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Ricardo Alexandre Batista Obtenção do polietileno a partir de fontes renováveis Lorena 2013

Ricardo Alexandre Batista Obtenção do polietileno a partir ... · Tabela 7 - Principais impactos ambientais causados pelos processos de refino. ..... 75 Tabela 8 - Impactos causados

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Ricardo Alexandre Batista

Obtenção do polietileno a partir de fontes renováveis

Lorena 2013

Ricardo Alexandre Batista

Obtenção do polietileno a partir de fontes renováveis

Monografia apresentada à Escola de

Engenharia de Lorena da Universidade

de São Paulo para obtenção da

Graduação em Engenharia Industrial

Química.

Área de concentração: Engenharia

Química

Orientadora: Profa. Dra. Jayne Carlos de

Souza Barboza

Lorena 2013

AGRADECIMENTOS

À minha família, por sempre me apoiar e estar sempre ao meu lado, tanto nos

momentos tristes, como nos momentos felizes.

À Profa. Dra. Jayne Barboza, pela atenção, paciência e apoio durante o processo de

realização da monografia.

À Patrícia Verzeloni, por sempre estar ao meu lado e me ajudando nos momentos

difíceis.

À Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP, pela oportunidade de realização do

curso superior de Engenharia Industrial Química.

Ao Prof. Dr. Marco Antônio Pereira, por estar ao meu lado durante a graduação

tornando-se um grande amigo e conselheiro.

Ao Prof. Gerônimo Tagliaferro por participar do meu desenvolvimento acadêmico

durante os anos da faculdade.

Ao Guilherme Barbosa, que me deu a primeira oportunidade no mercado de trabalho.

A todos os professores da Escola de Engenharia de Lorena – EEL/USP, que

participaram da minha caminhada ao longo dos anos na faculdade, me desenvolvendo

academicamente e pessoalmente.

“A vitória está reservada para aqueles que estão dispostos a pagar o preço.”

Sun Tzu

Resumo

BATISTA, A. R. Obtenção do Polietileno a partir de Fontes Renováveis. 2013. 84p.

Monografia – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena.

Atualmente observa-se um crescimento da preocupação da população mundial com questões

que envolvem o meio ambiente. Juntamente com esse crescimento ocorre também um

aumento da necessidade das pessoas buscarem conforto gerando um aumento do consumo

de bens fabricados. O problema deste aumento de consumo de bens fabricados é para onde

eles vão após serem utilizados. Uns dos principais resíduos descartados são os plásticos.

Quase todo produto adquirido possui embalagens plásticas, a sacola de mercado que é

utilizada para carregar as compras até a casa do consumidor, a embalagem de refrigerante,

etc. A preocupação ambiental faz com que as pessoas busquem mais informações sobre o

tema aumentando assim o rigor em relação às empresas que produzem os bens fabricados.

Inicia-se assim, a busca das empresas por esse mercado de pessoas preocupadas com

questões ambientais, os consumidores “verdes” e para conquistar esses consumidores é

necessário que as empresas se tornem “verdes” também. As indústrias produtoras de plásticos

começaram a procurar tecnologias inovadoras para substituir a atual. A maneira convencional

de produção do polietileno (PE) é feita através da obtenção do etileno vindo do nafta, um

subproduto do petróleo. A Dow Química e a Braskem inovaram e estudaram uma nova

tecnologia para substituir a matéria prima não renovável, o petróleo, e para isso criaram o

polietileno “verde”. Esse novo tipo de polietileno continua sendo feito pelos mesmos métodos

convencionais, mas com uma diferença, seu monômero, o etileno, vem do etanol uma fonte

renovável de matéria prima. Este trabalho visa mostrar a diferença na obtenção do polietileno

convencional vindo do nafta e o polietileno “verde” a partir do etanol. Serão apresentadas

também técnicas de produção do polietileno (PE), técnicas de reciclagem, como funciona o

marketing “verde” de uma empresa multinacional.

Palavras chave: Polietileno verde. Etanol. Reciclagem. Sustentabilidade.

Abstract

BATISTA, A. R. Obtaining the polyethylene from renewable sources. 2013. 84p.

Monograph – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena,

2013.

Currently there is an increasing concern of the world population with issues involving the

environment. Along with this growth, there is also an increasing need for people to seek comfort

generating an increased consumption of manufactured goods. The problem of this increase in

consumption of goods manufactured is where they go after they are used. A major waste plastic

are discarded. Almost every product purchased has plastic packaging, the bag market that is

used to charge purchases to the consumer's home, the packaging of soda, etc. Environmental

concern causes people to seek more information about the topic, therefore increasing the

criticality of people for enterprises that produce goods manufactured. As soon began the search

for companies that market of people concerned about environmental issues, consumers 'green'

and to win these consumers is necessary for companies to become "green" too. The industries

producing plastic began to seek innovative technology to replace the current one. The

conventional way of producing polyethylene (PE) is obtained by means of the ethylene coming

from naphtha, an oil product. Dow Chemical and Braskem studied and innovated new

technology to replace non-renewable raw materials, oil, and it created the "green" polyethylene.

This new type of polyethylene is still done by the same conventional methods, but with a

difference, its monomer, ethylene, ethanol is a renewable source of raw material. This work

aims to show the difference in getting the conventional polyethylene coming from naphtha and

"green" polyethylene from ethanol. It is also presented technical production of the polyethylene

(PE), recycling techniques, how the "green" marketing for a multinational company.

Keywords: Polyethylene green. Ethanol. Recycling. Sustainability.

SUMÁRIO 1. Introdução ........................................................................................... 12

2. Revisão Bibliográfica ......................................................................... 13

2.1 Macromoléculas ................................................................................................................... 13

2.2 Polímeros .............................................................................................................................. 14

2.3 Classificação dos Polímeros por Método de Obtenção ................................................ 15

2.3.1 Polímeros Sintéticos ................................................................................................... 15

2.3.2 Polímeros Naturais ...................................................................................................... 16

2.4 Classificação dos Polímeros por Características Tecnológicas .................................. 16

2.4.1 Polímeros Termoplásticos .......................................................................................... 16

2.4.2 Polímeros Termofixos ................................................................................................. 18

2.5 Classificação de Polímeros por método de Preparação ............................................... 19

2.5.1 Poliadição ..................................................................................................................... 19

2.5.2 Policondensação ......................................................................................................... 21

2.6 Polietileno ............................................................................................................................. 23

2.7 Tipos de Polietileno ............................................................................................................. 25

2.7.1 Polietileno de baixa densidade (PEBD ou LDPE) .................................................. 25

2.7.2 Polietileno linear de baixa densidade (PELBD ou LLDPE) ................................... 27

2.7.3 Polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE) .................................................... 28

2.7.4 Polietileno de ultra-alto peso molecular (PEUAPM ou UHMWPE) ...................... 29

2.7.5 Polietileno de ultra baixa densidade (PEUBD ou ULDPE) ................................... 30

2.8 Sustentabilidade .................................................................................................................. 30

2.8.1 Desenvolvimento Sustentável ................................................................................... 31

2.8.2 Marketing Verde .......................................................................................................... 33

2.9 Petróleo ................................................................................................................................. 34

2.9.1 Exploração e Perfuração ............................................................................................ 37

2.9.2 Produção ....................................................................................................................... 39

2.9.3 Principais processos na Refinaria ............................................................................ 40

2.10 Processo de refino do petróleo ......................................................................................... 45

2.11 Impactos Ambientais de uma Refinaria ........................................................................... 54

2.11.1 Emissões Atmosféricas .............................................................................................. 54

2.11.2 Descargas líquidas ...................................................................................................... 54

2.12 Obtenção do Eteno a partir de derivados do petróleo ................................................... 55

2.13 Indústria Alcooleira .............................................................................................................. 58

2.14 Produção do Etanol ............................................................................................................. 59

2.14.1 Colheita da cana-de-açúcar ....................................................................................... 61

2.14.2 Lavagem da cana-de-açúcar ..................................................................................... 61

2.14.3 Moagem e preparação do mosto fermentativo ....................................................... 62

2.14.4 Processo de fermentação .......................................................................................... 63

2.14.5 Processo de destilação fracionada ........................................................................... 64

2.14.6 Aspectos ambientais na obtenção do Etanol .......................................................... 65

2.15 Obtenção do Etileno a partir do Etanol ............................................................................ 66

2.15.1 Aspectos Ambientais .................................................................................................. 68

2.16 Produção do Polietileno Verde .......................................................................................... 69

3. Objetivo ............................................................................................... 70

4.1 Método .................................................................................................................................. 71

5 Resultados e Discussões .................................................................. 72

6 Conclusão ........................................................................................... 78

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 80

SITES VISITADOS ......................................................................................... 82

LISTA DE FIGURAS

Figura 1(a) - Polímero de Kevlar....................................................................................................... 14

Figura 1(b) - Hormônio Oxitocina. .................................................................................................... 14

Figura 2 - Representação da molécula de polímero em forma de anel. .................................... 15

Figura 3(a) - Nylon 6 e Nylon 6.6. ..................................................................................................... 16

Figura 3(b) - Poliestireno. ................................................................................................................... 16

Figura 4 - Fios de polímeros lineares que se mantêm isolados uns dos outros. ...................... 17

Figura 5(a) - Polietileno (PE). ............................................................................................................ 18

Figura 5(b) - Polipropileno (PP). ....................................................................................................... 18

Figura 5(c) - Poli (cloreto de vinila) (PVC) ....................................................................................... 18

Figura 5(d) - Policarbonato (PC) ....................................................................................................... 18

Figura 6 - Fios de polímeros que formam ligações cruzadas, retículos. .................................... 19

Figura 7(a) - Fenol-formaldeído (baquelite). ................................................................................... 19

Figura 7(b) - Epóxi (araldite). ............................................................................................................. 19

Figura 8 - Exemplo de reação em cadeia (poliadição). ................................................................. 21

Figura 9(a) - Etileno glicol .................................................................................................................. 22

Figura 9(b) - Representação de Hidroxiácido. ................................................................................ 22

Figura 10 - Reação de Policondensação. ....................................................................................... 23

Figura 11 - Reação de obtenção do polietileno (PE). .................................................................... 23

Figura 12 - Cadeia ramificada do PEBD. ........................................................................................ 26

Figura 13 - Cadeia ramificada do PELBD. ...................................................................................... 27

Figura 14 - Cadeia não ramificada do PEAD . ................................................................................ 28

Figura 15 - Intersecção de formação do desenvolvimento sustentável...................................... 33

Figura 16 - Acumulo de petróleo cru em bacias sedimentares .................................................... 35

Figura 17 - Sistema de perfuração de poços de petróleo. ............................................................ 39

Figura 18 - Torre de destilação atmosférica . ................................................................................. 48

Figura 19 - Torre de destilação a vácuo .......................................................................................... 49

Figura 20 - Coqueamento Retardado .............................................................................................. 51

Figura 21 - Processo de hidrocraqueamento catalítico (HCC) .................................................... 52

Figura 22 - Fluxograma de produção do etanol a partir da cana-de-açúcar.............................. 60

Figura 23 - Sistema de Moagem ....................................................................................................... 62

Figura 24(a) - Formação de Piruvato ............................................................................................... 64

Figura 24(b) - Formação de Etanol .................................................................................................. 64

Figura 25 - Obtenção do Etileno ....................................................................................................... 67

Figura 26 - Obtenção do Polietileno Verde ..................................................................................... 69

Figura 27 - Consumo Verde .............................................................................................................. 73

Figura 28 - Principais emissões atmosféricas liberadas no plantio de cana-de-açúcar .......... 77

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Características dos hidrocarbonetos. ............................................................................ 36

Tabela 2 - Estudos para perfuração de poços de petróleo........................................................... 38

Tabela 3 - Frações e produtos obtidos nas refinarias ................................................................... 41

Tabela 4 - Rendimento de obtenção do eteno de acordo com a matéria prima utilizada ...... 56

Tabela 5 - Top 10 produtores mundiais de etileno. ....................................................................... 56

Tabela 6 - Top 10 consumidores mundiais de etileno. .................................................................. 57

Tabela 7 - Principais impactos ambientais causados pelos processos de refino. .................... 75

Tabela 8 - Impactos causados no solo e atmosfera pela plantação de cana-de-açúcar ........ 76

12

1. Introdução

O crescimento populacional e suas necessidades vêm aumentando

consideravelmente nos últimos anos, e o consumo de meios fabricados cresce de

maneira mais intensa ainda. Esses fatores demandam para um maior consumo de

bens de consumo, meios fabricados e matérias primas para sustentar essas

necessidades crescentes. Com esse aumento de consumo vem à necessidade de

buscar novos meios produtivos e tecnologias para sustentar a demanda crescente das

pessoas. Esses fatores fazem com que empresas busquem meios sustentáveis de

produção e fontes de matérias primas renováveis para que não ocorra impacto no meio

ambiente e não falte matéria prima em um curto espaço de tempo. Essa

conscientização ambiental vem desde a empresa buscando métodos sustentáveis

para não impactar o meio ambiente como vem também do consumidor final que, a

cada dia, com uma quantidade maior de informação e conhecimento, busca produtos

que em seus rótulos possuem o selo verde, que mostra que aquela determinada

empresa tem uma preocupação ambiental para fabricar aquele produto. O consumidor

tem percebido a sua importância nas mudanças que tem acontecido, pois a partir de

suas exigências em relação a um produto que seja produzido ecologicamente correto,

as empresas buscam o marketing “verde” ou o marketing ambiental através de

métodos mais interessantes de produção.

Uma das novidades no setor de produtos sustentáveis é o surgimento de uma

nova tecnologia de produção do Polietileno (PE). O Polietileno (PE) e seus derivados

são gerados comumente a partir de fontes não renováveis de material prima, no caso

do Polietileno o petróleo, o etileno para produção do polietileno vem do nafta um dos

produtos do craqueamento do petróleo por destilação.

O PE tem uma grande importância econômica, pois é um polímero barato e é

utilizado em várias embalagens de produtos, sacolas plásticas, tubulações e etc.

Duas empresas líderes na produção do PE no Brasil detêm uma nova

tecnologia para obter o PE a partir do etanol. Este PE é conhecido popularmente por

“plástico verde”, ou seja, essas empresas obtém um PE de alta performance e

qualidade sem alterar suas propriedades naturais. O “plástico verde” a longo prazo

13

vem para substituir o PE convencional vindo do nafta. Isso porque além dele ser

ecologicamente produzido tem um valor mais baixo e aproveita a grande

disponibilidade de etanol que o Brasil possui.

