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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Eficiência de equações empíricas utilizadas para determinar lâmina de lixiviação de sais e modelagem da distribuição do sódio no solo Elenilson Moreira Franco Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Irrigação e Drenagem Piracicaba 2013

RICARDO DE NARDI FONOFF - teses.usp.br

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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Eficiência de equações empíricas utilizadas para determinar lâmina de lixiviação de sais e modelagem da distribuição do sódio no solo

Elenilson Moreira Franco

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Irrigação e Drenagem

Piracicaba 2013

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Elenilson Moreira Franco Engenheiro Agrônomo

Eficiência de equações empíricas utilizadas para determinar lâmina de lixiviação de sais e modelagem da distribuição do sódio no solo

Orientador: Prof. Dr. JARBAS HONORIO DE MIRANDA

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Irrigação e Drenagem

Piracicaba 2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação DIVISÃO DE BIBLIOTECA - ESALQ/USP

Franco, Elenilson Moreira Eficiência de equações empíricas utilizadas para determinar lâmina de lixiviação de sais e modelagem da distribuição do sódio no solo / Elenilson Moreira Franco.- - Piracicaba, 2013.

70 p: il.

Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2013.

1. Sódio 2. Salinidade 3. Recuperação de solo 4. Modelagem computacional I. Título

CDD 631.41 F825e

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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Dedico

Aos meus pais Sebastião de Jesus Franco e Maria Barbosa Moreira, aos meus irmãos e,

também, aos meus sobrinhos (Taciele, Taciane, Gabriel e Pedro Henrique); pois são neles e

em Deus que busco forças para vencer obstáculos, coragem e inspiração para superar as

dificuldades.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus, sempre presente em minha vida, por me reservar saúde,

proteção, e por tudo que me concede;

À minha família, pelo esforço e compreensão nos momentos de ausência, nesta e

em outras caminhadas;

À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), Universidade de São

Paulo (USP), Departamento de Engenharia de Biossistemas e Programa de Pós-

Graduação em Irrigação e Drenagem, pela oportunidade;

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela

bolsa concedida;

Aos professores do Departamento de Engenharia de Biossistemas, pelos

ensinamentos transmitidos durante esta jornada;

Ao Prof. Dr. Jarbas Honorio de Miranda, por seu incentivo, orientação, amizade e,

principalmente, pela confiança creditada a minha pessoa;

A todos os colegas de curso, pelos momentos, experiências e conselhos partilhados

no campo pessoal e profissional;

Em especial, à Lívia, Luciano e Rafaelly, também pela ajuda, de grande valia,

prestada no decorrer dos experimentos;

Aos funcionários do Departamento de Engenharia de Biossistemas, pelo apoio e

colaboração;

Aos parentes, mestres e amigos, que não foram nominalmente citados; mas que, de

alguma forma contribuíram para que este momento pudesse acontecer.

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SUMÁRIO

RESUMO.......................................................................................................................... 9

ABSTRACT .................................................................................................................... 11

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 17

2 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 19

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 19 2.1.1 Salinidade e agricultura irrigada ........................................................................... 19 2.1.2 Caracterização e classificação dos solos afetados por sais ................................. 21 2.1.3 Manejo de irrigação em condições salinas ........................................................... 22 2.1.4 Monitoramento de íons e do conteúdo de água no solo ....................................... 24 2.1.5 Recuperação de solos com problemas de salinidade .......................................... 25 2.1.6 Dinâmica da água e transporte de solutos no perfil do solo ................................. 29 2.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 31 2.2.1 Construção das curvas de salinização artificial .................................................... 32 2.2.2 Salinização dos solos nas colunas de percolação ............................................... 33 2.2.3 Cálculo e aplicação das lâminas de lixiviação ...................................................... 35 2.2.4 Monitoramento da umidade e salinidade do solo ................................................. 37 2.2.5 Avaliação do desempenho das equações empíricas ........................................... 40 2.2.6 Obtenção dos parâmetros de entrada e aplicação do MIDI ................................. 42 2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 45 2.3.1 Construção das curvas de salinização artificial .................................................... 45 2.3.2 Salinização dos solos nas colunas de percolação ............................................... 46 2.3.3 Monitoramento da umidade e da salinidade do solo ............................................ 46 2.3.4 Análise da lixiviação do sódio e recuperação dos solos ....................................... 50 2.3.5 Avaliação do desempenho das equações empíricas ........................................... 53 2.3.6 Mobilidade e distribuição do íon sódio no perfil do solo ....................................... 56

3 CONCLUSÕES ........................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 65

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RESUMO

Eficiência de equações empíricas utilizadas para determinar lâmina de lixiviação de sais e modelagem da distribuição do sódio no solo

A definição adequada da lâmina para lixiviação de sais e recuperação de solos salinos depende da qualidade dos resultados obtidos por meio das diversas equações disponíveis para esse fim. Sabendo disso, objetivou-se, com este trabalho: a) avaliar a eficiência de equações empíricas utilizadas para determinar a lâmina de água necessária à recuperação de solos salinos, bem como, b) a caracterização da mobilidade e distribuição do íon sódio em colunas de solo usando dados experimentais e simulados no modelo computacional MIDI. O estudo constou de etapas experimentais e de simulação e foi conduzido nas dependências do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ/USP, Piracicaba - SP. O experimento em casa de vegetação consistiu na aplicação de três lâminas de lixiviação para lavagem e recuperação de dois materiais de solos, armazenados em 36 colunas. Anteriormente, cada solo foi artificialmente salinizado, por meio da aplicação de cloreto de sódio, elevando-se a condutividade elétrica da solução do solo para valores aproximados de 3,0 e 6,0 dS m-1. Assim, os tratamentos, em delineamento de blocos ao acaso, com três repetições, corresponderam a um fatorial de 3 x 2 x 2, decorrente das combinações de três lâminas de lixiviação com dois tipos de solo e dois níveis de salinidade. As lâminas, calculadas a partir do volume de poros de cada solo, foram aplicadas por meio de um sistema de irrigação (gotejamento) a uma vazão de 8 L h-1. Após a aplicação das lâminas, a solução do solo de cada coluna foi extraída e levada ao laboratório para se determinar a condutividade elétrica e concentração de sódio. Nesta etapa foram avaliadas as alterações nas características químicas do solo, em resposta à aplicação das lâminas. Em seguida, equações empíricas foram utilizadas para estimar as concentrações de sais remanescentes na solução do solo, em função das lâminas de lixiviação aplicadas; enquanto que o modelo MIDI foi empregado para simular a distribuição do sódio no perfil do solo. Os cenários teóricos gerados a partir do uso das equações e do modelo MIDI foram comparados com os resultados experimentais, observados nos ensaios com as colunas de solos instaladas na casa de vegetação. As concentrações de sódio e, consequentemente, os valores de condutividade elétrica da solução do solo reduziram de maneira inversamente proporcional com a aplicação das lâminas de lixiviação; sendo os melhores resultados observados no solo arenoso, em função da maior mobilidade do sódio neste material. De maneira geral, as equações testadas foram mais eficientes no solo arenoso e, dentre elas, a proposta de Cordeiro (2001) foi a que apresentou respostas mais coerentes com os resultados obtidos experimentalmente.

Palavras-chave: Sódio; Salinidade; Recuperação de solo; Modelagem computacional

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ABSTRACT

Efficiency of empirical equations used to determine salt leaching water depth and modeling of sodium distribution in soil

The method to properly determine salt leaching water depth and recovery of saline soils depends on the quality of the results obtained by various equations available for this purpose. The objectives of this research were: a) to evaluate the efficiency of empirical equations used to determine the water depth required for saline soils reclamation and b) to characterize the mobility and distribution of sodium in soil columns using experimental and simulated data via the MIDI model. The study consisted of experimental and simulated steps and was carried out at the Department of Biosystems Engineering (“Luiz de Queiroz” College of Agriculture - ESALQ/USP), in Piracicaba, SP. The greenhouse experiment began by applying three leaching water depth for washing and reclaiming two soil types stored in 36 columns. Previously each soil sample was artificially salinized by applying sodium chloride, increasing electrical conductivity (EC) in the soil solution to approximate values of 3.0 and 6.0 dS m-1. Thus, the treatments in random block design, with three replications, corresponded to a factorial 3 x 2 x 2, arisen from the combinations of three water depth with two soils types and two levels of salinity. The water depth was calculated based on the pore volume of each soil type, were applied by drip irrigation system at a flow rate of 8 L h-1. After the water depth application, the soil solution of each column was extracted and taken to the laboratory to determine the EC and sodium concentration. The changes in soil chemical properties in response to application of the water depths were then evaluated. Empirical equations were used to estimate the remaining sodium concentrations in the soil solution according to the applied water depth; while the MIDI model was used to simulate the sodium ion distribution in the soil profile. The theoretical scenarios generated from the use of the equations along with the MIDI model were compared with the experimental results observed in tests with soil columns installed in the greenhouse. The sodium concentrations and the values of EC in the soil solution were reduced inversely proportional to the application of leaching water depth. The best results were observed in sandy soil, owing to the greater mobility of sodium in this material. In general, the equations tested in sandy soil were more efficient and, among them, the one proposed by Cordeiro (2001) was the most accurate when compared to results obtained experimentally.

Keywords: Sodium; Salinity; Soil reclamation; Computational modeling

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Amostras de solo acondicionadas em vasos de PVC com capacidade para

20 litros (a) e extratores de cápsula cerâmica instalados para obtenção da

solução do solo (b) ................................................................................... 33

Figura 2 - Distribuição dos solos na área experimental, conforme o delineamento

estatístico de blocos ................................................................................. 34

Figura 3 - Ilustração do sistema de irrigação, destacando a divisão da descarga dos

gotejadores e os pontos de aplicação da água na superfície do solo ...... 37

Figura 4 - Detalhes da instalação no solo (a) e da construção dos extratores de

cápsula cerâmica (b) ................................................................................ 38

Figura 5 - Preparo do solo para instalação do tubo de acesso (a) e vista geral dos

tubos instalados (b) .................................................................................. 39

Figura 6 - Estrutura para coleta de efluente (a) e Mariotte usado para aplicação da

solução salina (b) ..................................................................................... 42

Figura 7 - Saturação do solo nas colunas (a) e posterior lavagem com aplicação de

água destilada (b) ..................................................................................... 43

Figura 8 - Curvas de salinização artificial, obtidas por análise de regressão, para os

solos estudados........................................................................................ 45

Figura 9 - Curva de calibração e equação ajustada para o solo arenoso (a) e para o

solo argiloso (b) ........................................................................................ 47

Figura 10 - Condutividade elétrica (dS m-1) na solução do solo, obtidos a partir do

uso das equações empíricas e da aplicação das lâminas de lixiviação no

solo arenoso ............................................................................................. 53

Figura 11 - Condutividade elétrica (dS m-1) na solução do solo, obtidos a partir do

uso das equações empíricas e da aplicação das lâminas de lixiviação no

solo argiloso ............................................................................................. 55

Figura 12 - Curvas de efluente elaboradas a partir das concentrações de sódio

obtidas no laboratório, com a aplicação de 450 ppm de cloreto de sódio

no solo arenoso (a) e no solo argiloso (b) ................................................ 57

Figura 13 - Representação dos perfis de umidade, obtidos em condições

experimentais e por meio de simulações com o modelo MIDI, para o solo

arenoso (a) e para o solo argiloso (b) ....................................................... 59

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Figura 14 - Representação dos perfis de concentração de sódio, obtidos em

condições experimentais e por meio de simulações com o modelo MIDI,

para o solo arenoso (a) e o solo argiloso (b)............................................ 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Conteúdo de cloretos, em %, e textura do solo, utilizados para obtenção

do coeficiente proposto por Volobuyev. (Adaptado de CORDEIRO, 2001)

............................................................................................................... 27

Tabela 2 - Resultados da análise granulométrica dos solos utilizados para

preenchimento das colunas.................................................................... 34

Tabela 3 - Terminologia atribuída aos tratamentos do ensaio realizado com as

colunas de percolação (CEes = condutividade elétrica no extrato de

saturação; ε = volume de poros) ............................................................ 36

Tabela 4 - Valores de condutividade elétrica no extrato de saturação (CEes) após

salinização artificial ................................................................................ 46

Tabela 5 - Valores de umidade do solo e respectivas leituras de frequência,

utilizadas para calibração da sonda Diviner: θ = umidade volumétrica (%)

e SF = frequência normalizada .............................................................. 47

Tabela 6 - Valores médios de condutividade elétrica (dS m-1), obtidos na solução do

solo após a aplicação das lâminas de lixiviação .................................... 48

Tabela 7 - Valores médios de concentração de sódio (mg L-1), obtidos na solução do

solo após a aplicação das lâminas de lixiviação .................................... 49

Tabela 8 - Quadro de análise de variância para os efeitos do solo, condutividade

elétrica inicial e lâmina de lixiviação, sobre a concentração de sódio na

camada 0-20 cm no perfil do solo .......................................................... 50

Tabela 9 - Análise de variância para o desdobramento da interação solo*salinidade,

considerando o fator solo dentro de cada nível de salinidade ................ 51

Tabela 10 - Análise de variância para o desdobramento da interação solo*salinidade,

considerando o fator salinidade dentro de cada nível de solo ................ 51

Tabela 11 - Quadro de análise de variância para o desdobramento da interação

solo*lâmina, considerando solo dentro de cada nível de lâmina ............ 52

Tabela 12 - Quadro de análise de variância para o desdobramento da interação

solo*lâmina, analisando o efeito das lâminas dentro de cada nível de

solo ......................................................................................................... 52

Tabela 13 - Médias de concentração de sódio (mg L-1) obtidas na solução extraída

da camada de 0 a 20 cm no perfil do solo, após a aplicação das lâminas

de lixiviação ............................................................................................ 53

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Tabela 14 - Concentração de sódio (mg L-1) na solução do solo, estimada a partir do

uso de equações empíricas para simular as respostas da aplicação de

lâminas de lixiviação no solo arenoso ................................................... 54

Tabela 15 - Concentração de sódio (mg L-1) na solução do solo, estimada a partir do

uso de equações empíricas para simular as respostas da aplicação de

lâminas de lixiviação em solo argiloso ................................................... 56

Tabela 16 - Parâmetros da curva de retenção de água no solo, segundo o modelo

Genuchten (1980) .................................................................................. 56

Tabela 17 - Parâmetros de transporte de sódio, obtidos para o solo arenoso e para o

solo argiloso: fator de retardamento (R), coeficiente de dispersão (D),

número de Peclet (P), velocidade da água nos poros (v), coeficiente de

dispersividade em função do número de Peclet () ............................... 58

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1 INTRODUÇÃO

Algumas regiões do Brasil e do mundo apresentam limitações à Agricultura

Irrigada, sendo a salinidade do solo e, ou, da água de irrigação um problema que

afeta frequentemente as lavouras. Estima-se que 19,5% das terras irrigadas no

mundo (45 milhões de hectares) e 2,1% das não irrigadas (32 milhões de hectares)

estejam afetadas por sais e que, anualmente, sejam abandonados em torno de 1,5

milhões de hectares devido a esses entraves (FAO, 2006).

