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XV SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS
RIO DE JANEIRO
NOVEMBRO 1983
ANALISE DO COMPORTAMENTO DAS FUNDAcOES DAS ESTRUTURAS DE
CONCRETO DE ITAIPU
TEMA III
FERNAO PAES DE BARROS
ADILSON L.BARBI
ITAIPU BINACIONAL
I - INTRODUCAO
A instrumentagao da fundagao das estruturas de concreto de
Itaipu foi dirigida de modo a cobrir todas as feigoes criticas
detectadas na fase de prospecgao e admitidas como de possiveis
implicagoes com o comportamento da estrutura.
Foi estabelecida uma serie de blocos chaves com instrumentagao
completa , ou seja, incluindo piezometros , extensometros e pen-
dulos invertidos , intercalados com blocos apenas com piezome-
tros ou sem qualquer tipo de instrumento . Assim, de um total
de 150 blocos de concreto da barragem , entre blocos simples e
duplos, 27 deles, ou seja , pouco menos de 20 % foram escolhidos
como "chaves ". Como complementagao a instrumentagao , foram uti
lizados ainda medidores de vazao triangulares ou retangulares
posicionados nos tuneis ou galerias e extensometros triortogo-
nais nas feigoes principais , ao longo dos tuneis . A figura 1
mostra a disposigao dos blocos instrumentados para as diversas
estruturas da barragem e os instrumentos utilizados.
0 enchimento do reservatorio em sua primeira fase, ate o navel
de operagao dos vertedouros, foi realizado em apenas 13 dias ,
durante o mes de outubro de 1982. Desde entao, o reservatorio
tem-se mantido entre os niveis de 210 a 217m, estando prevista
sua elavagao ate cota 220, correspondente ao nivel maximo nor-
mal, em fins do corrente ano.
Este trabalho analisa, em primeira aproximagao, o comportamen
to das fundagoes durante a fase de construgao e enchimento do
reservatorio e confronta alguns dados teoricos de projeto com
os valores obtidos pela instrumentagao.
Descrigao detalhada das fundagoes e dos tratamentos executados
sao encontrados nas referencias 1, 2 e 3.
II - SUB-PRESSAO NAS FUNDAQbES
Como a sabido em rochas basilticas , a condutividade hidraulica
e governada predominantemente pelas descontinuidades e camadas
mais permeiveis , via de regra , dispostas em pianos horizontais
e sub-horizontais. Normalmente , estes horizontes mantem um com
portamento independente e isolado , como consequencia da baixa
permeabilidade vertical do macigo . A instrumentagao instalada
ao longo destes pianos permite uma analise bastante segura do
desenvolvimento de sub-pressoes ao longo do caminho de percola
gao e a verificagao da influencia dos tratamentos aplicados.
2 89
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J W 4 W ^ W
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H
290
Em Itaipu, todas as zonas sabidamente condicionantes de desen-
volvimento de sub- pressao ficaram plenamente conhecidas e deta
lhadas durante a fase de prospecgao, facilitando a elaboracao
do piano de instrumentagao.
Vertedouro e Calhas
Na estrutura de controle , foram instrumentados o contacto con-
creto- rocha, ( cota 180) o contacto entre derrames D e E (cota
- 171) e junta D (cota 158 ). Na regiao das calhas , foram colo
cadas celulas eletricas no topo da rocha, coin leitura nos tu-
neis transversais de drenagem.
A figura 2 exibe o desenvolvimento de sub-pressoes apos o en-
chimento , em confronto coin as linhas teoricas admissiveis nos
criterios do projeto , para o navel d'agua na elevagao 220. Ob-
servam-se niveis piezometricos muito baixos nas feigoes instru
mentadas e um efeito marcante da drenagem . Deve ser lembrado
que nesta regiao a rocha a de excelente qualidade e as inje-
roes praticamente nao tiveram qualquer efeito de melhoria nas
condigoes de permeabilidade.
0 tratamento das fundagoes constou basicamente da execugao da
cortina de injegoes e da drenagem , a partir de galeria da el.
184 na estrutura de controle.
