas pelos delegados. E para

conferir tudo o que rolou, clique na Agência de Notícias

da Conferência: www.revistaviracao.org.br/juventude.

Boa leitura!

ATENDIMENTO AO LEITOR

Rua Augusta, 1239 – Conj.11

Consolação – 01305-100 – São Paulo – SP

Tel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687 / 9946-6188

HORÁRIO DE ATENDIMENTO

das 9 às 13h e das 14 às 18h

E-MAIL REDAÇÃO E ASSINATURA

[email protected]

[email protected]

VIRAÇÃO

é publicada mensalmente em São Paulo (SP)

pelo Projeto Viração da Associação de Apoio a Meninas

e Meninos da Região Sé de São Paulo, filiada ao Sindicato

das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas

de São Paulo; CNPJ (MF) 74.121.880/0003-52;

Inscrição Estadual: 116.773.830.119;

Inscrição Municipal: 3.308.838-1

P

Diversidade tem cor:Diversidade tem cor:verde, amarelo, azul e branco.verde, amarelo, azul e branco!

Brasil!Brasil!

Page 4: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 424

• MANDA VÊ 6

• MAIS IGUAL 14

• QUE FIGURA! 30

• SEXO E SAÚDE 31

• VIRARTE 32

• PARADA SOCIAL 34

• RAP DEZ 35

Capa livremente inspirada na obra

Operários (1933), de Tarsila do Amaral

MAPA damina

MAPA daminaR

GRG

Vítor Massao

QUE FIGURA

Cartão virtual no portal da Vira:

www.revistaviracao.org.br

HENRIQUE CASTRICIANO

Conselho Editorial

Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel

Leão, Immaculada Lopez, João Pedro

Baresi, Mara Luquet e Valdênia Paulino

Equipe Pedagógica

Aparecida Jurado, Cássia Vasconcelos,

Isabel Santos, Juliana Rocha Barroso,

Maria Lúcia da Silva, Nayara Teixeira,

Roberto Arruda, Robson Oliveira

e Vera Lion

Diretor

Paulo Pereira Lima

[email protected]

Equipe

Adriano Sanches, Bianca Pyl, Carol

Lemos, Camila Caringe, Cristina Uchoa,

Gisella Hiche, Rafael Stemberg, Rassani

Costa, Sálua Oliveira, Vitor Massao

e Vivian Ragazzi

Administração/ Assinaturas

Thays Alexandrina

Marketing

Maria Fernanda dos Santos

Midiadores da Vira

Acássia Deliê (Maceió – AL), Alex Pamplo-

na (Belém – PA), Gardene Leão de Castro

(Goiânia – GO), Graciema Maria (Natal –

RN), Ionara Talita da Silva (Brasília – DF),

Ismael Oliveira (Teresina – PI), Ivanise

Andrade (Campo Grande – MS), João Paulo

Pontes e Bruno Peres (Porto Alegre – RS),

Leonardo Henrique (Cuiabá – MT), Lizely

Borges (Curitiba – PR), Maria Camila Florêncio

(Recife – PE), Marcelo Monteiro de Oliveira,

Maxlander Dias Gonçalves, Patrícia Galleto,

Thiago Martins e Vitor Bourguignon Vogas

(Vitória – ES), Niedja Ribeiro (João Pessoa –

PB), Pablo Márcio Abranches Derça (Belo

Horizonte – MG), Raimunda Ferraz (São Luiz –

MA), Renata Souza (Rio de Janeiro – RJ),

Renata Gauche e Clarissa Diógenes (Fortaleza

– CE), Scheilla Gumes (Salvador – BA) e Eric

Silva e Ubirajara Barbosa (São Paulo – SP)

Colaboradores

Lentini, Márcio Baraldi, Natália Forcat,

Novaes, Paloma Klysis e Sérgio Rizzo

Consultor de Marketing

Thomas Steward

Projeto Gráfico IDENTITÀ

Adriana Toledo Bergamaschi

Marta Mendonça de Almeida

Fotolito Digital SANT’ANA Birô

Impressão Editora Referência

Jornalista Responsável

Paulo Pereira Lima – MTB 27.300

Divulgação Equipe Viração

E-mail Redação e Assinatura

[email protected]

[email protected]

Preço da assinatura anual

Assinatura Nova R$ 48,00

Renovação R$ 40,00

De colaboração R$ 60,00

Exterior US$ 50,00

• TUBERCULOSE: CHEGA 8

• DE PRECONCEITO

Apesar de parecer uma doença

do século passado, ela continua

existindo. A boa notícia é que tem cura.

Leia a entrevista que o pessoal de Recife

fez e aprenda como se prevenir e tratar

• OLHAR SOBRE A ESCOLA 10

A seção Imagens que Viram deste mês

traz fotos de alunas e alunos da 8ª série

do CEU Azul da Cor do Mar, de São Paulo

(SP), mostrando cenas de sua escola

• JOVENS ATIVISTAS 15

Saiba como foi o curso de Ativismo

e Direitos Humanos para Jovens

Vivendo com HIV/aids, que teve como

principais temas políticas públicas,

diversidade e cidadania

• CONFERÊNCIA NACIONAL 16

• DA JUVENTUDE

Quatro dias de mobilização,

trabalho, propostas e muita troca

de experiências. Confira a cobertura

do evento, feita por 50 jovens de

16 estados brasileiros

• PROFISSÃO: VETERINÁRIA 28

Jovem de Fortaleza (CE) sonha

em cursar a faculdade e bate um

papo com uma profissional,

que fala sobre o curso,

dia-a-dia e desafios

• POETA EDUCADOR 30

O homenageado é Henrique

Castriciano, poeta potiguar

grande entusiasta da

educação popular

Page 5: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

5nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

Escreva para nosso endereço:

Rua Augusta, 1239 – Conj. 11

Consolação – 01305-100 – São Paulo (SP)

Tel: (11) 3237-4091 / 3567-8687 / 9946-8166

ou para o e-mail:

[email protected]

achou de nossas reportagens e seções.

Suas sugestões são bem-vindas!

Aguardamos sua colaboração!

Mande seus comentários

sobre a Vira, dizendo o que

COLABORAÇÃO EM TODA PARTE

Lílian Rosa de Lima Borgato – São Paulo (SP)

screvo para informar que o número três do jornal da escola

Gonçalves Dias saiu, e entre os alunos foi um grande sucesso,

principalmente com alunos dos primeiros anos (muitos são novos

na escola), mas os que participaram o ano passado da confecção

do jornal acabaram fazendo a propaganda para os que não

conheciam, foi realmente muito bom! Encaminho algumas notíci-

as, reportagens e entrevistas do jornal. Ah! Foram os terceiros

anos que produziram o jornal este mês, o mesmo grupo que não

participou em nada ano passado. A passos lentos acho que

chegaremos no objetivo!

João Felipe Scarpelini – Roma, Itália

ou empreendedor social, escrevo para a revista Capricho,

mas faz dois anos que estou morando no exterior trabalhando

com consultoria especializada em identidade jovem. Gostaria de

colaborar com o projeto Vira justamente por acreditar na idéia e

adorar a proposta.

Marilene Rosa de Jesus – São Paulo (SP)

ou Marilene e adoro escrever, gostaria muito de poder

escrever algo para os jovens, podem ser frases de incentivos,

um conto, não sei ao certo. Moro em São Paulo, na zona sul.

Tenho 41 anos, espero que isso não venha me barrar de poder

colaborar com a equipe da revista.

Um grande abraço e muita sorte a todos!

“E

“S

“S

A Vira entra no debate de

gêneros e levanta a bandeira da

igualdade, que deve estar também

na forma de escrever. Por isso, todas

as palavras que tiverem variação de

feminino e masculino iremos incluir os

dois gêneros, e não somente o mascu-

lino. Por exemplo: a/o jovem,

o/a professor/a e assim por diante,

de forma que contemplaremos

a todas e todos!

Page 6: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 426

CLEOMAR FELIPE,

professora de Sociologia

“Ações afirmativas são políticas públicas que devem

sua existência, em grande parte, à luta dos movimentos sociais

e políticos para inserir segmentos excluídos da sociedade, na tentativa

de mudança, porque historicamente e socialmente, há uma hierarquia de cor e

por trás dessa relação de cor tem uma relação de poder, de opressão, de exclusão,

tem exploração. Por isso, para uma tentativa de mudança social, as ações afirmativas

vêm como medida extremamente necessária nesse momento.”

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 426

ANA PAULA DA SILVA,

CEIÇA TEÓFANES e

MARIA ISABEL DANTAS DA SILVA,

do Virajovem João Pessoa (PB)*

fotos VIRAJOVEM JOÃO PESSOA (PB)

QUAL SUA OPINIÃO SOBRE AS AÇÕES AFIRMATIVAS?

Ações afirmativas são medidas especiais e temporárias tomadas peloEstado e/ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente,

para eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdadede oportunidades e tratamento, além de compensar perdas provocadas pela discriminação

e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros.No Brasil, o assunto ganhou peso em 1999, com o projeto de lei 73/99

levantado no Congresso Nacional, que instituía cotas étnicas para oacesso às universidades federais. Até hoje, o projeto está parado.

DEYSE, estudante de Pedagogia

“Para a comunidade negra é um avanço, sobretudo com relação ao acesso ao nível

superior. Percebemos que estamos em menor número na universidade, mas por outro

lado, se a gente olha particularmente a questão financeira, tem também branco pobre

que não tem acesso à universidade. Então eu acredito mais nas ações afirmativas assentadas na

observância às relações econômicas do que com relação à cor, porém é uma forma das minorias

lutarem mesmo por igualdade de acesso à educação superior.”

HELBER TAVARES,

estudante da pós-graduação em Letras

“É a construção de uma nova perspectiva de

sociedade que nos permite repensar as ideologias

que nos foram impostas ao longo do processo de

formação do país. As ações afirmativas são uma forma

de remodelação da sociabilidade estabelecida, a partir do

momento que uma pessoa desfavorecida tem a possibilidade

de ingressar na universidade, e isso remodela hierarquias sociais através de

um processo de conscientização. A ação afirmativa é repensar as relações

sociais e de poder no país.”

