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FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE ANDRÉ BORGES CORONADO Rotomoldagem de caiaques São Paulo 2011

Rotomoldagem

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Page 1: Rotomoldagem

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

ANDRÉ BORGES CORONADO

Rotomoldagem de caiaques

São Paulo

2011

Page 2: Rotomoldagem

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

ANDRÉ BORGES CORONADO

Rotomoldagem de caiaques

Trabalho de Conclusão de Curso,

apresentado à Faculdade de

Tecnologia da Zona Leste sob a

orientação do Professor Dr. Francisco

Rosário, como requisito parcial para

obtenção do titulo de Tecnólogo em

Produção de Plásticos.

São Paulo

2011

Page 3: Rotomoldagem

CORONADO, André Borges

Rotomoldagem de caiaques / André Borges Coronado- Faculdade de Tecnologia da

Zona Leste, São Paulo, 2011

55 p.

Orientador: Prof. Dr. Francisco do Rosário

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação)- Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

1. Rotomoldagem 2. Caiaques 3. Polietileno 4. Empenamentos

Page 4: Rotomoldagem

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Deus, por tudo de bom que tem feito em minha

vida.

Agradeço ao Engenheiro Naval Ennio Henrique Robba pela ajuda.

Ao proprietário da EHR Caiaker, Paulo Robba por autorizar os estudos e a

divulgação do nome de sua empresa.

Ao meu orientador nesse projeto, Professor Dr. Francisco Rosário.

À minha esposa Walquíria e meu filho Murilo por compreenderem os muitos

momentos de ausência.

Page 5: Rotomoldagem

"Sucesso é conseguir o que você quer,

e felicidade é gostar do que você

conseguiu".

Richard Carlson

Page 6: Rotomoldagem

Resumo

CORONADO, André Borges. Rotomoldagem de caiaques. 55 p. Trabalho de

Conclusão de Curso, Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo,

2011.

Durante muitos anos a rotomoldagem que é um dos mais antigos processos de

fabricação de peças plásticas, esteve parado no tempo, isso porque não havia

investimentos em novas tecnologias para a melhoria do processo, considerado

arcaico e extremamente lento. Nos dias atuais este processo produtivo tem sua

imagem sendo modificada, a rotomoldagem de caiaques é um bom exemplo de

evolução do processo. Neste trabalho o objetivo foi estudar o processo de

rotomoldagem de caiaques no qual será utilizada uma resina especial de

polietileno de alta densidade (TRM 0513-000). Na busca de responder a

questão: o polietileno de alta densidade (TRM 0513-000) é um material com

características adequadas ao produto, quais as causas de empenamentos? As

hipóteses levantadas como causas de empenamentos são: energia de

contração do polímero; diferença de espessura das paredes da peça; excesso

de desmoldante no molde; degasagem dos moldes inadequadas; condições de

resfriamento; interferências nas formas dos moldes. Como justificativa aos

dados e afirmações expostas no trabalho, foram utilizados nas pesquisas

bibliográficas fontes como livros, artigos, revistas, entrevistas, palestras,

apostilas, cursos, manuais e também a realização de estudo de caso a fim de

demonstrar as causas de empenamentos nos caiaques.

Palavras-chave: Rotomoldagem; Caiaques; Polietileno; Empenamentos

Page 7: Rotomoldagem

Abstract

CORONADO, André Borges. Rotomolding of kayaks. 55 p. Trabalho de

Conclusão de Curso, Faculdade de Tecnologia da Zona Leste, São Paulo,

2011.

For many years the rotational molding is one of the oldest manufacturing

processes of plastic parts, was stopped in time, so because there was

investment in new technologies to improve the process, considered archaic and

extremely slow. Nowadays this production process has been changing its

image, the rotomolding kayaks is a good example of the evolution process. The

purpose of this paper is to study the rotational molding process of kayaks which

will be used in a special resin for high density polyethylene (TRM 0513-000). In

seeking to answer the question: the high density polyethylene (TRM 0513-000)

is a material with appropriate characteristics to the product, which causes

warping? The hypotheses put forward as causes of warping are: energy of

contraction of the polymer; difference in wall thickness of the piece; excess of

the mold release agent; inadequate degassing of the molds; cooling condition;

interference in the shapes of molds. As justification for data and statements

exposed at work, literature searches were used in sources such as books,

articles, magazines, interviews, lectures, handouts, courses, manuals and also

to carry out case study to demonstrate the causes of warping in kayaks.

Keywords: Rotomolding; Kayaks; Polyethylene, Warping

Page 8: Rotomoldagem

Sumário

1. Introdução...............................................................................................12

2. História: Rotomoldagem e caiaques.......................................................14

2.1 A rotomoldagem......................................................................................14

2.2 Primeiros Caiaques.................................................................................17

2.3 Modalidades esportivas praticadas com caiaques.................................19

2.3.1 Slalom…………………………………………………………………………20

2.3.2 Velocidade..............................................................................................20

2.3.3 Descenso................................................................................................20

2.3.4 Caiaque pólo...........................................................................................21

2.3.5 Canoagem oceânica...............................................................................21

2.3.6 Canoagem em ondas..............................................................................21

2.3.7 Canoagem maratona..............................................................................22

3. Conceitos fundamentais e configurações de máquinas para

rotomoldagem....................................................................................................23

3.1. Rotomoldadora tipo “Shuttle”.................................................................24

3.2. Rotomoldadora tipo “Rock and Roll”......................................................25

3.3 Etapas do processo...............................................................................27

3.3.1. Carregamento do molde........................................................................27

3.3.2. Aquecimento do molde..........................................................................28

3.3.3 Cura extra forno.....................................................................................30

3.3.4 Resfriamento dos moldes......................................................................31

3.3.5 Desmoldagem da peça..........................................................................32

4 Polímero utilizado (PEAD TRM 0513-000)..............................................33

4.1 Definição de polímero.............................................................................33

4.2 Termoplásticos e Termoestáveis............................................................34

4.2.1 Termoplásticos........................................................................................35

4.2.2 Termoestáveis.........................................................................................35

4.3 PEAD TRM 0513-000.............................................................................36

5 Estudo de caso........................................................................................40

Page 9: Rotomoldagem

5.1 Material....................................................................................................41

5.2 Pontos fortes do PEAD............................................................................43

5.3 Testes práticos.........................................................................................45

5.4 Empenamentos........................................................................................46

Considerações Finais........................................................................................48

Anexo A.............................................................................................................49

Anexo B.............................................................................................................50

Anexo C.............................................................................................................51

Referências Bibliográficas.................................................................................52

Page 10: Rotomoldagem

Lista de figuras

Figura 1- Caiaque feito em ossos de baleia e pele de foca...............................17

Figura 2- Caiaque modelo Jacaré......................................................................18

Figura 3: Rotomoldadora tipo Shuttle................................................................24

Figura 4: Rotomoldadora tipo Rock and roll......................................................25

Figura 5: Abastecimento do molde com a resina micronizada..........................26

Figura 6: Etapas de fusão do polímero dentro do molde...................................27

Figura 7: Moldes sendo aquecidos no interior do forno.....................................28

Figura 8: Saída dos moldes para a cura extra forno..........................................29

Figura 9: Etapa de resfriamento dos moldes.....................................................30

Figura 10: Abertura do molde para a retirada da peça......................................31

Figura 11: Caiaques Pingüim vermelho e Foca amarelo...................................40

Figura 12: Caiaque Aquarius.............................................................................45

Figura 13: Caiaque reprovado por empenamento.............................................46

Figura 14: Deformação causada pela pressurização da peça...........................46

Page 11: Rotomoldagem

Lista de quadros

Quadro 1: Segmentação do mercado de plástico no Brasil...............................15

Quadro 2: Consumo de resina para rotomoldagem por segmento no Brasil.....16

Quadro 3: Formação da cadeia polimérica........................................................32

Quadro 4: Representação esquemática do polietileno......................................35

Quadro 5: Classificação dos polietilenos segundo a ASTM D- 1248................36

Quadro 6: Resultados em corpo de prova injetado com TRM 0024-000...........41

Quadro 7: Resultados em corpo de prova injetado com TRM 0513-000...........42

Quadro 8: Tabela de pesos dos caiaques com PELMD e PEAD e redução de

custo..................................................................................................................4

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1. Introdução

Rotomoldagem de caiaques.

