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Projeto “Relações Internacionais para Educadores” – 12 de junho de 2010 NOVOS TEMAS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS: O MEIO AMBIENTE E O USO RACIONAL DOS RECURSOS ENERGÉTICOS 1 NOVOS TEMAS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS: O MEIO AMBIENTE E O USO RACIONAL DOS RECURSOS ENERGÉTICOS Por Niala Pessuto 1 A história da humanidade foi permeada por disputas por recursos energéticos e, em relação a tais disputas, é possível dizer que elas vêm adquirindo importância cada vez maior. Este tipo de disputa se acelerou com a industrialização de um número crescente de países, especialmente durante o sec. XX, marcado por inúmeros conflitos envolvendo a posse de recursos energéticos. O principal insumo alvo de disputa no período foi o petróleo, utilizado pelos países na geração de energia para movimentar as atividades industriais e obter riqueza. Assim, a posse do petróleo como fonte de energia passou a representar poder no cenário internacional, adquirindo um papel central nas novas configurações de correlação de forças internacionais: “Os recursos energéticos, de um modo geral, e o petróleo, de modo específico, tendem a assumir papel decisivo neste contexto da profunda reorganização de poder no sistema internacional desde o fim da Guerra Fria” (OLIVEIRA & PAUTASSO, 2008, p. 361). Contudo, a escassez de recursos energéticos, a dependência externa que muitos países possuem, a volatilidade de preço do petróleo e de outros recursos que podem substituí-lo, conjugados às preocupações ambientais com o excesso de emissão de gases poluentes da atmosfera, têm constituído um novo cenário. Esse novo cenário favorece a construção de uma nova matriz energética, baseada em alternativas mais limpas do que a atual pautada no petróleo e em outros combustíveis fósseis como o carvão mineral. Novas fontes de energia limpas e renováveis são assim pensadas e desenvolvidas de forma a conciliar as demandas crescentes por energia e a preservação ambiental. 1 Estudante de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Agradeço as críticas e sugestões do prof. Lucas Kerr de Oliveira.

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NOVOS TEMAS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS: O MEIO AMBIENTE E O USO

RACIONAL DOS RECURSOS ENERGÉTICOS

Por Niala Pessuto1

A história da humanidade foi permeada por disputas por recursos energéticos e, em relação a tais disputas, é possível dizer que elas vêm adquirindo importância cada vez maior. Este tipo de disputa se acelerou com a industrialização de um número crescente de países, especialmente durante o sec. XX, marcado por inúmeros conflitos envolvendo a posse de recursos energéticos. O principal insumo alvo de disputa no período foi o petróleo, utilizado pelos países na geração de energia para movimentar as atividades industriais e obter riqueza. Assim, a posse do petróleo como fonte de energia passou a representar poder no cenário internacional, adquirindo um papel central nas novas configurações de correlação de forças internacionais: “Os recursos energéticos, de um modo geral, e o petróleo, de modo específico, tendem a assumir papel decisivo neste contexto da profunda reorganização de poder no sistema internacional desde o fim da Guerra Fria” (OLIVEIRA & PAUTASSO, 2008, p. 361).

Contudo, a escassez de recursos energéticos, a dependência externa que muitos países possuem, a volatilidade de preço do petróleo e de outros recursos que podem substituí-lo, conjugados às preocupações ambientais com o excesso de emissão de gases poluentes da atmosfera, têm constituído um novo cenário. Esse novo cenário favorece a construção de uma nova matriz energética, baseada em alternativas mais limpas do que a atual pautada no petróleo e em outros combustíveis fósseis como o carvão mineral. Novas fontes de energia limpas e renováveis são assim pensadas e desenvolvidas de forma a conciliar as demandas crescentes por energia e a preservação ambiental.

1 Estudante de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Agradeço as críticas e sugestões do prof. Lucas Kerr de Oliveira.

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Para acompanhar a evolução do debate atual, é necessário compreender alguns conceitos e processos, tais como a relação entre poder e riqueza, que estiveram - e ainda estão - relacionados ao petróleo, e a noção mais ampla de segurança energética. Tais conceitos são fundamentais para relacionar o crescimento das preocupações ambientais com o desenvolvimento de novas fontes de energia alternativas e renováveis que visam à diminuição das emissões de gases poluentes e/ou com potencial para ampliar o efeito estufa.

A segurança energética passa a ser prioritária na agenda política atual, com o debate sobre a utilização racional dos recursos energéticos e sobre a preservação do meio ambiente, temáticas cada vez mais presentes no estudo das Relações Internacionais. A análise do posicionamento do Brasil neste novo cenário é pertinente para a compreensão da política energética nacional e da diretriz da política externa atual, incluindo posições adotadas pelo país relativas ao âmbito energético regional e global.

ENERGIA, PODER E SEGURANÇA ENERGÉTICA

A detenção ou o acesso facilitado a recursos energéticos estão diretamente relacionados à capacidade dos Estados de acumular poder e riqueza em meio à competição do cenário internacional. Garantir segurança energética e dar prosseguimento aos planos de expansão econômica foram e continuam sendo os principais objetivos almejados por muitos países. A segurança energética esteve – e ainda está – bastante atrelada ao acesso ao petróleo. Esta relação, entretanto, torna-se gradativamente mais abrangente com a extensão da garantia de suprimento energético através de novas fontes de energia.

A análise de conflitos e disputas pelo acesso a recursos energéticos é básica para a compreensão da relação entre poder e energia nas relações internacionais. A crescente dependência de energia importada e a competição gerada pela escassez de recursos naturais estratégicos são as principais causas do aumento da intensidade das disputas entre os países, provocando o aumento da probabilidade da eclosão de guerras pelo controle destes recursos. Tal

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realidade aplicar-se-ia tanto a regiões com grandes reservas ou regiões de produção de energia, como para o caso do controle das principais vias de transporte terrestre (oleodutos e gasodutos), ou rotas marítimas, estreitos e canais, ou seja, os fluxos de recursos energéticos (KLARE apud OLIVEIRA, 2009, p. 10).

