Rua do Medo

Embed Size (px)

Citation preview

R.L.Stine Rua do Medo O Novo Garoto

Sinopse: Desde que esbarrou pela primeira vez com o novato da escola Shadyside, Janie no conseguia esquec-lo. Ross Gabriel era alto, magro e muito charmoso. Tinha as feies finas, os cabelos cacheados e um olhar penetrante. Diante daquela expres so to sria, dava at para imaginar que nunca havia se permitido sorrir. Mesmo assim, as garotas enlouqueciam ao v-lo passear pelo campus. Janie, Eve e Faith formavam o comit de festas da escola. As trs resolveram conquistar Ross, para desespero dos outros rapazes que passaram a desprez-lo. Paul, por exemplo, namorado de Faith, no se cansava de repetir que o recm-chegado tinha uma postura arrogante nas aulas e at durante as partidas de futebol. Apesar dos protestos, as trs decidiram levar a srio a aposta sobre a conquista de Ross. E foram muito longe, talvez longe dema is, naquilo que, a princpio, parecia ser uma simples brincadeira. Quem sasse com o novato primeiro seria a grande vencedora. Afinal, estar com Ross no era nenhum s acrifcio. Mas as aparncias enganam. Primeiro foi Eve. Depois, Faith. As duas desap areceram aps marcar encontro com Ross. Os corpos s foram encontrados muito tempo d epois no bosque da Rua do Medo, aquele lugar misterioso. Ross? Bom, ele morava n a Rua do Medo, na entrada do bosque, e encaixava-se sob medida no perfil do assa ssino de Eve e Faith. Seriam apenas coincidncias? Janie comeou a ficar com muito m edo. Ela no queria ser a prxima vtima.

Captulo 1 Duas semanas antes do assassinato, Janie viu pela primeira vez o novato da escola Shadyside. Era um garoto de tima aparencia. Tinha o andar gil e charmos o de um atleta.Era alto magro. O rosto fino e elegante, cabelos castanhos cachea dos e uma expresso sria que fazia Janie se perguntar se algum dia ele havia se per mitido sorrir. Enquanto o observava, ela no podia desviar seu olhos dos olhos del e. Eram olhos escuros e pensativos. Atormentados e tristes pensou Janie. Teve qu e piscar algumas vezes para interromper o olhar fixo em Ross. Sentiu-se emrubesc er. Grande descoberta! Ento o cara tinha um olhar maravilhoso, pensava Janie, vir ando a cabea para o inferior de seu armrio cinza enquanto o novato passava por ela . Porque estou sendo to romntica? Duas lderes de torcida do time Tigers passaram po r ela com os saiotes marrom e branco do traje de torcida organizada. Janie recon heceu Corky Corcoran e sua amiga Kimmy Bass. Elas gracejavam , empurramdo uma a outra. Janie virou-se e viu o novato desaparecer dobrando o corredor. Ser que ele reparou nela? No acreditava. Janie voc tem que tratar da vida, censurou-se, murmu rando em voz baixa. A sineta acima dos armrios tocou bem alto, despertando-a .Arr emessou os livros para o fundo do armrio. O salo estava agora praticamente vazio. A maioria dos alunos j tinha ido embora. Janie queria ir para casa para fazer um trabalho de sociologia. Mas tinha antes uma tarefa. Comeou a fechar o armrio, mas mudou de idia. Escancarou a porta e olhava impaciente para o espelho preso nela. Ajeitou os cabelos ruivos e lisos com movimentos rpidos das mos. Usava-os comprido s e soltos. Limpou uma manchinha de sujeira de seu rosto plido e aveludado. No es pelho , o reflexo dos seus olhos azuis a fitavam. Ela endireitou a camiseta que usava por cima de um top amarelo. Janie era baixa e muito magra. Ela sempre usav a vrias roupas umas sobre as outras .Gostava de se vestir assim, mas suas amigas Faith e Eve implicavam com ela dizendo que apenas tentava parecer mais gorda. Os garotos no reparam em voc porque no podem v-la -- brincava Faith. Janie podia ouvir a voz implicante de Faith em sua cabea. -- Voc tem o porte de uma manequim e se v este como um saco de batata. Faith tinha uma aparncia naturalmente bela. Era loir a, jovial, esfuziante, bem o tipo de uma chefe de torcida. No se cansava de dar p alpites sobre roupas e maquiagem que Janie nunca usava. Tampouco queria ser uma verso fake de Faith. Queria manter sua identidade, apesar de no saber ainda muito ao certo o que isso realmente significava. Onde esto Faith e Eve afinal? Janie se perguntava a si mesma, percorrendo com os olhos o salo vazio . Ela bateu a porta do armrio. Talvez elas j estejam na sala do sr. Hernandez, minha espera. Talvez t enham comeado a contar o dinheiro sem mim. Comeou a correr em direo sala do supervis or na entrada do prdio. Dois professores passaram por ela abotoando suas capas de chuva, em direo ao estacionamento. Um burburinho prolongado vinha do ensaio das ld eres de torcida no ginsio, no andar de baixo. Espero contar logo o dinheiro, pens ava Janie. Tenho muito dever de casa esta noite. Ela e suas duas amigas eram as responsveis pelo comit de festas da escola. E agora deveriam contar a receita arre cadada e entreg-la ao ao sr. Hernandez , o novo supervisor. Havia muito dinheiro para contar. A festa tinha sido realmente um sucesso.

Um sucesso financeiro no um sucesso pessoal, pensava um pouco amargurada. Eve e F aith tinham ido acompanhadas. Faith aparesceu com Paul Gordon, claro. Eles estav am juntos h algumas semanas. E Eve foi com seu namorado Iam Smith. Janie suspirou quando dobrou o corredor e avistou a sala do supervisor. Das trs , Janie era a ni ca que no tinha namorado. Foi festa sozinha mmesmo, tinha que ir de qualquer mane ira, j que era uma das responsveis pelo comit. Ela danou com alguns rapazes, mas no t eve realmente uma noite agradvel. Ficou observando Faith e Eve. E teve que lutar para afastar o sentimento de inveja e a sensao de solido. Isto foi no Sbado noite. E ra Segunda feira. O primeiro dia do resto da minha vida, pensava Janie. Ou o que quer que isto signifique. Ela passou pela placa na parede : Peter Hernandez, su pervisor. Puxou a porta e entrou na sala. -- Desculpe, estou atrasada meninas... Janie logo parou quando percebeu a sala vazia. Onde estavam Eve e Faith? Ela de u alguns passos em direo sala interna. A porta estava entreaberta e as luzes acesa s. -- H algum ai? Nenhuma resposta. Aposto que Faith est pendurada em Paul, pensava Janie. Provavelmente o est atrasando para o treino de basquete. Mas onde estava Eve? No pode estar com Ian. Ele trabalha depois da escola. Janie logo olhou para o grande relgio na parede. Quinze para as trs. Ela passou as mos nos longos cabelos ruivos, depois sacudiu a cabea para deixa-los soltos. De repente a porta do corr edor abriu-se e Eve entrou correndo. Eve tinha uma aparncia drmtica, fnebre. Os seu s cabelos longos tinham um negror brilhante quase azul, sob a luz do teto. Os ol hos verde oliva brilhavam de exitao. Voc j soube das novidades? -- perguntou a Janie , sem flego. -- Deena Martisson terminou com Gary Brandt! O que? -- Janie ficou b oquiaberta -- Eles estavam juntos na festa de do Sbado. Onde voc ouviu isto? -- Eu estava justamente conversando com Deena -- disse Eve, empurrando os cabelos neg ros para trs dos ombros, deixando-os cair sobre uma sueter verde -- Ela est chatea da, mas no muito. Disse que ainda so amigos. Janie assentiu pensativa. -- Como voc sempre sabe das coisas antes de todo mundo? faclimo saber das coisas antes de voc! -- provocou Eve. -- Voc nunca sabe de nada! Janie se esforou para dar um meio sor riso. -- Bem, no podemos esperar por Faith -- disse ela, andando at a mesa redonda junto parede. -- Vamos comear. Onde est o dinheiro? O que? Os escuros de Eve se a rregalaram de surpresa. O dinheiro -- repetiu Janie impaciente -- onde est? Pense i que estava com voc!! -- gritou Eve. Janie sentiu um aperto na garganta. Teve um a sensao sbita de um peso no estmago. Vamos Eve -- disse Janie, tentando ficar calma -- Voc iria pegar o dinheiro com a senhora Fritz na ltima aula. A luz dos olhos d e Eve desapareceu. Sua expresso ficou sria. -- Faith pegou o dinheiro para mim est a manh -- disse ela a Janie. -- Ela o colocou no armrio. Mas quando eu vi que o di nheiro no estava l, pensei que voc tinha pegado.

Janie se engasgou. -- No peguei! -- gritou estridente -- No peguei! Ah , no -- geme u Eve, sacudindo a cabea. -- Isso significa... que o dinheiro foi roubado! Captulo 2 Janie sentiu a garganta apertar mais uma vez. Ela tentava engolir em vo, para se livrar daquela Sensao de mal-estar. -- Eve -- gritava -- NS somos as responsveis. So cerca de mil dlares. Se ... -- A sala comeou a girar. No podia pensar claramente. E ve puxou-a pela manga. -- Vamos procurar Faith .Rpido. As duas garotas correram p elos corredores vazios.Os gritos das lderes de torcida ressoavam l no ginsio. Muito s professores amontoavam-se diante do chafariz e riam. Janie no tinha a menor von tade de rir. Queria chorar. Se o dinheiro foi realmente roubado , como iriam pag a-lo? E seriam elas as acusadas do roubo? No. Sem chance. Isso no poderia acontece r, dizia a si mesma. Encontraram Faith diante do armrio. Ela escovava os loiros c abelos. -- Faith!O dinheiro! -- Janie gritou numa voz estridente e apavorada -Voc o encontrou? Est com ele? Claro -- respondeu naturalmente. Puxou uma sacolla d e lona verde de dentro do armrio. -- Est aqui. Faith virou-se para Eve e sua expre sso mudou. -- Ah Eve... Voc prometeu que no ia pregar esta pea em Janie! -- exclamou . Eve explodiu numa gargalhada, os olhos verde-oliva brilhavam. Isto golpe baixo ! -- gritou -- Ns decidimos o fazer isto! -- No pude resistir! -- declarou Eve enqu anto ria. Ela agarrou os ombros estreitos de Janie e os sacudiu. -- Sinto muito. Realmente sinto muito. Mas... a sua expresso. Foi ainda pior por causa da sua ex presso! -- comeou a gargalhar novamente, abraando Janie e ao mesmo tempo rindo muit o. Faith balanava a cabea com ar de reprovao, mas acabou rindo tambm.. -- Que amigas -- resmungou Janie. Mal-humorada, livrou-se de Eve -- Vocs duas so horrveis. No poss o acreditar que tenham ido to longe. -- Era s uma brincadeira -- disse Eve enxugan do as lgrimas dos olhos de tanto rir. -- No tem graa -- replicou Janie aborrecida. -- Voc no devia -- dizia Faith a Eve, guardando a escova de cabelos dentro de um p equeno compartimento de sua mochila. -- Voc sabe o quanto Janie preocupada. -- Si nto muito, Janie -- disse Eve novamente, esforando-se para ficar sria -- De verdad e. -- Vamos contar logo dinheiro -- disse Janie impaciente , pegando a sacola de lona. -- Quanto mais rpido a gente entregar este dinheiro ao sr. Hernandez , mel hor. Ela se dirigiu de volta sala do supervisor, Faith e Eve a seguiam bem de pe rto. Janie mal dobrava o corredor quando viu o novato mais uma vez. Primeiro viu seus olhos escuros , atormentados. Depois viu a expresso contorcida do seu rosto . Ela ficou sem ao quando ps os olhos na poa de sangue brilhante e vermelho no cho so b seus ps.