Sabe-se que, em condições salinas, ocorre redução na disponibilidade de

água para as plantas, pelo decréscimo do componente osmótico do potencial total

da água do solo (TESTER E DAVENPORT, 2003), afetando sua absorção pelas

plantas, que produzem sintomas semelhantes aos encontrados em situações de

seca. Além do efeito osmótico, efeitos específicos, que podem ser de natureza tóxica

ou de desbalanceamento de nutrientes, podem atuar separados ou em conjunto.

Apesar da salinidade interferir negativamente sobre os processos fisiológicos

e metabólicos das plantas, comprometendo o rendimento e a qualidade da

produção, solos com características salinas podem ser recuperados e

reincorporados ao processo produtivo. Segundo Cruciani (1986), o primeiro requisito

para a recuperação é a existência de condições para a drenagem adequada. Tendo-

se drenagem, a salinidade pode ser reduzida a um nível aceitável por meio da

lixiviação, que neste caso denomina-se “lavagem”.

Em tempos de escassez, e considerando que maior parte dos solos salinos e

sódicos ocorre principalmente em áreas áridas e semiáridas, onde as altas taxas de

evapotranspiração e baixa precipitação favorecem ao acúmulo de sais na superfície

do solo, a definição adequada da lâmina a ser aplicada assume papel importante do

ponto de vista econômico e ambiental na recuperação desses solos. Se por um lado

a aplicação de uma lâmina aquém da necessária não produz os efeitos desejados,

por outro, uma lâmina de percolação excessiva, promove a eluviação de nutrientes,

causando desperdício de recursos e contaminação do lençol freático.

De acordo com Rhoades e Loveday (1990), as estimativas da quantidade de

água de lixiviação necessária são baseadas em relações empíricas derivadas de

pesquisas e experiências de campo. Indiferentes aos diversos processos que

ocorrem simultaneamente ao fluxo de água no solo, estes métodos consideram a

zona radicular como uma camada com uma distribuição uniforme do sal, a partir da

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18

qual uma quantidade deste é removida pela água que percola através do perfil do

solo. Consequentemente, nem sempre essas equações estimam a lâmina com

precisão.

Desde o método proposto por Richards (1954), para calcular a lixiviação

requerida, numerosos experimentos foram realizados, com colunas de solo no

laboratório e no campo, levando ao desenvolvimento de modelos que descrevem o

transporte de solutos no solo, baseados em curvas de distribuição de efluente. Mais

recentemente, com a introdução do conceito de água móvel e imóvel e fator de

retardamento (parâmetro de transporte de solutos no solo), os resultados obtidos a

partir dos modelos foram melhorados. Ainda assim, existe uma grande dificuldade

em envolver todos os parâmetros pertinentes ao ambiente e, para que possam

fornecer resultados mais realísticos, a avaliação desses modelos torna-se uma etapa

imprescindível para a validação e a recomendação de uso em condições

específicas.

Tendo em vista esses aspectos, e considerando que atualmente existem

diversos modelos para o cálculo da lâmina de lixiviação, resultando em uma grande

variação na quantidade de água recomendada, pretendeu-se avaliar a eficiência de

equações empíricas utilizadas para determinar a lâmina de lixiviação necessária à

recuperação de solos afetados por sais e sódio. E, a fim de compreender melhor as

interações deste íon com o solo, buscou-se conhecer seus parâmetros de

transporte, utilizando-os posteriormente para simulação da sua distribuição no perfil

do solo. Para tanto, este trabalho de pesquisa apresentou como objetivos

específicos:

a) avaliar a dessalinização de materiais de solo com propriedades distintas, a

partir da aplicação de diferentes lâminas de lixiviação;

b) utilizar equações empíricas para estimar cenários químicos obtidos em

resposta à aplicação das lâminas de lavagem, e avaliar o desempenho dessas

equações;

c) obter os parâmetros de transporte do sódio, simular a distribuição deste íon no

solo por meio da aplicação do modelo computacional MIDI e comparar com os

dados experimentais.

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2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 Salinidade e agricultura irrigada

Os sais são produtos da intemperização das rochas e, quando em excesso,

afetam negativamente os solos, as águas e as plantas. A maior parte dos solos

salinos e sódicos ocorre, principalmente, em áreas áridas e semiáridas, onde as

altas taxas de evapotranspiração e baixa precipitação favorecem ao acúmulo de sais

na superfície do solo. Os processos de salinização e sodificação também são

frequentemente acelerados pela irrigação pouco eficiente ou insuficiente drenagem

(CORDEIRO, 2001).

A prática da irrigação nas regiões áridas e semiáridas é indispensável, devido

à taxa de evapotranspiração exceder à de precipitação durante a maior parte do

ano, quando ocorre déficit hídrico para as culturas (HOLANDA E AMORIM, 1997); no

entanto, se realizada de maneira inadequada, a irrigação pode provocar salinização

dos solos e acarretar prejuízos para o rendimento das culturas (PIZARRO, 1978).

Existem muitas evidências no mundo de que, após os benefícios iniciais da irrigação,

grandes áreas têm-se tornado impróprias à Agricultura.

No passado, o homem desconhecia as causas que levavam um solo a se

tornar salino com a irrigação; hoje, a salinização ocorre pela negligência dos órgãos

e pessoas envolvidas com a irrigação, uma vez que suas causas são bem

conhecidas, assim como os meios de evitar esse tipo de degradação dos solos

(MEDEIROS, 2007). Sabe-se, por exemplo, que um projeto de irrigação, para seu

desenvolvimento e operação, deve envolver não apenas a aplicação de água, mas

também o controle da salinidade do solo mediante seu manejo adequado

(CRUCIANI, 1986).

A água de irrigação, que é responsável pela salinização secundária dos solos

nas áreas irrigadas, apresenta uma composição química bastante variada,

dependendo da fonte de água, da sua localização geográfica, da época de coleta,

etc. (DONEEN, 1975; MEDEIROS, 1992; RICHARDS, 1954; SHALHEVET E

KAMBUROV, 1976). Além disso, o excesso de fertilização e a ausência de

drenagem adequada podem resultar em situações que favorecem a degradação dos

solos (SILVA et al., 2008).

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20

O problema da salinidade em áreas irrigadas se agrava quando o balanço de

sais revela maior entrada que saída, promovendo acréscimo da concentração salina

na área considerada. E determinadas condições, a água de irrigação, além de

contribuir para o aumento da concentração salina, pode também provocar a

elevação do lençol freático que passa a fornecer água e sais à zona radicular

(SILVA, et al., 2008). Esses sais se acumulam na superfície à medida que a água

evapora ou é consumida pelas plantas e, com o tempo, atingem níveis prejudiciais

ao desenvolvimento das culturas.

A acumulação de sais na rizosfera prejudica o crescimento e o

desenvolvimento das culturas, provocando decréscimos de produtividade e, em

casos mais severos, total colapso da produção agrícola (LIMA, 1998). Em se

tratando de plantas sensíveis, a menor absorção de água em condições salinas

produz sintomas como, por exemplo: murchamento temporário, queimaduras das

folhas, coloração verde azulada nas folhas, crescimento reduzido e folhas pequenas

(DOORENBOS E PRUITT, 1977).

Assim, solos inicialmente salinos exigem a remoção do excesso de sais, em

alguns casos, com aplicação de corretivos químicos. Por outro lado, para evitar-se a

salinização de solos que inicialmente sejam normais, a irrigação deve permitir que

um excesso de água atravesse a zona radicular e seja eliminado pelo sistema de

drenagem (RICHARDS, 1970). Com o aumento na quantidade de água aplicada em

cada irrigação, o nível de salinidade do solo pode ser reduzido devido ao aumento

do volume de água percolado para baixo da região radicular (PETERSEN, 1996).

Algumas vezes os níveis de salinidade do solo não podem ser reduzidos ao

longo do tempo, mediante práticas de manejo da irrigação. Então, quando a

salinidade do solo supera o limite de tolerância das culturas, deve-se interromper o

cultivo temporariamente e acelerar o processo de remoção dos sais por uso de

práticas de recuperação. Para seleção da prática de recuperação apropriada, é

necessário fazer o diagnóstico da causa do problema de salinidade (RHOADES E

LOVEDAY, 1990).

Page 22: RICARDO DE NARDI FONOFF - teses.usp.br

21

2.1.2 Caracterização e classificação dos solos afetados por sais

Todos os solos contêm sais, que normalmente são encontrados nas formas

de íons em solução, cátions adsorvidos no complexo sortivo do solo ou sal

precipitado. Os solúveis consistem, em grande parte, de proporções variadas dos

cátions sódio, cálcio e magnésio e dos ânions cloreto e sulfato, sendo que, em

quantidades menores, se encontram os ânions bicarbonatos e nitrato (CORDEIRO,

2001).

De acordo com Bernardo et al. (2009), as concentrações desses sais nos

solos podem variar com o local (variação espacial), com o tempo (variação temporal)

e com a umidade do solo. A relação entre a quantidade de sódio e dos demais

cátions adsorvidos, conhecida como Percentual de Sódio Trocável (PST) e

determinada pela equação 1, é muito importante nos estudos de solos afetados por

sais; sobretudo nos casos em que há predominância do íon sódio no complexo

sortivo do solo.

(1)

Os solos afetados por sais podem apresentar características bem

diferenciadas, resultado dos diversos fatores de formação, recebendo as

denominações de solo salino, solo sódico e solo salino-sódico (Richards, 1954;

Allison, 1964). Nessa classificação, estabelecida pelo “U.S. Salinity Laboratory”,

aplica-se o termo salino àqueles cuja condutividade elétrica do extrato da pasta de

saturação (CEes) é maior que 4 dS m-1 e a porcentagem de sódio trocável (PST) é

menor que 15%. Esses solos, com pH geralmente inferior a 8,5, em situações

extremas, são reconhecidos pela presença de uma crosta branca na superfície,

provocada pela precipitação de sais (BERNARDO et al., 2009).

Solos sódicos são aqueles cuja porcentagem de sódio trocável é maior que

15% e a condutividade elétrica do extrato da pasta de saturação (CEes) é menor

que 4 dS m-1, com pH geralmente variando entre 8,5 e 10. Já os salino-sódicos, cuja

condutividade elétrica do extrato da pasta de saturação é menor que 4 dS m-1 e a

porcentagem de sódio trocável é maior que 15, formam-se como resultado dos

Page 23: RICARDO DE NARDI FONOFF - teses.usp.br

22

processos combinados de salinização e sodificação (RICHARDS, 1954). Estes

últimos, por sua vez, são os que predominam no Semiárido Nordestino.

De acordo com Paliwal e Ghandhi (1976) e Jensen et al. (1990), com o

aumento na proporção de sódio, este pode substituir o cálcio e/ou magnésio do

complexo sortivo, refletindo-se na perda da capacidade produtiva das terras. Em

solos salinos, os efeitos sobre as plantas ocorrem devido, principalmente, ao

aumento do potencial osmótico da solução do solo e toxidez resultante da

concentração salina de íons específicos (CORDEIRO, 2001); já nos solos sódicos o

efeito é mais sobre as características físicas do solo, devido à dispersão dos

colóides, que provoca desestruturação do solo, criando problemas de compactação

e infiltração da água.

2.1.3 Manejo de irrigação em condições salinas

As práticas de manejo de irrigação em condições salinas são,

frequentemente, diferentes daquelas empregadas onde a salinidade não está

presente. Nessas condições, as informações básicas requeridas para as decisões de

manejo de irrigação incluem desde como as culturas respondem à salinidade até os

efeitos dos sais sobre as características físico-hídricas do solo. De acordo com

Hoffman (1992), também devem ser considerados os efeitos de fatores ambientais

sobre a tolerância das culturas à salinidade, além da corrosão de equipamentos.

