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Ruminantes 9

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Publicação trimestral dedicada ao setor agropecuário. Nº9 (abril/maio/junho 2013)

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Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 3

EDITORIAL

Comunicar

Os recursos humanos são, sem dúvida, um dos prin-cipais fatores de rentabilidade de qualquer negócio.Hoje, e sobretudo desde que as regras da globalizaçãotornaram mais homogénea a qualidade dos produtos emgeral, a vantagem competitiva das empresas, ou seja,aquilo que as diferencia, são cada vez mais as pessoasque nelas trabalham.

Acontece da mesma forma nas empresas de produçãode leite ou de carne: tão importante como o potencialgenético, o programa alimentar, o maneio, a saúde ani-mal ou as instalações, são as pessoas que dele tiram oseu sustento, sejam familiares ou contratados.

Por isso, uma atenção constante aos recursos huma-nos é fundamental, não apenas com o objetivo de me-lhorar os resultados da empresa, como também porforma a evitar conflitos que, mais cedo ou mais tardeacabam por surgir.

Uma grande parte dos problemas com o pessoalacontece quando a comunicação se faz de uma maneiraineficaz, normalmente por falta de conhecimento, deexperiência, ou de vontade de quem “comanda as ope-rações”. Quando existe falta de clareza nas diretrizes,

nas observações ou nas críticas, situações facilmentecontornáveis podem ganhar proporções mais difíceis deresolver.

A clareza da comunicação é fundamental. Mas é pre-ciso ir mais longe: fazer com que todas as pessoas quetrabalham no negócio se sintam empenhadas e respon-sáveis pelo rumo do mesmo. E isso só se conseguequando se permite que cada uma delas perceba que oseu papel é fundamental na função que desempenha.Envolver os colaboradores na procura de soluções paraproblemas detetados, pedir e ouvir interessadamente asua contribuição para melhorar alguns aspetos do ne-gócio, e procurar compreender os seus pontos de vista,são pontos de partida importantes.

O tema das relações humanas e laborais é vasto e tal-vez o mais complexo. Há que cuidar dele tão bem oumelhor do que qualquer outro e ter em conta que o su-cesso de uma boa equipa não passa somente por umaretribuição financeira justa mas por muitos outros pro-cedimentos, alguns dos quais sempre possíveis deserem melhorados...

Francisca Gusmão

“A forma de inteligência mais importante e mais bem paga nos Estados Unidos é a inteligência social, a capacidade de conviver bem com outras pessoas. Cerca de 85 por cento do sucesso na vida de uma pessoa é determinado pelas suascapacidades sociais, e pela sua capacidade de interagir de forma positiva e eficazcom os outros”.Brian Tracy, presidente e CEO da Brian Tracy International, empresa especializada na formação e desenvolvimento de pessoas e organizações.

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Rum nantesFICHA TÉCNICA

BOLETIM DE ASSINATURA

POR TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA: NIB: 0038 0000 3933 1181 7719 0Quando efectuar a transf. bancária mencione o seu nome (como referência) e envie fax (219 824 083) ou e-mail([email protected]) com o comprovativo de pagamento e os seus dados fiscais.POR CHEQUE (À ORDEM DE NUGON, LDA) Junto envio cheque nº . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .s/ Banco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .na quantia de . . . . . . . . . . .Fill with data and enclose a cheque to NuGon, Lda. (address below)Bank transfer data: IBAN PT: PT50 0038 0000 3933 1181 7719 0 SWIFT: BNIFPTPL • Beneficiary: NUGON, LDA

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1 ano (4 exemplares) 1 year (4 issues)

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20 € 60 € 100 €

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MORADA | Address

TEL. EMAIL

CÓDIGO POSTAL | C.P. LOCALIDADE | City PAÍS | Country

NOME | Name

ASSINATURA | Signature

ATUALIDADES

Avanços na nutrição, em debate na Alltech................6Zoetis: controlo do parasitismo em ruminantes ..........6O mercado da carne bovina........................................8Zoetis em exclusivo na saúde animal .......................12Conferência anual do Conselho Português do Úbere..................................13Lallemand Animal Nutrition tem novo diretor de Aditivos para Forragens ............................................13Jornadas veterinárias ................................................28Viagem de estudo à Califórnia..................................30Alltech Young Scientist 2012.....................................43Espanha: entregas de leite de ovelha e cabra .........55Pássaros “ladrões” de rações ...................................55

BEM-ESTAR ANIMAL

Linfadenite Caseosa em pequenos ruminantes........66

CONHEÇA A LEI

As Sociedades Comerciais em Portugal...................72

ECONOMIA

OBSERVATÓRIOMilho “the special one” ..............................................38Perspectivas do mercado leiteiro ..............................40

ENTREVISTAS

Crossbreeding: ganhar mais com menos despesa .................................................14Testemunho de um produtor de luzerna ...................47

EQUIPAMENTOS

Jeantil, cadeia de alimentação automatizada ...........69New Holland: Bigbaler, segurança reforçada............69Belair: dispositivo de alimentação adaptável ............69Kuhn: gadanheira de 8 discos ..................................70Sulky: controlo automáticopara espalhador centrífugo .......................................70

Krone: nova enfardadeira Comprima V 180 XC .......70

Polaris: novo XP 900

New Holland: boa performance em 2012

Manitou: MLT 629 em estreia absoluta.....................71

Deutz-Fahr: a nova Série 5.......................................71

FEIRAS

Calendário de feiras ..................................................74

OPINIÃO

Filosofando em Muês................................................42

PRODUÇÃO

Gestão global da rentabilidade

na produção leiteira...................................................18

Recria: custo acrescido ou redução do custo?.........24

Calseagrit: utilização na nutrição de ruminantes ......26

Stress térmico em vacas leiteiras .............................32

Eficiência alimentar em produção de leite ................36

Carolo de milho: oportunidade

(ainda) desperdiçada.................................................44

Luzerna, a fonte verde de proteína...........................46

Enzimas, valor demasiado elevado a pagar?...........48

Disponibilidade de silagem .......................................50

A resistência dos infestantes aos herbicidas ............52

Automatização da ordenha .......................................56

Colostro e pneumonias .............................................60

Acerca do Plano Nacional para a Redução do Risco

das Resistências aos Antibióticos.............................61

Síndrome da vaca caída: medidas para prevenir .....64

RUMINARTE

Fotografia do mês: Rita Cardoso ..............................75

ÍNDICE

EDIÇÃO Nº9ABRIL | MAIO | JUNHO 2013

DIRETORAFrancisca Gusmão| [email protected]

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ana Botelho; Ana Rita Diniz; Ana Vieira;André Preto; André Silva; António Cannas;Carolina Maia; Elisabete Martins; EvaFerreira; Felipe de Almeida; FranciscoMarques; George Stilwell; Helena Ponte;IACA; Imke Heida; Inês Ajuda; JerónimoPinto; João Paisana; Jorge Matias; JoséCaiado; Lamber Van Der Linde; LuisMarques; Luís Pereira; Luis Pinho; LuisQueirós; Luis Veiga; Marta Murta; MiguelMadeira; Nuno Sobral; Paulo Costa eSousa; Pedro Castelo; Rita Garcia Cardoso;Rui Cepeda; Rui Cruz; Tereza Moreira;Sara Cabaço.

PUBLICIDADEAmérico Rodrigues, Catarina Gusmão| [email protected]

DESIGN E PRÉ-IMPRESSÃO| [email protected]

ASSINATURASJoão Correia| [email protected]

IMPRESSÃO SIG - Sociedade Industrial Gráfica, Lda.Rua Pero Escobar, 212680-574 CamarateTel: 21 947 37 01

ESCRITÓRIOSR. Nelson Pereira Neves, Nº1, Lj.1 e 2 - 2670-338 LouresTel. 219 830 130 | Fax. 219 824 083| [email protected]

PROPRIEDADE / EDITORNugon, Lda. / Nuno GusmãoContribuinte nº 502 885 203Sede: Rua São João de Deus, Nº212670-371 Loures

Tiragem: 8.000 exemplaresPeriodicidade: TrimestralRegisto nº: 126038Depósito legal nº: 325298/11

• O editor não assume a responsabilidadepor conceitos emitidos em artigos assinados,textos publicitários e anúncios publicitários,sendo os mesmos da total responsabilidadedos seus autores e das empresas queautorizam a sua publicação.

•Reprodução proibida sem autorização daNUGON, LDA.

• Alguns autores nesta edição ainda nãoadotaram o novo acordo ortográfico.

Site: www.revista-ruminantes.com

www.facebook.com/RevistaRuminantes

NIF

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ATUALIDADES MUNDO

6 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

A Alltech apresentou no pas-sado dia 12 de março, no hotelLagoas Park, Oeiras, a 27º Edi-ção do European Lecture Tour,que contou com cerca de 60pessoas da indústria.

Sob o tema “Poderão osavanços na nutrição contribuirpara uma melhor eficiência,rentabilidade e sustentabili-dade?”, e com a “Curiosidade”como pano de fundo, a Alltechlançou o repto da diferença, daabertura a novas tecnologias eda procura de soluções mais efi-cientes.

Alexandros Yiannikouris,Research Director da AlltechEUA, partilhou os objetivos do

plano de carbono Alltech a apli-cados às explorações, comoforma de melhorar a pegada decarbono: quantificar a pegadade carbono numa exploração;reunir os dados e recomendarmudanças específicas, nomea-damente em matéria de eficiên-cia alimentar; implementaressas mudanças e reavaliar seismeses mais tarde.

Yiannikouris reiterou ainda aimportância de melhorar a efi-ciência da alimentação porforma a satisfazer as necessida-des do animal, do consumidor edo ambiente. Referiu-se tam-bém às algas como uma opçãode alimentação alternativa, de-

vido à sua sustentabilidade ecomposição nutricional rica emDHA.

Sob o tema “Construir anossa marca na Agricultura”,Paulo Rezende, Project Mana-ger, Alltech EUA, abordou asmudanças e tendências de con-sumo modernas, que afetam aforma como as empresas co-mercializam os seus produtosagrícolas. E referiu-se à im-portância da observação dosprincípios fundamentais demarketing para conseguir fazercrescer as marcas e as empre-sas.

Andrea Malaguido, do Dep.Investigação da América La-tina da Alltech abordou a si-tuação sombria que aagricultura está a enfrentar,assim como as questões liga-das com queda dos rendimen-tos agrícolas e o aumento daspreocupações ambientais, e aimportância da identificaçãocorreta dos problemas comoforma de encontrar uma solu-ção: “Os rendimentos agrícolas

são altamente voláteis, com oscustos de produção e custos dealimentação a terem um grandeimpacto sobre estas oscilações.Para melhorar as margens é ne-cessário saber tudo sobre oscustos. Precisamos ser curio-sos. Precisamos colocar ques-tões. Quão sustentável é anossa indústria? Sabemos quea proteína é a parte mais carade uma ração. A disponibili-dade das fontes proteicas cadavez é menor, enquanto a pro-cura tende a aumentar.”

Marc Larousse, Vice Presi-dente, Europa, Alltech, refletiusobre a importância da “curio-sidade” na gestão do negócio,como forma de encontrarnovas soluções e conseguirmelhores desempenhos. Dandoo exemplo da agricultura e doenorme desafio que representao crescimento populacional emtermos de procura de alimen-tos: “É uma grande oportuni-dade de experimentar coisasnovas, abraçar novas tecnolo-gias, ideias e oportunidades. x

“Stay Curious” Avanços na nutrição, em debate na Alltech

Controlo do parasitismo em ruminantesZoetis promove workshop

No âmbito das Jornadas doHospital Veterinário Muralha,de Évora, a equipa de ruminan-tes da Zoetis dinamizou umworkshop com o tema “Abor-dar o controlo do parasitismo,em ruminantes, como serviçode valor acrescentado”. Oevento teve lugar em Évora, emmarço último, e contou com aparticipação de 20 médicos ve-terinários clínicos e sanitaristasde ruminantes.

Esta iniciativa contou comuma forte componente prática.Os médicos veterinários foramdivididos por grupos de traba-lho e cada grupo foi responsá-vel pela discussão e resoluçãode um caso clínico relacionadocom parasitismo. As opiniõesforam unânimes no que diz res-peito ao valor acrescentadodesta iniciativa e todos os mé-dicos veterinários intervenien-tes afirmaram estar interessados

em voltar a participar em reu-niões deste tipo.

Este foi o primeiro workshopdo género, organizado pelaZoetis. O sucesso destas expe-riência-piloto será o motepara a realização de outrosworkshops, com o mesmotema, noutras zonas do país.Está já em projecto o desenhode novos workshops subordina-dos a outros temas como saúdedo úbere e reprodução, que de-

verão ocorrer entre este ano e opróximo.

A Zoetis afirma que esta novaforma de trabalhar com os nos-sos clientes e parceiros está to-talmente alinhada com o papele compromisso assumidos pelaempresa: “estar um passo àfrente dos desafios diários dosnossos clientes para que estespossam estar exclusivamentededicados à sua actividade.”x

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Essa tendência não se verifica apenas no mercado europeu. Jun-tamente com a Europa, os EUA (ambos antigos titãs dominantes naprodução de carne bovina) têm sofrido quebras acentuadas na suaprodução. A crise económica que se abateu sobre estes dois grandesprodutores não tem sido branda. Associando isso às alterações cli-máticas extremas, ao aumento dos custos de produção e à diminui-ção dos efetivos, claramente que o futuro não parece promissor.

Este jogo económico já não é jogado apenas pelas grandes"equipas" de sempre. Aos poucos, novos jogadores são-nos apre-sentados. E são estes novos jogadores, os novos "heróis", que vãogarantindo que a procura do consumidor seja suprida, alterandoas "regras" do mercado de produção de carne bovina.

Cada país, com os seus efetivos, esforça-se por garantir a suaprodução interna, tendo em vista também o mercado internacio-nal, procurando aumentar não só a qualidade, mas também aquantidade de produto exportado. Estas trocas internacionais re-partem o mundo em duas grandes metades (Fig.1).

As leis sanitárias (que interditam animais vacinados contra afebre aftosa) e outras imposições técnicas e de maneio/produçãofazem com que os "países do Pacífico" façam trocas comerciaisentre si. Por outro lado, os "países do Atlântico", sem restriçõessanitárias vêm-se limitados nas suas exportações devido às impo-sições legais da outra metade do mercado internacional.

ATUALIDADES

8 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

O mercado da carne bovina Os antigos titãs da produção vs Os novos heróis

Felipe de Almeida,Estudante de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária

As previsões para o mercado europeu de carne bovina para 2013 não são solarengas. Em 2012 verificou-se umaquebra na produção, na importação e exportação e no consumo pelos países membros da UE-27. Prevê-se, ainda,que as exportações diminuam principalmente como consequência da grande concorrência e pressão exercida pelo

mercado brasileiro.

[email protected]

Figura 1 - Divisão do mercado internacional.

1) “Países” Atlânticos com maior destaque: Brasil, Europa, Índia, Argentina e Uruguai (Sem restrições).

2) Países Pacíficos com maior relevância:EUA, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e Japão (Com leis sanitárias que influenciam o mercado internacional).

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ATUALIDADES

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OS PAÍSES PACÍFICOS

Os EUA, referidos anteriormente, estão em declínio de produ-ção. Essa quebra limita a procura dos consumidores, resultandonum aumento dos preços. Consequentemente, o consumo baixa,fazendo com que a produção estacione ainda mais. Paralelamente,a exportação diminuiu, consequência da concorrência dos merca-dos emergentes. A exportação para o Médio Oriente diminuiu em50%, sendo que neste momento o grande pilar da exportação ame-ricana é o Japão. Com isso, os EUA perdem a sua posição de des-taque como exportador de carne de vaca no Mundo.

Em contrapartida, a Austrália consegue manter os seus níveisde produção, consumo e exportação graças a novos mercados noSudeste Asiático e Médio Oriente.

2012/2011 2013/2012

Produção - 4% - 0,9%

Abate - 4% - 0,7%

Consumo - 3% - 0,4%

Variação anual do mercado da carne na EU-27

Os EUA, o Canadá e a Austrália são grandes exportadoresde hambúrgueres de carne de bovino acabado em erva parao Japão, Coreia do Sul e Taiwan.

A Nova Zelândia garante 5% do aprovisionamento exterioreuropeu.

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Foto: David Catita

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ATUALIDADES

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OS PAÍSES ATLÂNTICOS

Estes países, sem as imposições postas pelo mercado do Pací-fico, têm vindo a crescer a olhos vistos, sendo esse crescimentomarcado pela entrada de novos jogadores e pelo apogeu da Mer-cosur.

O Brasil, que sofreu grandes quebras na sua produção em 2011,volta a assumir a posição de exportador líder, embora não tenharecuperado totalmente as suas perdas de produção. A desvalori-zação do Real e a diminuição do custo de produção deram grandeimpulso ao Brasil tornando-o responsável por 43% do aprovisio-namento exterior total de carne de bovino na Europa.

A Argentina, mudou as regras do seu jogo, focalizando no mer-cado interno. Com isso foi possível verificar-se um ligeiro aumentoda sua produção, em detrimento da sua posição como grande expor-tador, passando de 5º para 10º lugar no ranking mundial.

O Uruguai entra com grande destaque este ano devido ao bomestatuto sanitário dos seus efetivos e do seu sistema de rastreabi-lidade. Assim, ele ganha terreno no mercado internacional, pas-sando a ser um grande exportador para os EUA, Canadá, Europae China. Neste momento, o Uruguai tem os olhos postos na Coreiado Sul, podendo este mercado servir de porta para outras trocascomerciais com o Japão e o Sudeste Asiático.

A UE-27 é quem realmente sofre uma grande perda para os mer-cados internacionais. Com a diminuição de 1,4% dos seus efetivos,uma diminuição da exportação de 36% e uma grande dependênciade importação, o mercado europeu, outrora um dos mercados maisrentáveis do mundo, fica dependente da flutuação dos preços im-postos pela procura e pelos mercados internacionais. Porém, amagnitude do aumento dos preços não é uniforme entre os paísesmembros da UE, o que reflete um mercado volátil e com diferentesdinâmicas: Prosperidade no Norte e Crise no Sul.

Aproveitando a brecha que os grandes titãs deixam no mercadointernacional, a Índia surge como um dos novos heróis da produ-ção de carne de vaca. Este país, com o maior efetivo bovino domundo - 324 milhões de cabeças - em 2012, assume-se agoracomo um dos maiores exportadores do Mundo. Tendo em contao mercado em crise, a Índia mantém a dinâmica de trocas, tor-nando-se o segundo maior exportador do mercado internacional,negociando com o Sudeste Asiático, Norte de África e MédioOriente.

A conjuntura mundialO ano de 2013 não será um ano livre de dificuldades para o

setor de produção de carne de bovino. A produção irá diminuirquase em escala global, resultando numa oferta insuficiente. Ospreços irão subir, associados também aos elevados custos de-produção. Contudo, esse aumento não depende apenas da dinâ-mica da procura, mas também da concorrência entreexportadores e das valorizações e desvalorizações das diferentesunidades monetárias. Neste jogo de titãs, os novos heróis pro-dutores e exportadores, como o Brasil e a Índia, são fulcrais noimpulso do mercado internacional, podendo abrir novas perspe-tivas para o mercado europeu, nomeadamente no Japão, Sudeste

Diminuição do consumo europeu de carne de bovinoA quebra de 3% no consumo de carne de bovino em 2012 associadoa uma oferta insuficiente, tem sérias consequências no mercado in-terno europeu. O aumento dos preços é um resultado inevitável, masque na conjuntura económica actual faz diminuir o poder de comprados consumidores. Isso é mais evidente nos países mais afectadospela "crise", distinguindo-se a Alemanha como uma excepção (ondeo consumo aumentou 1%).

Os europeus "não-euro"O mercado europeu é volátil e dinâmico. A valorização ou desva-lorização do Euro é essencial para as transações económicas (im-portações e exportações) realizadas pelos países europeus nãopertencentes à zona-Euro.Por exemplo, os mercados Ingleses e Polacos, com grande rele-vância no mercado europeu, têm sentido sérias quebrasprodutivas, parte delas resultantes das flutuações do Euro nestemomento de crise económica.

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Foto: David Catita

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12 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

ATUALIDADES MUNDO

ZOETIS, em exclusivo na saúde animal

O facto de a empresa passar a estar dedicada exclusiva-mente à saúde animal, inde pendente da Pfizer, traz algumavantagem ao negócio?

Luís Pereira: Ao dedicarmo-nos exclusivamente à saúde ani-mal, concentramo-nos na essência do nosso negócio para que osnossos clientes possam desenvolver os seus próprios negócios.Trabalhamos diariamente colocando os nossos clientes em pri-meiro lugar.

O que podem esperar os clientes com esta mudança?A Zoetis é a anterior unidade de negócio da Pfizer. Mantém a

tradição e a experiência farmacêutica consolidada ao longo de 60anos, a disponibilizar medicamentos e produtos veterinários,meios de diagnóstico e testes de genética, entre um vasto lequede serviços. Temos um novo nome, mas a mesma experiência. Oscolaboradores e os produtos, em que os nossos clientes confiam,continuam a ser os mesmos a satisfazer as suas necessidades naárea de Saúde Animal, dentro dos mesmos valores éticos.

Quantas pessoas compõem a Unidade de Negócio Ruminantesem Portugal? Como se organizam? Está presente em todos ossegmentos de mercado?A equipa Zoetis em Portugal dedicada à Área Ruminantes man-

tém-se igual e está presente em todos os segmentos do mercado,nomeadamente leite e carne, produção em extensivo e intensivo.

Que apoio fornece a Zoetis aos produtores e Médicos Veteri-nários em Portugal? O portefólio de produtos vai manter-se?A Zoetis disponibiliza uma vasta gama de produtos e serviços

que oferecem soluções fiáveis para os diversos desafios que osveterinários e os criadores enfrentam todos os dias no nosso país. Conta com um portefólio alargado de produtos, englobando

cinco categorias: vacinas, desparasitantes, anti-infecciosos, pré-misturas medicamentosas e outros produtos veterinários. O nossoportefólio para animais de produção representa cerca de 66% donosso negócio.

Disponibilizamos produtos e serviços que ajudam a prevenir oua tratar patologias com impacto negativo nos animais de produçãoe a tornar rentável a produção de proteínas animais de elevadaqualidade.

Os recursos financeiros para investir em investigação denovos produtos vão manter-se?Continuamos a desenvolver novos produtos e serviços cada vez

melhores. A nossa área de Investigação e Desenvolvimento (I&D)pesquisa novos produtos, analisando resultados de descobertas re-levantes da indústria agropecuária, farmacêutica e biotecnológica.Quanto aos nossos produtos atuais a I&D dedica-se ao desenvol-vimento e expansão do portefólio existente através da inclusão denovas espécies ou de novas indicações terapêuticas.

O que representa para a Zoetis o negócio do setor “Ruminan-tes”?O volume total de negócio anual da Zoetis em 2011 foi de USD

4.2 mil milhões de dólares norte-americanos, sendo 66% destevolume gerado por produtos para animais de produção.

Quais os objetivos para o futuro?À medida que as necessidades dos veterinários e criadores con-

tinuam a evoluir, estamos empenhados em antecipar os seus de-safios e em desenvolver novas soluções que os podem ajudar acuidar dos animais com maior eficiência e aumentar a produtivi-dade dos seus negócios. A nossa investigação deu origem a umavasta gama de produtos ao longo dos anos, dentre as quais desta-camos antibióticos para o tratamento de vários tipos de infeçõesem bovinos, um anti-infeccioso no tratamento contra a doençarespiratória bovina (DRB) e uma vacina eficaz contra vírus res-piratórios e reprodutivos em bovinos. Temos fábricas e laboratórios de I&D em todo o mundo e con-

tinuaremos a dedicar o nosso esforço para garantir que os nossosclientes tenham acesso aos melhores produtos e à melhor infor-mação, agora e no futuro. x

Luís PereiraMédico Veterinário, Country Manager Zoetis

Em 2013, a Pfizer anunciou que o seu negócio de saúde animal setornou numa empresa independente chamada Zoetis™. A Zoetis é o maior fabricante mundial de medicamentos e vacinaspara animais de companhia e de produção. A empresa é uma subsidiária de capital aberto da Pfizer, o primeiroprodutor mundial de medicamentos, que mantém 83% de controlo naempresa. A Zoetis opera atualmente em 70 países do mundo.A propósito da recente formação da Zoetis, entrevistámos LuisPereira, Country Manager do negócio em Portugal.

