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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 1 NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018 ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981 R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • BIMESTRAL • ano XXXV - Nº 360 - NOVEMBRO-DEZEMBRO 2018 • IMPRESSO • A Utopia do Estado Mínimo Rosemiro Robinson • O Pensamento Único Allam Soares • “Quem Espera Sempre Alcança” – Assim diz o ditado popular Carmen Lucia Lima • Á Agua Salvador Iorio • Apóstolo Paulo de Tarso Ronaldo de Araújo Mendes • Os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos Leia nesta edição A APAFERJ saúda o futuro Advogado-Geral da União, augurando-lhe pleno êxito no cumprimento da complexa e relevante função. Pág 02 André Luiz de Almeida Mendonça Novo Advogado-Geral da União

ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO … · Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, Saulo de Tarso, São Paulo Apóstolo, Apóstolo dos gen-tios e São

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br1 NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

ÓRGÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES FEDERAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO • Fundada em 02/12/1981R. Álvaro Alvim, 21/2º andar CEP:20031-010 • Sede Própria • Tel/Fax: (21)2532-0747 - 2240-2420 • BIMESTRAL • ano XXXV - Nº 360 - NOVEMBRO-DEZEMBRO 2018 • IMPRESSO

• A Utopia do Estado Mínimo Rosemiro Robinson

• O Pensamento Único Allam Soares

• “Quem Espera Sempre Alcança” – Assim diz o ditado popular Carmen Lucia Lima

• Á Agua Salvador Iorio

• Apóstolo Paulo de Tarso Ronaldo de Araújo Mendes

• Os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Leia nesta edição

A APAFERJ saúda o futuro Advogado-Geral da União, augurando-lhe pleno êxito no cumprimento da complexa e relevante

função. Pág 02

André Luiz de Almeida MendonçaNovo Advogado-Geral da União

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 2NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

Márcio Alemany - Presidente

Quando a gente pensa que tudo vai começar a voltar a ter paz e tran-quilidade, retornam as ondas que nos amea-çam com tsunamis. O

problema dos honorários de há muito virou uma novela com capítulos de susto e terror. Mui-tos chamam ainda os jovens de “fraldinhas” e os mais consci-liadores de turma da “jovem guarda”. Mas o fato é que houve muita sede ao pote e hoje assis-timos ao leite sendo derramado. Houve esquecimento de que a paridade não é benesse, mas di-reito a ser observado, e a judici-liação ocorreu, e, ainda ocorre, e os riscos vieram à tona deixando todo mundo a perder. Não qui-seram ouvir os “velhinhos” que um dia fizeram a cama e puse-

ram a mesa para que todos pudes-sem chegar com o conforto do bom salário e do bom quadro. Passaram como uns tratores sobre tudo que viram à frente. E a Sucumbência foi posta numa tabela decrescente, dando aos Verdadeiros Constru-tores de Nossa Advocacia Pública uma merreca, qualquer coisa. Mui-ta falta de reconhecimento e de desapreço, foi o mesmo o que faz o filho ingrato com seu pai! Mas o leite derramado pode ainda voltar para a leiteira que não se quebrou e o CAAF (Conselho de Conscilia-ção) pode dar um jeito, acertando um final mais feliz para essa novela concedendo a Paridade a quantos a ela fazem jus e melhorando essa famigerada tabela para os demais, com uma chegada à 50.2%, evitan-do-se uma indesejável hecatombe com danos terríveis a todos que a bem de toda Justiça não merecem. REFORMA DA PREVIDÊNCIA: Por todo desejo de acerto e de equilí-brio torcemos pelo Novo Governo Recém-Eleito, que o Presidente Jair Messias Bolsonaro seja muito feliz desde seus primeiros passos até ao final de seu mandato. Que una a Nação Brasileira governando bem nosso País com acerto e todo êxi-

to, que promova medidas para nos unir, não cometendo injustiças ou atitudes que menosprezem a Coisa Julgada, o Ato Jurídico Perfeito e o Direito Adquirido, que tenha espíri-to publico e democrático constante em sua jornada e não promova re-formas que nos tirem a paz e os di-reitos, todos conquistados a duras penas. Que proteja a Cidadania, que faça pelos menos desfavorecidos, pelas crianças, pela velhice e pela juventude, que crie oportunidades de trabalho, que defenda a ecolo-gia, as nossas florestas e as nossas águas. Que promova e reconquiste a paz social e que mais e mais nos irmane. Que veja todas as refor-mas que pretenda realizar com os olhos da conciliação, da prudência e da segurança jurídica, para que não ocorram imprudências ou des-cabidas maldades desfavorecen-do ou cometendo injustiças. Que seja sempre prudente para sempre bem realizar observando o bem ao próximo e que continue cada vez mais Patriota e Honesto em sua formidável jornada. Que saiba contar com o precioso trabalho de nossa Advocacia Pública, que, por certo, estará ao lado de toda cor-reção, honestidade, civilidade e

patriotismo, protegendo a Cau-sa Pública e a Cidadania, defen-dendo sempre os Interesses Ju-rídicos do Estado e do Governo de V.Exa.! – 3º CONAFE – Nos dias 7 a 10 de novembro p.p. foi realizado o Terceiro Congresso da Associação Nacional dos Ad-vogados Públicos Federais! Fes-ta que consagrou, na Capital Fe-deral, a importância da ANAFE que atualmente congrega mais de 5.000 Associados, membros de nossa Advocacia Pública Fe-deral e que promoveu, em orga-nização impecável, um evento congraçando colegas de todo o Brasil, exibindo a pujança de nossa Advocacia Pública com grande relevo de unidade e de força política na defesa de toda a nossa Corporação, que vem de forma fundamental defendendo os interesses jurídicos do Esta-do e do Governo Brasileiros. A APAFERJ, hoje em processo de FUSÃO com a ANAFE, foi com sua delegação muito bem rece-bida, tendo assinado um Proto-colo de Intenções com a ANAFE com vistas à realização dessa FUSÃO agora já em andamento.

Honorários, Reforma da Previdencia e Outros Temas

André Luiz de Almeida Men-donça é um advogado brasileiro, anunciado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro como o represen-tante máximo da Advocacia Geral da União (AGU), cargo que tem status de ministério.

BiografiaMendonça é profissional de

carreira da AGU desde 2000. Ele começou como procurador-sec-cional da União em Londrina pas-sou ao cargo de vice-diretor da Es-cola do órgão, foi coordenador de Medidas Disciplinares e chegou ao cargo de corregedor-geral.

Formado em direito em 1993 na Faculdade de Direito de Bau-ru, no interior de São Paulo, Men-donça fez mestrado na Universi-dade de Salamanca, na Espanha, sobre corrupção e Estado de Di-reito e é doutorando na mesma universidade com o projeto “Es-tado de Derecho y Gobernanza Global” ("Estado de Direito e Go-vernança Global"). Ele também é pós-graduado em Direito Público pela Universidade de Brasília.

Mendonça ganhou destaque na AGU ao ser vencedor da ca-tegoria especial do Prêmio Inno-vare/2011 — que homenageia

práticas eficientes no Poder Ju-diciário, Ministério Público, De-fensoria Pública e Advocacia. O Innovare reconheceu as práticas de combate à corrupção adota-das pela AGU.

Mendonça já coordenou o Grupo Permanente de Atuação Pró-Ativa da AGU, que em 2010 ajudou a recuperar parte dos R$ 169 milhões, que seriam usados na construção do Tribunal Regio-nal do Trabalho em São Paulo, desviados dos cofres públicos. Entre os condenados estavam o juiz Nicolau dos Santos Neto e o então senador Luiz Estevão.

O presidente eleito, Jair Bolso-naro, anunciou no dia 21 de no-vembro de 2018 seu nome para comandar a AGU, instituição com mais de doze mil servidores, e as-sim sucede a Grace Mendonça; esta manifestou aprovação com a escolha por ser um nome de in-tegrante da própria instituição, embora a atuação de Mendonça tenha se dado muito acentuada-mente na Controladoria Geral da União, onde foi responsável pela condução dos chamados acordos de leniência, que envolvem a co-laboração de grandes empresas envolvidas em casos ilícitos.

