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Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Caju

(RPPN) do Caju

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Plano de Manejo

Reserva Particular do

Patrimônio Natural (RPPN)

do Caju

Page 2: (RPPN) do Caju

i

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Plano de Manejo

Reserva Particular do

Patrimônio Natural (RPPN) do Caju

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Aracaju, SE

2013

Page 3: (RPPN) do Caju

ii

Realização:

Apoio:

XI Edital do Programa de Incentivo às RPPNS da Mata Atlântica

Colaboração:

Page 4: (RPPN) do Caju

iii

Equipe Técnica1

Lauro Rodrigues Nogueira Júnior –

coordenador geral

Engenheiro-agrônomo, doutor em Recursos

Florestais, especialista em gestão ambiental e

recuperação de áreas degradadas, pesquisador da

Embrapa Tabuleiros Costeiros,

[email protected].

Adenir Vieira Teodoro

Engenheiro-agrônomo, doutor em Entomologia,

pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Amaury da Silva dos Santos

Engenheiro-agrônomo, doutor em Produção

Vegetal, especialista em Agroecologia, pesquisador

da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Carlos Roberto Martins

Engenheiro-agrônomo, doutor em Agronomia,

especialista em Sistemas de Produção Sustentável,

pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Erivaldo Fonseca Moraes

Técnico-agrícola, supervisor do Campo

Experimental de Itaporanga, técnico da Embrapa

Tabuleiros Costeiros.

Fernanda Amorim Souza

Historiadora, especialista em Organização

Comunitária, analista da Embrapa Tabuleiros

Costeiros.

1 Comissão nominada pelo chefe-geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Edson Diogo

Tavares, por meio da Ordem de Serviço Interna, n.o 064/11, de 24 de outubro de

2011,responsável pela elaboração do Plano de Manejo da RPPN do Caju.

Page 5: (RPPN) do Caju

iv

Fernando Fleury Curado

Engenheiro-agrônomo, doutor em Desenvolvimento

Sustentável, pesquisador da Embrapa Tabuleiros

Costeiros.

Inácio Barros

Engenheiro-agrônomo, doutor em Agronomia,

especialista em Sistemas de Produção Sustentável,

pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Joézio Luiz dos Anjos

Engenheiro-agrônomo, doutor em Agronomia,

especialista em Fertilidade e Manejo do Solo,

pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Luciana Marques de Carvalho

Bióloga, doutora em Fitotecnia, especialista em

plantas medicinais, pesquisadora da Embrapa

Tabuleiros Costeiros.

Márcia Helena Galina

Técnica em Agrimensura, Graduada em Tecnologia

da Informática e Geografia, doutora em Geografia,

especialista em Sensoriamento Remoto e

Geoprocessamento, pesquisadora da Embrapa

Tabuleiros Costeiros.

Maria Salete Alves Rangel

Bióloga, especialista em Biologia Geral,

pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Raquel Fernandes de Araújo Rodrigues

Comunicólogo, mestre em Agroecossistemas,

analista da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Page 6: (RPPN) do Caju

v

Colaboradores

Alyne Fontes Rodrigues de Melo

Estudante de Engenharia Florestal da Universidade

Federal de Sergipe (UFS), estagiária da Embrapa

Tabuleiros Costeiros.

Shalana Santos Carvalho

Estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária da

Universidade Federal de Sergipe (UFS), estagiária

da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

José Waldson Costa de Andrade

Geógrafo, Diretor de Meio Ambiente da Sociedade

Semear

Cleverson Matos Santos

Técnico-agrícola, técnico da Embrapa Tabuleiros

Costeiros.

Saulo Nunes Coelho

Jornalista, especialista em Comunicação e Meios

Digitais, analista da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Fotos

Alyne Fontes Rodrigues de Melo, Carlos Roberto

Martins, Lauro Rodrigues Nogueira Júnior, Maria

Salete Alves Rangel e Shalana Santos Carvalho.

Page 7: (RPPN) do Caju

vi

Apresentação

A Embrapa Tabuleiros Costeiros tem como missão viabilizar soluções de

pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura

nos tabuleiros costeiros em benefício da sociedade brasileira. Na busca desse

desafio a Unidade tem consciência que uma de suas tarefas fundamentais é

contribuir para a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade seja a

partir de suas pesquisas científicas seja diretamente como definiu ao constituir

a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Caju.

Decidir implantar uma RPPN não é uma decisão simples seja para

indivíduos seja para instituições. Essa decisão requer coragem, determinação e

compromisso com a natureza, com as atuais e futuras gerações, pois sabemos

que não se trata de uma decisão momentânea nem reversível, é uma decisão

para sempre.

Assim a Embrapa pretende fazer a sua parte, colaborando na

conservação daquele que é um dos mais exuberantes e ao mesmo tempo um

dos mais ameaçados biomas brasileiros, a Mata Atlântica. Dessa forma a

RPPN do Caju assume elevada importância por ser dotada de ecossistemas

naturais (Mangue, Restinga, Dunas e Apicum) de grande relevância ambiental

e profunda beleza cênica. Os remanescentes de Manguezal da reserva tem

grande importância pela preservação da vida marinha atuando como “berçário”

natural de diversas espécies, e por manter estável o fluxo de sedimentos no

estuário do Rio Vaza Barris.

Inserida numa região rica em tradições e cultura presentes em diversas

comunidades rurais, a RPPN do Caju possui uma vocação natural para a

educação ambiental e para a pesquisa científica que oriente o uso sustentável

dos recursos renováveis e dos processos ecológicos, fundamentais para que

se promova um desenvolvimento rural sustentável.

Neste contexto, e tendo como guia o “Roteiro Metodológico para

Elaboração de Plano de Manejo”, o presente Plano traz uma série de

programas e projetos a serem desenvolvidos num lapso temporal de cinco

anos.

Edson Diogo Tavares

Chefe Geral

Embrapa Tabuleiros Costeiros

Page 8: (RPPN) do Caju

1

Sumário

1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________________ 7

1.1. Informações Gerais: histórico e acesso ____________________________________ 9

1.2. Ficha resumo ____________________________________________________________ 10

2. DIAGNÓSTICO _______________________________________________________________ 12

2.1. Caracterização da RPPN do Caju _________________________________________ 12

2.1.1. Meio físico: solo, relevo e clima _________________________________________________________ 12

2.1.2. Meio biológico: flora e fauna ____________________________________________________________ 14

2.1.3. Aspectos históricos e culturais __________________________________________________________ 15

2.1.4. Atividades desenvolvidas na RPPN _____________________________________________________ 16

2.1.5. Ameaças externas ____________________________________________________________________ 17

2.2. Caracterização do Campo Experimental de Itaporanga - CEI ________________ 18

2.2.1. Sistema de gestão e pessoal ___________________________________________________________ 19

2.2.2. Infraestrutura _________________________________________________________________________ 20

2.2.3. Equipamentos ________________________________________________________________________ 28

2.1.4. Atividades desenvolvidas no CEI________________________________________________________ 29

2.2.5. Recursos financeiros e formas de cooperação ____________________________________________ 32

2.3. Caracterização do entorno _______________________________________________ 33

2.3.1. Atividades presentes __________________________________________________________________ 33

2.3.2. Comunidades presentes _______________________________________________________________ 38

2.4. Significância e conectividade _____________________________________________ 45

3. PLANEJAMENTO ____________________________________________________________ 47

3.1. Objetivos específicos ____________________________________________________ 47

3.2. Zoneamento _____________________________________________________________ 47

3.2.1. Zona silvestre ________________________________________________________________________ 52

3.2.2. Zona de proteção _____________________________________________________________________ 52

3.2.3. Zona de visitação _____________________________________________________________________ 53

3.2.4. Zona de transição _____________________________________________________________________ 54

3.2.5. Zona de recuperação __________________________________________________________________ 54

3.3. Programas de manejo ____________________________________________________ 55

3.3.1. Programa de gestão ___________________________________________________________________ 56

3.3.2. Programa de proteção e fiscalização ____________________________________________________ 58

Page 9: (RPPN) do Caju

2

3.3.3. Programa de pesquisa e monitoramento _________________________________________________ 59

3.3.4. Programa de comunicação _____________________________________________________________ 60

3.3.5. Programa de educação ambiental _______________________________________________________ 62

3.4. Projetos específicos _____________________________________________________ 63

3.4.1. Gestão da RPPN do Caju ______________________________________________________________ 64

3.4.2. Proteção e fiscalização da RPPN do Caju ________________________________________________ 64

3.4.3. Pesquisa e monitoramento da RPPN do Caju ____________________________________________ 65

3.4.4. Comunicação da RPPN do Caju ________________________________________________________ 65

3.4.5. Educação ambiental da RPPN do Caju __________________________________________________ 66

3.5. Cronograma de atividades e custos _______________________________________ 67

4. INFORMAÇÕES FINAIS _______________________________________________________ 68

4.1. Anexos _________________________________________________________________ 68

4.1.1 Reunião sobre o Plano de Manejo da RPPN do Caju com comissão externa _________________ 68

4.1.2 Oficina "Conhecimento Territorial e Planejamento da RPPN do Caju" ________________________ 70

4.1.3 Diagnóstico Participativo na Ilha Mem de Sá ______________________________________________ 77

4.1.4 Diagnóstico Participativo nos assentamentos Darcy Ribeiro e Padre Jósimo Tavares __________ 85

4.1.5 Diagnóstico Participativo no assentamento Dorcelina Folador _______________________________ 91

4.1.6 Diagnóstico Participativo no Povoado Paruí _______________________________________________ 95

4.1.7 Oficina final com comunidades do entorno da RPPN do Caju ______________________________ 101

4.2. Referências Bibliográficas ______________________________________________ 107

4.3. Bibliografia Consultada _________________________________________________ 109

Page 10: (RPPN) do Caju

3

Lista de figuras e tabelas

Figura 1. Campo Experimental de Itaporanga (CEI). ________________________________ 10

Figura 2. Rodovia SE 100 que dá acesso à RPPN do Caju (a) e entrada do CEI (b). _______ 10

Figura 3. Restinga (superior), Apicum (meio) e Manguezal (inferior). ___________________ 13

Figura 4. Duna na RPPN do Caju. ______________________________________________ 14

Figura 5. Ponto de parada de pescadores e catadores de maçunin. ____________________ 16

Figura 6. Acesso à trilha da porteira. ____________________________________________ 17

Figura 7. Ocorrência de incêndio em áreas limítrofes (Faz. Estrela Dalva e rodovia SE 100). 18

Figura 8. Espécies ornamentais. ________________________________________________ 18

Figura 9. Área Experimental do CEI. ____________________________________________ 19

Tabela 1. Equipe (Funcionários e Terceirizados) do Campo Experimental de Itaporanga. ___ 20

Figura 10. Equipe (Funcionários e Terceirizados) do Campo Experimental de Itaporanga. __ 20

Figura 11. Casa que abriga a área administrativa e cozinha. __________________________ 20

Figura 12. Cozinha equipada. __________________________________________________ 21

Figura 13. Auditório e banheiros com fossa séptica a direita. _________________________ 21

Figura 14. Alojamento e residência para funcionários. _______________________________ 21

Figura 15. Galpão de máquinas e equipamentos e laboratório de recursos genéticos. ______ 22

Figura 16. Sistemas agroflorestais. ______________________________________________ 22

Figura 17. Vermicompostagem. ________________________________________________ 23

Figura 18. Policultivo. ________________________________________________________ 23

Figura 19. Biogel. ___________________________________________________________ 24

Figura 20. Fossa séptica biodigestora. ___________________________________________ 24

Figura 21. Plantas medicinais. _________________________________________________ 25

Figura 22. Bancos ativos de germoplasma (BAG) de coco e mangaba. _________________ 25

Tabela 2. Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Coco. ____________________________ 26

Tabela 3. Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Mangaba. _________________________ 27

Figura 23. Estação meteorológica e cisterna utilizada para irrigação. ___________________ 28

Figura 24. Entorno da RPPN do Caju. ___________________________________________ 34

Figura 25. Atividades desenvolvidas no entorno da RPPN do Caju. ____________________ 35

Figura 26. Ponte sobre o Rio Vaza Barris. ________________________________________ 36

Figura 27. Pomar (quintal) com mangabeiras em assentamento rural. __________________ 37

Figura 28. Atividades extrativistas no rio Paruí. ____________________________________ 38

Figura 29. Rio Paruí, principal acesso à Ilha Mem de Sá. ____________________________ 39

Figura 30. Escola Municipal Waldemar Fontes Cardoso. _____________________________ 40

Page 11: (RPPN) do Caju

4

Figura 31. Tipos de casas existentes na Ilha Mem de Sá (alvenaria e taipa). _____________ 40

Figura 32. Escola do povoado e exemplo da casa de taipa existente na comunidade. ______ 41

Figura 33. Quintais das casas no assentamento Darcy Ribeiro e Padre Jósimo. __________ 42

Figura 34. Quintais, casas e Escola Municipal Vice Govª Marília Mandarino. _____________ 43

Figura 35. Beleza cênica da região estuarina do rio Vaza Barris. ______________________ 45

Figura 36. Cobertura do solo: 1-Landsat5 06/2004; 2-Landsat8 06/2013; e 3-RapidEye 2013. 50

Figura 37. Zoneamento da RPPN do Caju. _______________________________________ 51

Figura 38. Zona Silvestre. _____________________________________________________ 52

Figura 39. Zona de Proteção. __________________________________________________ 53

Figura 40. Zona de Visitação. __________________________________________________ 54

Figura 41. Zona de Transição. _________________________________________________ 54

Figura 42. Zona de Recuperação. ______________________________________________ 55

Tabela 4. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Gestão. ___________________ 64

Tabela 5. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Proteção e Fiscalização. ______ 65

Tabela 6. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Pesquisa e Monitoramento. ___ 65

Tabela 7. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Comunicação. ______________ 66

Tabela 8. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Educação Ambiental. ________ 66

Tabela 9. Estimativa de custo de implantação do Plano de Manejo da RPPN do Caju. _____ 67

Page 12: (RPPN) do Caju

5

Lista de siglas

APA: Área de Proteção Ambiental

BAG: Banco Ativo de Germoplasma

CBD: Convention on Biological Diversity

Cefac: Centro Comunitário de Formação em Agropecuária Dom José Brandão de Castro

Cefet: Centro Federal de Educação Tecnológica

CEI: Campo Experimental de Itaporanga

CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Congent: Rede Internacional de Recursos Genéticos de Coco

Deso: Companhia de Abastecimento de Água de Sergipe

DOU: Diário Oficial da União

DOS: Dark Object Subtraction

DRP: Diagnóstico Rural Participativo

Embrapa: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Emdagro: Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe

Ibama: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBio: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

ICG-LAC: Banco Internacional de Germoplasma de Coco para América Latina e Caribe

IFS: Instituto Federal de Sergipe

Incra: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

Iphan: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

MOA: Memorando de Entendimento

NCO: Núcleo de Comunicação Organizacional

ONG: Organização Não Governamental

PAIS: Produção Agroecológica Integrada Sustentável

Petrobras: Petróleo Brasileiro S.A.

Resea: Rede Sergipana de Agroecologia

Resex: Reserva Extrativista

RPPN: Reserva Particular do Patrimônio Natural

SAF: Sistema Agroflorestal

Sebrae: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Page 13: (RPPN) do Caju

6

SGI: Setor de Gestão da Infraestrutura

SGP: Setor de Gestão de Pessoas

SIG: Sistema de Informação Geográfica

SIPT: Setor de Gestão da Implementação da Programação de Transferência de

Tecnologia

SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SOF: Setor de Gestão Orçamentária e Financeira

UC: Unidade de Conservação

UFS: Universidade Federal de Sergipe

Unit: Universidade Tiradentes

Page 14: (RPPN) do Caju

7

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, um dos mecanismos amplamente empregado para a conservação da

biodiversidade é as Unidades de Conservação (UCs). De forma positiva, as UCs

cumprem uma série de funções ou serviços ambientais (regulação do clima – ciclo da

água e do carbono –, turismo, conservação da natureza, disponibilização de

fármacos, segurança alimentar entre outros) cujos benefícios são usufruídos por

grande parte da população brasileira, inclusive por setores econômicos em contínuo

crescimento. Apesar destes benefícios, os processos de criação e consolidação

destas áreas são complexos, pois dependem da integração de fatores burocráticos,

técnicos, econômicos, ambientais e sociais para a sua implantação. Por diversas

vezes depara-se com setores da sociedade que não compreendem ou desconhecem

a importância da criação destas áreas e que consideram o desenvolvimento e a

conservação opostos. Neste sentido, nota-se que o Estado de Sergipe vem se

esforçando para o estabelecimento de UCs, tanto de âmbito federal quanto estadual

(GOMES et al., 2006).

Assinada na Rio 92 por 155 países, a Convenção da Diversidade Biológica

(Conventionon Biological Diversity) (CBD, 2013) é um tratado internacional para

sustentar a rica diversidade de vida na Terra, e que hoje conta com 192 países

aderentes. No Brasil, a CBD passou a vigorar em fevereiro de 1994, sendo que as

UCs transformaram-se em locais essenciais para se garantir a conservação da

biodiversidade e atingir a meta assumida, que no caso do Brasil é de 10% do território

Nacional. Tendo como compromisso instituído no artigo 8 da CBD, o estabelecimento

de áreas protegidas pode ser apontado como um dos maiores desafios dessa

Convenção. Assim, tanto o poder publico quanto a sociedade civil precisam unir

esforços para que realmente se amplie a consolidação da CBD em âmbito nacional.

O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)

(BRASIL, 2000) foi criado por meio da Lei no 9.995, de julho de 2000, que estabelece

critérios e normas para a criação, implementação e gestão das UCs federais. Estas

UCs são subdividas em: unidades de proteção integral – Estação Ecológica,

Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vidas

Silvestres; e unidades de uso sustentável – Área de Proteção Ambiental, Área de

Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de

Page 15: (RPPN) do Caju

8

Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio

Natural.

De acordo com o SNUC, o objetivo básico das UCs de proteção integral “é

preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos

naturais”, isto é, usos que não envolvam o consumo, coleta, dano ou destruição de

tais recursos. Já as UCs de uso sustentável têm como objetivo “compatibilizar a

conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos

naturais”, sendo o uso sustentável entendido como a “exploração do ambiente de

maneira a garantir a perenidade dos recursos renováveis e dos processos ecológicos,

de forma socialmente justa e economicamente viável”.

As UCs podem ser criadas no âmbito Federal, Estadual ou Municipal, sendo

que onze dessas categorias são geridas pelo poder público e uma pela iniciativa

privada, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). As RPPNs representam

o esforço da sociedade (pessoas jurídicas ou físicas) na implementação do SNUC e

na conservação da biodiversidade brasileira. Por constituírem áreas privadas de

proteção, criadas a partir do pedido do proprietário, não ensejam qualquer tipo de

indenização por parte do Poder Público. Desse modo, a criação de RPPN é

extremamente vantajosa para o Estado, uma vez que se alcança um alto grau de

proteção ambiental sem a necessidade de se usar recursos públicos. Todavia,

estratégias de conservação precisam ser firmadas em um Plano de Manejo, o qual

deve ser avaliado e aprovado por instâncias do ICMBio.

Relacionada à ideia de conservação da natureza, a ideia de sustentabilidade

dos recursos naturais está diretamente ligada ao uso dos territórios detentores de

biodiversidade, seja para atender as necessidades no presente ou como reserva para

usos futuros. Contudo, a questão de sustentabilidade não está ligada somente a

proteção dos recursos naturais, mas também, envolve a defesa de interesses e das

condições de vida dos sujeitos sociais que dependem direta e/ou indiretamente da

proteção de tais recursos (SILVA; SOUZA, 2009).Nessa perspectiva de

sustentabilidade, a Embrapa Tabuleiros Costeiros, em parceria com outras

instituições, vem desenvolvendo ações de formação, experimentação e diálogo de

conhecimento com enfoque agroecológico para as comunidades do entorno da RPPN

do Caju. Isto visa amenizar os problemas sociais, econômicos e ambientais

existentes, relacionados com o uso inadequado do solo e da vegetação.

Page 16: (RPPN) do Caju

9

Atendendo as normas do SNUC, neste Plano de Manejo apresentam-se o

Diagnóstico e o Planejamento da RPPN do Caju, os quais seguiram o “Roteiro

Metodológico para Elaboração de Plano de Manejo” (FERREIRA et al., 2004).

1.1. Informações Gerais: histórico e acesso

O Campo Experimental de Itaporanga – CEI (Figura 1) foi adquirido pela

Embrapa em 1979 com o objetivo de fomentar a pesquisa científica e técnica sobre a

cultura do coqueiro. O CEI era uma fazenda com muitos cajueiros, regionalmente

conhecida como Fazenda do Caju. Nos primeiros 15 anos, alguns trabalhos de

pesquisa foram executados, sendo que em 2000 foi iniciada a instalação de um

Banco Internacional de Germoplasma de Coco e a recuperação das infraestruturas,

bem como instalada a rede elétrica.

