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Ano 09 Edição n. 23 Novembro/2017 Entrevista com: Roberta Guedes Educação Básica (ANEC)

Roberta Guedes Educação Básica - nd.org.br · conhecimentos formais e alcançando, ... de seu autoconceito, ... é fator indispensável para que a criança ou o adolescente

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Ano 09Edição n. 23

Novembro/2017 Entrevista com:Roberta Guedes

Educação Básica (ANEC)

Provincial: Ir. Vânia Dalla Vecchia Coordenação: Ir. Renete Maria Cocco Projeto Gráfico e Editoração: Luciana Severo

Revisão: Produção: Equipe Central Digital: Leandro Salenave

Impressão: Algo Mais Gráfica e Editora Tiragem: 5000 exemplares

Maria Isabel Rossetti

Os artigos enviados são de responsabilidade dos respectivos autores.

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nd.org.brRede Nodre Dame @ndprovincia

Colégio Maria Auxiliadora - www.auxiliadora.net - Fone: (51) 3462.8600 - Canoas - RS

Escola Maria Rainha - www.nd.org.br/mrainha - Fone: (51) 3271.1660 - Júlio de Castilhos - RS

Escola Sagrada Família - www.nd.org.br/esafa - Fone: (51) 3547.1261 - Rolante - RS

Escola Santa Catarina - www.escolasantacatarinasm.com.br - Fone: (55) 3221.1447 - Santa Maria - RS

Escola N. Sra. Estrela do Mar - www.nd.org.br/ensemar - Fone: (53) 3251.1431 - São Lourenço do Sul - RS

Colégio Madre Júlia - www.colegiomaju-nd.com.br - Fone: (55) 3233.1180 - São Sepé - RS

Colégio Santa Teresinha - www.santateresinha.com.br - Fone: (51) 3542.1328 - Taquara - RS

Escola Sagrado Coração de Jesus - www.nd.org.br/escj - Fone: (53) 3255.1209 - Pedro Osório - RS

Escolas Notre Dame

Editorial Equipe de Comunicação Notre Dame

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Preparamos os educandos para a vida, capazes de conviver e interagir com a sociedade.

Foto: Richar Dias Feijó

Uma das tarefas da escola perante a sociedade

tem sido a de mostrar que os interesses individuais só se

realizam plenamente através dos interesses sociais. A

educação, ao socializar a criança/adolescente, mostra

que o ser, sozinho, não poderá desenvolver-se. O ser

humano desenvolverá sua potencialidade em contato

com outras pessoas, com o meio social.

Entendemos que não basta que o aluno aprenda o

conteúdo didático e passe de ano, o papel da escola vai

muito além, é preciso que promova a interação da criança

com o mundo, com a finalidade de ajudá-la a articular

soluções e resolver conflitos, buscando estabelecer e

alcançar seus objetivos na vida.

Para que o trabalho nas escolas obtenha

resultados significativos, a ação dos professores deve

vincular-se aos projetos e estes devem ter a participação

das famílias dos alunos. É necessário que façam sentido e

que tenham significado a todos os envolvidos.

Participar da vida escolar dos filhos é, sem dúvida

nenhuma, muito importante para o desenvolvimento

educacional da criança. Essa atenção faz com que se sinta

valorizada, afirmando sua autoestima.

Considerando o momento no qual o espaço

escolar não pode mais restringir-se ao trabalho isolado da

sala de aula e que as crianças, na mais tenra idade, são

expostas a uma infinidade de estímulos sonoros,

convivendo com as “novas tecnologias” (computador,

internet, games, celulares) exige do professor, da unidade

escolar e da família, outra postura.

As escolas da Rede Notre Dame têm trabalhado

seus projetos dentro dos Valores da sua Proposta

Pedagógica, onde o ensino se fundamenta em: Educação

com a vida, Educação para a vida e Educação por vida,

procurando sempre novas e melhores formas de educar,

partindo dos saberes e dos questionamentos que ecoam

nas comunidades onde atuam.

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Família, escola e sociedade

Valores cristãos: permear que diferencia o ato educativo.

A escola, ao longo da história, é reconhecida

como uma instituição de suma importância na

estruturação das sociedades. É por meio dela que o

conhecimento sistemático se desenvolve e que condutas

de socialização se aprimoram. Torna-se necessário

enfatizar que a excelência da educação consiste em zelar

pela integridade do desenvolvimento humano, usando-

se de valores cristãos no redimensionamento do ato

educativo.

Segundo Kant “o homem não é nada além

daquilo que a educação faz dele”. Para Paulo Freire “não

há educação fora das sociedades humanas”.

Compreendemos que as pessoas, por fazerem parte da

sociedade desde a tenra idade, são educadas para nela

viverem. Contudo, dois pontos devem ser avaliados: o

contexto em que as pessoas são concebidas (família) e o

contexto maior (sociedade).

A família é o primeiro contato social da criança,

dentro dela são aprendidas as primeiras regras de

socialização. Passados alguns anos, essa criança será

recebida na escola e, então, perceberá um código social

ainda mais complexo. Perante isso, o papel social da

escola materializa-se no profundo conhecimento das

realidades onde os alunos estão inseridos e no agir

coerente a tais contextos. Existem escolas públicas e

privadas, laicas e religiosas, mas, sem dúvida, todas

precisam resgatar o compromisso de coparticipação na

edificação de uma sociedade melhor.

Parece difícil? Muitos dirão que sim.

Reconhecemos que os alunos de hoje, embora muito

mais informados, carecem de valores básicos de conduta.

Uma sociedade que perverte seus valores contamina

“naturalmente” o viver das pessoas. Mesmo diante de

cenários enviesados, nossa atuação deve permanecer na

retidão. A naturalização dos atos ilícitos, as novas

configurações de família, a falta de continência dos

alunos são alguns dos aspectos que temos que lidar

direta e diariamente.

Constatamos que no Brasil a educação básica é

retratada como mera estatística, sem análises e

investimentos qualitativos. Na esfera acadêmica

percebemos que, apesar do maior ingresso às

universidades, o “estoque” de profissionais

desempregados ou subempregados é cada vez maior.

Tudo isso configura um panorama complicado e

desmotivador, onde a escola precisa “nadar contra a

maré”, vencendo o desânimo de uma educação

sucateada. Professores desmotivados geram alunos

desmotivados; professores esperançosos geram alunos

com esperança. Educar pelo exemplo, sem hipocrisia, é o

grande diferencial dentro de uma sociedade absorta em

sua mediocridade.

O ato educativo deve ser visto de maneira

complexa transcendendo a s istemática dos

conhecimentos formais e alcançando, por meio da

ref lexão das problemát icas , cresc imento e

desenvolvimento social. As preocupações do educador

não devem ser apenas como planejar aulas e cumprir o

plano de trabalho, elas devem contemplar a esfera

humana dos atos de ensino-aprendizagem. Os alunos

precisam receber dos educadores segurança afetiva,

sentindo-se respeitados e valorizados, somente assim

terão autoconfiança. Trabalhar a capacidade emocional

é tão importante como trabalhar a capacidade

intelectual.

Educar deve ser, acima de tudo, um ato de

amor, de amor ao próximo, de esperança no futuro.

Jesus, o Maior de todos os Mestres, é o grande exemplo

que devemos seguir. Apesar de muitas vezes nos

sentirmos enfraquecidos em nossa missão, devemos

lembrar que todo gesto realizado com inteireza de

coração é recompensado. A humildade e a bondade de

Cristo são os alicerces de uma educação voltada não para

o mercado de trabalho, mas sim, para a salvação de uma

sociedade imersa em suas perversões.

Adriana Brito Damasceno Soares Professora de GeografiaEscola Sagrado Coração de Jesus

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A interação entre as crianças é considerada como

fundamental na construção de aprendizagens

significativas na Escola. Por meio da interação trocam

conhecimentos, são desafiadas nas suas ações,

aprendem sobre as relações, constroem valores de

cooperação, solidariedade e respeito ao outro.

As brincadeiras de faz de conta são atividades privilegiadas, pois nessas tanto os pequenos ensinam os mais velhos, como os mais velhos ensinam os mais novos. Um exemplo: a tendência da criança pequena é permanecer pouco tempo entretida com um mesmo material, pois faltam-lhe recursos e experiências para serem criativas a ponto de encadear diferentes ações a partir de um mesmo enredo. Com a parceria de uma criança mais velha, o pequenino poderá acionar uma ação que já sabe fazer, o imitar, e por meio desta consegue sequenciar diferentes ações a partir de um enredo que já se encontra estruturado pelos mais velhos.

