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REVISTARJNDAÇÃO JONES DOS SA.N1DS NEVES
ANO)I - TRIMESTRALVITÓRIA - ESPÍRITO SANTO
Registrada sob número 1854 P. 209173,na Divisão de Censura e Diversões Públicas do Departamento de Polícia Federal
de Bras"z'lia (DF).
CONSELHO EDITORIALSebastiaã José Balarini - Anto~ioLuiz Borjaille - André T. Abe - Fernando B. Bettarello - Roberto daCunha Penedo Carlos Alberto F.Perim - Carlos Caser - Arleida P.Badke - Antonio Carlos Carpintero - Antonio Luiz Causo
DIRETOR EXECUTIVOFernando Lima Sanchotene
SECRETÁRIA EXECUTIVARegina Maria Monteiro
CAPA E PROGRAMAÇÃO VISUALIvan Alves Vieira FilhoOctavio Kucht.
,
Criada pela Lei Estadual3043 de 31 de dezembro de 1975
OSjETIVOS .
Diretor Técnico := .Antonio, L. Bo:JdWe
Diretor SuperintendenteSebastião]. Balarini
Programar e implementar pesquisas de apoio ao Governo Estadual n~ .elaboração de seus prograRlas de desenvolvimento; " .".formular diagnósticos, realizar estudos e promover a elaboração deplanos e.programas de desenvolvimento urbano e regional;manter um sistema de informações sócio-econômicas na áre~ de ~ua' •
. atuação;formar recursos humanos voltados para o estudo e a pesquisa aplicaldosà realidade capixaba.
DIRETORIA
FOTOLITOTraçolito Ltda.
DISTRIBUIÇÃO DIRIGIDAOs artigos assinados são de inteiraresponsabilidade dos autores.Colaborações, em forma de artigos,ensaios ou resumos bibliográficos,são aceitos se encaminhados aoDiretor Responsável.
REDAÇÃOAvenida Cesar Hilal, 437 - 1<?andar- Vitória - ES Telefone: 227-5044
DIAGRAMAÇÃO, COMPOSIÇÃO,MONTAGEM E IMPRESSÃO
Fundaçaã Ceciliano Abel de Almeida- Campus Universitário de Goiabeiras- Telefone: 227-5164
CONTATO COMERCIALAssinaturas - (anual.- Cr$ 80,00)No endereço da redação, com a Secretária Executiva.
,lNDICE
Revista da Fundação Jones Santos Neves 1SS/01 00-2295 Vitória, ES Nl? 4 Out/Dez 1979
"
Patrimônio ambiental:aspectos na Grande Vitória
Igreja e Residência dos ReisMagos: uma proposta de utilização
A queda do Porto de São Mateus
Fortificações: um legado esquecido
SItias arqueológicos e ,acervopr~ -histórico no Espírito Santo
Maria Stellade Novaes: consciência e crítica
A atuação dolPHAN no Espírito Santo
Patrimônio:t) di#cil caminho da preservação
Em<defesa de nosso Patrimônio~
Ap!Dpriação cultural:uma questão ideológica
Vida" hos arquivos capixabas,.. ..,.
.~~is~à bibliográfica
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38Foto capa: Rogério Medeiros
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CARTA DO EDITOREspírito Santo está ameaçado de ficar sem memória. A documentação, a contribuição arquitetônica, o legado indígena, as artes,enfim, as manifestações culturais agonizam de forma inexorável. O patrimônio ambiental e natural não sobreviverá se nábfor apreciado pela comunidade, notadamente pelas novas
gerações. O objetivo desta edição é alimentar os esforços para o des-pertar de uma consciência do valor das expressões culturais de cada
época. A luta em favor da preservaçaõ do patrimônio cultural e daidentidade do povo espirito-santense é de todos nós, norteados pela
necessidade constante de entendimento de nossa realidade e do processo histórico que lhe deu origem. É essencial a conscieritizaça-o da
nova geração e a incorporaçaõ de todos os segmentos da comunidadeno sentido de evitar a destruiçaõ do patrimônio cultural e natural em
processo no Estado.FLS
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Patrimônio ambiental:aspectos na Grande Vitória
Fundação Jones dos Santos Neves
o legado de bens culturais, históricos e artísticos e o potencial de recursosnaturais da Grande Vitória estão ameaç-a-·dos de ex!inção, devido ao r~pido processode industrialização e de urbanização desencadeados na região nas últimas décadas. Ambos os processos tem comprometido o patrimônio ambiental urbano,mais suscetível à renovação urbana, pelofato de ser explorado de forma exaustivasem que hajam programas de proteção,recuperação ou correta avaliação do potencial existente e de seu papel na manutenção das condições ambientais. Porisso, a necessidade de intervenção no espaço físico, social e cultural da região deVitória levou a Fundação Jones dos Santos Neves a elaborar o Plano de Preservação do Patrimônio Ambiental Urbano eNatural da Grande Vitória, concluídoem agosto de 1978.
O trabalho visa o enquadramentoda região de Vitória no Programa de Cidades Históricas, através de subsídios àelaboração de programas de restauração,revitalização e utilização do patrimônioexistente, além da formação de um arquivo que auxilie em futuros projetos deintervenção. Procura, ainda, despertar aconsciência da existência de um patrimônio cultural e natural local, através deprogramas de divulgação junto à população, constituindo-se num alerta às autoridades. municipais, estaduais e federais
a problemática que está sendo vivi-pela Grande Vitória, principalmente
quanto aos riscos de destruição irreversível a que está sujeito o patrimônio, acurto espaço de tempo, devido à rapidezdas transformações físico-espaciais e sócio-econômicas que tem ocorrido.
ConcQitoA conceituação inicial do patri
mônio, maI)ctida até três décadas atrás,abrangia somente os elementos coril signi-
Convento São Francisco - Vitória
ficativo valor histórico ou artístico e devalor excepcional, considerados isoladamente. Mas esse pensamento sofreu ampliações, adquirindo um caráter maisabrangente, chegando a atingir diversasmanifestações culturais. Mais recentemente, organismos estrangeiros e nacionais tem reformulado o conceito debem cultural que vem perdendo seu caráter de excepcionalidade pela representatividade. A nova abordagem não exclui,em hipótese alguma, os bens culturaisexcepcionais, mas transcende a obra isolada abrangendo também os espaços dacidade com destaque representativo nosaspectos históricos, culturais, formais, sociais, técnicos e afetivos.
Essa visão de conjunto deveorientar a p~ese:v~ção dos bens culturais e arqmtetomcos, cujo relaciona.mento determina a leitura ga cidade. O
correto seria preservar manchas arquiterô·nicas de várias épocas, ciclos econômicose classes sociais da cidade. Desta forma, oplano se preocupa, não somente com amera preservação de edificações, mas,também, com a trama de interações quelhe confere vitalidade e importânc.ia,transformando-o num patrimônio vivo.
O plano prevê a preservação deruas, praças, parques, jardins, bairros,praias e espaços culturais ou de afetividade à população da cidade, bem como opotencial mais significativo de recursosnaturais existentes na região, como osrecursos hídricos, a cobertura vegetal dedeterminadas áreas, morros, afloramentosrochosos, ilhas e manguezais.
o legadoO legado de bens culturais existen
tes na região remonta ao ano de 1535, da·
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Edifrcio Glória - Vitória Solar Monjardim - Vitóri
ta da fundação da Capitania do EspíritoSanto. A região possuía expressivo patrimônio natural, apresentando um dosecótipos mais ricos do Brasil. Apresentoucrescimento extremamente lento até finsdo século passado, devido à instabilidadepolítico-administrativa e à deficiência decomunicações a que esteve confinada.Dos municípios levantados, é a capital,Vitória, a que apresenta legado mais significativo. Fundada em meados do século XVI, com implantação típica lusitana,em sítio elevado dominando o mar, apresentou seu desenvolvimento intimamenteligado às condições físico-espaciais dosítio, cuja expansão se fez através da conquista sucessiva de zonas alagadiças, baixios, manguezais e aterros de áreas demar.
Na passagem para o atual século,com o processo imigratório e consequentedesenvolvimento da hiterlândia do rioS~nta Maria da Vitória, a função portuária ganha novo impulso, constituindo-se,até os dias atuais, numa das principaisatividades econômicas da cidade. A cultura do café e o desenvolvimento das comunicações marítimas, fluviais e ferroviárias do início do século geraram transformações significativas na economia regional, tendo reflexo nas cidades através daampliação da malha urbana e remodelação dos setores mais antigos com abertura e retificação de vias e demolição de
grande parte do casario existente. Porém,é a partir da década de 60, com a erradicação do café e subsequente migração
-maciça do campo que começam a se processar as alterações mais significativas naregião, agravando-se a partir dos anos70, devido ao impacto ambiental causado pelo contingente populacional queafluiu para a região e pela industrialização, através da implantação dos grandesprojetos.
Dos bens culturais e arquitetônicos remanescentes dos períodos anteriores da urbanização, encontram-se maisameaçados aqueles localizados nos centros das cidades, por situarem-se nasáreas mais dinâmicas e, portanto, os primeiros setores sujeitos à renovação urbana.
A grande concentração nas áreascentrais obriga altos investimentos eminfra-estrutura por parte do poder público, além dos aumentos sucessivos do valor do solo nessas áreas. Isso acaba criando pressões no sentido de ocupar toda equalquer parcela de espaço vago e tirar omáximo rendimento possível através doaumento das áreas construídas para arevenda.
A especulação imobiliária, as pres-. sões advindas da imposição de um siste
ma viário que comporte número crescente de automóveis e a falta de tradiçãono que concerne à preservação dos bens
culturais, configurou a destruição paulatina e gradativa do patrimônio histórÍC<e ambiental urbano.
Os mecanismos para garantir a prEservação do patrimônio ambiental urbano não poderão se restringir somente aitombamento, o que não proporcioneficiência na abordagem de ~mplas SlJ
perfícies de transformação. E necessirio serem acionados outros instrumertos, como a auto-preservação-estímuladpor parte dos próprios p(opdetári01através de incentivos fiscais, controle durbaniza,ção e renovação. urbanas; o USI
de leis mais amplas em planejamentourbano e a participação da sociedade c:vil nas decisões de projetos de desenvovimento urbano.
Compatibilização .Coloca-se, ainda, a questão de cc
mo compatibilizar crescimento econômco e qualidade de vida, ou seja, orientar desenvolvimento urbano de forma qu.não contribua para a destruição dgcomponentes mais substanciais da cult1.ra de qualquer povo: seus elementos con:trutivos e suas maneiras de ser. Sobponto de vista sociológico, parece havEum consenso de que o meio-ambÍente s(rá mais rico quanto mais diversificaçãcontiver, seja pelo acúmulo histórico, s(ja pelas criações contemporânoos. Daentão, valorizar-se-á com maior ênfas
aquilo que não poderá mais ser reproduzido, visando salvar o pouco remanescente, a fIm de evitar a formação de uma cidade sem história, de um povo despojadode seu mais alto valor de identidade nacional - seu patrimônio cultural.
Quanto ao patrimônio natural, oEstado do EspJrito Santo possuia. 90%de sua área primitiva em matas tropicais atlânticas, matas altas da restinga,e matas dos tabuleiros terciários. Hoje,o total dessas formações vegetais, asquais demoraram milhares de anos parase formar, não atinge 2% de sua áreaatual. Observa-se uma transformaçãodo meio ambiente até há poucas décadas inimaginável e que poderá ter caráter sombrio para as gerações futurasque aquí tenham de viver. Proteger opatrimônio natural não significa apenaspreservacionismo utópico e dissociadodo crescimento humano, mas tomar medidas que possam evitar tragédias futuraspara o meio ambiente ao qual o homemse encontra irreversivelmente ligado.
Na parte que toca à preservação dopatrimônio natural, é urgente a conscientização da população e do poder constituído no sentido de evitar novas interferências e tentar minimizar as interferências já realizadas.
Metodologia'Foram adotadas, para a realização
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do trabalho, três diretrizes básicas para levantamento do espaço urbano e natural:levantamento dos espaços edificados, levantamento de espaços abertos e levantamento de elementos do patrimônio natural. Após o levantament·o da histórialocal da cidade, uma primeira abordagem de evolução urbana, elaborou-se umalistagem de edificações e dos principaisespaços edificados a serem preservados,classificados segundo os grupos de historicidade, caracterização, conservação, representatividade, raridade e valores culturais e paisagísticos. Também uma listagem dos principais espaços abertos deuso coletivo dos centros urbanos, compreendendo ruas, praças, largos, parques,etc. com recomendações de revalorizaçãoe integração entre os diversos espaços.
Entre as edificações a serem preservadas, destacam-se o Palácio Anchieta, a Escola Maria Ortiz, o prédio da Assembléia Legislativa, Igreja São Gonçalo,Igreja Santa Luzia, Teatro Carlos Gomes,Hotel Europa, Igreja Nossa Senhora doRosário, Bar Britz, Bar Santos, ForteSão João, todos no município de Vitória. Já em Vila Velha, devem ser alvode preservação o Convento da Penha,Igreja do Rosário, Igreja da Barra doJucu, Farol de Santa Luzia, entre outras. No município da Serra, destacam-secomo elementos de preservação a Igrejade São Benedito, a Igreja de Queimados,
o Conjunto dos Reis Magos e outras.Em Viana, devem merecer atenção aIgreja Matriz, a Estação Ferroviária, aIgreja de Belém e uma casa colonial nodistrito de Bonito.
Enquanto isso, o patrimônio natural de Vitória deve constituir-se do Penedo, Maciço Central, Afloramentos Rochosos, Mangues e outros. Em Vila Velhao morro da Ponta da Fruta, os manguesde Aribirí, Lagoa de ]abaeté, Outeiro daPenha, Morro do Moreno, etc. Já nomunicípio da Serra devem merecer atenção a orla marítima, as lagoas Capuba eJacuném, o Mestre Alvaro, o Morro dosReis Magos e a lagoa Carapebus.
Uma volta ao passadoFoi em 23 de maio de 1535 que
Vasco Fernandes Coutinho aportou nacosta do Espírito Santo, acompanhadopor 60 pessoas, numa pequena praia entre os morros da Penha e J aburuna; naentrada da baía de Vitória. No localedificaram pequena aldeia de casas cobertas de palha, que passou a ser conhecida como Vila do Espírito Santo. Masas sucessivas lutas com os indígenasocasionou a mudança da vila para umlocal que oferecesse maior proteção.
O local escolhido foi junto à eXtensa montanha da ilha de Vitória, em umcurto espigão da face sul, com parte altaa 20/25 m. acima do nível do mar, mais
Vitor Huqo Nogueira
I
Uso constante:a melhor forma
de preservar
ou menos ondulada, com extensão poucosuperior a 80.000 m2 cercado de encostasfortemente inclinadas e limitado por manguezais distando mais de uma légua daentrada da baía da Vitória.
A ilha pertencia a Duarte Lemos e,na carta de doação, estava vetada a faculdade de fundar vila ou povoado em Vitória. Da fazenda de Duarte, na ilha de Vitória, supõe-se que faça parte a Capela deSanta Luzia, hoje restaurada e transformada em galeria de arte. O prédio apresenta nítida influência barroca no frontão, possivelmente alterado no séculoXVIII, e também a ala lateral da nave daCapela.
A data de fundação da cidade deVitória não é exata, porém Ocorreu noperíodo 1549/51, variando segundo alguns autores. Até meados de mil e sete.centos, a Companhia de Jesus tem papelfundamental na fundação de aldeias e liacatequese aos índios. As fazendas eramespecializadas em atividades específicas eserviam para abastecer a sede de Vitória.As aldeias, fundadas no século XVI, hojetransformaram-se nas cidades de Itapemirim, Guarapari, Anchieta e Nova Almeida. A aldeia de Reis Magos (Nova Almeida) é a única do Estado que conservao traçado urbanístico das aldeias jesuítas.
VitóriaA cidade se desenvo lveu segundo
modelo medieval, com ruas tortuosas eestreitas, seguindo a topografia do terreno. Na paisagem, se destacava o ColégioJesuíta, pelas dimensões e local de implantação; em frente à igreja de Misericórdia, edificada no início do séculoXVII, ligada por viela estreita e tortuosaà Igreja Matriz de Nossa Senhora daVitória. Numa pequena elevação, na periferia da Vila, foi edificado o Conventode São Francisco, compreendendo a igreja, o convento e um amplo patio interno;o Convento do Carmo, com Capela daOrdem Terceira que, segundo Saint-Hilaire, pertencia a uma belíssima fazenda.Ambos os conventos possuíam extensospomares.
Enquanto a arquitetura religosaconstruía sólidas edificações para a posteridade,~>.~rquitetura civil caracterizava-se pela· transitoridade e simplicidade,que poderia ser descrita da seguinte forma:
• as casas, na maioria terreas, pos-
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suíam pouquíssimas aberturas;as janelas, de guilhotina, possuíam escuros sem venezianas eeram fechadas por tramelas demadeira;
• o cômodo da frente era utilizado para receber, no corpo central as alcovas e nos fundos a sala de jantar, normalmente avarandada;
• a cozínha e o banheiro ficavamseparados do corpo da casa.
O século XVIII se caracterizou, naProvíncia, pelo isolamento, pelo lento desenvolvimento e pelo militarismo. Com adescoberta de ouro na Capitania de MinasGerais, a Coroa tomou medidas de prote-
ção à reglao aurífera proibindo no Espírito Santo o comércio com o exterior e outras capitanias e a construção de estradasde penetração no interior. A cidade deVitória foi fortificada por se constituirem ponto estratégico de penetração. Essasituação de dependência agravou-se emmeados do século, com a expulsão dosjesuítas e a desativação das aldeias e fazendas.
Durante esse século, recebeu intensoaparato militar. Numa extensão poucosuperior a um quilômetro, foram construídas e reaparelhadas as seguintes fortale·zas: a de São João no estreitamento dabaía defronte ao Penedo;'o fortim S. Diogo, na prainha junto ao Largo da Concei·ção; a de Nossa Senhora, d() Monte Car-
mo, proxlma a Avenida Jerônimo Monteiro, na altura dos Correios e Telegrafosa S. Inácio ou S. Maurício, próximo acCais dos Padres, na confluência das rua;General Osório e Nestor Gomes; e o fortim da Ilha do Boi, na entrada da baíaDas fortalezas resultou apenas parte d;muralha do forte S. João e onze canhões.
Em fins do século, a economia foativada com a abertura das relações commerciais, através do restabelecimento daligações marítimas com o Rio de JaneiroBahia e outros portos menores. Exportava-se madeira, açucar, panos e algodão limportava-se vinhos, azeite, linhas e sedas.
O advento do café, as imigrações loutras transformações que se processaram no Estado, no decorrer do séculcXIX, possibilitaram uma série de transformações na Capital, que resultaram n;modificação da estrutura urbana colonial existente. Se num momento a cidadloferecia condições desejáveis de segurança aos habitantes, no futuro, apresentari;condicionantes graves em relação à necessidadede transferência de sítio.
A dificuldade de áreas· urb~nizáveipara expansão fez com que a cidade crescesse sobre si mesma, resultando na sobreposição dos tecidos urbanos de diferenteépocas e na expansão em terras conguistadas dos baixios, mangues e mar.
Até fins do século XIX, a cidadlteve crescimento extremamente lentonão passando do núcleo inicial de' pov.oamento, limitada a oeste peJo mangue d<Campinho e a oeste pelo Largo da Conceição. As ruas eram mal calçadas e frequentemente enlameadas pelas águas servidas. Os principais melhoramentos executados a partir de 1892, por Muniz Freire, constituiram-se no início dos aterrodo ~ampinho, do Largo da Conceição ,na retificação parcial da área junto a<Porto. Essas obras foram concluídas n;década seguinte onde foram edificadona área do aterro do Campinho, o ParqwMoscoso, e no aterro da Conceição a Praça Costa Pereira.
Através da atividade comercialmantida com as Colônias e com oUiroEstados, a cidade se dinamizou e o Portecomeçou a adquirir vida. Nele podia seobservado intenso movimento de barcoe barcaças, onde eram comercializadocafé, madeira, frutas, cereais e linha. •
Se, durante todo o período colo
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Edificação jesuíta - Ilha do Frade - Vitória.
