124
José Roberto de Souza Francisco RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS: um estudo de caso no segmento das instituições de ensino superior Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração: Modalidade Profissionalizante da FEAD – Minas – Centro de Gestão Empreendedora, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Gestão Estratégica de Organizações. Linha de pesquisa: Estratégia, Competitividade e Inovação. Orientador: Prof. Dr. Henrique Cordeiro Martins Belo Horizonte FEAD-MINAS 2006

RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

  • Upload
    hanga

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

José Roberto de Souza Francisco

RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS:

um estudo de caso no segmento das instituições de ensino superior

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração: Modalidade Profissionalizante da FEAD – Minas – Centro de Gestão Empreendedora, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Administração. Área de Concentração: Gestão Estratégica de Organizações. Linha de pesquisa: Estratégia, Competitividade e Inovação.

Orientador: Prof. Dr. Henrique Cordeiro Martins

Belo Horizonte FEAD-MINAS

2006

Page 2: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

2

FOLHA DA ATA

Page 4: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

3

Aos meus Pais; pelo carinho, humildade e

dedicação.

À minha esposa e filhas, que sempre me

apoiaram e me ensinaram o valor das coisas e

principalmente, a buscar meus objetivos.

Page 5: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

4

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, que, em todos os momentos de minha vida, conduz-me

por caminhos bons, ilumina-me quando não consigo enxergar, orienta-me quando estou sem

direção, dá-me oportunidade, quando menos espero e é o amigo fiel de todas as horas.

À Consuelo, à Tamires e à Isadora, pela força, compreensão quando, da minha ausência,

carinho a mim concedido, e porque, de alguma forma, sacrificaram a convivência familiar em

todas as etapas da minha vida.

Ao meu pai, à minha mãe, irmãs e irmão, e a todos os demais familiares que muito me

apoiaram na elaboração deste trabalho.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Henrique Cordeiro Martins, que, com toda sua tranqüilidade e

conhecimento, ajudou-me a trilhar os caminhos adequados para realização deste trabalho, e,

mesmo nas horas de dificuldade, deu-me força e orientação. Peço a Deus que sempre ilumine

seu caminho.

Ao meu amigo sincero, Carlos Alberto de Carvalho Junior, pelo apoio durante toda a jornada.

Aos amigos que conquistei e aos colegas que cativei durante todo este percurso. Pessoas que

passaram por meu caminho, e, muitas vezes, me ajudaram a buscar este ideal. Pessoas com

quem convivi intimamente pela troca de conhecimentos e experiências e, assim contribuíram

para meu crescimento pessoal e intelectual. Agradeço a todos de fundo do meu coração. Em

especial, gostaria de citar: Isolda, Carlos Cunha, Lucinete, Nicolau e Ana.

A todos os professores da FEAD, que contribuíram repassando seus conhecimentos e

dedicação ao curso; pois, com certeza deixaram não só conhecimentos, mas também um

pouco de si, através do carinho e atenção dispensados. Agradeço em especial aos Professores

Fernando Coutinho, Luciano Leão, José Antônio, Luiz Antonialli e Itamar Machado.

Page 6: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

5

Aos professores e colegas de outras escolas que, de um jeito ou de outro, contribuíram com

este trabalho. Em especial, à professora Maria Helena Michel da UFMG, pelo empenho nas

correções gramaticais e normativas de todo o trabalho. Muito obrigado.

Ao profissional Robert, do Departamento de Econometria da UFMG, pelo empenho nas

correções estatísticas deste trabalho. Muito obrigado.

Aos meus amigos e profissionais, professores Alfredo Alves de Oliveira Melo, Rubens

Queiroz e Hudson Fernandes Amaral, sempre presentes em minha vida, com paciência,

inteligência e sabedoria, sempre dispostos a dar um pouco de si, um pouco de sua força,

conhecimento e bondade. Que Deus os abençoe sempre!

A todos os funcionários da FEAD, principalmente o pessoal da biblioteca, que pacientemente

nos ajudaram a buscar nos livros uma fonte segura para o conhecimento verdadeiro. Nesse

sentido, meus agradecimentos especiais à Érica, que sempre desenvolveu seus trabalhos com

determinação e esforço, nos orientando e auxiliando em todas as necessidades.

Ao Cooperativista e Amigo, Jacson Guerra Araújo, pelo apoio, incentivo, dedicação e

empenho ao cooperativismo.

Agradeço à cooperativa, que foi base para o desenvolvimento deste trabalho, que não só pela

experiência profissional a mim concedida, mas por todos os profissionais envolvidos, a quem

estimo e tenho grande apreço, em preciosos momentos a mim dispensados, e pelo

profissionalismo que possuem no trato de suas atividades, o meu sincero agradecimento,

especialmente à Gerente Operacional Rosaura de Castro Alves.

Page 7: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

6

RESUMO

O presente trabalho trata da análise do risco de crédito de recursos financeiros fornecidos aos associados das cooperativas de crédito, cujo propósito é proporcionar intermediação financeira com taxas de juros bem abaixo daquela praticada pelas instituições financeiras. Discutir a análise do risco de crédito deste tipo de instituição permitirá identificar aquelas operações que geram maior risco, levantando estratégias para as próximas concessões de crédito; evitando-se, assim, o risco de inadimplência do crédito. A rentabilidade depende da criação de estratégias para a minimização de risco do retorno do recurso liberado e aumento da eficiência dos créditos disponibilizados. Para tal, o presente trabalho foi dividido em três etapas. A primeira etapa refere-se ao Sistema Financeiro Nacional, com o objetivo de demonstrar como nele estão inseridas as Cooperativas de Crédito. A segunda etapa aborda o Sistema de Crédito Cooperativo, apresenta de que forma está estruturado e seu nível hierárquico. A terceira etapa trata do Sistema de Risco de Crédito, na qual serão analisados o risco, gerenciamento e os modelos de avaliação de crédito. Neste trabalho, foram analisados vários modelos de avaliação de crédito, pois a grande vantagem da avaliação de crédito é facilitar a compreensão e possibilitar a tomada de decisão, pois é através dele que se procuram as respostas às perguntas. Verificou-se que os modelos mais adequados para análise das Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais, através de técnicas estatísticas como a análise discriminante e regressão logística, demonstrou-se as características de créditos considerados de maior risco de inadimplência. Os dados foram divididos em dois grupos, sendo, melhor cliente (inadimplência até 90 dias) e pior cliente (inadimplência após 90 dias). A análise se baseou em identificar o pior cliente, uma vez que estes geram maior risco de inadimplência e influenciam na gestão financeira e contábil da cooperativa. Mediante pesquisa, concluiu-se que as variáveis mais relevantes para identificar o risco de inadimplência foram a renda mensal bruta e o valor liberado na concessão de crédito, pois a maior concentração de risco de inadimplência está focalizada em virtude de menor renda bruta mensal do cooperado, aliado ao montante de crédito concedido dentro de sua capacidade de pagamento. Identificou-se, também, o valor médio de R$2.403,70 (dois mil, quatrocentos e três reais e setenta centavos) de inadimplência nestas características. Para diminuir o risco de crédito, foram sugeridas algumas estratégias como: aplicação completa dos Modelos de Credit Scoring, Credit Bureau e também utilização de garantia fidejussória, por tratar de mecanismo que proporciona maior segurança e maior economia para a cooperativa. Palavras-chave: Cooperativa de Crédito, Análise de Crédito, Risco de Crédito, Gerenciamento de Crédito, Modelos de Avaliação de Crédito aplicado às Cooperativas.

Page 8: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

7

ABSTRACT

The present work is the analysis of the risk of credit of financial resources supplied to the associated of the credit cooperatives whose purpose is to provide financial intermediation well with interest rates below that practiced by the financial institutions, identifying those operations that generate larger risk and lifting strategies for the next credit concessions, avoiding like this, the risk of default of the credit. The profitability depends on the creation of strategies for the minimeze of risk of the return of the liberated resource and increase of the efficiency of the available credits. For such, the present work was divided in three stages, being the first stage regarding the National Financial System, where he/she has the objective of demonstrating as it is inserted the Cooperatives of Credit. The second stage on the System of Cooperative Credit, where it presents that form is structured and its hierarchical level. And the third stage is the System of Risk of Credit, where it will be analyzed the risk, management and the models of credit evaluation. In this work several models of credit evaluation were analyzed because the great advantage of credit evaluation is that they facilitate the understanding and they facilitate the taking of decision, because it is through him that the answers are sought to the questions. It was verified that the models more adapted for analysis of the Cooperatives of Credit they are Credit Scoring Models and Credit Bureau, where through statistical techniques as the analysis discriminate and regression logistics, it was demonstrated the characteristics of considered credits of larger default risk. The data were divided in two groups, being, better customer (default up to 90 days) and worse customer (default after 90 days). The analysis based on identifying the worst customer, once they are these that generate larger default risk and they influence in the financial and accounting administration of the cooperative. By means of he/she researches, it was ended that the variable ones more important to identify the default risk they went to gross monthly income and the value liberated in the credit concession, because the largest concentration of risk of credit default is located by virtue of smaller monthly gross income of the cooperated, ally to the credit amount granted inside of its payment capacity. He/she identified, also, the medium value of R$2.403,70 (two thousand, four hundred three real and seventy cents) of default in these characteristics. To decrease the credit risk, some were suggested strategies as: application completes of Credit Scoring Models, Credit Bureau and also use of warranty fidejussion, for negotiating of mechanism that provides larger safety and more economic for the cooperative. Word-key: Cooperative of Credit, Analysis of Credit, Risk of Credit, Administration of Credit, Models of Evaluation of applied Credit to the Cooperatives.

Page 9: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

8

SUMÁRIO

Pág.

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 12 1.1 Contextualização................................................................................................... 12 1.2 Problema............................................................................................................... 14 1.3 Objetivos Geral e Específicos................................................................................ 15 1.4 Justificativa........................................................................................................... 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 21 2.1 Sistema Financeiro Nacional ................................................................................. 21 2.2 Sistema de Crédito Cooperativo ............................................................................ 33 2.2.1 Cooperativismo ............................................................................................. 33 2.2.2 Classificação das Sociedades de Crédito Cooperativo .................................... 35 2.2.3 Cooperativas de Crédito................................................................................. 39 2.2.3.1 Papel e Funcionamento das Cooperativas de Crédito .............................. 44 2.2.3.2 Produtos e Serviços das Cooperativas de Crédito.................................... 45 2.3 Sistema de Risco de Crédito.................................................................................. 46 2.3.1 Análise de Crédito ......................................................................................... 47 2.3.2 Risco de Crédito ............................................................................................ 48 2.3.2.1 Tipos de Riscos de Crédito..................................................................... 53 2.3.3 Gerenciamento do Risco................................................................................ 56 2.3.4 Modelos de Avaliação de Crédito ................................................................. 58 2.3.4.1 Modelo de Credit Scoring (Pontuação de Crédito).................................. 59 2.3.4.2 Modelo de Árvore de Valor.................................................................... 62 2.3.4.3 Modelo de Redes Neurais....................................................................... 63 2.3.4.4 Modelo Behaviour Scoring ( Pontuação por Comportamento) ................ 65 2.3.4.5 Modelo Credit Bureau (Agências de Crédito)......................................... 67 3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................ 69 3.1 Modelo de Avaliação de Crédito utilizado pela Cooperativa.................................. 70 3.2 Método Quantitativo ............................................................................................. 71 3.3 Análise dos Dados Obtidos ................................................................................... 75 3.4 Identificação da Cooperativa de Crédito objeto da pesquisa................................... 76 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................... 86 4.1 Análise Descritiva................................................................................................. 86 4.2 Análise Multivariada............................................................................................. 90 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 94 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 97 ANEXOS........................................................................................................................... 101 ANEXO 1 - RESOLUÇÃO 2.682 - Critérios Classificação de Operação de Crédito 101 ANEXO 2 - RESOLUÇÃO 3.106 - Procedimentos para constituição, autorização e funcionamento de Cooperativas de Créditos............................................106

Page 10: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

9

LISTA DE FIGURAS

Pág.

FIGURA 1 - Composição do Sistema Financeiro Nacional.......... ...........................................23 FIGURA 2 – Ligação entre Banco Central, Banco Cooperativo e Cooperativas de Crédito.. 32 FIGURA 3 - Classificação das Sociedades Cooperativistas................................................... . 36 FIGURA 4 – Comparação entre Empresa Cooperativa e Empresa Mercantil....... . .................38 FIGURA 5 – Estrutura da Cooperativa de Crédito.................................................................. 43 FIGURA 6 - Classificação das Operações por Nível de Risco.................................................49 FIGURA 7 - Representação do Crédito Associado ao Risco................. ..................................50 FIGURA 8 – Distribuição do Ponto de Corte ..........................................................................60 FIGURA 9 – Utilização da Correlação como Facilitador de Tomada de Decisão.................. 61 FIGURA 10 – Árvore de Decisão...................... ......................................................................63 FIGURA 11 – Fluxo Simplificado de uma Rede Neural......................................................... 65

Page 11: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

10

LISTA DE TABELAS

Pág. TABELA 1 – Números do Cooperativismo Brasileiro.......................................................... 16 TABELA 2 – Números do Cooperativismo Mineiro............................................................. 18 TABELA 3 - Composição do Sistema Cooperativo de Crédito no Brasil.............................. 26 TABELA 4 - Composição das Cooperativas filiadas ao BANCOOB.................................... 27 TABELA 5 - Composição das Cooperativas filiadas ao SICREDI........................................ 28 TABELA 6 - Composição das Cooperativas filiadas a UNICRED ....................................... 29 TABELA 7 - Composição das Cooperativas filiadas ao CRESOL........................................ 30 TABELA 8 - Composição das Cooperativas filiadas ao ECOSOL........................................ 31 TABELA 9 - Provisão para Devedores Duvidosos - PDD .................................................. 72 TABELA 10 - Freqüência para variável Idade...................................................................... 86 TABELA 11 - Freqüência para variável Tempo de Emprego................................................ 87 TABELA 12 - Freqüência para variável Cargo..................................................................... 88 TABELA 13 - Freqüência para variável Renda Mensal Bruta .............................................. 88 TABELA 14 - Freqüência para variável Patrimônio ............................................................. 89 TABELA 15 - Freqüência para variável Inadimplência ........................................................ 90 TABELA 16 - Funções discriminantes canônica autovalores................................................ 90 TABELA 17 - Funções discriminantes canônica Lambda de Wilks....................................... 91 TABELA 18 - Matriz de Correlação combinada dentro de grupos........................................ 91 TABELA 19 - Lambda de Wilks e Razão F Univariada com 1 a 453 graus de liberdade...... 92 TABELA 20 - Coeficientes Padronizados da Função Discriminante Canônica ..................... 93 TABELA 21 - Teste de consistência da Classificação para o modelo aplicado na Cooperativa............................................................................................................................................ 93

Page 12: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BACEN Banco Central do Brasil BANCOOB Banco Cooperativo do Brasil S/A BANSICRED Banco Cooperativo SICREDI S.A. CECREMGE Central das Cooperativas de Economia e Crédito de Minas Gerais CMN Conselho Monetário Nacional CREDIMINAS Cooperativa Central de Crédito de Minas Gerais CRESOL Cooperativa Central de Crédito Rural com Interação Solidária CVM Comissão de Valores Mobiliários ECOSOL Cooperativa de Crédito da Economia Popular Solidária FEBRABAN Federação Brasileira dos Bancos OCB Organização das Cooperativas Brasileiras OCE Organização das Cooperativas Estaduais OCEMG Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais SCCOP Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SERASA Centralização de Serviço dos Bancos S.A. SESCOOP Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo SFN Sistema Financeiro Nacional SICOOB Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil SICREDI Sistema de Crédito Cooperativo SPC Secretaria de Previdência Complementar SUSEP Superintendência de Seguros Privados UNICRED Sistema das Cooperativas de Crédito da Unimed

Page 13: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

12

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

Historicamente o Cooperativismo de Crédito surgiu na Inglaterra, na Cidade de Rochdale, em

1844, através da cooperativa dos pobres tecelões de Rochdale, devido à necessidade de

melhor qualidade de vida e busca de solução aos problemas de desemprego e fome.

Conforme Manual de Orientação para a Constituição e Registro de Cooperativas - OCB

(2003, p.13),

O cooperativismo surgiu como forma de organização social para a solução de problemas econômicos. Nasceu no mesmo contexto e na mesma época do Comunismo e do Sindicalismo, que tinham objetivos semelhantes, mas propostas distintas.

Além disso, o trabalho elaborado pela OCB apresenta a necessidade de uma organização

humana, em prol de um mesmo objetivo, para qual se torna inevitável que as pessoas se unam

em torno de um objetivo comum.

De acordo com Manual de Orientação para a Constituição e Registro de Cooperativas - OCB

(2003, p.14),

O cooperativismo optou pela organização autogestionada de pessoas para a solução de problemas específicos. Depois de um século de experiências, constata-se o fracasso do Comunismo, o enfraquecimento do Sindicalismo e o fortalecimento do Cooperativismo, já implantado em todos os países e em todos os setores da economia.

Assim, o cooperativismo começou a contribuir para a política de desenvolvimento nacional,

incentivando nascimento e crescimento das micro, pequenas e médias empresas e auxiliando

as já existentes.

Page 14: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

13

No Brasil em 1902, no Rio do Grande do Sul, surgiu a primeira cooperativa de crédito em

Linhares Imperial, no município de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul

As Cooperativas de Créditos tem como função administrar, através de organização e

mutualidade financeira dos próprios sócios, as poupanças urbanas, visando o desenvolvimento

e aumento da renda da família, da comunidade e da sociedade em geral.

Na composição do Sistema Financeiro Nacional (SFN), as cooperativas de crédito têm papel

importante, pois, além de poder disseminar o crédito para áreas onde não há atendimento

bancário, possibilitam o acesso ao crédito a seus associados (BACEN, 1999).

Nos dias atuais, a competição de mercado tem sido de tal ordem que as cooperativas de

crédito vêm sendo compelidas a se comprometer com a chamada excelência empresarial. A

turbulência crescente do ambiente e também as exigências dos órgãos reguladores do mercado

têm levado as cooperativas a desenvolverem estratégias cada vez mais complexas e refinados.

Assim sendo, o gerenciamento do crédito tornou-se um fator importante para as cooperativas.

Esta abordagem é à base da vantagem competitiva e produtividade para o bom funcionamento

das cooperativas de créditos.

Um processo que produz um efeito desejado de gerenciamento com base em atividades vem

se mostrando uma forma segura de evitar as dificuldades de aumento de inadimplência de

uma cooperativa de crédito.

Segundo VALADARES (2003, P.24-25),

A demanda pela utilização de técnicas e modelos gerenciais modernos nas organizações empresariais cooperativas tem crescido ultimamente em virtude dos aspectos: Aumento do grau de risco que a organização cooperativa vem assumindo, resultante das incertezas que o meio ambiente lhe apresenta. A velocidade e a dinâmica das mudanças nos mercados, no setor tecnológico e no campo social, têm sido consideráveis. Essas mudanças, por sua vez, têm influenciado, de forma complexa, as atividades e o êxito empresarial. Soma-se a isto o fato de que, o mercado financeiro onde atuam as cooperativas de crédito se caracteriza pela hipercompetitividade, e, conseqüentemente, intensifica-se a pressão competitiva entre empresas do setor que oferecem serviços e produtos bancários

Page 15: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

14

Portanto, torna-se necessário para o gerenciamento do crédito, a análise de como pode ser

implantado um processo de controle que proporcione bom resultado para uma Cooperativa de

Crédito, concernente à proteção dos créditos disponibilizados aos seus associados, sem que a

inadimplência destes venha causar o desequilíbrio econômico e financeiro, influenciando no

descasamento financeiro e na gestão contábil da organização.

Este trabalho tem como finalidades analisar dentre as operações de crédito, aquelas que geram

maior risco de inadimplência para a cooperativa, com base no perfil do cooperado, e

identificar quais as estratégias podem ser apontadas para evitar possíveis falhas nas próximas

análises de crédito.

1.2 Problema

Sabe-se que a essência da atuação das Cooperativas de Crédito é a intermediação financeira

entre os recursos captados e os recursos liberados, e ainda que os recursos liberados por meio

da modalidade de concessão de crédito aos seus cooperados constituem a sua principal fonte

de receita, conseqüentemente, de geração de resultados positivos. Portanto, pode-se deduzir

que a sua rentabilidade depende da criação de estratégias para a minimização do risco de

retorno do recurso liberado e aumento da eficiência dos créditos disponibilizados.

Em análise à liberação de crédito, no período de jan/2004 a dez/2005, constata-se um aumento

no volume de concessão de crédito das cooperativas de créditos na ordem de 156,48%,

partindo de R$ 5.296.000.000,00 para R$ 8.287.000.000,00. Em relação às taxa de juros

praticadas na modalidade de crédito pessoal consignado verifica-se queda brusca na ordem de

41,57%, partindo de 90,67% para 37,57%. Na mesma análise verifica-se também um aumento

da inadimplência, em atrasos a partir de 90 dias, na ordem de 15,79%, partindo de 5,70% para

6,60%. Cabe salientar que ao analisar a inadimplência no período de 2000 a 2006, constata-se

um aumento de 137,50% (FEBRABAN, 2006).

Page 16: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

15

Face ao exposto, e estando o atual cenário econômico e financeiro caracterizado por

permanentes mudanças e incertezas, uma questão de pesquisa importante se coloca: Quais as

operações de crédito geram maior risco de inadimplência para a cooperativa, tomando como

base o perfil do cooperado?

1.3 Objetivos Geral e Específicos

O presente trabalho pretende como objetivo geral:

Analisar, dentre as operações de crédito, aquelas que geram maiores riscos de inadimplência

para a cooperativa, com base no perfil do cooperado, apontando quais estratégias podem ser

levantadas para se evitar possíveis falhas nos processos decisórios das análises de crédito,

tomando-se como objeto de análise e referência às instituições de ensino superior.

Como objetivos específicos, pretende-se:

� Identificar os processos que permitem garantir o retorno do capital disponibilizado aos

cooperados;

� Identificar características dos créditos inadimplentes;

� Identificar o grau de segurança dos modelos propostos por meio da base documental e

análise de crédito;

� Sugerir estratégias para concessão de crédito.

1.4 Justificativa

De acordo com a Lei 5764, de 16/12/1971, todas as cooperativas, independentemente do

segmento, deverão efetuar o registro na OCB. Assim sendo, a OCB tem a possibilidade de

controlar a existência de cooperativas de crédito em atuação no segmento.

Page 17: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

16

TABELA 1 – Números do Cooperativismo Brasileiro

Posição em dezembro/2003 Posição em dezembro/2004 Posição em dezembro/2005 R

amos

do

Coo

pera

tivi

smo

Coo

pera

tiva

s

Coo

pera

dos

Fun

cion

ário

s

Coo

pera

tiva

s

Coo

pera

dos

Fun

cion

ário

s

Coo

pera

tiva

s

Coo

pera

dos

Fun

cion

ário

s

AGROPECUÁRIO 1.519 940.482 110.910 1.398 865.173 116.919 1.514 879.918 123.368

CONSUMO 158 1.920.311 7.219 144 1.820.531 7.463 147 2.181.112 6.938

CRÉDITO 1.115 1.439.644 23.291 1.068 1.890.713 26.068 1.101 2.164.499 20.555

EDUCACIONAL 303 98.970 2.874 311 66.569 2.827 319 73.951 3.144

ESPECIAL 7 2.083 6 9 326 6 10 529 0

HABITACIONAL 314 104.908 2.472 356 128.940 1.126 355 91.299 1.562

INFRA-

ESTRUTURA

172 575.256 5.500 171 585.857 5.299 160 600.399 5.213

MINERAL 34 48.830 35 37 48.846 27 44 15.212 52

PRODUÇÃO 113 9.559 315 136 25.490 373 173 17.569 323

SAÚDE 878 261.871 23.267 883 326.579 28.249 899 287.868 28.599

TRABALHO 2.024 311.856 4.036 1.894 346.100 4.154 1.994 425.181 6.506

TURISMO/ LAZER 12 396 2 14 1.741 5 19 2.917 9

TRANSPORTE 706 48.552 2.099 715 52.793 2.590 783 50.600 3.411

Total 7.355 5.762.718 182.026 7.136 6.159.658 195.106 7.518 6.791.054 199.680

Fonte: Adaptado de OCB (2006)

Os dados apresentados na Tabela 1, em relação ao ramo do cooperativismo de crédito,

mostram uma pequena redução da quantidade de Cooperativas de Crédito, redução do número

de funcionários e aumento da quantidade de cooperados, devido ao processo inadequado de

gestão administrativa, falta de escala operacional, formação de grandes conglomerados

econômicos e financeiros. Movimento semelhante vem ocorrendo em todo o Sistema

Financeiro Nacional. Este movimento decorre de incorporação e fusão entre cooperativas de

crédito, tornando-as mais sólidas e com maior abrangência de sua área de atuação.

Page 18: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

17

Neste processo de mudança e conforme as políticas governamentais para desvinculação de

barreiras comerciais, iniciou-se a formação de blocos econômicos, com maior tecnologia,

informação e conhecimento, no segmento das Instituições Financeiras e que estão sendo

acompanhado no ramo de cooperativismo crédito (BACEN, 2006).

