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PARASITOLOGIA MÉDICA PARASITOLOGIA MÉDICA 21. FILARÍASE LINFÁTICA 21. FILARÍASE LINFÁTICA Complemento multimídia dos livros “Parasitologia” e “Bases da Parasitologia Médica”. Para a terminologia, consultar “Dicionário de termos técnicos de Medicina e Saúde”, de Luís Rey Fundação Oswaldo Cruz Instituto Oswaldo Cruz Departamento de Medicina Tropical Rio de Janeiro

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PARASITOLOGIA MÉDICA

PARASITOLOGIA MÉDICA

21. FILARÍASE LINFÁTICA 21. FILARÍASE LINFÁTICA Complemento multimídia dos livros “Parasitologia” e “Bases da Parasitologia

Médica”. Para a terminologia, consultar “Dicionário de termos técnicos deMedicina e Saúde”, de

Luís ReyFundação Oswaldo CruzInstituto Oswaldo Cruz

Departamento de Medicina TropicalRio de Janeiro

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WUCHERERIA BANCROFTIE FILARÍASE

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Filárias e filaríasesAs filárias são nematóides da

ordem Spirurida e da famíliaOnchocercidae.

Aí estão compreendidos osgêneros Wuchereria, Brugia,Onchocerca, Mansonella etc.

Apenas duas espécies têmimportância médica no Brasil:

Wuchereria bancrofti ─ agen-te da filaríase linfática, queproduz quadros clínicos muitodiversos, desde as infecçõesassintomáticas e linfadenites,até orquiepididimites, linfangi-tes e elefantíase.

Onchocerca volvulus ─ habitao tecido celular subcutâneo.

Ela é responsável por pro-cessos degenerativos da pele ealteração dos linfáticos, cau-sando a doença denominadaoncocercose.

Outra filária do Novo Mundo,Mansonella ozzardi, não épatogênica ou o é muito pouco.

Ela deve ser reconhecidapara o diagnóstico diferencialentre suas microfilárias e as deW. bancrofti, na Região Amazô-nica, p. ex., pois ambas circu-lam no sangue dos pacientes.

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Wuchereria bancroftiWuchereria bancroftiOs helmintos adultos são filiformes, translú-

cidos, de cutícula lisa, medindo as fêmeas 8 a 10 cmde comprimento por 0,3 mm de largura. Os machosmedem 4 cm por 0,1 mm.

Em ambos os sexos, a boca é simples e seguidade um esôfago muito longo (♀), que em grande parteé muscular, mas posteriormente torna-se secretor.

O intestino não apresenta particularidades.A vulva da fêmea fica próxima da extremidade

anterior (♀, o), sendo a vagina musculosa e o restodo aparelho genital feminino duplo.

O extremo posterior do macho (♂) éenrolado ventralmente.

As filárias adultas vivem no interior delinfáticos ou de linfonodos, onde os sexosencontram-se entrelaçados, formando nove-los que chegam a conter uma vintena dehelmintos, na proporção de 1 macho para 5fêmeas.

Os vermes aí alimentam-se da linfa.

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Ciclo biológico do helminto1. Ovo embrionado, produzido

pelas fêmeas fecundadas.2. Alongamento do ovo, pelo

crescimento larvário.3. A larva embainhada.4. Larva L1 que circula no

sangue e é sugada peloCulex.

5. O Culex quinquefasciatus,onde as larvas sofrem 2mudas e se tornam infec-tantes para o homem.

6. Larva L3 que se encontra nabainha da tromba do inseto.

7. Infecção humana, após apicada do inseto, queconduz aos quadros clínico.

M.S./ Endemias rurais.

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Wuchereria bancroftiWuchereria bancrofti

Por isso, somente os mosquitos com atividade noturnaestão em condições de transmitir a infecção. Na RegiãoNeotropical, é principalmente Culex quinquefasciatus quedesempenha essa função. Na África e Ásia, ocorre a mesmaperiodicidade.

Na variedade dessa filária encontrada nas ilhas do PacíficoSul, as microfilárias podem ser encontradas no sangueperiférico a qualquer hora do dia.

