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Subsídios para a Elaboração do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga

S ubsídios para a Elaboração do Plano d e Ação para a Prevenção

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Subsídios para a Elaboração do Plano de Ação para a Prevenção e Controle

do Desmatamento na Caatinga

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

Brasília, dezembro de 2010

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASILPRESIDÊNCIA DA REPÚBLICALuiz Inácio Lula da Silva

VICE-PRESIDÊNCIAJosé Alencar Gomes da Silva

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

Izabella Mônica Vieira TeixeiraMinistra

José MachadoSecretário Executivo

Mauro Oliveira PiresDiretor do Departamento de Políticas para o Combate ao Desmatamento

Bráulio Ferreira de Souza DiasSecretário de Biodiversidade e Florestas

Daniela América Suarez de OliveiraDiretora do Departamento de Conservação da Biodiversidade

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Subsídios para a Elaboração do Plano de Ação para a Prevenção e Controle

do Desmatamento na Caatinga

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

Brasília, dezembro de 2010

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Equipe Técnica do Ministério do Meio Ambiente

Departamento de Políticas para o Combate ao DesmatamentoJuliana Ferreira Simões (Gerente de Projetos)Daiene Santos BittencourtLívia Marques Borges Rafael Buratto Rejane Ennes Cicerelli Rodrigo Afonso Guimarães

Núcleo Caatinga do Departamento de Conservação da BiodiversidadeJoão Arthur Soccal Seyffarth (Coordenador do Núcleo Caatinga) Jader Oliveira

Consultoria técnica Júlio Paupitz

Apoio GTZProjeto de Consolidação dos Instrumentos Políticos e Institucionais para Implementação do Programa Nacional de Floresta–UFT/BRA/062

Equipe editorialLarissa Malty

Diagramação e ImpressãoCidade Gráfica e Editora Ltda

Tiragem: 1.000 exemplares

B823s Brasil. Ministério do Meio Ambiente

Subsídios para a elaboração do plano de ação para a prevenção e controle do desmatamento na Caatinga / Ministério do Meio Ambiente. - Brasília, 2011. 128 p. : il. color.

1. Bioma Caatinga. 2. Desmatamento. 3. Conservação da biodiversidade. I. Secretaria Executiva. II. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. III. Título

CDU: 502.35

Catalogação na fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

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Sumário

1. Introdução...................................................................................................................... 7

2. Metodologia.................................................................................................................. 9

3. O Bioma Caatinga......................................................................................................... 123.1. Localização geográfica............................................................................................ 123.2. Aspectos ambientais............................................................................................... 15

3.2.1. Ecorregiões...................................................................................................... 153.2.2. Vegetação........................................................................................................ 213.2.3. Clima................................................................................................................ 223.2.4. Geomorfologia e solos..................................................................................... 233.2.5. Hidrografia....................................................................................................... 26

3.3. Aspectos socioeconômicos..................................................................................... 293.3.1. População......................................................................................................... 293.3.2. Situação econômica e social............................................................................ 303.3.3. Estrutura fundiária.......................................................................................... 33

4. Diagnóstico do Problema........................................................................................... 354.1. Monitoramento da cobertura vegetal.................................................................... 354.2. O Modelo Lógico aplicado ao combate ao desmatamento na Caatinga............. 464.3. Desmatamento, degradação e atividades produtivas........................................... 49

4.3.1. Agricultura........................................................................................................ 494.3.2. Pecuária........................................................................................................... 514.3.3. O consumo insustentável de lenha e carvão vegetal...................................... 53

4.4. Consequências do desmatamento........................................................................ 614.4.1. Mudanças climáticas....................................................................................... 614.4.2. Desertificação................................................................................................. 62

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5. Instrumentos de Prevenção e Controle do Desmatamento 675.1. Áreas protegidas ...................................................................................................... 675.2. Gestão florestal e fiscalização................................................................................. 735.3. Gestão territorial.................................................................................................... 795.4. O Manejo Florestal Sustentável............................................................................. 80

5.4.1. O Manejo Florestal Sustentável e os produtos da sociobiodiversidade............................................................................................ 85

5.4.2. O manejo florestal como estratégia de apoio à agricultura familiar............................................................................................................ 87

5.4.3. O manejo florestal e os assentamentos da reforma agrária........................... 905.5. Assistência técnica, capacitação e disseminação de práticas sustentáveis......... 93

6. Uma política pública para a prevenção e controle do desmatamento na Caatinga......................................................................................................................... 956.1. Articulação com outras políticas............................................................................. 96

6.1.1. Programa Caatinga sustentável........................................................................ 966.1.2. Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da

Seca................................................................................................................. 976.1.3. Política Nacional sobre Mudança do Clima...................................................... 986.1.4. Política Nacional da Biodiversidade................................................................. 1016.1.5. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas............................................. 1056.1.6. Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da

Sociobiodiversidade ....................................................................................... 1086.2. Propostas coletadas nas oficinas............................................................................ 1096.3. Diretrizes estratégicas............................................................................................. 1126.4. Focos de atuação prioritária................................................................................... 115

Lista de Siglas e Abreviaturas......................................................................................... 118

Bibliografia........................................................................................................................ 122

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71. Introdução

O bioma Caatinga conforma-se numa situação única frente às demais regiões semiáridas do planeta. Dentre estas, é a mais biodiversa e concomitan-temente a mais densamente povoada, numa área em que se confunde com o semiárido brasileiro. Em seu território, a convivência humana com o meio na-tural é marcada pela dependência dos recursos naturais, sem os quais a sobre-vivência de uma população superior a 27 milhões de habitantes não seria possível, em vista das dificuldades impostas pelas condições climáticas.

Os indicadores socioeconômicos das unidades territoriais que se encon-tram no Bioma refletem a necessidade de mudanças que possam alterar o pano-rama social e econômico da região mais afetada pelas desigualdades do País. Em 2007, na região Nordeste, os moradores rurais representavam quase 50% de toda a população do campo brasileiro e, ao mesmo tempo, essa região apresentava os piores índices de desenvolvimento humano do País, com taxas elevadas de

analfabetismo, níveis baixos de sanea-mento e a menor expectativa de vida.

É nesse contexto social que se en-contra o bioma Caatinga, cuja vegetação nativa é altamente resiliente e largamen-te utilizada pela população do Semiárido. As áreas de sua ocorrência encontram-se sob intensa exploração desde os primór-dios da colonização no século XVI e com boa parte de suas áreas profundamen-te antropizadas. A vegetação do Bioma sustenta a economia da região por meio da participação da lenha e do carvão na matriz energética e de uma grande quan-tidade de produtos florestais não-madei-reiros que dão um caráter único às ativi-dades humanas dentro de uma forte cul-tura regional. Direta ou indiretamente, as florestas da Caatinga são utilizadas para sustentar atividades tradicionais como a pecuária extensiva adaptada às condi-ções naturais do Semiárido. Também são igualmente importantes alguns produ-tos florestais, como cascas e raízes para a produção de tanino, extração de fibras e a coleta de frutos.

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8 A degradação ambiental generali-zada na Caatinga tem origem no desma-tamento, que ocorre de forma pulveriza-da. Isto se deve ao fato de que o vetor mais importante do desmatamento é a exploração predatória para satisfazer de-mandas por carvão vegetal e lenha para fins energéticos. Os insumos energéticos provenientes da vegetação natural aten-dem às necessidades domésticas e indus-triais, sobretudo para satisfação das de-mandas dos polos de produção de gesso, cal, cerâmica e ferro-gusa.

Segundo os dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros, realizado pelo Centro

de Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, entre 2002 e 2008 foram perdidos mais de 16 mil km² de áre-as nativas, o equivalente a 2% da superfí-cie total do Bioma.

O presente documento vem apre-sentar um conjunto de informações so-bre o bioma Caatinga, o desmatamento e suas causas e consequências. A partir dessas informações, pretende-se subsi-diar o governo federal na proposição de ações para reduzir a taxa do desmata-mento e assim contribuir para estabele-cer um modelo de desenvolvimento sus-tentável nesse Bioma.

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92. Metodologia

O processo de elaboração deste diagnóstico iniciou-se com a contratação de consultor especializado no tema con-servação e uso sustentável da Caatinga. Paralelamente, os diversos ministérios e órgãos vinculados, que já estavam en-volvidos com os planos de prevenção e controle do desmatamento nos biomas Amazônia e Cerrado, foram convidados a participar da construção do modelo lógi-co do que viria a ser o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga – PPCaatinga.

Em 6 e 7 de abril de 2010, foi realizada a Oficina de Validação do Modelo Lógico do PPCaatinga, com o apoio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MP, via Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos – SPI. A Oficina, que reuniu representantes de seis ministérios e oito órgãos vinculados, visava dar início ao planejamento estraté-gico das ações que constituiriam o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga – PPCaatinga.

Concebido para subsidiar a constru-ção, avaliação e revisão de programas de governo, o Modelo Lógico prevê inicialmen-te a coleta de informações em referências bibliográficas, bem como junto a atores relevantes que lidam com o problema em questão. Após análise dessas informações, procede-se à pré-montagem do Modelo Lógico, que é composto por três partes:

(1) Explicação do problema (árvore de problemas) e referências básicas do programa (objetivo, público-alvo e beneficiários);

(2) Estruturação do programa para alcan-ce dos resultados; e

(3) Identificação de fatores de contexto.

Uma vez montado, o Modelo Lógico deve ser validado em oficina, pas-sando pelo crivo dos participantes (ge-ralmente os atores inicialmente entrevis-tados) nos seguintes procedimentos:

9 Checagem dos componentes;

9 Teste de consistência;

9 Análise de vulnerabilidade;

9 Análise da pertinência e suficiência das ações;

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10 9 Definição dos indicadores de desem-penho; e

9 Verificação final.

Por fim, elabora-se um Plano de Avaliação do programa (BRASIL, 2007).

Embora o Modelo Lógico apresen-te limitações na tarefa de planejar a so-lução de um problema de tamanha com-plexidade, decidiu-se por sua aplicação porque incorpora o conhecimento, a ex-periência e os pontos de vista de setores diversos do governo no que diz respeito à problemática estabelecida.

De início, foi realizada a coleta e análise de informações, por meio de entrevistas e revisão bibliográfica, que possibilitou a pré-montagem da chama-da “Árvore de Problemas” e a enumera-ção de causas críticas do desmatamento (itens do componente “Explicação do problema” do Modelo Lógico).

Durante o encontro de dois dias, foram discutidas as principais causas do desmatamento na Caatinga, bem como suas consequências, resultando em uma versão validada da explicação do proble-ma, ou seja, da Árvore de Problemas e da

lista de causas críticas. Além disso, o gru-po chegou a esboçar os demais compo-nentes do Modelo Lógico (“Estruturação do programa para alcance dos resul-tados” e “Identificação de fatores de contexto”).

O trabalho de construção do Modelo Lógico culminou em um relató-rio elaborado em conjunto pelo MP e MMA e enviado a todos os órgãos parti-cipantes da Oficina, bem como aos que não puderam participar.

Paralelamente, apoiando-se nas entrevistas realizadas com atores do governo federal de atuação relevante na Caatinga, nas discussões da Oficina e em revisão bibliográfica, concluiu-se o diagnóstico preliminar sobre o desmata-mento na Caatinga, o qual também foi encaminhado a todos os órgãos envolvi-dos, juntamente com o relatório final da Oficina.

A partir desse marco, as articula-ções setoriais dentro do governo federal foram aprofundadas. Nos dias 4 e 5 de novembro de 2010, houve nova oficina, reunindo representantes de nove mi-

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11nistérios, sete órgãos vinculados e duas organizações da sociedade civil. Nessa, reforçou-se a articulação interministe-rial, nivelaram-se as informações e foram discutidas possíveis ações estratégicas. Resultou desse encontro uma lista de re-sultados a serem alcançados pelo Plano de prevenção e o controle do desmata-mento na Caatinga a ser construído.

O presente diagnóstico sobre a dinâmica do desmatamento consiste em versão revista e atualizada do texto base produzido pela consultoria técnica, acrescido da contextualização sobre ins-trumentos e diretrizes políticas existen-tes que podem contribuir para uma es-tratégia de atuação focada na redução e controle do desmatamento na Caatinga.

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12 3. O Bioma Caatinga

3.1. Localização geográfica

O bioma Caatinga estende-se por praticamente todo o estado do Ceará (quase 100%), mais de metade dos es-tados do Rio Grande do Norte (95%), Paraíba (92%), Pernambuco (83%), Piauí (63%) e Bahia (54%), e quase a metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%). Ao norte, a Caatinga encontra o Oceano Atlântico, a oeste e sudoeste tem como limite o bioma Cerrado e a leste e sudeste encontra-se com a Mata Atlântica. A Figura 1 define a área ocupada pelo bioma Caatinga, se-gundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

O MMA considera, para o monito-ramento do desmatamento na Caatinga, uma área de 826.411 km², conforme consta no relatório “Monitoramento da Caatinga - 2002 a 2008,” elaborado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, no âmbito do Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos

Biomas Brasileiros por Satélite. O IBGE publicou em 2004 o “Mapa de Biomas do Brasil, primeira aproximação”, que consi-dera uma área de 844.453 km².

O bioma Caatinga ocupa um ter-ritório predominantemente coinciden-te com a região denominada Semiárido Brasileiro (Figura 2), a qual foi redefini-da em 2004, com base em três critérios técnicos:

9 precipitação média anual inferior a 800 milímetros;

9 índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990;

9 risco de seca maior que 60%, tomando por base o período entre 1970 e 1990.

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Figura 1. Localização do bioma Caatinga, segundo definição do IBGE (2004).

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Figura 2. Localização do Semiárido brasileiro e do bioma Caatinga na Região Nordeste.

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15Essa nova delimitação foi estabele-cida por meio da Portaria Interministerial nº 1, de 9 de março de 2005, como resulta-do do Grupo de Trabalho Interministerial instituído também por Portaria entre o Ministério do Meio Ambiente – MMA e o Ministério da Integração Nacional – MI, em 2004, para rever a área definida como Semiárido brasileiro.

Desse modo, a área do Semiárido brasileiro totaliza 969.589 km² e 1.133 mu-nicípios que são foco prioritário de atuação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene e de iniciativas no âmbito do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE.

3.2. Aspectos ambientais

As espécies típicas da Caatinga são essencialmente aquelas adaptadas ao clima semiárido. Os municípios perten-centes ao Semiárido integram áreas de ocorrência de Caatinga e todos apresen-tam fragilidade socioeconômica e vulne-rabilidades decorrentes da escassez de água e da distribuição irregular das chu-vas. Em vista dessa peculiaridade, cabe observar que muitas vezes é inevitável fazer referência ao Semiárido Brasileiro

(ou simplesmente Semiárido), entenden-do-o como referência direta ao bioma Caatinga.

3.2.1. Ecorregiões

A situação das águas do Semiárido pode ser esboçada através de uma ca-racterização da sua participação nos fe-nômenos físicos das Grandes Unidades de Paisagem definidas pelo Zoneamento Agroecológico do Nordeste – Zane (SILVA et al., 1994). Esse Zoneamento estabelece as seguintes Unidades de Paisagem do Semiárido:

9 Depressão Sertaneja;

9 Chapadas Altas;

9 Superfícies Dissecadas dos Vales do Gurguéia, Parnaíba, Itapecuru e Tocantins;

9 Superfícies Retrabalhadas;

9 Chapada Diamantina;

9 Superfícies Cársticas;

9 Planalto da Borborena;

9 Bacias Sedimentares;

9Maciços e Serras Baixas;

9 Áreas de Dunas Continentais.

A mais representativa delas é a Depressão Sertaneja, seguida das

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16 Unidades de Paisagem relacionadas com as porções do Semiárido situadas em áreas elevadas como aquelas de-nominadas Chapadas Altas e Chapada Diamantina, localizadas nos estados do Ceará (Serra da Ibiapaba e Chapada do Araripe) e Pernambuco (Chapada do Araripe) (Figura 3).

A Unidade de Paisagem denomina-da Chapadas Altas conta com uma rede fluvial de elevado potencial hídrico, pois muitos de seus rios são importantes afluentes do rio São Francisco, apesar de terem cabeceiras fora do Semiárido, como o Corrente e o Carinhanha que se originam na porção planáltica do Noroeste de Minas Gerais. A Chapada Diamantina, com exceção do rio Pardo, com origem na porção Sul, não tem rios de maior importância.

A Tabela 1 resume as principais ca-racterísticas das Unidades de Paisagem com maior participação no bioma Caatinga e de sua hidrografia.

A conservação das águas no Semiárido é questão essencial, com a qual os processos de prevenção e con-trole do desmatamento e queimadas têm interfaces diversas. No encaminha-

mento de propostas de ação, se fará necessário identificar áreas críticas com base nos instrumentos de planejamento disponíveis, como são, por exemplo, as Ecorregiões, definidas no Seminário de Planejamento Ecorregional de 2001, com a contribuição da Associação Plantas do Nordeste – APNE e da organização não governamental The Nature Conservancy – TNC (Figura 4).

A Depressão Sertaneja consti-tui a paisagem típica do Semiárido e da Caatinga, conformada pela baixa pluvio-sidade e abrigando formações de vege-tação hiperxerófila nas áreas mais secas e hipoxerófila nas áreas de maior precipi-tação (TABARELLI et al., 2004). A Tabela 2 apresenta dados de pluviometria para as dez ecorregiões consideradas pelo Zoneamento Agroecológico do Nordeste Brasileiro – Zane (SILVA et al., 1994).

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Figura 3. Grandes Unidades da Paisagem da Região Nordeste, segundo o Zoneamento Agroecológico do Nordeste (Zane). Fonte: Silva et al. (1994).

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18 Tabela 1. Grandes Unidades de Paisagem do Semiárido e seus rios principais.

Grandes Unidades de Paisagem

Área (km2)

% do Nordeste

Localização es-tadual dos rios Principais Rios

Depressão Sertaneja 368.216 22,16 BA, MG, PE, AL e SE Rio São Francisco

Chapadas Altas 147.059 8,84 -

Rios perenes com grande po-tencial hídrico, afluentes do São Francisco e que nascem fora do Semiárido

Superfícies Retrabalhadas 110.120 6,66 BA

Rios Acari, Arrojado, Bom Jesus, Corrente, Formoso, Grande, Bora, Branco e Calindo

Superfícies Dissecadas dos Vales do Gurguéia, Parnaíba e Tocantins

110.782 6,63 BARios Carnaíba de Dentro, Carnaíba de Fora, Coloço, Cas Velha e rio das Rãs

Chapada Diamantina 91.199 5,48 BAPoucos rios de vazão importante, exceto o rio Pardo. Rios Jacuípe, Juazeiro e Paraguaçu

Superfícies Cársticas 76.917 4,62 BA Rio Casa Velha

Planalto da Borborema 43.460 2,61

AL Rios Canapi, Ipanema.

PB Rios Cotovelo, Jacaré, Jacu, Mamanguape

PE Rios Mimoso, Mossoró, Una, Ipojuca e Itapicuru

Bacias Sedimentares 40.262 2,42 BA Rios Jacuípe e Joanes

Maciços e Serras Baixas 35.439 2,13

PE Rios Capibaribe e Salobro

BA Rios Caiçara e Ipueira

Áreas e Dunas Continentais 9.846 0,59 BA Rio Icatu

Fonte: Adaptação MMA (2004) (Adaptação de acordo com o ZANE).

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Figura 4. A Caatinga e suas Ecorregiões.

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20 Tabela 2. Pluviometria nas Unidades de Paisagem do Nordeste.

Unidades de Paisagem Área (km2) NE %

Ocorrências precipitação

Área Geográfica Precipitação (mm) Período

Chapadas Altas 147.059 8,84

Serra da Ibiapaba (CE) >1000 Dez. a Jun.Planalto da Borborema e Chapada do Araripe (CE/PE) 600 - 900 Dez. a Maio

Oeste da BA e Norte de MG >1000 Out. a Abril

Chapada Diamantina 91.199 5,48Norte de MG e Seabra na BA 700 - 1100 Out. a AbrilApiramutá na BA 1100 Jan. a Dez.

Planalto da Borborema 43.600 2,61 Sul de AL ao Rio Grande do Norte (Cariris / Curimataú na PB) 400 - 650 Fev. a Mar

Superfícies Retrabalhadas 110.120 6,63

Bacia do Rio Contas 650 Nov. a AbrilNorte de MG 850 Out. a AbrilZona da Mata da BA 1200 Jan. a Set.

Depressão Sertaneja 368.216 22,16

Grandes partes do CE, RN, PB, PE e BA / Feira de Santana

Toda calha do São Francisco até Pirapora - MG

500 - 800 Jan. a Jun.

Superfícies de Secadas do Gurguéia, Parnaíba Itapecúru e Tocantins

110.782 6,66Vales do Gurguéia, do Médio e Baixo Parnaíba, Meio e Alto Itapecúru e do Médio Tocantins

900 - 1500 Out. a Maio

Bacias Sedimentares 40.262 2,42

De Salvador, sentido norte, até a calha do São Francisco 1450 a 1800 Jan. a Dez.

Raso da Catarina, BA 650 Dez. a Jul.Bacia do Jatobá, PE 450 Jan. a Abril

Superfícies Carsticas 76.917 2,61

De Natal, RN a Pirapora, MGNorte de MG 1000 Out. a AbrilIrecê, BA 650 Nov. a AbrilApodí, RN 550 Jan. a Jun.Curaçá e Juazeiro, BA 450 Dez. a Abril

Áreas de Dunas Continentais 9.846 0,59 Casa Nova e Pilão Arcado, BA 800 Out. a Abril

Maciço e Serras Baixas 35.439 2,13 Ocupa partes do CE, PE, PB, BA e RN 700 a 900 Jan. a Maio

Fonte: Adaptado de MMA (2004).

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213.2.2. Vegetação

Em conformidade com as classifica-ções atualizadas das tipologias vegeta-cionais, a cobertura vegetal da Caatinga é classificada como savana estépica e representa a maior extensão fitogeográ-fica da região Nordeste. A paisagem é recortada por rios intermitentes, tendo seus cursos interrompidos durante a es-tação seca. A vegetação é xerofítica, ca-ducifoliar e bem adaptada para suportar longos períodos de estiagem. Adaptada ao clima seco, a vegetação é constituída por formações de baixa densidade de plantas e árvores que resistem à perda de água graças à ajuda de sistemas folia-res de folhas pequenas, coriáceas, além de raízes fortemente adaptadas para a absorção da escassa umidade.

A parte aérea lenhosa estrutura--se em três estratos: a parte arbórea (8 a 12 metros), a arbustiva (2 a 5 metros) e a herbácea (abaixo de 2 metros). Essas formações se organizam sobre solos cris-talinos e assumem formas de florestas apresentando um estrato arbóreo de baixa densidade, com alturas variáveis e um sub-bosque constituído por bromé-lias e espécies espinhosas. Em suma, a vegetação que define a Caatinga atende às seguintes características básicas:

9 É uma vegetação que cobre uma área mais ou menos contínua, submetida a um clima quente e semiárido, bordea-do por áreas de clima mais úmido1

9 É uma vegetação com plantas que apresentem características relaciona-das a deficiência hídrica (caducifólia, herbáceas anuais, suculência, acúleos e espinhos, predominância de arbus-tos e árvores de pequeno porte e co-bertura descontínua de copas);

9 Constitui-se de uma flora com algumas espécies endêmicas e outras que tam-bém ocorrem em outras áreas secas, mas não nas áreas mais úmidas que fazem limite com o Semiárido.

O Bioma é bastante heterogêneo, apresentando grande diversidade de es-pécies vegetais, inclusive endêmicas, o que lhe confere um valor biológico ines-timável e um enorme potencial para uso econômico sustentável de suas riquezas, para fins de alimentação humana, uso medicinal, forragem animal e uso ener-gético (lenha e carvão vegetal).

No âmbito dos óleos, por exemplo, sobressai a oiticica (Licania rigida), que teve grande expressão na produção re-

1 Esta área seca está, na maior parte, restrita à região politicamente definida como Nordeste, sendo que uma pequena porção pode estar no Norte de Minas Gerais, dentro da área também definida politicamente como polígono das secas.

