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Romances Catarinenses Antologia de Romances Catarinenses organizada pelos estudantes do curso Letras Português a distância para a disciplina Literatura Catarinense.

Romances Catarinenses

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Antologia de Romances Catarinenses organizada pelos estudantes de Letras Português a distância.

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RomancesCatarinenses

Antologia de Romances Catarinensesorganizada pelos estudantes do curso Letras Português a distância para a disciplina Literatura Catarinense.

Escolhi o romance Memórias de um fingidor do autor catarinense Olsen Junior. Nasceu em

Chapecó (Oeste de Santa Catarina) no dia 06 de junho de 1955. É formado em Direito pela FURB de

Blumenau e tem pós-graduação em nível de Mestrado, na UFSC de Florianópolis. É jornalista e

escritor.

Na obra Memórias de um fingidor, todos os capítulos começam com manchetes de notícias

publicadas em 04 de fevereiro de 2003 e no final de cada capítulo há a indicação de um ano que

alude a algum fato mencionado naquele período de 1958 até o ano de 2003 coincidindo com a data

presente do narrador se encontra, terminando com o desfecho que permite entender o que foi

resgatado da memória daquele único dia, que se refere ao dia em teve que comparecer ao velório da

primeira mulher que amou. Depois da dolorosa despedida, o destino é um bar, onde entra em ação a

memória. Logo ele vê que passou e descreveu 45 anos em uma fatídica tarde.

O que eu mais gostei foi justamento do final, pois foi uma surpresa entender que manchetes tão

diversas constituíram pano de fundo para a história de amor do narrador.

(Indicação: Alessandra Cristina Martins)

Ana Luísa de Azevedo Castro

Romancista, poetisa, professora, diretora escolar e membro da Sociedade Ensaios Literários.

Destaque sobre a posição da mulher no mundo. Assim temos também uma referência ao papel da

mulher em seu romance onde lemos o seu pseudônimo Indígena do Ipiranga e seu romance D.

Narcisa de Villar.

D. Narcisa Vilar (1858 -1859) é um romance com traços indianistas, sobre a opressão da

mulher pela família e pela sociedade e sobre a escravidão dos índios pelos colonizadores. Os

familiares pretendiam casar D. Narcisa com um conhecido de Lisboa. A jovem, porém, estava

apegada ao filho da escrava Efigênia, Leonardo. Destaco a seguinte parte:

“Uma noite de inverno, na minha infância, achava-me com minha família na

Ponta Grossa, onde estávamos hospedadas em casa de umas gentes as mais

antigas do lugar. Ao pé de um bom fogo, cujo calor saboreávamos com

delícias, pelo frio que fazia, e onde se assavam carás e batatas roxas que eu

comia com delicioso prazer, eu ouvia também as histórias que me contavam

duas índias velhas, com seu falar pausado e cadencioso, com essa algaravia

única, em que se misturam as línguas primitiva e a portuguesa adotada, que

tanto me agradava. De vez em quando atiçavam elas as chamas, e tiravam do

braseiro, com tenazes de pau, carás e batatas tão bem cozidos como se

tivessem sido preparados no forno. Com a viveza própria de meu caráter, eu

fazia mil perguntas à tia Simoa e à mãe Micaela, as duas irmãs índias. Nessa

noite ouvi muitos fatos interessantes acerca dos Padres Santos que seria

longo narrá-los. Porém, o que mais me impressionou, e que guardei fielmente

na memória, foi uma legenda da ilha do Mel.”

Trata-se da narrativa de uma lenda da Ilha do Mel, em que a autora mostra situações

cotidianas e corriqueiras, ainda há a presença da fé católica. A escritora escolhe os oprimidos como

principal temática: a mulher e o índio, D. Narcisa de Villar e Leonardo filho de uma índia, uma de

suas servas, Ifigênia.

A temática da paixão proibida, uma vez que Narcisa empreenderá esforços para realizar seu

amor idealizado ao lado do homem que ama e fugir do casamento arranjado pelos irmãos. Para a

sociedade da época não seria aceita a união de um casal formado por uma fidalga e um índio. Nesta

condição, a autora apresenta a não-aceitação de uma sociedade, ou seja, o preconceito, o racismo.

Referências:

Uma precursora: Ana Luísa de Azevedo Castro. CASTRO, Ana Luísa de Azevedo. D. Narcisa de

Villar. 3. ed. Florianópolis: Mulheres, 1997.

(Indicação: Anderson Costa Gonçalves)

Com o objetivo de aumentar a lista dos romancistas catarinenses, gostaria de mencionar o

poeta, romancista e cronista Carlos Henrique Schroeder, já mencionado anteriormente por ser

um dos principais responsáveis pela divulgação e incentivo da literatura em Jaraguá do Sul, norte do

Estado. Carlos Schroeder, é natural de Trombudo Central, S.C., porém foi em Jaraguá do Sul, que

este escritor desenvolveu a maior parte de suas obras literárias. Atualmente é responsável pela Feira

do Livro, que acontece anualmente em Jaraguá do Sul, e é editor executivo da Design Editora. Além

de romances, o escritor escreve poemas, contos, ganhando vários prêmios.

O romance Ensaio do vazio conta a história de um artista plástico e suas dificuldades e

atrocidades diárias que envolvem esposa, amigo e outras pessoas. De acordo com Freitas apud Carlos

Henrique Schroeder (2011), “Schroeder nos reduz ao estado angustiante dos monólogos de Ricardo,

o hedonista mergulhado em suas fantasias sexuais, descrenças e transgressões”.

Como, infelizmente, não pude ler esta obra dele ainda eu gostaria de destacar o texto da

contracapa que me convida a apreciar esta obra:

Um dos homens usava uma camisa vermelha xadrez ridícula que me parecia

familiar. Enquanto nos revistavam, lembrei-me: um homem usava-a no

ônibus, eu gravava bem a camisa, pois já havia encontrado inúmeras vezes

com seu dono, por aí. Estavam me seguindo, com certeza da SDI, filhos da

puta! - Vocês dois dêem o fora! Fernando quis falar algo e levou um soco no

estômago, ficando agachado. Eu corri para fora, não havia o que fazer. Desci

as escadas desesperadamente e ganhei a rua. Corria como um maratonista,

mas não olhava para trás, tinha medo, precisa esquecer. O que aconteceria a

Paulo e aos manifestos? (SCHROEDER, 2006, CC).

Referência

SCHROEDER, Carlos Henrique. Biografia. Disponível em: <http://www.carloshenrique

schroeder.com.br/biografia.php>. Acesso em 21 nov. 2011.

_______ Livros. Disponível em: <http://www.carloshenriqueschroeder.com.br/biogra fia.php>.

Acesso em 21 nov. 2011.

_______. Ensaio do Vazio. 2006. Disponível em: <http://books.google.com/books

?id=5XWiFv6NPZoC&printsec=frontcover&dq=ensaio+do+vazio&source=bl&ots=1u3EzMFcOb&

sig=ztdWCmZQWHtWSxPDbhizL8jIWX8&hl=en&ei=Ez9rTPHpC8OAlAeUkw2&sa=X&oi=book

_result&ct=result&resnum=2&ved=0CBkQ6AEwAQ#v=onepage&q&f=false> Acesso em 21 nov.

2011.

(Indicação: Andreia Dalpiaz Pereira)

Urda Alice Klueger nasceu em 16 de fevereiro de 1952 na cidade de Blumenau/SC.

Estudou nos Colégios São José e Pedro II, na cidade de Blumenau/SC. Licenciada, Bacharel e

Especialista em História pela FURB, também de Blumenau/SC.

Pertence à Academia Catarinense de Letras; ao Instituto Histórico e Geográfico de Santa

Catarina; à ANPUH – Associação Nacional de História e à Associação de Jornalistas e Escritores do

Brasil.

Foi professora de História para o Ensino Fundamental em Escolas Públicas, nos anos de 2001

e 2002, e Ensino Médio em 2003.

Está efetuando uma pesquisa sobre os Sambaquianos, antigos moradores de Santa Catarina,

entre 6.000 a 2.000 anos atrás. A pesquisa iniciou em 1997 e deve ir, ainda, muito adiante. Já gerou

um Trabalho de Conclusão de Curso, uma Monografia de especialização, um livro para didático e

está gerando um romance-histórico, e um projeto de pesquisa de Mestrado. Tal pesquisa já a levou,

inclusive, a trabalho de campo no Sambaqui Jabuticabeira II, em Jaguaruna/SC, junto com a

conceituada arqueóloga Madu Gaspar.

Já publicou as seguintes obras:

- Verde vale – romance-histórico – 1979 – Editora Lunardelli – Florianópolis/SC (em 10ª edição); -

As brumas dançam sobre o espelho do rio – romance-histórico – 1981 – editora Lunardelli –

Florianópolis/SC; - No tempo das tangerinas – romance-histórico – 1983 – Editora Lunardelli –

Florianópolis/SC;

- Vem, vamos remar – relato da enchente de 1983, em Blumenau – 1986 – Editora Lunardelli –

Florianópolis/SC (em 4ª edição);

- Te levanta e voa – romance – 1989 – Editora Lunardelli – Florianópolis/SC;

- Blumenau, a loira cidade no sul – livro turístico – 1989 – Editora da Livraria Alemã –

Blumenau/SC;

- Cruzeiros do Sul – romance-histório – 1991 – Editora Lunardelli – Florianópolis/SC (em 2ª edição

pela Editora Hemisfério Sul Ltda.);

- Recordações de amar em Cuba II – 1995 – Relato de uma viagem a Cuba – Editora Lunardelli –

Florianópolis/SC;

- A vitória de Vitória – 1998 – romance infantil – Editora Hemisfério Sul Ltda. – Blumenau/SC (em

2ª edição);

- Entre condores e lhamas – 1999 – relato de uma viagem a Bolívia e Peru – Editora Hemisfério Sul

Ltda. – Blumenau/SC;

- Crônicas de Natal e Histórias de Minha Avó – livro de Natal – 2001- Editora Hemisfério Sul Ltda.

