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Plano da Bacia Hidrográfica do RIO TRAMANDAÍ A realidade sobre o uso da água na Bacia Quanta água temos? De quanta água precisamos? Qual a qualidade da água? Enquadramento das águas O processo, as escolhas dos cidadãos da Bacia e o comprometimento para o futuro.

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Plano da Bacia Hidrográfica do

RIO TRAMANDAÍ

A realidade sobre o uso da água na BaciaQuanta água temos? De quanta água precisamos? Qual a qualidade da água?

Enquadramento das águasO processo, as escolhas dos cidadãos da Bacia e o comprometimento para o futuro.

Na história das sociedades, os direi-tos humanos estão sendo construí-dos através da organização do povo.

Os direitos ambientais foram consagrados. Dentre os direitos ambientais, destacamos o direito à água. Nada mais justo que os ci-dadãos se organizem em defesa da conquis-ta desse direito e tenham a consciência dos seus deveres em relação à água. Devemos utilizá-la com conhecimento e racionalida-

de, ou seja, com precaução, cuidado e preservação.

O Estado pretende assegurar água em qualidade e quantidade para o abastecimento humano e econômico, descentralizando suas

ações na gestão da água por regiões e Bacias Hidrográficas, bem como por

meio da participação comunitária atra-vés dos Comitês de Bacia.A importância das águas para a socieda-

de é indiscutível. Essa questão preocupante está diretamente associada aos impactos das

ações humanas sobre os ambien-tes de água doce. Identificar tais

impactos, conhecer a fundo causas e zconseqüências, adotar medidas de pre-venção e buscar soluções é o caminho que estamos

percor-

rendo através dos estudos realiza-dos que chamamos Plano de Bacia.

Esta revista apresenta ao leitor a Bacia Hi-drográfica do Rio Tramandaí, com o objeti-vo de proporcionar, além de um pouco de história, conhecimento suficiente para queos moradores da Bacia possam se orgulhar do seu lugar, das suas águas e contribuir na tomada de decisões sobre os rumos da sua comunidade, assegurando o acesso e a qua-lidade da água, sua preservação e sua gestão pública.

Sem se conhe-cer a realidade não se conso-lida nenhum propósito!

Editorial

1

Nas águas banhamos nossos filhos,buscamos nosso alimento. Ao redor das águas erguemos nossas cidades,

desenvolvemos nossas indústrias e agricul-tura. Sob a benção das águas amamos, carre-gamos nossa gente unindo povos e culturas. A água abraça e conforta.

Há algum tempo a natureza era repleta. As florestas eram muito extensas, havia muitosanimais, a terra era mais fértil, e as águas refletiam esta riqueza, pois eram límpidas eabundantes.

Hoje as águas que banham e alimentam nossos filhos estão ameaçadas. Não por faltade água disponível, mas pela maneira como o homem se utiliza deste bem natural. O mau uso caracteriza-se tanto pelo uso exces-sivo, ou seja, o abuso ou desperdício (que reduz a quantidade) quanto pelo uso ina-dequado, que resulta na degradação (o que compromete a sua qualidade).

No passado, quando as cidades eram me-nores e a necessidade por abastecimento, alimentos e energia era pequena, a quanti-dade de água utilizada podia ser atendida pela quantidade existente na natureza. No

entanto, o crescimento da população e o desenvolvimento econômico acabaram por reduzir as disponibilidades hídricas. A so-ciedade moderna passou a usar a água de formas mais variadas.

O leitor deve lembrar de crises enfrenta-das por epidemias, falta de alimentos, sen-do que, sem dúvida, a próxima crise a ser enfrentada, será de disponibilidade de água. Essencial à vida, a água é um recurso funda-mental que de diferentes maneiras serve ao homem há milhões de anos.

Sem dúvida, a próxima crise a ser enfren-

tada, será de disponibilida-de de água.

A Questão da Água

2 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

A Bacia do Rio Tramandaí

A Bacia do Rio Tramandaí têm suas nascentes nos rios Três Forquilhas e Maquiné e percorre o Litoral Norte

do Rio Grande do Sul. Todos os rios e lago-as desta região escoam em direção a foz do Rio Tramandaí. Isso significa que tudo queé feito em qualquer rio ou lagoa desta bacia pode afetar toda a área que a bacia ocupa. Podemos comparar esta situação ao organis-mo humano: quando um órgão está doen-te, o seu mau funcionamento pode afetar a todo o corpo.

Para administrar as águas disponíveis, e de domínio público, o nosso Estado foi dividi-do em três Regiões Hidrográficas:

Região Hidrográfica do GuaíbaRegião Hidrográfica do UruguaiRegião Hidrográfica do Litoral

A Bacia Hidrográfica do Rio Tramandaíestá incluída na Região Hidrográfica doLitoral, onde as fragilidades para a manu-tenção da água doce são ainda maiores por causa da influência oceânica.

Situada no Litoral Norte do Rio Grande do Sul abrange uma área de aproximada-mente 270 mil hectares ou 2.700 km². Seus encantos e suas águas percorrem uma faixa costeira de aproximadamente 115 km.

Fazem parte da Bacia do Rio Tramandaí,

dezessete comunidades com características diferentes que têm na água seu ponto co-mum. Desses municípios alguns estão total-mente dentro da Bacia: Arroio do Sal, Ca-pão da Canoa, Imbé, Itati, Maquine, Terra de Areia e Xangri-lá. Os municípios de Três Forquilhas, Três Cachoeiras, Tramandaí, Cidreira, Balneário Pinhal, Osório, Dom Pedro de Alcântara, Torres, Palmares do Sul e São Francisco de Paula estão parcialmente dentro da Bacia.

Pode-se observar a diversidade de ambien-tes naturais, com a presença de rios com águas abundantes, mata de encosta, lagoas, dunas, banhados, matas de restinga, entre outros. Nas riquezas da natureza, o curso das águas é passagem, encontro e união na Bacia do Rio Tramandaí.

VAMOS NAVEGAR NOS DI-FERENTES AMBIENTES NATURAIS DA BACIA

Na região de serra, nas sub-bacias dos rios Três Forquilhas e Maquiné encontram-se os rios e arroios com fluxo abundante, que evi-dencia um grande arraste de sedimentos.

Cada bacia hidrográfica se interliga a ou-tra de maior tamanho, constituindo, em reIação à ultima, uma sub-bacia. As bacias hidrográficas maiores são resultantes doconjunto de peque-nas bacias.

Este poder de arraste diminui à medida que os rios descem a ser-ra. Ocorrem então trechos de rio em que os sedimentos transportados das partes altas são de-positados.

A interferência do homem na ve-getação das encostas pode fazer com que o fenômeno natural de transporte de se-dimentos seja alterado, o que pode agravar problemas de assorea-

Localização da

Bacia do Tramandaí no

mapa do estado do

Rio Grande do Sul

GLOSSÁRIOSEDIMENTOS:Substâncias depositadas pela ação da gravidade na água.SUB-BACIASPequenas bacias hidrográficas. ASSOREAMENTODesgaste das margens de um rio, lagos ou lagoas.

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mento das lagoas. Nas porções baixas dos rios há captação de

água para a irrigação de hortaliças, impor-tante atividade econômica local.

Próximo à foz do Rio Três Forquilhas, na Lagoa Itapeva, e Rio Maquiné, que tem sua desembocadura na Lagoa dos Quadros, a paisagem é substituída e as corredeiras dão lugar a um rio de águas serenas que se es-palha pela sua ampla planície de inundação até chegar nas lagoas.

Toda a parte mais baixa da bacia é forma-da por um conjunto de lagoas interligadas ou isoladas. Estas lagoas formam reservató-rios naturais de água os quais servem a di-versos usos: abastecimento público, criação de animais e agricultura, pesca, diluição de esgotos, entre outros.

Entre as lagoas apa-recem as áreas de ba-nhado, parte da bacia importante para a manter a biodiver-sidade e a atividade ou movimento das lagoas. Os banha-dos trabalham como grandes esponjas que acumulam água e regulam o nível de longo prazo das la-goas.