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22 gional de sabões e de óleo para indústria farmacêutica e, atualmente, seu manejo adequado pode significar uma oportuni-dade tanto para o desenvolvimento de atividades extrativistas como para a con-servação da vegetação nativa. O mesmo ocorre com muitas palmeiras como o li-curi ou ouricuri (Syagrus coronata), am-plamente utilizado na produção de cera, pó e palha.

A lista é grande e outras espécies despontam como insumos para a produ-ção de biocombustíveis, como o pinhão bravo. Outros produtos como ceras e lá-tex dependem de espécies da Caatinga como a carnaúba, da qual se extrai cera, pó e óleo. O látex também é produzido a partir de gomas de mangabeira e de maniçoba, principalmente no estado da Bahia. O tanino, extraído principalmente de espécies de angico, serve à indústria de beneficiamento de couro. À lista ainda pode-se agregar uma infinidade de pro-dutos naturais que servem diretamente à alimentação humana, na forma de tubér-culos, frutos, folhas raízes e sementes, cabendo destacar o umbu, o cajá, murici e diferentes espécies de maracujá.

3.2.3. Clima

O clima nas áreas semiáridas da Caatinga contrasta muito com as con-dições de maior umidade dos demais biomas brasileiros. As temperaturas mé-dias diárias são elevadas e variam pouco ao longo do ano, entre 25°C e 29°C (AB’ SABER, 2003). As variações diárias de temperatura são mais intensas nas áreas de maior altitude e de relevo acidentado, apresentando marcadas diferenças en-tre as observações diurnas e noturnas e afetando a composição florística.

A seca estende-se de 7 a 10 meses, podendo ficar até 12 meses sem chover em certas regiões. Desse modo, nas áre-as mais secas, as chuvas concentram-se em períodos de até três meses, ocorren-do de forma bastante intensa. Os perí-odos de estiagem são mais longos nas planícies do que nas áreas mais elevadas (planálticas), onde a precipitação costu-ma exceder 800 mm anuais, podendo atingir extremos de até 1.200 mm em de-terminados locais, enquanto que a preci-pitação anual nas planícies fica entre 400 e 700 mm. Nas áreas de formações não tí-picas, a precipitação é bastante variável.

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23A distribuição das chuvas na Caatinga tem suma importância no planejamento do uso do solo, no desenho de medidas preventivas para reduzir a vulnerabilidade da produção agropecuária e, sobretudo, no controle do fogo. Nas ecorregiões do Bioma, a variabilidade climática é eleva-da, com exceção da Depressão Sertaneja, que ocupa 22% da região Nordeste.

3.2.4. Geomorfologia e solos

O bioma Caatinga apóia-se sobre dois tipos principais de formação geo-lógica: o embasamento cristalino, que ocorre em 70% da região semiárida, e as bacias sedimentares. Sobre a base crista-lina, os solos geralmente são rasos (cer-ca de 0,60m), com baixa capacidade de infiltração, alto escoamento superficial e reduzida drenagem natural. Nas bacias sedimentares, os solos geralmente são profundos (superiores a 2m, podendo ultrapassar 6m), com alta capacidade de infiltração, baixo escoamento superficial e boa drenagem natural.

Em termos de relevo e de forma-ções rochosas, o aspecto típico e predo-minante do Semiárido é o das depres-sões interplanálticas, que consistem em extensas planícies secas em processo de

erosão, entremeadas por maciços antigos e chapadas esporádicas. Destacam-se ne-las formações areníticas ricas em óxido férreo, que formam solos ácidos e em-pobrecidos. Em geral, os solos são pouco profundos, com exceção dos pontos em que a topografia permite o aparecimento de depósitos arenosos ou pedregosos. Conforme o relevo se eleva, tornam-se mais frequentes as conformações rocho-sas, caracterizadas por fissuras que faci-litam o desenvolvimento de várias espé-cies de cactáceas. Mesmo quando chove, o solo raso e pedregoso não consegue armazenar a água que cai e a temperatura elevada provoca intensa evaporação. Por isso, somente em algumas áreas próximas às serras, onde a abundância de chuvas é maior, a agricultura se torna possível.

A região planáltica é composta de arenito metamorfoseado derivado de rochas sedimentares areníticas e quart-zíticas; com uma concentração alta de óxido férreo dá a estas rochas uma cor de rosa a avermelhada. Afloramentos rochosos são uma característica comum das áreas mais altas. A Tabela 3 descreve os principais tipos de solo do Semiárido, informando, para cada classe de solo, o percentual de área ocupada no Bioma, suas potencialidades e limitações de uso.

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24 Tabela 3. Classes de solos do Semiárido, segundo o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos.

Classe de solo Área(1.000 ha)

% do bioma Caatinga Potencialidades Limitações

Latossolos Amarelos e Vermelho-Amarelos (LA, LV)

14.997,7 19,4

Profundidade, dre-nagem, relevo, plano suave a suave ondula-do, erodibilidade fraca

Acidez, baixa fertilidade natural, baixo teores de matéria orgânica.

Latossolos Vermelho-Escuros Eutróficos e Distróficos (LE)

1.175,0 1,6

Profundidade, drena-gem, relevo, plano a suave ondulado, ferti-lidade nos eutróficos

Acidez moderada a alta, baixa fertilidade nos distróficos.

Solos Litólicos (R) 14.337,4 19,2 Ausentes

Pequena profundidade, relevo predominantemente forte ondula-do, acidez, pedregosidade, mode-rada a alta erodibilidade.

Pozólico Vermelho Amarelos Eutrófico e Distróficos (PV, PE, PA)

11.000,0 14,7

Profundidade, fertili-dade nos eutróficos, relevo plano a suave ondulado

Erodibilidade, baixo teores de ma-téria orgânica, deficiência de umi-dade, baixa fertilidade nos distró-ficos, áreas com forte declividade, fragipans, plintitas, erodibilidade alta para os eutróficos.

Brunos Não Cálcico (NC) 9.893,8 13,3

Boa fertilidade e pre-dominância de relevo suave ondulado

Alta erodibilidade, baixa profun-didade, deficiência de umidade, pedregosidade e B textural, além de, em alguns casos, a forte declividade.

Areias Quartizosas (AQ)

6.962,5 9,3Profundidade, re-levo plano a suave ondulado

Textura arenosa, baixa retenção de umidade, baixa fertilidade, acidez.

Planossolos (PL, PLS) 6.818,8 9,1 Relevo plano a suave

ondulado

Saturação por sódio trocável entre 8 e 20%, má drenagem, camada adensada, pequena profundidade na maioria das áreas.

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Classe de solo Área(1.000 ha)

% do bioma Caatinga Potencialidades Limitações

Solonetz Solodizados (SS)

1.031,2 1,4 AusenteSaturação por sódio trocável > 20%, compactação, pequena pro-fundidade e má drenagem.

Solonchaks (SK) 162,5 0,2 Ausente

Saturação por sódio trocável entre 15 e 57%, má drenagem, pequena profundidade.

Regossolos (RE) 3.275,0 4,4 Profundos em algu-

mas áreas

Erodibilidade, deficiência de umi-dade, baixo teor de matéria orgâ-nica, textura arenosa.

Cambissolos (C) 2.750,0 3,6

Fertilidade, predomi-nância de relevo pla-no a suave ondulado, boa drenagem

Profundidade, forte declividade em algumas áreas, deficiência de umidade.

Solos Aluviais (A) 1.593,7 2,0 Fertilidade em algu-

mas áreas e umidade

Riscos de inundação, salinidade, camadas estratificadas e má per-meabilidade em algumas áreas.

Vertissolos (V) 1.018,7 1,3Fertilidade, rele-vo plano a suave ondulado

Erodibilidade, má drenagem, ar-gilas expansivas, deficiência de umidade.

Rendizinas (RZ) 212,5 0,3 Ausentes Pequena profundidade, má drena-

gem, alcalinidade, plasticidade.

Brunizéns Avermelhados (BV)

131,2 0,2Fertilidade, modera-do teor de matéria orgânica

Erodibilidade, deficiência de umi-dade, forte declividade.

Fonte: Adaptado de Silva (2000).

Continuação Tabela 3

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26 Embora ocorram na Caatinga diver-sos tipos de solos com vocação agrícola, grande parte deles, que ocupam quase 25 milhões de hectares, isto é, quase 30% do Bioma, apresentam problemas de fer-tilidade (CNRBC, 2004) ou limitações de uso que, quando não observadas ade-quadamente, incidem sobre a produtivi-dade e sobre sua conservação. Os princi-pais tipos de solo são os brunos-não-cál-cicos, os planossolos, os solos litólicos e os regossolos, todos inadequados para a agricultura convencional.

Ocorre que práticas agrícolas con-vencionais promovidas desde o início da ocupação e difundidas até hoje contri-buem para acelerar a degradação de mui-tas áreas vulneráveis do Bioma, tornando sua recuperação inviável (SILVA, 2000). O uso indiscriminado dos recursos flores-tais através da supressão da vegetação em grandes extensões para a conversão em áreas de agricultura e pastagens, da prática de queimadas, da extração de lenha sem planejamento, da abertura de áreas para mineração ou do excesso de carga animal em áreas de vegetação natural da Caatinga, têm efeitos negati-vos sobre a estabilidade e a capacidade

regenerativa dos solos e da vegetação, prejudicando a regeneração natural e di-ficultando a permeabilidade dos solos.

3.2.5. Hidrografia

Entre os poucos cursos d’água perenes na Caatinga estão os rios São Francisco e Parnaíba, ambos com nas-centes situadas fora do Semiárido (Figura 5). O rio São Francisco atravessa prati-camente toda a Depressão Sertaneja e se estima que mais de 50% de sua bacia hidrográfica esteja localizada dentro do Bioma. De suma importância para a re-gião Nordeste, a região hidrográfica do São Francisco abrange 521 municípios em seis unidades da federação: Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal.

Segundo a Agência Nacional de Águas – ANA, o rio São Francisco possui extensão de 2.700 km, nascendo na Serra da Canastra (MG) e escoando no sentido norte-sul pela Bahia e Pernambuco até chegar ao Oceano Atlântico na divisa entre Alagoas e Sergipe. Essa região hidrográfi-ca de suma importância para o Semiárido tem uma área de drenagem que ocupa 8%

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27do território nacional, sendo sua cobertu-ra vegetal formada por uma grande varie-dade de vegetação, como Cerrado (alto e médio São Francisco), Caatinga (médio e submédio) e Mata Atlântica (nas cabecei-ras do rio São Francisco).

O rio São Francisco tem grande po-tencial hidrelétrico, cujo aproveitamen-to totaliza uma potência instalada de 10.367,5 MW, distribuída entre as usinas de Três Marias, Sobradinho, Luiz Gonzaga (Itaparica), Apolônio Sales (Moxotó), Paulo Afonso I, II, III e IV e Xingó. A ener-gia que as usinas podem gerar está inti-mamente ligada à quantidade de água ar-mazenada nos reservatórios, sobretudo no lago de Sobradinho. A degradação das margens dos reservatórios, bem como das áreas de preservação permanente do rio São Francisco e seus tributários, causa assoreamento e, por conseguinte, perda de disponibilidade hídrica, de modo que a cota dos reservatórios pode induzir à su-perestimativa da energia armazenada.

A degradação das condições do rio São Francisco e demais cursos d’água de sua bacia resulta dos processos de ocupação e uso da terra desordenados, da descarga descontrolada de efluentes

não tratados, assim como do uso da água para irrigação, uso humano e industrial. Dentro dessa lógica, o desmatamento das áreas próximas ao rio contribui com esses processos em razão da relação que guarda com o histórico da ocupação dos espaços da Caatinga para a pecuária e a agricultura. Além disso, constitui fato reconhecido a degradação das matas ci-liares do rio São Francisco, como conse-qüência da ativa e insustentável extração de lenha da Caatinga, que por décadas proliferou na região com o objetivo de abastecimento dos vapores que aten-diam à navegação regional.

Após a região hidrográfica do São Francisco, a região hidrográfica do Parnaíba é a segunda mais importante da região Nordeste. É considerada a re-gião hidrográfica mais extensa dentre as 25 bacias da Vertente Nordeste, ocupan-do uma área de 344.112 km² (equivalente a 3,9% do território nacional) na quase totalidade do estado do Piauí (99%), par-te do Maranhão (19%) e parte do Ceará (10%). Os principais afluentes do Parnaíba são os rios Balsas (MA), Poti e Portinho (nascentes no Ceará) e Canindé, Piauí, Uruçui-Preto, Gurguéia e Longa (todos no Piauí).

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Figura 5. Regiões hidrográficas do bioma Caatinga. Fonte: ANA (2010).

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293.3. Aspectos socioeconômicos

3.3.1. População

A população da área do Bioma al-cança 28 milhões de habitantes, que equivale a quase 15% da população bra-sileira, com densidades populacionais de até 20 hab./km2, sendo uma das regiões semiáridas mais densamente povoadas no planeta. A maior parte dessa popu-lação vive sob grande vulnerabilidade social e econômica, causando pressão crescente sobre os recursos naturais da

região, tornando-a extremamente propí-cia à desertificação e a outros danos am-bientais. O bioma Caatinga faz parte da região mais empobrecida do País, com índices de desenvolvimento inferiores às médias nacionais, o que torna evidente a necessidade de utilizar os recursos natu-rais de modo sustentável como forma de promover a inclusão social.

Na Tabela 4, são mostrados dados socioeconômicos dos estados da região Nordeste, mais especificamente o PIB (Produto Interno Bruto) e a população. Destaca-se o caso da Bahia, que é o maior Estado da região e detém a maior popu-lação e o maior PIB do Nordeste.

Tabela 4. Dados Socioeconômicos de Identificação Regional.

Descrição UnidadeEstados do Nordeste

AL BA CE MA PB PE PI RN SE Total

Área

mil km² 27,8 564,7 148,8 332 56,4 98,3 251,5 52,8 21,9 1.554,2

% no Brasil 0,3 6,6 1,7 3,9 0,7 1,2 3 0,6 0,3 18,3

% no Nordeste 1,8 36,3 9,6 21,4 3,6 6,3 16,2 3,4 1,4 100

População

Milhões habitantes 3,2 14,1 8,3 6,2 3,7 8,6 3,0 3,0 2,2 52,3

% no Brasil 1,6 7,5 4,4 3,3 1,9 4,6 1,6 1,6 1,1 27,6

% no Nordeste 5,9 27,0 15,9 12,0 7,0 16,5 5,9 5,9 3,9 100,0

PIB

PIB bilhões 15,8 96,6 46,3 28,6 20,0 55,5 12,8 20,6 15,1 311,1

% PIB no Brasil 0,7 4,1 2,0 1,2 0,8 2,3 0,5 0,9 0,6 13,1

% PIB no Nordeste 5,1 31,0 14,9 9,2 6,4 17,8 4,1 6,6 4,9 100,0

Fonte: IBGE, 2006.

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30 3.3.2. Situação econômica e social

A atividade agropecuária é a ativi-dade econômica mais disseminada no Semiárido, seguida da prestação de ser-viços e da produção industrial. No Bioma, as formas culturais e tradicionais de or-ganização e produção contribuem para a conformação de uma economia regional bem definida, com concentração de ter-ras e recursos. Os impactos desse mode-lo de desenvolvimento geram grandes desigualdades, que caracterizam a re-gião Nordeste e são notavelmente mais acentuadas no Semiárido.

Os baixos níveis de desenvolvimen-to humano influenciam na degradação ambiental da Caatinga que, conjunta-mente, com a superutilização dos re-cursos naturais em solos naturalmente pobres, através de práticas agrícolas ina-dequadas, como o pastoreio excessivo, o uso indiscriminado do fogo, o desma-tamento e a destruição de áreas de pro-teção permanente, provocam o desapa-recimento de muitas espécies animais e vegetais, dificultando a convivência hu-mana com o Semiárido.

O Semiárido Brasileiro concentra os piores IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano) do País e de acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2003, entre os 500 municípios brasi-leiros de menor índice, um total de 306 estava em áreas da Caatinga. Estudos e levantamentos recentes da região con-firmam a persitência do baixo nível de desenvolvimento humano como segura-mente um dos grandes entraves para o desenvolvimento sustentável. A melho-ria dos índices mencionados guarda uma estreita relação com as condições neces-sárias e indispensáveis para o desenvolvi-mento nacional e regional.

Em 2007, o Brasil ainda contava com 14,4 milhões de analfabetos en-tre as pessoas com mais de 15 anos, ou cerca de 10%. No mesmo ano, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – Pnad demonstraram que a re-gião Nordeste, com menos de 30% da po-pulação brasileira, tinha uma população de analfabetos estimada em 52% do total nacional de analfabetos do País (IBGE, 2007). Apesar da redução nacional dos níveis de mortalidade infantil, os estados do Nordeste apresentam os índices mais elevados de mortalidade, chegando, em

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31alguns casos, a representar o dobro da média nacional. No estado de Alagoas, por exemplo, em 2007 tinha-se a cifra de 50 óbitos por 1.000 crianças durante o primeiro ano de vida (IBGE, 2007). Os estados de maior precariedade dos ín-dices de desenvolvimento humano são Alagoas e Piauí.

Com relação à estrutura fundiária, a terra permanece concentrada, ainda que seja grande o número de pequenos estabelecimentos ou unidades de produ-ção familiar. A existência de um grande número de estabelecimentos rurais com grandes extensões, pouca capacidade de investimentos e baixo grau de tecni-ficação continuam sendo entraves sérios para o pleno desenvolvimento.

Segundo o Censo Agropecuário (IBGE, 2006), os estados da Região Nordeste exprimem elevados níveis de concentração de terras na porção leste do Maranhão e em grande parte do Piauí, do Vale do São Francisco e do oeste da Bahia. Ainda, existem regiões de domí-nio de pequenos produtores, posseiros e arrendatários, especialmente o Golfão Maranhense (extremo norte do estado do Maranhão), com marcada presença de estabelecimentos rurais com menos

de 5 hectares. Tal fato tem efeito nos municípios dessa região que apresentem baixo índice de concentração de terras em função da extrema fragmentação fundiária, configurando também um pro-blema para geração de renda e sustenta-bilidade do uso dos recursos naturais.

Apesar das muitas alterações posi-tivas experimentadas pela região, como a universalização da educação funda-mental e os aumentos efetivos da renda média familiar, ocorridos em parte gra-ças a programas como o bolsa-família e a aposentadoria rural, as condições gerais da população são precárias. Os indicado-res apresentados reforçam a necessida-de da promoção de políticas públicas que possam transformar radicalmente mui-tos aspectos do quadro existente, con-siderado muito desigual em comparação às demais regiões do País.

A participação do PIB do Nordeste nas contas nacionais foi de 13,8 % em 2000 (Tabela 5) e 12,9 % em 2007. Desde então esta proporção não tem sido mui-to diferente. O PIB da região alcançou R$ 335 bilhões em 2007, ao mesmo tempo em que o PIB do Semiárido chegou a R$ 86,5 bilhões correspondendo a uma ren-da per capita de R$ 4.500 ou cerca de 70

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32 % do PIB per capita do Nordeste.

A economia do Nordeste apresen-tou índices de crescimento superiores aos nacionais na década de 1970, quando a região alcançou 8,7 % de crescimento anual, não tendo posteriormente retor-nado a estes níveis, embora, em geral, nos últimos anos, tenha se mantido su-perior à média nacional (Tabela 5).

Tabela 5. Taxa média de crescimento anual do PIB do Nordeste e no Brasil.

Período Taxa Média do Nordeste (%)

Taxa Média do Brasil (%)

1979-1980 8,7 8,6

1980-1990 2,3 1,6

1990-2000 2,0 2,5

2000-2005 4,1 2,8

2006 4,8 4,0

20071 5,7 5,7

20081 5,9 5,1Fontes: Fundação Getúlio Vargas – FGV/ Instituto Brasileiro de Economia – IBRE/Centro de Contas Nacionais (1970 a 1984) para o Brasil. Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – Sudene/DPG/PSE (1970 a 1984) para o Nordeste. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Contas Regionais (2003 - 2006) - IBGE. (1) Valores estimados pela Central de Informações do BNB/ETENE. Valores atualizados a preços de 2008 pelo Deflator. Implícito do PIB até 2006, adap-tado às respectivas mudanças ocorridas no padrão monetário ao longo do período em estudo, exceto 1939. Utilizou-se o IGP-DI para a atualização de 2008.

A economia regional vem se modifi-cando ao longo dos anos com uma parti-cipação cada vez maior do item serviços e indústria na formação do PIB regional. Em 1970, o maior item de composição eram serviços com 59,3% de participação, a indústria com 18,3 % e o setor agropecu-ário com 22,4%. Em 2006, a conformação do PIB tem uma nova distribuição, com o item serviços participando com 66,8 %, o setor industrial com 25,3% e o setor agro-pecuário 7,9%.

As mudanças no quadro regional afetam a economia do Semiárido de forma severa em razão do colapso da cultura do algodão herbáceo e das suas articulações com a pecuária e a produ-ção agrícola de subsistência. Dentro do setor industrial tem expressão a emer-gência de segmentos relacionados com a produção petroquímica, auto-motores, extração mineral e a indústria metal-mecânica. Mais recentemente, tem sido notória a ampliação do setor de serviços para o turismo, áreas de tecnologia de informação e consulto-ria. Entre 2005 e 2006, a região foi a de maior crescimento da renda familiar média, com um crescimento de 12%.

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333.3.3. Estrutura fundiária

Os dados da distribuição fundiária do Semiárido evidenciam algumas mu-danças na forma tradicional de posse de terras, em que um grande número de pequenos imóveis rurais ocupa uma por-ção relativamente pequena das terras existentes, enquanto a maior parte das extensões de terras é ocupada por um número pequeno de imóveis. Esta situa-ção é mostrada na Tabela 6, que ilustra o número de estabelecimentos agropecu-

ários em relação às áreas exploradas do Semiárido em cada um dos estados da região Nordeste.

Entre 1996 e 2006, o total de estabe-lecimentos agropecuários do Semiárido aumentou em cerca de 37 mil unidades e as extensões ocupadas pelos estabeleci-mentos diminuíram em quase 2 milhões de hectares. A Figura 6 apresenta uma comparação da distribuição dos estabe-lecimentos agropecuários entre 1996 e 2006, segundo dados do IBGE.

Tabela 6. Estabelecimentos agropecuários no Semiárido.

Ano 1996 2006

Estados Nº de estabelecimentos

Área total (ha)

% da área total

Nº de estabelecimentos

Área total (ha)

% da área total

Alagoas 76.384 953.306 2 73.048 877.889 2

Bahia 545.752 19.880.018 45 563.468 18.396.718 44

Ceará 294.032 8.035.496 18 287.390 6.718.328 16

Paraíba 111.614 3.616.584 8 120.666 3.017.866 7

Pernambuco 228.497 1.284.155 3 240.486 4.306.970 10

Piauí 112.905 5.581.311 13 130.056 5.061.106 12

Rio Grande do Norte 83.527 3.519.299 8 73.636 2.642.204 6

Sergipe 38.835 933.261 2 40.197 789.376 2

Total 1.491.546 43.803.428 100 1.528.947 41.810.457 100Fonte: IBGE - Censo Agropecuário (1996 e 2006).

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Figura 6. Percentual de distribuição da terra por tamanho de estabelecimento agropecuário em 1996 (a) e 2006 (b).

Além de confirmar a tendência de ampliação de minifúndios, os dados do Censo Agropecuário 2006 mostram que dos estabelecimentos de superfície supe-rior a 1.000 hectares, que representavam cerca de 25% do total em 1996 ocupam 19% da superfície sob exploração em 2006.

Um dos impactos desta nova dis-tribuição é o surgimento de um número maior de estabelecimentos com área en-tre 10 e 100 ha e de uma maior proporção de pequenos e medianos proprietários

rurais que terão necessidade de expan-dir suas áreas de lavouras e de capitalizar os novos estabelecimentos. Com base nessas novas necessidades, é possível su-gerir um avanço sobre as áreas remanes-centes da Caatinga com o propósito de gerar renda com a produção de lenha e carvão vegetal. As alternativas mais ime-diatas para esse avanço se resumem à supressão de vegetação para agricultura comercial, ao estabelecimento de pasta-gens, à abertura de áreas para agricultu-ra irrigada e principalmente à produção de lenha e carvão vegetal.