(em 3º edição);

- No tempo da Bolacha Maria – 2002 – crônicas memorialistas – Editora Hemisfério Sul Ltda. –

Blumenau/SC (em 2ª edição);

- Amada América – crônica de viagens feitas pela América não-inglesa – Editora Hemisfério Sul

Ltda. – Blumenau/SC;

- O povo das conchas – 2004 – para-didático pré-histórico sobre o povo Sambaquiano – Editora

Hemisfério Sul Ltda. – Blumenau/SC.

Urda representa muito bem o romance, mas com uma diferença, como afirma Luiz Carlos

Amorim, “ela escreve. Escreve coisas com sabor de poesia, com sabor de vida, uma fonte

inesgotável de emoção e sensibilidade. Ela escreve obras primas”.

As brumas dançam sobre o espelho do rio é um romance maravilhoso, é uma canção de amor.

Nos dias de hoje, com tantas novelas e romances, não é fácil escrever uma história de amor sem cair

na famigerada “água com açúcar”, mas Urda consegue e tem capacidade de sobra para escrever

lindas histórias de amor. Sua obra é consistente, grandiosa, com linguagem simples e poética,

objetiva, plena de sensibilidade. Seu estilo é inconfundível.

Em As brumas dançam sobre o espelho, a autora deixou a saga dos colonizadores alemães,

embora continue a correlação com a história do Vale do Itajaí, desta vez focalizando os pescadores e

os colonos de beira-mar, na sua luta pela sobrevivência, numa época terrível como a da grande

guerra. A fuga de uma gente simples e pura, humilde e leal, construindo do nada o paraíso em meio à

mata virgem.

Vem, vamos remar é uma novela sobre as enchentes de Blumenau, vividas pessoalmente pela

autora. Nunca ninguém retratou tão bem o drama das águas subindo, subindo e entrando pelas casas

e pelas vidas. É tão bem contada a história que faz com que nos tornemos parte dessa triste história,

que é a enchente, é como se sentíssemos na pele a tristeza dos que perderam tudo. Dos que

trabalharam uma vida inteira para possuir sua casa seus móveis, seus bens... E num instante ver tudo

indo água abaixo, perder tudo o que demorou uma vida para construir... Conseguimos sentir na pele,

viver aquele momento dramático, a tristeza...

Referência:

http://www.riototal.com.br/coojornal/amorim008.htm

((Indicação: Angelita Pivetta Chiesa)

Salim Miguel é autor de mais de 30 livros. Reconhecido como um dos mais destacados ficcionistas, é,

também contista, cronista e ensaísta. E entre os seus romances, destacam-se: Nur na escuridão e A voz

submersa. Salim Miguel recebeu entre outros prêmios, o Troféu Juca Pato, como intelectual do Ano de 2002

e o Prêmio Zaffary-Bourbon, para melhor romance publicado entre 1999-2001. Nascido no Líbano em 1924,

o vencedor do Prêmio Machado de Assis chegou ao Brasil ainda criança. Depois de viver sua adolescência no

município catarinense de Biguaçu, mudou-se para Florianópolis onde, nas décadas de 1940 e 50, integrou o

movimento modernista nas artes catarinenses: o Grupo Sul.

OBRA: NUR NA ESCURIDÃO

Resumo: Nur na escuridão apresenta a “saga” de uma família de imigrantes libaneses, que resolve “fazer a

América”, buscando melhores condições de vida. A análise fundamenta-se no papel do narrador enquanto

articulador e organizador do relato, enfocando a escolha da terceira pessoa, sua proximidade ou distância

em relação aos fatos e às marcas deixadas por ele no texto. Assim, a partir do estudo de diferentes

momentos do texto, acreditamos ser possível compreender o que tudo isso representa na narrativa e o

porquê da escolha desse narrador.

((Indicação: Camila Bosetti)

O romance escolhido foi A voz submersa (1984) do autor Salim Miguel. Salim Miguel é

nascido no Líbano e radicado em Santa Catarina, para onde veio ainda criança, hoje aos 85 anos é

um dos maiores expoentes da literatura catarinense, tendo ganhado o Prêmio Machado de Assis em

2009, Troféu Juca Pato como intelectual do ano de 2002 e o prêmio Zaffari-Bourbon por melhor

romance publicado em 1999-2001. O romance A voz submersa é um dos mais bem conceituados

livros do autor, que conta a história de um assassinato de um estudante, isso em 1968 na ditadura

militar, onde a jovem Dulce presencia o ocorrido e imediatamente liga para sua mãe para seu

analista, e através desse ponto de partida se desenrola a trama. Escolhi esse livro por dois motivos,

primeiro que já conhecia o autor Salim Miguel no estudo sobre o Grupo Sul, e segundo pelo tema do

livro, pois me interessa muito as histórias dos tempos em que o nosso país viveu sob o regime da

ditadura.

((Indicação: Carlos Henrique Oberbacher Cesar)

Escolhi o autor Maicon Tenfen tendo em vista se tratar de um escritor radicado em

Blumenau. Natural de Ituporanga, Santa Catarina, Tenfen mudou-se para Blumenau em 1994 para

estudar Letras pela FURB (Fundação Universidade Regional de Blumenau). Concluiu seu doutorado

em Teoria da Literatura pela UFSC e atualmente leciona na universidade em que se formou.

A crítica literária considera sua escrita de um feitio singular. Escolhi, para comentário, a obra

Um cadáver na banheira porque muito visada à leitura pelo público blumenauense que não possui o

hábito de valorizar seus escritores. Foi, por diversas vezes, reeditada.

O ambiente da história de Um cadáver na banheira se passa na cidade de Blumenau. O

protagonista é o aspirante a escritor Jorge Gustavo de Andrade, um jovem bastante ambicioso que

deseja se tornar milionário publicando seu livro que é plágio de um best seller de Paulo Coelho. Na

evolução principal da história, Jorge se envolve com a jovem Geraldine e os dois fogem para

Blumenau. Seu enredo, um romance policial, mistura cenas trágicas e cômicas que, num ritmo

alucinante, surpreende o leitor a cada capítulo.

((Indicação: Dário Camargo de França)

A escritora catarinense Bianca Furtado, nasceu em Florianópolis, conta ela que cresceu em volta de

história, lendas, sobre a Ilha catarinense. Atualmente, ela reside no Município de Santo Amaro da Imperatriz,

ao “pé” da Serra Catarinense.

Em seu livro As brumas da Ilha ela fala sobre a imigração de açorianos à Ilha de Nossa Senhora do

Desterro – atual Florianópolis, Santa Catarina e sobre um cargueiro que aporta em Desterro e traz

escondidas em seu porão, mulheres fugidas do Arquipélago de Açores. Feito brumas, elas chegam à ilha sem

registros e sem autorização da Coroa Portuguesa.

Neste romance suave e delicado ela faz forte o feminino, a mulher que luta e que era chamada de bruxa,

misturando as lendas e o folclore catarinense com o real no romance.

((Indicação: Doriana Wink Prado)

Carlos Henrique Schroeder nasceu em 1975 na cidade de Trombudo Central, interior

de Santa Catarina, mas vive há muito tempo na cidade de Jaraguá do Sul. Filho de um contabilista e

de uma professora, ele descobriu na biblioteca dos avós paternos a inspiração para a escrita, pois

desfrutava de inúmeras obras de ícones renomados da literatura mundial.

Atualmente trabalha como escritor, editor de livros e professor de literatura. Principiou na

literatura em 1998 com a novela O publicitário do Diabo e, a partir daí, lançou quase uma

dezena de livros, dentre eles A rosa verde (2005), no qual trabalha atualmente num roteiro para longa

metragem, Ensaio do vazio (2006) e a coletânea de contos A certeza das palavras (2010).

Desde 2007 é cronista fixo, escrevendo todos os sábados para os diários A notícia e O correio

do povo.

Em seu oitavo romance Ensaio do vazio (2006), Schroeder nos abrevia a posição aflitiva dos

monólogos de Ricardo, consumido por ideias sexuais, descrentes e pecadoras. O personagem

Ricardo, em suas ações frias que se fazem comuns, nos assassinatos, estupros e violência, remete-nos

para a condição humana de descaso e ceticismo.

“Dizem que sempre devemos enxergar o lado positivo dos acontecimentos, é fácil, já que

geralmente o dito lado bom é apenas a ponta do iceberg, o restante é a realidade, ou seja, o lado

negativo” (SCHROEDER, 2006, p. 9).

Este trecho do romance me chamou atenção por notificar que o lado positivo, por menor que

seja e apesar de, às vezes, estar em desvantagem desproporcional ao negativo, sempre pode ter seu

tamanho acrescido, dependo da maneira positiva de cada pessoa encarar as dificuldades.

REFERÊNCIAS

SCHROEDER, Carlos Henrique. Ensaio do vazio. Editora 7 Letras. Rio de Janeiro, 2006.

http://www.carloshenriqueschroeder.com.br

((Indicação: ELENICE PEREIRA)

O romance escolhido chama-se: Contestado: Pelados versus Peludos – uma batalha

ainda não vencida, do autor Davi J.F. do Vale Amado, com ilustrações de Madalena

Olivastro.

