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Revista Viração edição 64 agosto de 2010

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Matéria "É de Minas, Uai!", escrita para a 64ª edição da Revista Viração. Com distribuição em todo o país, a Revista Viração tem apoio institucional da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância); UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura); e Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância).

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Sexo e Saúde

Associação Imagem ComunitáriaBelo Horizonte (MG)

Veja quem faz a Vira

pelo Brasil

Universidade Popular Belém (PA)

Rede Sou de Atitude MaranhãoSão Luís (MA)

Centro Cultural Bájò Ayò João Pessoa (PB)

Avalanche Missões Urbanas UndergroundVitória (ES)

Casa da Juventude Pe. BurnierGoiânia (GO)

Centro de Refererência Integral deAdolescentesSalvador (BA)

Fundação Athos BulcãoBrasília (DF)

Cipó Comunicação InterativaSalvador (BA)

Jornal O Cidadão - Rio de Janeiro (RJ)

Virajovem Vitória - Vitória (ES)

Bemfam - Recife (PE)Girassolidário Campo Grande (MS)

Companhia Terra-MarNatal (RN)

Ciranda – Curitiba (PR) Central de Notícias dos Direitos da

Infância e Adolescência

Catavento Comunicação e Educação Fortaleza (CE)

Agência Uga-Uga Manaus (AM)

Diretório Acadêmico Freitas NetoMaceió (AL)

Centro Cultural Escrava AnastáciaFlorianópolis (SC)

Grupo Atitude - Porto Alegre (RS)

União da Juventude SocialistaRio Branco (AC)

Grupo Cultural Entreface (DiversidadeJuvenil, Comunicação e Cidadania)

Belo Horizonte (MG)

Grupo Makunaima Protagonismo Juvenil (RR)

Taba - Campinas (SP)

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Apoio Institucional

Revista Viração • Ano 8 • Edição 64 3

Copie sem moderação!

Você pode:

• Copiar e distribuir• Criar obras derivadas

Basta dar o crédito para a Vira!

Conteúdo

“AViração deste mês traz uma reportagem especial. Em parceria

com o Departamento de Comunicação e Artes da USP (ECA/USP),

convidamos você, leitor, a conhecer uma nova alternativa profissional

que acaba de ser lançada como curso de graduação na Universidade de

São Paulo: a educomunicação.

O especials feito por adolescentes, jovens e os educomunicadores da Vira e USP,

conta a história da educomunicação por meio de entrevistas com especialistas e

profissionais da área, que apresentaram todos os campos de trabalho que a

profissão oferece, além de tirar todas as dúvidas dessa carreira que mescla

educação e comunicação. Todas as reportagens, entrevistas e textos foram feitos

de maneira colaborativa, ou melhor, num processo educomunicativo.

A edição tem também uma reportagem sobre os cem anos do

Movimento Escoteiro no Brasil e, no Nordeste, o Conselho da Vira de

Alagoas foi até Murici (AL), uma das cidades atingidas pelas

enchentes de junho, para acompanhar como os jovens têm

enfrentado a nova rotina pós-tragédia.

Confira!

AViração é um uma organização nãogovernamental (ONG), de educomunicação,

sem fins lucrativos, criada em março de 2003.Recebe apoio institucional do Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (Unicef), da Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), do Núcleo de Comunicaçãoe Educação da Universidade de São Paulo e daAgência de Notícias dos Direitos da Infância(Andi). Além de produzir a revista, oferececursos e oficinas de capacitação emcomunicação popular feita para jovens, porjovens e com jovens em escolas, grupos e comunidades em todo o Brasil.

Para a produção da revista impressa e eletrônica (www.viracao.org),contamos coma participação dos conselhos editoriais jovensde 22 Estados, que reúnem representantes deescolas públicas e particulares, projetos emovimentos sociais. Entre os prêmiosconquistados nesses seis anos, estão PrêmioDon Mario Pasini Comunicatore, em Roma(Itália), o Prêmio Cidadania Mundial, concedidopela Comunidade Bahá'í. E mais: no ranking daAndi, a Viração é a primeira entre as revistasvoltadas para jovens. Participe você tambémdesse projeto. Veja, ao lado, nossos contatosnos Estados.

Paulo Pereira de lima Coordenador Executivo da Viração – MTB 27.300

Conheça os Virajovens em 22 Estados brasileirose no distrito FederalBelém (PA) - [email protected]

Belo Horizonte (MG) - [email protected]

Boa Vista (RR) - [email protected]

Brasília (DF) - [email protected]

Campinas (SP) - [email protected]

Campo Grande (MS) - [email protected]

Curitiba (PR) - [email protected]

Florianópolis (SC) - [email protected]

Fortaleza (CE) - [email protected]

Goiânia (GO) - [email protected]

João Pessoa (PB) - [email protected]

Lavras (MG) - [email protected]

Maceió (AL) - [email protected]

Manaus (AM) - [email protected]

Natal (RN) - [email protected]

Porto Velho (RO) - [email protected]

Recife (PE) - [email protected]

Rio Branco (AC) - [email protected]

Rio de Janeiro (RJ) - [email protected]

Sabará (MG) - [email protected]

Salvador (BA) - [email protected]

S. Gabriel da Cachoeira - [email protected]

São Luís (MA) - [email protected]

São Paulo (SP) - [email protected]

Serra do Navio (AP) - [email protected]

Teresina (PI) - [email protected]

Vitória (ES) – [email protected]

Quem somos

Rua Augusta, 1239 - conj. 11 - Consolação01305-100 - São Paulo - SPTel./Fax: (11) 3237-4091 / 3567-8687

HoRáRio dE atEndimEnto

Das 9h às 13h e das 14h às 18h

E-mail da REdação E assinatuRa

[email protected]@viracao.org

at endiment o ao l eit o r

A Revista Viração é publicada

mensalmente em São Paulo (SP) pela

ONG Viração Educomunicação, filiada

ao Sindicato das Empresas

Proprietárias de Jornais

e Revistas de São Paulo (Sindjore);

CNPJ: 11.228.471/0001-78;

Inscrição Municipal: 3.975.955-5

Educomunicando-se

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4 Revista Viração • Ano 8 • Edição 64

Conselho EditorialEugênio Bucci, Ismar de Oliveira, Izabel Leão,Immaculada Lopez, João Pedro Baresi, Mara

Luquet e Valdênia Paulino

Conselho FiscalEveraldo Oliveira, Renata Rosa e Rodrigo Bandeira

Conselho ConsultivoDouglas Lima, Isabel Santos,Ismar de Oliveira e Izabel Leão

Presidente

Juliana Rocha Barroso

Vice-Presidente

Cristina Paloschi Uchôa

Primeiro-Secretário

Eduardo Peterle Nascimento

Coordenação ExecutivaPaulo Lima e Lilian Romão

EquipeAna Paula Marques, Carol Lemos, ElisangelaNunes, Eric Silva, Gisella Hiche, Luciano deSálua, Maria Rehder, Micaela Cyrino, RafaelLira, Rafael Stemberg, Simone Nascimento,Sonia Regina, Vânia Correia e Vivian Ragazzi

Administração/Assinaturas

Norma Cinara Lemos e Danilo Asevedo

Mobilizadores da ViraAcre (Leonardo Nora), Alagoas (JhonathanPino), Amapá (Camilo de Almeida Mota),Amazonas (Cláudia Ferraz e Délio Alves), Bahia(Nilton Lopes), Ceará (Amanda Nogueira eRones Maciel), Distrito Federal (Ionara Silva),Espírito Santo (Filipe Borges, Jéssica Delcarro,Leandra Barros e Wanderson Araújo), Goiás(Érika Pereira e Sheila Manço), Maranhão

(Sidnei Costa), Mato Grosso do Sul (FernandaPereira), Minas Gerais (Maria de Fátima Ribeiroe Pablo Abranches), Pará (Alex Pamplona),Paraíba (Niedja Ribeiro), Paraná (JulianaCordeiro), Pernambuco (Maria CamilaFlorêncio), Piauí (Anderson Ramos da Luz),

Rio de Janeiro (Gizele Martins), Rio Grande do

Norte (Alessandro Muniz), Rondônia (LucianoHenrique da Costa), Roraima (CleidioniceGonçalves), Santa Catarina (Celina Sales e Ciro Tavares) e São Paulo (Damiso Faustino,Luciano de Sálua, Sâmia Pereira, SimoneNascimento e Virgílio Paulo).

ColaboradoresAmanda Proetti, Anne-Sophie Lockner, AntônioMartins, Carolina Cunha, Emilia Merlini, JulianaGiron, Heloísa Sato, Lentini, Marcelo Rampazzo,Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes, Paulo

Pepe, Philipe Leonhardt e Sérgio Rizzo.

Consultor de Marketing

Thomas Steward

Projeto GráficoAna Paula Marques e Cristina Sayuri

Jornalista ResponsávelPaulo Pereira Lima – MTB 27.300

Divulgação

Equipe Viração

E-mail Redação e [email protected]@viracao.org

Preço da assinatura anualAssinatura Nova R$ 58,00Renovação R$ 48,00De colaboração R$ 70,00Exterior US$ 90,00

RG VÁLIDO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL

10

24

Sempre na ViraManda Vê . . . . . . . . . . . . . 06PCU . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12De Olho no ECA . . . . . . . . 14No Escurinho . . . . . . . . . . 29Rango da Terrinha . . . . . . 30Escuta Soh! . . . . . . . . . . . . 32Sexo e Saúde . . . . . . . . . . 33Parada Social . . . . . . . . . . 34Rap Dez . . . . . . . . . . . . . . 35

Alforria musicalNo Galera Repórter, uma entrevista com os integrantes

da banda de rock Los Porongas, que surgiram de um

movimento musical independente do Acre

ComemoraçãoCom 28 milhões de participantes no mundo, MovimentoEscoteiro comemora cem anos de presença no Brasil

28 Encontro verdeSaiba o que rolou na Confint, evento que reuniu emBrasília (DF) crianças e adolescentes, de 53 países,para discutir meio ambiente

31Trilha latinaConsiderada uma das principais cantoras da

América do Sul, a argentina Mercedes Sosa

utilizou a música para falar de política

8 Começar do zeroAcompanhe a história de três famílias dejovens que sofreram com as chuvas quealagaram o Nordeste em junho

15Demorou!Universidade de São Paulo (USP) lança curso de

Educomunicação e profissional poderá atuar em

diversas áreas. A Vira preparou um especial para

decifrar o papel do educomunicador

26 Aí vem o depoisApós projeto do Unicef em escolas, jovens realizam

ações de mobilização social e comunicação em

comunidades de São Paulo

23 Assexuados, não!Seminário discute o sexo entre pessoas com

deficiência, público pouco lembrado nas ações

de enfrentamento às dst/aids

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Para garantir a igualdade entre os gêneros nalinguagem da Vira, onde se lê “o jovem” ou “osjovens”, leia-se também “a jovem” ou “as jovens”,assim como outros substantivos com variação demasculino e feminino.

A Vira pela igualdade. Diga lá. Todas e todos Mudança, Atitude e Ousadia jovem.

Diga lá

Fale com a gente!

Parceiros�de�Conteúdo

Ida�Pietricovsky�OliveiraBelém�(PA)�-�por�e-mail

Parabéns. A cada edição vocêsconseguem se superar. A Viração com acapa “Melhores amigos” (nº 62), a justahomenagem à Neide Castanha e, claro,

Mauricio de Sousa, está um arraso. Beijos!

Nivia�Machado�–Sabará�(MG)�–�por�e-mail

Sou jornalista da AFFAS (Ação Façauma Família Sorrir), ONG situada no

município de Sabará, que tem o Ponto deCultura TI VI no Morro. Gostaria de dizer

virei leitora assídua desde que li a Vira�pelaprimeira vez. As matérias são super

interessantes e bem escritas. Adiagramação é super bacana, jovial.

Siga a Vira no Twitter! Nosso perfil é

http://twitter.com/viracao Nivia, ficamos até

com vergonha com tantoselogios =). Muito obrigado poracompanhar nosso trabalho.

Abraços!

Ida, é bom saberque está gostando da

revista. Todos os meses,nossos Conselhos Jovens “ralam”muito para trazer um material dequalidade (editorial, pedagógico e

político) aos leitores.

Ponto G

Marta, os virajovenstambém curtiram muito

participar desse evento eajudar na discussão do assunto.A reportagem está nesta edição

da Vira (pág.23) para todosverem o que rolou.

Mande�seus�comentários�sobre�a�Vira,�dizendo�o�que�achou�denossas�reportagens�e�seções.�Suas�sugestões�são�bem-vindas!Escreva�para�nosso�endereço:�Rua�Augusta,�1239�-�Conj.�11Consolação�-�0135-100�-�São�Paulo�(SP)ou�para�o�e-mail:�[email protected]�sua�participação!

Marta�Gil�–�São�Paulo�(SP)por�e-mail

Como sempre, é muito bom fazerparceria com a Viração! Gostaria de

agradecer e dar os parabéns aos jovens Nair eCarlos Henrique, que acompanharam o seminário“Ações e Reflexões sobre Aids e deficiência” e

fizeram reportagens. O blog continua no ar:www.aidsedeficiencia2010.blogspot.com

Beijos, até a próxima!

