4
rodapé quarta-feira | 26 de agosto de 2009 | Ano 2 | nº 06 |Por Barbara Esteves Marcos Filipe Sousa Fotos: Divulgação O escritor carioca, radicado em Curitiba, José Castello chegou na última terça-feira a Alagoas O mergulho no universo literário tem início hoje omo transformar um texto literário em peça de teatro? As adaptações sempre levantaram questionamentos e dúvidas sobre sua formatação. Esse e outros assuntos serão debatidos no Pólo de Literatura, no bairro do Jaraguá. Uma das Csurpresas da edição 2009 do Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas. Para inaugurar esse espaço, o SESC montou uma programação especial com sessões de histórias da Trupe Gogó da Ema de Contadores de Histórias do SESC Alagoas e um mini-curso sobre adaptação de textos literários para o teatro, ministrados pelo carioca radicado em Curitiba, José Castello. O mini-curso terá como base a discussão dos espetáculos "Insônia"; da Cia. Teatro da Meia-Noite (AL); "Enamorados - a demanda do amor" (PE) e "Negro de Estimação" (PE). Todos os espetáculos são adaptações de contos e livros. Durante a atividade, José Castello irá debater sobre criação literária, conceito de literatura, montagens teatrais e outras temáticas. Castello é jornalista e escritor. Atualmente escreve a coluna “Prosa e Verso”, do jornal O Globo e também é colaborador do jornal Valor Econômico, da revista Época, e do mensário Rascunho, de Curitiba. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele já foi repórter da Veja, O Estado de São Paulo, entre outros jornais de referência no Brasil. Como escritor publicou a biografia de Vinícius de Moraes, onde obteve o prêmio Jabuti em 1994. Também publicou títulos de jornalismo literário, crônicas. Ainda nesta edição: Vem aí: Metafaces A opinião dos debatedores Entrevista com Marcos Vanderlei Propriedade intelectual Realização: O escritor carioca José Castello já es- tá em Alagoas Abaixo fotos dos três espetáculos que servirão como base para o mini-curso de José Castello: Insônia, Enamorados e Negro de Estimação, respectivamente

Rodapé | 06 | 2009

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Sexto número do segundo ano do jornal Rodapé, que tem como objetivo fazer a cobertura dos 9 dias do projeto Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas.

Citation preview

Page 1: Rodapé | 06 | 2009

rodapé quarta-feira | 26 de agosto de 2009 | Ano 2 | nº 06

|Por Barbara Esteves

Marcos Filipe Sousa

Fotos: Divulgação O escritor carioca, radicado em Curitiba, José Castello chegou na última terça-feira a Alagoas

O mergulho no universo literário tem início hoje

omo transformar um texto literário em peça de teatro? As adaptações sempre levantaram questionamentos e dúvidas sobre sua formatação. Esse e outros assuntos serão debatidos no Pólo de Literatura, no bairro do Jaraguá. Uma das Csurpresas da edição 2009 do Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas.

Para inaugurar esse espaço, o SESC montou uma programação especial com sessões de histórias da Trupe Gogó da Ema de Contadores de Histórias do SESC Alagoas e um mini-curso sobre adaptação de textos literários para o teatro, ministrados pelo carioca radicado em Curitiba, José Castello.

O mini-curso terá como base a discussão dos espetáculos "Insônia"; da Cia. Teatro da Meia-Noite (AL); "Enamorados - a demanda do amor" (PE) e "Negro de Estimação" (PE). Todos os espetáculos são adaptações de contos e livros. Durante a atividade, José Castello irá debater sobre criação literária, conceito de literatura, montagens teatrais e outras temáticas.

Castello é jornalista e escritor. Atualmente escreve a coluna “Prosa e Verso”, do jornal O Globo e também é colaborador do jornal Valor Econômico, da revista Época, e do mensário Rascunho, de Curitiba. Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele já foi repórter da Veja, O Estado de São Paulo, entre outros jornais de referência no Brasil. Como escritor publicou a biografia de Vinícius de Moraes, onde obteve o prêmio Jabuti em 1994. Também publicou títulos de jornalismo literário, crônicas.

Ainda nesta edição:

Vem aí: Metafaces

A opinião dos debatedores

Entrevista com Marcos Vanderlei

Propriedade intelectual

Realização:

O escritor carioca José Castello já es-tá em Alagoas

Abaixo fotos dos três espetáculos que servirão como base para o mini-curso de José Castello: Insônia, Enamorados e Negro de Estimação, respectivamente

Page 2: Rodapé | 06 | 2009

arcos Vanderlei trabalha com teatro há cerca de 20 anos. MAtualmente trabalha com a Cia.

da Meia-Noite, mas não pertence efetivamente a nenhum grupo de teatro. Nesta entrevista ao Rodapé ele fala de seu monólogo Insônia e também da polêmica sobre grupos teatrais que, de certa forma, se burocratizaram ao tornarem-se pontos de cultura.