A rotomoldagem é um processo de fabricação de peças plásticas dos

mais antigos, mas que mesmo sendo tão antigo passou por décadas sem

muitos avanços tecnológicos e sem grandes investimentos para obtenção de

novos materiais rotomoldaveis, o que a deixou com a imagem de processo

arcaico.

A escolha do tema se dá pela experiência pessoal com o processo e a

dificuldade em se obter respostas ou soluções a problemas ocorridos nos

processos de produção de um produto rotomoldado.

O objetivo deste trabalho é estudar o processo de rotomoldagem de

caiaques no qual será utilizada uma resina especial de polietileno de alta

densidade (TRM 0513-000), serão demonstradas as características do

polímero, sua processabilidade, os tipos de rotomoldadoras utilizadas na

fabricação e o estudo de caso das possíveis causas e soluções de

empenamentos ocorridos em caiaques rotomoldados com o PEAD (TRM 0513-

000).

Estes estudos deverão responder a seguinte questão, o polietileno de

alta densidade (TRM 0513-000) é um material com características adequadas

ao produto, quais as causas de empenamentos?

As hipóteses levantadas como possíveis causas de empenamentos no

produto são:

• Energia de contração do polímero

• Diferença de espessura das paredes da peça

• Presença de desmoldante no molde

• Degasagem dos moldes inadequadas

• Condições de resfriamento

• Interferências nas formas do molde

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No intuito de agregar conhecimentos relacionados à fabricação de

caiaques por meio do processo de moldagem rotacional de plásticos,

considerou-se necessária a realização deste trabalho como colaborador a um

melhor entendimento de todo o processo de fabricação e de um dos principais

defeitos ocorridos. Estes defeitos conhecidos como empenamentos, serão

estudados e relacionados às suas diversas causas, que podem estar

relacionados a ciclo de processo, desenho do molde, mau dimensionamento de

degasagem ou resina inadequada ao produto a qual poderá ou não após o

estudo ser definida como nova resina a ser utilizada para os produtos testados.

Este estudo será justificado por meio de pesquisas bibliográficas

realizadas através de fontes como livros, artigos, revistas, entrevistas,

palestras, apostilas, cursos, manuais e estudo de caso demonstrando as

causas de empenamentos nos caiaques. O estudo de caso foi realizado na

empresa EHR indústria e comercio de artefatos de plásticos Ltda.

No primeiro momento deste trabalho será descrita a história da

rotomoldagem e dos caiaques, as modalidades esportivas disputadas com

caiaques no capítulo terceiro serão demonstrados os conceitos fundamentais e

configurações de máquinas para rotomoldagem de caiaques, assim como tipos

de peças possíveis de se fabricar, principais polímeros utilizados em

rotomoldagens, conceitos e configurações de máquinas rotomoldadoras e as

etapas do processo, no quarto capítulo será exposto o polietileno de alta

densidade TRM 0513-000, suas características técnicas, e condições para

processamento, no quinto e último capítulo é onde encontra se a ênfase do

trabalho, isso porque é com o estudo de caso que se pretende responder as

questões sobre os empenamentos ocorridos nos caiaques produzidos com a

resina de PEAD TRM 0513-000.

Page 14: Rotomoldagem

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2. História: Rotomoldagem e caiaques

2.1 A rotomoldagem

A tecnologia de moldagem rotacional, como a maioria dos métodos de

manufaturas evoluiu a partir de outras tecnologias, como o nome já diz, o

processo consiste na produção de peças por meio de rotação dos moldes, este

processo se dá da seguinte forma, um dado polímero é introduzido no molde

aberto em forma de pó ou liquido com o plastisol, após fechado o molde segue

para o aquecimento onde se inicia a rotação que poderá ser biaxial ou balanço

e giro, onde com a aplicação da energia térmica adequada sobre o molde,

chega-se ao ponto de fusão do polímero, que passa a fluir pelo molde em

rotação aderindo-se por camadas às suas paredes, formando assim a peça

que poderá ser retirada com a abertura do molde após o resfriamento.

A rotomoldagem teve seu início há muitos anos, relatos indicam que

esse sistema de produção fora utilizado inicialmente pelos egípcios e gregos

para a fabricação de peças em cerâmica através do processo atualmente

conhecido como “slip casting”. Há centenas de anos os suíços utilizaram-se

pela primeira vez da Moldagem Rotacional para confeccionar ovos de

chocolate ocos, no entanto, o primeiro registro de patente de máquina para

moldagem rotacional aconteceu em 1855, ou seja, antes da existência do

plástico. (TRM, sd).

De acordo com o artigo chamado de "A History of Rotational Moulding

de1997 a idéia original de rotomoldagem estava ligada a fabricação de cabeças

de bonecas durante a década de 1940. O molde foi criado a partir de

eletroformação de cobre-níquel e o polímero utilizado foi o PVC plastisol

(cloreto de polivinila). (TRM, sd). Neste processo com o plastisol os moldes não

são bi-partidos, sendo as peças sacadas a força por um orifício, normalmente

com o auxilio de uma ferramenta como um alicate.

Na década de 40, devido aos altos tempos de ciclos do processo e a

escassez de matérias-primas rotomoldáveis, já que se utilizavam basicamente

plastisóis para fabricação de bonecas, brinquedos e recipientes redondos ou

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retangulares. Os plastisóis são suspensões de resinas de PVC numa fase

continua liquida formada por um plastificante e um estabilizante térmico as

proporções de cada componente na mistura depende das características

especificas que se deseja obter do material.

Na década de 50, ocorreram dois grandes desenvolvimentos, que

foram a introdução de polímeros pulverizados especialmente produzidos para

moldagem rotacional e o forno com aquecimento através de circulação de ar

quente.

Apartir da década de 70 surgiram as primeiras evoluções consideráveis

dentro da rotomoldagem, foi quando nos EUA e Europa iniciaram-se

desenvolvimentos de novos polímeros aplicáveis a rotomoldagem, o Polietileno

Linear micronizado passou a ser utilizado na fabricação de novos produtos

rotomoldados com tamanhos consideravelmente grandes e agora também em

molde bi-partido de alumínio fundido ou chapa de aço.

Na década de 1980 o processo de rotomoldagem ficou mais conhecido

devido ao aumento das indústrias fornecedoras de material ao redor do mundo.

E em resposta à demanda crescente, novos materiais se tornaram disponíveis

incluindo policarbonatos, poliésteres, polipropileno, PEBD (polietileno de baixa

densidade), nylon e ABS (acrilonitrila-butadieno-estireno) e polietileno de alta

densidade (PEAD) o qual será avaliado nesse estudo.

Para (MARQUES, OLIVEIRA, 1998) no Brasil há uma carência de

publicações e bibliografias em geral sobre técnicas especificas associadas ao

processo de rotomoldagem, o qual é tratado segundo ele com certa reserva

pelas poucas empresas que dele se utilizam, sendo necessário se buscar

conhecimentos específicos sobre o processo em outros países, até porque as

poucas empresas que conquistam algum conhecimento sobre o processo não

tem interesse em divulgar.

