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Ricardo Moreira Soares
Resistência ao Cisalhamento de um Solo Coluvionar Não Saturado do Rio de Janeiro, RJ
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio.
Orientador: Tácio Mauro Pereira de Campos Co-Orientador: Franklin dos Santos Antunes
Rio de Janeiro, fevereiro de 2005
Ricardo Moreira Soares
Resistência ao Cisalhamento de um Solo Coluvionar Não Saturado do Rio de Janeiro, RJ
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
Tácio Mauro Pereira de Campos Presidente/Orientador
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Franklin dos Santos Antunes Co-Orientador
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
José Tavares Araruna Jr. Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Lúcio Flávio de Souza Villar UFMG
Orêncio Monje Vilar EESC-USP
José Eugênio Leal Coordenador(a) Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio
Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 2005
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do
autor e do orientador.
Ricardo Moreira Soares
Graduou-se em Engenharia Civil com especialização em geotecnia na PUC-Rio em 2002. As principais áreas de interesse e linhas de pesquisa são: mecânica dos solos não saturados, geotecnia experimental e geotecnia ambiental.
Ficha catalográfica
CDD: 624
Soares, Ricardo Moreira
Resistência ao cisalhamento de um solo coluvionar não-saturado do Rio de Janeiro, RJ / Ricardo Moreira Soares ; orientador: Tácio Mauro Pereira de Campos ; co-orientador: Franklin dos Santos Antunes. – Rio de Janeiro: PUC-Rio, Departamento de Engenharia Civil, 2005.
v., 196 f.: il. ; 29,7 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil .
Inclui bibliografia 1. Engenharia Civil – Teses. 2. Resistência ao
cisalhamento. 3. Solo coluvionar. 4. Solo não-saturado. 5. Sucção. 6. Curva característica de sucção. 7. Ensaio de cisalhamento direto com controle de sucção. 8. Resistência à tração. I. de Campos, Tácio Mauro Pereira. II. Antunes, Franklin dos Santos. III. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. IV. Título.
Aos meus pais, Maria Lúcia e José Evaldo, pela confiança, incentivo e amor incondicional.
Em memória da minha avó Eunyr, onde quer que esteja, sempre esteve e sempre
estará presente em minha vida.
Agradecimentos
Aos professores Tácio Mauro Pereira de Campos e Franklin dos Santos Antunes,
pela paciência, orientação, dedicação, confiança e incentivo, ao longo da
realização deste trabalho.
Aos demais professores do departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, pelos
conhecimentos e ensinamentos transmitidos.
Aos amigos e funcionários do Laboratório de Geotecnia da PUC-Rio, “Seu” Zé,
Amaury e William, pela colaboração e apoio.
A CAPES e a PUC-Rio pelo apoio financeiro.
A todos os colegas da PUC-Rio.
Aos meus pais José Evaldo Siqueira Soares e Maria Lúcia Moreira Soares, meus
irmãos Felipe Moreira Soares e Rafael Moreira Soares, pelo amor e carinho, os
quais foram fundamentais para minha formação e sucesso.
Aos meus grandes amigos Fábio e Bernardo pelos vários momentos de estudos
juntos e pela inestimável ajuda.
A todos aqueles que diretamente ou indiretamente contribuíram para a realização
deste trabalho.
A Deus, por este momento especial de minha vida.
Resumo
Soares, Ricardo Moreira; de Campos, Tácio Mauro Pereira; Antunes, Franklin dos Santos. Resistência ao Cisalhamento de um Solo Coluvionar Não Saturado do Rio de Janeiro, RJ. Rio de Janeiro, 2005. 196p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Neste presente trabalho buscou-se avaliar a características de resistência ao
cisalhamento e da relação sucção-umidade de um solo tropical maduro encontrado
no campo experimental II da PUC-Rio, localizado na cidade do Rio de Janeiro.
Para a determinação da resistência ao cisalhamento deste solo, foram executados
ensaios de cisalhamento direto em amostras submersas utilizando equipamento
convencional e ensaios de cisalhamento direto com sucção controlada em
amostras com umidade natural. Os ensaios de cisalhamento direto com sucção
controlada foram executados utilizando o equipamento desenvolvido na PUC-Rio
por de Campos (1988), na qual utiliza a técnica de translação de eixos
desenvolvida por Hilf (1956) para o controle da sucção aplicada. Para a
determinação da relação sucção-umidade, foram realizados ensaios para a
medição da sucção utilizando-se o método do papel filtro. Através dos resultados
deste ensaio foi possível a determinação da curva característica do solo em estudo.
Foram realizados também ensaios de compressão diametral a fim de se estabelecer
uma relação entre a resistência à tração deste solo versus sua sucção. Através da
análise dos resultados experimentais, foi possível a determinação da envoltória de
resistência ao cisalhamento em 3 dimensões considerando a proposta de Fredlund
et al. (1978), na qual se baseia na utilização das variáveis de tensão (σn - ua) e (ua -
uw).
Palavras-chave Resistência ao cisalhamento; solo coluvionar; solo não saturado; sucção;
curva característica de sucção, ensaio de cisalhamento direto com controle de
sucção; resistência à tração.
Abstract
Soares, Ricardo Moreira; de Campos, Tácio Mauro Pereira (Advisor); Antunes, Franklin dos Santos (Co-advisor). Shear Strength of an Unsaturated Colluvium Soil From Rio de Janeiro, RJ. Rio de Janeiro, 2005. 196p. MSc. Dissertation - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
In this present work one searched to evaluate the characteristics of shear
strength and the suction-moisture relation of a tropical mature soil found in
experimental field II of PUC-Rio, located in the city of Rio de Janeiro. For the
determination of the shear strength of this soil, direct shear test in submerged
samples using conventional equipment and direct shear tests with controlled
suction in samples with natural moisture had been executed. The direct shear tests
with controlled suction had been executed using the equipment developed in
PUC-Rio for De Campos (1988), in which it uses the technique of translation of
axles developed by Hilf (1956) for the control of the applied suction. Tests for the
measurement of the suction which uses the filter paper method was carried
through for the determination of the suction-moisture relation. Through the results
of this test, the determination of the soil-water characteristic curve of this soil was
possible. Diametrical compression test had also been carried through in order to
establish a relation between the tensile strength of this soil versus its suction.
Through the analysis of the experimental results, the determination of the shear
strength envelope in tri-dimensions was possible considering the proposal of
Fredlund et al. (1978), on which it bases on the use of the variables of tension
(σn - ua) and (ua - uw).
Keywords Shear strength; colluvium soil; unsaturated soil; suction; soil-water
characteristic curve; direct shear test with controlled suction; tensile strength.
Sumário
1. Introdução 26
2. Mecânica Dos Solos Para Meios Não-Saturados 30
2.1. Fases Constituintes Do Solo Não Saturado e Suas Propriedades 30
2.2. Variáveis do Estado Tensional 31
2.3. Sucção 34
2.3.1. Componentes da Sucção 34
2.3.2. Métodos de Medição da Sucção 36
2.3.3. Curva Característica de Sucção 40
2.4. Resistência ao Cisalhamento de Solo Não Saturados 44
2.5. Técnica de Translação de Eixos 51
3. Equipamento de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada da PUC-Rio 53
3.1. Aspectos Históricos e Generalidades 53
3.2. Descrição do Equipamento CDSC da PUC-Rio 55
3.2.1. Câmara de compressão 57
3.2.2. Caixa de cisalhamento 59
3.2.3. Sistema de Aplicação de Pressões 61
3.2.4. Sistema de extração de bolhas 63
4. Técnicas e Programa de Ensaios 64
4.1. Rotinas e Técnicas de Ensaio 64
4.1.1. Ensaio de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada 64
4.1.2. Ensaio de Cisalhamento Direto Convencional 67
ii
4.1.3. Ensaios para a Determinação da Curva Característica de
Sucção Utilizando o Método do Papel Filtro 68
4.1.4. Ensaio de Compressão Diametral 71
4.2. Programa de Ensaios 74
4.2.1. Ensaio de Cisalhamento Direto Convencional 74
4.2.2. Ensaio de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada 75
5. Características do solo utilizado 77
5.1. Material Escolhido e Retirada dos Blocos 77
5.2. Descrição do Meio Físico 78
5.2.1. Localização 78
5.2.2. Clima 79
5.2.3. Geologia e Geomorfologia 79
5.3. Caracterização Física 81
5.3.1. Densidade Relativa dos Grãos (Gs) 81
5.3.2. Análise Granulométrica Conjunta 81
5.3.3. Limites de Consistência 83
5.3.4. Classificação do Solo 83
5.4. Análise Química 84
5.5. Análise Mineralógica 85
5.5.1. Microscopia Ótica 86
5.5.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) 88
5.6. Curva Característica de Sucção 91
6. Apresentação dos Resultados 94
6.1. Ensaios de Cisalhamento Direto Convencional 94
6.2. Ensaios de Compressão Diametral 96
6.3. Ensaios de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada 98
6.3.1. Ensaios com Tensão Normal Líquida Constante 99
6.3.2. Ensaios com Sucção Mátrica Constante 111
iii
7. Análise e Interpretação dos Resultados 117
7.1. Compressibilidade do Material 118
7.1.1. Amostras submersas 118
7.1.2. Amostras Não-Saturadas 119
7.2. Resistência ao Cisalhamento 120
7.2.1. Critério de Definição de Ruptura Utilizado 120
7.2.2. Resistência Submersa 121
7.2.3. Resistência Não-Saturada 124
7.2.4. Influência da Velocidade de Cisalhamento no Ensaio de
Cisalhamento Direto com Sucção Controlada 131
7.3. Resistência à Tração 132
7.4. Relação entre Resistência à Tração e Coesão Aparente 135
7.5. Comparação dos Resultados Obtidos com Estimativas Indiretas da
Resistência ao Cisalhamento Através de Formulações Simplificadas 136
7.6. Comparação dos Resultados Obtidos do Colúvio com Outros
Materiais Encontrados na Literatura 139
8. Conclusões e Sugestões 143
8.1. Conclusões 143
8.1.1. Equipamento CDSC 143
8.1.2. Compressibilidade 143
8.1.3. Curva Característica 144
8.1.4. Resistência ao cisalhamento 144
8.1.5. Resistência à tração 145
8.2. Sugestões 146
8.2.1. Equipamento CDSC 146
8.2.2. Resistência ao cisalhamento 147
8.2.3. Resistência à tração 147
Referências bibliográficas 148
iv
Apêndice A - Calibração dos Instrumentos Elétricos e Saturação do Disco Cerâmico 160
A.1. Calibração dos Instrumentos Elétricos de Medição 160
A.2. Saturação do Disco Cerâmico de Alto Valor de Entrada de Ar 166
Apêndice B - Curvas para a Determinação da Umidade do Papel Filtro 168
Apêndice C - Velocidade de cisalhamento 189
C.1. Tempo de Ruptura em Ensaios Saturados 189
C.2. Tempo de Ruptura em Ensaios Não Saturados 190
Lista de figuras
Figura 1: Variação do fator de segurança de uma encosta não
saturada com a sucção (Ignacius et al.,1991). 27
Figura 2: Elemento de solo não saturado com fase contínua de ar
(adaptado de Fredlung & Rahardjo, 1993) 30
Figura 3: Variáveis de estado de tensão para solos não saturados. 33
Figura 4: Curvas de calibração para os papéis filtro Whatman N°42
e o Schleicher & Schuell N°589. 39
Figura 5: Influencia das parcelas de sucção na curva característica
(MacQueen & Miller, 1974). 41
Figura 6: Efeito da histerese na curva característica de sucção
(Hillel, 1971). 42
Figura 7: Curva característica típica de diferentes tipos de solo
(adaptado de Fredlund & Xing, 1994). 43
Figura 8: Envoltória de resistência de solos não saturados (Fredlund
& Rahardjo, 1993). 46
Figura 9: Projeção da envoltória no plano τ x (ua – uw) (Fredlund &
Rahardjo, 1993). 47
Figura 10: Projeção da envoltória no plano τ x (σ – ua) (Fredlund &
Rahardjo, 1993). 47
Figura 11: Envoltória de resistência não linear no plano q vs sucção
mátrica (Teixeira & Vilar, 1997). 48
Figura 12: Envoltória de resistência não linear no plano tensão
desviadora na ruptura vs sucção mátrica (Funtai et al., 2004). 49
Figura 13: Variação de φ’ com a sucção (Rohm & Vilar, 1995). 50
ii
Figura 14: Variação de φ’ com a sucção (Futai et al., 2004). 50
Figura 15: Provável forma da envoltória de resistência de um solo
residual não saturado. 51
Figura 16: Fotografia do equipamento CDSC. 55
Figura 17: Esquema geral do equipamento CDSC 56
Figura 18: Sistema de aquisição de dados e fonte de alimentação. 57
Figura 19: Desenho esquemático da seção lateral da câmara de
compressão. 58
Figura 20: Caixa de cisalhamento fechada com o DAVE. 59
Figura 21: Câmara de água e o DAVE. 60
Figura 22: Disco espaçador com os quatro parafusos e os dois
extensômetros. 60
Figura 23: Detalhe do pino de acoplamento entre a caixa e a haste. 61
Figura 24: União tipo universal 62
Figura 25: Apoio da célula de carga com os tirantes. 62
Figura 26: Sistema de extração de bolhas. 63
Figura 27: Procedimento para detecção de vazamentos 66
Figura 28: Fotos do equipamento utilizado no ensaio de tração. 72
Figura 29: Soluções teóricas para tensões ao longo do diâmetro
vertical de uma amostra no ensaio de compressão diametral
(adaptado de Krishhnayya & Eisenstein, 1974). 73
Figura 30: Localização do Campo Experimental II da PUC-Rio. 78
Figura 31: Descrição morfológica do perfil do Campo Experimental II
da PUC-Rio (Daylac, 1994). 80
Figura 32: Curva granulométrica do solo. 82
Figura 33: Presença da matriz argilosa com grãos de quartzo e
granada muito alterada. 86
Figura 34: Grãos de quartzo arestados e cristais grandes de
quartzo. 87
iii
Figura 35: Grande área da matriz argilosa englobando alguns grãos
de quartzo e agregados ferruginosos. 87
Figura 36: Fotografia do microscópio eletrônico de varredura da
PUC-Rio. 88
Figura 37: Aspecto geral da matriz argilosa (ampliação de 200
vezes). 89
Figura 38: Um detalhamento maior da matriz argilosa com os
macroporos sendo visualizados (ampliação de 1000 vezes). 90
Figura 39: Detalhe dos micro-agregados de caulinita, formando
entre eles os macroporos, e no seu interior os microporos (ampliação
de 5000 vezes). 90
Figura 40: Micro e macro-porosidades caracterizando uma
distribuição bimodal dos poros (ampliação de 10000 vezes). 91
Figura 41: Curva característica em função da umidade volumétrica. 92
Figura 42: Curva característica em função do grau de saturação. 93
Figura 43: Curva característica em função da umidade gravimétrica 93
Figura 44: Ensaio de cisalhamento direto convencional: curvas
tensão-deslocamento. 95
Figura 45: Início do ensaio. 96
Figura 46: Início da formação da trinca. 97
Figura 47: Abertura da trinca com o avanço das deformações. 97
Figura 48: Trinca totalmente aberta (ruptura). 97
Figura 49: Curvas de resistência a tração versus deslocamento
diametral. 98
Figura 50: Curvas de variação volumétrica e deslocamento vertical
em função do tempo (série I). 103
Figura 51: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (série I). 104
iv
Figura 52: Curvas de variação volumétrica e deslocamento vertical
em função do tempo (série II). 105
Figura 53: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (série II). 106
Figura 54: Curvas de variação volumétrica e deslocamento vertical
em função do tempo (série III). 107
Figura 55: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (série III). 108
Figura 56: Curvas de variação volumétrica e deslocamento vertical
em função do tempo (série IV). 109
Figura 57: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (série IV). 110
Figura 58: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (sucção mátrica constante
de 25kPa). 112
Figura 59: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (sucção mátrica constante
de 50kPa). 113
Figura 60: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (sucção mátrica constante
de 100kPa). 114
Figura 61: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (sucção mátrica constante
de 150kPa). 115
Figura 62: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e
variação volumétrica em função do tempo (sucção mátrica constante
de 200kPa). 116
Figura 63: Curva de compressibilidade para amostras submersas. 118
Figura 64: Curva de compressibilidade em relação a sucção mátrica
para as quatro séries realizadas. 119
v
Figura 65: Curva de compressibilidade em relação a sucção mátrica
normalizada. 120
Figura 66: Critério utilizado na determinação dos pontos de ruptura. 121
Figura 67: Envoltória de resistência para amostras submersas. 122
Figura 68: Relação entre a umidade final e a tensão cisalhante na
ruptura. 123
Figura 69: Relação entre o índice de vazios após o adensamento e
a tensão cisalhante na ruptura. 123
Figura 70: Envoltórias de resistência com respeito a sucção. 126
Figura 71: Variação do ângulo φb com relação a sucção mátrica. 127
Figura 72: Variação de φb/φ’ com relação a sucção mátrica. 128
Figura 73: Envoltórias de resistência para as sucções ensaiadas. 129
Figura 74: Variação da coesão aparente com a sucção mátrica. 130
Figura 75: Envoltória tridimensional de resistência. 130
Figura 76: Envoltórias de resistência com relação a sucção para as
séries II e IV. 132
Figura 77: Resistência à tração x teor de umidade em peso. 134
Figura 78: Resistência à tração x grau de saturação. 134
Figura 79: Resistência à tração x sucção mátrica. 135
Figura 80: Relação entre resistência à tração e coesão aparente. 136
Figura 81: Relação entre o parâmetro de ajuste (k) e o índice de
plasticidade (IP) (adaptado de Vanapalli & Fredlund, 2000). 138
Figura 82: Comparação da envoltória de resistência ao cisalhamento
não saturada obtida experimentalmente e estimada. 139
Figura 83: Envoltória de resistência com relação a sucção para os
três colúvios. 141
Figura 84: Variação de φb com a sucção. 141
Figura 85: Variação de φb/φ’ com a sucção. 142
vi
Figura A.1: Curva de calibração do transdutor de deslocamento:
(a) horizontal; (b) vertical. 163
Figura A.2: Curva de calibração da célula de carga:
(a) vertical; (b) horizontal. 164
Figura A.3: Curva de calibração do transdutor de pressão: (a) água;
(b) ar. 165
Figura A.4: Curva de calibração do medidor de variação volumétrica. 166
Figura A.5: Saturação disco cerâmico de alta entrada de valor de ar. 167
Figura B.1: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 1): (a) papel do topo; (b) papel da base. 169
Figura B.2: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 1): (a) papel do topo; (b) papel da base. 170
Figura B.3: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 2): (a) papel do topo; (b) papel da base. 171
Figura B.4: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 2): (a) papel do topo; (b) papel da base. 172
Figura B.5: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 3): (a) papel do topo; (b) papel da base. 173
Figura B.6: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 3): (a) papel do topo; (b) papel da base. 174
Figura B.7: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 4): (a) papel do topo; (b) papel da base. 175
Figura B.8: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 4): (a) papel do topo; (b) papel da base. 176
Figura B.9: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 5): (a) papel do topo; (b) papel da base. 177
Figura B.10: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 5): (a) papel do topo; (b) papel da base. 178
Figura B.11: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 6): (a) papel do topo; (b) papel da base. 179
vii
Figura B.12: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 6): (a) papel do topo; (b) papel da base. 180
Figura B.13: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 7): (a) papel do topo; (b) papel da base. 181
Figura B.14: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 7): (a) papel do topo; (b) papel da base. 182
Figura B.15: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 8): (a) papel do topo; (b) papel da base. 183
Figura B.16: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 8): (a) papel do topo; (b) papel da base. 184
Figura B.17: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 9): (a) papel do topo; (b) papel da base. 185
Figura B.18: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 9): (a) papel do topo; (b) papel da base. 186
Figura B.19: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo
zero (ponto 10): (a) papel do topo; (b) papel da base. 187
Figura B.20: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo
zero (ponto 10): (a) papel do topo; (b) papel da base. 188
Figura C.1: Solução gráfica para a determinação dos parâmetros de
ajuste a, n e m (adaptado de Fredlund & Xing, 1994). 192
Figura C.2: Ajuste da curva característica utilizando a proposta de
Fredlund & Xing (1994). 193
Figura C.3: Estimativa da permeabilidade não saturada utilizando a
metodologia de Fredlund et al. (1994). 195
Lista de tabelas
Tabela 1: Principais expressões para a avaliação da tensão efetiva
para solos não saturados. 32
Tabela 2: Técnicas para a medição da sucção em solos. 37
Tabela 3: Tempo de equilíbrio sugerido para o papel filtro na
medição da sucção total (Marinho, 1997). 40
Tabela 4: Principais características dos equipamentos CDCS
(adaptado de Fonseca, 1991). 54
Tabela 5: Procedimento utilizado para a determinação da
quantidade de água acrescida ou retirada seguindo as trajetórias de
secagem e umedecimento da amostra. 70
Tabela 6: Nomenclatura dos ensaios de cisalhamento direto
convencional executados e pressões aplicadas. 74
Tabela 7: Nomenclatura dos ensaios de cisalhamento direto com
sucção controlada executados e pressões aplicadas. 76
Tabela 8: Resumo dos blocos extraídos. 77
Tabela 9: Resumo da granulometria. 82
Tabela 10: Limites de consistência e atividade das argilas. 83
Tabela 11: Análises químicas de capacidade de troca catiônica
(CTC) e de ataque sulfúrico (Duarte, 2004). 84
Tabela 12: Análise química total em porcentagem em peso (Sertã,
1986). 84
Tabela 13: Análise mineralógica (Sertã, 1986). 85
Tabela 14: Índices físicos iniciais, após o adensamento e final de
cada corpo de prova. 94
ii
Tabela 15: Índices físicos iniciais dos corpos de prova. 100
Tabela 16: Índices físicos dos corpos de prova após a fase de
adensamento. 101
Tabela 17: Índices físicos finais dos corpos de prova. 102
Tabela 18: Apresentação dos resultados em função da tensão
normal liquida aplicada. 111
Tabela 19: Tensão cisalhante, tensão normal e deslocamento
horizontal na ruptura. 121
Tabela 20: Tensão cisalhante, tensão normal líquida e
deslocamento horizontal na ruptura. 125
Tabela 21: Equações das funções hiperbólicas. 126
Tabela 22: Valores de c e φ’ obtidos. 129
Tabela 23: Resultados de resistência à tração, teor de umidade e
grau de saturação. 133
Tabela 24: Resumos das características de granulometria e
propriedades índice dos três colúvios. 140
Tabela A.1: Características dos instrumentos elétricos de medição. 161
Tabela C.1: Velocidades calculadas nos ensaios de cisalhamento
direto convencional em amostras submersas (Gibson & Henkel,
1954). 190
Tabela C.2: Velocidades de cisalhamento calculadas para os
ensaios de cisalhamento direto com sucção controlada em amostras
não saturadas. 196
Lista de símbolos e abreviações
CDSC = cisalhamento direto com sucção controlada;
DAVE = disco cerâmico de alto valor de entrada de ar;
MSP = membrana semi-permeável;
SAD = sistema de aquisição de dados;
DCMM = departamento de ciências dos materiais e metalurgia da PUC-Rio;
ABNT = Associação Brasileira de Normas Técnicas;
SUCS = sistema unificado de classificação de solo;
ASTM = American Society for Testing and Materials;
σ = tensão normal;
σr = tensão normal na ruptura;
σ’ = tensão efetiva;
c’, φ’ = parâmetros efetivos de resistência do solo saturado;
c = coesão aparente do solo devido ao acréscimo de sucção mátrica;
τ = tensão cisalhante;
τr = tensão cisalhante na ruptura;
χ = parâmetro que dependente do tipo e da estrutura do solo, do grau de saturação,
da seqüência de umedecimento e secagem, da história, do nível e da trajetória de
tensões;
φb = parâmetro que quantifica o aumento na resistência devido a um aumento na
sucção matricial;
ii
uw = pressão de água;
ua = pressão de ar;
(σ - ua) = tensão normal líquida;
(σ - ua)r = tensão normal líquida na ruptura;
(ua – uw) = sucção mátrica;
(ua – uw)r = sucção mátrica na ruptura;
φt = potencial total;
φo = potencial osmótico ou de soluto, correspondente à pressão osmótica da água
do solo;
φm = potencial mátrico, resultante de forças capilares e de adsorção;
φg = potencial gravitacional, determinado pela elevação do ponto considerado em
relação ao nível de referencia;
φa = potencial pneumático, que corresponde a pressão na fase gasosa;
φp = potencial de consolidação, que corresponde à parcela de sobrecarga aplicada
no terreno que é transmitida a pressão da água intersticial;
St = sucção total;
Sm = sucção mátrica;
So = sucção osmótica;
# = diâmetro da abertura da malha da peneira;
CTC = capacidade de troca catiônica;
Gs = densidade relativa dos grãos;
LC = limite de contração;
LL = limite de liquidez;
LP = limite de plasticidade;
IP = índice de plasticidade;
CH = argila de alta plasticidade, de acordo com a classificação do solo da SUCS;
iii
o-ring = anel de borracha de vedação;
top-cap = tampa metálica para distribuição uniforme da carga normal sobre toda a
área da amostra;
α = ângulo de inclinação constante da curva tensão-deslocamento;
δv = deslocamento vertical;
δh = deslocamento horizontal;
δh r = deslocamento horizontal na ruptura;
n = porosidade;
ρs = massa específica dos grãos de solo;
γn = peso específico natural;
γd = peso específico seco;
γw = peso específico da água;
e = índice de vazios;
eo = índice de vazios inicial;
w = teor de umidade gravimétrico;
wreal = teor de umidade gravimétrico calculado a partir de secagem em estufa;
wcalc = teor de umidade gravimétrico calculado utilizando o sistema de medição de
variação volumétrica;
θ = teor de umidade volumétrico;
θs = teor de umidade volumétrico do solo saturado;
θr = teor de umidade volumétrico do solo correspondente a condição de saturação
residual;
S = grau de saturação;
σt = resistência a tração;
P = carga máxima de compressão no ensaio de compressão diametral;
d = diâmetro da amostra;
iv
H = espessura da amostra;
A = largura da faixa carregada no ensaio de compressão diametral;
τo = tensão cisalhante para sucção zero obtida no ensaio de cisalhamento direto
convencional em amostras submersas;
a, b = parâmetros de ajuste da função hiperbólica;
k = parâmetro de ajuste;
ψ = sucção;
Θ = teor de umidade volumétrico normalizado;
tf = tempo de ruptura;
cv = coeficiente de adensamento relacionado ao ensaio;
=U grau médio de dissipação do excesso de poro-pressão (95%);
η = parâmetro referente a drenagem;
=wvc coeficiente de adensamento do solo não saturado relacionado com a fase
líquida;
Kw = coeficiente de permeabilidade do solo não saturado relacionado com a fase
líquida;
ρw = densidade da água;
g = aceleração da gravidade;
=wm2 inclinação da curva característica de sucção;
λ = fator de impedância;
Kd = coeficiente de permeabilidade do DAVE;
Ld = espessura do DAVE;
=)(ψrk coeficiente de permeabilidade relativa em função da sucção;
=)(ψwk coeficiente de permeabilidade não saturado em função da sucção;
v
=sk coeficiente de permeabilidade saturado;
a, n, m = parâmetros de ajuste segundo a metodologia de Fredlund e Xing (1994).
