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262 2.9. Levantamento de riscos ambientais na bacia do ribeirão das Anhumas Equipe Pesquisadores e autores do relatório Salvador Carpi Junior (IG-Unicamp) – coordenador Oscarlina Ap. Furquim Scaleante (Prefeitura Municipal Campinas) Carlos Eduardo Cantúsio Abrahão (Coordenadoria Vigilância Sanitária-PMC) Marílis Busto Tognoli (SEPLAMA – PMC) Ricardo de Sampaio Dagnino (IG/UNICAMP) Éderson Costa Briguenti (IG/UNICAMP) Estagiárias Ariane Saldanha de Oliveira (IAC) Analice Espeleta (IAC) Ana Cristina Lorandi (IAC) Colaboradores Alessandra Buonavoglia Costa Pinto (Universidade São Marcos) Elisabete Maria Pascholati (Ama Guará, Projeto Salve o Anhumas, IG/UNICAMP Heloísa Girardi Malavasi (Vigilância Sanitária, PMC) Marcos Roberto Querino (estudante, Universidade São Marcos) Ricardo Marques Coelho (Pesquisador, IAC) Vívian F. Scaleante (bolsista Treinamento Técnico) Estéfano Semene Gobbi (estudante IG/UNICAMP) Marcelo Gigliotti (estudante IG/UNICAMP) Fernando Baroni (estudante IG/UNICAMP) Lindon Fonseca Matias ((Professor IG/UNICAMP)

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2.9. Levantamento de riscos ambientais na bacia do ribeirão das Anhumas

Equipe

Pesquisadores e autores do relatório

Salvador Carpi Junior (IG-Unicamp) – coordenador Oscarlina Ap. Furquim Scaleante (Prefeitura Municipal Campinas)

Carlos Eduardo Cantúsio Abrahão (Coordenadoria Vigilância Sanitária-PMC) Marílis Busto Tognoli (SEPLAMA – PMC)

Ricardo de Sampaio Dagnino (IG/UNICAMP) Éderson Costa Briguenti (IG/UNICAMP)

Estagiárias

Ariane Saldanha de Oliveira (IAC) Analice Espeleta (IAC)

Ana Cristina Lorandi (IAC)

Colaboradores

Alessandra Buonavoglia Costa Pinto (Universidade São Marcos) Elisabete Maria Pascholati (Ama Guará, Projeto Salve o Anhumas, IG/UNICAMP

Heloísa Girardi Malavasi (Vigilância Sanitária, PMC) Marcos Roberto Querino (estudante, Universidade São Marcos)

Ricardo Marques Coelho (Pesquisador, IAC) Vívian F. Scaleante (bolsista Treinamento Técnico) Estéfano Semene Gobbi (estudante IG/UNICAMP)

Marcelo Gigliotti (estudante IG/UNICAMP) Fernando Baroni (estudante IG/UNICAMP)

Lindon Fonseca Matias ((Professor IG/UNICAMP)

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ÍNDICE

1. Introdução 265 2. Compartimentalização da bacia do ribeirão das Anhumas

e análise de sua ocupação 266 3. Apresentação dos resultados do mapeamento de riscos ambientaisno baixo curso

274Realização das reuniões públicas de mapeamento de riscos ambientais 279

5. Organização e apresentação dos resultados do mapeamento de riscos ambientais

nos médio e alto cursos 283 6. Análise dos resultados 6.1 Análise quantitativa 287 6.2. Casos especiais

Unicamp - Parque Ecológico 292

Shopping centers 293

Área central de Campinas 293

Ribeirão das Anhumas e afluentes 294

7. Atividades complementares e desdobramentos já iniciados 297

8. Referências bibliográficas 298

9. Anexos 301

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264

1. Introdução

Conforme apontou pesquisa inédita realizada pelo IBGE (2005)1 sobre problemas

ambientais em municípios, as maiores interferências ambientais na RMC - Região

Metropolitana de Campinas - foram detectadas em Campinas, como contaminação de

nascentes, rios, solo, escassez de água, inundação, doença endêmica, ocupação desordenada

do território, poluição do ar, sonora, presença de lixo, de vetor, com esgoto a céu aberto,

queimadas, tráfego pesado na área urbana. De dezoito itens elencados pelo instituto, a cidade

tem treze que afetam as condições de vida da população.

Importante parcela dessas situações é encontrada na bacia do ribeirão das Anhumas,

uma das mais poluídas e contaminadas, se não for aquela em pior estado, da região de

Campinas, concentrando uma quantidade extensa e variada de riscos ambientais. O

levantamento dos riscos ambientais na região de Campinas (SEVÁ FILHO 1997, SEVÁ

FILHO et al. 2000), já apontava a carga de esgoto no ribeirão das Anhumas como responsável

pela “morte” do trecho do rio Atibaia situado à jusante de sua foz2, acrescentando-se os casos

graves de poluição do ar oriunda de áreas vizinhas.

No contexto do Projeto Anhumas, o mapa de riscos ambientais da bacia se constitui em

mapa-síntese dos problemas ambientais da área ao incorporar as informações levantadas pela

comunidade local, ampliando os resultados apresentados no relatório da primeira e segunda

fases do projeto. Neste estágio da pesquisa detalhado a seguir ocorreu a continuação dos

trabalhos realizados no trecho inferior, ou baixa bacia do ribeirão das Anhumas, e já descritos

no relatório referente à segunda fase da pesquisa.

Esta etapa do mapeamento de riscos ambientais contou com a importante colaboração de

projeto similar denominado “Reconhecimento de riscos em Campinas”, que surgiu da

demanda da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas e do Comdema–Campinas,

Conselho Municipal de Meio Ambiente. A continuidade das atividades relacionadas ao

mapeamento de riscos ambientais na bacia do ribeirão das Anhumas ocorreu a partir dos

seguintes desdobramentos:

1 Os resultados desse levantamento foram divulgados na mídia impressa local, conforme Anexo 1 denominado “Hemeroteca – Centro de Memória do Projeto Anhumas” (Problemas Ambientais RMC, de 14/05/2005). 2 Estes aspectos foram detalhados e atualizados pelo mesmo autor em 2001 (v. Anexo 2) e em apresentação no evento “II Semana Sonha Barão, em 2004, por Aline Tiana Rick

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a) apresentação dos resultados do mapeamento de riscos ambientais no baixo curso;

b) atividades de mapeamento de riscos no restante da bacia, ou seja, médio e alto cursos;

c) apresentação dos resultados dos mapeamentos de riscos ambientais no baixo e no

médio cursos da bacia;

d) atividades complementares e de continuidade da pesquisa.

A fim de possibilitar o planejamento das atividades seguintes nos trechos médio e alto

da bacia foi necessário empregar uma definição das respectivas áreas de abrangência. Como

base para a divisão nesses setores utilizou-se a pesquisa desenvolvida por BRIGUENTI

(2005), que usou critérios geográficos para essa delimitação, ressaltando a configuração da

rede hidrográfica da bacia. A compartimentalização em setores distintos e a caracterização de

cada um deles foi importante também como elemento facilitador para identificar as inter-

relações entre os aspectos naturais e sócio-econômicos presentes na área da bacia, assim como

saber em que condições ocorrem as situações de risco e quais as populações que estão mais

vulneráveis frente aos riscos ambientais (Tabela 1, Figuras 1 e 2).

2. Compartimentalização da bacia do ribeirão das Anhumas e análise de sua ocupação

As informações físicas, sociais e ocupacionais levantadas sobre a bacia do ribeirão serão

descritas respeitando a subdivisão em alto curso, médio curso e baixo curso. Esta divisão foi

obtida a partir das condições hídricas e geomorfológicas da bacia. Os indicadores sócio-

econômicos foram obtidos através dos dados do IBGE referentes ao município de Campinas

(censo 2000), espacializados através dos setores censitários que podem ser obtidos através do

aplicativo Estatcart/IBGE.

Alto curso

A área total da bacia do ribeirão das Anhumas corresponde a 150 km2 (TORRES et al.

2003). O alto curso da bacia possui em torno de 36 km2, portanto, equivalente a 24% da área

total. Seus primeiros povoamentos constituíram-se em meados do século XVIII e este trecho

teve, segundo SANTOS (2001), características geomorfológicas de relevo e drenagem

responsáveis pela escolha inicial dos assentamentos que deram origem ao futuro município de

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Campinas. Possui cerca de 80% de sua área urbanizada. O alto grau de impermeabilização

provoca freqüentemente fortes enxurradas e aguaceiros. As conseqüências de tais impactos se

agravam nas planícies fluviais com a canalização de córregos e a ausência de vegetação ciliar.

Áreas localizadas no alto curso destacam-se por concentrar o processo de

verticalização do município, com as maiores concentrações demográficas da bacia,

aproximadamente 473 hab/km2 e cerca de 172 domicílios/km2. Em conseqüência disso,

possuem a maior concentração de circulação de pessoas, veículos, serviços e altíssimo grau de

impermeabilização, correspondendo a 17% da área coberta apenas por arruamento. Na área

central esta porcentagem chega a quase 25% .

