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ANÁLISE DO CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE EMBARCAÇÕES DE LAZER EM FIBRA DE VIDRO RICHARD FALLER FAHRNHOLZ Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica, Escola Politécnica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Naval e Oceânico. Orientador: Alexandre Teixeira de Pinho Alho Rio de Janeiro SETEMBRO DE 2017

RICHARD FALLER FAHRNHOLZ Projeto de Graduação … · antes de entrar na faculdade, e por todos os ensinamentos durante o tempo de estágio. Agradeço à minha namorada, pelo companheirismo,

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ANÁLISE DO CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE EMBARCAÇÕES DE

LAZER EM FIBRA DE VIDRO

RICHARD FALLER FAHRNHOLZ

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Naval e Oceânica, Escola

Politécnica, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro Naval e Oceânico.

Orientador: Alexandre Teixeira de Pinho Alho

Rio de Janeiro

SETEMBRO DE 2017

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ANÁLISE DO CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE EMBARCAÇÕES

DE LAZER EM FIBRA DE VIDRO

RICHARD FALLER FAHRNHOLZ

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO

DE ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE

ENGENHEIRO NALVAL E OCEÂNICO.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. D.Sc. Alexandre Teixeira de Pinho Alho

________________________________________________

Profa. D.Sc. Marta Cecilia Tapia Reyes

________________________________________________

Prof. D.Sc. Severino Fonseca da Silva Neto

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2017

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Fahrnholz, Richard

Análise do controle do processo de produção de

embarcações de lazer em fibra de vidro/ Richard Fahrnholz -

Rio de Janeiro: UFRJ/ ESCOLA POLITÉCNICA, 2017

XI, 39 p.: il.: 29,7 cm.

Orientador: Alexandre Teixeira de Pinho Alho

Projeto de Graduação - UFRJ/ POLI/ Engenharia Naval e

Oceânica, 2017.

Referências Bibliográficas: p.39.

1.Introdução 2.Objetivo 3.Custos 4.Planejamento da

Produção 5. Produção 6.Estudo dos Pontos Críticos no

Processo de Produção 7.Estudo Aplicado 8.Conclusão

9.Referências Bibliográficas

I. Alho, Alexandre. II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Naval e

Oceânica. III. Análise do controle do processo de produção de

embarcações de lazer em fibra de vidro.

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A Laurentina e Ricardo, a quem dedico

não apenas este trabalho, mas todas as

conquistas da minha vida.

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Agradecimentos

Agradeço aos meus pais, Laurentina e Ricardo, que sempre estiveram ao meu

lado, me incentivando, e que me deram todo tipo de apoio necessário para concluir esta

etapa da minha vida.

Agradeço ao meu irmão, que sempre foi meu companheiro e melhor amigo,

inclusive escolhendo o mesmo curso de graduação que eu.

Agradeço a todos os meus amigos e colegas, que o curso proporcionou, que eu

os conhecesse, sem eles eu não teria sido capaz de completar esta jornada.

Agradecimento especial ao Jonas Mattos, grande amigo que levarei da faculdade para a

vida.

Agradeço aos meus chefes e amigos, Paulo Thadeu e Paulo Renha, por terem me

proporcionado a experiência de estagiar no ramo que eu sonhava em trabalhar, desde

antes de entrar na faculdade, e por todos os ensinamentos durante o tempo de estágio.

Agradeço à minha namorada, pelo companheirismo, paciência e incentivo, para

que eu concluísse este trabalho.

Agradeço aos meus Professores do curso, que, durante estes, anos muito me

ensinaram, principalmente o Alexandre Alho.

Agradeço aos meus demais familiares e a todas as pessoas que, de certa forma, por

menor que tenha sido, me auxiliaram nessa longa caminhada, sem dúvidas, todos serão

lembrados. A minha felicidade depende não só de mim, mas de todos que estão à minha

volta.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

ANÁLISE DO CONTROLE DO PROCESSO DE PRODUÇÃO DE EMBARCAÇÕES DE

LAZER EM FIBRA DE VIDRO

Richard Faller Fahrnholz

Setembro/2017

Orientador: Alexandre Teixeira de Pinho Alho

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Apresenta-se neste trabalho um estudo sobre a construção de embarcações de

lazer em fibra de vidro, com foco na redução do custo de produção. A grande

motivação para este trabalho é a de gerar informações e conhecimento que possibilitem

o desenvolvimento da indústria náutica brasileira, tornando-a mais competitiva e mais

lucrativa.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Naval Engineer.

ANALYSIS OF THE CONTROL OF THE PROCESS OF PRODUCTION OF FIBERGLASS

LEISURE BOATS

Richard Faller Fahrnholz

Setembro/2017

Advisor: Alexandre Teixeira de Pinho Alho

Course: Naval & Ocean Engineering

This work presents a study on the construction of leisure vessels in fiberglass,

with a focus on reducing production costs. A great motivation for the work is to create

information and knowledge that enable the development of the Brazilian Nautical

industry, making it more competitive and more profitable.

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Sumário

Agradecimentos ................................................................................................................ v

Lista de Figuras ................................................................................................................ x

Lista de Tabelas ............................................................................................................... xi

1. Introdução.................................................................................................................. 1

2. Objetivo ..................................................................................................................... 2

3. Custos ........................................................................................................................ 3

3.1. Custo de Mão de Obra Direta ............................................................................ 3

3.2. Custo de Materiais ............................................................................................. 5

3.3. Custo indireto ..................................................................................................... 6

3.4. Custo Total ......................................................................................................... 8

4. Planejamento da Produção ...................................................................................... 10

5. Produção .................................................................................................................. 11

5.1. Laminação ........................................................................................................ 11

5.1.1. Laminação Manual ....................................................................................... 11

5.1.2. Laminação por infusão a vácuo .................................................................... 16

5.2. Chumbação ...................................................................................................... 18

5.3. Pré-Montagem ................................................................................................. 19

5.4. Acabamento ..................................................................................................... 19

5.5. Pintura .............................................................................................................. 20

5.6. Montagem Final ............................................................................................... 20

5.7. Montagem Elétrica ........................................................................................... 21

5.8. Mecânica .......................................................................................................... 21

5.9. Capotaria .......................................................................................................... 21

5.10. Carpintaria .................................................................................................... 22

5.11. Serralheria .................................................................................................... 22

6. Estudo dos Pontos Críticos no Processo de Produção............................................. 23

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6.1. Condições Ambientais ..................................................................................... 23

6.2. Molde ............................................................................................................... 23

6.3. Cera .................................................................................................................. 24

6.4. Gel coat ............................................................................................................ 24

6.5. Resina ............................................................................................................... 26

6.6. Tampas ............................................................................................................. 27

6.7. Planejamento das Tarefas dos Setores ............................................................. 27

7. Estudo Aplicado ...................................................................................................... 29

7.1. Ganhos no Acabamento com Controle da Laminação ..................................... 29

7.2. Ganhos na Montagem Final ............................................................................. 32

7.3. Controle da Mão de Obra ................................................................................. 35

7.4. Ganho no Custo do Barco ................................................................................ 36

8. Conclusão ................................................................................................................ 38

9. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 39

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Lista de Figuras

Figura 1 – Exemplo de quantidade, custo e valor de HH de cada setor...........................5

Figura 2 – Formação do custo de overhead......................................................................8

Figura 3 – Resumo dos custos formadores do preço de venda de um barco....................9

Figura 4 – Layout do programa para planejamento da produção....................................10

Figura 5 – Laminação com pistola do tipo “Spray Up”..................................................12

Figura 6 – Pistola de “Spray Up”....................................................................................13

Figura 7 – Demonstração do Roving...............................................................................14

Figura 8 – Demonstração de um rolo de manta..............................................................15

Figura 9 – Demonstração de Tecido Biaxial...................................................................16

Figura 10 – Infusão a vácuo em andamento...................................................................18

Figura 11 – Medidor de filme (gel coat).........................................................................26

Figura 12 – Falha no gel coat..........................................................................................29

Figura 13 – Defeitos em peça laminada..........................................................................30

Figura 14 – Defeitos a serem corrigidos no setor de acabamento..................................30

