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O Calvário da Execução de Alimentos Rolf Madaleno* 1- O abono pontual da prestação de alimentos Embora toda a prestação judicial reclame urgência, algumas obrigações advindas do Direito Brasileiro precisam ser tratadas com compreensível prioridade, porque são, por assim dizer, consideradas vinculações sagradas, como o é a liberdade no processo penal e dentro do Direito de Família, quando respeita à chamada assistência familiar, ou ao sacrossanto direito de visitas, apenas para pinçar alguns dos exemplos mais presentes na processualística familiar. São direitos considerados essenciais, prioritários, porque tangente a eles, o homem está vinculado como regra primária de obrigação familiar e não pode deixar de cumpri-los porquanto alimentos estão ligados à vida, à sobrevivência material e psíquica do credor alimentar. Alimentos e visitas guardam identidade entre si, pois respeitam sob certo aspecto e cada um ao seu modo, ao dever natural que têm os pais de zelar pela formação material e espiritual de seus filhos. A prestação alimentícia abrange não apenas as suas compreensíveis requisições de índole material, senão também, abarca uma indissociável carga de deveres morais facilmente delineados pela obrigação atribuída aos pais, por suas ligações parentais, de criar e educar seus filhos dentro de critérios de higidez psíquica e de inarredáveis preceitos éticos de solidariedade familiar, tão necessários à boa formação sociocultural da prole, que precisa ser adequadamente preparada para a vida e para um mundo que, na atualidade, requisita maior preparo para a partilha das oportunidades que oferece no globalizado mercado de trabalho, às pessoas profissionalmente mais qualificadas e em melhores condições psicológicas. Já entre esposos e conviventes, os

ROLF MADALENO - O Calvário Da Execução de Alimentos

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ROLF MADALENO - O Calvário Da Execução de Alimentos

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O Calvrio da Execuo de Alimentos

Rolf Madaleno* 1- O abono pontual da prestao de alimentosEmbora toda a prestao judicial reclame urgncia, algumas obrigaes advindas do Direito Brasileiro precisam ser tratadas com compreensvel prioridade, porque so, por assim dizer, consideradas vinculaes sagradas, como o a liberdade no processo penal e dentro do Direito de Famlia, quando respeita chamada assistncia familiar, ou ao sacrossanto direito de visitas, apenas para pinar alguns dos exemplos mais presentes na processualstica familiar. So direitos considerados essenciais, prioritrios, porque tangente a eles, o homem est vinculado como regra primria de obrigao familiar e no pode deixar de cumpri-los porquanto alimentos esto ligados vida, sobrevivncia material e psquica do credor alimentar. Alimentos e visitas guardam identidade entre si, pois respeitam sob certo aspecto e cada um ao seu modo, ao dever natural que tm os pais de zelar pela formao material e espiritual de seus filhos.

A prestao alimentcia abrange no apenas as suas compreensveis requisies de ndole material, seno tambm, abarca uma indissocivel carga de deveres morais facilmente delineados pela obrigao atribuda aos pais, por suas ligaes parentais, de criar e educar seus filhos dentro de critrios de higidez psquica e de inarredveis preceitos ticos de solidariedade familiar, to necessrios boa formao sociocultural da prole, que precisa ser adequadamente preparada para a vida e para um mundo que, na atualidade, requisita maior preparo para a partilha das oportunidades que oferece no globalizado mercado de trabalho, s pessoas profissionalmente mais qualificadas e em melhores condies psicolgicas.

J entre esposos e conviventes, os alimentos so recprocos e regidos pelo dever da mtua assistncia, de um para com o outro, quando concretamente necessrio. socorro pecunirio, herdado de uma superada modelagem econmica domstica, onde apenas um dos parceiros tinha o encargo de prover materialmente a famlia por ele constituda. A mulher era mantida como dependente do marido, num sistema de chefia masculina do casamento, onde o varo conservava o compromisso moral e legtimo de incluir o seu cnjuge como mais um dos destinatrios dos recursos que ele precisava distribuir entre os seus diferentes dependentes.

De qualquer modo, incidente o dever de prestar assistncia alimentar essencial vida e sobrevivncia da pessoa, direito fundamental do ser humano, o vnculo de alimentos ressalta no plano processual como postulado prevalente, obrigao inadivel que se impe sobre todas as outras inmeras requisies judiciais amplamente demandadas no campo das relaes de famlia.

Ocupando a cobrana executiva dos alimentos uma posio de prioridade dentre os processos familistas, deveria causar espcie e temor, qualquer argumentao tendente a desacreditar a desejada efetividade das diferentes execues de alimentos previstas na processualstica brasileira. Entretanto, no obstante o credor alimentar espere respostas prontas e medidas judiciais severas, que lhe afiancem a pontualidade da penso alimentcia, sintonizando no tempo certo, fome e alimento, lamentvel realidade desbanca e desilude a crendice popular de que apenso no paga d cadeia.