I
nial, a cidade esteve voltada sobre si mesma, onde as relações se desenvolviam emcaráter local, a nova fase faz com que acidade abra-se para os' espaços externos.A área mais dinâmica, que se localizavana parte alta, deslocou-se para a partebaLxa, junto ao porto. A cidade vestiunova roupagem, através de novas edificações ou reformas nas existentes. Até oinício do século XX, a imagem da cidadeconservava suas características paisagísticas e culturais sem grandes alterações.Dando prosseguimento às obras de melhoramentos urbanos, houve renovação no núcleo antigo da ci- .~dade através da retificação e am- 11>
pliação das vias, o que resultou <na demolição de grande parte cd .. ""o casano eXlstente e na trans- iformação do traçado colonial. "-
A ampliação e remodela- ~ção do aparelho político-institucional ocasionou: a remodelação/descaracterização do PalácioAnchieta, com a demolição daigreja de São Tiago, e reconstrução da estrutura interna da edificação e revestimento das fachadas çom motivos neo-clássicos eneo-barrocos e a construção dopó,tico e do acesso principal daMisericórdia para ser edificadoo Palácio Domingos Martins (Assembléia Legislativa); a Catedralem estilO neo-gótico substituiu avelha Igreja Matriz; o Me~cado
Público foi demolido e o EdemParque cortado ao meio paraa implantação da Avenida Capixaba, atual Jerônimo Monteiro.
Da mesma forma que asedificações, os espaços de uso social, ;as ruas, as praças, largos eescadarias foram transformados.Assim, a es~adaria do Palácio,.de linhas retas e simples, recebe traço neobarroco de linhas curvas. A praça JoãoClímacq, principal espaço cívico da cidade, foi remodelada, recebendo traçadoart-noveaux, ocasião em que foi demolido ~ o coreto, local onde aconteciam concertos music<tis e outras atividades sociais.
As obras de melhoramentos, ini-,oiadas em fins do século passado e que tiveram continuidade até fins da década'
de 20, transformaram radicalmente a cidade de Vitória. Com as transformações,o traçado colonial foi ampliado e remodelado para dar lugar às novas vias. Quarteirões inteiros de edificações, na cidade alta, foram demolidos, desaparecendo assiminúmeros exemplares das edificações detaipa. Hoje é possível encontrar-se algunsremanescentes dessas edificações na ruaMuniz Freire, uma vez que foi conservado o seu traçado original.
Nos anos 20, foram retomadas asobras de melhoramentos que compreen-
deram os· aterros dos bairros São João,da Ilha de Santa Maria e de J ucutuquara,Maurípe, Bombas e Goiabeiras. Foramretomadas as obras de saneamento eserviços urbanos iniciadas na década de1900/1910. Foi dada continuidade àdemolição maciça de casas velhas e insalubres, retificação de ruas, ampliaçãodos serviços de água, esgostos pluviais, limpeza pública. Foram construídas escadarias na parte alta da cidade, stlbs~ituíndo
as ladeiras mais íngremes. Foi, no período1924/1928. construída uma ponte ligando Vitória a Ilha do Príncipe e ao continente. De ferro, pré-moldada. importadada Alemanha.
Com o crescimento da cidade emdireção ao mar. manguezais e baixios, apaisagem se modificou sensivelmcnte. Devido aos aterros foram altcrados os limitcs da cidade, eliminando inúmeras prainhas e ligando ilhas c afloramentos rochosos que, na parte central, se tornarammais lineares, diminuindo assim a intcgra
'ção entre água e terra.Em 1941, foram construí
dos os diques guias que ligavamas ilhas do Boi, do Sururu e doBode e. em 1946. começou afuncionar o Cais Comercial paranavios de grande calado, com adragagem do canal de acesso.
Em 1952, com a conclusãodo aterro da Esplanada, transformou-se de maneira definitiva operfil do centro urbano. Da curva do Saldanha da Gama à Ilhado Princípe, as avenidas, osarmazéns e o cais do Porto romperam a integração direta da cidade com a baía.
Nos anos 50, os edifíciosainda eram esparsos, restringindo-se ao centro da cidade e atal ponto desejáveis que a inauguração de um novo prédio seconstituía num evento social dacidade. Mudanças mais significativas ocorrem a partir dos anos60 e, principalmente, na década de 70.
Dos diversos setores daárea central da cidade é a partealta, o núcleo histórico que apresenta maior número de edificações dos períodos anteriores deurbanização.
Ainda existem, do século XVI, aIgreja Santa Luzia, o Palácio Anchieta e oConvento São Francisco. Do século XVII,o Convento do Carmo e do século XVIIIa igreja São Gonçalo e a Igreja do Rosário. Algumas edificações de arquiteturapopular, próximas a Catedral e na ruaMuniz Freire são os últimos remanescentes das edificações de taipa do séculoXVIII e XIX. Com exceção das igrejas, amaior parte dessas edificações encontram-
se descaracterizadas pelas diversas obrasde remodelação que foram executadas.Os dois exemplos mais nítidos de descaracterização são o Convento São Francisco, alterado pelas demolições e inserçãode um volume desarmônico ao conjuntoe o Palácio Anchieta, que, do antigoColégio Jesuíta, possui somente as grossas paredes de alve naria. de pedra.
Constituem ameaça ao patrimônio,ainda, as demolições, sendo mais atingidas as residências, últimos remanescentesda arquitetura popular. O desuso tambémpode se constituir em ameaça às edificações que, quando são abandonadas ousub-habitadas, deterioram-se em curto espaço de tempo. O mesmo pode observarse em relação aos exemplares de arquitetura religiosa, que passam a maior partedo tempo fechadas.
A renovação de diversos setoresvem sendo feita sem um plano urbanístico adequado que vise ordenar o antigotraçado e edificações, com as novas edificações e vias de circulação. Desta forma,o acervo do patrimônio histórico, cultural e ambiental da cidade está sujeito adesaparecer definitivamente.
A ocupação do restante da ilha é relativamente recente e apresenta-se poucosignificativa em elementos de patrimôniohistórico e artístico, porém sua maiorcontribuição é ao patrimônio natural devido às condições paisagísticas e ecológicas de excepcional valor que apresenta ailha de Vitória.
Vila VelhaEmbora tenha havido transferência,
para a ilha de Vitória, do principal núcleode residências da pequena vila, fundadaem 1535, ainda persistiu a tendência decrescimento da vila fundada entre os morros da Penha e J aburuna. Ainda no séculoXVII, foi construído, na entrada da baíade Vitória, o forte S. Francisco Xavier,de planta circular, junto ao morro daPenha. N6 século XIX foi fundada aSanta Casa de Misericórdia de Vila Velhae a Hospedaria de Imigrantes, durante oprocesso de imigração. Na Ponta deSanta Luzia foi edificado, em 1971, oFarol de Santa Luzia, para apoio à navegação.
Até o início do atual século, VilaVelha apresentou crescimento extremamente lento. A cidade não se estendiaalém do núcleo inicial de fundação. A li-
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gação com Vitória era feita através dalinha de barcos, fazendo percurso: Vitória, Paul, São Torquato e Vila Velha.
Na década de 30, com a construçãoda estrada de Vila Velha, após a ligaçãode Vitória com o Continente através daPonte Florentino Avidos, em 1928, aumentou a população daquela cidade. Ocrescimento urbano se manteve lento atéa década de 50. O centro urbano não seestendia muito além da atual Av. Champagnhat. A Praia da Costa era desabitadae coberta de vegetação de restinga. Aconstrução da rodovia Carlos Lindemberg, nos anos 50, induziu outro eixode expansão urbana com o surgimentodos bairros de Cobilândia e Ibes e a-expansão do bairro da Glória, no outrolado da rodovia.
As transformações mais significativas se processaram na cidade somente apartir da década de 60, com as modificações sócio-econômicas que ocorreram noEstado, com a erradicação do café.
Vila Velha caracteriza-se comocentro secundário, dependendo em altograu de comércio, serviço especializadoe da oferta de empregos que oferece Vitória, caracterizando-se como cidade predominantemente residenciaL
No município de Vila Velha destaca-se com maior enfase o patrimônio natural. Quanto ao Patrimônio Histórico,não apresenta expressivo legado histórico e arquitetônico em número de obras,destacando-se, dentre as poucas edificações existentes, como principais, oConver;to da Penha e a Igreja do Rosário.
E importante ser preservado o núcleo histórico da cidade, com ambiêncianos monumentos existentes, e dar ênfaseao Patrimônio Natural, através de planosque visem a ocupação ordenada, com parâmetros compatíveis com a qualidadeecológica e paisagística que possuem etraçar recomendações de proteção à orlamarítima, que se constitui num dosprincipais potenciais para o uso do turismo e lazer.
SerraO mumclplO de Serra localiza-se
ao norte da região de Vitória, com o povoamento datando do início do séculoXVI. Compreende atualmente os distritos da sede, Nova Almeida, Carapina,Calogi e Queimado. Alé.m desses distritos destacam-se os balneários de Cara-
pebus, Manguinhos e Jacaraípe com ocu·pação posterior a 1920. As transforma·ções mais significativas se processararrno município a partir do século xx.principalmente após os anos 50.
Na década de 70, consolidou-se <ocupação do planalto de Carapina e edesenvolvimento dos balneários, a uma ta·xa de crescimento populacional, em set€anos, que chegou a duplicar a populaçãcdo município.
A sede possui a função político-administrativa e apresenta crescimento muitclento, o que lhe permitiu manter caracte·rísticas urbanas do século passado e iniciedeste praticamente sem alterações.
A orla marítima caracteriza-se pelepredominância de atividades turísticas (de lazer, enquanto a atividade resideneiatransitória tende a assumir caráter de permanência.
Próximo à Serra, destaca-se o Mestre Álvaro, a principal montanha da região que se constitui num importantemarco de orientação e de paisagem, apresentando biótipo muito raro devido ialtitude e proximidade do mar.
A sede do município foi fundad,pelos jesuítas no ,ano de 1558 junto imontanha Mestre Alvaro, denominada inicialmente de aldeia Nossa Senhora d,Conceição. O sítio onde está implantad~,cidade é praticamente plano, destacando-se, ao fundo, o Mestre Álvaro. Destaca-se na cidade a Igreja Matriz, edificad,possivelmente no século XVII, porérrcompletamente descaracterizada pela inserção de volumes anexos e elementos decorativos.
A cidade conserva muito de seu aspecto bucólico. A maior contribuiçãepara o patrimônio histórico são as edificações de arquitetura popular, remanescentes dos períodos anteriores de urbanização, que se apresentam com poucas alterações. .
Nova AlmeidaFoi fundada pelos jesuítas, rec~
bendo a denominação de Santo Ináeicdos Reis Magos, em 1558, localizando-sjunto à foz do rio Reis Magos. Destacouse como uma das mais importantes a:deias de catequese do Estado. Implant~
da numa colina, onde se descortinam v:suais da foz do rio, do mar,' da cadeide montanhas, o conjunto dos Reis M~
gos cpmpreende as edificaç'ões da Igrej
de Nave única, possuindo retábulo queserve de enquadramento de uma pinturados· Reis Magos, a residência que se desenvolve ao redor do claustro e, no entremeio, a torre sineira.
Em frente à edificação, há uma praça de forma retangular, ornada com palmeiras imperiais, tendo o cruzeiro ao centro. Ao redor da praça, localizam-se ashabitações e demais atividades desenvolvidas na aldeia, em edificações térreasque, possivelmente, apresentam condiçõesarquitetônicas bem rudimentares.
QueimadoEm 1848, aconteceu uma insurrei
ção de escravos na vila de Queirllado,episódio ligado à construção da igreja deSão José. Os escravos da região esperavama alforia, conforme lhes havia prometidoo Frei Gregório de Bene, após a edificação da Igreja. Atraiçoados pelo padreforam combatidos pelas tropas do Governo, culminando com o enforcamentodos líderes em frente à Igreja.
A igreja de Queimado localiza-seem zona rural, em sítio elevado, numa pequena clareira. O acesso é dificultadopelas péssimas condições da estrada e pelafalta de sinalização. Da Igreja de NaveUnica e sem torre, ruiu a coberturà e aparede posterior da Sacristia. Na frenteda. Igreja, prolonga-se um patamar compequena escadaria e aos fundos, localiza-se o cemitério.
A população da vila migrou maciçamente, restando atualmente uma população de menos de 100 pessoas na sededo distrito.
VianaCom a penetração através do rio
J ucu, os jesuítas fundaram, próxima àmontanha de Araçatiba, uma fazenda queabrangia grande extensão de terras. Eraespecializada na produção de cana-deaçucar e póssuía também um engenhode beneficiamento 'do açúcar que abas
o colégio de Vitória. Com a expuldos jesuít,as, .a fazenda passou a ser
administrada por coronéis, porém acabou. caindo em estagnação. Em 1818, o conjunto da fazenda compreendia aindaConvento residência e Igreja com duastorres.
Em' 1813, foi fundada a cidade deViana, por intervenção do então Governador Frandsco .Alberto Rubim, com a
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Antigo Colégio do Carmo - Vitória
vinda de 30 casais açorianos. A fundaçãoda cidade marcou o início do povoamento do interior do Estado e estabeleceucomunicação com Minas através daconstrução da estrada Vitória-Ouro Preto.
Viana apresenta crescimento muitolento desde sua fundação, não chegandoa se expandir além da elevação, núcleode fundação da cidade. Destaca-se, noponto mais elevado, a igreja Matriz deViana, implantada na praça SoldadoApolinário. A construção da igreja datade 1815, porém foi praticamente destruída por um incêndio em 1848.
Das duas edificações do séculoXIX, no centro da cidade, uma já se encontra relativamente descaracterizada.A outra, em Bonito, próximo de Viana,é um casarão de fazenda do século passado, conservando as características arquitetônicas originais com pouquíssimas alterações, constituindo-se num dosmelhores exemplares de arquitetura ruralda região de Vitória.
A igreja de Araçatiba, último remanescente da antiga fazenda, está tombadae restaurada pelo IPHAN, fazendo-se necessárias algumas obras de manutenção.
A igreja de Belém ruiu parcialmentecom a construção da BR 101, devido ocorte do terreno ter sido realizado emárea muito próxima à sacristia. Sua dete-
. riorização foi acelerada devido à lenda de
que, no seu interior, estaria escondido umtesouro, onde foram feitas diversas escavações.
Viana possui características de vilapacata, com poucas atividades sócio-culturais. Os dois principais espaços da cidade são a praça Soldado Apolinário,onde está implantada a Matriz e a praçada Prefeitura, em nível mais baixo.
Para a' faixa de terra localizada àdireita da rodovia, junto à montanha.faz-se necessário preservar as características paisagísticas e limitar os gabaritos da altura, visando preservar osvisuais da Igreja.
Consideracões finaisO do~umento faz ainda um amplo
estudo das condições sobre o patrimônionatural da Grande Vitória que, a cada diamais e mais sofre as mutações decorrentesda falta de planejamento. Nesse sentido,as propostas do presente documento estão incluídas nos diversos planos diretores que estão sendo elaborados com aparticipação da Fundação J ones dosSantos Neves, evitando que as transformações ambientais possam ocasionar odesequilíbrio do ecossistema a níveisirreparáveis. Como exemplos, o aterro dosmangues, a ocupação indiscriminada dosmorros poderão atingir diretamente a fauna e a flora existentes na região.
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Igreja e Residência dos ReisMagos: uma proposta de utilização
A edificação recebe nova função, voltando-se para os interesses da comunidade Vitor Hugo Nogue
o uso de monumentos históricosnão se deve limitar apenas à sua adaptação como museus ou centros culturaisque os liguem aos valores de seu passado,mas ocupá-los também com escolas, centros de saúde, órgãos administrativos, centros de assistência social ou quaisquer outras atividades que condigam com a realidade atual da população no seu dia-a-dia.Por ser um bem comum das comunidades,sua apropriação deve atender, de imediato, os interesses desta como um todo.
Dentro dessas linhas, foi idealiz;:\.doum projeto de utilização e revitalizaçãoda Igreja e Residência dos Reis Magos, emNova Almeida, pelos arquitetos FernandoSchwab F'irme e Helena Maria Gomes,promovidos pela Prefeitura Municipal daSerra, t:undação Jones dos Santos Nevese oLftros órgãos envolvidos no processocu ltural.
O prdjeto, concluído em setembrodo corrente ano, acatou diversas sugestõespropostas, selecionando alguns pontosconsiderados importantes. Dentre as propostas encaminhadas, selecionou-se aquelas que melhor se adaptavam à utilizaçãodo monumento, considerando, ainda,
aquelas de maiores possibilidades de adaptação.
A igreja data do século XVI, tentogrande importância na primeira metadedo século XVII, quando obteve dos Reisde Portugal uma grande área de terra destinada aos índios. Seus edifícios foraminaugurados na mesma época, sobrevivendo até os dias atuais, depois de terem servido de base para a catequese e entradasde índios Aimorés e Paranaub ís no atualEstado de Minas Gerais. Serviu, também,
•como primeiro centro divergente de civilização ao norte da capitania, tornandose, em 1878, Casa de Câmara e cadeia davila.
Aspectos da edificaçãoA edificação dos Reis Magos pos
sui planta quadrangular; apresentando naala oeste a Igreja, com frontão triangular.De entre-meio, a torre sineira e a residência de 40is pavimentos que se desenvolve ao redor do claustro. No pavimentosuperior a residência apresenta duas celas na ala norte, quatro na ala oeste eduas na ala sul. No pavimento inferiorapresenta dois acessos:- um na ala sul,
outro na leste e, ainda, quatro celasala oeste e três na ala norte uma dquais é a sacristia.
As paredes foram edificadas coblocos irregulares de laterita argamas~
das com caulim, misturado com conch,revestidos provavelmente com argamasde tabatinga. As vergas e marcos são (braúna e canela, duas madeiras de lei. ]\pavimento inferior, não há referência'revestimento, sendo, possivelmente, (terra batida. No anda! superior, os palmentos são de pranchas corridas. A fachda principal volta-se para a grande praçapresentando' um só plano com frontitriangular na Igreja que possui três janlas, um óculo central e a porta princip,A torre sineira é simples e encimada p'abóboda de berço, em tijolos com aca~
mento natural no extradorso em forma:(meia laranja. O pavimento superior aprsenta quatro janelas e, no interior, a porprincipal, tendo em cima um medalhão.
A edificação mostra uma arquitetra rústica em acabamento, sendo apenrequintada no trabalho de talha de retbulo. Procurando evitar alterações na dfinição geral, situou-se as diferentes ati,
32 pontos31 pontos30 pontos28 pontos
- 26 pontos24 pontos
- 22 pontos6 pontos
- 4 pontos
dades cela por cela, afim de melhor aproveitar o espaço.
Avaliacão das atividadesP~ra se avaliar as propostas recebi
das, foram definidos nove aspectos considerado s significativos:
1) Natureza da atividade: entendendo-se o caráter da atividade que será desenvolvida ou seja: se ela será voltada parao uso da população local ou para a atração de turistas e visitantes.
2) Compatibilidade entre a proposta e o monumento: análise das funçõespropostas e contração com a natureza inicial do conjunto como monumento religioso e de difusão cultural.
3) Disponibilidade da área para odesempenho proposto: relaciona as exigências de espaço demandadas para atividade proposta, com a oferta efetiva verificada no interior e exterior do monume,nto.
4) Adaptabilidade do monumento àfunção proposta: verificação da implantação de uma determinada função em relação -às alterações, adaptações ou instalações e compatibilidade das obras com omonumento.
5) Frequência de utilizaçaõ: umadas primeiras intenções é o uso permanente ou mais contínuo possível. Portanto,esse aspecto considera as possibilidades deimplementação dessa utilização junto aopúblico.
6) Relação entre os ônus de implantação e manutenção e os benefícios produzidos - interligar as atividades demanutenção com fórmulas que garantambenefícios que assegurem a auto-sustentação do empreendimento. Devem ser considerados igualmente os benefícios financeiros,.como também os de ordem culturais.
7) Segurança: assegurar a integridade física do monumento, que corre riscoscom possíveis adaptações destinadas à implantaçãC? de determinadas atividades.
8) Caráter da atividade: utilizaçãodo monumento ligado a sua conservação,que se relaciona com a natureza das atividades propostas. Atividades sazonais, esporádicas, pouco representam em termosde comunidade e perpetuação do conjunto.
9) Integridade: uso predatório, como o turístico, acaba por consumir asfórmulas que geram o projeto.
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Resultado da AvaliacãoForam selecionalas nove propostas.
Analisou-se cada uma delas, atribuindolhes pontos. Fazendo-se uma soma algébrica, obteve~se uma relação de funçõesprioritárias em ordem decrescente. Destinou-se então maior espaço para as atividades que obtiveram maior número depontos, até que esgotassem as possibilidades do prédio.