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Manda Vê

É, as eleições estão chegando e logo todos oscidadãos que tenham mais de 16 anos de idadepoderão exercer um de seus direitos, o voto! E nestaseleições acontecerá um grande marco para a históriaeleitoral brasileira: políticos com processos criminaisem aberto, ou que já tenham suas “fichas sujas”,terão um sério problema com a nova lei Ficha Limpa,que barra a candidatura de pessoas condenadas porcrimes graves, tais como racismo, homicídio, estupro,tráfico de drogas e desvio de verbas públicas. Porém,candidatos que aguardam algum julgamento poderãoconcorrer às eleições com a condição de perder seusmandatos caso sejam declarados culpados após o

Sâmia�Pereira�e�Simone�Nascimento,�do�Virajovem�São�Paulo�(SP)*�e�Weslei�Vicente�Silva�e�Silmara

Aparecida�dos�Santos,�do�Virajovem�Lavras�(MG)

*Integrantes de Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e no Distrito Federal([email protected] e [email protected])

6 Revista Viração • Ano 8 • Edição 64

O que você achou da LeiFicha Limpa?

Fabio�Tito�Reis,�19�anos,�Carrancas�/MG

“Achei a lei muito legal, poisuma pessoa que foi desonesta

uma vez pode muito bemcometer outros erros.”

Rodrigo�FernandesPrimon,�17�anos,�São�Paulo�(SP)

“Achei super válida e correta, pois é difícilacreditar e confiar nos políticos do

Brasil. Particularmente não gosto de generalizar,mas infelizmente nessa área a

corrupção domina. E se a pessoa tem umprocesso criminal aberto, dá

para tirar uma conclusão de que não é'alguém de bem' e que não faz as

coisas em conformidadecom a lei.”

período eleitoral.A campanha foi lançada em abril de 2008, por meio

da iniciativa popular, conseguindo mobilizar grandeparte do público através de discussões em redes sociaiscomo o Facebook, Orkut e Twitter. O retorno foi tãopositivo que, em setembro de 2009, o Movimento deCombate à Corrupção Eleitoral (MCCE) entregou oprojeto ao presidente da Câmara dos Deputados, MichelTemer, junto com um milhão e 600 mil assinaturas.

Até o fechamento desta edição, muitos políticosestavam impedidos de se candidatar por conta da lei. Enós, os virajovens, fomos ver o que a galera pensasobre isso.

Andressa�da�Silva,17�Anos,�Carrancas�(MG)

“A Ficha Limpa é muitoimportante. Na maioria das vezes,

quem comete um crime uma vez pode cometer novamente,

e pôr em risco a sociedade.”

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Ficha Limpa – Lei Complementar no 135 de 4 de junho de 2010 (vários autores) – Editora�Edipro

Lançado no final de julho, o livro reúne trabalhos de 23 autores (entrejuristas e integrantes de movimentos sociais), responsáveis pelainiciativa popular que deu origem à Ficha Limpa, que ajudarão osleitores a interpretarem a nova lei. A publicação é uma das ações doMovimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), que tambémlançou um site (www.mcce.org.br) para monitoramento das eleiçõesde 2010 e orientações sobre como o eleitor pode formalizar umadenúncia sobre algum político corrupto.

Daniela�de�Oliveira�Vieira,16�anos,�Taboão�da�Serra�(SP)

“Eu aprecio a lei Ficha Limpa, pois acreditoque os cidadãos que não cumprem com os seus

deveres não podem assumir um cargo no governo.Aqueles que erraram e almejam assumir algum

cargo no Executivo devem primeiro resolver suas'pendências'. Alguém que cometeu um erro como

cidadão pode cometer erros piores ao terresponsabilidades que envolvem outros

cidadãos, e aí a coisa complica.”

Diego�Pereira�dosSantos,�22�anos,�São�Paulo

(SP)

“Acho bom para o desenvolvimentoe fortalecimento da política

brasileira. Isso é apenas o começode um novo Brasil que ainda

está crescendo”.

A MTV Brasil tambémresolveu dar suacontribuição para que

o eleitor fiscalize os candidatos às eleições

deste ano. Além de manter um sitecom informações sobre todos oscandidatos que disputam o cargo de presidente da República(www.mtv.com.br/tomecontadobrasil),o projeto “Tome Conta do Brasil”prevê um debate presidencial, com aparticipação dos jovens, e programasjornalísticos sobre o tema durante aprogramação da emissora.

Rizete�dos�Reis,�17�Anos,�Carrancas�(MG)�

“Penso ser um absurdo as pessoasque têm ficha suja se candidatarem,porque a gente quer eleger pessoas

que sejam honestas e estejamdispostas a lutar por um País

cada vez melhor”.

José�Paulo�Guimarães,17�anos,�Carrancas�(MG)

“Legal, pois, além de não permitirque políticos com nome ‘sujo’ sejam

eleitos, proporciona uma grandesegurança à população em

relação ao seu voto”.

FazParte

Natália�Moreno,�23�anos,�Porto�Feliz�(SP)

“Achei ótimo. Infelizmente existempessoas que não acompanham a vida dos

candidatos e votam sem saber o que este jáfez ou deixou de fazer. Há também aspessoas que trocam seu voto e esta leiirá, de alguma maneira, selecionar os

candidatos mais ‘limpos’ paranos representar.”

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8 Revista Viração • Ano 8 • Edição 64

Um mês depois das enchentes quecastigaram milhares de famílias nosEstados de Pernambuco e Alagoas,

deixando mais de 100 mil pessoasdesabrigadas e quase uma centena demortos e desaparecidos, a equipe doVirajovem foi a Murici, cidadezinha de 27mil habitantes que fica a 51quilômetros dacapital, Maceió, e uma das mais atingidaspelas enchentes.

Logo na entrada da cidade é possívelver um varal com milhares de roupasestendidas nas cercas das fazendas aoredor da região. Em frente ao varalcoletivo, estão centenas de desabrigadosocupando quatro prédios que foramconstruídos para servir de rodoviária egalpões para futuras instalações deindústrias têxtil na cidade, e que agoraservem de abrigo para essas pessoas.

Um dos desabrigados é Antônio CarlosRufino Moreira, de 16 anos. Encontramoscom ele em frente a um dos galpões comseus atípicos olhos azuis que tantoencantaram as meninas da Vira. Quando ovimos pela primeira vez, ele estavaencostado num dos galpões, olhandopacientemente para aquele amontoado degente que se ocupava nas caixas d’água,lavando suas roupas e dando banho nosmenores em frente ao galpão.

Barulho, mau cheiro, brigas, tentativasde roubo: “Aqui acontece coisa que atéDeus duvida”, nos falou a mãe de Rufino,Maria da Silva, de 46 anos. Quando as

Texto e fotos: Daniel Silva, Elaine Cecília,

Jhonathan Pino, Roberta Batista e Thaís

Magalhães, do Virajovem Maceió (AL)*

águas do Rio Mundaú estavam subindo, nodia 18 de junho, o jovem partiu, ao lado deseus três irmãos, com as águas pelosjoelhos para a Usina São Simieão, local maisalto onde poderiam ficar mais seguros.

Sua mãe, dona Maria, não resistiu àcuriosidade: preferiu ficar e passou trêsdias em cima da casa esperando a águabaixar. “Fiquei pra ver a enchente, porquenunca tinha visto uma.” Maria foi avisadapelas pessoas que haveria a cheia, maspreferiu ficar para ver. “Porque eu eracuriosa, mas agora, graças a Deus não soumais. Eu quase morri!”, revela Maria.

Ela recebeu ajuda de um vizinho, quecolocou uma escada para que Maria e maistrês vizinhos ficassem em cima da casa.“Não teve socorro não. O helicópteropassava, a gente gritava, mas ninguém foisocorrido”, disse ela.

Rufino ficou três dias com os irmãosmenores sem saber onde estava a mãe eesperando as águas passarem. Quando oencontramos, no dia 18 de julho, um mêsdepois das enchentes, Rufino ainda

A Vira foi a uma das cidades destruídas pelas

enchentes no Nordeste para saber como os

jovens estão contornando o problema

trabalhava como uma formiguinha, tirando sozinho a lama de sua casa, que chegou a atingir um metro de altura.Ele disse que agora só falta limpar otelhado da casa para que voltem para olocal onde moravam.

Maria e seu filho Rufino perderam tudoe agora vivem das doações que chegam,além de estarem abrigados num ambientecoletivo, em que o barulho é constante, omau cheiro toma conta do lugar.

RecomeçoEnquanto estávamos fotografando o

centro da cidade de Murici, que maisparecia um cenário daqueles que vemosem filmes de guerra, encontramos Maria deLurdes de Deus Ferreira, de 17 anos, suamãe Maria José, de 49 anos e os filhos deLurdes, Derick Luan, de 2 anos, e DalissonWerick, de apenas 10 meses. Eles estavamindo para casa, na rua da Floresta – amesma onde Rufino morava – levando numcarrinho de mão algumas roupas velhasdistribuídas pelo exército.

A casa, ainda úmida e com marcas deágua até o teto, estava cheia de roupasvelhas espalhadas por todos os cômodos.Apesar do número grande de roupas, estasnão serviam, eram muito grandes e as

Margens do Rio Mundaú e os

desabrigados (à esquerda)

Vidas ligadas enchentes_8-9_64:Layout 1 27/8/2010 15:04 Page 12

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Revista Viração • Ano 8 • Edição 64 9

crianças ainda ficavam quase nuas edescalças devido à falta de donativosvoltados para as crianças. Como o colchãoainda estava molhado e o chão, tanto dacasa como da rua, cheio de lama, todoseles pegaram micoses, e os dois filhos deLurdes ficaram seriamente doentes.

Eles souberam da cheia um poucoantes, às 16h da sexta-feira, quando umhomem desconhecido passou avisando:“quem tiver criança vá embora daqui, vaichegar muita água daqui a pouco. Vemmuita coisa descendo aí.” Mas elasacharam que seria uma experiência comoas outras, em que a água não subiu maisque a altura dos joelhos.

Maria Patrícia, de 20 anos, irmã deLurdes e mãe de Saniele Lauane, que nãotinha sequer 2 meses de vida, não quissaber de esperar, “estava chovendo, boteia pequeninha no braço, peguei a sombrinhae fui. Meus vizinhos ficaram três dias emcima das casas”, disse Patrícia.

Lurdes e Patrícia, que estavam doenteshavia vários dias e não estavam sealimentando direito, ficaram com bastantemedo. Elas foram para a casa do irmão,que fica na Usina São Simeão, “porque élonge do rio”. Quando elas saíram, poucomais de 17h, a água já estava próximo aojoelho. “A água já tava na perna”, dizLurdes, mostrando a perna e a altura daágua na parede.

Vida provisóriaLonge do rio estava a família de Carla

Taíse da Silva, de 12 anos. Ela, seus pais,Carlos Henrique, de 33 anos, e Maria José daConceição, de 28 anos, além de seus irmãosClaudemir Henrique, de 11 anos, CharlesHenrique, de 9 anos, Cleberson Eduardo, de4 anos, e Carlos Eduardo, de 3 anos,estavam num complexo de barracas de lonamontadas pelo Corpo de Bombeiros.

Na barraca deles tinha roupas e quatrocolchões de solteiro que eles ganharam. Elestambém recebem comida três vezes ao dia,mas não sabem quando vão sair dasbarracas. “Ninguém chegou para dizer aindaquanto tempo vamos passar aqui”, disseMaria, mãe da Carla.

Eles saíram de casa quando a águaestava no joelho, mas não deu tempo detirar nada. “Tudo foi muito rápido”. Masmesmo assim, Maria José disse que nãoqueria sair de casa na sexta. “A genteperdeu a casa, não queria sair porqueficamos desabrigados, com tantas crianças.Eu não pensava no perigo, não dá prapensar em nada,” fala Maria José.

Eles disseram que durante a noite étranquilo ficar na barraca, mas que durante

* Um dos Conselhos Jovens da Virapresentes em 22 Estados e no DistritoFederal ([email protected])

o dia, devido ao calor, não há condiçõesdisso, “a quentura é demais”, comentam.Apesar de existirem torneiras perto do local,Maria José ainda não sabe como vai fazerpara lavar roupa, “aqui é ruim pra lavarpano, não tem onde separar. Quando agente vai tomar banho, o pessoal ficaolhando, aí tem que tomar banho de roupa,”avisa Carla com os olhos negros e confusos.

Todos os adolescentes com quemconversamos estudavam no mesmocolégio. Não se conheciam, mas tinham omesmo destino naquela sexta-feira, 18 dejunho. Foram expulsos de suas casas comas águas do Rio Mundaú batendo nosjoelhos; esperaram durantes três dias aságuas baixarem enquanto estavam ilhadose agora estão apenas esperando algumaajuda capaz de tirá-los da bagunça, dasujeira e dos olhos curiosos daqueles quese aproveitam do momento para ver seuscorpos enquanto tomam banho.