Ter a oportunidade de vivenciar o papel do mais experiente, que tem coisas a ensinar e não só a aprender, também favorece a autoestima da criança e a formação de seu autoconceito, que transpondo para a realidade da criança significa dizer: “Eu confio em mim e sei que os adultos que me acompanham também confiam que eu tenho coisas legais para ensinar e contar!”.

Os pequeninos, que ainda não conseguem expressar sua fala de forma coerente e clara, estão recebendo modelos muito próximos aos que podem conseguir fazer, para imitarem. Além disso, a criança pequena sente-se confortável na parceria de uma criança

maior, pois esta considera-a como uma interlocutora, que apesar de não saber muitas coisas, pode ser uma grande amiga nas brincadeiras e parcerias na escola. Outra troca muito interessante que podemos observar diz respeito à identidade de estudante, ou seja, de criança que frequenta a escola, que é um ambiente diferente da casa.

É importante ressaltar que as situações de interação têm um papel fundamental na formação de crianças que constroem uma postura ética no convívio em sociedade, portanto na relação com o outro. Vivemos em um mundo no qual os valores estão se perdendo, já não sabemos quais são as leis que regem as ações e reações das pessoas, qual a lei que impera nas relações de amizade, de amor, de família. Cada vez mais desaprendemos a conviver em grupo e nos voltamos para a parceria com as máquinas, que buscam substituir o contato caloroso que somente a parceria entre iguais possibilita.

Quando favorecemos situações de interação no ambiente escolar, estamos oportunizando a aprendizagem das crianças em conviver gostando desta relação, respeitando e valorizando as diferenças, resolvendo e respeitando os conflitos gerados por esta interação, aprendendo a contar com a parceria do outro para descobrir novos saberes e para construir competências indispensáveis para o convívio em equipe. Aprende a cooperar, esperar sua vez de falar, ouvir o outro, colocar-se no ponto de vista do outro e agir com ele a partir deste conhecimento. A ética diz respeito à construção dessas posturas de vida e, por ser um saber que está extremamente vinculado às relações, ao convívio em grupo, é principalmente nessas situações que as crianças aprendem a serem éticas consigo próprias e com os outros.

A interação entre as crianças

As situações de interação têm um papel fundamental na formação de crianças que constroem uma postura ética

no convívio em sociedade.

Cinara Rosa Abreu Psicóloga e Orientadora EducacionalEscola Nossa Senhora Estrela do Mar

O papel da família no processo de aprendizagem

Karine Beppler - Professora e Psicopedagoga Colégio Maria Auxiliadora

É dentro de casa que um filho constrói

e absorve a disciplina para ter saúde social.

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A família é o primeiro grupo social e o primeiro local

de aprendizado que possibilita o desenvolvimento de

uma criança, pois é no meio familiar que se encontra

afeto, carinho, aprende-se sobre princípios, valores,

respeito, cultura e ética.

De acordo com Braghirolli, as atitudes e posturas

são aprendidas. São reflexos de um modelo observado,

adotado e considerado como exemplo de vida. A

influência que os pais exercem sobre os filhos é

inconsciente, mas seus comportamentos, sua maneira de

falar, de tratar as pessoas, de ver o mundo influenciam

diretamente em relação ao desenvolvimento de seus

filhos.

É dentro de casa que um filho constrói e absorve a

disciplina para ter saúde social. É primordial que os

membros da família saibam preparar seus filhos para a

educação escolar, sendo proveniente dos pais a

responsabilidade pela educação dos filhos, com isso, a

integração da família ao meio escolar torna-se muito

importante.

Na família, as transformações individuais e

coletivas devem ser maturadas de forma a

desenvolverem-se corretamente nos padrões da

sociedade em que está inserido, demandando tempo e

convívio. A postura familiar, sua estrutura, os padrões de

punição, crenças e valores são elementos que têm

impactos importantes no desenvolvimento das

habilidades sociais.

Famílias agressivas e restritivas tendem a formar

crianças que apresentem um comportamento de

isolamento social, de dependência e habilidade reduzida

na solução de problemas. Famílias superprotetoras

tendem a formar crianças inibidas, dependentes, sem

autoconfiança, com baixa autoestima e tímidas. Famílias

que incentivam seus filhos na participação constante das

atividades propostas pela escola, que compreendem e os

encorajam para progredir, tendem a formar crianças

fortes e confiantes para superarem suas dificuldades.

A participação dos pais na vida escolar de seus filhos

é fator indispensável para que a criança ou o adolescente

sintam-se amados e motivados para obterem avanços em

sua aprendizagem. Sendo assim, a família e a escola

precisam construir uma parceria para que os alunos

tenham um maior aproveitamento na aprendizagem,

não bastando somente à escola preocupar-se com a

questão da aprendizagem.

Sobre a fundamental importância da família,

Pestalozzi se expressa (apud FREINET, 1974, p.14):

“Não há livros, não há métodos artificiais que

possam substituir a educação em família. A melhor

história, o quadro mais emocionante visto num livro são

para a criança como a visão de um sonho sem vínculos,

sem seguimento, sem verdade interior. Pelo contrário, o

que se passa em casa, sob os olhos da criança, liga-se

naturalmente, no seu espírito, a mil outras imagens

precedentes, pertencendo à mesma ordem de ideias e,

portanto, têm para ela uma verdade interior”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAGHIROLLI, Eliane Maria. Psicologia Social. Petrópolis: Vozes, 2002.

CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Psicologia do desenvolvimento . São

Paulo: Ática 1998.

FREINET, Célestin. Conselhos aos pais. São Paulo: Estampa, 1974.

(Coleção Técnicas de Educação, n. 6).

SISTO, Fermino Fernandes. Dificuldades de aprendizagem no contexto

psicopedagógico. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

A sociedade contemporânea e a educação

A educação vem de casa, amparada em

princípios básicos da família como respeito, obediência,

tolerância, compromisso, dedicação e responsabilidade.

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A educação sempre foi uma questão de

preocupação e discussão na história do homem civilizado.

Muitos debates já foram realizados e continuam sendo

feitos, sobre qual o melhor método para aplicá-la. O

grande filósofo Grego Aristóteles pensava que a educação

seria o meio para chegar à felicidade e que tinha o dever

de lapidar o cidadão, preparando-o para o convívio em

sociedade. No seu entendimento, acontecia por meio das

virtudes e de atos virtuosos, e não por leituras de textos

ou conceitos. Também pensava que a educação deveria

ser um direito coletivo, de inteira responsabilidade do

estado. Por muitos anos, o acesso à educação só era

possível a filhos de famílias abastadas ou através de

instituições religiosas e somente para os homens. Na

visão da época, as mulheres não tinham necessidade de

instrução.

Na era contemporânea, esse privilégio, em

especial no ocidente, é oferecido para todos,

indistintamente, em rede pública ou particular. No

entanto, deparamo-nos com novos desafios.

Atualmente, existe um amplo acesso à tecnologia

e à informação. A liberdade de expressão é uma realidade

na sociedade moderna, embora percebendo que, com

tantos acessos possíveis, parece-nos que a juventude foca

apenas em pontos específicos como as redes sociais,

deixando de aproveitar o conhecimento disponível.

Aristóteles não tinha como prever a evolução científica e

tecnológica, mas tinha razão quando falava da

importância das virtudes para a educação. Dessa forma,

podemos determinar que a educação vem de casa,

amparada em princípios básicos da família como respeito,

obediência, tolerância, compromisso, dedicação e

responsabilidade. Esses princípios são fundamentais na

base familiar, refletindo inteiramente na sociedade. A

escola tem o papel de lapidar essas virtudes orientando,

organizando, ensinando e fomentando o conhecimento.

O sociólogo Polonês Zygmunt Bauman define

que a sociedade do século XXI tornou-se uma sociedade

líquida, de relações superficiais e rasas. Diante desse

cenário, vem a grande interrogação: Como ter uma

educação baseada em virtudes, se a base sólida da

sociedade, que é a família, está desestruturada e em

crise?

Que possamos refletir e ter atitudes que

contribuam conosco e com a vida em sociedade.

Gilmar José Cametim

Professor de Ensino Religioso - EFII e EM

Colégio Santa Teresinha

Repensando valores nos dias de hoje

À família cabe a responsabilidade de educar para os conhecimentos empíricos, à escola para os conhecimentos científicos

e ambas para a educação dos conhecimentos em valores éticos.

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Os desafios da sociedade estão em constante

transformação e causam forte impacto nas práticas

pedagógicas. A educação de valores para formação moral

do indivíduo faz-se necessária e importante com uma

metodologia de ensino preventivo, uma educação de

valores éticos e morais. A escola é um lugar, por

excelência, em que esse desejo ético é possibilitado.

A lei maior da sociedade brasileira determina:

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Constituição da República Federativa do Brasil, art. 205 – grifo acrescentado).

Nesse sentido, o que nossa sociedade espera da educação é que forme as novas gerações para o exercício da cidadania, para a boa convivência em sociedade.

2001) a crise social em que a sociedade se encontra está diretamente ligada aos valores que estão sendo perdidos e esquecidos por aqueles a quem cabe a responsabilidade de transmiti-los e o desconhecimento daqueles que deveriam estar aprendendo, seja por ensino direto ou por observação do comportamento do outro. Vivemos num tempo em que os valores que devem nortear a vida em sociedade avançam de maneira progressiva esquecida. Esta ausência de valores e de uma dimensão espiritual leva as pessoas a viverem no imediato, nas emergências e nas dificuldades do dia-a-dia.

Educar para a sensibilidade ética tem como seu início na simplicidade do bom dia, ou seja, bem-vindo, da ternura do abraço, do eu estou contigo, do sorriso que acolhe, do importar-se com o outro. Enfim, educar para ética significa aprender com o outro que, uma das principais aprendizagens da vida, é o dom da partilha e que nessa comunhão, anuncia-se a esperança como vocação do humano que se abre à dimensão do infinito ou da transcendência.

Segundo Facundes (

Educar, proporcionando o acolhimento dos

alunos e suas famílias, de uma forma carinhosa, seja no

início do ano letivo, na chegada à escola pela primeira

vez, ou em diferentes situações necessárias, certamente

deixará os alunos e os pais seguros, principalmente se o

ambiente é novo para ambos. Brincadeiras, dinâmicas de

grupo e integração proporcionam o início do contato e

relações afetivas entre os educandos, pais e educadores,

tão necessárias para a formação do vínculo fundamental

entre aluno, família e escola. Quando a família percebe

que seu filho está bem, está feliz, ela também estará feliz.

A participação familiar no contexto da escola é fundamental para que a criança se desenvolva e tenha uma vida escolar de sucesso. Participar da vida escolar dos filhos é primordial, pois a família conhece profundamente a criança, sendo capaz de identificar as potencialidades e as dificuldades que elas possam ter inicialmente.

A responsabilidade educacional de uma criança deve ser dividida entre a família e a escola, ambas andando de forma conjunta com objetivos comuns, pois à família cabe a responsabilidade de educar para os conhecimentos empíricos, à escola para os conhecimentos científicos e ambas para a educação dos conhecimentos em valores éticos, que irão formar o juízo de valor e o senso moral do indivíduo. A família e a escola devem falar a mesma linguagem, para não correrem o risco de caírem em contradição no ensino dos valores e dos princípios que desejam repassar aos seus filhos e alunos.

Elisabete Romana Ferreira Adriana Cássia Pasqualotto SteffenEducação Infantil - Colégio Maria Auxiliadora

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Ao falar de educação e do conhecimento que

remete à escola, não podemos deixar de destacar as

teorias de aprendizagem. Segundo Bruner (psicólogo

americano, 1915-2016), a aprendizagem em espiral

apresenta o mesmo conteúdo mais de uma vez, em

diferentes prismas e níveis de profundidade, obedecendo

as etapas do desenvolvimento intelectual da criança e a

maneira de representá-la, respeitando o conhecimento

que já possui, para que desperte sua curiosidade e assim

sinta-se estimulada.

O professor não é aquele que transfere tudo, nem

tem tudo pronto, mas o aluno tem participação ativa,

contribuindo com suas ideias, expondo o que sabe,

experimentando. Assim, o professor parte desses

momentos de interação e interesse de seus alunos para

explorar e aprofundar as potencialidades de cada um,

fazendo com que o aluno tenha cada vez mais gosto pelo

universo escolar, porque está inserido nessa

aprendizagem e as experiências vivenciadas serão mais

significativas. Cada vez mais os alunos terão experiências

significativas se a escola explorar todas as suas

dimensões, sejam elas intelectual, social, emocional,

física e cultural.

Para Piaget (1994) o desenvolvimento moral da criança se dá de forma conjunta ao desenvolvimento lógico e ao seu processo de adaptação ao meio e às regras. A sua construção cognitiva deve estar associada à sua acomodação com o meio.

A educação moral é uma tarefa distinta a dar

forma moral à própria identidade humana por meio de

um trabalho de reflexão e ação que parte das

circunstâncias que cada sujeito encontra no seu dia-a-dia.

Nesse aprendizado social e fraterno entra, em primeiro

lugar, o domínio do instrumento, que é a língua falada e

escrita.

Referências Bibliográficas

FACUNDES, Márcia Botelho. Aprendendo valores éticos. 4. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. 112p.

REVISTA DE EDUCAÇÃO AEC. Como Temos Educado Nossos Jovens? Out./ Dez. 1995, v. 24, n° 97 Brasília : Editora Multimarcas.

O desafio de formar um aluno atuante e comprometido com a sociedade só se torna possível a partir da soma de esforços entre família e escola. Excelência existe quando falamos de valores, de solidariedade, de respeito, de convivência em grupo. Transformar tudo isso é o grande desafio da escola. Tornar-se um diferencial de qualidade formando alunos com princípios éticos e cristãos garante atitudes bem fundamentadas para a transformação da sociedade, através da educação humana, cristã, solidária e participativa.

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As transformações e mudanças rápidas em que estamos vivendo afetam diretamente nossa vida, atingindo no modo de ser, pensar e agir, principalmente na vida das crianças, adolescentes e jovens. As tecnologias de informação e comunicação influenciam e favorecem o surgimento de novos paradigmas a respeito da família, dos valores humanos, religiosos, éticos e um jeito diferente de relacionar-se. Nem sempre esse novo é repleto de um dinamismo que envolve vida e vida em plenitude. Há muitas famílias fragmentadas e desconcertadas, sem encontrar meios e soluções para uma educação de valores às novas gerações.

Tendo em vista proporcionar um caminho de acolhimento, interação e transformação dessa realidade, o Serviço de Animação Vocacional da Província Nossa Senhora Aparecida, das Irmãs de Notre Dame, elaborou, em 2013, o projeto JUND – Juventude Notre Dame – que quer ser uma resposta ao anseio das juventudes e um espaço de evangelização. Através do trabalho diretamente com os/as jovens, é possível atingir as realidades onde eles/elas estão inseridos/as e por eles/elas mesmos/as aconteça a transformação da sociedade, ressignificando os novos paradigmas instituídos nessa época de mudanças.

Hoje, o JUND não é mais projeto e sim missão das Irmãs de Notre Dame. São quatro anos de caminhada junto às juventudes da Rede Notre Dame de Educação e comunidades paroquiais onde as Irmãs estão inseridas ou realizam um serviço pastoral nos estados do Rio Grande do Sul e Tocantins.

A Juventude Notre Dame está organizada em grupos, que priorizam encontros semanais e são dinamizados pelos/as próprios/as jovens, que se chamam animadores/as, sendo orientados/as pelos/as adultos/as, que são os/as assessores/as. Acredita-se que, através da formação integral, os/as jovens serão protagonistas de suas próprias vidas influenciando a sua realidade e, juntos/as, possam construir a Civilização do Amor, que nada mais é que a proposta de Jesus para um Reino de respeito, liberdade, transparência, empatia, acolhimento às diferenças, paz, tolerância, justiça.

Para celebrar a caminhada realizada no decorrer do ano, os/as jovens Notre Dame se encontram no AcampJUND, que é um evento para maior integração dos grupos e coroamento da trajetória feita até o momento. Através do JUND, almeja-se transformar a vida dos/as jovens e resgatar as expressões juvenis que são capazes de levantar suas vozes e gritar por um mundo mais justo e fraterno. Nós acreditamos nas juventudes e apostamos nelas para a transformação da sociedade.

JUND - proposta para uma vida de valores

Irmã Shirle Maria, SNDCoordenadora do Serviço de Animação Vocacional

NOTRE DAME

Juventu

de

Uma resposta ao anseio dos jovens e um espaço de evangelização.

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É coisa nossa...José Arcerito - DiretorColégio Madre Júlia

Vanda Magali Almeida Escobar - ProfessoraEscola Santa Catarina

Divulgando ao mundo a Bondade de Deus, a Congregação desenvolve em seus educandos o sentimento de solidariedade e amor ao próximo. O estudante ND, ao ingressar na escola, sente-se seguro e feliz porque encontra na equipe apoio através do abraço, do diálogo e do carinho. Aprende-se muito cedo que ser Notre Dame é estar a serviço do próximo, auxiliando nas ações mais simples. O sorriso faz parte da vida diária de pessoas que encontram no irmão a Bondade de Deus.

Uma trajetória repleta de amor e dedicação motiva crianças e jovens a viver em comunhão com um Deus providente, apresentado a eles através de todos os Componentes Curriculares. Ser Notre Dame é acreditar que conhecimento aliado à espiritualidade forma o cidadão para a plenitude da vida.

O jovem, ao terminar sua etapa estudantil na escola, está apto a conviver com diferentes realidades e a escolher o seu próprio caminho. Muitos são os exemplos na sociedade de profissionais que frequentaram e foram educados com o carisma ND e que atuam em suas profissões com o olhar voltado para o bem-estar do próximo.

Quem ao longo da vida toma contato com o carisma ND torna-se um ser humano capaz de amar e deixar-se amar, porque aprende que fomos criados para o amor e pelo amor de Deus Pai.

Nós, do Colégio Madre Júlia, de São Sepé-RS, estamos muito contentes por constatar que, ao longo de 80 anos, nossa escola tem contribuído para a construção de uma sociedade melhor! Sim, a realidade na qual estamos imersos, nossa vida em sociedade, tem muitas riquezas e é fonte de muitas alegrias. Mas também é, inegavelmente, or igem de muitas s i tuações prob lemát icas , so f r imentos , des igua ldades , subdesenvolvimentos, injustiças...

Nós acreditamos na civilização do amor! É por isso que a Rede Notre Dame e nossa escola nunca esmoreceram na proposta de educação que faz a diferença na formação de cidadãos conscientes de seu papel transformador na vida da família, da sociedade, no mundo do trabalho, da política, da cultura, da arte, da ciência e de tantos outros campos de vida e ação, nos quais nossos ex-alunos participam para fermentar, com bom fermento, a massa da vida em sociedade, para que nosso mundo não fraqueje diante das dificuldades.

A parceria educativa de sucesso, formada pelas famílias com nossa escola, deu e continua a dar excelentes resultados. Bondade, firmeza e competência são, em São Sepé, um legado maravilhoso das Irmãs de Notre Dame, que permitem à nossa escola cumprir sua missão social educativa bebendo, constantemente, no carisma de Santa Júlia Billiart, que é testemunhar a bondade e o amor providente de nosso Deus amoroso, poderoso e misericordioso.

Estimulados, pois, pelo testemunho das Irmãs de Notre Dame, nós, professores e funcionários, queremos renovar nosso compromisso com a vida e a esperança! Queremos, com nossos alunos atuais e suas famílias, renovar nossa parceria educativa a fim de promover a construção dessa tão almejada Civilização do Amor! As transformações de que precisamos em nossa sociedade passam pelo nosso compromisso educativo que se funda nos valores do Evangelho, os quais nos apontam a validade do empenho constante na educação! Deus não nos abandona nunca! Ele já venceu o mundo! E Ele quis e quer contar conosco, com nosso entusiasmo de vida, para que as realidades do Reino de Deus brotem a partir das realidades humanas em que estamos vivendo e trabalhando.

Nós acreditamos na civilização do amor!

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Educação ND fazendo a diferença!

Educação sólida com valores à luz dos Princípios Educacionais Notre Dame é a Pedra Angular da

Proposta de Educação ND.

Optar por uma educação sólida, com valores cristãos, é optar por uma instituição que acolhe com amor, que se compromete com o cuidado constante e que não mede esforços para que a aprendizagem seja, além de significativa, prazerosa.

Bondade, firmeza e competência são aliadas para se obter uma receita de sucesso escolar e pessoal. Para que seja efetivo, é necessário que a parceria família e escola funcionem bem. A escola é, sim, uma continuidade da vida familiar. Não é possível dissociar o jeito de ser e os valores que estão incutidos em cada pessoa e no meio familiar. O exemplo, a forma de lidar e o cuidado que cada um espera receber fazem diferença no jeito de agir consigo mesmo e com os outros, e no jeito de ser de cada um.

A escola, para ser referência aos alunos e à sociedade, precisa preocupar-se com as questões pedagógicas que norteiam todo o trabalho realizado pelos professores, bem como cada momento de experiência e de vivência nas atividades corriqueiras do âmbito escolar. A aprendizagem realmente acontece quando os alunos sentem-se motivados a quererem saber mais, despertando curiosidades que os levam a serem insaciáveis na busca constante de conhecimento.

Uma educação sólida, com valores cristãos p r e p a r a p e s s o a s q u e , o n d e e s t i v e r e m e independentemente da função que desempenharem, deixarão marcas positivas, interferindo na realidade e colaborando com a transformação social desejada. Formar pessoas para que sejam protagonistas de suas vidas e, conscientes e sabedores de sua missão, possam intervir na realidade, deve ser o sonho de todo educador.

Assim acontece na Rede Notre Dame de Educação. Aqui formamos líderes que, de geração em geração, deixarão seguidores que multiplicarão bons exemplos, que partilharão cases de sucesso e que s e g u i rã o s u a m i s s ã o co m a l e g r i a e m u i to comprometimento.

Acreditar na Proposta Notre Dame de Educação é acreditar na possibilidade de um mundo melhor, com pessoas preparadas para a vida e para os desafios que esta nos impõe.

Maria Isabel Rossetti - Diretora Colégio Santa Teresinha

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“É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”. Este pensamento alavanca a escolha da família em relação à educação e desafia à reflexão sobre o que é proporcionado aos filhos no seu dia a dia. Família e escola são instituições distintas, mas se completam. A responsabilidade do aprendizado é de ambas. É na família onde a criança recebe as primeiras lições da sua vida. A escola abre caminhos para o conhecimento. Este encontra-se nos meios de comunicação que estão sempre mais acessíveis.

O papel do educador é estimular, orientar e desafiar aos mais variados experimentos em relação à natureza, conservação, aprendizagem, envolvendo atitudes de busca, conhecimento, desafio e despertando para a socialização de informações diversificadas, para que assim a aprendizagem seja significativa. Neste aspecto, o educador precisa ser um descobridor de talentos dos diversos sentidos.

Dentro do aspecto do ensino de excelência, cabe aos pais escolherem a escola que proporciona este aprendizado. O mundo ao redor de cada criança está cercado pelas mais diversas informações. O educador precisa ser a pessoa que desperta para a aprendizagem, tanto de valores sociais, atitudes e sentimentos imprescindíveis à aquisição de conhecimentos para a vida. São necessários procedimentos que levem à dimensão da mudança em construção. Hoje, já não é o(a) professor(a) que detém toda a informação, mas ele(a) é o mediador(a) na integração da aprendizagem com a vida diária. Exemplos concretos são o Projeto Blue School, onde a professora desenvolveu o debate sobre assuntos inerentes ao cotidiano dos alunos, à valorização da mudança de atitudes e outros; o trabalho de soltar pipas na praia, desenvolvido pela professora da Educação Infantil, que envolveu a presença dos pais; o trabalho com a história “O medo da sementinha”, culminando com o plantio de sementes de flores; o telejornal na apresentação de trabalhos de pesquisa sobre as propriedades do ar, entre outros. Aqui a marca essencial é a participação dos pais e de outras pessoas do ambiente escolar, o sair de sala de aula e experimentar, no concreto, o desenvolvimento social, a participação, a vontade de

ajudar na construção do processo de crescimento e integração. São experiências que permanecerão gravadas e conduzirão para o despertar de atitudes de mais vida no ambiente onde estão inseridos.

O papel da família na educação

Família e escola são instituições distintas, mas que se completam.

Ir. Maria Silvia Stigger, SNDEscola Nossa Senhora Estrela do Mar

Na escolha da instituição educativa, os pais percebem o que é de excelência, seja no ensino, relacionamentos, estratégias, responsabilidade, parcerias e contatos. A hierarquia de valores da instituição é um aspecto que conta nesta busca de integração família-escola. São os anos de presença na cidade, a busca pela tradição, a construção de saberes oferecidos e a perpetuidade recebida que, geralmente, passa de pai/mãe para filho(a).

14

Família, escola e sociedade

É preciso que as famílias sejam presentes na escola e na criação de

E - A escola ocupa um lugar de reflexão na sociedade. Em uma sociedade em que percebemos a tolerância, o consumismo, o respeito, a justiça e tantos outros valores fundamentais muitas vezes questionados, como podemos compreender a concepção de “Educação com Valores” no mundo atual?

R - A Educação com Valores no mundo atual

precisa, para que tenhamos uma sociedade mais

justa e fraterna, pautar-se no entendimento do

conhecimento profundo do ser humano. Assim,

entendo que ao construirmos nossos currículos e

planos de ensino trabalhamos competências

acadêmicas que precisam estar em consonância com

competências sociais, de forma integrada. Não se

forma para a vida apenas "instrumentalizando" o

estudante para ter bons resultados em processos de

inserção ao ensino superior; entendo que formamos

sujeitos participativos, conscientes de seu papel

s o c i a l , p r e p a r a d o s a c a d e m i c a m e n t e e

profissionalmente. É preciso que a escola tenha um

currículo que amplie os aspectos físico, mental,

intelectual, intuitivo e psicoespiritual da

personalidade dos estudantes, assim teremos uma

educação com valores.

E - Em novembro de 2015 aconteceu, em Roma, o Congresso Internacional das Escolas Católicas. Em conversa com os conferencistas, Papa Francisco afirmou que a educação deve andar com três caminhos: “para educar as crianças, adolescentes e jovens é preciso ser mestre na linguagem da testa, das mãos e do coração”. Você acredita que esses valores dentro de uma escola católica são diferencias na formação de um indivíduo?

R - Sim, com toda certeza. O Papa Francisco,

ao dizer que é preciso ser mestre na linguagem da

testa, das mãos e do coração, destaca que as nossas

escolas precisam garantir uma educação que faz

“A preciosidade da vida como dom e graça, lugar de compreensão singular da bondade e do amor Providente de Deus, nos faz ver o educando como centro de todo o processo formativo. Em seu desenvolv imento respeitam-se as características, as especificidades e os interesses de cada etapa evolutiva, munindo-o do que for necessário para prepará-lo para a vida, capacitando-o a chegar à plena dignidade de cristão amadurecido. ”

(Proposta de Educação ND, páginas 16-17)

No mês de novembro de 2017, a professora

Roberta Guedes esteve conversando com

professores sobre a BNCC (Base Nacional Comum

Curricular) e suas implicações no currículo. Muito

mais que conteúdos, a BNCC tem como preocupação

o d e s e n v o l v i m e n t o d e c o m p e t ê n c i a s

socioemocionais na escola. A Educação Notre Dame

traz como missão a educação sólida com valores

cristãos e trabalha a formação do educando através

do desenvolvimento de competências, habilidades e

atitudes necessárias para a vida.

A partir da reflexão da Proposta Notre Dame

de Educação e dos estudos e reflexões propostos na

BNCC, convidamos a professora Roberta para um

bate-papo sobre educação, valores e formação do

ser humano na sociedade atual.

15

Entrevista por Cláudia Lima Gonçalves

seus filhos; uma presença ativa, generosa e de exemplos.

pensar e que empodera todas as classes sociais. A

escola católica tem um compromisso com uma

educação de equidade social e deve ter como

diferencial ser uma instituição que forma as infâncias,

juventudes e adolescências na perspectiva da

alteridade e da justiça.

E - As escolas Notre Dame trabalham baseadas nos princípios de Bondade, Firmeza e Competência, herdados pela mãe espiritual da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora, Santa Júlia Billiart. Como esses três princípios podem ser trabalhados pelas famílias na formação de crianças e jovens?

R - É preciso que as famílias sejam presentes

na escola e na criação de seus filhos; uma presença

ativa, generosa e de exemplos. É com exemplos que

aprendemos.

Cabe às famílias valorizar o tempo com os filhos,

acompanhá-los em seu desenvolvimento escolar e

como sujeitos de identidade, emoções e saberes. É

preciso que os pais potencializem situações em que

as crianças e jovens convivam com as diferenças, para

que aprendam a respeitá-las e acolher o próximo;

que conheçam as desigualdades para que se

indignem com as mesmas, e que ajam com firmeza

terna dando limites e regras para que cresçam

aprendendo a importância do respeito.

E - Diante de tantos desafios para a formação de valores em nossa sociedade, deixe sua mensagem para a família Notre Dame. Como professores, famílias e alunos serão capazes de se engajar na formação para uma sociedade mais justa e fraterna?

R - Desejo que as famílias e a escola sejam

unidas pelo mesmo objetivo: infâncias, adolescências

e juventudes mais felizes, esperançosas e lutadoras

por uma sociedade de menos privilégios e corrupção

e mais encharcada de solidariedade. Que as

aprendizagens realmente sejam para a vida e não

para a morte social; que escola e família comunguem

do ideal da fraternidade. Penso que, se os

educadores e a família acreditam na escola como

espaço social e de conhecimento, e se nossas

crianças e jovens entendem suas aprendizagens de

forma emancipadora, conseguimos formar pessoas

ROBERTA GUEDES - Gerente da Câmara de Educação Básica da

ANEC - Associação Nacional de Educação Católica do Brasil,

Coord. do Curso de Pedagogia do UniProjeção de Brasília,

Assessora Pedagógica da ANASPS, Doutoranda em Ciências

Sociais pela Unisinos, Mestre em educação pela UCB e graduada

em História.

16

Juventude, escola e família: novos tempos, novas relações

Patricia Machado Vieira¹Maurício Perondi²

Vivemos um cenário político e educacional

que suscita muitos debates, dúvidas e inquietações.

Entre as instituições públicas de ensino, a tensão do

corte de investimentos, os atrasos salariais, as

precárias estruturas e as tantas incertezas. No ensino

privado não é diferente, a preocupação com a Base

Nacional Comum Curricular (BNCC); a crise político

econômica que gera instabilidade; a necessidade de

conciliar expectativas de pais, estudantes e

educadores. Em ambas, a urgência de repensar suas

práticas a fim de responder as mudanças sociais, aos

novos sujeitos que chegam as salas de aula.

Nesse contexto, cada vez mais decai sobre a

escola o papel "heróico" de transformação social. É

fato que, uma mudança efetiva na sociedade só é

viável por meio da educação, no entanto, é ilusório

acreditar que ela, por si só, tenha condições de

resolver os problemas de toda a sociedade. Como

alertam os pesquisadores Paulo Carrano e Juarez

Dayrell, “não podemos esquecer que a instituição

escolar e os atores que lhe dão vida, professores,

alunos, gestores, funcionários, familiares, dentre

outros, são parte integrante da sociedade e

expressam, de alguma forma, os problemas e

desafios sociais mais amplos” (2014, p.103).

Dessa forma, emerge a necessidade de

(re)pensar e (re)significar o papel da instituição

escolar na sociedade atual; propor ações e políticas

que respondam as demandas sociais, e; romper com

a culpabilização dos sujeitos, como professores,

estudantes ou famílias. Compreender a escola como

parte da sociedade e os problemas vivenciados nela e

por ela, como reflexo de problemas mais amplos, é o

primeiro passo na mudança dessas realidades.

Algumas reflexões começam a surgir, outras

já são debatidas a mais tempo, no sentido de

posicionamentos a ações efetivas que levem em

consideração as mudanças sociais. No entanto, para

que atitudes concretas sejam possíveis é

f u n d a m e n t a l a b s t e r - s e d e j u í z o s d e

responsabilização e sensibilizar o olhar. A seguir,

apresentamos três mudanças de perspectiva e até,

ousamos dizer, mudança de paradigma necessárias

na instituição escolar e na sociedade, em relação a

ela.

É preciso repensar as práticas, a fim de responder às mudanças sociais, aos novos sujeitos que chegam às salas de aula.

3

17

1. A não culpabilização dos sujeitos, mas a

responsabilização de todos os envolvidos no

processo educativo e escolar. A mudança social por

meio da educação passa por uma ressignificação do

que é a educação. É preciso compreender que ela é

mais do que o processo de escolarização, é um

processo que acontece em todos os âmbitos da vida,

no qual família, escola e sociedade são igualmente

parte e corresponsáveis. Nessa relação, deixa-se de

culpabilizar os professores, gestores e/ou famílias,

passando para um contexto onde cada um assume a

sua responsabilidade e a sua parte no processo

educativo, num contínuo.

2. Busca por estabelecer parcerias, convergindo

interesses e necessidades da comunidade escolar. O

desejo de uma educação integral e de qualidade é

comum para todos os membros da comunidade

escolar – professores, gestores, funcionários, famílias

e estudantes. A compreensão do que significa tal

educação é que pode diferir, gerando conflitos que

acabam enfraquecendo e prejudicando o processo

educativo. É fundamental o exercício do diálogo, a

confiança mútua, a parceria e a clareza quanto ao

papel de cada instituição e sujeito no processo.

3. Olhar para os estudantes como sujeitos

integrais, de maneira especial os jovens. A tendência

de homogeneização faz com que, muitas vezes, a

instituição escolar negligencie a diversidade

representada por cada estudante. Essa situação é

ainda mais significativa entre os jovens estudantes

com práticas culturais muito diversas, com suas

marcas indenitárias estampadas nas roupas, na

forma de falar, nas suas múltiplas formas de se

relacionar com o mundo. No entanto, essa

multiplicidade das culturas juvenis é pouco

valorizada e, por vezes, silenciada pela cultura

escolarizada com seus uniformes, regras e assepsias.

Muitas vezes, os jovens acabam tendo a sua

identidade negada e perdem a identificação com o

espaço escolar. Ao contrário, quando as culturas

juvenis são trazidas para a escola, cria-se um

potencial significativo de trabalho e desperta-se o

interesse e o envolvimento desses sujeitos,

tornando-os corresponsáveis pelo seu processo

educativo escolar.

Por fim, importa lembrar que primeiro é

preciso sensibilizar o olhar, abrir-se ao diálogo e

procurar soluções conjuntas que envolvam os

diferentes membros da comunidade escolar e da

sociedade para uma mudança efetiva na educação. A

complexidade social não deixa espaço para a

idealização de ações individuais como "suficientes"

para a mudança do todo. A educação é um processo

global e integral, que necessita de parcerias, de

confiança, de responsabilidade, de profissionais

qualificados, de investimento, de tempo.

1 Mestra em Educação pela Universidade Federal do Rio

Grande do Sul – UFRGS e integrante do Observatório

Juventudes PUCRS.

2 Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio

Grande do Sul – UFRGS e integrante do Observatório

Juventudes PUCRS.

3 CARRANO, Paulo; DAYRELL, Juarez. Juventude e Ensino

Médio: Quem é este aluno que chega à escola. In:

CARRANO, Paulo; DAYRELL, Juarez; MAIA, Carla Linhares

(orgs). Juventude e ensino médio: sujeitos e currículos em

diálogo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014. p. 101 – 134.

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Inversão de papéis promove a liderança

A educação tem o dever de interpretar os sinais do nosso tempo, impulsionando ações criativas que façam germinar uma nova história. É preciso formar pessoas capazes de liderar com ética e responsabilidade. Porém, a liderança é natural para algumas pessoas, e para outras ela pode ser aprendida.

Dessa forma, cabe à escola possibilitar a formação de lideranças, o desenvolvimento das potencialidades e a compreensão de que o voluntariado é uma maneira de mudar o mundo em que se vive.

A turma da 5ª série, da Escola Sagrada Família, vem realizando descobertas significativas desde o início do ano. O fato de passarem a estudar no turno da manhã favoreceu o contato com os alunos das séries finais e possibilitou a observação dos demais professores do turno circulando pela escola. Tudo isso fez com que os alunos amadurecessem no que diz respeito à liberdade, organização e responsabilidade no processo de aprendizagem.

A professora da turma propôs uma inversão de papéis, onde os alunos assumiram o papel de professores. Para isso, ao longo do ano estão realizando muitas atividades direcionadas às turmas das Séries Iniciais. No mês de setembro a turma organizou atividades para a Semana Farroupilha, onde se dividiram em grupos e contaram lendas gaúchas, cantaram cantigas folclóricas, organizaram brincadeiras do folclore gaúcho e realizaram uma oficina de confecção de um cavalo de pau com uso de materiais reaproveitados, divertindo as turmas do turno da tarde.

Durante essas atividades, em turno oposto, percebemos o quanto os alunos têm desenvolvido o espírito de liderança, ao se verem ensinando algo importante para as crianças menores.

Segundo a educadora paranaense, doutora em educação Heloísa Lück,

“existem indivíduos que despontam naturalmente para exercer esse papel de líder e certamente o farão se o ambiente favorecer. Mas mesmo assim eles precisam de orientação para empregar

essa habilidade e toda a energia em nome do bem coletivo. Trata-se de um exercício associado à consciência de responsabilidade social. Onde a gestão é democrática e participativa, há a oportunidade de desenvolver essa característica em diversos agentes. Somente governos e organizações autoritários e centralizadores não permitem isso. E a escola, é claro, não deve ser assim”

Através das atividades lideradas pelos alunos e orientadas pela professora, percebe-se o interesse em aprender e, mais ainda, constata-se o quanto agora se importam em ser exemplo para os menores, seja através do jeito de narrar as histórias, representar personagens, ensinar a transformar materiais que seriam descartados em brinquedos e brincadeiras divertidas, como em ter responsabilidade com os horários marcados para estarem na escola e os materiais que devem trazer.

Através dessas ações, os alunos estão dividindo conhecimentos, tarefas e responsabilidades, e aprendendo a se organizar coletivamente. Assim, desenvolvem a capacidade de trabalhar em equipe, fator fundamental para o convívio em sociedade.

D e s s a fo r m a , t e r e m o s p e s s o a s m a i s comprometidas e responsáveis por suas atitudes, levando em conta o bem comum, a sustentabilidade e a generosidade em doar seu tempo para alegrar a vida do outro. Em um tempo de relações tão líquidas, essas atividades tão simples de hoje podem se tornar um meio de resgatar o conviver entre as pessoas.

Fabiana Cristina da CunhaProfessora da 5ª série Escola Sagrada Família

Atividades na Escola

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Família - elo necessário na normação do ser humano

Uma relação de confiança entre a família e a escola contribui para que a criança tenha mais segurança ao explorar o mundo e descobrir a sua própria identidade. Da mesma forma, a escola também contribui para potencializar a relação familiar e envolver aprendizagens próximas ao seu contexto.

Uma das funções sociais da escola é integrar-se à família, cumprindo assim, seu objetivo de desenvolver integralmente a criança.

A LDB 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) traz o conceito de educação como sendo além da educação formal, pois acredita que é na família que a criança forma seus principais valores, os quais a acompanharão ao longo da vida, incluindo o processo de socialização.

Pensando nisso, a Educação Infantil da Escola de Ensino Fundamental Maria Rainha realiza diversas atividades com o objetivo de valorizar as famílias e as crianças de forma geral. Dentre as atividades desenvolvidas, destaca-se:

- Momentos de homenagem à família: Terapia, através da dança, com mães e filhos e confecção de biscoitos caseiros para os avós;

- Atividades para casa com participação da família;- Construção de painéis da família;- Sessão historiada.

Assim, a Educação Notre Dame concebe a família como:

- espaço de geração de vida, de amor mútuo e de crescimento humano;

- caminho dinâmico de definição e realização de projetos de vida e de amadurecimento humano na fé;

- parceria e corresponsabilidade em todos os processos de ensino-aprendizagem e na formação do educando em todas as dimensões.

Por acreditar que é de suma importância haver um elo entre família e escola e da relevância de trabalharem em sintonia, a Escola Maria Rainha investe na formação das famílias. Para isso, a Escola está realizando um Programa de Capacitação para uma Cultura de Paz na Família, com o Instituto Anima Mundi, com a temática: Educar é Ensinar a Viver.

O Programa traz aos pais um conjunto de competências pessoais, familiares e sociais adequadas ao trato com crianças de primeira e segunda infância e com adolescentes. A Capacitação constitui-se de um ciclo de oito palestras e a adesão das famílias está sendo significativa. A abordagem das temáticas objetiva capacitar os pais e os professores com conhecimentos, habilidades, atitudes e qualidades necessárias para gerar e manter relações interpessoais dominadas pelo respeito mútuo, pela compreensão, pelo carinho e pelo amor. Percebe-se a grande preocupação dos pais e professores em buscar e aprender aspectos práticos de como bem educar as crianças e adolescentes.

Bibiana Fuagali Gomes, Sandra Cristina StefanelloPatrícia Cunha Ribeiro, Gleyani Silva de Sena CarvalhoProfessoras da Educação InfantilEscola Maria Rainha

#eusounotredame

20

Aprender através de resgate da história

Um dos assuntos mais esperados pelos alunos, ao

iniciarem os estudos na quarta série, é a Colonização do

Rio Grande do Sul. Isso porque já observam a

movimentação e o envolvimento dos colegas, em anos

anteriores.

Através deste estudo, é feito o resgate da história

familiar de cada um, fortalecendo não só a sua

identidade, como trabalhando o respeito ao “diferente”, a

percepção de aspectos em que as pessoas são iguais, ou

não.

Ao estudar sobre a chegada dos açorianos, por

exemplo, percebem a forte religiosidade e as dificuldades

iniciais encontradas. Depois disso, a pujança das muitas

cidades fundadas por estes imigrantes.

A história da imigração alemã faz com que

percebam com outro olhar as casas e elementos que

fazem parte do seu cotidiano, onde é comum avistar

construções ao estilo enxaimel. Percebem que muitos

alimentos que fazem parte de sua mesa são fruto da

bagagem cultural e gastronômica dos alemães.

Estudando a tradição e a cultura italiana,

aprendem sobre as construções, as comidas típicas e a

música. Através de inúmeros materiais retirados de livros,

jornais, reportagens eletrônicas e fôlderes de cidades

fundadas por estes imigrantes, descobrem muitas

maravilhas. Como atividade concreta, conhecem o

trabalho da cantora Inês Rizzardo, que alegra os visitantes

no trem Maria Fumaça, em Bento Gonçalves. Em sala de

aula, ouvem suas interpretações e viram fãs do seu

trabalho, antes mesmo de conhecê-la.

Como culminância de todas estas descobertas,

durante o passeio para a Serra Gaúcha, conhecem a

história da Epopeia Italiana. A bordo de uma locomotiva a

vapor, ao estilo antigo, o vagão torna-se palco de cantores

de músicas gaúchas e coral italiano, regado com bebidas

típicas e histórias que tornam o conhecimento

significativo e prazeroso!

Janet Cristina Copello ValentiniProfessoraColégio Santa Teresinha

Atividades na Escola

21

#eusounotredame

Viver Valores e a Família

Criado no ano de 2014, o Projeto Viver Valores tem como objetivos:

- Pensar e refletir sobre diferentes valores e as implicações práticas de expressá-los para si mesmos, para a comunidade e para o mundo em geral.

- Aprofundar o entendimento, a motivação e a responsabilidade de fazer escolhas pessoais e sociais positivas.

- Inspirar os alunos a escolherem seus próprios valores pessoais, sociais e morais.

O Projeto abrange todos os níveis de ensino e, a cada ano, são trabalhados três valores por série, através de sessões coletivas com as turmas, entrevistas com professores e alunos e tarefas para serem desenvolvidas junto às famílias.Com os alunos menores, o Projeto está sempre associado a um personagem que acompanha todo o andamento do trabalho e também visita as famílias.

Para cada valor trabalhado, procuramos desenvolver técnicas e dinâmicas diferenciadas: jogos, esquetes teatrais, vivências, vídeos, trabalhos de grupo, campanhas de conscientização e outros.

A participação efetiva da família se dá através da visita do personagem, que sempre vai acompanhado de uma tarefa familiar e de um texto para ser refletido pelos pais. Abaixo, listamos os respectivos temas abordados neste ano:

Os resultados do Projeto Viver Valores são visíveis e satisfatórios, pois os professores avaliam a cada trimestre o andamento do trabalho e os pais contribuem com relatos de mudanças de comportamento e atitudes percebidas em casa, também.

Série Valores Trabalhados

Personagens Texto para reflexão da família

1ª e 2ª série

Respeito Responsabilidade Ética

Peixinho Brasinha Bicharada do Quintal Pinóquio

Como lidar com os problemas de relações interpessoais na escola? O que é ser responsável? Dez lições para sempre.

3ª série Amizade Tolerância Limites

Lili – a onça pintada O papagaio tagarela O cachorrinho peralta

A amizade. O grande segredo de tratar com as pessoas. Limites.

4ª série Autoestima Autocontrole Escolhas

O patinho feio Donald – o pato temperamental O ponto de interrogação

A autoestima de nossos filhos. O que fazer quando você se irrita demais. Mensagens com “você”.

5ª série Empatia Cuidado Perdão

Almofada da empatia A turma da Mônica Atire a primeira pedra

A empatia. O significado do cuidar. A aprendizagem das diferenças.

O Projeto Viver Valores envolve todas as disciplinas, pois é realizado junto aos professores que, após a intervenção das Orientadoras e Psicólogas, dão continuidade ao trabalho em sala de aula.

Márcia Elisa Bertoglio RibeiroOrientadora Educacional - Colégio Maria Auxiliadora

22

Estimulando o conhecimento científico

A ciência proporciona que entendamos quem somos e o mundo ao nosso redor. Ela influencia em nosso dia-a-dia muito mais do que podemos perceber. Desde os produtos e as máquinas que temos em casa até o agricultor que define as épocas do ano para seu plantio e colheita. Entretanto, a ciência tende a gerar pequenas descobertas, que por sua vez podem ou não levar a grandes alterações no curso da história da humanidade. Contudo, ainda persiste a ideia equivocada de que a ciência pode ser desenvolvida apenas por uma parcela da sociedade e realizada dentro de laboratórios sofisticados. Assim, compreendemos que existe não apenas uma concepção errônea do que é fazer ciência, mas ainda, de qual é o seu real significado. Tal situação decorre do fato de que a alfabetização científica ainda tenta ganhar espaço no ambiente escolar.

Há muita mistificação da ciência e do cientista, tanto na escola como na sociedade. Temas e práticas descontextualizadas e muito distantes da realidade, do dia-a-dia dos alunos, não contribuem para que eles tomem consciência da presença da ciência e da tecnologia na atualidade, de como elas são produzidas e afetam a nossa sociedade. (PAVÃO, p. 18-19, 2011)

Por mais que a alfabetização científica esteja dando lentos passos até sua consolidação dentro das escolas e necessite constantemente de revisões no âmbito educacional, deve-se lembrar que a ciência, da mesma forma, é mutável e alvo de contínuas reformulações.

A evolução do conhecimento científico não é unicamente de crescimento e de extensão do saber, mas também de transformações, de rupturas, de passagem de uma teoria para outra. As teorias científicas são mortais e são mortais por serem científicas. (MORIN, p.22, 1921).

Diante deste cenário, a Escola de Ensino Fundamental Maria Rainha, juntamente com os licenciandos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal Farroupilha - Campus Júlio de Castilhos, além de docentes de Ciências Biológicas do próprio município, organizaram uma Feira do Conhecimento visando despertar o gosto dos alunos pela investigação científica.

Entre os meses de agosto e outubro realizou-se a orientação dos alunos da 5ª a 9ª séries e o planejamento e organização de uma Feira do Conhecimento, pelos professores de Ciências e Língua Portuguesa, da escola E. E. F. Maria Rainha, do município de Júlio de Castilhos. Como seria a primeira Feira a ser realizada na escola, a atividade inicial a ser aplicada foi uma explanação geral de como o evento iria decorrer. Posteriormente, foi realizado o sorteio para definir quem seria o licenciando ou docente orientador de cada grupo. A partir deste momento, cada orientador passou a auxiliar a elaboração dos trabalhos escolhidos pelos educandos. Durante o processo de elaboração, os estudantes pesquisaram e testaram devidamente os experimentos. A fim de consolidar os conhecimentos previamente obtidos, os alunos produziram um resumo sobre os seus trabalhos, para a Feira do Conhecimento, sendo amparados pelo professor de Língua Portuguesa.

No dia 07 de outubro, no turno da manhã, ocorreu a exposição dos trabalhos no pátio da escola. Em um primeiro momento os grupos foram avaliados pelos docentes da escola, orientadores e convidados. Cabe destacar que houve um sorteio para que nenhum orientador julgasse seu próprio grupo. Além disso, os próprios alunos avaliaram os trabalhos dos colegas. Em um segundo momento, a exposição foi aberta à

Caylon Rodrigues das Chagas¹ Claudia Zago Cembranel² Ivana Cardoso da Silva³ Taynã Bertoldo CraussThayane BisogninVanusa Maria de SouzaVerônica Ananda Hartmann Escola Maria Rainha

4

5

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Atividades na Escola

23

comunidade em geral e iniciou-se a participação dos alunos das séries iniciais, que também expuseram trabalhos realizados ao longo do ano letivo.

Ao final do evento ocorreu a premiação do trabalho destaque de cada série escolar, sendo que só estavam concorrendo alunos da 5ª a 9ª séries. De todos os sentimentos que movem um pesquisador ou cientista, o mais forte é a curiosidade. Curiosidade de saber como funcionam as coisas, do que são feitas, de onde vêm e para onde vão. São perguntas que não cessam dentro da mente, que ficam “cutucando” o cérebro até que as respostas sejam encontradas. “Curiosidade. Curiosidade é uma coceira que dá nas idéias…” (ALVES, 2004). Este sentimento é natural ao ser humano, e principalmente às crianças, pois estão a cada dia descobrindo o mundo em que vivem. Por isso as maiores inovações científicas e tecnológicas do mundo começam sempre com uma pergunta, um problema que se deseja resolver.

Na Feira do Conhecimento, aqui referida, foram apresentados diversos tipos de trabalhos, desde alguns mais simples, mas não menos interessantes, até alguns mais complexos. Mas o que todos apresentaram em comum foi o fato de terem sido elaborados em cima de questionamentos e muita curiosidade, demonstrando assim que a ciência não está restrita às disciplinas da área de Ciências da Natureza:

As feiras são, portanto, eventos que fazem a culminância dos trabalhos escolares realizados durante um período letivo. Isso significa dizer que os trabalhos não precisam ser, obrigatoriamente, na área de Ciências Físicas e Biológicas. Sendo um trabalho científico, podem ser enfocados n temas, nos seus aspectos sociais, educacionais, metodológicos, etc. (NEVES; GONÇALVES, pg. 241, 1989).

A exposição contou com trabalhos de assuntos variados e relacionados com o dia-a-dia: quebra de estruturas moleculares, soluções e reações, eletricidade, densidade, ondas sonoras, pressão, sistemas do corpo humano, comportamento animal, história, solos e clima.

Os trabalhos vencedores como destaque foram:- 5ª série: Máquina de choque;- 6ª série: Minhocário;- 7ª série: Braço hidráulico; - 8ª série: Robô hidráulico;- 9ª série: Água que pega fogo.Encerrada a premiação, os alunos vencedores

ficaram muito orgulhosos de seus trabalhos e, mesmo os que não foram premiados, sentiram-se provocados a participar e concorrer na próxima Feira.

Os alunos dos trabalhos vencedores receberam premiação, porém, todos os participantes receberam certificados, o nome da escola foi divulgado e o evento integrar toda a comunidade escolar. Mas o que todos os

1 Licenciando do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - Campus Júlio de Castilhos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha.2 Docente de Ciências Biológicas na Escola Maria Rainha.3 Licenciando do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - Campus Júlio de Castilhos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha.4 Licenciando do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - Campus Júlio de Castilhos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha.5 Licenciando do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas - Campus Júlio de Castilhos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha.6 Docente de Ciências Biológicas na Escola Maria Rainha.7 Docente de Ciências Biológicas.

Referência BibliográficasALVES, R. O desejo de ensinar e a arte de aprender. Campinas:Educar DPASchoal, 2004. Pág. 8.MORIN, E. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.NEVES, S.R.G; GONÇALVES, T.V.O. Feira de Ciências. Cad. Cat. Ens. Fís., Florianópolis, 6 (3): p. 241-247, 1989. PAVÃO, A.C. Ensinar ciências fazendo ciências. In:______. Quanta ciência há no ensino de ciências. São Carlos: EDUFSCar, 2011. Pág. 15-22.

envolvidos, principalmente os alunos, ganharam ao final, foi muito conhecimento e experiência, além de um novo olhar para a ciência.

A Feira do Conhecimento mostrou-se de grande importância para o desenvolvimento do pensamento científico por parte dos alunos.

O Colégio Madre Júlia, ou Maju, como é carinhosamente conhecido em nossa cidade, está

completando 80 anos de história! São 80 anos de contribuição para a educação da comunidade sepeense e arredores.

Oito décadas educando gerações com excelência e competência educacional, sempre alicerçadas nos valores

cristãos.

A Congregação das Irmãs de Notre Dame chegou ao Brasil no ano de 1923. As Irmãs provenientes da

Alemanha vieram com a missão de contribuir na formação das crianças e jovens, ajudando-os a fazerem a experiência

da bondade e do amor providente de Deus.

Após 14 anos de presença Notre Dame no Brasil, a pedido do povo sepeense, o então vigário Padre

Clemente Kampmann solicitou à superiora Provincial Madre Maria Valeriana a vinda das Irmãs para colaborarem com

a educação da fé e no ensino regular das crianças. Os anais da comunidade do Colégio Madre Júlia narram que no dia

17 de fevereiro de 1937, às 18h, após uma chuva torrencial, chegaram quatro jovens Irmãs pioneiras em São Sepé -

Irmãs Maria Gemma, Irinéa, Tarcisius e Edviges.

Com a ajuda do padre Clemente Kampmann e das Irmãs de Formigueiro, foram adquiridos seis bancos

emprestados, três mesinhas e mais algumas tábuas, já cortadas para bancos de duas salas de aula. A narrativa conta

ainda que as aulas da Escola Beata Júlia, primeiro nome do Maju, iniciaram no dia primeiro de março daquele mesmo

ano. As atividades iniciais contavam com apenas 15 alunos, mas ao final do ano letivo a escola já contava com 100

alunos. No ano seguinte, atendendo ao pedido dos pais das alunas, a escola abriu um internato feminino e acolheu,

inicialmente, 18 alunas e outras 5 estudantes em sistema de semi-internato. A partir de 1944, o internato passou a

receber também meninos, uma solicitação de moradores do interior de São Sepé.

Como não havia oferta de Curso Ginasial em São Sepé, foi solicitado às Irmãs que abrissem mais este

nível de ensino. No dia 08 de fevereiro de 1956 chegou a autorização do Ministério de Educação e Cultura do Rio de

Janeiro. Neste mesmo mês, foi realizado o exame de admissão, no qual 46 candidatos puderam iniciar o Curso

Ginasial, fato que trouxe grande alegria para a cidade, já que os jovens estudantes não necessitariam mais

deslocarem-se a outras cidades para continuarem seus estudos. Em função da abertura do Curso Ginasial, o Maju

mudou o nome de Escola Beata Júlia para Ginásio Beata Júlia. Em 1966, surgiu a necessidade de oferta do Curso

Normal, destinado a formar professores. Além destes Cursos, nossa instituição ofertou diversos Cursos Técnicos, tais

como Técnico de Contabilidade e Curso para Auxiliar de Análises Químicas.

O Colégio Madre Júlia, no decurso de sua bonita e longa trajetória em educação, foi se adaptando às

novas necessidades dos tempos, atualizando a sua missão de ofertar uma educação sólida com valores cristãos,

contribuindo na formação de lideranças capazes de transformar a sociedade em que vivemos em um mundo melhor.

Nós, que estamos vivenciando os 80 anos do Maju, agradecemos a coragem e a dedicação das primeiras Irmãs de

Notre Dame, que iniciaram as atividades do Colégio Madre Júlia.

À nossa patrona, Santa Júlia Billiart, pedimos que continue a interceder ao bom Deus por todas as

pessoas que têm suas histórias mescladas com a história do Madre Júlia. Nossa gratidão a todos que fizeram e fazem

parte desta história! Que Deus, em sua infinita bondade, continue abençoando o Colégio Madre Júlia, todos os

alunos, professores, funcionários, Irmãs e familiares!