O Brasil é o maior produtor mundial de etanol e conta com projeções

animadoras para o futuro. A produção projetada para 2019 é de 58,8 bilhões de litros,

mais que o dobro da registrada em 2008. O consumo interno está projetado em 50

bilhões de litros e as exportações em 8,8 bilhões.

A importância crescente, nos últimos anos, com as questões ambientais fez

com que essas empresas obtivessem meios sustentáveis para obtenção do PE a partir

do etanol.

O processo será mostrado detalhadamente por pesquisas realizadas

previamente antes do início do projeto da fábrica de PE “verde”. Comparado com

métodos convencionais que existem na literatura e são feitos pela própria empresa

atualmente. Dados ambientais, sociais e financeiros serão usados para justificar a

iniciativa de trazer essa nova tecnologia.

2. Revisão Bibliográfica

2.1 Macromoléculas

Macromoléculas são compostos orgânicos ou inorgânicos de massa molar

elevada e constituídos, em sua maioria, por átomos com baixo peso molecular, tais

como, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, enxofre, silício e carbono (MARINHO, 2005).

Segundo Meysenbug (1963) a formação de macromoléculas através de

combinações de moléculas com pequena massa molecular é um dos principais

objetivos da química orgânica. As moléculas orgânicas são compostas por cadeias

que variam de 10 a 100 átomos. As pequenas moléculas se ligam através de reações

entre algumas moléculas pequenas e são dispostas ao redor do átomo de carbono,

formando assim as macromoléculas, contendo de 103 a 106 átomos de carbono.

14

Podem-se exemplificar as macromoléculas como moléculas com uma longa

cadeia de carbonos, ramificada ou não ramificada e com alta massa molecular.

Vitaminas, hormônios, proteínas e polímeros são alguns exemplos de

macromoléculas. Na figura 1(a) e 1(b) são mostrados dois exemplos de

macromoléculas (Kevlar e Oxitocina).

Figura 1(a) - Polímero de Kevlar. (Fonte:

VUELTAS)

Figura 1(b)2 - Hormônio Oxitocina. (Fonte:

CIENCIAHOJE)

2.2 Polímeros

Do grego antigo surge a palavra polímero, poli (vários) e mero (unidades de

repetição), o que leva a definição de que os polímeros são várias unidades repetidas

mantidas juntas por ligações químicas. Assim, várias moléculas iguais ou diferentes

juntam-se para formar uma macromolécula que leva o nome de polímero. Essas

unidades de repetição podem ser ou não iguais e podem fornecer as mais diversas

características nos polímeros.

Segundo Canevarolo (2010) “um polímero é uma macromolécula composta por

muitas (dezenas de milhares) unidades de repetições denominadas meros, ligadas por

ligação covalente”. Pode-se dizer que polímeros são longas cadeias de carbonos

ramificadas ou não, ligadas entre si por ligações do tipo covalente entre os carbonos.

Os polímeros estão entre as matérias mais antigas usadas pela civilização, como

madeira (celulose), cereais (amido) e borracha (MARINHO, 2005).

15

Qualquer material orgânico ou inorgânico, sintético ou natural, com diversas

estruturas e pesos moleculares, que são formados por várias unidades de peso

molecular geralmente menor, que se repetem e que possuem as mais diversas

características são classificados como polímeros (MANRICH, 2005). Segundo Manrich

(2005) “se imaginarmos um anel como sendo um mero, a formação de um polímero se

dá quando muito deles (mil a cinco mil) são unidos sequencialmente”. A figura 2

representa uma molécula de polímero em forma de anel.

Figura 2 - Representação da molécula de polímero em forma de

anel (MANRICH, 2005).

Os materiais compostos por polímeros têm uma grande aplicação na indústria

em geral. A diversificação dos materiais poliméricos, devido às suas diversas

combinações de formações das mais diferentes cadeias poliméricas, trazem ótimas

aplicações na indústria de tintas, plástico, borracha, automobilística e etc.

2.3 Classificação dos Polímeros por Método de Obtenção

2.3.1 Polímeros Sintéticos

Os polímeros obtidos artificialmente em laboratório e passados para produção

industrial são chamados de polímeros sintéticos. Os materiais poliméricos sintéticos

são os polímeros mais usados nos dias atuais, devido a sua fácil obtenção. Eles têm

origem das mais variadas matérias primas como: petróleo, hulha ou carvão mineral,

etanol, etc. alguns exemplos de polímeros obtidos industrialmente estão nas figuras

3(a) e 3(b).

16

Figura 3(a) - Nylon 6 e Nylon 6.6. (Fonte : PSLC) Figura 3(b) - Poliestireno. (Fonte: INFOESCOLA)

2.3.2 Polímeros Naturais

Polímeros naturais são macromoléculas já existentes na natureza que, com

algumas modificações são utilizados para a produção de polímeros comerciais

(CANEVAROLO, 2010).

Alguns polímeros naturais encontrados na natureza são as proteínas que, são

macromoléculas constituídas por uma sequência de aminoácidos repetitivos.

Celulose, um carboidrato formado por uma sequência de glicoses ligadas por

átomos de oxigênio, formando uma longa cadeia (CANEVAROLO, 2010).

Borracha natural feita de látex encontrada na seringueira (Havea Brasiliensis)

que tem grande valor comercial, mas vem sendo substituída por borrachas de origem

sintéticas.

2.4 Classificação dos Polímeros por Características Tecnológicas

2.4.1 Polímeros Termoplásticos

São polímeros que podem por várias vezes serem fundidos e resfriados sem

perder suas propriedades básicas. Os polímeros termoplásticos são considerados

como polímeros flexíveis (MANRICH, 2005). Por serem fluidos, quando recebem um

17

acréscimo de temperatura podem ser moldados por diversas vezes e retornarem as

características anteriores sem perder as características principais quando ocorrer um

decréscimo de temperatura.

Esse tipo de polímero possui suas macromoléculas lineares contendo ou não

ramificações (Figura 4). O Polímero termoplástico é linear devido à formação de fios

que se mantêm isolados uns dos outros. São solúveis e fusíveis em solventes comuns

(FOGAÇA, 2012).

Figura 4 - Fios de polímeros lineares que se mantêm isolados uns dos outros. (Fonte:

ALUNOSONLINE)

Segundo Canevarolo (2010) polímeros termoplásticos são polímeros que,

quando sob um aumento substancial de temperatura e marginal de pressão, são

flexíveis e adquirem característica de fluido, podendo ser moldados quantas vezes

forem necessárias sem perder suas características principais, assim não sofrendo

degradação de suas propriedades. Quando são retirados os fatores temperatura e

pressão eles retornam a sua forma inicial, ou a nova forma que ele foi moldado com

as mesmas características iniciais. Eles podem ser moldados novamente se

aumentarem a temperatura e pressão, portanto são polímeros recicláveis. Alguns

exemplos de polímeros termoplásticos são: Polietileno (PE) (Figura 5(a)), Polipropileno

(PP) (Figura 5(b)), Poli (cloreto de vinila) (PVC) (Figura 5(c)), Policarbonato (PC)

(Figura 5(d)), etc.

18

Figura 5(a) - Polietileno (PE).

(Fonte:INFOESCOLA)

Figura 5(b) - Polipropileno (PP). (Fonte:

POLIMEROSSINTETICOS)

Figura 5(c) - Poli (cloreto de vinila) (PVC)

(Fonte: ALUNOSONLINE)

Figura 5(d) - Policarbonato (PC) (Fonte:

SAMUELROBAERT)

2.4.2 Polímeros Termofixos

São conhecidos como termorrígidos ou termoendurecidos e possuem a

característica de formar cadeias reticuladas, ou seja, as ramificações se aproximam

formando retículos. Quando sujeitos a um aumento substancial da temperatura e

marginal da pressão, se tornam flexíveis, mas não tão flexíveis quanto os

termoplásticos e fluem adquirindo a forma do molde. A principal característica do

polímero termofixo é a formação de retículos, ligações cruzadas entre suas cadeias

carbônicas. As cadeias carbônicas reagem entre si formando redes. Ao aquecer

novamente o polímero, após a formação dos retículos, não há mais mudanças, pois o

polímero tornou-se insolúvel, infusível e não reciclável. Para que ocorra a moldagem

do polímero termofixo é preciso que realize a moldagem na fase de pré-polimerização

(antes da cura, sem a presença dos retículos) (CANEVAROLO, 2010).

Segundo Manrich (2005) os polímeros termofixos “são polímeros que, após sofrerem

o processo de cura (ligações cruzadas), não podem ser fundidos ou dissolvidos sem

a ocorrência da degradação de sua estrutura química”. Os polímeros termorrígidos são

19

maleáveis e possíveis de moldar apenas no momento de sua fabricação, se ocorrer

um aumento de temperatura e pressão começam a degradar. Isto ocorre devido à

formação de ligações em todas as direções do espaço, formando uma rede

tridimensional chamada de reticulo (FOGAÇA, 2012) (Figura 6).

Figura 6 - Fios de polímeros que formam ligações cruzadas, retículos. (Fonte: ALUNOSONLINE)

Alguns exemplos de polímeros termorrígidos são: fenol-formaldeído (Figura 7(a)),

epóxi (Figura 7(b)), etc.

Figura 7(a) - Fenol-formaldeído (baquelite). Fonte:

MUNDOVESTIBULAR)

Figura 7(b) - Epóxi (araldite). (Fonte:

GOOGLEPATENTS)

2.5 Classificação de Polímeros por método de Preparação

2.5.1 Poliadição

Os polímeros feitos por reação de poliadição ou polimerização por reação em

cadeia são aqueles que, durante a reação dos monômeros, quase não ocorre perdas

de massa devido à formação de subprodutos de baixo peso molecular. Assume-se que

20

ocorre praticamente uma conversão total, ou seja, o peso da quantidade de monômero

usado é igual ao peso do polímero formado (CANEVAROLO, 2010).

Na polimerização em cadeia (poliadição) emprega monômero com dupla

ligação que se instabiliza formando duas ligações simples com liberação de energia,

assim pode-se classificar a reação de poliadição como uma reação exotérmica. Ao

ocorrer essa abertura da dupla ligação do monômero, a reação em cadeia (poliadição)

inicia-se quebrando as outras duplas ligações, como se fosse um “efeito dominó” e

formando um polímero de alto peso molecular (CANEVAROLO, 2010). Para que

ocorra a reação de poliadição é necessário que exista, pelo menos, uma insaturação

reativa e a presença de um iniciador no meio reacional, que irá abrir a dupla ligação

do monômero formando o centro ativo (CANEVAROLO, 2010).

Segundo Canevarolo (2010) “essa reação pode gerar polímeros de cadeia

carbônica homogênea quando o monômero possui uma dupla ligação C=C. Quando a

dupla ligação envolve outros átomos que não somente o carbono (isto é, C=O, C=N,

etc.) haverá o surgimento de um polímero de cadeia heterogênea.” A reação em cadeia

pode ser dividida em três partes:

Iniciação: é adicionado ao meio reacional um iniciador de baixo peso molecular

e termicamente instável que, ao sofrer um aquecimento substancial, irá se

decompor formando dois radicais livres. O iniciador irá como o próprio nome diz

iniciar a reação em cadeia, ao romper a dupla ligação do monômero criando um

centro ativo. Após a abertura da dupla ligação e formação do centro ativo a

reação começa até que acabe os monômeros ou que o centro ativo seja inibido

(CANAVAROLO, 2010).

Propagação: após a criação do centro ativo a reação ocorre rapidamente, o

centro ativo abre a dupla ligação do monômero e forma outro centro ativo e

assim por diante. Ocorrendo assim a transferência do centro ativo de monômero

para monômero (MANRICH, 2005).

Término: onde ocorre o desaparecimento do centro ativo e término da reação

(CANEVAROLO, 2010).

21

A figura 8 mostra a reação em cadeia (poliadição).

Iniciação:

I-I ∆ 2I*

I* + M I-M*

Propagação:

I-M* + M I-M-M*

I-M-M* + M I-M-M-M*

Término:

I-M-M-M....M* + M I-M-M-M....M-M (Desaparecimento do centro ativo)

Figura 8 - Exemplo de reação em cadeia (poliadição) (CANEVAROLO, 2010).

2.5.2 Policondensação

A reação de policondensação ou polimerização por etapas é a polimerização

que necessita de dois monômeros com grupos funcionais reativos que terminam com

a liberação de uma molécula de baixo peso molecular (água, amônia, ácido clorídrico,

etc.) (CANEVAROLO, 2010).

De acordo com Marinho (2005) a reação de policondensação envolve a

presença de monômeros que possuem bifuncionalidade explicita, ou seja, “são

necessários pelo menos dois monômeros, ou apenas um monômero, quando

apresentar duas funções distintas na mesma molécula”. Marinho (2005) mostra que

no primeiro casos são necessários diálcoois ou diácidos que, produzem poliésteres e

liberam uma molécula de água e no segundo caso os hidroxiácidos, que também

produzem poliésteres e liberam uma molécula de água (Figura 9(a) e 9(b)).

22

Figura 9(a) - Etileno glicol (Fonte:

ENSINOONLINE)

Figura 9(b) - Representação de Hidroxiácido.

(Fonte: PATENTADOS)

A polimerização por etapas consiste na sucessiva condensação dos grupos

funcionais reativos existentes nos monômeros, até que a macromolécula formada

alcance o tamanho e peso de uma cadeia polimérica (CANEVAROLO, 2010).

As principais características de uma reação em etapas são:

Ocorre a condensação sucessiva de monômeros que possuem grupos

funcionais reativos e ocorre a liberação de moléculas simples com baixo

peso molecular (exemplo: água e HCl) (CANEVAROLO, 2010).

As moléculas formadas e os monômeros existentes no meio reacional vão

reagindo entre si. Isso ocorre desde o início da reação e sem a presença de

um iniciador. A reação de polimerização por etapas não precisa de

iniciadores, como acontece na reação de polimerização em cadeia, devido

à presença de grupos funcionais nos monômeros (CANEVAROLO, 2010).