De acordo com a Tabela 1, constata-se que as cooperativas de crédito estão inseridas também,

neste movimento, uma vez que, ao analisar a evolução da posição de dezembro/2003 para a

posição de dezembro/2005, verifica-se uma redução da quantidade de cooperativas. Porém,

com um aumento expressivo do volume de cooperados na ordem de 50,35%, e,

conseqüentemente, redução de 11,75% de empregados.

O que se demonstra é a consolidação entre as cooperativas, com a redução do custo

operacional, de forma torná-las mais competitiva no mercado das Instituições Financeiras.

As cooperativas de crédito, de acordo com o Banco Central do Brasil, obedecem às normas do

Sistema Financeiro Nacional e também à Lei 5764, de 16/12/1971.

Conforme Lei 4595, de 31/12/1964, as cooperativas de Crédito estão inseridas como

Instituições Financeiras, captadoras de recursos à vista de seus cooperados. Assim sendo,

sobrevivem de recursos captados de seus associados/cotistas, por meio da prestação de

serviços, o que torna claro que a rentabilidade e o risco das operações de crédito são os

principais aspectos para sua sobrevivência.

É importante salientar que conforme Resolução 3106, de 25/06/2003 (Anexo 2), as

cooperativas de crédito, se aproximaram ainda mais das responsabilidades que qualquer outra

Instituição Financeira integrante do Sistema Financeiro Nacional.

Portanto, abordar a questão do risco de crédito enfrentado pelas Cooperativas de Crédito

torna-se tema instigante e de singular importância.

Pelo fato de serem empresas de caráter privado e equiparadas às Instituições Financeiras, o

êxito das cooperativas depende da análise e gestão do risco de crédito. Assim, para viabilizar

o equilíbrio entre os recursos captados e os recursos liberados, a partir da identificação e

Page 19: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

18

mensuração das falhas ocorridas no processo de avaliação do crédito, devido a possíveis falta

de pagamento das parcelas dos contratos de operações de créditos pelos associados.

TABELA 2 – Números do Cooperativismo Mineiro

Posição em dezembro/2005

Ramos do Cooperativismo Cooperativas Cooperados Funcionários

AGROPECUÁRIO 188 142.600 14.640

CONSUMO 22 121.586 1.396

CRÉDITO 248 459.583 4.306

EDUCACIONAL 43 11.185 418

HABITACIONAL 8 3.938 18

INFRA-ESTRUTURA 1 924 8

MINERAL 2 471 1

PRODUÇÃO 3 768 48

SAÚDE 123 148.797 4.283

TRABALHO 80 46.029 190

TURISMO/ LAZER 1 226 4

TRANSPORTE 88 15.877 908

Total 807 951.984 26.220

Fonte: Adaptado de OCEMG (2006)

Em relação aos dados apresentados na Tabela 2, contata-se a importância do ramo de

atividade do setor de crédito para o cooperativismo do Estado de Minas Gerais,

representatividade esta na ordem de 30,73% do total de cooperativas, 48,28% em relação ao

número de cooperados e apenas 16,42% da quantidade de funcionários.

Page 20: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

19

No ramo de atividade de crédito no Estado de Minas Gerais, encontram-se duas Centrais de

Cooperativas, a CECREMGE e a CREDIMINAS.

CECREMGE – Central das Cooperativas de Economia e Crédito de Minas Gerais

Criada em 1994, para recuperar os interesses de suas cooperativas filiadas, orientando-as em

todas suas operações e serviços, promovendo a integração das mesmas com o cooperativismo

e com o sistema financeiro nacional.

É formada por representantes das cooperativas de créditos de funcionários de empresas

públicas e privadas, profissional liberal e comerciante que se uniram para formar uma

sociedade sem fins lucrativos, com administração própria.

Em atendimento à Resolução 3106, de 25/06/2003, presta serviços de assistência às

cooperativas, tais como, suporte, apoio e segurança nas atividades realizadas por suas filiadas

garantindo uma grande diversificação de serviços que possibilitem o perfeito funcionamento

das cooperativas singulares.

Conforme CECREMGE (2006),

A CECREMGE conta hoje com mais de 100 filiadas, localizadas nas regiões do Triângulo Mineiro, Zona da Mata, Leste/Vale do Aço, Grande BH, Norte-Noroeste, Centro-Oeste e Sul de Minas. E conhece bem a responsabilidade que é conduzir cada uma delas na direção do progresso. Por isso, sua gestão é inspirada em diferenciais importantes como solidez, competência e credibilidade.

Tem como missão “contribuir para o sucesso das filiadas, através da representação,

assistência técnica, supervisão e integração a um custo competitivo” (CECREMGE, 2006).

SICOOB CENTRAL CREDIMINAS – Cooperativa Central de Crédito de Minas Gerais

Criada em 1988, para organizar, processar e distribuir informações estratégicas, detectar

oportunidades e promover treinamentos para a capacitação profissional dos funcionários,

dirigentes e cooperados.

Page 21: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

20

Representa o sistema, controlando recursos necessários ao bom funcionamento de suas

filiadas, bem como, suporte para criação de novas cooperativas. Procura obter maior escala

dos serviços econômico-financeiros e assistenciais de suas filiadas, facilitando a meda

recíproca dos serviços.

Tem como missão, Segundo (SICOOB CENTRAL CREDIMINAS, 2006):

efetuar a centralização financeira, a fiscalização e o assessoramento nas áreas de crédito, econômica, tecnológica, contábil, marketing e comunicação, organização e métodos, capacitação profissional e assessoria jurídica das Cooperativas de Créditos de Minas Gerais.

Page 22: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico está dividido em três partes, de modo a permitir uma visão ampla de

como a Cooperativa de Crédito está inserida dentro do Sistema Financeiro Nacional até a sua

operacionalização junto a seus associados. Na primeira parte referenciada ao Sistema

Financeiro Nacional, serão demonstrados normas e regulamentos inerentes ao SFN, com

ênfase às Instituições Financeiras Operadoras do Banco Central do Brasil, relativo aos Bancos

Cooperativos e seus respectivos sistemas operacionais. A segunda parte será destinada ao

Sistema de Crédito Cooperativo, onde demonstrará a estrutura organizacional, classificações,

níveis hierárquicos, bem como, seu funcionamento, produtos e serviços. A terceira parte está

reservada ao Sistema de Risco de Crédito, onde serão apresentados análise e risco de crédito,

gerenciamento do risco e vários modelos de avaliação de crédito utilizados pelas cooperativas

de créditos em seus processos de concessão de crédito.

2.1 Sistema Financeiro Nacional

A estruturação do Sistema Financeiro Nacional obedece às determinações da Lei 4.595, de

31/12/1964, que rege a Política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias, cria o

Conselho Monetário Nacional e dá outras providências.

Conforme Schardong (2002, p.27-28), o Sistema Financeiro Nacional objetiva:

promover o desenvolvimento equilibrado do País, onde o Estado, através da emissão de moeda pelo Banco Central e da regulação do destino das fontes de recursos dos demais operadores (instituições financeiras de natureza bancária), determina os níveis de consumo e os setores da economia a serem fomentados, (...).

Assim sendo, cabe ao Conselho Monetário Nacional, por meio das Instituições componentes

do Sistema Financeiro Nacional, traçar as diretrizes e metas da política creditícia e determinar

o nível de volume financeiro circulante no País.

Page 23: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

22

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) tem como principal órgão o Conselho Monetário

Nacional (CMN), responsável por todas as políticas monetária, de crédito e cambial do país.

O Conselho Monetário Nacional, criado com a publicação da Lei retro mencionada, é um

órgão normativo. Não tem, por isso, função executiva, mas sim normativa no que se refere à

fixação das diretrizes de políticas monetária, creditícia e cambial do País (BACEN,2006).

Como órgão máximo dentro do Sistema Financeiro Nacional, dentre as suas várias

atribuições, é responsável por definir as principais normas, adaptar o volume dos meios de

pagamentos à conjuntura do País, controlar o valor interno e externo da moeda, zelar pela

liquidez e solvência das Instituições componentes do Sistema Financeiro Nacional.

Conforme Fortuna (1999, p.12), o Sistema Financeiro Nacional conceitua-se como:

um conjunto de instituições que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condições satisfatórias para a manutenção de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores.

Page 24: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

23

A Figura 1 apresentada a seguir, mostra a composição das instituições financeiras

componentes do Sistema Financeiro Nacional

Conselho Monetário Nacional - CMN

Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP

Conselho de Gestão da Previdência

Complementar - CGPC

Banco Central do Brasil - Bacen

Comissão de Valores

Mobiliários - CVM

Superintendência de Seguros

Privados - Susep

IRB-Brasil Resseguros

Secretaria de Previdência

Complementar - SPC

Instituições financeiras

captadoras de depósitos à vista

Bolsas de mercadorias e

futuros Sociedades seguradoras

Entidades fechadas de previdência complementar

(fundos de pensão) Demais

instituições financeiras

Bolsas de valores

Sociedades de capitalização

Entidades abertas de previdência complementar

Outros

intermediários financeiros e

administradores de recursos de

terceiros

FIGURA 1 - Composição do Sistema Financeiro Nacional Fonte: BACEN (2005)

O Banco Central do Brasil (BACEN) é o órgão executivo central do sistema financeiro, sendo

responsável por fiscalizar o cumprimento das normas expedidas pelo CMN. Conforme Silva

(2003, p.42), o BACEN, também tem como competência:

emissão do papel-moeda, o recebimento de compulsório dos bancos comerciais, a realização das operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras, a realização das operações de compra e venda de títulos públicos federais, fiscalização das instituições federais e diversas outras atividades.

Page 25: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

24

O Banco Central do Brasil, de acordo com a Lei 4.595, de 31/12/1964, é considerado como

Banco dos Bancos, uma vez que tem o poder de regular os depósitos compulsórios e

redesconto de liquidez de recursos das instituições financeiras.

Conforme Fortuna (1999, p.15),

O Banco Central é a entidade criada para atuar como órgão executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposições que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo CMN.

O Banco Central do Brasil está sediado em Brasília, e possui 7 (sete) representações

regionais, localizadas em Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de

Janeiro e São Paulo.

É o órgão gestor do SFN e executor da política monetária determinada através do CMN,

funcionando, também, como um banco do governo, na medida em que emite títulos públicos,

sendo fiel depositário das reservas internacionais do País.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados

(SUSEP) e a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) são intermediárias do SFN, cuja

função é regular e fiscalizar o seu funcionamento.

As cooperativas de crédito são classificadas junto ao Sistema Financeiro Nacional como

instituições financeiras captadoras de depósitos à vista. Não são “bancos”; por isso, precisam

ter um banco que as represente no sistema financeiro, viabilizando produtos e serviços

bancários aos seus associados, no tocante ao Serviço de Compensação de Cheques e Outros

Papéis (BACEN, 2006).

No Sistema Financeiro Nacional, papéis diversos poderiam ser atribuídos a um sistema

financeiro cooperativo, pois, ainda hoje, muitos municípios brasileiros não têm sequer uma

agência bancária. De acordo com a Resolução 3106, de 25/06/2003, autoriza que este espaço

pode ser ocupado pelas cooperativas de crédito, que podem contribuir com a inclusão e

Page 26: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

25

ampliação de exportações por parte das micro, pequenas e médias empresas, como ocorre em

larga escala na Europa.

Além disso, podem ajudar a reduzir os spreads, que, conforme Fortuna (1999, p.121), “é a

diferença entre o custo do dinheiro tomado e o preço do dinheiro vendido, como, por

exemplo, na forma de empréstimo”.

Os bancos comerciais são instituições financeiras captadoras de depósitos à vista, cujo

objetivo precípuo é proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários

para financiar, a curto e médio prazo, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de

serviços e as pessoas físicas (FORTUNA, 1999, p.22).

Os bancos comerciais, por serem captadores de depósitos à vista, podem receber recursos

financeiros1 e efetuar distribuição seletiva e segura2 com a distribuição de parte dos recursos

financeiros recebidos, criando assim a moeda virtual. Trata-se do mecanismo pelo qual ocorre

o efeito multiplicador do crédito, por meio da captação de recursos com taxas mais baixas e

da oferta de recursos com taxas mais altas (BACEN, 2006).

Os bancos cooperativos são equiparados aos bancos comerciais, porém com a participação

exclusiva das cooperativas de crédito singulares, centrais, federações ou confederações de

cooperativas de crédito, conforme preceitua a Resolução 2193, de 31/08/1995. Também como

os bancos Comerciais, os bancos cooperativos são constituídos sob a forma de sociedade

anônima fechada, devendo em sua denominação constar a expressão “Banco Cooperativo”.

Sua área de atuação está restrita aos Estados, onde estão situadas as sedes das pessoas

jurídicas controladoras, ou seja, as centrais de cooperativas de crédito, conforme Resolução

2193, de 31/08/1995.

Segundo SEBRAE3 (2005), o Sistema Cooperativo de Crédito no Brasil representa uma

posição bastante significativa no cenário cooperativo.

O Sistema Cooperativo de Crédito brasileiro é constituído conforme dados relativos a seguir:

1 Por meio da captação de recursos de Depósitos a Prazo 2 Por meio das operações de Créditos 3 Serviço de Apoio Brasileiro às Micro e Pequenas Empresas

Page 27: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

26

TABELA 3 - Composição do Sistema Cooperativo de Crédito no Brasil

• 1.101 cooperativas de crédito;

• 32 cooperativas centrais;

• 2,3 milhões de associados;

• 3.068 pontos de atendimento;

• R$ 3,4 bilhões de patrimônio líquido;

• R$ 8,4 bilhões de depósitos;

• R$ 8 bilhões em operações de crédito.

Fonte: SEBRAE (maio/2005)

Conforme SEBRAE (2005), o Brasil, conta atualmente com 5 (cinco) grandes sistemas

cooperativos de créditos, o SICOOB, SICREDI, UNICRED, CRESOL e ECOSOL. As suas

principais características desses sistemas são as seguintes:

a) Banco Cooperativo – BANCOOB - Sistema SICOOB – Cooperativas filiadas ao Banco

Cooperativo do Brasil S/A. Verifica-se que o BANCOOB é um Banco Comercial

especializado no atendimento às cooperativas de crédito urbano, criado em 1997;

É considerado o maior sistema de crédito cooperativo do Brasil, atendendo às cooperativas

urbanas e, atualmente está presente em 21 estados da Federação (Santa Catarina, Paraná, São

Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Piauí, Maranhão, Paraíba,

Pernambuco, Ceará e Bahia) (BANCOOB, 2005).

Este sistema apresenta posições altamente significativas no mercado financeiro conforme

indicam os dados apresentados na Tabela 4, apresentada a seguir:

Page 28: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

27

TABELA 4 - Composição das Cooperativas filiadas ao BANCOOB

• 1,2 milhão de associados;

• 15 Cooperativas Centrais;

• 723 Cooperativas Singulares;

• 852 Postos de Atendimento Cooperativo - PAC;

• R$ 1,9 bilhões de Patrimônio Líquido Ajustado;

• R$ 3,7 bilhões de Empréstimos;

• R$ 3,1 bilhões de Depósitos;

• R$ 278,3 milhões de Resultado.

Fonte: SEBRAE (dezembro/2004)

Conforme Pinho e Palhares (2004, p.154), “A missão do SICOOB4 é, portanto, integrar,

regular, supervisionar e fomentar o desenvolvimento do Sistema, com vistas à segurança do

associado e à credibilidade junto à sociedade”. Seguindo esta missão, é necessário que se

procure a padronização de todos seus processos e normas para que consiga o controle das 15

centrais citadas acima.

b) Banco Cooperativo BANSICREDI - Sistema SICREDI5 – Cooperativas filiadas ao Banco

Cooperativo SICREDI S/A

Foi o primeiro Banco Cooperativo privado que teve acesso a produtos e serviços bancários

vedados às cooperativas de crédito, e foi criado em 1996. O seu atendimento se dá às

cooperativas rurais, sendo representado em 10 Estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Pará, Rondônia, Goiás e São Paulo)

(SICREDI, 2006).

Este sistema apresenta as seguintes posições conforme descreve a Tabela 5 apresentada a

seguir:

4 Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil 5 Sistema de Crédito Cooperativo

Page 29: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

28

TABELA 5 - Composição das Cooperativas filiadas ao SICREDI

• 900 mil associados;

• 5 Cooperativas Centrais;

• 132 Cooperativas Singulares;

• 857 Postos de Atendimento Cooperativo – PAC;

• R$ 844,5 milhões de Patrimônio Líquido ajustado;

• R$ 3 bilhões de Empréstimos;

• R$ 3,6 bilhões de Depósitos;

• R$ 39,5 milhões de Resultado.

Fonte: SEBRAE (maio/2005)

Conforme Pinho e Palhares (2004, p.172), “A missão do BANSICREDI como sistema de

crédito cooperativo é valorizar o relacionamento, oferecer soluções financeiras para agregar

renda e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos associados e da comunidade”.

Seguindo esta missão, o BANSICREDI, procura manter uma participação administrativa e

uma organização bem enxuta e transparente, na qual mantém as empresas SICREDI

SERVIÇOS e BC CARD (SICREDI, 2006).

c) Sistema UNICRED - Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos profissionais de nível

superior da área da saúde, das empresas e instituições do setor.

Tem como área de afinidade apenas os profissionais da área de saúde, com atuação em todos

os estados da Federação. Operam por meio de banco cooperativo (BANSICREDI) ou de outra

instituição financeira, geralmente o Banco do Brasil, encontrando-se em estudo a criação do

seu próprio banco cooperativo (UNICRED, 2006).

Este sistema apresenta as seguintes posições conforme descreve a Tabela 6, apresentada a

seguir:

Page 30: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

29

TABELA 6 - Composição das Cooperativas filiadas a UNICRED

• 111 mil associados;

• 9 Cooperativas Centrais;

• 129 Cooperativas Singulares;

• 232 Postos de Atendimento Cooperativo - PAC;

• R$ 561,5 milhões de Patrimônio Líquido Ajustado;

• R$ 1 bilhão de Empréstimos;

• R$1,6 bilhões de Depósitos;

• R$ 49,3 milhões de Resultado.

Fonte: SEBRAE (maio/2005)

d) Sistema CRESOL – Sistema de Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária

Tem como objetivo facilitar o acesso ao crédito rural e a serviços bancários, buscando a

viabilização da agricultura familiar e contribuindo para um projeto de desenvolvimento local

sustentável. Tem como área de afinidade apenas profissionais da área rural, os agricultores

familiares, com atuação em 2 estados (Paraná e Santa Catarina) (CRESOL, 2006).

Este sistema apresenta as seguintes posições conforme descreve a Tabela 7, apresentada a

seguir:

Page 31: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

30

TABELA 7 - Composição das Cooperativas filiadas ao CRESOL

• 54 mil associados;

• 2 Cooperativas Centrais;

• 10 bases de apoio;

• 92 Cooperativas Singulares;

• 21 Postos de Atendimento Cooperativo – PAC;

• R$35,7 milhões de Patrimônio Líquido Ajustado;

• R$ 246,5 milhões de Empréstimos;

• R$ 69,5 milhões de Depósitos;

• R$ 419 mil de Resultado.

Fonte: SEBRAE (junho/2005)

e) Sistema ECOSOL – Economia Popular Solidária

Tem como área de afinidade apenas profissionais da área rural, os agricultores familiares, com

atuação em 9 estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais,

Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará) (ECOSOL, 2006).

Este sistema apresenta as seguintes posições conforme descreve a Tabela 8, apresentada a

seguir:

Page 32: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

31

TABELA 8 - Composição das Cooperativas filiadas ao ECOSOL

• 7,5 mil associados;

• 1 Cooperativa Central;

• 25 Cooperativas Singulares;

• 5 Postos de Atendimento Cooperativo – PAC;

• R$3,5 milhões de Patrimônio Líquido Ajustado;

• R$ 6 milhões de Empréstimos;

• R$ 3,9 milhões de Depósitos;

• R$ 50 mil de Resultado.

Fonte: SEBRAE (maio/2005)

De acordo com Fortuna (1999, p.29),

O Banco Central concedeu autorização para que as cooperativas de crédito abrissem seus próprios bancos comerciais, podendo fazer tudo o que qualquer outro banco comercial já faz (...). A constituição do banco cooperativo vai permitir também levantar recursos no exterior, atividade vetada às atuais cooperativas de crédito.

Portanto, uma das principais funções do Banco Cooperativo é a representação junto ao

Serviço de Compensação de Cheques e Outros Papéis (SCCOP), através das quais as

cooperativas de crédito podem ter talões de cheques, cartão de débito, cartão de crédito, bem

como fazer diretamente a compensação de títulos e documentos.

O Banco Cooperativo tem como função integrar as cooperativas singulares, administrar os

recursos financeiros do sistema corporativo, desenvolver produtos e serviços, viabilizando as

cooperativas de crédito, facilitar o acesso ao meio circulante e aumentar a alavancagem

financeira.

A Figura 2, apresentada a seguir, mostra o relacionamento do Banco Central com os Bancos

Cooperativos e a inserção das Cooperativas de Crédito no Sistema Financeiro Nacional.

Page 33: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

32

FIGURA 2 – Ligação entre Banco Central, Banco Cooperativo e Cooperativas de Crédito Fonte: Schardong (2002, p.79)

A Figura 2 apresenta a ligação do Banco Central com os Bancos Cooperativos e seus

relacionamentos, considerando seus produtos e serviços. Em seguida, surgem as Cooperativas

de Crédito que, por meio dos Bancos Cooperativos, têm acesso ao mercado financeiro,

podendo efetuar operações de captações de recursos, talões de cheques, acesso ao sistema de

compensação de cheques e outros papéis. Com isso, ganham amplitude no mercado financeiro

e podem se equiparar aos demais Bancos Comerciais, no que tange aos produtos e serviços

oferecidos.

Para que possam atuar no mercado financeiro, os bancos cooperativos devem obedecer às

normas e regulamentações emanadas pelo Banco Central.

Com o advento da Resolução 2788, de 30/11/2000, os Bancos Cooperativos tiveram

autorização, constituição e funcionamento aprovados. Com isso, podem atuar diretamente no

mercado financeiro nos mesmos produtos e serviços oferecidos pelos Bancos Comerciais.

Page 34: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

33

Após a Resolução 2788, de 30/11/2000, e por meio dos Bancos Cooperativos, as Cooperativas

de Crédito têm acesso a todo o mercado bancário, negociações de títulos públicos e privados e

acesso ao sistema de pagamento brasileiro, etc.

Um dos objetivos do cooperativismo de crédito tem sido o fortalecimento do sistema

(SICOOB, BANCOOB, SICREDI, BANSICREDI e da UNICRED) e no aperfeiçoamento

estrutural, de acordo com o definido na normatização do BACEN, em sua Resolução 2645, de

22/09/1999.

Esta Resolução estabelece, também, a capacitação técnica e profissionalização dos dirigentes

das cooperativas de crédito para que os mesmos possam exercer cargos de direção; e

visibilidade das centrais das cooperativas de crédito (PINHO e PALHARES, 2004, p.223).

2.2 Sistema de Crédito Cooperativo

A política econômica brasileira dos últimos anos prioriza o crédito e a geração de trabalho e

renda para a população carente, estimulando fortemente o empreendedorismo, a expansão do

microcrédito cooperativo e a formalização de micro e pequenas empresas. Estimula, também,

para milhões de brasileiros que vivem próximos da linha de pobreza, a renovação da

esperança de uma vida melhor em um Brasil menos desigual (PINHO e PALHARES, 2004,

p.11).

2.2.1 Cooperativismo

Devido às condições de vida subumanas em Manchester, na Inglaterra, em função da

mudança do regime mercantilista e da economia feudal da época, em constante crise

econômica e sérios problemas sociais e de costumes, 28 trabalhadores tecelões pobres criaram

a primeira cooperativa formal do mundo (THENÓRIO FILHO, 2002, p.52).

Page 35: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

34

Conforme Thenório Filho (2002, p.53),

Em 21 de dezembro de 1844, decidiram então que a melhor solução seria a criação de uma associação denominada Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, onde cada um aportaria modestíssima economia para a formação do capital social .(...)

De acordo com Gawlak e Rarzke (2001, p.20), “É uma doutrina cultural e socioeconômica

fundamentada na liberdade humana e nos princípios cooperativistas.”

Portanto, a ação conjunta envolve trabalho e esforços de pessoas na busca de objetivos

comuns, sem a finalidade de lucro. Pode-se dizer que o cooperativismo liberta o homem do

seu individualismo e ignorância, proporciona a cooperação entre os seus associados,

satisfazendo, assim, às suas necessidades.

Conforme Manual de Orientação para a Constituição e Registro de Cooperativas - OCB

(2003, p.12),

A ÉTICA é o valor central do Cooperativismo neste milênio. No Sistema Cooperativista qualquer convivência se torna inconveniência, caso não esteja sintonizada com a Doutrina, os Valores e os Princípios do Cooperativismo, que o distinguem de uma empresa mercantil. (Grifo do autor). Portanto, o Cooperativismo tem excelentes perspectivas, à medida que se distinguir pela ética, tanto nos seus procedimentos internos, como no relacionamento com a sociedade em geral.

O cooperativismo tem como um dos principais valores as soluções dos problemas comuns por

meio da união, ajuda mútua e integração entre as pessoas. Tem como um dos princípios a

busca da correção de desníveis e injustiças sociais, com a repartição igualitária e harmoniosa

de bens e valores constantes do patrimônio da cooperativa (Manual de Orientação para a

Constituição e Registro de Cooperativas - OCB, 2003, p.16).