Figura 15 – Defeitos a serem corrigidos no setor de acabamento..................................31

Figura 16 – Planilha para controle das horas dos funcionários......................................35

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Lista de Tabelas

Tabela 1 – Custo de mão de obra direta. .......................................................................... 4

Tabela 2 – Custo de mão de obra indireta. ....................................................................... 7

Tabela 3 – Custo de mão de obra direta. .......................................................................... 4

Tabela 4 – Defeito no gel coat e suas causas. ................................................................ 25

Tabela 5 – Cronograma de montagem final. .................................................................. 33

Tabela 6 – Resumo das horas gastas em cada barco e das horas previstas no custo. ..... 36

Tabela 7 – Comparação do custo com a redução de horas diretas. ................................ 36

Tabela 8 - Comparação do custo com a redução de horas diretas e indiretas. ............... 37

Tabela 9 – Redução do Custo Total no barco ................................................................. 37

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1. Introdução

A construção e a operação de embarcações de recreio em fibra de vidro vinham

crescendo bastante nos últimos anos. Além da chegada de novos estaleiros no mercado,

os já existentes não paravam de se expandir. Inclusive, diversos estaleiros estrangeiros

abriram filiais no Brasil, visando o crescente mercado de embarcações de lazer. Prova

disso é que, em 2012, eventos como o “Rio Boat Show”, eram capazes de movimentar

R$350.000.000,00 (trezentos e cinquenta milhões de reais) em pouco mais de uma

semana (www.propmark.com.br).

Porém, com a crise econômica que o país enfrenta desde 2014, este mercado caiu

drasticamente, afinal, trata-se de um bem supérfluo. Com isso, os estaleiros viram suas

receitas diminuírem, levando inclusive alguns à falência. Com uma demanda muito

menor e uma oferta ainda grande, a concorrência ficou mais acentuada e cada venda

passou a ser mais disputada, fazendo com que os preços de venda dos produtos

diminuíssem, reduzindo as margens de lucro (ou até zerando esta margem), para que a

venda fosse realizada e o estaleiro continuasse operando.

Diante deste cenário, criou-se a necessidade de melhores controle e eficiência da

produção por parte dos estaleiros. O controle e a eficiência da produção, assim como a

formação do custo, foram o foco do presente estudo, que se baseia em um estaleiro de

embarcações de lazer em fibra de vidro, que produz barcos em série, a partir de moldes.

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2. Objetivo

Diante deste novo contexto de crise econômica, vivido no Brasil desde 2014, surge a

necessidade de um melhor padrão de controle, eficiência e aperfeiçoamento da produção

de embarcações de esporte e recreio em fibra de vidro. Afinal, o mercado possui

demanda menor e está mais competitivo do que nunca.

Com um controle maior é possível calcular exatamente quanto custa fazer o barco,

de modo a melhor definir quanto o preço de venda do barco, bem como garantir uma

margem de desconto, sem que haja prejuízo por parte do estaleiro.

Com uma eficiência maior é possível reduzir o tempo de fabricação do barco,

reduzindo assim seu custo também, tornando o preço mais competitivo no mercado.

O estudo desenvolvido neste trabalho e as análises decorrentes têm os seguintes

objetivos:

Explicitar quais os controles e conhecimentos necessários para se produzir

embarcações em fibra de vidro;

Quais são os pontos críticos na produção que requerem maior atenção, pois

causam grandes retrabalhos, e com isso, aumentam o custo do produto sem

necessidade;

Como formar o custo de venda de uma embarcação, considerando que há uma

complexidade entre matéria prima, mão de obra direta e custos indiretos que

devem ser considerados; e

Demonstrar os benefícios obtidos tendo por base um estudo de caso real

realizado em um estaleiro de lanchas de fibra de vidro, e obter o quanto foi

possível reduzir o custo de fabricação do barco.

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3. Custos

Para começar a descrever os custos, é preciso fazer inicialmente a distinção entre

Custo Fixo e Custo Variável.

O Custo Fixo é aquele que não se altera com o volume de produção ou com o

volume de vendas. Como por exemplo, o gasto com salários dos funcionários,

publicidade e alguns impostos (como o IPTU).

O Custo Variável é aquele que varia, proporcionalmente, de acordo com a

produção/vendas. O melhor exemplo para isso é a matéria prima, que só é comprada no

caso de haver barcos a serem produzidos.

O custo de um barco pode ser dividido em cinco partes:

Custo de mão de obra direta;

Custo de materiais;

Custo indireto;

Lucro; e

Impostos.

3.1. Custo de Mão de Obra Direta

O custo de mão de obra direta se refere a todo o trabalho empregado diretamente

para a produção do produto, ou seja, o salário recebido pelos trabalhadores que, de fato,

trabalharam na fabricação do barco. No caso de embarcações de fibra de vidro, isto

compreende laminadores, acabadores, pintores, eletricistas, mecânicos, serralheiros,

capoteiros e montadores. Este custo é quantificado pelo salário dos trabalhadores e pelas

horas trabalhadas em um determinado barco.

É válido destacar que este custo não engloba apenas o salário em si dos

trabalhadores, mas também do custo existente com os encargos, os quais incluem 13o

salário, férias, FGTS, INSS, custo médico, transporte, alimentação e EPI (Equipamento

de Proteção Individual). A Tabela 1 apresenta um exemplo de planilha de controle de

custos de mão de obra direta. Nela são somadas todas as despesas anuais com o

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funcionário (Despesa anual) e dividido pela quantidade de funcionários de cada setor e

pelas horas trabalhadas no ano (252 dias úteis e 8,8 horas por dia). Com isso obtém-se o

valor do Homem Hora de cada setor da produção.

Tabela 1 – Custo de mão de obra direta.

Ao multiplicar a quantidade de horas necessárias para fabricar o barco em cada

setor pelo valor de Homem-Hora, obtém-se o custo direto de mão de obra de

determinado setor. Ao somar este custo para todos os setores, obtém-se o valor do custo

total de mão de obra direta.

No detalhamento da quantidade de horas trabalhadas em cada setor, é importante

que os encarregados de cada seção saibam exatamente qual tarefa e em qual barco o

funcionário está trabalhando. Para auxiliar nessa tarefa, foi criada uma planilha no

programa Excel, que deve ser preenchida, diariamente, no final do expediente, com o

total de horas de trabalho dos funcionários. Esta planilha será detalhada mais adiante, no

capítulo “Estudo de Caso”.

A Figura 1 mostra os valores obtidos das quantidades de homens-hora

trabalhadas em um determinado barco, o valor do custo de mão de obra direta por setor

e, na última coluna, o resultado desse produto, que dá o custo de mão de obra direta por

setor. A soma de todos esses custos fornece o custo total de mão de obra direta.

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Figura 1 – Exemplo de quantidade, custo e valor de HH de cada setor.

Uma tarefa muito importante, que deve ser feita para manter o controle do custo

total de mão de obra direta, é verificar se a quantidade de horas gastas, em cada setor,

está de acordo com o previsto. Quando houver discrepância, é fundamental verificar o

motivo em ambos os casos: tanto para mais, quanto para menos. No caso de haver sido

verificado um valor maior de horas gastas, é necessário investigar onde e porque

ocorreu esse gasto a mais, a fim de que seja evitado. Caso vire algo recorrente, o preço

de venda do barco deverá ser aumentado, para compensar as horas a mais despendidas

em sua fabricação. Já no caso de haver uma redução das horas trabalhadas, é necessário,

igualmente, identificar onde e porque houve tal diferença, de modo a permitir que se

agregue tal melhoria ao processo de fabricação. Com um número menor de horas

trabalhadas, o custo direto cai, o que possibilita a redução do valor de venda do barco.

3.2. Custo de Materiais

O custo de materiais é dividido em três parcelas. A primeira parcela representa o

custo da matéria prima, ou seja, os materiais que passarão pelo processo produtivo e

formarão o produto final, como por exemplo: gel coat, resina, tecidos e mantas de fibra

de vidro, tinta, etc.

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A segunda parcela envolve o custo dos materiais que não fazem parte do produto

final, mas que são consumidos para sua produção. São eles os equipamentos de proteção

individual (EPI), cera, lixas, materiais de limpeza, etc.

