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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL Ricardo Nadal de Oliveira Avaliação da influência do sistema de tratamento de esgoto por sumidouro na qualidade da água de uma comunidade rural de Passo Fundo - RS Passo Fundo, 2013.

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

Ricardo Nadal de Oliveira

Avaliação da influência do sistema de tratamento de esgoto por sumidouro

na qualidade da água de uma comunidade rural de Passo Fundo - RS

Passo Fundo, 2013.

Ricardo Nadal de Oliveira

Avaliação da influência do sistema de tratamento de esgoto por sumidouro na qualidade

da água de uma comunidade rural de Passo Fundo - RS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de Engenharia Ambiental, como parte

dos requisitos exigidos para obtenção do título

de Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Marcelo Hemkemeier, Dr.

Passo Fundo , 2013.

Agradecimentos

Agradeço a meus pais e irmão que me ajudaram nesta caminhada para alcançar a

formação, sempre apoiando na dificuldade da vida acadêmica e sacrificando muitos anseios

para que eu pude-se alcançar este sonho, que agora se tornou realidade, por isso dedico este

trabalho a estes guerreiros que são meus PAIS.

Agradeço a Deus que sempre me iluminou neste caminho, aos professores que

proporcionaram este novo conhecimento e a formação.

Ganhei novos amigos nestes sete anos de formação, incluindo a estes os professores

que tenho o prazer de chamar de amigos.

Agradecer principalmente a Marilda e aos demais funcionários do laboratório em que as

análises foram realizadas, as quais só tiveram sucesso graças à ajuda das mesmas. No

ambiente laboratorial sempre fui recebido com muito carinho e apoio, a ponto de tornar o

momento de preocupação em descontração. Mais uma vez agradecer a Marilda que me

socorreu nas dúvidas e nas dificuldades para realização do T.C.C.

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a influencia do efluente doméstico, na qualidade

da água subterrânea de uma comunidade rural do município de Passo Fundo. A principal

problemática diagnosticada na área é o lançamento indevido do efluente gerado, o qual pode

ter contaminado o lençol freático. Além disso, foi realizada também uma correlação das

fontes de geração de efluente e das fontes de abastecimento no local, com as características do

perfil do solo, buscando evidenciar a influencia da tipologia do solo na contaminação do

lençol freático. O diagnostico da qualidade da água foi realizado através de análises físico-

químicas e biológicas mais relevantes para as características desta área. A realização de

correlação entre os parâmetros nitrogênio, oxigênio dissolvido e o pH, conseguiu-se explicar

melhor as reações ocorridas no lençol freático. A necessidade de medidas cabíveis para sanar

os possíveis riscos a saúde e ao meio ambiente, pelo tratamento inadequado do efluente

doméstico, criaram-se seis propostas de ações, os quais foram baseados no manual de serviços

da CORSAN e na norma NBR 7229.

Palavras-chaves: Contaminação do solo, Água subterrânea, Tratamento.

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the influence of wastewater on

groundwater quality of a rural community in the city of Passo Fundo. The main problem

diagnosed in the area is the unauthorized release of effluent generated, which may have

contaminated the groundwater. In addition, a correlation was also conducted of the sources of

effluent generation and supply sources at the site, with the characteristics of the soil profile in

order to enhance the influence of soil type on groundwater contamination. The diagnosis of

water quality was performed by most relevant physico-chemical and biological analysis for

the characteristics of this area. The realization of correlation between nitrogen parameters,

dissolved oxygen and pH, we were able to better explain the reactions occurring in

groundwater. The need for appropriate measures to remedy the possible risks to health and the

environment , inadequate treatment of wastewater , created by six proposals for action , which

was based in the CORSAN service manual and NBR 7229 .

Key-word: Soil contamination, Groundwater, Treatment.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Retenção da água nos poros do solo ......................................................................... 13 Figura 2: Disponibilidade água no mundo ............................................................................... 14

Figura 3: Mapa de divisão de bacia de Passo Fundo/RS .......................................................... 16 Figura 4: Mapa de aquiferos do Rio Grande do Sul ................................................................. 17 Figura 5: Principais domínios sedimentares (verde) e cristalinos (amarelo) ............................ 18 Figura 6: Tipos de poços .......................................................................................................... 18 Figura 7: Classificação dos solos do Rio Grande do Sul .......................................................... 20

Figura 8: Solução individual para a disposição de efluente ..................................................... 28 Figura 9: Classificação dos efluentes ....................................................................................... 29 Figura 10: Tipos de tratamento efluente doméstico ................................................................. 29

Figura 11: Funcionamento tanque séptico ................................................................................ 30 Figura 12: Sistema de infiltração .............................................................................................. 31 Figura 13: Localização do município ....................................................................................... 33 Figura 14: Área de estudo ......................................................................................................... 34 Figura 15: Relevo com fluxo subterrâneo ................................................................................ 36

Figura 16: Legislação para potabilidade de água ..................................................................... 36

Figura 17: Parâmetros escolhidos ............................................................................................. 37 Figura 18: Perfil topográfico .................................................................................................... 39

Figura 19: Posição dos poços e tanques sépticos ..................................................................... 39 Figura 20: Distância poço 1 ...................................................................................................... 40 Figura 21: Poço 1 e proteção verde .......................................................................................... 41

Figura 22: Distância poço 2 e 3 ................................................................................................ 42 Figura 23: Poço 2 e nascente .................................................................................................... 42

Figura 24: Distância poço 2 ...................................................................................................... 43 Figura 25: Distância poço 3 ...................................................................................................... 43

Figura 26: Distância poço 4 ...................................................................................................... 44 Figura 27: Poço 4 e o tanque séptico ........................................................................................ 45

Figura 28: Distância poço 5 ...................................................................................................... 46 Figura 29: Localização do poço 5 e o tanque séptico ............................................................... 46 Figura 30: Distância poço 6 ...................................................................................................... 47 Figura 31: Poço 6 e o tanque séptico 5 ..................................................................................... 47

Figura 32: Distância poço 7 ...................................................................................................... 48 Figura 33: Reservatório poço 7 ................................................................................................ 48 Figura 34: Localização poço 7 e tanque séptico ....................................................................... 49 Figura 35: Temperatura ............................................................................................................ 50 Figura 36: Condutividade elétrica ............................................................................................ 51

Figura 37: Oxigênio dissolvido ................................................................................................ 53 Figura 38: Demanda química de oxigênio ................................................................................ 54

Figura 39: Fósforo .................................................................................................................... 55 Figura 40: Nitrogênio total kjeldahl ......................................................................................... 56 Figura 41: Cloretos ................................................................................................................... 57 Figura 42: pH ............................................................................................................................ 58 Figura 43: Turbidez .................................................................................................................. 59 Figura 44: Cor ........................................................................................................................... 60

Figura 45: Correlação do nitrogênio, do oxigênio dissolvido e o pH ...................................... 62 Figura 46: Laudo técnico poço 1 .............................................................................................. 70

Figura 47: Laudo técnico poço 2 .............................................................................................. 71 Figura 48: Laudo técnico poço 3 .............................................................................................. 72

Figura 49: Laudo técnico poço 4 .............................................................................................. 73 Figura 50: Laudo técnico poço 5 .............................................................................................. 74

Figura 51: Laudo técnico poço 6 .............................................................................................. 75 Figura 52: Laudo técnico poço 7 .............................................................................................. 76

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação dos microrganismos pela OMS .......................................................... 32

Tabela 2: Caracterização dos poços.......................................................................................... 35 Tabela 3: Parâmetros físico-químicos do solo CETEC/UPF ................................................... 35 Tabela 4: Coliformes termotolerantes ...................................................................................... 50 Tabela 5: Faixas de condutividade elétrica............................................................................... 52

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Parâmetros de qualidade da água (Fonte:SPERLING, 1996) ................................. 21

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11 2 DESENVOLVIMENTO .................................................................................................... 13

2.1 Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 13 2.1.1 Água subterrânea ................................................................................................ 13

2.1.2 Características hidrogeologicas .......................................................................... 15 2.1.3 Poços ................................................................................................................... 18

2.1.3.1 Poço raso ou freático ................................................................................... 19 2.1.3.2 Poço profundo ou artesiano ......................................................................... 19

2.1.4 Solo ..................................................................................................................... 19

2.1.5 Qualidade da água .............................................................................................. 20

2.1.5.1 Parâmetros físicos ....................................................................................... 21 2.1.5.2 Parâmetros biológicos ................................................................................. 25

2.1.6 Saneamento ......................................................................................................... 25 2.1.7 Disposição do efluente sanitário ......................................................................... 26 2.1.8 Contaminantes microbiológicos ......................................................................... 31

2.2 Métodos e materiais ................................................................................................... 33

2.2.1 Local de estudo ................................................................................................... 33 2.2.2 Metodologia de coleta e análise ......................................................................... 36

2.3 Resultados e discussões ............................................................................................. 38 2.3.1 Relação dos pontos de geração de efluente com os pontos de coleta de água e as

características geológicas locais ........................................................................................ 38

2.3.1.1 Relação dos poços com o perfil do terreno ................................................. 38

2.3.1.2 Poço 1 .......................................................................................................... 40 2.3.1.3 Poço 2 .......................................................................................................... 41 2.3.1.4 Poço 3 .......................................................................................................... 43

2.3.1.5 Poço 4 .......................................................................................................... 44 2.3.1.6 Poço 5 .......................................................................................................... 45

2.3.1.7 Poço 6 .......................................................................................................... 46 2.3.1.8 Poço 7 .......................................................................................................... 47

2.3.2 Diagnostico da qualidade da água subterrânea e comparação com a legislação 49 2.3.2.1 Coliformes termotolerantes ......................................................................... 49 2.3.2.2 Temperatura ................................................................................................ 50

2.3.2.3 Condutividade elétrica................................................................................. 51 2.3.2.4 Oxigênio dissolvido..................................................................................... 52

2.3.2.5 Demanda química de oxigênio .................................................................... 53

2.3.2.6 Fósforo ........................................................................................................ 54

2.3.2.7 Nitrogênio total kjeldahl.............................................................................. 55 2.3.2.8 Cloretos ....................................................................................................... 56 2.3.2.9 pH ................................................................................................................ 57 2.3.2.10 Turbidez e cor.............................................................................................. 59 2.3.2.11 Correlação do nitrogênio com o oxigênio dissolvido e o pH ...................... 61

2.3.3 Criar ações para evitar contaminações da água subterrânea, e evitar danos a

saúde ............................................................................................................................62 2.3.3.1 Primeira ação: Pedido de abastecimento público ........................................ 63 2.3.3.2 Segunda ação: Meios de tratamento da água para consumo humano ......... 63 2.3.3.3 Terceira ação: Construção de sistema de tratamento do efluente doméstico

individual adequado para cada residência .................................................................... 63 2.3.3.4 Quarta ação: Lacramento dos tanques sépticos ........................................... 63

2.3.3.5 Quinta ação: Estudo para recuperação do lençol freático ........................... 63 2.3.3.6 Sexta ação: Fechamento dos poços ............................................................. 64

3 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........................................................................... 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 66 ANEXO A ................................................................................................................................ 69

10

11

1 INTRODUÇÃO

Utilizam-se em média 6 litros d’água para limpeza da bacia sanitária, com está

limpeza a população acha que o problema desaparece, mas não é o que acontece. O descaso e

acomodação agravam ainda mais o problema, pois a população por não ter conhecimento

técnico acaba por utilizar o meio mais fácil de tratamento.