Entre o mar e as lagoas existem os campos de dunas.

Por vezes invadidas ou removidas, as dunas têm dois papéis fundamentais no equilíbrio e preservação do sistema natural da bacia: funcionam como primeira barreira aos ven-tos e tempestades oceânicas (quando fixadas)e mais importante: são reservatórios de água doce próximo ao mar que impedem que a água salgada invada o continente e provo-que a salinização da água doce das lagoas.

A saída de todo o sistema de rios e la-goas para o mar se dá no estuário do Rio Tramandaí, a partir das Lagoas Armazém e Tramandaí. Neste ponto se forma a situação mais aguda de interferência oceânica da ba-cia. As Lagoas Armazém /Tramandaí, Lagoa das Custódias e Lagoa do Gentil têm água salobra (denominação da água com salini-

dade variando entre 00,5 a 3%). Neste pon-to nota-se também a maior pressão da ocupação urbana sobre os recursos hídricos em que as cidades estão no li-mite das lagoas e do estuário.

Nestas águas onde a luz

reflete a vida é que a sabedo-

ria do ambiente natural segue seu caminho!

4 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

A preservação do solo tem relação di-reta com a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos, pois o uso in-

discriminado de produtos contamina o solo e conseqüentemente as águas.

A quantidade de água também sofre im-pactos diretos da degradação efetuada no solo, pois a retirada da vegetação ou a agri-cultura irregular provocam erosões e perdas de toneladas de terras férteis, as quais vão assoreando nossos rios, lagos e lagoas.

OS TIPOS DE USO DO SOLO NA BACIA DO RIO TRAMANDAÍ

A paisagem da bacia:Oeste - predomínio de matasPorção central - extensa área composta por lagoas e campos;Leste - junto ao oceano há concen-tração de áreas urbanizadas;Sul - presença da silvicultu-ra e de campos arenosos.

A MATA DE ENCOSTATambém conhecida como mata atlântica abrange aproximadamente 27% do total da área da Bacia.

Nesta formação de Encosta encontramos como espécies mais abundantes a canjerana, o palmiteiro, o chá-de-bugre entre outros.

Nestas florestas observa-se uma faunabastante diversificada. Répteis como a igua-ninha-verde, a muçurana-de-barriga-branca e a cobra-d’água-do-litoral podem ser en-contradas nas áreas de Floresta Atlântica e zona costeira.

Nota-se uma expressiva riqueza de aves incluindo a ocorrência de algumas espécies bastante sensíveis à destruição do ambiente, entre as quais o uru, o macuco, o sabiá-cica, a choquinha –cinzenta, a maria-da-restinga e o tiririzinho do mato.

OS CORPOS D’ÁGUA, LAGOAS E RIOSOs corpos d’água, lagoas e rios, representam uma área superficial de 16,11% da bacia eestão distribuídos ao longo da planície cos-teira.

Nesta região em função dos corpos d’água estarem ligados também ao mar observa-se uma variação de salinidade que reflete nadiversidade das algas. São comuns nestes ambientes o lírio-do-brejo, a samambaia-dos-pântanos, o junco e outras plantas que se fixam nas margens estando total ou par-cialmente dentro d’água.

Na região do estuário encontra-se uma fauna economicamente importante para a região: Os peixes (corvina, savelha, tainha, enchova, pampo, barrigudinho , peixe- rei, bagre, linguado, traíra, jundiás e carás), os crustáceos ( camarào-rosa, catanhão , siri-azul) e os moluscos.

São identificados vários fatores que afetama diversidade de peixes na Bacia tais como, o cultivo agrícola, especialmente o arroz, a sobrepesca e a exagerada captura de animais jovens, o desmatamento, a poluiçào domés-tica, industrial e o uso de agrotóxicos.

A Bacia do Rio Tramandaí abriga grande número de lagoas, várzeas e banhados. Esse sistema de lagoas é o mais extenso do país, sendo de grande importância para as aves

O Uso do Solo, Flora e Fauna

Vista da encosta da Serra do Umbú (município de

Maquiné) coberta pela Mata Atlântica (23/07/2004)

Lagoa Custódia com banhado à margem (27/02/2004)

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aquáticas como a marreca-piadeira, marre-ca-caneleira, o marrecão e o cisne-de-pesco-ço-preto.

Além destes animais, existem diversas espécies de mamíferos (lontra, capivara e ratão-do-banhado). O boto é uma espécie notada com frequência no estuário de Tra-mandaí, principalmente na área de desem-bocadura do rio com o oceano.

OS BANHADOSOs banhados são porções de terra perma-nente ou temporariamente alagadas e se dividem em dois tipos: de água doce e os de água salgada, e podem ou não ter ligação com o oceano.

Nestes banhados são encontrados o ca-pim-navalha, a fuirena-robusta, as taboas, o caraguatá do banhado, a margarida-do-ba-nhado, o junco.

Os ambientes de banhado e campos úmi-dos desempenham papel fundamental na reprodução e no desenvolvimento de diver-sas espécies, dentre as quais destacamos as seguintes:

Peixes (traíra, jundiás e carás).Anfíbios – a rã-manteiga, porque é co-

mum e possui valor comercial; e espécies ameaçadas de extinçào, como o sapinho-de-barriga-vermelha e a rã-grilo-de-barriga-vermelha.

Répteis- o jacaré-de-papo-amarelo. Esta espécie está na lista brasileira de espécies ameaçadas.

Aves – são observadas espécies como gar-ça-moura, graça-branca-grande,graça-bran-ca-pequena, socozinho, socó-dorminhoco, cabeça-seca, joão-grande, tapicuru, entre outros.

Mamíferos- destaca-se a presença de pe-quenos roedores associados à zona costeira, a preá.

Os campos úmidos são identificados porsuas espécies características: grama-arame, grama-vermelha, bacopa ana, junco, e cipe-raceas.

OS CAMPOS SECOSNesta unidade da paisagem a cobertura ve-getal é baixa e rala e predominam as espécies de gramíneas.

São encontrados exemplares de butiá, hoje em grande risco de extinção devido à ocupa-ção agrícola e pecuária.

Espécies de mamíferos como o tuco-tuco, o zorilho e a lebre também são notadas.

Ocorrem também algumas espécies de aves que vivem nos capinzais ou nas árvores e ar-bustos isolados (ema, perdiz, quero-quero, pica-pau-do-campo, anu-preto, cochicho, noivinha, tico-tico-do-campo, canário-do-campo, andorinha-do-campo, caminheiro-zumbidor, sabiá-do-campo, além de espé-cies que ingressam de ambientes vizinhos).

A VEGETAÇÃO ARBUSTIVAOs vassourais são comunidades arbustivas comuns nesta região, constituindo o está-gio intermediário no processo de regene-

ração das matas arenosas. Espécies vegetais comuns nessas formações são as vassouras-brancas, vassoura-vermelha e maricás.Área de banhado - Várzea do rio

Tramandaí (09/03/2004)

Campos secos no município de Osório (09/03/2004)

Vegetação arbustiva pioneira nas proximidades de Osório (02/03/2004)

6 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

A MATA DE ARAUCÁRIAA noroeste da bacia, no Planalto e ao longo das nascentes dos rios Maquine e Três For-quilhas, observa-se essencialmente a araucá-ria, também chamado pinheiro brasileiro.

Na fauna podemos encontrar algumas espécies ameaçadas de extinção no Estado, como o sapinho-de-barriga-vermelha, e a rã-grilo-de-barriga-vermelha.

O número de espécies raras e ameaçadas de mamíferos encontradas nesta área é mui-to significativo.

DUNASO mapeamento de uso do solo e cobertu-ra vegetal identificou 8.135,64 hectares dedunas.

A riqueza de espécies vegetais varia ao longo do sistema de dunas e observa-se com mais freqüência as ciperáceas e as gramí-neas.