Foram selecionadas as seguintespropostas:
l. Ativid. musicais2. Biblioteca3. Pequeno Auditório4. Galeria de arte5. Culto religioso6 _ Oficinas de arte7.' Museu8. Festival de verão9. Loja Turística
A PropostauÉ da essência do homem criar ma
terial e, moralmente, fabricar coisas e fabricar-se a sí mesmo Homo Faber"BERGSON.
Para uma utilização adequada e permanente da edificação e que esteja voltada para os interesses da comunidade, pensou-se numa escola. Escola que formasseindivíduos no sentido de ampliar a consciência do fazer, atividade que era desenvolvida nesta edificação desde o início desua construção. Voltada para a criaçãoartística iria preencher uma lacuna inexistente na região. Seria uma atividadepermanente que engendraria uma sequência de atividades culturais que, por sí só,não subsistiria, a menos que possuíssemuma infra-estrutura muito forte, o que épossivelmente exógeno à comunidade.
N a Igreja, deve permanecer a atividade de culto, função que existe desd~
sua fundação e que se mantém até hoje.O que se propõe é um uso mais intenso,inclusive para cerimônias de casamentose batizados. Atividades musicais comoconcertos de câmara e apresentações decorais, podem utilizar o mesmo espaço.Basta que se restaure o retábulo, cujapintura original encontra-se coberta porduas ou três camadas de tinta, e ele estaria adequado para receber de volta o quadro dos Reis Magos que já se encontratotalmente restaurado.
Pode-se utilizar um mesmo espaçopara o funcionamento de um pequeno
Conjunto dos Reis Magos: única aldeia jesu ítica que ainda conserva o traçado original
auditório e de uma galeria de arte. Oprimeiro se prestaria a promoções da escola e uso da comunidade para conferências, palestras, debates, filmes e reuniões.
A galeria, além de promover exposições de trabalhos da própria escola, serviria como espaço a outros artistas que quisessem utilizá-lo. Essas exposições, contendo um número de obras de arte supe·rior ao que comporta o espaço, poderiamse estender às paredes do claustro vizinho.
Cada exposição doaria uma obra aoacervo da galeria, que poderia ficarpermanentemente exposto em outros espaços ou serem recolhidos ao acêrvo remanescente em um depósito.
Uma pequena biblioteca, junto aohall de entrada, serviria às necessidadesda escola, e poderia atender à populaçãoque quisesse dela se servir. Seria totalmente compatível com o monumento ..Oacêrvo deve ser voltado para os assuntosministrados nos cursos e aos interesses dopúblico em geral e se formaria com doações de particulares e livrarias.
O festival de verão poderia desen,volver-se por todo o mês de janeiro. Eproposto não apenas com o caráter inicial de festividade, mas como uma oportunidade de amplo intercâmbio de idéias,através da m'i1.:3tração de cursos e com aparticipação de elementos de outros estados ou países. Festividades propostas pela Fundação Cultural poderiam diluir-seao longo deste período.
Basicamente, esse centro estaria voltado para a iniciação artística, com possibilidade de desenvolver diferentes níveisde expressão tais como expressões gráficas, plásticas, musicais corporais ou teatrais.
As oficinas/ateliês utilizariam, como espaço de expressão, as celas do prédio, comunicando-se, na maioria das vezes através do claustro, e, em certos casos: internamente, de acordo com as possiblidades oferecidas pelo prédio. Quase
todas as celas, principalmente as do pavimento superior, tem condições de venti-.!ação e iluminação suficientes às atividades ali localizadas.
As atividades de dança e teatro, pornão terem espaço físico definido, poderiam ser exercidas no auditório, no pátiointerno, nas áreas externas ou na sala demúsica.
Destinar-se-ia com.r.artimentos chamados de servíços para funções de apoioàs atividades principais. Foram localizados dois conjuntos de sanitários, um paracada sexo, um depósito geral para cadeiras, stands, cavaletes e outros materiaisvolumosos; um depósito destinado aomaterial de limpeza e uma sala parautilização da administração. Na entradadestinou-se uma área para informaçõesturísticas relacionadas com a história domonumento.
E importante não esquecer queatividades turísticas são predadoras, trazendo poucos benefícios para a comunidade. Além do mais o próprio monumento já é uma atração turística, o quebastará para que esta seja uma atividadesecundária.
o espaço externoO conjunto dos Reis Magos, em
Nova Almeida, é a única aldeia jesuíticaque ainda conserva o traçado original.Implantado sobre o planalto junto àsmargens do rio Reis Magos, o conjuntocompreende a Igreja de nave única, atorre sineira de entremeio, e a residência que abriga dois pisos abrindo para oclaustro. Em frente ao conjunto, duasalas de palmeiras imperiais formam umapraça de forma retangular de 32,50 m153m, inserida em outra praça maior de,aproximadamente, 16.540m2.
Circundando a praça, uma rua queserve de acesso às residências que, comexceção de um sobrado à. direita, são
térreas. Atrás da edificação, a área pertencente ao conjunto, estende-se até os limites de um morro.
São excelentes as condições qUlapresentam os espaços externOs. Diversas atividades propostas para o monumento podem ser desenvolvidas comopor exemplo, as aulas de pintura, de desenho, de teatro, dança, música, apresentação de grupos folclóricos como o Reizado, Ticumbi e Congadas. Da mesm;forina o festival de verão.
Organização internaPara a direção da escola, dever;
ser formada uma Comissão Executiva (um Conselho Deliberativo. O primeiredeve ser formado pelos professores d,escola e, o segundo, por representante:das instituições envolvidas e membro:da comunidade (em maior número).
A Comissão Executiva, formad,pelos professores, deve ter um coordenador, e as seguintes atribuições:1 Coordenar as atividades desenvolvi
das na escola;2 - Tomar decisões em conjunto;3 - Reunir-se semanalmente para ava
liar os trabalhos e solucionar eventuais problemas;
4 - Levar as decisões da Comissão aeConselho Deliberativo.O Conselho Deliberativo por su,
vez, terá as seguintes funções:1 Aprov.ar as deliberações do corpe
de professores;2 - Procurar viabilizar as atividades es
colares, divulgando, conseguindcverbas e materiais;
3 - Exercer todas as funções externa:de ligação entre a escola e demai:entidades como o MEC, FUNARTE, Governo Estaduál, FederalIPHAN, etc.
A implantaçãoPara que se possa utilizar o prédi9
é necessário o trabalho de restauraç~f
de suas partes de terioraâas, intrddtlç:~~
de equipamentos inexistentes, como>/~instalações hidráulicas e sanitárias, inst~
lação elétrica (ampliação) e defmição d:manutenção.
É importante que se defina qual,instituição base que tomará frente enqualquer trabalho de revitalização de monumentos culturais, para que ele nã<venha servir a outro fms que não esse.
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A queda do Porto de São MateusFernando Schwab Firme*
o processo de deteriorização daárea do Porto de São Mateus iniciou-se nadécada de 20, com o início da decadênciado transporte fluvial, vindo a consolidarse por volta de 1940, com a paralizaçãototal da atividade econômica do porto. Apartir de então, passa a se processar emrítmo acelerado a queda física de todo ocasario que se caracterizara como estrutura suporte das atividades econômicas.Desaparece de vez o caráter integradoque faz com que uma cidade não sejaapenas um aglomerado acidental de edifícios, mas um organismo multifuncionalcom lugar específico designado a cadafunção, segundo determinações sociais eculturais. Processa-se a desintegração pelaperda da função.
O caminho que poderia conduzir àreabilitação da área passa justamente pelas pegadas deste processo degenerativo,no sentido inverso. Seria necessário descobrir novas funções para o porto, dentrodo organismo que é a cidade para que areintegração se processasse naturalmente.
As primeiras tentativas, nesse sentido, ligadas a iniciativas de estabelecimento de um programa estadual de restauração, partiram de um grupo de trabalhocoordenado pela Prof. Maria CeC11ia Nascif, que percorreu o Estado procurandocatalogar e documentar todos os monumentos históricos de valor significativopara preservação. Na área de São Mateusforam localizadas casas e identificados
proprietários para facilitar o posterior tombamento a nível estadual.
Tempos mais tarde, foi formado umconvênio entre a Fundação Cultural e aFundação J ones dos Santos Neves paraelaboração de um projeto que culminariacom a restauração dos prédios e a reabilitação da área para a cidade.
Em meados de 1977, realizamosnossa 1a visita a São Mateus e ao seu porto. Já então o estado dos prédios era de-
sesperador, tratando-se na verdade deuma tarefa de reconstrução de quaseruínas. Por pouco desistimos da tarefa,tamanho o desânimo provocado por aquele monte perigoso de escombros, porém,o entusiasmo reinante em torno da "restauração" nos levantou o ânimo para tentar iniciar alguma ação prática.
A perda de função: o principal obstáculo
Foi feita a restituição aerofotogramétrica da área na escala de 1(1000 paramelhor determinação dos acessos existentes, dos centros de quadra que, tomadospelo matagal, impediam uma inspeção emedição eficientes para suprir a falta deplanta cadastral, na época inexistente, eelemento importante como mapa básicode um zoneamento local. Ao mesmo tem-
*Técnico da Fundação Jones Santos Neves
po foram levantados os "Greides" dasruas incluídas na área do porto e medidastodas as "Festadas" dos prédios de interesse históri'co para facilitar o posteriordesenho das fachadas após levantamentodetalhado.
Planejou-se realizar o trabalho emduas etapas: numa 1a etapa seriam levan-
tados e desenhados todos os prédiose encaminhada uma proposta preliminarpara utilização da área; numa 2a etapa,definidas as novas funções dos prédios,seus usuários e os programas de adaptação, seriam executados os projetos construtivos.
Para implementação da la etapa,partimos em missão individual e com urna
cadeira desmontável, prancheta e blocosesboçamos durante dias os exteriores e interiores de todas as casas. Após isto feito,retificamos todos os desenhos em pranchetas, acrescentando linhas de cota emplantas e fachadas que serviriam para opreenchimento com as medições diretasa serem realizadas em seguida. Para executar esta tarefa, valemo-nos do entusiasmodos alunos do Centro de Artes da UFES,frequentadores e promotores anuais dassemanas de arte na área do porto paraconseguirmos formar 4 grupos de trabalho, os quais, com certo risco, medirampor dentro e por fora todos os prédios,completando a informação apenas visualfornecida pelos esboços.
Todos os prédios, após algumas visitas para esclarecer uma ou outra medição duvidosa, foram então desenhados naescala de l/50, já então incluindo corteslongitudinais e transversais, constituindose este material no elemento base para aelaboração dos futuros projetos de adaptação dos casarões.
Na ocasião, apresentou-se uma proposta preliminar de utilização, motivadagrandemente pela influência das semanasde arte e que propunha uma espécie decampus avançado para as artes, com atividades permanentes e um festival anualpara maior divulgação do local e dos trabalhos ali realizados.
J á nesta fase, tornou-se impraticável o convênio, pois as verbas destinadasao suporte das despesas de projeto nuncaforam repassadas à FJSN, tornando muitooneroso o prosseguimento com recursospróprios. Mesmo assim, após contatocom o CRUTAC/U FES, solicitando-seàquele centro sua contribuição nas definiçOes de programas de projeto para adaptação dos prédios, obtivemos as coordenadas para o início dos estudos de um restaurante, alojamentos feminino e masculino,
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algumas oficinas de arte, um alojamentode professores e a residência do diretor docampus avançado.
Estudou-se a implantação de umaârea preliminar, sem discussão ou compromisso, enquanto permanecia indefinida a questão dos recursos de projeto.
Na época, o grosso volume resultante do levantamento e proposta preliminar foi citado na imprensa como o Projeto de Reabilitação. Falou-se mesmo emdatas de início de obras! E no entanto,nada era definitivo. .
Ainda hoje, em 1979, ao ser assinado o contrato para obras de escoramentodas ruínas, a notícia veiculada é a de queas obras de restauração foram contratadas.
Tal maneira de divulgar, seja a culpa da fonte ou do veículo dê informação,desperta expectativas que ao serem frustradas desacreditam definitivamente ostrabalhos e seus promotores.
A visita do Prof. Silva Telles, doIPHAN, interrompeu os estudos de adaptação de prédios para a CRUTAC, sob ajusta alegação de que seria urgente promover o escoramento das casas ou nãorestaria nada para se restaurar. Porém, aburocracia exigia para a liberação das verbas de escoramento, uma medida expedita e de emergência, nada menos que umprojeto. Tal projeto foi encaminhado e,após tramitação mais ou menos longa,resultou na liberação de verbas para escoramento após licitação pública.
Deve-se assinalar aqui, que entre avisita do Dr. Augusto Silva Telles e o estágio atual das coisas, onde se processa otrabalho de escoramento, recebeu o portode São Mateus a visita de um perito daUNESCO, o Dr. Raul Pastranã, que apósexaminar a proposta e o local, fez críticas muito pertinentes e valiosas, que demonstram a importância da discussão das
propostas antes de saudá-las .como fconsumado.
Segundo o Dr. Pastranã, a propoda FJSN seria basicamente centrada nuatividade externa à cidade de São Matejá que se apoiava nas semanas de art,nos programas de treinamentoCRUTAC. Segundo seu ponto de vi!o caminho da reintegração da áreaporto à cidade e à região deveria paida análise da cidade, seu equipamentlestrutura de prestação de serviços, paidenficiadas as carências e aspirações, tlizá-Ias na proposta de reconstruçãoporto, atraindo assim a' vida quotidi<da população para a área dos casarões.
Projetos não são problemas e sindefinição de sua utilidade e sua elaboção em resposta a uma demanda ef,va. Se não houver interessados. realmené inútil projetar, produzir pap~l. Não éficiente clamar, esbravejar pelo descaseipreciso colocar em contato os possívinteressados com idéias de utilizaç.~o p,que se chegue a um compromisso, incsive quanto à manutenção futura.
À medida que o tempo pa~sa,. cprecia-se o valor de uso dos imóveis conabrigo. Breve cairá a zero, tornando-secusto do reparo igual ao da construçãoprédios novos, em que pese seu valor C1
tural e histórico.A solução desta questão, se não s·t
gir de estudos como as recomendações I
UNESCO, 'com discussões das propostaté o estabelecimento de sua forma denitiva e o compromisso das entidadespessoas interessadas no uso dos inlóvesurgirá com a ação do tempo sobre aqulas empenas e paredes de pedra e cal. Brve não haverá mais sobre o que discutos levantamentos e as fotografias serãodocumentos históricos de uma área urbna degenerada e sepultada no passadoeste será o último degrau da queda.
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Fortificações: um legado esquecidoJoão Euripedes Franklin Leal*
Um aspecto da evolução urbana deVitória que está intimamente ligado aocrescimento da própria cidade, é o sistema defensivo, do qual, por alguma sorte,ainda resta uns pouco s vestígios. Em, outras regiões, mais desenvolvidas, fatalmente ter-se-ia preservado todo o conjuntoque poderia servir inclusive, quando nada,como atração turística, carreando divisaspara o Estado, que seriam superiores àsgeradas pelos empreendimentos imobiliários que o destruiu substituindo-o porconstruções inespre~sivase massifican tes.
O sistema defensivo de Vitória foi,durante os séculos XVI e XVII, relativamente dirÍlÍnuto, muitas vezes até aquémdas necessidades da Capitania para sua segurança.
Somente após os ataques holandeses (1625 e 1640) e a notícia de uma suposta serra de esmeralda no interior daCapitania do Espírito Santo é que se despertou para a necessidade de melhorar asfortificações de Vitória. Mas, ainda assim,relegou-se a tarefa a um prano secundário} até que houve a descoberta de outro,em grandes proporções, na região de Minas Gerais. A partir de então deu-se umaradical mudança da política colonial portuguesa em relação ao Espírito Santo. Asprincipais iniciativas foram: proibiu-se aprocura do ouro e sua mineração no Espírito Santo, por ser região próxima aolitoral e assim favorecer a cobiça estrangeira e a consequente invasão; proibiu-sea abertura de qualquer estrada que atingisse o interior, impedindo-se terminantemente qualquer comunicação com Minas Gerais, quer por via fluvial (rio doce)ou por via terrestre, temendo o uso destes caminhos, tanto por contrabandistasde ouro, como por possíveis invasores estrangeiros, devido ser o litoral capixaba omais próximo da área de mineração. Cons~q'uentemente, o Governo de Portugal
·passou a considerar a Capitania como a
"defesa natural das Minas Gerais" ou atrincheira natural para a defesa das MinasGerais" proibindo qualquer "ato de civilização", entradas ou povoamento do interior, que implicassem em progresso regional, imobilizando o Espírito Santo,por quase todo o século XVIII e provocando uma defasagem de desenvolvimento ainda hoje mensurável em relação aosestados vizinhos. A medida complementara esta política foi o conveniente aparelhamento das fortificações de Vitória visando, primordialmente, defender as MinasGerais porquanto seria extravagante aconstrução de tantas fortalezas para defender apenas a humilde Vila da Vitória.que por si só era inexpressiva. Durantequase todo o século XVIII, houve umaverdadeira psicose governamental para assegurar o bom funcionamento do sistemadefensivo instalado na baía de Vitória.
Muito interessante é o relatório doCapitão-Mor Dionísio de Carvalho deAbreu, que argumentando a posição estratégica do Espírito Santo como defesa deMinas Gerais, descreveu a situação dasfortalezas militares e pediu as providências cabíveis. Por este relatório, datadode 1724, o sistema defensivo de Vitóriaestava nas seguintes condições:Fortaleza da Barra de São Francisco Xavier: em forma de círculo, situada na barra da baía do Espírito Santo, possuindonove peças de artilharia, sendo uma decalibre desesseis e as restantes de calibreoito. Havia mais duas peças desmontadase a murada estava bastante danificada.Fortaleza de São João: em forma semisextavada irregular, situada em frente aoPão de Açúcar (Penedo). Sua artilhariaestava "desmontada e compunha-se de seispeças de calibre doze e uma de calibre desesseis.
*Técnico da Fundação Jones Santos Neves
Fortaleza de Nossa Senhora da Vitória:em forma semi-circular. Situada no lugarsuperior ao monte onde estava a Fortaleza de São João, co m quatro pe ças de artilharia, todas desmontadas, sendo uma decalibre desesseis, outra de calibre vintequatro e duas de calibre oito.Fortim de São Tiago: em forma de semicírculo irregular, com pequena área, situada em uma praia da Vila da Vitória, comtrês peças de artilharia de calibre oito, todas desmontadas.Fortaleza de Nossa Senhora do Monte doCarmo: em forma de meia estrela regular,com cinco ângulos, situada na marinha daVila da Vitória, com oito peças de artilharia calibre seis e oito, todas montadas emcarretas, mais quatro de bronze e duas deferro desmontadas.Reduto Santo Inácio: de forma quadrangular, com três peças de artilharia de calibre oito, todas desmontadas.
Em resposta à solicitação, veio aoEspírito Santo' o Engenheiro SargentoMor Nicolau de Abreu de Carvalho quecomandou a realização de reparos nessasseis fortificações sendo as mais importantes os seguintes:Fortaleza da Barra de São Francisco Xavier: parafeito, esflanada, guarita, quartel
'e casa de pólvora.Fortaleza de S. João: parapeito, torreão,portada, esplanada, guarita e casa de pólvora.Fortaleza de Nossa Senhora do Monte doCarmo: parapeito ,esplanda, porta, casade arma e casa de pólvora.
Esse trabalho, realizado em 1734,passou a ter manutenção contínua tendoo rei ordenado que, de três em três anos,fosse um engenheiro à Capitania para inspeção e o assunto "defesa militar dasminas gerais" tornou-se uma constante na
Planta da Bafa de Vitória em 1767
correspondência oficial da época.De grande interesse cartográfico e
histórico é a planta da baía de Vitória,realizada pelo Engenheiro José AntônioCaldas, em 1767, mostrando eSJ;ecialmente a situação do sistema defensIvo do Es-.pírito Santo, conforme mapa anexo, cujooriginal encontra-se no Arquivo HistóricoUltramarino, em Lisboa. Junto a essaplanta encontra-se a nota explicativa seguinte:
"plano do Rio do EspíritoSancto, comprehendida a barra suas fortalezas e Vilas.
Explícaçaõ
Os Algarismos que vaõ notados na barra deve-se emtender por braças de oUo palmos, foy esta sonda feita commarés mortas, e com maréscheias de agoas vivas, ha deter no mais baixo da barra,tres braças e. meia.