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ATUALIDADESMUNDO

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 13

O Conselho Português de Saúde do Úbere(CPSU) organizou, em fevereiro passado, a sua IIConferência Anual que teve lugar na Estação Zoo-técnica Nacional na Fonte Boa em Santarém. A II Conferência Anual do CPSU foi considerada,

para a comissão organizadora, um êxito que ultra-passou largamente as expectativas inicialmentecriadas para o evento. Contou com a presença demais de 120 participantes no total, entre associadosefectivos e estudantes, empresas associadas, parcei-ros de comunicação e oradores de renome a nívelnacional e internacional. Com destaque para as par-ticipações de Andrew Bradley (Reino Unido) e Jo-séphine Verhaeghe (Bélgica), todas asapresentações tiveram um elevado nível de interessesobre temáticas relativas à Qualidade do Leite eSaúde do Úbere. x

Lallemand Animal NutritionNovo Diretor de Aditivos para Forragens

Conferência anual do ConselhoPortuguês de Saúde do Úbere

Luís Queirós (EngenheiroAgrário, Mestre em NutriçãoAnimal, na Faculdade de Medi-cina Veterinária de Lisboa e Ins-tituto Superior de Agronomia) éo novo Diretor Técnico para aárea dos Aditivos para Forra-gens da Empresa LallemandAnimal Nutrition. Terá comofunção apoiar tecnicamente osColaboradores, Colegas e Agri-cultores em diversos países, no-meadamente Portugal, Espanha,Alemanha, Itália, Rússia e Ará-bia Saudita, entre outros. A Lal-lemand Animal Nutrition éparte do grupo Lallemand SAS,

Empresa Multinacional commais de 2500 funcionários, ebastante ativa na área da preser-vação de forragens, há mais de20 anos, como seja a investiga-ção e produção de bactérias eenzimas, um pouco por todo omundo. A Lallemand foi a pri-meira empresa no mercado acolocar à disposição dos seusclientes, e a patentear, a bactériaheterofermentativa Lactobacil-lus buchneri, responsável poruma elevada estabilidade aeró-bica e qualidade de todos ostipos de silagem. x

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14 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

ENTREVISTA

A empresa Agro Pecuária da Tília, Lda., situada naHerdade da Lavradia, em Fronteira, distrito dePortalegre, é propriedade de Lambert Van Der Linde eda sua mulher, Gerrie. Contam ainda com a colaboraçãopreciosa de 3 empregados, o Óscar, o Vagner e o Pedro.A herdade tem cerca de 80 ha de terra e tem comonegócio a produção de leite de vaca, com um efetivo de 260 vacas adultas, das quais cerca de 220 estão emordenha com uma produção média de vaca dia de 32litros de leite, com 4,1% de gordura e 3,5 % de proteína.

Nos 80 ha da propriedade faz-se azevém para serpastoreado ao máximo pelas vacas em produção, e oque sobra é cortado para ensilar. Toda a silagem demilho que utilizam na alimentação das vacas écomprada fora, mas sempre na zona de Fronteira.Há cerca de cinco anos, decidiu investir em nova“genética” e começou a testar o Crossbreeding atravésdo Programa Procross comparando-o com a raçaHolstein. Registámos o seu testemunho sobre estesanos de experiência com este programa.

CrossbreedingAgro Pecuária da Tília investe em nova “genética”

"Ganhamos mais com muito menos despesa"

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Há poucos anos, tomou uma decisão umpouco fora do corrente na produção lei-teira no “campo da genética”. Quais asrazões em que se baseou para optar poresta nova técnica genética?Lambert: Tomei a decisão quando fui em

2008, há cerca de cinco anos, com o CarlosSerra aos Estados Unidos ver o Crossbree-ding na Califórnia. Percebi que podia serbom e decidi experimentar em alguns ani-mais. Outro factor que me ajudou, sem dú-vida alguma, a decidir por este programa, éque nos últimos anos com a Holstein, aindaque a exploração seja estável, nada cresce,apenas crescia o “hospital”. As primeirasvitelas que nasceram cruzadas com Monte-béliard, eram boas, geraram confiança, edecidi ir experimentando cada vez mais,mais… até que hoje em dia estão quasetodas neste programa.

Tendo começado o programa em 2008,qual a percentagem de Crossbreedingque tem hoje no conjunto das vacas?

Nas vacas em produção são 25%, na ex-ploração toda representa cerca de 40%; nasnovilhas já são mais de metade...

De todas as novilhas que nasceram decada raça, que percentagem está na ex-ploração?

Das Holstein estão 69% e Cruzadas 80%.

Qual é o grau de satisfação, até ao mo-mento, com este programa?

Muito bom. Ainda estou com algumasdúvidas nas Suecas Vermelhas, parecem-me um pouco mais estreitas, mas por agoravamos continuar, pois vêm de novilhasMontebeliard e tenho que dar tempo até teruma opinião formada.

Já tem animais em produção com váriaslactações em Crossbreeding?

Sim, várias vacas em segunda lactação,em terceira ainda não.

Qual é o critério de escolha dos touros re-produtores das diferentes raças que usaneste programa?

Estou a trabalhar com o método TriploA, que para mim é muito importante. Aminha grande preocupação são os úberes,ou seja, tem que ser um touro completo,mas os úberes e as pernas têm que sermuito boas.O Triplo A é um sistema americano em

que especialistas independentes analisama estrutura de uma vaca e ajudam a des-cobrir o que está em falta para que sejaótima. Em função do código que lhe é atri-buído, esta vaca deverá ser inseminadacom touros que tenham o mesmo código.O objectivo é que a próxima geraçãotenha uma estrutura melhor.

Quais as produções de leite médias?Das Holstein é 7.577 litros e Cruzadas é

de 7.914 litros, ou seja, uma diferença de337 litros lactação.

Que outros indicadores reprodutivosnos pode dar neste momento, por exem-plo o numero de inseminações por vacaprenha?

Nas Holstein é 1,96 contra 1,37 nas Cru-zadas, ou seja, menos 0,59 inseminaçõespor vaca prenha.

Utiliza sémen sexado?Não, nunca.

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 15

ENTREVISTA

Holstein Cruzadas

Gestantes nasegunda lactação

10% 50%

Inseminadas 35% 80%

Produção (litros) em 305 dias

8137 8503

Teor butiroso 4,05 3,88

Teor proteico 3,54 3,44

Quadro 1: Indicadores da Exploração

"Em termos gerais, possoafirmar com segurançaque não ganhamos muitono aumento das receitasde exploração com asvacas, mas ganhamosmais em muito menosdespesa (maiorlongevidade dos animais,menos utilização demedicamentos, menossémen ...). "

Page 18: Ruminantes 9

Está de acordo que numa exploração lei-teira o principal factor para a rentabili-dade de uma exploração é a reprodução?

Eu acho que tudo é importante, a repro-dução sim, mas também a mão-de-obra temuma influência enorme nos resultados daexploração. Também a alimentação tem queser sempre de grande qualidade, as silagenstêm que ser feitas rapidamente e logo tapa-das. Nada pode ficar ao acaso.

Qual tem sido a principal consequênciapositiva da utilização do Vigor Híbridonas suas vacas?

A taxa de inseminação reduziu significa-tivamente, a estrutura física dos animais émelhor e os animais são mais “vivos”.

Sabemos que o programa de Crossbree-ding que utiliza implica a utilização de trêsraças leiteiras. Quais são e como se aplica?

As raças são a Montebeliard, a SuecaVermelha e a Holstein. Sempre aplicadasnesta mesma sequência. Nas novilhas Hols-tein ainda estou a pôr sémen Holstein por-que os vitelos são um bocadinho maisfortes e não quero correr risco nenhum.Apesar de que cada vez mais irei ter menosnovilhas Holstein.

Quais é que acha que são os pontos fortese fracos de cada uma destas raças?

A Holstein tem muitos problemas nos par-tos, no arranque da nova lactação, ao contrá-rio da Montebeliard que é bastante melhorneste aspecto. Já esta última tem como des-vantagem o facto de os animais jovens ma-marem muito uns nos outros, o que nos trazalguns problemas. Com a Sueca Vermelhanão temos muita experiência, apenas que sãomais pequenos quando nascem e ficam pe-quenos durante algum tempo mais. Decidifazer este tipo de programa por causa dos es-tudos americanos que vimos. Nós começá-mos em 2008, estamos em 2013 e ainda sótemos 50 vacas em produção. Isto demoramuito tempo, não podemos fazer as coisasde forma precipitada.

Quais são as principais melhorias quenotou na reprodução entre o programade vacas puras Holstein e o programa deCrossbreeding?

A taxa de inseminação, que diminuiubastante, como mínimo 25%, e os partos,que são bastante mais fáceis.

E no campo da saúde animal, conseguedetectar diferenças quanto a problemasde mamites ?

No que se refere a mamites não noto di-ferença. Já quanto a células somáticas (CS)é muito engraçado. As cruzadas com Mon-tebeliard tem as CS mais altas no inicio daprimeira lactação, mantém-se altas ao longoda lactação apenas baixando ligeiramente.Na 2ª lactação os valores mantêm-se altos.As Holstein, no nosso estábulo, têm umvalor de CS baixo no início da lactação dasnovilhas, subindo muito até ao final da lac-tação. O tratamento de secagem resultamuito bem, faz baixar muito o valor CS,mas na segunda lactação sobe outra vez

16 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

ENTREVISTA

"Preciso de criar menos 10%de novilhas Cruzadas paramanter o meu rebanho. "

Page 19: Ruminantes 9

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 17

ENTREVISTA

muito. Ou seja, na Montebeliard os valoressão mais estáveis, nunca baixam muitocomo é no caso das Holstein.

E quanto a nados mortos nos partos?Temos poucos casos de nados mortos,

quer nos Cruzados quer nos animais Puros.Mas os Holstein precisam de ter mais aten-ção da nossa parte nos dias do parto.

E em termos de refugo geral, ou seja, quepercentagem de refugo tem entre vacas enovilhas, em Holstein e Cruzadas?

Os Montebeliard ainda estão jovens maseu noto, pelos registos que tenho, que saírambastantes mais Holstein que Montebeliard.

No que toca à produção, tem sido comen-tado que as produções das vacas Cruza-das são inferiores às puras Holstein. Estáde acordo?

Não estou de acordo. Na nossa explora-ção, na primeira lactação as cruzadas dãomais leite que as Puras e, na segunda lacta-ção dão menos. O que é contrário a todosos estudos que conheço.

Qual é o seu critério de análise, lactaçõesde 305 dias ou dados produtivos da vidaútil dos animais?

Tem que ser a vida útil; este valor é omais importante para mim.

Quais são as diferenças entre os dias emleite entre os dois grupos de novilhas(Puras Holstein e Cruzadas)?

A Holstein tem um intervalo de partos de382 dias e as Cruzadas de 356, e faz ummês de diferença na primeira lactação. A se-gunda lactação ainda não terminou, mascomo temos muitas prenhas das vacas cru-zadas a perspectiva é ser ainda melhor.

No refugo dos animais, ou seja, vitelosmachos e vacas de refugo, nota algumadiferença económica entre os animais?

Sim, um vitelo Montebeliard vende-semuito melhor que um Holstein; faz uma di-ferença de 25 € por vitelo e os compradorespreferem sempre os cruzados. Quanto avacas velhas, ainda nunca vendemos Mon-tebeliard, por isso só com mais tempo lheposso responder.

Na conjuntura económica atual, com ospreços elevados da alimentação, acreditaque os animais cruzados possam ser maiseficientes do ponto de vista alimentar?

Os estudos dizem isso, mas a únicacoisa que eu estou em condições dedizer é que há sempre animais cruza-dos na manjedoura a comer, mas euacho que isso é bom. Quando eu dou aúltima volta, às 22h, encontro semprealgumas Montebeliard a comer, en-quanto que as Holstein estão deitadas.As cruzadas são animais mais “vivos”,mais fortes.

Em termos de temperamento da raça,quais são as diferenças entre as Holsteine as Cruzadas de Montbeliard?

Os cruzados têm mais temperamento,mas não é para o mal. São mais curiosos,estão sempre a ver o que se está a passar,por exemplo, estão sempre a “testar” se acerca eléctrica está mais ou menos forte.Mas o maneio em pastagem ou na sala deordenha é igual para os dois grupos deanimais. x

"Quando a vaca Holsteintermina a 3ª lactação aCruzada já vai com 75 diasna 4ª lactação."(Ver desenho ao lado)

1ª Lact 2ª Lact 3ª Lact

Holstein

Cruzadas 75 dias

Page 20: Ruminantes 9

18 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

ECONOMIA

Gestão Global da Rentabilidade(na produção leiteira)

detectar oportunidades de melhoriasresultantes de pequenos pormenores... que se aprendem com os melhores

Assistiu-se, ultimamente, a um aumento muito significativo noscustos das matérias-primas alimentaresNão tendo havido o correspondente ajustamento nos preços

pagos pelo leite na sua produção, houve uma degradação da mar-gem-bruta sobre o custo da alimentação (IOFC - income over feedcost) na generalidade das explorações leiteiras.Circunstâncias como estas, determinadas por factores externos

à exploração, colocam o empresário da produção leiteira peranteo desafio de compensar a sua perda de margem sobre o custo daalimentação com ganhos em eficácia e/ou eficiência na sua em-

presa, sobretudo em termos de alimentação (sempre o seu customais significativo), mas também noutros eventuais pontos-chavedo seu sistema de produção.Neste sentido, é fundamental auditar-se todo o funcionamento

e escalpelizar os resultados de cada exploração leiteira, de formaa ir adequando a gestão global da sua rentabilidade a semprenovas circunstâncias de mercado e a novos desafios de competi-tividade – que devem obrigar à permanente preocupação / obses-são de detectar novas oportunidades de melhorias dentro decada empresa.

Jerónimo PintoEngº Agrónomo, Eurocereal SA

[email protected]

Se aumentam os custos dos factores de produção, sem que haja correspondente ajustamento nos preços pagos àprodução, tem-se degradação da rentabilidade económica … a não ser que esta perda seja compensada com

ganhos de eficiência e/ou eficácia no conjunto do sistema de produção.

Page 21: Ruminantes 9

DIAGNÓSTICOOPORTUNIDADES DE MELHORIA

A sua participação é importantewww.eurocereal.pt/benchmark

SECTORES / ExploraçãoNº Vacas Leiteiras (lactação + secas)% Vitelas & Novilhas

< 6 meses6-12 meses> 12 meses

CRIA de VITELAS% Mortalidade em Vitelas

< 1 semana7 - 30 dias> 30 dias

Pesos / Alturas médiasà nascençaaos 30 diasaos 3 meses

Custo alimentação €/vitela/dia

RECRIA de NOVILHASPesos & Alturas médias

aos 6 mesesaos 15 mesesaos 24 meses

Idade à 1ª InseminaçãoIdade 1º Parto (meses)Custo alimentação €/animal/dia

VACAS SECASDuração da fase secaCondição Corporal

à secagemno parto

Custo alimentação €/vaca/dia

VACAS EM LACTAÇÃOProdutividade (305 dias)Produção média no PICONumº de lactações / vacaTeor Butiroso leite (%TB)Teor Proteico leite (%TP)Contagem Celulas Somat.Teor Microbiano TotalIntervalo Entre - PartosIntervalo "Dias - Open"% vacas c/ hipocalcémia% vacas c/ cetose clínica% vacas desloc.abomaso

Custo alimentação €/vaca/dia

Preço recebido / Lt leite

171733

< 3%< 3%< 2%

405085

de

18035053014.524

SECAS60

3.5 - 4.03.5 - 4.0

ÇÃO11 500503

3.2<200<40400<100<5%<10%<5%

kg PESO

kg PESO

758090

cm ALTURA

105130143

cm ALTURA

de

SECAS

ÇÃO

kg PESO

kg PESO

cm ALTURA

cm ALTURA

67

€/animal/dia€/animal/dia

meses

meses

€/animal/dia

meses

meses

€/animal/dia

de

SECAS

ÇÃO

de

SECAS

ÇÃO

SITUAÇÃO ACTUALOBJECTIVOS IMPACTO ECONÓMICO€/Lt €/Ano

Page 22: Ruminantes 9

20 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

ECONOMIA

Diagnosticadas as oportunidades de melhoria, mediante soft-ware especificamente desenvolvido neste sentido, é possívelfazer-se uma avaliação muito fiável de qual é o impacto econó-

mico que cada oportunidade detectada pode representar no con-junto da exploração a que se refere.

Embora este exercício possa ser feito individualmente, prefe-rencialmente deverá ser feito colectivamente, por comparação degrupo, já que novas oportunidades de melhoria são, quase sempre,resultantes de pequenos pormenores … que geralmente se apren-dem com os melhores. Aprender com os melhores sempre foi omais eficiente motor do desenvolvimento nos sectores industrial,comercial, etc ... e também no sector agro-pecuário. São os me-

lhores produtores que têm a credibilidade para comprovar a efi-cácia / rentabilidade de um dado processo ou sistema de produção. Aprender com os melhores é um método de gestão (agora co-

nhecido por “benchmarking”) generalizado às empresas de todosos sectores, sendo aplicável a todas as empresas agro-pecuáriase muito especialmente às do sector leiteiro (“Benchmarking canhelp dairies to succeed” Feedstuffs # 41).

Benchmarking é uma oportunidade deidentificar os segredos do sucesso dasempresas líderes e tentar imitá-las, numprocesso conhecido por “gestão porcomparação de grupo” que, já desde hámuito tempo, vem sendo utilizado com

grande eficácia em Centros de Gestão emFrança e também entre nós (CGEA Valedo Ave e Vale do Sousa e o programaPAR da Purina), por organizações de pro-dutores por todo o mundo, principal-mente nos Estados Unidos e no Canadá.

Existe uma rede pan-europeia de agri-benchmark para o sector leiteiro(EDF) em que Portugal é o único país ocidental não representado.

Page 23: Ruminantes 9

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 21

ECONOMIA

BENCHMARKING NA PRODUÇÃO LEITEIRA

São inúmeros os casos de sucesso deste método de gestão apli-cável às empresas do sector leiteiro, sendo evidente a sua decisivacontribuição para a melhoria, contínua e progressiva, da rentabi-lidade das explorações leiteiras aderentes, nomeadamente em Mi-chigan, Wisconsin, Cornell, Canadá, etc … Trata-se de transferir para a empresa leiteira, com as necessárias

adaptações, os planos de acção estratégica aplicados na gestão dasempresas de outros sectores, identificando os seus pontos-fortes,pontos-fracos, oportunidades e limitações de forma a permitirconcentrar a atenção e as prioridades nos pontos-chave que, emcada momento, são os mais determinantes da sua rentabilidadeglobal.Para se proceder à gestão da produção leiteira por “comparação

de grupo” ou “benchmarking”, um conjunto de explorações lei-teiras não-identificáveis fornece periodicamente determinadosdados referentes à sua estrutura e ao seu funcionamento - os quaissão sempre absolutamente confidenciais.Quanto maior e mais significativo fôr o grupo (há grupos de

gestão leiteira com centenas de explorações), mais representativossão os resultados e mais útil é este método de gestão para os seusparticipantes. Dairy Benchmarking Pennstate Univ

Os dados são processados global-mente, dividindo-se em 3 grupos(MÉDIA, “25% SUP” e “25%INF”) que, para simplificar, nesteexemplo vamos admitir que têm osmesmos custos fixos estruturais, na-turalmente diferentes custos fixosanimais (decorrentes de funciona-mentos distintos), têm a mesma ali-mentação-base e que a sua produçãoé valorizada segundo os mesmoscritérios qualitativos:

ANÁLISE DE RESULTADOS

APRENDER com os melhoresO segredo do sucesso do processo de

análise de resultados por benchmarking /comparação de grupo está no facto de per-mitir que periodicamente (cada trimestre)todos os aderentes possam encontrar-separa, em conjunto, poderem analisar os re-sultados e sobretudo detectar oportunidadesde melhoria, que quase sempre são resul-tantes de pequenos pormenores que aí sepode aprender com os melhores.

INDICADORES Técnico-Económicos 25% SUPERIOR MÉDIA 25%

INFERIORESTRUTURA €/vaca/ano €/vaca/ano €/vaca/anoAmortiz. Construções, silos,... 125Amortiz. Equipamentos (ordenha, etc) 65Amortiz. Máquinas e Alfaias 50Mão-de-Obra permanente 315Assist.médico-medicamentosa e reprodutiva 80Energia, combustíveis, água, telephone, etc 85Manutenção e reparação máquinas & equipam 50Juros e reserva p/ imprevistos 80Outros custos fixos 95

Custos Fixos ESTRUTURAIS 1000ANIMAIS €/vaca/ano €/vaca/ano €/vaca/anoAlimentação-Base (manutenção+gestação) 65Amortiz. das Vacas Leiteiras 460 484 513Custo cria + recria da reposição / ano 199 225 254Carência de novilhas a comprar / ano - 15 112Excedente de novilhas p/ venda / ano -80 - -

Custos Fixos c/ ANIMAIS 644 725 944TOTAL Custos FIXOS 1644 1725 1944

FUNCIONAMENTO 25% SUPERIOR MÉDIA 25%

INFERIOREfectivo Leiteiro (vacas produção + secas)Produtividade (LLVA) 11.000 10.000 9.000Vida produtiva (lactações/vaca) 2,7 2,6 2,5Idade ao 1º parto (meses) 14 25 26Intervalo entre partos (dias) 399 409 414RESULTADOS calculados (com base em software específico)

25% SUPERIOR MÉDIA 25%

INFERIORCustos Fixos (€/Lt leite) 0,143 0,171 0,209Custos Variáveis (€/Lt leite) 0,104 0,114 0,127Custo Total (€/Lt leite) 0,247 0,287 0,336Receita Total (€/Lt leite) 0,320 0,320 0,320Resultado Global (€/Lt leite) 0,073 0,035 -0,016Resultado Global (€/vaca/ano) 807 334 -145

(Ver tabela ao lado)

Prince Eduard Island Canada

Page 24: Ruminantes 9

2 – Custos Fixos & Limiar de RentabilidadeSe, por factores internos ou externos / incontroláveis pela ex-

ploração, aumentam custos alimentares, sem que haja correspon-dente ajustamento nos valores pagos pela produção, a perda demargem IOFC só pode ser compensada com ganhos de eficiênciae/ou eficácia intrínsecos ao sistema de produção, de forma a con-trolar/reduzir os seus custos fixos, para maximizar o resultado daseguinte equação:

Resultado = volume de produção x [valor da produção – custos de produção (fixos + variáveis)]

Embora c/ os mesmos custos fixos estruturais, dadas as dife-renças nas suas performances produtivas, os 3 grupos de explo-rações (no n/ exemplo) têm distinto “limiar de rentabilidade”(ponto de equilíbrio em que o valor da produção é o necessáriosó para pagar todos os seus custos, com resultado económiconulo). As explorações menos eficientes (25% INF) precisam de, pelo

menos, mais 32% de vacas p/ atingir o seu Limiar de Rentabilidade. As explorações dos grupos 25% SUP e MED atingem o seu L.R.

com respectivamente 43% e 64% das suas vacas (para pagar os seuscustos fixos) - ganhando efectivamente dinheiro com as restantes. Exemplo: com estrutura para 250 vacas, os limiares de renta-

bilidade dos 3 grupos de explorações são:

3 – Sustentabilidade Ambiental & REAPAs explorações mais eficientes obtêm a mesma produção lei-

teira, com menos 24% de animais, o que é muito relevante nãosó economicamente, mas também em termos ambientais,com consequências e implicações nomeadamente em termos deREAP e PGEP (gestão de efluentes):

4 – Salvaguarda de riscos sanitáriosAs explorações mais eficientes têm maior salvaguarda sanitária,

pois a sua reposição não está dependente de animais externos,ainda podendo gerar receitas extraordinárias com venda de novi-lhas excedentes, contrariamente às outras que têm custos acresci-dos com compra de novilhas p/ reposição.