Por se localizar numa região socialmente e ambientalmente

diferenciada/privilegiada, funcionários da Embrapa perceberam um potencial de

conservação de determinada fração da área. Assim, iniciou-se em 2002 um processo

de transformação de parte do CEI em uma RPPN de âmbito federal. Após um longo

trâmite jurídico devido a Embrapa ser uma Empresa Publica, a RPPN do Caju foi

registrada no Diário Oficial da União (DOU) pela Portaria no4, de 17 de janeiro de

2011 (BRASIL, 2011).

O CEI está localizado no município de Itaporanga d’Ajuda, a 41 km da sede do

município e a 29 km de Aracaju, no km 24 da rodovia SE 100 (Figura 2). Limita-se ao

norte com o rio Vaza-Barris, ao sul com a Fazenda Paruhy, ao leste com a Fazenda

Estrela Dalva e ao oeste com o Rio Paruí (Figura 1). Da área total do CEI (911 ha),

763,37 ha são destinados para a RPPN do Caju e 147,45ha são destinados a

experimentos de pesquisa científica e técnica.

Page 17: (RPPN) do Caju

10

Figura 1.Campo Experimental de Itaporanga(CEI).

Figura 2. Rodovia SE 100 que dá acesso à RPPN do Caju (a) e entrada do CEI (b).

Page 18: (RPPN) do Caju

11

1.2. Ficharesumo

Nome da RPPN RPPN do Caju

Nome do proprietário Embrapa Tabuleiros Costeiros

Nome do Representante Edson Diogo Tavares

Contato (79) 4009-1300; Fax: (79) 4009-1369

Endereço do CEI Km 24 da rodovia SE 100

Endereço para correspondência Av. Beira Mar n° 3250, Aracaju – SE, CEP: 49025-040

Home Page www.cpatc.embrapa.br/reservadocaju

Superfície da Unidade de Conservação 763,37 hectares

Principal município de acesso à RPPN Aracaju

Município e estado abrangido Itaporanga d’Ajuda/ SE

Coordenadas geográficas Extremas

Norte: 85°48'38.09"L; 37°18'39.09"S

Sul: 52°4'55.37"L; 28°21'50.86"S

Leste: 61°4'32.69"L; 22°15'1.62"S

Oeste: 25°24'8.48"L; 61°15'42.72"S

Data da criação e Número da portaria 17 de janeiro de 2011. Portaria no4.

Marcos de referências importantes nos limites e confrontantes

Vértice AFXPM161,de coordenadas N 8.772.831,068 m e E 697.902,666 m, situado na divisa da ÁREA DA MARINHA, no limite da margem do RIO VAZA BARRIS;

Vértice AFXME425, de coordenadas N 8.771.110,590 m e E 699.126,270 m, situado na margem do RIO VAZA BARRIS e a FAZENDA ESTRELA DALVA;

VérticeAFXME436, de coordenadas N 8.766.691,612 m e E 696.213,134 m, situado no limite da faixa de domínio da RODOVIA SE-100 e a FAZENDA PARUHY;

Vértice AFXPM101, de coordenadas N 8.766.365,941 m e E 694.986,665 m, situado na FAZENDA PARUHY e na margem do RIACHO DO PARUÍ;

Vértice AFXPM197, de coordenadas N 8.772.081,957 m e E 697.691,119 m, situado na ÁREA DA MARINHA e na ÁREA EXPERIMENTAL DA FAZENDA CAJU.

Bioma e ecossistemas Mata Atlântica (manguezal, restinga e apicum)

Distâncias dos centros urbanos mais próximos

29 km de Aracaju e a 41 km da Itaporanga d’Ajuda.

Meio principal de chegada à UC Rodovia SE 100

Atividades ocorrentes

Pesquisas científicas, Visitas de interpretação e educação ambiental, proteção física, atividades de relacionamento com as comunidades do entorno.

Page 19: (RPPN) do Caju

12

2. DIAGNÓSTICO

Apesar da Embrapa ser uma instituição de Pesquisa, a RPPN do Caju ainda

não conta com estudos específicos que possam lhe prover uma profunda

caracterização, principalmente em relação ao meio físico e biológico. Para suprir esta

carência de informações básicas, foram realizadas cinco oficinas com comunidades

do entorno mais próximas da RPPN do Caju. Estas oficinas realizadas com as

comunidades locais possibilitaram apresentar as características mais comuns do

entorno e da RPPN do Caju.

Visando um melhor entendimento do panorama geral em que se encontra a

RPPN do Caju, o diagnóstico focou a RPPN do Caju, o Campo Experimental de

Itaporanga (CEI) e o Entorno, os quais são descritos nos subitens correlatos.

2.1. Caracterização da RPPN do Caju

Com uma área de 763,37 hectares, a RPPN do Caju representa a maior parte

do CEI (Figura 1). O CEI compõe-se de ecossistemas associados ao bioma Mata

Atlântica, como a Restinga, o Mangue e o Apicum (Figura 3), formando um segmento

geoambiental típico de Baixada Litorânea como unidade de paisagem(SILVA et al.,

1993).

Mesmo sem um consistente conhecimento da área, a caracterização da RPPN

do Caju está descrita em cinco subitens, nos quais buscamos dar uma visão dos

aspectos mais importantes no contexto atual, a saber:

2.1.1. Meio físico: solo, relevo e clima

Por se encontrar na paisagem de Baixada Litorânea, a RPPN do Caju é

ocupada por solos arenosos e de baixa fertilidade natural (SILVA et al., 1993;

ARAUJO FILHO et al., 1999). Com relevo predominantemente plano, tendo pequenas

áreas de relevo suave ondulado, ocorrem três áreas com cotas distintas: a primeira

com cotas menores que dois metros, correspondendo aos mangues, onde o relevo é

predominantemente plano; a segunda apresenta cotas entre dois e cinco metros, cujo

relevo também é plano, porém com ocorrência de algumas áreas abaciadas; a

terceira área possui cotas entre cinco e dez metros, com relevo plano e suave

Page 20: (RPPN) do Caju

13

ondulado. Altitudes acima de dez metros são encontradas em pequenas áreas

ocupadas por dunas (Figura 4), com relevo suave ondulado e ondulado.

Figura 3. Restinga (superior), Apicum (meio) e Manguezal (inferior).

(a) (b) (c) (d) (e) (f)

Page 21: (RPPN) do Caju

14

Figura 4. Duna na RPPN do Caju.

De acordo com a classificação de Koppen, ocorre na área uma zona

megatérmica com a variedade As’ (SILVA et al., 1993). O regime é o tropical com

verão seco e com estação chuvosa se adiantando para o outono. Levando-se em

consideração a classificação de Gaussen, verifica-se a existência de uma região com

clima mediterrâneo quente ou nordestino subseco, com índice xerotérmico de 0-40,

com um a três meses secos e precipitação pluviométrica média anual, normalmente

superior a 1.250mm.

2.1.2. Meio biológico: flora e fauna

A RPPN do Caju é margeada em grande parte por faixas de Manguezal dos

Rios Vaza Barris e Paruí (Figura1). No seu interior são encontradas ilhas de

vegetação de Restinga em mosaico, caracterizadas por comunidades vegetais que

recebem influência direta das águas do mar. Os apicuns são encontrados em boa

parte da área, sempre entre o Mangue e a Restinga. Tanto as faixas de Mangue,

quanto as ilhas de vegetação de Restinga abrigam importantes espécies da flora

regional. Com destaque tem-se a Mangabeira (Hancorniaspeciosa Gomez), planta

símbolo do Estado de Sergipe (SERGIPE, 2013) e o Cajueiro (Anacardiumoccidentale

L.), planta símbolo do município de Aracaju.

De acordo com o estudo realizado por Rangel et al. (2007) foram identificadas

as seguintes espécies arbustivas e arbóreas na RPPN do Caju: sucupira

(Bowdichiavirgilioides), murici (Byrsonimasericea), pau-pombo (Tapiriraguianensis),

Page 22: (RPPN) do Caju

15

gabiroba (Campomonesia sp.) ingá de cabelo (Inga sp.), sambaíba (Curatella

americana), aroeira da praia (Schinusterebinthifolius), cajueiro

(Anacardiumoccidentale), amescla (Protiumheptaphyllum), embaúba

(Cecropiapachystachia), mangaba (Hancorniaspeciosa), araçá-mirim (Psidium sp.),

angelim (Andirafraxinifolium), ingá lisa (Inga sp.), louro (Ocotea sp.), murta (Eugenia

sp.), biriba (Eschweileraovata), pau-de-leite (Hymathantussp), bacupari

(Garciniagardneriana) e grão-de-galo (Swartzia sp.). Estudando a regeneração

natural sob árvores isoladas de Mangabeira, Cajueiro, Murici e Angelim em área de

Restinga na RPPN do Caju, Vieira et al. (2009 b), encontraram plântulas das

seguintes espécies: Cambuí (Myrciaria sp.), Louro (Ocoteaglomerata (Nees) Mez),

Pau-Pombo (TapiriraguianensisAubl.), Buracinza (Hirtelaciliata Mart. e Zucc), Caju

(Anacardiumoccidentale L.), Juá (Ziziphusjoazeiro Mart.), Murici (Byrsonimasericea

DC.) e Araticum (Annonaceae spp.).

A fauna na RPPN do Caju está representada por espécies residentes, semi-

residentes e visitantes, destacando-se indivíduos dos seguintes grupos: moluscos

(lambreta, caramujos, maçunins, unha de velha e ostras), anelídeos, crustáceos

(camarões, cracás e caranguejos – aratu, siri, guaiamu, caranguejo-uça), insetos,

peixes (robalo, tainha), anfíbios, répteis, aves, mamíferos, entre outros. Vale destacar,

que tanto a fauna quanto a flora carecem de estudos mais detalhados na RPPN do

Caju.

2.1.3. Aspectos históricos e culturais

Uma área historicamente conhecida tanto pela população local quanto pelos

funcionários da Embrapa é denominada de “sitio da mangabeira”. Local de uma antiga

casa de trabalhador da Fazenda do Caju, nesta área ocorre uma notável presença de

indivíduos de mangaba, principalmente os indivíduos adultos, bem como indivíduos

senescentes de coqueiro. Esta área é bem próxima ao rio Paruí e conserva indícios

de parada para descanso de pescadores e catadores de crustáceos e indícios de

coleta de coco seco. Além disso, na margem do rio Paruí existem evidências e relatos

de alguns pontos de parada de pescadores e catadores de crustáceos (Figura 5).

Page 23: (RPPN) do Caju

16

Figura 5. Ponto de parada de pescadores e catadores de maçunin.

Além disso, há indícios de um sitio arqueológico no interior da RPPN do Caju,

muito provavelmente de comunidades indígenas sem representatividade na região no

momento (FREITAS, 2011). Este é uma informação que deverá ser averiguada

durante a execução do Plano de Manejo ora proposto.

2.1.4. Atividades desenvolvidas na RPPN

Na área da RPPN do Caju são realizadas atividades de Educação Ambiental

com estudantes, utilizando trilhas para interpretação da natureza e reflexões sobre a

dinâmica dos ecossistemas litorâneos. Na RPPN do Caju, também ocorrem pesquisas

que envolvem a conservação da natureza, voltadas a infraestrutura de apoio a

atividades de turismo (mapeamento de trilhas e equipamentos para o turismo).

Nas atividades de Educação Ambiental são utilizadas duas trilhas:

A trilha da “Ilha do Boi” segue em direção ao Rio Paruí e está localizada em

área aberta, onde se pode visualizar elementos característicos de restinga,

mangue e apicum, bem como uma bela paisagem as margens do Rio Paruí.

A trilha da porteira (SILVA & VIEIRA, 2009; FREITAS, 2011), de fácil acesso e

relativamente curta está localizada em uma área de floresta, onde é possível

visualizar uma Restinga bem conservada, bem como áreas sob processo de

sucessão ecológica após queimada. Esta é a principal trilha usada em ações

de educação ambiental (Figura 6).

Page 24: (RPPN) do Caju

17

Figura 6. Acesso à trilha da porteira.

2.1.5. Ameaças externas

A expansão imobiliária, a facilidade de acesso (Rodovia SE 100), o extrativismo

predatório e o fogo compõem um conjunto de ameaças externas a integridade

ambiental da RPPN do Caju.

Quanto à expansão imobiliária, se destaca a Fazenda Estrela Dalva que faz

divisa com a RPPN do Caju em aproximadamente 5.456 m. Esta fazenda é

propriedade da Empresa Norcon Rossi, a qual é uma joint-venture de duas

incorporadoras e construtoras (Norcon e Rossi) da região nordeste. Nesta

propriedade é realizada roçagens periódicas de uma área limítrofe ao perímetro leste

(3.067 m) da RPPN do Caju. Além da roçagem, nesta fazenda é empregado o fogo

para a limpeza do terreno, o qual geralmente avança nas áreas de Restinga e dificulta

os processos naturais de regeneração (Figura 7).

Atualmente, pode-se dizer que fogo constitui-se na principal ameaça a

conservação da natureza na RPPN do Caju, especialmente o fogo oriundo da

Fazenda Estrela Dalva, Fazenda Paruhy e das margens da rodovia SE 100. Neste

ano de 2013 a acentuada seca que ocorreu na região Nordeste também influenciou

numa considerável ocorrência de incêndio, cinco ao todo.

Page 25: (RPPN) do Caju

18

Figura 7. Ocorrência de incêndio em áreas limítrofes(Faz. Estrela Dalva e rodovia SE

100).

A coleta de espécies ornamentais na região(Figura 8), como as bromélias, as

orquídeas e as cabeças-de-frade é uma atividade que vem apresentando vestígios de

ocorrência, sendo realizada de forma clandestina.

Figura 8. Espécies ornamentais.

2.2. Caracterização do Campo Experimental de Itaporanga - CEI

Além de comportar a RPPN do Caju descrita acima, o CEI também comporta a

área experimental, na qual se encontra toda a infraestrutura (Figura 9). Considerando

principalmente a área experimental, a seguir serão descritas algumas características

do CEI que apontam para o potencial de apoio que pode ser compartilhado com a

RPPN do Caju.

Page 26: (RPPN) do Caju

19

Figura 9. Área Experimental do CEI.

2.2.1. Sistema de gestão e pessoal

O sistema gerencial do CEI está vinculado a Chefia Adjunta de Administração

da Embrapa Tabuleiros Costeiros. Além do supervisor, o campo experimental possui

seis funcionários responsáveis pelos trabalhos de campo (Tabela 1 e Figura 10).

Atualmente, estes funcionários estão sob a supervisão do Técnico Erivaldo Fonseca

Moraes, o qual é responsável pelo CEI. Além destes funcionários, o CEI conta com o

apoio de três trabalhadores de campo de empresa especializada contratada pela

Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Page 27: (RPPN) do Caju

20

Tabela 1.Equipe (Funcionários e Terceirizados) do Campo Experimental de

Itaporanga.

Funcionário Cargo Área

Antônio Nascimento Assistente B Campo

Cleverson Matos Santos Técnico B Técnico Agrícola

Erivaldo Fonseca Moraes Técnico A Supervisor

Esivaldo da Conceição Assistente B Campo

José Eduardo de Araújo Pereira Assistente C Campo

Jaconias Ferreira Assistente B Campo

Manuel Messias Cardoso Assistente B Campo

Figura 10.Equipe (Funcionários e Terceirizados) do Campo Experimental de

Itaporanga.

2.2.2. Infraestrutura

O CEI conta com uma boa infraestrutura, a saber:

Área administrativa (Figura 11) equipada com informática e mobiliário.

Figura 11. Casa que abriga a área administrativa e cozinha.

Page 28: (RPPN) do Caju

21

Cozinha equipada com geladeira, freezer, liquidificador, fogão, mesas, estantes

e armários (Figura 12).

Figura 12. Cozinha equipada.

Auditório com capacidade de até 40 pessoas e equipado com poltronas fixas

com pranchetas, projetor de multimídia, bebedouro, mesas e banheiros

masculino e feminino com fossa séptica (Figura 13).

Figura 13. Auditório e banheiros com fossa séptica a direita.

Alojamento para parceiros (UNIT e UFS) e residência para funcionários, os

quais são equipados com beliches, ventiladores e roupeiros (Figura 14).

Figura 14. Alojamento e residência para funcionários.

Page 29: (RPPN) do Caju

22

Banheiros externos, depósito de óleo, galpão de máquinas e equipamentos,

laboratório (Núcleo de Caracterização de Recursos Genéticos) (Figura 15).

Figura 15. Galpão de máquinas e equipamentos e laboratório de recursos genéticos.

Cercas de delimitação externa e interna, poço artesiano e rede de energia.

No CEI existem “vitrines agroecológicas” que vêm sendo utilizadas para

atividades de vivência, experimentação científica, educação ambiental e transferência

tecnológica (EMBRAPA, 2013 a). Vamos conhecer algumas:

Sistemas Agroflorestais (SAFs, Figura 16) – Os SAFs são um conjunto de

plantas agrícolas e florestais em arranjos diversificados de espécies, a onde se

busca reproduzir a dinâmica da vegetação original com sua estrutura e função,

aproveitando assim os benefícios trazidos por essa dinâmica natural. Nos

SAFs são empregadas técnicas agroecológicas para a produção de alimentos,

fibras, biomassa, entre outros produtos.

Figura 16. Sistemas agroflorestais.

Page 30: (RPPN) do Caju

23

Vermicompostagem (Figura 17) – A prática da agricultura alternativa vem

conquistando mais espaço atualmente, assim o uso de compostos naturais

para o beneficiamento do solo é cada vez mais valorizado. Neste experimento

ocorre a produção de húmus por meio das minhocas. O composto melhora as

condições físicas, químicas e biológicas do solo.

Figura 17. Vermicompostagem.

Policultivo (Figura 18) –prática de associação de culturas agrícolas que pode

ser adotada por pequenos produtores. Neste caso, o cultivo consorciado de

coqueiros com outras culturas além de reduzir os custos de produção, aumenta

a eficiência de uso do solo, proporcionando ainda maior aproveitamento da

adubação e reciclagem de nutrientes. Nas entrelinhas, podem ser implantadas

as culturas da mandioca, milho e feijão de corda além da Gliricidiasepium,

espécie arbórea de múltiplo uso que se destaca pelo grande potencial de

exploração. O objetivo é aumentar a produção de biomassa a ser incorporada

na superfície do solo (compostagem laminar) a partir da gliricídia, possibilitando

assim melhor condição de cultivo para as culturas consorciadas.

Figura 18. Policultivo.

Page 31: (RPPN) do Caju

24

Biogel (Figura 19) – é um biofertilizante aeróbico rico em nutrientes para as

plantas e também útil no controle de pragas e doenças. É produzido numa

caixa d’água onde são adicionados à água esterco bovino (ou outros), farinha

de rochas, tortas, leveduras, xisto, cinzas, ou seja, restos de matéria orgânica

disponíveis. Este conjunto de materiais com água é arejado constantemente

para que predominem no sistema microrganismos aeróbicos (Embrapa, 2011).

Figura 19.Biogel.

Fossa séptica biodigestora (Figura 20) – desenvolvida pela Embrapa

Instrumentação Agrícola, é um sistema de tratamento de esgoto doméstico,

cujo intuito é substituir o sistema de fossas negras utilizadas em propriedades

rurais, que contaminam o solo e os lençóis freáticos. É de fácil instalação e

baixo custo. É composto por três caixas de fibra de vidro interligadas.

Mensalmente é adicionada ao sistema uma mistura de água e esterco bovino

fresco, que fornece as bactérias para biodigestão dos dejetos, transformando-

os em biofertilizante. Não gera odores, não prolifera ratos/baratas/escorpiões,

não polui o meio ambiente, reduz gastos com insumos, ajuda a aumentar a

produtividade e melhora as condições de saneamento básico.

Figura 20. Fossa séptica biodigestora.

Page 32: (RPPN) do Caju

25

Plantas medicinais (Figura 21)

Figura 21. Plantas medicinais.

Além das vitrines agroecológicas, o CEI abriga um conjunto de Bancos Ativos

de Germoplasma (BAGs), de Cocos nucifera(coco) e de Hancorniaspeciosa

Gomez(mangaba) (Figura 22e Tabelas 2 e 3). Na prática, os BAGs são unidades

conservadoras de material genético de uso imediato ou com potencial de uso futuro.

Na área experimental do CEI estão sendo mantidas, e continuamente plantadas,

amostras de populações nacionais e internacionais para a preservação e o

melhoramento genético destas duas espécies. O BAG de coco é ocupado por 26

acessos enquanto o de mangaba por 23 acessos.

Figura 22. Bancos ativos de germoplasma (BAG) de coco e mangaba.