1 Introdução
A Mecânica dos Solos clássica surgiu há mais de 70 anos e
desenvolvida para a compreensão de problemas de engenharia baseados
conceito de um sistema bifásico solo-água, ou seja, em um estado de comp
saturação. Porém, existem muitos materiais na prática da engenharia que não
consistentes com essa mecânica clássica dos solos saturados. Por isso, nas últi
décadas surgiram varias pesquisas com o objetivo de uma melhor compreensã
comportamento dos solos não saturados. Muitas dessas pesquisas têm
desenvolvidas para estudos em materiais compactados (e.g. Lins, 1991; Teix
& Vilar, 1997; Vanapalli et al., 1999; Beneveli, 2002; entre outros), porém po
são destinadas a materiais no seu estado indeformado.
Solos não saturados são predominantes em regiões de clima árido e s
árido, onde as estações do ano possuem longos períodos de estiagem. S
residuais e coluvionares tem sido uma grande preocupação nos últimos a
principalmente em países de clima tropical, como o Brasil. Esses mate
apresentam um comportamento não usual devido à presença de pressão nega
de água nos seus poros. Essas pressões negativas aparecem porque o mat
naturalmente sofre variações de umidade ao longo do tempo de
principalmente a condições climáticas.
O aparecimento de pressão negativa de água nos poros, conhecida
sucção, causa alteração no comportamento mecânico do material, fazendo
que surja uma nova componente na definição da resistência ao cisalhamento.
nova componente, a sucção, provoca um aumento na resistência ao cisalham
do solo que, mesmo para valores baixos de sucção, poderia ser suficiente pa
estabilização de uma encosta não saturada sob a ação de infiltração de águ
chuva. A figura 1 exemplifica o fato citado acima através de resultados, obt
por Ignacius et al. (1991), de analises de estabilidade envolvendo condiçõe
foi
no
leta
são
mas
o do
sido
eira
ucas
emi-
olos
nos,
riais
tiva
erial
vido
por
com
Essa
ento
ra a
a de
idos
s de
27
ruptura rasas (da ordem de 1m de profundidade), planares, em solos não saturados
da Serra do Mar, na região de Cubatão, SP.
Figura 1: Variação do fator de segurança de uma encosta não saturada com a sucção
(Ignacius et al.,1991).
Este trabalho tem por objetivo principal, avançar no estudo da resistência
ao cisalhamento de solos tropicais não saturados em seu estado indeformado. Para
isso, foi realizada uma série de ensaios buscando avaliar a influência das variáveis
de tensão (σ – ua) e (ua – uw) considerando a proposta de Fredlund et al. (1978).
Analisando a influência dessas variáveis de tensão, foi possível determinar a
superfície tridimensional de ruptura para os níveis de pressões aplicados.
O comportamento de resistência ao cisalhamento em solos não saturados
foi verificado através do equipamento de cisalhamento direto com sucção
controlada projetado por de Campos (1988) e desenvolvido por Fonseca (1991) e
Delgado (1993). Este é um equipamento desenvolvido para o estudo de solos não
saturados que utiliza a técnica de translação de eixos desenvolvida por Hilf
(1956), onde é aplicada pressão de ar e pressão de água para o controle da sucção
mátrica desejada.
28
Ensaios de compressão diametral foram realizados na tentativa de
estabelecer uma relação entre a resistência à tração do solo não saturado com a
coesão aparente obtida através dos ensaios com sucção controlada.
Optou-se, neste trabalho, pela utilização de um solo maduro, coluvionar,
encontrado no campo experimental II da PUC-Rio. Sua escolha foi feita devido ao
grande número de informações existentes na PUC-Rio sobre o mesmo, além de se
tratar de um material muito encontrado nas encostas da cidade do Rio de Janeiro.
A apresentação dos resultados deste trabalho foi dividida em 8 capítulos e
3 apêndices, sendo descrito a seguir, resumidamente, o conteúdo de cada deles.
O capítulo 2 tem por objetivo fazer uma revisão dos conceitos que
descrevem o comportamento dos solos não saturados com relação à resistência ao
cisalhamento, as fases constituintes do solo, ao seu estado tensional, ao potencial
de sucção, as técnicas para a determinação dessa sucção e a técnica de translação
de eixos.
O capítulo 3 faz uma descrição completa do equipamento utilizado neste
trabalho para a determinação da resistência ao cisalhamento do solo não saturado.
Será visto em detalhes todos os aspectos relevantes ao equipamento de
cisalhamento direto com sucção controlada, bem como suas limitações e
dificuldades experimentais.
No capitulo 4 são apresentadas as rotinas e técnicas dos ensaios de
cisalhamento direto convencional, de cisalhamento direto com sucção controlada,
de compressão diametral e papel filtro, assim como o programa de ensaios.
Constam no capítulo 5 as características físicas, químicas e mineralógicas
do solo estudado, a relação sucção-umidade através da curva característica, além
de algumas observações sobre a localização, clima, geologia e a geomorfologia do
campo experimental II da PUC-Rio.
O capítulo 6 é destinado à apresentação dos resultados obtidos dos ensaios
de cisalhamento direto convencional, de cisalhamento direto com sucção
controlada e compressão diametral.
29
No capitulo 7 é feita à interpretação e análise dos resultados obtidos com
relação à compressibilidade, resistência ao cisalhamento e resistência à tração do
solo estudado.
Por fim, são apresentadas, no capitulo 8, as conclusões, assim como as
sugestões e recomendações para futuros estudos seguindo a mesma linha de
pesquisa.
Ainda constam neste trabalho os apêndices A, B e C. No apêndice A são
apresentadas as calibrações dos instrumentos elétricos de medição do
equipamento de cisalhamento direto com sucção controlada e aspectos sobre a
saturação do disco cerâmico de alta entrada de valor de ar. Já o apêndice B é
destinado à apresentação das curvas obtidas para a determinação da umidade do
papel filtro no tempo zero. No apêndice C são apresentadas as metodologias
utilizadas na estimativa da velocidade de cisalhamento requerida para se garantir
condições drenadas na ruptura nos ensaios de cisalhamento direto executados em
amostras não saturadas e submersas.
2 Mecânica Dos Solos Para Meios Não-Saturados
2.1. Fases Constituintes Do Solo Não Saturado e Suas Propriedades
O solo não saturado geralmente é compreendido por um sistema trifásico
(Lambe & Whitman, 1969), constituído por uma fase sólida (partículas minerais),
por uma fase liquida (em geral, a água) e por outra fase gasosa (ar). Em 1977,
Fredlund & Morgenstern propuseram a introdução de uma quarta fase
independente, referente à interface ar-água, conhecida como “membrana
contráctil”. O elemento de solo não saturado com fase contínua de ar é idealizado
na figura 2.
Figura 2: Elemento de solo não saturado com fase contínua de ar (adaptado de
Fredlund & Rahardjo, 1993).
água
membrana contráctil (interface ar-água)
ar partícula sólida
31
A interface ar-água, ou membrana contráctil, possui uma propriedade
chamada tensão superficial. Essa tensão superficial tem a capacidade de exercer
uma tensão de tração que é causada por forças intermoleculares atuando dentro
dessa membrana contráctil. Essa tensão superficial faz com que a membrana
contráctil se comporte como uma membrana elástica. Quando a fase de ar é
contínua, a membrana contráctil interage com as partículas de solo, influenciando
no comportamento mecânico do solo.
Pode-se então, considerar o solo não saturado como uma mistura de duas
fases que entram em equilíbrio sob aplicação de gradientes de tensão (partículas
sólidas e membrana contráctil) e duas que fluem (ar e água).
Em termos de relação massa-volume, a membrana contráctil pode ser
considerada como parte da fase líquida sem acrescentar erros significativos
(Fredlund & Rahardjo, 1993). Neste caso, o solo não saturado é considerado como
um sistema trifásico. No caso da fase gasosa consistir de ar ocluso, ou seja, a fase
gasosa não é mas contínua, o solo não saturado pode ser considerado como um
sistema bifásico, assumindo-se que um fluido compressível preenche os poros.
2.2. Variáveis do Estado Tensional
O comportamento de resistência ao cisalhamento de solos saturados é
descrito através de uma variável de estado de tensão chamada de tensão efetiva,
definida por Terzaghi (1936), sendo descrita por:
wu−= σσ ' (1)
onde:
σ = tensão normal total;
uw = pressão de água nos poros do solo.
32
O princípio das tensões efetivas foi comprovado experimentalmente por
diversos pesquisadores (Redulic, 1936; Bishop & Eldin, 1950; Skempton, 1953,
etc) para o comportamento de solos saturados. Entretanto o mesmo não pode ser
aplicado para solos não saturados.
Na tentativa de estender o conceito de tensão efetiva para solos não
saturados, diversos pesquisadores propuseram diferentes expressões na busca de
uma única solução. As principais propostas estão apresentadas na tabela 1.
Tabela 1: Principais expressões para a avaliação da tensão efetiva para solos não
saturados.
Expressão proposta Descrição dos parâmetros Autor
wu'' βσσ −=
σ' = tensão normal efetiva
σ = tensão normal total
uw = poro-pressão
β’= fator de ligação, que é uma medida do número de ligações sob tensão
Croney et al. (1958)
)()(' waa uuu −+−= χσσ ua = pressão de ar
χ = parâmetro relacionado com o grau de saturação
Bishop
(1959)
ARauaua wwaam ++++= ...' σσ
aa = parte da área total ocupada pelo ar
aw = parte da área total ocupada pela água
R = resultante das forças de repulsão
A = resultante das forças de atração elétrica
am = área de contato ocupada pelos sólidos
Lambe
(1960)
''.' pψσσ += p’’ = deficiência de poro-pressão
ψ = parâmetro que varia de 0 a 1
Aitchison
(1961)
''.' pβσσ +=
p’’ = poro-pressão negativa tomada como um valor positivo
β = fator estatístico do mesmo tipo da área de contato, medido experimentalmente.
Jennings
(1961)
)()(' assamma uhuhu ++++−= χχσσ
χm = parâmetro de tensão efetiva para a sucção mátrica
hm = sucção mátrica
χs = parâmetro de tensão efetiva para a solução de soluto
hs = solução de soluto
Richards
(1966)
''''' ssmm pp χχσσ ++=
''mp = sucção mátrica
''sp = sucção de soluto
χm e χs = parâmetros que variam de 0 a 1 dependendo da trajetória de tensões
Aitchison
(1973)
33
Todas as equações acima incorporam algum parâmetro do solo na tentativa
de estabelecer uma única variável de tensão efetiva. Esses parâmetros de solo
usado nas equações de tensão efetiva, são de difícil determinação. Na busca da
solução desse problema, Fredlund & Morgenstern (1977) apresentaram uma
análise teórica de tensões de solos não saturados com base na mecânica de multi-
fases contínuas. Dessa análise, concluiu-se que quaisquer duas das três variáveis
de tensão podem ser utilizadas para descrever o estado de tensões de um solo não
saturado, uma vez que estas são independentes. Em outras palavras, existem três
combinações possíveis que podem ser usadas como variáveis de estado de tensões
para solos não saturados. São elas: (σ – ua) e (ua – uw); (σ – uw) e (ua – uw); e (σ –
ua) e (σ – uw).
Fredlund et al. (1978) incorporou duas dessas variáveis independentes de
estado de tensão, conhecidas como tensão normal líquida (σ – ua) e sucção mátrica
(ua – uw), para a avaliação do comportamento mecânico dos solos não saturados.
A figura 3 ilustra esses dois tensores de tensão independentes.
Figura 3: Variáveis de estado de tensão para solos não saturados.
34
2.3. Sucção
A sucção tem grande importância na compreensão do comportamento
mecânico e de deformabilidade dos solos não saturados. Esta pode ser
compreendida como sendo a pressão isotrópica da água intersticial, fruto de
condições físico-químicas, que faz com que o sistema água-solo absorva ou perca
água, dependendo das condições ambientais (Marinho, 1997).
A sucção tem sido objeto de estudos desde o início do século XIX, com
interesse principal na agricultura. Mas somente nas décadas de 50 e 60 é que se
avançou no estudo da influência da sucção no comportamento de deformabilidade
e de resistência dos solos não saturados.
2.3.1. Componentes da Sucção
O gradiente que provoca fluxo pode ser expresso em termos da energia
disponível na água no interior do solo, em relação à água livre. Esta energia
disponível para realizar trabalho pode ser expressa em termos de potencial
equivalente, sendo denominada de potencial total. O potencial total é definido,
pela Sociedade Internacional de Ciência de Solo, como a quantidade de trabalho
que deve ser realizado para transportar, reversa e isotropicamente, uma quantidade
infinitesimal de água de um reservatório de água pura, a uma elevação especifica,
até a água do solo, estando o reservatório submetido a uma pressão atmosférica.
O potencial total pode ser dividido em parcelas menores segundo a equação
abaixo (Aitchison et al., 1965):
pagmot φφφφφφ ++++= (2)
onde:
35
φo = potencial osmótico ou de soluto, correspondente à pressão osmótica da água
do solo;
φm = potencial mátrico, resultante de forças capilares e de adsorção;
φg = potencial gravitacional, determinado pela elevação do ponto considerado em
relação ao nível de referencia;
φa = potencial pneumático, que corresponde a pressão na fase gasosa;
φp = potencial de consolidação, que corresponde à parcela de sobrecarga aplicada
no terreno que é transmitida a pressão da água intersticial.
Admitindo que não há nenhum processo de adensamento e que o ar
existente nos poros do solo esteja interligado com a atmosfera, as parcelas
correspondentes ao potencial de consolidação e potencial pneumático podem ser
desprezadas. Desprezando também o potencial gravitacional, o potencial total
pode ser reescrito da seguinte forma:
mot φφφ += (3)
Os potenciais mátrico e osmótico podem ser tratados pelas suas pressões
correspondentes que são, respectivamente, a sucção mátrica e a sucção osmótica.
A sucção total é então a soma das parcelas mátrica e osmótica.
omt SSS += (4)
St = sucção total;
Sm = sucção mátrica;
So = sucção osmótica.
Edil et al. (1981), através de ensaios triaxiais com sucção controlada,
verificou que o comportamento mecânico do solo não saturado é afetado
basicamente pela sucção mátrica. Outros autores (Fredlund, 1979; Alonso et al.,
1987) também consideram que esta componente seja suficiente para descrever o
36
comportamento de resistência dos solos não saturados. A parcela osmótica estaria
associada à ocorrência de diferenças de concentração de solutos no solo. Acredita-
se que esta não contribua significativamente para sua resistência ao cisalhamento
(Blight, 1983).
A sucção mátrica por sua vez é definida como sendo a pressão negativa da
água intersticial devido aos efeitos de capilaridade e as forças de adsorção. Já a
componente osmótica é a sucção equivalente relacionada à pressão parcial do
vapor de água em equilíbrio com a água livre.
No presente trabalho, o estudo da influência da sucção na resistência ao
cisalhamento de solos não saturados será tratado apenas em termos da sucção
mátrica, desprezando assim a parcela referente à sucção osmótica. Isso é devido às
evidências já mencionadas acima e também pelo fato de que os solos tropicais
brasileiros apresentam pouca ou nenhuma salinidade (De Campos, 1984).
2.3.2. Métodos de Medição da Sucção
Nos últimos anos, grandes esforços têm sido feitos para a compreensão
dos processos envolvidos na medição da sucção em solos. Instrumentos de
medição da sucção podem ser divididos em duas categorias, aqueles que medem
diretamente e outros que medem indiretamente a sucção. Instrumentos de medição
direta medem a quantidade de energia da água dos poros. Na medição indireta,
parâmetros como umidade relativa, resistividade e condutividade são medidos e
estes são relacionados com a sucção atuante através de uma calibração.
Na tabela 2 estão apresentadas algumas técnicas utilizadas para a
determinação da sucção em solos. A única técnica que será abordada neste
trabalho será a do papel filtro, por se tratar o método aqui utilizado para a
determinação da relação sucção-umidade. As demais técnicas encentram-se
detalhadas em trabalhos de diversos pesquisadores como: Fredlund & Rahardjo
(1993); de Campos (1994); Ridley & Wray (1995); Marinho (1997); Villar & de
Campos (2001); entre outros.
37
Tabela 2: Técnicas para a medição da sucção em solos.
Técnica Medida de sucção
Intervalo (kPa)
Tempo de equilíbrio
Psicrômetro total 100 a 71000 minutos
Papel filtro (com contato) mátrica 30 a 30000 7 dias
Papel filtro (sem contato) total 400 a 30000 7-14 dias
Bloco poroso mátrica 30 a 30000 semanas
Sensor de condutividade térmica mátrica 0 a 300 semanas
Placa de sucção mátrica 0 a 90 horas
Placa de pressão mátrica 0 a 1500 horas
Tensiômetro padrão mátrica 0 a 100 minutos
Tensiômetro osmótico mátrica 0 a 1500 horas
Tensiômetro tipo Imperial College mátrica 0 a 1800 minutos
2.3.2.1. Método do Papel Filtro
O método do papel filtro tem sido utilizado por muito tempo na ciência
dos solos e na agronomia e na década passada foi aceito como método indireto
para a medição da sucção em solos devido a suas vantagens sobre outras técnicas.
Segundo Fredlund & Rahardjo (1993), o método do papel filtro como dispositivo
de medida de sucção em solo foi primeiramente testado por Gardner (1937). A
partir do final da década de 70, vários autores (Ho, 1979; McKeen, 1981; Khan,
1981; Ching & Fredlund, 1984; Gallen, 1985; Gutierrez, 1985; McKeen, 1985;
Chandler & Gutierrez, 1986; Marinho, 1994; Swarbrick, 1995) tentaram utilizar o
método do papel filtro na prática da engenharia geotécnica.
