Rodrigo Cardoso Ribeiro

8/15/2019 Rodrigo Cardoso Ribeiro

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULDEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

PROJETO CONCEITUAL DE INSTRUMENTO MUSICAL POLIFÔNICO PORTÁTIL

por

Rodrigo Cardoso Ribeiro

Monografia apresentada ao Departamentode Engenharia Mecânica da Escola deEngenharia da Universidade Federal do RioGrande do Sul, como parte dos requisitospara obtenção do diploma de EngenheiroMecânico.

Porto Alegre, Julho de 2007


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PROJETO CONCEITUAL DE INSTRUMENTO MUSICAL POLIFÔNICO PORTÁTIL

por

Rodrigo Cardoso Ribeiro

ESTA MONOGRAFIA FOI JULGADA ADEQUADA COMO PARTE DOS REQUISITOS PARA AOBTENÇÃO DO TÍTULO DE

ENGENHEIRO(A) MECÂNICO(A) APROVADA EM SUA FORMA FINAL PELA BANCA EXAMINADORA DO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Prof. Dr. Joyson Luiz PachecoCoordenador do Curso de Engenharia Mecânica

Área de Concentração: Projeto e Fabricação

Orientador: Prof. Dr. Joyson Luiz Pacheco

Comissão de Avaliação:

Prof. Ângela Rossana Ungaretti

Prof. Dr. Vilson João Batista

Porto Alegre, 02 de Julho de 2007.

Universidade Federal do Rio Grande do SulEscola de Engenharia

Departamento de Engenharia Mecânica


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Dedico este trabalho aosmeus pais e à minha irmã,

meus companheiros para sempre.

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AGRADECIMENTOS

Agradeçoa Adir Schoier, meu padrinho na área de projetos;ao meu orientador Prof. Dr. Joyson Pacheco, pelos ensinamentos;

à equipe da Victum Engenharia, pelo aprendizado e convivência;à equipe de robótica Brazilian Machine do colégio Província de São Pedro, onde

descobri o interesse pela área;aos professores, em especial aos que ainda lembram do que significa ser

estudante;à sociedade brasileira, que custeou meus estudos, com a qual agora tenho sério

compromisso;

aos meus colegas, pela diversão e estudo em conjunto;aos meus familiares, que motivam e comemoram minhas vitórias, especialmenteao meu pai, Danilo, à minha mãe, Rosane, e à minha irmã, Daniela.

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RIBEIRO, R. C.Projeto Conceitual de Instrumento Musical Polifônico Portátil . 2007. 18folhas. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Mecânica) –Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PortoAlegre, 2007.

RESUMO

Instrumentos musicais que tocam diversas notas ao mesmo tempo ou quesão muito fáceis de transportar são de grande utilidade e interesse dos músicos, porémconstatou-se a ausência de um produto disponível ao público que reúna estes doisatributos. O objetivo deste trabalho é desenvolver o projeto conceitual de uminstrumento deste tipo, iniciando por uma fase de obtenção de informaçõesimportantes, seguida de fase de projeto conceitual, onde técnicas para solução deproblemas inventivos como TRIZ e Matriz Morfológica são utilizadas e é gerado ummodelo tridimensional em computador. Foi criado um instrumento inovador, capaz deatender aos requisitos propostos e ter ainda utilidade em didática musical e melhoriada saúde respiratória de pessoas. Patente deve ser requerida em futuro próximo.

PALAVRAS-CHAVE:

PROJETO MECÂNICO, METODOLOGIA DE PROJETO, INSTRUMENTO MUSICAL, MÚSICA,TRIZ, MATRIZ DE CONTRADIÇÕES, PROJETO ROBUSTO, TAGUCHI, MATRIZMORFOLÓGICA, RESPIRAÇÃO, DIDÁTICA

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RIBEIRO, R. C.Concept Design of a Portable Poliphonic Musical Instrument . 2007. 18folhas. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Engenharia Mecânica) –Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, PortoAlegre, 2007.

ABSTRACT

Musical instruments that are capable to play many notes at the same time or thatare very easy to carry are very useful and interesting for musicians, but it wasacknowledged that there is no product available to the public with both these features.The goal of this work is to develop the concept design of an instrument of this kind,beginning with a moment to obtain important information, followed by a concept designmoment, where inventive problems solution techniques as TRIZ and MorphologicalMatrix are used and a 3D model is created in computer. An innovative instrument wascreated, able to satisfy the proposed needs and even be useful in music teaching andimproving of people respiratory health. A patent may be required soon.

KEYWORDS :PROJECT, MECHANICAL DESIGN, DESIGN METHODS, MUSICAL INSTRUMENT, MUSIC,TRIZ, ROBUST DESIGN, TAGUCHI, MORPHOLOGICAL MATRIX, BREATHING, TEACHING

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ÍNDICE

Página1.Introdução................................................................................................................. 1

2.Revisão Bibliográfica ................................................................................................ 22.1Projeto............................................................................................................ 2

2.1.1 Etapas de um Projeto........................................................................ 22.1.2 Ferramentas e Filosofias de Projeto.................................................. 3

2.2 Música........................................................................................................... 43.Apresentação do Problema....................................................................................... 54.Metodologia............................................................................................................... 6

4.1 Métodos do Projeto Informacional ................................................................ 64.2 Métodos do Projeto Conceitual ..................................................................... 65.Projeto Informacional ............................................................................................... 7

5.1 Tipo de Instrumento Musical........................................................................... 75.2 Ineditismo....................................................................................................... 75.3 Configuração ................................................................................................. 85.4 Informações Técnicas Específicas................................................................. 9

6.Projeto Conceitual......................................................................................................116.1 Geração de Conceitos ....................................................................................116.2 Análise........................................................................................................... 14

7.Conclusões.................................................................................................................167.1 Virtudes do Produto Final ...............................................................................167.2 Aplicações ......................................................................................................17

8.Bibliografia e Referências...........................................................................................18Anexo I - Questionário de PesquisaAnexo II - Especificação de ProjetoAnexo III - Desenhos


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1. INTRODUÇÃO

Os instrumentos musicais são muito importantes na vida cultural das pessoas. É graçasa eles que podemos escutar nossas canções preferidas em nosso tempo livre, no dia-a-dia, no

rádio enquanto estamos dirigindo e em concertos. A cultura faz as pessoas se sentirem bem,serem mais felizes e fazer suas demais tarefas com mais satisfação. Além da necessidade queo homem tem de ouvir músicas que lhe agradem, existe a importância de tocar instrumentos,que é uma atividade inspiradora da criatividade e permite que as pessoas externem seussentimentos e se divirtam. Os instrumentos musicais são também instrumentos de reunir aspessoas.