Entretanto, essas informações são bastante recentes e necessitam ser con-frontadas com os dados do uso do solo nas áreas do Semiárido, principalmente naquelas próximas às frentes de expan-são das culturas comerciais e áreas de irrigação. Nessas áreas, a grande expan-são de lavouras se deve à instalação de cultivos comerciais, principalmente nos estados do Maranhão e do Piauí com as culturas da soja e, em menor escala, da cana-de-açúcar para a produção de eta-nol situada nos municípios fora da delimi-tação do Semiárido. Da mesma maneira, foram constatados grandes aumentos nas áreas de lavouras nos estados da Bahia e do Ceará.

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354. Diagnóstico do Problema

bioma Caatinga. Entre 2002 e 2008, fo-ram desmatados 16.576 km², que equi-valem a 2% da superfície do Bioma e cor-respondem a uma taxa anual média de 2.763 km².

A Tabela 7 mostra em termos per-centuais2 o desmatamento em todo o Bioma. Em 2002, a Caatinga já se encon-trava com 43,38% de sua cobertura vege-tal original suprimida. De 2002 a 2008, a supressão de mais 16.576 km² contribuiu para um desmatamento acumulado de aproximadamente 375 mil km², que cor-respondem a 45,39% da área do Bioma, ou seja, 53,62% de vegetação nativa remanescente.

2 Esses percentuais tomam como referência a área de análise do Projeto, igual a 826.411 km².

4.1. Monitoramento da co-bertura vegetal

Um dos meios mais aceitos para se quantificar a dimensão do problema do desmatamento provém da análise de imagens de satélite. Com metodologia e periodicidade adequadas, o monitora-mento da cobertura vegetal sistemático é capaz de indicar o avanço das ativida-des humanas sobre o meio natural.

A partir da cooperação entre MMA, Ibama, Agência Brasileira de Cooperação – ABC e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, iniciou--se em 2008 o Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite, coordenado pelo MMA e executado pelo Centro de Sensoriamento Remoto – CSR do Ibama e voltado aos biomas Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampa e Mata Atlântica.

Em março de 2010, o Ibama divul-gou os valores do desmatamento no

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36 Tabela 7. Dados do monitoramento da Caatinga referentes a 2002 e 2008.

Bioma Caatinga

2002 2008

km² % km² %

Área desmatada 358.540 43,38 375.108 45,39

Área rema-nescente 460.063 55,67 443.121 53,62

Corpos d´água 7.851 0,95 8.182 0,99

Fonte: IBAMA (2010).

A Tabela 8, por sua vez, apresenta dados levantados pelo Projeto, mostran-do que os estados que mais desmataram entre 2002 e 2008 foram Bahia e Ceará. Em termos absolutos, o que afeta os es-tados de maior dimensão, a análise dos números mostra que os quatro estados que mais desmataram entre 2002 e 2008 são os mesmos que mais desmataram em toda a história, na mesma ordem, e são também os que possuem maior ex-tensão de Caatinga. Por outro lado, em termos relativos, observa-se que Alagoas e Sergipe são os líderes em desmatamen-to acumulado, já tendo convertido, res-pectivamente, 82% e 68% de suas áreas de Caatinga.

A Figura 7 retrata o desmatamento

acumulado3 até 2008, enquanto que a Figura 8 realça as áreas que foram desma-tadas entre 2002 e 2008. Nota-se que o desmatamento mais recente tem aspec-to pulverizado e não aparenta avançar em frentes de expansão agropecuária, como tipicamente ocorre na Amazônia e no Cerrado. Essa configuração reforça o diagnóstico de que o principal vetor do desmatamento na Caatinga é o consumo de lenha e carvão vegetal.

O monitoramento permitiu ainda relacionar os 20 municípios que mais des-mataram, em termos absolutos, entre 2002 e 2008, estando oito deles locali-zados no noroeste e centro da Bahia e seis situados na região central do Ceará, conforme indicam a Tabela 9 e a Figura 9. O desmatamento entre 2002 e 2008 nesses 20 municípios totalizou uma área de 2.371 km², o que representa 14,3% do desmatamento no período monitorado, comprovando a pulverização da prática de supressão da vegetação.

3 A análise e detecção dos desmatamentos tiveram como área útil de trabalho o Mapa de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros, escala 1:250.000, ano base 2002 (MMA, 2007a) elaborado no âmbito do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – Probio, considerando-se como “mapa de tempo zero” para início do monitoramento feito pelo Ibama em 2008. Esse monitoramento não distingue desmatamento legal e ilegal, nem avalia áreas sob regeneração natural.

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37Tabela 8. Desmatamento no Bioma Caatinga por Estado.

Estado

Área de Caatinga Original

(km2)

Desmatamento acumulado até

2002 (km2)

Desmatamento entre 2002 e 2008 (km2)

Desmatamento entre 2002

e 2008 (% da Caatinga total)

Desmatamento acumulado até

2008 (km2)

Desmatamento acumulado

até 2008 (% da Caatinga no

Estado)

Bahia 300.967 149.619 4.527 0,55% 154.146 51,22%

Ceará 147.675 54.735 4.132 0,50% 58.867 39,86%

Piauí 157.985 45.754 2.586 0,31% 48.340 30,60%

Pernambuco 81.141 41.159 2.204 0,27% 43.363 53,44%

Rio Grande

do Norte49.402 21.418 1.142 0,14% 22.560 45,67%

Paraíba 51.357 22.342 1.013 0,12% 23.355 45,48%

Minas Gerais 11.100 5.371 359 0,04% 5.730 51,62%

Alagoas 13.000 10.320 353 0,04% 10.673 82,10%

Sergipe 10.027 6.683 157 0,02% 6.840 68,22%

Maranhão 3.753 1.134 97 0,01% 1.231 32,80%

TOTAL 826.411 358.540 16.576 2,00% 375.105

Fonte: Adaptado de IBAMA (2010).

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38 Tabela 9. Municípios da Caatinga (20) com maior área desmatada no período de 2002 a 2008.

Ordem Município UFÁrea Original

de Caatinga no município (km²)

Área desmata-da 2002-2008

(km²)

Área desmatada

2002-2008 (%)

1 Acopiara CE 2.264 183 8,0

2 Tauá CE 4.020 173 4,3

3 Bom Jesus da Lapa BA 2.648 158 5,9

4 Campo Formoso BA 6.806 137 2,0

5 Boa Viagem CE 2.840 135 4,7

6 Tucano BA 2.802 130 4,6

7 Mucugê BA 2.483 127 5,1

8 Serra Talhada PE 2.981 122 4,1

9 Crateús CE 2.985 121 4,0

10 São José do Belmonte PE 1.481 115 7,7

11 Morro do Chapéu BA 5.531 112 2,0

12 Casa Nova BA 9.658 110 1,1

13 Santa Quitéria CE 4.260 99 2,3

14 Petrolina PE 4.558 99 2,1

15 Barro CE 710 98 13,9

16 Mossoró RN 2.110 95 4,5

17 Saboeiro CE 1.383 91 6,5

18 Touros RN 603 90 14,9

19 Euclides da Cunha BA 2.331 85 3,6

20 Pedra PE 802 84 10,5

Total 63.266 2.371

Fonte: IBAMA (2010).

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Figura 7. Desmatamento na Caatinga acumulado até 2008.

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Figura 8. Áreas desmatadas na Caatinga entre 2002 e 2008.

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Figura 9. Municípios mais desmatados entre 2002 e 2008.

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42 O desmatamento causa impactos negativos à conservação dos recursos hí-dricos. A Tabela 10 apresenta o desmata-mento por região hidrográfica e mostra que as áreas mais suprimidas estão nas regiões hidrográficas do São Francisco e do Atlântico Nordeste Oriental.

A Tabela 11 traça um quadro com-parativo entre as taxas de desmata-mento dos biomas brasileiros. Embora a Caatinga não figure entre os biomas sendo mais desmatados atualmente, a sua fragilidade ecológica, edáfica, climá-tica e social requer atenção especial, seja porque o Semiárido é uma das regi-ões que mais preocupam no tocante aos impactos negativos das mudanças do cli-

ma, seja porque a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais dessa região é condição sine qua non de inclu-são social e geração de renda para a sua população.

O Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite analisou o desmatamento em 77 Unidades de Conservação – UCs do bioma Caatinga, incluindo 48 UCs es-taduais, 26 UCs federais e 3 UCs munici-pais, e verificando um desmatamento to-tal de 864,1 km2 no período entre 2002 e 2008. A Tabela 12 sintetiza a distribuição da supressão vegetal pelas diversas cate-gorias de UC.

Tabela 10. Situação do desmatamento da Caatinga por Região Hidrográfica.

RegiãoÁrea de

Caatinga Original (km²)

Área desmatada até 2002 (km²)

Área desmatada 2002-2008 (km²)

Área desmatada 2002-2008 (%)

Atlântico Leste 152.493 89.921 3.062 2,01

Atlântico Nordeste Oriental 245.999 101.569 6.335 2,58

Parnaíba 176.506 52.955 2.984 1,69

São Francisco 251.357 114.241 4.193 1,67

Total 358.697 16.576 2,0

Fonte: CSR/IBAMA (2010)

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43Tabela 11. Desmatamento nos biomas Cerrado, Caatinga, Pantanal, Amazônia e Pampa entre 2002 e 2008.

Bioma Área total (km²)4

Área desmatada en-tre 2002 e 2008 (km²)

Taxa anual de desma-tamento (km²/ano)

Taxa anual de desma-tamento (%)

Cerrado 2.047.146 85.074 14.179 0,69

Caatinga 826.411 16.576 2.763 0,33

Pantanal 151.313 4.279 713 0,47

Amazônia 4.196.943 110.068 18.344 0,42

Pampa 177.767 2.183 364 0,20

Fonte: MMA e Ibama (2010).

A primeira coisa que se depreen-de da Tabela 12 é o acelerado processo de degradação nas Áreas de Proteção Ambiental – APAs, dentro das quais se en-contram mais de 5% de todo o desmata-mento na Caatinga, o que corresponde a mais de 97% do desmatamento total nas UCs do Bioma. Nessas áreas, o desmata-mento ocorre à revelia do fato de se tratar de uma Unidade de Conservação. Na prá-tica, as APAs não estão cumprindo seu pa-pel de conservação, devido à intensa ocu-pação humana sem um controle efetivo, baseado em um Plano de Manejo capaz de definir regras e garantir a conservação e o uso sustentável da unidade.

4 Extensões dos biomas segundo o Projeto de Monitoramento dos Biomas Brasileiros (CSR/Ibama).

Note-se também que 82,4% de todo o desmatamento nas UCs situam--se em três grandes APAs: APA Lago do Sobradinho (estadual), APA da Chapada do Araripe e APA Serra da Ibiapaba (fe-derais). Esse valor corresponde a 4,3% do desmatamento na Caatinga entre 2002 e 2008. Na Chapada do Araripe, a vegeta-ção nativa tem sido suprimida predato-riamente para fornecer lenha para a pro-dução de gesso. A região é muito rica em gipsita, de modo que o Polo Gesseiro do Araripe chega a abastecer quase a totali-dade do mercado nacional de gesso.

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44 Tabela 12. Desmatamento nas Unidades de Conservação da Caatinga entre 2002 e 2008.

Categoria NºÁrea

desmatada (km²)

% em relação ao desma-tamento total de 864,1

km² nas UCs da Caatinga

% em relação ao desmata-mento total de 16.576 km²

no bioma Caatinga

APA Lago do Sobradinho 1 105,6 12,2 0,64

Demais APAs Estaduais 25 99,9 11,6 0,60

APA da Chapada do Araripe 1 289,7 33,5 1,75

APA Serra da Ibiapaba 1 316,9 36,7 1,91

Demais APAs Federais 2 23,4 2,7 0,14

APAs Municipais 1 4,6 0,5 0,03

Total APAs 31 840,0 97,2 5,07

Demais UCs de Uso Sustentável5 13 6,6 0,8 0,04

Total UCs de Uso Sustentável 44 846,7 98,0 5,11

Parque Nacional 8 9,2 1,1 0,06

Parque Estadual 10 3,3 0,4 0,02

Estação Ecológica Federal 4 2,6 0,3 0,02

Demais UCs de Proteção Integral 11 2,4 0,3 0,01

Total UCs de Proteção Integral 33 17,4 2,0 0,10

Total 77 864,1 100 5,21

Fonte: MMA

5 Não estão consideradas as UCs da categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN

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45Nas Terras Indígenas, o desmata-mento foi de 60,91 km² entre 2002 e 2008, configurando uma perda de vegetação nativa em torno de 3% dos 2.040 km² de Terras Indígenas do bioma Caatinga.

Histórico do monitoramento da Caatinga

Em 1984, a cobertura vegetal na-tiva do bioma Caatinga foi estimada em cerca de 68%, sendo 32% de áreas an-tropizadas, ou seja, espaços ocupados por agricultura ou alterados pela ação humana (CNRBC, 2004). Em 1990, com base nos trabalhos do Projeto Radam Brasil, foram atualizadas as informações existentes na Sudene e no Ibama, confir-mando uma redução da cobertura flores-tal remanescente de 65%, em 1984, para 47%, em 1990.

Na sequência dos estudos realiza-dos, cabe ainda destacar os levantamen-tos realizados pelo Projeto PNUD/FAO/IBDF/087-007 em 1990. Esses estudos limitaram-se à avaliação da cobertura florestal do Bioma nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Ceará. Embora restritos aos quatro estados, o estudo provê elementos que ajudam na percepção da evolução da co-

bertura florestal e da ocupação de uma importante porção do Bioma. Estimou-se para o conjunto desses estados uma co-bertura florestal remanescente de 41,5% (MMA, 2007c).

Em 2004, o mapeamento da Caatinga foi retomado por meio do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira – Probio, no âmbito do qual foi publicado, em 2007, o Mapeamento de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros (MMA, 2007c). Colaboraram na exe-cução do mapeamento da Caatinga a Universidade de Feira de Santana e a Associação Plantas do Nordeste (APNE), entre outras instituições.

Os levantamentos do Probio veri-ficaram as áreas de remanescentes de fitofisionomias típicas da Caatinga, os encraves mapeáveis de fitofisionomias de Cerrado e Mata Atlântica, bem como as áreas de tensão ecológica (florestas de transição ou ecótonos e encraves não mapeáveis). Foram incluídas entre as áreas remanescentes aquelas com sinais de atividade antrópica, mas que apresen-tam chances de regeneração ou possibi-lidade de convivência com intervenções

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46 de baixo impacto. As análises do Probio utilizaram imagens de satélite Landsat de 2002 na escala de 1:250.000 e foram realizados sobre uma área de 825.750km² (MMA, 2007c), um pouco menor que a definida pelo IBGE (844.453 km²), que utilizou escala de 1:5.000.000, gerando diferença de 2%.

Os resultados do Probio revelaram uma área de vegetação remanescente de 62,69% da área total do Bioma em 2002, contra 55,67% calculados no âm-bito do Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite – PMDBBS sobre uma área total quase igual (826.411 km²). Os da-dos diferem-se em razão da diferença entre as escalas de trabalho. Enquanto o Probio mapeou os polígonos do desma-tamento em uma escala de 1:250.000, o PMDBBS trabalhou com uma escala de 1:50.000, com maior detalhamento, o que permitiu detectar pequenos polígo-nos não diferenciáveis na escala anterior de monitoramento.

4.2. O Modelo Lógico aplica-do ao combate ao des-matamento na Caatinga

Em 6 e 7 de abril de 2010, foi reali-zada a Oficina de Validação do Modelo Lógico do PPCaatinga. Entre outras coisas, a Oficina resultou na Árvore de Problemas apresentada na Figura 10. Durante as discussões, diversas causas foram apon-tadas para o problema central, que é o desmatamento na Caatinga, abrangendo fatores econômicos, políticos, territoriais e socioambientais.

Das causas apontadas na Árvore de Problemas, o grupo participante da Oficina definiu como críticas aquelas con-sideradas de maior impacto na solução do problema e que estão sob a governa-bilidade do governo federal, a saber:

9 Instrumentos de controle e punição dos ilícitos ambientais pouco efetivos;

9 Uso insustentável de lenha e carvão vegetal como combustível nas ativida-des produtivas;

9 Legislação de Manejo Florestal com-plexa e restritiva; e

9 Assistência Técnica (florestal e rural) incipiente e pouco qualificada para práticas sustentáveis.

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48 Observa-se que três dessas cau-sas estão relacionadas a deficiências da atuação do poder público. A pouca efe-tividade dos instrumentos de controle e punição dos ilícitos ambientais reflete a dificuldade dos estados em realizar a fiscalização e o controle florestal, acen-tuada pela definitiva descentralização da gestão florestal. A assistência técnica incipiente e pouco qualificada para práti-cas sustentáveis indica a insuficiência da atuação do poder público em transferir conhecimento para a expansão das ati-vidades que geram renda sem destruir a vegetação nativa. Ademais, embora na Oficina tenha havido consenso de que o Manejo Florestal constitui uma atividade econômica sustentável e capaz de aten-der a demanda do mercado por insumos energéticos (carvão vegetal e lenha), esta não se expande devido a instrumen-tos legais e procedimentos burocráti-cos que desencorajam a sua prática. Por fim, a outra causa crítica é o consumo do recurso florestal, mais barato por ser de origem insustentável, como insumo energético (lenha e carvão vegetal) para diferentes finalidades: produção de fer-ro-gusa, gesso, cerâmica, uso em pada-rias, queijarias, uso doméstico, etc.

Além das causas críticas, os partici-pantes da Oficina identificaram também fatores de contexto, que mesmo estan-do fora da governabilidade de um plano governamental de combate ao desma-tamento, podem influenciar negativa ou positivamente o seu desempenho6. Os fatores elencados como sendo de possí-vel impacto negativo foram:

9 Planejamento e modelo de desenvolvi-mento energético;

9 Inserção da lenha de forma insustentá-vel na matriz energética;

9 Ausência de pacto nacional e regional para reduzir o desmatamento (estabe-lecimento de meta);

9 Solos do bioma predominantemente rasos e de fertilidade natural baixa;

9 Preconceito contra o manejo florestal; e

9 Pouco reconhecimento da importân-cia da Caatinga.

Como fatores de contexto positi-vos, foram elencados:

9 Plano Nacional sobre Mudança do Clima (Decreto nº 6.263/2007) e Fundo Clima;

6 Alguns fatores de contexto podem fugir à concepção original e não estar totalmente fora da governabilidade da atuação do poder público.

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49 9 Lei nº 12.188/2010, que institui a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – Pnater e o Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária – Pronater;

9 Lei nº 11.284/2006, art. 83, que pro-moveu a descentralização da gestão florestal, ao alterar o art. 19 da Lei nº 4.771/1965 (Código Florestal);

9 Programas de Ação Estadual de Combate à Desertificação – PAEs;

9 Programas de transferência de renda;

9 Decreto nº 6.874/2009, que insti-tui, no âmbito do MMA e MDA, o Programa Federal de Manejo Florestal Comunitário e Familiar – PMCF;

9 Apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) ao manejo florestal sustentável nas ca-deias produtivas da cerâmica e gesso; e

9 ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) ambiental em algumas regiões.

4.3. Desmatamento, de-gradação e atividades produtivas

Historicamente, as políticas de de-senvolvimento regional constituíram so-luções imediatistas e paliativas despro-vidas de componente ambiental. Em vez de melhorar definitivamente a qualidade de vida da população sertaneja, essas in-tervenções contribuíram para diminuir os recursos naturais e por isso dificulta-ram o desenvolvimento da organização socioespacial e socioeconômica.

A seguir são analisadas as princi-pais atividades produtivas que têm cor-relação com o desmatamento e a degra-dação no bioma Caatinga.

4.3.1. Agricultura

Em geral, a produção agrícola na Caatinga caracteriza-se como de subsis-tência, com baixos níveis de produtivida-de, pequena absorção de insumos tecno-lógicos e pouca assistência técnica. Além disso, está sujeita às vulnerabilidades climáticas acentuadas devido aos longos períodos de seca.

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50 No entanto, milhares de peque-nos agricultores do Semiárido são ainda responsáveis por um fluxo importante de matérias-primas para a alimentação, vestuário, produtos medicinais e cons-trução, abastecendo necessidades cres-centes da população da região. O des-matamento provocado pela agricultura de subsistência está disperso no Bioma e consiste principalmente na abertura de áreas destinadas ao cultivo de lavouras, denominadas “áreas de broca”. A broca, que consiste na retirada da vegetação, é feita em parte sobre áreas de pousio, mas também ocorre em pequenas fren-tes que avançam sobre a vegetação na-tiva primária. O pousio é o intervalo de até 7 ou 8 anos de espera, entre períodos de 3 a 4 anos de uso agrícola intensivo, a fim de deixar a vegetação nativa se rege-nerar e o solo recuperar o seu potencial produtivo. Deve-se destacar, ademais, que a agricultura de subsistência no Semiárido é tradicionalmente realizada em margens de rios e açudes, que estão entre as poucas áreas propícias para a agricultura na região.

Ao longo dos anos, o panorama tradicional da agricultura de subsistên-cia foi alterado em razão dos avanços

da agricultura comercial, dependente da irrigação e de insumos externos, que se estrutura em torno da produção em lar-ga escala, principalmente orientada para mercados de exportação. São exemplos desse modelo os cultivos de cebola e frutas tropicais. A produção irrigada das frutas tropicais é relevante para criação de emprego e renda, sobretudo em po-los de produção como, por exemplo (CNRBC, 2004):

9 Vale do Submédio São Francisco (Juazeiro-Petrolina): manga, uva, ma-racujá, mamão e banana;

9 Vales do Açu e Apodi (RN): melão; e

9 Vale do Rio Jaguaribe (CE): uva, melão, acerola, manga, graviola e caju.

Cultivos comerciais como a soja e a mamona participam de forma crescen-te na economia da região. A mamona está integrada à produção de biocom-bustíveis e faz o Nordeste responsável por cerca de 50% da produção nacional. A soja se destaca nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí, acompanhada do al-godão herbáceo, que tem a produção concentrada na Bahia. O avanço dessas culturas sobre a vegetação nativa do Bioma geralmente ocorre nas zonas de transição Caatinga-Cerrado das porções

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51meridionais do Piauí, mais exatamente ao sul do complexo Serra da Capivara e da Serra das Confusões. Essas áreas de expansão agrícola são responsáveis por grande parte do fornecimento insusten-tável de lenha e carvão vegetal, sobretu-do para a produção de ferro-gusa, ainda que sejam oriundos de desmatamentos legais.

Ressalta-se que, em muitas loca-lidades do Semiárido, a degradação do ambiente tem início com práticas agríco-las ineficientes que retiram a cobertura vegetal, deixando o solo vulnerável aos processos erosivos. Muitas vezes, o de-senvolvimento contínuo dessas práticas de retirada de produtos florestais sem a reposição de nutrientes acarreta a per-da da fertilidade da terra. Levando em consideração o tipo de solo da região, isso pode intensificar os processos de degradação do Bioma. Adicionalmente, a contaminação pela utilização intensiva de agrotóxicos, aliada à remoção da co-bertura florestal, produz fortes impactos sobre a biodiversidade e é processo re-conhecido nas áreas de cultivos agríco-las irrigados para a produção de frutas (CONTEXTO RURAL, 2003).

A agricultura irrigada, por exemplo, realizada sem levar em conta as caracte-rísticas físicas da localidade e de medidas de correção da salinidade da água e da drenagem do solo, também pode acarre-tar sérios problemas, como salinização, erosão e lixiviação. Segundo levanta-mentos da Agência Nacional de Águas, a salinização é um grave problema en-frentado no Nordeste, pois inviabiliza o uso do solo em poucos anos, causando danos sociais e econômicos.

Deve-se observar também que o potencial para irrigação na Caatinga é baixo. Devido aos recursos hídricos dis-poníveis, à qualidade da água e às condi-ções de solo e topografia, estima-se uma área irrigável de cerca de 3% da área total do Semiárido Brasileiro (MMA, 2005).