Biblioteca municipal tinha livros

pendurados nos ventiladores de teto

Se puder, saiba como colaborar comdoações ao Nordeste (As contas foramdivulgadas pelo Gabinete de SegurançaInstitucional, órgão da Presidência daRepública):

Alagoas: Banco do Brasil – C/C 5241-8Agência 3557-2Pernambuco: Banco do Brasil – C/C100.000-4 Agência 1836-8

por um rio

V

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10 Revista Viração • Ano 8 • Edição 64

Galera Repórter

Los Porongas no FestivalVaradouro, no Acre

Linha do TempoEm Cuiabá,show noGrito do Rock

Formada em 2003, a banda Los Porongas vem de umcenário musical independente de Rio Branco (AC), quepassou a ser conhecido recentemente. Diogo Soares

(vocalista), João Eduardo (guitarrista), Márcio Magrão (baixista)e Jorge Anzol (baterista) já se conheciam antes de tocaremjuntos, pois integraram outros grupos, todas parceiras. “Nãotinham muitas bandas e músicos em Rio Branco, então rolavauma espécie de 'promiscuidade musical'. Todo mundo tocavacom todo mundo”, conta Anzol. Além disso, outra característicadesta cena musical é a formação de bandas com participantesde diferentes classes sociais e gerações.

O início foi difícil. Como é de costume nesse meio, bandasde trabalho autoral não recebem muitos incentivos paratocarem, pois existe a preferência para bandas covers. OsPorongas começaram tocando seu rock em festas de amigos,para uma galera mais alternativa, que recebeu muito bem o somda banda. Conforme o público crescia, a banda organizava cadavez mais shows.

Pouco tempo depois, foi criada a Edu FM, uma rádioeducativa que tinha como política tocar músicas de artistasregionais, o que gerou uma necessidade de aumentar aprodução fonográfica do local. Deste movimento, surgiramfestivais como o Guerrilha, atual Varadouro, financiado pelogoverno e um dos maiores festivais independentes da região.

Para se dedicar à banda em tempo integral, os Porongasdecidiram vir para São Paulo. Com um CD e um DVD, atualmentea banda está em processo de gravação de seu segundo álbum,“O Segundo Depois do Silêncio”.

E para conhecermos um pouco mais sobre a trajetória dabanda, a Vira recebeu os músicos Diogo Soares e Jorge Anzolpara a entrevista que você confere a seguir:

Viração: Los Porongas é um nome curioso. Como chegaram

a ele?

Diogo Soares: Poronga é uma artefato que o seringueiro usasobre a cabeça para iluminar o caminho, quando sai demadrugada para tirar seringa. Como achamos que só “Porongas”não soava bem, acrescentamos o “Los”, que é uma referêncialocal, pois o Acre, por fazer fronteira com a Bolívia, teminfluência do espanhol.

Quais foram as maiores influências musicais que vocês

tiveram?

Jorge Anzol: Como pertencemos a gerações diferentes,também temos gostos distintos. Eu curtia punk rock, o Magrãomais heavy metal, o Diogo tem influências de MPB e rock dos anos1980, e o João, apesar de ser o mais jovem, é beatlemaníaco egosta muito de bandas dos anos 1960. Acho que essa diversidadeé uma característica de quem mora longe dos grandes centros e,

Gravação doprogramaPoploadedveiculadopelo portal IG

Show do projeto “MaisMassa” com Saulo Duarte,e Daniel Groove

Carolina Santos, Sâmia Pereira e Simone Nascimento, do Virajovem São Paulo (SP)*

2006 2007

Perto de lançar o segundo álbum, integrantes da banda Los Porongas falam sobre ocenário musical independente do Acre e das experiências vividas em São Paulo

Vini Mania

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Fábio Battista

Do Acre para São Paulo, de São Paulo para o Brasil

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“Nós não temos um método decompor, nós construímos asmúsicas colaborativamente, deum modo meio caótico.”Diogo Soares (vocalista)

Revista Viração • Ano 8 • Edição 64 11

talvez por conta disso, a gente tenha dificuldade de rotularnossa música.

Sobre o “Mais Massa”, projeto que faz criações

comunitárias com diferentes artistas e bandas de fora de

São Paulo, qual a importância que essa “mistura” traz

para os Porongas?

Diogo: No período de adaptação à nova cidade, acabamosconhecendo pessoas com histórias diferentes, mas emmomentos parecidos. Era uma galera que saiu de seu lugar deorigem e veio para São Paulo viver de música. Além disso, fezcom que a gente entrasse em outro processo artístico, pois apartir do momento que começamos a interagir com osmeninos, nós abrimos a nossa cabeça para outrasreferências. Eu diria que nós achamos a nossa turma.

Falem um pouco sobre o novo álbum (em produção), “OSegundo Depois do Silêncio”.

Diogo: Esse novo álbum tem muito da nossa procura paraconstruir a narrativa da música. Uma influência foi a relação dohomem com o tempo. No Acre, as coisas acontecem em outroritmo, a forma que você se relaciona com a cidade e com aspessoas é completamente diferente de outros lugares. Em RioBranco, eu tinha a impressão de que era um tempo só, devagare tranquilo. Mas, aqui em São Paulo, o tempo do apartamento éum, o tempo dos nossos amigos, das pessoas, é outro. Otempo é um elemento dentro do estranhamento que a gentesentiu quando se mudou pra cá. Então, é um disco que temuma esperança angustiada, embora eu não saiba dizer se existeesperança sem angústia. O primeiro disco era mais “o eu”. Esseestá mais “eu e você” (risos).

*Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados doPaís e no Distrito Federal ([email protected])

Hoje em dia, várias bandas têm usado a internet e outros tipos

de mídias para se fortalecer no cenário musical, como

disponibilizar músicas pra download e ter contas em diferentes

redes sociais. Para vocês a internet ajuda ou não?

Diogo: A internet é fundamental pra qualquer artista, porqueela nos dá maior acesso ao público. O artista conseguiu aquilo queera mais difícil: divulgar seu trabalho do jeito que quiser.

Anzol: A internet democratizou e facilitou a maneira dedivulgar e gravar um trabalho. Hoje em dia, todo mundo pode terum disco. Do mesmo jeito que há bandas sérias, com um trabalhoconsistente, há outras que surgiram repentinamente, só praatender uma expectativa de mercado, utilizando o mesmo formato.Os timbres e a estrutura das canções é parecida, as temáticas sãosemelhantes, a estética é praticamente a mesma. A música viraproduto. E os Porongas e vários outros músicos do Brasil nãoenxergam isso como caminho.

Uma pergunta meio “ovo ou a galinha”: o que vem primeiro

para os Los Porongas, a melodia ou a letra?

Diogo: No nosso caso é a melodia. Já tiveram casos em que eutinha feito a letra inteira de uma música, cheguei 'empolgadaço' com

a poesia, mas quando a música começou a ser feita, teve umasérie de elementos do texto que foram se adequando à melodia.Nós não temos um método de compor, nós construímos asmúsicas colaborativamente, de um modo meio caótico.

Qual o recado que vocês deixam para a galera que está

começando a fazer música agora?

Anzol: Escutem os pais de vocês, quando dizem que isso éuma loucura (risos).

Diogo: A vontade é dizer algo como 'acredite nos seussonhos', mas a gente sabe que não é tão simples. Enfim, sevocê realmente quer, se escute, e vá atrás.

2009

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No parque da Aclimação,em São Paulo (SP)

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Galera do Virajovem São Paulo recebeDiogo (centro) e Jorge para entrevista

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12 Revista Viração • Ano 8 • Edição 64

Palestra em forma de roda de conversa, dinâmicas e muitobate-papo sobre direitos sexuais e reprodutivos com maisde 120 alunos de escola pública. Tudo isso é fruto do

envolvimento de duas adolescentes, Maiara da ConceiçãoMariano e Nair Moraes Oliveira, que moram na comunidadeAnhanguera, no extremo oeste de São Paulo (SP), e participamda Plataforma dos Centros Urbanos (PCU), uma iniciativa doUnicef voltada para a garantia dos direitos de crianças eadolescentes que vivem nas grandes cidades.

O principal motivo da realização do evento, que contou com aparticipação da médica ginecologista Ana Cláudia NogueiraMendes e a enfermeira Érika Ertes, que trabalham na UnidadeBásica de Saúde do Jardim Rosinha, foi o alto índice deadolescentes grávidas na região.“Trabalhamos com alunos da 8a

série da escola, com o objetivo de conscientizá-los sobre aprevenção e os métodos contraceptivos. Fizemos isso paraacabar com a 'vergonha' que eles têm em relação a procurar oposto de saúde para orientação e atendimento médico”,explicou a agente comunitária de Saúde Lucimara Damascena deAlmeida, que desde 2005 desempenha a função no bairro eatualmente integra a PCU.

Após a palestra, houve uma dinâmica de grupo onde foramutilizadas bexigas nas cores verde (livre), amarela (provávelcompromisso com alguém) e vermelha (compromissado) com oobjetivo de estimular a resolução de dúvidas. As adolescentesNair e Maiara ajudaram na elaboração da metodologia do eventopara garantir que fosse realizado em uma linguagem voltada

Estefania Santos Silva, Michel Sanabio Santos, Victor Aquino Urresti e Wesley Thiago do

Nascimento, adolescentes da Plataforma dos Centros Urbanos*, e Maria Rehder, da Redação

para o jovem. “Também temos o objetivo de que osadolescentes participantes sejam multiplicadores deinformações, realizando teatros, colando cartazes para atingiroutros adolescentes para tratar dos assuntos com os demaiscolegas”, complementou Lucimara.

Outro bairro da região, Perus também contou com oenvolvimento de adolescentes na luta por seus direitos. No dia28 de junho, os representantes da comunidade que participam daPlataforma dos Centros Urbanos se reuniram com o subprefeitoda região para discutir sobre o problema do excesso de lixo nasruas do local. A adolescente Manuela dos Santos Silva, queparticipou da reunião, conta que a comunidade fez um pedidopara a retirada do lixo que há mais de dois meses estavaentulhado. Em menos de um mês um caminhão da prefeituraretirou todo o lixo que estava jogado nas ruas.

Mas muito além da reunião, ela ressalta que o pessoal daregião fez uma parceria com enfermeiros e agentes de saúdepara mobilizar os moradores para separar o lixo reciclável efazer o descarte no dia certo em que a prefeitura faz a coleta.Dona Lenilda, que trabalha na Pastoral da Criança, conversoupessoalmente com muitas pessoas que moram ali. “Não é porquea nossa comunidade não tem asfalto que devemos jogar o lixoem qualquer esquina. A população tem que colocar o lixo no diacerto para manter a comunidade limpa porque os ratos vão até olixo e voltam para as gavetas de nossa casa trazendo com elesdoenças, e prejudicando a nossa saúde e a saúde das pessoas danossa comunidade”, ressalta dona Lenilda.

Comunidades das zonas norte e oeste de São Paulo, que

participam da PCU, realizam iniciativas para discutir os

problemas dos locais e ir atrás de soluções

Com todo o vapor

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*A Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) é uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef),

desenvolvida em parceria com diferentes parceiros, que tem como objetivo melhorar a qualidade de vida e

garantir os direitos das crianças e dos adolescentes que vivem nas grandes cidades. A Plataforma está sendo

implementada inicialmente nas cidades de São Paulo, Itaquaquecetuba (SP) e Rio de Janeiro (RJ), com duração

prevista até 2011. Os chamados adolescentes comunicadores são membros das comunidades que integram a PCU

e são responsáveis por auxiliar na mobilização comunitária para a conquista das metas e comunicação de ações

realizadas no âmbito de suas comunidades.

V

Reggae para mobilizar!No dia 23 de maio, os adolescentes

Estefânia Santos Silva e Vitor Urresti, quemoram na comunidade Jova Rural, zonanorte de São Paulo, saíram às ruas paramobilizar mais crianças e jovens da regiãopara integrarem a PCU e se engajarem naluta pelos seus direitos. A dupla aproveitoua realização de um grande evento daregião, o Sabadania, que reuniu mais de 17mil pessoas para fazer a articulação com acomunidade. Nesse dia, vários serviçosforam oferecidos aos moradores locaiscomo a emissão de RG, corte de cabelo,tratamento dentário, balcão de empregos ecursos. Depois de conversarem com muitosjovens, Estefânia e Vitor entrevistaramAndré Morais, líder da banda de reggae Ya Rock, que se apresentou no evento. “As pessoas podem conhecer as músicas epor meio delas a gente pode contribuirpara que os jovens não usem drogas etenham a chance de se envolver com osprojetos culturais que existem nacomunidade”, disse o músico.

Essa é a segunda de uma série de trêsreportagens produzidas pelosadolescentes comunicadores da PCU deSão Paulo com o objetivo de mostrar oque as comunidades que integram essainiciativa do Unicef estão fazendo nasregiões onde vivem em prol dos direitosdas crianças e dos adolescentes. No mêspassado, os adolescentes escreveram umamatéria sobre as experiências realizadasna zona leste. Nesta edição, o foco foi amobilização realizada pela galera quemora nas zonas norte e oeste. Nopróximo mês você vai poder conferir oque está rolando nas zonas central e sulda capital paulista.