Entre as inúmeras virtudes que um instrumento pode ter, existem a de ser portátil e a deser polifônico. Quanto mais fácil de transportar for o instrumento, mais oportunidades o músico

terá de tocá-lo - um pianista tem raras oportunidade de tocar junto de seus amigos, enquantoquem toca gaita de boca pode tê-la sempre em seu bolso. Instrumentos polifônicos, capazesde produzir diversas notas simultaneamente, são os únicos que possibilitam fazer oacompanhamento das músicas. Não existe hoje disponível no mercado um produto quecombine as duas características supracitadas.

Este trabalho tem como objetivo desenvolver e projetar conceitualmente um instrumentoacústico que combine as duas virtudes descritas acima, preenchendo esta lacuna existente nomercado musical e enriquecendo as possibilidades dos instrumentistas.

Duas aplicações principais são previstas para este produto: servir como um instrumentode harmonia que o músico pode ter sempre consigo, e facilitar o aprendizado musical deiniciantes.

O trabalho é dividido em duas etapas: a fase Informacional, onde são adquiridasinformações necessárias sobre o projeto para ter a tarefa perfeitamente definida, e a faseProjeto Conceitual, onde são determinadas as funções e os portadores de funções do produto,e é feita modelagem tridimensional em computador da essência da forma que o instrumentodeve ter.

A facilidade crescente de gravar e ter acesso a músicas de todos os gêneros têmaumentado a procura por instrumentos musicais no Brasil, e isto cria um clima propício àcomercialização do objeto deste trabalho, cujo aspecto inovador é ainda um fator atraente parapossíveis consumidores. O autor tem a intenção de, em futuro próximo, patentear, produzir ecomercializar o produto.


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2.1.2 Ferramentas e Filosofias de Projeto

TRIZ, do russo Teoria da Solução para Problemas Inventivos, é um método criado por G.S. Altshuller, de cujas técnicas neste trabalho foi usada a Matriz de Contradições (ver

http://www.triz40.com), uma relação entre 40 Princípios Inventivos e 39 Parâmetros deEngenharia, definidos por Altshuller e sua equipe depois de analisarem milhões de patentespara encontrar lógicas nas invenções. Esta ferramenta permite que o projetista, diante de umacontradição em seu projeto, encontre sugestões poderosas para criar a solução. A tabela cruzaos parâmetros de engenharia, sendo as linhas para o parâmetro a ser melhorado e as colunaspara o que está impedindo a melhoria, e esta combinação aponta princípios inventivos quehistoricamente foram usados para resolver este mesmo tipo de contradição.

Projeto Robusto, conceito desenvolvido por G. Taguchi, é uma forma de projetar para

que o produto funcione mesmo com alterações nas condições esperadas, os chamados ruídos.Ele pode ser entendido como uma nova abordagem da qualidade. Utilizando-se este métodopode-se obter produtos robustos o suficiente para assegurar alta qualidade a despeito deflutuações que venham a ocorrer no processo produtivo e no ambiente de uso do produto.

Projeto Orientado à Manufatura é uma filosofia que consiste em adaptar a forma daspeças ao processo de fabricação, a fim de torná-lo viável e otimizar sua eficiência e seu custo.

Projeto Orientado à Montagem consiste em prever as operações do montador na fábrica,evitar a possibilidade de situações em que ele cometa erros ou cause danos ao produto eminimizar o tempo do ciclo.

Projeto Orientado ao Meio-Ambiente leva em considerações impactos ambientais desdea extração da matéria prima, até o seu descarte no fim da vida útil. A prioridade é reduzirmaterial, seguida de reutilizar e reciclar. Esta filosofia está associada à seguinte.

Projeto Orientado à Desmontagem consiste em facilitar a separação das peças paramanutenção ou para descarte. Para possibilitar a reciclagem dos materiais separadamenteevita-se uso de colas e grava-se o tipo de material, por exemplo. Para permitir a reutilização,procura-se possibilitar desmontagem sem danificar o produto. (Jung, 1994)

Projeto Orientado ao Custo consiste em adaptar o projeto a materiais e processos defabricação que precisem do mínimo de recursos financeiros. Deve-se levar em consideração aregião onde o produto será fabricado e a oferta de recursos daquele local, além da variaçãodos preços de determinado material ou processo com o tempo.

Matriz Morfológica é uma ferramenta de projeto que organiza todas as idéias tidas,separadas por função, para depois combinar as que melhor podem compor o produto. No casode projetos que duram meses ou anos, a Matriz Morfológica impede que sejam esquecidas

alternativas já propostas.


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2.2 Música

Existem doze notas musicais. Seus nomes e símbolo correspondente são Dó (C), DóSustenido (C#), Ré (D), Ré Sustenido (D#), Mi (E), Fá (F), Fá Sustenido (F#), Sol (G), Sol

Sustenido (G#), Lá (A), Lá Sustenido (A#) e Si (B). Elas são os doze intervalos de freqüêncianos quais os sons foram divididos. Por exemplo, o Lá corresponde a 440Hz. Dobrando oudividindo por dois a freqüência, se obtém a mesma nota, mas em uma "oitava" diferente, ouseja: 110, 220, 440 e 880Hz correspondem a Lá também. Na figura 2.1 temos a organizaçãodas notas no piano.

Figura 2.1 - A organização das notas em um piano

O tom significa em que escala se toca. Uma escala tem sete notas. A de Sol, porexemplo, é composta por Sol, Lá, Si, Dó, Ré, Mi e Fá Sustenido. Qualquer música pode sertocada em qualquer tom, mesmo este sendo diferente daquele no qual ela foi composta. Bastarespeitar a ordem das notas. Músicas mais sofisticadas utilizam notas fora de sua escala, e atémesmo mudam o tom durante a canção. Isto ocorre, por exemplo, na Bossa Nova e no Jazz,mas dificilmente em músicas infantis.