-- Por favor... me ajude -- disse ele a Janie. Depois ela viu o sangue escorrer do seu brao. Captulo 3 Com um grito alarmado Janie correu em sua direo. As duas amigas a seguiram. O garo to respirava com dificuldade. A sua fisionomia era de dor. O sangue embebia a ma nga branca de sua camiseta. -- O que aconteceu? -- gritou Eve. No to grave quanto parece -- disse o garoto, segurando a manga da camisa. -- Verdade! -- Mas este s angue... -- Faith comeou a dizer. Janie deu um passo atrs, segurando o saco do din heiro com as duas mos bem junto sua cintura, como se quisesse protege-lo. -- Vocs poderiam me ajudara encontrar a enfermaria -- disse ele. -- Sou novo aqui. No sei onde . -- Vou leva-lo at l -- declarou Faith, segurando-o pelo brao machucado. -- T ambm vou -- disse Eve rapidamente -- A enfermeira sempre fica at mais tarde. O que aconteceu? -- Um acidente estpido -- disse ele, balanando a cabea, os cabelos cast anhos caindo sobre a testa. Ele olhou para Janie. -- Eu estava tentando ajudar u ma garota. L fora. A sua bicicleta se emaranhou numa cerca de arame farpado que f ica atrs do estacionamento. Ele fez uma careta de dor. Janie olhou a poa de sangue no cho. -- Quando retirei a bicicleta da cerca -- continuou -- o arame veio dire to em minha minha direo. Foi s um corte. -- Vamos ver se a enfermeira ainda est na s ala -- disse faith, segurando o brao do garoto. -- Qual o seu nome? -- Ross Gabri el -- disse ele. Faith e Eve foram conduzindo Ross. -- Eu levo o dinheiro para a sala -- disse Janie atrs deles. As duas amigas conversavam com Ross e nem respon deram. -- Me encontrem l, est bem? -- gritou Janie. Eles desapareceram na curva pe lo corredor. Desviando-se da manchha de sangue , Janie dirigiu-se sala no maior mau humor, com a sacola de lona debbaixo do brao. No justo. -- murmurava para si m esma. -- Eu o vi primeiro. Janie depositou o dinheiro na mesa redonda da ante-sa la e separava as notas quando Eve e Faith voltaram. -- Encontraram a enfermeira? -- perguntou , levantando os olhos das pilhas de dinheiro. Faith assentiu com u m sorriso nos lbios. -- . Nos salvamos a vida de Ross. Agora ele nos deve uma. -Acho que me apaixonei! -- rosnou Eve. -- Ele realmente lindo -- concordou rapida mente Faith, pegando uma cadeira mesa. --

Voc acha que ele pode sorrir ? -- Quem liga para isso? -- replicou Eve , pegando um mao de notas e contando-as rapidamente com os dedos. -- Ele sensacional. De on de ele vem? Faith deu de ombros. -- Gostei dos olhos dele. como se olhassem atra vz da gente. Ele me olhava como se... -- Vocs sabem, eu o vi primeiro! -- Janie de ixou escapar , surpresa com o tom de raiva de sua voz. Faith arregalou os olhos espantada. -- Janie, voc gostou dele? Voc no lhe disse uma palavra! -- Porque no foi enfermaria conosco? -- perguntou Eve sentando-se tambm mesa. -- No sei -- gaguejo u Janie. Ela percebia que seu rosto comeava a esquentar. -- Voc est ficando vermelh a... -- provocou Eve, apontando para Janie. -- Voc tem que deixar de ser to tmida c om os garotos -- ensinou Faith enquanto brincava displicente com uma pilha de no tas de cinco dlares. -- Os garotos no podem adivinhar quando voc gostou deles. -- O ua a experiente -- brincou Eve revirando os olhos. Faith arremessou os cabelos lo uros para trs dos ombros. -- Eu chegaria para Ross e diria "Vamos tomar uma Coca depois da aula". Ou o convidaria para um cinema no sbado noite. Eve deixou o dinh eiro que estava contando. -- O que? Voc convidaria Ross ? Voc no est se esquecendo d e Paul? Um sorriso diablico foi resposta de Faith. -- Paul mesmo um idiota. Eu re almente no sei o que voc v nele -- disse Eve , evitando o olhar de Faith. -- Voc se refere ao fato de que ele alto, bonito, inteligente e dirige o carro mais legal de Shadyside e alm de ter sido o orador da turma no ano passado? -- perguntou Fai th na defensiva. Janie poderia entrar nessa lista de admiradores. Tinha de confe ssar que sentia uma queda secreta por Paul. -- Admita , Faith. Paul o maior admi rador de si mesmo -- continuou Eve, evitando novamente os olhos de Faith. -- Ele to convencido. Francamente, fico enlouquecida de ver voc correr atrs dele como um cachorrinho carente. Faith deu um grito de dio. Depois respirou fundo. -- No vou d eixar voc me aborrecer, Eve -- disse tranqilamente. -- Voc digna de pena. -- Eu ? D igna de pena ? -- gritou Eve. -- Voc est com inveja de mim e de Paul -- acusou Fai th. -- Voc o cachorrinho carente. Vi voc se jogar em cima de Ian na noite de Sbado. Voc se apertava tanto nele que pensei que amos precisar de uma alavanca para sepa rar vocs dois! Eve engoliu em seco. Janie riu. -- O bom que somos grandes amigas -- disse. -- Do contrrio, poderiam pensar que nos odiamos! -- Ian no um idiota com o Paul -- prosseguiu Eve sem flego, ignorando atentativa de Janie de desanuviar o ambiente. -- Eu tenho muito respeito por Ian. Voc sabe que ele tem

dois empregos depois da aula para economizar dinheiro para a faculdade? Tudo o q ue Paul tem que fazer agarrar uma bola e haver um monte de recrutadores na porta de sua casa para oferecer-lhe bolsas de estudo. No justo. -- Os pais de Ian no pod em ajuda-lo? -- perguntou Janie. -- Poderiam se quisessem, mas o pai de Ian um i diota -- retrucou Eve com amargura. -- Ele acha que se Ian trabalhar por conta p rpria para custear a faculdade vai formar um bom carter. Ela suspirou. -- Talvez v mesmo se sobreviver! Mas eu nunca poderei v-lo a no ser nos intervalos das aulas o u na lanchonete. Janie olhou nervosa para o relgio. -- Temos que parar a conversa fiada e trabalhar. Prometi ao senhor Hernandez que o dinheiro estaria contado e separado e embalado pronto para ele quando chegasse aqui. Eve apontou com o pol egar a sala interna. -- Hernandez no est? -- Ainda no. -- Ento relache -- disse Eve. Ela descansou as mos sobre a mesa. -- No sabia que havia tanto dinheiro. Voc acha que tem quanto aqui? -- Bem, se contarmos tambm com as doaes... -- Janie fez um ccul o rpido de cabea. -- Dve Ter a princpio uns dois mil e duzentos dlares talvez mais. Mil e duzentos! -- Os olhos de Eve se arregalaram. Janie olhou para a amiga. Sab ia que o pai e a me de Eve estavam desempregados. Mesmo quando trabalhavam, os Mu llers no ganhavam muito dinheiro. O rasgo no joelho do jeas desbotado de Eve no era um modismo. Faith apertou os olhos numa expresso sria. -- Ei, garotas. Vamos divi dir o dinheiro e fugir com ele -- murmurou. Janie olhou desconfiada para Faith. As bochechas rosadas de Faith ficaram bem vermelhas. Ser que falava srio? No. Janie sabia que os pais de Eve eram abastados. Faith tinha tudo o que queria. Exceto Ross, pensou Janie. Janie comeou a empilhar as notas de cinco. A porta da sala se abriu. Ela levantou os olhos para ver o sr. Hernandez mas. Mas no era o supervis or. Ian e Paul entraram juntos. Eles olharam imediatamente para a mesa e par o m onte de dinheiro. -- Dinheiro! -- gritou Ian, esfergando as mos e mandando beijin hos com os lbios. Uau! Estamos ricos! -- gritou Paul. Ele largou no cho o seu equi pamento de basquete e , agarrou um mao de notas e comeou a enfia-las no bolso de s ua camisa. -- Meu carro precisa de uma nova transmisso. Isso deve dar! -- Nada di sso! tudo meu -- gritou Ian. Ele comeou a guardar as notas dentro de sua camiseta . -- minha bolsa de estudos. Obrigado ,meninas! -- Devolva isso! -- gritou Eve. Ela se jogou sobre Ian, vasculhando a camiseta e comeou a retirar as notas. Rindo bem alto, Ian se contorcia para livrar-se de Eve. -- Ei, pare. Pare com isso. v oc est me fazendo ccegas. Faith e Janie cercaram Paul em volta da mesa. -- Devolva, Paul ! Devolva! Elas o empurravam contra parede ,quando ele percebeu a pilha de notas que Janie j avia

amarrado sobre a mesa. Janie avanou para Paul. Mas paul era muito rpido. Ele agarr ou o dinheiro da mesa. -- Ian! Agarra que uma granada! -- gritou alegremente. Ia n livrou-se de Eve, ainda s gargalhadas , e correu atr a porta da saleta do sr. He rnandez. Paul arremessou a pilha de dinheirocomo uma bola de futebol por cima do s braos estendidos de Eve. To logo ele jogou o dinheiro, a porta da sala se abriu. Ian tentou pegar o dinheiro, mas ele voou alto de mais. O sr. Hernandez enfiou a cabea pela porta... e o mao de notas foi bater justamente em sua testa. Thock Ja nie levou um susto. Os outros gelaram. Sr. Hernandez ficou vermelho-brilhante en quanto passava a m~~ao na cabea. Depois seus olhos apertados encararam cada um. - Vocs esto todos suspensos at o final do ano -- disse. Captulo 4 Janie sentiu um n na garganta. Podia sentir o sangue latejar em suas tmporas. Pens ou imediatamente nos seus pais. Como ficariam desapontados com ela. Os olhos del a fixavam Ian. Coitado do Ian. Tinha trabalhado tanto. Trabalhara em dois empreg os, para juntar o dinheiro para ir para Yale no prximo ano. Agora seus planos for am arruinados. No era justo! As palavras vinham-lhe na cabea mas ela nada dizia. D epois reparou que o sr. Hernandez estava rindo. Assustei vocs -- disse ele rindo, e sua enorme barriga balanando para cima e para baixo. Janie e os amigos no reagi ram. -- Est bem. As pessoas dizem que eu tenho um mrbido senso de humor -- disse o sr. Hernandez, ainda sorrindo. -- Sinto muito. Os supervisores tambm tm que se di vertir, no ? -- Ah! Grande brincadeira! -- Paul foi o primeiro a quebrar o silncio. Os outros deram um sorriso forado. Hoge o dia das brincadeiras de mau gosto, pen sou Janie estressada. Ross apareceu em sua mente por alguma razo. Ela pensava se ele estaria bem. E se ainda estaria na escola. -- No h chance de suspender vocs -disse o supervisor olhando para Janie. -- Vocs so as trs garotas que organizaram o melhor baile de toda a histria de Shadyside. -- Que timo! -- exclamou Eve. -- Uau. Que sucesso! -- declarou Faith. Ela espalmou sua mo na de Janie para comemorar. A expresso do sr. Hrenandez se fechou quando ele olhou para Paul e Ian. -- E vocs, o que fazem aqui? -- ... Eu estava justamente no caminho do meu treino de basque te -- disse Paul ajeitando os cabelos loiros, espessos e cacheados ele corou. E porque voc ainda no est l? -- insistiu o sr. Hernandez. -- A senhora Fritz me pediu para isto para uma das garotas -- disse Paul. Ele procurou algo no bolso e apare ceram um monte de notas de um dlar.

Ele vasculhou os bolsos da camisa e mais notas caram no cho. -- Bem... onde est? -Finalmente ele encontrou uma pequena chave prateada e entregoua a Eve. Janie a reconheceu. Era a chave do armrio onde o comit de festas guardava a sua receita e outras coisas. O sr. Hernandez olhou para Ian com firmeza. -- E qual a sua histri a? -- Eu achei que podia ajuda-las. Ele puxou a camiseta para fora da cala e um m onte de notas caram no cho. -- Talvez voc possa ser mais til se sair da sala -- diss e o sr. Hernandez num tom cortante. -- Tchau -- disse Ian, dando um rpido aceno p ara todos. Ele olhou para Eve . -- Eu espero voc. Ian desapareceu pela porta. Pau l o seguiu rapidamente. -- Desculpe pelas loucuras sr. Hernandez -- disse Eve en vergonhada -- Ian ia me dar uma carona at o shopping da Division Street depois qu e eu terminasse de contar o dinheiro. Mas a Paul apareceu... -- Foi culpa minha s r. Hernandez -- interrompeu Faith. -- Eu esqueci a chave quando peguei a receita da festa com a senhora Fritz... o sr. Hrenandez abaixou os olhos para o dinheir o espalhado pelo cho. -- Eu acho que vocs ainda no terminaram o trabalho. As trs con cordaram com a cabea. -- Ento corram para que agente possa ir embora. -- O supervi sor suspirou. Ele j estava comeando a desaparecer pela sua saleta adentro quando e sticou a cabea para fora . -- Qualquer coisa que ficar sobrando a no cho eu posso p egar, meninas! Dez minutos mais tarde Janie e as amigas acabavam de contar o din heiro, que ficou separado em cima da mesa em pilhas arrumadas e simtricas. As moe das , agora em rolinhos, estavam empilhadas ao lado das notas. -- o total de mil duzentos e quarenta e um dlares e sessenta e cinco centavos -- anunciou Janie. E la anotou rapidamente a soma num pedao de papel. -- No posso acreditar que consegu imos tudo isso! Foi por causa da banda ao vivo, claro. muito melhor do que um Dj e discos. -- Esse dinheiro poderia pagar um monte de contas na minha casa -- di sse Eve com um suspiro. -- Ou poderia pagar uma farra na loja Dalby! -- exclamou Faith , com os olhos azuis brilhando. -- Tire suas patas da -- disse Janie , afa stando as mos de Faith. Ela guardou o dinheiro de volta na sacola de lona, depois colocou junto o papel com o total. Eve abriu a gaveta do armrio e guardou a saco la ali. Janie bateu levemente na porta do sr. Hernandez. -- Entre. As trs garotas entraram na sala. O sr. Hernandez estava na sua escrivaninha, ao telefone, visi velmente aborrecido. Revirando os olhos num gesto de splica, ele indicou as cadei ras para que as garotas se sentassem. -- Sr. Jefferson... Sr. Jefferson... se o senhor puder me ouvir... -- dizia ao telefone.