38
Basicamente, o método baseia-se no princípio de que o papel filtro entra
em equilíbrio com o solo através de fluxo de vapor, para a medida da sucção total
sem que haja contato do papel com o solo, ou fluxo de líquido, quando se mede
sucção mátrica com o papel em contato com o solo.
Um aspecto muito discutido é a dificuldade de se garantir um bom contato
entre o papel e o solo, quando da medição da sucção mátrica. Porém alguns
estudos mostram que este contato tem pouca influência desde que seja atendido o
tempo de equilíbrio adequado (e.g. Greacen et al., 1987; Marinho, 1994).
Quando colocado em contato com a água do solo, o papel filtro absorve
esta água através do contato físico ou através do vapor d’água. O equilíbrio de
pressão será alcançado quando essa absorção ao longo do tempo cessar, ou seja,
quando não há mais fluxo entre o solo e o papel. No ponto de equilíbrio, o valor
da sucção no papel filtro e no solo será a mesma, porém as umidades serão
diferentes.
O ensaio foi aceito como um método de medição da sucção em solos pela
ASTM em 1993. Os dois papéis filtro mais utilizados na determinação da sucção
em solos são o Whatman N°42 e o Schleicher & Schuell N°589. Na figura 4 estão
apresentadas as curvas de calibração obtidas por diversos pesquisadores para os
dois papéis filtro citados acima.
As relações que representam as calibrações dos dois papéis filtro são
apresentadas a seguir.
Para o papel filtro Whatman N°42, as relações em função do teor de
umidade do papel são (Chandler et al., 1992):
Para w > 47%
Sucção (kPa) = 10 (6,05-2,48 log w) (5)
Para w ≤ 47%
Sucção (kPa) = 10 (4,84-0,0622 log w) (6)
Para o papel filtro Schleicher & Schuell N°589, as relações em função do
teor de umidade do papel são (ASTM D5298-92):
39
Para w > 54%
Sucção (kPa) = 10 (1,882-0,01202 w) (7)
Para w ≤ 54%
Sucção (kPa) = 10 (5,056-0,0688 w) (8)
Figura 4: Curvas de calibração para os papéis filtro Whatman N°42 e o Schleicher &
Schuell N°589 (apud de Marinho, 1994).
Chandler & Gutierrez (1986) acham o papel filtro Whatman N°42 mais
apropriado para uso por ser mais espesso e por apresentar um tamanho de poro
pequeno. Leong et al. (2002) afirmam que nos seus experimentos, a performance
do papel filtro Whatman N°42 foi mais consistente do que a do papel filtro
Schleicher & Schuell N°589. No presente trabalho foi utilizado as curvas de
calibração de Chandler et al. (1992) para o papel filtro Whatman N°42. A escolha
desse papel filtro se deu exclusivamente pela sua disponibilidade no laboratório e
pelas citações feitas anteriormente.
O tempo de equilíbrio a ser considerado é um dos aspectos fundamentais
para uma correta obtenção do valor de sucção. Este é um ponto ainda muito
40
discutido e segundo Marinho (1997) deveria ver levado em consideração nas
curvas de calibração. Para a medição de sucção mátrica, Marinho (1997) afirma
que o tempo de equalização de 7 dias é suficiente. Já para sucções totais, o mesmo
Marinho (1997) sugere tempos de equalização dependentes do nível de sucção.
Esses tempos estão apresentados na tabela 3.
Tabela 3: Tempo de equilíbrio sugerido para o papel filtro na medição da sucção total
(Marinho, 1997).
Nível de Sucção (kPa) Tempo de equilíbrio (dias)
0 - 100 Indeterminado, > 30
100 – 250 30
250 – 1000 15
> 1000 7
Distancia entre o papel e a fonte de água: 8mm
Além do tipo de papel filtro, da calibração e do tempo de equalização,
outros fatores que também podem influenciar no método, segundo Woodburn &
Lucas (1995), são: o efeito da variação da temperatura e a exigência para
medições muito precisas da massa do papel filtro, que varia muito imediatamente
após ser retirada do recipiente, onde está em contato com o solo, e da estufa.
2.3.3. Curva Característica de Sucção
A curva característica de sucção, ou curva de retenção de água, expressa
graficamente a relação entre o teor de umidade (ou grau de saturação), seja
expresso em termos de peso ou volume, com a sucção. Nessa relação à sucção
varia inversamente com o teor de umidade, ou seja, a sucção tende a zero quando
o solo atinge o estado de total saturação, e a um valor máximo quando o grau de
41
saturação tende a zero. Essa relação sucção-umidade pode ser obtida através do
uso de uma ou mais técnicas. Algumas dessas técnicas foram citadas
anteriormente.
A relação sucção-umidade, através da curva característica, expressa a
influência do volume e distribuição dos poros, bem como a adsorção e a estrutura
do solo, sobre a quantidade de água contida no mesmo. Para valores de sucção
baixos, o efeito capilar e a distribuição dos poros determinam a umidade presente
no solo. Já para valores maiores de sucção, a textura e a superfície específica têm
uma influência maior que a estrutura do solo, considerando que a água esteja
adsorvida as partículas sólidas. McQueen & Miller (1974) apresentam na figura 5
o comportamento de cada parcela de sucção na curva característica.
Figura 5: Influência das parcelas de sucção na curva característica (McQueen & Miller,
1974).
Diversos são os fatores que influenciam a curva característica. Entre eles
estão a histerese da trajetória de secagem e umedecimento, a composição
granulométrica, a composição mineralógica, a estrutura do solo e o efeito da
temperatura. A seguir serão discutidos esses fatores em detalhe.
42
Foi verificado experimentalmente por diversos pesquisadores (Hillel,
1971; Presa, 1982; entre outros) que a curva característica de sucção é dependente
da trajetória de secagem ou umedecimentos seguida. De forma geral, a quantidade
de água retida durante o processo de secagem é maior do que aquela obtida no
processo de umedecimento. Esse fenômeno pode ser observado na figura 6.
Figura 6: Efeito da histerese na curva característica de sucção (Hillel, 1971).
De acordo com Presa (1982), este efeito de histerese pode ser atribuído aos
seguintes fatores:
Geometria não uniforme dos poros individuais interconectados por
pequenos canais.
Influência do ângulo de contato solo-água, que devido à rugosidade da
superfície do grão, varia segundo o avanço ou recuo do menisco.
Ocorrência de ar aprisionado nos poros, reduzindo o teor de umidade no
processo de umedecimento.
História de secagem e umedecimento do material.
Liberação gradual do ar dissolvido na água.
43
Outro fator que tem grande influência na curva característica, é a
composição granulométrica do solo. Em geral, quanto maior for a quantidade da
fração argila maior será o teor de umidade para o mesmo valor de sucção. Esse
alto valor do teor de umidade dos solos argilosos é explicado pelo fato que estes
apresentam vazios muito pequenos e uma superfície específica grande. Essa alta
retenção de água é devido ao efeito de capilaridade e também principalmente ao
efeito proveniente das forças de adsorção. Solos argilosos apresentam uma relação
gradual entre o teor de umidade e a sucção. Isso é explicado devido a sua
uniformidade dos poros. Já solos arenosos apresentam uma variação mais brusca
dessa relação, uma vez que estes possuem poros com grandes dimensões quando
comparado aos solos argilosos. Quanto mais uniforme for o solo arenoso, mais
brusca será a variação entre o teor de umidade e a sucção. A figura 7 mostra
curvas características típicas para solos com diferentes granulometrias.
Figura 7: Curva caracter
Xing, 1994).
A composição m
característica. Sua infl
pelo fato que os argil
natureza da superfície
energia de adsorção. À
Um
idad
e vo
lum
étri
ca (θ
)
Solo siltoso
Solo argiloso
Solo arenoso
Sucção mátrica (kPa)
ística típica de diferentes tipos de solo (adaptado de Fredlund &
ineralógica é outro fator que afeta sensivelmente a curva
uência na retenção de umidade nos solos argilosos se dá
o-minerais apresentam diferentes forças de adsorção. A
das partículas e os tipos de cátions trocáveis afetam a
medida que se aumenta o tamanho dos íons, a adsorção de
44
água diminui, logo a camada de água adsorvida junto à superfície das partículas
será mais espessa na montmorilonita do que na caulinita. Além disso, a
montmorilonita possui uma superfície específica maior do que a caulinita. Juntos,
esses dois fatos explica a maior retenção de água na montmorilonita quando
comparada com a caulinita.
A estrutura do solo também influencia bastante na relação sucção-
umidade, já que o sistema de poros controla as forças capilares. Esse
comportamento está discutido na figura 5.
A temperatura é um fator que também deve ser levado em consideração
porque o seu aumento causa uma diminuição na tensão superficial na interface
solo-água, diminuindo a curvatura do menisco e, consequentemente, a sucção.
Caso haja a existência de ar ocluso na massa de solo, esse aumento de temperatura
forçaria um aumento no diâmetro dos poros devido à expansão do ar. Isso
provocaria uma alteração da estrutura do solo, mudando o aspecto da curva
característica.
2.4. Resistência ao Cisalhamento de Solo Não Saturados
Baseado no conceito de tensões efetivas de Bishop (1959), Bishop et al.
(1960), considerando o critério de ruptura de Mohr-Coulomb, apresentaram a
seguinte equação de resistência ao cisalhamento para solos não saturados:
'.).('.)(' φχφστ tguutguc rwarar −+−+= (9)
onde:
τr = resistência ao cisalhamento não saturado na ruptura;
c’ e φ’ = parâmetros efetivos de resistência do solo saturado;
(σ – ua)r = tensão normal líquida atuante no plano de ruptura, na ruptura;
(ua – uw)r = sucção mátrica na ruptura;
45
χ = parâmetro dependente do grau de saturação.
É assumido que valor de χ varia dentro de uma faixa de 0 a 1,
correspondente a condição de total saturação a uma condição de completa
secagem. Várias investigações mostram limitações na tentativa da quantificação
do parâmetro χ, tanto experimentalmente como teoricamente.
Devido a dificuldade de obtenção do parâmetro χ, Fredlund et al. (1978),
baseado no conceito de variáveis de tensão, propuseram a seguinte equação de
resistência ao cisalhamento para solos não saturados:
brwarar tguutguc φφστ .)('.)(' −+−+= (10)
onde:
φb = parâmetro que quantifica um aumento na resistência devido a um aumento na
sucção mátrica.
Comparando as equações (9) e (10), observa-se que as propostas de Bishop
et al. (1960) e Fredlund et al. (1978), apesar de serem conceitualmente diferentes,
fornecem equações de resistência equivalentes, como mostrado abaixo:
'. φχφ tgtg b = (11)
Na prática o parâmetro φb é experimentalmente mais fácil de ser
determinado do que parâmetro χ. Este fato explica porque a proposta de Fredlund
et al. (1978) é a mais difundida na avaliação da resistência ao cisalhamento para
solos não saturados.
A equação 10 que define resistência ao cisalhamento para solos não
saturados pode ser reescrita como:
'.)( φστ tguc rar −+= (12)
brwa tguucc φ.)(' −+= (13)
onde:
46
c = coesão aparente do solo devido ao acréscimo de sucção mátrica.
Segundo Fredlund et al. (1978), a envoltória de ruptura é planar onde são
plotados em um gráfico tridimensional os valores de τr na ordenada e as duas
variáveis de tensão independente (σ – ua) e (ua – uw) nas abcissas. Essa envoltória
é denominada de envoltória de ruptura extendida de Mohr-Coulomb, sendo
mostrada na figura 8.
As figuras 9 e 10 mostram as projeções horizontais da envoltória de
resistência na origem dos planos τ x (ua – uw) e τ x (σ – ua). Nelas são mostradas
as influências individualizadas da tensão normal liquida e da sucção mátrica na
envoltória de resistência, assumindo φ’ e φb como valores constantes.
Figura 8: Envoltória de resistência de solos não saturados (Fredlund & Rahardjo, 1993).
47
Figura 9: Projeção da envoltória no plano τ x (ua – uw) (Fredlund & Rahardjo, 1993).
Figura 10: Projeção da envoltória no plano τ x (σ – ua) (Fredlund & Rahardjo, 1993).
Fredlund et al. (1978), analisaram os resultados de ensaios triaxiais
reportados por Bishop et al. (1960) e verificaram que a proposta inicial, de que o
ângulo φb era constante, mostrava-se coerente. Outros autores como Gulhati &
Satija (1981) e Ho & Fredlund (1982), analisaram resultados apresentados por
48
Satija (1978) e Escário (1980) e também chegaram a uma envoltória linear de
ruptura.
Mais recentemente, diversos autores (e.g. Escário & Sãez, 1986; Fredlund
et al., 1987; Gan & Fredlund, 1988; Abramento & Carvalho, 1989; Fonseca et al.,
1994; de Campos & Carrillo, 1995; Rohm & Vilar, 1995; Teixeira & Vilar, 1997;
Bressani et al., 1997; Futai et al., 2004; Reis & Vilar, 2004) ensaiando diferentes
tipos de materiais, mostram que o valor de φb não é constante, mas varia com o
nível de sucção aplicado. As figuras 11 e 12 mostram que a envoltória de
resistência não saturada não é linear, ou seja, o ângulo φb varia com a sucção.
Na grande maioria dos trabalhos encontrados na literatura, existe um
consenso de que o ângulo φb é menor que o ângulo φ’. Isso indica que um
incremento de (σ – ua) tem uma maior contribuição na resistência ao cisalhamento
do que o mesmo incremento de (ua – uw).
Figura 11: Envoltória de resistência não linear no plano q vs sucção mátrica (Teixeira &
Vilar, 1997).
49
Figura 12: Envoltória de resistência não linear no plano tensão desviadora na ruptura vs
sucção mátrica (Funtai et al., 2004).
Rohm & Vilar (1995), em ensaios realizados em um solo arenoso
laterítico, e Futai et al. (2004), em ensaios realizados em um solo argiloso
laterítico, mostram que o parâmetro φ’ aumenta com o nível de sucção aplicado
em ensaios onde manteve-se a sucção constante e variou-se (σ – ua). Essa variação
é mostrada nas figura 13 e 14.
50
Figura 13: Variação de φ’ com a sucção (Rohm & Vilar, 1995).
Figura 14: Variação de φ’ com a sucção (Futai et al., 2004).
De Campos (1997) discute detalhadamente as variações nos parâmetros φb
e φ’ e sugere que a envoltória geral de resistência de solos não saturados deve ser
51
representada por uma superfície curva. Uma possível forma dessa superfície curva
é apresentada na figura 15.
Figura 15: Provável forma da envoltória de resistência de um solo residual não saturado.
2.5. Técnica de Translação de Eixos
A técnica de translação de eixos foi desenvolvida por Hilf (1956) com o
objetivo de atingir medições de sucção acima da pressão atmosférica (100kPa),
sem que ocorra cavitação no sistema de leitura de pressão de água.
Através do princípio de que a sucção mátrica no solo é equivalente à
diferença entre as pressões no ar e na água dos poros, Hilf (1956) propôs um
aumento na pressão de água dos poros, impedindo que haja perda de umidade na
amostra. Isso causará um mesmo incremento de pressão de ar e quando a pressão
na água dos poros tornar-se positiva, ela pode ser medida usando-se um transdutor
convencional.
52
Em princípio, essa técnica pode ser utilizada tanto para a medição quanto
para o controle de sucções durante ensaios. Essa diferenciação é feita através da
condição de drenagem. Quando a drenagem de água é permitida, o ensaio controla
a sucção e quando não há drenagem, o ensaio permite a medição da sucção.
A seguir serão apresentadas algumas limitações da técnica de translação de
eixos:
Olson & Langfelder (1965) concluíram em seu trabalho que o uso dessa
técnica só é válida quando o ar existente na amostra for totalmente
interconectado, para evitar qualquer variação de volume quando da aplicação
da pressão de ar.
Bocking & Fredlund (1980) afirmam que a sucção pode ser superestimada
quando existe a presença de ar ocluso e que a difusão do ar através da pedra
porosa de alto valor de entrada de ar leva a uma subestimativa da sucção.
Carvalho (2001) afirma que o uso dessa técnica pode afetar o movimento e a
distribuição da umidade no solo.
3 Equipamento de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada da PUC-Rio
3.1. Aspectos Históricos e Generalidades
O estudo das características de resistência ao cisalhamento de solos não
saturados tem sido objeto de varias pesquisas nas últimas décadas. Somente a
partir de 1980 é que houve um grande avanço nesse estudo através do
desenvolvimento de equipamentos de laboratório capazes de simular o controle da
sucção.
A maioria desses estudos foi realizada em solos sedimentares e
compactados, geralmente sendo utilizado o equipamento triaxial com sucção
controlada (e.g. Ho & Fredlund, 1982; Abramento & Carvalho, 1989). De
Campos & Carrillo (1995) acreditam que o equipamento de cisalhamento direto
com sucção controlada seja uma melhor ferramenta para estudos de resistência de
solos residuais não saturados, quando comparado com o equipamento triaxial com
sucção controlada, por dois motivos:
Uma menor altura da amostra de solo no equipamento de cisalhamento
direto fornece um menor tempo de equalização da sucção dentro da
amostra.
No equipamento podem facilmente ser conduzidos ensaios em direções de
potenciais planos de fraqueza, como os planos de xistosidade de solos
residuais.
O primeiro equipamento de cisalhamento direto com sucção controlada foi
desenvolvido na Espanha, por Escário (1980). Posteriormente, em 1989, Escário
54
apresentou uma nova versão do equipamento. Outro equipamento similar foi
desenvolvido por Gan & Fredlund (1988).
O equipamento de cisalhamento direto com sucção controlada da PUC-
Rio, sendo aqui abreviado por CDSC, foi projetado por de Campos (1988),
visando o estudo de solos residuais, e desenvolvido por Fonseca (1991). Na tabela
4 encontram-se algumas características desse e dos demais equipamentos citados
anteriormente.
Tabela 4: Principais características dos equipamentos CDCS (adaptado de Fonseca,
1991).
Características do equipamento
Escário (1980)
Gan & Fredlund (1988)
Escário (1989)
PUC-Rio (1991)
Tamanho da amostra (mm)
(50 x 50 x 22) (50 x 50 x 22) (50 x 50 x 22) (100 x 100 x 21,8)
Elemento drenante* DAVE ou MSP (até 1500kPa)
DAVE (até 500kPa)
DAVE ou MSP (até 1500kPa)
DAVE (até 300kPa)
Fluido usado na câmara de compressão
nitrogênio ar comprimido nitrogênio ar comprimido
Uso da técnica de translação de eixos
sim sim sim sim
Medida de volume de água
não sim não sim
Parte da caixa que desloca
superior inferior superior inferior
Forma de transmissão da carga vertical
pistão pistão câmara de nitrogênio
célula de carga
Medida dos deslocamentos vertical e horizontal
mecânica elétrica mecânica elétrica
Uso de prensa convencional
não sim sim sim
Caixa de cisalhamento constitui anel moldador
não não não sim
Manutenção da separação das duas caixas durante o cisalhamento
não não sim sim
* DAVE – Disco cerâmico de alto valor de entrada de ar MSP – Membrana semi-permeável
55
3.2. Descrição do Equipamento CDSC da PUC-Rio
O equipamento é constituído basicamente de uma câmara de compressão
para a aplicação da pressão de ar na amostra e de uma caixa de cisalhamento que é
colocada dentro dessa câmara. O controle das pressões de ar e água é feito através
de um painel de controle ligado ao equipamento. A figura 16 mostra uma foto do
equipamento. Um esquema detalhado do mesmo é apresentado na figura 17.
Instrumentos elétricos como transdutores de pressão e de deslocamento,
células de carga e medidor de variação volumétrica, foram utilizados para
aquisição dos dados, sendo capturados pelo sistema de aquisição de dados. Todos
os transdutores são resistivos e são excitados com uma tensão de 10V. O sistema
de aquisição de dados (SAD) e a fonte de alimentação são mostrados na figura 18.
Figura 16: Fotografia do equipamento CDSC.
57
As calibrações dos instrumentos elétricos e suas respectivas curvas são
apresentadas no apêndice A. Neste mesmo apêndice encontram-se também as
especificações desses instrumentos bem como a do sistema de aquisição de dados.
Figura 18: Sistema de aquisição de dados e fonte de alimentação.
A seguir é apresentada uma descrição detalhada de cada componente do
equipamento CDSC.
3.2.1. Câmara de compressão
A câmera de compressão possui uma forma cilíndrica com dimensões de
210mm de altura, 250mm de diâmetro interno, parede de 15mm de espessura,
sendo seu corpo construído em aço, e sua base e topo em duralumínio. Essa
câmara suporta pressões de até 1000kPa com segurança.
58
A tampa possui um orifício por onde passa a célula de carga vertical,
sendo feita a vedação através de um anel de vedação conhecido como “o-ring”.
Na tampa existe ainda um visor circular de acrílico que permite o
acompanhamento visual do ensaio. A tampa e a base são fixadas no corpo através
de 16 parafusos, 8 para a tampa e 8 para a base, sendo vedadas também através de
“o-rings” para se evitar vazamento de ar.
Dentro da câmara de compressão estão instalados a célula de carga
horizontal, o transdutor de pressão de ar e a haste que faz a ligação entre a caixa
de cisalhamento e o transdutor de deslocamento horizontal que fica localizado na
parte exterior da câmara.
A caixa de cisalhamento é encaixada no pino do motor para a aplicação da
força vertical. Além disso ela desliza sobre dois trilhos fixados na base da câmara
de compressão. Esta base possui também duas passagens de alimentação de água
que são conectadas a uma câmera localizada na base da caixa de cisalhamento. A
figura 19 mostra um desenho esquemático da seção lateral da câmara de
compressão.
Câmara de ar
Câmara de água
Transdutor de deslocamento
horizontal
Célula de carga horizontal
Célula de carga vertical
Disco de alto valor de entrada de ar (300 KPa)
Disco espaçador
Transdutor de pressão de ar
União tipo universal
Entrada de ar
Pressão de água
Caixa de cisalhamento
(parte inferior)
Top-cap
Caixa de cisalhamento
(parte superior)
Transdutor de deslocamento
vertical
Apoio da célula de carga
Tirantes
PEDRA POROSA GROSSA
AMOSTRA
Figura 19: Desenho esquemático da seção lateral da câmara de compressão.