A maturidade sexual tarda um anopara ser atingida. É quando aparecemas microfilárias na circulação.

Entretanto, esses embriões, produzi-dos pela Wuchereria bancrofti nosistema linfático, acumulam-se noscapilares sanguíneos pulmonares esua presença no sangue periférico só éobservável nas horas da noite, poisobedece a um ritmo circadiano compico de madrugada.

Presença de microfilárias no sanguesegundo a hora (Rachou & Deane).

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Wuchereria bancroftiWuchereria bancroftiA longevidade dos vermes adultos é estimada em 4 a 6

anos; mas alguns autores admitem ser bem mais longa,baseados na filaremía que se mantém muitos anos depoisdos pacientes terem abandonado as zonas endêmicas.

A fêmea pare larvas embainhadas ─ as microfilárias ─que circulam no sangue e mantêm-se em rápidamovimentação, chicoteante e não direcional.

A bainha corresponde à delicadacasca do ovo que sofreu distensão,envolvendo a larva L1.

Ela se presta para distinguir asmicrofilárias de W. bancrofti (A) demuitas outras que não apresentambainha.

Extremidades anterior e posterior das filárias:A, Wuchereria bancrofti; B, Brugia malayi, C, Loa loa;D, Onchocerca volvulus; E, Dipetalonema perstans;F, D. streptocerca; G, Mansonella ozzardi.

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Microfilárias de W. bancrofti

Há um anel nervoso (d), um poro excretor (f) com arespectiva célula excretora (g), reservas nutritivas (h) e oprimórdio genital (i).

Há, também, outras células embrionárias (j), o ânus (k) evários núcleos caudais (l) com uma disposição que permitedistinguir as microfilárias de W. bancrofti das outrasmicrofilárias eventualmente presentes no sangue.

Para a identificação das microfilárias no sangue (colhido ànoite) este deve ser fixado e corado como se faz para odiagnóstico da malária.

As microfilárias medem250-300 µm de comprimen-to possuindo, além dabainha (a), um estileteanterior (b), e células em-brionárias (c) que formarãoo tegumento do vermeadulto.

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Desenvolvimento no insetoDesenvolvimento no insetoAo serem ingeridas por

mosquitos de hábitosnoturnos (Culex), que sealimentaram do sangue depacientes infectados, aslarvas (1), perdem abainha (2) e invadem ahemolinfa.

Vão então instalar-senos músculos torácicosdo inseto, onde adotamformas salcichóides (3 e4).

Ciclo daWuchereria bancrofti

Aí, sofrem ecdises e voltam à hemolinfa, onde crescem (5).Ao fim de 12-15 dias, migram para a bainha da tromba do

inseto, como larvas L3, sendo capazes de infectar pessoasque o mosquito for picar (6).

Culex

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A infecção humanaQuando o inseto infectado

estiver picando uma pessoa,a larva L3 perfura a delicadamembrana existente entre aslabelas da tromba (membra-na de Dutton) e sai para oexterior (termotropismo?).

Pensa-se que L3 seja inca-paz de penetrar na peleíntegra, mas pode fazê-loatravés da picada do inseto,guiada pela serosidade quesai da lesão.

Migra então através doslinfáticos cutâneos e dacirculação geral, enquantofaz mais 2 mudas, e chegaaos lugares onde se aloja ese diferencia até vermeadulto macho ou fêmea.

A maturação sexual duracerca de um ano.

Começam, a partir de então,a aparecerem as microfiláriasno sangue.

Em geral, a proporção dosCulex infectados é muitopequena, assim como o númerode larvas que transportam.

Portanto a carga parasitáriados pacientes será função dafreqüência com que forempicados pelos insetos.

Pouco se sabe sobre aproteção que é conferida pelosmecanismos imunológicos.

Os pacientes com as formasclínicas da doença costumamresponder mediocremente aosantígenos da filária.