4.3.2. Pecuária

A pecuária extensiva, que inclui o manejo de bovinos, caprinos e ovinos, é adaptada às condições do Semiárido e constitui uma das bases da economia da região Nordeste, sendo de grande importância socioeconômica sobretudo nas áreas mais secas. Ademais, a coloni-zação do Semiárido deve-se em grande

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Sob condições de umidade favo-ráveis, a tendência da atividade foi a de ocupar áreas disponíveis mediante a abertura de trilhas de avanço do gado na vegetação e de queimadas para for-çar rebrotas da vegetação. Nesse pro-cesso, o passo seguinte é a supressão total da vegetação nativa e sua substitui-ção por pastos de gramíneas africanas, especialmente dos gêneros Cenchrus, Andropogon e Urochloa. A substituição da vegetação nativa por pastos introdu-zidos ocorre com maior intensidade nas áreas menos secas do bioma e nas in-terfaces localizadas principalmente nas áreas do agreste, em razão da inviabilida-de econômica desse processo nas áreas mais secas (BEZERRA et al., 2004).

O sobrepastoreio resultante das

práticas inadequadas de pecuária ex-tensiva tradicional gera grande impacto sobre a vegetação natural da Caatinga, levando à sua degradação, isto é, à perda do potencial produtivo da sua biomassa natural. Por um lado, o número exces-sivo de animais provoca alteração da composição florística, devido à dissemi-nação de espécies de pouca importância e ao desaparecimento das espécies mais palatáveis aos animais e úteis às pesso-as, como por exemplo o umbu, fruta de ampla dispersão na região, que tem sua regeneração ameaçada pelo excesso de pastoreio de rebanhos caprinos e ovinos. O umbu é extraído por milhares de famí-lias camponesas do Semiárido e serve de insumo para a indústria de alimentos.

Por outro lado, o pisoteio intenso nas áreas de pastagem altera o ciclo hi-drológico, provocando o endurecimen-to do solo, dificultando a infiltração da água e acelerando processos de erosão laminar. Com a degradação dessas áreas, a atividade pecuária avança para outras com vegetação nativa ainda intacta, au-mentando o desmatamento e trazendo outras consequências, como a fragmen-tação de grandes áreas contínuas de ve-getação e a perda de biodiversidade.

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53Contudo, outras formas de condu-ção da pecuária nos ambientes naturais da Caatinga podem ter muita relevância para a conservação da vegetação natural e manutenção da capacidade produtiva. Na Caatinga, há a possibilidade de maior utilização da vegetação natural para as atividades pecuárias em razão do grande número de espécies forrageiras e da ca-pacidade de rebrota da vegetação.

Experiências recentes conduzidas pela Embrapa Caprinos de Sobral (CE)7 chamam a atenção para as possibilidades de se otimizarem as capacidades de pro-dução forrageira da Caatinga com a apli-cação de intervenções periódicas sobre a estrutura da vegetação, de acordo com a estação do ano. Essas experiências tra-tam também do desenho de modelos agrosilvopastoris como alternativas de produção melhorada, que podem supe-rar em muitas vezes os níveis de produ-ção das práticas tradicionais e ao mes-mo tempo contribuem para a redução dos riscos de desertificação. Os sistemas propostos possibilitam maior fixação da atividade agropecuária em um mesmo

7 Embrapa Caprinos - ver artigo em: www.embrapa.br/im-prensa/noticias/2006/foldernoticia.2006-04-03.3722359657/noticia.2006-04-24.0963980443/

local, o que não é possível no modelo tradicional.

Ademais, os resultados de experi-ências regionais têm demonstrado que o controle da carga animal, aliado ao manejo da vegetação, tem efeitos posi-tivos sobre a permeabilidade dos solos e sobre a capacidade de regeneração da vegetação. Mantém-se a vegetação ao mesmo tempo em que se amplia a ca-pacidade de suprimento de forragem. Práticas de controle da lotação animal podem influenciar também a regenera-ção de importantes espécies geralmente ameaçadas pelo sobrepastoreio, como é o caso do umbu.

4.3.3. O consumo insustentável de lenha e carvão vegetal

Na Caatinga, a vegetação nativa é a base da produção de lenha e carvão vegetal. Ambos insumos estão de longa data integrados à economia regional, de modo que sua produção se encontra pul-verizada no Bioma e faz parte das ativida-des de quase todos os estabelecimentos rurais. Nas residências, a lenha é usada para a cocção de alimentos. Além disso,

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54 a produção de lenha e carvão vegetal atende pequenas indústrias e comércios, como padarias, queijarias, restaurantes e casas de farinha, supre energia para a secagem de grãos e fumo e abastece indústrias que por vezes ultrapassam os limites do Semiárido, onde se produzem ferro-gusa, cimento, gesso, cal, cerâmi-ca, têxteis, tijolos, alimentos, taninos, co-rantes, etc.

Por um lado, os vetores do desma-tamento na Caatinga ligados à produção agropecuária, em grande medida, têm origem em práticas inadequadas que podem ser corrigidas com a devida as-sistência técnica e transferência de co-nhecimento. Por outro, o vetor ligado à produção de insumos energéticos tem origem em um modelo insustentável de fornecimento, produção e consumo de lenha e carvão vegetal, que vigora prati-camente sem obstáculos. Os energéticos florestais fornecidos para a indústria pro-vêm quase exclusivamente de vegetação nativa, extraída de forma predatória.

O consumo está visivelmente pre-sente, por exemplo, no polo gesseiro de Araripina (PE e CE), nos polos cerâmi-cos de Teresina (PI), Russas, Fortaleza,

Cariri (CE), Açú, Seridó, São Gonçalo do Amarante, Ceará Mirim (RN), Seridó, João Pessoa (PB), Garanhuns, Pau D’Alho (PE) e Palmeira dos Índios (AL), nos po-los caieiros de Apodi, Jandaíra (RN) e São Sebastião do Umbuzeiro (PB), as-sim como no polo siderúrgico de Minas Gerais, que demanda carvão vegetal do sudoeste baiano. Nos últimos anos, a demanda crescente de segmentos indus-triais, como os de produção de gesso, cerâmica e ferro-gusa, tem sido atendida por lenha e carvão vegetal provenientes de florestas nativas, exercendo pressão sobre os recursos naturais do Bioma. Destaca-se o crescimento da indústria de ferro-gusa do Maranhão, onde se instala-ram sete usinas nos últimos anos.

A indústria apresenta grandes di-ficuldades para incorporar inovações tecnológicas que contribuam para a re-dução dos volumes de lenha e carvão utilizados. Ademais, o elevado consumo advém também da baixíssima eficiência dos processos de carbonização, que ge-ralmente usam as tecnologias mais rudi-mentares, como nos chamados “fornos de rabo quente.”

No âmbito residencial, o consumo

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55de lenha é disseminado na região e pre-dominante nas áreas rurais, sobretudo nas famílias de baixa renda. Esse panora-ma vem, contudo, sendo alterado nos úl-timos anos em função da maior utilização do gás (gás liquefeito de petróleo – GLP) subsidiado, bem como do impacto das políticas públicas de redistribuição de renda. Por exemplo, entre 1994 e 2004, foram registradas na Paraíba reduções de 36% no volume de energéticos flores-tais consumidos pelo setor doméstico. Observa-se, portanto, uma tendência de queda do consumo de lenha pelo setor doméstico no Semiárido brasileiro.

No que concerne à oferta, grandes volumes são colocados à disposição dos consumidores industriais, sem fiscaliza-ção adequada, a partir da supressão de grandes extensões de vegetação na tran-sição entre Caatinga e Cerrado, particular-mente nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí. Essas áreas são convertidas em áreas de agropecuária, principalmente lavouras de soja, gerando volumes de le-nha de origem nativa que aumentam de maneira continuada e preocupante.

Por outro lado, a produção de le-nha e carvão dentro do sistema de pro-

dução agropecuário regional tem papel fundamental para a sobrevivência de pe-quenos produtores durante os períodos de seca e entressafra. De caráter comple-mentar na economia camponesa nordes-tina, a lenha assume parcela importante na formação da renda familiar, em razão de contingências sobretudo climáticas, como os longos períodos de estiagem. A lenha e o carvão vegetal também estão inseridos em uma economia que reúne milhares de estabelecimentos rurais da região na composição da oferta regional de energéticos florestais.

Quando não se usa fogo na supres-são da vegetação, produzem-se paralela-mente a lenha e carvão vegetal, porém em volume muito inferior, alguns pro-dutos de maior valor de mercado, como estacas, mourões e madeira para a cons-trução. Também são igualmente impor-tantes produtos florestais não-maderei-ros, como as cascas e raízes utilizadas na produção de tanino para o curtimento e na extração de fibras, como as da bro-mélia caroá, parte importante da econo-mia regional até o surgimento das fibras sintéticas.

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56 Os dados oficiais sobre o consumo de carvão vegetal e lenha encontram-se no Balanço Energético Nacional – BEN, publicado pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Embora as informa-ções estejam somente em escala nacio-nal, elas dão ideia do quanto cada setor consome desses insumos energéticos, bem como das tendências de evolução do consumo. A partir da análise dos da-dos de 2002 a 2009, disponíveis no BEN de 2010, chega-se a algumas conclusões interessantes. Nesse período, os con-sumos finais de lenha e carvão vegetal representaram, respectivamente, 7,9% e 2,8% de toda a energia consumida no País8 , medida em tep (tonelada equiva-lente de petróleo).

Entre 2002 e 2009, o setor residen-cial liderou o consumo final de lenha, com 29,13% de toda a lenha produzida legal e ilegalmente, seguido dos setores agropecuário, de cerâmica e de papel e celulose, conforme mostra a Tabela 13. No período, consumiu-se 58,8% da lenha extraída, enquanto que 40,52% foi trans-

8 Nesses 7,9% de consumo final de lenha, não se inclui o consumo das fontes secundárias de energia que têm a lenha como fonte primária, como o carvão vegetal e a energia elétrica.

formada em carvão vegetal9 .

A cada ano do período analisado, em média, aproximadamente 35,5 mi-lhões de toneladas de lenha, contendo cerca de 27 milhões de tep, transfor-maram-se em menos de 9 milhões de toneladas de carvão vegetal, contendo menos de 6 milhões de tep. Desse total, 73,65% foi utilizado na produção de fer-ro-gusa e aço. O carvão vegetal é utiliza-do como termo-redutor no processo de produção do ferro-gusa, sendo preferí-vel em relação ao coque por sua influên-cia sobre a qualidade do produto final, devido principalmente à sua baixa con-centração de enxofre. A indústria de fer-ro-ligas veio em segundo lugar, seguida do consumo residencial e da indústria de cimento. Mais detalhes encontram--se na Tabela 14.

9 Os dados do BEN 2010 (EPE, 2010) mostram que, após manter-se estável entre 2002 e 2008, o consumo total de carvão vegetal sofreu uma queda em 2009, interferindo na produção de lenha. Por outro lado, a Associação Brasileira de Florestas Plantadas – Abraf prevê um forte aumento do consumo de carvão vegetal nos próximos anos, em função da forte tendência de crescimento da indústria siderúrgica (ABRAF, 2010).

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57Tabela 13. Fluxo de consumo e transformação da lenha extraída no Brasil entre 2002 e 2009.

Setores e fluxoConsumo e trans-formação - média

anual (10³ t)

Consumo e trans-formação - média

anual (10³ tep)

% em rela-ção ao total produzido

% do consumo energético do próprio setor

Residencial 25.513 7.909 29,13% 36,14%

Comercial 241 75 0,27% 1,34%

Agropecuário 7.113 2.205 8,12% 25,37%

Cimento 0,4 0,1 0,0004% 0,004%

Ferro-ligas e outros metal. 281 87 0,32% 5,59%

Química 155 48 0,18% 0,68%

Alimentos e bebidas 5.976 1.853 6,82% 9,77%

Têxtil 293 91 0,33% 7,69%

Papel e celulose 3.910 1.853 4,46% 15,22%

Cerâmica 5.723 1.774 6,53% 49,89%

Outros 2.294 711 2,62% 11,72%

Consumo Final 51.500 15.965 58,80%

Geração elétrica 587 0,67%

Produção de carvão vegetal 35.491 5.789 40,52%

Consumo Total 87.579 27.149 100%

Fonte: MMA - cálculos realizados a partir de dados do BEN 2010 (EPE, 2010)

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58 Tabela 14. Fluxo do consumo e outras destinações do carvão vegetal no Brasil entre 2002 e 2009.

Setores e fluxoConsumo e outras destinações - mé-dia anual (10³ t)

Consumo e outras destinações - mé-dia anual (10³ tep)

% em relação ao total produzido

% do consumo energético do próprio setor

Residencial 790 510 8,81% 2,33%

Comercial 107 69 1,19% 1,24%

Agropecuário 9 6 0,11% 0,07%

Cimento 343 222 3,83% 7,01%

Ferro-gusa e aço 6.606 4.267 73,65% 25,30%

Ferro-ligas 832 537 9,27% 34,50%

Não-ferrosos e outros metal. 13 8 0,14% 0,15%

Química 24 15 0,26% 0,22%

Outros 15 10 0,17% 0,16%

Total Consumido 8.739 5.645 97,43%

Var. est. perdas e ajustes 260 168 2,90%

Exportação 9 6 0,11%

Importação -44 -29 -0,49%

Total Produzido 8.964 5.789 100%

Fonte: MMA - cálculos realizados a partir de dados do BEN 2010 (EPE, 2010)

A Tabela 15 sintetiza o destino final da energia da lenha, incluindo a sua utili-zação na forma de carvão vegetal, sem, contudo, distribuir entre os diversos se-tores a energia da lenha utilizada para gerar eletricidade, por não haver neces-

sidade de tal preciosismo. O ranking da Tabela 15 mostra que a indústria de ferro--gusa e aço é abastecida por aproximada-mente 30% de todo o recurso energético madeireiro produzido no País.

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59Tabela 15. Destinação energética da lenha, entre 2002 e 2009, no Brasil, inclusive na forma de carvão vegetal.

Setor Lenha (consumo final e ge-ração de energia elétrica)

Lenha transformada em carvão vegetal (consumo final e outras destinações)

Geral

Residencial 29,14% 3,57% 32,71%

Ferro-gusa e aço - 29,85% 29,85%

Agropecuário 8,12% 0,04% 8,17%

Alimentos e bebidas 6,83% - 6,83%

Cerâmica 6,54% - 6,54%

Papel e celulose 4,47% - 4,47%

Ferro-ligas e outros metal. 0,32% 3,76% 4,08%

Outros 2,62% 0,07% 2,69%

Cimento - 1,55% 1,55%

Var. est. perdas e ajustes - 1,18% 1,18%

Comercial 0,27% 0,48% 0,76%

Geração elétrica 0,67% - 0,67%

Têxtil 0,33% - 0,33%

Química 0,18% 0,11% 0,28%

Não-ferrosos e outros metal. - 0,06% 0,06%

Exportação - 0,04% 0,04%

Importação - -0,20% -0,20%

Total 59,5% 40,5% 100%

Fonte: MMA - cálculos realizados a partir de dados do BEN 2010 (EPE, 2010)

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60 Segundo a Associação Brasileira de Florestas Plantadas – Abraf, o consumo de carvão vegetal proveniente de matas nativas foi de aproximadamente 45% em 2009 (ABRAF, 2010). Tem-se assim uma ideia do impacto da produção nacional de ferro-gusa sobre o desmatamento de áreas nativas no Brasil, sobretudo nos biomas Caatinga e Cerrado. Cabe destacar que esse suprimento de car-vão vegetal tem origem principalmente nas frentes de expansão da agropecu-ária, configurando uma relação de de-pendência entre o avanço da fronteira agrícola e a oferta de carvão oriundo de desmatamento.

Contudo, conforme preconizado nos artigos 20 e 21 do Código Florestal, os grandes consumidores de carvão ve-getal e lenha devem manter estoques de florestas plantadas para suprir a sua de-manda. Na realidade, observa-se um ele-vado déficit de florestas energéticas, que se explica pela baixa competitividade do carvão oriundo de floresta plantada em relação ao carvão oriundo de desmata-mento (legal ou ilegal).

A produção atual no Brasil con-centra-se em 3 polos siderúrgicos: em Minas Gerais, na região denominada

Quadrilátero Ferrífero, em Açailândia, sul do Maranhão, e no polo siderúrgico de Marabá, no Pará. Além das usinas loca-lizadas no Maranhão, a região Nordeste conta também com a usina siderúrgica de São José do Belmonte, no sertão per-nambucano. Além disso, encontram-se em processo de instalação novas uni-dades siderúrgicas em Fortaleza (CE) e Jequié (BA).

A tendência da indústria de ferro--gusa depende da expansão da indústria nacional, sobretudo do aumento do con-sumo de bens duráveis (carros, geladeiras, construção civil) e do comportamento dos mercados externos, tendo a China como o grande comprador mundial de ferro-gu-sa. As exportações brasileiras do produto cresceram de 1,8 milhões de toneladas, em 1983, para 6,1 milhões, em 2004.

No Brasil, a produção de ferro-gusa utiliza carvão vegetal em mais de um ter-ço do total produzido. Uma tonelada de ferro-gusa requer em média 0,725 t de carvão vegetal. Com base nas caracte-rísticas da vegetação da Caatinga, a ma-deira explorável em 1 ha pode contribuir para a produção de 6,8 toneladas de fer-ro-gusa, o que explica a identificação de

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61áreas bastante degradadas no entorno dos municípios de São José do Belmonte (PE) e ao Sul da Chapada do Araripe (CE, PE). Boa parte da lenha extraída desses municípios atende demandas de guseiras distantes, principalmente dos estados de Minas Gerais e Maranhão.

4.4. Consequências do desmatamento

A retirada da cobertura original do solo do bioma Caatinga é um dos pri-meiros indicadores dos processos de de-gradação e desertificação da região. Se a cobertura vegetal nativa é mantida, a possibilidade de qualquer degradação é pequena. Segundo Sá et al. (2010), a co-bertura vegetal é, talvez, o mais impor-tante dos fatores de controle da deser-tificação no Semiárido. Adicionalmente, o desmatamento coloca em risco toda a biodiversidade existente na região e afe-ta o desenvolvimento e a manutenção de atividades econômicas, culturais e so-ciais. As práticas atuais predominantes têm impacto direto sobre as condições de continuidade da vegetação natural e estão na essência da reprodução dos ci-clos de pobreza.

4.4.1. Mudanças climáticas

O desmatamento na Caatinga, como nos demais biomas, constitui im-portante fonte de emissão de gases de efeito estufa. Dados preliminares do 2º Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa, divulgado no final de 2010, reve-lam que, no período de 1994 a 2002, foi verificada mudança do uso do solo em 80.429 km2, que correspondem a uma emissão líquida de 301 milhões de tone-ladas de CO2. Mesmo não sendo o bioma com o maior nível de emissão pelo des-matamento, a supressão da Caatinga preocupa em função das fragilidades cli-máticas e edáficas locais.

Estudos indicam que, dentre todos os biomas brasileiros, a Caatinga é o mais vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. Essa vulnerabilidade tem dife-rentes formas de manifestação, incluin-do a duração das secas e a frequência de fortes chuvas e seus impactos sobre a biodiversidade, os recursos hídricos e a produção de alimentos.

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62 O relatório “Mudanças Climáticas e suas Implicações para o Nordeste” (MMA, 2004) alerta sobre as consequên-cias do aumento de temperatura na área mais vulnerável do País desde a perspec-tiva ecológica até a social. Prognosticam-se aumentos de temperatura entre 2ºC e 5ºC até o final do século, que contribuirão para um aumento das áreas secas, com a ocorrência mais frequente de fenôme-nos extremos como secas prolongadas e inundações.

Os cenários mais quentes e secos no Semiárido Brasileiro projetados pelos modelos climáticos apontam para uma possível aridização da região da Caatinga (Marengo, 2007). Sob essa perspecti-va, é factível que a vegetação do Bioma seja substituída por vegetação típica das zonas áridas. Assim, alterações das condições ecológicas comprometerão a permanência da população, provocando taxas crescentes de migrações, prova-velmente para o Centro-Oeste e para a Amazônia.

4.4.2. Desertificação

A Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação concei-tuou a desertificação como o processo de degradação das terras das regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de diferentes fatores, entre eles as variações climáticas e as ativida-des humanas. No Brasil, as regiões de clima árido e semiárido do Nordeste, densamente povoadas, constituem os ambientes mais susceptíveis ao processo de desertificação (GEOBRASIL, 2002), o qual já se evidencia em variados graus de intensidade em diversas áreas da região. Em vista da expansão das áreas degrada-das, o bioma Caatinga vem despertando cada vez mais o interesse geral, sobre-tudo de pesquisadores e cientistas que trabalham com áreas em processo de desertificação.

O desmatamento propicia a ero-são do solo, dando início ao processo de desertificação. Além do desmatamen-to e dos processos erosivos, as práticas agropecuárias inadequadas, por meio da

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63compactação10 e da salinização do solo infértil, destacam-se entre os fatores que aceleram a degradação ambiental e o processo de desertificação.

O Zoneamento Agroecológico do Nordeste – Zane, elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, indica que aproximadamente um terço da região semiárida (cerca de 353.870 km²) constitui-se de terras com oferta ambiental entre muito baixa e bai-xa (solos rasos, pedregosos e/ou salinos em clima árido). Atualmente, essas ter-ras estão sendo utilizadas com pecuária em regime extensivo, agricultura de sub-sistência e algodão em manchas de solos de menor limitação (GEOBRASIL, 2002). A conjugação dessa exploração, com domínio de pequenas e médias proprie-dades e a ocorrência comum de densida-de da ordem de 15 a 20 habitantes/km², exerce pressão antrópica sobre os solos e sobre a vegetação.

10 Segundo Sampaio et al. (2005), a compactação e o encrostamento têm sido sugeridos como indicadores de desertificação ou de propensão a ela. Todavia a indisponibilidade de dados sobre o Nordeste dos impactos dessa origem limita bastante os trabalhos de pesquisa de várias instituições, principalmente para apurar-se a intensidade deles.

Como resultado, algumas áreas já se encontram em processo avançado de desertificação. Os indicadores utilizados para a caracterização do processo de desertificação incluem a precipitação, o relevo, a sensibilidade à erosão, a fertili-dade dos solos, a evolução da cobertura vegetal, os índices de produtividade, as variações da cobertura vegetal (desma-tamento), a biodiversidade, o grau de erosão, o sobrepastoreio, etc.

No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação – ASD compreendem 1.338.076 km2, incluindo 1.482 municí-pios de todos os nove estados da região Nordeste, além de municípios do nor-te de Minas Gerais e do Espírito Santo, como mostra a Tabela 16. Esses municí-pios fazem parte da área de atuação do Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca – PAN-Brasil (MMA, 2005).

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64 Tabela 16. Relação do número de município, por Estado, nas áreas susceptíveis à desertificação.

Estado

Número de municípios das Áreas Suscetíveis à Desertificação

Áreas

Semiáridas

Áreas Subúmidas

SecasÁreas de Entorno Total

Maranhão - 1 26 27

Piauí 96 48 71 215

Ceará 105 41 38 184

Rio Grande do Norte 143 12 3 158

Paraíba 150 47 11 208

Pernambuco 90 39 6 135

Alagoas 33 13 7 53

Sergipe 6 28 14 48

Bahia 159 107 23 289

Minas Gerais 22 61 59 142

Espírito Santo - - 23 23

Total 804 397 281 1.482

Fonte: MMA, 2005.

Ademais, o Atlas das Áreas Susceptíveis à Desertificação do Brasil (MMA, 2007b) identificou quatro áreas como sendo de alto risco de desertifi-cação, as quais denominou núcleos de desertificação e que abrangem os mu-nicípios de Gilbués (PI), Irauçuba (CE),

Seridó (RN/PB) e Cabrobó (PE). Dentre as causas da aceleração dos processos de desertificação nos quatro núcleos, o desmatamento destaca-se como a mais importante. A Tabela 17 cita característi-cas dos núcleos, bem como as causas da desertificação nessas áreas.

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65Tabela 17. Características principais dos núcleos de desertificação.

Núcleo Área (km²) População Precipitação

(mm) Causas da desertificação

Seridó (RN) 2.861 91.673 500 Supressão vegetal, sobrepastoreio, agricultu-ra e mineração

Irauçuba (CE) 4.045 192.324 700 Supressão vegetal, sobrepastoreio e

agricultura

Gilbués (PI) 5.739 20.459 1100 Mineração, sobrepastoreio, agricultura e su-pressão vegetal

Cabrobó (PE) 7.133 71.678 480 Supressão vegetal, sobrepastoreio, agricultu-ra e salinização

Total 17.778 376.134

Fonte: Adaptado de CNBRC, 2004.