Pelo Rio acima the a vilada Vitória, onde não vaõ notadas as braças, tem fundo caIhlS de passar hUnla Nau. O lugar notado com a letra N he apraia de Suh a, onde o Olandes fes o seu desembarque no
prinCIpIO do Reinado do Senhor D. Joaõ quarto. O Riochamado, Rio da costa, assuas areas tem emtopido abarra, principalmente emtempo de seca, e no tempo decheias fica a barra mais largameia braça. Na ponta do Nordeste da Ilha do Boy; pode-sefazer huma boa fortificaçaõ,para a defeza da barra, e impedimento a alguns lanxoens,que possão fazer desembarques na praia de Maroipe. "
A planta em questão, além de seprestar ao conhecimento da baia de Vitória no século XVIII e a estudos sobre oseu assoreamento, serve como documento informativo para uma análise da evolução urbana e territorial da região. Nelapodemos encontrar as referências seguintes:Na margem sul: Morro fronteiro a barra(Moreno), rio da costa, Convento de N.S. da Penha dos religiosos franciscanos,Forte de São Francisco Xavier da barra,Vila do Espirito Santo (Vila Velha), riode areviri (Aribiri), Pão de Açúcar (Penedo).Na margem norte: Ponta de Piraem (Tu-
barão), Ilha do Boy, Ilha dos Frades, riode Maroipe (canal de Camburi), letra N(demarcando a praia de Suá), Ponta daPraia de Bento Ferreira, Forte de S.João, Reduto de N.S. da Vitoria, Forte deS. Diogo (próximo a atual escadaria S.Diogo, na Praça Costa Pereira), Fortalezade N.S. do Carmo (próximo a atual PraçaOito), Forte de S. Ignacio (próximo aatual rua General Osório). Nesse lugar esrá situada a Vila da Vitoria (cidade alta).
Nessa rápida e ligeira análise documental, concluímos a existência de umamplo interrelacionamento sócio-econômico e político, entre Espírito Santo eMinas Gerais, desde o século XVIII, especialmente aqui demonstrado sob o aspecto da produção aurífera versus sistemadefensivo de Vitória.
Podemos concluir também que todaa documentação advinda deste ou de ou2tros fatos da história constitui um patri"imônio que deve ser melhor conservado,conhecido e divulgado porquanto fornece'ainda à atualidade uma gama de inforI)la::ções valiosas e práticas, necessárias deserem consideradas, desmistificando ahipótese, às vezes ainda encontrável, detecnicistas menos avisados e sem umrazoável nível de visualização do horizonte humano, 'lue renegam o seu valo•.
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Sítios arqueológicos e acervopré-histórico no Espírito Santo
Celso Perota*
* Professor do Departamento de Ci~nci.as Sociais da Ufes
IntroduçãoOs sítios arqueológicos representam
uma importante documentação histórica.Além de serem repositório da cultma materíal das populações pré-históricas, alguns sítios arqueológicos podem contervaliosas informações geomorfológicas, botânicas e zoológicas, notadamente os sambaquis litorâneos.
Podemos, em estudos aprofundadosnos sítios arqueológicos, reconstituir osambientes prímitivos. Hoje em dia com apr9fupda alteração da paisagem, decorrente de inúmeros fatores, é difícil ao arqueólogo encontrar um sítio cujas características não estejam alteradas.
Pela Legislação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacíonal(Lei na 3.924 de 26/7/1961) os sítiosarqueológicos existentes em todo terrítórío nacional e todos os seus elementos(acervo) são de propriedade e proteçãodo Poder Público.
Essa Lei, como outras complementares, é hoje desrespeitada por uma sériede fatores: a prímeira é o desconhecímenta público da Lei, bem como o valordo sítio arqueológico e dos objetos nelecontido. As informações de achados fortuitos de sítios arqueológicos só chegamao arqueólogo quando se encontra algumobjeto de valor, ou seja, qualquer coisaque chame a atenção. Por outro lado, afalta de informação, bem como a falta depessoal especializado, aliado à falta de recursos financeiros, dificultam uma açãoimediata que requer o sítio, quando é encontrado por leigos. A ação de colecionadores bem como de "amadores" tambémé prejudicial e é um destaque na falta deobservação de tal Lei.
A proteção desse Patrimônio, portanto, é necessária, mas extremamentedificil, pois a maior parte dele ainda é desconhecido pela falta de pesquisas sistemátiCàS.
<I
Os sítios arqueológicosO Estado do Espírito Santo, por
suas características geográficas, teve umaacentuada população pré-histórica. As informações de C-14 afirmam que, desde4.000 AC, parte do litoral já havia sidohabitado.
Poderíamos recuar essa data, se pudessemos precisar, bem como provar acontemporaneidade dos habitantes préhistóricos com espécie animal da faunaextinta, cujos fósseis foram e são encontrados na Serra da Gironda em Cachoeirodo Itapemirím.
Vale destacar que pesquisadores doMuseu Nacional acham possível este fatoe atribuem a uma ponta de projetil a prova do relacionamento do homem com afauna extinta.
Por razões de ordem metodológica,acreditamos que tal afirmativa ainda éprematura, pela falta de pesquisas metodológicas na área e que não permitem taisconclusões.
Mas de fato, há cerca de 4.000 a.C.,nosso índio já conhecia o solo espiritosantense permanecendo nele até nossosdias, visto termos ainda uma pequena parcela de população autoctone, representada pelos remanescentes dos índios tupiniquim em Caieiras Velhas, Pau-Brasil eComboios, nos municípios de Aracruz eLinhares.
Desse longo espaço de tempo o nosso índio percorreu quase todo o territóriocapixaba, notadamente os vales dos ríos.
. Em um estudo relacionado a padrões de povoamente das populações préhistóricas podemos afirmar que, nos valesdos principais rios, como Doce, Crícaré,Itapemirim, Santa Maria e Jucu, tivemosum intenso povoamento.
Além disso a região litorânea é que
teve uma acentuada preferência no estabelecimento de aldeias. Este fato pode-seexplicar pela farta alimentaç,lo que o mare principalmente os mangues propiciavamàs populações indigenas.
A baia de Vitória, a região do Marirícu (Barra Nova em São Mateus) Guarapari e Anchieta, bem como os manguezais do Piraque-Açu e Mirím foram habitados.
Na baia de Vitória é onde repousamos principais sítios arqueológicos do tiposambaqui. Desde a década de 30 estessambaquis estão sendo visitados e felizmente, pelo difícil acesso à eles, algunspermanecem intactos.
Nessa área, em regiões próximasdos mangues, há também urna grandeconcentração de outros tipos de sítios,definidos como abertos, que foram narealidade grandes aldeias pré-históricasque conheceram uma tecnologia diversificada, sendo alguns notadamente précerâmicos e outros do período cerâmi-co.
No rio Piraque-Açu e Mirim também são registrados alguns sambaquismas naquela região, desde o Seco XVII,temos conhecimento da sua destruição,pois as conchas dos sambaquis servirampara alimentar indústrías caseiras parafabricação de cal para construções.
Os vales dos ríos Doce, Cricarée Itapemirim representam também importantes repositários de antigas aldeias.
No rio Doce e seus afluentes, sãoconstantes os achados de sítios arqueológicos. No seu curso inferior, o rio penetra numa área de restingas de planícielitorânea, onde a área é comumente alagada e onde há um excelente ambientepara o desenvolvimento da vida animal,temos uma grande incidência de sítios
o patrimônio cultural pré·histórico poderá desaparecer
facas, recipientes de alimentaçãe candieiros.
o problema da preservaçã,dos sítios e do acêrvo
No Estado do Espírito Salto em especial na década d60/70 houve um acelerado prccesso de destruição do nosso p,trimônio cultural pré-históricdecorrente da especulação imebiliária bem como pela execuçãde grandes projetos industriaisagro-pastoris.
Mas a destruição dos sítícnão é atual, uma gran~ePart
das cidades capixabas for~;rn<ye:
tão situadas em locais de ti .aaldeias indígenas.Vitór·pari, Lirihares, São Mara, Anchieta, Piúma,jNova Almeida, são cida.tritos onde é comuill.dmenta de materialarq
quando se faz alguma aberturatlra obras. Estes são sítios que estdiavelmente perdidos pois nãopossibilidade de um estudo siste
Uma preocupação constantequeologia são as áreas de manguesadjacências. Como foi dito anterioessas são regiões preferenciais deção do homem pré-histórico eotl.dcalizam os "sambaquis" que, p0l:racterístícas, merecem e devem Sevados por serem importantes~
além de servirem para aproveitarrirístíco, como já é feito no Esta4c:ita Catarina.
Com a constante devastaçãosão dos mangues estes importantementos' arqueológicos estãoameaçados de destruição.
A preservação do acêrvotra preocupação. É necessanoSecretaria do Patrimônio HistóArtístico Nacional leve a efeito sugramação e instale o já criado MuseArqueologia e Artes Populares, progra.tiifdo para .ser montado no Convento d~~$
va Almeida, quando então podererIl9~;~)um local apropriado para exposiçã();; u;).]da e proteção do acêrvo arqueoló .Espírito Santo.
TRADIÇÃO ARA TU, representada porduas fases a Jacareipe e Itaúnas com datação que vão de AD 1.345 a Ad. 1780.
o acervo arqueológicoEstas diferentes tradiçõe s culturais
que passaram pelo Espírito Santo deixaram nos sítios a marca de sua expressãocultural que é representada pelos testemunhos arqueológicos que são retíradosnas escavações sistemáticas.
Do acêrvo pré-histórico podemosdestacar: objetos confeccionados em pedra, como lâminas de machados, tantolascado como polido, percutores, alisadores, lascas de pedras (que tiveram vários usos como raspadores, facas, perfuradores e alisadores), mão de pilão, bigornas de polimento e para trituração de vegetais, adornos labiais (tembetá) e pontasde projetil.
Em cerâmica podemos destacar, ovasilhame utilitário de diversas formas,urnas funerárias, mainças de fuso, cachimbos e tortuais.
Em osso destacamos pontas de projetil, adornos labiais, contas de colar,dentes de mamíferos perfurados para colar, perfuradores, agulhas e carimbos.
Em conchas temos, raspadores, placas de colar, contas perfuradas para colar,
As tradições já definidas são:
TRADIÇÃO ITAIPU que tem como áreade dispersão todo o litoral sul do Brasil.Está presente no Espírito Santo pela FasePotiri com datação de C-14 avaliada emAD 515 (SI-821). É uma etapa pré-cerâmica cujos vestígios são encontrados nabaia de Vitória e no rio Reis Magos, principalmente.Dentre as Tradições ceramistas, destacamos:
TRADIÇÃO TUPI-GUARANI, constatadaem todo litoral e no vale dos rios Doce eCricaré, com datações de c:14 avaliada emAD 895 (~1-828) e AD. 1390 (SI-839).TRADIÇAO UNA, representada pela faseTangui encontrada em todo sul do Estado, notadamente na região acidentada,tem uma datação de C-14 avaliada em AD810 (SI-1189).
tanto do tipo sambaqui como desítios abertos.
Nas regiões acidentadas doEstado, notadamente no Sul, écomum o aparecimento de abrigos sob-rocha onde normalmente encontramos material arqueológico. O estudo arqueológicoexplica tal fato pois a TradiçãoUna (que particularmente ligamos ao grupo linguístico Puri-Coroado), tem um dado diagnóstico que é o sepultamentoe ritos funerários pratícadosem áreas cobertas (grutas ouabrigos sob-rocha).
Devemos destacar que, entre os abrigos naturais, o Espírito Santo conta com a gruta doLimoeiro, no município de Castelo, onde já foram realizadaspesq uisas sistemáticas de arqueologia e onde a EmpresaCapixaba de Turismo está empreendendo um projeto para o aproveitamento turístico do local.
Culturalmente ainda não podemosformalizar um quadro geral da evolução,pois muitas regiões ainda não foram cobertas por pesquisas sistemáticas. Apesardisso, podemos ainda informar que tivemos no Espírito Santo a presença de várias Tradições culturais, cujas informaçõespode-se documentar nos sítios arqueológicos.
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DEPOIMENTO
Maria Stellade Novaes: consciência e crítica
Maria Stella de Novaes retrata suaépoca com emoção e audácia. Seus 85
nos são de lucidez e seu depoilnentof,remeia os anos de paciência e perseye
ança dedicados à preservação da memóia espírito-santer;se. Seu. falar ~ macio e!ausado. Uma 'VIda ded1Cada as letras.
Bistoriadora, poetisa, professora, é, tam1;>ém, botânica e folclorista.
Conheceu de perto os governos deem diante, pois frequentou o Pa
desde então. Quando fala sobre suade lembrar que é "sobrinha doFernando Monteiro e dos Pre
sid,entes Jerônimo e Bernardino Monteiroe,por afinidade, sobrinha de FlorentinoAVIdos".
Seu depoimento foi prestado emseu recanto de trabalho, silencioso econstante, todo azul, sua cor preferida,cercada de livros, plantas e conchas, objetos principais de sua atividade. Alí, tuâo~stá intimamente ligado ao Espírito
~anto~h~r~~~d~o:x~er~fs~:~'descontraí-(fis, com uma pitada de humor, e olhar
unspecto, Maria Stella de Novaes falae sua vida, seu testemunho de uma
épq2a e o que mudou. Começa falando deYitória, ontem e hoje, descrevendo-a nap~!l1leiradécada desse século.
-- "Naquele tempo, Vitória era verdideiramente Cidade-Presépio. De longe,bonita, com a moldura de seus morros copertos de matas virgens enfeitadas de ipês,
árnaubeiras, três-marias e outros ornatosáturais da selva. A entrada da baía era~cantada em prosa e ver"so - mistura del.lanabara, com seu Pão de Açúcar
.9nforme e:x;pressão de Harth. ~as, deerto! Sem a,gua, luz e esgotos! A noite,inguém podia sair sem ~arda-chuva,
porque os dejetos eram atirados das janelas. Pela manhã, os transeuntes deviamter cuidado pisar".
uma pequena pausa, voltaselriedade e continua:
"Vitória de ontem era mais boniatraente. Distinguia-se pela ennavios. Os passageiros iam para
o tombadilho apreciar a baía, com a curva da Capixaba, o Penedo e a molduraverde dos morros! Um encanto!
Sobre as mudanças, afirma que osaterros ganharam o mar e tiraram o atrativo das praias, como Bento Ferreira,Suá e outras: "A baía, miniatura da Guanabara, se foi".
"Temos agora somente um Porto,no prolongamento do Rio Santa Mariada Vitória. - A cidade está desfiguradaquanto ao passado".
Falando sobre o processo de implantação de uma política de preserva-
São poucas as pessoas quevivenciaram as principais
mudanças de Vitória, a partir de1910. Maria Stella de Novaes éUma delas. Nessa entrevista a
João Eurípedes, Arleida PenhaBadke - Todeska - e Fernando
Sanchotene, ela conta osprincipais fatos que marcaramVitória ontem e hoje. Otexto
final é de Fernando Sanchotene.
ção do patrimônio, enfatiza, não deixando dúvidas:
"TARDE DEMAIS. Com osaterros, a demolição dos prédios antigos ea febre de edifícios de apartamentos,Vitória perdeu suas paisagens e o restode seu passado. Lembremo-nos do Quartel da Polícia, do edifício do Forum, daresidência Episcopal, do castelinho doDr. Kosciusko, da Chácara do Dr. Ceciliano de Almeida. Não há nada de fatopara se preservar. É triste, mas é verdade.Cuidemos porém da conservação de algo.Recordação é o melhor. O Palácio Anchieta. que deveria ser Afonso Brás, pre-
cisa ser pintado de azul, cor que recordaas obras jesuíticas em Vitória. A Assembléia também deveria ser azul. Depoisque pintaram o Carmo de amarelo cpêssego mataram-lhe a projeção no urbanismo. O Solar Monjardim e a Igreja deSanta Luzia também poderiam ser azuis.A Igreja de Santa Luzia era um interessante e valioso Museu de Arte Religiosa.Por que não se reorganiza?
Mas ela também se preocupa como visual das ruas, lamentanâo a poda dasárvores. Em lugar disso, sugere que elascresçam livremente. Recomenda a utilização do pau-brasil na arborização dascidades, retirando os canteiros retangulares do trevo da Praça Costa Pereiraplantando ali árvores. Na vida agitada quepassou a reger a população capixaba, no~adame.nt~ ~m Vitóri,a,. propõe 9.u.e, juntoas mstltUlçoes bancanas, farmaClas, correios e outros estabelecimentos e repartições, sejam colocados bancos, sofás oupoltronas, "para que os interessados nãofiquem esperando de pé até serem atendidos" .
Maria Stella de Novaes entende que"a nomenclatura urbana deva sofrer umarevisão, a fim de ter melhor cunho regional e biográfico. Basta que um estranhomorra ou qualquer amigo dos vereadorespara que seu nome seja posto numa rua.Em seguida pergunta:- "Por~ue não se dá o nome de LuizaGrimaldi à Avenida Beira-Mar? Ela foiuma dama valorosa que realizou um Governo equilibrado e derrotou Caverdischquando, após incendiar S. Vicente, veioatacar a Capitania. Em muitos estadoshoje é cultivada a memória de muitasmulheres, como Joana Angélica, AnitaGaribaldi, Ana Neri e ioutras. Por quenão ela? E a terceira ponte poderiadenominar-se Henrique Coutinho, jáque a segunda está denominada de "Principe". Coutinho foi o idealizador dessetransporte para o Continente.
o passadoMaria Stella -de Novaes procura re-
I
lembrar os principais momentos do governo de HenrIque da Silva Coutinho.
- "O Presidente era uma figura bonita, de rara distinção que Freparou avinda do Dr. Jerônimo. Sofreu muito,porque a política do tempo era mesquinha, insuportável. Vitória, naquele tempo, era uma cidade de gente faladeira. OCoronel desapropriou um conjunto decasarões situados ao lado do Palácio,na Praça João Clímaco e ajardinou olocal, para construir um coreto, ondea Banda de Música da Polícia fazia retretas. Providenciou uma enorme caixad 'água, a fim de que as plantas sempree~tivessem bem tratadas. Liquidou ~ díVIda externa, com o resultado 'da ahenação da Estrada de Ferro do Sul ao Espírito Santo e da Estrada de Ferro Caravelas. Idealizou uma ponte para o continente e deu, para isso, as devidas providências, conforme carta endereçada aDom Fernando. Nela, informava-llie quehavia depositado a verba em Londres,para o trabalho, e esperava os en,genheiros que deveriam realizar os prImeirosestudos. A ponte deveria partir do Caisou Praça 8 de Setembro para ArRolas,em Paul. Na referida carta dizia: 'Deusnos auxilie, meu bom amigo. Nossaterra ainda há de ser grande e nossacapital um encanto".
Segundo ela, passado o Governopara Jerônimo Monteiro, Coutinho seretira para Niterói, onde exerceu umcargo federal, conseguido pelo generalPinheiro Machado. Conta, ainda, queJerônimo Monteiro, ao chegar para assumir o Governo, hospedou-se no HotelEuropa, o primeiro a ter água em caixapara uso doméstico e instalações hidráulicas. O hotel localiza-se na rua Duquede Caxias e foi fundado por JacquesBoudessier.
Uma das principais metas do Governo Jerônimo Monteiro, segundo conta,foi enfrentar o magno problema de águae de esgotos. Um assunto que preferiunão falar muito, porque trata-o detalhadamente em livro publicado sobre a biografia de Jerônimo Monteiro.
Outro aspecto levantado por elafoi o cuidado com gue Jerônimo Monteiro se dedicou à educação. A Administração distinguiu-se pela Reforma da Instrução. Falou sobre o assunto com certamágoa, pois não entende como uma escola que "ele criou e cuja vida acompanhou, levado pelo futuro da infância eda juventude', ainda não recebeu seunome: Escola Jerônimo Monteiro, em lugar de Escola Maria Ortiz. Para ela, ashomenagens a Maria Ortiz deveriam ser
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feitas em forma de um busto "onde ascrianças poderiam depositar flores".
Sobre a vida social da época, a escritora diz que foi Jerônimo Monteiroum estimulador de recepções em Palácio, geralmente às terças-feiras, ou nasdatas nacionais. E prossegue:
- "Vitoria, nesse per{odo, distinguiu-se pelo chamado espírito terra.ntei(termo regional que signitica apego àterra), o vitoriense era daqui. Haviamuita cordialidade e muita futrica. Aossábados, formavam-se os assustados:reupiam-se duas ou mais famílias e apareCIam numa casa, que tIVesse plano, para algumas horas de reunião dançante. Assim, a mocidade se divertia, as mãesconversavam e os pais jogavam. cartas,mas nunca a dinheiro. Os assustados erammuito queridos, geralmente dir~idos pela senhora Adelaide Adnet, eXImia pianista, mas que jamais estudou música.
