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ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ Nº 195 OUTUBRO DE 2005 JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL DOS DOS DOS DOS DOS Rio de Janeir Rio de Janeir Rio de Janeir Rio de Janeir Rio de Janeiro: caem as o: caem as o: caem as o: caem as o: caem as verbas, aumenta a favelização verbas, aumenta a favelização verbas, aumenta a favelização verbas, aumenta a favelização verbas, aumenta a favelização Pág. 13 Eleições no Conselho Eleições no Conselho Eleições no Conselho Eleições no Conselho Eleições no Conselho e no Sindicato dos Economistas e no Sindicato dos Economistas e no Sindicato dos Economistas e no Sindicato dos Economistas e no Sindicato dos Economistas Pág. 15 e 16 O XVI Congresso Brasileiro de Economistas reuniu, em Florianópolis, em sua abertura, mais de 2 mil pessoas, que foram ouvir o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, o vice- presidente da República, José Alencar, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, e o presidente do Conselho Federal de Economia, Sidney Pascotto. O encontro fez um veemente chamado à sociedade brasileira para o desafio de construir um projeto nacional de desenvolvimento. Páginas 7 O desafio de construir Um Projeto Nacional

ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ O ......ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ JORNAL DOS Nº 195 OUTUBRO DE 2005 Rio de Janeiro: caem as verbas, aumenta a favelização

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ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ

Nº 195 OUTUBRO DE 2005JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL JORNAL DOSDOSDOSDOSDOS

Rio de JaneirRio de JaneirRio de JaneirRio de JaneirRio de Janeiro: caem aso: caem aso: caem aso: caem aso: caem asverbas, aumenta a favelizaçãoverbas, aumenta a favelizaçãoverbas, aumenta a favelizaçãoverbas, aumenta a favelizaçãoverbas, aumenta a favelização

Pág. 13

Eleições no ConselhoEleições no ConselhoEleições no ConselhoEleições no ConselhoEleições no Conselhoe no Sindicato dos Economistase no Sindicato dos Economistase no Sindicato dos Economistase no Sindicato dos Economistase no Sindicato dos Economistas

Pág. 15 e 16

O XVI Congresso Brasileiro de Economistas reuniu, em Florianópolis, em sua abertura,

mais de 2 mil pessoas, que foram ouvir o ex-presidente do BNDES, Carlos Lessa, o vice-

presidente da República, José Alencar, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da

Silveira, e o presidente do Conselho Federal de Economia, Sidney Pascotto. O encontro

fez um veemente chamado à sociedade brasileira para o desafio de construir um projeto

nacional de desenvolvimento.Páginas 7

O desafio de construir

Um Projeto Nacional

Page 2: ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ O ......ÓRGÃO OFICIAL DO CORECON-RJ E SINDECON-RJ JORNAL DOS Nº 195 OUTUBRO DE 2005 Rio de Janeiro: caem as verbas, aumenta a favelização

SumárioPágina 3 Leilão da ANP – A entrega do petróleo brasileiro

Página 5 Petróleo – O que justifica os preços mais altos no longo prazo?

Página 7 XVI CBE – O desafio de construir um projeto nacionalSidney Pascotto – “Não basta estabilidade. É preciso crescimento.”

José Alencar – Crescer a economia para alcançar objetivos sociais

Luiz Henrique da Silveira – Por um novo pacto federativo

Página 11 XV Prêmio de Monografia – Realismo crítico na economia

Página 13 Fórum Popular de Orçamento – Diminuem os recursos, aumenta a favelização

Página 15 Eleições Sindecon – Chapa defende mudança da realidade

Página 16 Eleições Corecon – Em defesa de um Projeto Nacional de Desenvolvimento

EDITORIAL

ÓrÓrÓrÓrÓrgão Oficial dogão Oficial dogão Oficial dogão Oficial dogão Oficial doCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJCORECON - RJ E SINDECON - RJ

ISSN 1519-7387

Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial:Conselho Editorial: Gilberto Alcântara, GilbertoCaputo Santos, José Antônio Lutterbach Soares, PauloMibielli, Paulo Passarinho, Rafael Vieira da Silva, Ro-gério da Silva Rocha e Ruth Espinola Soriano de Mello.

Editor: Editor: Editor: Editor: Editor: Nilo Sérgio GomesCorreio eletrônico: imprensa@corecon-rj.org.brReportagemReportagemReportagemReportagemReportagem::::: Rebecca RamosIlustração:Ilustração:Ilustração:Ilustração:Ilustração: AliedoCaricaturista:Caricaturista:Caricaturista:Caricaturista:Caricaturista: Cássio LoredanoDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e FDiagramação e Finalização:inalização:inalização:inalização:inalização:Rossana Henriques (21) 2462-4885FFFFFotolito e Improtolito e Improtolito e Improtolito e Improtolito e Impressão:essão:essão:essão:essão: TipológicaTTTTTiragem: iragem: iragem: iragem: iragem: 13.000 exemplaresPPPPPeriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade:eriodicidade: Mensal

Correio eletrônico: [email protected]

As matérias assinadas por colaboradores não refle-tem, necessariamente, a posição das entidades.É permitida a reprodução total ou parcial dos artigosdesta edição, desde que citada a fonte.

CORECON - CONSELHO REGIONALCORECON - CONSELHO REGIONALCORECON - CONSELHO REGIONALCORECON - CONSELHO REGIONALCORECON - CONSELHO REGIONALDE ECONOMIA/RJDE ECONOMIA/RJDE ECONOMIA/RJDE ECONOMIA/RJDE ECONOMIA/RJ

Av. Rio Branco, 109 · 19º andarRio de Janeiro · RJ · Centro · CEP 20054-900

Telefax: (21) 2103-0178 ramal 22Correio eletrônico: [email protected]

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· Conselheir Conselheir Conselheir Conselheir Conselheirososososos Suplentes: Suplentes: Suplentes: Suplentes: Suplentes: 1º terço (2005/07):1º terço (2005/07):1º terço (2005/07):1º terço (2005/07):1º terço (2005/07):Regina Lúcia Gadioli dos Santos, Arthur CâmaraCardozo, Carlos Eduardo Frickmman Young. 2º terço2º terço2º terço2º terço2º terço(2003/05): (2003/05): (2003/05): (2003/05): (2003/05): Gilberto Caputo Santos. 3º terço (2004/3º terço (2004/3º terço (2004/3º terço (2004/3º terço (2004/06): 06): 06): 06): 06): Gilberto Alcântara da Cruz, Jorge de OliveiraCamargo e Rogério da Silva Rocha · Delegado EleitorDelegado EleitorDelegado EleitorDelegado EleitorDelegado EleitorEfetivo: Efetivo: Efetivo: Efetivo: Efetivo: José Antonio Lutterbach Soares · DelegadoDelegadoDelegadoDelegadoDelegadoEleitor Suplente: Eleitor Suplente: Eleitor Suplente: Eleitor Suplente: Eleitor Suplente: Paulo Sergio Souto

SINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICASINDECON - SINDICATO DOSTO DOSTO DOSTO DOSTO DOSECONOMISTECONOMISTECONOMISTECONOMISTECONOMISTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTAS DO ESTADO DO RJADO DO RJADO DO RJADO DO RJADO DO RJ

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Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Coodenador Geral: Paulo Passarinho · CoorCoorCoorCoorCoordenadordenadordenadordenadordenadorde Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: de Assuntos Institucionais: Sidney Pascotto ·DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais:es de Assuntos Institucionais: RonaldoRangel, Ceci Juruá, Rogério da Silva Rocha, RafaelVieira da Silva, Nelson Le Cocq, Antônio Melki Jr eEduardo Carnos Scaletsky · CoorCoorCoorCoorCoordenador dedenador dedenador dedenador dedenador deRelações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: Relações Sindicais: João Manoel GonçalvesBarbosa· DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais:es de Relações Sindicais: JúlioMiragaya, Gilberto Caputo Santos, Sandra Maria deSouza, Carlos Tibiriçá Miranda, José Fausto Ferreira,César Homero Lopes, Neuza Salles Carneiro e reginaLúcia Gadioli dos Santos · CoorCoorCoorCoorCoordenador dedenador dedenador dedenador dedenador deDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e FDivulgação e Finanças: inanças: inanças: inanças: inanças: Gilberto Alcantara da Cruz ·DirDirDirDirDiretoretoretoretoretores de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Fes de Divulgação e Finanças:inanças:inanças:inanças:inanças: WellingtonLeonardo da Silva e José Jannotti Viegas · ConselhoConselhoConselhoConselhoConselhoFFFFFiscal: iscal: iscal: iscal: iscal: Ademir Figueiredo, Luciano Amaral Pereira eJorge de Oliveira Camargo.

Jornal dos

2 jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

Megafone do pensamento únicourante três dias, economistas e estu-dantes de diversos estados e diferen-tes concepções e tendências estiveram

reunidos, em Florianópolis, participando doXVI Congresso Brasileiro de Economistas.

Sob a temática geral – Políticas Públicas eDesenvolvimento: A Armadilha do Endi-vidamento Interno e Externo – foram de-batidos temas que dizem respeito à realidadebrasileira contemporânea, como investimento,crédito e taxas de juros, política cambial,financiamento à infra-estrutura, dívida públicae dívida externa, déficit público, rumos dodesenvolvimento econômico e social do país,isto é, questões que estão presentes no dia-a-dia da economia brasileira.

Contudo, apesar da importância dos temase das contribuições, o destaque dado pelamídia às discussões do Congresso restringiu-se à sua abertura, devido a presença deautoridades, como o vice-presidente daRepública, José Alencar, e o governador deSanta Catarina, Luiz Henrique da Silveira. Nosoutros dias, pouco ou nada foi publicadosobre o que aconteceu em um congresso quereuniu mais de duas mil pessoas.

O Corecon-RJ apóia e divulga o programa Faixa Livre, apresentado por Paulo Passarinho, de segundaà sexta-feira, das 7h30 às 9h, na Rádio Bandeirantes, AM, do Rio, 1360 khz.