Conforme Thenório Filho (2002, p.51),

Com a quebra da supremacia da Inglaterra no século XVIII, em decorrência da Revolução Francesa, mudava o panorama do mercantilismo e da

Page 36: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

35

economia feudal que influiu decisivamente nos costumes do povo, principalmente sobre as classes mais pobres tanto do campo como da cidade, cuja carga de trabalho, era de quatorze horas diárias para os adultos e de dez horas para as crianças, geralmente produzindo em família.

O motivo da grande prosperidade do Cooperativismo está diretamente ligado às questões

sociais, como educação, estímulo ao espírito comunitário, solidariedade, confiança e fé em

um futuro melhor, com mais opções nos momentos de dificuldades (Manual de Orientação

para a Constituição e Registro de Cooperativas - OCB, 2003, p.13).

Segundo Alves e Soares (2004, p.14),

O cooperativismo é, para milhares de brasileiros, um importante veículo de acesso a produtos e serviços de maneira eficiente, transparente e adequada. Isso resume sua importância estratégica para todos os setores do governo e, no caso das cooperativas de crédito, para o Banco Central do Brasil. O reconhecimento dessa importância e concepção sui generis está também no fato de o assunto ser contemplado em legislação específica (Lei 5.764/71). (Grifo do autor)

Para os autores, o cooperativismo contribui com a política de desenvolvimento nacional,

promovendo a expansão das pequenas e médias empresas, ou seja, auxilia no crescimento das

empresas já existentes e fortalece as novas empresas. A ajuda mútua entre as pessoas,

comunidades e povos sempre foi a principal alavanca para grandes realizações. Reunir-se em

grupos, buscar seus semelhantes para defender-se dos perigos, dos ataques dos animais e para

buscar alimentos são características atávicas à natureza humana.

2.2.2 Classificação das Sociedades de Crédito Cooperativo

A Figura 3 apresentada a seguir, mostra como é o nível hierárquico do Sistema Cooperativo

Brasileiro.

Page 37: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

36

FIGURA 3 – Classificação das Sociedades Cooperativas Fonte: Elaborado pelo Autor da Dissertação

De acordo com a Figura 3, a classificação das Sociedades Cooperativas está constituída em

três níveis hierárquicos, sendo as Confederações; Cooperativa Central ou Federação,

classificadas como Cooperativas de 2º grau; e a Cooperativa Singular, classificada como

Cooperativa de 1º grau.

Confederações

De acordo com a Lei 5764, de 16/12/1971, as confederações são constituídas de pelo menos

três federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes

modalidades.

Conforme Schardong (2002, p.78), elas têm como finalidade,

• Zelar pela manutenção dos princípios doutrinários do cooperativismo e pelos princípios de gestão internos do Sistema;

• Prover as cooperativas Centrais e empresas do Sistema de consultoria especializada para execução das suas atividades preponderantes;

• Promover a avaliação de desempenho e auditoria interna das cooperativas Centrais e demais empresas do Sistema;

• Representar institucionalmente o movimento cooperativo de crédito, decorrente dos Sistemas afiliados, no âmbito nacional.

CooperativaSingular

CooperativaSingular

COOPERATIVACENTRAL

CooperativaSingular

CooperativaSingular

COOPERATIVACENTRAL

CooperativaSingular

CooperativaSingular

COOPERATIVACENTRAL

CONFEDERAÇÃO

Page 38: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

37

As confederações têm como objetivo orientar e coordenar as atividades das filiadas, nos casos

em que o vulto dos empreendimentos transcenderem o âmbito de capacidade ou conveniência

de atuação das centrais e federações, conforme dispõe a Lei 5764, de 16/12/1971.

Federações, Cooperativa Central, ou 2º grau.

A cooperativa central é constituída de, no mínimo, três singulares de créditos distintas, que se

juntam por interesses comuns, criando a Cooperativa Central, conforme disposto na Lei 5764,

de 16/12/1971.

De acordo com Schardong (2002, p.78), elas têm como finalidade,

• Coordenar o movimento cooperativo de crédito da jurisdição de suas filiadas e promover o seu desenvolvimento;

• Encarregar-se de controle e segurança das filiadas; • Responder pela capacitação dos recursos humanos das cooperativas

singulares filiadas e os seus próprios; • Representar institucionalmente o movimento cooperativo de crédito, no

âmbito da jurisdição das suas filiadas.

Portanto, conforme Resolução 3106, de 25/06/2003, as Centrais de Crédito atuam diretamente

no controle e fiscalização das Cooperativas Singulares, promovendo correta gestão técnica,

administrativa, financeira e operacional de suas filiadas, além de prestar assessoria técnica,

jurídica e contábil na realização das operações e serviços.

Cooperativa Singular ou 1º grau

A cooperativa singular é constituída pelo número mínimo de 20 (vinte) pessoas físicas, sendo

excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objetivo as

mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins

lucrativos, conforme disposto na Lei 5764, de 16/12/1971.

Page 39: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

38

A cooperativa singular tem, constitucionalmente, a igualdade de tratamento e de

oportunidades como direito de todos. As Cooperativas se apresentam, assim, como uma

sociedade de pessoas, de aspiração democrática, nas quais o capital se constitui em um meio

de participação e nunca com a finalidade de lucro (Lei 5764, de 16/12/1971).

Conforme Manual de Orientação para a Constituição e Registro de Cooperativas - OCB

(2003, p.15),

Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns de forma coletiva e democraticamente gerida.

A Figura 4 compara uma sociedade cooperativa e uma sociedade mercantil:

EMPRESA COOPERATIVA EMPRESA MERCANTIL

Sociedade de pessoas. Sociedade de capital.

Objetivo principal é a prestação de serviços. Objetivo principal é o lucro.

Número ilimitado de associados. Número limitado de acionistas

Controle e gestão democrática (um homem - um voto). Cada ação - um voto.

Assembléia: "quorum" baseado no número de associados. Assembléia: "quorum" baseado no capital.

Não é permitida a transferência quotas-partes a terceiros,

estranhos à cooperativa. É permitida a transferência das ações a terceiros.

Retorno proporcional ao valor das operações. Dividendo proporcional ao das ações.

FIGURA 4 – Comparação entre Empresa Cooperativa e Empresa Mercantil Fonte: Adaptado de Gawlak e Rarzke (2001, p.52)

Conforme se verifica na Figura 4, a empresa cooperativa é tratada como uma organização

social e solidária, que tem como foco central a solidariedade e o bem comum do grupo.

Portanto, é dirigida e controlada pelos próprios associados, obtendo um menor custo

operacional, e procurando desburocratizar os negócios da cooperativa.

Page 40: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

39

2.2.3 Cooperativas de Crédito

A primeira cooperativa de crédito do mundo foi constituída em 1850, na Alemanha com

características de bancos populares e posteriormente chamadas então de Cooperativas de

Crédito (THENÓRIO FILHO, 2002, p.95-96).

Conforme Thenório Filho (2002, p.191),

Sociedades cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, constituídas para prestar serviços aos associados, cujo regime jurídico, atualmente é instituído pela Lei 5764, de 16/12/1971. São sociedades simples, e portanto não sujeitas a falência, por força do disposto no parágrafo único do artigo 982 do novo Código Civil, muito embora tenham por objeto o exercício de atividades próprias do empresário, ou seja, exercem atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços

O mesmo autor afirma que o Cooperativismo de Crédito nasceu no século XIX, no âmbito

rural e, quando o progresso foi acompanhado pelo estado de miséria para grande parte da

humanidade. Esse processo levou os camponeses alemães a se endividarem com empréstimos

a juros altos para suprir as despesas anuais com a agricultura. Em 1850, na cidade de

Heddsdof, Fredrich Wilheim Raiffeisen fundou uma caixa de socorro, para fomentar o crédito

aos agricultores. Essa caixa de socorro deu origem ao Cooperativismo de Crédito Rural,

naquele País.

Baseando-se em Schardong (2002), no Brasil, a primeira Cooperativa, também no âmbito

rural, surgiu em 28 de dezembro de 1902, por iniciativa do Jesuíta suíço Theodor Amstad, na

região rural de colonização alemã (atual município de Nova Petrópolis, RS), com o objetivo

de reunir as poupanças das comunidades de imigrantes e colocá-las a serviço do seu próprio

desenvolvimento. O cooperativismo de crédito se espalhou no Rio Grande do Sul e se tornou

representativo no financiamento das atividades das comunidades interioranas, colonizadas por

imigrantes europeus, especialmente na década de cinqüenta.

O autor acima afirma que a primeira Cooperativa de Crédito iniciou suas operações, na

localidade da Linha Imperial, município de Nova Petrópolis/RS. Um fato importante é que a

mesma continua em pleno funcionamento até os dias de hoje.

Page 41: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

40

As cooperativas passaram por problemas de restrição operacional e, de acordo com a Lei

4595, de 31/12/1964, parte das suas funções foi atribuída às instituições financeiras de

propriedade do Estado, o que culminou em liquidação da maioria das cooperativas.

Somente na década de 1990, após a edição do Decreto 99192, de 21/03/1990, mediante a

extinção do Banco Nacional de Crédito Cooperativo, houve reformulação das normas de

regência das autoridades monetárias, aumento do espectro operacional das cooperativas de

crédito, e, com a autorização da criação de Bancos cooperativos, a retomada de crescimento

deste segmento.

De acordo com Schardong (2002, p.21), o cooperativismo de crédito é utilizado nos países

mais desenvolvidos do mundo, e contribui para o crescimento econômico, atuando como

instrumento de organização econômica da sociedade.

O mesmo autor evidencia que os sistemas cooperativos mais avançados estão situados na

Europa, especialmente na Alemanha, onde o sistema de crédito cooperativo detém mais de

20% do mercado financeiro nacional. Na Bélgica, Espanha, França o sistema de crédito

agrícola é responsável pelo financiamento de mais de 80% do setor agropecuário. Tem, ainda,

atuação na Holanda e Portugal, além dos Estados Unidos, Canadá e Japão.

A partir daí, o cooperativismo de crédito vem adquirindo solidez como instrumento de

organização social, reunindo pessoas, estimulando o trabalho conjunto, agregando forças

dispersa e convivendo pacificamente com todos os regimes políticos, crenças religiosas,

mudanças técnicas e diferenças raciais.

Existem 1.101 cooperativas de crédito em dezembro/2005, em todo o país, sendo que destas

248 estavam situadas no Estado de Minas Gerais (OCB, 2006).

A Resolução 3106, de 25/06/2003 do Banco Central do Brasil apresenta as condições para

constituição, autorização e alteração de funcionamento das cooperativas de crédito no Brasil

e, devido a essa normatização, são equiparadas às demais instituições financeiras em todos os

seus direitos, deveres e obrigações.

Page 42: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

41

Assim sendo, são sociedades simples, não sujeitas à falência por força do disposto no

parágrafo único do artigo 982 do novo Código Civil, muito embora tenham por objetivo o

exercício de atividades próprias, ou seja, exerçam atividade econômica organizada para a

produção ou circulação de bens ou de serviços.

O setor de cooperativas de crédito tem crescido substancialmente nos últimos tempos, tendo

como fator preponderante o alto custo do crédito cobrado pelas Instituições Financeiras, e, por

conseguinte, tornando-se um dos principais pontos para incentivar as Cooperativas de Crédito

a investirem neste segmento. Fato é que o próprio Banco Central do Brasil na edição da

Resolução 3106, de 25/06/2003 dedica, além dos demais segmentos de crédito cooperativo,

um capítulo específico referente aos pequenos empresários, microempresários e

microempreendedores.

Conforme Alves e Soares (2004, p.11),

Na busca do atendimento desse objetivo, o Banco Central atuou em harmonia com o Conselho da Comunidade Solidária e com seu projeto de expansão do microcrédito no Brasil, desde agosto de 1997, quando reuniram-se na Quinta Rodada de Interlocução Política sobre Alternativas de Ocupação e renda, ministros de Estado, secretários-executivos, presidentes e diretores de empresas estatais e representantes de órgãos, instituições, organizações, programas ou ações governamentais e não governamentais, que atuam direta ou com o microcrédito no Brasil, temos nos valido da experiência desses vários interlocutores para a elaboração da melhor proposta de regulamentação possível.

Ainda conforme os mesmos autores, no Brasil, bem como na maior parte dos países, as micro,

pequenas e médias empresas respondem pela grande maioria das unidades produtivas

elaboradas todo ano. Esta participação torna-se ainda mais relevante, quando se observa a

mudança nos cenários econômico e financeiro nos últimos tempos. Com avanço do processo

de globalização e a contínua abertura da economia brasileira a novos mercados, houve

diminuição de barreiras comerciais, formação de blocos econômicos, exigência do uso da

tecnologia, da informação e do conhecimento, fusões entre grandes empresas, terceirização de

diversos serviços, redução de oportunidades de emprego e abertura de novos negócios.

Page 43: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

42

Segundo Alves e Soares (2004, p.12),

Estima-se que existam, no Brasil, quase 14 milhões de pequenas unidades produtivas, potenciais demandantes de microcrédito, a grande maioria delas formada por trabalhadores por conta própria, dos quais deduz-se haver algo como seis milhões de potenciais clientes exercendo demanda efetiva, no montante aproximado de 11 bilhões de reais, cifra que, embora elevada, equivale a menos de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

Conforme os autores, houve, também, um aumento da participação econômica de pequenas e

médias empresas no desenvolvimento nacional, auxiliadas financeiramente por cooperativas

de crédito, que vêm contribuindo para um desenvolvimento sustentável do país. Surgem,

então, como alternativa de organização social, e com o objetivo focalizado nos aspectos

financeiros, as Cooperativas de Crédito.

O fortalecimento dessas empresas é, em geral, uma dinâmica desejável, pois elas permitem a

geração de novos empregos, contribuem com a mobilidade social e com o aumento da

competitividade e eficiência econômica. Essas empresas são vistas como agentes de mudança,

exercendo papel crucial na inovação tecnológica; além disso, é por meio desses

estabelecimentos que milhões de pessoas chegam ao mercado de trabalho (Pinho e Palhares,

2004, p.11).

A Figura 5 a seguir, apresenta um exemplo de estrutura de uma Cooperativa de Crédito e seus

níveis hierárquicos.

Page 44: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

43

FIGURA 5 - Estrutura da Cooperativa de Crédito Fonte: Gawlak e Rarzke (2001, p.43).

Conforme a Figura 5 e de acordo com a Lei 5764, de 16/12/1971, a Assembléia Geral é o

órgão máximo dentro do nível hierárquico das Cooperativas de Crédito.

Tão logo seja concluída a Assembléia, a Ata deve ser encaminhada para Homologação de

Atos por parte do BACEN, e depois encaminhada para registro na Junta Comercial do Estado.

Importante ressaltar que até o nível da Diretoria Executiva, que pode ser constituída por

Diretor Presidente, Diretor Administrativo, Diretor Financeiro e outros, todos os membros são

eleitos pela Assembléia Geral Ordinária, e a partir da Gerência Geral ou Superintendência,

normalmente, todas as pessoas são contratadas pela experiência técnica e prática de mercado,

conforme Lei 5764, 31/12/1971.

Page 45: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

44

2.2.3.1 Papel e Funcionamento das Cooperativas de Crédito

A escassez de crédito é um dos grandes problemas da economia brasileira, afetando

principalmente as pequenas e médias empresas. O custo do crédito é muito alto e muitas vezes

responsável por um endividamento que pode levar à inviabilidade de manutenção do negócio

ou até mesmo a morte prematura de empresas (PINHO e PALHARES, 2004, p. 99-100).

De acordo com Schardong (2002), a instabilidade macroeconômica do Brasil e a ausência de

uma cultura de crédito vêm prejudicando o desenvolvimento de um mercado de capitais

sustentável que suporte o financiamento para o setor produtivo nacional.

O crédito é escasso e o custo do crédito é alto, a inadimplência é um fator relevante que

sobrecarrega e sobressalta os novos contratos de crédito, fazendo com que exigências de

garantias se tornem cada vez maiores, dificultando ainda mais o acesso ao crédito pelas

pequenas e médias empresas (SANTOS, 2003, p. 217).

As Cooperativas de Crédito têm buscado alternativas e estratégias para competir com as

demais instituições financeiras, principalmente com os bancos. Nas cooperativas, o

cliente/associado também é dono, já que o dispositivo legal previsto na Resolução 3106, de

25/06/2003, para que a pessoa física ou jurídica possa participar das Cooperativas de Crédito,

exige que se tenha adquirido quota do capital social da cooperativa.

Conforme relato de Roberto Rodrigues6 (Apud Pinho e Palhares, 2004, p.79-80) um fato claro

da importância do cooperativismo de crédito ocorreu na Cidade de São Roque de Minas/MG,

cuja história da cidade pode ser dividida em duas etapas: antes e depois da cooperativa de

crédito rural. Com a liquidação da única Agência Bancária da cidade, começou a ocorrer uma

redução do volume de habitantes e dos negócios para as cidades vizinhas e o comércio

começou a entrar em decadência. Após a inauguração da Cooperativa de Crédito Rural de São

Roque de Minas – Saromcredi, todo o processo se reverteu e o desenvolvimento econômico

voltou a ser realidade.

6 Atual Ministro da Agricultura do Governo Lula e ex-presidente da Aliança Cooperativa Internacional e OCB

Page 46: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

45

O funcionamento das cooperativas de crédito atende ao disposto na Resolução 3106, de

25/06/2003 e obedece às determinações inerentes às atividades bancárias das instituições

financeiras creditícias.

No seu campo de atuação, procura atender, conforme previsto em seu Estatuto Social,

devidamente aprovado pelo Banco Central do Brasil, às necessidades financeiras dos

associados a curto prazo, tendo em vista as mutações do capital e a necessidade de encaixe

financeiro para fazer face à captação de recursos por meio dos depósitos dos associados. Daí a

grande extensão da área de ação da cooperativa, com associados de diversas atividades

econômicas, objetivando aumentar constantemente seu capital para atendimento de sua

demanda de crédito.

Conforme Schardong (2002, p.88)

A Cooperativa de Crédito, como pessoa jurídica, objetiva a defesa e o fomento da economia individual dos associados. Não atingiria esse escopo, contabilizando e acumulando resultados econômicos expressivos à custa do sacrifício das economias pessoais dos cooperados.

Cabe ressaltar que o campo de atuação das Cooperativas de Crédito são aqueles delineados

em seu Estatuto Social, devidamente homologado pelo Banco Central do Brasil e autenticado

na Junta Comercial do Estado.

Assim sendo, as cooperativas são consideradas instituições financeiras captadoras de

depósitos, porém sem objetivo de apresentar “Lucros Líquidos”, e tão somente “Sobras

Líquidas”, conforme determina a Lei 5761, de 16/12/1971. De acordo com a Lei, por ocasião

do encerramento do exercício social, deverá ser realizada a Assembléia Geral Ordinária, até o

mês de março do ano subseqüente, para aprovação das contas do exercício social do ano

anterior.

2.2.3.2 Produtos e Serviços das Cooperativas de Crédito

Os produtos e serviços são semelhantes aos oferecidos pelo sistema bancário, porém,

limitados aos determinados pelo Banco Central do Brasil, conforme Resolução 3106, de

25/06/2003, artigo n.º 23, tais como:

Page 47: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

46

• Captar depósitos à vista e a prazo, sem a emissão de certificados: recebimento de recursos

financeiros em espécie e documentos de créditos e cheques, e outros papéis que são

transferidos às cooperativas, em nome específico de seus associados;

• Obtenção de empréstimos: liberação de recursos financeiros diretamente em contas de

depósitos de seus associados, ou mediante transferência de recursos diretamente para a

conta de depósitos de seus associados, em outra instituição financeira bancária;

• Repasses de instituições financeiras: movimentação financeira dos recursos da cooperativa

para outra instituição financeira bancária;

• Conceder créditos e prestar cartas de fiança: garantias prestadas a seus associados para

honrar seus compromissos em suas devidas atividades;

• Aplicar recursos financeiros no mercado financeiro: aplicar recursos em outras

instituições financeiras no mercado;

• Prestar serviços de cobrança, custódia e prestação de serviços: desconto, cobrança e

prestação de serviços no recebimento de títulos de créditos, e também a guarda de

documentos;

• Recebimento e pagamento por conta de terceiros mediante contrato de convênio:

recebimento e pagamento de contas de água, luz, energia, INSS, etc.

• Prestar serviços de correspondentes no País: recebimento e pagamento de títulos de

créditos mediante contrato de convênio com outra instituição financeira.

Além disso, outras operações específicas e atribuições estabelecidas na legislação em vigor

procuram satisfazer às necessidades pessoais de crédito emergenciais de seus associados, com

custos operacionais mais baixos e ampliando sua competitividade.

2.3 Sistema de Risco de Crédito

Crédito corresponde a credibilidade e confiança. Credibilidade que um recurso financeiro

confiado a um associado hoje, mediante a contratação de uma operação de crédito, retorne,

são e salvo, na data prevista conforme contrato, sem ocorrer a inadimplência e/ou adoção de

Page 48: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

47

medidas judiciais ou extrajudiciais, tornando o retorno do crédito mais duvidoso e complicado

(SCHRIKEL, 2000, P.25).

Segundo Schrikel (2000, p.25),

Crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa que esta parcela volte a sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado.

A liberação de crédito consiste em colocar à disposição do associado, determinado valor

monetário em determinado momento, em contrapartida à promessa de pagamento em data

futura efetuada por meio do Contrato de Empréstimo, mediante o pagamento de uma taxa de

juros acordada.

Em sua essência o crédito, ou mais propriamente a operação de crédito, é uma operação de

empréstimo que sempre pode ser considerada dinheiro, ou caso comercial equivalente a

dinheiro, sobre o qual incide uma remuneração que denominamos juros (SECURATO, 2002,

p.18).

2.3.1 Análise de Crédito

A análise de crédito feita pelas Cooperativas nas solicitações de seus cooperados tem como

objetivo reduzir riscos de inadimplência, uma vez que é impossível eliminá-los por completo,

devido às imprevisibilidades que ocorrem nas atividades econômicas e financeiras dos

proponentes do crédito.

Schrickel (2000, p.25-26), explica que:

O principal objetivo da análise de crédito numa instituição financeira (como para qualquer emprestador) é o de identificar os riscos nas situações de empréstimo, evidenciar conclusões quanto à capacidade de repagamento do tomador, e fazer recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de empréstimo a conceder, à luz das necessidades financeiras do solicitante, dos riscos identificados e mantendo, adicionalmente, sob perspectiva, a maximização dos resultados da instituição.

Page 49: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

48

A Resolução 2682, de 21/12/1999 (Anexo 1), definiu critérios para apurar a caracterização do

grau de inadimplência dos créditos liberados aos associados, que variam de 0,00% até

100,00% do saldo devedor atualizado, ou seja, do montante dos recursos disponibilizados,

atualizados à taxa de contrato até a data base de mensuração do risco.

O disposto na Resolução 2682, de 21/12/1999, afeta substancialmente o patrimônio das

Cooperativas que têm que redobrar cuidados na concessão de créditos e, por conseguinte,

adotar uma metodologia adequada para a liberação de recursos.

A análise de crédito está mais voltada para situações que possam ocorrer no futuro em virtude

de uma decisão tomada no presente, medidas por meio do risco, que pode ser traduzido como

imprevisibilidade (SCHRICKEL, 2000, p.46).

Knight (1972, p.249), afirma que:

A palavra “risco” é comumente usada de maneira livre para referir-se a qualquer espécie de incerteza encarada do ponto de vista da contingência desfavorável, e o termo “incerteza” de modo semelhante com referência ao resultado favorável; falamos do “risco” de uma perda, da “incerteza” de um ganho.

Schrickel (2000, p.46), afirma que “é preferível não emprestar a um cliente, e eventualmente

perdê-lo, a perdê-lo de qualquer forma, mas junto com nosso crédito (...)”. Para ele, numa

análise de crédito, se a possibilidade de retorno do capital emprestado ao associado for de

difícil mensuração ou de complicada capacidade de pagamento, é preferível que não haja a

concessão do empréstimo, do que a certeza de que aquele recurso será classificado como um

crédito de difícil pagamento; o que afetará negativamente o patrimônio líquido por meio da

constituição de Provisão para Operações de Crédito de Liquidação Duvidosa.

2.3.2 Risco de Crédito

Risco trata-se atividades profissionais que são executadas pelos gerentes em que é mensurado

para eventos que poderão ocorrer ou não no futuro. Na análise de crédito, sempre se corre

risco de alguma maneira.

Page 50: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

49

Conforme Blatt (1999, p.54),

Risco de crédito, conseqüentemente, é definido como a possibilidade de que aquele que concedeu o crédito não o receba do devedor na época e/ou nas condições combinadas. Vários são os fatores que podem contribuir para que tal fato ocorra. Tais fatores nunca ocorrem sozinhos ou em proporções previamente definidas. Na realizada existe uma forte inter-relação e interdependência entre os diversos fatores de risco.

O Risco de Crédito está vinculado a prováveis inadimplências que o proponente do crédito

(devedor) não cumpra seu compromisso com a instituição a qual foi disponibilizado recurso

financeiro mediante operações de créditos.

