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Ruralização para a gestão de recursos hídricos em área urbana: aplicação de
hidrologia
MasatoKobiyama1; Gean Paulo Michel1; Elisiele Cardozo Engster1
1 Instituto de Pesquisas Hidráulicas – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av.
Bento Gonçalves 9500, Caixa Postal 15029, CEP 91501-970, Porto Alegre-RS.
[email protected] ; [email protected] ; [email protected]
Resumo
O presente trabalho avaliou sucintamente o histórico dos aspectos institucionais e
científicos da hidrologia. Nessa avaliação, observa-se que a hidrologia está cada vez
mais se aproximando à sociedade, discutindo as interações entre a mesma e os
processos hidrológicos. Portanto, a hidrologia e a sociedade estão prestando mais
atenção à área urbana, pois esta área possui a maior concentração populacional e,
consequentemente, maiores problemas social, econômico e ambiental. A área urbana
recebe os processos de urbanização. No ponto de vista hidrológica, a urbanização exerce
efeitos negativos. Considerando a urbanização como um conjunto das
retiradas/rejeições da vegetação, do solo e da água pluvial, o presente trabalho propôs a
ruralização no meio urbano. Aqui, a ruralização é definida como a convivência com a
vegetação, solo e água pluvial, sendo processo contrário à urbanização. As práticas de
ruralização estão apoiadas pelos aspectos filosóficos de {Small, Slow, Simple, Science e
Soil} is beautiful. Entre elas, o armazenamento urbano, o aproveitamento de água
pluvial, o sistema agroflorestal, e o saneamento descentralizado são de extrema
importância. Todas as práticas devem ser executadas com os dados obtidos em bacias-
escola. Portanto, a bacia-escola é considerada como o fundamento nos gerenciamentos
de recursos hídricos, de bacias hidrográficas e de desastres naturais.
Palavras-chave: ruralização; hidrologia; aspectos filosóficos; bacia-escola.
Title: Ruralization for water resources management in urban area: hydrology
applicaiton
Abstract
The present study briefly evaluated the history of institutional and scientific aspects of
hydrology. In this evaluation, it is observed that hydrology is increasingly closer to
society, discussing the interactions between society and hydrological processes.
Therefore, hydrology and society are paying more attention to the urban area, because
this area has the highest population density and larger social, economic and
environmental problems. The urban area receives the urbanization processes. At the
hydrological point of view, urbanization has negative effects. Considering the
urbanization as a set of withdrawals / rejections of vegetation, soil and rainwater, the
present study proposed the ruralization in urban areas. Here, the ruralization is defined
as living with vegetation, soil and rainwater, being contrary to the urbanization process.
The ruralization practices are supported by the philosophical aspects of Small, Slow,
Simple, Science and Soil are beautiful. Among these practices, the urban storage,
rainwater utilization, the agroforestry system and the decentralized sanitation are very
important. All practices must be performed with the data obtained in school catchments.
Therefore, the school catchment is considered as the basis of the managements of water
resources, watersheds and natural disasters.
Keywords: ruralization; hydrology; philosophical aspects; school catchment.
1. INTRODUÇÃO
Porque cada indivíduo ou o conjunto dos indivíduos, isto é, a sociedade procura
o desenvolvimento sustentável? Sua resposta pode ser encontrada quando trata da saúde
de cada indivíduo e da sociedade. WHO (1946) define a saúde como um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. Esta
definição afirma que sem saúde cada indivíduo ou a sociedade não consegue alcançar a
felicidade, e consequentemente uma boa qualidade da vida.
Enquanto a sociedade está preocupada com alguns problemas, ela não está
comsaúde. Uma das sérias e fortes preocupações que a sociedade possui há muito tempo
é sobre a água. E dessa forma, para garantir a felicidade, a saúde e, consequentemente, o
desenvolvimento sustentável da sociedade, precisa-se gerenciar os recursos hídricos nos
locais onde ela se localiza. O típico local onde a sociedade intensamente atua pode ser
chamado meio urbano.
Portanto, os objetivos do presente trabalho foram: (i) argumentar no ponto de
vista hidrológico a ruralização no meio urbano, proposta por Kobiyama (2000), a fim de
gerenciar os recursos hídricos; (ii) apresentar práticas de ruralização; e (iii) enfatizar a
importância de implementação de bacias-escola. Como o tema principal é sobre a área
urbana, o presente trabalho discute o conceito de urbanização, urbanismo e área urbana.
2. HIDROLOGIA
2.1. Aspectos institucionais
A Liga das Nações foi uma organização intergovernamental fundada em 10 de
janeiro 1920 como resultado da Conferência de Paz de Paris, a qual terminou a Primeira
Guerra Mundial. A Liga durou apenas por 26 anos. A Organização das Nações Unidas
(ONU) substituiu a Liga após o fim da Segunda Guerra Mundial em 20 de Abril 1946,
herdando uma série de agências e organizações fundadas pela Liga.
