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Sábado | 23 de agosto de 2008 | Ano 1 | nº 09 | Tiragem: 200 | Por Fabrício Alex A UNIÃO DE TODAS AS TRIBOS Realização: E mais: O Lambe-Sola | p. 02 Contemporâneo| p.03 O circo chegou | p. 04 Marcos Filipe Sousa Em sua reta final, a edição 2008 da Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas totalizou uma trajetória de mais de 30 atividades diferentes, em sua programação. Desde drama, comédia, dança de rua, dança contemporânea, performances, teatro de animação, circo, toré, reisado, guerreiro, até exposições fotográficas e exibição de vídeos. E é claro, o jornal Rodapé que registrou tudo. As múltiplas atrações artísticas desta edição da mostra atraíram os olhos da impressa local que dedicou, desde a abertura até o encerramento, um espaço considerável em suas pautas. Nunca se falou tanto continuamente do fazer artístico alagoano. Durante toda a semana o Centro da cidade teve sua rotina alterada. “Nós possibilitamos aos transeuntes e ao público comerciário, uma programação rica em apresentações culturais”, afirma o Técnico deTeatro, Thiago Sampaio. Mas o comércio não foi o único espaço desta Aldeia e o Centro Cultural do SESC, na Rua Barão de Alagoas, ficou pequeno para tantos artistas. Por isso, foram adotados outros territórios para compor o cenário deste grande evento.Também foram ocupados: o Espaço Cultural da Ufal, o prédio da Fundação Municipal de Ação Cultural e a Praça Deodoro. Entre os grupos que se apresentaram, tivemos representantes das cidades de Maceió, Arapiraca, Penedo, Palmeira dos Índios e Viçosa. E artistas de outros estados como Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. O intercâmbio já foi formado, agora cabe aos envolvidos darem continuidade a este fluxo. Uma boa idéia seria sair de “pedestais” e esquecer “viseiras” para uma melhor comunicação entre tribos. Fabrício Alex Overdoze 2008l | p. 04 Platéia de Versos de Um Lambe-Sola

Rodapé | 09 | 2008

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Nono número (e último) do primeiro ano do jornal Rodapé, que tem como objetivo fazer a cobertura dos 9 dias do projeto Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas.

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Page 1: Rodapé | 09 | 2008

Sábado | 23 de agosto de 2008 | Ano 1 | nº 09 | Tiragem: 200

| Por Fabrício Alex

A UNIÃO DE TODAS AS TRIBOS

Realização:

E mais:

O Lambe-Sola | p

. 02

Contemporâneo| p

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O circo chegou | p

. 04

Marcos Filipe Sousa

Em sua reta final, a edição 2008 da Aldeia SESC

Guerreiro das Alagoas totalizou uma trajetória de mais de 30 atividades diferentes, em sua programação. Desde drama, comédia, dança de rua, dança contemporânea, performances, teatro de animação, circo, toré, reisado, guerreiro, até exposições fotográficas e exibição de vídeos. E é claro, o jornal Rodapé que registrou tudo.

As múltiplas atrações artísticas desta edição da mostra atraíram os olhos da impressa local que dedicou, desde a abertura até o encerramento, um espaço considerável em suas pautas. Nunca se falou tanto continuamente do fazer artístico alagoano.

Durante toda a semana o Centro da cidade teve sua rotina alterada. “Nós possibilitamos

aos transeuntes e ao público comerciário, uma programação rica em apresentações culturais”, afirma o Técnico de Teatro, Thiago Sampaio.

Mas o comércio não foi o único espaço desta Aldeia e o Centro Cultural do SESC, na Rua Barão de Alagoas, ficou pequeno para tantos artistas. Por isso, foram adotados outros territórios para compor o cenário deste grande evento. Também foram ocupados: o Espaço Cultural da Ufal, o prédio da Fundação Municipal de Ação Cultural e a Praça Deodoro.

Entre os grupos que se apresentaram, tivemos representantes das cidades de Maceió, Arapiraca, Penedo, Palmeira dos Índios e Viçosa. E artistas de outros estados como Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. O intercâmbio já foi formado, agora cabe aos envolvidos darem continuidade a este fluxo. Uma boa idéia seria sair de “pedestais” e esquecer “viseiras” para uma melhor comunicação entre tribos.

