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Riscos Ambiente e

Qualidade do Ar

Comunicações orais: resumos

http://iniciativariscos.wordpress.com

Fundação Calouste Gulbenkian

Riscos Ambiente e

Qualidade do Ar

Comunicações orais: resumos

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8 de Novembro de 2012

Fundação Calouste Gulbenkian

Riscos Ambiente e

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Organização do Ciclo de

Comissão Organizadora do Ciclo de EncontrosPedro Reis - Presidente do FórumAlexandra Fonseca - DGT Aurora Bizarro - IH António Eduardo Leitão - IICT Olga Moreira - INIAV Alda Cardoso - INML Manuela Caniça - INSA Narcisa Bandarra - IPMA José Manuel Catarino - LNEC Ana Picado - LNEG

2º Encontro Riscos Ambiente e Qualidade do ArCoordenação: Manuela Caniça e João Paulo Teixeira (INSA) Secretariado: Daniela Dias Tel: 217 519 246/8 E-mail: forumccleriscosambientais

Apoio

Organização do Ciclo de Encontros

Comissão Organizadora do Ciclo de Encontros Presidente do Fórum

Riscos Ambiente e Qualidade do Ar Manuela Caniça e João Paulo Teixeira (INSA)

[email protected]

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1

Sessão: Riscos por Contaminação dos Solos e Água 1. Riscos de degradação dos solos em Portugal: erosão e salinização José C. Martins

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.,

Oeiras, Portugal

O solo é um recurso não renovável pelo facto de as taxas de degradação serem rápidas enquanto os processos de formação e regeneração são extremamente lentos. A degradação ou melhoria dos solos tem um impacto importante noutros domínios de interesse da comunidade, como a proteção das águas de superfície e subterrâneas, a saúde humana, as alterações climáticas, a proteção da natureza e da biodiversidade e a produção e segurança dos alimentos. Abordar-se-ão dois dos processos de degradação do solo, a erosão e a salinização, com apresentação de estudos efetuados no INIAV, I. P. (ex-INRB, I. P. e ex-Estação Agronómica Nacional), no âmbito de projetos de investigação com financiamento europeu e nacional, visando a compreensão daqueles processos e a contribuição para a proteção e utilização sustentável do solo, em Portugal. 2. Impacto ambiental da aplicação de matérias fertilizantes ao solo Pedro Jordão

1; Cristina Sempiterno

1; Lídia Farropas

1; M.

Encarnação Marcelo1; M. João Nunes

1; Rui Fernandes

1;

Filipe Pedra1; Raquel Dias

1; Amélia C. Branco

2; Isabel

Castro2; Paula Fareleira

2; Fátima Calouro

1

1 Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.,

Lisboa, Portugal 2

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.,

Oeiras Portugal

A produção de bens alimentares está fortemente dependente da aplicação de matérias fertilizantes, uma vez que os solos agrícolas não possuem capacidade para fornecer às culturas, de forma equilibrada, os nutrientes necessários ao seu crescimento e desenvolvimento. No entanto, a aplicação de fertilizantes ao solo não é isenta de riscos de carácter ambiental, na medida em que, aplicações excessivas de nutrientes, como o azoto, podem conduzir à poluição das águas subterrâneas e superficiais com nitratos – com riscos associados para a saúde humana - para além de promoverem quebras de produtividade e perda de qualidade dos produtos. Por outro lado, a necessidade de dar destino ambientalmente correto a resíduos orgânicos de diversas origens da atividade económica tem levado ao estudo de soluções, nomeadamente a sua valorização agronómica, quer do ponto de vista do aproveitamento da sua riqueza em nutrientes, mas particularmente do benefício que a sua aplicação pode trazer ao enriquecimento dos solos em matéria orgânica, fator essencial da sua fertilidade. Mas também esta aplicação não exclui o risco de veicular para os solos elementos indesejáveis, designadamente metais pesados, que, ficando disponíveis, podem afetar negativamente a produtividade das culturas e, ao entrarem na cadeia alimentar, prejudicar de forma mais ou menos grave a saúde humana por via da sua acumulação no organismo. Apresenta-se, de forma necessariamente resumida, o trabalho de investigação levado a cabo nos últimos anos no âmbito da prevenção dos riscos associados à aplicação de fertilizantes na agricultura (adubos, e corretivos) bem

como a aplicação dos seus resultados na definição das políticas setoriais de caráter agroambiental. 3. Pastagens de sequeiro: produtividade e efeito na fertilidade do solo João P. Carneiro