Segundo Rhoades et al. (1992), desde que se adote um manejo adequado do

sistema solo-água-planta, solos salinos podem ser explorados de forma econômica.

Neste caso, a produção fica condicionada ao manejo da irrigação, com vistas ao

controle da salinização e à tolerância das culturas à salinidade. Esta última, definida

como a capacidade da planta suportar determinados níveis de sais na solução do

solo (MAAS, 1990), varia conforme a espécie, variedade, etc. (HEBRON, 1967).

No solo, o controle da salinidade é feito por intermédio do balanço de sais na

zona radicular, promovendo-se a lixiviação de sais abaixo desta região durante o

período de irrigação (BLANCO, 1999). Segundo Hoffman et al. (1992), quando a

água não é muito salina de modo que, durante o ciclo da cultura, a salinidade do

solo não ultrapasse a salinidade limiar, não são necessárias lixiviações constantes,

podendo-se realizar apenas uma lavagem de recuperação ao final do ciclo da

cultura.

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23

O monitoramento da condutividade elétrica da solução do solo, extraída por

cápsulas porosas, permite evitar possíveis processos de salinização e ou a

deficiência nutricional das culturas (SILVA, 2002). De acordo com Padilla (1998),

quando as causas da redução de rendimento das culturas forem os problemas de

salinidade, criados pelo manejo inadequado dos fertilizantes, deve-se corrigi-los

antes de se empregar algum outro tipo de esforço físico ou econômico.

Nos casos em que os níveis salinos são prejudiciais às plantas, geralmente, a

lixiviação é a chave para a irrigação bem sucedida. No entanto, o êxito dessa

operação depende essencialmente da existência de um sistema de drenagem

eficiente que remova a água lixiviada (CRUCIANI, 1986). Segundo Bernardo et al.

(2009), a drenagem é necessária, mesmo nas regiões onde a ocorrência de chuvas

significativas dispensa a aplicação de uma lâmina de irrigação, para lixiviação de

sais.

A qualidade da água de irrigação também é um fator importante para o

balanço de sais, devendo-se levar em consideração a sua composição, a tolerância

das culturas, as práticas de manejo de solo, das culturas, as condições

climatológicas, o método de irrigação e as condições de drenagem (CONTRERAS E

ELIZONDO, 1980). A utilização de águas salinas pode representar riscos, tanto para

a cultura quanto para o solo e, segundo Alencar (2003), em certos casos, promover

alterações físico-químicas no solo, criando condições desfavoráveis ao

desenvolvimento das culturas.

A frequência das irrigações é outro fator citado como uma das práticas

potenciais de manejo para enfrentar solos e águas salinas. Poucas evidências

experimentais existentes, entretanto, sustentam como recomendação comum, que o

intervalo de irrigação deveria ser diminuído quando se utiliza água de irrigação

salina (HOFFMAN et al., 1992; RHOADES et al., 1992). Os efeitos prejudiciais da

alta frequência de irrigação têm sido relatados mais frequentemente pelos

pesquisadores. Wagenet et al. (1980), cultivando cevada em pequenas parcelas, em

uma casa de vegetação, irrigando a cada 2 ou 4 dias, concluíram que a tolerância da

cultura à salinidade foi maior para a menor frequência de irrigação.

De acordo com Aquino (2005), em solos salinos e solos com altos teores de

boro, a prática comum é o cultivo de plantas tolerantes, juntamente com gradagens e

aplicações de altas lâminas de irrigação para lavagem de sais solúveis em excesso.

Em solos sódicos, quando a infiltração é inadequada, opções de manejo são

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24

dirigidas para melhorar a condutividade hidráulica do solo. Assim, para melhorar as

propriedades físicas do solo, podem ser utilizadas várias combinações de práticas

de lavra, uso de corretivos e práticas culturais (GHEYI, 2000).

2.1.4 Monitoramento de íons e do conteúdo de água no solo

O monitoramento de íons no solo constitui-se em uma das principais

ferramentas no manejo da fertirrigacão (RHOADES E OSTER, 1986); suas

concentrações podem ser expressas em valores de condutividade elétrica (CE), que

é a medida mais utilizada para o monitoramento da salinidade. Vários são os

métodos para determinar a CE e avaliar a salinidade do solo, em condições de

campo, tais como as técnicas de indução eletromagnética e de Reflectometria no

Domínio do Tempo (RHOADES, 1994), além do uso de extratores de solução.

Cada um dos métodos disponíveis apresenta vantagens e desvantagens,

sendo o uso de extratores de cápsula porosa, atualmente, um dos mais

preconizados, em função do baixo custo e o fato de a CE obtida refletir as condições

reais em que a planta se desenvolve (SILVA, 2002). Segundo Medeiros (2007), a

determinação da condutividade elétrica a partir da solução obtida, com o uso de

extratores de cápsula cerâmica, é bastante eficiente, devido à facilidade, à

versatilidade e à praticidade; destacando-se, ainda, a possibilidade de avaliação de

outros parâmetros a partir da solução recolhida.

Quando se utilizam extratores para se obter a solução do solo, é importante

conhecer, também, os valores de umidade do solo no momento da coleta. De acordo

com Richards (1954), o teor de água do solo reflete diretamente a concentração de

íons na solução e, consequentemente, no resultado de leitura da CE desta solução

para sais de alta solubilidade. Neste sentido, Silva et al. (1999) verificaram que a CE

obtida a partir da solução de extratores e corrigida para umidade de saturação tem

boa equivalência com a CE do extrato de saturação, obtida pelo método padrão.

No que se refere à mensuração do conteúdo de água no solo, embora a

amostragem gravimétrica seja a técnica padrão, essa metodologia apresenta

algumas dificuldades, tais como: resposta lenta, penosa e que altera a estrutura do

solo. Como alternativa, os sensores baseados na capacitância elétrica do solo têm

sido utilizados e difundidos em pesquisas envolvendo a umidade do solo e o manejo

da irrigação (CRUZ et al., 2010). O método não destrutivo e que permite o

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25

monitoramento ao longo do tempo, consiste na medida da capacitância elétrica da

matriz do solo, que é uma função do conteúdo de água presente. Os sinais obtidos

são convertidos em porcentagens de umidade volumétrica (θ) mediante uma

equação de calibração ajustada.

Dentre os equipamentos comercialmente disponíveis com essa tecnologia, a

sonda Diviner 2000® tem se destacado por apresentar características como

facilidade de uso, leituras rápidas e segurança do operador (ANDRADE JÚNIOR et

al., 2007). A sonda é composta por um coletor de dados com display e teclado

(datalogger) acoplado, via cabo, a um sensor, que ao ser inserido em tubos

instalados no solo, denominados “tubos de acesso”, faz automaticamente leituras em

intervalos regulares de 0,1m de profundidade.

Apesar de o equipamento prover uma calibração universal, o fabricante, bem

como resultados apresentados em estudos científicos (PALTINEANU E STARR,

1997; MORGAN et al., 1999; BAUMHARDT et al., 2000; FARES et al., 2004 e

GROVES E ROSE, 2004), ressaltam a importância de calibrações locais; estas

podem melhorar a precisão das leituras, haja visto que o equipamento determina o

conteúdo de água no solo de forma indireta.

2.1.5 Recuperação de solos com problemas de salinidade

Existem diferentes métodos de recuperação de solos afetados por sais:

métodos físicos, biológicos, elétricos e químicos. A seleção do método a ser utilizado

requer o conhecimento das características estruturais dos solos, do tipo de sais, das

condições físicas e químicas do perfil, assim como da capacidade natural de

drenagem (CORDEIRO, 2001). Neste contexto, para se tomar decisões acertadas, é

importante o diagnóstico correto da natureza e extensão do problema.

Alguns solos, classificados como salinos, podem ser recuperados por

lavagem, necessitando apenas que apresentem drenagem apropriada a um bom

fluxo lixiviador dos sais; no entanto, solos sódicos e salino-sódicos demandam maior

atenção. Em solos salino-sódicos, caso o excesso de sais solúveis seja lixiviado,

suas propriedades mudam significativamente, tornando-os sódicos, e as partículas

se dispersam deixando-os com baixa permeabilidade, pesados e difíceis de ser

trabalhados. O manejo para recuperação destes é a sua lavagem, associada à

aplicação de corretivos (BERNARDO et al., 2009).

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Várias substâncias podem ser utilizadas como corretivos de solos sódicos e

salino-sódicos. Por apresentar baixo custo e pela relativa abundância com que é

encontrado em várias partes do mundo, o gesso é o corretivo mais utilizado para

recuperação de solos sódicos e salino-sódicos. A eficiência do gesso como corretivo

é dependente da sua dissolução (BARROS et al., 2004). De acordo com esses

autores, alguns dos fatores que influenciam a taxa de dissolução do gesso no solo

são a granulometria das partículas do gesso e o método de aplicação do corretivo.

A quantidade de corretivo a ser aplicada é calculada com base na capacidade

de troca de cátions do solo, da porcentagem de sódio trocável que se deseja

substituir, e da profundidade e superfície do solo a recuperar (CORDEIRO, 2001).

Uma boa relação pode ser obtida com a seguinte equação:

( - )

. (2)

em que:

N.C. – necessidade de corretivo para cada 100 gramas de solo, meq;

PSTi – porcentagem de sódio trocável inicial, %;

PSTf – porcentagem de sódio trocável final, %;

CTC – capacidade de troca de cátions, miliequivalentes por 100g de solo.

A recuperação de solos sódicos e salino-sódicos tem como objetivo principal

a redução da concentração dos sais solúveis e do sódio trocável no perfil do solo, a

um nível não prejudicial ao desenvolvimento das culturas (BARROS et al., 2004). De

acordo com Richards (1954), Daker (1984) e Pizarro (1985), a diminuição do grau de

salinidade envolve o processo de solubilização e a consequente remoção dos sais

pela água de percolação, enquanto que a diminuição do teor de sódio trocável

envolve a sua substituição pelo cálcio no complexo de troca, antes do processo de

lixiviação.

Para o caso de recuperação dos solos salinos, Barros et al. (2005) afirmam

que a lixiviação é o método mais eficaz. A técnica recomendada é a aplicação de

apenas água para dissolver e transportar os sais solúveis até o sistema de

drenagem. A quantidade de água que deve ser lixiviada abaixo da zona radicular,

depende da concentração de sais na água de irrigação, do solo e da água do lençol

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27

freático, da tolerância das culturas a serem exploradas, das condições climáticas, e

do manejo do solo e da água (HOFFMAN, 1981).

Embora se tenha desenvolvido modelos determinísticos para simular a

recuperação de solos salinos, as estimativas da quantidade de água de lixiviação

necessária para recuperação de solos salinos são baseadas em relações empíricas

derivadas de pesquisas e experiências de campo (RHOADES E LOVEDAY, 1990).

E, segundo Palácios (1969), a relação mais indicada é a proposta por Volobuyev,

por apresentar resultados mais aproximados aos obtidos em campo e laboratório. A

equação de Volobuyev tem a seguinte expressão:

(3)

em que:

L – lâmina de água necessária para lavar um metro de profundidade de solo, cm;

CEi – condutividade elétrica inicial do extrato de saturação do solo, mmhos cm-1;

CEf – condutividade elétrica final desejada no extrato, mmhos cm-1 a 25o C;

a – coeficiente que depende do conteúdo de cloretos e da textura do solo, Tabela 1.

Tabela 1 - Conteúdo de cloretos, em %, e textura do solo, utilizados para obtenção do coeficiente proposto por Volobuyev. (Adaptado de CORDEIRO, 2001)

Textura Conteúdo de Cloretos (%)

60 - 40 40 - 20 20 - 10 <10

Pesada 122 132 142 178

Média 92 102 112 148

Ligeira 62 72 82 118

Embora tenha sido bastante difundida, Cordeiro (2001) relata que esta

equação possui várias limitações, por exemplo: o coeficiente “a” é obtido apenas em

função do conteúdo de cloretos e da textura do solo, sem considerar a influência que

outros sais podem ter sobre o comportamento físico e químico dos solos a serem

lavados. Como alternativa, o autor apresenta uma equação (4) desenvolvida a partir

da anterior, porém com a vantagem de que ao coeficiente “a” estão integrados

fatores como: a qualidade química da água de lavagem, as condições de salinidade

do solo, a profundidade de lavagem, etc.

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28

-

-

(4)

em que:

L – lâmina de água necessária, cm;

p – profundidade do solo, cm;

CEr – condutividade elétrica da água de lavagem, mmhos cm-1;

CEi – condutividade elétrica inicial, mmhos cm-1;

CEf – condutividade elétrica final desejada, mmhos cm-1.

Jury et al. (1979) estabeleceram a relação apresentada na equação 5:

(5)

em que:

C – concentração de sais na solução do solo depois da recuperação, mg L-1;

Co – concentração de sais na solução do solo antes da recuperação, mg L-1;

Dl – lâmina de água a ser aplicada no solo para a lixiviação dos sais, cm;

Ds – profundidade do solo que se deseja recuperar, cm;

– conteúdo volumétrico de água no solo, cm3 cm-3.

Baseado em dados experimentais de campo, Hoffman (1980) propôs a

utilização de um coeficiente na relação anterior, resultando na equação 6, para

recuperação de solos salinos com água de boa qualidade.

(6)

em que:

C – concentração de sais na solução do solo depois da recuperação, mg L-1;

Co – concentração de sais na solução do solo antes da recuperação, mg L-1;

Dl – lâmina de água a ser aplicada no solo para a lixiviação dos sais, cm;

Ds – profundidade do solo que se deseja recuperar, cm;

K – constante que varia com o tipo de solo e método de aplicação de água.