Encontros são oportunidades para população

compartilhar os problemas da região

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14 Revista Viração • Ano 8 • Edição 64

V

IvoSousa De olho no ECA

Equipe do Portal Pró-Menino*

*O Portal Pró-Menino, parceiro da Vira, é uma iniciativa da Fundação Telefônica em conjunto com o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em TerceiroSetor (CEATS/FIA). Não deixe de visitar: www.promenino.org.br

Os avanços do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente

de justiça, de modo que, na ponta, a criança seja

devidamente compreendida, ouvida, encaminhada,

atendida e protegida.

A outra dimensão destacada para o devido

funcionamento do Sistema é o conhecimento necessário

acerca das atribuições de cada um dos atores da rede local,

assim como os meios e mecanismos de comunicação entre

eles, para que haja fluência e efetividade junto à criança. O

que um professor deve saber sobre as atribuições de um

promotor de justiça? Quais são os limites da atuação do

professor em casos de conhecimento de violência

doméstica? Tais questões só podem ser respondidas se

houver clareza sobre as funções e níveis de articulações

entre os diversos setores e seus atores. Obviamente não é

algo que se atinja rapidamente, mas que merece

investimento continuado de treinamento e capacitação de

maneira que os municípios tenham organizados os seus

sistemas de proteção integral.

Vale destacar, em especial, a atuação dos Conselhos

dos Direitos e dos Conselhos Tutelares e a importância de

suas funções para o bom ou mau funcionamento do

sistema. Nestes 20 anos de Estatuto, houve a instituição

destes conselhos em quase 100% dos municípios

brasileiros, mas a devida qualificação de suas funções de

controle social e defesa dos direitos infanto-juvenis está

ainda aquém das expectativas. A solução para este

enorme desafio encontra-se em debate. No entanto, a

percepção de que quando os atores atuam corretamente,

o sistema funciona e a criança e suas famílias são

preservadas e cuidadas é a melhor dica de como se deve

prosseguir. É, portanto, na organização institucional do

Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do

Adolescente que reside o passo necessário para a

implementação e efetividade do ECA.

AConvenção Internacional dos Direitos

da Criança e o Estatuto da Criança e

do Adolescente (ECA) deram uma

enorme contribuição à história dos direitos

infanto-juvenis. Incluíram a criança como

sujeito de direitos, rompendo radicalmente

com a condição de incapaz imposta

pelo velho Código de Menores

e estabeleceram as diretrizes para

uma organização social que

desse conta da nova

doutrina jurídica e

social, a doutrina da

proteção integral.

Esta nova

organização

social proposta

pelo ECA, traduzida

no chamado Sistema de

Garantia de Direitos da

Criança e do Adolescente,

representa um importante passo

na luta pela cidadania plena de

crianças e adolescentes. O momento atual, passados 20 anos de vigência

do Estatuto, reveste-se de desafios particulares, tendo em vista que a

execução do Sistema é de grande complexidade. Estes podem ser

destacados em duas grandes frentes: o trabalho articulado em rede e o

conhecimento e capacitação dos atores do sistema.

O trabalho sistêmico e articulado em rede envolve uma gama de

atuações conjuntas e sucessivas para que se cumpra a proteção da

criança. Uma mudança importante de paradigma diz respeito ao conceito

de incompletude institucional, que deve ser incorporado pelas políticas e

pelas instituições que as compõe. Na prática, o que se exige é uma

articulação orgânica e permanente entre as políticas sociais e o Sistema

Lentini

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Revista Viração • Ano 8 • Edição 64 9Revista Viração • Ano 8 • Edição 63 29

Especial

EDUCOMUNICADOR, Mui

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r!Universidade de São Paulo lança curso deEducomunicação no próximo vestibular da Fuvest

educação vestibular projetos

compartilhar escrever comunicaçãoinformação tecnologia audiovisual

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“o curso da usP é o reconhecimento da luta do movimento social pelodireito à comunicação. nesse sentido, fiquem tranquilos todos os que jáestão na área, exercendo funções educomunicativas na mídia, na educaçãonão formal e nas organizações sociais. o licenciado em Educomunicaçãovirá para somar e ocupar espaço onde o diploma se fizer indispensávelcomo ocorre no exercício do magistério (ensino médio), em atividadesjunto ao poder público (ministérios e secretarias) e em consultorias

especializadas no t erceiro setor, em funções que exigem formação acadêmica específica.”

Ismar de Oliveira Soares é o chefe do departamento de comunicação e Artes da EcA/usP,responsável pelo lançamento da l icenciatura em Educomunicação da EcA/usP

Especial

Profissional do futuro

Você que está prestes a terminar o Ensinomédio e está meio perdido, pois aprofissão dos seus sonhos parece ainda

não existir, já pode se informar sobre umnovo campo de trabalho: a Educomunicação.no próximo vestibular da Fuvest, você já vaipoder concorrer a uma vaga ao cursonoturno de licenciatura em Educomunicaçãocriado pela Escola de comunicações e Artesda universidade de são Paulo.

Educomunicação é nosso jeitinho de secomunicar educando, ou seja, quandoescrevemos, falamos ou fazemos algo com aintenção de mostrar, ensinar, trocarinformações com alguém, garantindo odireito que todos nós temos à comunicaçãoe à informação.

Há muita gente que já trabalha comEducomunicação. A secretaria municipal de

são Paulo, por exemplo, abriu um edital em2009 para contratar pessoas para o cargo deeducomunicador. o Fundo das nações unidaspara a infância (unicef) adotou aEducomunicação como metodologia deformação de adolescentes em uma iniciativachamada Plataforma dos centros urbanos. oprograma de ensino a distância mídias naEducação, do ministério da Educação, abreespaço para a discussão sobre Educomunicaçãoentre os milhares de professores participantes.

mas, afinal, o que faz um educomunicador?Essas perguntas estão respondidas pelosprofessores que vão dar aulas na licenciatura emEducomunicação e também por pessoas queatuam como educomunicadores. t oda aprodução deste caderno especial contou com aparticipação de adolescentes de diferentescomunidades de são Paulo.

O que faz um educomunicador? Saiba mais sobre a profissão nas próximas páginas

Est E EsPEciAl Foi PRoduzido dEFoRmA col AboRAt iVA PoRAdol EscEnt Es comunicAdoREs,EducomunicAdoREs E PRoFEssoREsdA usP

Escola de Comunicações e Artes/USP Professores doutores Adilson citelli,ismar de oliveira soares, RicardoAlexino Ferreira, Roseli Figaro e ViníciusRomanini Viração EducomunicaçãoAlan Vieira da silva, Alison cordeiro,cássio de Goes, Kariny sopranzi,l eonardo belo e sílvia Ariel,adolescentes comunicadores daPlataforma dos centros urbanoscamila Andrade, t haís Vidal, doVirajovem são PauloAna Paula marques, carol l emos,cristina sayuri, danilo Asevedo, douglas l ima, Elisangela nunes, Eric silva, Gisella Hiche, izabel l eão,l ilian Romão, l uciano de sálua, maria Rehder, maurício silva, micaelacyrino, norma l emos, Paulo l ima,Rafael l ira, Rafael stemberg, sâmiaPereira, simone nascimento, soniaRegina, Vânia correia e Vivian Ragazzi,da equipe Viração

os depoimentos dos entrevistadospodem ser conferidos na íntegra emwww.viracao.org

Expediente:

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Conheça o curso de EducomunicaçãoPor ser mais um curso que a usP oferece, para ingressar na licenciatura em

Educomunicação é necessário passar no vestibular da Fuvest. nas atividadesteóricas, o aluno conhece as teorias da comunicação e da Educação; aepistemologia da Educomunicação (teoria do conhecimento); a gestão dacomunicação. Em aulas práticas, poderá ter contato com a produção das diferentesáreas midiáticas e os processos comunicacionais. o perfil desejado do graduando éque ele tenha interesse pelas áreas de comunicação social e afins e a área deEducação, no sentido de pensar constantemente a interseção entre mídia eprocessos educacionais.

“minha disciplina no novocurso será Práticaslaboratoriais em multimídia:fundamentos teóricos. Eladiscute os fundamentos dacomunicação em ambienteseducomunicativos a partir deuma visão sistêmica e complexa. introduzconceitos ligados à teoria da informação, da teoria do sistemas e da cibernética paramostrar como aparelhos, dispositivos e meios decomunicação transmitem informação e produzemum campo de possibilidades de significação."

Vinícius Romanini, jornalista, doutor em ciências dacomunicação, é professor da disciplina Práticaslaboratoriais em multimídia: fundamentos teóricos

Adilson Odair Citelli, doutor em l iteratura brasileira, é professor de l inguagem Verbal nosmeios de comunicação

Roseli Figaro, jornalista, doutora em ciências da comunicação, com pós-doutorado na área decomunicação e trabalho. Ela é professora da disciplina Epistemologia da Educomunicação

"no curso de licenciatura em Educomunicação, atuarei em duasfrentes: na preparação do profissional para o trabalho com alinguagem verbal, sobretudo capacitando-o a percebê-la comofundamento das relações sociais, utilizando-a em seus diferentesníveis e normas; e em disciplinas voltadas às práticaseducomunicativas seja no âmbito do desenvolvimento de projetos,seja no âmbito do aperfeiçoamento temático e conceitual na áreaespecífica da comunicação."

“A implantação desta licenciatura se reveste de importância porvárias razões. Revela o caráter pioneiro da usP, da EcA e do ccA, noreconhecimento das demandas sociais evidenciadas por um mundoem transformação. indica a abertura de espaço de formaçãoprofissional, pesquisa, docência, prestação de serviços à comunidade,sintonizado com a perspectiva de que no mundo contemporâneoexistem novas formas de produção, circulação e recepção do

conhecimento e da informação. materializa o empenho de educadores que se envolveramna criação deste curso animados pela ideia segundo a qual é cada vez mais difícil pensarnos desafios da educação sem considerar os processos de comunicação.”

Licenciatura em Educomunicação

Início do curso: 1º semestre de 2011

Duração: 8 semestres (4 anos)

Número de vagas: 30 (período noturno)

Inscrições para a Fuvest: 27/08 a

10/09, pela internet: www.fuvest.br

Mais informações sobre o curso:

http://www.cca.eca.usp.br/educom

Revista Comunicação & EducaçãoA Revista comunicação & Educação, editadapelo curso de Gestão do departamento decomunicações e Artes numa parceria comas Edições Paulinas, é a fonte mais lembradapelos pesquisadores da comunicação social de todo oPaís em suas dissertações e teses e uma referência teórica na área.sob a coordenação de maria Aparecida baccega, maria cristina costa e Adilson odair citelli, a revista divulga resultados de pesquisas, relatosde experiências e textos de reflexão de especialistas internacionais enacionais. É reconhecida como o veículo que mais ajudou asistematizar as referências em torno do conceito e das práticaseducomunicativas em todo o País. Ver mais:www.eca.usp.br/comueduc. Escola de comunicação e Artes EcA/usP

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Especial

Mercado de Trabalho

Fazer rádio, escrever, mobilizar pessoas.soa como função de jornalista, certo? sim,mas imagine fazer tudo isso de formaparticipativa, com o objetivo de educar oufazer a diferença na vida das pessoas,garantindo que elas não só recebam ainformação, mas também se comuniquem.conheça um pouco da prática de trabalho doseducomunicadores e veja se você se identificacom algum deles!

Educação com autoriamarcílio Rocha é mestre em Educação,

doutorando em difusão do conhecimento,consultor de novas mídias e assessor decomunicação de uma empresa estatal.marcílio foi um dos responsáveis, em 2007,pela criação do departamento deEducomunicação da secretaria Estadual deEducação da bahia. marcílio também é um dosidealizadores do projeto cinemação, quepromove a produção de filmes feitos comcelulares na escola.

“comecei a trabalhar com sindicatos,associações, assessoria de parlamentares etornei-me também professor dos cursos de Jornalismo e Pedagogia. Percebi que a educação é um dos campos parafertilizarmos mudanças.”

Comunicação na sala de aulaAlexandre sayad atua como secretário

executivo da Rede de comunicação, Educaçãoe Participação (cEP), criada em 2004. sayadtambém atuou como coordenador de projetosde Educomunicação integrados ao currículo de escolas privadas de são Paulo, como o colégio bandeirantes, onde, por exemplo,sayad ministrou um curso de pré-jornalismopara alunos do Ensino médio.

“não consigo pensar em produzircomunicação ou fazer educação de umaforma pura, porque uma precisa da outra. A Educomunicação bem planejada podeoferecer uma oportunidade para que a escolavolte a ter importância na vida de uma criançaou jovem. É um respiro na educação formal.”

“Ao iniciar minhavinculação profissionalcom a Agência denotícias dos direitos dainfância (Andi), entreiem contato com açõesligadas à educação paraa mídia, várias delas no campo daEducomunicação. A prática cotidiana me fezreconhecer a importância de incentivar odesenvolvimento de uma crítica dos conteúdosmidiáticos desde os primeiros anos de vida – sejapor meio de iniciativas ligadas à educação formalou de oportunidades extracurriculares. É nessesentido, também, que hoje a Andi inclui asestratégias de educação para a mídia entre ostemas prioritários quando se discutem as políticaspúblicas de comunicação.”

