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Literatura PortuguesaProfª: Helena Maria Coutinho
Introdução
Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico
surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que
perdurou por grande parte do século XIX.
Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao
racionalismo e ao iluminismo e buscou um nacionalismo que viria
a consolidar os estados nacionais na Europa.
O adjetivo "Romantic" é de origem inglesa, e deriva do substantivo "romaunt", de origem francesa ("roman" ou "romant"), que designava os romances medievais de aventuras. Depois a palavra generalizou-se a tudo aquilo que evocava a atmosfera desses romances (cavalaria e Idade Média, em geral). No séc. XVIII Rousseau (filósofo da revolução francesa) distinguiu "Romantique" (romântico) de "Romanesque" (romance), e no séc. XIX Frederico Schlegel (alemão) e Madame de Stael (alemã casada com um francês) opunham "Romântico" e "Clássico". Já a etimologia do termo indigita o gosto das tradições medievais e cultura folclórica.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo
toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a
designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo.
Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos,
retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de
escapismo.
Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela
razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela
subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se ao movimento estético ou, em um
sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que
carece de sentido objetivo.
O Romantismo é a arte do sonho e fantasia. Valoriza as forças
criativas do indivíduo e da imaginação popular. Opõe-se à arte
equilibrada dos clássicos e baseia-se na inspiração fugaz dos
momentos fortes da vida subjetiva: na fé, no sonho, na paixão, na
intuição, na saudade, no sentimento da natureza e na força das
lendas nacionais.
Contexto histórico
Acon
teci
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que
favo
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imen
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man
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O Romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente
intelectual era de grande rebeldia.
Na política, caíam os sistemas de governo despóticos e surgia o
liberalismo político (não confundir com o liberalismo económico do
Século XX).
No campo social imperava o inconformismo.
No campo artístico, o repúdio às regras.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde dito romântico
antes de seu nascimento de facto, sendo assim chamados pré-românticos. Nesta
classificação encaixam-se Francisco Goya e Bocage.
O desenvolvimento científico do século XVIII havia provocado nos círculos intelectuais uma ideia determinista do mundo.
Dado que todos os fenómenos poderiam explicar-se em termos de causas e consequências, o futuro do homem estava determinado de antemão, negando-lhe, assim a liberdade.
A Revolução Francesa Revolução Francesa representou o ponto mais alto desta forma de ver o mundo. A crença cega no poder da Razão e o racional levaram os revolucionários a assumir uma atitude intolerante perante o místico, o fantástico, o religioso, o intuitivo.
A “época de terror” de Robespierre constitui um bom exemplo desta forma de pensar.
A intenção de Napoleão de unificar a Europa num grande império é também uma expressão deste desejo totalitário do racionalismo.
A defesa dos povos europeus perante a agressão napoleónica deu origem ao nacionalismo, conceito que apelava à paixão do homem por conservar e defender o seu espaço vital.
Por outro lado, a consolidação económica do capitalismo, deu origem à teoria liberalteoria liberal, segundo a qual a sociedade é uma soma de egoísmos que convergem, como guiados por mão invisível, para o bem-estar comum.
O liberalismoliberalismo propiciava ao individualismo, uma forma de entender o mundo a partir do seu próprio ponto de vista e não já a partir de uma Razão universal.
O Romantismo nasce como uma reação ao império da Razão iluminada, reação que se dá em todas as esferas da sociedade: literatura, pintura, música, teorias sociais.
O Romantismo surge nas artes quase naturalmente quando os artistas se apercebem da impossibilidade de negar certos aspetos da criatividade humana.
Pode, então, ser caracterizado como um apelo ao individualismo, exaltando o sentimento, a emoção e a genialidade.
O Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a Alemanha e em Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria, inclusive, fundamental importância na unificação germânica com o movimento Sturm und Drang (tempestade e ímpeto).
O Romantismo viria a manifestar-se de formas bastante variadas nas diferentes artes. À medida que a escola foi sendo explorada, foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade. Destes críticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo.
No Brasil, o romantismo coincidiu com a Independência política do Brasil em 1822.
Romantismo em Portugal
Influências sociais e políticas
Como coincide com uma época de grandes modificações sociais, políticas e económicas, assume forte carga ideológica, sustentada pelo surgimento dos movimentos de carácter nacionalista, como a guerra de independência da Grécia.
A revolução industrial, e todos os problemas que a caracterizam, também influenciam esta época.
O Romantismo utiliza as inovações técnicas e torna-se uma verdadeira fuga ao real, como se pode ver nos revivalismos, orientalismos e jardins à inglesa, um pouco por toda a Europa.
Tal como o Neoclassicismo vira-se para o passado, mas agora valorizando a Idade Média e os estilos artísticos que a caracterizam, utilizando-os como reflexo dos nacionalismos emergentes – Portugal elege o Neomanuelino estilo nacional.