QUAL SUA OPINIÃO SOBRE AS AÇÕES AFIRMATIVAS?

E você, o que achadas ações afirmativas?

E você, o que achadas ações afirmativas?

Page 7: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

7nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

FIQUE POR DENTRO

Diferenças de estudo

entre brancos e

negros é grande

Para se ter uma idéia

sobre que realidade as

ações afirmativas buscam

transformar, a média de

estudos dos brasileiros

brancos é de 7,7 anos e a

dos negros é de 5,8 anos.

O analfabetismo entre

negros maiores de 15 anos

é de 16%, enquanto que

para os brancos é de 7%.

No ensino superior, 10,5%

dos jovens de 18 a 24 anos

estão matriculados nas

universidades, sendo que

94 % dos negros desta faixa

etária não estão matriculados

nestas instituições de ensino.

7nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

JOSÉ AMARO,

estudante de Física

“Esses incentivos nos

ajudam a crescer não só em

nível de estrutura, mas também

no que se refere às pesquisas

científicas, com programas de

incentivo a bolsas de estudo.”

NIEDJA RIBEIRO,

professora de Artes Cênicas

“As ações afirmativas constituem medidas

especiais e temporárias que buscam remediar

um passado discriminatório, uma política

compensatória que acelera o processo de

igualdade. É uma promoção de direitos e um

instrumento de inclusão social. O mundo deve isso

aos negros, um povo que teve seus direitos

brutalmente violados ao longo da história do país. As ações

afirmativas são ações éticas-políticas-sociais que o povo

precisa entender e não ficar discutindo cotas sem nenhum

fundamento. Se as universidades federais já têm sua cota

para brancos, por que não para negros e negras?”

ELI, estudante de curso de Formação Política

“Nós vivemos num país onde a maior parte da população

é negra e que falta primeiramente uma conscientização

de nós negros enquanto povo, um maior conhecimento

de nossa história e cultura. Portanto,

dentro dessa perspectiva, eu acho que o

primeiro ponto a se trabalhar é a

própria educação, o próprio

reconhecimento da cultura negra a

partir das escolas. A partir do

momento que nós criarmos a cota

para negros poderemos

pensar num país melhor.”

*Integrantes de um dos 21 Conselhos Jovens da Vira

espalhados pelo País ([email protected])

Essa desigualdade também

transparece nos salários:

segundo o último relatório da

Organização Internacional do

Trabalho (OIT), “A Hora da Igualdade

no Trabalho”, apesar de avanços em

alguns indicadores sociais, a situação

de desemprego persiste na população

negra brasileira: a renda mensal

é 50% inferior à branca.

Fonte: Wikipedia, Instituto de Pesquisa

Econômica e Aplicada (IPEA), Fundo de

Desenvolvimento das Nações Unidas

para a Mulher (Unifem) e Organização

Internacional do Trabalho (OIT)

Page 8: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 428

Você sabe o que é tuberculose, como se

transmite e que tem cura? Pois é, muita

gente se acha suficientemente informa-

do, mas a verdade é que ainda existem estig-

mas que geram preconceitos e mitos por falta

de informação. Estima-se que no Brasil exis-

tam 43 milhões de pessoas infectadas e

130 mil novos casos por ano, e aproximada-

mente 72% das mortes são homens.

A tuberculose é uma doença contagiosa

que, na maioria dos casos, atinge os pulmões

(tuberculose pulmonar), podendo também se

localizar nos rins, ossos, pleura, meninges,

gânglios e outros órgãos (tuberculose

extrapulmonar).

TUBERCULOSE

Fique ligada/o numa doençaque andava esquecida,

mas que anda fazendo estragona vida de muita gente

CAMILA FLORÊNCIO e

ALEXANDRA MARIA GALDINO,

do Virajovem Recife (PE)*

tem cura,preconceito tambémtem cura,

preconceito também

Márcio Baraldi

Page 9: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

9nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

É muito comum quando pensa-

mos em alguém com tuberculose

lembrarmos daquele estereótipo

de alguém que fuma, bebe bebidas

alcoólicas, bem magro e pobre.

Ou mesmo nos equivocarmos na

forma de como proceder com

alguém que tem. São muitas as

dúvidas. São muitas as neuras.

Por isso, fizemos uma pesquisa,

conversamos com Ronaldo Vas-

concelos Nunes, enfermeiro e

coordenador do programa Munici-

pal de Controle da Tuberculose de

Olinda (PE), e selecionamos algu-

mas perguntas mais comuns que

responderemos a seguir.

Como se transmite a

tuberculose?

A tuberculose é uma doença

infecciosa causada pelo complexo

Mycobacterium Tuberculosis.

A transmissão ocorre pela inalação

do bacilo de koch (conhecido assim

pelo cientista que os descobriu,

Robert Koch) passado pelo ar que

respiramos, através da tosse,

espirro ou fala. Ocorre também,

com menor freqüência, pela

ingestão de leite contaminado

provenientes de vacas infectadas

ou pelo contato com animais

bovinos doentes.

Quais os principais sintomas?

Os mais freqüentes são:

tosse por mais de três semanas

(muitas vezes acompanhada de

escarro), febre baixa (geralmente

no final da tarde), fraqueza no

corpo, perda de apetite, suores

noturnos, dores no peito, nas

costas e, às vezes, escarro com

sangue. Na tuberculose extrapul-

monar, os sintomas variam confor-

me o órgão atingido; em geral é

febre, fraqueza e emagrecimento.

As pessoas que apresentam alguns

desses sintomas são chamadas

de sintomáticos respiratórios.

Como é dado o diagnóstico?

Uma vez que a pessoa

apresenta os sintomas, o médico

ou enfermeiro solicitará exame

de escarro (baciloscopia). Outros

exames como raio x de tórax e

teste tuberculínico também podem

ser solicitados, quando necessá-

rios. O exame dando positivo indica

tuberculose pulmonar e o paciente

é classificado como bacilífero.

Como é o tratamento?

O tratamento, assim como

o exame, é gratuito. Ele dura pelo

menos seis meses. Após 15 dias

de tratamento regular, o paciente

já não transmite mais e começa

a apresentar algumas melhoras.

Isso é bom, mas com a melhora,

as pessoas tendem a achar que não

precisam mais do tratamento e

abandonam. Aí mora o perigo!

Depois de um tempo ele voltará

a apresentar os sintomas e corre o

risco de ter resistência aos antibió-

ticos, porque esses bacilos estarão

mais fortalecidos e pode transmiti-

los. A pessoa que se infectar com

eles também apresentará resistên-

cia, dificultando bem mais a cura.

Por isso, é importante não aban-

donar o tratamento.

Uma pessoa pode adquirir

o bacilo e não desenvolver

a doença?

Sim. A doença só ocorre

quando o corpo apresenta uma

baixa imunidade, daí o bacilo se

instala no pulmão, por exemplo.

Uma pessoa pode guardar o bacilo

durante anos em seu corpo.

O desenvolvimento da tuberculose

é favorecido por fatores como

precárias condições de vida,

desnutrição, enfraquecimento

por desgaste físico, alcoolismo

ou doenças como aids, diabetes

e câncer. Isso explica alguns dos

estigmas acima referidos. Uma

pessoa alcoólatra ou fumante vai

apresentar uma baixa imunidade,

assim como pessoas pobres que

geralmente vivem em péssimas

condições. Uma outra questão

importante é a co-infecção, no caso

de pessoas soropositivas. E dentre

as doenças que podem se manifes-

tar na aids, está tuberculose. No

Brasil, são cerca de 10 mil pessoas

que sofrem com elas. Mas deve-

mos salientar que por ser uma

doença transmitida pelo ar, qual-

quer um/a pode pegar. É claro,

em alguns casos a probabilidade é

maior, mas jamais devemos excluir

a possibilidade de nos infectar.

O que uma pessoa que

convive com alguém que

tem tuberculose deve fazer?

Sempre que for falar com

alguém que tenha tuberculose,

ao entrar no cômodo, certifique-se

de que está bem arejado. Se for

de manhã, abra bem as janelas

para que os raios de sol entrem

(eles diminuem o tempo de vida

do bacilo, porque algumas gotícu-

las podem ficar suspensas no ar,

ou em cima dos móveis). Não é

necessário separar copos, talheres

e pratos, por que não oferecem

risco de transmissão. Esse tipo

de atitude acaba gerando traumas

percebíveis em pessoas que já

tiveram tuberculose. Cuidados

são sim necessários, mas é preciso

estar atento para não realizar

atitudes preconceituosas. E é bom

deixar bem claro que tuberculose

não é uma gripe mal curada!

Há como prevenir tuberculose?

Felizmente sim. Uma delas

é a vacinação com BCG, adminis-

trada no braço direito da criança

ainda na maternidade ou centro

de saúde. Esta vacina é obrigató-

ria. Mas a principal forma é identi-

ficar os sintomáticos respiratórios

e impedir que as pessoas abando-

nem o tratamento. Isso iria impedir

a proliferação e quem sabe um dia,

a extinção dessa doença. Por isso,

é importante que cada um/a faça

sua parte. Você pode ajudar a

identificar sintomáticos respirató-

rios e incentivá-los a não abando-

nar o tratamento. Nessas horas, as

pessoas precisam de apoio, porque

é quando a maioria das pessoas se

afastam ou têm atitudes preconcei-

tuosas mesmo sem querer. Infor-

me-se e as informe... Multiplique!

Camila Florêncio, do Centro

de Jovens – BEMFAM-PE,

e Alexandra Maria Galdino,

do Grupo Jovens da Cidadania,

são integrantes do Virajovem

Recife, um dos 21 Conselhos

Jovens da Vira pelo País

([email protected])

.

Page 10: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4210

Qual imagem significa

CARLOS EDUARDO FERNANDES JUNIOR,

de São Paulo (SP)

Durante o ano letivo de 2007 foi desenvolvido um

trabalho sobre a linguagem fotográfica e a sua

inserção em nosso cotidiano. Este trabalho foi di-

rigido às/aos estudantes das oitavas séries do C.E.U. Azul

da Cor do Mar, em Itaquera, em São Paulo. Durante os

seis meses de execução do projeto, as/os estudantes ex-

perimentaram na teoria e na prática as especificidades

da fotografia jornalística, publicitária e artística, resul-

tando na exposição Escola, na qual responderam atra-

vés de fotografias a seguinte pergunta: “Qual imagem

significa a sua escola?” Estas imagens nos ajudam a pen-

sar sobre o espaço que estamos construindo e que prá-

ticas sociais são estas que perpetuamos dentro do am-

biente escolar, confirmando, sobretudo, a capacidade de

pesquisa dos estudantes do ensino básico.