1; António S. Videira Costa

2; Rui

Fernandes2; José P. F. Almeida

3; Ramiro Oliveira

2; Lídia

Farropas2; Ana Barradas

1

1 Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária –

INIAV, I.P., Estação de Melhoramento de Plantas, Elvas,

Portugal 2

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária –

INIAV, I.P., Lisboa, Portugal 3

Instituto Politécnico de Castelo Branco, Castelo Branco,

Portugal

O estudo que feito no âmbito de dois projetos – “Pastagens Biodiversas Ricas em Leguminosas: Uma Alternativa Sustentável para o Uso de Terras Marginais” financiado pelo Programa Agro, e “Biopast – Uma Abordagem Integrada às Pastagens Permanentes Biodiversas Ricas em Leguminosas” financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, incidiu sobre três modos de estabelecimento e exploração de pastagens em situação mediterrânica de sequeiro: pastagem natural com e sem fertilização (PNF e PN); pastagem semeada com fertilização (PSF). Este ensaio foi repetido em 4 locais, com características edáfico-climáticas distintas, mas todos com potencial para a produção pecuária em extensivo: Elvas (solo Scv, 526 mm de precipitação média), Cercal (solo Ex, 566 mm de precipitação média), Coruche (solo Vt, 605 mm de precipitação média) e Caria (solo Pg, 1 662 mm de precipitação média). Quantificaram-se os valores da produtividade do primeiro ao quarto anos após a instalação da experiência. A modalidade PSF teve em quase todas as situações uma produção superior de fitomassa, atingido valores anuais tão altos como 10 642 kg.ha

-1 de matéria seca (MS), no

Cercal, 9 257 kg MS.ha-1

em Caria, 9 016 kg MS.ha-1

em Elvas e 3 901 kg MS.ha

-1 em Coruche, que

corresponderam a um acréscimo compreendido entre 6% (Caria) e 230% (Coruche), relativamente à PN. A este aumento de produtividade na PSF correspondeu a aumentos de proteína bruta (Nx6,25) e da fitomassa digestível. Avaliaram-se vários parâmetros físico-químicos do solo (pH, teores de azoto total, carbono orgânico, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, capacidade de troca catiónica, bases de troca, ferro, manganês, zinco e cobre, e ainda a necessidade de cal) em quatro datas correspondendo ao intervalo entre 2001 e 2007. Não se encontrou um padrão de evolução nos parâmetros determinados, como resposta às modalidades de pastagem; no entanto, alguns deles parecem resultar da aplicação inicial e continuada dos fertilizantes. As 3 modalidades induziram um acréscimo do teor de matéria orgânica, relativamente ao início dos ensaios (2001). Estes resultados levam-nos a sugerir que há um efeito positivo do “sistema pastagem”, independentemente das três modalidades estudadas, em características fundamentais para a conservação e sustentabilidade do solo. 4. Contaminantes da água com potencial genotóxico: cianotoxinas e subprodutos de desinfeção da água Elsa Dias

1, Ana S. Cardoso

1, Henriqueta Louro

2, Telma

Santos1,2

, Marlene Rebola1,2,3

, Miguel Pinto1, Sílvia S.