A massa molecular do polímero cresce com o tempo, devido à

reação entre monômeros e reação entre moléculas já formadas. Enquanto

houver grupos funcionais reativos nas moléculas, ainda ocorrerá a reação

de polimerização e consequentemente aumento da massa molecular

(CANEVAROLO, 2010). A figura 10 mostra a reação por etapas

(policondensação).

23

Figura 10 - Reação de Policondensação. (Fonte: ACAMBIODE)

2.6 Polietileno

O Polietileno (PE) é um polímero cujo monômero formador da macromolécula

é o etileno, a macromolécula é obtida via reação em cadeia (poliadição). As matérias

primas utilizadas para obtenção do etileno são etanol ou nafta. O polietileno mais

comumente obtido é o vindo da nafta, um dos derivados do petróleo. O polietileno

vindo do etanol, mais conhecido como “polietileno verde” está ganhando destaque no

mercado. A figura 11 mostra a reação do monômero etileno na formação do polietileno

(PE).

Figura 11 - Reação de obtenção do polietileno (PE). (Fonte: ALUNOSONLINE)

As principais características do polietileno (PE) são:

Parcialmente cristalino.

Flexível.

Propriedades influenciadas pela quantidade relativa da parte

amorfa e cristalina.

24

Lamelas, menores partes cristalinas, são planares, consistem em

cadeias perpendiculares ao plano principal e são dobradas em zig e zag

para cada 5 a 15nm (MARK, 1987).

A célula unitária do polietileno (PE) é ortorrômbica (forma de paralelepípedo)

(CANEVAROLO, 2010).

Polietileno (PE) é um hidrocarboneto saturado e apresenta em geral

características como alto peso molecular e natureza parafínica. Como tal, ele é inerte,

ou seja, possui baixa reatividade química em temperaturas baixas, mas possui

impurezas, tais como fragmentos residuais de catalisador, que podem provocar ataque

oxidativo ou formar radicais livres em altas temperaturas. Para evitar a oxidação e

formação de radicais livres são utilizadas pequenas quantidades de antioxidantes

(MARK, 1987).

Segundo Neves (2009) o polietileno é inerte a maioria dos produtos químicos,

devido a sua natureza parafínica, sua estrutura parcialmente cristalina, alto peso

molecular e grande quantidade de fase amorfa.

O polietileno (PE) por ser inerte e atóxico é muito utilizado para fabricação de

embalagens para indústria farmacêutica e alimentícia. Antigamente classificava-se o

polietileno devido a sua densidade e método de obtenção.

A temperatura abaixo de 60 graus é parcialmente solúvel em todos os

solventes, mas podem-se observar dois fenômenos:

Ocorre interação com o solvente, causando inchamento, mudança de cor e

textura, dissolução parcial e com o tempo total degradação do PE (Coutinho

et al., 2003).

“Interação com agentes tensoativos, resultando na redução da resistência

mecânica do material por efeito de tenso-fissuramento superficial” (Coutinho

et al., 2003).

Uma das commodities mais utilizadas no mundo, o polietileno registrou um forte

crescimento mundial nos últimos anos, impulsionando suas principais variedades

(PEBD, PEBDL, PEAD, PEUAPM e PEUBD). Devido ao consumo, o mercado e a

criação de novas tecnologias, o mercado deve continuar crescendo (NEVES, 2009).

25

A Dow Química é a líder de mercado de resinas de polietileno seguida da

Braskem. Ambas as empresas estão investindo em novas tecnologias que permitem

ganhar espaço no mercado de resinas de PE (Fonte: PLÁSTICOS).

2.7 Tipos de Polietileno

Antigamente classificava-se o polietileno devido a sua densidade e pelo tipo de

processo. Atualmente, além de classificação do polietileno devido a sua densidade,

classifica-se também pelo tipo de catalisador utilizado na reação de polimerização,

existência ou não de ramificações, pelo tipo de cadeia e pelas condições reacionais

(MARK, 1987).

Hoje podem ser produzidos cinco tipos de polietileno:

Polietileno de baixa densidade (PEBD ou LDPE);

Polietileno linear de baixa densidade (PELBD ou LLDPE);

Polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE);

Polietileno de ultra alto peso molecular (PEUAPM ou UHMWPE);

Polietileno de ultra baixa densidade (PEUBD ou ULDPE).

2.7.1 Polietileno de baixa densidade (PEBD ou LDPE)

O Polietileno de baixa densidade (PEBD) foi o primeiro termoplástico utilizado

comercialmente. Ele foi descoberto por acaso em 1933 e foi rapidamente utilizado em

revestimento de cabos para radares durante a segunda guerra mundial. Depois da

guerra devido a ser quimicamente inerte, ter baixo custo de fabricação, fácil

processamento e boas propriedades física e química, foi utilizado em diversas

aplicações. O PEBD juntamente ao PEAD e PELBD oferecem diversas combinações

de baixo custo e de fácil fabricação, grande variedade de utilização e excelente

equilíbrio de propriedades físicas (MARK, 1987).

Etileno é o monômero utilizado para produção do PEBD e o principal método

utilizado para obtenção do etileno é o craqueamento do gás natural ou óleo bruto em

altas temperaturas. Pequenas quantidades de monômeros são utilizadas para

26

modificar as propriedades do polietileno (PE), tais como: acetato de vinila, acrilato de

metila e acrilato de etila (MARK, 1987).

A obtenção do polietileno (PE) é feita em pressões elevadas entre 1000 a 3000

atm. e temperaturas entre 100 e 300 °C. Em temperaturas acima de 300 °C o

polietileno (PE) tende a degradar-se (MARK, 1987).

A polimerização do polietileno (PE) é do tipo reação em cadeia, essa reação

necessita de um iniciador. Os iniciadores utilizados na obtenção do PE são da família

dos peróxidos orgânicos, porem o oxigênio é o mais utilizado (Coutinho et al., 2003).

A reação de obtenção do PEBD é altamente exotérmica e assim uma das

principais dificuldades do processo é a retirada do excesso de calor do meio reacional.

A alta temperatura, natureza exotérmica e alta pressão fazem com que surjam

ramificações na cadeia do polímero. Essas ramificações irão ter forte influência nas

propriedades do polímero (Coutinho et al., 2003). A figura 12 mostra a cadeia

ramificada do PEDB.

Figura 12 - Cadeia ramificada do PEBD (MARK, 1987).

O PEBD é um polímero parcialmente cristalino e possui uma temperatura de

fusão (Tm) de 110 °C. Devido à temperatura de fusão (Tm) de 110 °C e por ser atóxico

esse polímero é muito utilizado para produção de embalagens, pois ele começa a

degradar-se acima de 110 °C, abaixo dessa temperatura ele encontra-se no estado

solido (Coutinho et al., 2003).

27

2.7.2 Polietileno linear de baixa densidade (PELBD ou LLDPE)

O polietileno linear de baixa densidade (PELBD) foi comercializado pela

primeira vez no final da década de 70 pela Union Carbide e Dow Chemical. Desde

então, sua taxa de crescimento de utilização passou a ser maior em relação aos outros

polietilenos (PEBD e PEAD). Atualmente, é o principal tipo de polietileno produzido

comercialmente (MARK, 1987).

Segundo Mark (1987) “PELBD convencional difere de PEBD por ter uma

distribuição de peso molecular estreita e por não conter ramificações de cadeia longa.

O PELBD é feito por copolimerização de etileno e α-olefinas”. A figura 13 mostra a

cadeia do PELBD.

Figura 13 - Cadeia ramificada do PELBD (MARK, 1987).

O monômero utilizado para obtenção do PELBD é o etileno e qualquer α-

olefinas de C3 até C20 pode ser utilizada como comonômeros. Apesar dessa grande

variedade de comonômeros, os quatro comumente utilizados são: 1-Buteno, 1-

Hexeno, 4-Metil-1-Penteno e 1-Octeno (MARK, 1987).

A reação de obtenção do PELBD é feita na presença de catalisadores do tipo

metal de transição, sob pressão de 145 MPa, temperatura de 200 °C e solventes do

tipo carboneto (MARK, 1987).

Segundo Coutinho (2003), o peso molecular do PELBD pode ser controlado

pela temperatura do meio reacional e pela concentração de agente de transferência

de cadeia. “Hidrogênio tem sido o mais empregado por ser um agente de transferência

de cadeia altamente efetivo com uma grande variedade de catalisadores”.

28

Quando comparados o PELBD e o PEBD verifica-se que, o PELBD é mais

cristalino devido ao menor número de ramificações de cadeia longa e a baixa

quantidade de cadeias curtas (ATTALA, BERTINOTTI, 1983).

O PELBD é um termoplástico com elevada eficiência em selagem a quente, isso

permite que ele seja utilizado em embalagens ou filmes para alimentos e remédios

(Coutinho et al., 2003).

2.7.3 Polietileno de alta densidade (PEAD ou HDPE)

O polietileno (PE) é o plástico mais utilizado no mundo e o polietileno de alta

densidade (PEAD) é o tipo mais utilizado de polietileno. É o produto da polimerização

do polietileno com densidades entre 0.91g/cm³ e 0,94g/cm³ (MARK, 1987).

O PEAD surgiu na década de 1890, com a síntese do “polimetileno” resultante

da decomposição do diazometano. O “polimetileno” assim obtido era um polímero

linear de peso molecular elevado, tendo ponto de fusão de 137° C e densidade de

0,970 g/cm3. Pode afirmar-se que, apesar da não utilização comercial do PEAD, ele

foi inicialmente descoberto muito antes do PEBD (MARK, 1987).

A utilização do PEAD depende do método de produção. O PEAD abrange vários

segmentos da indústria do plástico e pode ser obtido por moldagem por sopro,

extrusão, e moldagem por injeção (Coutinho et al., 2003).

O PEAD e PEBD possuem muitas aplicações em comum, mas se comparados

o PEAD é mais resistente e duro que o PEBD. O PEBD é mais flexível e maleável

(Coutinho et al., 2003). A figura 14 mostra a cadeia não ramificada do PEAD.

Figura 14 - Cadeia não ramificada do PEAD (MARK, 1987).

29

2.7.4 Polietileno de ultra-alto peso molecular (PEUAPM ou UHMWPE)

O polietileno é uma cadeia longa de átomos de carbono, podendo ou não ter

ramificações. Quando a cadeia de carbonos do polietileno possui muitas ramificações

é chamada de PEBD. Se ela não possui ramificações é chamada de PEAD (WIBECK,

HARADA, 2005).

O polietileno linear possui peso molecular na faixa de 200.000 a 500.000g/mol,

podendo ser maior. Os polietilenos com peso molecular de três a seis milhões de

grama por mol são chamamos de polietileno de ultra alto peso molecular (PEUAPM).

Esse polímero pode ser utilizado para confecção de fibras tão fortes quanto o Kevlar

(WIBECK, HARADA, 2005).

O polietileno de ultra alto peso molecular (PEUAPM) quando adquiri a forma de

plástico possui características impressionantes, que o torna um polímero de

engenharia. Suas características o fazem superior aos outros termoplásticos em

relação à resistência a abrasão, resistência à fratura por impacto, inércia química,

baixo coeficiente de atrito, autolubrificação e não absorção de água (WIBECK,

HARADA, 2005).

O alto peso molecular do PEUAPM proporciona uma viscosidade muito elevada

que, no estado fundido seu índice de fluidez se aproxima de zero. Isso torna impossível

processa-lo por métodos convencionais de extrusão, moldagem a sopro e injeção. É

processado por extrusão por pistão ou compressão por termoprensagem (WIBECK,

HARADA, 2005).

A aplicabilidade do PEUAPM em:

Indústria do papel e celulose: Transportadores de correntes empregados para

movimentação de toras de madeira;

Portos: Defensas marítimas;

Indústrias alimentícias: roscas e estrelas nas áreas de envasamento, buchas,

cortadores, etc.;

Mineração: revestimentos de silos, calhas, bicas, etc.

30

2.7.5 Polietileno de ultra baixa densidade (PEUBD ou ULDPE)

O polietileno de ultra baixa densidade (PEUBD) é a resina de polietileno mais

nova. É um polietileno com baixa densidade 0.825g/cm³. Este oferece maior

resistência, flexibilidade e melhores propriedades ópticas em relação ao polietileno

linear de baixa densidade (PELBD).

A principal aplicabilidade do PEUBD é como resina modificadora para polímeros

de maior densidade como: PEAD, PEBD, PP, etc. Quando adicionado a esses

polímeros o PEUBD fornece maior flexibilidade e resistência (COUTINHO et al., 2003).

2.8 Sustentabilidade

Pode-se definir sustentabilidade como a habilidade de sustentar ou suportar

uma ou mais condições, exibida por algo ou alguém ou, uma característica de

processo ou de um sistema que permita sua permanência em certo nível, por um

determinado período de tempo. Outro conceito de sustentabilidade vem ganhando

espaço na vida das pessoas nos últimos anos, o conceito de sustentabilidade

ambiental, isso ocorre devido à crescente preocupação com a qualidade de vida.

Sustentabilidade vai muito além do significado do dicionário e da preocupação

ambiental. “A percepção da maioria das pessoas é que a sustentabilidade está

relacionada apenas às emissões de gases para a atmosfera como, por exemplo, o gás

carbônico, e que este é o único risco a que o planeta está exposto”. O planeta vem

passando por mudanças radicais em seu clima, e é crescente a preocupação com

meio ambiente, mas esse não é o único problema que temos, é o principal, mas não o

único (TORRESI, PARDINI, FERREIRA, 2010).

Da sustentabilidade criou-se o termo desenvolvimento sustentável, em 1987.

No Relatório de Brundtland da ONU, definiu-se o termo de desenvolvimento

sustentável como, “satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”. O

termo de desenvolvimento sustentável vai além do que a simples preocupação com o

meio ambiente, mas também tem o cunho de preocupar-se com a questão política e

31

social, sem a preocupação ambiental, de nada adianta a preocupação social e política

(TORRESI, PARDINI, FERREIRA, 2010).

A palavra sustentabilidade tem duas origens, a primeira ecológica, que se refere

à capacidade que um sistema tem de recuperar-se das ações antrópicas e naturais. E

a segunda vem do termo da economia “adjetivo do desenvolvimento, em face da

percepção crescente ao longo do século XX de que o padrão de produção e consumo

em expansão no mundo, sobretudo no último quarto desse século, não tem

possibilidade de perdurar. Ergue-se, assim, a noção de sustentabilidade sobre a

percepção da finitude dos recursos naturais e sua gradativa e perigosa depleção”

(NASCIMENTO, 2010).