André Luiz de Almeida MendonçaNovo Advogado-Geral da União

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br3 NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, Saulo de Tarso, São Paulo Apóstolo, Apóstolo dos gen-tios e São Paulo, foi um dos mais influentes escritores do cristianismo primitivo, cujas obras compõem parte signi-ficativa do Novo Testamento. A influência que exerceu no pensamento cristão, chama-da de "paulinismo", foi funda-mental por causa do seu pa-pel como proeminente após-tolo do Cristianismo durante a propagação inicial do Evan-gelho pelo Império Romano.

Conhecido também como Saulo, se dedicava à perse-guição dos primeiros discí-pulos de Jesus na região de Jerusalém. De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz, ficou cego, mas teve a visão recuperada após três dias por Ananias, que também o batizou. Começou então a pregar o Cristianis-mo. Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um dos mais proeminentes líderes do nascente cristianis-mo. Era também cidadão ro-mano, o que lhe conferia uma situação legal privilegiada.

Após a sua conversão, no

livro de Atos, relatam-se três viagens missionárias de Paulo as quais passa a pregar sobre Jesus, razão pela qual ele so-fre uma série de perseguições foi preso e uma das vezes até mesmo apedrejado, mas so-breviveu.

Em sua segunda viagem missionária a Jerusalém dis-corda da Igreja a respeito

da circuncisão alegando que a mesma estaria no coração de cada um, tanto gregos quantos aos hebreus.

Na sua passagem a cidade de Coríntios, Paulo escreve um dos textos mais lindos sobre o Amor. Diz ele que o Amor é o Dom supremo da vida chegan-do mesmo a sobrenatural em sua essência, diz ainda, entre outras considerações:

“Ainda que eu fale a língua dos homens e dos anjos, se não tiver Amor serei como bron-ze que soa e o sino que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar, conheça todo mis-tério e toda ciência. Ainda que eu entregue meu pró-prio corpo para ser que ima -do, distri-bua todos meus bens entre os pobres, e não tiver a m o r , n a d a d i s s o m e apro-v e i -t a -ria.

O Amor é paciente, é be-nigno, não se orgulha e não se envaidece, não se conduz inconvenientemente, não pro-cura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal, não se alegra com a injus-tiça, mas se regozija com a ver-dade. O Amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo supor-ta." 1 Coríntios 13:1-7.

Este é o Amor preconizado por Paulo.

Nessa mesma epístola de Coríntios diz que "Também há corpos celestiais e corpos ter-restres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres. Uma é a gló-ria do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor. Pois assim também é a ressurrei-ção dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, res-suscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.

Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi

feito alma vivente. O último Adão, po-

rém, é espíri-to vivificante. Mas não é primeiro o espir i tual,

e sim o natural;

d e -pois, o e s -piri-

Ronaldo de Araújo MendesProcurador Federal

tual. O primeiro homem, for-mado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celes-tial, tais também os celes-tiais." 1 Coríntios 15: 40-49.

Paulo em sua carta aos Filipenses fala sobre a mora-lidade o seguinte:

“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se al-guma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento." Filipenses 4:8.

A missão de Paulo, de tudo isto se depreende na sua carta em Colossenses:

“Suportai-vos uns aos ou-tros, perdoai-vos mutuamen-te, caso alguém tenha moti-vo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também per-doai vós;

Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o víncu-lo da perfeição. Seja a paz de Cristo o árbitro em vos-so coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.

Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí--vos e aconselhai- vos mu-tuamente em toda a sabe-doria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. E tudo o que fizerdes, seja em pa-lavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. Colossenses 3: 13-17.

Apóstolo Paulo de Tarso

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 4NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

Allam Soares - Procurador Federal

A palavra teoria origina-se do vocábulo gre-go teoros, que significa con-templar. Esta

palavra tanto aparece na ordem especulativa, em que contemplamos a verdade dos princí-pios e a retidão das leis, como na ordem prática, em que contemplamos a realidade dos fatos e a aplicação das leis.

Inexiste incompatibili-dade entre teoria e práti-ca. Ao contrário, uma teo-ria que não é aplicada é falsa ou, pelo menos, é in-completa, como sustentou João Mendes de Almeida, que foi citado em artigo escrito pelo jurista Rose-miro Robinson S. Júnior Portanto, a comparação com a experiência é a pe-dra de toque de qualquer teoria.

Veja-se a Advocacia Pública, que, em 1988, após sua independência, cresceu e, atualmente, é extremamente relevante na estrutura político-admi-nistrativa estatal.

Comparando-se a prá-tica desta e da anterior, como se entender que, até agora, não tenha sido conferido um “status” dife-renciado à A.G.U. e, em consequência, alterada a proposta de uma polí-tica única previdenciária. Atente-se, ainda, que a Advocacia Geral da União é uma carreira estratégica do Estado.

Assim, a concordância e/ou o silêncio quanto a tal proposta, parece que irão selar o destino dos inte-grantes das Carreiras Ju-rídicas do Estado.

Isto, talvez, porque, no Brasil atual, tudo pode-se dizer, desde que acate um lamentável vencedor: o pensamento único.

Para seus propaga-dores não importa que tais servidores ingressem por rigoroso concurso; te-nham, a critério exclusivo do Poder Executivo, valo-res e efetivos limites remu-neratórios; paguem altas alíquotas previdenciárias e sejam os mais decisivos agentes públicos – já que estão na última trinchei-ra de defesa de decisões que afetam o Estado.

Note-se, ainda, que a pretendida mudança pre-videnciária implicará o fim de um importante direito previsto na Constituição Federal: o fim da paridade remuneratória entre ativos e aposentados, pois dei-xará de existir o indispen-sável parâmetro.

Bem, atentando para as restrições já aprova-das, que lesam os servi-dores públicos, as Carrei-ras Jurídicas devem efeti-vamente ser reconhecidas como estratégicas para o Estado e, portanto, fora desse regime privado. O contrário levaria com que se façam aos Senhores Congressistas as seguin-tes indagações: que pro-fissional será esse que in-gressará ou ficará no Se-tor Público? Que Serviço Público será esse? Que atendimento terá uma po-pulação em benefício da qual deveria ser pensada qualquer reforma? Que

políticos serão esses que aceitarem tal alte-ração? Como os eleitos irão governar com Ad-vogados e Procuradores fragilizados?

Por fim, a questão que todos se deveriam fazer: quem responderá pelas ações e/ou omis-sões frente a essa re-forma pretendida pelos adeptos do pensamento único?

P.S.: Dela disse, num momento muito feliz, Caetano Veloso: “É que ela é civilizada e civiliza-dora. É a reencarnação da civilização brasileira possível. Ela é a grande dama do teatro brasilei-ro. e que sintoma de saú-de do teatro no Brasil! Sua primeira-dama não é uma virtuose acadê-mica nem uma burgue-sa arrogante; tampouco é uma aventureira mis-tificadora: é uma mulher para quem ‘os fatos são fatos, os atos são atos e as normas são normas.’ Se este nunca se tornar um País são e respon-sável, é porque terá traí-do Fernanda.”

Vocês entenderão bem estas palavras, se tiverem acesso ao livro“Fernanda Montenegro: itinerário fotobiográfi-co”, Ed. SESC, S.Paulo, 2018.

O Pensamento Único

“Os homens são, algumas vezes, senhores de seu destino; a falta, caro Brutus, não está nas estrelas, mas em nós mes-mos, que somos subalternos.” (W. Shakespeare, Júlio César, 1992, p.12 – Bibliex Ed.)

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br5 NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

Carmen Lucia Vieira Ramos LimaProcuradora Federal

O calendário vai chegando à última página de 2018. Vidas se renovem, tomam novos ru-mos, uns chegam,

outros partem. Importante é participar: quem sabe o que se pode ainda fazer? O tempo é só um fugaz instante... Milhões de pes-soas se sintonizam em corpo, mente, espírito, co-ração/alma para constituir a grandiosa força energé-tica que cria, movimenta atividades neste imenso Universo!

Sábios, estudiosos, de-votos, ateus, naturalistas... enfim, há rótulos para to-dos os seres. Há esperan-ça para todas as teorias. Há desejos para todas as bancas de respostas às ex-pectativas. Basta respirar!

Olhar. Focar. Dar as mãos. O homem tem li-mites, mas desejar inten-samente porque espera alcançar sonhos. Então apela também para o so-brenatural, para o seu Deus. Esgota suas possi-bilidades, mas não sabe nem onde e nem como ini-cia o favorecimento divino.

