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1 Introdução O processo de avaliação e de gestão de risco de crédito em instituições financeiras vem passando por um movimento de evolução ao longo dos últimos anos. Os métodos tradicionais de decisão baseados em critérios, têm perdido espaço nas actividades de crédito dos Bancos, que buscam instrumentos mais eficazes para mensurar o risco dos tomadores de crédito.Duarte,1999. Nesse contexto, observa-se uma maior ênfase das instituições na utilização de modelos quantitativos como suporte às decisões de concessão de crédito e à gestão das carteiras de crédito. Os modelos de risco de crédito compõem uma ferramenta técnica que supre de informações os gestores, contribuindo para que estes tomem decisões que atendam às directrizes estabelecidas nas políticas de crédito da instituição. Com esta pesquisa desenvolveremos um modelo de classificação de risco de crédito nas instituições financeiras que actuam em Angola, e em particular na província do Huambo, utilizando técnicas estatísticas. O escopo do modelo é prever a ocorrência de um evento de default 1 com a empresa no horizonte de tempo de três anos, visando principalmente a subsidiar os gestores no processo de concessão de crédito. O modelo proposto estabelece uma relação estatística entre o default da empresa e um conjunto de índices económico-financeiros calculados a partir das demonstrações contabilísticas. Com base nessa relação, o estudo avalia se as demonstrações contabilísticas fornecem informações que permitam aos seus diversos usuários prever a ocorrência de uma insolvência empresarial. Formulação do Problema Como determinar o grau de risco de crédito para as instituições financeiras no Mercado Monetário do Huambo? 1 Default ocorre quando um devedor não cumpriu com suas obrigações legais de acordo com o contrato de dívida, por exemplo, não fez um pagamento programado, ou violou um pacto de empréstimo

Risco de Crédito no Mercado Financeiro Angolano-António Feliciano Braça.pdf

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  • 1

    Introduo

    O processo de avaliao e de gesto de risco de crdito em instituies financeiras

    vem passando por um movimento de evoluo ao longo dos ltimos anos. Os mtodos

    tradicionais de deciso baseados em critrios, tm perdido espao nas actividades de crdito

    dos Bancos, que buscam instrumentos mais eficazes para mensurar o risco dos tomadores de

    crdito.Duarte,1999.

    Nesse contexto, observa-se uma maior nfase das instituies na utilizao de modelos

    quantitativos como suporte s decises de concesso de crdito e gesto das carteiras de

    crdito. Os modelos de risco de crdito compem uma ferramenta tcnica que supre de

    informaes os gestores, contribuindo para que estes tomem decises que atendam s

    directrizes estabelecidas nas polticas de crdito da instituio.

    Com esta pesquisa desenvolveremos um modelo de classificao de risco de crdito

    nas instituies financeiras que actuam em Angola, e em particular na provncia do Huambo,

    utilizando tcnicas estatsticas. O escopo do modelo prever a ocorrncia de um evento de

    default1 com a empresa no horizonte de tempo de trs anos, visando principalmente a

    subsidiar os gestores no processo de concesso de crdito.

    O modelo proposto estabelece uma relao estatstica entre o default da empresa e um

    conjunto de ndices econmico-financeiros calculados a partir das demonstraes

    contabilsticas. Com base nessa relao, o estudo avalia se as demonstraes contabilsticas

    fornecem informaes que permitam aos seus diversos usurios prever a ocorrncia de uma

    insolvncia empresarial.

    Formulao do Problema

    Como determinar o grau de risco de crdito para as instituies financeiras no

    Mercado Monetrio do Huambo?

    1 Default ocorre quando um devedor no cumpriu com suas obrigaes legais de acordo com o contrato de dvida, por exemplo,

    no fez um pagamento programado, ou violou um pacto de emprstimo

  • 2

    Objecto de Estudo

    O objecto de estudo so as instituies financeiras do Mercado Monetario do Huambo.

    A partir dos elementos anteriores definem-se os seguintes objectivos.

    Objectivo Geral

    O objectivo geral determinar o grau do Risco de Crdito que est subjacente nas

    instituies financeiras da praa relativamente ao tecido empresarial do Huambo e particulares.

    Objectivo Especifico

    1. Estabelecer critrios prticos e tericos no mbito do risco de crdito face ao

    desenvolvimento econmico-financeiro e social;

    2. Fazer diagnstico da situao das entidades financeiras em estudo; e

    3. Analisar mecanismos e frmulas, com vista a reduo do risco de crdito, e encontrar

    resultados empricos que contribuam para a tomada de decises no que concerne as

    estratgias de gesto de risco.

    O restante deste trabalho est organizado da seguinte maneira. Na seco 1 so

    abordados conceitos sobre risco de crdito. Na seco 2 so descritos os principais tipos de

    modelos de risco de crdito. A seco 3 inclui a parte emprica da pesquisa, onde

    apresentado o modelo de classificao de risco desenvolvido. Por fim, a ltima parte exibe as

    concluses e consideraes finais do estudo.

  • 3

    Captulo 1: Risco de crdito.

    O presente captulo tem como objetivo principal a apresentao das linhas gerais de

    investigao e determinao do risco de crdito no domnio da estrutura de capitais das

    empresas e particulares.Desta forma, comearemos por apresentar os principais conceitos e

    modelos do risco de crdito. Em seguida, desenvolveremos os atributos apontados pela

    literatura como determinantes do risco de crdito e, por ltimo, mostrar-se-o de uma forma

    sucinta as evidncias empricas dos trabalhos mais recentes sobre os fatores determinantes do

    risco de crdito nos mercados financeiros elaborados nos ltimos anos.

    1.1 Enquadramento Introdutrio

    A palavra crdito deriva do latim credere que significa acreditar, confiar, acredita-se,

    confia-se que algum vai honrar os compromissos assumidos. A convivncia, ao longo do

    tempo, propicia informaes que permitem firmar conceito sobre a conduta. Segundo Ferreira

    ,1999, crdito a segurana de que alguma coisa verdadeira, confiana. Em finanas o

    crdito definido como um instrumento de poltica financeira a ser utilizado por uma empresa

    comercial ou industrial, na venda a prazo de seus produtos, ou por um banco, na concesso de

    emprstimos, financiamentos ou fiana. Nesta perspectiva o crdito o direito que uma

    entidade, (Credor) tem de receber de um terceiro, devedor, uma ou vrias prestaes em

    dinheiro em datas futuras, Maria e Barbosa, 2007.

    O Risco de crdito refere-se como sendo a probabilidade de que o tomador de recurso

    no queira ou no possa cumprir os seus compromissos de dvida ou seja, prejuzo potencial

    decorrente da operao. Portanto, para as instituies financeiras monetrias, o crdito

    Bancrio diz respeito a um produto, ou seja, operao comercial que tem como objectivo a

    realizao de lucro.

    Assim, o risco de crdito surge quando a contraparte de um emprstimo ou operao

    financeira no deseja ou no capaz de cumprir suas obrigaes contratuais. A perda pode

    ocorrer de duas maneiras distintas. A primeira quando a contraparte deixa de honrar o

    contrato, acarretando uma perda do valor de face do emprstimo menos uma taxa de

    recuperao. A segunda ocorre quando, devido a alteraes na classificao de risco da

  • 4

    ontraparte, o valor de mercado do emprstimo sofre alteraes, sendo conhecida como risco

    de spread2. (Morgan, 1997).

    Por outro lado, Ferreira, 1999; define o risco de crdito, como a situao em que h

    possibilidade mais ou menos previsvel de perda ou ganho. Assim, refere-se possibilidade

    de que algum acontecimento desfavorvel venha a ocorrer. Segundo Weston e Brighan,2000,

    definem risco de crdito como a possibilidade de que algum acontecimento desfavorvel

    venha a ocorrer. Esta definio confirmada por Gitman,1997; quando define risco como a

    probabilidade de prejuzo financeiro ou ento a variabilidade de retornos associada a um

    determinado activo.

    Securato,1996; cita definies de Gitman no sentido mais bsico, risco pode ser

    definido como a possibilidade de perda e a de Solomon e Pringle o grau de incerteza a

    respeito de um evento , para fazer a ligao entre a idia de probabilidade atravs do uso dos

    termos possibilidade e graus de incerteza, constantes nas citaes referidas.

    Segundo Caouette et al (2000), o crdito pode ser definido como a expectativa de

    recebimento de uma soma de dinheiro em um prazo determinado, ento o risco de crdito a

    chance que esta expectativa no se concretize.

    A actividade de concesso de crdito funo bsica dos bancos, o risco de crdito

    toma papel relevante na composio dos riscos de uma instituio e pode ser encontrado tanto

    em operaes onde existe dinheiro para os clientes como naquelas onde h apenas a

    possibilidade do uso, os limites pr-concedidos. Os principais tipos de crdito de um banco

    so: emprstimos, juros, descontos de ttulos, adiantamento a depositantes, adiantamento de

    cmbio, operaes de arrendamento mercantil (leasing3).

    Por sua vez, o risco de crdito corresponde ao risco de perdas resultantes do atraso ou

    no cumprimento por parte de uma contraparte das suas obrigaes contratuais. Durante os

    2 Risco de spread a volatilidade que ocorre na diferena entre a taxa de juros que as instituies financeiras pagam

    na captao do dinheiro e a que cobram dos clientes.

    3 Leasing (ou locao financeira) consiste numa operao de financiamento atravs da qual uma das partes (a

    locadora) cede a outra (o locatrio) o direito de utilizao de um determinado bem, durante um perodo de tempo

    acordado, em contrapartida do pagamento de rendas peridicas.

  • 5

    ltimos anos, um nmero considervel de Bancos e instituies acadmicas e de investigao

    cientfica, tm desenvolvido sistemas sofisticados de modelizao do risco de crdito inerente

    actividade das instituies financeiras. Estes sistemas foram desenhados com objectivo de

    identificar, quantificar, agregar, gerir as exposies ao risco de crdito (v.g, KPM, 2007). Por

    outro lado, o risco de crdito se refere a uma possvel incapacidade da instituio financeira,

    responsvel pela emisso de activos financeiros usados em investimentos, de honrar os seus

    compromissos financeiros assumidos com os investidores. Essa situao pode ser causada por

    problemas financeiros oriundos de uma m administrao ou gesto, dificuldades com planos

    econmicos ( Besle ,1998).

    1.2 Tipos de Riscos

    Todas as organizaes tm como objectivo a maximizao de lucros. So confrontadas

    no mbito da sua actividade, com um conjunto de riscos que ameaam o cumprimento dos

    seus objectivos estratgicos e operacionais. Estes riscos dizem respeito aos efeitos da inflao,

    s ameaas concorrenciais, s quebras nos sistemas, falncia de clientes e fornecedores,

    interferncias polticas e desastres naturais. Contudo, as instituies financeiras enfrentam

    alm do risco operacional, um conjunto de riscos especficos e normalmente atpicos nas

    empresas no financeiras:

    1. Risco de Mercado;

    2. Risco Operacional;

    3. Risco de Liquidez;

    4. Risco de Crdito;

    5. Risco de Insolvncia; e

    6. Risco Poltico.

    1. Risco de Mercado: O risco de mercado normalmente definido como o risco de perdas

    resultantes de movimentos indesejados nos preos de mercado. Os factores que contribuem

    para o risco de mercado so o risco da taxa de juro; risco da taxa de cmbio e risco de

    mercadorias, (Lins, 2003);

    A crescente complexidade dos instrumentos financeiros disposio das instituies,

    associada a volatilidade crescente dos mercados, tem obrigado as instituies financeiras e as

  • 6

    entidades reguladoras adoptar modelos sofisticados e abrangentes de gesto de risco de

    mercado. Por exemplo, o Value at risk (VaR) um dos modelos mais populares, utilizado no

    sector financeiro, tanto pelas instituies para efeito de gesto interna de risco, como pelos

    reguladores para definio dos requisitos de capital (KPM, 2007).

