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Luís Gomes Sambo Conferência de Imprensa do Ministro da Saúde no GRECIMA Texto: João Dias - Fotos: José Cola Sábado 11 de Fevereiro de 2017 Radiografia do Sector da Saúde

Sábado 11 de Fevereiro de 2017 Radiografia do Sector da Saúde · das piores que eu conheci no nosso país. Registámos cerca de 3 mi-lhões e 300 mil casos, em 2015, com 7 mil óbitos

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Luís Gomes SamboConferência de Imprensa

do Ministro da Saúde no GRECIMA

Texto: João Dias - Fotos: José Cola

Sábado 11 de Fevereiro de 2017

Radiografia do Sector da Saúde

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Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

Manuel Rabelais: Estamos aquipara mais uma conferência para odiálogo entre o Governo e o cidadão.A saúde é muito importante para a vi-da de todos nós. Estamos aqui paradirimir algumas desinformaçõestambém. O senhor ministro está aquipara responder a todas as questõesque tiverem para colocar a fim de ummelhor esclarecimento da populaçãoe de todos os nossos cidadãos. O se-nhor ministro, como tem sido habi-tualmente, vai fazer uma introduçãoe depois teremos perguntas e respos-tas. A vossa especial atenção.

Ministro da Saúde, Luís Go-mes Sambo –Muito bom dia a to-dos. É com imenso prazer que emnome da Direcção do Ministério daSaúde e de todos os demais trabalha-dores do Ministério, e sobretudo emnome do nosso Executivo, nos dis-pomos a prestar informações sobrea situação da saúde no nosso país,nomeadamente no que diz respeitoaos progressos desde a nossa Inde-pendência e ao estado de saúde dapopulação através dos indicadores

disponíveis e também falarmos dasperspectivas de reforço para a me-lhoria do estado de saúde no nossopaís. Começaria por dizer que o de-senvolvimento sanitário inscreve-se no contexto de desenvolvimentosocioeconómico do país e existemdeterminantes políticas e económi-cas especiais e ambientais que deve-mos observar, se quisermos ter umaideia daquilo que são os reflexos daqualidade de vida e o estado de saú-

de das pessoas. Os progressos realizados em ter-

mos de saúde no nosso país são vá-rios. Vou-me referir primeiro aos re-cursos humanos e dizer que houveum grande esforço do Executivo an-golano desde a Independência paraaumentar o número de profissionaisde saúde no pais e melhorar a suadistribuição de forma a suprir as ne-cessidades de todos os municípios eprovíncias que integram o nosso

país. Após a Independência, tínha-mos cerca de 45 médicos, em 2002o número aumentou para 1200 e em2014, nós contamos com cerca de3.600 médicos. O número de farma-cêuticos que era de 5 em 1980, pas-sou para 510 em 2014. Houve tam-bém um grande esforço para a for-mação de enfermeiros gerais e emespecialidades. O número que erade 3.500 em 1975, passou para 13mil em 2002 e actualmente nós te-

Radiografia do sector da Saúde no país e

Após a Independên-cia, tínhamos cercade 45 médicos, em2002 o número au-mentou para 1200 eem 2014, nós conta-mos com cerca de3.600 médicos. O nú-mero de farmacêuti-cos que era de 5 em1980, passou para510 em 2014. Houvetambém um grandeesforço para a forma-ção de enfermeirosgerais e em especiali-dades. O número queera de 3.500 em 1975,passou para 13 mil em2002 e actualmentenós temos cerca de33 mil enfermeirosem várias áreas donosso país.

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Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

mos cerca de 33 mil enfermeiros emvárias áreas do nosso país. Falando das infra-estruturas de

saúde, como sabem, apesar do pe-ríodo de guerra que destruiu e desac-tivou uma boa parte das unidades sa-nitárias do nosso país, houve um es-forço após o surgimento da paz paraa reconstrução e a construção de no-vas infra-estruturas de saúde em to-do o país. Mas queria recordar queem 1988, nós tínhamos cerca de

1.500 unidades de saúde. Em 2000,o número reduziu para 1000 devidoà guerra e em 2012 cresceu para1.300 e actualmente nós temos cer-ca de 3 mil unidades de saúde em to-do o país. Estou a falar de hospitais,centros de saúde e postos de saúde esem contar com o crescimento dosector privado dos últimos anos.Também tem o seu papel importan-te na cobertura dos cuidados de saú-de da população.

Falando do orçamento, o paístem feito esforços para melhorar asdotações orçamentais para o sectorda saúde. Ainda não conseguimos oideal, mas queria recordar que, em2001, a saúde absorvia 5 por centodo Orçamento Geral do Estado. Em2009, conheceu o pico com 8,1 porcento, mas neste momento, em2017, o nosso orçamento sectorialrepresenta apenas 4,2 por cento doOrçamento Geral do Estado. Estou

a falar de percentagens e não estou afalar de números reais, mas o queconta, de facto, é a despesa para asaúde por habitante, por ano, no nos-so país. É aceitável mas pensamosque ainda não é suficiente. Pensa-mos que temos planos no sentido demelhorar a nossa advocacia juntodas instâncias competentes do Go-verno e do Parlamento para aumen-tarmos a percentagem do Orçamen-to Geral da saúde comparado com oOrçamento Geral do Estado. Comodisse, o ambiente de guerra e a situa-ção de paz e de reconstrução nacio-nal foram determinantes importan-tes na evolução do sector. Também queria dizer que, duran-

te este período, houve um grande es-forço de formação de quadros dasaúde no interior do país e no exte-rior. Houve um grande esforço visí-vel de reconstrução, reabilitação eequipamento de unidades sanitáriasem todo o país e houve também umadesconcentração e descentralizaçãoda gestão dos serviços nacionais desaúde, no âmbito da Lei do nossoGoverno sobre o Poder de Estado anível Local. E portanto, neste am-biente, houve impactos positivosnos indivíduos, nas famílias e na co-munidade em geral. Impactos posi-tivos em termos de saúde. Senão,vejamos a tendência de alguns dosindicadores de saúde do nosso país.Falemos da esperança de vida à nas-cença. A esperança de vida à nascen-ça era de 41 anos em 1990. Melhorá-mos para 49 anos em 2000 e os últi-mos dados que temos indicam que aesperança de vida à nascença do an-golano é de 61 anos, figurando entreos melhores indicadores relaciona-dos com a esperança de vida no nos-so continente.

s e os progressos desde 1975A esperança de vida ànascença era de 41anos em 1990. Melho-rámos para 49 anosem 2000 e os últimosdados que temos in-dicam que a espe-rança de vida ànascença do ango-lano é de 61 anos, fi-gurando entre osmelhores indicadoresrelacionados com aesperança de vida nonosso continente.

EDIÇÕES NOVEMBRO

Luís Gomes Sambo e Manuel Rabelaisinstantes antes do início da conferência

de imprensa no GRECIMA

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Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

Queria referir-me, de seguida, àmortalidade infantil. É um indica-dor muito importante de desempe-nho do sistema nacional de saúde.Este indicador, em 1990 era de 258óbitos por 1000 nascidos vivos. Me-lhorou para 158 por 1000 em 2007,e actualmente, pelos últimos dadosdo inquérito mais recente, a mortali-dade infantil passou para 44 óbitospor 1000 nascidos vivos e a suacomponente de mortalidade neona-tal é de 24 óbitos por 1000, e a mor-talidade infanto-juvenil tambémmelhorou. Baixou para 68 por 1000.Estes são dados factuais e que re-

flectem o impacto das políticas edos programas do Governo na áreada saúde e na área social e económi-ca, pois da saúde resulta a qualidadede vida da população. Ainda queriaacrescentar em relação à mortalida-de materna que os indicadores tam-bém têm melhorado desde o ano2000. Na altura o nosso país tinha1400 óbitos por cada 100 mil nasci-dos vivos. O indicador de mortalida-de materna era dos piores. Em 2000,esse indicador melhorou para 450óbitos por 100 mil nascidos vivos eos dados mais recentes demonstramque melhorámos ainda mais em ter-

mos de mortalidade materna no nos-so país. Naturalmente que estas me-lhorias representam tendências mui-to positivas, mas os dados actuaisainda não satisfazem. Tanto a popu-lação como o governo têm ambi-ções para uma situação ainda maisconfortável em termos de estado desaúde da população, pois que a saú-de da população é uma determinan-te importante para o desenvolvi-mento económico e social do país.

