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Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
A CONTABILIDADE NA GESTÃO ESCOLAR:
A prestação de contas da APM das escolas públicas estaduais de São Paulo
do Município de Vargem Grande Paulista
Josilaine Pereira de Medeiros1
Prof. Msc. Vinícius Silveira de Almeida2
RESUMO
Este estudo visa demonstrar que a contabilidade está presente nas escolas públicas estaduais, mesmo que de forma sintética através da prestação de contas da Associação de Pais e Mestres (APM). O objetivo do presente artigo foi verificar se em escolas estaduais do município de Vargem Grande Paulista (SP) são divulgadas as prestações de contas da APM, além de demonstrar as normas para sua elaboração. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo com pais e professores que analisou a transparência dessas informações, sendo esta comparada a pesquisa realizada pela SEE/SP (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) no ano base de 2016. Após análise da pesquisa constatou-se que as prestações de contas da APM não estão sendo regularmente divulgadas aos cidadãos e que os mesmos têm interesse em ter acesso a ela.
Palavras-chave: Prestação de Contas; Transparência; Associação de Pais e
Mestres.
1 Bacharelanda em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis de São Roque, 2017.
2Mestre em Administração de Empresas - linha de Organizações pelo Centro Universitário FEI - SP (2012). Aperfeiçoamento MPA - Master Public Administration pela Metodista - SP (2015). Bacharel em Administração de Empresas (2009). Atuou como Assistente de Pesquisa do Centro Franco-Brasileiro de Estudos Avançados em Organizações, Inovação e Sustentabilidade - TRANSFORMARE (2011 - 2012).
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
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INTRODUÇÃO
Diante do aumento dos fatos ocorridos atualmente referente ao mal uso de
verbas públicas no contexto brasileiro, faz-se necessário o conhecimento da utilização
da contabilidade pública nas instituições que tem contato com a população. A LAI (Lei
de Acesso à Informação) é de suma importância para que a sociedade tenha
conhecimento e acesso às prestações de contas de todos os órgãos públicos de modo
que o cidadão possa atuar como agente fiscalizador, garantindo sua participação
como cidadão consciente e político, além de fazer cumprir a lei da transparência
pública (Carneiro, 2011). Para isso, é indispensável que se elabore uma prestação de
contas objetiva, límpida e precisa. A prestação de contas financeira é aquela que faz
a verificação da execução de tarefas após um determinado período de tempo, de
modo a indicar o destino dos recursos públicos recebidos, demonstrando a realização
do que fora acordado, e qual foi o resultado obtido (Oliveira, 2009).
O presente artigo terá como proposta verificar a elaboração e a transparência
da prestação de contas da Associação de Pais e Mestres (APM) de escolas públicas
estaduais de São Paulo do município de Vargem Grande Paulista, tendo em vista que
seus recursos provêm da Secretaria Estadual de Educação em convênio com a
Fundação para o Desenvolvimento de Educação (FDE). Desta forma, foi formulada a
seguinte questão que embasou este estudo: as prestações de contas estão sendo
feitas e divulgadas à comunidade? Em um segundo momento pretende-se responder,
também, ao seguinte questionamento: as prestações de contas da APM estão sendo
feitas e divulgadas aos cidadãos conforme é garantido pelas normas de contabilidade
pública bem como as leis e regimentos próprios? Os resultados coletados foram
comparados à pesquisa realizada em 2016 pela SEE/SP (Secretaria da Educação do
Estado de São Paulo) que abrange o mesmo tema da pesquisa deste estudo.
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
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1.1 – Conceito e objeto da Contabilidade Pública
Assim como em outras áreas da ciência, a Contabilidade possui ramificações e
uma delas é a Contabilidade Pública. Esta possui procedimentos e objetivos diferentes
da contabilidade empresarial. A partir de 2008, ela sofreu relevantes modificações
realizadas pelos órgãos que a normatizam, tendo como objetivo uniformizar seus
procedimentos e conceitos, adequando-se com as Normas Internacionais de
Contabilidade.