O petróleo é um dos principais motes dos conflitos que aconteceram ao longo do século XX. Após a Primeira Guerra Mundial, o petróleo constituiu objeto de disputa em guerras entre países na América Latina, através da disputa de regiões que se acreditava serem ricas em petróleo, dos interesses de poderosos grupos transnacionais e das nacionalizações das reservas2. Também se pode citar a presença de disputas por petróleo durante a Segunda Guerra Mundial, a exemplo das incursões do Eixo3, onde a Alemanha objetivava ter acesso a reservas de petróleo do Oriente Médio através do norte da África, e através do território soviético, pretendia controlar o petróleo da região do Mar Cáspio, enquanto o Japão pretendia controlar as reservas petrolíferas da Indonésia (OLIVEIRA, 2007, p. 63-64 e 2009, p. 7-8).

A dependência do petróleo está relacionada a crises econômicas de proporções mundiais, como foi o caso das crises de 19734 e de 19795 e os

2 Os exemplos mais expoentes na América do Sul são a Guerra do Chaco entre Bolívia e Paraguai em 1932-1935, o conflito entre Peru e Equador em 1941 e novamente em 1995 (OLIVEIRA, 2009, p. 6-7), e a Guerra das Malvinas, que repercute nas relações entre Argentina e Inglaterra, assim como na geopolítica do Atlântico Sul, até os dias de hoje (OLIVEIRA, 2010). 3 Grupo de países formado durante a Segunda Guerra Mundial compostos por Alemanha, Itália e Japão. 4 A crise do Petróleo de 1973 ocorreu como resultado do protesto contra os Estados ocidentais que ajudaram diretamente Israel contra seus adversários árabes na quarta guerra árabe-israelense (Guerra do Yom Kippur). O embargo aplicado pelos países árabes, organizados na Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP), resultou no aumento do preço mundial do petróleo em mais de 300%, prejudicando fortemente a economia mundial. 5 A crise de 1979 esteve relacionada com a crise política no Irã e a deposição do Xá iraniano, Reza Pahlevi. O contexto interno desorganizou todo o setor de produção no Irã, um dos maiores produtores de petróleo, e resultou no aumento dos preços mundiais do petróleo em mais de 1000%.

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Fig. 1: Consumo de Petróleo na segunda metade do século XX

Fonte: Annual Energy Review 2008

resultados da Guerra do Golfo em 19916. Tais conflitos ocorreram na região do Oriente Médio, região com as maiores reservas de petróleo do mundo.

Ainda considerando esta relação entre energia e poder, cabe atentar que as duas potências no cenário internacional da Guerra Fria7, os Estados Unidos e a União Soviética, caracterizaram-se como os dois maiores produtores e consumidores de energia durante o século XX (OLIVEIRA, 2009, p. 7). Como pode ser observado a partir da Figura 1, ao longo das últimas décadas, o padrão de consumo de petróleo coincide com os principais períodos de crescimento econômico das grandes potências. A importância do petróleo para as grandes potências ocorre não apenas no âmbito econômico, mas no produtivo, militar e tecnológico, com função semelhante a que representou o carvão e o vapor durante o século XIX para a Grã-Bretanha8, até então, mais importante potência da época (NOGUEIRA, 1985, apud OLIVEIRA, 2007, p. 44-45). Ao longo do século XX, a demanda por petróleo foi impulsionada principalmente pela sua utilização para a geração de energia elétrica e para o transporte. Neste início do século XXI, o petróleo representa 39% do consumo mundial de energia, seguido pelo carvão mineral

6 O conflito foi desencadeado pela invasão do Kuwait por tropas do Iraque com o objetivo de controlar a vasta quantidade de petróleo do país. Esta guerra envolveu uma coalização de forças de países ocidentais liderados pelos Estados Unidos da América e Grã Bretanha e países do Médio Oriente, como a Arábia Saudita e o Egito, contra o Iraque. 7 A Guerra Fria compreende o período de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre Estados Unidos e União Soviética, as duas principais potências que emergiram no cenário mundial desde o pós-Segunda Guerra Mundial, até a crise final e fragmentação territorial da ex-União Soviética em 1991. 8 Para a consolidação de sua revolução industrial, o carvão e o vapor foram fundamentais para a Grã-Bretanha, sendo as principais matérias-primas utilizadas no desenvolvimento da indústria pesada britânica.

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(24%), e o gás natural (22%). Ou seja, ainda hoje, passadas inúmeras crises energéticas, o mundo depende em aproximadamente 85% de recursos fósseis para a geração de energia.

Atualmente, a influência da energia na economia pode ser inferida no aumento do uso dos meios de transporte. Conforme aumenta a quantidade de automóveis, assim como o número de viagens de avião, a quantidade de petróleo utilizado aumenta substancialmente (KLARE, 2001). Este cenário pode ser acompanhado analisando-se o aumento de demanda por automóveis em países que estão acelerando seu processo de industrialização e através da contínua demanda por países desenvolvidos para continuar seu crescimento.

Os dois maiores consumidores atuais de petróleo do século XXI – Estados Unidos e China – buscam garantir o suprimento de energia para dar continuidade ao seu plano de expansão e desenvolvimento, ampliando sua segurança energética (OLIVEIRA & PAUTASSO, 2008). Os Estados Unidos, por exemplo, atualmente não dispõem de petróleo suficiente nem mesmo para suprir seu consumo9, muito menos para seguir no atual padrão de crescimento e, sozinhos, utilizam 32% da energia mundial, sendo que a matriz energética atual ainda é pautada fortemente no petróleo.

A China é um caso clássico em que o crescimento econômico e a urbanização influenciam diretamente o aumento da demanda por energia. Tendo o país registrado o maior crescimento econômico dos últimos 25 anos e configurado-se como a segunda maior economia do mundo, garantir o mesmo crescimento está relacionado diretamente a assegurar abastecimento energético, o qual calcula-se que será duplicado até 2020 (KLARE, 2001). A relação entre automóveis por habitante na China cresce mais de 15% ao ano.

Em um cenário com pouca autonomia energética e no qual a dependência de uma fonte de energia importada como o petróleo é a realidade da grande maioria dos países, o conceito de segurança energética tem se relacionado cada

9 Atualmente a produção nacional de petróleo nos Estados Unidos abastece apenas 1/3 do seu consumo total de 21 milhões de barris por dia.