Epidemias

Devo dizer que o nosso país évulnerável a epidemias. Temos en-frentado epidemias que criam umasituação de sobrecarga no serviçonacional de saúde e que comprome-tem a saúde e mesmo a vida de al-guns dos nossos cidadãos. Recor-dam-se que, no ano passado, en-frentámos uma epidemia de febre-amarela que atingiu 16 províncias,registando 4.590 casos suspeitosdos quais 884 foram confirmados

no nosso laboratório nacional de re-ferência. Infelizmente, foram regis-tados 384 óbitos durante a epide-mia de febre-amarela e uma taxa demortalidade de 8,3 por cento, o quereflecte um bom desempenho doscuidados clínicos aos cidadãos queforam atingidos pela doença. Tam-bém enfrentámos, no ano passado,uma epidemia de paludismo que foidas piores que eu conheci no nossopaís. Registámos cerca de 3 mi-lhões e 300 mil casos, em 2015,com 7 mil óbitos e, em 2016, regis-támos 4 milhões e 266 mil casoscom 15 mil óbitos registados. Foide facto um drama do nosso paísque todos vocês tiveram oportuni-dade de viver e foram tomadas asmedidas para controlarmos, tanto aepidemia de febre-amarela, como aepidemia de paludismo. O paludis-mo continua endémico no nossopaís, mas não nas proporções queconhecemos no ano passado. Tam-bém temos a epidemia de cólera,que actualmente toca 3 províncias

Grandes indicadores sobre mortalidade e esperança de vida

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do nosso país com 262 casos e 11óbitos. Nas províncias do Zaire,município do Soyo, foram regista-dos 174 casos, Cabinda cerca de 70casos e Luanda 5 casos. Estamos atrabalhar no sentido de alertar anossa população, as colectividadeslocais e os órgãos de poder local emrelação às medidas de prevenção.As epidemias são preveníveis e épreciso que nós conheçamos quaissão as medidas para evitar a eclo-são de epidemias. Não posso deixarde falar do zika que é um vírus queprovoca uma sintomatologia, so-bretudo neurológica. O zika já foi também diagnosti-

cado no nosso país em 2016. Regis-támos dois casos. O primeiro foinum cidadão francês, que trabalhouno nosso país durante 30 dias, naprovíncia de Benguela e regressou aFrança e ali foi feito um diagnósti-co. O segundo caso, registámosnum cidadão angolano no municí-pio de Viana e o caso mais recentefoi na província do Bengo, a uma ci-

dadã que teve um feto, uma criançacom microcefalia. Estamos, nestemomento, a reforçar as medidas desegurança para averiguar a magnitu-de deste problema no nosso país e jáestamos a tomar as medidas preven-tivas e algumas delas são exacta-mente as mesmas em relação à pre-venção da febre-amarela, chicungu-nya e da dengue. Essas constituem omesmo grupo de doenças conheci-das como arboviroses e que sãotransmitidas pelo mesmo mosquito

aedis egyptis que nós temos no nos-so país. Este mosquito gosta de vi-ver em meios onde há problemas dehigiene e saneamento. Não obstanteisso, também temos a prevenção dacólera que se relaciona, sobretudo,com o consumo de água imprópria.Precisamos de melhorar a qualida-de da água em torno da nossa popu-lação e também educarmos aindamais a população para que tome me-didas de higiene para que a água deconsumo seja de qualidade.

HIV/SIDA

Não queria deixar de falar dagrande pandemia do HIV/SIDAque abala o mundo desde os anos80. O nosso país não foi poupado.O vírus do HIV também circula nonosso país. Os índices de seropre-valência no nosso país não são mui-to elevados, são de 2,1 por cento.Contudo, a sua distribuição variano país de província para provínciae de acordo com os grupos popula-cionais. Portanto, há certas provín-cias que estão mais afectadas: pro-víncia do Cunene, Moxico, Cuan-do Cubango, Cabinda e, natural-mente, a província de Luanda, da-da a sua importância em termos de-mográficos. Temos de continuar atomar medidas preventivas, sobre-tudo para que evitemos o aumentode novos casos de infecção de HIV,sobretudo no seio da juventude queé a faixa da população mais vulne-rável e, portanto, os cidadãos do se-xo feminino. Nós temos perspectivas em rela-

ção ao desenvolvimento do sector,mas eu ficaria por aqui. Vou dar-vosa palavra para esclarecer um ou ou-tro assunto que seja do interesse pa-ra os órgãos de comunicação sociale população em geral. À vossa dis-posição.

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O nosso país não foi poupado. O vírus do HIV tam-bém circula no nosso país. Os índices de seropre-valência no nosso país não são muito elevados,são de 2,1 por cento. Contudo, a sua distribuiçãovaria no país de província para província e deacordo com os grupos populacionais. Portanto, hácertas províncias que estão mais afectadas: pro-víncia do Cunene, Moxico, Cuando Cubango, Ca-binda e, naturalmente, a província de Luanda,dada a sua importância em termos demográficos.

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Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

Manuel Rabelais:Obrigado, se-nhor ministro. Vamos então imedia-tamente às questões. TPA…TPA - Moisés Sachipangue:

Queremos perceber onde reside oproblema do sistema nacional desaúde e o que está de facto a ser feitopara melhorar os serviços de saúdejunto das nossas comunidades?TV Zimbo: Gostava de saber se

existe ou não um plano para ape-trechar melhor os hospitais. Refe-riu que sim, mas gostava de saberaté que ponto está a funcionar esteplano, uma vez que nós precisamosde uma última linha funcional pa-ra evitarmos as evacuações para oexterior do país de determinadospassos clínicos.Rádio Nacional de Angola -

Hélder Silva: Gostava de sabercomo o país está mobilizado parao combate à cólera. Quanto ao ví-rus zika, como o Governo está agizar e a combater esta endemia?Novo Jornal: Gostaria de sa-

ber o que é que as autoridades jáfizeram quanto às informações doestado de saúde da família, tantoda cidadã no Bengo e quanto ao ci-dadão em Viana no que toca ao ví-rus zika.Jornal de Angola – João Dias:

Senhor ministro, alguns países daAmérica Latina ou do sul viveramrecentemente uma grande vagado vírus do zika ou problemas decasos detectados de zika. Em fun-

ção, disso terão colhido alguma ex-periência? Venceram, de algumaforma, ou pelo menos estão emvias de vencer o vírus? O que o Mi-nistério pensa em torno disso? Se-rá possível o Ministério contratartécnicos destes países da AméricaLatina para trabalhar connosconesse sentido, para que se definamelhor, se esclareça e se evidenciemelhor o diagnóstico dessa doen-ça aqui em Angola ou o Ministériotem capacidade para que com aspróprias forças e meios possa me-lhor detectar o problema e vencereventualmente? Angop: Qual é a visão do Mi-

nistério da Saúde em relação àsaúde materno-infantil, uma vezque os indicadores múltiplos desaúde revelam uma baixa nas ta-xas de mortalidade infantil ape-sar de que o senhor já falou sobreisso? Gostaria que o senhor minis-tro dissesse quais foram as acçõesimplementadas para a baixa damortalidade materno-infantil. Outra pergunta: Quando o se-

nhor esteve à frente da OMS defen-deu muito o compromisso dos paí-ses membros em honrar as quotaspara o fundo global. Agora que o se-nhor é ministro da Saúde, Angolatem pago as quotas?

Manuel Rabelais: Pronto. Va-mos, senhor ministro, às respostas.Depois voltaremos a outras ques-tões. Por favor, senhor ministro…Ministro da Saúde: Muito obri-

gado pelas questões colocadas…Os principais problemas do Ser-

viço Nacional de Saúde. Queria re-ferir em primeiro lugar a questãodos recursos humanos. Conformedisse, o país fez um grande esforçopara a formação de técnicos de saú-de. Temos o aumento em quantida-de mas conforme referiu o Titulardo Poder Executivo, Sua Excelên-cia o Presidente da República, te-mos agora que melhorar a qualida-de e temos que melhorar também odesempenho desses profissionais, asua atitude no trabalho, o rendimen-to de trabalho, de modo que respon-dam às expectativas dos pacientes edas populações em geral. Este é onosso compromisso como profissio-nais de saúde. Tem-se falado muitoda humanização. Reconhecemosque precisamos de melhorar, poisexistem muitas coisas que precisa-mos de melhorar. Aproveito para di-zer que este problema não se colocaa todos os profissionais de saúde,mas apenas a alguns que têm proble-mas ou de formação ou de desco-nhecimento das normas e dos prin-cípios éticos e deontológicos quedevem nortear a atitude dos profis-sionais de saúde. Nós estamos a tra-balhar nesse sentido e neste aspectovamos também trabalhar com o Mi-nistério do Ensino Superior para in-troduzirmos ou reforçarmos as dis-ciplinas de ética profissional na for-mação de profissionais de saúde ejunto das ordens profissionais, talcomo a Ordem dos Médicos, dosEnfermeiros, dos Psicólogos, Far-macêuticos, para que os códigosdeontológicos sejam divulgados esejam respeitados. Então, o Ministé-rio da Saúde, no seu papel regula-dor, vai ser mais exigente. Em ter-mos de admissão de pessoal temosnecessidade de certificar e ter a cer-teza de que as pessoas que se apre-sentam para serem recrutadas sãode facto profissionais médicos, en-fermeiros e outros, e através da le-gislação que temos aplicarmos paragarantirmos um maior rigor no tra-balho e portanto na satisfação dasnecessidades institucionais e tam-bém da população. Este não é umproblema global. É um problema dealguns profissionais e queria dizerque entre eles existem aqueles quede facto não estão qualificados paraexercer a profissão. Nós vamos tra-balhar em conjunto com as outrasinstituições pertinentes para melho-rar este aspecto.

Humanização dos serviços de saúde e ética

O país fez um grande esforço para a formação detécnicos de saúde. Temos o aumento em quanti-dade mas conforme referiu o Titular do Poder Exe-cutivo, Sua Excelência o Presidente da República,temos agora que melhorar a qualidade e temosque melhorar também o desempenho desses pro-fissionais, a sua atitude no trabalho, o rendimentode trabalho, de modo que respondam às expecta-tivas dos pacientes e das populações em geral.