José1, Alexandra Antunes

3, Paulo Pereira

1, M. João Silva

2

1

Departamento de Saúde Ambiental, Instituto Nacional de

Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa, Portugal

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2

2 Departamento de Genética Humana, Instituto Nacional de

Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa, Portugal 3

Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico,

Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, Portugal

A garantia da qualidade da água destinada ao consumo humano é, atualmente, uma preocupação universal, em termos de saúde pública. Assim, a presença de contaminantes de natureza microbiológica ou química, pode constituir um perigo para a saúde humana que importa avaliar, particularmente no que diz respeito a efeitos carcinogénicos. O presente trabalho representa uma abordagem multidisciplinar, abrangendo a caracterização de efeitos citotóxicos, genotóxicos e potencialmente carcinogénicos de toxinas cianobacterianas (microcistinas) e de subprodutos de desinfeção da água (derivados clorados de benzo[a] pireno e fluoranteno). As microcistinas têm sido detetadas em reservatórios de água doce, sendo sobretudo conhecidas pela sua hepatotoxicidade aguda. O nosso trabalho tem vindo a demonstrar que, por um lado, estas toxinas possuem também atividade citotóxica e genotóxica e que, por outro, essa atividade pode ser extensiva a células de outros órgãos, para além do fígado. Estes resultados suportam a hipótese, ainda alvo de alguma controvérsia científica, de que as microcistinas são agentes genotóxicos e potencialmente carcinogénicos. Os derivados clorados de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP) podem formar-se pela reação do cloro, usado na desinfeção da água, com resíduos de HAP presentes na água, sendo que os seus efeitos biológicos são praticamente desconhecidos. O nosso trabalho compreendeu a preparação de três derivados clorados a partir do benzo[a]pireno (BaP) e fluoranteno (Fluo), a saber: 6-Cl-BaP, 3-Cl-Fluo e 1,3-Cl2-Fluo, tendo-se confirmado a sua formação em condições semelhantes às utilizadas em Estações de Tratamento de Águas. Mostrámos ainda que o 6-Cl-BaP apresenta um efeito genotóxico superior ao do BaP, o que veio justificar o alargamento deste estudo a novos subprodutos de desinfeção da água. No seu conjunto, os dados de ambos os estudos contribuíram para gerar evidência científica relativamente ao potencial impacto de contaminantes da água na saúde humana, com importantes implicações para a avaliação de risco e implementação de medidas preventivas, com vista a uma maior segurança na utilização dos recursos hídricos nacionais. Sessão: Riscos Ocupacionais e Saúde Pública 5. Riscos da exposição ocupacional a pesticidas Carla Costa

1, Solange Costa

1, Susana Silva

1, John

Snawder2, Stefano Bonassi

3, Blanca Laffon

4, João P.

Teixeira1

1 Departamento de Saúde Ambiental, Instituto Nacional de

Saúde Dr. Ricardo Jorge, Porto, Portugal 2

Unidade de Biomonitorização e Avaliação de Risco, Divisão de

Pesquisa e Tecnologia Aplicada, Instituto Nacional de Saúde e

Segurança Ocupacional, Cincinatti, Ohio, Estados Unidos da

América 3

Unidade de Epidemiologia Clínica e Molecular, IRCCS San

Raffaele Pisana, Roma, Itália 4

Unidade de Toxicologia, Departamento de Psicobiologia,

Universidade da Corunha, Espanha

A exposição ocupacional a pesticidas é uma problemática que tem vindo a ser amplamente estudada ao longo dos últimos anos com o principal objetivo de identificar as variáveis de risco, e desta forma, reduzir os possíveis

efeitos na saúde dos trabalhadores (que incluem efeitos nos sistemas nervoso, reprodutivo, alterações genéticas e cancro). Um estudo desenvolvido na zona norte de Portugal, revelou que indivíduos expostos a pesticidas apresentam, de facto, níveis de dano genético superiores a indivíduos que não lidam com pesticidas (nem quaisquer outros compostos genotóxicos). Foram identificados possíveis fatores de risco associados às tarefas desenvolvidas pelos agricultores e verificou-se que embora exista a consciencialização dos perigos associados à utilização de pesticidas (muitos dos participantes tinham já frequentado cursos de aplicação de produtos fitofarmacêuticos) não há ainda a implementação de práticas seguras no local de trabalho. 6. Amianto - Risco de exposição Ambiental/Profissional