Nas áreas de dunas costeiras foram encon-tradas as seguintes espécies: lagartixa – das -dunas , aves características de outros am-bientes, principalmente chimango, joão-de-barro, andorinha – de – testa - branca e ca-minheiro – zumbidor, tuco – tuco - branco, este último se encontra na lista de espécies ameaçadas do Rio Grande do Sul.

A SILVICULTURAA silvicultura está concentrada especialmen-te na porção sul da bacia, abrangendo muni-cípios com Palmares do Sul, Pinhal, Cidrei-ra e Tramandaí.

Esta porção da bacia é utilizada para o plantio de pinus e eucalip-to.

A fauna de aves presente em plantios de eucaliptos e de pi-nus é bastante rica e encontra-se espécies como gavião-carijó, carrapateiro, João-de-barro, risadinha, alegrinho, sabiá-laranjeira, tico-tico, sabiá poça, canário da terra.

As áreas com florestas de pinus formamlocais bastante pobres e poucas aves fre-qüentam esta formação. São aves encon-tradas neste ambiente: rolinha-picuí, anu-branco, João-de-barro, bem-te-vi, tico-tico, vira-bosta e outros.

Os mamíferos constatados nas matas de pinus foram caracterizados ecologicamente pouco associados a este ambiente.

MATAS DE RESTINGAMatas de restinga são as comunidades ve-getais de porte arbóreo que se desenvolvem em solos arenosos da planície costeira. Es-tas, de aspectos florísticos representam umaparticularidade da região. Estas comunida-des arbóreas são chamadas arenosas ou bre-jeiras. Nas matas brejosas observa-se a cane-la-do-brejo, maria-mole, guamirim-araçá, ipê-amarelo, tanheiro e capororocão.

A fauna de mamíferos destas matas é su-postamente formada por um subconjunto das espécies encontradas na Floresta Atlân-tica.

OS PRINCIPAIS CONFLITOS NO

USO DO SOLO DA BACIA

Expansão da silvicultura sobre os campos secos;

Expansão da orizicultura sobre

os campos úmi-dos e banhados;

Expansão da área urbana sobre os

sistemas de dunas;

Cultivo da bana-na sobre a mata

de encosta, parte dele em áreas de alta declividade,

consideradas áreas de preservação

permanente.

GLOSSÁRIOSILVICULTURA:Criação e desenvolvimento de povoamentos florestais.

Vegetação arbustiva pioneira nas proximidades de Osório (02/03/2004)

Sistema de dunas entre Cidreira e

Tramandaí (27/02/2004)

Vista parcial de área com plantio de Pinus sp, junto

à RS 784, município de Cidreira (27/02/2004)

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AGRICULTURAA plantação racional e econômica de horta-liças em geral (couve, alface,pimentão...), juntamente com outros cultivos em peque-nas propriedades (milho, mandioca, etc), 7,17% da área da bacia.

O arroz irrigado representa uma área cul-tivada em 2004 de 4.903,45 hectares.

Os bananais, distribuídos especialmente na meia encosta das serras dos rios Três For-

quilhas e Maquiné ocupam 1,47 % da área da bacia.

ÁREAS URBANASAs maiores áreas urbanas na bacia concen-tram-se nos municípios da faixa litorânea. Essa ocupação do solo representa 3,32 % da área da bacia. Nela está concentrada 86% da população residente da bacia.

MINERAÇÃONa mineração, destaca-se na bacia a extra-ção de areia (a região é a única fornecedora de areia fina para o estado).

Ocorre também a mineração de basalto.A mineração de areia, embora pouco sig-

nificativa em área, destaca-se como a ativi-dade de mineração com maior potencial de impacto ao ambiente e, em especial, aos re-cursos hídricos.

Mata de Restinga ao Sul da Lagoa

da Cerquinha (21/07/2004)

Área ocupada pela cultura da banana, na meia

encosta da serra do Rio Três Forquilhas (21/07/2004)

Áreas urbanas de Imbé e Tramandaí (06/12/2004)

Área de mineração por raspagem

(Foto GERCO/FEPAM, 2002)

FATORES DE DEGRA-DAÇÃO DO LITORALNa faixa que acompanha a linha do oceano (e quanto mais próximo deste, maior a descaracterização ambien-tal) localizam-se os proble-mas ambientais da bacia.

Isto se deve, provavelmente, a três fatores principais:Interesse pela zona litorânea como área de veraneio (expan-são imobiliária);

Maior facilidade de acesso e uso do solo na planície costeira (es-tradas e relevo);

Menor percentual de área protegida em uni-dade de conservação na porção litorânea.

8 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

Clima e Áreas de Preservação

TEMPERATURA

Podemos dizer que a temperatura se comporta mais ou menos da mesma forma em toda a Bacia do Rio Tra-

mandaí, sendo registrada uma média de 19°C nas áreas mais próximas ao mar. As temperaturas mais baixas são verificadas nasregiões da serra.( São Francisco de Paula).

CHUVAS

Para sabermos quanto chove é necessário adotar uma unidade de medida. Esta unida-de é chamada precipitação e é calculada em milímetros.

A precipitação média anual é de 1500mm na porção mais ao Norte. Ao Sul esta média cai para 1400mm por ano. A média regis-trada na região da Bacia do Rio Tramandaí se assemelha a média anual do Rio Grande do Sul.

ÁREAS DE PRESER-VAÇÃO LEGAL

Desde o início da civilização, os povos reco-nheceram a existência de locais geográficoscom características especiais e tomaram me-didas para protegê-los. Atualmente, quem percorre as estradas que cruzam a região da bacia, admira uma paisagem que abriga além de belezas naturais em grande parte selvagens, terras com histórias de povos in-dígenas e negros escravos.

Estas áreas protegidas são classificadas devárias formas e amparadas por políticas de proteção (estaduais, nacionais e internacio-nais). A Bacia do Rio Tramandaí abriga 08 unidades de Conservação, 02 Reservas In-dígenas e um remanescente de quilombo, além da reserva da Biosfera da Mata Atlân-tica. Nota-se ainda que no entorno da bacia existem outras unidades de conservação.

AS UNIDADES DE CONSER-VAÇÃOInstituídas por decretos específicos, são osParques, as Reservas Biológicas, as Reservas Ecológicas, as Estações Ecológicas e as Áreas de Proteção Ambiental (as Apas).

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTESão definidas pelo Código Florestal comosendo certas áreas públicas, ou particulares, nas quais a eliminação total ou parcial da vegetação só é permitida, mediante autori-zação do Poder Executivo Federal, quando necessária a execução de obras, planos, ati-vidades ou projetos de utilidade pública ou de interesse social. Como exemplo de áreas de preservação permanente podem ser cita-das: as margens dos rios, ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios d’água; e os topos de morros, montes, montanhas e serras.

ÁREAS DE QUILOMBOSTambém demarcadas por decreto específi-co, são também chamados “quilombolas” são áreas com vestígios arqueológicos de quilombos.

TERRAS INDÍGENASDemarcadas por decreto, são as reservas indígenas. A existência de diversas áreas de preservação legal indica que o ambiente na-tural da região da Bacia do Rio Tramandaí é propício para a propagação de espécies na-tivas, essenciais para a recuperação de am-bientes degradados ou alterados.

MunicípioÁrea do munic.

na bacia (ha)APP do munic.

na bacia (ha)Área munic. ocup.

por APP (%)

Arroio do Sal 12.714,77 1.010,570 8,0%

Balneário Pinhal 7.333,65 1.355,194 18,5%

Capão da Canoa 9.682,84 1.045,754 10,8%

Cidreira 17.496,18 4.419,464 25,3%

Dom Pedro de Alcântara 1.920,41 106,061 5,5%

Imbé 3.942,51 632,294 16,1%

Itati 20.435,66 2.178,353 10,7%

Maquiné 62.409,79 5.098,141 8,2%

Osório 32.148,81 3.639,406 11,3%

Palmares do Sul 6.058,26 136,763 2,3%

São Francisco de Paula 20.477,97 1307,722 6,4%

Terra de Areia 13.357,92 1.196,545 9,0%

Torres 3.494,27 261,284 7,5%

Tramandaí 10.661,83 2.563,758 24,1%

Três Cachoeiras 20.817,66 1.124,527 5,4%

Três Forquilhas 20.811,59 1.884,281 9,1%

Xangrilá 6.025,18 570,492 9,5%

Total 269.787,24 28.530,609 10,6%

Areas de preservação legal na bacia o rio tramandaí

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UMA HISTÓRIA MUI-TO ANTIGA

Quantas histórias e feitos já navega-ram e ainda correm nas águas da Bacia do Rio Tramandaí? Século

XVII. O cenário que revelava uma vegetação abundante e águas imaculadas era habitado por índios Carijós, os quais, em seu comér-cio de trocas usavam picadas, costeando os acidentes do terreno.