Com o passar do tempo a população, que não tinha o hábito de preservar os recursos

naturais, começou a preocupar-se com a escassez da água potável. Devido à redução da

recarga dos aquíferos, ocasionada muitas vezes pelas estiagens, a quantidade de água presente

acaba sendo muito inferior a quantidade utilizada para o abastecimento.

Após a entrada no século 20, houve uma crescente preocupação com o real volume de

água potável existente no mundo, isto por que apenas 2,5 % da água que existe no planeta é

doce, e está congelada nas calotas polares, os demais 97,5 % são de água salgada encontradas

nos oceanos e mares. Por fim resta uma pequena quantidade disponível para as atividades

humanas, está parcela está disponível em lagos, rios e aquíferos, e é distribuída em 69 % para

a agricultura, 22 % pelas empresas e apenas 9 % para consumo humano propriamente dito

(FRANCISCO W.C, 2013).

Tendo em vista que dos 3 % da água doce do planeta, 29,7 % estão sobre a forma de

aquíferos assim sendo mais utilizado pela população, pois não tem fatores externos de

poluição facilmente visíveis como no caso dos rios e lagos. No ano 2000 a retirada de água

dos aquíferos compreendia um volume de 1.592 m³/s, dos quais 53 % eram efetivamente

consumidos, sendo utilizados principalmente na irrigação, e o restante retorna para a bacia

(ANA, 2005).

O efluente doméstico está causando há tempos doenças para os seres humanos, além

de conter 50 tipos diferentes de infecções são transmitidas por inúmeros caminhos sempre

envolvendo as excretas humanas. Outros fatores (má nutrição, falta de acompanhamento

médico) somados a exposição aos dejetos humanos são a principal causa da mortalidade nos

países em desenvolvimento. A exposição a vetores de doenças está relacionada a disposição

inadequada do efluente sanitário (FILHO & DE CASTRO, 1998).

A contaminação do lençol freático por efluente doméstico se deve por falhas na

execução dos tanques sépticos, os quais não possuem a devida impermeabilização, por este

fato ocorre à lixiviação do efluente com tratamento incompleto para o lençol freático. O leito

subterrâneo de água pode ser um caminho para disseminação da poluição para áreas

longínquas do ponto de lançamento, pelo fato de que no subterrâneo o poluente não encontra

12

barreiras que o detenham. A entrada do efluente doméstico no leito subterrâneo implica no

carregamento de organismos patógenos, causadores de infecções nos seres humanos, porem o

mais preocupante é a entrada de substratos que alteram os padrões da água. Além de

bioestimular o crescimento da biomassa existente no lençol freático, a ingestão de uma

concentração elevada de nutrientes, pode causar problemas crônicos a saúde humana e ao

bem-estar da população.

Devido à falta de informação da população, a construção independente de tanques

sépticos (do tipo sumidouro) é feita sem nenhum estudo técnico (fluxo do lençol, a topografia)

ou consulta normativa, as quais têm o intuito de preservar o leito subterrâneo de futuras

contaminações. Um fator agravante é a retirada da água do lençol freático através de poços

rasos, os quais ficam próximos do despejo do efluente (tanque séptico), obviamente sem o

tratamento adequado o lençol de onde é retirada a água está contaminado, pois está na área de

influência do tanque séptico.

Então este estudo tem por virtude indicar como se encontra a qualidade do lençol

subterrânea por meio da análise da água coletada nos poços rasos da área (a qual é utilizada

para consumo humano) e assim fazendo uma analogia com o tempo de exposição do lençol

freático ao efluente, que varia em cada ponto, sendo que alguns tanques sépticos continuam

ativos. Outro fator que deverá ser levado em conta são as características físico-químicas do

local, as quais podem influenciar no que diz respeito em acelerar ou retardar uma frente de

contaminação.

A questão da pesquisa é, será que a utilização do tanque séptico do tipo sumidouro

interfere na qualidade da água subterrânea?

Assim, tem-se como objetivo geral a avaliação da qualidade das águas subterrâneas de

uma comunidade rural de Passo Fundo/RS perante a influência do sistema de tratamento de

efluente sanitário utilizado.

Os objetivos específicos são definidos como:

• Relacionar os pontos de geração de efluentes com os pontos de coleta de água e

as características geológicas locais;

• Diagnosticar a qualidade da água subterrânea e comparar com a legislação;

• Criar ações para gerenciar os riscos de contaminação da água subterrânea e

danos a saúde;

13

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Revisão Bibliográfica

2.1.1 Água subterrânea

A água subterrânea ocorre abaixo da superfície, utilizando os poros ou vazios das

rochas sedimentares, aonde é submetida a duas forças, de adesão e da gravidade, assim

mantendo a umidade do solo e o fluxo dos rios, pelo fato do leito subterrâneo estar presente

no ciclo hidrológico (NANES et.al, 2012). A capacidade de armazenamento pelas rochas está

relacionada com a porosidade dessas, as quais podem chegar a uma porosidade de 45 %

(IGM, 2001), assim estando relacionada com a comunicação desses poros e o tamanho das

fraturas existentes no solo (ABAS, 2013). A recarga da água subterrânea ocorre pela

precipitação, pelos cursos d’água e reservatórios superficiais, em que ocorre a saturação do

solo e assim aumentando o volume disponível no lençol subterrâneo, pois o nível dos recursos

hídricos depende principalmente das áreas de recarga superficiais (DE JÚLIO et.al,).

Figura 1: Retenção da água nos poros do solo

As rochas sedimentares, por ocorrência de fraturas e poros, são consideradas os

melhores aquíferos em termos de produtividade dos poços e reservas hídricas. Os terrenos

sedimentares ocupam cerca de 48 % do território brasileiro, no qual a presença de bacias

14

sedimentares aliada a condições climáticas favoráveis, denota em um grande potencial para a

água subterrânea (ANA, 2007).

Figura 2: Disponibilidade água no mundo

Essencial para o desenvolvimento dos seres vivos à água é um recurso natural mineral

inesgotável e barato, assim sendo direito da população dispor da fonte sem distinção

socioeconômica, mas a água deve ter um mínimo de qualidade (CARDOSO et.al, 2010

APUD MATTOS E SILVA, 2002). No Brasil a qualidade da água está ameaçada pela

poluição dos recursos hídricos, e assim comprometendo o abastecimento de milhões de

indivíduos, mas não somente as reservas superficiais são atingidas pelo lançamento

inadequado do efluente, a água subterrânea está sendo contaminada devido à infiltração de

dejetos no solo, e assim comprometendo os mananciais que abastecem os poços d’água

(NANES et.al, 2012).

Um manancial subterrâneo, por mais que esteja bem protegido contra fatores externo,

não apresenta total segurança, pois no momento em que instalar um poço, que for construído

de maneira inadequada, poderá propiciar a contaminação do leito subterrâneo, assim sendo

necessário um estudo criterioso para o pré-condicionamento para minimizar os malefícios que

provocaria o consumo em seu estado natural (LOPES, 2011).

No manual de inspeção sanitária em abastecimento de água da secretaria de vigilância

e saúde/MS, indica-se uma série de exemplos de boas práticas para captação da água

subterrânea do lençol freático (poços rasos, drenos, nascentes, etc.), o qual é descrito a seguir;

Manter a área de captação devidamente cercada (garantindo uma distância mínima das

estruturas de, por exemplo, 15 m), limpa e com aparência agradável (sempre que possível

gramada e arborizada);

Fonte: ANA, 2007

15

• Posicionar os dispositivos de captação em cota superior à da localização de

possíveis fontes de poluição, garantindo também afastamentos horizontais mínimos em

relação às mesmas observadas o tipo de solo, conforme referências a seguir: de fossas secas,

tanques sépticos, linhas de esgoto: 15 m; de depósitos de lixo e de estrumeiras: 15 m; de

poços absorventes e de linhas de irrigação sub superficial de esgotos: 30 m; de estábulos ou

currais: 30 m; de fossas negras (cujo fundo atinge o lençol freático): 45 m;

• Proteger as tomadas de água em nascentes ou fontes com a utilização de caixas

de tomada de água cobertas, fechadas e dotadas de tubulações de descarga de fundo e de

extravasão;

• Dotar os poços freáticos e os poços de visita ou de bombeamento das galerias

de infiltração (drenos de captação de água) de tampas seladas, com caimento para fora dos

poços;

• Construir paredes impermeabilizadas até a profundidade de 3 m abaixo da

superfície do solo, para os poços rasos e poços das galerias de infiltração;

• Posicionar as coberturas dos poços rasos e das caixas ou poços de tomada de

água de nascentes ou de galerias de infiltração em cota altimétrica superior à cota do terreno e

à cota de inundação da área correspondente (pelo menos 0,30 m acima dessas cotas);

• Construir e manter valetas de desvio de águas superficiais para as áreas onde se

situam os poços rasos ou as caixas de tomada de nascentes;

• Dotar os poços freáticos e as galerias de infiltração de dispositivos adequados e

seguros para a extração de água, inclusive sob o ponto de vista sanitário.

