ROLÃO PRETO E OS FASCISTAS LUSITANOS

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  • 8/6/2019 ROLO PRETO E OS FASCISTAS LUSITANOS

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    ROLO PRETO E OS FASCISTAS LUSITANOS

    Em 1933, o movimento nacional-sindicalista cresce vertiginosamente,

    chegando a assustar Salazar e a Unio Nacional.

    Em 1932 era criado o Movimento Nacional-Sindicalista, uma organizao fascista

    que herdava a sua coluna vertebral ideolgica do Integralismo Lusitano e efectivos

    oriundos de outras organizaes entretanto desactivadas, como a Cruzada Nunlvares

    e a Liga Nacional 28 de Maio. Em Fevereiro de 1932, um grupo de estudantes fascistas,

    quase todos provenientes do sector estudantil do Integralismo Lusitano, fundava o

    jornal Revoluo. Pouco depois, lanavam uma ponte com a gerao mais velha,

    convidando Rolo Preto para seu chefe. No Vero desse ano, era lanado o MNS, queconseguiu captar uma parte significativa da juventude radicalizada direita, com uma

    razovel influncia nos jovens tenentes das Foras Armadas.

    Os pilares ideolgicos do nacional-sindicalismo eram a defesa do corporativismo (o

    lanamento, ainda que tmido, do Estado corporativo por Salazar esvaziar de

    contedo muitas das suas crticas) e de um Estado totalitrio semelhana do italiano

    de Mussolini.

    O desafio a Salazar

    Salazar era criticado por ser um homem do centro, quando os chefes das

    naes que se esto libertando das runas europeias vestem por toda a parte, como

    signo da sua f nas virtudes militares, umafarda ou uma camisa de combate. A Unio

    Nacional era uma organizao de burgueses panudos e apticos, que tinha como

    critrio de recrutamento o das antigas influncias polticas e das fortunas, a

    respeitabilidade social, a vetustez das idades. Absolutamente incapazes para a aco

    e para a luta que constituem as necessidades da hora actual.

    Porm, o tom geralmente usado era menos custico, insistindo no desafio unidade na aco. Na cobertura que o oficial Dirio da Manh faz do grande

    banquete nacional-sindicalista no Palcio da Exposio (Pavilho do Parque Eduardo

    VII), em Lisboa, a 18 de Fevereiro de 1933, que reuniu mais de 700 adeptos do

    movimento, referem-se elogios a Salazar de Rolo Preto, que termina o seu discurso

    com um desafio ao Presidente do Conselho: Sr. Dr. Oliveira Salazar: oia Vossa

    Excelncia a alma portuguesa que vibra; oia os votos da nossa mocidade e, se quer,

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    !1 E garante que se a Ditadura precisar, e e, c a autoridade de

    c e e o dec ara, far desfilar e Lis oa 5000camisas azuis.

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    Em vsperas do 28 de Maio de 1933, Rolo Preto garante, nas pginas do

    & vo

    u ' o, apoiar o governo da Ditadura e Salazar: O seu actual Chefe, a quem a

    nao j deve uma obra de restaurao financeira notvel, cuja rpida e( ecuo

    espantou o mundo, acha-se ligado a declara ) es pblicas, vriasvezes repetidas, que

    so para ns o mais seguro penhor de que o nosso esforo encontra o aplauso do

    Poder e devemos esperar dele prximas realiza ) es legislativas que nos auxiliem na

    rdua tarefa de transformar totalmente o meio social portugus.

    O N0

    e a UnioNacional

    Em poucos meses, os nacionais-sindicalistas atingem um nmero de efectivos

    idntico ao da Unio Nacional, que, segundo Antnio Costa Pinto (Os Ca1 2

    sas A3

    u 2 s),

    superavam em praticamente metade dos distritos, entre eles alguns dos mais

    importantes, como Lisboa, Braga e Coimbra.

    1 A 4 5 aja 6 7 a est! (em portugus: Os dados esto lanados) uma expresso latina traduzida,

    comummente, como A sorteest lanada.