Como se pode ver a partir dos anos 80 houve um crescimento

gradativo da utilização do processo de rotomoldagem, crescimento esse que se

Page 16: Rotomoldagem

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fez notável, e já no ano de 2006 alcançava a marca de 40.000 toneladas/ ano

de resinas utilizada, mas se comparada com processos como injeção, extrusão

e sopro a rotomoldagem ainda é muito pouco utilizada representando 2% do

mercado do plástico, como se pode perceber no quadro abaixo. (UEKI,

PISANU, 2007, sp).

Quadro 1: Segmentação do mercado de plástico no Brasil.

Fonte: (UEKI, PISANU, 2007, sp).

Dentro dos 2% do mercado do plástico que são representados pela

rotomoldagem, o segmento que detém a maior fatia do mercado é o da

construção civil com 40% deste mercado como demonstra a figura do quadro 2.

O grande consumo da rotomoldagem na construção civil se deve a um

produto em especial. Devido à grande tendência mundial de eliminar o uso de

caixas d’água fabricadas com fibrocimento que contém fibras de amianto, o

qual estudos comprovam que a inalação dessas fibras provocam doenças

incuráveis como o câncer e que devido a isso cerca de 50 países no mundo já

o eliminaram de sua produção.

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Devido ao amianto estar em via de banimento é que a cerca de 15

anos, a rotomoldagem de caixas d’água no Brasil se tornou um grande

negócio as quais passaram a serem substitutas com vantagens às antigas

caixas de fibrocimento. (PLÁSTICO SUL, 2010).

Quadro 2: Consumo de resina para rotomoldagem por segmento no Brasil.

Fonte: (UEKI, PISANU, 2007, sp).

2.2 Primeiros Caiaques

O caiaque nasceu na Groenlândia servindo de meio de pesca e

trabalho aos esquimós. Caiaque significa na língua local “Barco de Caçador”, e

seu uso era permitido exclusivamente aos homens, que empregavam ossos de

baleia, peles e tripas de focas para a construção dessa curiosa embarcação, a

figura 1 mostra este tipo de caiaque feito por esquimós.

Page 18: Rotomoldagem

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Figura 1: Caiaque feito em ossos de baleia e pele de foca.

Fonte: (BRYANT, 2008, sp).

Atualmente define-se caiaque como uma embarcação desportiva

movida por tração humana através de remo, e que pode ser utilizada para o

lazer ou competições.

O advogado escocês John MacGregor que construiu nos EUA e em

plena Guerra Civil (1861-1865), a primeira canoa de competição do tipo

caiaque, passando a ser conhecido como o pai da canoagem, este caiaque que

foi batizado de Rob Roy serviu a John em expedições por rios e lagos,

resumidas depois no livro “Thousand Miles in the Rob Roy Canoe”. De volta a

Londres, em 1865, ele fundou o Royal Canoe Club, que, em três anos, contava

com 300 canoeiros. O "barquinho" ganhou popularidade, criaram-se clubes e

competições. (BRYANT, 2008).

Foi em 1984, que o processo de rotomoldagem se tornou uma ótima

opção para a fabricação de caiaques plásticos, devido algumas vantagens

como o menor custo dos moldes em relação a outros processos como injeção e

sopro, por permitir a moldagem de reentrâncias sem ângulo de saída, produzir

peças ocas sem emendas, livres de tensões, totalmente fechadas em um único

ciclo, como por exemplo, um caiaque.

Page 19: Rotomoldagem

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No Brasil um dos pioneiros em rotomoldagem de caiaques é o

Engenheiro Naval Ennio Henrique Robba, fundador da empresa Caiaker que

atualmente conta com uma variedade de modelos para prática de esportes ou

lazer, sendo líder a mais de dez anos no mercado nacional de caiaques

plásticos.

A figura a seguir mostra o “Jacaré”, que foi o primeiro caiaque fabricado

pela Caiaker, projetado para substituir caiaques de fibras que na pratica dessa

modalidade, são freqüentemente danificados ou destruídos em choques com

pedras, o papel do Jacaré foi importante também por ser um produto acessível,

ao contrário dos caiaques importados disponíveis na época.

Figura 2: Caiaque modelo Jacaré.

Fonte: (CAIAKER, 2010, sp).

2.3 Modalidades esportivas praticadas com caiaques

Os materiais usados no início pelos esquimós para fazerem um

caiaque, que eram as peles e ossos animais nos dias de hoje foram

substituídos por materiais sintéticos como fibra de vidro, fibra de carbono e

plástico. (BRYANT, 2008, sp).

Existem atualmente várias configurações de caiaques, cada uma para

uma dada aplicação, como caiaque duplo de lazer, caiaque simples de lazer,

de pesca, de corredeira, caiaque fechado, caiaque aberto e outros de variados

Page 20: Rotomoldagem

20

tamanhos e desenhos, dentre essas há sete modalidades de esportes

praticados nestes tipos de embarcações à remo, que são:

2.3.1 Slalom

É um esporte olímpico praticado em águas brancas (corredeiras) e o

objetivo é passar por balizas ao longo do percurso no sentido indicado em

menor tempo possível.

Nesta modalidade três tipos de embarcações são utilizadas: caiaque

individual (K1), canoa individual (C1) e canoa dupla (C2). No caso dos

caiaques o comprimento é de 3,5 metros e pesam cerca de 15 quilogramas,

para que durante as provas não entre água nos caiaques são utilizadas “saias”

presas nas cinturas dos atletas e nas aberturas dos caiaques. (CBCA, 2011).

2.3.2 Velocidade

Uma das categorias mais praticadas e que acontece em águas calmas

como rios ou lagos, a disputa se dá em nove raias demarcadas nas distâncias

de 1000, 500 e 200 metros.

A categoria é subdividida entre K1, K2, K4, C1 e C2, onde o número

indica a quantidade de atletas por embarcação e a letra K quando a

competição é com caiaques onde devido à menor estabilidade, os remos

utilizados são de duas pás, já nas categorias C1 e C2 as embarcações são

canoas, estas são mais estáveis e por isso utilizam-se remos com apenas uma

pá. (DIDARIO, 2010).

2.3.3 Descenso

Esta modalidade é praticada em corredeiras onde vence quem chegar

ao fim do percurso em menos tempo.

Page 21: Rotomoldagem

21

Pelas regras atuais da FIC (Federaçäo Internacional de Canoagem) as

seis copas do mundo estão definidas em três clássicas e três de velocidade e

as classes de embarcações são padronizadas pelas regras da Federação

Internacional de Canoagem, as embarcações dependendo da categoria podem

ter comprimento variando entre 5,20 a 11 metros e pesos entre 12 e 50 kg.

(CBCA, 2011).

2.3.4 Caiaque pólo

Esta modalidade surgiu há cerca de 30 anos na Inglaterra quando

praticantes da canoagem de descida de rios e slalom , devido o inverno ou os

rios estarem secos começaram em certas épocas, passaram a treinar em

piscinas onde para aprimorarem técnicas eram criados alguns jogos, onde em

um desses foi introduzida uma bola que deu origem ao esporte. (CBCA, 2011).

Esta modalidade é como um handebol com caiaque praticado em

piscina de 30m X 20m, dois times de cinco atletas se enfrentam com o objetivo

de marcar o maior numero de gols possíveis para vencer.

2.3.5 Canoagem oceânica

O objetivo é percorrer um circuito pré-determinado em carta náutica,

em menor tempo, esta modalidade de esporte ocorre em águas marinhas,

nesta modalidade o caiaque tem comprimento mínimo de 4 metros.