2.1.2 Características hidrogeologicas

O município de Passo Fundo é formado por 5 bacias hidrográficas ao longo de seu

território, sendo um divisor de água das bacias do Uruguai, onde fazem parte os rios Passo

Fundo, da Várzea e Apuaê-inhandava, e da bacia do Guaíba, onde fazem parte os rios Alto-

Jacuí e Taquari- antas.

16

Figura 3: Mapa de divisão de bacia de Passo Fundo/RS

O município está sobre o sistema de aquíferos serra geral como mostra a figura 4, este

sistema corresponde à formação homônima com idade jurássica (200 Ma), é constituído por

rochas que compõem uma sequência de derrames de lava basáltica e ácida. As áreas mais

produtivas do sistema Serra Geral estão condicionadas ao fraturamento e as zonas vesiculares

resultantes do resfriamento do derrame, assim a deformação rúptil afetou as estruturas, assim

gerando fraturas que ampliaram o armazenamento e a circulação da água (ANA, 2007).

17

Figura 4: Mapa de aquiferos do Rio Grande do Sul

As maiores bacias sedimentares no Brasil são do Paleozoico (540 a 250 Ma) como

mostra a figura 5, destaca-se a bacia do Paraná, aonde o empilhamento estratigráfico permitiu

o desenvolvimento intercalado de formações contendo elevada porosidade e permeabilidade,

juntamente com partes de baixa permeabilidade, assim possibilitando a formação de aquíferos

e aquitardos/aquicludes, onde se alternam na área. Os terrenos cristalinos são representados

por diversos tipos de rochas, por exemplo, gnaisses, xistos e granitos, que são da idade pré-

cambriano (superior a 540 Ma), este sistema apresenta em seus aquíferos uma produtividade

menor se comparado com os aquíferos sedimentares. O principal desafio para locação de um

poço nos terrenos cristalinos é interceptar uma fratura que devem estar interconectadas para

que a produtividade e a qualidade da água sejam razoáveis, do contrário o poço pode estar

seco (ANA, 2007).

18

Figura 5: Principais domínios sedimentares (verde) e cristalinos (amarelo)

2.1.3 Poços

O poço é uma abertura realizada no solo, pode ser manual ou mecânica, com a

finalidade de retirar água do lençol freático, os quais são utilizados principalmente para o

consumo humano e animal.

Figura 6: Tipos de poços

19

2.1.3.1 Poço raso ou freático

Considera-se poço raso quando a retirada de água é feita em um lençol freático

superficial, ou seja, encontra-se acima da primeira camada de rocha impermeável, este tipo de

poço encontra-se raramente com profundidades superior a 20 metros. A localização de um

poço raso depende das características próprias de cada área como mostra a figura 6, pois

requer uma boa potência do lençol freático, ou seja, suficiente para atender o consumo

previsto, um segundo fator que deve ser seguido é a construção na cota mais alta do terreno

onde seja possível a instalação do poço, e por fim deve-se levar em conta que o poço

encontre-se o mais afastado possível dos tanques sépticos (do tipo sumidouro principalmente)

ou de passagens de efluente sanitário.

2.1.3.2 Poço profundo ou artesiano

As águas proveniente de um poço profundo são de um lençol que se encontra

confinado entre duas camadas impermeáveis, geralmente para este tipo de extração não é

necessário o bombeamento da água, isso por que existe uma pressão que força água a jorrar,

está pressão se origina de uma carga piezométrica gerada pela diferença de cotas do vaso

freático. Quando o local de extração está abaixo do nível máximo do vaso a água jorra com

uma intensidade maior porem, para alcançar os vasos mais profundos necessita-se de

equipamentos específicos e com um custo elevado.

Devido ao confinamento as águas estão protegidas de fatores externos tais como

efluente doméstico, lixiviados do cultivo do solo. A água apresenta um elevado grau de

pureza e possui sais minerais.

2.1.4 Solo

O estado do Rio Grande do Sul possui uma variedade de 14 diferentes tipos de solo

figura 7, o município de Passo Fundo encontra-se a norte do estado e apresenta o Latossolo

como predominante.

20

Figura 7: Classificação dos solos do Rio Grande do Sul

Por falta de conhecimento da população, ocorre a construção do tanque séptico nas

proximidades do poço de abastecimento, e com isto poderá ocorrer à infiltração no solo de

micróbios presente nos dejetos, dentre eles os patógenos, o qual se alcançar o lençol freático

poderá contaminar a água de abastecimento (CAVINATTO, 2010).

2.1.5 Qualidade da água

Os padrões de qualidade da água são representados através de parâmetros específicos,

que identificam as principais características físicas, químicas e biológicas, da água

(SPERLING, 1996). O quadro 1 indica alguns parâmetros que identificam as características

da água, explicando o por que deve ser utilizado tal parâmetro.

Fonte: Emater, 2005

21

2.1.5.1 Parâmetros físicos

Quadro 1: Parâmetros de qualidade da água (Fonte:SPERLING, 1996)

Parâmetros físicos

Cor

Conceito Responsável pela coloração na água

Forma do constituinte responsável Sólidos dissolvidos

Origem natural Decomposição da matéria orgânica

Ferro e manganês

Origem antropogênica Resíduos industriais

Esgotos domésticos

Importância

Origem natural: Não representa risco direto à

saúde, mas consumidores podem questionar a sua

confiabilidade

Origem industrial: pode ou não apresentar

toxicidade

Utilização mais freqüente do parâmetro

Caracterização de águas de abastecimento brutas e

tratadas

Unidade uH (Unidade Hazen)

Turbidez

Conceito

A Turbidez representa o grau de interferência com

a passagem da luz através da água, conferindo uma

aparência turva à mesma.

Forma do constituinte responsável Sólidos em suspensão

Origem natural Partículas de rocha, argila e silte

Algas e outros microrganismos

Origem antropogênica

Despejos domésticos

Despejos industriais

Microrganismos

Erosão

Importância

Origem natural: não traz inconvenientes sanitários

diretos. Porem é esteticamente desagradável na

água potável, e os sólidos em suspensão podem

servir de abrigo para microrganismos patogênicos.

Origem antropogênica: pode estar associada a

compostos tóxicos e organismos patogênicos

Em corpos d'água: podem reduzir a penetração da

luz, prejudicando a fotossíntese

Utilização mais freqüente do parâmetro

Caracterização de águas de abastecimentos brutas e

tratadas

Controle da operação das estações de tratamento de

água

Unidade uT (Unidade de Turbidez)

Temperatura

Conceito Medição da intensidade de calor

Forma do constituinte responsável Transferência de calor por radiação, condução e

22

convecção (atmosfera e solo)

Origem natural

Águas de torres de resfriamento

Despejos industriais

Importância

Elevações da temperatura aumentam a taxa das

reações químicas e biológicas

Elevações da temperatura diminuem a solubilidade

dos gases

Elevações da temperatura aumentam a taxa de

transferência de gases

Utilização mais freqüente do parâmetro Caracterização de corpos d'água

Caracterização de águas residuárias brutas

Unidade Celsius

Parâmetros químicos

pH

Conceito

Potencial hidrogenionico. Representa a

concentração de íons hidrogenio H+, dando uma

indicação sobre a condição de acidez, neutralidade

ou alcalinidade da água. A faixa de pH é de 0 a 14

Forma do constituinte responsável Sólidos dissolvidos, gases dissolvidos

Origem natural

Dissolução de rochas

Absorção de gases da atmosfera

Oxidação da matéria orgânica

Fotossíntese

Origem antropogênica Despejo domestica

Despejos industriais

Importância

É importante em diversas etapas do tratamento da

água

pH baixo: corrosividade e agressividade nas águas

de abastecimento

pH elevado: possibilidade de incrustações nas

águas de abastecimento

Valores de pH afastados da neutralidade: podem

afetar a vida aquática

Utilização mais freqüente do parâmetro

Caracterização de águas de abastecimento brutas e

tratadas

Caracterização de águas residuárias brutas

Controle da operação de estações de tratamento de

água

Controle da operação de estações de tratamento de

esgotos

Caracterização de corpos d'água

Cloretos

Conceito

Todas as águas naturais, em maior ou menor

escala, contêm íons resultantes da dissolução de

minerais. Os cloreto(CL-) são advindos da

23

dissolução de sais

Forma do constituinte responsável Sólidos dissolvidos

Origem natural Dissolução de minerais

Intrusão de águas salinas

Origem antropogênica

Despejos domésticos

Despejos industriais

Águas utilizadas em irrigação

Importância

Em determinadas concentrações imprime um sabor

salgado á água

Utilização mais freqüente do parâmetro Caracterização de águas de abastecimento brutas

Unidade mg/l

Nitrogênio

Conceito

Dentro do ciclo do nitrogênio na biosfera, este se

alterna entre várias formas e estados de oxidação.

No meio aquático, o nitrogênio pode ser

encontrado nas seguintes formas: (a) nitrogênio

molecular (N2); (b) nitrogênio orgânico (dissolvido

e em suspensão); (c) amônia; (d) nitrito (NO2-) e

(e) nitrato (NO3-).

Forma do constituinte responsável Sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos

Origem natural

Constituinte de proteínas, clorofila e vários outros

compostos biológicos

Origem antropogênica

Despejos domésticos

Despejos industriais

Excrementos de animais

Fertilizantes

Importância

O nitrogênio na forma de nitrato está associado a

doenças como a metahemoglobineia (síndrome do

bebê azul)

O nitrogênio é um elemento indispensável para o

crescimento de algas e, quando em elevadas

concentrações em lagos e represas, pode conduzir a

um crescimento exagerado desses organismos

O nitrogênio, nos processos bioquímicos de

conversão da amônia a nitrito e deste o nitrato,

implica no consumo de oxigênio dissolvido do

meio

O nitrogênio na forma de amônia livre é

diretamente tóxico aos peixes

O nitrogênio é um elemento indispensável para o

crescimento dos microrganismos responsáveis pelo

tratamento de esgotos.