Lílian de Souza – “Letras e Cores”

Marco Aurélio de

Araújo – “Espaço”

Adeílson Freitas Lima – “Por onde eu entro?”

.

Qual imagem significa

IMAGENSIMAGENSque viramque viram

Page 11: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

11nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

a sua escola?Luana Água

Nova Ramos da

Silva – “Big

Brother”

Thuany Tamy de

Vasconcelos – “União”

Jefferson Barros

da Silva – “Inocência”

Helimária Martins de Oliveira – “Afinidade”

Franciele Duarte

Santana – “Sombra”

a sua escola?

Page 12: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4212

Aescola é um laboratório para aprender

com os mestres e também criar novas

formas de viver e ajudar a comunidade.

Para fertilizar a escola como campo de experiên-

cia, Manoel Rodrigues e mais três jovens do

Projeto Mandalla Escolar resolveram literalmente

plantar uma nova idéia junto a 40 estudantes

da Escola Estadual Liceu de Maracanaú (CE).

A pegada é praticar agricultura orgânica e colher

os frutos da terra que vão parar nos pratos da

merenda escolar! Os participantes do Projeto

Mandalla Escolar se envolvem em todo processo

do plantio; desde o planejamento e coordenação

BIANCA PYL e

GISELLA HICHElevam suas propostaspara Brasília

levam suas propostaspara Brasília

Arq

uiv

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andalla E

scola

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Page 13: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

13nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

financeira até o momento de colocar as sementes na terra.

O projeto busca dialogar com todas as disciplinas da grade curri-

cular, dando sentido às aulas de matemática, ciências e outras.

O projeto Mandalla Escolar foi aprovado pelo programa

Geração MudaMundo, em janeiro de 2008, o que deu a Manoel

a oportunidade de semear sua idéia em outros lugares do país e

batalhar por políticas públicas que apóiem o jovem empreendedor

a mudar a realidade do país. Durante a I Conferência Nacional de

Políticas Públicas de Juventude, de 27 a 30 de abril de 2008,

Manoel deu seu recado: “Estou aqui como delegado do meu

município para pautar a questão do empreendedorismo juvenil.

Isso deve ser Política Pública, o governo deve financiar diretamen-

te o jovem, e não uma organização que irá repassar para o jovem”.

Também do Ceará, mas com outras reivindicações para o jovem

empreendedor, Rogério Chaves, o Babau, coordenador nacional

do MH20 (Movimento Hip Hop Organizado) também foi levar o

recado da moçada do Hip Hop: “Que se reconheça o movimento

Hip Hop como manifestação cultural e que se crie em todo municí-

pio espaços culturais para abrigar projetos artísticos da juventude

com gestão compartilhada e financiamento do estado”. Se esta

proposta se tornar uma política do estado, certamente será mais

fácil que projetos como o do pessoal do MH20 ocorra em outras

partes do país? E o que se ganha com isso? Muito! Para começar,

é só dizer que eles realizaram em 30 bairros pobres da região

metropolitana de Fortaleza o Craques X Crack. Trata-se de um

campeonato de futebol de rua com três jogadores de cada lado

e dois caixotes fazendo as vezes do gol. No intervalo dos jogos,

música alta, rap e informação para a garotada sobre os perigos do

uso de drogas, em especial o crack. Crianças e adolescentes vêem

em ativistas como Babau, sujeito resolvido, popular e apaixonado

(ele ainda dança bem), um modelo concorrente ao do traficante.

Babau rivaliza a tentação da grana alta do tráfico e vira inspiração.

Afinal de contas, como ex- integrante de uma gang, ele trocou o

time da violência pelo da cultura. O crack, segundo o ativista,

chegou há 13 anos em Fortaleza e desde então “dizima” os jovens

da periferia, que viciam-se facilmente, roubam e prostituem-se

para sustentar o vício e sonham em levar a “vida boa” do passa-

dor de drogas. Babau e o pessoal do MH20 oferecem uma ativida-

de que é divertida e muito mais saudável para a moçada. Apostan-

do nesta iniciativa, Babau também levou para a Conferência em

Brasília, a proposta de participação da Sociedade Civil e em

especial do Hip Hop no Programa Nacional de Segurança e Cidada-

nia (PRONASCI) do Ministério da Justiça e a luta contra a redução

da Maioridade Penal. Eles vêem que para afastar o jovem e as

crianças das drogas, é preciso investir em esporte e cultura.

Babao e Manoel são dois exemplos de pessoas que trabalham

com o empreendedorismo juvenil em áreas distintas, mas que

seguindo suas aptidões conseguem mudar a visão que se tem dos

jovens no Brasil. Cada vez mais, fica mais claro que com oportuni-

dade, as pessoas podem usar sua criatividade para desenvolver

projetos interessantes. Em entrevista com o pessoal que fez a

cobertura jovem da Conferência Nacional de Políticas Públicas

de Juventude, em Brasília, o coordenador da área de empreende-

dorismo juvenil do Ministério do Trabalho, Alisson Araújo contou

que atitudes seu ministério tomou para ajudar as iniciativas

juvenis: “Nós firmamos convênios com organizações sociais para

que a gente possa trabalhar o perfil empreendedor dos jovens,

a qualificação em empreendedorismo e a auto-gestão de algum

negócio. As organizações já têm alguma experiência de fundo de

quintal ou uma fabriqueta de confecção, ou skate, prancha de surf.

A gente vê que há uma demanda para isso e cria um empreendi-

mento para que esses jovens possam criar seu próprio negócio”.

VALORIZAÇÃO DOTRABALHADOR JOVEM

VALORIZAÇÃO DOTRABALHADOR JOVEM

Carolina Gabardo Belo

Giovani Simões tem 17 anos e mora

no município de Ibirama, em Santa

Catarina. Ele acredita que o aumento da

criminalidade na sua cidade é conseqü-

ência da falta de ocupação dos jovens de

lá. “Muitos jovens saem do colégio e vão

procurar o primeiro emprego, não conse-

guem porque não têm uma especializa-

ção na área”, diz. Para isso, ele acredita

que cursos profissionalizantes durante o

Ensino Médio ajudam na capacitação e

na busca pelo primeiro emprego. Bem

longe da cidade de Giovani, em Reden-

ção, no Ceará, mora Eliane da Silva. Ela

participa das mobilizações juvenis da

CUT no estado e luta pela despreca-

rização da jornada de trabalho, fim do

preconceito com os empreendedores e

trabalhadores jovens e ampliação das va-

gas para estágio. Os dois participaram

das discussões sobre trabalho, durante

a Conferência Nacional da Juventude.

O trabalho foi o segundo tema com

mais propostas apresentadas nas confe-

rências livres (428) e estaduais (78) de

todo o Brasil, atrás apenas da educação.

Ao todo foram 506 propostas, que abor-

dam desde a capacitação profissional à

erradicação do trabalho infantil e ainda

a qualificação profissional..

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Page 14: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4214

ERIC SILVA, do Virajovem São Paulo*

ADRIANO SANCHES e RASSANI COSTA,

da Redação

Não me sinto bem no palco,

pareço um cantor.” Foi com

esta frase que o escritor

moçambicano Mia Couto conversou

com as/os alunos do colégio Dante

Alighieri em São Paulo.

De uma simplicidade marcante,

o escritor interagiu com as/os

alunas/os e o público em geral e

respondeu a diversas perguntas

dos mais variados temas, mas em

sua maioria ligados à literatura.

Mia expôs a idéia dos estereóti-

pos e como passamos a ver o mun-

do através da pré-concepção. Ele

exemplificou dizendo que seu pró-

prio nome causa confusão – segun-

do ele, a sonoridade feminina e o

fato de ser de Moçambique fazem

com que muitas pessoas esperem

uma mulher negra, e quando ele

aparece, acabam tendo grande

surpresa – um homem branco,

de olhos azuis. Mia conta que isso

aconteceu numa viagem que fez

com o presidente de Moçambique

a Cuba. Ao chegar no país, recebeu

presentes como vestidos e brincos.

O escritor moçambicano é o mais

importante autor do continente na

atualidade e autor de obras literárias

de destaque no cenário internacio-

nal, como O Último Vôo do Flamingo

e O Outro de Pé da Sereia.

Mesmo sendo de origem européia,

Mia não vê o continente africano

como sociedade de pessoas negras.

Para ele, as pessoas não devem

lutar por diferença racial e sim pela

identidade nacional. Quando foi

questionado por uma aluna sobre

a idéia de raças, Mia disse que os

afro-brasileiros devem lutar para ser

inteiramente brasileiros porque já

não são mais africanos. “A concep-

ção de ser africano no continente é

muito diferente do que os negros

do Brasil acreditam”, acrescenta.

A facilidade de Mia Couto

ilustrar suas narrativas por meio

de histórias impressiona e prende

a atenção. Um dos motivos que faz

com que a literatura africana tenha

bons autores é a diversidade de

histórias que o povo tem para

contar, e essas histórias muitas

vezes fazem parte do cotidiano

do povo moçambicano.

Na época da ditadura militar

em Moçambique, Mia atuou como

militante e diz ter sido feliz por ter

tido a oportunidade de lutar por algo

que acreditava, ao contrário da

guerra civil que aconteceu pós-

ditadura e que segundo ele foi uma

época ruim, pois o momento era

confuso e de difícil compreensão.

Para o escritor a literatura não

tem o poder de transformar – o

poder da mudança deve partir da

pessoa, além do ambiente vivido.

Uma pessoa da platéia

quis saber sobre sua religiosidade.

Mia defendeu que é ateu, mas que

possui grande contato com curan-

deiros na África e que está sempre

aberto a viver diferentes experiên-

cias no campo da religião. Defendeu

o lance de ser religioso porque a

palavra religião tem o significado

de religar com algo maior e

essa é sua busca.