Processos lentos e insolveis tm desacreditado leis e desmentido advogados, juzes e promotores, pois a estes que operam o direito, tem sido delegado o inglorioso esforo de buscar amenizar as angstias e de aparar os deletrios efeitos psicolgicos causados sobre o credor de alimentos sempre quando constata e assimila, que a realidade das demandas de execuo alimentcia, no atual estgio processual em que se apresentam, mais tem servido ao renitente devedor, do que ao desesperado credor.

Meios executivos estreis tm levado credores ao calvrio, ao inenarrvel sentimento de impotncia que amargam ao constatar que a sua digna existncia j no encontra caminho eficaz na busca executiva de seus alimentos. Enfrentam o martrio que tem sido encontrar frmulas processuais capazes de aproximar no tempo certo, prestao jurisdicional efetiva, em execuo clere e eficaz, pronta e pontual e, conseqentemente, permitir suprir a fome sem mais seqelas de um tormentoso e angustiante processo judicial.

2 - Execuo e descrena Sabendo que os alimentos no processo brasileiro dispem de vrios meios executrios para a plena realizao do seu crdito alimentar, o alimentando deposita sobre a lide executiva de sua penso, as mais vivas esperanas de imediata satisfao dos seus alimentos e assim age, porque induzido pela leitura das normas jurdicas a acreditar que est amparado pelas tcnicas processuais mais aprimoradas de todo o Direito Brasileiro, pois a dvida alimentar constitucionalmente protegida pela temerosa priso do devedor.

Assim visto, todo o credor de alimentos, mesmo conhecendo a morosa tramitao do processo judicial brasileiro, pensa que a penso alimentcia goza dostatusde justia instantnea, encurtando a lei executiva, com prazos enxutos e meios excepcionais de coero, costumeiras resistncias e insidiosos expedientes protelatrios trazidos por lcitas justificativas, merecendo seu crdito prefacial amparo, erigido em preceitos constitucionais que asseguram o fundamental direito vida.

Reserva o alimentrio, pelo acmulo de informaes acadmicas distanciadas da prtica forense, a precisa impresso de que detm, com o seu ttulo executivo de alimentos, o meio processual mais eficaz e prenhe de alta carga coercitiva, voltado para a rpida satisfao do seu direito.

Deste modo, com diversificado elenco de cobranas executivas dos seus alimentos, o sacro crdito de sua subsistncia, vista daquilo que por lei escrita direcionado a acreditar, pensa piamente o destinatrio dos alimentos, tambm influenciado pela natureza especial deste seu crdito, estar municiado de alto teor coercitivo e, portanto, ele estaria liberto do dramtico desequilbrio que usualmente provoca um processo judicial facilmente esticado no tempo.

Julga-se protegido da conhecida lentido dos feitos processuais, mesmo dentre os de tutela executiva e assim conclui por um raciocnio emprico de incontestvel logicidade, na exata medida em que seu bom-senso lhe diz que a fome no encontra qualquer substrato capaz de permitir aguarde pacientemente o alimentrio que o seu alimentante esgote em juzo as garantias que a generosa legislao brasileira lhe outorga para a sua mais ampla defesa, no exerccio pleno do sagrado princpio do contraditrio.

Colidem direitos basilares num ferrenho confronto entre o imorredouro direito defesa e o fundamental direito subsistncia. No confronto dos benefcios e dos prejuzos que podem advir da adequao de dois princpios constitucionais basilares - o da efetividade do processo e o da garantia do devido processo legal - a preocupao do magistrado com o balizamento da proporcionalidade dos meios, buscando aplicar dosadamente estes dois valores, tem permitido encontrar largo espao de insidiosa disputa judicial. Em qualquer uma das modalidades executivas da penso de alimentos, o tempo e o acatamento de diversificado leque defensivo, s tende a enfraquecer o exeqente que precisa dos alimentos para sobreviver. como bem sintetizou Araken de Assis, de que cresce o devedor acobertado pelo processo, perturbando o equilbrio existente nos seus albores.[1] o temor das dilaes indevidas, terreno frtil e de nefastas conseqncias, especialmente na esfera da execuo de alimentos, onde, para quem j no recebe a penso com a qual contava no vital oramento de sua subsistncia pessoal, o tempo do processo corre desigual, a favor daquele que deve, para a angstia do destinatrio dos alimentos, alarmado a cada espao cronolgico que vence e que lhe deixa a desconfortvel sensao de a demanda parecer ter sido posta vitoriosamente a servio apenas do devedor, que perdeu o medo de ser punido.

3 - A diversidade executivaColoca a ritualstica processual brasileira os meios legais de execuo previstos nos artigos 732 a 735 conjugados com as regras recolhidas dos artigos 16 a 20 da Lei n 5.478/68, cujos dispositivos so tidos como hbeis para garantir o recebimento judicial de impagas prestaes de carter alimentar. As diferentes espcies de execuo oficialmente ordenadas no CPC Brasileiro so agrupadas na expresso de Araken de Assis[2], em duas classes fundamentais: asub-rogatriae acoercitiva. No contexto da sub-rogao, prossegue Araken de Assis, figura a expropriao pelodesconto, alienao, adjudicaoou usufruto(arts. 647,734 e 708, I, II e III, todos do CPC), o desapossamento (art. 625) e a transformao (art. 634). J a coero vale-se da ameaa de priso do artigo 733,capute de imposio de multa em dinheiro, conforme artigos 287 e 644, tambm do CPC,[3]mas, voltada apenas s obrigaes de fazer.