Ela se lembra quando, aOs feriados,o povo reunia-se em frente ao Palácio,"para manifestações ao Presidente, discursos inflamados, distribuição de docese músicas no coreto".
Sobre a vida religiosa, lembra-se dasnovenas ao S. Sacramento, o Mes de Maria, a Quaresma, com Via Sacra, as quartas e sextas-feiras. "Tudo muito lindo,com a catedral antiga tomada pelos fiéis".Com muito humor lembra uma passagemdaquele tempo:
"Os rapazes gozavam as trevas:levavam martelos e pregos. Na hora dastrevas, pregavam a bainha do vestido dasmoças no chão. (Lembremo-nos da modanesse tempo). Que tragédia quando acendiam as luzes e elas levantavam. DomFernando, com essa passagem, determinou que as trevas se fIZessem com luzesacessas".
Seu rosto, antes alegre, se contraipara afirmar:
"O Dr. Bernardino Monteiroenfrentou o duro da Grande Guerra e agripe eSJ?anhola. Cuidou principalmentedo interIor do Estado, com as estradasde rodagem e a lavoura de cacau, noRio Doce".
Em seguida volta aos fatos alegres:- "No dia 10 de outubro de 1918
entrou uma baleia e um baleio te (o filho),na baía de Vitória. O povo correu para ocais, o comércio fechou as portas, os funcionários públicos abandonaram as repartições, os alunos deixaram de ir a escola.Uma festa! No ano seguinte houve feriado, em homenagem à baleia".
Com Nestor Gomes a vida social arrefeceu. Suas três residências, segundoela, serviam muito bem para despistar asvisitas. Florentino Avidos'acreditava que
"o flaVO precisava mais", numaalusãeàs obras sociais empreendidas como ,casa de órfãos da Santa Casa, além dtuma fazenda-laboratório: a fazenda Maruípe "uma das melhores do Brasil"FOI um Governo voltado à remodelaçãeda cidade, com a abertura da Avenida Capixaba, a construção de prédios para repartições públicas, da Ponte para o Continente, que leva o seu nome, tendo ,efetiva participação de Moacir Avidos.
Uma vida aos 80Maria Stella de Novaes é hoje urr
exemplo à nossa velhice. Mantém urrtrabalho diário, constante, desenvolven·do estudos nas diversas áreas em queatua. Estuda as flores e seus segredostendo como flor preferida o lírio: "porque tem a pureza da cor, a retidão das li,nhas na corola e a rigidez da haste. Nãose verga".
Sobre seus trabalhos inéditos, hádois livros sobre Anchieta, sendo umpremiado em concurso do Conselho deCultura. Sua maior preocupação comAnchieta é a de que "o Apóstolo nãotem uma obra para que centenas de pe·regrinos ou simples visitantes a compree a leia".
Permanece inédita, ainda, sua obra"História Militar no Espírito Santo".Uma obra que, segundo ela, "projetariao Estado no cenário brasileiro". Da mesma forma, a biografia de Afonso Cláudio,"o grande amigo e protetor na fase duradas acumulações remuneradas". Nessaobra, a autora descreve toda a sua atividade no Movimento Republicano e naCampanha Abolicionista.
"Um homem extraordinário.Conheci-o bem. Dava-me lições de Direito a fim de que J?udessemos nos defenderdo Governo. Orientou nossos estudos enosso trabalho".
Permanece na prateleira "A mulherna História do ESplrito Santo" e sobremoluscos, a fim de atender a um pedidodo Instituto de MalacoJogia de Juiz deFora, q1.l;e o publicará. E autora de umplano de arborização do Contorno, co l11bambu, além de um plano sobre Turisjmo, premiado em concurso. Além disS9icostuma ler, diariamente A Gazeta, T~~3buna e Jornal do Brasil, para "mante~0me informada". E quando questionad~porque tanta dedicação a seu trabalho,ela responde, finalizando a conversa:- "O trabalho é intenso e a vida se vai!." Não perco tempo, mas, à noite, apósàs 18 horas, não trabalho. Nada escrevo.É' tempo de oração, do repouso, do pensamento em Deus, da preparação para aoutra vida!
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IPHAN tem novo nome: SPHAN,mas as funcões são as mesmas-
.'
Os destinos das cidades históricasbrasileiras e a conservação de todo o acervo cultural do País estão, agora, sendotraçados por dois órgãos: a SPHAN, Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, do MEC, e a FundaçãoPró-Memória, A SPHAN foi criada coma finalidade de proporcionar maior flexibilidade de ação, maior saldo orçamentário e melhor administração do Patrimônio Histórico, nova ~trutura quecorresponde ao antigo IP:BÂN, Por outro lado, caberá a Fundação Pró-Memória vocacionar adequadamente os imóveis que foram tombados pelo IPHANe que constituíam bens da União, .
A SPHAN, criada no dia J 3 de novembro, através do decreto-lei nO 84,198,passa a gerir os recursos destinados aoprograma de cidades históricas da Secretaria de Planejamento, integrando, tambem em seus quadros, o Centro Nacionalde Referência Cultural, ficando entãosob sua responsabilidade a preservaçãodo Patrimônio Arqueológico, o Patrimônio Etnográfico, que empreende asetnias indígenas e a produção da artepopular; a vitalização do artezanato, aconservação de arquivos públicos históricos e a preservação de bens móveis ouimóveis de cunho artístico ou histórico,
Aloísio Magalhães, ex-presidente doextinto IPHAN e atual secretário do Patrimônio, diz que é muito importante para o novo órgão que ele mantenha a flexibilidade adquirida. Explica que "naverdade foi em nome desta flexibilidadeque todas as mudanças foram operadas.O IPHAN estava aprisionado na trama doprocesso administrativo do serviço público, o que não seria tão ruim assim se oIPHAN não fosse uma entidade muitoespecial". Para ele, a falta de agilidade doInstituto causava todo o tipo de problemas, desde as dificuldades para obtençãode verbas, até às questões operacionais.
Na preservação,pouco interesse pelaarquitetura popular
Cita, como exemplo, a questão da mãode-obra formada pelo IPHAN duranteos 43 anos de vida, cujos profissionaisacabam dedicando-se a outros ofícios,por não haver possibilidade de enquadrá-los ao IPHAN de acordo com os pad~ões do serviço público.
A estrutura do novo órgão deveráser aprovada, em regimento interno, pelo Ministério da Educação e Cultura,nos termos do Decreto nO 68.885, de 6de julho de 1971, que irá, ainda, apontara competência de suas unidades. Mas enquanto isso não acontece, a SPHAN manterá a competência, o acêrvo, os critérios,as funções e o fundo contábel criado peloartigo 15 do decreto nO 66.967 de 27 dejulho ~e 1970, pertinente ao IPHAN.
Sobre suas finalidades, a SPHAN,segundo o Artigo 20 do decreto nO84.198, terá como objetivos mventariar, classificar, tombar, conservare restaurar monumentos, obras e documentos e demais bens de valor histórico, artístico e arqueológico existentes noPaís, bem como, tombar e proteger oacervo paisagístico do País.
A criação da Fundação Pró-Memória no dia 19 de nobembro, através de
Projeto-de-Iei será um desdobramento daSecretaria, que atuará através desse órgão, possibilitando a eliminação de problemas aparentemente simples, como acontratação de pessoal, como diz AloísioMagalhães:
- "Precisamos de pedreiros, cntalhadores e artesãos com formação especializada e sua contratação através doIPHAN tinha de ser submetida a concursos. Outro problema que poderemos superar será o de salários. Não é possíveloferecermos ao profissional de nível universitário a remuneração que o serviçopúblico oferece",
Para assegurar o bom desempenhoda nova fundação, foi delimitada umaoutra fórmula para obtenç,lo de verbas,além da administração vocacional dosbens imóveis tombados nelo IPHAN. Osbens não tombados, co:Uo edifícios, fazendas e heranças adjacentes, deixarãomais ou menos livre o que Aloísio Magalhães define como "as oscilações temperamentais dos orçamentos", o que se torna particularmente importante quandose leva em conta que o problema culturaldo Brasil ainda se encontra aos cuidadosdos interesses culturais da administraçãovigentl~.
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A atuacão do....
IPHAN no Espírito SantoJosé Antônio Carvalho*
* Professor de História da Arte na Univeridade Federal do Espírito Santo o IPHAN no Estado. - Te:to apresentado no IV Simp'ósio de História, realizado, em Vitória, de 6 a 10 de novembro de 1978.
1. Breve Histórico do Instituto doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Só em 1934, o Govern,o brasileirotomou a si a proteção efetiva do patrimônio histórico e artístico nacional, através do artigo 184 da Constituiçaõ da República dos Estados Unidos do Brasil. E,para ficar encarregado de "promover emtodo o País, de modo permanente, otombamento, a conservação, o enriquecimento e o conhecimento do patrimônio histórico e artístico nacional", criou-se pela Lei na 378, de 13 de janeiro de1937, o Serviço do Patrimônio Histórico eArtístico Nacional (SPHAN) , vinculadoao Ministério da Educação e Saúde.
E foi esse órgão que, dirigido pelopulso forte e dinâmico de Rodrigo MeloFranco de Andrade, congregou estudiososda arte brasileira e publicou uma série deartigos importantíssimos que, a partir dadécada de 40, saíam na então chamadaRevistu do Serviço do Patrimônio Histórico e A rtútico Nacional (revista doSPHAN). Esses trabalhos, escritos por estudiosos brasileiros - como LUCIO COSTA, SERGIO BUARQUE DE HOLANDA, MARIO DE ANDRADE, SALOMÃODE VASCONCELOS, D. CLEMENTEMARlA DA SILVA NIGRA, HANNAHLEVY, GASTÃO CRULS, J. WASTHRODRIGUES, CONEGO RAIMUNDOTRINDADE, NORONHA SANTOS, ARTUR CESAR FERREIRA REIS, Pe. SERAFIM LEITE, LUIS SAIA, LOURENÇO LUIS LACOMBE e, inclusive um capixaba, MARIO ARISTIDES FREIRE -,e por estrangeiros interessados no Brasil como ROBERT CHESTER SMITH, L. L.VAUTHIER, GERMAIN BAZIN -, foram o marco inicial dos estudos sérios,profundos e analíticos da arte feita noBrasil, principalmente no período colonial. Foi com eles que se desenvolveu ogosto pela História da Arte Brasileira e se
abriu o campo de pesquisas. A criaçãode museus ativou estudos e publicaçõesque, de um modo geral, ficaram maispresos ao período acima citado. RodrigoMelo Franco de Andrade foi, também,responsável pela for maçã(', de técnicos emrestauração.
A atuação do SPHAN passou a sefazer de acordo com o Decreto-Lei nO25, de 30 de novembro de 1937, que organizou a proteção ao patrimônio histórico e artístico nacional, regulamentandoo quê e como deveria ser preservado.
Em 2 de janeiro de 1946, o decreto-lei nO 8.534, alterava o nome deSPHAN para Diretoria do Patrimônio Histórico e Artútico Nacional (DPHA·N). ADPHAN passou a ter uma estrutura organizada, diferente da que possuía oSPHAN. Esse possuía apenas o ConselhoConsultivo e os órgãos necessários ao seufuncionamento, enquanto aquela passavaa ter, além do Conselho Consultivo, nosmoldes do SPHAN e comandado pelo Diretor-Geral: uma Divisa0 de Estudos eTombamentos (com seções de Arte ?;
História); outra de Conservaçaõ e Restauraçaõ (com seções de Projetos eObras); 4 distritos; além de três museus(Inconfidência em Ouro Preto; Ouro emSabará; e Missões no Rio Grande do Sul).O Decreto na 20.303, também de 02/0111946, aprovava o Regimento da DPHAN.Esse decreto foi alterado pela portarianO 230, de 26 de março de 1976, queaprovou o Regimento Interno do Instituto do patrimônio Histórico e ArtlsticoNacional (IPHAN). A alteração não sedeu apenas no nome. O novo órgão,com todas as atribuições anteriores, passou a ter uma organização melhor es-
truturada, que lhe permite uma ação maintensa e efetiva em todo o territórbrasileiro, embora tenha ainda, basicmente, toda a estrutura da DPHA.!acrescida de O1;:ltros órgãos necessários.ORGANIZAÇAO é a seguinte, correspodendo, também, ao capítulo lI, do Rgimento Interno do IPHAN:
"Are 20 .' O Instituto do Patrimônio Histrico e Artí~tico Nacional terá a seguinte estrutur
1 Orgão Colegiado1.1 - Conselho Consultivo.
2 Órgão de Planejamento2.1 - Coordenadoria de Planejament<:>
2.1.1 - Serviço de Planejameto, Controle e Avaliaçãe
2.1. 2 - Serviço de Controle (Comércio de Obras (Arte e Desenvolvimen
_ do Fundo.3 - Orgão de Administração de Atividad,
Específicas.3.1 Divisão de Estudos, Pesquisas
Tombamento.3.1.1 - Seção de Estudos e Pe
quisas3.1.2 Seção de Inventário
Tombamento3.1.3 Laboratório Central (
Documentação" Fotogr.fica e Microftlmagem.
3.2 - Divisão de Conservação e Resta,ração3.2.1 ~ Seção de Análise e Obra3.2.2 - Seção de Projetos Arqu
tetânicos3.2.3 - Centro de Restauraçã
de Bens Culturais3.3 - Divisão de Museus e de Difusâ
Cultural3.3.1 - Seção de Atividades
seológicas3.3.2 - Seção de Divulgação3.3.3 Biblioteca
3.4 Divisão de Arqueologia3.4.1 - Seção de Pesquisa
Campo3.4.2 - Seção de Controle e
dastro
r
4 Órgão de Administração de AtividadesAuxiliares4.1 - Divisão de Pessoal
4.1.1 - Seção de RecrutamentoSeleção e Aperfeiçoamento do Pessoal
4.1.2 Seção de Cadastro e Legislação do Pessoal
4.1.3 Seção de Atividades Auxiliares
4.2 - Divisão de Execução Orçamentária e Financeira4.2.1 Seção de Execução Or
çamentária4.2.2 - Seção de Execução Fi
nanceira4.3 - Divisão de Serviços Gerais
4.3.1 - Seção de Material4.3.2 - Seção de Ativida4es Au
xiliares5 Órgãos Descentralizados
5.1 -Diretorias Regionais5.1.1 Seção de Obras5.1.2 - Seção de Estudos e Tom
bamento5.1.3 - Seção de Arqueologia5.1.4 - Seção de Controle de Co
mércio de Obras de Arte5.1.5 - Laboratório de Recupe
ração de Obras de Arte5.1.6 - Laboratório de Docu
mentação Fotográfica eMicrofIlmagem
5.1.7 - Seção de Atividades Auxiliares
5.1.8 - Representações5.1.9 Administração do Parque
Histórico Nacional deGuararapes
5.2 Museus e Casas Históricas5.2.1 - Se.ção de Atividades Au
xiliares5.2.2 Seção Museológica
Art. 30 . As Diretorias Regionais, em númerode nove, são os órgãos de execução das atividades-fim do Instituto, em cada região, assim discriminados:
1" . Diretoria, com sede na cidade deBelém, compreendendo os estados deAmazonas, Pará, Acre e Territórios doAmapá e Roraima;
I! 2a Diretoria, com sede na cidade de SãoLuiz, compreendendo os estados de Maranhão, Piauí e Ceará;
lI! 3a Diretoria, com sede na cidade de Recife, compreendendo os estados do RioGrande do Norte, Paralba, Pernambuco,Alagoas e Território de Fernando deNoronha:
IV - 4a Diretoria, com sede na cidade de Salvador, compreendendo os estados deSergipe e Bahia;
V - 5a Diretoria, com sede na cidade do Riode Janeiro, compreendendo os estadosdo Espírito Santo e Rio de Janeiro:
IV ~ 6a Diretoria, com sede na cidade de Be"lo Horizonte, compreendendo o estado de Minas Gerais;
HV - 7a Diretoria, com sede na cidade deBrasl1ia, compreendendo o Distrito Fe-
25
deral e os estados de Goiás, Mato Grosso Território de Rondônia;
HIV - 8a Diretoria, com sede na cidade de SãoPaulo, compreendendo os estados deSão Paulo e Paraná;
IX-9a Diretoria, com sede na cidade de Porto Alegre, compreendendo os estadosde Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
§ l° A Administração do Pargue HistóricoNacional dos Guararapcs criado, pelo Decreto nO
68.527, de 19 de abril de 1971, é unidade integrante da estrutura da 3a Diretoria Regional.
§ 20 A 5a Diretoria Regional. para as atividades de recuperação de obras de arte e de documentação fotográfica e microfilmagem, se apoiar<lno Cent!'"ü de Restauraçáo de I)cns Culturais e noLaboratório Central de Documentaç'io Fotográfica e Microfilmagem.
§ 30 Nas capitais de Unidades da Federaçãoonde nã6 se localizarem sedes de Diretoria Regio ..nal haverá Representações, subordinadas diretamente ao Diretor Regional a cuja jurisdição estiver compreendida a cidade.
§ 40 As· Diretorias Regionais receberão orientação técnica das Divisões de Estudos, Pesquisase Tombamento; de Conservação e Restauração;e de Arqueologia.
Art. 40 . Os Grupos de Museus e Casas Históricas integradas por unidades executivas de atividades museológicas e constituídos segundo interesses regional e adminístrativo, compreendem:
GRUPO 1a) Unidade Museológica Sede - Museu da
Inconfidência em Ouro Preto, no Estadode Minas Gerais;
b) Unidades Museológicas Locais Casa daBaronesa e Casa da Rua Pilar, em OuroPreto, Casa da Rua Direita, em Mariana,Casa Setecentista de Santa Rita Durãoe Museu Regio nal de São João Del Re i,no Estado de Minas Gerais;
GRUPO 11
GRUPO lI!
GRUPO IVa) Unidade Museológica Sede Casa de
Benjamim Constant, na cidade do Riode Janeiro, Estado do Rio de J an eiro;
b) Unidades Museológicas Locais Casad~ Hera 1 em Vassouras, Forte DefensorPerpétuo e Museu de Arte Sacra naIgreja de Santa Rita, em Parati, Convento Franciscano em Cabo Frio, recolhimento de Santa Tereza, em !taipu, todasno Estado do Rio de Janeiro; SolarMonjardim e Igreja de Santa Luzia, emVitória, Museu de Arte Sacra na Igrejados Reis Magos, em Nova Almeida, todos no Estado do Espírito Santo.
GRUPO V
GRUPO VI
GRUPO VII..........
Par;ígrafo Único. Os Grupos de Museus e Casas Históricas receberão orientação técnica da Divisão de Museus e Difusão Cultural.
Art. 50 O IPHAN será dirigido por um Diretor Geral; a Coordenadoria de Planejamento e os
Igreja do Rosário:Vila Velha e Vitória
Grupos de Museus e Casas .Históricas por Coordenadores; as Diretorias Regionais por Diretores Regionais; as Divisões, o Laboratório Central, o Centro de Restauração, por Diretores; A Biblioteca,o Arquivo, as Seções, os Laboratórios das Diretorias Regionais, as Representações e as UnidadesMuseológicas Locais por Chefes; e a Administraçãodo Parque Histórico Nacional dos Guararapes porAdministrador, cujos cargos e funções serão providos na forma da legislação vigente.
Parágrafo Único. A Unidade Museológica Sede de cada Grupo de Museus e Casas Históric~s será dirigida pelo Coordenador do respectivo Grupo.
Art. 60 Os ocupantes dOIs cargos ou funçõesde direção serão substituídos, em suas faltas ou impedimentos, por servidores por eles indicados, designados na forma da legislação própria".
2. Funcionamento do IPHAN noEspírito Santo. j
Desde a sua criação, o IPHAN tinha, no Espírito Santo, um Representantedo Diretor-Geral. O primeiro Representante foi André Carloni. Ajudado ou Orientado por Mario Aristides Freire, AndréCarloni foi, na realidade, o primeiro responsável pela preservação e restauraçãoda maioria dos monumentos tombadosque temos hoje. SU31 ação, representandoo Diretor-Geral do Orgão no Espírito Santo se extendeu por mais de 20 anos.
Em 1965, por desistência sua, foidesignado o arquiteto Dr. ChristianoWoelffel Fraga que teve sua atuação marcada pelo tombamento da Igreja de NossaSenhora da Conceição de Guarapari epela restauração atual da maior parte dosmonumentos, com obras, inclusive, emmonumentos não tombados, como é o caso da Igreja de Muribeca; da Matriz deViana; da Igreja de Queimados; da Igrejade Nossa Senhora de Belém, na entradapara Viana. Tentou o tombamento demonumentos importantes como o Fortede São João e o Convento Franciscanode Santo Antônio, além da Igreja de Nossa Senhora de Belém. Arrolou a Igrejade Nossa Senhora da Conceição, Matrizde Viana, para tombamento, cujo processo está em andamento.