O BAG de coco iniciou as suas ações em 1982, quando foram importados da Costa

do Marfim os primeiros acessos de coco. O BAG está vinculado à Plataforma de

Recursos Genéticos da Embrapa e em 2006 foi estabelecido na Embrapa Tabuleiros

Page 33: (RPPN) do Caju

26

Costeiros, a partir de um Memorando de Entendimento (MOA) entre a Embrapa e o

Bioversity International, sob a coordenação da Rede Internacional de Recursos

Genéticos de Coco (COGENT) e o Banco Internacional de Germoplasma de Coco

para América Latina e Caribe (ICG-LAC). Além da conservação dos acessos, o BAG

de coco tem por objetivos realizar o manejo do germoplasma referente à introdução,

intercâmbio, regeneração, coleta, caracterização, avaliação e documentação dos

acessos. A curadora do BAG de Coco é a pesquisadora Semíramis R.R. Ramos.

Tabela 2. Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Coco.

Variedade Código/Acesso

Gigante Oeste Africano (GOA)

Gigante da Malásia (GML)

Gigante da Polinésia (GPY)

Gigante de Rennel (GRL)

Gigante de Rotuma (GRT)

Gigante de Tonga (GTG)

Gigante de Vanuatu (GVT)

Gigante do Brasil Santa Rita (GBrSR)

Gigante do Brasil Merepe (GBrME)

Gigante do Brasil São José Mipibu (GBrSJM)

Gigante do Brasil Baía Formosa (GBrBF)

Gigante do Brasil Praia do Forte (GBrPF)

Gigante do Brasil de Pacatuba (GBrPC)

Gigante do Brasil Olho de Cravo (GBrOC)

Gigante do Brasil Barreirinhas (GBrBA)

Gigante do Brasil Luís Correia (GBrLC)

Gigante do Brasil Senador Georgino Avelino

(GBrSGA)

Gigante do Brasil Terra do Rei (GBrTR)

Gigante do Brasil Avenida (GBrAV)

Anão Verde do Brasil de Jiqui (AVeBrJ),

Anão Verde de Souza (AVeSz)

Anão Vermelho de Camarões (AVC)

Anão Vermelho da Malásia (AVM)

Anão Vermelho de Gramame (AVG)

Anão Amarelo de Gramame (AAG)

Anão Amarelo da Malásia (AAM)

O BAG de coco tem como atividades específicas: Introduzir e conservar

acessos de coqueiro anão e gigante de interesse nacional e internacional; Coletar

acessos de coqueiro gigante em áreas de interesse previamente identificadas.

Caracterizar, por meio de descritores morfológicos e marcadores moleculares,

Page 34: (RPPN) do Caju

27

acessos de coqueiro anão e gigante conservados no BAG; Documentar e

disponibilizar, em base de dados específica, os registros de passaporte e

caracterização dos acessos conservados; Promover, em colaboração com outros

bancos pertencentes ao COGENT, a utilização dos acessos conservados;

Desenvolver protocolos para preservação ex situ e in vitro dos acessos de coqueiro;

Desenvolver técnicas para criopreservação de acessos de coqueiro.

O BAG de Mangaba está implantado em uma área de 4,7 ha anteriormente

ocupada por restinga, cujo solo é classificado como Espodossolo Humilúvico. O BAG

conta com 271 plantas de 23 acessos nominados de acordo com a localidade na qual

as amostras da população foram coletadas. Novas introduções visando ao seu

enriquecimento têm sido realizadas continuamente.

Tabela 3. Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Mangaba.

Estado Município Código/Acesso Número de

plantas

Bahia

Jandaíra 1– Costa Azul (CA) 5

Conde 2– Barra de Itariri (BI) 6

Mata de São João 3– Lagoa Grande/Diogo (LG) 6

Palmeiras 13- Casas Velhas (CV) 18

Sergipe Indiaroba

4 - Terra Caída (TC) 6

5 – Preguiça (TC) 6

6 – Pontal (PT) 6

Barra dos Coqueiros 12 – Capoã (CP) 18

Paraíba

João Pessoa 11 – Paratibe (PA) 4

Conde 10 – Guaxinduba (GX) 1

8 – Ipiranga (IP) 5

Alhandra 9 – Alhandra/Mata Redonda (AD) 4

Pará Salvaterra (Ilha de

Marajó) 7 – Água Boa (AB) 6

Minas Gerais

Rio Pardo de Minas 14 – Chapada do Areião (CH) 18

Montes Claros 15 – Tabua/Alambique (TA) 18

Couto Magalhães de Minas

16 – Couto Magalhães de Minas (CM)

18

Pernambuco

Sirinhaém 17 – Guaiamum/Barra de Sirinhaém

(GU) 18

Ipojuca 18 – Oiteiro (OI) 18

Tamandaré 21 – Tamandaré/São José (TM) 18

22 – Praia dos Carneiros (PC) 18

Alagoas Japaratinga 19 – Japaratinga (JÁ) 18

Maragogi 20 – Ponta Mangue (PM) 18

Ceará Cascavel 23 – Jacarecoara (JC) 18

Page 35: (RPPN) do Caju

28

No BAG de Mangaba são desenvolvidas atividades como: prospecção, coleta e

enriquecimento; conservação ex situ; desenvolvimento de protocolos para

multiplicação e conservação in vitro; caracterização por meio de descritores

morfológicos, ecofisiológicos (em parceria com a Universidade Federal de Sergipe) e

marcadores moleculares; registro e documentação. O BAG de Mangaba apresenta

variabilidade, sem clones entre os seus acessos. Estratégias de conservação in situ

de populações naturais também são estimuladas pela curadoria do BAG de Mangaba

no litoral do Nordeste, sobretudo com a colaboração de comunidades tradicionais de

catadoras de mangaba. O curador do BAG de Mangaba é o pesquisador Josué

Francisco da Silva Júnior.

A Embrapa Tabuleiros Costeiros e seus parceiros também realizam pesquisas

em agroecologia, etnociências, restauração florestal e conservação de germoplasma.

Atualmente há pesquisadores da Embrapa, professores da Universidade Federal de

Sergipe e do curso de ecoturismo do Centro Federal de Educação Tecnológica

(CEFET-SE), e estagiários de diversos cursos de graduação fazendo pesquisa na

RPPN do Caju.

2.2.3. Equipamentos

O CEI conta com diversos equipamentos, como estação meteorológica,

tratores, sistemas de irrigação, ferramentas para cultivo, casa de bomba, cisterna,

carreta agrícola, estufa, motobomba, pulverizador, geladeira, refrigeradores, projetor

de multimídia, retroprojetor, computadores, condicionador de ar, rádio transceptor

portátil, binóculo, máquina fotográfica, fogão industrial, carroça e dois equinos (Figura

23).

Figura 23. Estação meteorológica e cisterna utilizada para irrigação.

Page 36: (RPPN) do Caju

29

2.1.4. Atividades desenvolvidas no CEI

Além das atividades rotineiras de pesquisa e manutenção dos experimentos,

BAGs e vitrines agroecológicas, o CEI recebe grupos de estudantes e agricultores de

vários níveis e regiões. Geralmente, os visitantes são acompanhados por monitores

capacitados ou por funcionários, os quais apresentam o CEI e as vitrines

agroecológicas. No CEI também são realizados cursos de longa duração para

professores da rede pública de educação, abrangendo os temas água, solo,

vegetação, fauna e homem, que podem ser aplicados pelos professores como

conteúdo em suas escolas. A seguir são exemplificadas varias atividades realizadas

no CEI.

Um grupo de 15 alunos do 6º período do curso de Tecnologia em Agroecologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS) visitou, na manhã do dia 19 de fevereiro de 2013 o CEI.Os visitantes puderam ver de perto e tirar dúvidas sobre como funciona uma fossa biodigestora, como se instala um minhocário e se produz húmus. Outra tecnologia de base ecológica apresentada foi o Biogeo, fertilizante orgânico líquido obtido a partir da decomposição de resíduos orgânicos. A visita foi concluída com a observação de sistemas agroflorestais sucessionais (SAFS) instalados no CEI em 2005.

Page 37: (RPPN) do Caju

30

PROGRAMA EMBRAPA & ESCOLA

O programa Embrapa & Escola iniciou em 1999, sendo criado pela Assessoria de Comunicação Social da Embrapa. Tem como objetivo divulgar a contribuição da pesquisa agropecuária para o desenvolvimento do país e despertar junto ao público estudantil o valor da atividade científica. A Empresa disponibiliza espaços como laboratórios e Campos Experimentais da Unidade para visitas de estudantes do ensino médio e fundamental. As atividades são coordenadas pela equipe do Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO).

Este programa já proporcionou a mais de um mil alunos de escolas estaduais de Sergipe uma experiência incrível de contato com a natureza. Os visitantes vão ao CEI conhecer atividades de pesquisa e tecnologias conduzidas pela Embrapa. Eles vêm de perto como funciona uma fossa séptica biodigestora, como se promove a vermicompostagem, produzindo húmus com minhocas, e o Biogeo, fertilizante orgânico produzido a partir do aproveitamento de resíduos. Também conhecem os sistemas agroflorestais e experimentos com plantio e conservação de coqueiro, mangabeira e outras espécies vegetais. Conhecer e caminhar pela trilha da porteira na RPPN do Caju também é parte importante da sensibilização dos jovens para a importância das florestas e da conservação dos recursos naturais.

Page 38: (RPPN) do Caju

31

O Centro Dom José Brandão de Castro e a Embrapa realizaram nos dias 26 a 28 de junho (2011), o curso Ferramentas Participativas para a Produção Agroecológica na Agricultura Familiar. A capacitação, que ocorreu no CEI, reuniu assessores (as)/agentes de desenvolvimento que integram a Rede Sergipana de Agroecologia (RESEA).O curso teve como temas Metodologias Qualitativas: O Diagnóstico Rural Participativo de Agroecossistemas, Contextualização sobre os Princípios da Agroecologia, Experimentação Participativa: Interação no “Fazer” Agroecológico e Sistemas Agroflorestais. Dentre as atividades destacam-se a produção agroecológica de milho, feijão, hortaliças, ervas e plantas medicinais, fitoterápicos, apicultura, bem como bancos comunitários de sementes e atividades de reflorestamento ambiental. São atendidas pelo projeto comunidades de Porto da Folha, Neopólis, Pacatuba e Salgado. No final do curso, os participantes fizeram experimentações com atividades de campo. O encontro foi encerrado com a apresentação do grupo folclórico samba de coco, formado por agricultores (as) de Itaporanga d’Ajuda.

No dia 14 de agosto de 2013, foi realizada uma viagem de reconhecimento de campo com a participação de Cláudio Braghini, professor do Instituto Federal de Sergipe e quatro alunos. Com o objetivo de identificar possibilidades de instalação de infraestrutura adequada e melhoria das trilhas para visitação. O percurso foi realizado de barco, pelo rio Paruí, margeando a área da RPPN do Caju onde foram feitas algumas paradas em pontos estratégicos e assim observar as áreas potenciais para educação ambiental e turismo de baixo impacto.

Page 39: (RPPN) do Caju

32

2.2.5. Recursos financeiros e formas de cooperação

Os recursos financeiros do CEI são provenientes da União, para a parte

administrativa, e oriundas também de projetos específicos de Pesquisadores, para a

instalação e manutenção dos experimentos. A Embrapa Tabuleiros Costeiros mantém

acordos de cooperação técnica e científica com Universidades e Institutos de Ensino

da região. A Universidade Federal de Sergipe e a Universidade Tiradentes são duas

instituições que vêm realizando trabalhos no CEI, incluindo estudos na área

experimental e estudos na RPPN do Caju.

No dia 07 de novembro de 2012, um grupo de cerca de 30 agricultores do Interior da Paraíba ao visitar, o Campo Experimental da Embrapa Tabuleiros Costeiros pôde conhecer de perto sistemas agroflorestais sucessionais, ver como se implementa um Siagros – Sistema Agropecuário Sustentável, com policultivo e uso de cobertura morta, aprender um pouco mais sobre compostagem com uso de minhocas e a fabricação caseira de biofertilizantes. O grupo, organizado por consultores do Sebrae/PB, vem trabalhando nos seus assentamentos com o sistema PAIS – Produção Agroecológica Integrada Sustentável, e realizou a caravana a Sergipe para conhecer de perto as tecnologias agroecológicas desenvolvidas e aplicadas pela Embrapa.

Page 40: (RPPN) do Caju

33

2.3. Caracterização do entorno

Na caracterização do entorno (Figura 24) foi dado foco no uso e ocupação do

solo, considerando as atividades e as comunidades presentes.

2.3.1. Atividades presentes

Na região do entorno da RPPN do Caju é desenvolvida diversas atividades

sociais, culturais, econômicas, agropecuárias, extrativistas, minerarias, expansão

imobiliária, entre outras (Figura 24), as quais de forma isolada ou em conjunto vêm

intensificando as pressões diretas ou indiretas sobre os recursos naturais da região,

como o solo, a água, a flora e a fauna. Por exemplo, na Figura 25tem-se registros

fotográficos de extração de areia e cascalho, plantio de milho, fazenda de

agropecuária, tanque de criação e área desmatada por fazenda de camarão.

Adicionalmente, na baixada litorânea do Litoral Sul de Sergipe a expansão

imobiliária e turística e os projetos de cultivo de camarão estão avançando muito

rapidamente. Recentemente, na SE 100, que liga Aracaju ao sul do Estado, foi

construída uma ponte sobre o rio Vaza-Barris (Figura 26), a 26 km ao sul do centro de

Aracaju e a 3,0 km da RPPN do Caju, que visa dar maior vazão ao turismo e facilitar a

ligação entre Aracaju e Salvador via praias.

Page 41: (RPPN) do Caju

34

Figura 24.Entorno da RPPN do Caju.

Page 42: (RPPN) do Caju

35

Figura 25. Atividades desenvolvidas no entorno da RPPN do Caju.

Page 43: (RPPN) do Caju

36

Figura 26. Ponte sobre o Rio Vaza Barris.

Ao mesmo tempo em que vem ocorrendo melhores condições para o

desenvolvimento regional também vem ocorrendo uma visual expansão do uso e

ocupação do solo. Durante reconhecimento do entorno, tanto por meio de imagens

quanto por campanhas de campo, algumas atividades foram visualizadas as margens

da SE 214 e SE 100. Podendo ser destacadas, a mineração de terra/cascalho em

morros, o plantio mecanizado de milho em platôs suave ondulados em áreas mais

elevadas, a expansão imobiliária nas margens das rodovias, as fazendas com plantios

de coco, pastagem (gado) e mamão. Já bem instaladas, podem ser observadas duas

fazendas de camarão nas margens do rio Paruí (Figuras 24 e 25).

Outras atividades agrícolas foram verificadas nas estradas vicinais que vão em

direção ás margens do rio Paruí, importante fonte de recursos naturais para as

comunidades locais. Com destaque positivo, em lotes dos assentamentos rurais foi

visualizado algumas concentrações (pomares) de mangabeiras (Figura 27), indicando

uma estreita relação destas comunidades com certos recursos naturais, estratégicos

no contexto socioambiental da região.

Realizado em especial pelo gênero feminino, a atividade de catação da

mangaba é um fato de destaque e de conquista popular em Sergipe, tornando-se uma

categoria de extrativistas conhecidas por “catadoras de mangaba” por meio da Lei

7.082 de16 de dezembro de2010 (SERGIPE, 2010). O extrativismo da mangaba é a

principal fonte de renda para milhares de famílias que vivem nos tabuleiros costeiros e

Page 44: (RPPN) do Caju

37

restingas de Sergipe. São comunidades tradicionais que habitam a região há

décadas, mas que na sua maioria nunca tiveram a posse da terra onde coletam os

recursos naturais.

Atualmente, áreas onde há o extrativismo de mangaba estão sendo

ameaçadas pelo cultivo de coqueiro, cana-de-açúcar e eucalipto, construção de

infraestruturas turísticas, loteamentos e viveiro de camarão (CATADORAS DE

MANGABA, 2013).As catadoras de mangaba são produtoras de saberes e formas de

manejo a elas pertinentes e responsáveis pela gestão coletiva de áreas naturais de

mangabeiras. Assim como outras populações tradicionais, são cada vez mais

consideradas essenciais.

Figura 27. Pomar (quintal) com mangabeiras em assentamento rural.

Ameaçada de expropriação do seu modo de vida, e que ao longo dos anos

garantiu a geração de renda e a conservação da biodiversidade, a população insiste

no acesso às áreas naturais de mangabeiras (CATADORAS DE MANGABA, 2013).

Faz-se necessária a articulação de políticas públicas agrárias e ambientais

objetivando atender às demandas nem sempre explícitas das catadoras de mangaba,

especialmente no que se refere à segurança de acesso à terra. A criação de

Unidades de Conservação de Uso Sustentável, por meio da ação integrada entre o

Incra e o ICMBio, é uma alternativa sugerida para possibilitar a melhoria da qualidade

de vida das catadoras de mangaba (VIEIRA et al., 2009 a).

Na margem do rio Paruí ocorre uma intensa atividade de subsistência, baseada

na pesca e catação de moluscos e crustáceos. Durante o reconhecimento por barco

Page 45: (RPPN) do Caju

38

de toda a extensão do rio Paruí que margeia a RPPN do Caju foram observados

vários barcos, pescadores e catadores (as) nas áreas de mangue (Figura 28). Vale

destacar que em toda extensão do manguezal a vegetação se encontra em bom

estado de conservação, ao contrário da margem oposta, que apresenta pontos de

supressão do mangue.

Figura 28. Atividades extrativistas no rio Paruí.

2.3.2. Comunidades presentes

Em termos populacionais, o entorno é composto por um conjunto de 7

povoados (Ilha Mem de Sá, Paruí, Água Boa, Caueira, Costa, Nova Descoberta e

Tejupeba), sendo que nesses povoados existem 4 (quatro) assentamentos rurais

estabelecidos recentemente (Bom Jesus, Darcy Ribeiro, Dorcelina Folador e Padre

Jósimo). No entorno da RPPN do Caju a população é composta principalmente por

pescadores, marisqueiros e agricultores familiares. De forma sucinta, a seguir são

apresentadas as comunidades, os povoados e os assentamentos mais próximos da

RPPN do Caju, sendo que mais detalhes são apresentados nas comunidades em que

foram realizadas oficinas de diagnóstico participativo (ANEXOS).

Comunidade da Ilha Mem de Sá

A Comunidade da Ilha Mem de Sá é a que está mais próxima da RPPN do

Caju (Figura 29). Esta ilha fluvial está localizada na região estuarina do rio Vaza

Barris (11° 29’26”S e 06’46”W), entre os rios Paruí e Água Boa. Por estrada está

localizada a 23 km da sede do município de Itaporanga d’Ajuda e a 53 km de Aracaju.

A Comunidade da Ilha Mem de Sá foi originada por três famílias que estabeleceram

Page 46: (RPPN) do Caju

39

ao longo do tempo uma íntima relação com o meio ambiente circundante.

Historicamente, esta região estuarina, caracterizada por ecossistemas de baixada

litorânea, proporcionou aos moradores da Ilha um ambiente para o extrativismo, com

especial destaque para a captura de caranguejo e outros crustáceos, além da pesca,

da caça e do lazer. Esse aspecto também proporcionou uma profunda interação dos

moradores com os ecossistemas locais.

Aproximadamente 75 famílias vivem nesta localidade e dependem da pesca

artesanal, que constitui a principal atividade econômica da comunidade, além do

cultivo de mandioca e macaxeira, e o aproveitamento do coco. Possuem uma estreita

relação com a RPPN do Caju, na área de manguezal as marisqueiras coletam aratu,

caranguejo, ostra, maçunim, lambreta, sururu, mariscos típicos dos manguezais

sergipanos.

Figura 29. Rio Paruí, principal acesso à Ilha Mem de Sá.

A Ilha Mem de Sá conta com uma escola que vai até o 5º ano do ensino

fundamental, sendo que os estudantes a partir do 6º ano precisam se deslocar até

Itaporanga d’Ajuda para complementar os estudos (Figura 30).

Page 47: (RPPN) do Caju

40

Figura 30. Escola Municipal Waldemar Fontes Cardoso.

A crença religiosa marcante na maioria das comunidades rurais está

representada na Ilha Mem de Sá pela festa da padroeira Santa Luzia, realizada de 09

a 13 de dezembro, sendo a principal festividade religiosa dos moradores. Nesse

período são realizados batizados, missas e procissões. Logo depois, eles iniciaram a

“Festa do Caranguejo” na qual eles distribuem o marisco gratuitamente, festa a qual já

acontece há 16 anos. O Samba de Coco, tradição cultural do estado de Sergipe,

também possui representantes na comunidade. Um grupo de mulheres que se

apresentam em eventos garante a preservação da cultura sergipana. A maioria das

casas é de alvenaria, no entanto, existem ainda pequenas casas feitas de taipa (barro

batido), revelando a situação precária de alguns moradores da região (Figura 31).

Figura 31. Tipos de casas existentes na Ilha Mem de Sá (alvenaria e taipa).