A terceira parcela de custo inclui o custo dos equipamentos e acessórios do barco, os

quais são adquiridos diretamente de fabricantes ou fornecedores, como, por exemplo, os

motores de propulsão e os equipamentos eletrônicos de bordo. Comumente, os

equipamentos e acessórios de um barco são definidos de acordo com as demandas do

cliente, sendo esta parcela, portanto, fortemente influenciada por fatores externos à

produção.

O controle dos materiais utilizados é de extrema importância, para que haja um

padrão, a fim de evitar desperdício. Para cada barco, é necessária a criação de “kits”

com todo o material que será utilizado em cada setor. Assim, todos os barcos utilizarão

exatamente a mesma quantidade de material. Para a criação destes “kits”, é necessário

que os encarregados acompanhem o processo de produção de perto, para que seja

utilizado somente o mínimo necessário. Para agilizar a produção, tais “kits” devem ser

separados no almoxarifado antes do barco entrar no setor em que ele será utilizado.

Assim, os trabalhadores só precisam ir até o almoxarifado uma única vez para buscar o

material e conferi-lo.

Outro papel importante no quesito de custo de matéria prima está na escolha do

fornecedor. É importante verificar os preços de diversos fornecedores e avaliar a relação

custo x benefício de cada opção. Para isso, testes devem ser realizados a fim de

comprovar a qualidade de determinado produto, antes de compra-lo para uso na

produção.

3.3. Custo indireto

O custo indireto é dividido em mão de obra indireta e despesas indiretas. A mão de

obra indireta se refere a toda mão de obra existente no estaleiro que não está

diretamente envolvida na construção do barco. Isto se aplica aos encarregados, à

assistência técnica, à modelagem, aos funcionários do escritório, porteiros e prestadores

de serviços gerais. A Tabela 2 mostra os valores da mão de obra indireta. A despesa

anual é a soma de todas as despesas citadas nas colunas, dividida pelo número de

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funcionários, pelo número de dias úteis no ano e pela quantidade de horas trabalhadas

por dia.

Tabela 2 – Custo de mão de obra indireta.

O custo de despesas indiretas é aquele que não pode ser identificado com

precisão em um determinado produto ou serviço. Geralmente, são consideradas como

despesas do período. Alguns exemplos são as despesas administrativas, os aluguéis,

publicidade, eventos, serviços de garantia, serviços prestados por terceiros (advogados,

contadores etc.), contas de luz, água, telefone, internet, seguros da fábrica, material para

modelagem e pró-labore dos sócios do estaleiro.

A grande questão envolvendo as despesas indiretas é como dividi-las pelos

produtos. Os critérios utilizados para a distribuição destas despesas muitas vezes é

subjetivo e arbitrário, podendo provocar distorções nos resultados. Além disso, o

critério válido para uma empresa pode não valer para outra.

Como não é possível estimar a quantidade de barcos que será vendido de cada

modelo ao longo do ano, optou-se por usar um conceito de rateio destes custos

indiretos: o custo de overhead. O custo de overhead é o custo indireto apropriado aos

produtos tendo como critério de rateio a mão de obra produtiva. Essa apropriação é

muito utilizada por empresas que tenham participação relevante da mão de obra no

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custo total do produto e pode ser feita por uma única taxa aplicada aos produtos. A

Figura 2 mostra como deve ser feito o cálculo do custo de overhead a ser apropriado

para cada hora de mão de obra direta.

Figura 2 – Formação do custo de overhead.

3.4. Custo Total

Tendo sido considerados os valores de custo de mão de obra direta, custo de mão de

obra indireta e custo de matéria prima, falta apenas calcular a parcela de custo referente

aos impostos e definir a margem de lucro a fim de compor o preço de venda do barco.

Na Figura 3 é apresentado um exemplo de composição de custos para a formação do

preço de venda de um barco. É válido ressaltar que é desejável que se faça uma pesquisa

de mercado, para ver se o valor cobrado pelo casco está coerente com o da

concorrência, e, se necessário, rever o lucro.

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Figura 3 – Resumo dos custos formadores do preço de venda de um barco.

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4. Planejamento da Produção

A verificação da quantidade de funcionários necessários em cada setor do estaleiro

impõe o planejamento da produção. Este planejamento é feito a partir da quantidade de

barcos a serem laminados, de acordo com os barcos que foram vendidos e os barcos que

serão produzidos para estoque.

Desta forma, é feito um “mapa” de toda a linha de produção, no qual são

discriminados quais funcionários trabalharão em um determinado barco e especificados

os dias que eles ficarão dedicados a este barco. No “mapa”, deve ser indicada a relação

de cada barco com todos os setores de produção, sendo que deve ser usado o menor

número de funcionários possível de cada setor por barco, desde que o prazo para a

entrega dos barcos seja cumprido. De posse do planejamento da produção, é possível

saber quantos funcionários são necessários para a produção do estaleiro e verificar se é

necessário contratar mais funcionários ou se há excesso de funcionários.

Para isto, foi desenvolvido um programa em formato de planilha, que mostra o

calendário, os barcos a serem fabricados, e os funcionários que trabalharão, conforme

ilustrado na Figura 4. Deste programa obtém-se, também, a especificação para os

encarregados, de cada setor, saberem em quais barcos trabalhar, nos dias determinados e

qual prazo eles devem cumprir.

Figura 4 – Layout do programa para planejamento da produção.

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5. Produção O processo de produção de um barco é dividido em algumas etapas, a saber:

Laminação;

Chumbação e Pré Montagem;

Acabamento;

Pintura;

Montagem Final, Montagem Elétrica e Mecânica; e

Carpintaria, Capotaria e Serralheria.

5.1. Laminação

Antes de começar a laminação, deve-se preparar o molde para este processo. Para

isto, o molde deve estar limpo e polido, para então receber a aplicação de um agente

desmoldante, para facilitar a retirada da peça, depois de pronta.

O agente desmoldante mais usado é a cera, que tem como vantagem ser barato e

promover uma fácil reativação do molde, caso ele fique um tempo sem uso.

Depois de aplicada a cera, aplica-se o gel coat na fôrma. Sua função é de

impermeabilizar e proteger o laminado das intempéries, bem como dos raios UV, além

de criar um aspecto estético agradável, fundamental para um produto que tem como um

dos objetivos ser bonito.

Após aplicar o gel coat na fôrma, é hora de laminar a resina e a fibra de vidro, de

acordo com o plano de laminação, especificado pelo projetista. No processo de

laminação de peças em fibra de vidro existem algumas opções de fazê-lo. As principais

são a manual e a por infusão.

5.1.1. Laminação Manual

A laminação manual é a maneira mais barata e mais antiga de se laminar uma peça.

Neste processo a aplicação da fibra de vidro e da resina ocorre de forma intercalada,

inserindo uma camada de fibra e molhando-a na resina.

A fibra de vidro pode ser apresentada como “roving”, “manta” e “tecido”.

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O “roving” é o mais barato dos três, ele consiste em filamentos de fibra de vidro, e

são usados em todas as quinas vivas, para preenchê-las, evitando a formação de bolhas.

Outro uso na laminação de um barco é quando este é aplicado com uma pistola de

“Spray Up”, que picota os fios e o expele junto com resina e MEKP (catalisador) no

molde. Esta costuma ser a primeira camada de fibra aplicada na peça após o gel coat. A

Figura 5 mostra o processo de laminação manual com Roving em Spray Up. Já a Figura

6 mostra a Pistola de Spray Up.

Figura 5 – Laminação com pistola do tipo “Spray Up”

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Figura 6 – Pistola de “Spray Up”

Com o “roving” picotado sobre o molde, deve-se utilizar um rolete de ferro para

retirar as possíveis bolhas. O ponto negativo de se usar “roving”, é que o controle de

espessura do laminado fica por conta do laminador, que deve saber aplica-lo na

velocidade correta em todos os barcos, para que não haja diferença de espessura e peso

entre eles. A Figura 7 mostra como se apresenta o “roving”.