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29

O coeficiente K varia de 0,3 a 0,1 quando a recuperação é realizada por

inundação e o solo varia de argiloso a arenoso. Quando a aplicação de água e feita

por aspersão ou gotejamento, utiliza-se o valor 0,1, independente do tipo de solo.

Entretanto, Blanco & Folegatti (2001), avaliando diferentes lâminas de lavagem e

métodos de aplicação de água, concluíram que a aplicação por gotejamento foi a

mais eficiente na lixiviação de sais acumulados no solo. Os mesmos autores

recomendam a adoção de K = 0,1 e K = 0,2 para gotejamento e inundação,

respectivamente.

Para Rhoades E Loveday (1990), quando a água de irrigação apresenta

concentração significativa de sais, sua salinidade pode entrar na equação em

subtração a C e Co, aperfeiçoando o cálculo; ou seja, considerando a concentração

salina da água aplicada (Ca), (C/Co) pode ser substituído por (C-Ca)/(Co-Ca).

2.1.6 Dinâmica da água e transporte de solutos no perfil do solo

A compreensão da dinâmica da água e do transporte de solutos no solo,

assim como dos processos envolvidos, é de interesse não só da agricultura mas,

também, da Hidrologia e das ciências ambientais, em geral. Além do aspecto

econômico, relacionado às perdas por lixiviação de fertilizantes e outros produtos

químicos aplicados nas lavouras, este tipo de informação auxilia a previsão de riscos

de contaminação ambiental.

A primeira experiência que quantificou o fluxo de água em um meio poroso

saturado foi publicada em 1856 pelo engenheiro hidráulico Henry Darcy. Resultado

de seus experimentos sobre escoamento de água em meio arenoso, a equação de

Darcy tornou-se a base científica para estudos de movimento de água em meios

porosos. Essa equação foi adaptada mais tarde para solos não saturados, passando

a chamar-se equação de Darcy-Buckingham (REICHARDT E TIMM, 2004).

A equação de Darcy-Buckingham ou Buckingham-Darcy permite expressar a

densidade de fluxo de água através de um meio poroso, por unidade de superfície,

em função da condutividade hidráulica do material e do gradiente hidráulico.

Baseado no princípio de Conservação de Massa, Richards combinou a equação de

Buckingham- Darcy com a Equação da Continuidade e obteve a equação geral que

descreve o movimento de água em solos não saturados, a qual é conhecida na

literatura de ciência do solo como equação de Richards (BOTREL, 1988).

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30

Sabe-se que o transporte de solutos é vinculado ao fluxo de água no solo e

este, por sua vez, pode ser descrito com base na lei de Darcy. Porém, essa

abordagem não é suficiente para abranger o movimento de solutos no solo. A

complexidade do transporte de solutos no solo está no fato de que eles podem

interagir com a matriz do solo, podem precipitar se os limites de solubilidade forem

excedidos, e podem interagir com eles mesmos (FRANKFURT, 2008).

A quantificação do fluxo de água e do transporte de solutos no solo pode ser

realizada por meio de medidas em campo, por modelagem física ou por modelagem

matemática. As medidas de campo demandam tempo para coleta de dados e tem

custos elevados; enquanto que a principal vantagem do uso de modelos é a

economia de tempo e capital investido, haja vista que possibilitam simular múltiplos

cenários, ao invés de se utilizar longos períodos de observação e de coleta de dados

(AZEVEDO et al., 1996).

Dentro dessa perspectiva, a modelagem vem sendo utilizada por muitos

pesquisadores em todo o mundo. Segundo Genuchten e Wierenga (1986), vários

modelos teóricos têm sido desenvolvidos ao longo dos anos para descrever o

transporte de solutos no solo. O sucesso desses modelos, no entanto, depende em

grande parte da capacidade de se quantificar os parâmetros de transporte, que são

variáveis de entrada para esses modelos.

Durante o seu doutoramento, e a partir da resolução numérica de equações

complexas que descrevem o movimento da água e transporte de solutos no solo,

Miranda (2001) desenvolveu e testou um modelo computacional para simular o fluxo

de água e a dinâmica de nitrato no solo. O modelo, denominado MIDI, foi capaz de

estimar com êxito o potencial matricial da água e as variações na concentração de

soluto no perfil do solo ao longo do tempo.

Em suas operações, o MIDI considera a velocidade da água nos poros de

uma coluna de solo subdividida em uma série de camadas, a dispersão

hidrodinâmica ou coeficiente dispersivo-difusivo e o retardamento que ocorre quando

há interação química entre o soluto e o solo. De acordo com Borges Júnior e

Andrade (2008), o método mais adequado para estimar esses parâmetros é o

ajustamento de modelos teóricos a dados experimentais da curva de efluente, obtida

em laboratório.

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31

2.2 Material e Métodos

O estudo foi realizado em quatro etapas: 1) salinização dos solos

armazenados em colunas, 2) recuperação dos solos salinizados, 3) estimativa das

concentrações de sódio remanescente nos solos após o procedimento de

dessalinização, e 4) simulação da distribuição deste íon no perfil de cada solo. A

primeira etapa teve início em laboratório, com ensaios preliminares para obtenção de

curvas de salinização artificial, e culminou com a salinização dos solos armazenados

em colunas de percolação, previamente instaladas em uma casa de vegetação.

A segunda etapa, que consistiu na aplicação de lâminas de lixiviação para

lavagem e recuperação dos solos salinizados, foi conduzida no interior de uma

estrutura metálica, com área de aproximadamente 100 m² cobertos por um filme

plástico de 150 micras. A estrutura, localizada nas dependências do Departamento

de Engenharia de Biossistemas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

– ESALQ/USP, Piracicaba - SP, abrigava 36 colunas de percolação preenchidas

com dois materiais de solo classificados como Latossolo Vermelho e Nitossolo

(LELIS NETO, 2008).

Na etapa seguinte, as equações empíricas extraídas de publicações técnicas

e científicas foram utilizadas para estimar as concentrações de sódio remanescente

na solução de cada solo, após a aplicação das lâminas de lixiviação e

dessalinização destes materiais. Os cenários teóricos obtidos com o uso dessas

equações, comumente utilizadas e/ou recomendadas para determinação da lâmina

de lixiviação, foram comparados com resultados experimentais observados no

ensaio com as colunas de percolação instaladas na casa de vegetação.

A quarta e última etapa foi a obtenção dos parâmetros de transporte do cátion

sódio e a aplicação do modelo MIDI para simular a distribuição deste íon no perfil de

cada solo estudado. Esta etapa, desenvolvida no laboratório de Física do Solo do

Departamento de Engenharia de Biossistemas da ESALQ/USP, iniciou-se com a

realização de ensaios de deslocamento miscível para elaboração de curvas de

distribuição de efluente. Os coeficientes dispersivo-difusivos e fatores de

retardamento, obtidos a partir das curvas, constituíram parâmetros de entrada para o

modelo MIDI.

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32

2.2.1 Construção das curvas de salinização artificial

A construção das curvas de salinização artificial visou a obtenção de

equações capazes de estimar a quantidade de cloreto de sódio necessária ao

preparo de cada uma das soluções a serem aplicadas aos solos das colunas de

percolação, para que a condutividade elétrica no extrato de saturação atingisse

valores aproximados de 3,0 e 6,0 dS m-1. Para isso, em laboratório, foi preparada

uma solução padrão (4800 mg L-1) de cloreto de sódio dissolvido em água. A partir

da diluição de alíquotas desta solução, outras diferentes concentrações também

foram obtidas.

Paralelamente, amostras de solo foram colocadas para secar ao ar,

peneiradas e acondicionadas em vasos de PVC, cujas bases continham furos

associados a um sistema de drenagem, composto por uma camada de brita e uma

manta de tecido geotêxtil. Foram utilizados dois materiais de solo com classes

texturais distintas: os mesmos utilizados nos demais ensaios em laboratório e na

casa de vegetação.

Após o acondicionamento dos solos nos vasos, a umidade de cada um foi

elevada à máxima capacidade de retenção, utilizando, para isso, as soluções de

concentrações conhecidas (de 960 a 4800 mg L-1, em intervalos de 960 mg L-1, o

que corresponde às condutividades teóricas variando de 1,5 a 7,5 dS m-1) obtidas

anteriormente. Para relacionar a concentração do sal dissolvido (C) à condutividade

elétrica da solução (CEs) foi utilizada a equação (7) proposta por Richards (1954):

(7)

em que:

C – concentração do sal na solução, mg L-1;

CEs – condutividade elétrica da solução, dS m-1.

Uma solução correspondente à CEs de 0,5 dS m-1 também foi utilizada, de

modo que o ensaio foi conduzido com a aplicação de seis concentrações de sódio

em cada tipo de solo, totalizando 12 unidades experimentais. E, como pode ser

observado nas Figuras 1a e 1b, em cada unidade experimental (vaso) foi instalado

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33

um extrator de cápsula cerâmica para obtenção da solução do solo armazenada em

sua câmara, depois de atingido o equilíbrio entre a cápsula e o solo.

(a) (b)

Figura 1 - Amostras de solo acondicionadas em vasos de PVC com capacidade para 20 litros (a) e extratores de cápsula cerâmica instalados para obtenção da solução do solo (b)

Passadas 48 horas da aplicação das soluções salinas, e após a eliminação de

uma camada de aproximadamente 2 cm da superfície do solo, a solução de cada

vaso foi extraída (Figura 1b) e as amostras encaminhadas ao laboratório para

aferição da condutividade elétrica. Os resultados foram tabulados e, por meio de

análise de regressão, foi obtida uma curva de salinização artificial para cada solo.

2.2.2 Salinização dos solos nas colunas de percolação

No interior da casa de vegetação encontravam-se distribuídas 36 bombonas

plásticas medindo respectivamente, 0,6 e 0,8 m, de diâmetro e altura. Durante sua

instalação, cada bombona foi perfurada para drenagem e posicionada sobre um

degrau de tijolos, a fim de evitar a obstrução do sistema de drenagem, composto por

uma camada interna de 0,1 m de pedra brita e uma manta de tecido geotêxtil. Em

seguida, estas mesmas bombonas foram preenchidas com os materiais de solo,

passando a constituir as colunas de percolação utilizadas neste estudo.

Para o preenchimento foram utilizados dois materiais de solo: um de textura

arenosa e outro de textura mais argilosa. Provenientes da camada arável no campo

(de 0 a 20 cm), os solos foram destorroados e peneirados em malha de 5 mm. Nesta

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34

oportunidade, amostras individuais foram coletadas e enviadas ao Laboratório

Agrotécnico de Piracicaba (Pirassolo) para sua caracterização física (Tabela 2).

Tabela 2 - Resultados da análise granulométrica dos solos utilizados para preenchimento das colunas

Solo Argila Silte Areia Total Areia Grossa Areia Fina

<0,002mm 0,053-0,002mm 2,00-0,210mm 0,210-0,053mm

-----------------------------------------------g/kg-----------------------------------------------------

Arenoso 217 13 770 340 430

Argiloso 451 99 450 150 300

A disposição dos solos na área experimental foi realizada de acordo com o

delineamento estatístico de blocos ao acaso, com três repetições, conforme o croqui

apresentado na Figura 2. Ao final do preenchimento das bombonas, foram

realizadas sucessivas irrigações a fim de promover a lixiviação de íons e a

acomodação dos solos.

Figura 2 - Distribuição dos solos na área experimental, conforme o delineamento estatístico de blocos

Para obter o nível de salinidade imposto a cada tratamento, os solos tiveram

seus valores de condutividade elétrica no extrato de saturação elevados a

aproximadamente 3,0 e 6,0 dS m-1, por meio da adição de uma solução salina obtida

a partir de cloreto de sódio dissolvido em água da rede de abastecimento da

ESALQ. A quantidade do sal utilizada no preparo de cada solução foi calculada com

base na curva de salinização artificial do respectivo solo.

Uma vez estimada a concentração do sal (C), necessária ao preparo de cada

solução, por meio da equação ajustada a partir da curva de salinização, efetuou-se a

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35

correção dos valores para a umidade de saturação. Assim, a concentração corrigida

(Cf) foi obtida aplicando a expressão apresentada na equação 8:

(8)

em que:

Cf – concentração final de sódio na solução salina, mg L-1;

C – concentração de sódio, obtida a partir da curva de salinização, mg L-1;

Us – umidade de saturação do solo (pasta saturada), g g-1;

Ucc – umidade do solo na capacidade de campo, g g-1.

A aplicação das soluções salinas se deu por meio de um sistema de irrigação

e, ao término das aplicações, os níveis de condutividade elétrica na solução do solo

foram aferidos por meio da análise das soluções extraídas do solo 48 horas após a

salinização. Feito isso, as colunas foram cobertas com plástico, para evitar

evaporação, permanecendo assim até o solo atingir umidade próxima à da

capacidade de campo.

2.2.3 Cálculo e aplicação das lâminas de lixiviação

O processo de recuperação dos solos salinizados consistiu na aplicação de

três lâminas de água para lixiviação dos sais e redução da condutividade elétrica por

meio da técnica de lavagem. As lâminas corresponderam a frações do volume de

poros de cada solo, calculado a partir da equação 9:

(9)

em que:

– volume de poros na coluna de solo, cm3;

– porosidade do solo, decimal;

V – volume ocupado por solo na coluna, cm3.