Essas trilhas passaram a ser usadas apenas como ponto de passagem dos tropeiros, principalmente , paulistas compradores de índios que os levavam para São Paulo como escravos.

Esses índios que as gerações futuras não poderão citar, mas que estavam presentes, vivendo, criando, modificando pouco apouco as coisas ao redor, abriram os cami-nhos para um futuro de desenvolvimento no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.

Com a revisão do Tratado de Tordesilhas nossas terras passaram para o domínio por-tuguês.

E os primeiros brasileiros descendentes de portugueses atraídos pelo gado foram che-gando, mas não para ficar. Usavam as rotasentre Colônia do Sacramento e Laguna para conduzir o gado até os mercados do centro do Brasil.

Intensifica-se o caminho dos tropeirose começam a surgir os primeiros currais e invernadas de tropas.Os primeiros casa-mentos entre brasileiros descendentes de portugueses com minuanos e charruas são festejados.

Em 1732 eram concedidas as sesmarias (lotes e terra que a coroa Portuguesa cedia a quem se dispusesse cultivá-lo) o que gradu-almente firma o povoamento, que ocupavadesde a área ao sul do rio Mampituba até Maldonado, no Uruguai.

A criação degrandes rebanhos e o comér-cio de couro e carne trazem os primeiros ha-bitantes que se estabelecem entre a foz do Rio Tramandaí e a foz da Lagoa dos Patos.

O Rio Grande do Sul crescia pela orla atlântica. A criação de gado, as charqueadas e a introdução do cultivo do trigo eram as

A População da Bacia

principais atividades econômicas do perío-do. Firma-se uma nova forma de ocupação através da agricultura em pequenas proprie-dades.

Ao nascer do século XIX, começa a divi-são político-administrativa do território em municípios.

Santo Antônio da Patrulha, juntamente com Porto Alegre, Rio Grande e Rio Par-do, formam as primeiras sedes de vilas da Capitania.

Origina-se o núcleo urbano de Torres.A partir da segunda década do século XIX,

tem início a colonização alemã. Os primei-ros colonos se estabelecem em São Leopol-do e Torres.

Nasce a cidade de Cidreira, pioneira da arte de receber veranistas.

Até então o litoral não era valorizado de-vido àscondições do solo, quase improdu-tivo.

Século XX. Imi-grantes europeus, aos poucos, introdu-zem novos hábitos baseados na busca da qualidade de vida dando início ao pro-cesso de veraneio.

Com a constru-ção de aproxima-damente 80 casas e dois hotéis, Traman-daí passa a ser visita-da como balneário. Com o nome de Arroio da Pescaria, floresce Capão daCanoa.

Os primeiros ran-chos começam a se agrupar à beira mar, e servem para abri-gar pescadores e aventureiros e receber tro-peiros, fazendeiros e viajantes.

Em 1915, por iniciativa de José Antônio Picoral, é inaugurado em Torres o Balneário Picoral , que de forma decisiva contribuiu para o desenvolvimento do turismo no li-toral.

10 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

Moradores do campo vinham até o mar para pescar e veranistas carregados por char-retes ou barcos de carga iam chegando em número cada vez maior.

As vias navegáveis de Osório e Torres pas-sam a ser um meio de comunicação impor-tante para o desenvolvimento de todo o Litoral Norte. Estradas são abertas, hotéis e chalés são construídos e outras localida-des se erguem dando origem àscidades de Pinhal e de Arroio do Sal.

A criação de uma linha de ônibus contri-bui para um expressivo desenvolvimento e

acelera o processo de urbanização. Lagos começam a ser aterrados com as areias dos cômoros, as construções começaram a se proliferar em decorrência da instalação da primeira fábrica de móveis e esquadrias em Capão da Canoa.

A consolidação do turismo e à melho-ria das condições de transporte favorece a construção de loteamentos. Um novo ciclo econômico baseado na construção civil tem início.

A partir da década de 1950 surge Arroio Teixeira, Rondinha, Xangri-lá, Curumim,

Salinas, Magistério, Rainha do Mar, Santa Terezinha.

A implantação do balneário pla-nejado de Atlântida estabelece um novo patamar de veraneio.No iní-cio da década de 1970 alguns em-preendimentos contribuem para alterar o ritmo de crescimento da região Tramandaí recebe o Tedut da Petrobrás, que impulsiona a cidade como pólo regional, ao lado de Osório, que, com a inau-guração da Free-Way, assume papel cada vez mais importante na região. Multiplicam-se os em-preendimentos imobiliários em toda a faixa entre Torres e Tra-mandaí.

Alguns municípios do litoral durante os meses de dezem-bro, janeiro e fevereiro têm a sua população multiplicada por quatro. É construída a Estrada do Mar, entre Osório e Torres que reforça ainda mais a função

XVII

Processo de ocupação e formação do estado do Rio Grande do Sul pela Coroa Portu-guesa – Nesta fase o Litoral Norte era habitado por índios Carijós e utilizado zapenas como ponto de passa-gem dos tropeiros.

XVIII

São fixadas rotas que servem de caminhos para a condução do gado. A criação de grandes rebanhos e o comércio de couro e carne se estabelece na região deixando de ser mero corre-dor de passagem. Os recursos naturais passam a ser utilizados como suporte para o desenvolvi-mento econômi-co.

POPULAÇÃO DOS MUNICÍPIOS INSERIDA NA BACIA DO

RIO TRAMANDAÍ (ESTIMATIVA PARA O ANO DE 2004)

MUNICÍPIOMARÇO-NOVEMBRO DEZEMBRO-FEVEREIRO

TOTAL URBANA RURAL TOTAL URBANA RURAL

ARROIO DO SAL 6.760 6.461 299 61.779 61.073 706

BALNEÁRIO PINHAL 9.836 9.529 307 89.316 88.421 895

CAPÃO DA CANOA 37.297 37.097 201 190.123 189.145 978

CIDREIRA 11.382 11.033 349 105.526 103.133 2.393

DOM PEDRO DE

ALCÂNTARA**503 0 503 690 0 690

IMBÉ 15.388 14.965 424 143.202 142.469 733

MAQUINE 7.539 1.987 5.552 11.929 2.891 9.038

OSÓRIO 36.156 33.307 2.849 62.276 56.975 5.301

PALMARES DO SUL** 124 0 124 256 0 256

SÃO FRANCISCO

DE PAULA**464 0 464 1.056 0 1.056

TERRA DE AREIA* 11.956 5.295 6.661 19.096 8.564 10.532

TORRES** 784 0 784 1.236 0 1.236

TRAMANDAÍ 37.273 36.054 1.219 172.257 169.707 2.549

TRÊS CACHOEIRAS 9.386 5.116 4.270 11.379 6.050 5.328

TRÊS FORQUILHAS 3.110 266 2.844 5.261 1.355 3.906

XANGRI-LÁ 9.983 9.285 698 78.542 74.936 3.606

TOTAL 197.939 170.394 27.546 953.923 904.719 49.204

*Na população estimada para Terra de Areia está incluída a população de Itati. A população

estimada para 2004 residente em Terra de Areia é de 8.995 e em Itati é de 2.961 habitantes.