D Não são novos os questionamentos quetêm sido feitos ao trabalho da imprensa, quenão são exclusividade do Brasil. Em outrospaíses, a mídia passa também por críticassobre a isenção dela a respeito dos fatos quenoticia. No Brasil não tem sido diferente,embora seja motivo também de destaque opapel que a imprensa vem cumprindo no país,na consolidação da democracia e nas de-núncias de corrupção, cujos exemplos vãodesde o período da ditadura, passando peloimpeachment de Collor até os dias atuais.

Um dos questionamentos mais atuais à mídiaecoou em diversos painéis do XVI CongressoBrasileiro dos Economistas. É exatamente o fatode ela servir como megafone do pensamento único,seja através de seus colunistas, seja mesmo atravésdas escolhas de suas coberturas. O Congresso dosEconomistas deixou inúmeras contribuições, desdecríticas à política econômica atual até apoios a estapolítica e propostas alternativas ao modelo.

Nesta edição e na próxima, sem a pretensãode abranger toda a cobertura possível a umevento desta natureza, o JE publicará parte dascontribuições e dos debates que marcaram oCongresso de Florianópolis.

“O cr“O cr“O cr“O cr“O crescimento da economiaescimento da economiaescimento da economiaescimento da economiaescimento da economiaé também um meio para queé também um meio para queé também um meio para queé também um meio para queé também um meio para que

se alcancem os objetivos sociais”se alcancem os objetivos sociais”se alcancem os objetivos sociais”se alcancem os objetivos sociais”se alcancem os objetivos sociais”

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3jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

LEILÃO DA ANP José Vilhena*

nquanto o mundo discutesobre o setor petróleo, noBrasil ele é tratado como

uma “commodity”. E o GovernoFederal põe em leilão, pela sétimavez, nossas bacias sedimentares.Estamos entregando nossoscampos, pesquisados e mapeadospelos técnicos da Petrobras, parapetrolíferas estrangeiras. Com aaprovação da Lei 9478/97, du-rante o governo Fernando Henri-que Cardoso, estas empresaspassam a ser proprietárias dopetróleo, após a sua extração, epodem exportá-los. Isso significaque o Brasil passará a serimportador do seupróprio petró-

A entrega dopetróleo brasileiro

Você sabia que a ex-tração do petróleo noBrasil custa US$ 4,5e, com impostos e roy-alties, chega a US$13,5? Que na ArábiaSaudita o valor da ex-tração é de US$ 2,5?Sendo assim, por queos preços internacio-nais chegam a quaseUS$ 70? E por que ofaturamento da Shell émaior que o PIB daVenezuela e o da Ex-xon Móbil, em 2003,foi maior do que o or-çamento do Brasil, Ca-nadá, Espanha, Suéciae Holanda?

leo, pagando a cotação do mer-cado internacional. Especialistasindependentes advertem que opico do preço do barril de petró-leo deve ocorrer por volta de 2010,quando deve chegar a US$ 100.

Como bem essencial para aeconomia, se as autoridadesbrasileiras não tiverem controlesobre o petróleo o país sofrerádanos irreversíveis no seu desen-volvimento. Além disso, o Go-verno Federal, para atender a umasolicitação do Ministério daFazenda, vem exportando opetróleo, a despeito de o Brasilnão ter geologia para ser país

exportador. Mesmo assim, opetróleo é hoje o principal

item de exportação do país.O planejamento estra-

tégico da Petrobras pre-vê exportação de 522

mil barris de petró-leo por dia, entre

2006 e 2010, vo-lume que co-

locaria o paísno mesmonível de al-

guns membrosda Organização dos

Países Exportadores dePetróleo (Opep), como oCatar e os Emirados Ára-bes Unidos, e acima doIraque, cujas exportações

estão prejudicadas pela guerra. OCatar, por exemplo, exporta hoje541 mil barris de petróleo por diae os Emirados Árabes Unidos,514 mil barris por dia. Já o Iraque,cujas exportações foram redu-zidas desde a primeira invasãoamericana, no início dos anos 90,

vende ao mercado externo 389mil barris de sua produção diária.

Segundo dados divulgadospela Petrobras, a empresa estaráproduzindo, no Brasil, 2,3 milhõesde barris por dia, em 2010. Destetotal, 1,71 milhão serão destinadosàs refinarias da Petrobrás e outros68 mil barris serão vendidos paraoutros refinadores no Brasil. Os522 mil barris restantes serãoexportados. No segundo trimestredeste ano, quando apresentou seu“melhor desempenho” no comér-cio internacional, a empresaexportou 343 mil barris de petró-leo por dia. Em 2004, foram 181mil barris de petróleo por dia, oque significa que a empresa vemaumentando a venda de petróleo.

O exemplo do México

É bom lembrar o exemplo doMéxico. O presidente VicenteFox empenhou o petróleo mexi-cano em garantia da dívida eacabou dilapidando três quartosde suas reservas. Resultado: em1995, o México tinha reservas de50,78 bilhões; em 2003, elascaíram para 12,62 bilhões. “Istopode acontecer no Brasil se oatual governo continuar com suapolítica de exportação. É precisopreservar ao máximo as reservaspara dar tempo de desenvolverenergias alternativas ao petróleo,que demandam 25 anos parasubstituí-lo”, alertou o diretor deComunicações da Associação dosEngenheiros da Petrobrás (Ae-pet), Fernando Siqueira.

Ele critica a flexibilização domonopólio estatal do petróleo

E

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como uma política antinacional.“Antes de o monopólio serquebrado, a Petrobras já declara-va em seu balanço reservas de 17bilhões de barris (provadas,prováveis e possíveis). Hoje asprováveis se transformaram emprovadas e a produção aumentoudevido aos investimentos an-teriores. A quebra do monopólionão ajudou em nada a Petrobras.Pelo contrário, atrapalhou mui-to”, afirma Siqueira.

Nem mesmo a informaçãode que a f lexibilização iriadiminuir o preço dos combus-tíveis e abrir novos postos de tra-balho foram confirmadas. Opreço subiu e as empresas quese instalaram no país trouxerammão-de-obra estrangeira.

A Aepet junto com outrasentidades lançaram a campanha pa-ra a convocação de um plebiscitopara decidir sobre uma políticanacional para opetróleo, naqual

haveria nova-mente o debate entre os naciona-listas e os entreguistas.

Segundo o presidente daAepet, Heitor Pereira, as elitesbrasileiras tratam o petróleocomo se fosse uma mercadoriaqualquer. “O petróleo está sendoo principal item nas exportaçõesbrasileiras, seguido pela soja. Aexportação de matérias-primas éuma política tipicamente colonial.Há uma diferença muito grandeentre petróleo e soja: petróleo éenergia, é vida que movimenta anação. Petróleo, portanto, é umbem estratégico para a sobre-vivência do Brasil”, diz Pereira,acrescentando que a Shell estáexportando 72 mil barris diários

do petróleo fino do país, na Baciade Campos. “Essa situação revelaque o nosso governo não temnada de Brasil”, afirma.

O presidente da Aepet destacaque há muito tempo o impérioanglo-saxão vem cobiçando asreservas de petróleo no Brasil,mesmo de forma sub-reptícia,quando afirmavam que o país nãotinha petróleo, com claro objetivode mantê-lo escravo das pesquisasdeles. No entanto, os brasileiros,impulsionados pela épica campanha“O Petróleo é Nosso”, desmen-tiram essas afirmações e implan-taram, em 1953, o monopólio estataldo petróleo, desenvolvendo a Petro-bras e as escolas de geologia, semprecisar de nenhum dinheiro estran-geiro para essa tarefa.

Nesse sentido, a Petrobras,como destaca Heitor Pereira, setornou uma das maiores empresaspetrolífera do mundo, com umaprodução diária de mais de doismilhões de barris de petróleo pordia. “Essa produtividade da Petro-bras não é mérito dos neoliberaisde plantão, através da imple-mentação da Lei 9478/97, comoquerem fazer crer. O crescimentoda produção se deve ao esforçodos brasileiros, desde 1953, quedesenvolveram a empresa semnenhum recurso estrangeiro. Emais: a Petrobras impulsionou aconstrução da indústria de base,importante no suporte às desco-bertas de petróleo, esforço exer-cido por brasileiros, também semrecursos estrangeiros”.

Governo beneficiamultinacionais

A Lei 2004/53, que instituiu omonopólio estatal do petróleo,determinava que as ações daPetrobras só podiam ser adquiridaspor pessoas físicas, brasileirosnatos, ou entidades de direitopúblico, ou aquelas que a Uniãotivesse seu controle acionário. Nãopodia, portanto, ter estrangeiros

adquirindo ações, e assim a Pe-trobrás cresceu, se tornando agrande empresa que é hoje.

O lobby das petrolíferas estran-geiras tem resistido a qualquerpolítica em benefício do país. Ogeólogo João Victor Campos, quedescobriu a grande reserva deMajnoon, no Iraque, quando aPetrobras tinha contratos comaquele país, revelou a estratégia dogoverno para entregar os melhorescampos mapeados pela Petrobrasàs multinacionais estrangeiras. Em1995, como havia a possibilidadeda quebra do monopólio estatal eda criação da Agência Nacional doPetróleo (ANP), a Petrobrasdeslocou a maior parte do seucorpo técnico (inclusive dos distri-tos) para trabalhar na seleção dosmelhores blocos. Foram selecio-nadas 133 áreas/blocos, distribuí-das em 21 das principais baciasbrasileiras, com 251 prospectospassíveis de serem exploradas.

“Estranhei que, logo após aremessa para o Ministério de Minase Energia da primeira levas dosrelatórios, estes retornaram com aimposição de haver a substituiçãoda terminação “deve ser cedido àPetrobras, conforme requisitado”por simplesmente “tratar-se de umprospecto exploratório”. Issosignificou que estavam retirando daPetrobras o direito de recorrer àJustiça, na eventualidade de se verprejudicada nas suas aspiraçõescom respeito às áreas requisitadas”,revelou João Victor, que participoudo grupo contratado para procedera análise técnico-econômico dasáreas requisitadas pela Petrobras.