Sabe que quer, precisa, mas se sente sem horizonte su-ficiente para caminhar para achar o seu pote de ouro sob o arco-íris... Não há fim para quem espera. Os instrumen-tos de trabalho podem ser limitados: conhecimento, re-cursos, espaço de atuação; mas, surgem oportunidades, o infinito se mostra mais dis-tante, o chão mais firme... Pisar forte, esticar o braço e alcançar uma estrela...

Não cabe deixar escapar o

sonho, o presente, a Vida. Todas as áreas de traba-

lho solicitam o esforço, o em-penho, o interesse, a curio-sidade, porque necessitam de novidades, descobertas, sementes e plantação. A colheita depende de trilhar campos com fé e Devoção. Acreditar e compartilhar, em todos os momentos; de re-pente, os pequenos acertos somados tornam-se grandes conquistas.

Conquistas e novas opor-

tunidades, para alcançar o momento seguinte, for-talecem os elos da gran-de corrente fraterna, que será possivelmente sus-tentadora, de objetivos positivos repetidores ne-cessários ao incremento da confiança popular nos seus governantes. É o avivamento.

Estamos sempre bus-cando melhoras o que fa-zemos, os lugares onde exercemos nossas ativida-des, residimos, trabalha-mos, frequentamos. Nos-sos desejos se ampliam à medida em que se reali-zam. Queremos alcançar resultados melhores em tempos melhores. Guardar lembranças que nos darão ânimo para prosseguir na nossa caminhada.

Em 2019, a República Brasileira empossa nosso Governo, o qual se prepa-ra para uma nova jornada, com novo cenário. A Es-perança renasce sobre a aflição dos últimos tempos. Que todos os participantes recebam a inspiração ne-cessária para, em ambien-te de Tranquilidade, Paz, Fraternidade, possibilitem ao povo brasileiro o exercí-cio de ir e vir constitucional, trazendo para suas casas o pão nosso de cada dia.

Dar as mãos e esperar tempos melhores, sempre.

Para os colegas apafer-jianos, nos próximos calen-dários, Amor e Luz.

“Quem espera sempre alcança” - Assim diz o ditado popular

Reflexões:

• Todos tem alguma expectativa, ainda que recôndita

• Viver significa ação: ainda que somente no ato contemplativo

• Todos os procedimentos humanos encontram-se submetidos ao simples e maravilhoso fenômeno VIDA.

• Quem nasceu, viverá, desenvolverá atividades e morrerá (ou partirá, ou se tornará lembrança, etc). É ato fenomênico.

• Núcleos, comunidades/sociedades constituem grupos culturais que resguardam as ações vividas, obras e atividades constituídas por seus integrantes.

• Olhar para o outro e sentir similitude, troca, amor, gratidão. Somos todos participantes do mesmo reino vivencial, com seus entornos.

• Devemos, por obrigação, cuidar da parte que toca à celebração da Vida, enquanto participamos do festim universal, do movimento de atuação humana com seus integrantes universais.

• O poder de participar, dando e recebendo, é a grande atração. – milagre da vida

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 6NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

José Salvador IorioProcurador Federal

A água ocupa 2/3 do pla-neta terra e é ela que sustenta a vida da forma que conhecemos. A nos-sa existência, dos animais e vegetais depende pri-

mordialmente dela. Por isso cos-tumamos dizer que a Terra é um Planeta Água.

Porém sua distribuição não se faz da forma como se desejaria, já que isso é determinado pela própria natureza; sendo assim, vemo-la se fazer presente de for-ma insuficiente ou ausente em determinadas regiões.

Este elemento está mais con-centrado na América, que dispõe de 1/4 (um quarto) do total do estoque de água doce no mundo.

O Brasil é um privilegiado. As chuvas se fazem presentes na quase totalidade do território, ocorrendo com maior ou me-nor incidência em determinas áreas ou regiões. Cortado por inúmeros rios com grande volu-me d’água, aqui se concentram 12% da água doce do planeta. Na Bacia Amazônica concentram-se 90% de toda água doce do Bra-sil, em contrapartida na mesma região encontramos apenas 10% da sua população total.

Por esse motivo, a proposta do Governador do Amazonas de levar água do Amazonas para solucionar o problema hídrico do Sudeste para muitos não é

tão absurda. Já a Superintendência Regional do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), em seu levantamen-to informou que 1% da vazão do Rio Amazonas daria para abastecer Nordeste e Sudeste do país, que é uma intervenção factível e que de-fende este tipo de obra.

Sabemos que somos os maiores causadores dessa escassez, pela nossa ação agressiva ao meio am-biente. Mesmo assim, conscientes desses malefícios, continuamos a lhes dar causa, por vezes, de forma irreparável. Bem sabemos que as florestas são essenciais à manuten-ção do clima, qualidade do ar, assim como preservam os lençóis d’água e as nascentes dos rios. Previnem ain-da o assoreamento dos rios, através das margens ciliares, preservando a qualidade deste líquido precioso, necessário à produção e essencial à vida.

Sendo assim, ações como a transposição pode ser a solução. Já existem países realizando esse pro-cesso - como, por exemplo, a China que está fazendo uma transposição do Himalaia para Região Norte do país.

No Brasil temos o Velho Chico, que mesmo combalido - em face da falta de proteção de suas cabecei-ras, de suas nascentes e com suas margens ciliares destruídas, está oportunizando a melhoria de vida por onde o canal da transposição chega. Campina Grande (PB) é o maior exemplo deste caso de suces-so.

Entretanto, ao se movimentar pelos leitos dos rios a água pode ser motivo de desentendimento. A dis-puta na região do Rio Jordão é his-tórica. Esse cenário antes restrito a determinadas áreas, fatalmente se estenderá à medida que ela for se tornando mais escassa.

O agravamento paulatino da si-tuação recomenda medidas para que a escassez seja amenizada e

possíveis atritos internacionais se-jam evitados. Infelizmente o “mer-cado da água doce” (e não estamos falando da água mineral que consu-mimos engarrafada) urge ser cria-do, por isso temos de pensar em leis mais rigorosas e regulatórias acerca de seu uso e distribuição.

A escassez aumenta o interes-se de sua comercialização, como já ocorre em determinadas regiões, havendo grande interesse de multi-nacionais e transnacionais sobre os mananciais aquíferos.

A situação será agravada à medi-da que o crescimento populacional impulsiona o aumento do consumo, quer seja da própria água ou de ali-mentos que incrementam a neces-sidade de áreas agrícolas produtivas irrigadas.

O desperdício se faz ao lavar cal-çadas, carros, instalações do comér-cio em geral, irrigação de jardins, uso em sanitários, que deveriam ser feitos pelo reaproveitamento da água usada. São poucas e insufi-cientes as ações para se corrigir esse mau uso.

Estamos em um caminho que nos levará a consequências impre-visíveis e que pode até ameaçar o futuro da vida no planeta.

A vida marinha está sendo afeta-da por todo esse quadro. Conside-rada inesgotável, já apresenta sérios problemas com desaparecimento ou diminuição de várias espécies. A poluição sistemática de nossos mares o afeta em tal ordem como ocorre, a exemplo das tartarugas que ingerem plásticos como sendo águas vivas.

O Google observa que de todo esse mundo Água, só 15% podem ser consumidos pelo homem. Hoje 15 ou mais países já sofrem com a carência, Observa que as reservas aquíferas vêm sendo poluída, ex-traída e paulatinamente concorren-do para seu esgotamento. Que o planeta possui cerca de um bilhão

e 360 milhões de km cúbicos de água. Quanto à renovação é da ordem de 43 mil km cúbicos por ano, enquanto o consumo total é estimado em 6 mil km cúbicos por ano. A água está desigualmente distribuída: 60% em apenas nove países, enquanto em oitenta ou-tros se enfrenta escassez. Pouco menos de um bilhão de pessoas consomem 86% da água existen-te, enquanto para 1,4 bilhões é insuficiente (em 2020 serão três bilhões). Para dois bilhões ela não é tratada, o que gera 85% das doenças segundo a OMS. Presu-me-se que em 2032 cerca de 5 bilhões de pessoas serão afetadas pela escassez de água.

O Problema Água é um assun-to que há de estar de forma prio-ritária na atenção de nossas futu-ras autoridades e dos órgãos a ela afetos, na busca de solucionar ou amenizar os efeitos danosos que estão favorecendo essa escassez.