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A infecção humanaHá dois tipos extremos da

doença:1. Uma forma bastante

rara denominada pneumo-patia eosinófila tropical(menos de 1% dos casos),com marcada hiperatividadeimunológica, abundante pro-dução de anticorpos IgE eeosinófilos, que tendem adestruir as microfilárias.

Estas, por isso, não apare-cem no sangue periférico.

Há infiltração intensa dehistiócitos nos alvéolospulmonares e nos interstí-cios, broncopneumonia emanifestações asmáticas.

Na fase crônica, desenvolve-se fibrose pulmonar e hádiminuição da capacidadevital.

Essa forma responde bemao tratamento anti-helmintico.

2. No outro extremo estãoos casos com microfilaremia ebaixa ou nula produção deanticorpos específicos.

O que seria devido a fortesmecanismos repressores daresposta imunológica contraos parasitos (microfilárias).

As manifestações da doençacomeçam de forma insidiosa,com lesões nos linfáticos elinfonodos.

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Patologia (1)Admite-se atualmente que a

ação patogênica nas filaríaseshumanas seja devida a umsimbionte associado aos ver-mes adultos e microfilárias.

O simbionte é uma bactériada ordem Rickettsiales e dogênero Wolbachia, produtorada toxina que age sobre ostecidos.

Quando o tratamento dospacientes é feito com dietil-carbamazina, que destrói asmicrofilárias (mas não o sim-bionte) e libera no sangue asbactérias e seus produtos, oquadro clínico agrava-se tem-porariamente (é a reação deMazzotti).

Os diversos quadros clíni-cos apresentam-se em geralnos indivíduos com adeno-patias e microfilaremia.

As adenites são mais fre-qüentes nos linfonodos in-guinais, seguidos dos epitro-cleanos, dos axilares e,raramente, dos cervicais.

Junto às filárias formam-segranulomas com eosinófilos,histiócitos e gigantócitos emcontato com os helmintos; ehá também produção detecido cicatricial em torno.

Os granulomas tendem acrescer na periferia e a ne-crosar no centro. Em geral,calcificam-se após a mortedos vermes.

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Patologia (2)As linfangites constituem

uma das principais caracte-rísticas da filaríase, em rela-ção de continuidade com asadenites.

Os vasos linfáticos dilatam-se e formam varizes, onde osvermes se encontram soltosou no interior de trombos.

O aprisionamento e estran-gulamento dos vermes pelareação inflamatória, podeacelerar a morte deles, comaumento do processo granu-lomatoso e suas conseqüên-cias.

A circulação da linfa é per-turbada, levando à produçãode edemas linfáticos.

A funiculite filariana é umalinfangite do cordão esper-mático, acompanhada da infla-mação do tecido conjuntivoadjacente.

Depois das crises de funicu-lite, sobrevém uma varicocele.

Em geral, epididimite eorquite acompanham a funicu-lite, que são também denatureza linfangítica.

O epidídimo hipertrofia-se ese torna doloroso.

A hidrocele constitui a maisfreqüente manifestação dafilaríase genital crônica, comdistensão e espessamento datúnica vaginal, inflamação,fibrose e desorganização dacamada muscular.

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Patologia (3)A simples presença das

filárias nos gânglios não ésuficiente para explicar aobstrução e estase linfática.

A circulação depende tam-bém de mecanismos valvula-res e contrações da muscula-tura vascular, afetadas peladoença.

A reação inflamatória podeser suficiente para causarobstrução parcial ou total,temporária ou permanente dacirculação linfática.

Por localizarem-se as infec-ções de preferência nas re-giões abdominal e pélvica, osprocessos obstrutivos afetamprincipalmente os membrosinferiores e órgãos genitais.Elefantíase da perna direita em paciente com

infecção filariana (Doc. de J.C. de Holanda).

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ComplicaComplicações da filaríaseções da filaríaseComplicaComplicações da filaríaseções da filaríaseAs dificuldades na circula-

ção linfática levam, progres-sivamente, ao acúmulo delinfa no território drenadopelos vasos afetados.

Resulta então um edemalinfático ou linfedema.