Os piezometros situados ao longo das calhas, praticamente nao
apresentaram alteragoes durante o enchimento, atestando a boa
eficiencia da drenagem superficial atraves de meias canas e ga
lerias.
Barragem Lateral Direita
0 tratamento de fundagoes constou de uma cortina de injegoes
executada a partir do pe de montante e duas linhas de drena-
gem, a partir da superficie, a jusante da cabega . Entre os blo
cos D-51 e D- 58, existe tunel de drenagem na cota 125 , corres-
pondente a descontinuidade " D", coin furos de drenagem verti-
cais interligando a superficie ao tunel.
A figura 3 , correspondente ao bloco D - 8 reflete bem o compor-
tamento das sub-pressoes ao longo do contacto concreto -rocha ,
descontinuidades e junta D de toda a estrutura . Para todas es-
tas feigoes , observa-se que os valores de sub-pressao estao
muito abaixo daqueles previstos , em consequencia do alto grau
de estanqueidade da rocha, somado ao efeito causado pelo aflo-
ramento a jusante das feigoes instrumentadas e pelo aprofunda
291
(W) 015VA111
29 2
LEGENDA
Gauls esserah-rscA.
Dose. E, ( saprisr)
Dsse.Y (Isforior )
Dsse"O,
O Valor wesime provish
(1) Valet Bard ids
- 10
i
FIG. 3 - BARRAGEM LATERAL DIREITA - SUB-PRESSAO NA FUNDAW - BL000 D-8
293
mento da fundacao do bloco adjacente . A descontinuidade D na
regiao do vertedouro e barragem lateral direita quase sempre e
indiferenciada e os piezometros foram instalados em correspon-
dencia a sua provivel posigao estratigrafica . Assim, nao a de
se estranhar o aparecimento de comportamentos anomalos como 0
registrado no PSD- 27 ou PSA-46 da fig. 2.
Estrutura de Desvio
As sub -pressoes sao medidas ao longo do contacto concreto- ro -
cha, junta B (cota 55) e junta A (cota 05).
Tanto os piezometros de contacto como aqueles situados na jun
to B, exibem niveis correspondentes ao piso da galeria onde de
sembocam os drenos e foram muito pouco sensiveis ao enchimento
do reservatorio. A observagao global da instrumentacao mostra,
que existe um fluxo preferencial em direcao a parte central da
estrutura, onde o pogo do pendulo invertido escavado ate a el.
53 funciona como um dreno , para as feicoes superficiais.
Os piezometros situados na junta A , mostraram , durante a cons
trugao, um rebaixamento pronunciado de nivel devido a abertura
das chavetas e tuneis de drenagem na barragem principal.
Durante o enchimento , tiveram o nivel elevado de 10 a 15 m, a-
te a cota correspondente as galerias de drenagem , atestando
sua eficiencia (fig.4).
Trecho I
Em principio, apenas os piezometros do contacto concreto-rocha
e aqueles situados na junta " D", que tem alimentacao direta do
nivel de montante pela parede do canal de desvio, tiveram seus
niveis alterados pelo enchimento . Entretanto, seus valores sao
bem inferiores aos admitidos em projeto , mostrando uma perda
de carga pronunciada e uma boa perfomance dos tratamentos apli
cados.
Barragem Principal e Casa de Forga
Os piezometros de contacto concreto- rocha foram, de modo ge-
ral, bastante sensibilizados pelo enchimento, exigindo em al-
guns casos a execugao de injegBes e drenagem complementares.
No exemplo apresentado na figura 5, o PSF -73 mostrado com va-
lor acima da hipotese de projeto teve a sub -pressao reduzida
pela abertura de apenas 1 dreno curto . Este,com vazao de ape
nas 0 , 4 1/min. rebaixou a pressao , atualmente , de cerca de
294
FIG. 4 - ESTRUTURA DE DESVIO - SUB-PRESSAO NA FUNDAQAO - BLOCO H-8
295
0
N
0
(W) 0X3,A313
0
296
3 kg/cm 2, na elevagao 120.