Os três elementos que compõe músicas são ritmo, melodia e harmonia. O ritmo é dadopelos instrumentos de percussão, como um chocalho (Fig. 2.2). Melodia e harmonia são feitaspor instrumentos que produzem notas musicais. A melodia é uma sucessão de notasindividuais. Por exemplo, quando tocamos em um piano uma tecla de cada vez, quandocantamos ou quando tocamos uma ocarina (Fig. 2.3), produzimos uma melodia. A harmonia,também chamada de acompanhamento, é formada por uma sucessão de acordes, que sãoconjuntos de pelo menos três notas específicas tocadas simultaneamente. Para isto, énecessário um instrumento polifônico, ou seja, que possa tocar mais de uma nota ao mesmotempo como, por exemplo, o violão, o acordeom (Fig. 2.4) e o piano. Quando tocamos no

piano diversas teclas ao mesmo tempo, estamos fazendo a harmonia da música.


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Figura 2.2 - Chocalho Figura 2.3 - Ocarina Figura 2.4 - Acordeom

Timbre é a forma do som, é como sabemos diferenciar um som de outro independente

de suas notas. Quando ouvimos um saxofone, um violino, uma corneta ou um banjo, osreconhecemos pelo timbre, mesmo que toquem a mesma nota. É o formato da onda.

3. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

Constatou-se no mercado a ausência de instrumentos acústicos de harmonia que sejampequenos o suficiente para serem transportados e armazenados com extrema facilidade.

Sobre a vantagem de um instrumento ser muito pequeno, analisemos a gaita de boca(Fig 3.1), instrumento de melodia, cuja grande popularidade é atribuída ao seu tamanho, que

possibilita que o músico sempre tenha ela consigo emseu bolso, no porta-luvas do carro ou na mochila. A gaitapode ser levada em todas as viagens. Em casa, o gaitistapode simplesmente colocá-la em uma gaveta. Já parainstrumentos também portáteis porém maiores, como oviolão e o acordeom, é preciso mais disposição erecursos na hora de transportá-los.

Figura 3.1 - Gaita de bocaSobre a vantagem de produzir harmonia, observemos que esta é o acompanhamento de

uma música, e dá o apoio necessário à melodia. No caso de reuniões entre amigos, ondetodos querem cantar, um instrumento de harmonia é o que viabiliza esta atividade. Nagravação de músicas de qualquer estilo é essencial a harmonia na composição do arranjo.

Pretende-se ainda projetar exclusivamente um instrumento acústico, ou seja, queproduza o som mecanicamente, sem qualquer auxílio de circuitos eletrônicos ou alimentação

elétrica, evitando o som com qualidade inferior característico e o inconveniente de necessitaralimentação elétrica.


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4.METODOLOGIA

4.1 Métodos do Projeto Informacional

Foram estudados os tipos de instrumentos existentes e as formas que já existem deproduzir sons, através da internet, e normas pertinentes foram pesquisadas.

Foi feita uma pesquisa de produtos similares, pesquisando lojas e páginas de lojas nainternet e também patentes.

Um questionário (Anexo I) foi elaborado e distribuído entre músicos amadores eprofissionais para captar opiniões qualitativas e quantitativas sobre o projeto, visto que háinúmeras possibilidades de configurações para o instrumento. Entrevistas foram feitas comacadêmicos de Música e profissionais do ramo para discutir alternativas para o instrumento.

No final da etapa foi gerada especificação de projeto.

4.2 Métodos do Projeto Conceitual

De posse dos requisitos de projeto, inicia-se a geração de conceitos para resolver oproblema. Primeiro, todas as idéias que surgiam eram anotadas sem qualquer censura,semelhante a uma "Tempestade de Idéias" (brainstorm) , porém individual. Cada opção eraanotada na Matriz Morfológica. Depois de ter considerável leque de sugestões vindo destasíntese, iniciou-se a análise, abordagem crítica para escolher os melhores mecanismos. Idéiasdescartadas permaneciam na Matriz Morfológica, mas com indicação do motivo da rejeição,evitando que no futuro fosse cometido o mesmo erro.

Para criar e eliminar alternativas, foram usadas as filosofias Projeto Orientado àManufatura, à Montagem, ao Meio-Ambiente, à Desmontagem, ao Custo e Projeto Robusto,além de Ergonomia. A matriz de contradições da TRIZ foi utilizada na geração de conceitos.

Para projetar os conceitos gerados, melhor avaliar sua integração, gerar os desenhos depeças e os de conjunto, foi utilizado o aplicativo de projeto assistido por computadorSolidWorks 2005, e para análise por elementos finitos se usou o aplicativo Cosmos.

A seleção de materiais e de processos de fabricação foi feita baseada em informaçõesde catálogos, livros, internet e entrevistas realizadas com profissionais da área.


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5.PROJETO INFORMACIONAL

5.1 Tipo de Instrumento Musical

As principais formas de se produzir o som em um instrumento são cordas, sopro porcoluna de ar, sopro por palhetas e percussão. Diante do problema de espaço muito reduzidodo instrumento e da necessidade de tocar diversas notas ao mesmo tempo, logo foi escolhidoo método de palhetas, por produzirem sons com elementos muito pequenos sem soar agudodemais. Um instrumento de cordas, de percussão (como o xilofone) ou de sopro por coluna dear (como a flauta) não atenderia à combinação destes dois requisitos. A partir daí, esta decisãopassou a guiar o trabalho com foco bem resolvido.

5.2 Ineditismo

As buscas no mercado por produtos com as características do que se pretende projetar -polifônico e possível de colocar em um bolso comum - não apontaram ocorrências. Existemmuitos instrumentos polifônicos portáteis, como o Cavaquinho (Fig. 5.1), mas não pequenoscomo o que se quer. Existem também muitos instrumentos do tamanho desejado, como aocarina, mas não polifônicos. A gaita de boca cabe no bolso e, embora seja feita para produzirmelodias, até trás a possibilidade de produzir acordes, mas apenas três, o que frustrariaqualquer músico que quisesse adotá-la como o seu instrumento de harmonia. O Roll Up Piano(Fig. 5.2), teclado enrolável, é tanto de bolso como polifônico, mas, sendo equipamento digital,foge do nosso objetivo. Sua descoberta serviu para constatar mais uma vez a importância queas pessoas dão para o aspecto de o instrumento ser portátil.