O nome ONU foi utilizado já no dia 1 de janeiro de 1942 quando a Declaração
da ONU foi feita. Entretanto, logo após o fim da II Guerra Mundial, a ONU começou a
existir oficialmente a partir do dia 24 de outubro de 1945 quando a Carta da ONU foi
ratificada pelos governos do Reino Unido, França, União Soviética, China, e EUA, e
pela maioria dos outros 46 países signatários. Aqui salienta-se que, por isso, o dia 24 de
outubro é chamado Dia da ONU. No ano 2015, a ONU faz seu aniversário de 70 anos, o
que faz diversas comemorações em vários locais no mundo neste ano. Para alcançar
suas metas, a ONU hoje possui diversos programas e agencias especializadas tais como
FAO, IPCC, UNDP, UNEP, UNESCO, UN-HABITAT, UNICEF, UNV, UN Water,
UN Women, WHO, e WMO.
Em Paris no dia 4 de novembro de 1946, a UNESCO (United Nations
Educational, Scientific and Cultural Organization) foi fundada com o objetivo de
contribuir para a construção da paz, a erradicação da pobreza, desenvolvimento
sustentável e diálogo intercultural através da educação, ciências, cultura, comunicação e
informação.
Na década de 1950, a crise hídrica foi intensificada especialmente devido à
escassez de água no mundo. Assim, a UNESCO estabeleceu a Comitê de Zona Árida.
Em 1965, a UNESCO iniciou a Década Internacional de Hidrologia (International
Hydrological Decade – IHD) com o objetivo geral de acelerar o estudo científico dos
recursos hídricos e regimes hídricos, a fim de melhorar a conservação, gestão e
utilização da água (NACE, 1969). Antes de iniciar o IHD, a UNESCO precisou definir
o que é a hidrologia. Assim sendo, um ano antes de iniciar a IHD, UNESCO (1964)
definiu a seguinte maneira:
A hidrologia é definida como a ciência que lida com a água da Terra, sua
ocorrência, circulação e distribuição no planeta, suas propriedades físicas e
químicas e sua interação com o ambiente físico e biológico, incluindo suas
respostas para a atividade humana. A hidrologia é o campo que cobre a
inteira história do ciclo da água na terra.
Devido ao sucesso da IHD e também à continuação da crise hídrica, a UNESCO
iniciou o Programa Internacional de Hidrologia (International Hydrological
Programme – IHP) a partir de 1975. Atualmente o IHP está na fase VIII, dedicando à
segurança da água. Segundo Jimenez-Cisneros (2015), a segurança da água é a
capacidade de uma população para salvaguardar o acesso a quantidades adequadas de
água de qualidade aceitável para a manutenção da saúde humana e dos ecossistemas em
uma base de bacias hidrográficas, e para garantir uma proteção eficaz da vida e da
propriedade contra os perigos relacionados com a água. A fase VIII possui seis temas
principais: (i) desastres relacionadas à água e mudança hidrológica; (ii) água
subterrânea no ambiente alterando; (iii) medidas para escassez e qualidade da água; (iv)
água e assentamentos humanos do futuro; (v) ecohidrologia e engenharia harmônica
para o mundo sustentável; e (re)educação sobre a água.
Assim, encontra-se em nível internacional uma tentativa de resolver problemas
hídricos e consequentemente garantir a qualidade de vida da população mundial, através
de realizar estudos hidrológicos. Portanto, a aplicação da hidrologia para diversos
setores vem sendo cada vez mais importante.
Uma das principais comunidades da hidrologia em nível internacional é a
Associação Internacional de Ciências Hidrológicas (International Association of
Hydrological Sciences – IAHS) que é uma das oito associações que integram a União
Internacional de Geodésia e Geofísica (International Union of Geodesy and Geophysics
– IUGG). Inicialmente a IAHS se chamava Associação Internacional de Hidrologia
Científica (International Associationof Scientific Hydrology – IASH) que foi fundado
em 1922 e mudou seu nome ao nome atual em 1971.
Esta comunidade científica internacional da hidrologia vem realizando um
programa década institucional e cientifico. Já teve IAHS Scientific Decade 2003–2012
(SIVAPALAN et al., 2003; HRACHOWITZ et al., 2013). Esta Década teve seu título
de “Predictions in Ungauged Basins– PUB)” e seus objetivos de: (i) melhorar a
capacidade de modelos hidrológicos existentes para prever em bacias não monitoradas
com incerteza reduzida; e (ii) desenvolver modelos novos e inovadores que representam
a variabilidade espaço-temporal dos processos hidrológicos e aumentar a confiança nas
previsões em tais bacias. Embora Hrachowitz et al. (2013) relataram que esta Década
teve sucesso, ela reconheceu a importância do entendimento de heterogeneidade
hidrológica no solo, e aumentou a necessidade de observação e monitoramento em
campo sobre essa heterogeneidade. Então, pode-se dizer que uma tentativa de criar
modelos que não precisa medir as variáveis hidrológicas (PUB) ironicamente
demonstrou a necessidade de monitoramento hidrológico em campo.