M. Carmo Proença Departamento de Saúde Ambiental, Instituto Nacional de Saúde

Dr. Ricardo Jorge, Lisboa, Portugal

O amianto é o termo genérico para designar várias formas de silicatos naturais, de magnésio e /ou ferro, que apresentam formas fibrosas. Devido às suas propriedades particulares, o amianto foi largamente utilizado na Indústria, e estima-se que atualmente se encontre em cerca de três mil produtos diferentes. Sabe-se hoje que o amianto provoca, nas pessoas a ele expostas, diversos tipos de doenças, nomeadamente a asbestose, o cancro do pulmão e o mesotelioma. Embora a utilização do amianto esteja já proibida no nosso país desde janeiro de 2005, a larga utilização que teve no passado obriga a que se mantenha uma vigilância adequada nos locais onde se encontra aplicado por forma a reduzir, tanto quanto possível, o risco de exposição a este agente. Nesta vigilância é fundamental ter em conta, tanto a forma como o amianto se encontra aplicado, como o grau de degradação do material que o contém, uma vez que são estes aspetos que condicionam a libertação de fibras para o ar ambiente. A Unidade do Ar e Saúde Ocupacional do Departamento de Saúde Ambiental do INSA, realiza desde a década de 80, estudos para avaliação da exposição a fibras de amianto em numerosos locais de trabalho, nomeadamente, na indústria, em escolas e em edifícios, quer públicos, quer privados. A facilidade de acesso a informação científica e a crescente divulgação nos meios de comunicação social dos riscos associados a este material, traduziu-se numa crescente preocupação, quer para os responsáveis de edifícios quer para o público em geral. Tal facto tem vindo a desencadear um esforço cada vez maior, no sentido da identificação dos locais onde exista este material e na sua remoção, quando justificada. 7. Ciclo de elementos metálicos: o contraste entre o mercúrio e o chumbo Miguel Caetano, João Canário, Carlos Vale

IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, Lisboa,

Portugal

A contaminação por Chumbo e Mercúrio desde a revolução industrial levou à sua dispersão nos vários compartimentos do ambiente. Os riscos associados à neurotoxicidade destes metais conduziram, nos últimos anos, ao estabelecimento de restrições ao seu uso de forma indiscriminada.

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3

Uma das mais importantes vias de dispersão à escala global do Chumbo utilizado com aditivo da gasolina na forma de tetraetilchumbo é a atmosfera. Concentrações deste elemento nos solos, rios e oceanos podem, portanto, ter uma origem antropogénica. No meio aquático o Pb fica ligado às partículas em suspensão da água, retido nos sedimentos ou entra e biomagnifica os seus teores através da cadeia trófica. A eliminação do aditivo de chumbo na gasolina não eliminou a preocupação ambiental. Estudos realizados em plantas e sedimentos das zonas de sapal mostram que a acumulação deste metal nas raízes ultrapassou mais de cem vezes os valores de base. O ciclo de vida das plantas implica que as partes mortas se decomponham e o Chumbo que lhes estava associado seja libertado. Os sedimentos perto das zonas industriais do estuário do Tejo acumulam também elevadas concentrações deste metal onde tende a ficar estável se não houver alterações nos processos biogeoquímicos. Por exemplo, a atividade dos organismos que vivem nos sedimentos modifica a estrutura do sedimento induzindo a libertação/retenção de Pb para a água. Por outro lado, os organismos podem ingerir matéria orgânica contendo este contaminante e promover a sua transferência ao longo da cadeia trófica. Um dos exemplos mais drástico é a dragagem de sedimentos contaminados que, embora essenciais para a navegabilidade e funcionalidade de um porto, transportam bruscamente elevadas quantidades de contaminantes, entre os quais o Chumbo, para a zona costeira. Aí podem ser dispersos e acumulados em recursos da pesca no caso do local de rejeição dos dragados ser importante para a pesca. O desenvolvimento dos métodos instrumentais de análise permitiram desenvolver ferramentas que permitem distinguir a assinatura isotópica das frações antropogénica e natural do Chumbo. Deste modo, é possível identificar a componente antropogénica assimilada pelos organismos e usar esta ferramenta para distinguir diferentes populações na zona costeira portuguesa. O mercúrio é um elemento singular por ser o único metal liquido à temperatura ambiente e por possuir uma elevada volatilidade passando facilmente ao estado de vapor. É por isso conhecido como um poluente que não conhece fronteiras sendo encontrado no globo em locais remotos e longe das fontes antropogénicas como sejam as regiões polares. O ciclo do global do mercúrio é, pois, determinado pelo transporte atmosférico. Nos sistemas aquáticos ocorre a formação de metilmercúrio (MeHg), uma potente neurotoxina que ataca entre outros órgãos o sistema nervoso central. Embora o processo de formação de metilmercúrio nos sistemas aquáticos não ocorra em grande extensão (a concentração máxima de MeHg em sedimentos geralmente não ultrapassa os 1.5% do mercúrio total) a sua concentração ao longo das cadeias tróficas vai aumentado devido a processos de bioacumulação e bioamplificação. Em predadores de topo, como o peixe-espada, tubarão, espadarte, atuns, etc., a proporção de MeHg nos seus tecidos pode exceder os 90% do mercúrio total. O consumo de peixe é, por isso, um dos principais veículos de entrada de mercúrio na população humana. O Estuário do Rio Tejo e a Ria de Aveiro são dos locais portugueses mais contaminados por mercúrio e, de acordo com os trabalhos publicados, entre os mais contaminados da Europa. Estudos realizados pelo IPIMAR estimaram que existam cerca de 23 toneladas de mercúrio armazenadas só nos primeiros 5-cm dos sedimentos, sendo que desses cerca de 25 kg serão de metilmercúrio. Neste estudo foi, ainda, encontrado que as concentrações do MeHg aumentam na Primavera e Verão devido à atividade microbiológica responsável pela formação do MeHg através do mercúrio inorgânico. Quer o metilmercúrio e outras formas de mercúrio no sedimento são facilmente remobilizados e transportados para a coluna de água através de operações de dragagem e a ação das correntes de maré nos sedimentos,