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    Ora a Unio Nacional o partido nico do regime. Da a necessidade de negar

    para garantir a sua prpria existncia que o nacional-sindicalismo seja uma

    organizao poltica rival da UN. A primeira pgina do Revoluo de 26 de Maio de

    1933 toda ocupada por uma declarao firmada por Rolo Preto, intitulada Ns e a

    Unio Nacional, que busca essa justificao: A ofensiva contra o nacional-

    sindicalismo continua temerosa e activa em certos sectores da poltica nacional,comea o artigo. Agora () o que se pretende atacar a nossa posio para com a

    Unio Nacional, nica fora poltica da situao. Prossegue afirmando o nacional-

    sindicalismo como um movimento de ideias econmico-sociais, que no e nunca

    foi, nem de perto, nem de longe, uma formao de carcter poltico. Rolo Preto

    delimita o nosso campo de actividade no estudo e na propaganda das solues

    econmicas e sociais para os problemas que so o pesadelo do gravssimo momento

    histrico que estamos atravessando.

    A organizao nacional-sindicalista justificada pela necessidade de editar livros,

    publicar jornais e folhetos, prover enfim s necessidades de estudo e propaganda. Acriao da milcia dos camisas azuis no negada, mas justificada como forma de se

    protegerem das violncias dos contrrios, para apoiar com nossos braos os

    oradores das nossas conferncias e dos nossos comcios. Tal defesa e apoio

    necessitava sujeitar-se a uma tcnica de combate sem a qual seria baldada e intil.

    Rolo Preto declara que a sua inteno conciliar as duas tendncias (NS e

    salazarista) dentro de posies prprias embora servindo sob a mesma bandeira da

    Revoluo Nacional. Para isso, assegura que os nacionais-sindicalistas servem a

    Ditadura e a Nao dentro da nica organizao poltica criada pela Revoluo.

    Aqueles que entendiam de seu dever militar no campo da poltica eram convidadospor ns a aceitar o seu lugar na UN.

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    Prin8 pios do Nacional-Sindicalismo

    9 @ ortugal eterno; a @ tria uma realidade imposta pela Terra, pelo Clima, pela

    A ngua, pelos Costumes, pela Raa, pela Histria; a Nao uma realidade econmica

    indispensvel vida humana, social -econmica e poltica.

    9 9 O Equilbrio Social @ ortugus e a Justia equitativa na Vida dos @ ortugueses

    dependem exclusivamente de uma Orgnica Nacional definida naB

    utoridade forte

    independente e na Nao Organizada atravs dos seus grupos administrativos, sociais

    e econmicos.

    9 9 9

    B

    Famlia indissolvel, protegida e dignificada, a primeira clula social e tem

    de ser a base da organizao administrativa, descentralizada e fiscalizada, da

    Freguesia, do Municpio e da @ rovncia.

    9 V O Trabalho um Dever Nacional Trabalho de 9 nteligncia e da Tcnica, da

    @ropriedade, do Capital e da Mo -de-Obra. O Trabalho tem de ser organizado nos

    Sindicatos@

    rofissionais pela Sindicalizao Obrigatria de todos os Trabalhadores.

    V Tudo @ roduo.B

    @ roduo tem de ser o conjunto orgnico de todos os

    elementos que para ela concorrem.B

    @ roduo tem de ser organizada e coordenada

    pelas Corporaes.

    V9

    B

    @

    ropriedade privada e o Capital privado tm uma funo social

    imprescritvel como a Tcnica e a Mo-de-Obra tm a sua. @ ossuir um Direito

    natural, mas necessrio que a extenso da posse seja definida e limitada emfuno

    da sua utilidade social.

    V9 9

    B

    Economia Nacional pblica e privada tem de ser disciplinada e orientada

    pelo Estado Tcnico que deve dirigi-la e intervir nela sempre que essa necessidade se

    imponha para o bem comum e colectivo.

    V9 9 9

    Os Grandes Meios de @ roduo tm de ser nacionalizados sempre que essa

    necessidade se imponha ao bem comum e colectivo, ao equilbrio e justia social.

    9X B

    B

    ssembleia Nacional tem de ser unicamente constituda pelos

    representantes dos Municpios, das @ rovncias, pelo Conselho da Economia Nacional e

    por delegaes dasforas morais e espirituais da Nao.

    X O Estado tem de confundir-se com a Nao. O Estado Nacional-Sindicalista

    ser um Estado de Trabalhadores e s de Trabalhadores, garantindo a todos os

    @ortugueses que trabalham os justos Seguros Sociais atravs dos Sindicatos e das

    Corporaes, sempre que as condies de Vida o exijam.