Com base no reconhecimento obtido na Década 2003-2012, a IAHS criou outra
e atual Década, isto é, IAHS Scientific Decade 2013–2022 (MONTANARI et al., 2013).
Nesta vez, o tema principal é “Panta Rhei — Everything Flows”: Change in hydrology
and society, e possui os seguintes principais conceitos:
(i) Os seres humanos são uma parte importante do sistema. É
necessário estudar o bidirecional acoplamento entre seres humanos e
natureza (sócio-hidrologia) dentro de um quadro mais abrangente.
(ii) Co-evolução dos sistemas hidrológicos e conectados (incluindo a
sociedade) precisa ser reconhecida e modelada com uma abordagem
adequada, a fim de prever sua reação à mudança.
(iii) Os processos hidrológicos determinam a relação entre o ambiente
e os seres humanos. Mudança hidrológica é vital para a sociedade,
bem como para o próprio ambiente.
(iv) Tal mudança resultada da forte imposição da variabilidade natural
e também dos efeitos induzidos pelo homem (sociedade).
(v) Avanços na hidrologia estão recentemente limitados pelas técnicas
de medição disponíveis. A comunidade deve, portanto, ser proativa na
elaboração de estratégias de monitoramento inovadores, buscando
vantagens das novas tecnologias e novas gerações de dados.
(vi) A ciência futuro deve necessariamente basear-se em uma
abordagem interdisciplinar.
Refletindo sobre os resultados da Década PUB, a atual Década coloca a
necessidade de intensificar o monitoramento hidrológico (item (v)). Também com base
na demanda atual da sociedade, a Década Panta Rhei enfatiza a interações entre os
processos hidrológicos e a sociedade. Esse movimento vem recentemente causando uma
discussão mais intensa a relação entre a hidrologia e a sociedade, criando um novo
nome da ciência, isto é, sócio-hidrologia (SIVAPALAN et al., 2012; SIVAKUMAR,
2012; DI BALDASSARRE et al., 2013).
Assim, observando atividades da UNESCO e da IAHS, entende-se que a
hidrologia está cada vez mais institucionalmente considerando e tratando da sociedade.
Ou seja, a hidrologia não deve existir mais sem consideração da sociedade.
2.2. Aspecto científico da hidrologia
Em diversas ocasiões, uma pessoa tem dúvidas relativamente simples quando
observam a chuva, os rios e os poços, por exemplo, e pode se perguntar: “Aonde vai a
chuva que cai no solo?”, “Quando a água da chuva que entrou no solo vai chegar ao
rio?” , ou ainda, “Qual caminho a água no solo percorre até chegar ao rio?” entre outros
questionamentos. Estas dúvidas bem simples são todas ligadas à questão sobre o
mecanismo de geração de vazão. Acredita-se que esta questão é o tópico principal da
hidrologia. A importância de discutir o mecanismo de geração de vazão na hidrologia
encontra-se em Beven (2006).
Segundo Kobiyama et al. (2008), os princípios da hidrologia consistem em três:
ciclo hidrológico; variabilidade (heterogeneidade) espacial; e variabilidade
(heterogeneidade) temporal. O ciclo hidrológico que ocorre naturalmente e compõe-se
nos processos hidrológicos causam as heterogeneidades espacial e temporal. Um dos
importantes reconhecimentos obtidos na Década PUB é a importante função dessas
heterogeneidades hidrológicas.
Na prática, a transposição de bacias hidrográficas é a medida principal para
reduzir a heterogeneidade espacial dos recursos hídricos. Embora existam diversas
polemicas em relação à execução de transposição de bacias, por exemplo, a bacia do rio
São Francisco (CASTRO, 2011), a sobrevivência da sociedade a qual sofre com a
heterogeneidade espacial dos recursos hídricos quase sempre necessita a realização de
tal transposição.
A ação prática para reduzir a heterogeneidade temporal é a construção do
sistema de armazenamento de água. Em nível de bacias hidrográficas, este sistema é o
conjunto de barragem e reservatório, enquanto em nível de casas e prédios, caixas de
água e/ou cisternas.
Assim sendo, a modificação das heterogeneidades espacial e temporal a fim de
obter o melhor funcionamento da sociedade pode ser chamada a engenharia hídrica (ou
de recursos hídricos), a qual faz parte da engenharia sanitária, ambiental e/ou civil. E
para conseguir o melhor desempenho dessa engenharia, necessita-se estudar tais
heterogeneidades hidrológicas por meio de monitoramento e modelagem. O estudo
científico deste assunto é a hidrologia. A Figura 1 mostra um esquema dos princípios
dos recursos hídricos e as correspondentes ações humanas.