No que tange às áreas já afetadas pela desertificação, observa-se que elas representam 32,36% de toda a região Nordeste, com a exceção do Maranhão, sendo que aproximadamente 15% delas já está afetada de forma grave e muito grave (MI/MMA/UNESCO, 2006).

Paralelamente ao desmatamento, a salinização dos solos está entre os fato-res da desertificação e é responsável por danos graves ao meio ambiente. Ela é oriunda de processos naturais ou do uso agrícola e ocorre em cerca de 2 % do ter-ritório nacional, área estimada de 85.931 km² (PEREIRA & COBRE, 1990). De uma

maneira geral, a salinização está relacio-nada à ocorrência de solos situados em regiões de baixa precipitação, altos défi-cits hídricos e com deficiências naturais de drenagem (BATISTA et al., 2002). Ou seja, o Semiárido está muito susceptível à salinização, pois em vista das condi-ções naturais (escassez de chuvas e as características dos solos da Caatinga), as práticas agrícolas são inadequadas e ace-leram esse processo, causando impactos para além do desmatamento.

A prática da agricultura irrigada é uma das principais causadoras de salini-zação dos solos em áreas de drenabilida-

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66 de deficiente ou nula, sobretudo nas re-giões de clima semiárido. Nessas condi-ções, caso não sejam drenados artificial-mente, os solos tendem a se tornar sa-linos, o que vem ocorrendo em algumas áreas da região Nordeste. Os sistemas de irrigação, portanto, podem provocar in-clusive a inviabilização da produção agrí-cola, a partir do manejo inadequado do sistema de irrigação, do uso indiscrimina-do da água e da drenagem insuficiente.

Na região Nordeste, a bacia do rio São Francisco é a mais importante para a irrigação. Ao longo de quase todo o rio (Médio, Submédio e parte do Baixo São Francisco), os solos apresentam alto risco de salinização. Já no Alto São

Francisco, localizado no Cerrado, a ocor-rência de solos mais profundos e bem drenados, bem como a maior precipita-ção, determinam um risco de salinização baixo ou nulo (GEOBRASIL, 2002).

Segundo estimativas da Agência Nacional de Águas – ANA, dos 3 milhões de hectares irrigados no Brasil, 19% estão no Nordeste, totalizando uma área de 570.000 ha irrigados nessa região (ANA, 2004). A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – Codevasf11 afirma que aproximadamen-te 30% das áreas irrigadas dos projetos públicos do Nordeste apresentam pro-blemas de salinização, sendo que algu-mas dessas áreas já não produzem mais.

11 Disponível no endereço eletrônico: http://www.codevasf.gov.br/programas_acoes/irrigacao/salinizacao-do-solo. Acessado em 29 de setembro de 2010.

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675. Instrumentos de Prevenção e Controle do Desmatamento

preservação da cultura dos povos indíge-nas com a proteção ambiental.

Entretanto, este capítulo enfatiza as unidades de conservação – UCs, áre-as criadas por ato do poder público, nas quais a conservação da biodiversidade é prioridade. Existem várias categorias de UCs, que se enquadram em dois grandes grupos: UC de Proteção Integral e UC de Uso Sustentável. Como a própria de-nominação sugere, nas UCs do primeiro grupo é proibida a exploração direta dos seus recursos naturais, permitindo-se vi-sitação e pesquisa, enquanto que nas do segundo grupo a exploração é permiti-da, desde que de forma sustentável, con-ciliada com a conservação e prevista no seu plano de gestão, chamado “plano de manejo”12 da unidade.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – Snuc, Lei

12 O plano de manejo de uma unidade de conservação é uma espécie de plano diretor e não deve ser confundido com o plano de manejo florestal, que é o projeto de uma atividade econômica de exploração sustentável de recursos da floresta (madeireiros e/ou não madeireiros) em área que pode estar localizada em terra privada, em assentamento da reforma agrária, em floresta pública ou mesmo em UC de uso sustentável.

Há várias formas de garantir a pro-teção, a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. Alguns instrumen-tos merecem destaque para a consecu-ção desse objetivo, como as áreas legal-mente protegidas (unidades de conser-vação, terras indígenas, áreas de preser-vação permanente e áreas de reserva le-gal), a gestão florestal (monitoramento e controle), a gestão territorial, o manejo florestal sustentável, a assistência técni-ca e extensão rural – Ater e a capacitação para a organização e o associativismo.

5.1. Áreas protegidas

As áreas protegidas, em sentido amplo, são as unidades de conservação, terras indígenas, áreas de reserva legal e áreas de preservação permanente – APPs. As áreas de reserva legal e APPs estão sob a responsabilidade direta do proprietário da terra (público ou priva-do) e são regidas pelo Código Florestal, Lei nº 4.771 /1965, não cabendo ao poder público criá-las ou geri-las, mas sim mo-nitorá-las. As terras indígenas são muito importantes, pois permitem conciliar a

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68 n° 9.985/2000, as categorias são UCs de Proteção Integral são Estação Ecológica – Esec, Reserva Biológica – Rebio, Parque Nacional – Parna, Monumento Natural – Mona e Refúgio de Vida Silvestre – RVS. Ao grupo de UCs de Uso Sustentável per-tencem as categorias Área de Proteção Ambiental – APA, Área de Relevante Interesse Ecológico – Arie, Floresta Nacional – Flona, Reserva Extrativista – Resex, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS e Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN.

Dentro da estratégia de conserva-ção e uso sustentável da biodiversidade, o MMA atualizou o mapa das áreas prio-ritárias para a Caatinga (MMA, 2007a). Este considera um total de 220 áreas com graus variáveis de importância bio-lógica e prioridades de ação. Desses 220 polígonos ilustrados na Figura 11, 94 tive-ram indicação prioritária para a criação de UCs de proteção integral, uso susten-tável e categorização a definir. Existem processos para a criação de UCs em mui-tos desses polígonos, que se encontram em diferentes estágios, sendo poucos em estágio final. As ações propositivas de criação e ampliação de UCs abarcam

os estados da Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte.

A Caatinga possui apenas 7,33% de sua área coberta por UCs, sendo que apenas 1,02% são de proteção integral. O baixo percentual de áreas protegidas co-loca em risco os esforços nacionais em favor da conservação do Bioma e está muito abaixo dos 10% propostos pela União Internacional de Conservação da Natureza – IUCN e pela Comissão Nacional de Biodiversidade – Conabio. Vale re-gistrar que a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB, realizada em Nagoya, ampliou esse percentual para 17%. A Tabela 18 apresen-ta a distribuição das UCs da Caatinga13 en-tre as diversas categorias:

13 As UCs apresentadas na Tabela 18 representam todas as unidades federais e estaduais atualizadas segundo o MMA, mas ainda não completamente inseridas na base de dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, que foi a fonte de análise do desmatamento utilizada pelo CSR/Ibama. A pequena diferença não compromete a principal conclusão do dados de monitoramento, que é a alta taxa de desmatamento nas APAs, sejam elas federais ou estaduais. Adicionalmente, vale informar que o Decreto s/nº, de 30 de dezembro de 2010, ampliou o Parque Nacional da Serra das Confusões, cuja nova área não foi contabilizada na Tabela 18.

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Figura 11. Mapa das áreas prioritárias para conservação no bioma Caatinga.

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70 Tabela 18. Quantidade, extensão e proporção das unidades de conservação do bioma Caatinga.

Categoria UCs Federais UCs Estaduais TOTAL

Proteção Integral Nº Área (km²) % Nº Área

(km²) % Nº Área (km²) %

Estação Ecológica 4 1.303 0,15% 1 10 0,00% 5 1.313 0,16%

Monumento Natural 1 267 0,03% 5 314 0,04% 6 581 0,07%

Parque Nacional 8 5.404 0,64% 11 1.231 0,15% 19 6.635 0,79%

Refúgio de Vida Silvestre 0 0 0,00% 0 0 0,00% 0 0 0,00%

Reserva Biológica 1 6 0,00% 1 64 0,01% 2 70 0,01%

Total Parcial de PI 14 6.981 0,83% 18 1.617 0,19% 32 8.598 1,02%

Uso Sustentável Nº Área (km²) % Nº Área

(km²) % Nº Área (km²) %

Floresta Nacional 6 535 0,06% 0 0 0,00% 6 535 0,06%

Reserva Extrativista 3 18 0,00% 0 0 0,00% 3 18 0,00%

Reserva de Desenvolvimento Sustentável

0 0 0,00% 1 95 0,01% 1 95 0,01%

Reserva de Fauna 0 0 0,00% 0 0 0,00% 0 0 0,00%

Área de Proteção Ambiental 5 26.389 3,12% 26 25.537 3,02% 31 51.926 6,15%

Área de Relevante Interesse Ecológico 2 76 0,01% 3 123 0,01% 5 199 0,02%

Reserva Particular do Patrimônio Natural 50 496 0,06% 4 38 0,00% 54 535 0,06%

Total Parcial de US 66 27.515 3,26% 34 25.794 3,05% 100 53.309 6,31%

TOTAL 80 34.496 4,08% 52 27.411 3,25% 132 61.907 7,33%

Fonte: MMA (2010).

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71O levantamento das UCs da Caatinga indica baixo percentual em qua-se todas as categorias, exceto as APAs, que ocupam 6,15% do Bioma. As áreas protegidas restantes representam ape-nas 1,18% da Caatinga. A Figura 12 ilustra a proporção de cada categoria em relação à área total de UCs, mostrando que 84% da área de UCs é composta por APAs.

2% 1%

11% 0% 0%

84%

2%

Estação Ecológica Monumento Natural

Parque Nacional Refúgio de Vida Silvestre

Reserva Biológica Área de Proteção Ambiental

Demais UCs de Uso Sustentável

Figura 12. Proporção de cada categoria em rela-ção à área total de UCs no bioma Caatinga.

O mapa da Figura 13 mostra a lo-calização e dimensão das UCs do bioma Caatinga, sendo que as APAs, onde mais se desmata, estão entre as maiores áreas.

O baixo grau de implementação das APAs na Caatinga e o fato de elas serem unidades pouco restritivas, com-postas por terras particulares, resultam num quadro preocupante, caracterizado pelo desmatamento tão intenso quanto fora de unidade de conservação, o que mostra que elas não têm sido eficazes na conservação do Bioma.

Para alcançar os propósitos nacio-nais de conservar pelo menos 10% da ex-tensão de cada um dos biomas, a Caatinga deveria contar com no mínimo 83 mil km2 de UCs devidamente implementadas e cumprindo o seu papel. Isto indica a ne-cessidade de se ampliar em pelo menos 21 mil km2 (2,1 milhões de hectares) a área total de UCs, assim como de efetivar a gestão e proteção das UCs já existentes, garantindo a sua implementação e manu-tenção, para que as mesmas atinjam efeti-vamente seus objetivos e sirvam inclusive como difusoras de boas práticas de con-servação e uso sustentável nas regiões onde estão localizadas.

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Figura 13. Unidades de Conservação do bioma Caatinga. Fonte: MMA (2010).

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73Em vista da predominância de APAs, verifica-se ser imprescindível a criação de UCs de proteção integral, que garantam de forma mais efetiva os servi-ços ambientais e os recursos genéticos, fundamentais para qualquer estraté-gia de conservação, mitigação das mu-danças climáticas e prevenção contra a desertificação.

Como ação de curto prazo, é funda-mental finalizar os processos de criação de UCs de proteção integral. Neste senti-do, destaca-se o processo de criação do mosaico de unidades de conservação do Boqueirão da Onça (Bahia), que já pas-sou pelo processo de consulta pública e está em fase avançada em relação à consulta aos órgãos envolvidos, nas três esferas. Destaca-se que o Decreto de 30 de dezembro de 2010 ampliou o Parque Nacional da Serra das Confusões (Piauí).

Com relação às APAs, é fundamen-tal tirá-las do papel, para que as mesmas cumpram sua principal função, qual seja, de promover o uso sustentável. Para tan-to, seriam necessários recursos para me-

lhorar seu grau de implementação e re-plicar em seu território toda a bagagem de conhecimentos e experiências sobre uso sustentável na Caatinga. Também é interessante a criação de UCs de prote-ção integral dentro das APAs, formando mosaicos de áreas protegidas.

5.2. Gestão florestal e fiscalização

O quadro da gestão florestal na re-gião do Bioma teve avanço, na medida em que os estados passaram a ser defi-nitivamente os responsáveis pela ges-tão florestal em seus territórios, confor-me atribuição legalmente prevista pela Constituição Federal de 1988 e reforça-da mediante a alteração do artigo 19 do Código Florestal (Lei nº 4.771/1965) pelo artigo 83 da Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei nº 11.284/2006).

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74Lei nº 11.284/2006

“Art. 19. A exploração de florestas e formações sucessoras, tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá de prévia aprovação pelo órgão estadual competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama, bem como da adoção de técnicas de con-dução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme.

§ 1º Compete ao Ibama a aprovação de que trata o caput deste artigo:

I - nas florestas públicas de domínio da União;

II - nas unidades de conservação criadas pela União;

III - nos empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacio-nal ou regional, definidos em resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.

§ 2º Compete ao órgão ambiental municipal a aprovação de que trata o caput deste artigo:

I - nas florestas públicas de domínio do Município;

II - nas unidades de conservação criadas pelo Município;

III - nos casos que lhe forem delegados por convênio ou outro instrumento admis-sível, ouvidos, quando couber, os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal.

§ 3º No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que contemplem a utilização de espécies nativas.”

Para tanto, foram assinados termos de cooperação técnica entre a União e os Estados, facilitando às instituições esta-duais assumir as competências relativas à gestão florestal. Esses processos come-çaram a ocorrer no âmbito das estrutu-ras já existentes na área ambiental.

Poucos ainda são os Estados da re-

gião que, decorridos quatro anos da pro-mulgação da Lei, conseguiram desenhar e institucionalizar estruturas específicas voltadas à gestão dos recursos florestais. Adaptações foram feitas no âmbito das estruturas já existentes (PNUD/MMA)14 .

14 Diagnóstico socioeconômico e institucional para a descentralização da Gestão Florestal na região Nordeste – Projeto MMA/PNUD/GEF/ BRA/02/G31.

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75O modelo de gestão florestal nos nove estados da região nordeste é bas-

tante variado. Na Tabela 19, apresenta-se a síntese por estado:

Tabela 19. Modelo de gestão florestal por estado pertencente ao Bioma Caatinga.

Estado Órgão ambiental Tipo de administração

AlagoasSecretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – Semarh Direta

Instituto de Meio Ambiente – IMA Indireta

Bahia Secretaria do Meio Ambiente - Sema Direta

Instituto de Meio Ambiente – IMA Indireta

CearáConselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente – Conpom Direta

Superintendência Estadual do Meio Ambiente – Semace Indireta

MaranhãoSecretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais – Sema

DiretaSuperintendência de Gestão Florestal

Paraíba

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – Sectma Direta

Superintendência de Administração do Meio Ambiente – Sudema Indireta

PernambucoSecretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – Sectma Direta

Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – CPRH Indireta

PiauíSecretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais – Semar

DiretaGerência de Licenciamento e Fiscalização

Rio Grande do Norte

Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Semarh Direta

Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema Indireta

SergipeSecretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos - Semarh Direta

Administração Estadual de Meio Ambiente – Adema Indireta

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76 No Estado de Alagoas, a Secretaria de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – Semarh/AL é a instância de for-mulação da política e a gestão florestal está a cargo de um Instituto – IMA, órgão de natureza autárquica.

Na Bahia, a Secretaria de Meio Ambiente – Sema/BA é a formuladora da política e o Instituto de Meio Ambiente – IMA/BA, de natureza autárquica, tem a responsabilidade pela gestão. Porém, a atividade de fomento é executada dire-tamente pela Secretaria. Tem-se, portan-to, um modelo híbrido em que a instância de formulação da política é também exe-cutora de parte dela.

No Ceará, a instância de formulação das políticas está abrigada no Conselho de Políticas – Conpom, estando a execu-ção a cargo da Superintendência do Meio Ambiente do Estado do Ceará – Semace, órgão da administração indireta, de natu-reza autárquica.

O Maranhão não dispõe de uma es-trutura autárquica de gestão. Esta é fei-ta diretamente pela Secretaria de Meio Ambiente – Sema/MA, através de uma

Superintendência de Gestão Florestal. Portanto, a gestão na área florestal é fei-ta pela administração direta.

No Estado da Paraíba, a formu-lação da política está na Secretaria de Meio Ambiente – Sectma/PB, e a ges-tão florestal encontra-se alojada numa Superintendência de Administração do Meio Ambiente – Sudema, autarquia, portanto administração indireta, vincula-da à Secretaria.

Pernambuco tem uma Secretaria de Meio Ambiente – Sectma/PE de mes-ma natureza que a da Paraíba (Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente), porém a gestão florestal é feita pela Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – CPRH, autárquica.

Piauí dispõe de uma Secretaria de Meio ambiente e Recursos Hídricos – Semar/PI, responsável tanto pela formu-lação da política quanto pela execução, esta feita pela Gerência de Licenciamento e Fiscalização; a despeito de a Secretaria dispor de uma Gerência de Parques e Florestas, a gestão florestal está alojada em uma gerência de outra natureza.

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77O Estado do Rio Grande do Norte acomoda na Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Semarh/RN a formulação da política, ficando a cargo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – Idema, de natureza autárquica, a gestão flores-tal. O Estado dispõe também de uma Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – Semarh/RN, mas esta faz a gestão apenas destes recursos.

Sergipe tem a Secretaria do meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – Semarh/SE como formuladora da polí-tica, e uma autarquia, a Administração Estadual de Meio Ambiente – Adema/SE como executora, na qual se insere a ges-tão florestal.

O processo da descentralização da Gestão Florestal permitiu adaptações estruturais e institucionais nos estados para realizar as competências por força de lei e dos termos de cooperação, mas ainda não permitiu que os Estados tives-sem os modelos de gestão florestal den-tro de suas necessidades.

A gestão florestal nos estados do bioma Caatinga ocorre dentro do funcio-namento dos órgãos estaduais de ges-tão ambiental, com exceção de Minas Gerais, no qual é da responsabilidade do Instituto Estadual de Florestas – IEF.

A Resolução Conama no 379/2006 atribui aos estados competências para: (i) emitir autorização de Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS, (ii) emitir autorização para a supressão de vegeta-ção nativa (desmatamento), (iii) aprovar Plano de Suprimento Sustentável – PSS, (iv) exigir reposição florestal, e (v) emi-tir documentação relativa a transporte de produtos florestais de origem nati-va. Vale lembrar que para algumas áre-as permanece a responsabilidade direta da união, onde a Instrução Normativa nº 01/2009 do MMA deve ser obedecida.

As estruturas organizacionais nos estados são distintas, da mesma forma a localização institucional da gestão flo-restal varia em cada um deles, conforme sintetizado a seguir na Tabela 20.

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78 Tabela 20. Caracterização da situação dos órgãos estaduais responsáveis pela gestão florestal na Caatinga.

Estado Instituição Lócus Tipo de administração

Alagoas Ima Sem espaço institucional específico legalmente instituído Indireta

Bahia Sema Superintendência de Políticas Florestais,

Conservação e Biodiversidade Direta

Ima Departamento de Florestal Indireta

Ceará Semace Coordenadoria Florestal Indireta

Maranhão Sema Superintendência de Gestão Florestal Direta

Paraíba Sudema Superintendência de Administração do Meio Ambiente Indireta

Pernambuco CPRH Diretoria de Recursos Hídricos e Florestais Indireta

Piauí Semar Gerência de Licenciamento e Fiscalização Direta

Rio Grandedo Norte Idema Coordenadoria de Meio Ambiente Indireta

Sergipe Adema Administração Estadual de Meio Ambiente - Adema Indireta

O sistema de controle de ativida-des de transporte de produtos flores-tais com base no Documento de Origem Florestal – DOF foi implantado em qua-se todos os estados da região Nordeste, porém tem funcionamento limitado pela precariedade das condições de infraes-trutura, logística operacional, ilegalidade e informalidade generalizada na produ-ção. Um dos problemas colocados para o funcionamento eficiente do sistema é a sua dependência da comunicação em

meio eletrônico (internet) em áreas em que boa parte dos produtores são mini-fundiários e analfabetos.

O funcionamento do sistema de-pende também de pessoal capacitado em informática, que é escasso nas insti-tuições públicas, de infraestrutura, ma-teriais e equipamentos para a efetiva fis-calização e monitoramento da cobertura florestal. As agências de atendimento aos usuários estão concentradas nas ca-

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79pitais dos estados, sem atendimento nos demais municípios.

Assim como a gestão florestal, a fiscalização no bioma Caatinga apresen-ta uma série de carências estruturais e nós críticos, sendo ainda realizada prin-cipalmente pelo Ibama, já que os órgãos estaduais ainda estão muito carentes de infra-estrutura e pessoal para realizar esta tarefa.

A gestão florestal na Caatinga deve procurar a conjugação de processos e ins-trumentos de execução do planejamen-to que possam exitosamente promover:

9 Geração e encaminhamento de incen-tivos para a utilização sustentável dos recursos florestais;

9 Interpretação e aplicação harmoniosa da legislação em favor dos princípios de sustentabilidade; e

9 Desenvolvimento de infraestrutura e instrumentos adequados.

5.3. Gestão territorial

A situação de degradação ambien-tal das áreas do Bioma é resultante de ações empreendidas ao longo da história da ocupação do território e do uso recur-sos naturais. Enquanto entidade regional,

a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene foi a principal co-ordenadora e também instrumento de ocupação dos espaços e uso dos recur-sos no Semiárido. Como instituição, teve o papel de promover o desenvolvimento da região Nordeste. Nesse sentido, em-preendeu ações de grande impacto re-gional, como a colonização do Maranhão, os projetos de irrigação de áreas úmidas e o uso de espécies vegetais resistentes às condições do clima e solo.

Foi somente com a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que o País passou a adotar um instrumento para orientar o planejamento territorial, podendo assim antecipar alternativas de interferência no ambiente natural e social, através do Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE, instrumento previsto naquela lei. O ZEE, em sentido geral, conforma os resultados dos estudos acerca das fragilidades e das potencialidades dos ecossistemas, dos sistemas sociais e culturais, bem como suas interações no espaço geográfico.

O Semiárido conta com impor-tantes iniciativas em curso no âmbito do Consórcio ZEE Brasil, como o ZEE

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80 do Nordeste (que configura uma con-solidação de zoneamentos em esca-las regionais), o ZEE da Bacia do São Francisco e o ZEE da Bacia do Parnaíba. Adicionalmente, conta com um Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido – PDSA, de responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento Regional.

Com relação à região hidrográfica do rio São Francisco, é necessária uma ação integrada e transversal para tratar do passivo de suas áreas de preservação permanente, sobretudo na área de influ-ência do projeto de transposição. Dessa maneira, o PDSA tem entre seus objeti-vos o apoio à criação de institucionalida-des e mecanismos de gestão regional, subregional e local. A seguir são enume-rados os objetivos do PDSA:

9 Reorganizar, fortalecer, criar novas frentes de expansão econômica e elevar a importância da economia do Semiárido, no contexto da economia do Nordeste;

9 Promover a utilização dos recursos hí-dricos segundo os princípios da gestão integrada de oferta e demanda, aten-dendo as necessidades humanas e as demandas dos setores produtivos,

respeitados os preceitos da preserva-ção, conservação e manejo controlado desses recursos;

9 Apoiar a realização de estudos desti-nados a aprimorar o conhecimento da situação dos processos de desertifica-ção e de secas observados na região;

9 Promover atividades urbanas, como elemento diferenciador entre o que está sendo feito e o que deve ser feito para a geração de atividades econômi-cas sustentáveis;

9 Apoiar a expansão da agricultura fami-liar, segundo as orientações estabele-cidas pela política de reestruturação fundiária;

9 Fortalecer os mecanismos de partici-pação e organização da comunidade, tendo em vista o fortalecimento da cidadania;

9 Apoiar a criação de institucionalidades e mecanismos de gestão regional, sub--regional e local; e

9 Contribuir para a erradicação da po-breza na região das áreas afetadas pe-las secas.

5.4. O Manejo Florestal Sustentável

O manejo florestal sustentável, ou simplesmente manejo florestal, é uma atividade legal que gera renda, abastece

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81mercados e pressupõe a conservação da riqueza e dos recursos do Bioma. Além disso, é passível de licenciamento e deve ser executado com base em um proje-to técnico especializado, denominado Plano de Manejo Florestal Sustentável – PMFS. A atividade prevista no PMFS deve seguir critérios técnicos e de sus-tentabilidade, podendo ser madeireira, não madeireira ou ambas. Na Caatinga, o manejo florestal sustentável para ex-ploração da lenha constitui uma interes-sante alternativa à extração predatória comumente verificada.