    @ ublicado vrias vezes no jornal Revoluo. (Mantivemos a profuso de

    maisculas iniciais do texto original, s actualizando a grafia).

    conquista da rua

    A afirmao pblica do nacional-sindicalismo passa por uma campanha de comcios

    e desfiles. Longamente preparado, o primeiro grande comcio, eufemsticamente

    anunciado como banquete de homenagem ao dr. Rolo Preto, realiza -se em Lisboa,

    no pavilho do Parque Eduardo VII, no sbado 18 de Fevereiro de 1933. O Revoluo

    de segunda-feira seguinte titula, entusistico: No caminho da vitria. O banquete

    reivindicado como a maior manifestao poltica do seu gnero de que h memria

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    no pas, onde 730 nacionalistas prestaram a sua homenagem s reivindicaes

    econmico-sociais do Nacional-Sindicalismo.

    Menos de trs meses de pois, a 7 de Maio, no Palcio de Cristal do Porto (hoje,

    Pavilho Rosa Mota), novo banquete. Desta vez, o Revoluo de 8 de Maio assevera:

    O Porto respondeu a Lisboa. O Chefe do Nacional-Sindicalismo reuniu em sua voltamais de seis mil e duzentas pessoas, cheias de entusiasmo e f de certeza na nossa

    vitria. Antes do banquete realizou-se uma parada onde o Sr. Dr. Rolo Preto passou

    revista a mil nacionais-sindicalistas que envergaram a honrosa camisa de ganga dos

    trabalhadores.

    No editorial deste nmero do dirio nacional-sindicalista da tarde, lanam-se

    algumas farpas ao salazarismo e ao seu chefe: O nacional-sindicalismo no uma

    doutrina inventada friamente e friamente esboada num gabinete de trabalho. E

    fazem-se afirmaes de fora: O nacional-sindicalismo a expresso contempornea

    e humana do nacionalismo portugus. () Somos uma realidade com que necessrio

    contar-se somos uma certeza.

    A campanha de comcios culmina com uma nutrida presena nas comemoraes

    do 28 de Maio em Braga. Cerca de 3000 camisas azuis do Norte de Portugal

    prestaram ontem, em Braga, homenagem memria do glorioso marechal Gomes da

    Costa, gritando com o entusiasmo de que s a sua mocidade capaz: Viva a Ditadura

    Militar! Reivindicar no aniversrio do 28 de Maio o glorioso marechal, apeado ao

    fim de dois meses de Ditadura, no politicamente inocente: significa no reivindicar

    os chefes da Ditadura que lhe sucederam e actualmente ocupam o poder, significa

    postular-se como herdeiros e lderes alternativos do regime sado do 28 de Maio. Alis,

    nos comcios nacional-sindicalistas sentava-se invariavelmente na mesa de honra o

    general Joo de Almeida, o seu eterno candidato chefia da Ditadura, nas palavras

    de Antnio Costa Pinto.

    A partir de Maio de 1933, os confrontos de rua envolvendo nacionais-sindicalistas

    comeam a generalizar-se. No comcio de Coimbra de 21 de Maio, os nacionais-

    sindicalistas idos de Lisboa de comboio e em camionetas foram alvo de uma espera

    por manifestantes antifascistas. Nas refregas que se seguiram, vrios NS ficaram

    feridos. Rolo Preto e um grupo dos seus partidrios foram obrigados a refugiar -se no

    Hotel Avenida, de onde s saram sob escolta policial e debaixo de um coro do

    movimento. No seu livro j citado, A. Costa Pinto refe re conflitos a tiro em Ponte de

    Lima, Guimares e Braga. E uma tentativa de um grupo de ferrovirios de fazer

    descarrilar, em Ermesinde, o comboio onde seguiram os nacionais-sindicalistas em

    direco Braga, para as comemoraes do 28 de Maio.

    Estes incidentes por detrs dos quais os dirigentes nacionais-sindicalistas

    imaginam ver uma provocao policial a mando dos chefes do regime serviram de

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    pretexto ao Governo para proibir uma grande manifestao comemorativa da batalha

    de Aljubarrota que os nacionais-sindicalistas estavam a organizar para Junho de 1933.

    Alberto de Monsaraz, o segundo dirigente mais destacado do MNS, anunciava uma

    concentrao de 10 000 camisas azuis devidamente uniformizados um nmero

    porventura exagerado. O Ministrio do Interior proibiu a manifestao.