Deve-se assinalar que, em geral, estes piezometros vem apresen
tando uma reducao de sub-pressao apos o enchimento, o que pode
ser consequencia da sedimentagao no fundo do reservatorio, ace
lerada por quase 8 meses de cheia do rio Parana e a colmatacao
progressiva das pequenas fissuras existentes na regiao do con
tacto, conforme atestado pelas reduzidissimas vazoes dos dre
nos complementares.
Alguns piezometros instalados a montante da cortina de injecao,
a cerca de 5 a 10m abaixo da fundacao, mostram uma carga piezo
metrica de cerca de 50% da carga total devida ao lago. 0 com-
plexo fraturamento da fundagao nesta area, associado as defor-
macoes de extensao medidas na rocha favorecem este comportamen
to.
Os piezometros instalados nas descontinuidades da cota 20 e
junta D (cota 55 - 60m) mostram uma perda de carga uniforme en
tre a regiao a montante da cortina e os tuneis de drenagem ou
entao alivio de press6es mais pronunciado nas imediacoes do
tunel de drenagem, o que atesta a sua eficiencia. Assinale-se
ainda que os piezometros situados a jusante do tunel exibem
pressoes nulas.
Estas mesmas descontinuidades, sob a Casa de Forga , mostram
variacoes piezometricas pouco significativas com o enchimento
do reservatorio e alagamento do canal de fuga, nunca superior
a 7 metros. Assinale-se que estas feicoes sao alimentadas ori-
ginalmente por jusante, pois afloram no leito do rio a cerca
de 1 km a jusante das estruturas e respondem as oscilacoes do
N.A. de jusante.
Finalmente, os piezometros locados na brecha B, responderam de
imediato ao enchimento, estando atualmente estabilizados. Nes
to caso, fica bastante claro o efeito da drenagem executada a-
traves de tunel ao longo da junta "D" (el. 80) e furos do mes-
mo a superficie, sobrepondo-se ao tratamento por injecoes. Es
tas ultimas, chegaram a furos de 99 ordem, mas o resultado fi-
nal revelou a permanencia de absorcoes residuals ainda altas e
pontos de elevada permeabilidade.
Os piezometros no contacto concreto-rocha da casa de forgaque
se apresentavam secos durante a fase construtiva, quase nao fo
ram sensibilizados pelo enchimento e mostraram elevagao insig-
nificante com o alagamento do canal de fuga. Ressalte-se a e-
297
xistencia de drenagem superficial, atraves de meias-canas de
concreto, no mesmo navel onde se estabilizaram os piezometros,
(+ cota 57).
III - INFILTRA OES PELA FUNDA A0
Vertedouro
As analises por elementos finitos, para determinacao de vazao
a ser recolhida pelo sistema de drenagem na galeria da 183,50m
indicavam valores de 0,75 1/min.por metro linear, tendo sido
adotada como vazao maxima o valor de 3 1/min por metro da bar
ragem. As vazoes medidas apos o enchimento atingiram apenas
10% daquele valor, sendo que 50% dos drenos estao vertendo.
Observa-se que a partir de dezembro ate os dias atuais a vazao
total decresceu em pelo menos 50%.
Barragem Lateral Direita
A drenagem constitue-se de 2 linhas de drenos situados entre
os contrafortes. Nos estudos teoricos foram admitidos:
- permeabilidade da cortina de injegao : K = 5x10-5 cm/s
- permeabilidade decrescente com a profundidade ao longo da hi
potetica fenda de tragao.
- permeabilidade de K = 10-2 cm/s ao longo das linhas de dre-
nagem.
Obteve-se, nesses estudos, vazoes de 1 1/min/m.l. para a dre-
nagem superficial ao longo dos blocos D-1 a D-50, adotando -se
valores maximos de 3 ate 8 1/min/m.l.
As vazoes medidas apos enchimento revelam vazoes de 0,33 1/min
/m.l., ou seja, exatamente igual a area do vertedouro, visto
que ambas estruturas se assentam diretamente sobre o mesmo ho-
rizonte basiltico, extremamente competente.
Na linha de montante 28% dos drenos vertem aqua, ao passo que
na 2a linha, apenas 10%. Entre os blocos D-51 e D-58, existe
tunel de drenagem na fundagao ao longo da junta D, na cota 125.