Segundo Romeiro (2012) para um negócio ou atividade ser sustentável, ela se

apoia em três pilares, o primeiro pilar é que o desenvolvimento tem que ser

sustentável, ou seja, ser eficiente, o segundo pilar é ser socialmente desejável, assim

incluindo todas as pessoas sem restrições e o terceiro pilar é o ser ecologicamente

prudente.

2.8.1 Desenvolvimento Sustentável

Nos dias atuais o problema envolvendo sustentabilidade vem ganhando

espaço, devido a grande preocupação e conhecimento da população. Essa

preocupação leva as pessoas a uma reflexão sobre crescimento econômico e

cuidados com o meio ambiente. A pergunta que surge na reflexão das pessoas é de

como podem caminhar juntos o crescimento econômico, desenvolvimento da indústria

e os cuidados com o meio ambiente (JACOBI, 1997). O conceito de desenvolvimento

sustentável surgiu nos anos 70, com nome diferente do que é conhecido na atualidade,

o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu com o nome de

ecodesenvolvimento. (ROMEIRO, 2012).

Para Dias (2006), o conceito de desenvolvimento sustentável é amplamente

utilizado e possui diversas visões sobre seu significado, para alguns estudiosos o

conceito de desenvolvimento sustentável é o de obter crescimento econômico

continuamente, utilizando melhor os recursos naturais e tecnologia disponível, assim,

32

diminuindo os gastos de energia e poluindo menos o meio ambiente. Para outros

estudiosos, o desenvolvimento sustentável tem uma orientação político-social,

destinada para acabar com a desigualdade entre as pessoas e desenvolver um

crescimento harmônico entre a apropriação de terras e a utilização de recursos

naturais.

Mesmo possuindo diversas definições sobre o conceito de desenvolvimento

sustentável, todas as definições sempre possuem os seguintes tópicos:

Todas as gerações, presentes ou futuras, devem possui acesso à possibilidade

de melhorar seu bem estar;

Os processos produtivos e financeiros devem ser responsáveis por suas ações

e buscar causar o menor impacto ambiental;

O desenvolvimento deve possuir limites, tanto dos recursos naturais não

renováveis (Ex: Petróleo), quanto da intervenção das pessoas ao meio

ambiente;

Não há fronteiras nacionais ou geográficas para impactos ambientais. Somente

a união entre países possibilita a reparação ambiental já causada pelo homem

e desenvolve um lugar melhor para o futuro;

As atividades dos ecossistemas naturais e humanas devem estar interligadas

para que o desenvolvimento sustentável aconteça (SEIFFERT, 2006).

A definição de desenvolvimento sustentável apareceu no relatório de Brundtland,

que foi feito pela comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e

abordou a utilização de recursos naturais sem comprometer as próximas gerações de

atenderem suas necessidades (SEIFFERT, 2006).

A intersecção dos três fatores, desenvolvimento econômico, desenvolvimento

social e desenvolvimento ambiental dão origem ao desenvolvimento sustentável. A

figura 15 mostra a interseção de formação do desenvolvimento sustentável.

33

Figura 15 - Intersecção de formação do desenvolvimento sustentável (SEIFFERT, 2006)

Para Seiffert (2011) a importância de sustentar o crescimento econômico,

maximizando os ganhos privados, ampliando mercados e diminuindo custos formam o

fator de desenvolvimento econômico. A igualdade social, autossuficiência, e o uso de

tecnologia correta, satisfação das necessidades das pessoas garantindo a inclusão

social e transparência formam o desenvolvimento sustentável. O respeito pelas

atividades do meio ambiente e a redução e reciclo de matérias para reduzir

desperdícios e gerações de resíduos formam o desenvolvimento ambiental.

2.8.2 Marketing Verde

A busca por novas tecnologias e a crescimento da população provocam a escassez

de recursos naturais e a poluição do meio ambiente, reduzindo assim, a qualidade de

vida das pessoas no planeta. O conhecimento dos consumidores sobre movimentos

ecológicos trouxe a necessidade de encontrar novas maneiras de continuar o

crescimento, mas de uma forma sustentável. As empresas, grandes causadoras

34

dessas novas tecnologias e produtos sentiram a necessidade de buscar uma maneira

de divulgar sua preocupação com o meio ambiente, trazendo novas tecnologias em

tratamento de resíduos, embalagens biodegradáveis e recicladas. Essa maneira

encontrada pelas empresas, para divulgar suas iniciativas ambientais, é chamada de

marketing verde (SEIFFERT, 2006).

O marketing verde é muito mais do que apenas uma simples divulgação, mas

também visa educar o consumidor sobre suas iniciativas e os impactos que elas

podem causar no produto final (SEIFFERT, 2006).

Para Jaquelyne A, Ottman (Seiffert apud Abreu, 1994) “o marketing verde é mais

complexo que o marketing convencional e requer novas estratégias que, efetivamente,

abordem os desafios chave relacionados com a maneira de definirmos o verde, de

desenvolvermos produtos verdes que os consumidores apreciarão e de comunicarmos

com credibilidade e impacto nosso empenho e nossas iniciativas.”.

2.9 Petróleo

Petróleo é um composto complexo, formado em sua maioria por hidrocarbonetos

coexistentes nos estados sólidos, liquido e gasoso. Este composto é formado por duas

partes, hidrocarbonetos insolúveis em água, que são formados por átomos de carbono

e hidrogênio e por pequenas quantidades de nitrogênio, enxofre, oxigênio e alguns

metais. O petróleo tem origem fóssil, ou seja, é um composto formado pela ação de

transformação da matéria orgânica, originada de animais e plantas, depositados em

grande quantidade no mar, abaixo de pesadas camadas de sedimentos. As camadas

de matéria orgânica sofrem transformação pela ação de bactérias anaeróbias, sem

presença de oxigênio, e a altas temperaturas, formando assim o petróleo. O petróleo

é encontrado em bacias sedimentares e em solos que um dia houve mar (CRUZ,

CULLÉRES, 2011).

As bacias sedimentares são depressões no solo, cobertos por sedimentos, que

sofreram transformações, em milhões de anos. A existência de uma bacia sedimentar

não garante a presença do petróleo cru. Para que haja presença de petróleo, é

necessária uma união de fatores para a formação e acumulo do mesmo. Para que

35

ocorra a formação do petróleo cru é preciso que haja rochas geradoras (mãe), essas

rochas recebem esse nome, pois possuem muita matéria orgânica acumulada, ou seja,

matéria prima para formação do petróleo cru. Além da rocha geradora, é necessário

que haja rochas de reserva (armazém). As rochas acumuladoras são rochas porosas

que absorvem e armazenam o petróleo crú, após as reações de transformação da

matéria orgânica. As rochas de reserva são envolvidas por rochas de cobertura

(impermeáveis), caracterizadas por impedir que migre para outras partes (KIMURA,

2005). A figura 16 mostra o esquema de acumulo de petróleo cru nas bacias

sedimentares.

Figura 16 - Acumulo de petróleo cru em bacias sedimentares (Fonte: GRACIETEOLIVEIRA)

A caracterização mais simplificada de petróleo é dada por uma equação:

Petróleo = Mistura de hidrocarbonetos (Composto formado por átomos de carbono e

hidrogênio + impurezas) (SZKLO, ULLER, 2008).

O petróleo tem característica oleosa, menos densa que água, inflamável e sua cor

varia de preto a castanho claro. Existe os mais variados reservatórios de petróleo ao

redor do mundo, com diferentes quantidades e diferentes tipos de petróleo. Podem-se

encontrar as mais diversificadas características (cor, acidez, pureza, teor de enxofre,

viscosidade, etc.), que variam de reservatório para reservatório (SZKLO, ULLER,

2008).

36

A característica especial do petróleo em relação a outros compostos energéticos é

ser uma fonte de energia não renovável, ou seja, não pode ser produzido

sinteticamente, o que o torna um produto valioso no mercado, por ser a fonte de

energia mais utilizada no mundo (KIMURA, 2005).

Os hidrocarbonetos presentes no petróleo cru são em sua grande maioria

saturados, do tipo parafínico (CnH2n+2), Naftênicos (CnH2n) e aromáticos. Não é comum

encontrar hidrocarbonetos insaturados no petróleo cru, devido a sua alta reatividade,

dificilmente se preservam. No petróleo cru são encontrados os mesmos

hidrocarbonetos, que variam em sua quantidade dependendo do reservatório que foi

extraído, assim, afetando suas propriedades físico-químicas (SZKLO, ULLER, 2008).

A diferença de quantidade de hidrocarbonetos no petróleo cru faz com que este

seja mais adequado para produção de um determinado derivado, assim, diferentes

tipos de petróleo produzem diferentes derivados de petróleo. Há refinarias que

produzem somente lubrificantes, devido ao tipo de petróleo utilizado, com certa

composição de hidrocarbonetos, que o torna mais adequado para a produção de

lubrificantes (SZKLO, ULLER, 2008). A tabela 1, mostra as principais características

dos hidrocarbonetos e densidade, relacionando-as ao principal derivado obtido pela

refinaria:

Tabela 1 - Características dos hidrocarbonetos (Uller apud Thomas, 2004).

Parafina Isoparafina Naftênico Aromático

Densidade Baixa Baixa Média Alta

Gasolina Ruim Boa Média Muito Boa

Diesel Bom Médio Médio Ruim

Lubrificante Ótimo Bom Médio Ruim

Resistentes a

Oxidação

Boa Boa Boa Má

Esta tabela mostra, por exemplo, que petróleo cru com grande quantidade do

hidrocarboneto parafina em sua composição é excelente para a produção de

lubrificantes.

37

Além de hidrocarbonetos, o petróleo possui algumas impurezas (compostos

sulfurados, nitrogenados, oxigenados, organometálicos, resinas e asfaltenos). Os

compostos sulfonados são o teor de enxofre no petróleo cru e possui uma grande

importância na classificação do petróleo. A legislação brasileira classifica o petróleo

em quatro tipos de acordo com o teor de enxofre no petróleo cru: petróleo com teor

acima de 2.5% é classificado de petróleo azedo (sour), e petróleos com teor abaixo de

0.5% são classificados como doce (sweet). A faixa entre 0.5% a 2.5% compreende

óleos semidoces e semi-ácidos (SZKLO, ULLER, 2008).

2.9.1 Exploração e Perfuração

A exploração de petróleo é uma atividade extremamente complexa que envolve

diversos conhecimentos técnicos como, estudos geológicos de viabilidade para

exploração. Após este estudo é necessário obter uma licença de perfuração, antes de

realizar a perfuração (KIMURA, 2005).

Há dois tipos de exploração de petróleo atualmente, onshore, que é realizada em

terra, ou seja, são reservatórios de petróleo encontrados em terra. Para reservatórios

encontrados no mar, é chamado de exploração offshore (KIMURA, 2005).

A exploração offshore é a mais perigosa e com maiores custos, devido à

complexidade que a envolve, pois as reservas geralmente se encontram longe da

costa e necessita de muita tecnologia para realizar a perfuração e exploração, além

da tecnologia para evitar vazamentos no mar, que ocasionaria altas multas de órgãos

ambientais para empresa que está realizando a exploração (KIMURA, 2005).

A exploração possui duas etapas, uma de estudos geológicos (geologia, geofísica,

modelagem, sismologia, etc.), que visam encontrar o local exato da reserva de petróleo

e a etapa de perfuração, que envolve diversas etapas e depende do tipo do solo. As

duas etapas levam aproximadamente de cinco a oito anos para completa realização

(KIMURA, 2005). A tabela 2 mostra os estudos realizados antes da exploração de

reservatórios de petróleo.

38

Tabela 2 - Estudos para perfuração de poços de petróleo (KIMURA, 2005).

Estudo Ação

Geologia Analisa características das rochas na

superfície e ajuda a prever seu

comportamento em altas profundidades.

Geofísica Analisa a características das rochas e

identifica os diferentes tipos de rochas e

estruturas geológicas.

Sismologia São pequenos terremotos provocados por

explosivos, que produzem ondas sonoras,

que ao retornarem para o analisador de

ondas sonoras são descodificados e os

dados processados, usado para encontrar

reservas de petróleo.

Após os estudos de viabilidade e geológicos da futura área de exploração, se

identificada uma reserva rentável de petróleo, a empresa que tem o direito de fazer a

exploração segue com os trabalhos, chegando à etapa de perfuração. Esta etapa

envolve vários riscos e compreende de 40 a 80 % do custo da exploração de petróleo.

A perfuração é a principal tecnologia na exploração de petróleo (KIMURA, 2005).

A perfuração é feita por um conjunto de equipamentos compostos por uma sonda

de perfuração, tubulações de aço, brocas e sonda. Antigamente era utilizada a técnica

de percussão, que consistia na perfuração através do impacto da sonda através do

seu peso. A técnica utilizada atualmente é a perfuração através de brocas (diamante,

lâmina, tricone, etc.) A broca é escolhida de acordo com o estudo geológico da área,

o qual identifica o tipo de solo, e assim a engenharia de perfuração escolhe a broca

mais adequada para perfurar aquela área (KIMURA apud ALMEIDA, 2003). A figura

17 mostra o esquema de perfuração de uma plataforma de petróleo.

39

Figura 17 - Sistema de perfuração de poços de petróleo (Fonte: HSW).

2.9.2 Produção

Após a identificação do campo de extração de petróleo, começa a fase de

produção. O petróleo extraído pode ser vendido como uma commodity no mercado

internacional. O preço do petróleo no mercado internacional varia, de acordo com a

região que ele é produzido. O petróleo pode ser do tipo Brent, Cesta da Opep, Dubai,

etc. Cada tipo de petróleo possui um preço, que é definido nos spot dos mercados

internacionais (ALMEIDA, 2003).

Alguns fatores, além do tipo do petróleo, podem contribuir para variar o preço final

do óleo cru, por exemplo:

Condições geológicas das regiões produtoras;

Impostos cobrados pelos países produtores;

Tipo de exploração.

40

Em relação aos impostos cobrados pelos países produtores. Os países que

possuem grandes reservas de petróleo estabelecem impostos altos sobre o petróleo

extraído, visando faturar uma parte do lucro obtido com a venda (ALMEIDA, 2003).