Com base na área remanescente em 2008, estima-se que a Caatinga pos-sui uma extensão de aproximadamente 174.538 km2 com algum potencial para o manejo florestal. Essa é toda a área que resta disponível dos 443.122 km2 de co-bertura vegetal remanescente quando, mesmo que artificialmente, se contabili-zam exclusivamente dentro desse rema-nescente as seguintes outras áreas, onde em princípio não se prevê a realização de manejo florestal:

9 82.641 km2 de UCs (o equivalente a 10% de todo o Bioma, conforme meta da Conabio);

9 148.754 km2 de áreas de reserva legal (o equivalente a 20% de toda a área do Bioma fora das UCs);

9 37.188 km2 de APPs (o equivalente a 5% de toda a área do Bioma fora das UCs)

Mesmo em área remanescente, o potencial produtivo madeireiro varia segundo as particularidades locais. Na Caatinga, a produtividade da atividade varia tipicamente entre 5 e 15 esteres15 de lenha por hectare por ano. Considerando uma produtividade média de 10 st/ha/ano, que equivale a 295 t/km2/ano16, con-clui-se que a Caatinga, em seus 174.538 km2 disponíveis, pode fornecer a cada ano, sustentavelmente, 51,4 milhões de toneladas de lenha, o que representa quase 60% de toda a produção média anu-al de lenha do País, incluindo a lenha que é transformada em carvão vegetal (vide Tabela 13. Fluxo de consumo e transfor-mação da lenha extraída no Brasil entre 2002 e 2009.).

15 A unidade usual de volume de lenha é o estere (st), que equivale a aproximadamente 0,30 m3 e 0,21 tMS (tonelada de massa seca), sendo que 1 tMS equivale a 0,435 tep de energia (valores típicos para Caatinga retirados de RIEGELHAUPT & PAREYN, 2010).

16 Essa estimativa lança mão de parâmetros típicos da Caatinga e considera também a equivalência de 1 t de lenha a 0,31 tep de energia (poder calorífico médio de 3.100 kcal/kg), parâmetro utilizado pela EPE no BEN 2010.

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82 Os parâmetros apresentados no final do item 4.3.317, referentes a áreas desmatadas para a conversão do uso do solo, levam a uma estimativa mais mo-desta, com produtividade média de 130 t/km2/ano18, resultando em um potencial de 22,7 milhões de toneladas de lenha por ano que o manejo florestal susten-tável seria capaz de produzir nos 174.538 km2 de Caatinga disponível. Essa estima-tiva é bastante conservadora, uma vez que está associada a uma produtividade muito abaixo da média (apenas 4,4 st/ha/ano). Cabe salientar, no entanto, que ain-da assim esse potencial supera a deman-da total da região Nordeste, que em 2006 foi de aproximadamente 67,6 milhões de esteres de lenha19 (RIEGELHAUPT &

17 1 t de ferro-gusa requer em média 0,725 t de carvão vegetal e 1 ha de Caatinga desmatada corresponde à produção 6,8 t de ferro-gusa.

18 Para se chegar a 130 t/km2/ano, considera-se o manejo florestal com ciclo de corte de 15 anos e uma proporção de 3,96 t de lenha para produzir 1 t de carvão vegetal, como consta no BEN 2010. Mantendo-se os demais parâmetros, esse valor está associado a uma produtividade média de somente 4,4 st/ha/ano, que reflete áreas menos densas e geralmente mais fáceis de se converter.

19 O consumo no Nordeste desses 67,6 milhões esteres de lenha divide-se da seguinte forma: 25% foi consumido na forma de lenha e carvão vegetal pelos setores industrial e comercial, 49% representa exclusivamente o consumo de lenha nos domicílios rurais e 14% abarca o consumo de carvão vegetal nos domicílios rurais e todo o consumo residencial urbano de carvão vegetal e lenha.

PAREYN, 2010), ou seja, 20,0 milhões de toneladas20.

Cabe ressaltar que o manejo flo-restal permite a exploração sustentável também de uma vasta gama de produtos não-madeireiros e, em muitos casos, não impossibilita a prática da pecuária exten-siva, contanto que esta se dê também de forma sustentável, isto é, mantendo-se espécies forrageiras típicas da Caatinga e respeitando-se os limites de lotação animal.

Entre as condições favoráveis ao manejo florestal na Caatinga estão a re-siliência da vegetação, sua diversidade e uma elevada densidade de árvores, que varia de 1.000 a 5.000 árvores/ha. Os estoques de madeira são relativamen-te baixos, porém com incrementos mé-dios anuais relativamente altos e com a presença de mais de 30% de espécies de potencial forrageiro, o que é interessan-te para conciliar o manejo florestal com a pecuária não tradicional sustentável. A regeneração destas áreas obedece a

20 O consumo do Nordeste representa aproximadamente 23% da demanda nacional, 39% do potencial estimado de produção sustentável de lenha via manejo florestal na Caatinga (considerando produtividade média de 10 st/ha/ano) e 88% do potencial conservador (considerando produtividade média de 4,4 st/ha/ano).

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83padrões típicos das regiões de clima se-miárido, onde são comuns as rebrotas abundantes desde tocos e raízes, que ocorrem vigorosamente em resposta às primeiras chuvas, após os longos perío-dos de estiagem.

As experiências regionais servem de referência para o manejo florestal da Caatinga e contribuem para a validação das hipóteses de que o Bioma é propí-cio para essa atividade. Existe uma vas-ta base técnica e científica voltada para o uso sustentável da Caatinga por meio do manejo florestal, como os períodos de rotação, as formas de corte e as pres-crições silviculturais. As informações geradas por mais de 20 anos de estudo e prática na região embasaram a publica-ção da Instrução Normativa MMA nº 01, de 25 de junho de 2009, que regulamen-ta o manejo florestal madeireiro em nível federal. Cabe lembrar, no entanto, que essa instrução normativa serve apenas de referência para os estados, podendo estes optar por seguir ou não as regras nela estabelecidas.

No caso do Semiárido, a existência de um mercado estabelecido de lenha e carvão vegetal compensa os investi-

mentos iniciais para a implementação do manejo florestal. O mercado garantido e uma presença institucional fiscalizadora aumentariam as possibilidades de êxito da atividade. Estes aspectos reafirmam a necessidade de uma política de comu-nicação social a respeito da importância do manejo florestal e dos seus aspectos positivos para a conservação do Bioma, geração de renda e inclusão social.

Apesar de tantas condições favo-ráveis, a região Nordeste tem até o mo-mento somente cerca de 400 planos de manejo florestal aprovados, que respon-dem por uma ínfima porção da produção de madeira na região. Nesse sentido, cabe ressaltar que um grande número de obstáculos ainda persiste para a dissemi-nação do manejo florestal sustentável entre os produtores rurais.

O entrave maior é o desconheci-mento da sociedade sobre a produção florestal sustentável. A atividade é mui-tas vezes confundida na região com as práticas de conversão do uso do solo, ou simplesmente com a supressão da vege-tação. A mudança dessa percepção re-quer a participação ativa das instituições e seus técnicos no processo de esclareci-

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84 mento sobre o planejamento florestal e da função do PMFS.

A disseminação e a aceitação do manejo florestal encontra problemas inclusive nos órgãos licenciadores, que via de regra autorizam a conversão do uso do solo (que pode chegar a até 80% da área do imóvel) com maior agilidade e colocando menos obstáculos do que para aprovar um plano de manejo flores-tal. O produtor rural interessado em im-plementar um PMFS geralmente teste-munha nos órgãos licenciadores um ex-cesso de zelo pela regulamentação, bem como a ausência de regras e orientações adequadas, claras e conhecidas acerca dos trâmites e da instrução processu-al. Ademais, o andamento dos proces-sos de licenciamento das atividades de manejo florestal também é prejudicado pela falta de pessoal e de outros recur-sos. Aparentemente, os órgãos licencia-dores ainda não incorporaram o manejo florestal sustentável no seu dia-a-dia de trabalho. A própria exigência legal de licenciamento ambiental para a aprova-ção do PMFS consiste em fator inibidor do manejo florestal.

A rigidez da lei e o excesso de zelo pela regulamentação advêm do alto índice de ilegalidade na produção ma-deireira, da informalidade do setor e da pouca capacidade de fiscalização. Os órgãos ambientais têm suma importân-cia na prevenção e no controle do des-matamento, pois são ao mesmo tempo os que licenciam o manejo florestal e os que fiscalizam e penalizam pelos ilícitos ambientais, que podem inclusive estar relacionados a um PMFS mal executado. A facilitação do manejo florestal deve vir acompanhada de um significativo au-mento da capacidade de monitoramento e controle dentro dos órgãos ambientais.

Adicionalmente, merecem desta-que também os seguintes complicadores:

9 a falta de clareza sobre aspectos con-ceituais do manejo florestal;

9 a carga burocrática, que torna a ati-vidade uma obrigação mais legal do que uma ferramenta técnica de pla-nejamento necessária para garantir o rendimento sustentado do negócio florestal;

9 de forma geral, o manejo florestal ain-da não foi internalizado pelo poder pú-blico como atividade a ser fomentada, de modo que, na maior parte dos ca-sos, as ações de apoio correspondem

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85a iniciativas de ONGs e projetos de cooperação;

9 a dificuldade de acesso a crédito ban-cário para a elaboração do PMFS.

No intuito de viabilizar o manejo florestal sustentável como ferramenta de planejamento e de redução do des-matamento, são necessárias iniciativas imediatas no âmbito institucional, como:

9 a revisão e adequação das normas atuais;

9 a capacitação do pessoal encarregado do licenciamento e fiscalização;

9 a priorização da tramitação de PMFS através de associações de agricultores;

9 linhas de crédito para custeio da im-plementação de PMFS.

5.4.1. O Manejo Florestal Sustentável e os produtos da sociobiodiversidade

O manejo florestal sustentável não está limitado à produção de lenha ou de produtos madeireiros. São vários os exemplos na região Nordeste que vali-dam a perspectiva de integração da pro-dução madeireira e não-madeireira na formação de renda de muitas famílias

de produtores. Além da produção tradi-cional de lenha, estacas e carvão vege-tal, cresce a importância dos produtos não-madeireiros, como mel, forragem, fibras e outros, os quais, se valorizados, podem contribuir para o aumento da renda familiar.

A Caatinga e suas áreas de transi-ção têm uma flora diversa e rica em in-sumos para produção de medicamentos. Um dos exemplos atuais é a extração de rutina, obtida a partir da fava d’anta, que é insumo importante para controle do glaucoma, atualmente objeto de pes-quisas da Universidade do Ceará. Outra substância, o extrato de janaguba (que é um látex extraído do tronco) é utiliza-do na região para vários fins medicinais, inclusive os relacionados ao sistema di-gestivo. O pequi, apesar de ser um fruto típico do Cerrado, tem relevância para a alimentação e sobrevivência de famílias que vivem no Sertão, como ocorre na Chapada do Araripe e particularmente na Floresta Nacional do Araripe e seu entorno.

Outras espécies do Bioma são base de renda para milhares de pessoas que envolvidas em atividades de coleta e co-

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86 mercialização. A Caatinga tem papel im-portante na produção de frutas, alimen-tos, fibras e corantes destinados para uma produção artesanal de bens de con-sumo que distingue a região no conjunto nacional.

O uso diversificado da vegetação inclui a produção de forragem com base nas espécies da Caatinga, que é funda-mental para manutenção da pecuária extensiva no Semiárido. A vegetação do bioma Caatinga também dá apoio à pro-dução apícola regional, considerada a se-gunda mais importante do Brasil. O Piauí é o estado em que se destaca a conexão da Caatinga com a produção apícola. A variedade de condições da vegetação natural do estado é responsável pelos êxitos da produção estadual e de sua elevada produtividade de mel (VILELLA, 2009).

De acordo com os estudos do Projeto Conservação e Uso Sustentável da Caatinga, em sua análise de empreen-dimentos com base em produtos flores-tais não-madeireiros, foram identificados 52 produtos, os quais são classificados em grandes grupos, de acordo com seu uso, quais sejam (ALMEIDA, 2006):

9 Artesanato. A categoria envolve a pro-dução de arte e de artesanato popu-lar e utilitário largamente produzido tradicionalmente na região. Dentre as espécies mais utilizadas, podem ser citadas a imburana de cambão, de ampla utilização para a preparação de esculturas de carrancas na bacia do São Francisco, a imburana de cheiro, de utilização medicinal e também para óleos, ceras e apicultura, o coruá, tradi-cionalmente utilizado na produção de fibras para cordas, barbantes, cestos, papel, bolsas e bijuterias, a carnaúba e outras palmeiras, como o ouricuri ou licuri, que produzem matéria prima para a produção de chapéus, a partir da palha, bolsas, leques, vassouras.

9Medicinal. Dentro desta categoria, são imensas as possibilidades, dadas a tra-dição regional de utilização dos produ-tos naturais em tratamentos de saúde. Resumidamente pode-se mencionar a importância de algumas espécies bem características do Bioma, como a aro-eira, utilizada na elaboração de xaro-pes, tinturas, pomadas, sabonetes e corantes, e as variedades de angicos, cuja casca é bastante utilizada.

9 Frutífera. A produção de frutas na Caatinga tem grande expressão, destacando-se o umbu, de elevada distribuição no oeste baiano e muito utilizada na alimentação humana, as espécies de araçá, murici e maracujá do mato, que servem para a produção

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87de polpas de frutos para sucos, frutos secos e geléias.

9 Óleos e resinas. Além do pequi, que é tradicionalmente utilizado na alimen-tação humana em vastas áreas do Brasil, tem importância regional a pro-dução de óleos como componentes de produtos farmacêuticos e alimentos, em que se utiliza o babaçu, que tam-bém é utilizado pela indústria de cos-méticos e farmacêutica, de alimentos e na produção de carvão vegetal. A re-sina e a casca de angico são utilizadas para preparação de taninos.

9 Apicultura. O principal produto da api-cultura da Caatinga é o mel in natura, comercializado amplamente na região e mais recentemente em todo o País. São reconhecidas a qualidade e as pro-priedades características do mel do Piauí (primeiro produtor nacional) e da Chapada do Apodi (RN). Mais recen-temente, a apicultura tem mostrado uma tendência em incluir a produção de própolis e pólen. Em escala menor, vem também crescendo a produção das espécies de abelhas nativas pro-dutoras de mel, denominadas abelhas sem ferrão ou meliponíferas.

De maneira geral, a produção de produtos não-madeireiros se enquadra num conjunto pouco formalizado de atividades. Normalmente, as atividades envolvem um mínimo de transformação

primária, sendo realizadas geralmente por associações de moradores rurais e grupos humanos da região tradicional-mente excluídos como quilombolas, mu-lheres e agricultores pobres.

5.4.2. O manejo florestal como estratégia de apoio à agricultura familiar

A estratégia de promoção do uso sustentável da Caatinga tem no manejo florestal sustentável um dos eixos es-senciais de ação, haja vista a relação da produção florestal com a agropecuária e a sobrevivência da unidade de produção familiar.

Nas áreas estabilizadas do Sertão, o mosaico da vegetação, representado pelas matas, as caatingas ralas, capoei-ras e áreas de pousio, favorece a produ-ção de lenha e carvão durante os perío-dos de estiagem e contribui na formação de renda e sobrevivência de importante parcela da população rural. É impossível imaginar um propósito de silvicultura no Semiárido sem sua integração com a pecuária, a agricultura e a produção não-madeireira com base em frutas, er-

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88 vas medicinais, fibras etc. A integração entre atividades na unidade familiar de produção dá uma característica espe-cial ao manejo florestal sustentado na Caatinga.

A utilização da vegetação do Bioma é prática generalizada tendo vista a sua elevada adaptação aos sistemas de pas-tejo. Cerca de 90% das espécies são le-nhosas, a maioria, forrageiras em poten-cial. As áreas florestais chegam a produ-zir quantidades de 4 t/ha/ano, de acordo com Araújo Filho (2007). Diversas técni-cas de condução da vegetação permitem otimizar as condições naturais para a produção de forragem durante a estia-gem e a estação úmida.

A produção de mel em áreas ma-nejadas é outra oportunidade para pe-quenas propriedades familiares. Pode-se consorciar a atividade de apicultura com a extração de madeira, o que contribui para a conservação de áreas florestais, protegendo-as contra incêndios flores-tais. Outros modelos combinados de pro-dução podem ser fazer parte do plano de manejo como a extração de fibras a par-tir de carnaúbais, do caroá, de sementes, frutos etc.

O PMFS é relevante para a segu-rança alimentar nas condições das regi-ões semiáridas, particularmente agra-vadas pela crescente vulnerabilidade às mudanças climáticas em muitas áreas do Bioma. A sazonalidade da produção é uma das características da produção agrícola e a incorporação de fainas flo-restais para a produção de lenha, carvão vegetal, extração de fibras, frutos e er-vas medicinais permite a geração de re-ceitas complementares à renda familiar, especialmente durante as estiagens, de-pois das colheitas e durante os períodos pré-safra.

Nas condições atuais, a produção de lenha e carvão vegetal é de relevante importância para a sobrevivência de mi-lhares de pequenos produtores rurais do Semiárido especialmente durante as se-cas e períodos prolongados de estiagem que afetam a capacidade de produção de alimentos e a sobrevivência do núcleo fa-miliar. Em condições de semiaridez, a vul-nerabilidade social aumenta em razão da incapacidade de geração de excedentes de alimentos que permitam o produtor e sua família alcançarem a próxima esta-ção chuvosa. Nessas condições, pela me-tade do ano, mais ou menos entre junho

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89e julho, na maioria das áreas do Bioma, as últimas reservas de alimentos, nor-malmente de mandioca e milho, já teriam sido consumidas.

Nesses casos, a reserva florestal, o chamado “pedaço de mato”, se transfor-ma num elemento de mitigação econô-mica. A produção de lenha e carvão ve-getal, ao lado da venda de mão-de-obra para outros produtores e a imigração são as poucas opções restantes ante a quebra das colheitas. De certa maneira, a reserva florestal ou o “pedaço de mato”

passa a representar uma pequena caixa de poupança que lhe permite um cer-to alívio financeiro durante os períodos mais críticos do ano. A Figura 14 ilustra esta relação.

Diante desse quadro, o manejo flo-restal sustentável é uma das poucas alter-nativas de promoção de desenvolvimento local que reconhece o recurso florestal como ativo ambiental e permite assegurar uma relação de equilíbrio entre a deman-da e a oferta de energéticos florestais.

Figura 14. Curva de segurança alimentar. Fonte: Projeto GEF Caatinga (2009).

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90 5.4.3. O manejo florestal e os assentamentos da reforma agrária

Nesse panorama, a reforma agrá-ria poderia beneficiar-se da integração de linhas estratégicas de apoio ao de-senvolvimento e consolidação de pla-nos de manejo florestal sustentáveis in-cluindo a produção agroflorestal para os assentados.

Os dados colhidos na tabela abaixo resumem o rendimento anual por família em um total de 12 assentamentos da re-forma agrária no Estado de Pernambuco. Sobre a base de unidades de manejo fa-miliar se incorpora uma extensão de mé-dia de 8,2 ha/família, as quais passam a ter uma renda média garantida anual de cerca de 800 reais. A Tabela 21 mostra os dados socioeconômicos dos assenta-mentos com planos de manejo florestal no estado de Pernambuco.

Tabela 21. Dados socioeconômicos nos assentamentos da reforma agrária de Pernambuco.

Assentamento Mão de Obra (Dp/ano)

Rendimento Bruto (R$/ano)

Nº.de famílias

Área mane-jada (ha)

Rendimento Anual/família (R$/ano)

S. Lourenço 928 24.570,00 24 5,2 1.023,75

Poldrinho 505 10.850,00 40 3,6 275,21

Catolé 658 14.751,00 22 9,7 670,50

Paraíso 1523 40.968,00 28 15,2 1,463,14

Laginha 376 8.152,00 24 9,0 339,67

Paulista 449 9.444,00 25 7,4 377,76

Pipoca 485 10.276,00 15 7,5 685,07

Sitio do Meio 648 12.696,00 17 3,9 746,82

Batalha 623 25.452,00 16 14,4 1.590,75

Vila Bela 182 5.335,00 7 7,3 762,14

Barra Nova 232 4.995,00 6 7,8 832,50

Cachui 450 16.002,00 20 7,3 800,10

Total 7059 183.493,00 244 8,2 796,95

Fonte: APNE (2008).

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91A instalação de assentamentos da reforma agrária na região Nordeste encontra-se em acelerado e, de acordo com dados do Sistema de Informações de projetos de Reforma Agrária na re-gião (Incra, 2009), é possível estimar um contingente superior a 300.000 fa-mílias assentadas, somente em assen-tamentos gerenciados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária – Incra. A Tabela 22 apresenta os avanços obtidos nos últimos anos referente aos assentamentos do Incra, em termos de área. Pode-se afirmar que a extensão da reforma agrária supera 10 milhões de hectares na região. Além disso, o Programa Nacional de Crédito Fundiário, operado pelas Unidades Técnicas Estaduais, já beneficiou muitas famílias.

Tabela 22. Dados Assentamentos estabelecidos pelo Incra entre 1994 e 2008

Estados1994 -1998 1999-2003 2004-2008 Total

Projetos Área (ha) Projetos Área (ha) Projetos Área (ha) Projetos Área (ha)

Alagoas 43 29.293 29 19.539 60 36.221 147 88.988

Bahia 195 832.108 129 270.496 263 445.583 604 1.573.244

Ceará 290 660.440 49 74.522 59 113.549 415 888.505

Maranhão 334 2.457.832 316 741.482 248 1.261.201 922 4.539.396

Paraíba 143 101.687 64 88.935 42 37.988 259 243.865

Pernambuco 114 90.901 113 69.558 72 65.404 321 246.375

Piauí 115 514.373 118 221.013 185 500.147 451 1.292.824

Rio G. do N 145 307.113 103 132.303 32 82.423 283 527.970

Sergipe 60 59.043 50 47.945 44 29.290 169 149.034

Total 1.439 5.052.790 971 1.665.793 1.005 2.571.806 3.571 9.550.201

Fonte: Incra, SIPRA (2009)

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92 Contudo, na maioria dos casos, a produção florestal é pouco compreendi-da pelos novos assentados e a supressão de vegetação atrelada à produção de le-nha e carvão é vista como uma maneira rápida de acumulação de capital ou de eliminação de um estorvo para a pro-dução agropecuária (CARVALHO et al., 2000). Este problema tem se agravado nas áreas de assentamentos e, junta-mente com a criação de pastagens, está entre as principais causas de destruição da Caatinga, CNBRC (2004). Entretanto, mediante a análise de alguns trabalhos realizados em Pernambuco para a difu-são de planos de manejo florestal em assentamentos da reforma agrária, é possível obter perspectivas otimistas de uso sustentável do recurso em áreas da reforma agrária (APNE, 2008).

Algumas áreas carecem de maiores informações, como o caso das terras de-volutas (de propriedade do estado) e dos grandes estabelecimentos agropecuários improdutivos situados principalmente no Piauí e Bahia. Nesse caso, tanto a grande propriedade como o minifúndio oferecem oportunidades de aplicação de políticas

públicas favoráveis às iniciativas de con-servação da cobertura florestal.

No caso das terras devolutas, sur-ge a possibilidade de amparar a aplicação de políticas públicas na Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei n° 11.284/2006). De acordo com a lei, seria possível viabi-lizar a exploração florestal em grandes extensões, criando atividades rentáveis para as populações locais e garantindo a gestão sustentável dos recursos. Através da gestão concessionária seria possível a incorporação de grandes áreas florestais para a produção em escala industrial de lenha e carvão vegetal, tanto no oeste da Bahia como no sul do Piauí.