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36

Foram adotadas lâminas equivalentes às seguintes frações: L1 (1,0 volume

de poros); L2 (2,0 volumes de poros); e L3 (3,0 volumes de poros). Estes valores

foram adaptados do estudo realizado por Barros et al. (2005), que avaliaram lâminas

de lixiviação necessárias para correção da salinidade de dois materiais de solo do

Estado de Pernambuco.

As três lâminas, combinadas aos dois tipos de solo e aos dois níveis de

salinidade, constituíram os tratamentos (Tabela 3) deste ensaio. Deste modo, o

experimento correspondeu a um arranjo fatorial 3 x 2 x 2 (três lâminas de lixiviação,

dois tipos de solo e dois níveis de condutividade elétrica no extrato de saturação) e

foi conduzido em delineamento experimental de blocos ao acaso, com três

repetições.

Tabela 3 - Terminologia atribuída aos tratamentos do ensaio realizado com as colunas de percolação (CEes = condutividade elétrica no extrato de saturação; ε = volume de poros)

Tratamento Terminologia Significado

T1 ARC3L1 Solo arenoso, CEes 3,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 1ε

T2 ARC3L2 Solo arenoso, CEes 3,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 2ε

T3 ARC3L3 Solo arenoso, CEes 3,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 3ε

T4 AGC3L1 Solo argiloso, CEes 3,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 1ε

T5 AGC3L2 Solo argiloso, CEes 3,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 2ε

T6 AGC3L3 Solo argiloso, CEes 3,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 3ε

T7 ARC6L1 Solo arenoso, CEes 6,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 1ε

T8 ARC6L2 Solo arenoso, CEes 6,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 2ε

T9 ARC6L3 Solo arenoso, CEes 6,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 3ε

T10 AGC6L1 Solo argiloso, CEes 6,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 1ε

T11 AGC6L2 Solo argiloso, CEes 6,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 2ε

T12 AGC6L3 Solo argiloso, CEes 6,0 dS m-1, recebeu lâmina igual a 3ε

Com cada lâmina testada ocupando 12 unidades experimentais,

representadas por colunas de solo, totalizaram-se 36 unidades experimentais no

ensaio. A água foi aplicada à superfície do solo de cada coluna, por gotejamento, a

uma vazão de 8 L h-1. O sistema de irrigação utilizou emissores compensadores de

vazão, do tipo botão, inseridos em linhas de tubo de polietileno. A fim de obter

uniformidade de distribuição da água na superfície do solo, cada gotejador foi

conectado a um divisor de descarga, como ilustrado na Figura 3. Também foram

instaladas válvulas no início de cada linha lateral para facilitar a condução do

experimento.

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37

Figura 3 - Ilustração do sistema de irrigação, destacando a divisão da descarga dos gotejadores e os pontos de aplicação da água na superfície do solo

A água utilizada na aplicação das lâminas foi proveniente da rede de

abastecimento do campus da Escola, uma vez que o local do ensaio dispunha de

tubulação com acesso a esse sistema. O tempo de aplicação foi definido conforme a

extensão da lâmina em cada tratamento, e o controle foi realizado com o auxílio de

um sistema de automação que permitiu ajustar o tempo de funcionamento do

conjunto moto-bomba àquele necessário para aplicação de cada lâmina.

2.2.4 Monitoramento da umidade e salinidade do solo

As alterações nas características químicas do solo, em resposta à aplicação

das lâminas de lixiviação, foram avaliadas por meio do monitoramento da

condutividade elétrica e da concentração de sódio remanescente na solução do solo

de cada coluna. Para isso, a solução do solo foi obtida com o uso de extratores,

posteriormente à aplicação das lâminas, e as variáveis químicas foram medidas em

laboratório e corrigidas para umidade de saturação.

Com este objetivo, foram instalados três extratores de cápsula cerâmica no

solo de cada uma das colunas (Figura 4a); foram utilizadas, portanto, 108 unidades

deste dispositivo que consiste basicamente de um tubo de PVC com uma cápsula

porosa na extremidade inferior (Figura 4b). Com o auxílio de um trado, as cápsulas

foram posicionadas em três profundidades (20, 40 e 60 cm) no perfil do solo.

Tubo de polietileno Parede da coluna

Gotejador com a

descarga dividida Pontos de aplicação

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38

(a) (b)

Figura 4 - Detalhes da instalação no solo (a) e da construção dos extratores de cápsula cerâmica (b)

A solução do solo foi obtida com a aplicação de uma tensão de 80 kPa na

câmara de cada extrator, utilizando uma bomba de vácuo, 24 horas após o fim da

aplicação das lâminas. Passadas outras 24 horas, para que ocorresse a

redistribuição da solução e equilíbrio entre a cápsula e o solo, as soluções

recolhidas pelos extratores foram coletadas com uma seringa hospitalar e

armazenadas em tubos de acrílico, sendo conduzidas para análise.

Em laboratório, determinou-se a condutividade elétrica de cada amostra, por

meio de um condutivímetro de bancada, e a concentração de sódio por fotometria de

chama. Os valores de condutividade elétrica e concentrações de sódio,

determinados mediante a solução extraída pelas cápsulas porosas, foram corrigidos

para a umidade de saturação empregando a equação 10:

(10)

em que:

Ccorrigida – condutividade elétrica ou concentração de sódio no extrato de saturação,

estimada a partir dos valores determinados na solução do solo, dS m-1 ou mmolc L-1;

Ccp – condutividade elétrica ou concentração de sódio na solução do solo, obtida

com extrator de cápsula porosa, dS m-1 ou mmolc L-1;

Ucp – umidade do solo durante aplicação de tensão na cápsula dos extratores, g g-1;

Us – umidade de saturação do solo (pasta saturada), g g-1.

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39

A umidade do solo, no momento da aplicação de tensão na cápsula dos

extratores, foi aferida por meio de medições pontuais utilizando-se uma sonda de

capacitância modelo Diviner 2000®. Para isso, um tubo de PVC (DE = 56,5 mm, DI =

51 mm e comprimento de 1,0 m), denominado tubo de acesso, foi instalado no solo

de cada uma das colunas (Figuras 5a e 5b) e as medições ocorreram nas mesmas

profundidades onde se encontravam as cápsulas dos extratores.

(a) (b)

Figura 5 - Preparo do solo para instalação do tubo de acesso (a) e vista geral dos tubos instalados (b)

A sonda foi calibrada seguindo os procedimentos recomendados pelo

fabricante (SENTEK, 2007) e adaptados para as condições do experimento, quais

sejam: primeiramente foi realizada a normalização do sensor (registro de leituras

com o sensor dentro do tubo de acesso exposto ao ar e à água) e só depois, foi

realizada a calibração propriamente dita. Durante a calibração, os solos das colunas

foram umedecidos e à medida que iam secando eram realizadas leituras com a

sonda, em camadas de 10 cm, até a profundidade de 60 cm. Simultaneamente,

foram coletadas três amostras de solo, a cada profundidade, para determinar a

umidade pelo método gravimétrico (RICHARDS, 1954). As frequências normalizadas

foram calculadas com a equação 11:

- - -

(11)

em que:

SF – frequência normalizada ou contagem relativa, adimensional;

FA – leituras com o tubo de acesso suspenso no ar, Hertz;

Page 41: RICARDO DE NARDI FONOFF - teses.usp.br

40

FW – leituras com o tubo de acesso imerso em água, Hertz;

FS – leituras com o tubo de acesso instalado no solo, Hertz.

Relacionando as frequências normalizadas aos seus correspondentes valores

de umidade, determinada pelo método gravimétrico, foi obtida uma curva de

calibração para cada solo estudado. Os coeficientes das curvas foram inseridos no

datalogger da sonda para obtenção de leituras mais confiáveis no decorrer do

experimento.

2.2.5 Avaliação do desempenho das equações empíricas

Terminados os ensaios na casa de vegetação, equações empíricas citadas

em publicações técnicas e científicas foram utilizadas para estimar as concentrações

de sódio remanescentes na solução de cada solo, após a aplicação das lâminas de

lixiviação e dessalinização destes materiais. Para efeito de comparação, foram

adotadas nos cálculos as mesmas lâminas de lixiviação aplicadas nos ensaios reais

e as condições químicas iniciais também foram as mesmas dos solos armazenados

nas colunas de percolação.

Desta forma, as concentrações de sódio foram calculadas empregando-se as

equações 3, 4, 5 e 6; para facilidade de cálculo, foram isoladas as variáveis de

interesse em cada uma das equações, obtendo-se as relações apresentadas nas

equações 12, 13, 14 e 15, respectivamente. É importante observar que algumas

equações apresentam como resultado a condutividade elétrica enquanto outras

apresentam concentração de íons. Nestes casos os resultados foram convertidos em

concentrações de sódio e condutividade elétrica multiplicando-se ou dividindo os

resultados das equações por 640, conforme proposta de Richards já referenciada

em tópicos anteriores deste texto.

- (

) (12)

em que:

CEf – condutividade elétrica final no extrato de saturação, mmhos cm-1;

CEi – condutividade elétrica inicial do extrato de saturação, mmhos cm-1;

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41

L – lâmina de água a ser aplicada no solo para a lixiviação dos sais, mm;

a – coeficiente que depende do conteúdo de cloretos e textura do solo.

.

-(

. . ( - -

)

)

(13)

em que:

CEf – condutividade elétrica final no extrato de saturação, mmhos cm-1;

CEi – condutividade elétrica inicial do extrato de saturação, mmhos cm-1;

L – lâmina de água a ser aplicada no solo para a lixiviação dos sais, mm;

p – profundidade do solo a ser recuperado, cm;

CEr – condutividade elétrica da água de lavagem, mmhos cm-1;

CEi – condutividade elétrica inicial, mmhos cm-1.

(

) (14)

em que:

C – concentração de sais na solução do solo depois da recuperação, mg L-1;

Co – concentração de sais na solução do solo antes da recuperação, mg L-1;

– umidade volumétrica do solo, cm3 cm-3;

Ds – profundidade do solo que se deseja recuperar, cm;

Dl – lâmina de água a ser aplicada no solo para a lixiviação dos sais, cm.

(

) (15)

em que:

C – concentração de sais na solução do solo depois da recuperação;

Co – concentração de sais na solução do solo antes da recuperação;

K – constante que varia com o tipo de solo e método de aplicação de água.

Ds – profundidade do solo que se deseja recuperar;

Dl – lâmina de água a ser aplicada no solo para a lixiviação dos sais.

Page 43: RICARDO DE NARDI FONOFF - teses.usp.br

42

O desempenho das equações foi avaliado utilizando os cálculos obtidos com

o uso destas equações, comparando-os aos resultados experimentais observados

no ensaio com as colunas de percolação instaladas na casa de vegetação.

2.2.6 Obtenção dos parâmetros de entrada e aplicação do MIDI

A distribuição do sódio no solo foi obtida por meio de simulações realizadas

empregando o modelo computacional MIDI (MIRANDA, 2001). Parâmetros relativos

aos solos e à solução deslocada através destes constituíram as variáveis de entrada

para o modelo; sendo que os parâmetros da curva de retenção de água foram

obtidos por meio da equação de Genuchten (1980), a partir da caracterização físico-

hídrica de amostras de solo enviadas para análise em laboratório.

Para determinar os parâmetros relativos ao sódio, foram elaboradas curvas

de distribuição de efluentes, a partir de dados experimentais obtidos com a

realização de ensaios em colunas de deslocamento miscível (Figura 6). Nos ensaios,

desenvolvidos no laboratório de Física do Solo do Departamento de Engenharia de

Biossistemas da ESALQ, foram utilizadas colunas de 19,8 cm de altura,

confeccionadas a partir de tubo PVC de 4,8 cm de diâmetro. Cada coluna foi

preenchida com um volume conhecido de solo, previamente destorroado, seco ao ar

e peneirado em malha de 2 mm.

(a) (b)

Figura 6 - Estrutura para coleta de efluente (a) e Mariotte usado para aplicação da solução salina (b)

Page 44: RICARDO DE NARDI FONOFF - teses.usp.br

43

A solução salina, obtida a partir de cloreto de sódio dissolvido em água (450

mg L-1), foi aplicada aos solos utilizando um Frasco de Mariotte (Figura 6b) de forma

a manter constante a taxa de aplicação. É importante ressaltar que, antes mesmo de

iniciar a aplicação da solução, o solo de cada coluna foi saturado com água

destilada e de forma lenta. A saturação se deu de baixo para cima, facilitando a

expulsão do ar contido nos poros do solo e a ocupação destes pela água. Em

seguida, o conjunto ficou em repouso por um período de aproximadamente 24 horas

(Figura 7a).

(a) (b)

Figura 7 - Saturação do solo nas colunas (a) e posterior lavagem com aplicação de água destilada (b)

O ensaio propriamente dito iniciou-se com a passagem de água destilada

através da coluna (também por um período aproximado de 24 horas), para que todo

o sódio eventualmente presente na solução do solo pudesse ser lixiviado (Figura

7b). Uma vez observado um fluxo constante, realizou-se a troca dos recipientes de

abastecimento, substituindo a água destilada pela solução de cloreto de sódio.

Com o início da aplicação da solução, iniciou-se também a coleta do efluente

que atravessava a coluna de solo. Para isso, foram utilizados recipientes coletores

com capacidade para 20 mL, sendo que o volume coletado individualmente foi de 15

mL. Paralelamente às coletas, eram feitas anotações do tempo necessário para

preenchimento de cada recipiente. A aplicação da solução e a coleta do efluente

permaneceram até que a concentração iônica neste se aproximou à concentração

na solução aplicada; neste momento os ensaios foram interrompidos e as amostras

conduzidas para análise química.