    2. Risco operacional: O risco operacional diz respeito perdas resultantes das aplicaes

    inadequadas ou descuidado de procedimentos internos, de comportamentos de pessoas e

    sistemas, ou de causa externas.

    O aumento da regulamentao, as fuses e aquisies, as tecnologias vieram chamar a

    ateno para um novo tipo de risco, maioritariamente impulsionado pelas imposies

    regulamentares, nomeadamente os requisitos de capital emanado do novo acordo de Basileia,

    os mtodos e processos de gesto do risco operacional tm sido objecto de desenvolvimentos

    substanciais. Pereira, 2006.

    3. Risco de Liquidez: O risco de liquidez diz respeito ao risco de uma instituio no ser

    capaz de financiar o crescimento dos seus activos, ou cumprir com as obrigaes devida, sem

    incorrer em perdas inaceitveis. Maciel, 2005.

    Todas as instituies necessitam de nveis de liquidez suficientemente elevado para fazer face

    s suas obrigaes de pagamentos e suficientemente baixos para tirar partido das

    oportunidades de investimento. Num contexto em que as fontes de funding4 esto a tornar-se

    cada vez mais cara e escassas, uma gesto activa do risco de liquidez possibilita s

    instituies uma vantagem competitiva face concorrncia, combater a falncia e rcios

    atpicos de crditos vencidos (KPM, 2007).

    4. Risco de Insolvncia: falamos de risco de insolvncia quando um indivduo incapaz de

    satisfazer suas dvidas. Neste contexto podemos acrescer o risco de falncia, que acontece

    quando uma empresa possui um passivo superior que o se activo (Neves, 2010).

    5. Risco Poltico: Refere possibilidade de que o governo de um pas, exercendo o seu poder

    soberano, tome medidas adversas aos investimentos realizados, tais como, alteraes em

    regulamentao econmica e financeira, entre outras, so as formas mais comuns em que um

    determinado governo local pode afectar as actividades comerciais dos agentes econmicos

    nacionais e estrangeiros.

  • 7

    Por sua vez, o conceito tambm inclui os riscos mais fortuitos e muito mais significativos

    como o caso de riscos de desapropriao ou nacionalizao de activos, de calotes em

    contratos de fornecimento de produtos ou servios, de desordem pblica por inpcia

    governamental e at de golpe de Estado, terrorismo ou guerra civil. Andrade, 2004.

    6. Risco de crdito: O risco de crdito corresponde ao risco de perdas resultantes do atraso ou

    no cumprimento por parte de uma contraparte das suas obrigaes contratuais. Durante os

    ltimos anos, um nmero considervel de Bancos e instituies acadmicas e de investigao

    cientfica, tm desenvolvido sistemas sofisticados de modelizao do risco de crdito inerente

    actividade das instituies financeiras. Estes sistemas foram desenhados com objectivo de

    identificar, quantificar, agregar, gerir as exposies ao risco de crdito. Sicsu, 1998.

    Contudo, a luz do tema proposto, o presente trabalho debruar-se- com maior incidncia

    sobre este ltimo risco, considerado na banca de retalho e investimento como um dos riscos

    mais importante subjacente actividade bancria.

    1.2.1 Risco de Crdito dos Clientes

    O risco de crdito dos clientes varia, consoante o tipo de cliente, o tipo de produtos e

    servios oferecidos, o montante em causa e o tipo de entidade que concede o crdito. Em

    termos gerais, h trs tipos de crdito: 1o que concedido por empresas comerciais, nas

    vendas ao pblico ; 2 empresas industriais; 3 e o que concedido por instituies financeiras

    a particulares e a empresas. (Alexandre, 2003).

    No caso da concesso de crdito a particulares, o risco de crdito avaliado com base

    numa ficha de crdito. Quando se trata de clientes com um risco de crdito mais elevado,

    devido, por exemplo, ao baixo nvel de rendimentos, esse risco reduzido pela existncia de

    um (ou mais) fiador (es) ou de outras garantias de pagamento, por exemplo, bens que estejam

    em nome do titular quando o cliente uma empresa, e dado que os montantes de crdito so

    normalmente superiores aos dos particulares, a anlise do risco de crdito ainda mais

    aprofundada, (Shumpter, 1997).

    A instituio de crdito avalia o risco de crdito tambm com base numa ficha de

    crdito, mas concebida especialmente para empresas, que inclui informaes relevantes como

    as demonstraes financeiras, os rcios financeiros, o historial de crdito. As instituies

  • 8

    financeiras, fazem uma anlise exaustiva para avaliarem o risco de crdito dos clientes, quer

    sejam empresas, quer sejam particulares, e tm produtos de crdito diferenciados para cada

    um destes segmentos de clientes. Para os particulares tm, por exemplo, linhas de crdito

    habitao, de crdito pessoal, e para empresa tm linhas de crdito para aquisio de

    equipamentos, produtos de financiamento de apoio aos investimentos, Chaia, 2003.No

    universo do crdito ao consumidor, a promessa de pagamento futuro envolve a ideia de risco.

    Todo crdito ao consumidor envolve risco, pois nunca existe a certeza do pagamento (Lewis,

    1992). Cabe anlise de crdito estimar o risco envolvido.

    O risco mximo que a instituo pode aceitar depende da poltica adoptada pela

    empresa. O risco apresentado pelo proponente de extrema importncia no processo de

    concesso de crdito, devendo ser considerados varios requisitos na sua avaliao.

    1.2.2 Risco de Crdito nos Financiamentos Bancarios

    A avaliao do risco nos financiamentos Bancrios, pode ser feita utilizando

    indicadores de ordem quantitativa e qualitativa, para avaliar o risco de crdito de uma

    empresa. Os indicadores quantitativos centram-se na avaliao da empresa no perodo de

    referncia fornecendo informaes sobre o desempenho e solidez financeira da empresa, no

    passado. Os qualitativos, tem cada vez mais um peso importante no resultado final da anlise,

    (Duarte, 1999).

    Numa economia global e em permanente mudana, o sucesso tido no passado no

    garante o sucesso de projectos futuros. Assim, os indicadores de ordem qualitativa incluem a

    expectativa do banco sobre o sucesso da empresa no futuro prximo. Estes traduzem a

    qualidade de gesto, a capacidade dos gerentes de enfrentar desafios, a capacidade de

    inovao tecnolgica, a formao profissional dos seus colaboradores ou mesmo a riqueza

    dos accionistas, (Alexandre, 2003).

    1.3 Avaliao de Risco de Crdito

    Nesta seco, discutiremos a avaliao do risco de crdito do cliente, efectuada a

    partir da verificao das informaes, para minimizar o risco da operao. Para tal,

    analisaremos a lgica dessa avaliao com base nos 6 Cs do crdito.

  • 9

    A avaliao do risco de crdito do cliente efectuada a partir da verificao das

    informaes que minimizam o risco. Para isso, necessrio estabelecer uma linha de

    raciocnio lgico, para facilitar e agilizar a avaliao. A avaliao do risco de crdito do

    cliente requer o estabelecimento de uma linha de raciocnio lgico para facilitar e agilizar a

    avaliao. Normalmente, a lgica da avaliao do risco de crdito do cliente estabelecida

    com base nos 6 Cs do crdito segundo, Joo e Guarita,1999:

    1. Carter;

    2. Capacidade;

    3. Capital;

    4. Condies;

    5. Colateral; e

    6. Conglomerado.

    1.3.1 Carcter do Cliente

    O carter de um cliente o conjunto de boas ou ms qualidades que definem tanto a

    vontade quanto a determinao do cliente de cumprir a obrigao referente ao crdito. Para

    analisar o carter, deve ser verificado se existem factos desagradaveis do cliente.Essa anlise

    pode ser feita por meio de consultas, referncias comerciais e bancrias. Quando o cliente

    uma empresa, tambm deve ser feita uma consulta aos dados dos scios, quando o cliente

    scio de uma empresa, tambm deve ser feita uma consulta aos dados da

    empresa,(Silva,2000).

    Para o autor, as pessoas so o princpio mais importante no emprstimo em uma

    instituio financeira. A essncia da realizao dos emprstimos reside na confiana, por parte

    da instituio, no carcter do tomador. Disso decorre a necessidade de que a instituio adopte

    procedimentos para investigar a integridade do tomador de emprstimo. A investigao sobre

    o carcter, deve ser realizada por procedimentos que incluam entrevistas com vizinhos, co-

    trabalhadores e fornecedores, bem como pesquisas sobre histria de crdito do tomador.

    1.3.2 Capacidade do Cliente

    A capacidade financeira do proponente a mensurao dos factores internos que

    afectam a gerao de caixa utilizada no cumprimento das obrigaes. A capacidade est

  • 10

    relacionada habilidade dos scios ou administradores de gerirem, estratgica e

    operacionalmente, a empresa. Segundo Silvia,(2000), se o cliente for pessoa jurdica, a

    avaliao da capacidade envolve uma viso do futuro da empresa. Isso significa que

    necessrio avaliar se a forma de gerao de caixa, existente no presente, pode deixar de existir

    no futuro

    A capacidade de pagamento do tomador de emprstimo tambm representa um factor

    de risco de suma importncia nas instituies financeiras, devendo, juntamente com o factor

    carcter, ocupar posto principal na anlise de crdito dessas instituies. A avaliao da

    capacidade de pagamento do solicitante de crdito deve focar a habilidade do mesmo em

    gerar fluxo de caixa suficiente para amortizar juros e pagamentos principais instituio,

    (Bruett, 2002).

    Se o cliente for pessoa fsica, as informaes a serem analisadas podem ser obtidas em

    entrevistas e no histrico do prprio cliente, as informaes para anlise da capacidade da

    pessoa fsicas so:

    Tradio;

    Tipo de actividade;e

    Tipo de rendimento.

    Se o cliente for pessoa fsica, importante saber:

    1. Se o rendimento constante assalariado ou aposentado;

    2. Se o rendimento sazonal produtor rural;

    3. Se o rendimento varivel profissional liberal;e

    4. Se o rendimento espordico corretor de imveis.

    1.3.3 Capital do Cliente

    Segundo Saunder (2000), Capital a mensurao da situao patrimonial do cliente.

    Nas empresas, o capital mensurado por meio da anlise das demostraes financeiras.