De acordo com Schrickel (2000, p.45),

O risco sempre estará presente em qualquer empréstimo. Não há empréstimo sem risco. Porém, o risco deve ser razoável e compatível ao negócio do banco e à sua margem mínima almejada (receita). Como razoável, entendemos todo risco que não seja, a princípio, verdadeira extrapolação ao bom-senso.

Na Figura 6, apresenta-se a classificação das operações de créditos, que devem observar os

seguintes níveis de risco do Devedor/Garantidor e referente à modalidade operacional.

FIGURA 6 - Classificação das Operações por nível de risco Fonte: Silva (2003, p.76)

Devedor/Garantidor • Situação econômico-financeira • Grau de endividamento • Capacidade de geração de resultado • Fluxo de Caixa • Administração e qualidade dos controles • Pontualidade e atrasos de pagamentos • Contingências • Setor de atividade econômica Operação • Natureza e finalidade • Suficiência e liquidez das garantias • Valor

Page 51: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

50

Segundo Silva (2003, p.76-77),

O critério de classificação separa o risco do cliente (risco intrínseco) do risco da operação propriamente dita. No risco do cliente (no caso, pessoa jurídica), estão sendo considerados atributos como a situação econômico-financeira (e vários itens que fazem parte da analise financeira), administração e controle, pontualidade e atrasos de pagamento, contingências e o setor de atividade econômica.

A Figura 7 mostra como é apresentado o fluxo de informação e documentação inerentes ao

risco de crédito.

FIGURA 7 - Representação do Crédito associado ao risco Fonte: Silva (2003, p.78)

De acordo com Silva (2003, p.75) “risco de crédito é a probabilidade de que o recebimento

não ocorra, ou seja, é igual a 1 (um) menos a probabilidade de recebimento.” Para o autor, a

imprevisibilidade do recebimento do valor liberado ao cliente é que apontam para o risco do

crédito, ou seja, o retorno do capital liberado está focado na capacidade do devedor honrar

Page 52: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

51

seus compromissos nos prazos estipulados e na natureza da operação, quando a mesma se

tornar uma operação com garantia de maior facilidade de liquidez.

Ainda conforme Duarte Jr. e Varga (2003, p.346) “Risco de Crédito é a incerteza associada

ao recebimento de uma promessa de pagamento. Para medirmos essa incerteza, temos de

recorrer a informações históricas, observando o perfil de pagamento de diversos clientes em

distintos tipos de operação”.

Knight (1972, p.249), explica que “Para preservar a distinção estabelecida entre a incerteza

mensurável e a imensurável podemos usar o termo “risco” para designar a primeira e o

termo “incerteza” para a segunda.”

Cabe ressaltar que é de fundamental importância para as cooperativas que sobrevivem da

intermediação dos recursos financeiros entre os associados captadores e aplicadores de

recursos, e aqueles associados tomadores de recursos, que os mecanismos devem contribuir

para otimizar o processo de concessão de crédito reduzindo os riscos das perdas dos capitais

emprestados.

SCR - Sistema Central de Risco do Banco Central do Brasil

O Banco Central do Brasil começou os trabalhos de implementação do sistema Central de

Risco de Crédito em 1.997.

O Sistema Central de Risco mostrou-se de grande utilidade no âmbito das atividades de

supervisão bancária efetuadas por esta autarquia bem como, ainda que em caráter secundário,

em atividades de comportamento de Crédito para o Sistema Financeiro Nacional.

A partir do primeiro trimestre no ano 2.000 foi realizada uma completa avaliação do atual

sistema. O resultado apontou uma necessidade de ampliar o escopo das informações

constantes visando atender não somente à área de supervisão bancária, mas também a outras

áreas do Banco Central e ao próprio sistema financeiro através de suas instituições.

Page 53: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

52

Conforme BACEN (2006), dentre os benefícios esperados na reestruturação do sistema,

destaca-se:

I – aumento da capacidade de monitoramento de riscos de crédito, auxiliando a antever e

prevenir crises no Sistema Financeiro Nacional;

II – desenvolvimento de ferramentas que possibilitem detectar potenciais problemas nas

carteiras de crédito das instituições financeiras pela área de supervisão;

III – provimento de informações mais detalhadas sobre crédito, como subsídio das análises e

pesquisas realizadas pelos diversos departamentos do Banco Central;

IV – disponibilização, para o Sistema Financeiro Nacional, de informações de crédito de

melhor qualidade, o que permitirá o aprimoramento das decisões de concessão e

gerenciamento de crédito, podendo contribuir para a diminuição da inadimplência do sistema

e do spread bancário.

Sistema de Informações de Crédito (atual Central de Risco de Crédito) do Banco

Central do Brasil

O novo sistema é respaldado normativamente pela Resolução 2724, de 31/05/2000, Circular

3098, de 20/03/2002 e Carta-Circular 3043, de 27/09/2002.

De acordo com o BACEN (2006), uma das principais mudanças no que diz respeito ao envio

de informações ao Banco Central do Brasil é a adoção de três documentos distintos:

Cadoc 3020 - Dados Individualizados de Risco de Crédito – Este documento será utilizado

para a transmissão de informações sobre operações com clientes cuja responsabilidade total

seja de valor igual ou superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), bem como para as operações

relevantes, assim entendidas aquelas de valor igual ou superior a R$ 5.000.000,00 (cinco

milhões de reais).

Cadoc 3026 – Dados Individualizados Complementares de Risco de Crédito – Este

documento será utilizado para a transmissão de informações sobre o conglomerado

Page 54: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

53

econômico a que pertencem os clientes das instituições financeiras e, mediante solicitação do

Banco Central, dados de balanço e de classificação de risco atribuída por agências de

classificação de risco.

As informações contempladas pelo documento 3026 possibilitarão analisar a real situação de

risco de crédito das pessoas físicas e jurídicas pertencentes a conglomerados econômicos. Sua

periodicidade será semestral, datas-base de dezembro e junho, e sua remessa deve ser efetuada

até o dia 20 de abril e outubro respectivamente.

Cadoc 3030 – Dados Agregados de Risco de Crédito – Este documento será utilizado para a

transmissão de informações sobre as operações de crédito de forma agregada.

2.3.2.1 Tipos de Riscos de Crédito

Tratam-se procedimentos mínimos para as melhores práticas em relação ao controle e

gerenciamento de riscos nas instituições financeiras.

Procura-se identificar os riscos a que as cooperativas de crédito estão expostas, bem como

controlar e gerenciar estes riscos, apontando práticas e procedimentos.

Primeiramente, identificam-se os principais tipos de riscos aos quais as cooperativas de

crédito estão sujeitas. Em seguida, procura-se atacar esses riscos seguindo a estrutura

organizacional da instituição identificando o papel de cada agente no gerenciamento de riscos.

A seguir, alguns dos riscos mais importantes que devem ser acompanhados e administrados

da melhor forma dentro da estrutura e política de gerenciamento de riscos das Instituições

Financeiras:

Risco de Crédito - decorre de uma obrigação de direito advinda de um contrato qualquer que

não foi quitada por qualquer motivo pela respectiva contraparte.

Page 55: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

54

Conforme Fernandes (2002, p.178),

...a propensão à inadimplência são responsáveis por grande parte do “spread” realizado pelas Instituições financeiras, pois prejuízos por falta de pagamento de empréstimos têm sido, historicamente, a principal forma com que as Instituições financeiras têm perdido dinheiro.

Risco de Liquidez - decorre da falta de disponibilidade financeira (quantidade de unidades

monetárias) necessária ao cumprimento de uma ou mais obrigações.

Conforme Silva (2003, p.54),

O Risco de Liquidez diz respeito à própria capacidade de solvência do Banco, estando diretamente relacionado com a capacidade e facilidade da instituição em obter fundos, a um custo compatível, para cumprir os compromissos junto aos seus depositantes, bem como para efetuar novos empréstimos e financiamentos aos clientes demandadores de recursos.

Risco Operacional - decorrem da falta de consistência e adequação dos sistemas de

informação, processamento e operações, bem como de falhas nos controles internos, fraudes

ou qualquer tipo de evento não previsto, como catástrofes, que torne impróprio o exercício

das atividades da instituição, resultando em perdas inesperadas.

Conforme Fernandes (2002, p.176),

Na classificação deste texto, corresponde aos diversos riscos não alocados como riscos de crédito, de mercado ou de liquidez, como os riscos administrativos por falta de controle interno e riscos de erros nas transações, que estão cada vez mais sofisticadas pelo uso de tecnologia de informação, reforçando, então, a necessidade de auditorias de sistemas.

Risco Legal - decorre do potencial questionamento jurídico da execução dos contratos,

processos judiciais ou sentenças contrárias ou adversas àquelas esperadas pela instituição e

que possam causar perdas ou perturbações significativas que afetem negativamente os

processos operacionais e/ou a organização da instituição.

Page 56: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

55

Conforme Fernandes (2002, p.179),

Entre outras medidas para reduzir o risco de crédito, deve-se monitorá-lo no caso de novos empréstimos, providencias documentação adequada, assegurar a execução judicial do contrato e estabelecer critérios para aplicações de crédito, evitando, por exemplo, excesso de créditos para um unido setor.

Risco de Imagem - decorre da publicidade negativa, verdadeira ou não, em relação à prática

da condução dos negócios da instituição, gerando declínio na base de clientes, litígio ou

diminuição da receita.

Conforme Silva (2003, p.55),

O outro grande centro de risco está relacionado à estrutura de administração, controle e apoio logístico de um modo geral. O mundo moderno dos negócios está impondo cada vez mais estruturas “enxutas e ágeis”.

Risco Sistêmico - decorre de dificuldades financeiras de uma ou mais instituições que

provoquem danos substanciais a outras instituições, ou uma ruptura na condução operacional

de normalidade do sistema financeiro em geral.

Conforme Silva (2003, p.55),

O gerenciamento dos fundos de um banco deve levar a instituição a uma condição de ser segura, líquida e rentável, buscando sempre o equilíbrio entre essas três condições. Na prioridade da administração dos fundos, um bando deve enfocar primeiramente a liquidez, visando ao atendimento às necessidades previsíveis de recursos para atendimento dos saques de seus clientes (por conta dos depósitos), bem como às solicitações de empréstimos. O segundo objetivo é a segurança. Desse modo, o banco deve evitar riscos indevidos e que ameacem os depósitos a ele confiados. Operações de crédito imprudentes poderão prejudicar a reputação do bando e levá-lo à quebra. O terceiro objetivo é a lucratividade, que também não pode ser negligenciada.

Page 57: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

56

2.3.3 Gerenciamento do Risco

O gerenciamento do crédito é cada vez mais utilizado pelas cooperativas de crédito, por ser

uma ferramenta de trabalho extremamente eficiente no processo de acompanhamento e

controle dos créditos concedidos. Ele permite adequar as operações medindo o grau do risco e

retorno. Algumas cooperativas têm adotado a utilização de ferramentas estatísticas para

gerenciamento dos riscos, como medida de controle dos créditos.

Conforme Jorion (2003, p.432),

A primeira vantagem da gestão em empresas é um melhor controle sobre os riscos globais. Isso é essencial no momento em que os negócios se tornam mais complexo, com mais produtos sujeitos as várias categorias de risco. Em particular, as instituições financeiras estão descobrindo interações complexas e não previstas entre seus riscos. De modo mais perturbador, parece que o risco tende a se deslocar para setores onde não é bem medido.

Conforme disposto acima, o deslocamento do risco projeta-se nas alterações no Código Civil

Brasileiro, no qual as restrições cadastrais dos clientes das instituições financeiras deverão ser

excluídas após completar 3 (três) anos de vencidas. Assim, na procura de diluir o risco em

determinado ponto, acaba-se descuidando e aumento o risco em outro.

De acordo com Fernandes (2002, p.167):

A intenção não é simplesmente evitar o risco, mas conhecê-lo e quantificá-lo se possível, de modo a avaliar se o risco compensa o retorno desejado ou, da parte do BACEN, se o risco pode comprometer a solvência da instituição financeira.

Ainda conforme o mesmo autor, gerenciar risco torna-se uma ferramenta primordial aos

tomadores de decisões, uma vez que, constatado qualquer erro ou irregularidade, ocorrerá

modificações em suas posições patrimoniais7, e sanções cabíveis, através de multas

pecuniárias às instituições financeiras.

7 através de ajustamento nos Balancetes Patrimoniais

Page 58: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

57

Conforme Securato (1996, p.16), “do ponto de vista do administrador, uma de suas funções

mais importantes é decidir”.

A tomada de decisões no gerenciamento do risco é uma maneira natural de agir para os

administradores, e a qualidade das decisões torna-se um fator preponderante na maneira pela

qual a alta administração visualiza o desempenho dos níveis inferiores.

Conforme Jorion (2003, p. 472),

Os gestores de risco são um espécime especial. Eles devem ser altamente familiarizados com mercados financeiros, com as especificidades dos processos de negociação e com modelagens estatísticas e financeiras.

Todas as pessoas, no dia-a-dia, tomam vários tipos de decisões, tanto para aproveitar

oportunidades, quanto para resolver problemas. Por exemplo, o administrador terá que decidir

se deverá aumentar a produção ou não, adquirir equipamentos mais sofisticados ou continuar

com os atuais, se admite pessoal dentre outras decisões.

Segundo FREIRE FILHO et al. (2006),

A modelagem do risco das operações permite que as instituições financeiras busquem as formas mais eficientes de alocação de seus recursos e apurem com maior precisão o risco a que estão expostas. Nessa perspectiva, a modelagem do risco de crédito representa ferramenta essencial na condução de suas políticas de investimentos, com aplicações tanto na atividade de administração de carteiras como de gerenciamento do risco. Concomitantemente à expansão da atividade bancária e da internacionalização da indústria financeira, observou-se ao longo dos últimos anos o desenvolvimento da atividade de modelagem do risco de crédito. A leitura correlata apresenta vasta quantidade de publicações, onde se descrevem diferentes tipos de modelos de avaliação do risco de crédito. Os modelos quantitativos baseiam-se em características da carteira e em dados específicos dos clientes, que são tratados por meio de metidos estatísticos ou em modelos desenvolvidos para a previsão de insolvência. Os modelos qualitativos, por sua vez, estão baseados apenas nas informações obtidas dos clientes, sejam provenientes de fontes próprias (histórico de crédito, depósitos etc.) ou de fontes externas (centrais de risco, agências de classificação etc.).

No caso do gerenciamento do risco, a tomada de decisão é um processo complexo, no qual é

necessária experiência do avaliador de crédito, conhecimento do produto, metodologia

adequada às normas da cooperativa de crédito, e por fim, a utilização de técnicas e

Page 59: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

58

mecanismos para decisão adequada. Portanto, de posse de todas essas informações, o

avaliador de crédito poderá emitir seu parecer e optar pela liberação ou não do crédito.

De acordo com cada cooperativa de crédito, existem níveis de alçadas, que significam até que

ponto o avaliador de crédito tem autonomia para tomar decisão. Caso o valor do crédito seja

superior ao nível de alçada, o mesmo depende também da autorização do nível hierárquico

superior ao do avaliador de crédito (SILVA, 2003, p.110).

Com isso, a tomada de decisão pode alcançar o nível máximo, para liberação de crédito, que é

o Comitê de Crédito, cuja função é decidir operações de acordo com as definições das alçadas

de riscos quanto às características das operações. De acordo com os controles internos de cada

Cooperativa, o comitê de crédito é constituído por dois membros do Conselho de

Administração e um membro do Conselho Fiscal (SILVA, 2003, p.111).

2.3.4 Modelos de Avaliação de Crédito

A meta de toda ciência é abranger o maior número possível de fatos empíricos por meio de dedução lógica a partir do menor número possível de hipóteses ou axiomas.

- Albert Einstein

A aplicabilidade dos modelos de avaliação de crédito surgiu da necessidade de precificação de

avaliação do risco de crédito. Blatt (1999, p.108), explica que:

Pesquisadores da matéria chegaram à conclusão de que o processo de decisão consiste em colher ou relembrar um conjunto de informações, e a partir daí, formar um juízo quantitativo ou qualitativo, baseado em experiência passada.

A grande vantagem da utilização dos modelos de avaliação de crédito é que eles facilitam a

compreensão e possibilitam a tomada de decisão, e é através deles que se procuram as

respostas às perguntas.

Page 60: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

59

Assim, procura-se buscar as melhores soluções para a efetivação do crédito. Alguns

resultados podem ser descartados; porém, uma grande maioria será incorporada aos modelos e

servirá como base científica e empírica tornando-se referência para o futuro.

Os modelos trabalhados serão os do Credit Scoring, Árvore de Valor, Redes Neurais,

Behaviour Scoring e Credit Bureau.

2.3.4.1 Modelo de Credit Scoring (Pontuação de Crédito)

O modelo de Credit Scoring utiliza algumas técnicas de análise de dados, como apoio de

análise matemática para a tomada de decisão.

Trata-se de um modelo de avaliação do crédito baseado em uma fórmula estatística desenvolvida com base em dados cadastrais, financeiros, patrimoniais e de idoneidade dos clientes. (SANTOS, 2003, p.168)

Para que seja possível aplicar este modelo, deve-se separar dentre as informações possíveis do

banco de dados, aquelas que têm mais importância para a análise do crédito. Após efetuar a

pontuação dos créditos, será possível quantificá-lo e então interpretar os dados de acordo com

a classificação do risco.

Segundo Caouette (1999, p.182),

os modelos tradicionais de Credit Scoring atribuem pesos estatisticamente predeterminados a alguns atributos dos solicitantes, para gerar um escore de crédito. Se esse escore é favorável, quando comparado a um valor de corte, então a solicitação é aprovada. De um modo geral, utilizam-se técnicas de otimização ou técnicas estatísticas multivariadas, tais como análise discriminante ou de regressão, para o desenvolvimento desses modelos. Uma instituição que pretenda estabelecer um sistema de credit scoring deve escolher entre comprar um modelo de análise genérico ou desenvolver amostras estatísticas baseadas em sua própria experiência anterior. Se escolher um produto genérico, o universo utilizado para desenvolver o modelo pode diferir da demografia da própria instituição. O resultado seria que o desempenho do sistema pode ser insatisfatório. Em geral, a instituição usará esse tipo de sistema como um improviso, até ter amostragem suficiente para gerar um sistema baseado em sua própria clientela.

Page 61: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

60

A Figura 8 mostra o ponto de corte para apuração da definição estatística.

FIGURA 8 – Distribuição do Score Fonte: Blatt (1999, p.116)

A Figura 8 demonstra onde será efetuado um ponto de referência para a determinação da base

de separação dos Bons x Maus clientes. Destina-se, portanto, a apurar situações ocorridas no

passado e, por meio, de metodologias estatísticas (como a análise discriminante, por

exemplo), encontrar um modelo efetivo para que se concretize o ponto de tomada de decisão

sobre o crédito.

A aplicabilidade deste modelo somente foi possível devido ao avanço da informática que

possibilita a análise de uma quantidade de dados maiores. O modelo funciona como um

determinador da extensão dos limites para apuração das probabilidades ocorridas nos dados

objeto da pesquisa. Ele não demonstra se um determinado cliente será um bom ou um mau

pagador de suas dívidas; tão somente, o classifica em um determinado grupo de risco

(CAOUETTE, 1999. p.182).

Conforme Macedo (2004, p.61),

No Brasil, o uso do Credit Score foi inicialmente implantado em instituições financeiras que, mesmo possuindo modelos de análises bem rigorosas, optaram pelo uso do Credit Score como mais uma opção no processo decisório de crédito.

Page 62: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

61

Segundo Blatt (1999, p.107),

Dentre essas técnicas, a que se adapta melhor às necessidades das instituições financeiras na área de risco, essencialmente de pessoa física, e tem sido usada com considerável sucesso, é a análise discriminante aplicada às decisões de crédito, mais conhecida como Credit Scoring.

Ainda segundo o autor, a aplicabilidade deste modelo por parte das instituições financeiras na

área de risco de crédito é uma ferramenta fundamental para ser utilizada quando se tratar de

clientes pessoas físicas, devido à metodologia utilizada para qualificação e quantificação dos

dados. Tem sido, também, constantemente usada, apresentando resultados positivos na

avaliação do nível de risco do crédito.

Na Figura 9 apresenta-se outra ferramenta estatística que quando utilizada facilita a

identificação do risco de crédito, que é a correlação.

FIGURA 9 – Utilização da Correlação como facilitador de tomada de decisão Fonte: Blatt (1999, p.115)

De acordo com a Figura 9, outra análise estatística que se pode utilizar é a correlação, quando

a dependência entre funções de duas ou mais variáveis aleatórias, de um valor de uma das

variáveis, favorece a ocorrência no conjunto de valores das outras variáveis.

Page 63: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

62

O resultado final deste modelo é construído de acordo com duas Tabelas. A primeira

considera algumas características como idade, tempo de emprego, endereço, grau de

instrução, renda, etc. Cada item com sua respectiva característica, sendo: anos, meses, cep,

escolaridade, valor, etc. A outra, com a distribuição dos pontos de corte, conforme a Figura 9,

define as pontuações e as probabilidades de ocorrências (BLATT, 1999, p.119-120).

Assim, a utilização deste modelo mostra, por meio de dados estatísticos, a eficiência dos

processos de tomada de decisões da empresa e proporciona comprovação empírica dos dados

apresentados.

2.3.4.2 Modelo de Árvore de Valor

O modelo de Árvore de Valor apresenta desenvolvimento estatístico de probabilidade, pois

indica qual é a possibilidade de ocorrer um determinado evento em detrimento de outro, ou

seja, têm-se apenas dois caminhos a seguir, e assim, sucessivamente até que se tenha um

ponto possível de decisão e seguro sobre o crédito. Portanto, a maneira de tomada de decisão

será efetuando análise de risco de cada etapa desta árvore de decisão (CAOUETTE, 1999,

p.187).

Para Caouette (1999, p.187), “Na abordagem da árvore de decisão, os atributos de um

solicitante são analisados sucessivamente, do mais importante para o menos importante.” É

um tipo de classificação de etapas dentro de uma série de decisões que são tomadas de acordo

com a categoria correta para cada etapa. Essas decisões são baseadas nas características dos

dados e a decisão se divide em cada um dos dois grupos.

Caouette (1999, p.187) afirma ainda que o modelo de árvore de decisão pode gerar um

“escore” de crédito, mesmo que faltem algumas variáveis. Entretanto, há algumas

desvantagens; algumas das células dos níveis mais baixos, por exemplo, podem receber dados

escassos demais para garantir aos gerentes de crédito o nível de segurança que obtêm dos

modelos estatísticos mais comuns.

Page 64: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

63

Na Figura 10 apresenta-se um modelo de Árvore de Decisão e como se faz a análise do risco.

FIGURA 10 – Árvore de Decisão Fonte: Caouette (1999, p.187)

Conforme demonstra a Figura 10, à medida que se ultrapassam as etapas, vão sendo criadas as

probabilidades de selecionar uma opção correta. Ao final da árvore de decisão, tem-se a

seleção adequada para a avaliação do crédito, momento no qual se separam as contas boas das

contas ruins.

2.3.4.3 Modelo de Redes Neurais

O modelo de Redes Neurais apresenta-se por meio de sistemas de computadores, buscando

imitar a capacidade e o funcionamento da mente do ser humano numa decisão através de

tentativa e erro (CAOUETTE, 1999, p.188).

Page 65: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

64

Segundo Caouette (1999, p.145),

A análise de redes neurais é semelhante à análise discriminante não linear na medida em que deixa de lado a presunção de que as variáveis que entram na função de previsão de dificuldades são lineares e independentemente relacionadas. Os modelos de redes neurais para risco de crédito exploram correlações potencialmente “ocultas” entre as variáveis preditivas, que são inseridas como variáveis explicativas adicionadas na função não linear de previsão de dificuldades.

Este modelo é processado ao receber a entrada dos dados e depois se efetua o reconhecimento

dos padrões que irão possibilitar a previsão de saída dos dados e ampliar o processo de

aprendizagem. Permite, assim, a identificação dos créditos inadimplentes e possibilita a

verificação do não pagamento dos créditos, sendo capaz de se atualizar a partir de mudanças

econômicas, que podem vir a acontecer com o comportamento do cliente (BLATT, 1999,

p.125).

Caouette (1999, p.188), afirma ainda que:

Os reguladores vêem a opinião qualitativa de um analista de crédito como uma base aceitável para a decisão de conferir ou não o crédito, mas ainda assim, esperam que decisões de crédito baseadas em dados de máquinas venham a satisfazer o padrão de tratabilidade, ou seja, a capacidade de explicar quais variáveis produziram uma decisão de crédito adversa.

Assim sendo, este modelo tem maior capacidade de utilização após a liberação do crédito, ou

seja, funcionando mais em uma revisão do crédito efetuado do que na concessão do crédito

propriamente dito.

Santos (2003, p.175) explica que:

Uma rede neural de várias unidades de processamento, cujo funcionamento é resumido da seguinte maneira: Sinais são apresentados à entrada; cada sinal é multiplicado por um número, ou peso, que indica sua influência na saída da unidade; é feita a soma ponderada dos sinais que produz um nível de atividade; se esse nível de atividade exceder certo limite, a unidade produz determinada resposta de saída.

Page 66: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

65

A Figura 11 mostra o fluxo simplificado de uma rede neural.

FIGURA 11 – Fluxo simplificado de uma rede neural Fonte: Santos (2003, p.176)

Conforme Santos (2003, p.176), a utilização deste modelo somente é possível através do uso

de algoritmos ou variáveis que possam ser representadas pelas informações cadastrais dos

clientes, o que definirá a aceitação ou não da proposta da operação dentro do nível de

atividade da concessão do crédito.

