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Robert Freed Bales (1916-2004) Contributos para a Gestão Um dos focos principais do seu trabalho foi sobre um tema-chave na psicologia social, nomeadamente a natureza da interação interpessoal, em pequenos grupos. O seu primeiro livro, Análise de Processos de Interacção: Um método de estudo para pequenos grupos, foi publicado em 1950, o culminar de uma série de estudos pioneiros sobre interacções terapêuticas em grupo para viciados em álcool . A orientação para o seu trabalho foi baseada e influenciada pelos conceitos da teoria de campo, principalmente desenvolvida por Kurt Lewin. O comportamento dos indivíduos em grupo pode ser entendido como um conjunto de produtos da influência dos outros, levando em linha de conta as características dos mesmos indivíduos, como forças, contextualizando factores operacionais num campo social. Ao estudar muitos desses grupos, Bales tinha a esperança de descobrir padrões previsivelmente recorrentes, que poderiam ser utilizados na composição e funcionamento da formação de grupos para a solução de problemas ligados à Gestão na perspectiva de Liderança. Esse mesmo trabalho acabou por reflectir a sua concepção de psicologia social como o estudo científico da interacção social, no qual o grupo e sua actividade, ao invés do individual, são as principais unidades de análise. Um estudioso da teoria da personalidade focou muito do seu trabalho no papel da personalidade individual na interacção social. Bales foi um pioneiro no desenvolvimento de métodos de observação sistemática de grupos e medição da interacção de processos, incluindo várias Inovações tecnológicas para facilitar as observações e avaliações do comportamento em curso. À sua técnica detalhada de observações o professor Bales chamou SYMLOG (acrónimo de Sistemática multinível observação de grupos). Este método e os seus resultados foram de tal forma surpreendentes, que foram imediatamente adoptados por um grupo de consultoria para aplicação prática de métodos de avaliação de aptidões para capacidades de gestão de equipas, potencial de liderança individual e assuntos relacionados. Partindo do pressuposto de que o sucesso do grupo depende da forma como o grupo pode resolver as suas tarefas (função de tarefa) e como ele pode manter satisfeitos os seus membros (função sócio-emocional), Bales identificou 12 tipos de interacções, divididas em quatro categorias (ver fig.1). O seu último livro, Sistemas de Interacção Social: Teoria e Mensuração(1999), acabou por definir todo o seu trabalho num objectivo: "Teoria da dinâmica da personalidade e de grupo com um conjunto de práticas e métodos de medição, mudança de comportamentos e valores de forma democrática. " Bales interessou-se profundamente pelo papel dos valores individuais na gestão de conflitos e de cooperação em grupos sociais, não importando o número de indivíduos. A sua análise destes processos gerou grandes consensos no que toca a comportamentos eficazes na forma individual ou de sobrevivência de grupos, sendo inclusive utilizadas as suas teorias para suportar as recentes séries televisivas de sucesso como o Survivore Lost. Lançou luzes sobre conflitos de ideologia, como por exemplo entre sociedades democráticas e autoritárias. Biografia Professor de Relações Sociais, nasceu em Ellington, Missouri e pouco tempo depois a sua família mudou-se para o nordeste do Oregon. Estudou na Universidade de Oregon, onde, obteve posteriormente o grau de Mestre em Sociologia em 1940. Concluiu o Doutoramento em Harvard em 1945, tendo passado pela Universidade de Yale como investigador associado aos estudos do álcool. Foi convidado a gerir o recém- criado Departamento de Relações Sociais. Professor de Sociologia e de Relações Sociais entre 1960 e 1967, aposentou- se com a categoria de Professor Emérito em 1986.

Robert Freed Bales

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Page 1: Robert Freed Bales

Robert Freed Bales (1916-2004)

Contributos para a Gestão

Um dos focos principais do seu trabalho foi sobre um tema-chave na psicologia social, nomeadamente a natureza da interação interpessoal, em pequenos grupos. O seu primeiro livro, “Análise de Processos de Interacção: Um método de estudo para pequenos grupos”, foi publicado em 1950, o culminar de uma série de estudos pioneiros sobre interacções terapêuticas em grupo para viciados em álcool. A orientação para o seu trabalho foi baseada e influenciada pelos conceitos da teoria de campo, principalmente desenvolvida por Kurt Lewin. O comportamento dos indivíduos em grupo pode ser entendido como um conjunto de produtos da influência dos outros, levando em linha de conta as características dos mesmos indivíduos, como forças, contextualizando factores operacionais num campo social. Ao estudar muitos desses grupos, Bales tinha a esperança de descobrir padrões previsivelmente recorrentes, que poderiam ser utilizados na composição e funcionamento da formação de grupos para a solução de problemas ligados à Gestão na perspectiva de Liderança. Esse mesmo trabalho acabou por reflectir a sua concepção de psicologia social como o estudo científico da interacção social, no qual o grupo e sua actividade, ao invés do individual, são as principais unidades de análise. Um estudioso da teoria da personalidade focou muito do seu trabalho no papel da personalidade individual na interacção social.