Entendo que para minorar essa situação temos de Reflores-tar; refazer as matas ciliares; res-taurar as nascentes; determinar o reaproveitamento da água usa-da; criar leis severas e fiscalização eficaz para seu uso; normatizar sua distribuição e acesso; atua-ção mais efetiva do IBAMA, com apoio das Forças Armadas a im-pedir o avanço sobre as florestas ocasionando o desmatamento; que a busca de novas áreas para plantio seja feito pela recupera-ção das áreas disponíveis existen-tes nos Estados, além de medidas outras que forem julgadas neces-sárias.

É uma preocupação que há de merecer atenção de nossas autoridades e órgãos a ela afetos, e assim, se tenha uma ação que em realidade traga respostas aos efeitos daninhos que estão a pro-mover essa escassez, e que essas medidas se façam sentir.

A ÁGUA

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br7 NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

O seu nome era formado por dois nomes de homens que ilus-traram a cultura universal: RENÉ, pronome do monumental, Filóso-fo, Físico e Geômetra francês e LYCURGO, que lembrava o for-midável LICURGO, notável legis-lador Ateniense.

Apesar de sua absoluta mo-déstia, ele era dotado de cultura enciclopédica, discorrendo com elegância e erudição sobre Histó-ria, Política, Economia, Religião, e outros muitos temas, o que sempre me causou incontida ad-miração quando com ele conver-sava.

Trabalhamos no extinto e sau-doso INPS, ele na área de Bene-fícios e eu na de Pessoal e, com frequência, após o expediente, trocávamos opiniões sobre os

A Morte de Um Pioneiro

Medalha Comenda da Resistência Cidadã

No dia 12 de novembro do corrente ano, em solenidade rea-lizada no salão nobre da Faculdade Nacional de Direito da Uni-versidade Federal do Rio de Janeiro, o Dr. Rosemiro Robinson Silva Junior, Vice-Presidente da APAFERJ, recebeu a Medalha Comenda da Resistência Cidadã, que lhe foi conferida pela Asso-ciação dos Antigos Alunos da supracitada Faculdade e pela Fun-dação Oscar Araripe, que levaram em conta a incansável e obsti-nada luta que o homenageado vem empreendendo na defesa da Democracia, da Advocacia Pública e dos direitos dos Servidores

fatos ocorridos no Brasil e no Ex-terior, tendo sido ele, inegavel-mente, um dos meus inúmeros mestres informais.

O seu nome completo era RENÉ LYCURGO CAMPOS, carioca da gema e pleno de hu-manidade e gentileza, o que cati-vava a todos com quem ele con-vivia, principalmente eu, que nele via um homem culto, simples e de bom coração, o que é raro aos tormentosos tempos em que vi-vemos.

Reiteradas vezes eu o con-videi para integrar a Diretoria da APAFERJ, podendo até mesmo candidatar-se a Presidente. Con-tudo, ele sorria e alegava mil ra-zões que o impediam de aceitar qualquer outro encargo, ponde-rando que a Associação estava

em boas mãos e assim deveria continuar.

Há poucos dias ele esteva na minha sala de trabalho e me con-fidenciou que pretendia escrever um livro relatando as numerosas viagens que fizera pelo mundo e as ricas experiências vitais. Pedi ao Carlos Alberto, Editor-Chefe do Jornal da APAFERJ, que o atendesse. Todavia o projeto não foi adiante, talvez em razão da idade provecta e da insidiosa en-fermidade que lhe ceifou a vida.

Ele era sócio fundador da APAFERJ, Inscrição nº 583 e ins-crito na OAB/RJ com o número 5329, sendo oriundo do extinto IAPI, celeiro dos Procuradores que se destacaram no universo jurídico brasileiro e sem sombra de dúvida, o Dr. RENÉ era um

deles. Dr. RENÉ LYCURGO CAM-

POS fez sua última viagem ter-rena em 13 de novembro do cor-rente ano e deixou impreenchível lacuna no quadro de associa-dos da APAFERJ, trazendo-nos imensa e incontrolável tristeza, especialmente para mim, que, conforme acima assinalado, com ele convivi por longos e ásperos anos, sempre encontrando a pa-lavra amiga, o sorriso amistoso e a compreensão absoluta, atributo dos homens que sabem enfren-tar o proceloso mar da existência e ajudam todos os que precisa-rem de apoio e solidariedade.

Meu caro amigo Dr. RENÉ, reviescat in pacem!Rosemiro Robinson Silva Júnior

- Vice Presidente

Aposentados.A importante e honrosa Comenda foi entregue ao Dr. Robin-

son pelo Dr. Cesar Suypeene, brilhante Advogado e valoroso in-tegrante da referida Associação.

A APAFERJ, aplaude a oportuna e merecida homenagem, au-gurando ao Dr. Robinson a concretização de novos e importantes feitos, que fortalecerão e valorizarão ainda mais a distinta Catego-ria dos Procuradores Federais, dando continuidade a um passado de notáveis realizações.

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 8NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

Votos de pazPaz a todas as pessoas e

a todas as nações da terra! A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal, é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pen-samentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 mi-lhões e meio são refugiados. Estes últimos, como afirmou o meu amado predecessor Bento XVI, «são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz». E, para o encontrar, muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande par-te dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofri-mentos, a enfrentar arames far-pados e muros erguidos para os manter longe da meta.

Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de dis-criminações, perseguições, po-breza e degradação ambiental.

Estamos cientes de que não basta abrir os nossos co-rações ao sofrimento dos ou-tros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro requer um compromis-so concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangen-te, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes

em grande número, bem como recursos que são sempre limi-tados. Praticando a virtude da prudência, os governantes sa-berão acolher, promover, pro-teger e integrar, estabelecendo medidas práticas, «nos limites consentidos pelo bem da pró-pria comunidade retamente en-tendido, [para] lhes favorecer a integração». Os governan-tes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo asse-gurar os seus justos direitos e desenvolvimento harmónico, para não serem como o cons-trutor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu com-pletar a torre que começara a construir.

Porque há tantos refugiados e migrantes?

Na mensagem para idêntica ocorrência no Grande Jubileu pelos 2000 anos do anúncio de paz dos anjos em Belém, São João Paulo II incluiu o número crescente de refugiados entre os efeitos de «uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas”» que caraterizaram o século XX. E até agora, in-felizmente, o novo século não registou uma verdadeira vira-gem: os conflitos armados e as outras formas de violência or-ganizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas.

Todavia as pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas «o de-sejo de uma vida melhor, uni-do muitas vezes ao intento de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de construir». As pessoas partem para se juntar à própria família, para encontrar oportunidades

de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar destes direitos, não vive em paz. Além disso, como sublinhei na Encí-clica Laudato si’, «é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela de-gradação ambiental».

A maioria migra seguin-do um percurso legal, mas há quem tome outros caminhos, sobretudo por causa do deses-pero, quando a pátria não lhes oferece segurança nem oportu-nidades, e todas as vias legais parecem impraticáveis, blo-queadas ou demasiado lentas.

Em muitos países de desti-no, generalizou-se largamente uma retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacio-nal ou o peso do acolhi-mento dos recém-- c h e g a d o s , despre-

zando assim a dignidade hu-mana que se deve reconhe-cer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação ra-cial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos.

Todos os elementos à dis-posição da comunidade inter-nacional indicam que as mi-grações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar reple-

to de confiança, como oportunidade para

construir um futuro de

paz.

Francisco o Papa dos Brasileiros, neste Natal, rogai por nós

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br9 NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

É com imensa tristeza que leio a entrevista do presidente estadual da Ordem dos Advo-gados do Brasil, Seção Pará (OAB-PA), Alberto Campos, concedida ao site Jota. O presi-dente Alberto Campos informa que, durante as cerimônias de entrega de carteira, costuma perguntar aos novos advoga-dos se pretendem seguir a ad-vocacia e, pasmem, somente 3 (três) em cada 10 (dez) dizem que sim. A maioria externa a in-tenção de prestar concurso pú-blico. Certamente, advogar não é para qualquer um. É preciso muito mais que vontade para seguir esta que é uma das mais belas e dignas carreiras.

Da partidarização da OAB e sua consequência nefasta para a Advocacia

Não é de hoje que identifica-mos a partidarização da OAB. Os grupos que se digladiam pelo poder da Ordem o fazem sabendo que estão implodin-do o protagonismo que a OAB pode ter perante a sociedade. Infelizmente, os interesses in-dividuais sempre falam mais alto do que o fortalecimento da classe.