CONSEQUÊNCIAS & IMPLICAÇÕES

1 – MARGEM sobre CUSTO ALIMENTAR (IOFC)A margem sobre o custo da alimentação é o factor que mais de-

termina a rentabilidade da produção, sendo o IOFC (income overfeed cost) o critério mais usado para avaliar a performance dasexplorações.

No contexto dos actuais sistemas de valorização do leite e faceà volatilidade dos custos alimentares, maximizar a margem sobrealimentação passa por optimizar (não minimizar) custos de ali-mentação nos vários sectores da exploração (lactação, seca,cria/recria) e a produção diária (não percentagens) de gordura eproteína, maximizando a produtividade leiteira.

22 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

ECONOMIA

Prod. leite % TB

kg Gordura Rendimento em leite - Custo alimentação€/vaca/dia

= Margem sobre alimentação

Lt/vaca/dia kg/vaca/dia €/Lt leite €/vaca/dia Lactação Seca/Recria p/ vaca€/vaca/dia

250 vacas€/explor/dia

40 3,50 1,4 0,316 12,640 - 4,45 1,57 = 6,62 1 655

35 4,00 1,4 0,320 11,200 - 3,88 1,57 = 5,75 1 436

30 4,67 1,4 0,320 9,600 - 3,32 1,57 = 4,71 1 178

Prod. leite % TP

kg Proteína Rendimento em leite - Custo alimentação€/vaca/dia

= Margem sobre alimentação

Lt/vaca/dia kg/vaca/dia €/Lt leite €/vaca/dia Lactação Seca/Recria p/ vaca€/vaca/dia

250 vacas€/explor/dia

40 3,01 1,20 0,314 12,572 - 4,45 1,57 = 6,55 1 638

35 3,44 1,20 0,327 11,452 - 3,88 1,57 = 6,00 1 499

30 4,01 1,20 0,344 10,332 - 3,32 1,57 = 5,44 1 361

* para a mesma produção de gordura (1.4 kg/dia)

* para a mesma produção de proteína (1.2 kg/dia)

PRODUÇÃO 1.000.000 kg/ano 25% SUPERIOR MÉDIA 25%

INFERIORNº vacas leiteiras 91 100 111Cria / Recria 67 80 96Efectivo Total 158 180 207% redução efectivo 24 13 -

Autonomia Cria+Recria1.000.000 kg/ano

25% SUPERIOR MÉDIA 25%

INFERIORVacas leiteiras 91 100 111Cria / Recria 67 80 96Custos c/ compra de reposição(€/vaca/ano) - 15 112

Proveitos c/ venda de reposição(€/vaca/ano) 80 - -

% Autonomia da exploração 105 100 93

Com estruturapara 250 vacas

25% SUPERIOR MÉDIA 25% INFERIORCenários Cenários Cenários

1 2 3 1 2 3 1 2 3Produtividade(LLVA)

11000 11000 10310 10000 10000 9374 9000 9000 8438

Qualidade (€/Lt leite)

0,320 0,30 0,32 0,32 0,30 0,32 0,32 0,30 0,32

Dimensão (nº vacas)

107 127 127 161 205 205 331 547 547

IOFC = volume de produção x [valor da produção – custos de alimentação (lactação + seca + cria/recria)]

Page 25: Ruminantes 9

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Page 26: Ruminantes 9

24 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

PRODUÇÃO

Poderemos considerar o processo de re-cria bem-sucedido quando conseguimos (1)um 1º parto antes dos 24 meses com umpeso vivo de cerca de 600-650 Kg de pesovivo (PV), conseguido em boas condiçõesapós um crescimento ótimo e regular emcada fase de desenvolvimento, sem proble-mas de saúde; (2) um episódio de parto semqualquer problema, e (3) com a melhor daspossibilidades para exprimir o potencial ge-nético para a produção de leite e com amaior longevidade (Soberon et al, 2012).Este sucesso depende da eficácia de todasas etapas do processo, que se inicia na sele-ção dos progenitores da futura vitela de re-posição e termina na 1ª lactação. No entantoa importância do período do nascimento aodesmame têm vindo a ser reconhecidocomo o mais determinante no crescimentoe produtividade, sendo a nutrição e o ma-neio nesta fase os fatores que mais influen-ciam a expressão do potencial de produçãoleite. O desenvolvimento das vitelas no pe-ríodo nascimento-desmame define a suaperformance produtiva na 1ª lactação e se-guintes, mediante mecanismos de imprin-ting e modelação epigenética associados aganhos médios superiores (Heinrichs,2011). Ganhos médios diários (GMD) atéao desmame superiores resultam em maiorPV ao 1º parto (Moallen et al, 2010) que porsua vez se traduz em mais produção na 1ªlactação (mais 450 a 907 Kg) (Foldager eKrohn, 1994; Bar-Peled et al., 1997; Sha-may et al., 2005; Terré et al., 2009; Moalledet al., 2010; Heinrichs, 2012; Soberon et al.,2012); também foi verificado que quantomaior o consumo de ração ao desmame,maior a produção de leite na vida da novilha(Heinrichs, 2011). A restrição nutricional atédesmame limita o crescimento compensa-tório (Café et al., 2006; Greenwood et al.,2006) e atrasos de crescimento neste pe-ríodo não são recuperáveis.

Na avaliação de campo levada a cabo emexplorações do norte e centro do pais(n=40), cujo objetivo foi analisar algunsaspetos da metodologia de recria, foi pos-sível concluir que os objetivos amplamentepraticados, científica e economicamentevalidados não estão a ser alcançados na suamaioria, apesar de ser notório que existemalgumas explorações já com elevados pa-drões que se traduzem por menos mortali-dade, menos doença, menor idade aoprimeiro parto, menos refugo até ao finalda primeira lactação e melhores produçõesno final da 1ª lactação. Da análise realizadarealça-se (1) a insuficiência do volume deprimeiro colostro ingerido (até às 12h)(média=2,38 L; min=1; max=4; dp=0,6;n=27), que justifica a elevada incidência dedoenças neonatais e mortalidade; (2) aidade média ao desmame de 2,8 meses(min=1,5m; max=4m; dp=0,6; n=28), comos animais em muitas situações a eviden-ciar peso insuficiente ao desmame e umaacentuada derrapagem no desenvolvi-mento durante a transição; (3) idade médiaà primeira inseminação de 16,4 meses(min=13; max=20; dp=1,71; n=27) e idademédia ao 1º parto de 27,49 meses (min=24;max =35; dp=2,54; n=25). Estas idadesmédias, apesar de elevadas não foram, emfunção dos animais avaliados, suficientespara garantir estatura e peso adequados.

A inseminação de uma novilha nãopode, contudo, ser determinada exclusiva-mente pela idade (12-14 meses); se nãohouver um correto desenvolvimento mús-culo-esquelético e um PV adequado (e sónesta situação) estaremos a aumentar orisco de distócia e doenças associadas, bemcomo a limitar a expressão do potencialprodutivo. O PV ao 1º parto relaciona-sepositivamente com a produtividade na 1ªlactação (Heinrichs, 2012) e GMD supe-riores (0,800 g/dia) resultam em maior pro-

dução de leite (Zanton e Heinrichs, 2005)(tabela 1).

Classicamente a estratégia de maneio nu-tricional pré-desmame têm tido por base arestrição de ingestão de leite a 8-10% do pesovivo/dia, com o objetivo de estimular a inges-tão precoce de alimento seco e por esta via,alcançar um desmame precoce com um customínimo (nesta fase) mas á custa de uma in-tensa limitação do crescimento das vitelas; defacto neste regime a quantidade de leite ape-nas cobre as necessidades de manutenção doanimal (tabela 2), sendo o concentrado queconsegue consumir durante as três primeirassemanas de vida negligenciável. Se o vitelofor amamentado sem restrições (ad libitum)ingere 16-20% PV leite (2-2.5% em MS PV)(Hafez e Lineweaver, 1968).

Maneios nutricionais que permitem a in-gestão de leite a doses de cerca de 20% doPV/dia são necessários para o crescimentobiologicamente adequado (que permite GMDde 1000 g/d), resultando ainda numa maiorresistência imunitária, menor incidência dedoenças neonatais, maior crescimento subse-quente, menor idade à 1ª inseminação e maiorprodutividade futura, desde que o desmameseja feito apenas quando o vitelo ingere pelomenos 1 Kg de ração (Drackley, 2005).

A eficácia de um plano nutricional corretoserá sempre derrubada por falhas no encolos-

RECRIA, custo acrescido… ou redução do custo? (parte II)

Elisabete Martins,Médica Veterinária na INVIVONSA PORTUGAL, SA., Docente na EUVG

Idade meses Peso vivo(kg)

Altura garupa(cm)

0 42 80

3 110 97

9 263 120

14 390 131

20 542 141

24 645 149

Tabela 1:Recomendações de crescimento novilhas (partoaos 24 meses, GMD 823g/d; adaptado de Hoffman, 1997).

Page 27: Ruminantes 9

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 25

PRODUÇÃO

tramento (fatores de defesa e fatores hormo-nais e de crescimento essenciais; objetivo 4L até às 12h de vida) por défices de higiene,bem-estar, instalações e maneio. A saúde ecrescimento adequado serão sempre o resul-tado do equilíbrio entre fatores externos deagressão e fatores internos e externos de pro-teção/defesa.

Deverá ter-se como objetivo duplicar opeso de nascimento às 8 semanas de vida egarantir uma transição suave para a alimen-tação exclusivamente sólida, atentando aindaque ao retirarmos o leite, teremos de permitirao animal um aumento de consumo de raçãoque garanta um aporte nutricional equiva-lente ao que é retirado com o desmame (1 Kgde leite em pó ≈ 2 Kg ração). A ração deveráser adequada para GMD de pelo menos 800g/d controlando os níveis de gordura e apor-tando proteína suficiente para o crescimentoestrutural, associado a correto suporte vita-mínico e mineral.

A suplementação vitamínica e mineral (daração ou suplementar) é particularmente crí-tica na fase de desmame, para fazer face àssúbitas restrições devidas à retirada do leitedo plano alimentar, mudança de instalaçõese (re)agrupamento que resulta num pico destress oxidativo, que quando não controladoresulta em doença (essencialmente respirató-ria ou coccidiose) e derrapagem do cresci-mento no pós desmame. A par do bommaneio alimentar, não pode ser esquecidoque o vitelo jovem consome grande parte daenergia disponibilizada no alimento, em 1ºlugar para manter a sua temperatura corporal,em 2º lugar para construir respostas de defesafrente a doença. Apenas o que “sobra” é uti-lizado para crescimento. Assim, quando atemperatura ambiente se afastar da zona deconforto térmico do vitelo (15-25 °C para hu-midade relativa entre 70-80%), e/ou existeuma grande pressão de infeção que resultaquer da falta de higiene, quer do contactocom animais de diferentes idades, então es-taremos não só a aumentar drasticamente orisco de doença e morte, mas também a limi-tar o crescimento e a eficiência alimentar.Pelo menos do nascimento até que os ani-

mais ultrapassem a crise do desmame é vitalque tenham cama quente, seca e limpa, asso-ciada a uma ventilação adequada.

A estratégia de desmame a definir em cadaexploração deverá ter por objetivo minimizaro stress da transição. Desmamar o animal pro-gressivamente (passar de duas tomas parauma, ou reduzir progressivamente duranteuma semana em amamentadoras); mudar deinstalações e (re)agrupar uma semana antesou uma semana depois do desmame; garantirque as instalações de transição têm cama secae suficiente; garantir aumento de consumo deração; minimizar as diferenças de idade sãoaspetos que devem ser equacionados.

Depois de ultrapassada com sucesso a fasede transição pós-desmame a vitela estará aptaa manter o seu ritmo de desenvolvimento,mas deverá ter-se em conta que apenas se tor-nará num ruminante pleno por volta dos seismeses de vida, estando nesta fase aindapouco capaz de digerir com eficiência a for-ragem, em particular quando esta é de pobrequalidade, o que se traduz frequentementeem distensões fibrosas do rúmen, disbioses,fracos crescimento associados ainda a mauestado do pêlo, que traduzem um status nu-tricional, vitamínico e mineral carenciado.Para controlar estes aspetos é essencial con-trolar o crescimento dos animais pelo menos

ao desmame, aos seis e doze meses e aoparto, não só mediante a monitorização dacondição corporal, mas também associandopelo menos um parâmetro de crescimentomúsculo-esquelético (exº. medição da alturaao garrote). Deverá ter-se presente que umaexcessiva condição corporal não é desejáveldevendo antes privilegiar-se o aumento depeso vivo pelo aumento de estatura.

Atualmente a longevidade média da vacaleiteira não ultrapassa as 3 lactações (Hare etal., 2006). A mortalidade média nacional atéao desmame situa-se em torno dos 19%, con-tra 11% de média europeia (EDF report,2012) e 8% nos EUA (NAHMS, 2007), al-cançando valores mais elevados em muitasexplorações. Até ao final da 1ª lactação sãorefugadas 15-20% das novilhas (Bach, 2011).Estes valores ilustram bem que não existemargem para erros quando falamos de recria.Por questões estruturais, na grande parte dasexplorações nacionais as novilhas são aloja-das a partir dos últimos meses de gestação ouapós o parto, com as vacas adultas (hierár-quica e fisicamente superiores), e submetidasa planos nutricionais que não têm em consi-deração que a sua capacidade de ingestão émuito inferior. Deste modo estamos a conde-nar os animais com melhor genética a sofrerbalanço energético negativo severo e prolon-gado, maior incidência de doenças puerperais(retenções, metrites, perturbações digestivas)e perturbações do retorno à ciclicidade ová-rica e qualidade dos oócitos produzidos. Tudoisto contribui para infertilidade prolongada erefugo por esta (e outras) causas (Brickell eWathes, 2011). A impossibilidade de mudareste aspeto do maneio sublinha ainda mais aimportância das novilhas alcançarem o pri-meiro parto até aos 24meses, com um peso eestatura que lhes permita ter a melhor hipó-tese de sobreviver até à 2ª lactação.x

GMDKg/d

IngestãoMS%PV

LeiteSubstg de MS

Leitereconstit.

L

Peso GanhoDesmame60 dias

EM,Mcal/d

PBg/d

PB % daMS dieta

EdiciênciaalimentarGMD/gM s

0,2 1,05 525 4,2 12 2,34 94 18,0 0,38

0,4 1,30 650 5,2 24 2,89 150 22,4 0,63

0,6 1,57 785 6,28 36 3,49 207 26,6 0,77

0,8 1,84 920 7,36 48 4,40 253 27,4 0,86

1,0 2,30 1015 8,12 50 4,80 318 28,6 0,87

Tabela 2: Necessidades nutricionais e eficiência alimentar para vitela de 50 Kg com leite de substituição, em termo-neutralidade: Equações de Cornell-Illinois modificadas – NRC (2001) (adaptado de Van Amburgh e Drackley, 2005).

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PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

26 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Calseagrit®e a sua utilização na nutrição de ruminantes

O Calseagrit® é um ingrediente natural, de origem marinha, que seapresenta sob a forma de pó, obtido a partir de uma alga micronisada,Lithothamnium calcareum, recolhida tradicionalmente ao longo dascostas oeste e norte da Bretanha.Esta alga micronisada é um ingrediente mineral e está autorizada emalimentação animal para todas as espécies (Diretiva CE 92/87).O interesse em nutrição animal do Calseagrit® reside na sua riqueza emCálcio, Magnésio, Ferro e Iodo, na sua excelente assimilação e pelo factode não reagir com outros ingredientes, minerais ou orgânicos, dosalimentos.

O Calseagrit® é um reservatório naturalde sais minerais, retidos pela filtração bio-lógica da água do mar, sendo rico em ma-crominerais e em 32 oligoelementos. Estesminerais fortificam, mineralizam e reequi-libram o organismo.A sua estrutura física apresenta uma ele-

vada microporosidade, sendo a sua super-fície específica superior a 10m2/g. Oprocesso de micronização aumenta aindamais a biodisponibilidade dos minerais doCalseagrit®.A sua elevada superfície de contacto per-

mite uma melhor eficácia digestiva por

parte dos sucos digestivos, aumentando acapacidade do organismo reter os mineraisdo Calseagrit®.

Devido às suas características físicas equímicas, o Calseagrit® possui um bomefeito tampão. A sua ação sobre o pH e asua elevada microporosidade, favorecem odesenvolvimento das bactérias ruminais.Beneficiando o ambiente microbiológico

do rúmen, permite ao ruminante valorizarmelhor os alimentos, limitando os riscos deproblemas metabólicos (acidose, déficeenergético) e ajudando o trânsito alimentar.

Lithothamnium calcareum

Imagem de Calseagrit® ampliada 1000x Imagem de Calseagrit® ampliada 3000x, mostrando odesenvolvimento bacteriano devido à sua porosidade

QUAIS AS PROPRIEDADES DO CALSEAGRIT®?

QUAIS AS MAIS VALIASZOOTÉCNICAS DO CALSEAGRIT®?

Devido às suas características físi-cas, químicas e biológicas, a utilizaçãoem nutrição animal do Calseagrit®apresenta muitas vantagens.

Estudos demonstram que a sua uti-lização aumenta a digestibilidade damatéria orgânica e da matéria azotadatotal.

Fração Controlo Calseagrit®

Matéria Orgânica 58,20% 60,20%

Matéria Azotada Total 57,90% 58,20%

Cálcio 17,40% 25.10%

Fonte: Station de La Bouzulle / Ecole NationaleSupérieure d’Agronomie Nancy 2006

Departamento Técnico Comercial Timac Agro \ Vitas Portugal

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ALIMENTOS MINERAISPARA ALTA PERFORMANCE

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A digestibilidade do Calseagrit®, assim como a biodisponibili-dade do cálcio e do magnésio, é superior à do carbonato de cálcioterrestre.

A sua influência no desenvolvimento da flora ruminal, leva aalterações na produção dos ácidos gordos voláteis (AGV) norúmen, responsáveis pelo fornecimento de 70% da energia ao ru-minante.

Tendo em conta todos estes factores, o fornecimento de Calsea-grit® aos ruminantes permite criar condições favoráveis a umamaior valorização do alimento fornecido. Devido à sua elevadaporosidade, o desenvolvimento da flora ruminal é estimulado,sendo assim a digestão favorecida. Por outro lado, o poder tampãodo Calseagrit® permite corrigir o pH do rúmen, diminuindo assimo risco de acidose, associado a animais de alta produção cuja ali-mentação se baseia em elevadas quantidades de concentrado, si-lagem de milho e pouca fibra estrutural.

CALSEAGRIT® E OS ALIMENTOS MINERAIS VITAS PORTUGALA Vitas Portugal, filial do Grupo Roullier em Portugal, conta

com uma experiência de mais de 30 anos na área da nutrição ani-mal e ao longo da sua história tem sempre desenvolvido produtosque vão de encontro às necessidades das diferentes fileiras da pro-dução animal.Tendo em conta a mais valia nutricional do Calseagrit®, a sua

incorporação nos alimentos minerais das gamas EUROBLOC eVITACOMPLEX, faz com que estes sejam produtos de excelên-cia na produção animal.A Vitas Portugal continua a defender uma busca permanente

de novas e mais adequadas soluções para os nossos clientes. Paramais informações e esclarecimentos, não hesite em contactar o

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

28 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Fração BiodisponibilidadeCálcio

BiodisponibilidadeMagnésio

Carbonato de cálcio terrestre 22 a 53% 26 a 48%

Calseagrit® 92 a 96% 85 a 94%

Fonte: Universidade de Uberlândia, Prof. De Melo, 2003

Carbonato de Cálcio terrestre Calseagrit®

Absorvido Retido Digestibilidade Absorvido Retido Digestibilidade

RB* 120g 14,1g 12% 120g 14,1g 12%

CC** 30g 12g 40% 30g 23,6g 79%

Fonte: Station de La Bouzulle / Ecole Nationale Supérieure d’AgronomieNancy 2006 (*Ração Base **Suplemento de cálcio )

Em mM/l Controlo Calseagrit®

AGV totais 104 107

Proporção dos AGV em % 10.1 11.3

Acetato (C2) 59.1 57.3

Propionato (C3) 20.2 21.1

Butirato (C4) 14.4 15.1

Fonte: Station de La Bouzulle / Ecole Nationale Supérieure d’AgronomieNancy 2006

Em março último, tiveram lugar, peloquinto ano consecutivo, as Jornadas doHospital Veterinário Muralha de Évora(HVME) em parceria com a Equimuralha. O evento juntou mais de 350 participan-

tes e contou com a particpação de váriospalestrantes especialistas nos temas pro-postos para esta edição, “Planeamento ePrevenção – o sucesso da produção pecuá-ria” (sala de animais de produção) e “Im-pacto da nutrição na saúde e bem-estar dosequinos”. À semelhança dos outros anos,o público destas jornadas foi constituídoessencialmente por criadores, médicos ve-terinários, cavaleiros, proprietários de ca-valos e estudantes.A adesão a este evento levou a que o

Hospital Veterinário Muralha de Évora e aEquimuralha apostassem num segundo diade jornadas dedicado a temas mais especí-ficos. No âmbito dos animais de produção,neste ano foi dado especial relevo às asso-

ciações de criadores de bovinos de carne ea várias empresas como a Prodivet, a Mel-pica e a Hipra, que apresentaram váriostemas relacionados com a alimentação e avalorização económica dos bovinos. Anível dos equinos, realizou se uma jornadacompleta dedicada à resistência equestre,actualmente a disciplina com maior cres-

cimento internacional. Ainda neste se-gundo dia, decorreram vários workshopsespecíficos para médicos veterinários, de-dicados ao controlo do parasitismo em ru-minantes (Zoetis), aos planos profilácticospara bovinos em extensivo (MSD) em ru-minantes e às patologias estomatológicase dentárias dos equinos.x

Jornadas veterinárias Aposta na formação em bovinos e equinos

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ATUALIDADES

30 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Ficou absolutamente claro quenenhum produtor de leite terá fu-turo se não produzir pelo menos50% da matéria seca alimentarpara o gado. Todos aqueles pro-dutores de leite que não dispõemde terra para produzir as suaspróprias forragens estão a venderas suas explorações, seja porquedesistem do negócio, seja porqueestão a deslocalizar as explora-ções para outros locais onde aterra está disponível e a preçossuportáveis.É unânime a opinião de que a

produção de leite só é sustentávelcom uma alimentação baseadaem forragens, em quantidade equalidade.Os produtores não esperam

subidas importantes do preço doleite. Consideram que a sua so-

brevivência decorre da sua capa-cidade de produzir de formamais eficiente.

Valeu a pena visitar a FeiraAgrícola de Tulare. Esta decorretodos os anos em Fevereiro e éum ponto de encontro da fileiraleiteira da Costa Oeste. O mundoagrícola está ali todo e bem re-presentado com toda a gama denovidades em produtos e servi-ços destinados à agricultura, semdúvida muito interessante.A feira integra um conjunto di-

versificado de colóquios sobretemas variados. Assistimos aocolóquio patrocinado pela revistaAgrícola Progressive Dairymansobre o estado da arte em relaçãoao programa de cruzamentos emraças leiteiras, a vaca Procross.