**Área urbana fora da bacia.

de veraneio. A distribuição de empregos, as opções de comércio, serviços e lazer passam a ser regionais, cada cidade participando como parte de um amplo sistema urbano.

A VISÃO DE HOJE

Municípios se emanciparam, comunidades se desenvolveram e nas últimas décadas essa população de origem portuguesa e açoriana sofreu um crescimento populacional muito significativo.

A população estimada para a bacia, em 2004, era de aproximadamente 198.000 habitantes distribuídos em zona rural e ur-bana. O grau de urbanização da bacia as-semelha-se com o nível identificado para oEstado. Sua população total corresponde a

menos de 2% do núme-ro de habitantes do Rio Grande do Sul e está concentrada nas

cidades que se locali-zam na orla marítima, Osório, Capão da Ca-noa e Tramandaí.

Quadro com Municí-pios e percentuais de ha-

bitantes, divididos em zona rural e urbana.Em decorrência do veraneio a população

da Bacia do Rio Tramandaí apresenta va-riações que podem ser divididas de acordo com o período do ano. De março a novem-bro a população dos municípios é composta apenas pela população residente, enquanto que de dezembro a fevereiro a população da maior parte dos municípios aumenta consi-deravelmente. Nesses meses a população é

11

composta por residentes e veranistas.

A POPULAÇÃO E O TRABALHO

É importante que se tenha uma clara visão da relação entre as atividades de trabalho que os cidadãos da bacia desempenham, quer seja na zona urbana ou na zona rural e a proteção dos recursos hídricos.

A população deve interagir em suas ativi-dades no sentido de que não venha a com-prometer a quantidade e a qualidade das águas, garantindo uma vida saudável ligada ao desenvolvimento econômico.

A base da economia dos municípios da bacia é o setor terciário (comércio e servi-ços).

Os serviços na maior parte ligados ao tu-rismo nos meses de veraneio.

No setor primário (agropecuária) desta-ca-se o plantio do arroz. Dados do (IBGE, PAM 2002) mostram que foram produzi-das 24 mil toneladas, o que corresponde a, aproximadamente, 0,5% da quantidade de arroz produzida no estado.

Na indústria de transformação, destaca-se a indústria madeireira (25% do total), se-guida pela indústria de produtos ali-mentares (21%) e pela indús-tria do mobiliário (14%), o que evidencia que na bacia a indústria não é fortemente desenvol-vida.

XIX XX

Com a conquista das Missões e consolidação do domínio português, através das estâncias luso-brasileiras e da colonização agrícola açoriana,

nascem os primeiros municípios entre eles Santo Antônio da Patru-lha. É construído o Forte de São Domingos das Torres originando o núcleo urbano de Torres. Surge Cidreira, cidade do litoral pioneira na arte de receber veranistas.

O turismo se consolida e um novo ciclo econômico vincula-do à construção civil se estabe-

lece. Surgem outros municípios e um novo modelo de veraneio com a

construção de balneários plane-jados. A construção da Free-Way proporciona o deslocamento de veranistas de Porto Alegre em direção ao Litoral. A construção da Estrada do Mar consolida o Litoral Norte como uma Aglome-ração Urbana.

População Residente

População Sazonal

749.984 HAB79%

197.939 HAB21%

12 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

QUANTA ÁGUA TEMOS

Devido às diferentes e particulares condições climáticas presentes em nosso planeta a água pode ser en-

contrada, na natureza, em seus vários esta-dos: sólido, líquido e gasoso. Chamamos de ciclo hidrológico, ou ciclo da água, à cons-tante mudança de estado da água na nature-za. O calor do sol aquece a água dos oceanos e da superfície terrestre que se evaporam, formam nuvens e voltam a cair na terra sob a forma de chuva. Depois escorrem para os rios, lagoas e lagos ou para o subsolo e aos poucos correm de novo para o mar, man-tendo o equilíbrio no sistema.

Quando a chuva cai, uma parte da água se infiltra através dos espaços que encontrano solo e nas rochas (águas subterrâneas). Pela ação da força da gravidade esta água vai se infiltrando até não encontrar mais espa-ços, começando então a se movimentar ho-rizontalmente em direção às áreas de baixa pressão. A água da chuva que não se infiltra(águas superficiais), escorre sobre a super-fície em direção às áreas mais baixas, indo alimentar os riachos, rios, mares, oceanos e lagos.

As eventuais perdas de água se devem mais à poluição e à contaminação, que podem chegar a inviabilizar a reutilização, do que à redução do volume de água na bacia. Por isso a qualidade é fator de extrema importância quando falamos em quantidade de água. A água é um bem que se quer em condições de uso para garantir o desenvolvimento e a qualidade de vida dos moradores da Bacia

do Rio Tramandaí! O local onde há des-

carga e concentração natural de água doce é chamado manancial ou fonte de água e se divide em águas superficiais esubterrâneas. No Plano

de Bacia somente as águas superficiais sãoanalisadas e estas são encontradas nos rios e lagoas. As águas dos rios como se encon-tram em movimento são calculadas por va-zões m³ por segundo e das lagoas que são as águas acumuladas quantificamos por metrocúbico.

O conjunto de lagoas da Bacia do Rio Tramandaí tem um volume acumulado de aproximadamente 450 milhões de m³. O Rio Maquiné despeja todos os dias na Lagoa dos Quadros 200 mil m³ de água. O Rio Três Forquilhas, 500 mil metros cúbicos por dia na Lagoa Itapeva. No Rio Traman-daí passam 40m³ por segundo, aproxima-damente 14.000 caixas d’água de 250 litros por segundo!

QUAL A QUALIDADE DA ÁGUA NA BACIA

Não basta ter água, é necessário ter quali-dade em condições de uso para nossas ne-cessidades. Os cidadãos devem se sentir responsáveis pela preservação dos recursos hídricos e ter a consciência de que seus atos podem alterar tais recursos. Essa conscienti-zação tem dois aspectos fundamentais. Em primeiro lugar, cada indivíduo precisa com-preender que é parte integrante do ambien-te e que, através de suas ações, é um agente modificador do mesmo. Em segundo lugar,deve se sentir como participante do pro-cesso de gestão da águas, interagindo com iguais e compartilhando os mesmos direi-tos e deveres. Só assim será possível alcançar um uso mais sustentável da água, a fim degarantir esse bem para as próximas gerações com qualidade e quantidade adequadas.

A água pode não ter qualidade suficientepara determinado uso e ser adequada para

Disponibilidades HídricasA ÁGUA

A água é um recurso natural

de valor econômi-co, estratégico e

social, essencial à existência e bem estar do homem!

Onde não há água, não há vida. Todos os ciclos econômi-

cos e o desenvol-vimento social, a

qualidade de vida e a saúde humana, dependem de água

de boa qualidade, disponível per-

manentemente a todas as classes

sociais e à popula-ção como um todo.

A gestão dos recursos hídricos é uma tarefa que

demanda trabalho e tempo e a cons-

trução da política das águas dentro

das Bacias Hidro-gráficas é um pro-cesso que envolve etapas sucessivas de trabalho, onde a participação so-cial tem um papel

fundamental.

DISPONIBILIDADE

HÍDRICA

Quanta água te-

mos e qual a qua-

lidade da água

250 L14.000 X

EM

1s

Vazão do Rio Tramandaí

Medidas das Disponibilidades Hídricas

Manancial Medida Tipo

lagoas m³ acumulada

rios m³/s por segundo

poços m³/s por segundo

Manacial = Fonte de Água

13

outros. A qualidade das águas superficiais nabacia foi avaliada com base nos dados de mo-nitoramento que a FEPAM dispõe e na Re-solução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que determina cinco classes de uso da água doce de acordo com sua qualidade e estabelece que quanto maior a classe pior a qualidade da água.

A FEPAM mede a qualidade da água de seis em seis meses em quase todas as lagoas, no Rio

Tramandaí e na foz do Rio Maquiné. Os rios e lagoas da bacia na sua maior parte encon-tram-se com água em boa qualidade. Trechos problemáticos são identificados na Lagoa doMarcelino (Classe 4), Lagoa do Armazém / Tramandaí (Classe 2 de água salobra), Lagoa Itapeva (Classe 2). Nestas lagoas o lançamento de esgotos sanitários compromete a qualidade da água.