Figura 5.1 - Cavaquinho Figura 5.2 - Roll Up Piano


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No questionário de pesquisa do trabalho, a pergunta sobre o ineditismo, confirmou quenão se conhece instrumento polifônico de bolso, exceto os eletrônicos e gaita de boca, quenão atende aos nossos requisitos, como comentado, lembrados por 7 dos 15 participantes.

Por unanimidade a idéia do instrumento foi considerada interessante, principalmente pela

portabilidade, que traria, entre outras coisas, "muita diversão". Todos que responderam aoformulário sabem tocar pelo menos dois instrumentos e possuem em média 5. Isto comprova aqualificação dos participantes para responder às perguntas, sendo que 4 deles eramacadêmicos de Música e/ou músicos profissionais.

A busca por patentes brasileiras foi feita na página do Instituto Nacional de PropriedadeIndustrial (INPI) http://www.inpi.gov.br/ confirmou que nunca foi registrado instrumento destetipo no país. Já a profunda busca por patentes internacionais na internet, principalmente napágina http://www.google.com/patents, resultou em um produto muito similar ao objetivado

neste trabalho. Ele claramente não foi concebido com o objetivo de ser tão pequeno quanto odeste projeto, mas uma redução no número de suas notas e melhoria no tipo de botões o dariaesta característica. Sua patente é de 16 de Maio de 1944, por F. H. Magnus, com o nome"Harmonica", registrado sob o número 2348830 no United States Patent Office (Escritório dePatentes dos Estados Unidos).

5.3 Configuração

Não é necessário ter todas as 12 notas no instrumento para que ele seja muito útil.Quanto mais notas houverem à disposição, mais liberdade, menos facilidade para tocar e maiscomplexa a construção do instrumento. Para esclarecer o tema, foi entrevistado o acadêmicode Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul André Dillenburg Pilla.

Segundo Pilla, um único tom disponível seria uma alternativa de certa forme pobre,porém o instrumento ainda teria utilidade razoável. Para melhorar, foi sugerido disponibilizartons cujas escalas são muito parecidas, como Dó e Sol, onde acrescentando uma nota já setem as duas escalas completas. Outra idéia do acadêmico foi usar apenas uma escala, mascom algumas notas repetidas para haver opção de oitava para tocar certas notas, formando osacordes de forma mais correta. Para possibilitar dissonâncias, foram sugeridas "notasvizinhas", permitindo estilos musicais mais arrojados.


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Com estas informações, foram propostas cinco hipóteses de configurações, que foramclassificadas na pesquisa pelo questionário quanto à facilidade de uso e aprendizado e àutilidade, com notas de 0 a 10. Já era esperado que a disponibilidade de alternativasinfluenciasse nas notas, por causa da comparação necessária entre elas. Também a

expectativa de custo foi estimada. Abaixo vemos as alternativas e suas respectivasclassificações médias obtidas entre os 15 questionados:

Hipótese 1 - 8 notas: C, D, E, F, G, A, B, C (Escala maior de C, mais a 8ª)Utilidade: 5,0 Facilidade: 9,5 Custos: mínimo = R$38,50; máximo = R$77,73

Hipótese 2 - 10 notas: C, D, E, F, G, A, B, C, D, E (Escala maior de C, mais 8ª, 9ª e 10ª)Utilidade: 6,0 Facilidade: 9,1 Custos: mínimo = R$45,50; máximo = R$89,09

Hipótese 3 - 10 notas: Bb, C, D, Eb, E, F, F#, G, A, B (Escala maior e 7ª menor tons C F e G)

Utilidade: 7,0 Facilidade: 7,6 Custos: mínimo = R$59,00; máximo = R$114,09Hipótese 4 - 12 notas: C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B (Todas as notas)

Utilidade: 8,5 Facilidade: 7,6 Custos: mínimo = R$87,50; máximo = R$159,09Hipótese 5 - 24 notas: C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B (x2) (Todas em 2 oitavas)

Utilidade: 9,6 Facilidade: 6,9 Custos: mínimo = R$116,50; máximo = R$216,36

Estes resultados mostram que todos os modelos têm vantagens, ora por se destacar emuma virtude ora por equilibrar todas. Desta forma, nenhuma hipótese foi descartada na etapaseguinte, mas se teve melhor em mente os rumos que cada alteração poderia tomar. Aestimativa de custo norteou a idéia de valorização dos músicos quanto às características doinstrumento (sofisticação eleva mais de duas vezes o preço).

5.4 Informações Técnicas Específicas

Emílio Saucedo, músico e especialista em manutenção de gaitas de boca, cedeuentrevista em seu local de trabalho, onde forneceu muitas informações sobre o funcionamentodas palhetas livres e sobre tipos de instrumentos, como pode se ver a seguir.

O material das palhetas da gaita de boca é latão, mas existem escaletas onde a palhetaé de aço inox. A chapa, ou placa (Fig. 5.4), costuma ser de latão, mas já se viu de alumínio.

A janela onde a palheta fica, como se vê na figura, deve ser muito rente para que nãohaja desperdício de fluxo de ar, demandando muita força do músico. Além disso, a folga entrepalheta e janela deve ser a mesma dos dois lados, pois descentralização gera um som surdodesagradável. A regulagem é feita contra a luz, artesanalmente centrando a peça.


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Figura 5.4 - Partes da gaita Figura 5.5 - Saucedo e gaita de acordes

A umidade do sopro e a saliva entram em contato muito freqüentemente com as partesmetálicas do instrumento, como pode ser visto ainda na mesma figura e, por isso, somente ocravo remanchado que prende a palheta na placa pode ser feito de aço comum.

A nota produzida vem de relação entre peso e forma da palheta. Removendo material daponta fica mais agudo, e da base fica mais grave. Este ajuste é muito fino, e parece descartar

a possibilidade de se fazer todas as palhetas uma mesma peça.A orientação da palheta não tem importância, ou seja, poderíamos prender a palheta

com o cravo tanto em uma ponta como na outra. O importante é que, dos dois lados existentesda placa, a palheta esteja situada naquele que receberá o ar, e não no lado por onde ele vaisair. Somente assim a vibração correta é produzida.