No alto curso apenas 9% do total dos habitantes/trabalhadores responsáveis ganham

até dois salários-mínimos e isso se deve ao crescimento de áreas comerciais no centro, o que

valorizou propriedades e forçou a transferência da população de menor renda para as áreas

próximas, originando bairros como Ponte Preta, Bonfim, Cambuí, Guanabara, Jardim

Proença, todos se formando a partir do início do século XX (SEMEGHINI, 1988). O

nascimento desses bairros contribuiu para consolidar os atuais índices de urbanização e

impermeabilização do alto curso da bacia do ribeirão das Anhumas.

Até os anos 50, segundo SEMEGHINI (1988), era comum a existência, numa mesma

área urbana, de residências de distintos níveis sociais e de rendas. A valorização intensa e

especulativa dos terrenos expulsou dessas áreas a população pobre que, juntamente com o

crescente contingente migratório, passou a deslocar-se para áreas mais distantes e sem infra-

estrutura. Ressalta-se que esses bairros, que tiveram destaque nesse período de ocupação do

município, estão localizados em áreas do alto curso, com características morfológicas em que

predominam formas constituídas por topos estreitos e vertentes curtas e com classes de

declividade entre 12-20% e 20-45%, ou seja, são áreas consideradas moderadamente sensíveis

à ocupação. Atualmente estas áreas são marcadas pela proximidade de bairros com visível

contraste social, como por exemplo, Jardim São Fernando, Jardim Guarani, Vila Brandina e

Jardim das Paineiras.

As planícies fluviais do alto curso são áreas suscetíveis a sofrerem impactos pluviais e

detêm 18% de sua área ocupada por ruas e vias expressas, além de possuírem densa

concentração de população (284 hab/km2) e de residências (86 resid./km2).

Próximos às nascentes são encontrados bairros de baixa renda, onde ocorreram

ocupações em áreas mais baixas, como Jardim São Fernando (200 famílias) e Jardim Itatiaia

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(175 famílias). À jusante localizam-se as planícies fluviais próximas aos bairros centrais

(Jardim Guarani, Jardim Proença e Cambuí), ocupadas por vias marginais expressas (via

Norte/Sul) e comércios de alto padrão. Neste trecho, o córrego Proença foi revestido e

canalizado na década de 90. Constatam-se vários pontos críticos de alagamentos, com fortes

enxurradas invadindo áreas comerciais. Mesmo sofrendo constantes impactos, trechos

localizados ao longo de toda a avenida Norte/Sul apresentam uma alta valorização imobiliária,

chegando a R$ 1.500.000,00 o preço do metro quadrado, valor mais alto do município.

No alto curso localizam-se os seguintes bairros: Centro, Guanabara, Cambuí,

Botafogo, Castelo, Bonfim, Jardim Proença e Ponte Preta. Na área oriental tem-se: Jardim

Itatiaia, Jardim Carlos Lourenço, Parque Hípica, Vila Orosimbo Maia, Jardim São Fernando,

Jardim Planalto, Vila Lemos, Jardim Guarani, Nova Campinas, Jardim Flamboyant, Parque

Brasília, Vila Brandina, Jardim das Paineiras, além das localidades de referência, como

shopping center Iguatemi, Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim e outras.

A área do alto curso é drenada principalmente pelo córrego do Serafim (Canal do

Saneamento ou córrego da Orosimbo Maia) e pelo córrego Proença, principais formadores do

ribeirão das Anhumas. As áreas verdes são constituídas pelos Bosque dos Alemães e Bosque

dos Italianos, Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim, Bosque dos Jequitibás,

Bosque São José, que representam cerca de 3% da área do alto curso e 2% do total da bacia.

Médio curso

O médio curso da bacia do ribeirão das Anhumas possui aproximadamente 34 km2, área

que corresponde a 23% do total da bacia. Os primeiros loteamentos ocorreram por volta da

década de 1930. Neste período, entre 1930 e 1960, intensificou-se o processo de urbanização

e industrialização no município de Campinas, ocorrendo uma diminuição do peso relativo da

população rural, com um aumento concomitante da população urbana, contribuindo para isso

a quase erradicação da cultura cafeeira e o fluxo migratório mais forte para o município.

O médio curso possui cerca de 50% de sua área urbanizada. Verifica-se que os canais

fluviais apresentam um maior volume de água que, juntamente com o aumento da velocidade

do escoamento superficial decorrente da impermeabilização do alto curso, provocam uma

série de impactos à infra-estrutura urbana, correlacionados ao solapamento nas margens dos

córregos e inundações de planícies fluviais. Esses impactos são ocasionados principalmente

pela falta de infiltração das águas pluviais nos solos impermeabilizados à montante.

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Esta unidade média da bacia possui atualmente 16% de sua área coberta por

arruamentos. Sua densidade demográfica é de 171 hab/km2 e densidade de 50 domicílios por

km2. Cerca de 13% dos habitantes/trabalhadores responsáveis ganham até dois salários-

mínimos.

O início dos primeiros loteamentos ocorreu por volta da década de 1930 (Parque

Taquaral). Nesse mesmo período novas importantes áreas foram loteadas no município:

Cambuí, Nova Campinas, Jardim Chapadão e o próprio Taquaral. Já se esboça uma

diferenciação do espaço urbano à medida que a cidade cresce e sua estrutura social vai se

tornando mais complexa. Famílias com posição social desfavorecida são levadas a ocupar as

áreas de maior risco e acabam sofrendo mais com problemas agravados pelo escoamento

superficial urbano. Ressalta-se que estas áreas menos valorizadas são ocupadas por famílias

numa segunda fase do processo de ocupação urbana para prestar serviços aos moradores de

outros bairros, havendo, portanto, uma proximidade com bairros de maior renda. Diante desse

cenário, a expansão do perímetro urbano fazia-se em continuidade aos bairros existentes. Hoje

a população de baixa renda na bacia localiza-se predominantemente em áreas íngremes ou em

margens de córregos.

As planícies fluviais do médio curso possuem as piores condições ambientais da bacia.

A qualidade ambiental dessas áreas degradou-se principalmente no final da década de 1970,

com o surgimento de ocupações próximas ao leito do ribeirão das Anhumas, compostas por

famílias de baixa renda e baixa escolaridade, que sofrem com a falta de infra-estrutura,

ocorrências de impactos fluviais, conseqüências provenientes do acúmulo de lixo e

proximidade com o destino da rede de esgoto das áreas urbanizadas da bacia. A situação se

agrava com o passar do tempo e a falta de tomada de decisões que modifiquem esse cenário

de degradação ambiental, havendo um comprometimento das condições básicas que garantem

a qualidade de vida.

Nesta unidade da bacia localizam-se bairros como Jardim Bela Vista, Taquaral, Parque

Taquaral, Alto Taquaral, Jardim Nossa Senhora Auxiliadora, Vila Nova, Vila Esmeralda,

Jardim Santa Genebra, Jardim Santa Cândida, Mansões Santo Antônio (condomínio fechado),

Vila Nogueira, Vila 31 de Março, Jardim Santana, Parque São Quirino, Jardim Nilópolis,

Parque Imperador, Residencial Vila Verde (condomínio fechado), Jardim Conceição, Jardim

Madalena, Jardim Boa Esperança, ocupação da rua Dona Luíza de Gusmão, ocupação da rua

Moscou e ocupação Gênesis (355 famílias próximo à rodovia D. Pedro I).

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Nesta média unidade localizam-se grandes empreendimentos comerciais, como Galleria

Shopping, supermercado Carrefour, além de importante obra pública em andamento, a estação

de tratamento de esgoto Anhumas – ETE Anhumas, que, quando concluída, terá capacidade

de tratar 27% do esgoto domiciliar gerado pelo município e lançado na bacia. A rodovia D.

Pedro I representa um divisor entre a parte oeste, densamente ocupada, e o leste, praticamente

não ocupado, excetuando-se o Parque Imperador.

O médio curso possui importantes áreas verdes e parques que representam quase 8% da

extensão total da unidade, com áreas de lazer como: Parque Portugal (lagoa do Taquaral),

Praça Arautos da Paz e Lago do Café. As áreas verdes e parques representam cerca de 7,5%

da área total da bacia. Esta região do médio curso é drenada pela sub-bacia do córrego

Guanabara (Parque Portugal ou lagoa do Taquaral), pela sub-bacia do córrego São Quirino e

pelo próprio ribeirão das Anhumas.

Baixo curso

O baixo curso, localizado predominantemente ao norte da bacia, possui

aproximadamente 80 km2, área que corresponde a 53% do total da bacia. O baixo curso

apresenta tendência de ocupação mais recente, com a procura de áreas afastadas do centro da

cidade, que pertence ao alto curso. Desta forma, caracteriza-se por constituir uma importante

tendência de crescimento e desenvolvimento do município de Campinas.

Mesmo com as condições favoráveis à atividade agrícola, gradualmente bairros rurais,

fazendas, sítios e chácaras dão lugar aos novos loteamentos e condomínios fechados. Nos dias

de hoje, juntamente com importantes fazendas (Santa Terezinha e Monte d´Este), encontram-

se residências rurais e bairros periféricos em um processo inicial de urbanização (Parque

Xangrilá e bairro Bananal).