Segundo ele, o Ministério nãose interessou mais pelas áreasamarelas e, sim, pelas requeridaspela Petrobras (azuis), devido aoseu potencial petrolífero. “E porquê? Já tinham o que queriam”,acrescentou João Victor. Com ainformação privilegiada, a ANPpôde inaugurar as rodadas delicitações, leiloando o petróleobrasileiro. João Victor revelou que,

desde a primeira licitação, e nassubseqüentes, muitos dos blocosrequisitados pela Petrobras, paraexploração direta, foram oferecidosno todo ou em parte às companhiasparticipantes. Segundo ele, ointeresse já era leiloar as nossasmelhores áreas para os estran-geiros, sem que houvesse qualquercontestação. Conhecedor da geo-logia brasileira, João Victor tam-bém é um ferrenho crítico da po-lítica do Governo Federal deexportar o petróleo. “Não somosuma Arábia Saudita para serexportador de petróleo”.

A questão do gás

Apesar de ter condições deinvestir sozinha no desenvolvimen-to da produção de gás, na qualcorreu os riscos de pesquisa, a di-reção da Petrobrás está entregan-do parte do Campo de Mexilhão,na Bacia de Santos, com indício degrande reserva. O acordo de doa-ção foi assinado em janeiro e vinhasendo guardado a sete chaves. Apossibilidade de uma multinacionalestrangeira entrar na janela irritouo corpo técnico da empresa, queconsidera um equívoco entregar aum parceiro estrangeiro um campono qual se estima terem sido inves-tidos cerca de US$ 300 milhões esobre o qual a Petrobras detém100% dos direitos exploratórios.

Segundo avaliação dos técnicosda companhia, somente com oaluguel de equipamentos de per-furação a Petrobras já gastou cercade US$ 285 milhões na área. Alémda Repsol, outras multinacionais,como a Shell, estão de olho grandeneste campo gigante. Isto aconteceno momento em que o gás é consi-derado o combustível do séculoXXI. “O Governo Federal teminterferido indevidamente a umapolítica antinacional desenvolvidapela atual direção da Petrobras”,acusou Fernando Siqueira.

* Jornalista

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5jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

PETRÓLEO Rafael Resende Pertusier*

forte crescimento econômico mundial,em 2004, concomitantemente à forteelevação dos preços do petróleo, sugere

uma surpreendentemente baixa elasticidade-preço da demanda. Tal constatação deriva daestrutura dos mercados desenvolvidos e emdesenvolvimento: (i) nos países desenvolvidos,observou-se, desde os choques do petróleo,uma forte concentração da demanda no setorde transportes. Esta mudança decorreudas políticas de substituição e eficiênciaenergética, que surtiram maiores efeitosnos setores industrial e de geração elétrica,uma vez que o setor de transportes contacom poucas alternativas aos combustíveistradicionais, conseqüentemente com umademanda menos elástica aos preços.Assim sendo, a demanda total porderivados nesses mercados tornou-seestruturalmente menos elástica aos preços.Por certo, foi necessária a ocorrência deforte elevação nos preços do petróleo paraque as análises de projeção atentassem aesta dimensão da sustentabilidade nolongo prazo; (ii) os países em desen-volvimento, por sua vez, passam por umafase energo-intensiva do crescimentoeconômico, têm suas economias voltadaspara o comércio externo e apresentam, como aumento da renda disponível, altas taxasde aumento da motorização da população.Configura-se, com isso, uma situação deforte demanda por derivados de transportee insumos industriais. Destaca-se, nessecontexto, o aumento do consumo depetróleo da China, o qual corresponde a maisde 30% do incremento global desde 1999,tal como no gráfico 1.

O que justifica preçosmais altos no longo prazo?

O ano de 2004 foi atípico para a indústria do petróleo em sua história. Pela primeira vez desdeos choques do petróleo da década de 70, observou-se uma vertiginosa elevação dos preçosinduzida, predominantemente, por fundamentos de mercado, e não apenas por fatores geo-políticos, como em 1973, 1979 e 1990. Ao mesmo tempo, a percepção de que alguns dosindutores desta alta são de caráter estrutural, dá sustento à idéia de que um novo patamar depreços está se configurando como tendência de longo prazo.

Segundo levantamentos da AgênciaInternacional de Energia (AIE) e de impor-tantes centros de pesquisa energética, a análisedo comportamento do mercado em 2003 e2004 sugere que preços entre US$ 15 e US$35 por barril não induziriam forte impactona demanda por petróleo. Estudos da Agênciaapontam para um impacto de apenas 0,5ponto percentual no crescimento econômico

global, a partir de uma elevação dos preçosdo petróleo da faixa dos US$ 25 para US$ 35durante dois anos consecutivos. Desta forma,existe a possibilidade de manutenção dospreços em patamares mais elevados que amédia histórica, sem grandes conseqüênciassobre substituição e eficiência energética.

Poder de compra do dólar

Um dos importantes indutores dos preçosé a depreciação do dólar. Do lado da demanda,a perda de valor da moeda norte-americana entre

2001 a 2004 ajudou a atenuar os efeitos doaumento do valor do barril sobre o consumode importantes mercados, como Europa e Japão.Além disso, o controle dos preços pelo governona China e os subsídios em grande parte dospaíses em desenvolvimento (a despeito de seucrescente custo fiscal) também vêm a amortecero efeito da alta do preço do barril sobre oconsumo, que permanece aquecido.

Mais interessante é observar os efeitosdo dólar do lado da oferta. Haja vista que78% da pauta de importação dos países daOPEP são denominados em euros e ienese suas receitas de exportação de petróleosão denominadas em dólares, a perda devalor desta moeda nos últimos anosrepresenta uma deterioração dos termos detroca da OPEP, o que a torna disposta auma defesa de preços mais elevados comoforma de sustento ao poder de compra deseus barris de petróleo.

A suspensão da banda da OPEPvigente de 2000 a março de 2004 (entreUS$ 22 e US$ 28 / bbl para a cesta depetróleos da Organização), sinaliza, por

isso, o fim das discrepâncias entre a políticaoficial e aquela praticada pela OPEP. Até oprimeiro trimestre de 2004, os preços dopetróleo estavam alinhados com uma bandade preços “informal”, ajustada para compen-sar o efeito da deterioração dos termos de trocada OPEP, embora já significativamente acimada banda oficial. Durante o restante do ano,entretanto, os preços permaneceram nitida-mente acima mesmo desta banda ajustada,demonstrando que os objetivos de preços daOrganização previamente estabelecidos nãomais refletem a realidade do mercado.

O

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6 jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

Mesmo que o dólar venha a se apreciar(como vem ocorrendo em 2005), é bastanteimprovável que os países membros da OPEPabram mão da apropriação de renda que vemsendo registrada há dois anos, até porque seconstatou a capacidade da economia osabsorver sem maiores impactos na demanda.Atente-se ao fato de que a maior parte dessasreceitas é direcionada ao custeio dos gastosfiscais de governos com fraco apoio populare que enfrentam a emergência de movimentosextremistas, em meio ao desemprego cres-cente da população mais jovem. Os países daOPEP muito dificilmente reduzirão seusinvestimentos sociais ao mesmo tempo emque aceitarão preços do petróleo mais baixosem função de uma apreciação do dólar.

não se espere o pico da produção mundial nocurto prazo, nota-se que importantes áreasprodutoras já o atingiram. Portanto, novosinvestimentos são necessários, a maior partedos quais, segundo a AIE, para compensar odeclínio natural dos campos já existentes.

Neste contexto, observa-se com alarme queos investimentos no upstream das grandesempresas, mesmo mais elevados, não têmaumentado em linha com os preços do petróleo.O grande aumento dos dispêndios na produçãode petróleo diz respeito à inflação dos custos dedesenvolvimento dos projetos existentes.

Logo, vale analisar se o aumento doscustos no upstream em relação aos anos 90 (adespeito dos avanços tecnológicos) é predo-minantemente estrutural (dizendo respeito ao

no preço requerido do barril sob a ótica dosagentes privados, conforme tabela 1.Entender se este aumento nos custos éestrutural (permanente) ou conjuntural(passageiro) possibilita inferir sobre um novopreço mínimo para o longo prazo.

Dada a importância da OPEP no merca-do, vale dizer que o panorama atual não decorrede políticas de restrição de produção eadministração de preços artificiais; ao contrário,no trade-off histórico que a OPEP, de formamal ou bem-sucedida, sempre enfrentou, existea ciência de que preços persistentementeelevados geram redução de demanda (ainda quenão na intensidade dos anos 70, posto quegrande parte da substituição energética já foifeita) e posterior pressão por queda nos preços.

A expectativa de incapacidade daprodução não-OPEP em atender a demandaincremental fortalece, nesse sentido, a posiçãoda OPEP. Com a necessidade de investi-mentos para atender um crescimento dedemanda de aproximadamente 2% a.a.,segundo diversos analistas, a indústria depetróleo corre o risco de operar, na próximadécada, cœteris paribus, em um ambiente semsignificativo excesso de capacidade, o quetende a conferir aos preços um prêmio de ris-co, haja vista a instabilidade geopolítica globale a possibilidade de interrupção de forne-cimento de um importante país produtor.

Conclusão

A dinâmica recente do mercado de petróleopode ser considerada atípica, pela permanênciade preços elevados sem a ocorrência dechoques de oferta e pouco impacto sobre ocrescimento econômico. A volatilidade dospreços é uma característica inerente ao mercadode petróleo, mas a identificação de tendênciasestruturais ao longo dos últimos anos permiteassumir que há condicionantes de sustentabili-dade de um patamar mais elevado para o preçodo petróleo no longo prazo. Picos e vales conti-nuarão a dar a forma da curva de preços de ummercado que tende a reagir com extrema sen-sibilidade aos fundamentos, mas pode-se, comsegurança, esperar uma média de preços acimados valores observados na década anterior.

* Mestre em Economia IE-UFRJ1 O grande crescimento da produção de petróleo não-OPEPem 2005 e nos próximos anos é derivado de projetos já emcarteira antes do recente aumento dos preços, não refletindo,portanto, uma maior sensibilidade da produção ao ambientede preços elevados.