A Contabilidade Pública é uma subdivisão contábil aplicada especificamente na
administração pública com o objetivo de apurar os resultados e elaborar relatórios
periódicos de acordo com as normas do Direito Financeiro (Lei n° 4.320/64), os
princípios gerais das finanças e da contabilidade (MOTA, 2009, p.222).
Para Carvalho e Ceccato (2011, p.02) a contabilidade púbica é definida como:
[...] o ramo da Ciência Contábil que aplica conceitos, princípios e normas contábeis nos atos e fatos de gestão pública orçamentária, financeira, patrimonial, custos e de compensação, nos órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta abrangidas em seu campo de atuação, fornecendo informações úteis, tempestivas, compreensíveis e fidedignas aos seus usuários.
Já Silva (2013, p.71) a define como:
[...] o espaço de atuação do Profissional de Contabilidade que demanda estudo, interpretação, identificação, mensuração, avaliação, registro, controle e evidenciação de fenômenos contábeis, decorrentes de variações patrimoniais em: entidades do setor público; e ou de entidades que recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na execução de suas atividades, no tocante aos aspectos contábeis da prestação de contas.
Seu objeto de estudo é o patrimônio público, além do orçamento público e os
atos administrativos (eventos que não provocam alterações no patrimônio da
entidade). O patrimônio público é o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculados
aos órgãos e entidades públicas, porém não integram o patrimônio público os bens de
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uso comum como, por exemplo, praças, ruas, estradas, mares e rios. No entanto, os
bens de uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos ou receberam
doações, deverão ser contabilizados a partir do exercício financeiro de 2011 devido
às mudanças das novas normas contábeis; sendo eles segregados em dois grupos:
ativos de infraestrutura e bens do patrimônio cultural.
A Contabilidade Pública é fundamental para todo o segmento público, pois
garante, controla, orienta, demonstra e organiza as execuções, a patrimônio público e
suas variações (Kohama, 2003,p.47). Ela também garante a transparência das
informações, permitindo, desta forma, a participação de qualquer cidadão no controle
da gestão pública.
1.2 – Principais características da Contabilidade Pública
O campo de aplicação da Contabilidade Pública abrange toda a Administração
Pública, sendo ela direta ou indireta e ela deverá seguir todas as suas normas e
especificidades. Carvalho e Ceccato (2011, p.20) afirmam que:
O campo de aplicação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público abrange todas as entidades do setor público. As entidades abrangidas pelo campo de aplicação devem observar as normas e as técnicas próprias da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, considerando-se o seguinte escopo: a) integralmente, as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos profissionais; b) parcialmente, as demais entidades do setor público, para garantir procedimentos suficientes de prestação de contas e instrumentalização do controle social.
Segundo Carvalho e Ceccato (2011, p.21) complementam que “aquele que
receba pontualmente recursos públicos para aplicação em determinados projetos,
deverá utilizar as regras da Contabilidade Pública de maneira parcial, ou seja, apenas
para registro e posterior prestação de contas desses recursos específicos”.
O regime contábil adotado pela Contabilidade Pública é o regime de
competência, que consiste em que as receitas e as despesas devem ser incluídas na
apuração do resultado no momento em que ocorrem, independentemente do
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pagamento ou recebimento; tendo por base o fato gerador. O regime de caixa é
utilizado apenas quando se deseja analisar as receitas e as despesas baseadas no
fluxo de caixa, no ingresso e saída de dinheiro.
O regime de competência na Contabilidade Pública só foi efetivado a partir do
exercício de 2009 devido à Portaria Conjunta STN/SOF n° 3/2008. Antes disso,
utilizava-se o regime misto que consistia no regime de caixa para as receitas e
competência para as despesas.
1.3 – Transparência das informações
De acordo com o Manual da Lei de Acesso à Informação para Estados e
Municípios (2013, p.09):
...a transparência e o acesso à informação constituem-se direitos do cidadão e deveres da Administração Pública. Cabe ao Estado o dever de informar os cidadãos sobre seus direitos e estabelecer que o acesso à informação pública é a regra e o sigilo, a exceção. Com a promoção de uma cultura de abertura de informações em âmbito governamental, o cidadão pode participar mais ativamente do processo democrático ao acompanhar e avaliar a implementação de políticas públicas e ao fiscalizar a aplicação do dinheiro público.