59
3.2.2. Caixa de cisalhamento
A caixa de cisalhamento tem formato externo circular, sendo que sua base,
onde o disco cerâmico de alta entrada de valor de ar (DAVE) é colado pelas
bordas, é feita de duralumínio e as partes inferior e superior em latão. Nessas
partes inferior e superior existe um rasgo concêntrico de seção quadrada de
100mm de lado onde a amostra de 21,8mm é posicionada.
O DAVE utilizado neste trabalho é um disco cerâmico poroso de
granulação fina com 7,3mm de espessura, 146mm de diâmetro e pressão de
borbulhamento de 3bar (300kPa). Ele possui a propriedade de ser permeável a
água mas não permite a passagem do ar. O valor da pressão de borbulhamento
limita a sucção mátrica máxima aplicada no ensaio a 300kPa. A figura 20 mostra a
caixa de cisalhamento fechada com o DAVE.
Figura 20: Caixa de cisalhamento fechada com o DAVE.
Na base da caixa de cisalhamento, logo abaixo do disco cerâmico, existe
uma câmara de água formada por pequenos canais interligados que é pressurizada
no decorrer do ensaio. Esta câmara de água é ligada ao sistema de aplicação de
pressão de água, medidor de variação volumétrica e bomba para retirada de água,
através de duas canalizações localizadas na face externa da base da caixa de
cisalhamento (figura 20). A figura 21 mostra a câmara de água em detalhe.
60
Figura 21: Câmara de água e o DAVE.
Para garantir a separação das partes superior e inferior da caixa de
cisalhamento durante o ensaio, são utilizados quatro parafusos que ligam um disco
espaçador metálico à parte superior da caixa. Esse disco é fixado na parede da
câmara de ar e através dos parafusos, levanta-se a parte superior da caixa
promovendo a separação das duas partes, sendo que esta separação é medida por
dois extensômetros mecânicos. Logo após ser atingida a separação desejada, os
extensômetros são retirados. Os quatro parafusos, o disco espaçador e os dois
extensômetros são mostrados na figura 22.
Figura 22: Disco espaçador com os quatro parafusos e os dois extensômetros.
61
A caixa de cisalhamento é ligada ao transdutor de deslocamento
horizontal, posicionado na parte exterior da câmara de compressão, através de
uma haste metálica. O encaixe dessa haste com a caixa é feito por meio de um
pino de acoplamento conforme mostrado na figura 23.
Figura 23: Detalhe do pino de acoplamento entre a caixa e a haste.
3.2.3. Sistema de Aplicação de Pressões
3.2.3.1. Aplicação da Tensão Vertical
A aplicação da tensão vertical é feita de forma convencional, através da
colocação de pesos em um pendural previamente calibrado. O pendural fica em
contato com a célula de carga e esta com o “top-cap” metálico, que tem a função
de distribuir uniformemente a tensão em toda a amostra. O contato da célula de
carga com o “top-cap” é feito através de uma união tipo universal, mostrada na
figura 24. Este dispositivo foi introduzido por Delgado (1993) com o objetivo de
minimizar a variação da força vertical lida pela célula de carga.
62
Figura 24: União tipo universal
Um apoio circular e dois tirantes fixados na tampa da câmara de
compressão, foram introduzidos no equipamento com o objetivo de se evitar que a
célula de carga vertical se deslocasse pra cima quando da aplicação da pressão de
ar dentro da câmara. Isso ocorria devido à diferença de área da parte superior e
inferior da célula de carga, que resultava em uma força vertical para cima. O
apoio da célula de carga com os tirantes é mostrado na figura 25.
Figura 25: Apoio da célula de carga com os tirantes.
63
3.2.3.2. Aplicação das Pressões de Ar e Água
A aplicação da pressão de ar na câmara de compressão é feita através de ar
comprimido gerado por compressores presentes no laboratório. Um painel,
composto de duas válvulas reguladoras e um manômetro com resolução de 7kPa,
faz o ajuste grosso das pressões. O ajuste fino é feito através dos transdutores de
pressão. A aplicação da pressão de água na câmara de água é feita no mesmo
painel através da outra válvula, sendo que este ar comprimido entra na interface
ar-água, e a partir daí, a câmara de água é pressurizada.
3.2.4. Sistema de extração de bolhas
Para possibilitar uma medição correta do volume de água, Delgado (1993)
introduziu no equipamento um sistema composto de bomba de extração de bolhas,
copo de coleta e válvulas. Essa correção deve ser feita em virtude da possível
difusão do ar através do disco cerâmico. Neste sistema, um fluxo é gerado através
de um bombeamento manual, extraindo as bolhas de ar. Esse ar extraído é então
coletado para ser medido pela bureta graduada. Uma foto desse sistema é
mostrada na figura 26.
Figura 26: Sistema de extração de bolhas.
4 Técnicas e Programa de Ensaios
4.1. Rotinas e Técnicas de Ensaio
A seguir é feita uma descrição das rotinas e técnicas utilizadas na
realização dos ensaios de cisalhamento direto convencional, de cisalhamento
direto com sucção controlada, de compressão diametral e do ensaio para a
determinação da curva característica através do método do papel filtro.
4.1.1. Ensaio de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada
Antes de se iniciar os ensaios, são necessárias algumas operações
preliminares para a garantia do bom funcionamento do equipamento. Entre elas
estão as calibrações dos instrumentos elétricos, a saturação do disco cerâmico de
alto valor de entrada de ar, a saturação das linhas de contra-pressão, a detecção de
vazamentos e a instalação do corpo de prova na caixa de cisalhamento.
A calibração dos instrumentos elétricos é um aspecto de grande
importância, uma vez que a qualidade dos dados obtidos irá depender de uma boa
calibração. Também se faz necessária a calibração do braço de alavanca utilizado
para a aplicação da carga vertical. As curvas de calibração dos instrumentos
utilizados e suas constantes, bem como o procedimento de calibração executado,
são apresentados no apêndice A.
65
A saturação do disco cerâmico visa garantir uma coluna de água continua
entre o corpo de prova e a câmara de água. Cobrindo com água deaerada o disco
cerâmico, provoca-se um fluxo forçado de água no interior do mesmo, através da
aplicação de um pequeno diferencial de pressão entre a câmara de compressão e a
câmara de água. Considera-se saturado o disco cerâmico quando a vazão de água,
medida através do medidor de variação volumétrica, fica constante ao longo do
tempo. O procedimento e o gráfico correspondente à saturação do DAVE, assim
como o coeficiente de permeabilidade do mesmo, também estão apresentados no
apêndice A.
As linhas de contra-pressão foram saturadas e as eventuais bolhas de ar
que por ventura ainda permanecem no sistema, são removidas com o auxilio da
bomba de extração de bolhas. Esse procedimento foi feito sempre que se iniciava
um novo ensaio. Sempre que o equipamento não estava em uso, colocava-se uma
camada de água deaerada sobre disco cerâmico a fim de evitar a sua desaturação.
Para a detecção de eventuais vazamentos que podem ocorrer nas conexões
existentes no equipamento CDSC, Delgado (1993) propôs que tal verificação deve
ser realizada elevando a pressão na interface ar/água até um valor maior do que os
que serão utilizados nos ensaios. Depois disso, a verificação é feita isolando
pequenos trechos de forma progressiva através das válvulas de controle de
drenagem. Esse procedimento é exemplificado na figura 27. Caso ocorra algum
vazamento, o sistema de medição de variação de volume (bureta graduada com
sistema de reversão) irá acusar.
Depois de terminadas as etapas preliminares, partiu-se para a moldagem e
instalação do corpo de prova na caixa de cisalhamento. Estas etapas foram
efetuadas de maneira similar a do ensaio com o equipamento de cisalhamento
convencional. Foi utilizado um anel moldador biselado, de secção quadrada de
100mm de lado e 21,8mm de altura, para a moldagem dos corpos de prova a partir
dos blocos indeformados. Para a uniformização da umidade da amostra, os corpos
de provas foram embalados com papel plástico e alumínio e depois colocados em
uma caixa de isopor, sendo lá mantidos por pelo menos 24 horas.
66
Figura 27: Procedimento para detecção de vazamentos
A instalação do corpo de prova na caixa de cisalhamento se iniciou com a
retirada da água sobre o disco cerâmico, seguida de uma secagem do mesmo com
um papel toalha. Segundo Lins (1991), esse procedimento diminui o tempo de
estabilização da sucção a qual a amostra é submetida. Depois disso, um papel
filtro úmido era colocado sobre o disco cerâmico seguido da amostra de solo, de
um papel filtro seco, da pedra porosa de granulação grossa para a distribuição
uniforme da pressão de ar e o top-cap metálico. Logo após, partiu-se para a
separação das duas partes da caixa de cisalhamento. Para isso foi utilizado o disco
espaçador com quatro parafusos onde dois extensômetros mecânicos mediram a
separação desejada de 0,5mm. Depois, os extensômetros são retirados e a câmara
de compressão é fechada tendo o cuidado para que a união universal assente
corretamente sobre o top-cap metálico.
Depois de realizadas as etapas anteriores, parte-se para a fase de
adensamento da amostra. Inicialmente, os níveis de água da interface ar/água e do
copo de coleta são ajustados nas marcas zero. Isso é feito sob a pressão de água
usada no ensaio (contra-pressão). Logo após, aplica-se a pressão de ar, a pressão
Trecho Válvulas
Abertas
Válvulas
Fechadas
1 – 2 - 2
1 – 3 2 3
1 – 4 2, 3 4, 5
1 – 5 2, 3 4, 5
1 – 6 2, 3, 5 4, 6
1 – 7 2, 3, 4 5, 6, 7
1 – 8 2, 3, 4,
7
5, 6, 8,
9, 10
1 – 9 2, 3, 4
,7 ,8
5, 6, 9,
10 Amostra
Pressão de ar
Reservatório de água
Pressão de ar
67
de água e a força vertical na amostra, nessa mesma ordem, para não ter o risco de
trincar o disco cerâmico. O intervalo entre a aplicação dessas pressões deve ser o
menor possível para que não haja distúrbios na amostra. As pressões de ar e de
água foram mantidas constantes durante todo o ensaio e assim que estas foram
aplicadas, começou a ocorrer fluxo de água para dentro ou para fora da amostra,
dependendo do valor de sucção aplicado ser, respectivamente, menor ou maior
que a sucção inicial do corpo de prova.
A sucção induzida é considerada atingida quando não existe mais fluxo de
água na amostra. A equalização da sucção ocorre de forma mais lenta que
estabilização do deslocamento vertical, logo o adensamento é considerado
terminado quando cessam o deslocamento vertical e o fluxo de água. Ao final
dessa fase, realiza-se um fluxo na câmara de água, através da bomba de extração
de bolhas, para extrair as possíveis bolhas de ar que possam ter atravessado o
disco cerâmico.
Após o término do adensamento, a amostra foi cisalhada com uma
velocidade constante de 0,0122mm/min. Essa velocidade foi definida através do
procedimento proposto de Bishop & Gibson (1963), sendo este apresentado no
apêndice C. Trabalhos anteriores de Fonseca (1991) e Delgado (1993), nos quais
utilizaram o mesmo equipamento, também utilizaram este mesmo valor de
velocidade. A prensa foi desligada quando se atingiu um deslocamento próximo à
15mm e, logo após, realizou mais uma extração e quantificação do volume de ar
dissolvido. A seguir, as pressões e a tensão normal foram retiradas na ordem
inversa de aplicação. Por fim, foi retirado material do topo, meio e base da
amostra para a determinação da sua umidade final.
4.1.2. Ensaio de Cisalhamento Direto Convencional
Nos ensaios de cisalhamento direto convencional, os corpos de prova
foram instalados na caixa de cisalhamento onde foram inundados, permanecendo
lá pelo período de 24 horas. Durante este tempo foi feito o acompanhamento do
68
deslocamento vertical das amostras para a verificação de um possível
comportamento expansível. Esse comportamento não foi verificado, uma vez que
as amostras não apresentaram deslocamentos verticais significativos.
Após esse período, a amostra foi adensada por 24 horas, tempo este
suficiente para a estabilização dos deslocamentos verticais. O cisalhamento se deu
com uma velocidade constante de 0,0122mm/min e com uma abertura da caixa de
cisalhamento de 0,5mm. Esta velocidade é muito menor do que aquela calculada
utilizando o procedimento proposto por Gibson & Henkel (1954), apresentado no
apêndice C. Essa velocidade foi escolhida por ser a mesma adotada nos ensaios de
cisalhamento direto com sucção controlada. O deslocamento total permitido da
caixa de cisalhamento foi de aproximadamente 15mm.
4.1.3. Ensaios para a Determinação da Curva Característica de Sucção Utilizando o Método do Papel Filtro
Para a determinação da curva característica de sucção, foi utilizado o
método do papel filtro. Aspectos históricos e teóricos do ensaio são apresentados
no capitulo 2.
O papel filtro utilizado foi o Whatman N°42 usado diretamente da caixa,
ou seja, com a umidade higroscópica preservada. Este procedimento difere
daquele apresentado pela norma americana ASTM-D5298/92, na qual determina
que o papel filtro deve ser seco em estufa por no mínimo 16 horas antes do uso.
Segundo Marinho (1997), o procedimento proposto pela norma americana pode
afetar as características de absorção do papel resultando na alteração da curva de
calibração. Foi utilizada a curva de calibração proposta por Chandler et al. (1992)
apresentada no capítulo 2. Vale lembrar que a manipulação do papel filtro foi feita
sempre com o uso de luvas cirúrgica e pinça, a fim de evitar que sujeira aderisse
ao papel.
69
A partir do bloco indeformado, foram moldados 11 corpos de prova,
através da cravação de anéis de PVC com 50,40mm de diâmetro e 20,25mm de
altura. Durante a moldagem de cada corpo de prova foi retirado material do topo e
da base para a determinação da umidade. Com a umidade natural foi possível
determinar a quantidade de água que seria necessário acrescentar ou retirar das
amostras para que estas representassem graus de saturação igualmente
distribuídos. Assim sendo, um corpo de prova, 1° ponto, foi mantido na umidade
natural enquanto que cinco foram submetidos a uma trajetória de secagem e os
outros cinco a uma trajetória de umedecimento.
Na trajetória de umedecimento, 2° ao 6° ponto, foi acrescentada água
destilada que foi distribuída, de forma gradual, proporcionalmente nas faces de
cada amostra. Em cada corpo de prova foi acrescentada água até se chegar ao peso
desejado. Depois disso cada amostra foi embrulhada com duas camadas de papel
plástico e colocada em uma caixa de isopor localizada dentro da câmara úmida do
laboratório. Cada amostra permanecia lá por 48 horas, para que a umidade em seu
interior entrasse em equilíbrio. Após este intervalo, papéis filtro, cortados no
mesmo diâmetro da amostra, foram colocados em contato direto com o topo e
com a base da amostra, e depois foram envolvidas com duas camadas de papel
plástico e colocada em uma caixa de isopor.
Na trajetória de secagem, 7° ao 11° ponto, as amostras foram secas, com o
auxilio de uma estufa regulada a 40°C, até que estas chegassem ao peso desejado.
Após este procedimento, papéis filtro eram colocados no topo e na base da
amostra e estas eram igualmente envolvidas com papel plástico e colocadas na
caixa de isopor. Os procedimentos de secagem e umedecimento citados
anteriormente são apresentados na tabela 5.
70
Tabela 5: Procedimento utilizado para a determinação da quantidade de água acrescida
ou retirada seguindo as trajetórias de secagem e umedecimento da amostra.
Pontos da curva Peso
inicial Peso
corrigido
Trajetória Ponto θ (%) w (%) S (%)Psolo+água+anel
(g)
Psolo+água+anel
(g)
água a acrescentar
(mL)
umidade natural 1 32,68 23,69 65,91 93,74 93,74 0,00
umedecimento 2 38,12 27,19 78,20 94,53 96,42 1,89
umedecimento 3 35,00 24,19 74,29 93,66 96,49 2,83
umedecimento 4 36,50 25,56 76,38 93,46 96,72 3,26
umedecimento 5 43,57 31,46 88,24 93,78 97,90 4,12
umedecimento 6 48,54 35,05 98,31 93,58 99,90 6,32
secagem 7 27,23 20,52 52,89 90,76 89,03 -1,73
secagem 8 21,78 15,43 45,01 94,77 90,07 -4,70
secagem 9 16,34 11,61 33,65 94,87 87,68 -7,19
secagem 10 10,89 7,55 23,06 96,66 87,63 -9,03
secagem 11 21,78 15,54 44,69 94,67 83,38 -11,29
O tempo de equalização da troca de água do solo com o papel filtro
utilizado neste trabalho foi de 7 dias. Este é o tempo proposto pela norma
americana para a determinação da sucção mátrica, sendo confirmado por Marinho
(1997), Swarbrick (1995), Villar & Campos (2001), entre outros.
Decorrido esse período de equalização, a amostra foi desenrolada ao lado
de uma balança com resolução de 10-4g, onde foram pesados os papéis filtro. O
processo de pesagem do papel filtro para a determinação da sua umidade foi
proposto por Villar & Campos (2001), sendo descrito resumidamente a seguir.
Assim que for retirada a última camada de papel plástico, o cronômetro é
acionado e com uma pinça, tira-se o papel filtro do contato com a amostra, tendo
cuidado para que não tenha partículas de solo grudadas no mesmo. Em seguida
71
este papel é levado à balança onde será monitorada a sua perda de umidade ao
longo de 3 minutos, sendo os 2 primeiros minutos monitorados a cada 10
segundos e o último a cada 15 segundos. Com isso, pode-se obter o peso do papel
filtro úmido no tempo zero através de extrapolação gráfica.
Depois dessa pesagem, cada papel filtro e cada corpo de prova são
colocados em cápsulas e levados a estufa (105°C) por 24 horas para a
determinação da umidade. O procedimento anterior de pesagem é repetido, mas
agora o monitoramento é de ganho de umidade do papel. Através da mesma
técnica de extrapolação gráfica, obtém-se o peso do papel filtro seco no tempo
zero. Com o peso do papel filtro seco e úmido, determina-se a sua umidade e
através da curva de calibração, calcula-se o valor da sucção mátrica. Os gráficos
relativos à determinação do peso do papel filtro seco e úmido no tempo zero estão
apresentados no apêndice B.
4.1.4. Ensaio de Compressão Diametral
Na tentativa de correlacionar os valores de coesão aparente, obtidos neste
trabalho, com a resistência à tração do solo não saturado, foram realizados ensaios
de compressão diametral, ou ensaio brasileiro. A resistência à tração de um solo é
uma propriedade do material que, em geral, depende da sucção presente em sua
estrutura.
O ensaio foi originalmente desenvolvido na década de 50, para avaliar a
resistência à tração de concreto e posteriormente foi utilizado em rochas e solos
cimentados. O ensaio consiste no carregamento de um corpo de prova cilíndrico,
onde são aplicadas cargas de compressão vertical, ao longo de duas placas rígidas
paralelas, em posições diametralmente opostas. A ruptura da amostra acontece ao
longo do plano vertical do carregamento. A figura 28 mostra o equipamento para
a aplicação da compressão vertical.
72
Figura 28: Fotos do equipamento utilizado no ensaio de tração.
Krishhnayya & Eisenstein (1974) afirmam que o ensaio brasileiro
apresenta diversas vantagens em relação a outros métodos de avaliação da
resistência à tração, tais como a facilidade de preparação das amostras, a
utilização de equipamento similar ao ensaio de compressão simples, ruptura
relativamente insensível às condições de superfície de contato da amostra com um
campo relativamente uniforme de tensões de tração perpendicular e ao longo do
plano diametral.
A resistência à tração pode ser feita de forma direta através da seguinte
equação (Krishhnayya & Eisenstein, 1974):
HdP
t ..2
πσ = (14)
onde:
P = carga máxima de compressão;
d = diâmetro da amostra;
H = espessura da amostra.
73
Segundo Krishhnayya & Eisenstein (1974), esta não é uma relação
rigorosamente adequada para materiais que tenham grande diferença entre os
módulos de elasticidade na compressão e na tração, como os solos. Eles afirmam
também que uma boa aceitabilidade do ensaio tem sido alcançada quando a
distribuição da carga aplicada é feita sobre uma pequena área de contato. A figura
29 mostra a solução teórica para tensões ao longo do diâmetro vertical da amostra
submetida ao ensaio de compressão diametral. Esta solução só é válida quando o
solo ensaiado tiver as mesmas propriedades elásticas para a compressão e para a
tração. Nesta figura, “A” é a largura da faixa carregada. Procurando levar em
conta o comportamento diferenciado na tração e compressão, Krishhnayya &
Eisenstein (1974) propõem um método para avaliação das propriedades de tração
dos solos através do uso de uma solução numérica e ensaios de compressão
simples.
Apesar dos comentários citados acima, foi feito o uso da relação (14) na
avaliação da resistência à tração do solo, por se tratar de um método simples e
direto.
Figura 29: Soluções teóricas para tensões ao longo do diâmetro vertical de uma amostra
no ensaio de compressão diametral (adaptado de Krishhnayya & Eisenstein, 1974).
Solução para carregamento linear Solução para faixa carregada com A = tan-1 1/12
TENSÃO (P/πRt) [tração positiva]
r/R
Faixa de carregamento
74
As amostras foram moldadas, a partir do bloco indeformado, com 76,5mm
de diâmetro e 19,8mm de altura, sendo estas preparadas com diferentes valores de
umidade. Após ter sido preparada, a amostra era levada ao equipamento onde o
carregamento era aplicado com uma velocidade constante de 0,305mm/min. Essa
velocidade foi escolhida por ser rápida o suficiente para evitar a perda de umidade
da amostra durante o carregamento axial. Durante o ensaio eram feitas leituras da
força aplicada e do deslocamento vertical, a fim de se determinar a relação de
tensão x deformação. Depois do rompimento da amostra, esta era pesada e levada
à estufa por 24 horas para a determinação do seu teor de umidade.
4.2. Programa de Ensaios
4.2.1. Ensaio de Cisalhamento Direto Convencional
Para a determinação dos parâmetros efetivos de resistência do solo
saturado, foi realizado um total de 4 ensaios de estagio único em amostras
submersas com valores aproximados de 50, 102, 150 e 200kPa de tensão normal
aplicada.
CD = Cisalhamento Direto
Tabela 6: Nomenclatura dos ensaios de cisalhamento direto convencional executados e
pressões aplicadas.