Tratando-se de uma pluralidade de meios executivos colocados a servio do credor de alimentos, conforme disposto no artigo 615 do Diploma Adjetivo Civil, deveria cometer ao credor escolher por sua livre preferncia, a via executiva que realizasse o seu crdito alimentar com a maior rapidez possvel. No entanto, o credor alimentar acaba esbarrando na recomendao restritiva do artigo 620 do mesmo Cdigo de Processo Civil, a reeduc-lo para que a sua escolha ritual recaia sempre em promoo processual de efeito menos gravoso para o devedor.

Esta , em sntese, a tnica, o esprito do processo executivo brasileiro, onde legislao, doutrina e remansosa jurisprudncia tm se esforado na coleta de disposies de lei, argumentos e decises cada vez mais voltadas para a inesgotvel defesa do inadimplente alimentante, com restries processuais que fatalmente entravam e desestimulam a completa realizao do crdito alimentcio.

Princpio de direito, evocando a garantia do devido processo legal, tem sido primado comumente bradado, em notrio expediente processual que busca a infindvel dilargao da demanda de execuo. Por conta da aplicao desequilibrada deste primado, tolas filigranas jurdicas tm sustentado decises mais generosas causa do devedor, retirando o temor da punio judicial e a efetividade da execuo de alimentos.

Noutra linha de defesa, muitas vezes apenas usada como estratgia de estimulao dilao da demanda alimentar executiva, figuram alegaes outrora sagradas natureza dos alimentos, tidas como verdadeiras normas ptreas da instituio dos alimentos. A referncia tocante ao princpio geral de incompensabilidade dos alimentos, representando, como assevera Cahali, a presuno de que se trata de mera liberalidade a entrega de bens ou valores feita diretamente aos filhos.[4]

Contudo, indiferente escolha do meio executrio, quer venha a cobrana por coero pessoal, quer seja ela oriunda da sub-rogao, os tribunais tm acolhido, invariavelmente, a compensao alimentar sustentada em justificativa ou em embargos do devedor, como recentemente procedeu o 4 Grupo de Cmaras Cveis do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul, nos embargos infringentes n 598387363.[5]Posicionamento deveras preocupante, pois confere ao devedor a arbitrria administrao do oramento domstico do alimentando.

Doutra feita, j foi decidido que sendo impenhorveis os proventos,[6]os alimentos no podem sofrer a ablao direta na fonte pagadora da aposentadoria do alimentante.

Ou mesmo quando questionado na esfera criminal o crime de abandono material, como ocorreu na Apelao-Crime n 698249356, nela a 8 Cmara Criminal do TJRS no focalizou a existncia de dolo na omisso do provimento dos meios de subsistncia dos filhos alimentandos, porquanto, embora reprovvel a conduta do acusado, no efetuando o pagamento da penso alimentcia fixada judicialmente, havia algumas indicaes probatrias recolhidas do testemunho de um dos filhos, de que o pai lhes propiciava alguma ajuda material direta. A dvida sobre o recorrente ter deixado de prover a subsistncia da famlia levou sua absolvio.[7] Noutro extremo, desponta a interpretao pretoriana j largamente disseminada, dos tribunais brasileiros restringirem a priso civil do devedor de penso alimentcia s trs ltimas parcelas devidas, porque, alm deste perodo, a penso em atraso teria perdido a sua funo alimentar. outra amostra de lamentvel perda da efetividade executria dos alimentos, apesar de a disciplina processual no inferir qualquer restrio ao nmero de parcelas vencidas, ao que o Des. Adroaldo Furtado Fabrcio apropriadamente denominou de dvida alimentar velha,[8]em confronto com a dvida alimentcia nova, esta, pertinente aos trs ltimos meses.

Numa variao ftica da execuo indireta pela coero pessoal, sublinhado o recurso da priso como meio especialssimo de coero referendado pelo texto constitucional, singular deciso pretoriana emanada da 7 Cmara Cvel do TJRS concluiu por decretar a extino do processo que buscava executar alimentos provisionais insaldados, acenando o curioso aresto, com a alegao de faltar ttulo executivo exeqente.[9] Sem ainda adentrar no mrito destas diversificadas orientaes da jurisprudncia brasileira, importa constatar que, embora figure como real esprito da lei franquear aos credores de alimentos os meios executrios mais eficazes, deixando de discrimin-los em razo da fonte da obrigao alimentar[10],ao que parece, esta corrida est sendo vencida com ampla margem de vantagem pelo renitente devedor de alimentos. Cada vez mais, os prprios decisores amortecem o poder de coero da execuo extrema de alimentos. Mesmo luz das novas reformas processuais, decises que prefixam o uso da priso no limite de trs prestaes, tm encorajado e instigado a inadimplncia total e at parcial dos alimentos. Afora isto, h a utilizao de outros abusos, como o deliberado e enervante atraso no pagamento dos alimentos, depsitos de valores parciais e sabidamente insuficientes, sempre muito aqum do montante devido e ansiosamente esperado, para fazer frente a um sempre apertado oramento domstico. Por vezes, penses so quitadas com cheques de terceiros, em valores de morosa compensao bancria, apenas para criar atrasos que dificultam a boa gesto da contabilidade domstica e permitem onerar o alimentrio com penas pecunirias de uma inevitvel mora incidente sobre os seus compromissos financeiros bsicos, de luz, gua, condomnio, locao e estudos da prole.