Povoado Paruí

A paisagem é marcada por morros cobertos por amplos fragmentos de mata

secundária em estágios médio e inicial de regeneração, pequenas pastagens e

cultivos diversificados. Esse povoado está situado às margens da rodovia SE 214

Page 48: (RPPN) do Caju

41

(Humberto Mandarino), o que confere boa acessibilidade para os seus 346 habitantes

em 87 casas (Figura 32), de caráter predominantemente rural: apesar de ser minoria

são encontradas algumas casas de taipa. Como serviços oferecidos pelo Município,

há iluminação pública, abastecimento de água e energia elétrica. Os únicos

equipamentos públicos existentes são a Escola Municipal José Aelson Correia Sobral

(Figura 32) e a casa de farinha comunitária.

Conforme relato da oficina com esta comunidade percebe-se que, além da

comunidade da Ilha Men de Sá, esta é a comunidade que apresentou um antigo

relacionamento com a RPPN do Caju. Alguns moradores contaram que seus

antecessores (Avós e Pais) mantinham contato com áreas da Fazenda do Caju, em

atividades de extrativismo (caça, pesca e coleta). Atualmente, boa parte desta

comunidade realiza extrativismo da Maré (pesca e catação de mariscos, crustáceo e

moluscos) na região da RPPN do Caju, existindo também relato de caça na região.

Figura 32. Escola do povoado e exemplo da casa de taipa existente na comunidade.

Assentamentos Darcy Ribeiro e Padre Jósimo Tavares

Os moradores dos dois assentamentos vivem basicamente da agricultura

familiar, sendo poucos os moradores que frequentam as proximidades da RPPN do

Caju. Isto porque o assentamento foi estabelecido com famílias de municípios

vizinhos a Itaporanga d’Ajuda, não detendo um conhecimento acurado da região. Em

seus lotes possuem uma plantação diversificada entre frutíferas, leguminosas, milho e

alguns deles ainda criam porco, galinha ou cabras (Figura 33). Os principais

problemas enfrentados por essas comunidades são a falta de dinheiro e gente pra

trabalhar, falta de um meio para vender/escoar os produtos, e principalmente a

escassez de água.

Page 49: (RPPN) do Caju

42

Figura 33.Quintais das casas no assentamento Darcy Ribeiro e Padre Jósimo.

Assentamento DorcelinaFolador

O assentamento Dorcelina Folador fundado há 13 anos, assentou 51 famílias,

hoje o número de casas aumentou, mas não consideravelmente. Como equipamento

público, o assentamento conta com uma escola até o 4º ano, não atendendo à grande

quantidade de crianças (Figura 34). Também conta com uma casa de farinha

comunitária. Tem muitos bares, porém não há um local de convívio e lazer para

crianças e jovens. Portanto são muitas as demandas da comunidade local, tais como:

construção de posto de saúde, creche, igreja, praças e centro social, implantação de

campo de futebol e quadra de esportes, calçamento de ruas, recuperação do açude

local e melhorias habitacionais, com substituição de nove casas de taipa.

Grande parte da comunidade é composta por agricultores, poucos vivem da

pesca e catação de mariscos. No entanto, a pouca assistência técnica prestada e falta

de auxílios do governo para produção faz com que a produtividade e renda dessas

famílias sejam muito baixas, além de não contarem com benefícios em épocas de

seca ou defeso (no caso dos pescadores).

Page 50: (RPPN) do Caju

43

Figura 34.Quintais, casas e Escola Municipal Vice Govª Marília Mandarino.

Povoado Caueira

A Vila Caueira abrange uma larga faixa litorânea com ambientes característicos

dos tabuleiros costeiros e da planície costeira, sendo o único núcleo urbano situado

na faixa costeira do município de Itaporanga d’Ajuda. O entorno dessa vila apresenta,

além da linha de costa e praias, amplas áreas de brejo, coqueirais, restingas arbóreas

e arbustivas, pastagens e dunas móveis e fixas. O contato da ocupação urbana desse

povoado com ambientes de alta fragilidade vem causando impactos negativos que

prejudicam a qualidade dos recursos naturais, em especial as dunas e as áreas

alagadas de brejo. Neste povoado está localizada a sede da APA Litoral Sul. A

maioria dos domicílios tem caráter turístico de segunda residência e em geral

apresenta padrão construtivo simples, bom e superior apesar de existirem casas

precárias de taipa. Em decorrência das características de sua ocupação, a Vila

Caueira tem população flutuante, em torno de 774 pessoas e 227 unidades

domiciliares, embora existam moradores fixos, a maioria ligada à atividade pesqueira

ou de apoio ao turismo (FRANCO, 2009).

Page 51: (RPPN) do Caju

44

Povoado Nova Descoberta

Situado em áreas de relevo plano e suavemente ondulado, sobre as planícies

costeiras, esse povoado tem população de 741 habitantes em 203 domicílios. Seu

entorno é marcado por amplos fragmentos de mata atlântica, pastagens, cultivos

diversificados e matas ciliares do Rio Tejupeba. A infraestrutura existente contempla

energia elétrica, água encanada e iluminação pública. O povoado apresenta como

equipamentos coletivos: Escola Municipal Nicola Mandarino, Escola Genésio

Santana, praça, duas igrejas, centro social, posto de correios, posto de saúde,

reservatório de água da Companhia de Abastecimento de Água de Sergipe – DESO e

caixas d’água, cemitério, campo de futebol, quadra de esportes e casa de farinha

comunitária (FRANCO, 2009).

Povoado Tejupeba

Representa colônias de agricultores familiares assentados sobre a área de

relevo suave ondulado, cercadas por amplos fragmentos de mata atlântica, matas

ciliares do Rio Tejupeba e afluentes e matas secundárias em diferentes estágios de

regeneração. Ao longo do sistema viário articulado à rodovia SE 214 e com desenho

regular decorrente do caráter planejado do assentamento, estão áreas de cultivos

diversificados e as 197 casas onde reside sua população rural de 725 habitantes

(ITAPORANGA D’AJUDA, 2005).Essas colônias são contempladas com

abastecimento de água, energia elétrica, escola municipal, posto de saúde, igreja,

posto telefônico, campo de futebol e casa de farinha comunitária. As vias não são

pavimentadas (FRANCO, 2009).

Povoado Costa

A paisagem é marcada pela presença do estuário do Rio Vaza Barris com

amplos manguezais, brejos e restingas, além dos coqueirais e cultivos diversificados

de subsistência. Este povoado é servido por rede de energia elétrica e abastecimento

de água por chafariz. A maioria das casas apresenta padrão construtivo precário, em

taipa, o que reflete o baixo poder aquisitivo da população local, composta

basicamente por pescadores, marisqueiros e agricultores familiares (FRANCO,2009).

Page 52: (RPPN) do Caju

45

Povoado Água Boa

A paisagem é marcada por cultivos diversificados característicos do

assentamento rural, pastagens amplos trechos de matas ciliares e fragmentos de

mata secundária, ao lado de manguezais e restingas situados na margem oposta da

rodovia SE 214. A população local desenvolve atividade pesqueira no estuário do Rio

Vaza Barris. O povoado Água Boa tem 196 pessoas residentes e 96 domicílios

contemplados com uma igreja como equipamento público (ITAPORANGA D’AJUDA,

2005).

2.4. Significância e conectividade

Como possíveis potenciais para declaração de significância pode ser destaque

a beleza cênica e a biodiversidade da região estuarina do Rio Vaza Barris e os

Mangues, Restingas, Dunas e Apicuns (Figura 35). Estes atributos associados a

pressão da especulação imobiliária, da expansão do turismo e projetos de cultivo de

camarão fazem com que a RPPN ganhe significância em termos sociais, ambientais e

econômicos.

Figura 35. Beleza cênica da região estuarina do rio Vaza Barris.

Page 53: (RPPN) do Caju

46

A RPPN do Caju está inserida na APA Litoral Sul de Sergipe e apresenta

possibilidade de conectividade com a Reserva Extrativista (Resex) do Litoral Sul de

Sergipe, UC a ser criada e para a qual já participamos da Consulta Pública realizada

em novembro de 2011. Esta Resex em criação também está localizada em uma

região estuarina, mais ao sul da RPPN do Caju, e apresenta consideráveis áreas de

Mangue, Restinga e Apicum, tanto em termos qualitativos quanto em termos

quantitativos. Mais a oeste, seguindo a SE 214 observa-se a ocorrência de

fragmentos de Mata Atlântica (Florestas Ombrófilas) que podem ser conectados por

corredores ecológicos, como as matas ciliares do Rio Vaza Barris.Todavia, ao norte

não tem nenhuma UC na região. Em virtude das imagens de satélite apresentar

cobertura de nuvem que impede uma análise mais detalhada, não foi gerado um

mapa de conectividade.

Page 54: (RPPN) do Caju

47

3. PLANEJAMENTO

Para iniciar e subsidiar o planejamento, reuniões e oficinas temáticas foram

realizadas de forma participativa, sendo que algumas destas estão descritas

detalhadamente em anexo. Nestas reuniões internas e oficinas temáticas participaram

funcionários da Embrapa Tabuleiros Costeiros e um diverso público externo.

Estão apresentados nos próximos subitens os objetivos específicos, as zonas e

os programas de manejo, e os projetos específicos. Ressalta-se que o período de

execução deste Plano de Manejo está previsto em cinco anos.

3.1. Objetivos específicos

Na definição dos objetivos específicos do plano de manejo levaram-se em

consideração as informações do Diagnóstico, bem como as especialidades da equipe

(Embrapa, 2013 b) e o IV Plano Diretor da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Embrapa,

2013 c). Assim, este plano de manejo da RPPN do Caju tem como objetivos

específicos:

» Conservar os recursos naturais e culturais existentes na RPPN do Caju.

» Apoiar a realização de pesquisa científica sobre a biodiversidade da

RPPN do Caju.

» Facilitar a realização de educação ambiental com funcionários, moradores

do entorno, agricultores e estudantes.

» Captar recursos financeiros em editais de fonte interna e externa para o

desenvolvimento de programas e projetos específicos.

» Dar visibilidade às atividades e ações desenvolvidas na RPPN do Caju.

3.2. Zoneamento

O Zoneamento consistiu em uma compartimentação da RPPN do Caju levando

em consideração as características e atributos específicos de forma que cada

compartimento delimitado represente uma “área homogênea” com finalidade e

utilizações diferenciadas (FERREIRA et al., 2004).

Para determinar uma zona de manejo levou-se em conta pontos positivos

(potencialidades e vocações) e negativos (fragilidades e suscetibilidades), bem como

características funcionais e estruturais dos ambientes. Os principais critérios

Page 55: (RPPN) do Caju

48

analisados foram o grau de conservação vegetal, a variabilidade ambiental, o

conhecimento que se tem da área, a presença de infraestrutura, o potencial para

visitação, o uso conflitante, o uso territorial atual e histórico, o nível de pressão

antrópica (ocorrência de incêndios e coleta ilegal de recursos naturais) e a

acessibilidade. Assim, buscou-se que cada zona de manejo tenha alto grau de

associação dentro de si e diferença significativa entre as demais.

Inicialmente, para a realização do zoneamento da RPPN do Caju foi realizada

no CEI uma “Oficina de Reconhecimento Territorial e Planejamento”. Nesta oficina,

pelo período da manhã uma equipe multidisciplinar (funcionários da Embrapa

Tabuleiros Costeiros composta por quatro pesquisadores, duas analistas, dois

técnicos, um assistente de campo e duas estagiárias) realizou o reconhecimento da

área por meio de caminhadas, observação da área em pontos panorâmicos,

navegação de trechos por meio de barco e realização de visitas à alguns pontos da

área por meio de automóvel. No período da tarde foi apresentado um diagnóstico das

comunidades do entorno, realizada uma minuciosa análise visual de foto aérea de

2003 e imagem de satélite de 2012, discutido o principio do zoneamento, prédefinidas

as zonas de manejo e esboçado o desenho apropriado para cada uma das zonas de

manejo em mapas impressos.

Para orientar e corroborar o desenho de cada zona de manejo também foi

realizada a analise da evolução da cobertura do solo entre os anos de 2004 e 2013

(Figura 36). A etapa da análise da evolução da cobertura do solo englobou o

reconhecimento in situ da área e sobretudo o processamento de dados matriciais e

vetoriais por meio de softwares de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e de

tratamento de imagens.

Os dados matriciais corresponderam às imagens orbitais provenientes dos

satélites Landsat5 (LANDSAT_5_TM_20040624_215_068) e Landsat8

(LC82150682013152LGN00) sendo a primeira de junho de 2004 e a segunda de

junho de 2013, cena 215_68, obtidas a partir do INPE (2013) e da US Geological

Survey (2013), respectivamente (Figura 36). Os dados vetoriais, divisão política e

localização da RPPN do Caju e do CEI, foram obtidos junto ao IBGE e ao Laboratório

de Geotecnologias Aplicadas da Embrapa Tabuleiros Costeiros. Os softwares de

processamento das imagens, tratamento, análise e preparação dos layouts foram o

ENVI 5 e o ArcGis 10. Procedeu-se com a catalogação, seleção e coleta das cenas

orbitais, com atenção às questões que envolvem cobertura de nuvens, estação do

Page 56: (RPPN) do Caju

49

ano (umidade) e ruídos, houve ao menos três fases empregadas no tratamento dos

dados de sensoriamento remoto: pré-processamento, classificação e pós-

processamento das imagens.

No pré-processamento foram elaboradas a correção geométrica (uma vez que

as imagens Landsat possuem apenas a referência das efemérides do satélite), a

correção atmosférica com base no algoritmo DOS –Dark Object Subtraction, além dos

recortes necessários a partir da cena original, o tratamento considerou um buffer de

1Km a partir do local alvo de estudo. Foi utilizada a classificação não-supervisionada

pelo método IsoData, que congrega os pixels segundo as características espectrais,

organizando-os em agrupamentos, cujos parâmetros mais comuns de definição da

proximidade espectral no espaço multidimensional são a média, variância e

covariância. Há o fornecimento de parâmetros como o número mínimo e máximo de

classes desejadas e o número de iterações. A cada iteração, recalculam-se e

reclassificam-se os pixels, considerando os novos valores médios. A escolha por tal

algoritmo se deu pelo fato de não se ter um total conhecimento total da área em

virtude do acesso e pela necessidade da representação de todas as classes

possíveis, dada a heterogeneidade do local.

No pós-processamento houve a verificação da equivalência das classes, com

base na imagem original e em outras de resolução mais alta, em seguida, procedeu-

se com a combinação daquelas classes repetidas ou com informação similar. Novos

recortes foram feitos segundo a área de estudo, assim como o processamento e a

análise das mudanças identificadas.

A proposta de Zoneamento da RPPN do Caju foi discutida e finalizada em

reuniões com os membros da Comissão Interna da Embrapa. Após a definição e

desenho das zonas de manejo foram definidas as normas que irão reger as atividades

permitidas em cada zona.

Neste contexto, no zoneamento da RPPN do Caju (Figura 37) buscou-se um

desenho que possibilite uma maior efetividade dos programas de manejo. Vale

destacar que a infraestrutura administrativa de apoio ao desenvolvimento dos

programas de manejo e dos projetos específicos está localizada fora dos limites da

RPPN do Caju (Figura 9) e, nesse caso, não se constituirá em zona de administração.

Assim, cinco zonas de manejo (Silvestre, Proteção, Visitação, Transição e

Recuperação) foram definidas, as quais são descritas nas próximas páginas.

Page 57: (RPPN) do Caju

50

Figura 36.Cobertura do solo: 1-Landsat5 06/2004;2-Landsat8 06/2013; e 3-RapidEye

2013.

Page 58: (RPPN) do Caju

51

Figura 37. Zoneamento da RPPN do Caju.

Page 59: (RPPN) do Caju

52

3.2.1. Zona silvestre

Na escolha da Zona Silvestre considerou-se uma área de mangue com boa

estrutura, visualmente inalterada, com alto grau de integridade e destinada

essencialmente à conservação da biodiversidade (Figuras37 e 38). Com 87 hectares,

esta Zona localiza-se em um importante trecho as margens do rio Paruí, de frente

para a Ilha Mem de Sá, que é circundada pelo rio Paruí e Água Boa. Conta com

características ambientais (água, vegetação, variação da maré, entre outras)

relacionadas a berçários de peixes, moluscos e crustáceos. Também apresenta

características de local com maior fragilidade ambiental, por se tratar de uma área

com forte influência das marés. A Zona Silvestre deverá funcionar como reserva de

recursos genéticos, tanto de espécies aquáticas quanto terrestres, onde poderão

ocorrer pesquisas, estudos, monitoramento, proteção e fiscalização. Ela poderá

conter infraestrutura destinada somente à proteção e à fiscalização, como guaritas,

postos de observação, cercas e placas sinalizadoras e informativas.

Figura 38. Zona Silvestre.

3.2.2. Zona de proteção

Na escolha das áreas da Zona de Proteção foram considerados os atributos

estruturais e funcionais de áreas naturais com grau mínimo de antropização e áreas

antropizadas em estágio intermediário de regeneração (Figuras 37 e39). Desta forma

as áreas de proteção compreendem um mosaico de ambientes – mangue, restinga,

duna e apicum –, com grande parte numa faixa as margens do rio Paruí e uma

pequena parte as margens do rio Vaza Barris. Com 350 hectares, esta é a maior zona

de manejo. Nela será permitida pesquisas, estudos, monitoramento, proteção,

fiscalização e visitação de baixo impacto. Bem como, será permitida a colocação de

infraestrutura, desde que estritamente voltada para o controle e a fiscalização, como:

Page 60: (RPPN) do Caju

53

postos e guaritas de fiscalização, cercas, aceiros, portões, estradas de acesso, trilhas

de fiscalização, pontos de descanso, acampamentos rústicos e torres de observação.

Vale destacar que a visitação de baixo impacto compreende o turismo científico,

observação de vida silvestre, caminhamento em trilhas e acampamentos rústicos

(também chamados acampamentos selvagens, sem infraestrutura e equipamentos

facilitadores).

Figura 39. Zona de Proteção.

3.2.3. Zona de visitação

A Zona de visitação (95 hectares) é constituída de duas áreas naturais com

alteração humana e destina-se à conservação da natureza e às atividades de

visitação (Figuras 37 e 40). A primeira área contém trilhas interpretativas (trilha da

porteira) com potencialidades naturais, como espécies típicas da restinga regional,

que ocorrem desde a área de entrada do CEI até as margens do rio Paruí. Nesta área

têm-se ambientes de duna, restinga e mangue. Uma outra área, a onde se localiza a

trilha da Ilha do Boi, também irá compor a Zona de Visitação. Nesta Zona poderão ser

realizadas atividades de educação ambiental, turismo científico, ecoturismo,

recreação, interpretação e lazer, bem como permitidas a instalação de infraestrutura,

equipamentos e facilidades, para os quais deverão ser adotadas alternativas e

tecnologias de baixo impacto ambiental. A infraestrutura, equipamentos e facilidades

poderá compreender: trilhas, painéis e placas informativas, ancoradouros, mirantes,

torres e trilhas suspensas, pontos de descanso e de observação, cercas, aceiros,

estradas de acesso e acampamentos rústicos.

Page 61: (RPPN) do Caju

54

Figura 40. Zona de Visitação.

3.2.4. Zona de transição

Esta Zona Corresponde a uma faixa ao longo de vários trechos do perímetro da

RPPN do Caju, no seu interior, cuja largura será de aproximadamente 100 m (Figuras

37 e 41). A função básica é servir de filtro, faixa de proteção, que possa absorver os

impactos provenientes da área externa, e que podem resultar em prejuízo aos

recursos naturais e culturais da RPPN do Caju. Quando necessário, a Zona de

Transição poderá receber toda a infraestrutura e serviços pertinentes à conservação

da RPPN do Caju, como: postos e guaritas de fiscalização, aceiros, portões, estradas

de acesso, trilhas de fiscalização, torres de observação, painéis e placas informativas.

Com 80 hectares, esta Zona foi definida principalmente pela constante ocorrência de

incêndios que vêm afetando a integridade da RPPN do Caju.

Figura 41. Zona de Transição.

3.2.5. Zona de recuperação

Na escolha das áreas da Zona de Recuperação considerou-se o significativo

grau de alteração, sendo composta por duas áreas (Figuras 37 e 42). Com 151

Page 62: (RPPN) do Caju

55

hectares, essas áreas são formadas principalmente por ambientes de restinga que

sofreram supressão da vegetação e/ou consecutivas ocorrências de incêndios, a onde

a regeneração natural enfrenta obstáculos naturais ou antrópicos. Nesta Zona será

permitida a visitação, desde que as atividades não comprometam a sua recuperação.

Ela será temporária, pois, uma vez apresentando significativa regeneração natural ou

sinais de recuperação, deverá ser reclassificada, provavelmente, como Zona de

Proteção. A recuperação destas áreas poderá ser espontânea (regeneração natural)

ou induzida (nucleação).

Figura 42. Zona de Recuperação.

De forma geral, as zonas de manejo da RPPN do Caju congregam um conjunto

de atributos bióticos e abióticos importantes para a manutenção da biodiversidade

regional. Com um maior grau de conservação, a Zona Silvestre poderá contribuir

significativamente com o aporte de propágulos da flora e de indivíduos juvenis da

fauna para o enriquecimento das áreas de mangue. A Zona de Proteção, com

algumas áreas em bom estado de conservação, poderá servir como fonte de

propágulos da flora e refugio de animais silvestres para a recolonização das áreas de

restinga mais alteradas na Zona de Recuperação. Por sua vez a Zona de Visitação

poderá facilitar a conscientização sobre o uso sustentável dos recursos naturais pelas

comunidades do entorno por meio da educação ambiental.

3.3. Programas de manejo

Para o desenvolvimento e execução do plano de manejo, cinco programas

foram planejados: 1º Gestão; 2º Proteção e fiscalização; 3º Pesquisa e

monitoramento; 4º Comunicação e; 5º Educação ambiental. Eles contêm objetivos,

Page 63: (RPPN) do Caju

56

atividades, responsáveis, normas e resultados a serem alcançados. Os resultados

são situações positivas desejadas, são aonde se quer chegar a partir do

desenvolvimento das atividades aplicando-se as normas (orientações de como fazer).

As atividades (o que será desenvolvido) podem ser aplicadas a todas as zonas da

RPPN ou em uma determinada zona de manejo, ou seja, dependerá de seu caráter

de abrangência. As atividades têm normas e resultados que têm interface com o CEI,

quando for o caso, e com a área do entorno, no que couber. Os cinco Programas de

Manejo discutidos e identificados como necessários durante as oficinas de

planejamento estão em detalhes nos subitens a seguir.

3.3.1. Programa de gestão

Este programa tem como objetivo contribuir com o sistema de administração da

Embrapa Tabuleiros Costeiros na execução do Plano de Manejo da RPPN do Caju,

tendo como responsável o coordenador do Plano de Manejo. Duas atividades serão

executadas de forma integrada, as quais são apontadas abaixo com seus respectivos

responsáveis e normas.

Atividade 1: Coordenar a execução do plano de manejo.

Responsável: Membro da Comissão Gestora da RPPN do Caju.

Normas:

a) São responsabilidades da Embrapa o suporte financeiro (sustentabilidade

econômica), proteção, fiscalização e apoio à pesquisa.

b) Uma Comissão Gestora da RPPN do Caju será formalizada por uma ordem de

serviço e será composta por até sete funcionários da Embrapa Tabuleiros

Costeiros.

c) O Chefe Geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros e o Supervisor do Campo

Experimental de Itaporanga d’Ajuda (CEI) serão membros natos da Comissão

Gestora.

d) Cada programa de manejo terá um funcionário responsável, os quais farão parte

da Comissão Gestora.

e) Um membro da Comissão Gestora será designado para coordenar a execução do

Plano de Manejo.

f) A Comissão Gestora e o coordenador do Plano de Manejo terão como atribuições:

i) apoiar à execução do Plano de Manejo;

Page 64: (RPPN) do Caju

57

ii) buscar parcerias com atores externos;

iii) coordenar a demanda por projetos de pesquisa e desenvolvimento ligados ao

Plano de Manejo;

(iv) planejar e captar recursos financeiros, seja no âmbito do Sistema Embrapa de

Gestão (SEG) ou de fontes externas;

v) solicitar periodicamente ao supervisor do Núcleo de Apoio a Programação

(NAP) consultas de editais de apoio financeiro para a realização de pesquisas,

estudos e monitoramentos referente a UC;

vi) manter informados os pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros e a

Comissão Gestora sobre os editais em vigência;

vii) planejar estratégias de interação entre a RPPN do Caju e as comunidades e

empresários do entorno na busca da conservação da natureza e desenvolvimento

local sustentável;

viii) capacitar os recursos humanos (funcionários e trabalhadores terceirizados)

que atuam na RPPN do Caju com o apoio do Setor de Gestão de Pessoas – SGP;

ix) definir critérios e prioridades para atividades de formação de recursos humanos

(estagiários, estudantes de graduação e pós-graduação, produtores entre outros).

g) Os procedimentos relativos à contratação de pessoas e serviços, e aquisição de

equipamentos serão supervisionados pela Chefia Administrativa.

Atividade 2: Gerenciar as atividades na RPPN do Caju.

Responsável: Supervisor do CEI.

Normas:

a) Acompanhar as atividades executadas por parceiros externos, com o apoio da

equipe do CEI e supervisão da Comissão Gestora.

b) Coordenar a instalação e a manutenção da infraestrutura e de equipamentos, com

o apoio do Setor de Gestão da Infraestrutura – SGI.

c) Planejar e coordenar a rotina de trabalho dos funcionários e trabalhadores

terceirizados do CEI.

- Resultados Esperados:

Ter a RPPN do Caju funcionando em conformidade com os objetivos de sua

criação;

Ter Funcionários capacitados para atuar nos programas de manejo;

Estabelecer Infraestrutura adequada para execução das atividades;

Page 65: (RPPN) do Caju

58

Comunidades e empresários do entorno envolvidos em ações para

conservação da RPPN do Caju;

Promover Projetos e trabalhos, com foco na conservação da natureza,

educação ambiental, pesquisa, no desenvolvimento local sustentável e na

divulgação da RPPN do Caju;

Ter uma rede de parcerias estabelecida.

3.3.2. Programa de proteção e fiscalização

Tendo como objetivo manter a integridade dos recursos naturais e culturais da

RPPN do Caju, este programa pode ser considerado o alicerce para a consolidação

desta área protegida. Neste sentido, as atividades foram planejadas para que sejam

exequíveis de forma simples e ágil. O responsável por este programa será o

Supervisor do CEI.

Atividade 3: Conservar a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas e o patrimônio

histórico-cultural.

Responsável: Supervisor do CEI.

Normas:

a) A conscientização ambiental será priorizada como ferramenta para o auxílio na

proteção da RPPN do Caju.

b) As ações para supressão da caça e coleta ilegal de plantas serão implementadas

considerando a segurança dos envolvidos.

c) As rondas de fiscalização serão rotineiras, com alternância nos dias da semana,

podendo ser quinzenais, e sempre realizadas com um número suficiente de

funcionários para que problemas emergenciais sejam solucionados de forma ágil e

segura.

d) A prevenção e o combate a incêndios florestais serão planejados e estabelecidos

por meio de um protocolo de procedimentos.

e) As áreas com problemas de regeneração natural e em processo de recuperação

serão priorizadas nas rondas de fiscalização, especialmente áreas que sofrem

com ocorrências de incêndios.

f) As placas de identificação da RPPN do Caju e de comunicação (orientação,

advertência, etc.) serão instaladas em pontos limítrofes e/ou estratégicos, com

manutenção rotineira dos danos causados por ação natural ou antrópica.

Page 66: (RPPN) do Caju

59

g) A manutenção das placas e cercas terá um cronograma semestral.

Atividade 4: Garantir a segurança dos visitantes, dos funcionários, da infraestrutura e

equipamentos.

Responsável: Supervisor do CEI.

Normas:

a) Equipamentos de proteção individual para visitantes e funcionários serão

requeridos e disponibilizados durante as atividades.

b) Kits de segurança e de primeiros socorros para uso ou atendimento de visitantes e

funcionários deverão estar disponíveis.

c) Os funcionários envolvidos nas atividades de proteção (combate a incêndios) e

fiscalização (rondas) deverão estar capacitados e equipados.

d) As trilhas interpretativas e de fiscalização terão uma manutenção periódica,

devendo ser no máximo mensal.

- Resultados Esperados

Preservação dos ecossistemas.

Funcionários responsáveis por atividades de fiscalização e controle de

incêndios equipados e capacitados.

Redução gradual e permanente de atividades ilegais de caça e coleta de

plantas.

Protocolo de procedimentos de prevenção e combate aos incêndios

implementado.

Trilhas, placas e cercas com manutenções realizadas.

3.3.3. Programa de pesquisa e monitoramento

Como observado no Diagnóstico, a RPPN do Caju vêm sendo pouco estudada

em termos bióticos e abióticos. Por exemplo, até o presente momento

estudos/levantamentos detalhados da flora e da fauna ainda não foram alvos das

atividades no CEI, bem como outros temas de pesquisa. Assim, este programa tem

como objetivo favorecer o conhecimento de forma mais detalhada as características

dos ecossistemas e acompanhar o uso e cobertura do solo na RPPN do Caju, tendo

como responsável um membro da Comissão Gestora. Para alcançar os objetivos foi

planejada uma atividade, descrita a seguir.

Atividade 5: Apoiar a realização de pesquisas na RPPN do Caju.

Page 67: (RPPN) do Caju

60

Responsável: Membro da Comissão Gestora da RPPN do Caju.

Normas:

a) Os projetos de pesquisa e estudos deverão ir ao encontro dos objetivos do Plano

de Manejo, tais como: Ecologia de espécies, populações e comunidades;

Inventários de fauna e flora; Influências antrópicas sobre os ecossistemas;

Ecologia da paisagem; Bioindicadores; Interações ecológicas; Educação

ambiental; Ecoturismo; Recuperação de Áreas Degradadas, e outros que a

Comissão Gestora julgar pertinentes.

b) A Comissão Gestora dará o aval/anuência para pesquisas e estudos. Lembrando

que possíveis autorizações deverão ser solicitadas aos órgãos competentes pelo

interessado.

c) O uso da infraestrutura e equipamentos do CEI está condicionado a autorização

do Supervisor do CEI e/ou pesquisador responsável e/ou Chefe Adjunto de

Pesquisa e Desenvolvimento.

d) Todas as zonas de manejo podem comportar as atividades de estudos e

pesquisas, considerando as suas características principais.

e) A análise da evolução temporo-espacial do uso e cobertura do solo será realizada

periodicamente, com o apoio do laboratório de geoprocessamento.

f) Os responsáveis pelos projetos de pesquisa deverão definir o plano de estágio dos

estudantes envolvidos.

- Resultados Esperados:

Levantamentos biológicos (florístico, faunístico, entomológico entre outros)

realizados.

Uso e cobertura do solo monitorado.

3.3.4. Programa de comunicação

Este programa tem como objetivo estabelecer estratégias de comunicação e

relacionamento entre a Embrapa e os seus públicos de interesse nas questões

concernentes à RPPNdo Caju, tendo como responsável um membro da Comissão

Gestora. O Programa de Comunicação contempla as necessidades e as formas da

Embrapa lidar com os seus públicos de interesse nas questões que envolvem a

conservação da natureza e desenvolvimento local sustentável, abordando os diversos

meios de divulgação, estratégias de marketing e ações de relações públicas.

Page 68: (RPPN) do Caju

61

Atividade 6: Apresentação e divulgação da RPPN do Caju.

Responsável: Membro da Comissão Gestora da RPPN do Caju.

Normas:

a) Um jornalista do Núcleo de Comunicação Organizacional (NCO) da Unidade será

responsável por esta atividade.

b) As atividades de apresentação e divulgação da RPPN do Caju serão executadas

pelo NCO.

c) O NCO irá elaborar o Manual de Identidade Visual e o projeto de Comunicação

Visual da RPPN do Caju, de acordo com o Manual de Identidade Visual da

Embrapa.

d) Estabelecer relacionamentos com veículos de comunicação para fortalecimento da

imagem da RPPN do Caju, como por exemplos viagens de

imprensa/reconhecimento e noticias rápidas/curtas.

e) Produção de informativos e impressos em geral (divulgação das oportunidades de

visitação, pesquisa e outros serviços).

f) Participação nas redes sociais e adequação de conteúdos sobre a RPPN do Caju

nos novos portais da Embrapa.

Atividade 7: Favorecimento de parcerias institucionais.

Responsável: Membro da Comissão Gestora da RPPN do Caju.

Normas:

a) Identificar projetos na carteira da Unidade que contemplem eventos com órgãos

fiscalizadores e fomentadores de pesquisa e desenvolvimento em unidades de

conservação.

b) Apoiar a promoção e realização de visitas técnicas e/ou outras práticas,

envolvendo estudantes, professores, pesquisadores, técnicos, comunidades locais

e demais interessados, em temáticas de pesquisa, extensão e ensino, com o apoio

do NCO e Setor de Gestão da Implementação da Programação de Transferência

de Tecnologia (SIPT).

Resultados esperados

Ter fortalecido a imagem da Embrapa enquanto instituição comprometida com

as questões socioambientais.

Ter fortalecido a imagem da RPPN do Caju enquanto área pública e de suma

importância socioambiental.

Page 69: (RPPN) do Caju

62

Consolidar uma relação de convivência entre a RPPN do Caju e as

comunidades locais e os vizinhos do entorno.

3.3.5. Programa de educação ambiental

Este programa tem como objetivo estabelecer estratégias para criação de uma

consciência crítica e ética em torno dos problemas ambientais, tendo como

responsável um membro da Comissão Gestora. Valorizando a integração das

diferentes formas de conhecimento e incentivando a formação de uma consciência

coletiva de gestão ambiental dos vários ecossistemas da região a onde se localiza a

RPPN do Caju, serão contempladas ações pela proteção, conservação e utilização

sustentável dos recursos naturais. Este programa envolve ações em andamento e

outras que possam vir a ser estabelecidas. Abaixo estão descritas duas atividades

para que se alcance o objetivo do programa.

Atividade 8: Favorecer a capacitação de diferentes atores em Educação Ambiental.

Responsável: Membro da Comissão Gestora da RPPN do Caju

Normas:

a) Incentivar a formação de uma consciência coletiva de conservação ambiental dos

vários ecossistemas com os moradores do entorno e publico em geral;

b) Favorecer a capacitação de educadores do ensino formal (fundamental e médio);

c) Apoiar e promover visitas, palestras, oficinas, reuniões e eventos aproximativos e

recreativos (concurso de redação, fotografia, pintura entre outros) com escolas das

redes pública e privada de ensino, agricultores, educadores e público em geral,

com o apoio do NCO e SIPT.

d) Apoiar e promover eventos com órgãos fiscalizadores e fomentadores de pesquisa

e desenvolvimento em unidades de conservação, com o apoio do NCO e SIPT.

Atividade 9:Apoiar e promover ações de Educação Ambiental.

Responsável: Membro da Comissão Gestora da RPPN do Caju

Normas:

a) Incentivar a formação de uma consciência coletiva de conservação ambiental dos

vários ecossistemas com os moradores do entorno e publico em geral.

b) Fortalecer as atividades do programa Embrapa Escola, que envolve ações

educativas visando oferecer orientação a estudantes sobre a importância da

Ciência & Tecnologia.

Page 70: (RPPN) do Caju

63

c) Apoiar projetos de educadores (as) nas comunidades do entorno.

d) Apoiar a implementação de projetos de educação ambiental.

e) Apoiar o intercâmbio entre os Projetos de Educação Ambiental das comunidades,

escolas e instituições no entorno da RPPN do Caju.

f) Consonância com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades

Sustentáveis e Responsabilidade Global -> “Estimular, criar e desenvolver redes

de educadores ambientais”.

g) Consonância com a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei nº 9.795 –

27/04/1999) -> “Promover a articulação das ações educativas voltadas às

atividades de proteção, recuperação e melhoria socioambiental e potencializar a

função da educação para as mudanças culturais e sociais”.

h) Aprendizagem permanente (todos somos aprendizes e educadores).

i) Respeito às diferentes formas de conhecimento, por meio de ferramentas que

favoreçam a construção do conhecimento de maneira participativa.

- Resultados esperados

Desenvolver ações que contribuam para a conscientização ambiental e

preservação da natureza das populações do entorno, estudantes, educadores

e publico em geral;

Fortalecimento dos Sistemas de Ensino em Educação Ambiental;

Ter a RPPN do Caju como referência em Educação Ambiental para a região.

3.4. Projetos específicos

Inicialmente, visando um bom entendimento deste item, salienta-se a ligação

direta dos Projetos Específicos com os Programas de Manejo. Por meio de tabelas

compostas por subatividades (derivadas das normas dos programas) e cronograma

financeiro, aqui se apresentam suscintamente os projetos específicos. Quando

demandada a execução de determinado projeto específico (atividade e subatividade),

vale salientar que este será devidamente detalhado, indicando-se materiais, métodos,

resultados esperados, metas e prazos.

Esses projetos tanto podem ser fomentados pela Embrapa, quanto podem ser

fomentados por recursos externos. Os recursos financeiros da Embrapa poderão ser

da Administração e/ou do Sistema Embrapa de Gestão (SEG). Os recursos externos

Page 71: (RPPN) do Caju

64

poderão ser oriundos de agências de fomento a pesquisa (Fundações de Amparo a

Pesquisa, CNPq, entre outros) e de Empresas e Fundações que apoiam o

fortalecimento das Unidades de Conservação.

Visto a responsabilidade de preservação da RPPN do Caju, além da sua

necessidade de implementação e importância, o projeto específico de Proteção e

Fiscalização deverá ser priorizado no âmbito dos recursos oriundos da Embrapa.

A execução das atividades e subatividades seguirá as normas dos Programas

de Manejo.

3.4.1. Gestão da RPPN do Caju

Este projeto tem como objetivo contribuir com o sistema de administração da

Embrapa Tabuleiros Costeiros na execução do Plano de Manejo da RPPN do Caju.

Assim, de forma integrada, duas atividades serão executadas: 1) Coordenar a

execução do plano de manejo; 2)Gerenciar as atividades na RPPN do Caju. Na

Tabela 4 apresentam-se as subatividades a serem desenvolvidas e a estimativa de

custo de implantação.

Tabela 4. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Gestão.

SUBATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

___________________________

reais___________________________

Execução de atividades de gestão 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Execução de atividades de gerenciamento 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Capacitação de recursos humanos 3.000,00 3.300,00 3.630,00 3.993,00 4.392,30

Instalação/manutenção de infraestrutura e equipamentos 2.000,00 2.200,00 2.420,00 2.662,00 2.928,20

Estimativa de custo total por ano 9.800,00 10.780,00 11.858,00 13.043,80 14.348,18

Estimativa de custo total nos cinco anos 59.829,98

3.4.2. Proteção e fiscalização da RPPN do Caju

Este projeto tem como objetivo manter a integridade dos recursos naturais e

culturais da RPPN do Caju. Assim, de forma integrada, duas atividades serão

executadas: 1) Conservar a biodiversidade, a dinâmica dos ecossistemas e o

patrimônio histórico-cultural; 2) Garantir a segurança dos visitantes, dos funcionários,

Page 72: (RPPN) do Caju

65

da infraestrutura e equipamentos. Na Tabela 5 apresentam-se as subatividades a

serem desenvolvidas e a estimativa de custo de implantação.

Tabela 5. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Proteção e Fiscalização.

SUBATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

___________________________

reais___________________________

Prevenção e combate a incêndios florestais 10.000,00 1.000,00 1.100,00 1.210,00 1.331,00

Preparação, instalação e manutenção de placas e cercas 18.000,00 2.000,00 2.200,00 2.420,00 2.662,00

Rondas de Fiscalização 6.000,00 6.600,00 7.260,00 7.986,00 8.784,60

Estimativa de custo total por ano 34.000,00 9.600,00 10.560,00 11.616,00 12.777,60

Estimativa de custo total nos cinco anos 78.553,60

3.4.3. Pesquisa e monitoramento da RPPN do Caju

Este projeto tem como objetivo conhecer de forma mais detalhada as

características dos ecossistemas e acompanhar o uso e cobertura do solo na RPPN

do Caju. Assim, a seguinte atividade será executada: 1) Apoiar a realização de

pesquisas na RPPN do Caju. A seguir apresenta-se a subatividade a ser desenvolvida

e a estimativa de custo de implantação.

Tabela 6. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Pesquisa e

Monitoramento.

SUBATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

___________________________

reais___________________________

Execução de atividades de apoio à pesquisas na RPPN 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Estimativa de custo total por ano 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Estimativa de custo total nos cinco anos 14.652,24

3.4.4. Comunicação da RPPN do Caju

Este projeto tem como objetivo estabelecer estratégias de comunicação e

relacionamento entre a Embrapa e os seus públicos de interesse nas questões

concernentes à RPPN do Caju. Assim, de forma integrada, duas atividades serão

Page 73: (RPPN) do Caju

66

executadas: 1) Apresentação e divulgação da RPPN do Caju; 2)Favorecimento de

parcerias institucionais. A seguir apresentam-se as subatividades a serem

desenvolvidas e a estimativa de custo de implantação.

Tabela 7. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Comunicação.

SUBATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

___________________________

reais___________________________

Apresentação e divulgação da RPPN do Caju 1.200,00 1.320,00 1.452,00 1.597,20 1.756,92

Manual de identidade visual da RPPN do Caju 1.800,00 0 0 0 0

Comunicação visual da RPPN do Caju 1.800,00 0 0 0 0

Relacionamento com veículos de comunicação 1.800,00 1.980,00 2.178,00 2.395,80 2.635,38

Produção de informativos e impressos 600,00 660,00 726,00 798,60 878,46

Promoção e realização de visitas técnicas 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Estimativa de custo total por ano 9.600,00 6.600,00 7.260,00 7.986,00 8.784,60

Estimativa de custo total nos cinco anos 40.230,60

3.4.5. Educação ambiental da RPPN do Caju

Este projeto tem como objetivo estabelecer estratégias para criação de uma

consciência crítica e ética em torno dos problemas ambientais, especialmente nas

questões concernentes à RPPN do Caju. Assim, de forma integrada, duas atividades

serão executadas: 1) Favorecer a capacitação de diferentes atores em Educação

Ambiental; 2)Apoiar e promover ações de Educação Ambiental. A seguir apresentam-

se as subatividades a serem desenvolvidas e a estimativa de custo de implantação.

Tabela 8. Estimativa de custo de implantação do Projeto de Educação Ambiental.

SUBATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

___________________________

reais___________________________

Promoção e realização de eventos 4.800,00 5.280,00 5.808,00 6.388,80 7.027,68

Apoio e promoção de ações em educação ambiental 4.800,00 5.280,00 5.808,00 6.388,80 7.027,68

Estimativa de custo total por ano 9.600,00 10.560,00 11.616,00 12.777,60 14.055,36

Estimativa de custo total nos cinco anos 58.608,96

Page 74: (RPPN) do Caju

67

3.5. Cronograma de atividades e custos

A seguir são apresentadas as subatividades e a estimativa de custo de

implantação do Plano de Manejo da RPPN do Caju.

Tabela 9.Estimativa de custo de implantação do Plano de Manejo da RPPN do Caju.

SUBATIVIDADES ANO

1 2 3 4 5

___________________________

reais___________________________

Execução de atividades de gestão 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Execução de atividades de gerenciamento 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Capacitação de recursos humanos 3.000,00 3.300,00 3.630,00 3.993,00 4.392,30

Instalação/manutenção de infraestrutura e equipamentos 2.000,00 2.200,00 2.420,00 2.662,00 2.928,20

Prevenção e combate a incêndios florestais 10.000,00 1.000,00 1.100,00 1.210,00 1.331,00

Preparação, instalação e manutenção de placas e cercas 18.000,00 2.000,00 2.200,00 2.420,00 2.662,00

Rondas de Fiscalização 6.000,00 6.600,00 7.260,00 7.986,00 8.784,60

Execução de atividades de apoio à pesquisas na RPPN 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Apresentação e divulgação da RPPN do Caju 1.200,00 1.320,00 1.452,00 1.597,20 1.756,92

Manual de identidade visual da RPPN do Caju 1.800,00 0 0 0 0

Comunicação visual da RPPN do Caju 1.800,00 0 0 0 0

Relacionamento com veículos de comunicação 1.800,00 1.980,00 2.178,00 2.395,80 2.635,38

Produção de informativos e impressos 600,00 660,00 726,00 798,60 878,46

Promoção e realização de visitas técnicas 2.400,00 2.640,00 2.904,00 3.194,40 3.513,84

Promoção e realização de eventos 4.800,00 5.280,00 5.808,00 6.388,80 7.027,68

Apoio e promoção de ações em educação ambiental 4.800,00 5.280,00 5.808,00 6.388,80 7.027,68

Estimativa de custo total por ano 65.400,00 40.180,00 44.198,00 48.617,80 53.479,58

Estimativa de custo total nos cinco anos 251.875,38

Page 75: (RPPN) do Caju

68

4. INFORMAÇÕES FINAIS

4.1. Anexos

4.1.1 Reunião sobre o Plano de Manejo da RPPN do Caju com

comissão externa

A reunião foi realizada na sede da Embrapa Tabuleiros Costeiros, no dia 22 de

outubro do ano 2012. Iniciada pelo então Chefe Geral da Embrapa Tabuleiros

Costeiros Dr. Edson Diogo, o qual fez uma breve apresentação agradecendo

principalmente a participação do público externo.

Em seguida o mediador Lauro Rodrigues solicitou a apresentação dos

participantes e ressaltou a importância da participação em relação a orientação e o

apoio na elaboração do Plano de Manejo da RPPN do Caju. Prevendo a atuação da

Comissão Externa pelo período de um ano, com duas reuniões para desencadear o

inicio das atividades, uma reunião para avaliar o andamento das atividades e duas

reuniões para a finalização do Plano de Manejo.

A reunião teve a seguinte pauta:

1 – Apresentação da RPPN do Caju.

2 – Apoio e responsabilidades na elaboração do Plano de Manejo.

3 – Diagnóstico falado/mental.

3.1 – Principais pontos (ameaças e oportunidades) a serem destacados e

considerados no Plano de Manejo da RPPN do Caju.

3.2 – Importância e foco da RPPN considerando sua atuação em âmbito

local, regional, nacional e internacional.

3.3 – Visão macro de curto, médio e longo prazo.

4 – Data para próxima reunião.

No decorrer da reunião houve várias discussões que acrescentaram bastante

no entendimento da RPPN do Caju e nas principais características a serem

observadas para construção do plano de manejo.

Evandro Tupinambá, empregado aposentado da Embrapa Tabuleiros Costeiros

e principal articulador na criação da RPPN do Caju, contou como ocorreu o

processo de retificação da área.

Page 76: (RPPN) do Caju

69

Salete observou a importância de identificar as espécies de regeneração

natural, que só se reproduzem nessa área. Falou também das ameaças

sofridas pelas flores e bromélias.

Durante a reunião levantou-se uma questão sobre indícios de extrativismo da

mangaba dentro da RPPN do Caju.

A maioria dos participantes demonstrou interesse em colaborar na elaboração

do Plano de Manejo da RPPN do Caju, apontando os pontos em que possuíam

condições de ajudar.

A reunião foi finalizada depois de firmados estes compromissos.

Lista dos participantes da primeira reunião sobre o Plano de Manejo da RPPN

do Caju

Participante Instituição

Cláudio Roberto Braghini Instituto Federal de Sergipe – IFS

Evandro Almeida Tupinambá Instituto Serigy – ONG

José Waldson Costa de Andrade Sociedade Semear – ONG

Lauro Rodrigues Embrapa

Fernando Curado Embrapa

Salete Rangel Embrapa

Alyne Fontes R. de Melo Estagiária Embrapa

Rodrigo Lima Estagiário Embrapa

Lucas Amorim Estagiário Embrapa

Page 77: (RPPN) do Caju

70

4.1.2 Oficina "Conhecimento Territorial e Planejamento da RPPN do

Caju"

Realização: Embrapa Tabuleiros Costeiros

Coordenação: Lauro Rodrigues Nogueira Júnior

Apoio: Alyne Fontes Rodrigues de Melo

Data: 23 de janeiro e 18 de março de 2013

Local: RPPN do Caju, em Itaporanga d’Ajuda, SE e Embrapa Tabuleiros Costeiros,

Aracaju, SE

As RRPNs devem ser criadas com o intuito de preservar a biodiversidade. A

RRPN do Caju, além de proporcionar a preservação também tem a proposta de ser

um centro de referência em educação ambiental e promover o ecoturismo. Neste

sentido, deve ser dada atenção especial ao contexto local identificando os principais

pontos fortes e as possíveis ameaças à realização de tais projetos. Por estar

localizada em área vizinha a terrenos imobiliários e ser área de exploração de

comunidades ribeirinhas, o reconhecimento detalhado da RPPN do Caju e do seu

entorno, é extremamente necessário para que o planejamento e gerenciamento sejam

adequados, de forma a atender todas as demandas.

Portanto, no dia 23 de janeiro de 2013 foi realizada uma oficina em campo,

cujos objetivos foram o Conhecimento Territorial: Conhecer a área da RPPN do Caju

e o seu entorno e realizar planejamento da mesma. A equipe (Tabela e Figura 1) saiu

da Embrapa Tabuleiros Costeiros pela manhã com previsão de retorno ao final da

tarde. Esta primeira oficina contou com a participação de profissionais

multidisciplinares, contribuindo para uma visão mais ampla das características e

conflitos da RPPN.

O presente documento é o memorial da Oficina e seu conteúdo serviu de base

para as oficinas posteriores e contribuiu para a elaboração do Plano de Manejo da

RPPN do Caju.

Page 78: (RPPN) do Caju

71

Participantes da Oficina de Reconhecimento Territorial e Planejamento da RPPN

do Caju

Participante Área de atuação

Carlos Roberto Martins Sistemas de Produção Sustentáveis

Erivaldo Fonseca Moraes Técnico Agrícola

Fernanda Amorim Souza Organização Comunitária

Joézio Luiz dos Anjos Fertilidade/manejo do solo

Lauro Rodrigues Nogueira Júnior Recursos Florestais

Márcia Helena Galina Geoprocessamento

Raquel Fernandes de A. Rodrigues Comunicação Social

Cleverson Matos Santos Técnico Agrícola

Shalana Santos Carvalho Estagiária

Alyne Fontes Rodrigues de Melo Estagiária

Figura 1. Expedição de barco pelo Rio Paruí.

Page 79: (RPPN) do Caju

72

Dia 23 de janeiro de 2013

Dinâmica da oficina

A primeira atividade realizada ao chegar na RPPN do Caju foi uma caminhada

parando em uma duna de onde se tem uma vista de boa parte da RPPN e do seu

entorno. Em seguida, seguiu-se uma trilha localizada na divisa entre a RPPN do Caju

e o terreno da imobiliária Norcon (Fazenda Estrela Dalva) e Fazenda Paruhy,

observando a vegetação e as características de interesse relevante, como focos de

incêndio. A trilha foi finalizada na beira do manguezal onde um barco estava à espera

(Figura 2).

Figura 2. (a) Vista da RPPN do Caju do alto da duna; (b) Vista da trilha percorrida, mostrando

a cerca que separa a área da Reserva do terreno da imobiliária; (c) Área de ocorrência de

incêndio; (d) Acesso ao barco para a segunda etapa do reconhecimento da RPPN do Caju.

O percurso de barco foi extremamente importante para o melhor entendimento

da situação atual do entorno mais próximo e da relação das comunidades do entorno

com a RPPN do Caju. O percurso compreendeu o ponto do rio Parui que ainda dava

acesso a barco, aproximadamente 500m após fim do limite da RPPN do Caju,

(a) (b)

(c)

(

d

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73

passando pela Ilha Men de Sá, até a Ilha Cabeça de Boi, próximo ao encontro com o

rio Vaza Barris.

Pode-se notar a presença de marisqueiros e pescadores na região de mangue,

contudo, o mesmo encontra-se em bom estado de conservação, não sendo

observados danos diretos ao ecossistema. Foi possível perceber a prática de

carcinicultura (Figura 3)

Fez-se uma parada em um ponto da RPPN conhecido como “Sítio das

mangabeiras” devido à grande concentração dessa espécie no local e lá, pode-se

perceber vestígios da presença humana, como lixo e restos de fogueira, o que

demonstra que essa área é usada por extrativistas.

Figura 3. (a) Marisqueiros em atividade; (b) Manguezal com aspecto harmonioso entre fauna

e flora; (c) Fazendas de camarão próximas à área da RPPN do Caju

(a) (b) (c)

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Figura 4. (a) Sítio das mangabeiras, destacando a maior espécime do local; (b) Parada para

interpretação do mapa da RPPN do Caju, identificando as localizações percorridas; (c)

Apresentação dos mapas aéreos da RPPN do Caju e do entorno, sobre o qual foram

identificadas a zonas de influência.

Após a pausa para o almoço a equipe se reuniu no auditório do Campo

Experimental, onde foram apresentados mapas aéreos da RPPN do Caju e do seu

entorno, demonstrando as comunidades na zona de influência e com pontos

estratégicos que já haviam sido demarcados em uma visita anterior (Figura 4).

A partir desse momento, a Oficina partiu para a parte de planejamento, ou seja,

discutir e definir os objetivos específicos e o zoneamento da RPPN, itens de extrema

importância na construção do Plano de Manejo. Mediada pelo pesquisador Lauro

Rodrigues, os membros da comissão interna da equipe expuseram suas opiniões de

forma que todos entraram em acordo sobre o tema proposto e os resultados foram

elaborados de forma a corroborar com a proposta da criação da RPPN do Caju, sobre

educação ambiental e sustentabilidade.

Resultados

A Oficina agregou conhecimento sobre a RPPN do Caju, os diversos tipos de

vegetação, fauna e importância da preservação desses ecossistemas. A partir desse

primeiro contato foi possível detectar a necessidade de conhecer melhor as

comunidades que fazem uso da RPPN do Caju e criar um vínculo para que eles

possam contribuir com a preservação da área para benefício de todos.

Após discussão entre os membros da comissão interna, participantes da

oficina, foram definidos os seguintes Objetivos Específicos do Plano de Manejo:

Realizar pesquisa científica.

Educação Ambiental.

Interface comunitária/empresarial.

Proteção dos sítios arqueológicos.

Proteger as espécies nativas (cabeça-de-frade, sucupirinha, piaçava, pau-

pombo, leitoso e demais espécies da Mata Atlântica).

Proteger ecossistemas associados da Mata Atlântica (Mangue e Restinga).

Proteção de corpos d’água.

Analisando os mapas da RPPN do Caju e seu entorno iniciou-se as definições

do zoneamento. Estes, no entanto precisaram ser melhor discutidos para que cada

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zona identificada se encaixasse nas definições pré-estabelecidas, sendo necessário

outra reunião onde se encontrasse o maior número possível dos membros da

comissão interna.

Dia 18 de março de 2013

Com a proposta de ser uma continuação da Oficina de Reconhecimento

territorial, esse encontro dos membros da comissão interna para a elaboração do

Plano de Manejo teve como principais metas: definir os objetivos específicos, realizar

o zoneamento a partir do que foi percebido em campo e definir programas de manejo.

Dinâmica da reunião

A reunião aconteceu na sede da Embrapa Tabuleiros Costeiros e teve início às

14:15. O mediador Lauro Rodrigues no intuito de deixar os membros a par do

andamento do Projeto expôs fotos e mapas, demonstrando as experiências obtidas

em campo.

Surgiram alguns debates, obtendo-se as seguintes propostas discutidas pelos

integrantes da comissão interna que participaram da reunião:

» Considerar a área experimental do CEI como uma área com potencial de

ameaças.

» Incluir Zona de Transição no entorno da área experimental, pois não se pode

prever as ações futuras, como por exemplo a utilização de insumos agrícolas

que podem afetar a integridade ambiental da RPPN do Caju.

» Necessidade de se conhecer a atividade realizada na divisa do campo

experimental e a RPPN do Caju para que se possa fazer a delimitação da Zona

de Transição (aumentar ou diminuir de acordo com os possíveis impactos).

» Considerar a área da “ilha do boi”, onde há ancoradouro de pequenos barcos,

como zona de visitação.

» Considerar a opção de haver uma Zona de Administração dentro da RPPN e

não a do campo experimental.

» Identificar as Zonas de Conectividade (Ex: APA Litoral Sul)

» Estabelecer um comitê responsável pela administração da RPPN. Cada

integrante ficaria responsável por um programa específico (o supervisor do

campo seria o representante da Embrapa não sendo necessário ser incluído

neste comitê)

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Resultados

Os objetivos específicos já haviam sido pré-definidos na Oficina de

Reconhecimento, realizada no dia 23 de Janeiro, no entanto, houve modificações

tendo em vista a presença de novos participantes que acabam agregando novos

pensamentos. Os Objetivos Específicos passaram a ser atrelados a um programa de

manejo, para facilitar sua execução.

» Realizar pesquisa científica (Pesquisa e Monitoramento).

» Realizar educação ambiental (Programa de Educação Ambiental).

» Conservar recursos naturais e culturais (Programa de Conservação e

Fiscalização).

» Captar recursos financeiros (Gestão).

» Dar visibilidade as ações na RPPN (Comunicação).

Foi pré-definido o zoneamento da RPPN do Caju. Depois de analisar as

definições de cada zona, identificou-se as áreas que se encaixavam em tais

definições. Foram identificadas as seguintes zonas: Silvestre, de Proteção, de

Visitação, de Transição e de Recuperação.

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4.1.3 Diagnóstico Participativo na Ilha Mem de Sá

Realização: Embrapa Tabuleiros Costeiros

Coordenação: Lauro Rodrigues Nogueira Júnior

Moderador: José Waldson Costa de Andrade, diretor de Meio Ambiente da

Sociedade Semear (SEMEAR)

Apoio: Alyne Fontes Rodrigues de Melo

Data: 08 de abril de 2013

Local: Ilha Mem de Sá, Itaporanga d’Ajuda, SE

A primeira oficina de DRP (Diagnóstico Rural Participativo) nas comunidades

do entorno da RPPN do Caju, foi realizada na Ilha Mem de Sá, povoado do município

Itaporanga d’Ajuda. A oficina mediada por Waldson Costa (Semear) teve como

objetivo conhecer a comunidade e suas relações com a RPPN do Caju (Figura 1).

Figura 1. Diagnóstico participativo na Ilha Mem de Sá.

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Iniciada às 9h30 com um total de 15 participantes, o primeiro passo foi identificar

com quais os principais Recursos da área da RPPN do Caju que eles fazem uso, de

acordo com os moradores da Ilha Mem de Sá, são eles:

A RPPN do Caju funciona como ponto de parada para os pescadores que se

reúnem esperando o melhor momento (maré cheia*) para iniciar a pescaria.

Na área de manguezal são coletados aratu, ostra, maçunim, sururu, lambreta,

caranguejo, itã. Estes mariscos típicos dos manguezais sergipanos.

A coleta de coco é feita somente para consumo.

Segundo as marisqueiras o mangue é menos atolado na parte do fim do rio Paruí,

o que facilita a catação.

Na parte de dunas, eles coletam areia. Esta é transportada nos barcos, em sacos,

para fazer o contra-piso das casas.

A extração de lenha é realizada para o próprio consumo, principalmente na

cozinha, em casas que não possuem fogão ou como forma de economizar o gás.

São retirados os galhos do mangue-morto, para eles não é interessante cortar a

madeira verde por conta da umidade.

Os peixes encontrados são robalo e principalmente tainha.

Os pescadores e marisqueiros vendem uma parte do material coletado e outra

parte é para consumo próprio.

A RPPN do Caju além de fonte de subsistência serve para os moradores da

comunidade como um local de lazer, onde eles podem acampar e jogar futebol.

A festa de Santa Luzia, padroeira da Ilha Mem de Sá, realizada de 9 a 13 de

dezembro, é principal festividade religiosa dos moradores. Nesse período são

realizados batizados, missas e procissões. Logo depois, eles iniciaram a “Festa do

Caranguejo” que já acontece há 16 anos.

As atividades culturais são:

A “Festa do Caranguejo” realizada há 16 anos; os moradores relataram

quepassaram 4 anos sem ter caranguejo para a festa e eles acreditam que tal

mortalidade tenha sido causada por produtos químicos utilizados nas fazendas de

camarão.

Samba de Coco, o qual eles apresentam em outras cidades e eventos.

Festa do Barraqueiro.

A principais fonte de lazer e diversão são:

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Banho no rio.

Campo de futebol.

Dançar forró no Porto da Areia.

A Ilha possui duas igrejas uma católica e outra evangélica. Na única escola, o

ensino é até o 5º ano do ensino fundamental. Na região existem algumas lendas e

mitos como a lenda da Sereia, segundo eles a suposta sereia aparecia para os

rapazes, sentada numa pedra na beira do rio Paruí.

Dinâmica da oficina

A primeira dinâmica realizada foi a do Crachá. Os moradores receberam

crachás de cartolinas coloridas e neles cada um deveria escrever o nome expondo

características relevantes da sua vida e personalidade (Figura 2). Após esta

identificação, Dr. Lauro iniciou a reunião explicando aos moradores o que é uma

RPPN e a sua importância para a preservação da biodiversidade do estado de

Sergipe, onde grande parte dos ecossistemas da Mata Atlântica foram degradados e

suprimidos pelo homem. Comentou também sobre o histórico de criação da RPPN do

Caju e sobre as vitrines e experimentos realizados no Campo Experimental de

Itaporanga.

Figura 2. Dinâmica dos crachás e desenho do Mapa Mental.

A segunda dinâmica proposta pelo mediador José Waldson foi a técnica do

“Mapa Mental” (Figura 2). Os moradores desenham a comunidade em que vivem e

apontam os pontos mais importantes para subsistência e lazer, eles teriam

basicamente que responder as seguintes questões no próprio desenho e em uma

folha avulsa:

1. Como é a comunidade que vivemos?

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2. Qual a fonte de renda da comunidade?

3. Onde a comunidade realiza as atividades econômicas?

4. Quais as tradições culturais? Onde e quando são realizadas?

5. Quais os locais de grande beleza natural nas proximidades?

Os 15 participantes foram divididos em 3 grupos, cada grupo recebeu papel

madeira e canetas coloridas. Assim que terminaram os Mapas Mentais,

representantes de cada grupo apresentaram os mapas, respondendo às questões

propostas (Figura 3).

Figura 3. Participantes do DRP confeccionando e apresentando o Mapa Mental.

As respostas dos moradores da Ilha Mem de Sá, quanto às formas de

subsistência e relação com a RPPN do Caju é o principal momento do DRP, é quando

podemos entender a realidade local e a percepção que eles próprios possuem da sua

forma de vida, algumas delas foram:

Page 88: (RPPN) do Caju

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“Gostamos da ilha porque é um lugar calmo, de fácil moradia. Temos como tradição a

festa do caranguejo, como cultura o samba de coco e a festa da padroeira. É um lugar

agradabilíssimo”.

“A Ilha é um lugar tranquilo e de difícil acesso para os marginais, aqui nós podemos

dormir de janelas e portas abertas sem medo. Tiramos do mangue o nosso sustento e

sem ele nós não teríamos como sobreviver”.

O último ponto abordado foi a possibilidade de estabelecer parcerias entre a

Embrapa e a comunidade, de forma a beneficiar os moradores e tentar minimizar a

intervenção na RPPN do Caju. Durante esse momento os moradores criaram,

basicamente, uma lista com os itens que eles consideram mais necessários de se

implementar na ilha no momento, a saber:

Criação de Reserva de Ostra.

Orientação técnica para criação de peixe e camarão em viveiros, na comunidade.

Plantação de mangaba, milho e mandioca.

Local para conservar a manga e extrair o néctar (há muito desperdício da fruta no

local).

Aprender a fazer artesanato (lembrança da comunidade para os turistas).

Aprender a preparar o doce de araçá e mangaba.

Educação Ambiental com as crianças na RPPN do Caju e vitrine das pessoas da

comunidade.

Porto com píer em várias localidades.

Considerações finais

Com base nas informações obtidas na reunião com os moradores, podemos

perceber a estreita relação entre eles e a RPPN do Caju, a qual eles utilizam para

subsistência e lazer. Faz-se necessário estabelecer relações entre a gestão da

Unidade de Conservação e a comunidade para que se possa minimizar os possíveis

impactos sobre os ecossistemas, sem causar danos ou prejuízos a essas pessoas.

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Relatório do moderador

A atividade relatada a seguir refere-se à realização da Oficina Participativa para

a Elaboração do Plano de Manejo da RPPN do Caju na Comunidade da Ilha de Mém

de Sá no dia 08 de Abril de 2013.

A Oficina se iniciou as 9:30 com a presença de 15 comunitários, 1

representante da EMBRAPA Lauro Rodrigues, Alyne Melo (Estagiária EMBRAPA) e

José Waldson Costa (Sociedade Semear) com a apresentação da programação do

dia e possíveis dúvidas sobre o como seria mediada a oficina, após houve a aplicação

da Dinâmica do Cartaz.

Esta dinâmica consiste no preenchimento individual de uma cartolina onde os

mesmos inserem o seu nome e uma característica marcante da sua personalidade. O

objetivo desta dinâmica é iniciar um processo de troca de saberes e de confiança

sobre qual o seu tipo de comportamento na comunidade. Como resultado, observou-

se que existe uma relação de proximidade entre os presentes devido aos mesmos se

conhecerem desde pequenos e possuir laços familiares marcantes.

Após este momento houve a apresentação sobre o que é uma Reserva

Particular do Patrimônio Natural (RPPN) realizada por Lauro Rodrigues com

explicação de acordo com estabelecido pelo Sistema Nacional de Unidade de

Conservação e a sua finalizada em proteger espécies vegetais e animais que vem

sendo constantemente ameaçadas pelo homem. Para oferecer uma abordagem mais

didática sobre o assunto apresentou-se imagens sobre o uso de algumas RPPN´s no

Brasil.

Para uma abordagem local sobre a realidade da RPPN do Caju, foi

apresentado o histórico da sua criação e a sua importância no contexto de

preservação da biodiversidade local com a explanação das características do

ecossistema, a sua localização, infraestrutura e quais as atividades desenvolvidas

pela Embrapa durante os últimos anos.

Após este momento foi aberto um espaço para dúvidas e possíveis

questionamentos sobre como a comunidade poderá ser inserida e qual o tipo de uso

que a mesma faz na área da RPPN do Caju. Os presentes relatam que a área é

utilizada para a coleta da mangada e como ponto de parada para embarcações de

pequeno porte que realizam a pesca no local, além da coleta do aratu e outros

crustáceos presentes na região, atividade esta, realizada principalmente pelas

mulheres. Outras atividades realizadas pela comunidade que necessitam de uma

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83

melhor atenção é a coleta de madeira para lenha e a retirada de areia branca para a

construção das casas da comunidade.

Com o levantamento dos usos realizados pela comunidade da Ilha Mem de Sá

foi iniciada a Dinâmica do Mapa Mental. Esta dinâmica visa constatar espacialmente

os locais que a comunidade realizam as atividades econômicas, sociais, culturais,

religiosas e de lazer tanto na área da RPPN do Caju como na comunidade onde

vivem.

Foram divididos 3 grupos onde em 30 minutos eles puderam elaborar o mapa

com as características solicitadas onde foram sistematizadas as seguintes

informações relevantes

Pontos de Pesca realizados pela comunidade na área da RPPN do Caju e no leito

do Rio Paruí.

A Croa da Mangabeira onde é realizado o ponto de parada da pesca.

Croa do André, local onde é realizada a pesca do “maçumin”, sururu, ostra.

A Pedra do Murici local que é realizado a pesca por molinete por turistas que

chegam à região.

Reunião no Porto da Areia para a diversão devido a presença de bares.

Festa da Padroeira Santa Luzia entre os dias 09 a 13 de Dezembro com a Festa

do Caranguejo.

Mangueira onde é realizada as manifestações do Samba do Coco.

Ponto do André local que possui um poço de água doce que a comunidade usa

como ponto parada de pesca, banho e lazer.

Porto dos Caibros, local onde é realizado o transporte, embarque e desembarque

dos moradores e turistas.

Divisão da Ilha Mem de Sá em duas: Ilha 1 e Ilha 2 ( o que divide é o Apicum).

Após a apresentação foi iniciada a discussão sobre quais os possíveis desejos

da comunidade para parceria com a RPPN do Caju que estão sistematizadas abaixo.

Criação de uma Reserva de Produção de Ostras.

Assistência técnica para a criação de camarão e peixe na comunidade.

Disponibilização de Mangabeiras para o Plantio na comunidade.

Espaço para a produção do Néctar da Manga e frutas da região.

Oficinas de Artesanato para produção de materiais para os turistas.

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Aquisição de máquinas para a Casa de Farinha.

Criação de um roteiro e calendário de visitas das pessoas da comunidade para

conhecer a RPPN do Caju.

Considerações do moderador

Esta atividade foi de grande importância para levantar aspectos relevantes com

relação a usos econômicos e de extrativismo realizado e para entender qual a

percepção da comunidade sobre como potencializar a existência da RPPN do Caju.

Vale ressaltar que algumas formas de uso realizadas pela comunidade não

estão em conformidade com o que estabelece o SNUC referente a RPPN, a exemplo

dos casos mais graves, como a retirada de areia e de lenha na Unidade de

Conservação.

Para diminuir estes usos deve-se inicialmente estabelecer um canal de

comunicação direto, através de um Programa de Comunicação com a comunidade

que vise aos poucos estabelecer novas formas de uso preconizadas no SNUC sem

que haja novos conflitos entre a Unidade de Conversação e a Comunidade. Para que

esta comunicação possua êxito, em paralelo buscar a realização de atividades de

Educação Ambiental que possua requisitos emancipatórios em conformidade com a

Pedagogia de Paulo Freire, pois esta metodologia busca o entendimento da realidade

local como foco da ação educativa para a construção de novas formas de se

relacionar com o outro e a natureza.

Page 92: (RPPN) do Caju

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4.1.4 Diagnóstico Participativo nos assentamentos Darcy Ribeiro e

Padre Jósimo Tavares

Realização: Embrapa Tabuleiros Costeiros

Coordenação: Lauro Rodrigues Nogueira Júnior

Moderador: José Waldson Costa de Andrade – Diretor de Meio Ambiente da

Sociedade Semear (SEMEAR)

Apoio: Alyne Fontes Rodrigues de Melo

Data: 23 de abril de 2013

Local: Assentamentos Darcy Ribeiro e Padre Jósimo Tavares, Itaporanga d’Ajuda,

SE

Com o objetivo de conhecer a relação das comunidades do entorno com RPPN

do Caju realizou-se a segunda Oficina Participativa, desta vez com a participação de 11

representantes de dois assentamentos vizinhos, dos quais 7 eram do Darcy Ribeiro e 4

do Jósimo Tavares.

Sob mediação de José Waldson Costa (Semear) e dos representantes da

Embrapa Lauro Rodrigues, Raquel Fernandes e Alyne Melo (Estagiária), a Oficina foi

iniciada com a apresentação dos participantes, dizendo o nome, uma coisa que gosta e

outra que não gosta. Desta forma, o ambiente fica mais descontraído e a relação entre

os comunitários e os mediadores fica mais estreita. Em seguida houve uma

apresentação do que são RPPNs e sua importância na conservação do meio ambiente.

Abriu-se um espaço para dúvidas e questionamentos.

O ponto chave da Oficina foi a construção dos Mapas Mentais, no qual os

participantes desenham sua comunidade, o que tem nela e mostram suas atividades

diárias. Foram divididos em três grupos, dois do Assentamento Darcy Ribeiro e um do

Pe. Jósimo Tavares.

Abaixo seguem alguns pontos de destaque nos mapas mentais e relatos dos

assentados:

Riacho doce – lavam roupa e retiram água.

Porto dos caibros – lotes grandes.

Reserva Legal.

Agrovila.

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86

Outra Reserva:

Rio da pedra preta – retiram água e lavam roupa.

Burro e carroça carregam a água.

Da Reserva Legal eles pegam madeira seca pra lenha.

Problemas com fogo (quatro vezes): ocorre principalmente na época da seca, de

outubro a maio.

Galinha gigante negra.

Ocorre o roubo de galinha.

Quintais, ele plantas: mangabeiras, jaca, siriguela, acerola, caju, goiabeira, mamão,

banana, coco, milho, amendoim, feijão.

Figura 1. Grupo 1: Caike, Iraene (Darcy Ribeiro).

Para eles os principais problemas são: o tamanho da propriedade (três tarefas

é muito pouco para plantar), a falta de dinheiro e gente pra trabalhar, a falta de um

meio para vender/escoar os produtos, a falta de água e de uma cooperativa entre os

produtores, pois falta união.

Figura 2. Grupo 2 – Sizinho, Luis (Pe. Jósimo)

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Abaixo seguem alguns pontos de destaque nos mapas mentais e relatos dos

assentados:

Igreja – Culto 4:00 às 5h30.

Campo de futebol.

Da Reserva eles retiram lenha e possuem um apiário com 12 caixas, de um grupo de

5 comunitários.

Rio Paruí eles lavam roupa.

O Assentamento possui 10 casas, nos quintais eles plantam: mandioca, macaxeira,

mangaba, jaqueira, goiabeira, caju, mangueira. Alguns criam porcos e/ou galinha.

Consomem e vendem uma parte na feira de Itaporanga.

Um lote grande ainda não foi dividido. Uma área de tabuleiro onde ainda serão

divididos os lotes.

Catam mariscos (caranguejo, aratu, siri, ostra, sururu) principalmente para consumo

próprio, mas alguns também vendem.

A pesca é feita por rede de arrasto.

Figura 3. Grupo 3 – Valter, Gilcélia e Maria Pureza (Darcy Ribeiro).

Abaixo seguem alguns pontos de destaque nos mapas mentais e relatos dos

assentados:

Possuem um minhocário coletivo desativado por falta de água, onde seria produzido

insumo para as plantações.

A área do assentamento possui duas Reservas Legais, uma agrovila e um local

alagado o qual eles chamam de brejo.

Plantam de tudo: capim pro gado, mangabeira, milho, mandioca, feijão e amendoim.

Principalmente para consumo.

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88

Do rio da Pedra Preta eles coletam água em carroças, para utilização geral. A água

para consumo é doada por um vizinho.

Os animais comuns na região são: capivara, jibóia (entre outras diversas cobras),

seriema, teiú, guaxinim, raposa, cotia, paca, tatu-peba, tatu-bola, gato do mato,

camaleão, jacaré, coelho.

Também há muitos passarinhos entre eles maritaca, papagaio, fogo-pagô, pica-pau.

Consideram a RPPN do Caju muito distante, por isso não fazem uso da área.

A última etapa foi a realização de uma lista dos principais desejos dos

comunitários para que se possa buscar parcerias e dessa forma suprir as

necessidades da comunidade, são eles:

- Posto médico.

- Facilitação do Crédito Rural.

- Água nas casas (consumo e criação).

- Assistência Técnica na agricultura, principalmente nos cultivos de maracujá,

mandioca e mangaba.

- Assistência veterinária.

- Casa de farinha.

- Formar uma cooperativa entre os assentamentos mais próximos.

As potenciais parcerias identificadas foram: Embrapa, Incra, Emdagro, Banco do

Nordeste, Banco do Brasil, Cefac, Petrobrás e Prefeitura Municipal de Itaporanga

D´Ájuda.

Relatório do moderador

A atividade relatada a seguir refere-se à realização da Oficina Participativa para

a Elaboração do Plano de Manejo da RPPN do Caju nos Assentamentos Darcy

Ribeiro e Padre Jósimo no dia 23 de Abril de 2013.

A Oficina se iniciou as 9h20 com a presença de 12 comunitários, 3

representantes da EMBRAPA e José Waldson Costa (Sociedade Semear) com a

apresentação da programação do dia e possíveis dúvidas sobre o como seria

mediada a oficina, após houve a aplicação da Dinâmica do Cartaz.

Esta dinâmica consiste no preenchimento individual de uma cartolina onde os

mesmos inserem o seu nome e uma característica marcante da sua personalidade. O

objetivo desta dinâmica é iniciar um processo de troca de saberes e de confiança

Page 96: (RPPN) do Caju

89

sobre qual o seu tipo de comportamento na comunidade. Esta dinâmica foi adequada

ao contexto da reunião devido aos presentes apresentarem dificuldades com a

escrita, optou-se na apresentação dialogada com a explanação do que cada um mais

gosta e menos gosta. Como resultado, observou-se que existe uma relação de luta da

terra devido ao histórico de permanência deles ligada ao assentamentos e muitos dos

presentes não tem uma relação histórica com a região devido alguns serem oriundos

de outros municípios.

Após este momento houve a apresentação sobre o que é uma Reserva

Particular do Patrimônio Natural (RPPN) realizada por Lauro Rodrigues com

explicação de acordo com estabelecido pelo Sistema Nacional de Unidade de

Conservação e a sua finalidade em proteger espécies vegetais e animais que vem

sendo constantemente ameaçadas pelo homem. Para oferecer uma abordagem mais

didática sobre o assunto apresentou-se imagens sobre o uso de algumas RPPN´s no

Brasil.

Para uma abordagem local sobre a realidade da RPPN do Caju, foi

apresentado o histórico da sua criação e a sua importância no contexto de

preservação da biodiversidade local com a explanação das características do

ecossistema, a sua localização, infraestrutura e quais as atividades desenvolvidas

pela Embrapa durante os últimos anos.

Após este momento foi aberto um espaço para dúvidas e possíveis

questionamentos sobre como a comunidade poderá ser inserida e qual o tipo de uso

que a mesma faz na área da RPPN do Caju. Os presentes relatam que a área é

utilizada para a coleta da mangada por algumas mulheres e para a realização da

agricultura nas áreas coletivas do assentamento ou nos quintais das suas residências.

Com o levantamento dos usos realizados foi iniciada a Dinâmica do Mapa

Mental. Esta dinâmica visa constatar espacialmente os locais que a comunidade

realizam as atividades econômicas, sociais, culturais, religiosas e de lazer tanto na

área da RPPN do Caju como na comunidade onde vivem.

Foram divididos 3 grupos onde em 45 minutos eles puderam elaborar o mapa

com as características solicitadas onde foram sistematizadas as seguintes

informações relevantes:

Pontos de Pesca realizados pela comunidade na área do Rio Paruí, mas não

trazem impactos a RPPN do Caju

Page 97: (RPPN) do Caju

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O Rio Paruí é utilizado para a lavagem de roupa pela comunidade e na coleta de

água para a agricultura;

A Croa da Mangabeira onde é realizado o ponto de parada da pesca.

Após a apresentação foi iniciada a discussão sobre quais os possíveis desejos

dos Assentamentos com a RPPN do Caju que estão sistematizadas abaixo.

Instalação de Água encanada nas residências dos Assentamentos.

Melhoria no cultivo, assistência técnica e novas formas de manejo da mandioca,

mangaba, maracujá, amendoim, abacaxi, feijão e milho.

Auxílio de Médico Veterinário para animais como cachorro, gato, cavalo, vaca,

galinha e cabra.

No Assentamento Padre Josímo, Assistência Técnica para criação de abelha para

produção de mel.

Assistência Técnica para a melhoria do minhocário já existente.

Capacitação e monitoria para a formalização de uma cooperativa para a

comercialização da mangaba.

Considerações do moderador

Esta atividade foi de grande importância para levantar aspectos relevantes com

relação a usos econômicos e de extrativismo realizado e para entender qual a

percepção da comunidade sobre como potencializar a existência da RPPN do Caju.

Vale ressaltar que o uso realizado pelos assentamentos não afeta diretamente a

RPPN do Caju, mas devido a escassez de recursos e matéria prima para a economia

local, percebe-se que poderá ser identificado a ida da comunidade para as áreas da

RPPN com o objetivo da coleta de mangaba e outros recursos existentes na área.

Page 98: (RPPN) do Caju

91

4.1.5 Diagnóstico Participativo no assentamento Dorcelina Folador

Realização: Embrapa Tabuleiros Costeiros

Coordenação: Lauro Rodrigues Nogueira Júnior

Moderador: José Waldson Costa de Andrade – Diretor de Meio Ambiente da

Sociedade Semear (SEMEAR)

Apoio: Alyne Fontes Rodrigues de Melo

Data: 16 de julho de 2013

Local: Assentamento Dorcelina Folador, Itaporanga d’Ajuda, SE

A Oficina realizada no Assentamento Dorcelina Folador localizada na rodovia

Humberto Martins no município de Itaporanga d’Ajuda contou com a participação de

Raquel Fernandes e Alyne Fontes (Estagiária da Embrapa) e foi conduzida pelo

pesquisador Lauro Rodrigues. Foram 12 participantes sendo todas mulheres (Figura

1).

Figura 1. Diagnóstico Participativo no assentamento Dorcelina Folador.

A Oficina foi iniciada com a apresentação dos mapas da RPPN do Caju e

entorno e do que são RPPNs, qual a função e as possibilidades de utilização. Depois

Page 99: (RPPN) do Caju

92

foi iniciada uma conversa com as assentadas para entender melhor a realidade local

e dia-dia da comunidade. Em sua maioria elas não costumam utilizar recursos da

RPPN e a conhecem por Fazenda Caju, nome dado pelo antigo proprietário. No

assentamento também há uma Unidade de Conservação (Reserva Legal) da qual

eles não retiram nada conforme foi orientado pelo IBAMA. O moderador fez algumas

perguntas estratégicas para estimular as participantes a interagir e contar o que

sabem da comunidade.

Como é a comunidade em que vivemos?

Elas dizem que maior parte dos moradores do assentamento são crianças e

jovens. Não sabem exatamente quantas pessoas vivem lá, mas foram concedidos 51

lotes, que em sua maioria moram famílias inteiras (avós, filhos e netos) quando muito

alguns dos filhos constroem casas no mesmo terreno. O assentamento tem 13 anos e

atualmente a maior parte dos assentados veio de outros municípios, são poucos os

fundadores que ainda continuam a morar lá.

Os lotes grandes possuem 25 a 30 tarefas e os pequenos uma tarefa. Estes

são muito aproveitados pelos moradores para cultivo de frutíferas, praticamente todos

os quintais têm, as principais frutas cultivadas são: manga, mangaba, cajueiro,

jabuticaba, abacate, mamão, limão, graviola, coco, acerola, genipapo; além de alguns

que plantam também canela, mandioca e mamona (utilizada como adubo para

fortalecer o solo). No lote grande eles plantam principalmente: milho, feijão,

amendoim e mandioca. Nas criações destaca-se a galinha, alguns criam também

carneiro, porco, burro e mais raramente gado. Dos animais silvestres encontrados na

região alguns servem de caça para alimentação como teiú e tatu; são vistos com

frequência anús, camaleões e raposas.

Os moradores vêm sofrendo com uma infestação de caramujo (o qual, chamam

de besta-fera ou lesma) a praga ataca a planta ainda jovem em pouco tempo toda a

plantação está comprometida. A forma que eles encontraram de combater o caramujo

é jogar sal, prática que mata a lesma, porém se não queimá-los depois de mortos a

parte do terreno em que eles ficam em decomposição se torna fonte de doenças

quando entra contato com os pés ou as mãos dos moradores. Foi observado por elas

que esse caramujo só aparece quando o terreno está com o mato alto, estando limpo,

eles não infestam.

Page 100: (RPPN) do Caju

93

A lagarta da mandioca também já foi problema para os agricultores dessa

comunidade, mas hoje em dia ela não é mais encontrada por lá.