Dentro da mesma perspectiva de integração dessas grandes proprieda-des está o desenvolvimento de projetos de exploração agroflorestal que podem combinar otimamente o uso dos recur-sos florestais madeireiros com a produ-ção extrativista de frutas, fibras, ervas medicinais e a utilização de áreas da ve-getação arbórea para o pastejo.

As políticas públicas estariam as-sim potencializando de maneira positiva

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93muitos dos efeitos da cobertura flores-tal para o entorno rural. Elementos para aproveitar esse potencial começam a ser esboçados no País, como se observa na formulação do Programa Nacional de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, instituído pelo Decreto no 6.874, de 5 de junho de 2009.

A produção sob manejo florestal é potencialmente sustentável como ates-ta a experiência e os estudos realizados ao longo das últimas décadas na região. Além disso, o seu ordenamento sob ba-ses científicas é uma oportunidade con-creta para ampliar as oportunidades para a integração do patrimônio flores-tal às diversas categorias de estabeleci-mentos rurais, mas principalmente para pequenos e médios produtores rurais, assim como nas áreas de integração mais recente à produção agropecuária, como são os assentamentos da reforma agrária. Em todos estes casos, é factível a incorporação gradual e a médio prazo de atividades que possam agregar valor aos produtos explorados, incluindo pro-dutos não madeireiros como mel, fibras e outros.

5.5. Assistência técnica, capacitação e disse-minação de práticas sustentáveis

Dado que nas áreas de Caatinga a dinâmica do desmatamento tem rela-ção estreita com os ciclos de pobreza, faz-se necessário, com urgência, ofertar em grande quantidade e qualidade ser-viços de assistência técnica e extensão rural – Ater, bem como de disseminação das práticas sustentáveis e capacitação para a organização e o associativismo.

Para ilustrar, vale lembrar que, enquanto a pecuária tradicional pro-voca degradação e desmatamento, na Caatinga há a possibilidade de maior uti-lização da vegetação natural para a pe-cuária em razão do grande número de espécies forrageiras e da capacidade de rebrota da vegetação. Práticas adequa-das de manejo da vegetação mantêm a cobertura do solo, contribuem para a conservação da umidade e favorecem es-pécies forrageiras.

Um sistema de Ater eficiente pode contribuir muito para reverter o quadro

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94 geral de desconhecimento e de práticas insustentáveis, mas infelizmente, na re-gião Nordeste, somente 2,7% dos estabe-lecimentos são assistidos, segundo dado citado no PAN-Brasil de 2005. É preciso, portanto, reformular o sistema de Ater e, além disso, capacitar os técnicos para atuar em sistemas agrícolas enfocados na agricultura familiar e nos princípios da agroecologia, no manejo e conservação de solos (para recuperar os que apresen-tem problemas de salinização e preserva-ção ambiental), no manejo florestal sus-tentável e nas demais ações necessárias ao combate à desertificação.

A biodiversidade da Caatinga tem um enorme potencial de geração de ren-da, sobretudo por meio da agregação de valor, mas, para que esse potencial se realize, é preciso haver condições para que os atores econômicos se organizem, se associem e se estruturem. Não basta conhecer a prática sustentável, pois a de-sorganização e a falta de estrutura geral-mente constituem grande entrave tanto para a obtenção de crédito como para o acesso aos mercados consumidores, sem os quais a atividade se inviabiliza. Ações de capacitação para a organiza-ção e associativismo, em conjunto com

a implantação de arranjos produtivos lo-cais – APLs, são, portanto, instrumentos fundamentais no fomento às cadeias dos produtos da sociobiodiversidade e, con-sequentemente, na geração de renda e no rompimento do ciclo de pobreza.

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956. Uma política pública para a prevenção e controle do desmatamento na Caatinga

e braço operativo (mesmo que parcial-mente) das políticas do Estado brasileiro de mitigação das mudanças do clima, de combate à desertificação, de promoção da conservação e uso sustentável dos recursos naturais e de desenvolvimento socioambiental, contemplando e execu-tando as suas diretrizes, bem como as diretrizes contidas em compromissos internacionais.

Isto posto, encontra-se neste capí-tulo uma síntese dos pontos mais impor-tantes do Programa Caatinga Sustentável, do Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca – PAN-Brasil, da Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC, da Política Nacional da Biodiversidade – PNB, do Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP e do Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade – PNPSB. A seguir, são relacionados os principais resultados, no tocan-te à definição de diretrizes estratégi-cas, da Oficina de Validação do Modelo

A análise da dinâmica do desmata-mento na Caatinga mostra que é neces-sária a atuação em diversas frentes, de modo a romper com essa dinâmica elimi-nando os fatores que a alimentam. Já fo-ram reunidas diretrizes estratégicas para a prevenção e controle do desmatamen-to na Caatinga em duas oficinas envol-vendo atores de diversas áreas do gover-no federal. A primeira oficina foi realizada em 6 e 7 de abril de 2010, com o apoio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e teve como foco a aplicação do modelo lógico ao problema do des-matamento na Caatinga, contando com a participação de representantes de seis ministérios e oito órgãos vinculados. Em 4 e 5 de novembro de 2010, foi realizada outra oficina, que reuniu representantes de nove ministérios, sete órgãos vincu-lados e duas organizações da sociedade civil, dessa vez visando nivelar informa-ções e já definir ações estratégicas.

Ademais, um plano de prevenção e controle do desmatamento na Caatinga deverá exercer os papéis de instrumento

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96 Lógico do PPCaatinga e do Workshop do PPCaatinga: Nivelamento Técnico e Definição das Ações Estratégicas. Por fim, segue uma relação de diretrizes es-tratégicas, bem como uma proposta de focos prioritários no combate ao desma-tamento na Caatinga, ambas baseadas neste diagnóstico.

6.1. Articulação com outras políticas

6.1.1. Programa Caatinga Sustentável

O objetivo geral do Programa de Conservação e Uso Sustentável da Caatinga – Programa Caatinga Sustentável é promover a articulação ins-titucional para a conservação e o uso sus-tentável dos recursos naturais renová-veis e o desenvolvimento socioambien-tal das populações do bioma Caatinga. O Grupo de Trabalho da Caatinga – GT Caatinga, fórum com mais de 20 mem-bros do governo e da sociedade civil, coordenado pela Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas – SBF do MMA, elaborou, junto com o Núcleo do Bioma Caatinga, da mesma Secretaria, as

diretrizes e os componentes básico do Programa.

Após um processo iniciado em 2008, foram definidos o objetivo geral, os objetivos específicos e as metas do programa, que, em breve, deverão ser oficializados por meio de decreto pre-sidencial. Os objetivos específicos são promover:

1) a conservação;

2) o uso sustentável;

3) o desenvolvimento institucional e a organização sócio-política;

4) pesquisas, estudos científicos e sistematização de informações;

5) a proteção, o monitoramento e o controle; e

6) a adaptação dos conhecimentos atualizados sobre Bioma e seus múltiplos usos sustentáveis.

A primeira meta do objetivo es-pecífico 5 do Programa consiste na im-plementação de Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga. Embora esse Plano esteja formalmente vinculado a um único ob-jetivo específico do Programa Caatinga

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97Sustentável, este diagnóstico aponta que ele deverá contemplar também medidas relacionadas, direta ou indiretamente, aos outros objetivos, e constituirá im-portante braço operacional do Programa Caatinga Sustentável.

6.1.2. Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca

O Programa Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca – PAN-Brasil data de 2005 e visa apoiar o desenvolvimento sustentável nas Áreas Suscetíveis à Desertificação – ASD, por meio do estímulo e da pro-moção de mudanças no modelo de de-senvolvimento em curso nessas áreas. O combate à pobreza e às desigualdades são os elementos norteadores dessa mu-dança, aliados à recuperação, preserva-ção e conservação dos recursos naturais.

O PAN-Brasil tem como objetivo geral estabelecer diretrizes e instrumen-tos legais e institucionais que permitam otimizar a formulação e execução de po-líticas públicas e investimentos privados

nas ASD, no contexto da política de com-bate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca e de promoção do desen-volvimento sustentável.

Nessa perspectiva, tem como obje-tivos específicos:

9 Criar os mecanismos institucionais de coordenação, participação e ação en-tre o setor público, a sociedade civil e o setor privado;

9 Aprimorar o conhecimento da situa-ção dos processos de desertificação e de ocorrência de secas no Brasil, a ser atualizado sistematicamente;

9 Formular diretrizes para a concepção, formulação e revisão de políticas e ações de apoio ao desenvolvimen-to sustentável das áreas susceptí-veis ou afetadas por processos de desertificação;

9 Colaborar com os estados e municípios na formulação e implementação de es-tratégias de combate à desertificação;

9 Criar institucionalidades e fortalecer a atuação das instituições responsáveis pelo combate à desertificação;

9 Implementar ações pactuadas e inte-gradas que levem ao desenvolvimento sustentável de áreas afetadas e sujei-tas a processos de desertificação, se-gundo os princípios e orientações da CCD;

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98 9 Instituir processos participativos de planejamento e pactuação entre os di-ferentes atores; e

9 Criar instrumentos de apoio ao desen-volvimento de atividades produtivas, compatíveis com a preservação, con-servação e manejo sustentável dos re-cursos naturais.

Visando alcançar esses objetivos, o PAN-Brasil prevê o desenvolvimento de programas e ações articulados, com base nas orientações da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação – CCD, do Governo Federal (orientações estratégicas para a construção do Plano Plurianual – PPA), bem como da Declaração do Semi-Árido. Esses programas e ações enquadram-se em quatro eixos temáticos, quais sejam:

9 Eixo Temático 1 - Redução da Pobreza e da Desigualdade: Reforma Agrária, Educação e Segurança Alimentar;

9 Eixo Temático 2 - Ampliação Sustentável da Capacidade Produtiva: Desenvolvimento Econômico, Questão Energética, Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental e Irrigação/Salinização;

9 Eixo Temático 3 - Conservação, Preservação e Manejo Sustentável dos Recursos Naturais: Melhoria dos Instrumentos de Gestão Ambiental,

Zoneamento Ecológico-Econômico, Áreas Protegidas, Manejo Sustentável dos Recursos Florestais e Revitalização da Bacia Hidrográfica do São Francisco; e

9 Eixo Temático 4 - Gestão Democrática e Fortalecimento Institucional: sub-temas referentes à capacitação de recursos humanos e à criação de no-vas institucionalidades para cuidar da gestão das iniciativas de combate à desertificação.

Assim como no caso do Programa Caatinga Sustentável, um plano de ação para a prevenção e controle do desmata-mento na Caatinga deve cumprir o papel de braço operativo do PAN-Brasil e cons-tituir uma institucionalidade propícia à consecução de seus objetivos comuns.

6.1.3. Política Nacional sobre Mudança do Clima

A Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, instituiu a Política Nacional so-bre Mudança do Clima – PNMC, que tem entre seus objetivos:

9 a compatibilização do desenvolvimen-to econômico-social com a proteção do sistema climático;

9 a redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em relação às suas diferentes fontes;

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99 9 o fortalecimento das remoções antró-picas por sumidouros de gases de efei-to estufa no território nacional;

9 a implementação de medidas para promover a adaptação à mudança do clima;

9 a preservação, conservação e recupe-ração dos recursos ambientais;

9 a consolidação e a expansão das áreas legalmente protegidas e o incentivo aos reflorestamentos e à recompo-sição da cobertura vegetal em áreas degradadas;

9 o estímulo ao desenvolvimento do Mercado Brasileiro de Redução de Emissões – MBRE.

Entre as diretrizes da PNMC destacam-se:

9 as ações de mitigação da mudança do clima em consonância com o desen-volvimento sustentável, que sejam, sempre que possível, mensuráveis para sua adequada quantificação e ve-rificação a posteriori;

9 as medidas de adaptação para reduzir os efeitos adversos da mudança do clima e a vulnerabilidade dos sistemas ambiental, social e econômico;

9 as estratégias integradas de mitigação e adaptação à mudança do clima nos âmbitos local, regional e nacional;

9 o estímulo e o apoio à participação dos governos federal, estadual, distrital e

municipal, assim como do setor produ-tivo, do meio acadêmico e da socieda-de civil organizada, no desenvolvimen-to e na execução de políticas, planos, programas e ações relacionados à mu-dança do clima;

9 a promoção e o desenvolvimento de pesquisas científico-tecnológicas, e a difusão de tecnologias, processos e práticas orientados a mitigar a mudan-ça do clima (por meio da redução de emissões antrópicas por fontes e do fortalecimento das remoções antrópi-cas por sumidouros de gases de efeito estufa) e a identificar vulnerabilida-des e adotar medidas de adaptação adequadas;

9 a utilização de instrumentos finan-ceiros e econômicos para promover ações de mitigação e adaptação à mu-dança do clima;

9 o apoio e o fomento às atividades que efetivamente reduzam as emissões ou promovam as remoções por sumidou-ros de gases de efeito estufa;

9 a promoção da cooperação internacio-nal no âmbito bilateral, regional e mul-tilateral para o financiamento, a capa-citação, o desenvolvimento, a trans-ferência e a difusão de tecnologias e processos para a implementação de ações de mitigação e adaptação, in-cluindo a pesquisa científica, a obser-vação sistemática e o intercâmbio de informações;

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100 9 a promoção da disseminação de infor-mações, a educação, a capacitação e a conscientização pública sobre mudan-ça do clima;

9 o estímulo e o apoio à manutenção e à promoção de práticas, atividades e tecnologias de baixas emissões de gases de efeito estufa, bem como de padrões sustentáveis de produção e consumo.

Orientando-se por essas diretrizes, um plano de combate ao desmatamento pode contribuir não só para a redução das emissões como também para o de-senvolvimento socioeconômico susten-tável e consequentemente para melhor capacidade de adaptação aos efeitos da mudança do clima. Cabe enfatizar que a PNMC cita entre os seus instrumentos os Planos de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento nos biomas, o que faz com que um plano de combate ao desmatamento na Caatinga já esteja, de certa forma, previsto em lei. A Lei nº 12.187/2009 elenca, entre outros, os se-guintes instrumentos para a implemen-tação da PNMC:

9 os Planos de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento nos biomas;

9 o Plano Nacional sobre Mudança do Clima;

9 o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima;

9medidas fiscais e tributárias, incluin-do alíquotas diferenciadas, isenções, compensações e incentivos, a serem estabelecidos em lei específica;

9 linhas de crédito e financiamento;

9 o desenvolvimento de linhas de pes-quisa por agências de fomento;

9mecanismos financeiros e econômicos referentes à mitigação da mudança do clima e à adaptação aos efeitos da mu-dança do clima que existam no âmbito nacional e internacional;

9 as medidas de divulgação, educação e conscientização; a

9 o estabelecimento de padrões am-bientais e de metas, quantificáveis e verificáveis, para a redução de emis-sões antrópicas por fontes e para as remoções antrópicas por sumidouros de gases de efeito estufa.

No âmbito da PNMC, o Decreto nº 7.390, de 9 de dezembro de 2010, defi-niu a composição do Plano Nacional so-bre Mudança do Clima, estabelecendo que este será integrado pelos planos de ação para a prevenção e controle do desmatamento nos biomas e pelos pla-nos setoriais de mitigação e de adapta-ção às mudanças climáticas. No entan-to, ao elencar os planos de prevenção

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101e controle do desmatamento, citou somente aqueles referentes ao bioma Amazônia (PPCDAm) e ao bioma Cerrado (PPCerrado), que são os únicos já formal-mente instituídos até então e até hoje. Um plano de ação para a prevenção e controle do desmatamento na Caatinga, assim que instituído, deverá integrar o Plano Nacional sobre Mudança do Clima e, independentemente disso, constitui um instrumento de implementação da PNMC.

Vale ressaltar, entre os chamados “planos setoriais”, o Plano de Redução de Emissões da Siderurgia, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC, que prevê o incremento da utilização na siderurgia do carvão vegetal originá-rio de florestas (energéticas) plantadas, bem como a melhoria na eficiência do processo de carbonização. Em vista da insustentabilidade da atual dinâmica de produção e consumo da lenha e do car-vão vegetal, esse plano pode contribuir muito para a redução do desmatamen-to tanto na Caatinga como também no Cerrado, contanto que não induza no-vos desmatamentos que visem dar lugar ao plantio de novas florestas exóticas.

Este comentário vale também para a ação de expansão do plantio de flores-tas (para fins diversos) em 3 milhões de hectares, coordenada pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, no âmbito do Plano setorial para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura.

6.1.4. Política Nacional da Biodiversidade

O Decreto nº 4.339, de 22 de agos-to de 2002, instituiu princípios e diretri-zes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade – PNB, consi-derando, entre outras coisas, os compro-missos assumidos pelo Brasil ao assinar a Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB, em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. A PNB tem como obje-tivo a promoção da conservação da bio-diversidade e da utilização sustentável de seus componentes, com a repartição justa e equitativa dos benefícios deriva-dos da utilização dos recursos.

Entre seus princípios, destacam-se:

9 a diversidade biológica tem valor in-trínseco, merecendo respeito inde-

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102 pendentemente de seu valor para o homem ou potencial para uso humano;

9 as nações são responsáveis pela con-servação de sua biodiversidade;

9 todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sa-dia qualidade de vida, impondo-se, ao Poder Público e à coletividade, o dever de defendê-lo e de preservá-lo para as presentes e as futuras gerações;

9 os objetivos de manejo de solos, águas e recursos biológicos são uma questão de escolha da sociedade, devendo en-volver todos os setores relevantes da sociedade e todas as disciplinas cientí-ficas e considerar todas as formas de informação relevantes, incluindo os conhecimentos científicos, tradicio-nais e locais, inovações e costumes;

9 onde exista evidência científica con-sistente de risco sério e irreversível à diversidade biológica, o Poder Público determinará medidas eficazes em ter-mos de custo para evitar a degradação ambiental;

9 a internalização dos custos ambientais e a utilização de instrumentos econô-micos será promovida tendo em conta o princípio de que o poluidor deverá, em princípio, suportar o custo da polui-ção, com o devido respeito pelo inte-resse público e sem distorcer o comér-cio e os investimentos internacionais;

9 a manutenção da diversidade cultural nacional é importante para pluralidade de valores na sociedade em relação à biodiversidade, sendo que os povos indígenas, os quilombolas e as outras comunidades locais desempenham um papel importante na conservação e na utilização sustentável da biodiver-sidade brasileira;

9 a conservação e a utilização sustentá-vel da biodiversidade devem contribuir para o desenvolvimento econômico e social e para a erradicação da pobreza;

9 a gestão dos ecossistemas deve bus-car o equilíbrio apropriado entre a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade, e os ecossistemas devem ser administrados dentro dos limites de seu funcionamento;

9 os ecossistemas devem ser enten-didos e manejados em um contexto econômico, objetivando: a) reduzir distorções de mercado que afetam negativamente a biodiversidade; b) promover incentivos para a conserva-ção da biodiversidade e sua utilização sustentável; e c) internalizar custos e benefícios em um dado ecossistema o tanto quanto possível;

9 as ações nacionais de gestão da biodi-versidade devem estabelecer sinergias e ações integradas com convenções, tratados e acordos internacionais rela-cionados ao tema da gestão da biodi-versidade; e

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103 9 as ações de gestão da biodiversidade terão caráter integrado, descentrali-zado e participativo, permitindo que todos os setores da sociedade brasilei-ra tenham, efetivamente, acesso aos benefícios gerados por sua utilização.

As diretrizes da PNB prevêem e orientam a implantação de planos de ação que combatam as causas da perda de biodiversidade, como se pode depre-ender de algumas das diretrizes a seguir:

9 o esforço nacional de conservação e a utilização sustentável da diversidade biológica deve ser integrado em pla-nos, programas e políticas setoriais ou intersetoriais pertinentes de forma complementar e harmônica;

9 investimentos substanciais são neces-sários para conservar a diversidade biológica, dos quais resultarão, conse-qüentemente, benefícios ambientais, econômicos e sociais;

9 é vital prever, prevenir e combater na origem as causas da sensível redução ou perda da diversidade biológica;

9 a sustentabilidade da utilização de componentes da biodiversidade deve ser determinada do ponto de vista econômico, social e ambiental, espe-cialmente quanto à manutenção da biodiversidade; e

9 a gestão dos ecossistemas deve ser descentralizada ao nível apropriado e

os gestores de ecossistemas devem considerar os efeitos atuais e poten-ciais de suas atividades sobre os ecos-sistemas vizinhos e outros.

A PNB organiza-se por componen-tes definidos com base na CDB, que ser-vem como eixos temáticos para a sua implementação. A PNB prevê que as dire-trizes e objetivos específicos dos compo-nentes devem ser considerados para to-dos os biomas brasileiros, mas diretrizes adicionais específicas por bioma poderão ser estabelecidas nos planos de ação.

Desse modo, um plano de ação para a prevenção e controle do desmata-mento na Caatinga tem papel fundamen-tal na implementação da PNB, mesmo que não se organize segundo os mesmos componentes temáticos e mesmo que também execute diretrizes oriundas de outras políticas e acrescente diretrizes mais específicas.

A Política Nacional da Biodiversidade abrange os seguintes componentes, cujas diretrizes e objeti-vos específicos podem ser vistos com mais detalhe no Decreto nº 4.339/2002:

9 Componente 1 - Conhecimento da Biodiversidade: congrega diretrizes voltadas à geração, sistematização e

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104 disponibilização de informações que permitam conhecer os componen-tes da biodiversidade do País e que apóiem a gestão da biodiversidade, bem como diretrizes relacionadas à produção de inventários, à realização de pesquisas ecológicas e à realização de pesquisas sobre conhecimentos tradicionais;

9 Componente 2 - Conservação da Biodiversidade: engloba diretrizes destinadas à conservação in situ e ex situ de variabilidade genética, de ecos-sistemas, incluindo os serviços am-bientais, e de espécies, particularmen-te daquelas ameaçadas ou com poten-cial econômico, bem como diretrizes para implementação de instrumentos econômicos e tecnológicos em prol da conservação da biodiversidade;

9 Componente 3 - Utilização Sustentável dos Componentes da Biodiversidade: reúne diretrizes para a utilização sus-tentável da biodiversidade e da biotec-nologia, incluindo o fortalecimento da gestão pública, o estabelecimento de mecanismos e instrumentos econômi-cos, e o apoio a práticas e negócios sus-tentáveis que garantam a manutenção da biodiversidade e da funcionalidade dos ecossistemas, considerando não apenas o valor econômico, mas tam-bém os valores sociais e culturais da biodiversidade;

9 Componente 4 - Monitoramento, Avaliação, Prevenção e Mitigação de

Impactos sobre a Biodiversidade: en-globa diretrizes para fortalecer os sistemas de monitoramento, de ava-liação, de prevenção e de mitigação de impactos sobre a biodiversidade, bem como para promover a recupe-ração de ecossistemas degradados e de componentes da biodiversidade sobreexplotados;

9 Componente 5 - Acesso aos Recursos Genéticos e aos Conhecimentos Tradicionais Associados e Repartição de Benefícios: alinha diretrizes que promovam o acesso controlado, com vistas à agregação de valor mediante pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, e a distribuição dos be-nefícios gerados pela utilização dos recursos genéticos, dos componentes do patrimônio genético e dos conhe-cimentos tradicionais associados, de modo que sejam compartilhados, de forma justa e eqüitativa, com a socie-dade brasileira e, inclusive, com os po-vos indígenas, com os quilombolas e com outras comunidades locais;

9 Componente 6 - Educação, Sensibilização Pública, Informação e Divulgação sobre Biodiversidade: de-fine diretrizes para a educação e sen-sibilização pública e para a gestão e divulgação de informações sobre bio-diversidade, com a promoção da par-ticipação da sociedade, inclusive dos povos indígenas, quilombolas e outras comunidades locais, no respeito à con-

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105servação da biodiversidade, à utiliza-ção sustentável de seus componentes e à repartição justa e eqüitativa dos benefícios derivados da utilização de recursos genéticos, de componentes do patrimônio genético e de conheci-mento tradicional associado à biodi-versidade; e

9 Componente 7 - Fortalecimento Jurídico e Institucional para a Gestão da Biodiversidade: sintetiza os meios de implementação da Política; apre-senta diretrizes para o fortalecimen-to da infraestrutura, para a formação e fixação de recursos humanos, para o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia, para o estímulo à cria-ção de mecanismos de financiamento, para o fortalecimento do marco-legal, para a integração de políticas públicas e para a cooperação internacional.