Ainda no contexto da religião,

Mia Couto concluiu mostrando de

forma poética como faz para enxer-

gar outras experiências religiosas.

“Quando a pessoa está na cidade e

olha para o céu, não vê nada porque

as luzes da cidade ofuscam o brilho

das estrelas, mas quando vão para o

campo percebem o brilho que cada

estrela tem. Assim somos nós, se

deixarmos o brilho interno apagar,

conseguiremos observar todas as

estrelas que estão ao nosso redor.”

*Integrante de um dos

21 Conselhos Jovens da

Vira espalhados pelo País

([email protected])

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Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4214

Durante palestra em colégiode São Paulo, o ícone da literaturade Moçambique fala sobreafricanidade, religião e literatura

.

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Mia CoutoMia Couto

Page 15: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

15nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO 15no 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

São Paulo protagonizou o

primeiro curso de Ativismo

e Direitos Humanos para

Jovens Vivendo com HIV/aids,

entre 30 de abril e 4 de maio, reali-

zado pelo Grupo de Incentivo à Vida

(GIV), com o apoio do Fórum de

ONG Aids do Estado do São Paulo,

do grupo de trabalho de Crianças

e Adolescentes do Fórum de ONG

Aids de São Paulo, da Associação

Civil Anima, do Fundo das

Nações Unidas para a Infân-

cia, do Fundo de Populações

das Nações Unidas (UNFPA)

e do Programa Nacional

de DST e Aids.

O evento contou com

34 jovens soropositivas/os

representando as cinco

regiões brasileiras. Elas e

eles mostraram que não são

apenas responsáveis pelo

futuro do país, mas sim

por modificar e melhorar o

presente, e que a luta deve se

dar agora, como foi dito nas

palavras do grande ativista

Kleber Mendes, de Curitiba (PR).

O curso teve a presença de

convidadas/os que há mais de

20 anos iniciaram a luta em favor

das pessoas que vivem com o HIV/

aids, luta essa que muitos jovens

estão assumindo agora, e são cada

vez mais motivadas/os a exercerem

sua cidadania e se assumirem

enquanto seres de direitos e deveres.

Todas/os tiveram muito trabalho:

as atividades começavam pela

manhã e terminavam no início da

noite. Falaram de

medicamentos, consen-

so juvenil, diversidade,

políticas públicas para

jovens, ativismo e

Direitos Humanos. Paulo

Lima, da Revista Viração,

reforçou a importância da

comunicação em nossas

vidas. No encerramento, o

Grupo VHIVER, de Belo Horizonte

(MG), bateu um papo com a galera a

vivendo com HIV/aids; inter-

venção no funcionamento das

casas de apoio; intervenção

no sistema educacional; e a

criação de redes municipais de

jovens vivendo com HIV/aids.

Em alguns momentos

as palavras são poucas

para expressar a energia

que envolveu as/os que

estavam no curso, e só quem

estava presente pode entender

a cumplicidade que se formou

entre essas e esses jovens que

cansaram de ser vítimas da

dor, do preconceito e da exclusão,

e que dividiram mais do que choros,

beijos, abraços e risadas: uniram

forças para enfrentar o mundo,

que lhes é tão cruel.

São jovens vivendo com

HIV/aids, que transmitem amor,

esperança, afeto, alegria, coragem,

e vontade de viver. E acreditam que

esta luta renderá bons frutos, pois

não lutam apenas contra a aids, mas

sim por um mundo mais justo e com

mais qualidade de vida.

respeito do III Encontro Nacional

de Jovens Vivendo com HIV/aids,

que acontecerá em agosto, na

cidade de Belo Horizonte.

No período da noite rolaram

vários encontros culturais, como

teatro, shopping, muita música e

curtição no videokê de um barzinho

e, para fechar tivemos uma super

festa de confraternização!

De volta ao trabalho, finalizamos

com algumas propostas efetivas:

criação da rede nacional de jovens

Roda para transformar o presente

EDSON SANTOS, do Escuta Soh!

.

Jovens vivendo com HIV/aids participam de cursode Ativismo e Direitos Humanos em São Paulo

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Por um mundomais justo

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Page 16: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4216

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Page 17: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

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Page 18: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4218

Conferência Nacional

Mais de 50 jovens estão em Brasília,

vindos de 14 Estados diferentes, para realizar

a cobertura da etapa nacional da Conferência de

Juventude. Confira quem é quem:

Coordenação

Paulo Lima, da Viração

Fernada Papa, da Fundação Friedrich Ebert

Jonas Valente, da Secretaria Nacional de Juventude

Equipe

• Adriano M. Sanches, Bianca Pyl, Eric Silva e

Victor Massao, Revista Viração

• Amanda Cylke e Sonia Itoz, do Projeto Voz Ativa,

do Colégio Emilie de Villeneuve

• Alinne Abrahão, do CEDECA Emaús (PA) e

Alex Afonso da Cruz Pamplona,

da Universidade Popular (PA)

• Kenned Lima, Raquel dos Anjos e Fábio Pena,

da ONG Saúde e Alegria (Rede Mocoronga)

• Pablo Abranches, do Grupo Cultural Entreface,

Associação Imagem Comunitária (AIC) e

Virajovem de Belo Horizonte (MG)

• Tainara Lira Marquês de Castro,

do Coletivo Hip Hop Chama (MG)

• Marcos Donizetti Da Silva,

da Oficina de Imagens (MG)

• Ivanise Hilbig de Andrade, da Agência Girassolidário

e do Virajovem de Campo Grande (MS)

• Carolina Gabardo Belo e Felipe Ferreira Martins,

da Agência Ciranda pelos Direitos da Criança e

do Adolescente e do Virajovem de Curitiba (PR)

• Jorge de Oliveira Jr., do Centro Cultural Escrava

Anastácia e do Virajovem de Florianópolis (SC)

• Juliana Gonçalves de Souza, Janaína Alves Queiroz,

Maria Telma Barbosa de Freitas, Taynara Silva Barbo-

sa, Clarissa Diniz Diógenes e Francisco Rones Costa

Maciel, da Catavento Comunicação Ambiental e

do Virajovem de Fortaleza (CE)

• Luana Amorim Gomes e Ceila da Silva Rodrigues,

da Casa da Juventude Pe. João Bosco Burnier/

Virajovem

EQUIPE DA COBERTURA JOVEM DA CONFERÊNCIA NACIONAL DE JUVENTUDE

Conferência Nacionallevante sua bandeira!levante sua bandeira!

em todo o país. Todo o material publicado foi retirado diretamente do site da Agência Jovem de Notícias(www.revistaviracao.org.br/juventude). Confira um pouco do que rolou na Conferência Nacional!

A 1a Conferência Nacional de Juventude, que rolou de 27 a 30 de abril, em Brasília (DF),contou com a participação especial de cerca de 50 jovens representantes de

30 organizações juvenis e 16 Estados. Elas e eles formaram um grupo queproduziu notícias no formato de texto, imagens, áudio e vídeo para alimentar

uma rede de publicações e sites de notícias de todo o Brasil. A cobertura feitapor essas/esses jovens repórteres comunitários foi promovida pelo Projeto/Revista

Viração em parceria com a ONG Catavento Educação e Comunicação, Ciranda – Centralde Notícias dos Direitos da Infância, a Fundação Friedrich Ebert e a Fundação Athos Bulcão.

O processo de conferências livres, municipais e estaduais e nacional reuniu 400 mil pessoas

Page 19: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

19nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

da Juventude:

• Samuel Guimarães Lopes, Gilson Scharnik e

Beatriz Caitana, do Instituto Internacional

de Desenvolvimento da Cidadania (IIDAC)

• Alexander Almeida Pereira, do site Voz

dos Adolescentes

• Camila Galdino da Silva, Jovens Feministas

da Paraíba

• Alessandro Muniz Fontenele, da Companhia

Terramar e do Virajovem de Natal (RN)

• Camila Florêncio, Bemfam e do Virajovem

de Recife (PE)

• Fabiana Born De Oliveira, da Universidade

Federal Fluminense (RJ)

• Gizele de Oliveira Martins, Jornal O Cidadão

e do Virajovem do Rio de Janeiro

• Vanessa Junqueira, da ONG Imagem e Cidadania

• Fábio Henrique de Moraes Souza, Saber Viver e

da Agência Escuta Soh!

• Loran de Jesus Santos, da Cipó Comunicações

• Karen Krsna Peres Barbosa, Centro de Referência

Integral de Adolescentes (CRIA) e do Virajovem

de Salvador (BA)

• Raimunda Ferraz, da Rede Sou de Atitude/ Agência

Matraca e do Virajovem de São Luís (MA)

• Marcelo da Cruz Santos,

do Cenpec – Jovens Urbanos

• Geanne Neves e Luiz da Silva Jorge Filho,

da ONG CECIP (RJ)

• Ana Valéria Loiola, da Cidade-Escola Aprendiz

Suelen Aparecida Xavier Pimenta, da Ação Educativa

• Amélia Luana da Silva Rodrigues, Fernanda Carva-

lho, Guilherme Pereira, Nathan F. Pereira,

Régia Vitória da Costa Silvia Bertoldo Guerreiro,

Danuse Queiroz e Ionara Talita Silva,

da Fundação Athos Bulcão

• Fátima Ribeiro, da ONG Ciranda – Entretecendo

Caminhos e Movimento de Intercâmbio

de Adolescentes de Lavras (MG)

• Monicky Mel Araújo, de Santa Cruz do

Capibaribe (PE)

• Élida Oliveira, da Secretaria de Criança e

Adolescente do Estado do Paraná

• Thais Chita, do Instituto Paulo Freire

• Fátima Falcão, da Revista Onda Jovem

da Juventude:

Page 20: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4220

Muitos jeitos, cores,Muitos jeitos, cores,

Talvez seja mais interessante

pensar numa Conferência

Nacional das Juventudes.

Quem transita pela ExpoBrasília,

pavilhão onde está acontecendo o

evento vai ter a sua atenção chama-

da pela multiplicidade de expressões

juvenis reunidas nesse espaço. É

provável que essa seja uma das

coisas que mais se destacam no

evento. Os sotaques são os mais

diversos e é prazeroso ouvir os sons

fortes dos “tês” de Pernambuco e

Paraíba, ou um mineiro “trem”.