O processo de urbanização e o padrão de ocupação verificados no baixo curso ocorrem

principalmente pela valorização das terras proporcionada pela localização de pólos

tecnológicos, universidades, áreas industriais e estabelecimentos comerciais de grande porte.

Entre tais atrativos e eixos de desenvolvimento, incluem-se as universidades Unicamp e Puc-

Campinas, o centro de pesquisa CPqD, a rodovia Ademar P. de Barros (conhecida como

estrada de Mogi-Mirim, a SP 340), a estrada da Rhodia etc.

Pela sua localização, o distrito de Barão Geraldo se destaca nesse contexto,

consolidando um rápido crescimento urbano, paralelamente à alta valorização de suas terras.

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Alguns bairros e condomínios importantes no distrito: Cidade Universitária, Guará, Vale das

Garças, Jardim do Sol, Vila São João, condomínio Rio das Pedras, condomínio Barão do Café

etc. Estas áreas tiveram valorização imobiliária de suas terras em período mais recente,

principalmente nas décadas de 80 e 90. Entretanto, o crescente parcelamento do solo de áreas

incorporadas à malha urbana traz a necessidade de estudos locais e dimensionamento de obras

que considerem os elementos físicos e o processo histórico de ocupação do espaço.

Atualmente possui cerca de 30% de sua área urbanizada, com cerca de 8% da área

total coberta por arruamentos e rodovias, havendo ainda estradas não asfaltadas. Sua

densidade demográfica é de 66 hab/km2; 20 domicílios/km2, sendo que 12% do total dos

habitantes/trabalhadores responsáveis ganham até dois salários-mínimos.

As planícies fluviais do baixo curso caracterizam-se por amplos e extensos vales,

representam cerca de 80% da área total das planícies fluviais da bacia e 4% da área total da

bacia, tendo maior representatividade espacial que as planícies dos alto e médio cursos. Por

sofrerem cheias sazonais, os terrenos são potencialmente instáveis e inadequados à ocupação

humana. Alguns trechos dessas áreas estão ocupados, enquanto outros estão em processo de

loteamento. Entretanto, os impactos nesta unidade são de natureza diferente daqueles que se

observa nos alto e médio cursos da bacia pois, devido às suas características morfológicas, o

regime das cheias ocorre de forma mais gradual e menos impactante. Se prevalecer a atual

tendência de impermeabilização deste trecho baixo da bacia, os terrenos se tornarão mais

vulneráveis e a situação poderá se agravar.

As planícies fluviais do baixo curso possuem a maior porcentagem coberta por áreas

verdes da bacia, aproximadamente 9% de sua área total. E apenas 3% de sua área são cobertos

por ruas e estradas (sendo a quase totalidade delas não asfaltadas). Estas áreas possuem

densidade demográfica de 16 hab/km2. Importantes centros de pesquisas, como CPqD e as

universidades Unicamp e Puc-Campinas, estabeleceram-se nas propícias colinas amplas desta

unidade. Localizam-se na baixa bacia os bairros Alphaville, Jardim Míriam, Chácara São

Rafael, Parque dos Pomares, Cidade Universitária, Vila Costa e Silva, Jardim Village,

Condomínio Residencial Barão do Café, Condomínio Residencial Rio das Pedras, Jardim do

Sol, Real Parque, Xangrilá, Bananal, Bosque das Palmeiras, o mega empreendimento Parque

D. Pedro Shopping etc. A área é drenada pelos cursos da sub-bacia do ribeirão das Pedras

(localizada a noroeste da bacia) e da sub-bacia do córrego da fazenda Monte d´Este na porção

norte/nordeste da bacia, além do próprio ribeirão das Anhumas.

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Em função dos atuais níveis de urbanização e impermeabilização, juntamente com a

falta de áreas verdes que a bacia possui principalmente em seu alto curso, é extremamente

importante que a ocupação do baixo curso seja pautada por critérios que considerem aspectos

hídricos da bacia como um todo. Devido ao estágio de crescimento e de ocupação do solo,

pode-se adotar um planejamento da ocupação de forma a prevenir problemas futuros e a

degradação de suas características naturais e sociais, quando ainda é viável, por constituírem

áreas de intervenções menos consolidadas, quando comparadas às outras áreas da bacia

(Tabela 1, Figuras 1 e 2).

Tabela 1. Subdivisão da bacia do ribeirão das Anhumas em três segmentos

Urbanização Arruamento Hab/km2 Domicílio/km2

Área verde

Renda até 2 SM

Bacia 150km2 - 100%

50% 10% 188 63 5% 34%

Alto 36km2 - 24%

80% 17% 25% no centro

473 172 3% 9%

Plan.fluviais 48% 18% 284 86 Médio

34km2 - 23% 50% 9% 171 50 8% 13%

Planícies fluviais piores condições de vida de toda a bacia Baixo

80km2 - 53% 30% 8% 66 20 9% 12%

Plan.fluviais 3% 16 5

473

171

66

188172

5020

63

17,00%

8,90%7,90%

10,20%

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Alto curso Médio curso Baixo curso Bacia

hab

&d

om

/km

2

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

16,00%

18,00%

area

co

ber

ta p

or

arru

amen

to(%

)

Habitantes (hab/km2) Domicílios (dom/km2) Arruamento (%)

Figura 1. Densidade demográfica de habitantes e domicílios e o arruamento nos alto, médio e baixo cursos da bacia do ribeirão Anhumas.

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Figura 2. Representatividade da ocupação urbana nos alto, médio e baixo cursos da bacia do ribeirão Anhumas.

Considerando-se a bacia como um todo, verificou-se, em diferentes momentos

históricos e padrões ocupacionais, uma influência exercida pelas condições físicas da bacia,

determinando locais e processos que colaboram para compreensão da atual organização

espacial. Constata-se que as áreas de maior fragilidade natural pelo risco potencial de

sofrerem impacto são aquelas que apresentam os piores índices relacionados aos indicadores

sócio-ecônomicos de renda, escolaridade e destino do lixo. Estas áreas foram ocupadas em

momento histórico de grande crescimento populacional, expansão urbana e especulação

imobiliária, resultando no surgimento de áreas distantes do centro, ocupadas por parte do

contingente migratório que chegava à cidade e pela população expulsa, devido ao processo

que remodelou as áreas centrais para possibilitar o início de um processo de verticalização.

As condições ambientais de tais áreas são agravadas pela ocorrência de graves

impactos fluviais e pluviais, ocorridos por suas particularidades geomorfológicas sofrerem

influência direta de condições ocupacionais das áreas próximas e à montante da bacia. As

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Alto curso Médio curso Baixo curso

área

(%

)

Densamente edificado Densamente urbanizadoMediamente urbanizado Não urbanizadoÁreas verdes e parques Lagos e represas

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condições podem ser expressas por indicadores anteriormente descritos, como: arruamento,

impermeabilização, falta de áreas verdes, canalização de córregos, entre outros.

Verifica-se também que diferentes ambientes com condições naturais específicas são

intensamente comprometidos por pressões sócio-econômicas provocadas por manejo e uso

inadequados de seus recursos, ocasionando ambientes degradados. A antropização do

ambiente em condições inadequadas e de forma desordenada, aliada a condições naturais de

risco, provoca desastres acompanhados de prejuízos materiais, colaborando para o

comprometimento na qualidade de vida e para a própria perda destas vidas.

3. Apresentação dos resultados do mapeamento de riscos ambientais no baixo curso

Conforme previsto neste método de trabalho, as informações levantadas nas reuniões

públicas devem ser (re)apresentadas para a comunidade que apontou ou denunciou as

situações de risco para que essas pessoas tomem contato mais amplo com as questões

ambientais de seu entorno e sintam a importância de seu conhecimento para um projeto de

pesquisa que envolva a aplicação de políticas públicas no território onde vivem, trabalham ou

circulam. Foi este o objetivo que buscou atingir o evento “Reunião Pública de Riscos

Ambientais em Barão Geraldo: resultados e perspectivas” na baixa bacia do Anhumas (Figura

3). Realizado em 15/10/2005, na Fundação Síndrome de Down, centro do distrito de Barão

Geraldo, Campinas-SP, das 8:30 às 14:00h., contou com a presença de 60 moradores,

trabalhadores e/ou representantes de associações, grupos e entidades governamentais e não-

governamentais, estudantes, pesquisadores, entre outros.

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Figura 3. Cartaz convidando para a reunião pública de retorno à comunidade dos resultados

do levantamento de riscos ambientais no baixo curso da bacia do ribeirão das Anhumas.

A reunião constou em seu primeiro momento da apresentação sobre o Projeto

Anhumas, o histórico do trabalho conjunto com a saúde pública, a descrição da metodologia

usada nesse tipo de prática e sobre as atividades realizadas em Barão Geraldo pelo Grupo de

Riscos Ambientais. Foi enfatizado que além do retorno das informações para a comunidade, a

expectativa era de que ocorresse também a mobilização política para intervenção nos

problemas levantados. Em um segundo momento houve uma rápida apresentação de cada um

dos participantes, que ao longo do dia também preencheram cadastro individual e, na

seqüência, todos se dirigiram ao local em que estavam afixados os mapas digitalizados e

respectivas planilhas para observação e posterior crítica.