2.3.6 Canoagem em ondas

Similar ao surf com prancha, os competidores são avaliados pelas

manobras que executam. A canoagem em ondas esta subdividida em duas

classes waveski onde se utiliza um tipo de prancha mais espessa a qual a

pessoa fica presa pela cintura e pelos pés, na outra classe, kayaksurf é

utilizado um caiaque fechado com o auxilio de um saiote impermeável.

Page 22: Rotomoldagem

22

A origem deste esporte está ligada a salva-vidas da Austrália e Africa

do Sul que utilizavam caiaques para se locomover no mar. Os

primeiros campeonatos de kayaksurf aconteceram na década de 60

nos Estados Unidos. Modelos de caiaque de slalom foram utilizados

nas provas oficiais. Hoje o Kayaksurf tem uma grande variedade de

modelos específicos para surf. Caiaques de fibra ou até carbano com

quilhas permitem uma excelente diversão no mar. (CBCA, 2011, sp).

2.3.7 Canoagem maratona

Com percursos de mais de vinte quilômetros, hora em largos rios e

hora em single tracks, onde passa somente um caiaque por vez, a modalidade

esta dividida em categorias, cada prova tem duração aproximada de 3 horas e

as embarcações tem comprimentos de 5,20 a 11 metros e pesos de 8 a 30 kg

de acordo com as categorias.

As provas de maratona podem incluir as seguintes categorias:

Homens: K-1, K-2, K-4, C-1 e C-2.

Mulheres: K-1 e K-2.

Misto: K-2 e C-2

Page 23: Rotomoldagem

23

3. Conceitos fundamentais e configurações de máquinas para rotomoldagem

Moldagem rotacional ou rotomoldagem é um processo desenvolvido

para produção de peças ocas, sem costura de todos os tamanhos e formas.

Tradicionalmente tem maior aplicação na transformação de materiais

termoplásticos e ultimamente tem sido aplicado na moldagem de polietilenos

reticulados e alguns termofíxos.

Mais de 80% dos materiais utilizados atualmente em rotomoldagem

ainda são os polietilenos. Outros materiais rotomoldáveis são os plastisóis,

nylons, polipropilenos, poliacetais, policarbonatos, ABS entre outros (TRM,

2007).

Nos dias atuais muitos são os materiais plásticos que se pode

rotomoldar e mais numeroso ainda é a quantidade de produtos fabricados por

esse processo que permite desde a produção de pequenos objetos como uma

bolinha de ping-pong, até um grande reservatório com capacidades superior a

30 mil litros, muitas também são as aplicações desses produtos que podem ser

utilizados na área da saúde, no campo da ciência como instrumentos

domésticos, malas de mão, cadeiras de dentistas e outros tipos de móveis, no

campo da recreação: barcos, carregadores de malas, protetores de motos,

filtros de piscinas domésticas, pranchas de surf e bolas de todos os tipos,

brinquedos de movimento como cavalinhos ou corpo de carrinhos, brinquedos

para serem escalados, serem atravessados e escorregadores também tem sido

feitos por rotomoldagem. No campo da indústria são encontradas peças de

rotomoldagem como tanques de combustíveis para vários tipos de veículos,

produtos para casa como: vaso de plantas, bandejas, lixeiras e mesas de pic-

nic são fabricados. No Brasil a sua aplicação tem se concentrado na área

agrícola, industrial como tanques para pulverização agrícola e armazenagem

de produtos químicos, palets para transporte armazenagem de carga e

especialmente na construção civil. (MARQUES, OLIVEIRA, 1998).

Para uma gama tão grande de produtos existem atualmente várias

configurações de máquinas de rotomoldagem oferecidas no mercado e estes

Page 24: Rotomoldagem

24

equipamentos são configurados de acordo com as características do produto a

ser fabricado.

Os principais fatores que determinam qual o equipamento mais

recomendado são a forma e as dimensões do artigo moldado, o tipo de

material empregado e a produção desejada. Estes fatores determinam o tipo de

aquecimento, resfriamento e dimensionamento das instalações para se obter

melhores resultados, com custos industriais aceitáveis.

Um parâmetro muito importante para a moldagem rotacional é a

velocidade de deposição da resina fundida nas paredes do molde. Para o

PEAD, cujo índice de fluidez fica dentro da faixa de 8 a 30 g/min, a velocidade

de deposição a ser usada como referência fica no intervalo de 0,8 a 6,0 m/min.

As máquinas utilizadas no processo de moldagem rotacional podem ser fabricadas a partir de dois conceitos técnicos básicos, quais sejam: o conceito “biaxial” no qual o molde gira simultaneamente em dois eixos perpendiculares entre si e o conceito de “balanço e giro” também denominado “Rock and Roll” no qual o molde gira em torno de seu eixo menor, enquanto balança longitudinalmente (movimento tipo gangorra) num ângulo programável que varia de +60° até -60°. (TRM, 2007, p. 03)

3.1. Rotomoldadora tipo “Shuttle”.

Este modelo de máquina possui apenas duas estações: o forno e o

resfriamento; é na posição de resfriamento onde acontece também o

carregamento dos moldes, os quais são montados sobre os suportes do braço

da máquina ou “spider”.

As máquinas Shuttle podem ter fornos com dimensões variadas de 2,5

m até 5 m, estas máquinas são diferenciadas por terem os fornos em formato

cilíndrico, tanto interna como externamente, concepção que impede o

surgimento de cantos "mortos", geradores de perdas de calor. (PLÁSTICO

MODERNO, 2009).

Page 25: Rotomoldagem

25

A figura 3 mostra uma rotomoldadora do tipo “Shuttle”, este tipo de

maquina é muito versátil podendo ser usada para fabricação de diferentes tipos

de peças, como por exemplo, um caiaque.

Essas máquinas, dentro de concepções mais modernas, são providas

de dois carros independentes, equipados com motorredutores e

sensores indutivos de posição, possuindo forno central em formato

cilíndrico, e sistema de aquecimento a gás natural ou GLP, além de

controle de temperatura feito por CLP, sendo fabricadas em várias

dimensões para atender a diferentes projetos. (PLÁSTICO

MODERNO, 2009, sp)

Figura 3: Rotomoldadora tipo Shuttle.

Fonte: (AUTOR, 2011).

3.2 Rotomoldadora tipo “Rock and Roll”

Este modelo de máquina teve origem no Reino Unido, quando o

engenheiro Earl Duffin fundou a Flextank em South Wales e utilizando-se de

experiência adquirida em estudos anteriores, utilizou-se do sistema Engel que

era originalmente para fabricação de peças em fibra, para criar a

Page 26: Rotomoldagem

26

rotomoldadora conhecida como “Rock and Roll” e se tornar um dos maiores

rotomoldadores da Inglaterra.

Nestas máquinas, o molde gira 360º no eixo secundário e no eixo

principal intercaladamente 45º para um lado e para outro como se pode ver na

figura 4. Ou seja, o ângulo de movimentação do eixo principal é vai e vem e

varia de acordo com o produto a ser elaborado. O sistema de aquecimento

geralmente é a gás com chama direta. Estas máquinas são utilizadas

principalmente para a produção de peças de grandes dimensões. (UEKI,

PISANU, 2007)

O modelo de máquina conhecida por “Rock and Roll” ou “Rocking

oven” é o modelo mais indicado para peças longas como caiaques, tanques e

cílos. Nesta máquina, o molde gira em torno do eixo longitudinal enquanto

balança como uma gangorra permitindo que o material se espalhe no interior

do molde. (CRAWFORD, 2002).

Figura 4: Rotomoldadora tipo Rock and roll.

Fonte: (ROTOLINE, sd, sp).

