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PARASITOLOGIA MÉDICA PARASITOLOGIA MÉDICA 24. TRIATOMÍNEOS E PERCEVEJOS 24. TRIATOMÍNEOS E PERCEVEJOS Complemento multimídia dos livros “Parasitologia” e “Bases da Parasitologia Médica”. Para a terminologia, consultar “Dicionário de termos técnicos de Medicina e Saúde”, de Luís Rey Fundação Oswaldo Cruz Instituto Oswaldo Cruz Departamento de Medicina Tropical Rio de Janeiro

REY - Parasitologia - 24

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PARASITOLOGIA MÉDICA

PARASITOLOGIA MÉDICA

24. TRIATOMÍNEOS E PERCEVEJOS24. TRIATOMÍNEOS E PERCEVEJOSComplemento multimídia dos livros “Parasitologia” e “Bases da Parasitologia

Médica”. Para a terminologia, consultar “Dicionário de termos técnicos deMedicina e Saúde”, de

Luís ReyFundação Oswaldo CruzInstituto Oswaldo Cruz

Departamento de Medicina TropicalRio de Janeiro

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TriatomíneosTriatomíneos

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Os triatomíneos

A ordem Hemiptera reuneinsetos em geral grandes eprovidos de aparelho bucalde tipo picador-sugador.

Alguns são hematófagos,enquanto outros são fitó-fagos ou predadores.

As famílias de interessemédico são duas:

1. Reduviidae, onde está asubfamília Triatominae dos“barbeiros” transmissores datripanossomíase americana oudoença de Chagas.

Há cerca de uma centena deespécies, a maioria delas nasAméricas.

Os triatomíneos distinguem-se dos outros reduvídeos porseu hematofagismo e porapresentarem uma probóscidaretilínea, com 3 segmentosapenas, que fica dobrada ven-tralmente, quando em repouso.

2. Família Cimicidae é ondese classificam os percevejosdas camas.

Triatomíneo no ato de picar a pele.

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Os triatomíneosOs adultos (A) medem 1 a 6 cm

de comprimento, têm a cabeça emgeral alongada, provida de um parde antenas com 4 artículos (a),inseridas lateralmente em tubér-culos anteníferos (B: k).

Há um par de olhos compostos(c) e outro de ocelos (d, j).

A peças bucais pungitivas ficamalojadas na probóscida (C: n, o, p)e as mandíbulas justapostasformam 2 canais, um superior emaior para a sucção, outro inferiorpara a saliva anti-coagulante.

O tórax é bem desenvolvido acusta do pronoto (A: e, f) e doescutelo triangular (g).

A, triatomíneo adulto; B e C,cabeça, D, asa. Mostram: a,antena; b, clípeo; c, olho com-posto; d, ocelo; e-f, pronoto;g, escutelo; h, conexivo; i, asa;j, ocelo; k, tubérculo antenífero;l, juga; m, gena; n-p, rostro; q,clavo; r, parte membranosa daasa.

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Os triatomíneosO 1º par de asas tem a base

coriácea e a parte distal membra-nosa (tipo hemiélitro), enquanto o2º par é inteiramente membrano-so, ficando protegido pelo outro,quando em repouso.

Os 3 pares de pernas apresen-tam todas o mesmo aspecto,sendo formadas por 5 segmentos.

O abdome achatado dorso-ventralmente, pode acumular 0,5 a3 ml de sangue, devido aoconexivo (h) pouco quitinizado edistensível.

O aparelho digestivo conta comum esôfago musculoso, que aspirao sangue, um pró-ventrículo e oestômago onde o sangue é digeri-do.

O intestino é longo e sinuoso,ocupando grande parte do volumeabdominal.

A, triatomíneo adulto; B e C,cabeça, D, asa. Mostram: a,antena; b, clípeo; c, olho com-posto; d, ocelo; e-f, pronoto;g, escutelo; h, conexivo; i, asa;j, ocelo; k, tubérculo antenífero;l, juga; m, gena; n-p, rostro; q,clavo; r, parte membranosa daasa.

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Fisiologia dos triatomíneosEm Rhodnius prolixus,

parte do sangue ingerido ficaestocado no papo, um grandedivertículo onde não hádigestão.

Cada repasto desencadeiaa oviposição pela fêmea. Aprodução persiste enquantohouver sangue no papo, queaos poucos vai passandopara o estômago.

A ovulação é controladapelos corpos alados, median-te a secreção do hormôniojuvenil, estimulada pelo volu-me de sangue no papo.

Esgotado o sangue, cessaa secreção e uma nova refei-ção torna-se necessária.

As fêmeas distinguem-sedos machos porque têm oconexivo interrompido poste-riormente pelo ovipositor.

Enquanto, nos machos, eleé contínuo e os órgãos co-puladores ficam recobertospor uma peça quitinizada doIX esternito.

Os hábitos dos triatomí-neos foram descritos na 2ºaula deste curso, assimcomo sua participação natrasmissão da tripanossomía-se americana.

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Gênero TriatomaO tamanho destes insetos varia de 1 a 4 cm de compri-

mento, e possuem uma cabeça de forma aproximadamentecilíndrica, com tubérculos anteníferos situados no terçomédio do segmento ante-ocular.

A cabeça no gênero

Triatoma.

Vivem associados a mamíferos e raramentea aves ou répteis.

Muitas espécies participam da transmissãoda tripanossomíase americana, causada peloTrypanosoma cruzi.

Nos domicílios, a espécie mais importanteé Triatoma infestans.

Outras predominam nos focos epizoóticossilvestres e peridomésticos. Principalmente:

Triatoma sordidaTriatoma braziliensisTriatoma pseudomaculata eTriatoma dimidiata.