Mais triste do que ver a guer-ra de foice entre os grupos opo-sicionistas que pretendem co-mandar a OAB, é ver parte dos demais colegas advogados que se deixam levar por discursos demagogos, como massas de manobras. Somos uma classe politizada por natureza. Não há justificativa para permitirmos ser manipulados por outros co-legas igualmente politizados. Essa luta cega pelo poder só faz enfraquecer a Advocacia e

todos nós temos culpa nesse processo de fragmentação da Ordem.

É preciso repensar nosso modo de atuação e colocar os interesses coletivos acima dos individuais. A sociedade agra-dece.

Advogar é uma arteAdvogar é uma arte e requer

dedicação típica de um artesão que se dedica de modo espe-cial à peça encomendada pelo cliente para que esta tenha o seu toque de exclusividade. Cada ação precisa ter a aten-ção especial do advogado, pois o cliente espera que a mesma seja tratada como se fosse a única do escritório.

Sobre a constatação do pre-sidente Alberto Campos, um dos fundamentos mais presen-tes no discurso de quem pre-tende prestar concurso público é a tão sonhada estabilidade financeira. Perfeitamente com-preensível.

Na advocacia, é importante destacar, o fato de ter conse-guido a carteira da Ordem não significa que ao final do mês milhares de honorários irão cair na conta bancária do profissio-nal pelo simples fato de ser ad-vogado. Não mesmo.

O caminho entre o recebi-mento da carteira da OAB e a estabilidade financeira alme-jada por qualquer advogado é árduo e requer tempo de ama-durecimento. Afinal, abrir um escritório, por si só, não é si-nônimo de sucesso garantido. Existem vários fatores, internos e externos, que são levados em consideração para o êxito ou não do escritório.

Ocorre, porém, que todas essas questões fazem parte da seleção natural de toda e qual-quer profissão e isso faz bem a sociedade, pois, por exem-plo, aquele que não se qualifi-ca permanentemente e permite que seu cliente fique vulnerável por negligência própria não é digno de ser chamado de pro-fissional.

Advocacia nossa de cada diaSó quem já teve a experiên-

cia de trabalhar arduamente para buscar o direito de um ci-dadão (cliente), passando por cima de todos os obstáculos que essa tarefa nos impõe, é que sabe o quão gratificante é ver o resultado final do traba-lho. É algo inexplicável. Não há dinheiro que consiga pagar a satisfação do dever cumprido.

Definitivamente, não é fácil explicar ao cliente que deter-minada demora no andamento processual não é culpa do ad-vogado, que o advogado não pode garantir uma sentença favorável ao pleito do cliente, mas tão somente que se dedi-cará a fazer o melhor trabalho possível para alcançar o objeti-vo almejado.

Definitivamente, não é fácil ser ignorado e/ou mal atendido por alguns em determinadas repartições como se estives-sem fazendo um “favor” ao ad-vogado, quando este precisa de informações necessárias para lutar pelo direito de seus clientes.

Definitivamente, não é fá-cil obter uma decisão judicial completamente fora da realida-de dos autos e ter que explicar aquela anomalia ao cliente e

familiares.Definitivamente, não é fácil

tentar acessar o sistema de pe-ticionamento e identificar que ele está “fora do ar”.

Definitivamente, não é fácil explicar ao cliente que o advo-gado não pode perder prazos processuais, mas o juízo e o Ministério Público podem, pois, para eles, o prazo é impróprio.

O advogado é indispensável à administração da justiça, nos termos do art. 133da Constitui-ção Federal, e é preciso que todos saibam e respeitem tais ensinamentos constitucionais, pois quando um advogado é desrespeitado no exercício da função não é a pessoa física do advogado que foi agredida, mas toda a sociedade.

Por certo, aquele que agri-de as prerrogativas do advo-gado o faz sem perceber que a qualquer momento pode precisar de um causídico para defender seus interesses e quando precisar, fatalmente, irá desejar que seu advogado possa atuar na plenitude de suas prerrogativas, pois, as-sim, conseguirá buscar de for-ma mais efetiva o direito que pretende demonstrar perante a quem de direito.

Contudo, mesmo com to-das as agruras, a Advocacia é apaixonante e o seu exercício é inexplicavelmente mágico e quem a exerce deve, obriga-toriamente, fazer por vocação, não por passa tempo.

Para finalizar, quero deixar registrado que se dez vidas ti-vesse, em onze eu escolheria ser Advogado.

Publicado por Cláudio Mo-raes Advogados

Advocacia: muito mais que uma profissão, uma paixão

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 10NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

O país viveu uma eleição presidencial histórica, marcada por três coisas novas trazidas pelos dois candidatos da disputa final: uma, pela substituição dos tradicio-nais modos de fazer campanha política; duas, pelo peso significativo das redes sociais, um fenômeno até então nunca visto por nossa Justiça Eleitoral, e três, pelo foco na questão dos costumes. Mas, em que pesem as paixões e as tensões ensejadas por candidatos que defendem ideias em polos diametralmente opos-tos sobre como governar, há algo nes-ta eleição que via de regra é comum em todos os pleitos eleitorais: os brasileiros, malgrado com certo esgotamento, ainda acreditam em uma sociedade melhor, desejosos que estão de um tempo de re-novo a partir do governo que se inicia.

É claro que muitos com a certeza dos desinformados, outros com a inocência típica daquele cidadão outrora boa pra-ça e que agora nem os amigos aguen-tam mais, enfim, o chato que não vê que não vê aquilo que não vê (o que está por trás), ou seja, os pontos cegos de discur-sos inflamados e patrulhados (DE GIOR-GI), cujo prazo de validade se desenha tão curto quanto muitas promessas de seu candidato. Complicado imaginar um Welfare State ou Estado assistencialista em um cenário de aperto fiscal. Impos-sível atentar contra cláusulas pétreas da Constituição.

Mas há também os que têm esperan-ça, mesmo cientes da realidade e dos furos eventualmente presentes na retóri-ca dos dois políticos. Esse texto sobre o papel da AGU dentro desse mundo real pode ser útil aos três.

Sim, no plano do Dionísio, o deus gre-go do ser ou da realidade, não o mun-do do Apolo, o deus grego do dever-ser e dos sonhos de quem não faz contas (NIETZSCHE), a proposta da Lei Orça-

O novo presidente e o que esperar da Advocacia-Geral da União

mentária de 2019 (MPOG), que o novo mandatário deverá se pautar no seu pri-meiro ano de governo, em que pese indi-que um orçamento total de R$3,4 trilhões, confiará ao novo presidente, se aprova-da, uma fatia de apenas R$119,6 bilhões para investimento via empresas estatais, com uma reserva de contingência de R$ 67,1 bilhões. Pouco em termos relativos e diante de tanto que precisa fazer. Só de amortização e pagamento de juros da dívida pública, que é onde o gover-no vende o almoço para comprar o jantar (a classe média também compra títulos públicos, não só banqueiros!!), a União desembolsará 662,2 bilhões. Desse de-sembolso, R$ 378,9 bilhões vão somen-te para quitação dos juros, despesas que não entram na conta do déficit primário já projetado, da ordem de R$ 139,0 bilhões.

Dói saber que, mesmo somando as fa-tias de recursos destinados à educação, saúde e segurança pública, nem assim o valor ultrapassará as despesas com os ju-ros da dívida. Difícil ver que a União, para pagar as suas contas anuais, precisará uma vez mais “pegar emprestados” qua-se oitocentos bilhões de reais do mercado. Desalentador ver liminares de juízes de primeira instância que, com argumentos de autoridade e sacando uma hermenêuti-ca ex post facto (DWORKIN), impõem, em caráter satisfativo, pesadas despesas ao erário com base em críticas ao superávit primário, que é o esforço do gestor para não gastar mais do que arrecada. Mas onde entra a AGU nessa história?

A Advocacia-Geral da União, segundo o art. 131 da CF, tem a missão de re-cuperar e defender esse erário - quase uma massa falida -, conferir segurança jurídica à Administração Pública federal e de desembaraçar as políticas públicas questionadas na justiça e pelos órgãos de controle. Sobre a recuperação (en-

quanto autor das ações) e defesa do erá-rio (como réu), áreas onde muitos ainda veem o Estado como aquele monstro bí-blico lembrado por HOBBES, o Leviatã, enxergando-o não como também o pro-tetor dos direitos fundamentais que pre-cisa ser protegido, mas apenas como o vilão daquelas liberdades públicas a ser enfraquecido (RIVERO), costumo dizer que advogo para uma viúva rica, endi-vidada, frágil e alvo fácil de aproveita-dores. E mesmo a estes, quando ocorre passar pelo crivo do judiciário, a viúva paga em dia as condenações a ela im-postas e via de regra com acréscimo de 6% ano acima da inflação. Sim, a União não deve precatórios.