promovendo a erosão e dispersão destes contaminantes. Estas ações naturais e devido à ação do homem facilitam a mobilidade deste elemento e a sua acumulação pelo biota. A utilização de mercúrio encontra-se proibida na Europa e América do Norte. No entanto, o uso recorrente em países de economias emergentes questiona a eficácia destas restrições. 8. Mosquitos invasores: vigilância e investigação do potencial impacto em Saúde Pública M. João Alves

Departamento de Doenças Infeciosas, Instituto Nacional de

Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa, Portugal

Os mosquitos têm importância em saúde pública pelo seu papel como vetores de agentes infeciosos ou mesmo pelo seu carácter incomodativo. As doenças transmitidas por mosquitos já constituíram graves problemas de saúde pública na Europa. Doenças, como dengue e febre amarela, foram erradicadas da Europa em meados do século XX, em simultâneo com a espécie vetora. Recentemente voltaram a ser notificados casos autóctones de infeções por vírus dengue em França (2010), Croácia e ilha da Madeira (2012) e em 2007 houve, pela primeira vez no continente europeu, um surto de Chikungunya em Itália. As espécies vetoras de dengue e chikungunya, do género Aedes, estão entre as mais conhecidas por serem espécies invasoras. Mosquitos invasores são espécies de culicíneos definidas pela sua capacidade para colonizar novos territórios. As atividades humanas têm levado à dispersão e sucessivas invasões de mosquitos como Aedes aegypti, desde o século XV, e, mais recentemente, de Aedes albopictus. Uma invasão biológica é caracterizada por três fases essenciais: a introdução, o estabelecimento e a propagação. Detetar atempadamente a presença de um mosquito invasor contribui para o sucesso da sua erradicação, ou pelo menos da sua contenção geográfica e manutenção de níveis baixos de abundância para prevenir casos de infeções humanas. Paralelamente, o conhecimento de dados ecológicos quantitativos da presença da espécie de mosquito pode explicar o padrão das invasões de vetores e pode indicar quais os procedimentos adequados para o controlo de vetores. Em 2008 foi criada pela Direcção Geral de Saúde, Administrações Regionais de Saúde e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge a Rede de Vigilância de Vetores – REVIVE. A existência de programas, como o REVIVE, que incide, sobretudo, na vigilância nos vetores e no seu potencial infecioso é importante para detetar atempadamente a introdução de espécies invasoras e levar à emissão de alertas para a adequação das medidas de controlo, em função da densidade dos vetores e do nível de infeção. Sessão: Riscos por Contaminação do Ar 9. Impacto de exigências desarticuladas no ambiente e na QAI de edifícios. Apresentação de algumas linhas orientadoras da revisão regulamentar Armando Pinto Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, Portugal

Atualmente as pessoas passam a maior parte do tempo no interior de edifícios, de habitação ou de serviços. A