Do início dos estudos geológicos e pesquisa, sobre a viabilidade da reserva de

petróleo, até a extração do óleo cru, ocorre à mobilização de milhares de funcionários

e o investimento de bilhões de reais. Esse investimento visa em realizar as pesquisas,

construção de torres de perfuração, plataformas marítimas, brocas de perfuração,

gasodutos, oleodutos, estações coletoras e de tratamento de petróleo e terminais de

recebimento e distribuição (ALMEIDA. 2003).

O gasto técnico para produção do petróleo envolve custos na exploração,

desenvolvimento, produção e transporte do óleo cru (ALMEIDA, 2003).

2.9.3 Principais processos na Refinaria

O refino de petróleo é a separação desse insumo, via processos físicos e químicos,

em frações menores (derivados), que são processados em unidades de separação até

atingir os produtos finais (SZKLO, ULLER, 2008).

Segundo Szklo e Uller (2008) os produtos finais obtidos pela separação do petróleo

em frações menores, podem ser divididos em três categorias:

“Combustíveis (Gasolina, diesel, óleo combustível, GLP, QAV, querosene,

coque de petróleo, óleos residuais) – cerca de 90% dos produtos de refino do

mundo.

Produtos acabados não combustíveis (solventes, lubrificantes, graxas, asfalto e

coque).

“Intermediários da indústria química (nafta, etano, propano, butano, etileno,

propileno, butilenos, butadieno, benzeno, tolueno e xileno).”

As refinarias podem variar muito uma para outra, devido ao tipo de petróleo que

elas processam. Assim, as refinarias para refino de petróleo são unidades complexas

com múltiplas operações que dependem do tipo, qualidade do petróleo e dos tipos de

derivados desejados. Por esse motivo, não existe duas refinarias iguais no mundo

41

(SZKLO, ULLER, 2008). A tabela 3 mostra as frações e os produtos gerados pelo refino

do petróleo:

Tabela 3 - Frações e produtos obtidos nas refinarias (SZKLO, ULLER, 2008).

Gás Combustível Combustível de refinaria, matéria

prima para a produção do etileno.

GLP Combustível doméstico e industrial,

matéria prima para petroquímicas.

Nafta Gasolina automotiva e aviação, matéria

prima para petroquímicas (principal) e

produção de solventes.

Querosene Produção de detergentes.

Gasóleo atmosférico Diesel, combustível doméstico e

industrial, e matéria prima para

petroquímica.

Gasóleo de vácuo Carga para craqueamento, produção de

lubrificantes e matéria prima para

petroquímica.

Resíduos de vácuo Óleo combustível, asfalto lubrificante de

alta viscosidade e coque de petróleo.

Ao planejar e construir uma refinaria de petróleo pode-se dizer que ela é destinada

a dois objetivos principais. O primeiro objetivo é a produção de combustíveis e

matérias primas para petroquímicas. Na maioria dos casos, este é o principal objetivo

das refinarias, devido à alta demanda de combustíveis e matérias primas para

petroquímicas (ABADIE, 2002).

O segundo objetivo de uma refinaria é a produção de lubrificantes básicos e

parafinas. Os insumos como lubrificante e parafinas possuem um alto valor agregado,

aproximadamente duas vezes o valor de combustíveis, e fornece uma grande

rentabilidade aos refinadores. O Brasil não possui refinarias destinadas, somente, a

produção de parafinas e lubrificantes. No entanto, dentro das refinarias do primeiro

42

objetivo, existem refinarias que funcionam, praticamente independentemente para a

produção de lubrificantes e parafinas. As refinarias brasileiras são todas destinadas,

para produção de combustíveis e produção de matérias primas para petroquímicas

(ABADIE, 2002).

Os processos realizados em uma refinaria podem ser divididos em quatro grandes

grupos:

Processos de separação;

Processos de conversão;

Processos de tratamento;

Processos auxiliares.

O objetivo dos processos de separação é de quebrar o petróleo em duas frações,

ou processar uma fração previamente produzida. As mudanças realizadas nesses

processos são de natureza física (operações unitárias) e se não ocorrer nenhuma

mudança na estrutura da molécula, contaminação ou perdas durante o processo, no

final do processo de separação pode-se juntar as frações separadas e formar o insumo

original (ABADIE, 2002).

O processo mais conhecido de separação é a destilação, que consiste em separar

componentes de uma mistura miscível baseado nos diferentes pontos de ebulição de

cada componente. É um dos processos mais importantes para uma refinaria, pois

consiste do primeiro processo de uma refinaria, onde irá separar diferentes frações do

petróleo e encaminhar para os demais processos (ABADIE, 2002).

A destilação pode ser feita em diferentes etapas e com diferentes pressões,

conforme a fração que a refinaria pretende obter. Nas refinarias do Brasil são utilizadas

a destilação atmosférica e destilação a vácuo (ABADIE, 2002).

Em uma refinaria de petróleo ocorrem outros tipos de processos de conversão,

visando separar diferentes frações do petróleo. Essa separação é feita utilizando

agentes separadores, que por afinidade irão retirar a parte de interesse. Pode-se citar

como processos de separação em uma refinaria (ABADIE, 2002):

Desasfaltação a propano;

Desaromatização a furfural;

43

Desparafinação a MIBC (Metil-Isobutil-Cetona);

Desoleificação a MIBC (Metil-Isobutil-Cetona);

Extração de Aromáticos;

Adsorção de n-parafinas.

Diferentemente dos processos de separação, o processo de conversão visa

transformar uma fração separada na fase de separação em outra fração diferente. Os

processos de conversão são de natureza química e não é possível, no final dos

processos, juntar todas as frações e formar o insumo original. Os processos de

conversão não têm essa característica, pois durante o processo ocorrem mudanças

na estrutura das moléculas (ABADIE, 2002).

A reação individual e especifica de cada processo é obtida utilizando diferentes

temperaturas, pressões e agentes aceleradores de reação, denominados

catalisadores. A presença de catalisadores ou não, irá classificar os processos de

conversão (ABADIE, 2002).

O processo de conversão mais conhecido e o primeiro a ser utilizado em uma

refinaria é o processo de craqueamento. A palavra craqueamento vem do inglês

“crack” que significa quebrar. O processo de craqueamento é a quebra de frações

vindas dos processos de separação, utilizando catalisadores ou não e temperatura,

transformando as frações maiores com menor valor de mercado (gasóleo de vácuo)

em frações menores, com maior valor no mercado (nafta) (ABADIE, 2002).

Os processos de conversão possuem grande rentabilidade, devido à

transformação de produtos com menor valor agregado em produtos com maior valor

agregado (ABADIE, 2002).

Pode-se citar como exemplos de processo de conversão:

Craqueamento térmico (utilização de temperatura para quebra das frações);

Craqueamento catalítico (utilização de temperatura e catalisadores para

quebra das frações);

Hidrocraqueamento catalítico;

Hidrocraqueamento catalítico brando;

Alcoilação catalítica;

44

Reforma catalítica;

Viscorredução;

Coqueamento retardado.

Os processos de tratamento têm por finalidade melhorar a qualidade das frações

obtidas pelos processos de separação e conversão, eliminando impurezas, que

comprometa m a qualidade do produto final, assim estabilizando o produto (ABADIE,

2002).

As impurezas retiradas pelos processos de tratamento podem gerar características

indesejáveis aos produtos, tais como, cor, corrosividade, acidez, odor desagradável,

formação de compostos poluentes após a queima, etc. Dentre essas impurezas

retiradas, tem-se o nitrogênio e o enxofre (ABADIE, 2002).

A quantidade e o tipo de impureza encontrados no petróleo variam de acordo com

o tipo de petróleo extraído e das frações mais leves ou pesadas, obtidas pelos métodos

de separação e conversão. Ao decorrer do processo de separação e conversão, as

partes mais pesadas tendem a ter maior quantidade de impurezas (ABADIE, 2002).

Podem-se separar os processos de tratamento em dois tipos, processos de

tratamento convencionais (utilizados para tratamento de frações mais leves) e

hidrotratamentos (utilizado para frações mais pesadas). Os processos de tratamento

mais encontrados em refinarias são:

Tratamento cáustico (utilização de KOH ou NaOH);

Tratamento Merox de GLP;

Tratamento Merox de naftas e querosene;

Tratamento Bender;

Hidrotratamento;

Tratamento DEA.

Os processos auxiliares possuem a finalidade de fornecer insumos para os

processos de separação, conversão e tratamento, ou recuperar resíduos dos

processos anteriores (ABADIE,2002).

Dentre os processos auxiliares mais conhecidos, tem-se:

45

Geração de hidrogênio;

Recuperação de enxofre;

Utilidades (vapor, água, energia elétrica, ar comprimido, etc.).

2.10 Processo de refino do petróleo

O etano é obtido a partir de uma refinaria de petróleo, que visa fracionar o petróleo

e obter insumos utilizados nas indústrias de primeira geração. As frações dos

derivados passam por processos de separação, conversão e tratamentos na refinaria

até obtenção do produto final (SZKLO, ULLER, 2008).

As operações que ocorrem em uma refinaria são divididas em cinco categorias:

Operações de topping, que visam separar os hidrocarbonetos em diferentes

frações. A unidade de topping mais comum é a destilação (atmosférica e

vácuo), mas a desasfaltação a propano tem sido muito utilizada, devido a

sua grande eficiência na separação do petróleo (óleo crú) em diferentes

frações de hidrocarbonetos (SZKLO, ULLER, 2008).

Craqueamento térmico ou catalítico que visam quebrar as frações maiores

obtidas pela operação topping em frações menores. O craqueamento é

realizado com elevada temperatura, onde o fornecimento de calor ira

ocasionar a quebra das frações maiores em frações menores. Pode-se

também utilizar catalisadores para acelerar a reação e aperfeiçoar a reação

de craqueamento (SZKLO, ULLER, 2008).

Combinação de hidrocarbonetos visa unir duas ou mais frações de petróleo,

para obter uma fração de maior valor de mercado, por exemplo, a conversão

de combustível gasoso em combustível liquido (SZKLO, ULLER, 2008).

Rearranjo de hidrocarbonetos visa alterar a estrutura original da fração de

petróleo, obtendo características físico-químicas diferentes, com o mesmo

número de átomos de carbono (SZKLO, ULLER, 2008).

Operações de tratamento e blending visam retirar impurezas das frações de

petróleo obtidas pelos processos acima, evitando assim, a ocorrências de

características indesejáveis nos produtos finais (SZKLO, ULLER, 2008).

46

O primeiro processo a ser realizado, após a chegada do petróleo a refinaria é o

processo de dessalgação. O petróleo ao chegar à refinaria, possui diferentes

quantidades de resíduos inorgânicos, areia, sedimentos e óxidos ferrosos. O sal no

petróleo encontra-se dissolvido ou na forma de pequenos cristais. O problema causado

por esse sal e resíduos no petróleo são incrustações nos equipamentos da refinaria,

características indesejáveis aos produtos finais e corrosão de tubulações e

equipamentos. Além de incrustações e corrosão em equipamentos, pode também

afetar o desempenho dos catalisadores utilizados no processo de conversão (SZKLO,

ULLER, 2008). Logo, antes de ocorrer à separação das frações do petróleo é

necessário a dessalgação.

O processo de dessalgação é simplificadamente explicado pela mistura de água

no petróleo, para dissolução dos sais na água. Essa água é retirada por processos

químicos, ou por utilização de processos elétricos (SZKLO, ULLER, 2008).

Ao realizar o processo de dessalgação, pode ocorrer a geração de resíduo líquido

de alta temperatura e contaminado com sais e metais pesados. A dessalgação do

petróleo produz 7,95 litros de resíduo contaminado por cada barril de petróleo

produzido. Entre os principais resíduos retirados pela dessalgação são: H2S, amônia,

fenol, etc. (SZKLO, ULLER, 2008).

Após a dessalgação, ocorre o primeiro processo de separação, chamado

destilação. Esse processo irá separar o petróleo em diferentes frações, que

posteriormente irão formar diferentes derivados. O processo de destilação é também

conhecido como operação topping.

No processo apresentado será feito primeiramente a destilação atmosférica, aonde

grande parte da carga irá se vaporizar e formar diferentes frações do petróleo, devido

aos diferentes cortes que possui uma torre de destilação, através de diferentes

estágios (cerca de 50 estágios). Cada estágio corresponde a uma diferente

temperatura de ebulição. Na torre de destilação, as frações mais leves são retiradas

pelo topo e as mais pesadas irão ser coletadas pelo fundo e encaminhadas para o

segundo tipo de destilação, a destilação a vácuo (SZKLO, ULLER, 2008).

47

Segundo Szklo e Uller (2008): “os produtos obtidos da coluna de destilação

atmosférica são:

Nafta, gasolina e componentes leves (temperatura de ebulição: < 180°C;

hidrocarbonetos C3-C12);

Querosene (temperatura de ebulição: 180-240°C; hidrocarbonetos C8-C17);

Gasóleo leve (temperatura de ebulição: 240-300°C; hidrocarbonetos C8-

C25);

Gasóleo pesado (temperatura de ebuliçã0: 300-360°C; hidrocarbonetos C20-

C25);

Resíduo de fundo (temperatura de ebulição: >360°C; hidrocarbonetos acima

de C22);

Gás de refinaria (metano e etano): Contém H2S e NH3, sendo mistura de

hidrocarbonetos leves e contaminantes no topo da coluna denominada gás

ácido. “Este gás deve ser tratado de forma a ser empregado como fonte de

energia na refinaria.”

Após o termino da destilação atmosférica, os produtos de topos podem seguir para

tratamento conforme produtos acabados, mas geralmente eles são enviados para

misturadores e então para unidades de jusantes de refino (SZKLO, ULLER, 2008).

A principal fonte de energia para o processo de destilação atmosférica, que utiliza

grande quantidade de vapor d’água de alta qualidade para fornecer calor para que as

frações evaporem e saiam pelo topo da torre de destilação são os próprios derivados

do petróleo produzidos na refinaria e também a utilização de gás natural (SZKLO,

ULLER, 2008).

Há também o consumo de energia elétrica por diversos equipamentos na refinaria,

como, bombas, trocadores de calor, etc. Além dos processos de dessalgação, o

processo de destilação atmosférica utiliza grande quantidade de energia elétrica

(SZKLO, ULLER, 2008). A figura 18 apresenta o esquema de uma torre de destilação

atmosférica.

48

Figura 18 - Torre de destilação atmosférica (SZKLO, ULLER, 2008).