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Figura 7 – Demonstração do Roving

A manta é constituída de pequenos fios de fibra de vidro em sentidos aleatórios,

ligados por um ligante químico. Elas são isotrópicas, desenvolvem a mesma tensão em

qualquer direção. Caso o plano de laminação requeira a aplicação de duas camadas de

manta seguidas, a resina da primeira ainda deve estar líquida, para poder aproveitar esta

resina da primeira manta e assim reduzir a quantidade de resina na peça. Outra

vantagem das mantas também, é que elas podem ser colocadas em lugares de difícil

acesso, desfiando-as. A Figura 8 mostra um rolo de manta.

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Figura 8 – Demonstração de um rolo de manta

As fibras tramadas (ou tecido) têm como grande vantagem a redução de peso no

laminado, pois além de manter a espessura em todo o laminado, estão livres de causar

abertura neles. Os tecidos são mais resistentes às mantas devido aos seus filamentos

serem arranjados em direções precisas. Elas não devem ser usadas perto do gel coat,

pois podem marca-lo, na sua face externa, com o desenho de suas tramas. A grande

desvantagem das fibras tramadas está no preço, mais alto que o da manta e o do roving.

A Figura 9 mostra um tecido de fibra de vidro biaxial sendo cortado, para ser usado na

laminação com o tamanho desejado.

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Figura 5 – Demonstração de Tecido Biaxial

Outra composição é a do laminado em sanduíche. Este consiste em ter um material

na face, um núcleo, e o mesmo material da primeira face, na segunda face. As vantagens

dele é que se ganha mais rigidez, redução de peso, pois se usa menos resina, e

velocidade na construção. O sanduíche pode ser feito utilizando manta nas faces e

tecido no núcleo, por exemplo.

Para se preparar a resina, deve-se levar em consideração o tempo de cura dela, de

acordo com a temperatura do dia. Esta preparação é feita dissolvendo cobalto –

acelerador de resina - (de 0,2% a 0,5% da quantidade de resina) na resina e por último

incluindo MEKP – catalisador - (de 1% a 1,5%). Esta mistura deve fornecer um tempo

de cura ideal, para que se possa trabalhar antes da resina secar, porém sem demorar

muito, fazendo com que o processo fique lento demais. Um cuidado que é necessário

tomar, é o de não transferir uma grande quantidade de resina para o laminado, pois um

laminado com muita resina é menos resistente e mais espesso (logo, mais pesado).

5.1.2. Laminação por infusão a vácuo

A Laminação por infusão é um método recente de laminação. Este processo consiste

na transferência de resina de um recipiente diretamente para um molde fechado, por

meio de uma mangueira que injeta o material e uma mangueira acoplada a uma bomba

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de vácuo, que suga o ar (inicialmente), criando um vácuo na peça, e suga a resina,

dando início à laminação. Este processo associa benefícios como leveza (já que só é

utilizada a quantidade de resina necessária, pois caso haja sobra, a bomba de vácuo suga

a resina para fora da peça), alta resistência e desempenho, além da redução da emissão

de partículas tóxicas na atmosfera.

Todos os materiais são cortados antes do processo. A diferença para a laminação

manual é que, além da resina e da fibra, outros acessórios deverão ser utilizados no

processo de infusão, como bolsa de vácuo, vedante da bolsa de vácuo, mangueira de

sucção, espiraduto, conexões em forma de “T”, bomba de vácuo e “Peel Ply”. O

processo de infusão é mais caro que o de laminação manual, devido ao uso

consideravelmente maior de divinycell, material bem mais caro que o roving, a manta e

o tecido.

Primeiramente, deve-se encerar o molde e depois aplicar o gel coat. Convém aplicar

uma camada de manta sobre o gel, para evitar que o divinycell marque a camada externa

do gel coat. Em seguida, são colocados os tecidos, as mantas, o divinycell, as demais

mantas e tecidos, Peel Ply, as mangueiras, e o espiraduto. Após esta etapa, o molde é

fechado com uma bolsa de plástico para auxiliar o vácuo da peça e o vedante dela. O

perímetro inteiro da peça deverá ser lacrado com o vedante da bolsa de vácuo, que é um

material de borracha que não gruda no molde após ser removido e é suficiente para selar

a bolsa e impedir a passagem de ar. Uma mangueira deve ser ligada entre a bomba de

vácuo e ao tambor de resina, além de uma mangueira que liga a peça a um recipiente

vazio, para retirar a resina que for colocada em excesso – o correto é que este recipiente

continue vazio após a infusão. A resina escorrerá pelo molde sem entrar em contato com

o meio ambiente. A bomba de vácuo será acionada para eliminar o ar da peça e fazer

com que a resina (já catalisada) seja impregnada de forma ótima. É fundamental que a

bolsa de vácuo esteja sem vazamentos e que isto seja monitorado durante todo o

processo. A Figura 10 mostra o processo de infusão acontecendo.

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Figura 6 – Infusão a vácuo em andamento

5.2. Chumbação

Na chumbação é feita a laminação para “amarrar” o casco no jazente, nas anteparas

e no seu interior de cabine (caso o barco seja cabinado). Amarra-se também o convés e

o contra-teto.

Posteriormente, há a junção entre casco e convés. Nesta junção, o barco é

primeiramente rebitado. O primeiro rebite deve ser feito na proa, exatamente na linha de

centro, para depois seguirem pelos bordos, sendo feito um de cada lado, da proa à popa.

Isto é feito para evitar que haja um afastamento entre o casco e o convés, que dificultará

na hora de se colocar o verdugo. Depois, o casco é laminado no convés em todo o seu

perímetro.

Todas estas laminações da chumbação são feitas com duas vezes duas mantas, um

tecido e mais uma manta, (dois sanduíches). Deve haver um intervalo entre a laminação

destes dois sanduíches, para que a cura destes fique adequada, não alterando o formato

de nenhuma das peças laminadas.

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5.3. Pré-Montagem

Na pré-montagem, todas as peças dos estofados, para-brisas, targa, tampas, devem

ser pré-montadas no barco, para depois irem para o acabamento. Posteriormente, estas

serão todas montadas em definitivo na montagem final, já com as suas furações feitas.

Além disso, antes de acontecer a junção do casco com o convés, os pré-montadores

devem passar os canos, passar alguns fios elétricos e fazer alguns furos para passagem

de mangueiras, que seriam mais complicados de serem feitos no estágio final da

montagem, devido ao acesso mais difícil.

5.4. Acabamento

O setor de acabamento tem a função de consertar os defeitos da laminação e o de

acertar peças de fechamento, que não têm como sair prontas da laminação. Este setor é

um dos onde se gasta um maior número de horas na produção, sendo grande alvo de

estudo para minimizar o custo de um barco. Isto se deve à baixa qualidade da mão de

obra na laminação e chumbação, gerando mais trabalho para o acabamento.

As peças de fechamento são as tampas, para-brisa, targa, que são feitas a partir de

duas fôrmas (ou mais), pois devem ter aspecto cosmético na parte interna e externa. Ao

se juntar as peças das duas formas, a emenda fica marcada e deve receber acabamento.

Para isto, deve-se dar massa de fibra, acertar esta massa, para que fique na altura

correta, depois aplicar o gel coat (na área da emenda) e lixar, com as lixas de grão 180,

320, 400, 800 e 1200.

Já no barco, o procedimento deve ser o seguinte: limpar o barco, identificar os

defeitos e ver o que será feito. Em todos os apliques usados na laminação (como nas

vigias e entradas de ar), a borda costuma precisar de um reparo. Este reparo deve ser

feito da seguinte forma:

Passar a lixa 80 e aplicar a composição conhecida como “barro”, que é composta de

15 Kg de talco, 10 Kg de resina, 150 ml de cobalto, 3 Kg de dióxido e 2L de estireno.

Este barro deve ser aplicado com uma régua, para garantir que ele fique mais liso. Após

o barro ser aplicado e todo alisado, deve-se aplicar o gel coat, para então passar quatro

vezes as lixas 180, 320, 400, 800 e 1200. As lixas utilizadas são do tipo hookit, onde

tiver acesso com a lixadeira e lixa d’água com calço, onde a lixadeira não alcançar. Em

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todos os lugares a serem lixados pela primeira vez, com determinado grão de lixa, deve-

se aplicar um corante “Xadrez Preto”, para controle dos locais que já foram lixados

devidamente. Assim, ao lixar um local, ele deixa de ser preto e fica branco, da cor do

gel.