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Em relação aos recursos huma-nos temos a preocupação da espe-cialização. Precisamos de melhorara carreira e o processo de especiali-zação de médicos, precisamos deformar mais especialistas e temosde melhorar as condições nos hos-pitais e já estamos a trabalhar com oMinistério do Ensino Superior nes-te sentido e também precisamos decriar oportunidades de carreira es-pecializada a outros profissionaiscomo os farmacêuticos, enfermei-ros, os técnicos de diagnóstico epossam ter uma perspectiva de de-senvolvimento e até possam ser es-timulados a um progresso na suacarreira. Há trabalho em curso epensamos também que devemosmelhorar a distribuição dos espe-cialistas em todo o território nacio-nal de acordo com a vocação de ca-da uma das unidades sanitárias, so-bretudo os hospitais a nível das pro-víncias e de alguns municípios. Te-mos a perspectiva de colocar al-guns médicos em todos os municí-pios do país sem excepção.Para o efeito, beneficiamos de

uma decisão excepcional de Sua Ex-celência, o Senhor Presidente da Re-pública, com uma dotação orçamen-tal que nos vai permitir enquadrarcerca de 1.200 médicos. Estamosneste momento a proceder a este en-quadramento, visando sobretudo osmunicípios do nosso país e para queaí possamos garantir uma melhorqualidade dos cuidados de saúde,além da cobertura. Um outro problema que penso

que é prioritário no sector é de factoa municipalização. O reforço da ca-pacidade institucional, humana, dacapacidade financeira e sobretudoda capacidade de gestão dos servi-ços de saúde a nível dos municí-pios. De acordo com a nossa Lei daAdministração do Estado, esta res-ponsabilidade vai para as adminis-trações municipais e nós pretende-mos uma melhor articulação entreos directores municipais de saúde eos administradores municipais, na-turalmente, que dependem dos go-vernos provinciais. Estamos a tra-balhar com o Ministério da Admi-nistração do Território para vermosalguma legislação complementarque facilite esta articulação entre onível municipal, provincial e cen-tral do Ministério da Saúde, porqueo problema de saúde no nosso paísé único e precisamos trabalhar to-dos em concertação. Temos as polí-ticas e temos os programas do Go-verno e penso que é uma questão demelhorarmos a nossa compreensãocomum sobre os mecanismos detrabalho conjunto.

Investigação e gestão de medicamentos

Uma outra prioridade que nós te-mos no sector da saúde, é a investi-gação, porque não podemos melho-rar em termos de qualidade sem fa-zermos investigação e a investiga-ção é uma componente importanteda formação e também da assistên-cia médica, sobretudo os hospitaisque fazem assistência e docênciadevem reforçar a componente de in-vestigação clínica a este nível e tam-bém a nível da saúde pública preci-samos de estimular e criar carreirasde investigação para que tenhamoscientistas angolanos que a todo omomento se interroguem sobreaquilo que nós fazemos e procuremmelhores soluções para os nossosproblemas ou mesmo a adopção de

soluções já existentes e desenvolvi-das noutros países.Também pretendemos melhorar

a gestão dos medicamentos e equi-pamentos. Nós constatamos que hámuitas queixas em relação à faltade medicamentos. Mas, eu pensoque o problema fundamental não éa falta. É a forma como nós gerimosos medicamentos que adquirimosou compramos. Nós temos proble-mas de gestão a vários níveis. Esta-mos a conceber o novo modelo deorganização e gestão da cadeia lo-gística de medicamentos. Paracomprarmos aquilo que de factoprecisamos, comprarmos a preçoscompetitivos no mercado interna-cional, garantirmos a qualidade dosmedicamentos que compramos,prevenirmos a circulação de medi-camentos falsos e contrafeitos no

nosso país, que entram às toneladase que são um risco para a saúde pú-blica e termos a certeza de que omedicamento chega ao utente quan-do é necessário e onde é necessárioe em termos de qualidade. Isto é um sistema muito comple-

xo que requer tempo para o diagnós-tico e para a concepção e desenvol-vimento e para a criação do novosistema. Estamos a trabalhar nessesentido com a ajuda de alguns par-ceiros e pensamos melhorar o nossosistema logístico de medicamentostão cedo quanto possível. Tambémimporta realçar que os medicamen-tos que recebemos não são apenascomprados pelo Estado. O Estadocompra a maior parte dos medica-mentos, naturalmente, mas o sectorprivado também tem um papel im-portante na aquisição de medica-mentos que são comercializados pe-las redes privadas de farmácias etambém é importante referir a con-tribuição de alguns parceiros quenos trazem medicamentos e disposi-tivos médicos para certos progra-mas específicos de saúde públicacomo seja o Programa de Luta con-tra o Paludismo, o Programa de Lu-ta Contra o VIH/Sida, a saúde ma-terna. Há um esforço conjugado, di-gamos, do Governo, do sector priva-do e dos parceiros internacionais.

Beneficiamos de umadecisão excepcionalde Sua Excelência, oSenhor Presidente daRepública, com umadotação orçamentalque nos vai permitirenquadrar cerca de1.200 médicos. Esta-mos neste momentoa proceder a este en-quadramento, vi-sando sobretudo osmunicípios do nossopaís e para que aípossamos garantiruma melhor quali-dade dos cuidados desaúde, além da co-bertura.

Especialização médica e municipalização dos serviços EDIÇÕES NOVEMBRO

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Sábado, 11 de Fevereiro de 20178 Radiografia do Sector da Saúde

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E finalmente queria falar da difi-culdade relacionada com o financia-mento, conforme disse. Temos umfinanciamento que decorre do Orça-mento Geral de Estado. Nós pensa-mos que em termos percentuais ain-da não é suficiente, mas fazemos oque é possível no âmbito daquiloque vivemos, a situação económicae financeira do país. E portanto, te-mos é de melhorar a eficiência, con-seguir melhores resultados com omesmo nível de financiamento, en-quanto aguardamos por oportunida-des de crescimento orçamental eque já previmos nos nossos planos.Pensamos que o nosso programa deviabilidade económica e com a polí-tica que é aplicada actualmente so-bre a diversificação económica etambém com as perspectivas do pe-tróleo e de outras áreas, será possí-vel superarmos e continuarmos acrescer em termos económicos, tan-to quanto possível e o sector da saú-de não vai estar dissociado deste de-senvolvimento que nós pretende-mos para o nosso país. Estas são asprincipais dificuldades que eu gos-

taria de partilhar convosco. Quanto ao desempenho dos hos-

pitais e as evacuações, eu permito-me dizer que temos nos nossos hos-pitais, a nível central, hospitais de re-ferência, e a nível das provínciashospitais gerais que prestam cuida-dos de qualidade à população. Eunão quero estar a comparar, mas co-nheço a maior parte dos hospitais deoutros países africanos e acho que onosso país não tem que se queixarmuito em relação à média africana eeu até penso que em termos de infra-estruturas, de equipamento e de nú-mero de pessoal, nós temos uma re-

de bastante sólida mas que precisade ser optimizada. Nós podemos fa-zer melhor se tivermos mais discipli-na e se formos mais exigentes e maiscuidadosos na gestão dos recursos.Assim podemos obter melhores re-sultados. Este é o primeiro passoque já estamos a dar para melhorar onosso desempenho a nível das uni-dades de saúde, enquanto o governoprocura meios de reforço do sector.Temos de melhorar a distribuiçãodos nossos recursos humanos. Nóstemos uma certa distorção na distri-buição dos recursos humanos, comomédicos, enfermeiros e outros. E te-

mos também necessidade de melhorarticular a acção dos médicos e ou-tros técnicos expatriados com a ac-ção dos médicos nacionais em ter-mos de distribuição, sobretudo.Acho que é possível fazer algum es-forço de eficiência, enquanto aguar-damos por recursos adicionais.

Reduzir a evacuação para o exterior em 50 por cento

Naturalmente que não temos ca-pacidade para resolver todo o tipo decasos no nosso país e para alguns ca-

Temos um financia-mento que decorredo Orçamento Geralde Estado. Nós pensa-mos que em termospercentuais aindanão é suficiente, masfazemos o que é pos-sível no âmbito da-quilo que vivemos, asituação económica efinanceira do país. Eportanto, temos é demelhorar a eficiência,conseguir melhoresresultados com omesmo nível de fi-nanciamento, en-quanto aguardamospor oportunidades decrescimento orça-mental e que já previ-mos nos nossosplanos.