2.3.4.4 Modelo Behaviour Scoring (Pontuação por Comportamento)

O modelo Behaviour Scoring é um sistema de pontuação que tem por base a análise do

desempenho do crédito por meio da avaliação comportamental do cliente.

Page 67: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

66

Conforme Blatt (1999, p.129),

é um sistema dinâmico de pontuação de crédito, que combina informações de créditos com dados anteriores de relações e desempenho comercial. Por exemplo, informações externas de crédito podem ser obtidas on line e integradas a informações internas de crédito. Análise estatística e dados históricos são utilizados para classificar os riscos em diversos grupos.

É um modelo semelhante ao Credit Score, no que se refere à metodologia de apuração da

pontuação. A diferença está no fato de que este modelo se apóia na base do comportamento

do cliente perante o crédito solicitado, ou seja, em dados históricos do passado (se já utilizou

crédito, quanto usou, se pagou em dia, qual a garantia solicitada). É utilizado como um

modelo complementar (BLATT, 1999, p.128-129).

Para Blatt (1999, p.129), o modelo de Behaviour Scoring é utilizado para:

• Determinar limites de créditos; • Guiar decisões de crédito; • Priorizar cobranças; • Incrementar automação na tomada de decisões creditícias; • Avaliar estratégias e políticas de crédito; e • Criar critérios de decisões de crédito.

Os benefícios deste modelo são:

• Melhor controle na concessão de crédito; • Maior flexibilidade nas decisões de crédito • Melhor atendimento ao cliente; • Maior eficiência empresarial; e • Redução de perdas creditícias.

Ainda conforme o autor, os dados históricos dos clientes podem ser obtidos internamente na

instituição financeira, mediante operações efetuadas anteriormente, como também através de

dados obtidos externamente, mediante consulta aos mecanismos de proteção e restrição ao

crédito, disponibilizados no mercado por empresas privadas e também pelo Banco Central do

Brasil.

Depois de efetuada a tabulação dos dados de hábitos comportamentais do cliente, o próximo

passo será efetuar a adequação das faixas de renda, idade, tempo de serviço, etc.

Page 68: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

67

Macedo (2004, p.70), afirma que:

Pode ser usado como parte de um sistema maior. Na área de cartões de crédito, quanto da re-emissão de cartões, os fatores a serem mais considerados incluem o uso do cartão e os históricos de atraso, sendo um sistema auxiliar na tomada de decisão na re-emissão de cartões.

A prestação de serviços das instituições financeiras na modalidade de cartões de crédito tem

vencimento após um ano de uso. Os fatores tomados como base para uma renovação do prazo

de validade do cartão de crédito é o comportamento do cliente durante o período anterior.

Logo, a renovação depende de como o cliente se comportou durante este período, como por

exemplo, histórico de atraso no pagamento da fatura, movimentação de compras e saques na

rede convencionada, solicitação de serviços, etc (MACEDO, 2004, p.70).

2.3.4.5 Modelo Credit Bureau (Agências de Crédito)

O modelo Credit Bureau tem a finalidade de mostrar as características do cliente que é bom

pagador de suas obrigações. Existem empresas externas que mantém arquivos de banco de

dados, geralmente com fonte de consulta através da internet, que possibilitam o acesso aos

seus usuários, para que os mesmos façam a concessão de crédito aos seus clientes.

Segundo Caouette (1999, p.182),

Os Credit Bureau, ....., são câmaras de compensação de informação para empresas-membros participantes. De forma resumida, empresas-membros reportam informações sobre atividades de conta ao seu Bureau, que junta essas estatísticas e as torna disponíveis através de uma taxa a qualquer membro que precise de um perfil de crédito de uma pessoa.

Um dos principais bancos de dados utilizados atualmente é da empresa Centralização de

Serviços de Bancos S.A. - SERASA8. Sua utilização é de grande importância para a

concessão de crédito, pois, auxilia na tomada de decisão informando dados cadastrais dos

clientes. Além disso, atua como balizador para fonte de consultas (em toda consulta ao banco

de dados do cliente fica registrada qual foi o usuário que utilizou o serviço) efetuadas pelos

8 Empresa privada de análises de dados e informações sobre decisões de crédito. Serve de apoio na realização dos negócios de seus associados. Pode operar através de convênios com outras empresas.

Page 69: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

68

mesmos clientes de outras instituições financeiras, usuário do contrato de utilização do

convênio firmado entre as partes.

Conforme Macedo (2004, p. 59),

No Brasil, um sistema de Credit Bureau muito utilizado pelos Bancos é o modelo fornecido pelo SERASA, mediante informações consolidadas dos clientes para pesquisas de: • Dados cadastrais (dados pessoais, endereços, profissionais, patrimônio); • Dados comportamentais (compromissos assumidos, comprometimento da renda, hábito de pagamentos, controle de passagem); • Certidões negativas (protestos, ações, cheques sem fundos, pendências financeiras, cheques sustados); • Dados complementares (pesquisa de homônimos, grafias distintas por CPF, base da receita federal); • Scorings, que também podem fornecer dados simétricos para análise do item no mercado e avaliação do grau de risco, através da análise da quantidade de informações negativas para o CPF e para o mercado ou, até mesmo, a quantidade de consultas de cheques de um CPF nos últimos 30 dias.

A SERASA mantém em seus bancos de dados um cadastro de clientes que não têm em seus

nomes, restrição cadastral, chamado de “cadastro positivo”. Esse cadastro é de grande

utilidade para as instituições financeiras, pois assegura a oportunidade de maior segurança na

concessão de crédito.

Entre as informações comportamentais que constam do Credit Bureau, encontra-se o cadastro

positivo, que é de suma importância para a economia nacional, já que se refere a uma

moderna concepção de serviço de informações, largamente utilizada em países desenvolvidos,

e destinada a dinamizar o mercado de consumo. Com a autorização/solicitação prévia do

cadastrado, que disponibiliza os seus dados pessoais, visa à identificação dos riscos inerentes

ao processo de concessão de crédito com o objetivo de beneficiar os consumidores com taxas

de juros diferenciadas (COVAS, 2004).

Page 70: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

69

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia utilizada neste trabalho será mediante um Estudo de Caso, onde serão

analisados dados das operações de crédito de uma Cooperativa de Crédito do segmento das

Instituições de Ensino Superior.

Conforme MICHEL (2005, p.55),

Este método permite, mediante o estudo de casos isolados ou de pequenos grupos, entender determinados fatos sociais. Trata-se de uma técnica de pesquisa de campo que se caracteriza por ser o estudo de uma unidade, ou seja, de um grupo social, uma família, uma instituição, uma situação específico, empresa, entre outros, com o objetivo de compreendê-los em seus próprios termos. O estudo de caso não tem um esquema rígido de tapas e ações, mas aconselha-se criar três fases de realização, quais sejam: (1) fase exploratória, na qual se cria um plano geral e trabalho e se colocam questões, pontos críticos para serem objeto da investigação; (2) delimitação do estudo, na qual serão limitados os aspectos mais relevantes e abandono dos que não serão essenciais para o propósito da pesquisa; (3) análise sistemática e redação do relatório ou registro dos dados obtidos, na qual serão feitos os levantamentos dos dados, elaborados os rascunhos, registrados os dados, anotadas as transcrições de entrevistas, comentários opiniões etc.

Esta pesquisa de campo será efetuada mediante a investigação empírica e detalhada, realizada

na Cooperativa de Crédito onde ocorreram as Operações de Créditos objeto do estudo e que

dispõe de elementos suficientes para explicá-lo.

Trata-se de um trabalho da vivência acadêmica e profissional, apoiado em referencial teórico

e descrição de procedimentos da prática baseados na capacidade analítica, propiciando

questões consistentes e seguras.

Segundo VERGARA (2003, p.49), “O estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades,

entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo país.

Tem caráter de profundidade e detalhamento. Pode ou não ser realizada em campo.”

Page 71: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

70

Para tratamento estatístico dos dados, foi utilizada a análise discriminante que é um método

quantitativo utilizado na determinação dos pesos dos índices em modelos de credit scoring, e

também regressão logística que é um método utilizado para determinação de variáveis de dois

grupos.

Conforme MACEDO (2004, p.64),

A análise discriminante é uma técnica de tratamento estatístico de dados, com a finalidade de determinar quais são os “bons proponentes” e quais são os “maus proponentes”. Situações passadas no histórico do proponente são levantadas e tratadas matematicamente, a fim de padronizarem as informações em um modelo para a tomada de decisão.

Conforme HAIR et al. (2005, p.210),

A regressão logística é uma forma especializada de regressão que é formulada para prever e explicar uma variável categórica binária (dois grupos), e não uma medida dependente métrica. A forma da variável estatística da regressão logística é semelhante à da variável estatística da regressão múltipla. A variável estatística representa uma relação multivariada com coeficientes como os da regressão, que indicam o impacto relativo de cada variável preditora.

No entanto, para o processo de decisão, são colhidas informações sobre as operações de créditos e

forma-se juízo quantitativo com base na experiência passada. É o perfil dos clientes passados que

determinarão quais são os bons e os maus pagadores (MACEDO, 2004 p.64).

3.1 Modelo de Avaliação de Crédito utilizado pela Cooperativa

As Cooperativas de Crédito utilizam os Modelos de Credit Scoring, Behaviour Scoring e

Credit Bureau, como critérios de análise e de avaliação de liberação de crédito mediante

operações de crédito.

Page 72: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

71

A utilização do Modelo de Credit Scoring consiste na definição de critérios para a liberação

das operações de créditos com base na margem consignável dos cooperados de acordo com o

Decreto 4961, de 20/01/2004, onde descreve as verbas salariais que são consideradas para

cálculo da averbação em contra cheque (BRASIL, 2004).

De posse da margem consignável averigua-se a capacidade de pagamento do cooperado para a

liberação de crédito, e em seguida são utilizados os dados cadastrais como Idade, Cargo,

Patrimônio, Tempo de Emprego e Renda Mensal Bruta.

A utilização do Modelo de Behaviour Scoring trata da análise comportamental do cooperado

durante os períodos anteriores em que utilizou o crédito fornecido pela Cooperativa, são

analisados os comportamentos como adimplência e quantidade de vezes em que ocorreu

renegociação de contratos de operações de crédito.

A utilização do Modelo de Credit Bureau trata da análise em todo o mercado financeiro de

forma a identificar as características dos cooperados que é bom pagador de suas obrigações.

Com a utilização deste modelo a Cooperativa confirma os dados cadastrais, patrimônio,

compromissos assumidos, comprometimento de renda, hábitos de pagamentos, controle de

consultas no mercado financeiro e avaliação do grau de risco em função do volume de

créditos concedido.

Ressalta-se que a Cooperativa de Crédito, objeto da análise, não vem utilizando o mecanismo

de pesquisa de controle de passagens junto ao Modelo de Crédito Bureau.

3.2 Método Quantitativo

A análise discriminante é uma técnica de tratamento estatístico de dados aplicável a todos os

processos que impliquem uma decisão do tipo: bom/mau, sucesso/fracasso/ excesso/falta, etc.

Trata-se fundamentalmente, de levantar situações passadas e, mediante tratamento

matemático, encontrar um modelo consistente que habilite a tomar decisões para o futuro de

curto prazo (BLATT, 1999, p.108).

Page 73: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

72

Em gerenciamento de crédito é possível utilizar análise discriminante para avaliar se

determinado cliente (pessoa física ou jurídica) é confiável ou não em termos de risco de crédito,

sendo possível, também, estimar a magnitude desse risco.

Conforme Malhotra (2001, p.482),

Os objetivos da análise discriminante são: 1. Estabelecer funções discriminantes, ou combinações lineares das

variáveis independentes ou prognosticadoras, que melhor discriminem entre as categorias da variável dependente (grupos);

2. Verificar se existe diferenças significativas entre os grupos, em termos das variáveis prognosticadoras;

3. Determinar as variáveis preditoras que mais contribuem para as diferenças entre grupos;

4. Enquadrar, ou classificar, os casos em um dos grupos, com base nos valores das variáveis preditoras e

5. Avaliar a precisão da classificação. Esta técnica estatística permite analisar se existem diferenças significativas entre grupos de

objetos que dividem um conjunto igual de variáveis. Quando se identificam as diferenças, o

método analisa o valor destas variáveis em cada caso individual e permite mostrar em que grupo

se classificaria (melhor cliente ou pior cliente). Essa classificação automática também pode ser

feita com novas observações.

O total de cooperados da NOSSACOOP foi dividido em dois grupos: “melhor cliente” -

clientes com atraso de pagamento até 90 (noventa dias), e “pior cliente” – clientes com atraso

de pagamento a partir de 91 (noventa e um dias).

TABELA 9 - Provisão para Devedores Duvidosos - PDD

Escala Classificatória de Risco do Banco Central do Brasil

Nível de Risco

Classificação de Risco

1- Atraso até 14 dias A Melhor cliente

2- Atraso de 15 a 30 dias B Melhor cliente 3- Atraso de 31 a 60 dias C Melhor cliente 4- Atraso de 61 a 90 dias D Melhor cliente 5- Atraso de 91 a 120 dias E Pior cliente 6- Atraso de 121 a 150 dias F Pior cliente 7- Atraso de 151 a 180 dias G Pior cliente 7- Atraso acima de 180 dias H Pior cliente Fonte: Adaptado de Santos (2003, p.70,71)

Page 74: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

73

Conforme a Tabela 9, este modelo tem como parâmetro o critério de classificação das

operações de crédito e regras para a constituição de provisão para créditos de liquidação

duvidosa estabelecido pelo Banco Central do Brasil, de acordo com a Resolução 2682, de

21/12/1999.

Com o método de análise discriminante se identificam as variáveis que se diferenciam

sensivelmente nos dois grupos. Com este resultado, é possível identificar as características

dos créditos inadimplentes e analisar os processos utilizados para concessão de crédito.

Neste trabalho se chegou à solução por etapas (stepwise), sendo:

• Formulação do Problema;

• Estimulação dos Coeficientes da Função Discriminante;

• Determinação da Significância da Função Discriminante;

• Interpretação dos Resultados e

• Avaliação da Validade da Análise Discriminante.

Por meio desta metodologia foi possível agrupar variáveis para se obter uma estimação

da matriz de variâncias e covariâncias, e aplicar a cada um destes grupos uma análise

discriminante. As funções resultantes da análise por etapas chamam-se funções canônicas

discriminantes.

Conforme Malhotra (2001, p.484),

a função canônica discriminante (...) mede o alcance da associação entre os escores discriminantes e os grupos. É uma medida de associação entre a função discriminante isolada e o conjunto de variáveis mudas ou “dummies” que definem a integração ao grupo.

Posteriormente, se realiza uma nova análise discriminante das funções canônicas

discriminantes para obter uma função discriminante global.

Page 75: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

74

Para selecionar as funções discriminantes nesta etapa foram usados os seguintes critérios:

• A estatística usada para computar cada função discriminante com a introdução e

eliminação das variáveis na função, foi Lambda de Wilks9, com valor de corte tal que

maximize o quociente da soma dos quadrados entre grupos e a soma de quadrados total.

• Estabeleceu-se um nível de confiança de 0,05. (O erro tipo I seria rejeitar uma hipótese

nula sendo esta verdadeira e o erro tipo II seria aceitar uma hipótese nula sendo esta falsa.

Estes erros se representam, respectivamente, com Alfa (α ) e Beta ( β ). Na pesquisa de

mercado o procedimento mais comum é fixar um nível de erro tipo I que o pesquisador

está disposto a aceitar, é dizer, as probabilidades de cometer o erro tipo I. O nível de erro

com o que se costuma trabalhar é de 0,05, portanto, 1- α é igual a 0,95 que também se

denomina nível de significação e a 1 – α chama-se nível de confiança).

• Teste a priori para comparação específica de diferenças de médias de grupos. Este teste

foi utilizado considerando as probabilidades iguais.

• Para acrescentar e retirar as variáveis considerou-se um nível de probabilidade de 0,01. O

range de valores situados entorno do parâmetro da amostra entre os quais se situa o

parâmetro populacional que se está estimando, com uma probabilidade 1-α (nível de

confiança), onde α é o erro aleatório que se quer cometer. O nível de confiança é a

probabilidade de que o parâmetro a estimar encontre-se no intervalo de confiança. Os

valores que se costuma usar para o nível de confiança são 95%, 99% e 99,9%.

• A análise inicia-se considerando todas as variáveis no processo, acrescenta-se e retiram-se

variáveis até que se maximiza o poder discriminante das variáveis selecionadas.

O software utilizado para a análise foi o SPSS – Statistical Package for the Social Sciences -

Versão 12.0.

9 Teste de significância multivariada. Lambda tem um valor entre 0 e 1, os valores grandes de lambda indicam que as médias não parecem ser diferentes, seu valor é um se todas as médias são iguais. Os valores pequenos indicam diferença nas médias dos grupos, em algumas ocasiões recebe o nome de estatística U.

Page 76: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

75

3.3 Análise dos Dados Obtidos

Para esta análise de crédito foram tomados os dados de 455 cooperados, considerando todas

as operações de créditos efetuadas pela NOSSACOOP entre Dezembro/2003 a Janeiro/2004.

O ponto de corte utilizado como parâmetro para seleção da amostra foram cooperados que

possuíam operações de créditos em aberto após 12 meses, ou seja, no ponto de corte com

base no mês de Dezembro/2004.

Este ponto de corte foi dividido em dois grupos, sendo: “melhor cliente” - clientes com atraso

de pagamento até 90 (noventa dias), e “pior cliente” – clientes com atraso de pagamento

superior a 90 (noventa dias).

Para aplicação do modelo foram utilizadas as análises cadastrais dos cooperados com base nas

variáveis independentes sócio-econômicas como: Idade, Tempo de Emprego, Cargo, Renda

Mensal Bruta, Valor Liberado na Concessão de Crédito, Patrimônio e como variável

considerada dependente foi: Inadimplência.

Conforme Santos (2003. p, 47),

Análise Cadastral refere-se à análise de dados de identificação dos clientes, tais como: escolaridade, estado civil, idade, idoneidade, moradia (se própria ou alugada e tempo de residência), número de dependentes, renda (principal e complementar), situação legal os documentos (RG e CPF), tempo no atual emprego ou atividade exercida. O levantamento e análise das informações básicas de crédito são requisitos fundamentais para a determinação do valor do crédito, prazo para amortização, taxa de juros e, se necessário, reforço ou vinculação de novas garantias. No processo de análise de crédito, a determinação do risco total deve considerar todas as informações relacionadas com a situação financeira do cliente, uma vez que a análise conjunta dos dados possibilitará a realização de tomadas de decisões precisas.

Page 77: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

76

3.4 Identificação da Cooperativa de Crédito objeto da pesquisa

Empresa

Cooperativa de Economia e Crédito dos Empregados das Instituições de Ensino Superior e

Pesquisas Científica e Tecnológica da Região Metropolitana de Belo Horizonte Ltda -

NOSSACOOP10

Histórico

O propósito para a criação de uma cooperativa de crédito entre os funcionários e professores

da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais sempre existiu O fato que incrementou

sua criação foi o momento em que os Bancos Comerciais tiveram suas tarifas liberadas pelo

Banco Central do Brasil, ficando cada vez mais caro operar com estes Bancos.

Com isso, um grupo de professores e funcionários da FACE-UFMG tomou a iniciativa de

ampliar essa discussão, levando-a a vários setores e unidades da UFMG – Universidade

Federal de Minas Gerais e do CEFET-MG – Centro Federal de Educacional Tecnológica de

Minas Gerais.

Este grupo formado de 30 (trinta) pessoas, em 14 de novembro de 1996, na FACE-UFMG,

entre professores, técnicos administrativos da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

e CEFET - Centro Federal de Educacional Tecnológica de Minas Gerais, reuniram-se,

subscreveram uma cota no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais) cada, tornando-se assim os

sócios fundadores da NOSSACOOP.

A partir da Assembléia Geral Ordinária de constituição realizada em 14/11/1996, foi então

criada a Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores da UFMG e dos

Servidores do CEFET Ltda. - NOSSACOOP. Autorizada pelo Banco Central do Brasil,

começou suas atividades em maio de 1997, funcionando no 2º andar da Faculdade de Ciências

Econômicas da UFMG. Em outubro de 1998 sua sede foi transferida para o “Campus” UFMG

- Pampulha.

10 Informações obtidas no site da empresa: www.nossacoop.com.br

Page 78: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

77

Em 14/11/1999, aumento da área de abrangência da NOSSACOOP, que em Assembléia Geral

Extraordinária, aprovou a associação dos empregados das Instituições de Ensino Superior da

Região Metropolitana de Belo Horizonte, alteração esta homologada pelo Banco Central do

Brasil, sua razão social para ser denominada “Cooperativa de Crédito Mútuo dos Empregados

das Instituições de Ensino Superior da Região Metropolitana de Belo Horizonte Ltda. –

NOSSACOOP”. Na ocasião a NOSSACOOP já contava com aproximadamente 1.340

cooperados.

Após Assembléia Geral Extraordinária em 21/12/2004 a NOSSACOOP passou a abranger

também os Institutos de Pesquisa e sua denominação passa a ser “Cooperativa de Economia e

Crédito dos Empregados das Instituições de Ensino Superior e Pesquisas Científica e

Tecnológica da Região Metropolitana de Belo Horizonte Ltda. – NOSSACOOP”.

Além da sede administrativa a NOSSACOOP, tem quatro Postos de Atendimento - PAC’s,

instalados próximos das áreas de trabalho de seus cooperados.

Sede Administrativa

• Sede - “Campus” UFMG – atividades iniciadas em 14/11/1996

Postos de Atendimento

• PAC-CEFET - atividades iniciadas em 24/11/2000

• PAC-NOVOS HORIZONTES - atividades iniciadas em 25/11/2002

• PAC - “Campus” SAÚDE - atividades iniciadas em 08/07/2003

• PAC – JOÃO PINHEIRO - atividades iniciadas em 01/06/2005; cabe ressaltar que

este PAC foi objeto de um processo de incorporação.

Page 79: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

78

Estrutura e Funcionamento da Cooperativa

• Assembléia Geral

É o órgão supremo da Cooperativa, toma toda e qualquer decisão da sociedade. As

deliberações nas assembléias são tomadas na base de “cada cooperado um voto” e não em

função de possuir uma maior ou menor quantidade de cotas de capital. Existem dois tipos de

Assembléia Geral:

Assembléia Geral Ordinária (AGO) - é realizada, obrigatoriamente, uma vez por ano, no

decorrer dos 03 (três) primeiros meses após o término do exercício social. Entre as suas

funções estão a prestação de contas do exercício anterior, a destinação das sobras líquidas ou

das perdas apuradas no exercício, eleição dos membros do Conselho de Administração,

Diretoria e Conselho Fiscal e outros assuntos previstos no Edital de Convocação.

Assembléia Geral Extraordinária (AGE) - é realizada sempre que necessário e poderá

deliberar sobre qualquer assunto de interesse social, desde que mencionado no Edital de

Convocação.

• Conselho de Administração

Órgão gestor da Cooperativa, composto por uma diretoria executiva e membros efetivos e

suplentes, todos os cooperados e eleitos pela Assembléia Geral. Compete ao Conselho de

Administração planejar e traçar as normas para as operações da cooperativa e controlar os

resultados, respeitando os limites da lei e atendendo às recomendações da Assembléia Geral.

• Diretoria Executiva

Executa as determinações do Conselho de Administração, com auxílio de assessorias

contratadas, da gerência e do quadro de colaboradores, em suas áreas específicas:

Comunicação Social; Assessoria Jurídica; Assessoria Contábil; Assessoria Econômica,

Financeira e de Informática.

Page 80: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

79

• Conselho Fiscal

É o órgão responsável por toda a fiscalização da Cooperativa, independente e subordinado

apenas à Assembléia Geral. Suas atribuições são definidas no Estatuto Social, conforme

determina a legislação.

• Gerentes, técnicos e colaboradores

Quadro técnico profissional contratado para assessorar, gerenciar, coordenar e executar as

tarefas e atividades que possibilitem a realização das políticas e das decisões da Assembléia

Geral, do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva.

Atuação da Cooperativa na Área de Marketing

Embora a NOSSACOOP não tenha uma área específica de Marketing, ela possui uma

estrutura funcional, com profissionais capacitados para atender a sua clientela.

Tem como objetivo proporcionar a mutualidade financeira adequada ao crédito, visando o

desenvolvimento econômico e social e a formação educacional de seus associados. Isto é feito

através dos produtos oferecidos e dos preços por ela praticados.

Por ser uma Cooperativa com uma boa gestão administrativa e financeira, a NOSSACOOP

trabalha com custos operacionais baixos e garante segurança a sua clientela. Ela pode cobrar

menos pelos empréstimos e pagar mais pelos investimentos, além de disponibilizar outros

serviços que facilitam a vida dos cooperados.

O atendimento personalizado é outro fator importante, que estabelece uma relação mais

próxima com o associado, fazendo com este cliente veja a Cooperativa como a extensão do

seu local de trabalho.

A Cooperativa busca também comemorar datas e eventos especiais, tanto com relação às

pessoas, quanto às organizações inseridas no seu universo de afinidades, promovendo a oferta

de produtos distintos e exclusivos para a comemoração de tais datas e eventos.