Os processos de conversão do nitrogênio têm

implicações na operação das estações de

tratamento de esgotos

Em um corpo d'água, a determinação da forma

predominante do nitrogênio pode fornecer

informações sobre o estagio da poluição

24

Utilização mais freqüente do parâmetro

Caracterização de águas de abastecimento brutas e

tratadas

Caracterização de águas residuárias brutas e

tratadas

Caracterização de corpos d'água

Unidade mg/l

Fósforo

Conceito

O fósforo na água apresenta-se principalmente nas

formas de ortofosfato, polifosfato e fósforo

orgânico. Os ortofosfatos são diretamente

disponíveis para o metabolismo biológico sem

necessidade de conversões a formas mais

simples.As formas em que os ortofosfatos se

apresentam na água dependem do pH.

Forma do constituinte responsável Sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos

Origem natural Dissolução de compostos do solo

Decomposição da matéria orgânica

Origem antropogênica

Despejos domésticos

Despejos industriais

Detergentes

Excrementos de animais

Fertilizantes

Importância

O fósforo não apresenta problemas de ordem

sanitária nas águas de abastecimento

O fósforo é um elemento indispensável para o

crescimento de algas e , quando em elevadas

concentrações em lagos e represas, pode conduzir a

um crescimento exagerado desses organismos.

O fósforo é um nutriente essencial para o

crescimento dos microrganismos responsáveis pela

estabilização da matéria orgânica

Utilização mais freqüente do parâmetro

Caracterização de águas residuárias brutas e

tratadas

Caracterização de corpos d'água

Unidade mg/l

Oxigênio dissolvido

Conceito

O oxigênio dissolvido é de essencial importância

para os organismos aeróbios. Durante a

estabilização da matéria orgânica, as bactérias

fazem uso do oxigênio nos seus processos

respiratórios, podendo vir a causar uma redução da

sua concentração no meio.Dependendo da

magnitude deste fenômeno, podem vir a morrer

diversos seres aquáticos, inclusive os peixes.

Forma do constituinte responsável Gás dissolvido

Origem natural Dissolução de oxigênio atmosférico

Produção pelos organismos fotossintéticos

25

Origem antropogênica Introdução de aeração artificial

Importância

O oxigênio dissolvido é vital para os seres

aquáticos aeróbios

O oxigênio dissolvido é o principal parâmetro de

caracterização dos efeitos da poluição das águas

por despejos orgânicos

Controle operacional de estações de tratamento de

esgotos

Caracterização de corpos d'água

Unidade mg/l

2.1.5.2 Parâmetros biológicos

• Coliformes: são indicadores de presença de microrganismos patogênicos na água; os

coliformes fecais existem em grande quantidade nas fezes humanas e, quando encontrados na

água, significa que a mesma recebeu esgotos domésticos, podendo conter microrganismos

causadores de doenças.

• Algas: as algas desempenham um importante papel no ambiente aquático, sendo

responsáveis pela produção de grande parte do oxigênio dissolvido do meio; em grandes

quantidades, como resultado do excesso de nutrientes (eutrofização), trazem alguns

inconvenientes: sabor e odor; toxidez, Turbidez e cor; formação de massas de matéria

orgânica que, ao serem decompostas, provocam a redução do oxigênio dissolvido.

2.1.6 Saneamento

O saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico, que depreciam o bem-

estar físico, mental e social, com a função de alcançar a salubridade ambiental, o qual define-

se como sendo o estado de saúde normal em que vive a população urbana e rural. O

Saneamento abrange a coleta e o tratamento da água e dos efluentes gerados na sociedade

como um todo (OMS, 2007).

Estudos realizados pela Organização das Nações Unidas estimam que cerca de 894

milhões de pessoas no mundo não tem acesso ao saneamento, a África Subsaariana (sul da

África) gasta cerca de 12 % do orçamento da saúde para o tratamento de problemas

provenientes da falta de saneamento.

No Brasil segundo o IBGE aproximadamente 34,8 milhões de pessoas não dispõem de

rede coletora de efluente sanitário, a região nordeste do país destaca-se pela ineficiência da

coleta, por outro lado as regiões sudeste e centro-oeste têm a maior taxa de coleta per capita.

Os estados que apresentaram uma pequena taxa de rede coletora foram a Bahia, o Maranhão e

26

o Piauí. No Rio Grande do Sul estão às menores taxas de rede coletora dentre os estados do

sul do país.

No município de Passo Fundo, a empresa CORSAN realiza o fornecimento de água e

a coleta e tratamento do efluente gerado, com uma eficiência de 20 % na coleta do esgoto, a

empresa possui duas estações de tratamento de efluente sanitário, sendo que uma delas

apresenta problemas de odor por receber uma carga inferior a projetada.

A falta de rede coletora nos municípios leva a população a adotar medidas simples de

dispor seus dejetos, mas ao usar os tanques sépticos (do tipo sumidouro) de forma inadequada

geram uma degradação do manancial subterrâneo pela infiltração dos contaminantes

orgânicos e inorgânicos (CAMPOS, 2010; BARBOSA, 2005).

A qualidade da água subterrânea está atrelada ao tipo de uso, assim envolvendo a

avaliação das condições físicas, químicas e biológicas, quanto a sua potencialidade de causar

danos à saúde humana. A contaminação dos mananciais pode ocorrer como fontes difusas que

são de difícil tratamento por não ocorrem de apenas um ponto de lançamento e assim sendo

complicado o tratamento, e as pontuais que são lançamentos individualizados como o que

ocorre no despejo do efluente sanitário (NANES, 2012 APUD HIRATA, 2003).

Um dos principais fatores relacionados à contaminação por diversas doenças é a falta

de saneamento, outra contaminação resultante é a do solo e águas tanto superficiais quanto

subterrânea por metais, com ênfase nas águas, as quais podem carregar agentes patógenos

(ROSATO et.al, 2007).

Os riscos relacionados a água podem ser distribuídos em duas categorias, a primeira

seria a ingestão de agentes biológicos, e a segunda pelo consumo de poluentes químicos

geralmente oriundos de efluente industrial (CHARRIERE et.al, 1996 APUD KRAMER et.al,

1996).

As novas tecnologias a cerca do saneamento sugere uma nova concepção envolvendo

o tripé formado pelo homem, a natureza e as obras físicas, os quais são de suma importância

para se atingir um patamar de dignidade social, assim sendo necessária a abordagem em dois

aspectos fundamentais, a educação ambiental e a sustentabilidade do desenvolvimento

humano (DE JULIO et.al,).

2.1.7 Disposição do efluente sanitário

O efluente doméstico ao se infiltrarem no solo se auto depura, e assim contribuindo

com a recarga do aquífero, mas existe um alto risco de que ocorra a contaminação da água

27

subterrânea, por este motivo é necessário um alto controle do sistema, para que não haja risco

a saúde pública (COELHO E DUARTE, 2005). Os tanques sépticos são considerados o

principal ponto de contaminação da água subterrânea, pois são construídos sem critérios

técnicos, levando assim a contaminação dos mananciais por coliformes fecais (NANES et.al,

2012), é difícil medir a distancia percorrida por um microrganismo no solo, porem o

movimento está diretamente relacionado com os valores de carga hidráulica e inversamente

com o tamanho das partículas do solo, da concentração e da composição catiônica do soluto

(COELHO E DUARTE, 2005). O uso do tanque séptico como sistema de tratamento do

efluente doméstico em áreas sem rede coletora, oferece níveis adequados de tratamento para

pequenas comunidades, mas em grandes áreas urbanas e com condições hidrogeológicas

especificas, pode ocorrer o risco da migração direta de bactérias, vírus e nutrientes para

aquíferos subjacentes e fontes vizinhas de água subterrânea (FILHO et.al, 2005). Os sistemas

individuais de tratamento são constituídos por um tanque séptico e um dispositivo de

infiltração no solo (sumidouro) como mostra a figura 8, para que este sistema funcione

satisfatoriamente as habitações tem que serem esparsa, lotes grandes com porcentagem de

área livre elevada, o solo deve apresentar certas condições de infiltração, e o lençol freático

deve estar a uma profundidade segura para que não haja risco de contaminação por

microrganismos (IRION E DA SILVEIRA,).

28

Figura 8: Solução individual para a disposição de efluente

O efluente doméstico é dividido em duas categorias de águas residuárias, onde as

águas imundas é aquela que contem material fecal, ou seja, é proveniente da bacia sanitária, e

as águas servidas, são aquelas provenientes de operações de lavagem e limpeza ver figura 9.

O efluente industrial é aquela que passa por um processo especifico em uma linha de

produção, e que deve ser tratado antes de ser disposto.

Fonte: caesb.df.gov.br

29

Figura 9: Classificação dos efluentes

O efluente doméstico tem vários sistemas para o tratamento, mas deve-se

primeiramente classificar quanto à presença ou não de água, ou seja, se o efluente utiliza água

para que seja realizado o transporte, por exemplo, da bacia sanitária até o tanque séptico, ver

figura 10. O uso de água para realizar o transporte dos dejetos só é utilizado em locais que há

disponibilidade de água é suficiente.

Figura 10: Tipos de tratamento efluente doméstico

No sistema individual, onde cada residência possui seu próprio sistema de coleta e

tratamento do efluente, no tanque séptico são encaminhados os dejetos para tratamento, neste

Fonte: tigre.com.br

Fonte: tigre.com.br

30

tanque ocorre à ação de bactérias anaeróbias, que transformam parte da matéria orgânica

solida em gases, durante o processo é gerado uma espécie de lodo que é depositado no fundo

do tanque, e na superfície do lodo ocorre a formação de uma camada de espuma que facilita a

ação das bactérias, por que evita a circulação de ar, como mostra a figura 11.

Figura 11: Funcionamento tanque séptico

No Brasil o sumidouro ainda é muito utilizado como dispositivo de disposição final do

efluente doméstico, este é projetado com dimensões que variam de acordo com a vazão de

dejetos e a porosidade do solo, o fundo deve estar a pelo menos 1,5 m do lençol freático, ver

figura 12.

Fonte: tigre.com.br

31

Figura 12: Sistema de infiltração

2.1.8 Contaminantes microbiológicos

Define-se coliformes como sendo todas as bactérias aeróbias ou anaeróbias

facultativas, as quais fermentam a lactose com formação de gás dentro de 48 h com uma

temperatura de 35°C, as principais bactérias do grupo coliforme pertencem aos gêneros

Escherichia, Aerobacter, Citrobacter, Klebsiela (DUARTE, 2011 APUD STANDARD

METHODS, 1998).