O autor é escritor, professor universitário, compositor de MPB e em suas obras, tanto na

literatura quanto na música, a crítica social está evidente. Nasceu na região meio oeste de Santa

Catarina e em 2009, esteve em Videira, na Noite Cultural promovida pelos alunos de Letras-

Português-EaD da UFSC, proferindo uma palestra na qual tratou justamente do tema que envolve

duas obras, a injustiça social, ou a falta de justiça social.

Nesse livro, o autor faz uma descrição histórica com bases em pesquisas, e diferentemente

dos livros que costumamos encontrar, esta versão da história é contada pelo lado dos perdedores, ou

seja, quem conta a história são as pessoas que perderam suas terras, os caboclos que perderam o seu

chão de onde tiravam o sustento para seus filhos.

Esta obra é prefaciada por autores membros de academias, por um historiador e reverenciada

por todos pelo seu viés crítico à sociedade excludente e que subjuga seus semelhantes por poderes

constituídos nem sempre da forma mais lícita e justa.

Não se trata apenas, ou simplesmente, de uma ode à divisão justa de terras ou uma

banalização da reforma agrária, esta obra, além da veracidade dos fatos históricos, encanta pela

beleza dos seus versos e pela força da expressão com que julga os atos de uma sociedade nem um

pouco justa.

Do livro podemos destacar o seguinte capítulo, o qual mostra uma parcela do que podemos

encontrar no livro todo.

“Como exigir que se calem tantos injustiçados,

se lhes ensinamos o ódio, a vingança e a traição?

Nenhum ser humano deve aceitar a canga e o chicote!

Por que não se divide por igual o pão e o saber;

o teto, o chão; o direito, o dever; o trabalho e o lazer?

Não temam os humildes a mão dos mais fortes,

dos opulentos, dos ditadores!

O grande... não é dois; o grosso... parte-se ao meio;

em quem dá coice... mete-se o freio!

Levanta-te, povo derrotado, a batalha ainda não foi vencida!

Que importam Deus, o dinheiro, a família e a vida...

se o que te dão por herança é somente a morte?!”

As ilustrações enriquecem a obra com desenhos contundentes em preto e branco, dando mais

realidade a essa obra tão verdadeira e que precisa ser conhecida, tanto pelos amantes da literatura

quanto pelos historiadores, para que possam ter a oportunidade de conhecer outro olhar sobre uma

guerra que sempre foi contada e ensinada oficialmente, pelo lado dos vencedores.

((Indicação: Eliane Ribeiro Prazeres)

O livro Legião dos inconformados é de autoria do canoinhense Francisco de Assis

Vitovski, foi editado em 2006, pela editora Alcance no município de Porto Alegre-RS e possui 152

páginas.

Francisco de Assis Vitovski nasceu em Marcílio Dias, distrito de Canoinhas-SC, é policial

reservista, foi Coronel do 3º Batalhão da Policia Militar e do Corpo de Bombeiros de Canoinhas nos

anos de 1982 a 1984. Atualmente, ele reside em Três Barras, cidade vizinha de Canoinhas.

Vitovski é autor de três livros: Meio Ambiente e Segurança Pública, Flor de Lis, lançado

recentemente e, Legião dos Inconformados, sua segunda obra que foi um romance baseado em

fatos, lançado em 2006. Nesta obra o autor expõe toda a fragilidade do ser humano ao tratar do

tema-tabu: suicídio tomando todo o cuidado para tratar deste tema, enumerando os variados

motivos que levam pessoas de seu estado e região a praticar o suicídio.

Esta obra também conta a história dos gaúchos que subiram a serra e seguiram a Coluna

Prestes, para ocupar um espaço de terra, muitos deles imigrantes europeus chegaram ao extremo

oeste catarinense com o intuito de ocupar as terras até então devolutas, que seriam conquistadas pelo

exército do Capitão Prestes. O livro relata a história de um dos últimos grupos a seguir este caminho.

Acampando na mata com muitas dificuldades, esperavam as ordens da tal Coluna, mas elas nunca

chegaram. Esses gaúchos não perceberam que seus aliciadores não estavam a serviço da Coluna, mas

eram aliciadores de empresas colonizadoras que ganharam as terras do Estado e as queriam ocupar

usando-os para este fim.

((Indicação: Eliane Pereira Pieczarka)

Urda Alice Klueger nasceu em 16 de fevereiro de 1952 na cidade de Blumenau/SC. Estudou nos

Colégios São José e Pedro II, na cidade de Blumenau/SC. Licenciada, Bacharel e Especialista em

História pela FURB, também de Blumenau/SC. No tempo das tangerinas é um romance narrado

em 3ª pessoa. A história retrata Blumenau com suas belas paisagens e a família Sonne que veio para

o Brasil para escapar da 1ª Guerra Mundial. Porém ao chegar aqui, eles se deparam com a Segunda

Guerra Mundial. Trata do amor de Guilherme e Terezinha, os quais se casam e tem uma filha. A

história se passa em meio ao cenário da guerra. No mês de maio as tangerinas carregavam as árvores

e atraiam as crianças pelo seu cheiro delicioso.

((Indicação: Elizandra)

"Tive contato com a obra do Gilberto Freyre depois que escrevi 'Verde Vale' e 'No Tempo das

Tangerinas'. Parece que ganhei um rótulo: a escritora que escreve sobre Blumenau e sobre o

alemão. As pessoas esquecem dos meus livros que são totalmente diferentes. Acho que o

que pegou foi a miscigenação que havia dentro da minha casa. Nós éramos híbridos em

tudo: culturalmente, etnicamente e religiosamente. E as rejeições que minha mãe sofreu

refletiam muito na gente. (...) Tenho lembrança de aniversários, casamentos, dessas festas

que reúnem toda a família. Nós éramos três meninas muito bonitinhas, e pessoas da família

me pegavam no colo e diziam: "estás vendo essa aqui, como é bonitinha? É do Rolando!" -

que era meu pai. E aquilo tinha toda uma carga de preconceito. Ela era do Rolando, mas era

também filha da brasileira. Isso reflete profundamente em mim, tanto é que nunca me senti

alemã, mas sempre uma brasileira de muitas origens. E a partir de um certo momento, além

de brasileira, passo a me sentir americana. Hoje, se me perguntarem, não diria cidadã do

mundo, mas cidadã da América."

Urda Alice Klueger, nascida em 16 de fevereiro de 1952 na cidade de Blumenau, escreve

com a alma e de forma poética, relata muito de sua vivência, como o documentário Vem, vamos

remar, onde passa a angustia da enchente de 1983, e também dificuldades e preconceitos, escreve

sobre crônicas, tragédias, dramas, alegrias e superação, livros turísticos e de Natal.

É incrível, tem uma capacidade e uma inteligência de fazer inveja, mesmo em dramas e

tragédias ela acredita na força do ser humano e sonhos.

Tem uma forma poética de apresentar suas obras, demonstra em sua primeira e inesquecível

Verde vale, pois relata de uma forma simples, de linguagem fácil, mas de tamanha riqueza em

detalhes.

Verde vale um romance que conta a história de pontos importantes, lendários onde os

primeiros colonizadores alemães entraram em solo Catarinense, focando o sofrimento dos colonos e

pescadores da época para sobreviver à guerra, muitos sofriam preconceitos pelos olhos claros,

fugiam, adentravam a mata em busca de um lugar melhor, mas o que chama atenção é o modo que

Urda expõe as lutas, garra, emoções, força de vontade, amor pela vida e pelo próximo.

Essa força que nos passa, como eram resistentes e persistentes, e que devemos amar uns aos

outros, independente de guerras ou diferenças raciais.

O livro é repleto de paixões e tragédias, mas de grande otimismo.

Bibliografia

WWW.gargantadaserpente.com/artigos/viegas5.shtml

KLUEGER, Urda A. Verde Vale. Hemisfério Sul Ltda, Blumenau, 1979.

((Indicação: FABIANA DIAS DA SILVA)

Flávio de Carli nasceu no dia 15 de março de 1931 em Erval, hoje município de Herval

D’Oeste. Foi bancário, corretor de imóveis e administrador de empresas.

O livro que publicou foi Recordando o João do Herval, a Ponte e o Rio. O livro não

trata de um romance, mas sim de relatos da vida daquela região.

Trago este escritor no meu comentário, por ser um observador do cotidiano, um

pesquisador de suas origens.

O trecho do livro que mais me tocou foi:

“Tínhamos medo apenas do escuro, de sapos, de filmes de terror.

Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo que perdemos.

Por tudo que meus netos, um dia temerão.

Pelo medo no olhar das crianças, jovens, velhos e adultos...”

((Indicação: Fabiola Beal Piovezan)

Oraci de Souza Duarte nasceu no município de Ipira/SC aos 02 de setembro de 1950,

filho de Osvaldo de Souza Duarte e Alvina de Souza Duarte, agricultores. É casado com Dorvina de

Souza Duarte e tem três filhos. Aos 24 anos completou o Ensino Fundamental, aos 24 anos concluiu

o Ensino Médio (Técnico de Contabilidade), aos 32 anos concluiu o Ensino Superior (Pedagogia) na

UNOESC. Após possuir Curso Superior, para melhorar a habilidade educacional cursou o Magistério

(2º Grau). Foi professor ACT por um ano letivo, dos 32 aos 47 anos desempenhou atividades

técnicas de serviço público (tratamento de Água), hoje aposentado. Foi Conselheiro Tutelar por dois

mandatos subsequentes (6,5 anos) no período de 2003 a 2009, atualmente Assessor Legislativo da

Câmara Municipal de Vereadores do Município de Capinzal/SC.