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vez mais com segurança de suprimento através da diversificação de fontes de energia. (YERGIN apud OLIVEIRA, 2009, p. 10)

Desta maneira, pensar em segurança energética tem significado para os Estados, planejar sua segurança nacional e aspectos básicos da economia moderna tais como infra-estrutura de geração, produção interna, distribuição e consumo final de energia. Neste espectro, a questão mais importante para aumentar a segurança energética tem sido a descentralização da infra-estrutura de geração e distribuição de energia, que envolvem técnicas de planejamento de longo-prazo mais eficazes para ampliar esta segurança em associação à diversificação das fontes de energia e formas de transporte e uso final (OLIVEIRA, 2009). A construção de novos sistemas descentralizados de geração de energia, nos quais a energia é produzida próxima ao local de consumo final, além de evitarem a perda de energia durante a conversão e o trajeto de distribuição, ajudam a ampliar o fornecimento de energia (tanto de energia elétrica e combustíveis), da qual depende sua segurança energética.

QUESTÕES AMBIENTAIS e POLUENTES ATMOSFÉRICOS

A busca pela garantia de segurança energética de forma a atender à crescente demanda mundial por energia, amplia os debates em torno das preocupações ambientais relacionadas, principalmente, com a redução da emissão de poluentes atmosféricos, que causam diversos tipos de impactos ambientais. A utilização de combustíveis fósseis10 em larga escala libera grande quantidade de óxidos de enxofre, nitratos e óxidos de carbono (CO e CO₂), produzindo níveis de contaminação atmosférica perigosos para a saúde humana, especialmente nas grandes cidades e entorno das regiões onde estão localizadas as grandes concentrações de indústrias pesadas e termoelétricas.

10 Combustível fóssil é uma substância formada por compostos de carbono resultantes da decomposição de matéria orgânica em períodos geológicos anteriores, que podem ser utilizados para alimentar a combustão. Dentre os principais combustíveis fósseis destacam-se o carvão mineral, o petróleo e o gás natural mineral, além de outros, menos utilizados para fins energéticos, como o xisto betuminoso e as areias oleaginosas.

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Além de afetarem a saúde de grande parte das populações humanas, que cada vez mais vive nas zonas urbanas, grandes concentrações de poluentes atmosféricos ampliam problemas ambientais como a incidência de chuva ácida11, que pode afetar vastas áreas além das fronteiras dos países que produziram estes poluentes. Esta temática foi alvo de algumas das primeiras conferências ambientais que trataram da redução e controle de poluição atmosférica, amplamente discutidos na Conferência Mundial de Estocolmo, em 1972, e que resultaram nos primeiros tratados internacionais sobre este tema, na Convenção sobre a Poluição Atmosférica Transfronteiriça a Longa Distância12, em Genebra, 1979.

Nos anos 1980 o foco das questões ambientais relacionadas à emissão de gases poluentes ganhou projeção global, a partir da questão da emissão de CFC, tido como principal poluente responsável pela redução da densidade de O3 na chamada “camada de ozônio”. A emissão de CFC acabou sendo banida a partir dos anos 1990, como resultado da assinatura do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que destroem a Camada de Ozônio, assinado em 1987 por mais de 150 países.

A partir dos anos 1980 e principalmente nos anos 1990, o foco das conferências internacionais envolvendo questões ambientais, consolidou-se em torno da discussão de temas globais, como as mudanças no efeito estufa natural13. Neste contexto, a emissão antrópica de gases-estufa14 passou a ser

11 O índice de acidez da chuva normalmente é levemente ácido, com pH variando de 6,5 a 5,5. Em áreas onde existe grande concentração de óxidos de enxofre, nitrogênio e carbono, a acidez média da chuva pode aumentar significativamente, apresentando pH de 5,5 a 4,5, o que afeta plantações, degrada solos férteis, podendo destruir camadas de vegetação florestal e até mesmo eliminando espécies de peixes de lagos e pequenos rios. 12 Durante a realização desta conferência foi debatida pela primeira vez em um evento mundial sobre meio ambiente, a tese de que a emissão de gases poluentes também contribuía para o aquecimento do planeta. 13 Efeito estufa pode ser sinteticamente definido como a capacidade natural da atmosfera de absorver o calor emitido pela superfície terrestre, quando esta é aquecida pela iluminação solar. O principal gás-estufa natural é o vapor de água, que seria responsável por 80 a 90% desta capacidade de retenção de calor pela atmosfera. O efeito estufa natural seria o principal responsável pela possibilidade de existência de grande variedade de formas de vida na Terra. A emissão de grandes volumes de gases estufa por atividades humanas como a geração de

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uma preocupação de dimensão global, na medida em que o grande volume destes gases poderia ampliar o efeito estufa normal. Dentre os gases estufa que ganharam destaque nestas discussões, a emissão de CO2 tornou-se o principal alvo de novas conferências e tratados ambientais internacionais.

Em relação a este tema, o protocolo de Kyoto é um dos expoentes de uma tentativa de comprometimento conjunto dos países ricos de reduzir a emissão de CO2, que, contudo, enfrenta resistência por parte do maior emissor destes gases, os Estados Unidos.

O PROTOCOLO DE KYOTO E O MERCADO DE CARBONO

Considerando o problema representado pela emissão de grande volume de gases CO2 na atmosfera, as nações signatárias da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, de 1992 (assinada durante a realização da ECO-92, convenção que teve lugar na cidade do Rio de Janeiro, Brasil), criaram, em 1997, o chamado Protocolo de Kyoto (realizado na cidade de Kyoto, Japão). Tal protocolo passou a vigorar no início de 2005 e os 165 países-signatários comprometeram-se a se encontrar duas vezes ao ano para negociar novos detalhes e as etapas subsequentes do acordo. Apenas duas grandes nações industrializadas, Estados Unidos e Austrália, assinaram, mas não ratificaram o protocolo, sendo que os EUA mantiveram esta posição até o presente momento.

O Protocolo de Kyoto prevê que seus signatários devem reduzir suas emissões de gases estufa em 5,2% em relação aos níveis do início dos anos 1990, obrigação esta que deverá ser cumprida durante o período de 2008 a 2012. Este compromisso resultou na adoção de uma série de metas de redução regionais e

energia e a produção industrial, passou a ser considerada a principal variável indutora do possível aumento do efeito estufa, que, por sua vez, implicaria na elevação da temperatura média do planeta, processo que ficou popularmente conhecido como “aquecimento global”. 14 Dentre os principais gases-estufa produzidos por atividades industriais e geração de energia, estão os óxidos de carbono, como o CO e o CO2, sendo considerados gases-estufa, também o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), e o vapor de água (H2O). Destes gases, apenas o CO2 e o CH4 passaram a ser alvo de tratados internacionais.