Caso o local a ser lixado vá levar pintura, ele pode ser lixado até a lixa de grão 320,

evitando a demais lixas.

5.5. Pintura

Há duas maneiras de se pintar um barco.

A primeira é na hora de se aplicar o gel coat, colocando pigmentos e corantes nele.

Porém, esta cor tende a desbotar com o tempo e ficar opaca, devido à incidência de raios

UV. Além disso, caso o barco seja arranhado em alguma manobra errada e um pedaço

deste gel for arrancado, existe uma dificuldade muito grande de se fazer um novo gel da

mesma tonalidade do gel que está no barco, já que sua cor vai mudando com o passar do

tempo. Logo, para fazer um retoque, a faixa inteira deverá ser retocada.

A maneira mais eficiente e que manterá a pintura mais brilhante por mais tempo, é o

mesmo processo utilizado na pintura automobilística. O pintor deve esticar as faixas da

pintura, isolar a área que será pintada, conferir se o local a ser pintado foi lixado até o

grão correto (lixa 320) e então começar a pintar. Para pintar, deve-se aplicar uma

camada de primer para compor a base da pintura, para depois aplicar a tinta Poliéster,

em duas demãos. Em seguida, deve-se lixar o local pintado com lixa de grão 1200, para

então aplicar o verniz, responsável por garantir o brilho da pintura, além de protegê-la.

Por último, deve-se lixar o local pintado com as lixas de grão 800 e 1200, para então

polir o barco todo (na parte externa e interna).

5.6. Montagem Final

A montagem final é responsável por montar todas as peças do barco em definitivo,

como para-brisa, targa, tampas, portas, as peças da capotaria, as peças da serralheria,

fazer toda a ligação hidráulica de água doce, do tanque de combustível, instalar friso,

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escadas, guincho elétrico de âncora, gaiuta, vigias, acrílicos e, por último, dar o

acabamento de silicone.

5.7. Montagem Elétrica

A montagem elétrica é responsável por fazer toda a instalação elétrica do barco. Isto

corresponde em passar e ligar todo o chicote elétrico do barco, responsável por

transmitir energia da bateria para o barco, que é usada para ligar os motores, acionar as

bombas de porão e de água doce, acionar o GPS, sistema de som, luzes etc. Estes

equipamentos trabalham em 12V. Em alguns casos, o barco pode levar TV, DVD,

micro-ondas, frigobar, entre outros acessórios que são 110V. Neste caso a instalação é

feita com um inversor de voltagem, que transforma a voltagem da bateria 12V em

110V. Em alguns casos ainda, o barco pode levar gerador. Neste caso, não há

necessidade de inversor, pois o gerador já gera energia em 110V em grande demanda,

capaz de alimentar até um ar-condicionado e uma churrasqueira elétrica.

5.8. Mecânica

A mecânica tem como objetivo instalar o(s) motor(es) de propulsão do barco. Isto

inclui furar o espelho de popa, fazer o calço do motor, colocar o transom, passar os

cabos de comando e de direção, colocar este(s) motor(es), conferir o alinhamento dos

motores com a(s) rabeta(s), instalar a(s) rabeta(s), instalar os flaps, o comando, a caixa

de direção, o volante e os hélices. Depois de tudo instalado, o mecânico deve testar o

sistema todo.

5.9. Capotaria

Na capotaria todos os estofados do barco são feitos. Isto inclui os encostos, assentos,

solários e revestimentos da cabine, como teto e laterais. O trabalho neste setor começa a

partir da chegada de placas de fibra, que servem de molde para os estofados.

A primeira tarefa da capotaria é cortar os tecidos, que serão utilizados, no tamanho

correto com o auxílio de gabaritos, para serem costurados. Em paralelo a isso, as placas

de fibra devem ser espumadas, para no fim serem forradas com o tecido já costurado.

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5.10. Carpintaria

A carpintaria é responsável por fazer, inicialmente, a carreta do barco. Depois, ela

corta as peças que são usadas na laminação, como por exemplo, a madeira do espelho

de popa e da base dos locais onde levarão os cunhos.

Já na fase final de montagem do barco, os marceneiros fazem detalhes de

acabamento em madeira do barco, caso este leve algum detalhe em madeira, como nos

degraus, na fórmica das anteparas da cabine, nas portas dos armários e no piso

emborrachado da cabine.

5.11. Serralheria

Na serralheria são feitos diversos itens do barco. Isto inclui desde peças miúdas,

como saídas d’água, chapas para reforços, conexões de mangueiras, até peças maiores,

como escada, tanque de combustível, guarda-mancebo etc.

Para auxílio na produção destas peças, usa-se muita solda, prensas e máquinas de

usinagem. Neste setor, cada modelo de barco tem um kit de peças, que devem ser

entregues ao funcionário da montagem final quando este começar a montar o barco.

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6. Estudo dos Pontos Críticos no

Processo de Produção

Durante o processo de produção, existem diversos momentos em que é necessário

ter atenção redobrada para evitar que haja retrabalho. Retrabalho é o ato de repetir

determinada atividade, por ela não ter sido feita da maneira adequada na primeira vez.

Isto gera custo de mão de obra e custo de matéria prima, que poderiam ser evitados. Em

muitos casos, o custo apenas do retrabalho é inclusive superior ao custo de se fazer uma

vez certo, fazendo com que, nestes casos, a tarefa tenha mais do que o dobro do seu

custo previsto.

A seguir estão listados os principais itens que demandam atenção na produção de

barcos de fibra de vidro.

6.1. Condições Ambientais

A temperatura no dia de aplicação do gel coat ou de laminação de uma peça é algo

que se deve prestar muita atenção. Isto, pois quando a temperatura está mais alta, a

resina ou o gel coat curam mais rápido, reduzindo o tempo de trabalho na peça. Logo,

para evitar que a peça desmolde, é necessário observar a temperatura em cada dia de

trabalho. A quantidade de catalisador deve ser ajustada às condições de temperatura

observadas.

Outro fator importante é a limpeza do local. Isto é um pré-requisito para se obter

qualidade e eficiência. Qualquer resquício de poeira que estiver na fôrma na hora da

aplicação do gel coat aparecerá na peça laminada. Isto ficará evidente ao lixar a peça,

seja para dar brilho ou para prepara-la para a pintura, quando um pequeno “buraco”

aparecerá na peça, exatamente do tamanho do floco desta sujeira.

6.2. Molde

O molde (ou fôrma) de um barco deve ser tratado de maneira extremamente

cuidadosa pelos funcionários de um estaleiro. Isto porque todos os defeitos existentes na

fôrma sairão em todas as peças nela laminadas. Caso seja avariada e seja necessário o

reparo da forma, este deve ser feito por profissionais extremamente capacitados,

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justamente para que ela fique impecável. Ao lixar a fôrma, o profissional deve tomar

cuidado para que não fique nenhuma “mossa” ou “calombo”, pois isto gerará trabalho

desnecessário ara o setor de acabamento.

Durante sua utilização, a fôrma deve estar “espelhada” e não “embaçada”, pois a

peça sairá com o mesmo acabamento da fôrma. Para isso, é necessário a execução de

um polimento com a máquina “politriz”.

6.3. Cera

A aplicação da cera desmoldante, cujo objetivo é fazer com que a peça laminada

desmolde com facilidade, é de fundamental importância. Caso seja aplicada pouca cera,

a peça não desmoldará com facilidade, ficando agarrada no molde. Para desmoldá-la,

será necessário mais tempo e certamente isto gerará uma avaria na fôrma e na peça. Isto

fará com que a fôrma tenha que ficar inoperante para conserto, gerando custo de mão de

obra, matéria prima, além da impossibilidade de utilização. Além disso, a peça também

apresentará um defeito nesta região, o que necessitará de mais trabalho de acabamento.