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qualidade do ar interior tem assim um impacto relevante no conforto e na saúde das populações. Para assegurar a QAI dos espaços a primeira estratégia passa por reduzir as principais fontes de poluição (emissões por equipamentos, materiais), numa segunda fase promover a extração local nas principais fontes e por fim promover a diluição e a remoção com a ventilação geral dos espaços. Na legislação sobre eficiência energética publicada em 2006 (RSECE, 2006 e RCCTE,2006) a abordagem à qualidade do ar passou por uma imposição de caudais mínimos de ar novo e no caso dos edifícios de serviços pela valorização da utilização de materiais com baixas emissões. Edifícios de serviços Nos edifícios de serviços, em alguns casos, os caudais mínimos de ar novo preconizados para alguns espaços no RSECE de 2006 chegam a ser o dobro dos preconizados no RSECE de 1998, devido à consideração da eficiência de ventilação e da existência de materiais sem qualificação quanto às emissões para o ar interior. Esses caudais de ar, aliados à metodologia de verificação dos requisitos de eficiência energética, conduziram em muitos casos a edifícios com sistemas mecânicos para assegurar os requisitos de eficiência energética e de qualidade do ar. No entanto, o funcionamento dos sistemas tem um custo e, na prática, por razões diversas, muitos desses sistemas estão desligados comprometendo a QAI e o conforto. Em edifícios novos, para prevenir situações limite como referida anteriormente, na proposta de revisão do RSECE adaptou-se a filosofia de análise com padrões nominais, para uma análise com base em padrões que tenham em conta a ocupação expetável dos espaços, podendo ser considerada a intermitência da ocupação dos mesmos, bem como passou a ser possível considerar os critérios de conforto adaptativo. Esta adaptação da filosofia regulamentar permite que, em alguns espaços, em vez de uma taxa de renovação de ar de 9 h

-1, seja suficiente

2,5 h-1

, como se demonstra em alguns estudos, abrindo a possibilidade de utilização de outras tecnologias e sistemas, nomeadamente os sistemas passivos para assegurar a qualidade do ar e o conforto térmico. Nesta linha de valorizar as soluções passivas e comportamentos sustentáveis, são identificados algumas condições construtivas e de ocupação em que se pode considerar que a renovação do ar pode ser assegurada por meios naturais através da abertura das janelas, além dessa análise poder ser realizada por simulação detalhada. Para limitar o risco para a QAI associado à presença de sistemas mecânicos desligados, por exemplo, devido a avaria, passa a ser necessário dotar os espaços de janelas com folhas móveis, permitindo aos ocupantes promover ainda alguma renovação do ar pela abertura dessas janelas. Os valores limites para alguns poluentes também foram atualizados. Edifícios de habitação Nos edifícios de habitação, no RCCTE, 2006, é requerida uma taxa mínima de renovação de ar de 0,6 h

-1, existindo

algumas soluções para as quais se estabeleceu que esse caudal de ar é atingido. Medições e simulações mostram que em diversos casos essa taxa de renovação de ar pode estar longe de ser alcançada, podendo comprometer a QAI. Para minorar o risco de uma qualidade do ar interior insuficiente nas habitações, na proposta de revisão regulamentar foi incorporado um modelo simplificado de estimativa a taxa de renovação de ar que pondera os principais componentes do sistema de ventilação (exposição ao vento, aberturas de admissão de ar na fachada ou por conduta, aberturas de exaustão, chaminés, permeabilidade da envolvente e ventiladores). No caso de edifícios novos o sistema de ventilação deve permitir alcançar a taxa mínima de renovação de ar e no caso de edifícios existentes um valor inferior a esse limite identifica uma solução de potencial risco, devendo ser identificadas propostas de melhoria. Em alguns testes realizados, verificou-se que esta abordagem permitiu identificar diversas situações com um sistema de

ventilação insatisfatório, bem como possibilitou a identificação de algumas melhorias que perderiam ser adotadas, permitindo a adoção de soluções de ventilação natural e de ventilação mecânica. 10. Estudo da qualidade do ar interior em creches e infantários (projeto ENVIRH) João Viegas

1 Manuela Cano

1, Susana Nogueira

1, Ana L.