“o curso pode seruma grande chancede formar pessoascapazes de trabalharcomunicação emsala de aula. t iveformação bemtradicional de jornalista e chegou um momento emque achei que não deveria só informar, mas sim usara comunicação de forma educativa. comecei a escrever livros a partir de reportagens minhas que foram usadas em escolas.”

Gilberto Dimenstein é membro do Conselho

Editorial da Folha de S. Paulo e criador da ONG

Cidade Escola Aprendiz (www.aprendiz.org.br)

Veet Vivarta, secretário-executivo da Agência de

Notícias dos Direitos da Infância (www.andi.org.br)

Alexandre sayad com os alunos

do colégio bandeirantes

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Guilherme Canela,consultor da Unesco(www.unesco.org.br)“não é um campo tãonovo. As práticasdatam de mais de 60 anos, desde quea comunicação de massa começou a ganharforça. Esse campo (Educomunicação) vêmganhando importância nas últimas décadas porconseguir fazer com que as pessoas realmentegarantam o que eu chamo de direito àcomunicação. minha trajetória profissionalsempre buscou melhorar a relação da mídiacom a garantia dos direitos humanos.”

“t enhogranderespeito porprofessoresque trabalhamnesta área,sempre

trazendo esse viés educativo. Acho muitopositivo quando se vinculam esses dois pontospara chamar a atenção. não é uma novaforma, trata-se de uma consciência educativade se fazer comunicação.”

Onde atuar?na escola, o educomunicador pode introduzir a comunicação, estimulando os

alunos a organizar, discutir, produzir e avaliar conteúdos, utilizando como ferramentarevistas, jornal, rádio, vídeo, blog e outras tecnologias.

Educomunicador é o profissional que assessora, implementa e executa projetosque buscam utilizar a comunicação e tecnologias da informação de uma maneiraeducativa. desta maneira atua em empresas privadas, escolas, onGs e no poderpúblico. Além disso, o educomunicador pode trabalhar junto as empresas decomunicação. o educomunicador consultor atuará também como pesquisador,investigando a qualidade educativa nos meios de comunicação e a relação entre osmeios de comunicação e o público.

Direto da escola públicaRodrigo Koprowski é formado em Educação Física e pós-graduado em ciências

da Atividade Física. t rabalha no centro Educacional unificado (cEu) Parque sãocarlos, em são Paulo (sP), onde desenvolve diferentes programas deEducomunicação. Educadores e educandos contribuem para a produção deprogramas para a “Rádio t V cEu”, de textos para o “Jornal Gazeta clarear” e tambémpara o “blog da Educomunicação”.

“A Educomunicação na escolavisa uma sociedade que prezavalores essenciais na construçãode um mundo de paz. conheci oProjeto Educomunicação no cEue vi a alegria das crianças com omicrofone, gravador, e asatisfação delas a cada edição.infelizmente, muitos vivem o'pré-conceito' da qualidade daeducação, porque não conhecema iniciativa e criatividade dosprojetos e dos profissionais”.

“Estudei Jornalismo porque queriainteragir com todo tipo de pessoa eporque queria que essa interaçãopudesse fazer diferença na vida delas.Foi então que comecei a trabalhar naFundação odebrecht e no l iceu deArtes e ofícios da bahia, onde realizavaoficinas com adolescentes para queproduzissem jornais, cartazes, sobre temas importantes para sua vida.mais adiante, fundei a cipó - comunicação interativa, ondedesenvolvemos metodologias de Educomunicação para melhorar acobertura da mídia sobre os direitos da infância e adolescência, aqualidade do ensino-aprendizagem em escolas públicas, a formação einserção de jovens no trabalho, a participação política e para que osjovens promovessem o desenvolvimento de suas comunidades. muitasdessas experiências vieram comigo para o unicef e influenciaram ametodologia da Plataforma dos centros urbanos.”

Eugênio Bucci, jornalista e professor da ECA/USP

Anna Penido, coordenadora do escritório do Fundo das NaçõesUnidas para a Infância (Unicef) em São Paulo (www.unicef.org.br)

Rodrigo e alunos do cEu Parque são carlos

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Especial

De jovem para jovemEric silva, de 19 anos,

trabalha na ViraçãoEducomunicação comoeducomunicador. seu primeirocontato com o tema foi na 7aªsérie, por meio do projetoEducom.Rádio (desenvolvido pelasecretaria municipal deEducação e pelo ncE da usP,capacitando cerca de 12 milpessoas em atividadeseducomunicativas em escolas da rede públicamunicipal de são Paulo), quando aprendeu a produzirpequenos programas radiofônicos.

“mobilizamos adolescentes e jovens por meio detelefonemas, e-mails e redes sociais para pensar nosconteúdos da revista e do portal da Vira e possíveisações nas regiões onde vivem. outra atividade são asformações que damos para os adolescentes quecolaboram com a Viração. Vejo que o papel doeducomunicador é muito importante para a sociedade,porque ele tem a função de construir coletivamentemuitos conhecimentos por meio das ferramentas dacomunicação.”

Eric Silva, educomunicador da ViraçãoEducomunicação (www.viracao.org) e estudante de

Ciências Sociais

“o conceito que se tem quandofalamos de Educomunicação é autilização de metodologias quearticulem a educação pelacomunicação. na cataventocomunicação e Educação (onG queatua com o desenvolvimentohumano e local por meio depráticas de comunicação e educação, em Fortaleza (cE),desenvolvemos projetos que buscam fazer essa ligação entreas duas áreas. um dos projetos que a gente desenvolve é orádio-escola, na perspectiva de considerar o rádio comoambiente de aprendizagem sociocultural.”

“A Educomunicaçãorepresenta um campo fértilpara se refletir criticamentee trabalhar com os meios,processos e ações decomunicação tendo comomissão maior atransformação socioambiental. É aprender fazendocomunicação de forma colaborativa e à base da gestãodemocrática. isso porque cada processo comunicativo é por si só educativo, envolve aprendizagem e ensinamento,compartilhamento de saberes, prazeres e fazeres.”

“A Educomunicação nocontexto das empresas, dasinstituições, tem muito a vercom o processocomunicacional. Para aspessoas mudarem decomportamento, é muito difícil.Produzem da mesma forma há muitos anos. mas, com ainovação tecnológica, são necessárias mudanças. É precisoque quem está emitindo a informação cheque se a informaçãochegou, se foi entendida, aceita e se virou um processo para atransformação. t em a ver também com a questão dosrelacionamentos e a humanização no mercado de trabalho,sendo voltada para mudanças qualitativas. É um trabalho queexige muita paciência, que exige que você deixe ser ditador ese transforme em um ouvinte, para estabelecer o diálogo”.

“na Rede municipal de Ensino desão Paulo, a Educomunicação édesenvolvida pelo programa nasondas do Rádio, que oferece aosalunos a oportunidade de seexpressar utilizando tecnologias.A escola se comunica mais emelhor com a comunidade e os estudantes se tornamprotagonistas do conhecimento”.

Paulo Nassar, jornalista, coordenador de Relações Públicas da ECA-USP e diretor-geral da Associação Brasileira de ComunicaçãoEmpresarial (Aberje)

Alexandre Schneider, secretário municipal de Educação

de São Paulo

Paulo Lima, diretor executivo da Viração Educomunicação(www.viracao.org)

Edgard Patrício, jornalista pós-graduado em Educação, articuladorinstitucional da Catavento Comunicação e Educação

(www.catavento.org.br)

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Experiências em Educomunicação, ComunicaçãoEducativa ou Educação para a Comunicação, comosão conhecidas em alguns países, estão rolandoem diversos lugares do mundo. Inspire-se com oque a galera anda fazendo!

Angola“A Educomunicação é uma forma de darmos voz e vez a

crianças e adolescentes para poderem dizer o que pensam elevarem suas preocupações a quem é de direito”.

Anabela Pacheco, jornalista da Rádio Nacional de Angola, é

realizadora do programa “Rádio Piô”, existente há 27 anos e queconta com a participação de crianças e adolescentes como

correspondentes em todo o país abordando assuntos ligados àeducação, saúde, lazer e direitos.

Cuba“Em nossas sociedades, centradas no

adulto, uma pluralidade de vozespermanece silenciada ou deformada. Asvozes da infância e da juventude sãoparte desse grande coro de ausentes.concebo a Educomunicação como a

gestão de ecossistemas comunicativosque geram espaços para o exercício da liberdade de

pensamento, opinião e expressão de setores que têm sido consideradoscomo objetos e não sujeitos de direitos”.

Pablo Ramos é coordenador da Rede Universo Audiovisual da CriançaLatino Americana (Red Unial), em Cuba, projeto que possibilita a gestão

por crianças e adolescentes de processos participativos de comunicação.A experiência, iniciada em1995, tem como centro a realização de oficinas

de criação audiovisual nas quais se incentiva um processo de

observação– reflexão-apreciação-expressão criadora que utiliza, comofio condutor, os problemas identificados pelas próprias crianças e

adolescentes. As oficinas terminam com a realização de documentárioscurta-metragem que são exibidos e debatidos na comunidade.

Pelo mundo afora

Chile“A Educomunicaçãoé a chave paraqualquer processode aprendizagem,entendendo-acomo um

processo que é social e colaborativo que necessita

dos outros, é para os outros e com os outros”.

Ricardo González desenvolve no Chile, desde 1999,

o programa de TV “Pintacuentos”, no qual um contotradicional é narrado para crianças que, em seguida,

fazem desenhos. Tudo é filmado e a equipe grava junto

com as crianças os efeitos de som e ambiente.

Timor Leste - Brasil “À frente do Futura há 12 anos, essa vocação

para atuar nas duas áreas se radicalizou de formaintegral, na medida em que o canal atua diretamentecom escolas e onGs. Para nós, a tela da televisão é oponto de partida para a mobilização da sociedade,especialmente da educação, em torno de causasrelevantes para a sociedade”.

Lúcia Araújo é gerente geral do Canal Futura que é mantido por um pool de grandes empresas do Brasil

e é umas das emissoras abertas às práticaseducomunicativas. Anualmente a emissora oferece um

curso de produção de vídeo para 200 jovens de váriaspartes do país. Desde 2008 o Canal Futura mantém

parceria com a TVTL, televisão de Timor Leste.Funcionários dos dois canais em co-produção

elaboram desde logomarca para programas detelevisão, roteiros e séries veiculados nos dois países.

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Índia"Em contato com as

organizações que trabalhamna promoção daalfabetização em todo o país, apresentei umprojeto de comunicaçãovisual em forma de

quadrinhos e os resultadosforam encorajadores, pois foram levantadas

várias questões de importância local. A ideia da metodologia Grassroots comics é simples e consiste em dar às pessoas comuns o poder decontar sua história, o que eles consideram serimportante. se a comunidade está empoderada, elatem poder suficiente para comunicar uma mensageme conscientizar os outros. A ideia é proporcionar atodos uma ferramenta para contar todas as históriasimportantes em forma de quadrinhos. Este métodoajuda as pessoas a contarem suas histórias por ummeio diferente da mídia convencional”.

Especial

Angolawww.rna.ao

Chilewww.karinavega.com/pintacuentoswww.fundaciónchulpicine.orgwww.youtube.com/user/portafolioRicardo

Cubawww.habanafilmfestival.com

Ìndiawww.worldcomicsindia.com; www.worldcomics.fi

Equador www.aler.org

Brasilwww.bemtv.org.brwww.catavento.org.brwww.ciranda.org.brwww.futura.org.brwww.matraca.org.brwww.redeandi.org.br www.redecep.org www.usp.br/nce

Equador“A Educomunicação propõe a consciência, tanto para educadores

como para comunicadores, de que todo ato educativo é comunicativo etodo ato comunicativo é educativo. isso, em todos os espaços da vida, emescolas e na educação informal, nos meios de comunicação e nasrelações, mesmo as mais cotidianas, como a conversa de um pai com umfilho. É a construção de conhecimentos, saberes, experiências e vivênciasde forma não autoritária, mas por meio do diálogo e do intercâmbio”.

Fernando López atua na Secretaria Executiva da Associação

Latinoamericana de Educação Radiofônica (Aler), no Equador, uma redede 112 emissoras de rádios associadas de quase todos os países da

América Latina, que se organizam para abordar temas como a questão

indígena e LGBT, entre outras. A Aler apoia trabalhos de comunicaçãoradiofônica e desenvolvem atividades de formação e capacitação em

rádio para que toda ação comunicativa tenha um sentido educativo eincida politicamente em seu contexto social.

Sharad Sharma, jornalista e cartunista indiano, é o

fundador do World Comics Network, projeto que utiliza

a criação de histórias em quadrinhos como ferramenta

de mobilização social em diversos países como Índia,Moçambique, Paquistão, Nepal, Finlândia e Brasil. Quem

faz os quadrinhos são pessoas comuns que aprendem a técnica por meio de oficinas e apostilas, uma forma

de permitir que qualquer pessoa, alfabetizada ou não,possa contar sua história e transformá-la em quadrinhos.

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das mesas de discussões do seminário.