Se for aplicada muita cera, isto gerará uma camada grossa sobre o molde, que acaba

reagindo com o gel coat e a resina, também dificultando a remoção da peça e tirando o

brilho do gel coat, pois é criada uma camada de resíduo de poliestireno. Isto é visível no

molde, pois ele ficará embaçado. Caso seja laminado mesmo assim, depois de retirada a

peça, esta deverá ser toda lixada no setor de acabamento, com diversas lixas, até

adquirir brilho.

Outro cuidado é verificar se duas camadas de cera se acumularam em algum trecho,

pois isto poderá aparecer na peça em forma de “buraco”, gerando acabamento para

preencher este local. Um trecho que costuma ter acúmulos é nos cantos dos moldes.

6.4. Gel coat

A aplicação de gel coat possui alguns truques e armadilhas, pois algumas variáveis

são difíceis de serem controladas, como, por exemplo, a espessura e a proporção de

catalisador. Por isso ela deve ser bem feita, para evitar custos de reparo.

Quando o gel coat ficar muito fino, ele poderá apresentar defeitos de enrugamento e,

se muito fino, prejudicará o aspecto estético da peça, deixando várias manchas em sua

superfície. Além disso, o gel coat terá baixa resistência e dará pouca proteção à peça.

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Quando o gel coat ficar muito grosso, poderá apresentar diversas trincas e

rachaduras (também conhecidos como “pé de galinha”), principalmente nos locais de

maior tensão do laminado. Isto poderá aparecer em pouco tempo. A Tabela 4 mostra

diversos defeitos apresentados no gel e suas causas.

Tabela 3 – Defeito no gel coat e suas causas.

Defeito Causa

Enrugamento

Gel coat muito fino

Cura insuficiente

Contaminação por solvente

Pouca quantidade de catalisador MEKP

Temperatura de aplicação baixa

Porosidade

Muita quantidade de catalisador MEKP

Deposição de gel coat muito rápida

Contaminação

Amarelamento

Catalisação incorreta

Baixa dispersão de catalisador MEKP

Contaminação da cera desmoldante

Contaminação do monômero de estireno

Primeira camada de fibra rica em resina

Fissuras e trincas

Espessura de gel coat muito alta

Baixa adesão entre gel coat e o laminado

Laminado pouco resistente

Muito esforço na desmoldagem

Formulação muito rígida do gel coat

Desmoldagem prematura Muito catalisador MEKP

Gel coat curado há muito tempo, sem molde de laminação

Escorrimento

Muita quantidade de gel coat

Baixa dispersão de agente tixotrópico

Muito solvente na formulação do gel coat

Contaminação da cera desmoldante

Bolhas

Proporção incorreta e mistura não uniforme do catalisador

Gel coat curado há muito tempo, sem molde de laminação

Contaminação de óleo ou umidade na rede de ar comprimido

Baixa quantidade na resina de poliéster

Falta de brilho

Molde em mau estado de conservação

Gel coat com baixo grau de cura

Sistema de preparação do molde e cera com baixa qualidade

Para se medir a espessura do gel coat, deve-se utilizar um medidor de filme,

conforme a Figura 11.

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Figura 11 – Medidor de filme úmido (gel coat)

Outro defeito que pode aparecer é no caso de haver um problema na pistola de

aplicação e esta não depositar o catalisador no gel coat. Neste caso, o gel coat não

curará, devendo ser removido da fôrma e reaplicado. Se o gel coat não for curado da

forma correta, isto fará com que ele fique muito flexível e com baixa dureza, levando à

baixa resistência a abrasão e a intempéries. O gel coat também poderá absorver mais

água e gerar osmose. A causa disso é a baixa taxa de catalisador.

Todos estes problemas, caso ocorram, deverão ser consertados no setor de

acabamento, gerando custo de mão de obra e material.

6.5. Resina

As questões relacionadas à resina são outro fator importante na produção de barcos

em fibra de vidro. Seu preço é elevado e a quantidade normalmente utilizada na

fabricação de um barco é grande, por isso deve haver um controle importante na sua

aplicação.

Na hora de preparar a resina, ela não deve ter um gel time muito longo, pois isto

pode acarretar em problemas na camada de gel coat. O monômero de estireno ao não

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reagir por muito tempo tende a quebrar as cadeias de gel coat e, assim, danificar a

aparência da peça. Porém, uma resina com o tempo de trabalho curto cria dificuldades

de compactar o laminado e tirar totalmente as bolhas de ar. Estas bolhas farão com que

o laminado não tenha a mesma resistência mecânica, comprometendo sua qualidade.

Na hora da aplicação da resina na camada mais externa, caso ela seja aplicada em

pouca quantidade, haverá problemas com microbolhas. Com o calor ambiente, as

microbolhas formadas tendem a estourar, danificando a camada do gel coat. Caso seja

aplicada muita resina, o padrão da superfície irá distorcer com o aumento da

temperatura ambiente.

6.6. Tampas

Na hora de fabricar uma tampa, é importante que se tome cuidado para ela não

desmoldar. Caso isto ocorra, elas ficarão empenadas e poderão não encaixar no local

destinado a elas. Para isto não ocorrer, é preciso ter atenção durante seu processo de

fabricação, para que não haja uma desmoldagem precoce da peça, que pode ser causada

pela resina ou gel coat mal preparados.

6.7. Planejamento das Tarefas dos Setores

Outro problema, principalmente na montagem final, é a ociosidade e o retrabalho

dos funcionários, levando ao não cumprimento do tempo previsto para concluir os

barcos. O principal motivo para isso é a má pré-montagem das peças, a falta de peças

(que ainda estavam no acabamento ou na serralheria, ao invés de seguirem com o

barco), e o atraso na chegada de itens que são comprados, como os equipamentos

eletrônicos, que poderiam ter sua instalação realizada antecipadamente quando há mais

acesso.

Com a falta de peças, os funcionários muitas vezes ficam impedidos de concluir a

montagem de determinado item, tendo que parar e iniciar outra tarefa. Ao concluir a

nova tarefa, o funcionário deverá voltar para a tarefa inicial, lembrar onde parou, e,

então, concluir a tarefa. Isto requer um tempo excessivo para a realização de ambas as

tarefas. Para evitar esta situação, deve haver um procedimento de montagem, com os

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tempos médios de cada tarefa marcados, para gerar um planejamento diário para o

trabalhador.

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7. Estudo Aplicado

O estudo aplicado foi conduzido tendo como referência uma embarcação de lazer de

31 pés de comprimento. Nesta aplicação do estudo, identificaram-se defeitos

recorrentes, buscaram-se as causas e suas soluções.

7.1. Ganhos no Acabamento com Controle da

Laminação

O setor de acabamento é o setor que repara os defeitos da laminação e que gasta

praticamente o mesmo número de horas deste. Logo, é o primeiro setor a ser estudado, a

fim de diminuir o tempo de fabricação, identificando-se as tarefas nele executadas e

buscando suas respectivas causas.

A Figura 12 mostra um problema recorrente: gel coat com falhas. Isto pode ocorrer

por dificuldade de acesso para aplicar o gel coat ou por falta de atenção do funcionário

que faz sua aplicação.

Figura 72 – Falha no gel coat.

O procedimento a ser adotada para se evitar a ocorrência de tal problema é o

mesmo nos dois casos: medir a espessura do gel coat aplicado com o medidor de filme

em diversos locais durante e após a aplicação, principalmente onde o acesso para aplicar

o gel coat é mais difícil.

A Figura 13 mostra, em vermelho, defeitos da fôrma mal consertados, que

passaram para a peça e, em marrom, uma parte onde a cera foi mal aplicada, fazendo

com que o gel coat desmoldasse da peça, por isso a cor marrom, próxima à cor da

resina.

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A solução do primeiro problema é inspecionar todos os consertos de fôrma feitos

e conscientizar os funcionários que eles devem, ao final do conserto, aplicar gel coat de

fôrma (vermelho) e lixar a fôrma até a obtenção de brilho (grãos 320 a 1.200). Este

problema ocorreu, pois o reparo foi feito apenas com “aerosil”. A solução do segundo

problema é verificar se a fôrma está com uma camada bem aplicada de cera.

A Figura 14 mostra o costado do barco, usado como exemplo, com diversos

defeitos. O único defeito “aceitável” dentre os apresentados é o do aplique, que pode

gerar pequenas avarias no barco, ao ser retirado da peça.