O primeiro livro publicado foi Conselheiro ideal e o que o motivou a escrever esta obra foi a

necessidade de saber no dia a dia, na prática, o Direito da Criança e do Adolescente e mais que isso,

ter uma unidade de conhecimento a todos os conselheiros para em conjunto tomar atitudes corretas.

Esta obra é fruto da soma de pesquisa de muitos seminários frequentados, pedido de informações e

acontecimento do cotidiano.

O texto “Felicidade” foi solicitado pelo jovem Almir de Videira para fazer parte de sua

coletânea A força da palavra escrita. Em breve será lançada uma coletânea pela professora Sonia da

Escola Carlos Drummond de Andrade que a convite participará com o texto “Educação Formal e

Informal”. Não tem Projeto de lançamento de outro livro, mas está preparado para somar às

coletâneas quando convidado, que hoje qualifica e diversifica muito a literatura. Escolheu Capinzal

para morar por motivo de trabalho.

Livro Publicado: O Conselheiro Ideal

Conselheiro Ideal tem por finalidade orientar e auxiliar na prática o Conselheiro, o

professor, os pais e todos aqueles que de uma forma ou de outra tem contado ou trabalham para o

desenvolvimento da criança e o adolescente.

Conselheiro Ideal é uma obra baseada na experiência vivida no dia a dia, busca de

informações, tem como objetivo orientar aplicação da Lei sem arrogância, com orientação

pedagógica, optando por resultado com disposição plena às atribuições de um Conselheiro.

FELICIDADE

Felicidade não se compra nem se vende, se adquire. A felicidade se forma do equilíbrio entre

as coisas materiais e espirituais do ser humano. „“A chave da felicidade é unir o corpo e a alma”. O

ser humano no seu estado físico, vivente do PLANETA TERRA, necessita de boas condições

materiais para garantir seu conforto, mas deve planejar sua vida para que tenha uma qualidade

também espiritual; fé e confiança em Deus para nos guiar, ensinar, animar, ter esperança de uma

passagem desta vida para outra ainda melhor.

“Ser feliz é deixar a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós”.

A felicidade não pode ser artificial, nem exigida, praticada da mesma forma que a paz. Há

nações que se acham no direito de exigir a paz, mas não a praticam, e por isso não garantem o

objetivo apresentado aos povos dos Continentes.

"A felicidade depende mais do estado de espírito do que das circunstâncias exteriores." (Orison

Swett Marden)

A felicidade exige obediência a Deus, promover a felicidade dos outros com comunicação

decente, respeito, carisma, espontaneidade, entusiasmo e discernimento para com o necessitado,

cuidado com a qualidade da companhia é dever de cada um.

Ser feliz também depende de nossa atenção, para não se desviar do bom caminho. Ouvir os

conselhos dos pais, não perder a calma, valorizar somente os bons pensamentos garante mais

alegria e aumenta a felicidade cada dia mais. A felicidade deve ser construída diariamente, faz parte

de todo ser humano a escolha de um caminho de vida. Cada pessoa usufrui da felicidade de sua

forma, mas cuidado com as formas enganosas, imediatas, sem base ou alicerce, pois felicidade não

pode ser comprada, porém adquirida com muitos méritos materiais e Divinos, resultante de ações de

bem.

Promova a felicidade assim: “Troque a maldade pela bondade, troque o ódio pelo amor a

ignorância pela calma”.

Cada pessoa usufrui e descreve a felicidade de seu modo, mas felicidade é aquela que vem

iluminada pelo Espírito Santo, verdadeira e sentida pelo emissor e receptor, com objetivo de

inundar a outra pessoa, repercutir na sociedade com ações de afeto humano, amor, compreensão,

disciplina, satisfação interior, prazer pela vida e pela preservação da espécie, enfim, quem tem

felicidade ama a todos sem distinção, inclusive aos animais domésticos e selvagens criação de Deus

e de responsabilidade dos cuidados humanos.

Oraci de Souza Duarte

((Indicação: FÁTIMA MARILEIA BALBINOT)

Urda Alice Klueger nasceu na cidade de Blumenau no dia 16 de Fevereiro de 1952. Passou a

infância toda no Vale do Itajaí e estudou em Blumenau. Mais tarde, trabalhou na Agência da Receita

Federal de Blumenau e após passar em um concurso, iniciou a sua carreira na agência de Blumenau

da Caixa Econômica Federal.

Urda gostava de escrever desde criança e com a ajuda do amigo escritor Marcos Konder Reis deixou

a vergonha de lado e deixou a sua luz brilhar no mundo da literatura.

Tinha grande admiração pelas coisas simples da vida. A colonização alemã era a temática principal

de seus romances: Verde vale, As brumas dançam sobre o espelho do rio e No tempo das tangerinas.

No tempo das tangerinas retrata a vida dos primeiros colonizadores alemães que moravam no

Vale do Itajaí. O personagem principal é Guilherme Sonne, filho de Julius Sonne e neto de Julius

Humberto Sonne, descendentes do primeiro colonizador alemão que veio para Blumenau no século

XVIII.

O cenário principal é a casa da Família Sonne. Urda consegue fazer uma descrição da paisagem que

faz com que o leitor mergulhe nos detalhes dos campos de pés de tangerinas. O rio, as matas, a terra

e o homem são objetos que servem para tornar a narrativa mais envolvente.

A Segunda Guerra Mundial era o assunto mais comentado pela família Sonne. A Alemanha passava

por uma época de pobreza e a Família Sonne vivia em fartura no sul do Brasil. Todos falavam

alemão e mantinham as tradições da cultura alemã. A narrativa se passa em meio a brigas,

decepções, doença, luta, racismo, religião, guerra e amor da Família Sonne.

No texto, há muitas frases em alemão e o leitor conhece a realidade da família alemã no Vale do

Itajaí recém colonizado.

As descrições são as que mais chamam a atenção no texto de Urda Alice Klueger, como no trecho

abaixo:

“Enquanto aquele verão durou, a piscina foi largamente usada pelos descendentes de Humberto

Sonne. Nas tardes de calor intenso, às vezes a algazarra na água ficava tão grande que até as mansas

vacas holandesas ficavam inquietas e vinham ver o que acontecia. Elas olhavam quietamente para

aqueles rapazes e meninas que se divertiam, e depois, como se entendessem o prazer de estar dentro

da água, fungavam docemente e inclinavam os focinhos para beber na piscina, seus chifres curtos a

um palmo dos corpos jovens e saudáveis, mas eles não tinham nenhum medo das vacas nem elas

jamais pensariam em agredir amigos humanos que as haviam criado e delas cuidavam com tanto

desvelo, ano após ano” (KLUEGER, p. 42)

((Indicação: Fernanda Schoenardie Matos)

O romance que escolhi foi Saragaço de Antonieta Mercês da Silva, autora que

conheci na Semana de Letras deste ano, quando ela mesma apresentou sua obra.

Antonieta foi aluna de Letras-Português na UFSC. É autora do livro Quando despenca o

pampeiro e tem poemas premiados em concursos e publicações na antologia A prosa e o verso do

pescador. Saragaço é um livro bem diferente, é original, sua linguagem é bem típica da Ilha de Santa

Catarina, tratando de uma narrativa envolvente principalmente por sua simplicidade.

Um dos trechos que mais gostei da narrativa é quando a autora conta sobre sua avó, alguém

simples, mas de características muito fortes que apesar das tristezas da vida não se deixava abater.”

Coitada! Como Vó Vergelina sofreu! Do ombro de Vô Chico, ela fez um travesseiro. Nele, repousava

o seu sofrimento. Num alento, dizia que a gente nascia com o destino traçado e, certamente, Deus

precisou levar o tio Dão. Tio Neca e tio Chiquinho para alegrar o céu com aquelas cantorias que

criavam e só eles sabiam cantar. Vovó tentava justificar o seu pesar regando as flores do jardim que

passara a cultivar para enfeitar as sepulturas daqueles dez filhos que Deus lhe deu e depois levou.

-Deus dá, Deus tira!- lamentava, enquanto afundava o caminho do cemitério para colocar

flores e acender velas nas sepulturas.”

Mesmo morrendo os filhos por doenças e outras fatalidades, ela acabava se conformando e

levando a vida o melhor possível. De certa forma mostra todo o modo de vida da comunidade em

que viviam.

Saragaço é interessante desde a capa que lembra um modelo de poesia concreta até sua

estrutura com linguagem caiçara.

((Indicação: Graziela Kubiak)

Antonieta Mercês da Silva nasceu em Governador Celso Ramos – SC e é formada em Letras-

Português pela UFSC.

Achei interessante falar um pouco sobre os novos autores, deixar de lado os famosos, pois

precisamos incentivar e divulgar suas obras. Antonieta Mercês é um exemplo disso, uma autora que poucos

conhecem e nem ao certo sabemos que tipo de livros escreve.

Ela é autora do livro Saragaço, um romance muito engraçado e divertido que tem seus

personagens inspirados nas pessoas que habitam o litoral catarinense, sempre com um olhar de

mostrar a realidade de suas raízes.

O livro Saragaço é interessante por ter uma linguagem acaboclada, com diferentes sotaques,

sendo as gentes e os lugares representados por essa linguagem.

((Indicação: JAQUELINE BIRNFELD)

A escritora

Urda Alice Klueger nascida em Blumenau, aos 16 de fevereiro de 1952 é uma escritora e

historiadora brasileira especializada em história pela FURB, em Blumenau. Lecionou como

professora de História no ensino fundamental, em escola pública, 2001 e 2002, e ensino médio em

2003. Atualmente, realiza pesquisa sobre os sambaquianos, antigos moradores de Santa Catarina,

entre seis mil e dois mil anos atrás, pesquisa que teve início em 1997 e resultou no livro: O povo

das conchas. Sobre o assunto Urda já produziu um TCC, uma monografia de especialização, e está

em conclusão de um romance-histórico, e uma dissertação de Mestrado. Urda é membro da

Academia Catarinense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, da União

Brasileira de Escritores e da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil.