Retornando ao auditório, o terceiro momento da reunião foi dedicado à apresentação de

trabalhos abordando experiências positivas vivenciadas por cinco grupos de Barão Geraldo: 1.

Parque Amigo; 2. Escola Estadual Profª Dora Kanso; 3. ONG Sonha Barão; 4. Projeto Salve o

Anhumas; 5. Associação dos Moradores Vale das Garças.Em seguida, a plenária foi aberta

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para comentários, propostas e sugestões, dos quais se mencionam:organizar um grupo de

discussão na internet;

b) formar um grupo em parceria com vereadores para decidir prioridades quanto à

aplicação dos recursos financeiros no município, tendo em vista a conveniência do

momento em que chega a Lei Orçamentária Municipal na Câmara Municipal de

Campinas;

c) cobrar um relacionamento e uma proximidade maior das diversas secretarias, setores e

departamentos municipais, de modo que os assuntos/problemas sejam abordados sob

vários aspectos, favorecendo sua compreensão e solução;

d) reclamar igualmente pelo entrosamento entre os conselhos (Conselho de Meio

Ambiente, de Desenvolvimento Urbano, da Habitação etc.);

e) inventariar minuciosamente os aspectos históricos e políticos da região de Barão

Geraldo no intuito de evitar que questões políticas, como é de praxe acontecer,

impeçam que os trabalhos técnicos sejam aproveitados;

f) atentar para o fato de moradores organizados em associação desempenharem o papel

da Prefeitura frente aos problemas de enchente do rio Atibaia;

g) verificar os problemas da ETE Vó Pureza, que não funciona, apesar de concluída;

h) fazer constar nos mapas plantio de milho transgênico ao lado da Mata de Santa

Genebra; esgoto da PUC-Campinas que é lançado no ribeirão no Jardim Santa

Cândida (bombear esgoto da PUCC para a ETE Anhumas não vai funcionar) e

poluição do lago do Centro Médico;

i) considerar que a bacia do Anhumas é uma das piores do país e respeitar essa realidade

com o correto registro cartográfico e textual; agir, ser mais contundente, cuidar do

ribeirão Anhumas, que está servindo de calha para o esgoto da cidade (coletar e tratar

esgoto, tirar capivaras, plantar mata ciliar etc.);

j) dispensar atenção especial para o lago do Parque Ecológico Prof. Hermógenes de

Freitas Leitão Filho, pois há material detalhado a respeito, com sua origem em

levantamento particular, que foi passado para o Projeto Anhumas (anexo 3 - “As águas

de Barão Geraldo e o Parque Ecológico”);

k) observar que a equipe do Parque Amigo se compõe de pessoal da Unicamp, sinal de um

salto qualitativo, em que a instituição dá liberdade para apontar problemas que ela

mesma cria;

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l) estimular o Projeto Parque Amigo, que é interessante, a adotar uma posição mais firme

a respeito da poluição que ocorre ao longo de tantos anos;

m) cuidar para que as ações sejam preventivas, ao invés de olhar para o problema quando

ele aparece na mídia;

n) ampliar, formar multiplicadores das informações, pois Barão Geraldo já possui 74

bairros, com sua população crescendo ano a ano;

o) retirar do Parque Ecológico as capivaras ali colocadas pela própria Prefeitura, que

provocou com isso o surgimento de problemas de saúde. Lembrar que o ambiente

natural desses animais são as várzeas dos rios, que hoje já não existem nas cidades

grandes;

p) oferecer apoio à iniciativa de moradores do distrito de Barão Geraldo, Vila Florida, no

Projeto Mata do Quilombo-Barão Geraldo, que pleiteiam o tombamento da mata de

transição da Vila Holândia (v. dossiê, Anexo 4).

Foi comentado ainda que os mapas e textos elaborados pelo Projeto Anhumas, ao

serem considerados produtos/ferramentas a serem disponibilizados para o poder público,

comunidade acadêmica, ONGs e sociedade civil após os devidos acertos, deverão ser

continuamente atualizados, de modo a não perderem seu poder e função. Desse modo, três

participantes representando três grupos de atuação ofereceram-se para colaborar nessa

atividade, inclusive contribuindo com a divulgação dos mapas de riscos e reunindo os

trabalhos feitos no distrito de Barão Geraldo. Encerrou-se a reunião em clima de entusiasmo,

pois felizmente não foram focados apenas problemas, mas houve relatos de muitas ações

positivas e louváveis que acontecem no distrito. O Grupo de Riscos Ambientais do Projeto

Anhumas ressaltou e agradeceu imensamente a presença e participação de todos e à Fundação

Síndrome de Down pelo espaço oferecido.

Posteriormente, em 14/12/2005, os resultados do mapeamento de riscos foram também

apresentados no seminário “Cuidando de Barão”, realizado no salão Paroquial Santa Izabel,

centro de Barão Geraldo, organizado pela ONG Sonha Barão e com apoio de demais

entidades. Foram apresentados diversos trabalhos com enfoques variados relativos ao distrito

de Barão Geraldo, tais como questões político-administrativas, problemas ambientais,

planejamento urbano, avaliação crítica do Plano Local de Gestão Urbana de Barão Geraldo.

Nesse evento, a apresentação denominada Riscos Ambientais e Vulnerabilidade Social em

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Barão Geraldo mostrou as principais situações de risco identificadas, de forma resumida e

assim descritas:

§ Riscos relacionados ao ar e poluição atmosférica, com um total de 21 ocorrências,

destacando-se os riscos de abrangência regional com emanações de poluentes

atmosféricos oriundos de regiões vizinhas a Barão Geraldo, como no caso da Rhodia, do

Pólo Petroquímico, da REPLAN, do distrito de Betel (Paulínia) e do conjunto formado

pelas indústrias Ashland, Ceralit e Adere, situadas ao longo da rodovia

Anhangüera.Riscos relacionados a resíduos sólidos e contaminações, com 29

ocorrências, principalmente a presença constante de depósitos de lixo, entulhos, sucatas,

efluentes químicos de indústrias, problemas com agrotóxicos e com suinocultura, além

de problemas mais antigos, como no caso da contaminação por chumbo a partir da

fábrica de baterias Good Light (Real Parque), e problemas mais recentes, caso da

Unicamp, com a geração de resíduos sólidos e líquidos a partir de suas instalações

(oficinas, laboratórios, restaurantes, posto de combustível, depósitos).Riscos

relacionados a solo, agricultura e mineração, com 21 ocorrências, destaque feito à

extração irregular ou inadequada de areia e argila, utilização de agrotóxicos em áreas de

cultivo e problemas com fossas sépticas.Riscos relacionados à vegetação e animais, 27

ocorrências com predomínio da vinculação entre animais e saúde pública (mosquitos,

carrapatos, morcegos, cães, cavalos...) e várias citações sobre intervenções em Áreas de

Preservação Permanente e desmatamento principalmente de mata ciliar.Riscos

relacionados à água, com 39 ocorrências, em que se destacou a questão de poluição e

contaminação do açude localizado no Parque Ecológico Prof. Hermógenes de Freitas

Leitão Filho a partir de esgoto lançado pela Unicamp; a poluição do ribeirão das

Anhumas em seu trecho inferior após receber grande quantidade de esgotos e lixo em

seus setores alto e médio; e a ocorrência de lançamento de esgotos e riscos associados a

fossas sépticas em vários locais.

§ Fatores de vulnerabilidade social, totalizando 33 ocorrências, notadamente vinculadas

à presença de sub-habitações e aglomerações residenciais, problemas com a segurança

do trabalhador e saúde ocupacional, e problemas com o sistema viário, acidentes e

atropelamentos.

4. Realização das reuniões públicas de mapeamento de riscos ambientais

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As atividades de organização e de realização das reuniões públicas seguiram o mesmo

método empregado na fase anterior da pesquisa, ou seja, no mapeamento de riscos ambientais

na baixa bacia do ribeirão das Anhumas. A fim de possibilitar o planejamento das atividades

seguintes nos trechos médio e alto da bacia foi necessário empregar uma definição mais

precisa das respectivas áreas de abrangência, partindo-se dos critérios estabelecidos por

BRIGUENTI (2005), já descritos anteriormente. No entanto, essa divisão exigiu uma

adaptação que possibilitasse levar em conta a vinculação das pessoas com o território,

relacionada à proximidade, facilidade de deslocamento, utilização de serviços públicos e

outros. Como exemplo, a presença de importantes rodovias e avenidas, que se comportam

como barreiras para o deslocamento das pessoas, acabou por se tornar critério importante para

essa nova delimitação. Após traçar os limites do trecho médio da bacia, a Escola Estadual Ana

Rita Godinho Pousa, localizada na Vila Esmeralda, próximo da margem esquerda do ribeirão

das Anhumas, foi apontada como local mais apropriado para a realização da reunião pública

de mapeamento de riscos. Essa escola constitui-se em sólida e reconhecida referência

comunitária, bem localizada em área central do trecho médio, com manifesto interesse de sua

direção em compartilhar a construção do trabalho. Além disso foi possível contar com a

participação de alunos e professores que residem em diversas áreas desse trecho da bacia.