02

entrevista

Marcos Vanderlei comenta sobre a burocratização dos grupos de teatro em Alagoas

Divulgação

|Por Renato Medeiros

dica d’lucca enquete:

A pergunta foi feita para 72 pessoas, durante os espetáculos que aconteceram durante a tarde e a noite de ontem, 25/08, no Teatro SESC Jofre Soares. Entre as respostas obtivemos os seguintes resultados:

Indicação de amigos – 54,16%Almoçando no restaurante – 23,60%Aulas de música, sessões de cinema, oficinas e cursos – 19,46%Divulgação em Sites - 2,78%

Como você conheceu o SESC Centro?

Uma colagem de linguagens artísticas é o que se destaca em Metafaces, a beleza visual criada pelos objetos de cena e a iluminação, são de grande virtude do mesmo, esse por sua vez cumpre com o almejado de dar visualmente ao espetáculo uma estética única criada para o mesmo.

MetafacesSexta-feira, dia 28/08, às 19h30, no Teatro Jofre Soares, SESC Centro. Entrada: R$ 2 + 1kg de al imento ou R$ 4. Mais informações: 3326.3133

|Por Elizandra Lucca

Divulgação

Rodapé: Como surgiu a idéia de montar Insônia e como foi o processo de criação?

Marcos Vanderlei: A Cia. Teatro da Meia-Noite convidou-me para participar da montagem de Insônia, logo após que o ator Lima Neto não pode permanecer no processo de montagem por motivos pessoais. Porém, muito antes disso, eu já sabia que esse personagem, o insone, era meu, estava escrito, não sei onde, mas estava, por vários motivos. Um deles era já ter trabalhado no Infinito Enquanto Truque com o espetáculo Rato-Fuso (adptação de Lael Correa do livro Angustia) e ter lido algumas obras do Mestre Graça. O processo durou 3 meses de insones discussões e insânia constante, um processo de construção da personagem usando como referencia emotiva de outras personas da obra de Graciliano Ramos.

R: A Cia. da Meia-Noite espera que tipo de recepção do público?

MV: Esperamos uma identificação com a personagem que se “angustia” e procura respostas no dia a dia, como sim ou não, ou ser ou não ser, além da proximidade com esse mundo (gracioso ou graciliânico) que é a região nordeste.

R: Você acredita que a transformação de grupos teatrais em pontos de cu l tura , de cer ta forma, os burocratizou e interferiu na produção artística desses grupos? Considera que isso aconteceu com a Cia. Teatro da Meia-Noite?

MV: Sim, concordo com a burocratização dos grupos/pontos de cultura no que se refere a produção artística e de pesquisa. Porém, para esses grupos que hoje são pontos de cultura, possibilitou uma abertura maior do mercado cultural, não apenas o mercado local. À exemplo podemos citar a própria Cia. Teatro da Meia-Noite que desde 2006 tem espetáculos que conquistaram prêmios nacionais (04 prêmios de montagem – FUNARTE) e um prêmio regional (BNB de Cu l tura 2007) , a l ém de outras possibilidades como convênios, prestações de serviços a diversas empresas e instituições de Alagoas, isso para a empresa sem fins lucrativos que é a Cia. Meia-Noite está sendo de grande relevância, segundo Robertson Costa, Diretor-Presidente da Companhia.

R: Como está a trajetória de Insônia?

MV: A montagem foi fruto do Prêmio BNB de Cultura 2007. Na temporada de estréia, fizemos Maceió, Palmeira dos Índios e Quebrangulo. Participamos da Mostra SESI de Teatro e da 7ª edição do Festival de Férias de Penedo. Estamos aguardando o resultado da Mostra Cariri das Artes para este ano. Temporada este ano é muito pouco provável de acontecer por possuirmos poucas salas de teatro.

R: Há quantos anos você atua e quais são so trabalhos que você considera mais relevantes para a sua carreira?