Figura 1 – Princípios dos recursos hídricos e ações humanas.
3. LOCAL DOS PROBLEMS SOCIO, ECONOMICO E AMBIENTAL
Segundo UNISDR (2009), o desastre é definido como uma grave perturbação do
funcionamento de uma comunidade (ou uma sociedade) envolvendo perdas humanas,
materiais, econômicas e/ou ambientais e impactos, os quais ultrapassam a capacidade da
comunidade (ou sociedade) afetada para lidar com recursos próprios. Assim, fica claro
que, quando a sociedade não tenha nenhum prejuízo, não ocorre desastre.
Neste sentido, pode-se dizer que inundação, escorregamento, estiagem,
vendaval, granizo, furacão, terremoto, erupção de vulcão, tsunami, entre outros, são
apenas fenômenos naturais. Quando estes fenômenos intensos ocorrem em locais onde a
sociedade atua, resultando em danos e prejuízos, os mesmos geram desastres naturais
(KOBIYAMA et al., 2006).
Em outras palavras, os problemas sócio, econômico e ambiental, ou desastres
(naturais) dependem da presença da população e também da quantidade populacional.
Isto indica que os locais onde as populações concentram podem ter potencialmente mais
problemas. Dessa maneira, fica claro que a área urbana onde encontra-se a maior
concentração populacional é caracterizada com tais problemas. Usando dados
disponíveis da pesquisa demográfica no Brasil, a qual o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) vem realizando desde 1940, o presente trabalho
graficamente mostra a alteração das populações urbana e rural no Brasil no período de
1940 até 2010 (Figura 2). Na década de 1960, a população urbana ultrapassou a rural no
Brasil. Após 1970, a população rural manifesta sua leve redução. No período analisado,
a taxa de crescimento populacional urbano está sempre alta.
Figura 2 – População urbana e rural no Brasil no período de 1950 a 2010
Com base na tendência demográfica e na natureza da área urbana, pode-se dizer
que a área urbana em geral possui problemas sócio, econômico e ambiental
inevitavelmente. Isto faz parte da forte argumento de governos para se dedicarem ao
gerenciamento de áreas urbanas.
- 20.000.000 40.000.000 60.000.000 80.000.000
100.000.000 120.000.000 140.000.000 160.000.000 180.000.000
1920 1940 1960 1980 2000 2020
Popu
laçã
o
Ano
urbano
rural
Embora seja muito comum utilizar os termos urbanização, urbanismo, e área
urbana, não existe consenso internacional sobre como determinar os limites das zonas
urbanas ou identificar uma área urbana. Em muitos países, assentamentos designado
como urbanos são esperados para servir certas funções administrativas
(McGRANAHAN e SATTERTHWAITE, 2014). Por exemplo, no Brasil, a Lei Nº
5.172, no Art. 32, define zona urbana, observando o requisito mínimo da existência de
melhoramentos em pelo menos dois dos seguintes incisos, construídos ou mantidos pelo
Poder Público: (i) meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; (ii)
abastecimento de água; (iii) sistema de esgotos sanitários; (iv) rede de iluminação
pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; e (v) escola primária ou
posto de saúde a uma distância máxima de 3 km do local considerado (BRASIL, 1966).
De qualquer maneira, o fato é que a urbanização possui efeitos positivos e
negativos em diversos aspectos (sociedade, economia, cultura, saúde, meio ambiente,
entre outros). No caso dos efeitos hidrológicos da urbanização, gestores de drenagem
urbana têm discutido mais intensamente e amplamente, por exemplo, Tucci et al.
(1995), Kobiyama et al. (2007b), e Canholi (2015).
Na hidrologia, o grau de urbanização é comumente avaliado através da taxa de
áreas impermeabilizadas (KOBIYAMA et al., 2008). Portanto, aparentemente a
urbanização exagerada sem planejamento cria efeitos hidrologicamente negativos.
Assim, as áreas urbanas vêm frequentemente sofrendo inundações (KOBIYAMA e
GOERL, 2011).
Embora qualquer sociedade espere o aumento de conforto e felicidade por meio
da realização de todas as ações, a urbanização normalmente exerce efeito negativo na
hidrologia, modificando os processos hidrológicos e consequentemente alterando o
ciclo hidrológico que ocorre em bacias hidrográficas.
A Figura 3 demonstra como a urbanização afeta negativamente a sociedade. Na
área urbana, devido à demanda do abastecimento de água. A sociedade constrói muitos
poços para explorar a água subterrânea, o que pode causar a subsidência do solo. A
impermeabilização vai aumentar o pico do hidrograma e fazer mais curto o horário da
ocorrência deste pico devido ao aumento da velocidade do fluxo. Consequentemente
ocorrerão mais frequentemente enchentes e erosão superficial. Esses fenômenos
naturais (enchente, erosão e subsidência) certamente destroem a infraestrutura. Além
disso, a impermeabilização reduz a quantidade da água infiltrada ao solo, e reduz a
vazão mínima, o que pode causar a escassez da água no rio.