Papoila1, M. Carmo Proença

2, Daniel Aelenei

1, Nuno

Neuparth3

1 Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, Portuga

2 Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa, Portugal

3 Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa,

Lisboa, Portugal 4

Faculdade de Ciência e Tecnologia, Universidade Nova de

Lisboa, Lisboa Portugal

Encontra-se em curso um projeto de investigação, co-financiado pela FCT, que tem por objetivo estudar qual o impacte que a qualidade do ar interior tem na prevalência de doenças do foro respiratório em crianças que frequentam creches e infantários em Lisboa e Porto. Este projeto envolve investigadores do LNEC, do INSA Dr. Ricardo Jorge, da Faculdade de Ciências Médicas (UNL) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia (UNL). O faseamento deste estudo enquadrou uma primeira fase de análise das condições construtivas dos edifícios, uma medição sumária do teor de CO2 em salas de atividades e um inquérito relativo ao estado de saúde das crianças, em 45 creches e jardins-de-infância de Lisboa (25) e do Porto (20); numa segunda fase incluiu a medição da qualidade do ar interior, da taxa de ventilação e do estado de saúde das crianças num conjunto mais limitado de escolas (10 em Lisboa e 9 no Porto); numa fase final está a ser desenvolvida a simulação da ventilação em duas escolas. Nesta comunicação apresentam-se os resultados obtidos pelo LNEC e pelo INSA Dr. Ricardo Jorge relativos à análise da qualidade do ar e à ventilação. Estes resultados revelam que na generalidade dos locais os caudais de ventilação são muito baixos, sendo a qualidade do ar interior insuficiente face ao RSECE e a valores recomendados pela literatura. 11. Investigação orientada para o controlo de emissões de dioxinas e furanos Isabel Cabrita, A. Teresa Crujeira, Ibrahim Gulyurtlu

Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Lisboa, Portugal

A Combustão é um processo de conversão química de fontes combustíveis a que se recorre para vários fins como seja a produção de energia, a mobilidade, podendo igualmente ocorrer de forma espontânea e não controlada. Sendo a Combustão um processo químico de conversão de matéria orgânica que, de forma controlada e a altas temperaturas, leva à destruição de compostos orgânicos na sua totalidade, ela tem sido aplicada à eliminação de substâncias residuais, mais ou menos nocivas, para sua destruição. No entanto, o impacte ambiental que advém da aplicação das tecnologias de combustão pode ser significativo. A emissão de gases de combustão poderá ter várias implicações e a vários níveis: a contribuição para as alterações climáticas com a emissão de gases que provocam o efeito de estufa; a precursão de reações químicas que poderão levar a formações de nevoeiros químicos na atmosfera e chuvas ácidas, o ataque da camada do ozono.

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Além disso, as partículas libertadas durante o processo de combustão poderão provocar danos ambientais e na saúde pública, sendo os maiores problemas associados às partículas de menores dimensões (<2.5 µm), uma vez que poderão ficar suspensas na atmosfera durante dias, ou semanas, até serem removidas do ar, quer através da deposição à superfície terrestre quer através da precipitação. Por outro lado, alguns poluentes tóxicos libertados em processos de combustão estão associados à matéria particulada, nomeadamente, os metais pesados e as dioxinas e furanos. As Dioxinas e Furanos, compostos classificados como Poluentes Orgânicos Persistentes, designam as famílias das Dibenzo-para-dioxinas policloradas (PCDD), totalizando 75 compostos, e dos Dibenzofuranos policlorados (PCDF), que totalizam 135 compostos. Apesar de totalizarem 210 compostos, apenas 7 PCDD e 10 PCDF apresentam toxicidade para a saúde humana. Sendo os combustíveis fósseis apontados como fontes responsáveis pela emissão de gases com impacto no clima, eles têm vindo a ser parcialmente substituídos por fontes de energia renovável como a biomassa, com vista à diminuição da emissão de CO2 de origem fóssil. No entanto, as partículas emitidas resultantes da combustão destes combustíveis de origem renovável apresentam dimensões na ordem dos 1-2 µm e, nalguns casos, mesmo submicrométricas. A presença de compostos nocivos na atmosfera tem também impacto na saúde pública, com particular relevância para a inalação de partículas de pequenas dimensões, ou seja, partículas finas (0.1-2.5 µm) e partículas ultrafinas (<0.1 µm), uma vez que estas podem penetrar profundamente no sistema respiratório e conseguir entrar no sistema sanguíneo. Para além disso, a deposição de partículas contendo compostos tóxicos poderão também conduzir à contaminação da cadeia alimentar. Em ambos os casos poderá haver exposição simultânea a Metais Pesados e a Dioxinas e Furanos. Sendo o composto 2,3,7,8- dibenzo-para-dioxina tetraclorada o composto mais tóxico que se conhece, justifica-se a investigação conducente ao aprofundamento dos mecanismos de formação e destruição destes compostos em ambiente de Combustão para sua redução ou, mesmo, eliminação. Apesar da complexidade e perigos associados à técnica de isolamento e de medida de tais compostos, tem sido desenvolvida investigação orientada para o aprofundamento do fenómeno em termos de mecanismos de formação e destruição destes poluentes e, bem assim, na interpretação das sinergias existentes entre os vários elementos presentes em ambiente de combustão. A presente comunicação tem como objetivo apresentar a investigação desenvolvida no LNEG e os resultados obtidos relativamente à interação entre vários elementos presentes na carga de alimentação, determinando a importância da composição da matéria combustível e conduzindo à formulação de misturas combustíveis conducentes à redução/minimização das emissões designadamente de dioxinas e furanos. Para além disso, foi ainda possível identificar um mecanismo cinético das reações de formação/inibição de Dioxinas e Furanos em ambiente de combustão controlada, útil na definição de condições operatórias em ambiente industrial para minimização da emissão deste tipo de compostos. 12. Exposição ao gás radão no ar interior Mário Reis, Eva Andrade, M. José Madruga