Fcil verificar que as resistncias do credor alimentar vo sendo propositalmente minadas, e para dar cobro a estes useiros desmandos, ele precisa optar pelo lerdo recurso da execuo de seus alimentos, num drama jurdico que aceita infinitas nuances de defesa, at que, exaurido, ele sucumba ao calvrio de uma tortuosa execuo alimentcia.

Assim tem sido, porque, tirante a possibilidade do desconto em folha de pagamento, ou da expropriao de rendimentos episdicos, oriundos de crditos ou alugueres, a ameaa de coero patrimonial de quem no tem bens pessoais ou os tm titulados em nome de interposta pessoa, ou mesmo pela intimidao da temerosa priso civil, j no mais impressionam ao recalcitante devedor, que perdeu o medo de ser punido, diante da diversidade de defesas postas a seu favor que, acolhidas, tm sido capazes de restringir a concreta custdia fsica apenas ao executado revel.

4. O calvrio da execuo de alimentos Com efeito, anda desequilibrada a balana dos interesses que vm sendo tutelados pelos pretrios brasileiros em sede de execuo de alimentos, muito em especial, quando vinculam pena de priso, ou ameaa de penhora, deparando o credor com a costumeira insolvncia patrimonial daquele que lhe deve a assistncia alimentar.

Basta passar os olhos pelas principais decises jurisprudenciais proferidas pelos tribunais ptrios, para constatar a reiterada repetio de julgados inibindo a priso civil, por vezes, porque existem outros meios coercitivos para a cobrana de prestaes alimentcias em atraso, s podendo ser franqueada a coero fsica, s depois de esgotados todos os outros meios legais disponveis.[11] Noutras verses, no h que ser falado em confinamento do devedor de alimentos, porque sendo ele solvente, a sua priso ato de injustificvel meio coativo.[12]Tambm acontece de ser concedida ordem dehabeas corpusquando h cobrana de prestaes passadas e de cujo recebimento o credor no mais necessita para sobreviver.[13]Em outra interpretao jurisprudencial, havendo mais de trs prestaes mensais de alimentos em atraso, deve ser cindida a execuo e aplicado o artigo 733 do CPC, com a conseqente possibilidade de priso do devedor, apenas para as trs prestaes, devendo as restantes ser executadas na forma do artigo 732 do mesmo Diploma Adjetivo Civil[14], pela pena de penhora, acaso ainda subsistam bens constrictveis em nome do devedor.

Colacionando variado repertrio jurisprudencial, Araken de Assis consigna deciso da 1 Cmara Cvel do TJRS, no HC 586038838, vedando a priso do inadimplente, que s se justifica como ltimo recurso, e no apenas porque devem ser exauridos os demais meios executivos, mas tambm, porque a custdia civil, em lugar de remediar, agrava a situao do devedor e dos credores.[15] Nesta provao pela qual passa o credor de alimentos com o aforamento de demanda executiva sob coero pessoal, j limitada aos ltimos trs meses, deve ainda ter o extremo cuidado de no cumular os alimentos vencidos no ltimo trimestre, com as demais despesas processuais, em funo de no existir previso prisional por custas judiciais e honorrios de advogado. Foi como decidiu recentemente o Tribunal de Justia de Santa Catarina, ao julgarhabeas corpusoriundo da Comarca de Tubaro, em que concedeu a ordem, por entender que: "a priso por inadimplemento de dvida alimentar deve ter em conta apenas as trs ltimas prestaes em atraso, face sua atualidade, no tendo as demais parcelas, anteriores, pelo tempo decorrido, o mesmo carter, devendo ser cobradas, por isso, por execuo ordinria da mesma forma, por no terem natureza alimentar, os honorrios advocatcios no podem integrar dvida a este ttulo. Concesso da ordem por integrarem o valor pleiteado verbas de outra natureza."[16] Tambm concedida a ordem dehabeas corpus, quando o devedor apresenta algum depsito parcial dos alimentos, muitas vezes aparentando uma suposta dificuldade para saldar a sua dvida, mas, com o extremo cuidado de creditar ao alimentrio valores de pouca monta, praticamente simblicos, mas deixando a impresso de que vem cumprindo com a mxima boa vontade a sua obrigao alimentar.[17] Tambm j no mais ajuda causa do credor de alimentos o disposto no inciso II do artigo 36 da Lei do Divrcio, a negar o divrcio por converso, enquanto no cumpridas pelo requerente as obrigaes por ele assumidas na separao judicial, como, por exemplo, as penses deixadas em atraso. Decises pretorianas, cada vez mais freqentes, concluem existir elevado interesse social pela decretao judicial do divrcio, que assim desamarra ex-cnjuges e os legitima para novos casamentos, podendo o credor de alimentos servir-se dos tradicionais meios executivos para receber suas penses em atraso.