Figura 3 – Efeitos hidrológicos da urbanização
A urbanização aumenta a quantidade lançado de esgoto e de lixo ao ambiente.
Isto certamente causa a deterioração da qualidade de águas superficial e subterrânea, o
que também gera a escassez de água.
Aqui nota-se que, embora a demonstração da Figura 3 é mais voltada para a área
urbana, o contexto pode ser verdadeiro também na área rural. Assim sendo, existe uma
sensação onde a urbanização prejudica o desenvolvimento urbano no ponto de vista
hidrológico.
3. RURALIZAÇÃO
3.1. Conceito geral
Kobiyama et al. (2008) apresentaram, como técnicas de saneamento, fossa
séptica/sumidouro, sistema Wetland, aproveitamento de água da chuva, e compostagem.
Estas técnicas podem ser encontradas mais comumente na área rural do que na urbana.
Embora todas as técnicas se encontram em ambas áreas (urbana e rural), sua
popularidade fica para urbana ou rural. Portanto, Figura 4 apresenta técnicas típicas nas
áreas urbana e rural.
Figura 4 – Técnicas de saneamento nas áreas urbana e rural.
Analisando o custo-benefício e a eficiência energética para cada técnica, pode-se
dizer que o saneamento rural pode ser melhor do que o urbano. A análise da situação
recente, onde muitas pessoas na cidade procuram ecoturismo, turismo rural, hotel
fazenda, entre outros rurais, permite concluir que a condição rural é muitas vezes
melhor do que a urbana. Novos valores sustentam a busca pela proximidade com a
chamada “vida rural”. É como se o indivíduo/sociedade buscasse simplicidade,
desaceleração do ritmo de vida, ar puro e qualidade de vida, em contraponto ao urbano.
Assim, Kobiyama (2000) questionou a urbanização atual cuja consequência a sociedade
vem sofrendo. Neste contexto, a urbanização foi definida por Kobiyama (2000), como o
conjunto de três ações: (i) retirada da vegetação e do solo, (ii) revestimento do terreno
concreto e asfalto, e (iii) rejeição de água (escoar a água da chuva o mais rápido
possível através da drenagem urbana).
Por causa da situação atual onde o avanço da urbanização aumenta os problemas
hídricos e ambientais, Kobiyama (2000) definiu a ruralização como a convivência com
a vegetação, terra e água da chuva, ou, conjunto das ações de recuperação da vegetação,
da terra e da água com seus aproveitamentos e convivência harmônica (Figura 5). Sendo
processo contrário à urbanização, a ruralização no meio urbano pode ser considerada
como nova fase no desenvolvimento sustentável urbano. O meio ambiente consiste
principalmente em planta, água e solo. Em geral, a ação de rejeitar a esses componentes
do meio ambiente se chama a urbanização, enquanto a ação de conviver com os mesmos
se chama a ruralização. A cultura que conduz a ruralização pode ser chamada ruralismo
que nasce naturalmente no ambiente rural.
Figura 5 – Ruralização e ruralismo.
3.2. Aspectos filosóficos
Avaliando duas ações contrárias: urbanização e ruralização, entende-se que a
ação humana depende totalmente da filosofia que um indivíduo ou a sociedade possui.
Assim, pode-se dizer que quaisquer atividades necessitam de uma boa filosofia para que
obtenha sucesso. Então, partindo do princípio filosófico do livro “Small is beautiful”
escrito em 1973 pelo economista alemão Ernst Friedrich Schumacher (1911-1977),
Kobiyama (2008) demonstrou quatro importantes aspectos filosóficos no
desenvolvimento de qualquer atividade.
Segundo Schumacher (1983), o mundo atual que vem sendo construído com a
filosofia, a ciência e a tecnologia moderna, está começando a enfrentar três crises: (1) a
natureza do ser humano está sufocada pelas tecnologias e organizações não humanas;
(2) o ambiente que sustenta a vida do ser humano está danificado e já evidencia o
diagnóstico do início do colapso; (3) os recursos naturais não-renováveis
indispensáveis, no modelo atual, para o crescimento econômico, em especial o petróleo,
estão esgotando. As causas destas crises são o materialismo e a fé nas gigantes
tecnologias, os quais são gerados num contexto de ambição, de individualismo e de
concentração de riquezas. Em relação à educação, tecnologia, urbanização, indústria,
agricultura, economia, entre outros, Schumacher (1983) enfatizou que, os métodos e as
ferramentas empregadas na tecnologia devem ser suficientemente baratos para que
praticamente todas as pessoas possam adquirir e aplicar em uma pequena escala,
incentivando a criatividade das mesmas. Assim, o mesmo autor criou esse novo
conceito Small is beautiful, que hoje é um slogan internacional.