O resíduo de fundo da torre de destilação flui para a segunda torre de destilação

da refinaria, a torre de destilação à vácuo. A torre de destilação à vácuo utiliza frações

pesadas vindo da destilação atmosférica e realizam a destilação à vácuo utilizando

pressões reduzidas (40 a 100 mbar), após o resíduo de fundo ser pré-aquecido a 400

°C. A utilização da destilação à vácuo é importante, pois essas frações a pressão

atmosférica entram em ebulição a 400 °C, mas não podem ser aquecidos nessa

temperatura, devido ao alto custo no fornecimento de vapor para atingir essa

temperatura e porque a essa temperatura a maioria dos seus componentes tendem a

se decompor. A alta temperatura também afeta a resistência dos equipamentos e leva

a formação de coque, que pode incrustar nos equipamentos (SZKLO, ULLER, 2008).

A utilização do vácuo serve para diminuir o ponto de ebulição das frações pesadas,

assim não causando a decomposição de seus componentes, proteção aos

equipamentos e não formação do coque. Os produtos do coque, em geral, são

(SZKLO, ULLER, 2008):

Gasóleo leve de vácuo;

Gasóleo pesado de vácuo;

Resíduo de vácuo.”

49

As frações que saem da torre de destilação à vácuo fluem para as unidades de

craqueamento e de coqueamento, para transformar as frações de menor valor de

mercado em frações com maior valor de mercado (SZKLO, ULLER, 2008).

Ambos os processos, destilação atmosférica e destilação à vácuo consomem uma

grande quantidade de energia (cerca de 40% da energia da refinaria) e geram grandes

resíduos de água, em quantidade, não em termos de qualidade ou deterioração,

totalizando aproximadamente 100 litros de resíduos por barril processado (SZKLO,

ULLER, 2008). A figura 19 esquematiza o processo de destilação à vácuo.

Figura 19 - Torre de destilação a vácuo (SZKLO, ULLER, 2008).

As frações saídas da torre de destilação à vácuo entram na parte do

processamento downstream. A área de processamento downstream, visa fazer

alterações nas moléculas das frações do petróleo, assim alterando a estrutura do

hidrocarboneto, isso ocorre via craqueamento (quebra de moléculas maiores em

menores), combinação de duas frações formando uma terceira de maior valor de

mercado ou através de rearranjos moleculares. A área de processamento downstream

traz a complexidade à refinaria, e são as unidades mais caras do processo de refino

do petróleo (SZKLO, ULLER, 2008).

50

Nessa área da refinaria, podem-se ter basicamente processos térmicos

(craqueamento térmico, coqueamento e viscorredução) e processos catalíticos

(craqueamento catalítico, hidrocraqueamento catalítico e hidrocraqueamento brando).

Os craqueamentos utilizando catalisadores fornecem frações com maior qualidade e

possui maior eficiência no processo de refino (SZKLO, ULLER, 2008).

O resíduo da torre de destilação à vácuo flui até a unidade de coqueamento

retardado. O processo de coqueamento retardado é um processo térmico, não

catalítico. Esse processo visa quebrar as frações mais pesadas, assim, reduzindo a

produção de óleos residuais da refinaria, que possuem baixo valor de mercado,

transformando-os em diesel e gasolina (SZKLO, ULLER, 2008).

Os resíduos de vácuo ao entrar na torre de fracionamento, por um tempo adequado

visando adquirir um produto com qualidade e eficiência do processo, onde o resíduo

após o tempo determinado ira ser fracionado em frações leves residuais, são

removidos e enviados para outras unidades e as frações pesadas se condensam

sendo removidas e direcionadas para uma fornalha a cerca de 500 °C (SZKLO,

ULLER, 2008).

Após a fornalha a mistura flui para um reator termicamente isolado, conhecido

como coqueador, onde ocorre a formação do coque. O coque é um produto comercial,

sendo principalmente utilizado para geração de energia em indústrias e na própria

refinaria (SZKLO, ULLER, 2008).

As frações leves do coqueador são direcionadas para unidades de hidrotratamento

e em seguida para processamento (SZKLO, ULLER, 2008). A figura 20 esquematiza

o processo de coqueamento retardado.

51

Figura 20 - Coqueamento Retardado (SZKLO, ULLER, 2008).

Seguindo a via diferente do resíduo de vácuo, as frações mais leves são enviadas

para a unidade de hidrocraqueamento catalítico, onde as frações maiores serão

quebradas, ocorrendo em condições menos rigorosas que o craqueamento térmico e

sendo mais seletivo devido à utilização de catalisador (zeólitos: sílica-alumina cristalina

ou sílica-alumina amorfa) (SZKLO, ULLER, 2008).

A carga do hidrocraqueamento catalítico vem das torres de destilação (atmosférica

e vácuo), dos coqueadores e dos processos de desasfaltação. O processo de

hidrocraqueamento catalítico consiste em, utilizar um reator, onde o fracionamento

ocorre em pressões elevadas (33 a 190 atm.) na presença de hidrogênio e temperatura

de 280 a 475 °C. Os produtos obtidos nesse processo são frações de butano, frações

leves (gasolina), frações pesadas (nafta) e querosene. Além dos produtos desejados

no processo de hidrocraqueamento catalítico, são também gerados alguns compostos

sulfurados, oxigenados e nitrogenados que contaminam o catalisador. Devido à

formação desses compostos, é de extrema importância, antes de iniciar o

hidrocraqueamento catalítico, a utilização de hidrotratamentos que removem H2S, NH3

e H20 (SZKLO, ULLER, 2008).

52

O hidrocraqueamento catalítico é um dos processos mais versáteis da refinaria,

devido à faixa de conversão, que varia de gasóleo a resíduo em produtos leves de

maior valor de mercado. A presença de catalisador neste processo aperfeiçoa a

produção de nafta e lubrificantes. O diferencial do processo de hidrocraqueamento

catalítico (HCC) para o craqueamento catalítico (FCC) é a presença de H2, que evita

a formação de frações pesadas e aumenta a produção de gasolina, através das

reações com os produtos do fracionamento (SZKLO, ULLER, 2008).

Outra vantagem do HCC em relação ao FCC é a união do hidrogênio e do

catalisador trabalhando juntos, enquanto o processo de craqueamento é endotérmico,

o de hidrogenação é exotérmico. Assim, as reações dentro do reator do processo de

HCC acontecem em temperaturas mais brandas do que as no reator de FCC, embora

seja realizada a pressão mais alta (SZKLO, ULLER, 2008). A figura 21 esquematiza o

processo de hidrocraqueamento catalítico (HCC).

Figura 21 - Processo de hidrocraqueamento catalítico (HCC) (SZKLO, ULLER, 2008).

53

Após o hidrocraqueamento catalítico (HCC) ocorre hidrotratamentos que visam

retirar impurezas como compostos sulfurados, oxigenados, nitrogenados e

organometálicos. O hidrotratamento aumenta a qualidade das frações obtidas,

reduzindo a formação de gomas na gasolina. Há dois tipos de hidrotratamento, o

hidrotratamento brando, visando à remoção de enxofre e olefinas e o hidrotratamento

severo, visando remover adicionalmente compostos nitrogenados, maiores teores de

compostos sulfurados e anéis aromáticos (SZKLO, ULLER, 2008).

O hidrotratamento é dividido em tipos de processos e que tipo de impureza ele irá

retirar. Dentro dos processos de hidrotratamentos existem diversos processos:

hidrodessulfurização (HDS), saturação de olefinas, saturação de aromáticos,

hidrodesaromatização (HDA) e hidrodesnitrogenação (HDN). Os processos de

hidrotratamento vêm sendo muito utilizados nas refinarias que atendem mercados de

combustíveis com muita rigorosidade (SZKLO, ULLER, 2008).

Após a realização do hidrocraqueamento e dos hidrotratamentos encontram-se no

parque de refino alguns processos de conversão, visando obter produtos de maior

valor de mercado, a partir de frações com menor valor agregado. Para obter-se

gasolina com alto índice de octanagem é utilizado o processo de alquilação (SZKLO,

ULLER, 2008).

A alquilação consiste na combinação de olefinas leves (C3-C5) para produzir

gasolina de alto valor agregado, ou seja, alto nível de octanagem e baixo nível de

impurezas (SZKLO, ULLER, 2008).

Outro processo utilizado para obtenção de frações com alto valor agregado é a

isomerização, empregada para rearranjo molecular sem adição de átomos na molécula

original. A isomerização ocorre na temperatura de 100 – 200°C na presença de

catalisadores (platina e cloretos) que necessitam serem trocados na periodicidade de

três anos, juntamente com uma atmosfera rica em hidrogênio, visando minimizar o

deposito de coque. O processo de isomerização visa melhorar a octanagem da

gasolina (SZKLO, ULLER, 2008).

O processo de polimerização visa transformar gases do GLP (propeno ou buteno)

em frações de gasolina de alta octanagem, sendo uma unidade muito parecida com a

de alquilação (SZKLO, ULLER, 2008).

54

2.11 Impactos Ambientais de uma Refinaria

Uma refinaria de petróleo utiliza vários processos para obter as frações desejadas

pelo mercado e viabilizar os grandes investimentos nas unidades de processos. Os

principais impactos ambientais de uma refinaria são: emissão atmosférica, efluente

líquido, consome de energia, etc. (SZKLO, ULLER, 2008).

2.11.1 Emissões Atmosféricas

Entre os poluentes associados a emissões atmosféricas nas refinarias estão:

amônia (NH3), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), ácido sulfídrico

(H2S), metais, óxidos de nitrogênio (NOx), particulados ácidos, óxidos de enxofre

(SOx), compostos orgânicos voláteis (COVs) e outros compostos orgânicos tóxicos.

Segundo Szklo e Uller (2008) “os principais causadores dessas emissões

poluidoras são:

Combustão: emissões associadas à queima de combustíveis;

Emissões fugitivas no transporte e movimentação de produtos;

Emissões evaporativas associadas ao processo;

Emissões evaporativas associadas ao estoque de produtos voláteis;

“Emissões evaporativas associadas à estação de tratamento de água da

refinaria.”

2.11.2 Descargas líquidas

Os processamentos dos derivados do petróleo requerem uma grande quantidade

de água para sua realização, do total de água utilizado uma fração pode ser

recuperada e outra grande parte, contaminada precisa ser tratada (SZKLO, ULLER,

2008).

O consumo de água por barril processado está entre 250 e 350 litros de água por

barril de petróleo processado (cerca de 2.2 barris de água por barril de petróleo).

55

Para Szklo e Uller (2008) “em linhas gerais, são quatro as fontes de descargas

líquida de refinarias:

Vazamentos intermitentes de água;

Água de refrigeração;

Água para uso sanitário;

Água de processo.”

2.12 Obtenção do Eteno a partir de derivados do petróleo

A indústria petroquímica passa por vários estágios e após o refino são obtidos os

petroquímicos básicos, que irão passar por diversos processos até chegar ao

consumidor como produto final (ANTUNES, 2007).

Os petroquímicos básicos consistem em três categorias com diversos

componentes:

Olefinas: Eteno, propeno, buteno e butadieno;

Aromáticos: Benzeno, tolueno e xileno;

Metano: gás de síntese.

O principal produto da indústria petroquímica básica é o eteno, pois é a matéria

prima mais importante em relação a volume, número de derivados e valor de venda.

O eteno atualmente é utilizado como matéria prima para diversos tipos de plásticos

elastômeros e fibras (ANTUNES, 2007).

A produção do eteno é feito a partir da pirolise de hidrocarbonetos saturados e

utiliza diversas matérias primas para a produção do mesmo, tais como, nafta, etano

(gás natural), GLP, condensados, gasóleos e etanol (ANTUNES, 2007).

O rendimento para produção do eteno a partir da pirolise de hidrocarbonetos

saturados varia, de acordo com o tipo de matéria prima empregada no processo

(ANTUNES, 2007).

O eteno é produzido pelo craqueamento do hidrocarboneto a uma temperatura que

varia de 815 a 900°C e 2 atm. de pressão. Após o craqueamento, o gás de

craqueamento é comprimido a 35 atm. para remover gases ácidos e condensados por

56

abatedores de gases. A corrente resultante sofre resfriamento para 95 °C (ANTUNES,

2007).

A fração gasosa é composta por gases metano, hidrogênio e monóxido de carbono,

que são purificados para retirar o hidrogênio e o restante é queimado como

combustível da planta. A fração liquida composta por etano, propano, acetileno e

propino, sofrem diferentes processos. O etano e propano são recuperados, o acetileno

e propino sofrem hidrogenação formando o eteno e o propeno (ANTUNES, 2007).

O rendimento da produção do eteno, varia de acordo com a matéria prima utilizada

e as condições que foi realizado o craqueamento. A tabela 4 mostra o rendimento de

obtenção do eteno de acordo com cada matéria prima (ANTUNES, 2007).

Tabela 4 - Rendimento de obtenção do eteno de acordo com a matéria prima

utilizada (ANTUNES, 2007)

A tabela 5 mostra os principais produtores de eteno em escala mundial e a tabela

6 mostra as principais empresas consumidoras de etileno em escala mundial.

Tabela 5 - Top 10 produtores mundiais de etileno. Fonte (2005 CMAI Light Olefins

Analysis)

57

Principais Produtores de Etileno – Mundial

2005 2009

Ranking Empresas Capacidade

(toneladas)

Ranking Empresas Capacidade

(toneladas)

1 Dow 9853 1 Dow 10336

2 ExxonMobil 8313 2 SABIC 8868

3 Shell 7012 3 ExxonMobil 8448

4 SABIC 6793 4 Shell 7540

5 BP 5237 5 NPC-tran 6204

6 SINOPEC 4014 6 BP 5531

7 TotalFinaElf 3470 7 SINOPEC 5517

8 Formosa 3365 8 Formosa 4765

9 Lyondell 3348 9 TotalfinaElf 3818

10 BASF 3220 10 BASF 3748

Tabela 6 - Top 10 consumidores mundiais de etileno. Fonte (2005 CMAI Light

Olefins Analysis)

58

Principais Consumidores de Etileno – Mundial

2005 2009

Ranking Empresas Capacidade

(toneladas)

Ranking Empresas Capacidade

(toneladas)

1 Dow 12359 1 Dow 12937

2 ExxonMobil 7259 2 SABIC 8386

3 SABIC 5890 3 ExxonMobil 7303

4 Shell 4793 4 SINOPEC 5917

5 BP 4883 5 Shell 5503

6 SINOPEC 4374 6 BP 4973

7 Formosa 4247 7 NPC-tran 4854

8 BASF 3359 8 Formosa 4837

9 TotalfinaElf 2950 9 BASF 3573

10 Lyondell 2747 10 TotalfinaElf 3193

2.13 Indústria Alcooleira

Uma das atividades mais importantes da agroindústria no Brasil é a produção de

etanol, devido ao grande valor do seu produto, da diversidade do mercado que ele

atende e das inúmeras aplicações dos subprodutos da produção do etanol (SILVIA,

FISCHETTI, 2008).