Tabela 1: Aplicação da Fórmula de Adelman* (preços atuais)

* Preço = Custo Exp&Des x Estrutura de Custos Estrutura de Custos[1 + (Taxa Retorno/Depleção)] Anos 90 Atual+ Custo ExtraçãoCustos de Exploração eDesenvolvimento (US$/bbl) US$ 5,0 / bbl US$ 9,0 / bblCustos de Extração (US$/bbl) US$ 4,0 / bbl US$ 5,5 / bblRetorno antes dos Impostos (meta, em %) 20,0% 20,0%Taxa de Depleção de Reserva (% ao ano) 10,0% 10,0%Preço Mínimo Requerido US$ 19,0 / bbl US$ 32,5 / bbl

Fonte: Petroleum Industry Research Associates, Credit Suisse First Boston, Bloomberg

Produção de petróleo não-OPEP

Diversos fatores apontam para umapossível redução das taxas de crescimento daprodução não-OPEP

1

, o que viria a dotar aOPEP, no futuro, de maior poder de mercadona administração dos preços do petróleo. Omais notável indutor da desaceleração daprodução não-OPEP e de maior impacto nocurto prazo é a evolução da produção daRússia, que, depois de cinco anos de extraor-dinário crescimento, começa a dar sinais dearrefecimento. Estruturalmente, nos demaispaíses, destacam-se: o aumento dos custos deexploração e desenvolvimento; a inexistênciade novas grandes descobertas; a revisão dereservas por parte de algumas grandesempresas; e o não cumprimento das metas deexpansão de produção.

De uma forma geral, esses fatores resultamda falta de acesso das grandes empresasintegradas de petróleo (com disponibilidade derecursos financeiros) às reservas com maiorpotencial de expansão, predominantementelocalizadas no Oriente Médio. Por mais que

fato de a fronteira exploratória estar sedirecionando a áreas de mais alto custo, comoo offshore ultra-profundo) ou conjuntural(induzida pela alta de commodities como aço ecimento). Não apenas isto, mas o aumentoda participação de petróleos não-convencio-nais no total da oferta global ao longo dapróxima década, por si só, já representaria umexpressivo fator de elevação dos custos dopetróleo não-OPEP.

Produção de petróleo OPEP

Preços do petróleo devem estar acimados custos de exploração, desenvolvimentoe produção, pois as empresas necessitamgerar caixa para investimentos para com-pensar a taxa de esgotamento das reservas.Destarte, ao se considerar o aumento decustos, a aplicação de métodos quantitativospara a definição de um preço necessário àobtenção de uma taxa de retorno de 20% naatividade de lavra de petróleo produzresultados que apontam para um aumentode cerca de US$ 13,5 / bbl (em valores reais)

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XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMISTAS

O desafio de construir umprojeto nacional

A chamada à sociedade,aos seus mais amplossetores e classes, para odesafio de construir umprojeto nacional de desen-volvimento, livre das a-marras do modelo neoli-beral que permanece emcurso, foi o tom predomi-nante no XVI CongressoBrasileiro de Economis-tas, que se realizou emFlorianópolis, entre quatroe sete de outubro último.

professor Carlos Lessa, ex-presidentedo BNDES, falou na abertura doCongresso, que contou com a pre-

sença do vice-presidente da República, JoséAlencar, o governador de Santa Catarina,Luiz Henrique da Silveira, e de vários po-líticos e representantes de entidades da so-ciedade civil, além de economistas e estu-dantes que lotaram o amplo auditório doCentro Cultural e de Eventos da Univer-

sidade Federal de Santa Catarina, com maisde duas mil pessoas.

Lessa atacou os desequilíbrios da econo-mia brasileira, em especial, a concentração derenda no setor financeiro e a falta de umprojeto nacional; o excessivo superávit pri-mário, quando faltam recursos para atender apopulação; e a “absurda taxa de juros” quesangra, através da dívida pública, a economiado país. Porém, o discurso que mais empolgoua platéia foi o do presidente do Cofecon,Sidney Pascotto, que falou antes.

“Para nós, economistas, não basta apre-sentar resultados de estabilidade. Nós que-remos que isto seja casado com crescimento,com dinâmica da economia”, disse Pascotto.Ele insistiu que não basta dizer que a economiaestá estável se milhões de pessoas estãodesempregadas e há gente passando fome.“Estão transformando os países pobres daAmérica Latina e o Brasil, em particular, emuma situação vivida pelos meus ancestrais.Estão transformando uma parcela substancialda população desse país em escravos”, afirmou.

Nesta e na próxima edição estaremospublicando algumas das contribuições e osdiscursos de abertura do XVI Congresso, deforma resumida e editada. Iniciamos comPascotto, o vice-presidente José Alencar e ogovernador Luiz Henrique.

OLessa, Pascotto, Alencar e Luiz Henrique na abertura do congresso

João Paulo de AlmeidaMagalhães recebe das mãosdo vice-presidente JoséAlencar, na aberturado XVI Congresso Brasileirode Economistas,a condecoração dePersonalidade Econômicado Ano, conferida peloConselho Federal deEconomia.

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sse congresso para nós tem

um significado muito espe-

cial. Nós estamos há 20 anos

com um debate econômico inter-

ditado. A mídia impressa e falada

funciona como o grande veículo

de hegemonia da idéia de que a

política econômica deste país, e

que vem sendo executada nos

últimos 15 anos é a única possível.

E o que a gente observa é que, ano

a ano, nós ficamos presos a uma

mesma lógica, a do “amanhã eu

vou”. Ou seja, vamos apertar hoje,

que o aperto de hoje é porque ano

que vem vai ser melhor. Mais um

aperto esse ano porque o ano que

vem vai ser melhor. E nessa

trajetória estamos há 25 anos com

uma taxa de crescimento de 2%.

Um país que coloca, anual-

mente, no mercado de trabalho,

perto de 1 milhão e 600 mil de

trabalhadores precisaria estar

crescendo, no mínimo, a 4%,

4,5%, 5% ao ano, como dizem os

estudiosos. Mas não é só isso. A

inquietação dos economistas vem

também com uma outra trinchei-

ra, e que trincheira? É a de

quando a gente olha a falta de

perspectiva de mobilidade na

nossa sociedade. Isso nos inquie-

ta. Por onde a gente passa, a gente

sai batendo na mesma tecla. Eu

sou do interior do estado do Rio

de Janeiro, de uma cidade de

predomínio dos cortadores de

cana. E nas conversas dos traba-

lhadores, na hora do lazer, da “pe-

lada”, o que eu ouvia, quando me-

nino era: “eu quero que meu filho

aprenda uma profissão para que

ele tenha uma vida melhor que a

minha”; outro queria que o filho

fizesse o Senai, pois iria ter pelo

menos a quarta série, e com a

quarta série e com a profissão

XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMISTAS

“Não basta estabilidade. É preciso crescimento”

Sidney Pascotto

É por isso que o país está paralisado: nãotem geração de emprego porque o sistemafinanceiro não dá emprego, ele só con-centra renda e riqueza. E é isso que nósprecisamos superar, é esse o nosso desafio

E também teria a perspectiva de mo-

bilidade social. Os mais ousados

queriam que o filho fizesse uma

escola técnica e os mais ousados

ainda queriam que os filhos che-

gassem à universidade. Para esses,

a perspectiva de mobilidade social

estava completamente assegurada.

Qual é o grande transtorno que

bate nos trabalhadores, hoje, e que

bate na porta dos economistas, na

casa da família brasileira? É que

hoje a gente não tem mais o que

falar para os nossos filhos, porque

aprender uma profissão não é mais

garantia que se terá emprego. Se

vai para a universidade, continua

desempregado. Quando ouço que

a política econômica vai bem, que

a estabilidade está colocada, eu

pergunto: para quem? E amanhã...?

O que existe é um sentimento

de violência, de exclusão. E aí, nós,

economistas, formados principal-

mente pelas universidades públicas

do país e por algumas instituições

particulares que ainda têm o ensino

como um instrumento de transfor-

mação da sociedade, e não como

mercadoria, para nós não basta a-

presentar resultados de estabilida-

de. Não basta. Nós queremos que

isto seja casado com crescimento,

com dinâmica da economia, e é

esse o debate que vamos fazer.

Não viemos aqui para fazer

oposição a quem quer que seja,

não é um congresso de oposição

para fazer oposição. Mas é um

congresso que combate as políti-

cas que são nocivas aos interesses

da sociedade brasileira. É um

congresso que pensa em dar re-

cado, em chamar a atenção de

quem, talvez, esteja mal acom-

panhado... É um congresso que

está preocupado, que está insis-

tindo em uma tecla: não adianta

ficar usando o superávit primário

para pagar dívida, enquanto isso,

manter o estado de precariedade

que a gente está assistindo; a saúde

do jeito que está; as universidades

sem dinheiro, sem reajuste para os

professores, sem dinheiro para

pesquisa. As universidades estão

completamente desaparelhadas.

Essa não é a política econô-

mica para esse país. Por onde

tenho passado, tenho chamado a

atenção: estão transformando os

países pobres da América Latina

e o Brasil, em particular, em uma

situação vivida pelos meus an-

cestrais. Estão transformando

uma parcela substancial da popu-

lação desse país em escravos. E o

pior: alguns setores da grande

indústria são de pessoas que cons-

truíram seus bancos, deixaram de

bater na perspectiva de ter uma

política industrial, com políticas

de financiamento, de expansão

dos recursos. O mesmo vale para

o setor do comércio. São várias

as lojas e grupos que não vivem

mais do comércio e, sim, da

especulação financeira.

É por isso que o país está

paralisado: não tem geração de

emprego porque o sistema finan-

ceiro não dá emprego, ele só

concentra renda e riqueza. E é isso

que nós precisamos superar, é esse

o nosso desafio e o compromisso

do Conselho Federal de Economia

e dos Conselhos Regionais. Nós

estamos diante do desafio de

ajudar a construir um projeto

nacional de desenvolvimento.

Presidente do Cofecon

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9jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

bom saber que aqui estão as

mais diversas correntes do

pensamento econômico, os

mais competentes e conceituados

profissionais brasileiros voltados

para encontrar, na troca de idéias,

informações e experiências das

opiniões divergentes e do nivela-

mento do conceito Novos Rumos

de Desenvolvimento Econômico e

Social para o Brasil. Um país com

as dimensões do nosso, com a po-

pulação que já caminha para 200

milhões de habitantes, não deve

privilegiar uma corrente única de

pensamento. Não pode se ocultar

de um debate econômico amplo,

sob pena de entrar em descompas-

so com a dinâmica do mundo atual.