Sobre tipos de instrumento, Emílio Saucedo mostra um arranjo especial de quatro gaitasmuito grandes unidas (Fig. 5.5), no qual ele teve participação na construção, que pode tocarmuitos acordes. São agrupados conjuntos de notas, e o músico sopra um de cada vez,

promovendo a harmonia. O instrumento que se pretende projetar neste trabalho poderiasubstituir este citado, com grande ganho em portabilidade.

A norma NBR7839 - Altura musical padrão (freqüência padrão musical), de 01/04/1983, éinteressante para o projeto, para correta afinação, mas na etapa conceitual ainda é cedo paraadquiri-la.

Ver Especificação de Projeto no Anexo II.


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11 6.PROJETO CONCEITUAL

6.1 Geração de Conceitos

Abstraindo ao máximo a nossa necessidade, nosso sistema fica resumido a estaseqüência: entra ar, entra informação do músico, saem notas. Aprofundando-se na questão,estudando as possibilidades e trazendo idéias à tona, se chegou nas seguintes funções ecaracterísticas básicas: Configuração de notas e botões, Estrutura, Empunhadura,Acionamento, Admitir Ar, Conduzir Ar, Produzir Som e Controlar a Passagem do Ar.

Vamos listar e discutir as principais alternativas geradas para cada função, sem, noentanto, apresentar a Matriz Morfológica na íntegra, por simplicidade.

A geração de conceitos começou com uma alternativa muito simples. Trata-se de um

total de apenas quatro peças para compor o todo: carenagem superior, carenagem inferior,árvore de botões e placa de palhetas. Esta alternativa se mostrou inviável mais tarde, já que aspalhetas precisam de uma janela feita com muita precisão, o que nem sempre é possível noprocesso de injeção de plástico, fazendo necessária uma nova peça, a placa.

Para viabilizar configurações o mais diversificadas possível de notas, foi cogitado usardois bocais, cada um acionando um conjunto de notas de um tom diferente; pensou-se emalém de assoprar, aspirar, e aí ter dobro de possibilidades. Além da opção de botão simples,acionado para baixo, foi cogitado botão com acionamento para cima e para baixo, com uso deuma alça, e de botão com acionamento para um lado e para outro. A combinação das duasainda possibilitaria quatro notas diferentes por dedo, mas aí a complexidade começa aaumentar talvez em excesso. Esboços destas alternativas estão no Anexo III.

Para a estrutura e sua fixação no resto, a prioridade foi dada para os encaixes, sempreque possível, por ser o método mais limpo e barato. Ainda assim, cliques de plástico eparafusos são alternativas.

Para o material se cogitou apenas aqueles que não oxidam com o tempo e não sedeterioram fácil, pois o usuário fará contato no instrumento com a boca. Aço inoxidável, ligasdo cobre, plásticos inofensivos fisiologicamente e madeira foram cogitados.

O desenho da estrutura desde o início foi imaginado como uma carcaça que contém o arsoprado para dentro da mesma e libera o ar seletivamente, um botão por nota. Este conceitovingou até o final do projeto.

A preocupação com a empunhadura se deu na forma em que a pessoa sustenta oobjeto, uma questão ergonômica. Se os polegares tivessem botões para apertar, eles nãopoderiam ser responsáveis por segurar o instrumento e se fariam necessárias alças por onde a

mão passa por dentro e assim manter o produto junto de si. Isto seria uma peça a mais parafabricar e um volume a mais na configuração, e por isto a idéia não vingou.


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Para admitir o ar, a alternativa mais óbvia, o sopro direto, não foi considerada comoexclusiva, deixando chances de a criatividade agir, que é a atitude correto no início de umprojeto. Desta forma, surgiu a opção de ter um fole no instrumento. Isto possibilitaria que omúsico cantasse enquanto toca.

Para conduzir o ar, a idéia começou em um canudo específico, evoluindo para canaletasentre estruturas superior e inferior da carcaça que se encontram ficando, por fim, entre aestrutura inferior e a placa metálica, tendo um duto principal do bocal até o fundo e umaramificação para cada nota. Foi pensada também uma maneira na qual o ar sempre estivesselivre para passar, e os botões apenas desviassem ele para a palheta certa. Assim seriadesperdiçado muito fluxo e a combinação de notas seria complicada. Foi cogitado, no dutocentral de distribuição de ar, uma redução gradual da sua seção para manter iguais asintensidades sonoras de notas situadas longe ou perto da fonte de ar. Desta forma, segundo

Beyer, 2006, a pressão cinética diminuiria se convertendo em pressão estática, compensandoa perda desta última por atrito ao longo do caminho, conservando a saída de ar nos difusoresao longo do duto. Porém este estudo não foi mais adiante porque nem sempre notas longe eperto do bocal são tocadas simultaneamente.

Sabe-se que frestas muito pequenas por onde o ar se perca não inutilizam o processo,mas sim demandam do usuário mais esforço, caracterizando uma diminuição da qualidade doinstrumento. Fluxos muito baixos de ar passando por uma palheta também não chegam a fazerela soar, apenas são um desperdício de fluxo.

Como se pretende guardar o instrumento em bolsos de vestimentas, que muitas vezescontêm mais objetos, não devem haver saliências excessivas ou formas de ganchos quepossam interagir com outros corpos causando dano a estes ou ao próprio instrumento. Paraisso optou-se por botões muito baixos, com apenas 2,5mm de altura entre seu topo e acarenagem do produto, com cantos muito bem arredondados.

Botões individuais, cada um acionado por uma mola, seria um problema muito grandepara a fabricação e montagem do produto. Cogitou-se um ímã longo atraindo botões metálicos,ou repelindo botões com outros ímãs dentro. Outra alternativa encontrada foi uma árvore ondetodos os botões se comunicam com um eixo central, e esta peça única feita de Poliacetal,polímero com boas propriedades de resiliência. Desta forma a própria rigidez do material faz opapel de forçar o botão para sua posição original, e todos os botões já saem da máquinainjetora prontos para montar em apenas uma etapa. Isto é Projeto Orientado à Fabricação.Hoje em dia um produto com inúmeras operações artesanais necessárias na sua montagem sóé viável na China, onde a mão de obra é muito barata. Se quisermos produzir localmente,temos de ter muita preocupação com a praticidade.