Por todo canto, a alegria resisten-

te dos muitos nordestinos e as falas

tão cheias de influências dos paulis-

tas. A cara do país é a cara dos

jovens espalhados pelo encontro.

JORNAL MURAL: NA MINHA TERRA TEM...

Aequipe Virajovem não pára e no segundo e terceiro dia da CNJ três

trabalhos interativos foram montados para garantir o espaço direto

de participação dos jovens. O primeiro foi o Virou Notícia, onde os aconte-

cimentos mais quentes da cobertura jovem foram colocados à vista de

todos que passassem pela redação da Vira.

Também tivemos o Vira Aí, espaço livre para recados, mensagens,

sugestões e críticas, para a galera usar a imaginação e dizer o que der

na telha. E o mais aclamado, o Jornal Itinerante, rodou no dia 29 pelo

pavilhão em busca da diversidade regional da juventude, todas as belezas

dos povos e da terra de origem da moçada com o tema “Na Minha Terra

Tem...”. Até o Secretário Nacional de Juventude,

Beto Cury, deixou as belezas de sua terra,

Minas Gerais. Foi um dia cheio de emoção na

Conferência Nacional de Juventude.

ARTIGO: POLÍTICA E PARTICIPAÇÃO

Thiago Victor

Quando se propõe a discussão sobre política e

participação, devemos o mais que possível ser

minuciosos, abrangentes, inteirados, críticos e sensatos

para que possamos ter coerência e precisão tanto nas falas,

como nas conseqüentes ações.

Quando dizemos participação política ou política e participação, devemos

pensar naqueles R$ 0,02 de troco do pãozinho e que provavelmente você não deve

cobrar e deixa passar, aquele troco no banco e as duas horas em pé na fila, também

não questionados provavelmente. Quer dizer, às vezes questionamos, mas só com o

colega da fila e não com o gerente e em seguida tomando as providências cabíveis.

Se pararmos para pensar na maior financiadora de golpes de direita e mestra mor

da mídia “boicotista”, a TV Globo, veríamos a verdadeira participação política com sua

decadência e queda dolorosa... Aí, a Malhação, novela que expõe a juventude mais

insuportável e ilusória que pode existir, não teria a mínima audiência.

A nossa participação está na mobilização que move fronteiras, no questionamento e contestação intermináveis,

na reivindicação e efetivação dos nossos direitos mínimos e em diversas outras formas, não somente no plenário,

nos partidos políticos, secretarias, enfim, está em todos os espaços e, antes de tudo, em nós mesmos.

Conferência tem nas diversidades uma característica forte

Page 21: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

21nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

NADANDO CONTRA A MARÉ

Acelebração da mensagem poética da banda

Cordel do Fogo Encantado marcou o último

dia de atividades culturais da 1o Conferência

Nacional da Juventude. O show da terça-feira

agitou o público, levando a emoção até os ossos

da galera que cantava e pulava diante do palco.

Após o show, a banda concedeu

uma entrevista a galera da

Cobertura Jovem. Confira!

COBERTURA JOVEM

DE NOTÍCIAS: A Confe-

rência da Juventude

aqui em Brasília tem

o lema: qual a sua

bandeira. Qual a

bandeira do Cordel?

Cordel do Fogo

Encantado: O Cordel tem

uma musicalidade basica-

mente percussiva e vem de

uma região que representa

muitos estereótipos. A gente vem

tentando criar com uma maior liberda-

de possível, por isso a gente abre o show com

a música em que o cara sai da prisão, simboli-

zando essa liberdade, para tentar buscar uma

musicalidade não necessariamente ancestral,

nem necessariamente arcaica, nem tradicionalista,

que é uma prisão que a música nordestina,

através do rock regional, se encontra por não

poder dialogar com essa coisa contemporânea.

COBERTURA JOVEM DE NOTÍCIAS: Dentro

deste cenário político, fale um pouco como

é a música hoje, porque há uns

tempos a música teve um grande

significado, na época da ditadura.

Fale qual é o papel da música agora

em 2008 dentro deste cenário,

principalmente para essa juventude

que discute política?

Cordel do Fogo Encantado: A gente

nada contra a maré. É essa coisa de

viver no mundo capitalista tendo que

vender poesia, botar preço no que não

tem preço, poderíamos dizer assim:

negociar o sublime, que é a poesia,

a música. Mas a gente está inserido

nisso e nada contra a maré, porque

é uma relação de guerrilha mesmo.

Todas as juventudes marcaram presença...

...elaborando propostas de prioridades

para diversos temas

idéias, juventudesidéias, juventudes

Page 22: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4222

JOVENS DE DIFERENTES REGIÕES COLOCAM

EDUCAÇÃO NO FOCO DAS DISCUSSÕES

No dia Internacional da Educação, 28 de abril, a juventude

presente na 1a Conferência Nacional da Juventude colocou

em pauta o assunto que mais trouxe propostas: a educação.

Para Graciliano Augusto da Silva, Alagoas (AL), é difícil acabar

com a evasão escolar sem pensar diversas questões. “No Nordeste,

as crianças trabalham na enxada a manhã inteira, vão para a escola

e lá recebem uma merenda que é um copo de leite misturado

com água e três bolachas”, diz.

Para Dimitry Soares, da Secretaria de Educação de Minas Gerais

(MG), o Brasil dá muita atenção ao ensino superior e deixa de lado a

educação básica. “Não adianta pensar só em formar uma pessoa para

trabalhar, precisamos garantir que todos, desde crianças, tenham

acesso à educação de qualidade”.

UMA BOA

CONVERSA DE RODA

Aatual secretária de Juventude

do Paraná e ex-presidente do

Instituto de Ação Social do Paraná,

Thelma Alves de Oliveira, participou de

um bate-papo com as/os jovens da Viração.

Muitos não sabem que o Paraná foi um dos

Estados que mais mobilizou jovens na Conferência.

Thelma disse que vários fatores ajudaram a grande

mobilização do Paraná. “Quando a Conferência foi

citada, já tinha uma grande preocupação com esse grupo

de juventude, quase 90 mil jovens foram mobilizados em

cerca de 200 municípios, por isso o sucesso do

encontro estadual”, disse a entrevistada.

Ela ainda disse que existiu uma dinâmica bem

diferenciada na Conferência do Paraná: “Fizemos uma

grande ciranda entre todos os GTs (Grupos de Trabalho)

para todos os grupos ficarem cientes de todas as propos-

tas apresentadas, com isso toda a diversidade era

representada e se unia”.

Outro fato importante foi a parceria com a

Educativa, uma força muito importante na

região, porque ela é uma emissora de TV e

Rádio AM/FM pública com uma boa audiên-

cia, que abriu vários tipos de programas

para divulgação, com espaço ideal para

debater os temas da Conferência Estadual.

A maior bandeira defendida pelo

Estado é lutar para que a maioridade não

seja reduzida de 18 para 16 anos, por isso,

o pessoal que representa o Paraná no

evento fez um abaixo-assinado que teve

400 assinaturas dos participantes.

Thelma termina com uma mensagem

para todos(as): “A prioridade é a proteção

da juventude brasileira e acreditar que ela

tem o poder de transformação”.

“Juventude

tem o poder de

transformação”,

diz a secretária de

Juventude do Paraná,

Thelma Oliveira

Page 23: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

23nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

JUVENTUDE NEGRA: É HORA

DE PREPARAR, REPARAÇÕES JÁ!

Em 2008 completam-se 120 anos de uma abolição

não concluída, onde os índices de desemprego,

subemprego e repetência escolar, morte precoce, baixa

representação política, entre outras, são maiores entre

os e as jovens negras e negros. O Estado se beneficiou

do trabalho escravo e não se preocupou em reparar os

danos causados por 400 anos de sucessivos massacres

e injustiças contra o povo negro. Para responder a essas

questões, surge o Fórum Nacional de Juventude Negra,

no I Encontro Nacional de Juventude Negra, realizado na

Bahia em 2007. O Enjune mobilizou cerca de 620 jovens

vindos de 17 estados brasileiros com a finalidade de

ampliar as discussões sobre os aspectos étnico-racial da juventude.

Na Conferência Nacional de Juventude, o Fórum Nacional de Juven-

tude Negra estruturou espaço de articulação política da juventude

negra na conferência. O escritório de articulação política é um espaço

para dar visibilidade da juventude negra dentro da conferência, denun-

ciar os altos índices de morte de jovens

negros no país e provocar os conferen-

cistas para discutirem políticas

públicas referentes à juventude

negra. Segundo Leidy Rap do

movimento negro de São

Paulo, “o governo só vê os

jovens negros nos óbitos, é

preciso dar visibilidade para

os números, sendo que de

todas as mortes jovens

do país, 87% são de

jovens negros”.

GOVERNO FEDERAL LANÇA

CONFERÊNCIA GLBT

Olançamento da 1ª Conferência de

Políticas Públicas para a população

GLBT foi feito pelo Secretário Especial

de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi,

durante a Conferência Nacional da

Juventude. O evento contou com forte

presença da Juventude GLBT, que

estava em Brasília participando

da Conferência.

“É realmente um momento históri-

co”, celebrou o E-JOVEM, grupo mem-

bro do CONJUVE e da Comissão Organi-

zadora da Conferência GLBT. “Esse

compromisso do governo com a Confe-

rência mostra a disposição de fortalecer

o programa Brasil Sem Homofobia e

criar um Plano Nacional de Políticas

Públicas para a população GLBT”,

disse Deco Ribeiro, do E-JOVEM.

Em seu discurso, o ministro destacou

como inadmissível que um homossexu-

al seja assassinado a cada três dias no

Brasil, por causa da homofobia. E que

nenhuma democracia seria completa

sem dar a devida atenção à comunidade

GLBT. Chega de preconceito!

CORDEL DA JUVENTUDE

AConferência Nacional de Juventude uniu em um único espaço

vários tipos de manifestações culturais de todos os cantos do Brasil.