    Nas empresas que no elaboram demostres financeiros a anlise do capital

    realizada por meio de cadastros, entrevistas, histricos do cliente, por meio da anlise do

    capital, so obtidas informaes sobre rendimento, facturamento, custos, despesas,

    endividamento total.

  • 11

    O patrimnio pessoal dos scios de uma empresa, muitas vezes, resultante dos

    lucros da prpria empresa.

    1.3.4 Condies de Crdito

    Quando falamos de condies de crdito, referimo-nos a medio dos factores

    externos que podem afectar a gerao de caixa na data do pagamento da operao. Seguno

    Alexandre (2003), as informaes sobre as condies podem ser obtidas em relatrios

    sectoriais, jornais, revistas especializadas.Os factores externos que podem afectar a gerao

    de caixa na data do pagamento da operao so :

    1. Situao econmica;

    2. Situao do sector de actividade;

    3. Concorrncia;e

    4. Interferncia governamental.

    1.3.5 Colateral (Garantia) do Cliente

    Colateral a mensurao da capacidade acessria do cliente de oferecer garantias

    adicionais. Os factores mais relevantes na exigncia de garantias so:

    1.O risco do cliente;

    2.O risco da operao, especialmente o prazo;

    3.A dificuldade da constituio dessa garantia;

    4.Os custos incorridos na constituio da garantia;

    5.O valor da garantia que deve ser superior ao valor da dvida e de seus encargos;

    6.O controlo do Banco sobre a garantia; e

    7.A liquidez da garantia.

    1.3.6 Grupo Econmico

    Conglomerado representa a anlise do grupo econmico ao qual o cliente pertence, ou

    seja, se o cliente for pessoa fsica, essa anlise deve verificar se ele tem participao em

    empresas, e se o cliente for pessoa jurdica, deve verificar se ele conta com a participao de

    scios ou de outras empresas.

    Embora o carter, a capacidade, o capital, as condies e colateral sejam os 6Cs

    tradicionais, a anlise do grupo econmico tambm importante, pois, um financiamento

  • 12

    concedido a uma empresa que esteja bem financeiramente, mas que pertena a um grupo

    econmico em situao financeira frgil pode acabar sendo transferido para as outras

    empresas do grupo que no estejam bem. Isso faria com que a empresa que recebeu os

    recursos ficasse, ao menos durante algum tempo, igualmente deficiente, (Crouhy, 2004).

    Segundo Joo e Duarte, (1999), a anlise do conglomerado ou grupo econmico pode

    afectar diretamente os 6Cs tradicionais. Logo, a anlise do conglomerado deve abranger as

    operaes existentes de todas as empresas de um mesmo grupo econmico. Quando a crise

    aperta, no h como fugir dos financiamentos. Por exemplo, se uma empresa do grupo

    econmico no tiver carter, ela pode prejudicar o carter de uma outra empresa que esteja

    solicitando crdito.

    1.4 Limites de Concesso Crdito segundo Comit da Internacional

    Basilia

    O Comit de Basilia4 criado em 1974 e institudo em 1975 pelo Comit de

    Governadores dos Bancos Centrais dos pases membros do G-10 (grupo dos 10 ases mais

    desenvolvidos) no seguimento s graves perturbaes do mercado Bancrio e monetrio, o

    Comit da Basilia instituiu regras e prticas de controle das operaes Bancrias visando

    proteger e reforar a estabilidade financeira a nvel internacional (Roberts, 2000).

    A crescente preocupao aos problemas de adequao de capital em um momento de

    internacionalizao Bancria originou os Tratados de Basilia de 1975 e 1983, levando esse

    nome por ter a sua sede no Banco de Compensaes Internacionais (BIS5), em Basilia,

    Sua, que desempenhou papel fundamental nas suas negociaes, as autoridades financeiras

    mais importantes concordaram que, no caso de uma crise que se localizasse sua matriz

    4 O Comit de Regulao Bancria e Prticas de Superviso, surgiu em meio crise financeira ocasionada pelas

    falncias dos Continental Bank e Bankhaus Herstat e crescente internacionalizao dos bancos, com um sistema

    para mensurao e padronizao dos requerimentos mnimos de capital (BCBS, 1988).

    5 BIS, instituio financeira criada em 1930 e sediada em Basilia, Sua. Tem como objectivo promover a

    cooperao entre os bancos centrais e facilitar as operaes financeiras internacionais e promover a estabilidade

    financeira diante da globalizao econmica. Funciona, sobretudo, como coordenador de movimentaes financeiras,

    internacionais de curto prazo. Dentro da estrutura de cooperao e integrao internacional, o BIS realiza pesquisas e

    estudos, que contribuem para a estabilidade financeira e monetria; frmula recomendaes para a comunidade

    financeira, cuja finalidade fortalecer o sistema financeiro internacional.Ver em www.bis.org2.

  • 13

    deveria agir como prestamista de ltima instncia, especificando a responsabilidade do BIS

    quanto superviso das agncias e subsidirias estrangeiras dos Bancos.

    Isto no apenas aumentou a confiana no sistema Bancrio internacional, como

    tambm estabeleceu condies competitivas comuns para os Bancos internacionais, um

    campo de jogo nivelado (Roberts, 2000).

    O Comit constitudo por altos responsveis de Bancos Centrais e autoridades de

    superviso Bancria dos pases mais industrializados do mundo, como: Alemanha, Blgica,

    Canad, Espanha, Estados Unidos de Amrica, Frana, Itlia, Japo, Luxemburgo, Holanda,

    Reino Unido, Sucia e Sua.

    As regras do Comit de Basilia traduzem-se, essencialmente, em dois documentos:

    Core Principles para uma superviso Bancria eficaz e o Compendium das

    recomendaes, que so directrizes e padres em matria da superviso Bancria.

    O Comit desenvolveu, ento, um sistema para mensurao e padronizao dos

    requerimentos mnimos de capital nos pases do G10, que acabou por originar o acordo da

    Basilia de 1988 e a instituio da convergncia internacional dos mecanismos de adequao

    de capital. O intuito de tal padronizao era reforar a solidez e a estabilidade do sistema

    bancrio internacional e minimizar desigualdades competitivas entre Bancos

    internacionalmente activos (Comit de Basilia, 1988).

    1.4.1 Ponderao de Riscos por Classes de Risco

    Para Mendona (2004), o mtodo de adequao do capital dos Bancos presente no

    acordo era inovador, uma vez que a necessidade de manuteno de capital pela osse de

    activos ou pela realizao de operaes fora de Balano era ponderada pela exposio ao risco

    de crdito resultante destas posies.

    Desta forma, os Bancos deveriam manter nveis mnimos de capital para cada um dos

    instrumentos de sua carteira de activos, fossem eles on ou offbalance, em funo da percepo

    do risco de crdito que os supervisores tivessem de cada um destes instrumentos. Como se

    demonstra na tabela seguinte:

  • 14

    Quadro 1. Nveis de Risco por sector de actividades

    Percentagem Sector de actividade

    0%

    Ttulos do governo central ou do Banco central

    do pas em moeda local

    Ttulos de governos ou Bancos centrais de pases

    da OCDE

    0% 50% Ttulos de instituies do sector pblico

    20%

    Ttulos de Bancos multilaterais de

    desenvolvimento

    Direitos de bancos incorporados na OCDE

    Direitos de Bancos fora da OCDE de prazos

    menores que 1 no

    50%

    Ttulos do sector privado

    Ttulos de governos fora da OCDE

    100%

    Ttulos do sector privado, Ttulos de governos fora

    da OCDE

    (Fonte Bis)

    Estes nveis mnimos de capital seriam uma garantia contra insolvncia ao garantir

    que em situaes adversas, os Bancos teriam um colcho amortecedor que lhes garantiria a

    capacidade de continuar operando.

    A partir da aplicao destes coeficientes de ponderao de riscos, os Bancos deveriam

    manter, no mnimo, uma taxa de capital total igual a 8% (do capital total). Os activos

    considerados seguros, como ttulos do governo, teriam peso de risco 0, ou seja, o Banco no

    teria que manter capital em funo das posies em ttulos do governo em sua carteira. J os

    emprstimos tradicionais para o sector privado, com ponderao de risco de 100%, exigiriam

    do Banco a manuteno de 8% de suporte de capital (Mendona, 2004).

  • 15

    Sobre o capital mnimo relativo, de acordo com Troster, (1995; funciona como uma

    restrio de alavanca e determina a participao relativa de recursos prprios sobre o capital

    total de recursos. Basicamente, o capital mnimo relativo um amortecedor para enfrentar

    queda no valor dos activos e/ou aumento nos custos operacionais dos Bancos. Deve, portanto,

    ser proporcional aos riscos envolvidos.

    De acordo com Ono, 2002; O Comit de Basileia tem demonstrado reconhecimento

    importncia crescente das operaes fora de Balano incorporando-as ao sistema de

    adequao de capital atravs do estabelecimento de uma escala de encargos por meio da qual

    tais exposies so convertidas em risco de crdito equivalente. Os diferentes instrumentos e

    tcnicas podem ser divididos em cinco categorias abrangentes:

    1. Garantias de emprstimo (como garantias bancrias, cartas de crdito como garantias

    para emprstimos e securities) recebem um factor de converso para risco de crdito

    de 100%;

    2. Transaes contingncias (como performance bonds; bid bonds, cartas de

    crditostand-by) recebem um factor de converso para risco de crdito de 50%;

    3. Obrigaes de curto prazo, relacionadas a operaes comerciais (como cobranas e

    cartas de crdito de importao e exportao) recebem um factor de converso para

    risco de crdito de 20%;

    4. Compromissos com prazos de maturao superiores a 1 ano (como, NIF: linhas de crdito

    com emisso de notas; e RUF: linhas rotativas para subscrio) recebem um factor de

    converso para risco de crdito de 50%; e

    5. Itens relacionados a taxas de juros ou cmbio (como swaps, opes e futuro) podem

    utilizar dois mtodos para converso em risco de crdito. Com isso os bancos no esto

    expostos a um risco de crdito pelo valor de face do contrato, mas sim ao risco de

    pagamento no caso de default do contratante. A maioria dos membros do Comit avalia o

    risco (e o custo decorrente de um default) das operaes fora de balano de tal natureza

    atravs da adio de um factor representativo do potencial de exposio pelo prazo at o

    vencimento do contrato. Em uma outra abordagem, os factores de converso dependem do

    montante nominal de cada contrato de acordo com seu tipo e maturidade.

  • 16

    Segundo Troster (2005), a regulamentao do risco Bancrio uma preocupao antiga,

    tanto de Bancrios, como de acadmicos e legisladores. Adam Smith, tido como o pai da

    economia, em 1776, escreveu que os Bancos deveriam ter restries operacionais.

    As mesmas no deveriam ser consideradas uma diminuio na liberdade de actuar das

    casas Bancrias, pois cumpriam funes anlogas aos muros refractrios para prevenir a

    propagao de incndios. Na poca de Adam Smith a percepo era de que os Bancos tinham

    riscos de liquidez e de especulao. A prescrio foi de impor reservas obrigatrias e de por

    tetos s taxas de juros e dessa forma limitar os riscos nas instituies Bancrias.