Unidade de Proteção e Segurança Radiológica IST/ITN, Instituto

Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa,

Portugal

O radão (222

Rn), formado através da desintegração radioativa do

226Ra (constituinte natural de solos e

rochas) é um gás inerte com um período de semi-desintegração de 3,8 dias pertencente à série radioativa natural do Urânio. Embora a concentração de radão na atmosfera seja, em geral, baixa (da ordem dos 10 Bq m

-3

em média), em espaços confinados, como o interior de edifícios, pode atingir concentrações consideravelmente mais elevadas, cuja variação depende fortemente de parâmetros geológicos e, fundamentalmente, das características dos edifícios e hábitos dos seus ocupantes. Atualmente, o radão é considerado como o principal contribuinte (cerca de 50%) para a dose de radiação de origem natural a que a população se encontra sujeita. Para além disso, a exposição prolongada a elevadas concentrações deste gás e dos seus descendentes (isótopos de polónio, bismuto e chumbo) tem sido correlacionada, por diversos autores, com o aumento do risco de incidência de cancro no pulmão. Desta forma, é de grande importância a avaliação da concentração de radão no ar interior e, consequentemente, a identificação de regiões com maior potencial de risco de exposição. 13. Composição e Origem das Partículas Respiráveis na Zona Urbana de Lisboa Marta Almeida

1, Ana Silva

1, Carmo Freitas

1, Ho Dung

1,

Casimiro Pio2, Alexandre Caseiro

2

1 Unidade de Reatores e Segurança Nuclear, IST/ITN, Instituto

Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal 2

Centro de Estudos Ambientais e Marinhos, Universidade de

Aveiro, Portugal

O programa Europeu “Ar Puro para a Europa - CAFE” estima que aproximadamente 350 mil mortes prematuras ocorrem anualmente devido à exposição a partículas finas em suspensão na atmosfera (PM2.5). O problema da poluição do ar com PM2.5 é especialmente relevante em meios urbanos densos quando a população está exposta a importantes emissões antropogénicas. Deste modo, nos meios urbanos a identificação de fontes de poluição e a estimativa da sua contribuição para os níveis de PM2.5 é essencial para desenvolver ações de mitigação eficazes e para reduzir os efeitos adversos na saúde. Os principais objetivos deste trabalho foram: 1) efectuar uma caracterização química do PM2.5 amostrado em Lisboa, 2) identificar as principais fontes de partículas e determinar a sua contribuição para esta área urbana e 3) avaliar o impacto das massas de ar marítimas para a concentração e a composição das partículas amostradas. Durante 2007, partículas respiráveis foram amostradas diariamente em Lisboa e os filtros expostos foram analisados por gravimetria, por Análise com Activação Neutrónica e por Cromatografia Iónica. As técnicas Análise de Componentes Principais e Análise de Regressão Multilinear foram utilizadas com o objectivo de identificar as possíveis fontes de PM2.5 e de determinar a sua contribuição para a massa de partículas amostrada. Cinco componentes principais foram identificados e associados aos aerossóis secundários, ao tráfego, a fontes de cálcio, ao solo e ao mar. A origem das massas de ar, que influenciaram a zona de estudo durante o período de amostragem, foi identificada através do modelo Hysplit. Os resultados obtidos mostraram que o transporte massas de ar proveniente do mar é muito frequente e que tem um papel significativo na qualidade do ar de Lisboa, uma vez que promove a diminuição da concentração de aerossóis antropogénicos nesta área urbana.