Confira o Cordel criado por Expedita Freitas, do Ceará, que foi depositado

na nossa caixa de sugestões e pautas da Redação:

I Conferência Nacional de Juventude

Para assegurar políticas públicas

Tivemos atitude

E nos envolvemos nesta luta

Meu amigo e minha amiga

Chegou a nossa vez

Vamos mostrar nossa bandeira

E mostrar quem foi que fez

Termino cumprimentando

A todos que estão aqui

Você que está de fora

Pode a juventude aplaudir

Expedita Freitas (CE)

Page 24: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4224

PROPOSTAS DA JUVENTUDE

Ao final do encontro, foram apresentadas

as 22 prioridades dos jovens brasileiros,

representados no evento por mais de 2 mil

delegados eleitos nas etapas preparatórias, que

envolveram mais de 400 mil pessoas em todo o Brasil.

As 22 prioridades incluem os seguintes temas: Ensino

Superior, Educação Profissional e Tecnológica, Educação Básica,

Trabalho, Cultura, Sexualidade e Saúde, Meio Ambiente, Política e

Participação, Tempo Livre e Lazer, Esporte, Segurança, Drogas, Comu-

nicação e Inclusão Digital, Cidades, Família, Povos e Comunidades

Tradicionais, Jovens Negros e Negras, Cidadania GLBT (diversidade

sexual), Jovens Mulheres, Jovens com Deficiência, Fortalecimento

Institucional da Política Nacional de Juventude e Juventude do Campo.

Confira as propostas ao lado e fique de olho!

Beto Cury, Secretário Nacional da

Juvetude, discursa na Conferência

Page 25: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

25nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

1 Jovens negros 634

e negras

2 Educ. básica (eleva- 547

ção da escolaridade)

3 Fortalecimento 531

institucional

4 Meio Ambiente 521

5 Esporte 520

6 Juventude 515

do campo

7 Trabalho 471

8 Educação Superior 455

RESULTADO DO MOMENTO INTERATIVO

PRIORIDADES DA CONFERÊNCIA NACIONAL DE JUVENTUDE

Reconhecimento e aplicação, pelo poder público, transformando em

políticas públicas de juventude as resoluções do 1º Encontro Nacional

de Juventude Negra (ENJUNE), priorizando as mesmas como diretri-

zes étnico/raciais de/para/com as juventudes.

Destinar parte da verba da educação no ensino básico para o modelo

integral e pedagógico do Centros Integrados de Educação Pública.

Aprovação pelo Congresso Nacional do marco legal da juventude: re-

gime de urgência da PEC n.º 138-B/2003, Plano Nacional de Juventude

e Estatuto dos Direitos da Juventude PL 27/2007.

Criar uma política nacional de juventude e meio ambiente que inclua o

“Programa Nacional de Juventude e Meio Ambiente”, institucionaliza-

do em PPA (Plano Plurianual), com a participação dos jovens nos pro-

cessos de construção, execução, avaliação e decisão, bem como da

Agenda 21 da Juventude que fortaleça os movimentos juvenis no en-

frentamento da grave crise ambiental global e planetária, com a cons-

trução de sociedades sustentáveis.

Ampliar e qualificar os programas e projetos de esporte, em todas as

esferas públicas, enquanto políticas de Estado, tais como os progra-

mas Esporte e Lazer da Cidade, Bolsa Atleta e Segundo Tempo com

núcleos nas escolas, universidades e comunidades, democratizando o

acesso ao esporte e ao lazer a jovens, articulados com outros progra-

mas existentes.

Garantir o acesso à terra ao jovem e à jovem rural, na faixa etária de 16

a 32 anos, independente do estado civil, por meio da reforma agrária,

priorizando este segmento nas metas do Programa de Reforma Agrá-

ria do Governo Federal, atendendo a sua diversidade de identidades

sociais, e, em especial aos remanescentes de trabalho escravo. É fun-

damental a revisão dos índices de produtividade e o estabelecimento

do limite da propriedade para 35 módulos fiscais.

Reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais sem redu-

ção de salários, conforme campanha nacional unificada promovida

pelas centrais sindicais.

Defendemos que a ampliação do investimento em educação é fator

imprescindível para construirmos uma educação de qualidade para

todos e todas e que consiga contribuir para o desenvolvimento do País.

Para tanto, defendemos o investimento de 10% do PIB em educação.

Para atingir este percentual reivindicamos o fim da desvinculação das

receitas da união (DRU) e a derrubada dos vetos ao PNE (Plano Nacio-

nal de Educação). Reivindicamos que 14% dos recursos destinado as

universidades federais seja destinado exclusivamente à assistência es-

tudantil por meio da criação de uma rubrica específica. Defendemos

Item Tema Proposta Votos

Page 26: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4226

9 Cultura 453

10 Política e 428

Participação

11 Jovens mulheres 37

12 Segurança 365

13 Política e 360

participação

14 Outros temas 336

15 Fortalecimento 313

institucional

também a ampliação dos recursos em assistência estudantil para es-

tudantes do PROUNI e para estudantes de baixa renda de universida-

des privadas. Garantir a transparência e democracia na aplicação dos

recursos.

Criação, em todos os municípios, de espaços culturais públicos, des-

centralizados, com gestão compartilhada e financiamento direto do es-

tado, que atendam às especificidades dos jovens e que tenham pro-

gramação permanente e de qualidade. Os espaços, sejam eles cons-

truções novas, desapropriações de imóveis desocupados ou organiza-

ções da sociedade civil já estabelecidas, devem ter condições de abri-

gar as mais diversas manifestações artísticas e culturais, possibilitan-

do o aprendizado, a fruição e a apresentação da produção cultural da

juventude. Reconhecer e incentivar o hip hop como manifestação cul-

tural e artística.

Criar o Sistema Nacional de Juventude, composto por Órgãos de Ju-

ventude (Secretarias/coordenadorias e outros) nas três esferas do Go-

verno, com dotação orçamentária específica; Conselhos de Juventude

eleitos democraticamente, com caráter deliberativo, com a garantia de

recursos financeiros, físicos e humanos; Fundos Nacional, estaduais e

municipais de Juventude, com acompanhamento e controle social, fi-

cando condicionado o repasse de verbas federais de programas de pro-

jetos de juventude à adesão dos estados e municípios a esse Sistema.

Implementar políticas públicas de promoção dos direitos sexuais e di-

reitos reprodutivos das jovens mulheres, garantindo mecanismos que

evitem mortes maternas, aplicando a lei de planejamento familiar, ga-

rantindo o acesso a métodos contraceptivos e a legalização do aborto.

Contra a redução da maioridade penal, pela aplicação efetiva do Esta-

tuto da Criança e do Adolescente – ECA

Garantir uma ampla reforma política que, além do financiamento pú-

blico de campanha, assegure a participação massiva da Juventude nos

partidos políticos, com garantia de cota mínima de 15% para jovens de

18 a 29 anos nas coligações, com respeito ao recorte étnico-racial e

garantindo a paridade de gênero; Mudança na faixa-etária da elegibili-

dade garantindo como idade mínima de 18 anos para vereador, prefei-

to, deputados estaduais, distritais e federais e 27 anos para senador,

governador e presidente da República.

Fim da obrigatoriedade do serviço militar, e criação de programas al-

ternativos de serviços sociais não obrigatórios.

Criar o Sistema Nacional de Políticas Públicas de Juventude que confira

status de Ministério à Secretaria Nacional de Juventude, exigindo que a

adesão de estados e municípios seja condicionada à existência de ór-

gão gestor específico e respectivo conselho de juventude. A partir de

dezembro de 2009, os recursos do Fundo Nacional de Juventude, do

ProJovem e demais programas de juventude, apenas continuarão a ser

repassados aos estados e municípios que aderirem ao Sistema.

Item Tema Proposta Votos

Page 27: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

27nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

16 Povos e 303

comunidades

tradicionais

17 Cultura 283

18 Cidadania GLBT 280

19 Jovens com 239

deficiência

20 Jovem do 274

Campo

21 Segurança 277

22 Cultura 247

Assegurar os direitos dos povos e comunidades tradicionais (quilom-

bolas, indígenas, ciganos, comunidades de terreiros, pescadores arte-

sanais, caiçaras, faxinalenses, pomeranos, pantaneiros, quebradeiras

de coco babaçu, caboclos, mestiços, agroextrativistas, seringueiros,

fundos de pasto, dentre outros que buscam ser reconhecidos), em es-

pecial da juventude, preservando suas culturas, línguas e costumes,

combatendo todas as práticas exploratórias e discriminatórias quanto

a seus territórios, integrantes, saberes, práticas culturais e religiosas

tradicionais.

Estabelecimento de políticas públicas culturais permanentes direcio-

nadas à juventude, tendo ética, estética e economia como pilares, em

gestão compartilhada com a sociedade civil, a exemplo dos Pontos de

Cultura, que possibilitem o acesso a recursos de maneira desburocra-

tizada, levando em consideração a diversidade cultural de cada região

e o diálogo intergeracional. Criação de um mecanismo específico de

apoio e incentivo financeiro aos jovens (bolsas) para formação e capa-

citação como artistas, animadores e agentes culturais multiplicadores.

Incentivar e garantir a SENASP/MJ a incluir em todas as esferas dos

cursos de formação dos operadores/as de segurança pública e privada

em nível nacional, estadual e municipal no atendimento e abordagem

e no aprendizado ao respeito à livre orientação afetivo-sexual e de iden-

tidade de gênero com ampliação do DECRADI – Delegacia de Crimes

Raciais e Intolerância.

Ratificação imediata da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com

Deficiência da ONU como emenda constitucional.

Garantia de políticas públicas integradas que promovam a geração de

trabalho e renda para o jovem e a jovem do campo, com participação

da juventude na sua elaboração e gestão. Assegurando o acesso a ter-

ra, à capacitação e ao desenvolvimento de tecnologia sustentável apro-

priada à agricultura familiar e camponesa voltada para a mudança de

matriz tecnológica. Transformar o Pronaf Jovem em uma linha de cré-

dito para produção agrícola e não agrícola.

Assegurar, no âmbito das Políticas Públicas de Segurança, prioridade

às ações de prevenção, promoção da cidadania e controle social, refor-

çando a pratica do policiamento comunitário, priorizando áreas com

altas taxas de violência, promovendo a melhoria da infra-estrutura lo-

cal, adequadas condições de trabalho policial, remuneração digna e a

formação nas áreas de Direitos Humanos e Mediação de Conflitos, con-

forme as diretrizes apontadas pelo PRONASCI.