Vê-se que aqui há muitos

estudantes, jovens que se preparam

para entrar no mercado de traba-

lho. Se não oferecermos pers-

pectivas, se tolhermos seus anseios

de crescimento pessoal e profis-

sional, estaremos condenando-os

à imobilidade econômica e social,

com todos os seus perigosos des-

dobramentos. Manifesto, por isso,

minha confiança nesse debates e

nas trocas de idéias.

Este é o discurso que trouxe para

vocês. Mas há momentos em que

não temos como deixar de abordar

algumas questões que nos preo-

cupam. O Brasil é um país, real-

mente, dos mais ricos do mundo em

recursos naturais e humanos. São

pouquíssimos países que podem se

comparar ao Brasil. Por exemplo: os

cinco países de maior extensão

territorial do planeta – Rússia, China,

Canadá, Estados Unidos e Brasil –

nenhum deles possui terra, água e

sol como o Brasil. O Brasil possui o

maior volume de água doce do pla-

neta, terras aráveis em grande exten-

são e fotossíntese que os especialistas

do exterior, quando aqui chegam, fi-

cam realmente admirados e com ra-

Crescer a economiapara alcançar objetivos sociais

José Alencar

zão. Do ponto de vista de recursos

humanos, também, o Brasil é muito

rico porque o brasileiro é bom, é pa-

cato, trabalhador, inteligente, versátil.

O Brasil é um país riquíssimo.

O que é a economia

Falando para economistas,

precisamos lembrar do verdadeiro

significado do que seja a economia

de um país, porque há muito tempo

que a economia é o Ministério da

Fazenda, o Banco Central, o Minis-

tério do Planejamento, Agricultura

ou da Indústria e do Comércio. E

economia não é isso. Economia

significa os meios econômicos que

conta o país, seja ele qual for. Esses

meios econômicos ou força eco-

nômica ou esse poder econômico é

representado pelo setor primário,

secundário, terciário e pela infra-es-

trutura. Isso que é economia de qual-

quer país: agricultura, pecuária, mi-

neração, indústria, comércio, turismo,

serviços; energia elétrica e transportes,

que são itens da infra-estrutura e isso

que é economia de um país.

O crescimento da economia é

também um meio para que se

alcancem os objetivos sociais. Não

temos tido recursos suficientes para

resolver os problemas. Quando

viajamos pelo interior, por exemplo,

no meu estado de Minas Gerais, é

muito comum chegarmos a uma

cidade e ver no largo principal passar

um esgoto a céu aberto, crianças

jogando bola, e a bola cai naquele

esgoto. Então, não estamos cuidando

preventivamente da saúde pública.

E o prefeito precisa de algumas

saídas, mas não tem recursos. Por

que? Porque os recursos estão con-

centrados na esfera da União. Pre-

cisamos desenvolver a federação,

levar condições para que os estados

e municípios e, especialmente, os

municípios que estão mais próximos

das pessoas e das famílias, tenham

recursos suficientes para cuidar

daquilo que significa providências

emergenciais para vida.

Nós, hoje, por exemplo, conde-

namos a política monetária e eu me

permito relembrar que criticar a

política monetária não signi-

fica que esteja aplaudindo

uma política econô-

mica irresponsá-

vel, do ponto de

vista fiscal. Eu

não abro mão

da responsabili-

dade fiscal que

significa responsa-

bilidade orçamentária

e justamente por isso eu

condeno a taxa básica de juros

que, no Brasil, se chama Selic.

E por que eu a condeno?

Porque ela está errada, situada em

patamar 10 vezes superior a

média internacional. A

taxa média de 40 países

levantada pela Globo Invest é da

ordem de 1,5% ao ano. A nossa taxa

básica, real, é de 14% ao ano! Se

pegarmos apenas os países desen-

volvidos, essa taxa se situa abaixo

de 1% (0,6% a 0,7% ao ano) porque

há vários países que estão prati-

cando taxas básicas, reais negativas.

E se falarmos dos países em

desenvolvimento ou emergentes,

como é a linguagem usada pelos

institutos, temos uma taxa de 2,2%

ao ano, o que significa que a nossa

é mais de seis vezes maior.

Nós gastamos, em 2003, R$ 145

bilhões em juros; em 2004, R$ 128

bilhões; em 2005, as previsões são

de R$ 152 bilhões. A soma dos três

anos ultrapassa R$ 420 bilhões. Se

pagássemos a metade da taxa

nominal que pagamos, nesses três

anos, teríamos feito uma economia

de R$ 210 bilhões, e isso seria sufi-

ciente para que cuidássemos do

ensino básico, como nunca se pre-

cisou tanto no nosso país. Cuidar

também do reapa-relhamento das

nossas universidades, da saúde pú-

blica, saneamento básico, das estra-

das que acabaram, dos portos, ae-

roportos, ferrovias, hidrovias. Ou

seja, esses recursos seriam sufi-

cientes para suprir, mas nós estamos

teimando com essas taxas de juros.

Razões do pífio crescimento

Eu jamais critiquei as taxas do

mercado bancário nacional, porque

o cidadão que produz e leva a sua

duplicada para descontar no banco

e paga as taxas de 2,5% a 3% ao mês,

ele é um irresponsável porque não

pode pagar essa taxa, pois não há ne-

nhuma atividade produtiva que seja

possível remunerá-lo. Ele tem que

compatibilizar o seu crescimento aos

É

Vice-presidente da República

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10 jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

uando o presidente (do

Cofecon) Sidney Pascotto

fez seu pronunciamento

sobre uma sucessão de promessas

e esperanças irrealizadas, lembrei

de fotografia social consagrada na

poesia de Chico Buarque: “Pedro

Pedreiro, penseiro, esperando o

trem.(...) E a mulher do Pedro está

esperando um filho, para esperar

também”. Será que não vamos dar

aos nossos filhos e aos nossos

netos uma nova perspectiva?

Há muito tempo escuto que o

Brasil é uma das maiores economias

do mundo; e que tem um povo cujos

indicadores de desenvolvimento, há

muito tempo, estão abaixo de países

da África subsaariana. Tenho me

perguntado, ao longo dessa luta pela

democracia não apenas formal, mas

uma democracia social, por que

ficou esse muro entre o econômico

e o social em nosso país.

Quero sugerir que reflitam

sobre essas perguntas. Por que o

Brasil tem alguns nichos de ri-

quezas e muita pobreza? Por que

temos alguns “brasis” desenvol-

vidos e tantos “brasis” subde-

senvolvido; alguns “brasis” ri-

quíssimos e outros paupérrimos?

Como é que pode um país capaz

de liderar mundialmente um software

de computação financeira, bancária,

de gerencialmente industrial, um país

capaz de produzir aviões a jato, que

são disputados pelas maiores empre-

sas de aviação do mundo; como

pode um país que já construiu, em

parceria com os chineses, dois

satélites de observação, que vence

concorrências internacionais, con-

quista mercados de tecnologia de

fronteiras, como a bioquímica, biotec-

nologia, e país que está à frente com

Inglaterra e EUA na pesquisa para

decifrar o mistério do genoma, que

vai evitar que doenças degenerativas

das células, como o câncer, se expan-

dam – como é que pode esse índice

Por um novo Pacto Federativo

Luiz Henrique da Silveira

de desenvolvimento tão vergonhoso?

O presidente Pascotto fez um

diagnóstico sobre a questão econô-

mica; o presidente José Alencar vive

criticando a política de juros. Mas

acrescentaria o fator que, na minha

opinião, é mais determinante da ex-

clusão social, da criminalidade, de-

terminante para que tenhamos esses

bisonhos indicadores sociais. O Bra-

sil é assim, continuou assim depois

da Constituinte, das Diretas, do im-

peachmant, porque é o país que se pen-

sa governar de Brasília. É um país

continental, com diferenças fantásticas

e que se governa por leis únicas.

O poder local não governa

Mais de dois terços do bolo tri-

butário vão para as mãos do go-

verno federal. Como pode se pe-

dir cidadania, se no município em

que vivemos não há recursos para

escolas, hospitais, saneamento, po-

líticas culturais, porque o municí-

pio fica miseravelmente com 13%

de todo os impostos? Em tudo que

compramos tem uma parcela de

impostos embutidos. Toda essa

massa tributária, essa carga fiscal in-

suportável que, depois da Consti-

tuinte, era 19% e hoje chega a qua-

se 40%, esse bolo fantástico de

impostos que são gananciosa e poli-

ticamente arrecadados pelo Estado,

dois terços dele ficam em Brasília.

Para quê? Para alimentar um

governo que não é fiscalizável, não

é gerenciado pelo seu tamanho, en-

quanto faltam na comunidade os re-

cursos necessários para dar uma

resposta rápida para construir a ci-

dadania. Esta é a principal questão

social do país. O Brasil é como se

fosse uma indústria com ótimas

máquinas e excelentes operários, mas

com lay out errado. Se pensarem que

estou exagerando, procurem ver

como são os países desenvolvidos,

se em algum deles existe uma União

que detenha tamanha massa de

recursos. Na Alemanha, por exem-

plo, o Governo Federal existe apenas

nas Forças Armadas, nos Correios,

ferrovias e nada mais. Não há uni-

versidades federais no mundo desen-

volvido. Elas são estaduais. Não há

esse governo distante, inacessível ao

cidadão. E quanto mais próximo está

o governo do cidadão, mais eficaz e

transparente é a administração.

Por isso, lanço ao debate esta

questão. O Brasil é esse país de con-

tradições porque se pensa federal,

se governa federal, não se governa

pelo poder local.

Em 1835, um jovem advogado

deixou a França e foi aos EUA.

Naquela época, o que ele viu nas 13

colônias era uma descentralização

absoluta, em que o poder local era

absolutamente determinante para o

desenvolvimento, ao contrário da

América do Sul, que tem governo

centralizado, com falsos federalis-

mos. E ele, então, prognosticou, em

1835, no livro A Democracia Ame-

ricana*, que o Brasil e países da

América do Sul seriam países

marcados pela pobreza e sub-

desenvolvimento porque havia es-

colhido o centralismo de governo.