Pode-se obter o etanol por duas vias, por processos químicos e por processos

bioquímicos (o mais utilizado no Brasil). A produção de etanol via processos

bioquímicos é através da fermentação do caldo de cana-de-açúcar ou da própria

açúcar-de-cana. A escolha de um dos processos seja por processos químicos ou por

processos bioquímicos leva em conta diversos fatores, tais como, desenvolvimento

59

técnico econômico, clima e disponibilidade de fornecedores para fornecer a matéria

prima necessária (SILVIA, FISCHETTI, 2008).

O etanol pode ser considerado um dos produtos mais importantes da produção de

energia a partir de biomassa, e um dos principais produtos para substituição de fontes

não renováveis de energia (SILVIA, FISCHETTI, 2008).

Para a obtenção do etanol, teoricamente, pode-se usar todo composto que possui

hidratos de carbonos possíveis de serem metabolizados por um agente fermentativo.

Pode-se usar, como matéria prima para produção do etanol via processo fermentativo,

três grupos passiveis de fermentação: matérias primas sacaríneas, amiláceas e

celulósicas. Na produção de etanol brasileira é utilizado o grupo sacaríneas, que é

composto por açúcares diretamente fermentativos ou não, esse grupo tem como

exemplo: melaços, caldo de cana, caldo de frutas, etc. (SILVIA, FISCHETTI, 2008).

2.14 Produção do Etanol

A obtenção do etanol via processos fermentativos envolve várias operações

unitárias e possui duas etapas complexas para obtenção do produto: destilação e

fermentação, esses dois processos irão definir a qualidade do produto final e a

eficiência do processo de obtenção do etanol.

A figura 22 mostra o fluxograma simplificado de obtenção do etanol:

60

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61

2.14.1 Colheita da cana-de-açúcar

A colheita da cana-de-açúcar pode ser realizada de duas maneiras, manual e

mecanizada. A colheita manual é feita através de trabalhadores com a utilização de

facões. Até 2009 essa era a principal forma de colheita, mas devido a baixas condições

do alojamento, a morte por exaustão de alguns trabalhadores e a utilização de

queimadas antes da colheita visando retirar a palha e facilitar o corte mas gerando

resíduos para os centros urbanos, a fuligem, este te sido substituído por processo

mecanizado, que utiliza maquinas diferenciadas para colheita, desenvolvimento de

cana-de-açúcar com despalha natural, muito útil para áreas com topografia imprópria

para colheita com máquinas.

Após a colheita da cana-de-açúcar, esta deve ser processada rapidamente, devido

ao ressecamento e modificações na composição da matéria prima. A demora em

processar a cana-de-açúcar pode ocasionar a perda de sacarose.

2.14.2 Lavagem da cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar inicialmente é lavada para retirar detritos e terra. A operação é

feita através de chuveiros verticais, a cana-de-açúcar é transportada por esteiras

horizontais, a água escoa do chuveiro a uma temperatura de aproximadamente 30 °C.

Após a lavagem a água é reciclada e passa por um tratamento de neutralização, até

atingir pH 7.0 com cal. A renovação e reciclagem da água de lavagem são atividades

comuns em uma usina alcooleira.

Após a lavagem, a cana-de-açúcar segue para etapa de preparação para moagem

que consiste em aumentar a densidade da cana e quebrar sua estrutura, assim,

facilitando a retirada do caldo pelas moendas. Na preparação para moagem são

utilizados dois equipamentos: picador e desfibrador.

O picador uniformiza e padroniza a carga de cana-de-açúcar e o desfibrador é

utilizado para quebrar a estrutura da cana e facilitar a retira do caldo pelo sistema de

moendas.

62

2.14.3 Moagem e preparação do mosto fermentativo

Assim que a cana-de-açúcar sai da preparação para moagem, ela entra no sistema

de moendas que consiste em sistemas com 12 cilindros funcionando simultaneamente,

procedidos por mais dois cilindros, chamados de esmagadores. A eficiência dessa

etapa está diretamente relacionada com o número de cilindros do sistema de moagem,

quanto mais cilindros no sistema melhor será a eficiência e maior a quantidade de

caldo retirado do bagaço de cana-de-açúcar.

Para aumentar o rendimento da etapa de moagem, são utilizados processos de

embebidação que consiste em pulverizar água durante a moagem. Nesta etapa é

necessário saber a quantidade de sacarose na carga de cana-de-açúcar, pois quanto

maior a quantidade de sacarose na fibra, maior a quantidade de água a ser utilizada.

A figura 23 mostra o sistema de moagem de uma usina de cana-de-açúcar.

Figura 23 - Sistema de Moagem (Fonte: REDETEC)

Após a moagem e extração do caldo de cana, ocorre a preparação do mosto que

será fermentado. O caldo de cana é preparado para ser um meio favorável para

fermentação. Nesta etapa de preparação é medida a concentração necessária de

açúcar, acidez, nutrientes e antissépticos. Para corrigir a concentração o caldo de cana

é enviado para um misturador, onde será diluído, até atingir a quantidade favorável

para que ocorra a fermentação. A etapa de correção de concentração é importante,

63

devido à sensibilidade da levedura, podendo sofrer inibição por concentração de

substrato.

Depois de sofrer a diluição o mosto fermentativo é enviado para as dornas de

fermentação que são dornas abertas, ou seja, pressão atmosférica. Nestas são

adicionados nutriente e antisséptico. Junto com o mosto, nutrientes, antissépticos são

adicionados o agente fermentativo, o qual vai realizar o processo biológico de

fermentação.

2.14.4 Processo de fermentação

Ao adicionar o agente responsável pela fermentação, nas dornas com mosto e

todos os nutrientes necessários para que ocorra a fermentação, inicia-se uma das

etapas mais críticas na produção do etanol.

A fermentação é um processo biológico, catalisado por enzimas (leveduras). Na

produção de etanol é utilizada a levedura Saccharomyces cerevisae que vai

transformar o monossacarídeo (glicose), via glicolitica, em piruvato. O piruvato é

transformado via descarboxilação a acetaldeído, formando etanol e gás carbônico.

As figuras 24(a) e 24(b) mostram a formação do piruvato a partir da glicose e a do

etanol a partir do piruvato, respectivamente.

64

Figura 24(a) - Formação de Piruvato (Fonte:

MUNDODABIOQUIMICA)

Figura 24(b) - Formação de Etanol

(Fonte: MUNDODABIOQUIMICA)

Após a fermentação, o produto obtido pelo processe fermentativo é chamado de

vinho. O vinho contem etanol, gás carbônico, ácido acético e glicerol. O vinho é

enviado para dornas volantes para seguir para o segundo processo crítico na obtenção

do etanol, o processo de destilação onde vai ser retirado o etanol. O gás carbônico,

durante a fermentação vai sendo liberado, pois as dornas fermentativas são abertas

para atmosfera.

2.14.5 Processo de destilação fracionada

O processo de destilação fracionada é utilizado para separar o produto final, etanol.

O vinho recolhido nas dornas fermentativas é enviado para as dornas volantes. Ao

chegar às dornas volantes, o vinho é transportado para a torre de destilação

fracionada.

Na torre de destilação fracionada o vinho é fracionado e o produto, etanol, sai pelo

topo com uma quantidade aproximada de 4 % de água. Para obtenção de álcool anidro

é preciso realizar uma segunda etapa, a etapa de retificação.

A torre de retificação retira água pelo fundo e álcool anidro (99.5%) sai pelo topo.

65

2.14.6 Aspectos ambientais na obtenção do Etanol

O principal problema ambiental na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar

está na produção do subproduto vinhoto. O vinhoto, chamado também de vinhaça é

um resíduo da destilação fracionada no processo de obtenção do etanol, rico em

potássio, alto teor de matéria orgânica, água, nitrogênio, cálcio, magnésio e sódio. O

vinhoto tem sido utilizado na produção de biogás e utilizado como fertilizante em

alguns cultivos (FREIRE; CORTEZ, 2000).

Atualmente, são gerados 27 bilhões de litros de álcool anidro durante o ano e 270

milhões de litros de vinhoto. Para cada litro de álcool obtido pelo processo de

destilação, são obtidos 10 litros de vinhoto (FREIRE; CORTEZ, 2000).

A preocupação dos órgãos ambientais vem crescendo com os anos, pois o vinhoto

tem alta demanda bioquímica (DBO), ou seja ele captura o oxigênio, se descartado em

rios e lagos (FREIRE; CORTEZ, 2000).

Outra preocupação dos órgãos ambientais é a contaminação do solo e dos lençóis

freáticos pelo vinhoto. Em determinados solos arenosos, o vinhoto vai sendo absorvido

até atingir o lençol freático, assim poluindo-o (FREIRE; CORTEZ, 2000).

Um das aplicações do vinhoto, pelas usinas, é no cultivo da cana-de-açúcar. O

vinhoto é irrigado nas plantações, fornecendo diversos nutrientes para o solo e

melhorando a eficiência da lavoura (RODRIGUES, 1995).

O processo de irrigação utilizando o vinhoto é conhecido como fertirrigação,

podendo ser usado concentrado ou diluído em água. O vinhoto é fonte de potássio,

importante nutriente no crescimento da cana-de-açúcar e na formação de sacarose. A

falta de potássio na cana pode ocasionar diminuição na concentração de sacarose e

aumento de colmos e fibras (RODRIGUES, 1995)

O vinhoto é irrigado utilizando o próprio sistema de irrigação da lavoura, assim não

necessitando de novos investimentos e gasto de capital. O único cuidado para realizar

a fertirrigação é a alta dosagem de potássio, o excesso de potássio também prejudica

a qualidade da cana, pois aumenta o teor de cinzas e diminui a capacidade de

cristalização do açúcar. (PAULINO et al., 2002).

66

O segundo principal problema ambiental na produção de cana-de-açúcar são as

queimadas que consistem no ato de atear fogo no plantio de cana-de-açúcar, com o

propósito de queimar a palha e folhas verdes da cana, que são matérias primas

descartáveis e facilitar a colheita (GRUPOCULTIVAR).

O principal problema da queima da cana é a emissão de gases estufas na

atmosfera. Ao queimar a cana os gases liberados na atmosfera são: gás carbônico

(CO2), monóxido de carbono (CO), óxido nitroso (N2O), metano (CH4), além de fuligem

que é liberada nos centros urbanos (GRUPOCULTIVAR).

Um hectare de cana-de-açúcar plantada absorve aproximadamente 15 kg de CO2

da atmosfera e a queima de um hectare plantado libera aproximadamente 9 kg de CO2,

assim, apresentando um balanço positivo, absorvendo mais gás carbônico do que é

liberado (GRUPOCULTIVAR).

O estado de São Paulo possui uma lei e um cronograma a ser seguido para que

até o ano de 2014 as plantações de cana-de-açúcar não sejam mais queimadas, para

evitar a liberação dos gases estufas na atmosfera. Está lei n° 11.242 de 2002 é

amplamente seguida atualmente (GRUPOCULTIVAR).

2.15 Obtenção do Etileno a partir do Etanol

A planta para obtenção do etileno consiste em duas seções primárias.

Seção quente: Calefatores, reatores de desidratação e lavadores de gases,

e compressão do gás cru. O Etanol está sendo desidratado na presença de

vapor em alta temperatura (DOW QUÍMICA).

Seção fria: Recuperação / Separação. O processo de recuperação /

separação remove as impurezas e separa os produtos. Estas impurezas são

típicas, encontradas na especificação do Etileno (ex: CO2, CO, Álcool,) que

podem afetar a qualidade do PE (DOW QUÍMICA).

O processo total é relativamente simples e similar a uma planta convencional de

etileno, requerendo menos unidades de operações. Muito calor integrado para

67

minimizar o consumo de energia (DOW QUÍMICA). A figura 25 mostra o esquema de

processos utilizados para obtenção do etileno.

Figura 25 - Obtenção do Etileno (Fonte: DOW QUÍMICA)

O processo consiste primeiramente na preparação e alimentação de gases e a

vaporização do etanol. O etanol hidratado é utilizado para obtenção do polietileno

verde, é mais barato que o etanol anidro, assim, o etano hidratado é escolhido para o

processo, para economizar na produção do etileno (MORSCHBACKER, 2008).

Após a preparação e alimentação dos gases o etanol é vaporizado e misturado em

uma corrente pré-aquecida de vapor. Essa mistura passa por calefadores elevando a

temperatura para o valor ideal de processo. A mistura é inserida em reatores de

desidratação. Ë importante utilizar a mistura de etanol e vapor d’água, pois o processo

é endotérmico. Além disso, a mistura faz com que forme menos coque aumentando

sua eficiência e tempo de utilização (MORSCHBACKER, 2008).

Ao sair do sistema do processo de desidratação, o eteno é purificado. O eteno é

resfriado em uma torre de quench para retirar o excesso de água, reagentes não

reagidos, ácido acético e acetaldeido. O eteno sai pelo topo da torre de quench

68

contendo alguns contaminantes específicos em pequena quantidade na sua

composição (MORSCHBACKER, 2008).

A carga de eteno é encaminhada para purificação para obtenção do eteno no grau

polímero, o eteno entra em uma torre de lavagem com NAOH para realizar a remoção

do gás carbônico e sequencialmente passa por um leito dessecante para obter um

eteno com excelente grau de pureza, cerca de 99%. O processo final é realizado em

uma torre de fracionamento para aumentar a purificação e obter o etileno em grau de

polímero (MORSCHBACKER, 2008).

2.15.1 Aspectos Ambientais

A planta de etileno verde busca uma maneira diferente de amenizar os efeitos da

produção no meio ambiente, buscando uma maneira sustentável de produzir o produto

final. Alguns importantes aspectos ambientais (DOW QUÍMICA) são:

As fornalhas terão queimadores com baixos teores de NOx.