Sobre a segurança jurídica, a AGU contribui para tanto com um braço con-sultivo e de assessoramento técnico-jurí-dico dentro dos ministérios e dos órgãos de cúpula da presidência, algo que tem evitado os esqueletos orçamentários judiciais, todos na casa dos bilhões de reais, ainda de triste memória aos cofres públicos.

Com relação às políticas públicas, muitas delas legitimadas nas urnas, ou-tras tantas aprovadas pelo legislador democrático, mas atacadas judicialmen-te no primeiro útil seguinte à sua publi-cação, o novo presidente da República, independentemente de quem foi eleito, terá na Advocacia-Geral da União um importante parceiro institucional, seja no esforço de adequação ou formatação ju-rídico-constitucional de seus programas pelos colegas das Consultorias, seja também, por conta desse filtro interno já realizado por nossos experts, pela defe-sa de sua juridicidade confiada a todos que trabalhamos nas Procuradorias.

Dermeval Rocha da Silva FilhoAdvogado da União Mestre em Direi-

tos Fundamentais pela UFBA

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br11 NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

A Bolsa brasileira caminha para ter um desempenho muito positivo em 2018, apesar da volatilidade que as eleições presidenciais podem causar, na visão de Emy Shayo, estrategista para América Latina e Brasil do banco americano JP Morgan. Ela tem uma recomendação de compra da Bolsa brasileira, baseada num cenário externo benigno e na perspectiva de um crescimento forte nos lucros das empresas brasileiras. No seu cenário mais otimista, o Ibovespa pode chegar a 97.100 pontos ao fim de 2018. A seguir, os principais trechos da entrevista.

O JP Morgan tem uma recomendação de compra para a Bolsa brasileira? Por quê?

No JP Morgan, gostamos de dizer que os investidores em mercados emergentes são turistas do crescimento. Temos observado que as economias emergentes têm crescido acima das dos países desenvolvidos. Onde entra o Brasil nisso? Entre todos os países emergentes, principalmente os mais relevantes, o Brasil está apresentando o maior delta de crescimento: o PIB cresceu 1% no ano passado e deve crescer 3% neste ano, que é a nossa estimativa. Essa diferença de 2 pontos torna o Brasil muito atraente em termos de investimentos. Comparando com outros mercados emergentes, a Bolsa brasileira oferece a maior perspectiva de crescimento de lucros das empresas.

Como as eleições presidenciais podem afetar a Bolsa ao longo deste ano?

A corrida presidencial pode afetar a Bolsa em particular pelo grande nível de incerteza. Não sabemos quem pode chegar ao segundo turno nem ao menos quem são os candidatos hoje. Mas uma mensagem importante é a seguinte: os investidores estrangeiros acreditam que as pessoas no Brasil já entenderam que as reformas são necessárias. E mesmo os principais candidatos têm, de uma forma ou de outra, uma plataforma reformista. Pode-se dizer que, obviamente levando em conta as diferenças entre os candidatos, de um jeito

ou de outro, o resultado das eleições será um que estará no caminho das reformas.

O que vai pesar mais na Bolsa, o cenário externo ou fatores locais, como as eleições?

Até a metade do ano, no mínimo, as questões globais ainda vão ter um peso importante, exatamente por esse nível elevado de incertezas em torno das eleições presidenciais.

Em março, até o dia 20, os investidores estrangeiros já haviam retirado quase R$ 4,5 bilhões da Bolsa brasileira. Como explica isso?

Assim como a nossa recomendação para a Bolsa, os investidores estrangeiros estão com uma posição de compra ou "overweight" no Brasil, isto é, tem uma alocação maior do que recomendaria o índice. O que talvez esteja acontecendo é que os investidores estrangeiros talvez estejam retirando dinheiro do mercado ativo, isto é, de compras diretas de ações, como se pode observar nos dados reportados pela B3, porém estão com uma carteira mais balanceada, uma vez que estamos observando uma certa criação de ETFs. Não ameniza esse grande fluxo que estamos vendo de saída na B3, mas não acho que seja preocupante, pois estamos vendo um fluxo forte para fundos de mercados emergentes. Em 2018, já entraram US$ 41 bilhões em fundos de mercados emergentes. Em 2017, foram US$ 80 bilhões. O Brasil corresponde a 7,5% do índice de mercados emergentes. Então não é possível que dinheiro esteja entrando nos mercados emergentes e não chegue ao Brasil.

Nos últimos dias, o Ibovespa tem tido muita dificuldade de subir e superar a resistência dos 87 mil pontos. Mas após as reuniões de política monetária do Fed e do Copom, que foram favoráveis aos ativos de risco, até onde o Ibovespa pode chegar?

No JP Morgan, trabalhamos com bandas para a Bolsa. Aos 87 mil pontos,

o Ibovespa está no cenário base (86.400 pontos) que traçamos em novembro passado. Jamais imaginei que em março a Bolsa já atingiria o nosso cenário base. O que aconteceu? O crescimento da economia mundial foi melhor que o esperado, levando a um aumento dos preços de commodities. E o Ibovespa tem um peso importante de commodities, mesmo comparado aos outros mercados emergentes. A Bolsa brasileira é a que tem maior peso de commodities no índice, mais do que a Rússia até. O nosso cenário otimista para o Ibovespa é de 97.100 pontos no fim deste ano. O pessimista é em torno de 65.300 pontos. Fazemos uma revisão dos nossos "targets" (alvos ou metas) duas vezes ao ano, em novembro e em junho, e acredito que teremos uma revisão para cima, exatamente pelo desempenho dos preços de commodities, os quais não estavam no nosso tabuleiro quando traçamos as expectativas para este ano.

Tudo indica que 2018 será um ano positivo em termos de desempenho da Bolsa. E para 2019? Sem aprovar a reforma da Previdência, é possível a Bolsa manter o fôlego de alta?

2019 será o ano da verdade para o Brasil. Precisamos ter alguém que venha e confirme que o País vai cuidar das suas contas fiscais. O que está em jogo nesta eleição é o Brasil poder manter esse ciclo de juros estruturalmente baixos. É normal se houver um aperto monetário de, digamos, 1 ou 2 pontos porcentuais, o que é normal no ciclo de negócios. O importante é não voltarmos a ter juros elevados como havia antes. Para isso acontecer, tem que mexer no fiscal. O Brasil não vai tolerar passar 2019 sem ter mudanças importantes na área fiscal. Por isso, a reforma da Previdência é essencial. Apesar de termos falado sobre ela em 2017 inteiro, puxamos esse tema para frente, entendo que não houve acordo político para sua votação num ano eleitoral, mas isso vai ser cobrado no dia seguinte à votação do segundo turno das eleições. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

2019 será o ano da verdade para o Brasil

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 12NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

Há 70 anos, no dia 10 de dezembro de 1948 em Paris, vários países democráticos, inclusive o Brasil, subscreveram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi sugerida pelo canadense John Peters Humphrey.Na época, o mundo estava saindo de uma guerra e da ameaça do nazi-facismo, e era preciso uma proteção. Hoje 70 anos passados, o neo-nazismo volta a ser uma realidade na Europa e nova ameaça nas Américas.Vamos reler a Declaração dos Direitos Humanos como se fosse um mantra e pedir a Deus que se apiede de nós.Artigo 1. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Artigo 2. 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. Artigo 3Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 4Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo 5Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo 6Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. Artigo 7Todos são iguais perante a lei e têm direito,

sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo 9Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. Artigo 111.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Artigo 12Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques. Artigo 131. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio e a esse regressar. Artigo 141. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Esse direito não pode ser invocado

em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Artigo 15. 1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. Artigo 16. 1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Artigo 17. 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. Artigo 18. Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. Artigo 19. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras. Artigo 201. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo 211. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br13 NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto. Artigo 22Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. Artigo 231. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para proteção de seus interesses. Artigo 24Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas. Artigo 251. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. Artigo 261. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais.

A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos. Artigo 271. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios. 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literária ou artística da qual seja autor. Artigo 28Todo ser humano tem direito a uma ordem

social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados. Artigo 291. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Artigo 30Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

Eu vi Jesus deitado na calçada,As pessoas passando indiferentes.Surgiu a noite, veio a madrugada,Horas de festas, risos e presentes.