Mas se o processo ocorrerjunto a uma cavidadenatural, haverá um derramelinfático.

Segundo a localização esteserá um linfotórax, linfoceleou ascite linfática.

Se junto às vias urináriashaverá linfúria.

Como essa linfa é muitorica em gorduras e outrosprodutos da absorção intes-tinal, fala-se em quilúria ouem ascite quilosa.

Infecções bacterianas po-dem instalar-se nos territó-rios alterados, iniciando-seem geral onde se encontramas filárias e progredindo emsentido contrário ao fluxonormal.

Nos linfonodos é possível aformação de abscessos.

Na pele, infecções estrepto-cocicas causam erisipela.

No tecido celular subcutâ-neo, o edema crônico vaisendo transformado por umafibrose que invade e organizatudo.

Esse quadro e a elefantíase,que se localiza sobretudo nosmembros inferiores e nosgenitais; ou nas mamas etc.

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Sintomatologia e clínicaSintomatologia e clínicaSintomatologia e clínicaSintomatologia e clínicaPeríodo pré-patente ─ Vai

da penetração das larvas L3ao aparecimento de microfi-lárias no sangue noturno.

Nas áreas endêmicas, emgeral é vivido na infância e éassintomático, ou entremea-do de episódios alérgicos;raramente, linfangites.

Período patente assintomá-tico ─ Pode tardar anos antesque apareçam os sintomas,ou durar toda a vida dopaciente, mormente se eleabandona a região endêmica.

Fase aguda ─ Caracteriza-se por várias manifestaçõesinflamatórias.

As principais são, linfangi-tes, linfadenites, orquites eepididimites ou funiculites.

O ataque típico começa comdor na região inguinal ou emum ponto da perna, com febrealta, calafrios e mal estar.

No ponto doloroso aparecemeritema, edema e calor que seestendem sobre o trajeto, amontante, do linfático envolvi-do. Se este é superficial, ésentido como um cordãosensível à palpação.

Manifestações gerais comocefaléia, mialgias, anorexia,náuseas, fadiga e insôniapodem ocorrer.

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Sintomatologia e clínicaSintomatologia e clínicaSintomatologia e clínicaSintomatologia e clínicaA duração desses proces-

sos inflamatórios e auto-resolutivos, da chamadafebre filarial, é de 3-4 dias.

Mas novas crises surgemcom intervalos de meses oude anos, com igual localiza-ção, porém menos intensas.

Nos pacientes que deixama área endêmica, a tendên-cia é para a cura.

Forma crônica ─ Em umareduzida proporção de casos(2 a 5% segundo algunsautores; ou até 20% segundooutros) as lesões podemevoluir tardiamente de formagrave.

Várias circunstâncias com-correm para isso, além depermanecerem os pacientesna área endêmica. São elas:─ o número de larvas inocu-

ladas e que chegam avermes adultos;─ a freqüência das reinfec-

ções e, portanto, o grau desuperinfecção;─ o número de acasalamen-

to dos vermes e suas locali-zações anatômicas;─ a sensibilização do orga-

nismo e a intensidade dasreações inflamatórias dopaciente;─ as infecções bacterianas

superajuntadas.

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Sintomatologia e clínicaclínicaSintomatologia e clínicaclínicaNa fase crônica, predominam os

fenômenos obstrutivos, agravadospelas reações inflamatórias e pelafibrose difusa nas áreas de estaselinfática.

No Brasil e África, a hidrocele é amanifestação mais característica;mas em outros lugares (Índia eIndonésia) predomina a elefantíase.

Pela ordem decrescente defreqüência, a paquidermia afetapernas, escroto, braço, pênis, vulvaou mama.

Elefantíase do escroto e perna esquerda (SESP / apud Pessoa).

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Sintomatologia e clínicaNesses casos crônicos, a

microfilaremia é escassa ouausente, em função da fortereação imunológica, quedestroi as larvas. Ou da mortedos vermes adultos.

Note-se que todos os qua-dros clínicos produzidos pelafilaríase linfática podem teroutras causas.