    A persegui C o

    Houvesse ou no camisas azuis suficientes para tanta gente (ou gente para as

    camisas), Salazar reconhece o perigo e move uma perseguio encarniada aos

    nacionais-sindicalistas. Aps uma tentativa, frustrada por C armona que a 7 de Junho

    recebera oficialmente Rolo Preto na Presidncia e lhe garantira que dentro da

    situao criada pelo 28 de Maio cabem em todos os nacionalistas de substituir o

    ministro da Guerra, Salazar consegue colocar no Ministrio do Interior um inimigo do

    nacional-sindicalismo, Antonino Gomes Pereira. A partir daqui, desencadeia aperseguio.

    A primeira arma a censura. O Revoluo, jornal do MNS, suspenso diversas

    vezes e quando reaparece exibe os cortes dos censores. J na edio de 29 de Maro

    de 1933, na primeira pgina, sob o ttulo Ajudem -nos, apelava-se a uma campanha

    financeira para reparar os prejuzos sofridos com uma suspenso: A suspenso a que

    fomos forados pela Direco de Censura causou-nos duros prejuzos que urgente

    reparar. Revoluo D , jornal pobre, jornal de trabalhadores que vive exclusivamente

    dos seus assinantes e amigos, perdeu alguns contos de ris que lhe fazem falta. E o

    artigo rematava: Que todos nos ajudem, pois, com o pouco ou o muito quepuderem. Pouco depois da posse do novo ministro do Interior, a 24 de Julho de 1933,

    o Revoluo suspenso. Reaparece apenas, e por breves perodos, em Setembro. O

    Revoluo dos Trabalhadores , que comeara por ser uma seco do jornal para depois

    se transformar num suplemento dirigido aos trabalhadores, chegou a ser

    integralmente cortado pela censura.

    Seguem-se os encerramentos de sedes e a recusa de acesso a espaos pblicos

    para realizar sesses. O Ministrio do Interior, a partir do Vero, d instrues aos

    governadores civis para que comeassem a proibir os comcios e manifestaes

    pblicas dos nacionais-sindicalistas.

    O passo seguinte organizar uma ciso pro-governamental. Desde o Vero que, a

    partir de Coimbra, um grupo de lentes defende a aproximao a Salazar. Como

    forma de limitarem o poder de Rolo Preto e Alberto de Monsaraz, propem a criao

    de um directrio do movimento. Procuram aliciar Lus de Cabral Moncada para

    substituir Rolo Preto, mas este recusa. O grupo cisionista, atravs de Jos Cabral,

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    prope uma alterao aos estatutos que eliminava os cargos individuais de chefia e

    reconhecia Salazar como chefe nico da Revoluo Nacional.

    Rolo Preto cede na questo do directrio, que criado em Setembro, mas no

    chega a reunir porque o avolumar da crise e das perseguies salazaristas obriga

    convocao de um congresso. Este rene em 12 de Novembro de 1933. A questocentral, a das relaes entre os nacionais-sindicalistas e o regime de Salazar, era

    abordada por Alberto de Monsaraz, no documento de convocatria nos seguintes

    termos: Pelo Poder, Contra o Poder, Sem o Poder?

    Rolo Preto e Alberto Monsaraz saem vitoriosos do congresso. O Unio Nacional de

    19 de Novembro (at a um jornal regional NS de Leiria, mas que nesta altura, para

    tentar fugir s suspenses e dvidas do Revoluo, se torna rgo central do

    movimento nacional-sindicalista) d uma imagem de falsa unidade da organizao e

    refora o culto do chefe na pessoa de Rolo Preto, um crebro privilegiado, um

    crebro de chefe. Mas O Sculo de 15 de Novembro traz outra verso dos

    acontecimentos: foi encarregado de toda a organizao nacional-sindicalista o dr.

    Jos Cabral, deixando de existir, segundo se depreende da resoluo, o lugar de Chefe

    que estava sendo desempenhado por Rolo Preto.

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    Rolo Preto,o verdadeiro social-fascista

    Francisco Rolo Preto nasceu em 1896. Estudanteemigrado na Blgica, a comeou a escrever, aos 17anos, na revista monrquica AE F a Po G tuguesa,influenciada pelaA H tionFG an I aise de Maurras. No diriointegralista A Mona G quia, pelo qual chegou a serresponsvel em 1920, comea a escrever sobre aquesto social. No incio dos anos 20 torna-se oresponsvel pela aco sindical do IntegralismoLusitano, que procura disputar o meio operrio sinfluncias anarquistasesocialistas.