Independente ao tipo de produto a ser rotomoldado ou a configuração

da máquina utilizada, o processo de rotomoldagem deverá seguir cinco etapas,

na seguinte ordem:

Page 27: Rotomoldagem

27

3.3 Etapas do processo

3.3.1. Carregamento do molde

O carregamento consiste na introdução do polímero micronizado ou

liquido (plastisol) no molde, o qual pode ser feito abrindo-se o molde ou em

outros casos inserindo-o através de um orifício adequadamente instalado no

molde, em seguida fecha-se o molde com auxilio de grampos ou parafusos.

Atualmente existem sistemas automáticos para a realização de carga de

materiais nos moldes o que além de otimizar o processo, evita problemas como

contaminação da resina no manuseio.

Na figura abaixo o molde do caiaque “Fishing” sendo abastecido com o

polímero micronizado de cor azul.

Figura 5: Abastecimento do molde com a resina micronizada.

Fonte: (AUTOR, 2011).

Page 28: Rotomoldagem

28

3.3.2. Aquecimento do molde

Após o carregamento, o molde é submetido ao aquecimento dentro do

forno com temperatura entre 200°C a 400°C dependendo do polímero a ser

moldado.

É durante o tempo de permanência no forno que ocorre a formação de

espessura de parede da peça que se compõe de duas fases distintas, sendo

uma fase térmica e a outra mecânica, na fase térmica as partículas do polímero

recebem energia térmica transmitida através das paredes do molde que segue

sendo aquecido em movimento, ao atingir a temperatura de deposição inicial o

polímero começa a se fundir e formar naturalmente com a força da gravidade a

primeira micro camada, as demais camada são depositadas mecanicamente,

ou seja, fixadas pela adesividade da primeira camada quando fundida.

Durante o “TPF” (tempo de permanência no forno) o molde deverá

permanecer girando biaxialmente com as velocidades de platô e braço pré-

determinadas para uma distribuição equilibrada da resina nas paredes do

molde e conseqüentemente uma uniformidade de espessura entre as paredes

da peça ou produto final.

Quando o processo de formação de camadas se encontra na fase “c”

(figura 6), a massa formada não mais se transporta, com o molde em giro, para

outros pontos do molde, ela apenas nivela picos e vales superficiais onde

aderiu e o processo de fusão se completa com a fusão completa que expulsa o

ar eliminando as bolhas da camada interna do polímero.

Page 29: Rotomoldagem

29

Figura 6: Etapas de fusão do polímero dentro do molde.

Fonte: (UEKI, PISANU, 2007, sp).

Na figura 7 observamos uma rotomoldadora “Shuttle” na fase de

aquecimento dos moldes, que ocorre após o avanço do carro que introduz os

moldes na estufa, em seguida as portas são fechadas e inicia-se o processo de

aquecimento dos moldes para a fusão do polímero, este aquecimento é feito,

neste tipo de máquina, através da circulação de ar quente.

Page 30: Rotomoldagem

30

Figura 7: Moldes sendo aquecidos no interior do forno.

Fonte: (AUTOR, 2011).

3.3.3 Cura extra forno

Após a deposição completa da resina no molde, tem inicio a fase de

cura extra forno, onde o molde permanecerá em movimentos biaxiais trocando

energia térmica com o ar atmosférico, essa etapa é essencial na consolidação

da qualidade técnica da peça moldada a na efetividade de utilização da energia

térmica através da complementação da cura da resina utilizando o calor

armazenado no molde e na resina durante o “TPF”.

Figura 8: Saída dos moldes para a cura extra forno.

Fonte: (AUTOR, 2011).

Page 31: Rotomoldagem

31

3.3.4 Resfriamento dos moldes

Nessa fase o molde ainda em movimento biaxial é deslocado para a

estação de resfriamento, no interior do molde a resina ainda se encontra em

temperatura de cristalização e por isso o resfriamento possui uma grande

influência sobre as propriedades mecânicas da peça moldada.

Através da utilização de recursos como ventilação forçada, nebulização

de água e em alguns casos pode se utilizar de resfriamento interno da peça

com aplicação de fluxo de ar nos moldes, os quais devem ser dotados de

respiros especiais providos de entrada e saída de ar, no decorrer desse estágio

do processo a peça já se encontra em estado sólido sendo necessária apenas

a redução de temperatura para que se possa desmoldar a peça, o que deve

acontecer com temperatura entre 40 e 60° C.

Os dois ventiladores à esquerda da figura 9 são os responsáveis pelo

resfriamento dos moldes, através do “CLP” (controlador lógico programável) da

máquina é possível se programar seus ciclos com ventilação e/ou nebulização

de água.

Figura 9: Etapa de resfriamento dos moldes.

Fonte: (AUTOR, 2011).

Page 32: Rotomoldagem

32

3.3.5 Desmoldagem da peça

Ao fim das quatro etapas anteriores, são interrompidos os movimentos

de rotação do molde para que se possa abri-lo, na figura 10 o momento em que

o molde é aberto para que se extraia manualmente a peça, o que deverá ser

feito com a utilização de luvas para evitar queimaduras e danos à peça.

Figura 10: Abertura do molde para a retirada da peça.

Fonte: (AUTOR, 2011).

Nesta etapa o caiaque deverá estar com temperatura próxima a 50º C,

devendo ser mantido em uma mesa especifica para que possa resfriar-se

estabilizando sua estrutura e suas dimensões.

Page 33: Rotomoldagem

33

4 Polímero utilizado (PEAD TRM 0513-000)

4.1 Definição de polímero

Conforme definido por (MANRICH, 2005) a palavra polímero vem do

grego, “poli” significa “muito” e “mero” que significa “unidade” ou “parte” que se

repete, sendo assim para formarem um polímero os meros são ligados entre si

por ligações primarias e estáveis.

Para (MANRICH, 2005) polímero é qualquer material orgânico ou

inorgânico, sintético ou natural, que possua um alto peso molecular e

variedades estruturais repetitivas normalmente de baixa massa molecular.

Polímeros ("polymers") são macromoléculas caracterizadas por seu

tamanho, estrutura química e interações intra- e intermoleculares.

Possuem unidades químicas ligadas por covalências, repetidas

regularmente ao longo da cadeia, denominadas meros (“mers"). O

número de meros da cadeia polimérica é denominado grau de

polimerização, sendo geralmente simbolizado por n ou DP ("degree of

polymerization"). (MANO; MENDES, 2004, p. 3).

Quadro 3: Formação da cadeia polimérica.

Fonte: (UNIVERSIDAD DE ANTIOQUIA, sd, sp).

Page 34: Rotomoldagem

34

Todos os polímeros são macromoléculas, porém nem todas as

macromoléculas são polímeros. Na grande maioria dos polímeros

industrializados, o peso molecular se encontra entre 104 e 106;

muitos deles são considerados materiais de engenharia. Em alguns

produtos de origem natural, o peso molecular pode atingir valores

muito altos, de 10' ou mais. (MANO, MENDES, 2004, p. 3).

Os polímeros onde aparece apenas um tipo mero são conhecidos

como homopolímeros, e os que possuem dois ou mais tipos diferentes de

meros na molécula são classificados como copolímeros. (BLASS, 1988).

4.2 Termoplásticos e Termoestáveis

Os polímeros podem ser classificados quanto a sua aplicação

tecnológica que indica como o material será processado industrialmente,

poderá ser um termoplástico ou termorrígido. (MARINHO, 2005)

Segundo definiu (BLASS, 1988) os materiais plásticos podem ser

classificados em duas grandes categorias devido ao seu comportamento à

moldagem, podendo ser chamados de termoplásticos ou termoestáveis.

Materiais plásticos são materiais artificiais, geralmente de origem

orgânica sintética, que, em algum estágio de sua fabricação

adquiriram condição plástica, durante a qual foram moldados,

geralmente com a ajuda de calor e pressão e, muitas vezes, com o

emprego de moldes. (BLASS, 1988, p. 03).