A nação tem que ser chamada

para entender o novo pacto fede-

rativo, e não acredito que esse co-

légio, como tal constituído, o Con-

gresso de hoje, seja capaz de fazer

o verdadeiro Pacto Federativo.

Estou defendendo, em 2006, que

o povo seja chamado para votar

uma Constituinte exclusiva, con-

vocada por pessoas que se candida-

tem por partidos ou isoladamente.

Se nós não quisermos reconhecer

na canção de Chico Buarque uma

verdade que se eterniza por mais

10, 20, 30 anos, lutemos por um

novo Pacto Federativo, mudemos

a estrutura de governo do país.

*A referência é a Alexis de Tocqueville

recursos próprios que ele gera, do

contrário transfere a sua empresa

com o tempo e cria um quadro social

difícil, como tem em nosso país. Isso

é uma questão educacional que

precisamos falar dia e noite para

prestar um serviço à nação e aos em-

presários menos avisados, que acei-

tam pagar essas taxas de juros.

Mas a outra taxa a que me re-

firo, que é a taxa básica, que é uma

decisão do Conselho de Política Mo-

netária, o Copom, essa não. Essa

cada brasileiro paga, o Brasil paga.

Vejamos, por exemplo, o sistema

adotado pelo Federal Reserve, o

Banco Central dos Estados Uni-

dos: eles têm também o seu Co-

pom e eles administram as taxas de

juros. Mas o primeiro objetivo que

observam, por força de um instru-

mento que lhes é passado oficial-

mente pela instituição, é o apro-

veitamento do máximo de potencial

de crescimento da economia do

país. O segundo é a geração do má-

ximo de empregos; e o terceiro é

cuidar da estabilidade monetária.

Todos sabem que taxas básicas de

juros elevadas são instrumentos de

política monetária para combater a

inflação, mas é preciso que se diag-

nostique a inflação e o diagnóstico

da nossa inflação mostra que 30%

dela são representados por preços

administrados: energia elétrica,

transporte coletivo, telefonia etc.

Então, essa taxa (Selic) poderia ser

de 100% que não seria capaz de

combater esse tipo de preço.

E tem mais: dois terços da popu-

lação brasileira, segundo as estatísticas,

consomem o essencial. Logo, uma taxa

inibidora de consumo no Brasil não

tem grande efeito na esmagadora

maioria da população consumidora

porque não há como achatar o consu-

mo de quem não consome. Mas ela é

fator de aplausos internacionais, espe-

cialmente da banca e de todos que es-

tão ligados a essa banca internacional,

porque o Brasil está alimentando a sua

dívida a uma taxa absolutamente

despropositada e essa é a razão de ter-

mos crescido apenas 2% ao ano. Passa-

mos por um período de grande pros-

peridade internacional e perdemos

tempo, com um crescimento absoluta-

mente incompatível com as potencia-

lidades da economia brasileira.

Governador de Santa Catarina

Q

Na próxima edição edição: Lessa, Wilson Cano, Paulo Nogueira Batista e outros.

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as últimas décadas, a eco-nomia tem sofrido diver-sas críticas quanto a seus

resultados teóricos e seus pressu-postos metodológicos. Em meioa esses debates, a discussão filo-sófica pode contribuir para aconstrução de novos rumos teó-ricos, ajudando na elaboração deuma ciência mais objetiva e aptaa responder às urgentes deman-das sociais. As principais tradiçõesem Filosofia da Ciência referidasna discussão metodológica emEconomia são o positivismo lógi-co, os teóricos do crescimento doconhecimento e o realismo crítico.

O positivismo lógico consti-tuiu um esforço filosófico expli-citamente voltado à análise dodiscurso científico, cujo projetocentral era eliminar da ciênciaqualquer asserção de conteúdometafísico. Pretendia-se construirum discurso único – válido tantopara ciências naturais quantosociais –, em que apenas pro-posições com conteúdo empíricoou de caráter tautológico seriamaceitas como significativas e,portanto, científicas.

Logo ficou evidente que aaplicação da filosofia lógico-positivista implicaria que leisuniversais, próprias da ciêncianatural, deveriam ser eliminadasdo discurso científico, visto queé impossível estabelecer umaperfeita identidade entre pro-posições científicas e entidadesempíricas. Coloca-se, por conse-guinte, o problema relativo aocritério de demarcação entre aciência e as especulações meta-físicas. Uma vez que a verificação

XV PRÊMIO DE MONOGRAFIA Carolina Miranda Cavalcante

Realismo crítico na economiaArtigo elaborado a partir da Monografia “Ciência e Filosofia: uma discussão acerca da possibi-lidade do conhecimento científico”, orientada pelo professor Mário Duayer, defendida, em janeirode 2005, na Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense e terceira colocada noPrêmio de Monografia Celso Furtado, promovido pelo Corecon-RJ.

conclusiva de uma proposiçãoimplicaria testes infinitos, ocritério da verificação mostrou-se inadequado para os propósitosde uma tal demarcação. Ficaramevidentes as inconsistências doprojeto lógico-positivista.

Teóricos do crescimento

Popper é visto como um doscríticos mais diligentes do positi-vismo lógico, questionando tantoo critério da verificação quanto oprojeto antimetafísico dos lógico-positivistas. Como alternativa àverificação propôs o falsificacio-

reconhecimento de que ciêncianão se faz apenas com fatos em-píricos brutos, mas também comconcepções compartilhadas poruma comunidade científica, poruma visão de mundo.

Uma outra característica dosteóricos do crescimento do conhe-cimento é o foco na dinâmica dasteorias ao longo do tempo, emlugar da demarcação entre aciência e os demais discursos.Entretanto, ao lado da afirmaçãodo caráter histórico e social doconhecimento não foi estabelecidoum critério racional de escolhaentre teorias. Tanto paradigmasquanto programas de pesquisa sãoincomensuráveis, isto é, admite-seque a visão de mundo adotada pordeterminado grupo de cientistasé uma escolha arbitrária. Natural-mente, cada um possui a liberdadede sustentar a tradição científicaque julga mais adequada, o que nãoimplica a impossibilidade dehaver qualquer critério de com-paração entre tradições científicasconcorrentes. Em outras pa-lavras, relativismo epistemológi-co não necessariamente implicarelativismo ontológico.

Certamente, Kuhn e Lakatos,quando comparados com o posi-tivismo lógico, trazem uma noçãode construção teórica mais sofis-ticada. São insuficientes, no en-tanto, no fornecimento de crité-rios racionais de julgamentoteórico. Tal insuficiência pode seratribuída a uma ontologia filo-sófica, herdada do positivismo ló-gico, que restringe os objetos deinvestigação científica à expe-riência factual.

nismo, em que as teorias mere-ceriam o status de ciência na medi-da em que alcançassem um maiorgrau de falseabilidade, isto é, oimportante não é tentar verificarproposições teóricas; mais funda-mental é a constante crítica teó-rica. Popper sustentava ainda que,ao tentar eliminar a metafísica, oslógico-positivistas acabaram poreliminar a própria ciência.

Admitida a metafísica, não sepoderia mais afirmar que o co-nhecimento é empírico-factual.A subjetividade inerente ao em-

preendimento científico nãopôde ser contida, a metafísicanão mais poderia ser negada.Assim entram em cena os teó-ricos do crescimento do conhe-cimento, que buscavam consi-derar a subjetividade inerente aodiscurso científico, negada peloslógico-positivistas. Dentre osmais citados teóricos do cresci-mento do conhecimento estãoKuhn e Lakatos, que possuempropostas em grande medidaconvergentes. O que caracterizaessa tradição filosófica é a ênfaseno caráter histórico e social doconhecimento científico, o que

significa o abandono de umaconcepção, implícita no positi-vismo lógico, do cientista comoum mero processador de dadosempíricos. Um lugar para asubjetividade do cientista naconfecção teórica é garantidopela readmissão de asserçõesmetafísicas, ontológicas, na ciên-cia – paradigmas em Kuhn eprogramas de pesquisa em Laka-tos. Todavia, isso não significouque toda sorte de proposiçõespassasse a ser aceita no discursocientífico; representou apenas o

Ficou evidente que a aplicação da filosofialógico-positivista implicaria que leisuniversais, próprias da ciência natural, de-veriam ser eliminadas do discurso cienti-fico, visto que é impossível estabeleceruma perfeita identidade entre proposiçõescientíficas e entidades empíricas

N

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12 jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 2005

Os debates até aqui apresen-tados são reproduzidos em duasobras de referência em meto-dologia econômica – Methodology

of Economics, de Blaug, e Beyond

Positivism, de Caldwell, publicadospela primeira vez na década de1980. Tais obras, no entanto, nãohaviam contado toda a história.Na década de 1970, ao lado dosteóricos do crescimento doconhecimento, uma nova escolade pensamento fornecia suasprimeiras contribuições para odebate em Filosofia da Ciência.

Realismo crítico

Em 1975, Bhaskar publica ARealist Theory of Science, que marcao início de uma tradição filosóficaque ficou conhecida como rea-lismo crítico. Sua proposta centralé a reafirmação ontológica, ouseja, a asserção de que toda teoria,científica ou não, pressupõe umavisão de mundo e, fundamental-mente, essas visões de mundo po-dem e devem ser comparadas. A-lém disso, defende a adoção de umaontologia filosófica mais rica,alternativa à visão de mundo po-sitivista, que não limite o objetoda ciência aos fatos empíricos.

Lawson é responsável pelaintrodução da filosofia de Bhaskarnos debates metodológicos emEconomia. Em 1997, publicaEconomics and Reality, em que siste-matiza suas críticas à economiamainstream, explicitando a ontologiapositivista a ela subjacente. Tal on-tologia demanda um método de in-vestigação que identifica lei científicacom conjunções constantes de even-tos do tipo “se x então y”. Esse méto-do, denominado dedutivismo, é res-ponsável, indica Lawson, pelosatuais problemas da Economia. Por-tanto, a construção de uma teoriaeconômica mais robusta dependeriade uma reafirmação ontológica.