Classificação da qualidade atual da água na Bacia Hidrográfica do Tramandaí(baseada nos dados do monitoramento do GERCO/FEPAM do período de 1992 a 2004) Classes de uso das águas doces conforme resolução 357/2005, identificadas na Bacia do Rio Tramandaí

Classes UsosÁguas DocesEspecial Abastecimento para consumo humano com desinfecção.Classe 1 Abastecimento para consumo humano após tratamento simplificado;Proteção das comunidades aquáticas;Recreação de contato primário (nata-ção, esqui aquático e mergulho).Classe 2 Abastecimento para consumo huma-no, após tratamento convencional;Proteção das comunidades aquáticas;Recreação de contato primário;Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas.

Aqüicultura.Classe 3 Abastecimento para consumo huma-no, após tratamento convencional ou avançado;

Irrigação de culturas arbóreas, cerealí-feras e forrageiras;Dessedentação de animais.

Classe 4 Navegação; Harmonia paisagística.

Águas SalobrasClasse 1 Recreação de contato primário;Proteção das comunidades aquáticas;Aqüicultura.Classe 2 Pesca amadora;

Recreação de contato secundário.

Neste processo de construção do Plano de Bacia, a participação da sociedade teve papel essencial, pois através da gestão participati-va conseguimos obter as informações mais importantes, identifi-

cando e sistematizan-do os interesses múlti-

plos da sociedade.

Planejar a conservação da quantidade

e qualidade da água nos mananciais,

bem como o aproveitamento (racio-

nalização dos usos e repartição justa)

dos recursos hídricos é fundamental.

14 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

QUANTA ÁGUA ESTÁ SENDO UTILIZADA E PARA QUE USAMOS

A água é elemento necessá-rio para quase todas as ati-vidades dos cidadãos da

Bacia. O uso múltiplo das águas tem gerado conflitos e está mobi-lizando grande parte da socieda-de, dada a importância e o papel que este recurso tem em seus usos consuntivos e não consun-tivos.

SANEAMENTO – ABASTECI-MENTO PÚBLICOA água para ser consumida, sem apresentar riscos à saúde, tem de ser tratada, limpa e descontaminada. A Corsan é responsável pelo abastecimento público de quase toda a região da Bacia do Rio Tramandaí e capta água superficial e subterrânea. Em algunstrechos da bacia existem sistemas indepen-dentes de captação, tratamento e distri-buição de água, operados pelas prefeituras

municipais ou por empresas privadas que captam somente as águas subterrâneas.

A rede de distribuição da CORSAN abas-tece cerca de 270.000 pessoas e a quantida-de de água superficial usada para o abaste-cimento público é de 469,89 L/s nos meses de abril a novembro e 812,53L/s no período de Dezembro a Março. A maior parte da de-

manda de água subterrânea é para o uso de abastecimento público, e foi quantificada em apro-ximadamente 14 milhões de m(cúbicos) por ano que equivalem a 437 litros por segundo.

Para garantir que a água fornecida à população seja potável, a Corsan busca fon-tes de água e utiliza tecnologia de tratamento para eliminar todos os poluentes e agentes ameaçadores à saúde.

Captação de águas dos rios, lagos e riachos por meio de bombas –a água é conduzida, através das adutoras de água bruta, até as estações de tratamento, tam-bém chamadas ETAs. Na ETA, a água que chega é tratada para ficar em condições deser distribuída e abastecer a sociedade.

ESGOTAMENTO SANITÁRIOA água que utilizamos em nossas casas re-torna para o ambiente em forma de esgoto sanitário que contém resíduos orgânicos, inorgânicos e microorganismos. Estas cargas geram poluição no ambiente e contaminam as águas causando doenças.

Na Bacia do Rio Tramandaí o tratamento de esgotos é na sua maioria na forma de fos-

Demandas Hídricas

DEMANDAS

HÍDRICAS

Quanta água

está sendo uti-

lizadas e para

que utilizamos

Na bacia do rio tramandaí foram

identificados os seguintes usos consuntivos:

Saneamento: abastecimento público;

Industrial: abastecimento de industria;

Agropecuário: dessedentação animal e irrigação.

Os usos não consuntivos estão presentes na

bacia da seguinte forma:

Aqüicultura;Saneamento: lançamento de efluentes do esgotamento

sanitário doméstico e dos depósitos dos resíduos sólidos;

Industrial : lançamento de efluentes da indústria;

Agropecuário: lançamento de efluente da criação animal;

Lazer, recreação e turismo;

Pesca;Mineração;Navegação.

GLOSSÁRIOUSO CONSUNTIVO São aqueles que retiram água de sua fonte natural onde ocorre consumo significativo de água.USO NÃO CONSUNTIVO São aqueles onde a água, para efeitos práticos, não é consumida de forma expressiva.

Esgoto

15

sas (80% das moradias).Dos municípios que tem zona urbana

dentro da Bacia, apenas cinco possuem rede coletora de esgoto: Capão da Canoa, Cidreira, Osório, Tramandaí e Xangri-lá. A coleta e tratamento de esgotos são indispen-sáveis para garantir a qualidade de vida e a qualidade das águas para outros usos.

A poluição por esgoto doméstico reduz o nível de oxigênio presente na água, prejudi-cando a vida aquática e diminuindo a qua-lidade. Para medir o grau de poluição nas águas utilizamos o parâmetro DBO (De-manda Química de Oxigênio).

Não é toda a carga orgânica que atinge os cursos d’água superficiais da bacia, a maiorparte da carga orgânica é removida pelas fossas sépticas, lançada no mar, ou é remo-

vida por tratamento. O sistema implanta-do de tratamento de esgotos na Bacia tem condições de aten-der 235.731 pessoas. Esse total seria satis-fatório para a região se não levássemos em conta o aumento da população nos meses de veraneio. São lan-

çadas nos corpos d’água e no solo da área da bacia 4.439 toneladas de carga poluidora orgânica.

ESGOTAMENTO PLUVIALEntende-se por esgotamento pluvial a capa-cidade de drenagem da região, sendo esta, inferior a 50% da área, na maioria dos mu-nicípios.

RESÍDUOS SÓLIDOSSão as sobras de qualquer processo ou ativi-dade industrial, doméstica, hospitalar, agrí-cola, lodos de estação de tratamento de água (ETA) e lodos de estação de tratamento de esgotos (ETE). Os resíduos sólidos podem ser biodegradáveis(restos de comida, cascas de frutas,etc.) e degradáveis (vidro, metais e outros).

Há na bacia cinco aterros para disposição de resíduos sólidos urbanos licenciados pela FEPAM, localizados nos municípios de Ter-ra de Areia, Osório, Capão da Canoa, Tra-mandaí e Três Cachoeiras. Os municípios

que não possuem área própria para destina-ção enviam os resíduos coletados para Tra-mandaí e Terra de Areia.

A produção anual total de resíduos na ba-cia é de aproximadamente 105 mil tonela-das – em média 300 toneladas por dia.

Quando estes resíduos são depositados nos lixões ou quando os aterros sanitários não são operados de forma adequada, este líqui-do é drenado para os rios e arroios compro-metendo a qualidade das águas superficiaise subterrâneas. Importante lembrar que nos meses de veraneio agrava-se esta realidade.

IRRIGAÇÃOO consumo da água está relacionado com as lavouras de arroz e hortaliças.

As demandas d’água associadas ao cultivo do arroz concentram-se no período de de-zembro a março.

Além da demanda para a lavoura do ar-roz dentro da Bacia, existem também duas captações para irrigação do arroz fora da ba-cia, demandando um alto consumo de água

para irrigação. No mês de maior consumo, a irrigação de arroz para as áreas cultivadas dentro e fora da bacia, acrescida da irrigação de hortaliças é de aproximadamente 27,5 milhões de m(cúbicos) no mês de janeiro.