Page 45: RICARDO DE NARDI FONOFF - teses.usp.br

44

De posse das anotações feitas durante os ensaios e das concentrações de

sódio, medidas em um fotômetro de chamas, foram elaboradas as curvas de

efluente (eluição). A partir das curvas, os parâmetros de transporte do sódio foram

estimados utilizando o software STANMOD (SIMUNEK et al., 1998) na versão 2.0

para Windows. As estimativas consideraram os dados provenientes dos ensaios até

a coleta de um volume de efluente equivalente a seis vezes o volume ocupado pelos

poros do solo na coluna, sendo os parâmetros obtidos por tentativas, de modo a

atingir um maior coeficiente de determinação entre os dados experimentais e os

simulados pelo modelo.

Uma vez conhecidos os parâmetros de transporte do sódio em cada um dos

materiais de solo estudados, o modelo MIDI foi empregado para simular as

concentrações iônicas em diferentes camadas de uma coluna de solo hipotética.

Nesta etapa foram consideradas colunas medindo 60 cm de comprimento e

subdivididas em camadas de 10 cm. Após a simulação o modelo apresentou como

saída, a umidade e a concentração de sódio em cada uma das camadas. Estes

resultados, juntamente com os parâmetros de transporte, permitiram avaliar a

mobilidade e a distribuição do sódio no solo, auxiliando no entendimento dos

resultados observados no ensaio com as colunas de percolação instaladas na casa

de vegetação.

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45

2.3 Resultados e Discussão

2.3.1 Construção das curvas de salinização artificial

As curvas que correlacionam a concentração de cloreto sódio (C) nas

soluções salinas aplicadas aos solos e os correspondentes valores de condutividade

elétrica da solução destes solos (CEes) foram obtidas por meio da análise de

regressão e são apresentadas na forma de diagrama de dispersão (Figura 8). A

análise de regressão em estudos envolvendo concentração iônica e condutividade

elétrica vem sendo empregada com sucesso por vários pesquisadores, tais como:

Silva Júnior et al. (1999), Nunes Filho et al. (2000), Maia et al. (2001) e Medeiros et

al. (2009).

Figura 8 - Curvas de salinização artificial, obtidas por análise de regressão, para os solos estudados

Analisando as equações ajustadas às curvas na Figura 8, além da boa

correlação entre as grandezas em ambos os solos (R2 = 0.99), observa-se que a

taxa de variação da condutividade elétrica da solução do solo em função da

concentração de sódio na solução aplicada foi ligeiramente maior no solo argiloso; a

diferença entre os dois solos fica mais evidente quando se aplicou soluções mais

concentradas.

Estes resultados apontam uma tendência à ocorrência de maior lixiviação de

sódio no solo arenoso, refletindo na necessidade de aplicação de maiores

quantidades do sal neste tipo de solo, para que sua solução atinja a condutividade

y = 0.0014x + 0.3028 R² = 0.9955

y = 0.0015x + 0.2009 R² = 0.9999

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

8.0

0 1000 2000 3000 4000 5000

CE

da s

olu

ção

do

so

lo (

dS

m-1

)

Concentração de NaCl na solução aplicada (mg L-1)

Solo Arenoso Solo Argiloso

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46

elétrica desejada em um processo de salinização artificial. Tal comportamento pode

ser explicado pela maior facilidade de drenagem observada em solos de textura

arenosa, o que contribui para a lixiviação de sais.

2.3.2 Salinização dos solos nas colunas de percolação

As equações ajustadas às curvas de salinização artificial foram utilizadas para

direcionar o processo de salinização dos solos armazenados nas colunas de

percolação. É importante ressaltar que, para se obter um mesmo valor de

condutividade elétrica na solução do solo, a concentração do sal foi ligeiramente

superior nas soluções aplicadas ao solo arenoso. Na Tabela 4 encontram-se

distribuídos, por tratamento, os valores médios de condutividade elétrica medidos na

solução dos solos após o procedimento de salinização artificial.

Tabela 4 - Valores de condutividade elétrica no extrato de saturação (CEes) após salinização artificial

Tratamento CEes (dS m-1) Tratamento CEes (dS m-1)

T1 3,36 T7 6,25

T2 3,26 T8 6,24

T3 3,18 T9 6,21

T4 3,26 T10 5,82

T5 3,21 T11 6,09

T6 3,02 T12 6,18

CV(%) 2,34 CV(%) 1,93

De acordo com a Tabela 4, os valores de condutividade elétrica obtidos na

solução do solo, após a aplicação da solução salina, afastaram-se pouco da média

desejada. A relação linear e a boa correlação entre a concentração de sódio na

solução aplicada e a condutividade elétrica na solução do solo fizeram com que os

tratamentos associados à mesma condutividade elétrica inicial apresentassem pouca

variação.

2.3.3 Monitoramento da umidade e da salinidade do solo

Anteriormente à aplicação das lâminas de lixiviação, a sonda de capacitância

foi calibrada e as equações obtidas foram inseridas em seu datalogger para

obtenção de leituras mais confiáveis durante a extração da solução do solo. As

leituras de frequência normalizada, obtidas nos pontos amostrais em cada tipo de

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47

solo, são apresentadas na Tabela 5, associadas aos respectivos valores de umidade

determinados pelo método gravimétrico. Durante o procedimento foram observados

níveis de umidade variando de 0,05 a aproximadamente 0,30 cm3 de água por cm3

de solo, em ambos os solos.

Tabela 5 - Valores de umidade do solo e respectivas leituras de frequência, utilizadas para calibração da sonda Diviner: θ = umidade volumétrica (%) e SF = frequência normalizada

Ponto Solo Arenoso Solo Argiloso

Ponto Solo Arenoso Solo Argiloso

θ SF θ SF θ SF θ SF

1 11,43 0,65898 5,79 0,49903 10 29,23 0,95765 14,66 0,76688

2 12,65 0,72257 16,00 0,76688 11 23,23 0,84052 9,11 0,56159

3 11,95 0,65898 20,47 0,82594 12 5,17 0,58141 11,12 0,60123

4 27,69 0,96913 33,68 0,98818 13 17,77 0,77719 7,05 0,61340

5 30,26 0,99133 33,10 0,95758 14 22,01 0,90902 12,39 0,63654

6 24,23 0,89609 29,64 0,91372 15 25,78 0,96913 27,61 0,85274

7 20,77 0,80999 34,16 0,97818 16 18,16 0,81173 23,66 0,88301

8 8,76 0,63504 25,67 0,86557 17 16,69 0,76045 17,55 0,80785

9 13,65 0,70252 11,96 0,69794 18 6,57 0,64096 27,94 0,93688

As leituras com a sonda, assim como as amostragens para a determinação

da umidade gravimétrica, foram realizadas em diferentes profundidades no perfil do

solo; no entanto, optou-se pelo ajuste de apenas uma curva de calibração para cada

tipo de solo (Figuras 9a e 9b). Este procedimento foi adotado, pois, oriundos de uma

camada pouco profunda no campo, cada solo foi peneirado e acomodado nas

colunas de forma que constituiu uma única fase. Também é importante ressaltar

que, antes da calibração da sonda, foi feita a normalização do sensor, obtendo-se as

leituras 164.216 e 121.427 com o sensor em contato com o ar e com a água,

respectivamente.

(a)

(b)

Figura 9 - Curva de calibração e equação ajustada para o solo arenoso (a) e para o solo argiloso (b)

SF = 0.3065 * θ ^ 0.3353 R² = 0.9288

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

0 5 10 15 20 25 30 35

Fre

qu

ên

cia

rela

tiv

a (

SF)

Conteúdo de água no solo (%)

SF = 0.2747 * θ ^ 0.3571 R² = 0.9411

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

0 5 10 15 20 25 30 35

Fre

qu

ên

cia

rela

tiv

a (

SF)

Conteúdo de água no solo (%)

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48

As equações foram ajustadas por análise de regressão a partir dos dados

apresentados na Tabela 5 e, de acordo com os resultados, embora a calibração

tenha sido realizada em condições de solo confinado, os valores de frequência lidos

com a sonda tiveram boa correlação com a umidade determinada pelo método

considerado padrão, tanto no solo arenoso (R2= 0,92) quanto no argiloso (R2= 0,94).

Com a calibração, obtiveram-se os valores 0,3065 e 0,3353 para os

coeficientes A e B da equação ajustada, para o solo arenoso, e os valores 0,2747 e

0,3571 para esses mesmos parâmetros em solo argiloso. ANDRADE JUNIOR et al.,

(2007) encontraram valores que diferem dos obtidos nesta pesquisa; provavelmente,

por terem trabalhado com solos diferentes dos utilizados nesse experimento.

Entretanto, qualquer que tenha sido a causa, apenas reforça a necessidade de

calibração da sonda nas mesmas condições em que se deseja avaliar o conteúdo de

água no solo.

O monitoramento da salinidade foi realizado por meio de leituras de

condutividade elétrica e de concentração de sódio na solução do solo. Estas

variáveis determinadas a partir da solução coletada com o uso de extratores foram

corrigidas em função dos valores de umidade lidos com a sonda no momento da

extração. As médias relativas a cada tratamento da etapa de lixiviação são

apresentadas nas Tabelas 6 e 7, identificando os tratamentos e as camadas de solo.

Uma média englobando todas as camadas (0-60 cm) também foi obtida, para que se

possa ter uma ideia do efeito das lâminas no perfil como um todo.

Tabela 6 - Valores médios de condutividade elétrica (dS m-1

), obtidos na solução do solo após a aplicação das lâminas de lixiviação

Solo Salinidade Lâmina

Tratamento Profundidade (cm)

(dS m-1) (vol. poros) 0-20 20-40 40-60 0-60

Arenoso

C3 L1 T1 1,29 2,55 3,19 2,34

C3 L2 T2 1,27 2,08 2,92 2,09

C3 L3 T3 0,62 1,97 3,28 1,96

Argiloso

C3 L1 T4 1,35 3,19 4,30 2,95

C3 L2 T5 1,10 2,33 2,86 2,09

C3 L3 T6 1,43 1,70 2,98 2,04

Arenoso

C6 L1 T7 2,73 3,80 5,19 3,91

C6 L2 T8 2,48 4,32 6,39 4,40

C6 L3 T9 2,44 2,86 3,45 2,92

Argiloso

C6 L1 T10 1,74 3,12 3,75 2,87

C6 L2 T11 2,28 3,67 5,39 3,78

C6 L3 T12 2,57 2,88 3,33 2,93

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49

Na Tabela 6, pode-se observar que a aplicação das lâminas levou, em geral,

ao decréscimo dos valores de condutividade elétrica; a magnitude do efeito de cada

lâmina variou conforme o solo e a condutividade inicialmente presente. Analisando

dos tratamentos individualmente, nota-se que o efeito das lâminas foi mais

pronunciado na camada 0-20 cm. As camadas subjacentes tiveram mudanças

moderadas, quando comparadas à camada superficial, e em alguns tratamentos as

alterações foram no sentido de elevação da condutividade (T1 e T4). Além desta

constatação, o que une estes tratamentos é o fato de terem recebidos a mesma

quantidade de água; indicando que a lâmina aplicada (L1) foi inferior à necessária

para lixiviação do sódio em todo o perfil, resultando em acúmulo nas camadas

subjacentes.

Considerando o perfil como um todo (0-60 cm), merecem atenção os

resultados obtidos nos tratamentos T10 e T12. Embora submetidos a lâminas

diferentes (L1 e L3, respectivamente), as respostas obtidas foram muito semelhantes

em termos de valores de condutividade elétrica. Provavelmente isto se deveu ao

baixo fluxo proporcionado pela lâmina L1 aplicada ao tratamento T10, não sendo

suficiente para expor os íons à ação das cápsulas extratoras. Os resultados das

leituras de concentração de sódio observados nos tratamentos T10, T11 e T12

(Tabela 7) corroboram este raciocínio.

Tabela 7 - Valores médios de concentração de sódio (mg L-1

), obtidos na solução do solo após a aplicação das lâminas de lixiviação

Solo Salinidade Lâmina

Tratamento Profundidade (cm)

(dS m-1) (vol. poros) 0-20 20-40 40-60 0-60

Arenoso

C3 L1 T1 780 1642 1972 1464

C3 L2 T2 786 1361 1681 1276

C3 L3 T3 372 1226 1967 1188

Argiloso

C3 L1 T4 806 1241 1678 1242

C3 L2 T5 673 1494 1765 1310

C3 L3 T6 873 1082 1865 1273

Arenoso

C6 L1 T7 1626 3194 3575 2798

C6 L2 T8 1397 2817 4026 2746

C6 L3 T9 1387 1811 2137 1779

Argiloso

C6 L1 T10 1045 1958 2276 1760

C6 L2 T11 1294 2309 3378 2327

C6 L3 T12 1461 1874 2060 1798

Na Tabela 7 observa-se que com a aplicação de lâminas crescentes, houve

uma tendência à diminuição da concentração de sódio em solução, observada em

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50

ambos os solos; exceção se faz para o solo argiloso, quando se partiu de uma

condutividade inicial de 6 dS m-1 e utilizou-se uma lâmina equivalente a duas vezes

o volume de poros do solo. Este resultado sugere que, para lixiviação de sódio em

solos argilosos, sejam utilizadas lâminas maiores que 2 vezes o volume de poros,

sobre pena de agravar o problema caso sejam adotadas lâminas inferiores. Uma vez

aplicadas lâminas insuficientes para lixiviar o sal, o volume de água apenas contribui

para solubilizar o sal precipitado aumentando sua concentração na solução do solo.