Com o efetivo envolvimento da Secretaria Municipal de Saúde também nesta etapa de

trabalho, foram convocados os agentes comunitários de saúde e coordenadores de Centros de

Saúde do Distrito Leste que, entre os cinco distritos de saúde existentes em Campinas, é o que

possui área de abrangência mais coincidente com esse setor da bacia. Essa convocação se

refletiu na importante participação dos agentes comunitários de saúde e demais profissionais

da área, inclusive os coordenadores de centros (Figura 4).

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Figura 4. Cartaz convidando para a reunião pública de levantamento de riscos ambientais no

médio curso da bacia do ribeirão das Anhumas.

A reunião pública ocorreu entre 8:00 e 14:00h do dia 10 de setembro de 2005, com a

participação de 79 pessoas, a maior quantidade entre todas aquelas realizadas pela equipe. A

seqüência das atividades nesse dia seguiu praticamente o mesmo formato aplicado nas

reuniões públicas de mapeamento ocorridas na baixa bacia. A única alteração foi ter havido

apenas um evento neste caso, com mapeamento dos territórios definidos pela área de saúde

pública. A divisão por territórios teve como objetivo atender à demanda dos participantes do

Projeto Anhumas vinculados à Secretaria de Saúde de Campinas e à Vigilância em Saúde e

Ambiental – VISA, com cinco distritos em Campinas: VISA Leste, VISA Norte, VISA Sul,

VISA Sudoeste e VISA Noroeste; ou da Coordenadoria de Vigilância em Saúde – COVISA,

(OLIVEIRA & OLIVEIRA 2005).

A cada um dos cinco distritos da saúde do município subordinam-se Centros de Saúde

(Centros de Saúde de Barão Geraldo, Taquaral, Paranapanema, Vila Orosimbo Maia etc.), aos

quais se vinculam os Agentes Comunitários de Saúde, que atuam exclusivamente em um dos

quatro ou cinco territórios em que se divide o distrito. O Agente de Saúde reside no território

em que trabalha, conhece-o em detalhes, incluindo as famílias que nele habitam e toda a sua

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problemática social, em conformidade com o Programa Saúde da Família do governo federal.

Desta maneira, a parte média da bacia foi dividida nos cinco territórios abrangidos pelos

Centros de Saúde Conceição, Taquaral, Taquaral Sul, Costa e Silva, São Quirino e 31 de

Março. Foram, no entanto, produzidos seis mapas. Por comporem uma área pouco extensa, os

territórios São Quirino e 31 de Março foram agrupados em um só. Porém, estavam presentes

muitos moradores e profissionais desses territórios, o que levou a uma subdivisão do grande

grupo em A e B, ambos trabalhando sobre mapas idênticos (São Quirino e 31 de Março “A” e

São Quirino e 31 de Março “B”).

A partir desta reunião pública os trabalhos de mapeamento passaram a contar com

uma nova base cartográfica, com a utilização das folhas topográficas na escala 1:10.000,

elaboradas e cedidas ao Projeto pelo Instituto Geográfico e Cartográfico do Estado de São

Paulo – IGC, editadas em 2001/2002. Para os grupos de trabalho essa base foi adaptada a cada

território, sendo impressa em escalas 1:8.000, 1:7.000; 1:6.666 e 1:5.000, conforme o

tamanho de cada área. Os demais materiais cartográficos de apoio foram os mesmos

utilizados nos eventos anteriores, exceto o mapa com guia de ruas, que se tornou

desnecessário porque a nova base cartográfica contém a toponímia dos elementos da rede

viária. Ao final foram identificadas 235 situações de risco relacionadas aos temas: ar e

poluição atmosférica; resíduos e contaminações; água; solo, agricultura e mineração;

vegetação e animais; fatores de vulnerabilidade social.

Passando para as atividades no alto curso da bacia do ribeirão das Anhumas, foram

realizadas duas reuniões públicas de mapeamento de riscos. A primeira realizou-se em 26 de

novembro de 2005, entre 8:00 e 14:00h, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof.

Ciro Exel Magro, situada no bairro São Fernando, às margens do córrego de mesmo nome,

um dos formadores do ribeirão das Anhumas (Figura 5). Contou com a presença de 49

participantes, entre moradores, pesquisadores, estudantes, agentes comunitários de saúde,

coordenadores de centros de saúde, representantes de ONGs, representantes comunitários,

servidores públicos municipais e supervisores de controle ambiental. Houve a divisão da área

em quatro territórios: Orosimbo Maia (39 ocorrências), Paranapanema (43 ocorrências), Vila

Brandina (23 ocorrências) e Sousas-Gramado (19 ocorrências).

Além da exposição dos resultados preliminares apresentados pelos grupos temáticos,

foi proferido um elucidativo discurso pela Coordenadora Setorial de Planejamento Físico

Habitacional, funcionária da PMC, Secretaria de Habitação-SEHAB, Cíntia Zaparoli, que

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explicou o processo de remoção dos moradores de áreas de risco ao longo do ribeirão das

Anhumas, que estava previsto para se iniciar em dezembro de 2005.

Figura 5. Cartaz convidando para a primeira reunião pública de levantamento de riscos

ambientais no alto curso da bacia do ribeirão das Anhumas.

A segunda reunião do alto curso da bacia, abrangendo a área central, ocorreu em 07 de

março de 2006 na Escola Estadual Culto à Ciência, no bairro Botafogo, quase centro da

cidade de Campinas, das 8:30 às 14:30h (Figura 6). A escola situa-se próxima de antiga

nascente soterrada de um córrego formador da bacia. Com a participação de 37 pessoas,

foram organizados quatro grupos divididos em territórios: Equipe Vermelha (Bosque e

Proença); Equipe Verde (Guanabara); Equipe Amarela (Nova Campinas); Equipe Centro

(Cambuí e centro propriamente dito).

A decisão de dividir o mapeamento de riscos na alta bacia em dois eventos distintos

ocorreu em função da alta complexidade dessa área em termos de situações de risco,

ressaltando as peculiaridades da área central de Campinas, onde o ambiente, mais

transformado pela urbanização e a quase ausência das condições naturais originais, torna as

questões sociais ainda mais evidentes, merecendo um trabalho à parte.

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Figura 6. Cartaz convidando para a segunda reunião pública de levantamento de riscos

ambientais no alto curso da bacia do ribeirão das Anhumas.

5. Organização e apresentação dos resultados do mapeamento de riscos ambientais -

médio e alto cursos

As atividades de mapeamento de riscos nos trechos médio e alto da bacia do ribeirão

das Anhumas possibilitaram completar o quadro geral de riscos ambientais ao se somarem

com aqueles identificados na fase anterior, no baixo curso do rio. A apresentação dos

resultados do mapeamento de riscos ambientais desse trecho médio/alto para a comunidade

ocorreu em 18 de março de 2006, das 8:30 às 14:30h, no Parque Ecológico Monsenhor Emílio

José Salim (Figura 7), com a presença de 30 participantes, tendo como objetivo apresentar

uma devolução de informações sistematizadas pela equipe de trabalho às comunidades da

região.

A escolha do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim ocorreu em função de

vários aspectos. Sua localização na alta bacia do Anhumas, próximo também de seu trecho

médio, junto à sub-bacia do córrego Mato Dentro, um dos formadores do ribeirão das

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Anhumas; o interesse de sua direção em sediar o evento, ressaltando a referência do parque

em relação á temática ambiental no município de Campinas.

Conforme chegavam, os participantes preenchiam o cadastro individual e

conversavam entre si e com a equipe de trabalho, tendo em seguida a oportunidade de se

apresentar na plenária. Seguiram-se as explicações sobre o histórico do Projeto Anhumas, a

base cartográfica utilizada, o acervo do Projeto após sua conclusão e as atividades de

atualização. Foi explicado cada um dos seis mapas temáticos digitalizados ali expostos,

fazendo-se a correspondência entre cada item assinalado com seu detalhamento nas planilhas

afixadas na parede. Durante o desenrolar da explanação, as pessoas presentes faziam

questionamentos ou ofereciam sugestões. Sobre o termo vulnerabilidades sociais, este envolve

um grande e complexo agrupamento de situações que não foi categorizado no Projeto

Anhumas, mas foi criado com a intenção de limitar de certa forma um assunto que permeia

todos os outros riscos ambientais apontados, tendo como enfoque principal um olhar para o

território em termos de suas formas de ocupação e da funcionalidade urbana. Pelo fato de as

informações serem de domínio público, poderão ser apropriadas e desenvolvidas de acordo

com os interesses de cada grupo.

Foi informado ainda que a bacia do ribeirão das Anhumas é importante pela atividade

agrícola, com produção de crisântemo, limão, abacate etc.. Com a colocação de outras

informações e sugestões, a reunião se encerrou com agradecimentos aos presentes e à

administração do Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim pelo espaço oferecido.

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Figura 7. Cartaz convidando para a reunião pública de apresentação dos resultados do

levantamento de riscos ambientais no médio e alto cursos da bacia do ribeirão das Anhumas.