Palestrou o Professor Les Han-sen da Universidade do Minne-sota, reconhecido professor deciência animal e responsávelpelo desenvolvimento e acompa-nhamento dos diversos estudosjá efetuados ( na Califórnia) eoutros ainda a decorrer ( no es-tado do Minnesota) do efeito davalorização do Vigor Hibrido emvacas leiteiras, especialmenteno programa da vaca Procross.Les Hansen apresentou os tópi-cos principais sobre as causasque têm levado muitos produ-tores a nível mundial a optarpelo Crossbreeding para com-bater os altos níveis da consan-guinidade da raça Holstein quenos últimos anos se têm vindoa fragilizar cada vez mais nosvalores de saúde e longevidade

da raça Global.

Nos dias seguintes visitámosdiversas vacarias que usam oProcross há pelo menos 10 anose em que todas já possuem vacasF3 em ordenha. Algumas vaca-rias organizaram dias abertos efoi interessante verificar a formaaberta como respondiam a todasas perguntas que lhes iam sendofeitas pelas pessoas do nossogrupo. Daquilo que me foi dadover e ouvir, resumo em seguidaum conjunto de aspetos e frasesque me pareceram mais interes-santes sem critério de ordem. Emtermos globais o volume de leiteproduzido não tinha variado,mas os “sólidos no leite” sim. Aperformance reprodutiva erafrancamente boa, expressa em

Viagem de estudo à CalifórniaNotas de Viagem

José CaiadoMédico Veterinário, Dairy Consulting

“Desafiado pelo Carlos Serra aintegrar a viagem que a Ugenesorganizou com o objetivo deconhecer melhor a realidadeamericana do Crossbreeding, visitara Feira Agrícola de Tulare, bemcomo diversas vacarias (algumasluso-americanas) na Califórnia e noTexas, devo dizer que ter ido valeubem a pena.Deixo aqui umas quantas notassucintas sobre o que vi e algumasimpressões e reflexões a propósitoda produção de leite naqueles doisestados dos EUA.”

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ATUALIDADES

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 31

intervalos entre partos nos 12,5-13 meses. As vacas em transição(periparto) não têm problemas.Muito poucos casos de doençasmetabólicas e pouca despesa emmedicamentos.

Numa destas vacarias encon-trámos um Herd Manager Portu-guês, Mozart dos Açores, quenos dizia que “com estas vacasnão há que puxar um bezerro” eque já tinha dito ao patrão que,caso ele voltasse à Holstein, eledeixaria aquele emprego: “eu seio que é puxar bezerros, aqui nãotenho esse problema”.Uma das questões que a mim

me interessava particularmentesaber era a eficiência alimentar(EA). Vários nutricionistas medisseram que pela sua experiên-cia a EA era a mesma. No en-tanto estavam a decorrer testesnas explorações com grupos di-ferentes para quantificar even-tuais diferenças. Havia noentanto um conjunto de comen-tários repetidos em várias explo-rações em que se afirmava oseguinte: tendo em conta que asvacas cruzadas não perdem tantacondição corporal, não temosque fazer dietas com tanta ener-gia como para as Holstein puras.Foi também reiterado que as no-vilhas em recria necessitam dedietas menos energéticas, pois deoutra forma começam a engor-dar.Achei curioso o comentário de

um produtor (Jack Hoeskstra)que nos disse que com as cruza-das ele tinha tempo para “socia-

lizar com a família e os amigos”.Uma das criticas mais comuns ao

Procross dizia respeito ao facto deos animais mamarem uns nos ou-tros mas, respondiam que isso sepodia minimizar com alterações aoseu maneio alimentar quando jo-vens. E que também só se pode tra-balhar com os touros de topo, parase ter sucesso.

Foi com uma ponta de orgulhoque constatámos a importânciados produtores de leite de Ori-gem Açoriana na Califórnia. Elesrepresentam cerca de 40% daprodução de leite naquele Es-tado.Visitámos as explorações de

Mário Simões e Tony Mendonça,que não podiam ter sido melhoresanfitriões do nosso grupo. Mos-traram tudo o que o grupo quisver e saber com uma abertura ex-traordinária.No que respeita à alimentação,

foi curioso ver que na Califórniaas vacas não sabem o que é a“soja”. Por estar muito cara nãose utiliza. É substituída por colzae por massa húmida de milhodestilado proveniente das fábri-cas produtoras de bioetanol apartir do milho. Na Califórniausa-se uma panóplia de subpro-dutos agroindustriais com desta-que para a casca externa daamêndoa e os desperdícios do al-godão. Contudo, estas dietas ba-seadas em subprodutosencontram-se alicerçadas numaexcelente base forrageira com-posta por silagem de milho, detrigo e luzerna de boa qualidade.

Como forragem de inverno a si-lagem de trigo surpreendeu pelasua produção em grande escala.Em relação ao uso de luzerna osnutricionistas locais contactadosdisseram preferir a silagem aofeno. “Definitivamente”, diziameles, o objetivo é uma MS de40%. Menos de 35% implicaalto risco de contaminação porterra e “clostrídios”. Mais de45% faz perder folhas. Com a si-lagem de luzerna as vacas come-rão mais 10% MS que com fenoe conseguimos muita “proteínasolúvel” disponível para os arra-çoamentos.

O último objetivo desta via-gem era a visita a grandes vaca-rias de mais de 10.000 vacas, noTexas. Realmente nenhum dosparticipantes pensou alguma vezvisitar vacarias de tão grande di-mensão. E não foi sem algumaemoção e orgulho que visitámosa enorme e ultramoderna vacaria

de Sebastião Faria (portuguêsdos Açores) em Dumas, noTexas. Aí ele pretende juntar50.000 vacas em estábulo total-mente fechado e de ambientecontrolado usando a técnica cha-mada de ventilação cruzada.Neste momento a vacaria abrigacerca de 30.000 vacas em produ-ção com 3 carrosséis de 106 pon-tos, estando outros 2 emconstrução e em projeto, bemcomo novos pavilhões num in-vestimento de largas dezenas demilhões de dólares. Durante vá-rias horas percorremos os cercade 400 ha que ocupa apenas todaa área da vacaria.Muita coisa vimos todos e

muito fica por contar. Pelo queaconselhamos todos aqueles quepossam e queiram, vir a integraruma futura viagem àquelas para-gens, que nesta ocasião foi muitoproveitosa para todos, onde osprodutores de origem portuguesanos fizeram sentir em casa. x

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O stress térmico ocorre quando um animal tem calorcorporal excessivo e não o consegue libertar.

Isto ocorre pela combinação entre temperatura e humidade ele-vadas, que “anulam” o principal mecanismo de termorregulaçãodos mamíferos – evapotranspiração. As perdas causadas são difí-ceis de estimar, sendo referidas na bibliografia perdas de422€/vaca/ano, sendo atribuídas 80% dessas perdas às quebras deprodução e 20% relativos ao aumento dos custos relacionadoscom a saúde dos animais.

As vacas leiteiras, devido ao seu elevado metabolismo, entramem stress térmico em condições de temperatura e humidade maisbaixas que o Homem. De facto, numa situação de 30ºC e 60% dehumidade relativa (bastante frequentes no nosso país), já existeum risco moderado de ocorrência de stress térmico, conforme sepode observar na tabela 1.

O stress térmico reduz a performance produtiva, reprodutiva eimunitária da vaca leiteira.

Como sinais individuais de stress térmico temos a procura desombras ou locais frescos, arfar, salivação excessiva, respiraçãode boca aberta, falta de coordenação e tremores. Relativamente àperformance dos animais, ocorre uma quebra na ingestão, na pro-dução de leite, no teor butiroso, temos uma menor manifestaçãodo cio, menor taxa de conceção, e nos touros existe uma diminui-ção da quantidade do sémen produzido, assim como da sua qua-lidade (efeito que se prolonga até mais de 1 mês após o final daocorrência de stress térmico). O funcionamento do sistema imu-nitário também é comprometido, existindo maior suscetibilidadeàs doenças e menor resposta à vacinação.

Em períodos de stress térmico existe um aumento do risco deacidose ruminal. Os principais fatores na origem desta maior ocor-rência de acidose são: diminuição da ingestão total, com alteraçãoentre a proporção de forragens (diminuição) e os alimentos comhidratos de carbono rapidamente fermentescíveis (aumento); re-dução do efeito tampão da saliva (menor ingestão da saliva pro-duzida e menor quantidade de bicarbonato disponível no sanguedevido ao aumento da frequência respiratória). Adicionalmente,irá ocorrer uma alteração na flora microbiana ruminal com redu-ção da flora celulolítica. Todos estes fatores contribuem para uma

menor eficácia da conversão alimentar e consequentemente afe-tam a produção leiteira e/ou teor butiroso. Ocorrem também osproblemas tradicionalmente relacionados com acidose clínica ousubclínica, como a diminuição da saúde geral dos animais, infer-tilidade, problemas de patas e diminuição da longevidade dos ani-mais.

Devem ser implementadas medidas de maneio geral e adapta-ção das instalações de forma a reduzir o impacto do stress térmiconos animais. Também se deve proceder a um ajuste do maneioalimentar e da fórmula alimentar, de forma a assegurar a maioringestão possível, o melhor aproveitamento alimentar e evitar aacidose ruminal. Adicionalmente podem ser utilizados ingredien-tes como as leveduras vivas, óleos essenciais, especiarias e outrosextratos de plantas que favoreçam a ingestão, eficiência alimentare estabilização ruminal.

32 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

Stress térmico em vacas leiteiras

Índice de temperatura e humidade para vacas leiteiras

Sem Stress TérmicoRisco de Stress Térmico ReduzidoRisco de Stress Térmico ModeradoRisco de Stress Térmico ElevadoRisco de Stress Térmico Fatal

Humidade Relativa (%)

Temperatura (ºC)

Rui Cepeda, Médico VeterinárioServiços técnicos da Zoopan SA

André Silva, Médico VeterinárioServiços técnicos da Zoopan SA

Tabela 1

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34 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

Ensaio do produto IMUNO-RUMIINTRODUÇÃO

O objetivo principal deste ensaio foi determinar que vantagensexistiriam em termos de produção leiteira, na suplementação com100 g/vaca/dia de Imuno-Rumi da alimentação de vacas leiteiras,durante os meses de Verão.

O Imuno-Rumi é constituído pelos seguintes ingredientes:• Óleos essenciais específicos (a) e especiarias específicas (b)que favorecem a estabilização ruminal e o índice de conversão;• Extratos de plantas específicas (c) que aumentam a fidelizaçãodo animal ao alimento e reduzem os níveis de stress. • Adsorvente de micotoxinas (d) á base de alumino-silicatos,paredes celulares de leveduras e um potenciador das funçõeshepáticas.

CARATERIZAÇÃO DO ENSAIO

O ensaio foi realizado numa exploração com 296 animais emordenha e com 31 L de média diária de produção por vaca (valoresdo contraste de Julho de 2012).

Foi feita a administração de 100 g/vaca/dia de Imuno-Rumi entreos dias 18 de Julho e 30 de Agosto (inclusive). Essa administraçãoincidiu sobre 2 grupos de animais: o grupo das primíparas (NOV)e o grupo de alta produção (AP), que corresponde a multíparas eminício de lactação. Foi ainda monitorizado um terceiro grupo deanimais, não suplementado, e que correspondia a multíparas emfases mais adiantadas da lactação (MED). Os dados foram reco-lhidos entre os dias 3 de Julho e 15 de Setembro (75 dias).

Para os 3 grupos de animais foram registados os seguintesdados:

• temperatura ambiente no interior do pavilhão às 5h00• temperatura ambiente no interior do pavilhão às 15h00• produção média diária • ingestão média diária• número de animais• média de dias de lactação

A ingestão média diária foi estimada considerando a hora a par-tir da qual as manjedouras se encontravam sem alimento, levandoa um valor percentual em relação aos 100% definidos como 22.5kg de matéria seca para os grupos NOV e AP e como 21.5 kg parao grupo MED.

VALORES MÉDIOS OBSERVADOS

Ao longo de todo o período de estudo foram observados osseguintes valores médios (Tabela 2).

O registo dos dados ao longo doensaio permitiu estabelecer algumascorrelações entre parâmetros.

Observou-se que a ingestão diminuiucom o aumento da temperatura ambientepara os grupos NOV e AP mas não para ogrupo MED (figura 1).

Tabela 2. Valores médios observados ao longo do período do estudo

Valores médios NOV AP MED

Número de animais 76.3 52.8 81.4

Número de dias em lactação 150.3 56.5 275.9

Produção média por vaca (L) 30.3 40.4 29.1

Ingestão média por vaca (Kg MS) 22.7* 22.3

* Não foi possível estimar a ingestão do grupo NOV e do grupo AP em separado.A temperatura média às 5h00 foi de 17.0 ºC e às 15h00 foi de 31.9ºC.

18

20

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2825 30 35 40

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Temperatura 15:00

Ingestão (K

g)

NOV AP MED

ANÁLISE DESCRITIVA

Figura 1Relação entre a temperatura ambiente às 15h00 eingestão para os grupos NOV, AP e MEDrespetivamente.

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A análise estatística foi realizada através de modelos de re-gressão linear, de forma a avaliar quais as variáveis que expli-cam a variação observada na produção, e de que forma esta foiafetada pela produção. Os modelos compararam para cadagrupo, o período suplementado com o período não suplemen-tado. O modelo utilizado foi o seguinte:

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 35

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Da análise estatística e da análise descritiva, foi possível tirar as seguintesconclusões:

1. Considerando a produção leiteira em determinado dia e as condições de tem-peratura e ingestão desse mesmo dia, ao compararmos o período de suplemen-tação com Imuno-Rumi e o período sem suplementação, observou-se um efeitosignificativo sobre a produção leiteira para o grupo NOV (P<0.01) e para o grupoAP (P<0.01).

2. Considerando a produção de leite do próprio dia e fixando as outras variáveis,quando passamos de um período sem suplementação para um período com su-plementação com Imuno-Rumi, em média a produção estimada aumenta 0.79 Lpor dia Grupo NOV e 0.92 L por dia para o grupo AP.

3. A um aumento da temperatura às 15h, corresponde uma diminuição da ingestãonos grupos NOV e AP. No grupo MED, a ingestão foi pouco influenciada pela tempe-ratura às 15h. x

CONCLUSÕES

NOTA: A bibliografia utilizada, assim como um relatório completo do ensaio serãofornecidos a pedido.

Obs.:- (a) e (b) são os ingredientes incorporados no produto Oleobiotec®.- (c) são os ingredientes incorporados no produto VèO Premium®. - (d) são os ingredientes incorporados no Adsortox Polival Plus.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Yi = β0 + β1X1i + β2 X2i + + β3 X3i + + β4X4i + + β5 X5i

Yi = Produção média de leite (l) por vaca do Grupo jX1i = Temperatura do ar às 05:00X2i = Temperatura do ar às 15:00X3i = Nº de dias em lactação do Grupo jX4i = Ingestão (kg) do Grupo jX5i = Suplemento (0: sem suplemento, 1: com suplemento)Com i = 1, ..., 75 e j = {2,3,4}

Agradecimentos:A Zoopan agradece a colaboração do Prof. Doutor Ricardo Be-xiga e da Dr.ª Helena Pereira no tratamento estatístico dos dadose no delineamento do ensaio.

Page 38: Ruminantes 9

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

A objetividade na avaliação dos resultados zootécnicos (produ-ção de carne e leite) é dos pontos menos consensuais e esclareci-dos da produção animal. Selecionado o sistema, por exemplo, onível de proteína para uma determinada produção é indiscutível.No entanto a avaliação objetiva da eficiência ainda tem caminhoa percorrer sobretudo na produção de leite. Uns apostam no or-gulho de elevadas produções médias, outros focam a longevidadee ausência de problemas, e há ainda os que apostam em minimizarcustos alimentares ao extremo enquanto outros desvalorizam ocusto desde que as produções sejam boas em litros.

Como em muitos outros aspetos a virtude estará algures entreos dois pontos, e neste artigo veremos ainda que descobrir o equi-líbrio não é um dado geral para todos. Cada exploração é um casoque deve ser analisado, e para além disso os fatores que influen-ciam a eficiência não são estáticos, é aí que reside o desafio.

Inicialmente deve-se conhecer dois conceitos. O primeiro é aeficiência alimentar (EA) que resulta da simples divisão da pro-dução pela matéria seca ingerida. O outro é a eficiência alimentarcorrigida (EAC), que não é mais do que corrigir a produção deforma a obter um valor que leve em linha de conta os fatores va-riáveis. Este conceito parece complexo, mas não é. Por exemplo,uma vaca a comer 22.7 kg de matéria seca por dia e a produzir36.3 kg de leite, tem um valor fixo de EA de 1.6 independente-mente da quantidade de gordura no leite. Já este valor corrigido,tendo em conta a quantidade de gordura, faz variar 0.26 por cada1% de alteração na gordura (tabela 1).

Nas avaliações que devem ser feitas, controlar o Índice de leiteé dos valores mais importantes. O índice de leite é um valor queutilizamos nas auditorias para aferir a eficiência real. Tendo em

conta a gordura, a proteína, o estado de lactação e a percentagemde primíparas no lote.

De acordo com varias publicações, os valores de IL podem va-riar de acordo com a fase de lactação (Tabela 2) dentro dos limitesseguintes:

Na presença de valores abaixo dos recomendados para cada faseestamos na perante uma má eficiência alimentar. Pelo contrário,quando os valores estão acima do máximo recomendado, pode-mos verificar um emagrecimento excessivo das vacas e, por con-sequência, perda do estado corporal dos animais que normalmenteestá associado a problemas metabólicos e de fecundidade.

Outro parâmetro que utilizamos é a avaliação da eficácia ali-mentar por nutriente. O objetivo desta análise é comparar a pro-dução estimada (produção teórica permitida pelo arraçoamento)com a real. É esta etapa que permite ajustar o arraçoamento a nívelde quantidade e qualidade no que diz respeito a vários nutrientes,muitas vezes nutrientes que não parecem prioritários à primeiravista.

A eficácia energética e proteica é calculada com base na relação dasnecessidades pela produção exprimida e os aportes pela ração em (%).

Eficiência alimentar em produção de leite

Tabela 1

Gordura % EA (eficiência alimentar) EAC (eficiência alimentarcorrigida

3.0 1.60 1.473.5 1.60 1.604.0 1.60 1.73

Pedro Castelo,Engº Agrónomo, REAGRO SA [email protected]

Luís Veiga, Engº Zootécnico, REAGRO SA [email protected]

Pedro Castelo,Engº Agrónomo, REAGRO SA [email protected]

Luís Veiga, Engº Zootécnico, REAGRO SA

36 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Tabela 2: Valores de IL para cada fase de lactação

Fase de LactaçãoÍndice de Leite

Mínimo Máximo

Início 1,55 1,65Meio 1,40 1,55Fim 1,30 1,40

Standard (lote único) 1,40 1,50

IL (ÍNDICE DO LEITE) = (Quantidade de leite standard a 38 g/l de proteína

corrigido para o número de primípira) / Matéria seca ingerida

Page 39: Ruminantes 9

PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 37

Assim, é possível avaliar a parte dos nutrientes realmente va-lorizados através:

- da produção leiteira- pelos seus teores (TB e TP)- pelo crescimento das primíparas

Na presença de uma eficácia superior a 100 % significa que avaca produz mais do que a ração lhe permite. Ao contrário, o in-verso coloca em evidência um desperdício o qual deve ser anali-sado com o objetivo de encontrar a causa.

Finalmente, além das análises descritas anteriormente tambémé importante o tempo em produção durante a vida (TPV). Este pa-râmetro é calculado tendo em conta o tempo em produção sobrea duração de vida da vaca. Sendo este influenciado por vários pa-râmetros, tais como:

- Idade ao primeiro parto- Duração de lactação e de vaca seca- Longevidade (numero de lactações)

Para uma vaca cuja idade ao primeiro parto é de 24 meses e aexploração tem uma taxa de renovação de 25% (considerando umintervalo parto-parto de 400 dias e um período de secagem de 45dias) o valor TPV é de 61%. Isto significa que a vaca pas-sou 61 % da sua vida em produção real. Abaixo dos 60%significa que existe uma taxa de renovação excessiva,idade ao primeiro parto tardia e consequentemente custosde renovação muito altos.

A margem obtida entre o custo da alimentação e as re-ceitas de leite é um critério empírico e muito variável. Inú-meras vezes, deparamo-nos com critérios díspares emrelação à valorização das forragens, e isso tem toda a di-ferença. Um trabalho síntese da universidade do Wiscon-sin USA, 2010, estudou quatro fatores que influenciam aeficiência alimentar. A genética com o crossbreeding, re-gimes de baixo teor em amido, enzimas exógenas e óleosessenciais. A conclusão do mesmo trabalho aponta para al-terações de eficiências muito marcadas entre exploraçõesdas mesmas zonas. Concluem ainda que as variações de1.1 a 1.9 em EAC podem ter impactos superiores a 4€/Vaca/dia. Demonstrando ainda que a utilização de adi-tivos especiais influencia a eficiência alimentar especial-mente com custos de matérias-primas altos.

PONTOS A CONTROLAR:

1. Pesar e registar com rigor os alimentos ingeridospelos animais bem como as sobras da manjedoura.

2. Controlar diariamente a condição corporal dos dife-rentes grupos segundo níveis de produção, assegurandoque nem as vacas recém paridas perdem muita condição,nem as vacas em final de lactação sobem excessivamente.

3. Em caso de necessidade adaptar arraçoamentos aosgrupos, levando em linha de conta vacas de primeira lac-tação, dias em produção, produção e condição corporal.

4. Levar em linha de conta os fatores ambientais para ajustar aingestão.

5. Calcular a produção sempre com as produções corrigidas agordura constante.

6. Calcular a diferença na produção com base no número dedistribuições e comparar.

7. Apostar em forragens de qualidade. Mais de 50% de fibraneutro detergente (FND) num feno são 20% a menos de ingestão.Ou seja uma vaca pode comer cerca de 0.9% do seu peso em fibrade forragens, a diferença de um feno com 40 % de FND (fibraneutro detergente) para um feno de pior qualidade com 60% deFND é passar de uma capacidade de ingestão de 14.6 kg MSFNDf (fibra neutro detergente de forragem) a 9.7 kg MS FND.

• Realizar uma auditoria regular de forma a verificar se os va-lores IL e TPV se encontram dentro dos padrões e sugerir medidascorretivas. x

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As consequências destabaixa foram claramente algumaumento no consumo, uma vezque o preço do trigo se situafrancamente acima; a constitui-ção de stocks nos destinos, es-pecialmente em Espanha; euma diminuição da coberturadas compras, ou seja o mer-cado não aproveitou esta baixapara cobrir as necessidades dosmeses de maio, junho e julhopara enlaçar com as chegadasde milho da nova colheita bra-sileira em agosto.No lado das origens, espe-

cialmente na Ucrânia, esteefeito provocou um ritmo deexportações mais acelerado doque é habitual.

Qual é o efeito para os mesesde Primavera ?Na prática, estamos limita-

dos a uma origem competitiva,a Ucrânia, que pode não ter jámilho para chegar a agosto, oque fará com que os preços sepossam fortalecer mais oumenos drasticamente, contraum mercado comprador que na

sua maioria não fixou ainda assuas necessidades.Há assim indícios de que o

milho da colheita atual se possafortalecer na origem, indepen-dentemente do que faça a Bolsade Chicago que tende a refletirmais o mercado americano doque o ucraniano.

Há ainda um fator adicionalque poderá ainda determinarum pouco mais de pressãocompradora sobre a Ucrânia, ofacto de terem sido detetadosníveis anormalmente altos deaflotoxinas no milho sérvio quehabitualmente é exportado atra-vés da Bulgária/Roménia, eque determinará uma mudançade origem de uma parte dascompras feitas nestes países.

Quanto aos trigos, pensamosque se deverão manter nos re-gistos atuais até que a nova co-lheita comece a influenciar ospreços; sobre a nova colheitaainda não pesa nada de desfa-vorável, até agora está normalmas ainda faltam alguns meses

onde tudo de bom ou de maupode ocorrer.