A Obra e partes dela...

Este livro conta com muitos detalhes sobre a saga dos primeiros colonizadores de Santa

Catarina, em específico a história da família Sonne. Conta o dia-a-dia das famílias alemãs que

deixaram sua terra natal procurando melhores condições de vida, narra sua chegada aqui e o trabalho

incansável na construção do belo Vale do Itajaí. Urda faz-nos sensíveis ao sofrimento e labor deste

povo esforçado e comprometido, leva-nos para dentro da história de uma forma tal que chega a

acelerar o coração quando os personagens sentem-se temerosos com a ameaça dos índios, permite-

nos vivenciar os amores, paixões, medos e tragédias ocorridas naquele tempo.

Quando li o livro tinha apenas doze anos e não me esqueço o quanto aquela leitura me foi

atraente, mesmo nunca tendo estado no Vale do Itajaí. Depois de muitos anos, tive o privilégio de

morar por um tempo em Pomerode SC, uma cidade de colonização alemã e conhecer mais de perto a

cultura e história do povo do Verde Vale. Não posso citar trechos in loco da obra, uma vez que não

tenho hoje acesso a ela, mas lembro-me destes detalhes e acredito ser o suficiente.

((Indicação: Jean Rodrigo Batista)

Adolfo Boos Jr. nasceu em Florianópolis, em 16 de março de 1931. Dedica-se à

Literatura desde a década de 50, quando integrava o Grupo Sul. Colaborou em jornais de Brusque

(entre eles O Rebate, entre 1959 e 1964) e Florianópolis (O Estado, 1986 a 1987). Publicou seu

primeiro livro Teodora & Cia pelo Grupo Sul, em 1957. Em 1986 é premiado em segundo lugar na

Bienal Nestlé de Literatura Brasileira com o livro de contos A companheira noturna, e em terceiro

lugar com o romance Quadrilátero, ambos publicados pela Melhoramentos. Em 1989, a Editora da

UFSC através da coleção Ipsis Litteris publica o livro de contos O último e outros dias.

O Quadrilátero tem como tema a imigração germânica, problematiza o processo

civilizatório empreendido pela migração germânica, humanizando-o e denunciando suas mazelas

através da trajetória de Mateus, imigrante alemão que chega ao Brasil em meados do século XIX na

região do Itajaí-Mirim. A primeira etapa de seu itinerário gira em torno de sua instalação na colônia

Karlburg, destruída pouco tempo depois por um ataque de índios da região. A segunda, conta suas

desventuras em Desterro, onde acaba por assassinar Rudolf, marido de Paula que era amante de

Mateus, responsável pela Companhia de Imigração. Pouco tempo depois, Paula engravida de Mateus

e para salvar sua reputação casa-se com o irmão de seu falecido marido, que, por sua vez, morre

alguns dias somente após o casamento. Paula parte para a Europa onde dará à luz sua filha Edla. O

romance termina com a morte de Mateus assassinado diante de Edla, que acaba de ser informada

acerca de suas origens.

As partes do livro que me chamaram a atenção correspondem ao modo cru e realista que

retrata os imigrantes germânicos que construíram a colônia Karlburg:

Era cada um para o seu lado, sonhando a sua maneira e alimentando o sonho com a inveja,

juntos apenas quando a necessidade obrigava alguém a pedir emprestado; em comum,

somente o desencanto e a decadência, mas vistos apenas nos outros e raramente admitidos

em si próprios (...). Não, não era uma família, pelo menos dentro da noção de família, união

e coisas assim: porém, sob outro aspecto, era quase uma família, desunida, irmanada apenas

na miséria e na revolta e – muito pior – na maldição de não se entregar, de não desistir; quem

ajudava já estava pensando em pedir, cada um perseguindo o sonho a sua moda, vendo no

vizinho tudo aquilo que não queria ser e – contudo – apresentando a mesma imagem. (BOOS

JUNIOR, 1986, p. 389-390)

É apenas um homem com a fraqueza e o orgulho cunhados numa peça só, estoicamente

fixado em seu propósito (como se fosse sua única forma de redenção), subitamente dando-se

conta de que está entre a qualidade de homem e a natureza de animal fraco e condenado,

porque – ao contrário das sombras que se movem diante de seus olhos – não dispõe da

agudeza do olfato e da audição e a própria vista é um órgão embaciado pela emoção […].E

prosseguem, desgovernados, de margem a margem, roçando nas pedras que ladeiam os

canais e – dentro da mesma apatia – as mulheres rezam, cochilam, acordam, contam as

crianças e voltam a rezar. Obrigam-se ao ritual, dentro de uma nebulosa inquietação, na

incerta fronteira do terror com a histeria e trazem em cada centímetro da pele, como os

homens, todas as marcas deixadas pelo sol e pelos insetos. Gado, Matheus reconhece,

apavorado com o cheiro da própria morte, sem coragem ou instinto para mudar seu

caminho.(BOOS JÚNIOR, 1986, p.187.)

((Indicação: Jorge Adriano dos Santos)

Nesta semana foi difícil alcançar a atividade, primeiramente porque não conseguia acessar os textos da pagina

do moodle, depois porque não lembrava de romances de catarinenses, muito menos “tinha-os a mão”….assim

realizei a atividade, pelo menos eu acho… Bom, vou falar novamente de Leonor Scliar Cabral. Dentre

todas as suas contribuições teóricas para com a linguística ela tem também livros editados na literatura como o

Sagrado do alfabeto e Romances e Canções Sefartidas dos sec. XV e XX. Este último,

lançado em 1990, com edição de Massao Ohno Editor. O livro promove uma notável abertura para o passado

brasileiro. Sefarad é o nome da Península Ibérica em hebraico, enquanto sefardim ou sefardita são variantes

de adjetivo pátrio relativas aos judeus provenientes da Espanha, que emigraram em virtude da expulsão

determinada pelos reis católicos em 1492, falando o ladino ou judeu-espanhol, dotados de rica cultura e

trágica história. Pelo fato de os sefarditas também haverem migrado para o Brasil, há um pedaço da história

brasileira irremediavelmente vinculada à saga sefardita, razão pela qual é lícito afirmar haver aqui sensível

significado histórico, a par de seu evidente conteúdo literário.

((Indicação: Juliana Cemin)

Em No tempo das tangerinas, um romance regionalista alemão, Urda Alice Klueger

narra a sequência da colonização do Vale do Itajaí-Açu, mais precisamente da cidade de Blumenau. Descreve

a paisagem local e a família dos primeiros colonizadores, que recebem pela emissora alemã a notícia da 2ª

Guerra Mundial. As dificuldades da guerra eram discutidas pelas crianças, debaixo dos pés de tangerinas que

carregavam no mês de março e possuíam um aroma inesquecível, lembrado trinta anos após a guerra. Os

pés de tangerinas, por sua vez, tornaram-se símbolo da infância e inocência e os fizeram esquecer com o seu

aroma, as dificuldades do dia-a-dia; esta é minha parte preferida.

Urda Alice Klueger, escritora e historiadora, nasceu em Blumenau. É autora de quase vinte livros

entre romances, crônicas, relatos de viagens e literatura infanto-juvenil. Foi militante dos movimentos sociais

e cronista dos jornais A Notícia e Diário Catarinense.

((Indicação: KELLI MASSELAI)

Nascida em Blumenau, Santa Catarina, Urda Alice Klueger em sua caminhada conta com

quase 20 livros dentre eles romances, crônicas, viagens e literatura infanto-juvenil. Urda atua como

editora e pesquisa a arqueologia do litoral de Santa Catarina. Foi participante assídua nas crônicas de

A Notícia, de Joinville, e Diário Catarinense, de Florianópolis vivenciando ativamente a história

cultural do Vale do Itajaí nas últimas três décadas.

NO TEMPO DAS TANGERINAS, escrito em 1983, Urda retrata a colonização da

época da cidade de Blumenau e descreve a paisagem natural da família Sonne que veio para o Brasil

para fugir a Primeira Guerra Mundial. O casal Sonne tinha dez filhos.

A parte que chamou minha atenção foi quando Guilherme e Terezinha se casam e Guilherme

é novamente convocado para se alistar, porém a febre volta o que faz com que ele não volte para a

guerra, após 30 anos já amadurecido percebe que a guerra não termina nunca, mas o tempo das

tangerinas marcou muito sua infância e sua inocência e o aroma fazia com que esquecesse as

dificuldades.

((Indicação: LAUDI LOURENÇO DE CAMARGO)

A Autor

Adolfo Boos Jr. Natural de Florianópolis nascido em março de 1931. É um dos nomes de

destaque do Grupo Sul, que conhecemos um pouco mais aqui nesta mesma disciplina. Dedicou-se à

Literatura desde a década de 50 colaborando em jornais. Sua primeira obra foi o livro Teodora &

Cia. Logo que se aposenta do Banco do Brasil, no mesmo ano vê seu trabaIho reconhecido, quando

nesse mesmo ano a Fundação Catarinense de Cultura concede-Ihe o prêmio Virgílio Várzea pelo

livro de contos As famílias. A partir daí entrega-se de corpo e alma à Literatura. Em 1986 é premiado

em segundo lugar na Bienal Nestlé de Literatura Brasileira com o livro de contos A companheira

notuma, e em terceíro lugar com o romance Quadrilátero, ambos publicados pela Melhoramentos e

enfim a vida de Boos foi uma sucessão prêmios e uma carreira de muito sucesso. Mas falarei de

Quadrilátero que foi este último citado acima.