Ensaio Tensão normal
(kPa)
CD 1 50
CD 2 102
CD 3 150
CD 4 200
75
4.2.2. Ensaio de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada
Foi realizado um total de 19 ensaios, agrupados em 4 séries distintas. Na
primeira série manteve-se constante a tensão normal líquida (σ-ua) em torno de 50
kPa, e variou a sucção mátrica aplicada em cada ensaio de valores aproximados de
25, 50, 100, 150 e 200kPa.
Na segunda série manteve-se constante a tensão normal líquida (σ-ua) em
torno de 100kPa, e variou a sucção mátrica em cada ensaio dos mesmo valores.
Na terceira série foi utilizado o mesmo procedimento, só que agora foi
mantida constante a tensão normal líquida (σ-ua) em torno de 200 kPa.
A quarta e última série, foi destinada ao estudo da influência da velocidade
de cisalhamento nos parâmetros de resistência. Para isso foram realizados 4
ensaios onde manteve-se constante a tensão normal líquida (σ-ua) em torno de
100kPa e variou a sucção mátrica aplicada em cada ensaio de valores
aproximados de 50, 100, 150 e 200kPa. Com isso foi possível comparar as
envoltórias de resistência obtidas das séries 2 e 4. A velocidade de cisalhamento
utilizada nesta série de ensaios foi de 0,00488mm/min, sendo esta equivalente a
2,5 vezes menor que a velocidade utilizada nos demais ensaios. A tabela 7
apresenta as 4 séries realizadas com as respectivas pressões aplicadas.
CDSC = Cisalhamento Direto com Sucção Controlada
76
Tabela 7: Nomenclatura dos ensaios de cisalhamento direto com sucção controlada
executados e pressões aplicadas.
Série Ensaio Tensão normal líquida (kPa)
Sucção mátrica (kPa)
CDSC 1 50 25
CDSC 2 50 50
CDSC 3 50 100
CDSC 4 50 150
I
CDSC 5 50 200
CDSC 6 100 25
CDSC 7 100 50
CDSC 8 100 100
CDSC 9 100 150
II
CDSC 10 100 200
CDSC 11 200 25
CDSC 12 200 50
CDSC 13 200 100
CDSC 14 200 150
III
CDSC 15 200 200
CDSC 16 100 50
CDSC 17 100 100
CDSC 18 100 150 IV
CDSC 19 100 200
5 Características do solo utilizado
5.1. Material Escolhido e Retirada dos Blocos
O material escolhido para a realização dos ensaios foi um solo maduro,
coluvionar, argilo-arenoso, não saturado localizado na encosta da PUC-Rio. A
escolha desse material se deu em função das seguintes razões:
O solo é bastante homogêneo (textura, estrutura, cor, etc).
O local de onde foi retirado é de fácil acesso.
Existe uma grande quantidade de informações disponíveis na PUC-Rio
sobre o mesmo.
Blocos indeformados do material foram retirados para a realização dos
ensaios de cisalhamento direto convencional, cisalhamento direto com sucção
controlada, compressão diametral e papel filtro. Um resumo do número de blocos,
a época em que foram extraídos, a profundidade e tamanho dos blocos, bem como
a condição do tempo, é apresentado na tabela 8.
Tabela 8: Resumo dos blocos extraídos.
Bloco Data da extração Tamanho Profundidade Tempo
1 23/06/04 15x15x20 1,0m ensolarado
2 23/06/04 25x25x25 1,0m ensolarado
3 06/08/04 30x30x30 1,5m ensolarado
4 09/08/04 30x30x30 1,5m nublado
78
5.2. Descrição do Meio Físico
5.2.1. Localização
As amostras de solo foram coletadas do Campo Experimental II localizado
no interior do campus da PUC-Rio, conforme mostrado na figura 30. Um grande
número de informações sobre os materiais desta área está disponível nos trabalhos
de Sertã (1986), Lins (1991), Daylac (1994), Moreira (1998) e Beneveli (2002).
Figura 30: Localização do Campo Experimental II da PUC-Rio.
Auto Estrada Lagoa-Barra
Rio da Rainha
Av. Pe. Leonel Franca
Rua Marquês de São Vicente
CAMPO EXPERIMENTAL II
79
5.2.2. Clima
De acordo com Brito (1981), o município do Rio de Janeiro está sujeito a
cinco diferentes tipos de clima. A região em estudo foi definida como pertencente
a uma Zona Megatérmica, com clima tropical quente e chuvoso, tendo no mês
mais seco, uma precipitação superior a 60mm, e o mês mais frio, uma temperatura
maior que 18°C. A pluviosidade média da região gira em torno de 1.800 a
2.000mm anuais.
A análise climática dessa região indica condições para a ocorrência de
solos profundos, bem desenvolvidos, com tendência acentuada para acidez e com
um processo de intemperismo bem caracterizado (Brito, 1981).
5.2.3. Geologia e Geomorfologia
O município do Rio de Janeiro é essencialmente constituído por rochas
gnáissicas e graníticas, de idade pré-cambriana, pertencentes a Serra do Mar.
O Campo Experimental II da PUC-Rio está inserido no maciço da Tijuca,
sendo este caracterizado por biotita-plagioclásio-gnaisse, microclina-gnaisse,
leptinito/granito e granodiorito, segundo Brito (1981). A encosta da PUC-Rio
apresenta uma feição abrupta e de declividade elevada. Esta é uma característica
típica da paisagem do município do Rio de Janeiro, que é constituída por morros
que se elevam bruscamente quase sem transição da planície.
No Campo Experimental II da PUC-Rio não existem afloramentos
rochosos. No entanto, Sertã (1986) relata que o embasamento local é constituído
por um gnaisse cataclástico (rocha metamórfica de alto grau de metamorfismo) do
tipo granada-biotita-plagioclásio-gnaisse. Tal tipo de gnaisse é constituído
principalmente por quartzo, feldspato e biotita, tendo como minerais acessórios a
muscovita e a granada (Sertã, 1986).
80
O solo estudado pode ser classificado, pedologicamente, como um
latossolo (Benevelli, 2002). Segundo Moreira (1998), este é um solo coluvionar
maduro, argilo-arenoso, de origem possivelmente associada a processos erosivos
ocorridos em tempos pretéritos. Este possui características de tonalidade vermelha
amarelada, textura micro-granular e com aspecto homogêneo, sendo constituído
basicamente por quartzo, granada alterada, argilo-minerais (essencialmente
caulinita) e óxidos de ferro e alumínio, como produtos do intemperismo dos
minerais primários da biotita gnaisse.
É apresentada, na figura 31, uma descrição morfológica representativa do
perfil do Campo Experimental II da PUC-Rio, obtida por Daylac (1994) a partir
da inspeção de um poço aberto com aproximadamente 13,5m de profundidade.
Figura 31: Descrição morfológica do perfil do Campo Experimental II da PUC-Rio
(Daylac, 1994).
81
5.3. Caracterização Física
5.3.1. Densidade Relativa dos Grãos (Gs)
A densidade relativa dos grãos foi determinada utilizando o material que
passou na peneira #40, cuja abertura de malha é de 0,425mm (classificação
USBS), seguindo a norma NBR6508 da ABNT.
Utilizou-se cerca de 100g desse material, seco em estufa a 105°C, onde foi
colocado 25g em quatro picnômetros de 250mL. Posteriormente procedeu-se a
extração do ar contido entre as partículas utilizando uma bomba de vácuo. Esse
procedimento é feito até que não haja mais extração de bolhas, o que ocorre em
aproximadamente 15 minutos.
O valor de Gs foi obtido através da média aritmética das quatro
determinações, tendo uma variação máxima dos valores de 1,2% . O valor médio
de Gs encontrado foi de 2,736.
5.3.2. Análise Granulométrica Conjunta
Para a determinação da granulometria do solo, peneirou-se cerca de 1,5 Kg
do material na peneira #40 (0,425mm), seguindo a norma NBR7181 da ABNT.
O material que não passou na peneira foi lavado, para a retirada dos grãos
menores que 0,425mm, e posteriormente levado à estufa a 105°C para se fazer o
peneiramento grosso.
A sedimentação foi feita com 50g do material que passou na peneira #40,
sendo este misturado a 125mL de uma solução de hexametafosfato de sódio. O
material permaneceu imerso na solução por 24 horas.
82
Depois de realizada a sedimentação, o material restante foi lavado na
peneira #200 e levado à estufa para a realização do peneiramento fino. A tabela 9
e a figura 32 apresentam o resumo da granulometria (classificação ABNT) e a
curva granulométrica do solo, respectivamente.
Tabela 9: Resumo da granulometria.
pedregulho (%)
areia grossa (%)
areia média (%)
areia fina (%)
silte (%)
argila (%)
0,9 9,2 16,3 14,6 5,5 53,5
Peneira No (SUCS) 200
100
60 40 20 16 10 8 6 4 1/4"
3/8"
1/2"
3/4"
1" 1 ½
"2" 4" 8"
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Porc
enta
gem
ret
ida
(%)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000Diâmetro dos Grãos (mm)
Porc
enta
gem
que
pas
sa (%
)
MatacãoPedraABNT SilteArgila P e d re g ulhoA re ia
m é d i af i n a f i n og r o s s a m é d i o g r o s s o
SilteArgila P e d re g ulhoA re iam é d i af i n a g r o s s a 21 43
SilteArgila PedregulhoA re iaf i n a g r o s s am é d i a
MIT
SUCS
Figura 32: Curva granulométrica do solo.
83
5.3.3. Limites de Consistência
Os limites de consistência, limite de liquidez e limite de plasticidade,
foram determinados utilizando-se o material passante na peneira #40, seguindo a
norma NBR6459 da ABNT. Já o limite de contração foi determinado seguindo a
metodologia apresentada na norma NBR7183 da ABNT.
A atividade das argilas foi determinada através do uso da expressão de
Skempton:
mIPAtividadeµ2% <
= (15)
Os valores do limite de liquidez, limite de plasticidade, índice de
plasticidade, limite de contração e atividade das argilas são apresentados na tabela
10. O valor encontrado da atividade das argilas, segundo a equação de Skempton,
indica uma baixa atividade do solo.
Tabela 10: Limites de consistência e atividade das argilas.
LL (%) LP (%) IP (%) LC (%) Atividade das argilas
54,0 27,8 26,2 24,8 0,49
5.3.4. Classificação do Solo
Através da caracterização física do solo, podemos classificá-lo, no sistema
unificado de classificação de solo (SUCS), com sendo uma argila de alta
plasticidade, ou seja, um CH.
84
5.4. Análise Química
As análises químicas de capacidade de troca catiônica (CTC) e de ataque
sulfúrico do solo, foram retirados do trabalho de Duarte (2004). Essas análises
estão apresentadas na tabela 11.
A análise química total em porcentagem peso (tabela 12) foi retirada de
um estudo químico e mineralógico detalhado do campo experimental II da PUC-
Rio, realizado por Sertã (1986).
Tabela 11: Análises químicas de capacidade de troca catiônica (CTC) e de ataque
sulfúrico (Duarte, 2004).
Complexo Sortivo (meq/100g)
Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Al3+ H+ CTC
0,00 0,4 0,11 0,15 1,3 3,3 5,3
Ataque por H2SO4 (1:1) - NaOH (0,8%) g/Kg pH (1:2,5)
SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 Ki Kr Água KCL
179 204 103 11,1 1,49 1,13 4,3 4,0
Tabela 12: Análise química total em porcentagem em peso (Sertã, 1986).
SiO2 Al2O3 CaO MgO Fe2O3 TiO2 K2O Na2O
55,4% 22,0% < 0,05% < 0,10% 11,0% 1,30% 0,11% 0,01%
Analisando os resultados encontrados nas tabelas 11 e 12, pode-se concluir
que a grande quantidade de Al2O3 e Fe2O3 encontrada no solo, indica que este
sofreu um processo de laterização. Por outro lado, a pequena quantidade de CaO,
MgO, K2O e Na2O encontradas, sugere tratar-se de um material altamente
intemperizado, devido à lixiviação intensa dos álcalis. A presença de cátions
85
trocáveis deste solo, sugere que este é um material de baixa atividade. Os valores
de pH indicam que o solo é ácido.
5.5. Análise Mineralógica
A tabela 13 mostra o resultado da análise mineralógica feita por Sertã
(1986) no material em estudo. Para a identificação da microestrutura do material,
foram realizadas análises de microscopia ótica e microscopia eletrônica de
varredura, sendo descritas a seguir.
Tabela 13: Análise mineralógica (Sertã, 1986).
Fração do solo Mineral Quantidade / observações
Quartzo
grãos arestados de coloração
transparentes a leitosos Pedregulho
Granada alterada alguns fragmentos
Quartzo grãos arestados
Granada muito alterada
Agregados Ferruginosos
correspondem a aproximadamente
5% da amostra total Areia
Magnetita pequenos traços
Quartzo presença
Caulinita presença Silte
Goetita presença
Caulinita presença marcante Argila
Goetita alguns traços
86
5.5.1. Microscopia Ótica
Foram preparadas duas lâminas delgadas de solo pelo instituto de
Geociências da UFRJ, a partir do material indeformado. Na análise das lâminas
foi constatada a presença de uma matriz de argilominerais (constituída
basicamente de caulinita) com grãos de quartzo arestados, englobando alguns
agregados ferruginosos, granadas em elevado grau de alteração e cristais grandes
de quartzo. Essa matriz argilosa funciona como uma espécie de uma cimentação
fraca, unindo os macro-agregados do solo. Nas figuras 33 a 35 são mostrados
fotos das lâminas obtidas através do microscópio ótico.
Fig
Granada alterada
Matriz argilosa(caulinita)
ura 33: Presença da matriz argilosa com grãos de quartzo e granada muito alterada.
Grãos de quartzo
87
Figuragreg
Grãos de quartzo arestados
Figura 34: Grãos de quartzo arestados e cristais grandes
a 35: Grande área da matriz argilosa englobando alguns
ados ferruginosos.
Grãos de quartzo
s
Cristais de quartzo
de quartzo.
Matriz argilosa(caulinita)Agregados ferruginoso
grãos de quartzo e
88
5.5.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
As análises de microscopia eletrônica de varredura foram realizadas em
um microscópio eletrônico, da marca ZEISS modelo DSM 960, pertencente ao
Departamento de Ciências dos Materiais e Metalurgia da PUC-Rio (DCMM). A
figura 36 mostra uma fotografia do equipamento.
Para as análises, foram utilizadas duas lâminas delgadas de solo,
preparadas a partir do material indeformado. Estas foram fixadas sobre um porta-
amostra metálico de alumínio, e depois recobertas com uma fina camada de ouro
paládio (cerca de 130 a 150 angstrons de espessura). Para tal, utilizou-se uma
unidade metalizadora, da marca EDWARDS modelo S-150, através do método de
pulverização catódica (sputtering).
Figura 36: Fotografia do microscópio eletrônico de varredura da PUC-Rio.
O objetivo das análises de microscopia eletrônica de varredura foi definir
as características morfológicas dos argilominerais e, principalmente, aspectos da
distribuição dos poros.
As análises das fotografias mostram a formação de micro-agregados,
constituído basicamente por caulinita. Esses micro-agregados se ligam a outros,
seja por cimentação, seja por pontes de argila, dando origem a uma distribuição
bimodal de poros (De Carvalho et al., 2002). Em geral, os microporos
89
caracterizam a estrutura interior dos micro-agregados e os macroporos constituem
os vazios entre os micro-agregados (De Carvalho & Leroueil, 2004).
A amostra analisada está interpretada, através de imagens obtidas por
emissão de elétrons secundários, desde pequenos aumentos enfocando
características gerais, a aumentos mais detalhados, a fim de definir melhor as
características morfológicas dos micro-agregados e os aspectos de porosidade. As
figuras 37 a 40 apresentam as imagens obtidas para diferentes ampliações.
Figura 37: Aspecto geral da matriz argilosa (ampliação de 200 vezes).
90
Figura 38: Um detalhamento maior da matriz argilosa com os macroporos sendo
visualizados (ampliação de 1000 vezes).
Figura 39: Detalhe dos micro-agregados de caulinita, formando
macroporos, e no seu interior os microporos (ampliação de 5000 vezes).
s
s
micro-agregados de caulinita
macroporos
microporo
macroporo
entre eles os
91
Figura 40: Micro e macro-porosidades caracterizando uma distribuição bimodal dos
poros (ampliação de 10000 vezes).
5.6. Curva Característica de Sucção
A curva característica, ou curva de retenção de água, foi determinada
através da técnica do papel filtro. O procedimento utilizado na determinação da
sucção mátrica do solo para diferentes umidades, está descrito no capítulo 4.
A figura 41 mostra a forma mais comum de apresentação da curva
característica, na qual a sucção é plotada em função da umidade volumétrica. Essa
umidade volumétrica foi obtida a partir dos valores do teor de umidade em peso e
do peso específico seco, considerando que o solo não apresenta variação de
volume significativa com variações de sucção, através da seguinte relação:
w
dwγγθ .= (16)
onde:
microporos
macroporos micro-agregados de caulinita
92
θ = umidade volumétrica (%);
w = umidade gravimétrica (%);
γd = peso específico seco do material;
γw = peso específico da água.
A curva característica obtida apresenta dois pontos de inflexão. Essa é uma
característica que segure a existência de uma distribuição bimodal dos poros, na
qual foi comprovada através da análise de microscopia eletrônica. Essa
distribuição bimodal dos poros é caracterizada pelos macroporos, formados pelos
vazios entre os micro-agregados e pelos microporos, formados no interior das
agregações.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 10 100 1000Sucção mátrica (kPa)
Um
idad
e V
olum
étri
ca (%
)
Figura 41: Curva característica em função da umidade vo
A entrada de ar dos macroporos determinada é de, apro
enquanto que a entrada de ar dos microporos é de 5000kPa
Nota-se que a partir do valor de entrada de ar dos macroporos
10kPa, relacionada à umidade residual dos macroporos, o
dessaturação do material. Já para valores de sucção variando e
s
Entrada de ardos microporo
Entrada de ar dos macroporos
Umidade residualdos macroporos
Umidade residualdos microporos
10000 100000
lumétrica.
ximadamente 3kPa,
aproximadamente.
até uma sucção de
corre uma elevada
ntre 10 e 1000kPa,
93
essa dessaturação não é tão elevada. Esse comportamento é mais facilmente
visualizado na figura 42.
As figuras 42 e 43 mostram outras formas de apresentação da curva
característica, onde a sucção mátrica é plotada em função do grau de saturação ou
da umidade gravimétrica.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1 10 100 1000 10000 100000Sucção mátrica (kPa)
Gra
u de
Sat
uraç
ão (%
)
Figura 42: Curva característica em função do grau de saturação.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 10 100 1000 10000 100000Sucção mátrica (kPa)
Um
idad
e G
ravi
mét
rica
(%).
Figura 43: Curva característica em função da umidade gravimétrica
6 Apresentação dos Resultados
6.1. Ensaios de Cisalhamento Direto Convencional
São apresentados, neste item, os resultados obtidos dos quatro ensaios de
cisalhamento direto convencional realizados em amostras submersas. A
metodologia utilizada nos ensaios está descrita no capítulo 4.
A tabela 14 apresenta os índices físicos no inicio do ensaio, após o
adensamento e no final do ensaio, dos corpos de prova para cada ensaio realizado.
Tabela 14: Índices físicos iniciais, após o adensamento e final de cada corpo de prova.
Iniciais Após o adensamento Final
Ensaio Tensão normal (kPa) γn
(kN/m³) γd
(kN/m³) w (%) e S (%) e ∆e/(1+eo) w (%)
CD 1 50 16,92 13,88 21,90 0,932 64,26 0,915 0,009 31,56
CD 2 100 16,74 13,98 19,73 0,918 58,76 0,740 0,093 28,09
CD 3 150 16,46 13,80 19,29 0,944 55,91 0,641 0,156 25,81
CD 4 200 17,01 14,28 19,13 0,878 59,58 0,547 0,177 23,71
O comportamento tensão-deslocamento é apresentado na figura 44, através
das curvas tensão-deslocamento (τ x δh) e deslocamento vertical versus
deslocamento horizontal (δv x δh), obtidas a partir dos ensaios. As quatro curvas
tensão-deslocamento não apresentam definição de pico, mas sim um
comportamento de enrijecimento do material. As quatro curvas de deslocamento
95
vertical-deslocamento horizontal mostram que o material ensaiado apresenta
contração, tendo comportamento típico de areia fofa.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,60 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al
(mm
)
50 100 150 200
Tensão normal (kPa)
Compressão
Figura 44: Ensaio de cisalhamento direto convencional: curvas tensão-deslocamento.
96
6.2. Ensaios de Compressão Diametral
Na tentativa de se estabelecer uma relação entre a resistência à tração do
solo e a sua umidade, foram realizados um total de 14 ensaios com umidades
variando entre 14,21% e 29,00%. Aspectos teóricos e a metodologia utilizada nos
ensaios são apresentados no capitulo 4.
As figuras 45 a 48 mostram a sequência típica do ensaio. Na figura 46 já
se nota o início da formação da trinca ao longo do eixo diametral, que vai se
abrindo (figura 47) até a ruptura, quando esta se abre por completo (figura 48).
Figura 45: Início do ensaio.
97
Figura 46: Início da formação da trinca.
Figura 47: Abertura da trinca com o avanço das deformações.
Figura 48: Trinca totalmente aberta (ruptura).
98
Na figura 49 são apresentados os gráficos da resistência à tração versus
deslocamento diametral, para cada um dos ensaios realizados. Com era de se
esperar, os solos ensaiados com um menor teor de umidade apresentam picos mais
acentuados na curva resistência à tração versus deslocamento diametral.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6
Deslocamento diametral (mm)
Res
istên
cia
a tr
ação
(kPa
)
w = 14,21 %
w = 14,96 %
w = 15,39 %
w = 15,93 %
w = 16,18 %
w = 19,62 %
w = 22,39 %
w = 22,89 %
w = 22,91 %
w = 24,81 %
w = 25,78 %
w = 26,16 %
w = 28,30 %
w = 29,00 %
Figura 49: Curvas de resistência a tração versus deslocamento diametral.
6.3. Ensaios de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada
Serão apresentados a seguir os resultados obtidos dos 19 ensaios de
cisalhamento direto com sucção controlada. Esses 19 ensaios foram divididos em
4 séries de acordo com a tensão normal líquida e sucção mátrica aplicada,
conforme mostrado na tabela 7.