Page 81: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

80

Principais produtos e Serviços oferecidos pela Cooperativa

• Aplicações financeiras

Modalidades: DAP - Depósito de Aviso Prévio (rendimento mensal); PFP - Plano de

Formação de Patrimônio prazo de 30 (trinta) meses.

• Cartão bancário - crédito e débito - Bandeira VISA.

Crédito - para cooperados, funcionários e dirigentes. Pode ser utilizado para compras

(estabelecimentos que aceitam a Bandeira VISA) e saques Banco 24 horas e rede

compartilhada.

Débito - para correntistas. Pode ser utilizado para compras e saques no Banco 24 horas e na

rede compartilhada. Sem custo para o cooperado, não tem cobrança de tarifas e taxas de

saque. Substitui o cheque.

• Cheque especial

É um crédito pré-aprovado para os correntistas, com taxa abaixo das cobradas pelos bancos

comerciais e sem tarifas para abertura e manutenção da conta corrente.

• Conta corrente

Movimentação da conta corrente sem taxas para emissão de extratos e talão de cheques,

cobrança de IOF, manutenção e cadastro da conta.

• Débito automático

Para pagamento de títulos (água, luz telefone e outros).

Page 82: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

81

• Empréstimos

Com menores taxas e prazos variados, incluindo financiamentos para aquisição de

equipamentos de informática, de material escolar, de veículos, antecipação de imposto de

renda entre outros.

• Plano para complementação de renda mensal

Resgate parcial do capital social após 10 (dez) anos de filiação.

• Recebimento de contas

Recebimento de contas de água, luz, telefone e outras.

• Seguros

Seguro de Vida, automóveis e outros, com valores abaixo do mercado.

Mercados a que se destinam

Destina-se a atender aos empregados das instituições de ensino superior e pesquisas científica

e tecnológica da região metropolitana de Belo Horizonte. Hoje a NOSSACOOP conta com

5.300 cooperados, pessoas físicas vinculadas a 11 (onze) instituições, pessoas jurídicas,

também associadas.

Principais concorrentes e suas características

Como concorrentes diretos podem-se considerar o próprio Governo e a Economia do país.

Como concorrentes do setor, temos os Bancos Comerciais e as Instituições Financeiras

oferecendo os mesmos produtos como financiamentos, empréstimos, leasing e aplicações.

Page 83: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

82

Não podemos nos esquecer de que o macro ambiente também é um fator de concorrência para

a Cooperativa, pois ela deve estar atenta às tendências demográficas, econômicas,

tecnológicas, políticas/legais e socioculturais que afetam a linha de produtos da cooperativa.

Contudo a cooperativa tem uma vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes por

sua privilegiada relação com seus associados.

Vantagens em relação aos concorrentes

• Fornecimento de recursos financeiros a taxa abaixo do mercado e remuneração às

aplicações a taxa acima do mercado, tendo como convicção que estes produtos e

serviços, constituem uma das necessidades básicas da sociedade que nem sempre são

atendidas de forma mais adequada pelos sistemas financeiros existentes, com altos

custos dos serviços prestados e discriminação dos clientes com menor movimentação

financeira.

• Diversificação dos produtos e serviços, atendendo às demandas dos cooperados de

forma mais rápida e confiável.

• A Cooperativa não cobra taxas de seus correntistas para a manutenção de contas

bancárias.

• Atendimento personalizado.

• Transparência e clareza nas informações prestadas.

Filosofia de Marketing da Cooperativa

A Cooperativa é uma organização de pessoas unidas pela cooperação mútua, tendo o capital

como meio e não o fim. O seu objetivo é institucional, voltado para a satisfação dos seus

associados.

Posicionamento da Cooperativa no Mercado Cooperativista de Crédito Mútuo Urbano

A NOSSACOOP ocupa o 8º lugar num total de 138 (cento e trinta oito) cooperativas filiadas

a CECREMGE - Central das Cooperativas do Estado de Minas Gerais. (Dado de dezembro-

2004.).

Page 84: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

83

Pontos Fortes e Pontos Fracos da Cooperativa

• Pontos Fortes

A Cooperativa tem sua missão clara e bem divulgada e tem como objetivo principal se

solidificar como Cooperativa de Crédito, prestando serviços a sociedade de forma

participativa e igualitária, principalmente a seus associados.

Podemos dizer que a Cooperativa vem atuando e atendendo as necessidades dos seus

cooperados, mantendo um planejamento estratégico e estrutural, assegurando ao seu quadro

social, transparência e ética.

Apresenta forte identidade com sua área de afinidade, boa organização e capacidade gerencial

e investimentos constantes no quadro funcional.

A NOSSACOOP tem trabalhado para o crescimento do seu quadro de cooperados, garantindo

sempre melhores resultados para seus associados.

• Pontos fracos

Falta à Cooperativa desenvolver um programa de divulgação de seus produtos e serviços

dentro de sua área de abrangência, mostrando o diferencial competitivo que agrega estes

produtos com relação aos similares oferecidos por outros estabelecimentos comerciais.

Principais obstáculos/Problemas enfrentados pela Cooperativa

• Concorrência dos oponentes.

• Limitação dentro da área de atuação, o universo da Cooperativa é estabelecido no seu

Estatuto Social.

• A Cooperativa deve trabalhar sem comprometer a renda dos associados.

Page 85: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

84

Quando do levantamento das informações para o estudo de caso a cooperativa

empreendeu as seguintes ações para superar os pontos fracos e explorar os pontos fortes

• Implementação do serviço on-line (Internet Banking), que possibilitará aos cooperados

realizarem operações financeiras pela Internet, de modo rápido, eficaz e com mais

conforto.

• Migração do sistema operacional existente para o sistema SISBR (Sistema de

gerenciamento do Sicoob / BANCOOB) que promoverá a integração entre

cooperativas de crédito.

Ações empreendidas pela Cooperativa para se diferencias dos concorrentes

A NOSSACOOP tem trabalhado com as seguintes ações:

• fortalecimento de sua estrutura administrativa;

• monitoramento constante do sistema financeiro nacional e internacional;

• formação / capacitação de pessoas na doutrina cooperativista objetivando dar

continuidade à eficiência da administração da Cooperativa, bem como promover o

fortalecimento do cooperativismo nacional;

• formação de cooperados capazes de gerir eficientemente a Cooperativa;

• conscientização dos cooperados e de toda a comunidade do segmento que ela abrange,

da importância da Cooperativa como instrumento de fazer frente às intempéries

econômicas e financeiras;

• lançamento constante de produtos em sintonia com as necessidades dos seus

cooperados.

Propósito da Cooperativa

Entende-se que a Cooperativa para firmar mais sua imagem deve investir na promoção

institucional com o intuito de sensibilizar, atrair mais cooperados chamando a atenção para o

Page 86: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

85

seu nome e sua marca, tendo em vista que sua existência é justificada não pela função

econômica, mas principalmente pela função social.

A sensibilização para o nome e a marca da Cooperativa pode ser feita para os cooperados,

funcionários e comunidade em geral.

Cooperados

• Fixar canais de comunicação com mensagens que despertem orgulho no indivíduo em

fazer parte da Cooperativa.

• Esclarecer as vantagens que somente as cooperativas oferecem.

• Criar serviços de excelência no atendimento aos filiados.

Funcionários

• Criar programas que melhorem o relacionamento interpessoal, além de passar a

grandiosidade da filosofia do cooperativismo, bem como as perspectivas de progresso

profissional na empresa na qual eles trabalham.

Comunidade

• Implementar ações sociais para movimentos legítimos empreendidos pela

comunidade, cujas causas valem à pena ligar o nome da cooperativa.

Page 87: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

86

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

A partir do output do banco de dados utilizado através do software SPSS, foram enumeradas

técnicas de Tabela de Validação Cruzada e Freqüência, sendo discriminado as principais

constatações a seguir.

4.1 Análise Descritiva

A partir da determinação das variáveis independentes foi discriminada a freqüência que será

demonstrada para constatação das situações favoráveis à prática de concessão de crédito com

o intuito de mensurar e diminuir o risco de crédito.

A seguir serão analisadas as variáveis como idade, tempo de emprego, cargo, renda mensal

bruta, patrimônio e inadimplência.

variável idade

Considerando a classificação: adimplentes e inadimplentes, a faixa etária dos cooperados

observa-se, que a maioria 45,5% está com idade entre 45 e 65 anos, portanto possuem uma

situação de provável estabilidade, responsabilidade e maturidade (ver Tabela 10).

TABELA 10 -Freqüência para variável Idade

24 5,3

31 6,8

46 10,1

147 32,3

207 45,5

455 100,0

Acima de 65 anos

Entre 21 e 29 Anos

Entre 30 e 34 anos

Entre 35 e 44 anos

Entre 45 e 64 anos

Total

Quantidade %

Fonte: Dados da Pesquisa

Page 88: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

87

variável tempo de emprego

Considerando o tempo de emprego dos cooperados adimplentes e inadimplentes, observa-se

que está relacionada à sua estabilidade funcional a maioria dos cooperados está entre seis e

vinte anos 45,1% e acima de vinte anos com 43,7%.

Ressalta-se que a partir de seis anos de Tempo de Emprego encontram-se 88,80%. Esta

particularidade trata-se da característica da Empresa analisada, pois se refere a uma

Cooperativa de Crédito vinculada a Instituição de Ensino Superior Pública (NOSSACOOP),

assim sendo, o Turn Over é considerado muito baixo (ver Tabela 11).

TABELA 11 - Freqüência para variável Tempo de Emprego

Fonte: Dados da Pesquisa

variável cargo

Nesta variável está associado o nível de rendimento, portanto, entre os cooperados

adimplentes e inadimplentes. Pode-se considerar que a média geral da amostra concentra-se

entre o Diretor-Chefe de Departamento e Docentes 80,7% (ver Tabela 12).

25 5,5

26 5,7

205 45,1

199 43,7

455 100,0

Entre 1 a 3 anos

Entre 4 e 6 anos

Entre 7e 20 anos

Acima de 20 anos

Total

Quantidade %

Page 89: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

88

TABELA 12 - Freqüência para variável Cargo

85 18,7

3 0,6

367 80,7

455 100,0

Técnico Administrativo-Nível Médio

Técnico Administrativo-Nível Superior

Diretor-Chefe Dep.- Docente Total

Quantidade %

Fonte: Dados da Pesquisa

variável renda mensal bruta

Tomando-se por base os cooperados adimplentes e inadimplentes, esta variável é muito

importante porque nela está também associado o comprometimento da parcela de pagamento

do crédito concedido. Pode-se observar que os cooperados estão entre uma faixa de renda de

R$600 e R$2.000 reais, totalizando um percentual de 84,1% (ver Tabela 13).

TABELA 13 - Freqüência para variável Renda Mensal Bruta

1 9 4 4 2 ,6 1 8 9 4 1 ,5 4 9 1 0 ,8 1 4 3 ,1 9 2 ,0

4 5 5 1 0 0 ,0

E n tre R $ 6 0 0 e R $ 1 .0 0 0 E n tre R $ 1 .0 0 1 e R $ 2 .0 0 0 E n tre R $ 2 .0 0 1 e R $ 4 .0 0 0 E n tre R $ 4 .0 0 1 e R $ 6 .0 0 0 A c im a d e R $ 6 .0 0 0

T o ta l

Q u a n tid a d e %

Fonte: Dados da Pesquisa

variável patrimônio

Está variável está associada à variável Renda Mensal Bruta, porque está influenciando na

capacidade de pagamento do crédito. Portanto, entre os cooperados adimplentes e

inadimplentes, constata-se na Tabela 14, a maioria dos cooperados 68,4%, pode cumprir seus

compromissos por possuírem patrimônio próprio. Cabe ressaltar que no caso de inadimplência

Page 90: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

89

a Cooperativa de Crédito poderá solicitar ao Cooperado a vinculação do Patrimônio ao

Contrato como garantia na modalidade de uma Hipoteca.

TABELA 14 - Freqüência para variável Patrimônio

Fonte: Dados da Pesquisa

variável inadimplência Considerando o modelo aplicado na Cooperativa pode-se observar que dos 455 cooperados

que solicitaram crédito no período de Dezembro/2003 a Janeiro/2004, 91,2% foram

considerados melhores clientes.

A Tabela 15 demonstra que 8,80% das operações de créditos liberadas no período em análise

não apresentaram grau de segurança, e demonstram possíveis falhas no processo decisório de

concessão de crédito adotado pela Cooperativa de Crédito. Portanto, serão analisadas na

tentativa de identificação das falhas ocorridas, e se for o caso, será proposta estratégia com

base no modelo proposto neste trabalho para diminuir o risco de crédito nas próximas

liberações de créditos.

311 68,458 12,7

55 12,131 6,8

455 100,0

Própria Vive com os pais

Alugada Outros

Total

Quantidade %

Page 91: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

90

TABELA 15 - Freqüência para variável Inadimplência

Fonte: Dados da Pesquisa

4.2 Análise Multivariada

Como existem dois grupos, “melhores clientes” e “piores clientes”, estima-se, conforme

demonstrado na Tabela 16, uma função discriminante e o autovalor associado a esta função

discriminante é 1,646, e responde por 100% da variância. A correlação canônica associada a

esta função é 0,789. O quadrado desta correlação canônica [0,789) 2 = 0,62] indica que 62%

da variância na variável dependente inadimplência são explicadas pelas variáveis incluídas

neste modelo.

HAIR et al. (2005 p. 367), explicam que:

Correlações canônicas ao quadrado, o que fornece uma estimativa da quantidade de variância compartilhada entre as respectivas variáveis estatísticas canônicas otimamente ponderadas de variáveis dependentes e independentes. Também são conhecidas como autovalores.

TABELA 16 - Funções discriminantes canônica autovalores

Função Autovalor % de variância % acumulado Correlação

Canônica

1 1,646ª 100,0 100,0 , 789

Fonte: Dados da Pesquisa

415 91,2

40 8,8

455 100,0

Melhor Cliente

Pior Cliente

Total

Quantidade %

Page 92: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

91

De acordo com a Tabela 17, o Lambda Wilks associado à função é de 0,981 que se transforma

em um qui-quadrado e o p-valor de Lambda Wilks certificam a significância e o poder

discriminante, com que sua capacidade explicativa será boa (separa bem os grupos).

TABELA 17 - Funções discriminantes canônica Lambda de Wilks

Contraste das

funções

Lambda de

Wilks

qui-quadrado gl significância

1 0,981 8,506 5 , 0009

Fonte: Dados da Pesquisa

Conforme apresentado na Tabela 18, existe alta correlação combinada entre as variáveis

Renda e Cargo.

MALHOTRA (2001 p. 484), explica que: “a Matriz de correlação combinada dentro de

grupo é calculada tornando-se a média das matrizes de covariância separadas para todos os

grupos.”.

TABELA 18 - Matriz de Correlação combinada dentro de grupos

Idade T. Emprego Cargo Renda Patrimônio

Idade 1,000

Tempo de Emprego -, 043 1,000

Cargo , 217 -, 213 1,000

Renda , 189 -, 216 , 911 1,000

Patrimônio , 043 -, 048 , 024 , 013 1,000

Fonte: Dados da Pesquisa

Em análise na Tabela 19, tanto idade, tempo de emprego e cargo são estatisticamente iguais

nos dois grupos, melhor cliente e pior cliente de análise (p-valor maior que 0,05). Entretanto

Page 93: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

92

na outra variável renda, seguida de patrimônio, existe diferença significativa dos distintos

grupos.

MALHOTRA (2001 p. 484), explica que: “São calculados por ANOVA de um critério, com a

variável agrupadora servindo como variável independente categórica. Cada prognosticador,

por seu turno, serve como a variável dependente métrica na ANOVA.”

ANOVA é uma técnica estatística para estudar as diferenças entre médias de duas ou mais

populações (MALHOTRA, 2001, p.431)

TABELA 19 - Lambda de Wilks e Razão F Univariada com 1 a 453 graus de liberdade

Lambda de Wilks F gl1 gl1 Sig.

Idade 1,000 ,008 1 453 ,928

Tempo de Emprego ,997 1,543 1 453 ,215

Cargo 1,000 ,038 1 453 ,846

Renda ,999 ,525 1 453 ,000

Patrimônio ,996 1,688 1 453 0,002

Fonte: Dados da Pesquisa

De acordo com o coeficiente padronizado Tabela 20, pode-se sugerir que renda é a variável

independente de maior significância para o modelo.

HAIR et al. (2005 p. 367), explicam que:

A interpretação das variáveis estatísticas canônicas em uma função significante é baseada na premissa de que as variáveis em cada conjunto que contribuem fortemente para as variâncias compartilhadas para essas funções são consideradas relacionadas uma com as outras.

Page 94: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

93

TABELA 20 - Coeficientes Padronizados da Função Discriminante Canônica

Fonte: Dados da Pesquisa

De acordo com a Tabela 21, a função discriminante foi bem sucedida ao demonstrar o

percentual de 74,5% dos cooperados corretamente classificados. Isto indica que a função

discriminante é confiável.

TABELA 21 -Teste de consistência da Classificação para o modelo aplicado na Cooperativa

Resultado da classificação (a,b)

Grupo Prognosticado

INADIMPLÊNCIA Melhor Cliente

Pior Cliente Total

Original Frequência Melhor Cliente 257 78 335 Pior Cliente 15 14 29 % Melhor Cliente 76,72 23,28 100 Pior Cliente 51,72 48,28 100 Validação Frequência Melhor Cliente 63 17 80 Pior Cliente 7 4 11 % Melhor Cliente 78,75 21,25 100 Pior Cliente 63,64 36,36 100

a. 74,5% classificados corretamente dos casos agrupados original. b. 73,6% classificados corretamente dos casos agrupados válidos mediante

validação. Fonte: Dados da Pesquisa

,347

,493

,700

,886

,809

Idade

Tempo de Emprego

Cargo

Renda

Patrimônio

1

Função

Page 95: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

94

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para análise da avaliação do Risco de Crédito dos modelos utilizados pela Cooperativa de

Crédito utilizou-se a análise discriminante para separação dos grupos em melhor cliente e pior

cliente.

Mediante a pesquisa realizada, as variáveis mais relevantes para identificar, com antecipação,

os clientes que podem ter problemas de inadimplência foram a Renda Mensal Bruta e o Valor

Liberado na concessão de crédito. Este método da análise discriminante encontra variáveis

que possivelmente passariam despercebidas numa análise convencional de credit scoring.

Isto porque as variáveis independentes são introduzidas em seqüência e pode-se observar o

poder de associação com a variável dependente no modelo.

As funções discriminantes para os clientes no período de dezembro/2003 e janeiro/2004,

classificam os clientes entre “melhor cliente” e “pior cliente” em 74,5% dos casos. Isto mostra

que as funções identificadas têm uma boa capacidade de predição do estado dos clientes e a

probabilidade de que um cooperado seja classificado corretamente é consistente.

Assim sendo, de acordo com o teste de consistência de classificação para os modelos

aplicados na Cooperativa, pode-se afirmar que em relação ao grau de segurança da

metodologia utilizada através da análise discriminante e a aplicação do Modelo de Credit

Score, que há maior concentração de risco de inadimplência de crédito em virtude de menor

renda bruta mensal do cooperado.

De acordo com as respostas das análises estatísticas, constata-se que a maior concentração do

risco de inadimplência está na concessão de crédito a cooperados com menor renda bruta

mensal, aliada ao montante de crédito concedido dentro de sua capacidade de pagamento.

Identifica-se também através da aplicação do Modelo Credit Bureau e utilização do banco de

dados da SERASA, que estes cooperados já mantêm um risco de crédito em outras

instituições financeiras com restrição cadastral.

Page 96: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

95

Constatou-se, ainda, que de acordo com a análise descritiva do banco de dados que estas

operações têm concessão de crédito de valor em média de R$2.403,70, o que, para solicitar

uma garantia real nestas condições, ficaria extremamente oneroso.

Propõe-se que a Cooperativa de Crédito utilize alguma estratégia para diminuir o risco de

inadimplência na concessão de crédito, uma vez que o aumento da inadimplência impacta

diretamente do resultado econômico-financeiro da Cooperativa de Crédito, tamanha é a

importância desta análise.

Para diminuir o risco de inadimplência na concessão de crédito sugere-se que a Cooperativa

de Crédito adote as seguintes estratégias para concessão de crédito, dentro desse caso da

NOSSACOOP:

• Aplicação do Modelo de Credit Bureau (Agência de Crédito) que tem como finalidade

mostrar características do cliente bom pagador de suas obrigações. A utilização deste

modelo proporcionará a redução ainda mais da inadimplência uma vez que será possível

analisar o risco de crédito no mercado destes cooperados, evitando assim, o excesso de

crédito e comprometimento da capacidade de pagamento. Cabe ressaltar que o Modelo de

Credit Bureau, proporciona uma funcionalidade em que demonstra o controle de

passagens, ou seja, discrimina em quais instituições financeiras o cooperado manteve

contato no sentido de obter concessão de crédito, o que facilitará, sobremaneira, a análise

do crédito;

• Utilização de Garantia Pessoal ou Fidejussória (Aval, Fiança, etc.) na qual numa possível

falta de pagamento das parcelas do contrato, a Cooperativa tem outro mecanismo de

recuperação do crédito. Isto porque, mediante a aplicação dos Modelos de Credit Scoring

e Credit Bureau, os mesmos demonstraram as características dos cooperados

inadimplentes, que são cooperados que necessitam de complementação salarial através de

concessão de crédito e precisam manter seus dados cadastros sem restrições.

O estudo foi relevante, pois através dele pôde-se identificar quais os parâmetros de concessão

de crédito deverão ser traçados por meio de uma nova política de crédito, de tal forma que se

possa evitar perda de resultado econômico e financeiro para a cooperativa, melhorar a

qualidade dos créditos concedidos aos associados e garantir o retorno dos recursos liberados.

Page 97: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

96

Ressalta-se, como proposta para estudos futuros, que se deve considerar um grupamento com

mais de duas categorias, ou seja, que se tenha não somente “melhor cliente” e “pior cliente”,

como por exemplo, a utilização do critério de risco de crédito em períodos menores que 90

dias como o utilizado neste trabalho. Com isso, poder-se-ia obter maior precisão nas

estimações do modelo e em sua porcentagem de classificação.

Nesta pesquisa, foram discutidas as ferramentas de análise de crédito para gestão do risco de

inadimplência. Sugere-se que a Cooperativa de Crédito utilize os processos de análise de risco

de crédito aplicados aos modelos apresentados, para diminuir a inadimplência das operações

de crédito.

Portanto, as estratégias apresentadas para gestão do crédito foram sugeridas para clarear os

procedimentos e concretizar os conceitos e modelos discutidos sobre o perfil dos cooperados

no momento da solicitação de crédito. Por meio da pesquisa realizada, foi possível atingir os

objetivos propostos no sentido em que identificou processos efetuados pela Cooperativa de

Crédito, apontou as características de risco de crédito e apresentou estratégias para eliminar

possíveis falhas na concessão de crédito.

Page 98: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

97

REFERÊNCIAS

ALVES, Sérgio Darcy da Silva; SOARES, Marden Marques. Democratização do Crédito no Brasil: Atuação do Banco Central. Brasília-DF, BACEN, 2004. BANCOOB - Banco Cooperativo do Brasil S/A. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em junho/2005 BLATT, Adriano. Avaliação de Risco e Decisão de Crédito – Um Enfoque Prático/Adriano Blatt. São Paulo: Ed. Nobel,1999. BRASIL. BANCO CENTRAL. Brasília. Resolução 2682, de 21.12.1999. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em junho/2005 BRASIL. BANCO CENTRAL. Brasília. Resolução 3106, de 25.06.03. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em junho/2005 BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Brasília. Decreto 4961, de 20.01.2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/legislação>. Acesso em fevereiro/2006 BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Brasília. Lei 5764, de 31.12.1971. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/legislação>. Acesso em junho/2005 CAOUETTE, John B. et. Al., Gestão do Risco de Crédito: O Próximo Grande Desafio Financeiro. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark,1999. CECREMGE – Central das Cooperativas de Economia e Crédito de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.cecremge.org.br>. Acesso em junho/2006. COVAS, S. Credit Bureau é importante para ampliar crédito. [on line] Disponível em: <http://www.serasa.com.br/serasalegal/35-set-2004_m1.htm>. Acesso em 09/09/2005. CRESOL – Cooperativa Central de Crédito Rural dom Interação Solidária. Disponível em: <http://www.cresol.com.br>. Acesso em outubro/2005.