A insolvncia alimentar fraudulenta mais uma variante do delito de abandono material, configurado pelo descumprimento voluntrio do dever de assistncia familiar. Nesta hiptese, j apontando a deficincia de que padece a legislao vigente, favorecendo esta desordenada conduta do mau uso societrio, Caimmi e Desimone externam sua profunda preocupao com aqueles devedores de penso que buscam diminuir o seu cabedal econmico e elidir o adimplemento de seu dever de assistncia, alegando no poder cumprir com os alimentos impostos por carecerem de bens e ingressos, invocando e provando que habitam em imvel da nova parceira, vivendo da caridade dos parentes, mas, sobretudo, sustentando a nova condio de empregado, no lugar do antigo empresrio.[18] As dificuldades daqueles que buscam urgncia no recebimento judicial de seu imprescindvel e impostergvel crdito alimentar e que escutam no comentrio popular, sobre a eficincia acadmica da execuo sob ameaa de custdia do relapso devedor - tanto qued cadeia em trs dias- na realidade, sequer se livram do tormento da morosa execuo alimentcia. Ao deixar de receber suas penses sempre pontualmente descontadas em folha de pagamento, por aparente dispensa do alimentante de seu estvel emprego, o credor ainda precisa converter a sua fome em um novo processo ordinrio de reviso de penso alimentcia, com pedido de alimentos liminares, agora, proporcionais aos aleatrios rendimentos percebidos de um suposto trabalho como profissional autnomo, sem mais qualquer vnculo de emprego, ou descontados de crditos por biscates hauridos em fracionrias tarefas.

Fcil, portanto, verificar o duplo labor processual do infortunado credor alimentar, sujeito a prospectar em juzo a reviso de sua primitiva penso, para, depois, persistindo a inadimplncia, execut-la por alguma das desesperanadas modalidades executivas, fonte atual, de verdadeiro suplcio processual daquele que dependente da ajuda externa para sobreviver e tem que passar pelo calvrio da execuo alimentar.5. Aextrema-uno do credor de alimentos luz deste quadro, afigura-se impostergvel a observao colacionada por Luiz Guilherme Marinoni, quando diz que: "se as tutelas tradicionais no so capazes de garantir de forma adequada os direitos, preciso pensar, urgentemente, em uma nova forma de tutela jurisdicional."[19] Tutela interpretada no como sinnimo de sentena, arremata Marinoni, mas sim de procedimento, para dar efetividade ao direito material. Externa o autor sob comento sua preocupao com um direito carente de reflexo, a ser repensado e reordenado s exigncias sociais que clamam por respostas mediatas aos jurisdicionados que procuram na execuo alimentcia, ordenamento jurdico capaz de lhes devolver em procedimento clere, com convincente carga de intimidao, a sua abalada dignidade pessoal. Desespera o alimentrio que depara com a sua mesa vazia, onde o seu alimento cede lugar descrena dos tradicionais meios executivos, cada vez mais voltados em garantir a ampla e irrestrita defesa do devedor, para preservar a sua sagrada liberdade,inspiradas em princpios jurdicos de prevalncia do uso do meio executrio mais idneo e sempre menos gravoso para o ru.

Infelizmente, este excessivo zelo para com o executado alimentar tem causado injusto e insustentvel dano ao credor dos alimentos, diante da desproporcionalidade de concesses processuais deferidas ao devedor da penso, proclamando os tribunais as mais destoantes alforrias, especialmente quando a promoo executiva cobra alimentos pela segregao pessoal. O magistrado Jorge Beber[20]estampa toda a sua compreensvel inquietao com as prioridades processuais reservadas ao devedor de alimentos, em notrio detrimento do destinatrio destas penses, ao dizer que: "nada justifica seja o credor forado a percorrer um longo, tormentoso e sacrificante caminho para receber seu crdito de forma integral."

Tambm para Araken de Assis, o verdadeiro esprito da lei est em franquear os meios executrios mais lestos e eficazes aos credores, e que dvida envelhecida no muda o seu carter alimentcio.[21]Por tudo isto, j tempo de serem focalizadas novas e alentadas resolues processuais que invistam o credor de uma real autoridade executiva, j corroda pelas usanas do trfico jurdico, que de h muito, se voltam em prover recursos que s se tm prestado a abrandar o temor coativo antes existente pelo medo da priso por dvida de alimentos. Para muitos, o aprisionamento presta-se apenas para agravar as condies de contribuio do alimentante, j que confinado, no teria capacidade de trabalho e, sem receber, tambm no poderia fornecer alimentos, justificando a continuao de sua inadimplncia.