A presença de coliformes fecais é utilizada como indicador sanitário, pois na sua

maioria não são patogênicas, porem, indicam que o ecossistema foi contaminado por efluente

doméstico, e assim outros patógenos como vírus podem estar presentes (UFPA, 2007).

Um dos contaminantes mais comuns nas águas subterrâneas são os microrganismos

patogênicos, os quais ocorrem devido ao sistema de saneamento ser in situ, por exemplo, os

tanques sépticos. A medição da qualidade desta água tanto superficial como subterrânea é

utilizado o padrão de contagem de coliformes (NANES et al, 2012 APUD HIRATA, 2003),

através de indicadores, dentre o mais utilizado para diagnosticar uma contaminação fecal, é

uma bactéria chama Escherichia coli, que pertence ao grupo de bactérias denominadas

coliformes (PORTARIA MS 518, 2004), a presença de coliformes fecais indica que há

possibilidade de contaminação por fezes, e consequentemente a existência de microrganismos

patogênicos na água (OTENIO et al, 2007 APUD SILVA; ARAÚJO, 2003), outra bactéria

que está associada a dejetos humanos é a Clostridium perfringens, é uma bactéria gram-

Fonte: tigre.com.br

32

positiva que pertence à família das Bacillaceae, as células tem a forma de bastonetes e

formam esporos alem de serem imóveis, por serem esporuladas, estas são resistentes à

desinfecção e às condições adversas do meio, propicia a detecção de contaminação fecal

remota, o que com indicadores menos resistentes não ocorre (NANES et al, 2012 APUD

DANIEL, 2001).

Os microrganismos patogênicos compreendem um elevado grupo divido entre as

bactérias, os vírus e os protozoários, a Organização Mundial da Saúde realizou um estudo,

que resultou em uma classificação quanto a fatores relevantes a saúde humana, os quais estão

descritos na tabela 1.

Tabela 1: Classificação dos microrganismos pela OMS

Fonte: OMS, 1995

33

2.2 Métodos e materiais

2.2.1 Local de estudo

O município de Passo fundo foi fundado em 1827, e localiza-se no interior do estado

do Rio Grande do Sul com uma área de 758,3 km², sendo considerada a maior cidade do norte

do estado, a cidade está localizado na Mesorregião do Noroeste Rio-grandense e Microrregião

de Passo Fundo ver figura 14, a estimativa da população pelo IBGE, no censo de 2011 é de

186.028 habitantes.

Figura 13: Localização do município

A comunidade estudada está localizada na Rua José Nadal, no município de Passo

Fundo, aonde residem 8 famílias, que utilizam como fonte de abastecimento de água para

consumo o lençol subterrâneo, a retirada é feita com poços rasos, uma vez que está

comunidade não recebe o sistema de abastecimento público da cidade. Basicamente em todas

as residências a retirada da água nos poços é feita mecanicamente, através de uma de recalque

Fonte: Wikipédia

34

que eleva a água até um reservatório, deste reservatório ocorre à distribuição para a

residência. A Figura 15 indica a localização espacial de cada poço. Nesse estudo foram

selecionados todos os poços presentes na área selecionada, o motivo desta seleção foi para

obter a maior quantidade de amostras da água no local cobrindo a maior área possível.

Figura 14: Área de estudo

Em todas as residências utiliza-se como sistema de tratamento e disposição dos

efluentes o tanque séptico (do tipo sumidouro), estes foram construídos há muito tempo atrás,

em uma época em que a preocupação com o meio ambiente não existia, assim como

legislações e normas que regulamentam a construção deste tipo de sistema. Com o passar do

tempo o número de tanques sépticos aumentou na mesma ordem do crescimento da população

da área, a qual não era abrangida pela rede coletora, o que ocorre até hoje.

Cada poço foi detalhado quanto à profundidade e o período de uso, sendo que o ultimo

foi obtido através de entrevistas com populares do local, na tabela 2 além destes dados pode

ser observado o posicionamento e a cota do terreno onde se encontram. Nesta tabela está

disposto ainda o período de uso dos tanques sépticos, sendo considerado que em cada

propriedade existe um poço e para cada poço há um tanque séptico. Os poços 2 e 3 são uma

exceção a está sentença, pois encontram-se na mesma propriedade onde há somente um

tanque séptico.

Fonte: Google, 2013

35

Tabela 2: Caracterização dos poços

Poços Profundidade

(m)

Período de uso

(ano)

Período de uso do tanque séptico

(ano)

Latitude Longitude Altitude

(m)

1 12 45 40 28°17'26.85"

S

52°21'57.40"

O

679

2 9 57 33 28°17'25.84"

S

52°21'51.90"

O

681

3 3 40 33 28°17'25.75"S

52°21'51.08"O

680

4 5,5 34 28 28°17'26.12"

S

52°21'50.13"

O

678

5 12 20 20 28°17'24.71"

S

52°21'49.20"

O

683

6 15 45 25 28°17'23.56"

S

52°21'49.65"

O

687

7 7 31 31 28°17'24.31"S

52°21'50.37"O

683

Os parâmetros do solo serão considerados o mesmo do campo experimental do Centro

Tecnológico da Universidade de Passo Fundo, descritos na Tabela 3. Os dados foram

adotados por terem uma maior semelhança com o local de estudo, e também por situarem-se

no campo experimental onde o campus faz ensaios de solos, por tanto seus parâmetros são

controlados constantemente, conferindo a eles um alto grau de exatidão e confiabilidade.

Tabela 3: Parâmetros físico-químicos do solo CETEC/UPF

Parâmetro Valor

Argila (%) 67

Silte (%) 5

Areia (%) 28

Limite de liquidez (%) 53

Limite de plasticidade (%) 42

Índice de plasticidade (%) 11

Peso especifica real dos grãos (kN/m³) 26,7

Umidade natural (%) 34,62

Peso especifica natural (kN/m³) 16,3

Índice de vazios 1,19

Grau de saturação (%) 75,7

Porosidade (%) 54

pH (H2O) 5

Matéria orgânica (%) 0,8

CTC (cmolc/dm³) 12,5

Condutividade hidráulica (m/s) 1,39x10-5

ASE interna + externa (m²/g) 33,86

O fluxo do lenço acompanha a topografia do terreno, uma vez que este é um divisor de

águas, a figura 16 ilustra o relevo e a direção do fluxo de água subterrânea, partindo de A que

é o divisor de águas (rodovia ERS-324), C e D até o ponto B, que é o mais baixo. Nas cotas

mais baixas (B) ocorre o afloramento e acumulo de água onde é represada em açudes

36

comprovando o fluxo. Em épocas de estiagem, os açudes e córregos não secam, isso ocorre

por serem sustentados pelo lençol, caracterizado um leito perene.

Figura 15: Relevo com fluxo subterrâneo

2.2.2 Metodologia de coleta e análise

Para este trabalho foram utilizados como padrão de referência de qualidade, as

portarias MS-518/04 e MS-2914/11, além da resolução CONAMA 396/08, a figura 17 mostra

as legislações utilizadas para cada padrão.

Figura 16: Legislação para potabilidade de água

Os parâmetros considerados foram os descritos pela portaria MS-2914/11, por ser uma

norma mais atual que a sua antecessora (MS-518/04), a qual foi utilizada apenas como

complemento.

Fonte: Surfer, 2013

37

Os parâmetros escolhidos foram divididos em físico, químicos e biológicos, para uma

melhor compreensão dos seus efeitos e interações com o meio e consigo mesmo, na figura 18

podem-se observar os parâmetros determinados subdivididos em suas classes.

Figura 17: Parâmetros escolhidos

Os parâmetros físicos foram escolhidos por melhor representarem os objetivos da

pesquisa, através destes pode-se constatar a presença de coloides e outros componentes que

proporcionam mudanças físicas no meio aquático. A escolha dos parâmetros químicos se deve

ao fato de melhor representar as reações no meio, as quais respondem os objetivos alvo desta

pesquisa. Para os parâmetros biológicos adotou-se a análise de coliformes termotolerantes,

por indicarem a presença de fezes, o que da o embasamento para a conclusão deste estudo.

Para esta pesquisa foi realizada uma coleta composta por sete amostras, uma de cada poço

possibilitando a avaliação individual da qualidade. A coleta das amostras foi realizada no dia

18 de Outubro, no período da manha. A retirada e preservação das amostras dos poços

seguiram os métodos descritos pela norma NBR 9898 (ABNT, 1987) isso se procedeu para as

análises físico-químicas, sendo a biológica coletada posteriormente no dia 21 de Outubro e

encaminhada para análise em laboratório especializado.

As análises físicas e químicas foram realizadas em laboratório, seguindo a

metodologia descrita pelo Standard Methods for the examination of water and wastewater da

agência de saúde pública americana (APHA), e procedeu-se em triplicata.

Na elaboração dos indicativos para evitar riscos de contaminação, foi utilizado os

regulamentos de serviços de água e esgoto da companhia rio-grandense de saneamento

(CORSAN), alem desta foi utilizado à norma NBR 7229 (ABNT, 1993), constitui

embasamento para elaboração de indicativos com propósito de prevenir a contaminação. A

38

respeito dos riscos a saúde proveniente da água subterrânea utilizou-se como base o manual

de boas práticas no abastecimento de água proposto pelo ministério saúde.

2.3 Resultados e discussões

2.3.1 Relação dos pontos de geração de efluente com os pontos de coleta de água e as

características geológicas locais

A norma NBR 7229 (ABNT, 1997) define o “sumidouro como sendo um poço seco

escavado no chão e não impermeabilizado, que orienta a infiltração de água residuária no

solo, e também descreve o sumidouro como sendo uma unidade de depuração e de disposição

final do efluente de tanque séptico verticalizado em relação à vala de infiltração. Devido a

está característica, seu uso é favorável somente nas áreas onde o aquífero é profundo, onde

possa garantir a distância mínima de 1,50 m (exceto areia) entre o seu fundo e o nível aquífero

máximo”.

Os pontos de geração de efluente em relação aos pontos de abastecimento são de suma

importância para a conclusão desta análise, pois como descrito anteriormente parte dos

tanques sépticos encontra-se fora dos padrões da norma, entrando em contato com o lençol

freático, pois apresentam menos de 1,5 m de distância mínima.