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Platéia de Versos de Um Lambe-Sola

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O entrevistado de hoje pelo Rodapé é

Abides de Oliveira.

Jornalista, editor de esportes do jornal Gazeta de Alagoas e ator formado pelo Curso de Formação do Ator da Ufal. É um dos fundadores da Associação Teatral Gajuru, onde atua como ator e dramaturgo. No grupo Gajuru escreveu os textos: A Chegada de Lampião e da Prostituta no Céu, que faz parte de Uma Canção de Guerreiro; e Baldroca, o mais novo espetáculo de rua da companhia.

Div

ulga

ção

| Por Renato Medeiros

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grupo atuo em Baldroca e Uma Canção de Guerreiro. Além dessas peças, atuei em outros espetáculos de outros grupos, como Despertar da Primavera (Cia Comédia Alagoense), Ratofuso (Infinito Enquanto Truqe), Diário de um Louco e O Casamento do Pequeno Burgues (Curso de Formação do Ator), entre outras.

R: Fale um pouco sobre a história do grupo Joana Gajuru.

AO: O grupo surgiu em 1995, fundado por oito atores recém formados do Curso de Formação de Ator e por influência de uma oficina de teatro de rua do grupo Imbuaça. Desde o início o grupo surgiu para ser de teatro de rua. O nome é em homenagem a Maria Joana da Conceição, a Joana Gajuru, primeira mestra de Guerreiro de Alagoas. A sugestão do nome do grupo foi do ator Aílton Protásio.

Entre os espetáculos mais relevantes do grupo estão A Farinhada, Uma Canção de Guerreiro, No Chumbrego da Orgia, Baldroca, Versos de Um Lambe Sola e A Estória da Moça Preguiçosa.

R: Vocês participaram da Aldeia com o espetáculo Versos de Um Lambe Sola. De quem foi a idéia e como foi a montagem da peça?

AO: Versos de Um Lambe Sola é uma adaptação do livro do senhor Antônio Aurélio de Morais, sapateiro da cidade de Atalaia.

Nosso primeiro contato com a poesia de seu Antônio foi em uma leitura dramatizada da obra de poetas alagoanos, promovida pelo Sesc. Neste evento, a obra de seu Antônio foi a designada para o grupo. Nos apaixonamos pelo Versos de Um Lambe Sola e resolvemos montá-lo.

A obra e a peça narra em versos fatos e realidade do nosso cotidiano, como fome,

Fotos de Versos de Um Lambe-Sola| Por Fabrício Alex

Rodapé: Quando e como você se aproximou do teatro e que peças você participou?

Abides Oliveira: Comecei no teatro em 1990, no Curso de Formação do Ator da Ufal. O cinema me aproximou do teatro, foi por ele que descobri as artes cênicas.

Sou um dos fundadores do grupo Joana Gajuru, junto com outros sete atores. No

miséria, violência, salário mínimo entre outros assuntos.

R: Como o grupo teve contato com o Lambe Sola?

AO: O diretor da peça, Eris Maximiano, e parte do elenco chegaram a viajar até Atalaia, onde conheceram seu Antônio e fizeram pesquisa sobre o seu trabalho. Além disso, foram feitos estudos da obra, para assim chegar à dramaturgia do espetáculo.

Atualmente, seu Antônio está com 80 anos e com a saúde muito debilitado após ter sofrido dois AVCs.

R: Como o Lambe Sola recebeu a montagem de uma peça baseada em seus versos? Vocês tiveram algum retorno por parte dele?

AO: O seu Antonio não pode assistir ao espetáculo devido a sua saúde debilitada.

R: A Cia. pretende continuar com essa peça por muito tempo? Pretendem se apresentar fora da cidade? Onde? Há alguma proposta já?

AO: Como todo os espetáculo do grupo, Versos de Um Lambe Sola terá, com certeza, uma grande vida e já faz parte do nosso repertório, que tem peças com mais de 10 anos de existência, como Uma dança de Guerreiro. Já apresentamos em Penedo, este mês, e pretendemos levar a outras cidades de Alagoas e a outros estados.

R: Como você avalia o cenário atual das artes cênicas em Alagoas? O que você acha desta iniciativa do SESC através da Aldeia, que pretende movimentar o cenário teatral do Estado?