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Como adicional a esta última idéia citada, foi visto que os próprios botões poderiamfuncionar como válvulas de ar, em combinação com os orifícios por onde eles saem da carcaçasuperior. A evolução desta idéia teve a seguinte seqüência: a vedação seria feita entre o botão,de Poliacetal, e a carcaça, de Polietileno, por ser fisiologicamente inofensivo. As duas

superfícies seriam relativamente duras, e a passagem de ar só seria impedida no caso de umafabricação perfeita. Seguindo a filosofia de Projeto Robusto, se decidiu usar um elemento deborracha nesta vedação, de forma que, mesmo com pequenos erros de fabricação oueventuais deformações durante o uso, o sistema ainda funcionaria. Mas o problema seguintefoi a necessidade de montagem de um anel de borracha (o'ring ) em cada botão, pordesvantagens já citadas. Diante do problema, apelou-se para a Matriz de Contradições daTRIZ: queremos melhorar a Manufaturabilidade (parâmetro de engenharia 32 da TRIZ), ouseja, nos livrar de tantas peças, mas somos impedidos pela questão da pressão (parâmetro

11). Cruzando-os respectivamente nas linhas e colunas da Matriz, o primeiro princípio inventivoapontado é o de número 35, "Mudança de Parâmetros e Propriedades". Imediatamente surgiu

a idéia de mudar o material do própriobotão para borracha. Isto seria inviável, porperdermos as características de rigideznecessárias para o efeito mola, e entãodecidiu-se fazer uma sobre-injeção deborracha nas pontas da árvore de botõesde Poliacetal. A esta altura havia sidodeterminada a necessidade da placametálica, como já explicado. Examinandouma flauta transversa, foi percebido que amola de acionamento dos seus botões é

Figura 6.1 - Molas de Flauta Transversa apenas um arame que se deforma (Fig.6.1). Daí veio a inspiração de aproveitar a chapa metálica como mola, fazendo rasgos queseparassem uma espécie de trampolim para o botão, e este teria uma saliência atrás parafazer contato na nova mola, e o conjunto já seria montado com interferência, para garantir avedação. Tendo sempre ao alcance a Matriz Morfológica, lembrou-se da idéia de fazer oconjunto de botões inteiro de material macio para vedação, e agora já não precisávamos maisde sua resiliência. Em vez de Poliacetal com borracha, foi escolhida uma versão macia doPoliuretano (PU), que pode ser facilmente injetado, tem melhor durabilidade do que a borrachae é um ótimo vedante, usado, por exemplo, em linhas de teste de válvulas de caminhões.

Esta seqüência de fatos ilustra que projeto não é apenas um conjunto de técnicas, nem

um conjunto de conhecimentos das ciências e tampouco o puro sentimento do projetista, masa combinação dos três.


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Avaliando a impressão que o usuário terá do produto nos seus cinco sentidos se faz umaformidável checagem do projeto:

Visão - Desejável aspecto atraente (dar forma final antes da venda). Importante localizaras notas facilmente (usar cores e gravações).

Tato - Texturas devem ser agradáveis para mãos e lábios. Peso muito pequeno, apesarde vantajoso na fabricação, dá sensação de pouco valor.

Audição - Fuks, 1989, diz, sobre percepção auditiva: "os órgãos de audição respondempor uma importante carga física. A necessidade da constante aferição da qualidade sonora,afinação e intensidade acrescida da ocorrência de diversos ruídos muitas vezes irritante aosistema nervoso corresponde, a relevante carga psíquica." Por isso, o som do instrumentodeve ser sempre muito agradável, tanto para o instrumentista quanto para seus ouvintes.

Olfato - limpeza é essencial (checar se ventilação renova o ar interno e impede a entradade sujeira. Avaliar possibilidade de limpeza interna)

Paladar - limpeza do bocal (este deve ser feito de material fácil de limpar efisiologicamente inofensivo).

6.2 Análise

Foi escolhido, no início da etapa de análise, ter os botões e sistema de vedação recémcitados, reconhecendo a possibilidade de ter apenas 8 notas, podendo o músico tocar apenasem um tom. A idéia foi levada para o aplicativo SolidWorks e modelada em três dimensões. Oaspecto pode ser visto no Apêndice III.

O limitador do tamanho máximo do produto foi o requisito de caber em um bolso comumde vestimenta, e o de tamanho mínimo foi o aspecto ergonômico, respeitando a largura dodedo humano que, segundo Tilley, 1994, é de 16mm, e determinou o espaçamento entre osbotões. Já o diâmetro dos botões teve como referência as teclas dos baixos do acordeom (astocadas nele pela mão esquerda), já que o instrumento é consagrado na sociedade e pode ser

aceito como referência confiável o seu diâmetro, de 7mm. O volume total desta configuraçãoera de 11,5 x 54 x 68mm, excelente para caber no bolso de qualquer calça ou casaco comuns.Por Ergonomia, para esforços repetidos com as pontas dos dedos, Tilley, 1994, indica de

0,28 a 2,8N. Ensaios pelo Método dos Elementos Finitos (MEF) com o aplicativo Cosmosapontaram que na primeira proposta de mola na chapa de latão o esforço era de mais de milvezes superior ao limite recomendado. A forma foi estreitada e alongada para umparalelepípedo de 10,3 x 1,5 x 0,5mm, para uma mola mais suave, e se chegou a uma cargade 11,2N para promover o deslocamento necessário que permite a passagem de ar. A figura

6.2 mostra como o estudo foi feito, considerando um engaste da base e uma carga vertical naponta da mola. Nos resultados, em vermelho está a região que se deslocou 2,4mm como


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15 desejado, mas precisa-se alcançar este valor com menos esforço. A fim de eliminar qualquerrisco de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) ao usuário, esta questão deve ser mais bemestudada no Anteprojeto, mas se percebe que uma solução é possível. Fatores queinfluenciam na força da mola são sua geometria, seu material, o deslocamento que se

pretende ter (no caso 2,5mm) e o ângulo de contato entre botão e orifício (no caso 5 graus).