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nacionais. Tais metas de redução não são homogêneas a todos os países, colocando níveis diferenciados para os países que, ao longo do tempo, mais emitiram gases-estufa. Países em processo de desenvolvimento (como Brasil, México, Argentina e Índia) não receberam metas de redução, pelo menos momentaneamente. A União Européia, por sua vez, comprometeu-se com uma redução total de 8%. Para alcançar esse objetivo, a UE também concordou em aumentar a proporção da energia renovável na sua matriz energética de 6% para 12% até 2010.

No momento, os países signatários de Kyoto estão negociando a segunda fase do acordo, que cobre o período de 2013 a 2017. Organizações Não-Governamentais (ONGs) como o Greenpeace15 vêm defendendo que os países industrializados reduzam suas emissões em 18%, considerando seus níveis de 1990, para o segundo período de compromisso, e em 30% na terceira fase, que abrange o período de 2018 a 2022.

Organizações não governamentais como o Greenpeace e organizações internacionais como o IPCC16 defendem que esses cortes são necessários para evitar que o aquecimento global ultrapasse 2°C nas próximas décadas. Caso o aumento da temperatura ultrapasse os 2°C, os impactos da mudança do clima poderiam ser incontroláveis. O aumento da tempetura global pode levar ao derretimento das calotas polares, o que poderia elevar o nível médio dos oceanos, gerando uma série de efeitos potencialmente catastróficos para muitas países, principalmente para os países localizados nas zonas tropicais e no Hemisfério Sul do globo terrestre que, segundo as projeções do IPCC, seriam os países que mais sofreriam com os efeitos negativos do aumento da temperatura terrestre. Considerando que os países do Hemisfério Sul são menos desenvolvidos economicamente, sofreriam ainda mais por não terem condições

15 ONG, Organização Não-Governamental, criada em 1971, que atua internacionalmente em questões relacionadas à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável. 16 IPCC, ou Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, criado pela ONU em 1988, é um grupo de trabalho que reúne políticos e cientistas, responsável pela elaboração de relatórios periódicos e projeções a respeito do futuro das mudanças climáticas.

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econômicas para lidar com eventuais catástrofes resultantes de possíveis mudanças climáticas.

A recusa por parte dos Estados Unidos, o maior emissor de poluentes do mundo17, de ratificar o Protocolo de Kyoto é um dos temas mais destacados quando se fala sobre aquecimento global. O governo dos Estados Unidos se recusa a ratificar o Protocolo alegando que geraria efeitos negativos para a economia do país, grande dependente do petróleo e de carvão mineral, cuja queima resulta na emissão de gases que ampliam o efeito estufa.

A questão da adoção do Protocolo também é um problema para os países pobres e em desenvolvimento, que necessitam aumentar significativamente a produção de energia para poder ampliar as perspectivas de crescimento econômico. Em relação a isso, a China é um grande exemplo. O crescimento conjunto da China e da Índia poderá responder por 45% do aumento mundial da demanda por energia até 2030, o que, caso tais países não mudem sua matriz energética na direção de formas mais limpas de geração de energia, poderá significar uma elevação em 57% da emissões mundiais de CO2 no mesmo período.

Para alcançar as metas de redução estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto, o acordo prevê alguns mecanismos financeiros, pelos quais as emissões de carbono são transformadas em uma mercadoria que pode ser comercializada. Este sistema é comumente conhecido como sistema de “créditos de carbono”, e seu objetivo principal é o de oferecer um incentivo econômico para a redução das emissões e alavancar investimentos do setor privado em tecnologias limpas que transformem o mercado de energia. A idéia do mercado de carbono é, basicamente, a de emitir certificados para aqueles países em desenvolvimento que reduzam ou, simplesmente, não aumentem suas emissões de CO2, dando-lhes uma determinada quantidade de créditos de carbono, que varia de acordo com a quantidade de emissão reduzida18. A idéia é a de que tal certificado seja

17 Os Estados Unidos são responsáveis por quase 70% das emissões mundiais de gases do efeito estufa. Em segundo lugar vem a China, responsável por 11% das emissões. A Indonésia ocupa o terceiro lugar (7,4%) e o Brasil ocupa o quarto (5,85%). 18 Foi convencionado que uma tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono.

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Fonte: IPAM. http://www.ipam.org.br/uploads/galerias/emissoes_continentes.jpg

negociado entre os países, criando um verdadeiro mercado de carbono, em que aqueles países que conseguiram diminuir suas emissões poderão vender créditos de carbono e aqueles que não conseguiram fazê-lo serão obrigados a comprar tais créditos.

Nas Figura 2 e 3, a seguir, pode-se visualizar alguns dados sobre emissões de gás carbônico por parte de países industrializados e dos países em desenvolvimento.

Fig. 2: Emissões de Gás Carbônico de Países Industrializados e Em desenvolvimento

Assim, é possível perceber que, enquanto os principais países poluidores não se engajarem de forma plena na busca para mudar suas respectivas matrizes energéticas, o Protocolo de Kyoto não terá eficácia em sua busca pela diminuição das emissões dos CO2.

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Fig. 3: Emissões totais de Gás Carbônico equivalente dos 20 maiores emissores (incluídas emissões por queimadas, uso do solo e desmatamento)

Em 2009, novas tentativas foram feitas no sentido de buscar um acordo envolvendo o tema das reduções de gases poluentes. Em dezembro de 2009, ocorreu em Copenhagen, Dinamarca, a 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima da ONU, para discutir as propostas para a substituição do atual sistema do protocolo de Kyoto, que se encerra em 2012. Apesar da grande expectativa da imprensa e da opinião pública mundial, as divergências entre países ricos e países em desenvolvimento acerca de temas como metas de redução de emissão de gases do efeito estufa fizeram com que a Conferência terminasse sem atingir um acordo definitivo. Tal acordo será discutido novamente em dezembro deste ano, na próxima conferência das partes das Nações Unidas, a ser realizada no México.

