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r r r r r e e v i s t v i s t v i s t v i s t v i s t a a MAIO/JUNHO.2002.ANO 24.Nº141.WWW.WERIL.COM.BR Chiquinho Oliveira e seu som bem humorado PÁG.16 5 º PRÊMIO WERIL: cobertura completa PÁG. 6 Conheça o novo saxofone na página 4

Revista Weril nº 141

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Revista sobre artigos musicais, instrumentos e acessórios.

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MAIO/JUNHO.2002.ANO 24.Nº141.WWW.WERIL.COM.BRChiquinhoOliveira eseu som bemhumorado PÁG.16

5º PRÊMIOWERIL:

coberturacompleta

PÁG. 6

Conheça o novosaxofonena página 4

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10 05/2002

REVISTA WERIL é uma publicação bimes-tral da Weril Instrumentos Musicais Ltda.Conselho Editorial: Angelino Bozzini,Dalmário Oliveira, Domingos Sacco,Gilberto Siqueira, Mônica Giardini, Rade-gundis Feitosa, Renato Farias, Sílvio DepieriEditora: Aurea Andrade Figueira (MTb12.333) - Redatores: Mônica Ranieri,Nelson Lourenço e Rafael ArgemonFotos de capa: Marcelo Breyne e BeatrizWeingrill - Redação e correspondência:Em Foco Assessoria de Comunicação - RuaDr. Renato Paes de Barros, 926, São Pau-lo/SP 04530-001e-mail: [email protected] gráfico, diagramação e edito-ração eletrônica: Yvonne Sarué DesignTiragem: 32.500 exemplares

As matérias desta edição podem ser utili-zadas em outras mídias ou veículos, des-de que citada a fonte.

Matérias assinadas não expressam obri-gatoriamente a opinião da Weril Instru-mentos Musicais

Distribuição gratuita

Atendimento ao ConsumidorWeril 0800 175900

ES U A S N O T A S

Efeito Sonoro – Novos sax Weril

Papo com o Mestre – Idriss Boudrioua

Especial - Vencedores do Prêmio Weril

Eventos - Os lançamentos que agitaram a noite

Música Viva – Um dia musical com o naipe de sopros do J. Quest

Dicas Técnicas

Todos os tons – Gírias musicais

Entrevista – Chiquinho Oliveira

Neste número, excepcionalmente, deixamos de publicar as seções “PorEstas Bandas”, “Intercâmbio”, “Eu Recomendo” e “Fique de Olho”, quevoltam na próxima edição.

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Caro Leitor,

ste é um momento muito especial para nós, da Weril. Não apenaspor que colocamos no mercado uma série de lançamentos – comoa linha de saxofones Spectra II e os novos trompetes, apresenta-dos na edição passada.O motivo de nosso orgulho vai muito mais além. Em 1997, a em-presa lançou a semente de um sonho: oferecer oportunidades paraos jovens talentos e revelar ao Brasil grandes promessas da músicainstrumental. Era o Prêmio Weril para Solistas de Instrumentos deSopro que nascia. Hoje, concluída sua quinta edição, temos segu-rança em afirmar que o objetivo foi plenamente alcançado, comovocê vai acompanhar nas páginas 6, 7 e 8 desta edição.E quando o assunto é incentivo à música instrumental brasileira,não poderíamos deixar de prestar uma merecida homenagem aArthur Weingrill, um dos maiores entusiastas da arte nacional,que completaria 100 anos de nascimento em 2002 e que foi, semdúvida, um dos precursores desse concurso.A empresa está vivendo um momento bastante especial tambémfora do país, com uma aclamada apresentação do Weril TromboneEnsemble, no Festival Internacional de Trombones 2002, que acon-teceu em maio, no Texas, EUA. A receptividade do público e a exce-lente performance do grupo, formado por renomados instrumen-tistas brasileiros, como Radegundis Feitosa, Marcelo Bam Bam e oQuarteto de Trombones da Paraíba, foi mais uma prova do bomnível de nossos artistas e dos instrumentos fabricados pela Weril.Para completar, uma matéria técnica especialmente dedicada àsbandas e fanfarras. É a homenagem da Revista Weril aos mestresde banda, que comemoram seu dia em 11 de julho.

Nelson Eduardo V. WeingrillDiretor- superintendente

“Sou trompetista e leitor assíduo da revista. Queroparabenizar a equipe da Weril por conceder-me aliberdade de escolha entre as 40 novas opções detrompetes. É um momento marcante para todosnós e um grande avanço tecnológico para o país”

João S. Martins (SP)

“Parabenizo a Weril pelo lançamento do trompetetriunfal em Sib. Esse instrumento certamente pro-porcionará ao músico mais alegria e melhor desem-penho na execução”

Olavo Henrique de Vasconcelos (PE)

“Tive que rir sozinho ao ler aquela do AngelinoBozzini, na edição 139, quando ele escreve que oestômago também faz música: ronca. Continuemenviando-me esta boa literatura”

Antônio Nunes de Araújo (SP)

“Que as dificuldades do dia-a-dia que uma empre-sa nacional enfrenta nunca venham a desanimar efazê-la desistir, pois os brasileiros são carentes dacultura que a Revista Weril nos traz”

Rodrigo Nascimento (SP)

A Revista Weril agradece todas as correspondências re-cebidas. Se você também quer entrar em contato co-nosco, confira no expediente nosso endereço e e-mail.