Da cevada, temos na sua es-sência um comportamentomuito semelhante ao do trigo, eno caso português estamos afalar de dois cereais que têmum consumo quase residualface ao milho.

Mantemos ainda a ideia deque os consumos destes doiscereais, mesmo com a nova co-lheita sem nenhum problema,se manterão nos níveis atuais,que será necessário uma modi-ficação drástica nos preços parapoderem substituir o milho emlarga escala e que a pressão doconsumo de milho se manterá,grosso modo, nos níveis atuais.

No caso das proteínas, no-meadamente no bagaço de soja,a palavra de ordem é volatili-dade, se bem que numa tendên-cia algo baixista para quandochegar a colheita nova na Amé-rica do Sul, após a descidadrástica a que assistimos há al-

guns meses a que a oportuni-dade de compra aparece maisligada a um bom dia de Chi-cago e de euro/usd do que auma tendência clara. Pensamosque até ao Verão a situação nãodeverá ser substancialmentedistinta, pese o facto de nomercado nacional haver aindaalguma falta de físico.

Os outros bagaços devemacompanhar em traços largosas tendências da soja, ainda queo mercado do girassol possasair afetado e um pouco maisagressivo por uma boa e cres-cente colheita na Ucrânia. Nãoseria impensável que pudésse-mos ver alguma alternativa in-teressante a partir de agostovinda destas paragens; veja-sea "pressa" dos extratores euro-peus a fechar bagaço de colzade agosto até dezembro, prote-gendo a sua posição contrauma eventual investida do ba-gaço de girassol ucraniano.* x

OBSERVATÓRIOMilho"the special one"

Paulo Costa e SousaEngº. Agrónomo - Director Comercial da Louis Dreyfus Commodities - Portugal

* O bagaço de girassol ucraniano (ao contrário do nacional) é normalmente de 34% de proteína, o que concorre praticamente naparidade com o bagaço de colza também com 34% proteína.

Nos primeiros meses deste ano aconteceu alguma coisa que a maioria nãoestaria à espera: esperava-se um mercado de milho forte e, de facto, os preçostiveram uma baixa importante, quer a bolsa de Chicago quer o mercado físicodo Brasil e da Ucrânia.

ECONOMIA

38 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Page 41: Ruminantes 9

Evolução do preço médio de alimentos compostos para animais (em Euros/Tonelada) Fonte: IACA

Evolução do preço médio de matérias-primas (em Euros/Tonelada) Fonte: Site www.revista-ruminantes.com

Preços semanais (€/ton) de 14 de março 2011 a 15 março 2013

Milho Cevada

Trigo Bagaço de soja

Bagaço de colza

Novilhos de engorda Vacas leiteiras em produção

Bagaço de girassol

ECONOMIA

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 39

Page 42: Ruminantes 9

ECONOMIA

40 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Fontes: Boletim Mensal da Agricultura e Pescas fevereiro 2013; INE; Revista Alimentação Animal, nº 82; IFA; USDA – WASDE.

Em dezembro de 2012, a recolha de leite de vaca emPortugal teve uma diminuição de 3,6%, sendo que o vo-lume total de produtos lácteos produzidos apresentoutambém um decréscimo de 1,0% no mês em estudo.

Patrick Vanden Avenne, Presidente da FEFAC, na 55ªAssembleia Geral Anual Pública, em Bruxelas, refe-rindo-se às tendências globais dos mercados de alimen-tos compostos, desabafou: "Considerando a panorâmicageral, a nossa indústria tem que se acostumar ao con-ceito de viver perigosamente." Com a contração domercado e o clima de instabilidade económica mundial,manter os níveis de produção leiteira favoráveis é umdesafio.

Associada a essa incerteza, a intempérie de ventos ci-clónicos e chuvas intensas que se abateu sobre o nossopaís em janeiro, alagando culturas, saturando os terrenosituados em zonas baixas e nos solos mais pesados comproblemas de drenagem, impedindo a entrada das má-

quinas para a preparacao e realizacao das sementeiras,provocaram avultados prejuízos. Mais ainda, as forra-gens instaladas nas zonas mais baixas, e com drenagemmais deficiente, mostram alguns sinais de encharca-mento, embora que ainda dentro dos parametrosaceitaveis.

Não só Portugal, mas também países como a França,a Irlanda e o Reino Unido têm sentido a tendência ne-gativa de diminuição de produção devido às condiçõesclimáticas, diz a Comissão Europeia. Acrescenta aindaque a produção terá uma diminuição de 200 mil tonela-das para 124,1 mil toneladas.

A Rabobank afirmou que, contra as projeções de queo preço do leite se manteria firme no início do primeirotrimestre de 2013, o restabelecimento do preço do leiteestá a estabilizar.

A FrieslandCampina prevê um débil início de anopara produção leiteira na Europa oriental, em 2013.

Perspetivas do mercadoleiteiro

OBSERVATÓRIO

Page 43: Ruminantes 9

ECONOMIA

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 41

Esta multinacional holandesa afirma que a diminuiçãoda procura de bebidas e sobremesas lácteas e o aumentodos stocks são os grandes culpados, tendo uma signifi-cativa repercussão nos países exportadores, fazendocom que o mercado global se contraia até ao final dosegundo trimestre de 2013.

Porém, por um lado, contrário ao esperado, o USDAprevê um aumento no preço do leite nos EUA para2013, estimando um aumento na produção dos 614,7milhões de euros para 153,5 mil milhões de euros.

E, por outro lado, a FrieslandCampina acrescentouque a eficiência da produção leiteira europeia está de-pendente de fusões e aquisições, estratégia essa que visaa rentabilidade através de um mercado de luxo, en-

quanto também explora os mercados emergentes quetêm melhores perspetivas de crescimento.

Se os preços associados à alimentação animal e o cus-tos de reposição (refugo) diminuírem, a produção deleite pode estabilizar. Não existe grande espaço para in-vestimentos tecnológicos ou aumentos de efetivos. Podehaver um certo alívio após o primeiro corte de feno emais ainda na colheita dos cereais no próximo outono,caso o clima propicie o amadurecimento das culturas.Em algumas zonas do norte de Portugal, dado o bomdesenvolvimento das forragens anuais semeadas preco-cemente ja se efetuaram cortes para aproveitamento emverde e cujo contributo para a alimentacão dos efetivospecuários não é negligenciável. x

» PortugalLEITE À PRODUÇÃO

Preços Médios Mensais de janeiro 2012 a janeiro 2013Leite Adquirido a Produtores Individuais

Fonte: SIMA

MesesEur / Kg

Teor médio de matéria gorda

(%)Teor proteico (%)

Contin. Açores Contin. Açores Contin. Açores

2012

janeiro 0,324 0,312 3,81 3,67 3,26 3,16

fevereiro 0,322 0,311 3,83 3,63 3,25 3,17

março 0,315 0,296 3,74 3,63 3,25 3,20

abril 0,318 0,296 3,75 3,61 3,24 3,20

maio 0,312 0,299 3,71 3,65 3,21 3,19

junho 0,294 0,287 3,66 3,71 3,18 3,11

julho 0,293 0,285 3,65 3,70 3,18 3,09

agosto 0,294 0,290 3,66 3,80 3,19 3,09

setembro 0,288 0,317 3,69 3,87 3,23 3,13

outubro 0,292 0,320 3,78 3,94 3,30 3,17

novembro 0,312 0,324 3,91 3,98 3,37 3,23

dezembro 0,312 0,323 3,91 3,97 3,33 3,20

2013 janeiro 0,320 0,319 3,86 3,88 3,32 3,13

PREÇO DO LEITE STANDARDIZADO (1) Fonte: LTO

(1) Preços sem IVA, pagos ao produtor; Preço do leite de diferentesempresas leiteiras para 4,2% de MG e 3,4 de teor proteico • (2)Média aritmética(3) Ajustado para 4,2% gordura, 3,4% proteina e contagem decélulas somáticas 249,999/ml • (4) Inclui o pagamento suplementarmais recente

Países Companhia

Preço do leite

(€/100 Kg)JANEIRO2013

Média últimos

12 meses (4)

Bélgica Milcobel 34,79 30,95

Alemanha

Alois Müller 33,94 31,65

Humana Milchunion eG 33,11 31,06

Nordmilch 33,11 31,12

Dinamarca Arla Foods 32,92 33,17

Finlândia Hameenlinnan Osuusmeijeri 41,28 44,06

França

Bongrain CLE (Basse Normandie) 34,44 33,40

Danone 33,53 33,49

Lactalis (Pays de la Loire) 33,47 32,69

Sodiaal 33,76 33,51

InglaterraDairy Crest (Davidstow) 35,99 35,26

First Milk 33,09 32,02

IrlandaGlanbia 33,12 30,88

Kerry 33,16 30,44

Itália Granarolo (North) 41,21 40,69

HolandaDOC Kaas 33,23 33,46

Friesland Campina 34,65 34,60

PREÇO MÉDIO DO LEITE - OUTUBRO (2) 34,63 33,67

Suiça Emmi A.G. 46,05 46,64

Nova Zelândia

Fonterra 27,85 28,63

EUA EUA (3) 33,42 33,44

Page 44: Ruminantes 9

42 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Filosofando em Muês, a revolta das vaquinhas

OPINIÃO

Rui Cruz, Engº AgrónomoDIN S.A.

Há muito tempo atrás, havia um grupo de vaqui-nhas que pastavam livremente, produziam até10 litros no pico e eram ordenhadas à mão. Na

altura, só os abastados tinham posses para consumir oprecioso líquido. Há algum tempo atrás, as vaquinhasforam estabuladas e umas máquinas manuais ordenha-vam individualmente cada vaca e o leite continuava aser distribuído pelo real valor. Há pouco tempo atrás, asvaquinhas foram melhoradas geneticamente para pro-duzirem mais leite, passaram a ter Nutricionistas, Mé-dicos Veterinários, Indústrias de Alimentos Compostoselaboradas e Laboratórios tecnologicamente evoluídos.Surgiram as Associações de produtores, as Cooperativase todas as Instituições do Estado para controlo da hi-giene e qualidade do leite bem como a sanidade dos ani-mais e seu bem-estar. Os empresários agrícolas foramfinanciados e estimulados a aumentar as suas explora-ções agrícolas e o que é certo, é que hoje temos verda-deiros profissionais no setor leiteiro em todas as áreas.Nesse tempo, dito de “vacas gordas”, em que ainda seproduziam cereais em Portugal e não havia tanta espe-culação nas matérias-primas provenientes do estran-geiro, um kg de ração custava à volta de 15 cêntimos eo leite era vendido a 35 cêntimos, o que libertava o su-ficiente para cobrir todos os outros encargos e investi-mentos, bem como alguns imprevistos inerentes aosetor. Para manter estes padrões, as vacas tinham e têmde ter o máximo de conforto e atenção, bem como seremminimizados quaisquer fatores de stress.

Nos dias que correm, as margens libertadas estão des-fasadas, pois 1 kg de ração custa mediamente 40 cênti-mos o kg e o litro de leite vendido a 30 cêntimos nosúltimos dois anos. Os Empresários Agrícolas passarama viver escravizados para conseguirem fazer face à novarealidade e a restar praticamente a margem da venda dorefugo voluntário e involuntário tentando não ultrapas-sar os 30% do seu efetivo. Será a revolta das vaquinhasque viviam sem stress nas pastagens ou a reviravolta daglobalização? Não seria suposto interrogarmo-nos sobreo futuro do nosso setor e o que aí vem? Sabemos queestamos em crise, que há fome e haverá escassez de ali-mento a nível mundial. A quem vamos comprar e a quepreço os alimentos que necessitarmos? Será que o quecompramos no mercado atualmente é nacional e sinó-

nimo de qualidade ou somos impingidos com quasetudo o que é de outros países, de qualidade e valor ali-mentar inferior, que por esse motivo os torna mais ba-ratos? Será que, quando a fome chegar a sério a nívelmundial, os outros países nos vão vender algo paranosso sustento, mesmo que sejam sobras para enganara saúde? Será que ainda vivemos na ilusão que ainda es-tamos no tempo das “vacas gordas”, e que pelo caminhoque levamos, pelo menos, ainda tenhamos pão à mesa eum bom leite de qualidade, das nossas pastagens, dasnossas forragens, dos nossos cereais e possamos depen-der de nós e sermos auto suficientes? Que ironia do des-tino, tirámos as vaquinhas do pasto, não cultivámospasto para as ditas cujas e sentámo-nos à sombra do des-tino e de quem nos governa! Filosofando em Portuguêsou em Muês, que desperdícios fazemos nós no nossoPaís!

Quando os nossos produtores de leite se esgotarem degerir as migalhas e os quisermos de volta, já será tardede mais, pois é preciso gostar, ter espírito de sacrifício,ser um profissional dos 7 ofícios e fazer esforços que,hoje em dia, para começar de novo é inviável economi-camente. Bem hajam, todos vós que produzem riquezapara o País e boa sorte para os que espreitam uma opor-tunidade para lá chegarem. Felizmente ainda há Empre-sas Nacionais a apostarem em nós e no futuro, quercontribuir? Aposte e exija pelo seu bem-estar no futuro,exija produto comprovadamente produzido e embaladoem Portugal. x

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ATUALIDADESMUNDO

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 43

A Alltech Portugal informouque mais uma aluna portuguesaobteve uma boa classificação noPrograma Alltech Young Scien-tist 2012.Teresa Tavares, da Universi-

dade de Trás-Os-Montes e AltoDouro (UTAD), conseguiu o se-gundo lugar na Categoria de Li-cenciado da Europa Ocidental,com um trabalho científicosobre “O Efeito da Substituiçãode Minerais Inorgânicos comBioplex® e Sel-Plex® na Per-formance de Frangos e Quali-dade da Carcaça”.Resumidamente, o trabalho

científico consistiu em testar oefeito da substituição dos mine-rais inorgânicos por uma quan-tidade menor dos mesmos

minerais sob a sua forma orgâ-nica, utilizando os produtos Bio-plex (Zn, Cu, Fe, Mn) e Sel-Plexno alimento de frango industrial.Este efeito foi avaliado na per-formance produtiva e na quali-dade de carcaça. O grupo alimentado com mi-

nerais orgânicos contou com

menor mortalidade, melhor em-plumação e menor incidência delacerações de pele. Pôde aindaobservar-se um tom de verme-lho mais acentuado na carne dosanimais deste grupo, que poderáestar relacionada com o melhorefeito antioxidante deste tipo deminerais (nomeadamente do Se).Pôde-se concluir que é possí-

vel reduzir a incorporação deminerais através da utilização dasua fonte orgânica, mantendo aperformance dos animais, e con-quistando-se ainda benefíciospara a qualidade da carcaça e dacarne de frango.Pelo conquistado, Teresa Ta-

vares recebeu um prémio mone-tário no valor de $500 USD eainda uma medalha.

O Prémio Alltech YoungScientist é um projeto educacio-nal da Alltech a nível mundial.Para concorrerem aos principaisprémios, os alunos de graduçãoe pós-gradução só têm de apre-sentar um trabalho científicosobre um tema de agriculturacomo, por exemplo, ciência ve-terinária, nutrição, tecnologia dealimentação, desenvolvimentosagrícolas, entre outros.O programa oferece aos estu-

dantes a oportunidade de serempremiados pelas suas descober-tas e pesquisas científicas e con-correrem internacionalmente aomais alto nível.Já estão abertas as inscrições

para o ano de 2013/2014. Infor-mações: [email protected].

Alltech Young Scientist 20122ª lugar foi para aluna portuguesa

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Com o incremento da produção de milho-grão, também aumen-tará a disponibilidade de carolo de milho – um subproduto da co-lheita do milho-grão, que normalmente é deixado no solo, comomero desperdício sem valor, mas que pode constituir um recursomuito interessante e valioso, com diversas utilizações potenciais.

Sendo um subproduto da colheita do milho-grão, o carolo demilho não tem custos adicionais aos da cultura, a não ser equipa-mento específico para a sua recolha.

Diversas empresas de mecanização estão empenhadas em desen-volver equipamento de recolha de carolo, compatíveis com as atuaiscombines / ceifeiras-debulhadoras.

Produzindo-se em Portugal 1.000.000 ton/ano de milho-grão, es-tima-se que sejam deixadas no solo cerca de 140.000 ton/ano de ca-rolo de milho – que, em vez de desperdiçadas, poderiam seraproveitadas e valorizadas em diversas possíveis utilizações já refe-ridas, nomeadamente na alimentação de ruminantes, especialmenteem situações de carência de fibra efetiva.x

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

44 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Carolo de milhooportunidade (ainda) desperdiçada

Com a atual situação das matérias-primas alimentares, é previsível que venha a aumentar significativamente aprodução de milho-grão em Portugal, para mais de 100.000 ha de área cultivada.

São conhecidas diversas utilizações para o carolo de milho,tais como:• fonte de fibra alimentar para ruminantes• fibra alimentar em nutrição humana• absorvente para camas de animais domésticos e de produção• excipiente p/ indústrias farmacêutica e agro-química• abrasivo para limpeza de superfícies de edifícios• abrasivo p/ acabamento/polimento de peças metálicas• resinas para travões automóveis e fibra de vidro• solvente para refinação de óleos lubrificantes• produção de carvão vegetal / carvão ativado• produção de biocombustível / etanol• combustível para a produção de energia

Fonte: – www.feedipedia.org

Jerónimo Pinto, Engº Agrónomo, Eurocereal SA

Apresenta-se abaixo a valorização nutricional do carolo demilho (maize cobs) dada por Feedipedia

[email protected]

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PRODUÇÃO

46 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

A Barenbrug é um dos maiores produto-res mundiais de semente de luzerna.

A luzerna é a planta forrageira mais im-portante do mundo, fixa o seu próprioazoto do ar, é tolerante à seca, muito sabo-rosa para os animais e uma excelente fontede proteína.

Os estudos e ensaios realizados por estaempresa, comparando as suas variedadescom “ecótipos* baratos”, apresentam diver-sas vantagens a diferentes níveis, nomea-damente: a capacidade de adaptação adiferentes áreas onde se revelaram maispersistentes; a qualidade das sementes (pu-reza de germinação), e ainda um maior ren-dimento, persistência a longo prazo,resistência a doenças e seca, assim comomaior digestibilidade e proteína (qualidadeda forragem).

A COLHEITA – PONTOS A OBSERVAR

O corte requer uma gestão apropriada,devendo-se ter atenção aos seguintes fa-tores:

- a altura ideal para cortar é quando 5-10% das plantas estão em floração, que umnovo broto sairá da base do caule, mos-

trando que há reservas suficientes para re-brotar;

- cortes frequentes numa fase jovem daplanta podem esgotar a cultura (limitar acolheita), que irá diminuir a persistência(máximo 2 anos) e pelo menos dois cortespor ano a 5-10% de floração;

- a utilização de um corta-forragens con-

dicionador irá encurtar o período de campoe limita as perdas de folhas e portanto per-mite obter uma forragem mais rica em pro-teína.

- após um dia de tempo seco o produtoestá geralmente pronto para colher;

- deve-se comprimir o silo com cui-dado e fechar com plástico o mais cedopossível.

O SILO - PONTOS A OBSERVAR

O silo deve ser feito tendo em atenção al-guns parâmetros de pressão:

- peso elevado (> 10 ton)• usar um espalhador de culturas: máx.

15-20 toneladas máquina/MS/hora• camadas finas (max. 30 cm) x

Luzernaa fonte verde de proteína

VARIEDADE ECÓTIPO

VARIEDADE BARENBRUG

> Mais folhas> Menos caules> Planta mais saudável e forte

= melhor qualidade de forragem= maiores rendimentos

Gadanheira condicionador para luzerna

Corta forragens para luzerna

Page 49: Ruminantes 9

PRODUÇÃO

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 47

Há quanto tempo tem luzerna? Quantoshectares semeia?Imke Heida: Fazemos há 4 anos num totalde 36 hectares.

Que fatores analisou antes de decidirfazer luzerna?

Foi uma combinação de fatores, o tipo deterreno, o pH do solo, a disponibilidade efe-tiva de água e a proteína conseguida comesta cultura.

Como conserva a luzerna?Conservamos em silagem devido ao ele-

vado teor de matéria seca e ao menor des-perdício.

É uma cultura difícil, ou seja, exige mui-tos cuidados e mais horas de trabalhopor hectare que o milho?

Sim, não é uma cultura fácil. Enquanto omilho está no terreno aproximadamente 3meses, a luzerna está o ano inteiro, logoexige mais cuidados. Nesta cultura tem quese ter atenção ao pH do terreno, o terrenotem que estar inclinado para ambos oslados para que haja escorrimento das águas,principalmente no inverno (senão pode-secorrer o risco de a cultura morrer).

Qual é a fase mais delicada ou impor-tante da gestão desta cultura?

É efetivamente o corte, deve-se ter aten-ção ao estado em que a luzerna se encontra,pois não pode estar muito seca, para mini-mizar a perda de folhas que são muito maisricas em azoto do que os caules.

Como mede o interesse de uma varie-dade de luzerna?

Pelas análises à proteína.

Qual é a altura ideal para os diversoscortes da luzerna?

Quando a cultura tem em média 10% deplantas em floração.

Qual é a altura certa de enfardar a lu-zerna?

Enfardamos com aproximadamente 50%de matéria seca.

Tem alguns cuidados quando enfarda?Enfardamos geralmente de manhã, de-

pendendo do tempo.

Qual o perfil nutricional médio da sila-gem?

Temos em média 23% de proteína bruta.

Quantos cortes faz por ano? Qual a pro-dução anual média por hectare?

Fazemos 7 cortes por ano e a produçãomédia anual é de 14.000-17.500 ton de ma-téria seca.

Que quantidade máxima de silagem deluzerna utiliza por vaca e por dia?

Depende dos arraçoamentos que estamosa utilizar, é muito variável.

Qual é o custo por tonelada de produziresta silagem de luzerna?

Tem um custo de produção de aproxima-damente 0.035€/kg. x

Testemunho de um produtor de luzernaEntrevistámos Imke Heida, produtor de luzerna proprietário e gerente daBracamonte Agro-Pecuária, Lda.Situada na Herdade de Vale de Melão de Cima (freguesia de Igrejinha econcelho de Arraiolos), a exploração conta com um efetivo de 1.100 vacasde leite e 900 novilhas.

Page 50: Ruminantes 9

PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

A utilização de enzimas nos aditivospara silagem melhora a preservaçãodas forragens e podem melhorar o seuvalor nutritivo.No contexto económico atual, com su-

cessivas secas, às quais podemos adicio-nar a maior utilização de culturascerealíferas na indústria do etanol, o preçodos cereais aumentou exponencialmente,e as previsões para 2013 seguem a mesmatendência. Neste cenário, a preocupaçãodo agricultor passa por extrair o maiorvalor nutritivo das forragens produzidasna sua exploração. A silagem é uma boaalternativa de preservar erva, no sentidode a utilizar durante todo o ano, desde quebem manuseada e elaborada corretamente.Os especialistas da área aconselham viva-mente a utilização de aditivos para sila-gem acidificantes, que limitem as perdasnutritivas e o desenvolvimento de micro-rganismos indesejáveis (bactérias butíri-cas, etc.,..), dentro do silo. Sabia quecertos aditivos contêm também enzimas?E que estas enzimas, que inicialmenteforam adicionadas com o objetivo de fa-cilitarem o processo de acidificação,podem também ajudar a aumentar a Di-gestibilidade da forragem, e assim o seuvalor nutritivo? Os investigadores calcu-laram que, em média, as enzimas podemextrair a mais, por tonelada de silagem deerva, em energia limpa, o equivalente a 13kg de grão de trigo: um retorno de inves-timento enorme, se tivermos em conta opreço atual do trigo e a sua tendência decrescimento!