Todos os drenos vertem, com media aproximada de 2 1/min/m.l.
Estrutura de Desvio
As vaz6es totais recolhidas pelo sistema de drenagem das funda
goes e ombreiras a da ordem de 840 1/min, contra uma previsao
teorica de 5.040 1/min.
Todos os drenos da galeria de montante e ombreiras vertem, con
298
tra 30% da galeria central e apenas um na galeria de jusante.
As vazoes atuais mostram uma reducao de cerca de 10% em corres
pondencia com os valores medidos logo apps enchimento.
Trecho I
Os drenos da galeria de montante dos blocos I-1 e 1-2 apresen-
tam vazao de 2 1/min/m.l. e nos demais blocos, com drenos dis
postos ao longo dos contrafortes, apenas aqueles situados mais
a montante sao drenantes, correspondendo a apenas 12% do total
de drenos instalados. Os valores medidos se aproximam bastan
to daqueles da B.L.D. e vertedouro situados em identica litolo
gia. Os blocos I-1 e 1-2 estao colocados junto a parede de es
cavagao do canal, local afetado pelas detonagoes e portanto ,
os resultados mais elevados ali obtidos sao considerados nor-
mais.
Barra em Principal
A figura 6 mostra o Plano geral de drenagem sub-superficial na
fundagao da barragem principal e composto basicamente por uma
rede de tuneis.
0 tunel de drenagem da el. 123 na ombreira direita, apresenta
vazoes de 2,6 1/min/m.l., havendo vertimento em praticamente
todos as drenos que interligam o tunel a superficie. Dos dre-
nos rasos de superficie, 50% operam atualmente.
As vazoes do tunel de drenagem da el. 60 na ombreira direita
apresenta vazoes de 2,35 1/min/m.l., cerca de 13% da vazao ma-
xima prevista. Praticamente, todos os drenos que interligam o
tunel a superficie vertem, bem como cerca de 60% dos drenos ra
sos de superficie.
A infiltragao do tunel de drenagem da el. 55 na ombreira es-
querda a de 3,5 1/min/m.l. ou seja, 35% da prevista em proje-
to, sendo que 70% deste valor concentra-se sob os blocos 29 a
32, local onde a brecha apresentou dificuldades de tratamento.
No tunel perimetral de drenagem na el . 20, a vazao total medi-
da atualmente, a de 25,5 1/seg, ou seja, 21% do valor teorico
(117 1/seg). Apesar de atualmente estabilizado, este valor
foi decrescendo nos ultimos meses apos atingir um Pico de
30 1/seg em fevereiro ultimo. 0 ramo de montante apresenta va
zoes de apenas 0,5 1/min/m.l. No lado direito, a vazao a de
3,5 1/seg enquanto que no esquerdo, ainda com a cortina aberta,
atinge 13 1/seg. No tunel de jusante, sob a casa de forga, a
299
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•
00
r
44
3,30
vazao total e de 8 1/seg, sendo que desta, pelo menos 3 1/seg.
deve-se a infiltracoes pelo concreto de enchimento da casa de
foraa.
Casa de Forga e Areas de Montagem
Dos drenos situados nas galerias das areas de montagem direita
e central, nenhum deles esta vertendo, bem Como na galeria de
montante da casa de foraa. As maiores vazoes se dao pelo siste
ma de drenagem superficial de meias-canas, alem de alguns dre-
nos das galerias central e de jusante.
IV - DEFORMAgAO DAS FUNDAgbES
Vertedouro
Apenas os blocos A-l, A-7 e A-15 foram providos de extensome -
tros cada um com dugs ancoras, permitindo a medida das deforma
noes ate a descontinuidade do derrame "D".
A tabela abaixo mostra os valores totais de recalque medidos
no bloco A-7 durante e apos o enchimento , em comparagao com os
valores teoricos.
lnclina aoDeform . Max. Deformacoes Teoricas(mm)
gMedidas (mm) com trinca sem trinca
EM - A-3 500 Mont . + 0.09 + 1 .68 + 0.10
EM - A-4 Vert . - 0.04 + 0 . 09 - 0.17
EM - A-5 500 Jus. - 0.16 - 0.26 - 0.26
- compressao
+ tragao
Observa- se que os valores medidos aproximam-se bastante dos
teoricos quando se admite a fundacao sem abertura da fenda de
tracao a montante.