Se tratando de doenças, as moradoras nunca viram casos de dengue ou

doenças desse tipo por lá, segundo elas as principais doenças que incidem na

comunidade são adquiridas no trabalho diário (como cansaço, reumatismo) e doenças

comuns nos idosos (pressão alta, diabetes).

Qual a fonte de renda da comunidade?

Maior parte dos assentados vive da agricultura. Para elas a atividade que gera

mais lucro é a venda da mangaba, no entanto são poucos lotes que possuem

mangabeiras. Os que conseguem emprego fora (nas cidades) também são os que

conseguem mais dinheiro, no entanto, segundo elas é muito difícil conseguir emprego

sendo mulher, acreditam que os homens têm mais oportunidades. Se tratando do

trabalho realizado no assentamento elas se sentem igual aos homens, pois trabalham

da mesma forma na lavoura.

São poucos os que vivem da pesca e catação de mariscos. Cerca de 5 mulheres vão

pro mangue de barco e catam principalmente aratu, quebram pra vender em Aracaju.

Essa catação ocorre também na área da RPPN do Caju, uma das participantes faz

isso desde criança e conta que a quantidade de mariscos continua a mesma daquela

época.

Como haviam dito que a maior parte dos moradores é composta de crianças, quase

todas as famílias recebem o auxílio do governo, Bolsa-Família, que acaba sendo uma

fonte garantida de renda pra eles, já que nas épocas de baixa produção ainda não

são contemplados com nenhum outro auxílio como Bolsa Estiagem, Seguro-Defeso

etc.

A associação do assentamento que poderia facilitar tomada de empréstimos entre

outros benefícios para a comunidade, apesar das tentativas de organização, não

obteve sucesso e está parada.

Quais as tradições culturais, religiosas e formas de lazer da comunidade?

O Assentamento não possui sede da Igreja Católica, mas os cristãos realizam no final

do ano a Festa da Padroeira com novena e quermesse em homenagem à Sagrada

Família.

A Igreja Evangélica, já com o espaço físico realiza aniversários dos fiéis.

Page 101: (RPPN) do Caju

94

A única forma de distração dos jovens são os diversos bares localizados no

assentamento.

Principais problemas enfrentados pelos moradores?

Não possui posto de saúde, a escola até o 4º ano do fundamental, não tem suporte

para a quantidade de crianças.

Necessitam de um espaço de convívio para lazer e entretenimento, estradas de

acesso às roças.

O cheiro forte dos resíduos da casa de farinha incomodam os moradores, sendo que

poderia ser aproveitado para adubação das lavouras e combate à formiga.

Falta auxílio de técnicos e incentivos para melhoria das condições de trabalho (falta

adubo, pesticidas, sementes). Nunca tiveram assistência veterinária.

Principais desejos e necessidades da comunidade?

Uma creche, para que as mães pudessem deixar as crianças e ter mais tempo para

trabalhar.

Escola maior, que atendesse a totalidade das crianças existentes na comunidade.

Uma praça, uma estrutura para entretenimento dos moradores lazer e diversão para

as crianças.

Assistência Técnica de qualidade.

Combater o desperdício da manipueira (resíduo da casa de farinha), esclarecer os

benefícios da sua utilização na lavoura e evitar o incômodo do cheiro forte quando

jogado próximo às casas.

Page 102: (RPPN) do Caju

95

4.1.6 Diagnóstico Participativo no Povoado Paruí

Realização: Embrapa Tabuleiros Costeiros

Coordenação: Lauro Rodrigues Nogueira Júnior

Moderador: José Waldson Costa de Andrade, diretor de Meio Ambiente da

Sociedade Semear (SEMEAR)

Apoio: Alyne Fontes Rodrigues de Melo

Data: 07 de agosto de 2013

Local: Povoado Paruí, Itaporanga d’Ajuda, SE

Figura 1. Diagnóstico Participativo no Povoado Paruí.

Iniciada às 14:30 contou com a participação de 19 membros da comunidade, e

com o mediador Waldson Costa (Sociedade Semear), Lauro Rodrigues (pesquisador

na Embrapa) e Alyne Fontes (Estagiária). Para que todos pudessem se conhecer

melhor, a primeira atividade realizada foi a dinâmica do crachá. Em seguida houve

uma apresentação do que são RPPNs e a sua importância para preservação da

biodiversidade.

Page 103: (RPPN) do Caju

96

Estimulados para falarem sobre as atividades que realizam, os comunitários

contam que utilizam bastante o rio Paruí como forma de subsistência através da cata

de mariscos e peixes. Para identificar melhor os locais utilizados, foi pedido que eles

desenhassem o Mapa Mental, das áreas que fazem uso tanto dentro da comunidade

até a RPPN do Caju. Foram divididos em 3 grupos equipados com papel madeira,

canetas e pinceis coloridos.

Grupo 1

O primeiro grupo destacou o ‘bar do Eiú’ como início do povoado, é lá que os jovens e

adultos vão para se divertir. No mangue da Una e Croa do Maçunim eles pescam e

tomam banho.

No caminho até o rio Paruí eles passam pela Fazenda Barra e lá tem uma “Fonte dos

Padres” a qual segundo a lenda os pescadores viam um padre nessa fonte sempre

que voltavam da pescaria.

Uma moradora diz que cata mariscos desde criança e não o faz no mangue da RPPN

pois já foi advertida por vigias que é proibido, segundo ela sua catação é feita

somente no lado oposto do rio.

Os comunitários revelam que já foram pegos catando mangaba na área pertencente à

Embrapa e ao se depararem com os vigias saem correndo.

Nos seus quintais plantam milho, macaxeira, feijão e possuem uma casa de farinha

comunitária, a farinha produzida é utilizada para consumo e venda.

Em números totais a minoria vive da pesca e extração de mariscos, das quais apenas

duas recebem Seguro-defeso. Contam que o aratu mal dá para consumo e

caranguejo eles consideram praticamente extinto.

O dinheiro do Bolsa-família é crucial para subsistência. Pouquíssimos têm carteira

assinada e a maioria vive de “bico” pois nem a agricultura, nem a catação e pesca

geram renda suficiente.

Como forma de diversão os integrantes destacaram o campo de futebol

Grupo 2

Como forma de diversão os integrantes destacaram o campo de futebol e o banho de

rio principalmente na Crôa do Maçunim.

No caminho até o rio atravessam a fazenda Barra (mesmo sendo proibida a entrada),

e descansam embaixo de uma mangueira “sibirenta” cujo fruto é muito saboroso.

Page 104: (RPPN) do Caju

97

A catação de mangaba hoje é complicada, pois o local em que eles catavam foi

vendido para criação de fazendas de camarão.

Grupo 3

Pegam aratu próximo ao porto, alguns pescam (os que possuem barco).

Em seus quintais plantam principalmente macaxeira e inhame.

Para complementarem a alimentação ainda praticam a caça, os principais animais

são: tatu, paca, cotia, teiú, capivara e tamanduá.

Muitos criam galinha e apenas um morador da comunidade possui gado. Os pássaros

observados são: papa-capim, vivinho, viúva.

Figura 2 – Confecção dos mapas mentais e apresentação.

Em seguida procurou-se entender os principais anseios e necessidades da

comunidade. Muitas sabem bordar e costurar mas não tem material, então sugeriram

a criação de um grupo de artesanato. Há a urgente necessidade de substituir as

aproximadamente 16 casas de taipa por alvenaria. Construção de um centro

comunitário, um espaço para cultivo de mangaba. Precisam muito de um posto de

saúde e calçamento de ruas que ficam bastante enlameadas, e uma praça

poliesportiva como instrumento de lazer. Para que se possa realizar todos esses

desejos é necessário criar uma associação dos moradores e buscarem parcerias

junto com a Prefeitura, Embrapa, Petrobrás, Sebrae entre outros.

Page 105: (RPPN) do Caju

98

Figura 3 – Casa de taipa; quintais predominantemente com frutíferas.

Relatório do Moderador

A atividade relata a realização da Oficina Participativa para a Elaboração do

Plano de Manejo da Reserva Particular do Patrimônio Natural da Reserva do Caju na

Comunidade da Paruí no Município de Itaporanga d’Ajuda no dia 07 de Agosto de

2013.

A Oficina se iniciou as 14:30 com a presença de 22 comunitários, 1

representante da EMBRAPA Lauro Rodrigues, Aline Melo (Estagiária EMBRAPA) e

José Waldson Costa (Sociedade Semear) com a apresentação da programação do

dia e as possíveis dúvidas sobre o como seria mediada a oficina, após houve a

aplicação da Dinâmica do Cartaz.

Esta dinâmica consiste no preenchimento individual de uma cartolina onde os

mesmos inserem o seu nome e uma característica marcante da sua personalidade. O

objetivo desta dinâmica é iniciar um processo de troca de saberes e de confiança

sobre qual o seu tipo de comportamento na comunidade. Como resultado, observou-

se que existe uma relação de proximidade entre os presentes devido aos mesmos se

conhecerem desde pequenos e possuir laços familiares marcantes além do que os

moradores de Paruí possui laços familiares com moradores das comunidades

vizinhas também trabalhadas na elaboração deste Plano.

Após este momento houve a apresentação sobre o que é uma Reserva

Particular do Patrimônio Natural (RPPN) realizada por Lauro Rodrigues com

explicação de acordo com estabelecido pelo Sistema Nacional de Unidade de

Conservação e a sua finalidade em proteger espécies vegetais e animais que vem

sendo constantemente ameaçadas pelo homem. Para oferecer uma abordagem mais

Page 106: (RPPN) do Caju

99

didática sobre o assunto apresentou-se imagens sobre o uso e espécies existentes de

algumas RPPN´s no Brasil.

Para uma abordagem local sobre a realidade da RPPN do Caju, foi

apresentado o histórico da sua criação e a sua importância no contexto de

preservação da biodiversidade local com a explanação das características do

ecossistema, a sua localização, infraestrutura e quais as atividades desenvolvidas

pela Embrapa durante os últimos anos.

Após este momento foi aberto um espaço para dúvidas e possíveis

questionamentos sobre como a comunidade poderá ser inserida e qual o tipo de uso

que a mesma faz na área da RPPN do Caju. Os presentes relatam que a área é

utilizada para a coleta da mangaba, área de pesca e de coleta do aratu e outros

crustáceos presentes na região, atividade esta, realizada principalmente pelas

mulheres.

Com o levantamento dos usos realizados pela comunidade de Paruí foi iniciada

a Dinâmica do Mapa Mental. Esta dinâmica visa constatar espacialmente os locais

que a comunidade realizam as atividades econômicas, sociais, culturais, religiosas e

de lazer tanto na área da RPPN do Caju como na comunidade onde vivem.

Foram divididos 3 grupos onde em 30 minutos eles puderam elaborar o mapa

com as características solicitadas onde foram sistematizadas as seguintes

informações relevantes:

A Pesca de Aratu é feita nas margens da propriedade da Norcon e não do lado da

RPPN, pois a comunidade sabe que nesta área é proibida a entrada e uso;

O ponto da Mangueira de Sibirinta é local de descanso da pescaria e serve

também para a realização da catação do Aratu;

A área de acesso da comunidade passa pela propriedade particular conhecida

como Fazenda Barra;

Todas as embarcações utilizadas para a pesca são de remo ou de motor de

rabeta;

A comunidade realiza a caça da Paca, Piba, Cutia, Tamanduá, Capivara, Tatu e

Gato do Mato para a alimentação;

A atividade de cultivo é baseada no plantio de Mandioca, Macaxeira, Milho e

Feijão;

Page 107: (RPPN) do Caju

100

A comunidade cria galinhas, carneiro e gado para sua alimentação e vende o

excedente.

Após a apresentação foi iniciada a discussão sobre quais os possíveis desejos

da comunidade para parceria com a RPPN do Caju que estão sistematizadas abaixo.

Criação de um espaço para a associação;

Assistência Técnica para a melhoria no cultivo de mandioca, macaxeira, milho e

feijão;

Construção de um Posto de Saúde na comunidade;

Melhorias na infraestrutura de calçamento e pavimentação da comunidade;

Disponibilização de água potável em todas as residências;

Criação de novos arranjos produtivos para melhoria da economia local através da

capacitação em artesanato.

Considerações do moderador

Esta atividade foi de grande importância para levantar aspectos relevantes em

relação aos usos econômicos e de extrativismo realizado e também para entender

qual a percepção da comunidade sobre os usos e percepções da RPPN do Caju.

Vale ressaltar que algumas formas de uso devem priorizar o manejo e caça

adequada dos recursos visando uma continuidade da biodiversidade local. Estas

ações podem ser oportunizadas para a comunidade com a realização de um

Programa de Educação Ambiental e Assistência Técnica Rural com o objetivo de

capacitar os moradores e oferecer instrumentos para a melhoria socioambiental de

toda a comunidade.

Page 108: (RPPN) do Caju

101

4.1.7 Oficina final com comunidades do entorno da RPPN do Caju

Realização: Embrapa Tabuleiros Costeiros

Coordenação: Lauro Rodrigues Nogueira Júnior

Moderador: José Waldson Costa de Andrade, diretor de Meio Ambiente da

Sociedade Semear

Apoio: Alyne Fontes Rodrigues de Melo

Data: 20 de setembro de 2013

Local: Campo Experimental de Itaporanga, Itaporanga d’Ajuda, SE

Figura 1. Oficina final com comunidades do entorno da RPPN do Caju.

A oficina final realizada no CEI teve como objetivos: i) aproximar e estreitar a

relação entre a RPPN do Caju e as comunidades do entorno e; ii) apresentar a versão

do Plano de Manejo a ser submetido ao ICMBio. Esta oficina contou com a

participação de 30 comunitários dos assentamentos Padre Jósimo Tavares, Dorcelina

Folador, Darcy Ribeiro e dos povoados Paruí e Ilha Mem de Sá (Figura 1). Além dos

envolvidos da coordenação do evento (Lauro, Waldson e Alyne), como equipe da

Embrapa, participaram quatro funcionários do CEI (Supervisor, um Técnico Agrícola e

Page 109: (RPPN) do Caju

102

dois Assistentes de Campo) e duas funcionárias do Setor de Gestão da

Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia (SIPT).

A programação foi feita de forma que eles pudessem conhecer as vitrines

agroecológicas e entender a importância de conservar a área da RPPN do Caju.

Inicialmente, o Supervisor deu as boas vindas aos participantes e apresentou

verbalmente o CEI. Em seguida, o coordenador do Plano de Manejo apresentou a

programação do evento. Em seguida, as atividades foram iniciadas com a dinâmica

da Rede de Relacionamentos proposta por José Waldson (Sociedade Semear), na

qual os participantes formam um círculo e o instrumento utilizado é um barbante que

vai sendo passado entre eles, quem recebe o barbante se apresenta e conta a

expectativa para aquele dia. Conforme vai sendo repassado o barbante forma uma

rede entre todos representando a ligação existente entre as pessoas, a RPPN do Caju

e as comunidades do entorno.

Figura 2.Atividade que deu início ao Dia de Campo, Dinâmica da rede de

relacionamentos.

Após esse momento, os participantes puderam conhecer as vitrines

agroecológicas. Apesar de viverem tão próximos, muitos não conheciam a área do

CEI e ficaram entusiasmados com a possibilidade de aplicar em suas comunidades as

tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, as quais podem fortalecer a economia e

melhorar a qualidade de vida desses moradores.

A fossa séptica foi a primeira vitrine apresentada. Como a maioria dos

participantes possui plantações em seus quintais e têm na agricultura uma das

principais fontes de subsistência, a possibilidade de utilizar os dejetos do vaso

sanitário como adubo despertou muita curiosidade e interesse, assim, fizeram

bastante perguntas a Erivaldo (supervisor do CEI).

Page 110: (RPPN) do Caju

103

Figura 3. Apresentação da fossa séptica aos participantes da oficina; esquema da fossa

demonstrando a água do último tanque pronta pra uso.

Em seguida os participantes foram levados ao minhocário, algumas

comunidades já possuem, outras não o fazem por conta da falta de água. Mas todos

concordam que o húmus produzido pela minhoca é um ótimo adubo para o solo e

caso tenham a oportunidade e condições pretendem implantar.

Figura 4.Participantes conhecendo o minhocário.

Em seguida, visitou-se a vitrine do Biogel, técnica pouco conhecida que

despertou interesse principalmente pela facilidade de produção e ótimos retornos,

pois podem colocar os dejetos de curral, restos de alimentos (frutas e verduras) e

material vegetal. Reaproveitando muita coisa que seria jogada no lixo ou queimada

eles obtém um biofertilizante para suas plantações. O técnico agrícola do CEI

(Cléverson Santos) fez uma demonstração da existência de gás no Biogel, mexeu o

composto e acendeu um fósforo e a superfície do composto ficou em chamas por

alguns segundos, eles ficaram impressionados e bastante curiosos.

Page 111: (RPPN) do Caju

104

Figura 5.Apresentação do Biogel; demonstração do composto em chamas.

A vitrine de Compostagem também chamou atenção dos comunitários. A

compostagem é uma forma prática de se produzir adubo orgânico sem contrair

gastos, pois utilizam somente materiais que já possuem e seriam descartados, não é

preciso base física o composto é feito no chão.

No período da manhã, a última vitrine visitada foi o Policultivo. Os participantes

aprenderam que o cultivo consorciado de culturas anuais com culturas perenes pode

trazer diversos benefícios, melhorando a produção e aumentando a eficiência de uso

do solo. A maioria não conhecia a gliricídia, árvore leguminosa que faz parte do

sistema de policultivo e que pode ser usada para adubação verde e ração animal. No

final da apresentação desta vitrine foram distribuídos ramos de gliricídia para os

participantes plantarem em seus quintais.

Logo depois, os participantes retornaram ao auditório e o Coordenador do

Plano de Manejo apresentou a primeira versão do Plano de Manejo, como uma forma

de retorno a esses moradores que participaram das Oficinas anteriores nas

comunidades. Os participantes puderam entender a importância da colaboração deles

na preservação dos ecossistemas existentes na área da RPPN do Caju,

principalmente o manguezal. Eles puderam se reconhecer no documento como atores

indispensáveis para execução do Plano de Manejo, e perceber a preocupação da

Embrapa em promover atividades e projetos que os beneficiem de alguma forma,

para que assim haja uma relação harmônica entre a RPPN do Caju e os seus

vizinhos.

Page 112: (RPPN) do Caju

105

Figura 6. Participantes conhecendo as técnicas de compostagem e policultivo;

O turno da tarde foi iniciado com visita às Plantas Medicinais, vitrine que a

maioria deles apresentou domínio de conhecimento. Comunidades rurais tradicionais

fazem muito uso de ervas e chás para cura de doenças, por esse motivo essa vitrine

proporcionou uma ampla troca de experiências, eles contavam os usos que fazem

para cada espécie e das outras variedades que possuem em seus quintais.

Para finalizar a Oficina os participantes foram levados ao BAG de Mangaba,

espécie importante no estado, que durante décadas foi a principal fonte de renda para

as milhares de famílias que vivem nas áreas de restinga sergipana e atualmente está

sendo dizimada para dar lugar a empreendimentos e monocultivo. O Movimento das

Catadoras de Mangaba atualmente é o símbolo da luta pela conservação das

mangabeiras e defesa dos modos de vida e saberes tradicionais, entre os

participantes da Oficina havia uma senhora (Maria Evangelista) membro do

movimento das catadoras de mangaba que ao chegar na área do BAG encantou a

todos com a música cantada por elas no momento da catação de mangaba:

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106

“(...) Mangabeira ó mangabeira, na entrada do verão

Todas elas cai a folha pra depois vir o botão

Não vamos olhar pra trás, vamos seguir para frente

Vamos juntas catadeiras falar com a presidente

Mangabeira ó mangabeira na entrada do verão

Todas elas cai a folha pra depois vir o botão...”

Após explicação do que era um Banco de Germoplasma e da importância de

se preservar aquela área que possui exemplares de mangaba de várias partes do

Brasil, os participantes puderam andar entre as mangabeiras e observar as diferenças

existentes entre as espécies. A oficina foi finalizada com os participantes comentando

sobre a importância de eventos como este para melhorar a perspectiva de vida dos

moradores do entorno.

Figura 7. Participantes conhecendo a área de Plantas Medicinais; BAG de mangaba

(destaque para a senhora de azul membro do Movimento Catadoras de Mangaba)

Page 114: (RPPN) do Caju

107

4.2. Referências Bibliográficas

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intensidade dos solos da região de tabuleiros costeiros e da baixada litorânea

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Biodiversidade. Portaria no4, de 17 de janeiro de 2011. Cria a RPPN do Caju. Diário

Oficial da União, Brasília, 18 de janeiro de 2011. Seção 1, p: 78-80.

BRASIL. Presidência da Republica. Decreto no9.985, de 18 de julho de 2000.

Regulamenta o art. 225, § 1, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras

providências. Diário Oficial da União, Brasília, 19 de julho de 2000. Seção 1, p: 1-7.

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4.3. Bibliografia Consultada

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