Os plásticos industriais são muitas vezes baseados em copolímeros,

contendo pequena quantidade de comonômero, cuja função é

modificar no grau desejado algumas das propriedades do

homopolímero. Nesses casos, a denominação do produto indica

apenas o monômero predominante, como se fosse um

homopolímero. Outras vezes, o produto industrial contém mais de um

polímero, compondo uma mistura polimérica ("polymer blend").

(MANO, MENDES, 2004, p. 90).

Page 35: Rotomoldagem

35

O nome “plástico” não se refere a um único material. Assim como a

palavra “meta”l não define apenas ferro ou alumínio, a palavra

“plástico” caracteriza diversos materiais com estrutura, qualidade e

composição diferentes. As qualidades dos plásticos são tão variadas,

que freqüentemente substituem materiais tradicionais como a

madeira ou o metal. (MICHAELI, GREIF, KAUFMANN,

VOSSEBURGER, 1995, pág 6).

4.2.1 Termoplásticos

Termoplástico é um plástico (polímero) que ao ser aquecido a uma

dada temperatura pode ser moldado ou conformado.

Oficialmente a SPE – Society of Plastics Engineers (Sociedade dos

Engenheiros do Plástico), nos EUA definiu “materiais plásticos” como sendo um

grande e variado grupo de materiais, que consistem ou contém como

ingrediente essencial uma substância de alto peso molecular, que é sólido no

estado final e que em algum estagio de sua manufatura é suficientemente

maleável a ponto de ser moldado, muitas vezes com a utilização de calor e ou

pressão. (HARADA, 2004).

Os termoplásticos têm como característica atingir o estágio de

amolecimento ao serem aquecidos, podendo então ser moldados.

Esta troca de estado não altera sua estrutura química, o que permite

que, uma vez resfriado, ele possa ser novamente aquecido e

reaproveitado. (HARADA, 2004, p. 20).

Um exemplo de material termoplástico é o polietileno de alta

densidade, utilizado para este estudo.

4.2.2 Termoestáveis

Assim como os termoplásticos os termoestáveis ou termofíxos, também

possuem entre suas propriedades a de amolecerem ao serem aquecidos,

podendo assim ser moldados. No entanto, no caso dos termoestáveis esse

processo leva a uma transformação química em sua estrutura, o que não

Page 36: Rotomoldagem

36

permite sua reversão ao estado original, impedindo, portanto, a sua

reutilização. (HARADA, 2004).

A polimerização completa dos termoestáveis pode ser através da

moldagem por ação do calor, reagente de cura específico e ou catalisadores,

acontecendo assim a reação das moléculas entre si ou com o agente de cura,

formando ligações transversais que produzem moléculas tridimensionais muito

estáveis, após esta cura o material torna-se duro e não pode mais ser

remodelado, em geral os termoestáveis apresentam melhor resistência à

temperatura, resistência química, estabilidade dimensional e propriedades

elétricas superiores a dos termoplásticos. (BLASS, 1988).

Termofixo (ou termorrígido ou termoendurecido) - plástico que amolece uma vez com o aquecimento, sofre o processo de cura no qual se tem uma transformação química irreversível, com a formação de ligações cruzadas, tornando-se rígido. Posteriores aquecimentos não mais alteram seu estado físico, ou seja, não amolece mais, tornando- se infusível e insolúvel. Exemplos: baquelite, resina epóxi. (CANEVAROLO JR, 2002, p. 24).

O baquelite é um dos mais antigos termofíxos conhecidos e também

um dos mais utilizados.

Os primeiros plásticos sintéticos comercializados sob a forma de artefatos foram PR, conhecida como Bakelite, em 1910, e mais tarde, na década de 30, PVC, PMMA e PS. Na década de 40 surgiram LDPE, PU e ER. Na década de 50, apareceram POM, HDPE, PP e PC. Nessas décadas ocorreu o grande desenvolvimento da Química de Polímeros. A partir de então, somente tiveram destaque como novos plásticos algumas estruturas poliméricas, para aplicação como polímeros de especialidade ("specialties"). (MANO, MENDES, 2004, p. 90).

4.3 PEAD TRM 0513-000

O polietileno é obtido através do monômero etileno (C2H4), que após reagir

com varias outras moléculas iguais, sob condições controladas de temperatura e

pressão dão origem aos polietilenos. Sob altas pressões (1 a 2 kilobar) e altas

temperaturas (100 a 3000

C) é obtido o polietileno de baixa densidade (dens.

0,91 a 0,925g/cm³), caracterizado por moléculas bastante ramificadas. Com

Page 37: Rotomoldagem

37

baixas pressões (menos de 30 bar), temperaturas (40 a 1500

C) e com um

catalisador extremamente ativo obtém-se o polietileno de alta densidade (dens.

0,945 a 0,96g/cm³), caracterizado por longas moléculas lineares. Sob

condições intermediárias é obtido o polietileno de média densidade (dens.

0,925 a 0,945g/cm³). Em qualquer caso são obtidos graus de polimerização da

ordem de 500 a 1000. Como se pode verificar, o polietileno é um

hidrocarboneto e, portanto, material combustível. (BLASS, 1988).

Quadro 4: Representação esquemática do polietileno.

Fonte: (UNIVERSIDAD DE ANTIOQUIA, sd, sp).

Segundo (TRM RESINAS TERMOPLASTICAS) o produto utilizado no

estudo (PEAD TRM 0513 – 000) é um polietileno de alta densidade, copolímero

monomodal tecnicamente aditivado para proporcionar alta performance na

rotomoldagem. Possui excelente processabilidade, alta resistência ao impacto

e a tração, aditivação extra com antioxidante e anti-UV para níveis de proteção

classe UV-4 e densidade de 0,957 g/cm³, que como se pode observar no

quadro 5, encontra se dentre os intervalos de densidade que o classificam

como PEAD.

TIPO DENSIDADE (g/cm³) LDPE e LLDPE ou (PEBD e PELBD) 0,910 – 0,925 MDPE e LMDPE ou (PEMD e PELMD) 0,926 – 0,940 HDPE ou (PEAD) 0,941 – 0,965

Quadro 5: Classificação dos polietilenos segundo a ASTM D- 1248.

Fonte: (CANEVAROLO JR, 2002, p.44).

Page 38: Rotomoldagem

38

Para o processamento por moldagem rotacional é indispensável que o

material a ser utilizado possua boas propriedades de escoamento já que na

rotomoldagem não há introdução de pressão para a moldagem do mesmo, por

isso também é que neste processo os materiais são utilizados em forma de pó

(micronizadas ou micropeletizadas), de acordo com as características do

polímero utilizado define-se qual o tamanho ideal das partículas para

processamento, para que assim possam se fundir com maior facilidade

(CRAWFORD, 1996).

A maioria dos materiais poliméricos são micronizados em moinhos com

discos rotativos onde o atrito do material com as placas metálicas dentadas

resulta na remoção de partículas da superfície dos grânulos. Este atrito resulta

em um aumento da temperatura no cabeçote de moagem, o que pode

influenciar na forma das partículas e conseqüentemente nas propriedades dos

pós. Se a temperatura no cabeçote de moagem aumentar, as imperfeições nas

partículas (filamentos e rabichos) são reduzidas. Porém a tendência à

aglomeração e a degradação térmica aumentam, resultando em perdas nas

propriedades das partículas.

O formato das partículas afeta diretamente a fluidez a seco do pó e sua

densidade aparente. Quanto mais regular a partícula, melhor a fluidez e maior

a densidade aparente do pó. As seleções adequadas da matéria-prima junto

com as condições de moagem afetam estas características. Na moagem,

quanto maior a temperatura tanto melhor é o formato das partículas, maior é a

densidade aparente e melhor a fluidez a seco do material.