Figura 8 – Defeitos a serem corrigidos no setor de acabamento.

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Os defeitos de anteparas são fáceis de serem identificados, pois é fácil constatar

a presença de uma antepara na região defeituosa. Os defeitos na fôrma devem ser

medidos na peça onde se encontram e verificados, a partir desta medição, se realmente

estão na fôrma, para, então, serem corrigidos.

Os defeitos de antepara podem ser de dois tipos. Quando a antepara entra

prensada, empurrando o casco para os lados, pode ser vista uma “costela” para fora. Já

quando a antepara está colocada no formato certo, mas o segundo sanduíche é laminado

sem esperar o tempo adequado de cura do primeiro sanduíche, ocorre a exotermia no

laminado, a cura deste acaba “puxando” o costado para a antepara, criando uma bacia.

Estes dois casos devem ser solucionados conscientizando os funcionários para

trabalharem da maneira correta, combinado a uma inspeção regular. Nos dois casos, o

conserto é feito no setor de acabamento.

A Figura 15 mostra os mesmos defeitos apresentados no caso da Figura 14, só

que no outro bordo do barco. Corrigido tais defeitos, que eram recorrentes, e

conscientizando o laminador da importância de fazer o serviço bem feito, o barco

permaneceu no setor de acabamento apenas para o conserto de algumas avarias nos

apliques e o lixamento para a melhoria do brilho. Diante disso, o tempo gasto no

acabamento que era de 401 h, passou para 180 h.

O tempo no setor de acabamento, discriminado por partes, é composto por:

. Parte externa do barco: dois homens trabalhando quatro dias;

. Cockpit: um homem trabalhando três dias;

. Cabine: um homem trabalhando três dias;

. Pára-brisas e targa: um homem trabalhando quatro dias; e

. Peças de fechamento: um homem trabalhando dois dias.

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Figura 9 – Defeitos a serem corrigidos no setor de acabamento.

Com as mudanças adotadas no processo de laminação, tal como o maior cuidado

com a fôrma antes de a peça ser laminada, o tempo de laminação aumentou em um dia

de um homem (9 h). Porém, analisando as horas antigas e atuais do processo de

laminação e acabamento, observa-se uma redução considerável nas horas totais de

trabalho, justificando este aumento na laminação. Outra economia foi na matéria prima,

onde o kit de acabamento foi reduzido inicialmente em R$827,93, em função da menor

quantidade de lixas, “barro” e gel coat a serem utilizados neste setor.

7.2. Ganhos na Montagem Final

A montagem final é um setor que, no barco em questão, deveria levar 126 horas.

Porém, ao fazer as primeiras anotações, observou-se que este barco, na realidade, estava

consumindo 171 h. Em busca dos motivos, foi descoberto que diversas peças que

passavam pela pré-montagem, e seguiam para o acabamento, chegavam à montagem

final irregulares. O motivo constatado para tal foi que o pré-montador acertava a peça e

a deixava na medida exata. O acabador, sem saber onde a peça encaixaria, dava

acabamento na peça, engrossando-a. Com isto, a margem para que a peça entrasse

encaixada de maneira justa era perdida, fazendo com que ela não pudesse mais sem

corretamente montada. Isto ocorria em tampas e portas, principalmente.

Conscientizando o pré-montador a lixar 3 mm a mais as peças que corriam o risco de

não encaixar, o problema foi resolvido.

Outro problema identificado foi a falta de peças de outros setores, cuja solução

passou a ser cobrada de modo a estar sempre à frente do montador. Para isto, os

montadores ficaram uma semana sem trabalhar, para que houvesse tempo hábil para os

demais setores se adiantarem e eliminar este problema.

Já a falta de planejamento diário foi eliminada, registrando-se o tempo necessário

para a realização de todas as tarefas do montador no barco e sua consequente ordenação.

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Uma lista de tarefas diárias foi preparada com o auxílio do software “Open Project”. No

início de cada dia, o montador confere com o encarregado se tudo o que ele precisa para

montar naquele dia está disponível. Caso algo não esteja de acordo, o encarregado toma

a decisão de qual tarefa será feita para substituir a que não poderá ser executada. A lista

de tarefas está na Tabela 5. Cumprido o cronograma apresentado na Tabela 5, e

somando mais dois dias para demais instalações e acabamentos, o tempo total de MF

para este modelo de barco foi para 108 h.

Tabela 4 – Cronograma de montagem final.

Atividade Duração Início Término Nº

Porta da cabine 0,25 dias 03/07/2017 08:00 03/07/2017 10:00 1

Painel 0,25 dias 03/07/2017 10:00 03/07/2017 13:00 2

Porta-luvas 0,042 dias 03/07/2017 13:00 03/07/2017 13:20 3

Para-brisa 0,375 dias 03/07/2017 13:20 03/07/2017 16:20 4

Targa 0,25 dias 03/07/2017 16:20 04/07/2017 09:20 5

Isolamento acústico 0,188 dias 04/07/2017 09:20 04/07/2017 10:50 6

Friso 0,875 dias 04/07/2017 10:50 05/07/2017 09:50 7

Escada de popa 0,031 dias 05/07/2017 09:50 05/07/2017 10:05 8

Tampa da escada 0,042 dias 05/07/2017 10:05 05/07/2017 10:25 9

Tampa da caixa da âncora de popa 0,062 dias 05/07/2017 10:25 05/07/2017 10:55 10

Tampa da geleira 0,042 dias 05/07/2017 10:55 05/07/2017 11:15 11

Tampa da lixeira 0,042 dias 05/07/2017 11:15 05/07/2017 11:35 12

Paineiro do cockpit 0,125 dias 05/07/2017 11:35 05/07/2017 13:35 13

Cunhos 0,188 dias 05/07/2017 13:35 05/07/2017 15:05 14

Passar mangueiras da hidráulica 0,5 dias 05/07/2017 15:05 06/07/2017 10:05 15

Pingadeiras 0,125 dias 06/07/2017 10:05 06/07/2017 11:05 16

Bocal do tanque de água 0,125 dias 06/07/2017 11:05 06/07/2017 13:05 17

Suspiro do tanque de água 0,042 dias 06/07/2017 13:05 06/07/2017 13:25 18

Tanque de água doce 0,125 dias 06/07/2017 13:25 06/07/2017 14:25 19

Bancada do banheiro 0,125 dias 06/07/2017 14:25 06/07/2017 15:25 20

Pia do banheiro 0,125 dias 06/07/2017 15:25 06/07/2017 16:25 21

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Vaso elétrico 0,375 dias 06/07/2017 16:25 07/07/2017 10:25 22