Estabelecimento de cotas de exibição e programação de 50% para a

produção cultural Brasileira, sendo 15% produção independente e 20%

produção regional em todos os meios de comunicação (TV aberta e

paga, rádios e cinemas). Valorização dos artistas locais garantindo a

preferência nas apresentações e prioridade no pagamento. Entender

os cineclubes como espaços privilegiados de democratização do áudio

visual.

Item Tema Proposta Votos

Page 28: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4228

ResponsabilidadeAmbiental

ResponsabilidadeAmbiental

Veja algumas dicasmaneiras para salvar o meu,o seu, o nosso ambiente

Falar de responsabilidade

ambiental e desenvolvimento

sustentável agora é moda.

Raro é ver quem realmente vista a

camisa e viva de verdade a pro-

posta. Nessa nossa vida corrida,

saímos por aí consumindo de tudo e,

às vezes, nem paramos para pensar

nas conseqüências do nosso consu-

mo inconsciente.

Mas, como a gente é jovem,

temos garra pra caramba e uma

força revolucionária gigante dentro

de nós, além de uma cabeça boa que

guarda tudo, como diria nossa avó,

porque não reciclar nossas idéias e

começar a agir diferente a partir de

agora?

Já que “tudo muda o tempo

todo no mundo”, como canta Lulu

Santos, que seja para melhor e

tenha dedo nosso nisso!

Bora animar de dar um “up”

nesse mundão de meu Deus! Você

vai ver como pode ser mais simples

Veja algumas dicasmaneiras para salvar o meu,o seu, o nosso ambiente

do que imagina! Ajudar a salvar o

planeta é só uma questão de disposi-

ção. E não precisa ser nenhum super-

herói. Qualquer mortal que seguir e

divulgar pelo menos essas 5 dicas

abaixo já estará cooperando. Tome

nota! Para melhorar o planeta...

11. USE MENOS PAPEL!

Procure sempre fazer backup de seus

arquivos online, em pendrives ou mídias

regraváveis ao invés de CDs, que levam até

450 anos para se decompor. Imprima somente

o necessário, e, de preferência, reduza a fonte

para caber mais na mesma folha e utilize frente e

verso sempre que possível. Ao contrário do que

se pensa, as sacolas de papel não são mais

sustentáveis que as de plástico. Elas consomem

mais energia em sua produção. Mas... ainda têm

a vantagem de poderem ser usadas na

compostagem e demorarem apenas de

3 a 6 meses para se decomporem na natureza.

Só que isso não faz com que as árvores que

foram derrubadas para que o papel existisse

voltem a nascer. Use menos papel.

LEANDRA BARROS,

do Virajovem Vitória (ES)*

Page 29: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

29nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

Botando em práticas essas 5 dicas,

para começar, você já dá um passo rumo

a um desenvolvimento mais sustentável e

começa a dar mais moral para a preservação

do planeta. E, não se grile se seus colegas

começarem a chamar você de “eco-chato”

ou “eco-chata”. Praticar um consumo cons-

ciente é “chique demais”, como diriam os

mineiros, “trilegal”, como diriam os gaúchos,

“porreta”, para os baianos, e “muuuito mas-

sa”, como nós, capixabas, dizemos por aqui.

Veja algumas dicas maneiras para

salvar o meu, o seu, o nosso ambiente.

Só não esqueça que tudo tem que

começar em você! Como deve ter dito

uma sábia (mãe): “Não queira mudar o

mundo se você não arruma o seu quarto”!

Integrante de um dos 21 Conselhos

Jovens da Vira espalhados pelo País

([email protected])

.

TÁ na MÃO• Responsa Ambiental:

www.responsabilidadeambiental.com.br/

• Blog maneiro – Meu Ambiente:

meuambiente.wordpress.com/

• Mude o mundo: www.mudeomundo.com.br e

www.mudeomundo.org.br

• Jogo para aprender a economizar em casa:

jogos.wwf.org.br/casaeficiente/

3

45

22. NÃO ACEITE SACOLINHAS PLÁSTICAS

E EVITE COPOS DESCARTÁVEIS!

Grande parte das sacolas plásticas não são

biodegradáveis e podem demorar séculos para

se decompor na natureza. Além disso, quando

caem no mar os animais marinhos as confundem

com algas e muitos morrem asfixiados.

O melhor mesmo é levarmos nossa própria bolsa,

sacola de feira retornável, mochila ou até mala

de rodinha (como é comum nos supermercados

da Europa) para as compras. O copo plástico

demora cerca de 50 anos para se decompor.

Que tal deixar uma caneca ou copo reutilizável

no trabalho ou sempre carregar na mochila

para evitar o descartável. Se não tiver jeito,

ao menos utilize o mesmo copo

o máximo que puder.

3. ECONOMIZE ENERGIA!

Abra as janelas e aproveite

a luz natural durante dia.

Apague a luz quando sair

de um local à noite. Não deixe

seus aparelhos eletrônicos

em standby (com aquela luzinha

vermelha acesa). Troque suas

lâmpadas incandescentes

por fluorescentes. Elas reduzem

o consumo em 60%.

4. GASTE MENOS ÁGUA!

Primeiro a clássica: feche a torneira

ao escovar os dentes. Junte bastaaante

roupa suja antes de colocar a máquina

de lavar para funcionar. Não demore

tanto no banho. Prefira o balde à

mangueira ao lavar o carro.

Prefira a vassoura e a pá à mangueira

ao varrer o quintal. Prefira o regador

à mangueira ao molhar as plantas.

Nunca prefira a mangueira! Ela sempre

desperdiça água. Deixemos as man-

gueiras para os bombeiros.

5. PRESERVE SUA FAMÍLIA!

Para quem é casado, se as coisas estão mal

no seu casamento, converse, vá com calma,

fale a verdade com jeitinho, ceda mais uma vez.

Perdoe, aumente a dose de compreensão e

o tamanho do seu pavio, chore até dormir,

não durma brigado que faz mal, escreva para

desabafar, grite no travesseiro, tome um bom

banho, respire fundo, peça ajuda, sorria e siga em

frente! Faça de tudo, mas EVITE O DIVÓRCIO!

Além de fazer mal para o psicológico e para o

coração de todas as pessoas envolvidas,

faz um mal tremendo para o Meio Ambiente.

O divórcio aumenta o número de domicílios e,

conseqüentemente, o consumo de energia

e água, além de aumentar a produção de lixo,

já que alguns objetos que eram compartilhados

são jogados fora, enquanto, para a nova

casa são comprados novos

utensílios domésticos.

Page 30: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4230

o poeta EducadorHenrique Castriciano,

o poeta EducadorHenrique Castriciano,QUE FIGURA

Henriqueta Leopoldina Rodrigues de Souza,

na madrugada de um sábado marcado pelas

dores do parto, deu à luz, em 1874, a um

menino que anos depois viria a ser o respeitado

intelectual e educador Henrique Castriciano.

O filho de Elói Castriciano de Souza, comerciante

e político de Macaíba (RN), muito cedo revelou sua

preferência pelos livros, descobrindo grande talento

para a poesia. Seu primeiro livro de versos foi

publicado em 1892, com apenas 18 anos, mesmo

ano em que contraiu a tuberculose, enfermidade que

matou primeiro sua mãe, depois seu pai, quando

tinha somente 7 anos.

Após a grande perda familiar que foi a morte de

Henriqueta, em 1879, a avô materna Didinha veio

buscar os 4 netos e os levou para o Recife, dois anos

antes da morte do pai. O jovem Castriciano sempre

fora uma criança doente, sendo encaminhado pelos

avós, como era costume das famílias de posse

daquele tempo, para uma viagem de cura pela Suíça,

retornando à sua cidade natal 11 anos depois, com

seus 16 anos. Apesar de estudioso ávido e compene-

trado, a frágil saúde atrasou-lhe, formando-se com

30 anos, no Rio de Janeiro. No entanto, já tinha 4

livros de versos e uma peça publicados à época.

Comovido e entusiasmado com tudo que vira

sobre educação popular em seus anos na Suíça, em

1909 viajou pela Europa levando a idéia de buscar

informações de uma escola para meninas, cultivan-

do o sonho de um espaço destinado à valorização e

integração da mulher no plano social. O resultado foi

...ALESSANDRO MUNIZ, do Virajovem Natal (RN)*

a criação, em 1911, de uma Liga de Ensino e a fundação da Escola Doméstica de Natal em

1914, que hoje engloba o complexo educacional com duas escolas e uma faculdade.

Castriciano colaborou muitos anos com a imprensa natalense, sendo redator do jornal

A República por mais de 30 anos, além de escrever para outros jornais. Na política, teve

papel igualmente ativo como secretário de governo, procurador geral do Estado e vice-

governador duas vezes, tendo presidido ainda o Congresso Legislativo do Estado.

Na vida marcada pela incerteza da saúde comprometida, era um adolescente melancólico

e, em sua vida adulta, continuou em certa medida um solitário, tornando-se um solteirão

inveterado. Morreu aos 73 anos praticamente sozinho, após dois longos anos de sofrimento

internado em hospitais de Natal. Terminava uma vida que nunca seria esquecida graças à

suas contribuições inestimáveis ao Rio Grande do Norte e ao Brasil.

Integrante de um dos 21 Conselhos Jovens da Vira

espalhados pelo País ([email protected])

.

Novaes

Page 31: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

31nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

Agalera do Rio de Janeiro entrevistou Luciana Kamel, psicóloga

e assessora de projetos da Associação Brasileira Interdisciplinar

de Aids (Abia) e Adriano De Lavor, jornalista especialista em Comuni-

cação e Saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP),

que atualmente trabalha na Fundação Fiocruz. Confiram as duas visões

sobre sexualidade e saúde.

SEXO E SAÚDE

Como você encara o aumen-

to ou descoberta da diversida-

de sexual por parte das/os jovens?