Eve se aproximou de Janie e cochichou: -- Acho que Ian ainda est me esperando. Vo u dizer para ele ir embora. No quero que se atrase no trabalho. Janie assentiu. E ve se levantou e deixou a sala silenciosamente. Ela voltou minutos mais tarde. O supervisor ainda estava ao telefone, implorando ao sr. Jefferson um chance para falar. Faith olhou para o relgio. Aproximou-se de Janie. -- Vou ligar para casa e dizer que vou me atrasar. Janie assentiu e Faith saiu da sala. Os olhos de Jan ie percorreram a sala em busca de alguma coisa interessante que a distrasse e fiz esse o tempo passar mais rpido. Ela viu uma foto de trs jovens em uniforme de fute bol todos cobertos de lama, abraados. A alegria nos seus rostos indicava que eles tinham acabado de ganhar uma bela partida. Num estalo Janie percebeu que o do m eio era o sr. Hernandez Ele tinha uma bela aparncia quando ainda tinha cabelos, p ensou. Faith voltou em silncio e sentou-se ao lado de Janie. Dando uma rpida olhad a para seu relgio, Janie notou com surpresa que Faith tinha sado por mais de cinco minutos. Com um suspiro cansado, o sr. Hernandez finalmente desligou o telefone . Ele coou a careca enquanto se voltava para Janie e suas amigas. -- Ento , quanto o total? -- Mil duzentos e... -- tentando se lembrar , Janie voltou-se para Eve e Faith. -- Quanto era mesmo? As duas deram de ombros. -- Foi voc quem anotou -disse Faith. -- Desculpe, sr. Hernandez -- disse Janie pulando da cadeira. -- E u anotei num pedao de papel e o coloquei na sacola. J volto. Janie saiu rapidament e da saleta, fechando devagar a porta. Surpreendeu-se ao ver Paul na ante-sala. Ele lhe deu um sorriso embaraado e apontou para o tnis de basquete. -- Esqueci. No posso treinar sem eles. Ele guardou o tnis na sua sacola de ginstica e a colocou n os ombros. -- Diga a Faith que eu telefono para ela depois -- disse, dirigindo-s e porta. Janie abriu a gaveta do armrio. Ela j ia pegar a sacola quando viu que a gaveta estava vazia. Totalmente vazia. Ela gelou. Os joelhos tremiam. Sr. Hernan dez! -- Disse ela , mas o tom n~~ao era muito mais alto que o susurro. Ela suspi rou fundo e tentou de novo. -- Sr. Hernadez! -- gritou voz esganiada e cheia de p avor. -- Por favor venha rpido. Sumiu! O dinheiro sumiu!! Desta vez o dinheiro re almente havia desaparecido. Captulo 5: Trancada no quarto depois do janntar, Janie olhava para o texto de estudos socia is at que ele comeou a embaar.

No consigo estudar, pensou ela arrasada. No posso mme concentrar em nada. Minha ca bea est ligada no caso de hoge tarde. No posso parar de pensar no dinheiro roubado. Com um suspiro frustrado ela fechou o livro e se levantou de um sato. Pegou a j aqueta que havia largado no cho e correu escada abaixo. -- Vou sair! -- gritou pa ra os seus pais. Ela saiu de casa antes que eles pudessem perguntar aonde ia e p or que iria sair noite num dia de semana. Ela foi de carro at a casa de Faith em North Hills. Faith recebeu-a vestida com Jeas e camiseta bastante largos, os cab elos despenteados. Pareceu surpresa. -- Janie, oque aconteceu? -- Preciso falar com algum -- respondeu Janie, seguindo Faith pelo cho encerado da ampla sala decor ada com objetos antigos at uma aleta escura coberta de quadros. Paul estava de di ante da lareira, atiando o fogo com um basto de metal. Ele se surpreendeu quando J anie entrou. As labaredas deixavam as suas bochechas redondas eos cabelos louros em chamas. Oi. No sabia que voc estava aqui -- disse Janie, sem graa. Paul tambm pa recia constrangido, o que no era habitual. -- Eu e Faith estvamos justamente falan do da escola -- disse ele, olhando para Faith. Eles se entreolharam no enorme so f de couro que ficava diante da lareira. As chamas brilhantes tremiam e crepitava m .A sala tinha um cheiro agradvel. No consigo parar de pensar nesta tarde, no din heiro roubado -- disse Janie cruzando as mos no colo. -- A princpio o sr. Hernande z no suspeita da gente -- replicou Faith, dando um olhar nervoso para Paul. -- Is to um alvio, no ? -- Mas quem mais poderia saber que o dinheiro estava na gaveta do armrio? -- perguntou Janie -- Fico me fazendo esta pergunta sem parar. -- Talvez o sr. Hernadez suspeite de Ian e de mim -- disse ele com uma uma risadinha nerv osa.. -- Quer dizer, Ian estava do lado de fora o tempo todo, esperando por Eve. E eu estava na sala. Voc sabe. Pegando meu tnis de basquete. -- No sei o que o sr. Hrenandez pensa -- disse Janie mordendo os lbios. -- Eu nem sei oque pensar sobr e coisa alguma. Estou to chateada! Janie desejou de repente no estar ali na casa d e Faith. Paul e Faith estavam to estranhos... Davam olhares nervosos um para o ou tro. Pareciam to perturbados. -- Estou me sentindo culpada -- admitiu Janie olhan do o fogo. -- estpido , eu sei, mas me sinto culpada. Sabe oque isso me lembra, F aith ? Faith franziu o cenho, o fogo enchendo de sombras o seu rosto. -- O que? -- Me lembra aquela vez em que eu, voc e Eve fomos parar naquela casa velha e aba ndonada da Rua do medo. Lembra? -- Sim. Ela parecia mal assombrada- respondeu Fa ith, alisando com a mo, o couro do brao do sof. -- Lembra? A polcia chegou e nos peg ou antes que chegssemos ao meio daquela escadaria que estalava -- continuou Janie .

-- Ns ficamos to assustadas e com tanto medo. Eu me lembro de que at gostei de ser apanhada. Quer dizer ,se havia fantasmas ali, eu no queria encontr-los. Paul e Fai th sorriram sem entusiasmo. -- Voc nos desafiou a entrar -- relembrou Janie. -- E u e Eve no queramos ir. Voc nos desafiou, Faith. E ns ficamos sem graa de no aceitar o desafio. -- Ns nos metemos em uma confuso- disse Faith, jogando os cabelos para t rs dos ombros. -- Fiquei um ms sem sair de casa- disse Janie.- A polcia fez com que nos sentssemos criminosas- suspirou.- como me sinto hoje. O mesmo sentimento de culpa, mesmo que eu saiba que nenhuma de ns roubou o dinheiro. Houve um desagradve l silncio. Todos os trs olharam para o fogo. Um estalo alto de uma lenha os fez pu lar. Paul riu. -- Vamos mudar de assunto -- disse Faith, levantando-se para colo car mais lenha na fogueira. -- Paul disse que sabe quem Ross. O novato que ajuda mos tarde. -- Voc o conhece?- perguntou Janie um tanto ansiosa. -- Bem, no o conheo realmente e enmj sei o seu nome- respondeu Paul.- Ele est nna minha classe de clc ulo. Mas eu me lembro dele do ano passado quando jogamos em New Brighton. O prim eiro jogo de futebol do ano. -- Ele de New Brighton?- perguntou Janie.- Queria s aber porque se transferiu para c no meio do ano. Paul deu de ombros. -- Ele jogav a no ataque. Nos matou. Era um dia chuvoso, lembram? O campo estava estava mole e enlameado, como um chiqueiro. -- Que colorido! -- disse Faith, sarcstica. -- Es se cara, o Ross, correu o campo inteiro na lama sem escorregar para marcar um go lcontinuou Paul, sem ligar para Faith. Nosso time caa no cho e Ross continuava. Er a o nico que conseguia fazer gol.- Fez uma cara de desgosto, os olhos azuis brilh ando luz da lareira. -- Grande heri -- murmurou. -- Eu acho ele bonito -- disse F aith atiando o fogo. -- Eu o acho ridculo -- disse Paul de modo rspido. -- S porque ele arrasou os Tigers? -- perguntou Janie. -- No. Por causa do jeito dele -- diss e Paul. -- Logo depois do gol, ele correu diante do nosso campo, sacudindo os br aos e dando adeusinho. E ele tem uma postura imponente tambm na aula de matemtica. Como se soubesse de tudo. Como se fosse mais inteligente que todos ns. Ele muito metido. -- Talvez ele seja apenas tmido -- observou Janie. -- Talvez seja um idio ta -- insistiu Paul. -- Eu ainda o acho bonito -- disse Faith rindo. Paul fez um a careta para Faith. -- Voc tem pssimo gosto. Todos riram. Paul foi embora pouco d epois das dez. Janie sabia que tambm deveria voltar para casa mas algo a fez fica r. Queria conversar com Faith sobre o dinheiro roubado e saber qual a sua opinio sobre o caso. Queria saber porque ela e Paul agiram de modo to estranho, to tenso. Mas no sabia se poderia perguntar uma coisa dessas.

Com um bocejo, Faith jogou mais lenha na lareira. -- O fogo sempre me d sono -- d isse ela, jogando-se de volta no sof. -- Ento voc vai chamar Ross para sair ou sou eu que vou? -- perguntou, com os olhos brincalhes. -- O qu? Cham-lo para sair? -- A pergunta pegou Janie de surpresa. -- Bem, como voc pode convid-lo para sair, Fait h? Voc e Paul... -- Paul no precisa saber...- disse Faith rindo. -- Bem talvez...Janie sentiu o rosto enrubescer. -- Eu sei que voc est interessada nele...- provo cou Faith. -- Ei, que tal uma aposta? Qual de ns pode sair com Ross primeiro? -Uma aposta? Voc diz por dinheiro? Faith deu uma risada. -- Est bem. Por dinheiro. Dez dlares. Uma pequena disputa. A primeira que sair com Ross ganha o dinheiro. A ntes que Janie pudesse responder, o telefone sem-fio ao lado do sof tocou. Faith o pegou. -- Oi, Eve. Voc quer entrar na nossa aposta? Janie ouviu Faith explicar a aposta para Eve. Ian est sempre trabalhando. Ele no vai saber.- assegurou Faith. -- Sim, sim, Janie tambm. Elas converssaram mais um pouco. Faith virou-se para J anie. -- Eve tambm est na aposta. At amanh, Eve. -- Ela desligou o telefone. -- Um e ncontro com Ross e vinte dlares. O que voc acha? Janie suspirou. Sabia que era tmid a demais para chamar Ross para sair. Faith no teria nenhum problema de chegar at e le e convid-lo para um cinema ou coisa parecida. Tampouco Eve. -- Vou perder -- d isse Janie baixinho. -- Mas tudo bem, Faith. Estou na aposta. Minutos depois Jan ie pegou a sua jaqueta e Faith a levou at a porta. - -- At amanh -- disse Janie. E entoo, as palavras lhe saram pela boca. -- Por que voc Paul estavam to estranhos est a noite? -- O que? -- Faith reagiu surpresa. -- Vocs agiram como se estivessem ne rvosos -- disse Janie. Algum problema? Faith hesitou. -- Quase... Uma espcie de p roblema -- disse relutante, com os olhos fixos em Janie. Eu...Janie se sentiu em baraada. -- Que espcie de problema ? -- perguntou abaixando os olhos. Faith hesito u novamente. -- Bem, Janie, e que... Eu e Paul sabemos que foi voc quem roubou o dinheiro do baile. Captulo 6 : -- O qu?- gritou Janie boquiaberta. Os olhos de Faith faiscavam acusadoramente, f ixos nos de Janie. Voc acha que eu...- gaguejava Janie incrdula. Faith explodiu nu ma gargalhada. -- Primeiro de abril. -- murmurou. -- Eu tentei, mas no consegui f azer uma cara sria.