Embora o argumento no justifique a inadimplncia vencida, sob certo enfoque, ele ressalva a inadimplncia futura, sendo sugestiva a proposta disseminada por Gustavo A. Bossert,[22]de evitar a paralisao das atividades profissionais do alimentante, ao substituir a pena integral de priso por sanes mais tnues, como a deteno de final de semana, ou a obrigao de cumprir trabalhos em benefcio da comunidade, terminando com esta verdadeira agonia judicial de encontrar o equilbrio na proporcionalidade da pena, sempre quando for preciso mandar isolar em crcere privado o renitente devedor de alimentos. Com solues como estas, talvez no seja preciso pr pique o derradeiro instrumento prisional que a lei brasileira ainda faculta como eficiente coao para o alimentante solver a sua obrigao.

Nada obsta legalmente, pr em prtica a alternativa de um regime de semiliberdade, onde o devedor de alimentos com priso decretada, passe parte do dia fora do estabelecimento correcional, sem vigilncia, em trabalho externo.[23]O valor deste regime de semiliberdade, em que o condenado recolhe-se priso durante as suas horas de repouso, autorizado a trabalhar sem nenhuma vigilncia, guarda como importante recurso socioeducativo, no apenas a preservao do sinete da punio social pela semipriso, mas, ainda mantm o devedor de alimentos coagido e constrangido pela degradao pblica de sua desdia alimentar. O alimentante retomaria a sua liberdade sempre que restabelecesse a sua obrigao alimentar, e em caso contrrio, seguiria recolhendo-se priso noite e nos dias em que no houvesse trabalho, durante todo o prazo de durao judicial de sua priso, que varia de um a trs meses.

Bossert prope ainda, dentre as vrias medidas postas para garantir o cumprimento da obrigao alimentar, a criao de umregistro nacional de devedores de alimentos, do qual constariam os nomes daqueles alimentantes que estivessem devendo mais de duas prestaes alimentcias, ordenando que todas as pessoas fsicas ou jurdicas que contratassem os servios de outra, tivessem que consultar este registro para verificar se ela tem dvida de alimentos, para, neste caso, comunicar o novo emprego ao juiz que imps a obrigao alimentcia. Do mesmo modo, bancos e instituies financeiras que abrissem contas-correntes e recebessem depsitos, ou que concedessem cartes de crdito a um devedor de alimentos, deveriam promover igual comunicao ao juiz alimentar. Similar aviso tambm estaria previsto para a expedio e renovao da carteira de motorista, ou para o registro de compra ou venda de algum veculo automotor. Ademais disto, enquanto constasse do cadastro nacional de devedores de alimentos, a pessoa ficaria impossibilitada de constituir alguma sociedade comercial, ou de atuar como diretor ou administrador em qualquer empresa mercantil.[24] Pode ser acrescentado, a exemplo do Servio de Proteo ao Crdito, que, enquanto figurasse no registro nacional como devedor de alimentos, no seria recomendado ao comrcio em geral, conceder qualquer linha de crdito para as compras a prazo em favor do devedor alimentcio.

Est por demais evidenciado que a proposio de aplicao deste elenco de medidas indiretas de coero busca criar alguma espcie de embarao ou de constrangimento ao devedor de alimentos e procura, em sua essncia, uma idia engenhosa, como instrumento alternativo de pronta cobrana, e de imediato recebimento do essencial crdito alimentar.

So vias indiretas de cobrana das penses postas injustificadamente em atraso pelo devedor, com expressa previso legal para a coero fsica, porque, se dentro de um sistema de penas, se quem pode mais, condena a menos, no se afigura necessrio alterar a legislao em vigor. Suficiente a penalizao j vigente, apenas que o magistrado opta por restringir a ordem de privao da liberdade do devedor de penso, mantendo-o recolhido durante perodos menores, sem prejudicar a sua atividade laboral[25], fonte indispensvel para a quitao do dbito de alimentos. Basta indagar, se efetivamente o juiz no est processualmente credenciado a dosar o tempo de custdia do paciente, mantendo-o confinado apenas noite e durante os finais de semana, respeitando o limite mximo de durao da priso civil previsto por lei para dbito alimentar, quando poderia, querendo, manter o devedor confinado por at trs longos meses de priso.

Arnaldo Marmitt, em posio contrria de Yussef Said Cahali, traz moo favorvel ao abrandamento da pena de priso civil e diz que: "at se mostra recomendvel que idnticas vantagens do regime albergue sejam dispensadas ao depositrio e ao alimentante. A faculdade deve ser usada segundo o prudente arbtrio do juiz da causa, a quem dado decidir em cada situao concreta se essa a melhor modalidade para o cumprimento da penalidade imposta."[26]Ainda assim, prefervel a regalia da fungibilidade de uma priso vigiada, para que o devedor de alimentos intercale trabalho e coao fsica, preservando em parte os propsitos educativos e de persuaso da priso por penso, do que estimular a inadimplncia com a contumaz concesso da plena liberdade do devedor, sempre motivada pelo temor de que preso nada pague, ou porque qualquer jogo de cena justifique execrar a pena privativa de liberdade.