O Dr. Christiano Woelffel Fragapermaneceu à frente do IPHAN, no Espírito Santo, até 1977, quando fomosdesignados, por indicação sua, por nãodesejar mais exercer as funções, emboracontinu<; a colaborar com a Representaçio do Orgão no Espírito Santo, na orientaç;io das restaurações.
Na realidade, a Representação doIPHAN, no Espírito Santo, se resume àpessoa do Representante. É ele quem
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cuida do expediente, fiscaliza as obras,comparece às solenidades, apresenta sugestões sobre as restaurações, embargaobras não autorizadas nas proximidadesde monumentos tombados e outras atividades ligadas à preservação do patrimônio histórico e artístico do Estado doEspírito Santo.
Com a nova organização do IPHAN,transcrita acima, o Espírito Santo estáincluído em uma Diretoria Regional(Art. 20 ítem 5.1.8 - Representações),a de nO 5 (Art. 30 , item V e § 3 0 ). Ouseja, o Espírito Santo possui uma Representação do IPHAN, subordinada à 5aDiretoria Regional q u~ tem sua sedeno Rio de Janeiro.
Aos poucos, vai-se montando, noEstado, essa RepreS'entação. Ainda se re-
Convento da Penha - Vila Velha
duz, na parte de pessoal, ao Representante, mas já temos uma parte de mobiliário;pretendemos uma sede e pessoal para organizar todo o trabalho, que não é pouco.Pretendemos, também, ter uma biblioteca especializada em arte brasileira e his;tória, e, em particular, sobre a arte e históriado Espírito Santo.
3. Patrimônio Nacional e Patrimônio Regional.
Logo no início de sua criação, oIPHAN sentiu que sua responsabilidade seextendia a todos os monumentos que encontrasse e que apresentassem características de sua construção original. E isso fazia sentido, já que era o único órgão existente com a função específica da preser-
vação dos bens culturais que o Brasilpossuía.
Hoje, porém, o IPHAN parece sentir o problema de modo diverso. Compreen'dendo a necessidade de uma atençãomais direta aos monumentos tombadose sentido que a quantidade deles - àmedida que se estuda e que se conhecemelhor cada região - aumenta sempre,o IPHAN parece ter optado por uma descentralização da sua atividade, procurando incentivar a criação de órgãos municipais ou estaduais que arquem com aresponsabilidade da preservação dos monumentos que interessem, diretamente, àhistória regional dos estados onde essesmonumentos se situem.
Assim sendo, parece ser desejo doIPHAN que todo Estado tenha seu órgãoque lhe seja similar, a fim de preservaros monumentos locais, enquanto elepróprio se preocuparia apenas com osde interesse nacional. Mas, mesmo assim,importa-se o IPHAN pela preservação erestauração dos monumentos de interesseregional, procurando orientar os órgãoslocais nas restaurações: enviando téc:nicos,fazendo sugestões, às vezes fornecendoverbas, ou participando efetivamente naformação de restauradores, como nos doiscursos que realizou em Belo Horizonte,um para arquitetos, outro para formadosem cursos de arte de nível superior.
Se levarmos em conta essa nova perspectiva do IPHAN, verificamos que, demodo geral, pela pobreza do EspíritoSanto em monumentos de interesse nacional, a maioria dos edifícios tombados estáligada ao patrimônio histór:Íco e artístico regional. E, apesar disso, apenas oIPHAN, no Estado, preserva, restaura econserva os monumentos aqui existentes,como veremos adiante.
4. Monumentos tombados no Espírito Santo.
Uma publicação do IPHAN1973 relaciona como tombados, nopírito Santo, os seguintes monumentos
1. Igreja de Nossa Senhora dasunção e residência anexa,Anchieta;
2. Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Guarapari;
3. Igreja dos Reis Magos e residência anexa, compreendendo apraça fronteira, em N.ova Almeida, Município da Serra.
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tos das igrejas que os jesuítas construíram.
Possivelmente outras edificações,no Espírito Santo, mer«:cessem ser tombadas e devessem sê-lo. A medida em queos estudos forem sendo feitos e os monumentos apresentarem as condições necessárias ao tombamento, eles serão tombados.
1. Reis Magos em Nova Almeida.O edifício estava bastan te arruina
do em 1944. Passou ele, no século passado, por uma série de necessidades, emvirtude da pobreza da então Provínciado Espírito Santo, até que desabou todaa parte traseira da Residência. A parteda frente era utilizada pela Casa da Câmara e Cadeia e era a única parte que aProvíncia às vezes consertava.
Em 1944, o IPHAN (entãoSPHAN), fez uma restauração de todo oedifício que, mais tarde, voltou a sofreralguns reparos e se apresenta hoje umpouco sujo ~as, inteiramente restauradoe completo. E um dos mais belos exemplares de construção dos jesuítas e, dentro do Espírito Santo, é o mais rico detodos os mon~mentos erigidos pelospadres da Companhia. Possui uma portada de pedra de lioz; do mesmo materialsão as vergas, ombreiras e peitoris das trêsjanelas da frontaria; a portada da entrada lateral é também em pedra de lioz, e averga, ombreiras e batente do piso da porta de acesso ao coro, vindo da torre,também o são. Ainda de pedra de lioz sãotodas as pias de água benta existentes:uma de pé, batismal, à esquerda de quementra pela porta principal; e uma deparede à direita de quem entra pela mesma porta; à esquerda de quem entra pelaporta lateral está outra de parede; à esquerda da porta de entrada da sacristia,pelo lado de fora, está uma pequena, também de parede; e, no interior da sacristia,uma pia dotada de caixa para água corren'te, com uma torneira, é também de lioz.Seu retábulo de madeira, em talha é umapeça riquíssima, revelando, por sua "rusticidade", a possibilidade da mão-de-obraindígena, com motivos da fauna enrique-
Obras de restauracão em monumentos do Estado do Espírito Santo já executados.
6.
Forte de São João: descaracterizado
São João está entre os primeiros aldeiamentos existentes no Espírito Santo e foiuma das aldeias nomeadas até fins do século XVI. A outra era a de Nossa Senhora da Conceição. São João continuouexistindo, até a primeira metade do séculoXVII, como aldeia de visita, até o abandono total, em virtude da fundação daAldeia de Reis Magos. A Igreja data de1584. É verdade que, do edifício existente hoje, apenas a nave e a torre unida àfachada são da época dos jesuítas.
Já o segundo monumento, era' umaIgreja de fazenda: a maior fazenda de gado que jamais existiu no Espírito Santo.Deve datar de meados do século XVII para o fim. Sofreu algumas modificaçõesmas ainda conserva quase todos OS aspec-
5. Monumentos que a representação do IPHAN pretende tombarno Espírito Santo.
Dos monumentos do Espírito Santode interesse nacional que esta Representação tem interesse em tombar e, paratanto já está preparando a documentaçãonecessária, até o momento, são dois e, porsinal, erigidos pelos jesuítas: o primeiro éa Igreja de São João Batista, em Carapina,município da Serra; e o segundo é a Igrejade Nossa Senhora das Neves, em Muribeca, município de Presidente Kenedy ,junto à divisa com o Estado do Rio de J aneiro.
O primeiro dos monumentos citados (Igreja de São João Batista) foi aIgreja de uma aldeia indígena, fundadapelos jesuítas e dotada de Residência.
4. Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Araçatiba, município deViana (esses 4 monumentos foram construídos pelos jesuítas) ;
5. Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Vila Velha;
6. Igreja e Convento de Nossa Senhora da Penha, compreendendotodo o outeiro onde a construção fica situada, em Vila Velha;
7. Igreja de Santa Luzia, em Vitória'
8. Igr~ja de Nossa Senhora do Rosário, em Vitória;
9. I~reja de São Gonçalo, em Vitóna;
10 .Casa e Chácara do Barão deMonjardim, antiga Fazenda Jucutuquara, em Vitória;
11.Casa na Rua José Marcelino, nO197;
12.Casa na Rua José Marcelino, nO203/205.
Além desses. encontra-se arroladapara tombamento a Igreja Nossa Senhorada Conceição, Matriz de Viana.
Se' formos analisar detidamente ocaráter dos tombamentos citados, vamosver que, além dos 4 edifícios que foramdos jesuítas (sem contar o palácio do Governo, inteiramente desfigurado, e nãotombado) e o Convento da Penha, franciscano, que apresentam caráter nacional, só a Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Vila Velha, por sua antiguidade(segundo Mario Freire, sua pedra d'ara éde 1535), mereceria o tombamento emâmbito nacional. Todos os outros monumentos são de interesse da história regional. E um caso nos parece bastante interessante: a Igreja de São Gonçalo foitombada por causa de duas importantesimagens situadas em seu interior e quenão lhes pertencem, pois foram do antigoColégio dos Jesuítas no Espírito Santo:
ão Francisco Xavier e Santo Inácio deoiola. E as duas casas da rua José Mar
celino que só à arquitetura civil de Vitória interessaria. Além desses, o "SolarMonjardim", tem um interesse Nacional,por ser uma das poucas casas de fazendadas mais bem conservadas existenteshoje, embora não seja um monumentode grande porte.
cidos pela conotação da crença do nossoíndio.
Essa Igreja com residência será embreve um museu como consta do Regimento Interno do IPHAN, como transcrito acima (ítem 1: Transcrição da organização do IPHAN: art. 40 , Grupo IV,item b).
2. Igreja de Santa Luzia em Vitória.Também em 1944, se fez a restau
ração na Igreja de Santa Luzia. O prédioestava bastante danificado e, na restauração, cometeu-se um tremendo crime contra o monumento, não só quapdo se permitiu a reconstrução da casa anexa a ele,mas também porque com esta reconstrução, fechou-se um óculo que existia primitivamente e retirou-se uma sineira existente ao lado desse óculo.
A capela de Santa Luzia está incluída como museu no Regimento Interno do IPHAN, conforme citado acima para a Igreja dos Reis Magos. NessaCape la onde hoje, provisoriamente, enquanto a UFES não consegue um outro lugar, funciona a Galeria de Arte e Pesquisada UFES, administrada pelo Centro deArtes. Foram feitas outras obras de conservação do monumento que, como o deReis Magos, é Próprio Nacional.
3. Igreja de Nossa Senhora do Rosárioem Vitória.
As primeiras obras de restauraçãoe conservação deste monumento datamda época de André Carloni mas, em 1969,se fez /lova restauração. O crime maiorcontra o monumento são as várias construções à sua volta que não só "sufocar2 m" o edifício mas, também, tiraram abeleza da escadaria de acesso, como ainela se pode ver por fotografias do princípio deste século.
4. Solar Monjardim em Vitória.Obras de conservação foram feitas
muito cedo mas a restauração do monumento só se fez entre 1970 e 1974, poisnessa época o edifício se achava bastantearruinado. O Solar também está incluído no Regimento Interno do IPHAN como Museu, tal como as duas igrejas acimacitadas.
5. Igreja de Nossa Senhora da Ajudaem Araçatiba.
As obras de restauração dessa Igre-
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ja, apesar de ter havido outras antes, datam de 1969. A Igreja apresenta, comoas i,grejas p.equenas que os jesuítas constrUlram, 3 janelas sobre a nave. Estão nomesmo caso: a Igreja de São João Batistaem Carapina; a Igreja de Nossa Senhorada Conceição em Guarapari; e a de NossaSenhora das Neves em Muribeca. Só que,na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, asjanelas são dotadas de sacadas, com balaustradas, dando para o interior como sefossem portas. Fato esse que acontece emuma falsa janela, sobre a capela-mor daIgreja do Convento da Penha.
6. Casa nO 197 da rua José Marcelinoem Vitória.
Nesta casa, o IPHAN também fezobras de restauração em uma época bem
Solar Monjardim - Vitória
recente: 1970. Seu estado era bastanteprecário.
7. Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Guarapari.
Nesta Igreja, tombada em 1967, oIPHAN realizou obras de conservação epequenos reparos. A restauração deveráser uma obra para o futuro. Dela foramretirados dois altares laterais que se situavam (inclinados) sobre as paredes ondese ergue o arco cruzeiro.
8. Igreja de São Gonçalo em Vitória.Esta Igreja também recentemente
recebeu a atenção do IPHAN: foi restaurada em 1973. Dela foi retirado um púlpito em concreto existente dentro da nave.
9. Convento e Igreja de Nossa Senholda Penha em Vila Velha.
Este edifício ainda não teve grand,obras de restauração. Alguns pequenos rparos apenas. Há, porém, a intenção duma restauração, pois algumas part<foram acrescentadas ao edifício. Nãoserá, porém, assim o acreditamos, ant(de um estudo sobre o monumento.
Além desses monumentos, a Igrejde São Benedito, em São Mateus, tambélsofreu restauração em 1951. Nessa obr:o IPHAN foi ajudado pelo povo que COI
tribuiu para os trabalhos. Como dissemcacima, também se fez obras em outremonumentos não tombados como: Igreje Convento Franciscano de Santo Anténio; Igreja de Nossa Senhora da Conceção (Matriz) de Viana; Igreja de NossSenhora do Amparo de Itapemirim; Ignja de Nossa Senhora de Belém, na entradpara Viana.
7. Monumentos que estão sendrestaurados pelo IPHAN-ES.
Presentemente, o IPHAN está retaurando dois monumentos: a Igreja dNossa Senhora do Rosário em Vila Velhe a Igreja de Nossa Senhora da Assunçãecom residência anexa, em Anchieta.
I. Igreja de Nossa Senhora do Rosári(Vila Velha.
Aqui, as obras maiores estavalligadas à reparação do madeiramento dtelhado. O IPHAN está evidando esfoJços para conseguir a telha própria (telhcanal), para substituir a telha francesa qucobre hoje a Igreja, restaurando o telhadque, assim, retomará seu primitivo a:pecto.
11. Residência e Igreja de Nossa Senhorda Assunção em Anchieta.
Esta Igreja necessita de umaração em. quase todos os. seus aSI}ec:tô)Teve, há alguns anos, necessidaderos e, nessa época, restaurou-se ata de Anchieta, que estava bastantenada. E desobstruiu-se a sala quepor baixo dela, onde se instalou ode Anchieta.
Essa obra de restauração está sendfeita precedida por um estudo profunddo monumento, feito através de doclmentos do século passado, executado pcnós, como parte da Dissertação de Mestndo. Nesse trabalho, fizemos um levant,
menta das modificações e alterações introduzidas no edifício após a exp1tlsão dosjesuítas. Esse estudo facilitará o desenvolvimento das obras que implicarão na alteração de vários dos aspectos que a Igrejaapresenta hoje.
8. Considerações finaisO IPHAN tem lutado, até 8_gora,
praticamente sozinho para a preservação dos monumentos. Não só no ,Espírito Santo mas em todo o Brasil. E verdade que em estados como Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro,existe o Patrimônio Local, estadual,que também se empenha na conservaçãoe restauração dos monumentos. Aqui, noEspírito Santo, temos que aguardar otrabalho que vem desenvolvendo, nessesentido, a Fundação Jones dos SantosNeves.
De qualquer forma, há monumentos no Espírito Santo que mereceriamtombamento por parte do Estado, bemcomo sua restauração e conservação. Podemos citar alguns como:a IGREJA DENOSSA SENHORA DE BELÉM, em Viana, construída em meados do séculoXVIII; a IGREJA DE SÃO JOSÉ emQueimados, de meados do século passadoe bastante relacionada à História do Espírito Santo; a primitiva MATRIZ DENOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃOem Guarapari, erigida em 1677 pelo então Donatário Francisco Gil de Araújoe que o próprio Estado, através da Cesan,está sufocando suas ruínas com construções imensas e, possivelmente, condenando-a à desaparição; o CONVENTO EIGREJA DE SANTO ANTONIO, franciscano, de princípios do século XVII (finsdo século XVI?), e do qual se poderiarestaurar, pelo menos, a subida antiga;ainda poderíamos citar algumas casasque também poderiam ser incluídas parapreservação, para que se evitassem danosirreparáveis, como a demolição da "Ca
de Bilhar" que existia na Avenida J e'nimo Monteiro, junto ao "Beco da Viúa", um dos poucos exemplares "art-noueau" de Vitória; como exemplo, pode
ríamos citar os fundos do Hotel Europa,já em parte desfigurado; umas das outras casas da rua Duque de Caxias; e, umimportantíssimo monumento natural queconstou de todas as descrições e relatórios, sobre o Espírito Santo de visitantesdo passado: O PENEDO.
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Todas essas notas são apenas o despertar para uma conscientização da importância das nossas artes em determinados momentos de nossa cultura. Preservar os monumentos nacionais ou regionais deveria ser o desejo primeiro de todos nós. No Espírito Santo, infelizmente,issso não vem acontecendo: o próprioGoverno do Estado ajudou na desfiguração do Teatro Carlos Gomes, erguido, apartir de 1927, por André Carloni e,recentemente, "deformado" ou despojado de suas características; um Clube, oSaldanha da Gama, cheio de tradição noEspírito Santo, através de um seu presidente, para que seus associados tivessemuma piscina, não titubeou em demolir amu!:alha do antigo FORTE DE SÃOJOAO. E, pior, destruindo um patrimô-
Igreja de N. S. da Ajuda - Araçatiba
nio que não lhe pertencia. E dirão todosque ela, a muralha, ainda está de pé? Sim,está, só que fora de seu local primitivo econstruída de LAJOTAS! ! ! Que crimemais inominável se cometeu? ! ! Semfalar nas destruições,do passado, co~o
por exemplo: o COLEGIO DQS JESUITAS COM A IGREJA DE SAO TrAGO,hoje, Palá<;.io do Governo; da IGREJA DAMISERICORDIA, hoje, Assembléia Legislativa; da IGREJA DE SANTO ANTONIO COM O CONVENTO FRANCISCANO e a IGREJA DA ORDEM TERCEIRADE SÃO FRANCISCO, onde funcionahoje uma Rádio, e o Bispado, da qual,apenas um frontispício existe; da antigaMATRIZ DE VITORIA, hoje transformada na Catedral que conhecemos" de um
estilo "infeliz", sem classificação; daIGREJA DA ORDEM TERCEIRA DOCARMO, hoje inexistente e a transformação do estilo do CONVENTO DO CARMO COM A IGREJA para um estilo imitativo do gótico, como a infeliz Catedral.
Pode parecer incrível, mas sendouma das mais antigas cidades do Brasil,Vitória tenha tão pouca coisa de sua história: a não ser a Capela de Santa Luzia,o prédio mais antigo da Capital e daIgreja de Nossa Senhora do Rosário, doséculo XVIII, só a Igreja de São Gonçalo,do século XIX (fins do século XVIII?).E teve condições de possuir uma quantidade de mOl:umentos importantes algumas vezes maJor.
É preciso que acordemos agora, para uma conscientização da necessidade depreservação de nossos monumentos. Se,lssim não for, continuaremos a ter casosde edifícios construídos !las proximidadesde monumentos com a sufocação dosmesmos; demolição de casas que são marcos importantes de nossa arquitetura eque, por tendência, desaparecerão; e atéa exportação clandestina de nossas obrasde escultura e pintura. Mas, se não tomarmos a iniciativa, agora, dessa conscientização, juntos, principalmente àjuventude, vamos ter mais casos como aquele,de um diretor de uma dessas escolasindependentes, de ensino superior, quecomprou uma área de terra na Ilha de Vitória, onde existia uma casa em ruínas.Esse diretor mandou demolir a casa arruinada e, em entre~sta a umjornal da cidade, declarou que' o tinha feito antes queo Patrimônio Histórico resolvesse tombara casa. Que tipo de cultura, e de ensino,e de exemplo, pensa esse diretor fornecer a seus alunos, se ele próprio não sabeo que isso significa?
O IPHAN continuará sua luta, masacreditamos que a tomada de posiçãodo povo da preservação dos monumentospode manter acesa a esperança de que todos os marcos importantes de nossa cultura artística sejam preservados e, quemsabe, até levar um dos nossos próximosgovernadores a não só abandonar o antigoColégio dos Jesuítas com a Igreja de SãoTiago mas, a restaurá-lo e entregá-lo aopúblico, para ser um centro de cultura local; local e atuante, exatamente no lugaronde o Espírito Santo começou a se tornar culto.