Fonte: UNEP - UN Framework Convention on Climate Change, Greenhouse Gas Inventory Submission, 2006 e GeoData Portal

http://maps.grida.no/go/graphic/top-20-greenhouse-gas-emitters-including-land-use-change-and-forestry

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Dentre os grandes desafios para o futuro do desenvolvimento sustentável, está a necessidade de compatibilizar o aumento da geração de energia com a redução da emissão de poluição. Torna-se cada vez mais clara a necessidade de uma profunda mudança na matriz energética, especialmente dos países que são os maiores poluidores mundiais. Além disto, é fundamental repensar o modelo de desenvolvimento econômico baseado em combustíveis fósseis, substituindo-o por um modelo de geração e uso de energia baseado na utilização de fontes mais limpas de energia, ampliando a oferta de energia e a segurança energética, sem ampliar a emissão de poluentes.

PERSPECTIVAS PARA AS FONTES DE ENERGIA MAIS LIMPA E A QUESTÃO AMBIENTAL

O aumento das preocupações ambientais e da busca de um consenso mundial sobre a promoção do desenvolvimento com bases sustentáveis têm estimulado os países a garantir a sua segurança energética através de fontes alternativas ao petróleo. Nesse contexto, o desenvolvimento tecnológico tem auxiliado na incorporação de novas fontes mais limpas e renováveis, reduzindo o custo de geração das mesmas e garantindo uma geração cada vez mais descentralizada. Contudo, a dificuldade do uso de determinadas fontes renováveis de energia ainda reside em elevado custo de implementação e manutenção.

O debate da mudança substancial da matriz energética está relacionado a cinco princípios fundamentais: implementar soluções renováveis, especialmente através de sistemas de energia descentralizados19; respeitar os limites naturais do meio ambiente; eliminar gradualmente fontes de energia sujas e não

19A produção descentralizada de energia refere-se à possibilidade de gerar energia no local em que esta é consumida. Inclui a possibilidade de o consumidor produzir a sua própria energia, recorrendo para tal a equipamentos de pequena escala, como, por exemplo, painéis solares, microturbinas eólicas ou hídricas, biodigestores e além de termoelétricas movidas a resíduos orgânicos como lixo urbano e resíduos do tratamento de esgoto.

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sustentáveis; promover a equidade na utilização dos recursos; desvincular o crescimento econômico do consumo de combustíveis fósseis20.

As fontes de energia renovável são percebidas como as fontes de energia menos prejudiciais ao meio-ambiente com capacidade de solucionar os principais problemas energéticos e ambientais relacionados ao uso das fontes que possuem como base os combustíveis fósseis. De acordo com o relatório da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa Riscos Globais Emergentes de Segurança Energética21, embora as fontes renováveis não substituam por completo o uso de combustíveis fósseis em um futuro próximo, não restam dúvidas de que sua participação na divisão do mercado total de consumo de energia irá aumentar substancialmente (UNITED NATIONS ECONOMIC COMISSION FOR EUROPE, 2007). A dificuldade de implementação de determinados tipos de energia renovável em certos países ainda reside em dificuldades tais como dispor de terras e de quantidade de água disponível suficiente, além de recursos e de tecnologia necessária para sua implementação.

Tecnologias de energias renováveis variam imensamente entre si em termos de desenvolvimento técnico e competitividade econômica. Algumas destas tecnologias já são competitivas e podem ficar ainda mais com investimentos em pesquisa e desenvolvimento. As principais fontes de energia renovável incluem as seguintes formas: energia eólica, energia solar (térmica e fotovoltaica), geotérmica, oceânica, energia hidrelétrica (pequenas centrais hidrelétricas), biomassa e biocombustíveis (etanol, biodiesel, óleos vegetais).

Serão listadas brevemente características gerais de algumas das fontes anteriormente citadas mais utilizadas a fim de analisar suas potencialidades e compreender a capacidade de os países as inserirem em sua matriz energética.

20 Esses tópicos foram levantados pelo relatório “Revolução Energética – Um caminho sustentável para um futuro de Energia Limpa”, sendo uma publicação conjunta entre o Greenpeace Internacional e o Conselho Europeu de Energia Renovável (EREC). Segundo o relatório, as energias renováveis podem suprir 35% das necessidades mundiais de energia até 2030. Disponível em < http://www.greenpeace.org/brasil/ PageFiles/3757/ cenario_brasileiro.pdf>. Acessado em: 01 de junho 2010. 21 Tradução do nome original “Emerging Global Energy Security Risks”.

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A energia eólica é gerada através de turbinas eólicas denominadas aerogeradores que aproveitam a força dos ventos para gerar energia. Para a instalação desse tipo de energia, são analisados a incidência dos ventos e o terreno do local em que os aerogeradores serão colocados. O principal entrave para a utilização desse tipo de energia ainda é o custo da tecnologia utilizada, pois, para muito países, a utilização depende da importação dos equipamentos. Em termos ambientais, uma turbina de 600KW é capaz de evitar a emissão de 20.000 a 36.000 toneladas de CO₂. Os países que encabeçam a geração de energia eólica atualmente são a Alemanha, os Estados Unidos e a Dinamarca (ALVES FILHO, 2003).

A energia solar está relacionada com a capacidade de geração de energia térmica - através da utilização de coletores solares - e de energia elétrica, através da utilização de painéis fotovoltaicos22. Uma grande vantagem da energia solar é que ela permite a geração de energia no mesmo local de consumo através da integração da arquitetura23, além de os sistemas de geração serem distribuídos. Essa característica elimina as perdas ligadas ao transporte, o que representa, em termos de eficiência energética cerca de 40% do total de energia gerado. Embora sejam inegáveis as vantagens ambientais da utilização da energia solar, o seu uso não é competitivo economicamente para aproveitamento em larga escala. É importante ressaltar que os países que têm aumentado a utilização desse tipo de energia, como Estados Unidos, Alemanha e Japão contam com altos subsídios do governo (ALVES FILHO, 2003).

A hidroeletricidade é o processo através do qual a força das águas movimenta turbinas na geração de energia elétrica. Embora os custos sejam relativamente baixos na produção de eletricidade – se comparado a outras fontes -, apresenta como principais desvantagens a dificuldade de instalação (custo inicial elevado e local adequado) e o impacto ambiental através da

22 Os painéis solares fotovoltaicos são compostos por células solares que captam a luz do sol. As células fotovoltaicas são materiais semicondutores, geralmente fabricados com silício monocristalino (a maior parte dos painéis solares na atualidade), ou silício policristalino (ainda pouco utilizado e de custo mais reduzido). Estes materiais semicondutores criam diferença de potencial elétrico através da absorção da energia luminosa do sol. 23 Utilização em tetos de edifícios, por exemplo.