2.3.1.1 Relação dos poços com o perfil do terreno

O local estudado encontra-se como divisor de águas, assim a água pluvial escorre da

cota mais alta para a mais baixa, o lençol freático movimenta-se da mesma forma, na figura

19 podemos ver a topografia do terreno, a qual indica que a parte mais alta do terreno seria a

montante do fluxo, e por consequência a parte mais baixa a jusante, sendo então a receptora

das águas que percorreram maior curso, atravessando todo o terreno.

39

Figura 18: Perfil topográfico

Como sequência do mapa topográfico, temos a figura 20 a qual mostra o mapa de

satélite, onde estão demonstrados os locais dos poços e também os tanques sépticos, além de

algumas referências.

Figura 19: Posição dos poços e tanques sépticos

Através da figura 20 pode-se observar a proximidade de alguns poços, sendo que estes

se concentram em uma determinada área, além disto a topografia neste local de concentração

é a mais inclinada demonstrada pela figura 19. Outra analogia possível entre os dois mapas

seria quanto ao fluxo da água e o posicionamento dos poços e tanques, enfatizando que a água

da cota mais alta acaba por entrar em contato (direto e indireto) com todos os poços e tanques.

Fonte: Surfer, 2013

Fonte: Google, 2013

40

Outro ponto relevante observado neste mapa a grande densidade arbórea presente no local,

aumentando assim a retenção e a infiltração de água no solo favorecendo a recarga do lençol

em toda a extensão.

2.3.1.2 Poço 1

A distância entre o poço 1 e o tanque séptico 1 pode ser visualizada na figura 21, onde

percebe-se uma distância relativamente segura tomando-se como base a norma NBR 7229

(ABNT, 1997) a qual indica uma distância de 15 m. Outro ponto observado é quanto a

topografia, o poço está em uma posição levemente acima do tanque como mostrado no perfil

ilustrado na figura 21.

Figura 20: Distância poço 1

O problema atribuído a este tanque séptico é quanto à profundidade do lençol freático,

a qual é relativamente pequena, isto se comprova pela ocorrência de afloramento da água do

lençol. Tomando-se como base a norma NBR 7229 (ABNT, 1997), que indica uma diferença

de 1,5 m entre o fundo do tanque séptico e o lençol freático, para que assim reduza os riscos

de contaminação.

Fonte: Google, 2013

41

Figura 21: Poço 1 e proteção verde

A figura 22 apresenta o poço 1 o qual é protegido por árvores que atuam como barreira

de conservação há fatores externos, também é o poço a qual o tanque séptico está a uma

distância relativamente segura.

2.3.1.3 Poço 2

O poço 2 ilustrado na figura 23 indica que a distância entre o mesmo e o tanque

séptico 2, assim como o poço 3 estão dentro da mesma propriedade e área de influência. O

perfil topográfico ilustrado na figura 23 indica uma diferença de cotas entre os poços e o

tanque séptico.

42

Figura 22: Distância poço 2 e 3

Este poço demonstrado na figura 24 (à esquerda) encontra-se desativado, o motivo da

desativação é, segundo os proprietários, devido à baixa profundidade. O poço encontra-se mal

vedado, podendo sofrer facilmente a influência de agentes externos. Pode-se perceber a

presença de um afloramento (à direita) nas proximidades do mesmo.

Figura 23: Poço 2 e nascente

A figura 23 indica a menor distância entre o poço 3 e o tanque séptico 2 (está segundo

a norma NBR 7229 (ANBT, 1997) está a uma distância segura). Um fator que possibilita à

Fonte: Google, 2013

43

contaminação é a profundidade, sendo que esta está próxima da superfície, cerca de 3 m de

profundidade. Pode-se visualizar na figura 25 da esquerda um afloramento do lençol freático.

Figura 24: Distância poço 2

2.3.1.4 Poço 3

Na figura 23 podemos visualizar a distância entre o poço 3 e o tanque séptico 2, este

espaçamento é considerado seguro NBR 7229 (ABNT, 1993), porém percebe-se que o poço

encontra-se a montante do tanque séptico 2 e a jusante dos tanques 4, 5 e 6.

Figura 25: Distância poço 3

44

Quanto a fatores externos o poço está muito exposto, não havendo nenhuma proteção,

isto pode ser visualizado na Figura 26 (à esquerda).

2.3.1.5 Poço 4

Este é um dos poços classificado com risco de contaminação, pelo fato da

profundidade baixa cerca de 5,5 m.

Figura 26: Distância poço 4

A figura 27 indica o poço 4 no qual há distância entre o tanque séptico 3 é crítica, pois

a norma NBR 7229 (ABNT, 1997) indica uma distância mínima de 15 m como sendo

relativamente segura para a fonte.

O poço 4 está rodeado por uma cobertura verde composta por árvores e gramíneas, os

quais servem como proteção a impactos externos, além disso o mesmo possui selamento,

impedindo a entrada de vetores externos.

Fonte: Google, 2013

45

Figura 27: Poço 4 e o tanque séptico

A figura 28 indica a real situação em que se encontra o poço 4, o qual está afastado 8

m, do tanque séptico 3.

2.3.1.6 Poço 5

O poço 5 apresenta risco de contaminação, pois está fora dos padrões de espaçamento

exigidos pela norma NBR 7229 (ABNT, 1997). A principio o fluxo inviabiliza a influencia do

tanque na água retirada do poço, porem pode ocorrer o oposto, isso se deve pelo fato do fluxo

subterrâneo geralmente ser lento e o meio poroso possibilitando uma dispersão mecânica do

lixiviado, isso somado ao longo tempo de disposição possibilita que a área de influência atinja

a zona de captura de água do poço. Na figura 28 pode-se observar o poço, a distância do

mesmo com o tanque séptico é de 5 m podendo ser considerado o de maior risco.

46

Figura 28: Distância poço 5

A figura 29 mostra que o poço está propicio a agentes externo devido a falta de

proteção. A imagem a direita mostra a falta de proteção apontando descaso com a segurança e

manutenção.

Figura 29: Localização do poço 5 e o tanque séptico

2.3.1.7 Poço 6

A figura 30 indica que o poço esta a uma distância relativamente segura do tanque

séptico tomando-se como base a norma NBR 7229 (ANBT, 1997) a qual indica uma distância

de 15 m, além disso, há diferença de nível do tanque séptico em relação com o poço 6 (onde

este encontra-se em uma cota maior).

Fonte: Google, 2013

47

Figura 30: Distância poço 6

A esquerda da figura 31, tem-se o poço 6, o qual foi considerado com uma precária

proteção contra entrada de vetores externos ao poço. A direita da figura 31 o local onde está

instalado o tanque séptico. Pelo aspecto visto não há nenhum cuidado técnico para

conservação e sinalização do local, provando que nenhum cuidado está ou foi tomado para a

implantação deste.

Figura 31: Poço 6 e o tanque séptico 5

2.3.1.8 Poço 7

O poço 7 está a uma distância de 9,5 m do tanque séptico (ver figuras 32 e 34),

caracterizando segundo a norma NBR 7229 (ABNT, 1993) está fora dos padrões de distância

mínimo exigidos, com isto possibilitando risco de contaminação. Segundo relatos dos

Fonte: Google, 2013

48

proprietários, a escavação deste tanque foi interrompida devido o afloramento de água, assim

parando a construção e sendo utilizado desta forma, a partir desta informação pode-se supor

que o lençol está muito próximo da superfície.

Figura 32: Distância poço 7

Denota-se a presença de algas no reservatório do poço 7 (ver figura 33).

Figura 33: Reservatório poço 7

O poço 7 não se encontra selado ficando assim propicio a agentes externos, a estrutura

do mesmo é precária e comprometendo a integridade do mesmo.

Fonte: Google, 2013

49

Figura 34: Localização poço 7 e tanque séptico

2.3.2 Diagnostico da qualidade da água subterrânea e comparação com a legislação

2.3.2.1 Coliformes termotolerantes

Segundo OTENIO et.al (2007), a presença de Coliformes Fecais indica a possibilidade

de contaminação por fezes. O principal indicador de contaminação microbiológica da água

são as bactérias do grupo coliforme. A água para ser potável não pode conter coliformes

termotolerantes, pois a presença deste indica o risco potencial da existência de bactérias

patogênicas (AEGEA, 2012).

Tendo em vista que as resoluções MS-518/2004 e MS-2.914/2011 trazem em seu texto

a exigência de que o número de coliformes termotolerantes presentes em uma amostra de 100

mL seja nulo, ou seja, não é aceitável para padrões de potabilidade que exista coliformes na

água. A Resolução CONAMA 357/2005, permite a existência de 200 coliformes em uma

amostra de 100 mL de água, mas para ficar evidente está resolução está sendo utilizada

apenas para fins de comparação, pois a mesma é expressamente utilizada para águas

superficiais.

50

Tabela 4: Coliformes termotolerantes

Coliformes termotolerantes

Amostras Resultados (NMP/100 mL)

POÇO 1 <180

POÇO 2 <180

POÇO 3 200

POÇO 4 <180

POÇO 5 <180

POÇO 6 <180

POÇO 7 <180

NMP Numero mais provável

Os resultados <180, segundo o laboratório, quer dizer que a serie de tubos utilizados

para a análise, os quais segundo o manual da companhia ambiental do estado de São Paulo

(CETESB), tem volume de inoculação de 10 mL, 1 mL e 0,1 mL, os quais resultarão em (0, 0,

0), e pela tabela de número mais provável deste manual corresponde ao valor de <1.8.

Ao avaliar os resultados apresentados na tabela 4, percebe-se que os poços estão com

uma concentração de coliformes fora dos padrões exigidos para consumo humano, segundo a

resolução MS-2914, e com isto trazendo riscos para a saúde e bem-estar da população.

2.3.2.2 Temperatura

A temperatura é um padrão que pode variar abruptamente como mostra a figura 35,

devido a este fato deve ser realizada a medição no local da coleta, assim como exige a norma

NBR 9898 (ABNT, 1987).

Figura 35: Temperatura

51

As temperaturas apresentadas na figura 35 indica um grau térmico relativamente

baixo, isto é explicado pelo fato das amostras estarem abaixo do nível do solo. Outro ponto é

os poços estão protegidos por árvores, isto implica em uma possível redução da temperatura.