Bales foi um pioneiro no desenvolvimento de métodos de observação sistemática de grupos e medição da interacção de processos, incluindo várias Inovações tecnológicas para facilitar as observações e avaliações do comportamento em curso. À sua técnica detalhada de observações o professor Bales chamou SYMLOG (acrónimo de Sistemática multinível observação de grupos). Este método e os seus resultados foram de tal forma surpreendentes, que foram imediatamente adoptados por um grupo de consultoria para aplicação prática de métodos de avaliação de aptidões para capacidades de gestão de equipas, potencial de liderança individual e assuntos relacionados. Partindo do pressuposto de que o sucesso do grupo depende da forma como o grupo pode resolver as suas tarefas (função de tarefa) e como ele pode manter satisfeitos os seus membros (função sócio-emocional), Bales identificou 12 tipos de interacções, divididas em quatro categorias (ver fig.1). O seu último livro, “Sistemas de Interacção Social: Teoria e Mensuração” (1999), acabou por definir todo o seu trabalho num objectivo: "Teoria da dinâmica da personalidade e de grupo com um conjunto de práticas e métodos de medição, mudança de comportamentos e valores de forma democrática. "

Bales interessou-se profundamente pelo papel dos valores individuais na gestão de conflitos e de cooperação em grupos sociais, não importando o número de indivíduos. A sua análise destes processos gerou grandes consensos no que toca a comportamentos eficazes na forma individual ou de sobrevivência de grupos, sendo inclusive utilizadas as suas teorias para suportar as recentes séries televisivas de sucesso como o “Survivor” e “Lost”. Lançou luzes sobre conflitos de ideologia, como por exemplo entre sociedades democráticas e autoritárias.

Biografia

Professor de Relações Sociais,

nasceu em Ellington, Missouri e

pouco tempo depois a sua

família mudou-se para o

nordeste do Oregon. Estudou

na Universidade de Oregon,

onde, obteve posteriormente o

grau de Mestre em Sociologia

em 1940. Concluiu o

Doutoramento em Harvard em

1945, tendo passado pela

Universidade de Yale como

investigador associado aos

estudos do álcool. Foi

convidado a gerir o recém-

criado Departamento de

Relações Sociais. Professor de

Sociologia e de Relações Sociais

entre 1960 e 1967, aposentou-

se com a categoria de Professor

Emérito em 1986.

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Ao longo da sua vida académica, Bales ministrou um curso de graduação em psicologia de grupo. Dividia os alunos em dois grupos de auto-análise e explorava as suas interacções, recolhendo resultados sobre os membros do grupo e os que se tornavam líderes. Para além disso fez comparações sistemáticas de interacções de um grupo com outro (s) grupo (s), comparando os resultados.

Participou também na formação de programa de pós-graduação, a partir do final dos anos 60, onde foi responsável pelo programa de Doutoramento em Psicologia Social, ate à sua aposentação em 1986.

Bales acreditava na visão como forma de gestão, mas sobretudo na equidade e na necessidade de entender outros, com pontos de vista distintos, criando assim um modo democrático de Gestão.

Uma pessoa de interesses amplos, também foi um cantor talentoso, enquanto jovem. O seu interesse pela arte e pintura levou a que deixasse também algumas obras, apesar de sofrer de artrite reumatóide desde os doze anos.

O seu trabalho científico e académico foram amplamente reconhecidos. Recebeu o “Prémio de Ilustres da Associação Americana de especialistas em grupos de Trabalho” em 1982, o “Prémio de Cooley-Mead da Associação Sociológica Americana” em 1983 e o “Prémio de Distinção da Fundação Americana de Psicologia” em 1984.

Bibliografia:

Bales, Robert Freed (1950) - Análise de Processos de Interacção: Um método para o estudo de pequenos grupos.

Parsons, Talcott e Robert F Bales em colaboração com

Philip E. Slater, Zeldich Morris e James Olds (1956) -

Família socialização e interacção do processo.

Bales, Robert Freed (1970) - O comportamento de

personalidade e interpessoais.

Bales, Robert Freed (1999) - Sistemas de Interacção Social:

Teoria e Mensuração.

Bales, Robert F. e Stephen P. Cohen, com o apoio de

Stephen A. Williamson (1979) - SYMLOG: um sistema de

observação do nível de vários dos grupos.

Hare, Paul A. Edgar F. Borgatta e Robert F. Bales. (eds.)

(1955) - Pequenos grupos: estudos de interacção social.

Trabalho Realizado por:

Carla Andrade (2100071)

Eduardo Mata (2100766)

Manuel Costa (2100557)

Vítor Sequeira (2080818)

Fig.1