E D I T O R I A L

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Í N D I C E

Weril Trombone Ensemble em apresentaçãoao chegar no Brasil: presença do tambémtrombonista Renato Farias

2 06/2002

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1 5r e v i s t a3

P E R F I L

Com sua visão, Arthur Weingrill, que

completaria 100 anos em 2002, foi um dos

principais responsáveis pela

perpetuação da marca e pelo apoio à

música e ao músico brasileiro

m uma década tão conturbada quanto a de30, com os ânimos exaltados graças à Revolu-ção Constitucionalista, em São Paulo, e commuitas incertezas, com a chegada da 2ª Guer-ra Mundial, Arthur Weingrill, um homem devisão e mente aberta, assumiu a administra-ção da Weril.

Aprendeu desde cedo a amar e respeitar amúsica, assistindo ao nascimento do sonho deseu pai, que montava a primeira sede da em-presa, no centro de São Paulo. Aos 12 anos,começou a trabalhar na Weril, e logo compre-endeu que caberia a ele manter viva esta tradi-ção na fabricação de instrumentos musicais.

Formado em contabilidade – era um “guar-da-livros”, como se costumava dizer na época,Arthur, que herdara de seu pai o tino visionáriopara os negócios, correspondeu às expectati-vas, e foi além do que o pioneiro Pedro Wein-grill imaginara, implantando a fabricação dediversas linhas de instrumentos, como os saxo-fones e as clarinetas, até então só disponíveiscomo produto importado.

Como grande entusiasta que era, foi um in-centivador da produção nacional, seguindo eaprimorando a filosofia instituída por seu pai,de ampliar a cultura musical e consolidar a artede fabricar instrumentos musicais no país.

Sua confiança no Brasil e em sua capacida-de de trabalhar e superar dificuldades ajudou-o a impulsionar a fábrica para a posição queocupa hoje. Sua produção, inicialmente todaartesanal, começou a incorporar as mais mo-dernas tecnologias. “Eleera reconhecido pela sua vi-são e tenacidade”, lembrao filho, Nelson Weingrill.“Mesmo nos momentosmais difíceis, não se aba-tia”, completa.

Nascido em 1902, ele comemoraria 100anos em março. Em 1980, aos 78 anos, ArthurWeingrill faleceu. Sua obra frente à empresa ea mensagem de luta e vanguarda, no entanto,permanecem vivas até hoje, em cada instru-mento fabricado pela Weril.

Ele viveuparaa música

r e v i s t a

A música foi mais que uma opção,foi uma obra do destino

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Sua obra frente àempresa permaneceviva até hoje,em cada instrumentofabricado pela Weril

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E F E I T O S O N O R O

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DA 972

A 932

Conjunto campana-curvadestacável

paixãoNova

epois de muitas novida-des em trompetes,chegou a vez dos sa-xofonistas! A Werilacaba de lançar nomercado dois novosmodelos de saxofo-nes, um alto e umtenor, na medidapara propiciar aomúsico aindamais conforto eexcelente sonori-dade durante aexecução.

Os novos modelos têm design e disposição di-ferenciada das chaves, com mecânica e recursosque possibilitam seu acionamento de forma bas-tante confortável. As chaves do Sib, Lá # e Mi,por exemplo, têm novo posicionamento, ficandoainda mais alinhadas. Da mesma forma, as “trêsmarias” - Ré, Ré # e Fá, também estão mais ana-tômicas, permitindo mais agilidade ao tocar.

As alterações foram realizadas com base emum comitê formado com saxofonistas de diver-sas regiões do Brasil, como Silvio Depieri, CarlosMalta, Chico Sá, Idriss Boudrioua, Bolão, GersonGalante,Vitor Alcântara, Eduardo Pecci, DilsonFlorêncio, Ivan Meyer, Goio Lima e DemétrioLima, que avaliaram os protótipos dos instrumen-tos e fizeram observações através de fichas. Es-tas fichas foram analisadas pela equipe de de-senvolvimento, e os pontos comuns, incluídos nanova linha. O resultado foi um instrumento querespeita as características de porte físico do saxo-fonista brasileiro.

Além dos avanços na mecânica, as inovaçõesna linha Spectra II trazem um projeto acústico quegarante resposta rápida e total controle da afina-ção. Detalhes que farão o músico se apaixonar.

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“Tocar deve seralgo natural”

P E R F I LN A W E R I L

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J. Quest visita a fábrica

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rancês radicado no Brasil há 20 anos, o saxofonistae professor Idriss Boudrioua experimentou e opinousobre a nova linha Spectra II.

A sonoridade agradou muito ao mestre. Alémdisso, também mereceu destaque o aprimoramentono material, no acabamento e nas sapatilhas, comatenção especial para as inovações na mecânica doinstrumento. “O posicionamento das chaves de ca-dência ficou excelente, mais para dentro. A mão nãoprecisa fazer esforço algum”, avalia o saxofonista,que obteve cotação máxima da crítica do jornal OGlobo com seu novo CD, “Joy Spring”. Uma dica deIdriss: na hora de montar a chave do tudel, segure-ode “mão cheia” para encaixá-lo. “Assim, evita-seque fique com folga e comprometa o som”, ensina.

Segundo Idriss, além de um bom instrumento, omúsico também precisa ter algumas coisas em mentepara obter rendimento máximo. Estudar todos osdias, por exemplo, é fundamental. “Tem genteque fica três dias sem tocar nada e, no quarto,fica sete horas seguidas estudando. É preciso con-tinuidade, sem exagerar na quantidade, para sedesenvolver no instrumento, mesmo que seja somen-te por hobby. É necessário seriedade”, aconselha.