As hidroceles e as elefantíases podem ser devidas a infec-ções estreptocócicas ou a agentes patogênicos diversos.

Por outro lado, a microfilaríase pode ser assintomática.Em certas regiões, é necessário distinguir as microfilárias

de Wuchereria bancrofti das de outras filaríases.No Brasil, a distinção deve ser feita com as de Mansonella

ozzardi, que não possuem bainha e ocorrem na RegiãoAmazônica.

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Diagnóstico e tratamentoNo período pré-patente, o diagnós-

tico deve basear-se nos dados clínicose epidemiológicos.

O exame de um linfonodo infectadopode revelar a presença do helminto aílocalizado.

Depois, o principal método é a buscade microfilárias no sangue noturno(entre as 20 horas e as 4 da madruga-da). Presença de microfilárias no sangue

segundo a hora (Rachou & Deane).

As técnicas são:- pesquisa em gota espessa de sangue, fixado e corado

pelo Giemsa;- exame em câmara de contagem (que não identifica a

espécie);- concentração por filtração do sangue em membrana de

millipore ou nucleopore;- pesquisa pelo método de Knott (sangue com anticoagu-

lante é hemolisado e centrifugado: examinar o sedimento).

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Diagnóstico e tratamentoNão sendo possível colher

sangue para o exame à noite,administrar uma dose oral dedietilcarbamazina, que provo-cará parasitemia diurna (2-8mg/kg). Examinar várias lâmi-nas se necessário.

Os medicamentos tradicio-nalmente utilizados no trata-mento eram a ivermectina ea dietilcarbamazina (DEC).

Elas destroem as microfilá-rias mas não matam osvermes adultos, nem ossimbiontes naturais dasWuchereria – as Wolbachia–,que liberadas no sangueproduzem a reação deMazzotti (agravamento tran-sitório da sintomatologia).

A ivermectina é excelentemicrofilaricida, de ação pro-longada.

Usa-se em dose única de 10-20 mg/kg, por via oral (longedas refeições), sendo contra-indicada durante a gestação ea lactação.

Tem sido empregada emdoses pequenas no tratamen-to de massa. Mas, como nãocura a infecção, ela deve serassociada ao albendazol.

A dietilcarbamazina, hátempos utilizada contra afilaríase, age através demecanismos imunológicos,mas não destroi todas asmicrofilárias, permitindo ainfecção dos insetos.

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Tratamento da filaríaseOs efeitos colaterais dos

tratamentos tradicionais, porserem em geral desagra-dáveis, levava muitas vezesos pacientes a esquivarem-se à repetição da quimio-terapia.

AntibióticosAtualmente recomenda-se

o tratamento com antibió-ticos de largo espectro que,destruindo as Wolbachia,causam a morte tanto dosvermes adultos como dasmicrofilárias, sem provocar areação de Mazzotti.

O programa de erradicaçãoda filaríase recomendadopela OMS (em 2004), paraeliminá-la até 2015, consisteno tratamento de massaanual com albendazol (ofere-cido gratuitamente pelo fa-bricante para isso) associa-do à ivermectina ou àdietilcarbamazina (DEC).

A remoção do tecido ele-fantiásico é feita cirurgica-mente.

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Ecologia e epidemiologiaA distribuição geográfica das filaríases linfáticas abrange

regiões da América do Sul, Central e do Caribe, da ÁfricaSubsaariana, do Mediterrâneo Oriental e do sudeste asiático.

A população vivendo em áreas endêmicas é calculada em751 milhões, dos quais 72,8 milhões estão infectados por W.bancrofti e 5,8 milhões por Brugia malayi (OMS, 1992).

No Brasil, osfocos da endemiaestão agora limi-tados, aparente-mente, aos deRecife, de Beléme de Alagoas.

Mas no passadoestavam presen-tes da Amazôniaao Rio Grande doSul.

Filaríase linfática nas Américas e na África.

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Ecologia e epidemiologiaNas Américas, a filaríase é encontrada em

focos litorâneos ou nas margens dos grandesrios (Amazônia), quase sempre em climatropical úmido e baixa altitude.

Entre as populações mais pobres dos focosendêmicos do Recife a prevalência temvariado de 2 a 15%.

O homem é o único hospedeiro vertebrado,mas vários insetos da família Culicidae, prin-cipalmente dos gêneros Culex ou Anopheles,participam da transmissão.

Na Região Neotropical, esse função cabe aomosquito das casas, Culex quinquefasciatus,que se cria em ambientes urbanos e picafacilmente as pessoas durante a noite.

Ele é também conhecido como pernilongo,muriçoca ou carapanã.

Culex

Notar a posição depouso, com o corpodisposto paralela-mente ao suporte.

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Ecologia e epidemiologiaAs fontes de infecção para

os mosquitos são os pacien-tes com microfilaremia, querapresentem eles sintomato-logia ou não.

Nos focos endêmicos brasi-leiros essas pessoas repre-sentam 0,5% da populaçãolocal.

Enquanto os casos crôni-cos, com elefantíase ououtras seqüelas da doença,mas sem microfilaremia, nãotêm importância epidemioló-gica.

O mesmo sucede na fasepré-patente, que pode durarum ano.

Entre as condições neces-sárias para que se efetue atransmissão estão:- abundância das fontes deinfecção;- grande densidade de mos-quitos sobretudo à noite,dentro das casas;- os mosquitos devem serantropófilos, suscetíveis àinfecção e dotados de longe-vidade suficiente para que aslarvas tornem-se infectantes;

Condições reunidas peloCulex quinquefasciatus, mascujo índice parasitário é deapenas 0,1 a 10% em nossosfocos endêmicos.

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Epidemiologia e controleOutra condição necessária

é um clima suficientementequente e úmido para assegu-rar a abundância e a longevi-dade dos mosquitos, assimcomo a rápida evolução daslarvas.

As temperaturas ótimas es-tão entre 27º e 30ºC.

Quanto à umidade, todosos focos brasileiros estão emzonas úmidas ou super-úmidas (média pluviométricaacima de 1.300 mm/ano).

Se a intensidade de trans-missão não for grande, orisco depende do tempo depermanência de uma pessoana área endêmica.

Os objetivos de controle daendemia podem ser:• Diminuir a morbidade, como tratamento dos casosclínicos.• Reduzir a transmissão einterrompê-la, com a medica-ção de massa anual, asso-ciando quimioterapia econtrole dos vetores.

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Controle de insetos vetoresControle de insetos vetoresA desinsetização é recurso

importante para o controle,sempre que o vetor seja ummosquito com hábitos endó-filos, como é o caso de Culexquinquefasciatus.

Aplicando-se um inseticidade ação residual nas paredesinternas das casas, como aspiretrinas, os insetos serãointoxicados toda vez que aípousarem.

O simples encurtamento davida das fêmeas de Culex,impedindo que os parasitoscompletem sua evolução,interrompe a transmissão dafilaríase.

Nas zonas urbanas, a lutacontra os Culex adultos édifícil e é muito cara contraas larvas.

Ele é um dos mosquitosque se tornaram mais resis-tentes aos inseticidas deação residual, devido ao usoabusivo dessas drogas naagricultura.

Os mais úteis são ofenitrotion, o malation e ospiretróides. Os novos pire-tróides sintéticos (ciperme-trina, deltametrina e perme-trina) são eficazes contralinhagens resistentes aosorganofosforados.

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Controle de insetos vetoresControle de insetos vetores

O saneamento ambiental faz parte do controle devetores, ao promover a drenagem de águas pluviais eo tratamento dos esgotos, com o que a população deCulex é reduzida.

O contato homem-mosquito também pode serresuzido pela telagem das casas (nas portas, janelase outras aberturas), para o que se empregam telas denáilon ou telas metálicas plastificadas.

Nas áreas endêmica, devem ser instaladosmosquiteiros em todas as camas. Os melhores são osmosquiteiros impregnados com os inseticidaspiretróides.

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Leituras complementares

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