Janie deu um rugido de raiva. -- Faith, ainda no abril e isso no tem graa nenhuma! -- gritou. -- Voc no pode levar nada srio? O sorriso de Faith desapareceu. -- Eu vo u levar srio a nossa aposta sobre Ross -- disse ela. Quando a aula de qumica comeou na tarde seguinte, Janie abriu seu livro de pesquisas de laboratrio e comeou a or ganizar os seus tubos de ensaio. Mas sua cabea no estava ali na sala. Estava em Ro ss Gabriel. Ela havia pensado nele o dia inteiro, e perguntava-se sem parar por que foi to louca de Ter aceitado a aposta. No h a menor chance de competir com qual quer uma das duas, pensava Janie deprimida. -- Janie- a voz do sr. Mancuso a ret irou de seu delrio. Levantou os olhos e pensou que estava alucinando. Ao lado do sr. Mancuso estava Ross Gabriel, os cabelos castanhos sobre a testa, os olhos es curos fixos nos dela. -- Voc pode trabalhar com Ross Gabriel at que Pam esteja mel hor? -- perguntou o professor de qumica. A parceira habitual de Janie das aulas d e laboratrio estava gripada. O sr. Mancuso foi at a frente da sala para explicar a experincia. -- Oi -- disse Ross, jogando-se muito vontade no banco alto ao lado dela. -- Voc Janie , certo? O corao de Janie batia to rpido que ela imaginou que Ross poderia at ouvir. -- Oi -- tentou dizer sem guaguejar. -- Como est o seu brao? -Sem problemas. Vamos arrebentar nesta experincia -- disse ele, colocando-se na fr ente dela para rearrumar os tubos de ensaio. -- J a fiz antes. Na minha antiga es cola. Na stima srie, eu acho. muito fcil. -- , eu sei -- Janie concordou rapidamente . Na verdade, ela achava muito difceis as aulas de laboratrio, mas no havia a menor hiptese de admitir isso. -- Afaste-se disso. amnia- ela o advertiu, apontando par a um tubo de ensaio. -- Eu cheirei um vidro de amnia por engano uma vez. Meu nari z ardeu por uma semana! Ela esperava que ele risse, mas Ross continuou srio. -- , voc tem que tomar cuidado -- disse, estudando os tubos de ensaio. -- J no meu caso , eu bebo essa coisa no caf da manh. Janie riu. Os olhos de escuros de Ross se ilu minaram, mas ainda assim ele no sorriu. -- Acho que podemos comear -- disse Janie, virando-se para os tubos de ensaio. -- Este aqui magnsio ferroso? -- Talvez -- r espondeu Ross. Ele prestava ateno na frente da sala, onde o sr. Mancuso abaixava-s e obre uma mesa para ajudar a um grupo de alunos a comear. Ross voltou-se para Ja nie e colocou a mo sobre a dela, para impedir que pegasse um tubo de ensaio. -- V oc quer ver uma coisa horrvel? -- murmurou ele, levando os lbios para perto do ouvi do dela to perto que ela pode sentir no rosto a sua respirao morna. Ela tremeu.

-- Uma coisa horrvel? Ele levou um dedo boca em sinal de que ele deveria ficar qu ieta. Olhou de novo para frente para Ter certeza de que o sr. Mancuso ainda esta va de costas. Depois colocou rapidamente um lquido verde num lquido transparente. -- Observe -- instruiu a Janie. Os lquidos enfervesciam. Um vapor branco desprend ia-se daquela mistura. -- O que isto? -- sussurrou Janie. -- uma bomba fedorenta -- replicou Ross , olhando para o tubo de ensaio. O lquido verde foi para a part e de cima. O vapor mido subia. -- Cheire. Janie aspirou relutante o vapor. Fez um a cara de nojo. -- Uh! O cheiro de azedo comeou a tomar conta da sala. Os alunos comearam a gemer e reclamar. Um pequeno grupo virou a cabea para Janie Ross. -- O que est fedendo tanto? -- perguntou algum -- Ricky voc? -- perguntou a algum a Ricky Schorr, o palhao da turma que levava a culpa de tudo. -- De jeito nenhum! -- gri tou Ricky. Os alunos tossiam e pigarreavam. Janie desceu do banco e deu um passo atrs, com os olhos lacrimejantes. O sr. Mancuso finalmente percebeu que havia al go errado. Levantou a cabea e aspirou o ar. -- OH! -- ele fez uma careta. -- Sr. Mancuso aqui -- avisou Ross. -- Acho que eu e Janie fizemos algo errado. -- Eu? -- gritou Janie. Eu no! O sr. Mancuso correu para a mesa de Janie. -- Janie, acho que fui eu que fiz algo de errado -- disse Ross. -- Isto cheira a ovo podre! -ele piscou para Janie. Os olhos do sr. Mancuso se apertaram enquanto ele olhava para a mistura verde borbulhante. Ele prendia a respirao, tentando no cheirar aque la coisa azeda, desagradvel. -- Vou cuidar disso -- disse ele a Ross. O professor pegou uma pina, retirou o tubo da mesa e saiu da sala com ele. To logo deixou a s ala, a turma irrompeu em gargalhadas e gritos. -- Bom trabalho, Ross! -- gritou Ricky Schorr. -- Vamos comemorar! -- disse algum. -- Abram as janelas, por favor! -- berrou um outro. Ross virou-se para Janie. -- Desculpe -- disse ele. -- Eu a penas no estava com humor para esta aula hoje. Janie riu. O cheiro da sala voltav a ao normal. -- Onde voc aprendeu a fazer isso? -- perguntou ela, sentando-se de volta ao seu lado. -- Minha me me deu um laboratrio de qumica quando eu tinha oito anos -- disse ele -- Isso foi a primeira coisa que fiz. Janie fez uma expresso de aprovao. -- Voc fez um bom trabalho, Ross. Vai tirar um "a". -- Eu gosto de pertub ar os outros -- disse Ross. Ella esperou por um sorriso mas ele no riu.

Que comentrio esquisito, Janie pensou. "Gosto de pertubar os outros". Ela olhou p ara o relgio. No queria que a aula terminasse. Queria ficar ao lado dele e convers ar por vrias horas. Lembrou-se subitamente da aposta. Ser que eu posso fazer isto ? Convida-lo para sair? Esta era a oportunidade perfeita. A sineta tocou. Ela re colheu os livros e o seguiu at o corredor. Ele parou na porta da sala e voltou-se para Janie, como se esperasse que ela lhe dissesse alguma coisa. Ela sorriu, lu tando para pensar em algo. Diga agora! pensava. Convide-o para sair no Sbado noit e. -- Talvez eu possa lhe ensinar coisas mais teis amanh -- disse ele, retirando o s cabelos da testa. Ele era to bonito, pensou Janie. To bonito e sabia muito bem d isso. Convide-o, convide-o. -- Ross... -- comeou a falar, limpando a garganta. El a apertou a mochila junto ao colo -- ... Sbado noite... Janie parou quando viu a e xpresso de Ross se transformar. Os olhos dele arregalaram-se olhando sobre os omb roos de Janie. Ele ficou plido. -- Ross? -- gritou ela atordoada. Ele pareceu no o uvi-la. Abriu a boca em estado de choque e suas belas feies contorciam-se numa exp resso de horror. Captulo 7: Sobressaltada, Jnie virou-se e acompanhou-o com o olhar. Por entre a multido viu uma garota loura , alta de cabelos longos e encaracolados. A gorota olhava fixam ente para Ross. Quem ela?, imaginava Janie. Eu nunca a tinha visto antes. -- Ros s, o que h de errado? -- perguntou de Janie. -- Voc parece que viu um fantasma! Ma s, para surpresa de Janie, ele havia desaparecido. Ela procurou Ross depois das aulas, mas no o encontrou. Ficou pensando na garota loura pelo resto da tarde. A garota era alta e bonita, com aqueles cachos espetaculares caindo-lhe pelas cost as. Por que Janie no a tinha no a tinha reparado antes? Ser que era nova na escola? Janie vestiu a jaqueta e fechou seu armrio. Comeou a andar vagarosamente para a s ada principal quando viu Eve correndo em sua direo. -- Adivinhe -- gritou Eve, com os olhos negros brilhando e um belo sorriso no rosto. -- Adivinhe o que eu ganhe i! Tenho um encontro com Ross na Sexta noite! Na noite de Sexta feira, Janie est icou-se na sua cama, olhando para o teto, ouvindo uma cano dos Beatles numa rdio de velhos sucessos. O telefone tocou. Ela apalpou a mesinha-de-cabeceira, desligou o rdio-relgio e arrancou o fone do gancho. -- Al? -- Hoje a grande noite de Eve -era Faith.

-- Conte alguma coisa que eu no saiba -- gemeu Janie. -- Ela me pediu emprestado o blazer azul. -- E ela est usando aquela cala verelha sexy que guarda para ocasies , especiais. -- Faith ficou em silncio por um instante. Janie podia quase v-la bal anar a cabea indignada. Ela realmente odiava perder apostas. -- Eve simplesmente f oi at a Ross e convidou-o para sair -- disse Faith finalmente. -- Queria saber o que foi que ela disse. -- O que quer que seja, deu certo -- suspirou Janie. -- E u confesso! Estou com tanta inveja! -- Eu tambm -- disse Faith. -- Pelo menos voc tem Paul -- disse Janie. -- Sabe de uma coisa? Vou contar para Ian -- disse Fait h com irritao. -- Vou ligar para ele e dizer onde est Eve. Vai ficar uma fera! -- No , voc no deve -- disse Janie sria. -- Melhor no. Voc como Ian ciumento. No o atorment . Ele est trabalhando todas as noites neste fim de semana. Faith deu um gemido de contrariada. -- Esta aposta estpida foi idia sua -- replicou Janie. -- Por que vo c quer criar problemas para a Eve? -- Problema o meu nome -- recriminou Faith, co m risinho abafado. Depois acrescentou: -- Ei, Janie, eu estou s brincando. No vou ligar para Ian. -- Nunca sei quando voc est brincando -- disse Janie. -- por isso que voc a vtima perfeita -- respondeu Faith. -- Muito obrigada -- respondeu Janie friamente. Faith suspirou. -- Eu j tenho os meus prprios problemas. -- O que? Que problemas? -- Janie sentou-se na cama e mudou o fone de ouvido. -- Ah... as cois as no esto muito bem por aqui -- disse Faith relutante. -- Espere. Deixeme fechar a porta. -- Ela se afastou por alguns segundos e depois voltou. -- Eu no sei. Ach o que as coisas no esto bem com os meus pais -- disse em voz baixa. -- Eles pratic amente no ficam em cas ao mesmo tempo. Quando esto juntos em casa, trancam-se no q uarto e discutem longamente. -- Voc acha... -- Janie comeou a dizer. -- Eu que els podem se separar. -- Faith suspirou. -- E depois a droga do Paul... -- O que h c om o Paul? -- Voc sabe o que este crpula queria falar comigo ontem no almoo? -- Qua ndo ele virou crpula? -- Janie retrucou, surpresa. -- Quando ele me pediu trezent os dlares para comprar uma transmisso para o seu carro. Voc acredita? Janie pensou sobre o caso ppor um instante. -- ,posso imaginar. -- Eu estava comeando a credit ar que ele realmente gostava de mim -- disse Faith com tristeza. -- Mas ele sai comigo porque eu sou rica. -- Eve disse que ele era um aproveitador -- comentou Janie. -- Pela primeira vez Eve estava certa -- disse Faith amargurada. -- Bem, voc quer ir ao cinema ou coisa assim? -- perguntou Janie para mudar de assunto. - No. Acho que vou ficar no meu quarto e pensar em coisas detestveis a noite intei ra.

Janie riu. -- Pelo menos voc ainda mantm o seu senso de humor. -- Queria saber o q ue Eve e Ross esto fazendo sozinhos -- disse ela ansiosa. -- Eu tambm -- comentou Janie. -- No posso esperar para saber. Aposto que Eve tem o maior caso para conta r.... Captulo 8: Depois do cinema Ross estacionou o seu pequeno Civic azul para um canto arboriza do da Rua do medo e estacionou. Ele se inclinou na cadeira, puxou Eve e a beijou . Os seus lbioos pareciam quentes e secos junto aos dela. Eve retribuiu avidament e o beijo. Ela lhe acariciou os cabelos com as mos , depois o rodeou pelo pescoo. Eles pararam para tomar flego. Ross comeou a beija-la de novo, mas parou de repent e. Ele se recostou de volta no assento com um suspiro. -- Desculpe disse ele. --- Por qu? -- perguntou Eve. O seu corao estava em disparada. Ele sensacional, pen sava. O rosto de Ian apareceu na sua mente. Ela se esforou para afast-lo. -- Eu no costumo agarrar uma grota no primeiro encontro. Deu de ombros. Os olhos fixos no s dela. Costumo esperar at o segundo encontro. -- Ento eu acho que isto um ponto p ara mim -- disse Eve, puxando-o devolta para si. Levou os lbios at os dele e o bei jou longa e calorosamente. Comeou a desenrolar o seu cachecol azul. Retirou-o dei xando-o no banco do carro. -- Estou fervendo aqui -- disse Ross quando o beijo t erminou. -- Quer dar uma caminhada? No bosque? -- O que? Este o bosque da Rua do Medo -- protestou Eve. -- E da? -- Esqueci que voc novo aqui -- disse, segurandoo pela mo. -- Voc no conhece as histrias terrveis sobre este bosque. -- E nem quero s aber. Minha casa fica nesta rua. Vamos. Uma pequena caminhada vai nos refrescar. O que poderia acontecer? Voc no est com medo est? -- Era mais um desafio do que uma pergunta. Ross pulou do carro e deu a volta at a porta do carona. Eve ainda no ti nha se mexido para sair do carro. Ele abriu a porta e lhe estendeu a mo. Eve hesi tou. Depois segurou-o pela mo e saltou do carro. Ross a conduziu pelo bosque. O v ento era forte, provocava rajadas e redemoinhos em volta dos dois. Eve sentiu um arrepio. Ela tremeu, enrolou o cachecol azul no pescoo e levantou a gola do blaz er azul de Janie . -- Aonde estamos indo? -- perguntou sentindo calafrios.

-- No muito longe -- respondeu Ross baixinho. Ela sentiu o brao dele em volta de s eus ombros. Quando Janie abriu os olhos na manh de Sbado, o sol j brilhava na janel a de seu quarto. Ela esfregou os olhos para acordar e espreguiou-se. Podia sentir um ar frio vindo da janela. Final de inverno , pensou. Que horas sero afinal? El a olhou para o rdio relgio. Oito e quinze apenas. Bocejou. Alguma a perturbava, fa zendo-a Ter insnia durante noite. O que seria? H, sim, ela lembrou. O encontro de Eve com Ross. Uma inslita dvida ecoou na sua cabea ainda sonolenta: se Eve comear a namorar Ross, ser que ela poderia ficar com Ian? Janie pensou em Ian. Era baixo e magro como ela. E tinha cbelos castanhos bem crespos cortados bem curtinhos. E era srio, com frios olhos cinza por trs dos culos sem armao. Era um grande cara, pens ou Janie, virando-se para o outro lado da cama. E muito inteligente. Mas Ian no o meu tipo. Ross o meu tipo... Ela enfiou o rosto no travesseiro e deve Ter dormi do novamente , porque o telefone tocou, provocando-lhe um sobressalto. Janie pro curava por ele, piscando para manter-se desperta. -- Al? -- Al, Janie? -- era Ian. -- Eve est a? -- Perguntou ele ofegante. -- Ela est a na sua casa? Janie sentiu uma pontada de medo. -- No. Por qu? -- Ela est desaparecida!! -- gritou Ian. -- No volt ou para casa ontem noite! Captulo 9 : Janie quase deixou o fone cair . Parecia pesado demais para que conseguisse segu r-lo. Fexou os olhos e sentiu uma dor aguda na base do crnio que, lentamente, tomo u conta da cabea toda. -- Janie! -- a voz estridente de Ian a trouxe de volta. -Voc ainda est a? Ela levou o fone de novamente ao ouvido. -- Sim, respondeu ela co m a voz tremida. Eve no dormiu na sua casa? -- perguntou Ian. -- No. Voc ligou para os pais dela? -- Claro. Eles esto enlouquecidos, Janie. Chamaram a polcia. A garg anta de Janie se contraiu. Sentiu uma onda de nusea subir at a boca. A voz de Ian era sria agora: -- Janie, Eve saiu com algum ontem noite? Algum cara? Eu fui at a c asa dela depois do trabalho, mas o irmo menor disse que ela havia sado. No sabia di zer para onde, nem nada. -- Vou telefonar para a me de Eve -- disse Janie, lutand o para livrar-se daquele malestar. Eve deve estar bem, pensou. Tem que estar. -O que est acontecendo, Janie? -- perguntou Ian. -- Eve saiu com algum no foi?

-- Eu no sei Ian. -- Janiie odiava mentir. Mas tambm no queria quebrar a promessa f eita a Eve. -- Isto no importa agora -- disse disse ela a Ian. -- O que importa e ncontrar Eve. -- Janie, posso ir at a? Estou realmente preocupado. -- No sei Ian. E u ... -- Ela realmente no queria vlo naquele momento. -- Janie, por favor... -- El e parecia to apavorado. Um garotinh assustado. -- Est bem, Ian -- resignou-se. -Vou estar aqui. -- Voc uma amiga de verdade -- disse Ian. J vou para a. -- a ligao ca iu. Janie sentou na ponta da cama. Fechou os olhos para tentar livrar-se de toda aquela tonteira. O que poderia Ter acontecido com Eve? O qu? Janie se esforou par a levantar. Tinha que tomar um banho e se vestir. Ian chegaria a qualquer minuto . Caminhou at o banheiro e jogou gua fria no rosto. Parecia que se movia em cmera l enta, como se pesasse uma tonelada. Escorregou para dentro de um jeas e vestiu u ma camiseta com capuz. Colocou um tnis e desceu as escadas para esperar por Ian. -- Mame? Papai? Um bilhete na geladeira informava que eles tinham ido s compras. - Talvez Fith saiba de alguma coisa. -- disse Janie em voz alta, sentindo o medo taparlhe a garganta. Ligou para Faith. Estava ocupado. Com um gemido de desespe ro ela discou para a casa de Eve. Os dedos tremiam violentamente . teve que tent ar trs vezes at acertar o nmero do telefone. Esteja em casa, Eve, pensava ela. Por favor esteja a. Talvez eu esteja me preocupando toa , disse a si mesma, ouvindo o telefone chamar. Talvez Eve esteja em casa. Talvez tenha tido uma noite maravil hosa com Ross. Ficaram a noite inteira juntos. Por favor , esteja em casa. Por f avor... Marky , o irmozinho de Eve, finalmente atendeu ao telefone. -- Marky ? Ja nie Simpson. Sua me est? -- Espere a. Vou chamar , Janie. Ela ouviu soluos ao fundo. No era um bom sinal. Janie estremeceu, ouvindo os soluos abafados. Ouvia a voz de Marky. Passos . Finalmente a senhora Muller veio ao telefone. -- Janie, Eve est com voc? J a encontraram? Voc ouviu falar de alguma coisa? -- As perguntas enlouque cidas revelavam seu estado de pnico. -- No, senhora Muller... -- respondeu Janie, com voz trmula. -- Eu pensei que ela j tinha chegado em casa. -- No, ela no est aqui disse a me aos prantos. O pai, a polcia, todos esto procurando por ela. Eles... ele s... -- ela soluava alto. -- Senhora Muller... -- Janie queria desligar. No queria importuna ainda mais aquela pobre mulher. -- Todos esto procurando por ela -- di sse tentando falar enquanto chorava. -- Procurando por ela e pelo rapaz com quem ela estava. -- O qu? -- gritou Janie. -- Ross? Ross est desaparecido tambm? -- Est -- respondeu a me. -- Eu temo que ele tambm tenha sumido.

Captulo 10: Ian chegou alguns segundos depois que Janie terminou de falar com a senhora Mull er. Ele estava de p na porta com uma cala amarrotada e uma camiseta desbotada. Os olhos avermelhados. Janie deu al amargo e abriu a porta . mas Ian no entrou. -- Ns podemos dar uma volta de carro ? -- disse ele com uma voz cansada, apontando par a o seu Ford Escort amarelo. -- No consigo ficar parado. Janie assentiu. -- Est be m. Deixe-me escrever um bilhete para meus pais. Ela correu at a cozinha, escreveu o bilhete e pregou na geladeira com um im. Depois pegou a sua jaqueta e foi at a porta da frente. Estava um frio incomum para o incio de primavera. As rvores do Ja rdim da frente tremiam ao sabor do vento. Iam estava sentado no seu pequeno carr o amarelo com o motor ligado. Ele deu a partida e se afastou do meio-fio antes m esmo que Janie fechasse a porta. -- Janie o que est acontecendo? -- disse ele ner voso. -- Eu queria saber, Ian. -- Voc sabe de alguma coisa -- acusou-a, dirigindo se ao Canyon Drive e avanando um sinal fechado. -- Eu sei que voc sabe. Voc ,Eve e Faith contam tudo uma para outra. -- Ele olhava para ela, como se quisesse ler seus pensamentos. -- Voc veio at aqui para me aborrecer? -- queixou-se Janie. -- S e for isso, pode voltar e me deixar de volta em casa. Estou morta de medo por ca usa de Eve , Ian. Morta de medo. No quero ser interrogada por voc. Sua exploso colri ca o assustou. Ele ajeitou os culos e remexeu-se desconfortvel no assento, voltand o os olhos cinza para frente fixox no pra- brisa. -- Desculpe -- disse el. -- Est ou morrendo de medo tambm. Ele dirigiu em silncio . Ian ia sem destino pela cidade . Passou pela casa de Eve em Old Village. Nenhum carro na porta. Nenhum sinal de vida. Passaram pela escola Shadyside, escura e vazia numa manh de Sbado. Na Old M ill Road, as rvores altas arqueavam-se sobre a rua. Janie teve um forte impulso d e contar sobre Ross, sobre Eve e sobre a aposta . Mas por que deveria fez-lo sent ir-se ainda pior? Olhando pela janela , viu que passavam pelo bosque da Rua do M edo naquele Momento . -- Ei! -- gritou Janie quando Ian de sbito freou o carro. O corpo dela foi jogado para a frente. Ela esticou as mos a tempo de evitar Qua su a cabea batesse no vidro do pra-brisa quando o carro parou daquele jeito. -- Cacho rro estpido! ! Gritou Ian. Ele se virou para Janie ,-- Voc o viu? Correu na frente do carro. Quase o atropelei. -- No, no estava olhando -- disse Janie, atordoada. O carro morreu. Ian no fez esforo algum para relig-lo. -- Voc est bem? -- perguntou e le. Janie ia responder mas parou. O que era aquilo no bosque? Alguma coisa no cho diante das das rvores. Alguma coisa azul brilhante.

-- h! -- ela abriu a porta e saltou do carro. -- Janie! Ei! Onde voc vai? -- Ian c hamava por ela. Deixando a porta do carro aberta, ela comeou a correr em direo manc ha azul no bosque. -- Janie ! Espere! -- Ian corria atrs dela. -- O que aquilo? - gritava ela. -- Veja, Ian, aquela coisa azul? Primeiro era uma mancha. Mas qua nto mais ela corria a imagem parecia ganhar foco. Viu primeiro o blazer. O blaze r azul brilhante. O SEU blazer azul-brilhante. Depois o corpo de Eve. Ento , ela comeou a gritar. Captulo 11: O rosto de Eve estava virado de lado, a metade enterrada na lama. O topo de seu crnio estava quebrado como uma casca de ovo. Um denso crculo de sangue seco se esp alhava-se pelos seus cabelos negros. Formigas espalhavam-se pelo seu corpo. Jani e observou horrorizada uma das formigas arrastando-se pelo rosto de Eve. Ela and ava sobre o olho e entrou em sua boca aberta. Com um forte gemido, Janie virou-s e e fechou os olhos. Mas aquela cena horripilante persistia em sua mente. -- Eve ? Eve? -- o grito torturado de Ian atravessava o ar. Ele caiu de joelhos ao lado do corpo. Colocou a mo plida e inerte de Eve sobre a sua e comeou a esfreg-la , com o se assim fosse traze-la de volta vida. -- Eve ? Eve? Janie sentou-se numa pilh a de de folhas midas e colocou a cabea entre as pernas. Imaginou que poderia estar sonhando. Respire. Apenas respire, dizia a si mesma. Ela levantou a cabea lentam ente, lutando para respirar normalmente. As rvores giravam violentamente ao seu r edor. O vento parecia rode-la , carregando o cheiro podre de defunto. Tentou pren der a respirao, mas comeou a engasgar. Janie resistiu ao impulso de olhar de novo. J tinha visto o bastante para uma vida inteira de pesadelos. -- Eve? Eve? -- Jani e ouvia o grito repetido de Ian, um canto cheio de espanto e incredulidade. -- E ve? Ns temos que pedir ajuda. Temos que sair daqui, percebeu Janie. Levantouse de um salto. Ian continuava com aquele ccanto de horror. Continuava a esfregar fren eticamente a mo inerte de Eve. -- Ian! -- a voz de Janie ecoou no no bosque. Ela pegou Ian pela gola da camisa, arrancando-o para longe do corpo. -- Ian, vamos. -- pediu sacudindo-o -- vamos chamar a polcia. Ian por favor! Uma mosca zunbia ju nto ao ouvido de Janie. Aquele som era ensurdecedor, abafando qualquer outro rudo . Era s uma mosca ou seria cem? Ela fechou os olhos mais ainda podia v-las. Ainda as ouvia zumbir.

Moscas . Cobrindo como um manto negro o corpo de sua amiga . O rdio do carro da p olcia chiava alto. Os dois policiais tinham inspecionado o corpo de Eve. Agora vo ltavam para o carro a fim de pedir novo reforo. Janie ficou de p na beira da rua o bservando-os. Levou Ian para o carro e o deixou l enquanto corria a at uma casa da Rua do Medo para chamar a polcia. Eles chegaram em cinco minutos e ela lhes indi cou o cadver. Onde est Ross? , perguntava-se, fechando os olhos. Encontramos a pob re Eve. Mas onde est Ross? No h sinal dele pelas redondezas. Estaria morto tambm? Se u corpo estaria no bosque? Lembrou-se subitamente de Ian. E o viu sentado em seu Escort amarelo, cado para frente, cabea sobre o volante. Jannie bateu na janela d a viatura. -- Desculpe-me. Eu acho que meu amigo precisa de mim. Vocs se importam de se eu sentasse no carro com ele? O policial olhou para Ian, depois retornado para Janie, concordou sorrindo. -- Sem problemas. Vamos deixar vocs em casa assi m que possvel , est bem? Janie correu at o carro e sentou-se no lado do carona. -Ian? -- disse baixinho. -- Eles disseram que logo poderemos ir para casa. Ian le vantou levemente a cabea. Cobria o rosto com as duas mos. Ele no quer que eu veja q ue est chorando pensou, notou Janie. -- Voc deveria me deixar dirigir -- disse Jan ie. -- No me importo. -- Foi o dinheiro -- disse Ian com voz entrecortada. Ele se cou as lgrimas com a manga da camisa.-- O qu? -- Janie no sabia se tinha ouvido dir eito. -- Que dinheiro? Ser que Ian sabia da aposta? Ele saberia que as trs apostar am dz dlares cada uma? -- Foi o dinheiro -- murmurou Ian, evitando o olhar de Jani e. -- Que dinheiro Ian? -- Eu sei por que Eve foi morta -- disse ele com os olho s baixos. -- Foi por causa do dinheiro. Quem matou Eve o fez pelo dinheiro. Jani e olhou severamente para o rosto dele, ensopado lgrimas. -- Ian, do que voc est fal ando? Ele se voltou para Janie e explodiu num soluo. -- Oh, Janie. Foi Eve quem r oubou o dinheiro do baile. Captulo 12 : Janie colocou a mo sobre os ombros de Ian. -- Ian, eu acho que voc no est dizendo co isa com coisa -- disse gentilmente. -- Eve

a pessoa mais honesta que conheo. Jamais... Janie percebeu que falava de Eve como se estivesse viva. As lgrimas brotaram de seus olhos. Ian voltou-se para Janie. Seus olhos queimavam os dela penetrando-os intensamente. -- Janie, com quem Eve saiu na noite passada? No minta para mim! Eu preciiso saber. Janie engoliu em sec o. No havia mais necessidade de manter a promessa feita a Eve. Por outro lado, a polcia j sabia da existncia de Ross. Tambm estava, procurando por ele. -- Foi Ross - disse a Ian. -- Ross Gabriel. No era um encontro de verdade, Ian. Foi apenas um a aposta estpida. -- O qu? -- Os olhso de Ian apertaram-se confusos. -- Uma aposta ? Que tipo de aposta? -- Ns trs, eu Eve e Faith, fizemos uma aposta -- disse Jnie relutante, abixando os olhos. -- Uma aposta maluca. A primeira que sasse com Ross iria ganhar. Foi por esta nica razo que Eve saiu com ele. -- Janie parou de falar . O sangue desapareceu do rosto de Ian. O corpo dele comeou a tremer. De dio perce bia Janie. Eu devia Ter esperado, Janie dizia a si mesma. Eu devia Ter esperado at que Ian ficasse mais calmo. Ian ligou a ignio com as mos trmulas. -- Saia do carro , Janie -- disse ele com a voz seca, gelada. -- O qu? -- Janie o encarou , estarr ecida com a fria de sua voz. -- A penas d o fora do carro. -- Ian, o que voc vai fa zer? -- perguntou Janie. -- Saia! -- gritou. -- Sem chance -- disse Janie. -- Vo c no vai ficar sozinho, Ian. -- ela pegou rapidamente as chaves , desligou o motor e retirou-as da ignio. -- No posso deixar voc fazer nenhuma loucura. -- disse ela. -- Voc no v que est transtornado, descontrolado ? -- Ian agarrou-a para pegar as cha ves, mas ela o empurrou. -- M d as chaves, Janie -- ordenava com uma voz fria. Jan ie ouviu o som baixo de uma sirene no muito distante dali. -- Vamos embora para c asa em segurana , est bem? -- disse Janie em voz baixa porm determinada. -- Me d as chaves -- repetia com os dentes cerrados. A sirene chegou mais perto. -- Me d as chaves! -- No! Ian agarrou Janie de repente pelas mangas da camiseta e puxou-a em sua direo. Janie empurrou Ian com uma das mos e com a outra abriu furiosamente a j anela do carro. Ela arremessou as chaves o mais longe que pde. Caram num emaranhad o de terra e folhas ao lado da calada. Com um grito de dio, Ian abriu a porta e pu lou para fora do carro. Com o corao aos pulos, Janie fechou de volta as duas janel as e trancou as duas portas. A sirene era agora to alta que parecia estar dentro da cabea de Janie. Ela se virou para trs para ver as viaturas da polcia com suas si renes estridentes estacionarem atrs do carro de Ian, com as luzes vermelhas pisca ndo.

Uma ambulncia parou ao seu lado, bloqueando a passagem da rua. As portas de trs da ambulncia se abriram e enfermeiros vestidos de branco desceram carregando uma ma ca. Um policial orientou os enfermeiros . Eles entraram no bosque da Rua do Medo . No havia razo para esta correria, pensava Janie com tristeza. Eve est morta e nen hum enfermeiro a traria de volta. Um terceiro carro estacionava , com sirene lig ada e luzes piscando. Depois outro. Logo os policiais uniformizados espalhavam-s e pelo bosque. Espalhavam-se como moscas, pensava Janie amargurada. Como moscas sobre um cadver. Ian ainda procurava as chaves na terra enquanto os enfermeiros r etiravam o corpo de Eve do bosque . A polcia no encontrou o menor sinal de Ross. S er que ele foi assassinado tambm? , pensou Janie , sentindo um estremecimento. Ser que ele est cado neste bosque? Captulo 13: A delegacia parecia uma produo de um programa de TV. Havia um sargento bronco e de cabelos grisalhos por trs de uma escrivaninha. Nas mesas de metal cinza , os tel efones tocavam sem parar . teclados de computadores exprimiam uma sinfonia parti cular. No fundo da sala, Janie viu dois jovens policiais trocando folhas de pape l. Ela olhou para Ian, que a seguia. Os seus cabelos escuros caam sobre a testa. Atrs dos culos , os olhos ainda estavam avermelhados e tristes. Ele parecia um fan tasma de to plido sob a luz fluorescente do teto . ficaram na delegacia por volta de uma hora. -- Desculpe-me faz-los vir nesta tarde -- disse -- disse o delegado Frazier, conduzindoos at a sala da frente. O delegado Frazier era um jovem de voz suave e boas maneiras. -- Eu sei que vocs dois ainda esto apavorados com o que de scobriram esta manh. Janie concordou , enxugando as lgrimas. Ela tinha sido capaz de responder a tudo o que o delegado havia perguntado. Por que iria soluar e grit ar agora? -- Eu no queria chama-los -- disse o delegado baixinho, com as mos nos o mbros deles -- Mas vocs dois conheciam bem a vtima. Eu sei que o que vocs me contar am sobre Eve vai nos ajudar a encontrar o assassino. ASSASSINO A palavra apunhal ou Janie como uma faca amolada. Ela aspirou profundamente o ar , retendo-o no pe ito. No vou chorar, pensou. No vou chorar aqui. No vou chorar at chegar em casa. -Os seu pais esto esperando l fora? -- perguntou o delegado. Janie e Ian assentiram . Subitamente a parede da sala se abriu e Ross apareceu. Dois policiais com um a r solene vinham logo atrs dele. Janie sentiu o corao dar um salto .

Ele est vivo , pensou. Ele est bem! Levou alguns segundos para que Ross reconheces se Janie e Ian . Parecia perdido em seus pensamentos, a expresso tensa e atorment ada. -- Oi, Janie. -- disse ele baixinho quando finalmente reparou nela. -- Ian. .. -- Ross, voc est bem? -- perguntou Janie. -- Eu no acredito que isto esteja acon tecendo -- sacudindo a cabea violentamente, como se tentasse afastar todo aquele tormento. -- Como Eve pode estar morta? Ian gemeu como se sentisse dor. Os dois policiais tentaram fazer Ross continuar, mas ele parou diante de Janie , os olho s escuros prximos aos dela. -- Eu tive que voltar de manh cedo para New Brighton - disse Ross . -- Com meus pais. Voltei h minutos trs . a polcia me esperava em cas a. Comentaram sobre Eve. Eu... -- a voz dele sumiu .Ele abaixou a cabea. Janie co locou as mos nos seus ombros trmulos. -- No consigo acreditar nisto -- repetiu Ross emocionado. -- Depois do nosso encontro eu levei Eve para casa. Era um pouco ma is das 11 horas. Eu a vi atravessar a rua. Ela estava em casa, Janie. Estava em casa em segurana. Eu... -- Por favor continue andando -- disse um dos oficiais. - Ns temos que conversar logo com voc. L adiante. -- Ele apontou para uma saleta ao fundo do corredor. Com a cabea ainda baixa , Rross comeou a andar obediente , dei xando Janie e Ian para trs. -- Voc acredita em mim, no ? -- perguntou de longe para Janie . Janie hesitou. Olhou para Ian. Antes que pudesse responder , Ross desapa receu na pequena sala de interrogatrio. -- Obrigado novamente. Seus pais esto espe ra -- disse o delegado Frazier, abrindo a porta da sala para que eles sassem. -Voc acreditou na histria de Ross? -- perguntou Ian quando eles atravessaram a port a. Janie deu de ombros. -- Eu no -- disse Ian friamente. Na tarde de domingo nuve ns negras de tempestades cobriam o cu indicando chuva. Um vento frio e mido sacudi a os galhos das rvores, enquanto Janie dirigia at o Pete's Pizza para se encontrar com Faith. Elas se sentaram uma em frente outra numa mesa de vinil vermelho per to da entrada, lutando para em vo para entabular conversa. As portas do cinema em frente ao restaurante se abriram e uma multido barulhenta derramou-se ali dentro . O restaurante rapidamente se encheu de gargalhadas e vozes altas. Uma pizza de calabresa grande repousava intacta em cima da mesa entre Faith e Janie. Faith b rincava com o garfo e a faca de plstico. Janie olhava a porta de vidro diante do corredor iluminado. Finalmente ela rompeu o silncio: -- Mais cinco minutos. -- Pa ra qu?

-- Mais cinco minutos e eu vou chorar aqui por uma hora. -- disse Janie. Faith d eu um soriso de tristeza. -- Voc e eu. -- Paul vai encontra-la aqui? -- perguntou Janie. Faith deu de ombros. -- Talvez. -- ela suspirou um silncio cruel desceu s obre a mesa. -- Eu no acredito que Eve tenha roubado aquele dinheiro. -- disse Fa ith franzindo o cenho. -- No liguei para o que disse Ian. -- Por que ele iria men tir? -- perguntou Janie , descansando o queixo nas mos mos . Faith mordeu os lbios. -- Eu sei que Eve vivia aborrecida por causa de dinheiro. Mas a polcia no vasculh ou a sua casa? Ou o se armrio? -- No acredito que Ian tenha contado a ningum que el a roubou o dinheiro . s para mim. E voc a nica pessoa a quem contei. -- Talvez deve ssemos guardar esse segredo -- disse Faith. -- Sim -- concordou Janie. Faith sac udiu a cabea. -- Isso no faz sentido. Eve nunca se meteu em uma encrenca em toda a sua vida. -- Eu sei murmurou, Janie sentindo novamente vontade de chorar. -- Ns ermos sua melhores amigas -- continuou Faith calorosamente. -- Se ela pensasse em roubar o dinheiro , ns SABERAMOS. Cedo ou tarde. No tinha jeito de ela esconder um a coisa dessas da gente. -- Ian acha que Ross matou Eve por causa do dinheiro do baile. -- disse Janie olhando para a porta de vidro. -- Isto terrivel! Que idia! -- Faith gritou sinceramente chocada. Ela avanou sobre a mesa para se aproximar de Janie. -- O que voc acha? -- Eu... Eu no sei o que pensar -- gaguejou Janie. -Sobre oque? -- a voz de um rapaz a interrompeu. Janie levantou os olhos e viu R oss de p ao seu lado. Sem esperar convite, Ross sentou-se em uma das cadeiras vaz ias ao lado de Janie. A manga de sua jaqueta de couro roou em seu brao. Ela chegou para o canto , perto da parede. Ao olhar para o outro lado da mesa , Janie perc ebeu que Faith no conseguia disfarar seu espanto. Olhava acusadoramente para Ross , seu rosto contrado de dio. -- Como vocs esto indo? -- perguntou ele em voz baixa. -- Nada bem -- disse Faith, friamente. -- Um silncio glacial caiu sobre a mesa. J anie tinha dificuldade de olhar para Ross . Faith o encarava com explcito desdm. J anie se esforava para dizer alguma coisa. Era uma situao to constrangedora, to embarao sa. Ross batia na mesa com um grafo de plstico.

Algum diga alguma cisa! , pensava Janie. O silncio sufocava . O que dizer, no enta nto, para um cara que poderia Ter assassinado sua melhor amiga? Finalmente Ross quebrou o silncio. Ele avanou sobre a mesa, com os olhos fixos em Faith. -- Talvez eu mate VOC da prxima vez -- disse a ela. Captulo 14: Faith engasgou. A expresso de Ross se endureceu. Ele continuava abaixado sobre a mesa. -- isto que voc est pensado no ? -- disse acusando Faith. -- Voc acha que matei Eve. Voc realmente pensa que sou um assassino, no ? Uma espcie de pisicopata! -- No, no pensamos .... -- Janie comeava a dizer. Faith agarrava a borda da mesa com as duas mos , os olhos azuis arregalados de medo. -- O que acha a polcia? -- pergunto u ela friamente. -- A polcia acredita em mim -- gritou ele. -- Mas eu posso ver o que vocs duas pensam!! Bem, eu no tinha razo nenhuma para matar Eve! Nenhuma razo! Ele estava praticamente aos gritos. As pessoas se voltavam para eles . Uma garone te parou diante da mesa , olhando-o com reprovao. -- Me d uma boa razo! -- perguntav a Ross, olhando para Faith. -- Uma boa razo para que eu matasse Eve! Ande! Estou esperando! -- Voc est louco! -- gritou Faith. -- Todos esto nos olhando! -- No me im porto!! -- berrou, batendo com os dois punhos sobre a mesa. Mas janie o agarrou pela manga da jaqueta de couro. -- Eu no acho que voc fez isso , Ross -- disse ela . Ele a olhou incerto. -- Realmente no acho -- disse ela. -- Eu e Faith estamos a penas muito tristes e confusas, Ross. No sabemos... -- Ei, l esto Paul e Ian -- int errompeu Faith, acenando com a mo pelo vidro. -- Tenho que ir. -- ela escapuliu r apidamente para fora da mesa, sem se preocupar em esconder a ansiedade em sair d ali. -- Voc vem , Janie? -- perguntou ela. -- Em um minuto -- respondeu Janie, co m os olhos em Ross. Faith saiu s pressas. Janie a viu cumprimentar os dois garoto s do lado de fora do restaurante. Paul e Ian olhavam desconfiados para Ross e Ja nie. Ela se voltou para Ross. -- Voc tem que acreditar em mim -- implorou Ross, s egurando-a pela mo. Janie percebeu que as mos dele estavam mais frias que as dela. -- No matei Eve. No tinha nenhum motivo para mat-la .Voc acredita? ACREDITA?

-- Sim -- respondeu Janie rapidamente. Mas ela percebia que no sabia exatamente e m que acreditar. Algo terrvel havia acontecido. Ela se sentia arrasada. Em mil pe daos, como um quebracabea. As peas estavam todas misturadas e algumas faltavam. Por que ela pensava em quebra-cabeas? Por que suas idias eram to loucas e dispersas? N o que ela podia acreditar de Ross? No qu? -- Ross, por que voc saiu com Eve? -- de ixou escapar. Ele apertou os olhos confusos. -- Ela no te contou? -- Contou o qu? -- perguntou Janie. -- Eve no te contou? -- repetiu Ross. -- Sa com ela por causa do dinheiro. Captulo 15: Janie sentiu um aperto na garganta. -- Pelo dinheiro? -- gritou ela. -- O dinhei ro do baile? Ross parecia confuso. -- No. Eu... Uma garonete os interrompeu. -- H a lgo de errado com esta pizza? -- Ela apontou para a pizza intacta, esfriando na frma de metal. -- No, est tudo bem -- disse Janie com a cabea rodando. -- Estamos ap enas.... conversando. A garonete franziu o cenho e foi embora, limpando as mos no avental -- Eu sa com Eve pelo dinheiro da aposta -- disse Ross. -- Voc , Eve e Fai th fizeram uma aposta, no foi? -- Foi -- disse Janie, sentindo o rosto reaquecer. Ah! AQUELE dinheiro -- Janie engoliu em seco. -- Como voc soube? -- Eve me conto u -- respondeu Ross. -- Ela me contou da aposta. Disse que queria ganhar. Disse que dividiria os 20 dlares se ganhasse . Era uma bobagem. Demos boas risadas dest a histria. -- Oh -- lamentou Janie. Uma boa risadas, pensou. S que agora Eve estav a morta. Perdida em seus pensamentos tristes, ela percebeu de repente que Ross a inda estava falando. -- No posso acreditar que isto tenha acontecido -- disse -Especialmente depois do que aconteceu em New Brighton. -- O que? -- perguntou Ja nie, afastando a sua tristeza. -- Nada -- disse Ross amargurado. -- O que aconte ceu em New Brighton? -- perguntou ela. -- Nada cortou. -- apenas pensei em voz a lta. Faith, Paul e Ian esperavam por ela porta da lanchonete. Faith olhou-a com desaprovao. -- Ento? Ele a matou? -- perguntou Paul.

Janie deu um gemido de raiva -- Como voc pode falar disso de uma maneira to displi cente? Paul deu de ombros. Ele passou uma das mos pelos cabelos louros. -- Descul pe Janie. Eu no quis insinuar nada . Fiquei apenas surpreso de v-la com ele. -- O que Ross disse polcia? -- perguntou Ian nervoso. -- Porque deixaram ele livre? -No conversamos sobre isso -- disse Janie friamente. -- Quero distncia desse cara -- acrescentou Paul, retirando a sua jaqueta marrom e cinza da Shadyside. -- Ele perturbado. De verdade. -- Voc no sabe de nada, Paul -- reprovou Janie. -- Pare d e fingir ser to sbio e equilibrado. Paul enrubesceu. -- Porque voc o est defendendo? -- perguntou Ian. -- Ele matou Eve. Todos ns sabemos. No importa o que ele disse polcia. Todos ns sabemos que ele levou Eve at o bosque e a matou. Por que voc o defe nde Janie? -- Vou para casa. -- disse Janie. -- No tem sentido a gente ficar aqui em p discutindo isso. -- . Vamos -- disse Faith aborrecida. Ela pegou Paul pelo b rao . -- Quer uma carona? -- perguntou Paul a Janie. -- No , estou de carro -- dis se ela, procurando as chaves na jaqueta. -- Ei Paul , voc est de carro? Ele assenn tiu. -- Pensei que ele precisasse de uma nova transmisso -- disse Janie. -- Eu a coloquei. -- Onde voc arrumou o dinheiro? -- perguntou Ian. Paul sorriu sem graa. -- O que posso dizer? Um presente antecipado de aniversrio de uma admiradora secr eta. -- ele Faith comearam a caminhar. Janie hesitou, os pensamentos voavam. Como Paul arranjou o dinheiro? Pensava. Ser que Faith mudou de idia e lhe deu o dinhei ro? Faith havia jurado que no faria isto. Ento onde ele arranjou o dinheiro? Na-Se gunda feira aps o jantar, Janie levou um susto ao encontrar Ross na porta da fren te. -- O Ross, o que isto? -- gritou ela, olhando para o seu rosto atormentado. -- o meu dever de Francs -- disse ele com uma ruga na testa. -- No consigo fazer. Soube que voc era boa em francs. Pensei que talvez pudesse me ajudar. Ser minha pr ofessora hoje noite. -- Est bem -- respondeu Janie. Ela o deixou entrar. Que estr anho, pensava ela , aparecer assim na casa dos outros. Mas ela percebeu que fica ra bem satisfeita com a visita surpresa. Ele gosta de mim, pensou. Sentiu um cal afrio na espinha. Se ao menos eu pudesse afastar as minhas dvidas em relao ele. Se ao menos eu pudesse Ter certeza de que ele est dizendo verdade sobre Eve. Janie s entiu que estava bastante atrada por Ross, apesar de todas as incertezas. Sentada ao seu lado no sof, eles estudaram francs juntos. Depois de uma hora

Ross fechou o livro. -- Enfim, acho que agora entendi. Voc uma grande professora. Ps suas mos suavemente nos ombros de Janie. Depois deslizou delicadamente os dedo s pelos seus braos e segurou-a pela mo. -- Agora vamos comer alguma coisa. Eu esto u esfomeado -- disse docemente. -- No, Ross. Amanh tem aula. -- Mesmo assim. So s oi to e quinze. Prometo que te deixo de volta antes das dez. Ento -- disse ele como se o caso estivesse resolvido -- aonde ns vamos? Ela no queria correr o risco de s e encontrar com Faith, Paul ou Ian. Eles iriam inferniza-la s por estar com Ross. Ento , sugeriu uma lanchonete em Old Village. -- um lugar legal e barato -- diss e ela e correu para pegar a sua jaqueta. Abriu a porta do guarda-roupa , procura ndo algo que melhorasse a sua aparncia, um jeans e uma camiseta de mangas comprid as. Encontrou um cinto preto de couro e o colocou na cintura. Ela precisava de a lgo colorido. Procurou no armrio. Onde estava ele? Onde estava o blazer azul... E la gelou ao se lembrar. Havia emprestado a Eve. E ela foi morta com ele. Janie s entou-se na ponta da cama, subitamente culpada. Ser que era errado sair com Ross logo depois da morte de Eve? Respirou fundo, deixando aquela sensao se desfazer. D epois foi at o armrio e pegou um cachecol azul brilhante para enrrolar no pescoo . ainda pensando em Eve, caminhou at a sala. Ross estava sentado ali, olhando absor to para a parede. No parecia Ter percebido a sua presena. Que pensamentos profundo s ocupavam a sua mente ? , ela se perguntava. Ela o observou por um momento. Dep ois interrompeu-o -- Bem... podemos ir: Ross se levantou e vestiu a jaqueta de c ouro. Dirigiu-se porta . -- Aprs toi -- brincou em francs. Estavam a alguns quilmet ros da casa de Janie, quando o Civc azul de Ross deu um estalo, fez um som estra nho, engasgado , e morreu. -- O que houve? -- perguntou Janie nervosa. Ela olhou pela janela do carro. Podia apenas ver um matagal escuro. Nenhuma casa, nenhuma loja, nenhuma luz na rua. Eles pararam no acostamento. Ross apontou o painel de gasolina com o dedo e o ponteiro de baixo estava l embaixo. -- Sem gasolina -- g emeu ele. Ele se voltou para ela, seus olhos escuros cintilavam. Brilhavam de ex citao, pensava Janie. Ela se encolheu junto porta do carro. No, pensou. No. Isso no e st acontecendo. Faith , Paul e Ian me avisaram. Eles me advertiram para no sair co m Ross. Um frio gelado percorreu-lhe. Estavam isolados naquele fim de mundo, per cebeu. No havia ningum para ajud-la. Ningum.

Captulo 16: -- Eu realmente sinto muito -- disse Ross suavemente, os olhos fixos nos dela. O seu rosto , oculto contraiu-se. -- Sinto muito, Janie. O que significava aquilo ? Perguntava-se Janie, gelada de medo. Por que ele estava se desculpando? Estari a se desculpando pelo que faria comigo? -- Bem, vamos Ter que andar at um posto d e gasolina -- disse Ross. Ele se afastou dela e abriu a sua porta. Uma rajada de vento frio invadiu o carro. -- Deve aver um aqui por perto. No estamos longe de Olde Village. Voc vem? Andar com ele? Andar com ele naquele matagal? A idia a fez tremer. Mas tampouco ela queria ficar sozinha no carro. -- Voc deve me achar um i diota completo -- disse ele. Ele estava fora do carro e abaixava-se para falar c om ela. -- Eu pensei que ainda tinha meio tanque. -- Ele balanou a cabea. -- pelo menos no est chovendo. Vamos, Janie. Vamos. Ela hesitava. A sua respirao aos poucos voltava ao normal. No . Ele vai me machucar, dizia a si mesma. Realmente ficou se m gasolina. Estou me apavorando toa. Tremendo como uma folha seca. Sinto tanto m edo, tanto medo de Ross, mas apenas a minha imaginao. Sentia-se embaraada e confusa . Se no confiava em Ross, por que sara com ele? perguntava-se. -- Voc vem? -- pergu ntou ele impaciente. A sua respirao ficou ofegante. Ele enfiou as mo nos bolsos da jaqueta. -- Tem um posto logo ali na frente que fica aberto at tarde -- lembrou-s e Janie de repente. -- Acho que logo depois daquele morro. -- timo! -- exclamou R oss . -- Vamos correr . voc ao volante eu empurro . tomara que ainda esteja abert o. Janie sentou-se ao volante. Ross no tem a menor idia do quanto me apavora, pens ava. Acho que ficaria chocado se soubesse. Chocado e magoado. Tenho que comear a confiar nele , decidiu. Eu gosto dele de verdade. E acho que ele gosta de mim. T enho que comear a confiar nele. Janie olhou Ross no espelho retrovisor. Ele acabou de bombear a gasolina, enfiou as mos nos bolsos da jaqueta. Nada. No pequeno claro das luzes do posto de gasoli na, Janie viu Ross saltar uma praga, sacudindo a cabea. O vento da noite soprava furiosamente seus cabelos negros, ele se aproximou de sua janela. Ela abaixou o vidro. -- Esta no a minha noite -- murmurou Ross, embaraado. Devo Ter esquecido a carteira em casa. Espero que esteja l. Voc pode me emprestar algum dinheiro?

-- Sem problemas -- disse Janie, pegando umas notas na bolsa. Ross pegou o dinhe iro e correu para pagar a conta. Por alguma razo Janie pensou em Eve e no diheiro da posta. Ela e Ross planejaram dividir os ganhos. Janie suspirou. Ser que um di a vou parar de pensar em Eve? Segundos mais tarde Ross estava ao volante, pronto para religar o motor. -- Desculpe -- disse ele -- mas melhor eu parar um minuto em casa para ver se minha carteira est l. No estou a fim de ser preso -- disse eng asgando. -- Quero dizer, no quero ser preso por dirigir sem licena. Bem junto ao v olante, ele deixou o posto. S quando passaram pelo cemitrio que Janie percebeu ond e eles estavam. -- Voc mora na Rua do Medo? -- perguntou ela. -- Sim -- disse Ros s, voltando-se e percebendo a sua expresso atordoada. -- Por que todo mundo tem e sta reao quando digo que moro na Rua do Medo? -- perguntou Ross perplexo. -- que h. .. muitas... histrias sobre esta rua -- disse ela olhando as casas da calada. -- Q ue tipos de histrias? -- Histrias de assassinatos, criaturas estranhas, fantasmas e tudo o mais -- respondeu Janie, olhando para fora do carro. -- D um tempo -- mu rmurou Ross. -- Parei de acreditar em fantasmas h muitos anos. A rua ficou ainda mais escura quando eles passaram pelo bosque da Rua do Medo. Janie fechou os olh os. Eve foi morta bem ali, pensava Para sua surpresa, Ross parou o carro. Janie olhou o bosque pela janela. Foi aqui, percebeu. Foi aqui que eu e Ian encontramo s o corpo de Eve. -- Ross, por que voc parou aqui? -- perguntou ela com uma voz a pavorada. -- Aquela a minha casa -- disse ele naturalmente. Ele apontou para uma pequena casa do outro lado da rua. No havia luzes no interior nem do lado de for a. -- Mas..., mas foi justamente aqui que encontramos Eve. -- Eu sei! -- disse e le num tom cortante -- No pense que a polcia no me fez milhares de perguntas por ca usa disso . Ele murmurou algo incompreensvel . -- J estarei de volta. -- pulou do carro, fechando a porta atrs de si. Janie o viu desaparecer na escurido. Ela estav a s. S na Rua do Medo. Estacionada justamente onde Eve fora assassinada. Ela fecho u impulsivamente a sua porta. Depois , todas as outras. Ela observava a casa esc ura, esperando que Ross no demorasse. De repente Janie viu um movimento na janela da frente. As cortinas se afastaram suavemente, revelando a luz fraca. Algum olh ava pela janela . olhava para ela.

Depois as cortinas se fecharam. A casa mergulhou novamente na escurido. Janie sen tia-se nervosa no carro. Onde estava Ross? Por que no voltava? Ouviu um estalo. O lhou para casa sobressaltada. Olhou atravs da sua janela, com o corao em disparada. Que som era aquele? No podia ver nada. Tudo estava estranhamente escuro. Ser que avia algum ali fora? Ao seu lado, a porta do motorista estava sendo forada. Algum t entava entrar no carro. Janie abriu a boca para gritar, mas no conseguiu emitir s om algum. Captulo 17: A porta foi novamente forada. -- Janie , deixe-me entrar! Era a voz de Ross. Jani e inclinou-se at a janela do motorista. -- Oh, Ross ! Desculpe! Ela destravou os pinos. Ele abriu a porta. -- Assustei voc? Pensei que tinha deixado a porta abert a. -- Ele se sentou ao volante e devolveu a ela os cinco dlares emprestados. -- E ncontrei minha carteira. Aonde vamos? Janie olhou o relgio , lutando para enxerga r os ponteiros no escuro. -- Est tarde. Melhor a gente comer um hambrguer no White Castle. -- Boa idia -- concordou Ross, retirando o carro do meio fio. -- Deixo v oc em casa s dez . Depois volto para casa e repasso mais uma vez o meu exerccio de francs. Ele virou esquerda para pegar a Old Mill Road e Janie se aproximou dele s orrindo satisfeita por deixar a Rua do Medo. Minutos antes das dez, Ross chegava porta de Janie. Desligava o motor do carro e os faris. Janie ia dizer boa noite quando Ross a rodeou pelos ombros , puxou-a para si e a beijou. Ela tentou resis tir, mas o beijo foi ficando cada vez mais intenso. Janie deixou que o beijo fic asse cada vez mais apaixonado. E ainda mais. Queria beij-lo a noite inteira. Repe ntinamente , ele parecia to carente e afoito. No fim, os dois j estavam sem flego. -- Sexta-feira noite quer ir ao cinema ou a algum lugar? Ela assentiu balbuciand o um sim como se tivesse em transe. Ross avanou sobre ela para lhe abrir a porta do carro e de repente beijaram-se novamente, abraados com fora um ao outro. Isto i ncrvel! , pensava Janie. Finalmente ela saltou do carro e correu para a porta de casa, ainda sentindo os lbios de Ross nos seus lbios. Fechou a porta.

Atrs de si. A casa estava quase s escuras. Viu que seus pais foram dormir cedo. Ha via uma luz acesa no vestbulo. Janie foi apag-la e viu o livro de francs de Ross no cho. Ele o havia esquecido. Tenho que devolv-lo , disse a si mesma. Ross disse qu e tinha que estudar um pouco mais esta noite. Ela pegou as chaves do carro e cor reu para fora da casa. comeava a chover forte. O vento parecia empurr-la para de c asa. Colocou o livro de francs debaixo do brao e correu para o carro. A idia de ir at a Rua do Medo naquela noite sombria a fez tremer. Por que estou fazendo isto?, perguntou-se. Para devolver o livro a Ross? Ou para v-lo novamente? Talvez para mais um beijo? Ou muito beijos? Sentindo-se confusa, atordoada, ela deu marcha a r e se dirigiu casa de Ross. Ainda podia sentir os braos de Ross em volta dela, s egurando -a ou o calor de seus lbios . Ela corria pela chuva, que deixava o pra-br isa manchado pelo movimento do limpador. A chuva diminuiu um pouco quando entrou na Rua do medo e viu a casa dele. Subiu na calada e saltou do carro, deixando o motor ligado. Abaixando a cabea protegendo-se da chuva, correu at a porta principa l. A casa estava mergulhada na escurido. Ela olhou em volta, procura do carro de Ross, mas no o viu. Tremendo de frio, tocou a campanha . podia ouvi-la ressoar no interior da casa. Esperou. Silncio O vento empurrava a chuva contra a casa. Janie tocou a campainha de novo. -- Ande Ross. Voc est a? -- disse ela bem alto. Ser que ele j est dormindo? Ser que todos j esto dormindo? Melhor ir embora, pensava, suspira ndo , desapontada. Ela comeou a afastar-se do porto quando ouviu algum destrancar a fechadura da porta. A porta da porta se abriu lentamente. Uma senhora bastante idosa com os cabelos presos num coque atrs da cabea olhava estranhamente para Jani e. -- Oi -- disse Janie forando um sorriso . -- Desculpe incomodar , mas trouxe i sto para Ross. -- ela exibia o livro. A velha olhou-a de um modo ainda mais estr anho. -- Quem? -- gemeu. -- Para Ross -- repetiu Janie. -- Ross Gabriel. A velha sacudiu a cabea. -- Ross Gabriel? No h ningum aqui com esse nome. E bateu a porta n a cara de Janie. Captulo 18 Jannie chegou atrasada na escola no dia seguinte. No tinha dormido bem durante a noite. Ficou pensando sobre a casa da Rua do Medo. A casa de Ross. E na velha qu e disse que nenhum Ross Gabriel morava ali.

Eu no gosto desses mistrios, decidiu Janie enquanto movia-se desconfortavelmente n a cama durante noite. Havia muitos mistrios em minha vida ultimamente. Muitos mis trios apavorantes. Vou descobrir toda a verdade sobre Ross, decidiu. Ela se deu c onta do quanto se sentia atrada por ele , como estava envolvida por Ross. Ser que estou apaixonada? , perguntava-se sonolenta, olhando a luz do teto de seu quarto . Antes que eu caia de paixo , melhor descobrir a verdade sobre Ross, toda a ver dade. No posso me apaixonar por ele e ao mesmo tempo suspeitar dele. Na escola el a procurou por Ross nos corredores em todos os intervalos das aulas. Mas no viu e m lugar nenhum . Na hora do almoo checou a lista de presena na secretaria e viu qu e Ross estava ausente. Janie correu para o refeitrio . Faith estava sentada sozin ha na mesa habitual com um aparncia taciturna e uma pilha de biscoitos sua frente . Janie sentou-se diante dela. -- Onde esto Ian e Paul? Faith deu de ombros, fran zindo a testa. Ela ofereceu a Janie um biscoito. -- Onde voc estava ontem noite? Te liguei depois das nove. -- Eu... estava com Ross -- admitiu Janie relutante. Os olhos de Faith arregalaram-se de surpresa. -- Janie, voc no est querendo me dize r que voc e Ross... -- Todo mundo est enganado a respeito dele! -- berrou Janie nu m tom estridente. Faith revirou os olhos indignada. -- verdade! -- insistiu Jani e . -- Voc no est sendo justa , Faith! Ningum est! Janie no podia mais se conter. Ela no fora capaz de contar nada a Faith sobre Ross porque Faith e os outros tinham c erteza de que ele matara Eve. Mas ela TINHA que falar com algum e Faith ainda era a sua melhor amiga. Avanando sobre a mesa , com o corao batendo forte, Janie revel ou seus sentimentos secretos a Faith. Contou sobre a noite anterior , sobre o qu anto estava envolvida com Ross e como ao mesmo tempo apavorava-se com ele. -- Ac ho que voc devia estar amedrontada -- Faith interrompeu, os olhos queimando os de Janie. -- Do que voc est falando? -- perguntou ela. -- Apenas de algumas coisas q ue eu ouv -- disse Faith misteriosamente . janie sentiu um n na garganta. Aproximo u-se de da amiga: -- Faith o que voc ouviu? -- S boatos. Janie sentiu o pavor pene trar-lhe como se tivesse sido apunhalada. Os olhos de Faith se contraram. -- Jani e, oua. No saia com ele novamente, est bem? Ouv algumas coisas. Talvez sejam verdade , talvez no. Vou checar tudo, mas neste meio

tempo... -- Faith, voc est me deixando confusa! Gritou Jannie, descontrolando-se. -- Voc tem que me contar o que ouviu . Faith abriu o pacote de biscoitos. Franziu o rosto emordeu os