99
6.3.1. Ensaios com Tensão Normal Líquida Constante
Durante a fase de adensamento, aguardou-se tanto a estabilização do
deslocamento vertical quanto a equalização da sucção mátrica aplicada. Esta
última durava cerca de 48 a 72 horas, dependendo da quantidade de água que
entrava ou saía da amostra. Em outras palavras, o tempo de equalização da sucção
dependia da diferença entre a sucção mátrica aplicada e a sucção mátrica natural
do corpo de prova.
Ao longo da fase de cisalhamento, eram registradas leituras da variação
volumétrica de água da amostra ao longo do tempo. Os valores do teor de
umidade, calculados através do sistema de medição de variação volumétrica,
foram similares a aqueles obtidos no final do ensaio a partir da secagem em
estufa, sendo que a diferença máxima encontrada foi de 8,16%.
Em todos os ensaios realizados, a resistência ao cisalhamento aumenta
com o aumento do deslocamento horizontal, acarretando em um enrijecimento do
material. Em relação à variação de volume da amostra, foi observado que quanto
maior o valor de sucção mátrica aplicada, menor é a contração do solo.
As tabelas 15, 16 e 17 apresentam, respectivamente, os índices físicos
antes do ensaio, após a fase de adensamento e finais dos corpos de provas para os
ensaios realizados.
100
Tabela 15: Índices físicos iniciais dos corpos de prova.
Pressões aplicadas Índices físicos iniciais
Série Ensaio Tensão normal líquida (kPa)
Sucção mátrica (kPa)
γn (kN/m³) γd (kN/m³) wreal (%) e
CDSC 1 50 25 17,51 13,84 26,46 0,938
CDSC 2 50 50 16,29 13,66 19,25 0,964
CDSC 3 50 100 16,65 13,81 20,61 0,943
CDSC 4 50 150 17,15 14,17 21,02 0,893
I
CDSC 5 50 200 17,48 14,15 23,57 0,896
CDSC 6 100 25 17,03 13,73 24,04 0,954
CDSC 7 100 50 17,28 14,45 19,60 0,857
CDSC 8 100 100 16,68 14,13 17,98 0,898
CDSC 9 100 150 17,36 14,00 24,03 0,916
II
CDSC 10 100 200 17,06 13,59 25,56 0,975
CDSC 11 200 25 17,05 13,74 24,10 0,953
CDSC 12 200 50 17,19 13,91 23,59 0,929
CDSC 13 200 100 17,34 13,85 25,23 0,937
CDSC 14 200 150 17,34 13,91 24,63 0,928
III
CDSC 15 200 200 17,31 13,94 24,19 0,924
CDSC 16 100 50 17,22 13,92 23,71 0,927
CDSC 17 100 100 17,36 13,92 24,69 0,927
CDSC 18 100 150 17,11 13,76 24,28 0,949 IV
CDSC 19 100 200 17,57 13,89 26,51 0,932
101
Tabela 16: Índices físicos dos corpos de prova após a fase de adensamento.
Pressões aplicadas Índices físicos após o adensamento
Série Ensaio Tensão normal líquida (kPa)
Sucção mátrica (kPa)
γn (kN/m³)
γd (kN/m³)
wcalc (%) e ∆e/
(1+eo)
CDSC 1 50 25 20,66 16,42 25,77 0,680 0,133
CDSC 2 50 50 18,97 15,81 20,03 0,657 0,156
CDSC 3 50 100 18,50 15,38 20,26 0,631 0,161
CDSC 4 50 150 18,63 15,46 20,46 0,612 0,149
I
CDSC 5 50 200 20,03 16,40 22,16 0,599 0,157
CDSC 6 100 25 19,48 15,71 24,02 0,708 0,126
CDSC 7 100 50 18,45 15,39 19,87 0,634 0,120
CDSC 8 100 100 18,29 15,58 17,39 0,649 0,131
CDSC 9 100 150 18,77 15,35 22,31 0,658 0,135
II
CDSC 10 100 200 18,31 14,82 23,56 0,698 0,140
CDSC 11 200 25 20,13 16,25 23,89 0,759 0,099
CDSC 12 200 50 19,59 15,97 22,68 0,725 0,106
CDSC 13 200 100 19,59 15,78 24,11 0,755 0,094
CDSC 14 200 150 20,05 16,23 23,53 0,689 0,124
III
CDSC 15 200 200 19,42 15,87 22,38 0,699 0,117
CDSC 16 100 50 19,44 15,79 23,08 0,699 0,119
CDSC 17 100 100 18,69 15,13 23,52 0,684 0,126
CDSC 18 100 150 18,40 15,01 22,57 0,690 0,133 IV
CDSC 19 100 200 20,38 16,42 24,08 0,680 0,131
102
Tabela 17: Índices físicos finais dos corpos de prova.
Pressões aplicadas Índices físicos após o cisalhamento
Série Ensaio Tensão normal líquida (kPa)
Sucção mátrica (kPa)
γn (kN/m³)
γd (kN/m³)
wcalc (%)
wreal (%) e
CDSC 1 50 25 22,18 17,63 25,81 26,35 0,530
CDSC 2 50 50 20,15 16,62 21,28 21,04 0,587
CDSC 3 50 100 19,17 15,79 21,39 22,99 0,688
CDSC 4 50 150 19,31 15,96 20,94 21,80 0,682
I
CDSC 5 50 200 20,30 16,62 22,16 23,32 0,633
CDSC 6 100 25 20,82 16,74 24,41 24,40 0,598
CDSC 7 100 50 19,29 15,94 21,03 22,90 0,663
CDSC 8 100 100 18,98 16,07 18,13 18,85 0,667
CDSC 9 100 150 18,99 15,52 22,35 23,24 0,753
II
CDSC 10 100 200 18,56 15,04 23,37 23,36 0,815
CDSC 11 200 25 21,45 17,27 24,22 24,88 0,552
CDSC 12 200 50 20,69 16,78 23,34 24,17 0,602
CDSC 13 200 100 20,33 16,32 24,62 25,24 0,652
CDSC 14 200 150 20,74 16,77 23,72 25,18 0,612
III
CDSC 15 200 200 19,80 16,19 22,30 24,26 0,682
CDSC 16 100 50 20,37 16,41 24,13 23,86 0,629
CDSC 17 100 100 19,42 15,69 23,80 25,30 0,722
CDSC 18 100 150 18,85 15,39 22,49 23,00 0,768 IV
CDSC 19 100 200 20,80 16,83 23,58 24,54 0,632
103
6.3.1.1. Série I
A primeira série de ensaios é composta de 5 ensaios onde é mantida
constante a tensão normal liquida (σ-ua) em torno de 50kPa e aplica-se valores de
sucção mátrica de valores aproximados de 25, 50, 100, 150 e 200kPa.
Na figura 50 estão mostradas as curvas deslocamento vertical e variação
volumétrica de água em função do tempo, referentes à fase de adensamento. As
curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em função
do tempo, obtidas para os ensaios da série I, estão apresentadas na figura 51.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Tempo (min)
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,00 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³).
25 50 100 150 200Sucção mátrica (kPa)
Saída de água
Entrada de água
Figura 50: Curvas de variação volumétrica e deslocamento vertical em função do tempo
(série I).
104
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,40 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
Compressão
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,00 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
25 50 100 150 200
Entrada de água
Sucção mátrica (kPa)
Figura 51: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (série I).
105
6.3.1.2. Série II
A segunda série de ensaios é composta de 5 ensaios onde é mantida
constante a tensão normal liquida (σ-ua) em torno de 100kPa e aplica-se valores
de sucção mátrica de valores aproximados de 25, 50, 100, 150 e 200kPa.
Na figura 52 estão mostradas as curvas deslocamento vertical e variação
volumétrica de água em função do tempo, referentes à fase de adensamento. As
curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em função
do tempo, obtidas para os ensaios da série II, estão apresentadas na figura 53.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Tempo (min)
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
-7,0
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,00 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³).
25 50 100 150 200Sucção mátrica (kPa)
Saída de água
Entrada de água
Figura 52: Curvas de variação volumétrica e deslocamento vertical em função do tempo
(série II).
106
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,40 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
Compressão
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,00 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
25 50 100 150 200
Entrada de água
Sucção mátrica (kPa)
Figura 53: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (série II).
107
6.3.1.3. Série III
A terceira série de ensaios é composta de 5 ensaios onde é mantida
constante a tensão normal liquida (σ-ua) em torno de 200kPa e aplica-se valores
de sucção mátrica de valores aproximados de 25, 50, 100, 150 e 200kPa.
Na figura 54 estão mostradas as curvas deslocamento vertical e variação
volumétrica de água em função do tempo, referentes à fase de adensamento. As
curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em função
do tempo, obtidas para os ensaios da série III, estão apresentadas na figura 55.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Tempo (min)
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,00 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
25 50 100 150 200Sucção mátrica (kPa)
Saída de água
Figura 54: Curvas de variação volumétrica e deslocamento vertical em função do tempo
(série III).
108
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,40 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,00 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
25 50 100 150 200
Entrada de água
Sucção mátrica (kPa)
Figura 55: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (série III).
109
6.3.1.4. Série IV
A quarta série de ensaios é composta de 4 ensaios onde é mantida
constante a tensão normal liquida (σ-ua) em torno de 100kPa e aplica-se valores
de sucção mátrica de valores aproximados de 50, 100, 150 e 200kPa. Nesta série,
a velocidade de cisalhamento é menor que nas demais, com o objetivo de avaliar a
influência da mesma na resistência ao cisalhamento do solo.
Na figura 56 estão mostradas as curvas deslocamento vertical e variação
volumétrica de água em função do tempo, referentes à fase de adensamento. As
curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em função
do tempo, obtidas para os ensaios da série IV, estão apresentadas na figura 57.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500
Tempo (min)
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
-8,0
-7,0
-6,0
-5,0
-4,0
-3,0
-2,0
-1,0
0,00 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
50 100 150 200Sucção mátrica (kPa)
Saída de água
Figura 56: Curvas de variação volumétrica e deslocamento vertical em função do tempo
(série IV).
110
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,40 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
Compressão
-2,0
-1,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,00 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
50 100 150 200
Entrada de água
Sucção mátrica (kPa)
Figura 57: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (série IV).
111
6.3.2. Ensaios com Sucção Mátrica Constante
Os resultados apresentados anteriormente, serão mostrados agora em
função da tensão normal líquida aplicada, para os ensaios com o mesmo valor de
sucção mátrica, de acordo com a tabela 18.
Tabela 18: Apresentação dos resultados em função da tensão normal líquida aplicada.
Figura Ensaio Sucção mátrica (kPa)
Tensão normal líquida (kPa)
CDSC 1 25 50
CDSC 6 25 100 58
CDSC 11 25 200
CDSC 2 50 50
CDSC 7 50 100
CDSC 12 50 200 59
CDSC 16 50 100
CDSC 3 100 50
CDSC 8 100 100
CDSC 13 100 200 60
CDSC 17 100 100
CDSC 4 150 50
CDSC 9 150 100
CDSC 14 150 200 61
CDSC 18 150 100
CDSC 5 200 50
CDSC 10 200 100
CDSC 15 200 200 62
CDSC 19 200 100
112
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,40 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
Compressão
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,40 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
50 100 200
Tensão normal líquida (kPa)
Entrada de água
Figura 58: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (sucção mátrica constante de 25kPa).
113
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,20 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
Compressão
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,00 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
50 100 100 (ensaio lento) 200
Tensão normal líquida (kPa)
Entrada de água
Figura 59: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (sucção mátrica constante de 50kPa).
114
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,90 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m) Compressão
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,00 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
50 100 100 (ensaio lento) 200
Entrada de água
Tensão normal líquida (kPa)
Figura 60: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (sucção mátrica constante de 100kPa).
115
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,80 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m) Compressão
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
50 100 100 (ensaio lento) 200
Entrada de água
Tensão normal líquida (kPa)
Figura 61: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (sucção mátrica constante de 150kPa).
116
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deslocamento horizontal (mm)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,50 2 4 6 8 10 12 14 16
Des
loca
men
to v
ertic
al (m
m)
Compressão
-1,6
-1,4
-1,2
-1,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,20 2 4 6 8 10 12 14 16
Var
iaçã
o vo
lum
étri
ca (c
m³)
50 100 100 (ensaio lento) 200
Saida de água
Tensão normal líquida (kPa)
Figura 62: Curvas tensão cisalhante, deslocamento vertical e variação volumétrica em
função do tempo (sucção mátrica constante de 200kPa).
7 Análise e Interpretação dos Resultados
Este capítulo é destinado à apresentação dos resultados das análises e
interpretações feitas para os ensaios de cisalhamento direto convencional, de
cisalhamento direto com sucção controlada e de compressão diametral.
Inicialmente é apresentada uma análise sobre aspectos de
compressibilidade do material, tanto dos ensaios com amostras submersas quanto
com amostras não-saturadas. Para isso, são analisados os efeitos da tensão normal
e da sucção mátrica no índice de vazios dos corpos de prova.
No que se refere à resistência ao cisalhamento, é apresentado o critério de
definição de ruptura utilizado para a determinação das envoltórias de resistência.
Posteriormente são avaliados os parâmetros de resistência e como estes são
influenciados pela sucção. Em seguida é determinada a equação geral de ruptura e
plotada a envoltória de resistência considerando as duas variareis independentes.
Outro aspecto analisado é a influencia da velocidade de cisalhamento nos ensaios
de cisalhamento direto com sucção controlada.
Também é apresentada, neste capítulo, uma comparação entre a envoltória
de resistência obtida e a estimada utilizando equações simplificadas baseadas no
uso da curva característica. Depois é mostrada uma comparação dos resultados
obtidos do solo estudado com outros materiais encontrados na literatura.
Por último é feita uma avaliação da resistência à tração do solo, levando-se
em conta a umidade, o grau de saturação e a sucção mátrica. Em seguida é feita
uma correlação dos valores obtidos da resistência a tração com a coesão aparente
obtida através dos resultados de cisalhamento direto com sucção controlada.
118
7.1. Compressibilidade do Material
7.1.1. Amostras submersas
Para a representação das características de compressibilidade do material,
foi plotada, na figura 63, a variação do índice de vazios dos corpos de provas
obtidos no final da fase de adensamento em função da tensão normal aplicada.
Como era de se esperar, a variação do índice de vazios aumenta conforme
aumenta a tensão normal aplicada. Os dados foram bem ajustados a uma função
logarítmica que descreve bem esse comportamento.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
10 100 1000Log σn (kPa)
∆e
/ (1
+ e o
)
50 200
Ajuste logaritmico:
coeficiente de correlaçãoR² = 0,9914
Figura 63: Curva de compressibilidade para amostras submersas.
119
7.1.2. Amostras Não-Saturadas
Com o objetivo de analisar a influência da sucção na compressibilidade do
solo, foi traçado o gráfico da variação do índice de vazios em função da sucção
mátrica para cada uma das 4 séries realizadas (figura 64). A mesma relação é
apresentada na figura 65, mas agora optou-se pela normalização da sucção
mátrica, dividindo-a pela tensão normal líquida aplicada.
Apesar da dispersão dos resultados, observa-se que um aumento na sucção
mátrica provoca uma pequena diminuição no índice de vazios, ocasionando uma
maior compressão no solo.
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
10 100 1000Log sucção mátrica (kPa)
∆e/
(1 +
eo) 50 kPa
100 kPa
100 kPalento200 kPa
Tensão normal líquida
Figura 64: Curva de compressibilidade em relação a sucção mátrica para as quatro
séries realizadas.
120
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,1 1,0 10,0Log [sucção mátrica / (σn − ua)] (kPa)
∆e/
(1 +
eo)
Figura 65: Curva de compressibilidade em relação a sucção mátrica normalizada.
7.2. Resistência ao Cisalhamento
7.2.1. Critério de Definição de Ruptura Utilizado
Conforme observado nos resultados obtidos, a resistência do solo aumenta
com o deslocamento horizontal, logo este não apresenta uma definição de pico na
curva tensão-deslocamento. Visando uma definição uniforme da resistência,
utilizou-se o critério proposto por de Campos & Carrillo (1995), onde era
assumido que o solo havia rompido quando a curva tensão cisalhante (τ) versus
deslocamento horizontal (δh) atingisse pela primeira vez uma inclinação (α)
aproximadamente constante. A figura 66 exemplifica a determinação dos pontos
de ruptura através do critério utilizado.
121
Figura 66: Critério utilizado na determinação dos pontos de ruptura.
7.2.2. Resistência Submersa
Baseado no critério de ruptura descrito anteriormente, são mostrados na
tabela 19, os valores da tensão cisalhante (τr), tensão normal (σr) e o deslocamento
horizontal (δh r), obtidos na ruptura.
Tabela 19: Tensão cisalhante, tensão normal e deslocamento horizontal na ruptura.
Ensaio Tensão normal (kPa) τr (kPa) σr (kPa) τr/σr δh r (mm)
CD 1 50 35,99 53,72 0,67 6,74
CD 2 102 58,25 109,66 0,53 7,16
CD 3 150 82,58 158,18 0,52 5,29
CD 4 200 106,97 210,77 0,51 5,27
Na figura 67 é apresentada a envoltória de resistência definida através de
ajuste linear dos dados apresentados na tabela 19.
τ
δh
α = cte ≠ 0
α = 0
122
0
20
40
60
80
100
120
0
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
A fig
com o teor
claramente
teor de umi
após o adens
Atra
dependência
final e o índ
relações ser
conclusão m
c’ = 10,25 kPaφ’ = 24,5°
R2= 0,998
20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tensão normal (kPa) Figura 67: Envoltória de resistência para amostras submersas.
ura 68 apresenta uma correlação entre a tensão cisalhante na ruptura
de umidade final dos corpos de prova após o cisalhamento. Nota-se
a tendência do aumento da resistência do solo com a diminuição do
dade. Já a figura 69 apresenta uma relação entre o índice de vazios
amento e a tensão cisalhante na ruptura.
vés desses dois gráficos, é possível verificar a existência de uma
direta entre a tensão cisalhante na ruptura com o teor de umidade
ice de vazios após o adensamento. Entretanto, para estabelecer tais
ia necessário um número maior de ensaios a fim de se chegar a uma
ais concreta.
123
20
22
24
26
28
30
32
34
10 100 1000
Log τr (kPa)
Wfin
al (
%)
20040
Ajuste logaritmico:
coeficiente de correlaçãoR² = 0,9989
Figura 68: Relação entre a umidade final e a tensão cisalhante na ruptura.
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
10 100 1000
Log τr (kPa)
e ad
ensa
men
to
20040
Ajuste logaritmico:
coeficiente de correlaçãoR² = 0,9978
Figura 69: Relação entre o índice de vazios após o adensamento e a tensão cisalhante
na ruptura.
124
7.2.3. Resistência Não-Saturada
A tabela 20 apresenta os valores da tensão cisalhante (τr), tensão normal
líquida (σ − ua)r e deslocamento horizontal (δh r), obtidos na ruptura através do
critério de ruptura utilizado.
As envoltórias de resistência com relação à sucção para as três primeiras
séries estão mostradas na figura 70. Observa-se que a relação entre a resistência
ao cisalhamento e a sucção mátrica varia de forma não linear, uma vez que o valor
de φb diminui com o aumento da sucção e depois tende a um valor constante. Por
esse motivo os pontos experimentais foram ajustados a funções hiperbólicas
através da equação (17) e os parâmetros a e b foram determinados utilizando-se o
método dos mínimos quadrados. As equações das funções hiperbólicas que
descrevem esse comportamento, são mostradas na tabela 21.
)].([)()(
wa
waowa uuba
uuuu−+
−+=− ττ (17)
onde:
(ua – uw) = sucção mátrica;
τ (ua – uw) = tensão cisalhante para um dado valor de sucção;
τo = tensão cisalhante para (ua – uw) = 0, obtida no ensaio de cisalhamento direto
convencional em amostras submersas;
a e b = parâmetros de ajuste da função hiperbólica.
125
Tabela 20: Tensão cisalhante, tensão normal líquida e deslocamento horizontal na
ruptura.
Série Ensaio
Tensão normal líquida (kPa)
Sucção mátrica (kPa)
τr (kPa)
(σ-ua)r (kPa) τr/(σ-ua)r
δh r (mm)
CDSC 1 50 25 173,06 71,91 2,41 4,80
CDSC 2 50 50 222,44 69,93 3,18 4,62
CDSC 3 50 100 226,59 71,46 3,17 5,17
CDSC 4 50 150 247,49 68,10 3,63 4,63
I
CDSC 5 50 200 257,56 62,78 4,10 4,10
CDSC 6 100 25 193,62 116,91 1,66 4,01
CDSC 7 100 50 241,48 114,76 2,10 4,18
CDSC 8 100 100 242,15 116,97 2,07 5,25
CDSC 9 100 150 275,22 115,99 2,37 4,19
II
CDSC 10 100 200 286,52 116,63 2,46 4,10
CDSC 11 200 25 242,75 220,13 1,10 4,06
CDSC 12 200 50 292,02 219,86 1,33 4,21
CDSC 13 200 100 295,90 222,89 1,33 4,97
CDSC 14 200 150 319,49 222,36 1,44 4,62
III
CDSC 15 200 200 331,73 221,76 1,50 4,14
CDSC 16 100 50 237,49 115,77 2,05 4,25
CDSC 17 100 100 238,45 117,59 2,03 4,14
CDSC 18 100 150 273,19 118,72 2,30 4,31 IV
CDSC 19 100 200 293,04 123,23 2,38 4,08
126
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 50 100 150 200 250
Sucção mátrica (kPa)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
50 kPa
100 kPa
200 kPa
Tensão normal líquida
Figura 70: Envoltórias de resistência com respeito a sucção.
Tabela 21: Equações das funções hiperbólicas.
Série Tensão normal líquida (kPa) expressão
I 50 τ = 35,99 + (ua -uw)/[0,0875+0,0041.(ua -uw)]
II 100 τ = 58,25 + (ua -uw)/[0,0875+0,0039.(ua -uw)]
III 200 τ = 106,97 + (ua -uw)/[0,0875+0,0040.(ua -uw)]
Analisando as envoltórias da figura 70, nota-se que para sucções abaixo de
50 kPa o acréscimo de resistência é acentuado, ou seja, o valor de φb é maior que
φ’, contrariando observações feitas por Escário & Sáez (1986) e Fredlund et al.
(1987), os quais sugerem que para sucções baixas o valor de φb deve ser próximo
de φ’. Valores de φb maiores que φ’ foram observados em trabalhos realizados por
Abramento (1988), Rohm (1992), Rohm & Vilar (1995) e Teixeira & Vilar
(1997). A variação do ângulo φb em função da sucção mátrica é mostrada na
figura 71.