Assim como André, muitaspessoas com deficiência vivemhoje num ambiente nadafavorável ao desenvolvimentosaudável de seus aspectossexuais, e isso os deixam maisvulneráveis aos riscos de secontrair uma doença. DoraSimões, membro da AssociaçãoBrasileira de Inclusão, defendeque a discussão do tema deve começarem casa. “Somos tratados como seresiluminados, assexuados. Este é o grandeproblema, as famílias não debatem oassunto com os portadores de deficiência.É um tabu que gera a falta de informaçãonestas pessoas”, disse.

Outra participante foi Bia Pacheco,ativista social, de 61 anos, formada emdireito e com quatro filhos. Ela contou quecontraiu HIV numa época demuita discriminação. Casadatrês vezes, encontrou emseu terceiro parceiro ogrande amor da sua vida.“Mesmo eu estando com ovírus, em momento algummeu companheiro contraiu oHIV (por usar preservativo),porque a gente tem respeitoe amor um pelo outro”.

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Mais de 80 pessoas estiveramreunidas em São Paulo (SP), nos dias23 e 24 de junho, para o seminário

“Ações e Reflexões sobre aids edeficiência”, realizado pelo AmankayInstituto de Estudos e Pesquisas. O eventoreuniu especialistas e militantes para darvisibilidade aos temas referentes às dst/aids,envolvendo pessoas com deficiência (quetenham ou não o vírus HIV), pessoassoropositivas que posteriormente adquiriramdeficiência (ou não) e demais pessoasenvolvidas com esses assuntos.

Dados lançados pelo IBGE, em 2000,apontam que mais de 24,5 milhões debrasileiros possuem algum tipo dedeficiência física, visual, auditiva ouintelectual. Mesmo assim, quase sãoinexistentes os programas de saúde eprevenção às dst/aids voltadas a esses 14,5% da população. Soma-se a isso o fatode muitas pessoas olharem com preconceitoe desprezo a ideia de que pessoas comdeficiência também fazem sexo.

André Resende Marques enfrenta comfrequência o preconceito gerado pelo fatode ter deficiência visual. Pai de dois filhos,ele conta que quando sai com sua famíliasempre ouve alguém questionando sua vidasexual. “As pessoas falam: 'olha lá, o cegofaz sexo, tem até filhos´. É como se meuhistórico de vida fosse incompatível comminha condição”, disse em uma

Nair Moraes e Carlos Henrique Lima,

adolescentes comunicadores da

Plataforma dos Centros Urbanos, e

Luciano de Sálua, da Redação

Barreiras silenciosas

O Brasil possui mais de 24 milhões de

brasileiros com algum tipo de deficiência;

por falta de programa de saúde específico,

esse público fica vulnerável às dst/aids

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No encontro, discutiu-se também afalta de materiais didáticos epedagógicos, disponibilizados pelogoverno, para trabalhar sexualidade comcrianças, adolescentes e jovens comdeficiência. Uma demanda que precisa sercolocada em pauta pelos candidatos acargos públicos deste ano, pois sem atroca de informação, com linguagem fácile adequada, o problema irá persistir.

No blog “Ações e reflexões sobre aids edeficiência: Diferentes vozes”, você conferemais informações sobre o tema:http://aidsedeficiencia2010.blogspot.com/

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No evento, mais de 80 pessoas discutiram formas de

dar visibilidade aos temas referentes às dst/aids,

envolvendo principalmente pessoas com deficiência

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Adriana Teixeira, Damiso Faustino, Denis Marchello, Tamires Celote, do

Virajovem São Paulo (SP)* e integrantes do Movimento Escoteiro

Um século de movimentoNeste ano, o escotismo completa cem anos de presença

no Brasil. O movimento, que chegou no País em 1910, pormeio de um grupo de suboficiais da Marinha, lotados no navioMinas Gerais, foi fundado no Rio de Janeiro com o Centro deBoys Scouts do Brasil. Os marinheiros haviam tido contatocom o recém-criado grupo de escoteiros da Inglaterra.

Nos anos que se seguiram, o movimento ganhou novasorganizações, como a Associação Brasileira de Escoteiros, em1914, em São Paulo, que incentivou o surgimento doMovimento Escoteiro em todos os Estados do País, mas cadauma atuando de forma independente.

Em 1920, após um grande número de instituições criadas,o então chefe Benjamim Sodré publicou um artigo propondo acriação de uma confederação geral, necessidade que só foiatendida quatro anos depois, quando as principaisorganizações se reuniram para fundar a União dos Escoteirosdo Brasil, reconhecida por Baden-Powell como a únicaorganização escoteira do País.

Hoje, a União dos Escoteiros adota uma organizaçãovertical, definindo ações para as unidades locais associadas,por meio de um programa único. Ela é dividida em escritóriosregionais distribuídos por diversos Estados da federação queadministram 45 mil voluntários responsáveis por mais de 70mil jovens que praticam o escotismo no Brasil.

O movimento se espalhou pelo País, sendo adotadoinclusive como proposta educativa governamental. Com otempo, foi se modificando e adaptou-se às mudanças dasociedade, passando a aceitar garotas e ampliando a faixaetária de participação dos jovens, que podem ter entre sete e21 anos de idade.

Em cem anos de escotismo no Brasil, permanecem ilesosos mesmos valores e compromissos criados no início.Principalmente a educação do escoteiro para a liberdade e apreservação do meio ambiente, privilegiando a vida ao ar livrecomo experiência educativa. "Ser escoteiro não é apenas vestiro traje e ter o lenço da promessa. É mais do que isso, é ajudaro próximo em qualquer ocasião e ter amor à natureza”, diz a

Que estilo cola

Jo v en s q ue t r a n s Movimento Escoteiro completa cem anos no Brasil. No mundo,

mais de 300 milhões de jovens já passaram pela organização

Para quem pensa que ser escoteiro é apenas ajudarpessoas idosas a atravessarem ruas e permanecer toda atemporada de férias acampando em florestas sob a vigília

de orientadores, se engana, e feio. Hoje, o escotismo éreconhecido como o maior movimento organizado deeducação não-formal. Atualmente, são mais de 28 milhões deescoteiros espalhados por 216 países - até o ano de 2005foram registrados mais de 300 milhões de jovens que jápassaram por essa experiência.

Fundado em 1907 pelo general inglês Robert StephensonBaden-Powell, o Movimento Escoteiro tem como objetivo formarcidadãos de caráter, conscientes de seus atos e úteis à sociedade.No mundo, os participantes ficaram conhecidos pelo uso do lençoem volta do pescoço e o grito de guerra “Be prepared” (noportuguês foi adaptado para “Sempre alerta”). A cor do lençovaria conforme o país, e geralmente é usado em cerimônias.

Com o intuito de formar líderes, o escotismo contribui parao crescimento do jovem, que sempre mantém contato com anatureza e aprende a conviver com as diversidades. Com umsistema de valores baseados na lei e na promessa escoteira,permite que os jovens assumam seu próprio crescimento pormeio do “aprender fazendo”.

Procura aprimorar o lado intelectual, o lado físico, o sociale o espiritual dos jovens por meio de atividades diversas comojogos, debates, trabalhos voluntários e outras inúmeras tarefasque podem ser realizadas em equipe, valorizando aparticipação construtiva na sociedade.

“O papel do escoteiro é estabilizar uma balança nasociedade, ele seria o lado da compaixão em conflito com oegoísmo. Mas apesar de querermos ajudar, parece que omundo não liga mais pra isso. Não falo de abrir mão da suavida pessoal. Mas sempre que possível tentar não pensar sóem si mesmo”, conta Beatriz Laranjeira, de 14 anos, que moraem São José do Rio Preto (SP) e é escoteira há quatro anos.

Jovens pioneiros duranteencontro em São Paulo (SP)

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s f o r m a m Jo v en s

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22

Estados e no Distrito Federal ([email protected])

Rafael Stemberg

estudante Ana Carolina Giacomim, de 14 anos, que mora em Lucas doRio Verde (MT).

Adulto voluntárioNo escotismo, a função de chefe funciona como um irmão mais velho,

que incentiva e orienta os jovens no seu desenvolvimento, criando umespírito de grupo. “Quando nos referimos ao voluntário, falamos sobreaquele que luta por um ideal ou comprometimento com uma causa. É ocaso do chefe escoteiro, que tem como remuneração por seu trabalho afelicidade de ver os jovens bem encaminhados na vida, por seu trabalhoútil à comunidade”, diz o chefe Alvaro Tavares, diretor vice-presidente daUnião dos Escoteiros do Brasil e escoteiro há 67 anos.

Outras funções também podem ser exercidas pelos adultos que seinteressam pelo movimento. É o caso de Flávio Celoti, que começou nafunção de pai de apoio e envolveu toda a sua família na atividade. Elecomeçou sua vida de escoteiro após acompanhar as atividades dos filhos,que estavam no ramo lobinhos (leia box). Após alguns meses, Fláviopassou a ajudar no acompanhamento de viagens dos participantes atéchegar à assistência do ramo alcateia. Hoje, ele e sua mulher são chefesde grupo. “No sábado que não temos atividade, parece que está faltandoalgo, pois não existe coisa melhor que ver aquelas crianças sorrindo,aprendendo a praticar o bem, longe de drogas,bebidas, tabagismo etc”, conta Flávio.

Então, para reforçar o recado: se você seinteressa em ajudar ao próximo e, ao mesmotempo, zelar pela natureza, ter muitosamigos e vivenciar diversas experiências...Fique alerta! Procure a representação doMovimento Escoteiro mais próxima de suacasa e entre para o grupo.

O Movimento Escoteiro no Brasil é dividido emquatro ramos que foram pensados de acordocom as experiências, os desafios e oscaminhos dos jovens em cada fase da vida.Confira quais são!

Ramo LobinhoVoltado para crianças de sete a dez anos, éinspirado na obra O Livro da Jângal (RudyardKipling – Editora Martin Claret). Tem afinalidade de colaborar com o processo desocialização da criança, ensinando a fazer seumelhor e respeitar as regras.

Ramo EscoteiroVoltado para crianças e jovens de 11 a 14anos, este ramo trabalha a vida em equipe e ocontato com a natureza, além de outrosaspectos da personalidade que sãoapresentados em forma de leis escoteiras.

Ramo SeniorVoltado para jovens de 15 a 17 anos, trabalhao desafio e colabora com o processo deautoconhecimento e aprimoramento dascaracterísticas pessoais.

Ramo PioneiroPara jovens de 18 a 21 anos, auxilia naintegração ao mundo adulto, privilegiando oserviço à comunidade como expressão decidadania e ajudando o jovem a praticar osvalores da Promessa e Lei escoteira nessemundo novo.

No site da Vira você confere depoimentos de jovens escoteiros de todo oBrasil: www.viracao.org

Conheça mais sobre o movimento e saiba como participar:www.escoteiros.org.brwww.escotismo.org.br

Escoteiros de todo o mundo participamdo acampamento Jamboree

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Cenas dos últimos e próximos capítulos

“Mudando sua escola e comunidade,transformando o mundo”. Este é o longonome do projeto de educomunicação do

Unicef, com apoio da British Telecom, que envolveu pordois anos, em São Paulo (SP), as ONGs Viração e a CidadeEscola Aprendiz. Outras cinco cidades do País tambémrealizaram essa iniciativa.

O projeto teve encerramento no final de junho. Masquem disse que os adolescentes que aprenderam sobrecomo usar a comunicação para participar e mobilizar suacomunidade querem parar? E nem devem! Parte dosesforços das organizações foi sempre desenvolver umprojeto que depois seguisse a partir dos frutos deixadospela formação.

No Cantinho do Céu, bairro periférico às margens darepresa Billings, no extremo sul da cidade, os adolescentesderam o nome de “Navegantes da Notícia” a seu grupo dejovens comunicadores. Independente das educomunicadoras,que facilitavam as oficinas, estarem por lá, eles seencontram, fazem cobertura dos eventos da comunidade eaté mesmo participam de plenárias para fazerem propostasde educação para o município. A empolgação do pessoal étanta, que parte deles escreveu e teve um projeto aprovadopelo Aprendiz Comgás (programa que seleciona projetossociais elaborados por estudantes) para dar continuidade àcampanha “Cuidado”, uma iniciativa que busca mobilizarescola e comunidade para que todos busquem o cuidadoconsigo, com o outro e com o ambiente onde vivem.

Nessa campanha, há muitas frentes de trabalho, como aação Jovem, em que os adolescentes comunicadoresapresentaram uma pequena peça de teatro para osestudantes da 7a série para debater o tema “pichação ecuidado com o ambiente”. Também foram feitos grupinhosde trabalho que pesquisaram e multiplicaram, por meio dacomunicação, seus conhecimentos sobre violência eacidentes domésticos e bullying (uso da violência, física oupsicológica, para intimidar outra pessoa).

E a campanha não parou por aí! O lançamento oficial dainiciativa foi feito no dia 18 de junho e contou com umagrande ação comunitária no CEU (Centro EducacionalUnificado) Cantinho do Céu. Para a grande estreia, toda a

Projeto de formação em escolas de São

Paulo chega ao fim no papel, mas com

continuidade garantida pelos adolescentes

Gisella Hiche e Elisângela Nunes, da Redação

Fotos: Vivian Lobato, colaboração para a Vira

Encontro definiu ações que serão realizadas pelo Brasil

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equipe esteve em ritmo acelerado deprodução, pois precisava entregar mais de300 pulseirinhas de cetim roxas com adivulgação da campanha “Cuidado”, 300

Weslley Silva

“Aprendi a olhar de forma a questionara informação que a gente recebe. Issoaconteceu quando conversamos sobretextos, programas de televisão e coisas dacomunidade e da nossa vida.

Na escrita me ajudou. Como a Elis(educomunicadora) sempre falou queescrevo bem, que tenho ideias legais e, porisso, devia escrever mais, sem ligar para oserros… hoje minha professora de portuguêsme elogia. Vejo-me como um mensageiroda comunidade, o meu papel é informar aspessoas do que acontece por aqui paraajudar a melhorar a região. Hoje em dia aslideranças comunitárias me procuram paraconversar e me escutam, perguntam o queacho dos problemas da comunidade epedem propostas de melhoria.”

Gabriel Mambelli

“Depois do projeto, a minha vida mudouum pouco, passei a ter gosto por ela e vê-la de um jeito diferente. Tive mais amigosque ajudaram a me mudar. Perdi a vergonhade entrevistar as pessoas, coisa que antesnão fazia nem me pagando. Passei aparticipar mais do cotidiano da escola.Estou puxando um grupo, montando umestatuto para concorrer ao grêmio e paraisso estou conversando com muita gentepara escrever o estatuto e entender essascoisas de grêmio, dá muito trabalho!”.

Dayara Cordeiro da Silva

“Aprendi a mexer nos aparelhos decomunicação, como gravador e máquinafotográfica. Para mim, hoje é muitoimportante participar da comunidade, ver oque precisa, tentar ajudar, melhorar, ver oque falta, ver o que já tem, o que é bompara comunidade. Minha relação com afamília também mudou: eu converso mais

com minha mãe, falo com ela o que achoque está certo ou não”.

Pamela Spocratti de Queiroz

“Hoje eu me apresento para saberemque a jovem comunicadora tem atitude eopinião. Antes eu não via a comunidade,apenas ia e vinha da escola. Agora eu vejo,percebo e sinto seus problemas. Alémdisso, busco uma solução. Aprendemos anos comunicar através de debates jovens,oficinas, pequenos projetos, atuando juntocom o grupo articulador comunitário. Nofuturo, eu me vejo uma grande mulher,dando aula para crianças, para um grupoenorme, estudando, trabalhando econstruindo algo que motive as pessoas.

Agora quero fazer um projeto paramultiplicar o que aprendi com as criançasde 8 a 12 anos aqui no CEU Navegantes,então enviei um projeto para o ProgramaAprendiz Comgás. Espero mobilizar maisgente para isso dar certo”.

Juliana Araujo

“Aprendi a pensar a comunicação comum olhar mais atento. Faço isso fazendoleitura de textos, assistindo a vídeos,analisando fotografias, fazendo entrevistas,dinâmicas. Isso me ajudou na aula dePortuguês, pois agora escrevo melhor. Nahora de apresentar trabalhos sou maiscriativa. Uma vez fiz até um teatro. Foi bemdivertido e todos participaram. Na escolanão é assim. Na hora de fazer trabalhosnem sempre todos participam. Antes eunem ligava para as informações do mundo,hoje busco ficar por dentro e entender oque está acontecendo de verdade”.

Jonathas Carvalho

“No começo, quis participar para nãoficar na sala (de aula) e porque vários

amigos meus estavam participando, masdepois comecei a gostar e estou até hojeno grupo. Hoje consigo falar com pessoasde nível maior sem me sentir mal, consigome comunicar com todo mundo: crianças,lideranças comunitárias, quem precisar.Estou fazendo muitas coisas paratransformar o lugar onde moro. Estamosmobilizando para fazer alguma coisa, paraamanhã ver o resultado que não só ficou nopapel. Se a gente não conseguir fazeragora, quem vai fazer?”.

Cristina Jorge Vieira, gestão CEU

Navegantes

“O projeto é inovador por buscarpotenciais dentro da comunidade e levantara autoestima porque ensina a aprenderfazendo. A comunidade agora sabe comolidar com a situação. Os adolescentes seapropriaram dos espaços, das pessoas, elesinteragem com todos. Não tem mais aquilo:você é o coordenador e eu tenho medo defalar. Agora eles se sentem à vontade”.

Mônica Navarrete, coordenadora Ação

Educacional - Gestão CEU

“Vejo o projeto como uma ação deefetivo despertar do adolescente para o seupapel na comunidade escolar e local. E paratal, antes de compreender o outro, faz-senecessário refletir sobre si mesmo – desteimportante ponto partiu o projeto.Progrediu para o coletivo, para o ‘nós’ : abusca pela constituição e fortalecimentodas redes sociais. Em resposta, trouxe a comunicação, a revisão dos valores e atitudes e o respeito pelo meio ambiente.O ”Navegantes da Notícia” trouxe‘provocações’ na rotina escolar. Exigiu abusca da conciliação da aprendizagemformal (escolarizada) com a não-formal”.

fanzines (jornal produzidoartesanalmente) para serem dobrados,pessoas a serem contatadas, reportagenspara serem realizadas...

Eles não. Confira abaixo alguns depoimentos dos adolescentes do “Navegantes da Notícia”, da comunidade do cantinho do Céu e de

pessoas que trabalham no CEU sobre como o projeto mexeu com suas vidas:

Ufa! Cansou?

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Em junho, 323 jovens entre 12 e 15anos, de 53 países, se encontraramem Brasília (DF) para a primeira

Conferência Internacional Infanto-Juvenil -Vamos Cuidar do Planeta (Confint 2010). O evento, organizado pelo governobrasileiro, teve o objetivo de elaborar,com os países participantes, a “Carta dasResponsabilidades Vamos Cuidar doPlaneta”, documento que reúne iniciativasde preservação ao meio ambiente.

As conferências infanto-juvenis pelomeio ambiente começaram no Brasil em2003 como uma proposta da entãoministra do Meio Ambiente Marina Silva,que atendeu a um pedido de suas filhas, de12 e 15 anos, que disseram serfundamental que crianças e adolescentestambém assumissem responsabilidadespara cuidar do planeta.

Criou-se então o Vamos Cuidar doBrasil com as Escolas, que por meio doMinistério da Educação, incentivouescolas do Ensino Médio a realizarempequenas conferências, das quais seriamescolhidos representantes paraparticiparem de etapas municipais,estaduais e, finalmente, a nacional. Atéhoje o Brasil já realizou este ciclo nosanos de 2003, 2006 e 2009. Desde então,63 países foram mobilizados a realizaremo mesmo processo em suas escolas.

Durante o encontro deste ano, osparticipantes compuseram diversasmúsicas expressando os quatro dias detrabalhos em que participaram de diversas

oficinas, como as de reciclagem do lixo,uso responsável da água, rádio,fotonovela e vídeo. O evento contou comtradução, mas os jovens também seorganizaram para ajudar, tornando asoficinas mais dinâmicas. Eles também escreveram a “Carta dasResponsabilidades” e criaram uma músicaem diversas línguas onde o cuidado com o planeta foi sempre ressaltado.

Para ajudar na comunicação destagalera, pulseiras do Senhor do Bonfimcom quatro cores diferentes foramdistribuídas aos participantes. Cada cor representava um dos idiomas oficiais do evento: espanhol, francês,português e inglês.

Rolou também o Festival das Culturasdos Países, onde cada delegação teve aoportunidade de apresentar um númeroartístico, como uma forma decompartilhar com todos um pouco dacultura de cada país participante.

No último dia, criançasrepresentando cada país subiram otapete vermelho da rampa do SenadoFederal e entregaram nas mãos de JoséSarney, presidente da casa, a “Carta dasResponsabilidades Vamos Cuidar doPlaneta”, seguida de uma enorme cirandaem frente ao Congresso Nacional. Oencontro se encerrou após a leitura daCarta para representantes do Ministérioda Educação e do Meio Ambiente, além deuma apresentação da música construídacoletivamente em oficina.

Texto e fotos: Renata Trindade, colaboradora da Vira em Brasília (DF)

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O planeta é nossoConferência Internacional Infanto-Juvenil

Vamos Cuidar do Planeta reúne jovens

para falar sobre o presente e o futuro do

meio ambiente e discutir políticas públicas

sobre o tema

Em www.vamoscuidardoplaneta.net,você pode ler a “Carta dasResponsabilidades” e acompanhartudo o que aconteceu na Confint 2010.

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No Escurinho

Sérgio Rizzo, crítico de cinema

Fotos: Divulgação Sony Pictures

Assim que terminei de ler na (revista literária)“Granta” o maravilhoso ensaio autobiográfico deLynn Barber sobre seu caso com um misterioso

homem mais velho no começo da década de 1960,percebi que aquilo tinha todos os ingredientes para umfilme", conta o escritor inglês Nick Hornby na introduçãodo livro Educação - O Roteiro (Ed. Rocco).

“Havia ali personagens memoráveis, uma noçãovívida de tempo e espaço - uma Inglaterra bem à beira demudanças radicais-, uma incomum mistura de extremohumor e profunda tristeza, e - o que é interessante -coisas originais para dizer sobre classe social, ambição erelacionamento entre pais e filhos", continua ele paraexplicar porque gostou de escrever um roteiro baseado emobra alheia.

Desde que adquiriu prestígio internacional, Hornby viuseus livros serem adaptados para o cinema. Febre de Bolateve duas versões - uma na Inglaterra, em 1997, comroteiro assinado pelo próprio escritor, e a outra nos EUA,em 2005 (com o título brasileiro de Amor em Jogo). AltaFidelidade e Um Grande Garoto deram origem a filmes desucesso lançados, respectivamente, em 2000 e 2002.

Em Educação, que disputou o Oscar de melhor filme,roteiro adaptado e atriz (Carey Mulligan), Hornby"apropriou-se" do relato autobiográfico da jornalistainglesa Lynn Barber para narrar a história de umaadolescente de 16 anos (Mulligan) atraída por um homem(Peter Sarsgaard) que lhe acena com prazeres adultos. Oromance, surpreendentemente aprovado pelos pais, a fazpensar em abandonar os estudos e o sonho de chegar àuniversidade para se casar.

Dirigido pela dinamarquesa Lone Scherfig (Italiano paraPrincipiantes), o filme trabalha com o contraste entre aeducação formal, proporcionada por escolas, e outraespécie de educação, proporcionada pela vida. Naadaptação de Hornby, a personagem se vê subitamentena situação de optar entre uma e outra, mas ela própriaperceberá com o tempo que o dilema é falso.

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Tempo de despertar

Filme Educação disputou o Oscar de melhor

filme, roteiro e atriz (Carrey Mulligan)

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Rango da terrinha

Como fazer o feijão tropeiro

Hely Pamplona

Margarida de Oliveira, de 60 anos, é cearense e aprecia a comidade Minas Gerais. Margarida conhece vários Estados brasileiros, masconfessa que, quando experimentou o feijão tropeiro pela primeiravez, foi o suficiente para se apaixonar pela cantina mineira.“Quando bem preparado, não tem nada igual. É muito gostoso”,comenta. E, para que fique bem preparado, aí vão os ingredientes:

500 g de feijão carioca ou roxinho200 g de farinha de mandioca200 g de toucinho de porco ou bacon1 concha de gordura de porco1 colher de sal de alho1 cebola média em cubinhos5 ovosCheiro verde a gostoPimenta e tempero a gosto

É de Minas, uai!

Minas Gerais é conhecida por suas belas cidadeshistóricas, como Mariana, Ouro Preto, São JoãoDel Rei, Tiradentes, dentre outras. É famosa pelo

mestre do Barroco brasileiro, Antônio Francisco Lisboa,conhecido como Aleijadinho.

Seus belos horizontes deram nome à sua capital. Napolítica, Minas Gerais representa o segundo maiorcolégio eleitoral do País. Sua importância política é detal grandeza que, no ano de 1898, formalizou-se apolítica do café-com-leite - nome dado em alusão àeconomia de São Paulo, na época, grande produtora decafé, e Minas Gerais, grande produtora de leite.

A culinária acentua seu valor e destaque no Brasil.No Estado pode-se encontrar, por exemplo, o FestivalInternacional de Gastronomia e Cultura de Tiradentes,Brumadinho Gourmet e o Comida di Buteco, que já foidestaque no jornal americano “The New York Times”.

O feijão tropeiro é um dos carros-chefes da culináriade Minas. Nos séculos 17 e 18, em decorrência docrescimento da mineração no Estado, a mão-de-obramineira foi direcionada a esta atividade, o que resultouno comprometimento da produção de alimentosbásicos. O transporte de matérias-primas para oscentros de mineração, vindas de outras partes do País,cresceu na região. Na época, o transporte era feito portropas a cavalo ou em lombos de burros. Os homensque guiavam esses animais eram chamados de tropeirose sua alimentação baseava-se em feijão, toucinho,linguiça, carne-seca, farinha de mandioca, fubá, café,pimenta-do-reino, dentre outras iguarias de fácilconservação, por fazerem longas viagens. A misturadestes ingredientes culminou em um dos maistradicionais pratos da cozinha mineira: o feijão tropeiro,em referência aos integrantes daquelas tropas.

Cirdes Lopes, do Virajovem Belo Horizonte (MG)*

Aprenda a fazer o carro-chefe da cozinha mineira, o feijão tropeiro

Modo de preparo

Coloque a gordura ou óleo numa panela quente e acrescente os ovosinteiros (coloque os ovos aos poucos para que as gemas cozinhemdepressa). Em seguida, desligue o fogo para que cozinhe bemlentamente. Na mesma panela, coloque o alho e frite até ficar bemdourado. Quando dourar, junte a cebola (roxa, de preferência). Emoutra panela, frite o bacon picado em fogo baixo. Depois da cebola,refogue o pimentão e o tempero caseiro. Junte o feijão cozido.Prove o sal, abaixe o fogo e acrescente farinha de mandiocatorrada sobre o refogado de feijão, até que vire farofa semi-seca.Salpique bastante cheiro verde. Misture o ovo em pedaços e obacon frito. Na mesma panela em que fritou o bacon, refogue acouve crua picada fina com o tempero caseiro. Decore o prato compedaços de linguiça assada, torresmo e pronto. Agora, para virarum bom mineiro, é só falar “uai”!

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22 Estados e noDistrito Federal ([email protected])

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www.temperandoavida.com.br

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Revista Viração • Ano 8 • Edição 64 31

Mercedes Sosa era mais do que umacantora argentina, Mercedes eratoda ela alma latina. Pontuou a

música de uma geração que ajudou apolitizar por meio da música. É símbolo deuma época em que a Argentina clamavapor liberdade. La Negra, como eraconhecida, cantou a liberdade em temposde ditadura militar em seu país.

Descoberta aos 15 anos em umconcurso de rádio, consagrou-seinternacionalmente nos EUA e Europa em1967, e em 1970, com Ariel Ramirez e FelixLuna, gravando “Cantata Sudamericana” e“Mujeres Argentinas”. Gravou um tributotambém à chilena Violeta Parra.

Censurada e perseguida na década de1970, seus discos, carregados de críticasocial, se converteram em um referencialdurante o último governo militar argentino(1976-83). Sosa ainda demonstrouoposição durante os governos militares dediversos países da América do Sul nasdécadas de 1970 e 80. A prisão aconteceuem um show para universitários. Libertada18 horas depois, Sosa foi embora para aEspanha e depois para a França. O diretormusical da cantora, Popi Spatocco, disseque o exílio foi excessivamente difícil parauma mulher que amava a Argentina. Sosavoltou para casa apenas em 1982, nosmeses finais do regime ditatorial.

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentesem 22 Estados e no Distrito Federal([email protected])

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La NegraCantora Mercedes Sosa foi a voz que

politizou uma geração na Argentina

Que Figura!

Fernanda Garcia, do Virajovem

Campo Grande (MS)*

Dona de uma vozimponente de contralto, sua presença nopalco bastava-se pelo talento e pelo visívelprazer de interpretar grandes compositoreslatinos. Com poesia, La Negra foi a voz detantos oprimidos.

Nova CançãoA preocupação sócio-política marca orepertório de Mercedes, tornando-a umadas grandes expoentes da Nueva Canción,um movimento musical latino-americano dadécada de 1960, com raízes africanas,cubanas, andinas e espanholas.

No Brasil, Caetano Veloso, Gilberto Gil,Chico Buarque, entre outros artistas, são expressões da Nueva Canción,marcada por uma ideologia de rechaço ao que entendiam como imperialismonorte-americano, consumismo edesigualdade social.

Fez parcerias com cantoresbrasileiros, como Fagner, Beth Carvalho equase no fim da vida gravou a canção“La Maza” (A Marreta) com Shakira.Além de muitos outros nomes quecompartilharam do talento de Mercedes.

Sosa teve três de seus discosconsiderados os melhores álbuns de folk na premiação do Grammy Latino –“Misa Criolla”, em 2000, “Acustico”, em

2003, e “Corazón Libre”, em 2006. Elatambém atuou em filmes como El Santode la Espada, sobre o herói daindependência argentina, José de SanMartin. A cantora gravou mais de 70discos, sendo o mais recente um álbumduplo, “Cantora”. Morreu em outubro de2009, aos 74 anos, de problemas renaise respiratórios.

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32 Revista Viração • Ano 8 • Edição 64

Belém (PA) realiza primeiro Encontro Amazônico

de Jovens Vivendo com HIV/aids

Entre os dias 14 e 17 de julho, Belém(PA) sediou o primeiro EncontroAmazônico de Adolescentes e Jovens

Vivendo com HIV/aids - FortalecendoRedes, formando Jovens multiplicadoresem prevenção à HIV/aids na Amazônia.Durante a abertura do evento, houve aacolhida dos Estados presentes naatividade, seguida da mesa inicial,composta por representantes deorganizações da sociedade civil e dopoder público.

O encontro serviu como um momentode reflexão sobre a atuação da RedeNacional de Adolescentes e JovensVivendo com HIV/aids (RNAJVHA) na regiãoNorte do Brasil, ressaltando as conquistase as parcerias construídas nos doisúltimos anos. Ana Paula Silveira, doDepartamento de DST, Aids e HepatitesVirais do Ministério da Saúde destacou otrabalho dos jovens da Rede. “ODepartamento tem estudado uma políticaque possa dar conta das especificidadesdas pessoas que vivem com HIV,principalmente dos jovens, e a RNAJVHAtem contribuído muito nessa construção”.

Durante os quatro dias, foievidenciada a importância de se travaremdiálogos mais próximos à populaçãojuvenil, por meio de metodologias deexposição e debate adequados àsnecessidades da região. Coordenador doescritório do Fundo das Nações Unidaspara a Infância (Unicef) em Belém, FábioAtanásio citou os 20 anos do Estatuto daCriança e do Adolescente (ECA),comemorados neste ano, como uma dasprincipais conquistas da juventude e que odocumento deve servir de base para asmobilizações em prol da defesa da vida.

Eduardo Soares, da Escuta Soh!

Fortalecendo redes

Evento foi realizado com o objetivo de fortalecer

a RNAJVHA na região Norte do Brasil

Um dos principais objetivos doencontro era possibilitar a capacitação delideranças nos vários Estados da região eassim fortalecer a atuação da Rede noenfrentamento à aids. O encontro teveencerramento no sábado, dia 17, com aapresentação e reflexão da “Carta dePrincípios da RNAJVHA” construída noencontro estratégico realizado em SãoPaulo, em junho. Dentre as reflexõespertinentes, encontraram-se as casas deapoio, como um dos grandes desafios dapopulação juvenil. Durante a tarde, umpasseio pelos pontos históricos e

Você pode acompanhar as notícias da RNAJVHA no blog do encontro:http://encontroamazonicodejovenspositivos.blogspot.com

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turísticos de Belém complementou aprogramação e proporcionou aosparticipantes um momento dedescontração e confraternização.

Camila Pinho, integrante da RNAJVHAem Belo Horizonte (MG), acredita que oencontro trará muitos frutos para ofortalecimento da Rede. “Foi umaexperiência muito importante para aregião Norte, para que possamosreproduzir isso em nossas famílias, nossas vidas”, conta a jovem, que

foi convidada a participar da mesa de abertura.

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Sexo e Saúde

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados e no Distrito Federal ([email protected])

Quais as consequências ereações adversas do uso deanabolizantes?

Jessica Vieira, 21 anos

As consequências são as mais drásticaspossíveis. Pesquisas revelam em torno de 70tipos de malefícios ao organismo. O surgimentode câncer na próstata, problemas no fígado e nocoração, depressão, e o surgimento de acne sãoalguns dos efeitos colaterais. Nos rapazes aparece osurgimento de mamas (conhecida como ginecomastia) eentre as moças o crescimento exagerado de pêlos e avoz grave, deixando-as com aspecto masculinizado.

Anabolizantes provocam impotência sexual?Dharllyson Cezar, 20 anos

Sim. A potência sexual diminui tanto nos homensquanto nas mulheres. No caso dos rapazes o problema é mais sério, pois com o usocontínuo da droga, o organismo reduz a produção de testosterona (hormônio naturalmasculino), diminuindo a quantidade de esperma, causando a infertilidade e a reduçãono tamanho dos testículos. Com isso o rapaz pode “falhar” na hora H.

Existe alguma situação em que o anabolizante é indicado para o tratamento dealguma doença?

Vinicius Mota, 23 anos

Somente nos casos de indicação médica. Os esteróides anabolizantes sãoreceitados para o tratamento de reposição hormonal em garotos que têm dificuldadesno crescimento e também nos casos de osteoporose, ajudando na recuperação e ganhode massa óssea. No mais, nada de usar anabolizantes para fins estéticos, pois os danosà saúde podem ser irreversíveis e levar até a morte.

Usar anabolizantes por muito tempo pode fazer com que, quando mais velho, tudo“caia” ou “murche”?

Diego Silva, 18 anos

Isso pode acontecer devido à massa muscular perder a elasticidade após a interrupçãono uso da droga, causando a flacidez do músculo e gerando o excesso de pele. É o quechamamos de efeito “balão”, onde a pessoaincha, ficando com o corpo aparentementebonito e depois vai secando.

Os virajovens Anderson Ramos e Gleison Sousa, do Conselho

Jovem de Teresina (PI)*, entrevistaram o educador físico Ricardo

Pereira, que falou sobre os riscos e as consequências que o uso

de anabolizantes pode trazer à saúde

Mande suas dúvidas sobre Sexo eSaúde, que a galera da Vira vaibuscar as respostas pra você! O e-mail é [email protected]

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Natalia Forcat

CUPOM DE

ASSINATURA

anual e renovação 10 edições

É MUITO FÁCIL FAZER OU RENOVAR A ASSINATURA DA

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Basta preencher e nos enviar ocupom que está no verso juntocom o comprovante (ou cópia) doseu depósito.

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3. VALE POSTAL em favor daVIRAÇÃO, pagável na AgênciaAugusta – São Paulo (SP), código72300078

4. BOLETO BANCÁRIO(R$2,95 de taxa bancária)

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Mais informações sobre a campanha, vocêencontra no site:www.inca.gov.br/tabagismo

* Um dos Conselhos Jovens da Vira presentes em 22Estados e no Distrito Federal ([email protected])

Gizele Martins, do Virajovem Rio de Janeiro (RJ)*

a fumar antes dos 19 anos de idade.

Mas a boa notícia disso tudo é que ao

largar o fumo, após um ano, reduz-se pela

metade o risco de uma doença do coração.

Para quem deseja parar de fumar, o Ministério

da Saúde mantém uma linha telefônica para

que o usuário tenha as orientações sobre onde

iniciar um tratamento, assim como

informações sobre a legislação referente ao

tabagismo. O número é 0800 61 1997. Então,

se esse é o seu caso, agora é a hora!

Neste ano, o tema escolhido pelo

Instituto Nacional do Câncer (Inca)

para a campanha contra o tabagismo

é direcionado às mulheres, público que

gasta, em média, 12% do salário mensal na

compra de cigarros, como aponta pesquisa

do IBGE de 2008.

Com o slogan “Mulher, você merece

algo melhor que o cigarro!”, os cartazes da

campanha mostram pulmões com flores,

que tem o objetivo de alertar que por trás

das belas campanhas publicitárias de

cigarro, as pessoas descubram que essa

droga mata, destrói vidas e que apenas

serve para que empresas lucrem com a

venda do tabaco.

Segundo dados de pesquisa divulgada

pelo Inca, as mulheres estão na mira da

indústria do cigarro, sendo ele o

responsável por 40% das mortes de

mulheres com menos de 65 anos e por 10%

das mortes por doença cardíaca nas

mulheres com mais de 65 anos de idade.

Atualmente, estima-se que 9,8 milhões de

brasileiras são fumantes. No mundo, a

Organização Mundial da Saúde (OMS) diz

que o sexo feminino responde por 20% dos

mais de 1,3 bilhão de pessoas fumantes.

Em 2009, estudo feito pela Sociedade

Brasileira de Cardiologia (SBC) nas

escolas públicas do município de São

Paulo mostra que dos 10% de alunos

fumantes, 61% são meninas e 39%

meninos. Além das mulheres, o Inca

também alerta sobre a facilidade do

jovem conseguir cigarro. A grande

maioria dos fumantes (90%) começaram

Parada Social

Instituto do Câncer realiza campanha

contra o uso de tabaco pelas mulheres

Batom e cigarro, não!

No Brasil, 9,8 milhões de mulheres são

fumantes, segundo estimativas do Inca

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Pintora paulista, que rompeu a arte cinzenta dominante e seus tons pastéis. Nasceu em 1º desetembro de 1886 e morreu em 17 de janeiro de 1973.

“Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que

eram feias e caipiras. Mas vinguei-me da opressão, passando-as para minhas telas:

azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante, tudo em gradações

mais ou menos fortes conforme a mistura de branco.”

Tarsila do Amaral (1886-1973)

Nov

aes

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