A Obra

Quadrilátero temos a perspectiva humana, visceral e até mesmo escatológica da imigração.

Na entrevista ao Sarau Eletrônico, Boos disse, “pensei justamente num romance que fosse o oposto.

Deixar de ser uma epopéia para ser aquela colonização a que meu avô se referia.” – seu avô nasceu

em Brusque (Guabiruba) e sua avó na Polônia.

Em Quadrilátero, o autor narra a viagem de um grupo de alemães que tinha o intuito de

colonizar a região do Vale do Itajaí, sofrendo todo o tipo de dificuldade fisiológicas, geográficas e

psicológicas. Retratando uma colônia paupérrima, onde homens e animais dividem o mesmo teto, ele

enfatiza a miséria enfrentada pelos imigrantes e a dificuldade dos colonos em unirem-se sem que

essa proximidade tivesse algum interesse.

Vejamos o que nos diz o fragmento selecionado:

Trecho da obra

“Era cada um para o seu lado, sonhando a sua maneira e alimentando o sonho com a inveja, juntos

apenas quando a necessidade obrigava alguém a pedir emprestado; em comum, somente o

desencanto e a decadência, mas vistos apenas nos outros e raramente admitidos em si próprio (...).

Não, não era uma família, pelo menos dentro da noção de família, união e coisas assim: porém, sob

outro aspecto, era quase uma família, desunida, irmanada apenas na miséria e na revolta e – muito

pior – na maldição de não se entregar, de não desistir; quem ajudava já estava pensando em pedir,

cada um perseguindo o sonho a sua moda, vendo no vizinho tudo aquilo que não queria ser e –

contudo – apresentando a mesma imagem.” (Quadrilátero, 1986, p. 389-390)

((Indicação: Luciane da Silva Moraes Batista)

Carlos Henrique Schroeder nasceu na década de 70 na cidade de Trombudo Central,

Estado de Santa Catarina. Filho do contabilista Renato Schroeder e da professora Maria do Carmo

Schroeder, é o filho mais velho da família de quatro irmãos. Estreou na literatura em 1998 com a

novela O publicitário do diabo, e de lá para cá lançou quase uma dezena de livros. O livro mais

recente do autor é As certezas e as Palavras.

Como livro destaque do autor, coloco o romance Ensaio do vazio, que apresenta o

personagem Ricardo, um artista plástico amargurado, que narra suas desventuras com Fernando, um

poeta fracassado, Kátia, a esposa ausente, e Joana, a prostituta respeitosa.

O mais interessante da história é que Ricardo é um personagem mergulhado em suas fantasias

sexuais, descrenças e transgressões, e em seus atos frios como: assassinatos, estupros e violência,

aponta nossa condição humana de desolação e pessimismo. É um romance que nos tira do sério e

revela o fundo do poço onde a cabeça do Brasil está enfiada.

Fico muito feliz em descobrir que, cada vez mais, autores da nossa terra estão se consagrando

com suas obras.

((Indicação: Lucilene Choupinski)

Pesquisei vários romancistas catarinenses e não foi tarefa fácil, pois existem inúmeros

escritores talentosos em nosso estado, entretanto optei em escolher Carlos Henrique

Schroeder, por ser um escritor jovem e contemporâneo, li apenas os resumos de suas obras e as

achei bem interessantes, mesmo sabendo que para a UFSC é “figurinha carimbada”.

Carlos nasceu em 1975, na cidade de Trombudo Central, interior de Santa Catarina, sua

admiração pelos livros veio do incentivo bibliotecário de seus avós. Estreou na literatura em 1998

com a novela O publicitário do diabo (Manjar de letras), é roteirista, editor brasileiro, crítico

literário, romancista e autor de oito livros com destaque para o romance A rosa verde (ED. UFSC,

2005) e o Ensaio do vazio (7 letras, 2006), publicou em 2010 uma série de contos, com o titulo As

certezas e as palavras (ED. da casa). No mesmo ano, Carlos foi contemplado com a Bolsa Funarte

de Criação Literária, para pesquisa e conclusão de seu novo romance A mulher sem qualidades.

O romance A rosa verde é fruto de uma história narrada em Jaraguá do Sul, (cidade onde

reside) processando fragmentos do passado com o presente e contextualiza sua história, retratando

pessoas, devaneios, loucuras, reproduzindo fatos extraordinariamente reais de um povo, tempo e

lugar, um “estilo direto e eficiente, descrevendo os diferentes períodos históricos que compõem a

trama, fechando ciclos e descortinando relações familiares” (SOUZA, Adriano Marcelo de. 2005,

apud SCHRODER, Carlos Henrique.com. br. acesso 23 Nov 2011).

Referências

SCHROEDER, Carlos Henrique. Texto disponível em

<http://www.carloshenriqueschroeder.com.br/biografia. php.> Acesso em 23 Nov 2011.

SCHRODER, Carlos Henrique. Texto disponível em

<http://www.gargantadaserpente.com/resenhas/28.shtml>A Acesso em 23 Nov 2011.

((Indicação: MARCIO MORESCHI)

Aguardo é o primeiro romance do escritor blumenauense Gregory Haertel. O autor que também

escreveu peças teatrais como, A parte doente e Volúpia nasceu em Florianópolis em 1974 e vive em

Blumenau desde a infância. Médico por profissão, passou a escrever contos desde muito jovem.

Aguardo é a cidade cenário onde o romance se desenvolve, dividido em capítulos cuja particularidade deve-

se, principalmente, ao fato de serem nomeados com os nomes dos respectivos protagonistas do romance.

O primeiro capitulo, intitulado Adriana, narra os acontecimentos da vida da personagem e, em

contrapartida, apresenta a cidade homônimo do romance de Gregory Haertel. As circunstâncias de vida da

personagem título é apresentada ao leitor num momento de profunda desolação emocional, devido a

trágicos e recentes acontecimentos que envolve sua história. De início, a personagem está isolada, também,

devido à enchente que deixou a cidade em estado de calamidade pública.

“A enchente durou três meses. Ninguém esperava por ela. Foi uma visita inconveniente, Testemunha de Jeová

batendo palmas em frente à casa às oito da manhã de um domingo. Cada metro a mais de água era tido como o

último metro a mais. Aguardo, garganta sedenta, recebia sobre si litros de água descidos das nuvens. (…)”

(AGUARDO, 2008)

Aos poucos, Adriana acaba por envolver-se com os demais personagens, o que desperta no leitor, certa

expectativa em relação à trama. A partir dos capítulos seguintes outros personagens vão sendo

apresentados à narrativa que é focada em seus próprios “protagonistas”, ainda que alguns personagens

surjam esporadicamente.

REFERÊNCIA

GREGORY, Haertel. Aguardo. Editora Letras. 2008.

((Indicação: MARIA TEREZINHA DA SILVA)

UM CADÁVER NA BANHEIRA

Maicon Tenfen

Maicon Tenfen conta as peripécias de Jorge Gustavo de Andrade (seu criado!), um aspirante a

escritor de Rio do Sul às voltas com o sonho de publicar seu primeiro livro. Expulso de casa aos 31

anos de idade, juntamente com 1500 páginas datilografadas, Jorge vai ser professor em Witmarsun e,

depois de assaltar o sogro, foge para Blumenau com o dinheiro e a filha dele. Sua obsessão pela

publicação do livro e seu amor por Geraldine acabam por envolvê-lo em várias situações

desagradáveis. Para conseguir seu intento acaba por cometer alguns crimes, sendo o principal deles o

sequestro da filha da editora para que ela concorde em publicar o seu livro, mostrando assim, de

forma caricata, as agruras por que passa um jovem escritor para obter sucesso na literatura, num país

que pouco valoriza a arte em geral.

O livro possui um enredo de romance policial, mas Maicon procura retratar a sociedade local,

criando alguns personagens emblemáticos, como os habitantes de uma pensão em Blumenau (entre

eles um aspirante a poeta), gente do bas-fond da cidade (travestis, traficantes, tarados), figuras do

cotidiano da vida do interior (o farmacêutico alcoólico, o sogro sovina) e suas vidas pequenas. Seus

personagens, via de regra, são anti-heróis e tem-se a impressão que é com eles que ele se sente bem,

numa demonstração de pessimismo em relação ao stablishment.

Maicon é iconoclasta, ácido e até amargo. Conheci-o inticando e atazanando a vida do

Blumenauense Fundamental (BF) em sua coluna no Santa. Às vezes, parece um moleque malcriado

que, mesmo com o passar dos anos, não consegue levar a sério o status quo e se compraz em fustigar

as tradicionais instituições e seus valores, o que pode ser salutar, embora incômodo. No mais, é

gratificante conhecer esse autor catarinense que com certeza ama a literatura e luta por ela; é ainda

jovem e certamente vai produzir muita literatura de boa qualidade.

REFERÊNCIAS

TENFEN, Maicon.Um Cadáver na Banheira. 2ª. Edição. Blumenau: Hemisfério Sul, 1999.

((Indicação: Mário Costa)

Escolhi para referenciar o autor Maicon Tenfen e o livro Um cadáver na banheira,

porque esse autor esteve em nossas escolas para uma entrevista com nossos alunos, apresentado suas

obras, há dois anos. Ele é doutor em Literatura pela UFSC, leciona Literatura Brasileira na FURB,

em Blumenau, e tem oito livros publicados. No livro Um cadáver na banheira ele usa do suspense e

de uma linguagem intrigante que prende a atenção do autor e faz desejar ler a próxima página. Com

muita imaginação ele traz em cada página uma situação inusitada. Gostaria de destacar o seguinte

trecho:

“Então aconteceu a única coisa que não podia acontecer. Alguém bateu na porta. Toques secos,

ritmados. "Geraldine?", o grito lá fora. Era ele, meu Deus, justo ele! através da porta do banheiro, vi

o pezão ensanguentado sobre a borda de pedra-mármore. Voltei-me para Geraldine, que segurava o

ventre com as duas mãos, e executei um gesto de inevitável desespero. O importuno visitante

continuava gritando e batendo. "Como foi que ele chegou aqui?"