O excesso de sódio em solução afeta o potencial osmótico do solo, além das suas

características físicas, com implicações diretas sobre os cultivos.

2.3.4 Análise da lixiviação do sódio e recuperação dos solos

As concentrações do íon sódio observadas nas soluções coletadas pelos

extratores instalados no solo das colunas de percolação variaram bastante com os

tratamentos, encontrando-se valores de 372 até 4545 mg L-1. A partir da análise

estatística, utilizando o teste F e respeitando o delineamento experimental de blocos

ao acaso, interpretaram-se os efeitos dos três fatores que compunham os

tratamentos, sobre a variável concentração de sódio no perfil do solo (Tabela 8). A

normalidade dos resíduos foi verificada aplicando-se o teste de Shapiro-Wilk a 5%

de significância e, uma vez detectado que os resíduos das médias obtidas

considerando o perfil como um todo (0-60 cm) não apresentam distribuição normal,

optou-se por analisar a os resultados considerando as camadas de solo

individualmente.

Tabela 8 - Quadro de análise de variância para os efeitos do solo, condutividade elétrica inicial e lâmina de lixiviação, sobre a concentração de sódio na camada 0-20 cm no perfil do solo

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

Bloco 2 65464,91 32732,455 1,1317 0,3406

Solo 1 9525,76 9525,760 0,3293 0,5719

Salinidade 1 3840816,04 3840816,040 132,7877 0,0000

Lâmina 2 10475,44 5237,722 0,1811 0,8356

Solo*Salinidade 1 261836,89 261836,890 9,0524 0,0065

Solo*Lâmina 2 503218,05 251609,026 8,6988 0,0016

Salinidade*Lâmina 2 106970,95 53485,473 1,8491 0,1810

Solo*Salinidade*Lâmina 2 151105,82 75552,908 2,6121 0,0960

Resíduo 22 636338,59 28924,481

Total 33 5585752,45 169265,226

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51

Na Tabela 8 são apresentados os efeitos individuais e de interação

observados na camada de 0 a 20 centímetros de profundidade no perfil do solo.

Neste caso, os resíduos podem ser considerados normais (p-valor = 0,3470771) e,

de acordo com o teste F a 5% de probabilidade, houve efeito simples apenas do

fator salinidade inicial na solução do solo; sendo observado efeito das interações

solo*salinidade e solo*lâmina sobre a lixiviação do sódio no perfil do solo.

Desdobrando a interação solo*salinidade, foi elaborado um novo quadro de

análise de variância, analisando o efeito do solo dentro de cada nível do fator

salinidade inicial (Tabela 9). Neste quadro é possível observar que a textura do solo

exerceu influência significativa sobre a lixiviação do sódio apenas quando a

condutividade elétrica anterior à aplicação das lâminas foi de 6 dS m-1. Neste caso, a

redução do teor de sódio foi maior no solo argiloso, pois a média da concentração

remanescente na sua solução foi 1267 mg L-1, enquanto que no solo arenoso a

média foi de 1470 mg L-1.

Tabela 9 - Análise de variância para o desdobramento da interação solo*salinidade, considerando o fator solo dentro de cada nível de salinidade

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

Salinidade: solo C3 1 85739,4 85739,40 2,9643 0,0992

Salinidade: solo C6 2 185623,2 185623,24 6,4175 0,0189

Resíduo 22 636338,6 28924,48

Quando o nível de salinidade inicial foi o C3 (3 dS m-1), as médias obtidas na

solução do solo foram consideradas estatisticamente iguais (646 e 784 mg L-1, no

solo arenoso e argiloso, respectivamente). Já no desdobramento da salinidade

dentro de cada nível de solo (Tabela 10), as médias de concentração de sódio na

solução do solo foram diferentes para ambos os níveis de salinidade,

independentemente da textura do solo. De acordo com o teste de Tukey, as

menores concentrações de sódio foram obtidas quando o nível de salinidade inicial

foi o C3.

Tabela 10 - Análise de variância para o desdobramento da interação solo*salinidade, considerando o fator salinidade dentro de cada nível de solo

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

Solo: salinidade AG 1 1048496,8 1048496,81 36,2495 0

Solo: salinidade AR 2 3054156,1 3054156,12 105,5907 0

Resíduo 22 636338,6 28924,48

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52

Também foi observada interação significativa solo*lâmina e, o desdobramento

desta resultou no quadro de análise de variância apresentado na Tabela 11.

Analisando os resultados pode-se afirmar que a lâmina L2 aplicada ao solo,

comportou-se de maneira inesperada: mesmo sendo numericamente maior que a

lâmina L1, a lâmina L2 foi a única que não apresentou efeito significativo sobre a

redução da concentração de sódio na solução do solo.

As lâminas L1 e L3 promoveram respostas diferenciadas conforme a textura

do solo, com efeitos mais pronunciados no solo de textura argilosa. A lâmina L1

produziu concentrações médias iguais a 926 e 1203 mg L-1, em solo argiloso e solo

arenoso, respectivamente; a lâmina L3 reduziu um pouco mais a salinidade do solo,

alcançando média de 879 mg L-1, no solo arenoso, e 1167 mg L-1 no solo argiloso.

Tabela 11 - Quadro de análise de variância para o desdobramento da interação solo*lâmina, considerando solo dentro de cada nível de lâmina

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

Lâmina : Solo L1 1 230131,60 230131,60 7,9563 0,01

Lâmina : Solo L2 1 34959,61 34959,61 1,2087 0,2835

Lâmina : Solo L3 1 247652,60 247652,60 8,562 0,0078

Resíduo 22 636338,59 28924,48

Ao desdobrar-se do fator lâmina dentro de cada nível de solo (Tabela 12),

observou-se efeito significativo destas apenas quando aplicada ao solo arenoso.

Neste caso, as médias obtidas foram inversamente proporcionais às lâminas de

lixiviação aplicadas (L3 = 879, L2 = 1091, e L1 = 1203 mg L-1). Em solo argiloso, as

médias foram consideradas iguais, permanecendo próximas a 1000 mg L-1.

Tabela 12 - Quadro de análise de variância para o desdobramento da interação solo*lâmina, analisando o efeito das lâminas dentro de cada nível de solo

FV GL SQ QM Fc Pr>Fc

Lâmina : Solo AG 2 190060,3 95030,13 3,2855 0,0564

Lâmina : Solo AR 2 323633,2 161816,62 5,5945 0,0109

Resíduo 22 636338,6 28924,48

Na Tabela 13, por meio da apresentação das médias de concentração de

sódio acompanhadas dos resultados obtidos a partir do teste de Tukey, em 5% de

probabilidade, é feito um resumo das considerações proferidas anteriormente. Nela é

possível visualizar o experimento como um todo, facilitando as conclusões a respeito

do efeito individual de cada lâmina.

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53

Tabela 13 - Médias de concentração de sódio (mg L-1

) obtidas na solução extraída da camada de 0 a 20 cm no perfil do solo, após a aplicação das lâminas de lixiviação

Solo Salinidade inicial Lâmina de lixiviação (volume de poros)

(dS m-1) L1 L2 L3 Média

Arenoso 3,0 780 bA 786 bA 372 aA 646 bA

6,0 1626 bC 1397 aC 1387 aD 1470 aC

Média 1203 bB 1091 abB 879 aB

Argiloso 3,0 806 aA 673 aA 873 bB 784 bA

6,0 1045 aB 1294 bC 1461 cD 1267 bB

Média 926 aA 983 aB 1167 aC

Médias seguidas de mesma letra, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (α< 5%)

2.3.5 Avaliação do desempenho das equações empíricas

A eficiência das equações para o cálculo da lâmina de lixiviação foi avaliada

comparando as estimativas obtidas por meio destas com os resultados observados

no experimento com as colunas de solo instaladas na casa de vegetação. Na Figura

10 são apresentados os valores médios de condutividade elétrica, obtidos ao final da

do experimento, com a aplicação das lâminas de lixiviação nas colunas preenchidas

com o solo arenoso, bem como os valores calculados por meio das equações. As

letras posicionadas sobre as colunas, no gráfico, comparam os valores de

condutividade estimados às respectivas médias observadas no experimento.

Figura 10 - Condutividade elétrica (dS m-1

) na solução do solo, obtidos a partir do uso das equações empíricas e da aplicação das lâminas de lixiviação no solo arenoso

3.0 dS/m 6.0 dS/m 3.0 dS/m 6.0 dS/m 3.0 dS/m 6.0 dS/m

Lâmina 1 Lâmina 2 Lâmina 3

Volobuyev 1.31 2.62 0.57 1.14 0.25 0.50

Jury (1979) 2.86 5.72 1.43 2.86 0.95 1.91

Hoffman (1980) 0.83 1.66 0.42 0.83 0.28 0.55

Cordeiro (2001) 2.54 4.19 2.16 2.93 1.83 2.05

Experimento 2.34 3.91 2.09 4.40 1.96 2.92

b

ab

a b

a a

e

d

b

c

b

b

a

a

a a

a a

d

cd

c

c

c b c

bc

c

d

d

c

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

Co

nd

uti

vid

ade

elét

rica

(d

S m

-1)

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54

De acordo com os resultados na Figura 10, a equação que obteve melhor

desempenho foi a proposta por Cordeiro (2001), seguida pelas equações de Jury et

al. (1979) e Volobuyev; sendo que os resultados obtidos por meio desta última não

apresentaram uma relação de linearidade com a condutividade elétrica inicialmente

presente na solução do solo e com a lâmina de lixiviação simulada. O pior

desempenho ficou por conta da equação de Hoffman (1980).

De maneira geral, apesar dos baixos níveis de salinidade obtidos com as

simulações por parte de algumas equações, pode-se dizer que os resultados foram

bastante otimistas, se comparados aos obtidos experimentalmente. Enquanto no

experimento as menores concentrações de sódio observadas ficaram em torno de

1200 mg L-1, a equação de Hoffman, por exemplo, obteve concentrações até 85%

menores, para a aplicação da mesma lâmina testada no experimento (Tabela 14).

Consequentemente, os valores de condutividade também foram menores. Na

prática, isso significa que o uso dessa equação levaria à obtenção de lâminas

aquém daquelas realmente necessárias para lixiviação o sódio.

Tabela 14 - Concentração de sódio (mg L-1

) na solução do solo, estimada a partir do uso de equações empíricas para simular as respostas da aplicação de lâminas de lixiviação no solo arenoso

CEes Lâmina Equação Experimento

(inicial) (vol. poros) Volobuyev Jury (1979) Hoffman (1980) Cordeiro (2001) (em colunas)

3

L1 1328 (09+) 1829 (25+) 532 (64 -) 1629 (11+) 1464

L2 919 (28+) 915 (28 -) 266 (79 -) 1381 (08+) 1276

L3 635 (47 -) 610 (49 -) 177 (85 -) 1172 (01 -) 1188

6

L1 2656 (05 -) 3658 (31+) 1063 (62 -) 2683 (04 -) 2798

L2 1837 (33 -) 1829 (33 -) 532 (81 -) 1875 (32 -) 2746

L3 1271 (29 -) 1219 (31 -) 354 (80 -) 1310 (26 -) 1779

Os valores entre parênteses referem-se à diferença percentual entre a concentração de sódio estimada e a concentração observada no experimento em colunas de percolação instaladas na casa de vegetação

Ainda na Tabela 14, nota-se que as estimativas realizadas por meio da

equação de Cordeiro (2001) aproximam-se bastante dos valores observados

experimentalmente. As diferenças não ultrapassavam em muito os 10 pontos

percentuais, com uma tendência à diminuição das diferenças à medida que a lâmina

aumenta. Este comportamento é observado tanto para a condutividade inicial de 3

dS m-1, quanto para os casos em que se partiu de uma condutividade elétrica maior.

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55

Os resultados obtidos para o solo argiloso são apresentados na Figura 11 e

Tabela 15. Nestas condições, novamente, a equação de Jury et al. (1979)

apresentou um ótimo resultado, com a aplicação da lâmina equivalente a 1 volume

de poros do solo. Na Figura 11, observa-se que o valor simulado para a

condutividade elétrica, partindo de uma salinidade de 3 dS m-1 e aplicando uma

lâmina igual a 1 volume de poros, foi 2,93 dS m-1; enquanto que o valor observado

com a aplicação desta mesma lâmina no solo das colunas foi 2,95 dS m-1. No

entanto, a partir da lâmina L2, a equação perdeu um pouco sua eficiência e os

valores simulados se distanciaram daqueles observados experimentalmente.

Figura 11 - Condutividade elétrica (dS m-1

) na solução do solo, obtidos a partir do uso das equações empíricas e da aplicação das lâminas de lixiviação no solo argiloso

Considerando as concentrações de sódio apresentadas na Tabela 15, as

equações se mostram mais dependentes das condições químicas iniciais no solo

argiloso. De acordo com os resultados, a equação de Cordeiro (2001) obteve melhor

desempenho nas simulações quando a condutividade elétrica inicial da solução do

solo foi de 3 dS m-1. Quando as condições iniciais foram mais críticas (CEes = 6 dS

m-1), a equação de Volobuyev se mostrou mais apropriada, e nas simulações com as

lâminas L2 e L3 a equação de Jury et al. (1979) aparece com resultados também

promissores. Nestes casos, a opção pela equação de Volobuyev ou a de Jury et al.