Barragem Lateral Direita
Dificilmente consegue-se instrumentar uma fundagao no inicio
da construgao, devido as interferencias com os equipamentos e
pessoal.
Com isto, perde-se dados importantes da sua perfomance no pe
riodo construtivo. Visando exatamente acompanhar a evolugao
do modulo de deformabilidade do pacote de rocha sao desde o
301
inicio do carregamento devido ao peso proprio da estrutura, foi
programada instalacao de um extensometro no vao entre as blo
cos D-52 e D-53, ultimos a serem concretados. Este extensome-
tro com 12m de profundidade e ancora unica teve seus dados ana
lisados calculando-se os modulos por dois metodos:
a) diretamente da relagao E = r/E , sem qualquer considera(;ao
sobre a continuidade lateral da fundarao.
Este calculo conduziu a valores elevados de E, respectiva-
mente E = 316.00 kg/cm2 para a fase inicial de carregamen-
to e 763.400 kg/cm2 para o restante do perlodo construtivo.
b) por meio analitico, usando-se funcoes que fornecem as ten -
soesrx e r y no entorno de um ponto inferior a um semi es
pago solido elastico infinito, situado na vertical de uma
carga distribuida, com largura de dois contrafortes e infi-
nita na 3a dimensdo. Os valores obtidos correspondem a mo-
dulo E = 234.200 kg/cm2 para a la fase, correspondente ao
fechamento de fissuras e E = 563.300 kg/cm2 para a 22 fase
de carregamento.
A tabela abaixo reproduz as deformagoes medidas e teoricas Pa-
ra o carregamento de peso proprio (PP) e peso proprio + carga
hidrostitica (PP + CH).
EM - D-18(mm)
MEDIDO(mm)
TEORICO
PP 0.20 0.30
PP + CH 0.33 0.40
Nos demais blocos, as recalques medidos tambem foram muito pe-
quenos evidenciando uma fundagao altamente competente, confor-
me previsto a partir dos estudos e prospecg6es realizados.
Estrutura de Desvio
As deformagoes de fundacao acusam pequenos valores de recalque,
tanto durante a construgao como apos o enchimento do reservato
rio. Os maiores deslocamentos se dao nos blocos centrais da
estrutura, devido ao efeito das ombreiras nos blocos laterais.
A tabela abaixo compara os valores medidos apos a construgao
(PP) e ap6s o enchimento do reservatorio (PP+CH) corn os valo-
res maximos admitidos para as blocos centrais. Foram conside-
radas apenas as ancoras mais profundas, respectivamente ancora
302
2 a cota - 19m e ancora 1 a cota - 0.0m. Deve -se ressalvar que
as deformag6es medidas correspondem ao final de concretagem
cerca de 12 % total do peso , enquanto os valores te6ricos refe -
rem-se ao carregamento total da estrutura.
EX'IENSCwrRO PESO PROPRIO ( PP ) PP + EMPM HIDROS1ATICO
(BLC D H - 8) ANC .1 ( mm) ANC.2 ( nm) ANC.1 (nm ) ANC. 2 ( nm
€DIDO TEOR . NMIDO OR . N DIDO TE6R. NEDIDO TE6R.
EM - H-31TrANTE )
0,63 11,7 0,45 8,6 0,7 10,0 0,5 7,4
EM - H-34(CENTRAL)
3,15 11 , 5 2,35 9,2 3,65 10,9 2,8 8,0
EM - H-39(JUSANPE )
1,05 10,0 0,75 7,4 1,7 15,0 1,35 11,0
Duas observag6es podem ser feitas:
a) nao houve inversao das deformag6es a montante , apos a aplica
gao do empuxo hidrostatico , provavelmente devido a nao aber-
tura da trinca de tragao , conforme considerada nos modelos
teoricos.
b) a resposta rapida de deformagao com relagao a aplicagao dos
esforgos hidrostaticos . Apenas os extensometros situados a
jusante mostram algum efeito de deformagao lenta com o tem -
po, estando os demais estabilizados.