A ontologia realista transcen-dental não limita os objetos daciência aos fatos empíricos, masprocura explicitar os mecanismose leis subjacentes ao curso deeventos. Sob essa perspectiva, a

realidade não se esgota nos fatosempíricos e seus eventos, mastambém é composta de entidadesreais que não podem ser experi-mentadas empiricamente, poden-do, contudo, ser identificadasatravés dos seus efeitos. Trata-seda concepção de uma realidadeestratificada nas esferas empírica,efetiva e real, requerendo umnovo método de investigaçãocientífica, distinto dos métodosdedutivo e/ou indutivo, adequa-dos à ontologia positivista e am-plamente adotados nos manuaisde Economia. Tal método é oretrodutivo, que visa explicitar osmecanismos e leis causadoras docurso efetivo de eventos.

conforme Friedman, todos oselementos referentes ao solo, aoclima, às sementes, bem comotodas as características psicofísi-cas inerentes aos indivíduosligados à produção de trigo, de-veriam ser parte componente deuma teoria com pretensões rea-listas. Conhecimento objetivo sig-nifica, para Friedman, conheci-mento absoluto. Dado que aohomem é inacessível um conhe-cimento absoluto, tudo que é pos-sível produzir teoricamente sãopressupostos, em grande medidairrealistas, acerca do fenômenoobservado. Não é difícil iden-tificar essa concepção de realismocom uma ontologia positivista.

Numa perspectiva crítico-realista, o objeto da ciência nãosão entes atomizados, mas, sin-gulares, inseridos num complexode relações, em que o objetivo daanálise científica não se restringeà captura extensiva dos infindá-veis aspectos particulares de umevento, mas à explicitação dosmecanismos e leis causais respon-sáveis pelo fenômeno observado.Realismo científico não implicadescrição extensiva de eventosatomizados, mas captura objetivade conexões reais subjacentes aocurso efetivo de eventos.

Em meio aos prolíficos deba-tes quanto ao método e aos resul-tados da Economia, acredito ser acontribuição do realismo críticofrutífera para os propósitos deconstrução de uma ciência eco-nômica mais objetiva. Dos debatesem Filosofia da Ciência que tiveramlugar, desde o positivismo lógico,é possível destacar uma mensagemessencial: tanto a Ciência quanto aFilosofia não podem, sob pena deverem seus principais objetivosfracassados, desconsiderar asquestões ontológicas. Por fim, orelativismo epistemológico, afirma-do por Kuhn e Lakatos, somentepode levar a um racionalismo jul-gamental quanto vinculado a umrealismo ontológico.

* Agradeço os comentários do professorMário Duayer ao presente artigo.** Economista.

Assim compreendido, o rea-lismo transcendental é umaontologia mais rica por permitira construção de um conheci-mento objetivo da sociedade. Ométodo retrodutivo faculta a ela-boração de abstrações objetivas,ao contrário das abstraçõespropostas, por exemplo, porFriedman, em The Methodology of

Positive Economics. Nesse artigo de1953, Friedman afirma que umateoria totalmente realista consti-tuiria um esforço inócuo, vistoque tal realismo dependeria deuma descrição infindável de todosos aspectos ligados ao fenômenoobservado. Nesse sentido, naanálise do mercado de trigo,

Realismo científico não implica descriçãoextensiva de eventos atomizados, mascaptura objetiva de conexões reaissubjacentes ao curso efetivo de eventos

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FÓRUM POPULAR DE ORÇAMENTO

As matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de rAs matérias desta página são de responsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Coresponsabilidade da equipe técnica do Corecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Pecon-RJ, de apoio ao Fórum Popular de opular de opular de opular de opular de OrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamentoOrçamento do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeir do Rio de Janeiro.o.o.o.o.CoorCoorCoorCoorCoordenação Exdenação Exdenação Exdenação Exdenação Executiva: ecutiva: ecutiva: ecutiva: ecutiva: Conselheira Conselheira Conselheira Conselheira Conselheira RRRRRuth Esputh Esputh Esputh Esputh Espiiiiinolanolanolanolanola Soriano de Mello Soriano de Mello Soriano de Mello Soriano de Mello Soriano de Mello,,,,, Super Super Super Super Supervisão Técnica: economista visão Técnica: economista visão Técnica: economista visão Técnica: economista visão Técnica: economista Luiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario BehnkLuiz Mario Behnken.en.en.en.en.

Estagiários: Thiago MarEstagiários: Thiago MarEstagiários: Thiago MarEstagiários: Thiago MarEstagiários: Thiago Marquesquesquesquesques, Juliana Medeir, Juliana Medeir, Juliana Medeir, Juliana Medeir, Juliana Medeiros e Pos e Pos e Pos e Pos e Pedredredredredro Gonçalveso Gonçalveso Gonçalveso Gonçalveso GonçalvesCorreio eletrônico: [email protected] - Portal: www.corecon-rj.org.br - www.fporj.blogger.com.br

preocupação com a crescente fave-lização no município do Rio de Janeirovolta tomar relevância nos grandes

meios de comunicação. O cerne da questão estána mudança do artigo 429 da Lei Orgânica,que proíbe a remoção de favelas, exceto emcasos de risco de vida para moradores e emintervenções de interesse ambiental. Amodificação proposta visa retirar essa restrição.

O Fórum Popular de Orçamento (FPO-RJ) pesquisou o orçamento previsto naProposta Orçamentária para 2006, e constatou

A presença da criança e doadolescente no Orçamento

Com a preocupação de debater a questão sobre a parcela

do orçamento público voltado a crianças e adolescentes,

reuniram-se na PUC do Rio, no dia 6 de outubro,

representantes do Centro Internacional de Estudos e

Pesquisas sobre Infância (Ciespi), do Instituto de Estudos

Socioeconômicos (Inesc), da Ong Save de Children, da Rede

Rio Criança, do FPO-RJ e o professor Henrique Vázques, da

Universidade do Pacífico. O professor apresentou estudo

sobre o gasto público social focalizado nas crianças de países

em desenvolvimento.

Todas as entidades envolvidas no encontro procuram

desenvolver iniciativas que ajudem na formulação de

políticas públicas voltadas à infância e adolescência. Nesse

sentido, o orçamento se mostra um instrumento valioso

de avaliação da eficiência e da eficácia das ações/

atividades condizentes.

Com o intuito de subsidiar as organizações sociais a

realizarem um efetivo controle sobre políticas públicas

voltadas para crianças e adolescentes, em suas

comunidades e nas esferas municipal, estadual e federal,

o Inesc desenvolveu metodologia própria para a

formulação do Orçamento Criança e Adolescente – OCA.

O FPO-RJ procurará adaptar essa contribuição ao

orçamento carioca.

que a Secretaria Municipal de Habitação (SMH)terá uma queda de 65% da dotação em relaçãoao ano de 2005, enquanto que o orçamentocomo um todo aumentará 5,33%. Tal queda éexpressa, principalmente, pela diminuição dosrecursos oriundos do próprio TesouroMunicipal (19%), de operações de créditoscontratuais a realizar (24%) e operações decréditos contratuais realizadas (50%).

O reflexo desta queda é notado no FundoMunicipal de Habitação (FMH) da própriaSMH e que nos últimos anos vem sofrendosignificativa redução do volume das dotações.

O fundo, em 2005, destina recursos paratrês programas, entre eles, o Favela Bairro,com o objetivo de fornecer estrutura urbanaàs favelas, melhorando a qualidade de vidada população de baixa renda. Projetopolêmico, mas desejado pelas comunidadespopulares em busca por uma moradia digna.

O processo de favelização do Rio e dasdemais grandes cidades brasileiras é conse-qüência da desigualdade social existente e deuma política habitacional insuficiente. Pelosdados acima é possível perceber que a açãodo poder público municipal tende a agravarainda mais a cidade partida.

Proposta orçamentária para 2006

Foi publicada, em 30 de setembro último, a proposta orçamentária para2006. Nossa expectativa era ver refletidas na proposta as novidadesintroduzidas pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Entretanto, o chefedo Poder Executivo apresentou a proposta orçamentária nos mesmos moldesdos exercícios anteriores, tendo no poder de alterar 30% do orçamento,através do remanejamento, a sua viga-mestra.

A conservação desse mecanismo representa uma afronta ao planejamento,uma cortina de fumaça na explicitação das prioridades governamentais, umimpedimento ao acompanhamento pela cidadania da execução orçamentáriae, neste caso, um desrespeito ao determinado pela LDO.

Nas próximas edições apresentaremos as nossas análises e propostas naesperança que o Poder Legislativo age com altivez e transforme o orçamentonuma verdadeira expressão monetária do planejamento.

Os jogos Pan-Americanos são prioridade?

A despeito das declarações de autoridades e constantes reportagenscolocando os jogos como um evento determinante para o Rio e para oBrasil, a execução orçamentária do principal programa de trabalho referenteao Pan se encontrava, em 10 de outubro último, na seguinte situação:

Dotação Inicial 81.631.170,00 100,00%Acréscimo 7.500.254,30 9,19%Cancelamentos 33.418.465,20 40,94%Contingenciado 0,00 0,00%Dotação Atual 55.712.959,10 68,25%Empenhado 55.712.958,98 68,25%Liquidado 41.604.274,46 50,97%

A resposta fica com o leitor.

ADiminuem os recursos, aumenta a favelizaçãoDiminuem os recursos, aumenta a favelização

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ELEIÇÕES SINDICATO DOS ECONOMISTAS

Chapa defende mudançada realidade

Movimento de Renovação dos Economistas inscreve chapa para as eleições noSindecon-RJ, no próximo dia 7 de novembro, e se apresenta aos economistas.

contribuir para a efetivação deuma nova realidade em nossopaís”. E o texto prosseguia, ex-plicitando que “nova realidade”seria aquela.