Figura 6.2 - Configuração e resultado do estudo de MEF no Cosmos

Com a modelagem conceitual do produto em estágio avançado e noção das limitaçõesque esta configuração de apenas 8 notas traria, surgiu uma alternativa de dobrar o número denotas sem perder em largura e aumentando apenas 22mm. O Anexo III mostra esta concepçãofinal. Para ter uma organização de notas musicalmente coerente, ao lado de cada nota foiadicionada sua correspondente sustenida, exceto para Mi e Si, que não a têm, e ali os espaçosadjacentes foram deixados vazios, abrindo mão de acrescentar duas notas mas garantindomuita clareza na interpretação do usuário e mantendo seu aspecto didático. Para melhorarainda mais o entendimento, as notas Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si foram coloridas na corbranca e as notas sustenidas foram coloridas na cor preta, tal qual acontece no piano. Noinício se evitou que o mesmo dedo tivesse dois botões para tocar, para evitar que ele quisessetocar os dois ao mesmo tempo sem poder, mas com os acionamentos assim adjacentes isto se

torna possível, pressionando o dedo inteiro contra os dois botões.


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7. CONCLUSÕES

O objetivo de desenvolver o projeto conceitual de um instrumento polifônico portátil foialcançado. Avaliar-se-á abaixo suas características resultantes.

Sendo o projeto, além de uma ciência, uma arte, ele sempre pode ser melhorado. Nãoexiste uma otimização definitiva para um produto pois, havendo tempo e recursos, o únicolimite é o talento do projetista. Nas palavras de Leonardo Da Vinci, "uma arte nunca estáterminada, apenas abandonada".

7.1 Virtudes do Produto Final

A figura 7.1 mostra um modelo de madeira do produto, simulando a forma como o

usuário o segura e sopra.O instrumento musical obtido é prático para ser transportado para qualquer lugar devido

às suas dimensões reduzidas, podendo caber inclusive no bolso do usuário.O instrumento projetado é cromático, ou seja, apresenta todas as 12 notas, possibilitando

a formação de qualquer acorde, tocando músicas em qualquer tom.O produto é extremamente didático, pois as notas são apresentadas claramente para o

músico e em ordem. Já que qualquer botão produz um som afinado quando acionado, oiniciante sentirá menos frustrações do que com instrumentos onde apenas combinaçõescorretas de botões soam bem (como na flauta transversa).

A versatilidade deste instrumento está na possibilidade de produzir, além de harmonias,melodias; na possibilidade dedosar a intensidade sonoraatravés do sopro; e napossibilidade de iniciar ouinterromper um som tanto pelaprópria respiração quanto peloacionamento dos botões.

O produto terá custoreduzido quando comparado aoutros instumentos, tornando-opossivelmente muito competitivono mercado e muito acessível.

Figura 7.1 - Uso demonstrado em modelo de madeira


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7.2 Aplicações

O instrumento poderá ser usado em arranjos de músicas ao gravar ou apresentar aovivo, inclusive para músicos profissionais, mas também em reuniões musicais informais entre

amigos.O produto será muito útil para que músicos possam ter sempre consigo um instrumento

de harmonia para fazer o acompanhamento de músicas. Quem o portar estará preparado paradescobrir os acordes de uma melodia qualquer que lhe venha à mente, dando origem a umanova composição, idéia que despertou o tema deste trabalho.

Por ser didático, o instrumento projetado tem forte potencial para ser adotado em escolasde primeiro grau. Hoje em dia, na maioria dos colégios, as crianças aprendem a tocar flautadoce, por ser um instrumento barato, pequeno, leve e fácil de tocar, características que

animam todos a comprá-lo mesmo sem ainda ter certeza de que tem talento para música ounão. O instrumento projetado reúne todas estas mesmas características. Além disso, ele e aflauta doce se completam, sendo de harmonia e melodia, respectivamente. Os alunospoderiam escolher qual dos dois preferem tocar, e o professor poderia fazer arranjos maisricos para as apresentações da turma. Esta virtude do instrumento contribuirá para asociedade, fazendo com que os cidadãos tenham contato com a cultura desde a infância, eviabilizará sua produção em grande escala, já que muitos colégios em diversas cidades,estados e até em outros países podem se interessar em adotar o produto em suas turmas,cada uma delas com dezenas de alunos (consumidores em potencial).

O fato de poder ter uma configuração de baixo custo fará do produto uma alternativapara pessoas de baixa renda que tem interesse por música, inserindo-as na cultura de formamais ampla.

Finalmente, na área da saúde o instrumento também apresenta utilidade. Por ser desopro, a pessoa que tocá-lo exercitará sua condição respiratória. Segundo a fonoaudiólogaValéria Recco, na fonoaudiologia se trabalha com instrumentos musicais de sopro que auxiliempacientes a aumentar suas capacidade respiratória e pneumofonoarticulatória. O instrumentoserá interessante também no tratamento da Síndrome da Respiração Bucal, onde o pacienterespira exclusivamente pela boca (Barbosa, 2001). No instrumento musical deste estudo, suaboca estaria ocupada em soprar o ar, e ele teria que admitir ar pelo nariz, corrigindo seuproblema. Por ser portátil e didático, este instrumento poderia estimular pacientes quenormalmente não teriam interesse pela prática a fazê-lo.


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8. BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS

Barbosa, J.F.; Bohnen, A. J.; Fritsch, R. F.; Reche, R.;"Investigação sobre a presençade sinais e sintomas da síndrome do respirador bucal em crianças de 1a 4 série do

ensino fundamental" , Rev. Fono Atual, dez. 2001, n.18, p. 35-43.Beyer, P.O.; Apostila Ventilação, Aquecimento, Refrigeração, Ar Condicionado. 2006Fuks, L.; "Uma Abordagem Ergonômica do Ofício do Músico-Intérprete" ,

COPPE/UFRJ, Anais do 4º Seminário Brasileiro de Ergonomia, Rio de Janeiro - RJ, 1989.Jung, L.B.;"A Design Guide for Information and Technology Equipment" , American

Plastics Council, 1994.Moreira, Daniel Figueiredo; Acadêmico do curso de Música do Instituto de Artes da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Luzitana, 1370/503 - Porto Alegre - RSNITA PLAST - Catálogo -O Perfil da Tecnologia Pacheco, J.; Notas de aula da disciplina de Metodologia de Projeto, Universidade Federal

do Rio Grande do Sul, 2007.Pahl, G.; Feldhusen, J.; Beitz, W.; Grote, K.;“Projeto na Engenharia” , Edgar Blücher,

tradução da 6ª edição alemã, 2005.Pilla, André Dillenburg; Acadêmico do curso de Música do Instituto de Artes da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Av. Iguaçu, 350/301 - Porto Alegre - RS.Recco, Valéria; Fonoaudióloga. Rua Marquês do Pombal, 500/304 - Porto Alegre - RSSaucedo, Emílio Damasceno; Profissional e estudioso em consertos de gaitas de boca, e

músico. Rua André Arjonas Guillen, 16 - Bairro Passo D´Areia - Porto Alegre - RS.Tilley, A. R.;"The Measure of Man and Woman: Human Factors in Design" , Watson-