(1979), parecem escolhas acertadas.

3.0 dS/m 6.0 dS/m 3.0 dS/m 6.0 dS/m 3.0 dS/m 6.0 dS/m

Lâmina 1 Lâmina 2 Lâmina 3

Volobuyev 2.03 4.07 1.38 2.76 0.93 1.87

Jury (1979) 2.93 5.87 1.47 2.93 0.98 1.96

Hoffman (1980) 0.65 1.31 0.33 0.65 0.22 0.44

Cordeiro (2001) 2.43 3.81 1.98 2.42 1.6 1.53

Experimento 2.95 2.87 2.09 3.78 2.04 2.93

ab

d

b

b

b

c

b

e

b

b

b

c

a

a

a a

a a

ab

c

c b

c b

b b

c

c

c

d

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

Co

nd

uti

vid

ade

elét

rica

(d

S m

-1)

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56

Tabela 15 - Concentração de sódio (mg L-1

) na solução do solo, estimada a partir do uso de equações empíricas para simular as respostas da aplicação de lâminas de lixiviação em solo argiloso

CEes Lâmina Equação Experimento

(inicial) (vol. poros) Volobuyev Jury (1979) Hoffman (1980) Cordeiro (2001) (em colunas)

3

L1 1301 (31 -) 1878 (01 -) 419 (78 -) 1558 (18 -) 1242

L2 882 (34 -) 939 (30 -) 210 (84 -) 1264 (05 -) 1310

L3 598 (54 -) 626 (52 -) 140 (89 -) 1026 (22 -) 1273

6

L1 2603 (42+) 3755 (105+) 838 (54 -) 2437 (33+) 1760

L2 1764 (27 -) 1878 (22 -) 419 (83 -) 1547 (36 -) 2327

L3 1196 (36 -) 1252 (33 -) 279 (85 -) 982 (48 -) 1798

Os valores entre parênteses referem-se à diferença percentual entre a concentração de sódio estimada e a concentração observada no experimento em colunas de percolação instaladas na casa de vegetação

Na verdade, considerando os dados de condutividade elétrica e concentração

de sódio apresentados neste trabalho, a exceção da equação do Hoffman (1980),

qualquer outra entre as discutidas aqui pode ser utilizada para cálculo da lâmina de

lixiviação, pois apresentam resultados satisfatórios. Vale ressaltar que os resultados

obtidos neste trabalho diferem de alguns apresentados na bibliografia, que são

bastante variáveis, o que pode está relacionado com a diversidade de solos e

condições em que foram realizados os estudos.

2.3.6 Mobilidade e distribuição do íon sódio no perfil do solo

A mobilidade do íon sódio no solo foi avaliada por meio dos parâmetros de

transporte ajustados a partir de dados experimentais, oriundos dos ensaios de

deslocamento miscível realizados no laboratório. Os parâmetros relativos aos solos

utilizados no preenchimento das colunas foram obtidos a partir das curvas de

retenção de água no solo, segundo o modelo de Genuchten (1980), e são

apresentados na Tabela 16.

Tabela 16 - Parâmetros da curva de retenção de água no solo, segundo o modelo Genuchten (1980)

Solo θs θr α m n

---------- (cm³ cm-3) ---------- (cm-1) - -

Arenoso 0,4233 0,0749 0,0348 0,4548 1,8342 Argiloso 0,5602 0,2135 0,0612 0,3649 1,5746

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57

As curvas de distribuição de efluente foram confeccionadas a partir das

concentrações de sódio determinadas no lixiviado recolhido durante os ensaios com

as colunas de solo, no laboratório. Analisando os resultados, apresentados na

Figura 12, observa-se que o valor correspondente à concentração relativa 0,5 foi

superior a 1 em ambos os solos, com a curva referente ao solo argiloso deslocada

um pouco mais para a direita. De acordo com Biggar e Nielsen (1962), o número de

volume de poros correspondente à concentração de relativa de 0,5 é uma primeira

indicação, no sentido de existência ou não, de interações soluto-solo. Portanto, os

resultados obtidos permitem afirmar que houve maior interação do sódio com o solo

argiloso.

(a) (b)

Figura 12 - Curvas de efluente elaboradas a partir das concentrações de sódio obtidas no laboratório, com a aplicação de 450 ppm de cloreto de sódio no solo arenoso (a) e no solo argiloso (b)

A magnitude das interações entre o sódio e a fase sólida do solo, durante a

percolação da solução, foi quantificada e o resultado apresentado na Tabela 17.

Dentre os parâmetros na Tabela, ajustados por meio do software STANMOD, o fator

de retardamento (R) representa a defasagem entre a velocidade de avanço do

soluto e a velocidade de avanço da frente de molhamento da solução percolante

(VALOCCHI, 1984), expressando indiretamente a capacidade do solo em reter íons.

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

0 1 2 3 4 5 6 7

C/C

o

Volume de poros

Dados ajustados

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

0 1 2 3 4 5 6 7

C/C

o

Volume de poros

Dados ajustados

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58

Tabela 17 - Parâmetros de transporte de sódio, obtidos para o solo arenoso e para o solo argiloso: fator de retardamento (R), coeficiente de dispersão (D), número de Peclet (P), velocidade

da água nos poros (v), coeficiente de dispersividade em função do número de Peclet ()

Parâmetros de transporte de sódio

Solo R D P v (P)

(cm2 min-1) (cm min-1)

Arenoso 1,886 7,336 6,11 12,52 0,586 Argiloso 3,411 4,081 1,52 6,28 0,649

Na Tabela 17, observa-se que o retardamento foi, de fato, mais expressivo no

solo argiloso; corroborando os resultados obtidos por Méllo et al. (2006), ao aplicar

água residuária do processamento de mandioca em colunas de solo. De acordo com

a autora, a diferença entre os valores encontrados para o íon sódio nos dois solos

evidencia a influência do conteúdo de argila presente sobre a interação deste íon

com a matriz do solo.

Os parâmetros de transporte, obtidos para os dois solos, também serviram

como variáveis de entrada para a simulação da distribuição do sódio no solo,

realizada por meio da aplicação do modelo computacional MIDI. O modelo simulou a

aplicação de uma solução de cloreto de sódio (1960 mg L-1), a uma taxa de 8 L-1,

em uma coluna de solo medindo 60 cm de diâmetro e altura, por um período de 6

horas. Como resultados foram obtidos os valores de umidade do solo e

concentração de sódio a cada 10 cm de profundidade no perfil do solo. Os

resultados gerados a partir do modelo foram comparados com resultados obtidos

experimentalmente sob as mesmas condições simuladas (Figuras 13 e 14).

Analisando os resultados de umidade apresentados na Figura 13a, observa-

se que a simulação a partir do modelo subestimou o conteúdo de água no solo

arenoso. Nas camadas mais superficiais os valores de umidade simulados, para este

solo, apresentaram similaridade com os valores obtidos experimentalmente.

Entretanto, ao passo que se aprofundava no perfil do solo as medidas se

distanciavam das simulações. Já em condições de solo argiloso, pode-se afirmar

que o desempenho do modelo foi bastante satisfatório. Na Figura 13b, é possível

notar que os valores simulados para a umidade foram semelhantes aos valores

determinados no experimento, desde a superfície do solo até os 50 cm de

profundidade.

Cabe salientar que, durante o experimento na casa de vegetação, foi

observado o acúmulo de água na base de algumas das colunas. Este excesso, às

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59

vezes, elevava a umidade do solo ao valor de saturação. Assim, a menor correlação

entre os valores de umidade obtidos experimentalmente e os valores simulados pelo

MIDI, para as camadas mais profundas do solo, pode ser atribuída a esta

constatação. E, de uma maneira geral, pode-se afirmar que as simulações dos

valores de umidade por meio da utilização do MIDI foram coerentes quando

comparados a valores determinados em condições reais; apresentando ainda como

vantagem a economia de tempo.

(a)

(b)

Figura 13 - Representação dos perfis de umidade, obtidos em condições experimentais e por meio de simulações com o modelo MIDI, para o solo arenoso (a) e para o solo argiloso (b)

As concentrações do íon sódio (mg L-1) também foram simuladas e obtidas

experimentalmente, em diferentes profundidades, para os dois solos. Na Figura 14a,

é apresentado o perfil de distribuição do sódio no solo arenoso. No solo arenoso,

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

0.0 0.2 0.4 0.6

Pro

fun

did

ade

(cm

)

Umidade volumétrica (cm3 cm-3)

Observado Simulado (MIDI)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

Pro

fun

did

ade

(cm

)

Umidade volumétrica (cm3 cm-3)

Observado Simulado (MIDI)

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semelhante ao ocorrido para as simulações de umidade, observa-se que as

concentrações de sódio também ficaram abaixo daquelas observadas

experimentalmente. No entanto, a forma do gráfico foi semelhante, refletindo a

existência de correlação entre os valores medidos e simulados pelo MIDI.

(a)

(b)

Figura 14 - Representação dos perfis de concentração de sódio, obtidos em condições experimentais e por meio de simulações com o modelo MIDI, para o solo arenoso (a) e o solo argiloso (b)

Para o solo argiloso, o modelo também subestimou as concentrações de

sódio obtidas no experimento (Figura 14b). Na comparação entre os dois solos, as

concentrações simuladas foram maiores no solo arenoso; o que faz sentido, se

considerado que o sódio é um cátion, e por isso fica retido com mais facilidade no

solo com predominância de cargas negativas. No entanto, os resultados

experimentais mostraram exatamente o contrário, e esta diferença pode está

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

0 500 1000 1500 2000 2500

Pro

fun

did

ade

(cm

)

Concentração de sódio (mg L-1)

Observado Simulado (MIDI)

-80

-70

-60

-50

-40

-30

-20

-10

0

0 500 1000 1500 2000 2500

Pro

fun

did

ade

(cm

)

Concentração de sódio (mg L-1)

Observado Simulado (MIDI)

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associada à umidade e à porosidade de cada solo. A menor umidade observada no

solo arenoso, associada à maior quantidade de macroporos, e considerando que o

volume de solução aplicado nos dois solos foi o mesmo, significa que também houve

maior drenagem no solo arenoso. Assim sendo, parte do sódio aplicado ao solo

arenoso pode ter sido lixiviado para fora da coluna.

A explicação para as maiores concentrações de sódio, simuladas pelo MIDI,

para o solo argiloso, pode está na teoria por trás do funcionamento do modelo. Mas,

especificamente, nos parâmetros de transporte que são variáveis de entrada. Vale

lembrar que o fator de retardamento utilizado para as simulações foi cerca de duas

vezes maior para o solo argiloso. Isto implica que o modelo considerou que fração

do sódio na solução aplicada que ficou retida ao solo, também foi maior no solo

argiloso. Neste caso, os resultados da simulação estão em consonância com os

parâmetros de transporte.

Com base nos resultados obtidos com o MIDI e nos parâmetros de transporte

encontrados para o sódio nos dois solos, pode-se afirmar que o sódio apresentou

maior mobilidade no solo arenoso, quando comparado ao argiloso. A isso, pode ser

atribuída a pouca eficiência da lâmina de lixiviação L2 aplicada ao solo argiloso, no

experimento com as colunas de solo na casa de vegetação. A menor velocidade da

água nos poros (6,28 cm min-1), associada à maior interação do sódio com a matriz

do solo (R = 3,411) favoreceu a sua adsorção pelo solo, resultando em menores

concentrações deste íon na solução obtida pelos extratores.

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3 CONCLUSÕES

Diante dos resultados obtidos neste estudo, pode-se concluir que:

a) Os níveis de salinidade dos solos reduziram de maneira de maneira

inversamente proporcional com a aplicação das lâminas de lixiviação,

havendo efeitos de interação entre as lâminas, o tipo de solo e a salinidade

inicialmente presente;

b) A concentração de sódio e, consequentemente, a condutividade elétrica na

solução do solo diminuíram significativamente com a aplicação da lâmina de

lixiviação equivalente a três vezes o volume de poros do solo; sendo os

melhores resultados observados no solo arenoso;

c) De maneira geral, as equações testadas foram mais eficientes no solo

arenoso e, dentre elas, a proposta de Cordeiro (2001) apresentou respostas

mais coerentes com os resultados obtidos experimentalmente;

d) O uso de equações para determinação da lâmina de lixiviação mostrou-se

eficiente; mas, a recomendação do uso de cada uma delas deve considerar

as particularidades de cada situação.

e) O cálculo da lâmina de lixiviação deverá considerar além da composição

iônica e concentração inicial dos sais na solução do solo, as propriedades do

solo a ser recuperado;

f) Em função da maior predominância de cargas negativas no solo argiloso, foi

observada menor mobilidade do sódio neste tipo de solo, quando comparada

ao solo com maior proporção da fração areia;

g) O uso de modelos para simulação do movimento e distribuição de íons deve

ser incentivado tanto para atividade de pesquisa, quanto para fins de

resolução de problemas técnicos; sobre o argumento de fornecerem

resultados rápidos, possibilitando o teste de cenários com um custo baixo;

h) O modelo MIDI mostrou-se mais eficiente para simulação da distribuição da

umidade no solo argiloso; enquanto que para a simulação da distribuição do

íon sódio, os melhores resultados foram obtidos para o solo arenoso.

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