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Triatoma infestansAs fêmeas medem 26 a 29 mm de

comprimento, sendo os machospouco menores. O corpo negro temmanchas amarelas no conexivo.

É um inseto silvestre origináriodos Andes bolivianos que seadaptou ao ambiente das casas comparedes de barro.

Acompanhando as migrações huma-nas, no sul do Continente, ele infestouas casas de construção precária noPeru, Chile, Argentina, Uruguai,Paraguai, e no sul e centro do Brasil.

O mapa mostra as áreas ocupadaspor essa espécie, em meados do séculoXX.

Assim ele passoua conviver com apopulação urbana.

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Triatoma infestansO T. infestans dispersou-se para

onde as condições microclimáticasdas habitações humanas fossemparecidas com os hábitats primi-tivos, frescos e áridos.

Seu hábitat passou a ser o peri-domicílio (em currais, galinheiros,pombais etc.) e nas paredes debarro das casas de taipa ousimilares. Raramente foi encontra-do em ambientes silvestres.

Nas casas, esses insetos vivemnas fendas das paredes, telhadosde palha, atrás de objetos ondepossam esconder-se de dia. Saem ànoite para picar as pessoas ouanimais domésticos.

Seu controle, com inseticidas,tem sido um êxito, pois são orga-nismos exóticos e recém adaptadosao novo meio.

T. infestans em seu hábitat: (1) ovos; (2 e 3) ninfas; (4) inseto adulto (Geigy &

Herbig, 1995).

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Gênero Panstrongylus

Panstrongylus megistus, fêmea.

Compreende triatomíneos detamanho médio ou grande (19 a 38mm de comprimento), com cabeçacurta e larga, tendo as antenasimplantadas em tubérculos situadosjunto à margem anterior dos olhoscompostos.

São próprios da Região Neotro-pical, onde vivem associados amamíferos.

Epidemiologicamente, as espéciesprincipais são:

Panstrongylus megistus ePanstrongylus geniculatus.

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Panstrongylus megistusP. megistus é grande, de

cor negra, com manchasvermelhas ou castanho-avermelhadas no loboposterior do pronoto, noescutelo, no cório e noconexivo.

A cabeça é toda negra,com grandes olhos com-postos.

Como nos demais tria-tomíneos, dos ovos (1)nascem as ninfas quepassam por seis estádiosde desenvolvimento (2 a 6),antes de se transformaremem insetos adultos fêmeas(7) ou machos (8, termi-nália).

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Panstrongylus megistusSó os adultos têm os dois

pares de asas completa-mente desenvolvidos evoam.

Todos são hematófagos.Panstrongylus megistus é

espécie estritamente silves-tre, no sul do Brasil, vivendona Mata Atlântica, emninhos de roedores e demarsupiais.

Em São Paulo, eles temhábitos silvestres e peri-domésticos, colonizando emgalinheiros, por exemplo.

Os insetos adultos in-vadem por vezes as casas,atraídos à noite pela luz.

Mas em Minas Gerais ena Bahia, particularmentena cidade de Salvador, P.megistus cria-se nascasas, em plena zonaurbana.

Cabeça no gêneroPanstrongylus

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Panstrongylus geniculatusPanstrongylus geniculatus é

encontrado em tocas de tatus,onde se encontra infectado emfortes proporções pelo T. cruzi.

Por essa razão eles têmgrande importância na manu-tenção dessa zoonose em seusreservatórios naturais.

O mesmo sucede com outrasespécies de triatomíneos quevivem em ninhos de marsupiais,de ratos do mato ou de aves.

Eles mantêm os ciclosparasitários em um grandenúmero de reservatórios naturaisdo Trypanosoma cruzi.

P. geniculatus (macho)

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Gênero Rhodnius

Rhodnius prolixus , cabeça

As espécies deste gênero são insetos detamanho pequeno ou médio, não excedendoem geral de 26 mm de comprimento.

São de cor castanho-clara ou cor de palha,com manchas castanhas mais escuras.

A cabeça é alongada e aproximadamentecilíndrica, com os tubérculos anteníferossituados próximo da extremidade anterior.

Habitam toda a América tropical, do Brasilao México.

A fêmea de Rhodnius prolixus mede 19,5 a21,5 mm. O macho é pouco menor.

Vive sobretudo em casas com coberturade palha sendo, na Venezuela e norte daAmérica do Sul, o principal vetor da doençade Chagas.

Encontra-se tanto no domicílio quanto noperidomicílio e em ecótopos naturais comoninhos de aves, tatus, pacas e ouriços.

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CimicídeosCimicídeos

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Cimicidae ou percevejosCimicidae ou percevejosSão pequenos insetos hematófagos

(5x3 mm), com o corpo achatadodorsoventralmente e com as asasreduzidas a 2 escamas dorsais.

Possuem olhos compostos mas nãoocelos. As antenas têm 4 segmentose a probóscida 3 que ficam dobradossob a cabeça, quando em repouso.

As fêmeas têm estrutura especialpara a cópula: o órgão de Ribaga eBerlese, no 5º esternito ventral, epõem ao todo 100 a 200 ovos.

Há 2 espécies cosmopolitas: Cimexlectularius e Cimex hemipterus, asegunda predominando nos trópicos.

Escondem-se de dia em fendas eorifícios da parede, solo, móveis etc.e picam durante a noite. A picada,além de molesta, pode produziralergias.

São controláveis com inseticidas.

Cimex lectularius: A, macho;B, fêmea; C, ovos presos aotecido da roupa; D, larva quepassa a adulto após 5 mudas.

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Leituras complementaresLeituras complementares

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REY,REY, LL.. –– ParasitologiaParasitologia.. 33aa ediçãoedição.. RioRio dede Janeiro,Janeiro,EditoraEditora Guanabara,Guanabara, 20012001 [[856856 páginas]páginas]..