Chuveiro do banheiro 0,083 dias 07/07/2017 10:25 07/07/2017 11:05 23

Porta papel higiênico 0,021 dias 07/07/2017 11:05 07/07/2017 11:15 24

Chuveiro de popa 0,125 dias 07/07/2017 11:15 07/07/2017 13:15 25

Abastecedor de combustível 0,062 dias 07/07/2017 13:15 07/07/2017 13:45 26

Passar mangueiras de combustível 0,25 dias 07/07/2017 13:45 07/07/2017 15:45 27

Tanque de combustível 0,125 dias 07/07/2017 15:45 07/07/2017 16:45 28

Cinta dos tanques 0,375 dias 07/07/2017 16:45 10/07/2017 10:45 29

Guincho 0,25 dias 10/07/2017 10:45 10/07/2017 13:45 30

Tampa da âncora de proa 0,062 dias 10/07/2017 13:45 10/07/2017 14:15 31

Dreno da caixa da âncora de proa 0,031 dias 10/07/2017 14:15 10/07/2017 14:30 32

Púlpito de proa 0,031 dias 10/07/2017 14:30 10/07/2017 14:44 33

Chapa da proteção de corrente 0,031 dias 10/07/2017 14:44 10/07/2017 14:59 34

Gaiuta 0,188 dias 10/07/2017 14:59 10/07/2017 16:30 35

Escada da cabine 0,25 dias 10/07/2017 16:30 11/07/2017 09:30 36

Pé da mesa da cabine 0,031 dias 11/07/2017 09:30 11/07/2017 09:44 37

Guarda mancebo 0,25 dias 11/07/2017 09:44 11/07/2017 11:44 38

Vigias 0,375 dias 11/07/2017 11:44 11/07/2017 15:44 39

Entradas de ar 0,188 dias 11/07/2017 15:44 12/07/2017 08:15 40

Capota 0,188 dias 12/07/2017 08:15 12/07/2017 09:45 41

Encostos 0,188 dias 12/07/2017 09:45 12/07/2017 11:15 42

Solário de proa 0,062 dias 12/07/2017 11:15 12/07/2017 11:45 43

Haste do solário de popa 0,042 dias 12/07/2017 11:45 12/07/2017 13:05 44

Solário de popa 0,25 dias 12/07/2017 13:05 12/07/2017 15:05 45

PQPs 0,062 dias 12/07/2017 15:05 12/07/2017 15:35 46

Acabamento de silicone 0,75 dias 12/07/2017 15:35 13/07/2017 13:35 47

Adesivos 0,125 dias 13/07/2017 13:35 13/07/2017 14:35 48

Aldravas 0,062 dias 13/07/2017 14:35 13/07/2017 15:05 49

Mesa do cockpit 0,125 dias 13/07/2017 15:05 13/07/2017 16:05 50

Assentos 0,062 dias 13/07/2017 16:05 13/07/2017 16:34 51

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7.3. Controle da Mão de Obra

Para avaliar os possíveis ganhos obtidos na quantidade de horas de mão de obra

direta com os novos padrões implementados, e controlar melhor os funcionários da

produção, foi necessário criar uma planilha que facilitasse a discriminação das horas

trabalhadas.

Na planilha são registrados o nome do funcionário e seu respectivo. A data é

atualizada de acordo com botões de “adiantar data” ou “voltar data”. O operador desta

planilha deve fornecer os dados do modelo do barco, o número do barco e as horas

trabalhadas naquele dia em cada barco, para cada funcionário, conforme a Figura 16.

Estes dados são fornecidos diariamente, sendo incluídos em um banco de dados

contendo as informações de todos os funcionários. A partir desses dados, é possível

criar uma tabela, na qual são somadas as horas trabalhadas por cada setor em cada

barco. No término da construção, é possível verificar a quantidade de horas trabalhadas

naquela embarcação em cada setor do estaleiro e compará-la com a quantidade de horas

previstas, conforme a Tabela 6.

Figura 10 – Planilha para controle das horas dos funcionários.

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Tabela 5 – Resumo das horas gastas em cada barco e das horas previstas no custo.

Após verificar o número de horas trabalhadas em alguns barcos do mesmo

modelo, é possível determinar o tempo médio gasto em cada setor. Com o

conhecimento do número de horas médio para a produção do barco, em cada setor, são

definidos valores que servirão de padrão para a composição do custo do barco.

Outra utilidade desta planilha é avaliar individualmente cada funcionário. Se dois

funcionários montarem barcos do mesmo modelo, com acessórios semelhantes, o tempo

de montagem deve, teoricamente, ser igual, a menos que algum imprevisto tenha

acontecido. Com isso, numa futura promoção ou até demissão, é possível tomar tais

decisões com dados estatísticos.

7.4. Ganho no Custo do Barco

Nas Tabelas 7 a 9 são apresentados os resultados de controle de custos de fabricação

para o barco em questão, a saber: a Tabela 7 mostra o cálculo do custo de mão de obra

total direta; a Tabela 8 mostra o cálculo do custo de mão de obra total direta e indireta; a

Tabela 9 mostra o custo total antigo, a economia de matéria prima, a economia no custo

de mão de obra e o novo custo total deste barco. Observa-se uma redução de custo da

ordem de 8,17%.

Tabela 6 – Comparação do custo com a redução de horas diretas.

Setor Horas

antigas

Horas

atuais

Valor

HH

Produto

antigo

Produto

atual

M.O.

direta

antiga

M.O.

direta atual

LAM 413 422 R$ 15,26 R$ 6.302,38 R$ 6.439,72

R$

23.134,16 R$ 19.487,02

PM 188 188 R$ 14,33 R$ 2.868,88 R$ 2.868,88 -15,77%

ACAB 401 180 R$ 13,75 R$ 6.119,26 R$ 2.746,80

PINT 84 84 R$ 21,18 R$ 1.281,84 R$ 1.281,84

MF 126 108 R$ 14,04 R$ 1.922,76 R$ 1.648,08

ME 72 72 R$ 16,49 R$ 1.098,72 R$ 1.098,72

MEC 45 36 R$ 21,45 R$ 686,70 R$ 549,36

CAP 105 105 R$ 16,07 R$ 1.602,30 R$ 1.602,30

CARP 82 82 R$ 17,10 R$ 1.251,32 R$ 1.251,32

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Tabela 7 - Comparação do custo com a redução de horas diretas e indiretas.

Setor Horas

antigas Horas atuais

Valor HH Direta + Indireta

Produto antigo

Produto atual M.O. Total

antiga M.O. Total

atual

LAM 413 422 R$ 34,57 R$ 14.277,41 R$ 14.588,54 R$ 52.408,12 R$ 44.145,89

PM 188 188 R$ 33,64 R$ 6.499,16 R$ 6.499,16

-15,77%

ACAB 401 180 R$ 33,06 R$ 13.862,57 R$ 6.222,60

PINT 84 84 R$ 40,49 R$ 2.903,88 R$ 2.903,88

MF 126 108 R$ 33,35 R$ 4.355,82 R$ 3.733,56

ME 72 72 R$ 35,80 R$ 2.489,04 R$ 2.489,04

MEC 45 36 R$ 40,76 R$ 1.555,65 R$ 1.244,52

CAP 105 105 R$ 35,38 R$ 3.629,85 R$ 3.629,85

CARP 82 82 R$ 36,41 R$ 2.834,74 R$ 2.834,74

Tabela 8 – Redução do Custo Total no barco

Custo Total Antigo

Economia de Matéria Prima

Economia de Mão de Obra

Custo Total Atual

R$ 111.242,12 R$ 827,93 R$ 8.262,23 R$ 102.151,96

-8.17%

Como pode ser visto nas Tabelas 7 e 8, houve uma redução nas horas do

acabamento (ACAB) e da Montagem Final (MF). O ganho no acabamento foi de 221

horas e na montagem final foi de 18 horas. O único aumento foi nas horas da laminação,

de 9h, justificado pelo maior cuidado na hora de manusear as fôrmas, fazendo com que

menos consertos surjam para o setor de acabamento.

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8. Conclusão

A partir do estudo desenvolvido e das análises realizadas ao longo do projeto,

alguns fatos podem ser observados quanto à análise do controle do processo de

produção de embarcações de lazer em fibra de vidro.

Primeiramente, é necessária a supervisão dos processos para se atingir os objetivos,

que são sempre produzir um barco dentro dos padrões aceitáveis de qualidade, e que

possua um preço competitivo com o mercado. O ser humano precisa ser cobrado e

vigiado para render o seu máximo.

Segundo, é necessário buscar cada vez mais conhecimento daquilo que se deseja

estudar, seja com fontes bibliográficas, troca de experiências e até mesmo pelo método

de tentativas e controle estatístico destas tentativas.

Em terceiro lugar, só a partir de um bom nível de conhecimento é que se começa a

criar um planejamento adequado, capaz de extrair ao máximo a eficiência do processo.

É possível ver, conclusivamente, que o trabalho de minimizar custos em um

estaleiro de barcos em fibra de vidro, com dezenas de trabalhadores, é algo que requer

muito empenho, mas que é bem recompensado, como foi visto pela redução de mais de

8% no custo total de fabricação da embarcação. Ao ser aplicado o mesmo estudo para

todos os barcos do estaleiro, será possível extrair o máximo dos funcionários, para que

eles trabalhem da forma mais ordenada e eficiente possível.

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9. Referências Bibliográficas

[1] Jorge Nasseh. “Manual de Construção de Barcos”, 4ª edição, 2011.

[2] Jorge Nasseh. “Técnica e Prática de Laminação em Composites”, 2008.