O que são enzimas?Enzimas são proteínas ativas presentes

em todas as células vegetais e animais, eque facilitam as reações bioquímicas; sãogeralmente descritas como sendo biocata-lisadores. Cada e todas as reações bioquímicas

ocorridas na natureza necessitam de enzi-mas. Estas são altamente especializadas ecada uma é responsável pela catálise deuma reação particular: existem milharesde enzimas diferentes no nosso corpo. Porexemplo, a digestão envolve uma grandevariedade de enzimas responsáveis porquebrarem cada uma das diferentes liga-ções químicas existentes em cada nu-

triente. As enzimas são utilizadas indus-trialmente em diversas áreas: panificação,vinho, indústria do papel, processamentode alimentos, alimentação animal…

Porque é que colocamos enzimas nosaditivos para silagem de erva?Na silagem, a preservação é assegurada

pela acidificação da forragem. Esta acidi-ficação ocorre devido à produção de ácidoláctico pelas bactérias lácteas, do mesmotipo das que estão presentes nos iogurtes.Para produzir ácido láctico, estas bactériasutilizam os açúcares simples (também de-signados hidratos de carbono solúveis), na-turalmente presentes na forragem. No

EnzimasValor demasiado elevado a pagar?

48 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Luís QueirósForage Additives Technical Support Manager Lallemand Animal Nutrition

Planta

Células da planta

Parede celular(fibra)

Acúcares livres quepodem ser utilizados

como substratopelas bactériasEnzimas

Moléculas açúcar

Celulose

As enzimas oferecem muito mais do que uma alternativa para a sua silagem!

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PRODUÇÃOALIMENTAÇÃO

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 49

entanto, a concentração destes açúcares éaltamente variável, dependendo da cultura,das condições de crescimento e colheita…A erva e as leguminosas (luzerna) são

geralmente pobres em açúcares solúveis.Neste caso, o conteúdo dos mesmos podeser um fator limitante, no sentido de obter-mos uma acidificação rápida e eficiente dosilo. Selecionámos um cocktail de enzimasnaturais responsáveis pela degradação dafibra da planta em açúcares simples (beta-glucanase, xilanase...) e adicionamo-las àsnossas bactérias lácteas. As ações combi-nadas destas enzimas na forragem permiti-rão a libertação de açúcares simples,provenientes da degradação da fibra daplanta, açúcares simples estes que podemser utilizados como substrato pelas bacté-rias lácteas, para abastecerem o processode acidificação.

Razões para a utilização de enzimasnos aditivos para silagem:Primeiro de tudo, como explicado ante-

riormente, as enzimas, pelo facto de liber-tarem açúcares simples da planta,melhoram e aceleram o processo de acidi-ficação da silagem.

Mas o efeito das enzimas não acabaaqui: devido à fibra da planta ser “ata-cada” no silo, a silagem verá a sua diges-tibilidade aumentada para o animaltambém. Sabemos que a fibra da plantarepresenta mais de 50% da energia dispo-nibilizada à vaca, e que a sua digestão éfruto do trabalho da flora microbiana dorúmen: esta digestão leva tempo e nuncaé 100% completa. As enzimas permitemuma pré digestão das fibras da forragem,e como resultado a fibra indigestíveltorna-se disponível para os microrganis-mos do rúmen: ela torna-se digestível! Osinvestigadores calcularam que, em média,a utilização de enzimas aumenta a energialíquida (NEL), em cerca de 26 Mcal/tone-

lada de Matéria Seca. Comparando com,por exemplo, o trigo, este acréscimo ener-gético representa um beneficio substancialde 13,1 kg/trigo, por tonelada de silagem.Mais precisamente, este efeito é refletidona análise da silagem pela redução dafibra indigestível e aumento dos hidratosde carbono solúveis. O gráfico apresen-tado abaixo revela o efeito das enzimasna digestibilidade da forragem, tal comoé demonstrado em diversos ensaios con-duzidos com o inoculante LALSIL® PS(nb. as mesmas enzimas são encontradastambém no inoculante LALSIL DRY).Este efeitos permitiram aos inoculantescontendo estas enzimas o reconhecimentooficial do organismo alemão DLG como“melhorando a digestibilidade da sila-gem”. Finalmente, o terceiro benefício da uti-

lização de enzimas na silagem de ervaprende-se com a redução de efluentes.Pelo facto das enzimas permitirem uma“abertura” das células da parede celular, acelulase e hemicelulase aumentam a su-

perfície de absorção dos efluentes pelaplanta, limitando as perdas de nutrientes.Assim, mais nutrientes ficam retidos nosilo, permanecendo disponíveis para osanimais. Este efeito é bem conhecido edocumentado no Reino Unido, comoexemplo.

O inoculante LALSIL PS/DRY pro-videncia cerca de um grama de enzi-

mas por tonelada de forragem, comoé que pode então ter um efeito signifi-cativo?As enzimas trabalham a uma concentra-

ção extremamente baixa, e o nosso obje-tivo é digerir alguma da fibra da planta,não toda ela! Na prática, a quantidade deenzimas presente por tonelada tratada foiprecisamente definida para assegurar queos benefícios (fermentação, digestibili-dade e redução de efluentes) sejam óti-mos, sem destruir a estrutura da planta,tão necessária para uma ruminação efi-ciente e saudável. Outras indústrias, comoa da panificação, vinificação, etc., utili-zam níveis similares de enzimas com re-sultados muito consistentes.

Se as enzimas são moléculas ativas,elas continuam a trabalhar no silo, e sesim, por quanto tempo?Como qualquer atividade biológica, a

ação das enzimas está dependente dascondições ambientais físico-químicas. Porexemplo, cada enzima tem um pH ótimode atividade. Nem todas as celulases e he-micelulases têm o mesmo, e nem todasestão adaptadas ao ambiente ácido das si-lagens. Quando selecionamos as enzimaspara a formulação dos nossos inoculantes,asseguramo-nos que estas estão bemadaptadas às condições silageiras, e quese mantêm ativas durante todo o períodode fermentação. Quando a fermentaçãotermina, as enzimas encontram-se natural-mente desativadas e degradadas.

Os inoculantes que contêm enzimassão mais caros?O custo será um pouco mais elevado

mas o Retorno de Investimento (baseadono exemplo trigo, acima descrito), é supe-rior a 5:1. Entre 2011 e 2012, este benefí-cio aumentou em cerca de 30%, devido aoaumento do preço dos cereais. Se consi-derarmos as previsões para 2013, parece-nos que o benefício económico para esteano será ainda maior!

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PRODUÇÃO ALIMENTAÇÃO

50 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Disponibilidade de silagem Fechar o silo de milho na altura da silagem de erva?

Luis Marques,STC Nanta – Portugal

Muitos produtores usam silagem de ervaem determinado período do ano, normal-mente porque não têm silagem de milho su-ficiente para usar como forragem basedurante todo o ano. Este tema é interessantee pode ser analisado do ponto de vista téc-nico e financeiro. Ou seja, é tecnicamenterecomendável usar silagem de erva em con-junto com a silagem de milho, ou devemosdar em separado? É rentável fazer silagemde erva? A que preço se torna interessante?

Neste artigo apenas vamos abordar o as-sunto do ponto de vista “técnico nutricio-nal”, deixando o financeiro para outraoportunidade.

Como se sabe, Silagem é um método deconservação das forragens húmidas por aci-dificação do meio, ou seja, na ausência dooxigénio a flora aeróbia é inibida e as bac-térias lácticas presentes nas forragens trans-formam os açúcares em ácido láctico,baixando assim o pH da silagem e permi-tindo que os nutrientes presentes nas plan-tas se preservem ao longo do tempo.

Tecnicamente, parece-me ser indiferenteusar qualquer dos sistemas, apenas silagemde erva ou silagem de erva e milho. A decisãodepende exclusivamente das condições exis-tentes na exploração para manter dois silosabertos e manter a qualidade da forragem.

Para ter dois silos abertos há que garantira continuidade da qualidade da silagem, istoporque se a frente do silo for larga e se se re-tirar pouca quantidade de silagem por dia,porque se tem um numero reduzido de ani-mais, ocorrem as fermentações indesejáveis

dada a presença do oxigénio, promovendo aputrefação. Neste caso, na minha opinião, épreferível usar um silo de cada vez com pla-nos alimentares distintos, isto para minimi-zar a probabilidade de fornecer aos animaisforragens que terminam por ficar com poucaqualidade. Uma boa prática usada para man-ter a qualidade da silagem é pulverizar afrente dos silos com ácidos orgânicos, sendoos mais usados o ácido fórmico, o ácido pro-piónico e o ácido láctico.

Paralelamente à conservação do silo epara que o plano nutricional seja definidocorretamente e resulte nos objetivos deter-minados, temos que analisar o perfil nutri-cional de cada silagem, retirando umaamostra representativa de cada silo e, de se-guida, enviá-la para o laboratório. Esteponto é muito importante para podermosminimizar o impacto da variação da com-posição das mesmas. Esta variação pode terorigem em erros obtidos por amostras quenão são representativas, ou em erros de ana-lítica (NIR mal calibrado), que também são

frequentes. Depois de conhecidas as cara-terísticas analíticas, elabora-se uma dietasegundo as quantidades disponíveis ani-mal/dia e o seu interesse nutricional. Esteúltimo passo é imprescindível para se cons-truir o perfil nutricional do concentradoque, este sim, será muito diferente nos doissistemas em discussão. Em muitos casos,em que o processo não é bem feito, o ali-mento que chega a ser ingerido pelas vacasnada tem de comparável com a dieta pro-posta pelo consultor.

Não nos podemos esquecer que, quandoa dieta é alterada teremos sempre que con-tar com um período de adaptação da floraruminal ao “novo alimento”.

Resumindo, podemos dizer que a utiliza-ção, em conjunto ou em separado, das duassilagens em causa não limita a quantidadee a qualidade de leite produzido porvaca/dia, desde que se consiga conservarcorretamente os silos abertos, ter análisesde forragens que sejam fiáveis ao que estános silos, ter a possibilidade de construirum concentrado personalizado para a reali-dade da exploração em causa e assim, cons-truir uma dieta com os nutrientesnecessários para atingir os objetivos produ-

Uma questão que se coloca a muitos produtores é se devem fechar o silo demilho na altura em que começa a ter disponibilidade de silagem de erva.

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Os herbicidas são atualmente o principalrecurso económico para controlar as infes-tantes e o desenvolvimento das infestantesresistentes aos herbicidas é um grave pro-blema da agricultura moderna.A resistência aos herbicidas é a capaci-

dade hereditária de uma determinada popu-lação de infestantes suscetíveis resistir à

aplicação de um herbicida e completar oseu ciclo de vida, quando o herbicida estáser utilizado na dose recomendada, numasituação agrícola normal. Muitas vezes,transforma-se num grave problema quandoé exercida elevada pressão de seleção sobreuma população de infestantes, durante vá-rios anos. Pode ser o resultado do uso repe-

tido do mesmo herbicida, ou de vários her-bicidas com o mesmo modo de ação e estáfrequentemente associada à monocultura,bem como à redução das práticas culturais. Qual a melhor forma de combater a re-sistência das infestantes? Diversidade. Diversidade é o futuro.A chave para a gestão das resistências é

52 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

PRODUÇÃO PROTEÇÃO DE PLANTAS

Diversidade é o FuturoA resistência das infestantes aos herbicidas

Engº Jorge Matias, Gestor de CulturasBayer CropScience

[email protected]

“Um monstro que está à espreita nos nossos campos, escondendo-se entre as infestantes que crescem nas nossasculturas. Uma grave e crescente ameaça para a agricultura, que todos nós conhecemos. Com a utilização, ano apósano, de herbicidas com o mesmo modo de ação e com a redução das práticas e rotações culturais, continuamos

apenas a ignorar e a agravar o problema.”

População normal Após selecção regular População resistente

Imagem 1 - Processo de desenvolvimento de uma população de infestantes resistentes, através de selecçãoherbicida, de forma repetida e regular

Veja o vídeo: “Diversidade é o Futuro” em:www.bayercropscience.pt.

a redução da pressão de seleção atravésda combinação de diversas técnicasagronómicas.

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54 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

PRODUÇÃO PROTEÇÃO DE PLANTAS

Técnicas de controlo daresistência das infestantesA Gestão Integrada das Infestantes envolve a utilização de um

conjunto de técnicas de controlo que abrange métodos físicos, quí-micos e biológicos de uma forma integrada, sem demasiada de-pendência de nenhum dos métodos em particular, e deve ser usadacomo uma ferramenta de prevenção e gestão das infestantes re-sistentes aos herbicidas. O objetivo é reduzir a pressão de seleçãoe prevenir a dominância de infestantes resistentes numa determi-nada população.

1. Diversidade em práticas culturaisConsidere as práticas culturais mais adequadas que possam re-

duzir a densidade das infestantes: o controlo mecânico das infes-tantes, a escolha da variedade, sementes certificadas com elevadopoder e vigor germinativo, a melhor época de sementeira, a den-sidade recomendada, etc.

2. Diversidade na rotação de culturasProduzir a mesma cultura, ano após ano, no mesmo campo, vai

estimular inevitavelmente o desenvolvimento e a propagação deinfestantes resistentes. Para manter as infestantes sob controlo,deve praticar a diversidade na rotação de culturas. A rotação entrediferentes culturas de Outono-Inverno e de Primavera-Verão, é amaneira mais eficaz e sustentável de praticar a gestão integradadas infestantes resistentes.

3. Diversidade no uso de herbicidasA aplicação repetida e regular de herbicidas com o mesmo

modo de ação pode provocar o desenvolvimento de biótipos re-sistentes de algumas infestantes indicadas como suscetíveis. Paraevitar este fenómeno recomenda-se proceder à rotação das cultu-ras, das práticas culturais e, de preferência, proceder à alternânciacom herbicidas de diferentes modos de ação. Uma vez que exis-tem muitos herbicidas com o mesmo modo de ação, mudar apenasde produto pode não ser grande ajuda. Poderá ter que mudar paraum herbicida com um modo de ação completamente diferente, oumesmo ter que misturar herbicidas com diferentes modos de açãocontra as infestantes mais difíceis de controlar.

Diversidade no uso de herbicidaAlternância de modos de açãos

Quadro resumo com as substâncias ativas dos principais herbicidas registados em Portugal paracombate às infestantes da cultura do milho, agrupadas por diferentes modos de ação (cores diferentes).

Produto Substância ativa Grupo químicoModo de ação

Processo fisiológico inibido Enzima (abreviatura)

Grupo HRAC

Option

Adengo*

foramsulfurãoflorasulamenicossulfurãorinsulfurãotiencarbazona-metilo

SulfonilureiasTriazolopirimidinaSulfonilureiasSulfonilureiasSulfonilaminocarboniltriazolinona

Biossíntese dos aminoácidosBiossíntese dos aminoácidosBiossíntese dos aminoácidosBiossíntese dos aminoácidoBiossíntese dos aminoácidos

ALSALSALSALSALS

BBBBB

Adengo*

Laudis

isoxaflutolmesotrionasulcotrionatembotriona

IsoxazolTricetonaTricetonaTricetona

Biossíntese dos carotenóidesBiossíntese dos carotenóidesBiossíntese dos carotenóidesBiossíntese dos carotenóides

4HPPD4HPPD4HPPD4HPPD

F2F2F2F2

2,4Ddicambafluroxipir

Ácido ariloxialcanóicoÁcidos benzóicoÁcido piridinocarboxílico

Desenvolvimento CelularDesenvolvimento CelularDesenvolvimento Celular

"IAA""IAA""IAA"

OOO

Aspect

dimetanamida-ps-metalacloroflufenacete

CloroacetamidaCloroacetamidaOxiacetamida

Divisão CelularDivisão CelularDivisão Celular

VLCFAVLCFAVLCFA

K3K3K3

Aspect

Buctril

terbutilazinabentazonabromoxinil

TriazinaBenzotiadiazinonaHidroxibenzonitrilo

Fotossíntese (fotosistema II)Fotossíntese (fotosistema II)Fotossíntese (fotosistema II)

PD1PD1PD1

C1C3C3

*O Adengo encontra-se em fase final de registo naDGAV.

Fonte: HRAC (www.hracglobal.com)

A Bayer CropScience oferece a verda-deira alternância de soluções herbici-das para a cultura do milho, emdiferentes épocas de aplicação: 4 gru-pos químicos diferentes, 4 diferentesmodos de ação.

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Page 57: Ruminantes 9

ATUALIDADESMUNDO

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 55

EspanhaEntregas de leite de ovelha e cabraO governo espanhol aprovou um novo Decreto Lei que

regulamenta a entrega de leite de ovelha e cabra. A partir deagora, existem declarações obrigatórias de carácter mensalpara os compradores, e anual para os produtores.Em Conselho de Ministros foi aprovado um novo Decreto

Lei, que regula as declarações a efetuar pelos compradorese produtores de leite e produtos lácteos de ovelha e cabra.Esta normativa permitirá dispor de informação atualizadasobre os volumes de entregas realizadas aos compradores,tornando-se numa ferramenta que importante para dar “cla-ridade” ao sector. Esta normativa permite dispor de maiorinformação sobre o numero de operadores que participamnas relações comerciais do leite e sobre os volumes entre-gues e os preços pagos aos produtores.Com isto pretende-se garantir uma maior transparência e

uma maior confiança para toda a cadeia de produção de leitecru de ovelha e cabra.

Pássaros “ladrões” de raçãoUm estudo realizado pelo APHIS (uma agência da Secre-

taria Americana da Agricultura) publicado na edição de no-vembro de 2012 do Journal of Dairy Science analisa amagnitude das perdas de ração causadas pelos pássaros quevivem nas explorações leiteiras. O estudo consistiu num in-quérito realizado em vários estados americanos.De acordo com os resultados relatados, as explorações

com até 1.000 aves terão consumido 2,8% da ração anualgasta. Nas explorações com 1000 a 10.000 aves terá sidoconsumido 5,5% do gasto anual em rações. As perdas eco-nómicas anuais foram estimadas em 9.400 e 22.400 dólares,respetivamente.

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PRODUÇÃO

56 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Automatização da ordenhaSistema de postdipping e backflush automatizado. Vale a pena?

Para alcançar a modernização no setor leiteiro é necessário associar, aos métodos atualmenteutilizados, a tecnologia mais recente ao serviço do produtor. A automatização da rotina deordenha pode poupar tempo e diminuir o impacto do fator humano que, por vezes, é difícil decontrolar ou melhorar. Porém, há que comparar os resultados obtidos com a metodologiaconvencional para poder tomar uma decisão correta e consciente da realidade.

Exploração A

Sara Cabaço,Estudante de Mestrado em Medicina Veteriná[email protected]

Neste estudo pretendeu-se avaliar o impacto da instalação deum sistema de aplicação de postdipping e backflush de lavagemde tetinas automatizado (ADF milking® - www.adfmilking.com)em duas explorações leiteiras com cerca de 350 animais em lac-tação e salas de ordenha de saída rápida (em espinha de peixe2x12 e paralela 2x20).

Este sistema aplica automaticamente o desinfetante nos tetosapós a ordenha, quando o vácuo é desligado, sem intervenção doordenhador. De seguida, os retiradores automáticos recolhem astetinas e inicia-se a lavagem interior das mesmas com ciclos desolução aquosa de ácido peracético e ar comprimido. No total oprocesso demora cerca de 25 segundo e ao terminar, as tetinas en-contram-se lavadas e desinfetadas para serem aplicadas, nova-mente, na vaca seguinte.

Foram analisados vários parâmetros antes e depois da colocaçãodo sistema ADF, na tentativa de determinar a eficácia e mais-valiadeste sistema, nomeadamente:

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CCS) NO LEITE DO TANQUE E TAXA DE NOVAS INFEÇÕES (MASTITESCLÍNICAS E SUBCLÍNICAS)

Analisadas mensalmente e feita a comparação com o mês ho-mólogo do ano anterior à instalação (durante 12 meses na explo-ração A e 10 meses na exploração B). Considerou-se uma nova

infeção quando uma vaca apresentava pelaprimeira vez, em dois meses consecutivos,CCS superiores a 200.000/ml.

Na vacaria A, a contagem mensal de célulassomáticas no tanque diminuiu, em média, 24%e na vacaria B, 15%, em relação ao mesmo pe-ríodo antes da instalação do ADF milking®.

A redução da taxa mensal de novas infeções foi de 3 pontospercentuais na exploração A e nula na exploração B. Durante operíodo de estudo após a instalação do dispositivo foram imple-mentadas outras medidas nas duas vacarias, como a mudança paracamas de areia e um acompanhamento e formação na rotina deordenha, que podem ter contribuído cumulativamente para estesresultados.

100%

80%

60%

40%

20%

0%Exploração B

Antes da instalação(100% CCS)

Após a instalação(-24% e -15% CCS)

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PRODUÇÃO

58 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

TEMPO DE ORDENHA E GRAU DE COBERTURA DOS TETOS PELO DESINFETANTE

CONTAGEM DE MICRORGANISMOS NO INTERIOR DAS TETINAS

Esta contagem foi feita com a passagem de uma zaragatoa nasuperfície interior da tetina e posterior sementeira em laboratório(24h a 37ºC em plate count agar) antes da instalação do sistemae, novamente, depois da instalação e funcionamento do mesmo.

Antes da instalação do ADF milking® cerca de 84% das tetinasanalisadas tinham mais de 1000 colónias de bactérias por ml, oque representa um potencial risco de contaminação. Com a desin-feção das tetinas automática (backflush) em funcionamento, ape-nas 19% das tetinas analisadas registaram valores superiores a 10colónias/ml.

A1

18%16%14%12%10%8%6%4%2%0%

A5

Equipas de ordenha

B1 B2

Redução no tempo de ordenha(desde a entrada da primeira vaca até à saída da última)

Sementeira da superfície interior de tetinas muito contaminadas, após 24h de in-cubação a 37ºC (em agar sangue à esquerda e em plate count agar à direita).

Estes valores foram medidos em duas ordenhas de equipas di-ferentes, antes e depois da instalação do dispositivo. Para classi-ficar a cobertura dos tetos pelo desinfetante foi usada uma escalavisual de 1 a 4, como se pode ver na imagem (vista traseira doúbere), em que 1 – não aplicado (quarto anterior esquerdo), 2 –extremidade do teto não protegida (quarto posterior direito), 3 – extremidade do teto protegida mas a cobertura do teto é infe-rior a 60% (quarto anterior direito) e 4 – cobertura adequada(quarto posterior esquerdo).

A cobertura dos tetos pelo desinfetante quando aplicado auto-maticamente, melhorou numa das equipas, principalmente nostetos traseiros, sendo que a média passou de 3,19 para 3,43. Nasrestantes equipas, a cobertura dos tetos pelo desinfetante piorou,em média, 0,25 pontos.

O tempo total de ordenha diminuiu em todas as equipas, desde ummínimo de 1% até um máximo de 16% menos de tempo de ordenha,consoante a equipa de ordenhadores.

TEOR DE IODO NO LEITE DO TANQUE

Esta avaliação foi feita recolhendo leite do tanque de refri-geração antes da instalação do sistema e aproximadamente ummês após a instalação do mesmo. A concentração de desinfe-tante no leite do tanque aumentou, aproximadamente para odobro nas duas explorações, mas continuou longe dos limitesmáximos recomendados pela Organização Mundial de Saúde(OMS) que é de 0,5mg/L.

CONCLUSÃO

A utilização do dispositivo ADF milking® reduziu o número demicrorganismos nas tetinas. Desta forma, poderá contribuir naprevenção da transmissão de agentes de mastites na sala de orde-nha e, consequentemente, na diminuição da CCS no leite. O tempode ordenha pode ser significativamente reduzido e a cobertura dostetos pelo desinfetante pode melhorar ou piorar, consoante a formade trabalhar de cada equipa. A utilização do dispositivo não afetouo cumprimento do limite máximo recomendado de iodo presenteno leite. x

AgradecimentosAos produtores das duas explorações e a todos os ordenhadores que colabo-raram e contribuíram para a realização do estudo, ao Prof. Dr. Ricardo Be-xiga e à Dra. Ema Roque (ConsulPec) pelo apoio e orientação e aoLaboratório de Microbiologia da FMV-UTL, em especial à Técnica CarlaCarneiro, um grande bem-haja.