Financiamento ao Sector da Saúde e desem

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sos em que pensamos que o doentepode encontrar o tratamento e melho-ria no exterior do país, o governo temsubvencionado a evacuação de ango-lanos, principalmente para Portugale África do Sul e essas evacuaçõestêm sido feitas. A pressão é muitogrande sobre o Ministério da Saúdepara evacuações. Mas esta pressão émais moral do que técnica, do nossoponto de vista. Do número de doen-tes que tiveram de ser evacuados,apenas 50 por cento precisavam deser evacuados. Mas sabem que o es-tado de doença não é só a doença emsi, é todo o sentimento, a paixão so-

bre o doente, sentimentos de deses-pero que também têm de ser pondera-dos muitas vezes nas decisões toma-das pelos familiares para evacuaremos seus doentes e o Estado tem o de-ver de apoiar tanto quanto possível. Estamos a criar no país condições

para mais especialidades e para mi-nimizar a evacuação. Penso que osinvestimentos que têm sido feitos nasaúde são suficientes para reduzir-mos em 50 por cento o número dedoentes evacuados para o exterior.Quanto ao combate da cólera,

nós já falámos das estratégias de lutacontra a cólera e contra a circulaçãodo vírus zika. Sobre a estratégia deluta contra a cólera, principalmentea vigilância epidemiológica. É preci-so estarmos atentos para questões desintomas e que elas sejam encami-nhadas para a unidade mais próximae é preciso que estas pessoas sejamtratadas nessas unidades e é tambémpreciso que as populações sejam in-formadas sobre os mecanismos detransmissão da cólera. Temos ditoque ela se transmite através da águacontaminada com vibrião colérico.Por isso é que recomendamos a fer-vura das águas ou tratamento com li-xívia antes de ser consumida, que éem muitos casos, contaminada comfezes com vibrião colérico. Isto im-plica logística e meios financeirosque o Governo já disponibilizou pa-ra as medidas de prevenção a níveldas províncias que estão afectadas e

também a nível central para melhorapoiar as províncias. Em relação aozika, o nosso esforço está concentra-do sobre a vigilância. À medida queestamos mais atentos vamos encon-trando casos, como o caso da micro-cefalia na criança recém-nascidano Bengo. Vamos criar a nossa basede dados, vamos investigando e va-mos melhorando as condições deatendimento clínico e também é im-portante dizer que a outra manifes-tação do zika é o síndroma de Guil-lain-Barré, que é um sintoma neuro-lógico que aparece no adulto, quepode originar paralisia e mesmomorte. E também queríamos dizer

que o zika pode ser assintomático,ou seja, a pessoa pode não ter sinto-ma, pode aparecer sem nenhum sin-toma. Por isso é que a vigilância émuito importante, a vigilância clí-nica e a vigilância laboratorial e daía necessidade de melhorarmos a ca-pacidade de diagnóstico laborato-rial no nosso laboratório nacionalde referência no Instituto Nacionalde Saúde Pública e também criar-mos condições para diagnóstico anível de algumas províncias.Falou também da experiência de

países da América Latina que en-frentaram recentemente problemasde zika …

mpenho dos hospitaisA pressão é muito grande sobre o Ministério daSaúde para evacuações. Mas esta pressão é maismoral do que técnica, do nosso ponto de vista. Donúmero de doentes que tiveram de ser evacuados,apenas 50 por cento precisavam de ser evacua-dos. Mas sabem que o estado de doença não é só adoença em si, é todo o sentimento, a paixão sobreo doente, sentimentos de desespero que tambémtêm de ser ponderados muitas vezes nas decisõestomadas pelos familiares para evacuarem os seusdoentes e o Estado tem o dever de apoiar tantoquanto possível.

Sim, de facto, a América Latinafoi o último palco em termos degrande epidemia de zika, sobretu-do o Brasil, e nós já contactámosas autoridades brasileiras para quepossamos ganhar com a experiên-cia do Brasil no combate contra aepidemia do zika. Tive um encon-tro com sua excelência, o embaixa-dor do Brasil, e também estabele-cemos contacto com o InstitutoOsvaldo Cruz, do Brasil, e em bre-ve, vamos ter certamente no âmbi-to da relação bilateral com o Brasilalguns técnicos para connosco tra-balharem no combate contra o ví-rus do zika. Mas queria dizer que amaior parte dos recursos de que ne-cessitamos nós temos no país. Pri-meiro, nós temos conhecimento. Épreciso que a população tome co-nhecimento das medidas ao seu al-cance para a prevenção e tambémque saibam como é que o vírus setransmite. Já dissemos que setransmite através da picada de

mosquito, mas também queriaalertar que o zika também se trans-mite por via sexual e portanto tam-bém dissemos quais são as unida-des sanitárias vocacionadas paradetectar casos de zika a nível dosdadores de sangue. O Instituto Nacional de Sangue,

os serviços de hemoterapia doshospitais devem começar a fazer orastreio do sangue que é transfundi-do para que vejamos se não há aícasos de zika. Também a nível dasmaternidades, precisamos de me-lhorar a nossa vigilância para a de-tecção de casos de microcefalia emrecém-nascidos e mesmo na activi-dade clínica geral, centros de saú-de, onde devemos procurar detec-tar síndromes de Guillain-Barré.Os técnicos estão alertados e emiti-mos uma circular para melhorar-mos a nossa vigilância e detecçãoprecoce de casos. Por outro lado,precisamos de ter os recursos paraatendermos aqueles que estão in-

fectados a nível dos hospitais. Masa medida principal é de prevenção.A prevenção é a medida principal,mas também criámos condições anível central e comissões intermi-nisteriais a nível central e a níveldas províncias e municípios quevão trabalhar com as comissões deprotecção civil para garantir umaparticipação nas medidas de pre-venção. Mas a luta contra o mos-quito é a medida mais eficaz e sa-ber por que o mosquito vive, por-que é que gosta desses sítios… Épreciso lutar contra o lixo, lutar-mos contra as águas estagnadas,melhorarmos as condições de sa-neamento e isso vai-nos permitirum ambiente mais saudável para apopulação, sobretudo as crianças,e portanto, melhores condições detrabalho. Saúde é igual a melhoriade condições de vida. Manuel Rabelais:Acho que res-

pondeu a todas as questões… Va-mos começar com a Rádio Mais…

Experiência de países da América Latina

EDIÇÕES NOVEMBRO

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Sábado, 11 de Fevereiro de 201710 Radiografia do Sector da Saúde

Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

A Rádio Mais trouxe para aquiduas questões. A primeira é sobreas dinâmicas em curso na imple-mentação do programa de muni-cipalização dos serviços de saúde.Adiantou alguma coisa, mas gos-távamos que falasse um poucomais de forma alargada sobre es-te assunto…Igualmente, uma segunda ques-

tão é como avalia o sistema sob oponto de vista da estratégia de pro-ximidade para aumentar a cober-tura de vacinas, bem como garan-tir medicamentos essenciais em to-da a rede dos serviços de saúde,meios, médicos e reagentes. Agência Lusa - Nisa Mendes:

Senhor ministro, acabou de dizerhá bocado que o país tem aindanecessidade de enviar pacientespara o exterior de Angola. Sei queo país está a viver uma crise finan-ceira e sei que há dívida em al-guns desses países, nomeadamen-te Portugal. Gostava que dissesseaqui qual é a situação neste mo-mento e gostava também que fa-lasse um bocado sobre a questãoda raiva. Estamos a viver umaepidemia de raiva e havia escas-sez de vacinas. Gostava de saberqual é a situação neste momento. Jornal Manchete - Francisco

Cabila: O senhor ministro duran-te a sua alocução fez referência deque o que falta nos hospitais nãosão os medicamentos, mas sim, aforma como os mesmos são geri-dos. Deixou entender tambémque continuamos a importar me-dicamentos quando se sabe queforam feitos vários investimentosa nível do país. Estamos lembra-dos do investimento recente de444 milhões e 940 mil euros para aconstrução de uma fábrica de me-dicamentos. Gostávamos de sa-ber como está o ponto da situaçãoe o que o país poupava…Também sabemos que existe a

Angomédica, mas a verdade é quea fábrica está às moscas, enquantoem Luanda nada se faz. Qual é aestratégia para melhorar e evitara importação de medicamentos?Rádio MFM - Leonel Manuel:

O vírus do zika e da febre-amare-la foram identificados no municí-pio de Viana, isso atendendo à po-sição geográfica que ocupa. O quegostaria de saber é quais são oscuidados especiais que o Ministé-rio da Saúde tem para este municí-pio e também pelo facto de ter umhospital que é do Capalanga quenão tem estado a conseguir supor-tar a demanda dos utentes queprocuram aquele hospital. Radio Eclesia: Muito obrigada.

Gostava de começar pela seguintequestão. Muito recentemente fize-mos uma reportagem em Benguelarelacionada com um processo emcurso de privatização do laborató-rio central do hospital central localpor parte do Governo Provincial.Entretanto, os munícipes sentem-se um tanto ou quanto inseguros re-lativamente aos preços que virão aser praticados neste laboratório.Gostava que o senhor ministro des-se algum esclarecimento em rela-ção a esta questão. Outra preocupação chega-nos

de Cabinda, onde se fala na para-lisação do hospital geral local e oscabindenses, para se poderem tra-tar, vão procurar pela saúde emPonta Negra. Então para quandoa resolução desse problema?