"O Calinho deve ter dado o serviço", respondeu Geraldine. "Mas o que isso importa agora? Ele vai

descobrir o cadáver... vai querer te matar..." Trocamos o olhar da perdição. Estávamos

completamente sujos de sangue.”

Dessa forma, o autor tem conquistado vários leitores principalmente os juvenis, divulgando

amplamente a literatura de nosso estado.

((Indicação: Marli Faquin)

Escritor de Chapecó, Marco Aurelio Nedel, lança a segunda edição da sua obra: Seringal – O

Mundo dos Bravos, na XV Bienal Internacional do Livro.

O livro é a história do Brasil mesclada com romance. “Sou escritor de crônicas, porque na

crônica, o autor tem essa possibilidade de criar e conceder o benefício da dúvida para o leitor.

Também inseri nesse livro um romance. Portanto, no ponto de vista da literatura, e uma crônica

histórica lírica”, de acordo com o autor, que mora em Chapecó há 18 anos e como funcionário de

carreira da Receita Federal do Brasil, a obra trata de fatos ocorridos no Brasil central, notadamente

no norte de Mato Grosso e leste de Rondônia, a partir de 1943. Região esta até então inexplorada, e

em virtude da Segunda Guerra Mundial, com a falta da matéria-prima, neste caso a borracha, por

parte das tropas aliadas, os governos dos Estados Unidos da América e do Brasil firmaram acordo

para aumentar a produção brasileira. E, a partir daí inicia a história e a saga do último pedacinho do

Brasil, ainda não explorado por povos civilizados, que Nedel conta nesta obra. “Segundo alguns

historiadores, esse e o último capítulo são da história do descobrimento do Brasil. O livro relata essa

história, bem como de tribos indígenas ainda desconhecidas na época e, dos onze empreendedores

seringalistas, /além dos seringueiros, uma multidão, chamados para extrair a matéria-prima”, enfatiza

o autor. Contando um pouco de sua trajetória para escrever a obra, o autor, relata que teve contato

com o último remanescente dos onze empreendedores, hoje com 86 anos. Agora morando em

Chapecó, há 18 anos, o autor volta para a região para concretizar a obra, iniciada em 2007”.

Sinopse da obra

“II Guerra Mundial. Ano de 1943. O Japão invade o Ceilão e a Malásia, os maiores

fornecedores de borracha para os países aliados. Os EUS necessitam dramaticamente desta matéria-

prima. Getúlio Vargas e Roosevelt assinam o acordo de Washington. A produção brasileira que era

de 17 toneladas/ano deveria passar, já no ano seguinte, para 45 toneladas. Um contingente adicional

de 65.000 homens deveria ser enviado para a Amazônia. A seca do nordeste forneceu o contingente

humano necessário. Mas, não só pela Foz do Rio Amazonas teve início a penetração seringueira.

Onze empreendedores de Mato Grosso decidem iniciar a ocupação do norte do estado (até então

inexplorado). Dentre eles um jovem paulista de 21 anos de idade. Estradas seriam abertas a golpe de

machado. Tribos indígenas desconhecidas (duas das quais antropófagas) seriam contatadas pela

primeira vez. O inevitável entrechoque cultural. A luta feroz pela ocupação do espaço geográfico.

Seringueiros tomando as belas caiabis como esposas. Era o último reduto das três Américas a ser

ocupada pelo homem dito civilizado. Segundo alguns, ali foi escrito o último capítulo da história do

descobrimento do Brasil. Homens e mulheres partiam de Cuiabá e Diamantino rumo ao norte

completamente desconhecido. O sentimento do amor que moveu a humanidade ao longo da sua

trajetória também se fez presente nesta grandiosa epopeia. Seringal – O Mundo dos Bravos nos ajuda

a conhecer parte deste importante capítulo da nossa história ".

(Indicação: Michele Rejane Daltoe)

A obra aqui relata é O Contestado, foi lançada em 2006, seu autor é Romário José

Borelli, nascido em Porto União (SC), formado em História na USP. Dramaturgo várias vezes.

Músico, trabalhou como violonista no teatro de Arena de São Paulo. Foi diretor musical e violonista

de Morte e vida Severina, na Cia Paulo Autran.

A obra O Contestado é um texto denso que está impregnado de um simbolismo de

impressionante atualidade. O autor dessa obra coloca em seu trabalho a busca da fala e da voz do

sertanejo do Contestado.

Nesta obra, Borelli retratou diferentes aspectos da cultura do Contestado, como a

musicalidade e a ludicidade presentes no cotidiano através de representações da fé e da convivência.

Relata, também, a luta contra a opressão e a miséria, o bem e o mal convivem na idéia e

práticas dos caboclos. Alguns trechos da obra me chamaram a atenção, como os que citarei abaixo:

[...] vê-se o povo se concentrando à frente da bodega de José Luiz. As vozes

se confundem. Alegres ou tensos, todos agem em função da esperada vinda

de João Maria. Ouve-se o burburinho das falas entrecruzadas, risos,

exclamações e mesmo um ponteio de viola ao fundo. Algumas beatas já se

põem a rezar, enquanto outros estão mesmo é vibrando com o clima de festa.

As mulheres já trazem véus e fitas de medidas sobre os ombros, velas, terços.

(BORELLI, p. 46).

Este trecho do livro traz a devoção que os fiéis tinham por São João Maria, e a expectativa

em conhecê-lo.

Ouve-se ruído de motor de um pequeno avião. O avião do tenente Kirk. Os

caboclos nunca tinham visto uma coisa assim. Muitos nem imaginavam a

existência de um aparelho que pudesse voar. O aviãozinho sobrevoava o

reduto, enquanto os caboclos gritam, alguns correm sem rumo, alarido geral

de pânico. (BORELLI, p. 112).

É possível perceber a partir deste trecho a reação dos caboclos ao verem um avião pela

primeira vez.

(Indicação: MÔNICA PINTO DE OLIVEIRA)

Carlos nasceu na década de 1970 na cidade de Trombudo Central, no interior de Santa

Catarina. É filho do contabilista Renato Schroeder e da professora Maria do Carmo Schroeder, sendo

irmão mais velho. Mas vive em Jaraguá do Sul, faz muito tempo, lá se move como escritor, editor de

livros e, entre um laboratório e outro de escritura, dando aulas de literatura. Carlos teve na biblioteca

dos avós paternos o caminho para a escrita: obras completas de Maupassant, Hemingway e Tolstói.

Estreou na literatura em 1998 com a novela O publicitário do diabo (Manjar de Letras), e de lá para

cá lançou quase uma dezena de livros, com destaque para os romances A rosa verde (Editora da

UFSC, 2005), Ensaio do vazio (7 Letras, 2006), e para a coletânea de contos As certezas e as

palavras (Editora da Casa, 2010). Em 2009 foi contemplado pelo Edital Elisabete Anderle, do

Governo do Estado de Santa Catarina, com recursos para publicar uma antologia de suas peças de

teatro. Ainda em 2009, foi um dos escritores catarinenses selecionados para representar o Estado na

Feira do Livro de Porto Alegre, por ocasião da homenagem do evento à Santa Catarina. Em 2010 foi

agraciado com a Bolsa Funarte de Criação Literária, do Governo Federal, para pesquisa e conclusão

de seu romance A mulher sem qualidades. Ainda em 2010, recebeu o Prêmio Clarice Lispector de

Literatura, como melhor livro de contos do ano, por As certezas e as palavras. Desde 2007 é cronista

fixo (escreve todos os sábados) dos diários A notícia e O correio do povo. Casou em 2008 com a

estilista Deborah Barros e é pai de Henrique Barros Schroeder, nascido em 2010. Carlos também

integra as coletâneas Geração zero zero (Língua Geral, 2011), organizada por Nelson de Oliveira;

Como se não houvesse amanhã (Record, 2010), organizada por Henrique Rodrigues; A teus pés

(Editora da Casa, 2009), organizada por Manoel Ricardo de Lima e O novo conto catarina (Editora

da UFSC, 2008), organizada por Regina Carvalho.

ENSAIO DO VAZIO

Assim começa o primeiro capítulo de Ensaio do vazio, o mais recente romance de Carlos

Henrique Schroeder, publicado pela editora 7Letras dentro da charmosa coleção Rocinante, em

2006. Este começo é só uma mínima pista do tráfego intenso de uma opacidade profunda para a

superfície chamada "pele" (Valéry), que é por onde se move a escritura deste perambulador de

leituras. Neste Ensaio do vazio, o leitor é presenteado com um texto corajoso, revelador e bem

construído. Em uma crítica à sociedade contemporânea, regida pelo mote da satisfação imediata, o

autor nos conduz em uma narrativa que intercala diálogos ágeis com monólogos e reflexões do

narrador. Mais que uma boa leitura, Ensaio do vazio é um convite para conhecer o que a literatura

brasileira tem a oferecer neste início de século XXI.

"Meus dedos deslizaram sutilmente entre os inúmeros sulcos até encontrarem o ponto desejado, com

o polegar, acaricio a pequena protuberância, aperto suavemente”.