Guptill Publications, tradução para italiano da 1ª edição, 1994.http://www.google.com/patents - página na internet de patentes internacionais.http://www.inpi.gov.br/ - página do Instituto Nacional de Propriedade Industrial.http://www.uspto.gov/ - página na internet do United States Patent and Trademark Office

(Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos).http://www.wipo.int/ - página na internet da World Intellectual Property Organization

(Organização Mundial de Propriedade Intelectual).http://www.wikipedia.org/ - enciclopédia eletrônica na internet.en.wikipedia.org/wiki/Melodyhttp://www.triz-journal.com/archives/what_is_triz/http://www.numa.org.br/conhecimentos/conhecimentos_port/pag_conhec/Projeto_robusto

v5.html

http://www.triz40.com


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Anexo I - Questionário de PesquisaPESQUISA SOBRE OPINIÃO DE MÚSICOS (AMADORES OU PROFISSIONAIS) QUANTO A UM

INSTRUMENTO MUSICAL POLIFÔNICO PORTÁTILEste questionário será utilizado única e exclusivamente para fins acadêmicos. Agradeço a sua

participação!

A. SOBRE O CONCEITO:- Você conhece algum instrumento musical que caiba no bolso e que seja feito para tocar a harmonia de músicas (osacordes)? Qual?

B. SOBRE O PARTICIPANTE- Profissão: - Qual seu curso superior? (se for o caso): - Idade:- Você sabe tocar instrumentos musicais? Quais?- Você tem instrumentos musicais? Quais?- Cite seus estilos musicais preferidos.

C. SOBRE A PROPOSTA APRESENTADA:O instrumento que se pretende projetar é de sopro, com palhetas livres, com apenas um bocal, e os dedos

acionam notas independentemente, de forma que o músico combina as notas para formar os acordes desejados. Otimbre é o das notas mais graves de uma gaita de boca. O instrumento é pequeno e cabe em qualquer bolso comum.- Você considera interessante um instrumento desse tipo? Por quê?- Classifique de 0 a 10 as hipóteses de configuração de notas do instrumento quanto à utilidade e à facilidade deaprender e de tocar, sendo 10 o mais útil ou mais fácil. Se não tiver segurança sobre a questão, por favor indiqueSem Condições de Opinar (SCO).- Em cada caso, estime por que preço seria razoável encontrar o instrumento à venda.

UtilidadeFacilidade de

aprender e tocar Preço razoável0-10 ou SCO 0-10 ou SCO

8 notas No mínimo R$C, D, E, F, G, A, B, C No máximo R$Escala maior de C, mais a 8ª10 notas No mínimo R$C, D, E, F, G, A, B, C, D, E No máximo R$Escala maior de C, mais 8ª, 9ª e 10ª10 notas No mínimo R$Bb, C, D, Eb, E, F, F#, G, A, B No máximo R$Escala maior mais a 7ª menor, dos tons C, F e G

12 notas No mínimo R$C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B No máximo R$Todas as notas24 notas No mínimo R$C, C#, D, D#, E, F, F#, G, G#, A, A#, B (x2) No máximo R$Todas as notas em duas oitavasSCO = Sem Condições de Opinar


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Anexo II - Especificação de Projeto

Especificação Técnica de Projeto

1.Produto:Instrumento musical polifônico de bolso.

2. FunçãoO produto tem como função produzir sons de freqüências determinadas, simultaneamente se

desejado, ser muito fácil para transportar e armazenar e ter custo reduzido comparando com a média dosinstrumentos musicais.3. Onde é usado

Em apresentações, aulas de música, encontros musicais entre amigos e gravações.4. Características

4.1. UtilizaçãoO produto é adquirido pronto para usar. O usuário assopra no bocal e aperta os botões

correspondentes às notas desejadas, produzindo as harmonias e melodias desejadas.4.2 Manutenção

A manutenção deve ser rara, mas pode acontecer, feita pelo próprio fabricantequando constatado algum defeito. O usuário pode fazer limpeza da parte externa doproduto, e deve ser instruído para não desmontá-lo, a fim de não danificá-lo.

4.3 RobustezO produto deverá suportar, sem falha dos materiais ou dos encaixes, os esforços

causados pelo uso correto, e não deve ser suscetível em demasia a quebra em caso de eventualqueda ao chão.4.4 Ambiente de operação

Em ambientes domésticos e locais de lazer.4.5 Condições ambientais

Condições normais de convívio.4.6 Segurança

Partes pequenas devem ser bem fixas para não serem engolidas.O esforço dos botões não deve causar lesão por esforço repetitivo.O material do bocal não pode ser tóxico.

5. Alternativas iniciais de projeto.8 notas ou 14 notas.

6. Características de aparênciaAparência agradável, mas não é o principal enfoque do produto.

7. Normas aplicáveis / Requisitos de Certificação- NBR7839 - altura das notas musicais

8. Lista de Requisitos

-Produzir notas musicais.-Permitir que quaisquer notas diferentes sejam tocadas simultaneamente.

-Caber em um bolso comum de vestimenta.-Ter empunhadura confortável.-Ter custo reduzido.-Ser resistente à corrosão.-Não ser tóxico.-Ser fácil de fabricar e montar.-Durar tempo razoável-Não necessitar esforço demasiado do usuário (sopro e dedos)-Permitir controle pleno do momento do acionamento de cada nota


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Anexo III - Desenhos

Esboços da Geração de Conceitos:


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Esquema da versão de 8 notas:

Aspecto da versão final:


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Versão final, vistas ortogonais:


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Versão final, vista explodida:


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Versão final em detalhe com capa superior transparente.Palheta em vermelho, cravo em verde:

Versão final, vista inferior com transparência:


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Disposição de notas da versão final:

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Rodrigo Cardoso Ribeiro