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PRODUÇÃO SAÚDE ANIMAL

60 Ruminantes • abril | maio | junho • 2013

Colostro e PneumoniasAndré Pires Preto, Médico Veterinário, Serviços Técnicos MSD Saúde Animal [email protected]

A duração da imunidade de origem ma-ternal, não é igual em todos animais, e de-pende da carga infecciosa presente naexploração. Este ténue equilíbrio pode serafetado pela redução do nível base de de-fesa, que é conferido via colostro. En-quanto não há dúvidas das consequênciasda falha de encolostramento frente aagentes específicos das diarreias neona-tais (E. coli, Coronavírus e Rotavírus), omesmo não era conhecido para os agentesinfecciosos da chamada síndrome respira-tória bovina. (Figura 1)

Existiam algumas referências para aproteção de surtos de pasteurelose, masem ovinos (Cowan, 1982; Jones et al,1989), foi possível apenas em 2010 de-monstrar essa passagem de imunidadefrente à Mannheimia haemolytica (Makos-chey et al., 2010).

Tendo em conta que a existe uma relaçãoquase causal entre “não toma de colostro”e existência de diarreias neonatais, o que severifica no campo, é que também existeuma relação entre diarreia neonatal e ocor-rência de pneumonias. Por dois motivos:

A baixa de defesas em relação às diar-•reias, afeta o estado geral do animal ereduz a eficácia no combate a outrasdoenças;Mas mais importante é a baixa passagem•de imunidade de origem maternal, reduztambém o aporte de defesas específicaspara agentes que causaram pneumonias.

Na prática, como consequências diretasdesse estudos e do conhecimento prático decampo que os profissionais de saúde pos-suem, existe a possibilidade de ajuste dosprogramas de vacinação para pneumonias,no sentido de aumentar os títulos de prote-ção conferidos pelo colostro. Partindo doprincípio que todo o maneio do colostroserá feito de acordo com o recomendado.x

Na sequência dos artigos anteriores, sobre as boas práticas deencolostramento, quer ao nível da mãe, quer ao nível do vitelo, ondeprocuramos construir os pilares fundamentais para a cria e recria de umvitelo (macho ou fêmea).

BRSV + PI-3 e Mannheimia haemolytica – os trêsagentes mais específicos de pneumonias.

BVD – devido à quebra de defesas que provoca,além das consequências nefastas na reprodução epossibilidade de formação de animais persistente-mente infetados (PI).

BHV-1 – mais conhecido como IBR, que provoca le-sões no trato respiratório superior, além da possibili-dade de patologia reprodutiva.

0 100 200 300

PI-3

BRSV

BHV-1

BVD

Dias de idade - ac colostrais

Agen

tes

infe

ccio

sos

Figura 1 – Gráfico que mostra a duração, máximae mínima, dos anticorpos de origem maternais. Abarra mais clara refere-se à duração mínima deprotecção, e a mais escura, a duração máxima depositividade (foram excluídos valores extremos).Adaptado de várias fontes bibliográficas.

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Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 61

Nas últimas décadas, a resistência aos antibióticosno tratamento de infeções dos seres humanos e dos ani-mais cresceu de forma assustadora. Existe efetiva-mente um número crescente de bactérias exten-sivamente resistentes a antibióticos e um pequeno, masrelevante, número de bactérias resistentes a todos osantibióticos. Por outro lado, o número destes medica-mentos em fase de investigação e desenvolvimentopara efeitos de introdução no mercado é praticamentenulo, tanto no setor humano como no setor veterinário,o que nos coloca atualmente um enorme problema desaúde pública, à escala mundial, contabilizando-se sóna Europa e, anualmente, cerca de 25.000 mortes depessoas, por infeções não tratáveis, devido a microrga-nismos resistentes.

Os antibióticos são medicamentos muito particularesporque não só têm implicações no indivíduo tratado,homem ou animal, como também nos que com elevivem e/ou convivem e ainda no meio ambiente, peloque o risco decorrente do seu uso incorreto ou indevidoé não só individual, mas também coletivo.

Com perfeita e integrada consciência deste pro-blema, promoveu-se em Portugal o «Programa Nacio-nal para a Prevenção de Resistências Antimicrobianas»no âmbito da Direção-Geral de Saúde, do qual a ex Di-reção Geral de Veterinária, atual Direção Geral de Ali-mentação e Veterinária (DGAV) fez parte, no sentidode se promoverem iniciativas de pedagogia várias ebem assim de vigilância nesta área.

Mais recentemente, a DGAV assinou também, jun-tamente com várias outras entidades nacionais, a«Aliança Portuguesa para a Preservação do Antibió-tico», na qual se compromete, designadamente, a fo-mentar o respeito estrito da prescrição médico-veterinária,

a privilegiar a biossegurança e a vacinação na medi-cina veterinária, a promover a investigação da epide-miologia infeciosa e resistência antimicrobianas, aemanar e cumprir normas e orientações de utilizaçãode antibióticos na medicina veterinária e a erradicaresta utilização como substituição de más práticas demaneio nos animais, promovendo um uso responsávelde medicamentos nos animais, e dos antibióticos emparticular.

Iniciativas semelhantes de luta contra as antibiorre-sistências acontecem simultaneamente por toda a partedo mundo. Na União Europeia, a Comissão Europeiacomunicou ao Parlamento Europeu e ao Conselho oseu próprio Plano de Ação para 5 anos e do qual fazemparte 12 propostas de ação concretas, nomeadamenteaquelas que dizem respeito ao reforço dos sistemas devigilância das resistências aos antimicrobianos nosseus Estados Membros. Em 4 de Julho de 2012 já ti-nham sido adotadas, pelo Conselho da União Euro-peia, as conclusões sobre o impacto das resistênciasaos antimicrobianos nos setores humanos e veterinário,sob a perspetiva de “Uma só Saúde” e durante a suasessão plenária de 11 de Dezembro de 2012 o Parla-mento Europeu adotou o Relatório sobre «O DesafioMicrobiano – Aumento das Ameaças decorrentes daResistência aos Antimicrobianos» e foi efetivamentesolicitado à Comissão Europeia e aos Estados Mem-bros a procura de maior cooperação e coordenação nadeteção precoce, nos alertas e nos procedimentos deresposta coordenada no que respeita a bactérias pato-génicas resistentes, nos seres humanos, nos animais,incluindo peixe e nos alimentos, no sentido da moni-torização contínua da extensão e do crescimento dasresistências aos antimicrobianos.

AntibióticosAcerca do Plano Nacional para a Reduçãodo Risco das Resistências aos Antibióticos

Helena Ponte,Diretora de Serviços de Meios de Defesa SanitáriaDireção-Geral de Alimentação e Veterinária

Numa altura em que a Europa vai lançar um programa para a redução da utilização de antibióticos,os produtores de gado vivem numa situação paradoxal. Por um lado, o tamanho dos seus rebanhosaumenta; e por outro o arsenal antibiótico diminui, quer pelo número de moléculas disponíveis querpelo número de tratamentos a efetuar. Neste contexto, a prevenção dos problemas sanitários constitui

uma verdadeira necessidade.

PRODUÇÃOSAÚDE ANIMAL

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Ruminantes - Que impacto po-derá ter a implementação de umplano de redução de antibióticosnas explorações de pequenos rumi-nantes? Que estratégia devem se-guir os produtores?

Miguel Madeira - Se o Plano forbem concebido e corretamente imple-mentado, o impacto será positivo por-que, em última análise, o que sepretende é diminuir a quantidade deantibióticos utilizados pela via da re-dução da necessidade da sua aplica-ção, redução esta que decorrenaturalmente da implementação demedidas melhoradoras, por exemploao nível do maneio, das instalações,da prevenção através de vacinas, dabiossegurança e da prescrição médicoveterinária.

A adoção destas medidas, bemcomo a utilização eficaz, eficiente e

consciente dos antibióticos, conduzi-rão forçosamente a melhores resulta-dos quer para o setor produtivo, querpara esse bem inestimável que é aSaúde Pública.

Não podemos continuar a assistirimpávidos e serenos, a bem de todos,ao tratamento desregrado que temsido dado aos antibióticos, mas tam-bém a outras classes de medicamentosde que são exemplo os desparasitan-tes, onde já se detetaram igualmenteresistências significativas dos parasi-tas. Quer uns, quer outros, não deve-rão continuar a ser utilizados paracolmatar, muitas vezes sem resultadosou com resultados sofríveis, más prá-ticas no maneio dos animais.

Relembramos que o teor do Planoainda não é conhecido, pelo que im-porta sensibilizar a autoridade sanitá-ria e os decisores para a importânciade envolver todos os intervenientes na

cadeia de produção de alimentos deorigem animal nesta fase de conceção,não esquecendo forçosamente os pro-dutores, os médicos veterinários assis-tentes das explorações e outrostécnicos de produção animal. Estesatores estarão certamente mais moti-vados para o cumprimento do Planose tiverem sido chamados a participarno seu delineamento.

A estratégia a seguir pelos produto-res deverá passar pelo correto aconse-lhamento junto dos técnicos e daAutoridade Sanitária, pela formação epelo seu envolvimento informado noPlano.

A implementação deste Plano nãopode nem deve assustar o produtor,pelo que urge informá-lo cabalmentee envolvê-lo na resolução desteenorme desafio, pois só com a suaparticipação “de corpo e alma” che-garemos a bom porto. x

PRODUÇÃO SAÚDE ANIMAL

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Este apelo, não sendo ainda uma determinação ou im-posição, exige contudo uma resposta adequada e res-ponsável por parte das autoridades nacionais dosdiferentes Estados Membros, de tudo fazerem para quese detenha ou contorne, estrategicamente e habilmente,um problema por todos reconhecido e que a todos afeta.É o que a DGAV está a diligenciar através do «PlanoNacional para a Redução do Risco das Resistênciasaos Antibióticos», ainda em fase de elaboração e parao qual conta naturalmente com a colaboração e contri-butos de todos quantos lidam com antibióticos em me-dicina veterinária.

A DGAV pretende, no presente ano de 2013, aprovare implementar este Plano, o qual divulgará junto detodos quantos dele são parte interessada e nele cola-borarão ativamente como objetivo de diminuir osconsumos de antibióticos em Portugal, cujas quanti-dades estão já devidamente contabilizadas para o anode 2010 e disponíveis para consulta pública no sítioda EMA (Agência Europeia do Medicamento) sob adesignação do projeto ESVAC (European Surveil-lance of Veterinary Antimicrobial Consumption), pre-vendo-se que também os dados respeitantes a 2011 aísejam publicados brevemente. O relatório das vendasde antibióticos em Portugal, constam igualmente dosítio da DGAV (www.dgav.pt), sob a rúbrica de me-dicamentos veterinários. x

Miguel Madeira,Médico Veterinário, ACOS – Agricultores do Sul

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PRODUÇÃOSAÚDE ANIMAL

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 63

Ruminantes: Que impacto po-derá ter a implementação desteplano nas explorações de bovinosde carne? Que estratégia devemseguir os produtores?

Marta Murta - De acordo como Plano Nacional para a Reduçãodo Risco das Resistências aos An-tibióticos, serão promovidas diver-sas iniciativas de sensibilizaçãopara a utilização de antibióticos emdiversas áreas, nomeadamente naprodução animal.

Relativamente aos novilhos decarne e, especificamente na nossaregião do Alentejo, a maior partedas explorações são de recria, como aparecimento de pequenas micro-engordas e engordas, principal-mente devido aos novos mercadosque foram surgindo.

Neste enquadramento, os produ-tores da região sempre tiveram umarelação mais “afastada” dos anti-bióticos, comparativamente com osgrandes centros de engorda, querpor opções de maneio, quer por es-

colhas económicas. A publicação deste Plano vem de

encontro às novas estratégias quedevem ser aplicadas na produçãoanimal, quer por motivos de saúdeanimal e saúde pública, mas tam-bém por razões económicas, maisimportantes ainda nos tempos quecorrem.

A nova aposta será no planea-mento e prevenção.

Deverão ser implementadas umconjunto de medidas de biossegu-rança com o objetivo de manter osgrupos de animais saudáveis e evi-tar a propagação de doença. Essasmedidas devem abranger: o corretoplaneamento dos lotes de animais eda sua estabulação, uma boa hi-giene, nutrição adequada, o acom-panhamento regular da saúde dosanimais, os rastreios oficiais e ou-tros que sejam necessários. A im-plementação destas medidas deveráter a assessoria do médico veteriná-rio, com elaboração de planos pro-filáticos que podem ser encaradoscomo uma ferramenta de gestão

flexível às necessidades de cadaexploração.

A opção de vacinação pode vir arevelar-se uma das ferramentasmais eficazes, muitas vezes até aopção economicamente mais rentá-vel comparativamente com o trata-mento de doenças que se instalamnum rebanho.

Quando a doença ocorre, deveráser feito o diagnóstico correto e otratamento deverá ser decidido emconjunto com o médico veterinário.Os medicamentos devem ser utili-zados de acordo com as instruçõesdos médicos veterinários e deveráser feito sempre o seu registo, nosdocumentos oficiais que existempara esse efeito.

Os produtores devem perceberque a utilização indiscriminada deantibióticos pode provocar proble-mas graves de resistências aos an-tibióticos e problemas de saúdepública.

Os antibióticos não podem, nemdevem, substituir más práticas demaneio animal. x

Marta Murta,Médica Veterinária, Hospital Veterinário Muralha de Évora

Ruminantes: Que impacto po-derá ter a implementação desteplano nas explorações de bovinosde leite? Que estratégia devem se-guir os produtores?

Luís Pinho - O impacto que estamedida pode ter depende, emgrande parte, da altura em que fortransposta para a legislação nacio-nal e do faseamento que a imple-mentação poderá ter para arealidade da produção de bovinosde leite.

Se não existir uma correta e fa-seada implementação desta medida,por intermédio da formação e sensi-

bilização dos produtores, receio queo impacto será gigantesco e nefasto.Esta medida implica uma mudançado paradigma de trabalho, carateri-zado atualmente por um foco na te-rapêutica, muitas vezes sem lógicanem enquadramento clínico.

A estratégia é por isso clara eóbvia do ponto de vista económicoe sanitário, e passa pela aposta naprevenção. Todas as medidas profi-láticas que visem a redução da pa-tologia e, consequentemente, dautilização de antibióticos devem serprivilegiadas, quer sejam do pontode vista alimentar, vacinal, de ma-neio, de desinfeção, etc.

No caso da saúde do úbere, etendo em conta dados recentes daApifarma, no caso do consumo deantibióticos intra-mamários, em-bora tenha havido uma evoluçãopositiva nos últimos três anos, ape-nas cerca de 25% dos antibióticosintra-mamários utilizados em 2012são referentes aos de secagem (con-siderada como uma medida profilá-tica para a ocorrência de mastites nalactação seguinte), o que demonstrao longo percurso que temos a per-correr nos próximos anos, face ànova legislação. x

Luís Pinho,Médico Veterinário, responsável pelo departamento de qualidade do leite da SVA,Presidente da Direção do Conselho Português de Saúde do Úbere.

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PRODUÇÃO SAÚDE ANIMAL

Síndrome da vaca caídamedidas para prevenir

O que é a "Síndrome da Vaca Caída"?A hipocalcémia é o problema que, mais frequen-

temente, está associado à "Síndrome da VacaCaída", mas uma síndrome é um conjunto de sinto-mas comuns a várias origens. Assim, outros distúr-bios minerais, como a hipomagnesiemia; situaçõesde trauma nervoso ao nível do canal pélvico, apóspartos demorados ou distócicos; trauma dos múscu-los e nervos da perna, resultantes dum tratamentotardio duma hipocalcémia simples, que deixou avaca deitada por várias horas, ou problemas meta-bólicos, resultantes de fígado gordo, poderão resul-tar no mesmo tipo de manifestação, ou seja, naincapacidade da vaca se levantar.

Continua a ser chamado frequentemente paratratamento de vacas caídas, apesar das melhoriasa nível alimentar, designadamente no que diz res-peito ao maneio da vaca seca. Porquê?De facto, este problema continua a ser muito re-

levante. Para muitos, a vaca seca, não estando pro-dutiva, contínua a merecer menos atenção do que asvacas em lactação, quando a abordagem devia serbem diferente, vendo o período seco como a prepa-ração decisiva para uma fase muito complicada eexigente que é o pós-parto imediato e o primeiroterço da lactação. Hoje, é unânime a importância de

haver dois grupos de alimentação: vacas secas epré-parto, que permite uma adaptação da flora ru-minal e de todo o metabolismo à alimentação de lac-tação nas 3 semanas antes do parto, mas nem todasas explorações os têm.Contudo, nem a mais exigente alimentação no pe-

ríodo seco vai conseguir impedir ou mesmo reduzira deposição de gordura ao nível do fígado, que podevir da fase final da lactação, ou que pode acontecerporque uma vaca teve que ser seca antecipada-mente. Nestes casos, em que a lactação e/ou o pe-ríodo seco se prolongaram exageradamente, temosuma vaca de risco.

Em termos práticos, qual a abordagem nocampo que lhe permite fazer um diagnóstico di-ferencial?O diagnóstico diferencial passa pela avaliação de

cada caso em concreto, abordando a facilidade doparto, a condição corporal, a duração do períodoseco e da lactação anterior, etc. A resposta ao trata-mento com soluções comerciais de cálcio e outrosminerais permite um diagnóstico terapêutico.

Qual o seguimento a fazer a estes animais?Simultaneamente à muito urgente intervenção do

médico-veterinário, ou à administração do proto-

Entrevista pela Revista Ruminantes

João Paisana, Médico Veterinário, trabalha na Agro-pecuária AfonsoPaisana e faz parte da sociedade de prestação de serviços veterináriosSerbuvetEmail: [email protected]

A síndrome da vaca caída é um problema frequente nas explorações de leite, que se caracteriza pela falta de cálcio no sangue do animal e consequentemente

pela fraqueza e incapacidade de se levantar.

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PRODUÇÃOSAÚDE ANIMAL

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 65

colo terapêutico por ele proposto, a instalação davaca em condições particularmente confortáveis,com acesso a água (por vezes, podemos fazer a ad-ministração forçada de cerca de 30 litros de água) ecomida serão determinantes. De 2 em 2 horas, avaca deve ser ajudada a levantar-se, garantindo quevai alternando o membro sobre o qual se deita. Naminha exploração, para evitar que estas vacas te-nham que se deslocar à sala de ordenha, usamos umtubo plástico de vácuo muito comprido que permitefazer a ordenha com auxílio dum balde de ordenha.

Em termos de prevenção, qual é a sua opinião re-lativamente à síndrome em questão?Para além do exposto, claramente, a gestão dos

parques no período seco, a sua duração total etempo de permanência em cada parque e a alimen-tação disponível, parecem ser os aspetos mais rele-vantes. Há muitos anos, li um artigo que indicavaque 50% das vacas têm hipocalcémia subclínica(sem manifestação de sintomas) e fiz uma experiên-cia simples (que não sujeitei a qualquer validaçãoestatística): criei 3 grupos de vacas a parir, e alterneia administração de cálcio endovenoso, oral e umgrupo sem tratamento. Ao fim dos 305 dias de lac-tação, as vacas que tomaram cálcio endovenoso re-gistavam mais 1010 litros de leite do que as outras.

Desde então, e tendo em conta este efeito na produ-ção de leite e prevenção de problemas associados àmenor motilidade muscular (retenção de membra-nas fetais; mastites; deslocamentos de abomaso)bem como o efeito de prevenção de hipocalcémias,administramos de imediato 250 ml de solução co-mercial de cálcio a todas as vacas. Desde há umano, começámos a fazer o mesmo às primíparas,pois um estudo mais recente demonstra a hipocal-cémia subclínica em 25% destes animais.Contudo, quero reforçar a ideia de que este pro-

blema começa a ser prevenido com a redução do nú-mero de dias em aberto das vacas, evitando lacta-ções excessivamente prolongadas.

Qual o tratamento adequado?O tratamento é complexo demais para poder ser

generalizado, devendo ser discutido com o médico-veterinário assistente. Contudo, é unânime que a ad-ministração urgente (mas lenta) de cálcioendovenoso será o primeiro passo, seguido da de-mais terapia de suporte ao metabolismo do fígado.Penso que, nestes casos, as condições de bem estarsão tão importantes como a terapêutica medicamen-tosa.x

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A linfadenite caseosa é uma realidade vivida no dia-a-dia pelos produtores de caprinose ovinos, que muitas vezes é tida quase como um requisito obrigatório para quempossui estes animais ou decide enveredar por esta área. Esta aceitação não se deve aum “baixar de braços” mas resulta sim da imensa dificuldade e pouca praticabilidadede que se reveste a erradicação desta doença da exploração, bem como da nãoexistência de um tratamento que seja eficaz. No entanto, há formas de controlar adoença mantendo-a a um mínimo aceitável. Neste artigo o projecto AWIN traz-vos umolhar geral sobre esta doença e algumas sugestões para a controlar.

BEM ESTAR ANIMAL

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Ana Vieira, Inês Ajuda, George Stilwell. AWIN - Animal Welfare Indicators Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa

[email protected]

Linfadenite Caseosaem pequenos ruminantes

PATOFISIOLOGIA

Os abcessos nos pequenos ruminantesestão frequentemente associados a umadoença crónica contagiosa denominadalinfadenite caseosa (LC), tambémdenominada de pseudotuberculose. A LCé provocada por uma bactéria(Corynebacterium pseutuberculosis),gram-positiva, anaeróbia facultativa.Aprevalência da linfadenite nos pequenosruminantes é extremamente variável. Nospaíses em que está presente a maioria dasexplorações está afetada, podendo aprevalência intra exploração atingir os

40% dos animais. No entanto, mesmotendo em conta estes valores existemexplorações que se conseguem manterindemnes a esta doença. O gado bovino,os equinos e os Humanos também sepodem infetar por este agente, emborasejam considerados hospedeiros poucoimportantes (Pugh, 2002).A linfadenite mantém-se e dissemina-senas explorações através de animaisinfetados que transmitem o organismo aoutros através do conteúdo purulento dosabcessos que ruturam. Pensa-se que ainfeção ocorra após ingestão, inalação oucontaminação de feridas cutâneas com o

agente. Com exceção da invasão do tratorespiratório inferior, acredita-se que énecessário que exista uma quebra debarreira de superfície (Pugh, 2002). Oagente Corynebacterium pseutuberculosisé muito resistente no ambiente e por issoas infeções podem ocorrer através decontacto direto, ou indireto, cominstrumentos ou instalaçõescontaminadas. A infeção é geralmenteintroduzida nos rebanhos através dacompra de animais infetados (Pugh,2002), sendo ainda possível que ocorrapor outras vias (botas de visitantes oupneus dos veículos).

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SINAIS CLÍNICOSO quadro clínico da doença normalmente resume-se a tumefações

na zona dos linfonodos superficiais ou então lesões abertas que dre-nam o conteúdo purulento dos abcessos. São essencialmente os ani-mais adultos a demonstrar estes abcessos, por maior exposição eporque provavelmente o período de incubação é longo. Os linfo-nodos mais afetados são os submandibulares, pre-escapulares, pre-femoral e supramamários (Fig. 1). Em cabras, os linfonodossubmandibular, parotideo e pre-escapular (cabeça e pescoço) sãoos mais frequentemente afetados e os abcessos apresentam diâme-tros de 3 a 15 cm. Em ovelhas a distribuição dos abcessos é maisuniforme (Pugh, 2002; Smith and Sherman, 2009; Simpson & Was-hburn, 2012). As infeções externas raramente provocam outros si-nais, embora possa estar presente caquexia e depressão em animaisfortemente infetados. Os abcessos internos (tórax e abdómen) são mais raros e difíceis

de diagnosticar. À medida que o animal envelhece os abcessos tam-bém se podem desenvolver à volta dos pulmões, coração, fígado,rins e espinal medula. Os sinais clínicos mais frequentes dos ab-cessos internos são: perda de peso, com ou sem febre intermitente,e, dependente da localização dos abcessos, sinais respiratórioscomo dispneia, ou abdominais como cólicas (Pugh, 2002; Smithand Sherman, 2009; Simpson & Washburn, 2012).