    Desde 1922 seduzido pelo fascismo italiano, deque admira sobretudo os mtodos de actuao poltica,marcados pela aco. Apoiou o golpe falhado de 18 deAbril de1925 e o 28 de Maio de1926. Ligado a Gomes da Costa, procura constituiruma milcia de apoio ao general. Durante a Ditadura Militar defendeu sempre a suaradicalizao direita, na senda do fascismo.

    Em 1932 criou o Movimento Nacional-Sindicalista, que em pouco tempoconseguiu captar uma partesignificativa dajuventude radicalizada direita, com umarazovel influncia nas Foras Armadas. Rapidamente atingem um nmero deefectivos idntico ao da Unio Nacional, que superavam em distritos importantescomo Lisboa, Braga e Coimbra.

    Salazar reconhece o perigo e vai mover-lhes uma perseguio encarniada,procurando cindir o movimento e captar parte dos seus quadros. A partir deSetembro de 1933, fecha-lhes as sedes, probe o seu rgo P evo E u I o e lana um

    jornal concorrente, o P evo E u I oNa H iona E , dirigido por um dissidente do MNS, ManuelMrias, cria a organizao Aco Escolar Vanguarda para disputar-lhes o terreno na

    juventudee, finalmente, em Julho de1934, manda prender e deportar para EspanhaRolo Preto e outro dos principais dirigentes nacionais-sindicalistas, Alberto deMonsaraz.

    Aps uma tentativa de golpe de Estado fracassada, em 1935, e da dissoluo doseu movimento, Rolo Preto afasta-se do fascismo. Em 1945 v na vitria trabalhistaem Inglaterra a hiptese de recuperar uma espcie de fascismo social. No ps-guerra participa nas tentativas para derrubar Salazar, apoia a candidatura de Nortonde Matos em 1949, e tenta lanar a de Quinto Meireles, em 1951, junto com osrepublicanos moderados. Em 1958, apoiou Humberto Delgado. Aps o25 de Abril de1974, ainda teria tempo deser dirigente do PPM (Partido Popular Monrquico), antesde morrer em 1977.

    Poucos dias depois do congresso, o grupo cisionista encontrou-se com o ministro

    do Interior e com o prprio Salazar, a quem props manter a sua autonomia e

    organizao independente a troco da convergncia com a Unio Nacional e do apoio

    ao Estado Novo. Mas Salazar no est a fim de convergncias. S h lugar para a

    submisso. De imediato, oscisionistascomeam a ser aliciados para ocuparem lugares

    no aparelho de Estado, no Instituto Nacional do Trabalho e Previdncia (Amaral Pyrrait

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    e Castro Fernandes) e noutros organismos corporativos, no Secretariado de

    Propaganda Nacional, nossindicatos nacionais.

    Em finais de1933 lanada a Aco Escolar Vanguarda, cujo primeiro presidente

    umjovem nacional-sindicalista dissidente, Ernesto de Oliveira eSilva, para disputar ao

    NS o terreno najuventude, usando uma linguagem radical idntica, convidando nazisalemese fascistas italianos a escrever noAvante!Q o seu rgo. Salazar discursar na

    sesso pblica inaugural da organizao, no Teatro deS. Carlos, em Lisboa. A AEVser,

    de facto, sempre dirigida pelo Estado, atravs do Secretariado de Propaganda

    Nacional. Antnio Ea de Queirs (filho do escritor), funcionrio do SPN, quem dirige

    efectivamente. Ser ele, por exemplo, a representar a AEV no congresso internacional

    fascista de Montreux.

    Cumprida a sua funo de ajudar a cindir o MNS, a AEVser, em 1936, integrada na

    Mocidade Portuguesa.

    SaR

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    elementos daAco EscolaT

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    ada Mocidade PoT

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    inais de 1933paT

    adisputaT

    o terrenoaos nacionais-sindicalistas.

    IMPORTANTE:

    O artigo apresentado da autoria deAntnio Simes do Pao e foi publicado no livro1933 A Constituio do Estado Novo da coleco Os Anos em que Salazargovernou. Assim, no dispensvel a leitura e anlise do artigo no livro citado.