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Patrimônio:o difícil caminho da preservação
Helena Gomes*
Igreja Matriz - Viana
Quanto maior diversidade apresentam as manifestações culturaisde um povo, maior riqueza ele terá.Em princípio, deveriam ser protegidas todas as manifestações culturaisdos povos e o legado da natureza.Entretanto, a ameaça a que estãosujeitos liga-se estreitamente à dommação cultural e econômica dasnações, povos e grup.os econômicos.Falar em preservação das manifestações culturais irá implicar necessariamente numa questão mais ampla,que é a defesa da liberdade de expressão do indivíduo.
Difícil é abordar o assunto semque se incorra em estratificaçõesonde se dá ênfase especial a aspectos culturais que, em maior ou menor grau, representam as características culturais da ideolo~a dominante. As diferentes manIfestaçõesculturais, menos perceptíveis no espaço, devido à diferença de apropriação que apresentam, tendem apassar despercebidas e, não raro, serem apagadas da história. Assimtem acontecido com a cultura indígena, assim tende a acontecer com acultura negra e com qualquer outra manifestação ou cultura que não tenha forçade ir contra os valores que são impostospor novas ordens econômicas e culturais.
Preservar nossos monumentos históricos, sítios arqueológicos, sítios paisagísticos, preservar nosso patrimônio ambientai urbano reveste-se da maior importância, mas preservar comunidades litorâneas sujeitas à desagre~ação em funçãoda especulação imobiliaria, do turismo eda alteração dos sistemas hidrológicose poluição marinha, preservar os recursos naturais, as pequenás comunidades deimigrantes, as mamfestações culturais negras, como ticumbi, a congada e o reizado, reveste-se também da maior importância, pois isso é cultura, herança viva dopovo. Isso é identidade, é a ligação do homem com a terra e com o passado.
A história se escreve no espaço, napedra, no cal, no concreto, na natureza.
As transformações do meio realizadaspelo homem representam sua históriaviva e tendem, como todos os processosda natureza, a se transformarem continuamente através da destruição e reconstrução sucessivas. Porém, a importância desses registros se fundamenta no referencialque nos possibilita compreender o passado e a interpretação do presente. As manifestações presentes também constituemse em elementos que serão história amanhã. Torna-se, então muito difícil estratificar determinados aspectos sem quehaja uma reintegração no tempo presente.
A história deste Estado esta em seusprimeiros esboços. Muito ainda deverá serlevantado o sistematizado. Percebe-se quea influência indígena no Espírito Santo émilito forte, porém ainda não sistematizada. Das numerosas tribos que viviam
* Arquiteta
aqui, hoje existe uma pequena rserva indígena em Santa Cruz corrúltimo baluarte. Embora praticmente dizimados, os indígenas eEspírito Santo legaram vocabulárihábitos alimentares, instrumentede trabalho e traços de caráter.
Paralelamente, houve forte ifluência da cultura africana na fcmação do Espírito Santo
dprincip:
mente na região norte o Estadque ainda conserva manifestaçõculturais riquíssimas.
Quanto aos assentament'humanos existentes no Espírito Sato,exemplos de vilas com traçado ubanístico muito primitivo, assi
~ como outras que conservamõ; tradições de seus imigrantes, há!:" d ' d .'" tos e costumes e palses e ongerCl d ' . Iapresentan o pouqulsslmas a terg, ções." O imigrante europeu que p'
voou o interior do Espírito Sanldeparou-se com um meio ambie:te inóspido e completamente distito de seus países de origem. A iventividade do homem ao me
obrigou-o a criar soluções novas e orÍ@nais, tanto no trato à terra como erelação _ aos ~eu~ .instrumentos e SI
produçao arqmtetol11ca. ..Quanto ao trabalho da terra, n~
usando as técnicas de seus países de OI
gem, o imigrante desenvolveu aqui urra~ricultura mais predatória do que ec'logica,. tendo como resultante terr:gastas e com baixa produtividade.!?)<;l.uanto isso, a produção arquitetôl1..~l(com a derrubada das matas,já alterar,;~se as formas construtivas) na zona de i~gração utilizava técnicas de estruturax~madeira, vedação de barro (na técni,de adobe) e o telhado de táboas. Aineexistem muitas casas construídas com esa técnica, mas que vão gradativameri'desaparecendo. Embora não seja arrecido o valor cultural dessas habitações,
de se registrar que elas representam umperíodo econômico e de utilização da!1ªtureza completamente distintos doatual, residindo aí sua importância.
Observa-se, nas cidades, a destruição paulatina de espaços urbanos e formas de vida de períodos anteriores. Osmqrcos históricos são apagados cada vezcom maior frequência.
Cada cidade apresenta uma historicidade específica que deve ser respeitada, uma vez que essa mesma historicidade é que influencia e direciona o futuro.A cidade é fruto de espírito do tempo recolhido pelo gênio do lugar. Ela é o somatório de todos os valores, vivênCias egerações que nela viveram.
Um programa de preservação do patrimônio cultural e natural do Estado poderia enfocar os seguintes aspectos:
• Características e influências dacultura indígena no Espírito Santo;
• Características e influências dacultura negra no Espírito Santo;
• Preservação de elementos representativos da produção arquitetônica dosdiversos perío~os de urbanização das vilas e cidades. E importante não somente aprodução arquitetônica histórica e artística, mas, também, as originais diversificadas manifestações que evidenciam as técnicas construtivas e os materiais utilizados.
• Preservação de espaços urbanosde uso coletivo como ruas, praças, parques, escadarias, enfim, garantir a preservação e revitalização dos espaços abertos no meio urbano;
.. Orientar o desenvolvimento dasvilas e peqUenas cidades da zona da montanha para que se garanta a conservaçãode aspectos urbanísticos e de paisagemque lhe conferem singularidade, riqueza e
. "qualidade;.. Preservar as reservas florestaisexistentes, os recursos hídricos, os
floramentos r~chosos e a região costei-
.. Proteger os sítios de interesseaisagístico e ecológico;
• Divulgar e incentivar a pesquisanos assuntos referentes ao estudo e proteção do patrimônio cultural e natural doEstado.
Evolução do Conceito de PreselVação: A preservação do patrimônio histórico e cultural é "relativamente recente noBrasil. Começa a ser abordada, de forma
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sistemática, a partir de 1937, com a criação do Serviço do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional. A partir de então,há maior preocupação com a proteçãodo conjunto de bens existentes no País,cuja conservação esteja ligada a fatosmemoráveis da história do Brasil ou aoseu exepcional valor arqueológico, etnográfico ou artístico.
O conceito de patrimônio ampliouse no tempo e hoje engloba as mais variadas manifestações culturais e também ossítios naturais de interesse paisagístico eos recursos naturais. Devido à extensãoterritorial do Brasil e às inúmeras obrasde interesse artístico, histórico e cultural, a atuação do IPHAN reduziu-se somente a salvaguardar as obras mais expressivas a nível nacional.
Em 1970, a Seplan criou o programa de Cidades Históricas para o nordeste,posteriormente, sendo ampliado para osestado s de Minas Gerais, Rio de Janeiroe Espírito Santo. Esse programa previauma verba de, aproximadamente, Cr$300 milhões para ser utilizada no programa estadua'l de preservação, restauração e conservação do patrimônio existente. Entretanto, até a presente data, nãose tem notícias da elaboração de umplano estadual que alocasse esses recursos.
Note-se, porém, que a abordagemdo tema, no Espírito Santo, é relativamente recente por parte do Governo doEstado que só, a partir de 1975, com otombamento do Porto de São Mateus,faz sua primeira intervenção. Em outrasáreas, "principalmente na região de Vitória, já foram realizados levantamentos,recomendações e medidas de preservação, incorporadas paulatinamente aosplanos diretores municipais. Entretanto,são atuações isoladas e que ainda apresentam pouca repercussão junto à comunidade.
Parece-me que o problema agravase à medida em que existem diversas instituições desenvolvendo trabalhos semque, no entanto, haja um intercâmbio euma integração entre os trabalhos desenvolvidos. A exemplo de outros estados,seria importante criar, no Espírito Santo,um órgão que tratasse especificamente dopatrimônio e que congregasse o potencialde recursos das demais instituições. Temos, por exemplo, na universidade umpotencial muito grande e que-está sendo
pouco utilizado. Soma-se a isso o papelcomunitário na preservação do patrimônio cultural, porque é impossível tentarpreservar o patrimônio da comunidadesem a sua participação.
Em linhas gerais, a política de preservação do patrimônio natural e'culturaldeveria abranger:
1. Instrumentos eficazes na preservação do Patrimônio Ambiental Urbano eNatural: a legislação de proteção dos bensculturais e recursos naturais existentestem se mostrado ineficaz, pois não assegura a preservação de amplas superfícieem transformação. As pressões econômicas geralmente são mais fortes do que osmecanismos legislativos. Faz-se necessário inserir a legislação em planos urbanísticos e mesmo em projetos específicosque resultem em intervenções práticas narealidade, uma vez que só o tombamentonão assegura a preservação. Mecanismoscomo auto-preservação estimulada, insenção de impostos municipais e incentivosfiscais deveriam ser adotados na preservação do legado cultural.
2. Conservação e Utilizaça-o: a melhor forma de preservar um bem culturalé usá-lo, pois com o uso há a conservação,a manutenção, enquanto que, se permanecer fechado, sua deteriorização podeser mais rápida.
Discute-se, ainda, juntamente com aadoção de critérios sobre o que preservar,a função dada a um bem preservado, poisdevido às implicações econômicas e sociais que o envolvem, sua utilização deveser totalmente voltada à comunidade. Assim, altera-se a imagem de que o patrimônio deva ser utilizado para museus ouafins, mas o critério, para melhor aproveitamento, deve abranger habitação, escolas, centros comunitários, bibliotecas eoutros usos sociais. A utilização socialdo patrimônio viria contrapor sua imagem sacra e a comunidade deixaria deidentificar os bens preservados como peças de museus.
3. Revitalizaçaõ: revitaHzar um determinado bem cultural significa dar umafunção, um uso que ressalte31s qualidadesintrínsecas que ele possui. E a apropriação dos espaços que o revitaliza, são osusos que as pessoas fazem dele que garantem sua continuidade no tempo. Emdeterminadas situações, a reciclagem deequipamentos ou a reciclagem do uso
Nos centros urbanos arenovação urbana é umaameaça ao patrimônio
também funcionam como indutores de rt
vitalização.
4. Educação e Apropriaçaô: UIdos instrumentos mais eficazes paraproblemática do patrimônio constitui-sde divulgação e educação do legado exi,tente, pois só conhecendo a populaçãterá condições de preservar, respeitarse apropriar do que lhe pertence, isto,seu legado histórico e suas criações cuturais e que se constituem nos fund,mentos de sua identidade. No Brasainda não existe uma política definidquanto a' programas de educação e ddivulgação dos bens culturais. Poderiarser criados programas de educação,nível curricular, nas escolas, programade educação de massa, através de dOcementários veiculados pelo rádio e peltelevisão, promoção de eventos culterais; publicações, promoções de exposções fotográficas e iconográficas, pale~
tras, audiovisuais, concursos que inceItivem a pesquisa e outros. Enfim, existuma série de mecanismos que poderã'ser úteis para a educação e conscient:zação do legado cultural e natural exi~
tente.
5. O papel das municipalidades; ,município tem ficado à margem das que~
tões de preservação do legado culturauma vez que não existe ainda legislaçãonível municipal. Cabe ao município a ge~
tão sobre os espaços urbano e natural. Mailógico seria que ele promovesse a conselvação e adequada utilização do patrimênio existente. A legislação de proteçã,deveria fazer parte da legislação urbanútica em vigor no Município. As prefe:turas deveriam manter eficiente fiscal:zação sobre os bens e promover a edecação junto às escolas municipais, dand,ênfase à história social local. Os recursonaturais e as áreas que apresentem grandpotencial paisagístico poderiam alcançamaior produtividade econômica e eco!$gica, se devidamente preservadas e ui!!zadas.
Conc1uíndo, ressalte-se a import~~
cia de preservar o patrimônio cultural'natural do Estado. Além disso, é impoltante começar-se o desenvolvimento dprogramas de recuperação do PatrimôniNatural, pois temos um compromissinalienável com a história do qual depeIde a qualidade de vida das futuras poptlaçães.
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Em defesa de nosso PatrimônioRenato Pacheco"
.. Professor Adjunto e Livre Docente da Universidade Federal do Espírito Santo. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.
A defesa de nosso patrimônio cultural é obrigação constitucional, constanteno § único do Art. 180 da vigente Constituição Federal. O melhor entendimentodo texto mostra que a proteção especialabarca, invertendo a ordem:
a) todas as jazidas arqueológicas;b) os monumentos e paisagens na
turais notáveis;c) os documentos, obras e locais de
valor histórico e artístico.Nenhuma dúvida quanto aos restos
pré-cabralinos, desde que todos os detectados merecem eSl?ecial proteção.
Mas, que e monumento notável,paisagem natural notável?
Que é valor histórico, que é valorartútico?
O Brasil, desde o ministério Capanema, tendo a colaboração de Rodngode Melo Franco Andrade (e indiretamen-'te do Erande poeta Carlos Drumond deAndrade, funcIOnário do órgão) preocupa-se com seus bens culturais. Recentemente, no dia 12 de novembro de 1979,houve uma reestruturação do ór~ão,
criando-se a Secretaria do PatrimonioHistórico e Artístico Nacional, que substitui o IPHAN e está em vias de criaçãoa Fundação Nacional Pró-Memória. Cabeagora à Secretaria, subordinada ao MEC,inventariar, classificar, tombar, conservare restaurar monumentos, obras, documentos e demais bens de valor artístico,histórico e arqueoló~ico do País, assimcomo seu acervo paisagístico. A execu
o dessa política ficará a cargo da noI FNPM.
Mas, o que se precisa fazer é umstema nacional de defesa do I?atrimôio histórico, artístico, paisaglstico e
argueológico, que funcione em três níveIS perfeitamente articulados: nacional,estadual e municipal. Isto porque, muitas vezes uma paisagem natural, seránotável, no pequenino Estado do Espírito Santo e não o seria no gigantescoAmazonas. Uma aluna amazonense doantigo Centro R.ural de Educação de
Base, em Colatina, Espírito Santo, comparou, certa feita, nosso Rio Doce a umigarapé de bom tamanho ... Os documentos que interessam a uma comunidadepodem não ter valor histórico nacional.A carência crônica de verbas fará comque, cada célula da nacionalidade seconscientize dos bens que deve preservar.
No Espírito Santo tal missão foientregue, ao tempo da administraçãoGerhardt Santos, ao Conselho Estadualde Cultura, em combinação com a Fundação Cultural, mas os trabalhos não têmse desenvolvido com a presteza que se fazmistér, como se vê no caso do Porto deSão ,Mateus, grande parte do acervo arquitetônico se perdeu.
Quanto à possibilidade de uma defesa integral do patrimônio, resta saberse, criada uma sistemática de defesa denosso patrimônio e, formados os técnicos rara operarem o sistema, todo o patrimonio arrolado sobreviverá a nós. Sefixarmos Vitória no Século XX, porexemplo, teríamos três períodos principais que se sobrepõem:
a) até 1908, com todos os resquícios coloniais da vila calçada com grandespedras, sobrados e casas de um só pavimento, abaixo do nível da rua;
b) até 1950, com a urbanização àeuropéia, alargamento e calçamento comparalelepípedos das ruas, e sobrados ecasas de "art noüveaux" e,
c) desde 1950, asfaltamento dasruas e edificações verticais, mercê do crescimento urbano e maior oferecimento deenergia elétrica.
Uma visão saudosista diria que a demolição de sobrados para, nos terrenossupervalorizados, serem construídos "espigões" é uma ofensa ao patrimônio,mas a esta altura os espigões também sãopatrimônio arquitetônico.
Em sín tese, n;lo se podem manterad infinitulJI as construções todas de umperíodo, pois só a ação do tempo vaidestruí-las e não haveria verbas suficientespara sua restauração e manutenção. Éreflexão que faço e que remeto, humildemente, ao leitor.
Universidade e patrimônioQuanto aos esforços, o Departa
mento de História do Centro de EstudosGerais da Universidade Federal do Espírito Santo, local onde leciono, tem defendido, na medida do possível, nossopatrimônio.
No dia 8 de novembro de 1972,durante o I Simpósio de História, o professor Guilherme Santos Neves, em belaconferência intitulada: "Em defesa da memóriacapixaba: disse; "o pouco que aindanos resta desse patriniânio, esse poucodeve ser urgentemente salvo e preservado. Que se movam, mas se movam mesmo: as autoridades, as instituições, oPoder Público, no sentido da defesa improtelável. Que se informe o público desse propósito, alertando-o, convocando-opara o esforço comum". O assunto voltoua ser tratado, por nós, durante o II Simpósio, no dia 7 de outubro de 1974, e nãosaiu de pauta, como se vê, na recenteproposta nossa para restauração da Igreja de S. José do Queimado.
Como não se trata de um órgãoexecutivo, sua contribuição maior deveser no arrolamento de bens culturais, naformação, através de cursos de extensão,de técnicos em defesa do patrimônio e naconscientização do público para o valorde tais bens.
É o que o Departamento de História da UFES tem feito nestes últimosanos.
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Apropriação cultural:uma questão ideológica
Kleber Frizzera*
* Presidente do Departamento'Espírito Santo do Instituto dos Arquitetos do Brasil.
o conceito de patrimônio históricoe cultural privilegiando alguns bens excepcionais no co~unto da produção culturalde uma sociedade e atribuindo ao Estado,como representante da comunidade, a suapreservação e manutenção, só começa asurgir na Europa no final' do séculoXVIII. Gravuras e relatos de Viajantesdeste século, principalmente sobre asruínas da Roma clássica projetam e ampliam a necessidade de se manter aqueles monumentos, que tinham serVIdo,há séculos, como fornecedores de material de construção para as obras públicase privadas. Alguns bens culturais e artísticos seriam mais representativos da atividade humana e deveriam ser conservados como modelos e tipologia das novasobras. Esse movimento é assumido pelaburguesia ascendente que, na criação doEstado Moderno de cunho nacionalista,vai buscar, na valorização da produçãoartística clássica, os valores sImbólicosque expressem as tradições que ela mesmo não possuía. A preservação dos monumentos culturais assume claramenteseu caráter ideo16;Sico, mistificando areal participação das classes sociais naprod ução social e reforçando o papel dedestaque das classes dominantes nesseprocesso. Conceitos como o de "memória nacional" que escamoteam asrelações de produção e o caráter de classedo Estado são estruturados para suporteteórico da preservação proposta e mobilizam os varias setores sociais em" tornode símbolos nacionais.
No Brasil, as iniciativas mais concretas de preservação do patrimôniohistórico que vão desembocar na criação do IPHAN, na década de 30, coincidem com a formação de uma burguesia industrial e de sua rarticipação crescerne no aparelho estata .
Foi preciso, então, buscar, na cultura brasileira, os traços que significassemo caráter progressista e independentedessa burguesia e tivessem um alcancenacional na aliança de classe proposta.O IPHAN encontra esses valores, na artebarroca, principalmente a mineira, frutoda primeIra tentativa autônoma de umaburguesia nacional urbana. Numa observação da relação das obras tombadas~
)Jercebe-se, claramente, a predominânciade monumentos arquitetônicos produzidos até o século XVIII. Quase que toda aprodução neoclássica e eclética é desprezada em nome da qualidade intrínseca daobra mas, no tundo, numa posição dequestionar a crescente influência da cultura européia, principalmente francesa einglesa que se estende neste período(Séc. XIX).
Ouro Preto representa o marcomáximo nessa política Qnde, além davalorização da obra excepcional se pretende demonstrar a capacidade históricada burguesia na criação de formas auto ctones de apropriação do território nacional. Na maiona dos tratados sobre OuroPreto e a produção barroca, se procurademonstrar a criatividade de nosso "povo" (mistificado na figura do Aleijadinho) na manipulação dos valores, normase padrões da cultura européia. Textos epesquisas procuram destacar o resultadoestético das obras nacionais que, mesmosofrendo as limitações de um meio hostil e pobre, conseguem atingir uma qualidade comparável ao produto internacional.
A própria perda de poder que oIPHAN foi sofrendo, principalmente apartir da década de 60, atesta a falência do projeto nacionalista com a crescente influência do capital multinacional, a quem não interessa qualquer produção art ística e cultural que q uestlOne apenetração maciça de valores e padrõesestrangeiros enlatados.