Com o objetivo de verificar os modulos de deformabilidade da
fundagao durante a construgao , foram feitas considerag6es sim -
plificadas , admitindo-se o carregamento final imposto pela con-
cretagem de estrutura ( cerca de 12 % de concreto ), somando-se ao
efeito de fluencia devido ao concreto langado anteriormente.
Foi considerada a deformagao do extensometro EM-H-34 , por estar
situado na porgao central da estrutura e por ser o mais sensi-
vel as deformag6es . Os valores obtidos, confrontados com os
teoricos, exibem uma razoavel concordancia e encontram-se na to
bela abaixo.
303
ANCORAS JAN. 79 JAN . 79 VALORES
EM-H-34a a TEORICOS
ABRIL 81 SET . 82 PONDERADOS
6c5 4251.800 kg/cm2 288 . 600 kg/cm2 209.400 kg/cm2
m )7 7(
I C 361.900 kg/cm2 55.500 kg/cm2 197.300 kg/cm2
5 m)(57 53
3C139.600 kg /cm2 131.800 kg/cm2 197 . 700 kg/cm2
5-19 m)(5
ANC. 192 800 k /cm2 600109 /cm2k /cm2129 700 k
(19,0-0,0 M). g . g . g
Barragem Principal
As deformagoes da fundagao durante o perlodo construtivo e pre
-enchimento da barragem ate cota 139, foram analisadas e publi
cadas na ref. 4.
As maiores deformagoes ocorreram nas zonas cisalhadas e demais
descontinuidades entre as elevagoes 30 e 10 no leito do rio,
muito influenciadas pelas escavagoes das chavetas, principal -
mente na area das cabegas dos contrafortes, onde chegaram a va
lores de 7,5 a 11 mm. 0 desenvolvimento das deformagoes em um
desses extensometros a exibido na figura 7.
Todos os instrumentos mostram continuidade de recalque com en-
chimento, sendo os de montante mais rapidamente sensibilizados
que os de jusante. Os acrescimos de deformagao com o carrega
mento hidrostatico foram da ordem de 0,8 mm para a area de mon
tante da barragem e de cerca de 1,2 mm a jusante. Ja na ombrei
ra direita, os valores variaram apenas de 0,4 a 0,6 mm. Em ne
nhum caso, houve inversao do sentido dos deslocamentos na a-
rea de montante, como indicado pelos estudos teoricos. Este fa
to pode ser atribuido a deformagao do macigo pelo peso do re-
servatorio e a duvidosa abertura da trinca de tragao.
Os medidores triortogonais situados na descontinuidade da cota
20 (contato entre os derrames A e B), indicaram um fechamento
adicional de 0,3 mm e um deslocamento para jusante de 0,4mm ou
seja, contrario ao mergulho regional das camadas. Os pendulos
invertidos na fundagao dos blocos de maior altura, indicaram
deslocamentos para jusante de 0,7 a 1,0 mm, com o enchimento
entre as cotas 139 e 215 .
304
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305
I
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Os extensometros instalados inclinados de 600 para montante,
revelaram distensao do macigo rochoso durante o enchimento,
com valores de 1,0 a 2,5 mm. No entanto as previsoes de aber-
tura da fenda de tracao a montante, indicavam distensoes de 16
ate 36 mm . Este fato , associado a anilise de piezometros ins-
talados nessa area , nos leva a concluir que nao houve abertura
de fenda de tragao ate a profundidade admitida em projeto. Jul
ga-se possivel apenas a abertura de fissuras ate profundidades
nao superiores a 7 ou 10 metros.
Casa de Forga
As deformagoes durante o perlodo construtivo atingiram valores
em geral inferiores a 3 mm, sendo mais elevadas na parte cen
tral e montante da estrutura.
Um acrescimo ripido das deformagoes seguiu -se ao enchimento do
reservatorio com bloco U-9A apresentando significativas defor
magoes de 5,5 mm, incluindo parte do perlodo construtivo e con
centradas na camada fraturada e cisalhada de basalto compacto,
entre as cotas de 43 e 28 m.