“Uma realidade que se coadu-ne com alguns dos ideais quesempre estiveram presentes emnossa agenda:– a luta por um modelo de desen-volvimento que nos garante cres-cimento econômico com geraçãode empregos e a desconcentraçãoda renda e da riqueza;– o estabelecimento de um novocontrato social, onde o combateà fome e à exclusão social sejam,de fato, prioridades inalienáveis;– a efetivação de uma reforma a-grária e agrícola que mude a facedo interior do Brasil, garantindo-se não somente terra, mas con-

Prezado(a) Companheiro(a),No próximo dia 7 de novem-

bro, estaremos mais uma vezrenovando a diretoria do Sindicatodos Economistas do Estado doRio de Janeiro (Sindecon-RJ).Estamos nos dirigindo a todos osnossos associados, enquanto inte-grantes da chapa Movimento deRenovação dos Economistas, úni-ca inscrita no processo eleitoral.

A grande maioria dos inte-grantes da nossa chapa já compõea direção que em breve encerra oseu mandato.

Há três anos afirmávamosque “frente à nova conjunturapolítica que se abre em nossopaís – com a eleição de Lula paraa Presidência da República, opapel de nossas entidades, e emparticular do Sindecon, será o de

CHAPA ÚNICA“Movimento de Renovaçãodos

Economistas”

INTEGRANTES DA CHAPACoordenação de Assuntos InstitucionaisAbrahão Oigman, André Luiz Silva de Souza,Antônio Melki Júnior, José Antônio LutterbachSoares, Nelson Victor Le Cocq D’OliveiraPaulo Sergio Souto, Ronaldo Raemy Rangel,Sandra Maria Carvalho de Souza, SidneyPascoutto da Rocha

Coordenação de Relações SindicaisAdemir Figueiredo, Carlos Henrique TibiriçáMiranda, César Homero Fernandes Lopes,Gilberto Caputo Santos , João Manoel GonçalvesBarbosa, José Fausto Ferreira, Maria da Glória V.Tavares de Lacerda, Regina Lúcia Gadioli dosSantos, Rogério da Silva Rocha

Coordenação de Divulgação e FinançasGilberto Alcântara da Cruz, José Jannotti Viegas,Wellington Leonardo da Silva, Conselho Fiscal,Antônio Augusto Albuquerque Costa, Jorge deOliveira Camargo, Luciano Amaral Pereira

dições dignas de trabalho e pro-dução para aqueles que vivem docampo, em especial os pequenose micro agricultores;– a elevação do poder aquisitivo dossalários, em particular do saláriomínimo, elevando-se a massasalarial do país e a sua participaçãorelativa na renda nacional;– o fortalecimento da PrevidênciaSocial pública e dos seus bene-fícios, garantindo-se pensões e a-posentadorias dignas pra milhõesde brasileiros.

Nosso compromisso será ode, portanto, contribuir, nestanova era que, esperamos, se abreem nosso país, para que esses eoutros ideais, acalentados hátantos anos por nossa categoria,transformem-se em realidade”.

Reproduzimos esse nosso po-

sicionamento, pois, constatamosque infelizmente não podemosconsiderar que o atual governotenha correspondido às nossasexpectativas. Esse é um fato que,se por um lado, nos frustra, poroutro, nos impõe a tarefa deredobrarmos os nossos esforçospara que a triste realidade em quevivemos venha a se alterar.

Mais do que nunca, portanto,queremos contar com o seu apoioe confiança para mais esse man-dato que reivindicamos.

Contando com a sua força, asua participação e o seu voto.

Atenciosamente, Movimento de Renovação dos

Economistas

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jornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubrjornal dos economistas - outubro de 2005o de 2005o de 2005o de 2005o de 200516

nualmente, os membros dos Conse-lhos Regionais de Economia e seusrespectivos suplentes, bem como os

delegados-eleitores, presidente e vice-presiden-te dos Corecons, são eleitos pelo sistema deeleição direta, através de voto direto, pessoal esecreto, pelos economistas registrados e quitescom as suas anuidades (Lei 6.537/78, Art. 6º).

Em janeiro próximo, o Corecon-RJ etodos os demais Conselhos de Economiaestarão empossando os novos gestoresinstitucionais para o exercício 2006. No dia28 de outubro, os profissionais registradosque optarem por não realizar seu voto porcorrespondência, através da cédula eleitoral(porte pago) enviada por correio, poderãoexercer seu direito de voto na sede doConselho, na Avenida Rio Branco, 109/16ºandar, diretamente na urna que será instalada,nesta data, para esta finalidade.

Em razão da eleição, no próximo dia 28 deoutubro, vimos apresentar os membros da únicachapa registrada para o exercício 2006, intituladaMovimento de Renovação dos Economistas,cuja composição considerou os ideais defen-didos e divulgados no último Simpósio Nacionaldos Economistas (Since), no Pará, em 2004,com indicação por chapa, do presidente e vice-presidente, conforme abaixo.

É importante ressaltar que todos osparticipantes se identificam com a concepçãode uma política econômica e social que difereda atual, e cujos propósitos se encontramdivulgados no Manifesto dos Economistas,publicado no JE 184, de novembro de 2004.Nele, defendemos a alternativa de construçãode um Projeto Nacional de Desenvolvimentobaseado, entre outras questões, na redução davulnerabilidade externa, na promoção de pleno

Em defesa de um ProjetoNacional de Desenvolvimento

A chapa do Movimento Renova-ção dos Economistas apresentaseus nomes e suas propostaspara as eleições do Conselho, nopróximo dia 28 de outubro.

ELEIÇÃO NO CORECON-RJ

emprego e em uma distribuição da renda justa.Os participantes se comprometem em

promover, incentivar e aprofundar, sobretudoem nossa região, o debate sobre questõesnacionais e regionais, visando contribuir,expressivamente, para conscientizar as pessoassobre problemas relevantes de natureza políticae econômica, em âmbito regional e nacional.

Comprometem-se, também, em continuaroferecendo aos futuros economistas e aos jágraduados cursos preparatórios para ingressonas instituições que oferecem pós-graduaçãona área de ciências econômicas, além doscursos de atualização em áreas específicas dequalificação profissional e especializaçãoacadêmica. Além disso, será mantido, via

Presidente – João Paulo de Almeida Magalhães:Doutor em Ciências Econômicas pela Universidadede Paris 1 (1953);Livre Docente de Economia na USP/SP (1960);Professor Titular de Economia, na UFRJ (desde 1965);Professor Titular de Economia, na UERJ (desde 1993);Coordenador de Política Econômica do COFECON(2002-2005)Vários livros publicados, os mais recentes: “BrasilSéculo XXI, uma Alternativa ao Neoliberalismo” -Editora Paz e Terra/SP (2000) e “Nova Estratégia deDesenvolvimento para o Brasil: um enfoque de longoprazo” – Editora Paz e Terra/SP (2005);Escolhido pelas Entidades dos Economistas, em2005, como a Personalidade Econômica do Ano.

Vice-Presidente – Paulo Passarinho:Graduado pela antiga FEA/UFRJ. Especialista emPolíticas Públicas pela mesma Universidade. Servidorpúblico federal (Funarte/Minc), Coordenador-Geraldo Sindecon-RJ e apresentador do programa de rádioFaixa Livre.

Conselheiro Efetivo – Antonio Melki Júnior:Graduado pela Faculdade Brás Cubas/SP, exerceu cargode Secretário Executivo do Cofecon, foi diretor deTecnologia da SSP/RJ e Coordenador de Planejamentoda INB, na área de projetos de inovação tecnológica.

Conselheiro Efetivo – Gilberto Caputo Santos:Graduado pela Faculdade de Economia e Admi-nistração da Universidade Federal Fluminense (UFF),MBA na FGV (área empresarial e saúde), exerceuatividades na Petrobrás, Serpro, IVB, Cremerj e Ierj.Diretor de relações sindicais do Sindecon-RJ.

Conselheiro Suplente -Antonio Augusto de Albuquerque Costa:Graduado em Economia pela Universidade Gama Filho(1973), trabalhou na Eletrobrás como especialista em

planejamento e estudos na área energética. Desde2004, integra o Conselho Deliberativo da Eletrobrás.

Conselheiro Suplente – Edson Peterli GuimarãesProfessor Adjunto do Instituto de Economia da UFRJ.Mestre pelo Programa Integrado de Economia eSociologia da UFPE. Doutor pelo Instituto deEconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro– IE/UFRJ; Coordenador da Pós-Graduação emComércio Exterior UFRJ; autor de várias obras nasáreas de Economia Internacional, EstratégiasEmpresarias, Gestão de Tecnologia.

Conselheiro Suplente – José Fausto FerreiraEconomista, residente em Volta Redonda, trabalhouna Companhia Siderúrgica Nacional e integrou aDelegacia Regional de Volta Redonda.

Conselheira Suplente –Ângela Maria de Lemos GelliEconomista, residente em Petrópolis, graduada emCiências Econômicas na Universidade Católica dePetrópolis – UCP. Mestre em Economia na Universityof Illinois (EUA). Coordenadora do Curso de Economiada UCP e diretora dos Cursos de Ciências Econômicas,Contábeis, Administrativas, Marketing e Turismo.

Delegado-Eleitor Efetivo –João Manoel Gonçalves BarbosaAtual Vice-Presidente do Corecon-RJ, economistaformado desde 1974. Especialização pela FGV, emEconomia Mineral (1976), Mestre em Administração ePolítica de Recursos Minerais pela Unicamp/SP. Trabalhana Indústrias Nucleares do Brasil S.A, desde 1979.

Delegado-Eleitor Suplente –José Antonio Lutterbach SoaresAtual Presidente do Corecon-RJ. Especialista emPolíticas Públicas pela UFRJ. Trabalha no IBGE, naárea de pesquisas socioeconômicas.

internet, o acesso imediato às atividadesdesenvolvidas na esfera administrativainstitucional. Especial atenção será atribuídaaos trabalhos que têm como objetivomelhorar a atuação institucional nas demaislocalidades do estado, otimizar o atendimentodireto aos profissionais, através de melhoriasacentuadas nas suas instalações, visandopromover mais conforto e eficiência noatendimento dispensado aos economistas.

Nesse sentido, a seguir exibiremos umcurrículo resumido com informações acadê-micas e profissionais dos membros que com-põem a chapa Movimento de Renovação dosEconomistas, para conhecimento de nossacategoria profissional.

A