Observa-se, hoje, além da revitalização pelo Estado do Instituto do Patrimônio, inclusive com a criação de mecanismos mais ágeis e modernos, com suaelevação a nível de secretaria e criaçãoda fundação de memória nacional, umadiscussão entre os setores progressistas,procurando valorizar o valor de uso dosbens tomados e sua apropriação diretapela comunidade. Ainda nessa discussão,setores populares tentam vincular a questão do patrimônio ao problema de acessoà proprIedade coletiva dos meios de pro-
dução, criticando o caráter ideológico)Jreservação do patrimônio histórico. Urdas críticas formuladas é de que a desão sobre os bens que devem ser pres,vados não leva em consideração o qpodem eles expressar sobre o controle litórico dos meios de produção e as reções de poder que decidiram sua execção. A simples preservação de obras ditvulgares ou comuns não garante a merrria fiel da evolução da sociedade. Neseu uso para uma satisfação de uma rcessidade da sociedade garante uma p:ticipação maior dessa comunidade ndeCIsões que envolvem essa utilização.
A luta Relo patrimônio não poestar desvinculada a uma disputa móampla que é da conquista pelas clas~populares do controle e uso de tOlproduto efetivo, bem como da utili,ção dos recursos naturais e ambientapara o atendimento e satisfação de semteresses.
É necessário maior aprofuncmento teórico do conceito de patrirrnio coletivo e de suas respectivas imfcações com as relações das classes em aputa na sociedade brasileira. Encobriraspectos ideológicos subjacentes aos vares simbólicos dos produtos culturais jgados de interesse "nacional" serve aInas aos intere~ses daqueles que ~usc,preservar um SIstema de dommaçao potica e ideológica de apropria)ão do trallho coletivo, illclusive o artIstico, par,reprodução do capital. A defesa de urmemória nacional está ligada à obsei'ção crítica da história e deve servir p,uma conscientização dos reais p~I1'
que as diversas classes desempenha~(íe desempenham na materializaçãoª~!história.
Uma proposta conse9-ue~te
transformação política no paIS nao(~~,negar o valor testemunhal e didatl~que não só os monumentos históric(mas todo o produto cultural, possui i:mo virtualidade de um projeto coletie das formas concretas de alcançar I
ses objetivos.
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Vida nos arquivos capixabasFernando Achiamé*
Tudo que o Homem registra pararecorrer no futuro é matéria de
arquivo.
"O Homem é o maior destruidor dedocumentos." (Lema entre os
arquivistas)
"Ninguém tem maior know how dedevastação que o capixaba."
(Paulo Fraga)
"Os habitantes desta terra não sãorepúblicos (não possuem o sentido
do bem comum)," (Um cronistado Brasil Colonial)
Para a História, todo e qualquertipo de material pode ser considerado umdocumento, na dependência de se constituir prova de uma atividade cultural doser humano. Cultural no sentido antropológico do termo. Mas, aqui, trata-se deprecisar a situação dos documentos produzidos ou recebidos pelos diversos governos espírito-santenses no decorrer desuas atividades e pelos habitantes e instituições privadas desta terra.
Os índios deixaram registros inconsentes de suas atividades nas pontas deechas, cerâmicas, enterramentos, obje
os vários. Dada a natureza destes objeos e da maneira como se apresentam,
existe uma técnica específica, a única habilitada a recuperar as informações nelescontidas: a arqueologia.
Os colonizadores portugueses na capitania do Espírito Santo tambél)1 deixaram muitos registros insconscientesdesuas atividades cotidianas. Estas ativida-
Vitória - 1910
des eram de natureza vária, no campo daeconomia, da sociedade, da política. Masos registros históricos, quando autênticose fidedignos são inconscientes, no maisdas vezes. Os governantes portuguesesnão elaboravam uma carta de doaçãoou um foral, pensando nos historiadoresdo século XX, mas em registrar e fazervaler u!ila determinação objetiva.
E profundamente lamentável queesta documentação colonial esteja tão pobremente representada em nossos arquivos, sejam estaduais, municipais ou atémesmo privados (eclesiásticos, por exemplo). Por que o Espírito Santo, uma terraque "fabrica história" (para empregarmosuma expressão do historiador]osé Honório Rodrigues) desde a época colonial,detém em seus arquivos pouquíssima do-
*Diretor do Arquivo Público Estadu.aI
cumentação deste período? Só recorrendo aos acervos do Arquivo Nacional, doArquivo do Estado da Bahia e de arquivos portugueses é que se pode recuperaralguma coisa da ação dos governos da então capitania do Espírito Santo.
Recentemente um pesquisador interessado em assuntos filológicos esteveprocurando, sem sucesso, o original deum bando da Camara da Vila de Vitóriaque em 23 de maio de 1795 conclamavaseus habitantes a falarem o português,proibindo assim o uso da língua geral.Semelhante documento, cuja referência é .encontrada no livro "História, Descoberta e Estatística da Província do EspíritoSanto" de Basílio Carvalho Daemon,tem importância até hoje, passados quaseduzentos anos, para um filólogo provar
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Árvores e papelO malbarateamento dos a
q uivos por parte de prefeituras e cmaras municipais do interior cafxaba é um fato (sempre comhonrosas exceções). Recentemenlo jornalista Rogério Medeiros reazou uma excelente reportagem s'bre um madereiro capixaba que:auto-intitula "assassino de árvorE(Jornal do Brasil,' 11/11/79, p. 20Nesta reportagem o ecólogo caFxaba Paulo Fraga da FJSN afirm
As serrarias na Amazônia "não vão dexar ~ada, a não ser pastos comcima. Ninguém tem maior knowde devastação do que oconseguiram acabar com as tJc,re:stasU(~
Norte do Espírito Santo e Sul daDesaparece, pela sua açãouma infinidade de espécies vegetaismaior valor, inclusive o jacarandá,mais cobiçada árvore do universo".
Se nós capixabas conseguimos qldesaparecesse da fase do universo espcies vegetais de existência única, o qldizer dos documentos elaborados por 11<
mesmos, por sinal também ú!!icos e, iror
e perdas de arquivos são realizados cointenção dolosa, para desaparecer codocumentos comprometedores que ,existiam. Estas ações dolosas de se dttiuirem arquivos ou parte deles para encbrir mal-feitos, para prejudicar adversári,ou para dificultar a ação governamente da justiça são mais comuns do quepensa. --Como um arquivo reflete a vidaas atividades da instituição ao qual pttencem, claro está que muitas vezes tte reflexo não irá interessar em toda S1
plenitude a determinadas pessoas. Os dcumentos podem morrer de duas man(ras:
por "morte natural", quando,mesmos perdem os seus valorcorrentes e não adquirem os vlares permanentes (histórico, Igal, administrativo). Neste ca:constituem lixo e devem ser Igo eliminados;por "assassinato", quando os dcumentos de valor são destrudos por ação ou omissão da cmunidade e/ou de seus responsveis. Neste caso, por serem úrcos, representam uma perda ireparável para a sociedade.
vel. Sim, porque não podemos deixar queesta tarefa seja exercida pelo tempo, pelaágua, pelós ratos ou pelo fogo que nãosabem distinguir um documento valiosode outro sem importância alguma. Paraexemplificar de acordo com nossa realidade: estes elementos não sabem distinguir no arquivo da extinta Secretaria doGoverno, na pasta na 3, do ano de 1951,um processo solicitando quinze dias delicença para tratamento de saúde, deoutro que ilumina diretrizes políticas etentativas institucionais para implantaruma usina siderúrgica em nosso Estado.Arquivo é um serviço-meio, é um proble-
ma de administração. Atualmente, devidoà grande massa de documentos produzidadiariamente, quer pela máquina estatal,quer pelas poderosas instituições privadas, os documentos devem ser administrados como, por exemplo, se administrapatrimônio mobiliário, transportes ou material de consumo.
Mas o homem também destroi muitos documentos por ação. Tem-se notíciaque muitas prefeituras do interior capixaba simplesmente tocaram fogo em seusarquivos, "para se verem livres daquelapapelada velha e imprestável". Tambémé sabido que muitos incêndios, extravios
A destruicão é comumO ha'mem é o maior de'strui
dor de documentos. E ele os destrói tanto por ação quanto por omissão o que é pior, às vezes: Sabemos que, onde se guarda tudo, não seguarda nada. Esta é a realidade' denossos arquivos. Guarda-se tudonuma vala comum, os documentossão enterrados neste cemintériochamado "arquivo morto". Mas ochamado "arquivo morto" não estárealmente morto. Se ele perdeu suautilidade para o movimento corrente da instituição ao qual pertence, possui valores outros que precisam ser preservados. Que valoressão esses? Valores de pesquisa, valores de prova (que atestam ofuncionamento da instituição, osprogramas nela desenvolvidos, suasfunções), valores de informação(sobre objetos, pessoas e fenômenos). Se os documentos não possuirem quaisquer desses valores,não há porque gastar dinheiro mantendo-se inultimente guardados. Assim, a principal tarefa dos arquivis- Café Trinxet - Vitóriatas em nossos dias é a seleção. Nenhum governo do mundo, como bemasseverou Schellenberg, possui verbas suficentes para arquivar todos os papéisque produz. Nos Estados Unidos, porexemplo, só de 3 a 5% da documentaçãoproduzida pelo Governo Fededal anualmen te dá entrada no Arquivo Nacional ou nos centros de arquivo, entiro, ficou muito importante a tarefade seleção. Selecionar um arquivo é garantir a boa qualidade de sua documentação,conservando somente os papéis possuidores de valores que justifiquem sua guardapermanente. Selecionar arquivos é separaro joio do trigo, eliminando-se o inserví-
porque não falamos mais a língua geral esim o português. Nenhum arquivo da câmara municipal do Espírito Santo (e temos muitas de provecta idade) mantevese, não digo intacto, que seria exigir muito, mas ao menos com sua documentaçãocompleta e em condições de pesquisa.A única exceção é o arquivo da CamaraMunicipal da Vila de itapemirim que hámuitos anos foi recolhido ao então Museu Capixaba e lá organizado. Posteriormente deu entrada no Arquivo PúblicoEstadual onde se encontra.
camente feitos da mesma celulose?Uma afirmação precisa ser feita,
que todo mundo sabe, mas que é educadodissimular: os arquivos capixabas vemsendo destruídos. E esta situação, nãosendo exclusiva dos arquivos, constituifato mais triste ainda: os restos arqueológicos aqui existentes vem sendo si~tema
ticamente aniquilados; o Espírito Santo éuma terra que em pleno ano de 1979 nãopossui um museu digno deste nome, coma única exceção do Museu do Colono emSanta Leopoldina.
Podemos explicar historicamente oposicionamento da éomunidad~ capixabaperante os seus documentos. E um processo que tem suas raízes na vida colonial.Já se disse que O· mais difícil de ser mudado é a mentalidade de um povo. De modogeral o povo capixaba não conhece o queseja verdadeiramente arquivo. Não sabeque é dono dos arquivos públicos, que osgovernos administram em seu nome.
A própria documentação privadavem sendo destruída. Quando um empreendimento privado atravessa uma fase degraves dificuldades é comum que os seusresponsáveis se interessem pelo desaparecimento de muitos papéis, geralmentecom intenção criminosa. Mas tambémse percebe que se uma empresa vai devento em popa, os seus proprietáriosgostam de manter organizados os arquivos. Sentem orgulho de documentar oseu início, procuram exibir os papéis como prova de suas atividades passadas,tentando recuperar mesmos aqueles porventura extraviados.
Documento é documentoMas é 'preciso dizer que o capixaba,
mesmo destituído de maior cultura formal, escolar, dá um certo valor ao documento. Em nossa terra são encontradias expressões como "documento é do
ento", "pode escrever o que estou di-do", "palavras o vento leva, mas o gue, escrito não". São expressões indlcaas da importância que o povo confeao documento escrito. Na ânsia de fi
xar no p~pel informações im.portantes, opovo mltlfica o documento. E certo que acomunidade só fixa em documento·oque considera importante. Pode-se afirmar, pedindo licença aos profissionais dapsicofogia social, que os capixabas destroem documentos por ignorância, e vergonha. Ignorância, analfabetismo existemde um lado' e são fatores preponderantes
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nesta destruição. Administradores e pessoas tem lSeralmente ojeriza, repulsa atudo que e documento velho. Mal comparando, é como um indivíduo que temvergonha do seu passado, que procuraesquecê-lo. Temos também a mitlficaçãodo documento, que nos nossos diastambém contribui, paradoxalmente, paradestruí-lo. Como já ficou dito antes: ondese guarda tudo, não se guarda nada.
Quando um funcionário público,por exemplo, não procura selecionar osseus processos, não abre mão de sua papelada inútil, está contribuindo para malbaratar a documentação valiosa que juntocom ela existe.
Modernamente, os arquivos vem assumindo novas tarefas, o que fatalmenteirá se refletir no Espírito Santo. Aqui cabe uma citação do dr. Raul Lima:
"No caso das transmissões televisionadas, o tape nos permite ver mais tarde oque foi visto horas antes, ver de novo daqui a anos. A geração futura poderá igualmente ver o' que a atual está vendo sehouver um bom arquivamento de tapes".
"Ora, o que ocorre agora com osinstrumentos da avançada tecnologia eletrônica vem ocorrendo, há séculos, com omaterial mais difundido e abundante - odocumento escrito em papel, para não .falar nos outros que o preç:ederam, desde omais vetusto - a pedra. E a guarda do documento, dos documentos em séries e coleções, para uso intenso e imediato dasatividades cotidianas ou para o sereno emeticuloso estudo do ontem, num e noutro caso com assegurado préstimo paraamanhã, que caracteriza o arquivo comofonte e, além de fonte, como veículo decomunicação"; (Da Problemática da Documentação Histórica Rio de Janeiro 1974).
Sabemos todos que, no País, gravesproblemas (sobretudo em áreas prioritárià como a saúde e a educação), têm sidoenfrentados pelos diversos governos emuitos destes problemas estão longe deser resolvidos. Então não podemos exigirde nós mesmos que os arquivos (durantetantos anos abandonados) funcionem àsmil maravilhas, num simples toque demágica. Nem podemos exigir que a comunidade coloque o arquivo como centro desuas atenções. Mas também não se admiteos papéis servindo somente como lixo oupara escárnio geral. E papéis produzidospelos que, antes de nós, deram,rnuito desi por este Espírito Santo.
Perigo do ComodismoNão se pode assumir a poslçao de
pessoas que afirmam: "Se os capixabasdestroem documentos, não importa!Pelo menos ficará como traço característico de nossa época que fornos destruidores de documentos!" É uma posição comodista e perigosa.
Comodista porque se conformacom a realidade presente e não cuida demodificá-la para melhor. Não é por meracoincidência que dois grandes estadistasespírito-santenses, dois administradoresdinâmicos e de visão, como o foram Jerônimo Monteiro e Florentino Avidos,valorizaram os documentos capixabascom as soluções da época. O primeirocriando o Arquivo Público e encarregando sua organização a ilustres homenspúblicos. O segundo, quase vinte anosapós, dotando a instituição de sede própria e encarregando sua reorganização a·outros ilustres homens públicos. Estesdois presidentes do Estado, ou pelo menos suas equipes de governo, sabiam oquanto é importante preservar e organizaro patrimônio arquivístico capixaba. Seeles tivessem se omitido, possivelmenteestariamos hoje a lamen.tar a perda de valiosos documentos que as gerações passadas nos legaram.
A tal posição, além de comodista,é perigosa porque,' hoje em dia, preservaros arquivos é questão de sobrevivência para nossa comunidade. Se parte substancialdos documentos capixabas for destruída,as atividades públicas e privadas, em nosso Estado não poderão ser exercidas acontento. Guardadas as proporções, écomo se uma pessoa perdesse sua memória, a história de sua existência, com todas as passagens que serve~ de pontos dereferência, que formam sua personalidade.
Então, se o Espírito Santo perder,mesmo em parte, seus documentos devalor, estará condenado a possuir umahistó ria mutilada, quer dizer, terá desfigurada sua própria identidade. E se tivermosdesfigurada nossa identidade, de nada adiantarão todos os esforços em prol do desenvolvimento. Em outras palavras: se avida que existe nos documentos for perdida, estaremos sofrendo um grande revésna luta pelas nossas vidas e pela construção do futuro.
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Lista bibliográfica
9
12
1011
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10-21, 1975.23 FUNDAÇÃO JOÃO PINHE I RO. Centro de Desenvolvimento Urbano. Plano de conservação, valorização e de
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28 --- . Patrimônio histórico da Grande Vitória; edificações a serem preservadas em Vitória..Vitória. "978. 2229 ---. Programa de valorização do patrimônio histórico capixaba; projeto de reabilitação da área do Port,
São Mateus. Vitória, 1978. 155f.' .30 IGARASSU; proposições urbanológicas. Recife, MINTERISUDENE/MEC/UFPe, 1974.31 IGREJA dos Reis Magos pode vir a ser um museu. A Tribuna, Vitória, 10 ago. 1979.32 ME DE IROS, Rogério. A esquecida memória capixaba. A Gazeta, Vitória, 22 maio, 1976. Cad. 2.33 MEMÓRIA histórica e artística do Estado está sendo destruída. A Gazeta, Vitória, 1. abro 1979.34 MINAS terá núcleo de irradiação para proteger bens culturais. Fund. J. P. Belo Horizonte, 6(3): '2-6,. mar. 1976.35 NEGRO, Carlos deI. Escultura ornamental barrôca do Brasil; portadas de Igrejas de.Minas. Gerais. ~io de Jan.
1961. 2 vols. . '36 NEVES, Guilherme Santos. Em defesa da memória capixaba. In: Simpósio de História-Anais. Vitória, 1973. 5!
44-9. '37 NO RDESTE: novas propostas contra a destruição do patrimônio. Arquiteto, 3(28): 13, set. 1975.38 PA LACKY, Ana Cristina. O tombamento e a cultura urbana. Rev. Adm, Mun. Rio de Janeiro, Instituto
Administração Municipal, 25 (146): 20-33, jan./mar. 1978. .39 UM PASSADO histórico e um futuro incerto. A Tribuna, Vitória, 12 fev. 1977. 2. cad. p. 11.40 PATR IMÔNI O de quem? Espfi'ito Santo Agora, Vit. 7 (37): 25-7, ago. 1979.41 PORTO de São Mateus: uma novela burocrática? A Gazeta, 28 set. 1976. p. 9. "42 PREFEITURA manda demolir casarão do século passado. A Tribuna, Vitória, 23 abro 1977.p. 8.43 PRESE RVAÇÃO do património histórico e artístico latino-americano. Arquitetura, Rio dê Janei'ro,
Arquitetos do Brasil (72-73) :23-5, jun/jul. 1968. :44 PROJETO da PMV visa fazer levantamento histórico da cultura de Vitória. A Tribuna, Vitória': 16 jun. 1979.45 RONAI, Cora. De roupa nova, o antigo IPHAN prepara-se para recuperar de vez a memória Nacional. Jorna
Brasil, Rio de Janeiro, 20 novo 1979. Cad. B, p. 10.46 SILVA FILHO, Olavo Pereira. Projeto de restauração e adaptação para museu de arte spc~a da Matriz de S
Antônio de Paracatu. Fund. J. P. Belo Horizonte, 9(6) :330-409, jun. 1979. •47 SOE I RO, Renato. Rodrigo e o patrimônio. MÓDU LO (41): 20-6, dez./jan. 1975/76. .48 VASCONCE LOS, Sylvio de. Roteiro para o estudo do barroco em Minas Gerais. Arquitetura, Rio de•.laneiro,
. tituto de Arquitetos do Brasil (78).: 14-8, dez. 1968. '.. ,','
Os interessados nodesenvolvimento de
pesquisas sobrepatrimônio histórico
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Conceição Almeida.O material.apresentado
encontra-se àdisposição naBiblioteca da
Fundação Jones doSantos Neves.
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Trabalhos elaborados
Espírito Santo para Fins de Programação
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Em elaboracão. -Plano Diretor Urbano do Município de Vila VeJh;:I--....Proposta de Ordenamento Urbano do Mun' í .Programa de Cooperação para Incentivo à e lsaPrograma de Cidades de Porte Médio - G ve n d Es spírito Santo/BIRD
.. Projeto Análise Ambiental da Região de \li i - Estu o Er são - volume II - Geologia e Pedologia-' :.Planos Regionais do Espírito Santo
Vila Velha: Relatório sobre a Situação Atual de Favelas e Bairros Populares CarentesLocalização e Dimensionamento da Rede Escolar na Grande Vitória
- .. Série Documentos Capixabas 5 - Constituições do Estado do Espírito SantoS~rie Documentos Capixabas 6 - Iconografia Capixaba do Século XIX.
••. - Informações Básicas para o Planejamento Urbano
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