Os medidores triortogonais situados na descontinuidade da el.
20, mostraram recalques total de 1, 0 mm e deslocamentos para
jusante de 0,2 ate 1,6 mm.
V - CONSIDERAcOES GERAIS
1. Em todas as estruturas, as sub-pressoes medidas em diferen
tes niveis da fundagao ficam muito abaixo daquelas admiti
das nos criterios de projeto . A eficiencia dos sistemas
de drenagem , sejam eles atraves de furos de 4 ", tuneis ou
rede de meias - canas, a comprovada com nitidez.
2. Alguns piezometros no contacto concreto-rocha, situados
sob a cabega de montante da Barragem Principal, exibiram
pressoes bastante elevadas, quando do enchimento. Estas
pressoes mostram tendencia de diminuir com o tempo , devido
a colmatagao das pequenas fissuras existentes e pela depo-
sigao de material solido no pe do paramento de montante.
Alguns desses locais foram aliviados por drenagem comple -
mentar e as vazoes foram insignificantes ou ate mesmo nu-
las.
3. Os piezometros , em todas as feigoes , reagiram imediatamen
306
to ao enchimento do reservatorio, assim que o navel de a-
qua ultrapassava a cota de instalagao do mesmo. Por outro
lado, nao sao sensiveis as pequenas variacoes (da ordem de
alguns metros) do navel do reservatorio e encontram-se esta
bilizados. Excegao a feita aos piezometros inclinados e po-
sicionados a montante da cortina de injegao . E de se espe -
rar, entretanto, sub-pressoes algo mais elevadas , quando o
reservatorio atingir o navel maximo normal.
4. 0 efeito de eventual redugao da sub-pressao ao longo da cor
tina de injegao a de dificil avaliagao, pela proximidade e
interferencia do sistema de drenagem . A analise das varias
segoes instrumentadas permite ate certo ponto considerar
que a cortina de injegao nao tem influencia nos horizontes
menos permeiveis e/ou onde as absorgoes de calda nao foram
elevadas. Por outro lado, em horizontes de alta absorgao de
calda, parece haver em determinadas segoes instrumentadas,
um incremento de perda de carga ao longo da regiao tratada,
sugerindo algum efeito da cortina, conforme fig.5 .
5. As vazoes de drenagem atualmente medidas sao inferiores a-
quelas verificadas logo apos o enchimento, o que significa
uma progressiva colmatagao do macigo rochoso. Enquanto a va
zao nos tuneis das el. 55 e 60 triplicaram com o enchimento,
a vazao no tunel da el. 20 sofreu aumento de apenas 25%.
Sao, em todos os casos, muito inferiores as estimadas em
projeto, mostrando o bom desempenho da cortina de injegao.
0 controle da execugao da cortina permitiu verificar uma re
dugao de permeabilidade de 40 a 100 vezes ao longo dos ho-
rizontes mais permeiveis da fundagao. Com base apenas nos
ensaios de perda de aqua nos furos de controle, a permeabi-
lidade equivalente residual nesses trechos pode ser estima-
da em 5x10-6 cm/seg, ou seja, 10 vezes menor que a admiti-
da em projeto. Por outro lado, as baixas vazoes coletadas
nos tuneis de drenagem tambem sao devidas a nao abertura da
fenda de tragao ate a profundidade dos tuneis, conforme a-
testado pela instrumentagao de controle.
6. As maiores vazoes coletadas no sistema de drenagem sao, de
maneira geral,condicionadas aos horizontes onde a absorgao
residual de calda nas injegoes foi mais elevada, ou entao ,
onde ainda nao executou-se o fechamento da cortina de inje-
307
cao.