    O Risco Operacional que foi introduzido no clculo, medido separadamente dos demais,

    pelo acordo em vigor, a exigncia de capital de 8% sobre os activos ponderados pelo risco se

    destinava a cobrir todo tipo de risco. Em 1996 foi introduzida uma modificao que incluiu o

    risco de mercado no denominador, mas qual importncia de se atentar para o risco

    operacional? fundamentalmente porque os Bancos continuaram a incorrer em perdas

    financeiras mesmo depois do advento de Basilia I e os aditivos de 1996, como o risco de

    mercado.

    Acontecimentos mostram que os riscos inerentes s instituies no se limitam ao risco

    de crdito ou de mercado, escopo do primeiro acordo. Assaltos, computadores violados,

    falhas em sistema processos inadequados e erros de funcionrios podem redundar em perdas

    qualificadas como operacionais. O processo de agenciamento de risco, em particular o

    operacional, parece simplista e demasiadamente terico para ser colocado em prtica.

    No entanto, observa-se por meio de casos reais que empresas que falham em

    desenvolver apropriadamente um sistema bsico que contemple riscos, de qualquer natureza,

    ou controlos, tm grande probabilidade de entrar em descontinuidade, devido a sua crescente

    exposio a fraudes e erros. Em relao a esse facto, faz-se essencial o atendimento ao pilar 3

    de Basilia II em que o requisito de transparncia extremamente importante para expor ao

    mercado quais polticas e directrizes so adoptadas para mitigar tais eventos.

    A superviso Bancria mundial tem procurado no se restringir as normas e Balanos

    contabilsticos. Tambm tem contemplado anlises de controlos internos das instituies,

    visando assegurar o sistema financeiro no futuro. Certamente, o comit acredita que a gesto

    de risco um incentivo a melhor gesto Bancria.

  • 17

    Nesse sentido, tem se esforado na reviso de regras para exigncia de alocao de

    capital mnimo para Bancos activos internacionalmente. Obviamente, pases em

    desenvolvimento tm procurado implantar o Basilia II por meio de seus Bancos centrais,

    pois h a percepo de que se trata de salto qualitativo na gesto, com reflexos na diminuio

    de riscos sistmicos, prticas de menores spreads, elevao em seus ratings6 e outros quesitos

    que impactam positivamente os Bancos, (Carvalho e Caldas, 2003).

    1.5 Limites de Concesso de Crdito segundo o BNA

    As regras prudenciais em superviso objectivam, por um lado, a manuteno da

    estabilidade do sistema financeiro, ou seja, a segurana e solidez financeira das instituies, e,

    por outro lado, a proteco dos depositantes e outros investidores contra perdas resultantes de

    uma m gesto, de fraudes e falncias dos fornecedores de servios financeiros. (BNA, 2010)

    A Lei das Instituies Financeiras estabelece uma srie de normas e limites

    prudenciais a definir pelo Banco Nacional de Angola, por meio de avisos, que devero ser

    observados por aquelas na realizao das suas operaes. Destacam-se aqui o valor mnimo

    dos fundos prprios a determinar em funo do grau de risco dos activos, o limite de

    participaes sociais, os limites concentrao de riscos e s imobilizaes, os limites

    mnimos para as provises destinadas cobertura de crdito e outros riscos ou encargos, ou as

    normas em matria de superviso em base consolidada.

    As regras prudenciais podem ser divididas em dois grandes grupos:

    1. As que influenciam as condies de acesso ao mercado, com o intuito de evitar que nele

    venham a actuar entidades de reputao duvidosa ou que no disponham de solidez

    financeira adequada s operaes que se propem executare.

    2. As que visam, em ltima anlise, o controlo dos riscos subjacentes s actividades

    financeiras.

    6 Rating utilizado para designar a classificao de uma empresa ou instituio (ou at mesmo pas) em termos

    de risco de crdito, mediante a utilizao de uma escala pr-definida de atributos e qualificaes.

  • 18

    Entre as primeiras, contam-se o controlo da aquisio de participaes qualificadas, a

    verificao da idoneidade e experincia dos membros dos rgos de administrao e de

    fiscalizao, ou a imposio de um montante mnimo para o capital social (no caso dos

    Bancos, o equivalente em kwanzas a 4 milhes de dlares americanos, e no caso das casas de

    cmbio 30 mil dlares americanos).

    Entre as segundas que abordaremos com maior detalhe incluem-se as regras de

    adequao dos fundos prprios aos riscos (de crdito, de mercado e cambiais) incorridos pelas

    instituies de crdito e sociedades financeiras, os limites concentrao de riscos sobre um

    s cliente ou um "grupo econmico", os limites s participaes financeiras e ao imobilizado

    e as regras sobre a constituio de provises destinadas a fazer face a perdas efectivas ou

    cobertura de riscos potenciais.

    A maioria dos requisitos e limites prudenciais (do segundo grupo) assentam no

    conceito de fundos prprios. Estes, alm dos capitais prprios deduzidos de certos activos

    sem valor de realizao autnomo e de certas participaes em instituies financeiras,

    compreendem outros agregados (como os emprstimos subordinados de longo prazo), os

    quais, pelas suas caractersticas, renem condies para constituir uma "almofada" capaz de

    absorver um determinado volume de perdas e dar tempo s instituies para reagir (por

    exemplo, atravs do reforo do capital social), permitindo o prosseguimento, ou mesmo

    reforo, das suas actividades.

    Os fundos prprios nunca podem ser inferiores ao capital social mnimo e pelo

    menos 20% dos lucros lquidos apurados em cada exerccio, devem ser afectos constituio

    de uma reserva legal at ao montante do capital social (BNA, 2010).

    1.5.1 Controlo do Risco de Crdito

    O risco de crdito geralmente considerado como o mais importante risco

    subjacente actividade Bancria e consiste na probabilidade da ocorrncia de perdas devido

    ao incumprimento dos pagamentos, na data contratada, por parte dos devedores das

    instituies financeiras. Esses pagamentos no se limitam aos emprstimos (titulados ou no

    titulados) tradicionais, mas podem igualmente decorrer de operaes extra-patrimoniais (por

    exemplo, execuo de uma garantia bancria). Furtado, 2005.

  • 19

    Para controlar o risco de crdito, as autoridades de superviso dispem de

    instrumentos de carcter preventivo e de instrumentos de carcter correctivo. So de carcter

    preventivo o rcio de solvabilidade (o quociente entre os fundos prprios e os activos e

    elementos extra-patrimoniais ponderados pelo risco das contrapartes nas operaes, que

    nunca deve ser inferior a 10% - o padro internacional estabelecido por Basileia de 8% -) ou

    a obrigatoriedade de constituio de provises para riscos gerais de crdito (de 2% a 4% do

    crdito concedido).

    Por sua vez, so instrumentos de carcter correctivo os nveis mnimos de

    provisionamento de crditos vencidos, que representam o reconhecimento, nas contas da

    instituio, de uma reduo do valor a recuperarem relativamente a um crdito cujo devedor

    entrou em incumprimento na data do respectivo vencimento.

    Outro princpio importante no controlo dos riscos de crdito diz respeito

    diversificao e traduz-se na imposio de limites (uma vez mais relacionados com os fundos

    prprios da instituio) s posies credoras face a um cliente ou a um grupo de clientes. Com

    efeito, estes podem encontrar-se de tal modo relacionados que, na eventualidade de um dos

    elementos do grupo deparar-se com problemas financeiros, um ou mais dos restantes tero

    provavelmente dificuldades em cumprir as suas obrigaes.

    Assim, o conjunto dos riscos perante um cliente (ou grupo de clientes ligados entre si)

    no pode exceder a percentagem de 30% dos fundos prprios da instituio. Para os crditos

    que ascendem a 10% ou mais dos fundos prprios da instituio outorgante (crditos de

    grande risco), o seu somatrio no deve ser superior a trs vezes os fundos prprios.

    Os riscos de mercado (essencialmente decorrentes da variao de preo dos

    instrumentos financeiros includos na carteira de negociao) e os riscos cambiais esto

    igualmente sujeitos a requisitos mnimos de fundos prprios. (BNA, 2010).

    Deve referir-se tambm a existncia de outras regras prudenciais: por exemplo, as

    instituies financeiras apenas podem deter imveis que sejam indispensveis sua instalao

    e funcionamento; ou ainda, alm dos limites a que esto sujeitas as suas aplicaes em activos

    imobilizados (financeiros e no financeiros), cujo total no pode exceder o montante dos

    fundos prprios, -lhes limitado o exerccio indirecto de actividades no financeiras (as

    participaes duradouras em empresas no financeiras, por prazo seguido ou interpolado

  • 20

    superior a trs anos, no podem ser superiores a 25% dos direitos de voto correspondentes ao

    capital da sociedade participada). BNA, 2010.

    Por ltimo, no que respeita ao risco de liquidez e alm das tradicionais regras sobre as

    disponibilidades mnimas de caixa, principalmente determinadas por razes de poltica

    monetria, deve ser estabelecida a necessria relao entre certas rubricas do balano ou dos

    fluxos financeiros associados, para que as instituies possam, a todo o momento, satisfazer

    os respectivos compromissos.

    Alm dos objectivos j identificados, o estabelecimento de regras prudenciais mnimas

    tem em vista criar uma base uniforme de enquadramento para a actuao das instituies no

    mercado. Trata-se, por isso, de instrumentos simplificados e de carcter preventivo, motivo

    pelo qual essas regras tm de ser entendidas como complemento de uma gesto s e prudente,

    nunca podendo substituir sistemas eficazes de avaliao, gesto e controlo interno dos riscos.

    Estes sistemas devem ser desenvolvidos pelas prprias instituies de crdito e sociedades

    financeiras, tendo em conta as suas responsabilidades perante os accionistas, depositantes e

    restantes credores. BNA, 2010.

    Num mercado caracterizado pela liberdade contratual e pela inovao financeira,

    compete ainda ao Banco Nacional de Angola verificar o cumprimento dos requisitos mnimos

    de informao aos clientes sobre as condies financeiras praticadas nas vrias operaes e

    servios, bem como sobre os respectivos riscos.

    Face a eventuais perturbaes graves nas condies normais de funcionamento de uma

    instituio e de modo a evitar a propagao dessas situaes ao resto do sistema (preveno

    dos riscos de contgio), o Banco Nacional de Angola pode impor medidas de saneamento

    para a recuperao da instituio. Essas providncias extraordinrias so muito diversificadas

    (desde restries ao exerccio de determinadas actividades at medidas de interveno directa

    na gesto, como a designao de administradores provisrios), dependendo a sua adopo

    concreta da dimenso e gravidade dos problemas existentes.

    Verificando-se que, com as providncias extraordinrias adoptadas, no foi possvel

    recuperar a instituio, o BNA deve revogar a autorizao para o exerccio da actividade

    financeira, seguindo-se posteriormente o regime de liquidao estabelecido pela legislao

    aplicvel.