Para efeito dessa apresentação de resultados e para a elaboração deste relatório final,

nos meses que se sucederam às reuniões públicas foram realizadas as tarefas de compilação,

checagens e complementações das informações levantadas. Significou uma etapa muito árdua,

pois foi necessário trabalhar com uma grande quantidade de informações de origem e níveis

de exatidão muito diversificados, inúmeras dúvidas a serem esclarecidas. De qualquer forma,

foi detectado um avanço em relação à etapa anterior, relativa ao mapeamento de riscos do

baixo curso, com aumento da experiência da equipe e a resolução de detalhes técnicos e

metodológicos necessários ao aprimoramento da pesquisa.

Os dados sobre as situações de risco foram organizados, compilados e digitalizados no

Instituto de Geociências da Unicamp. Para a elaboração dos mapas digitais foram utilizados

os softwares Arc GIS 9 e Arc View 3.2a, que possibilitaram também a elaboração das tabelas

associadas a cada ponto, linha ou área plotados no mapa. As tabelas foram depois convertidas

em formato XLS para serem visualizadas e disponibilizadas no software Excel. Por último,

foram realizadas reuniões com a equipe de geoprocessamento do IAC para estabelecer a

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adaptação e preparação das informações a serem digitalizadas, visando à finalização do

material a ser apresentado à comunidade e disponibilizado posteriormente na web.

6. Análise dos resultados

Com a digitalização dos mapas pelas equipes da Unicamp e do Geoprocessamento do

IAC, tem-se no momento os seis mapas temáticos com as situações de risco ambiental da

bacia do ribeirão das Anhumas (anexos 7 a 12, do item 2.1.). Esses mapas temáticos

correspondem aos grupos formados, ou seja:

- água

- ar e poluição atmosférica

- solo, agricultura e mineração

- vegetação e animais

- resíduos e contaminações

- fatores de vulnerabilidade social

No total, foram levantadas 675 situações de risco ambiental, somando-se todos os

temas abordados, entre pontos, trechos fluviais/viários e áreas, sendo que esta quantidade

inclui as situações que foram desmembradas durante a fase de checagem e compilação. Entre

estas, uma parcela refere-se a locais e trechos que aparecem em mais de um mapa temático

simultaneamente, pois um foco de risco pode afetar ao mesmo tempo o solo, a vegetação e o

ar, por exemplo. Por outro lado, observa-se que uma mesma situação de risco pode afetar

simultaneamente mais de um local, enfatizando-se que o que está numerado não é o ponto,

mas sim a situação de risco.

A observação do mapa permite notar a presença de situações de risco ambiental

posicionadas fora dos limites da bacia do ribeirão das Anhumas ou em suas proximidades.

Nas reuniões públicas não houve preocupação rigorosa em relação à abrangência territorial

dos riscos ambientais identificados, pois uma parcela das informações incluiu pequenas áreas

adjacentes à bacia, pertencentes às vizinhas bacias do rio Atibaia, do ribeirão Quilombo, do

córrego Piçarrão. Em primeiro lugar, a percepção das pessoas em relação ao ambiente e às

características próprias da dinâmica natural e da ação humana ultrapassa, freqüentemente, os

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limites das bacias naturais, como no caso da poluição atmosférica, as rodovias e avenidas

atravessadas com cargas tóxicas e o fluxo das águas subterrâneas que podem sofrer algum

tipo de contaminação. Outra consideração importante é que a compartimentação em três

segmentos: baixo, médio e alto cursos da bacia corresponde à divisão adotada para as etapas

do mapeamento participativo. Na tabela do anexo 11, os termos baixo, médio e alto referem-

se à etapa em que foram mapeados, por respeitar as fontes das informações dos participantes.

A intenção foi facilitar o trabalho das equipes em cada fase (duas reuniões de mapeamento no

baixo curso, uma no médio e duas no alto curso). Isso possibilitou que alguns riscos fossem

mapeados mais de uma vez, como por exemplo, no caso da Indústria Campineira de Sabão e

Glicerina Ltda., próxima ao supermercado Carrefour e à rua Moscou, às margens do ribeirão

das Anhumas (mais exatamente no que deveria ser a mata ciliar, uma Área de Preservação

Permanente). Ainda decorrente da relativa flexibilização da área de abrangência, ocorreu

também de o local indicado estar situado, por exemplo, no médio Anhumas conforme o

critério geográfico, mas ter sido apontado na reunião pública referente ao baixo Anhumas.

Apesar de dificultar a etapa de compilação de informações, esse aspecto valoriza a

compreensão por parte dos participantes da bacia hidrográfica como unidade integrada de

estudo da paisagem.

Essa divisão em três compartimentos provavelmente se constitui em obstáculo na

análise da bacia como uma unidade integrada composta por fatores, processos e dinâmicas da

relação natureza-sociedade. A opção seria identificar sub-unidades homogêneas integradas à

unidade da bacia, com auxílio de ferramentas e técnicas ligadas ao poder público municipal.

6.1. Análise quantitativa

Buscando elementos adicionais para análise dos 675 riscos ambientais identificados na

bacia do ribeirão das Anhumas (anexo 11), foram organizados os dados e elaborados gráficos

e tabelas que procuram demonstrar de maneira sintética a distribuição dos temas abordados,

além da relação causal entre a origem e os efeitos percebidos dos riscos em cada tema.

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Figura 8. Freqüência de referências de riscos registrados

A figura 8 apresenta a quantidade de riscos registrados em toda a bacia nas reuniões de

mapeamento, em valores percentuais. Pela ordem de maior freqüência de referências, estão os

temas: “vulnerabilidade social”, com 163 citações; “água”, com 144; “vegetação e animais”,

com 114; “resíduos e contaminações”,102; “ar e poluição atmosférica”, 94; “solos, agricultura

e mineração”, 58. Essas citações totalizaram 675 situações de risco na bacia do ribeirão

Anhumas. A maior ou menor ocorrência de situações de risco conforme o tema dependeu

fundamentalmente das características da ação humana sobre o ambiente local, mas outros

fatores podem estar envolvidos. Como exemplos podem ser citados: a maneira como os riscos

são percebidos pelas pessoas, a forma de condução dos trabalhos pelos mediadores e relatores,

o interesse e a maior participação em determinados grupos temáticos e o perfil dos

participantes. Fato marcante é a grande quantidade de referências ao tema social, em função

da grande amplitude desse termo (social), juntamente com o elevado grau de urbanização e

densidade demográfica na bacia. Sobre a amplitude do termo, vale lembrar que grande parte

do que foi relatado refere-se aos efeitos dos riscos sobre a população, e não das causas ou

origens dos riscos a partir da população. Interessante distinguir que a vulnerabilidade social é

condicionada pela capacidade de defesa ou resposta da população frente aos eventos que

constituem risco.

O tema água aparece com muita freqüência, em segundo lugar do total de registros, por

se tratar do principal objeto de estudo sobre o qual se debruçaram as equipes de mapeamento,

com o olhar focado nos cursos d’água que compõem a bacia do ribeirão das Anhumas, que

também são os vetores principais de difusão de grande parcela dos riscos. A tabela 2 foi

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construída a partir da decomposição dos seis grandes temas de riscos (ar, água, solos-

agricultura-mineração, resíduos-contaminações, vegetação-animais, vulnerabilidade social)

mediante a reclassificação dos 675 riscos identificados em cada etapa do mapeamento,

resultando em 47 classes. Cada classe recebeu a denominação “ocorrência reclassificada”, que

é composta por referências das colunas “ocorrências” e “riscos associados” e, eventualmente,

a coluna “localização” da planilha 2 do anexo 11.

Tabela 2. Classes de riscos ambientais mapeados na bacia do ribeirão das Anhumas (Campinas, SP).

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Como exemplo, o tema SOCIAL, com 144 citações, foi decomposto nas seguintes

ocorrências reclassificadas, como pode ser visto na tabela 3 e figura 9, conforme os

identificadores: 1, 2, 3, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 29, 30, 37, 41, 44,

45, 47. Destes, os principais são o identificador 10 (áreas de comércio informal, moradia

provisória de sem-teto, terreno e/ou construção abandonados), com 34 referências; o

identificador 12 (carência de infra-estrutura sanitária, de segurança, de iluminação pública,

abastecimento doméstico de energia elétrica, pavimentação em bairros e aglomerados

habitacionais), com 35 e o ID 45 (trânsito saturado ou precariedade nas condições de tráfego

de veículos e pedestres, conflitos de trânsito, congestionamento, atropelamentos,

precariedades de ruas, estradas, pontes e viadutos), com 37 referências. Assim, no total,

apenas 3 identificadores abrangem 74% de todo o tema social.

Tabela 3. Ocorrências reclassificadas do tema “social” do levantamento de riscos ambientais na bacia do ribeirão das Anhumas (Campinas, SP).

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Figura 9. Porcentagem das ocorrências reclassificadas do tema “social” do levantamento de riscos ambientais na bacia do ribeirão das Anhumas (Campinas, SP).

As figuras e gráficos referentes a cada tema decomposto em ocorrências reclassificadas,

encontram-se no anexo 11, juntamente com as tabelas e gráficos das ocorrências

reclassificadas compondo cada tema.