A transparência das informações é um modo de se prevenir corrupções e
fraudes, além de fortalecer o papel do cidadão na política e na administração pública,
promovendo a melhoria da gestão pública garantindo os direitos fundamentais de
democracia e administração transparente. Conforme o Manual da Lei de Acesso à
Informação para Estados e Municípios (2013, p.06) ao garantir a acessibilidade das
informações à sociedade, a gestão pública torna-se transparente e possibilita os
possíveis aperfeiçoamentos que ela necessite, além de fortalecer o controle, a
participação popular e o combate à corrupção. Segundo Silva (2013, p.13) “a
responsabilidade na gestão fiscal pressupõe ação planejada e transparente, em que
se previnem riscos e se corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas
públicas”. Além de prevenir corrupções, as leis de transparência das informações
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também garantem que as normas da Contabilidade Pública sejam aplicadas de
maneira correta, sendo a principal delas a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei
Complementar n°101/2000) que está em vigor desde 05 de maio de 2000 e visa a
participação popular tanto para as audiências públicas, como também para seu pleno
conhecimento e acompanhamento em tempo real das informações da execução
orçamentária e financeira, através de meios eletrônicos de acesso público.
Posteriormente, a Lei Complementar nº 131/09 acrescentou novos parâmetros
à Lei de Responsabilidade Fiscal. De acordo com essa Lei Complementar nº 131, de
27 de maio de 2009, art. 48, parágrafo único:
A transparência será assegurada também mediante: I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A.” (NR)
Desta forma, tal lei determinou a disponibilização, em tempo real, de
informações pormenorizadas da execução orçamentária e financeira da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios, criando sites de divulgação dessas
informações que ficaram conhecidos como “portais da transparência”.
E, ainda, criou-se a Lei Brasileira de Acesso à Informação (LAI, lei n° 12.527/11)
que tem como objetivo regulamentar e garantir o direito constitucional de acesso às
informações públicas do país a todos os cidadãos e estabelece orientações para os
procedimentos de acesso, de maneira a estabelecer o que é de conhecimento público
e o que deve ser sigiloso.
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
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1.4 - Associação de Pais e Mestres (APM)
De acordo com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (2017) a
APM (Associação de Pais e Mestres) pode ser assim definida:
a Associação de Pais e Mestres é uma instituição auxiliar da Escola,
criada com a finalidade de colaborar no aprimoramento do processo
educacional, na assistência ao escolar e na integração família-escola-
comunidade. A APM é uma associação civil de natureza social e
educativa, sem caráter político, racial ou religioso e sem finalidades
lucrativas
Desta maneira, por possuir caráter de pessoa jurídica sem fins lucrativos, a
APM segue as normas da contabilidade pública, já que está inserida dentro de um
ambiente público e recebe recursos do Governo do Estado.
O principal intuito da APM é que cada membro possa colaborar na gestão
escolar com o objetivo de impactar positivamente no processo de ensino-
aprendizagem dos alunos e também na qualidade da educação oferecida pela
unidade escolar (Secretaria de Educação, 2017).
Não existe legislação federal que trate especificamente da criação e da gestão
das APMs no sistema educacional brasileiro. A existência da APM é obrigatória
somente se a escola receber verbas federais do Programa Dinheiro Direto na Escola
(PDDE), todavia alguns estados tem em sua própria regulamentação a criação destas,
como é o caso do Estado do Rio Grande do Sul (decreto nº 42.411, de 29 de agosto
de 2003) e São Paulo (decreto nº 12.983, de 15 de dezembro de 1978, já supracitada).
Há também os artigos 14 e 15 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) que
garantem a gestão democrática nas escolas públicas através da participação dos
profissionais da educação e da comunidade escolar.