127
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 50 100 150 200 250
Sucção mátrica (kPa)
φb (°
)
Figura 71: Variação do ângulo φb com relação a sucção mátrica.
A figura 73 mostra as envoltórias de resistência, obtidas para as sucções
ensaiadas, nas quais foram consideradas como lineares devido ao bom ajuste dos
pontos experimentais. Os parâmetros de resistência obtidos para cada valor de
sucção, são apresentados na tabela 22.
Nota-se que a envoltória de resistência se eleva rapidamente da condição
saturada, obtida através do ensaio convencional em amostras submersas, para a
sucção mátrica de 25kPa. Já para sucções acima de 25kPa o ganho de resistência
não é tão acentuado. Isso pode ser explicado através da interpretação da curva
característica (figura 41 e 42) onde que a partir do valor de entrada de ar dos
macroporos (3kPa), até o valor de sucção correspondente à umidade residual dos
mesmos (≅ 10kPa), ocorre uma elevada dessaturação no material referente à saída
de água dos macroporos. Assim, os ensaios realizados, relacionados à sucção
mátrica aplicada, já se encontram no patamar formado próximo à umidade
volumétrica de 33% no qual é responsável pela grande variação da sucção com
pequena variação de umidade.
Outro aspecto importante de ser observado é que o ângulo de atrito (φ’)
praticamente não varia com a sucção. A figura 72 mostra a variação de φb/φ’ com
a sucção. Percebe-se que até um valor de sucção de 100kPa a razão φb/φ’ é maior
que a unidade. Isso indica que um incremento na sucção mátrica tem uma maior
128
contribuição na resistência ao cisalhamento do que o mesmo incremento de tensão
normal líquida para o intervalo de sucção considerado.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
0 50 100 150 200 250
Sucção mátrica (kPa)
φb / φ
'
Figura 72: Variação de φb/φ’ com relação a sucção mátrica.
O ganho de resistência, que varia em função da sucção mátrica, pode ser
representado pelo aumento da coesão aparente. A variação da coesão aparente
com a sucção mátrica é apresentada na figura 74. Novamente foi utilizada uma
função hiperbólica para ajustar os dados experimentais. A equação que representa
o acréscimo de coesão em função da sucção mátrica é apresentada abaixo.
)].(0040,01104,0[()(
25,10wa
wa
uuuu
c−+
−+= (18)
Considerando um ângulo de atrito médio de 24,9°, e que este não varia
com o nível de sucção mátrica aplicada, determina-se a equação 19 que descreve a
variação da resistência ao cisalhamento do solo em função das duas variáveis de
tensão, a tensão normal líquida (σ - ua) e a sucção mátrica (ua - uw). Com posse
dessa equação, é plotada a envoltória tridimensional de resistência apresentada na
figura 75.
)].(0040,01104,0[()(9,24).(25,10
wa
waa uu
uutgu−+
−+°−+= στ (19)
129
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 50 100 150 200 250
Tensão normal líquida (kPa)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
0 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
150 kPa
200 kPa
Sucção mátrica
Figura 73: Envoltórias de resistência para as sucções ensaiadas.
Tabela 22: Valores de c e φ’ obtidos.
Sucção mátrica (kPa) c (kPa) φ' (°) R²
0 10,25 24,5 0,998 25 138,92 25,2 1,000 50 188,99 25,0 0,999 100 190,92 25,0 0,993 150 218,64 24,6 0,993 200 230,22 24,8 0,997
130
0
50
100
150
200
250
300
0 50 100 150 200 250
Sucção mátrica (kPa)
coes
ão a
pare
nte
(kPa
)
Figura 74: Variação da coesão aparente com a sucção mátrica.
Figura 75: Envoltória tridimensional de resistência.
0 50 100 150 200
50
100
150
200
250
300
350
Tensão normal líquida (kPa)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
Sucção mátrica (kPa)
50
100
150
200
250
131
7.2.4. Influência da Velocidade de Cisalhamento no Ensaio de Cisalhamento Direto com Sucção Controlada
Em um ensaio drenado com sucção controlada deseja-se garantir que a
sucção mátrica aplicada permaneça constante ao longo da fase de cisalhamento e
que o excesso de pressão de ar e de água dos poros gerado seja dissipado. Para tal,
a velocidade de cisalhamento escolhida foi definida utilizando a metodologia
apresentada por Ho (1981), descrita no apêndice C.
Na tentativa de verificar a influência da velocidade de cisalhamento na
envoltória de resistência, foi realizada a série IV de ensaios onde foram repetidos
os mesmos ensaios da série II só que agora com uma velocidade de cisalhamento
2,5 vezes menor. Uma comparação entre as envoltórias obtidas para as duas séries
é apresentada na figura 76.
Analisando as envoltórias de resistência, conclui-se que, para o nível de
variação estudado, a velocidade de cisalhamento praticamente não influenciou na
resistência do solo, uma vez que os pontos de ruptura obtidos para as duas séries
ficaram muito próximos. Com isso, pode-se dizer que a metodologia apresentada
por Ho (1981) fornece uma boa estimativa inicial da velocidade de cisalhamento
para o ensaio de cisalhamento direto com sucção controlada. Entretanto, para se
chegar a uma conclusão mais precisa, seria necessário um estudo mais detalhado.
132
0
50
100
150
200
250
300
350
0 50 100 150 200 250Sucção mátrica (kPa)
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
Série IIv=0,0122mm/min
Série IVv=0,00488mm/min
Figura 76: Envoltórias de resistência com relação a sucção para as séries II e IV.
7.3. Resistência à Tração
A resistência à tração, obtida através dos ensaios de compressão diametral,
está diretamente relacionada com a coesão do solo, sendo esta influenciada pelo
grau de saturação (ou teor de umidade gravimétrica) e por características química,
mineralógicas e estruturais do material.
A tabela 23 apresenta os pontos de máxima resistência à tração obtidos em
cada ensaio, assim como os valores do teor de umidade em peso e do grau de
saturação de cada corpo de prova. Com isso é possível estabelecer as relações da
resistência à tração versus teor de umidade em peso e grau de saturação,
apresentadas nas figuras 77 e 78 respectivamente.
Os resultados mostram que à medida que o teor de umidade diminui, a
resistência à tração aumenta, até um dado valor de umidade (aproximadamente
16%), a partir do qual o material começa a fissurar devido ao ressecamento,
apresentando uma tendência de diminuição ou estabilização da sua resistência à
tração.
133
Outro aspecto importante observado é que a curva resistência à tração
versus grau de saturação, sugere a existência de uma coesão efetiva “verdadeira”,
da ordem de 1kPa, possivelmente associada à presença de uma cimentação no
material. Uma fraca cimentação por argilominerais, funcionando como agentes
cimentantes, foi comprovada através das análises de microscopia ótica
apresentada no capítulo 5.
A partir da curva característica de sucção (figuras 42 e 43), foi possível
estabelecer a relação entre a resistência à tração e a sucção mátrica, apresentada
na figura 79. Nota-se que a partir do valor de entrada de ar dos macroporos
(3kPa), há um ganho elevado na resistência à tração do solo até a sucção
correspondente a aproximadamente ao valor de entrada de ar dos microporos
(5000kPa), e depois esta tende a estabilizar ou diminuir. Essa variação na
resistência à tração pode ser atribuída ao efeito da sucção somado ao efeito dos
agentes cimentantes, cujas componentes das forças resistentes a esforços de tração
aumentam durante o processo de secagem.
Tabela 23: Resultados de resistência à tração, teor de umidade e grau de saturação.
Ensaio eo Resistência à tração (kPa) w (%) S (%)
1 0,959 23,74 22,89 65,28
2 0,936 2,70 29,00 84,75
3 0,933 3,29 28,30 83,01
4 0,938 5,30 25,78 75,20
5 0,958 23,84 22,91 65,41
6 0,993 25,05 22,39 61,70
7 0,966 36,47 19,62 55,57
8 0,965 54,99 15,39 43,63
9 0,977 58,45 16,18 45,32
10 0,926 63,21 15,93 47,06
11 0,945 51,93 14,21 41,15
12 0,939 65,13 14,96 43,62
13 0,963 7,05 26,16 74,29
14 0,950 7,78 24,81 71,46
134
0
10
20
30
40
50
60
70
0 5 10 15 20 25 30 35Teor de umidade (%)
σt (
kPa)
Figura 77: Resistência à tração x teor de umidade em peso.
0
10
20
30
40
50
60
70
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Grau de saturação (%)
σt (
kPa)
Figura 78: Resistência à tração x grau de saturação.
135
0
10
20
30
40
50
60
70
0
σt (
kPa)
7.4. Relação
Fis
correspon
fato de se
apresentam
níveis de t
Na
tração e a
através do
relação d
relação, se
aparentc
Valor de entrada dear dos macroporos
1 10
Figura 79: Resistê
entre Resistência à T
icamente, a coesão ap
dente a resistência à traç
r comum a linearização
envoltórias não linear
ensão normal, essa relaçã
figura 80, buscou-se e
coesão aparente para o n
bom ajuste linear dos
efinida pela equação 20
ria necessário um númer
te σ.855,11=
Valor de entrada dear dos microporos
100 1000 10000 100000Sucção mátrica (kPa)
ncia à tração x sucção mátrica.
ração e Coesão Aparente
arente pode ser compreendida como sendo
ão do solo não saturado. Entretanto, devido ao
dos resultados de ensaios, que na realidade
es de resistência, principalmente para baixos
o não é verdadeiramente correta.
stabelecer uma relação entre a resistência à
ível de sucção mátrica estudado. Nota-se que,
dados experimentais, é possível estabelecer a
. Porém, para uma melhor definição dessa
o maior de ensaios.
(20)
136
0
50
100
150
200
250
0 5 10 15 20 25
σ t (kPa)
c apa
rent
e (kP
a) 0 kPa
25 kPa
50 kPa
100 kPa
150 kPa
200 kPa
Sucção mátrica
Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 0,993caparente = 11,855 σt
Figura 80: Relação entre resistência à tração e coesão aparente.
7.5. Comparação dos Resultados Obtidos com Estimativas Indiretas da Resistência ao Cisalhamento Através de Formulações Simplificadas
O uso de formulações simplificadas surgiu como uma alternativa na
avaliação indireta da resistência ao cisalhamento do solo não saturado, uma vez
que a determinação dos parâmetros de resistência não saturado requer o uso de
equipamentos e técnicas especiais de laboratório.
As quatro principais formulações simplificadas, utilizadas na avaliação da
resistência do solo não saturado, são apresentadas a seguir.
Lytton (1996), baseado em conceitos da termodinâmica, sugere o uso da
umidade volumétrica (θ) para a obtenção da resistência do solo não saturado
através da equação:
]'.)[(')(' φθφστ tguutguc waan −+−+= (21)
137
Oberg & Sallfors (1997), propuseram uma equação na estimativa da
resistência ao cisalhamento de solos não argilosos. Essa equação pode ser
reescrita da seguinte forma:
]'.)[(')(' φφστ tgSuutguc waan −+−+= (22)
Vanapalli et al. (1996), utilizando conceitos oriundos da curva
característica, propõem o uso da seguinte formulação simplificada:
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−−
−+−+= ')(')(' φθθθθφστ tguutguc
rs
rwaan (23)
onde:
θs = teor de umidade volumétrico do solo saturado;
θr = teor de umidade volumétrico do solo correspondente à condição de saturação
residual.
De forma similar, Fredlund et al. (1996) propõem o uso do teor de
umidade volumétrico normalizado na estimativa da resistência ao cisalhamento,
através da seguinte equação:
]'.)[(')(' φφστ tguutguc kwaan Θ−+−+= (24)
onde:
k = parâmetro de ajuste;
Θ = teor de umidade volumétrico normalizado, sθθ /=Θ .
Vanapalli & Fredlund (2000) propuseram uma relação entre o parâmetro
de ajuste, k, e o índice de plasticidade obtida através de resultados encontrados na
literatura. Essa relação é mostrada na figura 81.
138
Figura 81: Relação entre o parâmetro de ajuste (k) e o índice de plasticidade (IP)
(adaptado de Vanapalli & Fredlund, 2000).
A figura 82 apresenta uma comparação entre a envoltória de resistência,
obtida através dos dados experimentais do ensaio com tensão normal liquida de
50kPa, e as envoltórias obtidas através dos quatro procedimentos descritos
anteriormente. A envoltória utilizando a proposta de Fredlund et al. (1996) foi
obtida considerando k = 2,6, determinado através da relação apresentada na figura
81.
Como era de se esperar, a estimativa da resistência ao cisalhamento do
solo não saturado, utilizando as formulações simplificadas baseadas no uso da
curva característica, não forneceram bons resultados. Todas as quatro expressões
forneceram resultados muito conservadores. Isso se explica devido ao fato de que
os quatro modelos propostos se baseiam na idéia de que o parâmetro φb é sempre
menor ou no máximo igual a φ’, para o caso de sucções abaixo do valor de entrada
de ar.
Parâ
met
ro d
e aj
uste
(k)
Índice de plasticidade (IP)
areia (Adaams et al. 1996)
areia argilosa (Escário & Juca, 1989)
argila siltosa (Escário & Juca, 1989)
till glacial (Vanapalli et al. 1996)
argila (Escário & Juca, 1989)
139
0
50
100
150
200
250
300
0
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
Figura 82: obtida exper
7.6. ComparaçMateriais
Info
cisalhament
direto com
ainda são m
Busc
outros dois
semelhantes
precisament
do trabalho
a
(σ − ua) = 50 kP50 100 150 200 250
Sucção mátrica (kPa)
curva experimental Lytton (1996) Vanapalli et al (1996)Fredlund et al (1996) Oberg & Sallfors (1995)
Comparação da envoltória de resistência ao cisalhamento não saturada
imentalmente e estimada.
ão dos Resultados Obtidos do Colúvio com Outros Encontrados na Literatura
rmações encontradas na literatura técnica, relativas a resistência ao
o de solos não saturados obtidas a partir de ensaios de cisalhamento
sucção controlada realizados em materiais em seu estado indeformado,
uito escassas.
ou-se, neste item, comparar os resultados encontrados do colúvio com
materiais, com características físicas, químicas e mineralógicas
, também encontrados no município do Rio de Janeiro, mais
e em um local próximo a Vista Chinesa. Os resultados foram retirados
de Delgado (1993).
140
A tabela 24 apresenta, de forma resumida, as principais características de
granulometria e as propriedades índice dos três solos em questão.
Tabela 24: Resumos das características de granulometria e propriedades índice dos três
colúvios.
areia (%) Solo pedreg
(%) grossa média fina silte (%)
argila (%)
LL (%)
LP (%)
IP (%) Gs e γd
(kN/m³)
Colúvio PUC 0,9 9,2 16,3 14,6 5,5 53,5 54,0 27,8 26,2 2,736 0,90-
0,96 13,59-14,45
Colúvio amarelo 1,2 13,7 19,4 17,1 4,7 43,9 47,2 21,3 25,9 2,773 1,14-
1,26 12,01-12,67
Colúvio vermelho 6,8 16,5 12,8 15,1 6,0 42,8 62,0 43,4 18,6 2,751 1,02-
1,10 12,81-13,34
Os solos denominados por colúvio amarelo e colúvio vermelho,
apresentam composições granulométricas similares, definidos como sendo uma
areia argilosa. Estes também apresentam uma mineralogia comum, constituída
basicamente por caulinita, gipsita e goetita.
Dos três solos analisados, o colúvio PUC é aquele que se apresenta mais
denso, enquanto que o colúvio amarelo é o menos denso dos três, apesar dessa
diferença não ser tão significativa.
Na figura 83 são apresentadas as envoltórias de resistência com relação à
sucção para os três materiais. As três envoltórias foram obtidas através de ensaios
onde manteve-se constante tensão normal líquida (σ − ua) em torno de 50kPa. A
figura 84 apresenta a variação do parâmetro φb em função da sucção. Já a figura
85 mostra a variação de φb/φ’ com a sucção.
Analisando as figuras 83, 84 e 85, percebe-se que a envoltória de
resistência do colúvio PUC se eleva mais rapidamente da condição saturada,
sucção zero, para a sucção de 50kPa, do que as demais envoltórias. Um
comportamento semelhante é encontrado nos três materiais, onde a razão φb/φ’ é
maior que a unidade para baixos valores de sucção.
141
0
50
100
150
200
250
300
0
Ten
são
cisa
lhan
te (k
Pa)
Figura 83
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0
φb
(°)
a
(σ − ua) = 50 kP50 100 150 200 250
Sucção mátrica (kPa)
ColuvioPUC
ColuvioAmarelo
Coluviovermelho
: Envoltória de resistência com relação a sucção para os três colúvios.
50 100 150 200 250
Sucção mátrica (kPa)
ColuvioPUC
ColuvioAmarelo
Coluviovermelho
Figura 84: Variação de φb com a sucção.
142
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
0 50 100 150 200 250
Sucção mátrica (kPa)
φb / φ
'
ColuvioPUC
ColuvioAmarelo
Coluviovermelho
Figura 85: Variação de φb/φ’ com a sucção.
8 Conclusões e Sugestões
8.1. Conclusões
8.1.1. Equipamento CDSC
O equipamento de cisalhamento direto com sucção controlada, utilizado
neste trabalho, apresentou resultados confiáveis devido a uma boa repetibilidade
dos mesmos. Isso foi verificado quando optou-se pela realização da serie IV de
ensaios.
O sistema de medição de volume de água mostrou-se eficiente, uma vez
que os valores das umidades finais obtidos a partir de secagem em estufa ficaram
muito próximos a aqueles calculados através desse sistema.
8.1.2. Compressibilidade
Nos ensaios com sucção controlada, foi verificado que a sucção mátrica
aplicada teve pouca influência na compressibilidade do solo. Este fato foi
comprovado através da pequena diminuição do índice de vazios com o aumento
da sucção.
144
8.1.3. Curva Característica
A curva característica de sucção do solo apresenta dois pontos de inflexão,
caracterizando uma distribuição bimodal dos poros. Tal fato pode ser observado
através das análises de microscopia eletrônica de varredura, na qual foi verificada
a existência de micro-agregados de caulinita que caracterizam os macroporos
pelos vazios formados entre esses micro-agregados e os microporos pelos vazios
formados no interior das agregações. Com isso, foi possível identificar o valor de
entrada de ar dos macroporos, de aproximadamente 3kPa, e o valor de entrada de
ar dos microporos, de aproximadamente 5000kPa.
8.1.4. Resistência ao cisalhamento
Em todos os ensaios realizados, o material apresentou enrijecimento com o
aumento do deslocamento horizontal. Com relação à variação de volume da
amostra, durante a fase de cisalhamento, foi verificado que um aumento no valor
de sucção mátrica aplicada, provoca uma menor contração do solo, sendo que em
todos os ensaios houve compressão do material.
O solo estudado apresentou uma não linearidade das envoltórias de
resistência em relação à sucção. Assim, foi analisada a variação do parâmetro φb
em função da sucção mátrica. O elevado valor de φb encontrado a baixas sucção,
possivelmente está associado ao aspecto da curva característica onde que a partir
do valor de entrada de ar dos macroporos (3 kPa), até o valor de sucção
correspondente a umidade residual dos mesmos (≅ 10 kPa), ocorre uma elevada
dessaturação no material referente à saída de água dos macroporos. Outro fator
que pode contribuir para tal, é a presença de uma fraca cimentação no material
fazendo com que as componentes das forças resistentes a esforços cisalhantes
aumentam durante o processo de secagem.
145
As envoltórias de resistência, obtida para cada valor de sucção ensaiado,
mostraram-se lineares para os níveis de tensão normal líquida aplicada. Esses
resultados também mostraram que o ângulo de atrito praticamente não variou com
a sucção.
Foi discutido o comportamento da coesão aparente e mostrou-se que esta
aumenta com a sucção com tendência a estabilizar-se a partir de uma dada sucção.
Por esse motivo foi feito um ajuste dos dados experimentais a uma função
hiperbólica que representa bem este comportamento. Com isso foi possível a
determinação da envoltória de resistência tridimensional e da equação 25 que
descreve a variação da resistência ao cisalhamento do solo considerando a
variação da tensão normal líquida e da sucção mátrica.
)].(0040,01104,0[()(9,24).(25,10
wa
waa uu
uutgu−+
−+°−+= στ (25)
Constatou-se, para o nível de variação estudado, que a velocidade de
cisalhamento pouco influenciou na resistência do solo não saturado. Isso
demonstra que a metodologia apresentada por Ho (1981), fornece uma estimativa
adequada da velocidade de cisalhamento para a realização de ensaios não
saturados em condições drenadas. Entretanto, este assunto requer maiores
investigações.
Verificou-se que as formulações simplificadas, baseadas no uso dos
parâmetros do solo saturado e da curva característica, utilizadas na estimativa da
resistência ao cisalhamento do solo não saturado, não forneceram resultados
satisfatórios.
8.1.5. Resistência à tração
Os resultados dos ensaios de compressão diametral, realizados na
determinação da resistência a tração, sugerem a existência de uma resistência à
146
tração do solo saturado, da ordem de 1kPa. Esta é propiciada, possivelmente, pela
cimentação encontrada no material.
Foi observado que à medida que o teor de umidade diminui, a resistência à
tração aumenta, até um determinado ponto, a partir do qual o material começa a
apresentar uma tendência de diminuição ou estabilização dessa resistência.
Através da correlação da resistência a tração e a sucção mátrica, verificou-se que
o referido ponto possivelmente estaria relacionado ao valor de entrada de ar dos
microporos. Entretanto, a comprovação de tal afirmação requer uma maior
quantidade de ensaios.
Através do bom ajuste linear dos dados experimentais, foi possível
determinar a seguinte equação empírica que correlaciona a resistência à tração e a
coesão aparente do solo para a faixa de sucção ensaiada:
taparentec σ.855,11= (26)
8.2. Sugestões
8.2.1. Equipamento CDSC
Sugere-se a substituição da união tipo universal, responsável pelo contato
da célula de carga vertical com o top-cap, por outra tipo rótula que permite um
livre movimento em todas as direções. Isso minimizaria a variação da força
vertical lida pela célula de carga durante o ensaio.
Outra modificação sugerida é a substituição do disco cerâmico de alto
valor de entrada de ar por outro de maior valor de pressão de borbulhamento. Isso
possibilitaria a aplicação de sucções maiores nos ensaios.