DIAGNÓSTICOEmbora o diagnóstico seja feito frequentemente pela observação

dos abcessos e aspeto do pus, o diagnóstico definitivo de LC numanimal com abcessos externos é baseado na cultura e isolamentoda bactéria. Em animais com suspeita de terem abcessos internos,pode ser muito difícil conseguir um diagnóstico antemortem definitivo (Simpson & Washburn, 2012). Têm vindo a ser desen-volvidos testes serológicos que permitem identificar animais por-tadores, mas o procedimento recomendado para a identificação doorganismo nestes casos é: 1) Na LC intratorácica, radiografia torácica e/ou ecografia, e nocaso de abcessos pulmonares serem confirmados, lavagenstranstraqueais com subsequente citologia e cultura;

2) Na LC intra-abdominal, a ecografia é o meio de diagnósticode eleição (Simpson & Washburn, 2012).

BEM ESTAR ANIMAL

Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 67

Fig. 1 – Localização mais comum dos linfonodos afectados por Linfadenite Caseosa

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BEM ESTAR ANIMAL

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Prevenção/Controlo Particularidades

Evitar compra de animais com abcessos (fechados ou supurados) ou cicatrizes Não é 100% garantido que um animal sem abcessos visíveis não esteja infetado (possibili-dade de presença de abcessos interiores), no entanto baixa essaprobabilidade.

Inspecionar o rebanho o mais regularmente possível A inspeção periódica pode ajudar a detetar os casos o mais cedo possível

Eliminação dos animais com abcessosSempre que possível, eliminar o animal do rebanho é a melhor opção uma vez que este éuma fonte de contaminação.

Vacinação (vacina de rebanho)

Ainda com uma percentagem de proteção variável, pode ajudar no controlo da infeção, vacinando os borregos/cabritos antes de serem infetados. A escolha da vacinadeve ser ponderada com o veterinário assistente. Pode reduzir a excreção da bactéria porparte dos infetados.

Drenagem dos abcessos e eliminação do pus.

É preferível drenar os abcessos antes da sua rutura para que seja possível recolher o má-ximo de conteúdo e eliminá-lo convenientemente (incinerar). Aquando da rutura tentar queo pus seja eliminado convenientemente e que não contamine outros animais e o próprioambiente.

Diminuição da densidade animal Dentro dos possíveis mediante o espaço e número de animais existentes, baixar a densi-dade animal dos parques diminui a probabilidade de infeção dos animais livres de LC.

Evitar presença de objetos passíveis de provocar lesões cutâneas Qualquer objeto que possa lesionar o animal, como os cornadis ou no caminho para a or-denha, aumenta a probabilidade de contaminação do animal.

Tabela 2 - Sugestões para prevenção e controlo da doença

TRATAMENTO E PREVENÇÃOExistem algumas hipóteses para o trata-

mento (tabela 1), mas nenhum é 100% efi-caz sendo praticamente impossível aeliminação total do agente do organismo deum animal que apresente abcessos. É suge-rida uma abordagem conjunta com o mé-dico-veterinário assistente já que este seráa pessoa mais habilitada para definir aforma de gerir a situação ou, eventual-mente, estabelecer um programa de erradi-cação.

De qualquer forma é sempre melhorapostar na PREVENÇÃO (tabela 2), tantoda entrada do agente na exploração, caso

esta seja indemne, como no controlo dosanimais infetados e na prevenção de apa-recimento de novos casos, caso seja já uma

Bibliografia:

• Ferrante V., Battini M., Caslini C., Grosso L.,Mantova E., Noè L., Barbieri S., MattielloS.,2012. Presence of abscesses as a welfareindicator in dairy goats. Proceedings of 46thCongress of International Society of AppliedEthology, Wien (Austria), July 31st-August 4th2012.

• Pugh, D.G. 2002. Sheep and Goat Medicine.First edition. Saunders

• Simpson, K.M. & Washburn, K.E. 2012. Ca-seous lymphadenitis: Realities in treatmentandprevention. THE BOVINE PRACTITIO-NER—VOL. 46, NO. 2

• Smith, M.C., Sherman,D.M. 2009. Goat medi-cine. Second edition. Wiley-Blackwell.

MENSAGEM A RETER:Linfadenite é uma doença presente na maioria das explorações e difícil de erradicar, mashá interesse em controla-la e mantê-la a níveis mínimos, devido ao impacto económico,sobre o bem-estar e sobre a imagem da exploração. x

Tratamento Eficácia

Terapêutica antibiótica Quase nenhuma (antibiótico não penetra no abcesso)

Drenagem do abcesso Cura em cerca de 44% dos casos (muitas recidivas)

Remoção cirúrgica do abcesso 80 a 90% de cura daquele abcesso

Tabela 1- Possibilidades de tratamento para a LC e a sua respetiva eficácia

exploração contaminada.Os abcessos e o bem-estar animal: A

presença de abcessos é um dos indicadorespara o critério de liberdade de doença dobem-estar animal. Num estudo de observa-ção do comportamento em cabras com e

sem abcessos externos verificou-se que osanimais sem abcessos passavam maistempo à manjedoura, enquanto as com ab-cessos passavam mais tempo a andar peloparque e com comportamentos orais este-reotipados (Ferrante et al., 2002).

Verificam-se baixas na produção de leite e na condição corporalnos animais com Linfadenite Caseosa, principalmente quando são oslinfonodos da mandíbula e do úbere ou internos.

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Ruminantes • abril | maio | junho • 2013 69

SIMA Paris 2013A NOSSA SELECÇÃO

EQUIPAMENTOS

Cadeia de alimentaçãoautomatizadaJEANTIL

Esta cadeia de equipamentos completa-mente automatizada inclui a preparaçãodas rações, uma estação de mistura, e umrobot autopropulsionado capaz de distri-buir a alimentação aos animais ao longodos corredores de um estábulo.Este sistema em cadeia prepara todo o

tipo de rações, silagem, milho, feno, e vá-rios suplementos, farinhas e granulados.O robot assegura a distribuição e faz aindaa limpeza do chão na mesma passagem.De acordo com as necessidades do clientepodem ser adicionados ao sistema módu-los com outras funções, como por exem-plo o desmantelamento de fardos redon-dos ou retangulares. x

BigBaler, segurançareforçadaNEW HOLLAND

As novas enfardadeiras Big Baler são asúnicas no mercado a dispor de sistemassimples que não exigem o recurso a ferra-mentas para aceder à parte mecânica. Asegurança dos utilizadores foi a prioridadechave no desenvolvimento destas enfarda-deiras, mas sem de forma nenhuma com-prometer a produtividade. Com aaplicação de tampas de proteção de fácilabertura, a segurança foi melhorada e aomesmo tempo os vários componentes daenfardadeira mantêm-se absolutamenteacessíveis. x

Dispositivo de alimentaçãoadaptávelBELAIR

O “Aviso” baseia-se num mecanismorobotizado que se encarrega da preparaçãoe distribuição da ração num estábulo apósser programado.Adapta-se a um empilhador e não re-

quer adaptações nos estábulos. Define-sea composição da ração que o aparelhodeve recolher da silagem e a frequênciacom que deve ser distribuída, e ele exe-cuta esses passos sozinho. x

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EQUIPAMENTOS

Gadanheira de 8 discos KUHN

A FC 313 D é uma nova gadanheiracondicionadora de suspensão hidropneu-mática que abarca uma largura de trabalhode 3,11m. De modo a permitir que se en-contre uma afinação adequada às condi-ções de trabalho, possui um mecanismode regulação com 36 diferentes posições.A alfaia é transportada em posição longi-tudinal, ocupando uma largura de 2,5 m.Faz uso de uma válvula hidráulica deefeito simples e de uma válvula de efeitoduplo, requer um regime de TDF de 1000rpm, e está indicada para tratores com po-tência mínima de 102 cv. x

Controlo automáticopara espalhador centrífugoSULKY

O dispositivo permite o acesso, via In-ternet, à base de dados Sulky Fertitestonde o operador pode obter os parâmetrosespecíficos de regulação do espalhador,adequados ao tipo de fertilizante que estáa aplicar. x

Comprima V 180 XCKRONE

Entre outros equipamentos da suagama, a Krone tinha em mostra uma en-fardadeira de fardos redondos da sérieComprima. Este modelo de câmara variá-vel prepara fardos com diâmetro entre 1m e 1,80 m e imprime um aumento pro-gressivo da prensagem à medida que odiâmetro do fardo cresce, o que garanteuma elevada densidade mesmo nos fardosde maior dimensão. x

Novo XP 900POLARIS

No sub-sector dos veículos com fun-ções acessórias no campo encontrava-se onovo Polaris, com motor bicilíndrico a 4tempos e 875 cm³. Os 60 cv deste motor agasolina permitem-lhe rebocar até 907 kge carregar até 454 kg em fora de estrada.Nota positiva para a completa modulari-dade da cabina, preparada para diferentesconfigurações. x

Boa performance em 2012NEW HOLLAND

Numa conferência de imprensa quecontou com a presença de Franco Fusig-nani, e de Carlo Lambro, respetivamenteCEO e vice-presidente da New HollandAgriculture, foram apresentados os resul-tados da companhia relativos a 2012.

Segundo estes responsáveis, a venda detratores manteve-se estável na Europa masregistou um crescimento tanto na Américado Norte como na América Latina. Já nospaíses mediterrânicos e outras regiões domundo as vendas decresceram. Aindaassim, a marca conseguiu um aumentoglobal de 1% de quota de mercado devidoà recuperação em vários países, sendo dedestacar a Polónia com uma subida de4,8%. Os equipamentos para feno e forra-gem venderam mais 5%.Ao nível das ceifeiras o mercado euro-

peu também se manteve estável, tendo-seregistado um aumento global de vendas naordem dos 7,6% devido à boa perfor-mance noutras regiões, o que significouuma conquista de 1,1% em quota de mer-cado. Analisando as áreas de negócio noseu conjunto a marca registou crescimentoem 2012. Foi ainda revelado que a área de I&D

está a trabalhar no Tier4 Final e em alter-nativas ao diesel – nomeadamente o eta-nol na América e Índia, e o gás metano naEuropa. Finalmente, a New Holland anun-cia a sua intenção de estar na vanguardada agricultura de conservação na Europa,pelo que, no âmbito da parceria que temcom a brasileira Semeato, passará a distri-buir as alfaias daquele fabricante no mer-cado europeu sob o nome “New Hollandby Semeato”. x

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EQUIPAMENTOS

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O novo carregador telescó-pico MLT 629 é o mais recentemembro da família Manitou.Constitui a evolução natural doMLT627 e possui característi-cas que o tornam apropriado

para o setor agropecuário. Um motor Perkins de 3,4 li-

tros, com 100 cv de potência,foi o escolhido para este novocarregador. No que respeita à cabina, são

disponibilizadas versões quevariam quanto à sua dimensão enível de equipamento.A capacidade de elevação do

MLT 629 é de 2.9 toneladas a5.55 m de altura, e a 3,20 m dealcance dianteiro. De acordo comMarc Julienne, diretor de produtoda Manitou, “o MLT 629 vemdar resposta às solicitações deum grande número de utilizado-res devido às suas dimensõescompactas e à sua performance.A sua grande visibilidade, com-binada com a alta disponibilidadede binário e desempenho suave,permitem-lhe que opere à von-

tade dentro das instalações deuma exploração”. A linha de acessórios é uma

área de negócio a que a Manitoutem vindo a dar uma maioratenção. “Considerando osacessórios como um fator chaveno adequado uso das nossasmáquinas, reforçámos esta áreaatravés de uma equipa dedi-cada. Acoplar um acessório er-rado ou não certificado significaque os utilizadores arriscamuma redução da performance daprópria máquina” referiu Oli-vier Vasseur, diretor da linha deacessórios. x

A nova Série 5 DEUTZ-FAHR

Uma das grandes novidadesdo salão francês foi a Série 5 daDeutz-Fahr. Uma série poliva-lente, para trabalhar tanto emcampo aberto como em explo-rações pecuárias, transporte eaplicações florestais. Compostapor seis modelos entre 100 e130 cv, equipa com motoriza-ções Deutz Tier 4i, injeçãoCommon Rail de 1.600 bar e3.620 cm3 de cilindrada.

No design a Série 5 contou acolaboração de Giugiaro Design,com detalhes como as luzesLED, típicas dos automóveis, ocapot e os grupos óticos traseiros.A transmissão está disponível

em três configurações: mecânica,Powershift de 3 velocidades eTTV de variação contínua infini-tamente variável. O sistema hidráulico com

bomba dupla de 90 L/min daSérie 5 oferece até cinco distri-buidores eletro-hidráulicos,Power Beyond e sistema“Energy Saving”. Completam a

oferta hidráulica outros dois sis-temas de 60 L/min com bombaúnica ou dupla “60 ECO”. Oferece um potente elevador

eletrónico traseiro de 6.600 kg, eum dianteiro totalmente inte-grado na máquina, perfazendouma capacidade de carga má-xima de 8.500 kg (modelo 5130TTV), ideal para trabalhos com-binados.Para todos os modelos e ver-

sões está disponível um sistemade direcção rápida “SDD” (Stee-ring Double Displacement) quepermite diminuir para metade as

voltas do volante necessáriaspara efetuar uma volta total.x

MLT 629 em estreia absolutaMANITOU

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CONHEÇA A LEI

Correm tempos de grandes mutações na atividade económicae, se muitas empresas vão diariamente à insolvência, a verdade éque outras se iniciam, restruturam e renovam.

As sociedades comerciais são um instrumento previligiado paraconcretizar projectos económicos, pois permitem congregar e or-ganizar autónomamente as pessoas, os capitais e os meios neces-sários ao início e desenvolvimento desses projectos.

Ao constituirem uma sociedade comercial os sócios:(i) criam entre si um contrato que define as regras que vão regu-

lar as suas condutas na sociedade; (ii) definem o projecto econó-mico que pretendem criar em comum; (iii) quantificam asparticipações de cada sócio nesse projecto em capital, espécie outrabalho; (iv) separam todos esses capitais e meios dos demais ca-pitais e meios que individualmente possuam, para com eles consti-tuirem uma entidade autónoma dedicada exclusivamente àexecução desse projecto; (v) limitam a sua responsabilidade no âm-bito do projecto às suas contribuições que afectarem ao mesmo,evitando que os demais bens que individualmente possuam, sejamafectados por uma eventual insolvência do novo projecto.

As sociedades comerciais têm assim grande importância na vidaeconómica em geral e na dos seus sócios em particular, pois per-mitem juntar meios e vontades para executar projectos de maiordimensão, que muitas vezes não poderiam ser concretizados in-dividualmente e, simultaneamente, autonomizam esses meios evontades na sua concretização, dando-lhes interesses e responsa-bilidades próprias e independentes das dos sócios individualmenteconsiderados.

Daí a necessidade de se adequarem cuidadosamente os estatutosda sociedade aos fins e caraterísticas próprias do seu projecto eco-nómico, para que possam ser factores de tranquilidade e sucesso.Actualmente é possivel constituir de forma muito rápida e custosreduzidos empresas “on-line” ou pela “empresa na hora”, com es-tatutos “standart”.

Porém recomendamos que de seguida se recorra ao aconselha-mento especializado de um advogado para adequar esses estatutosao caso concreto do projecto económico e dos sócios nele envolvi-dos.

Em linguagem corrente diremos que para criar uma sociedade

deve recorrer-se ao alfaiate e não ao “pronto-a-vestir”. Em Portugal existem dois tipos principais de socie-

dades comerciais, a saber:

I - Sociedade Por Quotas (Lda.)É o mais uitlizado em Portugal e caracteriza-se pela sua sim-

plicidade, flexibilidade e ligação aos sócios.É uma sociedade de responsabilidade limitada em que os sócios

apenas respondem pelo valor das entradas realizadas nas respec-tivas participações sociais – as quotas.

O capital mínimo é de € 1,00 e são registados no registo co-mercial o valor de cada quota, o seu proprietário, transmissões eónus.

Recomenda-se que o capital social inicial seja pelo menos o ne-cessário à constituição da sociedade e arranque dos primeirosmeses do “negócio” e até que ele comece a gerar os meios sufi-cientes para a sua manutenção, pois de outra forma a sociedadeterá de recorrer logo no seu início a financimentos que a endivi-darão e tornarão dependente de factores externos, merecendo tam-bém pouca confiança aos seus fornecedores, pois que o capitalsocial é a principal garantia destes.

As quotas não têm expressão física em títulos ou por outraforma, pois são meramente registrais e são transmitidas por con-trato escrito assinado pelo cedente e cessionário.

A sociedade por quotas constitui-se por documento particular,que contem os seus estatutos, assinado pelos sócios (sendo as as-sinaturas reconhecidas) e registado na Conservatória do RegistoComercial.

Este registo é constitutivo, pois a sociedade só existe verdadei-ramente após tal registo.

As sociedades por quotas podem ser unipessoais ou ter vá-rios sócios e têm uma estrutura de orgãos sociais muito sim-ples: A) AdministraçãoGerência - Composta por um ou mais gerentes, pessoas singu-

lares que detêm todos os poderes para administrar a sociedade, àexcepção de vendas e oneração de imóveis e estabelecimentos dasociedade, podendo esta restrição ser retirada nos estatutos.

As Sociedades Comerciaisem Portugal

Drº Eva Ferreira, Advogado

www.fladvoga.com

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CONHEÇA A LEI

B) FiscalizaçãoConselho fiscal ou fiscal único - A sociedade por quotas não

tem de ter qualquer orgão de fiscalização, bastando-lhe escolhere manter registado nas finanças um técnico oficial de contas(TOC), sendo porém obrigatório ter um revisor oficial de contas(ROC) como fiscal único ou para integrar o conselho fiscal compelo menos três membros, quando a sociedade durante dois anosconsecutivos tiver simultaneamente dois dos seguintes indicado-res:

(i) Balanço anual igual ou superior a € 1.500.000,00; (ii) Totalanual de vendas e outros proveitos igual ou superior a €3.000.000,00; (iii) Média anual de trabalhadores igual ou superiora 50.C) AssembleiaAssembleia Geral de Sócios - Plenário dos sócios da sociedade

convocado pela gerência. Reúne pelo menos uma vez por ano paraaprovar as contas da sociedade e delibera em geral por maioriasimples dos votos emitidos, excepto para alterar os estatutos oudeliberar sobre a sua fusão, transformação, cisão ou dissolução,matérias têm de ter a aprovação de pelo menos 75% do capitalsocial.

Os sócios poderão porém fixar nos estatutos da sociedade a ne-cessidade de maiorias diferentes para a aprovação de deliberaçõessobre outras matérias.

II – Sociedades Anónimas (SA)Este tipo é uitlizado normalmente para as sociedades com nu-

mero elevado de capitais e accionistas e carateriza-se pela flexi-bilidade e desformalização da transmissão das suas participaçõessociais – as acções – e maiores garantias de fiscalização e controloda gestão.

É uma sociedade de responsabilidade limitada em que os ac-cionistas apenas respondem pelo valor das entradas nas suas ac-ções.

O capital mínimo é de € 50.000,00 e as acções estão, quanto àsua titularidade, só registadas nos livros da sociedade ou deposi-tadas em Bancos.

As acções têm normalmente expressão física em títulos po-dendo porém ser só escriturais (correspondem só a um registo nasociedade ou em entidades autorizadas para o efeito).

As acções são transmitidas através da entrega dos títulos, doaverbamento dessa transmissão e sua comunicação escrita à so-ciedade ou ao Banco em que estiverem depositadas.

A sociedade anónima é constituida por documento particularassinado pelos acionistas (sendo as assinaturas reconhecidas) eregistado na Conservatória do Registo Comercial. Este registo étambém constitutivo.

Estas sociedade podem recorrer à subscrição pública de capi-tais, sendo então chamadas de “Sociedades Abertas”.

As sociedades anónimas devem ter pelo menos cinco accio-nistas e podem escolher, em alternativa, uma de três formaspossiveis para estruturar os seus orgãos sociais.

A forma mais utilizada é a seguinte:A) AdministraçãoAdministrador Único, (só para sociedades com capital social

inferior a € 200.000,00), ou Conselho de Administração consti-

tuido por mais de um Administrador, que detêm os poderes ne-cessários para fazer a administração corrente da sociedade.B) FiscalizaçãoFiscal Único, que tem de ser ROC (ou sociedade de ROCs), ou

Conselho Fiscal conselho composto por um mínimo de três mem-bros sendo um, necessárimente ROC (ou sociedade de ROCs), ouainda Conselho fiscal e ROC, (ou sociedade de ROCs). C) Assembleia GeralAssembleia geral de acionistas é o plenário dos accionistas da

sociedade e nela devem também comparecer os membros dos ou-tros orgãos da sociedade.

Reune pelo menos uma vez por ano para aprovação das contasanuais e delibera geralmente por maioria dos votos emitidos, sejaqual for a percentagem de capital nela representada, excepto paraalterar os estatutos e deliberar sobre a sua fusão, cisão, transfor-mação ou dissolução, matérias em que necessita da aprovação de2/3 dos votos emitidos ou, se estiver representada pelo menos 1/2do capital social, apenas a maioria desses votos.

Nas sociedade por quotas e nas anónimas as participações so-ciais podem ser realizadas em dinheiro ou em espécie, ou seja,bens que os sócios entregam à sociedade para a realização da suaatividade (imóveis, equipamentos, veiculos), que são avaliadospor um ROC e passam para a propriedade desta pelo valor fixadonessa avaliação.

Nestas sociedades pelo menos metade dos lucros apuradosanualmente têm de ser distribuidos aos sócios/accionistas na pro-porção das suas participações sociais mas, por votação na Assem-bleia Geral aprovada por pelo menos 75% do capital social, podedeliberar-se distribuir menor percentagem desses lucros para au-mentar as reservas da sociedade, tornando-a financeiramente maisrobusta.

Existem mais dois tipos de sociedades raramente utilizadosem Portugal, porque neles os sócios com participações de in-dústria (obrigações de trabalho dos sócios para a sociedade)respondem subsidiária, solidária e ilimitadamente com os seusbens pessoais pelas dívidas e obrigações da sociedade:

(i) “Sociedade em Nome Coletivo” - É primordialmente umasociedade de trabalho e confiança dos sócios que têm participa-ções de indústria; (ii) “Sociedade em Comandita” - Nela convi-vem sócios/accionistas de capital (Comanditários), cujaresponsabilidade se restringe ao montante das suas participaçõessociais e outros com participações de indústria (Comanditados).

As sociedades podem também estabelecer entre si relações de:(i) Participação – As sociedades detêm participações de outras

sociedades, que podem ser de simples detenção, de detenção departicipações sociais reciprocas entre várias sociedades, ou de do-mínio de uma sociedade com uma influência maioritária no capitalou na adminstração das outras sociedades; (ii) Subordinação –So-ciedades independentes celebram entre elas contratos em que secomprometem a constituir um grupo mediante a submissão a umadirecção unitária e comum (Grupo Paritário), ou se obrigam a su-bordinar a gestão à direção de outra sociedade , dominante ou não(Contrato de Subordinação); (iii) Associação - As sociedadesconstituem um Agrupamento Complementar de Empresas (ACE),equiparado a uma sociedade comercial para efeitos de registo,para desenvolverem em comum uma actividade não directamentelucrativa e que apenas acessoriamente pode ter por fim a realiza-

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FEIRAS

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deste fórum é o de repensar e discutir o setor de carne bovina,indo abordar diferentes temas tais como o mercado global, aqualidade, a organização e a comercialização. O fórum contara com diversos oradores nacionais e interna-

cionais, que representam desde os organismos estatais, organi-zações de produtores, organizações setoriais, universidades etécnicos do setor.

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