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1.4.1 - Os objetivos da APM
Os objetivos principais da APM, de acordo com manual de utilização dos
recursos do convênio FDE-APM, fornecido pelo Governo do Estado de São Paulo
(2010, p.07), são:
• Colaborar com a direção do estabelecimento para atingir os objetivos educacionais pretendidos pela escola. • Representar as aspirações da comunidade e dos pais de alunos na escola. • Mobilizar os recursos humanos, materiais e financeiros da comunidade, para auxiliar a escola, provendo condições que permitam: a) contribuir para a melhoria do ensino; b) desenvolver atividades de assistência ao escolar, nas áreas socioeconômica e de saúde; c) contribuir para a conservação e manutenção do prédio, do equipamento e das instalações; d) programar atividades culturais e de lazer que envolvam a participação conjunta dos pais, professores e alunos. • Colaborar na programação do uso do prédio da escola pela comunidade, inclusive nos períodos ociosos, ampliando-se o conceito de escola como o lugar exclusivo de ensino para ser um centro de atividades comunitárias. • Favorecer o entrosamento entre pais e professores possibilitando: a) aos pais, informações relativas tanto aos objetivos educacionais, métodos e processos de ensino, quanto ao aproveitamento escolar de seus filhos; b) aos professores, maior visão das condições ambientais dos alunos e de sua vida no lar.
Desta forma, é na APM que se decide como os recursos governamentais serão
gastos e quais serão as aplicações do dinheiro, como no recebimento de eventos e
festas. Todos os gastos devem ser registrados e divulgados à comunidade escolar.
Além disso, a APM também pode ajudar na promoção de parcerias da escola com
outras entidades, promover passeios culturais e verificar o andamento das obras de
infraestrutura da escola, entre outras ações.
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1.4.2 – O repasse dos recursos
O repasse dos recursos à APM pode ocorrer integralmente ou ao longo do ano,
sendo que cada repasse terá uma especificação e também instruções para o
desembolso e prestação de contas. Os repasses são feitos devido ao convênio entre
a FDE e APM e eles devem ser controlados separadamente, pois requerem gastos
diferentes. Sendo assim, os repasses para o Programa da Escola da Família não
podem ter outra finalidade que não seja voltada para o próprio programa.
Esses recursos são constantes ao longo do ano, sendo previstos no mínimo
três repasses que serão depositados na conta corrente da APM. Os recursos devem
ser utilizados até o final do exercício fiscal (último dia do ano) e caso haja saldo, o
mesmo deverá ser devolvido à FDE.
O manual de utilização dos recursos do convênio FDE-APM, fornecido pelo
Governo do Estado de São Paulo (2010, p.09) ainda diz que:
Se os repasses forem únicos, o saldo remanescente deverá ser devolvido à FDE. Se, como no caso de manutenção e conservação, forem periódicos, deverão ser gastos até o final do exercício fiscal (último dia do ano), devendo o saldo ser devolvido à FDE.
As APMs deverão manter depositados no Banco do Brasil, em contas de
aplicação financeira de renda fixa lastreada por títulos do governo, os valores
recebidos que ainda não foram utilizados.
1.4.3 – A utilização dos recursos
Os recursos para a manutenção dos prédios e equipamentos escolares são
repassados através da APM, sendo estabelecidos no Plano Anual e aprovado pelo
Conselho Estadual de Educação, tendo como base o número de alunos contido no
Censo Escolar. Quanto a conservação e manutenção, há um manual disponibilizado
pela FDE que deve ser obedecido plenamente.
Esses recursos podem ser utilizados tanto para a manutenção e conservação
do prédio escolar e equipamentos quanto para adquirir peças para consertos de
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
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equipamentos desde que sejam utilizadas para substituição e não alteram a
configuração original e sejam obedecidas as instruções que são encaminhadas.
Valores acima de R$200,00 (duzentos reais) devem ser justificados através de ofício
anexado à Prestação de Contas (Manual de utilização dos recursos do convênio FDE-
APM, fornecido pelo Governo do Estado de São Paulo, 2010, p.10 e 11).