Ouvi ao longe o som da batucada,No meu rosto a correr lágrimas quentes,

E recordei a minha infância amada,Os sinos de Natal, doces, plangentes.

Aonde foram os meus Natais d'outrora? Os amores que eu tive foram embora, Tenho por companheira a Solidão.

Os meus brinquedos foram jogados fora, Na fria cama me prostrei agoraE mergulhei nas brumas da ilusão.

R. Robinson S. Junior

Noite de Natal

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 14NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

Por Vicente Carvalho

Grandes otimistas já tiveram dú-vidas se o modelo econômico vigente -e, muitas vezes, exploratório -seria al-gum dia derrubado. Algumas iniciativas, como a Economia Criativa e a Economia Solidária, apontam que sim. A primeira aposenta a máquina e os recursos ma-teriais como fatores-chave da produção e ocupa o lugar com o chamado capi-tal cognitivo. “Quando evoluímos para a sociedade do conhecimento, não temos mais recursos escassos. Hoje, ¾ do va-lor de um produto é conhecimento e ¼ é matéria-prima”, diz o economista Ladis-lau Dowbor, da PUC-SP. Já a Economia Solidária, em vez de ser centrada no lu-cro, tem como objetivo o bem-viver das pessoas, a cooperação e a responsabi-lidade coletiva na gestão dos empreen-dimentos. “É uma outra maneira de você organizar os seres humanos para produ-zir o suficiente para suas necessidades e usar o tempo livre para investir em si próprios. Isso leva a uma esperança de que, na prática, já estamos construindo uma nova economia no interior da velha”, diz o economista e educador Marco Ar-ruda, coordenador do Instituto de Políti-cas Alternativas para o Cone Sul (Pacs).

Mais colaboraçãoGanhar conselhos de viagens; aprender exercícios para fazer um parto natural; ganhar ajuda para organizar sua casa… O preço? Nada. Basta, em troca, você ofertar uma hora de seu tempo para en-sinar algo de que saiba. É assim na mídia social Bliive. Enquanto isso, quem aces-sa, por exemplo, o portal Atados -rede social de voluntários -, pode se candida-tar para colaborar em ações sociais. Es-ses dois exemplos, entre infindos outros que pipocam pelo Brasil e no mundo -, dão o tom de um aspecto mais do que

otimista: são ações colaborativas, ou seja, movimentos que integram pessoas interessadas em colaborar para o bem coletivo. “Quando falamos de processo colaborativo, acredito que esses movi-mentos começam a ser a ruptura dos modelos tradicionais de organização de ações. Muitas vezes dependia-se de inscrever um projeto, da apreciação de uma lei de incentivo e depois captar re-cursos. Hoje em dia, com cada um fa-zendo sua parte no coletivo, você con-segue desenvolver uma iniciativa piloto com custo zero e, depois, pode vir com o financiamento via crowdfunding. Isso é uma expansão muito grande”, afirma Diego Gazola, empreendedor da Muda de Ideia, mídia social que faz articulação entre empresas, governo e organiza-ções sociais para desenvolver projetos de valor compartilhado.

Reciclar e reusarO Brasil está investindo para reciclar cada vez mais. Quando se fala em alu-mínio, por exemplo, o País é um dos cinco maiores recicladores do globo. E, se destacarmos apenas latas, ele ocu-pa o primeiro lugar no ranking, reapro-veitando 98,3% do material consumido, segundo dados da Associação Brasilei-ra do Alumínio (Abal). De acordo com Carlos Roberto Morais, coordenador da Comissão de Reciclagem da institui-ção, uma das iniciativas otimistas, e que deverá ser praxe até 2017 na indústria automobilística, é a utilização de moto-res para automóveis feitos totalmente de alumínio. “Além de ficar mais leve e aproveitar melhor o combustível, isso gerará uma base de reciclagem grande”, diz ele, que aposta também em carroce-rias feitas todas em alumínio -realidade já em algumas montadoras -, permitindo que, no futuro breve, o veículo seja intei-ro reciclado. Embalagens PET ocupam

também lugar primordial no ciclo do rea-proveitamento. De 1994 a 2012, o volu-me reciclado do material subiu de 18,8% para 58,9%. Nessa esteira, já existem também 300 usinas de reciclagem de entulho no Brasil e a Associação Brasi-leira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon) estima que o setor dobre de tamanho até 2016.

Menos violênciaFica difícil acreditar, diante de tantos cri-mes, mas a violência nunca esteve em nível tão baixo na história. É o que afir-ma o cientista canadense Steven Pinker em seu livro Os Anjos Bons da Nossa Natureza, de 2012. “Os restos pré-histó-ricos dão a distinta impressão de que O Passado foi um lugar onde uma pessoa tinha grandes chances de sofrer danos corporais”, escreve ele na introdução da obra, abrindo caminho para uma inves-tigação que começa nos primórdios da raça humana e se estende até hoje. “A tortura na Idade Média não era escon-dida, negada ou mencionada com eufe-mismos. Não era apenas uma tática com a qual regimes brutais intimidavam seus inimigos políticos ou regimes modera-dos extraíam informações de suspeitos de terrorismo. (…) A tortura integrava a tessitura da vida pública”, escreveu, re-forçando o quanto as coisas mudaram desde então. Hoje, barbaridades ainda acontecem, mas não são generalizadas, e as pessoas, cada vez mais, chocam--se com elas. Já o cientista político Gua-racy Mingardi, ex-subsecretário nacional de Segurança Pública, prefere destacar apenas um aspecto otimista do cenário brasileiro atual. “É o fato de que a se-gurança da população entrou de vez na pauta política. Todos os Estados agora têm projetos. Esse é o motivo que temos para estar otimistas.”

Razões para acreditar em um mundo melhor e ser mais otimista

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A P A F E R JR. Álvaro Alvim, 21/2º andar. CEP: 20031-010. Centro. Rio de Janeiro - Sede Própria e-mail: [email protected]: www.apaferj.org.brTel/Fax: (21)2532-07472240-2420

D I R E T O R I APRESIDENTE - José Marcio Araujo de AlemanyVICE-PRESIDENTE - Rosemiro Robin-son Silva JuniorDIRETOR ADMINISTRATIVO - Miguel Carlos Melgaço PaschoalDIRETOR ADMINISTRATIVO ADJUNTO - Maria Auxiliadora CalixtoDIRETOR FINANCEIRO - Hélio Arruda DIRETOR FINANCEIRO ADJUNTO - Rosa Maria Rodrigues MottaDIRETOR JURÍDICO - Dudley de Bar-ros Barreto Filho

DIRETOR CULTURAL - Carlos Alberto MambriniDIRETOR DE PATRIMÔNIO - Rosa Ma-ria Rodrigues MottaDIRETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - Antonio Carlos Calmon N. da Gama

C O N S E L H O R E V I S O R

Natos: Wagner Calvalcanti de Albu-querqueRosemiro Robinson Silva JuniorTitulares:1. Allam Cherém Soares

Editor Responsável: Carlos Alber-to Pereira de Araújo Reg. Prof.: 16.783Corpo Editorial: Antonio Calmon da Gama, Carlos Alberto Mambri-ni, Miguel Carlos Paschoal, Rose-miro Robinson Silva Junior.Supervisão Geral: José Márcio Araújo de AlemanyEditoração e Arte: Jane Fonseca - [email protected]ão: Monitor MercantilTiragem: 2.000 exemplares

Diretoria e Conselhos da APAFERJ • TRIÊNIO 2017 / 2020

ANIVERSARIANTES DE DEZEMBRO

ANIVERSARIANTES DE NOVEMBRO

Distribuição bimestral gratuita. Os artigos assinados são de exclusiva

responsabilidade dos autoresAs matérias contidas neste

jornal poderão ser publicadas, desde que citadas as fontes.