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inundação de grandes áreas e a necessidade de deslocamento de populações ribeirinhas. Uma forma de produzir energia hidrelétrica com menor impacto ambiental tem sido a utilização das PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), usinas com potência instalada superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW. Estes sistemas de pequena escala, possuem, contudo, um custo de geração de energia geralmente mais alto que o das hidrelétricas convencionais, o que resulta em resistência de muitos países que possuem um potencial hidrelétrico elevado, como é o caso do Brasil, de adotarem esta alternativa.

A energia da biomassa é a energia que se obtém durante a transformação de produtos de origem animal e vegetal para a produção de energia calorífica e elétrica. Uma das principais vantagens da biomassa é o seu aproveitamento direto por meio da combustão da matéria orgânica em fornos ou caldeiras. Atualmente, a biomassa vem sendo bastante utilizada na geração de eletricidade, principalmente em sistemas de co-geração e no suprimento de eletricidade de comunidades isoladas da rede elétrica24. Na transformação de resíduos orgânicos é possível obter biocombustíveis, como o biogás, o bioálcool e o biodiesel.

Dentre a categoria dos combustíveis alternativos - e renováveis -, o álcool (etanol) pode ser extraído de vegetais que contém carboidratos como a cana-de-açucar, beterraba, milho, batata, eucalipto e mandioca. O óleo vegetal é um combustível feito a partir de determinadas plantas e pode substituir o diesel em certos motores. Os óleos vegetais podem ser extraídos do milho, girassol, soja, amendoim, mamona e palmeiras como a carnaúba, o dendê ou o babaçu. Já o biodiesel, é uma mistura de tais óleos vegetais com o etanol e é obtido através do uso de catalisadores químicos. A vantagem do biodiesel é que pode ser fabricado de qualquer óleo vegetal e utilizado nos motores atuais, sem adaptações.

O sistema de transportes é responsável por um terço de todo o petróleo consumido no mundo, chegando a 60% do consumo total de energia em alguns

24 Fonte: Ministério de Minas e Energia. Disponível em: http://www.mme.gov.br/mme>. Acesso em: 02 de junho de 2010.

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países25. O uso de energia renovável no setor de transportes representa, portanto, uma contribuição essencial para as reduções de CO₂, e o Brasil detém posição de destaque nesta área26.

As características físicas de um país, por si só, não determinam a participação das fontes renováveis de energia em sua matriz energéticas. A implementação de programas governamentais, incentivos financeiros através de subsídios e a capacidade de geração de P&D internamente também estão relacionadas. Tais prerrogativas são relevantes ao analisar-se a matriz energética de um país, como será feito de forma suscita no caso do Brasil.

MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA, POLÍTICA EXTERNA E AS PERSPECTIVAS DO PRÉ-SAL

O Brasil apresenta situação privilegiada em termos de utilização de fontes renováveis de energia. No país, 45,9% da Oferta Interna de Energia (OIE) é produzida por fontes renováveis (Figura 2), enquanto a média mundial é de 14% e nos países desenvolvidos, de apenas 6%. A OIE, também denominada de matriz energética, representa toda a energia disponibilizada para ser transformada, distribuída e consumida nos processos produtivos do país.27

A busca por autonomia energética norteou a política brasileira principalmente após o primeiro choque do petróleo de 1973, a fim de reduzir a necessidade de importação de energia. Este esforço esteve durante muito tempo associado a garantir suprimento de energia elétrica através da hidroeletricidade e da produção de combustíveis líquidos alternativos ao petróleo, de fonte renovável, como é o caso do álcool e do biodiesel. Embora o Brasil tenha passado por períodos de reduzido investimento neste setor, a conjuntura atual permite

25 Fonte: Relatório de apoio à Iniciativa Brasileira de Energia. Disponível em: <www.ana.gov.br/.../Rio10/.../316-IniciativadeEnergiaPortugues.wiz>. Acesso em: 31 de maio de 2010 26 A explicação deste destaque será feita no próximo subtítulo. 27 Ministério de Minas e Energia no Brasil. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/mme>. Acesso em: 02 jun 2010.

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verificar que houve um crescimento nos investimentos governamentais e privados na ampliação da infra-estrutura de geração e distribuição de energia, o que tem favorecido a segurança energética do país.

A energia elétrica no Brasil provém principalmente da energia hidrelétrica, em grande parte produzida por grandes usinas. Devido a sua geografia privilegiada, composta por grande malha fluvial, o Brasil possui um dos maiores potenciais hidroelétricos do mundo, o qual representa 85% da eletricidade gerada no Brasil. Contudo, a exploração desse recurso encontra-se permeada de impactos ambientais e sociais, como as anteriormente mencionadas inundações de áreas para a construção de barragens, que geram problemas de realocação das populações ribeirinhas, de comunidades indígenas e de pequenos agricultores, gerando grandes custos econômicas e políticos para os governos. A questão das indenizações e o tratamento dado às populações deslocadas para a construção destas usinas estão entre os aspectos polêmicos da construção de novas grandes barragens. Entretanto, a energia hidrelétrica continua sendo a mais barata dentre as fontes de energia renovável atualmente existentes.

Fonte: Elaboração própria com base em dados do BEN - Balanço Energético Nacional 2010

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Embora as fontes de energia solar e eólica ainda representem um percentual muito pequeno na matriz energética brasileira, há um crescente interesse pela sua utilização, principalmente pela crescente conscientização da busca de soluções que conciliem avanços tecnológicos e diminuição dos impactos ao meio ambiente. O principal entrave para adoção destas fontes, contudo, continua sendo o custo.

Considerando a importância do papel do governo no planejamento e implementação das políticas energéticas, é importante mencionar que o governo brasileiro possui atualmente dois programas para o incentivo do uso de fontes energéticas alternativas. O primeiro deles é o PROINFA28, que tem como principal objetivo, além de diversificar o emprego das fontes alternativas de energia, estimular a entrada de novos produtores no mercado. Além da oferta de financiamento ocorrer por parte do BNDES, os projetos aprovados contam com o compromisso da Eletrobrás de adquirir por 20 anos a energia gerada a partir de usinas eólicas, movidas à biomassa ou por pequenas centrais hidrelétricas (PIRES et alli, 2006, p. 327)

O outro é o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), um dos mais importantes instrumentos de diversificação das fontes de energia do Brasil para o incentivo aos combustíveis renováveis e não poluentes. O PNPB tem como incentivo a obrigatoriedade da adição de um percentual mínimo de biodiesel ao diesel derivado do petróleo29.