Gostava que fizesse um reforçosobre a falta de vacinas reiteradaa nível das unidades sanitáriaspúblicas. Nas clínicas não se en-contram a menos de 10 mil kwan-zas. O porquê desta falta reitera-da de vacinas mas particularmen-te da anti-rábica humana nas uni-dades sanitárias e por fim gostavaque o senhor ministro fizesse umbreve esclarecimento em relaçãoao programa piloto de agentes sa-nitários 2014-2018 nesta parceriaentre o Ministério da Saúde e oMAT, já que caminhamos para ofinal desta implementação, se as-sim podemos considerar piloto.Que avaliação é que faz? Jornal da Saúde - Francisco

dos Santos: Gostaria que o senhorministro falasse sobre a humani-

zação dos serviços de saúde e quetambém falasse dos centros desaúde que não funcionam aos fi-nais de semana.Rádio Kairós: Sinto-me ligeira-

mente ultrapassado pelas questõescolocadas aqui pelos meus colegas,mas eu gostava muito sinceramen-te de aproveitar a oportunidade determos aqui o doutor Manuel Ra-belais de forma também a esclare-cer a opinião pública nacional e in-ternacional. Especula-se que o Pre-sidente da República não estará àfrente dos destinos do MPLA apósas eleições gerais de 2017. Na quali-dade de secretário do EngenheiroJosé Eduardo dos Santos, o quenos pode adiantar?Manuel Rabelais: Não é uma

questão para aqui para esta confe-rência de imprensa. Mas vamos verse no final podemos dar a nossa opi-nião. Senhor ministro, tem então ou-tras questões por responder…Ministro da Saúde: Muito obri-

gado. Vejo, que de facto, os senho-res jornalistas estavam à espera des-te encontro e trazem questões muitoimportantes e muito pertinentes. Va-mos tentar esclarecer…Em relação às questões apresen-

tadas pela Rádio Mais sobre a muni-cipalização dos serviços de saúde.Este é um programa do Ministérioda Saúde e data de há alguns anos eque pretende levar os cuidados deproximidade à população a níveldos municípios. Nós temos o muni-cípio como a unidade operacionaldos cuidados de saúde porque ali on-de vivem os cidadãos, onde eles tra-

Quanto à municipalização, nós queremos melho-rar a organização dos serviços de saúde a essenível a partir dos hospitais municipais. Natural-mente, os centros de saúde e postos de saúde e otrabalho integrado das direcções municipais desaúde com as administrações municipais, melho-rando o funcionamento da rede de saúde dos mu-nicípios de tal forma que os cidadãos tenham aatenção médica básica, logo que necessitem esem terem necessidade de sair do município.

Cuidados de proximidade com o doenteEDIÇÕES NOVEMBRO

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Sábado, 11 de Fevereiro de 2017 11Radiografia do Sector da Saúde

Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

balham e onde evoluem é ali ondedevemos criar as condições para apromoção da saúde, para a preven-ção das doenças e para o tratamentodaqueles que precisam de tratamen-tos clínicos. Queria aproveitar paradizer que o Ministério da Saúde é oMinistério da saúde. Não é o minis-tério da doença ou das doenças. Nóstemos a missão principal de fazerprevenir, reabilitar aqueles queeventualmente ficam doentes e tra-tar daqueles que ficarem doentes esabermos priorizar a prevenção e apromoção da saúde.Quanto à municipalização, nós

queremos melhorar a organizaçãodos serviços de saúde a esse nível apartir dos hospitais municipais. Na-turalmente, os centros de saúde epostos de saúde e o trabalho integra-do das direcções municipais de saú-de com as administrações munici-pais, melhorando o funcionamentoda rede de saúde dos municípios detal forma que os cidadãos tenham aatenção médica básica, logo que ne-cessitem e sem terem necessidadede sair do município. Naturalmente,se houver necessidade, os doentesdevem ser transferidos ao nível dohospital provincial. Mas para isso,temos de colocar ou reforçar os re-cursos humanos. Temos de garantiro financiamento para garantir tam-bém os meios e dispositivos de saú-de e isto tem sido feito de forma va-riável. Em todos os municípios háum orçamento para a saúde e todosos municípios têm a possibilidadede fazer as suas aquisições em medi-camentos ou de acordo com o dispo-nível no Orçamento Geral do Esta-do que é descentralizado. Tambémem relação aos recursos humanosos municípios têm os seus recursos.Mas conforme disse, estamos a re-ver a situação de forma a termos mé-dicos em todos os municípios e paradistribuirmos também alguns ou-tros meios de forma a evitar discre-pâncias evitáveis.

Gestão e distribuição de medicamentos

Em relação à municipalização, oque nós temos pela frente é exacta-mente a revisão do perfil dos directo-res municipais de saúde, a redefini-ção das suas funções, mas isto noâmbito da legislação em vigor paraque tenhamos funcionários líderesde saúde mais fortes e mais capazesa nível dos municípios. Em relação ameios médicos, reagentes e medica-mentos para os municípios, consti-tuem prioridade. Nós temos enviadoregularmente medicamentos para to-das as províncias mas são as provín-cias através dos Governos Provin-ciais e dos directores provinciais desaúde que têm a responsabilidade defazerem a distribuição de acordo

com as necessidades normativas decada município. E dentro de cadamunicípio, os delegados municipaistêm a responsabilidade de garantir adistribuição em todas as unidadessanitárias e de fazerem a retro-infor-mação para a província e desta parao nível central. É verdade que temhavido referência a insuficiência demedicamentos. Por um lado, é ver-dade porque não conseguimos com-prar tudo o que necessitamos, maspor outro lado, muitas vezes aconte-ce que os medicamentos que dizemque não existem, existem, mas aspessoas não têm conhecimento da-quilo que há nos armazéns. Não ge-rem bem e depois cria-se situação defrustração com alguns doentes queacabam por sair das unidades sanitá-rias sem medicamentos. Isso tam-bém é algo que está a ser revisto. Es-tamos a melhorar o nosso sistema,as ferramentas de trabalho e esta-mos a reciclar o pessoal para termosuma melhor performance, para ter-mos uma melhor resposta no que to-ca a medicamentos. Esta área de me-dicamentos é de facto muito comple-xa, mas nós garantimos que vai me-lhorar e já estamos a trabalhar nessesentido e em algumas unidades a si-tuação já melhorou. No que toca à evacuação de doen-

tes para Portugal, nós evacuamos osdoentes em função das necessidades.As pessoas também por sua iniciativa,quando podem, deslocam-se ao exte-rior do país para se tratarem com osseus próprios meios e nós estamos atomar medidas para melhorarmos ain-da mais as condições de atendimentoclínico especializado no país para re-duzirmos ao mínimo as necessidadesde evacuação para o exterior do país.

Esta é a nossa política e temos a certe-za de que com os investimentos va-mos conseguir fazer isso nos hospi-tais públicos. Aliás, em algumas áreascomo a hemodiálise, áreas de cirurgiatorácica, o país já tem condições e jáfaz intervenções de muito alto nívelque as pessoas muitas vezes não di-vulgam. O nosso país já tem uma me-dicina de ponta bastante desenvolvi-da, só que não tem capacidade paraatender todos os casos. Alguns ficamna lista de espera. Mas a medicina emAngola tem-se desenvolvido e vai de-senvolver-se ainda mais e nós deve-mos estar orgulhosos pelas coisas quefazemos. Muitas vezes procuramosapenas ilustrar o que não está bem e is-so não é justo.

Vacinação de animais contra a raiva

Em relação à raiva, é um temaque tem sido constatado em Luandae em outras províncias. Nós estamosa trabalhar com o Ministério da Agri-cultura e com o Governo Provincialde Luanda. Já temos um programade trabalho que já está em execução,que tem que ver com a vacinaçãodos animais. Mas isso só não chega.É preciso que os donos dos animaistratem dos seus animais porque hámuitos animais abandonados queconstituem um risco, sobretudo,quando não estão vacinados. Da parte da saúde, também te-

mos tomado medidas de vacinaçãopara os trabalhadores que traba-lham nas administrações munici-pais para a recolha desses animais,mas também para outras pessoasque nos procuram. Houve falta devacina anti-rábica, mas neste mo-

mento temos vacina para este tipode casos. Aliás, o nosso stock de va-cinas melhorou bastante e neste mo-mento temos a vacina BCG, temoscerca de 2 milhões de doses disponí-veis, temos vacina contra a polio-mielite, mais de um milhão de do-ses. A vacina penta temos mais de 2milhões de doses, a pneumonia te-mos mais de 4 milhões, anti-saram-po 3 milhões e tal, contra a febre-amarela temos 4 milhões e tal. Emrelação às vacinas, Angola fez o es-forço de autofinanciamento e já foi,digamos, elogiada por figurar entreos países que conseguiram assumiresta responsabilidade com recursospúblicos ou domésticos no nossocontinente. Vamos continuar comesta política para garantirmos a va-cinação das nossas crianças contraas doenças que mais contribuem pa-ra a morbilidade e mortalidade in-fantil, mas isso requer, de facto, umorçamento e também uma boa ges-tão desses recursos. Em relação à gestão dos medica-

mentos, nós continuamos a importarmedicamentos e penso que vamosimportar por muito tempo porque acapacidade interna é ainda incipien-te. Temos apenas uma fábrica que éa Nova Angomédica, que foi recen-temente privatizada. Temos outrasiniciativas para a criação de fábricasde medicamentos, mas como sabemhá exigências técnicas muito rigoro-sas para construir uma fábrica demedicamentos. Nós estamos a dartodas as instruções a todos os inves-tidores que possam intervir nessaárea e que é importante e nós encora-jamos a produção farmacêutica na-cional, tanto de medicamentos co-mo de material gastável. E já há ini-ciativas nesse sentido. Daqui a al-gum tempo, vamos certamente teruma expressão mais visível. Não estou ao corrente do investi-

mento que falou o senhor jornalistasobre a fábrica de medicamentos e oinvestimento de 444 milhões de eu-ros. Eu não sei de quem é este inves-timento. Não sei. Mas não é ne-nhum investimento público. O Mi-nistério da Saúde não tem quaisquerinvestimentos na produção porquepensamos que qualquer investimen-to na produção de medicamentosnão é vocação, digamos, do Estado.Deve ser o privado. Portanto é me-lhor perguntar ao privado. O Minis-tério da Saúde tem a função de regu-lar o controlo de qualidade e é o queestá-se a fazer através dos órgãoscompetentes do Ministério.