147
8.2.2. Resistência ao cisalhamento
Dar continuidade ao estudo do material, executando ensaios a sucções
baixas, a fim de uma melhor compreensão do comportamento de resistência do
material na transição do solo saturado para a condição não saturada, e ensaios a
baixos níveis de tensão normal líquida, com o intuito de avaliar a linearidade das
envoltórias de resistência.
Sugere-se ainda a execução de ensaios de compressão simples na tentativa
de uma melhor compreensão do comportamento mecânico do material.
8.2.3. Resistência à tração
Sugere-se a realização de um estudo mais detalhado na avaliação da
resistência à tração, destinado diretamente a solos.
Recomenda-se a realização de uma campanha extensiva de ensaios
destinados a diferentes tipos de solos na avaliação da relação empírica, obtida
neste trabalho entre a resistência à tração e a coesão aparente.
148
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160
Apêndice A Calibração dos Instrumentos Elétricos e Saturação do Disco Cerâmico
A.1. Calibração dos Instrumentos Elétricos de Medição
Os instrumentos elétricos de medição utilizados no equipamento CDSC,
foram dois transdutores de pressão, dois transdutores de deslocamento, duas
células de carga e um medidor de variação volumétrica. A correta calibração
desses instrumentos é de fundamental importância para a transformação de
grandezas elétricas em grandezas físicas de engenharia desejadas. As principais
características desses instrumentos elétricos estão mostradas na tabela A.1.
Para a aquisição dos dados foi utilizado um sistema de aquisição de dados
da marca Solortron Mobrey modelo SI 3531D, com capacidade de aquisição de 8
canais por tarefa, com um total de 7 tarefas. A conversão dos dados foi feita
através do programa Orion, sendo estes convertidos em padrão Excel. Uma fonte
de tensão de 10V, da marca HP, foi utilizada para a excitação dos instrumentos
elétricos. O conjunto sistema de aquisição de dados e fonte reguladora é mostrado
na figura 18.
161
Tabela A.1: Características dos instrumentos elétricos de medição.
Instrumento Capacidade Sensibilidade Ganho Resolução Referência
Transdutor de
deslocamento
horizontal
25,80 mm 1,393 mV/V.mm 1 0,0127 (mm) LSCDT
(WF)
Transdutor de
deslocamento
vertical
13,90 mm 1,393 mV/V.mm 1 0,0072 (mm) LSCDT
(WF)
célula de carga
horizontal 5 kN 0,400 mV/V.kN 250 0,0024 (kN)
Wikeham
Farrance
célula de carga
vertical 25 kN 0,081 mV/V.kN 500 0,0061 (kN)
Wikeham
Farrance
Transdutor de
pressão de ar 1000 kPa 0,01 mV/V.kPa 100 0,2464 (kPa)
Druck
Limited
Transdutor de
pressão de água 1000 KPa 0,01 mV/V.kPa 100 0,2486 (kPa)
Druck
Limited
Medidor de
variação
volumétrica
14 cm³ 2,995 mV/V.cm³ 1 0,0068 (cm³)
Belofram
com LSCDT
(WF)
Os transdutores de deslocamento (LSCDT) horizontal e vertical foram
calibrados utilizando um micrômetro de precisão, onde eram impostos variações
de deslocamento de 1,27mm em todo o seu curso. As curvas de calibração, assim
como suas respectivas equações obtidas a partir de ajustes lineares, são
apresentadas na figura A.1.
As calibrações das células de carga horizontal e vertical foram feitas na
prensa de cisalhamento com o uso do pendural e braço de alavanca, colocando-se
pesos conhecidos. As curvas e suas respectivas equações de calibração obtida do
ajuste linear são apresentadas na figura A.2.
Os transdutores de pressão de ar e água foram calibrados com o uso do
equipamento de pressão Budenberg, onde foram aplicados valores conhecidos de
162
pressão. A figura A.3 apresenta as curvas e suas respectivas equações de
calibração obtida do ajuste linear.
O medidor de variação volumétrica foi calibrado com o uso da bureta
graduada com precisão de 0,01cm³, onde eram feitas medições de volume quando
era gerado um fluxo. As curvas e suas respectivas equações de calibração obtida
do ajuste linear são apresentadas na figura A.4.
Cada instrumento de medição foi calibrado no mínimo três vezes para uma
maior confiabilidade nos resultados. As curvas de calibração apresentadas nas
figuras A.1 a A.4, mostram os valores médios dessas calibrações.
163
0
5
10
15
20
25
30
35
-7,0-6,0-5,0-4,0-3,0-2,0-1,00,0
Leitura (volts)
Des
loca
men
to (m
m)
Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 1,0000
Dh = -5,1751.(L-Lo)
Dh = desloc. horizontal (mm)L = leitura obtida (volts)Lo = leitura inicial (volts)
(a)
0
5
10
15
20
25
30
35
-7,0-6,0-5,0-4,0-3,0-2,0-1,00,0
Leitura (volts)
Des
loca
men
to (m
m)
Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 1,0000
Dv = -5,1202.(L-Lo)
Dv = desloc. vertical (mm)L = leitura obtida (volts)Lo = leitura inicial (volts)
(b)
Figura A.1: Curva de calibração do transdutor de deslocamento:
(a) horizontal; (b) vertical.
164
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
-0,0045-0,0040-0,0035-0,0030-0,0025-0,0020-0,0015-0,0010-0,00050,0000
Leitura (volts)
Forç
a (k
N)
Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 0,9999
F = -1196,11778.(L-Lo)+0,2721
F = força aplicada (KN)L = leitura obtida (volts)Lo = leitura inicial (volts)
(a)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
-0,0060-0,0050-0,0040-0,0030-0,0020-0,00100,0000
Leitura (volts)
Forç
a (k
N)
Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 1,0000
F = -237,5121.(L-Lo)
F = força aplicada (KN)L = leitura obtida (volts)Lo = leitura inicial (volts)
(b)
Figura A.2: Curva de calibração da célula de carga: (a) vertical; (b) horizontal.
165
0
100
200
300
400
500
600
700
800
-0,12-0,10-0,08-0,06-0,04-0,020,00Leitura (volts)
Pres
são
(kPa
)
Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 1,0000
P = -6540,1345.(L-Lo)+5,2719
P = pressão aplicada (KPa)L = leitura obtida (volts)Lo = leitura inicial (volts)
(a)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
-0,10-0,08-0,06-0,04-0,020,00Leitura (volts)
Pres
são
(kPa
)
Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 1,0000
P = -6901,5644.(L-Lo)+5,5364
P = pressão aplicada (KPa)L = leitura obtida (volts)Lo = leitura inicial (volts)
(b)
Figura A.3: Curva de calibração do transdutor de pressão: (a) água; (b) ar.
166
0
2
4
6
8
10
12
14
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5
Leitura (volts)
Var
iaçã
o de
vol
ume
(cm
³)
Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 0,9997
V = 3,0380.(L-Lo)
V = volume medido (cm³)L = leitura obtida (volts)Lo = leitura inicial (volts)
Figura A.4: Curva de calibração do medidor de variação volumétrica.
A.2. Saturação do Disco Cerâmico de Alto Valor de Entrada de Ar
O disco cerâmico de alto valor de entrada de ar tem 7,3mm de espessura,
146mm de diâmetro e pressão de borbulhamento de 3bar (300kPa).
Sua saturação foi feita colocando-se água deaerada sobre o disco e
aplicando-se uma diferença entre a pressão de ar e a de água da ordem de 10kPa,
sendo a pressão de ar maior que a pressão de água.
Considera-se o disco saturado quando a curva variação de volume de água
pelo tempo atinge uma inclinação constante. A figura A.5 mostra a curva da vazão
do disco cerâmico, assim como seu coeficiente de permeabilidade.
167
0
1
2
3
4
5
6
7
0 50 100 150 200 250
Tempo (min)
Var
iaçã
o de
vol
ume
(cm
³)Ajuste linear:
coeficiente de correlaçãoR² = 0,9978
k = 2,05x10-8 cm/s
Figura A.5: Saturação disco cerâmico de alta entrada de valor de ar.
168
Apêndice B Curvas para a Determinação da Umidade do Papel Filtro
A seguir são apresentadas as curvas obtidas para a determinação da
umidade do papel filtro no tempo zero. A correlação dessa umidade com a sucção
é feita através de uma curva de calibração do papel filtro. A técnica é apresentada
em detalhes no capítulo 4.
Os gráficos do peso do papel filtro pela raiz do tempo, para cada ponto
utilizado na determinação da curva característica, são mostrados nas figuras B.1 a
B.20. Para cada ponto da curva foram feitos dois ensaios, isto é, em cada anel foi
colocado um papel filtro no topo e outro na base, sendo que a sucção foi
determinada através da média das umidades dos dois papeis filtro. Para a
determinação do peso do papel filtro no tempo zero, os dados foram interpolados
pela curva que melhor se ajusta aos pontos. Após o papel filtro ser retirado do
contato com o solo, este perde peso e quando o mesmo é retirado da estufa, há um
ganho de peso. Isso ocorre devido ao fato de que o papel filtro tende a entrar em
equilíbrio com a umidade ambiente.
169
0,4260
0,4270
0,4280
0,4290
0,4300
0,4310
0,4320
0,4330
0,4340
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,4200
0,4210
0,4220
0,4230
0,4240
0,4250
0,4260
0,4270
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.1: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 1):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
170
0,1770
0,1780
0,1790
0,1800
0,1810
0,1820
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1740
0,1750
0,1760
0,1770
0,1780
0,1790
0,1800
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.2: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 1):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
171
0,3880
0,3890
0,3900
0,3910
0,3920
0,3930
0,3940
0,3950
0,3960
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,3930
0,3940
0,3950
0,3960
0,3970
0,3980
0,3990
0,4000
0,4010
0,4020
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.3: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 2):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
172
0,1700
0,1710
0,1720
0,1730
0,1740
0,1750
0,1760
0,1770
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1750
0,1760
0,1770
0,1780
0,1790
0,1800
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.4: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 2):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
173
0,39100
0,39200
0,39300
0,39400
0,39500
0,39600
0,39700
0,39800
0,39900
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,39700
0,39800
0,39900
0,40000
0,40100
0,40200
0,40300
0,40400
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.5: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 3):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
174
0,17600
0,17700
0,17800
0,17900
0,18000
0,18100
0,18200
0,18300
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,17200
0,17300
0,17400
0,17500
0,17600
0,17700
0,17800
0,17900
0,18000
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.6: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 3):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
175
0,350000,351000,352000,353000,354000,355000,356000,357000,358000,359000,36000
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,35800
0,35900
0,36000
0,36100
0,36200
0,36300
0,36400
0,36500
0,36600
0,36700
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.7: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 4):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
176
0,17100
0,17200
0,17300
0,17400
0,17500
0,17600
0,17700
0,17800
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,17400
0,17500
0,17600
0,17700
0,17800
0,17900
0,18000
0,18100
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.8: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 4):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
177
0,2260
0,2270
0,2280
0,2290
0,2300
0,2310
0,2320
0,2330
0,2340
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,2290
0,2300
0,2310
0,2320
0,2330
0,2340
0,2350
0,2360
0,2370
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.9: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 5):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
178
0,1710
0,1720
0,1730
0,1740
0,1750
0,1760
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1720
0,1730
0,1740
0,1750
0,1760
0,1770
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.10: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 5):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
179
0,2040
0,2050
0,2060
0,2070
0,2080
0,2090
0,2100
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,2010
0,2020
0,2030
0,2040
0,2050
0,2060
0,2070
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.11: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 6):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
180
0,1740
0,1750
0,1760
0,1770
0,1780
0,1790
0,1800
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1710
0,1720
0,1730
0,1740
0,1750
0,1760
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.12: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 6):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
181
0,2000
0,2010
0,2020
0,2030
0,2040
0,2050
0,2060
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1920
0,1930
0,1940
0,1950
0,1960
0,1970
0,1980
0,1990
0,2000
0,2010
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.13: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 7):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
182
0,1760
0,1770
0,1780
0,1790
0,1800
0,1810
0,1820
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1690
0,1700
0,1710
0,1720
0,1730
0,1740
0,1750
0,1760
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.14: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 7):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
183
0,1920
0,1930
0,1940
0,1950
0,1960
0,1970
0,1980
0,1990
0,2000
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1960
0,1970
0,1980
0,1990
0,2000
0,2010
0,2020
0,2030
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.15: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 8):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
184
0,1720
0,1730
0,1740
0,1750
0,1760
0,1770
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1760
0,1770
0,1780
0,1790
0,1800
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.16: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 8):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
185
0,1970
0,1975
0,1980
0,1985
0,1990
0,1995
0,2000
0,2005
0,2010
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1910
0,1915
0,1920
0,1925
0,1930
0,1935
0,1940
0,1945
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.17: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 9):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
186
0,1760
0,1770
0,1780
0,1790
0,1800
0,1810
0,1820
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1700
0,1710
0,1720
0,1730
0,1740
0,1750
0,1760
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.18: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 9):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
187
0,1855
0,1860
0,1865
0,1870
0,1875
0,1880
0,1885
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,19300,19320,19340,19360,19380,19400,19420,19440,19460,19480,19500,1952
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.19: Determinação do peso do papel filtro úmido no tempo zero (ponto 10):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
188
0,1680
0,1690
0,1700
0,1710
0,1720
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(a)
0,1750
0,1760
0,1770
0,1780
0,1790
0 2 4 6 8 10 12 14Raiz do tempo (s1/2)
Peso
do
Pape
l Filt
ro (g
)
(b)
Figura B.20: Determinação do peso do papel filtro seco no tempo zero (ponto 10):
(a) papel do topo; (b) papel da base.
189
Apêndice C Velocidade de cisalhamento
Neste apêndice são apresentadas as metodologias utilizadas para o cálculo
do tempo estimado de ruptura para ensaios saturados e não saturados em
condições drenadas.
C.1. Tempo de Ruptura em Ensaios Saturados
Em ensaios drenados, deseja-se garantir a dissipação de excessos de
pressões de água e de ar dos poros, induzidas ao longo do plano de cisalhamento,
através de uma velocidade de cisalhamento suficientemente pequena.
Gibson & Henkel (1954) utilizaram a teoria de adensamento na
formulação de um método teórico para a determinação aproximada do tempo de
ruptura para ensaios drenados em amostras saturadas (submersas):
)1.(.2
2
UcH
tv
f −= (C.1)
onde:
tf = tempo de ruptura;
H = metade da espessura da amostra;
cv = coeficiente de adensamento relacionado ao ensaio;
=U grau médio de dissipação do excesso de poro-pressão (95%).
190
A tabela C.1 apresenta o cálculo da velocidade de cisalhamento para os
ensaios realizados considerando que a ruptura acontecia entre 5 e 10mm de
deslocamento horizontal aproximadamente.
Tabela C.1: Velocidades calculadas nos ensaios de cisalhamento direto convencional
em amostras submersas (Gibson & Henkel, 1954).
Ensaio σv
(kPa)
Cv
(cm²/s) H (cm) tf (s) tf (min)
Velocidade para
δh = 5mm (mm/min)
Velocidade para
δh = 10mm (mm/min)
1 50 7,00E-03 1,94 1344,34 22,41 0,223 0,446
2 102 5,11E-03 1,94 1839,62 30,66 0,163 0,326
3 150 5,59E-03 1,94 1683,96 28,07 0,178 0,356
4 200 3,93E-03 1,94 2391,51 39,86 0,125 0,251
Velocidade adotada: 0,0122mm/min
C.2. Tempo de Ruptura em Ensaios Não Saturados
Em amostras não saturadas, o tempo de ruptura pode ser expresso em
termos do grau desejado de dissipação do excesso de pressão de água dos poros
segundo a metodologia apresentada por Ho (1981):
)1.(.
2
UcH
t wv
f −=
η (C.2)
onde:
tf = tempo de ruptura;
η = 0,75/(1 + 3/λ) para drenagem simples;
191
=wvc Kw/(ρw.g. )2
wm , coeficiente de adensamento do solo não saturado
relacionado com a fase líquida;
Kw = coeficiente de permeabilidade do solo não saturado relacionado com a fase
líquida;
ρw = densidade da água (1g/cm³);
g = aceleração da gravidade (9,81m/s²);
=wm2 inclinação da curva característica (θ vs. sucção mátrica);
λ = Kd.d/Kw.Ld, fator de impedância;
Kd = coeficiente de permeabilidade do DAVE;
d = comprimento de drenagem (d = 2H);
Ld = espessura do DAVE;
H = metade da espessura da amostra;
=U grau médio de dissipação do excesso de poro-pressão (95%).
Para a estimativa da permeabilidade não saturada do solo, foi utilizado o
procedimento apresentado por Fredlund et al. (1994). Esse procedimento é
descrito resumidamente a seguir.
Primeiramente os dados experimentais da curva característica foram
ajustados até um valor máximo de 106kPa , segundo a metodologia apresentada
por Fredlund & Xing (1994), através das seguintes equações:
mns
aeCmna
]})({ln[)(),,,(
ψθψψθ
+= (C.3)
( )( )[ ]r
rCψ
ψψψ10000001ln1ln1)(
++
−= (C.4)
192
Os parâmetros de ajuste a, n e m são determinados, com o auxilio da
solução gráfica mostrada na figura C.1, da seguinte forma:
ia ψ= (C.5)
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡=
i
isCmθ
ψθ )(ln67.3 (C.6)
*72.3)(
31.1 1
smC
ni
m
ψ
+
= (C.7)
onde:
)]1000000(1ln[)(31.1*
rrim
i
s
ssψψψ
ψθ ++
−= (C.8)
)ln( ip
isψψ
θ= (C.9)
Figura C.1: Solução gráfica para a determinação dos parâmetros de ajuste a, n e m
(adaptado de Fredlund & Xing, 1994).
Inclinação = i log (p/i)
Sucção mátrica (kPa)
Um
idad
e vo
lum
étri
ca
Ponto de inflexão
),( ii θψ
),( rr θψrθ
iθ
sθ
iψ pψ
193
Como a curva característica apresenta dois pontos de inflexão, em virtude
da distribuição bimodal de poros, os dados experimentais foram ajustados através
de duas curvas. A primeira curva foi ajustada para uma faixa de sucção variando
de 0 a 300kPa, enquanto que a segunda curva para uma sucção de 300 a
1000000kPa. A figura C.2 apresenta esse ajuste.
05
101520253035404550
0 1 10 100 1000 10000 100000 1000000Sucção (kPa)
Um
idad
e V
olum
étri
ca (%
)
dados experimentais ajuste n°1 ajuste n°2
Figura C.2: Ajuste da curva característica utilizando a proposta de Fredlund & Xing
(1994).
Para o cálculo da permeabilidade não saturada, Fredlund et al. (1994)
apresentam a seguinte equação:
( )∫
∫−
−
== by
ys
y
by
y
y
s
wr
aev
dyee
e
dyee
e
kkk
ψ
ψ
θθθ
θψθθψ
ψ
ln
'
)ln(
'
)()(
)()()()()( (C.10)
onde:
=)(ψrk coeficiente de permeabilidade relativa em função da sucção;
=)(ψwk coeficiente de permeabilidade não saturado em função da sucção;
194
=sk coeficiente de permeabilidade saturado.
Através de integração numérica, a equação C.10 pode ser reescrita da
seguinte forma:
( )∑
∑
∫
∫
=
=
−
−
≅−
−
=N
i
yiyi
syi
N
ji
yiyi
yi
by
ys
y
by
y
y
r
ee
e
ee
e
dyee
e
dyee
e
k
aev 1
'
'
ln
'
)ln(
'
)()(
)()()(
)()(
)()()(
)(θ
θθ
θψθθ
θθθ
θψθθ
ψ
ψ
ψ (C.11)
sendo:
a = ln (ψaev), limite inferior de integração;
b = ln (1000000), limite superior de integração.
O intervalo [a, b] é dividido em N subintervalos de mesmo tamanho onde
∆y é o comprimento desse subintervalo, logo:
a = y1 < y2 < ... < yN < yN+1 = b
Naby −
=∆ (C.12)
=iy ponto médio do ith intervalo [yi, yi+1].
θ’ = derivada da equação C.3, dada por:
−+
= mns
aeC
]})({ln[)(')('
ψθ
ψψθ
])(.[]})({ln[)(
1
1 n
n
mns
aeaa
mn
aeC
ψ
ψ
ψθ
ψ+
⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
×+
−
+ (C.13)
onde:
( )[ ]rr CCC
10000001ln).(1)('
++−
=ψ
ψ (C.14)
195
A figura C.3 mostra o cálculo do coeficiente de permeabilidade não
saturado em função da sucção.
1E-22
1E-20
1E-18
1E-16
1E-14
1E-12
1E-10
1E-08
1E-06
1E-04
0 1 10 100 1000 10000 100000 1000000Sucção (kPa)
k w( ψ
) (cm
/s)
Figura C.3: Estimativa da permeabilidade não saturada utilizando a metodologia de
Fredlund et al. (1994).
A tabela C.2 apresenta o cálculo da velocidade de cisalhamento para as
sucções aplicadas considerando que a ruptura acontecia entre 5 e 10mm de
deslocamento horizontal aproximadamente.
ks = 3,92 x 10-5 cm/s
196
Tabela C.2: Velocidades de cisalhamento calculadas para os ensaios de cisalhamento direto com sucção controlada em amostras não saturadas.
Velocidade adotada: 0,0122 mm/min
(ua - uw)
kPa Ld (m) d (m) kw (m/s) Kd (m/s)
wm2
(kPa-1) λ η
wvc
(m²/s) tf (s) tf (min) tf (h)
Velocidade para
δh = 5mm (mm/min)
Velocidade para
δh = 10mm (mm/min)
25 0,0073 0,0213 1,42E-13 2,05E-10 7,86E-08 4,20E+03 0,749 1,85E-07 16403,9 273,40 4,56 0,01829 0,03658
50 0,0073 0,0213 1,37E-13 2,05E-10 7,86E-08 4,36E+03 0,749 1,78E-07 17019,1 283,65 4,73 0,01763 0,03525
100 0,0073 0,0213 1,37E-13 2,05E-10 7,86E-08 4,37E+03 0,749 1,77E-07 17073,0 284,55 4,74 0,01757 0,03514
150 0,0073 0,0213 1,37E-13 2,05E-10 7,86E-08 4,37E+03 0,749 1,77E-07 17073,2 284,55 4,74 0,01757 0,03514
200 0,0073 0,0213 1,37E-13 2,05E-10 7,86E-08 4,37E+03 0,749 1,77E-07 17073,4 284,56 4,74 0,01757 0,03514
196