Estes materiais podem ser pigmentados através de dois processos

distintos: um é o processo a seco através de misturadores conhecidos como

Turbo Blender que misturam o polímero ao pigmento à frio, este é mais

econômico, porém possui a desvantagem de o pigmento não incorporar

completamente no polímero, ficando ancorado na superfície externa do

micronizado; já no outro processo são misturados com o auxílio de uma

extrusora, o polimero misturado ao pigmento é processado na extrusora onde é

aquecido até o ponto de fusão resultando assim numa mistura molhada onde

pigmento e polímero se incorporam, possibilitando assim uma coloração mais

Page 39: Rotomoldagem

39

homogenia, melhorando o brilho e a resistência da peça. A desvantagem deste

processo é de expor o polímero a trabalho mecânico na extrusora e

proporcionar um histórico térmico que favorece o consumo de aditivos do

polímero, como os antioxidantes.

O polietileno em estudo é pigmentado por extrusão e conforme definiu

(Nicolette, 2011), o PEAD TRM 0513-000, possui algumas particularidades em

comparação com as resinas convencionais, ou seja, polietilenos lineares de

baixas e médias densidades.

Segundo (NICOLETTE, 2011) as características técnicas que

diferenciam as resinas de alta densidade das resinas convencionais são:

• Energia de contração: A energia de contração das resinas de

polietileno de alta densidade tem valor entre 2,0 e 2,5 vezes o valor da energia

de contração das resinas convencionais.

• Dureza e módulo de flexão: A dureza nominal de uma peça

rotomoldada com resina de PEAD de densidade 0, 957 g/cm³ varia de 65 a 72

Shore D, enquanto que a dureza nominal da mesma peça quando moldada

com resina de PEMDL com densidade de 0, 935 g/cm³ varia de 55 a 62 Shore

A. O módulo de flexão da resina de PEAD (0, 950 g/cm³) é de 1.300 MPa

enquanto que o módulo de flexão de uma resina de PEMDL (0, 935 g/cm³ -

copolímero de Butadieno) é de apenas 550 MPa.

A presença de desmoldante no molde reduz a energia de adesão da

resina fundida na cavidade promovendo a desmoldagem em temperaturas

muito altas, quando a peça ainda não adquiriu estabilidade dimensional,

podendo assim ocorrer deformações e empenamentos, em alguns casos pode-

se contornar algumas anormalidades como estas aplicando-se pressão interna

na peça durante o resfriamento para evitar o empenamento, a pressão máxima

a ser aplicada é de 3 psi e pode ser de ar comprimido ou CO2.

Page 40: Rotomoldagem

40

5 Estudo de caso

A EHR (Caiaker) nasceu há aproximadamente 10 anos da iniciativa de

Ennio Henrique Robba, engenheiro naval formado pela USP, praticante e

grande incentivador da canoagem no Brasil, com o objetivo que era introduzir

no país os caiaques fabricados em polietileno rotomoldado que eram

largamente difundidos no exterior, em especial EUA e Europa mas por aqui

existiam apenas os caiaques fabricados em fibra de vidro, extremamente mais

frágeis e menos duráveis do que aqueles fabricados em polietileno

termoplástico. Os poucos caiaques em polietileno que chegavam ao Brasil por

meio da importação eram extremamente caros, inacessíveis ao público em

geral.

A Caiaker é a maior fabricante de caiaques rotomoldados do Brasil,

parte deste sucesso se dá ao fato de muitos de seus caiaques serem fáceis de

remar, dados esses comprovados por dois produtos que são destinados a

iniciantes e que são líderes de venda no território nacional, são eles o caiaque

“Pingüim”, segundo modelo a ser lançado pela empresa há nove anos,

responsável pela popularização deste tipo de caiaques em nosso país é

também o mais vendido entre todos os modelos de caiaques, outro sucesso é o

“Foca”, modelo de caiaque duplo, ou seja, para duas pessoas, mas com um

diferencial dos demais que é um assento central para criança, este modelo é

também o caiaque duplo mais vendido no Brasil.

Estes dois modelos de caiaques “Pingüim” e “Foca” são do tipo “sit on

top”, ou seja, nestes caiaques o usuário senta-se sobre ele como se pode ver

na figura 11, permanecendo todo o tempo com o corpo livre e acima do nível

da água, o que passa mais segurança a pessoas com pouca ou nenhuma

experiência na prática de remar.

Page 41: Rotomoldagem

41

Figura 11: Caiaques Pingüim vermelho e Foca amarelo.

Fonte: (AUTOR, 2011).

A Caiaker conta atualmente com uma fábrica totalmente adaptada e

voltada a fabricação de seus caiaques, o que possibilita estar em um alto

patamar de qualidade e que tornam possíveis estudos como os realizados para

a dissertação deste trabalho.

5.1 Material

Ao longo destes mais de dez anos a Caiaker no intuito de estar sempre

melhorando, buscou utilizar sempre os melhores produtos para a fabricação

dos caiaques e dentre estes o de maior importância é o tipo de resina

adequada para rotomoldar os caiaques.

Page 42: Rotomoldagem

42

Nos últimos anos o polímero utilizado na moldagem dos produtos

Caiaker vem sendo o Polietileno Linear de Média Densidade TRM 0024-000,

que é um copolímero de buteno aditivado com antioxidantes e anti-UV para

níveis de proteção classe UV-8. Esta resina esta especificada pelo fornecedor

(TRM resinas termoplásticas), como sendo uma resina de excelente

processabilidade, alta resistência à quebra sob tensão ambiental, com boa

resistência ao impacto que pode ser utilizada para aplicações em peças com

geometrias complexas, com perfis de rosca ou com insertos tais como

brinquedos, tanques, reservatórios para produtos químicos, caixas d’água,

paletes, caixas para usos gerais, artigos para laticínios, manequins e peças em

geral.

No quadro 6 estão expostos resultados de ensaio em corpo de prova

injetado com o polímero TRM 0024-000 polietileno linear de media densidade

para rotomoldagem, estes ensaios são realizados pelo fornecedor da resina e

são disponibilizados aos clientes juntamente com outras informações do

produto (Anexo “A”).

Propriedades do Material Injetado Ensaios

Unidades

Método

Valores Típicos

Índice de Fluidez (190ºC / 2,16 Kg) g/10 min ASTM D 1238 4,2

Densidade g/cm³ ASTM D 792 0,935

Resistência ao Impacto J/m ASTM D 256 150

Resist. à Tração no Escoamento MPa ASTM D 638* 17

Alongamento na Ruptura % ASTM D 638* 1.000

Temperatura Inicial de Deposição °C TE-011 - ISQ 125

Temperatura Final de Deposição °C TE-011 - ISQ 140

Ponto de Amolecimento Vicat °C ASTM D 1525 115

Rigidez por Flexão MPa ASTM D 747 450

Res à quebra sob tensão ambiental-ESCR h/F50 ASTM D 1693 400

* velocidade de teste: 50 mm/min

Quadro 6: Resultados em corpo de prova injetado com TRM 0024-000.

Fonte: (TRM RESINAS TERMOPLASTICAS, 2011, sp).

Page 43: Rotomoldagem

43

O TRM 0513-000, polietileno de alta densidade para rotomoldagem tem

seus resultados de ensaios expostos no quadro 7, ensaios estes que foram

realizados em corpo de prova injetado com o polimero. No anexo “B” são

expostos pelo fornecedor maiores detalhes do produto especificado.