6.1.5. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas

O Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006, instituiu o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP, seus princípios, diretrizes, objetivos e es-tratégias. A efetividade desse Plano é de fundamental importância para orientar a criação de novas áreas protegidas e ga-rantir que as áreas protegidas existentes,

sobretudo as UCs de Uso Sustentável, cumpram de fato o seu papel. A maior parte das diretrizes do PNAP e dos seus objetivos gerais, organizados por eixos temáticos, estão relacionados abaixo.

São diretrizes do PNAP:

9 os remanescentes dos biomas bra-sileiros e as áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiver-sidade brasileira (Áreas Prioritárias para a Biodiversidade) devem ser re-ferência para a criação de unidades de conservação;

9 assegurar a representatividade dos di-versos ecossistemas no Snuc;

9 as áreas protegidas devem ser apoia-das por um sistema de práticas de manejo sustentável dos recursos na-turais, integrado com a gestão das ba-cias hidrográficas;

9 facilitar o fluxo gênico entre as unida-des de conservação, outras áreas pro-tegidas e suas áreas de interstício;

9 assegurar os direitos territoriais das comunidades quilombolas e dos po-vos indígenas como instrumento para conservação de biodiversidade;

9 assegurar o envolvimento e a qualifi-cação dos diferentes atores sociais no processo de tomada de decisão para a criação e para a gestão das áreas protegidas, garantindo o respeito ao

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106 conhecimento e direitos dos povos in-dígenas, comunidades quilombolas e locais;

9 fortalecer os instrumentos existentes de participação e controle social, bem como os de monitoramento e controle do Estado;

9 utilizar o cadastro nacional de unida-des de conservação como instrumen-to básico para gestão e monitoramen-to da efetividade do Snuc;

9 estruturar, qualificar e consolidar os órgãos e entidades do Sisnama para implementar o Snuc e apoiar as de-mais áreas protegidas;

9 fomentar a interlocução qualificada entre os órgãos do Sisnama, demais órgãos gestores de áreas protegidas e a sociedade em geral; e

9 incluir a criação de áreas protegidas na formulação e implementação das polí-ticas de ordenamento territorial e de desenvolvimento regional.

O eixo temático Planejamento, Fortalecimento e Gestão propõe ações relacionadas à implementação e ao for-talecimento do Snuc e à gestão da bio-diversidade nas terras indígenas e nas terras quilombolas. Formulado no âmbi-to da abordagem ecossistêmica, busca a efetividade do conjunto de áreas prote-gidas e sua contribuição para a redução

da perda de diversidade biológica. Seus objetivos gerais são:

9 estabelecer e fortalecer os componen-tes federal, distrital, estaduais e muni-cipais do Snuc.

9 aprimorar o planejamento e a gestão do Snuc.

9 integrar as unidades de conservação a paisagens terrestres e marinhas mais amplas, de modo a manter a sua estrutura e função ecológicas e sócio-culturais.

9 impedir as ameaças e mitigar os impac-tos negativos aos quais as unidades de conservação e suas zonas de amorteci-mento estejam expostos.

O eixo temático Governança, Participação, Eqüidade e Repartição de Custos e Benefícios contempla ações relacionadas à participação dos povos indígenas, comunidades quilombolas e locais na gestão das unidades de conser-vação e outras áreas protegidas; ao esta-belecimento de sistemas de governança; à repartição eqüitativa dos custos e be-nefícios; e à integração entre unidades de conservação e entre outras áreas pro-tegidas. São seus objetivos gerais:

9 promover e garantir a repartição eqüi-tativa dos custos e benefícios resultan-tes da criação e gestão de unidades de conservação.

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107 9 promover a governança diversificada, participativa, democrática e transpa-rente do Snuc.

9 potencializar o papel das unidades de conservação e demais áreas protegi-das no desenvolvimento sustentável e na redução da pobreza.

O eixo temático Capacidade Institucional, por sua vez, reúne ações re-lacionadas ao desenvolvimento e ao for-talecimento da capacidade institucional para gestão do Snuc e para conservação e uso sustentável da biodiversidade nas terras indígenas e nas terras quilombo-las. Prevê, ainda, o estabelecimento de normas, bem como de uma estratégia nacional de educação e de comunicação para as áreas protegidas. Seus objetivos gerais são:

9 estabelecer um ambiente político, ins-titucional, administrativo e socioeco-nômico favorável para implementação do Snuc nas três esferas de governo.

9 desenvolver a capacidade de planejar, estabelecer e administrar unidades de conservação.

9 desenvolver, aplicar e transferir tecno-logias para o Snuc.

9 garantir a sustentabilidade econômi-ca das unidades de conservação e do Snuc.

9 fortalecer a comunicação, a educação e a sensibilização pública para a parti-cipação e controle social sobre o Snuc.

O eixo temático Avaliação e Monitoramento inclui ações relaciona-das à avaliação e ao monitoramento das áreas protegidas, bem como à gestão, ao monitoramento e à avaliação do PNAP. São seus objetivos gerais:

9monitorar e avaliar o Snuc.

9 avaliar e promover a efetividade, eficá-cia e eficiência do Snuc.

9 avaliar e monitorar as tendências de consolidação do Snuc.

9 garantir que conhecimentos científi-cos e tradicionais contribuam para a eficácia do Snuc.

Cabe citar, por fim, os objetivos ge-rais para as terras indígenas e terras ocu-padas por remanescentes das comunida-des dos quilombos:

9 estabelecer um programa nacional de conservação e uso sustentável da diversidade biológica em terras indígenas e terras ocupadas por re-manescentes das comunidades dos quilombos.

9 implementar convenções, tratados e programas intergovernamentais, rela-cionados às áreas naturais protegidas, dos quais o Brasil é parte.

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108 6.1.6. Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade

Sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, do Ministério do Meio Ambiente – MMA, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS e da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, o Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade – PNPSB propõe linhas de ação, fontes de recursos e um sistema de gestão compar-tilhada e descentralizado, visando o for-talecimento das cadeias produtivas e a consolidação de mercados sustentáveis para os produtos e serviços da sociobio-diversidade oriundos de territórios ocu-pados por povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agricultores familiares

O PNPSB se assenta em dez dire-trizes estratégicas, as quais estão em conformidade com as políticas públicas, com o marco regulatório nacional e com acordos internacionais dos quais o País é signatário, a saber:

9 Promover a conservação e uso susten-tável da biodiversidade;

9 Promover o reconhecimento do direi-to dos povos indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e agriculto-res familiares ao acesso aos recursos da biodiversidade e à repartição justa e eqüitativa de benefícios;

9 Promover a valorização e respeito da diversidade cultural e conhecimento tradicional;

9 Promover a segurança alimentar e nutricional a partir da alimentação diversificada;

9 Buscar a agregação de valor socioam-biental, com geração de emprego, ren-da e inclusão social;

9 Construir e consolidar mercados regi-dos por valores de cooperação, solida-riedade e ética;

9 Adotar a abordagem de cadeias e ar-ranjos produtivos, o enfoque partici-pativo, territorial e sistêmico como elementos de concepção e implemen-tação do Plano;

9 Promover o empoderamento e con-trole social;

9 Promover a articulação intra e interins-titucional, e intersetorial; e

9 Implementar uma estrutura de gestão com base no compartilhamento de res-ponsabilidades entre os setores público, privado e a sociedade civil organizada.

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109O objetivo geral do PNPSB é a pro-moção e o fortalecimento das cadeias de produtos da sociobiodiversidade, com agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis. Seus objetivos específicos são:

9 Promover a conservação, o manejo e o uso sustentável dos produtos da sociobiodiversidade.

9 Fortalecer cadeias produtivas em cada um dos biomas agregando valor aos produtos da sociobiodiversidade.

9 Fortalecer a organização social e pro-dutiva dos povos indígenas, quilombo-las, comunidades tradicionais e agri-cultores familiares.

9 Ampliar, fortalecer e articular instru-mentos econômicos necessários à es-truturação das cadeias produtivas.

9 Fortalecer redes de conhecimento in-tegrando as ações de pesquisa, assis-tência técnica e capacitação.

9 Fortalecer a articulação intra/interins-titucional e intersetorial.

9 Adequar o marco legal de maneira a atender as especificidades dos produ-tos da sociobiodiversidade.

Observa-se de imediato a enorme importância do PNPSB para a viabilização do uso sustentável da Caatinga, sobretu-do dos produtos não-madeireiros, cuja

exploração pode se dar exclusivamente ou em conjunto com o manejo florestal sustentável para produção de lenha e carvão vegetal.

6.2. Propostas coletadas nas oficinas

Ambas oficinas realizadas no âmbi-to da elaboração do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga – PPCaatinga chegaram a conclusões a respeito do que fazer e/ou quais resultados atingir no combate ao desmatamento nesse Bioma.

A Oficina de Validação do Modelo Lógico do PPCaatinga, realizada em abril de 2010, além de identificar as causas do desmatamento na Caatinga, chegou a definir um conjunto de produtos as-sociados ao enfrentamento dessas cau-sas, bem como uma relação de resulta-dos intermediários que se espera que o Plano alcance, como mostra o quadro da Tabela 23.

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110 Tabela 23. Produtos e resultados esperados do PPCaatinga.

Causa crítica Produto Resultado intermediário

(1) Instrumentos de controle e punição dos ilí-citos ambientais pouco efetivos

[1.1] Sistemas de controle e monito-ramento ambiental aprimorados e integrados

[1.2] Mapeamento do desmatamento no Bioma com periodicidade regular realizado

(1.1) Aumento do controle sobre as empresas que utilizam carvão e lenha

(1.2) Redução dos impactos negativos pela instalação de empresas que utili-zam carvão e lenha

(1.3) Aumento das atividades produ-tivas que utilizam carvão e lenha de fonte sustentável

(1.4) Redução dos desmatamentos ilegais na caatinga

(2) Uso insusten-tável de lenha e carvão vegetal como combustí-vel nas ativida-des produtivas

[2.1] Tecnologias para eficiência ener-gética (carvão e lenha) incentivadas

[2.2] Licenciamento ambiental com critério e condicionantes voltados para a sustentabilidade da matriz energética

[2.3] Licenciamento para empresas que comprovem a origem do mate-rial utilizado e a eficiência energética (periodicamente)

(2.1) Aumento do uso das tecnologias mais eficientes por empresas que utili-zam carvão e lenha

(2.2) Aumento das fontes sustentáveis para fornecimento de carvão e lenha

(2.3) Aumento da participação de fon-tes sustentáveis na matriz energética

(3-a) Legislação de manejo flo-restal muito complexa e restritiva

(3-b) Burocracia excessiva para o uso sus-tentável da biodiversidade

[3.1] Gargalos da aplicação dos pla-nos de manejo florestal sustentável identificados, analisados e procedi-mentos alternativos elaborados

[3.2] Pessoal das instituições capaci-tado sobre o plano de manejo flores-tal sustentável

[3.3] Sistema de plano de manejo florestal sustentável simplificado e posto em funcionamento

[3.4] Marco legal do plano de ma-nejo florestal sustentável revisado (Instrução Normativa)

(3.1) Aumento da área florestal sob manejo

(3.2) Redução dos prazos para o licen-ciamento das atividades sustentáveis

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Causa crítica Produto Resultado intermediário

(4) Assistência técnica (florestal e rural) incipien-te e pouco quali-ficada para práti-cas sustentáveis

[4.1] Assistência técnica estabelecida e funcional em áreas de maior des-matamento do Bioma

[4.2] Critérios estabelecidos e capa-citação florestal para integração da atividade florestal

(4.1) Aumento da renda do produ-tor rural oriunda de produtos da sociobiodiversidade

(4.2) Ampliação do número de produ-tores rurais beneficiados pela assistên-cia técnica adaptada ao Bioma

(4.3) Aumento de grupos de produto-res organizados

(4.4) Redução das áreas degradadas e subutilizadas

(4.5) Aumento da eficiência do uso da propriedade considerando a seguran-ça hídrica e alimentar

Continuação Tabela 23

Em seguida, a oficina realizada em novembro de 2010 e denominada “Workshop do PPCaatinga: Nivelamento Técnico e Definição das Ações Estratégicas”, por sua vez, produziu uma lista de 11 resultados a serem alcançados pelo PPCaatinga, quais sejam:

MONITORAMENTO E CONTROLE

9 Fortalecimento das ações integradas de fiscalização do desmatamento em áreas prioritárias;

9 Fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente – Sisnama para a gestão florestal.

ÁREAS PROTEGIDAS E ORDENAMENTO TERRITORIAL

9 Aumento das áreas protegidas por unidades de conservação;

9 Aumento de áreas protegidas por meio do reconhecimento dos direitos de uso e ocupação da terra dos povos e comunidades tradicionais.

FOMENTO ÀS ATIVIDADES SUSTENTÁVEIS

9 Aumento da eficiência energética das indústrias, domicílios e demais consu-midores de matéria-prima florestal (le-nha e carvão vegetal);

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112 9 Aumento da participação da biomassa florestal oriunda do Manejo Florestal Sustentável de Uso Múltiplo na ma-triz energética industrial, comercial e domiciliar;

9 Aumento da produção e da comer-cialização de produtos florestais não--madeireiros oriundos de Manejo Florestal Sustentável da Caatinga e do Agroextrativismo;

9 Ampliação da Ater apropriada ao Bioma, com ênfase nas atividades flo-restais, para os Povos e Comunidades Tradicionais e da Agricultura Familiar;

9 Aumento da quantidade de produto-res rurais que adotam práticas susten-táveis, com ênfase nos sistemas agros-silvipastoris, considerando a seguran-ça hídrica, energética e alimentar;

9 Redução das áreas degradadas e subu-tilizadas (reincorporação ao processo produtivo) e do passivo ambiental dos imóveis rurais (reserva legal e APP);

9 Ampliação do conhecimento da po-pulação brasileira sobre o bioma Caatinga, visando a sua valorização, divulgação e conservação.

6.3. Diretrizes estratégicas

A complexidade da dinâmica do desmatamento na Caatinga, a fragilida-de da realidade socioambiental, a gestão

florestal ainda pouco efetiva e o uso dis-seminado de práticas insustentáveis exi-gem uma atuação coordenada em inú-meras frentes. Destaca-se a necessidade de diversificar os atores envolvidos na es-tratégia de prevenção e controle do des-matamento para além da administração pública federal, induzindo a participação dos governos estaduais e municipais, do setor produtivo rural, do setor industrial e da sociedade civil.

Um plano de ação para a preven-ção e controle do desmatamento na Caatinga deverá levar em conta as dire-trizes contidas nas outras políticas do Estado brasileiro, bem como as propos-tas oriundas do processo participativo que já envolveu ministérios e órgãos vinculados do governo federal, mas que deve ainda contemplar a participação de representantes dos estados, municípios, sociedade civil, indústria e setor agrope-cuário, incluindo a agricultura familiar.

A exemplo dos planos de ação para a prevenção e controle do desmatamen-to nos biomas Amazônia (PPCDAm) e Cerrado (PPCerrado), as ações voltadas para a Caatinga podem ser organizadas nos mesmos eixos temáticos ou simila-

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113res, a saber, “fomento às atividades sus-tentáveis”, “ordenamento territorial” e “monitoramento e controle”. A título de síntese, foram selecionadas algumas diretrizes referentes não só a linhas de ação importantes, mas também à coor-denação e governança de um plano para a Caatinga que ambiciona somar com-promisso e esforços de diversos lados. Seguem abaixo:

9 Incentivar a criação de uma base social receptiva à inovação produtiva em fa-vor da sustentabilidade;

9 Fomentar e apoiar o associativismo e as demais formas de organização dos produtores rurais;

9 Fortalecer a extensão florestal de modo sistemático e permanente como parte da extensão rural;

9 Aprimorar tecnologicamente os pro-cessos de conversão e uso da lenha e do carvão vegetal, visando o aumento da eficiência energética;

9 Reduzir o ciclo de exclusão e miséria que caracteriza atualmente a produ-ção de energéticos florestais;

9 Fomentar as cadeias dos produtos da sociobiodiversidade, bem como o uso múltiplo no âmbito do manejo flores-tal sustentável;

9 Fomentar a pesquisa científica, colo-cando em prática seus resultados para

a viabilização do uso sustentável dos recursos florestais do Bioma;

9 Ampliar e fortalecer o Sistema de Unidades de Conservação federal e estaduais, de modo a promover a con-servação e o uso sustentável dentro e fora de seus domínios, em nível local e regional;

9 Trabalhar de forma integrada, envol-vendo os ministérios e suas institui-ções vinculadas;

9 Integrar e articular a atuação do go-verno federal com os governos esta-duais, a sociedade civil organizada, as empresas, as instituições de pesquisa, o setor produtivo, entre outros;

9 Articular as políticas ambientais e agrí-colas no Bioma;

9 Fortalecer a gestão florestal nos esta-dos do Bioma, efetivando a descentra-lização e aprimorando os sistemas de fiscalização e controle das atividades florestais;

9 Fortalecer o monitoramento contínuo e sistemático da cobertura vegetal da Caatinga;

9 Promover parcerias com os estados para a redução do passivo ambiental;

9 Fortalecer iniciativas e garantir a im-plementação de instrumentos econô-micos, como linhas de crédito, REDD e Pagamento por Serviços Ambientais;

9 Integrar-se com as orientações de

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114 combate à desertificação do PAN-Brasil, incluindo a mitigação e a adap-tação aos efeitos do aquecimento glo-bal e a elaboração e implementação do ZEE da Caatinga;

9 Promover a implementação de um sis-tema de regularização ambiental de imóveis rurais (Cadastro Ambiental Rural, conforme preconizado no Programa Mais Ambiente) como es-tratégia de controle do desmatamen-to e para melhorar a gestão ambiental rural;

9 Envolver o setor empresarial nas ações de prevenção e controle do des-matamento, principalmente no que diz respeito às indústrias produtoras de ferro-gusa, gesso e cerâmica;

9 Incentivar o aproveitamento em bases sustentáveis das áreas desmatadas com potencial de regeneração, con-templando inovações tecnológicas, como o manejo florestal sustentável, os sistemas agroflorestais e a agricul-tura ecológica;

9 Promover o uso sustentável do bioma Caatinga, visando práticas que favore-çam a convivência com o Semiárido, in-centivando a adequação dos sistemas de produção com critérios sustentá-veis, a utilização racional dos recursos hídricos, a disseminação da inovação tecnológica com vistas à maior eficiên-cia energética nos processos produti-vos locais, a inclusão social e a criação

de incentivos econômicos e sociais para promover atividades produtivas sustentáveis;

9 Valorizar os recursos florestais ma-deireiros e não madeireiros como produtos renováveis, integrantes da economia rural e com potencial para a melhora das condições de vida da população;

9 Fortalecer os meios de vida das comu-nidades tradicionais da Caatinga, além dos agricultores familiares, garantindo acesso à terra, aos recursos naturais e aos meios de produção necessários à sua permanência na região;

9 Fortalecer os mecanismos de comu-nicação e articulação inter e intra-ins-titucional e com a sociedade civil, por meio da disseminação e disponibili-zação de informações técnicas sobre conservação e uso sustentável e te-mas associados; e

9 Fortalecer a participação da sociedade na gestão ambiental do Bioma e pro-mover a transversalidade e descen-tralização das políticas públicas quan-to ao uso sustentável dos recursos naturais.

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1156.4. Focos de atuação prioritária

O desmatamento está avançan-do sobre as áreas remanescentes de Caatinga e de modo pulverizado. Tal di-nâmica mostra a necessidade de imple-mentar ações efetivas para coibir o des-matamento ilegal e para fomentar a con-servação e o uso sustentável do Bioma, considerando suas fragilidades e suas potencialidades.

Em curto prazo, as regiões poten-cialmente estratégicas a serem conside-radas para redução do desmatamento são os remanescentes existentes. Por meio de ferramentas de geoprocessa-mento, foram selecionadas áreas de alta importância do Probio nos remanescen-tes para indicar as áreas potencialmente prioritárias para a criação de unidades de conservação e as ações de fiscalização ambiental. Essas áreas estão destacadas na Figura 15.

Além das áreas prioritárias para a conservação, é preciso considerar a ne-cessidade de elencar as áreas prioritárias para a recuperação, ou seja, para a res-tauração ecológica com espécies nativas

do Bioma, segundo as áreas indicadas pelo Probio. A Figura 16 ilustra as áreas prioritárias para recuperação.

A atuação prioritária deverá ser guiada pelos resultados do monitora-mento anual da cobertura vegetal da Caatinga. Esse sistema deve abranger todos os tipos de vegetação contidos no Bioma, produzindo taxas anuais de des-matamento e degradação florestal por tipo de vegetação. É fundamental desen-volver um sistema de monitoramento que detecte desmatamentos em tempo quase real, permitindo agilizar as ações de fiscalização e controle necessárias.

No que tange às ações de fiscali-zação, devem ser priorizados os polos industriais que receptam lenha e carvão vegetal de origem ilícita, estejam esses consumidores no interior ou fora da re-gião do Semiárido.

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Figura 15. Áreas potencialmente prioritárias para a criação de Unidades de Conservação no Bioma Caatinga.

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Figura 16. Áreas potencialmente prioritárias para a recuperação ambiental no Bioma Caatinga.

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118 Lista de Siglas e Abreviaturas

ABC Agência Brasileira de Cooperação

Abraf Associação Brasileira de Florestas Plantadas

Adema Administração Estadual de Meio Ambiente

APA Área de Proteção Ambiental

APL Arranjo Produtivo Local

APNE Associação Plantas do Nordeste

APP Área de Preservação Permanente

Arie Área de Relevante Interesse Ecológico

ASD Áreas Susceptíveis à Desertificação

Ater Assistência Técnica e Extensão Rural

BEN Balanço Energético Nacional

CCD Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação

CDB Convenção sobre Diversidade Biológica

Codevasf Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba

Conab Companhia Nacional de Abastecimento

Conabio Comissão Nacional de Biodiversidade

Conama Conselho Nacional do Meio Ambiente

Conpom Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente

CPRH Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

CSR Centro de Sensoriamento Remoto

DOF Documento de Origem Florestal

DPCD Departamento de Políticas para o Combate ao Desmatamento

Embrapa Empresa Brasileira de Agricultura e Pecuária

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119EPE Empresa de Pesquisa Energética

Esec Estação Ecológica

FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

FGV Fundação Getúlio Vargas

Flona Floresta Nacional

FNE Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste

GEF Global Environment Facility

GLP Gás liquefeito de petróleo

GT Grupo de Trabalho

Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRE Instituto Brasileiro de Economia

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IEF Instituto Estadual de Florestas

IMA Instituto de Meio Ambiente

Incra Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MBRE Mercado Brasileiro de Redução de Emissões

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MI Ministério da Integração Nacional

MMA Ministério do Meio Ambiente

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120Mona Monumento Natural

MP Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

ONG Organização Não Governamental

PAE Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação

PAN-Brasil Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca

Parna Parque Nacional

PDSA Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido

PIB Produto Interno Bruto

PMCF Programa Federal de Manejo Florestal Comunitário e Familiar

PMDBBS Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite

PMFS Plano de Manejo Florestal Sustentável

Pnad Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNAP Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas

Pnater Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária

PNB Política Nacional da Biodiversidade

PNMC Política Nacional sobre Mudança do Clima

PNPSB Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PPCaatinga Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga

Probio Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira

Pronater Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária

PSS Plano de Suprimento Sustentável

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121RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável

Rebio Reserva Biológica

Resex Reserva Extrativista

RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural

RVS Refúgio de Vida Silvestre

SBF Secretaria de Biodiversidade e Florestas

Sebrae Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

Sectma Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente

Sema (BA) Secretaria do Meio Ambiente

Sema (MA) Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais

Semace Superintendência Estadual do Meio Ambiente

Semar Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais

Semarh (AL) Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos

Semarh (RN e SE) Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Sisnama Sistema Nacional de Meio Ambiente

Snuc Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SPI Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos

Sudema Superintendência de Administração do Meio Ambiente

Sudene Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

tep Tonelada equivalente de petróleo

TNC The Nature Conservancy

UC Unidade de Conservação

Zane Zoneamento Agroecológico do Nordeste do Brasil

ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico

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