O desenvolvimento da história como importante disciplina académica e a moda dos romances de cavalaria, desenrolando-se numa Idade Média idílica, ajudam a popularizar os historicismos medievais.
Estação Ferroviária do Rossio
• a revolução liberal em 1820• o regresso da família real em 1821• independência do Brasil, a perda do
comércio colonial com a antiga colónia em 1822 (dramático golpe na economia portuguesa)• as guerras liberais, que causaram grande
instabilidade até 1834.
Os primeiros anos do século XIX são muito complexos, devido essencialmente à sucessão de problemas políticos:
• a fuga da família real para o Brasil em 1807, devido às invasões francesas, posterior/consequente domínio inglês
Apesar de em Portugal surgir relativamente cedo na literatura, em finais do século XVIII com alguns pré- românticos, nas restantes formas artísticas desenvolve-se apenas com o impulso de dado por D. Fernando II, marido de D. Maria II, ao iniciar a construção do Palácio Nacional da Pena, após a estabilização da conjuntura nacional.
Esta conjuntura só permite o desenvolvimento de condições propícias à eclosão de um novo estilo artístico no final dos anos 1830 do século XIX.
Romantismo na literatura
O poeta Goethe em Itália
Tormenta e ímpetoTormenta e ímpeto
O ponto de partida para o Romantismo pode ser estabelecido com a aparição na Alemanha de um movimento artístico denominado “Sturm “Sturm und Drang” und Drang” (tormenta e ímpeto), entre 1760 e 1780.
O movimento animava-se por uma reacção ao racionalismo que o iluminismo do século XVIII postulara, bem como ao classicismo francês que, como forma estética, tinha grande influência na cultura europeia, principalmente na Alemanha daquele tempo.
Uma das características deste movimento foi a sua reacção contra todo tipo de convencionalismos em matéria de arte. Os seus lemas fora: natureza, génio e originalidade.
Os autores desse movimento postulavam uma poesia mística, selvagem, espontânea, em última instância quase primitiva, onde o quê realmente tinha valor era o Empfindung, o efeito da emoção, imediato e poderoso: o sentimento acima da fria razão. Os Stürmer eram contra a literatura e a sociedade do Ancien Regime.
Entre os representantes do movimento destacam-se: Herder, Goethe e Schiller.
O Romantismo surge na literatura quando os escritores trocam o
mecenato aristocrático pelo editor, precisando assim cativar um público
leitor.
Esse público estará entre os pequenos burgueses, que não estavam
ligados aos valores literários clássicos e, por isso, apreciariam mais a
emoção do que a subtileza das formas do período anterior.
A história do Romantismo literário é bastante controversa.
Características
Desenvolvimento de uma literatura confessional, que se presta à exibição do EU e do indivíduo como único e original em sentimentos e imaginação;
Desenvolvimento e defesa da teoria de Rousseau, afirmado o indivíduo como naturalmente bom e posteriormente corrompido pela sociedade;
Glorificam-se e exaltam-se os tipos sociais marginais: o pirata, o bandido, o fora-de-lei. Perante a impotência de alcançar aquilo que deseja, nasce no romântico uma revolta metafísica e social que vai levar à sua identificação com figuras míticas e bíblicas como Prometeu, os Titãs, Satã, etc…;
O EU é tudo, aspira ao Absoluto e procura transcender a sua condição humana (influência do idealismo alemão);
O Homem é descrito na sua dimensão individual, egocêntrica, sem preocupações morais;
O EU romântico sofre de uma nostalgia profunda (sehnsucht) e busca algo de distante no tempo e no espaço, que se concretiza pelo retomar no tempo da Idade Média e pela procura de espaços exóticos, orientais, mergulhados no fantástico e no sonho;
Valoriza-se o nacionalismo estético, a cultura regional, a tradição; Surge o pessimismo, o fatalismo popular, a metafísica do pecado, da
penitência e do resgate (porque não se alcança o Absoluto); Os sentimentos são levados ao exagero: fala-se de amor, de ciúme, de
vingança, de desespero e de morte; A mulher é personificação da fragilidade, da pureza, do espírito de
sacrifício e de tão idealizada acaba por se tornar um símbolo; A mulher pode estar na origem de tudo o que existe de maldito no
herói romântico; A "mulher anjo" opõe-se à "mulher diabo".
Quadro comparativo entre o Classicismo e o Romantismo
Classicismo Romantismo modelo clássico geral, universal impessoal, objetivo Antiguidade Clássica paganismo apelo à inteligência razão erudição elitização disciplina o amor e a mulher idealizados
racionalmente formas poéticas fixas
não há modelos particular, individual pessoal, subjetivo Idade Média Cristianismo apelo à imaginação sensibilidade sensibilidade folclore motivos populares libertação o amor e a mulher idealizados
sentimental e subjetivamente versificação livre
Eugène Delacroix, Mort de Sardanapale