6.2. Casos especiais

Somando-se aos aspectos quantitativos da análise de riscos, mencionam-se aqui os

locais da bacia do ribeirão das Anhumas que foram considerados casos especiais pela equipe e

pelos representantes das comunidades que participaram dos eventos do Projeto Anhumas.

Esses locais são espaços que concentram várias situações de risco distintas, coincidindo no

mesmo território, emblemáticas e complexas, onde a resolução dos problemas ambientais e

sociais depende de ações emergenciais, corretivas e preventivas, principalmente com forte

participação do poder público.

Unicamp – Parque Ecológico

A questão da poluição e contaminação do açude localizado no Parque Ecológico Prof.

Hermógenes de Freitas Leitão Filho a partir de esgoto lançado pela Unicamp, com geração de

resíduos sólidos e líquidos provindos de suas instalações no campus (sanitários, oficinas,

laboratórios, restaurantes, posto de combustível, depósitos). Há dois pontos de lançamento de

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efluentes biológicos, químicos e radioativos dos serviços de saúde e de institutos de pesquisa,

somando-se aos entulhos de construção civil e de podas de vegetação produzidos no campus.

No açude localizado à montante, foi citada também a ocorrência de despejo de esgoto

hospitalar do Centro Boldrini, que também estaria executando obras de terraplanagem nas

proximidades, colocando em risco esse açude. Mencionou-se o assoreamento do açude

situado à jusante e a ocorrência de capivaras e carrapatos-estrela, com risco de os

freqüentadores do Parque Ecológico contraírem febre maculosa (veja-se o anexo 3).

Shoppings Centers

Entre os shoppings situados na bacia, o mais citado foi o Parque Dom Pedro

Shopping, no bairro Santa Genebra, junto à rodovia D Pedro I, na sub-bacia do ribeirão das

Pedras, em área praticamente limítrofe entre os trechos médio e alto da bacia do ribeirão das

Anhumas. A seu respeito foram levantadas dúvidas quanto à qualidade do esgoto e do

tratamento da água, com possível contaminação da água utilizada para seu abastecimento. Foi

esclarecido que a sua estação de tratamento é considerada suficiente para a própria empresa,

mas não para todo o bairro em que está localizado, o que provocaria tal situação. Haveria

também erosão atingindo o solo e calçada próximos de lagoa vizinha, além de poluição do ar

decorrente do grande afluxo de veículos. Na construção do shopping, os impactos e eventos

apontados foram: o uso de explosivos para bombardear as rochas; a drenagem de nascentes de

água; erosão e compactação do solo; excessiva impermeabilização do solo, que passou a

provocar aumento da vazão e da freqüência de enchentes no ribeirão das Pedras.

Em córrego próximo ao shopping Iguatemi e ao supermercado Carrefour foi relatada a

diminuição de vazão, com aterramento de nascente, erosão e construção em Área de

Preservação Permanente. Na construção de um futuro shopping no bairro das Palmeiras, alto

Anhumas, foram relatadas essas mesmas ocorrências, acrescentando-se ainda a degradação de

mata ciliar.

Área central de Campinas

A área central de Campinas e suas imediações concentram uma grande parte de locais

de alagamento, como por exemplo, a avenida Norte-Sul (José de Souza Campos), avenida

Anchieta (da rua Major Sólon até Dona Libânia), rua Cel. Quirino ao longo do córrego do

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Serafim (avenida Orosimbo Maia), Delfino Cintra até Norte-Sul, Barão de Jaguara e Largo do

Pará. Os riscos associados aos alagamentos mencionados são as doenças de veiculação hídrica

(leptospirose), os acidentes de trânsito e a afluência de lixo para o sistema de drenagem.

Foram citados também os problemas de saúde pública associados aos animais como

morcegos, escorpiões, pombos e cavalos, criadouros de mosquitos da dengue, presença de

insetos e animais silvestres e domésticos soltos no Bosque dos Jequitibás e escorpião amarelo

em toda a região do centro velho de Campinas.

Foi destacado o lançamento de esgoto no córrego do Serafim (av. Orosimbo Maia) e

nas proximidades da rua Delfino Cintra, lançamento de entulhos em curso d'água na avenida

Princesa d'Oeste, depósitos de entulhos e resíduos, armazenagem irregular de materiais

recicláveis e acúmulo de lixo em praças públicas. Há a presença de minas e poços artesianos

contaminados, contaminação do solo por fossas sépticas, soterramento de nascentes e descarte

irregular de amálgama por consultórios odontológicos. Acrescenta-se aqui a poluição do ar

pela indústria de Chapéus Cury e, em outras fontes de poluição atmosférica e sonora (ônibus e

muitos carros), destacam-se as avenidas Brasil, Norte-Sul, Anchieta, Barão de Itapura,

Andrade Neves, Orosimbo Maia e rua Barreto Leme, juntamente com o trânsito intenso com

riscos de atropelamentos e demais conflitos de trânsito. Por último, assaltos, violência,

prostituição e tráfico de drogas, com ocorrência generalizada em toda a porção mais central de

Campinas.

Ribeirão das Anhumas e afluentes

A situação do ribeirão das Anhumas e de grande parte de seus afluentes foi uma

unanimidade nas reuniões públicas de mapeamento, com uma variedade muito grande de

citações de risco ambiental, afetando diretamente ou indiretamente o ribeirão, somando-se os

casos ligados mais diretamente às questões sociais e de saúde pública. A morte do ribeirão das

Anhumas começa no seu início, nas margens próximas a seus formadores, localizados no alto

curso (córregos Mato Dentro, São Fernando, Proença, Serafim e Tanquinho).

Na sub-bacia do córrego do Mato Dentro foram destacados ausência de mata ciliar,

desmatamento, aterro de margens e nascentes, erosão, rebaixamento de lençol freático,

construções em áreas de risco, canalização inadequada, pontos de inundações, depósitos de

entulhos e de lixo. Nas cabeceiras dos córregos Proença e São Fernando foi mencionado o

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descarte e tratamento inadequado de resíduos do complexo universitário da Unip–

Universidade Paulista, com riscos de contaminação da água e do solo. A fábrica de rações

Anhangüera teria um provável descarte de resíduos no córrego que, além de poluir o ar,

causando mau cheiro, também estaria causando alergias e intoxicações.

Ambos os córregos foram citados como apresentando impermeabilização das

principais nascentes, com canalização e revestimento de concreto, provocando enchentes e

acúmulo de lixo. Na área do córrego São Fernando, destacaram-se casos de erosão,

deslizamentos, desmoronamentos, moradias irregulares, lançamento de esgotos, irrigação de

horta com água de mina contaminada, bota-foras, depósitos de lixo e de recicláveis

inadequados, entre outros. Com relação às águas que correm para os córregos Serafim

(avenida Orosimbo Maia) e Tanquinho (avenida Anchieta), há a concentração de locais de

alagamento, lançamento de esgoto e entulhos, depósitos de entulhos e resíduos, armazenagem

irregular de materiais recicláveis e acúmulo de lixo em praças públicas. Há também a

presença de minas e poços artesianos contaminados, contaminação do solo por fossas

sépticas, soterramento de nascentes e descarte irregular de amálgama por consultórios

odontológicos que, em sua maioria, também estão irregularmente instalados.

À medida que se passa para o médio curso, ocorrem: poluição da lagoa Taquaral

através de resíduo químico oriundo de indústria e esgoto doméstico em águas represadas do

Córrego Guanabara, em cuja foz são encontrados dois bota-foras com despejo de entulhos e

de lixo doméstico. Na Vila Esmeralda foram apontados mudança do curso do rio, erosão,

desmoronamentos, enchentes e impermeabilização do solo. Ainda nesse setor médio da bacia

foram citados outros casos de áreas de inundações periódicas; pontos de lançamento de esgoto

in natura, pontos de lançamento de resíduos e entulhos em curso d´água, contaminação de

minas d’água utilizadas pela população, desmatamento da mata ciliar, problemas com

armazenamento de produtos recicláveis. No médio curso é onde ocorre a maior concentração

de situações de risco, sendo que grande parte delas se localiza linearmente ao longo do

ribeirão e de alguns de seus afluentes. Podem ser destacados as seguintes ocorrências e riscos

associados:

- desmatamentos e alteração de curso do rio;

- aglomeração urbana sem infra-estrutura básica em área de risco;

- ocupação urbana em área de várzea;

- despejo de esgoto sem tratamento;

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- áreas de inundações periódicas;

- erosão, assoreamento e deslizamento da margem do rio;

- desmoronamentos de casas;

- extração ilegal de areia e argila;

- água parada com risco de dengue;

- depósitos de recicláveis;

- queima de galhos e lixo por moradores;

- minas d’água contaminadas;

- riscos relacionados a fossas negras;

- presença de animais e insetos com riscos à saúde pública;

- violência, tráfico de drogas.