AO: Continuamos sofrendo com poucos espaços, poucos teatros. Apesar dessa situação, vejo um cenário positivo. Sobre a Aldeia, o Sesc está de parabéns pela iniciativa, mas é preciso que o evento chegue também a algumas cidades do interior de Alagoas.

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SEU JOFRE FALOUseu jofre falou

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Contemporaneidade em pauta| Por Renato Medeiros

Renato Medeiros

Enquete:A pergunta foi feita ontem, 22, para 100 pessoas que estavam prestigiando a apresentação do espetáculo “Versos De Um Lambe Sola”, no Teatro SESC Jofre Soares. Entre as respostas obtidas tivemos os seguintes resultados:

Música – 24%Dança – 20%Teatro – 28% Circo – 15%Outros – 13%

O que você gostaria de ver no Overdoze?

Renato Medeiros

Estamos chegando ao fim de uma jornada de

espetáculos que se iniciaram no dia 16 de setembro. Dentro de um panorama alagoano de teatro posso dizer que ainda temos muito a crescer e expandir a arte teatral. Porém somos Guerreiros do Teatro. Assistimos a espetáculos variados, de grupos iniciantes e de grupos já conhecidos e premiados. Fazendo um balanço do que foi visto, digo que foi positivo, tivemos a presença de grupos do interior, grupos da capital, todos vieram e cumpriram seu papel honrosamente. Quase todos.

Estive presente em praticamente todos os dias do Aldeia,salvo a quarta –feira, que o trabalho me solicitou. E algo que me deixa a questionar, e acho que nós deveríamos nos questionar. Quantos de nós sacrificamos nosso tempo, e nossos afazeres para irmos ao Aldeia, prestigiar, quem estava em cena. Qual de nós, não tem um discurso pronto na ponta da língua, para aqueles artistas que não comparecem ao teatro em uma amostra feita com o intuito de divulgar-nos? E mais ainda qual de nós, ainda por muitas vezes se torna mesquinha, e solta a velha pergunta, é de graça?Incluo-me aqui.Consciência que nos faz ausência.

Precisamos de mais apoio sim. Precisamos de mais divulgação sim. Precisamos de mais público. Precisamos de mais investimento. Precisamos articular. Precisamos discutir. Precisamos de políticas de incentivo a cultura. Precisamos de parcerias. Precisamos , precisamos, precisamos agir, AÇÃO, vamos ao teatro, façam-se presentes no próximo Aldeia.

E hoje em mais uma noite de espetáculo, nos deleitamos com o espetáculo Versos de Um Lambe Sola, da Associação Joana Gajuru, um elenco similar, onde todos cumpriram seu trabalho, corpo, voz, tudo que se via em cena, eram atores vivos e orgânicos. Com pouca cenografia, porém essa muito funcional, a luz de velas, sem luz, com luz, isso não importava o que o público queria era ver os atores/atrizes em cena, contando aqueles versos simples. Simples sim, porém de grande sabedoria, e entre risos e pensamos, nos identificamos com o que vinha sendo contado pelo elenco. O que destaco na encenação hoje são os atores e atrizes presentes, na minha segunda apreciação do espetáculo, digo-lhes vocês foram primorosos.

* Graduada em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Alagoas e Pós–Graduanda em Especialização do Ensino da Arte: Teatro

DEU A LUCCAPor Elizandra Lucca*

Telma César e Jamil Cardoso

Depois do espetáculo Encarnado,

apresentado na última quinta-feira no Sesc Poço, a Lia Rodrigues Cia. de Danças (RJ) participou ontem de um bate-papo sobre dança contemporânea, no Sesc Centro. O encontro faz parte do Palco Giratório, projeto realizado pelo Sesc há mais de 10 anos, que visa a difusão das artes cênicas em todo o Brasil.

O debate contou com Jamil Cardoso, bailarino da Companhia, e também com a presença de Telma César, professora e coordenadora d o c u r s o d e D a n ç a d a Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Embora a programação da Aldeia constasse com os nomes de Telma e Jamil como provocadores da discussão, a conversa fluiu de maneira informal e descontraída, con tando t ambém com a

participação de outras pessoas. Entre elas, algumas alunas do curso de Dança da Ufal.