Na mesma linha filosófica de desenvolvimento sustentável, mas com outro
aspecto, Tsuji (2001) escreveu o livro “Slow is beautiful” e enfatizou a importância de
lentidão no processo de desenvolvimento na sociedade. A drenagem urbana também
precisa reduzir a velocidade do ciclo hidrológico para reduzir o prejuízo de desastres
naturais, necessitando aprender o conceito Slow is beautiful (KOBIYAMA, 2008). Para
que as medidas estruturais e não estruturais de menor escala conseguem diminuir a
velocidade do fluxo de água, Kobiyama (2008) mencionou a necessidade de realizar
medidas mais simples possíveis, chamando o conceito Simple is beautiful. A
simplicidade permite obter custos mais baixos, maior acessibilidade e menor consumo
de energia, entre outros. Para conseguir executar medidas simples em pequena escala,
que permitem a dinâmica da água mais lenta, a sociedade precisa de uma ciência mais
adequada. Assim sendo, Kobiyama (2008) enfatizou que a hidrologia tem que ser linda.
A estes quatro aspectos, Kobiyama et al. (2014) adicionaram ainda a importância
da valorização e consideração dos aspectos relacionados ao solo. Quanto mais estudar
as características do solo, ainda mais percebe-se a importância de sua função social,
econômica e ambiental. Além disso, percebe-se que a sociedade ainda não está capaz de
entender e descrever adequadamente estas funções. Para utilizar melhor solos, é
necessário entender melhor as funções do solo.
Assim sendo, os cinco aspectos filosóficos que devem ser considerados para
ruralização no meio urbano são:
Small is beautiful.
Slow is beautiful.
Simple is beautiful.
Science is beautiful.
Soil is beautiful.
Nenhum aspecto pode faltar na ruralização. Utilizando estes aspectos, diversas práticas
de ruralização serão apresentadas no próximo item.
4. PRÁTICAS DE RURALIZAÇÃO
Como a ruralização busca a convivência com as plantas (vegetação), precisa-se
compreender as funções do ecossistema florestal. Segundo Kobiyama (2000) e
Kobiyama et al. (2012), estas funções são: (1) mitigação do clima (temperatura e
umidade); (2) mitigação do hidrograma (redução da enchente e recarga ao rio); (3)
controle de erosão; (4) melhoramento da qualidade da água no solo e no rio; (5) redução
da poluição atmosférica; (6) fornecimento de oxigênio (O2) e fixação do gás
carbono(CO2); (7) prevenção do vento e barulho; (8) amenidade, recreação e
educação;(9) produção de biomassa, remédios, e alimentos; (10) fornecimento de
energia; (11) indicação (testemunha) da história, entre outras. A principal característica
da floresta pode resultar da ocorrência simultânea de todas as suas funções, mesmo que
em maior ou menor grau. Por exemplo, em dias quentes no verão, uma pessoa procura o
sistema de ar condicionado para reduzir a temperatura elevada no ambiente. A floresta
reduz a temperatura máxima do ambiente, o que faz parte da mitigação do clima. Neste
caso o efeito da floresta em relação à redução da temperatura máxima pode ser menor
do que o sistema de ar condicionado. Entretanto, a floresta exerce as funções de
mitigação do hidrograma, de controle de erosão, entre outras, e o sistema de ar
condicionado não. Assim, a utilização da floresta, por exemplo, a arborização urbana,
deve ser uma das principais práticas da ruralização no meio urbano. Para aumentar a
porosidade total do solo, fixar CO2 no solo e produzir alimentos e remédios, a
agricultura pode ser introduzida ao meio urbano. Neste sentido, a execução do sistema
agroflorestal (KOBIYAMA et al., 2001) deve ser incentivada cada vez mais no meio
urbano.
As técnicas de saneamento de maneira mais rural (Figura 4) podem ser
implementadas em escala maior. Entretanto, tais técnicas certamente demonstram sua
alta eficiência quando forem implementadas em pequena escala. Como Kobiyama et al.
(2008) comentaram, o saneamento básico deve ser descentralizado. Em outras palavras,
a descentralização do saneamento (PHILIPPI, 2000) é uma típica prática de ruralização
no meio urbano.
Assim sendo, há diversas técnicas de ruralização. Aqui serão discutidos apenas
armazenamento urbano, aproveitamento de água da chuva, e bacia-escola com base nos
aspectos filosóficos acima mencionados.
4.1. Armazenamento urbano
Aprendendo o conceito Slow is beautiful, Kobiyama et al. (2007b) destacaram a
necessidade de aumentar a rugosidade no curso da água e retardar (armazenar) a água na
drenagem urbana. O aumento da rugosidade pode ser realizado de duas maneiras: (1)
aumentar o coeficiente de rugosidade devido à inserção de obstáculo na superfície, e
criando atrito maior contra o fluxo; e (2) evitar a retificação do curso de água (por
exemplo, não fazer o canal artificial retificado nos rios com meandros). Em condições
naturais a bacia, normalmente, possui o coeficiente de rugosidade mais alto e o canal
mais sinuoso. Tendo sua capacidade de armazenamento elevada, a bacia natural deixa o
fluxo mais lento. Assim, a dinâmica da água torna-se lenta no ciclo hidrológico. A obra,
que transforma um canal artificial em rio natural, se chama a (re)naturalização do rio
(SOUZA e KOBIYAMA, 2003).