  • 21

    Portanto, a superviso assenta na avaliao sistemtica dos riscos financeiros

    assumidos pelas instituies e grupos, na verificao do cumprimento das regras prudenciais

    em vigor, atravs da anlise da informao reportada numa base regular e de inspeces in

    loco, e, ainda, na verificao da qualidade da respectiva gesto, de forma a habilitar o Banco

    Nacional de Angola a responder a problemas emergentes antes que eles se tornem crticos ou

    de difcil gesto. BNA, 2010.

  • 22

    Captulo 2: Metodologia

    No captulo anterior procurou-se demonstrar a conceptualizao do estudo do risco do

    crdito. Neste, vamos procurar inserir os atributos de crdito num modelo explicativo, cuja

    validao emprica sugira orientaes para a poltica de deciso do crdito das empresas no

    financeiras no mercado Angolano.

    Neste contexto, importa sublinhar que neste captulo se procura caracterizar as

    variveis do modelo e as respectivas medidas do risco de crdito; definir as hipteses a testar;

    realar os aspectos centrais subjacentes caracterizao dos dados e definir a amostra.

    A avaliao do risco de crdito reflexo da multiplicidade, qualidade e origem das

    informaes disponveis para o analista. A anlise e a administrao do risco esto baseadas

    no processamento das informaes sobre o proponente do crdito (Securato, 2002).

    O propsito maior dos modelos de mensurao do risco de crdito se concentra em

    criar estimativas precisas das probabilidades dos crditos serem pagos. Desta forma, deve-se

    permitir por meio do controle das variveis utilizadas, a definio de um critrio que vise

    maximizao das receitas ou a minimizao das perdas fornecendo uma base estatstica

    satisfatria para comprovao das decises, (Securato, 2002).

    A concesso de crdito requer uma pr-anlise de risco que exige, alm de critrios

    tcnicos. Diante do exposto, pode no ser fcil para uma instituio financeira traar suas

    polticas e formas de avaliao de crdito, de maneira a garantir o retorno e o resultado

    esperados.

    2.1 Hipotese a Testar

    1. Fazendo um estudo profundo do nvel de risco em relao as famlias, e

    entidades no financeira, chegaremos a concluso que as instituies financeiras carecem de

    uma interveno do B N A como entidade supervisora do mercado monetrio Angolano em

    criar a Central de risco de crdito;

    2. O aumento do risco de crdito das entidades financeiras tem um impacto

    negativo na eficincia da economia;

    3. O carcter do cliente influencia a concesso de crdito, para tal os gestores das

    institues financeiras devem insidir sobre o carcter, pode ser que algum ou alguma

  • 23

    empresa no tenha a inteno de pagar, mas a continuidade de seus negcios depende do

    cumprimento de seus compromisos, (Joo, Guarita2000);

    4. A capacidade do cliente, ou seja, analisar mecanismos e formulas que

    evidenciam a gerao de caixa que possibilitaro no futuro amortizao das dvidas. (Silva

    2000);

    5. Capital do cliente, ou seja, o patrimnio do proponente que gera rendimentos

    para a continuidade econmico-financeira do mesmo. (Saunder2000);

    6. (condies), ou seja as oportunidades e ameaas, que podem afectar o negcio e

    consequentemente suas obrigaes contratuais de crdito (Alexandre 2000);

    7. (Colateral) tambm conhecido como garantia, refere-se ao meio envolvente do

    cliente em mostrar garantias adicionais a instituio financeira para o pagamento da dvida

    (Joo, Guarita1999);

    8. (Conglomerado ou grupo econmico), enquadramento do cliente no seu devido

    grupo econmico, para que no se atribua crdito com dimenses a grandes empresas micro

    empresas ou particulares.

    2.2 Caracterizao dos Dados e Definio da Amostra

    Os dados para a presente investigao foram recolhidos a partir dos Bancos comerciais

    Angolanos especificamente na Provincial do Huambo. Trata-se de uma base de dados dotada

    de informao econmica e financeira sobre um conjunto representativo de empresas no

    financeiras, a populao em estudo sero os gestores das instituies Bancrias, e 75

    tomadores de emprstimo como amostra.

    O horizonte temporal considerado para o estudo de 3 anos, compreendido entre 2008

    a 2010, contemplando todos os sectores das empresas no financeiras, com excepo das

    administraes pblicas, organismos internacionais e outras instituies extra territoriais.

    2.3 Definio das variveis

    Para classificar as observaes de acordo com a qualidade de crdito, foram

    seleccionadas variveis explicativas que pudessem influenciar a situao dos clientes em suas

    operaes de emprstimos. O conjunto inicial de variveis preleccionadas mostrado a

    seguir:

  • 24

    Quadro 2. Variveis explicativas ou independentes

    Estado Civil do Cliente Natureza da actividade econmica do negcio

    Idade do Cliente Receita Familiar Bruta

    Receita Bruta do Negcio Receita Bruta do Avalista

    Histrico do Titular com a Instituio Agente de Crdito Responsvel pelo emprstimo

    Local de Residncia do Cliente Percentual de Endividamento

    Histrico do Avalista com a Instituio Despesa Bruta do Avalista

    2.4 Modelo e Medidas do Risco de crdito

    Para testar os atributos do risco de crdito, necessrio definir priori a medida do

    risco de crdito a adoptar. Na concesso do crdito, a avaliao do risco est por elementos

    qualitativos, porm especialmente adaptada a essas instituies. Segundo Kwitko (1999), os

    principais aspectos considerados na anlise de risco na concesso de crdito dizem respeito

    aos Cs do crdito (Carcter, Capacidade, Capital, Colateral, Condies, e Conglomerando ou

    seja Grupo econmico), que, no entanto, nas instituies de crdito, buscam identificar

    caractersticas do empreendedor e do seu negcio. Portanto, os Cs do crdito constituem os

    factores de risco a serem considerados quando da anlise de risco nas instituies financeira,

    sendo a deciso sobre a concesso de um crdito centrada na avaliao qualitativa desses

    factores.

    Para Bruett (2002), dentre os Cs do crdito, os elementos carcter e capacidade de

    pagamento do tomador so os mais importantes para a anlise de risco de crdito nas

    instituies financeira.

    Segundo o autor supramencionado, estima o risco de crdito para emprstimos a

    empreendimentos difcil. Geralmente, no h dados adequados para analisar que tipo de

    empreendimentos tem mais probabilidade de atrasar o pagamento e frequentemente no h

    histricos de crdito disponveis para tomadores individuais. Esses factores dificultam o

    emprego de abordagens quantitativas de risco em instituies financeira.

    A soluo destas dificuldades constitui a principal tendncia das investigaes sobre

    este tema na atualidade.

  • 25

    2.4.1 Modelo

    A escolha de um modelo para avaliar correctamente os factores determinantes do risco

    de crdito tem sido uma das preocupaes fundamentais de inmeros acadmicos ao longo

    dos anos. Entretanto, o modelo de regresso um dos mais utilizados para determinar os

    atributos de endividamento (vid, Shyam-Sunder e Myers, 1999; e Fama e French, 2005).

    A disperso dos dados ser calculada com base no desvio padro: O desvio padro de

    uma varivel aleatria definido como:

    1. Varincia:

    n 2

    i 12

    XXi

    n 1

    2 Varina

    ix elementos da amostra

    x Mdia

    n Tamanho da populao

    2. Desvio padro: 2

    O coeficiente de correlao entre as variveis ser feito em apie ao coeficiente de correlao

    linear de Pearson7 (r):

    n

    i ii 1

    n n2 2

    i ii 1 i 1

    x - x y - y

    r

    x - x y - y

    iixy 0

    Onde:

    0 Valor estimado de y quando x igual a 0.

    7 Karl Pearson no seu livro de 1894.

  • 26

    i = o coeficiente de regresso

    Por cada incremento de x , estima-se que y muda em mdia z unidade monetria.

    Os resultados obtidos indicaro a relao entre o risco de crdito ( y ) e os nveis de

    endividamento entre as famlias e as entidades financeiras ( x ), durante um determinado

    perodo de tempo. Pelo modelo de regresso linear simples: iixy 0

    Varivel dependente: Risco de crdito ( y ), com realce aos 6c`s do crdito

    Varivel independente: quantidade de famlias e entidades financeiras ( x )

    2.4.2 Modelos de Credit Scoring

    Os modelos de Credit Scoring so sistemas que atribuem pontuaes s variveis de

    deciso de crdito de um proponente, mediante a aplicao de tcnicas estatsticas. Esses

    modelos visam a segregao de caractersticas que permitam distinguir os bons dos maus

    crditos (Lewis, 1992).

    Estes modelos tambm so empregados em comum por instituies financeiras na

    medio e previso do risco de crdito, possuindo uso consolidado no processo de concesso

    de crdito destas instituies.

    Com este modelo podem ser aplicados tanto anlise de crdito de Pessoas fsicas

    quanto empresas (Caquette, Altiman, e Nayaraman,1998). Quando aplicados a pessoas fsicas,

    eles utilizam informaes de comportamento dos clientes. J, quando aplicados a empresas,

    so utilizados ndices financeiros como variveis determinantes ou no da falncia das

    mesmas.

    Conforme ressalta Saunders (2000), a idia essencialmente a mesma: a pr-

    identificao de certos factores-chave que determinam a probabilidade e sua combinao ou

    ponderao para produzir uma pontuao quantitativa.

    Thomas (2000) explica as diferenas entre modelos de aprovao de crdito e modelos

    de escoragem comportamental. Segundo este autor, os modelos de Credit Scoring

    propriamente ditos so ferramentas que do suporte tomada de deciso sobre a concesso de

    crdito para novas aplicaes ou novos clientes. J os modelos Behavioural Scoring auxiliam

  • 27

    na administrao dos crditos j existentes, ou seja, aqueles clientes que j possuem uma

    relao creditcia com a instituio.

    2.4.3 Provises para riscos de crdito

    A partir de Maro de 2008 entrou em vigor o Aviso n 9/2007 de 12 de Setembro do

    BNA, que veio alterar a metodologia de apuramento das provises para crdito concedido a

    Clientes. As provises registadas pelo Banco so caracterizadas abaixo.

    Provises para crdito e juros

    Nos termos do Aviso n 9/2007, o Banco classifica as operaes de crdito por ordem

    crescente de risco, de acordo com as seguintes classes:

    Nvel A: Risco nulo

    Nvel B: Risco muito reduzido

    Nvel C: Risco reduzido

    Nvel D: Risco moderado

    Nvel E: Risco elevado

    Nvel F: Risco muito elevado

    Nvel G: Risco de perda

    A classificao das operaes de crdito a um mesmo cliente, para efeitos de

    constituio de provises, efectuada na classe que apresentar maior risco.

    O crdito vencido classificado nos nveis de risco em funo do tempo decorrido

    desde a data de entrada das operaes em incumprimento, sendo os nveis mnimos de

    provisionamento calculados de acordo com a tabela seguinte:

    Quadro 3. Provises para riscos de crdito

    Nveis de Risco A B C D E F G

    % de Proviso 0% 1% 3% 20% 20% 50% 100%

    Tempo decorrido

    desde a entrada

    em incumprimento At 15 dias

    De 15

    a 30 dias

    De 1

    a 2 meses

    De 2

    a 3 meses

    De 3

    a 5 meses

    De 5

    a 6 meses

    Mais

    de

    6

    meses

    FONTE: Relatrio de Conta, BFA, 2008

  • 28

    Para os crditos concedidos a Clientes por prazos superiores a dois anos, o tempo

    decorrido desde a entrada em incumprimento considerado em dobro face ao perodo acima

    indicado.