2.3.2.3 Condutividade elétrica

Segundo Richter (2009), a condutividade elétrica é a capacidade da água em conduzir

a eletricidade. É definida como o recíproco da resistividade. A condutividade da água depende

da concentração e da carga dos íons na solução.

Figura 36: Condutividade elétrica

Um rio ou corpo hídrico tem uma gama relativamente consistente de valores de

condutividade elétrica, a qual conhecida pode ser utilizada como base de comparação para

medições regulares de condutividade Villa et.al (2013), a tabela 5 mostra faixas para

comparação da condutividade elétrica.

52

Tabela 5: Faixas de condutividade elétrica

Tipo de água Condutividade elétrica (µS/cm)

Água deionizada 0,5-3

Pura água da chuva < 15

Rios de água doce 0 – 800

Água do rio marginal 800 – 1.600

Água salobra 1.600 – 4.800

Água salina >4.800

Águas do mar 51.500

Águas industriais 100 – 10.000

Ao compararem-se os resultados mostrados pela figura 36, com a tabela 5, conclui-se

que o lençol freático da área está entre a água deionizada (pura de substancias) e a pura água

da chuva. Assim a fonte deste local apresenta uma baixa quantidade de compostos (iônicos e

catiônicos) dissolvidos, o que interfere segundo Villa et.al (2013) na passagem da

eletricidade.

2.3.2.4 Oxigênio dissolvido

Segundo (SPERLING, 1996), “Valores de OD bem inferiores à saturação são

indicativos da presença de matéria orgânica (provavelmente esgotos), com OD em torno de 4-

5 mg/L morrem os peixes mais exigentes; com OD igual a 2 mg/L todos os peixes estão

mortos; com OD igual a 0 mg/L tem-se condições de anaerobiose.”, este trecho é uma boa

base comparativa, relacionando o suporte de vida da água. Os peixes são uma espécie

extremamente sensíveis à alteração do oxigênio na água, mesmo o ser humano não tendo este

grau de sensibilidade, já demonstra riscos a saúde.

Fonte: Ag Solve, 2013

53

Figura 37: Oxigênio dissolvido

Um bom indicador de poluição é o oxigênio dissolvido, pois a concentração em água

pura e a 20°C ao nível do mar é de 9 mg/L, no entanto em meio onde a matéria orgânica for

concentrada, o oxigênio pode ser 0 mg/L Medri (1997).

O nitrogênio, nos processos bioquímicos de conversão da amônia a nitrito e deste a

nitrato, implica no consumo de oxigênio dissolvido no meio (SPERLING, 1996).

Analisando o que foi expresso por Sperling (1996), podem-se explicar os níveis baixos

de oxigênio dissolvidos apresentados na figura 37, pois comprovado a existência de teores

anormais de nitrogênio nas amostras, ocorre da amônia estar sendo transformada em nitrito,

assim consumindo o oxigênio do meio.

2.3.2.5 Demanda química de oxigênio

O resultado do teste dá uma indicação do oxigênio requerido para a estabilização da

matéria orgânica (SPERLING, 1996).

A quantidade de oxigênio necessária para estabilizar quimicamente a matéria orgânica

e inorgânica oxidável de uma água, é representada pela demanda química de oxigênio, cujo

teste é realizado através do uso do oxidante dicromato de potássio, em meio ácido e

temperatura elevada, durante 2 horas Madri (1997).

54

Figura 38: Demanda química de oxigênio

A figura 38 indica valores elevados de demanda química de oxigênio nas amostras dos

poços, isto ocorre devido à existência de material degradável e agentes que o degradam.

O Gráfico 6, indica que nos POÇOS, há presença de efluente doméstico, pois a oxidação da

matéria orgânica requer o consumo de oxigênio da água, se este for comparado com o Gráfico

3, percebe-se um déficit de oxigênio nas amostras.

Pode-se então afirmar que está matéria orgânica a qual está consumindo o oxigênio do meio,

seja proveniente do efluente doméstico, pois foi constatada a ocorrência de tanques sépticos

ativos.

Os valores da demanda química de oxigênio no POÇO 7, é o mais elevado, devido a

pequena distância entre o poço e o tanque séptico, além da diferença de nível do solo em

relação aos tanques sépticos 4 e 5, o qual a linha de fluxo esteja tendendo para com o POÇO

7.

O mesmo ocorrendo com os POÇOS 1, 2 e 3, onde a diferença de nível do solo

favorece o aumento na demanda de oxigênio para que ocorre a degradação da matéria

orgânica.

O POÇO 4 deveria ocorrer o mesmo, dos anteriores mas leva-se em conta que devido

a baixa profundidade, esteja recebendo uma carga menor de matéria orgânica.

2.3.2.6 Fósforo

A resolução (CONAMA, 396), a qual trata da qualidade das águas subterrâneas, no

qual exige uma concentração máxima de 0, 020 mg/L.

55

Figura 39: Fósforo

Segundo (SILVA et al, 2001), Parte da importância do fenômeno de adsorção de

fósforo em solos deve-se ao fato de ser ele um dos ânions mais fortemente retidos,

principalmente em Latossolos.

Ao analisar a figura 39 denotou-se a existência de concentrações relativamente baixa

de fósforo, o qual pode estar sendo adsorvido pelo solo, tendo em vista que o solo da região

de Passo Fundo é um Latossolo vermelho distrófico, e este sendo propício para a retenção do

fósforo, como descrito anteriormente.

2.3.2.7 Nitrogênio total kjeldahl

O nitrogênio é um elemento indispensável para o crescimento de algas e, quando em

elevadas concentrações em lagos e represas, pode conduzir a um crescimento exagerado

desses organismos (SPERLING, 1996).

O nitrogênio nos processos bioquímicos de conversão da amônia a nitrito e deste a

nitrato, implica no consumo de oxigênio dissolvido do meio (SPERLING, 1996).

56

Figura 40: Nitrogênio total kjeldahl

Com as informações citadas por Sperling (1996), e os resultados expressos na figura

40, pode-se concluir que ocorre a contaminação por nitrogênio, pois as amostras encontram-se

fora dos padrões requeridos pelo CONAMA 396.

Outro ponto mencionado por Sperling (1996) é no quesito da conversão bioquímica da

amônia a nitrito e a nitrato que consome o oxigênio dissolvido na água, e isso é comprovado

analisando a figura 37, que mostra uma taxa de oxigênio dissolvido abaixo do exigido na

resolução CONAMA 396.

O poço 2 teve seu valor elevado, pelo fato do mesmo estar desativado, e conter matéria

orgânica no seu interior, proveniente de folhas e raízes.

2.3.2.8 Cloretos

Segundo as resoluções do Ministério da Saúde - MS 2914/11 e 518/04, indicam um

valor de 250 mg/l de cloretos presente na água potável.

Segundo Richter (2009), o íon cloreto, Cl-, tem origem em sais muito solúveis. Está

geralmente associado ao sódio, Na+, principalmente em águas salobras. Em águas doces, a

quantidade de cloretos pode variar de algumas poucas unidades até cera de 250 mg/l, valor

que coincide como máximo recomendável pelos padrões de potabilidade. Concentrações mais

altas, mesmo superiores a 1.000 mg/l, não são prejudiciais ao homem, a menos que ele sofra

de moléstia cardíaca ou renal.

Segundo Richter (2009), a presença de cloretos em concentrações maiores que as

normalmente encontradas nas águas superficiais da região, é uma indicação de poluição por

esgotos domésticos.

57

Figura 41: Cloretos

Analisando a figura 41, percebeu-se que as amostras dos poços estão dentro dos

padrões exigidos pelas resoluções do Ministério da Saúde, e isto indica que há ausência em

100% das amostras.

Mas mesmo em proporções mínimas como mostra a figura 41, tudo indica que este

seja rastros de que possa estar ocorrendo o contato com efluente doméstico, como sendo em

pequeno volume pode ser que o solo esteja retendo parte do contaminante ou mesmo sendo

disperso para outras regiões no momento em que entra em contato com o lençol freático, desta

forma indicando baixas concentrações, o qual pode ser subjugado como sendo apenas

dissolução de minerais.

Mas como ocorre o lançamento de efluente doméstico não tratado, fica evidente que

está parcela que ocorre de cloretos nas amostras, seja proveniente do efluente doméstico.

Outro ponto que poderá explicar esta concentração de cloretos presente no poço 4, é a

baixa profundidade do mesmo onde este encontra-se com 5,5 m, isto está implicitamente

relacionado com a profundidade pois, com uma espessura de solo pequena, a possibilidade do

mesmo ficar retido é reduzida.

2.3.2.9 pH

Segundo Sperling (1996) pH baixo: Corrosividade e agressividade nas águas de

abastecimento; valores de pH afastados da neutralidade: podem afetar os microrganismos

responsáveis pelo tratamento biológico do esgoto.

58

Figura 42: pH

A figura 42 mostra os valores de pH medidos no laboratório. Observando esses

resultados pode-se concluir que o meio está ácido, fazendo uma analogia com o descrito por

Sperling (1996), chega-se a conclusão de que na teoria há corrosão, porem na prática não é o

que ocorre.

Uma explicação para tais valores de pH seria a presença de algas, sendo que durante o

dia, as algas produzem oxigênio na fotossíntese, contudo, durante a noite, liberam CO2 pela

respiração, reduzindo o pH e a alcalinidade (RICHTER, 2009). Está teoria pode ser refutada

pelo fato da ausência de luz dentro do poço, inviabilizando seu crescimento.

Não se pode concluir o mesmo no que diz respeito às caixas d'água, aonde ocorre à

formação de algas verdes (ver figura 33), mas está geração está associada há existência de

teores de nitrogênio acima do requerido pela legislação vigente.

A presença de pH reduzido pode ser um indício da incorporação de carga orgânica na

água, uma vez que a oxidação da matéria orgânica resulta na redução do pH, está oxidação é

atribuída a microrganismos presentes na água do poço.

Ao comparar com outros valores presente nas literaturas pode-se concluir que está

faixa está dentro do padrão para áreas semelhantes (sem tratamento do efluente domestico,

falha no sistema, defeito na impermeabilização), no trabalho de Souto et.al (2008), que trata

da análise da qualidade da água em um loteamento Macapá/AP, tem-se uma faixa muito

similar as obtidas nesta pesquisa.