Com o intuito de resolver problemas causados pelo o excesso da água pluvial na
área urbana, a drenagem clássica e usual, que faz parte da urbanização, tem reduzido a
rugosidade e a sinuosidade dos canais e, consequentemente, aumentando a velocidade
do fluxo. Isto tudo é para tentar retirar (drenar) a água da chuva do local de interesse o
mais rápido possível. Kobiyama et al. (2007b) sugerem uma inversão desta lógica,
cunhando o termo ARMAZENAMENTOURBANO, em contraposição à drenagem
urbana. Isto foi justamente para enfatizar a busca de velocidade mais lenta no ciclo
hidrológico na área urbana com uso de sistema de armazenamento.
Por meio de monitoramento hidrológico na Bacia do Córrego Mineirinho no
município de São Carlos/SP e modelagem hidrológica, Benini e Mendiondo (2015)
estudaram o efeito do Plano Diretor do município (Figura 6). O resultado demonstrou
que o Plano Diretor conseguirá reduzir o efeito negativo da urbanização nesta bacia,
mas que a urbanização realizada com base no Plano Diretor ainda manterá o problema
de alta potencialidade de inundação.
Figura 6 – Simulação do hidrograma com diferentes cenários na Bacia do Córrego do
Mineirinho, São Carlos/SP. SPD e CPD significam os cenários sem e com plano diretor,
respectivamente. (Fonte: BENINI e MENDIONDO, 2015).
Este tipo de problema do Plano Diretor resulta da falta do conceito de
armazenamento urbano. Respeitar área de preservação permanente (APP) não é
suficiente. A capacidade de armazenamento de água da bacia hidrográfica está
associada ao uso e ao tipo de solo. Em relação ao uso do solo, em uma bacia pode-se
encontrar usos provenientes da ação humana (áreas cultiváveis, destinadas ao lazer,
comerciais, industriais, residenciais, etc.) e usos naturais (florestas, campos de altitude,
etc.). Como o Plano Diretor interfere diretamente sobre o uso do solo, permitindo ou
negando determinado tipo de uso em determinada localização da bacia ou região,
precisa-se também introduzir o conceito de “armazenamento urbano” ao Plano Diretor
de “Drenagem Urbana”. Um Plano Diretor que leve em consideração o conceito de
armazenamento trata da manutenção deste ao longo do tempo, independente do
crescimento urbano. Neste sentido, Kobiyama et al. (2008) demonstraram que a
introdução de medidas estruturais distribuídas(descentralizada) de armazenamento
urbano pode colaborar para o Impacto Hidrológico Zero no contexto de urbanização. O
Impacto Hidrológico Zero tem o mesmo significado de uma ação de emissão zero para
o desenvolvimento sustentável.
4.2. Aproveitamento de água da chuva
Uma das medidas estruturais distribuídas (descentralizada) é o sistema de
aproveitamento de água da chuva. As técnicas de aproveitamento de água da chuva são
caracterizadas com menor escala e estrutura bastante simples. Fazendo o
armazenamento de água da chuva, elas reduzem a velocidade do ciclo hidrológico no
meio urbano. Analisando o sistema de aproveitamento de água da chuva como estudo
de caso de Florianópolis/SC, Kobiyama e Hansen (1998) cientificamente demonstraram
efeitos positivos no ponto de vista social, econômico e hidrológico. Assim, pode-se
afirmar que as técnicas do aproveitamento de água da chuva fazem parte do
armazenamento urbano e vem sendo apoiadas pelos aspectos filosóficos acima
mencionados.
Essas técnicas não são novas. Mas a divulgação significativa desta técnica pode
ser observada com um livro original de Group Raindrops (1994).Esse livro foi
traduzido para o idioma português também (GROUP RAINDROPS, 2002). No Brasil,
as técnicas têm sido difundidas amplamente, por exemplo, Dacach (1979), Silva et al.
(1984; 1988), Daker (1987), Azevedo Netto (1991), Tomaz (1998) e Kobiyama et al.
(2005; 2007a). A Tabela 1 apresenta as vantagens e desvantagens destas técnicas nos
aspectos social, econômico e ambiental (hidrológico).
Tabela 1 - Vantagens e desvantagens do aproveitamento da água da chuva.
Aspecto Vantagens Desvantagens
Econômico • Redução do gasto mensal com
água e esgoto.
• Aumento da renda familiar
mensal, após retorno do
investimento inicial.
• Dependendo da tecnologia
empregada, pode ter alto custo
inicial.