O condensado de processo (água da desidratação) é stripado para remoção

de HC e enviado para Bio-tratamento antes de ser enviado para irrigação.

O vapor da diluição que vem do gás crú é condensado e enviado para a

seção de stripping da água para ser limpo e reutilizado.

O sistema de lavagem terá um sistema de limpeza fechado.

O depósito de água é verificado para ver se há contaminação antes de ser

enviado para o reservatório de vinhaça ou para o tratamento de resíduos da

planta.

A água é injetada para dentro do compressor de gás crú para baixar a

temperatura de descarga e para redução de depósitos de sujeira do

compressor. O projeto utiliza o condensado de processo como água de

injeção, para minimizar o seu uso.

69

2.16 Produção do Polietileno Verde

O sistema de reação é não adiabático com um catalisador. O hidrogênio é usado

para controlar peso molecular e a reação do produto é conduzida a um processo de

desvolatilização de forma contínua (DOW QUÍMICA).

O Solvente desvolatilizado e etileno não reagido são recuperados e reciclados. O

polímero fundido é paletizado e enviado para armazenagem e as emissões de

hidrocarbonetos são queimadas. A figura 26 mostra o fluxograma de um processo de

obtenção do Polietileno verde simplificado (Dow Chemical).

Figura 26 - Obtenção do Polietileno Verde (Fonte: DOW QUÍMICA)

A produção de polietileno é de custo baixo por tonelada de cana-de-açúcar. A

planta é sustentável e praticamente todos os resíduos são recuperados e

reaproveitados no processo (DOW QUÍMICA).

70

3. Objetivo

Está monografia visa mostrar o surgimento de uma nova tecnologia no campo das

resinas de PE a partir do etanol, mostrando os cuidados desde a plantação e colheita

da cana-de-açúcar, a produção do etanol e obtenção do etileno, o tratamento do

chorume, as leis ambientais que estão ligadas a essa produção. Em contrapartida será

também analisada a produção convencional do PE a partir do nafta, as leis ambientais

e será feita uma comparação entre os dois métodos de produção fazendo uma análise

de onde a empresa ganha produzindo o PE a partir do etanol, os novos mercados que

ela pode buscar e os benefícios da certificação verde desse produto. Serão abordados

também métodos de reciclagem do PE e a importância ambiental e social desta

reciclagem.

71

4. Metodologia

4.1 Método

O método utilizado neste trabalho foi o de revisão bibliográfica. Foi apresentada

uma nova tecnologia de obtenção do polietileno (PE) à partir do etanol da cana-de-

açúcar. Através da literatura, foram coletados dados para comparar a nova tecnologia

de produção do polietileno (PE), as vantagens e desvantagens. Os dados obtidos

foram comparados com os dados da produção convencional de obtenção do polietileno

vindo do nafta, um subproduto do petróleo.

Na etapa final do projeto foram feitas pesquisas em documentos internos e feito

entrevistas com os responsáveis pela instalação de uma nova fábrica de polietileno

“verde” - o polietileno vindo do etanol, onde foi apresentado o que se espera para os

próximos anos e as vantagens e desvantagens da nova fábrica. O marketing do novo

material também foi abordado, devido à grande importância, atualmente, que os

consumidores estão dando ao meio ambiente, buscando produtos com o selo de

produto sustentável.

A importância com o meio ambiente também foi abordada no tópico

sustentabilidade, onde foram mostrados o conceito de sustentabilidade e os benefícios

no âmbito social e ecológico.

As informações obtidas pela literatura e por entrevistas com os profissionais

responsáveis pelo produto polietileno (PE) na empresa Dow Química darão uma

completa visão da importância de um polietileno “verde” atualmente.

72

5 Resultados e Discussões

Foi apresentado através de pesquisas bibliográficas a importância dos produtos

verdes nos dias atuais. Através de artigos, revistas e trabalhos científicos, foi mostrado

a importância que as pessoas tem dado para o meio ambiente e o conhecimento de

sustentabilidade, tanto do âmbito ambiental, quanto do âmbito social.

No trabalho fica claro o crescimento do mercado de produtos verdes, e a busca das

empresas por certificações verdes para atender esse mercado em crescimento. Esse

mercado cresceu proporcionalmente ao crescimento da internet e do aumento de

informação facilmente disponível para as pessoas.

Recentemente o ministério do meio ambiente fez uma pesquisa sobre a motivação

dos brasileiros em comprar produtos verdes (sustentáveis). Na pesquisa foram feitas

várias perguntas e obteve-se dados importantes, como, 85% das pessoas perguntadas

disseram que preferem comprar produtos feitos por empresas que não agridem o meio

ambiente. Outra pergunta feita foi sobre produtos orgânicos e 81% das pessoas

responderam que preferem comprar produtos orgânicos sem a utilização de

agroquímicos.

A pesquisa foi feita pela agencia CP2 pesquisas que ouviu 2.201 pessoas em cinco

regiões do pais e traz números sobre o que a população brasileira acha sobre a

preocupação com o meio ambiente. 76.5 % discordam que a preocupação com o meio

ambiente atualmente seja exagerada e discordam com 86% que é preferível o avanço

tecnológico e o conforto do que a proteção do meio ambiente.

No entanto a pesquisa demonstrou um dado contrário às outras perguntas. No

Brasil, quando os brasileiros vão ao mercado, sempre é oferecido sacolas plásticas

não biodegradável, que demoram anos para se decompor, mesmo assim, como é uma

cultura da população brasileira, a pesquisa mostrou que 58% nunca levaram sua

própria sacola retornável ao mercado, e que 59% da população nunca evitou de utilizar

as sacolas plásticas.

73

A conscientização da população vem sendo apoiada pelo governo que possui um

plano que consiste de três fases para estimular as pessoas a comprar produtos vindos

de empresas sustentáveis, ou que sejam bons para o meio ambiente (biodegradáveis

e recicláveis).

O governo quer estipular uma quantidade mínima de compra de produtos verdes

nas licitações do governo, visando estimular a população a comprar produtos verdes

e sustentáveis. Essa proposta o governou levou para a discussão no RIO +20, na

cidade do Rio de Janeiro. A Figura 27 mostra a proposta feita pelo governo:

Figura 27 - Consumo Verde (Fonte: Folha de São Paulo,2013)

Duas empresas líderes no mercado químico decidiram participar desse mercado

de produtos verdes, buscando produzir de forma mais sustentável o polímero

polietileno. A Dow Química e a Braskem, líderes no mercado de plásticos vem

investindo na produção do polietileno verde, vindo do etanol como matéria prima

(renovável), substituindo o oriundo do petróleo (não renovável).

74

A troca dessa matéria prima pode trazer uma grande economia de recursos e

também diminuir muito a liberação de gases que prejudicam o meio ambiente e

resíduos líquidos contaminados.

Em contrapartida ao aumentar o consumo de etanol, que já é muito utilizado no

Brasil como combustível, substituindo a gasolina vinda do petróleo, seria necessário

aumentar a produção de cana-de-açúcar, utilizando uma maior área de plantio, assim

diminuindo o plantio de culturas de alimentos e desmatando florestas nativas para essa

produção.

Outro ponto negativo apresentado é a produção do vinhoto, um subproduto da

produção da cana-de-açúcar, no caso da planta que a Dow está instalando o vinhoto

será usado como fertilizante para aumentar a qualidade da colheita, mas dependendo

do tipo do solo esse vinhoto não pode ser utilizado. Foi mostrado que a utilização do

vinhoto como adubo orgânico tem que ser com muita cautela, pois em solos arenosos,

ou próximos a lençóis freáticos, pode-se contaminar esses lençóis se adicionados a

terra.

Em relação à colheita, que anos atrás era feita de maneira manual e utilizando

queimadas para retirar a palha seca da cana-de-açúcar e a utilização de mão de obra

barata, em baixas condições de sobrevivência, vem sendo eliminado gradativamente.

Atualmente a colheita vem sendo feita de forma mecânica, com o auxílio de maquinas.

O polietileno vindo do petróleo é mais barato, pois além do nafta (matéria prima para

o polietileno) são obtidos outros derivados com maior valor agregado, que torna a

produção de nafta mais barata do que a vinda do etanol.

O ponto positivo da utilização de derivados de petróleo é a sua extração no mar,

não ocupando grande extensões de terra e prejudicando a plantação de culturas

alimentícias. Em contrapartida o petróleo é um produto não renovável e sua indústria

(refino) produz muitos poluentes para o meio ambiente.

A tabela 7, mostra os principais impactos ambientais por processos do refino.

75

Tabela 7 - Principais impactos ambientais causados pelos processos de refino

(Fonte: EIPCCB:2004) (BARBOSA. F. L, 2007 apud SZKLO, 2008).

Pela Tabela 7, observa-se que todos os processos do refino do petróleo e por

consequência a produção do etileno convencional, liberam grande quantidade de

efluentes líquidos, emissões atmosféricas, resíduos sólidos e alto consumo de energia.

Esses dados mostram que os processos de refino de petróleo precisam utilizar de

76

várias unidades de tratamento e de equipamentos para conseguir tratar seus efluentes

e emissões, isso demanda uma grande quantidade de capital para realizar o refino,

além do capital já investido para extrair o petróleo e montar uma refinaria.

Por outro lado a usina de cana-de-açúcar gera menos efluentes e impacta menos o

ambiente, por isso é conhecida como método de obtenção de combustível verde e

sustentável. Mas a indústria alcooleira também gera resíduos atmosféricos e líquidos,

que poluem o ar e o solo.

A tabela 8 apresenta de uma maneira simplificada os impactos que a indústria de

obtenção do etanol causa no meio ambiente.

Tabela 8 - Impactos causados no solo e atmosfera pela plantação de cana-de-

açúcar (GRUPO CULTIVAR).

A tabela 8 mostra que na fase do cultivo, ocorre o preparo do solo para receber o

plantio de cana-de-açúcar e ocorre a contaminação do solo com corretivos de

nutrientes, fertilizantes para aumentar o rendimento da lavoura, vinhoto utilizado como

adubo e restos de culturas anteriores. Durante o crescimento da cana ocorre o controle

77

biológico de pragas, com auxílio de fertilizantes e herbicidas, contaminando o solo de

cultivo. Na colheita manual ou mecanizada e ocorre as queimadas e liberação de

gases poluentes para atmosfera. A figura 28 mostra os principais poluentes

atmosféricos liberados no plantio de cana-de-açúcar.

Figura 28 - Principais emissões atmosféricas liberadas no plantio de cana-de-açúcar (Fonte:

GRUPO CULTIVAR)

Na etapa de transformação do caldo de cana-de-açúcar para o etanol ocorre a

formação de CO2 nas dornas de fermentação. Esse CO2 é liberado para atmosfera,

pois as dornas fermentativas são abertas para atmosfera.

O segundo resíduo apresentado é a água de lavagem, que é reciclada e tratada

após a lavagem.

O principal resíduo da indústria alcooleira é o vinhoto, que é retirado pelo fundo da

torre de destilação fracionada, usada para retirar o álcool hidratado 96%. O vinhoto

possui grande quantidade de matéria orgânica e potássio. Atualmente o vinhoto é

utilizado como fertilizante para o plantio de cana-de-açúcar, mas o uso do vinhoto

depende do solo que ele será aplicado uma vez que não pode ser utilizados em solos

arenosos, devido a contaminação de lençóis freáticos e dos solos.

Os resultados obtidos mostraram também a crescente preocupação das pessoas

em comprar produtos sustentáveis que não prejudiquem o meio ambiente e possuem

selos de certificação garantido isso.

78

Na etapa de produção do polietileno verde e do polietileno convencional, foi

observado que a obtenção de ambos gera os mesmos resíduos e que a grande

diferença no método de fabricação de ambos vem da matéria prima, etanol e nafta

(petróleo).

O polietileno obtido pelo método convencional e pelo método sustentável possui as

mesmas características físico-químicas.

6 Conclusão

É possível concluir que, atualmente o Brasil e o mundo passam por uma mudança

de comportamento, visando buscar métodos inovadores e sustentáveis para produzir

os bens fabricados e mantendo sua comodidade e conforto.

O mercado consumidor atual, mais atualizado e integrado aos acontecimentos

envolvendo o meio ambiente, vem buscando comprar produtos que não agridam o

meio ambiente e empresas que utilizam métodos sustentáveis para produzir seus

produtos.

A Braskem visando atingir essa nova classe de consumidores verdes inovou e criou

a tecnologia de obtenção do polietileno verde, vindo do etanol como matéria prima. O

polietileno verde é um biopolimero, sustentável, que utiliza o etanol para produção do

monômero etileno, diferentemente do método convencional que utiliza o nafta,

derivado de petróleo para a produção do monômero etileno.

A Dow Química, líder de mercado na produção do polietileno convencional, visando

entrar no mercado sustentável, criou um projeto para instalar uma planta de

transformação do etanol em polietileno. A planta vai obter diretamente a cana-de-

açúcar de produtores locais e acoplada a planta de polietileno será instalado a usina

de produção de etanol e a planta para obtenção do etileno. Com esse projeto a Dow

Química elimina gastos com transporte de matérias primas de uma planta para outra

e entra no mercado que a Braskem é líder.

O polietileno vindo do etanol, possui a mesa qualidade e características físico-

químicas, do polietileno vindo do nafta, a grande diferença dos dois polietileno vem

79

das etapas anteriores. A obtenção do etanol é mais barata e menos poluente, emitindo

menos gases e resíduos no meio ambiente. Em contrapartida a indústria do etanol

gera resíduos que necessitam de cuidados especiais, mas que possuem utilidades

como fertilizantes. Em relação a emissões atmosféricas de gases estufas, o plantio de

cana possui um saldo positivo de CO2, ou seja, o plantio de um hectare capta mais

CO2 do que libera na queima para colheita.

A vantagem do polietileno vindo do nafta, vem também das etapas anteriores, pois

a refinaria produz um número diferenciados de derivados, que possuem alto valor de

mercado, gerando lucros e sendo viáveis a sua produção. Em contrapartida a indústria

de petróleo precisa de altos investimentos em sua instalação e tratamentos para os

resíduos gerados.

Com a preocupação das pessoas crescendo, em relação ao meio ambiente, e os

gastos menores na instalação de uma indústria alcooleira, o polietileno verde torna-se

uma boa escolha de investimento e aposta para o futuro.

80

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