Neste trecho da bacia do ribeirão das Anhumas, a Indústria Campineira de Sabão e

Glicerina Ltda. foi apontada como responsável por lançar resíduos sólidos e líquidos

diretamente no rio, por provocar vazamentos e emanações de nuvens tóxicas, causando

poluição atmosférica e mau cheiro, e por provocar aterramento do ribeirão e deslizamentos de

terra. Os resíduos sólidos, os efluentes domésticos e industriais e o excesso de água das

inundações produzidos no alto curso juntam-se à carga poluidora e às alterações provocadas

neste trecho médio, afetando daí em diante o baixo curso. Mesmo construindo a ETE

Anhumas, entre os trechos médio e baixo, ainda haverá problemas por conta de uma certa

quantidade de esgoto remanescente, do não tratamento do esgoto na fonte e da grande

quantidade de lodo no leito do ribeirão, uma vez que a natureza demanda tempo para depurar

essa água.

No baixo curso o ribeirão das Anhumas passa pelo distrito de Barão Geraldo e recebe

esgotos com diversos pontos de lançamento à montante, incluindo contaminação por fossas

sépticas localizadas no distrito. O mesmo ocorre com o mais importante dos afluentes deste

trecho, o ribeirão das Pedras, acrescentando-se ainda a presença de bota-foras e depósitos de

entulhos, casos de retirada da mata ciliar de suas margens, com situação ainda mais agravada

pelos já citados casos do Parque Dom Pedro Shopping e da Universidade Estadual de

Campinas – Unicamp.

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7. Atividades complementares e desdobramentos já iniciados

Ao passo da implementação do método previsto para o mapeamento de riscos

ambientais, foram necessárias diversas atividades adicionais por parte da equipe a fim de

produzir novas informações sobre a situação ambiental da área de estudo. Tais informações

subsidiaram a elaboração deste relatório na elaboração de trabalhos e projetos

complementares, na visualização de inúmeros problemas detectados e na divulgação dos

resultados que foram sendo obtidos. Assim, alguns desdobramentos do mapeamento de riscos

já se tornaram realidade antes mesmo do término desta etapa da pesquisa. É o que será

descrito a seguir, juntamente com tais atividades complementares:

consulta e resgate de informações da hemeroteca do Projeto Anhumas

A hemeroteca se constitui em material que subsidiou o trabalho desenvolvido pelo

grupo de riscos ambientais ao legitimar através da mídia impressa informações de domínio

público (conforme anexo 1). Nela encontram-se algumas das reportagens de jornais que

compõem o acervo estático do Projeto, cujo depositário é o Museu da Imagem e do Som-MIS,

da Prefeitura Municipal. Trata-se de documentos que veiculam notícias relacionadas aos

temas abordados no Projeto Anhumas, muitos deles apontados pela população nas reuniões de

mapeamento de riscos.

levantamento fotográfico de situações de risco

Á medida que foram se realizando as atividades de mapeamento de riscos,

paralelamente foram realizadas saídas a campo para re-ratificar informações dúbias,

verificação in loco de riscos ambientais em vários locais da bacia do ribeirão das Anhumas,

resultando nos registros fotográficos anexados a esse relatório. Esse levantamento fotográfico,

realizado pela bolsista de Treinamento Técnico Vívian Furquim Scaleante, contém ainda

registros das reuniões públicas, de reuniões preparatórias, bem como de diversas atividades da

equipe ao longo de toda a pesquisa, principalmente relativas a esta última fase.

projeto de Ensino Público – FAPESP

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No projeto para a melhoria do ensino público elaborado (veja-se o item

“Desdobramentos do Projeto Anhumas”), com início previsto para 01/06/2006, foi incluído

um módulo de riscos ambientais, com um total de 4 aulas em 20 horas, que constará de aula

teórica, oficina de mapeamento, percurso pela bacia com observações de campo e

verificações. Está prevista também a produção de materiais e metodologia específicos e

inovadores no âmbito do ensino e da aprendizagem, razão pela qual a confecção de materiais

didáticos pós-curso será de importância estratégica para os professores desenvolverem o

conteúdo do curso com seus alunos. Entre outros materiais didáticos, serão necessários mapas

em diversas escalas, de modo a proporcionar visão global e local da área de estudo, com

detalhamentos sobre o entorno da escola, planilhas desenvolvidas e adaptadas para a realidade

de cada local, montagem de hemeroteca com notícias de jornal a respeito da área de estudo,

organização em meio digital do acervo de imagens fotográficas documentais. .

Outras atividades e desdobramentos dos trabalhos desenvolvidos pela equipe durante o

levantamento de riscos ambientais na bacia estão detalhados nos itens “Divulgação dos

resultados do Projeto” e “Desdobramentos do Projeto Anhumas” do relatório final.

8. Referências bibliográficas

BRIGUENTI E.C. O uso de geoindicadores na avaliação da qualidade ambiental da bacia

do ribeirão Anhumas. Campinas/SP. 2005. Dissertação de Mestrado, Instituto de

Geociências, Unicamp.

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Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Anhumas - Campinas, SP. (Aceito para publicação

no III Congresso da Associação Nacional de Pós-Graduação em Pesquisa Ambiente-

Sociedade –ANPPAS) Brasília, 2006.

DAGNINO, R.S.; LADEIRA, F.S.B. Esboço metodológico para uma cartografia dinâmica do

ambiente na bacia hidrográfica do Ribeirão das Anhumas, Campinas - SP. Anais do XI

Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada. São Paulo: Departamento de Geografia

- USP, 2005. p. 3479-3487.

GOBBI, E.S. Impactos ambientais e perfil sócio-econômico no Alto Anhumas e seus

afluentes. Relatório de Iniciação Científica, 2006. 105 p.

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ambientais, urbanos e rurais, do distrito de Barão Geraldo. Trabalho de conclusão de

curso em Saúde Pública. Orientador: Carlos Eduardo Cantúsio Abrahão, UNICAMP,

2005.

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tombamento na primeira sesmaria da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das

Campinas do Mato Grosso de Jundiaí. Campinas: Ed. Unicamp. 2002.

SEMEGHINI, U.C. Campinas (1860 a 1980): Agricultura, industrialização e urbanização.

Campinas: Ed. Unicamp.1988.

SEVÁ FILHO, A.O.; CARPI Jr., S.; SCALEANTE, O.A.F.; VIEIRA, J.J.. Riscos técnicos

coletivos ambientais na Região de Campinas, SP. Relatório de pesquisa, Caderno 12,

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SEVÁ FILHO, A.O. (org.). Riscos técnicos coletivos ambientais na região de Campinas.

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http://www.fem.unicamp.br/~seva/aguabaraogeraldo.PDF

Bibliografia consultada

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Anhumas, Campinas/SP. Monografia (Bacharelado em Geografia) - Faculdade de

Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente. 2001.

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H.R.; FERREIRA, L.C. Ambiente & Sociedade. Campinas, Universidade Estadual de

Campinas, 1997, ano 1, n.1, p. 117-133.

CALHEIROS, R. O. et al. Preservação e recuperação das nascentes. Piracicaba: Comitê das

Bacias dos Rios PCJ-CTRN, 2004.

CARPI JR, S.; PEREZ Fo, A. Riscos ambientais na Bacia do Rio Mogi-Guaçu: proposta

metodológica. Geografia, v.30, n. 2, p. 347-364 (ISSN 0100-7912). 2005.

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FRISCHENBRUDER, M.T.M. Gestão municipal e conservação da natureza: a bacia

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Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo: USP.

2001.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS; SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE;

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Diagnóstico ambiental participativo

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LOPES, D.A. Marginais da História? O movimento dos favelados da Assembléia do Povo.

Campinas: Ed. Alínea, 1997.

MARTINS, J.P. A década desperdiçada. O Brasil, a Agenda 21 e a Rio+10. Campinas: Ed.

Komedi, 2002.

MARTINS, J.P. Agenda 21 municipal na Região Metropolitana de Campinas. Campinas: Ed.

Komedi, 2002.

MARTINS, J.P. Água e cidadania em Campinas e Região: o desafio do século XXI .

PMC/SANASA. Campinas, SP. 2004

SCALEANTE, O.A.F. Riscos ambientais em Apiaí - SP. Dissertação de Mestrado, Instituto de

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para consulta em: http://10.5.130.250/PROJETOANHUMAS/Index.html. 2003.

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300

Disponível para consulta em: http://10.5.130.250/PROJETOANHUMAS/Index.html.

2005.

9. Anexos

Mapas impressos dos temas levantados no estudo dos riscos ambientais (anexos 7 a 12

do item 2.1. do relatório geral).

Anexo 1 – Tabelas e gráficos (arquivo digital)

Anexo 2 – Hemeroteca (arquivo digital)

Anexo 3 –“II Semana Sonha Barão, de 17 a 21/11/2004 (cópia de texto).

Anexo 4 - As águas de Barão Geraldo e as bacias dos rios das Pedras, Anhumas,

Atibaia e Quilombo (arquivo digital)

Anexo 5 - “Bairro Quilombo – Distrito de Barão Geraldo – Campinas” (cópia de

texto).

Anexo 6 – Fotos do trabalho de Grupo de Riscos Ambientais (arquivo digital)

Anexo 7 – Cadastro geral de participantes do Projeto Anhumas

Anexo 8 – Trabalho de conclusão de curso

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Anexo 3

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Anexo 5