7. As fundacoes da Barragem Principal e Casa de Forca mostram
uma rotagao para montante com o enchimento do reservatorio,
aproximando-se do comportamento verificado por elementos fi
nitos para o caso da nao existencia de fenda de tragao a
montante . A interpretagao desses dados sugere que os modu-
los de deformabilidade das camadas mais profundas da funda
gao (abaixo de 30 a 40 m), devam ser muito superiores aos
admitidos, com valores de 300.000 a 600.000 kg/cm2 . Com-
portamento semeihante e verificado para as fundagoes do ver
tedouro e barragem lateral direita, admitindo -se que o mes-
mo seja consequencia das deformagoes impostas ao macigo pe-
lo peso do reservatorio . As deformagoes das fundacoes da
estrutura de desvio indicam uma ligeira rotagao para jusan
te.
8. As deformag6es das fundag6es , de maneira geral, encontram -
-se estabilizadas apos o enchimento. Pequenos recalques a-
dicionais da ordem de 1 a 5 u/dia, sao devidos a fluencia
do macigo e a oscilagoes do nivel do reservatorio. Em ne-
nhum caso , houve a reversao do sentido das deformagoes, Co-
mo era de se esperar para os extensometros de montante, na
fase final do enchimento.
9. A anilise conjunta do comportamento de piezometros , extenso
metros e pendulos invertidos permite afirmar que o compor-
tamento das estruturas e fundag6es aproxima-se dos modelos
teoricos sem fenda de tragao a montante. Se houve abertura
da fenda , ela estari limitada apenas aos primeiros metros
da fundagao.
10. Os deslocamentos verificados pelos medidores triortogonais
na descontinuidade da el. 20 sao coerentes com as leituras
dos extensometros e com os valores teoricos admitidos.
11. As deformagoes dos varios horizontes rochosos da fundagao
indicam em geral um comportamento superior aquele admitido
em projeto , principalmente no tocante as descontinuidades
do macigo . Por outro lado, a regiao fraturada e cisalhada
da base do derrame B mostrou- se muito deformavel.
12. Recalques diferenciais entre blocos da barragem durante e
apos enchimento foram insignificantes. Durante o periodo
308
construtivo, recalques diferenciais de alguns milimetros
entre os blocos de maior altura da Barragem Principal to
riam sido os responsaveis por fissuras ocorridas nos blo
cos F-15/16 e F-19/20, os quais foram reparados por inje-
goes de resina epoxi, seguidas de injegoes de consolidagio
do macigo.
13. Carreamento de material solido pela drenagem , seja em solu
gao ou suspensao , tem apresentado uma Clara tendencia a re
dugao com o tempo, fato este igualmente observado em ou-
tras obras . Os valores medidos atualmente oscilam de 200
a 500 mg /l de solidos totals , sendo mais de 90% correspon
dente a material em solugao.
14. A monitoracao sismologica de Itaipu vem sendo feita atra-
ves de 8 estagoes fixas providas de sismometros S-13, que
enviam por telemetria, sinais a estagao central, localiza
da no canteiro de obras. Os sismografos MEQ-800 efetuam o
registro em papel enfumagado e o sistema encontra-se em o-
peragao ha cerca de um ano, nao tendo detectado sismos na
turais ou induzidos na area do reservatorio ou em suas
proximidades. Desde 1977 sismografos portateis efetuam a
auscultagao sismica da area, com resultados igualmente ne-
gativos.
Encontram-se instalados na estrutura da barragem e ombrei-
ra esquerda dois acelerografos , aptos a registrar acelera
goes de 10 cm/seg2 (0,01 g ). Decorridos 7 meses do enchi
mento, estes equipamentos nao foram ainda acionados.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Nac. Grandes Barragens - Vol.I - Recife, 1981.
4 - PAES DE BARROS F., SILVEIRA J.F., ABRAHAO R.
"Fundacoes da Barragem Principal de Itaipu: projeto de de-
sempenho durante a construcao e enchimento parcial". - VII
Congresso Bras.Mec.Solos e Fundacoes - Vol.VI - Recife,1982
RESUMO
0 trabalho analisa, em primeira aproximagao , o comportamento
das fundacoes das estruturas de concreto de Itaipu durante a
fase de construcao e enchimento do reservatorio e confronta al-
guns dados teoricos de projeto com os valores obtidos pela ins-
trumentagao.
Sao abordados aspectos de sub-pressao, infiltracao pelas funda-
goes, deformabilidade do macigo rochoso e auscultagao sismica.
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