MV: Há mais ou menos 20 anos, porém, profissionalmente há uns 15 anos. Já passei por vários grupos e diretores como, Lael Correa, Moncho Rodriques, Mauro Braga etc. Na Cia. Teatro da Meia-Noite sou ator convidado e venho realizando alguns trabalhos com eles desde 2002, sempre como ator contratado. Os espetáculos mais relevantes no meu ponto de vista foram: Rato-Fuso, Vértice, Genética, Prece, O Homem que Enganou a Morte, Flicks e atualmente Insônia

R: Você acredita que a transformação de grupos teatrais em pontos de cultura, de

Page 3: Rodapé | 06 | 2009

03

03

rompimento das lembranças das histórias infantis de forma cômica e Osurpreendente. Descontruir histórias

que marcaram a vida de muitas pessoas não é fácil, mas a Cia. Reka de Teatro, com o espetáculo Terapia de Grupo, conseguiu reunir três solos retratando a história de forma diferente de ícones da literatura infantil. Quem já imaginou a Maria (irmã de João) sendo uma

vendedora de doces nos sinais de ônibus, a Alice (do País das Maravilhas) envolvida no mundo dos entorpecentes e a Chapeuzinho Vermelho uma ninfa a procura de superar seus traumas de ainda ser virgem.

Todos os transtornos são compartilhados em um cenário simples que representa um consultório terapêutico e o príncipe tão sonhado nos contos de fadas é o terapeuta deste consultório escutando as histórias de cada personagem que depois se misturam em uma trama só.

Fazendo parte da programação da Aldeia, logo após a apresentação, os especialistas Djalma Thüler, Flavio Rabelo e José Manuel abriram a discussão sobre o espetáculo abordando temas pertinentes e sugerindo possibilidades para aperfeiçoar e abrilhantar a montagem.

Por que manter figurinos infantis quando a linguagem é adulta? E as trilhas sonoras, como elas foram propostas? Como foi a construção do texto? Essas e tantas perguntas foram discutidas e o grupo se manteve sempre aberto às sugestões e responderam a cada questionamento abordado. Mesmo com as observações apontadas pelos debatedores todos os componentes do grupo se mostraram bastante corajosos pela proposta do espetáculo que é o resultado de trabalhos de pesquisas individuais e a diretora Elizandra Lucca conseguiu fazer uma bela conexão entre as histórias.

Adriana Ferraz, uma das atrizes do grupo, afirmou que o trabalho de pesquisa é constante e adaptações já estão sendo feitas e ensaiadas para uma nova montagem do espetáculo, que será lançada em outubro. Esse momento foi muito rico para o enriquecimento das propostas para a nova temporada.

seu jofre falou na boca de mateu*

Desconstruções de personagens: as histórias infantis como você nunca viu

Coco de Roda é mais uma tribo nessa Aldeia Cultural

Coco de Roda juntamente com o Guerreiro, o Bumba-meu-boi, as OBaianas, o Reisado e o Pastoril,

constituem parte da identidade folclórica de Alagoas. É uma manifestação folclórica, cujos primeiros registros datam da época colonial, caracterizada principalmente pela formação da roda de dançadores, em pares, e o sapateado. No início da noite de terça-feira (25/08) o Coco de Roda Ganga Zumba fez uma apresentação na Galeria SESC, agitando todo o prédio com o seu ritmo envolvente e batidas marcantes.

Para quem gosta de experimentar, a apresentação foi de encher os olhos. Ao

|Por Maryana Hayko

|Por Jacqueline Pinto

Acho válido porque a p r o x i m a o expectador do teatro e faz ele pensar. Ajuda o público a entender

melhor e criar um ponto de vista do que foi apresentado.

O debate é entre eles. Achei ótimo porque a gente fica entendendo mais a opinião de pessoas experts no

assunto, mas acho que eles deveriam interagir com o público. Ouvir a opinião da platéia. Eles apenas deram a opinião deles. Não perguntaram o que a platéia achou. Senti falta disso. De interação com o público.

O debate é construtivo, principal-mente pra o grupo de teatro que está se apresentando. Só que a opinião do público também seria impor-

tante, afinal de contas o espetáculo é feito para o ele. Tem coisas que eles falaram que vem a acrescentar, mas tem argumentos que foram desnecessários.

Como você avalia a presença dos debatedores nesta Aldeia?Fotos: Renato Medeiros

João Márcioestudante de arquitetura

Socorro Bragafuncionária pública

Vanessa Motaestudante de jornalismo

*Mateu (ou Mateus) é o cara pintada que anuncia as boas novas no Guerreiro.

centro da galeria, uma das expressões populares e mais marcantes do estado e, ao fundo, as telas expostas pelo artista visual Marcone Macêdo, numa mistura de dar gosto! Durante a apresentação foi possível ver o encontro de todas as linguagens art íst icas. Cores, formas, música, interpretação, letras e, claro, muita dança levaram os presentes a se render às cantigas e o compasso contagiante do coco de roda.

Além da belíssima combinação entre coreografia, sincronia e animação, o grupo de Cruz das Almas, formado por jovens entre 15 e 26 anos, demonstra a relevância

do resgate e da conscientização dos jovens para manter viva a cultura popular alagoana.