    As operaes que sejam objecto de renegociao so mantidas, pelo menos, no mesmo

    nvel de risco em que estavam classificadas no ms imediatamente anterior renegociao. A

    reclassificao para uma classe de risco inferior ocorre apenas se houver uma amortizao

    regular e significativa da operao. Os ganhos ou proveitos resultantes da renegociao s so

    registados quando do seu efectivo recebimento.

    O Banco procede anulao de juros vencidos superiores a 60 dias, bem como no

    reconhece juros a partir dessa data at ao momento em que o Cliente regularize a situao.

    Relatrio e Conta, BFA, 2008. Realamoa aqui que vamos calcular o grau de risco de crdito

    nas instituies existentes na Provincia do Huambo com o risco de perda(G), nomeadamente

    os seguintes Bancos :

    Quadro 4.Bancos comerciais na provncia do Huambo

    BANCOS COMERCIAS NA PROVNCIA DO HUAMBO

    1 Banco BIC, S.A 8 Banco Regional do Keve, S.A. BRK

    2 Banco SOL SOL 9 Banco Africano de Investimentos, S.A.

    BAI

    3 Banco de Poupana e Crdito, BPC, S.A

    10

    Banco de Comercio e Indstria, S.A. BCI

    4 Banco Angolano de Negcios e

    Comercio, S.A. BANC 11

    Banco de Fomento Angola, S.A. BFA

    5 Banco Caixa Geral Totta de Angola, S.A.

    BCGTA 12 Banco Millenium Angola, S.A. BMA

    6 Banco Comercial Angolano, S.A. BCA 13 Banco Comercial do Huambo, BCH

    7 Banco Espiritu Santo Angola, S.A. BESA 14

    Banco de Negcios Internacional, S.A.-

    BNI

    ::::::::::::::::::::::::::

    ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: 15

    Finibanco Angola S.A

    FONTE: Portal internet BNA

  • 29

    Captulo 3: Resultados Empricos

    Com base nos dados obtidos dos Banco comerciais existentes na Provncia do

    Huambo, na reviso de literatura financeira, o vamos nos basear ao Credit scoring e, com

    recurso ao programa economtrico SPSS 15.1, pretende-se, neste captulo, proceder

    apresentao de resultados empricos e da respectiva anlise.

    Assim, nas seces seguintes procede-se anlise das evidncias empricas sobre o

    risco de crdito, apresentao dos resultados inerentes ao modelo de regresso linear,

    discusso de hipteses estabelecidas sobre os factores determinantes do risco de crdito e

    culmina-se com a descrio de evidncias relativas ao nvel do risco de crdito.

    3.1 Evidncias Empricas Sobre o Risco de Crdito

    O efeito de cada varivel explicativa do modelo sobre a varivel dependente pode ser

    descrito atravs da anlise dos coeficientes:

    Sendo os modelos de Credit Scoring, sistemas que atribuem pontuaes s variveis

    de deciso de crdito de um proponente, mediante a aplicao de tcnicas estatsticas. Esses

    modelos visam a segregao de caractersticas que permitam distinguir os bons dos maus

    pagadores de crditos (LEWIS, 1992)

    A partir de uma equao gerada atravs de variveis referentes ao proponente de

    crdito e/ou operao de crdito, os sistemas de Credit Scoring geram uma pontuao que

    representa o risco de perda. O escore que resulta da equao de Credit Scoring pode ser

    interpretado como pontuao estabelecida como ponto de corte ou pontuao mnima

    aceitvel. Conforme ressalta Saunders (2000), o escoring pode ser utilizado para classificao

    de crditos como, bons ou maus, desejveis ou no, de acordo com a pontuao obtida por

    cada crdito.

    Esta classificao, por sua vez, pode orientar a deciso do analista em relao

    concesso ou no do crdito solicitado. Assim, a ideia essencial do modelo de Credit Scoring

    identificar certos factores chave que influenciam na concesso de crdito a clientes,

    permitindo a classificao dos mesmos em grupos distintos e, como consequncia, a deciso

    sobre a aceitao ou no na cedncia do crdito em anlise.

  • 30

    De acordo com as variveis explicativas, tanto a clientes particulares, como para

    clientes empreas, numa classificao que varia entre 0 5, quanto aos atributos, em quetes

    que influnciam a anlise de risco no processo de concesso de crdito um cliente, levado

    acabo as instituies financeiras existente no mercado local, chegamos a seguinte concluso :

    Clientes Particulares

    Estado civil (solteiros, vivos, divorciados): esta varivel possui sinal positivo,

    significando que indivduos no casados so mais propensos maus pagadores que

    indivduos casados. Uma possvel explicao para o comportamento dessa varivel

    reside no facto dos indivduos no casados possurem uma menor apreenso em relao

    ao pagamento das dvidas, j que, geralmente, tm menores responsabilidades

    familiares. Encontra partida, as instituies financeiras, 100% atribuem mais escoring

    aos casados, por estes possurem maiores responsabilidades.

    Histrico do titular com a instituio Inferior a 1 ano, De 1 a 3 anos, Superior a 3 anos):

    Obtivemos 65% com uma mdia escore 5 aos clientes com permanncia na instituio a

    mais de 3 anos, por possuir um histrico bom com a instituio algo positivo, sendo

    que clientes nessa condio so menos propensos a se tornarem incertos. O

    conhecimento, por parte da instituio, do histrico dos clientes, de fundamental

    importncia, fornecendo subsdio de informao em decises de renovao de

    emprstimos, aumento do valor concedido, dentre outras. Um maior horizonte temporal

    de relao, o emprstimo acaba por se mais credvel em relao aqueles emprstimos

    direccionados a histricos mais novos. Geralmente, um maior tempo de relao com a

    instituio um indcio de que aquele cliente j est mais estabilizado financeiramente

    e no mercado em que actua, o que coerente com os resultados encontrados.

    Local de residncia do cliente (Inferior a 2 anos, de 2 a 5 anos, superior a 5 anos), de

    acordo com o inqurito levado acabo, chegamos a concluso que 100% das instituies

    bancrias, atriburam em mdia 5 pontos aos clientes que residem h um perodo

    superior a 5 anos, porque oferecem maior maior garantia, em caso de localizao em

    caso de incumprimento de pagamento de crdito.

  • 31

    Histrico do avalista com a instituio (Boas, razoveis e mas), os gestores dos bancos

    comerciais, 100% chegaram a concluso que, prefervel avalista que tem um histrico

    bom com a instituio bancria, por apresentarem melhor credibilidade aos gestores,

    para tal foi atribudo um escore de 5 pontos.

    Natureza da actividade econmica do negcio: Segundo os gestores existe uma certa

    relatividade, possivelmente, tem como causa facto de os clientes declararem aos

    agentes de crdito renda superior quela realmente auferida. O solicitante declara quais

    so suas receitas provenientes do negcio e o agente de crdito faz uma avaliao do

    empreendimento para verificar se as condies do negcio condizem com a renda

    declarada. Assim, o coeficiente desta varivel mostra que momentos em que h uma

    distoro de informaes dos clientes, que declaram receitas maiores que as realmente

    auferidas, apenas para conseguirem o crdito, o que influncia num risco de crdito.

    Receita familiar bruta: para est varivel explicativa, segundo os gestores no h um

    valor especfico a definir, porque dependera especificamente do valor ser solicitado e

    caber ao gestor analisar, para tal necessrio que a renda familiar seja compatvel ao

    reembolso ou a prestao a ser paga pelo cliente.

    Receita bruta do avalista: esta varivel indica que 95% das instituies bancrias acham

    que o volume de receita imperioso para a cedncia de crdito.

    Agente de crdito responsvel pelo emprstimo: Quanto ao agente responsvel, pelo

    emprstimo, conclumos que existe uma grande rigorosidade, concernente a concesso

    de crdito.

    Percentual de Endividamento: concluiu-se que 80% dos bancos utilizam uma taxa de

    esforo que varia entre 40% 50%i, para tal existe uma certa rigorosidade neste

    aspecto.

    Clientes empresas

    Capacidade de endividamento: Os gestores, quanto aos critrio de concesso de crdito

    levam mais em conta as empresa com rendimentos alto, que consequentemente

    facilitam a liquidao do mesmo.

  • 32

    Situao financeira: 100% dos gestores optam por aquelas empresas que tm uma

    situao financeira saudvel, quanto maior for a facilidade forem as garantias de

    liquidao de crdito, mais fcil ser a facilidade de concesso.

    Histrico da empresa com a Instituio: Os gestores neste critrio preferem por aquelas

    empresa que tm uma relao com a instituio por um perodo superior a 3 anos,

    precisamente porque tero um histrico do comportamento financeiro com a

    instituio, por outro lado, h uma excepo de empresas que pretende se instalar pela

    primeira vez no mercado, neste aspecto h uma avaliao do projecto, se este for

    credvel do ponto de vista da instituio, lhe concedido o emprstimo.

    Localizao geogrfica da Empresa: De acordo com conversa mantida com os gerentes,

    concluiu-se que a localizao geogrfica no constitui um factor decisivo na concesso

    de crdito, porque h empresas que se instalam fora das localidades precisamente para

    fcil aquisio de matrias-primas, e os seus produtos so comercializados nas urbes.

    Capacidade administrativa: Nesta varivel explicativa os gestores optam por empresas

    que tm uma boa gesto, gestores credveis oferecem maior credibilidade aos gestores

    bancrios.

    Natureza da actividade econmica do negcio: O sector de actividade ou a sua natureza

    no influncia na concesso de crdito, existem varias actividades comerciais e no

    constituem uma varivel na concesso de crdito, mais sim a possibilidade que a

    empresa ter em liquidar as suas prestaes.

    Capacidade de produo: quanto maior for a produo em grande escala e

    consequentemente a sua comercializao, melhor ser o volume de negcio e

    consequentemente mais depsitos sero feito a instituio financeira e representa um

    critrio importante na concesso de crdito.

    Capacidade de comercializao: segundo os gestores, toda finalidade de uma

    organizao comercial, a comercializao dos seu produtos e a obteno de lucros,

    quanto maior for a capacidade de comercializao, melhor ser o seu volume de

    negcio, e uma organizao com volume de negcio alto, facilmente consegue liquidar

    as suas prestaes de crdito.

    Capacidade tecnolgica: Adoptar as organizaes em funo das mutaes do meio

    envolvente, Kianvo, 2004. O meio envolvente das organizaes esto em constantes

  • 33

    mutaes, ou seja utilizar tecnolgicas que permitem maior produo, comercializao,

    capacidade de atendimento e entre outras, em menor custos e curto perodo de tempo,

    de acordo com a pesquisa realizada, melhor credibilidade apresentam as empresas que

    melhor esto actualizadas com as novas tecnologias.