A proposta era discutir o que é, de fato, arte contemporânea. Porém, outros questionamentos foram levantados, como a enxurrada de informações que o estilo de vida pós-moderno oferece diariamente. Além disso, temas como a recepção da arte, o fazer artístico e os problemas que o campo das a r tes so f re nas universidades também estiveram em pau t a . No f im , o encon t ro caracterizou-se como uma troca de experiências e situações vivenciadas no dia-a-dia dos artistas, tanto no Rio de Janeiro, quanto em Alagoas.

Muito se discutiu sobre a dança contemporânea, mas a pergunta que motivou o encontro teve não apenas uma, mas várias respostas. Isso exemplifica o caráter multifacetado que a sociedade pós-moderna experimenta em vários âmbitos da vida contemporânea. Enfim, um momento enriquecedor.

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Informativo produzido pelo Serviço Social do Comércio de Alagoas - SESC para o evento Aldeia SESC Guerreiro das Alagoas 2008

Coordenador Artístico-Cultural: Guilherme RamosTécnico de Teatro: Thiago SampaioEstagiário de Teatro: Reginaldo OliveiraJornalista Responsável: Barbara Esteves Mte 1081/ALPlanejamento Gráfico e Diagramação: Renato MedeirosColaboradores:Barbara EstevesFabrício Alex BarrosJacqueline PintoRenato Medeiros

O s t e x t o s a s s i n a d o s s ã o d e responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do SESC Alagoas.

expediente

PROGRAMAÇÃO OVERDOZE 2008SÁBADO, A APRTIR DAS 21H

HORÁRIO GRUPO / ESPETÁCULO LOCAL

21h GESTO / Atar Teatro SESC Jofre Soares

21h30 Cia. Fulanos e Cicranos / Claro! Teatro SESC Jofre Soares

22h Curta metragem (a definir) Teatro SESC Jofre Soares

22h30 Grupo Strada BR Teatro SESC Jofre Soares

23h Cia. Atores Atona / Performance Bar Panorâmico

23h Banquete Dionisíaco Bar Panorâmico

23h30 Grupo Luzes da Ribalta / Raízes Teatro SESC Jofre Soares

00h Grupo Teatro Art. Vida / Nem Todo Caso é um Caso

Restaurante

00h30 Atores Atona / Juleu e Romieta Teatro SESC Jofre Soares

01h Curta metragem (a definir) Teatro SESC Jofre Soares

01h30 Cia. do Chapéu / Thoscoollynnus Teatro SESC Jofre Soares

02h Banquete Dionisíaco Bar Panorâmico

02h Marluce Almeida / Eupormim Bar Panorâmico

02h30 Cia. do Chapéu e Cia. Personas em Cena / Boca Molhada de Paixão Calada

Restaurante

03h Grupo Família nas Ruas / Quebrando o Silêncio

Teatro SESC Jofre Soares

03h30 Curta metragem (a definir) Teatro SESC Jofre Soares

04h In the Mix / Coreografia Teatro SESC Jofre Soares

04h30 Os Comparsas e a Firma / Nordestinamente Alagoano

Teatro SESC Jofre Soares

05h Banquete Dionisíaco Bar Panorâmico

05h Demis Santana / Tecendo uma colcha de retalhos – uma miscelânea da cultura nordestina

Restaurante

06h Grupo Teatral Vilarejo dos Poetas / Os Solteirões Desesperados

Restaurante

06h30 La Poli e Cia. / Rimas de Reflexão

Teatro SESC Jofre Soares

07h Cultura em Cena / Arte Brasil Capoeira

Teatro SESC Jofre Soares

07h30 Anderson Gomes / Prisões Poéticas de Minha Cidade

Restaurante

08h Neurônios Sub Conscientes / Gueto Nordestino

Teatro SESC Jofre Soares

08h30 Banquete Dionisíaco Bar Panorâmico

O picadeiro| Texto e fotos por Fabrício Alex

A trupe do Circo Artes Plim, da cidade de

Arapiraca, levou a magia e inocência da linguagem circense para a ultima apresentação de rua da Aldeia, no centro da cidade, com o espetáculo Hoje Tem Palha Assada. O picadeiro foi montado à céu aberto, com quadros que percorreram singelamente os perfis dos artistas de circo. Tratando-se de um espetáculo aberto, a arquibancada teve os um público bem diversificado que foi contagiado pelas apresentações de malabares, acrobacias, equilibrismo e o bom e velho palhaço.