Jornal da APAFERJ2. Doris Amorim Dias3. Edson de Paula e Silva4. Fernando Carneiro5. Francisco Pedalino Costa6. Luiz Carlos de Araujo7. Maria de Lourdes Caldeira8. Newton Janote Filho9. Sylvio Mauricio Fernandes10. Tomaz José de SouzaSuplentes:1. Alzira Matos Oliveira da Silva2. Petrónio Lima Cordeiro3. Sylvio Tavares Ferreira

C O N S E L H O F I S C A LTitulares:1. José Carlos Damas2. José Carlos de Souza3. Maria Conceição Ferreira de Medei-ros Suplentes:1. Ronaldo Araujo Mendes2. Carlos Cavalcanti de A. Ramos

01 - Job Eduardo da Paixão - Inss01 - Valdson Rangel Alecrim - Agu04 - Ney Vianna Fernandes Machado - Inss05 - Vanderlei Correa Pereira - Mpas06 - Eunice dos Santos Vieira - Inpi06 - Maria da Conceição Moura Silva - Agu

02 - Melania Regina Costa Ie-mini - Agu03 - Roberto Gonçalves de Matos - Agu03 - Anna Karin Lutterklas - Inss04 - Marly Coutinho Paulino - Susep07 - Leônia Vieira Madeiros - M. saúde08 - Léa de Souza Ferreira - Cefet Quimica10 - Maria da Penha Rodarte - Inss11 - Carlos Cavalcanti de A.

15 - Jussara Ferreira da Silva Lopes - Iphan19 - Marilea de Souza Mendonça - Inss20 - Helnor Valdetaro P. Coutinho - Uff20 - Lygia Câmara de A. E Silva - Inss20 - Vera Lucia Gomes de Almeida - Agu22 - Celias Rodrigues de Andrade - Inss23 - Luiz Carlos Guimarães -

09 - Eliane da Silva Rouvier - Agu12 - Eliana Cordeiro Maria - Inmetro12 - Solange de Campos F.da Cunha - Fiocruz14 - Marta Aparecida Rocha - Inmetro14 - Sonia Mª. da Silveira T. de Mello - Inss15 - Ayrton Sá Pinto de Paiva - Cnen

Inss

25 - Albertino Gregório - Inss

27 - Djalmo Luiz Cardoso

Tinoco - Agu

27 - Maria Lygia Abrahão de

Carvalho - Inss

28 - Vilma Carvalho Sodré -

Incra

29 - Uilton José de Alvarenga

- Incra

Ramos - Inss12 - Norevaldo Carvalho M. de Souza - Agu13 - Mauro Fernando F.g. Camari-nha - Agu16 - Aron Gelin - Inss16 - Celina De Souza Lira - Incra16 - José Haroldo Mendes Pereira - Incra17 - Meri Mattos Pacheco - Agu19 - Ana Neri Alves da Silva - Inss19 - Maria de Lourdes Caldeira - Agu20 - Mauro Ortiz Lima - Inss21 - Edson de Paula E Silva - Incra

22 - Juracy Neiva Eulalio - Inss25 - Solon Canal Michalski - Agu25 - Suely de Aragão P. Paranhos - Uff26 - Inalda Cavalcanti Pitangueira - Inmetro

30 - Fausto Soares Barreto - M.faz31 - Mauricio de Castro G. da Silva - Agu31 - Synéa Silveira da Silva - M. saúde

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JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 16NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018 JORNAL DA APAFERJ - www.apaferj.org.br 16NOVEMBRO/DEZEMBRO • 2018

PEÇO A PALAVRA

Rosemiro Robinson S. JuniorVice-Presidente

Meus caros e fiéis leito-res: periodicamente, com imenso alarde e absoluta convicção, ilustres Economistas e Administradores pá-

trios defendem na mídia a teoria do Estado Mínimo, cuja implan-tação, segundo afirmam, seria a magnífica solução para os graves problemas que, há mui-to tempo, afligem o Estado bra-sileiro, o qual, em razão disso, não consegue sair do chamado Terceiro Mundo, vendo frustra-das todas as tentativas de se ombrear com as grandes po-tências que dominam a Econo-mia e a Geopolítica do mundo.

Eu não tive o privilégio de estudar na Escola de Chica-go, no MIT, em Harvard ou na Sorbonne, com formação aca-dêmica no Brasil, trinta e cinco anos de rica experiência na Ad-ministração Pública e haven-do lecionado por dez anos, no Centro Educacional de Nite-

rói, as matérias Administração Geral I, Relações Industriais e Administração de Pessoal, que integravam o currículo do Cur-so de Formação de Professores de Administração.

Assim, dir-se-á que será mui-ta ousadia da minha parte dis-cordar de opiniões oriundas de eminentes personalidades que estudaram no Exterior em es-colas famosas. Contudo, ainda que me tachem de quixotesco e até mesmo insano, entendo ser utópico o Estado Mínimo ou o Estado Máximo, impondo-se a adoção do Estado Necessário ou Essencial, dotado de recur-sos humanos, financeiros, ma-teriais e organizacionais sufi-cientes para manter em pleno e eficaz funcionamento a máqui-na da Administração Pública.

Com efeito, o chamado Es-tado Mínimo, que retira do Po-der Público inúmeras ativida-des, deixando-as nas mãos da iniciativa privada, poderá vir a ser um cobertor curto, insufi-ciente para atender a todas as necessidades da Administração Pública. De outro lado, o deno-minado Estado Máximo poderá agravar, ainda mais, a paqui-dermia do Estado, bem como acarretar gastos excessivos e desnecessários, desperdiçan-do-se recursos que seriam mais apropriados para o atendimen-to das crescentes demandas da Administração Pública.

Defendo aqui a incontestá-vel sabedoria do antigo axioma latino: In medio stat virtus, ou seja, a boa e eficiente Adminis-tração reside na combinação dos fatores que a compõem: re-cursos humanos, recursos ma-teriais, recursos financeiros e organização, os quais deverão

ser tratados de modo harmônico e sensato, elidindo a hipótese da ocorrência de desequilíbrio altamente danoso ao bom fun-cionamento da gigantesca má-quina da Administração Pública.

Como é notório, a implanta-ção do propalado Estado Míni-mo dependerá da privatização em massa de empresas públi-cas, acarretando, certamente, o desemprego de milhares de pessoas que se acrescenta-rão aos 12 milhões de desem-pregados existentes no Brasil. Contudo, como diz o popular provérbio: “Não se faz omelete sem quebrar os ovos”. Desde que o processo de privatiza-ções seja criterioso e preserve as atividades estratégicas, o País terá mais recursos finan-ceiros, livrar-se-á de pesada carga que onera seu orçamento e aumentará a mobilidade da Administração Pública.

É inegável que a Operação Lava a Jato desmistificou a propalada eficiência da iniciati-va privada, posto que esta, em conluio com políticos e servido-res públicos, participou ativa-mente do vergonhosos assalto aos cofres do Estado, afetando o bom funcionamento dos ór-gãos incumbidos da saúde, da segurança, da educação, dos transportes, enfim, subtraindo vultosos recursos financeiros que seriam necessários para atender à população brasilei-ra de baixa renda, bem como acarretando volumoso défi-cit nas contas públicas, o que ocorreu em todas aas áreas da Administração Pública, em nível federal, estadual ou municipal.

É um truísmo dizer que a cor-rupção é uma moeda com duas faces: corruptores e corrompi-

dos, ou seja, foi revelado, ain-da que tardiamente, o lado es-curo e criminoso de empresas privadas de grande porte, que estenderam seus pegajosos e imundos tentáculos a outros países, principalmente na Amé-rica do Sul e na África, trazen-do incomensuráveis prejuízos materiais e morais, porquanto foi grandemente enodoada a imagem do Brasil, que passou a ser berço e sede de horrenda cleptocracia.

De outra parte, quando se cogita da implantação do Esta-do Mínimo, carro-chefe do neo-liberalismo, não se deve fazer abstração das Carreiras Típicas de Estado, com status consti-tucional e sem correspondên-cia na área privada, as quais, obviamente, não poderão ser tratadas de modo genérico e açodado, tendo a vista a espe-cialíssima condição que pos-suem, a menos que se preten-da extirpá-las em homenagem à pretendida isonomia com as carreiras da área privada.

Por questão de espaço, não me estenderei com outras ob-servações, mas espero e con-fio que o novo Governo a ser brevemente empossado não se aprofunde em demasia no processo de inovação, o que poderá trazer graves e sérias consequências para o eficaz funcionamento da máquina da Administração Pública, mesmo porque, como escrevi alhures, não há exército sem soldados, cabendo aos generais o plane-jamento das batalhas que se-rão executadas pelos que se encontram na base da pirâmide hierárquica.

Ita speratur!

A Utopia do Estado Mínimo

Legum omnes servi sumus, ut liberi esse

possimus(Cícero)

“Somos todos servos das leis para que possamos ser

livres”.