59

2.3.2.10 Turbidez e cor

Segundo Richter (2009), a Turbidez pode ser interpretada como uma medida indireta

da quantidade de sólidos em suspensão, e é, portanto, particularmente útil no controle do

tratamento de água potável, em que a quantidade de sólidos em suspensão é geralmente baixa.

O parâmetro Turbidez esta correlacionado com a presença de material disperso na

amostra, fato de que o poço 2 encontra-se desativado e mau vedado possibilitando a entrada

de matéria orgânica oriunda do meio externo, assim existindo sólidos disperso imperceptíveis

ao olho, já o poço 6 explica-se pelo fato do mesmo encontrar-se com a abertura lacrada e

assim sendo necessário a utilização de bomba mecânica para retirar a amostra e com isso

ocorrendo um agitamento na água, assim incorporando sólidos, mas em ambos só foram

detectados através de aparelhos pois visualmente era impossível identificar o material

particulado. Os demais poços não apresentarão significativa alteração. Assim todos os poços

mesmo aqueles que tiveram alteração significativa em comparação com os demais,

encontram-se nos padrões exigidos pelas resoluções MS-518/05 e MS-2.914/11, a qual

exigem uma Turbidez de no máximo 5 UNT como mostra a figura 40.

Figura 43: Turbidez

Este parâmetro não deve ser avaliado separadamente, deve levar em conta o parâmetro

cor, assim pode-se discriminar algum erro ocorrido nas amostras.

60

Segundo Sperling (1996), deve-se distinguir entre cor aparente e cor verdadeira. No

valor da cor aparente pode estar incluída uma parcela devida à Turbidez da água. Quando esta

é removida por centrifugação, obtém-se a cor verdadeira. Em termos de tratamento e

abastecimento público de água: (valores de cor da água bruta inferiores a 5 uH usualmente

dispensam a coagulação química;valores superiores a 25 uH usualmente requerem a

coagulação química seguida por filtração.).

Segundo Richter (2009), a cor de uma água pode ser um indicativo de seu grau de

poluição. De um modo geral, águas de cor elevada apresentam uma alta demanda química ou

bioquímica de oxigênio.

Figura 44: Cor

A presença de ferro pode dar uma coloração avermelhada, enquanto águas com

alcalinidade e dureza elevadas, como as de alguns rios da cordilheira dos Andes, que escoam

por solos calcáreos, apresentam uma cor característica levemente esverdeada, (RICHTER,

2009).

Fazendo-se uma avaliação visual das amostras, pode-se comprovar que está água pode

ter teores de ferro muito baixo, quase nulo, pois se Richter (2009), diz que uma amostra de

água com coloração avermelhada indica presença de ferro, o qual não ocorre com nenhuma

das amostras que, mesmo indicando uma coloração elevada como mostra a figura 44, estas

não possuem tal coloração avermelhada.

A cor geralmente não tem significado sanitário, porém afeta esteticamente a qualidade

de uma água, podendo estimular o consumo de outra fonte mais atraente, porém que pode ser

61

mais perigosa, sendo por este motivo, conveniente a sua redução a um nível aceitável

(RICHTER, 2009).

Analisando o mencionado no parágrafo anterior, não se deve avaliar uma água apenas

por sua cor, o que ocorre nestas amostras, pois visivelmente a mesma não apresenta coloração

nem presença de partículas em suspensão, há possibilidade de haver coloides dispersos na

amostra que visivelmente não são notados, requerendo o uso de equipamentos para

diagnóstico.

Mas como mencionado Richter (2009), águas com valores elevados de cor indicam

uma alta demanda química o bioquímica de oxigênio, e ao relacionar o mencionado pelo autor

com as concentrações de DQO das amostras, consegue-se correlacionar, pois as taxas de DQO

estão elevadas, do mesmo modo que os padrões de cor nos poço 5 e 7 estão em

desconformidades do exigido pela MS-2914 como mostra a figura 41.

2.3.2.11 Correlação do nitrogênio com o oxigênio dissolvido e o pH

Após serem realizadas as devidas análises, partiu-se para realizarem-se correlações

com os resultados obtidos. No qual as reações realizadas pelo nitrogênio incubem em

consumo de oxigênio dissolvido. Outro fator nesta correlação é o pH, no qual varia conforme

os teores de nitrogênio aumenta, em que as reações de nitrificação tornam o pH ácido.

O pH da água segundo Mota e Sperling (2009), define a forma em que a amônia estará

presente na fonte, pois quando o pH for <8, então praticamente toda a amônia estará na forma

de NH4+. Então se conclui que pelos valores de pH apresentados na figura 45, a amônia

presente nas amostras está na forma de íon amônia.

62

Figura 45: Correlação do nitrogênio, do oxigênio dissolvido e o pH

Ao ser realizado esta correlação obteve-se os resultados expressos na figura 45, onde

se percebe que devido ao aumento da concentração de nitrogênio, ocorre o consumo do

oxigênio dissolvido na amostra, isto ocorre devido à nitrificação.

Contudo, deve-se levar em conta o pH das amostras, pois resultaram em um meio

ácido, devido as reações de nitrificação, que é a transformação da amônia em nitrito, tornam o

meio ácido.

A concentração de oxigênio dissolvido poderia tender a zero, só não ocorre pelo fato

da água ser retirada do poço através de bombas, o que gera um turbilhonamento, e assim

ocorrendo à incorporação de oxigênio na água.

2.3.3 Criar ações para evitar contaminações da água subterrânea, e evitar danos a

saúde

Para a criação dos indicativos, utilizou-se com base legal o regulamento de serviços de

água e esgoto da CORSAN, para regularizar o pedido de abastecimento publico, e a norma

NBR 7229 (ABNT, 1997), para a construção de um sistema eficiente de disposição e

tratamento do efluente doméstico.

63

2.3.3.1 Primeira ação: Pedido de abastecimento público

O pedido de rede de abastecimento público deve ser feito para receber uma água

tratada e nos padrões da portaria MS-2914. No município de Passo Fundo, deve ser requerido

antes o pedido de licenciamento, que é feito pela secretaria do municipal do meio ambiente,

após é avaliado pela companhia riograndense de saneamento, pois é a CORSAN que deve

fazer a instalação e ligamento da rede.

2.3.3.2 Segunda ação: Meios de tratamento da água para consumo humano

A instalação da rede de abastecimento público pode demorar, então é necessário que

encontre-se meios de tratar a água neste período, assim evitando que seja consumida uma

água com padrões em desacordo com a portaria MS-2914.

2.3.3.3 Terceira ação: Construção de sistema de tratamento do efluente doméstico

individual adequado para cada residência

É indiscutível a necessidade de um sistema de tratamento eficiente e dentro do exigido

pela NBR 7229 (ABNT, 1997), ou seja, que a impermeabilização do tanque funcione

corretamente, e assim evitando riscos de contaminação do lençol freático.

2.3.3.4 Quarta ação: Lacramento dos tanques sépticos

Após a construção do sistema eficiente de tratamento, deve ser feito o lacramento dos

tanques sépticos antigos, e que estão em desconformidade com a legislação.

2.3.3.5 Quinta ação: Estudo para recuperação do lençol freático

Na sequência devem-se realizar estudos técnicos, para que possa ser recuperado o

lençol freático deste local, estudos e técnicas de recuperação e remediação devem ser

aplicada, uma das possíveis técnicas é a de bombeamento e tratamento, que consiste na

retirada da água do lençol e efetua o tratamento, após é reposta no lençol freático.

64

2.3.3.6 Sexta ação: Fechamento dos poços

Por fim, após a instalação da rede de abastecimento publico, deverão ser fechados os

poços, pois estes não estando nos padrões da portaria MS-2914, podem causar risco de

infecções nas pessoas que consumir está água.

65

3 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

A correlação dos pontos de geração de efluente com os pontos utilizados para

abastecimento evidenciou uma proximidade extremamente perigosa dos mesmos, que

juntamente com o perfil do solo e do terreno com declive acentuado, favoreceram a

contaminação dos pontos a jusante.

A qualidade da água obtida com as analises realizadas, poderão responder o objetivo

desta pesquisa, pois parâmetros como nitrogênio e oxigênio dissolvidos, que apresentarão

alterações significativas, o que da indícios da contaminação com efluente doméstico. A falta

de sensibilidade das análises se deve a ter sido feita apenas uma amostragem, sendo assim

sem a possibilidade de comparação, os resultados tornam-se tendenciosos. Nos resultados dos

coliformes termotolerantes, o qual foi realizado em laboratório especializado, ficaram dúvidas

a cerca dos resultados.

E assim não se pode afirmar com certeza que o lençol freático na área estudada, esteja

contaminado e sendo impróprio para consumo humano, pois é necessário realizar uma gama

de análises maior, para afirmar a contaminação.

Com o andamento da pesquisa, pode-se concluir da necessidade de uma serie de ações

para reduzir o risco de contaminação, e assim criaram-se seis ações, que possa promover a

resolução deste dano ambiental. Portanto é um conjunto de ações que possibilitam o retornar

do lençol freático próximo do ideal.

Como o tempo para concepção deste trabalho é curto, e não sendo possível realizar uma

pesquisa mais perceptível e conclusiva, então se faz a recomendação para trabalhos futuros,

de que seja realiza uma gama maior de parâmetros, como a demanda bioquímica de oxigênio,

sólidos dissolvidos totais, nitrito e nitrato. Outra analise que recomendo e a geoestatistica,

para ter-se um mapeamento da área. A amostragem também deve ter um número maior, o

certo é ser feita uma amostragem por estação do ano, para poder compor um padrão anual da

qualidade da água. E assim podendo concluir com certeza se o lençol está mesmo

contaminado.

66

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69

ANEXO A

70

Figura 46: Laudo técnico poço 1

71

Figura 47: Laudo técnico poço 2

72

Figura 48: Laudo técnico poço 3

73

Figura 49: Laudo técnico poço 4

74

Figura 50: Laudo técnico poço 5

75

Figura 51: Laudo técnico poço 6

76

Figura 52: Laudo técnico poço 7