Page 99: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

98

DUARTE Jr., Antônio M.; VARGA, Gyorgy (organizadores). Gestão de Riscos no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Financial Consultoria, 2003. ECOSOL – Economia Popular Solidária. Disponível em: <http://www.ecosol.com.br>. Acesso em outubro/2005. FEBRABAN – Federação Brasileira dos Bancos. Disponível em: <http://www.febraban.com.br>. Acesso em junho/2006. FERNANDES, Antônio Alberto Grossi. O Brasil e o sistema financeiro nacional. Rio de Janeiro: Ed. Qualitymark, 2002. FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: Produtos e Serviços. 13 Ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. FREIRE FILHO, Antônio Augusto; BRANDI, Vinicius Ratton; SCHETCHMAN, Ricardo; SILVA, Fabiano de Oliveira. Aferindo o Poder Discriminatório dos Modelos de Classificação de Risco de Crédito. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em junho/2006 GAWLAK, Albino; RARZKE, Fabianne Allage Y. Cooperativismo: filosofia de vida para um mundo melhor. 3ª Edição. Curitiba: SESCOOP/MG. 2001. HAIR, Joseph F. Jr; ANDERSON, Rolph E.; TATHAM, Ronald L.; BLACK, William C. Análise Multivariada de Dados. Traduzido por Adonai Schlup Sant’Anna e Anselmo Chaves Neto. - 5ª Edição. Porto Alegre, Editora Bookman, 2005. JORION, Philipe. Value at Risck: A nova fonte de referência para a gestão do risco financeiro. São Paulo, Bolsa de Mercadorias & Futuros, 2003. KNIGHT, Frank H.. Risco, Incerteza e Lucro. Rio de Janeiro: Editora Expressão e Cultura, 1972. MACEDO, Dimitri Avelar. Modelos para Estimativa de Risco de Crédito. Artigo publicado na Revista de Economia da UNA, v.9 – n. 1, (jan./mar.2004) – Belo Horizonte: Faculdade de Ciências Gerenciais da Una, 2004. MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 3ª Edição. Porto Alegre: Editora Bookman, 2001.

Page 100: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

99

MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais – um guia prático para acompanhamento da disciplina e elaboração de trabalhos monográficos. São Paulo: Editora Atlas, 2005. NOSSACOOP - Cooperativa de Economia e Crédito dos Empregados das Instituições de Ensino Superior e Pesquisas Científica e Tecnológica da Região Metropolitana de Belo Horizonte Ltda. Disponível em: <http://www.nossacoop.com.br>. Acesso em junho/2006 ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS. Manual de Orientação para a Constituição e Registro de Cooperativas. 8ª. Edição. Brasília: Sescoop, 2003. OCB - Organização das Cooperativas do Brasil. Disponível em: <http://www.ocb.org.br>. Acesso em junho/2006 OCEMG - Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.ocemg.org.br>. Acesso em junho/2006 PINHO, Diva Benevides, PALHARES, Valdecir Manuel Affonso. O Cooperativismo de Crédito no Brasil: do século XX ao século XXI. Edição Comemorativa. São Paulo: ESETec Editores Associados, 2004. SANTOS, José Odálio dos. Análise de Crédito – Empresas e Pessoas Físicas. 2ª edição. São Paulo. Ed. Atlas: 2003. SCHARDONG, Ademar. Cooperativa de Crédito: instrumento de organização econômica da sociedade. 1ª. Ed. Porto Alegre: Rigel, 2002. SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Análise de Crédito: Concessão e Gerência de Empréstimos. 5ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2000. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br>. Acesso em julho/2005. SECURATO, José Roberto (coordenador). - Crédito – Análise e avaliação do Risco – Pessoas Físicas e Jurídicas – São Paulo: Editora Saint Paul, 2002. ________. Decisões Financeiras em condições de Risco. 1. Ed. São Paulo: Atlas, 1996.

Page 101: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

100

SICOOB CENTRAL CREDIMINAS – Cooperativa Central de Crédito de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.crediminas.com.br>. Acesso em junho/2006. SICREDI – Sistema de Crédito Cooperativo. Disponível em: <http://www.sicredi.com.br>. Acesso em junho/2006. SILVA, José Pereira da. Gestão e Análise de Risco de Crédito. 4ª edição. São Paulo: Atlas, 2003. THENÓRIO FILHO, Luiz Dias. Pelos Caminhos do Cooperativismo – com destino ao crédito mútuo. 2ª Edição. São Paulo: Central das Cooperativas de Crédito do Estado de São Paulo, 2002. UNICRED - Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos profissionais de nível superior da área da saúde, das empresas e instituições do setor. Disponível em: <http://www.unicred.com.br>. Acesso em junho/2006. VALADARES, José Horta. Estrutura e Estratégia Institucional: Formação de Campo Organizacional e Isomorfismo no Cooperativismo de Crédito Rural de Minas Gerais. Tese (Doutorado em Desenvolvimento e Agricultura) – Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.

Page 102: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

101

ANEXOS

ANEXO 1 - RESOLUÇÃO 2.682 - Critérios Classificação de Operação de Crédito RESOLUÇÃO 2.682 DE 21/12/1999 --------------- Dispõe sobre critérios de classi- ficação das operações de crédito e regras para constituição de provi- são para créditos de liquidação duvidosa. O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9. da Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o CONSELHO MONETARIO NACIONAL, em sessão realizada em 21 de dezembro de 1999, com base no art. 4., incisos XI e XII, da citada Lei, R E S O L V E U: Art. 1. Determinar que as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil de- vem classificar as operações de crédito, em ordem crescente de risco, nos seguintes níveis: I - nível AA; II - nível A; III - nível B; IV - nível C; V - nível D; VI - nível E; VII - nível F; VIII - nível G; IX - nível H. Art. 2. A classificação da operação no nível de risco cor- respondente e de responsabilidade da instituição detentora do crédito e deve ser efetuada com base em critérios consistentes e verificá- veis, amparada por informações internas e externas, contemplando, pelo menos, os seguintes aspectos: I - em relação ao devedor e seus garantidores: a) situação econômico-financeira; b) grau de endividamento; c) capacidade de geração de resultados; d) fluxo de caixa; e) administração e qualidade de controles;

Page 103: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

102

f) pontualidade e atrasos nos pagamentos; g) contingências; h) setor de atividade econômica; i) limite de crédito; II - em relação à operação: a) natureza e finalidade da transação; b) características das garantias, particularmente quanto a suficiência e liquidez; c) valor. Parágrafo único. A classificação das operações de crédito de titularidade de pessoas fisicas deve levar em conta, também, as situ- ações de renda e de patrimônio bem como outras informações cadastrais do devedor. Art. 3. A classificação das operações de crédito de um mesmo cliente ou grupo econômico deve ser definida considerando aquela que apresentar maior risco, admitindo-se excepcionalmente classificação diversa para determinada operação, observado o disposto no art. 2., inciso II. Art. 4. A classificação da operação nos níveis de risco de que trata o art. 1. deve ser revista, no mínimo: I - mensalmente, por ocasião dos balancetes e balanços, em função de atraso verificado no pagamento de parcela de principal ou de encargos, devendo ser observado o que segue: a) atraso entre 15 e 30 dias: risco nível B, no mínimo; b) atraso entre 31 e 60 dias: risco nível C, no mínimo; c) atraso entre 61 e 90 dias: risco nível D, no mínimo; d) atraso entre 91 e 120 dias: risco nível E, no mínimo; e) atraso entre 121 e 150 dias: risco nível F, no mínimo; f) atraso entre 151 e 180 dias: risco nível G, no mínimo; g) atraso superior a 180 dias: risco nível H; II - com base nos critérios estabelecidos nos arts. 2. e 3.: a) a cada seis meses, para operações de um mesmo cliente ou grupo econômico cujo montante seja superior a 5% (cinco por cento) do patrimônio líquido ajustado; b) uma vez a cada doze meses, em todas as situações, exceto na hipótese prevista no art. 5.. Parágrafo 1. As operações de adiantamento sobre contratos de cambio, as de financiamento a importação e aquelas com prazos inferi- ores a um mes, que apresentem atrasos superiores a trinta dias, bem como o adiantamento a depositante a partir de trinta dias de sua

Page 104: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

103

ocorrência, devem ser classificados, no mínimo, como de risco nível G. Parágrafo 2. Para as operações com prazo a decorrer superior a 36 meses admite-se a contagem em dobro dos prazos previstos no in- ciso I. Parágrafo 3. O não atendimento ao disposto neste artigo im- plica a reclassificação das operações do devedor para o risco nível H, independentemente de outras medidas de natureza administrativa. Art. 5. As operações de crédito contratadas com cliente cuja responsabilidade total seja de valor inferior a R$ 50.000,00 (cin- quenta mil reais) podem ter sua classificação revista de forma auto- mática unicamente em função dos atrasos consignados no art. 4., inci- so I, desta Resolução, observado que deve ser mantida a classificação original quando a revisão corresponder a nível de menor risco. Parágrafo 1. O Banco Central do Brasil poderá alterar o va- lor de que trata este artigo. Parágrafo 2. O disposto neste artigo aplica-se as operações contratadas ate 29 de fevereiro de 2000, observados o valor referido no caput e a classificação, no mínimo, como de risco nível A. Art. 6. A provisão para fazer face aos créditos de liquida- ção duvidosa deve ser constituída mensalmente, não podendo ser infe- rior ao somatório decorrente da aplicação dos percentuais a seguir mencionados, sem prejuízo da responsabilidade dos administradores das instituições pela constituição de provisão em montantes suficientes para fazer face a perdas prováveis na realização dos créditos: I - 0,5% (meio por cento) sobre o valor das operações clas- sificadas como de risco nível A; II - 1% (um por cento) sobre o valor das operações classifi- cadas como de risco nível B; III - 3% (três por cento) sobre o valor das operações clas- sificadas como de risco nível C; IV - 10% (dez por cento) sobre o valor das operações classi- ficados como de risco nível D; V - 30% (trinta por cento) sobre o valor das operações clas- sificados como de risco nível E; VI - 50% (cinquenta por cento) sobre o valor das operações classificados como de risco nível F; VII - 70% (setenta por cento) sobre o valor das operações classificados como de risco nível G; VIII - 100% (cem por cento) sobre o valor das operações classificadas como de risco nível H. Art. 7. A operação classificada como de risco nível H deve ser transferida para conta de compensação, com o correspondente débi- to em provisão, apos decorridos seis meses da sua classificação nesse nível de risco, não sendo admitido o registro em período inferior.

Page 105: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

104

Parágrafo único. A operação classificada na forma do dispos- to no caput deste artigo deve permanecer registrada em conta de com- pensação pelo prazo mínimo de cinco anos e enquanto não esgotados to- dos os procedimentos para cobrança. Art. 8. A operação objeto de renegociação deve ser mantida, no mínimo, no mesmo nível de risco em que estiver classificada, ob- servado que aquela registrada como prejuízo deve ser classificada como de risco nível H. Parágrafo 1. Admite-se a reclassificação para categoria de menor risco quando houver amortização significativa da operação ou quando fatos novos relevantes justificarem a mudança do nível de ris- co. Parágrafo 2. O ganho eventualmente auferido por ocasião da renegociação deve ser apropriado ao resultado quando do seu efetivo recebimento. Parágrafo 3. Considera-se renegociação a composição de dívi- da, a prorrogação, a novação, a concessão de nova operação para li- quidação parcial ou integral de operação anterior ou qualquer outro tipo de acordo que implique na alteração nos prazos de vencimento ou nas condições de pagamento originalmente pactuadas. Art. 9. E vedado o reconhecimento no resultado do período de receitas e encargos de qualquer natureza relativos a operações de crédito que apresentem atraso igual ou superior a sessenta dias, no pagamento de parcela de principal ou encargos. Art. 10. As instituições devem manter adequadamente documen- tadas sua política e procedimentos para concessão e classificação de operações de crédito, os quais devem ficar a disposição do Banco Cen- tral do Brasil e do auditor independente. Parágrafo único. A documentação de que trata o caput deste artigo deve evidenciar, pelo menos, o tipo e os níveis de risco que se dispõe a administrar, os requerimentos mínimos exigidos para a concessão de empréstimos e o processo de autorização. Art. 11. Devem ser divulgadas em nota explicativa as demons- trações financeiras informações detalhadas sobre a composição da car- teira de operações de crédito, observado, no mínimo: I - distribuição das operações, segregadas por tipo de cli- ente e atividade econômica; II - distribuição por faixa de vencimento; III - montantes de operações renegociadas, lançados contra prejuízo e de operações recuperadas, no exercício. Art. 12. O auditor independente deve elaborar relatório cir- cunstanciado de revisão dos critérios adotados pela instituição quan- to a classificação nos níveis de risco e de avaliação do provisiona- mento registrado nas demonstrações financeiras. Art. 13. O Banco Central do Brasil poderá baixar normas com- plementares necessárias ao cumprimento do disposto nesta Resolução, bem como determinar: I - reclassificação de operações com base nos critérios es-

Page 106: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

105

tabelecidos nesta Resolução, nos níveis de risco de que trata o art. 1.; II - provisionamento adicional, em função da responsabili- dade do devedor junto ao Sistema Financeiro Nacional; III - providencias saneadoras a serem adotadas pelas insti- tuições, com vistas a assegurar a sua liquidez e adequada estrutura patrimonial, inclusive na forma de alocação de capital para operações de classificação considerada inadequada; IV - alteração dos critérios de classificação de créditos, de contabilização e de constituição de provisão; V - teor das informações e notas explicativas constantes das demonstrações financeiras; VI - procedimentos e controles a serem adotados pelas ins- tituições. Art. 14. O disposto nesta Resolução se aplica também as ope- rações de arrendamento mercantil e a outras operações com caracterís- ticas de concessão de crédito. Art. 15. As disposições desta Resolução não contemplam os aspectos fiscais, sendo de inteira responsabilidade da instituição a observância das normas pertinentes. Art. 16. Esta Resolução entra em vigor na data da sua pu- blicação, produzindo efeitos a partir de 1. de marco de 2000, quando ficarão revogadas as Resoluções n.s 1.748, de 30 de agosto de 1990, e 1.999, de 30 de junho de 1993, os arts. 3. e 5. da Circular n. 1.872, de 27 de dezembro de 1990, a alínea "b" do inciso II do art. 4. da Circular n. 2.782, de 12 de novembro de 1997, e o Comunicado n. 2.559, de 17 de outubro de 1991. Brasília, 21 de dezembro de 1999 Armínio Fraga Neto Presidente

Page 107: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

106

ANEXO 2 - RESOLUÇÃO 3.106 - Procedimentos para constituição, autorização e funcionamento de Cooperativas de Créditos

RESOLUÇÃO 3.106 DE 25/06/2003 ---------------

Dispõe sobre os requisitos e procedimentos para a constituição, a autorização para funcionamento e alterações estatutárias, bem como para o cancelamento da autorização para funcionamento de cooperativas de

crédito.

O BANCO CENTRAL DO BRASIL, na forma do art. 9º da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, torna público que o CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL, em sessão realizada em 24 de junho de 2003, tendo em vista o disposto nos arts. 4º, incisos VI e VIII, e 55 da referida

lei e 103 da Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971,

R E S O L V E U:

Art. 1º Aprovar o regulamento anexo, que disciplina a constituição e o funcionamento de cooperativas de crédito.

Art. 2º Não serão concedidas autorizações para o

funcionamento de seções de crédito de cooperativas mistas.

Art. 3º Os pedidos de autorização de que trata o regulamento anexo serão objeto de estudos pelo Banco Central do

Brasil com vistas a sua aceitação ou recusa.

Art. 4º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a baixar as normas e a adotar as medidas julgadas necessárias à execução do

disposto nesta resolução.

Art. 5º Aplicam-se aos processos protocolizados no Banco Central do Brasil anteriormente à data de publicação desta resolução as disposições das Resoluções 2.771, de 30 de agosto de 2000, e

3.058, de 20 de dezembro de 2002.

Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 7º Ficam revogadas as Resoluções 2.771, de 30 de

agosto de 2000, e 3.058, de 20 de dezembro de 2002.

Brasília, 25 de junho de 2003.

Henrique de Campos Meirelles Presidente

Regulamento anexo à Resolução 3.106, de 25 de junho de 2003, que disciplina a constituição, a autorização para funcionamento e alterações estatutárias, bem como o cancelamento da

autorização para funcionamento de cooperativas de crédito.

Page 108: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

107

Capítulo I

DA CONSTITUIÇÃO E DA AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAMENTO

Art. 1º As cooperativas de crédito devem observar, para sua constituição, a legislação em vigor, as normas deste regulamento

e demais disposições regulamentares vigentes.

Art. 2º Previamente à constituição de cooperativa de crédito singular, os interessados devem apresentar ao Banco Central

do Brasil projeto abordando os seguintes pontos:

I - identificação do grupo de associados fundadores e, quando for o caso, das entidades fornecedoras de apoio técnico ou financeiro, com abordagem das motivações e propósitos que levaram à

decisão de constituir a cooperativa;

II - condições estatutárias de associação e área de atuação pretendida;

III - cooperativa central de crédito a que será filiada, ou, na hipótese de não filiação, os motivos que determinaram essa decisão, evidenciando, nesse caso, como a cooperativa pretende suprir

os serviços prestados pelas centrais;

IV - estrutura organizacional prevista;

V - descrição do sistema de controles internos, com vistas à adequada supervisão de atividades por parte da administração;

VI - estimativa do número de pessoas que preenchem as condições de associação e do crescimento do quadro nos três anos seguintes de funcionamento, indicando as formas de divulgação visando

atrair novos associados;

VII - descrição dos serviços a serem prestados, da política de crédito e das tecnologias e sistemas empregados no atendimento aos

associados;

VIII - medidas visando a efetiva participação dos associados nas assembléias;

IX - formas de divulgação aos associados das deliberações adotadas nas assembléias, demonstrativos financeiros, pareceres de

auditoria e atos da administração;

X - definição de prazo máximo para início de atividades após a eventual concessão da autorização para funcionamento.

Art. 3º Previamente à constituição de cooperativa central de crédito, os interessados devem apresentar ao Banco Central do Brasil projeto abordando, em função dos objetivos da cooperativa, os

seguintes pontos:

I - identificação das cooperativas singulares associadas, com indicação de nome, número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), município sede, tipos de serviços prestados, municípios integrantes da área de atuação, número de associados e sua

variação nos últimos três anos;

Page 109: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

108

II - identificação, quando for o caso, das entidades fornecedoras de suporte técnico ou financeiro para constituição da

central;

III - previsão de participação societária da central em instituições financeiras ou de outra natureza;

IV - condições estatutárias de associação, área de atuação pretendida e eventual previsão de ampliação, com estimativa do número de cooperativas de crédito singulares não filiadas a centrais ali

existentes, que preencham referidas condições;

V - política de promoção da constituição de novas cooperativas de crédito e identificação dessas oportunidades na área de atuação pleiteada; política de promoção de novas filiações, requisitos para filiação de cooperativas existentes e estimativas do

crescimento do quadro de filiadas nos próximos três anos;

VI - estrutura organizacional e responsabilidades atribuídas aos componentes administrativos e delineamento do sistema

de controles internos a ser implementado;

VII - requisitos a serem adotados para exercício de cargos de administração e de cargos integrantes dos quadros técnicos encarregados das funções de supervisão e de auditoria em filiadas;

VIII - dimensionamento e evolução nos próximos três anos, das áreas responsáveis pelo cumprimento das atribuições estabelecidas no Capítulo IV, destacando a eventual contratação de serviços de outras centrais, de auditores independentes e de outras entidades, com vistas a suprir ou complementar os quadros próprios e à obtenção de apoio técnico para a formação das equipes de supervisores,

auditores e instrutores;

IX - medidas a serem adotadas para tornar efetiva a implementação dos sistemas de controles internos das singulares filiadas, desenvolvimento ou adoção de manual padronizado de controles internos e realização das auditorias internas requeridas pela regulamentação, abordando a possível contratação de serviços de

outras entidades visando esses fins;

X - serviços financeiros a serem prestados; política de captação e de crédito; administração centralizada de recursos, fluxos operacionais, obrigações, limites e responsabilidades a serem observados; deveres e obrigações da central e das filiadas no tocante à solidariedade financeira, recomposição de liquidez, operações de

saneamento e constituição de fundo garantidor;

XI - serviços visando proporcionar às filiadas acesso ao sistema de compensação de cheques e de transferência de recursos entre instituições financeiras, respectivo controle de riscos, fluxos

operacionais e relacionamento com bancos conveniados;

XII - planejamento das atividades de capacitação de administradores, gerentes e associados de cooperativas filiadas para os próximos três anos, destacando as entidades especializadas em

treinamento a serem eventualmente contratadas;

XIII - descrição de outros serviços relevantes para o funcionamento das cooperativas filiadas, especialmente consultoria jurídica, desenvolvimento e padronização de sistemas de informática,

Page 110: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

109

sistemas administrativos e de atendimento a associados;

XIV - estudo econômico-financeiro referente aos três anos seguintes, demonstrando as economias de escala a serem obtidas pelas singulares associadas, sua capacidade para arcar com os custos operacionais, orçamento de receitas e despesas e formas de rateio às

singulares.

Parágrafo único. A constituição de cooperativa central subordina-se ao cumprimento, por parte das cooperativas singulares fundadoras, dos limites operacionais estabelecidos pela regulamentação em vigor e de suas obrigações perante o Banco Central do Brasil, bem como à regularidade dos dados registrados em qualquer

sistema público ou privado de cadastro de informações.

Art. 4º O Banco Central do Brasil, no curso do exame dos projetos de que tratam os arts. 2º e 3º, pode solicitar a

apresentação de:

I - estudo de viabilidade abrangendo os três primeiros anos de atividade da instituição, abordando:

a) análise econômico-financeira da área de atuação e do

segmento social definido pelas condições de associação;

b) demanda de serviços financeiros apresentada pelo referido segmento social e atendimento por instituições concorrentes;

c) projeção da estrutura patrimonial e de resultados;

II - documentos destinados à comprovação das possibilidades de reunião, controle, realização de operações e prestação de serviços, com vistas à aprovação da área de admissão de associados, bem como de manifestação da respectiva cooperativa central, quando

for o caso.

Art. 5º Uma vez obtida a manifestação favorável do Banco Central do Brasil em relação ao projeto de constituição da cooperativa de crédito, os interessados devem formalizar o pedido de autorização para funcionamento no prazo máximo de noventa dias, contado do recebimento da respectiva comunicação, cuja inobservância

ensejará o arquivamento do processo.

§ 1º O pedido de autorização deve ser instruído de acordo com as determinações específicas do Banco Central do Brasil.

§ 2º O Banco Central do Brasil pode conceder, mediante solicitação justificada, prazo adicional de até noventa dias, findo o qual, não adotadas as providências pertinentes, o respectivo processo

será automaticamente arquivado.

§ 3º A autorização para funcionamento de cooperativa de crédito está vinculada à aprovação, pelo Banco Central do Brasil, dos

atos formais de constituição, observada a regulamentação vigente.

§ 4º O início das atividades da cooperativa de crédito deverá observar o prazo previsto no respectivo projeto, podendo o Banco Central do Brasil conceder, em caráter de excepcionalidade, prorrogação do prazo, mediante requisição fundamentada, firmada pelos

administradores da cooperativa.

Page 111: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

110

Capítulo II

DAS CONDIÇÕES ESTATUTÁRIAS DE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS

Art. 6º As cooperativas de crédito singulares devem estabelecer no respectivo estatuto condições de admissão de

associados segundo um dos seguintes critérios:

I - empregados, servidores e pessoas físicas prestadoras de serviço em caráter não eventual, de uma ou mais pessoas jurídicas, públicas ou privadas, definidas no estatuto, cujas atividades sejam afins, complementares ou correlatas, ou pertencentes a um mesmo

conglomerado econômico;

II - profissionais e trabalhadores dedicados a uma ou mais profissões e atividades, definidas no estatuto, cujos objetos sejam

afins, complementares ou correlatos;

III - pessoas que desenvolvam, na área de atuação da cooperativa, de forma efetiva e predominante, atividades agrícolas, pecuárias ou extrativas, ou se dediquem a operações de captura e

transformação do pescado;

IV - pequenos empresários, microempresários ou microempreendedores, responsáveis por negócios de natureza industrial, comercial ou de prestação de serviços, incluídas as atividades da área rural objeto do inciso III, cuja receita bruta anual, por ocasião da associação, seja igual ou inferior ao limite estabelecido pelo art 2º da Lei 9.841, de 5 de outubro de 1999, para

as empresas de pequeno porte;

V - livre admissão de associados.

Art. 7º A cooperativa de crédito singular pode fazer constar de seus estatutos previsão de associação de:

I - seus próprios empregados e pessoas físicas que a ela prestem serviços em caráter não eventual, equiparados aos primeiros

para os correspondentes efeitos legais;

II - empregados e pessoas físicas prestadoras de serviços em caráter não eventual às entidades a ela associadas e àquelas de

cujo capital participe direta ou indiretamente;

III - aposentados que, quando em atividade, atendiam aos critérios estatutários de associação;

IV - pais, cônjuge ou companheiro, viúvo, filho e

dependente legal e pensionista de associado vivo ou falecido;

V - pensionistas de falecidos que preenchiam as condições estatutárias de associação;

VI - pessoas jurídicas, observadas as disposições da

legislação em vigor.

Art. 8º O Banco Central do Brasil pode aprovar, a seu critério, pedidos de fusão, de incorporação e de continuidade de funcionamento de cooperativas de crédito, cujas condições de admissão de associados na nova cooperativa preservem os públicos-alvo

Page 112: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

111

anteriormente atendidos pelas cooperativas envolvidas.