• Pode aumentar o gasto com energia
elétrica.
Social • Garantia da qualidade de vida
pela certeza da não falta
d’água e seus inconvenientes.
• Melhora da imagem perante a
sociedade, órgãos ambientais,
etc.
• Conscientização ambiental
Não
Ambiental
(hidrológico)
• Preservação dos recursos
hídricos, principalmente dos
mananciais superficiais.
• Redução do pico do
hidrograma.
• Redução de alagamentos.
• Elevação do lençol freático.
Não
(Modificado de KOBIYAMA et al., 2005)
4.3. Bacias-escola
A bacia-escola é definida como uma bacia experimental que serve para
pesquisas científicas e atividades de educação ambiental (KOBIYAMA et al., 2009).
Abordando assuntos relacionados à hidrologia, geomorfologia, entre outros, ela pode ser
eficientemente e adequadamente utilizada para educação e treinamento de proteção e
defesa civil. Portanto, Kobiyama e Michel (2015) também sugerem a implementação de
bacias-escola para gerenciar desastres naturais associados a fluxo de detritos. A Figura 7
apresenta a utilização da bacia-escola como o ponto de partida do gerenciamento de
recursos hídricos. Em cada município, é preciso fazer, com bacias-escola, o
monitoramento hidrológico para obter os dados de chuva, vazão, entre outros para
compreender os regimes hidrológicos. Com base nos dados obtidos nas bacias-escola, a
sociedade poderá realizar a educação, conscientização, capacitação para si mesmo e
também executar as obras hídricas, previsão de inundação, mapeamento de áreas
susceptíveis, entre outras medidas.
Figura 7 – Contribuição da bacia-escola ao gerenciamento de recursos hídricos
Aqui, salienta-se que Haigh (2009) relatou o uso das bacias-escola em uma
conferencia internacional com grande interesse e como um exemplo a ser seguido,
sugerindo a implementação da mesma na Europa. Entendendo, assim, que a gestão
integrada e com participação de técnicos e sociedade se faz de forma realmente efetiva.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho demonstrou sucintamente o histórico dos aspectos
institucional (IHP-VIII) e científicos (IAHS Scientific Decade 2013–2022 “Panta
Rhei”). Com esta avaliação histórica, observa-se claramente que a hidrologia está cada
vez mais aproximando à sociedade, discutindo as interações entre a sociedade e os
processos hidrológicos. Assim, nota-se que a sócio-hidrologia tem sido cada vez mais
popular. Justamente por isso, a hidrologia e a sociedade estão prestando mais atenção à
área urbana, pois esta área possui a maior concentração populacional e
consequentemente uma intensidade maior dos problemas social, econômico e ambiental.
A área urbana recebe os processos de urbanização. No ponto de vista
hidrológica, a urbanização exerce efeitos negativos. Considerando a urbanização como
um conjunto das retiradas/rejeições da vegetação, do solo e da água pluvial, o presente
trabalho propôs a ruralização no meio urbano. Aqui, a ruralização é definida como a
convivência com a vegetação, solo e água da chuva, sendo processo contrário à
urbanização. Esta ação de ruralização pode ser sustentada pelos aspectos filosóficos de
Small is beautiful, Slow is beautiful, Simple is beautiful, Science is beautiful e Soil is
beautiful.
Embora existam diversas práticas de ruralização no meio urbano, acredita-se que
o armazenamento urbano, o aproveitamento de água da chuva, o sistema agroflorestal, e
o saneamento descentralizado são de extrema importância. De qualquer maneira, todas
as práticas devem ser auxiliadas com os dados obtidos por meio da construção de
bacias-escola. Assim, pode-se dizer que a bacia-escola é o ponto de partida no
gerenciamento de recursos hídricos, gerenciamento de bacias hidrográficas e
gerenciamento de desastres naturais.
Analisando os desastres relacionados a escorregamentos, Petley (2012) e
Sepúlveda e Petley (2015) demonstraram uma tendência onde países que possuem
elevado número de publicações de artigos científicos sobre escorregamentos sofrem
menos com estes desastres. Isso indica que a sociedade brasileira também precisa
avançar mais em seus estudos relacionados aos problemas sócio-econômico-ambientais
na área urbana a fim de reduzi-los. Para isto também, a bacia-escola fica ainda mais
importante.
Aprendendo a história humana, por exemplo, Hillel (1991) e Montgomery
(2007), entende-se que os seres humanos inicialmente tentaram a civilização no seu
lugar. Quando não respeitavam a natureza (vegetação, solo e água), a civilização se
acabou. Aqui considera-se que a urbanização é fase avançada da civilização. Justamente
por isso, o desenvolvimento da área urbana deve ser mais planejado e gerenciado.
Enfim, apresenta-se uma história bastante comum: Houve floresta antes da civilização.
Depois da civilização (excesso de urbanização), existirá o deserto.
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