Os recursos da APM não podem ser utilizados para a recuperação de mobiliário
escolar, pois existe um projeto específico para esse fim. O governo recomenda que
os gastos sejam discutidos com a comunidade escolar e depois de aprovadas e
deferidas, sejam lavrados em ata de reunião da APM. As empresas contratadas para
a prestação de serviços deverão ser idôneas, qualificadas e seus funcionários deverão
utilizar equipamento de segurança.
É permitido utilizar os recursos repassados em despesas com o registro do
Estatuto da APM em cartório, na confecção do carimbo do CNPJ da APM e despesas
decorrentes da constituição de APMs novas. Os recursos do PDDE quando são
repassados pela APM só podem ser utilizados em despesas de capital e custeio.
Desta forma, as despesas de custeio são aquelas destinadas à aquisição de bens e
materiais de consumo e à contratação de serviço para a realização de atividades de
manutenção, necessários ao regular funcionamento da escola, como, por exemplo:
papel, cartolina, material de limpeza, giz, tinta de parede, reparo das instalações
elétricas, contratação de serviços para realização de pintura do prédio etc. E as
despesas de capital são aqueles destinados a cobrir despesas com a aquisição de
equipamentos e material permanente para as escolas, que resultem em reposição ou
elevação patrimonial. Por exemplo: aquisição de bebedouro, fogão, armário,
ventilador, equipamento de informática, retroprojetor, geladeira etc.
Os recursos não podem ser gastos no pagamento de servidores da
administração pública federal, estadual, distrital ou municipal para qualquer serviço;
em festividades e comemorações; no pagamento de contas de água, energia elétrica,
telefone e taxas de qualquer natureza; na aquisição de combustíveis, materiais para
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manutenção de veículo e transporte para desenvolvimento ações administrativas; com
a aquisição de talão de cheque, extrato bancário e encargo por devolução de cheque.
Para a aquisição de mercadorias ou a contratação de serviços é obrigatório,
segundo o manual de utilização dos recursos do convênio FDE-APM, fornecido pelo
Governo do Estado de São Paulo (2010, p.13) “consultar o cadastro das empresas,
verificando seus status na Secretaria da Receita Federal do Brasil e no SINTEGRA”.
As Notas Fiscais de Serviços devem ser examinadas para verificar a
possibilidade de retenção de impostos na fonte e, caso haja, pagar ao prestador de
serviço, apenas o valor líquido (descontando os impostos). Fica sob a
responsabilidade da APM a emissão dos guias dos impostos retidos e recolhê-los na
rede bancária.
1.4.4 – O conceito de prestação de contas
Dentro da Administração Pública é permitida a criação de convênios com
órgãos ou entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos. O convênio nada mais
é do que um acordo no qual os recursos financeiros são repassados visando a
execução de um programa governamental de forma a estabelecer uma cooperação
mútua.
Sendo assim, é imprescindível a elaboração de uma prestação de contas, pois
a mesma consiste na verificação da execução do acordo entre as partes, de maneira
a demonstrar como foram destinados os recursos repassados. Segundo Carvalho e
Ceccato (2011, p.881):
O órgão ou entidade que receber recursos na forma de convênio ou contrato de repasse estará sujeito a prestar contas da sua boa e regular aplicação no prazo máximo de 30 dias contados do término da vigência do convênio ou contrato ou do último pagamento efetuado, quando este ocorrer em data anterior àquela do encerramento da vigência.
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É dever do agente responsável elaborar a prestação de contas como prevê o
artigo 70 da Constituição Federal. Piscitelli e Timbó (2012, p.337) definem como
agente responsável
[...] toda pessoa física que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos da União e das entidades da administração indireta, ou pelos quais estas respondam, ou que, em nome destas, assumam obrigação de natureza pecuniária e, ainda, o gestor de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a estado, ao Distrito Federal, a Município, a entidades públicas ou organizações particulares.
Dessa forma, qualquer cidadão pode também verificar se o gestor público fez
bom uso dos recursos e, caso necessário, apresentar sua denúncia ou queixa ao
órgão superior competente.
1.4.5 – A elaboração da prestação de contas da APM
A APM deve utilizar a prestação de contas final e cumprir todas as normas de
montagem da mesma, segundo o manual de instruções disponibilizado pelo próprio
órgão governamental. A Unidade Escolar deve encaminhar sua prestação de contas
à Diretoria de Ensino a qual pertence para que seja analisada. Antes do envio da
prestação de contas, é preciso verificar se todos os documentos estão em ordem e se
todas as regras foram seguidas. Caso haja alguma irregularidade, a prestação de
contas será devolvida para a regularização. Cabe a APM a guarda e o arquivo de
todos os documentos originais da prestação de contas durante o período do convênio.
Após enviadas, as prestações de contas serão analisadas e seus pareceres
estarão disponíveis em site governamental próprio (GDAE – Gestão Dinâmica de
Administração Escolar), na qual cabe a Unidade Escolar verificar o seu parecer e caso
apresente alguma irregularidade, encaminhar a Diretoria de Ensino as devidas
alterações para que não ocorra o cancelamento do convênio.
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1.4.6 – As obrigações fiscais e sociais da APM
A APM por ser uma pessoa jurídica, tem suas obrigações fiscais e sociais que
estão previstas em lei de acordo com esse tipo de entidade. O Governo também
dispõe, em sistema próprio, instruções e informações sobre os repasses e questões
financeiras, incluindo impostos. As obrigações fiscais e sociais mais comuns pagas
pelas APMs, de acordo com o manual de utilização dos recursos do convênio FDE-
APM, fornecido pelo Governo do Estado de São Paulo (2010, p.08) são:
• GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social • DIRF – Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte • RAIS – Relação Anual de Informações Sociais • DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais • DIPJ – Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica.
2 - METODOLOGIA
O presente estudo utilizou uma pesquisa de campo com questionários
estruturados e uma pesquisa bibliográfica exploratória. A pesquisa de campo apoiou-
se no método quantitativo-descritivo que consiste em investigações de pesquisa
empírica com objetivo de delinear ou analisar as características de fatos ou
fenômenos, a avaliação de programas, ou até o isolamento das principais variáveis.
Além disso, oferecem dados para a verificação de hipóteses e empregam métodos
quantitativos para a coleta sistemática de dados e de procedimentos de amostragem.
(MARCONI, LAKATOS, 2010, p.170).
O município de Vargem Grande Paulista possui nove (09) escolas públicas
estaduais segundo o portal da Secretaria da Educação do Governo do Estado de São
Paulo, sendo que uma delas tem um CEL (Centro de Estudo de Línguas) integrado e,
por isso, somam o número informado. De acordo com dados do IBGE 2015, o
município tem cerca de cento e noventa e dois (192) docentes atuando em escolas
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públicas estaduais dos níveis fundamental e médio, e no ano mencionado, um total
de 2.413 matrículas no ensino fundamental e 2.096 no ensino médio.
Cada escola pesquisada conta, em média, com cerca de 50 professores e 600
alunos. Esse número sofre alterações de acordo com o tamanho de cada escola bem
como sua localização. Neste estudo, foram entrevistados 52 (cinquenta e dois)
professores e 74 (setenta e quatro) pais de alunos.
Foram analisados, também, os dados obtidos na pesquisa realizada pela em
concomitância com os obtidos na pesquisa realizada pela Secretaria da Educação do
Estado de São Paulo (SEE/SP). Tal pesquisa governamental teve seu questionário
disponibilizado online entre 08 de novembro a 18 de dezembro de 2016, que contou
com um total de 448.593 mil questionários respondidos, sendo 71% por alunos, 13%
por professores, 9% por familiar ou responsável, 4% por servidores e 3% por gestores.
Quanto a sua representatividade dentro da categoria, os dados representam a opinião
de 55% dos gestores, 32% dos servidores, 29% dos professores e 9% dos alunos da
rede estadual de ensino de São Paulo.
3 – RESULTADO E ANÁLISE DAS PESQUISAS
Após a apuração dos dados obtidos, elaborou-se um comparativo entre a
pesquisa realizada e com os estudos elaborados pela SEE/SP.
Figura1. CONHECIMENTO A RESPEITO DO CONCEITO E FUNÇÃO DA APM
Pesquisa – Estudo Pesquisa da SEE/SP Com pais Com professores
Fonte: Autores e adaptado de SEE/SP.
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
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De acordo com a pesquisa, a maioria (47,3% dos pais e 53,8% dos professores)
sabe apenas parcialmente o que é a APM enquanto a pesquisa da SEE/SP aponta que
38% não têm muita certeza sobre a função dela.
Figura2. PARTICIPAÇÃO NA APM
Pesquisa - Estudo Com pais Com professores
Pesquisa da SEE/SP
Fonte: Autores e adaptado de SEE/SP.
A pesquisa aponta que os respondentes nunca (71,6% dos pais e 57,7% dos
professores) participaram dela. A pesquisa da SEE/SP apontou que 89% dos
respondentes não participam da APM e somente 11% participam
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Figura3. INTERESSE NA PARTICIPAÇÃO DA APM
Pesquisa - Estudo Pesquisa da SEE/SP
Com pais Com professores
Fonte: Autores e adaptado de SEE/SP.
A maior parte dos respondentes não gostaria de participar (48,6% dos pais e
59,6% dos professores) e 41% dos respondentes da pesquisa da SEE/SP não têm muita
certeza do interesse dos professores e dos familiares.
Figura4. REALIZAÇÕES DE REUNIÕES DA APM PARA DISCUTIR O DESTINO DOS RECURSOS
Pesquisa - Estudo Pesquisa da SEE/SP Com pais Com professores
Fonte: Autores e adaptado de SEE/SP.
As reuniões para discutir o destino dos recursos não são realizadas regularmente,
somente às vezes, segundo 46,2% dos professores, sendo que 36,5% não souberam
responder, pois a escola não as divulga. Já 28,4% dos pais informam que a escola envia
comunicados convidando-os a participar da APM somente às vezes, 35,1% não
receberam nenhum comunicado a respeito e 27% não sabem informar. De acordo com
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Figura5. DIVULGAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA APM
Figura6. DIVULGAÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS OU ARRECADADOS
a SEE/SP, 63% dos respondentes disseram que a APM divulga as reuniões com
antecedência e estimula a participação dos seus integrantes.
Pesquisa - Estudo Pesquisa da SEE/SP Com pais Com professores
Fonte: Autores e adaptado de SEE/SP.
Quanto à divulgação da prestação de contas, a SEE/SP alega que 50% dos
respondentes afirmaram que é divulgado como arrecadam e como utilizam seus
recursos; todavia, segundo a pesquisa elaborada, 41,9% dos pais não sabem informar
se ela é divulgada e 37,8% afirmam que não divulga. Dos professores, 42,3% alegam
que ela é divulgada às vezes, enquanto 25% informam que ela nunca foi divulgada e
um mesmo número alega que é sempre divulgada.
Pesquisa - Estudos Pesquisa da SEE/SP Professores
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
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A pesquisa conseguiu reunir os dados referentes ás reuniões dos grupos:
Figura7. REUNIÕES DA APM
Figura8. LOCAL DE DIVULGAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA APM
Figura9. ACESSO À PRESTAÇÃO DE CONTAS DA APM
Fonte: Autores e adaptado de SEE/SP.
Aos professores foi questionado a respeito da divulgação dos valores recebidos
e/ou arrecadados e a maioria (50%) alega que são divulgados apenas às vezes,
sendo que 69,2% dos respondentes gostariam de ser informados a respeito desses
valores, já que cerca de 38% dos respondentes da pesquisa realizada pela SEE/SP
alegam que a escola arrecada recursos e não depende apenas dos repasses.
Pais Professores
Fonte: Autores.
A pesquisa demonstrou que 74,3% dos pais não participaram de nenhuma
reunião e dos que participaram alguma vez, 50% afirmam que os destinos dos
recursos não são discutidos por todos. Referente à frequência das reuniões, 59,6%
dos professores não soube informar, apenas 15,4% informaram que é realizada
bimestralmente e 11,5% trimestralmente.
Pais Professores
Pais Professores
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Figura10. COMPREENSÃO DO QUE É DIVULGADO NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DA APM
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todo cidadão tem direito a informações e todo gestor de organizações públicas
deve disponibilizá-la de forma clara e transparente na qual demonstre a aplicação dos
Fonte: Autores.
Os pais e professores que afirmaram que a escola divulga a prestação de
contas alegam que esta é divulgada em mural da escola ou impressa. Um total de
19,2% dos professores disse que ela também é divulgada verbalmente, em reuniões,
em livros ata ou em ATPC (Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo).
Fonte: Autores.
A maioria dos respondentes gostaria de ter acesso à prestação de contas,
63,5% dos professores e 64,9% dos pais, evidenciando que eles têm interesse em
verificar de que forma os recursos estão sendo aplicados pelos gestores e exercer
seu papel de cidadão, no sentido de controle dos gastos.
Pais Professores
Fonte: Autores.
Segundo a pesquisa, 51,4% dos pais alegam não entender o que é divulgado
nas prestações de contas, já os professores, 44,2% alegam entender parcialmente.
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
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recursos financeiros arrecadados, conforme consta nas normas da Contabilidade
Pública, bem como em suas leis específicas.
Dessa forma, o artigo demonstrou que a prestação de contas é uma forma dos
cidadãos avaliarem e fiscalizarem a gestão dos recursos públicos de APM’s para que
se possa constatar se os gestores dessas entidades cumpriram com seus objetivos e
com as normas vigentes. Buscou-se, desta forma, verificar se as contas das APM’s
são elaboradas e se estão sendo divulgadas à comunidade. O estudo demonstrou
limitações devido à escassez de estudos e artigos sobre esta temática.
Uma das contribuições deste estudo é que foi constatado que a maioria dos
respondentes sabe de maneira parcial sobre em que consiste a APM e poucas
pessoas participam, de fato, dela. Observou-se, também, que os respondentes
integrantes da APM não participam regularmente das reuniões, pois elas não são
divulgadas ou não são realizadas com muita frequência - fato que não condiz com as
normas próprias da APM. Também se observou que a divulgação dos valores
recebidos e/ou arrecadados não é constante, sendo apenas divulgados
aleatoriamente. Isso revelou que as prestações de contas da APM não são
regularmente divulgadas, o que diverge com as normas estabelecidas nas leis que
garantem a transparência das informações, e que a maioria dos respondentes
entende parcialmente as informações que são ali divulgadas nos relatórios de
prestação de contas. Isto traz evidências de que a prestação de contas deve ser mais
simples, clara e objetiva para facilitar a compreensão de seus usuários, de modo que
possam avaliar e fiscalizar a gestão dos recursos financeiros utilizados.
Outro ponto importante observado a partir dos questionários é a necessidade
de uma frequência constante quanto à sua divulgação e esclarecimento à comunidade
sobre a APM e seus objetivos para que todo e qualquer cidadão possa participar e/ou
acompanhar seu desenvolvimento já que se constatou o interesse em ter acesso a
essa prestação de contas.
Notou-se também a necessidade da transparência das informações a respeito
da APM, direito esse garantido através da Lei de Responsabilidade Fiscal, da Lei de
Revista Eletrônica Gestão e Negócios – Volume – nº 1 – 2017.
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Acesso à Informação e dos princípios da Contabilidade Pública. A transparência não
se limita somente na divulgação da prestação de contas, mas também ao
cumprimento de todo o procedimento estabelecido nas normas da APM como a
divulgação e frequência das reuniões, a discussão por todos a respeito do destino dos
recursos, a sua constituição democrática e o esclarecimento de possíveis dúvidas à
comunidade escolar. Assim, recomenda-se que novos estudos sejam realizados para
entender os processos e a participação das APM’s na comunidade escolar.
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