Capítulo III

DAS CONDIÇÕES ESPECIAIS RELATIVAS ÀS COOPERATIVAS DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS E ÀS DE PEQUENOS EMPRESÁRIOS, MICROEMPRESÁRIOS E

MICROEMPREENDEDORES

Art. 9º O Banco Central do Brasil somente examinará pedidos de autorização para funcionamento de novas cooperativas de crédito cujos estatutos estabeleçam a livre admissão de associados, bem como de aprovação de alteração estatutária de cooperativas de crédito em funcionamento com vistas à referida condição de admissão,

dentro das seguintes condições:

I - caso a população da respectiva área de atuação não exceda 100 mil habitantes, é admitida a autorização para funcionamento de novas cooperativas, bem como a alteração estatutária de cooperativas existentes que apresentem cumprimento dos limites operacionais estabelecidos pela regulamentação em vigor, de suas obrigações perante o Banco Central do Brasil e regularidade dos dados registrados em qualquer sistema público ou privado de cadastro e

informações;

II - caso a população da respectiva área de atuação exceda 100 mil habitantes, é admitida a alteração estatutária de cooperativas em funcionamento há mais de três anos, que apresentem cumprimento dos limites operacionais estabelecidos pela regulamentação em vigor, de suas obrigações perante o Banco Central do Brasil e regularidade dos dados registrados em qualquer sistema

público ou privado de cadastro e informações.

§ 1º A área de atuação das cooperativas de que trata este artigo deve ser constituída por um ou mais municípios inteiros em região contínua, com população total não superior a 750 mil

habitantes.

§ 2º A área de atuação das cooperativas formadas de acordo com o inciso I pode ser ampliada, mediante aprovação do correspondente pedido pelo Banco Central do Brasil, após três anos de funcionamento no regime de livre admissão, observado o disposto no

inciso II.

§ 3º A população dos municípios pertencentes à área de atuação das cooperativas de que trata este artigo será verificada com base nos dados das estimativas populacionais municipais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativos à data mais próxima disponível, ou, na sua falta, dados

oriundos do poder público local.

§ 4º São equiparadas a municípios, para efeitos da verificação das condições estabelecidas neste regulamento, as regiões administrativas pertencentes ao Distrito Federal. Art. 10. As cooperativas de crédito cujos estatutos estabeleçam a livre admissão de associados devem observar, também, as seguintes condições: I - filiação a cooperativa central de crédito que apresente:

Page 113: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

112

a) três anos de funcionamento; b) cumprimento das atribuições referidas no art. 13, dos limites operacionais estabelecidos pela regulamentação em vigor e de suas obrigações perante o Banco Central do Brasil; c) regularidade dos dados registrados em qualquer sistema público ou privado de cadastro de informações; d) Patrimônio de Referência (PR) superior a R$600.000,00 (seiscentos mil reais) nas Regiões Sudeste e Sul, superior a R$500.000,00 (quinhentos mil reais) na Região Centro-Oeste e superior a R$400.000,00 (quatrocentos mil reais) nas Regiões Norte e Nordeste; II - apresentação, quando do pedido de autorização para funcionamento, ou pedido de alteração estatutária visando aprovação das condições de admissão de associados referidas no caput, do projeto de que trata o art. 2º e de relatório de conformidade da respectiva cooperativa central de crédito expondo os motivos que recomendam a aprovação do pedido; III - participação em fundo garantidor, no caso de haver captação de depósitos; IV - publicação de declaração de propósito por parte dos administradores eleitos, com vistas à correspondente homologação pelo Banco Central do Brasil; V - aplicação em créditos equivalente a, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) do valor médio dos saldos diários dos depósitos do mês anterior ao mês de referência, ou dos seis meses anteriores ao mês de referência, o que for menor, requisito cujo cumprimento deverá ser verificado mensalmente a partir do décimo terceiro mês de funcionamento da cooperativa de livre admissão de associados. § 1º O limite estabelecido no inciso V pode ser cumprido mediante transferência de recursos à respectiva cooperativa central de crédito, com vistas ao repasse integral a outras cooperativas singulares de livre admissão e correspondente aplicação em créditos aos respectivos associados, devendo o montante repassado ser acrescido ao limite mínimo próprio da cooperativa singular recebedora. § 2º O montante equivalente à deficiência de cumprimento do limite referido no inciso V, bem como os recursos recebidos por repasse nos termos do § . 1º e não aplicados em créditos aos respectivos associados, devem ser recolhidos ao Banco Central do Brasil, em moeda corrente, e remunerados mensalmente pela remuneração básica dos depósitos de poupança, acrescida de juros de 0,5 % a.m. (cinco décimos por cento ao mês), permanecendo indisponíveis pelo prazo de um mês, cabendo àquela Autarquia estabelecer os procedimentos julgados necessários ao cumprimento do disposto neste parágrafo. Art. 11. As cooperativas de crédito de pequenos empresários, microempresários e microempreendedores devem observar, também, as seguintes condições: I - filiação a cooperativa central de crédito, respeitado o disposto no art. 10, inciso I, alíneas -b- e -c-;

Page 114: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

113

II - publicação de declaração de propósito por parte dos administradores eleitos, com vistas à correspondente homologação pelo Banco Central do Brasil. Art. 12. Na hipótese de não cumprimento do disposto no art. 10, incisos I ou III, e no art. 11, inciso I, ficam as cooperativas de livre admissão de associados e as de pequenos empresários, microempresários e microempreendedores obrigadas a adotar as seguintes medidas: I - suspensão da admissão de novos associados; e II - apresentação, ao Banco Central do Brasil, de relatório detalhando os motivos que levaram a essa situação, bem como de plano de adequação a ser aprovado e acompanhado pela referida Autarquia. Capítulo IV DAS ATRIBUIÇÕES ESPECIAIS DAS COOPERATIVAS CENTRAIS DE CRÉDITO Art. 13. As cooperativas centrais de crédito devem prever, em seus estatutos e normas operacionais, dispositivos que possibilitem prevenir e corrigir situações anormais que possam configurar infrações a normas legais ou regulamentares ou acarretar risco para a solidez das cooperativas filiadas e do sistema associado, inclusive a possibilidade de constituir fundo garantidor. Parágrafo único. Com vistas a atingir os objetivos previstos neste artigo, as cooperativas centrais de crédito devem desempenhar, entre outras, as seguintes funções: I - supervisionar o funcionamento de suas filiadas, com vistas ao cumprimento da legislação e regulamentação em vigor e das normas próprias do sistema associado; II - assegurar o cumprimento da regulamentação referente à implementação do sistema de controles internos de suas filiadas; III - promover a formação e a capacitação permanente dos membros de órgãos estatutários, gerentes e associados de cooperativas filiadas, bem como de seus próprios supervisores e auditores; IV - realizar auditoria de demonstrações financeiras das filiadas, inclusive notas explicativas exigidas pelas normas legais e regulamentares em vigor, podendo, para tanto, examinar livros e registros de contabilidade e outros documentos, observando-se a seguinte freqüência: a) demonstrações relativas às datas-base de 30 de junho e de 31 de dezembro, no caso de cooperativas de pequenos empresários, microempresários e microempreendedores e de cooperativas de livre admissão de associados; b) demonstrações relativas ao encerramento do exercício social, no caso das demais cooperativas singulares filiadas. Art. 14. As cooperativas centrais de crédito devem observar os seguintes procedimentos no desempenho das funções de que trata o art. 13: I - dispor, em seus quadros próprios, com vistas à

Page 115: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

114

realização de auditoria de demonstrações financeiras de cooperativas singulares, de responsáveis técnicos que atendam à regulamentação específica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), ou contratar serviços de outra central ou de auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários; II - zelar pela não-ocorrência de impedimentos e incompatibilidades previstos nas normas e regulamentos do CFC, em relação aos responsáveis técnicos referidos no inciso I e aos demais membros das equipes prestadoras de serviços de auditoria independente e de auditoria interna, com referência às cooperativas singulares auditadas; III - elaborar relatório de auditoria de demonstrações financeiras, opinando sobre sua adequação às práticas contábeis adotadas no Brasil e às normas editadas pelo Banco Central do Brasil, conforme periodicidade estabelecida no art. 13, parágrafo único, inciso IV; IV - elaborar relatório de avaliação da qualidade e adequação dos controles internos, inclusive dos controles e sistemas de processamento eletrônico de dados e de avaliação de riscos, e do cumprimento de normas operacionais estabelecidas na legislação e regulamentação em vigor, devendo ser evidenciadas as irregularidades encontradas, conforme periodicidade estabelecida no art. 13, parágrafo único, inciso IV; V - manter à disposição do Banco Central do Brasil, pelo prazo mínimo de cinco anos, os documentos referidos nos incisos III e IV, os papéis de trabalho, correspondências, contratos de prestação de serviços, bem como os documentos relacionados com os trabalhos de auditoria; VI - recomendar e adotar medidas adequadas com vistas ao restabelecimento da normalidade do funcionamento das cooperativas filiadas ou assistidas sob contrato, em face de situações de desconformidade com as normas aplicáveis ou que acarretem risco imediato ou futuro; VII - comunicar ao Banco Central do Brasil as irregularidades ou situações de exposição anormal a riscos detectadas por meio do desempenho das atribuições de que trata o art. 13, inclusive as medidas tomadas ou recomendadas pela central e eventuais obstáculos encontrados para sua implementação, dando ênfase, no caso de cooperativas filiadas, às ocorrências que indiquem possibilidade de futuro desligamento; VIII - apresentar ao Banco Central do Brasil relatório justificando ocorrências de desfiliação e de indeferimento de pedido de filiação de cooperativa singular. Art. 15. As cooperativas centrais devem comunicar ao Banco Central do Brasil, na forma a ser estabelecida por aquela Autarquia, os requisitos e critérios adotados para admitir a filiação e proceder a desfiliação de cooperativas singulares. Parágrafo único. A comunicação referida no caput deve abordar a estratégia de viabilização da filiação de cooperativas recém constituídas que ainda não atendam a possíveis requisitos relativos a porte patrimonial e estrutura organizacional, com vistas ao provimento dos serviços tratados neste capítulo.

Page 116: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

115

Art. 16. O Banco Central do Brasil poderá determinar à cooperativa central, cujo desempenho das atribuições tratadas neste capítulo seja considerado deficiente, a contratação de serviços de auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários ou de outras cooperativas centrais de crédito, enquanto não forem supridas as deficiências verificadas. Art. 17. As cooperativas centrais devem designar, dentre seus administradores, responsável perante o Banco Central do Brasil pelas atividades tratadas neste capítulo. Art. 18. O Banco Central do Brasil poderá definir, com vistas ao cumprimento das disposições deste capítulo: I - critérios de inspeção e de avaliação e padrão de elaboração de relatórios; II - cooperativas singulares em relação às quais deve ser automático o envio, à referida Autarquia, dos relatórios referidos no art. 14, incisos III e IV, e prazos a serem observados; III - condições a serem observadas com vistas à prestação de serviços, sob contrato, a cooperativas de crédito não filiadas, bem como à contratação de serviços especializados no mercado; IV - prazos para elaboração e envio de relatórios e de adequação aos requisitos estabelecidos, bem como outras condições julgadas necessárias à observância das presentes disposições. Capítulo V DO CAPITAL E DO PATRIMÔNIO Art. 19. As cooperativas de crédito devem observar os seguintes limites mínimos, em relação ao capital integralizado e ao PR: I - cooperativas centrais: a) capital integralizado de R$60.000,00 (sessenta mil reais), na data de autorização para funcionamento; b) PR de R$150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais), após três anos da referida data; c) PR de R$300.000,00 (trezentos mil reais), após cinco anos da referida data; II - cooperativas singulares filiadas a centrais, excetuadas as incluídas nos incisos III e IV: a) capital integralizado de R$3.000,00 (três mil reais), na data de autorização para funcionamento; b) PR de R$30.000,00 (trinta mil reais), após três anos da referida data; c) PR de R$60.000,00 (sessenta mil reais), após cinco anos da referida data;

Page 117: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

116

III - cooperativas singulares de livre admissão de associados cuja área de atuação apresente população não superior a 100 mil habitantes e cooperativas singulares de pequenos empresários, microempresários e microempreendedores: a) capital integralizado de R$10.000,00 (dez mil reais), na data de autorização para funcionamento; b) PR de R$60.000,00 (sessenta mil reais), após dois anos da referida data; c) PR de R$120.000,00 (cento e vinte mil reais), após quatro anos da referida data; IV - cooperativas singulares de livre admissão de associados cuja área de atuação apresente população superior a cem mil habitantes: a) PR de R$6.000.000,00 (seis milhões de reais), nos casos em que a área de atuação inclua qualquer localidade dentre as referidas no § 1º; b) PR de R$3.000.000,00 (três milhões de reais), nos casos em que a área de atuação não inclua qualquer localidade dentre as referidas no § 1º; V - cooperativas singulares não filiadas a centrais: a) capital integralizado de R$4.300,00 (quatro mil e trezentos reais), na data de autorização para funcionamento; b) PR de R$43.000,00 (quarenta e três mil reais), após dois anos da referida data; c) PR de R$86.000,00 (oitenta e seis mil reais), após quatro anos da referida data. § 1º As localidades a serem consideradas, para efeito de definição do PR mínimo requerido no inciso IV, são os municípios com mais de cem mil habitantes pertencentes a Regiões Metropolitanas formadas em torno de capitais de Unidades da Federação, definidas mediante lei complementar estadual, excluídas as áreas denominadas colar metropolitano e de expansão metropolitana, não pertencentes ao núcleo metropolitano. § 2º Para as Regiões Norte e Nordeste, aplica-se redutor de 50% (cinqüenta por cento) aos limites mínimos de PR estabelecidos no inciso IV. Art. 20. Para efeito de verificação do atendimento dos limites mínimos de capital integralizado e PR das cooperativas de crédito, devem ser deduzidos os valores correspondentes ao patrimônio líquido mínimo fixado para as instituições financeiras de que participe, ajustados proporcionalmente ao nível de cada participação. Art. 21. As cooperativas de crédito devem manter valor de PR compatível com o grau de risco da estrutura de seus ativos, passivos e contas de compensação (PLE), de acordo com normas específicas a serem editadas pelo Banco Central do Brasil. Parágrafo único. Enquanto não editadas as normas referidas

Page 118: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

117

no caput, permanecem aplicáveis as disposições do art. 7º do Regulamento anexo à Resolução 2.771, de 30 de agosto de 2000, e da Circular 3.147, de 4 de setembro de 2002. Art. 22. São vedadas às cooperativas de crédito: I - a integralização de quotas-partes e rateio de perdas de exercícios anteriores mediante concessão de crédito ou retenção de parte do seu valor; II - a adoção de capital rotativo, assim caracterizado o registro, em contas de patrimônio líquido, de recursos captados em condições semelhantes às de depósitos à vista e a prazo. § 1º A cooperativa de crédito cujo estatuto estabeleça critério de proporcionalidade entre o capital subscrito e o movimento financeiro pode acrescer, às operações de crédito destinadas ao financiamento das atividades produtivas do associado, recursos destinados à elevação do respectivo capital, com vistas a atingir o mínimo exigido para a concessão do financiamento. § 2º Para o cálculo do PR, deve ser excluído o saldo atualizado das operações de crédito de que trata o § 1º referentes à elevação de capital de associados. § 3º O estatuto social pode estabelecer regras referentes a resgates eventuais de quotas de capital, quando de iniciativa do associado, de forma a preservar, além do número mínimo de quotas, o cumprimento dos limites estabelecidos pela regulamentação em vigor e a integridade do capital e patrimônio líquido, cujos recursos devem permanecer por prazo suficiente para refletir a estabilidade inerente à sua natureza de capital fixo da instituição.

Capítulo VI

DAS OPERAÇÕES E DOS LIMITES DE EXPOSIÇÃO POR CLIENTE

Art. 23. As cooperativas de crédito podem:

I - captar depósitos, somente de associados, sem emissão de certificado; obter empréstimos ou repasses de instituições financeiras nacionais ou estrangeiras; receber recursos oriundos de fundos oficiais e recursos, em caráter eventual, isentos de remuneração ou a taxas favorecidas, de qualquer entidade na forma de

doações, empréstimos ou repasses;

II - conceder créditos e prestar garantias, inclusive em operações realizadas ao amparo da regulamentação do crédito rural em

favor de produtores rurais, somente a associados;

III - aplicar recursos no mercado financeiro, inclusive em depósitos à vista e a prazo com ou sem emissão de certificado, observadas eventuais restrições legais e regulamentares específicas

de cada aplicação;

IV - prestar serviços de cobrança, de custódia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros sob convênio com instituições públicas e privadas e de correspondente no País, nos

termos da regulamentação em vigor;

Page 119: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

118

V - no caso de cooperativas centrais de crédito, prestar serviços de administração de recursos de terceiros em favor de singulares filiadas, bem como serviços técnicos referentes às atribuições tratadas no capítulo IV a outras cooperativas de crédito

centrais e singulares filiadas ou não;

VI - proceder à contratação de serviços com objetivo de viabilizar a compensação de cheques e as transferências de recursos no sistema financeiro, de prover necessidades de funcionamento da instituição ou de complementar os serviços prestados pela cooperativa

aos associados.

§ 1º A cooperativa de crédito singular que não participe de fundo garantidor deve obter do associado declaração de

conhecimento dessa situação:

I - por ocasião da respectiva abertura, para as novas contas de depósitos;

II - até 30 de junho de 2004, para as contas de depósitos

existentes na data da entrada em vigor desta resolução.

§ 2º A concessão de créditos e a prestação de garantias a membros de órgãos estatutários devem observar critérios idênticos aos

utilizados para os demais associados.

§ 3º O Banco Central do Brasil pode autorizar e regulamentar outras atividades a serem desenvolvidas pelas

cooperativas de crédito.

Art. 24. Devem ser observados, pelas cooperativas de crédito, os seguintes limites de exposição por cliente:

I - 25% (vinte e cinco por cento) do PR, por parte de todas as cooperativas de crédito, em aplicações em títulos e valores mobiliários emitidos por uma mesma empresa, empresas coligadas e

controladora e suas controladas;

II - 20% (vinte por cento) do PR, por parte de cooperativas centrais de crédito, em operações de crédito e de concessão de

garantias com uma única cooperativa filiada;

III - 10% (dez por cento) do PR, por parte de cooperativas singulares filiadas a centrais de crédito, e 5 % (cinco por cento) do PR, por parte de cooperativas de crédito singulares não filiadas a centrais de crédito, em operações de crédito e de concessão de

garantias com um único associado.

§ 1º Não estão sujeitos aos limites de exposição por cliente os depósitos e aplicações efetuados nas cooperativas centrais pelas cooperativas filiadas, bem como os realizados no banco

cooperativo pelas cooperativas acionistas.

§ 2º As cooperativas de crédito singulares filiadas a centrais, na realização de operações de crédito ao amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), em favor de associados pessoas físicas, podem adotar limite de exposição por cliente de até 20% (vinte por cento) do PR durante o primeiro ano de

funcionamento e de 10% (dez por cento) após o referido prazo.

§ 3º Para efeito de verificação dos limites estabelecidos

Page 120: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

119

neste artigo, deve ser deduzido do PR o montante das participações no capital social de outras instituições financeiras.

Capítulo VII

DO CANCELAMENTO DA AUTORIZAÇÃO PARA FUNCIONAMENTO

Art. 25. O Banco Central do Brasil pode cancelar a autorização para o funcionamento de cooperativa de crédito que

ingressar em regime de liquidação ordinária.

Art. 26. O Banco Central do Brasil, esgotadas as demais medidas cabíveis na esfera de sua competência, pode cancelar a autorização para funcionamento das instituições de que trata este regulamento, quando constatada, a qualquer tempo, uma ou mais das

seguintes situações:

I - inatividade operacional, sem justa causa;

II - instituição não localizada no endereço informado ao Banco Central do Brasil;

III - interrupção, por mais de quatro meses, sem justa causa, do envio de demonstrativos financeiros exigidos pela

regulamentação em vigor, àquela Autarquia;

IV - descumprimento do prazo para início de atividades previsto no processo de autorização, observado o disposto no art. 5º,

§ 4º.

§ 1º O Banco Central do Brasil pode conceder prorrogação do prazo previsto para início de atividades referido no inciso IV, cabendo, nesse caso, a solicitação de quaisquer documentos e

declarações visando atualização do processo de autorização.

§ 2º O Banco Central do Brasil, previamente ao cancelamento pelos motivos referidos neste artigo, divulgará, por meio que julgar mais adequado, sua intenção de cancelar a autorização de que se trata, com vistas à eventual apresentação de objeções, por

parte do público, no prazo de trinta dias.

Capítulo VIII

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 27. As cooperativas de crédito singulares não filiadas a centrais devem ter suas demonstrações financeiras relativas a encerramento de exercício social, inclusive notas explicativas exigidas pelas normas legais e regulamentares em vigor,

submetidas à auditoria independente.

Parágrafo único. Para a realização dos serviços de auditoria referidos neste artigo, podem ser contratados auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários ou

cooperativas centrais de crédito.

Art. 28. As cooperativas de crédito singulares não filiadas a centrais podem contratar serviços de cooperativas centrais de crédito, com vistas à implementação de sistemas de controles

Page 121: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

120

internos e à realização de auditoria interna exigidas pelas disposições regulamentares em vigor.

Art. 29. Respeitada a legislação e a regulamentação em vigor, as cooperativas de crédito somente podem participar do capital

de:

I - cooperativa central de crédito, no caso de cooperativa singular;

II - instituições financeiras controladas por cooperativas

de crédito, de acordo com regulamentação específica;

III - cooperativas, ou empresas controladas por cooperativas centrais de crédito, que atuem exclusivamente na prestação de serviços e fornecimento de bens a instituições do setor cooperativo, desde que necessários ao seu funcionamento ou

complementares aos serviços e produtos oferecidos aos associados;

IV - entidades de representação institucional, de cooperação técnica ou de fins educacionais.

Art. 30. É vedado aos membros de órgãos estatutários e aos ocupantes de funções de gerência de cooperativas de crédito participar da administração ou deter 5% (cinco por cento) ou mais do capital de outras instituições financeiras, exceto de cooperativas de

crédito.

Art. 31. Somente é permitida a reeleição, como efetivo ou suplente, de um dos membros efetivos e um dos membros suplentes do

conselho fiscal de cooperativas de crédito.

Art. 32. As cooperativas de crédito singulares devem manter, nas suas dependências, em local acessível e visível, publicação impressa ou quadro informativo dos direitos e deveres dos associados, contendo exposição sobre a forma de rateio das eventuais perdas e a existência ou não de cobertura de fundo garantidor de

depósitos e respectivos limites.

Art. 33. As cooperativas de livre admissão de associados, em funcionamento na data da entrada em vigor desta resolução, devem observar as normas aplicáveis às cooperativas singulares referidas no art. 6º, incisos I, II e III, não sendo exigida, para a continuidade de seu funcionamento, a adequação aos requisitos específicos estabelecidos na presente resolução para as cooperativas de livre

admissão de associados.

Parágrafo único. Nas hipóteses de ampliação da respectiva área de atuação, bem como de instalação de Posto de Atendimento Cooperativo (PAC) e de Posto de Atendimento Transitório (PAT), as cooperativas de que trata o caput devem adequar-se aos requisitos relativos a esse tipo de cooperativas estabelecidos neste

regulamento.

Art. 34. As infrações aos dispositivos da legislação em vigor e deste regulamento, bem como a prática de atos contrários aos princípios cooperativistas, sujeitam os diretores e os membros de conselhos administrativos, consultivos, fiscais e semelhantes de cooperativas de crédito às penalidades da Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, sem prejuízo de outras estabelecidas na legislação

em vigor.

Page 122: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

121

§ 1º Constatado o descumprimento de qualquer limite operacional, o Banco Central do Brasil poderá exigir a apresentação de plano de regularização contendo medidas previstas para

enquadramento e respectivo cronograma de execução.

§ 2º Os prazos de apresentação do plano de regularização e de cumprimento das medidas para enquadramento e outras condições

pertinentes serão determinados pelo Banco Central do Brasil.

§ 3º A implementação de plano de regularização deverá ser objeto de acompanhamento por parte de cooperativa central de crédito, ou de auditor independente, que remeterá relatórios mensais ao Banco

Central do Brasil.

Art. 35. O Banco Central do Brasil, com relação aos pedidos de alteração estatutária envolvendo ampliação da área de atuação ou das condições de admissão de associados, pode exigir o

cumprimento dos requisitos estabelecidos nos arts. 2º a 4º.

Art. 36. O Banco Central do Brasil pode:

I - interromper o exame de processos de autorização ou de alteração estatutária, caso verificada, por parte das cooperativas interessadas, situação de irregularidade com relação ao cumprimento da legislação e regulamentação em vigor, inclusive quanto aos limites operacionais e obrigações perante o Banco Central do Brasil, bem como quanto a dados registrados em qualquer sistema público ou privado de cadastro de informações, mantendo-se referida interrupção até a solução das pendências ou a apresentação de fundamentadas

justificativas;

II - solicitar documentos e informações adicionais que julgar necessários à decisão da pretensão;

III - convocar para entrevista os associados fundadores e administradores da cooperativa de crédito singular e administradores

da cooperativa central de crédito.

Art. 37. O Banco Central do Brasil indeferirá os pedidos em relação aos quais for apurada:

I - irregularidade cadastral contra associados fundadores

ou administradores;

II - falsidade nas declarações ou documentos apresentados na instrução do processo.

Parágrafo único. Nos casos de que trata o inciso I, o Banco Central do Brasil concederá prazo aos interessados para que a irregularidade cadastral seja sanada ou, se for o caso, para

apresentação da correspondente justificativa.

Page 123: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 124: RISCO DE CRÉDITO EM COOPERATIVAS - Livros Grátislivros01.livrosgratis.com.br/cp020297.pdf · Cooperativas de Crédito são os Modelos de Credit Scoring e o Credit Bureau, nos quais,

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo