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Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia Isabella Ballalai

rubéola, hepatite B, tétano, H1N1, e até mesmo da febre amarela em viagens

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Guia deVacinação em

Ginecologiae Obstetrícia

Isabella Ballalai

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Sobre a autora:

Dra. Isabella BallalaiPresidente da Sociedade Brasileira de Imunizações Regional Rio de Janeiro (SBIm-RJ).Membro do Comitê de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria do Estadodo Rio de Janeiro (Soperj).Autora de Projetos Educativos na Área de Saúde.

Contatos: [email protected]

Coordenação editorial Ricardo Machado/RM Ass. de Comunicação

Revisão e padronização Sonia Cardoso

Coordenação de arte Silvia Fittipaldi/Magic Art Comunicação

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, porqualquer meio e sistema, sem o prévio consentimento por escrito dos autores.

Catalogação da Publicação

Ballalai, Isabella

Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia / Isabella Ballalai – Rio deJaneiro, maio de 2006

Bibliografia

1. Vacinas 2. Ginecologia e obstetrícia. 3. Vacinação de mulheres

Rua Luís Coelho 308, conj. 75

CEP: 01309-000 - São Paulo - SP

Tel/Fax: (11) 3255-5674

E-mail: [email protected]

Site: www.sbim.org.br

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S u m á r i o

Apresentação 4

Princípios Básicos em Vacinação 7

Vacinas Vivas Atenuadas X Vacinas Inativadas 7

Composição das vacinas 7

Planejando a Vacinação da Mulher 8

Vacinas do Calendário da Mulher 10

Calendário de Vacinação da Mulher 14

Legislação 16

Regulação 16

O serviço legalizado 17

Procedimentos e Rotinas para a Vacinação 20

Qualidade dos imunobiológicos 20

Ambiente de trabalho: a sala de vacinação 20

Condições de armazenamento das vacinas 21

Organização do material de trabalho 23

Referências 24

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raiva

varíola

1700 1800 1900 1910

Inúmeros são os estudos que tratam das especifici-dades da saúde da mulher. A menarca, a gravidez, opuerpério, o controle da natalidade, o climatério, aprevenção do câncer de mama e do colo do útero sãoexemplos de tais especificidades. A relação objetivada ginecologia e da obstetrícia com este universo par-ticular faz de seus especialistas atores essenciais noestabelecimento de um programa de atenção que deveir além dos cuidados com as demandas pontuais daspacientes. Um programa que contemple a saúde in-tegral, e no qual a vacinação está incluída, é impres-cindível.

Campanhas como a da prevenção da hepatite B -sexualmente transmissível e 100 vezes mais contagi-osa do que a AIDS – e a proximidade da disponibili-zação da vacina contra o Papiloma Vírus Humano(HPV) são fatores que têm contribuído para ampliara compreensão de que um programa de imunizaçãoda mulher deve ir muito além da rotineira preven-ção de doenças como a rubéola e o tétano neonatal.Ele deve incluir cuidados que atendam a estratégiasmais amplas e que ultrapassam o limite da proteçãoindividual.

Um bom exemplo do exposto é a vacinação de ado-lescentes e adultos contra a coqueluche, o que possi-bilita reduzir o risco de transmissão da bactéria cau-

Apresentação

Apresentação4

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Vacinas desenvolvidas desde Jenner

Mais de dois séculos de história

1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2005

tuberculose tétano

febre tifóide difteria

cólera coqueluche influenza

febre amarela IPV (pólio Salk)

OPV (pólio Sabin) sarampo

caxumba rubéola

meningococo pneumococo

varicela

hepatite B Hib

hepatite A DTPw-(eIPV)/Hib

ETEC / cólera DTPa DTPa/Hib DTPw-HB/Hib DTPa-HB HA/HB DTPa-eIPV/Hib

rota lyme HEXA

FUTURO

Malária

Dengue

HIV

HPV

rotavírus

pneumococo (7v) meningite C

2006

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sadora da doença para crianças ainda não imunizadas. Valedestacar que uma estratégia de prevenção eficiente também éaquela capaz de servir de referência para a retomada de pro-gramas de imunização, defasados face ao surgimento de novasvacinas, bem como para a complementação dos esquemasvacinais interrompidos.

É com o objetivo de oferecer uma fonte de consulta e orien-tação sobre a prevenção de doenças na mulher que a Socieda-de Brasileira de Imunizações (Sbim) apresenta este Guia deVacinação em Ginecologia e Obstetrícia. Nele, além das indi-cações e suas justificativas, você ainda encontra informaçõessobre os aspectos técnicos, legais e práticos da vacinação e oCalendário de Vacinação da Mulher.

Tenha uma boa leitura!

Isabella Ballalai

Apresentação6

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Princípios Básicos

em Vacinação

Vacinas vivas atenuadasX vacinas inativadas

Vacinas vivas atenuadas e inativadas têmcaracterísticas diferentes (ver o quadrona página 17). As vacinas de vírus vivosatenuados, em geral, promovem prote-ção mais completa e duradoura commenor número de doses. Contudo, po-dem causar doença e por isso estão con-tra-indicadas em pacientes imunocom-prometidos e gestantes.

Composição das vacinas

As vacinas são imunobiológicos compos-tos de:

Agente imunizante

Conhecer as características gerais e específicas de cada vacinaajuda a entender sua importância, eventuais reações adversas, asindicações, as contra-indicações e as condições de conservação.Neste capítulo trataremos de cada um desses tópicos, além dodetalhamento do calendário de vacinação da mulher.

Líquido de suspensãoConservantes, estabilizadores e antibió-ticos (pequenas quantidades de substân-cias antibióticas ou germicidas são in-cluídas na composição de vacinas paraevitar o crescimento de contaminantes– bactérias e fungos); estabilizadores (nu-trientes) são adicionados a vacinas cons-tituídas por agentes infecciosos vivos ate-nuados. Reações alérgicas podem ocor-rer se a pessoa vacinada for sensível aalgum dos componentes, ex.: timerosol,2 fenozietanol, neomicina, gema de ovoAdjuvantes, ou seja, compostos utiliza-dos para aumentar o poder imunogêni-co de algumas vacinas. O mais utiliza-do é o alumínio e em seguida o mono-fosfatolipídeo. O adjuvante nunca estápresente em vacinas vivas atenuadas.

Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia 7

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Ainda que destinadas à prevenção de umamesma doença, cada vacina, devido à suaforma de produção pelos diferentes labo-ratórios, tem características diferentes noque se refere à faixa etária para a qual sedestina, quanto aos seus componentes –inclusive cepas e adjuvantes – e tambémquanto às condições de armazenamento.Tudo isso implica em diferentes indica-ções, apresentações, esquema de doses,eventos adversos e eficácia.

Atualmente, diante da diversidadede vacinas registradas no país, é re-comendável que o médico, em suaprescrição, defina a vacina a ser apli-cada em seu paciente.

Dessa forma, é preciso conhecê-las e defi-ni-las na prescrição, levando em conta:

a harmonia comprovada entre as vaci-nas de diferentes produtores;o esquema de doses de cada vacina;as recomendações específicas para a con-servação;as contra-indicações de cada uma;as recomendações específicas para aaplicação.

Planejando a vacinaçãoda mulher

Os calendários são parâmetros para omédico, mas são flexíveis, podendo sermodificados quando necessário, desde

que respeitados: o intervalo mínimo en-tre as doses; o número mínimo de do-ses para cada faixa etária; a harmoniacomprovada da vacina em questão comoutras vacinas e a intercambialidade dasvacinas com mesma indicação, mas deprodutores diferentes.

O importante é que a criança, a adoles-cente ou a mulher adulta, a qualquermomento, receba todas as doses de vaci-nas e complete sua imunização (ver, napágina 22, o Calendário SBIm de Vaci-nação da Mulher).

Se houver atraso entre uma dose e outra,em geral, não há necessidade de recome-çar, o esquema de imunização deve ser re-tomado de onde parou, aplicando-se asdoses que faltam.

Adolescentes e adultas precisamatualizar suas imunizações, rece-bendo as vacinas que, na sua in-fância, não estavam ainda dispo-níveis.

Oportunidades para a vacinação

Princípios básicos em vacinação8

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Principais diferenças entre as vacinas vivas atenuadas e inativadas

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Princípios básicos em vacinação10

Vacinas do Calendárioda Mulher

Tríplice viral

Proteção contra:Sarampo / caxumba / rubéola

A vacinação de mulheres em idade fértil éprioridade no Brasil para a prevenção e aerradicação da rubéola congênita. Alémdisso, a vacinação de adolescentes e adul-tos contra o sarampo é fundamental paraque se mantenha o controle da doença emnosso país.

Apesar de não haver na literatura mundi-al o registro de rubéola congênita em re-cém-nascidos de mães inadvertidamentevacinadas durante a gestação, por tratar-se de vacina de vírus vivo atenuado, hácontra-indicação da aplicação da trípliceviral durante a gestação e em imunode-primidos.

Para mulheres recomenda-se uma únicadose da vacina tríplice viral.

Anti-hepatite B e anti-hepatite A

O Brasil é um país com áreas de média ealta endemicidade para hepatite B, umadoença sexualmente transmissível cem ve-zes mais contagiosa do que a Aids. A he-patite B é uma das maiores causas de cân-cer e cirrose hepática, e, por isso, consi-

derada de combate prioritário pela OMS.A vacinação de crianças e adolescentes jáé rotina da Saúde Pública e o objetivo é avacinação universal de crianças, adoles-centes e adultos. Ao contrário do que ocor-ria no passado, hoje, com as melhorias decondições sanitárias básicas, o brasileironão se expõe ao vírus da hepatite A nainfância e, portanto, chega à idade adulta

VACINAÇÃO DA MULHER,CONSIDERAR:

dTpa (ou dT)Hepatite AHepatite BInfluenza (gripe)VaricelaTríplice ViralPneumocócica 23 valenteMeningocócica C conjugadaFebre amarela (regiões endêmicas)Raiva (na urgência)

IMUNOGLOBULINAS NA GESTAÇÃO,CONSIDERAR:

VaricelaTétanoRaiva

VACINAÇÃO NA GESTAÇÃO,CONSIDERAR:

dT (no futuro dTpa)Hepatite AHepatite BInfluenza (gripe)Febre amarela (?)Raiva (na urgência)

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A Vacinação Universal contra ahepatite B é reconhecida como aestratégia mais adequada para to-

dos os países no sentido do controle no longoprazo da infecção crônica pelo VHB e de suasseqüelas (cirrose e câncer do fígado). As priori-dades para a imunização contra a hepatite B,em ordem de importância, são:

Vacinação infantil de rotina.Prevenção da transmissão perinatal do VHB– vacinação ao nascimento.Atualização da vacinação para outras faixasetárias.

Fonte: OMS

Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia 11

não imune ao vírus da hepatite A e, devi-do à alta endemicidade em nosso meio,está em risco para a doença. Portanto, avacinação contra hepatite A deve ser con-siderada de rotina em crianças, adolescen-tes e adultos brasileiros.

Para a imunização contra as hepatitesexistem três opções: a vacina anti-hepati-

Prevalência de Hepatite B

Endemicidade> 8% – Alta2-7% – Intermediária< 2% – Baixa

te A, a vacina anti-hepatite Be a vacina combinada contraas hepatites A e B.

Vacina anti-hepatite A

Para os já imunizados contrahepatite B. São necessáriasduas doses com intervalo deseis meses entre elas.

Vacina anti-hepatite B

Para os já imunizados contrahepatite A. São necessáriastrês doses com intervalo deum mês entre a primeira e asegunda e de cinco meses en-tre a segunda e a terceira.

Vacina anti-hepatite A e B

São necessárias três doses comintervalo de um mês entre aprimeira e a segunda e de cin-co meses entre a segunda e aterceira.

Distribuição Geográfica da Infecção peloVírus da Hepatite A

PrevalênciaAnti-VHA

AltaIntermediária

BaixaMuito Baixa

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Princípios básicos em vacinação12

Tríplice Bacteriana Acelular do tipo

adulto (dTpa) ou Dupla do tipo

adulto (dT)

Proteção contra:Difteria / Tétano / Coqueluche.

Objetivos principais da imunização:DIFTERIA – manter a doença controla-da no país.TÉTANO – prevenir o tétano neonatal.Ainda que raros os casos de tétanoneonatal, eles continuam a ocorrer noBrasil e isso não é admissível já que a va-cina está disponível para todos.COQUELUCHE – prevenir a coquelu-che no primeiro ano de vida, época emque a doença se apresenta com mais gra-vidade. A vacinação de adolescentes eadultos visa impedir a transmissão daBordetella Pertussis por adultos portado-res sãos (ou não) que a transmitem parao lactente ainda não imunizado.

A tendência é que a vacina dTpa (contradifteria, tétano e coqueluche) venha a subs-tituir a dT (contra difteria e tétano). Avantagem da primeira é a possibilidadeda imunização contra a coqueluche. Atéo presente momento, não está autorizadoo uso da dTpa em gestantes.

Nas adolescentes e adultas em diacom a vacinação (aquelas que recebe-ram pelo menos três doses de DTPa oudT em algum momento da vida): apli-car uma dose de dTpa a cada dez anos.

Na impossibilidade, aplicar a dT a cadadez anos.

Nas adolescentes e adultas não vacina-das na infância ou com situação vaci-nal ignorada: aplicar uma dose de dTpae duas doses de dT com intervalo de uma dois meses entre elas. Na impossibili-dade de aplicar a dTpa, aplicar três dosesde dT com o mesmo intervalo entre asdoses.

Para a prevenção do tétano neonatal

Gestantes não vacinadas ou ignoradas:Aplicar duas ou três doses de dT.

Gestantes com menos de três doses ante-riores: completar 3 doses de dT.

Gestantes com três doses anteriores:Última dose há menos de cinco anos: nãovacinar.Última dose há mais de cinco anos: apli-car um reforço de dT.

Antivaricela

A incidência de complicações decorrentesda varicela é maior em adolescentes e adul-tos. A vacinação está indicada como rotinapara crianças, mas, quando isso não ocor-re e não há história prévia da doença, deve-se indicar a vacinação na adolescência ouna idade adulta. Além disso, a vacinaçãode mulheres em idade fértil também pre-vine a possibilidade de varicela durante agestação, situação de alto risco para o feto.

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Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia 13

Para a imunização de maiores de 13 anossão necessárias duas doses da vacina anti-varicela, com intervalo de um mês entreelas. A vacina está contra-indicada em ges-tantes e imunodeprimidos.

Antiinfluenza (gripe)

Nenhuma outra doença prevenível por va-cinação é tão prejudicial às famílias e àsociedade, ou resulta em taxas tão eleva-das de hospitalizações, óbitos e absenteís-mo nas escolas e no trabalho. Além dis-so, o CDC considera as gestantes um gru-po de risco para as complicações da gripee indica a vacinação quando o segundoou terceiro trimestres da gravidez coinci-dem com a temporada de gripe.

A vacina contra o Influenza é inativada ecomposta anualmente pelas cepas defini-das pela OMS como as circulantes emnosso meio.

Antifebre amarela

Indicada para mulheres queresidam ou estejam viajan-do para zonas endêmicas defebre amarela. Em princí-pio, contra-indicada paragestantes. Recomenda-seuma dose da vacina a cadadez anos.

Antimeningocócica C conjugada

As adolescentes e adultas também estãoem risco de contrair a doençameningocócica. Por esse motivo, devem,quando possível, ser vacinadas. Recomen-da-se uma única dose da vacina.

Antipneumocócica 23 valente

Indicada para mulheres portadoras dedoenças que a coloquem em risco paraa infecção pneumocócica: diabéticas, as-plênicas, imunodeprimidas, com doen-ça pulmonar ou cardiovascular crônicagrave, com insuficiência renal crônica,síndrome nefrótica, cirrose hepática,hemo-globinopatias ou portadoras do ví-rus HIV. Recomenda-se uma única doseda vacina com possível reforço cincoanos após.

Mortalidade por Varicela nos EUA (por idade)

Fonte: CDC – Epidemiology & Prevention of Vaccine- Preventable Diseases. 3.ed., 1996.

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Princípios básicos em vacinação14

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OBSERVAÇÕES:

Sempre que possível, evitar a

aplicação de vacinas no primeiro

trimestre da gravidez. Vacinas de vírus

vivos (tríplice viral, varicela e febre

amarela), se possível e de preferência,

devem ser aplicadas pelo menos um

mês antes do início da gravidez, e

nunca durante a gestação.

Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia 15

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Vacinar é muito mais do que aplicaruma vacina. Implica no domínio de co-nhecimentos específicos e atualizados e noatendimento a dispositivos legais. A im-plantação de um Serviço de Vacinaçãoexige infra-estrutura adequada e o geren-ciamento de todo o processo: desde a com-pra da vacina e seu armazenamento, até aescolha da melhor técnica para aplicaçãono paciente e gerenciamento de eventosadversos. Qualquer erro ou descuido podecomprometer a eficácia esperada. A Agên-cia Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa), responsável pela fiscalização enormatização da atividade, determina que-sitos mínimos para que a vacinação possaocorrer no âmbito privado e proporcionara adequada imunização da população.

Regulação

A Portaria Conjunta Anvisa/Funasa n. 01,de 2 de agosto de 2000, estabelece a Par-ceria Público-privada em imunização eseus dispositivos legais. O serviço privado

Legislação

de vacinação deve ser credenciado juntoao PNI e respeitar as recomendações daAnvisa. Entre as determinações está o in-forme periódico das doses de vacinas apli-cadas. O objetivo desta exigência é facili-tar o conhecimento da cobertura vacinalno país. Os eventos adversos graves queporventura ocorrerem também devem sercomunicados.

Além da Portaria Conjunta Anvisa/Fu-nasa, o setor também é regulado pelaRDC-50. Estas normas determinam asexigências para cada estrutura física daclínica de vacinação (metragem de salas

Vacinar é, antes de tudo, uma questão de res-ponsabilidade. A informação do paciente so-bre todas as vacinas disponíveis e a prescrição éintrínseca à atividade médica. O paciente tam-bém deve ser informado sobre:1. as contra-indicações;2. os eventos adversos;3. como avaliar o estabelecimento de vacina-

ção, se é registrado e capaz de assegurar-lheuma prestação de serviços de qualidade.

Legislação16

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etc.); pelo Conselho Regional de Medi-cina – todo serviço de vacinação deve serregistrado no CRM e apresentar um mé-dico responsável-técnico, e pela secreta-ria de saúde municipal – em grande par-te do território nacional, a fiscalizaçãodos serviços de vacinação foi municipali-zada. Uma vez expedida a licença pelaVigilância Sanitária local, o serviço de-verá ser credenciado junto ao setor de imu-nizações de seu município e só então es-tará apto a funcionar.

Estabelecimento privado

de vacinação

“Nenhum estabelecimento priva-do de vacinação pode funcionarsem estar devidamente licenciadopelo órgão competente de vigilân-cia sanitária”Portaria Conjunta Anvisa/Funasa

n. 01, de 2 de agosto de 2000

Segundo a Portaria Conjunta Anvisa/Fu-nasa é considerado ‘estabelecimento pri-vado de vacinação’ a unidade assistencialde saúde que realize vacinação para pre-venção de doenças imunopreveníveis e quenão integre a rede de serviços estatais ouprivados conveniados ao Sistema Únicode Saúde. Este serviço – clínica, consul-tório, ambulatório, serviço médico ocu-pacional ou hospital – deve seguir obriga-toriamente as recomendações desta Por-taria. A legislação brasileira determina que

apenas serviços autorizados podem adqui-rir vacinas junto aos distribuidores.

Distribuidores

A atuação dos distribuidores de vacinas éregulada pela Portaria n. 802, de 8 de ou-tubro de 1998, que estabelece que estesdevem dispor do número da licença esta-dual/municipal do comprador, atualiza-da, e fornecer produtos farmacêuticos ape-nas a serviços autorizados/licenciados aaplicar estes produtos. Os distribuidoresde vacinas, portanto, também devem sercredenciados pela Anvisa e atender às nor-mas de conservação e transporte de imu-nobiológicos.

O serviço legalizado

Documentação

Alvará de funcionamento – licençainicial.Registro junto ao CRM – renovaçãoanual.Licença Sanitária – renovação anual.Registro junto ao setor de Imunizaçõesda Secretaria de Saúde – estadual oumunicipal.

A Portaria Conjunta Anvisa/Funasa pode serconsultada na íntegra no site: www.anvisa.gov.br/legis/portarias/01_00conj.htm

Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia 17

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Legislação18

Cartão do CNPJ / Cartão de inscriçãomunicipal.Protocolos ou renovações anuais da Li-cença Sanitária.Certificado de Responsabilidade Técni-ca (CRM).Anuidades do CRM / Coren pagas doserviço e de sua equipe.Notas fiscais de compras das vacinas.

Estrutura física

O estabelecimento deve respeitar as mí-nimas exigências e facilitar a administra-ção e atendimento ao cliente, com:

RecepçãoBanheirosConsultório – 7,5m2

Sala de Vacinação – 6m2

As instalações devem levar em conta ummínimo de condições:

as paredes e o piso devem ser laváveis;pia com torneira na sala de vacinação eno consultório;arejamento e iluminação adequados, evi-tando a incidência de luz solar direta;manutenção das condições de higiene elimpeza;exclusividade para a administração dosimunobiológicos.

Equipamentos

Alterações de temperatura comprometema potência das vacinas e, portanto, para

êxito da vacinação são necessários equi-pamentos e rotinas que permitam o con-trole e respeito à rede de frio do produ-tor, passando pelo distribuidor até o ser-viço de vacinação.

Um manuseio inadequado, um equipa-mento com defeito, ou falta de energiaelétrica podem interromper o processode refrigeração, comprometendo a po-tência e eficácia dos imunobiológicos.

Refrigeradores

São equipamentos destinados ao arma-zenamento das vacinas na sala de vaci-nação, podem ser refrigeradores de usodoméstico adaptados ou, de preferência,refrigeradores especiais para armazena-mento de vacinas.

Não é permitido o uso de refrigeradoresduplex, pelo fato de o congelador/evapo-rador ser externo, ou do tipo “frigobar”.

Freezer

O freezer é usado para congelar as bo-binas de gelo reciclável.

Termômetros

Recomenda-se a utilização de termôme-tro de máxima e mínima, analógico oudigital, preferencialmente de cabo ex-tensor. A leitura da temperatura deveser rápida, visto que os termômetros so-frem ligeiras alterações nos indicadoresde leitura quando expostos à variação detemperatura.

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O termômetro de cabo extensor digitalevita esta alteração, uma vez que o mos-trador fica fora da geladeira, indicandoa temperatura Máxima e Mínima.

Termômetro digital de máximae mínima, com cabo extensorÉ constituído de dois mostradores decristal líquido: um para temperatura dageladeira e outro para a temperatura dolocal. Ambos registram as temperaturasmáxima, mínima e atual, além de dis-por de alarme, caso seja alcançada umatemperatura alta demais.

Equipe

Em toda sala de vacinação deve haver umprofissional de saúde devidamente quali-ficado e treinado no que se refere às técni-cas de conservação, manipulação e admi-nistração de vacinas.

O profissional que for vacinar deve tomartodas as precauções necessárias para evi-tar riscos de transmissão ou aquisição deinfecção, bem como acidentes evitáveis noato da vacinação.

Para a aplicação da vacina BCG, o pro-fissional deve ter recebido treinamentoespecífico.

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Fatores que interferem no sucesso

de um serviço de imunização

Qualidade dos imunobiológicos.Ambiente de trabalho: a sala de vaci-nação.Condições de armazenamento dosimunobiológiocos.Controle de infecção na sala de vaci-nação.Organização do material de trabalho.Manuseio e técnicas de aplicação dosimunobiológicos.Rotinas do Serviço.Registros.

Qualidade dosimunobiológicos

Apenas as vacinas registradas no país podemser utilizadas e devem ser adquiridas de dis-tribuidores licenciados pela Anvisa. As no-tas fiscais de compra devem estar disponí-veis para a fiscalização sanitária e conter da-dos da vacina adquirida (nome/lote/valida-de/apresentação/laboratório produtor).

Procedimentos e Rotinas

para a Vacinação

Procedimentos e Rotinas para a Vacinação20

Ambiente de trabalho:a sala de vacinação

Por ser o local destinado à administraçãodos imunobiológicos, é importante que to-dos os procedimentos desenvolvidos garan-tam a máxima segurança, prevenindo in-fecções. O ambiente deve ser acolhedor einspirar confiança. As áreas de conserva-ção e aplicação devem transmitir a ima-gem de qualidade em todos os aspectos:

Paredes revestidas de material lavável.Piso de material lavável.Móveis revestidos de material lavável.Pia com torneira e bancada lisa e lavável.Interruptor exclusivo para cada equipa-mento elétrico.Arejamento e iluminação adequados,evitando a incidência de luz solar direta.Maca.Cadeira.Armários exclusivos para armazenamen-to de material de apoio: seringas, agu-lhas, algodão.Lixo descartável para material conta-minado.

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Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia 21

Lixeira com pedal (para caixas vazias,algodão e outros) e saco leitoso.Suporte para sabonete líquido na piaPapel-toalha para secar as mãos.

Material de escritório ou de uso pes-soal deve ser guardado de preferên-cia fora da sala de vacinação. Casonão seja possível, providenciar armá-rios destinados exclusivamente paraessa finalidade. O mesmo vale parao material de limpeza.

Condições de armazenamentodas vacinas

É necessário um rigoroso controle da redede frio e, para isso, dispor de equipamen-tos adequados (ver p.9), rotinas de manu-tenção, técnicas apropriadas e registros.

As vacinas são acondicionadas em re-frigerador exclusivo para isso, com con-trole de temperatura máxima e míni-ma e equipado com alarme e discadorapara situações de falta de luz e ou alte-rações de temperatura.

Quando são usados refrigeradores domés-ticos adaptados, recomenda-se equipá-loscom termostato digital para prefixação datemperatura em 4oC.

As temperaturas máxima e mínima e a domomento devem ser verificadas e anota-das em gráfico próprio duas vezes por dia.

Os mapas de temperatura devem ser guar-dados por seis meses e estar à disposiçãoda fiscalização sanitária.

Por segurança, as tomadas e disjuntoresdevem ser exclusivos para os refrigerado-res destinados ao armazenamento de imu-nobiológicos.

Padronização e arrumação das

vacinas conforme as normas do PNI

Os imunobiológicos devem ser armazena-dos por ordem alfabética segundo o nomedo imunobiológico e separados por:

1.Laboratório produtor2.Número do lote3.Prazo de validade4.Enfrascagem (monodose ou

multidoses)

Os refrigeradores especiais para arma-

zenamento de vacinas têm, em geral, as

seguintes características:

Porta de vidro, permitindo a visualização dasvacinas sem precisar abri-la.

Isolamento térmico especial

Paredes de espessura que permitem estabili-dade de refrigeração interna.

Termostato formatado para temperatura pre-fixada em 4ºC.

Prateleiras de aço-carbono.

Sistema de circulação interna de ar frio.

Painel de comando superior com mostradordigital de temperatura, alarmes sonoros e vi-suais.

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Quando utilizados refrigeradores domés-ticos, recomenda-se a seguinte organiza-ção interna:

No evaporador (congelador) colocar geloreciclável, na posição vertical, ocupan-do todo o espaço (no caso das câmarasde conservação não existe o evaporador).Ao receber vacinas, verificar a validadee organizar na geladeira de forma queas mais novas fiquem atrás (ou embai-xo) e as mais antigas mais acessíveis aovacinador.Na 1ª prateleira: vacinas vivas atenua-das (poliomielite, tríplice viral, febreamarela, varicela, rotavírus), colocadasem bandejas perfuradas para permitir acirculação de ar ou nas próprias emba-lagens do laboratório produtor.Na 2ª prateleira: vacinas inativadas, to-xóides, hepatite A e B, meningo epneumocócicas, também em bandejasperfuradas ou nas próprias embalagensdo laboratório produtor.Ainda na 2ª prateleira, no centro: co-locar o sensor do termômetro de má-xima e mínima.

Na 3ª prateleira: podem ser colocadossoros e caixas com vacinas inativadas,devendo-se ter o cuidado de permitir acirculação do ar entre as mesmas.Caso existam gavetas plásticas, retirá-las, preenchendo toda parte inferiorcom garrafas de água, pois isto contri-bui para estabilizar a temperatura.

Evitar falhas na rede de frio, poiscada exposição de uma vacina aalterações de temperatura resultaem alguma perda de potência, ten-do por conseqüência um efeito cu-mulativo irreversível na eficáciavacinal.

Rotinas básicas na sala de vacinação

para controle de infecção

A sala deve ser exclusiva para a vacinação.Revestimento de paredes, piso e super-fícies devem permitir a lavagem fácil.Limpeza e desinfecção das superfícies(inclusive parte externa das geladeiras efreezer) devem ocorrer diariamente.Limpeza e desinfecção das geladeirasdevem ocorrer quinzenalmente.A lavagem das mãos é obrigatória.Não é necessário o uso de luvas paravacinação (caso sejam utilizadas serápara proteção do profissional e não docliente).Uso de material descartável.A área a ser vacinada deve ser limpa comálcool 70 ou água estéril.

ESTABILIDADE DAS VACINAS

Varia de acordo com as características decada produto (verificar junto ao produtor osestudos de termoestabilidade).Vacinas de vírus vivos atenuados são maissensíveis ao calor e à luz.Vacinas que contêm derivados de alumí-nio, toxóides, vacinas subunitárias tolerammais o calor, mas o congelamento podeinativá-las.

Procedimentos e Rotinas para a Vacinação22

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Guia de Vacinação em Ginecologia e Obstetrícia 23

Organização do materialde trabalho

Material a ser utilizado

Medicamentos para emergência (adre-nalina e corticosteróide injetável).Álcool a 70º.Recipiente para algodão hidrófilo.Seringas descartáveis nas seguintes es-pecificações:• 1 ml, tipo tuberculina, graduada em

centésimos de mililitro, acoplada aagulhas.

• 3 ml, com graduação de 0,1 ml enumeração a cada 0,5 ml.

Agulhas utilizadas para vacinação:• Uso intradérmico: 13 x 4,5• Uso subcutâneo: 13 x 4,5; 20 x 6; 20

x 5,5• Uso intramuscular: 20 x 5,5 (recém-

nascidos); 25 x 7, 25 x 6 (bebês ecrianças), 30 x 7 ou 25 x 7 para adul-tos.

• Para diluição: 25 x 8 ou 30 x 8

Registros obrigatórios

De pacientes em fichas individualizadas:• Nome / data de nascimento / endere-

ço / telefones• Histórico médico• Histórico vacinal• Vacinas aplicadas: data / dose / identi-

ficação da vacina / local de aplicação• Reações adversas apresentadas

Das vacinas aplicadas na carteira devacinação com: data, vacina, lote e ru-bricaRegistros para Vigilância Sanitária• Entrada de vacinas• Vacinas inutilizadas e destino das

mesmas• Prescrições médicas

Em todos os registros, a vacina deve seridentificada: nome / lote / validade / apre-sentação / laboratório produtor.

O calendário do PNI deve estar afi-xado no serviço privado. Apenas omédico pode prescrever vacinas nãoconstantes no PNI. A receita mé-dica deve ser respeitada.(Portaria Conjunta Anvisa/Funasan. 01, de 2 de agosto de 2000)

Notificações obrigatórias

Eventos adversosAplicações mensais por faixa etária deacordo com padronização do PNI.

Todo serviço deve apresentar seu programa deatuação à Vigilância Sanitária: fornecedores devacinas, rotinas de limpeza, rotinas da sala devacinação, rotinas para a falta de energia, roti-nas para a rede de frio, eventos adversos, entreoutros.

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Este Guia foi composto nas tipologiasElectra Regular e Swis721 BT e impressona Gráfica Stamppa, Rio de Janeiro, 2006.

Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde MANUAL DEPROCEDIMENTOS PARA VACINAÇÃO. 4ª ed. Brasília, 2001.

FARHAT, Calil Kairalla et al. IMUNIZAÇÕES – Fundamentos e Práticas.4ª ed. São Paulo, Editora Atheneu, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. MANUAL DEREDE DE FRIO. 3ª ed. Brasília, 2001.

Williams WW, Hickson MA, Kane MA, Kendal AP, Spika JS, Hinman AR.Immunization policies and vaccine coverage among adults: the risk for missedopportunities. Ann Intern Med 1988;108:616-25.

CDC - www.cdc.gov

Organização Mundial da Saúde - http://www.who.int

Ministério da Saúde – http://portal.saude.gov.br/portal/svs/default.cfm

Sociedade Brasileira de Imunizações – www.sbim.org.br