    Interferncia Governamental: Quanto a esta varivel explicativa os gestores pouco tm a

    dizer a respeito, devido a estabilidade poltica que o pais vive, fcil circulao de bens e

    servios, livre comrcio e entre outras, por tanto no constituem um factor decisivo na

    concesso de crdito.

    3.2 Presentao e discusso da Estatstica Descritiva

    Com base nos dados econmico-financeiros extrados nas instituies financeiras do

    mercado financeiro do Huambo, nos modelos do estudo e com recurso aos mtodos

    estatsticos e economtrico, pretende-se, proceder apresentao do grau do risco de crdito.

    Num universo de 15 Instituies financeiras existente na praa, obtivemos

    informaes de 10 instituies no que concerne ao nmero de clientes que no cumprem com

    a prestao de crdito a mais de 6 meses, nos termos do aviso n 9/2007 do BNA, que

    classifica as operaes de crdito por ordem crescente de risco.

    E, de acordo com o inqurito realizado no perodo entre 24 de Abril de 2011, 10 de

    Maio de 2011, numa classificao que varia entre 0 5, quanto aos atrbutos, em quetes que

    influnciam a anlise de risco no processo de concesso de crdito um cliente (6Cs),

    obtivemos os seguintes dados:

    Quadro.5 Instituies financeiras, Clientes e 6Cs

    N Instituies Financeiras Clientes que no

    pagam crdito a

    mais de 6 Meses

    6Cs

    1 Banco Africano de Investimentos, S.A. BAI 74 4

    2 Banco SOL SOL 12 5

    3 Banco Comercial Angolano, S.A. BCA 30 5

    4 Banco Comercial do Huambo, BCH 0 5

  • 34

    5 Banco Millenium Angola, S.A. BMA 22 4

    6 Banco de Comercio e Indstria, S.A. BCI 0 5

    7 Banco de Negcios Internacional, S.A.- BNI 0 5

    8 Banco Espiritu Santo Angola, S.A. BESA 0 5

    9 Finibanco Angola S.A 0 5

    10 Banco Angolano de Negcios e Comercio,

    S.A. BANC

    0 5

    Quadro 6. Estatistica descritiva

    CLIENT

    ES

    CS.CRE

    DI

    N Valid 10 10

    Missing 0 0

    Mean 13,90 4,80

    Median ,00 5,00

    Mode 0 5

    Std. Deviation 24,085 ,422

    Variance 580,100 ,178

    Skewness 2,154 -1,779

    Std. Error of Skewness ,687 ,687

    Kurtosis 4,891 1,406

    Std. Error of Kurtosis 1,334 1,334

    Range 75 1

    Minimum 0 4

    Maximum 75 5

    Sum 139 48

    Percentiles 10 ,00 4,00

    20 ,00 4,20

    25 ,00 4,75

    30 ,00 5,00

    40 ,00 5,00

    50 ,00 5,00

    60 7,20 5,00

    70 19,00 5,00

    75 24,00 5,00

    80 28,40 5,00

    90 70,50 5,00

  • 35

    De acordo com a pesquisa realizada obtivemos uma amostra de 10 instituies

    bancrias, a mdia dos clientes que no cumprem com as suas prestaes de crdito a mais de

    6 meses, de 13,9. Ao passo que a mdia dos Cs de crdito 4,8.

    A mediana dos clientes que no cumprem com as suas prestaes de crdito mais de

    6 meses de 0, ao passo que a mediana dos Cs de crdito de 5.

    Quanto ao desvio padro, verificamos um desvio de 24,085 no que se refere aos

    clientes que no cumprem com as suas obrigaes de crdito a mais de 6meses, e de 0, 422

    aos Cs de crdito.

    Quanto a varincia, foi de 580,100 para os clientes em risco de crdito, e de 0,178 para

    os Cs de crdito.

    Skewness, foi de 2,154 e -1,779 respectivamente, para os clientes como para os Cs de

    crdito, e um desvio padro de 0.687 para ambos. A kurtose foi de 4, 891 e 1, 406 com os

    desvios padres de 1,334 para ambos.

    Quadro 7.Tabela de Frequncia dos Clientes

    Frequency Percent

    Valid

    Percent

    Cumulative

    Percent

    Valid 0 6 60,0 60,0 60,0

    12 1 10,0 10,0 70,0

    22 1 10,0 10,0 80,0

    30 1 10,0 10,0 90,0

    75 1 10,0 10,0 100,0

    Total 10 100,0 100,0

    Com esta tabela de frequncia, podemos constatar que, 60% das instituies bancrias

    no tm clientes que cumprem com as suas prestaes de crdito mais de 6 meses, das quais

    cada 10% possui 12,22,30 e 75 clientes respectivamente.

  • 36

    Figura 1. Histograma Cliente

    CLIENTES

    80,060,040,020,00,0

    CLIENTES

    Freq

    uenc

    y

    7

    6

    5

    4

    3

    2

    1

    0

    Std. Dev = 24,09

    Mean = 13,9

    N = 10,00

    O histograma acima ilustra que 60% das instituies bancrias, no tm clientes que

    no cumprem com as suas prestaes de crdito a mais de 6 meses, com uma mdia de 13,9 e

    uma disperso de 24,09%.

    Figura 2. Histograma, Cs de crdito

    CS.CREDI

    5,004,504,00

    CS.CREDI

    Freq

    uenc

    y

    10

    8

    6

    4

    2

    0

    Std. Dev = ,42

    Mean = 4,80

    N = 10,00

    O Histograma acima, mostra que das 10 instituies financeiras, 80% atriburam o

    escoring mximo de 5 pontos, 20% atriburam 4 pontos de escoring, com uma mdia de 4,8.

    E a disperso dos dados de 42%

  • 37

    Quadro 8.Estatistica descritiva

    N Range Minimum Maximum Mean

    Std.

    Deviation Variance

    CLIENTES 10 75 0 75 13,90 24,085 580,100

    CS.CREDI 10 1 4 5 4,80 ,422 ,178

    IDADE 10 0 35 35 35,00 ,000 ,000

    P.EMPREG 10 0 10 10 10,00 ,000 ,000

    ANT.BANC 10 0 3 3 3,00 ,000 ,000

    S.M.MENS 10 ,00 5000,00 5000,00 5000,0000 ,00000 ,000

    S.M.ANUA 10 ,00 10000,00 10000,00 10000,0000 ,00000 ,000

    T.ESFORC 10 0 50 50 50,00 ,000 ,000

    N.SALARI 10 ,00 5000,00 5000,00 5000,0000 ,00000 ,000

    Valid N

    (listwise) 10

    Na tabela acima destacamos o nmero da amostra que de 10, e que os clientes que

    no pagam crdito a mais de 6 meses esto a sua disperso de 24%, com uma varincia de

    580,1. Cada varivel neste momento tem o seu mximo e mnimo.

    Idade do Cliente: (Inferior a 25 anos, de 25 a 35 anos, de 35 a 68 anos, superior a 68 anos),

    segundo os bancos comerciais, 100% deles do um escore mximo de 5 pontos, aos clientes

    com idades que variam dos 25 aos 35 anos, por estarem numa fase produtiva e com

    actividades laborais produtivas e formaes acadmicas concludas.

    Permanncias no emprego (Inferior a 1ano, de 1 a 2 anos, de 2 a 5 anos, de 5 a 8 anos, Mais

    de 10 anos), 100 % dos inquritos, atribuem um escoring mximo 5 , a possibilidade de

    conceder crdito aqueles clientes que tem um emprego, ou seja permanecem no emprego a

    mais de 10 anos, por possurem maior possibilidade de no serem desvinculado do contrato

    laboral, e oferecerem maior garantia a entidade patronal.

    Antiguidade no banco (Inferior a 1 ano, De 1 a 3 anos, superior a 3 anos), de realar que,

    uma das caractersticas de uma instituio bancria no que respeita a concesso de crdito,

    a confiana e credibilidade, portanto 100% dos inquritos, atribuem escoring de 5, aos

    clientes que tem boas relaes com a instituio, a mais de 3 anos, por apresentarem maior

    confiana e credibilidade.

  • 38

    Saldo mdio Mensal (Inferior a 500 Usd, de 500 a 2.500 Usd, de 2.500 a 5.000 Usd,

    superior a 5.000 Usd), apesar da reactividade de gestores bancrios, que no constitui um

    dado absoluto na concesso de crdito, mais quanto ao escoring foi 5 pontos mximos aos

    saldos mdios mensais superior 5.000 Usd.

    Saldo mdio anual (Inferior a 5.000 Usd, de 5000 a 7.500 Usd, de 7.500 a 10.000 Usd,

    superior a 10.000 Usd), o mesmo temos a dizer aos saldos mdios anuais, que por vezes o

    cliente, pode apresentar outras garantias, isto so o saldo mdio anual no constitui um

    factor muito importante na concesso de crdito, dos inquritos realizados, 100% das

    instituies bancrias atribuem 5 postos aos clientes com saldo mdio superior a 10.000Usd.

    Taxa de esforo (de 0% a 10%, de 10% a 20%, de 20% a 30%, de 30% a 40%, de 40% a

    50%, Mais de 50%): concluiu-se que 100% das instituies bancrias cuja pesquisa foi

    realizada, utilizam uma taxa de esforo que varia entre 40% 50%i, para tal existe uma

    certa rigorosidade neste aspecto.

    Nvel salarial (Inferior a 500 Usd, de 500 Usd a 1000 Usd, de 1000 Usd a 2.500 Usd, de

    2.500 Usd a 5.000 Usd, Mais de 5.000 Usd), quanto ao nvel salarial, no um factor

    absoluto, porque o emprstimo concedido de acordo com o seu nvel salarial, quanto

    menor for a garantia de crdito, menor ser o valor a ser concedido, quanto maior forem as

    garantias de crdito , maior ser o valor a ser concedido .

    Quadro 9. Modelo de regresso Linear simples

    Modelo R R Square

    Adjusted

    R Square

    Std. Error

    of the

    Estimate

    Durbin-

    Watson

    1 ,757(a) ,573 ,520 ,292 1,825

    a Predictors: (Constant), CLIENTES

    b Dependent Variable: CS.CREDI

    Os resultados apresentados na tabela permitem inferir uma das propriedades do

    coeficiente de determinao, 0 R 1, facilitando deste modo, a interpretao habitual da

    proporo do grau do risco de crdito em torno da sua mdia amostral explicada pelo modelo

    em causa. Quanto ao coeficiente de correlao de pearson se aproxima a valores positivos

    maior o risco Quando se aproxima a valores negativos menor o risco. Assim, como em

    qualquer um dos modelos, existe um grau de correlao entre a quantidade de cliente e os Cs

    de crdito de 0,757 ou seja o grau de risco de crdito baixo, partindo do princpio de que o

  • 39

    teste de significncia global incide sobre os coeficientes associados aos factores

    determinantes do risco de crditos. De acordo com a tabela classificativa do coeficiente de

    correlao de pearson contida nos anexos, podemos considerar como uma correlao

    moderada positiva entre os clientes e os Cs de crdito.

    As inferncias estatsticas obtidas para o teste de Durbin-Watson , apontam para no

    existncia de problemas de auto-correco significativa entre os resduos, em todos os

    modelos de endividamento utilizados.