Destarte, se uma vez apreciadas todas as colocaes antecedentes, mesmo assim, qualquer delas for incapaz de realmente inspirar e demover o julgador a desenvolver legtimos e criativos instrumentos alternativos de rpida execuo indireta e coativa do crdito alimentar; e uma vez constatado que os modelos executrios sugeridos, mais uma vez conspiram contra o credor, porque prosseguem repugnando a coao fsica do alimentante devedor, avulta ento, recorrer sastreintes,[27], como soluo de extrema-uno do credor.

Revestidas de uma nova roupagem, com um resultado prtico trazido com as reformas insertas na processualstica brasileira, asastreintesforam ungidas para o direito com suficiente carga de coero indireta.

Segundo Marcelo Lima Guerra[28]a nova regra inserta no 5 do art. 461 do CPC confere ao juiz poderes para, em carter subsidirio e complementar lei, fixar os meios executivos mais adequados aos direitos a serem tutelados em execuo, dado que dita norma pe nas mos do juiz os meios sub-rogatrios mais adequados para realizar a execuo, sempre que verificar a insuficincia dos meios executivos predispostos no CPC.[29] Portanto, pela nova disposio legal, pressentindo a ineficincia do tradicional meio executrio do dbito alimentar, o magistrado est autorizado a aplicar de ofcio, se no conceder, a requerimento da parte, diferentes medidas coercitivas como fatores de presso psicolgica sobre a vontade do devedor.[30]Tem a faculdade de aplicar a coero da multa diria imposta mesmo em obrigao de pagar quantia certa, para pressionar o devedor a satisfazer o crdito do alimentrio.

No entendimento seguro de Marcelo Guerra, as alteraes procedidas no CPC introduziram no 5 do seu art. 461 uma verdadeiranorma de encerramento, que amplia o campo de aplicao dasastreintestambm para as obrigaes de pagar quantia certa, antes restritas s obrigaes de "fazer e de no fazer".[31] Afigura-se a multa diria que dever ser fixada em favor do credor de alimentos, como derradeiro baluarte do desgastado alimentrio, instrumentando o magistrado de nova e encorajadora medida sub-rogatria de coero, que poder ser usada mesmo de ofcio, como importante e concreta garantia da efetividade executria, sempre que o juiz, por deciso fundamentada, considere a multa capaz de induzir o devedor a adimplir, complementa Marcelo Lima Guerra.[32] A evocao final que deita sobre o exaurido alimentrio que percorre o calvrio da execuo de seu crdito de alimentos repousa, portanto, na esperana de que, sendo ele sagrado com um elenco de novas mensagens processuais de efetividade executiva, talvez depare com o mediato retorno do po sua mesa e, vista disto, reestimule a crena de que justia, vontade processual e legitimidade criativa so professias da mesma f.

BIBLIOGRAFIAASSIS, Araken de.Da Execuo de Alimentos e Priso do Devedor, Revista dos Tribunais, So Paulo, 4 edio, 1998.

BEBER, Jorge Luis Costa.O perodo de Inadimplncia como Requisito para o Decreto Prisional Decorrente de Dvida Alimentar, texto ainda no publicado.

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MARMITT, Arnaldo.Priso Civil por Alimentos e Depositrio Infiel, Aide Editora, Rio de Janeiro, 1989, 1 edio.

*Advogado e Professor de Direito de Famlia na Unisinos/RS, Presidente do IBDFAM/RS, autor dos livros -Direito de Famlia, aspectos polmicos eAdisregarde a sua efetivao no Direito de Famlia, ambos editados pela Livraria do Advogado Editora, Porto Alegre.

[1]ASSIS, Araken de.Da execuo de alimentos e priso do devedor, RT, So Paulo, 4 edio, 1998, p.40.

[2]ASSIS, Araken de. Ob. cit., pp.73/74

[3]Idem, ob. cit., p.74.

[4]CAHALI, Yussef Said.Dos alimentos, RT, So Paulo, 3 edio, 1999, p.113.

[5]"Embargos Infringentes. Penso alimentcia. Deduo de pagamentos diretos feitos pelo obrigado. razovel admitir-se a compensao, na penso da dvida, de dispndios de natureza alimentar feitos diretamente pelo alimentante. Embargos infringentes desacolhidos."

[6]Conforme deciso exarada no AI n 598467348, da 8 CC do TJRS, com esta ementa: "Agravo. Execuo de Alimentos. Penhora. Desconto em folha. Atrasados. Reteno de alugueres. Quando a sustao dos descontos em folha, e de alugueres, decorre de liminar concedida pela Corte, mantm-se vivo o interesse recursal. Voto vencido. Afigura-se invivel reter proventos de aposentadoria, para atender alimentos pretritos, em execuo por quantia certa. Possibilidade de reteno de alugueres (art. 655, X, CPrCv). Provimento parcial."

[7]"Abandono material. Dolo. No pagamento de penso alimentcia. Delito que exige dolo prprio. No podendo ser confundido com o mero inadimplemento de penso alimentcia formalmente fixada judicialmente. Preliminares rejeitadas. Apelo provido. Absolvio decretada."