Manuel Rabelais:Se calhar, se-nhor ministro… penso que naAPIEX, que neste momento faz oacompanhamento do investimentoprivado, pode-se encontrar a respos-ta ou junto da unidade técnica para oinvestimento privado.

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Sobre a referência ao municípiode Viana, onde começou a epidemiade cólera... O município de Vianatem uma característica muito espe-cial. Eu penso que é o município deLuanda que deve ter crescido maisnos últimos tempos e se quisermossaber a população do município, eupenso que de acordo com o últimocenso, está para cima de 2 milhõesde pessoas. Eu não tenho a certeza.Mas é um município muito populo-so e onde nós precisamos de aumen-tar a nossa capacidade de interven-ção em termos de unidades sanitá-rias e isto está previsto. Nós tivemosuma reunião com o Governo Provin-cial em que esteve presente o senhorgovernador provincial, responsá-veis e directores provinciais de saú-de e municipais. Também analisá-mos os resultados do último censopopulacional em Luanda e a nova di-visão administrativa e jurídica daprovíncia de Luanda. Portanto, nes-te novo processo existe tambémuma nova configuração da rede sani-tária da província de Luanda e esta-mos a trabalhar com o Governo Pro-vincial para concebermos o novo

modelo da rede sanitária de Luandae que vai certamente permitir melho-rias em termos de unidades sanitá-rias nos bairros, nos distritos urba-nos e nos municípios, de acordocom a nova divisão administrativadas províncias. É um trabalho queestá em curso e o município de Via-na, certamente vai merecer umaatenção muito particular e já está amerecer. Eu, pessoalmente, tenhoacompanhado o município de Vianae mesmo o Hospital do Capalanca.

Benguela

Em relação a Benguela, sobre aprivatização do laboratório do hos-pital provincial, eu não estou ao cor-rente. Sabe que o nosso Governo édescentralizado. Eu ouvi falar. Nãosei qual é a fase neste momento. Istoé uma decisão que foi certamente to-mada pelas autoridades do GovernoProvincial e pela Direcção Provin-cial de Saúde. Eu não tenho deta-lhes sobre isto, mas nós temos umaprevisão que é de melhor definir oscritérios através de uma política deparcerias públicas e privadas. Nós

já temos uma base real. Para o efei-to, nós precisamos de regulamentarpara o sector da saúde o estabeleci-mento de parcerias público/priva-das e instalar serviços ou unidadesprivadas em hospitais públicos.Bom. Pode acontecer, mas é precisoregular e estabelecer bem os crité-rios e as obrigações. Por isso é que oMinistério da Saúde está a trabalharna produção da legislação comple-mentar de outras parcerias públicasou privadas para que tenhamos osmesmos procedimentos em todo opaís. Mas mais detalhes de Bengue-la, eu não tenho. Mas também nãoserá difícil o senhor jornalista obter.

Preços das consultas e análises clínicas

Nós temos, naturalmente, a preo-cupação dos preços das consultasmédicas nas redes públicas e priva-das. Quanto aos preços dos medica-mentos e os preços das análises clí-nicas, o Ministério da Saúde vai re-ver estes preços e já está a trabalharcom o Ministério das Finanças parauma política de preços mais consen-

tânea para o contexto económico efinanceiro do país e sobretudo nosentido da protecção social e garan-tir que as pessoas mais desfavoreci-das tenham acesso aos cuidados de

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Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

Nova rede sanitária em LuandaEstamos a trabalharcom o Governo Pro-vincial para conce-bermos o novomodelo da rede sani-tária de Luanda e quevai certamente per-mitir melhorias emtermos de unidadessanitárias nos bair-ros, nos distritos ur-banos e nosmunicípios, deacordo com a novadivisão administra-tiva das províncias.

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saúde de qualidade e tenham acessoaos medicamentos e aos exames au-xiliares de diagnóstico. Esta é umaquestão, que de facto, preocupa apopulação e que nos preocupa tam-bém. Temos a obrigação de rapida-mente trazermos uma solução deâmbito nacional no quadro da legis-lação complementar.

Cabinda

Em relação à província de Cabin-da, de facto, foram iniciadas asobras no hospital provincial e jáexistem perspectivas para a conclu-são destas obras no banco do hospi-tal e também nos serviços de mater-nidades, serviços de medicina e delaboratório. Eu visitei o hospital. Asobras estão quase concluídas masprecisamos de recursos e já cons-tam do plano de investimento públi-co deste ano e nós contamos que es-te ano as obras sejam concluídas. Etemos outras iniciativas em relaçãoà província de Cabinda. Mas é ver-dade que algumas pessoas recorrema Ponta Negra para fazerem consul-tas, partindo da província de Cabin-da. Para além de eventuais necessi-dades, será também um hábito, por-que em Ponta Negra não há maisnem melhores recursos médicosque em Luanda. Eu conheço Ponta

Negra. Eu conheço as unidades sa-nitárias de Ponta Negra, eu conheçoas de Cabinda e conheço as de Luan-da. E se eu estivesse doente em Ca-binda, se precisasse de ser evacua-do, iria para Luanda, mas as pessoaspreferem ir para Ponta Negra. Ficamais fácil e também aproveitam tra-tar de outros assuntos e nós temosde deixar as pessoas exercerem assuas liberdades. Portanto, quanto àsvacinas, nós não estamos numa si-tuação de falta de vacinas, felizmen-te. O país investiu muito nos últi-mos oito meses. O país investiu cer-ca de 40 milhões de dólares em vaci-nas e já fomos felicitados pelo esfor-ço do Executivo, que certamentevai contribuir para a prevenção damortalidade infantil e infanto-juve-nil no nosso país. Quanto aos agentes promotores

da saúde, este é uma estratégia maisavançada da municipalização do ser-viço de saúde, que nós pretendemosexecutar com apoio do Ministérioda Administração do Território. Na-turalmente, a nível dos municípios,isto toca sobretudo às comunidades.Nós gostaríamos de ter a nível dascomunidades, agentes que se ocu-passem das questões relacionadascom a promoção da saúde e com a re-ferência dos doentes para as unida-des sanitárias, enfim, pessoas quepudessem ajudar os cidadãos a en-contrar os cuidados da saúde ali on-de eles existem. É uma boa iniciati-va. Nós pensamos chegar mais lon-

ge com médicos de família mas istoainda são planos e o nosso ensaio emduas províncias ainda está para seravaliado antes de expandirmos paratodo o território nacional. Eu já falei sobre a humanização

nos serviços de saúde, mas só querorecordar que em Agosto de 2016,Sua Excelência, o Senhor Presiden-te da República, Engenheiro JoséEduardo dos Santos, disse que asunidades hospitalares devem ser lo-cais de esperança, onde as pessoasricas ou pobres sejam acolhidas porprofissionais com consideração,respeito e carinho. E esta orientaçãotem norteado o Ministério da Saúdee profissionais de saúde que têm ahumanização na sua agenda diária.Para melhorarmos este aspecto, nósprecisamos de atender as questõesde formação do pessoal, formaçãocontínua, disciplina no trabalho eatitude individual de cada profissio-nal. Já estamos a trabalhar neste sen-tido e com estas actividades em cur-so, contamos melhorar a imagemdos serviços de saúde e sobretudo asatisfação da população que procu-ra as unidades de saúde para melho-rar o seu estado.Manuel Rabelais: Se calhar

também uma palavrinha para osprofissionais de saúde. Eles têm da-do o seu contributo…Ministro da Saúde: Sim, eu já

tenho reconhecido e não me cansode reconhecer o trabalho gigantescoque é realizado pelos profissionaisda saúde, sobretudo, aqueles quetrabalham em condições mais difí-ceis nas comunas, nos municípios,

nas províncias e aqueles que fazem,portanto, para além daquilo quelhes é solicitado. Estes são os gran-des exemplos de profissionais desaúde que nós devemos, portanto,ilustrar e não daqueles que se demi-tem muitas vezes das suas responsa-bilidades e que são uma minoria,mas que comprometem toda a clas-se de profissionais. Portanto, por re-conhecimento daqueles que traba-lham, convido todos a trabalharemcada vez mais e melhorar a saúde danossa população para que esta con-tribua de uma forma mais decisivapara os esforços de desenvolvimen-to económico e social. Manuel Rabelais: Senhor mi-

nistro, aqui há ainda uma questãosobre se Angola tem pago as suasquotas junto da OMS. Eu penso queAngola tem pago…Ministro da Saúde: Sim. Pelo

menos, até à altura em que eu saí daOMS, Angola não estava a deverem relação a quotas. É nosso deverpagar as quotas como Estado- mem-bro da organização. Agora, em rela-ção ao fundo especial de Urgênciasde Saúde Pública, esta foi uma ini-ciativa que se deu quando eu lanceicomo director regional, mas que aminha sucessora certamente vai darcontinuidade, já que nós estamosdispostos a contribuir com este fun-do. Através do nosso país foi insti-tuído e é pertinente porque a Áfricaé muito vulnerável a epidemias e háoutros problemas de saúde públicaque carecem de intervenção imedia-ta. O fundo para urgências, é de fac-to, uma necessidade.

Sábado, 11 de Fevereiro de 2017 13Radiografia do Sector da Saúde

Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

Mas é verdade que al-gumas pessoas recor-rem a Ponta Negrapara fazerem consul-tas, partindo da pro-víncia de Cabinda.Para além de even-tuais necessidades,será também um há-bito, porque emPonta Negra não hámais nem melhoresrecursos médicosque em Luanda. Euconheço PontaNegra. Eu conheço asunidades sanitáriasde Ponta Negra, euconheço as de Ca-binda e conheço asde Luanda.

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Sábado, 11 de Fevereiro de 201714 Radiografia do Sector da Saúde

Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

Jornal O País - HermenegildoTchipilica: Senhor ministro, a mi-nha questão é precisamente aquestão das ambulâncias. Como éque ficou a questão das ambulân-cias que estavam parqueadas nocentro logístico Secoma? Foramdistribuídas? Como é que ficou?Manuel Rabelais:Há uma ques-

tão que chegou. O hospital NevesBendinha será ou não demolido? TPA – Moisés Sachipangue:

Acerca dos doentes mentais. Háum problema de recolha. Como éque está o nosso hospital psiquiá-trico? Porque eles depois repre-sentam um perigo para a seguran-ça pública. Atravessam a estradae podem ser atropelados. Queriasaber se há algum programa nes-te sentido e até no âmbito da hu-manização, no sentido de reco-lher estas pessoas e depois levá-las para acomodação.Manuel Rebelais: Sim. O Go-

verno dá muita atenção à saúde e hu-manização. Aliás, a governação deproximidade trabalha muito noafecto... Jornal de Angola - João Dias:

O senhor ministro falou da inci-dência do vírus do VIH/SIDA ouda seroprevalência na provínciado Cunene, enfim…Mas a minhapergunta está relacionada com afractura ou ruptura que existe nofornecimento de retrovirais. Que-ríamos saber como é que caracte-riza a situação neste momento.Novo Jornal - Jornalista: Que-

ria que o senhor ministro falassemais sobre os cidadãos que foramdetectados com o vírus do zika…dos três cidadãos. Novo Jornal – Jornalista: Gos-

taria de saber se o senhor minis-tro tem informação de um luso-angolano que está a desenvolverum ensaio de um medicamentopara a área oncológica, ou seja,cancro. O luso-angolano chama-se Lúcio Lara Santos….Rádio Mais – Jornalista: Se-

nhor ministro, se calhar é só paradar um reforço àquela questão so-bre os doentes mentais que ficamna rua. Ontem, por exemplo, aRádio Mais recebeu um caso deum doente mental que tem dadomuitos problemas em casa, masque sempre que é levado para apsiquiatria receitam uma medica-ção e volta para casa e continuacom o mesmo problema. Os fami-liares estão preocupados. E que-rem que ele lá fique internadomas não têm essa possibilidade.Ministro da Saúde:Muito obri-

gado. Bom. Em relação às ambulân-cias. As ambulâncias são meios de

transporte adquiridos para transpor-te de doentes em estado grave. E nósadquirimos muitas ambulâncias.Adquirimos várias ambulâncias pa-ra esse efeito para todo o país. Falou-se no ano passado, penso que no mêsde Março ou Abril, sobre algumasambulâncias que tinham sido adqui-ridas pelo Ministério da Saúde e seencontravam no parque da centralde compras Secoma. Efectivamente,nós constatámos cerca de cento e de-zoito ambulâncias. Elas foram distri-buídas para todo o país. E distribuí-mos cerca de cento e dezasseis am-bulâncias. Neste momento temos asrestantes ainda guardadas. E estão aser utilizadas normalmente.Agora quanto à demolição do

hospital Neves Bendinha, eu não es-tou ao corrente. A senhora directorado gabinete provincial de Saúde deLuanda também não me informousobre a demolição do hospital Ne-ves Bendinha. Se for necessário de-molir o hospital.... Pronto. Será de-molido. Mas se não for necessário,eu acho que não será demolido, e se-

rá talvez reparado, construído oureequipado. Mas, eu não sei qual é aperspectiva. Mas é fácil sabermos.

Doença do sono e evacuação de doentes

Quanto à doença do sono, é umadoença endémica no nosso país hábastante tempo. Ela tem conhecidofases de diminuição, na sua incidên-cia e de aumento. Neste momento, adoença está num processo de con-trolo através do Instituto Nacionalde Controlo da Tripanossomíaseque funciona em Viana e que tem ti-do bom desempenho. Naturalmen-te, o que conta são as acções a nívellocal, onde este instituto tem a equi-pa de trabalho. Portanto, eu só pos-so afirmar que ainda temos doençado sono no nosso país e que precisa-mos de trabalhar mais no sentido dasua eliminação.Quanto à evacuação de doentes

para o exterior e a dívida que existeem Portugal e também na África doSul, eu confirmo que nós temos eva-

cuado muitos doentes, e ultrapas-sando, digamos, a capacidade orça-mental. Estamos neste momento aresolver o problema da dívida. Esta-mos a pagar a dívida ao mesmo tem-po que estamos a diminuir o númerode doentes evacuados para essespaíses e a criar condições para o seutratamento no nosso país, onde jádesignámos um hospital que se vaipreparar para este efeito. Portantoestas são as medidas em curso.Questão dos salários para os mé-

dicos. Os salários são pagos de acor-do com aquilo que está previsto naLei. Nós pretendemos propor unssubsídios para profissionais que tra-balham em condições de maior riscode contágio. Para aqueles que traba-lham nas zonas mais remotas do paíspara que tenham um estímulo espe-cial, porque não vamos pagar a mes-ma coisa àqueles que trabalham emáreas limpas, livres de risco de conta-minação ou de infecção em relaçãoaos que trabalham em condições demaior risco. E portanto, isso vai serfeito. Nós estamos a reverter a legis-

Ambulâncias distribuídas em todo o paísEDIÇÕES NOVEMBRO

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Sábado, 11 de Fevereiro de 2017 15Radiografia do Sector da Saúde

Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

lação para trazermos este benefício.Manuel Rabelais: Senhor mi-

nistro, a questão também é para osmédicos e outros profissionais desaúde. Foi essa a questão.Ministro da Saúde:Exactamen-

te, isto é para médicos e outros pro-fissionais de saúde. É para todos.Manuel Rabelais: Certamente,

o Governo, para o OGE que está emcurso, prevê um ajustamento sala-rial para toda a função pública.Ministro da Saúde: Sim. Mas

este ajustamento salarial ainda vaiser trabalhado no âmbito do ajusta-mento actual. Eu não queria avan-çar nada em relação a isto.

Manuel Rabelais: Sim. Mas,prevê-se.Ministro da Saúde: Prevê-se.

Doentes mentais

Quanto aos doentes mentais, elessão atendidos quando estão em con-dições graves em psiquiatria, assimcomo aqueles que deambulam pelasruas. Portanto, é preciso que em pri-meiro lugar, as famílias se ocupemdeles. Que os levem portanto aohospital psiquiátrico. E naturalmen-te, os serviços sociais, do GovernoProvincial de Luanda e de outrasprovíncias, também têm as suas res-ponsabilidades em termos de con-trolo destas pessoas e de encami-nhamento. Mas, eu não queria ex-cluir a obrigação das famílias, fun-damentalmente que elas é que co-nhecem essas pessoas muito me-lhor. Sei o quanto é difícil tratar estetipo de doente mesmo a nível da fa-mília. Nós temos todos de fazer o es-forço a todos os níveis, a partir dasfamílias, da sociedade em geral, Mi-nistério da Saúde, os Governos Pro-vinciais e Municipais. Os cidadãos,em geral, também podem resolveresta situação em inter-ajuda, identi-ficarem e informarem e até ajuda-rem, tanto quanto possível, estaspessoas que não estão em condiçõesde gerir as suas próprias pessoas. Is-so é de facto uma tarefa de toda a so-ciedade. Nós reconhecemos a nossaresponsabilidade em relação a isso.

Antirretrovirais e zika

Houve falta. Mas neste momento,temos antirretrovirais... os essen-ciais. Faltam alguns que estão a che-gar. Nós temos uma boa parceriacom o Fundo Global, e também coma iniciativa americana de ajuda na lu-ta contra o SIDA em África e o pró-prio Governo também aumentou oorçamento para aquisição de medica-mentos antirretrovirais. Decidimosabraçar a recomendação recente daOrganização Mundial de Saúde detratar todos aqueles que tenham o tes-te positivo de HIV. E isto implicauma maior capacidade de atendi-

mento e uma maior quantidade de an-tirretrovirais a serem adquiridos. Porisso é que esta nova política está a serimplementada de forma gradual. Co-meçámos na província de Luanda,através dos centros de referência queexistem. Depois de consolidarmosna província de Luanda, vamos en-tão expandir para outras provínciasdo país. Naturalmente, começandopor aquelas com maior índice de se-ro-prevalência de HIV. O InstitutoNacional de Luta contra o SIDA estáa trabalhar nesse sentido.O que é que nós fizemos aos cida-

dãos diagnosticados com o zika? Nóstratámos. Tratámos como tratamosos cidadãos com outras doenças…tratamento sintomático e o seguimen-to. O zika não é nenhuma doençamuito especial em relação a outras.Eu já disse como é que ela se manifes-ta. Podemos prevenir e esta é a medi-da mais acertada. Agir na prevenção.Sobre o cidadão que está a desen-

volver um medicamento contra ocancro. Eu não conheço, mas só pos-so desejar-lhe boa sorte para benefí-

cio de todos nós. Porque a luta con-tra o cancro ainda é uma grande lutaem todo o país. A ciência tem feitomuito investimento para a descober-ta de novos medicamentos para otratamento do cancro. E também,em termos de prevenção, nós temosdivulgado as medidas para a preven-ção do cancro. É uma das doençasnão transmissíveis com maior inci-dência no mundo e também no nos-so país. Mas há medidas de preven-ção que podem também diminuir aincidência do cancro no seio da nos-sa população. Eu vou citar algumas:1º - O tabagismo: há pessoas que fu-mam, e eu acho que ninguém temnecessidade de fumar para viver. Equando fumam estão apenas a criarrisco para aqueles que não fumam eque estão próximos e que acabamtambém por ficar afectados com ofumo daqueles que fumam. 2º - Ali-mentação cuidada. Há um certo tipode alimento, sobretudo, alimentosimportados e embalados, que con-têm aditivos, estabilizantes, anti-oxidantes e outros ingredientes que

muitas vezes são precursores docancro a longo prazo. Também va-mos escolher as comidas naturais eevitar estas comidas mais sofistica-das que às vezes têm mais gosto,mas também têm maiores riscos emtermos de doenças.Há várias medidas de prevenção

e eu acho que devíamos agir no sen-tido da prevenção.O álcool é outro grande risco pa-

ra o cancro. O alcoolismo, sobretu-do, no seio da juventude. Há pes-soas que fazem concurso para ve-rem quem é que bebe mais. Esteconcurso é para ver quem é que au-menta mais o seu risco de contrairdoenças crónicas, tais como o can-cro. E é preciso o aconselhamento,levar a informação à população pa-ra que moderem a ingestão de bebi-das alcoólicas. O que nós condena-mos é o uso excessivo de bebidas al-coólicas. Não é que as pessoas nãobebam, mas é preciso beber commoderação, de tal forma a não preju-dicar o organismo que tem os seuslimites. Alguns ultrapassam os seuslimites ao ponto de deixarem de sereconhecer. Portanto, isto tudo sãoriscos para a saúde individual, e pa-ra a saúde pública. Porque quem be-be em excesso às vezes ousa fazercoisas de más atitudes para aquelesque estão à sua volta. Aumenta aviolência interpessoal que pode le-var mesmo à morte.Portanto essas são algumas das re-

comendações que deixamos para a lu-ta contra as doenças crónicas e sobre-tudo contra o cancro. Temos que agirsobre os factores de risco, alimenta-ção, tabagismo. Já agora, aproveitopara aconselhar aqueles que não fa-zem exercícios físicos a fazerem.

Efectivamente, nós constatámos cerca de cento edezoito ambulâncias. Elas foram distribuídas paratodo o país. E distribuímos cerca de cento e dezas-seis ambulâncias. Neste momento temos as res-tantes ainda guardadas. E estão a ser utilizadasnormalmente.

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Sábado, 11 de Fevereiro de 201716 Radiografia do Sector da Saúde

Conferência de Imprensa do Ministro Luís Gomes Sambo no GRECIMA

Manuel Rabelais: Já agora, se-nhor ministro, os contratos por tem-po determinado será que vão ser im-plementados? Vão, não vão? Há aíalguns médicos e profissionais quetêm contratos por tempo determina-do? Pronto, senhor ministro, essassão as últimas questões.Ministro da Saúde: Em relação

aos médicos expatriados, portanto,nós temos um número de médicosexpatriados que ajudam na presta-ção de serviço de saúde da nossa po-pulação, tanto a nível central, comonos municípios e também em al-guns hospitais provinciais. E o tra-balho deles é muito importante, so-bretudo nas áreas de especialidade.E nós temos a intenção de manter es-sa cooperação, que é necessária.Mas, por outro lado, nós temos umnúmero crescente de médicos ango-lanos recém-formados que preci-sam de integrar o serviço nacionalde saúde e o seu recrutamento de-pende do espaço orçamental quenão é suficiente. Nós, o que pensa-mos fazer, é reduzir a cooperaçãonas áreas de serviços gerais. Os mé-dicos generalistas, os enfermeiros,os técnicos médios e que nós tam-bém temos de nacionalidade ango-lana, para estes casos, nós vamos re-duzir a cooperação e vamos substi-tuí-los por técnicos angolanos. Na-turalmente, vamos concentrar assis-tência técnica estrangeira, sobretu-do, nas áreas de especialidade. Esta

é a política que nós vamos imple-mentar e vamos cobrir todos os mu-nicípios conforme eu disse. Já te-mos médicos suficientes para ter-mos equipas de médicos municipaisem todo o país.

Agora quanto a contratos portempo determinado, nós temos afunção pública com as suas leis, asua legislação complementar e é is-to que nós estamos a cumprir. Oscontratos por tempo determinadoestão a ser revistos no seu modelo,de acordo com orientações dos nos-sos superiores e vamos ter notíciassobre isso, mas a verdade é uma: o

Estado só pode empregar ou recru-tar no exterior de acordo com assuas necessidades e de acordo coma sua capacidade orçamental, a nãoser que haja técnicos que queiramtrabalhar gratuitamente. Felizmen-

te temos actualmente muitos médi-cos angolanos e outros técnicos quetrabalham em unidades sanitáriaspúblicas gratuitamente, enquantoaguardam o seu enquadramento. Eisso é de se louvar. Muito Obrigado! Manuel Rabelais: O jornalista

da Rádio Kairós tem alguma ques-tão que não tem nada a ver com o te-ma daqui da conferência de impren-

sa. Portanto, se o Presidente JoséEduardo dos Santos deixaria ou nãode ser o Presidente do MPLA? Essaé uma questão que tem a ver com oMPLA. Como sabe, eu não sou oporta-voz do MPLA, o partido.Agora, posso a título pessoal e deacordo com a interpretação que te-nho... Portanto, o Presidente JoséEduardo dos Santos já anunciou emtempos que deixaria a política acti-va em 2018, não é assim? Mas quefoi eleito com cerca de 98 por centoPresidente do MPLA para o novomandato, portanto de 2016 a 2021.Depois, o Presidente José Eduardodos Santos surpreendeu ao não secandidatar às eleições de 2017, esteano, portanto, por vontade própria.Do ponto de vista legal e à luz daConstituição, ele poderia candida-tar-se. Mas não se candidatou porvontade própria, deixando a mensa-gem de renovação na direcção exe-cutiva do Estado. Aliás, ficou paten-te que no seu entendimento, a com-preensão desse processo pode servista como uma prova de passagemde testemunho. O Presidente Agos-tinho Neto conduziu o país à Inde-pendência, não é assim? O Presiden-te José Eduardo dos Santos garantiua soberania do país, mantém a sobe-rania e até mesmo a Independência,a liberdade, a democracia, a unida-de nacional e a reconciliação nacio-nal. Com a conquista da paz, garan-tiu a reconstrução nacional e o lan-çamento das bases para o desenvol-vimento. Tudo isso foi dirigido porele e agora outros darão continuida-de ao trabalho que foi desenvolvido.Assim, como sabem, ele próprio in-dicou o Camarada João Lourençopara cabeça de lista do MPLA paraas próximas eleições. Portanto, semdúvidas, o Camarada José Eduardodos Santos é um grande líder da na-ção, é o arquitecto da paz. Quanto àsua curiosidade e as preocupaçõesque existem, ele é o Presidente doMPLA, pelo menos até 2021, a nãoser que haja qualquer coisa. Mas is-so, é um problema da direcção dopartido MPLA. Portanto, hoje emdia sabe-se que José Eduardo dosSantos é Presidente do MPLA até2021 e que não se vai candidatar pa-ra a Presidência da República naseleições de 2017.

Manuel Rabelais: Pronto, se-nhor ministro, muito obrigado. Ministro da Saúde: Eu é que

agradeço. Gostaria que pudessemdar ampla divulgação ao que foiaqui dito. Manuel Rabelais:Portanto, nós

aqui não temos nenhuma dúvidaquanto às preocupações, ou há maisdúvidas? Foi tudo muito claro, mui-to objectivo e muito concreto. Mui-to obrigado pela sua grande contri-buição.

Equipas de médicos municipais

Nós, o que pensamos fazer, é reduzir a cooperaçãonas áreas de serviços gerais. Os médicos generalis-tas, os enfermeiros, os técnicos médios e que nóstambém temos de nacionalidade angolana, paraestes casos, nós vamos reduzir a cooperação evamos substituí-los por técnicos angolanos. Natu-ralmente, vamos concentrar assistência técnica es-trangeira, sobretudo, nas áreas de especialidade.

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