É inquestionável o fato de, nas últimas três décadas, as políticas governamentais terem se destinado, em grande parte, à substituição de derivados de petróleo por biocombustíveis, o que consagrou de fato a diversificação da matriz energética brasileira. O Brasil foi o pioneiro na implementação de um projeto com combustíveis alternativos para incentivar a

28 Programa de Incentivo às Fontes alternativas de Energia Elétrica. 29 O PNPB foi criado pela lei 11.097, de 13 de janeiro de 2005, e determina a adição de 2% de biodisel à mistura de combustível no prazo de três anos. Após oito anos da publicação da lei, o percentual passará para 5%. Esta lei permite a atuação reguladora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) sobre o biodiesel. De acordo com a mesma, a ANP passa a se chamar Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e passa a ter atuação reguladora também sobre o setor de combustíveis de fontes renováveis.

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produção de álcool combustível através do Próalcool, programa alternativo aos combustíveis fósseis implementado durante o governo do presidente Ernesto Geisel, em 1975, no contexto pós- primeiro choque do petróleo de 197330. O etanol de cana de açúcar produzido no Brasil é o combustível renovável através do qual o Brasil ganhou grande notoriedade no cenário internacional. Cabe ressaltar, entretanto, que, no caso brasileiro, o início da utilização do álcool visava a criar uma alternativa em um contexto de choque de petróleo, ao contrário do que acorreu em outros países, em que o motivo incial foram controlar as emissões de CO₂ (PIRES et alli, 2006).

O etanol produzido no Brasil, que utiliza como fonte a cana de açúcar, possui vantagens em termos de eficiência energética em relação ao etanol produzido a base de milho, como o é nos Estados Unidos, com uma produtividade por hectare maior. Em relação ao etanol produzido nos Estados Unidos cabe ressaltar ainda os subsídios que este país concede à produção, que representam em média 34,6% dos subsídios totais concedidos ao setor energético estadunidense31. O Brasil representa 36% do total mundial de álcool produzido, enquanto que os Estados Unidos, 33% (PIRES et alli, 2006).

Os biocombustíveis são os principais componentes da tendência da política externa brasileira atual de inserção das energias renováveis, em que o Brasil destaca-se como grande promotor da utilização desse tipo de energia. A defesa desta bandeira na política externa brasileira relaciona-se também com o papel de promotor da integração da infra-estrutura sul-americana, objetivando a consolidação da integração através da autonomia regional de suprimento energético. É assim que a promoção dos biocombustíveis relaciona-se com a diversificação das fontes regionais de energia e com o planejamento independente e concentrado do desenvolvimento sul-americano. Com estas

30 O Brasil foi o pioneiro na implementação de um projeto com combustíveis alternativos para incentivar a produção de álcool combustível, com a criação do Pró-Álcool em 1975, baseado principalmente na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. Em 2003 foi criado o PNPB, anteriormente mencionado, que tem incentivado a produção de biodiesel a partir de uma grande variedade de fontes de óleo vegetal e animal. 31 Dados fornecidos pelo Texas Controler of Public Accounts.

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características, pode-se afirmar que o Brasil consolidou sua posição como maior produtor de biocombustíveis do mundo.

Além de ser um grande produtor de biocombustíveis, o país atualmente encontra-se diante da perspectiva de ampliar a produção petrolífera de forma significativa com a extração de petróleo da Camada Pré-Sal32. O Pré-Sal equivale a cerca de 100 bilhões de barris de óleo recuperável, ou algo semelhante às reservas do Kuwait ou do Iraque à época da Guerra do Golfo, em 1990-1991 (OLIVEIRA, 2009, 30-31).

Dentre as posições defendidas por Oliveira (OLIVEIRA, 2009 e 2010; VIEIRA, 2009; TV UFRGS, 2009) destaca-se a necessidade de se reinvestir parte dos rendimentos obtidos com a extração de petróleo do Pré-Sal, no desenvolvimento de tecnologia e na construção de infra-estrutura de geração de novas fontes de energia mais limpa, o que poderia, simultaneamente, ampliar a geração de emprego e renda, de forma mais diversificada, descentralizada e sustentável. Este modelo poderia ser pensado, ainda para favorecer a Integração Energética regional, na América do Sul, levando energia, geração de emprego e renda e desenvolvimento sustentável a todo o continente. Assim, o país poderá consolidar sua posição de potência energética através da consolidação da produção de múltiplas fontes de energia, tendo como meta futura a geração do máximo possível de energia renovável.

32 Ver “O que é o Pré-Sal” no <http://diariodopresal.wordpress.com/o-que-e-o-pre-sal/>

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LEITURAS COMPLEMENTARES33

Leitura obrigatória OLIVEIRA, Lucas Kerr (2009). “Segurança Energética no Atlântico Sul: Análise Comparada dos Conflitos e Disputas em Zonas Petrolíferas na América do Sul e África”. XXXIII Encontro Anual da ANPOCS, de 26 a 30 de Outubro de 2009, em Caxambu, MG, Brasil. <http://sec.adtevento.com.br/anpocs/inscricao/resumos/0001/TC1584-1.pdf> Leitura complementar FUSER, Igor (2008). Os Recursos Energéticos e as Teorias das Relações Internacionais. p. 129-148. In: José Alexandre Hage. (Org.). A Energia, A Política Internacional e o Brasil. Instituto Memória, Curitiba, PR. KLARE, Michael T. (2008). A Nova Geopolítica da Energia. Agência Carta Maior, 22/05/2008 <http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15011> LEITURAS SUGERIDAS

NOGUEIRA, Luiz A. H. A crise Energética atual e sua antecessora. Revista SBPC Ciência e Cultura. Vol. 37, nº 6, pg. 952-956. São Paulo, SP.

RANGEL, Rodrigo. Aquecimento Global é terrorismo climático. Revista ISTOÉ, n°: 1967, 11/07/2009.

MILENA, Lilian. Debate Mudanças Climáticas – Parte I. Blog de Meio Ambiente, Portal Luiz Nassif, 19/04/2010. Entrevista com o geólogo Geraldo Luís Lino.