    O conceito do erro padro da estimativa equivalente ao do desvio padro que mede a

    variabilidade dos valores da amostra ao redor da mdia aritmtica desses valores que neste

    casa de 0,292.

    Quadro 10.Estatistica Residual

    Minimum Maximum Mean

    Std.

    Deviation N

    Predicted Value 3,99 4,98 4,80 ,319 10

    Residual -,69 ,41 ,00 ,275 10

    Std. Predicted

    Value -2,537 ,577 ,000 1,000 10

    Std. Residual -2,371 1,415 ,000 ,943 10

    Dependent Variable: CS.CREDI

    O valor do (resduo) representa a disperso na populao, pois no h um

    relacionamento perfeito entre as duas variveis na populao. De outra maneira, h outras

    variveis no consideradas na regresso que tambm influem na relao, pois a regresso foi

    realizada com apenas duas variveis do experimento.

    3.3 Deciso de crdito

    No processo de escoring do risco de crdito, ou seja, no estabelecimento da

    probabilidade do risco de perda de um cliente, as instituies utilizam-se de escalas numricas

    ou de categorias descritivas. Mais especificamente, existem modelos de determinao do risco

    de crdito desde os relativamente qualitativos at os altamente quantitativos. Cada instituio

    aplica o modelo que melhor satisfaa a sua necessidade.

    Na definio do risco do crdito, as instituies tambm classificam os clientes de

    risco alto, mdio ou baixo. Outra forma utilizada o emprego de termos quantitativos

  • 40

    baseados no mercado. Consistem da anlise dos prmios pelo risco pago em ttulos de dvida

    das empresas tomadoras de crdito, divididas em classes de risco similar. Por fim, outra forma

    de quantificao atravs da anlise da mortalidade passada, onde se analisa o histrico ou a

    experincia passada de perdas em ttulos e emprstimos da mesma qualidade.

    A ttulo de ilustrao, foram transcritas adiantes, algumas matrizes que relacionam o

    risco de crdito e o risco da operao como algumas variveis, que possibilita, de forma

    simples, a visualizao de como incorporar os vrios nveis de risco no processo decisrio de

    crdito.

    O esquema adiante simplifica o conjunto de decises a serem tomadas e ilustra que se

    devem limitar as operaes efectuadas com clientes de baixa qualidade de crdito.

    Qualidade do Crdito

    (Cliente)

    Risco Alto Risco Mdio Risco Baixo

    Alta Desejvel Sim Sim

    Mdia No desejvel Sim Sim

    Baixa No No desejvel Desejvel

    Pode-se associar ao fato de que operaes de maior prazo ofeream maior risco.

    Assim, o esquema seguinte demonstra mais um factor de observncia na deciso de

    conceder o crdito.

    Qualidade de

    crdito

    Risco de

    Longo Prazo

    Risco de Mdio

    Prazo

    Risco de curto

    prazo

    Alta Sim Sim Sim

    Mdia Desejvel Sim Sim

    Baixa No No Desejvel Desejvel

  • 41

    3.4 Discusso de Hipteses

    Nesta seco, procura-se realizar uma anlise sobre as evidncias emprica das

    conjecturas do risco de crdito definido no captulo anterior (3.1), sobre um agregado

    representativo das instituies financeiras no mercado do Huambo, na qual foram definidas 8

    hipteses.

    Neste caso aceitamos todas as hipteses do modelo, independentemente da definio

    da varivel dependente utilizada para medir o nvel de risco de crdito. Ou seja, segundo este

    modelo os Cs de crdito exercem grande influncia sobre o grau de risco de crdito.

    H1.O BNA, como entidade reguladora do sistema financeiro Angolano, cria mecanismo

    eficaz de modo a evitar o incumprimento do crdito por parte dos clientes, visto que o

    objectivo das instituies financeiras obter mais retorno do que prejuzo, sendo que nas

    situaes de emprstimos o risco e o retorno funcionam lado a lado em operaes bancria.

    Geralmente, o risco deve ser compatvel com o nvel aceite pelo banco e do posicionamento

    da mesma no mercado. Gitman, 1984, e Preisler, 2003.

    H2.A eficincia econmica ter um impacto negativo se existir um risco de crdito elevado

    por parte das instituies financeira, ou seja quanto menor for o retorno, menor a

    capacidade da instituio de crdito em honrar os seus compromisso, por isso so

    necessrias avaliaes capazes de mensurar o risco de crdito, de modo a tomar melhor

    deciso, Sant Filho, 1987.

    H3. A avaliao do carcter do tomador de crdito integra o que chamado risco tcnico.

    Conceituado com o risco, pois possvel de verificao quando as possibilidades objectivas

    de estimao em contraposio de incerteza que ocorrem quando no existem dados

    histrico do tomador. tcnico, a medida que as fontes disponveis de informao podem

    ser pesquisadas e os resultados apresentado indicar, com bastante segurana o que se

    pretende avaliar, nos dados cadastrais do cliente devem conter, alm da identificao do

    cliente, pontualidade, existncia de restries, dados referente a experincia em negcio e a

    situao na praa ou seja, tradio e relacionamento com a comunidade, Preisler, 2003.

    Assim sendo, as instituies financeiras dependem de uma boa gesto de risco de

    crdito, o que efectuado parcialmente por meio de informao a respeito do cliente. A

  • 42

    concesso de crdito possvel quando aqueles que se enquadram dentro dos limites de risco

    que a instituio financeira pode assumir segundo a sua politicam de crdito que, se mal

    aplicada, pode significar rentabilidade ou falncia do banco, j que ao adquirir recurso ele se

    torna devedor, Kon, 2009.

    H4.Aceitamos esta hiptese, a capacidade revela a competncia tcnica da empresa ou dos

    seus gestores para gerir os recursos necessrios para o pagamento dos compromissos

    assumidos e obter lucro na actividade.

    H5. Aceitamos a hiptese do capital, pela qual devem as Instituies financeiras analisar as

    demostraes financeiras nas empresas antes da conceo de crdito. Refere-se situao

    econmico-financeira da organizao apurada atravs de suas demonstraes e gerao de

    caixa necessrio manuteno do objecto social, que se resumi na amortizao da sua

    parcela de crdito. Banco do Brasil, 2004.

    H6. A mensurao dos factores externos que podem afectar a gerao de caixa na data do

    pagamento, neste caso nos referimos a condio de crdito, tambm uma hiptese aceite,

    pelo facto da habilidade do cliente pagar a dvida. Engloba as capacidades administrativas,

    produtivas, tecnolgicas, comerciais e financeiras do cliente. A nfase recai na capacidade

    de gerao de caixa do cliente, o que certamente engloba todas as capacidades descritas

    acima. Refora a tese de que a fonte principal de pagamento de um emprstimo deve ser a

    gerao de caixa de um cliente, e no outras fontes, como por exemplo as garantias

    oferecidas. tambm considerada a habilidade da empresa em gerar caixa suficiente para

    satisfazer todas as obrigaes, Gitman 1997.

    H7.Uma outra hiptese aceite, so as garantias necessrias para amortizao das parcelas de

    crdito, oferta de garantias pelo tomador que, mesmo no devendo ser considerado factor

    determinante para efeito da concesso do crdito, se torna aspecto de segurana para o

    credor por gerar comprometimento do devedor. a anlise do patrimnio do cliente.

    representado pela disponibilidade de garantias reais que a empresa tem para oferecer, a fim

    de, se proporcionar maior segurana na operao de emprstimo. Quanto maior este

    montante, maior a probabilidade de se recuperar o valor creditado, em caso de no

    pagamento da dvida, Luiz, 1997.

  • 43

    H8. Por fim aceitamos a hiptese do grupo econmico, Significa o conjunto de empresas ou

    pessoas fsicas interligadas, cujos resultados podero ser afectados devido ao

    relacionamento entre elas, analisando-se o grupo, para tal necessrio que se defina o grupo

    econmico real que pertence a empresa para que sejam enquadrado no classe devida.

    Todo o anterior permite a realizao de um trabalho para a sobrevivncia e

    desenvolvimento de muitos micro empreendimentos que tm na instituio a fonte principal

    de crdito para o financiamento de suas actividades e consequentemente o desenvolvimento

    financeiro na provncia.

    Uma vez que a previso de risco considerada a principal finalidade dos modelos de

    risco de crdito, os modelos de regresso lineares foram portanto, eficazes no alcance de estos

    objectivos.

    Alem disso importante assinalar que a criao de uma central de risco permitira o seguinte:

    Anlise dos Cs de crdito aos proponentes no processo de concesso de crdito;

    Reduzir o risco sistmico por meio do aumento do escopo e preciso das anlises;

    Contribuam para a construo de modelos de gesto de risco de crdito para portiflio;

    Componham o clculo das volatilidades das classificaes de crdito;

    Dem mais transparncia a situao do mercado de crdito;

    Contribuam para o entendimento do mercado de crdito;

    Incorporar informaes ao processo de deciso e gesto da carteira de crdito;e

    Obter diferenciao nas taxas cobradas.

    A seguir, descrever-se-o as principais concluses do trabalho de investigao,

    implicaes de gesto, recomendaes e sugestes para futuros trabalhos de investigao.

  • 44

    Concluso

    O presente trabalho visou principalmente a identificao emprica dos factores

    determinantes do risco de crdito que contribuem para a determinao do grau do risco nas

    instituies financeiras no mercado do Huambo, tendo em considerao os seguintes

    atributos: maior procura na obteno de crdito e surgimento de varias instituies

    financeiras. Nesse contexto conclumos o seguinte:

    1. Com o modelo obtido para a anlise de risco de crdito no mercado financeiro do

    Huambo, contribui-se a sustentabilidade econmica do pas e em particular na provncia

    do Huambo.

    2. As informaes obtidas poderiam assessorar aos gestores de crdito, capacitando-o a

    tomar decises de concesso de crdito, de acordo com o nvel de risco do cliente. Uma

    vez que as duas instncias responsveis pela anlise e concesso do crdito na instituio

    estariam mais bem preparadas, em termos de informaes, para realizar esta funo, o

    processo de avaliao do risco se tornaria, mais preciso, criterioso, com menor nmero

    de equvocos e um menor grau de subjectividade. Isso, sem dvida, colaboraria para a

    reduo do risco de crdito.

    3. Os modelos de risco de crdito desenvolvidos neste trabalho, apresentaram resultados

    satisfatrios quanto ao poder de previso do risco de crdito ou poder de classificao

    dos clientes. Os modelos construdos se mostraram consideravelmente melhores na

    classificao correcta dos clientes de risco.

    4. Os modelos de Credit Scoring poderiam contribuir, tambm, para a reduo das altas

    taxas de risco de crdito das instituies financeiras.

  • 45

    Recomendaes

    No entanto recomendam-se o seguinte:

    1. A utilizao do modelo Credit Scoring pelas instituies financeira forneceria algumas

    contribuies para a mensurao do problema exposto. O modelo agrega uma ampla gama de

    informao relativas forma como as caractersticas do solicitante do crdito e do seu

    negcio afectam na concesso do risco de crdito;

    2. Recomendamos as Instituies financeiras, a diversificao da c