Para ajudar a desenvolver a técnica, o músicorecomenda que se estude sempre em todas as tona-

lidades. Tudo o que for feito, fa-zer em todos os tons. “É muitoimportante para o músico acos-tumar-se, durante seus estudos,ao fazer um exercício, tocar umamúsica ou uma frase, repetir a se-qüência em todos os tons. Não éna primeira vez que ele vai con-seguir fazer isso. Uma hora diáriade dedicação e, um belo dia, acoisa sai. Se fizermos uma analo-gia, fica mais fácil entender a im-portância disso: quando a gentefala, a gente não pensa que estáfalando. É a mesma coisa paratocar saxofone: se não estudamosa técnica com empenho, sempre,não vamos conseguir tocar coma mesma naturalidade. Outro fa-tor que vale a pena ser conside-rado: se eu não articulasse parafalar, ninguém iria entender nadado que falo. O mesmo vale para a música. Tem quesaber articular, estudar articulações, frases em todosos tons, até se libertar. E manter a cabeça abertapara as inovações”, acredita o mestre.

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P A P O C O M 0 M E S T R E

O naipe de sopros do J. Quest esteve nafábrica de Franco da Rocha para conhecero processo de produção dos instrumentos.Após a visita, no show room, eles deramuma pequena mostra de seu talento. Emtempo: desde a visita, os músicos passa-ram a tocar com instrumentos Weril.

Idriss Boudriouaexperimenta o novosax alto Spectra II

O saxofonista Rodrigo Bento,enquanto montava a chave dotudel do novo Spectra II

O cubano Jorge Ceruto testa umdos modelos da linha detrompetes Regium

Antonio Cirilo (Toninho doTrombone) com seu trombone G.Gagliardi

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P E R F I L E S P E C I A L

A grande final

Uma noite memorável, repleta devirtuoses, que brindaram os pre-sentes com música da melhorqualidade. Assim foi a grande

final do Prêmio Weril para Solistasde Instrumentos de Sopro, realiza-da este ano no Theatro Municipalde São Paulo, com toda a pompaque o evento merece. Afinal, estafoi a quinta edição do Prêmio, que,desde 1996, vem revelando novostalentos para a música instrumen-tal brasileira.

Talento, aliás, foi a tônica da fes-ta, ao lado da emoção que tomouconta dos participantes e do público.Cerca de mil espectadores foram aoMunicipal torcer, acompanhar a apre-sentação dos dez finalistas e tambémconferir o show que antecedeu oanúncio dos vencedores, com a Ban-da Havana Brasil. “Esta edição atin-giu um nível excelente de participan-tes. Ficamos felizes por saber que aWeril, com este Prêmio, abre cami-nhos e oferece oportunidades a jo-vens que pretendem ingressar emuma carreira cheia de emoção”, afir-mou o diretor-superintendente daempresa, Nelson Eduardo Weingrill,logo após a entrega dos prêmios.

Segundo ele, o mais emocio-nante foi realizar o Prêmio em umlugar com uma importância históri-ca como o Theatro Municipal, o queendossa a importância do evento.“Além disso, foi no centro de SãoPaulo que a própria história da

6 06/2002

Dez jovens músicos brilham em suas apresentações no Theatro Municipal de São Paulo

Prêmio Weril

Carlos Freitas, o primeiro colocado, e Nelson EduardoWeingrill: após meses de expectativa, é anunciado ogrande vencedor do Prêmio Weril

Weril começou”, completa. Outromomento marcante foi a homena-gem prestada pela empresa ao maes-tro Gilberto Gagliardi, falecido no anopassado. Sua filha, Kátia, recebeudas mãos de Nelson Weingrill, pre-sidente do conselho da Weril, umquadro com a representação deum trombone, instrumento queconsagrou o mestre Gagliardi.

O evento foi apresentado pelaglobal Chris Couto, e teve a dire-ção artística do maestro Julio Me-daglia. Ele compôs o júri do Prêmioao lado do clarinetista e saxofonis-ta Eduardo “Lambari” Pecci, dotrombonista Wagner Polistchuk, dosaxofonista Idriss Boudrioua, e dotrompetista Sérgio Cascapera.

Nas próximas páginas, saibaquem são os vencedores do 5o Prê-mio Weril e confira os momentosmais importantes da finalíssima.

“Foram dias de muito trabalho,muita dedicação, em especial àmúsica que executei. Foi tanto es-tudo que deixei de pensar no quefaria se fosse o vencedor e, sin-ceramente, não esperava ganhar.Só sei que pretendo utilizar partedo dinheiro que recebi para fa-zer uma especialização fora dopaís. Quanto à gravação do CD,daqui pra frente é que vou defi-nir as músicas”

Carlos Augusto de Freitas, 1º lugar, trom-bonista de 23 anos, de Jundiaí (SP)

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r e v i s t a 7

A tarefa de classificar os três primeiroscolocados do 5o Prêmio Weril não foi nadafácil para o júri. “Já havia sido difícil a es-colha dos dez melhores que viriam para afinal”, revelou o maestro Julio Medaglia.“Tínhamos pelo menos 20 concorrentes quepoderiam estar perfeitamente neste even-to”, recorda-se ele. Porém, mesmo admi-tindo o alto nível dos participantes, o dire-tor artístico do Prêmio acrescentou: “A de-cisão sobre o vencedor foi unânime.”

O trombonista Carlos Augusto deFreitas foi o primeiro colocado e recebeuR$ 8 mil, o instrumento Weril utilizado nafinal e a gravação de um “CD

master”.Tiago Francisco Naguel,trompetista, ficou em segundo (R$5 mil e o instrumento Weril). Com 17anos, o bombardinista Rafael DiasMendes completou o pódio, ficandocom o terceiro lugar. Recebeu deNeide Weingrill, integrante do con-selho da empresa, um prêmio de R$3 mil e o euphonium com o qual seapresentou.

Na opinião do maestro Julio Medaglia,o espetáculo proporcionado pelo Prêmioé um sinal de “vida inteligente no cenáriocultural brasileiro”. Testemunha dos gran-des momentos de nossa música, Medagliaobserva que o Prêmio melhora a cada ano,uma vez que o instrumentista brasileiro vemdemonstrando que está em busca do aper-feiçoamento. “A Weril é um exemplo rarode empresa que alimenta a indústria cul-tural de uma forma que, de fato, benefi-cia o músico”, afirmou.

Trombone, oAlto nível dos concorrentes dificulta a escolha, mas decisão do júri foi unânime

dono da noite

“Como trombonista,meu universo é o so-pro, e ouvindo essesmeninos, essas voca-ções aflorando, essedesejo em se desen-volver em barítono,clarineta e saxofone,entre outros instrumen-tos, me sinto gratifica-do. E são talentos mes-mo, pequenos gêniosda música, futuros pro-fissionais da melhorqualidade, que só fa-rão enobrecer a músi-ca brasileira. Foi umahonra tocar em umevento dessa impor-tância, com esse espí-rito que não é de com-petição, mas de mos-tra do talento. O con-curso é um detalhe, oque importa é mostraro trabalho, enfrentar ogrande público em umlugar que tem todauma magia, como oTheatro Municipal.”Matias Capovilla, trom-bonista (na foto,o pri-meiro da direta paraesquerda,integrando aBanda Havana Brasil)

“Foram muitas horas de estudo antesde chegar até aqui. É a segunda vezque sou finalista desse prêmio e fui sor-teado para ser o primeiro a se apre-sentar, o que aumentou o nervosismo.Mas estou muito satisfeito com o se-gundo lugar. Agora é continuar me de-dicando para a próxima edição.”Tiago Francisco Naguel, que recebe otroféu das mãos do sr. Roberto Weingrill

“Estou realizando um sonho ao participar pelaprimeira vez do Prêmio Werill. Quando da entre-ga do 4º Prêmio, assisti a cerimônia. Na época,tinha 14 anos. Me lembro muito bem que pendu-rei o regulamento anterior do Prêmio na parededo meu quarto, e toda vez que olhava para eledizia para mim mesmo: ̀ Vou estudar que um diaeu chego lá´. Hoje, o sonho tornou-se realidade.”O bombardinistaRafael Dias Mendes

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10 05/2002

O professor do trombonista CarlosFreitas teve dupla motivação para co-memorar o resultado do 5o Prêmio We-ril. Além de ver seu pupilo ganhar, eleconquistou uma passagem aérea paraos Estados Unidos ou Europa, como Prê-mio Especial ao Mestre. Gilberto Siquei-ra, primeiro trompete da Osesp e mes-tre vencedor do último Prêmio, entre-gou uma passagem simbólica a Marcos,que, após a premiação, concedeu estaentrevista:Qual o método de ensino que o sr.utilizou com seu aluno, como prepa-ração para o Prêmio?Usei vários métodos, procurando incenti-var ao máximo os estudos e a capacida-de de desenvolvimento da musicalidade.O sr. considera que a disciplina utili-zada no ensino da música pode sercomparada com as exigências de umtécnico de futebol com seus jogado-

para o MestreAplausos também

Marcos Shirakawa, professor do primeiro colocado,recebeu, como Prêmio Especial, uma passagem aérea

para os Estados Unidos ou Europa

res, às vezes enérgico, outras vezes“paizão”?Por incrível que pareça, utilizo muito oesporte como exemplo, transportandoseus princípios de disciplina para quemeus alunos os utilizem também namúsica. Mas não sou enérgico, posso serconsiderado “paizão”: sou bem amigo,deixo o aluno à vontade. Acredito que éassim que conseguimos alcançar con-quistas como essa.O professor se projeta no aluno? Écomo se ele fosse um filho?Com certeza. Na hora da apresentação,fico mais nervoso que eles. Os alunos,aliás, não têm nem idéia do que passa-mos. Certamente, é como se fosse umfilho. É uma carreira que estamos come-çando a construir juntos.E o Prêmio? O sr. esperava recebê-lo?Não, não esperava. Por isso, ainda não pen-sei sobre como vou utilizar a passagem.

Nelson Weingrill entrega aKátia Gagliardi, filha domestre Gilberto Gagliardi, ahomenagem ao maestro

Chris Couto, que já haviaapresentado a ediçãoanterior, retorna ao palcopara o 5º Prêmio Weril

Jurados: da esq. p/ dir., Sérgio Cascapera, Julio Meda-glia, Lambari, Idriss Boudrioua e Wagner Polistchuk

O professor Marcos Shirakawa recebe a premiação

O Theatro Municipal lotou para a entrega do Prêmio

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Além dos três primeiros colocados, outros sete músicosparticiparam da final do Prêmio Weril e receberam uminstrumento com a marca da empresa. São eles, dadireita para a esquerda:

André Gustavo Dalvio Gonçalves, trompistaFrancisco Alves de Macedo, saxofonistaGeisa Cerqueira Felipe, flautistaLuiz Ricardo Serralheiro, tubistaMaico Viegas Lopes, trompetistaMarcio Alexander Schuster, saxofonistaRonan Estima Moris, trompetista

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O Theatro São Pedro se encheu de música emagia durante o lançamento da nova linhaRegium de trompetes. Além do coro com14 trompetes triunfais, algo nunca antes vis-

to em palcos brasileiros, ainda se apresentaramgrandes feras de nossa música instrumental, comoMárcio Montarroyos, Chiquinho Oliveira e Quin-zinho Oliveira. Outra estrela da noite foi GilbertoSiqueira, primeiro trompete da Osesp. Acompa-nhado de seu filho, Edson, ao piano, ele coman-dou a festa, em que a platéia pôde conferir deperto toda a sonoridade e avanço tecnológico danova linha Regium, que ele próprio, em parceriacom a Weril, ajudou a desenvolver.

Para apresentar os novos saxofones SpectraII, a Weril escolheu como cenário a tradicionalcasa de espetáculos Bourbon Street, um dos maischarmosos espaços para apresentações de jazz emSão Paulo. A Banda Mantiqueira foi a responsávelpela ótima trilha musical, composta por instrumen-tos Weril. Os presentes ainda puderam ouvir umencontro antológico: Paulo Moura, no sax e naclarineta, e o violinista Yamandú Costa, acompa-nhados de Proveta, o líder da Mantiqueira.

de Sons

E V E N T O S

FestaTrompetes:coro inédito

Da esquerdapara adireita:MárcioMontarroyos,Quinzinho eChiquinhoOliveira

GilbertoSiqueira foio mestre decerimôniasno TheatroSão Pedro

O encontro entre Paulo Moura eYamandú recebeu elogios dacrítica especializada

Toda aclasse daBandaMantiqueiradurante olançamentodos novossaxofones

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P E R F I LM Ú S I C A V I V A

Esta edição traz as dicas para quemestá ou vai à capital mineira con-sumir música. Quem indica os me-lhores lugares é o pessoal do naipe

de sopros do J. Quest: Toninho do Trom-bone, Rodrigo Bento e Jorge Ceruto.

“Não se pode falar de música nacapital mineira sem obrigatoriamentecitar a loja A Serenata como referên-cia. Lá, o músico irá encontrar instru-mentos, bocais, boquilhas, palhetas,estojos, métodos nacionais e importa-dos e programas de computador, entreoutros produtos. O atendimento é ex-celente, e os vendedores estão sempredispostos a orientar o músico da melhorforma. Além disso, A Serenata tambémestá presente na vida cultural da capitalmineira, patrocinando eventos, showse workshops com instrumentistas decategoria nacional e internacional.

Andando alguns quarteirões, no in-terior do chamado ‘Mercado Novo’,está a tradicional Casa Lira, que vendeinstrumentos de sopro e também ofe-rece serviço de manutenção. Aprovei-te a oportunidade para bater um papocom o proprietário, sr. Wilson Lira, eseus filhos, Cláudia e Clauzir, que têmuma conversa sempre agradável.

Para encontrar CDs, VHS e DVDsdos mais variados, uma excelenteopção é a Discoplay, no centro dacidade, que possui um dosmelhores acervos de mate-rial raro. Só para deixaro leitor com ‘água naboca’, ali é possível

adquirir discos difíceis de encontrar, comoo da banda Black Rio e de BranfordMarsalis, executando peças como Con-certino da Câmara, de Jacques Ibert.

E como músico que é músico nãoabre mão de assistir uma boa apresen-tação ao vivo, a sugestão para a noiteé ir ao Café do Sol para ver o show dacubana Teresa Morales, às terças-feiras.A cantora interpreta clássicos da músi-ca latina acompanhada por teclados,percussão e ́ canjas´ de instrumentistasde sopro, incluindo o nosso naipe desopros do J. Quest, que, sob o nomede Havana Clube, se revela em umabanda de autêntica salsa cubana, mis-turando influências tradicionais do gê-nero com a música brasileira e o jazzfusion americano do Yellow Jackets eBrecker Brothers.

Uma opção para curtir música dequalidade e de graça em Belo Horizonteé a Escola de Música da UniversidadeFederal de Minas Gerais - UFMG, queoferece uma programação rica e varia-da em seu auditório, no Campus daPampulha. As atrações são as mais di-versas, desde a Orquestra Sinfônica daUniversidade e grupos de câmara,como o ótimo Minasax, liderado pelosaxofonista e professor Dílson Florên-

cio, até big bands, do porte da Ge-rais Big Band, conduzida pelotrombonista Paulo Lacerda.”

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S E R V I Ç O

Um dia musicalem BHConheça as sugestões do naipe de sopros do J. Queste aproveite seu dia em Belo Horizonte

A Serenata - Av. Olegário Maciel, 151,

Centro - telefone: (31) 3271-1313

Casa Lira - Av. Olegário Maciel, 742 -

loja 1061/1062, no Mercado Novo,

Centro - telefone: (31) 3271-9082

Discoplay - R. Tupis, 70, Centro (pró-

ximo ao Othon Palace Hotel) - telefo-

ne: (31) 3222-0046

Café do Sol - Av. do Contorno, 3301,

Sta. Ifigênia - telefone: (31) 3463-8989

Auditório da UFMG - R. Antônio Car-

los, 6627, Campus Pampulha - telefo-

ne: (31) 3499-4700

Da esquerda para direita:Rodrigo Bento,

Toninho do Trombonee Jorge Ceruto

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D I C A T É C N I C A 5 8

Estudos de Flexibilidade:Não basta estudarNão basta estudarNão basta estudarNão basta estudarNão basta estudar, tem que perseverar, tem que perseverar, tem que perseverar, tem que perseverar, tem que perseverar

Quinzinho Oliveira*

M uitos estudantes, e até mesmomúsicos profissionais, não desfrutamdos recursos e efeitos que a

flexibilidade pode lhes proporcionar.Uma das dificuldades é a dúvida sobrea melhor maneira de estudar, uma vezque geralmente os exercícios nãopossuem uma didática passo a passo.

Nesta explanação serei o mais didá-tico possível, para que você obtenhagrandes resultados.

Os primeiros exercícios foram ela-borados para desenvolver a ação doslábios, a parte de trás da língua (dorso),e a capacidade do ar, para que o con-trole desses membros seja alcançado.

Antes de se exercitar no instrumen-to, treine articulando, UOÓAEÉI...ICHI.

O objetivo principal deste exercício éa função da língua, observe o movimen-to da parte de trás (dorso) levantandolevemente em direção do céu da boca.Fazendo este exercício no bocal vocêperceberá esse movimento facilmente.

A pressão dos lábios nos exercíciosascendentes e descendentes deve sercontrolada, uniformemente e com le-veza, assim os lábios ficam mais relaxa-dos para fazer o seu papel naturalmen-te. Nunca esqueça do combustível (o ar).Observe que para o agudo deve-se ob-ter maior velocidade da coluna de ar paracompensar o estreitamento dos lábios.

Nos primeiros exercícios estudaremosacordes maiores em tríades, passandopelas sete posições do instrumento.

Nesta primeira fase os exercícios aolado devem ser tocados com andamen-to lento. Semínima = 60

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Nos exercícios seguintes exercitaremos duas oitavas,continue com andamento lento. Semínima = 60

Além dos intervalos de terças praticados nas lições anteri-ores, estudaremos também intervalos de quinta até oitavas.

Nesta fase, é recomendável um andamento lento nasregiões grave e média do instrumento, nestas regiões,os intervalos são mais espaçados, de forma que o estu-dante adquirirá resistência, sincronismo, equilíbrio, afi-nação e muito mais.Obs.: Em todas as fases, você pode estudar até o limitede sua extensão, porém nunca esquecendo que os re-sultados de qualquer estudo vêm como o gotejar de umanascente: você nunca imaginaria que dela grandes riosse formam.

Com a prática das duas primeiras fases, certamente vocêterá maior controle e clareza no decorrer dos estudos.

Na terceira fase, os exercícios exigirão um pouco mais.A flexibilidade, além de melhorar o legato, aumenta a

resistência da musculatura envolvida nesta prática.Estude os exercícios pausadamente e procure forçar

gradativamente as regiões mais agudas. Tenha cuidadopara não ir além de sua capacidade e causar qualquertipo de lesão nos seus lábios!

É importante que você pratique todos os dias.

*Quinzinho Oliveira é trompetista, arranjador, professor eregente da Banda Musical do Colégio Termomecânica, em SãoBernardo do Campo (SP). Contato: [email protected]

Todos os exercícios foram feitos e pesquisados em três gran-des métodos: Lip Flexibilility, de Walter M. Smith, Daily Drills, deMax Schlossberg e Arbans.

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D I C A T É C N I C A 5 9

H ello everybody! Esta matéria técnica aborda os proble-mas costumeiros que tenho observado no acompanhamento do Campeonato de Bandas e Fanfarras da Secre-

taria da Juventude do Estado de São Paulo, no qual venhoatuando como jurado há algum tempo. Os assuntos quedevo abordar nesta e edição é Fraseado e Articulações,mas outros tópicos serão publicados nos próximos meses.

O fraseado deve possuir precisão rítmica, definiçãoexata das articulações, silabação adequada (pronún-cia) e definição do estilo, imprescindíveis quando exe-cutadas em naipe.

Nosso sistema ocidental de notação rítmica não é ade-quadamente equipado para tratar com a complexidade deritmos de jazz derivados da África e ainda das influênciaslatinas da música popular de várias etnias, que agora sefundem e desembocam em um formidável caldeirão multi-cultural do século XXI. Por exemplo, as colcheias com swing,freqüentemente escritas como colcheias regulares

. Alguns escritores preferem indicar da se-guinte maneira . Ambas as notações sãoinadequadas. A colcheia swingada, quando propriamenteexecutada, representa , enfatizando pul-sação ternária. Portanto, no estilo clássico, a colcheia devemesmo ser regular , no entanto, no jazz e emoutros ritmos latinos, a colcheia regular deveser executada .

Aconselho maestros e chefes de naipe a anotarem todasas articulações necessárias e apropriadas nas partituras, paraa perfeita definição do estilo a ser executado.

O problema básico nas bandas e fanfarras é o métodode ataque, ou seja, a precisão de tocar staccato e a habili-dade de executar um belo legato; tocar as notas suavemen-te sustentadas, conectadas e com a pronúncia apropriada.

Vamos agora dar uma olhada em vários exemplos dearticulações que também estão disponibilizados em áudio,formato MP3 no meu site na web.www.betobarros.hpg.com.brExemplo 1

As marcações em legato (exemplo1) freqüente-mente não são usadas no senso tradicional, mas paradefinir o comprimento da frase. Este tipo de frase no esti-lo swing deverá ser atacado (língua) levemente, e aindacom uma silabação macia, (soft) como “DU”. Os acentosserão melhores realizados mais com a pressão da colunade ar do que com ataque pesado da língua, e ainda porser uma frase de caráter ascendente, deverá ter um na-tural e suave crescendo.

Bandas e Fanfarras:Análise técnica dos problemas constantes

Maestro Beto Barros*Tem existido alguma confusão entre os maestros com

relação ao tamanho e interpretação das anotações de acen-to. O acento longo, que recebe o valor integral da nota,deve ser marcado como [ ], e o pequeno e pesado acentodeve ser anotado como [ ]. O acento marcato [^] deve indi-car: mais pesado e mais longo do que uma colcheia, ou doque uma semínima staccato.

Apenas recentemente os arranjadores começaram aaceitar esta notação como padrão, e por esta razão asgrades (os scores) devem ser estudadas com atenção emudadas quando necessárias. Veja o próximo exemplo,ele é considerado correto em ambas as maneiras.Exemplo 2 Exemplo 3

No estilo “swing” (popular não clássico), todo finalde frase normalmente deve ser cortado, a não ser queexista outra indicação.Exemplo 5

As colcheias mais altas no pentagrama devem ser nor-malmente acentuadas como no exemplo acima. Os acen-tos não devem ser exagerados. Um acento com pressão dacoluna de ar é mais efetivo do que um acento pesado degolpe de língua. Os músicos freqüentemente reforçam oacento da pressão da coluna de ar com um suave ataquede língua. Esta abordagem funciona melhor na interpre-tação do Exemplo 6

As semínimas com grande exposição no tempo fracogeram sincopas e devem ser acentuadas como noExemplo 7

Colcheias com ligadura sobre a barra de compasso eligadas às notas com valor maior do que colcheia, sãonormalmente tocadas com acentos longos.Exemplo 8

Notas ligadas dentro do compasso, ou sobre a barrado compasso são acentuadas e tocadas com valor inte-gral, a não ser que outra indicação exista.Exemplo 9

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Escrito

Tocado

Escrito

Tocado

Colcheias ligadas sobre a barra de compasso a outracolcheia poderão ser articuladas de duas maneiras, depen-dendo do estilo e das frases precedentes e subseqüentes.Exemplo 10

Uma figura rítmica muito comum que aparece sempreno tempo primeiro ou terceiro é no estilo de swing. Ela de-verá ser articulada dos seguintes modos.Exemplo 11

Uma articulação apropriada para a segunda colcheiaé dependente do que virá após esta mesma figura. Noestilo rock é normalmente articulado do seguinte modo.Exemplo 12

Uma série de semínimas que aparecem consecutivamen-te no tempo fraco são freqüentemente tocadas curtas (exem-plo 12a), todavia, elas podem também ser interpretadas comacentos longos e “quedas curtas” (short falls), (veja tabelageral de articulação no final dessa matéria) criando peque-nos intervalos entre cada semínima (ex. 12b). Veja o áudioem mp3 no site na web.Exemplo 13

A seguinte figura poderá ser corretamente articuladaem várias maneiras diferentes; a escolha apropriada irádepender do estilo.Exemplo 14

Semínimas no estilo swing são freqüentemente toca-das curtas com o acento marcato. Regentes, atenção aosmúsicos com pouca experiência, pois eles tenderão a apres-sar os tempos fortes, particularmente nos andamentos len-tos e moderados. Os alunos deverão ser instruídos paraesperar por cada tempo. É uma grande idéia instruir o es-tudante a tocar com caráter “para trás” (lay back), mascom o cuidado de não atrasar ou arrastar o andamento: émuito importante manter o tempo.

Exemplo 15

Para se ter certeza de um limpo e preciso ataque notempo fraco, com valor de colcheia, precedida por umalonga nota ligada, proceda do seguinte modo: interrom-pa a nota na última ligadura do tempo forte. A porçãofinal da nota ligada deverá ser considerada como pausa.Veja o exemplo a seguir:Exemplo 16

Shakes são freqüentemente seguidos por uma colcheiano tempo fraco. O ataque da colcheia pode ser mais preci-so se parar o Shake no tempo forte ao invés do tempofraco. Esta técnica é similar àquela descrita no exemploacima, e não deverá ser sempre desejada, mas ela é, to-davia, um meio de sucesso para limpar o problema emuma banda com pouca experiência.Exemplo 17

Crescendo e decrescendo, quando são indicados, de-vem ser adicionados e seguir contorno natural das linhasmelódicas. Se a linha sobe na tessitura, então um suavecrescendo será benéfico e vice-versa. Estas nuances nãodevem ser muito evidenciadas e devem parecer naturais.Os crescendos geram uma pequena tensão e os decres-cendos geram, ao contrário, um relaxamento da frase.Exemplo 18

No sentido de gerar interesse e movimento em notaslongas, que normalmente possuem um caráter estacioná-rio, é aconselhável adicionar um suave crescendo.Exemplo 19

Exemplo 20

Aguarde o complemento desta matéria na próxima edição

ou

* Maestro Beto Barros dirige sua própria empresa de produçõesartísticas e culturais. Contatos para cursos e workshops:(11) 3257-7385 e 3151-4047 ou [email protected]

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Léa Freire: dicas para gravar seu próprio CD

Como toda classe, grupo ou mesmo “tribo”, omeio musical também tem suas gírias próprias,seus maneirismos e peculiaridades de vocabu-lário. Não importa o estilo, popular ou clássico,existem muitos termos que só pessoas habitua-

das ao mundo da música, e ao próprio estilo, co-nhecem o significado. É o caso das gírias baseadasem nomes de pessoas. “É comum ‘batizarmos’ umjeito, um efeito ou até mesmo um erro cometidorepetidamente com o nome do músico que costu-ma fazê-lo”, conta Carlos Malta, conhecido saxo-fonista da noite carioca e renomado músico de es-túdio, que atualmente integra a banda do cantorGilberto Gil. Segundo ele, especialmente no seg-mento da música popular, a utilização de gírias faz

Na bocado

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DENTRO DOS ESTÚDIOS E NA NOITE

Amanhã eu passei ontem porquehoje foi canja: usa-se prevendo oamanhã, significa que não irá compa-recer no dia seguinte e que no dia to-cou sem compromisso.Asfrar: errar na execução de umamúsica. Diz-se que o músico “asfrou”naquela parte da música.Dobrar: gravar o mesmo instrumentoem diferentes canais, dando a impres-são de que vários instrumentos estãotocando ao mesmo tempo ou em tem-pos quase iguais.Entrar de bunda: entrar errado namúsica.Ficar rodando: ensaiar somente umtrecho da música repetidas vezes.Groove (junto com o nome de al-guns instrumentos. Ex.: flauta

Tocar notas ao luar: diferente de to-car notas chinesas, significa tocar qual-quer nota, mas a critério do própriomúsico.

NAS ORQUESTRAS

Bailarino: é quando o maestro movi-menta-se muito e chega até a dançar.Papapapá: gíria para a quinta sinfo-nia de Beethoven.Pompompompompom: significaque o maestro quer uma escala “não-ligada”.PPP: esta sigla serve para quando omúsico deve tocar ‘super pianinho’,afinado, perfeito.Regência Robô: é quando o maestroé muito duro, movimenta-se pouco.Toreriroré: significa que o maestroquer uma escala ligada.

groove): tocar mais “martelado” usan-do mais percussão em instrumentosque não são de percussão.Mandar o Lima: quando o músico nãopode ir a algum ensaio, diz que “man-dou o Lima”, ou seja, ninguém apa-receu.Protoolzada: alusão ao programa decomputador Pro Tools (ferramentamuito utilizada em estúdios para edi-ção e mixagem de músicas). O ter-mo é usado para o músico que preci-sa dar uma afinada ou mesmo me-lhorar seu ritmo.Quebrar tudo: tocar muito bem.Tocar com uma orelha só: músicode estúdio que grava com um só ouvi-do no headphone. Diz-se que o tal sa-xofonista “toca com uma orelha só”.Tocar notas chinesas: tocar notaserradas.

parte do dia-a-dia. “Elas vão surgindo, sendo incor-poradas, e as pessoas do meio passam a se comu-nicar muito através delas”, diz.

Mesmo em ambientes mais sisudos, como o damúsica erudita, também existem algumas particu-laridades de linguagem. “Não é muito freqüente,mas alguns jargões são clássicos, como quando omaestro pede um ‘toreriroré’, que significa que elequer uma escala ligada”, conta Samuel Hamzem,trompista da Osesp.

Mônica Giardini, maestrina da Banda SinfônicaJovem do Estado de São Paulo, faz coro com Sa-muel, e completa: “Na música erudita, temos tam-bém algumas expressões que, de tão usadas, setransformam em hábitos”, diz a maestrina.

músicoAs peculiaridades de linguagemutilizadas no estúdio e na orquestra

Fique por dentro do que rola na “boca dos músicos”:

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10 05/2002

bom humor

Em 1988, Chiquinho mudou-se parao Rio de Janeiro, em busca de no-vas oportunidades. Ficou lá por trêsanos, estudando, e integrou diver-sas bandas. como as das cantorasElba Ramalho, Alcione e Leila Pi-nheiro. Atualmente, Chiquinhomora em São José dos Campos (SP).Além de compor o Sexteto do Jôdesde 1999, ainda se apresenta como Trio KRJ, faz parte da Big Band MetalManera e realiza trabalhos de produ-ção e gravação de jingles, spots, tri-lhas e CD em seu estúdio, The LyreStudio & Produções.

Revista Weril: O que julga necessá-rio para o músico se sobressair?Chiquinho Oliveira: Muita gente dizque é uma questão de sorte. Sim, issoconta, mas acredito que, antes detudo, é preciso determinação. Muitoestudo, fé e dedicação também sãoessenciais. Trompete é um instrumen-to muito difícil, além de não-convida-tivo, pois toca-se uma nota por vez.Tem que gostar muito, treinar embo-cadura, as combinações de chaves,

sonoridade, afinação, estilo próprio.Também é ótimo ser curioso. A curio-sidade é um bom caminho para quemquer brilhar no trompete. Só fazer otrivial limita o músico. Falando assimparece fácil, mas houve até um mo-mento em que pensei em desistir, poisas dificuldades são muitas.

RW: Qual o segredo para formar umestilo próprio?CO: O estilo próprio nasce da somade informações ao longo da vida. Porisso, é importante ouvir muita gente,pois um dia alguém chama a atençãodo músico e o estimula a imitá-lo. Temque ouvir de tudo, todos os trompetis-tas e também outros instrumentosmusicais, com especial atenção aoscompositores eruditos, que são a basepara qualquer um que se disponha aseguir carreira como músico.

RW: Quais as dificuldades de se to-car em um programa de entrevistas?CO: O mais importante é ter muitaconcentração, para não errar. Com otempo, a tendência é ficar mais natu-ral, relaxado. Aí tudo fica melhor: a

afinação, a performance. Além disso,é preciso autocontrole e vigilânciaconstante, para não rir das piadas en-quanto estivermos tocando.

RW: Lembra-se de algum caso ocor-rido no programa que o faz rir atéhoje?CO: No começo do Sexteto, tocava ostemas e saia improvisando. Um dia meempolguei, fechei os olhos e não pres-tei atenção na hora em que o Jô deuo corte. Todos pararam de tocar e sóeu fiquei lá, durante muito tempo,improvisando. Até que percebi que nãotinha outro som além do meu trompe-te. Abri os olhos e vi o Jô, com aquelacara de quem não está entendendonada, me olhando.

RW: Quais os músicos que mais in-fluenciaram sua carreira?CO: Foram muitos, e com certeza nãodá para citar todos, mas no trompeteposso dizer que foram Clark Terry,Chet Baker, Quincy Jones, Miles Da-vis, Dizzy Gillespie e Wynton Marsa-lis. Entre os saxofonistas, cito dois: JohnColtrane e Charles Parker.

Francisco Carlos de Oliveira, ou Chiquinho

Oliveira, como é conhecido, pode ser visto, e

ouvido, todas as noites no Programa do Jô.

Natural de Piedade, interior paulista, seu contato

com a música começou cedo, com apenas sete

anos. Mas a paixão pelo trompete só aconteceu

aos nove. “Desde a primeira vez que ouvi o

trompete, sabia que seria esse o instrumento

ao qual me dedicaria”, diz.

Música com

Chiquinho Oliveira:autocontrole para não

rir das piadas

16 06/2002

ENTREVISTA

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