(Indicação: NeuseliBeyersdorff Olsen)

Dr. Francisco Karam, como é conhecido na cidade de Videira, aos 92 anos ainda possui sua clínica

médica e escreve artigos científicos para a área médica. Como autor de livros voltados para a literatura, teve

sua primeira obra feita na década de 50, posteriormente o livro Memórias de um médico do

interior no ano de 1999, no qual ele conta suas histórias de médico andando pelo interior do Estado

quando as técnicas medicinais ainda eram bastante rústicas, e os profissionais formados na área muito

escassos.

O sofrimento e a luta pela vida mostra-se a cada nova história do livro, que retrata fielmente a dificuldade

que se tinha antes da metade do século passado.

“Em 1943, a penicilina ainda era difícil de se obter no interior e as infecções graves eram mortais. Com um

pequeno dicionário português-alemão comprado em um sebo de Porto Alegre, conseguia realizar rápidas

conversações com os pacientes e seus familiares, em uma região em que só se falava a língua alemã. Até o

sermão da igreja era nesse idioma. Lourdes, que conheci ali e com quem me casaria, era professora na

escola local. Seu sobrenome, alemão com certeza: Schaedler.”

O autor virou cronista de jornais locais e chegou a publicar em grandes jornais do Estado, sendo reconhecido

em toda a sociedade Videirense tanto por seu trabalho como médico, quando por suas obras escritas.

(RAQUEL RYBANDT)

Nessa tarefa especifica gostaria de falar um pouco de uma autora que é bem importante para mim, embora, sei

que o livro dela não se caracteriza um romance, e sim um livro filosófico, daqueles que nos convida a pensar

sobre o rumo que damos a nossa vida.

Gostaria de falar um pouco da obra da nossa tutora UFSC Ana Delmar Ribeiro em parceria com o

professor Jorge Jacó.

No livro O avesso do ontem é contada a história de um empresário (Jhony Malaquias) que é um

simpático coelho que nos conduz a uma viagem pela política mundial. O empresário dorme e sonha que é um

coelho, no sonho passa por determinados lugares do mundo em épocas diferentes e em contextos diferentes.

Através desta obra, os autores nos convidam a uma reflexão de como somos responsáveis por fazer acontecer

mudanças tanto para melhor como para pior; o mundo é cheio de surpresas e cabe a nós desvendá-las.

Quanto a romances de autores catarinenses, preciso admitir que não tenho conhecimento de nenhuma obra

fruto de catarinenses.

(Indicação: Sônia Regina Spolti Piccinin)

MAICON TENFEN

Nascido no interior de Santa Catarina, Ituporanga, no dia 31 de dezembro de 1975. É

conhecido pela publicação de contos e romances de grande intensidade e suspense, que costumam

prender a atenção do leitor, bem como por seu trabalho na imprensa escrita, onde assina crônicas

caracterizadas por bom humor, criticidade e ironia.

Um de seus romances, que ao meu ver é violento chama-se Entre a brisa e a

madrugada. É a história de um sujeito criado na favela que faz “carreira” no mundo do crime. Não

esconde que o sujeito é mau, extremamente mau, mas algo decente e humano. O cordão umbilical

que o prende ao mundo dos justos (se é que esse mundo existe) é uma afilhada órfã que ele procura

através da metrópole. Esta busca o faz viver.

Maicon comenta gostar de ler romances desde os 10 anos de idade. Para onde ele fosse os

gibis sempre o acompanharam.

Por duas vezes recebeu o primeiro lugar em Concurso de Contos Paulo Leminski, de âmbito

nacional. Venceu em 2005, o Concurso de Contos de Araçatuba (SP), com A vida e a morte de Nick

Fourier.

Atualmente, Maicon reside em Blumenau, com a família. Escreve crônicas semanais para o

Diário Catarinense e crônicas diárias para o Jornal de Santa Catarina, ambos do Grupo RBS.

Leciona Literatura Brasileira em instituições de Ensino Superior.

Além de romances, Maicom escreve texto para o jornal RBS de Santa Catarina.

Cito um dos textos que mais me chamou atenção:

Cronistas e romancistas

29 de setembro de 2011 Categorias: 1

Um rápido olhar sobre a imprensa brasileira contemporânea, ou mesmo sobre a imprensa mais

antiga, abarcando todo o século 20 e boa parte do 19, revelará a constante e ostensiva presença de

cronistas que, nas horas vagas, dedicaram-se também ao romance, o mais braçal dos gêneros

literários.

Exemplos temos em Machado de Assis e José de Alencar, em Graciliano Ramos e Rachel de

Queiroz, em João Ubaldo Ribeiro e Carlos Heitor Cony.

Não deixa de ser curioso que os dois grandes extremos da prosa criativa, a crônica e o romance, a

primeira tão sucinta e cotidiana, o segundo tão complexo e palavroso, costumem se tocar sob a pena

de um mesmo escritor.

É claro que há um abismo entre os dois gêneros, mas ninguém pode negar que também exista uma

espécie de simbiose entre a tentação do infinito que é o romance e o cotidiano ligeiro representado

pela crônica.

Alguém acho que o próprio Cony, já disse que tanto o cronista quanto o romancista são peixes que

não podem viver fora da água.

A diferença é que, por viver no aquário, o cronista desfruta de maior visibilidade, daí os seus

malabarismos para se manter em evidência e disfarçar a sua irrevogável condição de

superficialidade.

O romancista, por sua vez, é um peixe de águas profundas, quase ninguém o vê, por isso costuma

surpreender os que decidem segui-lo para descobrir as belezas de um mundo novo e inusitado.

O mais interessante é que tanto o romancista quanto o cronista, cedo ou tarde estafados por sua

solidão, sentem uma irresistível necessidade de bater as barbatanas em outras águas.

Mesmo que corra todos os riscos, chegará o momento em que o peixinho do aquário tentará

desbravar o fundo do oceano.

Do mesmo modo, o sisudo peixe das profundezas começará a se perguntar como seria viver, nem

que fosse por um tempo, sob as luzes do aquário, na vitrine de uma crônica de jornal.

Mas não devemos encerrar antes de lembrar a antiga máxima musical: “tudo que sobe desce, tudo

que vem tem volta”.

Ao fim e ao cabo, graças às experiências conquistadas em outras águas, cada peixe retornará ao seu

habitat natural.

Achei a parte mais interessante a que destaquei em negrito, onde ele diferencia o cronista do

romancista. O Cronista desfruta de maior visibilidade porque fala mais a verdade, não pede as

palavras ao falar, fala curto e grosso.

O escritor de romances usa muito a imaginação, os lugares e as coisas não dão uma proporção

concreta, tudo acontece em mundo irreal, imaginário, um mundo em que sonhamos mas que ainda

não estamos vivendo.

(Indicação: Tatiane)

FLOR DE LIS

A obra escolhida para ser apresentada e representar a região de Canoinhas é o livro Flor de

Lis, de autoria do escritor canoinhense Francisco de Assis Vitovski, Coronel da reserva da

Polícia Militar de Santa Catarina, que foi comandante do 3º Batalhão da Policia Militar e do Corpo

de Bombeiros de Canoinhas nos anos de 1982 a 1984, trata-se do terceiro livro publicado pelo autor.

O livro é um romance baseado em fatos reais, originários do confronto entre o Movimento Sem

Terra e a polícia uma das primeiras manifestações do MST, em nível de Santa Catarina, ocorrida no

município de Palma Sola- SC, no ano de 1989. A obra narra o drama de uma família do oeste

catarinense, afastada de uma propriedade onde trabalhava, devido ao processo de mecanização da

terra, e sem rumo, ingressam no MST. O romance tem um foco na exclusão dos brasileiros, o

aliciamento e enfrentamento nas invasões, a miséria e desestruturação familiar. O protagonista,

Juvenal, está entre estes excluídos e vê a desestruturação de sua família, com a miséria, a doença, a

falta de escola e a prostituição atingindo seus filhos, sem que a sociedade veja isto com olhos

corretivos, mas como se fossem bandidos invasores de terras alheias. O autor faz questionamentos

sobre os motivos que levam pais a colocarem os filhos para morar em barracas de lona. A obra foi

lançada recentemente em 05/10/2011, fazendo parte das comemorações pelo centenário de

Canoinhas.

REFERÊNCIA

VITOVSKI, Francisco de Assis. FLOR-DE-LIS, Na beira do caminho - à margem da vida. Editora

Insular. Florianópolis – SC. 2011

(Indicação: TONI ROBERTO GUESSER)

Manoel Carlos Karan é catarinense de Rio do Sul, nascido em 1947, vive em Curitiba

PR desde 1966. Escreveu e encenou diversos romances, entre os quais destacaram-se O velório de

Joaquim Silvério dos Reis, Hotel Luar do Sertão, Doce primavera, Fulano de Tal, Urubu, Esquina

de 7 de Setembro com 31 de Março.

O romance escolhido foi Sujeito oculto, nele, a opção do autorfoi, ao longo da narrativa,

desenhar um ser humano, como nos habituamos a imaginar, capaz de se adaptar a qualquer situação.

O tema central de Sujeito oculto é a violência de forma que, quanto mais ela é sufocante, torna-se

cada vez mais banal; como ela pode transformar os seres humanos que a tem como meio de vida ou

àqueles acostumados a viver com ela, como um imponderável.

O personagem de Sujeito oculto conta o dia-a-dia de sua profissão. Nada demais se ele não

fosse um matador de aluguel. Com a banalidade dos conformados com seu destino, o narrador

enumera suas dificuldades, alegrias, agruras e manias, não há um trecho especifico que se destaque,

o conjunto da obra é o que a torna interessante.

(Indicação: Vanessa Maria MattiuzDestri)