FUSER, Igor (2007) “O petróleo e a política dos EUA no Golfo Pérsico: a atualidade da Doutrina Carter“. Lutas Sociais – PUC-SP, vol. 17/18, p. 23-37, <http://www.pucsp.br/neils/downloads/v17_18_igor.pdf>

OLIVEIRA, Lucas K. (2010). Royalties do petróleo do pré-sal, o egoísmo dos ricos e a nova política dos governadores. Pare o Trem, http://pareotrem.com/arquivo/4-edicao/politica/ 24 jan. 2010.

OLIVEIRA, Lucas K. (2009). Porque o Brasil precisa de um “Fundo para as Gerações Futuras” do petróleo do Pré-Sal. Site Segurança Energética e Política Internacional. Janeiro de 2009. <http://sites.google.com/site/segurancaenergetica/seguranca-energetica-implicacoes-para-o-brasil/o-pre-sal-e-a-seguranca-energetica-brasileira>

33 Disponível no site do Projeto “Relações Internacionais para Professores”: <http://www.cursoripe.blogspot.com/>

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OLIVEIRA, Lucas K. (2009). Petróleo do Pré-Sal: Perspectivas e Desafios para o Brasil. Site Segurança Energética e Política Internacional. Fevereiro de 2009. <http://sites.google.com/site/segurancaenergetica/seguranca-energetica-implicacoes-para-o-brasil/o-pre-sal-e-a-seguranca-energetica-brasileira>

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1. Qual a relevância da energia e dos recursos energéticos para a atual civilização?

2. Qual o papel das disputas por energia entre as grandes potências nos principais conflitos internacionais contemporâneos?

3. Quais as principais perspectivas de novas fontes de energia mais limpa para o desenvolvimento sustentável dos países mais pobres?

4. Quais os principais desafios ambientais da Humanidade na atualidade? Em que medida os desafios ambientais são semelhantes para os países ricos e os países pobres?

LINKS ÚTEIS

1) Site Segurança Energética - http://sites.google.com/site/segurancaenergetica/ 2) Site Geopolítica do Petróleo - http://geopoliticadopetroleo.wordpress.com/ 3) Site Diário do Pré-Sal - http://diariodopresal.wordpress.com/ 4) Geografia & Geopolítica - http://geografiaegeopolitica.blogspot.com/ 5) ONU - Protocolo de Kyoto -http://unfccc.int/kyoto_protocol/items/2830.php 6) Blog da Petrobrás - http://www.blogspetrobras.com.br/fatosedados/ FILMES, VÍDEO E DOCUMENTÁRIOS

1) Tema: PETRÓLEO E ENERGIA O petróleo tem que ser nosso: a última fronteira (2009), de Peter Cordenonsi. Trecho disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=araESj10PYI China contra Estados Unidos: a luta pelo petróleo. (2007), de Jean Christophe Klotz. Trecho disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=5QCz8pUdMBI (em espanhol)

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Viciados em Petróleo (2008), de Kenneth Levis & Meghan Frank. Trecho disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=fLM39ovooYY&feature=PlayList&p=E523C3C81C145D7F&playnext_from=PL&playnext=1&index=1 Pré-sal. Programa Multiponto, TV UFRGS. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=CAkP4mb3BGk A história do petróleo (2004), de Jean-Pierre Beaurenaut. Documentário dublado em 4 partes:

A Era de Ouro das Grandes Companhias. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=1HwHkAaHis4&feature=fvw A Nacionalização do Petróleo. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=rYILaXrgAlw&feature=related O Petróleo como Arma. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=x_orelbFkRw&feature=related O Esgotamento do Petróleo. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=P5IAIUMw85c&feature=related

Syriana - a indústria do petróleo (2005), de Stephen Gaghan. Trailer disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=iS3GFnSGOfk (em inglês) Resenha disponível em: http://www.cranik.com/syriana.html 2) Tema: DEBATE SOBRE MEIO AMBIENTE E AQUECIMENTO GLOBAL Uma verdade inconveniente (2006), de Davis Guggenheim. Trailer disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=fKp_ilH-cpQ&feature=related A grande farsa do aquecimento global (2007), de Martin Durkin. Trecho disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=RDzuXPM1W3k

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES FILHO, João (2003). Matriz Energética Brasileira: Da Crise à grande Esperança. Mauad, RJ.

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BRASIL. Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. Disponível em: http://www.biodiesel.gov.br/. Acesso em 01 junho 2010.

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BRASIL. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 2009– Ano base 2008: Resultados Preliminares. Rio de Janeiro: EPE, 2009. Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/downloads/Resultados_ Pre_BEN_2009.pdf>. Acesso em: 01 junho 2010.

GOLDEMBERG, José et alli. Relatório de Apoio à Iniciativa Brasileira de Energia. Disponível em: <www.ana.gov.br/.../RelatorioGestao/.../316-IniciativadeEnergiaPortugues.wiz>. Acesso em: 02 junho 2010.

GREENPEACE. A caminho da sustentabilidade energética: como desenvolver um mercado de renováveis no Brasil. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Documentos/a-caminh-da-sustentabilidade/>. Acesso em: 15 maio 2010.

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OLIVEIRA, Lucas Kerr (2009). “Segurança Energética no Atlântico Sul: Análise Comparada dos Conflitos e Disputas em Zonas Petrolíferas na América do Sul e África”. XXXIII Encontro Anual da ANPOCS, de 26 a 30 de Outubro de 2009, em Caxambu, MG, Brasil. <http://sec.adtevento.com.br/anpocs/inscricao/resumos/0001/TC1584-1.pdf>

OLIVEIRA, Lucas K. & PAUTASSO, Diego (2008) “A segurança energética da China e as reações dos EUA”. Revista Contexto Internacional, vol 30, nº 2, dezembro de 2008, p. 361-398. <http://www.scielo.br/pdf/cint/v30n2/v30n2a04.pdf>

OLIVEIRA, Lucas Kerr (2007) Petróleo e segurança internacional : aspectos globais e regionais das disputas por petróleo na África Subsaariana. Dissertação de Mestrado. UFRGS: Porto Alegre, RS. <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/11150>

PIRES, Adriano et alli (Org). Política Energética para o Brasil- Propostas para o Crescimento Sustentável. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.

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VIEIRA, Paula (2008). “A exploração do pré-sal e o futuro brasileiro”. Jornal da Universidade, UFRGS, nº 113, ano XII, novembro de 2008, p. 5. <http://www.ufrgs.br/comunicacaosocial/jornaldauniversidade/113/pagina5.htm>