Carlos Gilberto, coordenador do grupo afirma que “o coco de roda contava com 30 pares, mas hoje é difícil atrair os jovens que quei ram rea lmente part ic ipar das manifestações folclóricas, então agora o grupo possui apenas 12 pares”. Sobre a maneira como esse trabalho com jovens é realizado, afirma: “Eu fico muito feliz, é uma satisfação trabalhar esses jovens porque no momento em que eles estão aqui praticando coco de roda [...] é um meio de afastá-los das drogas e da marginalidade porque o trabalho desenvolvido é realmente social e educativo”.

Jacqueline Pinto

Page 4: Rodapé | 06 | 2009

04

Divulgação

compreensão do direito de sequência ou droit de suite remonta à França do século XIX professado inicialmente Apelo advogado, Albert Vaunois, em um artigo da

Chronique de Paris de 25 de fevereiro de 1883, onde abordava o enriquecimento dos colecionadores e mercadores de arte devido às especulações, em detrimento da miserabilidade dos artistas plásticos e de seus familiares, defendendo, então, a possibilidade de participação econômica nas vendas sucessivas das obras de arte, justificando esta teoria ao descrever que, ao alienar seu trabalho, o artista transfere sua obra, mas o adquirente não salda o valor que a assinatura daquele representará posteriormente, ou seja, essa agregação de valor reconhece ao artista e seus sucessores o pagamento de uma parte do valor acrescido no mercado secundário de arte.

No Brasil esse direito vige através da Lei n. 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 (LDA), Art. 38. O autor tem o direito, irrenunciável e inalienável, de perceber, no mínimo, cinco por cento sobre o aumento do preço eventualmente verificável em cada revenda de obra de arte ou manuscrito, sendo originais, que houver alienado.

Parágrafo único. Caso o autor não perceba o seu direito de seqüência no ato da revenda, o vendedor é considerado depositário da quantia a ele devida, salvo se a operação for realizada por leiloeiro, quando será este o depositário.

O direito de sequência é um direito de autor patrimonial e com características morais de irrenunciabilidade e inalienabilidade, logo, não poderá ser objeto de cessão, mas sua

e tenho dito!A quem pertence a obra de arte?

|Por Jamilla de Paula*

Informativo produzido pelo Serviço Social do Comércio de Alagoas - SESC para o projeto Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas 2009

Coordenador Artístico-Cultural: Guilherme RamosTécnico de Teatro: Thiago SampaioTécnico Assistente: Fabrício Alex BarrosEstagiária de Teatro: Joelle MaltaPlanejamento Gráfico e Diagramação: Renato MedeirosTextos:Barbara Esteves MTE 1081/ALFabrício Alex BarrosJacqueline PintoJoelle MaltaMaryana HaykoRenato MedeirosThiago Sampaio

O s t e x t o s a s s i n a d o s s ã o d e responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do SESC Alagoas.

expediente

ga

leri

a

Oficina de Treinamento Vocal para Atores, com Janeo Amorim (AL). Das 9h às 13h, no SESC Centro. Inscrições: 1kg de alimento.

Espetáculo Enamorados – a Demanda do Amor, do coletivo Enamorados de Teatro (PE). Às 16h, no Espaço Cultural da Ufal. Entrada: R$ 2 + 1kg de alimento ou R$ 4.

Apresentação da Ciranda da Terceira Idade do SESC. A partir das17h, na Vila dos Pescadores, Jaraguá. Aberto à comunidade.

Apresentação do espetáculo Negro de Estimação, com Kleber Lourenço (PE). Às 19h30, no Teatro Jofre Soares, SESC Centro. Entrada: R$ 2 + 1kg de alimento ou R$ 4.

O que vai rolar amanhã?

*É pesquisadora de propriedade intelectual e artes visuais.

administração poderá ser concedida a terceiros, pois a lei não impede essa situação. A legislação preconiza ao autor que alienar obra de arte ou manuscrito original a participação nas revendas sucessivas, mas depara-se com uma situação contraditória a este direito em que se não houver nenhuma alienação feita em vida pelo artista, seus sucessores que transacionarem a obra após a sua morte não gozam do direito de sequência, fato a ser analisado por uma interpretação histórico-social, pois notadamente os artistas plásticos têm atribuída notoriedade aos seus trabalhos no período post mortem, dessa maneira, esses criadores intelectuais e seus sucessores continuam lesados e desamparados por lei em detrimento dos criadores literários, por exemplo, pois seus sucessores gozam de todos os direitos patrimoniais referentes a reprodução, reprodução, adaptação, tradução etc, pelo lapso temporal determinado em lei.

Claudemir Mota Maryana HaykoRenato Medeiros

Clau

dem

ir Mo

ta