Propriedades do Material Injetado Ensaios

Unidades

Método

Valores típicos

Índice de Fluidez (190ºC / 2,16 Kg) g/10 min ASTM D 1238 5,5

Densidade g/cm³ ASTM D 792 0,957

Resistência ao Impacto J/m ASTM D 256 300

Resist. à Tração no Escoamento MPa ASTM D 638* 28

Alongamento na Ruptura % ASTM D 638* 1.000

Temperatura Inicial de Deposição °C TE-011 - ISQ 135

Temperatura Final de Deposição °C TE-011 - ISQ 155

Ponto de Amolecimento Vicat °C ASTM D 1525 125

Rigidez por Flexão MPa ASTM D 747 1355

Dureza Shore D ASTM D 2240 65

* velocidade de teste: 50 mm/min

Quadro 7: Resultados em corpo de prova injetado com TRM 0513-000.

Fonte: (TRM RESINAS TERMOPLASTICAS, 2011, sp).

5.2 Pontos fortes do PEAD

Comparando-se as fichas técnicas e os ensaios dos produtos fica

visível que o desempenho de um caiaque rotomoldado com o polietileno de alta

densidade deverá ser superior, um exemplo é a resistência a impacto, que

chega a ser o dobro da outra resina, a rigidez a flexão que também é muito

maior no PEAD e é requisito importante para um polímero ser utilizado na

moldagem de caiaque.

Levou-se em consideração por parte dos responsáveis pela produção

da empresa Caiaker, a possível troca de resina, o que poderia trazer outros

benefícios a empresa como, por exemplo, a redução de até 10% no peso dos

Page 44: Rotomoldagem

44

caiaques, isso porque devido às melhores características do novo produto,

como maior dureza e maior resistência à tração, ficou claro que seria possível

reduzir a quantidade de material usado na rotomoldagem das peças, o que

traria benefícios ao usuário e ao fabricante dos caiaques, tendo em vista que

os custos dos dois polietilenos são de valores semelhantes para a empresa a

redução de peso seria diretamente redução de custo e aumento de qualidade.

Aos usuários dos caiaques o beneficio se dá do fato de que com menor

peso os caiaques tem maior flutuação, conseqüentemente mais leves para

remar e também transportar manualmente. Tirando-se como exemplo o

caiaque modelo “Foca”, que tem 3,60 metros de comprimento e 0,78 metros de

largura, fabricado com o polietileno linear de media densidade com 35 kg, já

com a nova resina de polietileno de alta densidade passou a 32 kg.

O quadro 8 demonstra alguns modelos de caiaques onde a utilização

do PEAD TRM proporcionou uma redução de custo com a redução da

quantidade de resina em cada peça.

Caiaque modelo Peso c/ PELMD Peso c/ PEAD Red. custo direto.

Resina R$8,00/kg

Foca 35 kg 32 kg 3 x 8,00= R$ 24,00

Pingüim 22 kg 20 kg 2 x 8,00= R$ 16,00

Wave 15 kg 14 kg 1x 8,00= R$ 8,00

Jacaré 25 kg 23 kg 2 x 8,00= R$ 16,00

Lambari 17 kg 15 kg 2 x 8,00= R$ 16,00

Tubarão 27 kg 25 kg 1 X 8,00= R$ 8,00

Aquarius 32 kg 32 kg 0

Quadro 8: Tabela de pesos dos caiaques com PELMD e PEAD e redução de custo.

Fonte: (AUTOR, 2011).

Page 45: Rotomoldagem

45

5.3 Testes práticos

Como é possível perceber no quadro 8, em seis modelos de caiaques

foi possível uma redução significativa de material, mas em um caso, que foi o

caiaque “Aquarius” não, isso porque neste caso os testes iniciais não foram

satisfatórios como nos demais modelos.

Todas as peças que foram rotomoldadas durante os testes seguiram as

recomendações de processo do fabricante da resina (TRM Resinas

Termoplásticas), como a eliminação de desmoldante na cavidade dos moldes

para que a peça permaneça presa na parede do molde durante o resfriamento,

pois a alta energia de contração armazenada em peças moldadas com este

polietileno se não for contida durante a fase de resfriamento até

aproximadamente 70º C (temperatura interna e externa da peça), ocorrerá

empenamento. Foram verificados ainda os respiros dos moldes e a melhor

condição de resfriamento.

Além das recomendações do fabricante para um processamento ideal

do polímero, a primeira peça de cada molde foi rotomoldada com o auxílio de

um equipamento chamado “Rotolog” que é uma ferramenta de diagnóstico para

analisar os ciclos de peças rotomoldadas. Esta ferramenta eletrônica permite o

monitoramento e controle da peça moldada, com a leitura das temperaturas

internas e externas do forno e do molde em tempo real, o equipamento segue

gerando um gráfico (Anexo “C”), que permite saber o tempo e temperatura

ideais de processo para cada peça e polímero.

Nos sete modelos de caiaques demonstrados no quadro 8, foram

realizados testes iniciais com a produção de lotes pilotos dos quais os seis

primeiros modelos, foram aprovados inicialmente no setor de rotomoldagem,

onde verifica-se apenas os pré-requisitos da peça, como cura ideal da resina,

uniformidade entre as espessuras das paredes da peça que é medidas por

ultra-som, verifica-se a ocorrência de deformações, empenamentos, chupados

ou outros defeitos ligados ao processamento da resina.

Após a aprovação do rotomoldado os seis modelos de caiaque

rotomoldados com o PEAD foram montados e submetidos a testes práticos

Page 46: Rotomoldagem

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radicais por um prazo necessário antes de serem definitivamente considerados

aprovados e comercializados.

5.4 Empenamentos

O caiaque “Aquarius” é um modelo exclusivo que conta com uma

particularidade, em seu casco há duas janelas de polimetil-metacrilato

(acrílico), essas janelas são transparentes a fim de permitir que em águas

limpas possa-se ter uma visão subaquática.

Estas janelas no fundo do “Aquarius” são fixadas por meio de uma cola

e parafusos que se prendem a peça através de insertos existentes no casco do

caiaque, no total são 32 insertos, metade deles por baixo e a outra metade por

cima do caiaque.

Figura 12: Caiaque Aquarius.

Fonte: (AUTOR, 2011).

O modelo “Aquarius” ao contrario dos demais modelos, já no inicio dos

testes teve todas as peças reprovadas pelas mesmas deformações,

deformações essas que ocorreram já no processo de moldagem, como se pode

ver na figura a seguir.

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Figura 13: Caiaque reprovado por empenamento.

Fonte: (AUTOR, 2011).

Foram feitas alguns testes adicionais na tentativa de se rotomoldar o

caiaque “Aquarius” com o polietileno de alta densidade TRM 0513-000, para se

eliminar os empenamentos foram feitas algumas tentativas como a

pressurização das peças durante o resfriamento, porém sem sucesso, pois não

há como manter a pressão só no ponto defeituoso, ocorrendo assim uma

deformação de dentro para fora em outros pontos e não a correção onde se faz

necessário como se vê na figura 14.

Figura 14: Deformação causada pela pressurização da peça.

Fonte: (AUTOR, 2011).

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Considerações Finais

O objetivo proposto neste trabalho foi tentar através de pesquisas

bibliográficas e testes práticos, responder sobre as causas de empenamentos

ocorridos em caiaques rotomoldados com o polietileno da alta densidade TRM

0513-000.

A pesquisa foi considerada satisfatória, porém em um dos modelos de

caiaque, após algumas tentativas sem muito sucesso de substituir o polietileno

linear de média densidade pelo polietileno de alta densidade na produção do

caiaque “Aquarius”, considerou-se que tal manobra seria inviável neste

momento.

Desta forma outros estudos poderão ser realizados para melhor

entendimento sobre o tema, tendo em vista que há muito mais a ser abordado

ou aprofundado sobre o assunto.

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