[8]6 Cm. Cvel, TJRS, Agr. 586052540, 03.02.1987, JCCTJRS, 1987, v. 1, t. 3/227-230, citada por Araken de Assis,Da execuo de alimentos e priso do devedor, ob. cit., p.112, nota n 15.

[9]"Execuo de alimentos. Alimentos provisionais. Deciso interlocutria. Inexistncia de ttulo executivo (art. 732 do CPC). Tratando-se de alimentos provisionais, fixados liminarmente, a deciso que os concede interlocutria, descabendo execuo com base no art. 732 do CPC, por ausncia de ttulo executivo. Extino do processo."

[10]ASSIS, Araken de. idem, ob. cit., p.111.

[11]RJTJRS, n 119/269.

[12]RJTJRS, n 132/265.

[13]RJTJRS, n 94/322.

[14]RJTJRS, n 143/122

[15]2 Cm. Cvel do TJRS, HC 584050991, Rel. Des. Silvino Joaquim Lopes Neto, RJTJRS 109/251.

[16]Habeas Corpus n 98.018399-5, de Tubaro, Rel. Des. Srgio Paladino.

[17]RT 697/65: "A priso civil por dvida de alimentos medida excepcional, que somente deve ser empregada em casos extremos de contumcia, obstinao, teimosia, rebeldia do devedor que embora possua meios necessrios para saldar a dvida, procura por todos os meios protelar o pagamento judicialmente homologado. No caso, porm, dada a ausncia de m vontade do alimentante em saldar o dbito, tanto que o vem fazendo, embora a menor, pois encontra-se desempregado, no restou cristalina a necessidade legitimadora da priso administrativa, que deve , assim, ser revogada mediante o remdio herico constitucional." - TJSP, HC 170.264-1/4, rel. Des. Melo Colombi.

[18]CAIMMI, Luis Alberto; DESIMONE, Guillermo Pablo.Los delitos de incumplimiento de los deberes de asistencia familiar e insolvencia alimentaria fraudulenta, Editora Depalma, 2 edicin, Buenos Aires, 1997, p.15.

[19]MARINONI, Luiz Guilherme.Tutela inibitria, Revista dos Tribunais, So Paulo, 1998, p.22.

[20]BEBER, Jorge Luis Costa.O perodo de inadimplncia como requisito para o decreto prisional decorrente de dvida alimentar, trabalho ainda no publicado.

[21]ASSIS, Araken de, ob. cit., pp. 111/112.

[22]BOSSERT, Gustavo A.Rgimen jurdico de los alimentos, Editorial Astrea, 1993, Buenos Aires, pp.538/539.

[23]De acordo com Ren Ariel Dotti,Bases e alternativas para o sistema de penas, RT, So Paulo, 1998, p.424, "pelo regime de semi-liberdade o condenado est autorizado a passar, parte do dia fora do estabelecimento, sem vigilncia contnua, em atividades teis sua reinsero social, tais como trabalho externo, instruo ou formao profissional."

[24]BOSSERT, Gustavo A. ob. cit., p.545.

[25]RJTJRS 112/276: "Alimentante em dbito com sua obrigao alimentar, que justifica os motivos do atraso e se prope a sald-lo, no pode ser levado priso, s pelo fato de assim desejarem os alimentandos e opinar o MP, sem que se lhe enseje oportunidade para cumprir o prometido -habeas corpus concedido." Ou RJTJRS 104/297: "Priso do devedor torna ainda mais remota a satisfao do dbito reclamado - liminar confirmada e ordem concedida em definitivo - deciso unnime."

[26]MARMITT, Arnaldo.Priso civil por alimentos e depositrio infiel, AIDE, Rio de Janeiro, 1 edio, 1989, p.39.

J para Yussef Said Cahali, retratando aresto do TRJ, publicado na RT 495/225, escreve que: "Transformar a priso civil em priso domiciliar ou em liberdade vigiada seria subtrair daquela a sua razo de ser. E no procede a objeo de que a falta de priso especial, por imprevidncia do Estado, no deve prejudicar o paciente. A regalia, instituda a favor de determinadas pessoas, no pode redundar em arred-la da incidncia do disposto na segunda parte do art. 157, 17 da Constituio."(refere a CF de 1969),inDos alimentos, RT, So Paulo, 3 edio, 1999, p.1126.

[27]Ver a respeito o texto"Ao cominatria no Direito de Famlia",inDireto de Famlia, aspectos polmicos, de Rolf Madaleno, Livraria do Advogado Editora, 1998, pp.13/19.

[28]GUERRA, Marcelo Lima.Execuo indireta, Revista dos Tribunais, So Paulo, 1998, p. 61.

[29]GUERRA, Marcelo Lima, idem, ob. cit., p.67.

[30]GUERRA, Marcelo Lima. idem, ob. cit., p.167.

[31]Ibidem, ob. cit., p.179.

[32]Idem, ob. cit.. p.195.