Luciana: É natural que os jovens

descubram seus desejos, sua forma de

prazer de modo menos censurado

como acontecia há 20 anos, mas ain-

da hoje a homossexualidade não é

respeitada e os jovens ainda sofrem

preconceito, discriminação e, em al-

guns casos, sofrem violência das mais

diversas sem motivo. Simplesmente

porque decidiram a sua felicidade ao

se relacionarem afetiva e sexualmen-

te com pessoas do mesmo sexo.

O que podemos fazer para

incentivar entre elas/eles

a sexualidade saudável?

Luciana: A escola tem um papel im-

portante nesse sentido, muitas vezes

os jovens não são acolhidos em casa e

a escola acaba sendo um espaço de

socialização onde eles passam a mai-

or parte do seu tempo. Algumas inicia-

tivas em escolas já vêm abrindo cami-

nho de diálogo nesse sentido e já vêm

apontando resultados. A imprensa

(tanto escrita, como programas de rá-

dio, televisão, internet), peças de tea-

tro com esquetes que abordam temá-

ticas que são conversas freqüentes

entre os jovens acabam sendo estraté-

gias importantes. Aqui na Abia, temos

um grupo de teatro com jo-

vens (Cia da Saúde) que se

apresentam nas escolas e

também nas vias públicas

levando informação de pre-

venção das dst/aids de forma

lúdica, descontraída aos

outros jovens.

Adriano: É importan-

te discutir o assunto

nas escolas, nos proje-

tos sociais, nos pro-

gramas de TV, nos

sites, nos blogs. Só se

conhece aquilo que se

debate. Neste sentido, o

papel das escolas e daque-

les que promovem iniciati-

vas para o público jovem é

importantíssimo!

Integrantes de um

dos 21 Conselhos

Jovens da Vira

espalhados pelo País

([email protected])

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RENATA SOUZA e GUSTAVO BARRETO,

do Virajovem Rio de Janeiro (RJ)*

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Page 32: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 4232

VIRA ARTER KASSIA NOBRE, do Virajovem Maceió (AL)*

– Mari, olha só que cabelo desarrumado o seu, amiga!

– A Mari é assim mesmo!

– Assim como? Alguém podia me explicar?

A Mariana não era igual e também não era única. Pode-

ria ser diferente das amigas.

– Mari, olha que gatinho!

– É, pode ser...

Definitivamente, Mariana era diferente.

– Mari, você é infeliz?

– Acho que sim. Sou tão diferente. Não penso e não sinto

igual a vocês. Quero mudar!

– Primeiro deixa este cabelo crescer, lixa estas

unhas e usa um pouco de maquiagem!

Passam os dias e Mariana está igual.

– Feliz Mari?

– Estou! Procurei um psicólogo. O Dr.

Viana, ele é o máximo!

– Ah! Agora sim, você vai ser igual a

gente. Conta como é lá?

– Olha só, no próximo dia, irei mos-

trar meus poemas e falaremos sobre

artes.

– E quando você vai mudar?

– Não sei, só sei que é muito legal e

estou me identificando com tudo.

E o silêncio toma as amigas.

– Minha gente, vocês viram o filme com

aquele ator lindo e maravilhoso?

– Ainda não! Vamos todas!

Mariana era diferenteE Mariana não entendia, não era para ela ser

normal, a terapia não estava funcionando.

– E lá vou eu, chegando atrasada. O Dr. Viana não

vai perdoar.

– Mariana Alencar?

– Sim, sou eu.

– Você chegou muito atrasada, vai ter que esperar

mais meia hora.

– Tudo bem.

– Nossa! Como aqui está frio, não gosto de frio.

Muito prazer, meu nome é Laís, e o seu?

– Mariana, prazer. Você veio para o Dr. Viana?

– Sim, claro. Ele é ótimo! Hoje vou mostrar todos os

meus contos

– Eu também! Só que poesias. Olha só.

– São muito boas. Posso ficar com algumas, quero

colocar no meu blog.

– Claro, aproveite e anota o endereço dele.

– Aqui está. Prazer Mariana.

– Prazer.

E à noite, ela entra no blog e lá está a sua poesia.

Toda orgulhosa, lê e relê tudo. E comenta, com uma

admiração por aquela nova pessoa que conheceu.

– Mariana, você tem que ir para esta exposição, vai

ter recital de poesias e bandas experimentais.

– Ah, vou sim, Laís, mas nunca fui a um lugar assim.

– Não há problemas, lá estarão meus amigos, vou

apresentá-los.

– Alô Mariana. É a Lia. Tudo certo para o barzinho hoje,

não é?

– Sabe o que é Lia, estou morrendo de sono.

– Não acredito Mari!

– É sim, deixa para a próxima.

– Mari, você vai adorar meus amigos, eles são excêntri-

cos e divertidos. Boa Noite, galera! Esta é a Mariana.

– Olá! Pode sentar, aceita um copo de vinho?

– Claro que aceito.

Já passava da meia-noite, Mariana não quis ir para

casa. A noite estava perfeita. Conversa sobre

livro, cinema e poesia. Mariana sorria e

sorria.

– Vamos todos para o meu apartamento!

Lá tem mais bebida!

Em um momento da noite, Mariana

estava olhando para Laís. Seus olhos

se cruzaram numa força que elas não

saberiam explicar. As mãos encosta-

das e o impulso era o magnetismo de

suas bocas. Era paixão. E, elas, logo

descobriram.

– Mari, você está feliz?

Agora sim, Laís. Agora sim.

Integrante de um dos 21 Conselhos

Jovens da Vira espalhados pelo País

([email protected])

Mariana era diferente

Lentini

Lentini

Page 33: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

33nº 42 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO

Mudança, atitudee ousadia jovem

CUPOM DE

ASSINATURA

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também pode ser enviado por fax.

3. VALE POSTAL em favor

de PROJETO VIRAÇÃO, pagável

na Agência Augusta – São Paulo (SP),

código 72300078

4. BOLETO BANCÁRIO

(R$2,95 de taxa bancária)

THIAGO LUIZ LAPA, do Virajovem Curitiba (PR)*

CREM

AÇÃO

Por tanto tempo busquei o que queria

Que agora a memória me falha.

Os seres humanos apreciam porcarias,

Como animais que não se agasalham.

Busco o dia da sabedoria,

Mesmo sem a certeza de nada.

Encontrei agora o que queria?

Ou apenas outra porta fechada?

O nunca, jamais existiria,

Se o agora não fosse apenas uma data,

O ontem me angustiaria,

Como o futuro me maltrata.

O saber é um rio que deságua,

Bebe dele aquele que não se engasga.

Tristemente vive quem não se embriaga

De água assim bem aventurada.

Mas, se sei de algo, é por acaso.

Pois de mim nunca ouvi grandes verdades,

De minha boca, saem apenas maldades

Que ferem a mim e a outros em todo caso.

Meu corpo será queimado no final,

Ficarei triste, pois este será o fim de todo o mal.

Revendo a pequena trilha que percorri,

Espero jamais retornar ao lugar onde nasci.

Estagiário da Ciranda – Central de Notícias dos Direitos da Infância

e Adolescência e integrante de um dos 21 Conselhos Jovens da Vira

espalhados pelo País ([email protected])

Quando cheguei, emergindo lento

Do meu casulo sangrento,

Pra mim havia tudo planejado,

E todas as bajulações já haviam

sido preparadas.

Como em um labirinto infame

De nuvens negras a me envolver,

Lembro-me dos dias sem cálculos,

Dádivas de coincidência e inertes

seqüelas temporais no nada.

A carne ainda exala o cheiro

da desconfiança e

Aromas repugnantes lacrimejando

olhares selvagens.

Quantas lágrimas misturam-se a

lama que

Até os tornozelos me cobre?

Quão mal cheirosos eram os lírios e

as éguas mortas?

Horror, horror... Caminhando a

passos lentos,

Meus grandes olhos, pedras vivas e

desgastadas pelo tempo

Fecham-se ao ver tombar carcaças

vazias recheadas de vermes.

Na escuridão sou torturado pela dor,

Meus joelhos agora estão também

na lama

Da eternidade vazia de formas.

Onde foi que deixei minha mente?

Vejo o líqüido viçoso

Onde lentamente todos os vermes

se alimentam.

São veleiros de prata que flutuam

E entram em minha boca morta.

Carne

Page 34: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

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Com mais de 2 mil pessoas politizadas e militantes reunidas em um

único espaço, a Conferência Nacional da Juventude, que rolou em

abril em Brasília (DF), foi um momento histórico de reconhecimento

da juventude como sujeito de direitos e importante foco de políticas públi-

cas. Logo, também é um momento de fortes articulações políticas e ações

em bloco. Por todo evento, correram abaixo-assinados a fim de pressionar

o Congresso Nacional a aprovar e colocar nas pautas de votação importan-

tes reivindicações dos movimentos. A concentração de um número tão

grande de pessoas contribui na força de pressão para que essas

discussões voltem a foco.

Um das mais importantes e significativos é o abaixo-assinado pela

votação e aprovação do Projeto de Emenda Constitucional 138/03, que

prevê a inclusão do termo juventude como prioridade absoluta do Estado

e da sociedade brasileira, como grupo social que necessita de políticas

públicas específicas e uma atenção diferenciada. O documento foi entregue

ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia.

Segundo a Conselheira Nacional de Juventude, Luciana Martinelli, a apro-

vação da PEC estabelece um importante marco legal e histórico do reconhe-

cimento da juventude enquanto sujeito social e de direitos. “A PEC 138/03 é

importante porque coloca a juventude como um segmento populacional

específico e que precisa ter seus direitos garantidos e valorizados”, explica.

Essa proposta representa uma reforma constitucional histórica, não só

pela valorização legal das novas gerações, mas também por ser resultado

da intervenção social e sua influência no poder público.

como prioridadeabsoluta

como prioridadeabsolutaAbaixo-assinados correm

pela Conferência Nacionalda Juventude para reforçar

desejos de direitos garantidos

.

JuventudeJuventude

MÔNICA SANTANA, da Cipó –

Comunicação Interativa

(www.cipo.org.br/)

Page 35: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008

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Roteiro produzido por Ariane Bastos Araújo, Carlos Rangel Neves Otto e Ligia Martins, do Virajovem Goiânia (GO)

Page 36: Revista Viração - Edição 42 - Maio/2008