A maior parte da água doce do planeta é utilizada para irrigar plantações em lugares onde a quantidade de chuva não é suficien-te. É justamente nessa área onde é fácil re-duzir o consumo exagerado, com práticas de irrigação que não desperdiçam a água .

CRIAÇÃO DE ANIMAIS A quantidade de água usada na criação ani-mal é de 1,6milhões de metros cúbicos por ano, sendo grandes proporções destinadas a higienização das instalações e equipamen-tos.

Irrigação de Hortaliças

GLOSSÁRIODBOMedida que representa quanto oxigênio é retirado da água para depurar uma determinada quantidade de carga poluidora de origem orgânica.

Para a vida, é fundamental que a água contenha oxi-gênio dissolvido e certa quantidade de alimento natural, na forma de algas, frutos e folhas pro-cedentes da vege-tação que existe às margens dos rios.

O QUE É CHORUME?

Chorume é líquido com alta carga de poluição que con-tamina o solo e os corpos hídricos re-sultante da decom-posição de resíduos sólidos. Quando estes resíduos são depositados nos lixões ou quando os aterros sanitários não são operados de forma adequa-da, este líquido é drenado para os rios e arroios comprometendo a qualidade das águas superficiais e subterrâneas. Im-portante lembrar que nos meses de veraneio agrava-se esta realidade.

16 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

A carga orgânica, oriunda de fezes, urina e resíduos de alimentos, gerada pela criação animal, na bacia do rio Tramandaí é estima-da em cerca de 1 tonelada/k2 de DBO, sen-do o rebanho de bovinos o que representa maior contribuição.

INDÚSTRIANa indústria, para se obter diversos produ-tos, as quantidades de água necessárias são muitas vezes superiores ao volume produ-zido

Estão licenciadas junto à FEPAM 80 em-preendimentos industriais localizados nos municípios parcial ou totalmente inseridos na área da bacia. As atividades industriais com maior número de empreendimentos são Serraria e Desdobramento de Madeira e Matadouros / Abatedouros. A demanda hí-drica estimada para o abastecimento indus-trial é de 260.172 metros cúbicos por ano.

As fábricas utilizam água em processo de limpeza e resfriamento de máquinas. E, mais diretamente, como matéria-prima, no caso das indústrias de alimentos e outros.

AQÜICULTURAExistem nove empreendimentos de aqüicul-tura na Bacia, sendo a cultura de peixes a predominante. Em Terra de Areia cultiva-se o camarão em tanques numa área de 1,1há. A demanda para esta atividade ocorre em função das perdas por evaporação em rela-ção direta com as condições climáticas.

PESCAPara diagnosticar esta atividade na bacia foi analisado o setor pesqueiro de água doce, que identificou a prática da pesca em quasetodas as lagoas. Existem treze comunidades de pescadores, que apresentam característi-cas bastante diferentes. Nem todos os pesca-dores vivem em comunidades organizadas,

dificultando avaliar com precisão toda po-pulação que vive da pesca.

NAVEGAÇÃONa região da Bacia do Rio Tramandaí, o tra-jeto de Torres a Tramandaí foi feito, durante anos, por barcos movidos a vapor, transpor-tando passageiros e produtos entre as loca-lidades.

A navegabilidade de um curso d’água está ligada à existência de uma profundidade mínima para a qual a embarcação perma-nece flutuando na água, sem ficar presa ao

fundo (encalhar). Essa profundidade míni-ma necessária é função do calado da embar-cação, do efeito das ondas, do movimento da embarcação e da natureza do fundo do rio ou lagoa.

Atualmente a navegação existente no sistema lagunar norte é de pequena escala e porte, restringindo-se ao lazer, recreação e pesca artesanal. Embarcações de médio porte ficam impedidas de navegar devido apouca e irregular profundidade d’água nas lagoas e, em especial, nos canais de ligação entre as lagoas.

MINERAÇÃODos minerais explorados na Bacia destacam-se a areia e o basalto pela quantidade de áre-as existentes. Tendo em vista a interferência

Pesca

Criação de animais

Navegação

17

direta com os recursos hídricos e a localiza-ção das áreas de extração – entre as lagoas do complexo lagunar – é de especial interesse a mineração da areia. Na Bacia Hidrográficado Rio Tramandaí, existem cerca de 630 ha licenciados para extração e/ou pesquisa de

areia, sendo mais de 50% para exploração mineral. Ocorre na bacia também explora-ção clandestina de areia numa área estima-da de 185 ha distribuídos entre Capão da Canoa, Cidreira, Osório, Balneário Pinhal, Torres, Tramandaí e Xangri-lá.

OUTRAS MINERAÇÕESEm menores proporções do que a minera-ção de areia, também ocorre na Bacia Hi-drográfica do Rio Tramandaí a requisiçãode áreas para exploração de outros minerais como basalto, antracito, argila, saibro e sa-propelito.

TURISMONa Bacia do Rio Tramandaí, o turismo vol-tado à orla marítima e baseado nas ativida-des de lazer vinculada às praias do mar é um ramo de atividade muito forte. As informa-ções mencionadas sobre a prática de Turis-mo, de esportes de Aventura, de Ecoturis-mo, ou Turismo Rural, são centradas apenas nos recursos hídricos de água doce.

O histórico do povoamento do Litoral

Norte evidencia o uso das lagoas, por onde trafegavam e por onde era escoada a pro-dução do estado. Paralelamente, o uso dos recursos hídricos sempre teve seu caráter de lazer, sendo utilizado pelos moradores do entorno também para a sua diversão e não somente para o consumo doméstico.

OUTROS USOS DA ÁGUA NA BA-CIAExistem outras atividades que, numa pro-porção bem menor, utilizam água doce dis-ponível na bacia hidrográfica. Nesse grupode usos da água destacam-se os postos de lavagem de automóveis e o comércio vare-jista de combustíveis. Os postos de lavagem representam consumo de água e geração de efluentes líquidos e o comércio varejista decombustíveis também gera algum efluentelíquido. Não existem informações suficien-tes para quantificar a demanda de água ea geração de efluentes decorrentes destesserviços. Dessa forma apresenta-se apenas o número desses estabelecimentos licencia-dos nos municípios da bacia. Foram iden-tificados 91 estabelecimentos de comérciode combustível e oito postos de lavagem de veículos.

POÇOS INDIVIDUAIS (PONTEI-RAS) E PEQUENOS POÇOS CO-LETIVOSO abastecimento público, em especial nos municípios do litoral, é complementado através de poços unifamiliares, as “pon-teiras”, e pequenos poços coletivos. Esses poços não apresentam registro algum, pois não são licenciados. Estima-se que cerca de 494 mil m3 de água da bacia sejam retira-dos anualmente para complementação do abastecimento público através de pequenos poços e ponteiras.

É necessário usar com conhecimento e consciência todos os recursos naturais dentro da Bacia do Rio Tramandaí.

Com essa consci-ência, não precisa-remos aprender a enfrentar a escassez da água. Aprendere-mos sim, a evitá-la.

Mineração

Turismo

18 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

O balanço hídrico determina o equi-líbrio da entrada e da saída da água dentro de uma bacia hidrográfica.

Tirar mais água de um lugar do que a capa-cidade dela se reabastecer é o caminho para o desequilíbrio e a escassez.

O BALANÇO DE QUANTIDADE

Do ponto de vista de quantidade de água sendo utilizada, em pelo menos quatro la-goas há indicativos de que estaria sendo extraída muita água: Lagoa das Pombas,

Lagoa da Emboaba, Lagoa da Rondinha/Cidreira e Lagoa da Fortaleza. Importante citar que mais da metade da água disponí-vel no Rio Tramandaí está sendo retirada. Em proporção menor na Lagoa do Passo e Baixo Rio Maquiné são extraídos de 20 a 50% dos recursos hídricos. Os demais cur-sos d’água ou lagoas evidenciam resultados satisfatórios no que diz respeito a quantida-de de água retirada( menos de 20% ).

O Balanço Hídrico

O Balanço pode ser representado pela seguinte figura:

Quanta água temos

De quanta água

precisamos

Definir a qualidade da água é bem mais

difícil do que entender a

qualidade de outros produ-tos. Para ser

útil, deve conter um

certo grau de impurezas,

que varia de acordo com o uso que

se pretende fazer dela.

VAZÃO E VOLUME ECOLÓGICO

Uma questão importante a ser mencionada

é o fato de que nem toda a água existente

pode ser utilizada, sob pena de que as

lagoas e os rios secariam.

Tendo em vista este aspecto, foi

considerada nos cálculos do balanço

hídrico uma determinada quantidade

de água para a manutenção da vida

aquática e preservação do equilíbrio

ambiental.

É como se parte do volume das lagoas e

vazão dos rios fosse reservada para que

sempre fosse mantida no rio ou lagoa.

Esta é chamada de vazão ou volume

ecológico.

19

O BALANÇO DE QUALIDADE

O Balanço de qualidade é realizado avalian-do quanta carga poluidora é lançada nos cursos d’água ou lagoas e se estas cargas es-tão interferindo na qualidade da água.

As lagoas que mais recebem carga poluido-ra são a Lagoa Armazém/Tramandaí, Lagoa dos Quadros, Marcelino e Itapeva , numa variação de 70 a 220 toneladas de DBO, no mês de janeiro, oriunda em grande parte do esgoto doméstico.

Os rios Três Forquilhas e Maquiné, no mês de janeiro, recebem de carga poluido-ra em todo o seu curso uma média de 50 toneladas de DBO proveniente da criação animal, dos depósitos de lixo e de efluentesda indústria.

O que mais chama atenção é a perda da qualidade da água nas Lagoas do Marcelino (Classe 4), Lagoa Itapeva (Classe 2) e Lagoa Armazém/Tramandaí (Classe 2 de águas sa-lobras).

Balanço Hídrico QuantitativoRelação entre disponibilidade hídrica e demandas hídricas

Mês de Janeiro (com maior criticidade)

20 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

O Enquadramento

O Enquadramento é um dos instrumentos de gestão das águas que mais requer envol-vimento da comunidade. Além de plantar a semente da reflexão e consciência propor-ciona aos cidadãos o exercício da participa-ção e responsabilidade.

Através do Enquadramento os moradores da Bacia planejaram quais usos querem fazer da água visando um futuro de desenvolvi-mento e qualidade de vida para as próximas gerações. Também foi possível identificaralguns conflitos e quais possibilidades demelhorar a situação atual.

O enquadramento das águas é um pro-cesso que envolveu toda a comunidade da Bacia. Foram levantadas todas as ca-racterísticas das águas existentes (usos da água, poluição, número de usuários...)

A sociedade decidiu a qualidade que dese-ja para cada um dos trechos dos rios e cor-pos d’água, dentro da classificação existenteconforme a Resolução do CONAMA.

O futuro da águas é uma realidade na Ba-cia do Rio Tramandaí!

Pelo cenário de pré-enquadramento, a La-goa Itapeva, a Lagoa dos Quadros e os Rios Três Forquilhas e Maquine estariam enqua-drados em Classe 1. Neste caso, significa di-zer que deverão ser melhoradas as condições de qualidade da água (mapa de qualidade da água na figura na página ao lado) no baixoRio Maquine (atualmente em classe 2) e na

Lagoa Itapeva (atu-

almente também em classe 2).

As maiores mudanças do ponto e vista da situação atual de qualidade da água es-tão nas seguintes lagoas: (i) Lagoa Arma-zém Tramandaí: Atualmente em Classe 2 das águas salobras, estaria enquadrada em Classe 1 de águas salobras e; (ii) Lagoa do

De posse dos usos pretendidos para cada lagoa e rio foi determinado o pré-enquadramento. Todos os usos existentes foram citados com maior ou menor freqüência (em ordem do mais nobre para o menos nobre):

Abastecimento público somente com desinfecção simples (com cloro)Abastecimento público com tratamento simplificado (passagem em filtro e cloro)Irrigação hortaliças que são comidas cruasProteção da vida aquáticaRecreação contato primário (natação, mergulho, esqui-aquático)Aqüicultura (criação de peixes ou crustáceos ou outras espécies aquáticas)Pesca

Abastecimento com tratamento convencional (tratamento em estação de tratamento de água)Criação de animaisIrrigação arrozUso IndustrialGeração EnergiaContemplaçãoMineraçãoNavegaçãoLançamento esgotos

Os usos percentualmente mais votados em

cada lagoa ou rio

Abast. Trat. C

on-

Prot. Vida Áquática

Pesca

Irrigação arroz

Criação de animais

Recreação cont.

Navegação

Irrigação Hortaliças

consumidas cruas

Lagoa da Cerquinha: 23 16 28

Lagoa da Rondinha/Cidreira 14 15 20 15

Lagoa da Fortaleza 28 11 21 15

Lagoa do Manoel Nunes 24 30 12

Lagoa do Gentil 24 37 11

Lagoa das Custódias 22 36 11

Lagoa Armazém/Tramandaí 18 34 23

Rio Tramandaí 16 14 25 15

Lagoa Emboaba 26 19 11

Lagoa das Pombas 12 24 12 18 11

Lagoa do Marcelino 14 27

Lagoa do Peixoto 25 20 13

Lagoas Lessa/Caieira/Outras 12 30 17 16

Lagoas Pinguela/Palmital/Malvas 16 17 21 12

Lagoa do Passo 26 12 19 12

Canal João Pedro 23 24 22

Lagoa dos Quadros 22 13 16

Rio Maquiné – Alto 20 11 24

Rio Maquine – Baixo 18 25

Rio Cornélios 20 17 20

Rio Três Forquilhas – Alto 11 23 15 16

Rio Três Forquilhas – Baixo 11 20 22

Lagoa Itapeva 25 16 20

21

MAPA DO ENQUADRAMENTO - COREL

Marcelino (próxima a Osório) está hoje em Classe 4 e passaria para Classe2; Estas duas situações pressupõem, certamente, o trata-mento de esgotos nas cidades de Osório, Imbé e Tramandaí.

A Lagoa dos Quadros, por sua vez, para ser mantida em Classe 1, também exigirá o tratamento de esgotos da cidade de Capão da Canoa, que despeja os esgotos na lagoa.

Outra questão importante se refere ao próprio Rio Tramandaí que para ser man-tido, em toda a sua extensão, enquadrado em Classe 2 de água doce exigirá que se-jam evitados os eventos de salinização, os

quais prejudicam atualmente a captação da CORSAN para abastecimento de parte de Xangri-Lá.

22 - RELATÓRIO DA BACIA DO TRAMANDAÍ

Texto de Encerramento

23

As Águas do Rio Tramandaí

Nas tuas fontesJá foste abrigo de índiosRota de passagem de tropeiros e viajantesE no processo de ocupaçãoPaixão de imigrantes

Nas tuas águasEncontramos com Deus,Realizando emoções

Nas tuas margens,Buscamos nossos sonhos

Nas tuas águas Contemplamos a vegetaçãoQue fertilizasE embarcamos nas lembranças De uma infância feliz.

Nas tuas margens erguemos cidades,Refletidas nas luzes do teu espelho Nas águas da chuvaQue percorrem os teus caminhosAdquirimos riquezas e prosperidadePara futuras gerações

Nos corpos de nós todos,Tanto quanto no planetaA força do teu domínio

Águas que abrigam os sóis de veraneioAbraçando nossos filhosLavando o cansaço do ano inteiro

Andante,Ora doce, ora salgadaQue escorre pelo olhos de pescadoresLavando suas almas na madrugada

Musa de tantos poetas,Aquário de sereias Ponte entre o real e as portas do imaginário

Água nas mesas em forma de alimentoOrigem de tanto sustento

As águas da bacia clamam por ti!Hoje um,Amanhã muitos. e logo tantos e outros mais...Quantos já somos?Multidão